Marília. Poucas pessoas mudaram para Bauru, mas a maioria foi para
São Paulo ou Grande São Paulo. Porque quem muda para a Grande
São Paulo podia mandar filho estudar nos cursos técnicos, até curso
superior, né, e São Paulo era mais perto. Mudaram e sacrificaram tra-
balhando na horta, plantando verdura, essas coisa. Então começou
trabalhar na cidade como empregado, outro não queria trabalhar
como empregado, então estabelecia comércio e quitanda, outro la-
vanderia, essas coisa, sabe! Mas o objetivo deles era dar diploma para
os filhos, porque não queria deixar filho sem dar instrução, virar ca-
boclo, né. Esses não queriam, de jeito nenhum, então japoneses, a
maior parte, mudaram. E sabe quanto tem agora, aproximadamen-
te, 400 famílias em Pereira Barreto. Assim mesmo, logo quando mu-
daram, logo depois que terminou a guerra, mudaram de Pereira
Barreto para fora e não chegava a 200 famílias. Essas 200 famílias,
primeiro filho, segundo filho, foram desmembrando da família, cons-
tituíram família, por isso que aumentou para 400, mas no início não
chegou nem a 200 famílias, que ficaram aqui. Ficaram aqui, porque
não tinham recurso de mudar para fora, outro porque já tinha esta-
belecimento bom, já tinha adquirido. E esses compravam também, esses
que foram embora. Então foi comprado, foi aumentado a gleba, fo-
ram formando fazendas, que foi toda essa gente que ficaram. Quem
tava bem, muito bem, ou quem não tinha recurso para mudar para
fora, porque não tinha condição de mudar. Então ficava essa pessoa
e hoje conta 400 famílias, em Pereira Barreto, japonesa. Agora 400
famílias, vamos supor, 5 cada, são 2.000, né, se em Pereira Barreto se
contar 25.000 habitantes dá 8%. Oito por cento só tem de japonês
em Pereira Barreto. (Jitsunobo Igi)
O ano de 1945, além de marcar o fim do conflito, trouxe, como
já indicado, mudanças significativas nos projetos de vida dos imi-
grantes japoneses no Brasil e ainda, no caso de Pereira Barreto, a
instalação da comarca. Esses fatos aceleraram a diminuição do
número de famílias imigrantes e aumentaram o número de brasi-
leiros, como também representaram um novo momento nas rela-
ções entre nipo-brasileiros e brasileiros, já que a instalação da
comarca criou um novo segmento social na cidade: uma classe média
branca ilustrada e ligada ao poder institucional:
Porque aí veio juizes, promotores etc. E só tinha um cartório de
paz. Então veio cartório de Primeiro Ofício, de Segundo Ofício, de-
pois veio Cartório e Registro de Nomes, né. Então começou a entrar
gente, não caboclo que trabalhava de bóia-fria. Então assim entrava