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retomou as ações movidas contra o blog e mudou seu posicionamento. Num novo
relatório, salienta que seu entendimento anterior era que de que "os sítios particulares"
não eram atingidos pela Lei Eleitoral, mas que passou a entender que "ofensa à
imagem ou honra de candidato" deve ser coibida em qualquer página e julgou
procedentes a ações de Sarney contra o blog. Assim, Alcinéa foi condenada a retirar as
informações contra Sarney de seu blog, publicar direito de resposta e ainda foram
aplicadas multas que variam de R$ 21,2 mil e R$ 106,4 mil.
Em todos os direitos de respostas que o TRE concedeu a Sarney, relata Alcinéa, o
senador-candidato não desmente nada do que foi dito. “Usa o espaço que lhe é
concedido para destacar suas qualidades. Sobre a suposta ofensa que lhe foi feita e
que ensejou o direito de resposta, nenhuma linha”.
O representante do Ministério Público Eleitoral no TRE, procurador federal Paulo
Olegário, se manifestou pelo indeferimento desse tipo de direito de resposta ao senador
“por entender que esse, ao revés, promove exclusivamente propaganda favorável ao
candidato em tese ofendido”. Foi voto vencido.
Contra o jornal Folha do Amapá mais de 40 ações já foram movidas e as multas já
ultrapassam um milhão de reais. Os jornalistas Humberto Moreira (ex-vice-presidente
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amapá) e Domiciano Gomes,
apresentadores de um programa radiofônico já foram processados cinco vezes e
tiveram o programa retirado do ar. O jornalista Correa Neto, 65 anos, é outra vítima da
Justiça Eleitoral. Além de ser condenado a pagamento de multas astronômicas e
publicação de direito de resposta, o programa que ele apresenta em uma rádio
comunitária foi tirado várias vezes do ar.
Folha do Amapá – Macapá – Maio e Julho
A edição
on line
do jornal "Folha do Amapá" foi suspensa por determinação do juiz
auxiliar Anselmo Gonçalves da Silva, que concedeu liminar ao Partido Democrático
Trabalhista (PDT), em 17 de maio. O magistrado acatou a tese do partido de que o
jornal vem fazendo propaganda antecipada extemporânea negativa, o que estaria
manchando a imagem do governador Waldez Góes, então candidato à reeleição.
Na reportagem alvo da ação, o periódico noticia a saída da siderúrgica Sólida do
estado, deixando 300 desempregados, muitas dívidas e o fato de a empresa ter sido
instalada com aval do governo estadual. O juiz entendeu que a reportagem tinha a
intenção de denegrir a imagem de Waldez. Para a direção do jornal, o que houve foi
censura. Por isso, no dia 19 o jornal Folha do Amapá lançou uma edição de protesto.
Em outra decisão, a Justiça Eleitoral atendeu pedido da coligação “União pelo Amapá”
(PDT, PMDB, PP, PV, PSC e Prona), que tem Waldez Góes e José Sarney como
candidatos ao governo e ao Senado, respectivamente, e mandou retirar do
site
da
“Folha do Amapá” a manchete do jornal “Asfalto de Mentira” e a matéria “Declaração
de bens na Justiça Eleitoral do Amapá revela - Sarney é sócio do Shopping Jaracati”,
veiculada nas notícias diárias da “Folha” dia 20 de julho.
Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil – Relatório FENAJ 2006