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A partir dos resultados satisfatórios em tão curto período de tempo,
a diretora da Escola autorizou o professor Moraes a introduzir o soro-
ban na disciplina de Matemática para alunos cegos naquele estabeleci-
mento. Foi essa a primeira iniciativa concreta para o ensino do soroban
para cegos no Brasil.
Em 1956, a convite da professora Dorina de Gouvêa Nowill, então dire-
tora do Curso de Especialização de Professores no Ensino de Cegos, man-
tido pelo Instituto de Educação Caetano de Campos, em São Paulo, Moraes
ministrou aulas de aritmética usando sua metodologia do soroban, sendo
sucedido, posteriormente, pelo professor Manoel Costa Carnayba.
Consciente do seu papel de desbravador no uso do soroban entre pro-
fessores e pessoas cegas, sabedor das resistências que encontraria para
a implantação dessa inovação na educação, Moraes, em 1950, iniciou
um competente trabalho de divulgação por meio de palestras e demons-
trações em escolas de cegos, escolas regulares, além de participação em
programas de rádio e televisão.
Eram enviados sorobans e cópias do manual para as principais es-
colas de cegos do país. Moraes destacou como centros importantes de
divulgação o Instituto Padre Chico (SP), o Instituto Benjamin Constant
(RJ) e o Departamento de Matemática da Escola Politécnica da Univer-
sidade de São Paulo. Nesta última, o soroban despertou real interesse,
criando-se um curso facultativo para os estudantes de engenharia, ad-
quirindo-se 100 sorobans diretamente do fabricante.
4.3. M
ORAES E A DIVULGAÇÃO DO SOROBAN EM OUTROS PAÍSES
As metas de divulgação do soroban para cegos não se limitaram
ao Brasil. Moraes enviou sorobans e cópias do seu manual de utiliza-
ção para outros países, tais como: Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai,
Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Panamá, Costa-Rica, El Salvador,
Porto Rico, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Alemanha, Itália, Es-
panha e Portugal.