hídrica inclui também Emirados Árabes,
Bahamas, Catar, Ilhas Maldivas, Líbia, Arábia
Saudita, Malta e Cingapura.
Alguns países até têm água em quan-
tidade razoável, mas a sua contaminação
é tamanha, que acaba comprometendo o
abastecimento. Essa categoria é liderada
pela Bélgica, devido aos altos índices de
poluição industrial e ao saneamento bási-
co insuficiente, seguida por Marrocos,
Índia e Sudão, dentre outros. Em contras-
te, os recursos hídricos são particularmen-
te abundantes na Guiana Francesa, com
812 mil litros anuais por habitante, se-
guida pela Islândia. A água também não
é problema para Guiana, Suriname,
Congo, Papua-Nova Guiné, Gabão, Ilhas
Salomão, Canadá e Nova Zelândia – na
sua maioria, países pouco populosos.
Briga de vizinhos
A progressiva escassez faz com que a
água seja tão cobiçada quanto o petróleo.
Por isso, o direito de construir barragens e
explorar rios ou lençóis freáticos tem causa-
do tensões internacionais ao longo da histó-
ria. O quadro se complica pelo fato de que
mais de duzentas grandes bacias atraves-
sam mais de um país.
Os conflitos derivados da construção
da barragem indiana de Farakla são bastan-
te ilustrativos. Ela desvia as águas do rio
Ganges para Calcutá, impedindo que ele
siga seu curso natural, rumo a um país vizi-
nho, Bangladesh. As tensões geradas por
sua construção, iniciada em 1962, repercu-
tiram por mais de trinta anos, até que os
dois países assinaram um tratado que
determinou a formação de um comitê con-
junto para a tomada de decisões e estabe-
leceu alguns parâmetros (a disponibilidade
de água para Bangladesh não pode descer
além de determinado limite). Mas o Orien-
te Médio é a região onde a briga pela água
é mais recorrente, agravando um ambiente
já bastante turbulento.
No início dos anos 1970, o Iraque amea-
çou bombardear a barragem síria de Al-
Thawra e deslocou tropas para a fronteira,
alegando que a obra reduziu o volume de
água que fluía pelo rio Eufrates. Em 1975,
a disputa chegou ao auge, mas uma bem-
sucedida mediação da Arábia Saudita
impediu que houvesse uma guerra. Duas
décadas depois, o Iraque voltou a se envol-
ver numa briga por recursos hídricos, dessa
vez contra a Turquia, que terminava as
obras da barragem de Ataturk, e interrom-
peu o fluxo de água do Eufrates por um
mês. Egito e Etiópia também enfrentaram
longos períodos de tensão na disputa pelas
águas do Nilo. Um dos rios que lhe dão
origem, o Nilo Azul, nasce na Etiópia, e este
país decidiu construir uma série de barra-
gens em suas cabeceiras. No auge da crise,
em 1979, o então presidente do Egito,
Anuar Sadat (1918-1981), chegou a decla-
Meio Ambiente e Trabalho •
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