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© UNESCO 2007 Edição publicada pelo Escritório da UNESCO no Brasil
Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem
como pelas opiniões nele expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem
comprometem a Organização. As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo
deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO a respeito
da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autoridades, nem
tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.
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Ciência, tecnologia e inclusão social para o Mercosul: edição 2006 do Prêmio
Mercosul de Ciência e Tecnologia. – Brasília : UNESCO, RECyT/Mercosul,
MCT, MBC, Petrobras, 2007.
208p.
BR/2007/PI/H/7
1. Prêmios – Ciência – Tecnologia – Integração Social – Mercosul 2. Difusão
Tecnológica – Ciência – Integração Social – Mercosul – Prêmios 3. Inovação
Científica – Tecnologia – Integração Social – Prêmios – América do Sul 4.
Integração Social – Ciência – Tecnologia – Mercosul – Prêmios 5. Tecnologia –
Ciência – Integração Social – Mercosul – Prêmios 6. Ciência – Tecnologia –
Integração Social – Mercosul – Prêmios 7. Mercosul – Ciência – Tecnologia –
Integração Social – Prêmios I. UNESCO II. Movimento Brasil Competitivo
III. BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia III. Reunión Especializada de
Ciencia y Tecnología del Mercosur
CDD 600
edições UNESCO
Conselho Editorial da UNESCO no Brasil
Vincent Defourny
Bernardo Kliksberg
Juan Carlos Tedesco
Adama Ouane
Célio da Cunha
Comitê para a Área de Ciências Naturais
Ary Mergulhão Filho
Bernardo Brummer
Celso Schenkel
Coordenador editorial: Célio da Cunha
Assistente editorial: Larissa Vieira Leite
Revisão: Reinaldo Lima Reis e Fernando Campos Leza
Revisão Técnica: Jeanne Sawaya
Diagramação: Fernando Brandão
Projeto Gráfico: Edson Fogaça
© UNESCO, 2007
SUMÁRIO
Agradecimentos ............................................................................................................... 7
Abstract ............................................................................................................................. 9
Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia – Chamada 2006 .............................. 11
El llantén, una planta mágica ....................................................................................... 17
1. Resumen ............................................................................................................. 17
2. Introducción ...................................................................................................... 18
3. Desarrollo .......................................................................................................... 20
4. Actividades ........................................................................................................ 21
5. Resultados obtenidos ....................................................................................... 22
6. Distribución del llantén en el noa .................................................................. 24
7. La concreción de nuestro proyecto y la realización de los caramelos
y la crema de llantén......................................................................................... 30
8. Conclusiones y comprobación de hipótesis ................................................ 35
9. Proyección ......................................................................................................... 37
10. Agradecimientos ............................................................................................... 37
11. Bibliografía ........................................................................................................ 38
Geração de renda em áreas de Mata Atlântica: a experiência do manejo
sustentável da samambaia-preta.................................................................................. 43
1. Resumo ................................................................................................................ 43
2. Introdução .......................................................................................................... 44
3. Objetivos ............................................................................................................. 47
4. Metodologia ....................................................................................................... 48
5. Resultados e discussão ...................................................................................... 50
6. Referências bibliográficas ................................................................................. 63
Potabilización de agua por tecnologías económicas en zonas rurales aisladas
del Mercosur .................................................................................................................. 69
1. Resumen .............................................................................................................. 69
2. El problema del agua en América Latina ..................................................... 70
3. Las tecnologías propuestas .............................................................................. 72
4. Resultados obtenidos ........................................................................................ 75
5. Aspectos sociales del proyecto ........................................................................ 89
6. Conclusiones generales ..................................................................................... 91
7. Agradecimientos ................................................................................................ 92
8. Referencias .......................................................................................................... 93
6
Kit de automação para cadeira de rodas.................................................................. 99
1. Resumo................................................................................................................ 99
2. Apresentação do projeto ...............................................................................100
3. Objetivos ...........................................................................................................100
4. Justificativa ........................................................................................................101
5. Metodologia ..................................................................................................... 102
6. Projeto de comercialização ............................................................................ 102
7. Conclusão.......................................................................................................... 121
8. Cronograma de atividades............................................................................ 122
9. Referências bibliográficas ............................................................................... 123
Projetos de viabilidade econômica para empreendimentos de economia
solidária: uma proposta metodológica e um relato de experiência ................... 127
1. Resumo ...............................................................................................................127
2. Introdução ......................................................................................................... 128
3. Problematização ............................................................................................... 130
4. Metodologia ...................................................................................................... 133
5. Princicais resultados – a experiência da ITCP-UFPR na elaboração
de projetos de viabilidade econômica: o caso do grupo de panificação
de Contenda ......................................................................................................140
6. Considerações finais ......................................................................................... 144
7. Referências ......................................................................................................... 146
8. Anexos ................................................................................................................ 147
Prevención y control de patologías apícolas mediante sustancias
naturales, herramienta útil de pequeños productores............................................ 153
1. Resumen ............................................................................................................ 153
2. Introducción ..................................................................................................... 154
3. Materiales y métodos ...................................................................................... 156
4. Resultados y discusión ....................................................................................165
5. Conclusión ........................................................................................................ 170
6. Bibliografía ........................................................................................................171
Educação em dia com a modernidade ................................................................... 179
1. Resumo.............................................................................................................. 179
2. Introdução ........................................................................................................180
3. Inclusão digital em nova era .........................................................................181
4. Inclusão digital e a educação ......................................................................... 182
5. Modalidades de uso da tecnologia na educação .......................................187
6. Tecnologia na educação e a transferência de poder para o aprendiz .... 188
7. Inclusão digital: desafios maiores que as simples boas intenções ........... 190
8. Inclusão digital: cada vez mais no centro da inclusão social ....................192
9. Referências bibliográficas e eletrônicas ....................................................... 196
Nota sobre os autores ................................................................................................ 199
Nota sobre os membros da comissão de avaliação............................................. 203
7
AGRADECIMENTOS
À Comissão de Avaliação dos trabalhos concorrentes ao Prêmio
constituída de representantes indicados pelas coordenações da Reunião
Especializada de Ciência e Tecnologia – RECyT de cada país-membro
do Mercosul, que esteve reunida no escritório da UNESCO, em Brasília,
no período de 14 a 18 de maio de 2007 para analisar e selecionar os
trabalhos premiados em três categorias.
Ao grupo técnico constituído por especialistas pertencentes às
instituições organizadoras e patrocinadora do Prêmio.
Ao Movimento Brasil Competitivo – MBC, parceiro na organização e
execução desse Prêmio, e ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
e à Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, patrocinadores do Prêmio
Mercosul de Ciência e Tecnologia de 2006.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
desse Prêmio.
Comissão de Avaliação:
Professor Célio da Cunha, presidente da Comissão, UNESCO/Brasil
Professor Pedro Lamberti, representante da RECyT/Argentina
Professora Irma Passoni, representante da RECyT/Brasil
Professora Ana Paula Macedo Soares, representante da RECyT/Brasil
Professor Jaime Jara, representante da RECyT/Paraguai
Professor Enrique Grünhut, representante da RECyT/Uruguai
Professor Raul J. Estevez L., representante da RECyT/Venezuela
8
Grupo Técnico da Comissão de Avaliação:
Aline de Marco, UNESCO/Brasil
Ary Mergulhão Filho, UNESCO/Brasil
Bernardo Brummer, UNESCO/Brasil
Cláudio de Jesus Oliveira, Petrobras/Brasil
Denise Gorfinkiel, UNESCO-ORCYT/Uruguai
Eliana Emediato, MCT/Brasil
Fábio Eon, UNESCO/Brasil
Lenart P. do Nascimento Filho, Petrobras/Brasil
Maria Teresa Shaudeman, MCT/Brasil
Mariane Schuch, MBC/Brasil
Michele Knop, UNESCO/Brasil
Rafaela Marques, UNESCO/Brasil
Roberta da Silva, UNESCO/Brasil
Tatiana Ribeiro, MBC/Brasil
9
ABSTRACT
The Mercosur’s Science and Technology Award was established in
1998 by the Science and Technology Specialised Meeting – RECyT /
Mercosur. The call for submission was launched on the 8
th
of August
of 2006, with partnership from UNESCO and MBC (Brazilian
Competitive Movement) and sponsorship from Petrobras (Brazilian
Petroleum S.A.) and MCT (Brazilian Ministry of Science and
Technology). The goal of the Award is to recognise and give prizes to
the best pieces of work from researchers that represent potential
contribution for scientific and technological development of Mercosur’s
countries. It also provides incentives for scientific and technological
research to be carried out, directed at the regional integration process
amongst the countries in the Block. In 2006, Social Inclusion Technologies
was chosen as the topic and it has three categories: Scientific Initiation
(new category) for students of upper secondary education, Young Researcher
for graduated scholars up to 35 years of age and Integration for teams that
have graduated, with no age limit and involving at least two different
countries. This book presents work that won the Award in the three
categories, all received Honours in each category and Participation Merit
in the Scientific Initiation category. The published papers range from
medicinal plant principles studies to the discussion of an economical
way of water purification for the supply of isolated cities.
11
PRÊMIO MERCOSUL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CHAMADA 2006
O Prêmio foi criado pela Reunião Especializada em Ciência e
Tecnologia – RECyT/Mercosul em 1998, inicialmente chamado
Prêmio Mercosul para Jovens Pesquisadores, com o objetivo de
reconhecer e premiar os melhores trabalhos de jovens pesquisadores
que representem potencial contribuição para o desenvolvimento
científico e tecnológico dos países-membros; incentivar a realização
de pesquisa científica e tecnológica orientada para o Mercosul; e
contribuir para o processo de integração regional entre os países do
Bloco, mediante incremento na difusão das realizações e dos avanços
no campo do desenvolvimento científico e tecnológico no Mercosul.
Até o ano 2000, somente para Jovens Pesquisadores, foram lançadas
duas chamadas: em 1998, com o tema Alimentos, 20 trabalhos foram
recebidos; em 2000, com o tema Meio Ambiente – Tecnologias Limpas,
um total de 19 trabalhos foi recebido.
A partir da chamada de 2004, o Prêmio passa a contar com a parceria
da UNESCO com a denominação de Prêmio Mercosul de Ciência e
Tecnologia contemplando duas categorias: Jovem Pesquisador, até 35
anos de idade, e Integração, para equipe de pesquisadores sem limite
de idade, envolvendo pelo menos dois países-membros. Essa chamada
contemplou o tema Energia e, com maior esforço de divulgação,
recebeu 44 trabalhos.
A chamada de 2006 abordou o tema Tecnologias para Inclusão
Social e contou com o patrocínio da Petróleo Brasileiro S.A. –
Petrobras, do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil – MCT,
apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura – UNESCO e do Movimento Brasil Competitivo – MBC.
A participação dessas organizações é consoante com deliberação da
RECyT, que busca agregar, progressivamente, empresas e outras
entidades que fomentem o desenvolvimento da ciência, da tecnologia
e da inovação na região.
12
Além das categorias Jovem Pesquisador e Integração, essa chamada
contemplou a categoria Iniciação Científica, voltada para alunos do
ensino médio e ainda efetivou a participação dos países associados em
todas as categorias.
Com esse novo formato, foram recebidos 305 trabalhos – 53 na
categoria Iniciação Científica, 145 Jovem Pesquisador e 107 Integração
– número sete vezes superior à chamada de 2004. Esses trabalhos
envolveram 644 pesquisadores da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela assim como
da Espanha e da Rússia – residentes em países do Bloco.
Creditamos esse aumento à participação dos países associados
juntamente com os países do Bloco e ao patrocínio e apoios recebidos
da Petrobras, UNESCO e MBC. A participação dessas organizações
permitiu aprimorar o processo de divulgação fazendo com que o
conhecimento do Prêmio chegasse a um grande número de instituições
de ensino e pesquisadores em todos os países-membros e associados ao
Mercosul.
São apresentados, a seguir, os trabalhos premiados nas três categorias.
1º Lugar – CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Trabalho: “El llantén, una planta mágica”
Autores: Paula Maria Pedraza, Maria Guadalupe Gómez Alonso, Belén
Rodríguez del Busto e Rogélio Navarro Vitar.
1º Lugar – CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
Trabalho: “Geração de renda em áreas de Mata Atlântica: a experiência
do manejo sustentável da samambaia-preta”
Autora: Cristina Baldauf
1º Lugar – CATEGORIA INTEGRAÇÃO
Trabalho: Potabilización de agua por tecnologías económicas en zonas
rurales aisladas del Mercosur”
Autores: Marta Irene Litter, Wilson de Figueiredo Jardim, Miguel Ángel
Blesa, Juan Martin Rodriguez, Lorena del Pilar Cornejo Ponce, Maria
Cristina Apella e Beatriz Susana Ovruski de Ceballos.
Fernando Haddad
Ministro da Educação
Vincent Defourny
Representante da UNESCO no Brasil a.i.
13
Menção Honrosa – CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Trabalho: “Kit de automação para cadeira de rodas”
Autores: Douglas de Sousa Silveira, Carlos Felipe de Carvalho Júnior e
Eduardo Vinícius dos Santos.
Menção Honrosa – CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
Trabalho: “Projetos de viabilidade econômica para empreendimentos de
economia solidária: uma proposta metodológica e um relato de
experiência”
Autor: Emerson Leonardo Schmidt Iaskio
Menção Honrosa – CATEGORIA INTEGRAÇÃO
Trabalho: “Prevención y control de patologías apícolas mediante sustancias
naturales, herramienta útil de pequeños productores”
Autores: Sandra Rosa Fuselli, Susana Beatriz Garcia de la Rosa, Martin
Javier Eguaras, Rosália Fritz, Judith Principal e Carlos José Barrios Suarez.
Mérito de Participação – CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Trabalho: “Educação em dia com a modernidade”
Autor: Warley Alves Batista
As entidades patrocinadoras e as que apoiaram essa atividade, MCT
e Petrobras, UNESCO e MBC, reafirmam a convicção de que o Prêmio
constitui-se em um efetivo instrumento de integração regional.
Informamos que os trabalhos premiados estão reproduzidos nesse
livro da mesma forma que foram apresentados pelos autores.
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
Movimento Brasil Competitivo – MBC
Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras
Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e
a Cultura – UNESCO
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
1º lugar
Nome do trabalho: “El llantén, una planta mágica”
Professor Orientador: Carlos Alejandro de la Cruz Carrió
Ano escolar e nome da escola: 7º ano da escola San Patrício, Tucumán – Argentina
Autores: Paula Maria Pedraza, 12 anos, argentina residente na Argentina
Maria Guadalupe Gómez Alonso, 11 anos, argentina residente na Argentina
Belén Rodríguez del Busto, 12 anos, argentina residente na Argentina
Rogélio Navarro Vitar, 12 anos, argentino residente na Argentina
17
EL LLANTÉN, UNA PLANTA MÁGICA
1. RESUMEN
El estudio del llantén surgió de la duda de cómo se curaban los
aborígenes de la Argentina las heridas o algunas infecciones. Para ello
se buscó información en libros e Internet, y se descubrió que la hierba
más utilizada era esta planta, que además crece de forma natural en el
patio de nuestro colegio. Para certificar sus propiedades medicinales se
solicitó la ayuda de la cátedra de fitoquímica de la Facultad de
Bioquímica, Química y Farmacia de la Universidad Nacional de
Tucumán; para saber su perfil botánico se consultó a los investigadores
de la Fundación Miguel Lillo de la Facultad de Ciencias Naturales de
Tucumán. Los científicos, tras realizar los estudios correspondientes,
confirmaron que el llantén tiene propiedades analgésicas,
antimicrobianas, funguicidas, antioxidantes y cicatrizantes, por lo cual
podría ser incorporado a preparados farmacéuticos. Posteriormente se
dictaron charlas y talleres de preparados farmacéuticos sobre el llantén
a los alumnos. Se realizaron trabajos de campo con la recolección del
ejemplar, desinfección y preparado alcohólico del mismo. Finalmente
se realizaron, bajo la supervisión de una bioquímica y respetando
normas de seguridad e higiene, crema y caramelos de extractos obtenidos
a partir del llantén en el laboratorio del colegio.
Con este trabajo se pretende revalorizar el antiguo arte de curar a través
de productos fitoterapéuticos, como lo es el Plantago tomentosa Lam, más
conocida en toda la Argentina como llantén. Las propiedades medicinales de
esta planta fueron comprobadas también a través de investigaciones realizadas
por científicos de distintas partes del mundo (SAMUELSEN, 2000).
18
La proyección de esta investigación pretende fomentar la
elaboración de productos farmacéuticos de llantén con ayuda del
gobierno provincial y su distribución gratuita entre la población,
garantizando de esta manera la atención primaria de salud en toda la
provincia de Tucumán.
2. INTRODUCCIÓN
En el año 2005, mientras los alumnos estudiaban las costumbres
de los aborígenes, surgió el interrogante de cómo curaban sus dolencias
o heridas de batallas. Se sugirió buscar información al respecto en
libros, revistas e Internet. Los datos obtenidos apuntaban casi en su
totalidad a la utilización de hierbas medicinales, entre las que se
encontraba el llantén.
Esta planta es autóctona del norte argentino y crece en algunas
zonas de Tucumán, como Yerba Buena y Tafi Viejo. Por este motivo
los niños encararon la investigación con gran entusiasmo.
Los alumnos siguieron los pasos del método científico en todo
momento. Primero buscaron el espécimen, lo observaron y luego lo
transplantaron al jardín del colegio. Posteriormente se procedió a
realizar una planificación botánica y a determinar el perfil químico,
para lo cual se consultó a profesionales del área de la UNT.
Situación problemática
¿Es posible realizar crema y caramelos de extractos obtenidos a
partir del llantén?
Hipótesis
El llantén tiene propiedades analgésicas, antimicrobianas,
antioxidantes y cicatrizantes, por lo que podría ser incorporado a
preparados farmacéuticos.
19
Objetivos generales
Desarrollar preparados farmacéuticos utilizando extractos de hojas
de llantén.
Objetivos específicos
1) Elaborar crema y caramelos respetando las reglas de higiene y
seguridad.
2) Aplicar el método científico en todas sus formas y etapas.
3) Investigar en diarios, revistas, libros, Internet o cualquier material
didáctico sobre el tema.
4) Manipular elementos del laboratorio.
5) Expresar sus ideas en forma clara y segura durante la exposición
oral.
6) Generar actitudes de respeto y amabilidad ante profesionales
ajenos al colegio.
7) Trabajar en forma cordial y en equipo durante toda la
investigación.
8) Manejar un vocabulario científico.
9) Elaborar crema y caramelos respetando las reglas de higiene y
seguridad.
10) Difundir la investigación y sus resultados a toda la comunidad a
través de diferentes medios de comunicación.
La observación es el primer paso del método científico.
20
3. DESARROLLO
Recursos materiales
Planta de llantén, palas, macetas, elementos de laboratorio,
computadoras, diarios y revistas, cámara de fotos, azúcar, miel, cera
autoemulsionante, agua destilada, vaselina líquida, recipientes
esterilizados, moldes de caramelos, extracto alcohólico de llantén,
embudo, tamiz, balanza de precisión, pipeta, cápsula de Petri y una
fuente de calor.
Metodología
La metodología se basa en: observación en el laboratorio, deducción
e inducción siguiendo los pasos del método científico, participación en
la elaboración de hipótesis durante el proceso de observación, expresión
oral y escrita, y reflexión e intercambio de ideas.
El primer paso de la investigación fue la observación directa de la
planta, que por abundar en los jardines de la zona en general no es
tenida en cuenta e incluso se tiende a considerarla una «intrusa» en el
césped, reflexión que surgió del intercambio de ideas. Posteriormente
se realizó una consulta a pobladores de la zona de edad adulta. Se llegó
a la conclusión de que la gente que había vivido en el campo (como es
el caso del personal de servicio de algunas casas) sí conocía –a través
del saber popular– la existencia de la planta y sus propiedades curativas
del dolor de garganta cuando se prepara como una infusión. En base a
estas conclusiones se decidió investigar de forma científica sus
propiedades reales y, siguiendo los pasos del método científico, se
sometió a la planta a estudios botánicos y químicos por parte de la
Facultad de Bioquímica, Química y Farmacia. Los docentes de la UNT
dictaron clases-taller.
Para clasificar la planta desde un punto de vista botánico las
investigadoras consultaron a los profesionales de la Fundación Lillo, y
consiguieron determinar el género y la especie de la misma.
21
Con los resultados obtenidos los alumnos decidieron comenzar el
desarrollo de crema y caramelos de llantén. Este proceso estuvo dirigido
y controlado en todo momento por los docentes del la UNT.
4. ACTIVIDADES
Recopilación y organización de información de diferentes fuentes
Selección de textos y síntesis
Organización de grupos de trabajo e investigación del material
disponible
Análisis y discusión de los contenidos
Talleres teóricos-prácticos dictados por los docentes de la cátedra
de Fitoquímica de la Facultad de Bioquímica, Química y Farmacia
de la UNT
Observación de diapositivas
Elaboración y realización de encuestas, cuadros de observaciones,
láminas, invitaciones, folletos, carteles y gráficos
Visita a la Facultad de Ciencias Naturales Miguel Lillo
Observación de la planta del llantén y siembra en la huerta del
colegio.
Registros fotográficos y compaginación
Difusión en radio y televisión
Preparación del stand
Ensayos
22
5. RESULTADOS OBTENIDOS
Perfil botánico del llantén
Para conocer el perfil botánico de la planta las alumnas investigadoras
se dirigieron con su docente asesor a las instalaciones de la Cátedra de
Taxonomía Vegetal de la Fundación Miguel Lillo perteneciente a la
Facultad de Ciencias Naturales de la UNT. Allí se entrevistaron con la
doctora Figueroa Romero.
Las alumnas y la voluntaria estudiaron las características del vegetal
y de esta manera pudieron establecer el género y la especie.
Alumnas investigadoras visitan la Cátedra de Taxonomía Vegetal de la
Fundación Lillo
23
Hierba perenne, de 10-50 cm altura de raíz pivotante fusiforme,
gruesa, de hasta 4 cm de diámetro. Cáudex corto, a veces ramificado,
de 10-25 mm de longitud (long.) por 15-20 mm de diámetro (diám.).
Hojas arrosetadas, lanceoladas a elíptico-ovadas, de (2,5-) 6,
0-15 (-20) cm de long. por (0,8-) 4-6 (-8) cm diám. Pubescencia
densamente lanosa en ambas caras, limbo acuminado, de borde entero,
5-nervado. Inferiormente angostado en pseudopecíolo. Escapo lanoso,
de 18-25 (-28) cm long. Espigas densas en la porción superior y laxas
en la inferior, de 3-14 cm long. Brácteas deltoideas lanoso-pubescentes,
marginalmente ciliadas, de 1,8-3,2 mm long. por 0,8-1,2 mm diám.
Sépalos anteriores obtusos o agudos, con dorso ciliado, de 1,7-2,8 mm long.
por 0,9-1,2 mm diám. Lóbulos de la corola erectos o patentes.
Filamentos estaminales de 1,8-2,0 mm long.; anteras de 0,4-0,6 mm long.;
3 óvulos. Pixidio con 3 semillas. Semillas de 1,5-2,3 mm long. Cara
placentar plana.
Crece en el sur de Brasil y Paraguay, Uruguay, Perú austral, Bolivia,
norte y centro de Argentina, llegando hasta el sur de las provincias de
Buenos Aires y Mendoza. En Yerba Buena y Tafi Viejo es común en
ambientes semihúmedos, soleados y en suelos arenosos y pedregosos,
tanto en la zona de llanura como en filos de cerros. En Yerba Buena
florece de agosto a noviembre e inmediatamente fructifica. Se propaga
a través de semillas.
Nombres vulgares: «llantén», «llantén velludo», bapúsh mané (voz
vilela, según Martínez Crovetto, 1965), hanáp lat á (voz toba, según
Martínez Crovetto, 1964), «plan ptrá» (voz araucano-pampa, según
Martínez Crovetto, 1968).
Material estudiado: Muestras de llantén recolectadas en Yerba
Buena y Tafi Viejo.
Plantago tomentosa Lam: A, planta; B, fragmento de escapo;
C, flor de gineceo receptivo; D, ídem, con androceo receptivo;
E, ídem, tras la antesis; F, G H e I, vista dorsal, ventral y transporte
de semilla respectivamente.
24
6. DISTRIBUCIÓN DEL LLANTÉN EN EL NOA
25
Composición química del llantén (Plantago Tomentosa Lam), análisis
realizados en la Facultad de Bioquímica, Química y Farmacia de la UNT
Carbohidratos (azúcares): glucosa, fructosa, ramnosa, xilosa,
sacarosa, planteosa, polisacáridos
Los glucósidos aucubina (0,3-2,5%), catalpol y asperulosido (7)
se han encontrado en Plantago tomentosa.
Si el llantén no se seca correctamente adquiere un color oscuro.
Este color se debe a un polímero de color marrón oscuro que forma la
aucubina después de hidrolizarse.
La aucubina también se ha encontrado en Plantago tomentosa (8, 12).
Mucílagos: en una proporción del 6,5%, compuestos por
polisacáridos del tipo ramnogalacturonano, arabinogalactano y
glucomanano (7).
Ácidos fenólicos: en Plantago tomentosa se han encontrado ácidos
p-hidroxibenzoico, siríngico, gentísico, caféico, ferúlico y
p-hidroxifenilacético (12, 7)
Taninos: entre el 0,5% y el 4% en Plantago tomentosa (8, 6).
Flavonoides: presencia de flavonoides como apigenina, luteolina
y escutelarina (7).
Ácido silícico en una cantidad mayor al 1% y sales minerales de
potasio y zinc en Plantago tomentosa (7).
Además se menciona la presencia de otros compuestos: rutina,
taninos, alcaloides, esencias, resinas, esteroides, bases aminadas,
compuestos azufrados (10), manitol y sorbitol (15).
Vitamina: Betacaroteno y ácido ascórbico.
26
Actividad biológica
Estudios realizados por la Escuela Paulista de Medicina y presentados
en el XIII Simposio de Plantas Medicinales de Brasil (11) encontraron, a
partir de estudios realizados con animales, que:
El extracto acuoso de las hojas de Plantago tomentosa tuvo actividad
antisecretora y antiulcerogénica «confirmando su uso en medicina
popular en molestias del tracto gastrointestinal».
CUADRO 1 – Varios usos del llantén (Plantago tomentosa) en la medicina
tradicional (Samuelsen, Revista de Etnofarmacología, 2000)
27
El extracto acuoso de Plantago tomentosa no mostró actividad
antiinflamatoria y sí presentó actividad analgésica.
El extracto acuoso de las hojas de Plantago tomentosa tuvo actividad
antiedematosa y analgésica «que puede justificar su uso popular
como antiinflamatorio».
El estudio de la actividad antinociceptiva del extracto acuoso de
las hojas de Plantago tomentosa mostró que el mismo redujo el número
de contorsiones en animales de manera similar a la atropina (50%)
(estudios realizados por el Departamento de Farmacología de la
UFMG de Belo Horizonte, Brasil) (11).
El extracto acuoso en frío, los extractos líquidos y el jugo de las
hojas de Plantago tomentosa demostraron efecto bacteriostático y
bactericida mientras que las infusiones y la decocción no tuvieron
ese efecto. El efecto antibacteriano es provocado por el aglicón de
la aucubina (aucubigenina) liberado por una ß-glucosidasa. En caso
de cocción se destruye la ß-glucosidasa por el calor y se evita la
hidrólisis de la aucubina. En un test de Loch se encontró que 1 ml
de solución acuosa de aucubina al 2% en conjunto con la glucosidasa
tiene el mismo efecto que 600 U.I. de penicilina para tratar al
Stafilococus aureus (7).
La decocción de Plantago tomentosa inyectada en forma intravenosa
en ratas estimuló la producción de interferón por el organismo de
los animales (13).
El extracto acuoso de la planta tiene efecto antiinflamatorio
comprobado en las ratas, en diferentes modelos experimentales (15).
El uso de una fracción cromatográfica de hoja seca vía externa a
dosis de 10% aceleró la curación de llagas en conejos (15).
La decocción de la hoja de Plantago tomentosa demostró inhibición
de los microorganismos Escherichia coli y Staphylococcus aureus aislados
de conjuntivitis humana (6).
Varios estudios en animales de extractos acuosos de Plantago
tomentosa demostraron la acción hipotensora arterial del mismo (6).
28
El extracto de Plantago tomentosa, administrado durante 15 días a
un grupo de conejos, no ofreció efecto protector contra el choque
anafiláctico inducido por albúmina de huevo (6).
La administración subcutánea del extracto acuoso de la hoja a
ratas a las cuales se les había ligado el píloro, demostró que sólo a
la dosis de 50 mg/kg disminuye significativamente el número de
úlceras y el índice de ulceraciones.
Experiencias clínicas
Aplicada localmente la planta tiene actividad antipruriginosa (15).
La decocción de la planta fresca demostró acción antiácido de
actividad similar a las suspensiones de aluminio (15).
Se ha comprobado que en estado seco un extracto de la planta
entera en dosis de 1,2 ml/kg aceleró el restablecimiento de la
morfología normal y la curación de afecciones uterinas (15).
La decocción de las partes aéreas (50 g/l) tuvo acción
antiinflamatoria y antiséptica débil en parodontopatías de ligera
y mediana intensidad (15).
La Red TRAMIL clasifica al Plantago tomentosa en la categoría C,
esto es, recomendado para el uso externo en el tratamiento de la
conjuntivitis (15).
La Red TRAMIL clasifica al Plantago tomentosa en la categoría C,
esto es recomendado para el uso interno de la infusión de la hoja
contra la alta presión y contra la inflamación.
Leclerc cita la obtención de buenos resultados en el tratamiento
externo de úlceras varicosas (8).
La Comisión E de Alemania (organismo creado por el gobierno para
estudiar y proponer los usos aceptados de las plantas medicinales)
señala como indicaciones del Plantago tomentosa para uso interno:
catarros de vías aéreas superiores e inflamación de la mucosa bucal y
traqueo laríngea, y para uso externo: Inflamación de la piel (14).
29
Toxicología y efectos colaterales
No hay registros de efectos tóxicos del llantén. En Alemania
para Plantago tomentosa se menciona que no tiene efectos
colaterales en caso de uso adecuado (7).
La monografía de la Comisión E de Alemania dice que NO
POSEE contraindicaciones ni efectos colaterales. Tampoco tiene
interacciones con otros medicamentos (14).
La dosis letal 50 del extracto acuoso de la hoja de Plantago
tomentosa en ratas por vía intravenosa fue de 175 mg/kg (6).
La decocción de Plantago tomentosa, entre 15-25 g/l, para
administración oral, hasta 240 ml cada 4-6 horas y para la
aplicación en buches estomatológicos (hasta 50 g/l), no produce
manifestaciones objetivas ni subjetivas de toxicidad, intolerancia
o indeseabilidad clínicamente evidenciables, en pacientes bajo
tratamiento fitoterapéutico (15).
Las partes aéreas incorporadas en un 40% a la dieta del ratón
infante no tienen efectos nefrotóxicos.
El extracto acuoso de la variedad asiática, en concentración de
50 mg/disco no es mutagénico en microorganismos (Salmonella
typhimurium TA98 y TA 100) (15).
Presencia de Plantago tomentosa en medicamentos aprobados y en
farmacopeas
En Alemania la hierba y sus extractos se encuentran presentes
en muchos medicamentos como antitusivo, expectorante
(aproximadamente en 25) y como broncoespasmolítico (en 2
especialidades) (7).
No encontramos registro de su presencia en medicamentos
aprobados en nuestro país.
30
La planta está reconocida por ocho farmacopeas nacionales
(Francia, Indonesia, Japón, Corea, Filipinas, Vietnam, Paraguay,
Farmacopea de Medicina Oriental) (15)
El Ministerio de Salud Pública de Bulgaria aprobó la hoja de esta
planta para el tratamiento de la gastritis crónica, úlcera
gastroduodenal, diabetes y heridas (15).
Algunas conclusiones e recomendaciones
Creemos muy importante destacar la correlación que se presenta entre
los usos populares que registra el llantén en todo el continente y su
verificación a través de ensayos farmacológicos. También es muy
importante su amplio uso desde tiempos muy remotos. Finalmente, su
atoxicidad y ausencia de mutagenicidad hacen que se pueda considerar
la planta segura para su uso interno. Si bien la presente monografía se
ha redactado en base a estudios realizados sobre Plantago tomentosa,
creemos que debido a la similar composición de los otros llantenes
podemos proponer idénticos usos para las otras especies utilizadas
popularmente.
Dra. Maria Inés Isla (Investigadora del Conicet)
7. LA CONCRECIÓN DE NUESTRO PROYECTO Y LA REALIZACIÓN
DE LOS CARAMELOS Y LA CREMA DE LLANTÉN
Para extraer las propiedades medicinales del llantén se preparó un
extracto alcohólico. Se utilizó alcohol de 70º (se realiza con 100 cm
3
de
alcohol 96º y 40,85 cm
3
de agua).
Preparación:
Colocar 10 g de llantén y 100 cm
3
de alcohol en un mortero. Machacar
y dejar descansar siete días. Filtrar y luego conservar en un frasco estéril
a temperatura ambiente.
31
Medidas de seguridad:
Material esterilizado, cofias, barbijos y manos limpias.
Elaboración de caramelos con extractos de llantén
Ingredientes:
50 g de azúcar
4 ml de extracto alcohólico
25 g de miel
Preparación:
Se coloca en un vaso de precipitado 50 g de azúcar. Luego se
somete al calor hasta que el azúcar tome punto caramelo, se agrega
la miel y se apaga el fuego. Se mide la temperatura y, cuando
descienda hasta los 60 ºC se coloca el extracto alcohólico de llantén.
Se enmanteca el molde de caramelos y luego se vierte el
preparado en él, se deja enfriar y se procede a desmoldar.
Los caramelos de llantén se podrían utilizar como analgésicos,
antiinflamatorios y antiinfecciosos en procesos infecciosos o
inflamatorios de las vías respiratorias superiores, pues esos efectos
están comprobados científicamente para extractos alcohólicos y
acuosos de hojas de llantén (CÁCERES et al. 1.990 y
SAMUELSEN, 2000).
Por otra parte, debido a su comprobada capacidad antioxidante
y depuradora de radicales libres y a su baja toxicidad podrían ser
utilizados como antioxidantes naturales. Las hojas de llantén tienen
compuestos fenólicos, como los siguientes: flavoides y vitaminas,
ácido ascórbico y betacaroteno (CAMPOS y LISSI, 1995).
32
Elaboración de crema con extractos de llantén
Ingredientes:
10 g de cera autoemulsionante
8 ml de vaselina líquida
180 ml agua destilada
2 ml de extracto alcohólico
Procedimiento:
Se coloca en un vaso de precipitado el agua destilada, la cera y la
vaselina y se calientan. Se mezcla el preparado hasta que empiece a
Profesionales supervisaron la elaboración de los caramelos de llantén
33
emulsionar. Se apaga el fuego y se mide la temperatura. Cuando la
temperatura llegue a 60 ºC se coloca el extracto alcohólico de llantén.
Se deja enfriar y se envasa en moldes libres de contaminación.
Debido a las comprobadas propiedades antibacteriana, antioxidante,
antiinflamatoria y cicatrizante que tiene el llantén, esta crema podría
ser utilizada localmente en procesos infecciosos de la piel.
Cabe resaltar que no se han realizado hasta el momento estudios de
conservación microbiológica, química y farmacotécnica de la crema. Sin
embargo, las observaciones microscópicas efectuadas por el grupo de
alumnos y profesores, entre otros, indicarían que mantiene su aspecto
original durante tres meses a temperatura ambiente y un año en la heladera
Para terminar, queremos recordarle que, antes de consumir estos
productos, debe consultar cualquier duda con su médico amigo.
La higiene y la concentración son normas fundamentales del trabajo en el
laboratorio
34
Encuestas y estadísticas
Los alumnos realizaron una encuesta entre cien personas mayores
de edad.
La encuesta constaba de tres preguntas:
1.- ¿Sabe Ud. qué es el llantén?
2.- ¿Conoce sus propiedades medicinales?
3.- ¿Usa plantas medicinales para tratar enfermedades?
Los entrevistados solo tenían que responder sí o no. Los resultados
fueron los siguientes:
35
La mayoría de las personas encuestadas usan plantas medicinales
para el tratamiento de enfermedades. Los alumnos llegaron a la
conclusión de que debemos revalorizar el uso de plantas medicinales
(fitoterapia) de nuestra región, como el llantén, sin descuidar ni ignorar
las virtudes y propiedades de los remedios creados en laboratorios.
8. CONCLUSIONES Y COMPROBACIÓN DE HIPÓTESIS
A través de los datos obtenidos de estudios fitoquímicos y la debida
experimentación del llantén pudimos comprobar que el llantén tiene
propiedades medicinales, por lo cual podría ser incorporado a la
elaboración de medicamentos.
Caramelos: los caramelos de llantén actuaron con gran efectividad
en enfermedades bucofaríngeas (laringitis, faringitis), debido a los
compuestos mucílagos que actuaron sobre las zonas afectadas
desinflamando e inhibiendo la producción de placas de pus y a su poder
antibiótico y antiinflamatorio.
El uso de caramelos inhibe el crecimiento de bacterias y anestesia la zona
afectada
36
Experiencia: Se sometió a diez voluntarios adultos que presentaban
infecciones bucofaríngeas al uso continuo de los caramelos de llantén
durante siete días. Al final de dicho período se comprobó que las placas
de pus y el dolor habían desaparecido. La zona afectada presentaba
color y forma normales.
Crema: la crema de llantén actuó con gran efectividad sobre la piel
dañada (sequedad por frío, hongos y heridas superficiales), induciendo
la producción de nuevas células epiteliales, debido a su propiedad
antioxidante y cicatrizante que le otorgan sus compuestos fenólicos.
Los compuestos mucílagos actuaron sobre los agentes extraños
inhibiendo la proliferación de bacterias y hongos.
El uso de la crema favorece la reconstrucción epitelial y cicatrización de
heridas
Experiencia: Se administró crema a tres voluntarias adultas que
presentaban daños en la piel de las manos.
Se comprobó que su uso durante 30 días favoreció la proliferación
de células epiteliales nuevas, dando lugar a la formación de una piel
suave y de buen aspecto.
37
La conclusión a que llegaron los alumnos fue que debemos
revalorizar el uso de plantas medicinales (fitoterapia) de nuestra región,
como el llantén, sin descuidar ni ignorar las virtudes y propiedades de
los remedios producidos en laboratorios
Los alumnos comprobaron que es posible el procesamiento y
manufacturación de caramelos y crema siguiendo los pasos del método
científico.
9. PROYECCIÓN
El proyecto tiene una amplia proyección para la comunidad, ya
que los alumnos pensaron que los productos elaborados por ellos, bajo
la supervisión de profesionales, puedan servir a otros niños de escasos
recursos como remedios paliativos para enfermedades como bronquitis,
faringitis y herpes. Por otro lado, de continuarse el proyecto y lograrse
que la producción sea aprobada por el ente correspondiente, se estaría
logrando un medicamento de importante valor curativo.
Sin embargo, es necesario la implementación de controles de calidad
microbiológicos, químicos y farmacotécnicos para evaluar la
estabilidad de estos productos en el cuerpo. Por otro lado, el desarrollo
de estos productos se podrían realizar en laboratorios públicos
habilitados por instituciones oficiales (Siprosa, Anmat) y ser
distribuidos gratuitamente en los Centros de Atención Primaria de
Salud (CAPS).
El objetivo de la participación en este concurso es dar a conocer
nuestro trabajo y además recaudar dinero para continuar con la
segunda etapa que consiste en tratar de determinar cual es la molécula
que origina en el llantén tantas propiedades curativas.
10. AGRADECIMIENTOS
Al colegio por apoyar este proyecto y fomentar en los niños el
espíritu científico.
38
A la Dra. Maria Inés Isla y su equipo de trabajo que nos ayudó de
forma totalmente desinteresada y con el único afán de formar a los
pequeños científicos.
A la Dra. Figueroa Romero de la Fundación Miguel Lillo.
A miss Cristina y miss Nelly, por su seguimiento del proceso de
investigación.
A todas las personas que colaboraron de forma desinteresada.
11. BIBLIOGRAFÍA
1) Cabrera A.L. y Zardini E.M., (1978). Manual de la flora de los
alrededores de Buenos Aires, ACME, p. 577.
2) Boelcke O., (1992). Plantas vasculares de la Argentina, nativas y
exóticas. Ed. Hemisferio Sur, p. 255.
3) Alonso Paz E., Bassagoda M.J. y Ferreyra F., (1992), Yuyos. Uso
racional de las plantas medicinales. Ed. Fin de Siglo, p. 40-41.
4) Martínez Crovetto R., (1981). Plantas utilizadas en medicina en el
NO de Corrientes, Miscelánea 69, Fundación Miguel Lillo, p. 109.
5) Kossmann I. y Vicente C., (1992). Salud y plantas medicinales. Ed.
Planeta, p. 116-117.
6) Robineau L., (1991). Hacia una farmacopea caribeña, Seminario
Tramil 4, Investigación científica y uso popular de plantas
medicinales en el Caribe, ENDA Caribe, Universidad Nacional
Autónoma de Honduras, p. 298.
7) Wichtl M., (1989), Teedrogen, Wissenschaftliche
Verlagsgesellschaft, p. 466-469.
39
8) Benigni R. y col., (1971), Piante medicinali, chimica,
farmacologia e terapia, Inverni della Beffa, pág. 1100-1103.
9) Plantas Medicinales, Fitomed, (1991), Ed. Ciencias Médicas, pág.
52.
10) Farga C. y Lastra J., (1988), Plantas medicinales de uso común
en Chile, Paesmi, pág. 44.
11) XIII Simposio de Plantas Medicinales do Brasil, (1994), Resumo
de temas livres, 20 -23 de setiembre de Fortaleza, Brasil.
12) Herba Polonica, (1977), 23 (3) 201-209.
13) Plachcinska J. y col., (1984), Influence of Medicinal herbs on
the inmune system. Induction of endogenous interferon.
Fitoterapia Vol. LV, Nº 6 pág. 346-348
14) Agradecemos a Barbara Steinhoff de la Asociación alemana de
fabricantes de medicamentos para automedicación el habernos
suministrado la monografía de la Comisión E.
15) Robineau L., (1995), Hacia una Farmacopea Caribeña, Seminario
Tramil 6-7, Investigación científica y uso popular de plantas
medicinales en el Caribe, ENDA-Caribe, Universidad Autónoma
de Honduras
16) Dr. Manfred, L., Siete mil recetas a base de mil trescientas plantas
medicinales, Editorial Kiev.
17) Yuni, J., Urbano, C. (2003), Técnicas para investigar y formular
proyectos de investigación, Vol.I, Ed. Brujas.
18) Yuni, José, Urbano, C. (2003), Técnicas para investigar y
formular proyectos de investigación, Vol.II, Ed. Brujas.
40
19) Cáceres, A., Girón, L.M., Alvarado, S.R., Torres, M.F. 1987b,
Estudio de la actividad antimicrobiana de plantas populares de
uso en Guatemala y el tratamiento dermatológico. Journal of
Ethnopharmacology 20, 223-237.
20) Duckett, S., (1980), Plantas Naturales. Nueva Inglaterra. Revista
de Medicina 303, 583.
21) Eli, Lilly, (1980), Farmacia y Terapia. Revista, Indianápolis, EE
UU.
22) Guillén, M.E.N., (1997), Actividades analgésicas y
antiinflamatorias de extractos acuosos de llantén, Revista
Internacional de Farmacología 35, 99-104.
23) Markov, M. (1992), Farmacología del llantén, Congreso de
Etnofarmacología, Uppsala, Suecia.
24) Samuelsen, A. B., (1995), Caracterización de la actividad
biológica de polisacáridos, Llantén. Fitoterapia 9, 211-218,
Universidad de Oslo, Suecia.
25) Aportes botánicos de Salta – Ser. Flora (1998) vol. 5 páginas
20-21, Universidad Nacional de Salta, Argentina.
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
1º lugar
Nome do trabalho: “Geração de renda em áreas de Mata Atlântica: a experiência
do manejo sustentável da samambaia-preta”
Autora: Cristina Baldauf, 29 anos, brasileira residente no Brasil
43
GERAÇÃO DE RENDA EM ÁREAS DE MATA
ATLÂNTICA: A EXPERIÊNCIA DO MANEJO
SUSTENTÁVEL DA SAMAMBAIA-PRETA
1. RESUMO
A samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching) destaca-se
entre as demais pteridófitas por sua importância econômica, e suas folhas
(frondes) são mundialmente comercializadas para utilização em arranjos
de flores. A espécie ocorre de forma abundante na Mata Atlântica do Estado
do Rio Grande do Sul (RS), local onde o extrativismo das frondes é a
principal fonte de renda de cerca de 3.000 famílias de pequenos agricultores.
Apesar da grande importância dessa atividade na região, existiam restrições
em relação à extração da espécie, devido à legislação ambiental do RS.
Contudo, a coleta de produtos florestais no Estado é passível de
licenciamento, desde que sejam conhecidos alguns fundamentos técnicos
que subsidiem o manejo sustentável da espécie em questão. Dessa forma,
os principais objetivos deste trabalho foram: contribuir para o
estabelecimento de diretrizes, visando o manejo sustentável e o
monitoramento dos sistemas de manejo de samambaia-preta; promover
processo participativo para construção da legislação que dispõe sobre a
coleta da espécie; difundir as diretrizes para o manejo sustentável da
samambaia-preta, visando a geração de renda e a conservação. Os estudos
demográficos e genéticos realizados demonstraram a sustentabilidade
ecológica dos sistemas de manejo tradicionalmente utilizados, o que
desencadeou o processo de construção coletiva de uma instrução
normativa para regulamentar a coleta da samambaia-preta no RS. A
recente regulamentação foi elaborada com base nos saberes locais acerca
44
da atividade e nos resultados do presente trabalho e está possibilitando
o início da organização social dos extrativistas bem como sua melhor
remuneração. Foi ainda elaborado o Manual de licenciamento e manejo da
samambaia-preta, para a orientação de extrativistas, intermediários e
fiscais de órgãos ambientais no que se refere ao manejo, monitoramento
e comercialização das frondes de samambaia-preta do Estado do Rio
Grande do Sul.
2. INTRODUÇÃO
A importância econômica da samambaia-preta (Rumohra adiantiformis
(G.Forst.) Ching)
A espécie Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching (figura 1) é uma
pteridófita pertencente à família Dryopteridaceae, conhecida
popularmente por samambaia-preta ou samambaia-silvestre. De
distribuição geográfica bastante ampla, é encontrada na América do
Sul, América Central, Austrália, Ásia, África do Sul e em algumas ilhas
do Oceano Índico (GELDENHUYS & VAN der MERWE, 1994).
Destaca-se entre as demais espécies de pteridófitas por sua
importância econômica, e suas frondes são mundialmente
comercializadas para utilização em arranjos de flores. A grande
preferência pela espécie decorre do fato de suas frondes apresentarem
grande durabilidade após a coleta (MILTON & MOLL, 1988).
FIGURA 1 – Aspecto (A) e utilização (B) da espécie Rumohra adiantiformis
45
A maior parte da produção mundial comercializada é oriunda da
Flórida, onde a espécie começou a ser cultivada no final da década de
1930 sob condições controladas (MILTON & MOLL, 1988; STAMPS
et al.,1994). Outro local de expressiva produção de frondes de
samambaia-preta é a Costa Rica, onde a espécie ocupa o quinto lugar
entre os produtos agrícolas não-tradicionais mais exportados.
Já na África do Sul e no Brasil, as frondes são extraídas, na maioria
dos casos, diretamente do ambiente natural (MILTON & MOLL, 1988,
ANAMA/PGDR, 2000). No Brasil, o extrativismo é realizado em áreas
de Mata Atlântica nas regiões Sudeste e Sul (CONTE et al., 2000;
ANAMA/PGDR, 2000), e mais da metade do mercado nacional é
abastecido pelas folhas extraídas das áreas de ocorrência da espécie no
Rio Grande do Sul (ANAMA, 2002).
Extrativismo de samambaia-preta (Rumohra adiantiformis) no Rio Grande
do Sul
No Estado do Rio Grande do Sul a samambaia-preta viceja nos mais
diversos ambientes, e na região da Encosta Atlântica a espécie tem
sido submetida a intenso processo de coleta das suas folhas (frondes).
Trata-se de atividade que envolve parcela considerável da população
local, na coleta, no arrendamento de terras ou na venda aos grandes
centros de consumo (Porto Alegre, São Paulo e outras capitais). Acredita-
se que estejam envolvidas nesta atividade cerca de 3.000 famílias de
pequenos agricultores (ANAMA, 2002).
Historicamente, entre as décadas de 1960 e 1970, a mecanização
da agricultura decorrente da “revolução verde” propiciou o
desenvolvimento da horticultura nas áreas de várzea da região da
Encosta Atlântica. No mesmo período os produtos agrícolas tradicionais
como milho, feijão e mandioca, cultivados nas áreas mais íngremes,
sofreram crescente desvalorização. Tais fatores provocaram o declínio
da agricultura tradicional na região, acarretando em um grande êxodo
rural à época, e os agricultores familiares que permaneceram não tinham
muitas possibilidades de trabalho e geração de renda.
46
Nesse cenário, o surgimento do extrativismo de samambaia-preta
(Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) na década de 1970 representou
lucrativa possibilidade econômica para as famílias agricultoras e se
expandiu nas décadas de 1980 e 1990.
Com o Decreto Federal nº 750, de 10 de fevereiro de 1993, a
continuidade do sistema da agricultura de coivara nas áreas de Mata
Atlântica ficou ainda mais ameaçada, uma vez que o decreto proíbe o
corte, a exploração e supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica. A partir de tal
legislação, os órgãos fiscalizadores do RS passaram a agir com rigor
nas áreas de pousio multando os agricultores que derrubavam as
capoeiras.
Nesse contexto, intensificou-se o extrativismo de samambaia-preta
no litoral norte do Rio Grande do Sul (figura 2). Essa atividade
possibilitou a permanência na terra dos agricultores e a manutenção
da organização social vinculada às relações familiares de produção.
Hoje, grande parte das famílias de “samambaieiros” (como são
conhecidos localmente esses atores sociais) é formada por pessoas
com poucos recursos materiais, as quais têm na coleta das frondes de
samambaia sua principal ou única fonte de renda.
FIGURA 2 – Extrativismo de samambaia-preta (Rumohra adiantiformis)
no Estado do Rio Grande do Sul
47
Entretanto, apesar da grande importância social dessa atividade na
região, existiam restrições em relação à extração da espécie, devido ao
já mencionado Decreto Federal nº 750, que afirma a necessidade de
prévios estudos técnico-científicos de estoques e de garantia de
capacidade de manutenção da espécie para que sua extração seja
regulamentada.
A carência de estudos motivou a proposição do Projeto
Samambaia-Preta
1
, fundamentado no estudo da biologia e ecologia
da espécie sob condições naturais, com o objetivo de conhecer o
impacto do extrativismo e propor alternativas de manejo sustentável
bem como realizar pesquisa etnobiológica e socioeconômica junto
à comunidade-alvo. Foram ainda realizados estudos acerca da cadeia
produtiva da samambaia-preta no litoral norte, RS. É no contexto
desse projeto que foi desenvolvido o presente trabalho, cujos
objetivos são apresentados na próxima seção.
3. OBJETIVOS
Objetivo geral
Contribuir para o estabelecimento e consolidação de alternativas de
renda que envolvam o uso sustentável de recursos da Mata Atlântica.
Objetivos específicos
Avaliar a sustentabilidade dos sistemas de manejo de samambaia-
preta empregados no Rio Grande do Sul.
Sugerir indicadores para o monitoramento do extrativismo da
samambaia-preta no Estado do Rio Grande do Sul.
1
As instituições que desenvolvem o Projeto Samambaia-preta são: Núcleo de Pesquisas em
Florestas Tropicais - NPFT-UFSC; Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural
Sustentável e Mata Atlântica - Desma/Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Rural -PGDR -UFRGS; ONG Ação Nascente Maquiné - Anama.
48
Fundamentar cientificamente a regulamentação do extrativismo
da samambaia-preta no Estado do Rio Grande do Sul.
Promover processo de construção coletiva do instrumento legal
que dispõe sobre a coleta da samambaia-preta no Estado do Rio
Grande do Sul.
Difundir as diretrizes para o manejo sustentável da samambaia-
preta no Rio Grande do Sul.
4. METODOLOGIA
A região de realização do presente estudo situa-se no litoral Norte
do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram estudadas populações
de samambaia-preta localizadas no município de Maquiné (exceto a
população 4, localizada no município de Osório, tabela 1). Tais
municípios localizam-se no limite austral da distribuição da Floresta
Ombrófila Densa (Mata Atlântica) no Brasil.
As populações de samambaia-preta amostradas permitem contemplar
os sistemas de manejo de R.adiantiformis mais utilizados, de acordo com
a tipologia dos sistemas de manejo proposta para a região (BALDAUF
et al., 2007). Os extrativistas participaram dessa etapa do trabalho,
indicando os sítios onde costumam coletar.
A população 1 vem sendo manejada por intermédio de um sistema
associado à agricultura de coivara, e a coleta das frondes de samambaia
ocorre durante a fase de pousio agrícola. Esse sistema se caracteriza
por intensa modificação da paisagem pela implantação de roças para
cultivos anuais e pelo emprego de baixas freqüências de corte anuais.
Nas populações 2 e 3 o sistema de manejo utilizado não interfere na
paisagem, exceto para abertura de trilhas, sendo realizada apenas a coleta
das frondes em freqüências de corte anuais mais elevadas.
A população 4 foi cultivada em um quintal agroflorestal, pelo plantio
em linha dos rizomas de R. adiantiformis em um antigo pomar. A coleta
das frondes dessa população é bastante elevada, sendo realizada a cada
49
45 dias. A população 5 representa uma área de ocorrência da espécie
onde a extração das frondes não é realizada e foi utilizada como
referencial da estrutura demográfica das populações sem exploração.
Por fim, a população 6, amostrada apenas para os estudos genéticos, é
uma população que apresenta freqüência elevada de corte das frondes.
Não é uma situação comum na região, mas a população foi amostrada a
fim de verificar possíveis diferenças na diversidade genética decorrentes
da intensidade de coleta.
TABELA 1 – Localização geográfica e status de seis populações de
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) estudadas
Para a caracterização da estrutura demográfica decorrente dos
diferentes sistemas de manejo da samambaia-preta foram implementadas
quatro parcelas de 5x5m em cada uma das populações estudadas. No
monitoramento foram realizadas contagens do número de frondes em
cada estágio de desenvolvimento, a partir de quatro categorias: brotos,
frondes jovens, frondes adultas e frondes mortas. Também foi verificada
a presença de soros nas frondes. Realizaram-se avaliações nos meses de
agosto/04, novembro/04, fevereiro/05, maio/05 e agosto/05, exceto
no caso da população 3, que começou a ser monitorada em novembro
de 2004.
A amostragem para a caracterização da diversidade genética das
populações manejadas consistiu de 50 frondes de cada uma das
populações, e foi observada uma distância de aproximadamente dez
metros entre cada fronde coletada, com a finalidade de evitar a coleta do
50
mesmo indivíduo, visto que a espécie apresenta propagação vegetativa.
A fim de caracterizar geneticamente os indivíduos e avaliar o impacto
dos sistemas de manejo sobre as populações estudadas foram empregados
marcadores alozímicos. O protocolo de eletroforese foi desenvolvido
com base em Soltis, Kephart e Alfenas. (SOLTIS et al.(1983), Kephart
(1990) e Alfenas et al. (1998).
A integração das informações oriundas das caracterizações da
estrutura demográfica e diversidade genética das populações forneceu
elementos para a escolha dos indicadores de monitoramento das
populações manejadas.
Os resultados da avaliação de sustentabilidade obtidos neste
trabalho, bem como outros dados do Projeto Samambaia-Preta, foram
encaminhados para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio
Grande do Sul (Sema-RS), com a finalidade de reativar a discussão
acerca das possibilidades de licenciamento do extrativismo de R.
adiantiformis no Estado do Rio Grande do Sul.
Através de um processo de construção coletiva que envolveu a
participação da comunidade local e regional, ONGs, universidades e
órgãos governamentais, foi elaborada instrução normativa que dispõe
sobre as normas para a regularização da coleta das frondes da
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis) no Estado do Rio Grande do
Sul. Além da instrução normativa, os resultados deste trabalho
também fundamentaram a elaboração do Manual de licenciamento e manejo
da samambaia-preta.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização da estrutura demográfica das populações manejadas
Nas populações manejadas constata-se rápida regeneração das
frondes após o corte, evidenciada pelos números de frondes adultas
encontrados nas avaliações posteriores às coletas, com exceção da
51
população cultivada (figura 3). Contudo a redução encontrada nessa
população não foi significativa e a freqüência relativa dessa categoria
se manteve constante durante as avaliações.
Observou-se que as populações de R. adiantiformis apresentam
grande dinamismo demográfico, evidenciado pela variação no número
e na proporção de frondes nas diferentes fases de desenvolvimento
encontradas na população não-manejada (população 5 - figura 3).
Todavia, entre agosto de 2004 e agosto de 2005, a freqüência relativa
das frondes adultas diminuiu, ao passo que a proporção de frondes
mortas aumentou na referida população. Ainda que tal redução não
tenha sido significativa, ela sugere que a ausência de manejo acarreta
a diminuição das populações da espécie.
Não foram obtidas diferenças significativas entre os sistemas de
manejo em relação ao número de brotos e jovens. Já nas categorias de
frondes adultas, frondes mortas e frondes férteis foram encontradas
algumas diferenças entre as populações, ainda que de magnitude
relativamente pequena (tabelas 2 e 3).
52
FIGURA 3 – Proporção de frondes em cada categoria de desenvolvimento
(à esquerda) e número de frondes em cada categoria de desenvolvimento
(à direita) ao longo de um ano de monitoramento em cada população de
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) estudada. As
setas indicam as datas de coletas de frondes em cada população
53
TABELA 2 – Valores médios para as diferentes categorias de
desenvolvimento, número total de frondes e número de frondes férteis de
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) nas cinco
populações estudadas
* Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo teste Dunn (comparação na coluna)
TABELA 3 – Valores médios para as proporções obtidas em diferentes
categorias de desenvolvimento e proporções de frondes férteis de
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) nas cinco
populações estudadas
* Valores seguidos da mesma letra não diferem entre si pelo teste Dunn (comparação na coluna)
De maneira geral, ao serem consideradas todas as categorias e
populações amostradas, é possível constatar um padrão cujas
populações 4 e 5 (cultivada e não-manejada, respectivamente)
apresentaram valores baixos nas proporções de frondes vivas
(brotos, jovens e adultas) e valores bastante elevados nas proporções
de frondes mortas, em relação às demais populações estudadas.
Uma das tendências mais marcantes, e de grande relevância para o
manejo da espécie, é a rápida regeneração das frondes após os cortes. Em
geral, as populações apresentaram rápida reposição de frondes, evidenciada
pelo número e proporção de frondes adultas nas avaliações posteriores às
54
coletas. Destaca-se a importância dos resultados obtidos na população 3,
na qual foram aplicados o sistema de manejo e a freqüência de corte mais
utilizados na região sob análise (BALDAUF et al., 2007 figura 4). A
comprovação da regeneração das frondes em um tempo considerado
razoável para a exploração pelos extrativistas (três cortes anuais) pode ser
considerada forte indício da sustentabilidade ecológica da atividade.
FIGURA 4 – Sistema de manejo tradicional: área de coleta em destaque
(A) e coleta das frondes (B)
No caso do extrativismo de R. adiantiformis, em que não se retira o
indivíduo, a sobreexploração pode reduzir o tamanho efetivo
populacional bem como diminuir o crescimento do rizoma, o que resulta
na produção de quantidade menor de frondes. De acordo com Peters,
na maioria das espécies o efeito mais visível da sobreexploração é a
redução na quantidade de plântulas e plantas jovens ou de novas
estruturas de exploração (PETERS, 1996). Uma vez que se trata de
espécie rizomatosa, as fases iniciais de desenvolvimento das frondes
(brotos e frondes jovens) são entendidas como equivalentes às plântulas
e plantas jovens das espécies arbóreas para fins de monitoramento.
No entanto, as variações nas quantidades de frondes encontradas
nas diferentes fases do desenvolvimento dificultam a utilização de
indicadores, visto que estes devem possuir valores numéricos críticos,
além dos quais a produção declina rapidamente (FERRAZ, 2003). Dessa
forma, optou-se por utilizar as proporções encontradas em cada fase
como valores de referência para os indicadores.
55
Uma vez que a proporção de frondes jovens encontrada nas
populações manejadas apresenta variação menor em relação à proporção
de brotos, a primeira foi considerada indicador representativo do
dinamismo demográfico característico da espécie e dos possíveis
impactos da extração das frondes. Os valores de referência para esse
indicador variam em decorrência de um período intenso de produção
de novas frondes no final do inverno. Assim, pode-se considerar que no
período compreendido entre setembro e dezembro (após a brotação das
novas frondes) deve-se encontrar um valor entre 10 e 20% de frondes
jovens, ao passo que nas demais épocas do ano, a proporção esperada é
de 5 a 15%.
Outro indicador para o monitoramento é a proporção de frondes
mortas, cujos valores máximos se situam entre 30 e 35%. A obtenção
de valores superiores aos mencionados nesse indicador pode estar
apontando declínio populacional, como o evidenciado na população 5.
No entanto, a estrutura demográfica da samambaia-preta é bastante
influenciada por fatores climáticos e pelo processo de sucessão florestal,
o que remete à necessidade de monitoramento continuado ao longo de
vários anos.
Destaca-se, ainda, que os indicadores propostos neste trabalho
baseiam-se na estrutura demográfica das populações e são de fácil
mensuração, podendo ser avaliados juntamente com os extrativistas nas
propriedades onde se procede à coleta, visando à implantação de um
sistema de monitoramento participativo. Nos casos em que se necessite
análise mais aprofundada, todavia, é possível proceder à análise da
diversidade genética da população em questão, por meio do uso de
marcadores alozímicos.
Caracterização da diversidade genética das populações manejadas
Os índices de diversidade genética encontrados nas populações
estudadas (tabela 4) apresentaram valores elevados, sendo compatíveis
com a diversidade genética geralmente encontrada em áreas de Mata
Atlântica (MORAE et al., 1999; SEBBEN et al., 2000; CONTE, 2004).
56
Os valores encontrados também são superiores aos obtidos em uma
grande diversidade de estudos com outras espécies de pteridófitas
(SOLTIS & SOLTIS, 1987; MAKI & ASADA, 1998; HSU, 2000).
Os valores obtidos neste estudo para a relação G/N em R.
adiantiformis também foram bastante elevados. Significa dizer que uma
“bola” ou touceira de samambaia é formada por vários indivíduos. Dessa
forma, ainda que a espécie apresente formações de touceiras a partir
do crescimento do meristema apical, a fecundação cruzada
provavelmente representa decisivo papel na manutenção da diversidade
genética das populações. Assim, ressalta-se a importância de ser evitada
a coleta de frondes com soros.
TABELA 4 – Índices de diversidade genética* estimados em populações de
samambaia-preta (Rumohra adiantiformis (G.Forst) Ching) no sul do Brasil
* Tamanho médio da amostra (N); número de alelos por loco (A); porcentagem de locos polimórficos sem critério (P
1
);
porcentagem de locos polimórficos com freqüência do alelo mais comum inferior a 95% (P
2
); diversidade genética (He);
heterozigosidade observada (Ho) e índice de fixação (f).
** Erro padrão da média
* χ
2
p< 5%; ns – não significativo
Contudo, apesar dos elevados índices de diversidade genética
encontrados, as populações estudadas apresentaram deficiência no
número de heterozigotos em relação ao esperado em situações de
cruzamentos aleatórios (panmixia). As estatísticas-F indicaram
considerável grau de endogamia tanto na média das subpopulações
(F
IS
=0,3464) quanto no seu conjunto (F
IT=
0.399), sendo ambos os
valores significativos. Esses elevados índices de endogamia indicam a
presença de cruzamentos entre aparentados e/ou a perda de alelos por
57
processos estocásticos (deriva genética) e são comuns em espécies de
pteridófitas colonizadoras como a samambaia-preta, uma vez que
freqüentemente elas se estabelecem a partir da germinação de um único
ou poucos esporos (CRIST & FARRAR, 1983; SOLTIS & SOLTIS,
1986). Dessa forma, a autofecundação, associada ao processo de deriva
genética (efeito fundador), explicaria a alta endogamia encontrada nas
populações estudadas.
Por outro lado, a população 4 (cultivada) originou-se a partir de um
número maior de matrizes, coletadas já na fase de esporófito, em
diferentes locais do sul do Brasil. Isso poderia explicar o fato de o índice
de fixação não ser significativo na população. Outra hipótese seria a de
que a seleção humana, através da escolha de plantas mais vigorosas,
teria favorecido a implantação de uma quantidade maior de genótipos
heterozigotos na área cultivada. Nas outras populações estudadas
constata-se a existência de um sistema de cruzamento misto, e a
autofecundação teria grande relevância na colonização de novos
ambientes enquanto a fecundação cruzada promoveria a manutenção
de altos níveis de diversidade genética.
O fluxo gênico aparente entre as populações estudadas é alto
(Nm=1,97), provavelmente devido ao alto grau de dispersão dos esporos.
Esse fluxo gênico elevado impede a existência de uma forte estruturação
genética. A estruturação genética se refere à distribuição da diversidade
genética no tempo e no espaço e cuja ausência é indicativo de que a
maior diversidade genética se encontra dentro das populações, o que de
certa forma garante sua viabilidade ao longo do tempo.
Foi verificada a presença de alelos fixados em cinco das seis
populações estudadas, inclusive na população não-manejada (população
5). A fixação de alelos representa perda de diversidade genética, uma
vez que em um dado loco não existem mais diferentes tipos de alelos.
Foi encontrada ainda grande quantidade de alelos raros (freqüência
menor que 5%) em todas as populações, sendo o maior número
encontrado na população 6 (16 alelos). Além disso, quando considerado
o critério de 95% o número de locos polimórficos é reduzido em algumas
populações, diminuindo consideravelmente na população 6, devido ao
58
grande número de alelos de baixa freqüência da população. Esses alelos
correm o risco de se perderem devido às alterações no tamanho efetivo
populacional provocadas pela alta intensidade de corte e coleta de
frondes imaturas, características do sistema de manejo utilizado nessa
população.
Não foram encontradas diferenças significativas entre as populações
para os estimadores porcentagem de locos polimórficos (P), número de
alelos por loco (A), heterozigosidade média observada (Ho) e
heterozigosidade média esperada (He). Assim, os altos valores de
diversidade genética não são afetados pelos sistemas de manejo
tradicionais da espécie, visto que os valores encontrados nessas
populações (1, 2 e 3) não diferem dos obtidos na população não-
manejada ( 5).
No entanto, a população 6 apresentou índices de diversidade mais
baixos em alguns desses estimadores (Ho, He e número de locos
polimórficos – critério 95%) bem como número elevado de alelos de
baixa freqüência (16 alelos). Essas diferenças parecem estar associadas
ao sistema de manejo empregado, que se baseia em alta freqüência de
corte e na coleta de frondes jovens.
A aplicação de freqüência de cortes elevadas não é comum na região
sob análise. De qualquer forma, destaca-se que a sobreexploração da
espécie pode provocar redução da quantidade de indivíduos que estão
se reproduzindo, resultando em perda de alelos de baixa freqüência,
aumento do grau de parentesco e dos níveis de endogamia dentro das
populações. Esses fatores podem diminuir a capacidade de adaptação
das populações e, conseqüentemente, sua resposta à ação de forças
seletivas.
Os resultados deste trabalho demonstraram que a espécie R.
adiantiformis apresenta altos índices de diversidade genética. Não foram
encontradas diferenças significativas entre as populações em relação
aos índices de diversidade genética estimados. No entanto, a
sobreexploração das populações pode provocar a redução do tamanho
efetivo populacional, perda de alelos raros, além de redução na
59
heterozigosidade e no número de locos polimórficos. Assim, tais
estimadores podem ser utilizados para o monitoramento das
populações manejadas.
A ausência de diferenças significativas nos índices de diversidade
genética entre as demais populações manejadas e a população não-
manejada indica que os sistemas de manejo tradicionalmente empregados
na região sob análise não causam redução na diversidade genética das
populações.
Regulamentação do extrativismo da samambaia-preta e geração de
renda
Uma vez que se dispõe de critérios para o manejo sustentável e
monitoramento do extrativismo, sua regulamentação foi considerada
condição essencial, pois essa atividade representa uma das únicas
alternativas que restaram hoje para muitos moradores das áreas de Mata
Atlântica no sul do Brasil, conforme demonstra o excerto de uma
entrevista: “Tirar samambaia é, por assim dizer, a minha profissão, é o
que eu sei fazer bem... Me criei tirando samambaia. Se dependesse de
mim, criaria meus filhos e ensinaria eles como tirar certinho, o jeito, a
época certa...” (S.D., 42 anos.)
A fala demonstra a importância e a urgência da implementação de
medidas que viabilizem a continuidade do extrativismo de samambaia-
preta na região do litoral norte do Rio Grande do Sul.
Nesse contexto, os resultados deste trabalho, juntamente com outras
pesquisas realizadas pelo Projeto Samambaia-Preta foram encaminhados
para a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul
(Sema-RS), reativando a discussão acerca das possibilidades de
licenciamento do extrativismo de R. adiantiformis. Assim, em abril de
2006, foi realizado o III Encontro da Samambaia-Preta, com apoio do
Ministério do Meio Ambiente e do Conselho Nacional da Reserva da
Biosfera da Mata Atlântica e contou com a participação da comunidade
local e regional, ONGs, universidades e órgãos governamentais. (figura
5). Do evento resultou a Carta de Maquiné (Desma, 2006), uma
60
manifestação pública a favor da regulamentação do extrativismo de
samambaia-preta. Além disso, durante a realização desse fórum, a Sema-
RS assumiu publicamente o compromisso de regulamentar a atividade,
com base nos parâmetros técnicos e indicadores de monitoramento do
extrativismo propostos neste trabalho.
FIGURA 5 – (A e B): Terceiro encontro da samambaia-preta, Salão Paroquial
de Maquiné, RS
Após o referido encontro, foram realizadas reuniões com os
extrativistas e comerciantes de samambaia-preta a fim de construir a
nova regulamentação de forma participativa e considerando o
conhecimento local sobre a atividade. Concomitantemente a essas
reuniões com os atores sociais envolvidos na cadeia produtiva, foram
também realizados encontros com diversas instituições relacionadas
à problemática da samambaia-preta (Consema, Comitê Estadual e
Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Ministério Público
Estadual, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Sociedade
Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, ONGs e universidades).
O resultado de toda essa articulação foi a recente publicação
de uma instrução normativa que dispõe sobre as normas para a
regularização da coleta das frondes da samambaia-preta (Rumohra
adiantiformis (G.Forst.) Ching) no Estado do Rio Grande do Sul.
A instrução normativa n. 001/06 da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, publicada no Diário Oficial do dia 21 de novembro
do
61
corrente, foi construída com base nos resultados do presente trabalho,
especialmente no que se refere aos parâmetros técnicos para o manejo
sustentável e nos indicadores para monitoramento do extrativismo.
No entanto, ressalta-se a construção coletiva dessa regulamentação,
que incorporou o conhecimento e as sugestões dos extrativistas e
intermediários do comércio da samambaia-preta.
Além da instrução normativa, os resultados deste trabalho também
fundamentaram a elaboração do Manual de licenciamento e manejo da
samambaia-preta, como orientação para extrativistas, intermediários e
fiscais da Secretaria Estadual do Meio Ambiente no que se refere ao
manejo, monitoramento e comercialização das frondes de samambaia-
preta do Estado do Rio Grande do Sul (figuras 6 e 7). O Manual foi
redigido em linguagem acessível como material educativo, permitindo
compreensão de todas as etapas do licenciamento da atividade.
A regulamentação do extrativismo da samambaia-preta no Rio
Grande do Sul, além de retirar os samambaieiros da situação de
ilegalidade, permitirá o início de sua organização social como
extrativistas. A legalização também traz consigo a possibilidade de
melhor estruturação da cadeia produtiva, conferindo acréscimo no
valor recebido pelos samambaieiros, visto que muitos atravessadores
se aproveitavam da condição ilegal da atividade para ficar com a maior
parte do lucro.
Finalmente, destaca-se que o trabalho apresentado serviu como
base científica para ação do poder executivo que vem ao encontro da
necessidade de estabelecimento de estratégias que conciliem a
conservação dos remanescentes florestais com a reprodução social
das comunidades que vivem nessas áreas, configurando um processo
de gestão sustentável da biodiversidade.
62
FIGURA 6 – Capa e contracapa do Manual de licenciamento e manejo da
samambaia-preta
FIGURA 7 – Manual de licenciamento e manejo da samambaia-preta
orientações para o manejo sustentável
63
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CATEGORIA INTEGRAÇÃO
1º lugar
Nome do trabalho: “Potabilización de agua por tecnologías económicas en zonas
rurales aisladas del Mercosur”
Autores: Marta Irene Litter, argentina residente na Argentina
Wilson de Figueiredo Jardim, brasileiro residente no Brasil
Miguel Ángel Blesa, argentino residente na Argentina
Juan Martin Rodriguez, peruano residente no Peru
Lorena del Pilar Cornejo Ponce, chilena residente no Chile
Maria Cristina Apella, argentina residente na Argentina
Beatriz Susana Ovruski de Ceballos, argentina residente no Brasil
69
POTABILIZACIÓN DE AGUA POR
TECNOLOGÍAS ECONÓMICAS EN ZONAS
RURALES AISLADAS DEL MERCOSUR
1. RESUMEN
Se muestran los resultados del proyecto desarrollado para proveer agua
potable segura en zonas rurales aisladas con escasos recursos hídricos y
económicos mediante tecnologías económicas y socialmente aceptables
por la población. En este proyecto participaron seis países de América
Latina y el Caribe (Argentina, Brasil, Chile, México, Perú y Trinidad y
Tobago). Las tecnologías ofrecidas –todas ellas en botellas plásticas de
bebidas comerciales– fueron la Desinfección Solar (SODIS), la Remoción
de Arsénico por Oxidación Solar (SORAS) y la Fotocatálisis Heterogénea
Solar con Dióxido de Titanio (FHS). Se describen los objetivos del proyecto,
su justificación y las actividades desarrolladas por los grupos de Argentina,
Brasil, Chile y Perú.
La utilización de la luz solar, lo económico de las tecnologías propuestas,
su sencillez y grado de aceptación por las comunidades donde podrían
aplicarse indican que se trata de un exitoso proyecto que ha tratado de
conectar la investigación básica aplicada de primer nivel con la resolución
de problemas sociales muy graves de zonas aisladas de la región y cooperar
con políticas de inclusión social. La labor realizada incluye actividades de
investigación básica, desarrollo, formación de recursos humanos y difusión
social para impulsar las metodologías, en un marco de perspectivas de
sustentabilidad, visualizándose un pronto retorno social a plazo muy corto
de la inversión realizada en Investigación y Desarrollo.
70
2. EL PROBLEMA DEL AGUA EN AMÉRICA LATINA
El agua es la esencia de la vida y dignidad humana y ha sido, desde
los inicios de la humanidad, una necesidad de consumo prioritaria para
el ser humano, jugando un rol estratégico y clave en el desarrollo de sus
civilizaciones. Su acceso y disponibilidad es fundamental para la
reducción de la pobreza, proveyendo a la población de elementos
esenciales para su crecimiento y desarrollo. Por lo tanto, y tal como
manifiesta la Organización Mundial de la Salud (OMS), el agua no es
sólo un recurso natural limitado y un bien público sino un derecho
humano, así definido en 2002 por las Naciones Unidas [1 ]. A pesar de
ello, es bien sabido que su distribución en el planeta no es igualitaria, y
una buena parte de la población mundial no dispone de ella en calidad
y cantidad suficientes.
En regiones pobres del Tercer Mundo, la contaminación del agua y
el limitado acceso al agua potable induce problemas sociales,
económicos y de salud. La situación más grave se presenta en las zonas
rurales: de los 1.200 millones de personas en el mundo con insuficiente
acceso al agua potable, alrededor de 800 millones son habitantes rurales,
con alto grado de aislamiento y dispersión y con muy bajas condiciones
de calidad de vida, prestaciones de salud y prevención de enfermedades
[2 ]. A ello se añade el grado de pobreza extrema que llega a niveles
alarmantes en algunos países y, desgraciadamente, en creciente aumento.
Los países latinoamericanos se encuentran especialmente castigados
por este problema: según datos de la OMS, alrededor de 100.000 niños
mueren cada año en la región por enfermedades asociadas a las diarreas
y enfermedades endémicas fatales (hepatitis, fiebre tifoidea o cólera),
originadas generalmente por las condiciones insalubres del agua. Un
30% de la población vive en localidades con menos de 2.500 habitantes,
donde los pobladores, sin recursos económicos ni apoyo tecnológico
del estado, utilizan agua de ríos, vertientes, pozos, estanques y otras
fuentes, caracterizadas por un elevado grado de contaminación. La
situación se agrava en regiones agrícolo-ganaderas, donde se han venido
usando desde hace tiempo plaguicidas y fertilizantes químicos de relativa
toxicidad. Otro aspecto muy grave del problema son los altísimos niveles
71
de arsénico encontrados en aguas subterráneas, principalmente en
Argentina, México y Chile. La presencia de arsénico en aguas de
consumo ha ocasionado la diseminación del hidroarsenicismo crónico
regional endémico (HACRE), una enfermedad que se manifiesta por
bioindicadores corporales a través de una tríada de síndromes
patológicos: melanodermia, leucodermia y/o queratosis palmoplantar,
terminando en alteracines de la piel e, incluso, cáncer. En Argentina,
las fuentes del arsénico son naturales; en otros países proviene de la
actividad minera [3 ], y en Chile y Perú el origen es mixto, proviniendo
de la actividad volcánica y la minería [4 ].
Es necesario resaltar que la falta de agua potable local origina muchas
veces la necesidad de colectarla en lugares alejados. Dado que, en general,
en las poblaciones rurales el hombre es el encargado de realizar tareas
para el sustento de su familia, la colecta de agua está a cargo de mujeres
y niños, con la consiguiente pérdida de un tiempo precioso que podría
destinarse a tareas educacionales, al juego y al esparcimiento.
El problema del agua se acentúa por la falta de técnicas bien
establecidas para la desinfección y descontaminación. Para los habitantes
por debajo de la línea de pobreza, el tradicional método de hervir el
agua para su potabilización puede no ser una solución adecuada por la
posibilidad de ocurrencia de incendios y la escasez de energía. Este
método tampoco elimina arsénico y metales pesados, así como
compuestos orgánicos recalcitrantes, sino que, por el contrario, los
concentra, aumentando así su toxicidad. La eliminación de
contaminantes en aguas mediante metodologías tradicionales es cara y
difícil de implementar en poblaciones dispersas, por lo que se hace
necesario el desarrollo de tecnologías simples in situ, eficientes y de
bajo costo, pero a la vez, socialmente aceptadas por la población.
A través del conocimiento científico-tecnológico, es posible contribuir
con soluciones técnicas y educativas que culminen en una mejora de la
calidad de vida. No se pretende solucionar globalmente el problema de
la provisión del agua –tema que es o debe ser objeto de políticas
gubernamentales– sino sólo brindar una herramienta, limitada, pero capaz
de contribuir a paliar los problemas de las poblaciones más carenciadas.
72
Entre 2002 y 2006, en el marco del Proyecto OEA/AE/141 de la
Agencia Interamericana para la Cooperación y el Desarrollo de la
Organización de Estados Americanos, un grupo de expertos en tratamiento
de aguas por tecnologías solares de seis países de América Latina y el Caribe
–Argentina, Brasil, Chile, México, Perú y Trinidad y Tobago– ha
desarrollado y validado tecnologías de bajo costo para tratar aguas en
localidades aisladas y carenciadas. En este Proyecto se realizaron, además,
acciones tendientes a la diseminación de las tecnologías y a la sustentabilidad
del proyecto en el tiempo. El Proyecto acaba de finalizar exitosamente,
habiendo obtenido excelentes calificaciones en su evaluación periódica por
expertos de la OEA. En el presente trabajo se describirán parte de las
actividades realizadas por los grupos de los países que participan en esta
presentación: Argentina, Brasil, Chile y Perú. Los resultados de los otros
grupos han sido similares e igualmente exitosos.
Se han propuesto tres tecnologías de potabilización de aguas a nivel
domiciliario en botellas plásticas y por acción solar: la Desinfección Solar
(SODIS), la Remoción de Arsénico por Oxidación Solar (SORAS) y la
Fotocatálisis Heterogénea Solar con Dióxido de Titanio (FHS). Estas
tecnologías no requieren equipamiento o desarrollos tecnológicos
sofisticados o caros, ni altos costos de energía. Dependen únicamente de
la energía solar, y son especialmente aptas para regiones con alta incidencia
de radiación, es decir, más de 3.000 horas anuales en promedio, como las
que se encuentran en las regiones de América Latina de climas tropicales.
3. LAS TECNOLOGÍAS PROPUESTAS
SODIS. Esta tecnología fue iniciada por Acra y col. [5 ] y desarrollada
posteriormente por Wegelin y col., quienes confirmaron su eficiencia
en la remoción de indicadores de contaminación bacteriológica [2,6 ,7].
El proceso trata el agua en botellas de plástico transparente
–politereftalato de etileno (PET)– expuestas por algunas horas a la
radiación solar, que actúa por combinación de luz ultravioleta UV-A
(315-400 nm) e infrarroja. De esta forma, la elevación de la temperatura
del agua a unos 50-55 °C, en conjunción con la radiación UV, puede
inactivar bacterias y virus (incluyendo al Vibrio cholerae). El método
73
cumple con excelentes criterios económicos y de factibilidad: las botellas
de plástico son un residuo de consumo habitual, fácilmente disponible
en las localidades; pueden usarse no sólo para el tratamiento sino para
el transporte y consumo final del agua a nivel doméstico. La Figura 1
muestra un esquema muy simple de esta tecnología.
SORAS. Esta sencilla tecnología aún en desarrollo puede usarse para
abatir la contaminación por arsénico en zonas aisladas [3]. El arsénico se
encuentra en las aguas naturales en dos formas químicas diferentes, As(III)
y As(V). SORAS emplea citrato férrico que, bajo luz solar y en presencia
de oxígeno, promueve la formación de especies muy activas que oxidan el
As(III) a As(V), menos tóxico y más fácilmente eliminable por su alta
adsorción sobre el precipitado de hidróxido de hierro que se forma en esas
condiciones. El citrato se agrega en forma de gotas de jugo de limón al
agua a tratar (que generalmente contiene Fe), y las aguas en botellas plásticas
se exponen al sol por algunas horas, de igual modo que en SODIS. Durante
la noche, las botellas se colocan en posición vertical, el Fe y el As floculan,
y el agua purificada se decanta de las partículas o se filtra a través de
materiales cerámicos o simples paños textiles. En la Figura 2 se muestra un
esquema de los procesos que intervienen en SORAS.
FIGURA 1 – Esquema de la
Tecnología SODIS
FIGURA 2 – Esquema de oxidación
solar de As(III) a As(V) (adaptado
de [3b])
74
Fotocatálisis Heterogénea Solar. La Fotocatálisis Heterogénea con
TiO
2
(FH) [8 ] pertenece al grupo de los métodos de purificación de aguas
conocidos como Procesos Avanzados de Oxidación. Usa un
semiconductor nanoparticulado, el dióxido de titanio (TiO
2
), que absorbe
luz UV y genera centros reductores y oxidantes (pares electrón-hueco,
e
-
/h
+
) altamente reactivos, los cuales producen la transformación química
de contaminantes. En la Figura 3 se muestra un esquema del proceso
fotocatalítico. El proceso puede usar lámparas UV o luz solar (en este
caso la denominaremos FHS). El TiO
2
es económico, reutilizable y no es
tóxico. El procedimiento puede eliminar contaminantes orgánicos y tóxicos
inorgánicos como cromo o arsénico, y hasta tiene la capacidad de destruir
bacterias y virus [9 ]. Para evitar el proceso de filtración posterior del
TiO
2
del agua tratada, que encarece el método, el catalizador debe
introducirse en las botellas convenientemente soportado, siendo éste un
aspecto crucial en el desarrollo de la tecnología.
FIGURA 3 – Esquema del proceso fotocatalítico con dióxido de titanio
75
4. RESULTADOS OBTENIDOS
Relevamiento de localidades de aplicación de las tecnologías [4]
Para definir las localidades más apropiadas para la aplicación de las
tecnologías, se tuvo en cuenta la existencia de núcleos poblacionales
dispersos y no conectados a redes de provisión de agua potable, con
condiciones socioeconómicas desfavorables. También se consideraron
niveles altos de arsénico en aguas de consumo y antecedentes de
incidencia epidemiológica del HACRE, así como disponibilidad de alta
radiación solar y facilidad de acceso a los sitios escogidos para realizar
pruebas de campo.
Argentina. La región de estudio elegida se encuentra en el sector
SE de la provincia de Tucumán, en la Cuenca del río Salí,
aproximadamente entre los paralelos 26º20´ y 28º30´S y los meridianos
64º45´ y 65º30´O (Figura 4). Las aguas que alberga son intensamente
explotadas para consumo humano, industrial y riego, y constituyen la
base del desarrollo urbano, agrícola e industrial del sector. El clima de
la región es subtropical con una estación seca (mayo-septiembre). La
precipitación media anual es de 800 mm y la temperatura media, 19 °C.
La zona posee niveles elevados de radiación solar.
FIGURA 4 – Ubicación del área de estudio en la República Argentina
(tomado de [10])
76
La población de Los Pereyra, un pequeño asentamiento de 1.000
habitantes sobre la ruta Provincial 327 (Figura 4), a 70 km de San Miguel
de Tucumán, donde se encuentra el equipo de trabajo de la Universidad
Nacional de Tucumán, fue elegida debido a la detección de casos de
HACRE. La falta de red de distribución de agua y la ausencia de cursos
de agua superficiales destacados hace necesario extraer agua de pozos
para el consumo, la cual presenta contaminación orgánica,
microbiológica y As en concentraciones superiores al valor estipulado
por la OMS (10 μg L
-1
) [11 ].
Brasil. Se relevaron dos zonas en el Estado de Paraíba, nordeste
brasileño, Campina Grande y São José do Sabugi, donde están situadas
las universidades Federal de Campina Grande (UFCG) y Estatal de
Paraíba (UEPB) (Figura 5).
FIGURA 5 – Localización de la zona de Campina Grande y del
Municipio de São José do Sabugi, Estado de Paraíba, Brasil
Las zonas rurales de esta región no poseen suministro de agua potable
de red o éste es intermitente. Algunas comunidades cuentan con
cisternas públicas o grifos instalados en escuelas, pero la mayoría de la
población debe recorrer varios kilómetros hasta las fuentes de agua más
próximas, generalmente contaminadas y de difícil acceso. Estas fuentes
tienen un uso múltiple que favorece la contaminación y ocasiona una
77
cadena de enfermedades de origen hídrico. Como manantial
más adecuado para el estudio se eligió el embalse de Dona Judite
(07°25’00’’-07°20’00’’S y 35°30’00’’-36°06’00’’O), a 40 km de la UFCG,
donde se realizó el trabajo experimental. El agua del embalse se destina
a riego, baño, lavado de ropa y consumo para animales y humano sin
ningún tipo de tratamiento. El clima es semiárido, con valores medios
anuales de lluvias de 350 a 500 mm y temperaturas de 25-30
o
C.
Un segundo estudio se realizó en São José do Sabugi, en la región
del sertão brasileño (06°88’00’’-06°75’00’’S y 36°74’00’’-36°90’00’’O).
Su población es de 3.842 habitantes, con un 43% de población rural;
sólo el 42% de la población se beneficia con agua potable de la red
pública. La economía es básicamente agropecuaria. El clima es semiárido
caliente y seco, con medias anuales de precipitación de 239 a 479 mm y
temperatura media entre 26 y 32 °C. La región tiene una excelente
disponibilidad de luz solar.
Chile. El estudio se realizó en la Quebrada de Camarones, unos
100 km al sur de la ciudad de Arica, en el norte de Chile (19°00’S y
69°47’O) (Figura 6). Es un terreno angosto y sinuoso, de 150 km de
longitud y superficie aproximada de 4.500 ha, surcada por el río
Camarones, el recurso de agua más importante de la zona.
FIGURA 6 – Localización de la comuna de Camarones, provincia de
Arica, Chile
78
En la comuna de Camarones se ha detectado una elevada presencia
de As de origen natural en aguas de consumo humano, con valores del
orden de 1 mg L
-1
, e incidencia de HACRE ampliamente documentada
[12 ]. Los poblados están dispersos y aislados, no están conectados a la
red de agua potable y las condiciones socioeconómicas son muy
desfavorables.
Perú. Se estudiaron dos regiones, una en la periferia de Lima y la
segunda en Tacna.
La primera región corresponde a tres nacientes o manantes del
Distrito de Puente Piedra, Lima, que son fuentes de agua de
abastecimiento y consumo directo. El manante Choqué se encuentra
próximo a un canal de desagüe, el Tamboinga se sitúa en la zona de San
Remo y el manante Sauces se encuentra en la zona de Gallinazos. Los
tres están totalmente expuestos al ambiente y presentan contaminación
bacteriana.
FIGURA 7 – Localización de la zona de estudio en Tacna, Perú
79
Tacna se halla en el extremo sur de Perú (16°58’00"-18°21’35"S y
60°28’00"-71°00’02"O), en la cabecera del desierto de Atacama, cuya
característica esencial es la hiperaridez, una limitación grave en recursos
hídricos para uso agropecuario y consumo humano. El agua de la zona
se obtiene de las cuencas de Caplina, Uchusuma, Sama y Locumba, con
un recurso subterráneo en el sector de La Yarada (Figura 7). El distrito
de Sama las Yaras fue elegido debido a los altos niveles de As existentes
en el agua de consumo extraída del subsuelo.
Desarrollo y validación de las tecnologías en las localidades escogidas
[10,13 ,14 ]
SODIS-FHS
Argentina. Se optimizó la fijación del fotocatalizador TiO
2
a esferas
de porcelana comerciales [15], a la pared de botellas de PET de bebidas
y a anillos Raschig de vidrio [16 ] por impregnación directa de una
suspensión acuosa ácida de TiO
2
comercial (Degussa P-25). La fijación
resultó conveniente debido a la gran estabilidad mostrada por el TiO
2
durante distintas operaciones, pero se considera que las botellas son
superiores a los otros materiales para la aplicación FHS, ya que no usan
rellenos frágiles y podrían ser fácilmente preparadas en el lugar.
Trabajos preliminares realizados en muestras de aguas de Los Pereyra,
del río de la Plata y de lagos recreativos de la Ciudad de Buenos Aires
[13] indicaron que el método SODIS produce la eliminación completa
de coliformes fecales, cumpliendo con las normas de la OMS para agua
de consumo humano [17 ]. Se concluyó, por lo tanto, que la tecnología
resulta excelente para eliminar contaminación bacteriana en aguas reales
argentinas de distinto origen.
Los ensayos comparativos de SODIS (S), FHS con TiO
2
en la pared
de la botella (FHS
p
) y FHS con esferas de porcelana (FHS
e
) se realizaron
sobre aguas sintéticas de composición iónica semejante a la de pozos
someros de Los Pereyra y carga bacteriana conocida, y sobre muestras
reales. Las aguas fueron caracterizadas químicamente por métodos
80
estándar [18 ,19] y la carga bacteriana se cuantificó por el método de
membrana filtrante [18]. Se irradiaron muestras de agua en botellas PET
de agua mineral local con luz solar por 4 h y se determinó el efecto de
protección residual realizando un recuento bacteriano 24 h después del
tratamiento. En la Figura 8 se muestran resultados de ensayos en aguas
reales. Los tres procesos mostraron alta efectividad de desinfección,
pero FHS
p
parece brindar una protección adicional en períodos sin luz
(no se muestran los resultados) en comparación con los otros casos, lo
cual se debería a un mejor aprovechamiento de la radiación solar por el
depósito de la botella.
La recuperación del desarrollo bacteriano 24 h después del
tratamiento de aguas sintéticas no indicó grandes diferencias. El
recuento bacteriano luego del tratamiento FHS
p
arrojó números algo
más altos, rondando las 35 UFC/100 mL (menos de 1 por diez mil de
bacterias remanentes). Según la clasificación de Mereierehofer y Wegelin
[20 ], las aguas permanecen como de riesgo nulo o bajo/intermedio. Sin
FIGURA 8 – Número de coliformes totales ( ) y fecales ( ) en muestras
de pozos de las familias Juárez (J
1
y J
2
) (A) y Flores (F) (B) de Los Pereyra.
O: original; S: SODIS; FHS
p
y FHS
e
: FHS con TiO
2
en la pared de la botella
y esferas de porcelana, respectivamente. Tiempo de irradiación: 4 h.
Intensidad máxima de radiación: 55-65 vatios m-
2
81
embargo, en la mayoría de las aguas naturales se observa cierta
recuperación del crecimiento de coliformes totales y Enteroccocus faecalis
a las 24 h de la exposición (Tabla 1), lo cual demuestra un limitado
efecto de protección residual, indicando que el agua debería ser
consumida antes de ese lapso [21 ].
S: SODIS; FHS
p
: FHS con TiO
2
soportado a la pared de la botella. Tiempo de irradiación solar: 4 h. Intensidad máxima
de radiación: 52 vatios m
-2
.
TABLA 1 Enumeración bacteriana de agua de pozo (familia Amaya)
tratada por SODIS y FH
La tecnología FHS
p
fue aplicada también al tratamiento de aguas
sintéticas conteniendo dos contaminantes modelo: 4-clorofenol,
compuesto representativo de contaminación industrial y de disruptores
endocrinos, y 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), un herbicida
típicamente usado en la región tucumana. Experimentos de irradiación
indicaron la satisfactoria eficiencia del método: bajo el débil sol del
invierno de la Ciudad de Buenos Aires (34°38’S, 58°28’O, intensidad
media de radiación: 5,9 vatios m
-2
) se pudo degradar en un 90% una
solución 0,2 mM de 4-clorofenol luego de 18 h de irradiación, y en un
60% una solución 0,5 mM de 2,4-D luego de 12 h de irradiación, valores
excelentes si se tiene en cuenta la alta resistencia de estos compuestos
a la degradación por métodos convencionales [16].
Brasil. La fijación de TiO
2
se realizó por tres procedimientos. El
procedimiento I fue la fijación a varillas de vidrio de un primer recubrimiento
por una técnica sol-gel a partir de isopropóxido de titanio en 2-propanol y
un segundo recubrimiento con suspensión de P-25 [14]. El procedimiento
82
II fue la aplicación por dip-coating de varias capas de una mezcla de una
solución de isopropóxido de titanio en 2-propanol con una suspensión ácida
de P-25 en agua [21]. El procedimiento III fue el mismo aplicado por el
grupo argentino mencionado en la sección anterior [16].
Se evaluó la eficiencia de desinfección por SODIS y FH de aguas
del embalse de Dona Judite, caracterizadas de acuerdo a normas estándar
[18]. Se usaron botellas PET y en los ensayos FH se agregaron dos
varillas recubiertas con el catalizador por el procedimiento I. Las botellas
fueron irradiadas durante siete horas (Figura 9). La cuantificación de
coliformes totales y de E. coli fue realizada por la técnica NMP (Número
Más Probable de Microorganismos), utilizando el método Colilert [18].
FIGURA 9 – Botellas irradiadas para validar los métodos SODIS y FH
en Campina Grande, Brasil
Los resultados indican mejores rendimientos en presencia del
catalizador (Tabla 2). Debe tenerse en cuenta que en las últimas tres horas
de este experimento se produjo un fuerte descenso de la radiación solar
debido a una nubosidad elevada. Si bien los valores encontrados superan
los límites establecidos por la OMS [17] y por el Ministerio de Salud
brasileño [22 ] (ausencia total de E. coli para agua potable), el valor es
un orden de magnitud menor al final del tratamiento FHS, lo cual sugiere
que con mayor tiempo de exposición y en días despejados se podría
llegar fácilmente a cumplir ese patrón.
83
Se realizaron otros estudios en aguas de la Comunidad Riacho da Serra de
São José do Sabugi para evaluar la eficiencia comparativa de cuatro
tratamientos: FHS con varillas recubiertas con TiO
2
por el procedimiento II,
FH con TiO
2
en la pared de la botella PET (procedimiento III), SODIS y
SODIS con la botella medio pintada de negro (este procedimiento aumenta
la temperatura alcanzada por el agua en el interior de la botella). Luego de
seis horas de exposición solar, los cuatro tratamientos presentaron la misma
eficiencia de desinfección, pero FH se destacó por asegurar una tasa constante
de decrecimiento de la concentración de coliformes totales a partir de la
primera hora, lo cual garantiza al menos una reducción importante de los
microorganismos en el caso de que no sea posible completar las seis horas.
No hubo recrecimiento bacteriano luego de las 24 h posteriores a los
tratamientos, lo que posibilita el consumo del agua en ese período.
Otro dato interesante aportado por el grupo fue la demostración de la
acción alguicida de la FH, comprobadamente superior a la del proceso SODIS.
Perú. Se impregnaron esferas de vidrio con TiO
2
mediante una técnica
sol-gel con isopropóxido de titanio en etanol, seguido de tratamiento térmico
a 500 °C.
Se evaluó la eficiencia de desinfección por SODIS y FHS en botellas
PET conteniendo 500 ml de agua del manante Choqué con
contaminación natural de E. coli. La Tabla 3 muestra los resultados
comparativos de SODIS, FHS con esferas recubiertas con TiO
2
y FHS
con suspensión de P-25. La concentración de bacterias se midió por el
método de membrana filtrante [18]. En todos los casos, se observó un
decrecimiento de la población bacteriana, pero las esferas presentaron
mejores resultados que SODIS y estuvieron entre los obtenidos
utilizando 1 y 2 mg L
-1
de suspensión de TiO
2
[21].
N
0
y N: valores iniciales y finales del NMP/100 mL
TABLA 2Eficiencias de desinfección obtenidas en los ensayos SODIS y
FHS después de 7 h de exposición solar
84
TABLA 3 – Eficiencias de desinfección obtenidas en los ensayos SODIS y
FH en aguas del manante Choqué (22-25 vatios m
-2
, medido a 310-400 nm)
Conclusiones de los ensayos de desinfección y descontaminación
orgánica. SODIS resulta un método muy simple, potencialmente apto para
la desinfección de aguas de distinta composición y origen, pero no tiene
capacidad para remover contaminación orgánica. En contraste, FHS es una
alternativa viable y versátil, ya que permite simultáneamente la desinfección
y degradación de contaminantes químicos, además de tener bajo costo y fácil
utilización. La adhesión del TiO
2
a la pared de la botella es recomendable
por su practicidad y economía. Debido a la posibilidad de recrecimiento, el
agua debería ser consumida rápidamente después del tratamiento. Sin embargo,
debe hacerse notar que ésta suele ser la práctica usual debido a la escasez de
agua segura en las localidades y la necesidad de su colección diaria.
SORAS y FHS para remoción de arsénico
Argentina. La primera etapa del trabajo estuvo orientada a la
optimización de SORAS mediante ensayos con aguas sintéticas de
composición iónica controlada (CIC) similar a la de pozos someros de
Los Pereyra
1
. Los ensayos preliminares con aguas CIC conteniendo 270
μg L
-1
de As(III) indicaron que para obtener una remoción superior al
90% (por debajo de los límites establecidos por el Código Alimentario
Argentino (50 μg L
-1
) [23 ]) era necesaria la adición externa de hierro, una
1
Durante el transcurso de estos estudios, las concentraciones de As se midieron por diversas
técnicas: absorción atómica, espectroscopía de emisión atómica por plasma de acoplamiento
inductivo, ICP-OES, fluorescencia de rayos X por reflexión total, TXRF y métodos
espectrofotométricos.
85
exposición al sol superior a tres horas y evitar exceso de jugo de limón;
incluso se llegaba a los mismos niveles de remoción sin jugo de limón,
aunque su adición era aconsejable para asegurar la oxidación total del
As(III). Para una efectiva remoción se debía dejar decantar la suspensión
por 24 h. Sin embargo, la eficiencia del método con aguas reales fue menor,
debido a la influencia de la composición química del agua [10,24 ].
Posteriormente, se exploró el uso de minerales autóctonos y materiales
económicos de la región como fuente de hierro. Mediante ensayos con aguas
CIC, se encontraron potencialmente aptos minerales como pelitas de las
formaciones geológicas El Cadillal y Potrero de las Tablas, alambre de
enfardar no galvanizado y areniscas locales. Los mejores resultados de
remoción (72-87%) se obtuvieron con alambre de enfardar (6 g L
-1
) en
ausencia de jugo de limón. El alambre de enfardar, constituido casi
completamente por hierro puro, es un material típicamente usado en
actividades agrícolas de la región, es barato, fácilmente accesible y de fácil
manipulación por la población. En la Figura 10 se observan experimentos
realizados con agua CIC con alambre de enfardar a distintos pH. Aunque
la mayor remoción ocurrió a pH 5, se obtuvo una muy buena eficiencia
(60-80%) a pH 7-8, promedio de las aguas de la región [14,25 ].
FIGURA 10 – Aplicación del método SORAS modificado en aguas CIC a
distintos valores de pH. (a) Antes, (b) después de 4 h y (c) después de
48 h de exposición solar
86
Ensayos en aguas reales de Los Pereyra (340 μg L
-1
de As) con alambre
de enfardar (6 g L
-1
), e irradiación solar por seis horas seguida de 24
horas en la oscuridad dieron una remoción del 72%. La luz solar mostró
en este caso una notable influencia ya que un ensayo similar en la
oscuridad dio sólo 49% de remoción.
En experimentos posteriores, se ensayó la eficiencia de la “lana de
acero” (Virulana®), un material comúnmente empleado para la limpieza
de utensilios de cocina, compuesto también por hierro puro. En aguas
sintéticas ([As(V)]
0
= 1000 μg L
-1
) y bajo irradiación artificial se obtuvo
mayor eficiencia de remoción con 6 g L
-1
de este material que con la
misma cantidad de alambre de enfardar: luego de dos horas de irradiación
y 24 h en la oscuridad, la cantidad de As removido fue de 83 y 100%
con alambre de enfardar y lana de acero respectivamente, lo cual puede
ser atribuido a una mayor superficie oxidable expuesta en el segundo
caso. Por otra parte, con una irradiación más prolongada (ocho horas)
la cantidad de lana de acero podía reducirse a 0,6 g L
-1
, lo cual hace al
proceso aún más económico.
También se estudió la efectividad de la FH para remoción de As,
realizando experimentos exploratorios con luz artificial (366 nm), TiO
2
en suspensión y agregado simultáneo o posterior de FeCl
3
o de alambre
de enfardar, obteniéndose una remoción casi cuantitativa del As.
Experimentos en botellas PET impregnadas con TiO
2
según la ref. [16],
con aguas reales de Las Hermanas (Prov. de Santiago del Estero)
conteniendo concentraciones de As en el rango 1000-1900 μg L
-1
, bajo
irradiación solar por más de 4 h (16-20 vatios cm
-2
), con el agregado de
FeCl
3
al final de la irradiación, dieron concentraciones de As remanente
por debajo de los estándares nacionales y en algunos casos por debajo
de 10 μg L
-1
[21,26 ].
Chile. Ensayos de laboratorio realizados con lámpara UV a partir de
500 μg L
-1
de As(III), FeSO
4
y citrato de sodio, arrojaron una remoción
de As (medido por absorción atómica) del 95% a las 6 h de iluminación
cuando se usó la relación molar óptima As/Fe(II)/citrato 1:19:5,
obtenida mediante un diseño experimental previo [10]. Partiendo de
87
As(V), la relación óptima fue 1:16:7,74. Por lo tanto, dado que muchas
aguas naturales chilenas no poseen la concentración de hierro requerida
para alcanzar esta relación, se concluyó que era necesaria su adición
externa [27 ].
Se ensayó también el efecto del jugo de tres tipos distintos de limón:
amarillo pequeño de cáscara delgada y con semilla, amarillo grande de
cáscara gruesa con semilla y verde de cáscara delgada sin semilla. La
mejor remoción de As(V) se logró con la adición de una gota de limón
verde sin semilla [14].
El método SORAS fue evaluado en aguas del río Camarones en
botellas plásticas bajo iluminación solar, con agregado de FeSO
4
y jugo
de limón en las cantidades optimizadas. Al cabo de seis horas de
iluminación, se obtuvo un resultado excelente, similar al del agua
modelo: 99,8% en ambos casos (Figura 11).
FIGURA 11 – Remoción de arsénico en terreno asistida por luz solar:
( ¦) Agua de Camarones,) muestra sintética
88
Se evaluaron luego distintos materiales como fuente de hierro, que
fueran económicos y de fácil acceso para los pobladores (clavos,
alambre, lana de acero etc.). La mejor eficiencia de remoción (99,8%)
se obtuvo usando 2 g L
-1
de lana de acero con una gota de jugo de limón
[10]. La posterior adaptación y puesta a punto del método se realizó
con muestras reales e in situ en los poblados de Camarones y Esquiña –
Ilapata, con excelentes resultados [14, 21-28 ].
En este caso se logró además la articulación de las tecnologías
SORAS y SODIS en aguas del poblado de Camarones, conteniendo
1000 μg L
-1
de arsénico total y 2000 UFC/100 mL de coliformes totales.
Los resultados obtenidos indican que luego de tres horas de irradiación
solar y 48 h de postratamiento ya no se observa la presencia de
coliformes totales y con dos horas de irradiación la concentración de
arsénico se reduce a menos de 10 μg L
-1
, cumpliendo con las normas
internacionales [11] y el valor recomendado por el Instituto Nacional
de Normalización de Chile [29 ].
Perú. Se evaluó la aplicación de la tecnología SORAS en aguas del
río Sama y de la Quebrada de la Yarada, en Tacna. En este caso el
arsénico se determinó mediante un método espectrofotométrico [21].
Estudios en botellas PET con muestras sintéticas conteniendo 200 a
500 μg L
-1
de arsénico, con el agregado de gotas de jugo de limón y 5000
mg L
-1
de Fe(II), bajo irradiación solar por cuatro horas y reposo en la
oscuridad durante toda la noche, dieron una remoción superior al 80%.
Las muestras reales fueron recolectadas de un pozo de riego
tecnificado cuya agua es consumida por los pobladores. La concentración
de arsénico sobrepasa los niveles permisibles de la norma técnica
peruana (50 μg L
-1
) y contiene 90% de As(V). La aplicación de la
tecnología SORAS, convenientemente modificada, fue exitosa. La
irradiación solar por cuatro horas con alambre de hierro de enfardar (4
g en 700 mL de agua) logró remover el 95% del As; el agregado de jugo
de limón (1-10 gotas) mejoró los resultados sólo en un 5%.
Conclusiones de los ensayos SORAS y FH para remoción de
As. Se comprobó que la aplicación del método SORAS en aguas reales
89
es factible siempre y cuando se modifique la tecnología en relación con
las propiedades del agua de cada región, dado que la capacidad del
método es muy dependiente de la composición del agua. Las siguientes
son las conclusiones generales para la aplicación de SORAS:
1. En Bangladesh y otras regiones, el As se encuentra
predominantemente como As(III) y las aguas contienen suficiente
hierro, por lo cual el método SORAS ha tenido un éxito
relativamente bueno. Sin embargo, en los países latinoamericanos,
el As está predominantemente en su forma pentavalente y las
aguas tienen bajo contenido de hierro, por lo cual es necesario su
agregado externo. El uso de alambre de enfardar o, mejor aún, de
«lana de acero», materiales muy económicos, parece conveniente.
2. En Tucumán y en Tacna se demostró que con alambre de enfardar
no es necesario el agregado de jugo de limón.
3. La irradiación con luz solar aumenta notablemente la remoción.
Con relación a la aplicación de FH en botellas con adición de Fe(III)
o Fe(0) (alambre de enfardar), los resultados son promisorios, con la
ventaja de que podría eliminarse simultáneamente contaminación
biológica, As y contaminación orgánica.
5. ASPECTOS SOCIALES DEL PROYECTO
Si bien no se hará aquí un detalle exhaustivo de las acciones realizadas
para la difusión y aplicación de los métodos propuestos, señalaremos
que en todas las localidades de estudio se han llevado a cabo las
siguientes actividades [21]:
1) encuestas entre la población para relevar problemas
socioeconómicos, educacionales y las características de consumo
y necesidad de agua;
2) realización de análisis fisicoquímicos de aguas reales colectadas
para conocer sus índices de contaminación;
90
3) en algunos casos, como en Chile, toma de muestras de pelo y
uñas de pobladores para evaluar la presencia de As;
4) establecimiento de relaciones con autoridades locales, sanitaristas y
educadores a fin de compenetrarlos en la problemática del consumo
de agua no segura e inducirlos a tomar medidas para su prevención y
solución; los ejemplos más notables han sido las campañas realizadas
con el acuerdo de la Alcaldesa de Camarones, con el Alcalde de Sama,
con las autoridades de Los Pereyra y con las del nordeste brasileño. La
Figura 12 muestra una campaña en las oficinas de educación ambiental
y de transferencia de SODIS para la comunidad de São José do Sabugi,
donde se ha logrado que los pobladores usen ya en forma autónoma la
tecnología, indicando la sustentabilidad del proyecto;
FIGURA 12 – Campaña de educación para el uso de SODIS en São José
do Sabugi, Brasil
5) Establecimiento de relaciones con ONGs con el objetivo de iniciar
campañas para la aplicación de las tecnologías y su replicación en
otras localidades con problemas parecidos; como ejemplo, se
mencionan actividades comenzadas en diversas localidades de
Tucumán con la Fundación de Trabajadores Rurales y Estibadores
de la Argentina (FUNDATRE).
91
Se debe mencionar además que una legisladora argentina ha
presentado a la Cámara de Diputados de la Nación un Proyecto de
Resolución [30 ] por el cual «se solicita al Poder Ejecutivo que se
instrumente y difunda el programa desarrollado por la Unidad de
Actividad Química de la Comisión Nacional de Energía Atómica sobre
tecnologías económicas para la desinfección y descontaminación de
aguas en regiones rurales de escasos recursos hídricos y económicos».
Por otra parte, autoridades de la Secretaría de Ciencia, Tecnología e
Innovación Productiva han contactado a los responsables del proyecto
con el objetivo de iniciar un programa sobre la problemática del arsénico
en ese país. Acciones similares se han dado en el resto de los países
participantes.
6. CONCLUSIONES GENERALES
En el presente trabajo hemos demostrado que los conocimientos
científicos sobre la interacción de la radiación solar con el agua y las
sustancias y bacterias presentes en ella pueden conducir al desarrollo de
tecnologías que usan materiales muy simples y luz solar. La concreción
real de esta iniciativa depende de la transferencia al medio social, aspecto
que también es tomado en cuenta en el diseño del proyecto. Las tecnologías
propuestas pueden usarse solas o en combinación, son socioculturalmente
aceptables por las comunidades rurales y no requieren equipamiento o
desarrollos tecnológicos sofisticados o caros ni altos costos de energía.
Como se ha dicho, dependen únicamente de la energía solar, que las
regiones de América Latina de climas tropicales poseen en abundancia.
El proyecto ha comprendido no sólo la ejecución de actividades
científico-tecnológicas sino también acciones para difundir e impulsar
las metodologías, así como su diseminación, tales como contactos con
autoridades de gobierno y ONGs, así como actividades sociales con las
comunidades. Las actividades desarrolladas incluyen además una fuerte
formación de recursos humanos jóvenes en tecnologías fotoquímicas de
tratamiento de aguas y en materiales para su utilización. El Proyecto ha
contribuido al aumento del conocimiento científico y tecnológico y al
intercambio de información entre los países participantes y en la región.
92
Si a partir de ahora se logra aplicar las tecnologías en localidades
dispersas, pobres y con escaso recurso de agua, y el proceso puede
replicarse en otras poblaciones, se prevé un resultado exitoso en cuanto
a la inclusión social de grupos marginados de población rural que viven
en pésimas condiciones. La importancia de los procesos presentados radica
en su sustentabilidad, que los vuelve independientes de las turbulencias
políticas ya que pueden ser total e independientemente generados por el
mismo usuario/beneficiario; en su accesibilidad, ya que democratiza la
mejoría de la calidad de vida en comunidades donde la expectativa de
vida es siempre inferior a la de los centros abastecidos por agua de red;
por la equidad social al propiciar la oportunidad de usufructuar y acceder
a un bien de inestimable valor a un costo accesible para dicha población.
Las tecnologías propuestas favorecen la mejoría de las condiciones de
trabajo, educación, seguridad alimenticia y nutricional, salud y
saneamiento, y están dotadas de metodologías interactivas y participativas
que estimulan la capacidad creativa e innovadora de comunidades locales
y que valoran la diversidad cultural y la preservación del medio ambiente.
Se puede predecir un retorno social a plazo muy corto de la inversión
realizada por los grupos en Investigación y Desarrollo.
7. AGRADECIMIENTOS
A la Organización de Estados Americanos por el financiamiento del
proyecto OEA/AE/141. A todas las instituciones a las cuales
pertenecemos por el apoyo financiero y de infraestructura. A nuestros
compañeros de estas instituciones, sin cuya dedicación y esfuerzo no
hubiera podido realizarse este trabajo: Margarita Hidalgo, Silvia Farías,
Graciela Custo, Eugenia Morgada, Miguel Mateu, Laura Dawidowski,
Gabriela García, Christian Navntoft, Hurng Jinn Lin, María L. Gagliano,
Gabriela Piperata, Luciana de la Fuente, Karina Levy, Martín Meichtry,
Josefina d´Hiriart, Priscilla Powell, María C. Soria, Juan Giulitti, Federico
La Morgia, Anne Marie Konig, Patricia P. Donaire, Héctor Mansilla,
Frederick Lara, Jorge Yáñez, Cristian Lizama, M. Janet Arenas, Marianela
Flores, Verónica Flores, Hugo Lienqueo, Jorge Platero, Jorge Acarapi,
Clido Jorge, José Solís, Walter Estrada, Pablo Mendoza, Patricia Bedregal.
93
Al Centro de Investigaciones del Hombre en el Desierto (CIHDE) por
las becas a los alumnos de la Universidad de Tarapacá, Chile. Al resto de
los participantes del Proyecto OEA/AE/141, especialmente a María
Teresa Leal (Instituto Mexicano de Tecnología del Agua), Antonio
González Jiménez (Universidad Nacional Autónoma de México) y Ramsey
Saunders (Universidad de West Indies, Trinidad y Tobago).
8. REFERENCIAS
[1] United Nations Committee on Economic, Social and Cultural Rights,
International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights, article
11, 26/11/2002. http://www.citizen.org/cmep/ Water/humanright/
articles.cfmID= 8610.
[2] M. Wegelin, EAWAG News, 48, 11-12, Septiembre 2000.
[3] a) S. Hug, EAWAG News, 49, 18-20, Diciembre 2000. b) M. Wegelin,
D. Gechter, S. Hug, A. Mahmud, A. Motaleb. http://www.sandec.ch/
WaterTreatment/ Documents/SORAS.pdf.
[4] Relevamiento de Comunidades Rurales de América Latina para la
aplicación de Tecnologías Económicas para Potabilización de Aguas,
Proyecto OEA/AE141, M.I. Litter (Ed.), Digital Grafic, La Plata 2002.
http://www.cnea.gov.ar/xxi/ambiental/agua-pura/default.htm.
[5] Water Disinfection by Solar Radiation, Assessment and Application,
A. Acra, M. Jurdi, H. Mu’allem, Y. Karahagopian, Z. Raffoul, Technical
Study 66e (1990). http://www.idrc.ca/library/ document/041882/.
IDRC Library: Documents, Ottawa, Canada, 1998.
[6] Water & sanitation in developing countries, EAWAG-SANDEC.
http:/www.sodis.ch.
[7] M. Wegelin, S. Canonica, K. Mechsner, T. Fleischmann, F. Pesaro,
A. Metzler, J. Water SRT-Aqua, 43 (1994) 154.
94
[8] Eliminación de contaminantes por fotocatálisis heterogénea, M.A.
Blesa (Ed.), Digital Grafic, La Plata, 2001. http://www.cnea.gov.ar/
xxi/ambiental/CYTED/default.htm.
[9] J.A. Ibáñez, M.I. Litter, R.A. Pizarro, J. Photochem. Photobiol. A:
Chem., 157 (2003) 81.
[10] Remoción de arsénico asistida por luz solar en comunidades rurales
de América Latina, Proyecto OEA/AE141, M.I. Litter y H.D. Mansilla
(Eds.) Digital Grafic, La Plata (2003). http://www.cnea.gov.ar/xxi/
ambiental/agua-pura/default.htm.
[11] OMS, 1993. Guidelines for drinking-water quality, second edition,
volume 1.
[12] L. Figueroa Tagle. Arica inserta en una región arsenical. El arsénico
en el ambiente que la afecta y 45 siglos de arsenicismo crónico, Ed.
Universidad de Tarapacá, Chile, 2001.
[13] Desinfección solar de aguas en comunidades rurales de América
Latina, Proyecto OEA/AE141, M.I. Litter y H.D. Mansilla (Eds.),
Digital Grafic, La Plata (2003). http://www.cnea.gov.ar/xxi/
ambiental/agua-pura/default.htm.
[14] Avances en tecnologías económicas solares para desinfección,
descontaminación y remoción de arsénico en aguas de comunidades
rurales de América Latina (métodos FH y SORAS), Proyecto OEA/
AE141, M.I. Litter y A. Jiménez González (Eds.), Digital Grafic, La
Plata (2004). http://www.cnea.gov.ar/xxi/ambiental/agua-pura/
default.htm.
[15] G. Piperata, J.M. Meichtry, M.I. Litter, Progr. Colloid Polym. Sci.,
128 (2004) 303.
[16] J.M. Meichtry, H. Lin, L. de la Fuente, I.K. Levy, E.A. Gautier,
M.A. Blesa, M.I. Litter, J. Solar Energy Eng., 129 (2007) 119.
95
[17] OMS-OPS, Guías para la Calidad del Agua Potable, Vol. 3, Control
de la calidad del agua potable en sistemas de abastecimiento para
pequeñas comunidades, OPS (1988).
[18] Standard methods for the examination of water and wastewater,
18th ed. Washington, APHA/AWWA/WEF, 1992.
[19] J. Rodier, Análisis de las aguas. 6a. ed., Omega, Barcelona (1989).
[20] R. Mereierehofer, M. Wegelin, Solar Water Disinfection: a Guide
for the Application of SODIS. SANDEC Report Nº 06/02 (2002).
www.sodis.ch.
[21] Resultados finales del Proyecto OEA/AE141: investigación,
desarrollo, validación y aplicación de tecnologías solares para la
potabilización de agua en zonas rurales aisladas de América Latina y el
Caribe, M.I. Litter (Ed.) 2006. http://www.cnea.gov.ar/xxi/ambiental/
agua-pura/default.htm.
[22] Norma 518, Ministerio de Salud de Brasil, 25 de marzo de 2004.
[23] Código Alimentario Argentino 1994. http://www.anmat.gov.ar/
codigoa/CAPITULO_XII (actualización 2003-04).pdf.
[24] M.G. García, J. d’Hiriart, J. Giulitti, M.V. Hidalgo, H. Lin, G. Custo,
M.I. Litter, M.A. Blesa, Solar Energy 77 (2004) 601.
[25] Arsenic removal by solar oxidation in groundwater of Los Pereyra,
Tucumán Province, Argentina, J. d´Hiriart, M.V. Hidalgo, M.G. García,
M.I. Litter, M.A. Blesa, en: Bundschuh, J., Armienta, M.A.,
Bhattacharya, P. & Matschullat, J. (eds.): Natural Arsenic in Groundwater
of Latin America. Balkema Publisher, Lisse, The Netherlands, en prensa.
[26] Low-cost technologies based on heterogeneous photocatalysis and
zerovalent iron for arsenic removal in the Chacopampean plain,
Argentina, M.E. Morgada de Boggio, I.K. Levy, M. Mateu, P.
96
Bhattacharya, J. Bundschuh, M.I. Litter, a ser publicado en Actas del
International Conference on Water and Wastewater Treatment, Sylhet,
Bangladesh, 1-4 abril 2007.
[27] F. Lara, L. Cornejo, J. Yañez, J. Freer, H. Mansilla, J. Chem. Technol.
Biotechnol., 81 (2006) 1282.
[28] L. Cornejo, H. Lienqueo, M. Arenas, J. Acarapi, H. Mansilla, J.
Yañez, J. Chem. Technol. Biotechnol. Enviado.
[29] Instituto Nacional de Normalización (INN) (2005): Chile, Norma
Chilena 409/1. Of 2005, Agua Potable Parte 1: Requisitos, 2005.
[30] Declaración 2056-D06, Honorable Cámara de Diputados de la
Nación Argentina (2006).
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Menção honrosa
Nome do trabalho: “Kit de automação para cadeira de rodas”
Professor Orientador: Adilson de Oliveira
Curso e nome da escola: Módulo de estágio do curso Técnico em Eletrônica do
Centro de Educação Profissional Hélio Augusto de Souza (CEPHAS), São José
dos Campos (SP) – Brasil
Autores: Douglas de Sousa Silveira, 21 anos, brasileiro residente no Brasil
Carlos Felipe de Carvalho Júnior, 18 anos, brasileiro residente no Brasil
Eduardo Vinícius dos Santos, 22 anos, brasileiro residente no Brasil
99
KIT DE AUTOMAÇÃO PARA CADEIRA DE RODAS
1. RESUMO
Logo no início, nossa idéia se baseava apenas em criar algo no cam-
po de eletrônica, para fins de conclusão de curso, porém decidimos
desenvolver um projeto que também tivesse um fundo social, fazendo
com que a tecnologia se aliasse ao bem-estar e ao desenvolvimento do
ser humano. Com isso, e influenciados pela visita a uma casa de repou-
so para idosos e deficientes físicos (onde um dos membros de nossa
equipe já é voluntário há cinco anos), optamos por um kit de automação
para cadeira de rodas.
Quando as pesquisas começaram ficamos muito indignados devi-
do a alguns motivos. Primeiro, antes de 1991 os deficientes físicos
nem eram incluídos no Censo Demográfico. Segundo, apesar de hoje
eles o serem, ainda há grande escassez de informações a respeito, prin-
cipalmente nas prefeituras. Apesar dessas dificuldades estima-se que
nosso público-alvo equivale aproximadamente a 3,8% da população
mundial.
Pode até parecer pouco, entretanto essa parcela não pode ser esque-
cida. Daí a decisão de trabalhar com esse nicho de mercado. Para atendê-
los desenvolvemos nosso kit, cuja função é fazer com que uma cadeira
de rodas comum se torne automatizada. Ele é versátil, leve, de fácil
adaptação em qualquer tipo de cadeira de rodas não-motorizada e prin-
cipalmente tem um custo muito menor em relação a uma cadeira já
100
motorizada. Pode ser utilizado por deficientes físicos, idosos (ou enfer-
meiros que antes precisavam empurrar a cadeira) e pessoas acidentadas
e que agora estão em recuperação.
Com este trabalho esperamos poder contribuir para que mais pesso-
as com alguma restrição física para se locomover possam adquirir auto-
nomia e liberdade, aumentando assim sua qualidade de vida e sua auto-
estima.
2. APRESENTAÇÃO DO PROJETO
O kit automação para cadeira de rodas tem a finalidade de fazer a
automatização de cadeiras de rodas convencionais, mantendo-se baixo
custo, a fim de torná-las mais acessíveis para aqueles que dela
necessitem. Seu funcionamento é simples: uma bateria fornece energia
para toda a parte eletrônica que é constituída de circuito de controle
responsável por fazer com que o operador tenha total controle sobre os
movimentos (frente, atrás, direita e esquerda) da cadeira; interface de
potência, que faz o acionamento dos motores e o circuito de potência,
que controla diretamente a quantidade de energia que cada motor consome
e possibilita o controle da velocidade de locomoção da cadeira.
A estrutura mecânica foi desenvolvida de forma a se tornar de fácil
adaptação em qualquer tipo de cadeira de rodas, pois possui duas “garras
removíveis” que podem ser facilmente substituídas a fim de que um kit
possa ser adaptado em outra cadeira.
Assim sendo, um kit que foi utilizado por uma pessoa pode ser
utilizado por outra apenas trocando-se duas peças.
3. OBJETIVOS
Usar da tecnologia como método de inclusão social e resolução de
problemas do cotidiano, viabilizando um produto que, ao mesmo tempo,
tenha baixo custo, seja de fácil utilização e adaptação nos modelos de
cadeira de rodas mais utilizados atualmente, além de garantir que, com
101
nosso kit, a cadeira possa ser controlada tanto pelo cadeirante quanto
por outra pessoa (um enfermeiro ou um parente, por exemplo).
Esperamos que com nosso produto as pessoas adquiram mais
independência e autonomia. Esperamos também que ele se torne uma
ferramenta para auxiliar os médicos, enfermeiros e pessoas que
trabalham em casas assistenciais com deficientes, idosos e pacientes
em recuperação.
4. JUSTIFICATIVA
Considerando o número de deficientes e que são poucos os recursos
destinados a eles é de extrema valia que cada vez mais institutos de
tecnologia e empresas invistam nesse mercado, pois a tecnologia quando
utilizada com responsabilidade traz inúmeros benefícios para todos que
dela usufruem.
A seguir um trecho de texto da Associação de Assistência à Criança
Deficiente - AACD de 11 de outubro.
Quanto aos acidentes traumáticos, os dados são mais preocupantes. De
acordo com pesquisa da Clínica de Lesão Medular da AACD, 73,4% dos
deficientes tratados pela instituição adquiriram o problema por acidentes
de carro, armas de fogo e queda. A clínica de Lesão Medular da AACD
revela, ainda, que, deste universo, 43,5% de seus pacientes sofreram lesões
em razão de acidentes por armas de fogo. Os dados estatísticos dos últimos
três anos também mostram que 83,5% dos pacientes são do sexo masculino
e 68,3% estão paraplégicos.
Cerca de 81,9% dos lesados medulares (paraplégicos e tetraplégicos) foram
vítimas de algum tipo de acidente (trauma). O restante corresponde a lesões
não-traumáticas, provocadas por algum tipo de doença.
De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística (IBGE), há hoje, no Brasil, 24,6 milhões de pessoas portadoras
de deficiências (PPDs). Destas, mais de 9 milhões são portadoras de algum
tipo de deficiência física. Assim, para a AACD, 11 de outubro é data
importante para a conscientização da sociedade. A entidade, além de
reabilitar seus pacientes, luta por sua inclusão social.
102
Pode até parecer pouco, porém todos têm direitos iguais; todos têm
o direito de ser feliz. Com este projeto nós só tentamos dar um pequeno
passo rumo ao fim das diferenças que ainda existem na sociedade.
5. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho teve
como base o projeto de comercialização a seguir.
6. PROJETO DE COMERCIALIZAÇÃO
Informações sobre o Empreendimento
Nome da Empresa: K AUTOMAÇÃO
Razão Social: SILVEIRA, CARVALHO ME.
Sócios: Douglas de Sousa Silveira, Carlos Felipe de Carvalho Junior
e Eduardo Vinícius dos Santos
Endereço: Rua José Bueno, 472 – Centro.
Cidade: Jacareí
Estado: São Paulo
País: Brasil
CEP: 12.308-560.
Fone: +55 – 0XX(12) 3951-0358
Pessoa para Contato: Carlos Felipe de Carvalho Junior
Endereço: Rua Volans, 40 – Jardim Satélite
Cidade: São José dos Campos
Estado: São Paulo
País: Brasil
CEP: 12230-490
Fone: +55 – 0XX(12) 3939-6031
103
Descrição geral do negócio
O que a empresa faz ou pretende fazer
A empresa produzirá kits que serão adaptados em cadeiras de rodas
para automatização.
Capacitação: competências/experiências/tecnologias
A empresa se apoiará no conhecimento dos proprietários, adquirido
durante o curso Técnico em Eletrônica, tais como: sistemas digitais,
eletrônica geral, instalações elétricas, tecnologia e meio ambiente, ética
e cidadania, eletrônica analógica, projeto de sistemas e informática.
Princípios mercadológicos
Partimos do princípio de criarmos um projeto voltado para a área de
eletrônica que beneficiasse pessoas com alguma restrição física para se
locomover. Percebemos, então, que o número de usuários de cadeiras
de rodas é grande e são poucos os recursos destinados a eles. Baseados
nisso idealizamos nosso projeto, que visa quebrar as barreiras existentes
na sociedade aumentando sua qualidade de vida.
O mercado
Concorrentes
Empresas que produzem cadeiras de rodas automatizadas seriam
concorrentes diretas da nossa empresa, porém nenhuma delas possui
um produto idêntico ao nosso. O valor médio de uma cadeira de rodas
já automatizada é de R$3.000,00, valor muito alto para a grande maioria
das pessoas que necessitam desse produto.
Buscando fugir da concorrência, pretendemos investir em tecnologias
que tornem o produto mais barato, proporcionando assim menor custo
para o cliente. Para isso, a empresa já estuda a fabricação de
equipamentos, específicos para a montagem do produto.
104
A empresa também pretende capacitar os funcionários conseguindo
com isso reduzir as perdas e o retrabalho no processo produtivo, o
que automaticamente reduzirá os custos de produção.
Clientes
Usuários de cadeira de rodas, hospitais públicos e privados, casas
de repouso, asilos, comerciantes e associações interessadas em
adquirir nosso produto.
Fornecedores
Lojas de componentes eletrônicos como a Universal, situada em
São José dos Campos assim como lojas situadas na Rua Santa
Efigênia em São Paulo. Casas de ferragens, ferramentas e demais
matérias-primas para fabricação da parte mecânica.
Além disso, podemos fazer contatos com empresas estrangeiras,
buscando melhores preços, principalmente dos motores, sendo esse o
componente mais caro do kit.
Mensuração da demanda
10 kits por mês, a um preço unitário de R$ 1.500,00.
Segmento específico em que compete ou pretende competir
A empresa pretende comercializar seus produtos em lojas
especializadas em vendas para portadores de diversas necessidades
disponibilizando técnicos capacitados na instalação dos produtos.
Pretendemos diversificar nossos produtos no segmento de sistemas
auxiliares de necessidades especiais, investindo na manutenção desses
equipamentos.
105
Comportamento do mercado em termos de
Crescimento
É um mercado onde há perspectiva de crescimento pela otimização
dos custos e qualificação dos produtos, pois a atuação em outros
segmentos da área biomédica é uma meta da empresa.
Lucratividade
Espera-se lucratividade razoável no começo por se tratar de um
produto que pode beneficiar vasta camada da sociedade.
Características principais do mercado em termos de
Preço praticado
Pretendemos manter um preço acessível que retorne um lucro
aceitável, levando em consideração que não existe produto igual ao
nosso no mercado.
Formas de vendas
A venda poderá ser feita diretamente ao consumidor em lojas
especializadas e possivelmente por uma página na internet.
Distribuição
Totalmente terceirizada, contratando-se empresas transportadoras,
com custo que possibilita investir menor capital em ativos físicos.
Assistência
A empresa dará todo tipo de assistência no que se refere aos seus
produtos, que porventura tenham chegado ao mercado apresentando algum
problema ou necessitem de manutenção, através do serviço de discagem
direta ou por e-mail, garantindo melhor atendimento ao consumidor.
106
Soluções tecnológicas diferenciadas
A empresa terá instalações modernas e funcionários capacitados,
visando reduzir as perdas e retrabalho no processo produtivo, o que
irá se refletir na redução dos custos de produção. Buscaremos estar a
par dos mais avançados sistemas para proporcionar a melhor tecnologia
para os nossos clientes.
O processo de capacitação e modernização deverá ser uma
constante dentro da empresa, possibilitando melhoria contínua dos
processos de fabricação.
Além dessas considerações, todo o processo produtivo levará em
conta as questões relacionadas à preservação ambiental, o que será
destacado por um selo colocado nos produtos. Um dos objetivos da
empresa é a Certificação ISO 14000.
Estratégias de marketing
A empresa pretende adotar a divulgação em feiras, eventos e
congressos de ortopedia. Além disso, pretende anunciar em revistas
especializadas e páginas de vendas na internet.
Principais concorrentes
Empresas que produzem cadeiras de rodas automatizadas seriam
concorrentes diretas, porém nenhuma delas possui um produto idêntico
ao nosso.
Vantagens e desvantagens dos principais concorrentes em termos de
Preço
Para o consumidor será mais barato comprar uma cadeira de rodas
convencional e instalar nosso kit do que comprar uma cadeira de rodas
automatizada.
107
Venda, distribuição e assistência
A empresa pretende atingir com sua rede de distribuição um preço
compatível. A distribuição e assistência técnica serão feitas pela própria
empresa.
Política de divulgação
A capacidade de divulgação inicial da empresa é baixa, porém
estabelecerá políticas de parcerias com revendedoras a fim de garantir
divulgação e preço acessível.
Áreas de conhecimento em que a empresa tem experiência e
capacitação
Os proprietários possuem qualificação profissional voltada para
pesquisas nas áreas de mecânica e eletrônica com a preocupação constante
em melhorar o processo produtivo e o desenvolvimento dos produtos.
Tecnologias/habilidades
Melhor utilização dos materiais garantindo a qualidade e alta precisão
dos aparelhos. Os equipamentos utilizados serão de alta tecnologia.
Áreas de conhecimento correlatas ou complementares em que a
empresa atua, pretende atuar ou está iniciando capacitação
A empresa pretende atuar na área de produtos voltados para as pessoas
portadoras de necessidades especiais, visando à comodidade, conforto e
praticidade.
Tecnologias/habilidades que a empresa desenvolveu, pretende
desenvolver ou está desenvolvendo
A empresa pretende desenvolver suas habilidades na área de
engenharia e pesquisa para adquirir tecnologias capazes de garantir a
comodidade e satisfação de seus clientes.
108
Tendências tecnológicas, em termos de volatilidade/
obsolescência da tecnologia e proliferação/padronização
A empresa tende a se desenvolver a partir de uma tecnologia
inovadora, de design arrojado de baixa ocupação de espaço e
mobilidade do consumidor-alvo.
Produtos de um alto padrão, porém considerando que nem sempre
os componentes utilizados no kit precisarão ser iguais, indo ao
encontro da necessidade do cliente.
Principais formas e fontes de capacitação e acesso a tecnologias
que a empresa utiliza
Parcerias com empresas fornecedoras de matérias-primas de
tecnologia moderna que venham a compor o produto.
Os empreendedores também farão cursos voltados para
administração dos diferentes processos que integram a empresa
como um todo. Além disso, acompanharão o surgimento de novas
tecnologias nas áreas de eletrônica. Esses cursos poderão ser feitos
em parceria com o Cephas, Sebrae, Senai e Senac.
Missão da empresa
Proporcionar que mais pessoas com alguma restrição física para se
locomover possam adquirir autonomia e liberdade, aumentando assim
sua qualidade de vida e auto-estima.
Mercado consumidor
Pessoas com alguma restrição física para se locomover, que buscam
maior independência, hospitais públicos e privados, asilos, casas
de repouso e também comerciantes interessados em atendê-las.
109
Mercado concorrente
Fornecedores
Principais produtos oferecidos pela empresa
Produto: kit para automação de cadeiras de rodas.
Fluxograma do processo produtivo
Processo de produção
A produção do kit se dará em diferentes etapas, iniciando-se com os
desenhos, furos e cortes necessários nas placas de circuito impresso,
que serão encaminhadas posteriormente para as montagens, onde serão
110
colocados os componentes (CIs, resistores, capacitores). Depois de
soldados os componentes nas placas, elas serão montadas dentro de
uma caixa. Em seguida serão realizados os testes de funcionamento e
qualidade do produto, e por fim, será feita a montagem do kit na cadeira
e procedidos os testes finais.
111
Fluxograma de produção
112
Diagrama de blocos do produto
Alimentação
Fornece a energia necessária para a utilização das partes a ela ligada.
Controle
Responsável pelo direcionamento dos motores.
Motores 1 e 2
Movimenta as rodas, fazendo com que a cadeira ande para frente,
para trás ou gire em seu próprio eixo.
113
Design do produto
114
Obs: As outras partes da cadeira foram removidas do desenho para
melhor visualizar a instalação do kit.
115
Investimentos físicos
116
Custos
Pró-labore
É a remuneração dos sócios que realmente trabalham no empreendimento
(empresa).
Custos fixos
É toda a despesa que a empresa tem mensalmente, independente da
quantidade produzida e/ou vendida.
117
Custos variáveis
É toda despesa relacionada com o processo produtivo.
Resultados da empresa
Preço de venda
Margem de contribuição
É o quanto o produto vendido contribui para o pagamento do custo fixo.
Onde: MC = Margem de Contribuição
PV = Preço de Venda
CV = Custo Variável
118
Ponto de equilíbrio
É a situação em que as vendas pagam os custos e não há lucro.
Previsão de vendas
119
Faturamento previsto
120
Calculando o lucro e o prejuízo
Onde: Lucro Líquido = Faturamento – Custos (Fixo + Variável)
Lucratividade (%) = (Lucro Líquido / Faturamento) X 100
Retorno do Investimento (ROI) = Investimentos Físicos / Lucro Líquido
121
7. CONCLUSÃO
Ficamos plenamente realizados com os resultados obtidos pelo nosso
projeto, que provou ser viável e funcional e, com ele, esperamos que
várias pessoas sejam beneficiadas usufruindo as vantagens do nosso
produto.
Nossa previsão de vendas é de dez kits por mês, a um preço unitário
de R$ 1.500,00. Atingindo essa meta, teremos o retorno do investimento
em menos de dois meses.
Foi desenvolvido o protótipo do kit e foi possível verificar o
funcionamento e o desempenho de todos os componentes em situação
real. Tivemos dificuldades em muitos detalhes, principalmente com a
parte mecânica e eletrônica de potência. Esses problemas foram em
decorrência de nossa pouca experiência naquele momento, e por falta
dos recursos para o desenvolvimento ideal das peças. Mas, graças ao
nosso esforço e a ajuda de amigos professores, conseguimos finalizar
nosso projeto com êxito.
122
8. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
123
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- PROTEC
- Elementos de Eletrônica Digital
- Eletrônica de Potência
- Cassilas
Sites:
<http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt560.pdf>
<http://www.casaortopedica.com.br/catalogo/
loja_tipo2.php?p=destaque>
<http://www.ortopediasaojose.com.br/site/detalhe.asp?var=21>
<http://www.dca.fee.unicamp.br/~jro/ea079/2005/
projetosAlunosMotorCC.pdf>
<http://www.bosch.com.br/br/autopecas/produtos/eletrica/
limp_parabrisa.htm>
<http://www.casaferreira.com.br/>
<http://www.bosch.com.br/br/motores/produtos/cep.htm>
<http://www.mdpolicabos.com.br/cabos_outros.html>
<http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=19252>
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR
Menção honrosa
Nome do trabalho: “Projetos de viabilidade econômica para empreendimentos
de economia solidária: uma proposta metodológica e um relato de experiência”
Autor: Emerson Leonardo Schmidt Iaskio, 26 anos, brasileiro residente
no Brasil
127
PROJETOS DE VIABILIDADE ECONÔMICA PARA
EMPREENDIMENTOS DE ECONOMIA
SOLIDÁRIA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA
E UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
1. RESUMO
Iniciativas de base popular para geração de trabalho e renda, em sua
maioria, carecem não só de recursos, mas também de qualificação formal
e técnica por parte de seus integrantes. Além disso, tais
empreendimentos são minoria num sistema em que predominam
empresas privadas que utilizam as mais diversas ferramentas para
concorrer. A falta de capital dos empreendimentos solidários faz com
que eles iniciem suas atividades mais lentamente em relação às demais
empresas, uma vez que o pouco capital que conseguem permite a compra
somente de equipamentos obsoletos e pouco produtivos. Soma-se a isso
a falta de instrução formal dos trabalhadores em questões de gestão e
finanças. A falência desses empreendimentos, então, parece inevitável.
O presente trabalho objetiva explicitar a importância da elaboração de
projetos de viabilidade econômica para empreendimentos de economia
solidária, além de propor uma metodologia para tal elaboração, baseada
na participação dos próprios trabalhadores, como processo de sua
formação. Além disso, mostra o relato de uma experiência.
1
Economista, pós-graduando em Sociologia Política na Universidade Federal do Paraná,
pesquisador, formador e bolsista da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da
mesma universidade.
128
Os projetos de viabilidade tradicionais levam em conta índices
financeiros e têm como objetivo verificar se a empresa é lucrativa.
Em uma organização solidária, por sua vez, outros objetivos são
previstos. A partir da apropriação de conceitos básicos sobre economia
e sabendo exatamente qual o objetivo do seu empreendimento, os
trabalhadores de economia solidária poderão chegar à conclusão se é
viável empreender-se em determinado objeto. Este trabalho foi
desenvolvido com experiência da ITCP-UFPR com grupos populares
no desenvolvimento de metodologia de elaboração de projetos de
viabilidade econômica para empreendimentos de economia solidária.
Aborda-se também a experiência da aplicação dessa metodologia com
um grupo popular localizado no município de Contenda, PR, no Brasil,
na implantação de uma panificadora na região.
2. INTRODUÇÃO
O início do século XXI no Brasil tem sido marcado pela inserção
cada vez mais profunda do país no processo de globalização. Desde o
Consenso de Washington, e da implantação de práticas neoliberais
pelo mundo, inicialmente por Tatcher, na Inglaterra, e por Reagan,
nos EUA, o planeta passa por processo de reestruturação produtiva e
desestruturação do mercado de trabalho.
Após a falência do Welfare State e a inflexão neoliberal que se seguiu,
o mundo passou por uma crise sem precedentes. Como conseqüência,
pessoas que perderam o seu emprego permaneceram nessa condição,
e jovens que atingiam a idade de trabalhar não conseguiam emprego.
Assistiu-se a um fenômeno em que havia altos índices de inflação e
desemprego.
A partir do fim da década de 1970 e nas duas que se seguiram,
produziram-se taxas elevadas e persistentes de desemprego e índices
crescentes de pobreza na maioria dos países capitalistas desenvolvidos,
mas principalmente nos países da periferia.
129
No Brasil, o trabalho em tempo integral por prazo indeterminado
vem sendo substituído pelo trabalho temporário, jornada em tempo
parcial (part-time), trabalho em domicílio, aprendizes e estagiários.
Também a prática de subcontratação/terceirização tem se tornado
parte integrante desse processo (CULTI, 2002, p. 1).
Na esperança da população como alternativa às práticas
neoliberais, governos de esquerda e centro-esquerda ascenderam ao
poder. Contudo, demonstraram não possuírem projetos concretos e
procuraram encobrir as deficiências com a instituição de políticas
emergenciais de atendimento a desempregados e pequenos produtores
autônomos e informais (GERMER, 2005).
Além disso, é também fato amplamente debatido a chocante
desigualdade social existente no Brasil. A afirmação de que os 10%
mais ricos do país detêm quase 50% da renda nacional parece não
mais ferir os ouvidos de ninguém, visto que o quadro da concentração
de renda não se altera de forma minimamente significativa há décadas.
Muitas, também, são as razões apresentadas para justificar esse
cenário de profundas diferenças. Herança histórica, falta de
mobilização das elites, governos incompetentes, descomprometidos
ou corruptos; diversas instituições e segmentos da sociedade recebem
sua parcela de culpa.
Nesse contexto ressurgem, após décadas de hibernação, iniciativas
que propõem uma forma diferente de trabalho, iniciativas essas
pautadas em princípios de solidariedade, propriedade coletiva dos
meios de produção e participação coletiva das tomadas de decisão.
Essas iniciativas são o que hoje se chama de economia solidária.
É dentro do sistema capitalista, em que predominam
empreendimentos privados, cujo objetivo principal é o lucro, que
surgem essas iniciativas. Para alguns, podem ser consideradas como o
gérmen da formação de um novo modo de produção, não-capitalista.
Os objetivos e os princípios desses empreendimentos são claramente
diferentes dos objetivos dos empreendimentos capitalistas.
130
Resta saber, contudo, se tais empreendimentos conseguem se
sustentar ao longo do tempo convivendo com empresas capitalistas e
fazendo parte do sistema e do processo de concorrência capitalista sem
desviar-se de seus objetivos e princípios fundamentais.
Para isso é necessário que os próprios trabalhadores tenham
consciência se seu empreendimento é ou não viável e se ele consegue
se manter ao longo do tempo, pois os objetivos são claramente diferentes
dos objetivos dos empreendimentos capitalistas. Enquanto para aqueles
o objetivo é gerar trabalho e renda, para estes, é gerar lucro. Logo, se os
objetivos são diferentes, a construção do projeto de viabilidade
econômica deve também ser totalmente diferente.
Este trabalho tem como objetivo teorizar sobre o problema da
viabilidade econômica dos empreendimentos de economia solidária,
além de propor uma metodologia para elaboração desse projeto, segundo
princípios a serem seguidos. Essa metodologia permite não só uma
avaliação e/ou uma auto-avaliação do grupo quanto à viabilidade do
seu empreendimento, mas é também um processo educativo, em que os
trabalhadores passam a ter acesso a informações das quais foram
privados ao longo de sua vida.
Além disso, ele traz à luz a experiência da ITCP-UFPR da aplicação
dessa metodologia com um grupo popular localizado no município de
Contenda, PR, no Brasil, que resultou na elaboração de um projeto de
viabilidade econômica voltada para a instalação de uma panificadora no
município.
3. PROBLEMATIZAÇÃO
Os limites da economia solidária
A economia solidária pode ser caracterizada como toda forma de trabalho
associado, de produção e/ou comercialização de bens e serviços, com vistas
à geração de trabalho e renda. Sua especificidade consiste na apropriação
coletiva dos meios de produção, na associação livre e voluntária e na
autogestão (IASKIO, 2006, p. 4). Assume diversas formas, tais como
131
cooperativas, associações ou empresas autogestionárias e clubes de troca
e surge para absorver a crescente massa de desempregados, conseqüência
da preocupação constante dos capitalistas em reduzir custos e aumentar
lucros. Esses empreendimentos, que são de propriedade dos próprios
trabalhadores e por eles geridos, são pautados na solidariedade entre seus
membros, na democracia e na participação.
Além disso, propõem uma forma diferente de trabalhar, gerir o
empreendimento e tomar decisões. Contudo, essas iniciativas solidárias
sofrem de uma crônica falta de capital e de qualificação formal que impõem
sérios limites ao seu desenvolvimento. As operações se iniciam de forma
limitada em comparação com as empresas capitalistas, pois seus
equipamentos geralmente são velhos e pouco produtivos. Necessita-se,
portanto, saber se o empreendimento é viável antes de iniciar as atividades.
No entanto, os trabalhadores de empreendimentos de economia
solidária geralmente não possuem qualificação para elaborar um projeto
de viabilidade e dinheiro para contratar quem o faça. É importante,
portanto, que o empreendimento receba apoio de entidades como as
Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCPs), ONGs,
entidades universitárias ou qualquer outro órgão.
É necessário, então, que a entidade apoiadora possua equipe capacitada
na área econômica, principalmente na área de economia solidária, que
possua tanto a técnica de elaborar projetos como tornar o processo o
mais compreensível possível para os trabalhadores. Os associados
necessitam ter total clareza sobre o que é o projeto de viabilidade, e a
equipe que vai trabalhar com eles deve saber como transmitir “o que é” e
“para que serve” o projeto.
O projeto de viabilidade para um empreendimento solidário e suas
especificidades
Em projetos para uma empresa capitalista, não interessa aos
trabalhadores se o empreendimento é viável ou não, ou quanto será
necessário vender, ou quais são os custos da empresa. Essa preocupação
132
cabe ao proprietário, ao conjunto de sócios ou à equipe administrativa.
Aos trabalhadores cabe somente receber as ordens de seus superiores e
acatá-las.
Para a formação inicial de uma empresa capitalista, interessam muito
ao empresário os índices financeiros, tais como índice de liquidez
corrente, taxa interna de retorno, taxa de mínima atratividade, entre
muitos outros.
Por exemplo, no projeto para uma empresa capitalista deve-se
comparar a taxa de mínima atratividade com a taxa interna de retorno.
A taxa de mínima atratividade é uma taxa mínima de retorno sobre o
investimento que se deseja realizar. Geralmente seria a taxa oferecida
pelo mercado financeiro numa aplicação em ações, por exemplo. A taxa
interna de retorno é a taxa de retorno sobre o investimento que o
capitalista terá em um determinado tempo após o início das operações
do empreendimento.
Se após a conclusão do projeto, fica evidente que a taxa interna de
retorno do projeto é menor que a taxa de mínima atratividade, não
interessa ao proprietário do dinheiro investi-lo no empreendimento, pois
obterá um retorno muito maior aplicando-o no mercado financeiro, além
de não mais precisar dispensar energia (física e mental) na compra de
equipamentos, negociações com fornecedores, pagamento dos
trabalhadores, controle dos custos etc.
Além disso, deve-se analisar também o período de recuperação do
investimento. Se for muito maior que o oferecido pelo mercado
financeiro, ou mesmo por outros setores, o capitalista não hesitará em
migrar seu investimento para outros de lucratividade mais rápida ou
mesmo para o mercado financeiro.
Num empreendimento solidário, por sua vez, os objetivos são
totalmente diferentes. Para começar, não existe um empresário que
queira investir seu capital e receber retorno sobre esse investimento.
O que há são trabalhadores que querem e precisam trabalhar e gerar
renda. Mais do que isso, eles querem e precisam que essa renda seja
gerada de maneira sustentável ao longo do tempo, pois dependem dela
para manter a sua sobrevivência e a da sua família.
133
Não interessa, portanto, se a taxa interna de retorno do projeto é
maior ou menor que a taxa de mínima atratividade
2
. O que interessa,
isso sim, é a capacidade do empreendimento em gerar trabalho e renda
para seus associados de forma sustentável ao longo do tempo. Portanto,
durante toda a concepção do projeto e conversas iniciais com os
trabalhadores, tanto a equipe quanto os trabalhadores devem ter claro
que o objetivo do empreendimento deve ser a capacidade de gerar
trabalho e renda de forma sustentável ao longo do tempo. É esse objetivo
que deverá nortear todo o processo.
Ao pensar em um objeto, nos equipamentos necessários, nas fontes
de financiamento, é este o objetivo que deverá ser perseguido: a geração
de trabalho e renda. Tendo isso, ficará mais fácil trabalhar com os
associados as questões básicas de economia, contabilidade e
administração, baseadas sempre no empreendimento e com vistas ao
futuro. Ao mesmo tempo a equipe trabalhará o projeto de viabilidade e
a capacitação dos trabalhadores para que eles mantenham o
empreendimento sustentável, pois não é para sempre que receberão
assessoria de uma entidade apoiadora.
4. METODOLOGIA
Para trabalhar com algum grupo de economia solidária, a viabilidade
econômica do empreendimento, é imprescindível que o grupo já tenha
passado por formação anterior em economia solidária e cooperativismo.
De outra forma, será impossível aplicar qualquer metodologia de
elaboração de projetos de viabilidade econômica específica para
empreendimentos de economia solidária.
2
Os trabalhadores dos empreendimentos de economia solidária sequer têm condições
financeiras para decidir sobre investir no mercado financeiro ou em produção; não têm
outra escolha, a não ser empreenderem-se na economia solidária.
134
A metodologia que é o objeto deste trabalho foi desenvolvida pela
equipe econômica da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
da Universidade Federal do Paraná (ITCP-UFPR) baseada na experiência
com a pré-incubação
3
de grupos populares no ano de 2005. Ela é
composta por três etapas, a saber: (1) Abordagem inicial; (2) Definição
do objeto; e (3) Aplicação do questionário
4
. Convém dizer aqui que
essa divisão em etapas é somente didática para que se compreenda o
processo. Algumas etapas poderão ocorrer simultaneamente.
A abordagem inicial
Como dito anteriormente, é necessário que o grupo tenha tido
formação inicial em economia solidária e cooperativismo e já esteja
sensibilizado para uma nova forma de organização do trabalho. Para
Mogilka, a sensibilização é a etapa crucial de um projeto de intervenção
democrática em uma comunidade (MOGILKA, 2002, p. 120).
Uma vez estando o grupo sensibilizado para essa forma diferente de
trabalho, que é a economia solidária, é possível trabalhar com o projeto
de viabilidade propriamente dito. A primeira etapa da metodologia de
elaboração de projetos de viabilidade econômica para empreendimentos
de economia solidária é, portanto, a abordagem inicial, e deve ocorrer
após processo de formação em economia solidária e cooperativismo.
Essa etapa consiste em conversas com os trabalhadores do
empreendimento. Primeiramente, explica-se o que é um projeto de
viabilidade econômica e para que ele serve. Os trabalhadores devem
ter claro que antes de iniciar um empreendimento é necessário saber se
3
A metodologia de incubação de empreendimentos populares da ITCP-UFPR é constituída
de três fases: pré-incubação, incubação e desincubação. Após a pré-incubação será definido
se o grupo passará ou não à segunda fase. A decisão sobre a incubação ou não de um grupo
é baseada principalmente (mas não exclusivamente) em dois critérios: autonomia do grupo
e viabilidade econômica do objeto. A elaboração de projetos de viabilidade econômica faz
parte da pré-incubação.
4
O questionário aplicado nas comunidades encontra-se no anexo do presente trabalho, na
página 147.
135
ele terá capacidade de continuar gerando trabalho e renda ao longo do
tempo e também o que é necessário fazer para que isso seja possível.
O trabalho de conversa inicial com os trabalhadores consiste também,
ao mesmo tempo, no trabalho de capacitação em questões básicas de
economia, contabilidade e administração, tais como custos fixos, custos
variáveis, fluxo de caixa etc.
É imperioso que os trabalhadores tenham consciência de que o
objetivo final do empreendimento deverá ser gerar trabalho e renda e
que o trabalho será norteado em princípios de autogestão e economia
solidária. A etapa seguinte é a definição do objeto do empreendimento.
Definição do objeto
Trata-se do primeiro passo para que se possa começar a pensar na
viabilidade do empreendimento. É a partir dele que o grupo decidirá
por produzir ou não determinada mercadoria ou serviço.
Para desenvolver esse tema, e para que o grupo decida por algum
objeto, é interessante que a equipe trabalhe com algumas perguntas
essenciais, de modo que o próprio grupo, ao respondê-las, conclua sobre
a viabilidade ou não de seu objeto. Sobre as perguntas será discutido
com mais detalhes na próxima seção.
Deve-se ter em mente que o produto ou serviço deverá ser vendido
por um preço e em quantidades suficientes que cubram todos os custos
e que, além disso, garantam a remuneração desejada para todos os
trabalhadores. É comum, no entanto, encontrar grupos de trabalhadores
que manifestam vontade de vender produtos que trazem pouco retorno
ao empreendimento.
Elas [as comunidades] conseguem vender ao exterior produtos artesanais,
extrativistas, de origem vegetal e animal etc., mas que alcançam preços baixos,
porque sua oferta tende sempre a superar a demanda por larga margem.
São muitos os pobres que vivem da venda de produtos, que em geral são
adquiridos por uma elite cultural relativamente pequena. Do desequilíbrio
entre oferta e demanda emana uma pressão perene de baixa das remunerações
dos que vivem desses tipos de produtos. (SINGER, 2004, p. 02)
136
São muitos os produtos que os trabalhadores de economia solidária
se propõem a vender, além desse exemplo citado por Singer. É o caso
de artesanatos e manualidades que eles decidem vender para pessoas
tão pobres quanto eles; produtos com pouco valor e pouca demanda.
Geralmente vendem ou manifestam a vontade de vender esses
produtos por não saberem fazer outra coisa.
É nesse ponto que a equipe deve alertar o grupo, não interferindo
em sua escolha, mas realizar junto com os trabalhadores os cálculos
necessários para chegar ao ponto de equilíbrio, à quantidade mínima
a ser vendida para cobrir todos os custos e proporcione aos
trabalhadores a remuneração desejada. É vital que a equipe não
interfira na autogestão do grupo nem na sua escolha. O próprio grupo
deve chegar à conclusão sobre se é viável ou não produzir determinada
mercadoria.
O que a equipe pode fazer é estimular a inovação. Investindo em
mercadorias não produzidas por outros, ou com algum diferencial, a
empresa solidária pode atuar quase como monopolista em seu ramo.
Isso permite a ela tornar-se controladora de preços.
Esse diferencial deve ser algo que atraia o consumidor. Por estar
sujeito à economia de mercado, é fundamental que o produto esteja
de acordo com as tendências modernas de marketing, publicidade e
design. Oficinas sobre inovação e planejamento estratégico
participativo são decisivas. Aqui se evidencia a importância das
entidades mantenedoras, principalmente as incubadoras de
empreendimentos de economia solidária, que incentivam a inovação
e prestam assessoria a esses empreendimentos, pois sozinhos
dificilmente conseguirão elaborar um projeto de viabilidade
econômica, tampouco inovar.
A fase de escolha do objeto do empreendimento vem em primeiro
plano. Se o grupo não decide por um ou outro produto ou serviço, é
impossível avançar na elaboração do projeto.
137
Aplicação do questionário
5
Essa fase é condição essencial, não somente para a viabilidade do
empreendimento, mas porque é também a fase de formação dos
trabalhadores em gestão. Capacitar o grupo em gestão antes que o
empreendimento seja constituído e antes de trabalhar a viabilidade torna
o processo muito abstrato, e não proporciona conhecimento coletivo.
A equipe deve elaborar, previamente, questionário com uma série
de perguntas sobre o empreendimento como, por exemplo, quantas
pessoas trabalham, qual a remuneração desejada, o que o grupo pretende
fazer, quais os custos e que quantidade dever-se-á vender para tornar o
empreendimento viável etc. As perguntas devem ter maior abrangência
possível, procurando instigar o grupo a obter respostas a elas. Um
exemplo de questionário aplicado pela equipe econômica da ITCP-
UFPR nas comunidades encontra-se no anexo.
Devem-se prever perguntas que o grupo não tenha condições de
respondê-las num primeiro encontro, tais como questões sobre o
equipamento, o investimento inicial, a capacitação mínima, legislação
sobre o setor, fontes de matéria-prima etc. Deve-se alertar ao grupo
que há questões que eles não conseguirão responder no primeiro encontro
e que a primeira etapa consiste em responder aquelas perguntas para as
quais o grupo se sente habilitado, deixando as demais em branco.
As que o grupo eventualmente deixar em branco são aquelas em que
são necessários dados para respondê-las, como por exemplo, consumo
de energia elétrica ou custos de matéria-prima. Esses dados o próprio
grupo deve buscar para dar continuidade ao processo do projeto de
viabilidade econômica. As questões que o grupo não responder no
primeiro encontro são estratégicas, pois enquanto tenta respondê-las o
próprio grupo estará consciente dos dados que faltam para a conclusão
sobre a viabilidade ou não do empreendimento.
5
Ver nota 4.
138
De posse desses dados, num segundo encontro a equipe trabalha,
junto com o grupo, as respostas para as demais perguntas. Estas
geralmente envolvem cálculos, e a equipe deve trabalhar com o grupo
esses cálculos no sentido de capacitá-lo para que os associados possam
avançar nesse processo por conta própria. Todos esses cálculos deverão
ser feitos em torno do objeto do empreendimento, ao mesmo tempo
capacitando os trabalhadores e verificando a viabilidade do
empreendimento.
As questões a serem trabalhadas com os associados devem abranger,
se possível, a maior parte do conteúdo do projeto. Desde o início do
processo, os trabalhadores devem estar conscientes de que o objetivo é
chegar à conclusão sobre a possibilidade ou não de gerar renda a todos
os associados.
Para isso, dever-se-á calcular o ponto de equilíbrio, ou seja, a
quantidade mínima da mercadoria a ser vendida para cobrir todos os
custos e garantir aos trabalhadores a remuneração desejada. A partir do
ponto de equilíbrio, os trabalhadores saberão se a quantidade mínima a
ser vendida está dentro das possibilidades do grupo.
Para o cálculo do ponto de equilíbrio são necessários muitos dados,
como os custos, preços de matéria-prima, margem de contribuição e
preço de venda. Todos esses conceitos são desenvolvidos com o grupo
durante a elaboração do projeto de viabilidade.
Além de todos esses conceitos, os cálculos e a estruturação, dentro
de um projeto de viabilidade econômica para o empreendimento de
economia solidária, deve estar contido também o investimento mínimo
para o início das atividades da empresa solidária.
O investimento mínimo inicial é a soma de todos os materiais,
máquinas e equipamentos necessários para que o empreendimento inicie
suas atividades. Entre as perguntas sobre o investimento mínimo estão,
por exemplo, de que equipamentos o grupo necessita, e quais deles o
grupo já possui. Quanto maior for a estrutura do grupo, mais fácil será
o início das operações.
139
O grupo deverá pesquisar em outros empreendimentos do setor que
equipamentos são utilizados na linha de produção. No encontro
posterior com a equipe o grupo deverá levar a relação dos equipamentos
necessários e, se possível, orçamentos. De posse desses dados será
possível para a equipe, junto com o grupo, calcular o investimento
mínimo e também analisar possibilidades de financiamento
6
.
Após a conclusão do questionário, com todos os dados devidamente
pesquisados e respondidos, o grupo saberá se o empreendimento com o
objeto escolhido será ou não viável.
Nessa fase o próprio grupo faz as pesquisas de campo e de mercado,
além de realizarem, junto com a equipe, os cálculos necessários.
Constitui, portanto, um momento de reflexão, uma experiência de
trabalho coletivo e de capacitação do grupo em questões gerenciais e
financeiras. É possível que o grupo não encontre todos os dados
necessários, que podem estar disponíveis na internet, e a própria equipe
deve pesquisar para ajudar o grupo.
Após a realização do projeto e conclusão pela viabilidade do objeto,
a equipe deve trabalhar estratégias de como o capital para o investimento
inicial deve ser alcançado para que as operações sejam iniciadas.
Deve-se lembrar, contudo, que a simples conclusão pela viabilidade
do empreendimento não garante que ele realmente será capaz de gerar
trabalho e renda ao longo do tempo aos trabalhadores associados.
Existem outros fatores que podem interferir na viabilidade do
empreendimento como, por exemplo, a falta de transparência na gestão
dos resultados, que deve ser coletiva. Ainda, muitos obstáculos podem
ocorrer, e somente a autogestão poderá ajudar o grupo a evitar ou
solucionar eventuais momentos de crise.
6
Dificilmente o grupo terá condições de comprar os equipamentos necessários para iniciar as
operações. Por isso mesmo, a equipe da entidade mantenedora pode prestar grande serviço
ao indicar ao grupo as principais fontes de financiamento disponíveis, assim como a taxa de
juros. Há, principalmente para pequenos empreendimentos de economia solidária no Brasil,
algumas fontes de financiamento a fundo perdido, ou seja, que não exigem devolução do
dinheiro. É difícil aos trabalhadores terem acesso a esse tipo de informação que a equipe
deve levar ao grupo.
140
Essa fase é a mais demorada, pois podem-se levar semanas até que
se tenha em mãos todos os dados necessários para a conclusão do projeto.
A equipe deve ter paciência, pois o grupo geralmente não possui
experiência em encontrar dados.
5. PRINCICAIS RESULTADOS – A EXPERIÊNCIA DA ITCP-UFPR
NA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE VIABILIDADE
ECONÔMICA: O CASO DO GRUPO DE PANIFICAÇÃO DE
CONTENDA
Histórico do grupo
O grupo foi constituído por moradores de bairros da cidade de Curitiba
que, através de um acordo entre prefeituras, foram despejados de casa e
obrigados a partirem para o município de Contenda, PR, onde se alojaram
com esposa e filhos pequenos num terreno que, segundo um dos
integrantes do grupo “era um terreno cheio de matos, cobras e aranhas”.
Nesse terreno os integrantes armaram barracas de lona para poderem se
abrigar até que tivessem condições de construir ao menos uma peça.
Pelo fato de o local onde os integrantes da comunidade foram
alojados não oferecer um mínimo de estrutura adequada à moradia
(luz e água), os moradores com o apoio do Movimento Nacional de
Luta pela Moradia (MNLM), obstruíram a rodovia do Xisto para
reivindicar seus direitos. Integrantes do movimento e da comunidade
foram a Brasília entregar pessoalmente ao presidente da República
documentos relacionados aos problemas que estavam enfrentando.
Alguns integrantes da comunidade tiveram a idéia de organizar um
empreendimento que gerasse trabalho e renda à população da região,
não só os vindos de Curitiba, mas também os de Contenda. A
necessidade de geração de renda parte da falta de oportunidades no
município, pois a principal atividade econômica se dá em torno do
plantio e colheita de batatas e alguns outros produtos agrícolas, as
oportunidades de trabalho aparecem a cada quatro meses, nas épocas
141
de plantio e colheita. Além disso, nesse tipo de atividade, não há
condições adequadas de trabalho, colocando em risco a integridade
física dos trabalhadores, que são mal-remunerados.
Desde a ida desses moradores a Contenda, a resistência por parte
dos moradores antigos e também por parte do governo local foi grande,
e sempre houve o boicote às iniciativas populares locais. Ainda assim,
os moradores organizaram uma manifestação e conseguiram que a
prefeitura cedesse um terreno e garantisse a construção de uma sede
para que a comunidade pudesse desenvolver atividades. Desde então, os
moradores conseguiram trazer um grupo de alfabetização de jovens e
adultos, bem como organizar algumas reuniões com a comunidade local.
O grupo com o qual a equipe da ITCP-UFPR trabalhou era
composto inicialmente por 15 pessoas que, ou estavam desempregadas,
ou trabalhavam na informalidade, e/ou se situavam no grupo que só
tem oportunidades a cada quatro meses nas atividades agrícolas. A
maioria era composta por mulheres que já possuíam afinidade com a
produção de alimentos e que, para complementar renda, faziam e
vendiam pães, bolos, sorvetes, doces e salgados.
A aplicação da metodologia na comunidade
A primeira etapa, a abordagem inicial, ocorreu sem grandes
dificuldades. O grupo já apresentava formação consistente sobre
economia solidária e cooperativismo, graças à ação dos formadores
da ITCP-UFPR na fase inicial do processo de pré-incubação. Isso
facilitou bastante o trabalho da equipe econômica.
O passo seguinte foi a escolha do objeto. Inicialmente, o grupo estava
indeciso entre montar uma fábrica de manilhas de concreto ou uma
panificadora. A opção por fabricar manilhas de concreto vinha do
próprio histórico do grupo. Como essas pessoas haviam sido
transferidas de sua residência para um lugar onde não havia a mínima
infra-estrutura, o tema construção civil estava muito forte na cabeça
desses trabalhadores.
142
Além disso, dado o fato de que o município possui pouca infra-
estrutura, sem a mínima condição de saneamento básico, o grupo julgava
que a prefeitura pudesse contratar os serviços da então cooperativa de
fabricação de manilhas de concreto para canalizar a rede de esgoto da
cidade.
No entanto, esse objeto pensado pelo grupo tinha dois problemas
estruturais e outros de natureza secundária: primeiro, exigia uma infra-
estrutura muito grande para que se pudessem iniciar as atividades, e o
grupo não dispunha das condições financeiras de investir na fábrica e
iniciar as atividades; segundo, mesmo que o grupo conseguisse instalar
a fábrica, a prefeitura do município não poderia contratá-los sem
processo licitatório. O grupo poderia perder a licitação e estaria assim
impossibilitado de fazer os serviços para a prefeitura. Quanto aos
problemas secundários, referem-se à concorrência com outros
empreendimentos que estão há muito tempo no mercado, e dificilmente
conseguiriam superar esse problema. Inúmeros outros obstáculos
poderiam ser citados quanto à escolha de tal objeto. A equipe alertou-
os sobre esses prováveis empecilhos.
O segundo objeto pensado pelo grupo, e que foi acatado pela maioria,
foi a panificação. Como a maioria era composta por mulheres que já
faziam alimentos para vender e complementar a renda da família, já
havia experiência prévia.
Além disso, dados do POF do IBGE mostram que as pessoas gastam
a maior parte do seu rendimento com alimentação. Segundo esses dados,
em Curitiba, uma pessoa consome em média 24,75 kg de panificados
por ano. (IBGE, 2005). Outro dado que foi decisivo para o grupo é que
na localidade não havia nenhuma panificadora, e as pessoas da região
tinham que andar muito para comprar pão.
Todo o processo de elaboração do projeto de viabilidade econômica
se deu, então, em torno da panificação, objeto escolhido pelo grupo em
função de muitas vantagens.
A aplicação do questionário também ocorreu sem grandes dificuldades.
As pessoas estavam muito interessadas não só em constituir o
143
empreendimento para geração de trabalho e renda, mas também queriam
muito aprender sobre economia solidária, cooperativismo e gestão do
empreendimento.
Passada a primeira fase de aplicação do questionário, relativo a todas
as questões as quais o grupo tinha condições de responder, a segunda
parte consistia em o grupo buscar as informações necessárias para poder
completar o questionário e ver se o projeto seria ou não viável. O grupo
dividiu as tarefas. Enquanto algumas pessoas buscariam informações
sobre o preço do produto no mercado, outros pesquisariam sobre a infra-
estrutura necessária e os custos, e outros fariam a pesquisa de demanda.
Quanto à pesquisa de demanda, o grupo todo elaborou um
questionário a ser aplicado nos domicílios da região. Esse questionário,
cruzado com os dados da POF, disponíveis na internet, resultaram na
pesquisa de mercado e conclusão de qual seria o produto objeto da
futura cooperativa de panificação.
No encontro da semana seguinte, o grupo não tinha encontrado todos
os dados necessários. Os que estavam já disponíveis eram aqueles sobre
os custos de matéria-prima. Com esses dados, trabalhou-se com o grupo
os cálculos necessários, como os custos fixos, custos variáveis, ponto
de equilíbrio etc. Dessa forma, o grupo pôde visualizar qual seria a
quantidade mínima a ser vendida para que se cobrissem todos os custos
e que os futuros cooperados pudessem prever uma remuneração mínima.
Uma semana depois, já havia condições de completar todo o
questionário, pois os dados de mercado já estavam em mãos. O trabalho
foi de análise e reflexão dos dados conseguidos com a pesquisa de campo
cruzando-os com aqueles que a equipe conseguiu pesquisando na
internet.
Chegando à conclusão de que o objeto escolhido pelo grupo seria
viável economicamente, houve mais um trabalho de reflexão coletiva
acerca de como conseguir os recursos que garantissem a estrutura mínima.
O grupo ressaltou que o prefeito da cidade havia se comprometido a
ceder o espaço onde seria instalada a panificadora. Os equipamentos
144
viriam de um projeto de financiamento a fundo perdido do governo
federal, vinculado ao Programa Fome Zero, o qual doava até então R$
10 mil em equipamentos para alimentação. A contrapartida do grupo
seria a aquisição dos materiais de construção e a construção do local.
O processo como um todo ocorreu sem grandes dificuldades, mas
quatro fatores foram determinantes para que o trabalho de elaboração
do projeto de viabilidade econômica fosse possível: primeiro, havia
interesse em aprender e em constituir um empreendimento; segundo,
quando a equipe econômica foi trabalhar essa questão, o grupo já havia
recebido consistente formação prévia em economia solidária e
cooperativismo; terceiro, o grupo havia escolhido um objeto viável; e
quarto, havia uma metodologia elaborada pela equipe econômica da
ITCP-UFPR, baseada em três anos de experiência com grupos populares,
que resultou no questionário aplicado. Esses quatro fatores, juntos,
contribuíram para o sucesso da mobilização.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os empreendimentos de economia solidária surgem como alternativa
à exclusão social gerada pelo capitalismo. Por isso mesmo, propõem
uma forma diferente de trabalhar, de gerir os empreendimentos e tomar
decisões. Contudo essas iniciativas sofrem de crônica falta de capital,
além da falta de qualificação dos trabalhadores. Diante desse problema,
a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade
Federal do Paraná desenvolveu metodologia para a elaboração de
projetos de viabilidade econômica para esses empreendimentos.
O projeto deve ser elaborado juntamente com os trabalhadores, pois
são os associados os principais interessados. A metodologia de
elaboração desses projetos de viabilidade consiste em aplicação de um
questionário, em que os trabalhadores não conseguirão responder por
completo no primeiro encontro, pois necessitarão buscar dados que serão
utilizados em posteriores encontros entre a equipe e o grupo. Os cálculos
deverão ser feitos juntamente com o grupo, a partir dos dados coletados.
Esse trabalho constitui, simultaneamente, o processo de elaboração de
145
um projeto de viabilidade econômica, mas também, principalmente, o
processo de formação do grupo em questões gerenciais e financeiras.
A equipe deve também elaborar com o grupo estratégias de como
adquirir os equipamentos necessários para o início das atividades do
empreendimento. Essas estratégias devem estar baseadas nas principais
fontes de financiamento, principalmente aquelas a fundo perdido.
O projeto de viabilidade econômica deve ser ao mesmo tempo uma
atividade técnica e de capacitação dos trabalhadores em questões de
economia, contabilidade e administração, sempre voltado para o objeto
do grupo, e para a capacidade de gerar trabalho e renda de forma
sustentável ao longo do tempo. Trabalhar a capacitação com questões
referentes à realidade do grupo contribui para o processo de formação
consistente.
Essa metodologia pode ser aplicada tanto para grupos que já tenham
um objeto definido quanto para grupos que não o tenham. No primeiro
caso, ultrapassa-se a etapa mais importante, sem a qual é impossível a
realização desse trabalho. As etapas definidas não são rígidas, e a
metodologia deve ser flexível, pois cada grupo tem as suas
especificidades.
Na comunidade de Contenda, o processo como um todo ocorreu sem
grandes dificuldades, mas quatro fatores foram determinantes para que o
trabalho de elaboração do projeto de viabilidade econômica fosse possível:
primeiro, havia interesse do grupo em aprender e em constituir um
empreendimento; segundo, quando a equipe econômica foi discutir essa
questão, o grupo já havia recebido uma consistente formação prévia em
economia solidária e cooperativismo; terceiro, o grupo havia escolhido
um objeto viável; e quarto, havia uma metodologia elaborada pela equipe
econômica da ITCP-UFPR, baseada em três anos de experiência com
grupos populares, que resultou no questionário aplicado. Esses quatro
fatores, juntos, contribuíram para o sucesso do trabalho.
É, portanto, imprescindível que esses quatro elementos estejam
presentes quando se pretende elaborar um projeto de viabilidade
econômica com um grupo popular.
146
7. REFERÊNCIAS
CULTI, M. N. O cooperativismo popular no Brasil: importância e
representatividade. In: Tercer congreso europeo de latinoamericanistas. Anais.
Amterdam, 2002. Disponível em: <http://www.ecosol.org.br> Acesso
em: 23 ago. 2005.
GERMER, C. M. A Economia Solidária: uma crítica com base em Marx.
In: Colóquio de marx e engels. IV. Anais. Campinas: Cemarx-Unicamp, 2005.
IASKIO, E. L. S. A economia solidária e a concorrência capitalista. In:
Encontro internacional de economia solidária: educação, política e integração na
América Latina. IV. Anais. São Paulo: Nesol USP, 2006.
IGBE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de
Orçamento Familiar – POF. IBGE, 2005. Disponível em: <http://
www.ibge.gov.br> Acesso em 14 jul. 2005.
MOGILKA, M. Educação popular, subjetividade e intervenção
democrática. In: Ágere: Rev. de Educação e Cultura. V. 6. Salvador: UFBA,
2002.
SINGER, P. É possível levar o desenvolvimento a comunidades pobres?
Brasília, 2004. Disponível em: <http://www.mte.gov.br> Acesso em
15 out. 2004.
147
8. ANEXOS
ANEXO 1: Questionário utilizado pela ITCP-UFPR para a elaboração de
projetos de viabilidade econômica junto a empreendimentos de economia
solidária
VIABILIDADE ECONÔMICA – ROTEIRO
PARTE I: DESEJOS DO GRUPO
1. O que o grupo deseja fazer?
1.1. O grupo já produz algo?
1.2. Por quê fazer?
1.3. Qual a identificação do grupo com o objeto?
1.4. Qual o diferencial do produto? Por quê as pessoas comprarão
produtos da cooperativa?
1.5. O que dará à cooperativa condições para concorrer?
2. Dos itens apresentados, quais o grupo sabe fazer?
2.1. Precisa de qualificação?
2.2. Quanto tempo se levará até que o grupo tenha essa qualificação?
2.3. Quanto se investirá na qualificação do grupo?
PARTE II: O MERCADO
1. Para quem vender?
2. O produto é fácil de vender?
3. Quanto custa esse produto no mercado?
4. Existem similares? Se existem, quais os preços?
5. Existem concorrentes?
148
6. Que quantidade o grupo precisará vender?
7. O grupo conseguirá vender essa quantidade?
PARTE III: O PRODUTO
1. É possível encontrar a matéria-prima facilmente?
1.1. Ela é cara e/ou encontra-se muito longe?
2. Quem e quantos são os fornecedores principais de matéria-
prima?
3. Quais os materiais utilizados na produção?
4. Quais serão os custos com matéria-prima?
5. Como é o processo de produção?
5.1. Descrição completa de como se dá a produção (etapas, máquinas,
processos etc.)
6. Equipamentos necessários
6.1. Que equipamentos o grupo já possui?
6.2. Que equipamentos o grupo precisa adquirir?
6.3. Qual o preço desses equipamentos?
6.4. Como o grupo pensa em adquirir esses equipamentos?
(financiamento, compra, doação etc.)
PARTE IV: INFRA-ESTRUTURA
1. Localização
1.1. O local onde se dará a produção é próprio?
1.2. Como o grupo pretende adquirir o espaço para a produção?
1.3. O local é longe de onde se dará a comercialização?
2. Transporte
2.1. Como será o transporte dos produtos e das matérias-primas?
(veículo próprio ou fretes).
2.2. O grupo já possui ou pretende possuir algum veículo?
149
3. Estrutura para produção
3.1. Quais os equipamentos e ferramentas necessários para iniciar
a produção?
PARTE V: PARCERIAS
1. Existe alguma instituição que ajuda o grupo de alguma
forma? Que tipo de ajuda essas instituições prestam?
2. Que instituições podem ajudar? Descreva como, por quanto
tempo, que tipo de relação se deseja atingir e se existe
contrato.
PARTE VI: FINANCIAMENTO MÍNIMO
1. Qual o financiamento mínimo para a cooperativa iniciar a
sua produção?
2. Em quantas etapas esse dinheiro entrará na cooperativa?
3. Quem financiará?
PARTE VII: CUSTOS E PONTOS DE EQUILÍBRIO
1. Quais os custos de produção da cooperativa? (fixos e
variáveis)
2. Qual a remuneração mínima esperada pelos cooperados?
3. Quanto a cooperativa precisará vender para cobrir os custos
e proporcionar aos cooperados a remuneração desejada?
PARTE VIII: CONCLUSÕES
De acordo com os dados, será possível a cooperativa existir?
CATEGORIA INTEGRAÇÃO
Menção honrosa
Nome do trabalho: “Prevención y control de patologías apícolas mediante
sustancias naturales, herramienta útil de pequeños productores”
Autores: Sandra Rosa Fuselli, argentina residente na Argentina
Susana Beatriz Garcia de la Rosa, argentina residente na Argentina
Martin Javier Eguaras, argentino residente na Argentina
Rosália Fritz, argentina residente na Argentina
Judith Principal, venezuelana residente na Venezuela
Carlos José Barrios Suarez, venezuelano residente na Venezuela
153
PREVENCIÓN Y CONTROL DE PATOLOGÍAS
APÍCOLAS MEDIANTE SUSTANCIAS
NATURALES, HERRAMIENTA ÚTIL DE
PEQUEÑOS PRODUCTORES
1. RESUMEN
Con el fin de proveer al sector apícola de herramientas útiles para la
prevención y control de enfermedades de la colmena, se llevó a cabo la
evaluación del efecto antibacteriano in vitro de 29 aceites esenciales
frente a cepas de Paenibacillus larvae, agente causal de Loque Americana.
Se determinó la concentración inhibitoria mínima (CIM) por la técnica
de microdilución en caldo y la concentración bactericida mínima (CBM)
en agar MYPGP. Los resultados de la inhibición in vitro indicaron
diferencias altamente significativas entre los aceites esenciales testeados
(P< 0,01) y un efecto antibacteriano de los aceites esenciales de canela
(Cinnamomun zeylanicum) y tomillo de campo (Acantholiphia seriphioides)
significativamente diferente al resto de los aceites esenciales empleados
en este estudio (P< 0,01). Sus principales componentes químicos,
identificados y caracterizados mediante CG-EM, fueron el aldehído
cinámico (67,8%) y el eugenol (4,7%) para el aceite de canela y el timol
(29,2%) y el carvacrol (23,3%) para el aceite de tomillo de campo.
Los valores promedio más bajos de CIM y CBM obtenidos fueron
100 mgL
-1
y 200-250 mgL
-1
para canela y de 200 mgL
-1
y 267-300 mgL
-1
para el tomillo de campo, respectivamente. Los aceites esenciales
restantes registraron valores promedio de CIM y CBM mayores. Los
aceites esenciales de canela y tomillo de campo que presentaron la mayor
154
actividad antimicrobiana frente a P. larvae fueron aplicados en ensayos
in vivo. Ambos aceites resultaron exitosos en las pruebas de campo y se
catalogan como productos «no tóxicos» para las abejas, pudiendo ser
incorporados en un programa de manejo integrado de las colonias de
abejas melíferas. Los aceites esenciales son sustancias naturales,
económicas y de fácil obtención que evitarían la aplicación de productos
de síntesis en el tratamiento de diferentes patologías apícolas.
2. INTRODUCCIÓN
La apicultura es una excelente herramienta para mejorar las
condiciones de vida de familias de bajos recursos. Actualmente se utiliza
para auxiliar a aquellos jefes de familia desocupados y/o subocupados
maximizando sus beneficios mediante la formación de consorcios
productivos, integrados por los miembros de cuatro a seis familias, que
pueden vivir de la rentabilidad generada por sus pequeñas empresas.
Por otra parte, la apicultura es una actividad complementaria tanto para
pequeños productores rurales como para pobladores urbanos del interior
del país que encuentran en la producción de miel y subproductos una
opción interesante para elevar sus niveles de ingresos.
En este contexto, es importante lograr un adecuado control de las
enfermedades que afectan a las colonias de abejas en base a diferentes
técnicas de manejo y a sustancias no contaminantes de fácil acceso. La
obtención de mieles sin contaminantes hace que no existan limitantes
en el mercado mundial para su exportación. Argentina ocupa el tercer
lugar como país exportador de miel con una participación de más del
6,7% del mercado mundial, representando 93.000 toneladas anuales.
Más del 90% de este volumen de miel se exporta a terceros países para
su consumo. Por otra parte, Venezuela, si bien es un país tropical que
posee más de 400.000 km
2
aptos para la apicultura, no se autoabastece
en miel, razón por la cual debe adquirirla en el mercado externo para
satisfacer su demanda, importando más de 460 toneladas/año,
principalmente de México, Cuba y Canadá, representando cerca del 50%
del consumo local. Este país tiene un elevado potencial de crecimiento
155
en cuanto a la comercialización de miel y a la expansión de la apicultura
regional. En los últimos años los países compradores han impuesto
controles cada vez más estrictos sobre residuos en distintos productos
alimenticios, por lo que la miel orgánica, libre de contaminantes,
adquiere un mayor valor de comercialización.
El empleo de la quimioterapia es el método más difundido en la
Argentina y en el resto del mundo para el control de diferentes patologías
que afectan a las abejas melíferas tales como Loque Europea, Loque
Americana, Acariosis, cría yesificada (Ascosferosis), Nosemosis etc.
Actualmente los grandes productores mundiales efectúan el control
del ácaro Varroa destructor y de Loque Americana, las dos patologías de
mayor importancia en base a antibióticos y/o piretroides con registros
comerciales, mientras que los pequeños productores efectúan la cura
de estas enfermedades con formulaciones caseras y económicas,
realizadas en forma artesanal.
Las sustancias quimioterapéuticas dejan residuos en la miel y por
ser liposolubles se acumulan en las ceras, inclusive aún cuando los
apicultores hacen uso de ellos de la manera recomendada. La presencia
de residuos de estas sustancias fundamentalmente en la miel implica
una reducción de la calidad, riesgo para su consumo y dificultad para
su ubicación como producto comercial. Por lo tanto, es importante
encontrar técnicas terapéuticas alternativas donde los tratamientos no
sólo sean eficaces sino también inocuos y rentables.
Los compuestos naturales ofrecen una alternativa deseable para el
control de las diversas patologías que afectan a las colmenas de abejas,
dado que tienen baja toxicidad en mamíferos, poco efecto sobre el medio
ambiente y amplia aceptación pública. Los aceites esenciales de muchas
plantas son conocidos por exhibir una significativa acción antimicrobiana
contra un amplio espectro de microorganismos. El aceite de clavo de
olor (Sysygium aromaticum D.) ha presentado efectividad para inhibir el
crecimiento de muchas bacterias Gram-negativas (Farag y col., 1989ab),
diversos hongos micotoxigénicos y especies de Penicillium (Arrouz y
Bullerman, 1982) así como esporas de Clostridium botulinum (Ismaiel y
156
Pierson, 1990). El aceite esencial de Chrysanthemun indicum presenta
una significativa actividad antimicrobiana frente a 15 microorganismos,
observándose una variación en el porcentaje de sus componentes de
acuerdo al procesamiento de las muestras (Shunying y col., 2005). El
timol, principal principio activo del aceite de tomillo, mostró efectividad
contra Clostridium botulinum (Ismaiel y Pierson, 1990). Los aceites
esenciales de orégano de las especies Origanum vulgare L. spp hirtum,
Origanum dictamnus y un aceite comercial de orégano mostraron un alto
contenido de carvacrol, timol, ϕ-terpenos y p-cimeno, además de exhibir
un alto efecto inhibidor contra bacterias Gram positivas y Gram
negativas (Sivropoulou y col., 1996). Se ha demostrado en ensayos
previos in vitro que algunos aceites esenciales obtenidos de plantas
aromáticas poseen actividad antimicrobiana contra distintas cepas de
Paenibacillus larvae (Floris y Carta, 1990; Calderone y col., 1994; Alippi
y col., 1996, 2001; Floris y col., 1996; Bazzoni y Floris, 1999, Fuselli y
col., 2005) como así también propiedades acaricidas (Eguaras y col.,
2003).
El objetivo del presente trabajo es evaluar y comparar por medio de
ensayos in vitro e in vivo la actividad antimicrobiana de diferentes aceites
esenciales frente a Paenibacillus larvae, agente causal de Loque Americana,
para dotar al sector apícola de herramientas útiles en el control de
enfermedades de la colmena con sustancias naturales, de elaboración
artesanal y económica, evitando así la aplicación de productos de síntesis
en el tratamiento de las colonias de abejas melíferas. La aplicación de
resultados concretos impacta en un problema real y en una esfera social
focalizada en familias y apicultores de escasos recursos.
3. MATERIALES Y MÉTODOS
Aceites esenciales empleados
Los aceites esenciales utilizados en este estudio fueron: salvia (Salvia
officinalis L.); orégano (Origanum vulgare L.); ajenjo (Artemisia absinthium
L.); ruda (Ruta graveolens L.); manzanilla (Tagetes minuta L.); muña-muña
157
(Satureja odora (Griseb) Epl.); verbena (Verbena officinalis L.); salvia blanca
(Lepechinia floribunda (Benth.) Epl.); menta japonesa (Mentha arvensis
L.); aguaribay (Schinus molle areira L.); romerillo (Hetherothalamus alienus
(Spreng.) O. Kze.); peperina (Minthosthacchis mollis Griseb); ajenjo
(Artemisia annua L.); poleo (Lippia turbinata Griseb); sunchillo (Wedelia
glauca (Ort.) Hoff.); té de burro (Aloysia polystachya (Gris.) Mold); romero
(Rosmarinus officinalis L.); lavandín (Híbrido entre Lavandula officinalis y
L. tatifolia), tomillo de campo (Acantholiphia seriphioides (A. Grey)) y
menta (Mentha piperita L.) extraídos de especias o hierbas provenientes
de distintas regiones de Argentina (provincias de San Luis, Córdoba,
Neuquén y Buenos Aires) mediante el método de destilación por arrastre
con vapor según Aldicara (1976). Además, se utilizaron aceites
esenciales obtenidos comercialmente, tales como: Palmarosa (Cymbopogon
martín Staph.) y citronela (Cymbopogon nardus L. Rendle) provenientes
de Shambhala (India); pomelo (Citrus paradisi Mac fad.) de Israel, árbol
del té (Melaleuca alternifolia Cheel.) de Australia; niaulí (Melaleuca
viridiflora Soland) de Indonesia; naranja dulce (Citrus sinensis L. Osbeck),
mandarina (Citrus nobilis) y limón (Citrus limon L. Burman f.) de Salamita
(Italia) y canela (Cinnamomun zeylanicum Ness.) proveniente de Ceilán,
constituyendo en total 29 aceites esenciales analizados.
Identificación y caracterización de los aceites esenciales
La identificación y caracterización química de los 29 aceites esenciales
se efectuó mediante cromatografía gaseosa (CG) y espectrometría de masas
(EM) en el Departamento de Ciencia de los Alimentos, Alma Mater
Studiorum, Universidad de Bolonia, Bolonia, Italia. Adicionalmente se
realizaron microextracciones en fase sólida (Solid Phase Microextraction:
SPME) para muestrear el espacio de cabeza.
Los análisis de CG-EM fueron llevados a cabo con el equipo Agilent
6890 (Agilent Technologies, Palo Alto, CA) acoplado a un detector
selectivo de masa Agilent 5973. El espectrómetro de masa se hizo
funcionar con un voltaje de ionización de 70 eV. Se utilizó una columna
capilar (Chrompack CP- Wax 52 CB) de 50 m de longitud y 0,32 mm de
158
diámetro interno y 1,2 μm de diámetro de film (Chrompack, Middelburg,
Holanda). Las condiciones de corrida fueron las siguientes: se empleó un
programa de temperatura, iniciándose el proceso a 50 ºC durante un
minuto, luego se incrementó la temperatura a razón de 1 ºC/min hasta
65 ºC y seguidamente hasta 220 ºC a razón de 5 ºC/min. El inyector y
detector se mantuvieron a 250 ºC, la relación de reparto fue de 1:20 y la
presión en la cabeza de la columna fue de 14 psi. El gas de corrida:
helio (1 mL/min), el volumen de inyección: 2 μL y el tiempo de corrida: 60 min.
Se realizó una microextracción en fase sólida (SPME) para testear los
componentes volátiles de cada aceite esencial. La SPME es una metodología
simple y eficiente que no utiliza solventes simplificando así el procedimiento
de preparación de las muestras, siendo ideal para acoplarse con un
espectrómetro de masas (EM). Esta técnica puede ser rutinariamente utilizada
en combinación con la cromatografía gaseosa, con la cromatografía líquida
de alta performance (HPLC) y con la electroforesis capilar, proveyendo una
detección eficiente y resultados precisos (Vas y Vékey, 2004).
Se utilizó una fibra de microextracción construida con una cubierta
de adsorción/desorción de poli(dimetilsiloxano)/divinilbenceno
(PDMS/DVB) de 1 cm de longitud y 65 μm de ancho capaz de contener
un volumen de 0,357 mL, con un soporte manual SPME (Supelco Inc.,
Bellefonte, PA). Antes de efectuar la corrida de cada uno de los aceites
esenciales empleados en este estudio, la fibra fue expuesta a 250 °C por
cinco minutos para su desorción como corrida blanco y fue
acondicionada a 250 ºC durante 0,5-1 hora, siguiendo el mismo
procedimiento realizado por Song y col., 1998.
50 μL de aceite esencial se colocaron en vials de 2 mL sellados con
tapa PTFE/silicona. La muestra fue luego equilibrada por 15 minutos
a 45-50 °C para facilitar el desprendimiento de las moléculas volátiles
que componen el aceite.
La fibra de microextracción de fase sólida fue insertada manualmente
dentro del inyector del CG por cinco minutos penetrando el septo para
la desorción de la muestra. Las condiciones de corrida fueron las mismas
que se describieron anteriormente.
159
Los componentes fueron identificados utilizando el manual Mass
Spectral Database, Standard Reference Database del National Institute of
Standards and Technology – United States Environmental Protection Agency –
National Institute of Health (1998) y Registry of Mass Spectral Data (Wiley,
1998), basándose en su tiempo de retención relativa y en el espectro de
masa de los componentes del aceite en comparación con aquellos
obtenidos con muestras auténticas y espectros de masa registrados en
la librería de datos. Los resultados de las corridas de cada uno de los
aceites esenciales se expresan como porcentaje de área de cada pico
con respecto al área total de los picos. La determinación de la
composición química de cada uno de los aceites utilizados en este
estudio fue efectuada por duplicado.
Aislamientos e identificación de las cepas bacterianas
Se prepararon cultivos puros y frescos de P. larvae obtenidos desde
larvas, escamas o miel de colmenas con síntomas de Loque americana
de Argentina e Italia. El microorganismo se aisló en agar MYPGP (caldo
Müeller Hinton-extracto de levadura-glucosa-piruvato de sodio,
PO
4
HK
2
) con el agregado de 9 μg mL
-1
de ácido nalidíxico incubando a
36 ± 0,5 ºC durante 48-72 horas en microaerofilia (Dingman y Stahly,
1983). El extracto de levadura, obtenido por extracción acuosa de
levadura de cerveza autolisada, ofrece excelentes condiciones de
crecimiento, por su elevado contenido en vitaminas. El caldo según
Müeller y Hinton (1941) mejora de forma considerable el crecimiento
de microorganismos exigentes (Merck, 1994). Se utiliza para ensayos
de sensiblidad o resistencia de microorganismos patógenos frente a
agentes antimicrobianos. El piruvato de sodio, posee un efecto
estimulante para el crecimiento, activando el metabolismo de las
bacterias y el fostato dipotásico para ajustar el pH a 7. La pureza del
cultivo fue chequeada por inoculación en agar MYPGP.
Las cepas de P. larvae a testear se repicaron en caldo infusión cerebro-
corazón fortificado con 0,1 mgL
-1
de clorhidrato de tiamina
(Vit. B1) (pH: 6,6 con HCl) (CCC/T) y se incubaron 48 horas en microaerofilia
160
a 36 ± 0,5 ºC para obtener el cultivo en fase exponencial de crecimiento.
A partir de este cultivo se preparó el inóculo o suspensión bacteriana
con una densidad de 10
7
-10
8
células/mL (FDA, 1998), correspondiendo
esta concentración a una absorbancia de 0,259 a 620 nm medida
con un espectrofotómetro UV-visible (Shimadzu, UV-2101 PC,
UV-VIS Scanning spectrophotometer, USA).
Se emplearon cepas bacterianas de referencia tales como Escherichia
coli ATCC 29922, Salmonella typhimurium ATCC 13311 y Bacillus cereus
ATCC 14579, procedentes del laboratorio de microbiología
(DIPROVAL) de Bolonia (Italia), a fin de validar la técnica utilizada.
Se utilizó la metodología de acuerdo a estándares internacionales según
NCCLS (1999) para estas especies bacterianas de referencia, con la
única diferencia de que el medio basal utilizado fue el caldo infusión
cerebro-corazón suplementado con tiamina (CCC/T).
Determinación de la actividad antimicrobiana (CIM y CBM)
La eficacia de la acción antimicrobiana in vitro de cada aceite esencial
utilizado en este estudio fue evaluada mediante la determinación de la
concentración inhibitoria mínima (CIM) y la concentración bactericida
mínima (CBM), frente a cepas de P. larvae. Se define como CIM a la
mínima concentración del agente antimicrobiano capaz de inhibir in vitro
al 90% del microorganismo o microorganismos en estudio (Lenette y col.,
1987) y como CBM a la mínima concentración de antimicrobiano capaz
de reducir el 99% de la población microbiana (García Damiano, 1991).
La determinación de la concentración inhibitoria mínima de los 29
aceites esenciales empleados frente a cada una de las cepas de P. larvae
testeadas se efectuó mediante el método de microdilución en caldo.
Este método se basa en la determinación del crecimiento del
microorganismo en presencia de concentraciones decrecientes del
antimicrobiano diluído en el medio de cultivo (Canton y col., 2000). La
NCCLS no presenta recomendaciones con respecto a la determinación
de la CIM para P. larvae (NCCLS, 1999), por esta razón se utilizó caldo
infusión cerebro-corazón (Britania, Laboratorios Britania S. A.,
161
Argentina) suplementado con 0,1 mgL
-1
de clorhidrato de tiamina
(vitamina B
1
) (Shimanuki y Knox, 1991), dado que esta bacteria crece
con dificultad en caldo Müller-Hinton. A fin de efectuar el método de
microdilución en caldo, se procedió como se detalla a continuación:
Se utilizaron microplacas de 96 microcubetas (Greiner
labortechnik, Germany). A cada microcubeta de la microplaca se
le adicionó 100 μL de caldo infusión cerebro-corazón
suplementado con clorhidrato de tiamina (CCC/T).
A su vez, se prepararon ocho soluciones stock (identificadas como:
SS1, SS2, SS3, SS4, SS5, SS6, SS7 y SS8) para cada uno de los
aceites esenciales testeados, con las siguientes concentraciones
iniciales: 5.200 μg mL
-1
(SS1), 4.400 μg mL
-1
(SS2), 3.600 μg mL
-1
(SS3),
3.200 μg mL
-1
(SS4), 3.000 μg mL
-1
(SS5), 2.800 μg mL
-1
(SS6),
2.400 μg mL
-1
(SS7) y 2.000 μg mL
-1
(SS8), respectivamente. Cada
solución stock se preparó emulsionando el aceite esencial ensayado
con propilenglicol (1-2 propanodiol) (The Merck Index, 1996) al
5 % vv
-1
en agua destilada estéril.
Posteriormente, a la primera microcubeta de la serie, que contenía
el caldo específico (CCC/T) para el crecimiento de P. larvae, se le
agregó 100 μL de la solución stock del aceite esencial a testear.
Se procedió a realizar diluciones seriadas al medio (1:2) pasando
100 μL de una microcubeta a otra, desde la primera a la décima
microcubeta, obteniendo, de acuerdo a esta metodología
concentraciones decrecientes del aceite esencial ensayado.
Además, se incluyeron controles de: crecimiento correspondiente
a la microcubeta número 11 (CCC/T + suspensión bacteriana) y
la microcubeta número 12 que correspondió al control de
esterilidad del medio (CCC/T). También, se determinó en paralelo
la CIM de la oxitetraciclina a fin de controlar la sensibilidad frente
a antimicrobianos del microorganismo testeado.
Finalmente, 100 μL de la suspensión bacteriana de la cepa de
P. larvae a testear fue incorporada a la serie de diluciones del aceite
esencial utilizado (microcubeta número 1 a 11). Las microplacas fueron
162
incubadas en microaerofilia a 36 ± 0,5 ºC por 48 horas. Luego, se
procedió a la lectura de los resultados mediante la observación de
cada una de las microcubetas, visualizando el fondo sobre un lector
con espejo. La primera microcubeta libre de turbidez se consideró
como la concentración inhibitoria mínima (CIM). Se efectuaron seis
réplicas de la determinación de la CIM de cada aceite esencial ensayado
para cada una de las cepas analizadas.
Una vez determinada la CIM de cada aceite esencial se procedió
a determinar la CBM, transfiriendo 100 μL desde cada una de las
microcubetas negativas (aquellas donde no se visualizó turbidez) a
un medio sólido específico, agar MYPGP (Dingman y Stahly, 1983).
Las placas fueron incubadas en microaerofilia a 36 ± 0,5 °C durante
48-72 horas a fin de determinar la concentración bactericida mínima
(CBM). La CBM correspondió a la última concentración del agente
antimicrobiano para la cual no se observó desarrollo de colonias
sobre la placa. Se efectuaron seis réplicas de la determinación de la
CBM.
Los resultados obtenidos de la CIM y CBM de los 29 aceites
esenciales frente a cepas de P. larvae procedentes de Argentina e Italia,
fueron comparativamente analizados mediante un ANOVA de doble
clasificación (Statsoft, 2001). Mediante dicho análisis se evaluó la
existencia de diferencias entre cepas bacterianas, de diferencias entre
la actividad de los aceites esenciales, así como la interacción de las
cepas bacterianas y los aceites esenciales utilizados. El análisis de la
varianza (ANOVA) testeó como hipótesis nula (H
0
) la existencia de
una igualdad de respuesta de acción entre las cepas bacterianas de
P. larvae frente a los distintos aceites esenciales, acción reflejada en
los valores de CIM y CBM obtenidos. Como segunda hipótesis nula
(H
2
), se testeó la existencia de una igualdad entre la acción de los
diferentes aceites y la posible interacción entre las cepas bacterianas
y los aceites. Dado los resultados obtenidos a partir del ANOVA, se
utilizó el método comparativo de medias de Tukey a fin de detectar
las diferencias entre los aceites esenciales empleados.
163
Pruebas de campo
Se efectuaron los ensayos de campo en Argentina y Venezuela sobre
el ecotipo de abeja local y con las condiciones climáticas de la región,
que son dos de los factores que inciden en la eficacia en campo de las
formulaciones basadas en aceites esenciales. Se eligieron para su
aplicación sobre las colonias de abejas los aceites esenciales que
presentaron mayor actividad antimicrobiana frente a P. larvae.
Previo al tratamiento de las colonias se efectuó una evaluación de
la concentración letal media (CL
50
) de cada aceite esencial
seleccionado. La concentración letal media (CL
50
) se define como la
concentración a la cual muere el 50% de los individuos expuestos a
un agente antimicrobiano y fue determinada según la metodología
detallada por Lindberg y col. (2000). Los tratamientos se llevaron a
cabo en cápsulas de Petri (60 x 20 mm) mediante una exposición
completa de las abejas al aceite. La exposición completa consiste en
el contacto directo del aceite en solución con los tejidos de las abejas,
su exposición a los vapores y su ingesta por vía oral. El aceite esencial
utilizado fue diluido en etanol a fin de obtener concentraciones entre
0,5 y 25 μg mL
-1
. Un ml de cada solución fue aplicada en el fondo de
cada cápsula de Petri mediante rociado y cinco abejas adultas sin
diferenciación de edad fueron utilizadas en cada caso. A cada placa,
además, se le incorporó un recipiente con «candi» para la alimentación
de las abejas durante toda la experiencia. Posteriormente, se contó el
número de abejas muertas por cápsula a las 24, 48 y 72 horas de
tratamiento. Se efectúo un tratamiento control del solvente, sin el
agregado de aceite. Cada una de las dosis del aceite y el control se
evaluaron por quintuplicado. A partir de la cuantificación de la
mortalidad de abejas luego de la exposición al aceite esencial durante
24, 48 y 72 horas de tratamiento y de los valores promedios de la
concentración inhibitoria mínima (CIM) obtenidos in vitro se calculó
el índice de selección (IS) de los aceites frente a P. larvae como
CL
50
de abejas/ MIC de P. larvae (método modificado de Lindberg
y col. 2000). Este índice es utilizado como un factor de seguridad a la
hora de aplicar el aceite esencial en la formulación de campo.
164
Para realizar los bioensayos in vivo, veinte días antes de comenzar la
aplicación de los aceites, se prepararon las colmenas utilizando 20
núcleos de abejas estandarizados en cinco-seis cuadros (cría operculada,
cría abierta y reservas). Las colonias de las cuales se extrajeron los
cuadros para la formación de los núcleos no habían sido tratadas con
antibióticos por el término de 12 meses previo al ensayo. Las reinas se
marcaron para ser reconocidas. Cada núcleo se infectó artificialmente
con 50 escamas de Loque americana por cuadro, colocadas en un trozo
de panal de cría de aproximadamente 5 x 3 cm en posición central en el
cuadro central. Al cabo de tres días, el trozo de panal incorporado fue
modificado en su totalidad por la actividad de las abejas y reconstruido
con cera nueva, dando al cuadro de experimentación características
normales y similares a los restantes cuadros de cría.
Las colonias de abejas se dividieron en cuatro grupos equivalentes
en número, que recibieron los siguientes tratamientos:
El Grupo A recibió el tratamiento convencional con
oxitetraciclina, un antibiótico de uso común en apicultura para
el control de la Loque americana. En total se realizaron tres
aplicaciones a intervalos de 7 días. La dosis total suministrada
fue de 1,2 g de oxitetraciclina por colonia, administrada en tres
partes iguales de 0,4 g. El antibiótico fue suministrado con una
parte igual de azúcar impalpable (0,4 g oxitetraciclina y 0,4 g de
azúcar por cada aplicación).
El Grupo B fue tratado con el aceite esencial de tomillo de
campo (A. seriphiodes) incorporado en solución de jarabe de
azúcar en proporción 2:1 (azúcar/agua). En total se realizaron
dos aplicaciones a intervalos de siete días. Se administraron
semanalmente a cada colonia 250 ml de jarabe con una
concentración de aceite esencial de 800 mgL
-1
.
El Grupo C recibió un tratamiento con aceite esencial de canela
(C. zeylanicum) incorporado en iguales condiciones que el aceite
esencial de tomillo de campo.
El Grupo D no recibió ningún tipo de tratamiento, permitiendo
que la infección se desarrollara sin ningún tipo de control.
165
En cada una de las colonias se realizaron conteos semanales del
número de celdas con larvas infectadas y/o escamas y el número de
celdas con larvas sanas. El primer conteo se realizó a los diez días de la
aplicación de los aceites y se prolongó durante 31 días posteriores a la
infección experimental. En todas las colmenas se colocaron trampas
tipo Gary para contabilizar el número de abejas muertas. Los resultados
obtenidos de esta experiencia fueron comparados entre sí mediante un
ANOVA factorial.
4. RESULTADOS Y DISCUSIÓN
Todas las cepas de P. larvae fueron Gram positivas, catalasa y
Voges-Proskauer negativas. Estos microorganismos produjeron indol
y licuaron la gelatina, pero no hidrolizaron el almidón. Los sustratos
que permitieron diferenciarlas fueron fructuosa (negativa), esculina
(negativa) y D-tagatosa (positivo).
Los resultados del análisis de los principales constituyentes de los
aceites esenciales fueron: α y β-tujona (37.1%), α y γ -terpineno
(40.23%), α-tujona (62.3%), 2-decanona (34.08%), β-ocimeno (73.0%),
pulegona (41.59%), limoneno (45.5%), 1,8-cineol (27.47%), mentol
(33.35%), β-felandreno (34.3%), β-pineno (54.01%), pulegona (52.6%),
artemisia cetona (36.3%), limoneno (45.9%), limoneno (38%), cis-tujona
(79.8%), 1,4-cineol (18.6%) y β-mirceno (17.9%), linalol (44.6%), timol
(26.9%), aldehído cinámico (67.8%), mentol (41.33%), geraniol
(37.39%), citronela (24.61%), limoneno (69.87%), p-cimeno (24.18%),
4-terpineol (29.09%) y limoneno (74.42, 40.22 y 33.9%).
Todas las cepas demostraron tener algún grado de sensibilidad a los
componentes de los aceites esenciales testeados, aunque fueron
inhibidas por componentes volátiles específicos tales como aldehído
cinámico, timol, α-tujona, artemisia cetona y 1,8-cineol correspondiendo
a los aceites esenciales de canela, tomillo de campo, ajenjo (A. absinthium
y A. annua) y salvia blanca que presentaron mayor actividad
antimicrobiana frente a todas las cepas de P. larvae.
166
El Comité Nacional de Estándares Clínicos de Laboratorio no
proporciona un método estándar para determinar la CIM para P. larvae
y tampoco establece límites con respecto a la resistencia de este
microorganismo frente a antibióticos y aceites esenciales (NCCLS,
1999). El caldo infusión cerebro-corazón con el agregado de
tiamina (CCC/T) provee un adecuado crecimiento de P. larvae para
interpretación de la CIM, como así también de Escherichia coli ATCC 29922,
Salmonella typhimurium ATCC 13311 y Bacillus cereus ATCC 14579,
utilizadas en este estudio como cepas de referencia. Los valores
promedios de CIM obtenidos fueron 800 mgL
-1
para E. coli ATCC 29922
y B. cereus ATCC 14579, respectivamente y 750 mgL
-1
para S. typhimurium
ATCC 13311. Aunque los métodos de NCCLS han sido desarrollados
para agentes antimicrobianos convencionales tales como los antibióticos,
los mismos pueden adaptarse y con menores modificaciones ser
utilizados para testear aceites esenciales y extractos de plantas (Carson
y col., 1995).
Los resultados del ANOVA utilizando los valores obtenidos de la
CIM y de la CBM correspondientes a la acción de 29 aceites esenciales
frente a cepas de P. larvae, provenientes de Argentina e Italia, indicaron
que existen diferencias significativas entre la respuesta de las cepas
bacterianas frente a los distintos aceites esenciales testeados, con un
P < 0,05. Se verificó también la existencia de diferencias altamente
significativas entre la acción de los diferentes aceites esenciales con un
P < 0,01 y la no existencia de un efecto aditivo por la interacción entre
cepas y aceites (P > 0,05).
A partir de los resultados del método comparativo de medias de
Tukey podemos confirmar que los aceites esenciales fueron agrupados
de acuerdo a su acción antibacteriana in vitro, conformando grupos
marcadamente diferentes entre sí.
Un primer grupo integrado por los aceites esenciales de palmarosa
(C. martinii), arbol del té (M. alternifolia), limón (C. limon), mandarina
(C. nobilis) y naranja (C. sinensis) con valores promedio de CIM entre
1.067-1.200 mgL
-1
y de CBM entre 1.200-1.400 mgL
-1
, demostraron
167
poseer baja actividad antimicrobiana y cierta similitud en cuanto a
componentes, tales como limoneno y β-mirceno presentes en todos ellos
pero en distinta concentración. El γ -terpineno se encontró en concentración
importante en el aceite esencial de limón, mandarina y árbol del té, pero no
fue hallado en los otros aceites esenciales de este grupo.
Un segundo grupo constituido por 16 aceites esenciales tales como
aguaribay (S. molle areira), lavandín (L. officinalis y L. latifolia), menta
japonesa (M. arvensis), menta (M. piperita), poleo (L. turbinata), ruda
(R. graveolens), orégano (O. vulgare), peperina (M. mollis), manzanilla
(T. minuta), sunchillo (W. glauca), muña-muña (S. odora), romerillo
(H. alienus), salvia (S. officinalis), romero (R. officinalis), té de burro
(A. polystachya) y verbena (V. officinalis) no es significativamente diferente
entre sí con respecto a su actividad antimicrobiana, posiblemente debido
a que los valores promedio de la CIM obtenidos se encontraron entre
700-800 mgL
-1
y los de la CBM entre 800-1.100 mgL
-1
. Este numeroso
grupo de aceites presentó baja actividad antimicrobiana in vitro frente a
P. larvae, pero mayor que los aceites del grupo 1. En lo referente a la
composición, estos aceites mostraron variabilidad en cuanto a algunos
componentes particulares. La mayor similitud fue la presencia de
limoneno en concentraciones relativamente bajas, a excepción del aceite
esencial de verbena y de poleo en los que resultó ser el componente
mayoritario. Fue bastante constante la presencia de α-pineno y
β-mirceno en este grupo de aceites, como así también fue notable la
presencia de cis-tujona (en el aceite esencial de té de burro) y β-pineno
(en el aceite esencial de romerillo) etc.
Un tercer grupo formado por seis aceites esenciales: ajenjo
(A. absinthium), ajenjo (A. annua), salvia blanca (L. floribunda), citronela
(C. nardus), niaouli (M. viridiflora).y pomelo (C. paradisi) con valores
promedio de CIM entre 400-567 mgL
-1
y de CBM entre 400-667 mgL
-1
.
Dichos aceites presentaron una moderada actividad antimicrobiana
frente a P. larvae, posiblemente debido a su similar composición química,
con principios activos tales como α- y β-tujona, alcanfor, α-pineno,
4-terpineol, geraniol, citronelal, artemisia cetona, 1,8-cineol, canfeno y
limoneno. Los principios activos tales como 1,8-cineol, alcanfor y
168
borneol, extraídos de otras especies de salvia han demostrado poseer
capacidad antibacteriana frente a un gran número de bacterias y hongos
(Tepe y col., 2004).
El cuarto y último grupo integrado sólo por dos aceites esenciales,
el aceite esencial de canela (C. zeylanicum) y el tomillo de campo
(A. seriphioides), presentó diferencias altamente significativas en su
respuesta antibacteriana entre sí y con el resto de los aceites esenciales
ensayados. Su efectiva acción antimicrobiana se ve reflejada en los
valores promedio de CIM de 100 mgL
-1
y de CBM entre 200-250 mgL
-1
para el aceite esencial de canela y valores promedio de CIM de
200 mgL
-1
y CBM entre 267-300 mgL
-1
para el aceite esencial de tomillo
de campo, respectivamente. Dicha actividad se atribuye, en ambos
casos, a la existencia de un alto contenido de aldehído cinámico,
α-pineno, eugenol y p-cimeno presentes en el aceite esencial de canela
y al timol, carvacrol y p-cimeno principios activos del aceite esencial
de tomillo de campo.
Ross (1976) y Floris y col. (1996) también identificaron al
cinamaldehído y el eugenol como los componentes más importantes
de C. zeylanicum. Ouattara y col. (1997) demostraron que este aceite
presenta actividad antimicrobiana frente a microorganismos
deteriorantes de la carne, como así también acción antifúngica (Singh
y col., 1995; Montes-Belmont y Carvajal, 1998). Cinnamomun
osmophloeum cuyo principal componente también es el cinamaldehído
demostró poseer actividad antibacteriana frente a distintas bacterias
patógenas (Chang y col., 2001).
Los aceites esenciales ricos en compuestos fenólicos tales como
carvacrol y timol son ampliamente conocidos por poseer altos niveles
de actividad antimicrobiana (Panizi y col., 1993; Sivropoulou y col.,
1996; Aligiannis y col., 2001). Según Ettayebi y col. (2000) el timol
presenta acción inhibitoria frente a Listeria monocytogenes y Bacillus
subtilis. El timol y el cimeno demostraron ser preservantes naturales
frente a Salmonella typhimurium y Staphylococcus aureus (Juven y col.,
1994), mientras que los hongos y bacterias patógenas presentes en
169
alimentos también fueron controlados por estos compuestos (Ultee y
col., 2000; López-Malo y col., 2002). El timol además, es empleado
en preparaciones comerciales (Apilife Var®) para el control de Var roa
destructor (Rickli y col., 1991; Imdorf y col., 1994; Eguaras y col.,
2002). Carvacrol y γ -terpineno, tercer y cuarto componentes en orden
de importancia en el aceite esencial de tomillo de campo, han sido
también identificados por su amplia acción antibacteriana (Baydar y
col., 2004).
A partir de los resultados obtenidos, se confirma que los aceites
esenciales de canela y de tomillo de campo fueron los que presentaron
la mayor actividad antimicrobiana in vitro frente a P. larvae, siendo
por lo tanto seleccionados para determinar su efectividad en las
pruebas de campo.
Los bioensayos in vivo se efectuaron mediante la infección artificial
de las colonias de abejas realizadas 20 días antes de la aplicación de
dichos aceites, permitiendo que la enfermedad se desarrollara en todas
las colmenas. Al cabo de 3 a 5 días, las abejas habían limpiado las celdas
infectadas y la reina había puesto huevos en ellas. Durante la inspección
del día 10 no se observaron larvas enfermas. La presencia de larvas
afectadas se observó a partir de los 17 días posteriores a la infección
artificial de las colonias. La observación y conteo se realizó en el cuadro
central de las colonias en una superficie del centro del mismo (de ambas
caras) delimitada por un rectángulo de 18 x 20 cm.
Todas las colonias mostraron signos de la enfermedad al mismo
tiempo, indicando que el tipo de manipulación realizada para propagar
la infección fue efectiva. El tratamiento control con el antibiótico
oxitetraciclina mostró un mayor número de larvas infectadas con
respecto a las otras colonias tratadas (P < 0,01), aunque en ningún
caso la aparición de larvas infectadas se retrasó por la incorporación
de los principios activos.
Al día 17 de iniciado el tratamiento, no se observan diferencias en
la acción de los dos aceites esenciales y el antibiótico entre sí dado el
bajo porcentaje de desarrollo de la enfermedad en todos los casos,
170
pero sí con respecto al tratamiento control (P <0,01) que resultó ser
el que mayor porcentaje de larvas infectadas presentó. A los 24 días
de iniciado el tratamiento, se observó una reducción similar de la
patogenia por parte del antibiótico y del aceite esencial de tomillo de
campo (P < 0,01), siendo esta disminución de un 25 % con respecto al
tratamiento control. El aceite esencial de canela mostró una menor
efectividad ya que redujo la enfermedad en sólo un 14 %. Para el día 31
de iniciado el tratamiento, los aceites esenciales de tomillo de campo y
de canela redujeron en un 33 % el grado de desarrollo de larvas afectadas
con respecto al tratamiento control. Los valores de CL
50
obtenidos para
ambos aceites esenciales corresponden a productos «no tóxicos» para
las abejas, que presentan un alto índice de selección, actuando sobre
las infecciones bacterianas sin afectar a la colonia de abejas.
5. CONCLUSIÓN
A partir de los resultados obtenidos podemos afirmar que la acción
antibacteriana de los aceites esenciales de canela (C. zeylanicum) y tomillo
de campo (A. seriphioides) es significativamente diferente a la acción
antibacteriana del resto de los aceites esenciales testeados y que algunos
de los aceites esenciales provenientes de plantas autóctonas de
Argentina, además de A. seriphioides, tales como ajenjo (A. absinthium),
ajenjo (A. annua) y salvia blanca (L. floribunda) presentaron una
moderada actividad antimicrobiana frente a P. larvae.
Todas las cepas demostraron tener algún grado de sensibilidad a los
componentes de los aceites esenciales testeados in vitro, atribuyéndose
la inhibición probablemente a componentes volátiles específicos tales
como aldehído cinámico y eugenol en el aceite esencial de canela
(C. zeylanicum), timol y carvacrol, componentes principales del aceite
esencial de tomillo de campo (A. seriphioides), α-tujona, alcanfor, sabineno
y β-tujona en el aceite de A. absinthium, artemisia cetona, 1,8-cineol,
β-mirceno y α-terpineno principios activos del aceite de ajenjo (A. annua)
y 1,8 cineol, canfeno, alcanfor, limoneno y β-pineno en el aceite de
salvia blanca (L. floribunda).
171
La utilización del aceite esencial de tomillo de campo (A. seriphioides)
proveniente de una planta autóctona de la región norpatagónica y del
aceite esencial de canela en pruebas de campo, representa un método
natural alternativo y económico a los empleados en la actualidad,
constituyendo un buen punto de comienzo para el control de Loque
americana y otras patologías apícolas que podría ser empleado en
preparaciones artesanales por los pequeños y grandes productores de miel.
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McLafferty, D.B. Stauffer & E. Stenhagen, V 1-7, New York, USA.
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Mérito de participação
Nome do trabalho: “Educação em dia com a modernidade”
Ano escolar e nome da escola: 3º ano do ensino médio da Escola Estadual
Erezinha Antunes Martins, Nova Porterinha (MG) – Brasil
Autor: Warley Alves Batista, 17 anos, brasileiro residente no Brasil
179
EDUCAÇÃO EM DIA COM A MODERNIDADE
1. RESUMO
A educação nas escolas, principalmente públicas, aliando-se com
a tecnologia poderá desempenhar, com sucesso, o papel de agente de
transformação e de capacitação do indivíduo contribuindo para o
domínio de novos conhecimentos.
A escola orienta os professores a utilizar a tecnologia como auxiliar
do processo de ensino-aprendizagem, com o objetivo de oferecer ao
aluno a possibilidade de transformar sua habilidade criadora em novos
meios de construção do conhecimento. Exatamente por isso, os(as)
educadores(as) devem ser capacitados(as) com cursos patrocinados
pelo governo ou outras modalidades e constantemente atualizados(as)
sobre as modernas técnicas e ferramentas tecnológicas com intuito de
oferecer subsídios necessários para motivar os alunos ao aprendizado.
O contato com essas novidades amplia o horizonte dos(as)
educadores(as) e oferece possibilidades pedagógicas que estimulam
os alunos a serem protagonistas na construção do conhecimento.
Uma proposta prioritária para o Mercosul é que nas escolas,
principalmente públicas, se adaptassem aulas de informática no Plano
Curricular do Ensino Médio na parte diversificada de pelo menos duas
aulas por semana de cinqüenta minutos incluídas na grade horária.
Acredita-se que os alunos concluirão a etapa escolar melhor
qualificados para o mercado de trabalho, ampliando seus
conhecimentos gerais, fortalecendo seu desenvolvimento intelectual
180
e pessoal, possibilitando-os a atuar de forma crítica, autônoma e ética,
como agentes de transformação social, aptos a atuar em prol de uma
sociedade justa e fraterna. Hoje qualquer pessoa sem conhecimento
de informática estará impossibilitada de atuar no mercado de trabalho.
Este projeto visa proporcionar aos alunos maior conhecimento dos
recursos tecnológicos através de um curso básico de informática em
que aprenderão desde como se liga e desliga um equipamento até a
utilização dos programas do Office.
2. INTRODUÇÃO
Considera-se como inclusão digital o processo mediante o qual as
pessoas obtêm acesso à tecnologia digital e se capacitam para utilizá-
la de modo a priorizar seus interesses e desenvolver competências
que resultem na melhoria da qualidade de vida. Visa desenvolver o
acesso à tecnologia digital, a capacidade de manejá-la do ponto de
vista técnico e de integrá-la nos afazeres diários e escolares.
A maior parte das escolas hoje já propicia aos seus alunos acesso à
tecnologia digital, pois possui computadores, softwares e acesso à
internet - o primeiro passo à inclusão digital. Embora o tempo de
acesso à tecnologia seja restringido pela razão número de alunos/
número de máquinas disponíveis, o que demonstra claramente a
necessidade de prover as escolas com mais computadores.
Assim sendo, a escola pode concentrar seus esforços naquilo que
realmente importa para a inclusão digital, a saber: capacitar seus alunos
para integrar a tecnologia ao cotidiano, desenvolver as competências
requeridas para melhorar a qualidade de vida. Registre-se que o uso
da tecnologia para o acesso à empregabilidade dos alunos-cidadãos é
apenas uma das muitas maneiras de transformar a tecnologia em
ferramenta promotora de cidadania.
Mas essa já é, na verdade, a função da escola! Nela (adequadamente
concebida) a principal meta é formar o ser humano habilitando-o a
181
traduzir seus potenciais em competências que lhe permitam definir
seu projeto de vida e transformá-lo em realidade. Sob outro ângulo, o
principal afazer do aluno é aprender o que é necessário para que ele
“dê certo na vida”, isto é, seja capaz de viver a vida que escolher para
si mesmo.
Logo, qualquer programa de inclusão digital via escola deve explorar
os mecanismos com que a tecnologia proporciona aos alunos aprender
mais – no sentido de se tornarem capazes de fazer o que, antes, não
sabiam –, pressupondo que, independente do tempo relativamente
exíguo que a criança e o adolescente brasileiro passam na escola, seja
dado o foco aos aprenderes realmente significativos para a vida.
3. INCLUSÃO DIGITAL EM NOVA ERA
Justificativa
Estamos na era da digitalidade, da informação e da comunicação.
Os estudantes têm contato com a tecnologia desde cedo e quando
chegam à fase escolar já trazem uma bagagem de conhecimentos
tecnológicos que lhes permite ir sempre além. Isso faz pensar na
atualização de conhecimentos de professores e pais que se encontram
excluídos da geração digital e precisam adquirir não só para acompanhar
o desenvolvimento das crianças e jovens, mas principalmente os avanços
que surgem tão rapidamente.
Muitas pessoas ainda estão muito distantes desses recursos, seja
por medo ou falta de oportunidades, o que gera desconforto quando
se deparam com situações do cotidiano em que a utilização da
tecnologia é essencial (bancos, supermercados, caixas eletrônicos,
cartões de crédito etc.). Mesmo quem não tem computador em casa
ou no trabalho convive com recursos tecnológicos e deles depende
direta ou indiretamente, por isso são imprescindíveis os investimentos
em ciência e tecnologia nas escolas.
182
Objetivos
Oferecer à comunidade escolar oportunidade de utilizar os
recursos do laboratório de informática educativa para aprimorar
seus conhecimentos.
Contribuir para o aumento de conhecimento da comunidade
escolar, no que se refere ao uso das tecnologias.
Desenvolvimento
Este projeto visa proporcionar aos estudantes maior conhecimento
dos recursos tecnológicos através de um curso básico de informática,
além de descortinar aos estudantes uma visão macro, incentivando-os
a desenvolver raciocínio lógico, ético e afetivo. Visa estimular também
a criatividade, o senso de organização e o domínio das linguagens das
modernas formas de comunicação. Com esse propósito, os alunos estarão
capacitados a edificar os alicerces sociais em direção à compreensão e
interação com a realidade circundante.
4. INCLUSÃO DIGITAL E A EDUCAÇÃO
A expressão “inclusão digital” surgiu como corolário da expressão
“inclusão social”. Socialmente incluído é o indivíduo capaz de participar
plenamente da vida social em todos os seus múltiplos aspectos. A
expressão aparentemente surgiu em relação aos deficientes que,
dependendo da natureza e intensidade da deficiência, em geral são
excluídos de muitos aspectos da vida social. Hoje, porém, aplica-se
predominantemente aos pobres que, em virtude de sua condição
precária, são alijados do usufruto das benesses, digamos, mais
interessantes e atraentes da vida.
Analogamente seria a condição do indivíduo capaz de utilizar plena
e competentemente, em seus afazeres profissionais e pessoais, a
tecnologia digital - isto é, especialmente computadores e a internet.
Com a convergência para as tecnologias de comunicação, principalmente
a telefonia fixa e celular.
183
Em suma, a formação digital vai capacitar os estudantes e
profissionais da escola à universalização do conhecimento que lhes
permitirá desenvolvimento pessoal e intelectual, com evidentes reflexos
para a melhoria da própria vida e construção de sociedade mais
eqüitativa.
A. Tecnologia
Há muitas formas de compreender a tecnologia. Para alguns ela é
fruto do conhecimento científico especializado. É, porém, preferível
compreendê-la da forma mais ampla possível como qualquer artefato,
método ou técnica criados pelo homem para tornar seu trabalho mais
leve, sua locomoção e sua comunicação mais fáceis, ou simplesmente
sua vida mais satisfatória, agradável e divertida.
Nesse sentido amplo, a tecnologia não é algo novo; na verdade, é
quase tão velha quanto o próprio homem, visto como homem criador
(homo creator). Nem todas as tecnologias inventadas pelo homem são
relevantes para a educação. Algumas apenas estendem sua força física,
seus músculos. Outras apenas lhe permitem mover-se pelo espaço mais
rapidamente e/ou com menor esforço. Nenhuma dessas tecnologias é
altamente relevante para a educação. No entanto, as tecnologias que
amplificam os poderes sensoriais do homem, sem dúvida, o são.
Aplicadas à educação estendem seu alcance pelo alto poder em
organizar, armazenar, aplicar e transmitir informação.
As tecnologias que amplificam os poderes sensoriais do homem
(como o telescópio, o microscópio e todos os outros instrumentos que
estendem e ampliam os órgãos dos sentidos humanos) são relativamente
recentes e foram eles que, em grande medida, tornaram possível a ciência
moderna, experimental.
As tecnologias que estendem a capacidade de comunicação do homem,
contudo, existem há muitos séculos. As mais importantes, antes do século
XIX, são a fala tipicamente humana, conceitual (que foi sendo
desenvolvida aos poucos, desde tempos imemoriais), a escrita alfabética
184
(criada por volta do século VII a.C) e a imprensa, especialmente o livro
impresso (por volta de 1450 d.C). Os dois últimos séculos viram o
aparecimento de várias novas tecnologias de comunicação: o correio
moderno, o telégrafo, o telefone, a fotografia, o cinema, o rádio, a televisão
e o vídeo. Mais recentemente, como veremos, o computador se tornou
um meio de comunicação que engloba todas essas tecnologias de
comunicação anteriores.
As tecnologias que diversificam o conhecimento, e que estão
centradas no computador digital, foram desenvolvidas em grande parte
depois de 1940 - mas só começaram a ter grande impacto na sociedade
a partir do final da década de 70 - com a popularização dos
microcomputadores e sua interligação em redes. O computador, além
de ser uma tecnologia fundamental para o processamento das
informações, vem, como vimos, gradativamente absorvendo as
tecnologias de comunicação à medida que estas se digitalizam.
B. Tecnologia na educação
Várias expressões são normalmente empregadas para se referir ao
uso da tecnologia na educação. A expressão mais neutra, “tecnologia
na educação”, parece preferível, visto que nos permite fazer referência
à categoria geral que inclui o uso de toda e qualquer forma de tecnologia
relevante (hard ou soft, incluindo a fala humana, a escrita, a imprensa,
currículos e programas, giz e quadro-negro, e, mais recentemente, a
fotografia, o cinema, o rádio, a televisão, o vídeo e, naturalmente,
computadores e a internet).
Não há por que negar, entretanto, que, hoje quando a expressão
“tecnologia na educação” é empregada, dificilmente se pensa em giz e
quadro-negro ou mesmo em livros e revistas, muito menos em entidades
abstratas como currículos e programas. Normalmente, quando se usa a
expressão, a atenção se concentra no computador, que se tornou o ponto
de convergência de todas as tecnologias mais recentes (e de algumas
antigas). Especialmente depois do enorme sucesso comercial da internet,
computadores raramente são vistos como máquinas isoladas, sendo
sempre imaginados em rede.
185
Faz sentido lembrar aos educadores o fato de que a fala humana, a
escrita e, conseqüentemente, aulas, livros e revistas, para não mencionar
currículos e programas, são tecnologia e que, portanto, educadores vêm
usando tecnologia na educação há muito tempo. É apenas a sua
familiaridade com essas tecnologias que as torna transparentes.
“Tecnologia na educação” é uma expressão preferível à “tecnologia
educacional”, pois esta sugere que há algo intrinsecamente educacional
nas tecnologias envolvidas, o que não parece ser o caso. A expressão
“tecnologia na educação” deixa aberta a possibilidade de que tecnologias
que tenham sido inventadas para finalidades totalmente alheias à
educação, como é o caso do computador, possam, eventualmente, ficar
tão ligadas a ela que se torna difícil imaginar como a educação era
possível sem elas. A fala humana (conceitual), a escrita e, mais
recentemente, o livro impresso, também foram inventados,
provavelmente, com propósitos menos nobres do que a educação em
vista. Hoje, porém, a educação é quase inconcebível sem essas
tecnologias. Segundo tudo indica, em poucos anos o computador em
rede estará, com toda certeza, na mesma categoria.
C. Educação a distância (aprendizagem a distância e ensino a distância)
Dessas três expressões, a terceira é provavelmente a menos usada.
Entretanto é a mais correta, tecnicamente falando.
Educação e aprendizagem são processos que acontecem dentro do
indivíduo – não há como a educação e a aprendizagem ocorrerem
remotamente ou a distância. Educação e aprendizagem ocorrem onde
quer que esteja a pessoa, que é, num sentido básico e muito importante,
o sujeito do processo de educação e aprendizagem, nunca o seu objeto.
Assim, é difícil imaginar como educação a distância e aprendizagem a
distância possam ser possíveis, a despeito da popularidade dessas
modalidades.
É perfeitamente possível, contudo, ensinar remotamente ou a
distância. Isso acontece o tempo todo. São Paulo doutrinou, a
186
distância, os fiéis cristãos que estavam em Roma, Corinto etc. usando
cartas manuscritas. Autores, distantes no espaço e no tempo, ensinam
seus leitores por intermédio de livros e artigos impressos. É possível
ensinar remotamente ou a distância através de filmes de cinema, de
televisão e de vídeo. Hoje podemos ensinar quase qualquer coisa, a
qualquer pessoa, em qualquer lugar, pela internet.
Assim, a expressão “ensino a distância” será preferível sempre que
houver necessidade de se referir ao ato de ensinar realizado
remotamente ou a distância. Que a educação e a aprendizagem possam
acontecer em decorrência do ensino é inegável, mas, como já
argumentado, não nos deve levar a concluir que a educação e a
aprendizagem que ocorrem em conseqüência do ensino remoto ou a
distância também estejam ocorrendo remotamente ou a distância.
D. Aprendizagem mediada pela tecnologia
A despeito de sua popularidade, ensino a distância talvez não seja
a melhor aplicação da tecnologia na educação hoje. Este lugar
possivelmente deve ser reservado ao que pode ser chamado de
aprendizagem mediada pela tecnologia. Como mencionado, não há
dúvida de que a educação e a aprendizagem podem ocorrer como
resultado do ensino. Mas também não há dúvida de que a educação
pode ocorrer através da auto-aprendizagem, através daquela
modalidade de aprendizagem que não está associada a um processo
de ensino, mas pela interação do ser humano com a natureza, com
outras pessoas e com o mundo cultural. Grande proporção da
aprendizagem humana acontece dessa forma e, segundo alguns
pesquisadores, é mais significativa – isto é, acontece mais facilmente,
é retida por mais tempo e é transferida de maneira mais natural para
outros domínios e contextos – do que a aprendizagem por processos
formais e deliberados de ensino.
O que é particularmente fascinante nas novas tecnologias
disponíveis hoje, em especial na internet e, dentro dela, na web, não é
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que, com sua ajuda, seja possível ensinar remotamente ou a distância,
mas, sim, que elas nos ajudam a criar ambientes ricos em possibilidades
de aprendizagem nos quais as pessoas interessadas e motivadas podem
aprender quase qualquer coisa sem, necessariamente, se envolver num
processo formal e deliberado de ensino. A aprendizagem, nesse caso,
é apenas mediada pela tecnologia.
Não há dúvida de que atrás da tecnologia há outras pessoas que
preparam os materiais e os disponibilizam através da rede. Quando
alguém usa os recursos hoje disponíveis na internet para aprender de
maneiras automotivadas e exploratórias, ele usa materiais de diferentes
naturezas, preparados e disponibilizados em contextos os mais
variados, não raro sem qualquer interesse pedagógico, e o faz de
maneira totalmente imprevisível que, portanto, não pode ser planejada,
e num ritmo que é totalmente pessoal e regulado apenas pelo desejo
de aprender e pela capacidade de assimilar e digerir o que o educando
encontra pela frente.
Por causa disso, não parece viável chamar essa experiência de ensino
a distância, como se fosse a internet que ensinasse, ou como se fossem
as pessoas por detrás dos materiais que ensinassem. O que está
acontecendo em um contexto como o descrito é aprendizagem mediada
pela tecnologia, auto-aprendizagem, isto é, aprendizagem que não é
decorrente do ensino.
5. MODALIDADES DE USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO
À vista do que se disse, é possível concluir que as categorias em
que podem ser classificadas as principais maneiras de utilizar a
tecnologia na educação são:
Em apoio ao ensino presencial
Em apoio ao ensino a distância
Em apoio à auto-aprendizagem
188
6. TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E A TRANSFERÊNCIA DE
PODER PARA O APRENDIZ
Para que a tecnologia, quando usada na educação, possa ser
instrumento de transferência de poder para o aprendiz permitindo que
ele, de posse das potentes ferramentas de aprendizagem que a tecnologia
coloca à sua disposição, possa gradativamente se tornar autônomo em
sua aprendizagem, é necessário que, junto com a introdução da
tecnologia na educação, sejam repensadas as práticas educacionais da
escola, de modo a se rever, especialmente, a função dos conteúdos
curriculares e o papel do professor no desenvolvimento das
competências e habilidades que farão do aprendiz alguém capaz de
aprender sempre à medida que constrói seus projetos de vida no plano
pessoal e social.
Muitos autores têm chamado nossa atenção para o fato de que se um
médico, um engenheiro e um professor tivessem sido congelados cem
anos atrás, no final do século XIX e, agora, fossem descongelados e
tivessem que voltar a exercer sua profissão, o médico e o engenheiro
não teriam a menor condição de voltar a trabalhar sem profunda
readaptação, pois tais profissões foram indelevelmente transformadas,
nos últimos cem anos, em grande parte pelas descobertas científicas e
pelos desenvolvimentos tecnológicos.
O médico (basta esse exemplo) não saberia o que fazer com
tomógrafos, equipamentos de ultra-sonografia, ressonância magnética,
cintilografia, não conheceria a maior parte dos remédios hoje disponíveis,
ficaria abismado, dentro dos centros cirúrgicos, com as técnicas
cirúrgicas, as operações feitas com a ajuda de microcâmeras, o uso do
laser e de tantos outros equipamentos. Ele teria, na realidade, que
reaprender a exercer a profissão.
O mesmo vale para o engenheiro e para quase todas as outras
profissões que já existissem cem anos atrás.
E o professor? Este, em contraste com o médico, provavelmente
entraria sem problemas numa sala de aula típica de nossas escolas e,
ressalvada alguma desatualização nos conteúdos (que estariam meio
189
envelhecidos), não teria a menor dificuldade em continuar a dar aulas
do mesmo jeito que o fazia há cem anos - porque essa é a forma como
a maioria dos professores de hoje ainda ministra aulas. Ele não
precisaria, de forma alguma, reaprender a exercer a sua profissão.
Por que esta diferença? Por que esse contraste? Por que, de todas
os setores de nossa sociedade, a educação escolar é a que mais tarda
em se valer das tecnologias de informação e comunicação que hoje
estão disponíveis?
Se a educação escolar deve, hoje, preparar as pessoas para viverem
como indivíduos, cidadãos e profissionais, no século XXI, em que a
presença da tecnologia na vida diária, social e profissional certamente
será maior ainda, por que não nos valemos, para educar, dos recursos
tecnológicos à nossa disposição?
Não há nada sagrado e permanente nas tecnologias que usamos
para educar.
Antigamente, usava-se apenas a voz. Sócrates, talvez, seja o maior
educador que se valeu exclusivamente de sua voz para educar. Ele
chegou até mesmo a criticar o uso de materiais escritos (textos) na
educação: segundo ele, textos, além de enfraquecer nossa memória,
não permitem a interação e o diálogo que, para ele, era essencial na
educação.
Apesar da oposição de Sócrates, as tecnologias envolvidas na
preparação de materiais escritos entraram, e entraram para ficar, na
educação. Originalmente manuscritos, os textos, a partir de meados
do século XV, começaram a ser impressos - o livro impresso sendo
mais uma tecnologia que alterou profundamente nossa forma de educar.
Hoje os professores não saberiam educar sem usar materiais escritos
para preparar suas aulas, sem poder esperar que seus alunos tenham
acesso a livros-texto, livros paradidáticos, enciclopédias, revistas,
jornais e materiais impressos de toda a ordem. Levou quase quinhentos
anos para livros e revistas serem vendidos, por baixo preço, em bancas
que encontramos em cada esquina, e para se tornarem onipresentes
na educação.
190
É possível que daqui a uns vinte anos, quem sabe menos, as pessoas
olhem para trás e se perguntem como é que nós educávamos, no final
do século XX, sem computadores, sem redes digitais que transmitem
informações multimídias de um canto para o outro do mundo em
microssegundos, sem ferramentas de busca e pesquisa que nos permitem
encontrar qualquer informação em segundos, sem poder nos comunicar
instantaneamente uns com os outros independentemente do local em
que nos encontramos.
Ou será que daqui a vinte anos ainda estarão educando do mesmo
jeito de hoje, do mesmo jeito que o fazia, cem anos atrás, o professor
congelado usando apenas as tecnologias da voz, do livro, do giz e do
quadro negro?
7. INCLUSÃO DIGITAL: DESAFIOS MAIORES QUE AS SIMPLES
BOAS INTENÇÕES
Os impactos sociais da informática, conquista da ciência e da
tecnologia, são capazes de levar a uma transformação maior que a da
máquina a vapor. Uma sociedade baseada cada vez mais na troca de
valores simbólicos, do dinheiro à informação, vai mudar o eixo da
economia, acabar com o conceito atual de trabalho, valorizar mais que
tudo o conhecimento e a aprendizagem. Nesse cenário, os excluídos serão
cada vez mais excluídos – com o poder se concentrando nas esferas virtuais
(com profundo controle nas esferas reais) –, a não ser que se implementem
eficazes e massivas ações para promover sua inclusão digital.
Na educação, a internet traz um potencial inovador ímpar, pois
permite ultrapassar as paredes da sala de aula com a troca de idéias
com alunos de outras cidades e países, intercâmbio entre os educadores,
nacional e internacionalmente, pesquisa online em bancos de dados,
assinatura de revistas eletrônicas e o compartilhamento de experiências
em comum. Esse novo ambiente de aprendizagem, que não reside mais
apenas na escola, mas também nos lares e nas empresas, traz novos
desafios para os educadores, mais que nunca chamados a serem
facilitadores e motivadores.
191
Como introduzir as novas tecnologias na escola, particularmente no
ensino público, onde tantas outras prioridades são relevadas?
Aprofundaremos cada vez mais a clivagem social se não houver uma
efetiva política que garanta o pleno acesso de todos às novas tecnologias.
Num mundo em transformação, onde cada vez mais o computador é o
veículo de transporte da mente e um instrumento essencial de trabalho,
não podemos preparar as novas gerações para um mundo de subalternidade
tanto do ponto de vista individual quanto na perspectiva da nação.
No mundo do trabalho, as situações mudarão bastante, também. Para
quê ir até o escritório bater à máquina, se isso pode ser feito a distância,
via modem? Poupando, assim, horas de deslocamento (deslocar a
informação, não mais o corpo), a presença familiar mudará
substancialmente. Nota-se, nas famílias que usam a internet no
teletrabalho em casa, o resgate do ensino do ofício aos filhos. Mudanças,
portanto, também no seio da família e do que entendemos por lar.
E o desemprego? Hoje, ao fazermos uma transação bancária no micro
de nossa casa, repassamos para o usuário o trabalho que antes era feito
por um funcionário. Em breve, compraremos carros através de uma
conexão gráfica com a fábrica que, just in time, fabricará o carro que
acabamos de desenhar no terminal. Novos desafios, portanto, para a
sociedade. Novas formas de se repensar a distribuição de renda e
assegurar o direito de todos os seres humanos à busca da felicidade; do
contrário, teremos um apartheid tecnológico como nunca visto.
Você é daqueles que nem se lembra em quem votou para deputado
nas últimas eleições? Que tal votar agora em um com quem você possa
se comunicar via e-mail e que o coloque a par dos projetos, que seja,
enfim, seu representante no parlamento? E o que será do Poder Executivo
se cada cidadão puder ter acesso, garantido em Constituição, aos bancos
de dados e fizer cruzamentos das informações obtidas? Imagine a nova
participação da cidadania se cada pessoa com insônia, às duas da manhã,
for verificar como estão sendo aplicados os recursos em sua cidade! O
voto será eletrônico, sem boca-de-urna, cada um em sua casa! Novas
formas de manipulação da informação irão surgir, é claro, mas o pesadelo
que Orwell imaginou em seu 1984 será ao contrário, pois o Big Brother
poderá ser vigiado por milhões de olhos!
192
8. INCLUSÃO DIGITAL: CADA VEZ MAIS NO CENTRO DA
INCLUSÃO SOCIAL
Discutiu-se, no início, o que seria inclusão social, questionando a
tendência de reduzi-la à inclusão marginal. O pobre é acomodado dentro
do sistema, mas em sua margem. Essa é a tendência predominante na
política social neoliberal. A seguir, discute-se a discriminação digital,
em particular aquela agravada pela escola pública. De um lado, analisa-
se a exclusão dos alunos mais pobres, mas que são incluídos na margem,
tendo em vista que as novas tecnologias penetram todas as partes do
sistema. De outro, analisa-se a exclusão mais ampla alimentada pela
escola que não sabe ler a realidade digital e, por isso, não capacita os
alunos nessa habilidade. O analfabetismo digital é visto como,
possivelmente, o pior de todos os analfabetismos. A inclusão digital
precisa incluir a habilidade de o excluído controlar sua inclusão.
INCLUSÃO SOCIAL, INCLUSÃO DIGITAL, ANALFABETISMO
DIGITAL, EXCLUSÃO DIGITAL
A. Sobre inclusão social
Inclusão social tornou-se palavra fácil, cujas práticas tendem a ser o
reverso. Por exemplo, em educação, inclusão social tornou-se progressão
automática, ou seja, imaginando-se favorecer estudantes com dificuldade
de aprendizagem, crianças são empurradas para cima de qualquer
maneira e, logo, alcançam a 8ª série, mas ainda não entendem o que
lêem. Foram incluídas socialmente? Outro exemplo: famílias integradas
no programa Bolsa Família, de certa maneira, melhoram suas condições
materiais de vida, mas dificilmente conseguem sair dessa situação
assistida. É isso inclusão social? Facilmente aceitamos como inclusão
social a inclusão na margem. Os pobres estão dentro, mas dentro, lá na
margem, quase caindo fora do sistema. Continuam marginalizados. O
que mudou foi a maquiagem da pobreza.
Alguns falam de política social “como efeito de poder” para indicar
que, ao invés de os programas construírem condições emancipatórias,
193
bastam-se como repasse de restos e isso favorece, ao final, os donos do
poder. Em contexto similar, fala-se de solidariedade muito facilmente,
em especial quando proposta por países e agências financeiras que,
pregando o amor ao próximo, não vão além de atrelar os países mais
pobres ao capital internacional. Colocam na berlinda os mestres da ilusão
do Banco Mundial, questionando seus programas de combate à pobreza,
não só porque os resultados até hoje são pífios, mas, principalmente,
porque se trata de solidariedade como efeito de poder.
Desde sempre escutamos essa cantilena da distribuição da renda com
vistas à inclusão social, sem proveito satisfatório. Primeiro, é muito
diferente falar da pobreza em países onde os pobres são minoria, como
foi o caso do Welfare State. No contexto de uma sociedade relativamente
igualitária (predominância expressiva de classe média), políticas
universalistas são as mais adequadas, porque se supõe que todos têm
alguma condição de acesso eqüitativo. Quando se oferece educação
pública gratuita, é a mesma para todos e de qualidade elevada e todos
podem usufruir razoavelmente. Segundo, outra é a situação de
sociedades pobres, nas quais a pobreza é expressiva e mesmo majoritária.
Nessas sociedades de classe, haveria pouco sentido em tratar os donos
dos meios de produção e os trabalhadores do mesmo modo, porque
apenas agravaríamos as desigualdades à medida que os excluídos seriam
ainda mais excluídos. Por isso, oferecendo políticas sociais de qualidade,
os mais ricos delas se apropriam, restando para a população mais pobre
ofertas pretensamente universalistas, mas que são coisa pobre para o
pobre. Terceiro, o desafio não é distribuir, mas redistribuir renda, porque,
estando a renda violentamente concentrada, trata-se de diminuir a
riqueza dos mais ricos e elevar as condições sociais dos mais pobres.
Não conhecemos políticas sociais efetivamente redistributivas de
renda porque o ambiente neoliberal não permite: podemos distribuir
sobras orçamentárias que não comprometam o saque do Estado pela
elite.
Nesse debate, existe ainda outro ponto a sublinhar. Na discussão
francesa sobre exclusão social, aparece freqüentemente a idéia de que os
pobres seriam, cada vez mais, descartáveis. Os países mais ricos, com
efeito, já internalizaram essa perspectiva: o Terceiro Mundo, ou, pior ainda,
194
o Quarto Mundo, não despertaria mais qualquer interesse, nem mesmo
de oferta de matéria-prima, porque a economia intensiva de conhecimento
teria suas próprias soluções tecnológicas. Considero essa visão muito
equivocada, porque ofusca a dialética que une, umbilicalmente, pobres e
ricos, países avançados e atrasados. Pobreza não é mau jeito do mercado,
mera carência material, casualidade, mas produto histórico dialético. O
fato de que países pobres se tornem pretensamente descartáveis indica
que esse produto histórico chegou ao cúmulo do sarcasmo, mas não desfaz
a unidade de contrários. Aproveita-se essa circunstância para lançar a
“culpa” pelo atraso sobre os atrasados encobrindo a dinâmica neoliberal
que fabrica exclusão social como marca crucial de sua própria razão de
ser. Segue que, diante da exclusão, é mister confrontar-se com ela, não
entregar-se ao opressor, porquanto, como dizia Paulo Freire, se o oprimido
não se confrontar, adota o opressor. Hoje, inclusão social está contaminada
dessa malandragem: como regra é arapuca do opressor.
B. Exclusão digital
A digital divide, como se diz nos Estados Unidos, é problema agudo
de países atrasados, mas acomete também vastas camadas em países
avançados, porque muitos adultos/idosos não se propõem mais inserir-
se na sociedade digital com autonomia. Usam produtos digitais como
consumidores (da nova mídia, por exemplo), mas não se dispõem mais
a desenvolver habilidades digitais de manejo próprio. Interessa-nos aqui
a discriminação digital contra imensos segmentos sociais pobres, situação
em geral agravada pela má qualidade da escola pública. Essa questão
detém enorme complexidade. Primeiro, não se pode imaginar que, de
repente, pudéssemos saltar por cima do atraso tecnológico nacional ou
por cima da necessidade de infra-estruturas adequadas. Em muitos
interiores, a infra-estrutura é ainda muito precária para abrigar a nova
mídia em condições mínimas. Segundo, a inclusão digital na escola
depende, em grande medida, da qualidade docente, no sentido de que
os professores precisam enfronhar-se definitivamente nessa seara, o que,
em geral, a pedagogia e a licenciatura não o fazem, sem falar nas
condições socioeconômicas adversas.
195
Segundo as pesquisas, é muito elevado o número de docentes que
não possuem acesso digital: quase 90% nunca participaram de lista de
discussão através do correio eletrônico; quase 60% nunca usaram correio
eletrônico; perto de 60% nunca navegaram na internet; por volta de 54%
nunca se divertiram com seu computador. Terceiro, há de se levar em
conta que essa precariedade docente contamina não só alunos pobres,
mas igualmente os outros, ainda que em dimensões muito diferentes.
Os alunos mais pobres ficarão fora, naturalmente, porque ainda é
impensável ter computador em casa e, muitas vezes, na escola. Ficar
fora, entretanto, precisa ser visto dialeticamente, porque, sendo
inevitável a penetração das novas tecnologias, os pobres estarão dentro,
mas como excluídos. Serão incluídos, de qualquer maneira, na margem.
Aparece, então, o desafio do que seria inclusão digital para eles. Como
regra, a tendência é considerar inclusão o que não passa de efeito de
poder, na medida em que se reservam para eles os restos, tais como:
equipamentos sucateados, cursos precários, ambientes improvisados,
treinamentos encurtados, programas baratos.
Quanto aos outros alunos, a discriminação digital pode ser menos
de ordem material de acesso a equipamentos, por exemplo, e mais a
pobreza do ambiente escolar, cuja linguagem não se coaduna com os
desafios digitais fora da escola. Estando mal preparada a escola, continua
falando seu próprio latim à revelia da realidade digital. O aluno perde a
oportunidade de aprender a ler a realidade, incidindo em outro nível da
discriminação digital: embora possa saber lidar com ela, não a sabe ler
no sentido de compreender, interpretar, reconstruir. Não sabe pensar
os desafios de uma sociedade e economia informacionais.
Sobre esse pano de fundo, emergem pelo menos dois grandes
horizontes: enfrentar o atraso tecnológico para não ficar para trás
definitivamente; enfrentar a precariedade da escola pública para não
permitir que a população seja incluída na margem. Ao mesmo tempo,
há de se levar em conta a crítica de, quando se discute o conhecimento
já amealhado sobre pobreza, constatar-se que a pobreza investigada
continua mais ou menos a mesma, enquanto os pesquisadores da pobreza
vão de vento em popa. A pobreza também tem charme!
196
O analfabetismo digital vai se tornando, possivelmente, o pior de
todos. Enquanto outras alfabetizações são já mero pressuposto, a
alfabetização digital significa habilidade imprescindível para ler a
realidade e dela dar minimamente conta para ganhar a vida e, acima de
tudo, ser alguma coisa na vida. Em especial, é fundamental que o
incluído controle sua inclusão.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS
Instituto Ayrton Senna, ESCOLA2000, no site:
<www.escola2000.org.br> acesso em 1º/3/2007.
Centro de Inclusão Digital e Educação Comunitária - Cidec
<www.cidec.futuro.usp.br> acesso em 1º/3/2007.
Profissão Mestre, no site: <www.profissaomestre.com.br> acesso em 1º/
3/2007.
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, IBICT
<www.ibict.br/> acesso em 5/3/2007.
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado
de Minas Gerais, Cectes-MG <http://www.sectes.mg.gov.br> acesso
em 5/3/2007.
Ministério da Ciência e Tecnologia, MCT<http://www.mct.gov.br>
acesso em 7/3/2007.
DEMO, P. O charme da exclusão social. Campinas: Autores Associados,
1999.
________ . Solidariedade como efeito de poder. São Paulo: Cortez, 2002.
________ . Pobreza da pobreza. Petrópolis: Vozes, 2003.
197
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
LASH, S. Crítica de la información. Buenos Aires: Amorrortu, 2005.
O’CONNOR, A. Poverty knowledge: social science, social policy, and the
poor in twentieth-century U.S. history. Princeton: Princeton University
Press, 2001.
POPKEWITZ, T. S. Lutando em defesa da alma: a política do ensino e a
construção do professor. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SEQUEIROS, L. Educar para a solidariedade: projeto didático para uma nova
cultura de relações entre os povos. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SILVA, M. O. & SILVA; YAZBEK, M. C.; GIOVANNI, G. A política
social brasileira no século XXI: a prevalência dos programas de transferência de
renda. São Paulo: Cortez, 2004.
199
NOTA SOBRE OS AUTORES
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 1º LUGAR
A equipe responsável pelo trabalho vencedor é composta por estudantes
do 7º ano no Colégio San Patrício localizado em Tucumán na Argentina.
Os integrantes da equipe são Paula Maria Pedraza (12 anos), Maria
Guadalupe Gómez Alonso (11
anos), Belén Rodríguez del Busto
(12 anos) e Rogélio Navarro Vitar (12 anos).
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR – 1º LUGAR
Cristina Baldauf, brasileira de 29 anos, Bióloga (UFRGS), Mestre em
Biologia Vegetal (UFSC). Pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em
Florestas Tropicais e do Laboratório de Ecologia Humana e
Etnobotânica (UFSC). Integrante da ONG Anama onde desenvolve o
Projeto Samambaia-Preta.
CATEGORIA INTEGRAÇÃO – 1º LUGAR
Marta Irene Litter, argentina, Doctora en Química de la Universidad
de Buenos Aires, con posdoctorado en la Universidad de Arizona
(EE.UU.). Actualmente es Investigadora de la Comisión Nacional de
Energía Atómica y del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas
y Técnicas de Argentina, así como Profesora Titular de la Universidad
Nacional de General San Martín. Es Coordinadora Internacional de la
Red IBEROARSEN de CYTED.
Wilson de Figueiredo Jardim, brasileiro, licenciado em Química pela
Universidade Federal de São Carlos. Doutorado em filosofia (Ph.D.)
pela Faculdade de Ciências da Universidade de Liverpool, Liverpool,
Inglaterra. Atualmente é Professor Titular (MS-6) do Departamento de
Química Analítica da Universidade Estadual de Campinas. Tem vários
livros e artigos publicados no Brasil e no exterior.
200
Miguel Ángel Blesa, argentino, Doctor en Química de la Universidad
Nacional de La Plata. Actualmente es Investigador Superior de la
Comisión Nacional de Energía Atómica (donde dirige el Departamento
de Química) y del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y
Técnicas. También es Profesor Titular de la Universidad Nacional de
General San Martín, donde dirige el Centro de Estudios Ambientales.
Juan Martín Rodríguez, peruano, Físico, Profesor e investigador de la
Universidad Nacional de Ingeniería (1993) e Investigador del Instituto
Peruano de Energía Nuclear (2002). Dedicado a la investigación y desarrollo
de materiales avanzados y sistemas para la descontaminación de agua.
Lorena del Pilar Cornejo Ponce, chilena, Doctora en Ciencias
Mención Química Analítica, Académica de la Universidad de Tarapacá,
Arica-Chile, Investigadora y Miembro del Centro de Investigaciones
del Hombre en el Desierto, CIHDE. Sus actividades científicas se
relacionan con el estudio del Medio Ambiente, contaminación y
desarrollo de tecnologías de descontaminación realizadas a través del
Laboratorio de Investigaciones Medioambientales de Zonas Áridas.
Maria Cristina Apella, argentina, Doctora en Ciencias Bioquímicas de la
UNLP. Profesora de la Universidad Nacional de Tucumán e Investigadora
de CERELA-CONICET. Especialidad: Microbiología-Biotecnología.
Beatriz Susana Ovruski de Ceballos, argentina, residente en Brasil,
Bioquímica (Universidad Nacional de Tucumán – Argentina). Maestría
en Microbiología e Inmunología (Universidad Federal de São Paulo/
Brasil). Doctorado en Microbiología Ambiental (Universidad de São
Paulo/Brasil). Profesora e investigadora de la Universidad Federal de
Campina Grande y de la Universidad Estadual de la Paraíba/Brasil.
Áreas de Investigación: Microbiología Ambiental; Calidad de aguas
superficiales, subterráneas y de cisternas; Ecofisiología de algas,
cianobacterias y bacterias en ecosistemas acuáticos. Impactos
ambientales en el semi-árido; Saneamiento básico y salud. Consultora
de la Financiadora de Estudios y Proyectos/ Ministerio de Ciencia y
Tecnología (FINEP-MCT). Consultora ad hoc CNPq. Consultora de la
Secretaría de Ciencia, Tecnología y Medio Ambiente (Sectma-Paraíba/
Brasil). Miembro del Consejo Editorial de la Revista de Ingeniería
Sanitaria y Ambiental (Abes – Brasil).
201
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA – MENÇÃO HONROSA
A equipe responsável pelo trabalho agraciado com Menção Honrosa é
composta por estudantes do módulo de estágio do curso de nível médio
Técnico em Eletrônica do Centro de Educação Profissional Hélio Augusto
de Souza, localizado na cidade de São Paulo no Brasil. Os integrantes da
equipe são Douglas de Sousa Silveira (21 anos), Carlos Felipe de
Carvalho Júnior (18 anos) e Eduardo Vinícius dos Santos (22 anos).
CATEGORIA JOVEM PESQUISADOR – MENÇÃO HONROSA
Emerson Leonardo Schmidt Iaskio, brasileiro de 26 anos,
Economista, pós-graduando em Sociologia Política e professor substituto
da Universidade Federal do Paraná. Trabalhou como pesquisador,
formador e bolsista na Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares da mesma universidade de 2003 a 2007.
CATEGORIA INTEGRAÇÃO – MENÇÃO HONROSA
Sandra Rosa Fuselli, argentina, Doctora en Ciencias, Área Biología.
Profesional Principal de la Comisión de Investigaciones Científicas de
la Provincia de Buenos Aires (CIC), Universidad Nacional de Mar del
Plata. A sido beneficiada con becas nacionales e internacionales y ha
publicado a nivel nacional e internacional en el área de Ciencia y
Tecnología de Alimentos y Patologías apícolas.
Susana Beatriz Garcia de la Rosa, argentina, Doctora en Ciencias,
Área Biología. Docente investigadora de la Facultad de Ciencias Exactas
y Naturales, Universidad Nacional de Mar del Plata. Registra
publicaciones a nivel nacional e internacional en el área de Dinámica
de Poblaciones y Patologías apícolas y ha sido favorecida por numerosas
becas nacionales.
Martin Javier Eguaras, nacido en Buenos Aires, Argentina, es
Licenciado y Doctor en Ciencias Biológicas. Investigador Adjunto del
CONICET y Docente de la Facultad de Ciencias Exactas y Naturales
de Universidad Nacional de Mar del Plata, Argentina. Es Director del
Grupo de Investigación y Extensión “Acarología y Entomología”. Es
202
especialista en sanidad apícola, tema en el cual ha publicado trabajos
de investigación en revistas de jerarquía internacional. Recientemente
ha publicado un libro en coautoria sobre Estrategias de control de Varroa.
Rosália Fritz, argentina, Doctora en Bacteriología Clínica e Industrial
y docente-investigadora de la Universidad Nacional de Mar del Plata.
Directora del grupo de investigación Bromatología. Profesora de las
cátedras de Bromatología y Microbiología de Alimentos. Directora de
becarios y doctorandos. Registra publicaciones a nivel nacional e
internacional en el área de Ciencia y Tecnología de Alimentos.
Judith Principal, venezolana, Ph.D Oregon State University, USA,
1996, M.A. The University of Kansas, USA 1983, Médica Veterinaria,
Universidad Centroccidental “Lisandro Alvarado” Venezuela, 1976.
Actividades de Investigación. Varias publicaciones en revistas indizadas,
presentación de ponencias y conferencias en congresos nacionales e
internacionales en Argentina, Uruguay, Brasil, Colombia y México.
Actualmente profesora-investigadora de la Facultad de Veterinaria,
Universidad Centroccidental “Lisandro Alvarado”, Venezuela
Carlos José Barrios Suarez, venezolano, Grados académicos:
Doctorando Universidad Central de Venezuela (tesis en proceso) 2007.
Médico Veterinario, Universidad Centroccidental Lisandro Alvarado
Venezuela, 1993. Responsable en Actividades de investigación, varias
publicaciones en revistas indizadas, presentación de ponencias y
conferencias en congresos nacionales e internacionales.
CATEGORIA INICIAÇÃO CIENTÍFICA – MÉRITO DE PARTICIPAÇÃO
O autor do trabalho agraciado com Mérito de Participação é Warley
Alves Batista (17 anos), estudante da 3ª série do ensino médio na
Escola Estadual Erezinha Antunes Martins, localizado na cidade de
Nova Porteirinha (MG) no Brasil.
203
NOTA SOBRE OS MEMBROS
DA COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
PROFESSOR CÉLIO DA CUNHA, PRESIDENTE DA COMISSÃO,
UNESCO/BRASIL
Brasileiro com doutorado em Educação pela Unicamp. Mestrado em
Educação pela Universidade de Brasília. Foi Superintendente de
Desenvolvimento Social e de Ciências Humanas e Sociais do CNPq,
Secretário Adjunto de Educação do MEC e Diretor de Políticas
Educacionais do MEC/SEF. Professor Adjunto da Faculdade de
Educação da UnB. Atualmente é Coordenador Editorial e Assessor de
Educação da UNESCO no Brasil. Integra o Conselho Editorial da Revista
Educação Brasileira do Conselho de Reitores de Universidades Brasileiras (Crub)
e o Conselho da Revista Linhas Críticas (FE-UnB). Tem artigos e livros
publicados.
PROFESSORA ANA PAULA MACEDO SOARES, REPRESENTANTE DA
RECyT/BRASIL
Graduada em Sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo. Possui mestrado em
Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas.
Atualmente é técnica do Instituto de Tecnologia Social, assessorando o
Programa Osasco Solidária. Trabalhou na coordenação de projetos
sociais na Prefeitura de São Paulo e em instituições de responsabilidade
social empresarial. Foi pesquisadora do Programa Gestão Pública e
Cidadania da Fundação Getúlio Vargas, participando de processos
de seleção de políticas públicas de governos municipais, estaduais ou
consórcios regionais.
204
PROFESSOR ENRIQUE GRÜNHUT, REPRESENTANTE DA RECyT/
URUGUAI
Doctorado en Ciencias. Docencia e investigación universitaria
como profesor en las Universidades de la República, Uruguay, en la
Universidad de Buenos Aires, Argentina y en los EE.UU., en las
Universidades de Louisville, Kentucky y Notre Dame, Indiana.
Coordinador en Gestión Tecnológica y a cargo de evaluación,
seguimiento, asistencia en formulación y negociación de Programas y
Proyectos Tecnológicos de Interés Productivo y Social, en el INTI,
Argentina. Actualmente dirije el Área de Relaciones y Proyectos
Internacionales del Ministerio de Educación y Cultura, Uruguay.
PROFESSOR RAUL J. ESTEVEZ L., REPRESENTANTE DA RECyT/
VENEZUELA
Profesor Titular del Departamento de Física de la Facultad de Ciencias,
Universidad de los Andes, Mérida, Venezuela. Licenciado en Física
Teórica, Universidad “Patricio Lumumba”, Moscú, URSS, 1965. Maestría
y Doctorado en la Universidad de Stanford, USA, 1975-1977. Asesor
del Ministerio de Ciencia y Tecnología de Venezuela en Innovación
Desarrollo Tecnológico.
PROFESSORA IRMA ROSSETO PASSONI, REPRESENTANTE DA RECyT/
BRASIL
Pedagoga, professora, gerente executiva do Instituto de Tecnologia
Social, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia Comunicação
e Informática da Câmara Federal, Relatora da Comissão Mista
Parlamentar de Inquérito - Causas e Dimensões do Atraso Científico e
Tecnológico no Sistema de Ensino Pesquisa e Extensão do Congresso
Nacional Brasileiro.
205
PROFESSOR JAIME JARA, REPRESENTANTE DA RECyT/PARAGUAI
Los últimos cinco años realizó consultoría, docencia e investigación en
el área de Gestión de Innovación Tecnológica y del Conocimiento en
proyectos de ALADI, GTZ/BMZ/BMBF, UNESCO, Comisión
Europea, PNUD, USAID e ITAIPU Binacional. Miembro del Centro
de Emprendedorismo e Innovación de la Universidad de Potsdam –
Alemania y actualmente Coordinador Técnico del Programa de
Desarrollo de Ciencia, Tecnología e Innovación del CONACYT de
Paraguay, con apoyo del Banco Interamericano de Desarrollo (BID).
PROFESSOR PEDRO LAMBERTI, REPRESENTANTE DA RECyT/
ARGENTINA
Dotorado en Física, Profesor Asociado de la Universidad Nacional de
Córdoba e Investigador Independiente del CONICET, Argentina. Áreas
de Investigación: Física Matemática y Mecánica Estadística.
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