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Os homens, seu irmãos, flagela e oprime.
Lá o filho do pó se julga um nume,
Porque a Terra o adorou; o desgraçado
Pensa, talvez, que o verme dos sepulcros
Nunca se há-de chegar para tragá-lo
Ao banquete da morte, imaginando
Que uma lájea de mármore, que esconde
O cadáver do grande, é mais durável
Do que esse chão sem inscrição, sem nome.
Por onde o opresso, o mísero, procura
O repouso, e se atira aos pés do trono
Do Omnipotente, a demandar justiça
Contra os fortes do mundo, os seus tiranos.
XIII
Ó cidade, cidade, que transbordas
De vícios, de paixões e de amarguras!
Tu lá estás, na tua pompa envolta,
Soberba prostituta, alardeando
Os teatros, e os paços, e o ruído
Das carroças dos nobres recamadas
De ouro e prata, e os prazeres de uma vida
Tempestuosa, e o tropear contínuo
Dos férvidos ginetes, que alevantam
O pó e o lodo cortesão das praças;
E as gerações corruptas de teus filhos
Lá se revolvem, qual montão de vermes
Sobre um cadáver pútrido! Cidade,
Branqueado sepulcro, que misturas
A opulência, a miséria, a dor e o gozo,
Honra e infâmia, pudor e impudica
Céu e inferno, que és tu? Escárnio ou glória
Da humanidade? O que o souber que o diga!
Bem negra avulta aqui, na paz do vale,
A imagem desse povo, que reflui
Das moradas à rua, à praça, ao templo;
Que ri, e chora, folga, e geme, e morre,
Que adora Deus, e que o pragueja, e o teme;
Absurdo misto de baixeza extrema
E de extrema ousadia; vulto enorme,
Ora aos pés de um vil déspota estendido,
Ora surgindo, e arremessando ao nada
As memórias dos séculos que foram,
E depois sobre o nada adormecendo.
Vê-lo, rico de opróbrio, ir assentar-se
Em joelhos nos átrios dos tiranos.
Onde, entre o lampejar de armas de servos,