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Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
das formas de representação da surdez como
incapacidade ou das propostas pedagógicas
desenvolvidas tradicio-nalmente para atendê-las que
não consideram a diversidade lingüística. Conforme
Skliar (1999) alegam que o modelo excludente da
Educação Especial está sendo substituído por outro,
em nome da inclusão que não respeita a identidade
surda, sua cultura, sua comunidade.
Estas questões geram polêmica entre
muitos estudiosos, profissionais, familiares e entre
as próprias pessoas com surdez. Àqueles que
defendem a cultura, a identidade e a comunidade
surda apóiam-se no discurso das diferenças, alegando
que elas precisam ser compreendidas nas suas
especificidades, porém, pode-se cair na cilada da
diferença, como refere Pierucci (1999), que em nome
da diferença, pode-se também segregar.
Diante desse quadro situacional, o
importante é buscar nos confrontos promovidos na
relação entre as diferenças, novos caminhos para a
vida em coletividade, dentro e fora das escolas e,
sendo assim, como seria atuar com alunos com
surdez, em uma escola comum que reconhece e
valoriza as diferenças? Que processos curriculares e
pedagógicos precisam ser criados para atender a essa
diferença, considerando a escola aberta para todos
e, portanto, verdadeiramente inclusiva?
Não se trata de trocar a escola excludente
especial, por uma escola excludente comum. Ocorre
que alguns discursos e práticas educacionais ainda
não conseguiram, responder às questões acima
formuladas, mantendo os processos de normalização
das pessoas com surdez.
A inclusão do aluno com surdez deve
acontecer desde a educação infantil até a educação
superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os
recursos de que necessita para superar as barreiras
no processo educacional e usufruir seus direitos
escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com
os princípios constitucionais do nosso país.
A inclusão de pessoas com surdez na
escola comum requer que se busquem meios para
beneficiar sua participação e aprendizagem tanto
na sala de aula como no Atendimento Educacional
Especializado. Conforme Dorziat (1998), o
aperfeiçoamento da escola comum em favor de
todos os alunos é primordial. Esta autora observa
que os professores precisam conhecer e usar a Língua
de Sinais, entretanto, deve-se considerar que a
simples adoção dessa língua não é suficiente para
escolarizar o aluno com surdez. Assim, a escola
comum precisa implementar ações que tenham
sentido para os alunos em geral e que esse sentido
possa ser compartilhado com os alunos com surdez.
Mais do que a utilização de uma língua, os alunos
com surdez precisam de ambientes educacionais
estimuladores, que desafiem o pensamento,
explorem suas capacidades, em todos os sentidos.
Se somente o uso de uma língua bastasse
para aprender, as pessoas ouvintes não teriam
problemas de aproveitamento escolar, já que entram
na escola com uma língua oral desenvolvida. A