Quando os resultados são analisados por dependência administrativa das escolas,
observa-se que os rendimentos na rede privada são superiores aos alcançados pela rede
pública. Esta tendência também foi confirmada no Brasil. Ao se comparar as medianas
obtidas nesses estratos com a média regional, verifica-se, novamente, que os resultados
do Brasil são superiores à média da região, à exceção da mediana apresentada pelo
estrato público na 3ª série, em Matemática.
Em um estudo comparativo internacional sobre rendimento dos alunos é importante
examinar quais as variáveis com maior correlação com o desempenho obtido pelos
alunos. Os resultados da análise multivariada mostram que, para o conjunto dos países,
três fatores foram significativamente associados ao rendimento dos alunos, em razão da
heterogeneidade existente: a taxa de alfabetização do país, os recursos existentes na
escola e o nível de escolaridade dos pais dos alunos.
Quando ajustado o desempenho pelos fatores condicionantes significativos, observa-se
que todos influenciam os resultados nos países da região, mas o efeito interno dessas
variáveis é diferente em cada país. No caso brasileiro, o efeito é muito forte. Isto significa
que a grande heterogeneidade existente gera também grandes variações no
desempenho. A existência de efeito condicionante de variáveis intra-escolares (recursos
didáticos da escola) estão vinculadas à maneira como o sistema educacional se organiza,
e permite supor que uma melhor eficiência na distribuição e uso dos recursos escolares
contribuirá para alcançar maior eqüidade nos resultados obtidos pelos alunos,
minimizando, dessa forma, as desigualdades socioeconômicas.
Outro estudo comparado de maior amplitude, do qual o Brasil está participando, é o
Projeto PISA - 2000 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), coordenado
pela OCDE. Esta avaliação, da qual participam 32 países(8), tem como objetivo medir a
literacy em Leitura, Matemática e Ciências. Trata-se de uma aferição ampla dos
conhecimentos, habilidades e competências inseridos no contexto destas áreas.
O PISA vai aplicar três baterias de testes. Os levantamentos serão realizados a cada três
anos, tendo início no ano 2000, quando o domínio principal avaliado será o de Leitura,
dado que esta é a habilidade básica da qual depende o desenvolvimento de outras
competências. No Brasil, a aplicação será realizada em outubro e contará com a
participação de, no mínimo, 4.500 alunos e 150 escolas.
Os instrumentos básicos utilizados para coleta dos dados serão os Cadernos de Testes,
os quais contêm itens relacionados com os três domínios acima citados e Questionários,
os quais visam obter dados socioeconômicos e culturais dos alunos e das escolas que
participarão do programa. Com vistas a garantir a qualidade e a efetividade dos referidos
instrumentos, bem como dos procedimentos de campo, foi realizada, em 1999, a pré-
testagem dos mesmos em todos os países participantes.
A participação brasileira nestes projetos reafirma, portanto, a preocupação com a
estruturação de um sistema nacional de informações educacionais e de avaliação, onde o
intercâmbio de experiências e a geração de indicadores com comparabilidade
internacional e de padrões, que permitam comparar o desempenho dos alunos, são de
fundamental importância para o monitoramento do desempenho dos sistemas de ensino e
para a formulação de políticas educacionais pautadas pela redução das desigualdades e
pela promoção da melhoria da qualidade do ensino.