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incremento visível das atividades culturais com o engajamento cada vez mais
numeroso de municípios nessa esfera
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, certamente teríamos dados diferentes,
talvez indicando uma queda expressiva da contribuição da União para o total do
gasto público com atividades culturais.
Outro estudo digno de nota denomina-se “Impactos da Cultura na Economia
da Bahia”, realizado em 1997 pelo Instituto Brasil de Pesquisa da Ciência e
Tecnologia–INCITEC. Ele é especialmente interessante pelas considerações
metodológicas, indicando as dificuldades de apreensão do fenômeno cultural em
toda sua extensão, especialmente num estado como a Bahia onde, a par da pujança
cultural, temos uma enorme informalidade na sua produção e consumo. Apesar
disso, estima a pesquisa que a cultura gera na região metropolitana de Salvador
algo como R$ 50 milhões, ou cerca de 0,5% do valor da produção total da cidade.
Detendo-se sobre o consumo do governo e instituições privadas sem fins lucrativos,
“estima-se que o consumo do governo com cultura, em 1996, foi de
aproximadamente R$ 19,7 milhões” para as três esferas de poder naquela cidade.
Iniciativas como essas certamente indicam um caminho a se explorar no
dimensionamento da atividade cultural entre os brasileiros. Mas além da
necessidade de sistematizar os levantamentos, rotinizando-os de forma a se
tornarem um instrumento de gestão, é preciso que se invista no refinamento
metodológico de modo a se poder captar o “fazer cultural” da maneira mais precisa
possível em suas particularidades.
Desta forma, a presente análise foi concentrada nos gastos públicos
federais
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para, posteriormente, confrontá-los com os bens e produtos gerados a
partir de uma matriz, permitindo discorrer sobre o agregado de produção cultural do
país, correspondente a cerca de 30-35% do “PIB da cultura”, conforme o estudo da
Fundação João Pinheiro, com dados do ano de 1997.
Outro aspecto que merece registro à guisa de introdução diz respeito à meta
da sustentabilidade do setor. É hoje uma exigência do processo de reestruturação
da administração pública federal, conforme o Plano Diretor de Reforma do Aparelho
do Estado, que se busque fontes alternativas de financiamento para as atividades
não exclusivas de estado, através do estabelecimento das chamadas “parcerias”,
isto é, que se mobilize crescentemente recursos privados e recursos de outras
esferas de poder para a sustentação e ampliação das iniciativas culturais.
Nesse contexto, as leis federais de incentivo à cultura constituem um
elemento estratégico no que se denomina “Modelo de Financiamento da Cultura” –
uma das principais preocupações dos dirigentes do MinC. Ao colocar em foco este
modelo o presente estudo analisa seus mecanismos de operação de forma a
verificar seu grau de aderência aos propósitos iniciais da criação de tais incentivos.
Dessa forma, propicia uma reflexão crítica sobre o seu desempenho e, além de
propor alterações nos critérios de concessão para assegurar a desconcentração
regional dos recursos aplicados pelo Programa Nacional de Cultura - PRONAC.
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Uma simples consulta, por exemplo, aos indicadores municipais da Fundação SEADE – São Paulo
é suficiente para se perceber uma vasta gama deles, inclusive municípios pequenos, que direcionam
mais de 1,5% de seu orçamento para a área cultural.
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As fontes utilizadas são os Balanços da União, o sistema SALIC do MinC, o documento denominado
Consolidado MinC, editado por sua Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração,
além dos dados disponíveis no site do MinC, na internet.