Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
ads:
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
MINISTÉRIO DO TURISMO
Walfrido dos Mares Guia
Ministro do Turismo
Maria Luisa Campos Machado Leal
Secretária Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo
Carla Naves Ferreira
Diretora do Departamento de Qualificação, Certificação e Produção Associada
ao Turismo
Tânia Mara do Valle Arantes
Coordenadora-Geral de Qualificação e Certificação
INSTITUTO DE HOSPITALIDADE
Sérgio Foguel
Presidente
Júlio C. Félix
Diretor de Certificação
Turismo de aventura – busca e salvamento.
Manual de criação e organização de grupos
voluntários de busca e salvamento.
© 2005 Ministério do Turismo
Todos os direitos reservados.
Ministério do Turismo
Esplanada dos Ministérios, Bloco “U”, 3º e 4º andar
70065-900 – Brasília – DF
Tel.: (61) 3321-8077
http://www.turismo.gov.br
FICHA CATALOGRÁFICA
Ministério do Turismo
Turismo de aventura - busca e salvamento. Manual de criação e
organização de grupos voluntários de busca e salvamento.
Brasília: Ministério do Turismo, 2005.
199 p. il.
Para todos que dedicam
suas vidas à nobre tarefa
de salvar vidas.
Agradecimentos
Ao grupo consultivo que contribuiu intensamente para o desenvolvimento do Manual,
representado por Andréa Schörner, Cláudio Teixeira, Leandro Maciel, Manuela Amaral,
Marcelo Cyrillo Vazzoler, Mariléa Menezes, Massimo Desiati, Paula Gris Drumond,
Ritha de Cássia Jacome Buczynski, Sérgio José Bezerra, Thomas Schörner e Walker
Figueirôa.
Aos demais participantes, Antonio Max Wolff Matias, Carlos Brant, Carlos Hiran, Caro-
lina Soares Matuck, Felipe Aragão Jr, Humberto Medaglia, Leonardo Persi, Marcelo
Andrê, Paulo Magno e Vinícius Manso.
À ONG Férias Vivas, por meio de Silvia Basile, cujo apoio foi de grande importância.
Às organizações, que por meio de sua experiência influenciaram as discussões e
elaboração do Manual, 4Elementos Expedições, ABETA, Adventure Factory, Água
Selvagem, Associação Brasileira de Canionismo, BAMBUÍ – Pesquisas Espeleológicas,
Brasil Aventuras Expedições, Batalhão de Busca e Salvamento, Cânion Iguaçu, CBCA,
CBMDF, CBME, Circuito Turístico Serra do Cipó, Comissão Espeleo Resgate
Redespeleo, Corpo de Bombeiros, Corporate Consultoria, Defesa Civil Nacional,
Ecoesportes, Ecogerais Corridas de Aventura, ECOMED, FEPAM, GESMED, Marumby
Montanhismo, OBB, Rescue 3, Rescue 3 International, RESMOT-FEMESP, Terra Nos-
sa e Vertical Pro Treinamento.
Ao COSMO e também aos Srs. Álvaro Barros e José Caldeira Dias da Silva Filho, pelas
contribuições diversas ao longo do Manual.
Ao Instituto Estrada Real, pelo apoio logístico e incentivo.
Nota de Abertura
A elaboração deste Manual é uma iniciativa do Ministério do Turismo que objetiva con-
tribuir para a criação e manutenção dos Grupos Voluntários de Busca e Salvamento -
GVBS, e se insere no contexto do Projeto de Normalização e Certificação em Turismo
de Aventura no Brasil, coordenado pelo Ministério do Turismo e executado pelo Institu-
to de Hospitalidade.
GVBS são definidos como “Grupos Voluntários de Busca e Salvamento que têm como
objetivos a prevenção de acidentes, o apoio a ações diversas relacionadas à segurança
e a realização de ações de busca e salvamento em atividades de turismo de aventura”.
O objetivo deste Manual é orientar a criação e a organização de grupos voluntários de
busca e salvamento, com um conteúdo de informações essenciais para a formalização
inicial dos GVBS, não se constituindo, portanto, em referência técnica de procedimen-
tos para as atividades de busca e salvamento. Sua elaboração foi realizada com ampla
participação de especialistas no tema.
Sumário
Introdução ........................................................................................ 10
Porque o manual? ........................................................................... 12
O Sistema Nacional de Defesa Civil.......................................................................... 13
O que é o Manual? .................................................................................................... 14
Como usar este Manual ? ......................................................................................... 14
Onde usar este Manual? ........................................................................................... 16
Diagnóstico ...................................................................................... 17
Entendendo a importância do processo de gerenciamento de riscos....................... 18
Introdução ao gerenciamento de riscos .................................................................... 22
Desenvolvimento das medidas de controle................................................................ 25
Caixa de Ferramentas ............................................................................................... 26
Conscientização e mobilização ..................................................... 31
Os primeiros grupos .................................................................................................. 32
A necessidade do GVBS........................................................................................... 32
Prevenção de acidentes ............................................................................................ 32
Divulgação do diagnóstico para a comunidade ......................................................... 33
Identificação de possíveis integrantes ....................................................................... 33
Mobilização de possíveis integrantes de um GVBS ................................................. 34
Benefícios e facilidades aos voluntários como incentivo ........................................... 35
Estruturação e capacitação ............................................................ 36
Atribuições e funções do grupo................................................................................. 37
O sistema de comando em operações ..................................................................... 39
Perfil dos voluntários ................................................................................................. 42
Capacitação dos voluntários ..................................................................................... 45
Estabelecendo a agenda de treinamento .................................................................. 47
Divulgando informações ............................................................................................. 48
Caixa de Ferramentas ............................................................................................... 49
Planejamento e operações ............................................................. 60
As fases da operação de busca e salvamento.......................................................... 61
Plano de Chamada .................................................................................................... 63
Planejamento – Refinando informações .................................................................... 63
Testando o planejamento........................................................................................... 64
Compartilhando informações ..................................................................................... 65
Gestão de segurança para o GVBS.......................................................................... 65
Prevenção ................................................................................................................. 68
Capacidade e autonomia de operação do grupo ....................................................... 69
Caixa de Ferramentas ............................................................................................... 70
Integração......................................................................................... 73
Reconhecimento e legitimização .............................................................................. 74
Conscientização da necessidade da existência do GVBS ....................................... 74
Gestão e manutenção ..................................................................... 75
Motivação para continuidade do trabalho voluntário .................................................. 76
Formatar protocolos específicos e que sejam reconhecidos por
instituições oficiais .................................................................................................... 77
Comunicação interna e externa ................................................................................ 78
Seguros ..................................................................................................................... 79
Caixa de Ferramentas ............................................................................................... 82
Organização jurídica dos GVBS..................................................... 84
Primeiras considerações ........................................................................................... 85
Organizações não-governamentais - ONGs .............................................................. 87
Modelo de estatuto de ONG ..................................................................................... 92
Lei do Voluntariado .................................................................................................. 105
Responsabilidade civil e penal ................................................................................. 110
Sugestão de Termo de Adesão ................................................................................117
Limites do atendimento dos primeiros socorros por leigos......................................119
Delimitação de competências ................................................................................. 122
Caixa de Ferramentas ............................................................................................. 125
Captação de recursos ................................................................... 127
O panorama da captação de recursos no Brasil ..................................................... 130
Conselhos preliminares ........................................................................................... 132
Planejamento estratégico para captação de recursos ............................................ 135
A relação captador-doador ...................................................................................... 137
Procedimentos sugeridos para captação de recursos ............................................ 141
Caixa de Ferramentas ............................................................................................. 145
Estudos de caso ............................................................................ 151
COSMO – Corpo de Socorro em Montanha ............................................................ 152
Implementação e trajetória do GVBS da Chapada dos Veadeiros .......................... 170
Captação de recursos: A experiência do Projeto Tamar.......................................... 172
Captação de recursos: Marketing de relacionamento nos Doutores da Alegria...... 177
Referências..................................................................................... 182
Anexos ............................................................................................ 186
Anexo A – Elementos básicos para elaboração de projetos................................... 187
Anexo B – Lista de organizações doadoras e financiadoras de
projetos (parcial)...................................................................................................... 188
Lista de siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADVB – Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil
AHA – Associação Americana do Coração
Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
CEBAS – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social
CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
COMDEC – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
CONDEC – Conselho Nacional de Defesa Civil
CORDEC – Coordenadoria Regional de Defesa Civil
COSMO – Corpo de Socorro em Montanha
FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
GTZ – Cooperação Técnica Alemã
GVBS – Grupo Voluntário de Busca e Salvamento
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSARAG – International Search and Rescue Advisory Group
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MTur – Ministério do Turismo
NUDEC – Núcleo de Defesa Civil
ONG – Organização não governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PAE – Plano de ações em emergências
PNPE – Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens
SBV – Suporte básico à vida
SCO – Sistema de comando em operações
Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDEC – Secretaria Nacional de Defesa Civil
SIEDEC - Sistema Estadual de Defesa Civil
SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de conservação
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância
INTRODUÇÃO
Gustavo Timo
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
11
Introdução
O Turismo de Aventura é um dos segmentos que mais têm se desenvolvido no Brasil
nos últimos anos. Inicialmente tratado como uma vertente do turismo de natureza, as
atividades de turismo de aventura se disseminaram por todo o país, desenvolvendo
características próprias. Este fato resultou no surgimento de empresas e profissionais
especializados oferecendo atividades diversificadas em um número de destinos cada
vez maior, especialmente em locais onde os atributos naturais da região permitem e
incentivam as práticas, criando o interesse crescente em turistas brasileiros e estran-
geiros, possibilitando experiências únicas e acesso a locais pouco visitados.
Dentro desse contexto, e atento às reais necessidades do setor, o Ministério do Turis-
mo – MTur passou a considerar o turismo de aventura como um dos segmentos
prioritários para o desenvolvimento da atividade turística no país. Com isso, em dezem-
bro de 2003, o MTur assinou um convênio com o Instituto de Hospitalidade – IH, com o
objetivo de elaborar um diagnóstico da atividade de turismo de aventura no país, identi-
ficar os aspectos críticos da operação responsável e segura deste segmento e desen-
volver um conjunto de normas técnicas brasileiras no âmbito da Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT que contemplassem estes aspectos críticos. Por meio
deste conjunto de normas espera-se desenvolver um processo consistente de avalia-
ção da conformidade (certificação) de profissionais, organizações, produtos e equipa-
mentos relacionados ao turismo de aventura e implementar um processo de capacitação
baseado em normas brasileiras, entre outras possibilidades.
Ao todo serão desenvolvidas 19 normas, que abordarão assuntos como competências
mínimas para condutores das diversas atividades de turismo de aventura, especificações
dos produtos utilizados nessas atividades, gestão da segurança e informações míni-
mas que o cliente deve receber antes de iniciar a prática de uma atividade de turismo
de aventura.
A principal meta desta iniciativa do MTur é colocar o Brasil no circuito internacional de
destinos de turismo de aventura atraindo um fluxo relevante de turistas estrangeiros
para o país.
Em continuidade a essas iniciativas do MTur para fomentar o desenvolvimento seguro e
responsável das atividades de turismo de aventura no Brasil, em novembro de 2004 foi
iniciada a elaboração deste manual de criação e organização de grupos voluntários de
busca e salvamento para o turismo de aventura.
Este manual tem o objetivo de se constituir num documento de orientação básica para
os grupos voluntários e o poder público organizarem e operarem equipes de busca e
salvamento para atividades de turismo de aventura no país.
O documento visa suprir a carência de referências que orientem a formação inicial e a
manutenção dos grupos voluntários integrantes dos GVBS, sendo que os temas refe-
rentes à estabilização médica, ou seja, à aplicação dos primeiros socorros e das
técnicas de salvamento e resgate específicas de cada ambiente, devem ser ad-
quiridos e desenvolvidos em cursos e em outras fontes específicas.
O manual não tem a intenção de esgotar o assunto sobre os GVBS, mas ser, sim, um
ponto de partida, uma fonte de informação consistente com diretrizes e sugestões
relevantes para a discussão e criação de GVBS.
Espera-se com isso fornecer as ferramentas necessárias para a criação e estruturação
de GVBS, contribuindo assim para o desenvolvimento consciente e seguro do Turismo
de Aventura, para que o Brasil conquiste a credibilidade que merece.
POR QUE O MANUAL?
Gustavo Timo
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
13
Por que o manual?
Por que um manual de criação e organização de grupos voluntários de busca
e salvamento – GVBS de turismo de aventura?
O MTur, por compreender que o risco é uma característica inerente à atividade de
turismo de aventura e por acreditar que as iniciativas de normalização e certificação
vão induzir o desenvolvimento do segmento, impactando positivamente os fluxos turís-
ticos, entendeu que é necessário o desenvolvimento paralelo de ações que contribu-
am para o fortalecimento dos sistemas de segurança que apóiam as atividades de
turismo de aventura no país.
Dessa forma, este manual foi concebido como uma contribuição importante para uma
atividade que, pela sua própria natureza voluntária, carece de apoio e referência de
informação estruturada. Sua elaboração, incluindo concepção, planejamento da estru-
tura e desenvolvimento de conteúdos, foi realizada com a participação de especialistas
em atividades voluntárias de busca e salvamento de todo o país, de representantes da
Secretária Nacional de Defesa Civil, de organizações do terceiro setor representante
dos consumidores e de associações representantes das atividades de turismo de aven-
tura e das entidades esportivas e contou com o apoio do Instituto Estrada Real.
Com isso, o MTur espera, em estreito alinhamento com o Sistema Nacional de Defe-
sa Civil – SEDEC, incentivar o fortalecimento dos grupos já existentes e fomentar
novos grupos a se organizarem nos destinos onde a atividade de turismo de aventura
seja relevante, criando condições seguras para a prática das atividades de turismo de
aventura, por meio da prevenção de acidentes, principal papel e função dos GVBS, e
das ações de busca e salvamento de acidentes com um sistema de resgate prepara-
do para atender às situações de emergência.
Por fim, na sua missão de governo de fortalecer a sociedade democrática, os grupos
voluntários de busca e salvamento devem se tornar representantes da sociedade civil
organizada, capazes de serem atores ativos em comunidades, com a responsabilida-
de de implementarem iniciativas que transcendam os motivos iniciais de sua criação,
como educação, preservação ambiental, auxílio aos que necessitam, entre outros.
O Sistema Nacional de Defesa Civil
A concepção deste manual se alinha com a preocupação de se fortalecer o Sistema
Nacional de Defesa Civil – SEDEC, que é o sistema responsável pela coordenação de
resposta aos desastres em âmbito nacional.
O objetivo é que cada GVBS seja um Núcleo de Defesa Civil – NUDEC, fazendo parte
do sistema onde já existirem Comitês Municipais de Defesa Civil, constituindo-se no
início do sistema nas localidades onde a Defesa Civil não estiver presente.
Os Núcleos de Defesa Civil - NUDEC são grupos comunitários ligados às Coordenadorias
de Defesa Civil – COMDEC, organizados em uma associação comunitária ou entida-
de, que participa das atividades do Sistema estadual de Defesa Civil como voluntário.
Sua implantação é prioritária em áreas de risco e tem por objetivo gerir os riscos de
desastres, organizar e preparar a comunidade local para dar a primeira resposta aos
desastres (veja mais informações no capítulo Estruturação e Capacitação).
É importante ressaltar que o GVBS não tem o papel, a prerrogativa e o mandato para
substituir os sistemas públicos de Defesa Civil e segurança pública. Como anteriormen-
te exposto, dentre os seus objetivos, os GVBS atuam especificamente em resposta a
emergências que envolvam busca e salvamento em atividades de turismo de aventura.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
14
Por que o manual?
Isso não significa dizer que os GVBS vão atuar exclusivamente em situações relacio-
nadas com as atividades de turismo de aventura. Os GVBS podem eventualmente,
sob a orientação da Defesa Civil, atuar em outras situações em que tenham compe-
tência, como em emergências diversas na comunidade em que está baseado, sendo
considerados um dos recursos do sistema de Defesa Civil daquele município ou re-
gião, sempre em estreita parceria e subordinação aos sistemas públicos de defesa
pública como o Corpo de Bombeiros e Polícia Civil e Militar.
As vantagens dos GVBS fazerem parte do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC
são muitas, como, por exemplo:
participar em capacitações do Sistema Nacional de Defesa Civil;
reconhecimento público oficial;
mobilização de recursos para equipamentos;
parcerias com os setores público e privado.
O que é o manual?
É um documento básico de orientação para voluntários e poder público que queiram
operar e organizar grupos voluntários de busca e salvamento. Como tal, contempla
informações e subsídios práticos relativos aos aspectos de mobilização, criação (as-
pectos jurídicos e de captação de recursos), gestão e operação básica. É necessário
que cada grupo, de acordo com as características geográficas, a existência de Siste-
mas de Defesa Civil, a oferta de atividades de turismo de aventura (terra, água e ar),
implemente procedimentos, articulações, parcerias e capacitações específicas para
o correto desenvolvimento do grupo.
O manual adotou a estratégia de, na medida do possível e sem prejuízos aos termos
técnicos, simplificar a linguagem técnica e o uso de conceitos, com objetivo de esta-
belecer uma abordagem e leitura amigável, privilegiando o entendimento de leigos e
iniciantes nos assuntos relacionados aos grupos voluntários de busca e salvamento e
a didática no uso do manual.
Como usar este manual?
O manual foi elaborado com objetivo de ser uma ferramenta de orientação prática,
com informações teóricas, sugestões de aplicação e modelos de documentos que
contemplem os aspectos mais importantes para a formação e organização de um
GVBS para o turismo de aventura.
A criação de um GVBS não é tarefa simples nem passageira; ao contrário é um
compromisso de longo prazo que envolve diversas responsabilidades, demandas de
capacitação e aprendizado, muito trabalho e dedicação. Além disso, não é uma ativi-
dade de uma única pessoa, deve ser uma missão de um grupo forte e coeso de
pessoas apoiadas fortemente pela comunidade na qual está inserido e pelos poderes
públicos locais.
O GVBS deve estar afeto à da comunidade e só irá prosperar se for mantido por esta.
O GVBS não deve ser somente um reduto de técnicos com competências de busca e
salvamento, mas uma entidade em que a comunidade se sinta fazendo parte, possa
contribuir, sentir o valor e sua necessidade, para que sua manutenção e existência
seja possível.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
15
Por que o manual?
Decidir acerca da criação do GVBS não é uma questão simples, envolve diversos
fatores de acordo com o contexto e a situação de cada município ou localidade.
Assim, para usar este manual algumas perguntas iniciais devem ser feitas, com o
objetivo de tornar a decisão da criação do GVBS o mais consciente, clara e forte
possível.
A primeira pergunta a se fazer é:
Existe a necessidade de se criar um GVBS em seu município ou localidade?
Existe Corpo de Bombeiros em seu município ou localidade?
Se existir, está preparado para responder a emergências nas áreas onde acon-
tecem as atividades de turismo de aventura?
Existe Comitê ou Núcleo de Defesa Civil em seu município ou localidade?
Existe algum órgão competente com capacidade de resposta a emergências
relacionadas às atividades de turismo de aventura?
As atividades de turismo de aventura praticadas em seu município ou localidade
são realizadas em áreas de difícil acesso ou remotas?
Existe a ocorrência de acidentes nas atividades de turismo de aventura? Qual a
incidência? Como foram resolvidos? Existe histórico de registro de acidentes?
A segunda pergunta a se fazer é:
Existem interesse e envolvimento da comunidade do município ou localidade
suficiente para a criação do GVBS?
O GVBS não pode ser de uma única pessoa;
O GVBS deve estar afeto à comunidade, ser criado e mantido por ela, idealmente
com a participação de todos os setores da sociedade;
O envolvimento de poder público e do Sistema Público de Defesa Civil (Corpos
de Bombeiros locais se houver) e Segurança Pública é essencial;
Parceria com a iniciativa privada é uma necessidade;
Pensar na gestão de longo prazo, captação de recursos para manutenção e
formalização do GVBS como um Núcleo de Defesa Civil desde o início (não
basta ser um grupo de técnicos especialistas em busca e salvamento);
O objetivo destas perguntas não é esgotar o assunto ou criar uma fórmula padrão de
decisão a respeito da criação do GVBS; é apenas ressaltar a necessidade de uma
avaliação séria e cuidadosa das iniciativas de se criar o GVBS.
A análise e a avaliação das perguntas sugeridas devem fornecer um panorama realista
das possibilidades de criação e organização do manual.
Na figura a seguir está representada esquematicamente a lógica de criação de um
GVBS.
Este Manual contempla o passo-a-passo de como formar um Grupo Voluntário de
Busca e Salvamento, constituindo-se num guia que deve ser usado como uma fonte
de consulta permanente. Sua informação deve ser disseminada e dividida com a co-
munidade, e seu uso deve ser contínuo em cada fase de desenvolvimento do GVBS.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
16
Por que o manual?
Este manual é um guia que deve ser usado como fonte de consulta permanente. Foi
estruturado para que as informações sejam fornecidas seqüencialmente de acordo
com as etapas da construção e organização do grupo. Adicionalmente aos capítulos
é oferecido uma Caixa de Ferramentas, que contém informações adicionais focadas
na aplicação dos conhecimentos apresentados.
Onde usar este manual?
Este manual foi concebido para ser usado em municípios ou localidades onde a prá-
tica de atividades de turismo de aventura é relevante, usando toda a lógica de
implementação dos Núcleos de Defesa Civil.
Com isso, recomenda-se que o GVBS seja criado com fortes bases locais, adequado e
inserido às características do município ou localidade em que está sendo implantado.
DIAGNÓSTICO
Pedro Cavalcanti
Equipes de busca e salvamento lidam
freqüentemente com riscos, perigos,
acidentes e emergências. Por isso é
imprescindível que desenvolvam um Plano
de Gerenciamento de Riscos, não apenas
para sua própria segurança, mas também
para conhecerem a região onde atuam,
assim como suas principais
vulnerabilidades. Desse modo, poderão
planejar-se, com base em fatos, para que
otimizem a resposta à emergência,
potencializando recursos materiais e
humanos.
“Não prever é já lamentar.”
Leonardo da Vinci
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
18
Diagnóstico
Ao iniciar seu trabalho, o GVBS precisará desenvolver um estudo sobre a região onde
irá atuar. Esse estudo será chamado de Diagnóstico. Seu principal objetivo é desen-
volver um mapeamento local, que consistirá principalmente de um levantamento de
informações e sua documentação.
Apenas por meio de um mapeamento das atividades de turismo de aventura, em sua
região de atuação, e de todas as suas características relevantes é que o GVBS terá
condições de estabelecer um plano de atuação, direcionando seu trabalho de manei-
ra eficaz e utilizando-se da melhor maneira possível os recursos disponíveis, e
potencializar sua atuação.
Esse processo de mapeamento dependerá em grande parte de um detalhado levanta-
mento de dados, o qual será explicado ao longo do capítulo. Parte desse processo
consiste na identificação e análise dos riscos existentes a partir da implantação e
implementação de um Plano de Gerenciamento de Riscos.
Portanto, este capítulo também abordará o tema Gerenciamento de Riscos, expli-
cando suas características básicas e como utilizá-lo no desenvolvimento do
mapeamento. Um plano de gerenciamento de riscos também será utilizado para o
desenvolvimento de um trabalho de Prevenção assim como na gestão de segurança
durante as operações. Tais assuntos serão vistos em outros capítulos, porém os
conceitos do processo serão os mesmos que os presentes neste.
Entendendo a importância
do processo de gerenciamento
de riscos
O processo de gerenciamento de riscos é de grande valia para as equipes de busca
e salvamento, pois é uma ferramenta que facilitará a identificação e análise de riscos,
permitindo dessa forma o desenvolvimento de um trabalho baseado em informações
concretas e realistas e não apenas em suposições. Inicialmente, sua aplicação deve-
rá englobar toda a região, com seus principais atrativos para visitação, onde o GVBS
pretende operar.
Dessa forma, ele passará a conhecer com mais clareza os perigos aos quais os
turistas/praticantes estarão mais expostos, os tipos de acidentes mais prováveis e a
localização onde eles poderão ocorrer.
Com base nessas informações, será possível um melhor planejamento, para definir
recursos humanos e materiais, procedimentos técnicos a serem utilizados e o tipo de
treinamento necessário para os membros da equipe. Também será possível desen-
volver, com mais precisão e objetividade, um trabalho de prevenção de acidentes com
as operadoras turísticas locais, diretamente com o turista e também com a comuni-
dade. Mais adiante será apresentado mais detalhes sobre o trabalho preventivo.
A aplicação do processo de gerenciamento de riscos será também de extrema impor-
tância para aumentar a segurança do trabalho do próprio GVBS, durante as opera-
ções. Para isso, é necessário que a equipe esteja familiarizada com os riscos envolvi-
dos nos diferentes tipos de operações de busca e salvamento que poderão vir a realizar.
Assim poderão preparar-se para realizá-las (com a utilização de técnicas, equipamen-
tos e treinamento adequados) de uma maneira rápida e eficiente, expondo seu próprio
pessoal o mínimo possível à possibilidade de gerar novos acidentes, o que poderia
resultar em uma situação catastrófica, dificultando muito toda a situação.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
19
Diagnóstico
Portanto, deve ficar claro que o desenvolvimento do processo de gerenciamento de
riscos irá trazer três principais benefícios para o GVBS.
São eles:
Planejamento: desenvolver melhor eficiência em respostas à emergência.
Prevenção de Acidentes: trazer maior objetividade e eficiência às ações.
Operações: permitir mais segurança durante as operações.
Planejamento
O primeiro estágio para a formação de uma equipe de busca e salvamento é o plane-
jamento. Apenas um bom planejamento irá garantir o seu desenvolvimento da melhor
maneira possível, aproveitando os recursos corretamente e preparando-se para en-
frentar os tipos de situações de emergência que realmente poderão acontecer.
E o processo de gerenciamento de riscos está intimamente ligado a esse planeja-
mento, uma vez que por meio dele toma-se ciência dos principais riscos na região,
para que sejam definidas as estratégias de ação.
Dessa forma, será mais fácil priorizar alguns tipos de acidentes e suas localiza-
ções. Por exemplo, em uma região onde atividades verticais (arborismo, cascading,
escalada, etc.) são comuns e praticadas por várias operadoras, a importância de
comprar equipamentos específicos e treinar a equipe para realizar salvamento em
altura é maior que a preparação para outros tipos de possíveis acidentes de menor
importância.
Portanto, inicialmente deverá ser realizado um estudo para definir as características
dos atrativos turísticos da região que aborde os seguintes tópicos:
- Mapeamento:
Suas localizações;
Os tipos de atividade oferecida;
Quantos e quem são os profissionais envolvidos;
Os riscos envolvidos (identificação e análise);
Histórico de acidentes e estatísticas;
Técnicas e equipamentos necessários para a atividade;
Detalhamento da infra-estrutura local e regional (hospitais; Polícia; Defesa Civil;
Corpo de Bombeiros; e outros).
- Medidas de Controle.
Que serão analisados individualmente:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
20
Diagnóstico
Mapeamento de atrativos turísticos
É de extrema importância que todos os atrativos da região onde a equipe de busca e
salvamento irá atuar sejam identificados e localizados. É importante que todas as
informações relevantes sejam levantadas:
Quais os atrativos naturais estão sendo oferecidos aos turistas?
Primeiramente, é necessário identificar quais são os pontos de atração turística
analisando quais exatamente são os locais e atividades mais comercializados
na região, assim como aqueles que têm bom potencial para tal. Uma cachoeira,
uma caverna, uma montanha ou rocha boa para um mergulho ou escalada, uma
vista, uma trilha, ruínas ou qualquer outro atrativo deverá ser identificado. É im-
portante identificar o nível técnico exigido em cada um dos atrativos, assim
como a freqüência de visitação e o perfil do visitante.
Onde estão localizados?
Uma vez identificados, os atrativos deverão ser fisicamente localizados em um
mapa e seus acessos reconhecidos. O tempo necessário para o deslocamento,
tendo a base da equipe como ponto de partida, até cada atrativo também deverá
ser calculado. É importante que esse tempo seja estimado prevendo-se a ida e
a volta de uma equipe transportando equipamentos para o salvamento e a remo-
ção de uma vítima imobilizada, no retorno, em direção a auxílio médico.
Quais as atividades em operação, empresas e profissionais?
Normalmente, os atrativos estarão sendo explorados comercialmente por em-
presas locais. Identifique quais operações são realizadas por essas empresas e
quem são seus operadores. Toda ajuda será bem vinda durante uma emergên-
cia, principalmente a ajuda de pessoal qualificado disposto a ajudar. Faça dos
operadores locais seus parceiros.
Tais informações também ajudarão a melhor orientar o treinamento da equipe.
Desenvolvimento de um Mapa de Riscos.
Utilizando-se do processo de gerenciamento de riscos, os riscos existentes
deverão ser identificados, analisados e documentados resultando em um Mapa
de Riscos (veja Caixa de Ferramentas). Nesse documento, deverá estar clara
toda a informação levantada e analisada, por meio da enumeração de cada risco
e sua distribuição em uma tabela de fácil visualização.
Histórico de acidentes e incidentes.
A descrição e a documentação de acidentes e incidentes na região são de
grande importância na identificação e análise de riscos, permitindo uma visão
mais clara da probabilidade e conseqüências de acidente da região. Esse histó-
rico mostrará a tendência de acontecerem certos acidentes em certas localida-
des mais que outros, dando a chance de se direcionar corretamente os esforços
de prevenção, os treinamentos e o uso de recursos humanos e materiais. Ainda
é incomum uma formalização da análise e documentação de acidentes e inci-
dentes pelas operadoras e outras empresas do setor turístico, portanto caberá
às equipes de busca e salvamento o trabalho de conscientização e implantação
de um sistema de catalogação de informações sobre os acidentes e incidentes.
O objetivo deve ser não apenas um banco de dados regional, mas nacional,
englobando dados de todas as regiões do país. A seguir é apresentada uma
sugestão para um Formulário de Ocorrências de Acidentes e Incidentes:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
21
Diagnóstico
ESCLARECIMENTOS
Esse modelo de formulário foi criado com o intuito de se avaliar as principais ocor-
rências e suas causas.
Identificando as causas que podem ser trabalhadas na prevenção:
Local – Indicar o local do acidente (município e estado)
Data – Indicar a data do acidente
Vítimas
Nome – Indicar nome completo da vítima
Idade – Indicar a idade
Profissão – Indicar a profissão
Envolvidos (campo opcional) – Informar a empresa ou guia autônomo envolvido no
acidente e dados completos como experiência profissional, empresa regularizada,
com ISO, etc.
Descrição – Descrever o acidente de maneira minuciosa, condições climáticas, se
estavam acompanhados por prestador de serviço ou não, etc.
Conseqüência – Identificar qual foi o tipo de resgate e o resultado do acidente (fratu-
ra, luxação, trauma psicológico, morte).
Comentário – Comentários gerais e o possível motivo do acidente (falha humana,
falha de equipamento ou falha de procedimento).
Informação – Se identificar.
Fonte: Férias Vivas http://www.feriasvivas.org.br.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
22
Diagnóstico
Qual a infra-estrutura regional disponível?
O mapeamento da infra-estrutura na região também é de muita importância para
o planejamento a ser realizado pela equipe de busca e salvamento. Os hospi-
tais, prontos-socorros, clínicas, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Defesa Ci-
vil devem ser identificados e suas capacidades descritas. Os hospitais e pron-
tos-socorros estão capacitados para que tipos de emergência e cirurgias de
emergência? Quantas ambulâncias existem disponíveis? E o Corpo de Bombei-
ros, quantas viaturas possui? Qual o nível de treinamento de seu efetivo? Quais
equipamentos? É possível estabelecer parcerias? Treinamentos e simulados
em conjunto?
Introdução ao
gerenciamento de riscos
Embora sua aplicação formal ainda seja incomum entre operadoras e participantes de
atividades de aventura, o conceito de gerenciamento de riscos é fundamental para
proporcionar um relativo controle à Gestão de Segurança no Turismo de Aventura.
De forma geral, preocupa-se principalmente com dois tipos de riscos: a) aqueles
relativos à saúde e bem-estar dos envolvidos, b) aqueles relativos ao prejuízo financei-
ro dos envolvidos.
Embora seu conceito seja semelhante e, portanto, aplicável a ambos os tipos, as
explicações a seguir serão direcionadas principalmente aos riscos relativos à saúde e
bem-estar dos envolvidos nas atividades de turismo de aventura.
Definições e Conceitos
Para que se possa entender o processo de gerenciamento de riscos, é necessário,
inicialmente, estabelecer as definições de alguns conceitos importantes.
São eles:
- Risco – É a acumulação da probabilidade de acontecimento de um evento.
- Perigo – Circunstância que prenuncia um mal para alguém ou para alguma
coisa. (Fonte: Novo Aurélio Século XXI)
- Acidentes – São eventos não-planejados que resultam em danos e prejuízos
aos envolvidos.
- Incidentes – Um acontecimento não-planejado que não resulta em danos e
prejuízos aos envolvidos.
- Danos e Prejuízos – Qualquer prejuízo, especialmente financeiro e patrimonial,
sofrido por alguém, em que houve ação, influência ou omissão de outrem. (Fon-
te: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa)
- Fator de Risco – É o fator resultante da relação entre a probabilidade de
acontecimento de um evento e a conseqüência desse evento.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
23
Diagnóstico
Gerenciamento de riscos pode ser definido como sendo:
Um processo sistemático que tem como objetivo a prevenção ou redução de
perdas. Envolve a identificação e análise de riscos e perigos, desenvolvendo
e implementando medidas preventivas para remover ou controlar tais riscos.
Portanto, o processo de gerenciamento de riscos pode estar presente em praticamente
todas as atividades exercidas pelo GVBS não só no nível operacional, mas também no
administrativo, prevendo possíveis dificuldades e dando ao Grupo a chance de preparar-
se para elas. É importante deixar claro que ele é um processo complexo que sofre
constantes alterações e precisa ser monitorado e atualizado continuamente.
São etapas do processo de gerenciamento de riscos:
- Planejamento de Gerenciamento de Riscos – Estruturação do Plano de
Gerenciamento de Riscos (PGR), dando início à sua documentação.
- Identificação de Riscos – Riscos que possam gerar perdas são identificados e
descritos.
- Qualificação de Riscos – Os riscos identificados são analisados e avaliados.
- Quantificação de Riscos – Os riscos de maior importância serão analisados e
avaliados de acordo com sua probabilidade de ocorrência e possíveis conseqü-
ências.
- Planejamento de Resposta a Riscos – Desenvolvimento de estratégias para
prevenir e/ou minimizar possíveis perdas.
- Monitoração e Controle de Riscos – O PGR é colocado em prática, sendo
constantemente analisado e atualizado.
Descrição do processo
Parte fundamental de todo o processo é a identificação e análise de riscos. Riscos só
poderão ser controlados e gerenciados se propriamente identificados e analisados.
Identificação de riscos é uma maneira sistemática e organizada de se “achar” os
riscos reais associados a uma atividade ou locais. É importante procurar por todos os
riscos imagináveis. Existem diferentes ferramentas usadas para tal processo, entre
as mais comuns estão a análise de estatísticas (histórico de acidentes), entrevistas
com turistas e operadores, brain-storming e visita e análise da área utilizando-se de
um formulário.
Para facilitar esse processo, os fatores geradores de risco são divididos em três
diferentes tipos. São eles: fatores Ambientais, fatores relacionados à Atividade e
fatores Humanos. Mais detalhes podem ser encontrados no capítulo Planejamento e
Operações, em Gestão de Segurança para o GVBS.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
24
Diagnóstico
O processo de identificação de riscos deve ser contínuo e estar formalmente previs-
to para se repetir continuamente. Novos riscos estão sempre aparecendo. Uma
chuva, por exemplo, pode causar deterioração na segurança de uma trilha devido a
erosão ou desabamentos. Se o processo não for constante, os novos riscos não
serão detectados.
Veja em Caixa de Ferramentas uma lista de alguns dos principais riscos relacionados
ao turismo de aventura. Ela deve ser usada apenas como referência, devendo ser acres-
centada de outros riscos específicos da região e atividade que está sendo analisada.
Análise de riscos é o processo seguinte, que se preocupará em estudar principal-
mente duas características do risco identificado: a probabilidade e a conseqüência de
sua ocorrência. Apenas depois de realizada a análise, será tomada a decisão de se
desenvolver ou não medidas de controle para um determinado risco.
A seguir é apresentado um exemplo de Modelo de Análise de Risco
1
simples e rápido
para facilitar a análise e qualificação dos riscos. Existem outros modelos que são
mais completos e complexos; portanto, a utilização desse modelo é apenas uma
sugestão inicial. É sempre recomendado que o coordenador de segurança procure
aprimoramento por meio de treinamento técnico em gerenciamento de risco, para que
possa também aprimorar os métodos utilizados.
Nesse modelo visualiza-se a análise em números de forma rápida e simples.
O valor de cada número é estimado por aqueles que estão contribuindo com o proces-
so, e os seguinte conceitos devem ser seguidos:
Sempre que o valor resultante da soma entre Probabilidade e Conseqüência, que
é chamado de Fator de Risco, for igual ou maior do que 3, é recomendado o desen-
volvimento de uma Medida de Controle, como será visto mais adiante. De forma geral,
a pontuação dada às probabilidades e conseqüências de acidentes ainda segue con-
ceitos muito subjetivos variando conforme varia a opinião pessoal do analista. Portan-
to, é interessante buscar a opinião de várias pessoas, além de dados estatísticos
examinando o histórico de acidentes.
É preciso também ser levado em consideração, ao estimar-se a probabilidade de
acontecimento de um risco, que um risco menos importante possa ganhar maior
importância, uma vez que seja considerado o alto fluxo de visitantes expostos a ele.
Probabilidade Conseqüência
Muito Improvável 0 Sem Conseqüência 0
Pouco Provável mas possível 1 Pequena conseqüência 1
Média possibilidade 2 Séria Conseqüência 2
Muito provável 3 Catastrófica 3
1
Albrighton, L. (1993).
Emergency response – planning for crisis management. Safeguard: Journal of Occupational Safety and Health.
July, p.18.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
25
Diagnóstico
Muito provável
3 4
4
4
Média
possibilidade
2
Pouco provável,
mas possível
1
3
2
3
5 6
5
Pequena
Conseqüência
(Primeiros
socorros no local)
1
Série
Conseqüência
(Remoção de
emergência das
vítimas. BS)
2
Catastrófica
(Óbito. Óbitos
múltiplos. BS)
3
POSSIBILIDADE
CONSEQUÊNCIA
Desenvolvimento
das medidas de controle
Conforme o processo de mapeamento é realizado, e os riscos identificados, analisa-
dos e descritos, é possível iniciar o processo de desenvolvimento das medidas de
controle. Essas medidas deverão atender a duas considerações básicas: a Preven-
ção e a Resposta à Emergência.
De forma geral, as medidas de controle são divididas em 4 diferentes soluções. São
elas:
Eliminação (por exemplo: a trilha está tão perigosa que se proíbe sua utilização).
Redução da Probabilidade (por exemplo: por meio de conscientização, informa-
ção e treinamento).
Redução da Conseqüência (por exemplo: com uma equipe bem treinada e equi-
pada para responder rápida e eficientemente à emergência).
Absorção do risco (é impossível controlar todos os riscos, por isso se aceita a
“convivência” com o risco – nesse caso, a obrigatoriedade do seguro pessoal de
acidentes minimiza conseqüências, tanto ao indivíduo como à organização).
Transferência (por meio de placas e outros avisos de alerta, por exemplo: trans-
fere-se para o visitante a responsabilidade por sua própria segurança. Também
realizada por meio de seguros, ao acatar com responsabilidade financeira).
MODELO DE ANÁLISE DE RISCO
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
26
Diagnóstico
O processo de Controle de Risco, para um GVBS, estará dividido em duas áreas
distintas:
- Primeira – preocupa-se com a prevenção e utiliza todas as informações colhi-
das no mapeamento, incluindo identificação de riscos.
- Segunda – preocupa-se inteiramente com a eficácia da operação de busca e
salvamento em si, a resposta à emergência. Utiliza-se de todas as informações
colhidas no mapeamento para direcionar o desenvolvimento de um Plano de
Ação em Emergências (PAE) e conseqüentemente o treinamento da equipe.
OBS. – Mais informações sobre o desenvolvimento do Plano de Ação em Emer-
gências, poderão ser encontradas no capítulo Planejamento e Operações.
Caixa de Ferramentas
Mapeamento
Pontos de atração turística.
Atrativo
Nome
– Descrição do local (aspectos físicos e climáticos)
Qual a atividade? (visitação, caminhada, escalada, rafting etc.)
Nível técnico (defina o grau de dificuldade e explique)
Quem são os operadores? (empresa, responsável, contatos)
Qual o fluxo de visitantes? (quantos freqüentam? Quais os horários?)
Qual o perfil do visitante? (idade, condição física, experiência, técnica)
Localização (onde está localizado no mapa)
Acesso (como é alcançado a partir da base? Qual distância? Grau de dificulda-
de do caminho?)
– Tempo estimado para transporte (qual o tempo necessário para a retirada de
uma vítima imobilizada?)
Estrutura (Hospitais, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia etc.)
Nome, endereço, contato.
Qual a capacidade de atuação?
Qual nível de treinamento e especialidades?
Como pode ajudar?
Operadores
Nome
Onde ficam? Contatos.
Onde tem operações?
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
27
Diagnóstico
Quais atividades?
Quais as datas? (muitos são sazonais)
Qual a estrutura? (quantos são?)
Qual nível técnico do funcionário em campo?
Estão dispostos a ajudar?
Identificação de Riscos
Analise os itens abaixo e identifique os possíveis riscos presentes.
Ambiente (aspectos físico, climático, geográfico e social)
– Atividade (operação, técnicas e equipamentos).
Fatores humanos (operadores e visitantes – idade, sexo, capacidade física,
mental e psicológica, nível técnico, experiência).
Lista de Riscos Comuns em Atividades de Aventura
Exposição ao frio Desobediência aos guias
Falta de cuidado Queda de galhos e árvores
Escuridão/noite Submersão em água
Desidratação Intoxicação (álcool, drogas)
Equipamento Raios
Exaustão Se perder na trilha
Queda de altura Animais perigosos
Solo escorregadio Insetos
Queda em pedras Condição médica preexistente
Queda de pedras soltas Exposição ao calor
Falha no sistema (técnica) Queimadura solar
Clima ruim Outros
Formulários para Gerenciamento de Riscos
Identificação de riscos
Risco - nº Localização Descrição
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
28
Diagnóstico
Mapa de riscos
Medidas de controle
Plano de ação para o controle do risco
Análise e revisão das medidas de controle
Conseqüências
possíveis
Risco nº
Probabilidade de
resultar em perdas
e danos
Quantidade
de pessoas
expostas
Tempo de
exposição
Risco nº
Redução da Probabilidade Redução da Conseqüência
Eliminação
Imediato/Curto Prazo
Longo Prazo Longo PrazoImediato/Curto Prazo
Risco nº Ações
propostas
Recursos
necessários
Atores e
responsabilidades
Prazo
Controle do Risco nº
Trouxe novos riscos?
São eficazes?
Existem opções melhores?
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
29
Diagnóstico
Documentação final
Risco nº
Localização
Descrição Probabilidade Consequências possíveis
Fator de risco
Medidas de controle
Pessoa responsável
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
30
Diagnóstico
Gestão de Riscos – Formulário de Atendimento a
Emergências
Data do acidente:
Tipo de acidente:
Localização do acidente:
Horário do acidente:
Horário do acionamento do GVBS:
Finalização (data e hora):
Duração total:
Quem acionou o GVBS?
Qual razão (descreva o acidente/incidente)?
Qual atividade era praticada no momento do acidente?
Qual foi o meio de acionamento (celular, rádio, oral, etc.)?
Que instituição foi responsável pelo controle da operação?
Qual o número total de pessoas envolvidas na operação?
Qual o número total de Voluntários envolvidos?
Que outras instituições ou organizações estavam envolvidas?
Qual o total de horas gastas pelo GVBS no acidente?
Qual o número de pessoas envolvidas no acidente?
Qual o número de vítimas atendidas?
Houve óbito? Quantos?
Descreva o acidente:
Sobre as vítimas:
Nome:
Sexo:
Idade:
Nível de capacitação e experiência:
Nacionalidade:
Lesões sofridas:
Distância onde foi encontrada em relação ao ponto onde foi vista pela última vez:
Horário em que começou a ter dificuldades:
Método de evacuação (helicóptero, maca na trilha, barco, etc.):
Distância percorrida:
Descreva resumidamente a atuação do GVBS:
Descreva os pontos a melhorar da atuação do GVBS:
Descreva os pontos positivos da atuação do GVBS:
CONSCIENTIZAÇÃO
E MOBILIZAÇÃO
Ronaldo Franzen Junior
A necessidade da criação de grupos
de busca e salvamento em atividades
na natureza está ligada diretamente
com o aumento da prática das
atividades esportivas de aventura.
“Tem gente que sonha com
realizações importantes, e há quem
vai lá e realiza.”
George Bernard Shaw
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
32
Os primeiros grupos
A necessidade da criação de grupos de busca e salvamento em atividades na nature-
za está ligada diretamente com o aumento da prática das atividades esportivas de
aventura. Historicamente, os primeiros grupos foram criados informalmente para auxi-
liar praticantes com problemas nas regiões de montanha, e como os primeiros a
serem contatados, ou estarem diretamente envolvidos em emergências, eram os pró-
prios montanhistas, estes se organizavam na tentativa de ajuda ao próximo, imbuída
da solidariedade presente no montanhismo, na exploração de cavernas, no canionismo
e no mergulho.
Com o aumento do número de adeptos, conseqüentemente aumentaram os aciden-
tes e surgiu a necessidade da criação de grupos organizados que perceberam que
para diminuir o número de acidentes precisavam atuar na prevenção, organizando a
prática das atividades, identificando os riscos e informando aos praticantes os cuida-
dos e as particularidades da região.
No Brasil o primeiro Grupo de Busca e Salvamento que se tem notícia é o COSMO –
Corpo de Socorro em Montanha, (ver Estudos de Caso), criado em 1996. A sua existên-
cia foi prevista no plano de manejo do Parque Estadual Marumbi. Sua principal função é
auxiliar a gerência da Unidade de Conservação – UC a informar e conscientizar os
visitantes quanto aos riscos e medidas de prevenção a serem adotadas, pois o principal
atrativo do local é o montanhismo, cujo risco é inerente. Como já existia um histórico de
acidentes no local, o principal objetivo com a criação do grupo foi proporcionar uma
estrutura de atendimento a emergências, e realizar a prevenção por meio de da informa-
ção ao visitante e da sinalização e adequação das trilhas de acesso às montanhas.
A necessidade do GVBS
Outro ponto importante a salientar é a necessidade da integração entre os Ministérios
do Turismo e do Meio Ambiente, pois para o Departamento de Áreas Protegidas,
vinculado ao IBAMA, após a criação de uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral, como é o caso dos Parques (Nacionais), que prevêem o uso público (confor-
me o Capítulo III, artigo 11 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC,
de julho de 2000), estes são responsáveis pela gestão das UCs, seja nacional, esta-
dual ou municipal. As UCs devem prover as estruturas e equipamentos necessários
para a prática segura das atividades previstas no seu Plano de Manejo, assim como
um plano de contingência que contenha alternativas para minimizar os riscos, e em
caso de acidentes, devem possuir recursos pessoais e materiais para resolver a emer-
gência, quer seja de busca de pessoas perdidas, salvamento ou resgate, quer seja o
transporte destes recursos das vítimas.
Prevenção de acidentes
Ao longo do manual este tema será constantemente abordado, por ser o principal
objetivo de um Grupo Voluntário de Busca e Salvamento – GVBS.
Ao se falar em atendimento às emergências, inicia-se a avaliação de quais são as
chances desta emergência acontecer, identificando os riscos (ver capítulo Planeja-
mento e Operações). Reconhecendo-os, já é estar um passo à frente dos acidentes.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
33
Acidentes acontecem sim, mas por somatório de erros: erro no aprendizado das
técnicas, erro na aquisição dos equipamentos e erro na execução dos procedimen-
tos. O fato de “deixar acontecer, pra depois resolver” e a falta de uma cultura
prevencionista fazem parte deste somatório de erros, e às vezes antes da emergência
propriamente dita acontecem alguns pequenos incidentes, que dão alguns “sinais” de
que um acidente está em andamento. E acidente gera acidente, por efeito cascata,
pelo “vulto” do acidente, ou no momento de tentar solucionar o problema, transportan-
do o socorro até as vítimas ou transportando-as até o socorro.
Infelizmente são presenciadas muitas ações em atividades de risco e emergências
sem o devido cuidado com a segurança pessoal e de terceiros, desconhecimento
total das técnicas, falta de equipamento adequado, excesso de improvisações e de
heroísmo. É importante saber improvisar. Alguns dizem que até é uma arte, mas
antes é preciso ter todos os procedimentos padronizados, as regras claras e defini-
das, e uma padronização, inclusive de como e quando improvisar.
E para atuação em áreas agrestes remotas, como montanhas, cânions e cavernas,
uma equipe de busca e salvamento deve saber se deslocar por estes ambientes com
agilidade e segurança, trabalhar com o mínimo de equipamento, conhecer a área, e
estar capacitada a realizar buscas que às vezes podem durar vários dias.
Outra forma eficaz de realizar a prevenção de acidentes é informar aos praticantes quanto
ao uso correto dos equipamentos de segurança, áreas de risco a serem evitadas e quais
as medidas de contenção de acidentes adotadas no local de atuação do GVBS.
Divulgação
do diagnóstico
para a comunidade
Para que o diagnóstico do turismo de aventura na região seja divulgado para a comu-
nidade local, devem ser aproveitadas as realizações de fóruns específicos, encontros,
eventos na mídia, em redes de comunicação e listas de discussão na Internet, sensi-
bilizando para a importância do envolvimento da comunidade no processo de reconhe-
cimento da região como pólo de desenvolvimento do turismo de aventura.
O diagnóstico deve conter estatísticas de acidentes na região ou em áreas similares
que comprovem a necessidade de um Grupo Voluntário de Busca e Salvamento, le-
vando sempre em conta que o melhor GVBS é aquele que não trabalha, mas atua em
prevenção e treinamentos.
Identificação
de possíveis integrantes
A partir da demanda da existência de um GVBS, a própria comunidade praticante
dará o passo inicial e começará a divulgação para a comunidade, identificando possí-
veis interessados em integrar o grupo.
Devem ser identificadas associações de condutores locais, brigadistas de combate a
incêndio, clubes de montanhismo, excursionismo e outras pessoas interessadas na co-
laboração com a prevenção de acidentes e a prática segura das atividades de aventura.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
34
Para formar um GVBS, são necessários especialistas nas atividades praticadas, pois
estes normalmente são conhecedores da região; além do pessoal de base, responsá-
veis pela secretaria (escriba e entrevistadores), logística (cozinheiros, motoristas),
médicos, socorristas e demais pessoas da comunidade interessadas em colaborar
em uma operação de busca e salvamento.
Mobilização
de possíveis
integrantes de um GVBS
Para mobilizar possíveis integrantes, é necessário identificar os praticantes, reconhe-
cer a demanda e promover a integração destes com os responsáveis legais, que são
o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, para que possam atuar juntos em casos de
emergência.
Normalmente os praticantes serão uma força civil auxiliar aos responsáveis legais. A
partir do momento que esteja organizada, esta força auxiliar passa a colaborar desde
o primeiro aviso de emergência ao momento do descobrimento de indícios e até na
evacuação das possíveis vítimas.
Os GVBS são instituições acessórias do poder público, sob coordenação da Defesa
Civil municipal, que podem ajudar neste sentido. Vale lembrar que estes grupos têm
por natureza o emprego nas ações de resposta à emergência envolvendo turismo de
aventura e não têm, nem de longe, a função de usurpar o serviço público, o que é até
crime previsto em lei.
Estas ações conjuntas, coordenadas e com objetivo claro e de interesse de todos, é
que tornam a sociedade civil participante do processo. Afinal, engajar os moradores é
fundamental.
Neste grupo de pessoas, pode-se, ainda, apontar algumas que são importantes no
processo do GVBS. As pessoas que conhecem a região, praticam esportes de aven-
tura e até têm algum equipamento útil às operações devem ser encorajadas a partici-
par nestas operações.
Por exemplo: se há na região um grupo excurcionário de pessoas, um fazendeiro que
possui um avião, um médico aposentado etc. Todos estes recursos podem, e devem,
ser aproveitados nestas emergências auxiliando o poder público.
A chave do sucesso e da vida longa do GVBS é manter este laço de coordenação de
ações da sociedade civil em prol do turismo de aventura seguro. Conscientizar a
população de suas necessidades e mobilizar os recursos necessários a desempe-
nhar suas operações.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
35
Benefícios
e facilidades
aos voluntários
como incentivo
O principal benefício em ser integrante de um GVBS é a melhora em suas aptidões
técnicas. Outros benefícios terão os profissionais (guias e instrutores) das modalida-
des praticadas na região, pois a melhora das estruturas, dos equipamentos e princi-
palmente das condições se segurança trarão benefícios a todos.
No caso de uma Unidade de Conservação, um dos benefícios dos integrantes de um
GVBS é ter livre acesso a trilhas e áreas intangíveis, justificados pela necessidade de
se manterem treinados, e adquirir conhecimento de todos os ambientes da área de
atuação, realizando ações de prevenção, seja sinalizando trilhas ou interditando acessos
perigosos.
Um exemplo prático que acontece com o COSMO é a facilitação na aquisição da
passagem de trem, que é o principal meio de acesso ao Parque Estadual Marumbi,
quando é cobrado apenas o valor do seguro de R$ 2,00, quando o custo da passagem
varia de R$ 35,00 a R$ 70,00.
ESTRUTURAÇÃO
E CAPACITAÇÃO
Helon Florindo
Quando o atrativo começa a ser
procurado para a prática das atividades
de aventura, acontecem os acidentes e
surge a demanda para criação de um
GVBS. Para integrar um grupo como
esse, os praticantes devem possuir
competências mínimas, e se aprofundar
nas questões de primeiros socorros,
planejamento de busca de pessoas
perdidas, transporte de acidentados
e outras técnicas específicas para
a região.
“Todos a quem encontro são superiores a
mim em alguma coisa. Por isso, deles
sempre aprendo alguma coisa.”
Ralph Waldo Emerson
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
37
Estruturação e
Capacitação
Existem dois momentos distintos na capacitação de um GVBS. Num primeiro mo-
mento, quando o atrativo começa a ser procurado para a prática das atividades de
aventura, acontecem os acidentes e surge a demanda para criação de um GVBS.
Para integrar um grupo como esse, os praticantes devem possuir competências míni-
mas e se aprofundarem nas questões de primeiros socorros, planejamento de busca
de pessoas perdidas, transporte de acidentados e outras técnicas específicas para a
região. E um segundo momento após a criação do GVBS, é necessário um aprimora-
mento constante das técnicas e manutenção das aptidões físicas, por meio de treina-
mentos específicos e simulados promovidos entre a comunidade, sendo necessário
além de especializações de acordo com as especificidades da região, atuar com as
associações organizadas para as práticas das atividades.
Atribuições e funções do grupo
O processo de seleção é fundamental para o início das atividades de uma equipe,
especialmente as de busca e salvamento.
Os voluntários que se apresentam para a realização desta atividade devem ter em
mente, de maneira clara, sua responsabilidade como parte de uma equipe especial
que tem na sua atividade algumas importantes tarefas a serem realizadas.
Cada um com sua contribuição vai permitir que todos tenham o desempe-
nho adequado e, principalmente, levem a cabo sua “missão” de maneira a
garantir a segurança da equipe e o resgate das pessoas que precisam de
seus serviços.
Cada tarefa tem suas peculiaridades. Existem as tarefas administrativas e operativas.
Não há grau de importância na realização delas. Todos têm igual importância na
manutenção da equipe.
No entanto, ocorre freqüentemente um erro de interpretação por parte dos membros des-
tes serviços. Por terem um foco operativo, os membros que atuam na parte operativa
tendem a relegar a segundo plano os membros de funções administrativas, que também
são vistos como pessoas que estão fora do processo do grupo e que têm menor valor.
Na verdade essas pessoas são as responsáveis pela manutenção da operação e são
de fundamental importância na sua realização.
Imagine uma operação que dure horas, dias ou semanas. Os membros operativos
têm necessidades individuais e coletivas que têm que ser solucionadas, tais como:
alimentação, recarga de baterias, provimento de elementos logísticos, etc. Os mem-
bros do serviço de suporte a operação são responsáveis por isso.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
38
Estruturação e
Capacitação
As atribuições de um de GVBS, sob um ponto de vista geral, são vistas no quadro a seguir:
Atribuições de um GVBS
Desenvolver e adotar medidas de prevenção de acidentes.
Responder prontamente aos acidentes e identificar de maneira rápida as vítimas
e suas lesões.
Sustentar e prolongar a vida das vítimas, por meio de medidas convenientes, no
local do acidente, durante o transporte e quando seja possível.
Diminuir a probabilidade de hospitalização prolongada e/ou incapacidade
permanente mediante a aplicação oportuna e adequada dos primeiros socorros.
Prover o transporte adequado e necessário no menor tempo possível para
proporcionar à vítima atendimento médico adequado.
Aplicar as técnicas de busca e salvamento de vítimas em locais de difícil acesso.
Implementar medidas para a aplicação de sistemas de evacuação de urgência,
onde se realizem atividades potencialmente perigosas.
Manter o equipamento de resgate em condições de uso.
Efetuar atividades de treinamento, para manter e elevar a capacitação e
habilidade pessoal dos membros da equipe de busca e salvamento.
Conhecer a toxicologia dos produtos e substâncias que se manejam ou se
processam na sua área de atuação e conhecer os primeiros socorros indicados.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
39
Estruturação e
Capacitação
Da mesma maneira, as responsabilidades são:
Responsabilidades de um GVBS
Ter conhecimentos e saber aplicar os primeiros socorros.
Conhecer as técnicas e saber utilizar o equipamento de resgate adequadamente.
Conhecer o procedimento para aplicar reanimação cardiopulmonar.
Conhecer o manejo dos aparatos disponíveis para administrar oxigênio às vítimas
que necessitem, dependendo da lesão que apresentem.
Conhecer a forma apropriada para transportar uma vítima, dependendo da lesão.
Conhecer e saber utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.
Conhecer e saber aplicar as medidas de segurança pessoal e coletiva.
Atender a toda emergência de que tenha conhecimento, efetuando com sua
equipe a busca e salvamento de vítimas de algum acidente.
Aplicar os primeiros socorros aos lesionados durante seu salvamento e
transporte ao serviço médico.
Conhecer e aplicar os procedimentos de segurança para realizar a busca e
salvamento de vítimas, de acordo com a emergência.
Implantar sistemas de evacuação quando for realizar atividades perigosas em
locais de difícil acesso.
Apoiar o pessoal de manutenção quando estes realizarem atividade
potencialmente perigosa.
Participar das atividades diárias de seu departamento.
Realizar práticas periódicas de técnicas de busca, salvamento e resgate.
Praticar sessões de condicionamento físico.
Efetuar manutenção do equipamento disponível para a equipe de resgate.
Participar dos simulados de emergência programados, para avaliar a efetividade e
desenvolvimento da equipe de busca e salvamento e brigadas de emergência.
Colaborar na capacitação de novos integrantes da equipe e dos técnicos que
executem atividades de risco.
Coordenar-se com o serviço médico para a atenção aos lesionados.
O sistema de comando em operações
No processo de estruturação do grupo é importante conhecer e aplicar técnicas capa-
zes de mantê-lo organizado e funcional durante as operações. Essas técnicas são
agrupadas em um sistema, que é chamado de “sistema de comando”.
Um sistema de comando é um modelo gerencial para comandar, controlar e coorde-
nar operações de resposta em emergências tanto no tocante a pessoas quanto de
recursos.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
40
Estruturação e
Capacitação
O sistema utilizado em algumas instituições no Brasil é denominado SCO – sistema
de comando em operações, baseado em um modelo norte-americano utilizado em
incêndios florestais na década de 70, chamado de ICS – Incident Command System,
e que se tornou um padrão na administração de equipes de resposta na região das
Américas por suas características simples.
A principal função do SCO é agregar sob um comando único todos os envolvidos em
uma resposta a um evento. Para isso utiliza um Comando Unificado onde estão pre-
sentes representantes de todos os órgãos de resposta a fim de tomarem decisões.
No caso dos grupos voluntários de busca e salvamento, o líder da equipe irá compor
este sistema em parceria com os líderes dos órgãos de resposta do município.
É importante, então, nos planos de ação em emergência que sejam con-
templados os órgãos de resposta e sua estrutura, a fim de que ao se organi-
zarem, também incorporem as características do SCO, ou seja, cada pes-
soa responsável por uma tarefa sabe quem é o seu equivalente em outra
instituição, facilitando a troca de informações e recursos.
Características do SCO
O SCO possui um comando único e unificado. Somente uma pessoa ou um grupo de
representantes tem o poder de tomada de decisões. Esta característica diminui a
possibilidade de surgirem ordens trocadas ou mudanças de planos repentinas. Cada
um sabe a quem se reportar e quando fazê-lo.
A estrutura é modular. Dependendo da extensão da emergência, o grupo irá acionar
ou expandir sua estrutura. Por exemplo: se a emergência é pequena, um grupo
operativo, comandado pelo seu líder, irá solucionar o problema. No entanto, se a
emergência toma proporções maiores, ou se é necessário o emprego de recursos por
um tempo prolongado, o líder passa a delegar as funções a outras pessoas, acionan-
do seções como logística, finanças, comunicações etc.
Vale lembrar que ele delega as funções e não as responsabilidades.
As comunicações são integradas, ou seja, todas as pessoas operam em uma mes-
ma freqüência de rádio e têm a mesma nomenclatura para equipamentos. Pense: um
líder, ao solicitar um determinado equipamento pelo rádio a uma outra equipe que
desconhece o material, ou que o conhece por outro nome, teria que perder um tempo
precioso descrevendo este equipamento para poder conseguí-lo.
Outra característica importante do SCO é ter sempre uma pessoa
gerenciando no máximo outras cinco. Este princípio garante o controle por
parte das pessoas que têm a função de chefiar grupos. Não é fácil ter sob
seu comando um número grande de pessoas. Se um líder de equipe tem
um grupo de quinze pessoas para uma operação, é sensato que este divida
os voluntários em três grupos de cinco pessoas, em que um deles será o
subchefe da equipe gerindo somente outras quatro. Este procedimento é,
acima de tudo, uma garantia de comunicação perfeita e segurança
operacional.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
41
Estruturação e
Capacitação
Funções do SCO
As principais funções deste sistema são:
Comando: núcleo responsável pelas operações, que incluem preparação dos pla-
nos de ação em emergência e sua execução, requisição e liberação de recursos.
Coordenador de Segurança: membro assessor do comando (staff) responsável
por monitorar e avaliar as situações do ponto de vista da segurança. Tem o poder
de interromper a operação a qualquer momento que julgue necessário a fim de
manter os níveis de segurança.
Coordenador de Ligações: assessor do comando (staff) que atua como contato
com os representantes de outros órgãos que estão atuando com o grupo em
uma emergência.
Porta-Voz: assessor do comando responsável por contatos com a mídia e divul-
gação de informações ao público em geral.
Secretário: apóia o comando nas funções administrativas, organizando o Pos-
to de Comando, preparando reuniões, registrando decisões e outras atividades
necessárias.
Coordenador de Operações: assessor do comando, é responsável pela execu-
ção do plano de ação em emergência. Ele ativa e supervisiona os elementos
operativos de acordo com o plano a fim de resolver a emergência.
Coordenador de Planejamento: responsável por executar o planejamento de ações
e adaptar os planos de ação em emergência durante a atividade de resposta.
Deve ser capaz de avaliar a evolução de situação e auxiliar o comando na toma-
da de decisões.
Coordenador de Logística: responsável pelo fornecimento de material, instala-
ções e serviços de suporte a operação. Participa também da elaboração do
plano de ação em emergência.
Coordenador de Administração: é responsável pelas compras, locação,
contratação e pagamento de materiais e serviços, além de controlar o emprego
de pessoas.
Assim sendo, as equipes de busca e salvamento devem seguir o seguinte organograma
funcional nas suas atividades:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
42
Estruturação e
Capacitação
Esta estrutura organizacional tem a finalidade de gerir a equipe de busca e salvamen-
to durante toda sua atividade, seja ela operativa ou administrativa.
Cabe lembrar que esta equipe não tem função ocasional e sim permanente. Mesmo
quando não está no desempenho de sua atividade fim, tem necessidade de treina-
mento e busca de meios para a sua manutenção.
Perfil dos voluntários
Os líderes e membros das seções têm funções permanentes. Cada um deve ter um
perfil adequado ao desempenho de suas funções. Por exemplo: o coordenador de
logística deve ser um voluntário com habilidades em gerência de recursos, compras,
bons contatos com lojistas e com a comunidade local para prover os meios necessá-
rios; o coordenador de comunicação deve ter conhecimento de montagem de redes
de comunicação com rádios portáteis, das freqüências de trabalho do sistema de
Defesa Civil, noções de propagação de ondas, etc.
A seguir é apresentado um quadro de competências e atribuições de cada membro da
equipe de busca e salvamento:
Componente
Coordenador-Geral
Assessor de
Segurança
Porta-Voz
Assessor de
Ligações
Competências
Visão geral do processo
Comprometimento com o
processo
Competência administrativa
Conhecimento das
características do local
Competência técnica para
gestão
Poder de chefia e liderança
Descentralizador
Conhecimento de
gerenciamento de risco
Minucioso
Poder de liderança
Competência técnica
Descentralizador
Pragmático
Conhecimento das relações
com o público e com a mídia
Credibilidade
Confiabilidade
Visão geral do processo
técnico das operações
Bom relacionamento com as
instituições e colaboradores
Articulador
Atribuições
Responsável pelo
funcionamento da estrutura
Responsável pela
representatividade
institucional
Responsável pelo
cumprimento do estatuto e
regimento
Representante legal, perante
as autoridades dos diversos
segmentos
Fazer a gestão do setor de
segurança desde o
planejamento até o nível
operacional
Analisar os incidentes e
acidentes
Revisar os procedimentos de
segurança continuamente
Responsável por motivar
reuniões técnicas
Fazer a comunicação externa
do grupo com órgãos de
imprensa
Fazer a comunicação do
grupo com os órgãos oficiais
e instituições que dão
suporte à operação
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
43
Estruturação e
Capacitação
Componente
Secretaria
Coordenador de
Planejamento
Coordenador de
Logística
Coordenador de
Administração
Coordenador de
Comunicação
Coordenador de
Operações
Competências
Organização
Redigir documentos
Visão geral dos
procedimentos de operação
do grupo
Organização
Descentralizador
Conhecimento técnico
abrangente
Articulador e negociador
Conhecimento administrativo-
financeiro
Descentralizador
Capacitação e gestão de
recursos e pessoas
Organizado
Articulador
Conhecimento técnico de
comunicação
Utilização competente da
comunicação em situações
críticas
Articulador
Visão técnica da operação
Articulador
Organizado
Atribuições
Redigir os documentos
expedidos pela coordenação-
-geral
Apoiar a coordenação-geral
Manter um plano de chamada
atualizado
Realizar o planejamento das
operações do grupo em
todas as fases
Fazer a gestão logística
desde o planejamento,
manutenção, inventário até a
coordenação geral da área
logística de suporte a
operação
Realizar as compras,
empregar e gerenciar os
custos da operação do grupo
Estabelecer rede de
articulação interna e externa
Estabelecer uma linguagem
de comunicação
Estabelecer linguagem-código
Q (alfabeto internacional
indicativo de radioamador)
Controlar a aplicação dos
recursos operacionais no
local de trabalho do grupo
Participar do planejamento de
operações
Executar o planejamento
Sugerir mudanças no
planejamento
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
44
Estruturação e
Capacitação
Componente
Líder de Equipe
Resgatista
Resgatista/segurança
Resgatista/logística
Competências
Competência técnica
Resolução de conflitos
Liderança
Capacidade de decisão sob
pressão
Saber trabalhar em equipe
Saber acatar ordens
Competência técnica
(habilidade, atitude,
conhecimento)
Autocontrole
Rigidez física e mental
Mesmas competências do
resgatista
Garantir a segurança da
operação
Mesmas competências do
resgatista
Organizado e detalhista
Atribuições
Ser o elo entre a equipe
operacional e a coordenação-
geral
Providenciar o rodízio entre os
integrantes da equipe
operacional
Definir as atribuições de cada
integrante da equipe
Manter-se apto para atuar
operacionalmente (reciclagem,
treinamentos periódicos)
Ter zelo com os equipamentos
Mesmas atribuições do
resgatista
Interromper a operação em
caso de situação insegura
Não se envolver em ações
diretas
Mesmas atribuições do
resgatista
Manter o controle do material
Reportar-se ao líder sobre a
carência de material
Levar em consideração, nos componentes abaixo, as especificidades locais
Cada membro da equipe tem uma função clara e definida para que não
existam choques de idéias nem de competências de decisão. É importante
lembrar que esta equipe será utilizada em momentos de forte tensão e
comoção social, que são as emergências envolvendo pessoas.
O que é importante se considerar quando se trabalha em grupo, principalmente em
operações de busca e salvamento, é a hierarquia de trabalho. Esta subordinação
funcional tem o objetivo de tornar mais fácil a operação à medida em que distribui a
responsabilidade de decidir e executar entre os membros do grupo.
Obviamente a hierarquia não exclui a possibilidade de sugestão de soluções durante
a operação. No entanto, o poder de decisão do responsável deve ser considerado e
prontamente apoiado pelos responsáveis pela execução sobre pena de falhar toda
uma operação por deixar de lado o planejamento proposto e seguir somente uma
visão particular em determinados momentos da operação.
Além desses fatores, o tratamento hierárquico de pessoas dirime alguns problemas
quanto ao tempo que se leva para emitir um parecer ou decisão sobre alguma coisa. As
pessoas devem tomar suas decisões entre o grupo de trabalho, mas estas decisões
devem ser levadas ao comando por uma só pessoa. Esta, com poder de mando sobre
as outras, sem dúvida, deve ser respeitada não só por sua posição de chefia, mas por
ter sobre seus ombros a total responsabilidade sobre as decisões por ele tomadas.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
45
Estruturação e
Capacitação
Não é fácil decidir sob pressão – característica das operações de busca e salvamen-
to, sobretudo em grupos voluntários em que as pessoas têm um relacionamento
interpessoal ainda mais forte e com laços de amizade. Respeito e confiança são
pilares deste tratamento amigo e aqui são ainda mais importantes.
Sem dúvida, o Coordenador-Geral tem que ter o perfil de liderança e a aceitação da
equipe. Ele deve, sempre que possível, por meio de uma liderança legítima, buscar os
rumos da equipe. Sem dúvida, deve possuir os atributos de liderança.
Chefia e Liderança – existe diferença? Verifique na “Caixa de Ferramentas”!
Inicialmente pode-se imaginar que este quadro irá servir somente nos momentos ad-
ministrativos do grupo. Na verdade esta estrutura é acima de tudo voltada para os
períodos operacionais. O que se exercita nas horas de administração do grupo é
levado a campo para dar suporte ao trabalho das equipes operacionais.
Por exemplo: um grupo de pessoas se perde em uma mata e teve a sorte de ter uma
dupla de voluntários do GVBS de plantão na localidade. Estes dois iniciam a resposta
à emergência, com o apoio das pessoas do local, e imediatamente acionam a estru-
tura do grupo para operar naquele momento.
Já os resgatistas, pessoas responsáveis por operacionalizar as ações do grupo, de-
vem manter-se em condições de resposta durante todo o tempo de sua permanência
nos quadros do grupo. Cada um deve, por uma questão de segurança própria e da
equipe, manter-se atualizado em seus conhecimentos específicos (médicos, de es-
calada, de orientação, de uso de equipamentos etc.) e em condições físicas e men-
tais para desenvolver suas atividades nas operações.
Percebe-se, então que uma das características fundamentais do perfil do resgatista é
ter predisposição ao trabalho. Este compromisso, aliado às suas destrezas próprias,
como treinamento em orientação com GPS, comunicações, resgates etc., é funda-
mental na escolha e acolhimento deste voluntário no grupo.
Há de se ter cuidado com isso para não supervalorizar um grupo ou pessoa em detri-
mento de outras. Todos os resgatistas têm em sua personalidade destrezas que são
importantes na execução da missão.
Não é porque se busca uma determinada pessoa para contribuir em uma tarefa que
esta passa a ser fundamental ao grupo. Só existe uma pessoa a mais para facilitar o
sucesso do grupo. Um erro seria o contrário. As elites operacionais ou grupos essen-
ciais tendem a dissipar energias dentro das emergências e estimular uma competi-
ção não desejada entre os membros da equipe.
Capacitação dos voluntários
A fim de atender cada um em sua peculiaridade, o coordenador deve buscar entidades
para estabelecer parcerias de treinamentos em conjunto. Estas mesmas entidades
ou organizações são grupos de apoio importantes na operação.
Por exemplo: o coordenador de comunicação deve procurar o grupo de radioamadores
de sua região e entre eles realizar treinamentos, experimentos de equipamentos e
outras atividades voltadas ao exercício de suas habilidades específicas, assim como
o coordenador da seção de operações deve buscar grupos de espeleologia, excursio-
nistas, montanhistas, Bombeiros e Policiais Militares para realizarem atividades con-
juntas para testar seus conhecimentos e trocar informações.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
46
Estruturação e
Capacitação
Este sistema de trabalho irá permitir à equipe manter-se atualizada e ajudar os outros
segmentos do sistema de resposta a emergências do município, oficiais ou não, a
estar sempre em treinamento. Outra função desta atividade é manter um convívio
salutar e social entre os membros das equipes de resposta, derrubando barreiras que
podem ser grandes ao desempenho de atividades no momento da emergência.
Este sistema de capacitação conjunta e continuada irá propiciar às equi-
pes o desempenho adequado de resposta a emergência e a destreza no
trato com o público em geral. Lembre-se: em emergências, todos têm algo
a contribuir. Os coordenadores, comandantes e responsáveis devem saber
gerir estes recursos e canalizar forças para a resolução de problemas.
A capacitação conjunta tem por objetivo colocar na sala de aula, um ambiente neutro
e com possibilidade de estudo e conversa amigável, as pessoas que vão estar presen-
tes nas respostas a emergências. Se estas pessoas se conhecem previamente, de-
senvolvem uma rede de convivência e tratam de conhecer os limites e pontos fortes de
cada um, sem dúvida, no momento de uma emergência, irão se chamar pelo primeiro
nome e irão trabalhar em um clima muito mais seguro e salutar.
A capacitação do voluntário em primeiros socorros é um assunto de grande importân-
cia e merece uma atenção especial.
É muito importante que todo voluntário de campo seja treinado em primeiros socorros,
não apenas para atender às necessidades da vítima, mas também para que seja
totalmente responsável por sua própria segurança e de sua equipe. E ao considerar o
fato de que as atividades envolvidas são normalmente de risco e administradas em
ambientes naturais e muitas vezes remotos, longe de apoio médico avançado e de
outras equipes de busca e salvamento, o cuidado deve ser ainda maior.
No Brasil ainda não existe um processo de certificação oficial em primeiros socorros
que siga um currículo em comum por todo o país. Portanto, muitos são os cursos,
seus currículos e níveis de ensino, sendo mais difícil a escolha de um bom curso.
Para o caso de uma possível ação legal contra o voluntário ou a organização, seguin-
do uma conclusão infeliz de um atendimento, é importante que todos aqueles que
prestem socorro a uma vítima estejam devidamente treinados, seguindo protocolos e
procedimentos que sejam aceitos nacionalmente e se possível também internacional-
mente. Um certificado de aprovação no curso assinado por médico ou enfermeiro
também é uma garantia a mais.
Se for considerado o sistema americano de Busca e Salvamento (SAR), observa-se
que a qualificação de First Responder é a mínima formação exigida de primeiros
socorros, do voluntário. Esse curso varia de 65 a 80 horas de treinamento, dependen-
do se ele atenderá apenas o curriculum urbano ou também o de áreas remotas. Fa-
zendo um paralelo com a realidade do país, onde tais cursos ainda são incomuns, é
sugerida, portanto, uma carga horária mínima de 40 horas de treinamento em primei-
ros socorros.
É importante relevar que alguns procedimentos recomendados para áreas urbanas
não são os mais indicados para o atendimento de busca e salvamento em ambientes
naturais ou remotos (a mais de 1 hora de distância de atendimento especializado). Ao
realizar cursos e treinamentos, esses devem ser direcionados para as realidades que
serão encontradas pelo trabalho do GVBS. Nos simulados deve-se calcular os tem-
pos de atendimento realisticamente, não incluindo a existência de um helicóptero
“salvador”, por exemplo, se na realidade ele não vai existir.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
47
Estruturação e
Capacitação
Como normalmente a vítima se encontrará distante e, possivelmente, em local de difícil
acesso, o treinamento de primeiros socorros deverá preparar o voluntário para fazer um
detalhado levantamento de dados (análise do paciente), provendo a equipe, por rádio,
com informações relevantes sobre a condição da vítima, além de ensiná-lo a tratar da
melhor forma possível as principais lesões traumáticas e problemas clínicos.
Provavelmente a vítima será achada pelos precursores da equipe, e serão eles que
deverão providenciar o auxílio imediato a ela, até que pessoal especializado (médi-
cos, enfermeiros etc.) alcance o local.
A partir do momento em que o voluntário faz contato com a vítima e contando com a
possibilidade de contato por rádio, ele passará a ser os olhos e as mãos da equipe
médica, ainda que à distância, permitindo-os que garantam um atendimento adequa-
do, além de mantê-los constantemente informados com o quadro da vítima.
Esse treinamento deve ser composto de aulas teóricas, muitas aulas práticas e vários
simulados. É preciso criar situações parecidas com as que possam ocorrer na reali-
dade do local, pois em uma situação real ele já se sentirá familiarizado e terá mais
facilidade para agir corretamente.
A correta documentação dos atendimentos na região ajudará em direcionar o treina-
mento para dar maior atenção aos problemas mais comuns. Portanto, deve-se enfatizar
a utilização de formulários de atendimento.
Todo treinamento tem data de validade, portanto deve ser realizado (mesmo que em
uma versão mais curta) periodicamente.
Estabelecendo a agenda de treinamento
Estes treinamentos devem ser previstos em um calendário anual e devem ser divulga-
dos com a devida antecedência para que os voluntários tenham tempo e meios de
justificar suas faltas ao trabalho, programarem suas atividades e saberem os temas
que serão abordados durante o programa de capacitação continuada. De nada vale
um grupo formado se não se converter em equipe.
Deve ser estabelecido um planejamento de atividades segundo seus objetivos – se é
necessário aumentar o número de pessoas que tem treinamento em socorros de
urgência, por exemplo. Detectado o problema de desempenho, é formada uma linha
de tempo em que se estabeleçam a seleção, formação, aplicação dos recursos e os
treinamentos necessários à manutenção deste conhecimento em seus voluntários.
Esta agenda deve ser preparada com a opinião de todos, sempre que necessário, e
deve contemplar assuntos que sejam importantes para a atividade da equipe. Se for
necessário realizar viagens, deslocamentos ou gastos, estes devem ser previstos
com antecedência para o planejamento e, quem sabe, a busca de recursos para
apoiar estes participantes.
Deve-se procurar não concentrar as atividades em períodos longos de duração. As
pessoas têm seus próprios compromissos. Datas neutras devem ser escolhidas para
que o maior número de pessoas realize a atividade. Todo esforço empregado deve
surtir efeito de forma eficaz e eficiente. Mesmo planejado com a devida antecedência,
utilizar uma data em que as pessoas têm normalmente o hábito de viajar com a família
ou ter seu lazer não é, definitivamente, uma boa escolha.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
48
Estruturação e
Capacitação
Os intervalos entre as atividades devem ser longos o bastante para que os voluntários
se “recuperem”, e curtos o bastante para que não esqueçam dos assuntos envolvidos.
Deve-se evitar reuniões enfadonhas, tendo sempre um espírito de alta energia e vonta-
de de trabalhar para contagiar os participantes. Assuntos e pessoas podem ser trazidas
e sugestões de apresentações que a equipe achar que são boas e que tenham valor
para todos podem ser aceitas.
Divulgando informações
Podem ser procuradas pessoas, organismos, empresas, órgãos públicos que sejam
fonte de informação e que colaborem com estas capacitações realizando palestras e
cursos. Como exemplo de parceria podem ser citados o Corpo de Bombeiros, a Defe-
sa Civil local, os grupos universitários, as ONGs, a Polícia, os serviços de saúde, as
empresas certificadoras e outras equipes de voluntários.
Depois de formada esta rede de informação e divulgação, suas boas práticas e lições
aprendidas podem ser apresentadas às outras equipes que se conheça. Repartir in-
formação, ao contrário das outras coisas, é ampliar conhecimento. Outras equipes
devem ser ajudadas a se desenvolverem por meio da participação de capacitações
em conjunto, exercícios simulados e operações de campo.
Um grupo é uma reunião de pessoas. Uma equipe é um conjunto de esfor-
ços e meios.
Nada impede de se envolver pessoas e recursos da comunidade nestes treinamentos.
O envolvimento da população local com as atividades da equipe pode se dar de diver-
sas formas e em momentos especiais, principalmente na fase de preparação e plane-
jamento de atividades.
É importante que se torne cada evento de treinamento ou de planejamento um mo-
mento de encontro de pessoas. Estas atividades envolvendo os segmentos de saúde,
educação, segurança, paróquia, prefeitura, líderes comunitários etc. são ideais para
divulgar e agregar valores ao trabalho.
Cada pessoa, ou órgão envolvido, terá uma visão particular de sua especialidade e
contribuirá no plano geral da atividade, além da possibilidade de prover recursos para
sua execução.
Pode ser que a equipe deseje realizar uma incursão em uma área de visitação turísti-
ca de sua região com a finalidade de reconhecer o terreno e mapear suas caracterís-
ticas. Conseguir um espaço na imprensa só com esta atividade, apesar de importan-
te, é uma tarefa ainda mais difícil do que vencer os obstáculos naturais do terreno.
No entanto, se a equipe mobiliza a comunidade em um evento esportivo ou apresenta
a uma escola a possibilidade de uma atividade com seus alunos em campo para
pesquisar a sua região a fim de conhecê-la e valorizá-la, ficaria muito mais fácil este
trabalho. As parcerias são importantes e, por via de regra, a maneira mais elementar
de repartir os custos de uma operação.
Uma outra grande aliada neste serviço é a iniciativa privada. Redes de hotelaria, pou-
sadas, pequenos comerciantes locais e grandes empresas “gostam” de ver seu nome
associado a projetos e programas que exaltem sua responsabilidade social. Esta
propaganda deve ser explorada com cuidado para que a equipe não se torne refém de
uma ou outra empresa, liquidando seu poder de negociação com concorrentes. O
principal é deixar claras as suas intenções no projeto, por meio de uma proposta
escrita, bem elaborada e que tenha um cunho responsável.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
49
Estruturação e
Capacitação
O meio ambiente fascina a todos e tem a possibilidade de colocar empre-
sas em nichos de mercado que são muito promissores. É importante vender
a idéia como um produto único e especial, mas com o cuidado para não
“entregar o ouro”.
Outra grande vantagem de colocar a comunidade junto ao grupo é a renovação e
ingresso de novos membros. Uma equipe séria, dedicada e com atitude responsável
tem o apoio e o suporte nas suas atividades. Sempre que possível devem ser realiza-
das palestras em centros comunitários, escolas, igrejas etc., bem como acompanhar
visitas a pontos turísticos com pessoas da comunidade.
Caixa de Ferramentas
Passos para a busca de voluntários:
Sem dúvida esta é uma tarefa que requer muito cuidado.
Iniciar relacionando entidades esportivas, escolas, agremiações ou grupos de
pessoas com atividade voltada aos interesses do grupo;
Entrar em contato com estas pessoas e organizações e apresentar a idéia;
Ouvir a opinião de todos;
Convidar a participar em operações simuladas;
Agregar pessoas ao planejamento.
Passos iniciais para a capacitação
Verificar os objetivos de desempenho a serem alcançados, como, por exemplo,
um treinamento de nós e amarrações;
Buscar no grupo pessoas capacitadas a conduzir um treinamento e que este-
jam dispostas a realizá-lo;
Marcar uma data com a devida antecedência e divulgar o plano de treinamento
para o objetivo proposto;
Incentivar todos a participar do treinamento;
Trazer pessoas de fora do grupo pode ser um atrativo a mais! Uma palestra ou
aula com profissionais ou pessoas de notado conhecimento pode ser um trunfo
na hora de divulgar a capacitação.
Exemplo de Plano de Capacitação
Objetivo de Desempenho: Melhorar a destreza e a capacidade de realizar nós e
amarrações do GVBS
Instrutor responsável: Voluntário “X”
Duração: 2 horas
Data: DD/MM/AAAA
Local: Escola Z do Município
Plano de Unidade
Nós e amarrações
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
50
Estruturação e
Capacitação
Capacitação geral para um GVBS
Emergências Médicas
Suporte básico de vida
Cinemática do trauma
Atendimento inicial da vítima
Exame primário
Vias aéreas e respiração
Circulação e controle de hemorragias
Exame neurológico sucinto
Parada cardiorrespiratória (RCP)
Exame secundário
Comunicações – informes sobre a vítima
Ferimentos, hemorragias e choque
Imobilizações com bandagens
Fraturas e entorses
Trauma cranioencefálico
Trauma raquimedular
Imobilização da vítima, tábua e maca
Rolamentos, imobilizações
Acidentes com animais peçonhentos
Queimaduras
Uso de desfibrilador
Busca e Salvamento
Fundamentos de busca e salvamento
Pré-planejamento
Primeiro aviso
Planejamento e estratégia
Título
Cordas
Nós
Prática
Descrição
Apresentar os diferentes tipos de
cordas, características e
resistências
Apresentar os diferentes tipos de
nós de acordo com as suas famílias
de aplicação
Permitir aos participantes realizar
os nós e amarrações apresentados
no treinamento
Carga Horária
20 min
40 min
1 h
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
51
Estruturação e
Capacitação
Táticas (busca de indícios)
Evacuação, suspensão da missão e críticas
Questões administrativas
Radiocomunicação
Orientação e navegação
Bússola e GPS
Ferramentas
Equipamentos metálicos
Cordas
Nós básicos
Equipamento individual
Nós específicos
Pontos de ancoragem
Técnicas individuais de subida e descida
Resgate simples
Sistemas de Resgate
O ambiente vertical
Transporte de feridos
Encordoamento da maca
Descida em terrenos pouco inclinados
Resgate em parede
Descida e recuperação
Tirolesas
Resgate com helicóptero
Resgates em rios
Capacitação mínima para um GVBS
Interpretação de sinais naturais climáticos
Técnicas de navegação e orientação (ex. interpretação básica de cartas topo-
gráficas, mapas – legenda e simbologia, escala, curva de nível e utilização de
bússola, orientação por sinais naturais)
Técnicas de condução de grupos, integração e estratégia de solução de conflitos
Estratégias de comunicação e técnicas de instrução para grupos
Requisitos básicos de segurança no turismo de aventura
Fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes
Perigos e riscos ambientais mais comuns
Situações e procedimentos de emergência genéricos adequados
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
52
Estruturação e
Capacitação
Procedimentos de primeiros socorros em ambientes naturais
Legislação e conservação ambiental
Técnicas de mínimo impacto ambiental
Regras básicas de educação e convívio social e cuidados com higiene pessoal
Aspectos legais e condições de trabalho, tais como responsabilidade civil e
criminal, Código de Proteção e Defesa do Consumidor e legislação de seguran-
ça do trabalho aplicáveis a situações de busca e salvamento em turismo de
aventura
Montagem de COMDEC e NUDEC
O Sistema Nacional de Defesa Civil é composto por órgãos que são responsáveis pela
resposta aos desastres. Esta resposta, durante um longo período, foi associada aos
órgãos públicos, deixando a sociedade como espectadora de ações que tinham como
intenção a redução dos desastres.
Sob esta ótica, a população em geral não se preocupou em analisar e reduzir os
riscos aos quais estava exposta, deixando esta importante tarefa somente a cargo do
poder público, até que fosse afetada. O poder público era extremamente reativo às
emergências e desastres, atendendo as necessidades imediatas das pessoas afeta-
das e limitando-se a assistí-las com gêneros alimentícios e com abrigos temporários.
No entanto, uma forte participação das comunidades tem sido percebida atualmente
no trabalho de redução e gerenciamento dos riscos. As comunidades têm se organi-
zado a fim de identificá-los e, dentro de sua capacidade, tornar sua vida mais segura.
Quando uma comunidade inicia esta árdua tarefa, está realizando ações de defesa
civil. Estas ações consistem em trabalhar na comunidade de forma a agir proativamente
sobre os riscos, prevenindo acidentes e tornando a comunidade mais segura.
As ações de defesa civil consistem em medidas preventivas, de socorro, assistenciais
e reconstrutivas destinadas a evitar e minimizar os desastres, preservar a moral da
população e restabelecer a normalidade social, segundo a Política Nacional de Defe-
sa Civil.
Em cada Estado há o Sistema Estadual de Defesa Civil – SIEDEC, que é constituído
por órgãos e entidades da administração pública estadual e dos municípios, por enti-
dades privadas e pela comunidade, sob coordenação do órgão central de Defesa Civil.
O SIEDEC é composto por um órgão central, a Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil – CEDEC, por órgãos regionais, que são as Coordenadorias Regionais de Defesa
Civil – CORDEC, por órgãos municipais como as Coordenadorias Municipais de Defe-
sa Civil – COMDEC e por órgãos de apoio, que são os Grupos Integrados de Ações de
Defesa Civil.
É importante que se entre em contato com a Defesa Civil do Estado a que pertence o
GVBS para buscar informações sobre sua estrutura e funcionamento e como isso
afeta a sua comunidade.
Tendo conhecimento sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil deve se concentrar
nas Coordenadorias Municipais de Defesa Civil, que é o órgão que estará mais próxi-
mo do GVBS.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
53
Estruturação e
Capacitação
O Decreto nº 67.347, de 5 de outubro de 1970 determinou que os municípios crias-
sem e mantivessem em funcionamento uma estrutura apropriada de Defesa Civil adap-
tada às suas peculiaridades por meio da participação comunitária.
Esta participação comunitária é feita por meio dos Núcleos de Defesa Civil – NUDEC. O
NUDEC é um núcleo comunitário ligado às COMDEC organizado em um distrito, bairro
associação ou entidade que participa das atividades de defesa civil como voluntário.
Estes grupos têm a função de reunir-se em um local determinado para elaborarem o
planejamento de atividades que consistem em:
Identificar e analisar os riscos locais por meio de mapeamento dos riscos;
Reconhecer e estabelecer as medidas necessárias para a redução dos riscos;
Incentivar a educação preventiva;
Organizar a execução de campanhas educativas, de solidariedade etc.;
Cadastrar recursos e meios de apoio em resposta à emergência da comunida-
de;
Promover treinamentos;
Estabelecer contato com as COMDEC; e
Colaborar com as COMDEC nas ações de defesa civil.
Assim, percebe-se como estas atividades são semelhantes às praticadas pelo GVBS.
Então o GVBS pode ser um núcleo de Defesa Civil? Claro que sim.
Os GVBS são grupos da sociedade organizada que se destinam a realizar atividades
de busca e salvamento em turismo de aventura e realizam todas estas atividades
descritas neste manual. A seguir são apresentados os passos para formar um Núcleo
de Defesa Civil.
Passos para formar uma COMDEC e NUDEC
A Prefeitura é responsável por montar uma COMDEC. Provavelmente no município do
GVBS ela já existe. Cabe ao prefeito determinar sua criação. Esta decisão pode partir
das autoridades locais ou da comunidade que percebe a necessidade de ter uma
COMDEC atuante. A COMDEC é formada por autoridades locais e tem o caráter
oficial das ações de defesa civil.
1° Passo
Mensagem do Poder Público Executivo Municipal e à Câmara de Vereadores
com a apresentação de um projeto de lei contendo as linhas básicas de sua
organização e funcionamento.
2° Passo:
Aprovação do projeto de lei de criação da COMDEC.
3° Passo
Decreto do prefeito regulamentando a COMDEC.
4° Passo
Portaria de nomeação dos membros da COMDEC.
5° Passo
Publicação em Imprensa Oficial.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
54
Estruturação e
Capacitação
Com a COMDEC criada, basta apresentar ao seu responsável o planejamento do
NUDEC. O GVBS torna-se um Núcleo de Defesa Civil quando reconhecido pela
COMDEC com tal. Para isso deve-se:
1º Passo
Apresentar a documentação do GVBS como ONG, por meio de seu responsável,
contendo:
nome, telefone e endereço do coordenador da equipe;
plano de chamada dos membros das equipes;
os recursos disponíveis e necessários para desenvolver as atividades de defesa
civil no município;
as atividades a serem desenvolvidas pelas equipes de trabalho;
as metas a serem alcançadas;
o prazo de duração dos trabalhos;
avaliação do desempenho das atividades.
2º Passo
Ter o decreto do prefeito publicado reconhecendo o GBVS como recurso da COMDEC.
Para mais informações, aconselha-se a consulta ao portal da Defesa Civil na Internet:
www.defesacivil.gov.br ou Defesa Civil do Estado.
Modelo de Mensagem para criação da COMDEC
MENSAGEM de de de
Senhores Membros da Câmara Municipal:
Temos a honra de submeter à elevada consideração de Vossas Excelências o Projeto de Lei em
anexo, que objetiva a criação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil - COMDEC.
1. O Projeto inclui as diretrizes da Política Nacional de Defesa Civil a serem adotadas por
todos os órgãos do Sistema Nacional de Defesa Civil e estabelece os princípios funda-
mentais sobre o assunto, deixando a regulamentação a ser elaborada posteriormente.
2. A matéria disciplina os princípios básicos de Defesa Civil no município, a competência dos
órgãos e as disposições gerais.
3. Este Projeto, se transformado em Lei pela soberana vontade dos Senhores Membros
dessa Casa do Legislativo Municipal, irá fortalecer o Poder Público do Município consoante
a disciplina, a ordem e a conduta dos trabalhos decorrentes de eventos anormais e
adversos.
4. Ao submeter o Projeto à apreciação dessa Egrégia Casa, estamos certos de que os
Senhores Vereadores saberão aperfeiçoá-lo e, sobretudo, reconhecer o grau de priorida-
de à sua aprovação.
5. Aproveitamos a oportunidade para reiterar as Vossas Excelências os protestos de eleva-
do apreço.
de demmmm
(nome)
Prefeito Municipal
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
55
Estruturação e
Capacitação
Modelo de um Projeto de Lei
PROJETO DE LEI de de de
Cria a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) do Município de
........................................................ e dá outras providências.
A CÂMARA MUNICIPAL aprova e eu, o Prefeito do Município de sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Fica criada a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil - COMDEC do Município de
.......................diretamente subordinada ao Prefeito ou ao seu eventual substituto, com a finalida-
de de coordenar, em nível municipal, todas as ações de Defesa Civil, nos períodos de normalidade
e anormalidade.
Art. 2º – Para as finalidades desta Lei denomina-se:
Defesa Civil: o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas, des-
tinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a
normalidade social.
Desastre: o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um
ecossistema, causando danos humanos, materiais ou ambientais e conseqüentes prejuízos eco-
nômicos e sociais.
Situação de Emergência: reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal, provocada
por desastre, causando danos suportáveis à comunidade afetada.
Estado de Calamidade Pública: reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal,
provocada por desastre, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade
ou à vida de seus integrantes.
Art. 3º – A COMDEC manterá com os demais órgãos congêneres municipais, estaduais e federais,
estreito intercâmbio com o objetivo de receber e fornecer subsídios técnicos para esclarecimen-
tos relativos à Defesa Civil.
Art. 4º – A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil - COMDEC constitui órgão integrante do
Sistema Nacional de Defesa Civil.
Art. 5º – A COMDEC compor-se-á de:
Coordenador
Conselho Municipal
Secretaria
Setor Técnico
Setor Operativo
Art. 6º – O Coordenador da COMDEC será indicado pelo Chefe do Executivo Municipal e compete
ao mesmo organizar as atividades de Defesa Civil no município.
Art. 7º – O Conselho Municipal será composto pelo Presidente, .... etc.
Art. 8º – Os servidores públicos designados para colaborar nas ações emergenciais exercerão
essas atividades sem prejuízos das funções que ocupam, e não farão jus a qualquer espécie de
gratificação ou remuneração especial.
Parágrafo Único - A colaboração referida neste artigo será considerada prestação de serviço
relevante e constará dos assentamentos dos respectivos servidores.
Art. 9 – A presente Lei será regulamentada pelo Poder Executivo Municipal, no prazo de 60
(sessenta) dias a partir de sua publicação.
Art. 10 – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Prefeitura Municipal de , de demmmm
(nome)
Prefeito Municipal
(nome)
Secretário
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
56
Estruturação e
Capacitação
Modelo de Regulamento
DECRETO Nº de de de
Regulamenta a Lei nº........... de............... de ................... de .......... que cria a Coordenadoria
Municipal de Defesa Civil - COMDEC.
Art. 1º - A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil - COMDEC é o órgão da administração pública
municipal responsável pela coordenação das ações de Defesa Civil no município.
Art. 2º - São atividades da COMDEC:
- Coordenar e executar as ações de Defesa Civil;
- Manter atualizadas e disponíveis as informações relacionadas à Defesa Civil;
- Elaborar e implementar planos, programas e projetos de Defesa Civil;
- Elaborar Plano de Ação Anual visando atendimento das ações em tempo de normalidade, bem
como das ações emergenciais, com a garantia dos recursos no Orçamento Municipal;
- Prever recursos orçamentários próprios necessários às ações assistenciais de recupera-
ção ou preventivas, como contrapartida às transferências de recursos da União, na forma
da legislação vigente;
- Capacitar recursos humanos para as ações de Defesa Civil;
- Manter o órgão central do SINDEC informado sobre as ocorrências de desastres e atividades
de Defesa Civil;
- Propor à autoridade competente a declaração de situação de emergência e de estado de
calamidade pública, observando os critérios estabelecidos pelo CONDEC – Conselho Nacio-
nal de Defesa Civil;
- Executar a distribuição e o controle de suprimentos necessários em situações de desastres;
- Implantar o banco de dados e elaborar os mapas temáticos sobre ameaças, vulnerabilidades
e riscos de desastres;
- Implementar ações de medidas não-estruturais e medidas estruturais;
- Promover campanhas públicas e educativas para estimular o envolvimento da população,
motivando ações relacionadas com a Defesa Civil, por meio da mídia local;
- Estar atenta às informações de alerta dos órgãos de previsão e acompanhamento para
executar planos operacionais em tempo oportuno;
- Comunicar aos órgãos competentes quando a produção, o manuseio ou o transporte de
produtos perigosos puserem em perigo a população;
- Implantar programas de treinamento para voluntariado;
- Implantar e manter atualizados o cadastro de recursos humanos, materiais e equipamentos a
serem convocados e utilizados em situações de anormalidades;
- Estabelecer intercâmbio de ajuda com outros Municípios (comunidades irmanadas);
- Promover mobilização social visando à implantação de NUDEC – Núcleos Comunitários de
Defesa Civil, nos bairros e distritos.
Art. 3º – A COMDEC tem a seguinte estrutura:
Coordenador
Conselho Municipal
Secretaria
Setor Técnico
Setor Operativo
Parágrafo Único – O Coordenador e os dirigentes da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
serão designados pelo Prefeito Municipal mediante Portaria.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
57
Estruturação e
Capacitação
Art. 4º – Ao Coordenador da COMDEC compete:
- Convocar as reuniões da Coordenadoria;
- Dirigir a entidade, representá-la perante os órgãos governamentais e não-governamentais;
- Propor planos de trabalho;
- Participar das votações e declarar aprovadas as resoluções;
- Resolver os casos omissos e praticar todos os atos necessários ao regular funcionamento
da COMDEC;
- Propor aos demais membros, em reunião previamente marcada, os planos orçamentários,
obras e serviços, bem como outras despesas, dentro da finalidade o que se propõe a
COMDEC.
Parágrafo Único – O Coordenador da COMDEC poderá delegar atribuições aos membros da
Comissão, sempre que achar necessário ao bom cumprimento das finalidades da entidade,
observados os termos legais.
Art. 5º – O Conselho Municipal será constituído de membros assim qualificados:
Representante da Câmara dos Vereadores;
Representante do Poder Judiciário;
- Representante da Secretaria Municipal de ......;
- Representante de Órgãos Não-Governamentais (Rotary Club, Lions, Maçonaria, Clero etc.);
- Representante de outras entidades (citá-las se for o caso: unidades militares, órgãos de
serviços essenciais, líderes comunitários etc.).
Parágrafo Único – Os integrantes do Conselho Municipal não receberão remuneração, salvo em
viagem a serviço fora da Sede do Município, restringindo-se às despesas de pousada, alimenta-
ção e transporte devidamente comprovadas.
Art. 6º – À Secretaria (ou Apoio Administrativo) compete:
- Implantar e manter atualizados o cadastro de recursos humanos, materiais e equipamentos a
serem convocados e utilizados em situações de anormalidades;
- Secretariar e apoiar as reuniões do Conselho Municipal de Defesa Civil.
Art. 7º – Ao Setor Técnico (ou Seção de Minimização de Desastres) compete:
- Implantar o banco de dados e elaborar os mapas temáticos sobre ameaças, vulnerabilidades
e riscos de desastres;
- Implantar programas de treinamento para voluntariado;
- Promover campanhas públicas e educativas para estimular o envolvimento da população,
motivando ações relacionadas com a Defesa Civil, por meio da mídia local;
- Estar atento às informações de alerta dos órgãos de previsão e acompanhamento para
executar planos operacionais em tempo oportuno.
Art. 8º – Ao Setor Operativo (ou Seção de Operações) compete:
- Implementar ações de medidas não-estruturais e medidas estruturais;
- Executar a distribuição e o controle de suprimentos necessários em situações de desastres.
Art. 9º – No exercício de suas atividades, poderá a COMDEC solicitar das pessoas físicas ou
jurídicas colaboração no sentido de prevenir e limitar os riscos, as perdas e os danos a que estão
sujeitas a população, em circunstâncias de desastres.
Art. 10 – Os recursos do Fundo Especial para a Defesa Civil Municipal poderão ser utilizados para
as seguintes despesas:
a)diárias e transporte;
b)aquisição de material de consumo;
c)serviços de terceiros;
d)aquisição de bens de capital (equipamentos e instalações e material permanente); e
e)obras e reconstrução.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
58
Estruturação e
Capacitação
Art. 11 – A comprovação das despesas realizadas à conta do Fundo Especial será feita mediante
os seguintes documentos:
a)Prévio empenho;
b)Fatura e Nota Fiscal;
c)Balancete evidenciando receita e despesa; e
d)Nota de pagamento.
Art. 12 – A Prefeitura Municipal de ....................................... fará constar dos currículos escola-
res da rede de ensino municipal noções gerais sobre os procedimentos de Defesa Civil.
Art. 13 – Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Prefeitura Municipal de , de demmmm
(nome)
Prefeito Municipal
(nome)
Secretário
Modelo de Portaria
PORTARIA de de de
, PREFEITO MUNICIPAL de no uso de suas atribuições
legais e nos termos do art. da Lei de / / (ou Decreto nº ,
de / / ), pela presente
Resolve:
Art 1º – Nomear os membros que constituirão a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil -
COMDEC
Sr. ( ) profissão e cargo, representante
Sr. ( ) profissão e cargo, representante
Art 2º – A presente Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.
Cumpra-se e publique.
Prefeitura Municipal de , de demmmm
(nome)
Prefeito Municipal
Chefia e Liderança – Existe diferença?
Qual a diferença entre um chefe e um líder? Em algum momento da vida este
questionamento é feito.
Deve-se começar esclarecendo que nem um nem outro têm uma característica que
diga que é melhor que o outro, trata-se de ser mais adequado um ao outro em deter-
minadas situações.
Os seres humanos, como seres sociáveis, têm a característica de se organizarem
em grupos para viver. O ser humano só tem estas características se estiver vivendo
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
59
Estruturação e
Capacitação
em sociedade com seus semelhantes. Na vida social ele aprende a comer, a falar, a
se relacionar, a dividir e a somar.
Segundo algumas linhas de estudo, os seres humanos deixados à revelia tornam-se
tão animais quanto os demais.
Tão natural quanto este convívio é despontar entre eles pessoas que tenham caracte-
rísticas de destaque entre os demais. Estas pessoas existem para representar o
grupo entre os grupos.
Pode acontecer que esta representatividade seja pela escolha do grupo para uma
função específica, técnica ou até mesmo profissional. Uma pessoa, por sua experiên-
cia, nível intelectual ou destreza é colocada à frente dos demais para dirigir o grupo.
Este é o chefe.
O líder tem, além destas características, o carisma. Um líder consegue por meio de
sua ideologia, motivação e força de convencimento mover o grupo em direção ao
objetivo desejado.
O chefe nem sempre é um líder, mas o líder sempre será um chefe. Estas pessoas
possuem sobre os demais um poder de persuasão que ultrapassa as fronteiras da
subordinação hierárquica.
Existem inúmeros exemplos de líderes que, com suas ideologias, mudaram sua rea-
lidade e contribuíram com mudanças em seus povos: Mao Tsé-tung, Malcom-X, Gandhi
e Hitler. Os líderes podem usar seus “poderes” tanto para o bem quanto para o mal.
Existem líderes positivos e negativos.
Mas nem por esta característica mais subjetiva o líder se sobressai ao chefe. Há
momentos que um chefe é necessário. Claro, se ele desenvolve a sua capacidade de
liderança, consegue atingir o estado ideal de representatividade.
Os coordenadores de GVBS devem possuir esta característica de liderança, assim
como os coordenadores e demais membros com funções de representação ou de
controle.
Entre os voluntários, o coordenador-geral deve identificar as pessoas que têm esta
capacidade e ajudar a desenvolver ações no público interno e externo a fim de agregar
valores e pessoas ao seu trabalho com motivação, o que é fundamental para grupos
de voluntários.
É preciso lembrar que liderar não significa impor suas vontades. Pelo contrário, a
força do líder está em representar o grupo em seus desejos de forma transparente.
Conhecer o anseio dos voluntários e traduzir isto em dados e fatos positivos deve ser
o principal objetivo de qualquer voluntário que esteja à frente de outros.
PLANEJAMENTO
E OPERAÇÕES
Helon Florindo
Pedro Cavalcanti
Ronaldo Franzen Junior
As Operações de Busca e Salvamento
obedecem, por via de regra, a um
padrão de ações. Além destas
informações, este plano deve
contemplar também quando cada
recurso deve ser aplicado.
“Aquele que não prevê as coisas
longínquas expõe-se
a desgraças próximas.”
Confúcio
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
61
Planejamento e
Operações
As fases da operação
de busca e salvamento
As Operações de Busca e Salvamento obedecem, por via de regra, a um padrão de
ações em que se pode enumerar cinco fases, suas etapas e passos, conforme a
seguir:
1. Preparação
Esta fase se caracteriza pelas ações voltadas à preparação da equipe, como
capacitações, planejamento, inclusão de voluntários, administração de recursos,
manutenção de equipamentos etc.
Na fase de preparação o grupo irá realizar o pré-plano de operação, levantamento dos
riscos de sua região, a fim de realizar as capacitações necessárias.
Nesta fase os voluntários têm a função de conhecer o objeto de sua existência. É
fundamental que o coordenador exercite o grupo durante esta fase para mantê-lo
motivado e disponível para os acionamentos.
2. Ativação e Mobilização
Neste momento, a equipe irá ser ativada para uma emergência. Serão postos em
prática o plano de chamada, acionamento de recursos e deslocamento da equipe ao
local da emergência.
Se houve uma boa fase de preparação, o grupo não terá com que se preocupar neste
momento. Quando acionado, cada voluntário irá realizar as ações para as quais foi
treinado. É a hora de colocar a mão na massa e mostrar o valor do grupo.
O coordenador deve acompanhar todo o processo de chamada dos voluntários e, com
o secretário, verificar os problemas para o acionamento do grupo.
3. Operação
A fase de operação possui desdobramentos, em que a equipe irá:
Assegurar a cena;
Realizar uma avaliação inicial buscando informações;
Estabelecer o Posto de Comando;
Estabelecer os objetivos operacionais;
Distribuir tarefas; e
Reavaliar e ajustar os planos.
Ao contrário do que se imagina, o trabalho já começou há muito tempo. Na verdade,
nesta fase inicia-se a execução do planejamento pela equipe de operações. Todo o
grupo irá concentrar-se, cada um na sua função, em realizar a missão para a qual foi
designado.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
62
Planejamento e
Operações
É importante que se perceba que as ações desta fase devem ser fonte para posterior
análise e levantamento de informações para se desenvolver medidas de controle, para
que o motivo de desencadeamento desta operação não se repita.
4. Desativação e Desmobilização
É a fase em que a equipe se prepara para deixar o local da emergência.
É NECESSÁRIO REFORÇAR A SEGURANÇA: neste momento todos estão
felizes por ter realizado sua missão e tendem a negligenciar a segurança.
É hora de voltar para casa. Se o grupo trabalhou bem, teve bom planejamento, utilizou
todas as técnicas e aplicou bem os materiais, deve ter alcançado com sucesso seu
objetivo.
Os membros da equipe, apesar de cansados, estão satisfeitos e comemoram seus
feitos. No entanto, devem observar a segurança. É neste momento de festa que os
acidentes acontecem por negligência de procedimentos simples que são deixados de
lado. É importante lembrar que a operação ainda não acabou. Ainda há muito trabalho
a ser feito!
5. Atividades pós-operação
Fase em que são feitas reuniões para ajuste de procedimentos, manutenção de equi-
pamentos, críticas à operação e elaboração de apresentação de boas práticas encon-
tradas.
É neste momento, depois que todos já estão tranqüilos, alimentados, hidratados e
descansados, que ocorre a reunião de trabalho para avaliar a operação como um todo.
O líder deve motivar as críticas sobre os procedimentos aplicados de forma positiva.
Apesar de ter este aspecto motivador, os comentários devem ser levados em conside-
ração, até por pontos a melhorar na operação.
Se um membro em determinado momento executou algo que pôs sua vida ou de outra
pessoa em risco, esta ação insegura deve ser comentada e feita uma advertência
para que não se repita. As críticas devem ser sinceras e objetivam a melhora do
trabalho da equipe.
Ao final, o líder deve escrever um relatório completo da operação e divulgar as boas
práticas que houve na operação e os pontos a melhorar para ações futuras. Na medi-
da do possível, estas informações devem chegar a outros grupos para que aprendam
com sua operação.
Como se percebe, esta é uma fase de muita importância para o trabalho da equipe.
Deve ser realizada em um tempo que seja suficiente para a recuperação física das
pessoas, mas também em um prazo que tenham capacidade de lembrar em detalhes
dos fatos acontecidos.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
63
Planejamento e
Operações
Plano de chamada
Tão importante quanto ter uma equipe treinada é tê-la acessível. De nada adianta ter
especialistas em diversas áreas se não há como encontrá-los no momento em que
suas habilidades são necessárias.
O coordenador deve ter o cadastro atualizado dos voluntários de sua equipe com os
dados básicos de contato, saúde (vacinas, estado físico etc.), disponibilidade de tem-
po, habilidades, equipamentos etc.
Este banco de dados deverá ser a base para a confecção de um Plano de Chamada
da equipe. Neste plano deverão constar os membros e seus recursos disponíveis
sempre atualizados.
Por exemplo: um determinado membro dispõe de um trator ou um implemento útil ao
salvamento. No entanto, naquela semana estará indisponível ao serviço. Cabe ao co-
ordenador ter esta informação atualizada e saber qual é o recurso disponível em sua
região para cobrir aquela falta.
Pode-se estabelecer um padrão de chamada em que cada grupo de vo-
luntários seja acionado por uma pessoa específica, reduzindo o número
de contatos que o coordenador deve fazer para acionar sua equipe.
É importante que todos conheçam o plano de chamada e este deve sem-
pre estar atualizado. Se um voluntário for se ausentar ou não estiver dis-
ponível, deve ser anotada junto ao seu cadastro esta alteração.
Agora que há informação sobre o que está disponível, o coordenador deve conhecer o
ambiente em que sua equipe irá trabalhar. Esta é a hora de sujar as botas.
Planejamento – refinando informações
Os membros da equipe de posse do mapa de risco já feito anteriormente na fase de
diagnóstico e planos de ação em emergências devem agora, com uma visão mais
crítica, submetê-los a hipóteses de emergências no município.
Estas hipóteses estabelecidas podem ser baseadas em um histórico de
emergências da região ou pela visão do grupo.
Levantadas as hipóteses, a equipe passa a compará-las com sua capacidade de
resposta à emergência. Se a hipótese de inundação é cogitada, a equipe deve ter
membros capazes de realizar salvamentos aquáticos, possuir ou saber quem possua,
barcos e motores de popa etc.
Formuladas as hipóteses e arrolados os recursos, o coordenador e sua equipe com-
param o plano de ação em emergência para cada hipótese levantada.
É importante lembrar que este plano irá contemplar as ações, tarefas, meios e
responsabilidades durante a operação da equipe. Deve constar do plano toda
informação necessária para a resolução da emergência, assim como: conta-
tos, meios, instalações, equipamentos, técnicas e táticas empregadas etc.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
64
Planejamento e
Operações
Além dessas informações, este plano deve contemplar também quando cada recurso
deve ser aplicado. Se no momento da emergência são utilizados diversos recursos ao
mesmo tempo, estes devem ser empregados de forma coordenada para não haver
excesso nem falta de recursos.
Testando o planejamento
Realizado este planejamento, ele deve ser posto à prova. Deve ser realizado um exercí-
cio de mesa, como um jogo, em que o coordenador propõe uma hipótese e os membros
da equipe iniciam suas tarefas para resolução do problema, ainda de uma forma teórica.
O termo “exercício de mesa” é amplamente usado pelo Exército brasileiro.
Cada um apresenta suas ações e o tempo gasto a fim de conter a emergência e no fim
do exercício é feita uma reunião em que serão tiradas as boas práticas de cada seção
e o que deve ser melhorado. Esta avaliação caberá ao coordenador e sua equipe.
A realização de exercícios de mesa possibilita que o grupo avalie seus
procedimentos sem gastar recursos com mobilização e transporte.
Testado este plano em um exercício de mesa e verificada sua eficiência, é hora de pôr
a equipe em prática de campo.
Neste momento é fundamental envolver a comunidade, afinal ela será a cliente deste
serviço e poderá contribuir para o sucesso ou o fracasso do planejamento.
Os exercícios devem ser feitos com o conhecimento de todos os órgãos envolvidos.
Se possível, a imprensa local deve ser envolvida. Mas cuidado: o planejamento deve
ter sido testado previamente em exercícios de mesa para que não seja frustrado
diante das câmeras!
O exercício deve ser tratado como uma operação real. A equipe deve ser submetida a
decisões importantes e situações de estresse semelhantes à operação real. Quanto
mais próximo do real, melhor será sua capacidade de resposta à emergência.
Nesses exercícios a utilização de recursos de atendimento como comunicações,
transportes, hospitais, material de atendimento pré-hospitalar, mapas etc. deve ser
programada.
É importante não se esqueçer de registrar tudo em relatórios escritos e
fotográficos. Esta base de informações pode ser útil para pesquisas poste-
riores e para compor o histórico do grupo, além de ser um bom subsídio
para a elaboração de projetos de apoio ou patrocínio.
Pode-se aproveitar e então escrever os procedimentos adotados. Eles podem tornar-
se um protocolo no qual os procedimentos padrão são descritos para cada hipótese.
Esses procedimentos formalizados podem ser úteis aos treinamentos e são uma
parte importante do aspecto de segurança das operações.
Caso algo seja passível de ajuste, indica-se que se volte à prancheta de projetos,
planejando novamente e agora levando em consideração os ajustes necessários. A
cada situação treinada e testada, novas informações serão agregadas ao seu planeja-
mento. Ele vai amadurecer a cada vez que for colocado em prática por adquirir mais
experiência, assim como o grupo como um todo.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
65
Planejamento e
Operações
Compartilhando informações
Depois de realizados os exercícios, é importante fazer uma reunião com o grupo para
avaliar o desempenho alcançado na operação.
Esta reunião deve abordar todos os aspectos envolvidos na respostas à emergência,
tais como: capacidade e tempo de mobilização, emprego de recursos, aspectos de
segurança, contribuição de pessoas, aspectos de ordem prática, falta de equipamen-
tos, necessidade de capacitação etc.
Ela deve ser o início de um novo planejamento a fim de melhorar e adaptar as deci-
sões às necessidades encontradas.
As informações devem ser compartilhadas com outros grupos. As boas
práticas vivenciadas em seus exercícios podem fundamentar decisões de
outras equipes. Pode-se aprender muito com os outros.
Pode ser que um grupo semelhante tenha os mesmos problemas que o grupo enfren-
tou. Então para que eles possam aproveitar as soluções encontradas para seus pro-
blemas, sugere-se pôr estas informações à disposição de outros grupos, assim como
fotos e as informações levantadas.
Gestão de segurança para o GVBS
Introdução
Assim como qualquer empresa de turismo de aventura, é recomendado que todo
GVBS desenvolva e implemente uma política de segurança.
Como foi visto anteriormente, um Programa de Gerenciamento de Riscos é o proces-
so mais indicado para se administrar os riscos característicos nas atividades de turis-
mo de aventura assim como também, aos quais o GVBS estará exposto.
A seguir será abordado como administrar riscos durante operações de busca e salva-
mento e também como utilizar seguros para administrar os riscos financeiros existen-
tes nesse tipo de atividade.
NOTA – Como o processo de gerenciamento de riscos já foi comentado e explicado
no capítulo Diagnóstico, esse capítulo trará apenas complementações específicas à
sua utilização pelo GVBS.
Gerenciamento de riscos durante operações
Operações de busca e salvamento têm como característica inerente uma constante
luta contra o tempo. A necessidade de se alcançar a vítima com rapidez adiciona um
senso de urgência a todas as ações da equipe, sendo esse um agente potencializador
dos riscos aos quais a equipe de busca e salvamento estará exposta. Ou seja, opera-
ções de busca e salvamento estão sempre envolvidas de riscos, e esses são ainda
maiores devido à necessidade de se atuar com velocidade.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
66
Planejamento e
Operações
Além do fator velocidade, outros fatores existem e estão diretamente relacionados ao
grau de risco de uma operação. É importante que a organização tenha uma pessoa
encarregada especificamente da segurança das operações, o coordenador de segu-
rança (como visto no capítulo sobre capacitação). Ele irá se dedicar exclusivamente à
segurança do grupo. Porém, além dela, é de extrema importância que todos os volun-
tários e participantes das operações tenham entendimento dos riscos existentes na
atividade e noções sobre gerenciamento de riscos. Todos os envolvidos são 100%
responsáveis pela própria segurança, assim como pela de seus companheiros.
É importante lembrar:
Se o socorrista que vai salvar a vítima se machuca, quem vai salvar o
socorrista?... E a vítima?
Uma corrente sempre arrebenta no elo mais fraco.
Assim como foi descrito no processo de Mapeamento, os riscos envolvidos nas ope-
rações devem ser identificados e analisados. Podem ser identificados quatro princi-
pais fatores de origem dos riscos. São eles:
· Fatores Ambientais;
· Fatores Relativos à Atividade;
· Fatores Humanos;
· Influências Externas.
Que serão analisados individualmente:
Fatores Ambientais
São muitos os riscos relacionados ao ambiente. Os locais onde a equipe atuará
certamente será responsável por definir grande parte do risco da operação. De forma
geral, é possível dividí-los em fatores climáticos e geográficos e fauna e flora.
Como exemplo podem ser citados limo em pedras, chuva, frio (hipotermia), abelhas,
cobras, ambientes verticais, queda de pedras, calor (hipertermia), corredeiras, vento etc.
IMPORTANTE – Durante uma operação, todos da equipe devem estar sem-
pre procurando identificar riscos e anunciá-los para o resto da equipe.
OBS. – É importante ao planejar uma operação consultar a Previsão do Tem-
po. Mesmo em florestas tropicais a hipotermia é um problema comum entre
vítimas de emergências, por isso a Equipe precisa estar preparada para pre-
venir-se e para proteger a vítima. Todos devem manter-se muito bem
hidratados.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
67
Planejamento e
Operações
Fatores Relativos à Atividade
Atividade é compreendida pelo lado prático das operações. É necessária alguma es-
pecialização? Salvamento em cavernas? Salvamento aquático? Vertical? Urbano?
Cada atividade possui suas próprias características e riscos. Todos os operadores
devem estar devidamente treinados e ter a experiência necessária para atuar em uma
operação real, esse não é o momento para aprender a colocar uma cadeirinha.
Existem padrões de procedimentos de aceitação internacional, e é uma boa idéia
estar alinhado com eles. Adaptações pessoais podem ser muito interessantes para
seu praticante, mas difíceis de serem justificadas no âmbito legal. É importante pa-
dronizar para que todos sigam os mesmos procedimentos e padrões de segurança e
possam, com isso, garantir que todos estão constantemente vigiando o sistema.
Fatores Humanos
Quanto mais experientes em campo forem os voluntários, menor será o risco. Po-
rém, apenas experiência não é o suficiente. É preciso uma capacitação adequada e
treinamento de procedimentos que sigam padrões de reconhecimento nacionais/
internacionais.
Armadilha – O Voluntário “Experiente” – Apesar de uma pessoa ter a experiên-
cia de operar sua atividade comercial com sucesso e com baixo índice de aci-
dentes, talvez há anos ela pode não estar operando da maneira mais adequada
e mais recomendada. Esse é um voluntário que precisa ser reeducado, pois
durante uma operação poderá acabar usando métodos inadequados e
inapropriados a uma operação de salvamento que comprometam a segurança.
Reanalise procedimentos e adapte-os a padrões aceitos.
Quando em uma operação real cada membro deve dar prioridade de segurança a si
mesmo, a seus colegas e à vítima, nessa ordem. É esperado que os voluntários
tenham equipamentos, conhecimentos e experiência o suficiente em técnicas de na-
vegação, sobrevivência e primeiros socorros para que no caso de uma dificuldade sua
equipe consiga se “auto-resgatar” sem necessitar de ajuda externa. É preciso treinar
muito os procedimentos padronizados e aprender também técnicas variadas e de
diferentes escolas para aumentar ao máximo o leque de opções. Quanto mais “ferra-
mentas” os resgatistas tiverem à sua disposição mais bem preparados estarão para
lidar com os numerosos obstáculos que aparecerem e conseqüentemente aumen-
tando a segurança de toda a operação.
Vários são os riscos relacionados diretamente aos voluntários. Pode-se distinguir
principalmente fatores Emocionais, Físicos e Técnicos:
Fatores Emocionais – Colocar a segurança própria à frente da segurança da
vítima pode ser extenuante ao socorrista levando-o a tomar decisões
inapropriadas. Pessoas com ego muito forte às vezes podem ser boas na lide-
rança de um grupo, mas muitas vezes não são. Não deixe que o ego decida
sobre a razão. Não deixe que a adrenalina controle reações e decisões. Lembre-
se: pressa e segurança estão em direções opostas.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
68
Planejamento e
Operações
Fatores Físicos – O voluntário deve estar fisicamente apto à sua tarefa. Para
aqueles que trabalharão em campo, é muito importante que estejam condiciona-
dos fisicamente além do estritamente necessário. Eles devem estar preparados
para “surpresas” e, portanto, em excelente condição física e médica. Devem
também conhecer seus limites. Sofrer de exaustão, também poderá colocar a
operação em risco.
Fatores Técnicos – Todos devem apresentar as qualificações e experiências
necessárias sabendo identificar riscos e controlá-los. Além disso, devem saber
trabalhar em equipe, apresentar liderança e ter bom senso, tomando decisões
baseadas em seus conhecimentos e experiências.
Influências Externas
Principalmente relacionadas à pressão resultante da atuação da mídia e reação da
família da vítima.
A família assim como os meios de comunicação (jornais, televisão, rádio etc.) podem
influenciar a coordenação da operação a ir além dos limites de segurança, em busca
de uma solução mais rápida.
Prevenção
Melhor que ter uma equipe de busca e salvamento bem preparada para responder
eficientemente a um acidente é, antes de tudo, não ter o acidente.
O trabalho de prevenção é de vital importância para reduzir a probabilidade do acon-
tecimento de acidentes na região. Seu objetivo é conscientizar os praticantes de
atividades e principalmente as empresas operadoras em sua região de atuação, que
podem necessitar da resposta da equipe de busca e salvamento, para que sejam
capazes de entender e analisar os riscos envolvidos na atividade, tomando decisões
corretas e assumindo um comportamento apropriado assim como a utilização de
equipamentos corretos e a constante procura por conhecimentos e treinamentos
adequados.
Para o trabalho de prevenção ser eficiente é essencial que o GVBS esteja completa-
mente integrado à comunidade e consiga que seu trabalho seja compreendido e acei-
to. Apenas dessa maneira o trabalho terá o suporte e o alcance necessários para
realmente provocar mudanças.
Para que esses objetivos sejam alcançados, algumas estratégias devem ser seguidas:
Efetivação de parcerias com agências, operadoras e a comunidade local. As
agências e operadoras serão, talvez, os principais colaboradores no trabalho.
Sem parcerias e compreensão de todos, dificilmente o trabalho será aceito.
Identificação e análise dos fatores de riscos na região. Esse processo dei-
xará claro quais são as áreas e atividades de maior risco e, portanto, com maior
prioridade de atenção.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
69
Planejamento e
Operações
Levantamento e utilização de estatísticas de acidentes e incidentes na re-
gião. Ajudará o processo acima. Servirá como exemplo e mostra de tendências
de possíveis acidentes.
Constante desenvolvimento de programas educativos assim como seus
métodos de divulgação. O GVBS poderá organizar cursos locais, campanhas
no rádio, cartazes etc.
Dar ênfase às atividades e/ou locais que oferecem maior fator de risco. Riscos
estão em toda a parte, por isso é preciso dar ênfase àqueles lugares com maior Fator
de Risco, para não se desperdiçar esforços em ações menos importantes.
Constante revisão do processo para otimizar seu potencial.
Todo o trabalho precisa ser constantemente revisado e seus resultados avali-
ados. Apenas assim será possível manter um trabalho eficiente por um tempo
prolongado.
Procurar constante aprimoramento de infra-estrutura, equipamentos, técni-
cas etc., para a redução de riscos.
Existem cinco focos principais para a efetivação do trabalho de prevenção:
Motivar praticantes locais, operadoras e visitantes a buscar conhecimento técni-
co, equipamento e treinamento apropriado para a prática das atividades.
Fortalecer, por meio de cooperação e compartilhamento de informações, a ca-
pacidade da comunidade local aumentar a segurança das atividades, assim
como o próprio trabalho de prevenção.
Desenvolver, por meio da análise de informações relativas a acidentes e inciden-
tes, experiência local, perfil do público-alvo, e programas já em andamento,
atividades educativas e medidas que levem em conta as melhores técnicas em
uso.
Ter um objetivo claro, realista, atingível e mensurável. É importante ter e aplicar
métodos para poder avaliar a eficácia do trabalho que está sendo realizado.
Estar em concordância com as normas vigentes.
Capacidade e autonomia
de operação do grupo
Os GVBS devem, com base no planejamento realizado, estabelecer o seu tempo de
autonomia nas operações. Mas o que significa essa autonomia?
Observe esta situação prática:
O grupo foi solicitado para fazer uma busca em uma área de montanha onde um casal
se perdeu durante um passeio em uma trilha. São 15h e está iniciando uma leve chuva.
O responsável pela operação deve começar estabelecendo os materiais que serão
necessários para a operação e tomar outras providências. Por quanto tempo será
possível manter essa operação? Será preciso substituir a equipe?
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
70
Planejamento e
Operações
Este planejamento é chamado de autonomia de ações. Significa determinar por quan-
to tempo a equipe pode trabalhar sem ajuda externa. Deve-se levar em consideração
não só aspectos de logística, como alimentação, água e abrigo, mas também de
pessoal. Será que vai ser preciso substituir o grupo que iniciou a busca? Há uma
segunda equipe disponível? Por quanto tempo a equipe deve ser mantida trabalhando
de forma segura?
Estes questionamentos devem ser feitos antes de se sair a campo; afinal, ninguém
troca pneu do carro com ele andando.
Não há, no contexto de GVBS uma regra sobre autonomia. Cada grupo vai se adequar
à sua realidade. No entanto, recomenda-se que haja uma autonomia de operação de
no mínimo 24 horas. Este tempo é o suficiente para que sejam alocados e mobiliza-
dos recursos por meio do Sistema de Defesa Civil para a operação.
Assim sendo, a manutenção da equipe em campo depende da capacidade logística.
Estes recursos podem ser conseguidos por meio do dono do mercado, da operadora
de turismo, do clube de jipeiros, da paróquia, enfim, de toda a comunidade. O coorde-
nador de logística deve articular-se e buscar os meios necessários por meio de sua
articulação a fim de dar o devido suporte à operação de busca e salvamento dos
voluntários.
Caixa de Ferramentas
Plano de Ações em Emergências
Ao haver o acionamento do GVBS, a existência de um Plano de Ações em Emergên-
cias (PAE) pré-formulado é a melhor medida para garantir uma resposta rápida e
eficiente. Os voluntários em cena deverão seguir os procedimentos e protocolos que
foram ensinados e praticados, previstos no Plano, garantindo assim uma resposta
sincronizada e que em muito contribuirá para o sucesso da ação.
Sem a existência de um plano pré-formulado e praticado em simulados, dificilmente a
equipe iria conseguir tomar as melhores decisões e agir da forma mais eficaz.
Portanto todo corpo de voluntários deve dar início à sua resposta a emergências pelo
pré-planejamento, que envolverá o mapeamento, a prevenção, o treinamento, o PAE e
outros. O PAE deve estar claro a todos os envolvidos com a operação de resposta, e
deve ser disseminado e conhecido não apenas de maneira oral, mas também por
escrito. Todos devem ter acesso fácil e rápido para consultá-lo quando em dúvida.
Uma vez que em uma situação de estresse tudo fica mais difícil de ser realizado, a
existência de um fluxograma, para fácil visualização do plano, é muito recomendada.
O PAE está sempre em aprimoramento, pois problemas aparecem, situações mudam
e falhas se tornam visíveis. Portanto, é possível definir que o pré-planejamento do PAE
somente se encerra assim que é dado o primeiro aviso. A partir desse momento será
iniciada uma nova fase de planejamento, que levará ao desenvolvimento de ações
específicas para o atendimento em questão.
Um bom plano permite que a equipe esteja preparada em organização, administração
da operação, equipamentos e treinamento, assim como para atuar de forma segura.
O estudo e análise de operações já realizadas em muito contribuirá para o desenvol-
vimento e constante aprimoramento do PAE.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
71
Planejamento e
Operações
O Plano de Ações em Emergências é um documento que deverá:
· Estabelecer responsabilidades da Organização e dos indivíduos, assim como
suas ações durante emergências.
· Preparar o GVBS para responder corretamente a possíveis emergências.
· Prever como serão os eventos durante uma emergência e desenvolver e esclare-
cer uma linha de ações e como ela será coordenada.
· Identificar recursos humanos e materiais, suprimentos e qualquer outro recurso
disponível.
· Prever o relacionamento e forma de atuação quando outras instituições estive-
rem envolvidas.
· Estabelecer quando é dada a suspensão da busca.
· Prever a desmobilização e ações pós-missão.
Uma vez que o plano inicial estiver pronto, ele deverá ser testado. Portanto, um simu-
lado de uma situação possível deve ser organizado para que o plano seja colocado à
prova. Esse é o melhor método para saber se o plano funciona e se todos os seus
atores o entenderam corretamente.
Uma revisão e uma análise do plano também deverão ser realizadas com freqüência.
O estudo de operações já realizadas, simulados, auto-avaliações, são métodos para
revelar pontos de melhorias no plano. Talvez se mostre necessário uma revisão de
conceitos operacionais, redistribuição de responsabilidades e tarefas ou mesmo o
tipo de treinamento sendo realizado.
É importante ficar claro que o PAE deverá atender aos aspectos gerais e comuns em
operações. Porém, cada emergência deverá ter seu próprio plano de operação desen-
volvido a partir do primeiro aviso, e esse deverá ser específico às características da
situação em andamento. O GVBS dará continuidade, então, aos procedimentos
operacionais propícios à operação a ser realizada.
A seguir estão relacionados os principais pontos a serem considerados, durante a
elaboração do PAE:
1. Objetivos do GVBS.
2. Acionamento do GVBS (plano de mobilização e comunicação – Envolvimento
de outras instituições?).
3. Responsabilidades iniciais (quem faz o quê).
4. Levantamento de informações (entrevistas).
5. Análise da situação (O que aconteceu? Qual o tempo disponível? Quais os
recursos necessários? Quais recursos disponíveis?).
6. Planejamento (desenvolvimento de estratégias e táticas seguindo os proce-
dimentos e protocolos para os diferentes tipos de operações.).
7. Mobilização de recursos humanos (plano de mobilização).
8. Logística (organização e distribuição de equipamentos, alimentos, transpor-
te etc.).
9. Comunicação com a mídia (plano de comunicação).
10.Início da Operação.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
72
Planejamento e
Operações
11.Resgate e Evacuação (Helicópteros? Outros meios?).
12.Óbitos (procedimentos em caso de óbito da vítima).
13.Revezamento de equipes (tempo máximo de atuação de uma equipe é 24
horas).
14.Suspensão da operação (Quais os limites de tempo e recursos para auxiliar
essa decisão?).
15.Desmobilização.
16.Documentação (formulários e relatórios de atendimento e da operação, lau-
dos oficiais, mídia etc.).
17.Análise da operação e atuação (auto-avaliação, críticas, sugestões de apri-
moramento etc.).
Exercício de mesa
O exercício de mesa funciona semelhante a um jogo em que cada participante irá
representar suas funções e ações de acordo com o planejamento inicial, a fim de
resolver a emergência proposta pelo coordenador.
Para realizar exercícios de mesa o coordenador-geral deverá ter em mãos os elemen-
tos necessários, tais como:
plano de ação em emergência;
hipóteses de ocorrência;
mapa ou croqui da região;
rol de recursos disponíveis;
material para registro de informações escritas;
situação teórica a ser testada.
O coordenador irá dispor o mapa ou croqui sobre uma mesa e apresentar a situação
que a equipe irá enfrentar.
Cada participante, de acordo com sua função, irá desempenhar um papel durante o
exercício. Quanto mais real for sua interpretação, melhor e mais rica será a atividade.
Podem ser realizados deslocamentos dentro do recinto, comunicações por rádio e ou-
tras atividades que seriam possíveis de acontecer no ambiente real de uma ocorrência.
O coordenador irá atenuar ou agravar a situação a fim de verificar como se comportam
seus planos durante o exercício.
Ao final, os participantes devem se reunir e comentar sobre o exercício e seu desenvolvi-
mento a fim de apresentar as boas práticas ocorridas e ajustes no planejamento inicial.
O exercício de campo com o grupo deve ser realizado. Este é só mais um modo de
treinamento e deve ser complementado com o trabalho de campo do grupo, onde irão
enfrentar as dificuldades de terreno e de operação.
INTEGRAÇÃO
Ronaldo Franzen Junior
Para que os GVBS sejam
reconhecidos pela comunidade
local e pelos responsáveis legais,
devem ser formalizados por meio
da sua formação e registro como
uma associação sem fins
lucrativos, e firmar um termo de
cooperação técnica com os
responsáveis legais, que podem
ser a Defesa Civil municipal ou o
Corpo de Bombeiros.
“Os componentes da sociedade
não são os seres humanos,
mas as relações que existem entre eles.”
Arnold Toynbee
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
74
Integração
Reconhecimento
e legitimização
Para que os GVBS sejam reconhecidos pela comunidade local e pelos responsáveis
legais, devem ser formalizados por meio da sua formação e registro como uma asso-
ciação sem fins lucrativos, e firmar um termo de cooperação técnica com os respon-
sáveis legais, que podem ser a Defesa Civil municipal ou o Corpo de Bombeiros.
O reconhecimento das responsabilidades e capacidades entre instituições também é
primordial para o bom relacionamento entre o GVBS e os responsáveis legais, deven-
do os integrantes das equipes saber seus limites de atuação e quais as restrições
legais referentes ao atendimento de primeiros socorros e demais técnicas que serão
empregadas.
Conscientização
da necessidade
da existência do GVBS
Como já foi comentado nos capítulos iniciais, a demanda principal da necessidade de
criação dos GVBS é devida ao aumento desordenado das atividades praticadas na
natureza e ao conseqüente aumento do número de acidentes, somados à deficiência
dos responsáveis legais em atender a esta demanda.
E no caso da criação das Unidades de Conservação com status de parque, estas
prevêem o uso público, sendo os seus gestores responsáveis por propiciar estruturas
e equipamentos para o uso público existente, bem como um plano de contingência
para os casos de emergência.
GESTÃO
E MANUTENÇÃO
Helon Florindo
Ronaldo Franzen Junior
Para manter o trabalho voluntário
é importante que o coordenador-geral
do grupo conheça os objetivos de seus
voluntários e que estes estejam em
sintonia com o pensamento e a missão
do grupo. Estimular a participação
em programas de treinamento,
campanhas educativas, visitas a
escolas, distribuição de folhetos
explicativos. O Voluntário, acima
de tudo, quer trabalhar.
“Fazer grandes coisas é difícil; mas comandar
grandes coisas é ainda mais difícil.
”Friedrich Nietzsche”
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
76
Gestão e Manutenção
Motivação
para continuidade
do trabalho voluntário
Inicialmente é necessário responder a uma pergunta simples: O que é ser voluntário?
É interessante que a maioria das pessoas que se predispõem a este tipo de trabalho
não se questiona sobre o que é ser voluntário. Um grande número de pessoas tem
uma visão equivocada desse trabalho.
Voluntário é a pessoa ou grupo de pessoas dispostas a doar seu tempo,
trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e, com
isso, melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Como foi visto anteriormente, este trabalho “doado” tem uma série de compromissos
e responsabilidades. Não é pelo fato de ser voluntário que o trabalho não tenha que
obedecer a regras de responsabilidade social. Este trabalho só difere do tradicional,
principalmente por não ser remunerado.
Mas o que leva as pessoas a buscá-lo?
Fazer a diferença. Este é objetivo do voluntário. De uma maneira ou de outra a pessoa
que se doa gosta de ver fazer a diferença. Estas organizações de grupos e de talen-
tos buscam suprir uma carência do Estado em algum ponto, principalmente nos
momentos difíceis.
Assim funcionam os Grupos Voluntários de Busca e Salvamento. Seu maior patrimônio
é, sem dúvida, os seus voluntários.
Elas são pessoas engajadas, conscientes de seu dever, com talentos especiais e
com um objetivo muito claro. Eles lutam por uma causa.
Para manter o trabalho voluntário é importante que o coordenador-geral do grupo
conheça os objetivos de seus voluntários e que estes estejam em sintonia com o
pensamento e a missão do grupo. Esta postura garante a união do grupo sob um
mesmo ideal. Voluntários são, sobretudo, idealistas. Manter seu ideal é manter seu
sangue circulando, oxigenado e forte.
A participação em programas de treinamento, em campanhas educativas, em visitas
a escolas, na distribuição de folhetos explicativos deve ser incentivada. O voluntário,
acima de tudo, quer trabalhar.
Outra característica que deve ser estimulada no voluntário é o trato adequado com a
hierarquia de decisões no trabalho. Quando se dispõe de lideranças dentro do grupo
é fácil. Os líderes têm um carisma natural em conduzir pessoas aos seus objetivos.
No entanto, quando se convertem em chefe, os voluntários devem convencer as pes-
soas a seguirem seu planejamento. Uma maneira de fazer isso é ter uma gestão
participativa no trabalho da equipe. Cada uma irá apresentar uma visão sobre o as-
sunto. Cabe, então, ao chefe decidir. Mas por quê?
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
77
Gestão e Manutenção
A decisão pode ser a mesma dos demais, claro. Mas há momentos em que o chefe,
por ter o poder de decisão e ser o responsável sobre a ação, pode decidir de maneira
diferente. Pode até não ser a melhor, mas para ele a mais adequada, dado a sua
responsabilidade sobre os demais.
A hierarquia define responsabilidades e não competência ou inteligência. Os chefes
de equipe devem ser sensatos em suas decisões e claros em seus objetivos para
ganhar o respeito do grupo, afinal isso não se impõe.
Formatar protocolos específicos
e que sejam reconhecidos
por instituições oficiais
Protocolos nada mais são que convenções técnicas que apresentam formas padroni-
zadas para resolver problemas. São “o que está escrito no manual”.
Apesar de soar de forma simplista ao primeiro momento, os protocolos são de suma
importância quando se trabalha em resposta à emergência. São linhas gerais de ação
para cada tipo de situação.
De um modo geral, o protocolo descreve os procedimentos a serem
adotados diante de uma situação específica. Nele estão contidos todos os
procedimentos, materiais e passos a serem seguidos, caso a situação se
apresente.
Por exemplo: O protocolo para reanimação cardiopulmonar. Este protocolo define
qual o número de compressões e insuflações que devem ser realizados em uma
vítima de parada cardiorrespiratória.
Uma das vantagens de ter um protocolo está na segurança e na continuidade das
ações. Normalmente os protocolos são escolhidos depois de testes realizados em
institutos de pesquisa ou órgãos credenciados e tornam-se um padrão.
Mas os protocolos não se resumem a isso. Pode-se padronizar o uso e emprego de
materiais, forma de manutenção e até maneiras como decidir diante de questionamentos
ou situações. Eles são o ramo final dos planos de ação em emergência.
Agora, mais importante que ter os protocolos é ter a certificação necessária ao seu
respaldo técnico. Adotar um protocolo que tenha sido incorporado por instituições
oficiais torna mais fácil o trabalho em conjunto.
A Associação Americana do Coração – AHA tem seu protocolo difundido por todo o
mundo e é aceito pela maioria das instituições de atendimento pré-hospitalar, sendo,
em alguns casos, referência de consulta em questões legais.
Outro exemplo de protocolo bem aceito na comunidade internacional é o do Grupo
Internacional de Consultores de Busca e Salvamento da Organização das Nações
Unidas – INSARAG/ONU. Este grupo de líderes de equipe estabelece diretrizes
operacionais que vão desde o nível de resposta das equipes até a sinalização de
comunicações utilizada em operações. Isso permite, por exemplo, que uma equipe
francesa trabalhe com uma brasileira ou japonesa, independente do idioma, sob o
mesmo padrão de ações e segurança.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
78
Gestão e Manutenção
Comunicação
interna e externa
Como o foco da emergência é sempre quem responde a ela, é importante que o
coordenador-geral e sua Assessoria de Imprensa estejam preparados para lidar com a
imprensa.
É importante ter em mente o seguinte: nenhuma informação é dada em
off. Esta é a premissa básica para a comunicação, seja interna ou externa.
A comunicação interna é a troca de informações dentro do grupo. Notícias, piadas,
encontros, atualizações técnicas etc. Pode-se criar um informativo escrito que tenha
por objetivo principal manter o grupo informado sobre as atividades realizadas, servir
de notícia para os membros que queiram saber um pouco mais sobre algum assunto
etc. Pode-se criar colunas e colunistas para assuntos relacionados com os mais
diversos assuntos que o grupo ache interessante trabalhar. Um periódico pode atrair a
atenção de pessoas dentro do grupo para os mais diversos fins.
A comunicação externa é o relacionamento com a comunidade que o grupo presta os
serviços. Esta comunicação deve ser feita sempre por meio da Assessoria de Impren-
sa, afinal será feita por meio da imprensa.
Enquanto não há atividade operacional a se realizar o grupo deve manter contato com
as pessoas formadoras de opinião a fim de sustentar sua representatividade, divulgar
seu serviço, gerar notícias para que esteja em foco e que seja lembrado.
Nos momentos de crise, nas emergências, o grupo, com toda certeza, será alvo de
curiosidade. Neste momento o coordenador deve agir com sabedoria. Uma notícia
mal dada ou uma perspectiva falsa pode arruinar toda uma operação.
Toda comunicação externa deve partir do Comando. O coordenador-geral, por meio de
sua Assessoria de Imprensa deve emitir boletins periódicos de informação à impren-
sa. Estes boletins devem ter a transparência necessária para garantir ao repórter a
veracidade dos fatos.
Nenhum repórter ou órgão de imprensa ficaria feliz em ser enganado, seja qual for o
motivo. A imprensa, ao contrário do que se tem por visão é um grande aliado e deve
ser tratada com o mesmo respeito e ética como se tratam os membros da equipe.
Esta destreza do contato com a imprensa é importante ao assessor de imprensa. Ele
deve ser o elo entre o grupo e os órgãos de comunicação antes, durante e depois das
emergências.
Faz parte desta boa convivência, por exemplo:
Não tente controlar a imprensa – O pensamento da imprensa não é o mesmo do
seu grupo. A matéria está sendo construída. Colabore neste processo de forma
positiva. Entender a imprensa não consiste em saber como controlar a mídia,
mas ter argumentos e confiança mútua para construir a notícia.
Saiba conviver com todas as notícias, inclusive as negativas – O fato de se comu-
nicar bem com a imprensa não altera a natureza dos fatos. Boas notícias são
sempre bem vindas, o problema está em administrar as notícias ruins. Admitir
seus erros vai ajudar a construir a notícia de forma transparente e adequada.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
79
Gestão e Manutenção
Seja sempre tolerante – Os órgãos de imprensa podem ser arrogantes, chatos,
equivocados, mas são instrumentos indispensáveis para o fortalecimento da
democracia. Os jornalistas, assim como você, trabalham na emergência. Eles
têm prazos e precisam de notícia. Este é o seu trabalho. Permita que o faça da
melhor maneira sem prejudicar a sua operação. Utilize o seu porta-voz e
disponibilize a informação em horários combinados previamente. Isso irá dar
liberdade necessária para ambos trabalharem.
Credibilidade nas informações acima de tudo – Credibilidade é a palavra-chave
no relacionamento com órgãos de imprensa. E ela se conquista mediante notí-
cias confiáveis, com relacionamento constante e informação de qualidade. Não
deixe que os fatos sejam mascarados. Se há algo a ser dito, diga. A imprensa
irá buscar esta informação se perceber sua existência. O melhor é recebê-la de
forma oficial por meio de um porta-voz.
Não chame a imprensa por qualquer motivo – Não desgaste a relação com os
veículos convocando entrevistas sem dispor de informações concretas, úteis e
importantes para transmitir. A maneira mais fácil é designar um local onde a
imprensa irá trabalhar e mantê-los informados. Se há algo relevante a ser dito,
convoque-os.
Respeite a verdade – Diga sempre a verdade, do contrário, corre o risco grave de
ter desmoralizada a imagem do grupo e ter sua credibilidade afetadas. Em ca-
sos extremos explique ao jornalista os motivos que o impedem de liberar a
informação.
Não sonegue informações – Não fuja de notícias desagradáveis. Isso dá a im-
pressão de que o grupo não está admitindo seus erros, e essa postura acaba
sendo notícia de manchete no dia seguinte. Transparência na versão do grupo
pode dar fim a um assunto desagradável de maneira rápida e adequada, já que
tudo foi esclarecido.
Seguros
O que é seguro?
Em poucas palavras, seguro é a transferência do risco por meio da qual uma parte, o
segurado, transfere a probabilidade de perda financeira para outra parte, denominada
seguradora.
O seguro como técnica de transferência de riscos
O seguro é um sistema que permite à pessoa, à família, à empresa e às instituições
transferir as conseqüências financeiras de uma perda para uma seguradora. Esta, por
sua vez, paga ao segurado ou beneficiário pelas perdas cobertas, que devem ser
explicitadas em contrato (apólice). Nesse processo de transferência, o segurado tro-
ca a possibilidade de uma grande perda incerta por um pequeno pagamento certo,
perfeitamente acomodado em seu orçamento.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
80
Gestão e Manutenção
Tal transferência é formalizada por meio de uma apólice (Contrato de Seguro), na qual
estão declarados os direitos e obrigações das partes contratantes. Esse processo de
dividir as perdas por todos os segurados chama-se princípio do mutualismo, que se
constitui na realidade num fundo comum. Esse fundo é constituído com as contribui-
ções de todo o grupo e seu tamanho é determinado pelas possíveis perdas futuras.
Assim, quanto maior for a massa segurada, menor será o custo de contratação.
Ao se contratar seguros para o GVBS, deve-se procurar orientação profissional de
pessoas do mercado segurador, cuja experiência esteja ligada ao turismo de aventu-
ra, bem como exigir em contrato que as atividades esportivas e de busca e salvamen-
to estejam explicitadas. Evitando-se assim, possíveis negativas de sinistros futuros.
O seguro deve ser encarado como uma ferramenta do gerenciamento de risco que por
si só não garante a isenção de responsabilidade de ações impetrada por terceiros. O
seguro visa reparar os danos após a ocorrência de acidentes. Portanto, a prevenção é
o ponto mais importante da gerência de riscos, ou seja, é preciso sempre trabalhar
para que eles não se materializem.
Sugestões de coberturas de seguros para os grupos
voluntários de busca e salvamento
A) Seguro de Acidentes Pessoais
Objetivo: Destinado a cobrir os integrantes do grupo dos riscos descritos a seguir.
Coberturas: Morte Acidental, Invalidez Permanente por Acidente, Despesas Médico-
Hospitalares.
Tipo de Apólice: Coletiva, incluindo todos os integrantes do grupo, com movimentação
mensal (inclusão e exclusões de novos integrantes do GVBS).
Forma de Pagamento: Mensal.
B) Seguro-Saúde
Objetivo: Cobrir as despesas médico-hospitalares em caso de internação de algum
integrante do GVBS.
Coberturas: Por questões de custo e analisando especificamente o propósito da co-
bertura, sugere-se a contratação somente da cobertura “Hospitalar”, em que o segura-
do terá direito à utilização somente para os procedimentos de alto-risco, ou seja, em
que a hospitalização seja superior a 12 (doze) horas. A contratação nesses moldes é
em torno de 40% (quarenta por cento) do valor habitualmente pago nos seguros saúde
convencionais, pois estariam excluídos consultas, exames laboratoriais e atendimen-
to ambulatorial que não fossem realizados em regime de internação. A cobertura será
complementar, pois em caso de acidentes em operações de busca e salvamento
haverá a cobertura de Despesas Médico-Hospitalares do seguro de acidentes pesso-
ais, que custeará o primeiro atendimento.
Tipo de Apólice: Coletiva, incluindo todos os integrantes do grupo, com movimentação
mensal (inclusão e exclusão de novos segurados).
Forma de Pagamento: Mensal.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
81
Gestão e Manutenção
C) Despesas com busca e salvamento
Objetivo: Dar suporte logístico para as operações de busca e salvamento.
Coberturas: Serviço acessório contratado com a finalidade de dar suporte nas opera-
ções de busca e salvamento, com coberturas de transporte aéreo de vítimas, serviço
de táxi, translado de corpo em urna funerária, acompanhante em caso de
hospitalização, hospedagem de parente da vítima quando fora de seu local de domicí-
lio etc. A cobertura desse serviço acessório ao seguro de acidentes pessoais deve ser
contratada tanto para o voluntário do GVBS quanto para o turista praticante da ativida-
de, eliminando a possibilidade de exclusões involuntárias de cobertura.
Tipo de Apólice: Aberta, com movimentação diária, ou seja, contratado para o turista
juntamente com a cobertura do seguro de acidentes pessoais.
Forma de Pagamento: Mensal, por meio de fatura única, contendo todos os seguros
contratados.
D) Seguro de Renda por Incapacidade Temporária
Objetivo: Garante o pagamento de renda mensal, em função de afastamento das
atividades profissionais habituais, em função de acidentes ocorridos durante a realiza-
ção de busca e salvamento.
Coberturas: O valor a ser determinado para a cobertura de pagamento de renda men-
sal deverá ser sugerido levando-se em conta o poder aquisitivo de cada membro do
GVBS ou de acordo com a opção consensual do grupo.
Tipo de Apólice: Coletiva, incluindo todos os integrantes do grupo, com movimentação
mensal (inclusão e exclusão de novos segurados).
Forma de Pagamento: Mensal.
Considerações Finais
O correto dimensionamento das necessidades de coberturas bem como o criterioso
levantamento dos riscos a que se está exposto, são importantes para se obter o
máximo de benefícios ao menor custo possível na transferência dos riscos.
Certamente, as coberturas apresentadas e sugeridas não são ainda comuns no mer-
cado segurador, pela falta de especialização das seguradoras para atuarem no mer-
cado de turismo e esportes de aventura, pela falta de estatísticas que proporcionem
conforto na aceitação dos riscos e pelo processo de normalização ainda estar em
fase de conclusão.
Contudo, existem empresas de consultoria especializadas que atuam nesse merca-
do, tornando a tarefa de transferir os riscos do GVBS mais fácil, tanto na aceitação
dos riscos como na questão de custos.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
82
Gestão e Manutenção
Caixa de Ferramentas
Como formatar um protocolo
1º Passo: Consultar o plano de ação em emergência.
No plano de emergência devem estar relacionados os riscos e as hipóteses de
ocorrência da emergência.
2º Passo: Verificar se não há um protocolo oficial ou certificado por alguma
instituição para a situação.
Uma pesquisa em planos de operação padrão ou manuais técnicos pode ser útil
na formatação de protocolos já que são fórmulas que foram testadas por outros
grupos ou instituições. Não deve ser esquecida de mencionar a fonte de onde foi
retirado o material, para dar crédito ao autor.
3º Passo: Testar o protocolo.
Sugere-se estabelecer uma situação hipotética e submeter o protocolo ao ambi-
ente. Deve-se testar sua exeqüibilidade e se dispõe de tudo o que for necessário
a utilizá-lo.
4º Passo: Divulgue seu protocolo.
O trabalho deve ser apresentado ao grupo, bem como a sua utilidade. Este é o
momento das críticas. Sugestões devem ser aceitas e discutido seu protocolo,
afinal só será válido se todos o aceitarem.
Como escrever um release para a imprensa
O release é o documento que à imprensa usa como referência para estabelecer a sua
pauta. Este documento possui um formato de texto curto onde se apresentam as
informações relevantes sobre um determinado assunto e possui fácil leitura.
Quando se comunica algo a imprensa, deve-se despertar seu interesse. O release
deve ter, portanto, as informações necessárias ao editor para decidir sobre a inclusão
deste fato que aconteceu ou vai acontecer na pauta.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
83
Gestão e Manutenção
Dados de contato para mais esclarecimentos
Exemplo:
Release
Operação de Busca e Salvamento em Unidade de Conservação
Duas crianças se perderam no Parque Nacional na última quarta-feira quando se
afastaram dos pais em uma trilha durante um passeio de família. A equipe de
busca e salvamento voluntário do município foi acionada e depois de 12 horas de
trabalho encontrou as crianças debaixo de uma ponte de madeira no rio, que
serviu como seu abrigo. Os pais foram informados e as crianças foram conduzidas
a sua casa, onde se recuperam do susto.
Líder do GVBS do Município
Telefone de contato: (0XX)YY 555-5555
Release
Título
Informações
O que?
Quando?
Como?
Onde?
Por quem?
Dados do responsável pela informação e assinatura
ORGANIZAÇÃO
JURÍDICA DOS GVBS
Vinícius Porto
A formação e a existência de grupos de
busca e salvamento necessitam da
perfeita integração com a sociedade,
por meio do cumprimento das leis e das
estruturas jurídicas mais adequadas.
Ao longo deste capítulo, será fornecida
uma visão geral dos aspectos legais
ligados a esses grupos, os limites de
responsabilidade que os afetam, assim
como sugestões de alguns documentos
necessários à sua constituição.
“As dificuldades são como as montanhas. Elas
só se aplainam quando avançamos sobre elas”.
Provérbio japonês
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
85
Organização jurídica dos
GVBS
Primeiras considerações
O presente trabalho tem como meta apresentar de forma simples e objetiva uma
abordagem sobre questões jurídicas inerentes à entidade privada sem fins lucrativos
que, devidamente habilitada e qualificada para atuar de forma preventiva diante dos
acidentes no turismo de aventura, e que bem como os voluntários envolvidos e tam-
bém os associados, se propõem a fazê-lo.
Não se tem a pretensão de finalizar o assunto e vale lembrar que a participação de um
advogado na constituição da entidade é uma necessidade legal. Feita sua constitui-
ção, sua participação é uma possibilidade extremamente benéfica à boa gestão da
entidade e ao conhecimento e respeito das leis que regulam os diversos fatores que
relacionam as entidades civis, o cidadão e a sociedade.
O contido neste manual não exime a necessidade de que se busque um contato mais
estreito com o advogado mais próximo ou que já preste algum serviço, adiantando o
assunto para ele, antes mesmo do efetivo início do trabalho. Isso pode facilitar o
trabalho de todos e propiciar maior legalidade à proposta. Aqui será apresentado so-
mente linhas gerais.
Desse modo, serão abordados assuntos como a forma de integração e participação
dos voluntários, suas responsabilidades, os aspectos jurídicos dos primeiros socorros,
entre outros temas, para que dentre outras coisas estes possam ser implementados e
exercidos conforme as legislações pertinentes e aplicáveis à matéria.
O regular registro dos atos constitutivos de uma associação no órgão de registro
público competente, sendo no caso o Registro Civil das Pessoas Jurídicas da cidade
ou comarca sede da associação, representa a aquisição de sua personalidade jurídi-
ca, ou seja, implica na transformação da entidade em pessoa jurídica apta a contrair
direitos e deveres perante a sociedade. A personalidade é a possibilidade de ser sujei-
to de direitos.
2
Feito isso, deverá ainda ser efetuado mais um registro, este na Secretaria da Receita
Federal, quando a associação receberá o seu CNPJ/MF (Cadastro Nacional das Pes-
soas Jurídicas do Ministério da Fazenda), valendo dizer que somente após este regis-
tro será possível qualquer movimentação bancária. Logo após, é feito o registro na
prefeitura da cidade onde a associação tiver sede, para que seja expedido o Alvará de
Localização. Por fim, a associação deverá ser registrada junto ao INSS – Instituto
Nacional de Seguridade Social.
Vale dizer que para fins legais e até mesmo para arquivamento, é interessante fazer o
estatuto e a ata da assembléia geral em três dias, ficando uma com o cartório e duas
com a entidade, por segurança. O representante legal da entidade deverá assinar o
requerimento de registro.
Entre os projetos de criação da organização civil de direito privado sem fins lucrativos,
deve-se atentar para determinadas exigências legais para alcançar os fins desejados,
como, por exemplo, o de obter a qualificação de organização social, entre outros.
Para a elaboração do estatuto se faz necessária a observância compulsória dos requi-
sitos constantes no Código Civil, sob pena de nulidade, determinando desse modo as
condições e a forma pelas quais a entidade se organizará e regerá sua atividade.
2
MIRANDA, Pontes de. Atualizado por Vilson Rodrigues Alves. Tratado de Direito Privado. 1ª ed., Campinas:
Bookseller, 1999, p. 210.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
86
Organização jurídica dos
GVBS
Todavia, as prescrições legais não se refletem somente nos atos constitutivos, mas
também no trato de toda a atividade, gestão e continuidade da entidade. As obriga-
ções a que estão submetidas uma associação não se encontram expressas somente
no Código Civil, mas também em inúmeras leis e outras espécies normativas. Trata-
se, portanto, de um complexo legislativo que deve ser estritamente obedecido por
aqueles que apostam no desafio constante de quantificar e expandir suas ações de
promoção de uma solidariedade eficiente. A cada atividade compete uma abordagem
jurídica distinta, aplicável a cada caso, de forma particular, e isso sempre deve ser
lembrado pela entidade e pelos participantes, buscando conhecimento pleno e con-
trole que possibilitem a boa constituição de qualquer atividade associativa.
Isto posto, verifica-se como importante a existência de uma série de atores envolvi-
dos, cada um na sua área de especialização, podendo citar uma assessoria jurídica
prestada por profissionais devidamente capacitados, enquadrando as atividades e todo
o seu desenvolvimento dentro dos preceitos legais. Eles podem contribuir, discutir,
cobrar e estudar as necessidades mais básicas da organização, sempre objetivando
vislumbrar a melhor forma de condução de sua administração.
E em cada atividade a entidade civil deve buscar a boa especialização. Nas atividades
de busca e salvamento, especialização do seu quadro de pessoal, equipamentos,
comunicação. Na parte administrativa, jurídica, contábil, entre outras, pode-se ter
administradores, contadores, gestores, publicitários, advogados, cada qual pode co-
laborar para que a administração seja feita da maneira mais profissional possível,
levando-se em conta o poder de articulação da entidade. Quando não há possibilidade
de contratação destes profissionais, os interessados podem se socorrer de outras
manifestações voluntárias.
Ressalte-se que toda pessoa jurídica que deve ser servida pelos serviços de contabi-
lidade e muitas vezes até as pessoas físicas são atendidas por esses serviços, como
se vê na época das declarações de imposto de renda. Então procure um contador,
pois obrigatoriamente para criação e manutenção de uma associação, bem como em
qualquer atividade econômica, esse profissional é importante e imprescindível.
Alguns conceitos pouco distantes do dia-a-dia dos voluntários podem ser dissemina-
dos para que ocorra um entendimento do reflexo legal da atividade que o cidadão
desenvolve, buscando fins sociais, em detrimento de uma atividade remunerada e que
tem todo um sistema legal que o regulamenta em diversas frentes. O associativismo
e o trabalho voluntário não devem ser decisões econômicas e sim sociais, de caráter
participativo, e saber utilizar as boas ferramentas de variadas gestões, de captação
de recursos, de qualificação técnica e operacional pode ser um diferencial facilmente
percebido pela sociedade.
Primeiramente, entende-se que uma associação seria a iniciativa formal ou informal
na qual um grupo de pessoas se organiza para superar dificuldades e gerar benefícios
comuns, com fins não econômicos. Como já foi visto, a personalidade jurídica da
associação é que garante a existência de uma pessoa jurídica, sujeito de direitos e
de obrigações.
Por estar às vezes envolvida em programas e financiamentos públicos, a associação
deve prestar contas de forma a dar publicidade às operações contábeis e financeiras
realizadas. E tudo isso deve respeitar uma forma determinada, respeitando princípios
de transparência, informação, legalidade e vários outros.
Esta entidade deverá ainda dispor, além dos voluntários que trabalharão com as ativi-
dades de busca e salvamento, de pessoas dispostas a assumir no mínimo a função
de diretores e conselheiros fiscais. O associado, diretor, conselheiro podem perfeita-
mente ser voluntários da entidade. Exercerá neste caso o papel de voluntário e cum-
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
87
Organização jurídica dos
GVBS
prirá as funções que o cargo determinar. Caso não haja capacidade técnica dos mem-
bros do Conselho Fiscal para a prestação de contas consoante aos princípios funda-
mentais de contabilidade e as demais normas brasileiras, o contador pode mais uma
vez ser útil, pois participa como elo entre as pessoas e o conhecimento técnico
específico.
Esta nova pessoa que vai nascer com a vontade dos interessados, mas também com
o devido registro, merecerá cuidados. É uma pessoa jurídica que, como já se viu,
requererá cautela e conhecimento na hora de fazer as atas, comunicados e outros
documentos formais, sabendo o que fazer e a importância de fazê-lo. A assembléia de
uma associação é seu órgão soberano, sendo que certas decisões previstas em lei
ou no estatuto devem passar pelo crivo desta, sob pena de nulidade. As atas das
assembléias gerais são os documentos que legitimam todas as decisões realizadas
nestas assembléias, além de garantir publicidade às deliberações tomadas. Tal docu-
mento deve espelhar as manifestações, acontecimentos e decisões ocorridas duran-
te estas assembléias.
Vale ainda entender a distinção entre uma assembléia ordinária e uma extraordinária.
A assembléia ordinária ocorre anualmente para apreciar questões que envolvam o
balanço patrimonial da Associação e os relatórios anuais da diretoria e do Conselho
Fiscal, além de possibilitar aos associados traçar as metas para o próximo ano. Já a
extraordinária é realizada toda vez que houver necessidade de discutir algum ponto
pertinente e imediato.
O Conselho Fiscal é responsável pelo acompanhamento e fiscalização de todo de-
sempenho financeiro e contábil da associação.
Há possibilidade de em determinados casos ser pertinente a presença de profissio-
nais de áreas diversas em assembléias nos casos que envolvam complexidade ou
comprometimento jurídico ou algum conhecimento técnico específico, o que ocorre
também em outras situações, não só nas associações. No estatuto social da entida-
de vale lembrar, a assinatura do advogado que o elaborou é determinação legal e o
modelo que será exposto adiante somente oferece um norte, merecendo que o profis-
sional do direito o faça, para que fique mais próximo à sua efetiva realidade.
Organizações
não-governamentais – ONGs
A sociedade se organiza em função dos objetivos e da estrutura necessária para se
atingir os seus objetivos comuns.
Diversas são as formas e possibilidades de organização entre pessoas encontradas
pela sociedade ao longo dos tempos. A humanidade tem hoje uma organização que
regula suas atividades básicas e os direitos que se entende como fundamentais. São
escolhidos representantes, existem órgãos públicos, serviços e produtos públicos,
mas em determinados casos esta sociedade vai mais adiante, assumindo compro-
missos e exercendo funções que muitas vezes seriam feitas por esta organização
maior, o Estado.
Este Estado seria então o que se costuma chamar de Primeiro Setor, congregando as
instituições de interesse público, as quais são mantidas pelo Poder Público (gover-
nos) e que existem para servir diretamente a toda uma sociedade. Neste lugar exis-
tem os órgãos governamentais como, por exemplo, os ministérios e as secretarias,
as autarquias e as empresas de economia mista.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
88
Organização jurídica dos
GVBS
O Segundo Setor agregaria as instituições de interesse privado mantidas pela inicia-
tiva privada, as que não são ligadas ao Poder Público e que existem para servir direta-
mente o setor privado. Tratam-se neste caso de interesses mercantis, como se per-
cebe nas indústrias, no comércio e na prestação de serviços.
O Terceiro Setor é constituído por organizações de iniciativa privada com fins não-
econômicos e não-governamentais, as atuam em áreas de caráter ambiental, educa-
cional, recreativo, dentre vários outros, como representantes dos interesses da soci-
edade civil.
Nos dizeres de José Eduardo Sabo Paes
3
, o Terceiro Setor pode ser definido como “o
conjunto de organismos, organizações ou instituições dotados de autonomia e admi-
nistração própria que apresentam como função e objetivo principal atuar voluntaria-
mente junto à sociedade civil visando ao seu aperfeiçoamento”.
Não se pode afirmar se o associativismo venha do respeito entre as pessoas ou se
gera respeito entre as pessoas, ou se as duas coisas, pois age por meio do desafio
constante de quantificar e expandir ações de solidariedade eficiente.
Dentre diversas razões que levaram ao crescimento mundial das diversas formas de
associativismo, pode-se citar a pouca representatividade, a capacidade limitada na
execução de tarefas sociais e a falta de capilaridade por parte de órgãos governamen-
tais necessárias à execução de determinadas ações; especificidades tão típicas nas
modernas ONGs.
Hoje existem exemplos de entidades com estrutura administrativa equiparada à das
grandes empresas privadas, mas suas ações e propostas versam sobre interesses de
caráter essencialmente público, atuando como fatores ou agentes de desenvolvimen-
to econômico, social e ambiental, sem finalidade de lucro.
O citado Primeiro Setor já entendeu a importância do Terceiro Setor, e de várias for-
mas tenta criar meios de participação deste em suas atividades, incluindo-o em deba-
tes, painéis, encontros regulares e diálogos com governantes. Tal postura deve ser
sempre ampliada, pois é um campo vasto a ser trabalhado e uma boa forma de interação
e participação social. O que já fora caridade toma agora ares de responsabilidade
social.
ONG significa organização não-governamental. A definição, é a bem da verdade, muito
ampla, e, no mundo, a expressão surgiu pela primeira vez na Organização das Na-
ções Unidas – ONU, após a Segunda Guerra Mundial, com o uso da denominação em
inglês “Non-Governmental Organizations – NGOs”. No mundo jurídico a sigla ONG
não passa de um apelido.
A legislação prevê dois formatos institucionais para a constituição de uma organiza-
ção sem fins lucrativos, com essas características: associação e fundação.
Vale esclarecer que no direito brasileiro as associações podem ser constituídas tanto
por pessoas físicas quanto por jurídicas, existindo diversos exemplos de sua ocorrên-
cia e importância, seja na organização de segmentos e interesses, seja na articula-
ção de ações conjuntas, muitas delas voltadas para ações sociais.
Uma boa alternativa para determinadas ações públicas é a atuação em parceria com
a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, posto que é simplesmente, a soma
de esforços com fins comuns.
3
PAES, José Eduardo Sabo. Fundações e Entidades de Interesse Social: aspectos jurídicos, administrativos,
contábeis e tributários. 3ª ed., Brasília: Brasília Jurídica, 2001, p. 68.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
89
Organização jurídica dos
GVBS
Vislumbra-se um compromisso da coletividade com a promoção e desenvolvimento
social que está diretamente ligado ao crescimento e aprimoramento do Terceiro Setor.
Ainda assim há muitas dificuldades e obstáculos ao pleno exercício e progresso para
estas entidades, as quais ainda são de pouca monta quando comparadas com outros
países desenvolvidos. As ONGs ainda enfrentam uma série de dificuldades para ob-
tenção de linhas de financiamento com a iniciativa privada, instituições financeiras e
poder público, e a isso se somam ainda falta de estrutura, capacitação, planejamen-
to, entre outros.
Sobre as associações e fundações, vale considerar o que dita o Código Civil.
Primeiramente, diz o artigo 53 que as associações são constituídas pela união de
pessoas que se organizam para fins não-econômicos, seguindo a regulação direta
destas até o artigo 61 do referido código.
A leitura destes artigos esclarece bastante o funcionamento e a constituição da asso-
ciação, valendo aqui considerar que não há entre os associados direitos e deveres
recíprocos, pois os seus direitos e obrigações são precipuamente em relação à asso-
ciação, tão-somente.
Se se continuar observando os artigos citados, será vista uma relação de procedimen-
tos sobre a constituição, funcionamento, dissolução, bem como direitos e deveres
dos associados, de dirigentes e da assembléia geral, que devem ser observados. A
título de curiosidade, a eleição de diretores, a destituição de administradores, a apro-
vação das contas e as alterações no estatuto são de competência privativa e exclusi-
va da assembléia geral, conforme determina o Código Civil e assim, qualquer destas
atividades que for desenvolvida por alguém que não seja a assembléia geral, não terá
validade. Resta ainda observar que para destituir administradores e alterar o estatuto
serão necessários os votos favoráveis de pelo menos 2/3 (dois terços) dos associa-
dos presentes à assembléia, o que se chama maioria absoluta, não podendo esta
deliberar em primeira convocação sem a presença deste número mínimo de associa-
dos, nunca podendo nestes casos, ser realizada com a presença de menos que 1/3
(um terço) de todos os associados.
Nos demais casos as decisões se darão por maioria simples, ou seja, o voto da
metade mais um dos associados presentes.
A outra forma de se praticar formalmente no Terceiro Setor é por meio da criação de
uma fundação, que no Código Civil está regulada pelos artigos 62 a 69, além dos
demais aplicáveis.
A grande diferença entre a fundação e a associação, lembrando que esta não é a
única, vem do fato de que na constituição de uma fundação o seu instituidor fará uma
doação especial de algum ou de alguns bens livres, especificando o fim aos quais
estes se destinam e declarando, quando desejar, a maneira pela qual esta será admi-
nistrada, dentro dos limites legais.
A fundação somente pode ser constituída para fins religiosos, morais, culturais ou de
assistência, sendo estes vastos campos de atuação, é verdade. Haverá sempre uma
transferência de propriedade, que virá da doação de um bem pelo instituidor, o que
não ocorre necessariamente nas associações. Pode-se ainda lembrar que cabe ao
Ministério Público zelar pelas fundações, e isso traz entre outras conseqüências mais
uma diferença para com as associações.
Já foi visto que é necessário para se alterar o estatuto de uma associação e, no caso
de uma fundação atender aos seguintes requisitos, conforme determina o artigo 67 do
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
90
Organização jurídica dos
GVBS
Código Civil: I – seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos competentes para gerir e
representar a fundação; II – não contrarie ou desvirtue o fim desta e; III – seja aprovada
pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado.
É, pois, outra forma de organização não-governamental, notoriamente distinta das
associações e para o caso dos GVBS, não seria, no entendimento do autor, a melhor
opção. Deve-se, entretanto, observar corretamente as características de constituição
e manutenção da mesma, para que se possa fazer a escolha certa.
Visto isso, vale uma abordagem sobre a figura da Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP, nova possibilidade aberta às pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, que cumprindo certos requisitos, podem buscar com o
Ministério da Justiça, esta qualificação.
Antes disso, o mais usual e ainda válido era a entidade buscar na esfera legislativa o
alcance de títulos de utilidade pública, nas esferas municipal, estadual e federal, este
último conseguido hoje, tal qual a qualificação de OSCIP, com o Ministério da Justiça,
valendo esclarecer que a utilidade pública é um título, enquanto de outro lado se tem
a qualificação como OSCIP.
A figura da OSCIP foi criada por meio da Lei nº 9.790 em 23 de março de 1999, e para
que uma entidade busque esta qualificação, será necessário respeitar o transcrito do
artigo 3º da referida lei. É importante lembrar anteriormente que tais títulos ou qualifi-
cações não mudam a figura jurídica da associação ou da fundação.
Artigo 3º – A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o
princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das
Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das se-
guintes finalidades:
I – promoção da assistência social;
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de
participação das organizações de que trata esta Lei;
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de parti-
cipação das organizações de que trata esta Lei;
V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desen-
volvimento sustentável;
VII – promoção do voluntariado;
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de siste-
mas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assesso-
ria jurídica gratuita de Interesse suplementar;
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democra-
cia e de outros valores universais;
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produ-
ção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que
digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
91
Organização jurídica dos
GVBS
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele pre-
vistas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos
de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e finan-
ceiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras
organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em
áreas afins.”
Sendo a entidade uma associação, fundação, OSCIP ou não, um ponto importante é
a possibilidade ou não de se remunerar os dirigentes destas. Em certos casos, a
possibilidade de remuneração está ligada ao fim da imunidade tributária da entidade;
noutros, à impossibilidade de alcance de algum título e cumpre dizer que o Código
Civil não a proíbe expressamente. O que se confunde muitas vezes é a não distribui-
ção dos lucros com a remuneração pelo exercício de certas atividades.
No caso das OSCIP, a remuneração do dirigente é permitida e não gera o fim da
imunidade tributária, desde que este exerça efetivamente funções executivas ou que
preste serviços determinados, e que receba valores praticados no mercado. O jurista
Cristiano Carvalho
4
lembra que durante o período de obtenção da qualificação, os
dirigentes não devem receber, pois a entidade estará acumulando requisitos para esta
obtenção da qualificação pretendida. Estudar o caso de cada associação é importan-
te para fazer uma boa gestão e é claro que tais entidades também merecem meios de
gestão eficazes, profissionais, qualificados e remunerados.
Outra forma de dar maior visibilidade à entidade e que também traz benefícios a ela se
dá pelo registro no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, sendo que
neste caso a entidade não poderá remunerar seus dirigentes e ainda buscar o alcance
do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS.
Considere-se que estes títulos ou qualificações contribuem para que a transparência,
eficiência e clareza sejam não só ditos pelas entidades como praticados, mas atestados.
Para finalizar, reste claro que para obter a qualificação de OSCIP a entidade deverá
apresentar seu pedido formal ao Ministério da Justiça, com a Coordenação de Outor-
ga e Títulos da Secretaria Nacional de Justiça, anexando a este requerimento cópia
autenticada do estatuto social registrado em cartório, a ata de eleição da diretoria, o
balanço patrimonial, a declaração de isenção de imposto de renda e o cartão de
CNPJ.
Estas são apenas considerações básicas, então não deve ser esquecido de conse-
guir acesso às legislações que foram relatadas, lendo e entendendo o que ditam as
mesas e consultando pessoas capazes de te deixar seguro para empreender nos
caminhos do associativismo.
Por fim, vale mencionar que esta associação ou fundação deverá celebrar contratos
com pessoas físicas ou jurídicas, com outras associações, para a formalização de
parcerias, de negócios, enfim, das ações cotidianas desenvolvidas pela entidade, e
somente o trato diário lhe permitirá saber quais as suas efetivas necessidades. Pode-
se citar a título de exemplificação contratos de prestação de serviços que receba ou
venha a prestar, contratos de trabalho de seus funcionários, contratos bancários, en-
tre outros. Então os assuntos privados merecem a devida proteção legal e não é
diferente quando do outro lado existe o Estado.
Por certo, quando a entidade for celebrar algum ajuste com o Poder Público, poderá
4
CARVALHO, Cristiano; PEIXOTO, Marcelo Magalhães. Texto de CARVALHO, Cristiano. Aspectos Jurídicos do
Terceiro Setor. 1ª ed., São Paulo: Síntese, 2005, p. 27.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
92
Organização jurídica dos
GVBS
fazê-lo de três formas. A primeira será a do contrato administrativo, que acontecerá
quando o Poder Público pretender comprar bens ou adquirir algum serviço que a asso-
ciação forneça. Este contrato deve sempre ser feito respeitando-se a Lei das Licita-
ções e as regras de livre concorrência.
Em segundo plano existe a figura jurídica do convênio, que seja talvez o instrumento
mais usado pelo Poder Público para ligar-se às organizações sem fins lucrativos, em
que vale considerar a figura da contrapartida por parte da entidade. Existe de um lado
o repasse de recursos pelo Governo, e do outro a entidade que tem a sua obrigação
correlata, inclusive no que se refere à colocação de recursos.
E por derradeiro, existe o Termo de Parceria, que veio atender ao contido na Lei de
OSCIP. Nele o objeto é o vínculo de cooperação. Existe um repasse de recursos ou de
insumos, e a contraprestação da entidade vem somente na execução do ajustado no
Termo de Parceria.
Pela natureza dos GVBS e pela maior complexidade de uma OSCIP em relação a
uma associação simples, seria mais prudente criar a entidade, aprender a caminhar
com ela e depois, observando todos os pontos positivos e negativos da empreitada,
alcançar a qualificação de OSCIP ou outra que lhe for melhor, buscando efetivamente
a concretização de mais etapas organizacionais.
Então, por pontos positivos de se buscar estes títulos ou qualificações cita-se maior
transparência, clareza e segurança para a gestão da associação e, por conseqüên-
cia, maior reconhecimento de parceiros públicos e privados e, quem sabe, mais recur-
sos. Como desvantagens, cite-se a maior complexidade na gestão, a necessidade de
auditorias anuais e o controle público mais direto.
A seguir é apresentada a sugestão de modelo de estatuto.
Modelo de estatuto de ONG
ESTATUTO SOCIAL DA ASSOCIAÇÃO
(Colocar o nome da ONG, com descrição do nome completo e da sigla a ser
utilizada, quando houver)
Capítulo I
Da Denominação, Sede e Fins
Art. 1º A associação é denominada (Colocar o nome da ONG, com descri-
ção do nome completo e da sigla a ser utilizada, quando houver), sendo pessoa
jurídica de direito privado, com fins não econômicos, e duração por tem-
po indeterminado, regida pelo presente estatuto e pelas demais disposi-
ções legais que lhe forem aplicadas, com sede e foro no Município de
(Cidade/Estado, à Rua XXX, nº XXX –– CEP XXX).
Parágrafo único: Neste Estatuto e em qualquer outro documento, a (Colo-
car o nome da ONG, com descrição do nome completo e da sigla a ser utilizada,
quando houver) poderá ser denominada tão-somente por (Colocar a sigla da
entidade, ou o nome que deseja deixar registrado)
Art. 2º A Associação civil de caráter social tem por objeto promover
atividades ligadas ao turismo de aventura e a formação de Grupos Vo-
luntários de Busca de Salvamento (GVBS).
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
93
Organização jurídica dos
GVBS
Art. 3º Para o desenvolvimento de suas atividades a (NOME DA ONG)
poderá:
I – promover e divulgar pesquisas, projetos e estudos aplicados ao turismo de
aventura e os critérios de segurança para o exercício dessa atividade;
II – formar grupos de busca de salvamento em turismo de aventura;
III – promover a assistência social;
IV – promover a cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
V – promover a educação, de forma gratuita, observando-se formas complemen-
tares de participação, nos termos da lei;
VI – promover o desenvolvimento sustentável, defendendo, preservando e con-
servando o meio ambiente;
VII – promover o voluntariado e integração social;
VIII – promover a ética, a paz, a cidadania, os direitos humanos, a democracia e
outros valores universais;
IX – prestar consultoria relacionada às suas atividades fins;
X – promover projetos de geração de renda;
XI – auxiliar os órgãos governamentais e não governamentais na promoção de
turismo de aventura, bem como na conscientização da sociedade sobre os ris-
cos a que estão sujeitos;
XII – promover a instrução, formação e aperfeiçoamento técnico de seus mem-
bros, bem como desenvolvimento de comportamento ético compatível com as
atividades desenvolvidas pela Associação;
XIII – promover cursos, palestras, encontros e treinamentos;
XIV – informar e orientar os turistas sobre os procedimentos que devem ser
adotados no exercício de aventura, bem como os direitos que lhes são assegu-
rados, por meio da realização de pesquisas, conferências, seminários, cursos à
comunidade;
XV – estimular a parceria por meio de todos os segmentos envolvidos, criando
conjuntamente uma cultura de excelência, empresarial no setor de segurança
do turismo e lazer;
XVI – juntamente com o Poder Público, aperfeiçoar os dispositivos legais do
turismo de aventura;
XVII – confeccionar ou comercializar produtos que tenham vinculação com a
marca da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar regis-
trado, quando houver, ou se houver optado pela utilização isolada da sigla
ou de outra expressão, fazê-lo aqui e nas próximas situações), com fins de
suportar as despesas necessárias ao seu bom funcionamento, podendo para
tanto oferecer de forma remunerada, camisas, camisetas, bonés e enfim, quais-
quer materiais promocionais, de divulgação, ou que gerem receita à entidade;
Parágrafo primeiro - A (Colocar o nome da ONG, com descrição do nome
completo e da sigla a ser utilizada.) poderá, para tais fins, praticar todo e
qualquer ato necessário e legalmente previsto à consecução de seu objetivo
social, incluindo-se a participação em outras associações, sendo permitido,
ainda, assinar convênios com entidades públicas ou particulares e termos de
cooperação técnica ou de parceria, conforme o interesse da mesma.
Parágrafo segundo - É vedado à (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que
deseja deixar registrado) participar de qualquer atividade político-partidária.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
94
Organização jurídica dos
GVBS
Capítulo II
Recursos de Manutenção
Art. 4º – Constituem fontes de recurso da (Colocar a sigla da entidade, ou o
nome que deseja deixar registrado):
a) Doações, legados e contribuições de pessoas de direito privado nacional ou
internacional, bem como dotações de fundos públicos, recebidas a qualquer
título, de órgãos governamentais ou organismos oficiais de qualquer origem;
b) Receitas operacionais, geradas com a venda de serviços, de produtos ou com
a cessão de direitos vinculados a sua imagem pública;
c) Rendimentos pela utilização do patrimônio;
d) Taxas e emolumentos sociais;
Parágrafo primeiro – A geração de receita operacional mediante a venda de ser-
viços ou produtos somente resultará de atividades claramente vinculadas com
os objetivos sociais e linhas de atuação da (Colocar a sigla da entidade, ou o
nome que deseja deixar registrado), e se destina a cobrir despesas e custos
viabilizando sua auto-sustentação.
Parágrafo segundo - No desenvolvimento de suas atividades a (Colocar a sigla
da entidade, ou o nome que deseja deixar registrado) observará os princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da
eficiência e não fará qualquer discriminação de raça, cor, gênero ou religião.
Parágrafo terceiro - Para a consecução de seus objetivos, a (Colocar a sigla da
entidade, ou o nome que deseja deixar registrado) poderá ainda:
a) Celebrar convênios, contratos ou termos com universidades, demais institui-
ções acadêmicas e culturais, centros de estudo e pesquisa, órgãos e entidades
públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, inclusive objetivando o intercâm-
bio de informações, tecnologia, realização de estudos, pesquisas e serviços
pertinentes à sua área de interesse;
b) Desenvolver, participar e realizar, com instituições públicas e privadas, nacio-
nais e estrangeiras, operações de captação de recursos, convênios, doações,
conversão de dívida, terceirização, e outros meios legais que permitam atingir
seus objetivos;
c) Promover, desenvolver e experimentar modelos socioprodutivos e de siste-
mas alternativos de produção, comércio, emprego, crédito e desenvolvimento
social, cultural, ambiental, rural e urbano.
Parágrafo quarto - Os serviços de educação ou de saúde a que a entidade even-
tualmente se dedique serão prestados de forma inteiramente gratuita e com
recursos próprios, vedado o seu condicionamento a qualquer doação, contrapartida
ou equivalentes.
Art. 5º – A (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar regis-
trado) terá um Regimento Interno que, aprovado pela Assembléia Geral, discipli-
nará o seu funcionamento, com as demais disposições gerais e ordinárias de
administração da associação.
Art. 6º – A fim de cumprir suas finalidades a associação se organizará em tantas
unidades quantas se fizerem necessárias, as quais se regerão pelas disposi-
ções estatutárias e regimentais.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
95
Organização jurídica dos
GVBS
Capítulo III
Dos Associados
Para esclarecimento, associado pode ser toda pessoa natural ou jurídica que se
filia à associação, participando efetivamente dos seus objetivos sociais. Os asso-
ciados podem ser voluntários. Voluntário é uma forma de prestação de serviços
em que o prestador o faz de forma gratuita. Os associados podem ser voluntários
em determinadas atividades a serem desenvolvidas pela associação. Pode ocor-
rer também de membros da sociedade se envolver com o objeto da associação,
desejando participar efetivamente, como voluntário, das atividades desempenha-
das. Estes não serão associados, porém, para prestarem o serviço de forma
voluntária é necessário elaborar o “Termo de Voluntariado”, para assegurar as
responsabilidades envolvidas nessa prestação de serviços. Para ambos a assina-
tura do Termo de Adesão será imprescindível.
Art. 7º – A (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar regis-
trado) é constituída por número ilimitado de associados, pessoas naturais ou
jurídicas, distribuídos nas categorias de Fundadores, Contribuintes e Colabora-
dores.
Não existe número mínimo de associados para a constituição de uma associa-
ção, sendo que as definições falam que sua formação se trata da reunião de
algumas pessoas com objetivo comum. Mas é certo que para preencher seus
quadros no mínimo cinco pessoas serão necessárias.
I) Fundadores são os associados, pessoas físicas que participaram diretamente da
constituição da associação e são mencionados nas respectivas atas.
II) Contribuintes são os demais associados, pessoas físicas que, igualmente vincula-
dos aos seus objetivos, posteriormente passaram a participar da associação, nos
termos deste Estatuto e do Regimento Interno.
III) Colaboradores são aqueles que tenham prestado serviços relevantes à associação
ou a sociedade em geral nas atividades de turismo de aventura, podendo ser pessoa
física ou jurídica, sendo que pela natureza das atividades de busca e salvamento, as
pessoas jurídicas não possuirão direito a voto.
Parágrafo único. A (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar
registrado) não distribui entre os seus associados, conselheiros, diretores, emprega-
dos ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exer-
cício de suas atividades, e os aplica integralmente na consecução do seu objetivo
social.
Art. 8º – São requisitos para admissão de associados:
I - Contribuintes:
a) Indicação por dois associados com no mínimo um ano de admissão;
b) Preenchimento da Ficha de Afiliação que o vincule ao objeto da associação e
obrigações derivadas e da declaração de que conhece e acata os termos do
Estatuto Social;
c) Aprovação da Assembléia Geral.
II - Colaboradores:
a) A prestação pública de serviços relevantes à associação ou à sociedade em
geral;
b) A apresentação por qualquer associado.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
96
Organização jurídica dos
GVBS
Parágrafo primeiro. Os associados Colaboradores não terão direito a voto em
assembléia, e não poderão ser votados, para qualquer cargo e são isentos de
contribuição social.
Parágrafo segundo. Os sócios fundadores são os que estiveram presentes à
Assembléia Geral de constituição da entidade e que neste ato, subscreveram o
Estatuto Social.
Art. 9º – O associado poderá, em qualquer tempo, requerer o seu desligamento
do quadro social da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja
deixar registrado), perdendo os direitos adquiridos por ocasião da sua admis-
são.
Art. 10 – O desligamento ocorrerá também quando da aplicação da penalidade
prevista no Art. 13, inciso “c”.
Art. 11 – A readmissão no quadro social dar-se-á, igualmente, em qualquer tem-
po, sendo considerada uma nova inscrição.
Art. 12 – Constituem infrações dos associados:
a) transgredir preceito estatutário ou regimental;
b) firmar compromissos indevidamente em nome da Associação;
c) comprometer infundadamente o conceito e o prestígio da (Colocar a sigla da
entidade, ou o nome que deseja deixar registrado).
Art. 13 – Os associados estarão sujeitos às seguintes penalidades:
a) advertência;
b) suspensão; e
c) exclusão.
Parágrafo primeiro. A advertência será aplicada pelo Conselho Diretor nos ca-
sos de:
a) atos que contrariem os fins do presente Estatuto; e
b) ações comprovadamente contrárias aos interesses da (Colocar a sigla da
entidade, ou o nome que deseja deixar registrado).
Parágrafo segundo. A suspensão, pelo período de até 1 (um) ano, proposta pelo
Conselho Diretor e aprovada em Assembléia, aplicar-se-á na reincidência do
disposto no parágrafo anterior, privando o sócio de seus direitos sem isentá-lo
do pagamento da mensalidade nem de qualquer prejuízo que tenha causado à
Associação.
Parágrafo terceiro. A exclusão, proposta pelo Conselho Diretor e aprovada em
Assembléia Geral, dar-se-á nos seguintes casos:
a) reincidência na inobservância das regras emanadas nos parágrafos anteriores;
b) falta de pagamento injustificada das contribuições previstas por um prazo
superior a 90 (noventa) dias; e
c) ato difamatório contra a (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que
deseja deixar registrado).
Art. 14 – Ao associado passível de punição é assegurado amplo direito de defe-
sa, cabendo recurso à Assembléia Geral, no prazo de 5 (cinco) dias, a contar da
ciência da decisão.
Art. 15 – O associado excluído do quadro social não terá direito a qualquer
indenização ou ressarcimento de contribuições ou doações que haja feito à
entidade.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
97
Organização jurídica dos
GVBS
Art. 16 – O regimento interno poderá disciplinar formas mais complexas de
ingresso, punição e exclusão dos Associados.
Art. 17 – São direitos dos associados que estiverem em dia com suas obriga-
ções sociais, entre os demais estabelecidos no Regimento Interno:
I – votar e ser votado para os cargos eletivos;
II – tomar parte nas Assembléias Gerais, com direito a voto;
III – apresentar sugestão de projetos e ações, nos termos dos objetivos sociais;
IV – indicar novos associados;
Art. 18 – São deveres dos associados, entre os demais estabelecidos no Regi-
mento Interno:
I – cumprir as disposições estatutárias e regimentais;
II – acatar as decisões da Assembléia Geral e Conselho Diretor;
III – não desvirtuar os objetivos da associação;
IV – não agir em nome da associação sem autorização expressa;
V – zelar pela dignidade e independência da associação no exercício de suas
atividades;
VI - comparecer às reuniões dos órgãos a que pertença, e desempenhar com
dedicação, entusiasmo e interesse os encargos e as missões que lhes forem
confiados, quer por meio de eleição, quer por meio de designação;
VII - representar por escrito ao Conselho Diretor ou a quem de direito sobre
quaisquer irregularidades contra os interesses da associação ou o seu Patrimônio,
que sejam do seu conhecimento;
VIII - preservar o Patrimônio da entidade;
IX - pagar as contribuições, na forma e valores fixados anualmente.
Art. 19 – Os associados não respondem pelos encargos e obrigações da asso-
ciação, inclusive de forma solidária ou subsidiária.
Capítulo IV
Da Administração
A lei de OSCIP (Lei nº. 9.790/99) inovou, possibilitando a remuneração de dirigen-
tes que atuem na gestão executiva da associação, tendo em vista que a adminis-
tração de associação pode ser complexa, exigindo grande envolvimento dos dire-
tores. Tal remuneração não desvirtua o caráter “não econômico” da associação.
Entretanto, se for de interesse da Associação não remunerar os seus gestores,
deverá alterar o parágrafo único do artigo 20 para: “A associação não remunera,
sob qualquer forma, os cargos de sua diretoria e do Conselho Fiscal, bem como
as atividades de seus sócios, cujas atuações são inteiramente gratuitas”, ou ain-
da prever a possibilidade dizendo que poderá remunerar ou que jamais remunera-
rá tais serviços.
Art. 20 – A (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar registra-
do) será administrada pelos seguintes órgãos:
a) Assembléia Geral;
b) Conselho Diretor;
c) Conselho Fiscal.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
98
Organização jurídica dos
GVBS
Parágrafo único: a associação poderá remunerar seus dirigentes, diretores e
conselheiros que, efetivamente, atuarem na gestão executiva e aqueles que lhe
prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores pra-
ticados pelo mercado na região onde exerce suas atividades e as disposições
do Regimento Interno.
Se propõe aqui um formato de administração que pode ser modelado e alterado
para o melhor atendimento das necessidades e especificidades do GVBS. Resta
informar que a administração comporta assim, outros formatos. Uma das possibi-
lidades pode ser a administração composta além do já proposto, por uma secre-
taria executiva, que seria composta por profissionais voluntários ou remunerados
e contratados para fins específicos e ficaria responsável por toda organização e
execução das atividades definidas pelo Conselho Diretor ou pela Assembléia Ge-
ral. Assim, o Conselho Diretor passa a ser um órgão muito mais deliberativo,
cabendo à Secretaria Executiva tomar frente nas atividades delineadas. Essa
Secretaria poderá ser contratada através de regime trabalhista ou mediante con-
tratos de prestação de serviços. Pode assumir as mais diversas atribuições exe-
cutivas e operacionais que estão elencadas para o Conselho Diretor, para que
este se envolva nos projetos, pesquisas, consultoria e coordenação do objeto da
associação. Se esta for a intenção, pode-se incluir uma cláusula com tal
previsibilidade, ao final do Capítulo IV, da administração, denominada Seção IV –
A Secretaria Executiva, merecendo neste caso a remuneração dos artigos do
estatuto.
Assim ficaria:
Art. XX - A Secretaria Executiva é um dos órgãos de administração da associa-
ção, auxiliar da Diretoria, composta por uma ou mais secretarias, gerando cargos
ou funções remuneradas, contratadas pela Diretoria e referendadas pela Assem-
bléia Geral. Os contratados poderão ser funcionários ou prestadores de serviços
da entidade e não têm poder de decisão dentro da ABPED, não possuindo tam-
bém cargos eletivos.
Parágrafo Único – Os secretários executivos dividirão entre si as tarefas da Secre-
taria Executiva, conforme determinar a Diretoria, cabendo a um deles exercer a
função de Secretário Executivo, que responderá pelo órgão e coordenará suas
atividades, quando houver mais de um secretário.
Art. XX - Compete à Secretaria Executiva:
a) executar as funções administrativas, financeiras, orçamentárias e de planeja-
mento; ........
As demais atribuições serão decididas pelo Conselho Diretor ou pela Assembléia
Geral e podem ser discriminadas desde já no próprio estatuto.
Seção I
Assembléia Geral
Art. 21 – A Assembléia Geral é o órgão soberano da (Colocar a sigla da entida-
de, ou o nome que deseja deixar registrado), sendo constituída pelos associ-
ados em pleno gozo de seus direitos estatutários:
Art. 22 – Compete à Assembléia Geral:
I – eleger e destituir os membros do Conselho Diretor, do Conselho Fiscal e do
Conselho Técnico;
II – aprovar o Regimento Interno;
III – deliberar sobre reformas do presente Estatuto e Regimento Interno;
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
99
Organização jurídica dos
GVBS
IV – deliberar sobre a extinção da associação;
V – deliberar sobre a conveniência de alienar, transigir, hipotecar ou permutar
bens patrimoniais;
VI – aprovar orçamentos, planos de trabalho, relatórios de desempenho, presta-
ção de contas e o balanço anual;
VII – aprovar as penalidades de suspensão e exclusão aplicadas pelo Conselho
Diretor;
VIII – deliberar sobre outros assuntos de interesse da associação.
Art. 23 – A Assembléia Geral se realizará, ordinariamente, uma vez por ano para:
I – aprovar a proposta de programação anual da associação;
II – apreciar o relatório anual do Conselho Diretor e pareceres do Conselho Fis-
cal e Conselho Técnico;
III – discutir e homologar as contas e o balanço aprovado pelo Conselho Fiscal;
Art. 24 – A Assembléia Geral se realizará, extraordinariamente, quando convocada:
I – pelo Conselho Diretor;
II – pelo Conselho Fiscal;
III – por requerimento de 1/5 dos seus associados quites com as obrigações
sociais.
Art. 25 – A convocação da Assembléia Geral será feita necessariamente por
meio de edital afixado na sede da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome
que deseja deixar registrado) ou a critério do Conselho Diretor, também por
edital publicado na impressa local, por circulares ou outros meios que julgar
convenientes, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, inclusive por cor-
respondência com aviso de recebimento, mesmo a eletrônica.
Parágrafo único. A Assembléia Geral se instalará, em primeira convocação, com
a maioria dos associados e, em segunda convocação, com qualquer número.
A convocação da assembléia deve permitir a ciência dos assuntos a serem trata-
dos e a data, hora e local a ser realizada. A ausência de convocação acarreta a
nulidade da assembléia. Sugerimos a afixação de edital na sede da associação e
uma outra forma, a ser escolhida pelo Conselho Diretor (publicação em jornal,
envio de circulares via correio ou até mesmo via internet). É salutar que a forma
escolhida possibilite à associação a comprovação da convocação. Assim, por
exemplo, se for envio via correio, é necessário o Aviso de Recebimento (AR).
Art. 26 – A associação adotará práticas de gestão administrativa necessárias e
suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios e
vantagens pessoais em decorrência da participação nos processos decisórios.
Seção II
Conselho Diretor
O Conselho Diretor deve ter, no mínimo, um Diretor Presidente, um Diretor Vice-
Presidente e um Diretor Financeiro. Assim, acreditamos que, no mínimo, três
pessoas sejam suficientes para o Conselho Diretor. No decorrer do desenvolvi-
mento da associação, novos cargos podem ser criados. O número mínimo e má-
ximo estampado no artigo é uma sugestão, podendo variar de acordo com a ne-
cessidade e possibilidade da associação.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
100
Organização jurídica dos
GVBS
Art. 27 – O Conselho Diretor será constituído por no mínimo 3 (três) e no máxi-
mo 5 (cinco) Diretores, regularmente eleitos entre os seus associados, sendo
um designado Diretor Presidente, um Diretor Vice-Presidente, um Diretor Finan-
ceiro e os demais integrantes, quando houver, simplesmente Diretor.
Parágrafo primeiro – O mandato dos integrantes do Conselho Diretor será de 3
(três) anos, sendo vedada mais de uma reeleição consecutiva.
Parágrafo segundo – Não poderão ser eleitos como membro do Conselho Diretor
os associados que exerçam cargos, empregos ou funções públicas junto aos
órgãos do Poder Público.
Art. 28 – Compete ao Conselho Diretor, por deliberação da maioria e nos termos
do Regimento Interno:
I – a administração da associação e execução dos atos ordinários da adminis-
tração, cumprindo e fazendo cumprir o Estatuto Social e o Regimento Interno;
II – elaborar e submeter à Assembléia Geral a proposta de programação anual
das atividades da associação;
III – elaborar e apresentar à Assembléia Geral o relatório anual;
IV – reunir-se com instituições públicas e privadas para mútua colaboração em
atividades de interesse comum;
V – estabelecer a punição dos associados faltosos, e encaminhar para a As-
sembléia Geral a aprovação da punição, quando for o caso;
VI – criar cargos e funções necessárias ao funcionamento da Associação e
fixar-lhes as respectivas remunerações;
VII – admitir e demitir funcionários e adotar quaisquer medidas em relação a
estes;
VIII – organizar normas de serviço, regulamentos e regimentos para boa execu-
ção das tarefas internas da Associação;
IX – decidir sobre casos omissos neste Estatuto.
Art. 29 – Compete ao Diretor Presidente:
I – representar a (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar
registrado) judicial e extra judicialmente, podendo para tal fim constituir procu-
radores, designar e indicar preposto;
II – cumprir e fazer cumprir este Estatuto e o Regimento Interno;
III – presidir a Assembléia Geral;
IV – convocar e presidir as reuniões do Conselho Diretor;
V – convocar o Conselho Fiscal;
VI – coordenar todos os serviços administrativos da sociedade.
Art. 30 – Compete ao Diretor Vice-Presidente:
I – substituir o Diretor Presidente em suas faltas ou impedimentos;
II – assumir o mandato do Diretor Presidente, em caso de vacância, até o seu
término ou deliberação da Assembléia Geral;
III – prestar, de modo geral, sua colaboração ao Diretor Presidente;
IV – ser responsável pelas rotinas administrativas internas da associação.
Art. 31 – Compete ao Diretor Financeiro:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
101
Organização jurídica dos
GVBS
I – administrar os serviços de tesouraria da (Colocar a sigla da entidade, ou o
nome que deseja deixar registrado) tendo sob sua guarda e responsabilidade
os livros necessários;
II – providenciar a melhor forma de proceder à arrecadação da receita e controle
da despesa;
III – tomar conhecimento constante do estado financeiro da entidade e acompa-
nhar o desenrolar de todos os serviços e atividades, pela verificação da boa
ordem dos registros, assentamentos e demais elementos contábeis;
IV – apresentar relatório semestral, amplo e minucioso, sobre a situação
patrimonial e financeira da sociedade, suas atividades, realizações e programas
em geral;
V – gerir os interesses econômico-financeiros da (Colocar a sigla da entidade,
ou o nome que deseja deixar registrado), efetuando recebimentos e dando
quitações, tendo sob sua guarda dinheiro e valores, quando necessário.
Art. 32 – Quando existirem mais diretores, compete a estes:
I – secretariar as reuniões do Conselho Diretor e as Assembléias Gerais, regis-
trando-as em livro próprio;
II – preparar a convocação para as reuniões do Conselho Diretor e Assembléias
Gerais;
III – manter registro atualizado sobre os sócios da Associação;
Parágrafo único: Tais tarefas serão desempenhadas pelo Diretor Presidente quan-
do estes diretores não existirem.
Art. 33 – Todos os atos que criarem responsabilidade para com a associação,
incluindo abertura e movimentação de contas bancárias, ou que dispensarem
obrigações de terceiros para com ela, só serão válidos se assinados por:
I – 2 (dois) membros do Conselho Diretor;
II – 1 (um) membro do Conselho Diretor e 1 (um) procurador devidamente cons-
tituído pelo Diretor Presidente.
Art. 34 – O regimento interno poderá acrescentar atribuições aos Diretores.
Art. 35 – Havendo vacância nos cargos do Conselho Diretor, a Assembléia Geral
elegerá pelo período que ainda restar para o cumprimento do mandato o substi-
tuto.
Seção III
Conselho Fiscal
Art. 36 – O Conselho Fiscal será constituído por 3 (três) membros, associados
ou não, eleitos pela Assembléia Geral.
Parágrafo primeiro. O mandato dos membros do Conselho Fiscal será coinci-
dente com o mandato dos membros do Conselho Diretor.
Parágrafo segundo. Em caso de vacância de cargos do Conselho Fiscal caberá
à Assembléia Geral especialmente convocada para este fim eleger os substitu-
tos, pelo período restante do mandato daqueles.
Art. 37 – Compete ao Conselho Fiscal:
I – examinar os livros de escrituração da associação;
II – opinar sobre os balanços e relatórios de desempenho financeiro e contábil e
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
102
Organização jurídica dos
GVBS
sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para o Conse-
lho Diretor e Assembléia Geral;
III – requisitar ao Conselho Diretor, ou a qualquer um dos seus membros, a
qualquer tempo, a documentação comprobatória das operações econômico-fi-
nanceiras realizadas pela associação, como qualquer outra que julgar necessá-
ria ao fiel desempenho de suas funções;
IV – acompanhar o trabalho de eventuais auditores externos independentes;
V – convocar extraordinariamente a Assembléia Geral.
Parágrafo primeiro. O Conselho Fiscal se reunirá uma vez ao ano e, de forma
extraordinária, sempre que convocado pela Assembléia Geral ou pelo Conselho
Diretor ou por um dos seus Diretores.
Parágrafo segundo. As deliberações do Conselho Fiscal serão formalizadas sem-
pre por no mínimo 2 (dois) dos seus conselheiros.
O Conselho Técnico não é obrigatório para a constituição de uma associação.
Uma das finalidades do Conselho Técnico é disponibilizar aos associados um
órgão especificamente técnico nas atividades desenvolvidas. No caso, por se
tratar de atividades de resgate em turismo de aventura, os membros do Conse-
lho Técnico deverão ser aqueles que possuam melhor conhecimento técnico e
destreza em técnicas exigidas para o resgate. São estes que irão elaborar os
cursos a serem desenvolvidos, as técnicas a serem administradas em situa-
ções de risco, a avaliação de desempenho físico dos associados.
CAPÍTULO IV
Conselho Técnico
Art. 38 – O Conselho Técnico será constituído por 3 (três) membros, necessari-
amente associados e eleitos pela Assembléia Geral, sendo um Conselheiro
Coordenador e os demais Conselheiros Técnicos.
Parágrafo único: Não havendo Conselho Técnico, suas funções serão exercidas
pelo Conselho Diretor.
Art. 39 – São atribuições do Conselho Técnico:
I – apresentar ao Conselho Diretor programa do curso e seleção para ingresso
de novos associados;
II – emitir parecer técnico sobre a capacidade física dos associados e dos can-
didatos a voluntários;
III – selecionar instrutores para ministrar os cursos;
IV – selecionar e elaborar material didático para o curso;
V – estabelecer o equipamento básico e o equipamento recomendável, individu-
al e de equipe, para as atividades desenvolvidas pela associação;
O Conselho Técnico não é obrigatório para a constituição de uma associação.
Uma das finalidades do Conselho Técnico é disponibilizar aos associados um
órgão especificamente técnico nas atividades desenvolvidas. No caso, por se tra-
tar de atividades de resgate em turismo de aventura, os membros do Conselho
Técnico deverão ser aqueles que possuam melhor conhecimento técnico e des-
treza em técnicas exigidas para o resgate. São estes que irão elaborar os cursos
a serem desenvolvidos, as técnicas a serem administradas em situações de ris-
co, a avaliação de desempenho físico dos associados.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
103
Organização jurídica dos
GVBS
VI – coordenar as atividades de levantamento realizadas pela Associação;
VII – aprovar a criação de meios de acesso, seu percurso e a forma como serão
operacionalizados;
VIII – fixar as normas técnicas a serem observadas nas atividades da Associa-
ção;
IX – emitir parecer técnico acerca da exclusão de sócio, quando for o caso;
Parágrafo primeiro – O mandato dos membros do Conselho Técnico será coinci-
dente com o mandato dos membros do Conselho Diretor;
Parágrafo segundo – O Conselho Técnico deverá se reunir ao menos uma vez
por semestre para o cumprimento no disposto neste artigo.
Parágrafo terceiro – Os atos do Conselho Técnico serão veiculados por meio de
Pareceres Técnicos e Pareceres Normativos, de acordo com seu conteúdo.
Art. 40 – Compete ao Conselheiro Coordenador:
I – coordenar a execução das atividades que integram a competência do Conse-
lho Técnico;
II – implementar a formatação de cursos, palestras, treinamentos técnicos;
III – apresentar pareceres ao Conselho Diretor.
Art. 41 – Compete aos Conselheiros Técnicos:
I – analisar e selecionar os equipamentos a serem utilizados nas atividades a
serem executadas pela associação;
II – elaborar roteiro, determinando os meios de acesso, riscos, pontos turísticos
no percurso a ser seguido;
III – selecionar instrutores ou guias para ministrar cursos e eventos turísticos.
Capítulo V
Do Patrimônio
Art. 42 – O patrimônio da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja
deixar registrado) será constituído de bens móveis, imóveis, veículos,
semoventes, direitos, ações e títulos da dívida pública.
Art. 43 – No caso de dissolução da associação, o respectivo patrimônio líquido
será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos da Lei 9.790/99 e,
preferencialmente, que tenha o mesmo objetivo social e atuação na mesma
região geográfica, econômica e social de sua sede.
Art. 44 – Na hipótese da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja
deixar registrado) obter e, posteriormente, perder a qualificação instituída pela
Lei 9.790/99, o acervo patrimonial disponível, e o adquirido com recursos públi-
cos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será contabilmente
apurado e transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos da mesma
Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objetivo social e sediada na mesma
região de sua sede.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
104
Organização jurídica dos
GVBS
Capítulo VI
Da Prestação de Contas
Art. 45 – As prestações de contas da (Colocar a sigla da entidade, ou o nome
que deseja deixar registrado) observarão:
I – os princípios fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de Con-
tabilidade;
II – a publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal,
do relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluin-
do as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à
disposição para o exame de qualquer cidadão, em sua sede e em local de
acesso livre;
III – a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes, se
for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto de termo de parceria,
conforme previsto em regulamento;
IV – a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública
recebidos, conforme determina o parágrafo único do Art. 70 da Constituição
Federal.
Capítulo VII
Das Disposições Gerais
Art. 46 – A (Colocar a sigla da entidade, ou o nome que deseja deixar regis-
trado) será dissolvida por decisão da Assembléia Geral especialmente convocada
para esse fim, quando se tornar impossível a continuidade de suas atividades,
atentadas as disposições legais pertinentes e os princípios norteadores de sua
constituição.
Art. 47 – O presente Estatuto e o Regimento Interno da associação poderão ser
reformados, a qualquer tempo, por decisão de 2/3 (dois terços) dos presentes à
Assembléia Geral especialmente convocada para esse fim, surtindo seus efei-
tos na data do respectivo registro.
Art. 48 – Os casos omissos serão dirimidos pelo Conselho Diretor em sua com-
posição plena e submetidos à Assembléia Geral para ratificação ou deliberação
específica.
Art. 49 – O presente estatuto foi aprovado em assembléia devidamente convocada
para este fim, realizada em (X de XXXX de XXXX), na qual foi lavrada a respec-
tiva ata que foi assinada pela totalidade dos presentes, sendo o presente instru-
mento assinado pelos membros eleitos para a composição do Conselho Diretor,
Conselho Fiscal e Conselho Técnico.
___________________________________, ___/___/___
(nome da cidade onde ocorreu a assembléia, dia, mês e ano)
_________________________________
Nome do associado:
CI:
CPF:
Inserir este modelo de qualificação de todos os associados que participaram da as-
sembléia de constituição.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
105
Organização jurídica dos
GVBS
Visto do advogado:
__________________________
Nome do advogado
Nº inscrição na OAB e estado
Consideração importante:
Vale considerar que em determinados casos as entidades associativas já
existem, sejam federações ou associações esportivas, sejam associações
voltadas para outros fins como a preservação do meio ambiente ou a edu-
cação, entidades de classe, de guias de turismo, de empresas ou empre-
sários do setor do turismo de aventura, enfim, quaisquer outras formas de
associações que já existam, podem perfeitamente se adequar para a cons-
tituição de Grupos Voluntários de Busca e Salvamento.
Para tanto, deverá a entidade rever o Estatuto em vigor, fazendo basica-
mente uma alteração no seu objetivo social, mencionando:
“... tem por objeto XXXXXXX e ainda promover atividades ligadas ao turis-
mo de aventura e à formação de Grupos Voluntários de Busca de Salva-
mento (GVBS).
Para o desenvolvimento de suas atividades, a (NOME DA ONG) poderá:
I – ...
II – ...
III – formar grupos de busca e salvamento em turismo de aventura.”
Lei do Voluntariado
A Lei nº 9.608/98, conhecida como Lei do Voluntariado, foi criada com o objetivo de
regulamentar juridicamente a prática do voluntariado e também de fixar o limite entre
o serviço voluntário e a relação de emprego, bem como distinguir um do outro, criando
direitos e deveres para os envolvidos.
A primeira consideração que deve ser feita sobre esta lei é em razão da efetiva parti-
cipação de voluntários nos grupos de busca e salvamento. Entende-se por voluntário
a pessoa que doa seu trabalho, suas potencialidades e talentos em uma função que
o desafia e gratifica em prol de uma realização pessoal e de um benefício à coletivida-
de. Estas considerações preliminares são importantes, pois o detalhe “responsabili-
dade” sofre significativas alterações quando o trabalho é voluntário ou quando o traba-
lho é prestado sob algum regime de contratação.
A responsabilidade civil, ou seja, a responsabilidade de indenizar, aparece para a
pessoa física ou jurídica como obrigação de reparar o prejuízo causado a outra. De
outro lado, a responsabilidade penal pressupõe a infração de uma norma de direito
público, ou seja, uma determinada conduta transforma o grupo social, respondendo o
infrator por sua vez, através da imposição e do cumprimento da pena. Será tratado
mais adiante nos aspectos inerentes à responsabilidade, valendo aqui apenas uma
breve exposição.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
106
Organização jurídica dos
GVBS
Quando existe um contrato de trabalho ou de prestação de serviço, a responsabilida-
de é de certa forma transferida, em caso de danos ou acidentes ao empregador ou
contratante. No trabalho voluntário existe uma divisão de riscos, devendo a entidade
buscar meios para evitá-los, reduzir as possibilidades de danos aos voluntários e, até
mesmo, minimizar os impactos que acidentes possam causar na vida civil e profissi-
onal dos eventuais voluntários.
Isso pode ser alcançado com a busca constante da segurança nas atuações, bem
como com algum sistema de transferência de riscos, por meio de seguros de cobertura
de acidentes, por exemplo.
O trabalho dos voluntários será regido pelos dispositivos da Lei n
o
9.608 de 18 de feve-
reiro de 1998, os quais, apesar de breves, tratam a matéria de forma específica. A
existência de uma lei específica tratando do trabalho voluntário dá segurança aos envol-
vidos e mostra a importância que tal atividade tem para o desenvolvimento do país.
A ausência de contraprestação é a característica essencial ao trabalho
voluntário, excluindo-se, portanto, o ônus da relação de trabalho. O vo-
luntário presta um serviço sem esperar nada em troca do ponto de vista
financeiro e patrimonial. O faz em razão do entendimento de que as pes-
soas podem tanto quanto o Estado quando o assunto é a solidariedade,
não devendo esperar nem o reconhecimento da sociedade, para que não
haja frustrações no trabalho executado.
Em conseqüência disso, o voluntário não se enquadra no conceito de empregado
descrito no artigo 3º da CLT, não tendo direito a qualquer benefício trabalhista ou afim,
imposto pelo ordenamento jurídico.
Reza o caput do artigo citado:
“Art. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natu-
reza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário.”
De outro lado, a Lei do Voluntariado se manifesta expressamente sobre a inexistência
de vínculo empregatício entre as partes, assim como a inexistência das obrigações
de natureza trabalhista, previdenciária ou afim, conforme expressamente disposto em
seu artigo 1º, parágrafo único, o qual é transcrito a seguir:
“Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não re-
munerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza
ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, cultu-
rais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive
mutualidade. Parágrafo único: O serviço voluntário não gera vínculo empregatício
nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim.” (grifo nosso)
Vê-se que existe ampla diferença entre o conceito legal de voluntário e o de emprega-
do. Portanto, da própria natureza da relação havida entre o voluntário e a entidade civil
sem fins lucrativos decorre termo implícito de isenção de responsabilidade trabalhis-
ta, e assim sendo, respeitados os preceitos legais, o exercício da atividade voluntária
não possibilita aos voluntários tais direitos trabalhistas.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
107
Organização jurídica dos
GVBS
Vale ressaltar, todavia, que o voluntário pode ser ressarcido pelas despe-
sas que comprovadamente realizar no exercício de suas atividades, as
quais devem ser previamente autorizadas pela entidade a que for presta-
do o serviço, como indica o artigo 2º da Lei do Voluntariado. Reitera-se,
contudo, que a característica da não remuneração pela atividade presta-
da continua intocada. Mais detalhes serão explorados a seguir.
Discute-se que o vínculo de prestação de serviço estabelecida entre a entidade e o
prestador de serviços voluntários não pode ser classificada como contratual. Este
instrumento, o contrato, se configuraria por estar em pauta interesses contraditórios e
opostos entre os contratantes, realidade que se distancia do projeto dos Grupos Vo-
luntários de Busca e Salvamento, pois, no caso, ambas as partes visam a um objetivo
comum, à união de esforços concentrados para trabalhar efetivamente, realizando e
diminuindo riscos nas operações de busca e salvamento em turismo de aventura.
Firmar-se-á, nesse caso, não um contrato, mas um termo de adesão consentido pela
entidade e o voluntário. A relação interessa às duas partes e é feita de acordo com a
vontade de ambas, sendo, portanto, um ajuste comum. Poderia ser então um contrato
de vontades iguais, mas com responsabilidades e funções diferenciadas.
Deve-se, todavia, ter cautela com a forma de vinculação: o termo de ade-
são deve ser sempre escrito, uma vez que o simples acordo verbal não
produzirá efeitos jurídicos, prevalecendo, nestas circunstâncias, a relação
de emprego.
O termo de adesão verifica-se como sendo de extrema importância, posto que poderá
ser utilizado como possível prova documental de não formalização de vínculo de em-
prego entre o voluntariado e a organização, entre outras garantias. Isso serve de regra
para todas as relações de trabalho voluntário. Assim, no caso de ajuizamento de ação
trabalhista ou de ação de indenização por acidente, o termo fará prova da forma de
celebração do acordo de vontades, possibilitando a defesa da isenção da responsabi-
lidade da entidade. Como tudo em direito, não é possível fazer afirmações sobre ca-
sos não concretos, mas certamente a regra geral é esta.
No artigo 2º da Lei nº 9.608/98 existe a determinação para que conste no termo de
adesão o objeto e as condições de seu exercício. Desse modo, deve haver cláusulas
explicitando claramente as atividades, o compromisso das partes e o perigo ao qual
estão submetidos os voluntários, os riscos e danos que estes podem sofrer, bem
como a concordância e a vontade particular do voluntário de ser exposto a estas
insurgências em razão dos interesses coletivos, nesse caso, dos turistas e também
principalmente do seu próprio interesse.
Assim sendo, não se deve ser econômico ao elaborar o termo assinado
pelos voluntários, detalhando minuciosamente a forma do exercício das
atividades, enfatizando os riscos inerentes à mesma e ainda os direitos e
deveres a serem observados pelos voluntários e pela entidade.
Enquanto vigorar o termo de adesão, a organização espera que o voluntário execute
devidamente as rotinas pelas quais se comprometeu, e os prejuízos nascidos de sua
ação ou omissão podem ser plenamente passíveis de lhe serem atribuídos e ressarcidos.
Ademais, não se trata também de qualquer tipo de serviços ou serviços prestados de
qualquer maneira. É de se esperar que o voluntário, dentro dos limites a que se obri-
gou, exerça suas atividades com boa vontade e com boa qualidade, razoáveis e com-
patíveis à sua capacidade, declarando que possui e possuindo técnica e capacitação
para o exercício das atividades que se propõe a fazer.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
108
Organização jurídica dos
GVBS
O mesmo princípio no que tange à responsabilidade deve ser aplicado à instituição e
sua obrigação de reparar danos causados ao voluntário. Neste caso também se deve
investigar a existência de culpa ou dolo, que é premissa para a averiguação da atribui-
ção de responsabilidade, uma vez que a responsabilidade objetiva ou responsabilida-
de sem culpa, não se aplica ao caso.
Para que a organização não responda pelos danos ocorridos, é imprescindível que se
resguarde de medidas prévias razoáveis, necessárias e esperadas para impedir que o
dano previsível ocorra.
Qualquer cidadão pode fazer parte do Grupo Voluntário de Busca e Salvamento, des-
de que se disponha a exercer uma atividade séria e compromissada. Em outras pala-
vras, basta que o participante tenha força de vontade e interesse efetivo diante dos
fins buscados pela associação, que o voluntariado pode ser exercido. Já foi visto que
voluntários advogados, contadores, médicos, publicitários, entre vários outros, podem
ser voluntários, sem atuarem ativamente nas atividades de busca e salvamento, pres-
tando importantes serviços às organizações. Mas, se possuírem qualificação para
tanto e vontade, podem também atuar nestas últimas atividades.
Para alcançar os objetivos que a entidade almeja, deve-se formar um corpo de agen-
tes completo, treinado e capacitado. Como dito anteriormente, todo trabalho é bem-
vindo e aceito, mas cabe à entidade designar funções e tarefas compatíveis com as
habilidades e condições de cada um e esta é uma de suas responsabilidades, colocar
as pessoas certas nos lugares adequados.
Para maximizar a efetividade dos trabalhos, deve-se aproveitar e incentivar as
potencialidades dos voluntários, bem como respeitar seus limites, impondo-lhes ser-
viços compatíveis com sua capacitação e possibilidade. O sucesso do Grupo Volun-
tário de Busca e Salvamento está na harmonia de seus integrantes, no envolvimento
de cada participante, e para isso, a satisfação deve ser recíproca.
Por fim, merece ser destacado que a regra de não-remuneração vem de forma bem
clara criar uma diferenciação entre o trabalho caracterizado pela relação de emprego
e o voluntário. Mas resta esclarecer que a possibilidade de remuneração veio a ser
tratada em 22 de outubro de 2003 quando da publicação da Lei nº 10.748, que criou o
Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para os Jovens – PNPE e teceu
alterações à Lei do Voluntariado.
Não será discutida a pertinência ou cabimento de tal medida, mas o certo é que
existe uma possibilidade legal de remuneração, remota e condicionada a diversos
requisitos é verdade, que nos cabe comentá-la.
Abriu-se a possibilidade do voluntário que preencha certos requisitos poder receber
uma verba denominada auxílio financeiro, prestando seus serviços a órgãos e entida-
des públicas ou privadas sem fins lucrativos.
Estas últimas, de outro lado, podem honrar o pagamento de tal auxílio com recursos
próprios ou até mesmo com recursos da União, sendo que tal preceito fora regula-
mentado pelo Decreto nº 5.313, de 16 de dezembro de 2004.
Em relação às entidades privadas sem fins lucrativos, como é a proposta possível
também para os GVBS, existe a exigência de cadastro no Ministério do Trabalho e
Emprego para que esta modalidade possa ser utilizada.
Verifica-se então a redação do artigo 3º-A:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
109
Organização jurídica dos
GVBS
“Fica a União autorizada a conceder auxílio financeiro ao prestador de serviço
voluntário com idade de dezesseis a vinte e quatro anos integrante de família
com renda mensal per capita de até meio salário mínimo. Artigo incluído pela Lei
nº 10.748, de 22/10/2003 –DOE 23/10/2003 e regulamentado pelo Decreto nº
5.313/2004, de 16/12/2004 – DOU 17/12/2004)”
Vale considerar que a legislação permite uma remuneração mensal de até R$ 150,00
por um período máximo de seis meses, e preferencialmente aos jovens egressos de
unidades prisionais ou que estejam cumprindo medidas sócio-educativas e a grupos
específicos de jovens trabalhadores submetidos a maiores taxas de desemprego.
A lei declina ainda limites para o seu exercício, como impossibilidade de concessão
do auxílio financeiro ao voluntário que preste serviço à entidade pública ou instituição
privada sem fins lucrativos na qual trabalhe qualquer parente, ainda que por afinidade,
até o 2º (segundo) grau.
Se o entendimento for no sentido de que a medida veio, então, a atender ao PNPE,
podem-se assim seguir os requisitos para a aplicação do mesmo, contidas no artigo
2º da referida lei, de que a modalidade do trabalho “voluntário remunerado”, criado em
ato correlato ao PNPE, atenderá jovens com idade de dezesseis a vinte e quatro anos
em situação de desemprego involuntário que atendam cumulativamente aos seguin-
tes requisitos:
“I – não tenham tido vínculo empregatício anterior”;
II – sejam membros de famílias com renda mensal per capita de até 1/2 (meio)
salário mínimo, incluídas nesta média eventuais subvenções econômicas de
programas congêneres e similares, nos termos do disposto no art. 11 desta Lei;
(Nova redação dada pela Lei nº 10.940, de 27/08/2004 – DOU 30/08/2004)
III – estejam matriculados e freqüentando regularmente estabelecimento de en-
sino fundamental ou médio, ou cursos de educação de jovens e adultos, nos
termos dos arts. 37 e 38 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, ou que
tenham concluído o ensino médio; e (Nova redação dada pela Lei nº 10.940, de
27/08/2004 – DOU 30/08/2004)
IV – estejam cadastrados nas unidades executoras do Programa, nos termos
desta Lei; (Nova redação dada pela Lei nº 10.940, de 27/08/2004 – DOU 30/08/
2004)”
Destaque-se por fim que para a concessão do auxílio financeiro o voluntário deverá
estar em atividade de qualificação social e profissional e prestando semanalmente
entre seis a dez horas de serviço voluntário.
Para finalizar, os ajustes necessários à prestação do serviço voluntário com auxílio
financeiro serão fixados no termo de adesão e quando da feitura do referido documen-
to, que regulará a prestação do serviço voluntário com auxílio financeiro, deverá cons-
tar tal ajuste e compromisso.
Neste caso, quando da utilização do modelo proposto adiante, será necessária a
alteração do proposto para o artigo 7º do documento, fazendo constar a regulação do
oferecimento do auxílio financeiro.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
110
Organização jurídica dos
GVBS
Fora isso, ou tem-se a relação de emprego ou o trabalho voluntário do qual foi pondera-
do anteriormente, voltando atentamente ao preceito requisito da não remuneração, res-
guardando em ambos os casos a obrigatoriedade de celebração do termo de adesão.
Vale comentar que a lei estabelece uma possibilidade de remuneração, mas não se
deve esquecer que a máxima do voluntariado é a doação de uma força de trabalho à
sociedade, e isso sim é a regra do trabalho voluntário. Por certo, deve-se ter o cuidado
de não possibilitar a configuração de um “subvoluntário” no GVBS, pois a lei que
possibilitou tal exceção só veio em razão de um preceito de inclusão social. Ademais,
a regra pode servir de base para que jovens oriundos de comunidades sem possibili-
dade de emprego ou educação saiam da inatividade e ingressem na vida social.
Responsabilidade civil e penal
Muitos estudiosos do direito recusam classificar o Termo de Adesão do Trabalho
Voluntário como contrato, visto que neste não estão presentes interesses contrários,
mas coincidentes. Contudo, passada a discussão técnica acerca da sua conceituação,
o documento chamado termo deve obedecer aos mesmos requisitos inerentes à vali-
dade do contrato, que são partes capazes, objeto lícito e forma prescrita em lei.
O termo de adesão firmará a união de interesses entre a entidade proponente e o
trabalhador voluntário, e estabelece por um lado as obrigações e direitos da associa-
ção e, de outro, o compromisso e os direitos do voluntário em prestar serviços gratui-
tos à comunidade. Na verdade, o termo assinado pelo voluntário é uma declaração de
quem se coloca à disposição para prestar o trabalho voluntário, impulsionado pelo
espírito de responsabilidade social.
Dentre vários aspectos da responsabilidade, uma das preocupações que o GVBS
deve ter quando de sua atuação se dá em razão de nossa legislação ambiental.
Paulo Bessa Antunes
5
define com propriedade dano ambiental como sendo a poluição
que, ultrapassando os limites do desprezível, causa alterações adversas no ambien-
te. Continua dizendo que para a caracterização do dano ambiental não é necessário
para o agente causador o elemento psicológico, sendo daí a prática do dano ambiental
submetida às normas da responsabilidade objetiva, ou seja, quando na atuação do
GVBS houver algum dano ambiental, a entidade e os envolvidos responderam inde-
pendente da existência de culpa.
No entendimento de José Rubens Morato Leite
6
, “Dano ambiental significa, em uma
primeira acepção, uma alteração indesejável ao conjunto de elemento chamados meio
ambiente, como, por exemplo, a poluição atmosférica; seria, assim, a lesão ao direito
fundamental que todos têm de gozar e aproveitar do meio ambiente apropriado. Con-
tudo, em sua segunda conceituação, dano ambiental engloba os efeitos que esta
modificação gera na saúde das pessoas em seus interesses”.
Pode-se delinear no Direito Brasileiro duas espécies distintas de dano ambiental,
sendo também percebida a conjunção dessas duas. A primeira seria a do Dano
Ambiental Público, em que a eventual indenização é destinada a um fundo, cujos
recursos serão destinados à reconstituição dos bens lesados. No Dano Ambiental
5
ANTUNES, Paulo Bessa. Dano Ambiental: Uma Abordagem Conceitual. 1ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2000, p. 181-182.
6
LEITE, José Rubens Morato. Dano Ambiental: do Individual ao Coletivo, Extrapatrimonial. 2ª ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003, p. 94.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
111
Organização jurídica dos
GVBS
Privado tem-se que a eventual indenização é dirigida à recomposição do patrimônio
individual, coletivo ou difuso das vítimas.
Como exemplificação mista temos, pois, a destruição de uma nascente de rio locali-
zado em uma unidade de conservação, onde se percebe claramente o afetamento de
um bem público, com efeito e conseqüência diretos na propriedade privada dos abas-
tecidos pelas águas do mencionado rio, ou mesmo as comunidades ribeirinhas.
Voltando ao dano comum, salienta José de Aguiar Dias
7
que em tempos remotos a
reparação do dano estava atrelada ao expurgo da vingança privada, ou seja, reparação
do mal pelo mal.
Prescreve Wilson Melo da Silva, na incomparável obra O Dano Moral e sua Repara-
ção, que “para haver direito, mister se torna a existência de um objeto, elemento
integrante do binômio sujeito-objeto, sobre o qual se assenta a relação jurídica, esse
traço de ligação de ambos os elementos e que constitui a própria essência do jus”.
8
Seguindo as lições de Wilson Melo da Silva, entende-se que pode ser objeto do direito
o seguinte:
“1º, modos de ser da própria pessoa na vida social (a existência, a liberdade, a
honra etc.);
2º, as ações humanas;
3º, as coisas corpóreas e incorpóreas, entre estas últimas incluindo-se os pro-
dutos da inteligência;”
9
Continua o autor dizendo que seriam também objeto do direito as forças da natureza.
Assim entenda-se que o bem jurídico pode ser mais bem entendido como objeto de
direito. E entenda-se ainda que as lesões, contrariedades externas aos objetos ou
intervenções de terceiros, que venham a macular a relação sujeito e objeto, merece-
rão repulsa como preconiza o mencionado Wilson Melo da Silva.
10
Sobre a questão da responsabilidade, observam-se, para melhor entendimento, al-
guns conceitos importantes.
Dano seria basicamente o mal que se faz a alguém. O prejuízo, a destruição, a
inutilização ou deteriorização da coisa alheia. É possível na atuação dos GVBS en-
contrar a possibilidade de dano ao meio ambiente, como falado anteriormente, de
dano ao patrimônio público ou privado e principalmente, e no que será enfocado, dano
à pessoa, seja à sua saúde, à integridade, à honra ou à vida.
Seria então o pressuposto central da responsabilidade civil. Trata-se do resultado da
ação, de uma conduta ilícita, que atinge um valor, configurando em lesão de um direito
ou de bem jurídico qualquer. Não haverá ato punível para os efeitos da responsabilida-
de civil, sem o dano causado.
7
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 10ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, v. I. p. 16.
8
SILVA, Wilson Melo da. O Dano Moral e Sua Reparação. 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 312.
9
SILVA, Wilson Melo da. O Dano Moral e Sua Reparação. 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 313.
10
SILVA, Wilson Melo da. O Dano Moral e Sua Reparação. 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 316.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
112
Organização jurídica dos
GVBS
Para Agostinho Alvim: “Dano, em sentido amplo, vem a ser lesão de qualquer bem
jurídico, e aí se inclui o dano moral. Mas, em sentido estrito, dano é, para nós, a lesão
do patrimônio; e patrimônio é conjunto das relações jurídicas de uma pessoa, apreci-
áveis em dinheiro.”
11
Para que se possa falar em responsabilidade civil, necessária será a ocorrência do
dano. Na esfera criminal, a responsabilidade poderá vir pela ocorrência de uma condu-
ta tipificada como crime, como será visto.
Os elementos que tradicionalmente ensejam a responsabilidade são a culpa ou o dolo,
os quais representam a ocorrência de um dano e, por fim, nexo causal entre estes. Por
culpa depreende-se ato ou omissão constituído num descumprimento, quer ele seja
contratual, pois a responsabilidade pode advir de pacto realizado entre particulares, que
dispõe, como é sabido, de força de lei entre os contraentes, quer de uma prescrição
legal, ou ainda até ao dever que incumbe ao homem de se comportar com diligência e
lealdade em todas as suas relações com seus semelhantes. Trata-se, portanto, de
“falta”, incorreta execução de um dever que o agente podia conhecer e observar e, desta
forma, não procedeu, agindo com imprudência, imperícia ou negligência.
O dolo é caracterizado pela vontade. Então, a título de exemplificação, uma pessoa
que agride outra deliberadamente teve dolo, ou seja, vontade de agredir. Isso se aplica
a qualquer situação, em que a vontade de lesar, de ferir ou de desrespeitar estejam
presentes.
Voltando às conceituações para entender o que seria culpa, é necessário o entendi-
mento do que é imprudência, negligência e imperícia, elementos caracterizadores
desta. Imprudência significa falta de cautela ou cuidado por conduta comissiva, ou
seja, é a prática de um ato sem os cuidados que o caso requer; negligência é a
mesma ausência de cuidado, mas por conduta omissiva, ou seja, houve descuido,
desatenção, e o ato não fora praticado; e por fim a imperícia, que decorre de falta de
habilidade no exercício de atividade técnica. Por imperícia entende-se descuido, dis-
tração, leviandade, ou melhor, a falta de aptidão técnica, habilidade ou destreza para
o exercício de uma atividade.
Por fim, comente-se que a negligência traz tonalidades de imprevisão. A imprudência
envolve desprezo pela diligência e a imperícia, falta de capacidade de fazê-lo correta-
mente. Havendo uma destas situações, a conduta do voluntário será para fins de
responsabilidade, considerada culposa. Pondera-se assim, mais um pouco sobre a
atuação das associações, e dos voluntários.
Não há dever da entidade em aceitar todos os candidatos a voluntário e
nem direito do voluntário a prestar serviços, já que o trabalho deve ser
condizente com as características pessoais do prestador de serviços bem
como com as necessidades da entidade. Em atividade de risco, como será
a atividade desempenhada por certas pessoas que atuarem no Grupo Vo-
luntário de Busca e Salvamento, exige-se vontade e capacitação, requisi-
to este que está devidamente descrito no capítulo próprio deste presente
trabalho, e ainda condicionamento físico para atuação.
Em contrapartida, uma vez comprometido o auxílio do trabalho voluntário, a entidade
pode cobrar a prestação do serviço voluntário até que este venha formalmente comu-
nicar a interrupção de seus préstimos. Nesta esteira, enquanto vigorar o termo de
adesão firmado entre as partes, é de expectativa da organização e da sociedade que
o voluntário preste os serviços da forma com que se obrigou, e os prejuízos oriundos
11
ALVIM, Agostinho. Da Inexecução das Obrigações e suas Conseqüências. 3ª ed., São Paulo: Jurídica e
Universitária. p. 171.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
113
Organização jurídica dos
GVBS
de sua ação, omissão ou desídia são passíveis de serem ressarcidos na esfera cível
como puníveis na esfera penal, neste último caso, quando a ação ou omissão puder
ser enquadrada em algum tipo penal.
Responsabilidade Civil
Para alcançar uma finalidade, faz-se necessária a união de esforços de todos os
componentes dos grupos, cada um com uma função e responsabilidade particular e
imprescindível, sendo que a omissão de um deles pode significar a desestruturação
do todo. Adicionalmente, a qualidade dos serviços também pode ser exigida. Espe-
ram-se do voluntário, serviços de boa vontade e de boa qualidade, razoáveis e compa-
tíveis à sua capacidade. Os reflexos de um serviço malfeito podem ter conseqüências
importantes e significantes no objeto social da entidade e não é porque o serviço é
prestado de forma gratuita que a desídia do voluntário possa ser ignorada.
A responsabilidade civil do voluntário firma-se no artigo 186 do Código Civil, dispositivo
este que é transcrito abaixo, in verbis:
“Artigo 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru-
dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.”
A responsabilidade civil é dotada de relevante aspecto social, visto que imprescindível
a regularizar a convivência dos indivíduos em sociedade, evitando que uns se sobrepo-
nham a outros, causando distúrbios e desequilíbrios que o Direito não pode se furtar a
evitar, ou, em certos casos, compensar.
Observa-se ainda o artigo 187 do mesmo diploma legal:
“Artigo 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes”
Então se pode concluir que o voluntário e o GVBS devem agir sem ultrapassar os
limites impostos à sua atuação.
Continuando, traz o Código Civil, em seu artigo 188, as exceções desta regra, caben-
do comentar que não seriam os atos ilícitos os que, apesar de enquadrado no dispos-
to legal, restem ocorridos por legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido ou, ainda, a deterioração ou destruição absolutamente necessárias da
coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Assim dita o artigo citado:
“Artigo 188: Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo.”
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
114
Organização jurídica dos
GVBS
Neste caso vale a reflexão sobre o que seria esta remoção de perigo iminente e sobre
o que seria o limite do indispensável para a remoção do perigo. Se a atuação do
voluntário se deu exclusivamente para afastar a vítima de um perigo iminente, não
seria considerada tal atitude um ato ilícito, mas por cautela não se pode afirmar com
precisão que tal dispositivo libere o voluntário a ultrapassar os limites legais de sua
atuação e este não deve se fundar nisso para fazê-lo.
Em regra, o dever ressarcitório decorre de culpa, ou seja, da reprovabilidade ou
censurabilidade da conduta do agente. Fazendo abstração à tradicional idéia de culpa,
e atentando-se apenas no fato danoso, responde civilmente todo aquele que, por ativida-
de ou profissão, expõe alguém ao risco de sofrer um dano, como bem dita Caio Mário
da Silva Pereira.
12
Começa-se aqui a observar os outros norteadores da culpabilidade.
Resta comentar que a legalidade da atividade não exime a responsabilidade, existin-
do considerações acerca da responsabilização que devem ser consideradas na atua-
ção do GVBS.
E se é observado os conceitos de ato ilícito, isso se dá em razão do que preceitua o
artigo 927 do Código Civil:
“Artigo 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente de-
senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.”
Então, conclui-se que havendo dano, haverá por via de regra, o dever de indenizar.
De outro lado, a satisfação de um dano na esfera civil não exime da responsabilização
criminal, pois isto se depreende da leitura do artigo abaixo, também extraído do
Código Civil.
“Artigo 935: A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo
questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”
Ao se falar da responsabilidade civil, remete-se logicamente à indenização, preceitu-
ando o artigo 944, que é a mesma medida pela extensão do dano, com a considera-
ção contida no parágrafo único, de que se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir eqüitativamente, a indenização.
Nesta esteira e compreendidos estes dispositivos legais, para que alguém seja res-
ponsabilizado civilmente por um dano, é preciso que algum ato tenha sido praticado
(ação) ou deixado de praticar (omissão). Necessário, portanto, o ato do agente,
comissivo ou omissivo, ou seja, a ocorrência de um ato humano do próprio responsá-
vel ou de um terceiro, afastando-se de logo, para melhor entendimento, a responsabi-
lidade por danos causados em função de caso fortuito ou força maior. Pelo primeiro,
infere-se a ocorrência de algo que não poderia ser previsto, já pela força maior, algo
que, mesmo que pudesse ser previsto, seria inevitável. Cabem melhores conceituações
preteridas em razão da proposta mais direta que possui o presente trabalho.
12
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 270.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
115
Organização jurídica dos
GVBS
Transportando tais regras para o caso vertente, o voluntário, uma vez comprometido
com suas obrigações, não pode desrespeitar a conduta padrão que lhe foi imposta,
sob pena de responder pelas conseqüências danosas que resultarem de seu ato.
O dolo, como já foi visto, corresponde à prática voluntária do agente de uma infração
à lei. O ato ilegal é pretendido, proposital, o que vem a repercutir com maior gravidade
e repugnância às conseqüências e no combate pela lei. Desta forma, há a vontade na
contrariedade ao direito, o que não é vislumbrado no elemento subjetivo culpa.
O requisito dano também se faz necessário estar presente para a imputação da res-
ponsabilidade, tratando-se, desta forma, do pressuposto central da responsabilidade
civil. O dano impede a possibilidade de que o bem satisfaça uma necessidade huma-
na, ou se retira a aptidão para satisfazer um valor almejado pelo homem, ou seja, fere
o interesse jurídico em si.
Por último, obrigatório é que haja uma relação ou um liame entre o dano e o causador.
Em outras palavras, o elemento do nexo de causalidade é a relação verificada entre
determinado fato, prejuízo e um sujeito provocador.
Isto posto, conclui-se que a união de todos estes requisitos enseja a responsabilida-
de civil do agente; no caso, do voluntário.
Nesse sentido, conclui-se que se o voluntário não ultrapassou seus limites legais
para atuar e se este certificou que todas as medidas cabíveis foram tomadas a fim de
impedir que o dano ocorra, não há como responsabilizá-lo pelos prejuízos que advierem.
Assim não há aplicação da teoria da responsabilidade civil objetiva, que prevê a
responsabilização sem culpa, percebida no Código de Defesa do Consumidor e na
legislação ambiental. Se um voluntário, considerado ignorante no que tange aos co-
nhecimentos de primeiros socorros, ao invés de se limitar a chamar ajuda especi-
alizada, intervém no vitimado, por sua conta e risco, agravando-lhe a situação de
saúde, pode ser responsabilizado por tal conduta. Neste caso, agiu com imprudência
e imperícia, elementos caracterizadores da culpa. Ressalta-se, todavia, que a averi-
guação da presença de responsabilidade deve ser analisada no caso concreto e pe-
rante a situação específica, em que culpa ou dolo não podem faltar.
Como anteriormente exposto, a entidade também se compromete à obediência dos
deveres constantes do termo de adesão, os quais devem ser respeitados, sob pena
de execução forçada ou indenização.
Vale destacar ainda que as atividades de busca e salvamento no turismo de aventura
oferecem riscos para os atendentes de emergência. Isto posto, todos os materiais,
toda infra-estrutura e instrumentos necessários ao seguro exercício destas funções
devem ser fornecidos pela entidade, sob pena de ser responsabilizada pelos eventos
danosos ocorridos com seus membros. Vale ressaltar que isso não impede que seja
cobrado do voluntário que este possua equipamentos de uso próprio.
Em casos como esse, devem ser aplicados os mesmos princípios que direcionam a
responsabilidade dos voluntários: se esforços e ampla diligência não foram economi-
zados para a segurança da prestação de serviço, não há que se falar em imputação
de responsabilidade. Caso contrário, o dispositivo legal para se pleitear o ressarci-
mento dos prejuízos causados é também o artigo 186 do Código Civil.
De acordo com o sistema jurídico brasileiro, a entidade pode ser demandada por atos
dos seus voluntários, ou seja, pode figurar no pólo passivo de uma ação judicial,
mesmo em caso de dano por culpa de um de seus membros. Em outras palavras,
mesmo que a entidade tenha se cercado de todas as medidas a elidir a sua responsa-
bilidade, pode ser provocada a responder pelos prejuízos causados por seus adminis-
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
116
Organização jurídica dos
GVBS
tradores, associados e voluntários. Todavia, a lei também autoriza ação regressiva da
mesma, a posteriori, para recuperar os valores perdidos em face da pessoa que con-
correu para o evento danoso. E a culpa da entidade é caracterizada neste caso pelo
ato do seu preposto.
Além da responsabilidade civil, ainda há ainda a responsabilidade penal que também
pode ser imputada ao voluntário caso suas ações possam ser enquadradas no tipo
penal constante dos artigos dispostos no Código Penal Brasileiro. Utilizando-se o
exemplo acima narrado, ou seja, caso o voluntário interceda em uma vítima, ciente de
que não tem conhecimentos técnicos para tal e diante do caso grave venha esta a
falecer, o autor pode ser responsabilizado por homicídio culposo, resguardadas, obvi-
amente, as proporções do caso e a análise do caso concreto.
Responsabilidade Penal
A responsabilidade penal prescinde ao entendimento de que a tutela penal é sempre
o recurso extremo de que se vale o Estado para coibir as ações ilícitas. Assim, não
havendo culpa ou dolo, não há em regra qualquer responsabilidade penal. Muito já foi
visto sobre o conceito de culpa, mas vale dizer que no que se refere à conduta dolosa,
na esfera penal esta tem por conceito ser aquela que é cometida quando o agente
quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Para entendimento da aplicação do Código Penal nas atuações do GVBS e de seus
voluntários, é preciso aqui expor todos os artigos do diploma penal que pudessem ser
violados, para que o leitor pudesse saber qual ato é considerado criminoso e qual não
o é. Mas esta não é a proposta do manual, então será passado tão-somente um
entendimento genérico, com a colocação de alguns conceitos, deixando claro que o
entendimento prático só é possível observando todos os fatores envolvidos.
Antes de adentrar nos possíveis tipos penais aplicáveis a determinadas condutas,
vale discorrer sobre um dos requisitos de exclusão de culpabilidade prescritos no
artigo 24 do Código de Processo Penal, qual seja, o estado de necessidade, que pode
ser entendido como o sacrifício de um interesse juridicamente protegido para salvar
de perigo atual e inevitável do direito do próprio agente ou de terceiro, desde que outra
conduta não fosse exigível. Há neste caso um excludente de antijuridicidade.
O jurista Julio Fabbrini Mirabete nos traz a dileção sobre o estado de necessidade ser
uma faculdade ou um direito. A faculdade seria em razão da não obrigatoriedade da
conduta e o direito, não contra o direito do lesado mas sim em relação ao Estado, que
concede ao sujeito este direito subjetivo de agir.
13
Traz ainda a afirmação de que o estado de necessidade pressupõe um conflito entre
titulares de interesses lícitos, legítimos, em que um pode parecer licitamente, para
que o outro sobreviva e nos dá ainda os requisitos para que se possa configurar a
ocorrência do estado de necessidade.
Seriam, pois, requisitos do estado de necessidade: a ameaça a direito próprio ou alheio;
a existência de um perigo atual e inevitável; a inexigibilidade do sacrifício do bem ame-
açado; uma situação não provocada voluntariamente pelo agente; a inexistência do
dever legal de enfrentar o perigo; e o conhecimento da situação de fato justificante.
Assim, para que haja a ocorrência do estado de necessidade será necessário, entre
outras coisas, que o bem jurídico do sujeito esteja em perigo, ou seja, que exista
13
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 18ª ed., São Paulo: Atlas, 2002, p. 177.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
117
Organização jurídica dos
GVBS
probabilidade de dano imediato e que o sujeito haja com vontade de preservar o bem
jurídico, no caso das atividades de busca e salvamento, a vida ou a saúde da vítima.
Trata-se da execução de um ato criminoso para salvaguardar de perigo atual direito
próprio ou de terceiro, cujo sacrifício em face das circunstâncias não era razoável exigir.
Não se pode, contudo, afirmar que o voluntário leigo que extrapola os limites de atendi-
mento por leitos estaria isento de responsabilidade penal, por objetiva aplicação do
estado de necessidade, podendo apenas tratar que esta seria uma possibilidade e não
uma regra. Ademais, observar as situações do caso concreto é uma necessidade.
Então, vale lembrar a existência do crime de homicídio, seja doloso ou culposo, da
lesão corporal, que é a ofensa à integridade corporal ou à saúde de alguém, do crime
de perigo para a vida ou saúde de outrem, além do crime de abandono de incapaz e do
crime de omissão de socorro.
Por este último, significa que seria deixar de prestar assistência, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa ferida ou em grave e iminente perigo; ou não
pedir, nestes casos, o socorro da autoridade pública.
No tópico a seguir será apresentado um modelo de Termo de Adesão que pode ser
usado como guia para a redação de um termo adequado para a maioria dos grupos
voluntários de busca e salvamento.
Sugestão de Termo de Adesão
TERMO DE ADESÃO DE SERVIÇOS VOLUNTÁRIOS
ENTIDADE: (Nome da Entidade), associação civil sem fins lucrativos, pessoa jurídica
de direito privado, (CNPJ no xxx), com sede na Rua (xxx), nº (xxx), bairro (xxxx), CEP
(xxxx), cidade (xxxx), Estado (xxxx)
VOLUNTÁRIO: (Nome do Voluntário), (Nacionalidade), (Estado Civil), (Profissão), (Ida-
de), (Filiação), (Telefone(s) fixo(s), (Telefone celular), (Endereço eletrônico:), Carteira
de Identidade nº (xxx), CPF nº (xxx), residente e domiciliado na Rua (xxx), nº (xxx),
bairro (xxx), CEP (xxx), cidade (xxx), no Estado (xxx).
As partes acima identificadas têm, entre si, justo e acertado o presente Termo de
Adesão, que se regerá pelas cláusulas seguintes e pelas condições descritas no
presente.
DO OBJETO DO TERMO DE ADESÃO
Cláusula 1ª. O presente Termo de Adesão tem como OBJETO a prestação de
serviço voluntário pelo VOLUNTÁRIO, nas atividades constantes das operações
de busca e salvamento em turismo de aventura. (Neste caso deve-se escrever
com mais detalhes a efetiva atuação do voluntário, descrevendo suas atividades
no grupo de busca e salvamento, seja qual for a atividade que ele desempenhará).
Parágrafo Único: Como se trata de Grupo de Busca e Salvamento, os voluntári-
os ficam desde já cientes de que as atividades que exerçam poderão os expô-
los à riscos gerais ou, dependendo das particularidades, à riscos específicos
inerentes a determinada modalidade que faz parte do turismo de aventura, os
quais o VOLUNTÁRIO declara conhecer e aceitar.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
118
Organização jurídica dos
GVBS
DAS OBRIGAÇÕES DAS PARTES
Cláusula 2ª. O VOLUNTÁRIO fica comprometido a prestar à ENTIDADE os ser-
viços descritos na cláusula anterior, de forma efetiva e zelosa.
Cláusula 3ª. O prestador de serviço voluntário responderá civil e penalmente
pelos danos e prejuízos causados mediante culpa ou dolo no exercício de sua
função de bens juridicamente tutelados e que estejam sob sua guarda e respon-
sabilidade.
Cláusula 4ª. A ENTIDADE tem o dever de garantir ao VOLUNTÁRIO todas as
condições para o desenvolvimento das atividades para ele designadas, dando-
lhe suporte técnico e equipamentos adequados para tais fins.
Parágrafo único: Os equipamentos de uso comum e utilizados na busca e salva-
mento serão providos pela entidade e a ela pertencerão, sendo que são de res-
ponsabilidade do voluntário os equipamentos de uso pessoal.
Cláusula 5ª. A ENTIDADE se responsabiliza, em caso de motivo de força maior,
por avisar ao VOLUNTÁRIO quando for dispensá-lo dos seus serviços.
Cláusula 6ª. Caso o VOLUNTÁRIO necessite, por qualquer motivo, de alterar os
dias e horários de seus serviços, bem como de parar de prestá-los, deverá co-
municar ao CONTRATANTE com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
DA REMUNERAÇÃO
Cláusula 7ª. Os serviços prestados pelo VOLUNTÁRIO serão gratuitos, sendo
de livre e espontânea vontade dele a sua prestação, não estabelecendo qualquer
vínculo trabalhista ou previdenciário entre as partes.
DA RESCISÃO
Cláusula 8ª. O presente Termo de Adesão poderá ser rescindido a qualquer
tempo, por iniciativa de qualquer uma das partes, o que não irá acarretar em
qualquer tipo de indenização para o VOLUNTÁRIO nem para a ENTIDADE.
DO PRAZO
Cláusula 9ª. O presente instrumento será de prazo indeterminado.
DAS CONDIÇÕES GERAIS
Cláusula 10ª. Este instrumento não cria vínculo de natureza trabalhista,
previdenciária ou afins entre as partes. Os VOLUNTÁRIOS ficam desde já cien-
tes dos perigos e riscos que envolvem as atividades que irão ser desempenha-
das, e que o projeto bem como as empresas e entidades envolvidas não se
responsabilizam por qualquer evento danoso que vier a ocorrer seja por caso
fortuito, força maior ou por falta de zelo do voluntário, posto que antes de inicia-
rem os serviços, estes serão submetidos por um período de treinamento, pales-
tras sobre as operações de busca e salvamento e, posteriormente, avaliados.
Cláusula 11ª. O VOLUNTÁRIO declara expressamente que, em caso de aciden-
te, dano, ferimento, invalidez, morte acidental ou natural, nada é devido em ra-
zão de responsabilidade civil ou criminal pela ENTIDADE, bem como por seus
diretores e administradores, uma vez que o risco da atividade é sabido, conheci-
do, e gerenciado exclusivamente pelo voluntário que, apto e ciente de todos os
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
119
Organização jurídica dos
GVBS
riscos inerentes ao seu trabalho voluntário, assume total responsabilidade por
qualquer evento danoso que vier a acontecer, não pleiteando qualquer repara-
ção, em qualquer instância, juízo ou tribunal.
Cláusula 12ª. Este Termo de Adesão passa a valer a partir da assinatura pelas
partes.
DO FORO
Cláusula 13ª. Para dirimir quaisquer controvérsias oriundas deste Termo de Ade-
são, as partes elegem o foro da comarca de (colocar a comarca da cidade
escolhida como sede da entidade, preferencialmente).
Por estarem assim justos e contratados, firmam o presente instrumento, em duas
vias de igual teor, juntamente com 2 (duas) testemunhas.
(Nome da cidade onde está sendo assinado o termo), (xx) de (xxxxx) de (xxxx).
_________________________________________________
Nome e assinatura do representante legal da entidade
__________________________________________________
Nome e assinatura do voluntário
__________________________________________________
Testemunha 1(nome, RG e assinatura da testemunha 1)
__________________________________________________
Testemunha 2, RG e assinatura
Limites do atendimento dos
primeiros socorros por leigos
Atualmente não há como fechar os olhos para os alarmantes números de registros de
acidentes ocorridos em parques turísticos no Brasil, bem como nas Unidades de Con-
servação, praias, entre outros pontos de recreação e prática de esportes. Não existem
dúvidas de que se a malha de segurança nestes locais for aumentada, também será
acrescido o fluxo de turistas aos inúmeros atrativos naturais que o país oferece.
Diante dessa realidade, o Estado, a sociedade e as empresas fornecedoras de servi-
ços de turismo devem em conjunto produzir esforços para superar este obstáculo
que, definitivamente, ofusca o poder de atração das belezas naturais do país.
Nesta linha de atuação, a estruturação de um grupo constituído com o objetivo de
viabilizar as operações de busca e salvamento em turismo de aventura, composto por
voluntários, Defesa Civil e outros profissionais da área, certamente é o alvo certo para
o progresso do setor. Para tanto, devem-se observar algumas regras para o êxito do
Grupo Voluntário de Busca e Salvamento:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
120
Organização jurídica dos
GVBS
A formação prévia de um projeto de ações em situações de emergências é
a melhor forma de minorar os danos. O projeto implica, entre outras tare-
fas, no planejamento da atuação conjunta e harmônica de todos os parti-
cipantes do Grupo Voluntário de Busca e Salvamento, bem como um trei-
namento adequado e efetivo em atendimento de primeiros socorros
ofertado por um profissional da área, com o objetivo de alcançar a
capacitação destes no auxílio prévio, antes da chegada de ajuda profissi-
onal e especializada. A atuação do voluntário leigo deve se limitar ao
oferecimento à vitima do suporte básico à vida (SBV), garantindo os sinais
vitais e o transporte adequado até o atendimento hospitalar definitivo.
Os médicos são os profissionais mais capacitados e habilitados para prestar socor-
ros emergenciais e urgentes em uma situação de desastre no turismo de aventura.
Seus conhecimentos técnicos os permitem intervirem de forma efetiva a salvaguardar
a integridade física da vítima, pois é deles legalmente a capacidade de julgar com
discernimento os procedimentos a serem empregados em cada caso, visando dar a
melhor resposta possível para as necessidades dos lesados.
Todavia, o Grupo Voluntário de Busca e Salvamento não será composto somente por
estes profissionais da saúde, mas poderá também integrá-lo bombeiros, policiais e
quaisquer outros cidadãos que deseje contribuir para minorar ou erradicar o número
de vítimas resultantes de práticas do pleno exercício do turismo de aventura.
Diante da ausência do médico em certas ocasiões, o GVBS deverá ainda assim ser
monitorado e orientado por um profissional da saúde habilitado, seja ele médico
intervencionista ou enfermeiro, possibilitando a perfeita atuação aos profissionais da
área de segurança ou bombeiros e até mesmo aos leigos.
Primeiramente, deve haver uma elaboração preliminar de planos de prevenção e atua-
ção em acidentes no turismo de aventura, levando-se em conta as situações particu-
lares e excepcionais.
Nesta esteira, conforme prescreve a portaria Ministerial da Saúde GM/MS 2.048, os
Corpos de Bombeiros Militares, as Polícias Rodoviárias e outras organizações da
Área de Segurança Pública deverão seguir os critérios e os fluxos definidos pela
regulação médica das urgências do SUS – Serviço Único de Saúde.
Com o Grupo Voluntário de Busca e Salvamento também não poderá ser diferente, ou
seja, deverá seguir estritamente todas as normas impostas às atividades de busca e
salvamento bem como aos atendimentos de urgência e emergência. Portanto, faz-se
imprescindível a presença e atuação ou na pior das hipóteses, a orientação e
monitoramento de um profissional da medicina nos casos de maior gravidade e que
exijam interferência na integridade física da vítima ou no caso em que esta tenha que
ser medicada, estabelecendo tal comunicação por rádio ou telefone.
A presença física do médico é o desejável, mas quando isso não for possível e tão-
somente nestes casos, poderá haver a atuação do mesmo à distância. Sem a presen-
ça do médico ou com o acompanhamento do mesmo à distância, não pode o leigo do
ponto de vista legal, mesmo que treinado, fazer qualquer intervenção que não seja
apenas o suporte básico à vida.
Ainda de acordo com a Portaria nº 2.048, todos os integrantes do grupo de resgate de
vítimas, devidamente capacitados após o comparecimento e a aprovação nos cursos
ministrados, ainda que leigos, ou seja, ainda que não profissionais da saúde, poderão
realizar o suporte básico à vida, mas com ações não evasivas, e quanto às demais,
somente sob supervisão médica direta ou à distância, sempre que a vítima esteja em
situação que seja impossível o acesso e manuseio pela equipe de saúde.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
121
Organização jurídica dos
GVBS
Reitere-se: ainda que se trate de atendimento pré-hospitalar não lhe retira a caracterís-
tica de serviço médico, sendo que sua coordenação, regulação e supervisão direta e a
distância deve ser efetuado por médico. Estes são os termos dos dispositivos constan-
tes da Resolução nº 1.671 de julho de 2003 do Conselho Federal de Medicina.
Os voluntários serão designados para tarefas condizentes com suas aptidões. Assim
sendo, os profissionais em que as atividades desenvolvidas profissionalmente exigem
qualificações e também que tenham atividades correlatas com o objeto do projeto,
como, por exemplo, médicos, técnicos em enfermagem, bombeiros devidamente ca-
pacitados para atendimento, são de grande utilidade para a atividade de busca e
salvamento. Eles terão posição destacada no comando e orientação do grupo.
Aqueles que não possuem qualificação e se apresentam como principiantes nesses
assuntos, deverão freqüentar cursos em diversas modalidades e temas, com ênfase
no atendimento de primeiros socorros, principalmente quando as atividades são admi-
nistradas em locais de ambientes naturais e muitas vezes remotos, dificultando a
rápida ajuda profissional. No final desses treinamentos, os participantes serão con-
templados com certificados, cada qual com a designação de horas em palestras e
cursos práticos. Portanto, é imprescindível o treinamento prévio e adequado para evi-
tar outros acidentes.
Os treinamentos devem ser constantes, assim como deve haver simulação de ocor-
rência de eventos danosos para aprimorar a atuação dos voluntários. Recomenda-se
sempre um líder à frente do grupo, o qual tenha conhecimentos técnicos aprofundados
sobre o assunto, não somente para a coordenação, como também para a orientação
dos voluntários no momento da busca. Estes serão designados, após análise de
aptidões, por comissão julgadora previamente constituída.
A experiência comprova que em caso de acidentes e mal súbito, a sobrevida
e a qualidade desta dependem do primeiro atendimento no local da ocor-
rência. Não se pode desprezar ou pôr em segundo plano esta premissa.
O artigo 135 do Código Penal Brasileiro é bem claro ao classificar a omissão de
socorro à vítima como tipo punível penalmente. Portanto, as ações do voluntário
devem ser seguras o bastante para a prestação de socorro sem comprometer
ainda mais a saúde da vítima ou ensejar riscos para o voluntário. Mesmo assim
isso não lhes isenta de prestar o socorro, mesmo que seja somente por meio da
chamada de atendimento especializado.
O dispositivo citado é o transcrito abaixo:
“Artigo 135: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socor-
ro da autoridade pública.”(grifo nosso)
O dispositivo citado deve ser interpretado com moderação, pois muitas vezes o volun-
tário pode se ver diante de uma situação em que a inércia é a única forma possível de
comportamento. Ou seja, diante das particularidades da situação, outra conduta não
lhe é exigível, funcionando como excludente de responsabilidade. Vale ressaltar que a
vida do voluntário está sempre em primeiro lugar, nunca podendo colocar a sua vida
em risco em detrimento de outras.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
122
Organização jurídica dos
GVBS
Os atuantes no Grupo Voluntário de Busca e Salvamento como voluntários terão como
função primordial fazer prevenção de acidentes e intervir no resgate de vítima, com
plena observância dos limites legais traçados diante da falta de conhecimentos técni-
cos específicos.
O voluntário, ao agir, deve ter segurança para tal, e saber que seus atos vão ao encon-
tro da melhora do estado do acidentado. A intervenção prática é plenamente possível
e, é possível dizer, para aqueles qualificados para agir até mesmo obrigatória, sob
pena de responsabilidade. Todavia, a inércia ao pedido de socorro deve ser sempre
analisada no caso concreto, ou seja, nas situações específicas e levando-se em
conta as particularidades da negação, pois, como acima explicado, pode-se estar
diante de um caso de excludente de culpabilidade, qual seja, inexigibilidade de con-
duta diversa.
Conclui-se desse modo que o voluntário, desde que capaz e habilitado,
pode dar o suporte básico à vida, enfim, agir conforme os procedimentos de
primeiros socorros previstos em normas e regulamentos específicos, já abor-
dados e comentados. É importante chamar a atenção de que estas ações
configuram-se por uma cadeia de procedimentos a garantir a sobrevivência
ou a recuperação do vitimado em casos de emergência, à espera de ajuda
especializada, não substituindo posteriores atendimentos.
Vale lembrar que as atividades de busca e salvamento bem como os atendimentos
pré-hospitalares emergenciais são de responsabilidade do Estado, e quando este não
tem meios para fazê-lo, resta à sociedade se organizar para minimizar os acidentes e
também para que as vítimas possam ser salvas.
Delimitação de competências
É inegável que para o efetivo desenvolvimento do turismo de aventura são necessários
esforços, não somente do Poder Público, mas a superposição de responsabilidades e
interesses no âmbito do governo federal, estados, municípios, comunidades e entidades.
Torna-se então fundamental que todos os envolvidos no processo de desenvolvimento
do turismo de aventura sejam consultados, para que se obtenha êxito nas ações a
serem desenvolvidas e para que se tenha um efetivo envolvimento dos atores que, nos
momentos próprios, serão úteis aos trabalhos desenvolvidos pelo GVBS.
No que tange à competência da Administração Pública, visando ao alargamento do
progresso das atividades turísticas e atuando de forma a minorar os acidentes decor-
rentes do turismo de aventura, verifica-se como função essencial a promoção de
capacitação dos órgãos da Defesa Civil para as atividades de busca e salvamento em
caso de evento danoso com vítimas, bem como o fornecimento de infra-estrutura
necessária para sua adequada atuação.
Se a atividade de busca e salvamento pode ser caracterizada como uma atividade de
defesa civil, é interessante que o GVBS se articule com as autoridades e com a
comunidade para que seja inserido dentro do contexto da Defesa Civil.
Diz a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 144, parágrafo 5º:
“... aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei,
incumbe a execução de atividades de Defesa Civil.”
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
123
Organização jurídica dos
GVBS
A Defesa Civil no Brasil está organizada sob a forma de sistema, denominada de
Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, que tem em sua composição diversos
órgãos, com destaque para a Secretaria Nacional de Defesa Civil, de objetivos e com-
petência descriminados no Decreto nº 5.376, de 17 de dezembro de 2005.
A área de atuação da Defesa Civil são as ações preventivas, de socorro, assistenciais
e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar a moral da
população e restabelecer a normalidade social, e se dá de forma multissetorial e nos
três níveis de governo – federal, estadual e municipal – com ampla participação da
comunidade.
Consoante ao Decreto nº 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, resta declinado que entre
os órgãos que compõem o Sistema de Defesa Civil está o Conselho Nacional de
Defesa Civil – CONDEC, considerado o órgão superior responsável pela formulação e
deliberação de políticas e diretrizes do Sistema. De outro lado, a Secretaria Nacional
de Defesa Civil é o órgão central responsável pela articulação, coordenação e supervi-
são técnica do Sistema, sendo que existem ainda as Coordenadorias Regionais de
Defesa Civil – CORDEC, que atuam em âmbito regional. Posteriormente, estão os
órgãos estaduais e municipais.
No âmbito da União, a Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC é o órgão respon-
sável por coordenar as ações de Defesa Civil em todo território nacional. Por meio
desta secretaria, harmonizam-se as atuações dos diversos órgãos que compõem a
Defesa Civil e ainda se delimitam a competência de cada um e a atuação de cada
ente federativo (União, Estado, Distrito Federal e Município).
Cabe aos órgãos estaduais e do Distrito Federal articular, coordenar e gerenciar as
ações de defesa civil em sua área de competência, por meio de implementação de
planos, programas e projetos que possam contribuir para o desenvolvimento do as-
sunto nas suas localidades.
De outro lado, ênfase deve ser dada à importância do Município nas atividades de
busca e salvamento em casos de acidentes no âmbito de sua jurisdição, devendo
este estar preparado para atender imediatamente a população atingida por qualquer
tipo de desastre, reduzindo assim perdas materiais e humanas. Trabalhar em parceria
e fomentar a organização dos GVBS pode ser uma alternativa participativa, eficiente,
e de resultados práticos a ser implementado pelos municípios.
No âmbito da competência do Município está a formação da Coordenadoria Municipal
de Defesa Civil – COMDEC, órgão competente, além da prevenção e ação em aciden-
tes e desastres, a promover a ampla participação da comunidade nas ações de defe-
sa civil. Ressalta-se que estes não se confundem com os voluntários: são agentes
públicos, atuando em serviços públicos e de interesse coletivo a mando da Adminis-
tração Pública. Na esfera municipal o responsável pela coordenação de todas as
ações de defesa civil é o prefeito do município.
Por fim, também contribuem para o fim específico da Defesa Civil os órgãos de apoio,
que podem ser identificados por órgãos públicos e entidades privadas. O Grupo de
Busca e Salvamento, constituindo-se como uma organização não governamental,
poderá ser enquadrado nessa categoria. A este compete o desempenho de tarefas
específicas, mediante prévio ajuste com os órgãos de coordenação do SINDEC.
Verifica-se, dessa forma, certa subordinação destas associações aos órgãos acima
mencionados no que se refere às operações práticas, pois fazendo parte do Sistema
de Defesa Civil, sua efetiva participação não é discricionária e independente, mas
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
124
Organização jurídica dos
GVBS
vincula-se a um plano previamente proposto e formulado pelo sistema institucionalizado
da Defesa Civil. Isso se o GVBS atuar dentro da esfera da Defesa Civil, o que resta
aconselhado.
A união de esforços é a melhor solução para as atividades de busca e salvamento das
vítimas usuárias do turismo de aventura, e para alcançar melhores resultados, deve-
se delimitar o âmbito de atuação de cada um.
É evidente, portanto, que a presença do Poder Público na atuação eficaz e imediata em
caso de acidentes torna-se imperativa e essencial, haja vista que a preservação da
integridade física e da saúde é prerrogativa constitucionalmente garantida a toda a po-
pulação, e tais atividades são de responsabilidade do Estado. Em alguns casos isso
não é possível, e aí a atuação dos voluntários é indispensável e não só complementar.
Claro que uma atuação integrada à Defesa Civil garante ao GVBS o reconhecimento
formal das suas atuações e dá ainda mais respaldo jurídico às suas ações.
Verifica-se que em casos de ocorrência do fato lesivo, a atuação da Defesa Civil se faz
imprescindível, posto que como já explicado, sua função concentra-se tanto nas ações
preventivas como na coordenação das ações de efetivo salvamento. Trata-se de equi-
pes treinadas para proporcionar um resultado multiplicador e potencializador, muito
mais eficiente e eficaz do que a simples soma das ações dos órgãos e dos sistemas
voluntários que o compõem. Este conjunto detém conhecimentos técnicos e ainda
pessoal treinado e capacitado para agir em momentos de risco e, portanto, a atuação
do Sistema de Defesa Civil e seus comandos se sobrepõe a qualquer outro, bem
como sua presença é imprescindível no evento danoso. Some-se a isto o fato destas
ações serem coordenadas, o que possibilita maior alcance de bons resultados.
As entidades não-governamentais (Grupo Voluntários de Busca e Salvamento), por
sua vez, organizam-se com a finalidade de complementação do fator de segurança
para os usuários destes recursos naturais.
Ressalta-se que são auxiliares na execução das tarefas do Poder Público. Seu trabalho
mostra-se essencial, pois, como já dito, nas atividades de turismo de aventura o acesso
rápido e eficaz dos órgãos da Defesa Civil por vezes não ocorre. Não obstante, os
primeiros socorros feitos pelos voluntários em grande parte das vezes podem ser defini-
tivos para o salvamento de vidas. Todavia, este socorro realizado muitas vezes por
leigos visa, em situações de emergências, manter os sinais vitais e evitar o agravamen-
to até que o vitimado receba assistência definitiva (SBV – suporte básico à vida).
Interessante é ressaltar que a participação do GVBS deve prioritariamente estar inserida
dentro dos mecanismos de Defesa Civil, somando esforços e dividindo tarefas, poden-
do ainda tais entidades atuarem em outras frentes, como na conscientização do turis-
ta, dos empresários e dos profissionais, bem como na atuação com os órgãos públi-
cos para a normalização de regras de prevenção e segurança.
Há de considerar que diversos municípios do país não possuem uma organização na
esfera da Defesa Civil, e que uma boa alternativa para o GVBS é atuar como Núcleo
Comunitário de Defesa Civil – NUDEC.
Os NUDEC são basicamente órgãos de apoio, podendo ser órgãos públicos, entida-
des privadas, associações de voluntários, clubes de serviço e outros que prestem sua
ajuda de acordo com sua particularidade ao Sistema de Defesa Civil. Os NUDEC
podem também ser a soma de vários desses agentes.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
125
Organização jurídica dos
GVBS
Seria aqui, dentro do espectro do NUDEC que seriam inseridos os GVBS. Uma vez
constituída juridicamente, a associação de voluntários gozará do privilégio de compor
este importante sistema, prestando seus serviços à comunidade de forma oficial e de
acordo com a Política Nacional de Defesa Civil. Isso permitirá à equipe acesso a
capacitações em Defesa Civil promovidas pelo Sistema, entre outras vantagens.
Para que isso ocorra, é necessário que o GVBS entre em contato com as autoridades
de Defesa Civil locais, e caso não haja estas comissões na localidade, será necessá-
rio procurar informações com o Governo do Estado, para estabelecer uma COMDEC
ou um NUDEC em sua região.
Esta aliança é importante para dar forma legal à presença do GVBS no Sistema de
Defesa Civil de sua região. Uma alternativa seria a inclusão da equipe como órgão de
resposta adicional na solução de emergências. Este é um elemento de motivação
importante para seus voluntários, além da capacitação continuada.
Estabelecidas estas formalidades, caberá ao GVBS, como órgão formal de apoio,
contribuir nos levantamentos de riscos, planos de contingência de emergências e
atividades de planejamento com o desempenho de suas atividades específicas em
articulação prévia com os órgãos da coordenação do Sistema.
Caixa de Ferramentas
Modelo de Contrato de doação
Doador: (nome), (nacionalidade), (profissão), (estado civil), inscrito no CPF sob o
(xxx), portador da Carteira de Identidade nº (xxx), com endereço na (xxx);
Donatária: (nome da entidade), associação civil sem fins lucrativos, pessoa jurídica
de direito privado, CNPJ (xxx), com sede na Rua (xxx), no (xxx), bairro (xxxx), CEP
(xxxx), cidade (xxxx), Estado (xxxx).
As partes acima identificadas têm entre si justo e acertado o presente Contrato de
Doação, regulamentado pelas Cláusulas e condições a seguir dispostas:
Cláusula 1ª. O presente instrumento tem por objeto a doação do bem (descri-
ção), avaliado em R$ (xxx) (valor por extenso), ou da importância de R$ (xxx)
(valor por extenso) sendo do DOADOR seu senhor e legítimo possuidor, (con-
forme demonstra a nota fiscal nº (xxx) (Anexo I).
Parágrafo Único: O referido bem se encontra na posse do DOADOR, livre de
quaisquer ônus ou defeito que possam inquiná-lo de inutilidade ou viciar este
negócio jurídico.
Cláusula 2ª. O DOADOR, por sua livre e espontânea vontade, sem influência de
quaisquer fatores exógenos ou endógenos sobre sua manifestação volitiva, doa
à DONATÁRIA, sem nenhum encargo, o bem descrito na cláusula anterior, trans-
ferindo de imediato sua titularidade, posse, uso, gozo e fruição, bem como to-
dos os direitos e deveres inerentes.
Parágrafo Único: A DONATÁRIA aceita a doação expressa neste instrumento.
Cláusula 3ª. O presente contrato é firmado em caráter irrevogável e irretratável,
obrigando os contratantes, seus herdeiros e sucessores.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
126
Organização jurídica dos
GVBS
Cláusula 4ª. As partes elegem o foro da Comarca de (xxxx) para dirimir quais-
quer controvérsias oriundas do presente.
E por estarem assim, justos e contratados, firmam o presente em 2 (duas) vias de
igual teor, juntamente com as testemunhas abaixo.
(LOCAL), ___________________________
DOADOR: DONATÁRIO:
___________________________ ___________________________
TESTEMUNHAS:
___________________________ ___________________________
Nome: Nome:
C.I: CPF: C.I: CPF:
Endereço: Endereço:
CAPTAÇÃO
DE RECURSOS
Roberto M. F. Mourão
É fundamental o entendimento, por parte de administradores e gestores
de organizações do Terceiro Setor, sobre a importância da captação de
recursos visando à sua formação, reforço institucional e auto-
sustentabilidade. A identificação de potenciais financiadores e o estabele-
cimento de estratégias de arrecadação de fundos para a auto-suficiência
financeira devem ser uma constante e periodicamente revistos, discutidos
e atualizados. Em geral, estratégias de captação de recursos não mudam
muito, porém sempre é necessário que se conheçam as características
de financiamento, de elaboração e apresentação de projetos e de relacio-
namento com potenciais financiadores que, de tempos em tempos, mu-
dam seus focos de interesses e ajustam as formas de receber propostas.
É importante não depender de uma só fonte de recursos - diversifique o
portfólio de doadores, sendo ousado e persistente.
“Captação é a pessoa certa solicitando ao potencial doador correto a quan-
tia exata para o programa adequado no momento chave da forma correta.”
The Fund Raising School Center on Philanthropy
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
128
O objetivo desse capítulo é subsidiar a criação de Grupos Voluntários de Busca e
Salvamento GVBS, organização social de caráter voluntário, sem fins lucrativos,
inserida no Terceiro Setor.
Uma organização social trata-se de um instrumento de ação que se define pelo con-
junto das atividades mantidas por um grupo de pessoas que se aproximam com um
interesse comum. Origina-se de um problema que apenas pode ser resolvido coletiva-
mente, depende dos que criaram a organização e do contexto onde for instalada, seja
cultural, histórico ou político.
Pode assumir diferentes formas porque se relaciona com o objetivo para o qual foi
criada. As organizações profissionais mais conhecidas são:
Associação: sociedade civil sem fins lucrativos que representa e defende os
interesses dos associados e estimula a sua melhoria técnica, profissional e
social;
Cooperativa: sociedade civil/comercial sem fins lucrativos que viabiliza e de-
senvolve atividades de consumo, produção e crédito, presta serviços e
comercializa de acordo com os interesses dos cooperados;
Sindicato: sociedade civil/sindical sem fins lucrativos que promove a defesa
dos direitos e dos interesses individuais e coletivos de determinada categoria de
trabalho, representando-a em questões judiciais e administrativas.
No Brasil, o artigo 511 da Consolidação das Leis do Trabalho de 1943 diz que: para
fins de estudo, defesa e coordenação de interesses econômicos ou profissionais, é
lícita a organização em associações de todos os que, como empregadores, emprega-
dos, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam a mes-
ma atividade ou profissão.
Segundo a legislação, as associações têm a prerrogativa de representar, perante as
autoridades administrativas e judiciárias, os interesses gerais ou individuais dos as-
sociados, celebrar contratos individuais ou coletivos de trabalho e colaborar com o
Estado na solução dos problemas dos sócios. Essas organizações têm também o
dever de colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade
social, na prestação de assistência jurídica aos associados e na conciliação dos
dissídios de trabalho.
A principal diferença entre uma cooperativa e uma associação é que a primeira é uma
sociedade de negócios, com fins econômicos, na qual os sócios pagam cotas de
participação (no limite estabelecido pelo estatuto da instituição), enquanto a segunda
pode ou não realizar negócios, não possui capital. Nesta, os associados apenas
pagam um direito de entrada e a mensalidade que cobre as despesas de funciona-
mento da associação.
A associação profissional, a cooperativa e o sindicato são instituições que possuem
uma característica comum: são formas de organização social ligadas a ações coleti-
vas, nas quais os que as integram pretendem alcançar objetivos que lhes parecem
interessantes. No entanto, enquanto nas associações e nas cooperativas grupos de
profissionais autônomos unem-se para trabalhar e alcançar esses objetivos, nos sin-
dicatos apenas alguns são eleitos, em cada categoria de trabalho, para representá-la
e defender os direitos e os interesses individuais e coletivos de toda uma categoria,
perante seus empregadores e o governo.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
129
As associações e as cooperativas, apesar de também defenderem os interesses dos
associados, o fazem no âmbito restrito dos que se filiam a determinada associação
ou cooperativa, mas não se referem a toda uma categoria.
As diversas organizações da sociedade civil, popularmente conhecidas como
organizações não-governamentais (ONGs), constituem o Terceiro Setor.
Em 1999, após inúmeros debates desse setor com o governo federal e o Congresso
Nacional, foi sancionada a Lei n
o
9.790/99, a nova lei do Terceiro Setor. A lei, que
regula as relações entre Estado e sociedade civil no Brasil, foi elaborada com o prin-
cipal objetivo de fortalecer o Terceiro Setor, em virtude da sua capacidade de gerar
projetos, assumir responsabilidades, empreender iniciativas e mobilizar pessoas e
recursos necessários ao desenvolvimento social do país. Nele, estão incluídas organi-
zações que se dedicam à prestação de serviços nas áreas de saúde, educação e
assistência social, à defesa dos direitos de grupos específicos da população, ao
trabalho voluntário, à proteção ao meio ambiente, à concessão de microcrédito, entre
outras.
A partir da constatação da dificuldade de acesso das organizações da sociedade civil
a qualquer qualificação que estabelecesse o reconhecimento institucional, a nova lei
facilitou esse reconhecimento por meio da nova figura Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público – OSCIP. A lei foi regulamentada pelo Decreto n
o
3.100/99, e os
procedimentos para obtenção da qualificação de OSCIP foram disciplinados pela Por-
taria n
o
361/99 do Ministério da Justiça. Uma discussão mais detalhada sobre a lei,
assim como a própria lei, o decreto e a portaria se encontram no texto de Ferrarenzi
(2000), o qual pode ser obtido no Conselho da Comunidade Solidária.
É fundamental o entendimento, por parte de administradores e gestores de organiza-
ções do Terceiro Setor, sobre a importância da captação de recursos visando à sua
formação, reforço institucional e auto-sustentabilidade. A identificação de potenciais
financiadores e o estabelecimento de estratégias de arrecadação de fundos para a
auto-suficiência financeira devem ser uma constante e periodicamente revistos, dis-
cutidos e atualizados. Em geral, estratégias de captação de recursos não mudam
muito, porém sempre é necessário que se conheçam as características de financia-
mento, de elaboração e apresentação de projetos e de relacionamento com potenci-
ais financiadores que, de tempos em tempos, mudam seus focos de interesses e
ajustam as formas de receber propostas.
Contudo, as organizações, em função de suas demandas ou por meio de metas
definidas (por exemplo, por meio de planejamento estratégico), devem identificar cla-
ramente os recursos que buscam para sua formação, ampliação e manutenção, po-
dendo ser:
1.Bens [equipamentos (cordas, macas etc.), maquinário (veículos, rádios
comunicadores, GPS etc.)];
2.Serviços [alimentação, comunicação, transporte etc.]
3.Recursos Humanos [programas de voluntários, bolsas, técnicos, assessorias,
consultorias etc.]
4.Recursos Financeiros [dinheiro, crédito subsidiado, recursos financeiros a “fundo
perdido” etc.]
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
130
Os três primeiros recursos podem ser obtidos, com maior facilidade, por meio de
convênios, parcerias ou doações diretas, enquanto que recursos financeiros, dinhei-
ro, implicam um árduo trabalho de captação, gestão e prestação de contas a doado-
res, que podem muitas vezes se transformar em problema para micro e pequenas
organizações de reduzida capacidade administrativa. Muitas vezes se depara com
doações de uso restrito e de uso irrestrito, fator que altera substancialmente o caráter
do processo.
Para a captação dos recursos necessários aos programas definidos no planejamento
da organização é importante a elaboração de estratégias objetivas, convincentes (quan-
do não “sedutoras”) e, sobretudo, focadas na forma e interesse das instituições de
fomento e financiamento. Estratégias bem elaboradas, por principio, devem estabele-
cer prioridades para o uso dos recursos captados e dos recursos básicos para o apoio
aos projetos captados, em geral com contra-partida. Uma boa proposta não só deve
visar o sucesso na captação mas, também à economia de tempo e esforços dos
envolvidos no processo.
No Brasil, a captação de recursos tem sido o grande desafio das organizações soci-
ais e ambientalistas. Primeiramente, porque essas instituições sustentam-se basica-
mente por meio de doações. Depois, as habilidades de captação de recursos com o
governo, organizações multilaterais e setor privado são precárias. Há pouca prática e
conhecimento por parte das entidades no estabelecimento de relações e parcerias
capazes de minimizar custos e esforços, bem como garantir resultados mais relevan-
tes dos programas e projetos. A grande de maioria das ONGs brasileiras sustenta-se
com recursos externos.
Cenários Ontem Hoje
abordagem
visão
captador
fontes
foco
abrangência
caridade
no problema
qualquer um
governos,
fundações,
eventos
parceria, co-responsabilidade
na solução do problema
profissionais
governos, fundações empresariais,
empresas, indivíduos, eventos,
idéias inovadoras
administradores
setor de captação
administradores, parceiros, doadores,
amigos etc.
setor de captação, outros setores,
relacionamento com afiliados, parceiros,
comunidade
O panorama da captação
de recursos no Brasil
A atividade de captação de recursos nunca esteve tão em evidência no Terceiro Setor
como nos últimos anos. Cursos de formação nesta área se espalham pelo país e a
busca por profissionais qualificados também tem aumentado. O motivo para tal postura
adotada pelas entidades não poderia ser outro: o Terceiro Setor cresceu no país e, com
isso, a concorrência entre as organizações por um apoio e recursos financeiros tam-
bém. São muitas as entidades em busca de verba para seus projetos e atividades.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
131
De acordo com uma pesquisa divulgada no final de 2004 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, em 2002
14
existiam mais de 250 mil instituições
privadas sem fins lucrativos no país. Nos últimos seis anos, o número de organiza-
ções sociais no Brasil subiu 157%: pulou de 107 mil para 276 mil. Além disso, as
entidades que têm como foco o desenvolvimento e defesa dos direitos quadruplicaram
no período: 11 mil para 45 mil. Entre as que defendem direitos, destacam-se centros
e associações comunitários (23,1 mil, com crescimento de 335%). E tudo isso ocor-
reu recentemente. O estudo do IBGE aponta que as organizações do Terceiro Setor
em geral são novas: 62% foram criadas após 1990.
Uma pesquisa realizada por Lygia Fontanella:
15
de 546 fundações internacionais
pesquisadas, apenas 20% têm algum interesse em investir no Brasil. A economista
lembra ainda que as agências internacionais, ligadas a ONU, como a UNICEF, a FAO,
a UNESCO, preferem investir em pequenas organizações. As grandes entidades têm
chances de se destacarem nessa concorrência se atuarem da área ambiental. Mas,
internamente, as empresas estão investindo cada vez mais.
De acordo com a 5
a
Pesquisa Nacional sobre Responsabilidade Social, divulgada em
julho de 2004 pelo do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, houve um aumento
de 61% do investimento em projetos sociais realizados pelas organizações: cerca de
R$ 400 mil a mais no ano de 2003 do que foi investido em 2002. Das empresas que
responderam ao questionário, 89% desenvolvem ações sociais voltadas à comunida-
de e 64% incentivam a participação de funcionários-voluntários nestas atividades. E
isso se reflete até mesmo nas microempresas. Segundo dados apresentados em
fevereiro pelo IPEA, a contribuição das empresas – com 1 a 10 empregados – aumen-
tou 15% no Sudeste e 29% no Nordeste. Elas representam cerca de metade do total
de empresas. No Nordeste, a participação das empresas com mais de 500 emprega-
dos cresceu 49% entre 1999 e 2003, de 63% para 94%, próximo da participação das
grandes empresas do Sudeste, 96%.
O fortalecimento e o crescimento do Terceiro Setor levaram à profissionalização da
gestão das organizações sem fins lucrativos. Este processo de profissionalização,
ainda em curso, põe em evidência duas áreas em específico: elaboração de projetos
e captação de recursos.
O Terceiro Setor como um todo está se profissionalizando. Isso se deve em parte à
sua expansão e fortalecimento e, em parte, à pressão dos doadores. Uma empresa
quando começa a doar exige projetos bem elaborados, planos de avaliação, entre
outros. O doador está mais profissionalizado e ele começa a exigir também das orga-
nizações esse profissionalismo.
As profissões de elaborador de projetos e captador de recursos são quase que exclu-
sividade do Terceiro Setor. São carreiras que nasceram no Terceiro Setor, são especí-
ficas do Terceiro Setor e exigem um conhecimento específico.
As organizações despertaram, de repente, para essas carreiras, pois antes de pensar
em ter uma outra vaga de especialista, por exemplo, elas pensam em alguém que
capte recursos. Não necessariamente contratam um funcionário especial para captar
recurso, mas pelo menos irão pensar em uma pessoa que possa alocar metade do
seu tempo para fazer este serviço.
14
realizada em parceria com IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ABONG (Associação Brasileira
de ongs) e GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), com base no Cadastro Central de Empregos
(Cempre) e no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
15
Lygia Fontanella, economista especializada em Marketing e responsável pela da área de Mobilização de
Recursos da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
132
Além da identificação da importância deste profissional para a sobrevivência da enti-
dade, temos de levar em conta que havia, em 1995, cerca de 250 mil organizações da
sociedade civil registradas. Hoje, com o aparecimento de outras tantas organizações
da sociedade civil, esse número pula para quantos mil? E o volume de dinheiro doado
por empresas e indivíduos não cresceu tanto assim.
Há uma atenção maior para a captação de recursos, para a busca de mais captadores
de recursos, mas não se sabe ao certo se foi a concorrência e a falta de dinheiro que
fortaleceram a área, ou se esta ganhou visibilidade por ser fundamental do ponto de
vista estratégico.
É preciso destacar que, como a forma de captação de recursos faz parte da estraté-
gia de atuação das organizações, o que funciona para algumas não funciona neces-
sariamente para outras. O Greenpeace, por exemplo, não aceita doações de empre-
sas privadas ou de governos. Sua base de captação de recursos é doações de pesso-
as físicas identificadas com sua causa e com seu modo de ação. Já outras organiza-
ções, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, têm como
base de sua captação de recursos a doação e o patrocínio de atividades por parte de
empresas privadas.
Definir os potenciais financiadores é tarefa que não pode faltar num plano de capta-
ção. É preciso encontrar os doadores adequados para cada área. Por isso, é preciso
conhecer muito bem a missão, os objetivos e metas da entidade. Dentro de uma
mesma área, por exemplo, como “criança”, é preciso focar: é bebê, primeira infância
ou creche? Ou, na área ambiental, “vida silvestre”, o que se focará – espécies da
fauna (mico-leão-dourado ou tartarugas) ou da flora (desmatamento, degradação
ambiental ou recomposição de matas ciliares)? A estratégia pode ser diferente tam-
bém levando em conta o porte da entidade.
Conselhos preliminares
Por um lado, existem recursos, mas faltam bons projetos. E mais do que bons proje-
tos, falta eficiência e eficácia no uso do dinheiro. Se tivermos mais dinheiro doado,
com um olhar de eficiência e eficácia, teremos mais benefício ambiental ou social.
Muitas idéias criativas de captação de recursos, por serem exaustivamente reaplicadas,
deixam de ser inovadoras, perdendo o impacto perante os financiadores. Em razão
disso, muitas entidades acabam por “proteger” e não divulgar suas estratégias de
captação de recursos.
As entidades devem se preocupar em preservar suas técnicas inovadoras de capta-
ção de recursos. Uma análise do perfil do profissional que trabalha no setor privado,
no setor público e na sociedade civil revelou que a informação no setor privado é uma
informação privada. Mas em uma organização sem fins lucrativos, a informação é
pública. Uma organização sem fins lucrativos, de interesse público, tem que ter trans-
parência nas informações, por exemplo, informar de onde ela recebeu os recursos.
Infelizmente, muitas organizações são especiais em compartilhar informações sobre
tudo; mas sobre dinheiro, não há nem relatório.
Hoje, temos que cobrar uma co-responsabilidade, os doadores também devem saber o
que está sendo feito com o seu dinheiro e devem participar disso. Muitas organizações
hoje são muito mais transparentes nesse sentido. Mas isso ainda é um processo que
leva tempo, é um processo do doador cobrar e da organização ser mais transparente.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
133
As organizações envolvidas com captação de recursos podem ser divididas em orga-
nizações de apoio (GTZ, SEBRAE, Fundação Ford), organizações de serviços
(creches, APAE); e organizações de advocacy (WWF Fundo Mundial para a Natu-
reza, Conservation International, Greenpeace etc.).
Numa organização de apoio é muito comum que uma parcela alta de recursos venha
de apoio técnico e cursos, mas dificilmente se consegue captar recursos com indiví-
duos. Já uma organização como a APAE, uma creche, tem uma grande parcela de
doações de indivíduos, uma boa parte do governo, uma parcela de empresas e um
pouco de eventos. É um outro tipo de estrutura de captação. Numa organização de
advocacy, provavelmente, a maior parte dos recursos vai ser de agências internacio-
nais e cada organização vai ter uma estratégia.
As organizações dependem da sua missão para explicar o que são, o que fazem e o
que desejam fazer ou ser. A missão declarada é normalmente escolhida pelo corpo
diretor, que é geralmente composto por seus diretores e pelos membros mais qualifi-
cados da sua equipe. A missão declarada pode ser extremamente valiosa para a
organização. Ela molda, forma e dirige o propósito de sua existência.
Entretanto, mesmo a missão mais poderosa e maravilhosa assim como as metas
dela derivadas somente serão realizadas se houver recursos financeiros disponíveis
para que a organização a desempenhe.
Há três questões básicas que os GVBS precisam responder:
1.Os objetivos da organização são consistentes com seus recursos financeiros?
2.Há um casamento apropriado entre fontes e gastos?
3.A organização é sustentável?
A terceira questão é a mais crucial para a viabilidade a médio e longo prazo de orga-
nizações. Estas questões podem prover um enfoque para uma análise crítica de uma
organização.
Os esforços de captação de recursos podem ser classificados como filantropia ou
podem ainda, com freqüência, ser classificados como renda. Os esforços de capta-
ção de recursos desempenham um papel importante no sucesso de uma organização
sem fins lucrativos. A captação de recursos deve ter um propósito e uma necessidade
identificáveis.
Na escolha de um projeto de captação de recursos é importante examinar os esforços
de captação realizados anteriormente, assegurando-se de que o esforço de captação
é viável para o mercado. O que dá a uma idéia mérito e justifica o compromisso do
doador? Se o plano não for pensado exaustivamente, será difícil alcançar as metas
financeiras determinadas para o esforço de captação de recursos.
Para que se obtenha o máximo de apoio, um objetivo de captação de recursos deve
estar relacionado com a missão do GVBS. Quando estiver formando o conceito da
captação de recursos é preciso que se tenha em mente que diferentes objetivos re-
quererão diferentes estratégias. É necessário avaliar cuidadosamente quanto dinheiro
a organização precisa captar para atingir seu objetivo. É preciso determinar todos os
custos, não somente para a realização do objetivo, mas também os custos envolvidos
no próprio processo de captação. É importante pedir o que a organização realmente
precisa, mas, por outro lado, deve-se ater a realidade.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
134
A captação de recursos pode dar-se de muitas formas. As anuidades pagas pelos mem-
bros associados é um esforço de captação e pode constituir uma base financeira para a
organização. Entretanto, é importante assegurar-se de conhecer os custos embutidos
nos serviços que estão sendo oferecidos aos membros associados. Estes recursos são
destinados aos programas e serviços de rotina oferecidos pela organização. Estas cam-
panhas podem ajudar a construir uma base sólida para os esforços de captação.
Muita atenção aos recursos captados com os associados – anuidades, men-
salidades, sobretudo se forem de pequena monta. Recente análise reali-
zada por uma ONG européia revelou ser mais interessante financeira-
mente pagar por ano • 4 a cada associado do que captar anuidades, em
face dos custos de manutenção de mala direta, relacionamento institucional
e gestão destes recursos. Associados são importantes para legitimar e
mobilizar em nome de uma organização ou causa, mas entre “viver” de
suas contribuições e captar por meio de outras estratégias - eventos, cam-
panhas etc., que têm-se mostrado mais eficientes e seguros, prefira as
últimas.
Os erros mais comuns cometidos pelas entidades na hora de captar recursos são a
falta de um bom planejamento, de um bom orçamento por trás e saber parar um
projeto se o dinheiro não tiver sido captado.
Antes de iniciar qualquer esforço de aproximação para captação deve-se questionar:
1.se determinada instituição de fomento ou financiamento pode fazer uma do
ação ao seu GVBS;
2.se o seu GVBS tem a ver com a instituição apoiadora ou financiadora;
3.caso as questões anteriores forem satisfeitas, se a instituição está interessada
em sua proposta.
É preciso que a captação de recursos seja tratada com a gestão de projetos, para
que as entidades tenham apoio no processo de crescimento, formação, fortalecimen-
to e a conseqüente solidez financeira institucional.
Para que proposta gere interesse, resumidamente, ela deve ser exeqüível e estar
claramente exposta. Além disso, deve-se ter em mente os pontos que são analisados
nas propostas e projetos:
Quanto Pontos preliminarmente a observar
à instituição busca analisar adequadamente a importância da proposta/projeto?
busca analisar a exigüidade de uma proposta, quando inovadora?
como será a continuidade da proposta? (transcende pessoas e o
período do projeto)
a proposta pode ser replicada?
aos envolvidos qual a capacidade de liderança de quem propõe?
qual a capacidade da gestão dos recursos e execução?
tem experiências anteriores de sucesso?
transmite confiança?
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
135
Entenda:
Há muita competição – existe muito mais gente buscando recursos do que
doando.
Doadores tendem a direcionar recursos onde a necessidade é maior (pobreza,
degradação etc.).
Doadores têm que decidir onde colocar recursos entre as várias idéias.
A maior parte dos pedidos é declinada – não desista ao ouvir o primeiro “não”.
Atenção:
Não subestime a capacidade de análise dos doadores.
Nunca inflacione os custos de sua proposta.
Evite pedir de uma vez tudo o que planeja fazer – não se exceda no pedido.
Não tente resolver todas as necessidades “reprimidas” de sua organização por
meio de uma única proposta.
Sempre:
Peça somente o necessário para suas necessidades conforme sua capacida-
de de gestão.
Mostre claramente que sua organização está qualificada para cumprir o pro-
metido, isto é: executar atividades e entregar o que se comprometeu: um
produto, realizar uma atividade etc.
Mostre que sua proposta/idéia se sustentará quando terminar o projeto/doa-
ção.
Estabeleça sempre uma gestão transparente, construindo uma relação de
confiança mútua com o doador.
Planejamento
estratégico para captação
de recursos
A estruturação de um plano estratégico para captação de recursos é, atualmente,
um dos maiores desafios das organizações sem fins lucrativos brasileiras.
A maior parte dos projetos ambientais ou sociais surge dos ideais de um empreen-
dedor que, notando uma necessidade em uma determinada comunidade, começa a
mobilizar recursos para criar projetos ambientais ou sociais que resolvam ou, pelo
menos, minimizem aquele problema. Quando esta decisão é tomada, é natural ima-
ginar que o empreendedor esteja muito envolvido com este tema e que acredite que
sua ação pode fazer uma grande diferença para aquela comunidade.
Se ele está tão convencido disso, é natural pensar que não deve ser difícil motivar
outras pessoas a se envolverem com a mesma causa e encontrar parceiros que
estejam interessados em apoiar este projeto. Então, a captação de recursos deveria
ser uma coisa simples, quase uma conseqüência natural da estruturação de um
projeto social.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
136
Como tornar a captação de recursos uma atividade simples?
Na captação de recursos, vale o mesmo princípio. Se não se sabe aonde se quer
chegar, será difícil decidir quem são os parceiros mais adequados, que métodos de
captação serão mais eficientes etc.
Por isso, a forma mais segura de tornar a captação de recursos uma atividade sim-
ples é fazer um planejamento estratégico do projeto social.
Como fazer o planejamento estratégico do GVBS?
Basicamente, o planejamento estratégico é um levantamento organizado de informa-
ções que ajudará a definir os caminhos a serem seguidos.
O ideal é que a organização comece pelo detalhamento do seu projeto social respon-
dendo às seguintes questões:
a) Qual é o problema que o projeto objetiva combater ou resolver?
b) Qual é o “mercado” no qual estamos inseridos? Que outras organizações
dedicam-se à mesma causa?
c) Quais são os objetivos específicos deste projeto?
d) Quais são as metas que desejamos atingir para cada um dos objetivos espe-
cíficos?
e) Que estratégias foram escolhidas para atingir as metas? Isto é, qual o méto-
do escolhido para realização do trabalho?
f) Que atividades são necessárias para colocar em prática a estratégia escolhi-
da? É importante detalhar ao máximo as atividades porque é daí que virão as
informações.
g) Quais são os recursos necessários para a realização de cada uma destas
atividades?
h) Onde podemos buscar estes recursos?
À medida que o plano vai sendo detalhado, fica mais fácil perceber onde estão as oportuni-
dades de captação de recursos, quem são os parceiros mais adequados para cada uma
das necessidades que a organização tem, quem são as pessoas mais adequadas para
apresentar o projeto para cada um dos potenciais parceiros, em que época devemos iniciar
a captação etc.
O planejamento estratégico deve ser feito anualmente. Esta será uma ótima oportunidade
para avaliar o que a organização conseguiu realizar naquele ano, o que mudou no mercado,
que caminhos deram melhores resultados e que caminhos não levaram a lugar nenhum.
A revisão anual do plano é uma ferramenta de grande utilidade para a avaliação das estraté-
gias escolhidas para captação de recursos.
Todos sabem que as organizações sem fins lucrativos não têm uma estrutura administrativa
grande e, dessa forma, estão sempre sobrecarregadas com as atividades do dia-a-dia.
É natural que os gestores tenham muita dificuldade de dedicar alguns dias para discu-
tir com a equipe os rumos que o projeto deve tomar, pois toma tempo. Isso faz com
que o planejamento estratégico muitas vezes seja visto como “perda de tempo” e que
acabe sendo prorrogado e esquecido.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
137
É a mesma coisa que acontece com tantos bons projetos: por não saberem direito
que objetivos têm, que estratégias de atuação são mais adequadas, desperdiçam
recursos fazendo várias tentativas diferentes e isso, como conseqüência, acaba por
desmotivar parceiros que não conseguem ver com clareza como os recursos que
doam para a organização estão sendo revertidos em benefícios para a comunidade e
para a solução de um problema no qual eles também acreditam e no qual querem
investir.
Doar dinheiro é bom. Muitas pessoas e muitas empresas querem ter este prazer, mas
cada vez mais, os parceiros se preocupam com o retorno que este investimento terá
para a comunidade e querem doar os recursos para organizações que consigam pro-
var que o utilizam da maneira mais eficiente.
É importante lembrar que existem cerca de 220.000 organizações sem fins lucrativos
no Brasil e que, de certa forma, estamos concorrendo com outras organizações na
busca de recursos. Quem for mais eficiente tem maior probabilidade de ter parceiros
mais fiéis!
Alguns dias de planejamento estratégico podem fazer muita diferença neste processo
e, além de facilitar muito a captação de recursos e a manutenção de parceiros estra-
tégicos, também trará para a equipe uma satisfação maior no trabalho quando pude-
rem saber como cada uma das atividades que desenvolvem no dia-a-dia está contribu-
indo para se atingir metas estipuladas.
A relação captador-doador
Para tornar pessoas e empresas doadores fiéis, uma das primeiras coisas é pensar
que tipo de benefício se pode oferecer em contrapartida. É um pouco a co-responsa-
bilidade também. “Vocês me ajudam financeiramente e eu também dou algum tipo de
retorno, mesmo que seja apenas o impacto social que eu causo.” O doador se sente
feliz por doar não porque ganha uma camiseta, mas porque possibilita o atendimento
de 1.000 crianças no hospital. O benefício não obrigatoriamente vai fazer a pessoa
continuar doando, mas ele tem o papel de fidelização. Porque se acaba mantendo um
contato mais constante com o doador. Ter uma prática de retorno é importante, como
enviar relatórios.
Nos processos de captação é importante estar ciente do que os grupos de interesses
envolvidos na relação captação-doação querem, esperam e valorizam:
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
138
O que se quer, espera e valoriza
gestão idônea e responsável
menções públicas elogiosas ao projeto
número de pessoas atendidas
registros e documentos
relatórios de avaliação de impacto
relevância do serviço para a comunidade e/ou meio ambiente
serviço que complementa política pública
transparência na prestação de contas
identificar-se com a causa
desejo de fazer algo importante pela comunidade
exercício de cidadania e de solidariedade
participação voluntária em projetos próximos de sua casa
transparência e prestação de contas
reconhecimento por sua contribuição
resultados concretos
qualidade nas informações
disponibilidade para dar informações em qualquer
circunstância
credibilidade da organização
relevância social do serviço prestado
precisão nos dados e fontes qualificadas
capacidade de gerar fatos realmente importantes para a
sociedade
identificar-se com a causa
idoneidade e transparência
relacionamento tranqüilo e harmonioso
resultados concretos traduzidos em benefícios para as
pessoas
serviço com evidente relevância ambiental e/ou social e com
impacto positivo com os vizinhos
visibilidade
qualidade e impacto relevante dos serviços
retorno de imagem perante a sociedade
adequação aos seus projetos de investimento na comunidade
exercício da responsabilidade ambiental e/ou social
boa imagem pública e eficiência na gestão
motivação dos funcionários
projetos com bom custo-benefício
visibilidade
projetos bem elaborados
identificar a causa com sua missão
idoneidade, capacidade de gestão e transparência
comprovação de resultados a partir de sua contribuição
contrapartidas claras e condições de sustentabilidade dos
projetos depois de suspensa a contribuição
trocar informações e experiências
fazer ações conjuntas com benefícios conjuntos
agregar valor associando-se a outras organizações com
marca forte
realizar acordos de cooperação técnica
conhecimento, trabalho voluntário
transparência, cumprimento de compromissos
visibilidade e recursos
Grupos de interesse
Governos
Indivíduos (doadores /
voluntários)
Imprensa
Comunidade
Empresas
Fundações
Organizações Parceiras
e Captadoras
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
139
Doador
Captador – uma relação “comercial”
O sistema de captação de fundos de um GVBS pode, sem dúvida, ser entendido
como uma relação comercial entre o doador e o receptor dos recursos.
O ato da doação nada mais é do que uma pessoa, empresa, fundação ou órgão do
governo transferindo recursos para uma organização social, em troca da prestação de
um serviço para uma comunidade ou uma causa que o doador julgue relevante. Mes-
mo considerando que o doador não é o beneficiário direto da organização, é o ato de
doar estes recursos que garante a execução dos serviços a terceiros e pode ser
considerado uma transação de compra e venda de serviços.
Da mesma maneira que uma empresa depende da venda de seus produtos para se
manter funcionando, uma organização ambiental ou social depende das doações de
investidores e parceiros. São estas doações que formarão sua receita e viabilizarão a
execução de suas atividades.
Num mercado cada vez mais competitivo, o maior desafio que ambas – empresas e
organizações – enfrentam é a manutenção da receita. O que as empresas estão
percebendo é que manter os clientes atuais pode ser até 7 vezes mais barato do que
buscar novos clientes, e por esse motivo, têm investido no estreitamento da relação
comercial com seus clientes. Segundo esta linha de raciocínio, criar vínculos fortes,
saudáveis e duradouros é uma maneira de mantê-los felizes e fiéis, e quem tem
clientes fiéis tem menos necessidade de investir na busca de novos clientes para
substituírem os clientes perdidos.
Na captação de recursos, não é diferente. Investir em atividades que ajudem a criar
vínculos com os investidores e doadores é uma ótima maneira de mantê-los e de
garantir o fluxo contínuo de doações.
Como manter uma (saudável e profícua)
relação captador-doador
O processo de criação de vínculo com doadores é um processo lento. As pessoas
precisam ser conquistadas. Elas precisam de informações que reforcem a sua deci-
são de serem parceiras desta organização em detrimento de tantas outras que a
abordam solicitando recursos.
O primeiro passo é saber quem são os potenciais doadores, mais precisamente
quem são os contatos, quem analisa, julga e decide, pois apesar de relação institui-
ção-instituição são as pessoas que conduzem os processos. A montagem de um
banco de dados com informações sobre eles é uma tarefa simples, mas que requer
investimento constante. Dados cadastrais tendem a se desatualizar, por isso é ne-
cessário estar sempre atualizando os registros.
É preciso saber também o que esperam da organização apoiada. Esta pode ser uma
informação difícil de obter: talvez nem o doador saiba muito bem o que ele espera
obter como retorno de sua doação.
Em geral, os doadores recebem informações gerais sobre a aplicação dos recursos e
o sobre o andamento dos projetos, mas será que isso é suficiente? Uma estratégia
interessante é colocar-se no lugar do doador e pensar o que você gostaria de receber
em troca da sua doação.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
140
E como transmitir as informações? Envio de cartas, e-mails, fotos são as formas mais
usuais. O uso da mídia também pode ser interessante. O doador pode sentir-se parte
de algo maior se ouvir falar da organização que apóia por meio de um veículo de
comunicação com boa credibilidade. Ações de reconhecimento público também são
muito úteis no sentido de criar um vínculo entre o doador e a organização. Nesse
caso, também são necessários alguns cuidados, sobretudo no que diz respeito à
forma de dar o reconhecimento para parceiros de portes diferentes.
Idealmente, todos os parceiros devem ser reconhecidos, mas os que doam valores
maiores, ou têm uma periodicidade mais regular em suas doações, precisam ter
destaque especial. O reconhecimento público pode ser feito por meio de uma menção
da parceria no site da empresa na Internet e em outros materiais como folhetos,
relatórios de atividades e catálogos; da colocação de uma placa ou faixa na entrada
da organização; e até mesmo da organização de um evento com o objetivo de mostrar
este reconhecimento ao público. Tudo vai depender dos recursos disponíveis e do
investimento que a organização pode fazer com esta finalidade.
Apoio, Financiamento e Parcerias
Por paradoxal que pareça, embora o conceito de parceria esteja em moda, as relações
entre muitas destas organizações ainda permanecem predominantemente competitivas.
Autocráticas em seu funcionamento, muitas organizações não conseguem realizar
parcerias entre si pelo fato de estarem disputando, permanentemente, ou um lugar
privilegiado aos olhos do Estado (e nos cadastros das instituições financiadoras ofici-
ais) ou uma visibilidade internacional que lhes garanta, por longo prazo, acesso a
fontes externas de recursos financeiros.
Em virtude disso não são solidárias – principalmente quando o assunto e dinheiro,
prestígio ou poder – e não se dispõem a descentralizar as atividades que capitaneiam.
E possível pensar se não seria justo se o Estado – como esfera pública que não pode
ser privatizada – se recusasse a fazer parcerias com aquelas organizações que não
conseguem fazer parcerias entre si em prol de objetivos públicos. Porém, antes de
pensar em medidas deste tipo, é necessário uma reflexão sobre os novos sentidos
que o conceito de parceria vem adquirindo em virtude da ampliação da esfera pública
no Brasil.
Conceito de Parceria
Segundo o dicionário Aurélio, parceiro vem do latim “partiariu” e significa igual, seme-
lhante, parelho ou par. Parceria também tem sido empregada para designar:
a) terceirização;
b) privatização;
c) apoio (do Estado) a projetos de instituições sociais (ou vice-versa); e
d) utilização (por parte dos governos) de mão-de-obra mobilizável pelos movimen-
tos e entidades da sociedade civil na execução de políticas públicas.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
141
Procedimentos sugeridos
para captação de recursos
É preciso identificar no GVBS alguém com os predicados necessários para captar ou
que busque o auxílio de um especialista em captação de recursos. É importante
Caso de Parceria: Programa MPE (Melhores Práticas para o Ecoturismo)
Nos últimos anos, o ecoturismo tem sido visto como uma alternativa eco-
nômica e importante ferramenta para a conservação. Apesar de todo tipo
de turismo ter um “custo” que pode vir a causar impactos negativos
ambientais e/ou culturais, o ecoturismo, quando operado adequadamen-
te, pode ter esses impactos controlados, especialmente se comparados a
outros setores produtivos, como agricultura, pecuária, garimpo ou extra-
ção de madeira.
O Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio (www.funbio.org.br),
dentro dos marcos de sua missão institucional de conservar e dar uso sus-
tentável à biodiversidade, visando ações futuras, contratou em 1999 estudo
com o objetivo de analisar e obter subsídios sobre ecoturismo e turismo
sustentável à luz do vigente cenário das políticas nacionais, agentes finan-
ceiros, recursos disponíveis e perspectivas do setor; buscando saber quais
ações e áreas prioritárias necessitavam de complementação e, especifica-
mente, qual seria seu papel no cenário de um turismo responsável no Bra-
sil. Como resultado deste estudo, foi implementado o mais completo e efi-
caz projeto de capacitação e treinamento até essa data realizado no Brasil:
o Programa de Melhores Práticas para o Ecoturismo – Programa MPE.
Com recursos iniciais da ordem de US$ 200 mil, quando modelado e deta-
lhado, o Programa MPE (www.mpe.org.br) mostrou uma necessidade sete
vezes maior de recursos. Ciente da importância e necessidade do projeto,
Pedro Leitão, secretário-executivo do Funbio, estabeleceu, junto aos con-
sultores envolvidos, a estratégia de buscar parceiros para captar os R$ 2
milhões necessários à implementação do programa piloto.
A estratégia consistiu em convidar potenciais parceiros co-financiadores
(Ministério do Turismo e do Meio Ambiente, Banco da Amazônia, Banco
Interamericano de Desenvolvimento, Fundação Boticário, Conservation
International, entre outros) para uma reunião onde o projeto foi apresenta-
do e submetido a uma análise de viabilidade técnico-financeira. Uma vez
analisado e aprovado, o Funbio anunciou estar disponibilizando uma ver-
ba inicial de R$ 330 mil, com a intenção de igualar eventual recurso supe-
rior, se necessário, convocando parceiros.
Ao final do programa piloto, Funbio destinou R$ 530 mil para o Programa e
que, para todo o seu desenvolvimento, custou cerca de R$ 2 milhões, fazen-
do necessária a composição de parcerias com o Banco da Amazônia (R$ 182
mil); O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Embratur (R$ 330 mil); a
Finep (R$ 408 mil); e o Ministério do Meio Ambiente (R$ 530 mil).
A partir de 2003, tendo sido implementado o programa piloto, foi transferida
ao Instituto EcoBrasil (www.ecobrasil.org.br) a incumbência de dar conti-
nuidade ao Programa.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
142
saber que para desenvolver e implementar um processo de captação é necessário
uma liderança segura e preparada. Para tanto, a organização deverá definir um res-
ponsável para conduzir em todo o processo.
Também se deve estabelecer a equipe de apoio que ajudará a conduzir o processo. O
captador tem de ter em mente que deverá dispensar energia e comprometer seu
tempo na atividade. Em geral, se não o fizer voluntariamente, deve ter o custo de suas
horas incluído nos custos do processo de captação (assim como eventuais custos de
viagens, diárias etc.). Em resumo, deve-se ter em conta que a captação toma tempo
e tem de haver atenção constante no processo.
Antes de apresentar as propostas, é importante refletir e pensar a respeito da organi-
zação. Da mesma forma, é importante assegurar que a sua missão e objetivos
correspondam realmente ao que o GVBS se propõe e que todos – público, Conselho,
equipe, voluntários – o compreendam. Neste ponto, é importante preparar uma lista
atualizada de todos os programas e serviços, bem como listar também os pontos
fortes e fracos do GVBS, e toda organização tem ambos.
Pergunte-se:
1.O que confere ao trabalho do GVBS maior sentido e o torna mais importante?
2.Em que o trabalho do GVBS é diferente do realizado por organizações
congêneres?
3.Em que ponto o trabalho do GVBS apresenta qualidade superior ao de
congêneres?
À medida que se define a(s) fonte(s) de recursos, deve-se estabelecer os objetivos de
forma:
clara, específicas, mensuráveis e priorizadas;
adequada ao porte, estrutura e recursos pretendidos;
realista, mas ousada e desafiadora;
estar integralmente afinados com a missão das organizações envolvidas –
captadora e doadora.
E estes objetivos devem se traduzir em metas, por exemplo:
Meta-exemplo A: captar R$ 200 mil e 50 voluntários especializados em um universo
de 10 empresas potenciais e em um público potencial de 1.000 pessoas ao longo de
um período de 8 meses
ou
Meta-exemplo B: estabelecer parceria técnica com 5 organizações congêneres e
fechar acordo com o governo federal (ou estadual, ou municipal) no valor de R$ 300 mil
no primeiro semestre de 2005.
Lembre-se de que tentativa e erro fazem parte de qualquer esforço de captação de
recursos mas não devem ser a estratégia de longo prazo para o sucesso. O sucesso
requer conhecimento da organização, escolher sabiamente a liderança, determinar a
direção apropriada e recrutar a energia, recursos e disciplina para seguir nesta dire-
ção. Não se deve mergulhar na captação de recursos antes de estar pronto.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
143
Se os esforços não foram totalmente bem-sucedidos é possível melhorá-los. Vá além
da simples mala direta. Faça com que os contatos sejam compensadores.
A conversa pessoa a pessoa é de longe a melhor maneira de captar recursos. Porém,
mesmo esta técnica é fortalecida quando se coloca algo nas mãos do patrocinador
em perspectiva – uma bonita brochura, um brinde (camiseta, chaveiro, boné etc.),
cópias de artigos de jornal, um relatório anual, um vídeo etc. As pessoas e organiza-
ções gostam de apoiar iniciativas de que já ouviram falar. O GVBS deve ser rapida-
mente descrito de uma forma que as pessoas de fora considerem interessante. Se o
GVBS não possuir esses materiais, eles devem ser produzidos. Apronte-os para o
esforço de captação de recursos.
MATRIZ DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS
Para entender a matriz:
Grandes Doações: Em termos práticos, é difícil conceituar o que é uma “grande
doação” uma vez que essa dimensão é subjetiva e depende do porte das organiza-
ções envolvidas no processo captação-doação. Por exemplo, uma doação no valor R$
100.000,00 que permita que uma pequena ONG (voluntária em busca e salvamento,
por exemplo) se manter durante todo um ano pode ser “pequena” aos olhos de um
“grande doador” (por exemplo, a Petrobras ou a Fundação Ford). Por outro lado, um
“grande doador” pode achar que um “pequeno captador” pedindo uma “grande doação”
não terá capacidade para gerir os recursos pedidos ou de entregar o prometido. Saber
o que e quanto pedir, reconhecendo a real dimensão de sua própria organização, é
fundamental para transformar em “sim” a resposta de seu pedido.
Uma outra estratégia, caso o GVBS seja de pequeno porte, é se associar em consórcio
ou parceria com outras congêneres ou complementares, fortalecendo sua capacidade
de captar e gerir os recursos obtidos. Muitas vezes é mais fácil, em conjunto (numa
associação, por exemplo) solicitar R$ 30.000 para 10 associados, cabendo R$ 3.000 a
cada associado, do que solicitar isoladamente R$ 3000 - o instituição doadora, de
fomento ou financiadora se sentirá mais segura, pois o risco será diluído em 10 pessoas
e não em um só “devedor”. Esse fato sugere que poderá ser mais fácil se obter recursos
Grandes Doações
Doações
Corporativas
Campanha de
Fundos
Campanha Anual
Eventos
Pequenas Doações
Doadores a serem
prospectados
correspondência
correspondência
correspondência
Doadores potenciais
pedidos
correspondência +
acompanhamento
pessoal
correspondência
correspondência
correspondência
Doadores
visita +
acompanhamento
pessoal
pedidos
correspondência +
telefone +
acompanhamento
pessoal
correspondência
correspondência
correspondência
Parceiros
visita +
acompanhamento
pessoal
pedidos
visitas +
telefonema
visita +
acompanhamento
pessoal
correspondência
correspondência+
telefonema
correspondência+
telefonema
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
144
de um “grande doador” para formação ou manutenção de um conjunto de GVBS, do que
isoladamente, até por que, no caso de uso de recursos para compra de aparelhos GPS,
por exemplo, o custo de compra de 50 unidades, será menor do que a de 5, se compra-
do diretamente do fabricante ou com seu representante comercial.
Doações Corporativas: Esta denominação é por si auto-explicativa. São captações
realizadas entre duas corporações - captadoras e doadoras, entendendo corporação
como associação de pessoas do mesmo credo ou profissão, sujeitas à mesma regra
ou estatutos, e com os mesmos deveres ou direitos; corpo; ou, ainda, reunião de
indivíduos para um fim comum; associação, agremiação.
Campanha de Fundos: Ações realizadas visando captar recursos por meio de um
conjunto de ações, de esforços, com fins de fortalecimento institucional, aquisição de
equipamentos ou contratação de serviços ou pessoal, formando disponibilidade sufici-
ente para manter a integridade financeira ou enfrentar eventuais exigências de uma
organização ou mesmo empresa.
Campanha Anual: Tem o mesmo mecanismo das Campanhas de Fundos, porém
com periodicidade definida, no caso, anual.
Eventos: Evento é como qualquer acontecimento de especial interesse (espetáculo,
exposição, competição etc.) capaz de atrair público, de mobilizar meios de comuni-
cação, podendo ter como fim a captação de recursos para uma causa ou organização
(por exemplo: tratamento de câncer de seio ou outras enfermidades, combate ao
desmatamento, contra o uso de peles de animais na indústria da moda etc.; assim
como doação de sangue ou órgãos humanos).
Pequenas Doações: igualmente subjetivas como as “grandes doações”, caracteri-
zam-se pela busca de recursos, de pequeno valor (em geral inferiores a R$ 1 mil),
junto a pequenos doares. Estratégia muito utilizada por instituições de assistência
social em que são recolhidas para sustento ou para educação pessoas pobres e
desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos, idosos etc.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
145
Caixa de Ferramentas
Passos para a elaboração do um plano de desenvolvimento
O primeiro passo é óbvio e indispensável: você precisa ter certeza de que o esforço
a que se propõe é decisivo para a sua organização – isto é, que seja coerente com a
missão que deve ser cumprida.
Analise a experiência de outras organizações (e do governo, se relevante), com
relação às atividades propostas no projeto.
Fixe as necessidades do projeto e as condições locais da área do projeto.
Desenvolva uma abordagem inicial e um Plano de Trabalho que antecipe dificul-
dades e obstáculos potenciais.
Faça uma pesquisa de qual o doador ou a instituição doadora que tenha interes-
se no seu projeto.
• Obtenha do doador e/ou da instituição informações sobre seu interesse em pro-
jetos e suas diretrizes para que propostas de apoio sejam submetidas a julga-
mento.
16
Comunique-se com a equipe do doador, por meio de visita, carta ou telefonema
e apresente sua organização, seus objetivos e o trabalho para o qual você esta
procurando apoio ou parceiros.
Familiarize-se com os objetivos dos grupos colaboradores.
Como segundo passo, você deve se familiarizar com os pontos fortes e fracos
17
de
sua organização ou projeto, tendo em mãos os seguintes dados:
Aptidão para levantar e gerenciar fundos;
Habilidade para manter a longo prazo fontes diversificadas de recursos;
Desempenho anteriores;
Produção sólida;
Integridade e credibilidade;
Independência;
Eficácia e trabalho em equipe.
Como terceiro passo, tem-se a elaboração do um Plano de Desenvolvimento, um
instrumento que alinha as estratégias às ações do dia-a-dia.
16
Normalmente instituições doadoras disponibilizam as condições e o formato de propostas para que potenciais
captadores solicitem recursos. Veja exemplo no link Funbio / Editais: http://www.funbio.org.br/publique/web/cgi/
cgilua.exe/sys/start.htm?sid=13
17
Também conhecida como análise SWOT, ferramenta de gestão utilizada por empresas privadas como parte
do planejamento estratégico dos negócios. O termo SWOT vem do inglês e representa as iniciais das palavras
Streghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças).A idéia central
da análise SWOT é avaliar os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças da organização
e do mercado onde ela está atuando.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
146
Seu objetivo e desmembrar a estratégia e vincular cada um de seus pontos às princi-
pais áreas operacionais da empresa e que atendam às exigências de mercado. O
sucesso de cada uma das ações traçadas será medido por indicadores de desempe-
nho e levará ao sucesso da estratégia.
No quarto passo, deve-se elaborar o quadro Resumo de Projeto. Neste quadro devem
ser apresentados dados que poderão estabelecer previamente os recursos a serem
alocados ao projeto. Ela também poderá auxiliar na definição de importantes pontos
para a elaboração de uma proposta, com temas como: objetivo do projeto, obstácu-
los, atividades, os responsáveis pelas atividades ou pelo projeto, e os resultados
esperados, assim como os indicadores de avaliação.
18
Plano de Desenvolvimento
Quadro de Resumo de Projeto – Definição e Importância do Problema
O quinto passo inclui a análise do “Ciclo do Projeto”. Partimos então para a “Elabo-
ração da Proposta”, que e o corpo principal do seu “Plano de Desenvolvimento”.
Lista de questões para auxiliar no processo de elaboração da proposta de projeto:
O que o projeto está tentando alcançar?
O que você vai mudar ou pretende influenciar por meio deste projeto?
Por que é importante assumir o projeto?
Por que você é a pessoa mais indicada para assumir o projeto?
Como será conduzido o projeto?
18
Veja anexo com o roteiro para elaboração de projetos.
Características do projeto
Objetivos Potenciais Atividades Responsáveis Resultados Indicadores
do Projeto Obstáculos Propostas Esperados de Avaliação
Orçamento
Fundos disponíveis - Contrapartidas Fundos a serem requisitados
(da sua organização de de outras fontes)
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
147
Onde será localizado o projeto?
Quando ocorrerão as atividades do projeto?
Como você vai monitorar o desempenho do projeto em andamento?
Como você vai medir sua eficácia?
Como você vai transmitir o que aprendeu?
Quanto custará o projeto?
Que recursos serão necessários e para quais aspectos do projeto?
Se for continuar, como será sustentado o projeto?
O que vai acontecer depois que o projeto inicial estiver concluído?
Que outros materiais você pode oferecer para apoiar a proposta?
Uma vez respondidas as questões acima, pode-se elaborar a proposta.
Componentes da Proposta
Objetivos Gerais e Específicos
Definição e Importância do Problema
Antecedentes da Instituição
Métodos e Plano de Trabalho
Monitoramento, Avaliação e Relatório
Orçamento
Sustentabilidade
Material de Apoio
Com base na elaboração da proposta do seu projeto, parte-se para a exemplificação
de atividades que possam acontecer durante o processo.
Para tanto, verificar os itens para desenvolvermos:
Planejamento
Proposição
Implementação
Estabelecimento de Contatos
Colaboração
Para exemplificar o quadro de atividades, a seguir apresentamos um modelo que vai
auxiliá-lo na execução de sua proposta e as atividades envolvidas.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
148
Plano de Desenvolvimento
Para que a proposta esteja bem sincronizada com as atividades estabelecidas, suge-
rimos um Cronograma de Planejamento, para ser anexado à sua proposta, onde deve
constar as atividades planejadas.
Exemplos de Atividade no Processo de Elaboração de Propostas
Planejamento
Estabelecer planos estratégicos a curto e longo prazo
Participação de toda a equipe e pessoas interessadas
Estabelecer prioridades e diretrizes para o projeto§ Fixar a viabilidade do projeto
Proposição
Estabelecer planos específicos e documentos delineando o projeto:
- objetivos gerais e específicos,
- problemas,
- táticas e operações,
- monitoramento,
- avaliação,
- relatório,
- orçamento,
- sustentabilidade
Implementação
Gerenciar, monitorar, avaliar, relatar o desempenho do projeto em andamento
Estabelecimento de Contatos
Identificar doadores em potencial e organizações de apoio e/ou parceiras
Pesquisar um amplo quadro de doadores e organizações de apoio
Visitar doadores potenciais, escrever ou falar por telefone, se possível antes de enviar a
proposta
Colaboração
Interagir com doadores e organizações de apoio ou parceiras para ajustar a proposta
Utilizar o apoio técnico dos doadores assim como um potencial financiamento
Finalizar a proposta e o Plano de Trabalho com as organizações de apoio
Atividades de Planejamento Responsáveis
Datas Tempo (dias, meses, anos...)
Início Término 1 2 3 4 ... n
Desenvolver as idéias iniciais do projeto,
com base no plano estratégico.
Produzir o documento da proposta.
Interagir com e obter revisão de doadores
e/ou colaboradores.
...
...
Negociar os termos do projeto.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
149
Um Cronograma de Implementação deve ser anexado à sua proposta.
O sexto passo é a preparação do Orçamento da proposta. O orçamento deve incluir
o plano financeiro para todo o tempo de duração do projeto, inclusive contribuições
não-financeiras, de beneficiários e fundos provindos da organização e dos doadores.
Você deverá também incluir uma descrição resumida, identificando os procedimentos
de gestão dos recursos, identificando o banco com que sua organização trabalha, o
sistema de relatório financeiro e a pessoa responsável pela contabilidade, dentro de
sua organização.
O orçamento resume todos os recursos indispensáveis para o projeto planejado, in-
cluindo mão-de-obra funcional, materiais do projeto e taxa de administração.
O orçamento deve mostrar especificamente qual o valor necessário e como deve ser
dividido. Este componente é crítico para um gerenciamento efetivo dos fundos durante
toda a duração do projeto.
Para a elaboração do orçamento, você deve responder às seguintes questões:
Que tipo de recursos serão exigidos - fundos, pessoal, serviço de voluntários,
terra, equipamentos etc.?
Quando os fundos e recursos serão exigidos?
Qual é o cronograma para as principais exigências do projeto?
Como você determina os recursos exigidos?
Quem é o responsável pela gerencia dos fundos?
Qual é o montante final?
Atividades de Planejamento Responsáveis
Datas Tempo (dias, meses, anos...)
Início Término 1 2 3 4 ... n
Atividade 1
Atividade 2
Atividade 3
...
...
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
150
Exemplo de Planilha de Orçamento:
Despesas - Categorias e Objetos Custos em Reais
Pessoal e Serviços Especializados Ano 1 Ano 2 Ano n Total
coordenador executivo
equipe técnica - desenvolvimento e implementação
serviços de secretaria
assessoria jurídica
assessoria contábil
auditoria externa
etc.
Subtotal 01
Despesas Permanentes Ano 1 Ano 2 Ano n Total
mobiliário (sede e filiais etc.)
informática (computadores, periféricos - scanner,
impressora etc.)
imagens (câmeras vídeo ou fotográficas - convencionais
ou digitais)
website (domínio, hospedagem, desenvolvimento e
manutenção)
escritório (papel, suprimento informática etc.)
etc.
Subtotal 02
Despesas Diversas Ano 1 Ano 2 Ano n Total
viagens (passagens, diárias, aluguel de veículos etc.)
comunicação (telefone, internet, correspondências etc.)
seguros (equipamentos, pessoal, eventuais etc.)
pequenas despesas (cópias, gorjetas, táxi, lanches etc.)
etc.
Subtotal 03
Total Geral para n anos de projeto
ESTUDOS DE CASO
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
152
Estudos de caso
COSMO – Corpo de
Socorro em Montanha
Ronaldo Franzen Junior
19
Ao final do século XIX com a primeira ascensão ao Pico Marumbi com 1.539 m.s.n.m
(metros sobre o nível do mar), em 25 de agosto de 1879, após uma jornada de 4 dias,
descortinou-se o que existia no cume da “montanha azul”, Guarumbi, como era cha-
mada pelos nativos da região. A lenda da lagoa de ouro e outras estórias que cercam
os locais inacessíveis foram desvendadas e o que se encontrou foi uma visão de 360º
da Serra do Mar. Mal sabia esse grupo de intrépidos moradores da região de Morretes,
litoral do Paraná, que esta iniciativa pioneira marcaria o início do montanhismo no
Brasil como atividade esportiva, da mesma maneira que no ano de 1786, nos Alpes, a
ascensão ao Mont Blanc, com 4.807 m.s.n.m., deu origem ao Alpinismo.
A partir desta data a região passou a ser cada vez mais freqüentada por montanhistas
e “turistas amantes da natureza”, os marumbinistas como seriam chamados mais
tarde. Como toda atividade na natureza é inerente ao risco, e ainda mais em se
tratando de uma região de montanhas, era natural que viessem a ocorrer acidentes e
incidentes. Mas foi a partir da década de 30, quando começou a formação no local de
uma comunidade de montanhistas com uma influência européia, que as questões de
busca e salvamento passaram a ser pensadas de uma forma mais técnica, porém não
organizada. Quando ocorria um evento, a resposta era um conjunto de ações aleató-
rias, atitudes repletas de boas intenções que conseguiam atingir seus objetivos, mas
que eram apoiadas sobretudo em atitudes individuais, o que gerava situações de risco
(para a equipe e a vítima).
Ao ser dado um primeiro aviso de emergência óbvia ou de pessoa perdida, normal-
mente alguém que se encontrava na estação de trem, que conhecia os “ranchos” dos
marumbinistas, acionava os voluntários disponíveis, que formavam um grupo de auxí-
lio aos necessitados, ocasionando tempos de resposta muito longos.
Nos anos 70, os marumbinistas que integram o Corpo de Bombeiros, criam o Grupo de
Busca e Salvamento – GBS
20
, que assume a responsabilidade por buscas na Serra do
Mar, sempre auxiliados pelos locais. No final da década de 80 o GBS foi extinto por
motivos políticos e a Serra do Mar continuava sendo cada vez mais freqüentada.
Com a criação do Parque Estadual Marumbi em 1990, e a sua implantação em 1995,
a comunidade montanhista que já era bastante atuante, conseguiu colocar dentro do
Plano de Manejo desta Unidade de Conservação, que na categoria de Parque previa o
uso público, a estruturação de uma base para atendimento das questões de busca e
resgate, bem como a criação de uma equipe especializada.
Surge então o Projeto COSMO, sigla de Corpo de Socorro em Montanha. Um grupo
de montanhistas foi convidado pela gerência do parque a pensar e colocar no papel o
que seria, como, e de que forma atuaria, quais amparos legais, infra-estrutura e equi-
pamentos necessários para a efetivação de um corpo de socorro em montanha. Após
algumas reuniões, foi decidida a criação de um novo departamento interno do Clube
Paranaense de Montanhismo, fundado em 1978, associação que amparou a realiza-
19
Ronaldo Franzen Junior é Presidente da Federação Paranaense de Montanhismo e integrante da Coordenação
Técnica e um dos fundadores do COSMO (Corpo de Socorro em Montanha), que atua no Parque Estadual Marumbi., É
ainda docente em cursos técnicos e de pós-graduação. Possui larga e destacada experiência nacional e internacional
em expedições.
20
A sigla GBS foi adotada pelo COSMO para se referir ao grupo voluntário de busca e salvamento, que, ao longo
desse manual, é siglado como GVBS.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
153
Estudos de caso
ção de um Termo de Convênio com o Instituto Ambiental do Paraná, para a formação
e implantação do COSMO na sede do Parque Estadual Marumbi.
Quase que imediatamente foi necessário, por questões políticas, implementar o pro-
jeto que previa: formação de pessoal treinado, atuação direta em eventos, plantões
em fins de semana e feriados, além de conseguir viabilizar todos os equipamentos
necessários, que ficou a cargo do Parque Marumbi.
Por meio de um leque de ligações pessoais foi recolhido o máximo de literatura dispo-
nível para que se pudesse ter a fundamentação teórica necessária para a criação de
um curso de resgate. A partir da escolha das referências teóricas passou-se a traduzi-
las, estudá-las e praticá-las.
Devido ao volume e à complexidade do trabalho foi estabelecida uma comissão técni-
ca composta por 6 pessoas que dividiram a coordenação e o desenvolvimento das
tarefas. Com o avanço dos trabalhos e as reuniões intermináveis conseguiu-se definir
o horizonte e perceber o intenso trabalho que ainda haveria pela frente. Ligado a tudo
isso, Convênios com o Estado que é o mantenedor de toda a estrutura, e as relações
com o Batalhão da Polícia Florestal, Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil, responsá-
veis legais pelas questões de Segurança Pública precisavam ser definidos.
O Regimento Interno, padrões de procedimento, tudo tinha de ser documentado e cursos
paralelos tinham de ser implementados, tais como suporte básico de vida e radioamadorismo,
que de ilustre desconhecido passou a ser a ferramenta mais poderosa.
Com o desenvolvimento do curso percebeu-se que as questões de busca e resgate se
resolvem de forma científica, por meio de técnicas administrativas e organizacionais.
Planejamento, estratégias, táticas e probabilidades passaram a ser a base das dis-
cussões nas questões de Busca e Resgate que agora era conhecido pela sigla de
BER. Descobrimos que tão importante quanto a técnica em si era encontrar a vítima
para que ela pudesse ser resgatada.
Nesse ínterim surge uma situação de BER agravada pela falta de métodos confiáveis
que ainda existia no cadastro do Parque Marumbi. Dois rapazes haviam se perdido
pelas montanhas sem equipamento e com pouca roupa e comida, chovia e fazia
muito frio. O tempo de ação era fator determinante para encontrá-los ainda vivos devi-
do ao risco de hipotermia.
Foram seguidos todos os procedimentos que haviam sido desenvolvidos até então e o
resgate foi concluído com sucesso, dois dias após o primeiro aviso.
Conseguiu-se provar que o planejamento estava certo e uma nova relação (muito me-
lhor) foi formada com a Polícia Florestal e os Bombeiros.
O grupo descobriu quão importante eram as discussões de avaliação e passou a
praticá-las em todas as atividades. Relatórios, fichas de avaliação de urgência, ques-
tionários de busca, tudo passou a ser reavaliado, por conseqüência os Padrões de
Procedimentos também.
Com o andamento do curso percebeu-se que as discussões passaram a ser menos
acaloradas e mais práticas, tanto na coordenação dos trabalhos como em simula-
ções práticas, demonstrando o amadurecimento do grupo.
Com a finalização dos Planejamentos, definidos os Padrões de Procedimentos (Pré-
Planos) o trabalho se tornou mais definido e pudemos atuar de forma mais prática e
segura. O curso todo abrangeu: Fundamentos de Busca e Resgate, agente de Socor-
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
154
Estudos de caso
ros Urgentes e Radioamador (para obtenção do COER, que é o Certificado de Opera-
ção de Estação de Rádio) e sistemas de resgate.
Depois de “quase” tudo definido, surge a oportunidade de treinamento com o Corpo
Nazionale de Soccorso Alpino e Espeleológico Italiano – CNSAS. Havia duas opções:
enviar a equipe de instrutores à Itália (lá teríamos um refúgio no Vale de Aosta à dispo-
sição, e a estrutura do CNSAS) ou trazer os técnicos italianos para o Marumbi. Devido
ao custo e ao interesse dos técnicos em conhecer o Marumbi, foi realizado em novem-
bro de 1997, um curso de Tecniche di Soccorso in Montagna, auspiciado pelo CNSAS.
No curso foi passada a dificuldade que eles têm em fazer resgates nos Alpes, cordi-
lheira de montanhas que divide cinco países, cada um com sua língua, suas tradi-
ções, seus nós; e a necessidade de uma padronização de procedimentos.
Foram apresentadas, além das características do funcionamento do CNSAS, as pa-
dronizações de procedimentos que estavam tentando implantar nos Alpes, em resga-
te de vítimas em ambientes de montanhas, atividades verticais e terrenos inclinados.
E foi salientada a importância da documentação destes procedimentos, deixando
como exemplo um “livro”, que é o manual de resgate em montanhas do CNSAS, que
aos poucos foi traduzido, “tropicalizado” e transformado em um módulo de nossa
apostila, somadas às questões de atendimento médico, técnicas de busca, e
radiocomunicação.
O importante a ser definido na formação de um grupo de resgate é que não adianta ter
pressa, mas é preciso estabelecer metas e cronogramas. O grupo tem de ser dinâmi-
co para se adaptar às diferentes situações. Atualmente o COSMO é uma associação
civil sem fins lucrativos, independente do CPM, associação que lhe deu origem, mas
seguem trabalhando em parceria. Ele é um grupo de resgate especializado em regi-
ões de montanhas tropicais, na Serra do Mar mais especificamente no Parque Esta-
dual Marumbi, e é reconhecido pela Defesa Civil Estadual, Corpo de Bombeiros e
Polícia Florestal como uma força voluntária auxiliar.
Visto que é necessário um profundo conhecimento da área em que se vai agir, é claro
que cada técnico necessita de uma formação inicial em ambiente de montanha que
inclua técnicas de conduta consciente, mínimo impacto, orientação e navegação,
escalada em rocha. Não esquecendo as atividades mais burocráticas que são extre-
mamente necessárias, tanto na manutenção da equipe quanto no socorro às vítimas,
tais como escriba, secretaria, e comunicações.
A formação, implantação e forma de atuação de Grupos de Resgate podem ser muito
diferentes entre si. O importante é ter disposição para investigar todo o ciclo de busca
e resgate de forma a alcançar, tratar e evacuar pessoas em necessidade de forma
mais rápida e segura.
Atualmente o COSMO segue ministrando cursos para selecionar novos voluntários,
estes com preço de custo; e cursos para não voluntários, pessoas de fora que não
conhecem a área, que são Guias de Montanhas, profissionais do turismo de aventura,
donos de agência, praticantes de corridas de aventura, e bombeiros e policiais milita-
res de outros estados.
Com os Bombeiros e Polícia Militar do Paraná, o COSMO mantém uma boa relação
atuando em parceria em casos reais e oferecendo vagas em nossos treinamentos.
As maiores dificuldades enfrentadas têm sido a manutenção do serviço voluntário e a
reciclagem da equipe técnica, coordenadores e corpo de instrutores. Além, é claro, a
de captar recursos para compra de equipamentos.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
155
Estudos de caso
Um último lembrete: o trabalho nem sempre é fácil, mas é gratificante saber que o
grupo pode fazer a diferença e que realmente pode, como tem feito constantemente,
ajudar os visitantes e freqüentadores nas montanhas.
Anexo ao estudo de caso COSMO: Estatuto do COSMO
ESTATUTO DO COSMO – CORPO DE SOCORRO EM MONTANHA
CAPÍTULO 1 – DA CONSTITUIÇÃO E DAS FINALIDADES
Artigo 1 - O COSMO – Corpo de Socorro em Montanha – criado por seus funda-
dores, é uma entidade civil com personalidade jurídica de direito privado, consti-
tuída sob a forma de uma organização não governamental sem fins lucrativos e/
ou intuitos políticos, duração por prazo indeterminado, com foro na cidade de
Curitiba e sede à rua Brasílio Itiberê 3743, apto. 402, sendo regida por este
Estatuto e pela legislação pertinente.
Artigo 2 - O COSMO tem por finalidade:
orientar, colaborar, auxiliar e coordenar os trabalhos de prevenção de acidentes,
resgate, busca de perdidos, transporte, remoção de acidentados e sinistrados,
salvar vidas da maneira mais eficaz e segura possível em áreas selvagens, es-
pecialmente com características de montanha;
formar permanente um corpo técnico equipado adequadamente (Equipe Técni-
ca), proporcionando treinamento aos Estagiários Voluntários, definidos no Regi-
mento Interno, com o objetivo da formação de um efetivo competente para a
atuação em áreas com características físicas de montanha, de difícil acesso e
especialmente na área do Parque Estadual Marumbi;
celebrar acordos, convênios, termos de cooperação e assistência técnica com
associações, clubes, entidades privadas ou públicas dos governos Federal, Esta-
dual e Municipal, através de suas Secretarias, Institutos ou Departamentos;
apoiar, participar e promover ações e atividades ecológicas, esportivas e de edu-
cação ambiental; realizar trabalhos de instalação de equipamentos de seguran-
ça em áreas de uso intensivo por visitantes e escaladores; realizar trabalhos de
manutenção das trilhas, e contenção de processos de erosão nos ambientes de
montanha.
CAPÍTULO 2 – DA ORGANIZAÇÃO
Artigo 3 - O COSMO será administrado por uma Coordenadoria formada por
elementos aprovados no Curso Básico de Socorro em Montanha, com tempo de
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
156
Estudos de caso
mandato de 2 anos, com poderes de planejamento técnico e administrativo da
instituição. Cabe à Coordenadoria:
administrar a entidade;
elaborar o planejamento e orçamento anuais e controlar os gastos;
elaborar normas técnicas;
celebrar de convênios;
aplicar verbas próprias ou de convênios;
estabelecer critérios de seleção dos candidatos a Estagiários Voluntários e à
Equipe Técnica;
analisar currículos e desempenho de seus elementos para fins de aprovação
em cursos ou permanência na entidade;
julgar aspectos de ordem disciplinar, comportamental e técnica assim como
aplicar as respectivas sanções cabíveis;
normatizar e julgar todas as situações não previstas no Estatuto, no Regimento
Interno ou nos Pré Planos.
Artigo 4 - A Coordenadoria é constituída por:
Coordenador Geral - a ele compete representar e responder pelo COSMO, legal-
mente, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele e perante todos os órgão
públicos; coordenar, administrar e fiscalizar todas as atividades inerentes aos
objetivos previstos no capítulo 1; zelar fielmente pelo cumprimento deste estatu-
to; movimentar contas bancárias sempre em conjunto com mais um elemento
(Tesoureiro ou Secretário), aplicar verbas de caixa disponíveis; assinar cheques
e ordens de pagamento; autorizar despesas administrativas; adquirir o que for
necessário para cumprir os objetivos previstos no Estatuto; ordenar obras e
contratar mão de obra; dar recibos e quitações; assinar convênios previstos no
Artigo 2; proceder a liquidação em caso de dissolução do COSMO.
Coordenadores - a eles compete auxiliar o Coordenador Geral na condução dos
trabalhos do COSMO e na ausência deste, colegiadamente cumprir com todas
as obrigações estatutárias cabíveis.
Secretário - a ele compete elaborar as atas de reuniões da Coordenadoria do
Cosmo, executar os serviços de correspondências internas e externas, fixar
editais, dar conhecimento aos elementos da entidade a respeito dos normativos
e medidas adotadas pela Coordenadoria, assim como secretariar reuniões e
assembléias.
Tesoureiro - a ele compete movimentar as contas correntes junto aos bancos,
sempre em conjunto com o Coordenador Geral e na falta deste com o Secretá-
rio, elaborar balancetes, demonstrativos financeiros e prestar contas ao final de
cada exercício para o Conselho Fiscal.
Artigo 5 - A primeira eleição para a Coordenadoria dar-se á em janeiro de 2000 e
subsequentemente de dois em dois anos. A chapa obrigatoriamente deverá ser
composta por elementos do COSMO que tenham se formado no Curso Básico
de Socorro em Montanha em conformidade com o Regimento Interno desta ins-
tituição, devendo ser constituída de 1 Coordenador Geral, 1 Secretário e 1 Te-
soureiro.
Artigo 6 - É lícita a recondução da Coordenadoria do COSMO para administrar
por um novo período de dois anos e assim sucessivamente, desde que não haja
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
157
Estudos de caso
renúncia da Coordenadoria como um todo, ou que não haja apresentação de
chapa para as eleições previstas a cada dois anos.
Artigo 7 - A Coordenadoria será fiscalizada por um Conselho Fiscal formado por
3 elementos pertencentes ao COSMO. O Conselho Fiscal terá a incumbência
de zelar pela gestão econômico-financeira do COSMO, bem como analisar os
balancetes contábeis elaborados pelo Tesoureiro e Secretário, pronunciando-se
sobre eles.
Artigo 8 - O Conselho Fiscal será eleito pelos membros da Equipe Técnica. O
primeiro Conselho Fiscal deverá ser eleito até trinta dias após a constituição da
entidade. Posteriormente, será escolhido na mesma data da eleição da
Coordenadoria.
Artigo 9 - Os membros integrantes do COSMO poderão a qualquer tempo convo-
car assembléia geral extraordinária, com um número mínimo de sessenta por
cento do total de membros, para deliberar sobre a conveniência e oportunidade
da manutenção da Coordenadoria em exercício.
CAPÍTULO 3 – DOS MEMBROS DA EQUIPE
Artigo 10 - Fazem parte da Equipe do COSMO:
membros da Equipe Técnica;
pessoas de notório saber em áreas de interesse, como prevê o Regimento Inter-
no da Instituição.
CAPÍTULO 4 – DO PATRIMÔNIO E RECURSOS FINANCEIROS
Artigo 11 - O patrimônio do COSMO será constituído de bens móveis, imóveis,
direitos e valores, pelo mesmo adquiridos ou recebidos sob a forma de doações,
legados, subvenções, auxílios, convênios, etc., devendo ser administrado e uti-
lizado apenas para cumprimento das finalidades sociais.
Artigo 12 - No caso de dissolução da entidade, o destino do seu patrimônio será
decidido em assembléia geral do COSMO.
CAPÍTULO 5 - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 13 - Por se tratar de uma associação civil, sem fins lucrativos, todas as
funções desempenhadas pela Coordenadoria e pelo Conselho Fiscal serão
exercidas gratuitamente, sendo vedado qualquer tipo de remuneração.
Artigo 14 - Fazem parte das disposições administrativas do COSMO os seguin-
tes instrumentos:
os Pré Planos, que compõem toda a sistemática de procedimentos técnicos e
administrativos das ações de Busca e Resgate, que são alterados sistematica-
mente para uma atualização com os fatos da realidade;
o Regimento Interno, que prevê a estruturação das funções técnicas e adminis-
trativas; os pré requisitos e datas para integrar a equipe técnica; a carga horária
dos cursos, a freqüência mínima nas atividades; os estágios voluntários; adver-
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
158
Estudos de caso
tências e exclusões de elementos; define toda a nomenclatura utilizada em
todos os documentos do COSMO e trata de todos as disposições gerais não
previstas neste Estatuto.
_________________________
Ernesto Goldfarb Figueira
Coordenador Geral do COSMO
Anexo ao estudo de caso COSMO:
Regimento interno do COSMO
REGIMENTO INTERNO
INTRODUÇÃO: Este Regimento Interno tem como finalidade normatizar e regulamen-
tar as atividades desenvolvidas pelo COSMO – Corpo de Socorro em Montanha, nos
aspectos administrativos, disciplinares e técnicos, assim como, a atuação de seus
elementos e dirigentes.
1. COORDENAÇÃO TÉCNICA
1.1 Funções:
Cabe à Coordenação Técnica do COSMO a administração da entidade; a elaboração
de normas técnicas; a programação anual; o orçamento de gastos e aplicação de
verbas próprias ou de convênios; criar, estabelecer e julgar os critérios de seleção
para candidatos ao Curso de Resgate em Montanha (também conhecido como Curso
Básico de Socorro em Montanha),o mesmo para a seleção de candidatos à Estagiá-
rio como Voluntário e de candidatos à Equipe Técnica; a análise de currículos, análise
do desempenho de seus elementos, alunos, estagiários voluntários e elementos da
Equipe Técnica para fins de aprovação em cursos ou de permanência na Equipe
Técnica, como aluno ou, ainda, como estagiário voluntário. Julgar aspectos de ordem
disciplinar, ética, comportamental e técnica, assim como aplicar as devidas sanções,
as quais variam de advertência até exclusão de cursos, estágios, equipes ou coorde-
nações. Normatizar e julgar todas as situações não previstas no Estatuto, nos Pré
Planos e neste Regimento Interno. Criar e/ou suprimir ao seu livre arbítrio equipes ou
grupos destinados a trabalhos ou funções específicas, com objetivo de atender às
necessidades e objetivos da instituição.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
159
Estudos de caso
1.2 Composição:
A Coordenação Técnica é formada pelos seguintes cargos, podendo a qualquer mo-
mento serem alteradas as funções e/ou número de participantes, assim como, man-
ter vagas as funções que julgar desnecessárias para o momento: 01 Coordenador
Geral, 03 Coordenadores, 01 Secretário e 01 Tesoureiro.
1.3 Composição obrigatória:
Em conformidade com os Estatutos do COSMO, a Coordenação Técnica deverá ser
constituída, obrigatoriamente por no mínimo, de um Coordenador Geral, três Coorde-
nadores, um Secretário e um Tesoureiro.
1.4 Atribuição dos Cargos:
Estão devidamente normatizados nos estatutos da entidade.
1.5 Constituição:
A Coordenação Técnica do COSMO será composta por elementos pertencentes à
Equipe Técnica e pessoas de notório saber em áreas de interesse da instituição.
2. ALUNO
2.1 Definição:
É a pessoa devidamente inscrita para o Curso de Resgate em Montanha, através da
análise de currículo ou do preenchimento das condições estabelecidas na circular de
abertura do curso.
3. CURSO DE RESGATE EM MONTANHA
3.1 Definição:
É o curso que tem por finalidade dar capacitação técnica em socorro de montanha.
Também conhecido como Curso Básico de Socorro em Montanha (ambos não habili-
tam o participante ou formado a lecionar sobre o assunto).
3.2 Tempo de Duração:
É definido na circular de abertura do curso
3.3 Programa do Curso:
Módulo de Emergências Médicas, Módulo Busca e Resgate, Módulo Ferramentas,
Módulo Sistemas de Resgate, todos com seus sub módulos descritos na circular de
abertura do curso.
3.4 Estágio como Voluntário:
É parte integrante e obrigatória do Curso de Resgate em Montanha, sem o qual o
aluno não poderá nem ser avaliado para receber o Certificado de Conclusão. O Está-
gio consiste em um número de plantões obrigatórios que deverão ser cumpridos no
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
160
Estudos de caso
Parque Marumbi. O número de plantões de cada curso será especificado na circular
de abertura do Curso.
3.5 Freqüência:
Será estabelecida no edital de abertura do Curso, cabendo ainda à Coordenação
Técnica avaliar e relevar as faltas de cada participante.
3.6 Avaliação dos Alunos:
Os alunos serão avaliados periodicamente e poderão ser excluídos a qualquer tempo,
mesmo durante o andamento do curso, toda vez que a Coordenação Técnica, ampa-
rada por este Regimento Interno, assim julgar necessário, cabendo ao aluno o direito
de ampla defesa no campo administrativo da instituição.
3.7 Formatura dos Alunos:
Os alunos devidamente aprovados, ao final do Curso, receberão o Certificado de Con-
clusão do Curso de Resgate em Montanha (o qual não habilita o formado a lecionar
sobre o assunto: Resgate em Montanha). Os alunos que tendo concluído o Curso e
não tenham logrado o resultado de aprovação nas avaliações, receberão uma declara-
ção de participação ( a qual não habilita o participante a lecionar sobre o assunto:
Resgate em Montanha). Ambos em data estipulada na circular de abertura do Curso.
4. EQUIPE TÉCNICA
4.1 Definição:
É a equipe composta por formados no Curso de Resgate em Montanha, selecionados
pela Coordenação Técnica, a qual cabe dimensionar as necessidades de pessoal
para cada exercício. Dentro desta, a Coordenação Técnica pode criar grupos de traba-
lho para atuar nas áreas administrativas, técnicas e/ou outras que julgar necessárias
para o bom andamento das atividades da instituição.
4.2 Funções:
É responsável pelo desenvolvimento técnico da entidade, aplicação de atividades prá-
ticas e teóricas, elaboração de aulas, implementação, desenvolvimento das técnicas
de Busca e Resgate e responsável pelos plantões no Parque Estadual Marumbi.
4.3 Convidados:
A Coordenação Técnica do COSMO poderá ainda, convidar para integrar a Equipe
Técnica, pessoas de notório saber em áreas de interesse da instituição, sem que
para tanto se exija a formação no Curso de Resgate em Montanha.
4.4 Desligamentos:
Todos os elementos da Equipe Técnica não têm caráter permanente e serão avaliados
permanentemente pela Coordenação Técnica. Cabe a esta, em função das conveni-
ências da instituição, a qualquer tempo sem aviso prévio desligar qualquer voluntário
da equipe. Cabe, todavia, ao desligado o recurso administrativo de recorrer da deci-
são, pleiteando o seu retorno à equipe através de solicitação por escrito.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
161
Estudos de caso
5. PLANTÕES
5.1 Definição:
É a atividade desenvolvida durante os finais de semana e feriados, no Parque Esta-
dual Marumbi, e tem por finalidade manter um efetivo mínimo de pessoal em estado
de prontidão, para atendimento de pessoas perdidas, acidentadas e sinistradas.
Anualmente a Coordenação Técnica elaborará a escala de plantões para cada exer-
cício seguinte.
5.2 Faltas ao plantão:
É entendida como uma falta gravíssima e está sujeita às penalidades arbitradas pela
Coordenação Técnica, que pode variar desde a imposição de plantões adicionais até
a exclusão do faltoso.
5.3 Permuta de plantões:
Fica justo e acordado que nas permutas entre plantonistas a responsabilidade pela
falta no plantão, recairá sempre sobre o plantonista escalado, sem o prejuízo das
obrigações que devam ser desempenhadas pelo plantonista substituto que compare-
cer para o plantão.
Não cabe à Coordenação Técnica do COSMO intermediar permutas, faltas ou suprir
falhas de plantonistas
5.4 Responsabilidades:
Limpeza e conservação da casa do COSMO no Parque Estadual Marumbi; conferên-
cia total dos equipamentos, móveis e utensílios da casa; estar a disposição da Gerên-
cia do Parque; estar sintonizado na freqüência de rádio utilizada pelo COSMO; regis-
trar no livro todas as ocorrências relevantes do plantão; informar imediatamente à
Coordenação Técnica qualquer irregularidade; atentar às rotinas da casa que estão
em edital na Casa do Resgate. No caso de um plantonista registrar a falta de qualquer
equipamento da Casa do Resgate, fica entendido que recai a responsabilidade sobre
o voluntário responsável pelo plantão imediatamente anterior aquele. Registrar as su-
bidas ao Conjunto Marumbi no formulário Subidas do Mês e o último plantonista de
cada mês deverá entregar ao Gerente do Parque o formulário Subidas do mês e cópia
para a Coordenação Técnica do COSMO.
6. EQUIPAMENTOS
6.1 Definição:
São todos os aparelhos, utensílios, materiais de escalada, livros, apostilas, móveis e
materiais de consumo que estejam armazenados na Casa do COSMO.
6.2 Utilização:
Todos os equipamentos só poderão ser utilizados em atividades oficiais do COSMO,
ficando terminantemente proibido a retirada de qualquer objeto a título de empréstimo,
ou de reposição posterior, exceto livros, apostilas e manuais.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
162
Estudos de caso
6.3 Empréstimo de livros, apostilas e manuais:
Para uso exclusivo de elementos do COSMO, poderão ser retirados da biblioteca,
com o devido registro no livro da Casa do Resgate e reposição obrigatória em 30 dias
a contar da sua retirada. A não devolução dentro do prazo implicará em sanções
impostas pela Coordenação Técnica.
7. CASA DO RESGATE
7.1 Definição:
É a casa localizada no pátio da Estação de trens do Marumbi, cedido ao Parque
Estadual Marumbi, unidade do IAP – Instituto Ambiental do Paraná, que por sua vez
cedeu ao COSMO – Corpo de Socorro em Montanha.
7.2 Utilização da Casa:
A Casa do Resgate presta-se às funções de: abrigar os equipamentos técnicos para
resgate em montanha, móveis, utensílios de cozinha, materiais do ambulatório e de
acomodar alunos em curso, estagiários e/ou plantonistas, sendo vedada a qualquer
título a utilização por terceiros, salvo nos casos de busca ou resgate, nos quais
sejam inevitáveis a acomodação de militares do Corpo de Bombeiros, parentes ou
companheiros da vítima e voluntários que não pertençam ao quadro do COSMO.
ERNESTO GOLDFARB FIGUEIRA
Coordenador Geral
Curitiba, 09 de janeiro de 2003
Registro nº 16.310 em 09.01.2003
1º Ofício de Títulos e Documentos
Anexo ao estudo de caso COSMO: Pré-planos do COSMO
PRÉ-PLANOS
1. OBJETIVOS:
1.1. O COSMO tem como objetivos: orientar, colaborar, auxiliar e coordenar os traba-
lhos de prevenção de acidentes, resgates e busca de perdidos; bem como o transpor-
te, evacuação, deslocamento ou remoção de acidentados, procurando salvar vidas de
maneira mais eficaz e segura possível, em ambiente de montanha.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
163
Estudos de caso
1.2. Formação permanente de um corpo técnico equipado adequadamente, proporci-
onando treinamento aos Estagiários Voluntários, com objetivando a formação de um
efetivo competente para atuação em áreas com características físicas de montanha,
de difícil acesso e especialmente na área do Parque Estadual Pico do Marumbi.
2. PRIORIDADE DA ALOCAÇÃO DE RECURSOS:
2.1. Todos os recursos existentes na área de atuação, sejam eles materiais ou huma-
nos, em situações de emergência, serão direcionadas para o pronto atendimento da
situação configurada, gerenciados pelo COSMO, dentro das estratégias detalhadas
neste Pré-Plano.
2.2. Todos os órgãos envolvidos nos procedimentos de busca e resgate (BER), con-
cordam que esta atividade implica em risco de vida e tem prioridade sobre qualquer
outra atividade que esteja sendo desenvolvida no início, durante e até o término da
ocorrência, tendo em conta que os procedimentos de BER são vitais.
2.3 Os recursos são:
Comunicação - Prioridade no uso de telefones, rádios e suas freqüências.
Transporte - Prioridade no uso de veículos rodoviários de todos os órgãos envol-
vidos; aeronaves do Governo do Estado; trens de passageiros, trens de carga,
locomotivas, automotriz e demais composições ferroviárias.
Humanos - Prioridade em ter à disposição da equipe de BER todos as pessoas
da Comunidade, Associação dos Moradores do Marumbi, funcionários do IAP,
visitantes, colaboradores, voluntários, militares, funcionários de órgãos envolvi-
dos, governamentais ou não.
2.4 Todos os participantes da operação que não tenham tido o devido treinamento em
BER, seja através do COSMO ou de outro órgão habilitado, não poderão exercer
funções de comando, sendo deles, bem recebidas as sugestões sobre procedimen-
tos, quando solicitadas pelo Coordenador da operação. As interferências não solicita-
das, de pessoas não habilitadas durante os processos de BER, deverão ser devida-
mente disciplinadas pelo Coordenador da operação.
3. DIRETRIZES ESPECÍFICAS COM ÓRGÃOS ENVOLVIDOS
3.1. A perfeita sintonia e atribuições de tarefas entre o COSMO e todos os órgãos
envolvidos são fundamentais para as atividades de BER, cabendo a cada um deles as
tarefas pertinentes ao seu nível de atuação dentro do processo. Todo relacionamento
entre os órgãos envolvidos terá como objetivo zelar pela transparência e salva guarda
dos fatos ocorridos, atribuindo a cada um as atividades de sua real competência.
3.2. O responsável legal para salvamentos na área de atuação do COSMO é o Co-
mando do 2ºSGBI-PGUÁ. Tão logo seja comprovada a situação de emergência, o
Coordenador deverá comunicar o fato imediatamente àquele comando, reportando as
ações estratégicas até então realizadas ou em andamento, bem como todas as de-
mais informações necessárias para o planejamento estratégico da operação.
3.3. O Comando da operação de BER será sempre tarefa atribuída aos responsáveis
legais pela área de ocorrência, cabendo ao COSMO o auxílio e colaboração a este
Comando.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
164
Estudos de caso
3.4. O Coordenador será o elemento responsável e indispensável na ligação entre o
COSMO e os demais órgãos envolvidos, devendo ainda, quando possível, fazer os
registros devidos no livro de plantões do COSMO, o resumo do acontecido para divul-
gação na área do Parque Marumbi e nos meios de comunicação, as notificações à
Administração do Parque e IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Polícia Militar do
Estado do Paraná (Corpo de Bombeiros, principalmente o 2º SGBI-PGUÁ e BPFLO),
e todos os outros órgãos envolvidos.
4. PREPARAÇÃO
4.1. O COSMO promoverá um “Curso Básico de Resgate em Montanha”, anualmente
ou conforme outra disposição da Coordenação Técnica, composto de aulas teóricas,
estágios práticos, palestras, treinamentos e atividades técnicas no Parque Marumbi e
em Curitiba, incluindo treinamento de “Suporte Básico de Vida”, para o atendimento pré-
hospitalar de acidentados. Uma vez concluído o curso com aproveitamento e passado
por uma avaliação da Coordenação Técnica a respeito do seu desempenho, o aluno
poderá ser convidado a integrar a equipe, passando à condição de Socorrista Voluntário
em Montanha. Os pré-requisitos necessários para candidatar-se às vagas oferecidas
no curso serão divulgados em tempo oportuno e estarão definidos em instrumento pró-
prio normativo (Regulamento do Curso Básico de Resgate em Montanha).
4.2. Estará definido no Regimento Interno (RI) do COSMO os requisitos necessários
para os Socorristas Voluntários de Montanha integrarem a equipe. O número de inte-
grantes da equipe será definido anualmente pela Comissão Técnica, observando as
necessidades da equipe e da área de atuação. Todos os membros da equipe estão
cientes que o trabalho no COSMO é exclusivamente de caráter voluntário.
4.3.Treinamentos e simulados de resgate ocorrerão diversas vezes por ano, com o
intuito de manter os membros da equipe treinados, preparados e em forma para atuar
nas situações de emergência. Estes treinamentos visam, principalmente, estabele-
cer os padrões de procedimentos nas diversas manobras existentes nas operações
de BER, os quais devem ser bem conhecidos por todos os membros da equipe.
4.3.Os integrantes da equipe farão plantões no Parque Estadual Pico do Marumbi,
que ocorrerão sempre aos sábados, domingos e feriados. As tarefas relativas ao plan-
tão estarão definidas no RI.
4.5. Recursos Materiais: Todos os equipamentos do COSMO deverão única e exclu-
sivamente serem empregados em atividades de reais e de treinamento em busca e
resgate não sendo permitido o seu emprego em atividades particulares, por qualquer
um de seus membros, ou cedidos a terceiros sob qualquer pretexto. A guarda e con-
servação de materiais e equipamentos é responsabilidade, quando na sede, dos plan-
tonistas em serviço, e quando em atividade de busca e resgate, do Coordenador da
operação, que poderá delegar tal função a um elemento da equipe.
5. ORGANIZAÇÃO DE TAREFAS
5.1. Coordenador: É o elemento responsável pelo gerenciamento da operação de bus-
ca e resgate, distribuindo tarefas, adequando o material a ser utilizado, ordenando a
saída de grupos, orientando o operador do rádio, mobilizando recursos, comunicando
órgãos envolvidos e suspendendo a operação.
5.2. Entrevistador: É o elemento mais treinado, preferencialmente preparado, para
conduzir a entrevista na ocasião do primeiro aviso e dos desdobramentos durante a
operação de busca e resgate.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
165
Estudos de caso
5.3. Operador de rádio: É o elemento que durante toda a operação terá como respon-
sabilidade fazer os contatos ligando a coordenação da operação com a base do res-
gate e as equipes de busca.
5.4. Socorristas: São todos os elementos que participarem da operação de busca e
resgate, estando subordinados ao Coordenador, tendo como função a busca, localiza-
ção, estabilização e evacuação da vítima, recebendo tarefas específicas e individuais
conforme as necessidades da operação.
6. PRIMEIRO AVISO
Na ocorrência do primeiro aviso, deverão ser tomadas imediatamente as seguintes
providências obrigatórias:
- Mobilizar todos os elementos do COSMO disponíveis na área;
- Nomear um entrevistador (preenchimento dos formulários);
- Levantar a resposta apropriada segundo a valorização de urgência;
- Avisar a administração do Parque, Polícia Militar e demais órgãos;
- Nomear um Coordenador;
- Separar o material e equipamento necessários;
- Atribuir funções.
7. RESPONSABILIDADE INICIAL
7.1. A responsabilidade inicial no momento da notificação é de um dos plantonistas
que estiverem em serviço, mesmo que a notícia chegue à casa do resgate através de
um elemento do COSMO.
7.2. A responsabilidade pela condução dos trabalhos será transferida ao Coordenador
da operação, que será escolhido entre os elementos do COSMO presentes na área e
disponível para a atuação no cargo.
7.3. Em caso de mudança do Coordenador, o processo de escolha será feito nova-
mente pelo grupo envolvido e nunca por delegação direta.
8. INVESTIGAÇÃO
8.1. O processo de investigação, feito pelo entrevistador e supervisionado pelo Coor-
denador, será sempre que possível realizado continuamente, desde o primeiro aviso
até o término ou suspensão da operação de busca e resgate.
8.2. Nos casos necessários, quando as informações não contemplarem de forma
adequada as expectativas para uma atuação definida, o Coordenador poderá designar
grupos de investigação para atuarem nas prováveis áreas de ocorrência ou até mesmo
nas cidades envolvidas.
9. PRIORIDADES E DECISÕES
9.1. Para tomada de decisões a equipe necessita de:
- Determinar a resposta apropriada na valorização dos fatores de urgência.
- Determinar a quantidade e qualificação da equipe de busca e resgate, disponí-
veis e necessárias.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
166
Estudos de caso
9.2. A prioridade absoluta será sempre nos casos de urgência óbvia, ou seja, quando
ocorrerem acidentes com risco de vida e que exijam uma atuação imediata.
9.3. No caso de ocorrerem dois eventos simultaneamente, cabe ao Coordenador,
dentro dos critérios técnicos estabelecidos pelo COSMO, determinar qual é prioritário
e quais as estratégias a serem tomadas em cada situação.
9.4. No caso de dois eventos simultâneos o Coordenador do primeiro evento poderá
ser também do segundo evento. Caso haja necessidade, os elementos envolvidos
poderão nomear um segundo Coordenador para atuar no segundo evento.
10. ESTRATÉGIA
10.1. Durante o atendimento de uma ocorrência, estarão envolvidos todos os elemen-
tos do COSMO que encontrarem-se na área e todos aqueles que puderem se deslo-
car para ajudar no atendimento.
10.2. As estratégias deverão obedecer aos critérios técnicos estabelecidos pelo COS-
MO, ficando à critério do Coordenador, ouvindo toda a equipe envolvida, traçar os
planos de busca e resgate.
10.3. Durante todas as operações, sempre que possível e necessário, serão feitas
revisões a respeito das estratégias traçadas, sendo que, pelo menos uma no início,
uma durante e outra no final de cada processo de busca e resgate.
11. PREFERÊNCIA POR RECURSOS
11.1. A utilização e acionamento de recursos externos em emergências, tais como
aeronaves, grupos de paramédicos e outros especialistas em resgate deverão ser
realizados através do Comando da operação de BER, ou seja, no caso específico do
Marumbi, pelo Comando do 2ºSGBI-PGUÁ, todas as vezes em que se configurar uma
situação realmente necessária e cuja capacidade de ação do COSMO não seja sufi-
ciente ou adequada para o atendimento daquela ocorrência.
11.2. Em caso de acidentes com vítimas fatais a atuação do COSMO se restringe a
acessar o local, delimitar a área, mantê-la intacta, comunicar-se com a autoridade
competente que autorize a remoção, facilitar e ajudar peritos ou legistas no desloca-
mento deles até o local do ocorrido e remover a vítima, depois de devidamente autori-
zada pela autoridade competente.
12. CONVOCAÇÃO
12.1. Parque Marumbi: Sempre que houver a necessidade de serem convocados os
elementos do COSMO, na área do Parque Marumbi, esta será feita diretamente,
através do rádio ou de sinal sonoro emitido na casa do resgate.
12.2. Em Curitiba: Será feita através de telefone, pessoalmente ou de rádio, para
atuação no Parque Marumbi ou outras áreas de atuação descritas neste Pré-Plano.
12.3. Na convocação para qualquer trabalho de busca ou resgate deverá prioritariamente
ser informada à Comissão Técnica. Não havendo possibilidade de contatos com mem-
bros da comissão, caberá esta responsabilidade a qualquer membro do COSMO que
tomará todas as providências necessárias em conformidade com estes Pré-Plano.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
167
Estudos de caso
12.4. A concentração para tomadas de decisões a respeito de BER será:
- No Parque Marumbi - a casa de resgate do COSMO
- Em Curitiba – o local definido pelo Coordenador ou Comissão Técnica
13.TÁTICAS
13.1. As táticas traçadas pelo Coordenador e o seu grupo deverão levantar todas as
necessidades para levar a cabo a estratégia, ou seja, os equipamentos certos, as
pessoas certas, os caminhos certos, as montanhas certas e os mecanismos certos
na hora certa.
14. PISTAS
14.1. Todos os elementos do COSMO devem ter em mente que qualquer vestígio
(objetos, sinais, marcas, etc.) são de fundamental importância no processo de busca
e resgate. Por mais desvinculado que pareça, o achado de qualquer vestígio, deverá
ser informado imediatamente, preferencialmente via rádio, ou da maneira mais rápida
possível, ao Coordenador da operação.
14.2. Criteriosa anotação deverá ser consignada sobre o aparecimento de qualquer
pista, contendo informações como a hora da descoberta, o local, em que situação
estava e, se possível, o recolhimento para posterior análise.
15. CAMPO BASE
15.1. Cabe ao Coordenador da operação, nomear um elemento da equipe para cuidar
da logística de suporte e das fases de planejamento para pequenas e grandes mis-
sões, entre estas:
- Transporte;
- Alimentação e água;
- Revezamento das equipes;
- Localização dos campos;
- Estrutura dos campos(dormitório, cozinha, latrina);
- Alocação de recursos.
15.2 No Parque Marumbi, o campo base será sempre a casa do resgate, exceto
quando se tratar de busca em locais muito longe deste.
15.3. A criação do campo base só se justifica em casos de busca nos quais exista a
certeza do desaparecimento, em áreas longe da casa do resgate e em tempo a ser
definido pelo Coordenador. Para tanto reunir-se-ão o Coordenador mais os elementos
envolvidos na atividade de busca e resgate para a implantação do campo base avançado.
16. COMUNICAÇÕES
16.1. As comunicações internas no Parque Marumbi ou em outras áreas nas quais
estiverem ocorrendo uma operação de busca e resgate, deverão ser feitas entre a
Casa do Resgate e as equipes de forma pessoal ou através de rádio. Para tanto, o
Coordenador poderá desempenhar esta função ou nomear um elemento para ela.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
168
Estudos de caso
16.2. As comunicações externas (jornais, rádio e televisão) deverão ser feitas por um
Relações Públicas, nomeado pelo Coordenador.
17. CONSIDERAÇÕES MÉDICAS
17.1. Não cabe aos elementos do COSMO, individual ou coletivamente fazer qualquer
procedimento, ação ou consideração médica a respeito da vítima ou a qualquer ele-
mento da equipe, por não terem habilitação técnica na área da medicina.
17.2. Fica claro e entendido expressamente que aos elementos do Cosmo, cabe
única e exclusivamente, a manutenção do Suporte Básico de Vida.
18. RESGATE E EVACUAÇÃO
18.1. Enquanto o resgate estiver em operação os elementos participantes deverão
executar a última ordem dada pelo Coordenador até que esta sofra algum tipo de
alteração, ficando vedada aos participantes a opção de individualmente promoverem
qualquer modificação nos planos traçados, sem prévia articulação com o Coordena-
dor e a equipe.
18.2. Cabe ao Coordenador designar elementos do grupo para tarefas específicas
necessárias ao processo de busca e resgate.
18.3. Diferentes processos poderão ser empregados para a otimização do processo
de resgate e evacuação, ficando a critério do Coordenador e da equipe a escolha
destes processos.
18.4. Para a evacuação da vítima, deverá ser levado em conta, dentro dos procedi-
mentos de urgência, a Visão Global da Evacuação.
18.5. Quando os procedimentos de BER estiverem sendo realizados por diversos
grupos envolvidos, dentro das possibilidades da situação, cada equipe deverá contar
com pelo menos um elemento do COSMO.
19. FATALIDADES
19.1. Em conformidade com item 11.2. (Recursos obrigatórios), a atuação do COS-
MO limita-se a contatar e cooperar com a autoridade competente.
19.2. O local deve manter-se intacto, na medida do possível, sendo cercado e não
permitindo o acesso de curiosos. Importante também é manter todos os elementos
do contexto (equipamentos, objetos e etc.) nos seus locais originais atenuando ações
externas como o vento.
19.3. Cabe somente ao legista, perito ou autoridade policial liberar o transporte da
vítima fatal.
20. MISSÃO: SUBIR OU DESCER
20.1. A decisão de subir ou descer uma vítima será do Coordenador da equipe depois
de ter ouvido os elementos que estão diretamente envolvidos na busca e resgate.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
169
Estudos de caso
20.2. No caso de resgates por aeronaves disponíveis no momento da operação, de-
vem ser levados em consideração a habilidade do piloto, as condições atmosféricas e
a posição geográfica da ocorrência
21. DESMOBILIZAÇÃO
A desmobilização de qualquer operação será feita pelo Coordenador via rádio ou atra-
vés do meio mais rápido possível nos seguintes casos:
- Aparecimento da pessoa perdida ou retorno da pessoa acidentada;
- Entrega da vítima aos órgãos competentes;
- Comprovadamente alarme falso.
22. DOCUMENTAÇÃO E RELATÓRIOS
22.1. Deverão ser reunidos em uma pasta:
- Formulário da valorização dos fatores de urgência relativa;
- Entrevistas;
- Questionário de buscas;
- Fotos;
- Mapas;
- Roteiro de planejamento;
- Matérias de jornais;
- Relatórios;
- Críticas e sugestões.
22.2. Relatórios:
- Devem conter o maior número de informações possíveis;
- Consignar hora, lugar, pessoas, entrevistados, etc.;
- Condições climáticas e do terreno;
- Aparelhos e técnicas utilizados;
- Tempo gasto em cada etapa da operação;
- Adotar critério cronológico.
22.3. Todas as pastas relativas a buscas e resgates poderão ser consultadas, dentro
da Casa do Resgate, a qualquer tempo e por qualquer pessoa que as solicite.
23. PROCEDIMENTO DE CRÍTICA
Depois de cada evento deverão ser feitas duas reuniões para a crítica da operação
realizada:
- Comando da operação - Todos os envolvidos diretamente no processo deverão
colocar suas opiniões sobre todo o desenvolvimento da busca ou resgate, fazen-
do críticas, dando sugestões ou colocando fatos e falhas que não chegaram ao
conhecimento de todos. Esta avaliação deverá ser feita assim que haja a
desmobilização do processo.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
170
Estudos de caso
- COSMO - Todos os elementos do COSMO, participantes ou não da operação em
questão, deverão ouvir um sucinto relato do ocorrido e da mesma forma promo-
verão um debate e avaliação da atuação da equipe.
24. PREVENÇÃO
24.1. Cabe ao COSMO dentro das suas possibilidades e limitações,, criar programas
de treinamento em busca e resgate, para o preparo de seus elementos e de pessoal
de outros órgãos interessados em formar socorristas em montanha.
24.2. Criar mecanismos educacionais de orientação para os usuários não praticarem
o montanhismo sem um guia devidamente habilitado para a atividade.
24.3. Prestar assistência quanto à adequação do material utilizado pelo visitante em
relação a via de escalada pretendida.
24.4 Sinalizar as rotas de escaladas e fazer trabalhos de contenção do solo em
caminhos degradados.
Implementação
e trajetória do GVBS
da Chapada dos Veadeiros
Álvaro Barros
21
Em 1994 a WWF instalou na Chapada dos Veadeiros um projeto de incentivo ao
desenvolvimento do turismo sustentável da região. O projeto denominou-se PROJETO
VEADEIROS, e visava, entre outras ações, à capacitação e ao aperfeiçoamento téc-
nico dos guias da já existente Associação de Condutores de Visitantes da Chapada
dos Veadeiros – ACVCV. Foram promovidos inúmeros cursos com o intuito de capacitá-
los e treiná-los para melhorarem o atendimento ao turista, e dentro desse contexto os
coordenadores do projeto decidiram criar um Grupo de Busca e Salvamento para
aumentar a segurança do turismo na região, que já havia sido palco de alguns aciden-
tes graves e/ou fatais.
A criação do GVBS começou com a identificação dos membros da ACVCV interessa-
dos em participar e com o perfil necessário para integrar um grupo que desde o início
tinha o status de ser de “elite”. Foram selecionados pela coordenação do projeto, em
conjunto com a própria diretoria da ACVCV, dez voluntários, que se dispuseram a se
dedicar ao GVBS nesse seu processo de formação. Na seqüência viria a capacitação
técnica, e o grande desafio foi transformar guias locais em membros capacitados de
um grupo de busca e salvamento. Inicialmente o grupo teve a formação de base, já
que elas não conheciam adequadamente os equipamentos diversos para trabalho
vertical, macas e coisas do gênero. Também contribuíram para essa capacitação
profissionais de outras áreas de fundamental importância, como médicos para a área
de primeiros socorros, bombeiros para as áreas de organização e comunicação em
operações de busca e salvamento e mergulhadores para as questões de salvamento
aquático.
21
Álvaro Barros é presidente da Associação Brasileira de Canionismo. Participou ativamente na formação técnica do
GVBS da Chapada dos Veadeiros.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
171
Estudos de caso
Os treinamentos aconteceram durante cerca de um ano, e foi bastante proveitoso no
ponto de vista técnico. Depois de treinamentos básicos em orientação, comunicação
e trabalho vertical, foram feitas várias simulações em ambientes diversos, como cânions,
cachoeiras, morros e até mesmo em ambientes urbanos como a torre de treinamento
do Corpo de Bombeiros do DF. Tudo sempre transcorreu sem incidentes, com um
aproveitamento acima da expectativa para um grupo que havia saído do zero, provan-
do que é perfeitamente possível a criação de grupos competentes na área de busca e
salvamento, mesmo sem ter pessoas previamente qualificadas.
O GVBS de Veadeiros usava a estrutura da ACVCV para funcionar, pois era um grupo
formado por membros da associação e com a finalidade de prestar socorro principal-
mente aos turistas da região. Porém, a ACVCV não dispunha de recursos para sus-
tentar o grupo e muito menos para a aquisição dos equipamentos de primeiros socor-
ros, busca e salvamento. A solução foi conseguir recursos da própria WWF por meio
do Projeto Veadeiros, que já havia financiado todas as etapas de treinamento. O
recurso saiu, e o GVBS adquiriu ótimos equipamentos para poder operar com um
mínimo de satisfação e segurança. Enfim, tudo se encaminhava bem para o futuro do
grupo.
A idéia era que o grupo atuasse principalmente na prevenção de acidentes, com o
monitoramento dos locais mais freqüentados pelos turistas, principalmente nos feria-
dos prolongados, ocasião em que o fluxo de turistas era grande, aumentando consi-
deravelmente a possibilidade de um acidente. Foi definido um plantão de membros do
GVBS nesses locais, que se distribuíam no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
e em alguns atrativos particulares. E aí nasceu o primeiro problema do GVBS. Como
todos os membros trabalhavam como guias, se eles ficassem de plantão deixariam
de receber suas diárias. A solução foi tentar sensibilizar a chefia do Parque e os
proprietários a pagarem essas diárias, mas apenas o Parque, por meio de recursos
próprios, aceitou pagar e como conseqüência os atrativos particulares ficaram sem a
devida prevenção. Essas diárias eram pagas apenas nos feriadões, e com o passar
do tempo o Parque foi se desinteressando e resolveu encerrar o combinado e suspen-
der o pagamento, alegando que já tinham acordo com os Bombeiros de Goiás, que
eventualmente faziam essa prevenção. Porém, o tempo mostrou a necessidade da
existência do GVBS nos trabalhos de prevenção e atuação. Foi decisiva a atuação do
grupo, quando um bombeiro quase morreu levado pela cheia repentina do rio, ficando
ilhado em uma pedra e sendo ajudado pelos membros do GVBS.
Com o passar do tempo o grupo foi se desagregando, principalmente por não ter
recursos para o trabalho preventivo e por não ter uma liderança forte que incentivasse
o grupo a manter os treinamentos e a se reciclar. Muitos dos membros acabaram se
desligando totalmente, e em cima de alguns poucos pesou a responsabilidade de não
deixar o grupo morrer. Apesar de continuar havendo um coordenador, pouco se fez
depois que o Projeto Veadeiros da WWF terminou em 2001. Houve algumas tentati-
vas de chamar e capacitar novos integrantes, mas não deram certo. Ao coordenador
coube principalmente a manutenção dos alguns milhares de reais de equipamentos
adquiridos e a responsabilidade de mobilizar os poucos membros remanescentes no
caso de algum acidente. Isso foi necessário algumas poucas vezes, principalmente
em acidentes automobilísticos, em algumas buscas e no deslocamento de uma víti-
ma com a perna quebrada em um cânion da região.
Indiscutivelmente faltou um bom plano de gestão para dar continuidade a esse traba-
lho que teve início de maneira quase pioneira em se tratando de grupos de busca e
salvamento no Brasil, principalmente grupos formados por condutores locais sem
nenhuma experiência prévia em atividades de aventura e muito menos em salvamen-
to. Essa experiência provou a real capacidade dessas pessoas em adquirir conheci-
mento técnico e efetivamente serem capazes de realizar salvamentos em ambiente
natural e de difícil acesso. O GVBS de Veadeiros esbarrou na falta de planejamento
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
172
Estudos de caso
para o futuro do grupo. Quando o Projeto Veadeiros da WWF terminou, o grupo ficou
órfão e não soube andar com as próprias pernas. Faltou liderança e maneiras de
incentivar aquelas pessoas que já tinham passado pelo mais difícil, que foram meses
e meses de capacitação e dedicação ao grupo.
Mas o GVBS de Veadeiros não está morto. Apesar da desorganização e do afasta-
mento de alguns membros, ainda está vivo na solidariedade de poucos, que ainda
acreditam na enorme importância de se mobilizarem, mesmo que de maneira precá-
ria, no caso de emergências para salvar vidas. As discussões para reativar o grupo
são freqüentes, e aparentemente só falta alguém ou alguma coisa que os norteie.
Captação de recursos:
A experiência do Projeto Tamar
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
22
As tartarugas marinhas estão desaparecendo. A partir de denúncias, inclusive interna-
cionais, o IBAMA criou em 1980 o Projeto Tamar, com a finalidade de preservar as
espécies de tartarugas que desovam no litoral brasileiro e que corriam o risco iminen-
te de extinção. Para se ter uma idéia da importância deste projeto, das oito espécies
que habitam os mares do planeta, cinco freqüentam o litoral brasileiro na época da
desova. Seus principais predadores eram os pescadores que viviam próximos às áre-
as de nidificação, que costumavam matar animais para comer, além de vender os
cascos e colher os ovos.
O trabalho concentrou-se na conscientização das populações praieiras sobre a im-
portância da preservação destes répteis, buscando alternativas econômicas para sua
sobrevivência. Esta estratégia, criada a partir de um trabalho inicial de dois anos de
pesquisa em todo o litoral, ainda é a principal meta do projeto. Foram abordados,
portanto, dois aspectos importantes, sob a ótica social: o cultural, já que as tartaru-
gas e seus ovos faziam parte do cardápio e garantiam a alimentação dessas popula-
ções durante um determinado período do ano; e o econômico, possibilitando reverter
este processo, transformando os antigos predadores em defensores e preservadores
das tartarugas.
A forma encontrada foi a contratação, pelo Tamar, destes pescadores, que passaram
a patrulhar as praias em busca de ninhos. Quando estão posicionados em locais que
oferecem riscos aos filhotes, os ninhos são transferidos para trechos mais protegidos
ou para os “cercados de incubação”, situados nas bases do Tamar. Quando os ovos
eclodem, os filhotes são levados de volta às praias durante a noite para que alcancem
o mar. Esse trabalho é orientado e monitorado por profissionais da área biológica, que
prestam assessoria permanente.
Criar condições de trabalho para essas populações, manter as sedes, o quadro de
profissionais, estagiários da área científica e insumos representa uma pesada folha
de pagamentos para um projeto que possui hoje 22 postos, de São Paulo até o Ceará.
Sem a participação de patrocinadores e de um brilhante trabalho de obtenção de
recursos próprios, isto não seria possível.
22
Texto disponível em http://www.rits.org.br/gestao_teste/ge_testes/ge_mat01_capexpTamar.cfm
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
173
Estudos de caso
Hoje, o Tamar movimenta um volume de recursos na ordem de US$ 1,6 milhão anuais
e o maior volume de recursos em 1995 foi obtido por meio da venda de produtos.
Recursos próprios
O Tamar, como todos os projetos conservacionistas, sofre as conseqüências da
recessão econômica mundial, obrigando-se a estabelecer prioridades para obtenção
de recursos. Sempre atuou com doações de empresas estatais ou privadas, mas o
tempo mostrou que a auto-sustentação é necessária, para deixar a instituição mais
enxuta e ágil para continuar cumprindo seus objetivos.
Atualmente, a maior preocupação reside em ampliar ainda mais suas fontes de recur-
sos próprios. Por vários motivos, o Tamar cresceu muito e o volume de gastos para
sua manutenção não permite grandes flutuações no recebimento de verbas. Quanto
mais o projeto depender apenas de seu próprio esforço, mais estabilidade terá. com a
venda de produtos e prestação de serviços, sempre há soluções criativas para enfren-
tar as oscilações do mercado. A decisão de aumentar as fontes de recursos indepen-
dentes resultou da constatação de que não havia condição de manter um planejamen-
to executivo estável sem assegurar previamente um orçamento estável.
Normalmente, os contratos de patrocínio são anuais, o que implica alto risco. A
descontinuidade administrativa dos órgãos governamentais deixa o Projeto à mercê
de decisões orçamentárias e de decretos inesperados. A experiência do Tamar mos-
trou que é possível prever uma certa pontualidade nas remessas, mas não quando ou
como o recurso será recebido. Dos patrocinadores de peso, os recursos dependem
da quantidade e da qualidade do retorno que obtiverem com a veiculação e divulgação
de suas marcas anexadas ao Projeto. Esses recursos também podem sofrer a influ-
ência de outros fatores, como desgastes provocados pela mídia (ver “Imprensa”, mais
adiante), queda no orçamento, problemas de volume de divulgação com outros patro-
cinadores ou, simplesmente, porque a empresa já utilizou demasiadamente o nome
do Projeto e resolveu mudar.
O Tamar, por abranger regiões geograficamente distintas, procura adaptar-se às ca-
racterísticas próprias de cada local, aproveitando aqueles que têm maior visitarão
pública para explorar os programas especiais de adoção de tartarugas (ver “Adote
uma Tartaruga”), venda de produtos como camisetas, brindes, bijuterias etc., sempre
relacionados e identificados com a marca Tamar. É importante lembrar que grande
parte do material vendido é fabricada pela própria comunidade envolvida no projeto.
Isto permite a circulação de dinheiro dentro da comunidade, evitando o deslocamento
de recursos para outras áreas.
Na Praia do Forte, Bahia, a função da base é mais institucional, de representação.
Além do trabalho de preservação, lá são desenvolvidas atividades ligadas ao turismo,
sua principal indústria. O objetivo é preparar a comunidade para trabalhar na área de
atendimento ao turista, de modo adequado às necessidades do projeto. Para isso,
foram construídos viveiros, tanques com exemplares de tartarugas, quiosques para a
venda dos produtos me uma cantina. Recentemente, foram incluídos no projeto cur-
sos de guias mirins para as crianças da comunidade, que acompanharão os turistas,
fornecendo importantes noções de educação ambiental durante as visitas.
Com relação ao turismo, a principal fonte de recursos está no próprio pátio do projeto.
Somente a cantina, por exemplo, em 30 dias, rende um volume de recursos maior que
a doação anual de uma das mais significativas entidades internacionais. Naturalmen-
te isto representa trabalho extra — exigindo que os administradores passem a se
preocupar com a quantidade de bebidas que há no freezer ou se há sanduíches sufi-
cientes — que não pode interferir nos objetivos fundamentais do projeto, mas precisa
ser feito, pela importância que tem como meio de captação de recursos.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
174
Estudos de caso
O principal pólo produtor do projeto fica no Espírito Santo. O trabalho começou com a
necessidade de confeccionar camisetas promocionais e de divulgação, que eram dis-
tribuídas aos pescadores e à comunidade local. Inicialmente, as camisetas eram
feitas numa oficina de “fundo de quintal”, depois transformada em cooperativa e atual-
mente administrada pela Fundação Pró-Tamar (ver “fundação Pró-Tamar, adiante). Lá,
são produzidos camisetas, bonés, calcinhas, cangas, sungas, todos com a marca
Tamar. Os resíduos são doados para pessoas que produzem estopas, tapetes de
retalhos, tartaruguinhas de pano. Ao longo do ano, são realizados cursos de matelacê,
macramé, pintura em tecido etc. Mesmo contando com fornecedores externos, o
Tamar dá preferência para o material produzido pelas comunidades envolvidas no pro-
jeto, nos diversos estados.
Hoje, no setor de produção, na área de preservação, fiscalização e demarcação de
áreas, trabalham 60% dos membros dessas comunidades. Isto fez com que o choque
produzido inicialmente pela proibição da caça à tartaruga fosse plenamente compen-
sado, convertendo-se em benefícios financeiros para o projeto e para a comunidade.
Atualmente, além de projetos de caráter social, está sendo reformada uma pousada,
onde os moradores do local irão trabalhar; a parte administrativa e jurídica ficará a
cargo da Fundação.
Esses são apenas dois exemplos do projeto, que se expande a cada dia, multiplican-
do sua área de atuação, tanto sob o ponto de vista da produção ou de serviços
direcionados, quanto da arrecadação de recursos destinados à área de atendimento
social das comunidades, investindo, por exemplo, na criação de creches e barcos-
escola, para o ensino de pesca em alto mar.
Adote uma tartaruga
Um dos braços de captação de recursos é o programa “Adote uma Tartaruga Marinha”,
criado por dirigentes do projeto. Inicialmente direcionado para os turistas estrangeiros
que visitavam a Praia do Forte e deixavam lá seus endereços para correspondência,
sofreu algumas modificações ao longo do tempo. A partir da sugestão de uma consulto-
ra italiana, ligada a uma organização internacional, a idéia evoluiu e hoje o programa
procura atingir qualquer turista, brasileiro ou estrangeiro, no momento em que ele visita
a Praia do Forte. Uma das empresas privadas que apóia o projeto patrocinou a produ-
ção de todo o material da campanha, como o Certificado de Adoção e peças comple-
mentares: folhetos, fichas, anúncios etc., criados por sua agência interna.
Quem adota uma tartaruga, ao custo de R$ 50,00, tem direito a lhe dar um nome e
recebe o certificado, uma camiseta ou uma visita noturna à praia, onde poderá acom-
panhar os biólogos em sua rotina de trabalho e até, se tiver sorte, poderá ver um
tartaruga desovando ou centenas de filhotes rumando para o mar. E ainda concorre a
uma viagem de avião, de qualquer lugar onde a Varig opera, à Praia do Forte, com
direito a um acompanhante e hospedagem de luxo durante uma semana.
Apenas um anúncio deste patrocinador em uma revista nacional de grande circulação
possibilitou cerca de mil adoções por correspondência.
Os patrocinadores
O apelo do Tamar é a preservação das espécies de tartarugas que desovam no litoral
brasileiro e estão ameaçadas de extinção. A tartaruga é um réptil que pesa de 100 a
300 quilos e põe entre 100 e 500 ovos em duas, três ou mais posturas. Ao desovar,
deixa um rastro na praia, ao longo do qual nasce um grande número de tartaruguinhas,
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
175
Estudos de caso
que dão um espetáculo a caminho do mar. Isto tem um valor visual e carismático
muito grande, que facilita na relação com o público e, conseqüentemente, com o
interesse dos patrocinadores potenciais.
O Tamar conseguiu se aproximar das empresas que atuam nas áreas próximas ao
projeto, o que facilitou e viabilizou o investimento, além das empresas de grande porte
que atuam em nível nacional, interessadas em qualquer projeto, independente de sua
localização, desde que relacionado de algum modo com sua área de atuação. As
fontes de recursos podem ser divididas, simplificadamente, em quatro grupos: o Ibama;
as empresas de grande porte, estatais ou não; as empresas privadas de médio e
pequeno porte; recursos independentes.
O Ibama, enquanto órgão governamental criador do projeto, fornece parte da mão de
obra e dos recursos financeiros que o viabiliza, além de dar o suporte legal às ações.
Por se tratar, portanto, de um projeto governamental, a marca do Ibama deve estar
presente em todas as publicações e produtos Tamar, visto que faz parte de sua logomarca.
As empresas de grande porte, tanto as estatais quanto as privadas, sempre apresen-
tam uma dificuldade proporcional ao seu porte para gerenciar sua imagem junto ao
projeto. Isto porque sua massa burocrática é lenta e/ou não está empenhada em mar-
car seu nome junto às campanhas ou programas desenvolvidos. Uma idéia apresentada
pode levar meses para ser aprovada, dependendo de reuniões, disponibilidades deste
ou daquele funcionário, férias e outros imprevistos. Em alguns casos, o período propício
para a participação termina e nada ou pouca coisa acontece. Muitas vezes, um patroci-
nador menor, com maior visão de mercado, encampa a idéia e, embora não participe
com uma verba significativa, dá todos os subsídios para que haja retorno financeiro. A
partir, por exemplo, da venda de produtos, acaba se destacando na mídia e criando
“ciúmes” nos patrocinadores de maior porte, que atribuem ao Tamar a responsabilidade
de divulgá-los, obrigação que, na realidade, é de cada empresa.
As empresas de médio e pequeno porte, portanto, podem ser mais acessíveis, ágeis e
espertas. Estão ligadas ao projeto com a intenção principal de melhorar sua imagem
diante da opinião pública, aproveitar a veiculação gratuita de sua marca nas matérias
jornalísticas e identificar seus produtos com a natureza. Nem sempre o volume de
recursos repassados por essas empresas como patrocínio é alto (todo o patrocínio, de
qualquer valor, é sempre bem-vindo), mas o fornecimento de meios para que o próprio
projeto venha a obter esses recursos é importante e viabiliza a execução de programas
(veja o caso do “Adote uma Tartaruga”) que trazem retornos indiretos. Saber aproveitar
um determinado momento, sugerir idéias, criar soluções, fornecer material impresso,
veicular o projeto em seus anúncios, são formas inteligentes de agir.
O maior retorno dos patrocinadores é a divulgação do nome da empresa associado ao
projeto, o chamado “marketing ecológico”. O grande problema é saber pesar os
volumes dessa divulgação. A relação com os patrocinadores é, em geral, complicada
e instável. Assegurar que todos os patrocinadores se mantenham satisfeitos - ou,
pelo menos, não insatisfeitos - é uma tarefa ingrata. É muito difícil agradar todos os
patrocinadores, todo o tempo. Na realidade, cabe ao patrocinador promover sua pró-
pria divulgação, e isto deve ser coordenado pela ONG, para que não haja um desequilíbrio
de valores.
No caso do Tamar, alguns patrocinadores de pequeno porte às vezes criam problemas
ao aparecerem na imprensa com o mesmo peso de um grande patrocinador. É preci-
so saber dimensionar o espaço de divulgação de cada um dos patrocinadores, para
que não haja injustiças e privilégios.
Já houve casos inversos, de grandes patrocinadores que participaram com somas
consideráveis e que, por motivos próprios, não desejavam aparecer, assumindo um
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
176
Estudos de caso
low profile, isto é, sem propaganda ou divulgação de seus nomes. Com o tempo e o
crescimento do projeto, que se tornou conhecido internacionalmente, um desses pa-
trocinadores, sentindo-se prejudicado e sofrendo pressões internas, foi pouco a pou-
co diminuindo sua participação. Na realidade, o patrocinador não foi muito zeloso com
sua imagem e com a divulgação de sua marca, mas foi o projeto quem sofreu as
conseqüências.
A Fundação Pró-Tamar
A fundação Pró-Tamar foi criada em 1988, quando já existiam as ferramentas, o apelo
e um programa a ser executado. Hoje, mais de 60% dos recursos do Tamar são
gerados e administrados pela Fundação. A equipe inicial era formada por pessoas que
estavam envolvidas com o programa e todos tinham a energia e o feeling necessários
para melhorar a dinâmica: os recursos para ampliar o trabalho de campo e as metas
para a orientação do pescador.
Com todos os problemas de ordem legal e administrativa que as entidade ambientalistas
habitualmente enfrentam, o Tamar chegou à conclusão que a criação de uma Funda-
ção, dadas as suas características, poderia resolver - e resolveu - vários problemas,
como as questões trabalhistas, pois muitos pescadores e membros da comunidade
que trabalham para o projeto tornaram-se funcionários da fundação. Além disso, a
fundação pode ordenar a geração de recursos, organizando a captação junto a empre-
sas privadas e doadores individuais, viabilizando a produção e a venda de camisetas,
brindes, bijuterias, brinquedos etc.; e implementando equipamentos e atividades para
dar suporte às populações praianas carentes, como creches, barcos-escola e outros.
A Fundação Pró-Tamar tem uma estrutura enxuta, com diretoria, conselho de curadores,
conselho fiscal e cargos administrativos. A administração está distribuída em cinco
bases regionais, que recebem as informações da base nacional e as distribuem aos
demais pontos bases. A assessoria jurídica e contábil nacional é centralizada e, em
nível regional, os contadores acompanham o padrão geral da fundação. Um plano de
contas, desenvolvido anualmente, orienta toda a atividade, modificando-se e adaptan-
do-se ao dinâmico perfil da entidade. Anualmente, a Fundação apresenta a todas as
fontes de recursos um balanço do destino das doações.
A Fundação também presta consultorias especializadas, muitas vezes às próprias em-
presas patrocinadoras. Além disso, também pleiteia recursos na esfera governamental.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
177
Estudos de caso
Captação de recursos:
Marketing de relacionamento
nos Doutores da Alegria
23
Iêda Alcântara
24
e Rodrigo Alvarez
25
Criar e implantar uma organização sem fins lucrativos não é tarefa fácil. Tarefa mais
difícil, entretanto, é mantê-la, ganhar a credibilidade da comunidade e conquistar indi-
víduos e empresas que acreditem na sua missão e que estejam dispostos a colaborar
com recursos para a sua realização.
Com os Doutores da Alegria não aconteceu diferente. Passadas as dificuldades inici-
ais, em 1994 conquistamos a Itaú Seguros como patrocinador. A partir daí, percebe-
mos que o trabalho estava só começando. Como os recursos vinham quase 100% de
um patrocinador, tínhamos uma situação instável. Resolvemos, então, nos lançar na
conquista de indivíduos e empresas dispostos a investir nos Doutores da Alegria.
Nessa época, Wellington Nogueira, diretor executivo dos Doutores da Alegria, dizia
que “se preocupava mais em receber R$ 10 de uma pessoa do que R$ 100 mil de uma
empresa, porque da empresa é difícil esquecer, mas se não fôssemos organizados,
seria muito fácil esquecer dos indivíduos”. Então, desde 1996 criamos um estrutura
responsável por gerenciar o relacionamento com os investidores dos Doutores
da Alegria.
Hoje, seis anos depois de muito aprendizado e de uma mistura de técnica com intui-
ção, percebemos a necessidade de ampliar e reforçar os vínculos com nossa carteira
de doadores e parceiros, de forma mais profissional e organizada, estabelecendo um
novo patamar de performance das ações de relacionamento que resulte em níveis
mais altos de conhecimento, proximidade e fidelidade dos investidores.
Para tanto, colocamos aos nossos serviços os conceitos, metodologias e ferramen-
tas disponíveis do marketing de relacionamento. Elaboramos um plano de trabalho
que considera os objetivos e metas de curto, médio e longo prazo dos Doutores da
Alegria.
E assim foi feito. Definimos nossa estratégia - aumentar a carteira de doadores pes-
soa física e jurídica, incrementar o valor médio de doação e reduzir os cancelamen-
tos. Considerando as nossas necessidades e recursos disponíveis, estabelecemos
claramente as etapas do trabalho.
Uma coisa pra nós continua importante: a técnica e a ciência são instrumentos para
que nunca nos esqueçamos daquela pessoa que nos doa R$ 10.
Vamos partilhar com você o nosso aprendizado.
23
Texto disponível em http://integracao.fgvsp.br/ano5/16/financiadores.htm
24
Iêda Alcântara é consultora de marketing de relacionamento e database marketing, tendo atuado por 6 anos como
gerente de projetos da Datasearch - Grupo Ogilvy atendendo empresas de grande porte dos mais diversos segmen-
tos de mercado.
25
Rodrigo Gonçalves Alvarez é coordenador do departamento de Captação de Recursos dos Doutores da Alegria
desde 1996, onde desenvolve estratégias em busca da sustentabilidade financeira do programa.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
178
Estudos de caso
1. Por onde começar?
O melhor começo é sempre fazer um mapeamento da situação atual da operação.
Avalie e revise seus processos, o que você faz e como faz. Liste o passo a passo da
sua operação a partir do primeiro contato com o indivíduo ou empresa potencial. Des-
creva as ações previstas para cada situação que envolva o relacionamento com o doa-
dor (ex: envio de comunicação, cobrança, atrasos na doação, cancelamentos etc.).
Faça um levantamento de onde estão as informações sobre o doador ou pessoas que
se relacionam com a organização e a qualidade destes dados. Analise o lay out, forma-
to, volume e conteúdo dos campos.
Avalie seu processo atual de captura e armazenamento de informações. Quais dados
estão sendo capturados, quem captura e em que situação? Onde eles estão sendo
guardados e qual o nível de atualização?
Você tem aproveitado as oportunidades em que sua organização está em contato com
públicos diversos para capturar dados? Ainda não? Pois comece a pensar sobre isto.
Com este diagnóstico concluído vai ser mais fácil identificar e corrigir erros da opera-
ção e propor alternativas para melhoria do processo.
2. Que dados capturar e como armazená-lo?
Toda organização tem públicos interessados na sua existência. Isso é a base da sua
sustentabilidade financeira. Entender quem são estes públicos e quais são seus inte-
resses é fundamental. Lembre-se: ninguém doa se não for solicitado!
A palavra de ordem então é aprender mais sobre os doadores e doadores poten-
ciais. Para tanto é preciso capturar e armazenar dados sobre eles.
Que dados? Aqueles que fazem diferença e que são relevantes no seu relacionamento
com o doador. Procure ser objetivo e padronize o máximo possível a entrada do dado
por meio de perguntas fechadas. Revise a sua ficha de cadastro ou filiação, aquela
impressa em seu material de divulgação, e não se esqueça de treinar todas as pesso-
as responsáveis pela captura da informação, tendo sempre em mente que se “entra
lixo, sai lixo”.
Outro ponto importante e que vale ser ressaltado. A gente fala com pessoas e não
com empresas! Tenha sempre o cuidado de capturar o nome dos decisores e
influenciadores no caso de doadores pessoa jurídica.
Além dos dados cadastrais do doador, considere a necessidade de armazenamento
do histórico de contatos e participações em campanhas de marketing e principalmen-
te o histórico de doações, os chamados dados transacionais (valor, periodicidade,
forma de pagamento etc.).
Portanto, guarde as transações, doação por doação, com a data, valor e doador devi-
damente identificados, além da data de filiação (doador desde...) e de cancelamento,
se for o caso.
A qualidade e integridade da informação são fundamentais neste processo, programe
rotinas e ações para tratamento, atualização e enriquecimento dos dados.
Marketing de relacionamento pressupõe o suporte de um “marketing database”, um
banco de dados que possibilita o armazenamento e acesso mais flexível ao dado.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
179
Estudos de caso
Comece pequeno, você está aprendendo! O Access será sempre uma ótima opção
inicial. Maiores investimentos em tecnologia só deverão ser considerados e passam a
ser rentáveis após resultados concretos e permanentes.
Se você não tiver familiaridade com o computador, peça ajuda a um voluntário. Montar
um banco de dados não é tarefa difícil para um programador, mas lembre-se antes de
definir os dados a serem incluídos.
Se sua organização ainda não tem computador, faça uma ficha de cadastro e guarde-
as. No futuro, quando você adquirir um, terá apenas que digitá-las. Mas não adie
muito, seu trabalho de análise fica comprometido se você não tiver um computador.
3. Dado capturado. O que é que eu faço agora?
É hora de transformar dado em informação, conhecimento e inteligência a ser utiliza-
da em benefício da sua organização. Aqui se inicia o processo de conhecimento da
sua carteira de doadores - a análise do seu banco de dados.
Os doadores não são todos iguais e, portanto, merecem tratamentos diferentes! Utili-
ze o banco de dados para reconhecer as diferenças e estabelecer relacionamentos
personalizados, rentáveis e de longo prazo. Por outro lado, doadores costumam com-
partilhar características semelhantes. Segmente a sua carteira considerando estas
semelhanças.
Você vai precisar identificar na sua organização, ou recrutar voluntários, ou contratar,
se for o caso, profissional com capacidade para analisar dados, identificar problemas
e oportunidades e propor ações de marketing que resultem em conquista de novos
doadores e retenção ou fidelização dos atuais.
A análise das doações é fundamental para a classificação da sua base de doadores
por meio do cálculo de alguns indicadores de performance. Nunca se esqueça da
seguinte lição: o seu melhor doador será sempre aquele que doou mais recentemen-
te, que doa com freqüência e que doa valores mais altos.
Analise sua operação! Calcule a taxa de retenção, por segmento, ou seja, o percentual
de doadores que permaneceram doando um, dois, três ou mais anos após a filiação.
Este índice é fundamental para medir a efetividade do seu relacionamento e da sua
capacidade de ampliar e manter a sua carteira.
Doadores geram retornos diferentes, certo? Calcule então o LTV (life time value), ou
seja, o valor do doador ao longo da sua vida na instituição. Este valor é fundamental
para definir o quanto investir na aquisição de prospects com o mesmo perfil dos seus
melhores doadores, na retenção e ativação dos atuais e recuperação dos inativos.
Gere relatório analítico periódico que permita detectar alterações de perfil ou de com-
portamento da sua carteira de doadores. A variação dos indicadores mercadológicos
(valor médio da doação, freqüência média das doações, número total de doadores
ativos etc.) ao longo do tempo indicará acertos e erros em sua política de relaciona-
mento e conquista de novos doadores.
4. Como montar um programa de relacionamento?
Certamente você já está se relacionando com seu doador, mesmo que esteja sim-
plesmente enviando um boleto bancário ao final de cada mês.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
180
Estudos de caso
Mas, com banco de dados implantado e carteira devidamente analisada e segmenta-
da, não poderia haver melhor momento para você rever e implantar uma nova estraté-
gia de relacionamento, contínua e eficiente, com sua base de doadores.
Defina a freqüência e tipo de comunicação, por categoria de doadores. Faça um pla-
nejamento e elabore um cronograma de atividades que assegure o controle e envio da
comunicação nos prazos previstos. Isto é tarefa do dia a dia que exige uma equipe
bem treinada e compromissada com o resultado final.
Escolha o canal com melhor custo x benefício para se relacionar com cada segmento
e em cada situação:
Mala Direta: Muito usada na aquisição de novos doadores. O custo pode ser
alto para quem está começando. A escolha da lista, ou seja, com que falar, é o
fator principal do sucesso da campanha. Faça cálculos antes de tomar a deci-
são de enviar uma mala direta, considerando principalmente o custo da campa-
nha e sua expectativa de retorno.
Telemarketing: Permite o relacionamento com diálogo. Excelente reforço para
a mala direta. Cuidado com o custo, invasão, mensagem, timing e objetividade.
Equilibre cortesia e assertividade. Planeje sua campanha, treine bem seus ope-
radores, vá monitorando os resultados e se prepare para correções de rumo no
decorrer da operação.
Internet: É uma ótima opção para você se relacionar com seus doadores! Baixo
custo, ágil, disponibiliza a informação em tempo real e com rápido feedback.
A Internet, nos EUA, está revolucionando a forma de captar e se relacionar com doa-
dores. Crie o seu site! Colocá-lo no ar pode custar pouco e você, mais uma vez, pode
contar com a ajuda de voluntários para o desenvolvimento. Inclua informações sobre
sua organização e não se esqueça da ficha de filiação ou de cadastro para aqueles
que desejam receber mais informações. O site será uma excelente fonte de divulga-
ção do seu trabalho e de captação.
Explore as diversas formas de se relacionar com seu doador ou prospect (potencial
doador): por meio do contato pessoal, programando visitas à sua sede, criando even-
tos ou aproveitando oportunidades em que você esteja presente em público falando de
sua causa.
Outro ponto importantíssimo. O doador que entra em contato com a sua instituição,
de uma forma ou de outra, está dizendo que valoriza e se importa com seu trabalho.
Dê atenção à sua solicitação ou reclamação, não o deixe nunca sem um retorno e
agradeça sempre a oportunidade que ele está lhe dando para aprimorar a sua opera-
ção e atendê-lo melhor.
5. O que dizer ao doador?
Primeiramente, aproveite todas as oportunidades de contato para mostrar o quanto
você é grato por tê-lo participando e apoiando seu projeto. E preste contas! Mostre
como a contribuição dele está sendo utilizada e sua importância na manutenção e
expansão dos serviços oferecidos pela sua instituição.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
181
Estudos de caso
No mais, todos os esforços deverão ser dirigidos para ampliar e reforçar os vínculos
com os doadores. Ou seja, é necessário aumentar o valor da carteira de clientes e
isto pode ser feito de três maneiras:
Aquisição: Aumento do volume de doações por meio da conquista de novos
doadores. Para isto é necessário realizar pilotos de teste de campanhas de
prospecção para identificar no mercado doadores potenciais parecidos com seus
doadores mais rentáveis.
Retenção: Aumento da duração do relacionamento com o doador. Tente identi-
ficar os sinais que o doador vai dando ao longo do tempo antes de cancelar ou
parar de doar. Nem sempre esta é uma tarefa fácil, mas será de suma importân-
cia para direcionar ações que reduzam o seu índice de cancelamento ou inativação.
Ativação: Aumento dos valores das doações. Realize campanhas para buscar
um “up grade” no valor da doação ou para gerar receitas por meio de venda de
produtos comercializados pela sua instituição, caso existam.
Mesmo depois de tudo isto alguns doadores vão cancelar ou simplesmente parar de
doar. Procure sempre saber o motivo do cancelamento, capture esta informação e
guarde-a de forma padronizada para que você possa tabular e analisar o resultado. E
lembre-se, nem tudo está perdido, ele já foi sensibilizado um dia pela sua missão.
Programe um contato futuro, considerando a situação atual do doador.
6. Como ter certeza que estou no caminho certo?
Os recursos geralmente são escassos, principalmente se tratando de organizações
do terceiro setor. O desafio é aumentar as taxas de respostas das campanhas de
marketing e reduzir custos. Como fazer isto? Identificando com o maior grau possível
de precisão o seu problema/oportunidade e o público que você deseja atingir.
Crie o seu histórico de campanhas. Vai ser assim, testando e analisando o resultado
das suas ações e o perfil dos respondedores, aprimorando a sua operação e focando
no público com maior probabilidade de retorno que você vai maximizar os seus recur-
sos. À medida que os resultados forem aparecendo você se sentirá mais à vontade
para destinar um percentual da receita incremental obtida para suportar e ampliar a
sua operação. E mais uma vez, não descuide do seu dado. Ele é seu patrimônio e
fator preponderante do sucesso da sua operação!
É assim que nós, dos Doutores da Alegria, estamos implantando e orientando o Pro-
grama de Relacionamento com a nossa base de doadores, com a convicção de que
estamos iniciando um processo, e não um projeto, que exigirá empenho e compro-
misso de toda a organização!
REFERÊNCIAS
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
183
Referências
ALVIM, A. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 3. ed. São
Paulo: Jurídica e Universitária, 1965.
ANTUNES, P.B. Dano ambiental: uma abordagem conceitual. 1. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2000.
APOENA EMPREENDIMENTOS SOCIAIS. Como estabelecer vínculos saudáveis e
duradouros com investidores e doadores? Disponível em: < http://
www.apoenasocial.com.br/mcv2.asp?cat=20041222145649>. Acesso em: 09 ago.
2005.
______. Stakeholders – Como interagir com tantos públicos diferentes. Disponível
em: <http://www.apoenasocial.com.br/
mcv2.asp?sd=20050106173018&cat=20050105132025>. Acesso em: 09 ago. 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CAPTADORES DE RECURSOS. Código de Ética
e Padrões da Prática Profissional. Disponível em <http://www.abcr.com.br/
cetica.htm>. Acesso em: 8 jun. 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS.
Apresenta informações sobre a entidade e seus projetos. Disponível em http://
www.abong.org.br/>. Acesso em 12 abr. 2005.
CARVALHO, C.; PEIXOTO, M.M. Aspectos jurídicos do terceiro setor. 1. ed. São
Paulo: Síntese, 2005.
CMC RESCUE. Apresenta informações sobre a empresa, seus produtos e serviços.
Disponível em <http://www.cmcrescue.com/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
COPEL. Manual de técnicas em ambiente vertical. Londrina, 2002.
CORPO NAZIONALE DE SOCCORSO ALPINO E ESPELEOLÓGICO. Tecniche di
soccorso in montagna. Collana manuali tecnici CNSAS. Torino, Italia,1998.
COSMO – Corpo de Socorro em Montanha. Apresenta informações sobre o COS-
MO, sobre o Marumbi, e sobre o montanhismo praticado na Serra do Mar
Paranaense. Disponível em: <http://www.cosmo.org.br/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
______. Coordenação Técnica. Curso de resgate em montanha. Curitiba, 2003.
CRUZ, C. Contribuições para captadores de recursos. Revista IntegrAção. Dispo-
nível em http://integracao.fgvsp.br/ano5/13/opiniao.htm. Acesso em: 8 jun. 2005.
Entrevista.
DELGADO, D. Resgate urbano em altura. Madrid: Beata Rozga, 2001.
DIAS, J.A.. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
FASULO, D.J. Autorrescate. 1. ed. Madrid: Manuales Desnível, 1998.
______. Mountaineering: the freedom of the hills. 5. ed. Seattle: The
Mountaineers, 1992.
FISCHESSER, M. The safety review manual. Outward Bound, EUA, 1995.
FISHER, H.E. 101 dicas de captação de recursos. Disponível em <http://
www.abcr.com.br/101dicas.htm>. Acesso em: 09 jun. 2005.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
184
Referências
GOIÁS (Estado). Secretaria da Segurança Pública e Justiça. A mídia e a constru-
ção da imagem de um órgão público. Goiás, 2004.
IBGE. As Fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil: 2002.
Rio de Janeiro, 2004.
INSTITUTO ADVB DE RESPONSABILIDADE SOCIAL. V Pesquisa Nacional sobre
responsabilidade social. Disponível em <http://www.advbfbm.org.br/arquivos/
ires_pesquisa/V_resultado.zip>. Acesso em: 9 ago. 2005.
INSTITUTO ECOBRASIL. Manual de melhores práticas para o ecoturismo –
turismo sustentável. Captação de recursos. Rio de Janeiro, 2003.
INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO SOCIAL. Marketing
relacionado a causas. Disponível em: <http://www.idis.org.br/capacitacao/
mrcidisfj.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2005.
KELLLERMANN, W. Seguridade em montanha. Madrid: Desnível, 1994.
LEITE, J.R.M. Dano ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial. 2. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
MARCH, B. Rope techniques in mountaineering. Milnthorpe, Inglaterra:
Cicerone P., 1994.
MARUMBY ASSESSORIA E TREINAMENTOS. Resgate em ambiente vertical.
Curitiba, 2004.
MAY, W.G. Mountain search and rescue techniques. Boulder, Colorado: Rock
Mountain Rescue Group, 1973.
MIRABETE, J.F. Manual de direito penal. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MIRANDA, P. Tratado de direito privado. Atualizado por Vilson Rodrigues Alves.
1. ed. Campinas: Bookseller, 1999.
MURCIA, M. Prevencion y seguridad em escalada. Madrid: Desnível, 1996.
NETO, O.A.B, QUEIROZ, W.M. Curso básico de resgate técnico. 5. ed. Salva-
dor: Soluções, 2000.
PAES, J.E.S. Fundações e entidades de interesse social: aspectos jurídicos,
administrativos, contábeis e tributários. 3. ed. Brasília: Brasília Jurídica, 2001.
PEREIRA, C.M.S. Responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
PETZL. Apresenta informações sobre a empresa e seus produtos. Disponível em:
<http://www.petzl.com/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
PIGEON MOUNTAIN INDUSTRIES. Apresenta informações sobre a empresa e seus
produtos. Disponível em <http://www.pmirope.com/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ. Corpo de Operações Especiais. Táticas em
ambiente vertical. Curitiba, 2003.
ROCO RESCUE. Apresenta informações sobre a empresa, seus produtos e servi-
ços. Disponível em <http://www.rocorescue.com/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
185
Referências
SERELEPE. Apresenta informações sobre a empresa, seus produtos e serviços.
Disponível em: <http://www.serelepe.com.br/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
SERELEPE. Normas NFPA para equipamentos de resgate. São Paulo, 2002.
SETNIKA, T.J. Manual de resgate. Barcelona: Martinez Roca, 1982.
______. Wilderness search and rescue. Boston: Apalachian Mountain Club,
1980.
SILVA, W. M. O dano moral e sua reparação. 3. ed., Rio de Janeiro: Forense,
1999.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO.
Manual de Assessoria de Imprensa. São Paulo, [200?].
SOSSUL. Apresenta informações sobre a empresa e seus produtos. Disponível em:
<http://www.sossul.com.br/>. Acesso em: 12 abr. 2005.
SPÉLÉO SECOUR FRANÇAIS. Le manual technique. França: SSF, 1993.
VAZZOLER, M. Trabalho seguro em altura. São Paulo: Realta, 2003.
VINES, T.; HUDSON, S. High angle techniques. 2. ed. Iowa: National
association for search and rescue, 1992.
WWF BRASIL. Manual de ecoturismo de base comunitária. Brasília, 2003.
ANEXOS
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
187
Anexos
Anexo A
Elementos básicos
para elaboração de projetos
É fundamental que os projetos sejam elaborados de maneira objetiva, concisa, clara e
com produtos e resultados atingíveis e relevantes.
Para auxiliar na busca de agentes financeiros mais convenientes e adequados, relaci-
onamos a seguir os elementos necessários para a elaboração de projetos, deixando
claro que esses elementos e as exigências variam conforme as características dos
projetos e da instituição financiadora.
A. Capa
B. Resumo Executivo (procure limitar-se no máximo a uma
página)
Título do projeto
Local de aplicação/utilização dos recursos
Custo – recursos externos e de contrapartidas (só mencionar totais)
Organização executora, organizações co-executoras, parceiros
Grupo-alvo e seus problemas (5 a 8 linhas)
Atividades principais (5 a 8 linhas)
Resultados e produtos esperados (4 a 5 linhas)
Efeitos (4 a 5 linhas)
Medidas para assegurar a continuidade do projeto (4 a 6 linhas)
C. Documento – Proposta
Título do projeto
Organização executora
Outras organizações envolvidas - co-executoras, apoios e parcerias
Grupo-meta (beneficiários) e seus problemas
Objetivos do projeto (geral e específicos)
Duração do projeto (anos ou meses)
Metas a serem alcançadas com o projeto
Estratégia para a execução do projeto
Atividades propostas e cronograma de execução
Apoio financeiro solicitado
Recursos de contrapartida
Justificativas do apoio financeiro solicitado
Resultados esperados e efeitos multiplicadores
Continuidade (após o término do projeto)
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
188
Anexos
Anexos
Mapa(s) de localização
Material informativo sobre equipamentos permanentes
Informações gerais sobre as organizações envolvidas (ex.: folheto institucional)
Anexo B
Lista de organizações
doadoras e financiadoras
de projetos
Organizações no Brasil
Ação Comunitária do
Espírito Santo – ACES
Agência Brasileira de
Cooperação – ABC
Aid to Artisans, Inc.
Alcoa Foundation
Ashoka
Banco de
Desenvolvimento
Econômico Social-BNDES.
Banco JP Morgan
Áreas de Financiamentos
Assistência social, cidadania,
direitos humanos e justiça social,
cultura e artes, desenvolvimento
comunitário, desenvolvimento da
economia popular, educação,
fortalecimento de organizações da
sociedade civil, meio ambiente,
desenvolvimento sustentável e
saúde.
Cooperação técnica internacional.
O financiamento se dá por meio da
prestação de serviços, traduzida
pela presença de profissionais,
treinamento no exterior de RH e
eventual doação de equipamentos.
Como contrapartida, exige-se infra-
estrutura e pessoal.
Arte e programas culturais.
Arte, programas culturais,
educação, desenvolvimento da
comunidade, administração pública
e governamental.
Indivíduos (empreendedores
sociais).
Expansão e melhoria da qualidade
da infra-estrutura urbana e dos
serviços sociais básicos;
manutenção e criação de
oportunidades de trabalho e
geração de renda; modernização
da gestão pública e fomento do
investimento social das empresas.
Área educacional, com prioridade
para atuação na formação para a
cidadania.
Contato
Tel.: (27) 222 1388
Fax: (27) 222 4205
www.abc.mre.gov.br
www.aid2artisans.org
www.alcoa.com/
grant.html
www.ashoka.org
www.bndes.gov.br
www.jpmorgan.com
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
189
Anexos
Organizações no Brasil
BASF S.A.
Cáritas do Brasil
Catholic Relief Services
Centro de Estatística
Religiosa e Investigações
Sociais – CERIS
Comissão Fulbright, Casa
Thomas Jefferson
Dupont Corporate
Contributions Program
Embaixada da Alemanha,
Divisão de Cooperação e
Técnicas Financeiras
Embaixada da Austrália
Embaixada da Áustria
Embaixada da Suíça
Embaixada do Canadá
Áreas de Financiamentos
Cidadania, desenvolvimento social,
cultura e meio ambiente.
Promoção humana e solidária,
crianças e adolescentes, situações
emergenciais.
Recursos hídricos (projetos de
tecnologias apropriadas para
captação de água no semi-árido),
reforma agrária, violência,
impunidade, discriminação,
emergência.
Pequenos projetos comunitários em
todo o Brasil.
Bolsas de estudos para pós-
graduação nos Estados Unidos nas
seguintes áreas: administração,
antropologia, artes, informação,
ciência política, comunicação,
direito, economia, educação, meio
ambiente, filosofia, geografia,
história, letras e sociologia.
Arte/cultura, hospitais,
organizações de saúde, mulher,
minorias e política pública.
Apoio financeiro a projetos de
pequeno porte, nas áreas sociais,
de saúde, educação e
agropecuária que beneficiam a
população mais carente.
Projetos de cunho eminentemente
social, administrado por entidades
não-governamentais e objetivando
o desenvolvimento direto da
comunidade.
Projetos de ONGs direcionados
para compra de materiais ou
equipamentos para o
desenvolvimento de pequenas
comunidades.
Projetos de ONGs que sejam
destinadas a ações comunitárias
que beneficiem pessoas
indigentes.
Projetos de ONGs voltados para as
áreas de saúde, nutrição,
educação e direitos humanos, com
prioridades para as regiões Norte/
Nordeste e periferias das grandes
cidades brasileiras.
Contato
www.basf.com.br
www.crs-brasil.org.br
Tel.: (21) 2558-2196
Fax: (21) 2285-7276
Tel.: (61) 443-6588
Fax: (61) 443-8857
www.dupont.com
Tel.: (61) 443 7330
Fax: (61) 443 7508
www.embaixada-
australia.org.br
Tel.: (61) 443 3111
Fax: (61) 443 5233
Tel.: (61) 443 5500
Fax: (61) 443 5711
www.canada.org.br
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
190
Anexos
Organizações no Brasil
Embaixada do Reino
Unido
Fertile – Group Fert
Fonds Mondial de
Solidarité Contra la Faim –
FMSCF
FUNBIO Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade
Fundação Abrinq
Fundação Acesita para o
Desenvolvimento Social
Fundação de Amparo à
Pesquisa do estado de
São Paulo – Programas
Especiais
Fundação Ford
Fundação
Interamericana.
Fundação Iochpe
Fundação José Silveira
Fundação Macarthur
Áreas de Financiamentos
Projetos de ONGs nas áreas de
direitos humanos - crianças de
ruas, saúde comunitária,
planejamento familiar,
desenvolvimento sustentável;
questões indígenas.
Projetos de ONGs voltados para o
desenvolvimento da agricultura.
Terão preferência as propostas de
organizações de produtores rurais.
Projetos de ONGs que estejam
direcionados para as seguintes
prioridades : agricultura, pesca e
artesanato.
Conservação e uso sustentável da
diversidade biológica do Brasil.
Direitos elementares da cidadania
da criança.
Projetos de ONGs direcionados
para as áreas de educação,
cultura, meio ambiente e ação
comunitária.
Fomento da pesquisa científica e
tecnológica em todas as áreas do
conhecimento: ciências biológicas,
ciências da saúde, ciências exatas
e da terra, engenharias, ciências
agrárias, ciências sociais
aplicadas, ciências humanas,
lingüística, letras e arte.
Paz, justiça social,
desenvolvimento humano,
educação, arte, cultura e
desenvolvimento econômico.
Desenvolvimento econômico e
social.
Cultura, educação e bem estar
social.
Projetos de ONGs voltados para
promover saúde e qualidade de
vida do ser humano e sua perfeita
integralização com o meio
ambiente, tendo as seguintes áreas
temáticas: saúde, assistência
social, tecnologia e produção de
conhecimentos.
Bolsas: saúde reprodutiva, e
direitos reprodutivos.
Contato
www.reinounido.org.br
Tel.: (11) 4724-9772
Fax: (11) 4724-9772
Tel.: (92) 938-3762
www.funbio.org.br
www.fundabrinq.org.br
Tel.: (31) 848-4785
Fax: (31) 848-4785
www.fapesp.br
www.fordfound.org
www.iaf.gov
www.fiochpe.org.br
Tel.: (71) 339-5000
Fax: (71) 339-5148
www.macfdn.org
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
191
Anexos
Organizações no Brasil
Fundação Maurício
Sirotisky Sobrinho
Fundação O Boticário de
proteção à Natureza
Fundação Odebrecht
Fundação Orsa
Fundação Otacilio Coser
Fundação Telefônica
Fundação Vale do Rio
Doce de Habitação e
Desenvolvimento Social
Fundação Vitae
Fundação W. K. Kellogg
Fundo Canadá de Apoio a
Pequenos Projetos
Comunitários
Fundo Cristão para
Crianças
Áreas de Financiamentos
Projetos de ONGs nas áreas de
educação e treinamento,
desenvolvimento comunitário, arte,
cultura e recreação.
Áreas verdes, pesquisa, proteção
da vida silvestre e unidades de
conservação.
Educação de adolescentes para a
vida.
Projetos de ONGs direcionados
para a Educação, Saúde e
Promoção Social.
Projetos de ONGs nas áreas de
educação e treinamento, meio
ambiente e fortalecimento da
filantropia e do voluntariado.
Projetos de ONGs nas áreas de
educação, saúde e direitos da
pessoa, voltados para os
segmentos mais carentes ou em
situação de risco do seguinte
público-alvo : crianças e jovens,
pessoas portadoras de
deficiências, idosos.
Projetos de ONGs nos Estados em
que a Companhia Vale do Rio Doce
atua, em áreas de educação e
treinamento, desenvolvimento
comunitário, arte, cultura e
recreação.
projetos de cultura, educação e
promoção social.
Saúde, alimentação,
desenvolvimento rural, educação
básica, juventude, filantropia,
voluntariado, liderança,
desenvolvimento de programas.
Projetos de ONGs que estejam
voltados para o desenvolvimento
de comunidades, com prioridades
para ações de auto-ajuda e
participação popular.
Projetos de ONGs voltados para o
bem estar das crianças, suas
famílias e comunidades,
direcionados para as áreas de
educação e treinamento, saúde
pública e desenvolvimento
comunitário.
Contato
www.fmss.org.br
www.fbpn.org.br
www.odebrecht.com.br
Tel.: (11) 429-4664
Fax: (11) 429-2232
www.grupocoimex.com.br
Tel.: (11) 3177-3700
Fax: (11) 253-3416
Tel.: (21) 3814-4572
Fax: (21) 2262-0255
www.vitae.org.br
www.wkkf.org
Tel.: (61) 321-3061
Fax: (61) 321-3061
www.apadrinhamento.org.br
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
192
Anexos
Organizações no Brasil
Governo do Japão
Assistência para Projetos
Comunitários
HSBC Banco Múltiplo
IBAMA
CNPT – Centro Nacional
para o Desenvolvimento
Sustentado das
Populações Tradicionais
IBM Corporate Community
Relations
Instituto Credicard
Instituto Cultural e
Filantrópico Alcoa
Instituto Itaú Cultural
Instituto Ronald Mcdonald
de Apoio à Criança
Áreas de Financiamentos
Apoio a implementação de projetos
comunitários de desenvolvimento.
Projetos de ONGs que sejam
dirigidos para a valorização da
cidadania por meio do efetivo
comprometimento com as
comunidades em que atua, não
apenas por meio do cumprimento
das leis e regulamentos, mas
também pela distribuição ativa para
a preservação dos seus valores -
por meio da educação - e do meio
ambiente.
Meio ambiente/pesquisa.
Educação pública, meio ambiente/
pesquisa e política pública.
Projetos de ONGs destinados à
construção da cidadania da
infância e da adolescência por
meio de projetos nas áreas de
educação e saúde, fortalecendo os
serviços sociais, a filantropia e o
voluntariado.
projetos de ONGs voltados para
melhorar a qualidade de vida das
comunidades onde a Alcoa Alumínio
e suas subsidiárias operam por
meio da aplicação de seus
recursos na realização de
atividades de caráter filantrópico,
predominantemente nas áreas de
educação, saúde, meio ambiente e
bem estar social.
Cultura.
Projetos de ONGs que visem
proporcional o treinamento, com
dignidade e conforto, às crianças
portadoras de câncer no Brasil.
Contato
www.japao.org.br
www.hsbc.com.br
Tel.: (61) 321 7538
Fax: (61) 321 7538
www.ibm.com/ibm/
ibmgives
www.credicard.com.br
www.alcoa.com.br
www.itaucultural.org.br
Tel.: (21) 2544-3299
Fax: (21) 2544-3299
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
193
Anexos
Organizações no Brasil
Instituto WCF, Brasil
Levi Strauss do Brasil
PathFinder International
Ministério da Agricultura e
Abastecimento –
Embrapa
Ministério da Ciência e
Tecnologia – Programa de
tecnologia de Habitação
Ministério da Cultura –
(MinC)
Ministério da Educação
Áreas de Financiamentos
Projetos de ONGs voltados para
fortalecer o desenvolvimento de
crianças e jovens privados de
seus direitos fundamentais, prestar
serviços para atender às
necessidades básicas de tais
crianças e jovens, bem como
oferecer oportunidades para o
desenvolvimento integral das
respectivas potencialidades no
processo de construção da
cidadania.
Projetos de ONGs direcionados
para as áreas de saúde,
desenvolvimento econômico e
justiça social, com as seguintes
prioridades temáticas: AIDS,
capacitação e racismo.
Projetos de ONGs voltados para
diversos programas: planejamento
familiar, prevenção da AIDS e
assistência materno-infantil no
Nordeste.
Apoio a projetos de pesquisa,
desenvolvimento e transferência
de tecnologia agropecuária,
florestal e agro industrial para o
aumento da eficiência, melhora da
distribuição de renda, uso
sustentável dos recursos naturais,
recuperação de áreas degradadas.
Apoio a pesquisas científicas e
tecnológicas para solução do
problema habitacional brasileiro e a
modernização do setor da
construção, com ênfase no
atendimento das necessidades da
população de baixa renda
Bolsas em instituições do país ou
no exterior para o
aperfeiçoamento, especialização e
reciclagem de autores, artistas e
técnicos, ligados à produção
artística cultural.
Projetos de ONGs em diversos
programas : realização de cursos
de formação de professores
indígenas; produção e publicação
de materiais didáticos para uso nas
escolas indígenas; merenda e
material escolar.
Contato
www.wcf.org.br
Tel.: (11) 3066-3700
Fax: (11) 3066-3656
Tel.: (71) 341 3022
www.sede.embrapa.br
www.finep.gov.br
www.minc.gov.br
www.mec.gov.br
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
194
Anexos
Organizações no Brasil
Ministério da Justiça
Ministério da Previdência
e Assistência Social
Ministério da Saúde
Ministério das Minas e
Energias
Ministério do Meio
Ambiente – Fundo
Nacional do Meio
Ambiente.
Ministério do Meio
Ambiente – Amazônia
Legal
Ministério do Meio
Ambiente
Projetos Demonstrativos
– (PD/A)
Áreas de Financiamentos
Programa de defesa dos direitos
das crianças e do adolescente;
programa de re-inserção do
adolescente em conflito com a lei;
programa de combate ao abuso e a
exploração sexual de crianças e
adolescentes; programa paz nas
escolas; programa de combate à
violência contra a mulher; programa
de atenção à pessoa portadora de
deficiência; programa de
assistência à vítimas e
testemunhas ameaçadas e
programa de direitos humanos
direitos de todos.
Projetos de ONGs em diversos
programas: Erradicação do
Trabalho Infantil - PETI; agentes
jovens de desenvolvimentos social
e humano; combate ao abuso e à
exploração sexual de crianças e
adolescentes; atenção à pessoa
idosa; atenção à pessoa portadora
de deficiência.
Projetos de ONGs no Programa de
Promoção da Rede de Direitos
Humanos em HIV/AIDS.
Projetos de ONGs no programa de
instalação de sistemas energéticos
que aproveitam as fontes locais de
energia renováveis, de modo a
energizar escolas rurais, postos de
saúde, residências e pequenas
unidades produtivas.
Uso racional dos recursos
naturais, incluindo manutenção,
melhoria e recuperação da
qualidade ambiental nos diversos
ecossistemas brasileiros.
Projetos de cooperação entre o
Ministério do Meio Ambiente e a
sociedade organizada, visando a
implantação da política integrada da
Amazônia legal, tendo como público
alvo: extrativistas, comunidades
indígenas, sociedade.
Novos referenciais de
desenvolvimento sustentável na
Amazônia e na Mata Atlântica.
Contato
www.mj.gov.br
www.mpas.gov.br
www.saude.gov.br
www.mme.gov.br
www.mma.gov.br
www.mma.gov.br
www.mma.gov.br
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
195
Anexos
Organizações no Brasil
Ministério do Trabalho e
Emprego – Planfor
Ministério do Trabalho e
Emprego – Proger
Petrobras
Rockwell Automation do
Brasil
Rockwell International
Corporation
Shell Brasil S.A
The British Council
Unesco
UNICEF – Fundo das
Nações Unidas para a
Infância
Áreas de Financiamentos
Educação profissional (qualificação
e re-qualificação da população
economicamente ativa), voltada
para desempregados e pessoas
sob risco de desemprego,
candidatos a primeiro emprego,
pequenos e micro-produtores,
autônomos em atividades sujeitas a
sazonalidade.
Ações Geradoras de Emprego e
Renda Por meio de da Concessão
de Linhas Especiais de Crédito
(com juros reduzidos e prazos
facilitados), Acompanhadas de
Capacitação, Assistência Técnica e
Acompanhamento.
meio ambiente, educação, cultura,
saúde, geração de empregos,
segurança alimentar.
Programas culturais e de arte,
educação, organizações de saúde,
desenvolvimento econômico
internacional, minorias/imigrantes,
engenharia e tecnologia.
Programas culturais e de arte,
educação, organizações de saúde,
desenvolvimento econômico
internacional, minorias/imigrantes,
engenharia/tecnologia.
projetos culturais, comunitários e
preservação/educacional
ambiental.
Educação, meio ambiente,
desenvolvimento humano, social e
econômico, capacidade produtiva,
saúde pública, arte, ciência,
tecnologia e desenvolvimento da
mulher.
Educação, cultura, meio ambiente,
ciências sociais, direitos humanos
e comunicação/informação e
informática.
Comunicação e mobilização social,
direitos da criança e do
adolescente, educação, meio
ambiente, políticas sociais e saúde.
Contato
www.mte.gov.br
www.mte.gov.br
www.petrobras.com.br
www.rockwell.com
www.rockwell.com
www.shell.com.br
www.britcoun.org/
brazil
www.unesco.org.br
www.unicef.org.br
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
196
Anexos
Organizações no Brasil
Visão Mundial
Volkswagen do Brasil
WWF – Brasil
Áreas de Financiamentos
Projetos de apoio a comunidades
que trabalham a questão da
criança de forma coletiva e integral,
projetos como: atividades
agropecuárias, testemunho cristão
e micro crédito.
Projetos de ONGs voltados para
desenvolver e participar de
programas sociais de interesse
comunitário, principalmente nas
áreas de educação, saúde e
assistência social.
Programa natureza e sociedade, de
treinamento para profissionais na
área de conservação por meio de
bolsas de aperfeiçoamento técnico
acadêmico.
Contato
www.visaomundial.org.br
www.volkswagen.com.br
www.wwf.org.br
Organizações Internacionais
Autoridade Sueca Para o
Desenvolvimento
Internacional (Suécia)
Banyan Tree Foundation
(Estados Unidos)
Brot Fur Die Welt – Pão para
o Mundo (Alemanha)
Comissão Européia (Bélgica)
Cooperative Development
Foundation (Estados
Unidos)
Fauna & Flora International
(UK)
Foundation For Deep
Ecology (Estados Unidos)
Áreas de Financiamentos
Direitos humanos, mulher, criança,
meio ambiente, saúde, educação,
economia e programas de crédito
Educação internacional, direitos
humanos e desenvolvimento
econômico internacional.
Projetos de ONGs voltados para
melhorar as condições de vida de
pequenos produtores sem terra e
também para povos indígenas.
Ajuda humanitária, ciência e
tecnologia, direitos humanos,
desenvolvimento rural e urbano,
educação, ecologia, meio
ambiente, desenvolvimento da
mulher, juventude e planejamento
familiar
Desenvolvimento econômico por
meio de cooperativas e indústria
Pesquisa, conservação e
proteção da vida selvagem
Conservação e proteção dos
recursos naturais e vida
selvagem, meio ambiente e
agricultura.
Contato
Tel. : 46-8-728-5100
Tel : 202-628-9706
www.brot-fur-die-
welt.de
Tel : 32-2-736-4087
Fax : 32-2-732-1934
Tel : 202-638-6222
Fax : 202-638-1374
www.ffi.org.uk
Tel : 415-771-1102
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
197
Anexos
Organizações Internacionais
Fundação Kellog (Estados
Unidos)
Fundação Interamericana–
IAF (Estados Unidos)
Ingénieurs Sans Frontières
– ISF (França)
Jenifer Altman Foundation
(Estados Unidos)
Netherlands Organization
For Development
Cooperation – NOVIB
Holanda
National Geographic Society
Estados Unidos
The William and Flora
Hewlett Foundation Estados
Unidos
The Turner Foundation
Ação Agrária Alemã
Deutsche Welthugerhilfe
(DWHH)
American Express
Foundation
Áreas de Financiamentos
Projetos de ONGs que
proporcionem pessoas pobres a
ajudarem a si próprias, por meio
da aplicação prática de
conhecimentos e recursos,
priorizando as áreas de saúde,
alimentação, desenvolvimento
rural, juventude e educação.
Projetos de ONGs em promoção
do desenvolvimento local,
investimento social e bolsas de
graduação e pós-graduação em
universidades dos Estados
Unidos.
Projetos de ONGs direcionados
para educação para o
desenvolvimento, formação e
apoio técnico
Projetos de conservação e
proteção de recursos naturais,
biodiversidade e desenvolvimento
humano sustentável, saúde e
desenvolvimento econômico
internacional.
Cooperação internacional,
desenvolvimento sustentável,
direitos humanos, meio ambiente,
mulheres, agricultura, artesanato,
saúde e educação.
Pesquisas nas áreas de :
antropologia, arqueologia,
biologia, botânica, geografia,
geologia, oceonografia,
paleontologia e zoologia.
Educação, arte, população, meio
ambiente, família e
desenvolvimento comunitário. Tem
também como prioridade o
aumento da base financeira e da
eficiência de organizações e
instituições sem fins lucrativos.
Biologia de conservação e
proteção ao ecossistema.
Projetos de desenvolvimento
rural.
Desenvolvimento econômico,
desenvolvimento da comunidade e
herança cultural.
Contato
Tel: 616 - 968 1611
Fax: 616 - 968 0413
www.iaf.gov
Tel : 415-868-0821
www.nationalgeographic.com
www.hewlett.org
www.turnerfoundation.org
www.welthungerhilfe.de
www.americanexpress.com
MANUAL DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS VOLUNTÁRIOS DE BUSCA E SALVAMENTO DE TURISMO DE AVENTURA
198
Anexos
Organizações Internacionais
BP Conservations
Programme
Fundação Ford
General Motors Corporate
Giving Program
IBM Corporate Community
Relations
Lincoln Park Zoo Scott
Neotropic Fund
Rainforest Action Network
The Rockfeller Foundation
The Rotary Foundation
Wildlife Conservation
Society – International
Conservation Program
Wildlife Preservation Trust
International – WPTI
Áreas de Financiamentos
Biodiversidade e conservação.
Paz, justiça social,
desenvolvimento humano,
educação arte, cultura e
desenvolvimento econômico.
Arte/cultura, educação, saúde,
engenharia/tecnologia, minorias e
política pública/pesquisa.
Educação pública, meio ambiente/
pesquisa e política pública.
Projetos de campo em
conservação biológica de animais
latino-americanos.
Florestas tropicais
Agricultura, arte e humanidade,
saúde, meio ambiente, população
e mulher.
Doenças raras, estudantes e
intercâmbio internacional/cultural.
Projetos de pesquisa de campo
voltados diretamente para a
preservação da vida silvestre
ameaçada e seus habitats.
Preservação de habitats e
espécies silvestres ameaçadas
por meio de pesquisa científica,
consciência pública, envolvimento
da comunidade, manejo criativo
da vida silvestre e treinamento
profissional.
Contato
www.bp.com/
conservation
www.fordfound.org
www.gm.org
www.ibm.com/ibm/
ibmgives
www.lpzoo.com
www.ran.org
www.rockfound.org/
www.rotary.org/
foundation
www.wcs.org/
science/rfplink.html
www.wpti.org
Turismo de aventura – busca e salvamento.
Manual de criação e organização de grupos
voluntários de busca e salvamento.
FICHA TÉCNICA
MINISTÉRIO DO TURISMO
Tânia Mara do Valle Arantes
Coordenadora-Geral de Qualificação e Certificação
INSTITUTO DE HOSPITALIDADE
Gustavo Timo
Coordenação
Helon Florindo
Pedro Cavalcanti
Roberto M.F. Mourão
Ronaldo Franzen Junior
Vinícius Porto
Elaboração do material
Ion David/Travessia
4Elementos
Fotografias
PDQ Estratégia e Desenvolvimento
Coordenação, projeto editorial e edição
Sérgio Molina Micaelo
Coordenação e projeto editorial
Roberto Azul
Revisão gramatical e editorial
40graus Design
Projeto gráfico, diagramação e arte final
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo