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os quais são indispensáveis a pelo menos dois pilares da educação para
o século XXI: aprender a conviver e aprender a ser (Delors, 1998).
Entre três quintos e dois terços dos pesquisados declaram que se
enfraquecem, entre os jovens, valores como o compromisso social, a
tolerância, a responsabilidade, o sentido da família, o respeito aos mais
velhos, a identidade nacional e o sentido do dever.
Ou seja, a partir da visão dos professores em relação aos jovens,
infere-se que os docentes têm dificuldades de pensar que os jovens
possam contribuir, pelo menos de imediato, para a construção de uma
sociedade mais justa e eqüitativa. O único valor que estaria se
fortalecendo entre eles é o amor à liberdade, fato bastante positivo num
país que emergiu há pouco tempo para a democracia. No entanto, se o
amor à liberdade cresce par-a-par com a diminuição do compromisso,
da responsabilidade, da honestidade, da generosidade e do desinteresse,
é possível que tal liberdade seja o rótulo atribuído a atitudes
supostamente individualistas e, eventualmente, predatórias em face da
vida e da sociedade.
Vale aqui ressaltar, como afirma Farah Neto (2002), que, no Brasil,
os jovens, de forma recorrente, aparecem, principalmente, no centro
de questões ligadas à violência, às drogas: suas expressões, suas
tentativas de atuar na construção de sua própria história são pouco
visíveis aos olhos do restante da sociedade, incluindo-se aí a escola.
Pouco se diz, entretanto, sobre quem, de fato, são esses jovens, sobre
como vivem e como se relacionam. Por um lado, o temor e o sentimento
de insegurança que o imaginário adulto associa ao jovem traduzem-se
na ameaça que ele encarna para o mundo adulto. Por outro, quando se
relaciona a questão da juventude à da cidadania, o que se focaliza,
geralmente, são os problemas (ABRAMO, 1997).
Segundo Castro e Abramovay (2002: 16), a juventude não é vista
como ator social independente, dotado de vontade, desejos,
pensamentos e ações, capaz de decodificar seu cotidiano e devolver à sociedade
algum tipo de reação – o chamado capital cultural, que traduz o que querem os
jovens, o que propõem os jovens, considerando suas experiências.
Essas constatações devem ser levadas em conta ao se pensar as
políticas para o magistério, pois enquanto os professores que mais