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No que se refere à distribuição dos chamados gastos
públicos por nível de governo, estudos do IPEA indicaram que,
em 1995, 24,9 por cento ficaram a cargo da União; 47,7 por
cento, dos Estados e 27,4 por cento, dos Municípios (cf. Castro,
1998). Esses percentuais muito se aproximam da capacidade
estimada de financiamento público, que, compreendendo fontes
protegidas e flexíveis, foi de 24,4, 46,1 e 29,5 por cento,
respectivamente, para a União, os Estados e os Municípios
(Castro e Sadeck, 2003). Isso significa, em outros termos, que,
para uma receita de impostos em parte descentralizada, a
execução da educação é, proporcionalmente, também
descentralizada. Na educação infantil a participação da União,
dos Estados e dos Municípios foi, respectivamente, de 2, 23 e
75 por cento. Conforme a legislação, a educação infantil está
prioritariamente a cargo da esfera municipal e, com efeito, a
esta coube a maior parte do ônus. A questão, entretanto, é a
profunda assimetria da distribuição regional dos recursos, em
que o Estado de São Paulo realizou 92 por cento dos gastos da
Região Sudeste e 75 por cento do Brasil (World Bank, 2001).
Apesar das marcantes disparidades inter e intra-regionais, os
governos federal e estaduais, sobretudo o primeiro, não
chegaram a cumprir efetivamente o seu papel redistributivo,
haja vista a sua pequena participação.
Ainda que não se tenha dados ano a ano, é interessante
notar as diferenças entre o gasto público com educação por
governo de origem e de realização da despesa. Em 1996 no
programa orçamentário Educação da Criança de Zero a Seis
Anos, o governo federal aparentemente transferiu 13,1 por
cento dos seus recursos e os Estados, 3,0 por cento.
Enquanto isso, os Municípios, como receptores, tiveram uma
execução superior em 127,2 por cento aos seus recursos de
origem. Sem se considerar que os problemas de
redistributividade e correção das disparidades regionais