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Volume 353, Número 9169
12 de junho de 1999
Associação negativa entre a MMR e o autismo
Nos últimos anos chamamos a atenção
1
contra a aceitação prematura de uma hipótese,
proposta em uma série de caso relatada, que a vacina contra sarampo, caxumba e
rubéola (MMR) pode causar autismo, possivelmente por um mecanismo envolvendo a
indução de anormalidades intestinais
2
. Estávamos preocupados de que os casos
relatados pudessem ter sido devido simplesmente a coincidência temporal, e pela falta de
evidência laboratorial de apoio. Um painel especial do Conselho de Pesquisa Médica do
Reino Unido também encontrou evidência não convincente
3
. Não obstante, a hipótese
gerou muita atenção da mídia no Reino Unido, com uma queda subsequente na
aceitação da vacinação com MMR.
4
Menos notados foram os relatórios de algum grupo (e outros) que analisam os resultados
altamente específicos de laboratórios em pacientes com doença intestinal inflamatória
(IBD), o mecanismo postulado para o autismo após a vacinação com MMR, foi negativo
para o vírus do sarampo.
5,6
Esta semana se observa a publicação de dois outros
relatórios que não apoiam uma associação causal entre a MMR (ou outras vacinas
contendo o componente sarampo) e o autismo ou IBD. Um relatório é do Grupo de
Trabalho sobre Vacina MMR do Comitê de Segurança de Medicamentos do Reino
Unido.
7
O Grupo de Trabalho foi alterado com a evolução de várias centenas de
relatórios, coletados por uma firma de solicitantes, de autismo, doença de Crohn, ou
distúrbios similares que se desenvolveram após a vacinação MMR ou MR. O Grupo de
Trabalho concluiu que a informação disponível não apoiava as associações causais
sugeridas ou gerava causa para a preocupação sobre a segurança da MMR ou MR.
No Lancet de hoje, Brent Tauylor e colegas fornecem evidência com base na população
que superam muitas das limitações enfrentadas pelo Grupo de Trabalho. Taylor e
colegas identificaram todos os 498 pacientes conhecidos com distúrbio do espectro do
1
Chen RT, DeStefano F. Eventos adversos de vacina: causal ou? Lancet 1998; 351: 61112.
2
Wakefield AJ, Murch SH, Anthony A, et al. Hiperplasia nodular linfóide do íleo, colite inespecífica e distúrbio de
desenvolvimento mental difuso em crianças. Lancet 1998; 351: 63741.
3
Bignall J. Especialistas do Reino Unido convencidos da segurança da MMR. Lancet 1998; 351: 966.
4
Thomas D Rh, Salmon RL, King J. Percentuais da primeira vacinação contra sarampo-caxumba-rubéola em Wales
(UK). Lancet 1998; 351: 1927.
5
Chadwick N, Bruce IJ, Schepelmann S, Pounder RE, Wakefield AJ. DNA do vírus do sarampo não é detectado em
doença inflamatória intestinal usando captura híbrida e transcriptase reversa seguida por reação de polimerase em
cadeia.
6
Duclos P, Ward BJ. Vacina contra o sarampo: uma revisão de eventos adversos. Drug Safety 1998; 19: 43554
7
Medicines Commission Agency/Committee on Safety of Medicines. A segurança da vacina MMR. Curr Probl Curr
Pharmacovigilance 1999; 25: 910.
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Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho.
Em 17/09/2002
2
autismo (ASD) no noroeste do Tâmisa que tinham nascido em 1979 ou após, e os
vinculou a um registro de vacinação regional independente. O ASD inclui autismo típico
(núcleo), autismo atípico, e síndrome de Asperger, porém os resultados foram similares
quando os casos de autismo núcleo foram analisados separadamente. Os investigadores
primeiro mostraram que o número conhecido de casos de ASD vem sendo crescente
deste 1979 e que não existiu aumento acentuado após a introdução da vacina MMR em
1998. Segundo, eles encontraram que, entre os indivíduos afetados, a idade ao
diagnóstico foi similar se a criança foi vacinada antes ou após os 18 meses de idade, ou
não foi vacinada, o que indica que a vacinação não resulta em expressões mais precoces
das características autísticas. Terceiro, eles mostraram que aos 2 anos de idade a
cobertura vacinal com MMR entre as crianças com ASD foi aproximadamente idêntica
daquela nas crianças na mesma coorte de nascidos vivos na região inteira, o que fornece
evidência de uma falta geral de associação com a vacinação.
Taylor e colegas então usaram um método inovador de “série de caso” para avaliar a
incidência relativa de autismo dentro de períodos de tempo pré-definidos após a
vacinação. Essas análises envolveram três diferentes medidas de início do autismo (data
do diagnóstico, data da primeira inquietação dos pais, e data da regressão) e duas
categorias de vacina (MMR e qualquer vacina contendo o componente sarampo).
Nenhuma associação estatisticamente significativa foi encontrada nas 14 comparações,
exceto par uma discreta incidência relativamente aumentada (1-48) para a associação
da vacinação com MMR e a inquietação inicial dos pais (que parece ter sido devido a
dificuldade dos pais em relembrar a idade precisa do início e conseqüentemente uma
preferência pela aproximação da idade aos 18 meses). Embora o método de série de
casos possa ser mais adequado para o estudo de uma doença aguda que de distúrbios
crônicos com um início insidioso, como ASD, os resultados são apoiados pela falta de
associações encontradas nas outras análises.
Os achados também são consistentes com o entendimento atual da patogênese do
autismo, uma síndrome definida por certas características de comportamento e
desenvolvimento mental que pode ter uma variedade de causas. Em poucos casos,
entretanto, é identificada uma causa específica. O autismo tem um forte componente
genético, e os defeitos neurológicos associados provavelmente ocorrem precocemente no
desenvolvimento embrionário
8
. Assim, na maioria dos casos, o autismo representa um
defeito de nascimento, embora possa não ser diagnosticado até mais posterior em vida
quando os atrasos de comunicação e características de comportamento se tornam
aparentes. Parece improvável assim que a vacinação que é administrada após o
nascimento poderia causar autismo.
Raros casos têm, entretanto, sido descrito, de uma regressão de uma criança normal e
aquisição de características autísticas. É esse caso de distúrbios regressivo para o quail o
vínculo biológico com a vacinação é plausível.
2
O início da regressão do
desenvolvimento mental tende a ser claramente demarcado, tornando o distúrbio mais
acessível a razão do método de série de casos. Assim, a análise de Taylor e colegas
1
não
mostrando associação entre a vacinação e o início da regressão fornece evidência
8
Rodier PM, Hyman SL. Fatores ambientais precoces no autismo. MRDD Res Rev 1998; 4: 121-28.
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Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho.
Em 17/09/2002
3
especialmente persuasiva contra a hipótese de que a MMR pode causar ou exacerbar o
autismo.
Taylor e colegas concluem com a esperança de que seus resultados “... irão reassegurar
aos pais e outros que têm sido inquietados sobre a possibilidade da vacina MMR ser
provavelmente a causa de autismo e que eles auxiliarão a restauração da confiança na
vacina MMR”. Irão os resultados cientificamente porém essencialmente “negativos”
publicados esta semana armazenar a mesma atenção da mídia e pública que o relato
inicial da hipótese de MMR-autismo? É improvável, como evidenciado pelo frenesi
renovado da mídia na última semana em resposta a um outro relatório do grupo que
propôs a hipótese. Este relatório foi de um risco aumentado de IBD entre indivíduos que
tiveram sarampo e caxumba adquiridos naturalmente com intervalo de 1 ano um do
outro.
9
O estudo não teve dados sobre a vacina MMR e os investigadores
especificamente afirmaram que eles não puderam encontrar uma relação significativa
entre a vacina monovalente contra o sarampo isoladamente e IBD posterior. Ainda a
mídia popular propagou o estudo, enquanto fornecia evidência de que a vacinação com
MMR pode causar IBD. Em um meio ambiente é crítico fortalecer os sistemas de
monitoramento de segurança da vacina e as estratégias e comunicação de risco para
manter a confiança pública nas imunizações.
Frank DeStefano, Robert T Chen
Departamento de Desenvolvimento e Segurança de Vacinas, Programa Nacional de Vacinação, Centros de
Controle e Prevenção de Doenças, , Atlanta, GA 30333, EUA
9
Montgomery SM, Morris DL, Pounder RE, Wakefield AJ. Infecções por paramyxovírus em crianças e subsequente
doença intestinal inflamatória. Gastroenterology 1000; 161: 79603.
Este documento traduzido trata-se de uma colaboração da Coordenação Geral do
Programa Nacional de Imunizações – CGPNI/CENEPI/FUNASA/MS, a todos que se
dedicam às ações de imunizações.
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