Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava pela Europa. Em
1836, ele funda a revista Niterói, da qual circularam apenas dois números, em Paris.
Nela, ele publica o "Ensaio sobre a história da literatura brasileira", considerado o
nosso primeiro manifesto romântico. Essa escola literária só teve seu marco final no
ano de 1881, quando foram lançados os primeiros romances de tendência naturalista
e realista, como "O mulato", de Aluízio Azevedo, e "Memórias póstumas de Brás
Cubas", de Machado de Assis. Manifestações do movimento realista, aliás, já vinham
ocorrendo bem antes do início da decadência do Romantismo, como, por exemplo, o
liderado por Tobias Barreto desde 1870, na Escola de Recife.
O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas letras universais a partir
dos últimos 25 anos do século XVIII. A segunda metade daquele século, com a
industrialização modificando as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma
nova composição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos
modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revolução Francesa, tão
exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu "Discurso sobre a história da
literatura do Brasil", ele diz: "...Eis aqui como o Brasil deixou de ser colônia e foi
depois elevado à categoria de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto
esclareceu os povos, esse passo tão cedo se não daria...".
A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagônicas, embora
atuassem paralelas durante a Revolução Francesa: a classe dominante, agora
representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe dominada, representada
pelo proletariado. O Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a
favor da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalismo, o
subjetivismo e o irracionalismo - características marcantes do Romantismo inicial -
não podem ser analisados isoladamente, sem se fazer menção à sua carga
ideológica.
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo
tem que ser visto a partir das últimas produções árcades, caracterizadas pela sátira
política de Gonzaga e Silva Alvarenga. Com a chegada da Corte, o Rio de Janeiro
passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à divulgação
das novas influências européias. A colônia caminhava no rumo da independência.
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o
passado histórico, exalta-se a natureza pátria. Na realidade, características já
cultivadas na Europa, e que se encaixaram perfeitamente à necessidade brasileira de
ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas.
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como reflexo do autoritarismo
de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte; a Constituição outorgada; a
Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a
acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abolição da
escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É
neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado d