se realiza em termos de exigências profissionais, sua interpretação, no
que diz respeito a competências, que se devem desenvolver e de objetivos
de formação, está submetida, de antemão, à discussão.
Numa primeira leitura, a instabilidade das técnicas, dos produtos e
das formas de organização do trabalho, as exigências de mobilidade, de
adaptabilidade para trabalhar em grupo e o crescente papel dos técnicos
levam a questionar novamente os cortes tradicionais entre especializa-
ções e profissões e a revisar, inclusive, as noções de ofício e de trabalhador
profissional. Nesse caso, poderia ser examinado se continua sendo justi-
ficada a avaliação global das formações que conduzem aos ofícios.
Inscrevendo-se em orientação oposta, B. Lutz oferece vibrante defe-
sa em favor do redescobrimento dos ofícios e da profissionalidade.
Segundo ele, se a capacidade dos trabalhadores profissionais mudou, e
se as exigências profissionais não se traduzem somente em termos
de conhecimentos técnicos, o profissionalismo continua sendo fator
essencial de uma estratégia ativa de competitividade. A formação
dual continuaria sendo a que melhor se adapta a tal perfil, com a
condição de estar associada à manutenção de um efetivo funciona-
mento dos mercados profissionais de trabalho. Todavia, viu-se que estes
estão atualmente ameaçados, inclusive em países como a Alemanha,
onde tradicionalmente predominavam (Lutz, 1994).
Por sua vez, partindo da observação das recentes revoluções na França,
L. Tanguy deduz a permanência, paralelamente, em uma economia
moderna, de três perfis de trabalhadores qualificados (ou profissionais):
o que adquiriu com sua formação conhecimentos teóricos suficientes
para dominar as novas tecnologias; aquele que, com a prática, adquiriu
uma polivalência que lhe permite garantir um eficaz gerenciamento
em uma equipe; e o que tem, sobretudo, necessidade de habilidades
(savoir-faire) artesanais (Tanguy, 1992).
Pode considerar-se que a cada um desses perfis correspondem
distintas formas de aprendizagem e de avaliação de competências. No
primeiro caso se destacam os conhecimentos teóricos; no segundo, a
adaptabilidade e as competências sociais; no terceiro, a aprendizagem
de habilidades (savoir-faire) mais tradicionais.
Outro elemento do debate refere-se à oposição entre formação para
um emprego e formação para o emprego, que se pode associar às
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