situação reflete, na verdade, a posição das mulheres em geral na sociedade con-
temporânea, ou seja, elas estão cada vez mais presentes e atuantes, mas continuam,
na maioria dos casos, afastadas dos altos postos de chefia.
Não por acaso, portanto, a UNESCO decidiu homenagear neste ano, no
Dia Internacional da Mulher, a figura da mulher jornalista. Recentemente, o
Diretor Geral da UNESCO, Sr. Koichiro Matsuura, lançou um apelo internacional
intitulado "As Mulheres Fazem a Notícia", através do qual demonstra o desejo da
UNESCO de que, no Dia Internacional da Mulher, as jornalistas assumam os cargos
de chefia nos jornais, revistas e emissoras de rádio e de televisão.
Considerando o grande impacto dos meios de comunicação na
sociedade atual, a UNESCO acredita na importância particular de se destacar a
necessidade de eqüidade entre homens e mulheres no controle desses meios.
A iniciativa, mesmo que simbólica, ao partir da mídia, terá grande
impacto em outras esferas de poder, onde as mulheres ainda não conseguiram
ocupar maiores espaços, sobretudo em posições de comando.
A atenção da UNESCO para com as questões relacionadas às mulheres
também é crescente. A Organização tem dado prioridade a questões de interesse,
apoiado e participado de iniciativas como a 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher,
realizada em Pequim, China, em 1995. O programa da UNESCO "Educação para
Todos" reflete, entre outros aspectos, a preocupação com a extensão da educação
a mulheres e meninas; o "Prêmio UNESCO/Helena Rubinstein a Mulheres Cientistas"
é uma forma simbólica de apelo à eqüidade entre os gêneros também no campo
da ciência; e, no Brasil, publicações da UNESCO, como "Gênero e Meio Ambiente"
e "Engendrando um Novo Feminismo", estimulam a reflexão sobre questões de
interesse para homens e mulheres, assim como a pesquisa, a ser lançada neste ano,
sobre relações de gênero nos assentamentos rurais da reforma agrária.
No campo da comunicação, um exemplo ilustra a atenção da UNESCO
para a situação das mulheres no exercício da profissão de jornalista. Há dois anos, o
segundo "Prêmio Mundial UNESCO/Guillermo Cano de Liberdade de Imprensa"
foi concedido a uma jornalista, a nigeriana Christina Anyanwu, diretora e redatora-
chefe da revista "Sunday Magazine", publicada em Lagos, Nigéria.
Nesse contexto, em que se celebra mais um Dia Internacional da
Mulher, convém sublinhar, por fim, que as mulheres hoje contrapõem-se a uma
herança sexista e não aos homens em particular.Trata-se de vencer uma cultura
e não exatamente pessoas ou instituições, e essa vitória tem sido conquistada a
cada dia, a cada nova empreitada de sucesso das mulheres no mercado de tra-
balho e no ambiente social.
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