Pantanal. Todos acabam desembocando num leito principal, que é o rio Paraguai.
Entre seus principais cursos d’água encontram-se os rios Jauru, Cabacal, Cuiabá,
São Lourenço, Miranda, Aquidauana e Taquiri. Esses rios, que marcam o ciclo das
águas do Pantanal, começam a enfrentar os efeitos dos desmatamentos feitos por
fazendas de grãos. Além do assoreamento que atinge especialmente o rio Taquari
no período das chuvas, uma boa quantidade de água misturada com agrotóxicos
usados nas lavouras é lançada no leito dos rios. Esta é uma preocupação dos
técnicos, já que essa água chegará ao coração do Pantanal.
Esse ciclo de águas da região transforma drasticamente a paisagem. Durante o
período seco brota a pastagem natural que alimenta o gado, a maior atividade
econômica da região. Com a chegada do período chuvoso formam-se imensas
lagoas e parte do pasto fica alagado, obrigando os fazendeiros a remover o gado
para áreas em locais às vezes muito distantes.
Apesar dos períodos de adversidade, quando o excesso de chuva ou de estiagem
chega a dar prejuízo aos pecuaristas, a região é considerada ideal para essa
atividade. Chega-se a dizer que no Pantanal "não é o fazendeiro que cria o gado,
mas sim o gado que cria o fazendeiro".
Proteção - O equilíbrio dessa região exige proteção constante e, embora os
mecanismos de fiscalização ainda sejam muito precários, já existe, desde 1967,
uma legislação que procura proteger a fauna e a flora do Pantanal. A lei estabelece,
entre outras coisas, que é proibida a "utilização, perseguição, destruição e caça de
animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro. A fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedade do Estado".
Apesar dos mecanismos de proteção, muitas espécies ainda sofrem com a
investida de caçadores e pescadores profissionais. A pesca predatória, por
exemplo, tem ameaçado espécies consideradas nobres, como o pacu e o dourado.
Os jacarés, que chegaram a 2 milhões há poucas décadas, sofreram dramática
redução populacional.
Em menor escala, outros animais costumaram ser contrabandeados, como o
caitetu, a capivara, a queixada, a lontra e a ariranha. Entre as aves, as mais visadas
são as araras, principalmente a arara azul, cada vez mais difícil de ser encontrada.
Os técnicos entendem que toda essa riqueza animal e vegetação pode ser
manejada, mas de forma cuidadosa, para não comprometer a sobrevivência de
algumas espécies. É o caso do jacaré. Já existem algumas fazendas funcionando
na região onde o jacaré é criado para abate. Apesar da polêmica que o assunto
levantou quando este tipo de manejo começou a ser discutido, a atividade está se
consolidando. As fazendas são obrigadas a devolver à natureza parte da ninhada