Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Dengue: roteiro para capacitação de profissionais médicos no diagnóstico e tratamento
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Métodos
No período de novembro–dezembro/2000, foi realizada a capacitação de 550
profissionais de saúde da rede básica de Manaus (médicos, enfermeiros, assistentes
sociais, bioquímicos e outros), quanto ao diagnóstico precoce, manejo clínico e
triagem dos pacientes potencialmente graves, de acordo com os critérios definidos
pela Opas/1995. Em janeiro/2001, foram desenvolvidos e implantados protocolos
para a padronização da atenção médica em toda a rede básica de Manaus, orienta-
ção do paciente atendido e seus familiares e seguimento hospitalar dos pacientes
internados com manifestações hemorrágicas e/ou sinais de alerta. Na FMT/IMT–
AM, os pacientes referenciados e a demanda espontânea eram avaliados clínica e
laboratorialmente na sua Unidade de Pronto Atendimento. Em se identificando
um ou mais critérios de gravidade, estes indivíduos eram transferidos para uma
unidade de internação com disponibilidade de 20 leitos e submetidos ao protocolo
de seguimento hospitalar, baseado na monitorização intensiva, clínica, laborato-
rial, terapêutica e, ainda, suporte de terapia intensiva nos casos mais graves. Após
a estabilização clínico-laboratorial, os pacientes receberam alta para seguimento
ambulatorial.
Resultados
No período de janeiro–março/2001, foram notificados em Manaus 15.959 casos
suspeitos de dengue. Na FMT/IMT–AM foram atendidos 7.269 (45,5 %) pacientes e
internados 293 (4,03%) destes. Dentre os pacientes internados, 44,4% foi referencia-
do por outro serviço de saúde, 49,3% correspondeu à demanda espontânea e 88,9%
apresentava alguma manifestação hemorrágica. Foram diagnosticados 55 (18,8%)
casos de FHD, 196 (66,9%) de dengue clássico com manifestações hemorrágicas
e 30 (10,2%) de dengue clássico. Nenhum óbito foi observado. Identificamos 03
(5,4%) casos de FHD grau I, 51 (92,7%) de FHD grau II e 01 (1,8%) de FHD grau
III. A FHD acometeu principalmente adultos (72,7%) do sexo masculino (60%).
Apenas 11 (20%) pacientes com FHD referiram infecção prévia pelo dengue. Os
sorotipos virais responsáveis por esta epidemia foram DEN-1 e DEN-2.
Conclusões
Ainda que a febre hemorrágica da dengue seja uma entidade clínica de extrema
gravidade, demonstramos que o planejamento racional e multidisciplinar da assis-
tência à saúde é capaz de atenuar as conseqüências de uma epidemia. Na epidemia
de Manaus, constatamos que a metodologia aplicada foi bastante sensível para a
detecção precoce dos casos compatíveis com FHD, o que se traduz pela ausência
de letalidade, logrando resultados inéditos no contexto nacional.