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Março de 2007 – Nº 15
CADERNOS
TEMÁTICOS
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EXPEDIENTE
Expediente
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Cadernos temáticos / Secretaria de Educação Pro ssional e Tecnológica.
v. 1, (nov. 2004). – Brasília : Secretaria de Educação Pro ssional
e Tecnológica, 2004–.
1. Educação pro ssional. 2. Práticas educativas. 3. Experiências
pedagógicas. I. Brasil. Secretaria de Educação Pro ssional e
Tecnológica.
CDU 377
Conselho editorial
Patrícia Barcelos, Solange Moreira Corrêa, Sandra Branchine e Cinara Barbosa
Coordenação editorial
Cinara Barbosa
Produção executiva
Patrícia Barcelos e Sandra Branchine
Pesquisa e diagnóstico
Juliana Amoretti
Produção de pauta
Sophia Gebrim
Reportagens e fotografias
Rodrigo Farhat e Marco Aurélio Fraga
Assistente de produção gráfica
Adriana Azambuja e Muriele Oliveira
Revisão
Denise Goulart
Diagramação
www.grifodesign.com.br
Impressão
Cromos
Impresso no Brasil
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões
emitidos nos artigos científicos e nos resumos estendidos
são de exclusiva responsabilidade dos autores.
© 2007 Ministério da Educação
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Série Cadernos Temáticos
Tiragem: 10.000 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco L, 4º andar
70047-900 – Brasília/DF
Tel: (61) 2104-8127/9526
Fax: (61) 2104-9744
www.mec.gov.br
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SUMÁRIO
Sumário
Apresentação 5
Editorial 7
Reportagens 8
Alunos do Cefet/PI estudam plantas do Nordeste 8
Pesquisa conecta estudante ao mundo do trabalho 11
Tecnologia e ação solidária a serviço da produção científica
e do fortalecimento da educação profissional e tecnológica 13
Projetos de estudantes transformam cotidiano 16
Artigos 22
Controle de qualidade do pescado e avaliação microbiológica
do gelo utilizado para sua conservação 22
O uso das tecnologias de geoprocessamento aplicadas
à gestão dos transportes públicos 28
Uma análise do comportamento das máquinas de busca da web 37
Plataformas EAD: um desafio para os desenvolvedores de software 43
Total weight: a auto programada 49
Um objeto de aprendizagem construtivista para TV Digital 57
Influência da profundidade de semeadura e da compressão
do solo sobre a semente do milho 66
Resumos Estendidos, Relatos de Experiência
e Práticas Pedagógicas 74
Utilização de redes neurais artificiais na monitoração e detecção
de falhas em sensores do reator IEA-R1 74
Automação do sistema de atendimento de um restaurante 77
Proposta interdisciplinar para o ensino de Química no
Curso Técnico em Agricultura 79
Contatos 84
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André Vilaron
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APRESENTAÇÃO
Apresentação
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Professor e estudante,
com satisfação, apresento à Rede Federal de Educação Profissional e Tecnoló-
gica os números 11 a 15 dos Cadernos Temáticos. Este exemplar que você tem
em mãos trata de experiências e práticas pedagógicas relacionadas às riquezas e
tecnologias brasileiras realizadas por integrantes das escolas.
As matérias mostram uma parte da realidade dos Centros Federais de Educa-
ção Tecnológica, das Escolas Agrotécnicas Federais e das Escolas Técnicas Vin-
culadas às Universidades de todo o Brasil.
Neste volume, destaco três artigos enviados por professores do Cefet/PI:
Análise do comportamento das máquinas de busca da web”, “Um objeto de
aprendizagem construtivista para TV digital” e “Controle de qualidade do pesca-
do e avaliação microbiológica do gelo utilizado para sua conservação”.
A dois anos do centenário das primeiras escolas de educação profissional, os
Cadernos Temáticos tornam pública uma parcela da excelência das ações e pro-
jetos das atuais 153 escolas federais de educação profissional e tecnológica. A
o final de 2007, serão 205 unidades de ensino em todo o país, um crescimento
de mais de 32%.
Outra ação de relevo para a qualificação de recursos humanos e o fortaleci-
mento da pesquisa nas instituições federais foi a concessão, em 2006, de 295
bolsas de mestrado e doutorado e o investimento em dez grupos de pesquisa.
Um total de R$ 4,5 milhões estão sendo aplicados na parceria da Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (Setec) com a Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A expansão da rede, as ações do Proeja, da Escola de Fábrica, as bolsas do
Programa Institucional de Qualificação Docente (Piqdtec) e o investimento em
grupos de pesquisa estão elevando o nível da formação de profissionais no Brasil,
fortalecendo as economias locais e, também, as vocações nacionais.
Eliezer Pacheco
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC
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André Vilaron
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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EDITORIAL
Editorial
Cadernos revelam sintonia
de escolas com realidades brasileiras
Os volumes 11 a 15 dos Cadernos Temáticos mostram experiências inova-
doras, práticas pedagógicas, pesquisas e resumos de artigos que contribuem
para o desenvolvimento da educação profissional e tecnológica no Brasil. São
uma pequena mostra da sintonia das 153 escolas da rede com as realidades
regionais do país.
Estimular, no cotidiano docente, a discussão de temas relevantes que permi-
tam a adoção de novas metodologias de ensino na rede federal de educação tec-
nológica é um dos objetivos desses cadernos. Outro é mostrar as semelhanças
entre experiências realizadas por diferentes escolas, de distintas regiões. Essas
práticas podem, até mesmo, inspirar, mais tarde, novos projetos, em pontos
distantes do país, desde que guardadas as singularidades históricas, socioeco-
nômicas e culturais das regiões.
Uma das metas iniciais da equipe responsável pela concepção e produção
da série Cadernos Temáticos foi contemplar todas as áreas profissionais. Per-
seguida, mas, no entanto, nem sempre atingida, a proposta tornou-se viável
quando seu foco foi transferido para a publicação de experiências do maior
número possível de setores. É um recorte na realidade da educação profissional
no Brasil; um retrato desenhado por quem faz parte desse cenário: estudantes,
pesquisadores, professores e servidores.
Os editores
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
GESTÃO
Alunos do Cefet/PI
estudam plantas do Nordeste
Envolvimento com ciência aumenta
confiança de jovens pesquisadores
Fotos: Rodrigo Farhat
A carnaúba, o suco de caju e a cajuína, produtos típicos do
Nordeste, são objetos de duas das 25 pesquisas desenvolvidas
por estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Piauí (Cefet/PI), em parceria com professores da instituição. Ara-
celli de Sousa Leite, Cristiany Marinho Araújo e Michelle Mara
de Oliveira Lima são bolsistas de iniciação científica e, por mês,
recebem R$ 165,00. Com a pesquisa, as alunas adquirem experi-
ência e segurança para iniciar a carreira profissional.
Ao lado do professor Luiz Fernando Meneses Carvalho, Cris-
tiany, do sexto período de licenciatura em Química, estuda a uti-
lização da palha da carnaúba na fabricação de compósitos, mate-
riais de naturezas diferentes que, juntos, adquirem características
melhores do que as dos produtos originais. O desenvolvimento
de um compósito, que é constituído, basicamente, de polímero,
fibra e aglutinante, tem como objetivo o melhoramento das pro-
priedades mecânicas e térmicas de materiais já empregados na
engenharia e a descoberta de novos materiais.
A carnaúba, uma palmeira do semi-árido
nordestino, é utilizada pelo homem de diferentes
formas: as raízes servem como diurético, os frutos
são usados como ingrediente para ração animal
e os troncos, na construção civil. As palhas
prestam-se para a montagem de artesanatos,
como adubo e também para a extração de cera,
insumo que entra na composição de produtos
da indústria, como alimentos, componentes
eletrônicos, cosméticos, remédios e revestimentos.
Compósitos são materiais de moldagem
estrutural, formados por uma matriz polimérica
e reforçada por fibras agregadas após processo
de cura. Leveza, flexibilidade, durabilidade,
resistência, adaptabilidade são algumas de
suas propriedades.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Reportagens
A pesquisa teve a duração de 14 meses, de setembro de 2005
a novembro de 2006. Nesse tempo, Cristiany ajudou o professor
a realizar os tratamentos químicos e os testes de comportamento
térmico, feitos na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Luiz Fernando acredita na importância da promoção de projetos
de iniciação científica, pois os alunos se tornam mais confiantes.
Cristiany revela que, no futuro, pretende desenvolver projetos com
fibras de palha de carnaúba. Ela ensina química para alunos do ensi-
no médio, na Fundação Nossa Senhora da Paz, e acredita que estará
“pronta” ao final do curso.
Projeto estuda mutações genéticas
A exposição humana a agentes oxidantes e potencialmente
teratogênicos, mutagênicos e carcinogênicos tem sido objeto de
diversos estudos, pois é considerada mecanismo de aparecimento
de doenças genéticas. Por outro lado, evidências epidemiológicas
indicam que o consumo de frutas e vegetais pode estar associado à
redução dos efeitos de radicais livres e, por conseqüência, de casos
de câncer, doenças cardiovasculares, cataratas e disfunção cerebral.
O projeto para estudo da ação do caju no organismo humano
começou a ser desenvolvido com o doutoramento da professora
Ana Amélia Melo Cavalcanti, gerente de Pesquisa e Produção Tec-
nológica do Cefet/PI. Inicialmente, os estudos foram feitos in vitro
e com bactérias. Agora, as estudantes Aracelli de Sousa Leite e Mi-
chelle Mara de Oliveira Lima a auxiliam no experimento com fun-
gos (saccharomyces cerevisiae) e mamíferos (camundongos), que
têm propriedades similares às proteínas humanas.
Para conseguir reduzir os efeitos de radicais livres e ficar com
saúde, o ideal é tomar 300 mililitros de suco de caju e cajuína por
dia, pois, do contrário, o excesso pode resultar em efeito contrário,
aconselha Ana Amélia.
Que podem produzir malformações
genéticas, mutações ou tumores
malignos no organismo.
O caju, consumido no Brasil como
suco ou cajuína, tem alto teor de
vitamina C e polifenóis, assim como de
carotenóides, carboidratos, proteínas
e metais. A maioria dos compostos
químicos naturais presentes na fruta
pode ter propriedades antioxidantes,
antiinflamatórias, antiestrogênicas,
antimutagênicas e anticarcinogênicas.
“Quero
escrever artigos
e iniciar o
mestrado”
Michelle Mara de Oliveira
Lima – Bolsista
Aracelli e Michelle alimentam camundongo
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Cefet/PI deseja ampliar bolsas
A política da instituição é ampliar os projetos de pesquisa e au-
mentar o número de bolsas concedidas, por meio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi). A Coordenadora
de Pesquisa do Cefet/PI, Flor Maria Mendes Câmara, lembra que
a concorrência tem sido tão grande que há estudantes trabalhando
como voluntários.
A demanda por bolsas reflete os resultados obtidos pelos estu-
dantes do Cefet/PI no mundo acadêmico. Recentemente, todos os
25 trabalhos sobre meio ambiente, alimentos, geoprocessamento,
biologia e química enviados por estudantes da instituição foram se-
lecionados pela comissão organizadora do I Congresso de Pesquisa,
Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica (I
Connep), realizado em Natal (RN), em dezembro de 2006.
Aracelli de Sousa Leite diz que a pesquisa ampliou seus hori-
zontes profissionais: “No Cefet/PI, aprendi a fazer testes realizados
internacionalmente, ganhei um prêmio da Fapepi e enviei 11 tra-
balhos para congressos. Hoje, pesquiso o buriti, mas já estudei o
própolis, por isso, considero-me inserida no mundo da pesquisa e
amadurecida para ingressar em um programa de mestrado”.
A colega de Aracelli, Michelle Mara de Oliveira Lima, também
ganhou com a pesquisa. “O estudo me abriu portas. Além de facili-
tar o estudo das disciplinas, vejo testes da literatura científica na prá-
tica”. Como Aracelli, Michelle quer dar aulas e fazer mais pesquisa.
“Se a bolsa acabar, serei voluntária. Quero escrever artigos e iniciar
o mestrado”, conta.
A Coordenadora de Pós-graduação do Cefet/PI, Valdira de Caldas
Brito Vieira, explica que a comissão que avalia o pedido de bolsas de
iniciação científica é formada por professores de diferentes áreas. “Os
estudantes que não são contemplados com bolsas estão sendo incenti-
vados a estudar com aulas de inglês e informática gratuitas e também
com a oferta de disciplinas de metodologia de pesquisa”, diz.
Os alunos têm mostrado interesse. Em 2005, foram 20 bolsistas
da sede, em Teresina, e na unidade de Floriano e, em 2006, o núme-
ro cresceu 75% e chegou a 35 estudantes.
Reportagem: Rodrigo Farhat
A iniciação
científica
me ajudou a
amadurecer
Aracelli de Sousa Leite
– Bolsista
Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Reportagens
Utilizar homeopatia para eliminar carrapatos de bovinos e au-
mentar a produtividade da cultura do milho com diferentes doses
de potássio. Esses foram dois dos quase 180 pôsteres apresenta-
dos por estudantes de cursos de educação profissional e tecnológica
na 5ª Jornada Científica da Escola Agrotécnica Federal de Cáceres
(EAF/Cáceres), no Mato Grosso. O evento, ocorrido em novembro
de 2006, teve a participação de quase mil pessoas e foi realizado em
conjunto com o governo do estado.
Segundo a diretora do Departamento de Desenvolvimento Edu-
cacional da EAF/Cáceres, professora Marcilene Cristina Gomes Ma-
luf, a instituição vê na iniciação científica aporte para a construção
e a produção do conhecimento. Diversos bolsistas financiados pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fape-
mat), em 2006, mostraram seus projetos tanto em Brasília, durante
a Mostra Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, quanto
em Cáceres, também sede das jornadas estadual e do Centro-Oeste.
“Foram 21 no evento nacional e 45 no regional”, disse.
JORNADA CIENTÍFICA
Pesquisa conecta estudante
ao mundo do trabalho
EAF Cáceres mostra produção científica
em evento regional
Fotos: Divulgação Eaf/Cáceres
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
No total, os mais de 900 participantes foram reunidos no evento,
distribuídos em seis mesas-redondas, 179 pôsteres, 23 comunica-
ções orais e 20 oficinas sobre todas as áreas da educação profissional
e tecnológica, de agropecuária a transportes, de artes a telecomuni-
cações. “Foi uma oportunidade para se divulgar a produção científi-
ca das instituições e trocar experiências, pois os estudantes tiveram
a possibilidade de conhecer a produção científica não só de seu esta-
do, mas de toda a região”, declarou Marcilene.
Os alunos Francielly e Roni confirmaram a proposta da diretora.
Ambos têm 19 anos e apresentaram suas pesquisas aos participantes
das jornadas. Francielly Karoline Aires Carlini, aluna do curso de tec-
nologia em Zootecnia no Centro Federal de Educação Tecnológica
de Cuiabá (Cefet/Cuiabá), explicou, na apresentação de seu pôster,
que o experimento envolve o tratamento de carrapatos de bovino
com produtos fitoterápicos e homeopáticos. O trabalho, iniciado em
maio de 2005, teve parceria de dois professores e cinco alunos.
Homeopatia para carrapatos
A proposta do estudo é eliminar os produtos químicos da produ-
ção animal. Para descobrir a formulação ideal, estudantes e profes-
sores fazem experimentos com seis tipos de tratamento: um envolve
só água e serve como parâmetro de desempenho, outro utiliza soro
de leite e cinza de caldeira fermentada e um terceiro, extrato de
fumo em corda, capim cidreira, eucalipto, nim e soro fresco de leite.
A composição do produto utilizado no quarto tratamento leva soro
de leite, cinza de caldeira e fatores homeopáticos C e NC. A fórmula
do quinto tratamento tem extrato de fumo, capim cidreira, euca-
lipto, nim, soro fresco e fatores C e NC e a do sexto, um produto
químico à base de citermetrina a 25%.
Ainda não há resultados. “A experiência está em andamento”, es-
clareceu Francielly. O benefício será mostrar que há possibilidade de
criar animais sem produtos químicos e sem contaminar o meio am-
biente. Roni Fernandes Guareschi, aluno do curso de tecnologia em
Produção de Grãos do Cefet/Rio Verde (GO), levou para a jornada,
além do estudo sobre a relação entre a dosagem de potássio e produ-
tividade do milho, uma receita de biodiesel em pequena escala. Sua
proposta foi mostrar os processos práticos de produção de biodiesel
acessível a qualquer pequeno produtor. Para isso, cinco alunos, orien-
tados por um professor da escola, criaram um método de produção.
Quem o procurasse na jornada poderia pegar a receita: coloque 100
litros de óleo vegetal (de soja ou girassol) em um recipiente; acrescente
15 litros de álcool etílico e 1,5 litro de soda cáustica; misture o com-
posto por duas horas e deixe decantar por dois dias. Após esse período,
o biodiesel ficará na parte superior do recipiente, sobre a glicerina, que
deve ser descartada ou utilizada para fabricar sabonetes e sabões. O
biodiesel, que pode ser utilizado na propulsão de tratores, por exemplo,
custa entre 10% a 15% mais barato que o óleo mineral.
Elevar a produtividade do milho a partir da aplicação de dife-
rentes doses de potássio no sulco de plantio foi a proposta de outra
pesquisa do grupo de Roni. “Com o estudo, você economiza ferti-
lizante, porque utiliza a dose ideal do potássio para atingir a maior
produtividade do milho”, disse. O projeto, além de auxiliar Roni a
resolver os problemas do agricultor, o deixa mais perto da realidade
do mundo do profissional de sua área.
Reportagem: Rodrigo Farhat
Projetos deixam
estudantes mais
próximos da
realidade
Francielly Carlini estuda uso de
homeopatia contra carrapatos
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Reportagens
Tecnologia e ação solidária a
serviço da produção científica e
do fortalecimento da educação
profissional e tecnológica
Redenet amplia a geração e o intercâmbio da
produção científica e tecnológica nas regiões
Norte e Nordeste
REDENET
A Redenet foi criada com a finalidade de
fortalecer as instituições federais de EPT
no processo de consolidação da visão
solidária e cooperada e na ampliação
do seu papel como agentes de mudança
em suas regiões.
Desde o seu surgimento, na década de 1970, a internet trans-
formou-se no grande meio para a integração e o intercâmbio de
informações e produções científicas nos centros de pesquisa e uni-
versidades em todo o mundo. Seguindo esta tendência mundial, foi
criada, em outubro de 2003, a Rede Norte e Nordeste de Educação
Tecnológica (Redenet).
Constituída pelos Centros Federais de Educação Tecnológica e
Escolas Técnicas Federais, o objetivo da Redenet é o de promover a
articulação dos Cefets e ETFs das regiões Norte e Nordeste, visando
à potencialização das vocações individuais e coletivas, de modo a
Fotos: Divlugação Cefet/RN
Abertura I CONNEPI 2006
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
ampliar a geração e o compartilhamento do conhecimento cientí-
fico e tecnológico, contribuindo para a redução das desigualdades
sociais e regionais, bem como o desenvolvimento de suporte tecno-
lógico para o setor produtivo.
Tínhamos dificuldade de identificar e socializar as experiências
exitosas vivenciadas nos Cefets e nas ETFs”, explica o presidente da
Rede, Sérgio Luiz Alves de França. Para França, a Redenet conse-
guiu dar visibilidade e viabilidade aos projetos de pesquisa e às ações
desenvolvidas no âmbito das instituições federais das regiões Nor-
te e Nordeste. “Antes da implantação da Rede, tínhamos situações
em que diferentes pesquisadores – em estados diferentes – estavam
desenvolvendo pesquisa em uma mesma área sem o necessário com-
partilhamento de informações. Com a Rede, estamos integrando os
pesquisadores, estreitando os canais de comunicação e otimizando
recursos humanos, técnicos e financeiros”, diz França.
Princípios norteadores
da Redenet
Promoção da articulação e colaboração entre
os Cefets e ETFs consorciadas, em consonân-
cia com as vocações institucionais e regionais.
Estabelecimento de articulações contínuas,
no que concerne às políticas e diretrizes bási-
cas, que permitam o fortalecimento e a con-
solidação das instituições parceiras.
Atendimento às demandas da sociedade, atra-
vés de ações da Rede, congregando as várias
competências acumuladas pelas instituições.
Atuação finalística nos campos do desenvolvimento tecnológico, no combate às desigualdades
social e regional, da melhoria da qualidade de vida da população e da inclusão social.
Estabelecimento de parcerias, convênios e intercâmbios com os diferentes setores da sociedade.
Formação de recursos humanos de forma cooperada, utilizando as potencialidades das insti-
tuições em rede.
Objetivos da Redenet
Definir áreas estratégicas, políticas, programas e projetos a serem assumidos pela Rede Norte
e Nordeste de Educação Tecnológica.
Estruturar grupos de trabalho para implementação das políticas, programas e projetos assumi-
dos pela Rede.
Estruturar programas e projetos nas áreas de ensino, gestão institucional, integração com a
sociedade e pós-graduação, pesquisa e inovação tecnológica.
Divulgar e socializar as ações e resultados consolidados, coletivamente ou individualmente,
permitindo o compartilhamento pela Rede e pela sociedade.
Identificar, em nível local, regional e geral, programas (governamentais, de ONGs, empresas
ou instituições) que possam ser assumidos pela Rede ou por determinados Cefets e ETFs.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
15
Reportagens
Além desta otimização de recursos, a Rede
permite que as instituições possam ser beneficia-
das. “Este tipo de ação é fundamental para que
alguns Cefets e ETFs, que estão em estágios ini-
ciais no campo da pesquisa, possam ter acesso às
ações e experiências exitosas dos demais mem-
bros da Rede, possibilitando que os primeiros
passos sejam dados e, ao mesmo tempo, acele-
rando os avanços nessas instituições”, coloca o
presidente da Redenet.
Estrutura – A Redenet é formada por um
conselho superior, constituído pelos diretores
gerais de todas as instituições federais partici-
pantes. Para a coordenação e o acompanhamen-
to das ações de integração, articulação e operacionalização dos pla-
nos, programas e projetos definidos pelo conselho superior, a Rede
possui um comitê gestor formado por quatro diretorias, quatro re-
presentações de núcleos de desenvolvimento e 14 gerências gerais,
representando o conjunto da Rede.
O gerente geral desempenha um papel estratégico dentro da es-
trutura da Rede. Para França, o gerente é o interlocutor, articulador
e responsável por multiplicar as informações relativas às atividades da
sua instituição para o conjunto da Rede. “Se um professor estiver rea-
lizando um trabalho de pesquisa tendo como tema ‘biblioteca virtual’
e estiver interessado em pesquisadores nesta área, cabe ao gerente
geral articular a integração dos pesquisadores no âmbito da Rede”.
A Redenet ainda possui fóruns para o debate de temas em evi-
dência e com necessidades temporárias e grupos de trabalho que
constituem os projetos cooperados em rede e projetos de pesquisa,
formados em função dos interesses temáticos dos pesquisadores ou
das necessidades do conjunto das instituições.
Portal Redenet – Lançado em setembro de 2005, o portal da
Redenet é o grande veículo de viabilização dos objetivos da Rede.
Permite a efetivação de reuniões virtuais, a socialização da produ-
ção acadêmica e informações das instituições, o acesso aos sites de
interesse da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), a visibili-
dade dos projetos institucionais, a interação com os educadores e
discentes da Rede e o acesso a links de notícias com as principais
matérias dos Cefets e do Ministério da Educação. O portal disponi-
biliza ainda um cadastro no qual o usuário do site recebe notícias,
informações e esclarecimentos de dúvidas referentes à EPT.
A Redenet também promoveu, junto com a Secretaria de Edu-
cação Profissional e Tecnológica (Setec), no final de 2006, em Na-
tal/RN, o I Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e
Nordeste de Educação Tecnológica (Connepi). O evento, que reu-
niu professores, pesquisadores e estudantes ligados à Redenet e a
instituições de ensino e de pesquisa, empresas, firmas e indústrias,
além de profissionais autônomos, teve como objetivo constituir um
fórum comum de discussão técnico-científica e de debate entre pro-
fissionais do Sistema de Educação Profissional e Tecnológica e da
Redenet em suas áreas afins.
Reportagem: Marco Fraga
Como participar da Redenet?
O educador ou discente que desejar
participar dos trabalhos da Redenet
deverá enviar e-mail para o Gerente
Geral da Redenet em sua instituição,
expondo sua área ou tema de
interesse e o tipo de atividade que
deseja desenvolver.
Mais informações no site da Redenet:
www.redenet.edu.br ou pelo e-mail:
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Uma planta virtual com controle real, um curso de espanhol para
cegos, um alarme residencial sem fio e uma pesquisa sobre extração
de óleos essenciais. Esses foram alguns dos projetos expostos na
Mostra Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, que inte-
grou a 1ª Conferência Nacional do setor, realizada em novembro de
2006, em Brasília.
Os projetos de pesquisa e de iniciação científica de professores e
estudantes da rede federal mostram a vitalidade das escolas profis-
sionais no Brasil. Na mostra, 77 instituições foram representadas,
entre centros federais de educação tecnológica, escolas agrotécnicas,
colégios técnicos e universidades.
O estudante Estevam Miranda, do Colégio Técnico da Universi-
dade Federal de Minas Gerais (Coltec/UFMG), levou para o estan-
de um protótipo que torna as aulas práticas do professor Antônio
Claret dos Santos mais divertidas e esclarecedoras. As professoras
Marinez de Souza Tamburini Brito e Angélica Moura Siqueira
PESQUISA
Projetos de estudantes
transformam cotidiano
Mostra de educação profissional e tecnológica
revela vitalidade de escolas brasileiras
Fotos: Rodrigo Farhat
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Reportagens
Cunha, do Colégio Técnico da Universidade Federal do Maranhão
(CT/UFMA), mostraram um projeto de curso de espanhol e de ofi-
cina de artes visuais para cegos.
Controlador – Estevam explica que a planta virtual substitui a
real e mostra o funcionamento do controlador. O mecanismo pode
ser utilizado em qualquer tipo de controle industrial, como aciona-
mento de semáforos, levantamento de cancelas em estacionamentos
e para ajustes de temperatura em tanques. O equipamento pode ser
usado, também, para controlar a pressão de autoclaves, entre outras
inúmeras destinações.
Estevam esclarece que os alunos do Coltec aprendem, primeiramen-
te, todas as funções do controlador para, então, passar a programá-lo.
Uma versão do projeto do professor Claret foi mostrada por Estevam
na última feira de ciência e tecnologia do colégio, realizada em 2005.
O controlador foi utilizado pelo estudante para exibir o funcionamento
de um semáforo inteligente, que modifica o tempo de acionamento do
sinal de trânsito de acordo com o fluxo de veículos na via.
Claret é responsável pela disciplina de Automação do curso téc-
nico de Instrumentação Industrial.
Espanhol – Marinez contou aos participantes da mostra que
despertou para a educação especial recentemente. Foi em agosto de
2006 que surgiu a proposta de criar o Proyecto Allende. O nome,
que significa romper barreiras, define o conceito do curso: ensinar a
língua espanhola para cegos da escola e da comunidade. Atualmen-
te, 65 alunos estão inscritos em cinco turmas, das quais três têm
estudantes com problemas de visão.
Para a oferta do curso, materiais pedagógicos tiveram que ser mon-
tados e jogos, construídos. Para montar apostilas, relógios e jogos, a
professora utiliza papelão, cartolina, cola, areia e plástico emborracha-
do. Até livros falados foram gravados para utilização em sala de aula.
O projeto, apoiado pela responsável pelo Núcleo de Atendimento
às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (Napnee), pro-
fessora Angélica Moura Siqueira Cunha, inclui, ainda, um estagiário,
o estudante Thiago Augusto dos Santos de Jesus. Angélica justifica a
proposta e lembra dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), que revelam que o ingresso
de estudantes com necessidades especiais nas escolas cresce 28,1% ao
ano. “O processo de inclusão é irreversível e cada região tem que cons-
truir seu modelo, de acordo com suas especificidades”, afirma.
Ela contou que a abertura do Napnee, em 2005, elevou as de-
mandas por cursos dirigidos a estudantes com necessidades espe-
ciais. Os professores tiveram, também, que se adaptar. Marinez, por
exemplo, teve que se capacitar em um curso de cem horas promovi-
do pelo Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual do Mara-
nhão (CAP). “Eu nunca imaginei trabalhar com cegos”, diz. Ficou
tão entusiasmada com o novo campo de atuação que hoje já pensa
em trocar de área no programa de mestrado que pretende fazer: de
Lingüística para Educação Especial.
Em outra frente, Angélica conta com o apoio dos estudantes de
Belas Artes da UFMA. Durante 30 horas, em agosto de 2006, 15
estudantes trabalharam a percepção das artes visuais com três cegos
“Nunca imaginei
trabalhar com
cegos”
Marinez de Souza Tamburini
Brito – Professora
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18
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
da escola e 12 da comunidade. Nessa oficina, quadros de Tarsila do
Amaral e de Picasso tiveram que ser reconstruídos em alto relevo
para serem mostrados aos alunos. Angélica aprovou a experiência e
já planeja montar cursos de outras áreas do conhecimento.
Projetos revelam diversidade brasileira
Um alarme residencial sem fio, um curso de saúde bucal destinado
a capacitar equipes do Programa Saúde da Família (PSF) e uma pes-
quisa sobre extração de óleos essenciais foram outros projetos expos-
tos na Mostra Nacional de Educação Profissional e Tecnológica.
O projeto de alarme residencial com sensor laser, de autoria dos
estudantes Israel da Silva Celomar Jr. e Marcos Patrick, foi orientado
pelo professor José Ricardo Canez, do curso técnico em Eletrônica,
do Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (Cefet/Pe-
lotas), no Rio Grande do Sul. O trabalho resultou de um desafio
proposto pelo tio de Celomar, um pequeno proprietário rural que
tinha o sítio constantemente roubado. Ele propôs ao sobrinho que
construísse um alarme barato para proteger a propriedade.
O sistema elaborado pelos estudantes alia a praticidade da ins-
talação com a economia de tempo e dinheiro sem comprometer a
confiabilidade. O circuito dispõe, ainda, do uso compartilhado de
outros tipos de sensores, como de temperatura e de presença.
Como explicou o coordenador de Extensão e Eventos do Cefet/Pe-
lotas, Miguel Baneiros, o protótipo, que custou R$ 300, protege uma
área de 60 metros quadrados, não utiliza fios e tampouco sensores de
presença. Em seu lugar, espelhos planos colocados dentro de canos de
PVC fecham a área por reflexão da luz. Por isso, para construir o alar-
me, os estudantes tiveram que aprofundar seus estudos sobre ótica.
Mateus Rossini exibe estacionamento inteligente
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
19
Reportagens
As vantagens do laser são muitas. Como mostra o estudo dos
alunos, um mesmo feixe tem grande alcance e, por isso, pode ser
refletido através de espelhos por vários pontos de uma área a se-
rem monitorados. O feixe de laser é refletido de forma a atingir um
fotodiodo responsável pela detecção no corte da luz. Quando isso
acontece, o alarme liga a sirene ou qualquer outra carga que possa
indicar que o sistema foi violado.
Saúde bucal – De Uberaba, no Triângulo Mineiro, o diretor do
Centro de Formação Especial em Saúde (Cefores), professor José Hen-
rique Nunes, levou para Brasília a experiência do curso de formação de
profissionais para integrar as equipes do Programa Saúde da Família
(PSF). A escola, vinculada à recém-criada Universidade Federal do Tri-
ângulo Mineiro (UFTM), abriu, em agosto de 2006, um curso técnico
em saúde bucal com uma qualificação e duas habilitações.
Com 600 horas, o profissional é qualificado como auxiliar de
consultório dentário (ACD). Com outras 600 horas, ele é habili-
tado como técnico em higiene dental e, por igual período, como
técnico em prótese. No total, o curso tem duração de 1,7 mil horas.
Os 30 alunos da turma têm, além das aulas teóricas, 600 horas de
práticas, no mínimo, no Hospital Universitário da UFTM.
Nunes esclarece que o curso foi montado para atender às exigên-
cias do mercado na região. Somente na Gerência Regional de Saú-
de, que abrange 27 cidades vizinhas a Uberaba, existem 96 equipes
do PSF, das quais 42 trabalham no município.
Para fevereiro de 2007, o Cefores planeja iniciar um curso de
qualificação para agentes comunitários de saúde, também partici-
pantes de equipes do PSF.
Óleos essenciais – De Recife, o professor Eduardo Alécio, do
curso de Química do Cefet/PE, coordenou uma pesquisa sobre ex-
tração de óleos essenciais de plantas do Nordeste, como alecrim,
erva cidreira, cravo-da-índia e pimenta. Seu projeto teve apoio do
Fundo de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado (Facep) e en-
volveu a participação de estudantes, que colocaram em prática o
conhecimento adquirido em sala de aula. A proposta era produzir
insumos para alimentos, desinfetantes e sabonetes, entre outros.
Eduardo e seus alunos fizeram a caracterização dos óleos quan-
to à composição química, rendimento e toxicidade para identificar
a potencialidade da planta para uso das indústrias alimentícia, de
cosméticos e farmacêutica. Na fabricação de alimentos, os óleos são
usados como aromatizantes, condimentos e também nas bebidas.
Enquanto na indústria química, desodorantes, inseticidas, perfu-
mes, plásticos, sabonetes, solventes e tintas utilizam os óleos, na de
fármacos, eles são usados na composição de analgésicos, estimulan-
tes, expectorantes e sedativos.
A pesquisa buscou desenvolver novos produtos e aproveitar as
partes de plantas não utilizadas em outros processos industriais. Edu-
ardo explicou que a laranja, depois da extração do suco, pode ter sua
casca prensada para extração de óleos destinados ao uso alimentar.
Os óleos, que podem ser obtidos a partir da flor, da folha, do
caule, da raiz e também de frutas cítricas, são extraídos por arraste
de vapor (hidrodestilação), por vapor direto ou por prensagem.
Miguel Baneiros explica o funcionamento
de alarme a laser
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Física e eletrônica animaram
estande do Cefet/SP
A Eletrônica e a Física são as bases dos seis projetos apresenta-
dos pelo Cefet/SP na Mostra Nacional de Educação Profissional e
Tecnológica. Ambas as ciências foram utilizadas na construção de
protótipos de um elevador didático, um estacionamento inteligente,
um pêndulo num campo de oscilações rápidas, um semáforo moni-
torado por controlador lógico programável (CLP), um sistema de
seleção de materiais e um veículo autoguiado.
Os projetos foram elaborados por professores e alunos dos cur-
sos de Automação Industrial, de Eletrotécnica e de licenciatura em
Física, ofertados pela sede do Cefet, na cidade de São Paulo, e pela
unidade descentralizada de Sertãozinho, no interior do estado.
O estudante Alberto Ribeiro Alves Naffah, do
quinto módulo de Automação Industrial, explicou
que os protótipos foram desenvolvidos com recursos
da escola e dos próprios alunos. Para a construção
do sistema de seleção de materiais foram gastos en-
tre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil. A maquete foi construída
com placas de circuito impresso, microcontrolador
CLP, metal, madeira, motores de passo e até peças
de brinquedo Lego.
O equipamento pode ser utilizado em linhas de
montagem e de reciclagem de peças metálicas. Na
etapa inicial, uma esteira alimentadora é acionada. Ao
passar por um sensor de fibra ótica, a segunda entra
em funcionamento. Nela, um sensor magnético detec-
ta a presença de metal, predeterminando o sentido de
movimento do terceiro estágio da esteira. Se a peça
contiver metais, a esteira se movimenta para a esquer-
da, caso contrário, para a direita, desembocando em
uma empilhadeira montada com peças de Lego, acio-
nada por um sensor de infravermelho. Um robô reali-
menta o sistema, retirando as peças da empilhadeira e
colocando-as, novamente, na primeira esteira.
Monitoramento on-line – O semáforo inteligente,
também controlado por CLP, tem os temporizadores elé-
tricos substituídos por um sistema programado. “É mais
eficiente e pode ser monitorado on-line”, como esclare-
ceu Alberto, pois permite a detecção de panes e o cha-
veamento da rede de semáforos. Como é controlado por
programa de computador, possibilita que as alterações
dos tempos de abertura do sinal luminoso sejam feitas
mais facilmente, sem a necessidade de um operador ter
que se descolar até a via para refazer a programação.
O protótipo do estacionamento inteligente simula
o acesso à garagem de um shopping e monitora o aces-
so de veículos ao local. Além de evitar o desperdício
de tempo dos consumidores, impede o trânsito desne-
cessário no estacionamento, pois não abre a cancela se
não existirem vagas.
Alberto Naffah explica processo
de separação de metais
Estevam Miranda usa controlador
para mostrar seu funcionamento
Eduardo Alécio explica usos de
óleos essenciais
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
21
Reportagens
Além dos estados gasoso, líquido,
sólido e plasma.
“Se paralisar o
pêndulo fosse
possível, o
quinto estado
da matéria
seria atingido”
Tânia Aparecida Andreata
Furukubo – Estudante de
licenciatura em Física
O menino Tiago Cavalcanti, de 11 anos, um dos visitantes da
mostra, ficou boquiaberto ante a explicação de Alberto. “Até parece
brinquedo”, disse.
Em outra parte do estande do Cefet/SP, o estudante Mateus Gas-
parotti Rossini, do curso de Automação do Cefet/SP, mostrou o
funcionamento do protótipo de veículo autoguiado. Ele contou que
a proposta é fazer a movimentação de cargas armazenadas em locais
diferentes. Trata-se de um sistema de transporte de cargas automa-
tizado diferente de outros existentes no mercado por ser facilmente
reprogramado e dispensar mão-de-obra especializada.
Preço reduzido – O equipamento prevê que um determinado
material seja buscado e que a unidade móvel retorne com esse ma-
terial sempre ao mesmo local. Podem existir diferentes materiais em
distintos locais, desde que estejam sempre no mesmo lugar, diz o
aluno. O funcionamento é feito por sensores óticos. Enquanto um
LED emite luz, outro a recebe, o que faz com que o veículo ande
em um roteiro pré-determinado, pintado no chão da fábrica.
O sistema pode ser aplicado em estoques grandes, com alto fluxo
de movimentação e em áreas de risco para trabalhadores, como mo-
vimentação de produtos químicos e em câmaras frigoríficas, além
de transporte de cargas pesadas. Mateus explica que o orçamento
para a construção de um equipamento similar é baixo. Enquanto
um sensor sai por R$ 170, em média, no mercado, o utilizado no
projeto custou R$ 10 a unidade.
O elevador foi construído pela equipe do Cefet/SP para fins di-
dáticos, como explicou o professor de Computação, Marco Sérgio
Cambraia. É uma unidade moderna, com ponto de parada magné-
tico e controles eletrônicos de velocidade. Geralmente, o protótipo
é utilizado em aulas práticas para explicar aos estudantes as partes
elétrica e mecânica de um equipamento dessa natureza.
Quinto estado – Tânia Aparecida Andreata Furukubo, do quinto
semestre de licenciatura em Física, levou para a mostra um trabalho
prático baseado em estudos teóricos do professor do Cefet/SP, Augusto
Masashi Horiguti. Ele usou teorias de Hamilton sobre energia para en-
contrar novos pontos de equilíbrio estável para um pêndulo simples.
A forma que Augusto encontrou para o ponto de equilíbrio foi
aplicando força oscilante de alta freqüência no protótipo, todo cons-
truído com material reciclado por Tânia e seu colega Rômulo Fran-
celino. Um motor elétrico que gira a 1.560 rotações por minuto
transforma o movimento angular em linear oscilante para aplicar
força ao pêndulo. Quando a força é aplicada horizontalmente, o
pêndulo ganha dois novos pontos de equilíbrio estável, um a 45
graus positivo e outro a 45 graus negativo. Se a força, entretanto, é
vertical, os pontos de equilíbrio ficam a zero grau e a 180 graus.
Tânia revelou que a teoria que envolve o pêndulo está sendo ana-
lisada para paralisar os átomos. O físico Albert Einstein dizia, conta
a estudante, que se fosse possível paralisar a partícula, o quinto esta-
do da matéria seria atingido. A matéria, no quinto estado, poderia,
então, além de ser vista, traspassada.
Reportagem: Rodrigo Farhat
Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
RESUMO
Com o objetivo de detectar as possíveis falhas no fluxograma de pro-
cessamento de pescado fresco e de verificar se a água utilizada para
sua conservação (gelo) não constitui uma fonte de contaminação
para este alimento, foram feitas análises em pescado e no gelo de
conservação deste. A avaliação da qualidade do pescado foi realiza-
da através das análises das características organolépticas e microbio-
lógicas de nove amostras de peixe comercializados em entreposto
da cidade de Teresina/PI. O gênero escolhido no desenvolvimento
deste trabalho foi o Tucunaré (Cichla sp.), pelo seu baixo custo e
sua grande aceitação. A análise das características organolépticas foi
realizada no momento da coleta através de observação visual, tátil e
olfativa do pescado. Os parâmetros microbiológicos analisados para
estas amostras foram Staphylococcus aureus e Salmonella. No gelo de
conservação foram analisados os parâmetros microbiológicos de
Controle de qualidade do pescado
e avaliação microbiológica do gelo
utilizado para sua conservação
SILVA, Robson A.; OLIVEIRA, Diego S. V.; FERREIRA, Nathalie A.;
BATISTA, Rita D. S. R.; VELOSO, Teresinha R.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí
Palavras-chave: Tucunaré; Gelo; Controle de Qualidade.
Fotos: Nathalie Ferreira
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
23
Artigos
Introdução
O pescado é uma das principais fontes de proteína do ser hu-
mano. É também um dos alimentos mais suscetíveis à deterioração
devido à atividade de água elevada, composição química, teor de
gorduras insaturadas facilmente oxidáveis e, principalmente, ao pH
próximo da neutralidade (FRANCO e LANDGRAF, 2004).
A flora microbiana dos pescados é influenciada por vários fatores
relacionados ao seu habitat, como a qualidade da água (doce ou
salgada), sazonalidade, temperatura, presença de poluentes e con-
dições de captura, armazenamento, manipulação e conservação. A
microbiota do pescado é encontrada no intestino, guelras e super-
fície corporal. Em pescados sadios, os tecidos e órgãos internos são
estéreis (GERMANO, 2003).
O pescado sofre, assim que sai da água, alterações de ordem quí-
mica (ranço), enzimática (autólise) e bacteriana. As alterações mais
freqüentes dos peixes estão relacionadas com o processo de putrefa-
ção, que altera profundamente as qualidades alimentícias do produto
(RIEDEL, 1992). Os pescados são considerados deteriorados quan-
do apresentam alterações na cor e na textura, desenvolvendo aromas,
odores e limo, ou qualquer outra característica que os tornem indese-
jáveis para o consumo (FRANCO e LANDGRAF, 2004).
O controle de qualidade tem como objetivo garantir a qualidade
do produto para o cliente externo ou interno (CAMPOS, 1992).
Para assegurar esta qualidade, é necessário o controle de procedi-
mentos ou medidas de controle de pontos críticos que possam ser
tomadas para garantir a segurança do processo, objetivando a eli-
minação, prevenção ou redução dos perigos até níveis suportáveis
(SILVA JR., 2005). Assim, as etapas do fluxograma de produção do
peixe devem ser monitoradas constantemente para garantir a qua-
lidade microbiológica do produto e a saúde do consumidor. Esta
monitoração pode ser feita através da observação contínua das ca-
racterísticas organolépticas deste e, também, através de análise mi-
crobiológica, detectando a presença de patógenos, como bactérias
dos gêneros Salmonella spp. e Staphylococcus spp.
O emprego do frio favorece a manutenção do “rigor mortis”,
retardando a autólise e deterioração do pescado. Este procedimento
deve ser prolongado até o momento do consumo, ou até serem
aplicados outros procedimentos de conservação, tais como salga,
bactérias heterotróficas e coliformes totais e termotolerantes. Os
aspectos organolépticos do pescado estavam de acordo com os cri-
térios descritos pela legislação. A análise microbiológica do pescado
demonstrou ausência de Salmonella em todas as amostras e presença
de Staphylococcus coagulase positiva apenas para a amostra 6. Por-
tanto, os peixes analisados estavam aptos ao consumo humano, ex-
ceto a amostra 6, pois atenderam aos padrões recomendados pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Porém, a análise
de coliformes totais e termotolerantes no gelo foi positiva em todas
as amostras e a contagem de bactérias heterotróficas apresentou va-
lores superiores ao limite máximo permitido pela legislação vigente
em todas as amostras.
Robson A. Silva é professor do
Centro Federal de Educação
Tecnológica do Piauí,
Coordenador de Alimentos
e Radiologia. É mestre em
Tecnologia de Alimentos pela
Universidade Federal do Ceará
(UFC). Tem realizado trabalhos
na área de controle de
qualidade e desenvolvimento
de novos produtos.
12 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
cura, defumação, fermentação e acidificação (ELEMENTOS DE
APOIO PARA O SISTEMA APPCC, 2000). A refrigeração com
gelo é uma das modalidades mais empregadas na conservação dos
peixes, devido ao seu baixo custo. O gelo utilizado para a conserva-
ção pode ser gelo britado e em escamas, sendo o de escamas o mais
apropriado, já que não danifica os tecidos do pescado.
É importante um controle microbiológico da água utilizada para a
fabricação do gelo, já que o uso de águas poluídas na fabricação e no
preparo de alimentos, como também na lavagem de vegetais, equipa-
mentos e utensílios, é perigoso (HOBBS e ROBERTS, 1998).
O objetivo deste trabalho foi detectar as possíveis falhas no
fluxograma de processamento de pescado fresco, através de uma
análise organoléptica e microbiológica do produto, e verificar se a
água utilizada para a conservação do pescado, na forma de gelo, não
constitui uma fonte de contaminação para o pescado.
Material e método
Foram selecionados, aleatoriamente, três boxes de comercializa-
ção de pescado, correspondendo a aproximadamente 10% do total
de boxes presentes no entreposto. De cada box, foram coletadas três
amostras, perfazendo um total de nove amostras.
Foi coletado o gelo que estava em contato com as amostras em
cada box e o gelo que estava armazenado na câmara frigorífica, per-
fazendo um total de quatro amostras. O gelo é fabricado no próprio
entreposto. As amostras de gelo foram coletadas em saco estéril e
acondicionadas em isopor refrigerado, sendo este diferente do utili-
zado para acondicionar as amostras de pescado.
As análises microbiológicas das amostras de pescado e de gelo
foram realizadas no Laboratório Central do Piauí (Lacen).
Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
25
Artigos
A determinação de coliformes totais e termotolerantes no gelo
foram realizadas utilizando-se o método cromogênico Colilert e a
determinação de bactérias heterotróficas foi feita através de conta-
gem em placas, utilizando-se o ágar PCA (SILVA et al. 2001).
A análise microbiológica do pescado foi realizada através da de-
terminação Staphylococcus aureus através de enriquecimento, isola-
mento e teste de coagulase nas amostras e pela detecção de Salmo-
nella por meio de pré-enriquecimento, enriquecimento, isolamento
e teste sorológico para cada amostra (SILVA et al. 2001)
Já a análise organoléptica do pescado foi feita no local da coleta,
avaliando os atributos de aparência – pele, escamas, olhos, muco-
sidade, opérculo, brânquias, músculos e vísceras – e odor de cada
amostra coletada (BRASIL, 1997).
Resultados e discussão
Após a análise organoléptica, observou-se que todas as amostras
selecionadas de Tucunaré (Chicla sp.) apresentaram-se em confor-
midade com os padrões estabelecidos pela Portaria nº 185, de 13 de
maio de 1997, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
mento, ou seja, apresentavam todas as características organolépticas
inerentes a um pescado fresco.
Em relação aos parâmetros microbiológicos, estas amostras esta-
vam dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente, uma
vez que apresentaram ausência de Salmonella em todas as amostras e
ausência de S. aureus em todas as amostras, exceto a amostra 6, que
apresentou coagulação, o que caracteriza presença de Staphylococcus
coagulase positiva - S. aureus (tabela 1). Assim, de acordo com os
parâmetros analisados, as amostras de Tucunaré (Chicla sp.), exceto
a amostra 6, podem ser consideradas aptas ao consumo, já que não
oferecem risco para o consumidor.
Tabela 1 – Análises microbiológicas das amostras de
pescado fresco refrigerado, comercializadas em um
entreposto da cidade de Teresina/Piauí, 2006.
Amostra Microrganismo
S. aureus Salmonella
1- -
2- -
3- -
4- -
5- -
6+ -
7- -
8- -
9- -
Símbolos convencionais utilizados: “-”: ausência de S. aureus em 1g de amostra e de Salmonella em
25g de amostra; “+”: presença de S. aureus em 1g de amostra e de Salmonella em 25g de amostra.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Na determinação de coliformes totais e termotolerantes no gelo,
observou-se presença desses dois microrganismos em todas as amos-
tras de água analisadas. E na contagem de bactérias heterotróficas
observou-se presença destes microrganismos em número superior a
300 UFC/100mL (tabela 2). Com estes resultados, as amostras de
água apresentam-se fora dos padrões especificados pela Portaria nº
518, de 25 de março de 2004, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). A quantidade de bactérias heterotróficas não é
estabelecida nesta portaria, porém, a presença destes microrganis-
mos, em quantidades elevadas, acarretará em doenças transmitidas
por alimentos (DTA), sendo um risco para a saúde do consumidor.
Portanto, a análise do gelo utilizado para a conservação do pescado
apresentou resultados preocupantes, haja vista que deve possuir boa
qualidade em relação ao seu aspecto bacteriológico, pois a qualidade
deste afetará diretamente a qualidade do pescado, uma vez que entra
em contato direto com o pescado (VIEIRA, 2004).
Tabela 2 – Análises microbiológicas das amostras
de gelo, coletadas em um entreposto da cidade de
Teresina/Piauí, 2006
Amostra Microrganismo
Coliformes
totais
Coliformes
Termotolerantes
Bactérias
Heterotróficas
1 + + > 300 UFC/100mL
2 + + > 300 UFC/100mL
3 + + > 300 UFC/100mL
4 + + > 300 UFC/100mL
Símbolos convencionais utilizados: “+”: presença dos microrganismos em
100mL de amostra; “>”: maior que; UFC: Unidade Formadora de Colônia
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Conclusão
Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que as amostras
de pescado analisadas apresentavam-se dentro dos padrões estabe-
lecidos para as características sensoriais e microbiológicas, sendo
consideradas aptas para o consumo humano. Porém, a presença de
coliformes totais e termotolerantes e de bactérias heterotróficas em
um nível superior ao permitido por legislação indica possível conta-
minação do peixe por estes microrganismos, já que este gelo é colo-
cado em contato direto com o peixe. Assim, necessita-se de atenção
especial por parte dos órgãos de saúde pública e dos comerciantes
de pescado do entreposto da cidade de Teresina/PI, pois simples-
mente a ausência de Salmonella spp. e de Staphylococcus coagulase
positiva não implica segurança dos pescados analisados.
REFERÊNCIAS
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tidade e Qualidade de Peixe Fresco (Inteiro e Eviscerado). Diário Oficial da União (D.O.U.).
Brasília, 15 de maio de 1997. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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mento Técnico Sobre Padrões Microbiológicos para Alimentos. Diário Oficial da União
(D.O.U.). Brasília, 10 de janeiro de 2001. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-
visa). Ministério da Saúde.
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responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo
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(D.O.U.). Brasília, 26 de março de 2004. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-
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BRASIL, Resolução Normativa n° 274, de 22 de setembro de 2005. Aprova o Re-
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14 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
28
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
O uso das tecnologias de geoprocessamento
aplicadas à gestão dos transportes públicos
SILVEIRA, Thyago de A.; BARROS FILHO, Marcello B. B.
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
Palavras-chave: Sistemas de Informações Geográficas (SIG); Diagrama de Voronoi;
Gestão dos Transportes Públicos.
RESUMO
Uma das grandes dificuldades relacionadas à gestão dos transportes pú-
blicos é fornecer, aos órgãos administrativos, informações básicas que
permitam um conhecimento integrado dos problemas, bem como a uti-
lização de processos efetivos e eficientes de planejamento. No presente
trabalho é apresentado um aplicativo utilizando o geoprocessamento e
os Sistemas de Informações Geográficas – SIG, que, aliados ao Dia-
grama de Voronoi, possibilitaram agrupar dados vindos de diferentes
órgãos municipais, diagnosticando a situação dos pontos de paradas de
ônibus do bairro de Jaguaribe, na cidade de João Pessoa/PB. Dessa in-
teração foram gerados, como produtos finais, quatro mapas temáticos,
apresentando variáveis como população e densidade demográfica. A
partir das análises destes mapas é possível traçar operações envolvendo
os pontos de paradas de ônibus de forma rápida e precisa. Contribuin-
do, assim, para a melhoria dos serviços prestados à população usuária
dos transportes públicos.
Fotos: Thyago Silveira
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Introdução
A relação entre a qualidade de um sistema de transportes e o ní-
vel de desenvolvimento socioeconômico de uma região vem sendo
objeto de diversos estudos. Segundo Ferreira e Sanches (2001), os
problemas gerados pelo transporte urbano no Brasil são um dos
fatores agravantes da baixa qualidade de vida urbana que é sentida
por toda a população.
Com a crescente expansão dos núcleos urbanos, os pontos de
paradas de ônibus são freqüentemente implantados ou reespaciali-
zados. No entanto, freqüentemente sem nenhuma metodologia que
envolva indicadores como: área de influência e densidade popula-
cional de cada parada, roteamento dos ônibus, características am-
bientais, dentre outros parâmetros.
Sob esta perspectiva, os Sistemas de Geoinformação, ou os Sis-
temas de Informações Geográficas – SIG, destacam-se como ins-
trumentos de apoio à tomada de decisão, possibilitando análises
e simulações sobre dados comumente dispersos e independentes,
oriundos de diversas fontes. Juntamente com o uso do Diagrama de
Voronoi torna-se possível montar estratégias para auxiliar tanto na
manutenção de sistemas de transportes urbanos quanto na melhoria
dos serviços prestados à população.
O objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma metodolo-
gia que possibilite o melhor gerenciamento e tomada de decisão no
planejamento, implantação e remanejamento de paradas de ônibus,
estudando o uso do Diagrama de Voronoi em SIG.
Material e métodos
Foi desenvolvido um projeto-piloto utilizando os pontos de
paradas de ônibus do bairro de Jaguaribe, na cidade de João Pes-
soa/PB, onde foi desenvolvido um aplicativo SIG, utilizan-
do o Polígono de Voronoi, na construção de análises
acerca da problemática no ambiente.
Para o desenvolvimento do trabalho foram
adotados os seguintes procedimentos meto-
dológicos apresentados em seguida.
Caracterização do problema – Este
passo teve por finalidade entender a ex-
tensão dos serviços prestados pelo órgão
responsável pelo planejamento, coordena-
ção e execução das políticas de transporte
e trânsito de João Pessoa. Em conseqüên-
cia dessa interação, foi possível elaborar um
diagnóstico da situação atual do município
e a partir daí traçar técnicas de análises envol-
vendo os pontos de paradas de ônibus.
Coleta de dados – Os dados envolvidos no
projeto constam de informações referentes ao espaço
urbano estudado. A base cartográfica foi adquirida junto à
Thyago de A. Silveira é tecnólogo
em Geoprocessamento do Cefet/
PB. Linha de pesquisa nas áreas
de Geomática (Geoprocessamento,
Sistemas de Informação
Geográfica – SIG, Sensoriamento
Remoto), Planejamento Urbano e
Recursos Naturais.
Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Prefeitura Municipal de João Pessoa – PMJP e conta com dados do
cadastro urbano, em arquivos digitais no formato shapefile, contendo
todas as informações necessárias ao trabalho. Os pontos de paradas de
ônibus foram adquiridos junto à Superintendência de Transportes e
Trânsito de João Pessoa – STTRANS, também em formato shapefile,
acrescidos dos seus relativos dados.
Desenvolvimento de um aplicativo SIG – No desenvolvimen-
to do aplicativo foi feito um procedimento de junção de duas tabelas
que possuem um mesmo campo, com valores idênticos. Esta junção
agrupou em uma única camada de informação as tabelas com os
dados vindos da PMJP. A tabela st25, com os atributos cadastrais
relacionados ao setor 25 da cidade de João Pessoa, que equivale ao
bairro de Jaguaribe, e a camada lotes25, contendo atributos topoló-
gicos e cadastrais relacionados ao próprio bairro.
Logo em seguida foi construído o Diagrama de Voronoi, uti-
lizando o arquivo shapefile dos pontos de paradas de ônibus. O
Diagrama de Voronoi tem sido utilizado freqüentemente em apli-
cações que envolvem o uso de SIG no tocante à solução de proble-
mas onde se faz necessário o conhecimento das áreas de influência
de um determinado conjunto amostral. Okabe et al. (1992) diz
que o seu principio é que considerando o Polígono de Voronoi
A (pi) de um ponto pi representa uma região no espaço definida
como A (pi) = { p | d (p, pi) d (p, pj) para j i, j Є {1,2, ...,
n} e d (p, pi) representa a distância euclidiana entre um ponto
qualquer p e o ponto gerador pi. Na figura 1, os pontos p1, p2, ...,
p6 representam os pontos de paradas de ônibus, e as arestas for-
mam os Polígonos de Voronoi, que, segundo Aragão e Medeiros
(2004), definem a área de influência de cada ponto.
16 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
As arestas dos polígonos formados são eqüi-
distantes umas das outras, tendendo ao infinito.
Para a concepção do Diagrama adotou-se o valor
de 55% de cobertura da área criada em relação
ao bairro de Jaguaribe. Como os pontos de pa-
radas estão limitados no bairro, nosso diagrama
tem o tamanho necessário à cobertura total do
bairro. Foi adicionado um novo campo ID (ID
= id gerado pelo programa +1) na camada de
informação gerada pelo Diagrama de Voronoi.
Este campo servirá como o campo identificador
dos polígonos gerados.
Posteriormente realizou-se uma interseção es-
pacial envolvendo as camadas lotes25, à qual foi
realizado o join, e a nova camada gerada, Voro-
noi, nesta respectiva ordem. Na operação foram
associados os lotes aos polígonos gerados através
do campo ID, criado na camada Voronoi. O banco de dados gerado
foi limitado espacialmente pela camada Voronoi, e cadastralmente
resultaram da união das duas camadas. Esta nova camada que surgiu
tem o nome da Interseção_Voronoi_Lotes.
Por fim, com intenção de agrupar os lotes da camada gerada
Interseção_Voronoi_Lotes nos seus polígonos identificadores, foi
feita uma agregação. A agregação ou dissolve agrega classes que têm
valores semelhantes em função de um atributo especificado; no nos-
so caso esse atributo foi o ID. A agregação feita gerou a camada
Agregação. Dessa forma foi possível agrupar e obter informações
do tipo: número total de habitantes por área de influência, área total
em quilômetros quadrados de cada área e a densidade demográfica
de cada área.
Fonte: ARAGÃO e MEDEIROS (2004).
Figura 1 – Polígono de Voronoi
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Outro produto gerado, conforme a figura 3, foi o Diagrama de
Voronoi, resultante da utilização dos pontos de parada de ônibus.
Figura 3 – Criação do Diagrama de Voronoi
Resultados e discussão
Cada etapa da metodologia nos forneceu um resultado. O
produto da junção da tabela st25 com a camada lotes25 foi a
própria camada lotes25, acrescidos dos campos da tabela st25
(figura 2).
Figura 2 – Junção realizada
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
O resultado da interseção espacial entre as camadas lotes25 e
Voronoi foi a camada Interseção_Voronoi_Lotes. Na figura 4, po-
demos observar a interseção gerada, de acordo com os polígonos e
seus identificadores.
Figura 4 – Interseção entre as camadas
Voronoi e os lotes25
Figura 5 – Agregação
Por fim, o último produto resultante dos procedimentos metodo-
lógicos foi a camada Agregação, que podemos visualizar na figura 5.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Como resultados finais do trabalho foram gerados quatro
principais produtos resultantes da interação entre todos os pro-
cessos metodológicos. Esses produtos estão apresentados, em
escala reduzida, na forma de mapas temáticos. Na figura 6 pode-
mos visualizar o mapa das áreas de influência de cada ponto de
parada de ônibus. Na figura 7 visualizamos o mapa de classifica-
ção das áreas de influência em quilômetros quadrados (km
2
). Já
na figura 8 é apresentado o mapa da classificação da quantidade
de habitantes, e na figura 9 pode ser visto o mapa classificação da
densidade demográfica (hab/km
2
).
Figura 6 – Mapa da área de influência
de cada ponto de parada de ônibus
Figura 7 – Mapa de classificação das áreas de
influência em quilômetros quadrados
Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Figura 8 – Mapa de classificação da
quantidade de habitantes
Figura 9 – Mapa de classificação da
densidade demográfica (hab/km
2
)
Com a produção desses mapas temáticos, soluções referentes à
desmassificação de grandes áreas, com simulações de reespacializa-
ção tomando como variáveis a distribuição esquemática da popula-
ção, serão facilmente empregadas.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Conclusões
O projeto parte do princípio do desenvolvimento de uma meto-
dologia que auxiliasse na gestão dos transportes urbanos. Foi evi-
denciado que a utilização de um SIG possibilita aos órgãos respon-
sáveis pelo planejamento dos transportes um meio para um melhor
planejamento dos pontos de paradas de ônibus.
Observou-se também, no decorrer do trabalho, que a construção
dos Polígonos de Voronoi possibilita visualizar o tamanho da área
de influência de cada parada, o que previamente já se torna um pa-
râmetro para a construção de novas paradas.
Essas operações envolvendo as paradas seriam bastante demora-
das, e não teriam uma precisão tão boa, caso fossem realizadas sem
a utilização do Diagrama de Voronoi no SIG.
Por fim, acredita-se que essa contribuição possa auxiliar o órgão
responsável pela coordenação das políticas de transportes na me-
lhoria dos serviços prestados à população, de forma que os grandes
beneficiados com essa possível mudança dos pontos de paradas de
ônibus seriam os próprios usuários, que teriam que percorrer me-
nores distâncias até o local das paradas de ônibus.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, P. S. S.; MEDEIROS, C. M. B. VoroMarketing: Um sistema parametrizá-
vel para apoio espacial à decisão. In: VI Simpósio Brasileiro em Geoinformática, 2004,
Campos do Jordão. Anais VI Geoinfo, 2004. p. 155-167.
FERREIRA, M. A. G e SANCHES, S. P. (2001) É fácil chegar ao ponto de ônibus?
– Anais do XIII Congresso da Associação Nacional de Transportes Público, ANTP, Porto
Alegre, RS.
OKABE, A.; BOOTS, B.; SUGIHARA, K., 1992. Spatial tessellations: Concepts and
applications of Voronoi diagrams. New York: John Wiley & Sons. Rezende, F. A. V. S.,
Almeida, R. M. V. e Nobre, F. F., 2000.
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Artigos
Uma análise do comportamento
das máquinas de busca da web
COSTA, Valéria O.; FERNANDES, Juliana C.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí
Palavras-chave: Web; Relevância; Busca.
RESUMO
Este artigo apresenta uma análise do modelo de recuperação de infor-
mação adotado pelas principais máquinas de busca atualmente utiliza-
das. Neste trabalho, entende-se como máquina de busca um sistema
de recuperação de informação da web que possui coleta, organização
e recuperação de documentos como módulos automatizados. O ter-
mo documento é utilizado para representar páginas web que podem
possuir em seu conteúdo texto, sons e imagens. Primeiramente, foram
descobertas quais são as máquinas de busca mais utilizadas. Para isso,
utilizou-se como amostra a população de usuários do Cefet/PI e em
seguida os logs de acesso do servidor Squid foram analisados. Após
a referida análise, identificou-se que os mecanismos mais usados são:
Google, MSN, Yahoo e Altavista. A análise do modelo de recuperação
de informação de cada mecanismo foi feita com base na criação de uma
coleção de documentos-teste com diferenças controladas que levam em
consideração a estrutura do documento e a análise de hyperlinks. Para o
experimento foram criadas palavras de controle fictícias – inexistentes
em dicionários – com o intuito de restringir o conjunto de resultados ao
universo da simulação. Para efeito de análise dos resultados foram feitas
Fotos: Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Introdução
A web revolucionou a maneira pela qual as pessoas fazem negó-
cios (e-business e e-commerce), publicam documentos e se relacionam
umas com as outras. Segundo Ribeiro e Baeza-Yates (1999), o seu
tamanho cresce, assustadoramente, a cada dia e o seu sucesso está
relacionado à facilidade de uso e publicação de documentos, uma
vez que qualquer usuário pode criar seus próprios documentos e
referenciar outros existentes através de hyperlinks.
A forma desorganizada de inserção de documentos na web, alia-
da ao tamanho do acervo disponível, torna difícil o acesso aos do-
cumentos desejados sem a utilização de sistemas auxiliares. Diante
deste cenário, surgiram os sistemas de recuperação de informação da
web, também conhecidos como máquinas de busca, e que têm como
objetivo central catalogar e organizar a informação contida na web,
permitindo que os usuários possam buscar e recuperar as informa-
ções desejadas. Esses sistemas possuem basicamente três módulos:
o coletor – formado por robôs que são responsáveis pela coleta dos
documentos web; o indexador – que inclui o documento no índice
da máquina de origem, disponibilizando-o para consultas e o módu-
lo de consultas – que se responsabiliza pela interface com o usuário,
vasculhando o índice da máquina e recuperando o conjunto de docu-
mentos que satisfazem à pergunta de busca feita pelo usuário.
O conjunto de resultados de uma consulta é submetido a algo-
ritmos de ordenação por relevância. Estes algoritmos utilizam fór-
mulas específicas para atribuir notas que medem o grau entre a re-
levância dos documentos indexados baseados nos termos utilizados
na consulta e nas informações contidas em seus índices. Nesta últi-
ma questão, algoritmos de mineração de dados da web, tais como
Page Rank (BRIN, 1998), Topic Distillation (BHARAT, 1998),
Hits (KLEINBERG, 1998) e Hilltop (BHARAT), são bastante
utilizados. Uma máquina é dita mais eficaz se consegue recuperar
documentos mais relevantes do que sua concorrente. No âmbito
empresarial, maior eficácia significa maior audiência de usuários e,
conseqüentemente, maior valor financeiro para a empresa adminis-
tradora da ferramenta, o que justifica o segredo criado em torno das
fórmulas do processo de ordenação por relevância.
Por outro lado, as empresas virtuais e os autores web almejam
ver suas páginas bem classificadas nas buscas que versam sobre o
assunto específico de seus documentos. Uma melhor ordenação, en-
tre os 10 primeiros itens apresentados aos usuários, pode significar
muitos acessos diários, gerando disseminação de conhecimento ou,
no caso das empresas, grande movimentação de dinheiro em vendas
ou taxas de anunciantes. Assim, é deveras importante o conheci-
buscas simples usando como termo de busca as palavras de controle.
O estudo mostra que cada mecanismo possui um modelo próprio para
ordenar a relevância de seu conjunto de resultados e analisa tópicos que
ajudam os autores web a formatar seus documentos, auxiliando-os na
obtenção de melhores posições no conjunto de resultados de buscas
simples que versem sobre o assunto de suas páginas.
Valéria Oliveira Costa é mestre
em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) na linha
de pesquisa Recuperação de
Informação. É coordenadora do
Núcleo de Pesquisas em Sistemas
de Informação – NUSI/Cefet/PI e
professora do Curso de Tecnologia
em Sistemas de Informação do
Cefet/PI.
Juliana Costa Fernandes é
graduanda em Sistemas de
Informação no Cefet/PI e aluna de
Iniciação de Científica do Cefet/PI.
20 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
39
Artigos
Ressalta-se que a máquina Altavista foi excluída da análise por
não obter um número de acessos considerável – sua porcentagem
de acessos foi inferior a 1%. Identificadas as máquinas a serem ana-
lisadas, foi construído um ambiente de simulação, composto por
cinco coleções de documentos nos formatos html e xml. Cada cole-
ção apresenta uma palavra fictícia, denominada palavra de controle,
que não aparece em nenhum dicionário existente, e que tem por
objetivo restringir o conjunto de resultados das buscas de teste ao
ambiente da simulação. As palavras de controle utilizadas foram:
Kalelimoxi, Gartwds, Ndsyufi, Zizarremox e Cazoquimazel.
Uma coleção possui um total de 67 documentos com uma úni-
ca variação controlada. Cada diferença está relacionada ao local e à
quantidade de vezes em que a palavra de controle aparece no docu-
mento. Foram criadas páginas onde a palavra de controle aparece
em: tags xml, tags html (title, head, body), em meta tags description,
keyword e robots, comentários, em texto âncora – texto de hyperlinks,
como nome de imagem existente no documento, em frames e ta-
mento do algoritmo de ordenação por relevância com a finalidade
de alcançar uma melhor classificação.
Este trabalho apresenta uma análise do comportamento dos al-
goritmos de ordenação por relevância das principais máquinas de
busca atualmente utilizadas. Neste trabalho, o termo documento é
utilizado para se referir a arquivos digitais encontrados na web e que
podem incluir texto, sons e imagens. Entende-se como máquina de
busca apenas os sistemas de informação que têm os módulos de
coleta, indexação e consulta automatizados.
Metodologia
Para investigar as máquinas de busca mais acessadas, utilizou-se
como amostra a população dos usuários do Cefet. Foram coleta-
dos e analisados os logs do servidor Squid, em dias aleatórios, em
dois períodos: novembro e dezembro de 2005 e fevereiro e abril de
2006, totalizando o equivalente a 20 dias de acessos web.
Após a análise dos logs, descobriu-se que as quatro máquinas de
busca mais utilizadas são: Google, MSN, Yahoo e Altavista, confor-
me mostra a figura 1:
Figura 1 – Máquinas de busca mais usadas
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
belas. Vale ressaltar que esta última, segundo o site http://www.
robotstxt.org/wc/robots.html, é usada pelos autores web para avisar
que não desejam que seus documentos sejam indexados pelas má-
quinas de busca. O objetivo de cada variação é descobrir se algum
desses itens tem a capacidade de tornar uma página mais bem clas-
sificada no processo de ordenação por relevância.
A figura 2 demonstra como as coleções foram interligadas den-
tro de um mesmo servidor. Cada nó do grafo apresentado representa
uma coleção de uma palavra de controle, e as arestas representam os
hyperlinks entre os documentos. A figura 3 ilustra a interligação de co-
leções existentes em servidores distintos. Cada máquina desta figura
hospeda coleções semelhantes àquelas apresentadas na figura 2.
Devido ao enorme tamanho da web e à dificuldade das máquinas de
busca em indexá-la como um todo, utilizou-se o recurso de submissão
manual de documentos disponibilizados pelas máquinas estudadas.
Para efeitos de análise do experimento, foram efetuadas consul-
tas simples, de apenas um termo de busca.
Figura 2 – Interligação das coleções
internas a um servidor X
Figura 3 – Interligação das coleções entre servidores
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
41
Artigos
Análise e discussão dos resultados
Observou-se que apenas dois mecanismos adicionaram os documen-
tos da simulação ao seu índice: Yahoo e Google, respectivamente nessa
ordem quando considerado o tempo de inserção das páginas à base dos
mecanismos. O MSN não indexou nenhum documento das coleções-
teste, o que restringiu os resultados apenas aos dois primeiros.
Nenhum dos mecanismos indexou todos os 67 documentos de
uma mesma coleção, nem recuperou pelo menos um documento de
todos os servidores envolvidos. Apesar das coleções de servidores
diferentes terem a mesma estrutura de hyperlinks e os mesmos docu-
mentos, a quantidade de documentos recuperados divergiu.
Yahoo
No quesito quantidade, a submissão do Yahoo foi mais rápida
e mais satisfatória para efeito de análise, visto que foram indexados
79% dos documentos de uma coleção. Este mecanismo inicialmen-
te indexou um documento da coleção de outro servidor. Porém,
durante a atualização do seu índice o documento foi excluído do
conjunto de resultados, o que inviabilizou a análise de links.
Segundo o site do Yahoo (www.yahoo.com.br), o seu modelo de
ordenação por relevância é feito considerando o conteúdo e os hyper-
links existentes, além das referências que apontam para um determina-
do documento. Analisando-se os resultados, notamos a inexistência de
um padrão aparente do modelo de recuperação de informação. Assim,
documentos com a diferença controlada x são mais pesados que ou-
tros com diferença y na consulta 1, o mesmo não acontecendo quando
efetivada a consulta 2. No entanto, considerando-se os 10 primeiros
resultados de todas as consultas de teste, observou-se que 52% dos do-
cumentos apresentavam diferenças controladas relacionadas à repetição
da palavra de controle em diversas partes do documento. Foram obser-
vadas também ocorrências de páginas nas quais a palavra de controle
aparece em frames e tabelas, porém, em menor porcentagem, apenas
10%. Quando expandimos o conjunto de análise para os 20 primeiros
resultados, notamos várias ocorrências de páginas com diferenças rela-
cionadas às tags de título, descrição e palavra-chave.
Verificou-se também que o mecanismo respeita a meta tag robots,
não indexando o documento quando solicitado pelo autor. As pági-
nas que apresentam a palavra de controle somente nos comentários
não foram recuperadas, o que indica que o Yahoo desconsidera o
que está nos comentários das páginas. Durante as consultas diag-
nosticou-se a não ocorrência de documentos nos quais a palavra de
controle aparece apenas no nome de uma imagem.
Google
O Google recuperou documentos de um único servidor, ignorando
as páginas oriundas dos demais. Tal ocorrência impossibilitou a aná-
lise do comportamento da máquina quanto aos algoritmos de análise
de hyperlinks. Em contrapartida, não foram verificadas repetições de
documentos no conjunto de resultados, o que indica que as coleções
de servidores distintos possam ter sido excluídas do índice por serem
diagnosticadas como repetições de um mesmo documento.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Observou-se que as páginas mais bem recuperadas foram aquelas
que possuíam múltiplas ocorrências do termo de busca em seu tex-
to. Notou-se que os documentos com a palavra-chave aparecendo
na tag título ficaram bem posicionados, indicando um peso diferen-
ciado para a referida tag. Observou-se que os documentos em que
a palavra de controle aparece nos comentários ou na meta tag de
exclusão de robôs não foram encontrados no conjunto de resulta-
dos. Verificou-se também que os documentos em que a palavra de
controle aparece apenas em células de tabelas ocuparam sempre as
últimas posições, indicando que o texto apresentado em tabelas não
possui bom peso no modelo de recuperação deste mecanismo.
Uma outra constatação interessante é a ocorrência da penalidade,
adotada pelo Google, para páginas que possuem várias repetições da pa-
lavra de controle com cor da fonte igual à cor do fundo da página. Du-
rante as consultas realizadas observou-se que o documento que possui
esta diferença controlada ocupou as últimas posições no processo de or-
denação por relevância, ficando melhor posicionado somente em relação
aos documentos em que a palavra de controle aparece em tabelas.
Conclusões
O estudo mostra que a máquina de busca Google é a mais utili-
zada atualmente, seguida pelo MSN e Yahoo. Cada máquina de bus-
ca apresenta um modelo de recuperação de informação particular,
o que dificulta a preparação de um documento visando à sua boa
classificação em todos os mecanismos que o recuperam. Porém, nes-
te trabalho foram encontradas algumas características importantes
utilizadas por ambos os mecanismos:
não indexam palavras encontradas em cabeçalhos;
respeitam o uso da meta tag robots;
privilegiam documentos que possuem várias ocorrências do termo de
busca – ressalta-se que o uso indiscriminado de repetições com fonte
de cor idêntica à cor de fundo da página é penalizado pelo Google;
consideram as tags de descrição, palavra-chave e título. Porém,
o peso atribuído a ocorrências do termo de busca, em cada uma
delas, diverge de acordo com o mecanismo. O Google tende a
privilegiar ocorrências na tag título.
REFERÊNCIAS
BAEZA-YATES, R.; RIBEIRO NETO, B. Modern information retrieval. New York:
ACM Press; Harlow: Addison-Wesley, 1999. 513 p.
BHARAT, K.; MIHAILA, G. Hilltop: A search engine based on expert documents.
Disponível em: http://www.cs.toronto.edu/~georgem/hilltop/ . Documento recuperado
em 29 agosto 2006.
BHARAT, K. H. Improved algorithms for topic distillation in hyperlinked environ-
ments. In Proceedings of the 21
st
International ACM SIGIR Conference on Research
and Development in Information Retrieval (SIGIR’98), 1998, p. 104-111.
BRIN, S.; PAGE, L. The anatomy of a large-scale hypertextual web search engine.
In WWW Conference, volume 7, 1998.
KLEINBERG, J. M. Authoritative sources in a hyperlinked environment. J. ACM, 1999.
The web robots page. Disponível em http://www.robotstxt.org/wc/exclusion.html. Do-
cumento recuperado em 29 agosto 2006.
22 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
43
Artigos
Plataformas EAD: um desafio para
os desenvolvedores de software
SANTOS, Elanne C. O. dos
Centro Federal de Ensino Tecnológico do Piauí
Palavras-chave: Plataformas EAD; Ambiente de Aprendizagem; Tipos de Mídia.
RESUMO
A educação a distância (EAD), caracterizada pela separação geo-
gráfica entre aluno e professor, vem cada vez mais se consolidando
e tentando superar barreiras como a distância e antigos hábitos de
ensino e aprendizagem, todos baseados na estrutura presencial. Na
intenção de estabelecer uma estrutura clara e simples do que seria
um curso via modalidade EAD, professores, pedagogos e técnicos
desenvolvedores de software se uniram em torno de um objetivo
comum: a escolha de uma ferramenta de ensino e aprendizagem
adequada para ser utilizada na web. Essas ferramentas de EAD per-
mitem a criação, edição e acompanhamento de cursos por meio de
diversas ferramentas, como fóruns de discussão, correio eletrônico,
bate-papo, material de apoio etc. Este artigo descreve algumas des-
sas ferramentas utilizadas, citando alguns problemas encontrados na
utilização das mesmas por parte dos usuários do curso.
Fotos: Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Introdução
Os ambientes virtuais de trabalho e de aprendizagem, através da
interconexão de máquinas, fornecidos pelas redes de computadores e
pela internet, visam facilitar atividades em grupo. Portanto, esses am-
bientes devem prover elementos de percepção de forma a permitir:
A coordenação em tarefas cooperativas, principalmente onde a
comunicação direta não ocorre.
Prover elementos de percepção para que indivíduos possam
transmitir informações de maneira organizada. Perceber, com fa-
cilidade, as próprias atividades e as dos outros indivíduos dentro
do ambiente é essencial para o fluxo e naturalidade do trabalho,
e para diminuir as sensações de impessoalidade e distância, co-
muns nos ambientes virtuais (GEROSA, 2002).
A percepção dentro de um ambiente envolve vários aspectos cog-
nitivos relativos à habilidade humana. Enquanto a interação entre
pessoas e ambiente dentro de uma situação face-a-face parece natural,
visto que sentidos como visão e audição estão disponíveis em sua ple-
nitude, a situação fica menos clara quando há a tentativa de fornecer
suporte à percepção em ambientes virtuais (GEROSA, 2002).
O projetista de ambientes virtuais deve prever quais informações
de percepção são relevantes e como elas podem ser geradas, onde
elementos de percepção serão necessários e de que forma apresen-
tar estes elementos. Deve-se tomar cuidado para que os elementos
realmente auxiliem a cooperação e não a dificultem. O excesso de
informação pode causar sobrecarga e atrapalhar a comunicação.
A seguir serão apresentados os elementos de percepção de um
ambiente para EAD (GEROSA, 2002):
Comunicação: Comunicar é compartilhar informações. A co-
municação pode se dar através de várias formas, maneiras e ní-
veis. A utilidade da informação que está sendo comunicada pode
ser atingida apenas se houver entendimento entre o comunica-
dor e o receptor. Isso significa que a informação tem que ser per-
cebida no contexto em que ela foi inserida e com base nas regras
e linguagens estabelecidas para a comunicação.
Cooperação: É o trabalho conjunto dos indivíduos em torno de
uma meta ou objetivo. Isso significa que os indivíduos usarão
seus conhecimentos para apoiar o desenvolvimento do trabalho
compartilhado, aproveitando as novas informações obtidas para
aperfeiçoar o seu próprio conhecimento.
Coordenação: Comunicação para ação gera compromissos.
Para garantir o cumprimento desses compromissos e para a or-
ganização do grupo é necessária a coordenação das atividades.
Sem essa coordenação, boa parte do esforço da comunicação é
perdido, não sendo revertido para cooperação.
Alguns ambientes virtuais tradicionais costumam pecar na co-
ordenação das atividades, produzindo ferramentas com demasiadas
opções de desenvolvimento de tarefas e de repositório de materiais,
gerando, às vezes, um conjunto de informações desconexas entre si.
Elanne Cristina Oliveira dos
Santos é bacharel em Ciências da
Computação pela Universidade
Federal do Piauí (UFPI), mestre em
Redes de Computadores na área de
pesquisa EAD e Tecnologias Java
com o tema Sistema Java para
Educação a Distância na Internet
pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). É professora
do Cefet/PI onde é Coordenadora
do Projeto de EAD.
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Artigos
A Universidade Federal do Piauí (UFPI), uma das instituições
no estado do Piauí a ingressar na modalidade de ensino a distância,
compreende que:
Um dos paradoxos da tecnologia é que esta, em princípio, foi desenvolvida
para tornar as tarefas mais simples e agradáveis, no entanto, cada tecnologia
que surge adiciona complexidade no uso e às vezes frustração nos resulta-
dos. No caso do ensino a distância, quando a quantidade de funções excede
a capacidade de controle imediato do usuário, as ações se tornam não na-
turais e confusas. Isto é, determinados sistemas de computação têm tantas
funções em sua interface principal que a tela do computador fica poluída
visualmente e o design como um todo não favorece seu uso.
Tipos de mídia para EAD
Há duas categorias de sistema de distribuição
de EAD: a síncrona e a assíncrona. EAD síncro-
na requer a participação simultânea de estudantes
e professores, tendo como vantagem o fato de a
interação ser feita “em tempo real”. Ela pode ser
realizada através de TV interativa, teleconferência,
vídeo-conferência e/ou os “chats” da internet.
A modalidade assíncrona não requer a partici-
pação simultânea de todos os estudantes e profes-
sores. Assim, os estudantes não precisam se encon-
trar ao mesmo tempo. Em vez disso, eles podem
escolher seu próprio ritmo para a aprendizagem e
podem obter os conteúdos de acordo com a sua
programação. Esta modalidade assíncrona é mais
flexível do que a síncrona.
A modalidade assíncrona permite a disseminação de conhecimen-
to para a comunidade através de vários meios de comunicação (como
o correio eletrônico, listas de discussão, apresentação de vídeos etc.).
As vantagens da distribuição assíncrona incluem a escolha do
estudante quanto ao lugar e ao tempo. Entretanto, muitas vezes, os
recursos disponíveis para comunicação assíncrona na internet são
subutilizados e o conteúdo de cursos a distância são disseminados
em simples páginas html utilizando grande volume de material es-
crito (CCEAD, 2002).
Há quatro categorias de opções tecnológicas disponíveis para o
educador a distância (CCEAD, 2002):
Voz: As ferramentas áudio-educacionais incluem as tecnologias
interativas do telefone e de teleconferência (de sentido único).
As ferramentas áudio-passivas incluem CD-Rom e rádio.
Vídeo: As ferramentas de vídeo incluem imagens móveis pré-
produzidas (DVD) e imagens ativas em tempo real combinadas
com teleconferência (vídeo de sentido único ou em dois senti-
dos, com áudio em dois sentidos).
Dados: Os computadores emitem e recebem a informação ele-
tronicamente. Por esta razão, o termo “dados” é usado para des-
crever essa categoria abrangente de ferramentas educacionais. As
aplicações de computador para EAD são variadas e incluem:
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
“Computer-Assisted Instruction” (CAI) – uso do computador
como mediador para apresentação de aulas individuais;
“Computer-Managed Instruction (CMI) – o computador or-
ganiza registros do estudante e da trilha de seu progresso; o
ensino propriamente dito não necessita ser distribuído através
de um computador, embora CAI seja combinado, freqüente-
mente, com CMI;
“Computer-Mediated Education (CME) – descreve as aplica-
ções do computador que facilitam a distribuição do ensino.
Exemplos: correio eletrônico, conferência via computador
em tempo real e aplicações World-Wide Web.
Impresso: É um elemento fundamental dos programas de EAD, a
partir do qual todos os sistemas de distribuição restantes evoluíram.
Os vários formatos de impresso incluem livros-texto, guias de estu-
do, manuais de instrução, ementa do curso e estudos de caso.
Algumas plataformas EAD
Dentre os diversos ambientes de EAD existentes no mercado,
podemos citar:
Ambiente Colaborativo de Aprendizagem a Distância (e-ProInfo).
O e-ProInfo <http://www.eproinfo.mec.gov.br/> é um ambien-
te para educação a distância que foi desenvolvido e recebe a ma-
nutenção por uma equipe do MEC, pela Secretaria de Educação
a Distância – SEED, e toda instituição pública pode utilizá-lo
gratuitamente. Para tal, é necessário a assinatura de um termo de
parceria entre o MEC e as instituições interessadas, além de uma
capacitação de 32 (trinta e duas) horas no ambiente.
Atualmente, mais de 100 instituições utilizam o e-ProInfo, des-
de as instituições de ensino federais, estaduais e municipais,
até instituições como o Banco Central, ECT, Ibama, Embrapa,
entre outras (UFPI, 2006).
O e-ProInfo está dividido em três ambientes principais:
a) ambiente administrativo para testes (ambiente vermelho);
b) ambiente do curso (ambiente azul);
c) ambiente da turma (ambiente amarelo).
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Artigos
Em cada um desses ambientes os menus
possuem algumas funções semelhan-
tes, com uma diferença maior entre o
ambiente administrativo e os restantes.
Muitas opções do ambiente administra-
tivo podem ser executadas no ambiente
do curso com um acesso de administra-
dor de curso, o que é uma vantagem,
tendo em vista que se pode fazer uma ta-
refa de mais de uma maneira, e pode ser
uma desvantagem, visto que, às vezes, a
variedade excessiva pode confundir um
pouco o usuário.
Outro aspecto do ambiente é o excesso
de informações obrigatórias que devem
ser preenchidas para se efetuar uma ta-
refa. Como exemplo, podemos citar que
na inclusão de um recado para a turma
é preciso que seja preenchida a URL do
recado, uma informação quase que ir-
relevante. Uma possível re-avaliação da
base de dados poderia acusar diversos
campos de informações desnecessárias
ou duplicados.
TelEduc: Ambiente de suporte ao ensi-
no-aprendizagem a distância cujo início
do desenvolvimento partiu de uma dis-
sertação de mestrado em 1996 (VAHL,
2003). O TelEduc vem sendo aprimorado pelo Núcleo de In-
formática Aplicada à Educação (NIED), em conjunto com o
Instituto de Computação, ambos da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).
O ambiente TelEduc é bastante simples e de fácil entendimento.
O TelEduc está disponível para download gratuito no site <http://
hera.nied.unicamp.br/teleduc/>.
AulaNet: Criado pelo Laboratório de Engenharia de Software
– LES, do Departamento de Informática da PUC-Rio, em 1997,
para administração, criação, manutenção e participação em cur-
sos a distância.
O AulaNet (2006) se fundamenta nas seguintes premissas:
o autor do curso não precisa ser um especialista em internet;
o autor do curso deve enfatizar a interatividade de forma a
atrair a participação intensa do aprendiz;
deve ser possível a reutilização de conteúdos já existentes em
mídia digital, através, por exemplo, da importação de arquivos.
O AulaNet está disponível para download gratuito no site <http://
www.eduweb.com.br/portugues/home.asp>.
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REFERÊNCIAS
AulaNet, 2006. AulaNet. Disponível em: http://guiaaulanet.eduweb.com.br/ Acesso em
setembro de 2006.
CCEAD, 2002. Coordenação Central de Educação a Distância. PUC, Rio de Janei-
ro. Disponível em: http://www.ccead.puc-rio.br/tutorial/distribuicao.asp. Acesso em
outubro de 2002.
Gerosa, 2002. GEROSA, M. A. Elemento de percepção em ambientes de aprendiza-
gem como forma de facilitar a comunicação, coordenação e cooperação. Disponível
em: http://www.asee.org/international/INTERTECH2002/600.pdf Acesso em outubro
de 2002.
VAHL, J. C. J. Uso de agentes de interface para adequação de bate-papos ao contex-
to de educação a distância. Universidade Estadual de Campinas, 2003.
UFPI, 2006. Coordenação de Educação a Distância. UFPI, Piauí. Novos desafios em
ambientes virtuais de ensino e aprendizagem (AVEA). UFPI (Universidade Federal
do Piauí), Piauí, abril, 2006.
Conclusão
Os ambientes EAD na internet devem não só
conseguir prover tanto mídia síncrona e assíncro-
na como também prover essas mídias de forma
clara e organizada, tentando manter uma trilha de
informações interligadas em aulas a distância no
decorrer do curso, não confundindo o aluno com
informações desnecessárias e não disponibilizan-
do material desprovido de uma seqüência lógica,
evitando assim dificultar a atividade de estudo e
reflexão do aluno.
A mídia assíncrona tem grande importância,
dando oportunidade ao aluno, quase como num
momento presencial, interagir diretamente com o
professor, podendo levantar questionamentos, ti-
rar dúvidas etc. O “chat” é a mídia assíncrona mais
popular nas plataformas EAD na internet, por ser
um recurso muito simples e barato. A “conferência por computador
em tempo real”, apesar de ser um recurso muito poderoso no sen-
tido de simulação de uma aula presencial, ainda é pouco explorado
pelas plataformas. Talvez pela necessidade de uma conexão mais rá-
pida e eficiente, este recurso, por exemplo, torna-se inviável no caso
da utilização de uma conexão discada.
Os ambientes EAD deveriam vir acompanhados de material de
apoio mais detalhado (manuais de professor, aluno e administra-
dor), dando assim uma estrutura mais segura para os possíveis in-
teressados em instalar e utilizar as plataformas. O TeleEduc, por
exemplo, possui passos de instalação detalhados somente para o
sistema operacional Linux, as configurações adequadas ao sistema
operacional Windows não são detalhadas.
Os desenvolvedores de software, muito mais do que se preocu-
par em oferecer recursos variados, devem atentar para o relaciona-
mento usuário-plataforma, tornando a tecnologia sempre um alia-
do e não um obstáculo à finalidade maior que é o conhecimento
disseminado através dela.
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Artigos
Total weight: a auto programada
DANTAS, Aline; OLIVEIRA, José; CUNHA, Eduardo; LOPES, José
Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Palavras-chave: Inovação; Lavadoras; Otimização Lógica Fuzzy.
RESUMO
O trabalho faz parte de um concurso de âmbito nacional promo-
vido pela Multibrás S.A. Eletrodomésticos que visa incentivar e
reconhecer o interesse pela pesquisa e desenvolvimento de tecno-
logias para aplicação no processo de lavanderia. O projeto consiste
em adaptar um dispositivo capaz de efetuar a pesagem da roupa
nas lavadoras e otimizar o seu processo de lavagem. Esta modi-
ficação vai permitir o uso racional de água e energia elétrica no
ciclo de lavagem. Está sendo desenvolvida em paralelo uma pro-
gramação utilizando uma lógica fuzzy no microcontrolador para
que a máquina possa efetuar lavagens entre a capacidade mínima
e máxima. O projeto encontra-se na fase de pesquisa e montagem
do protótipo. Os testes e simulações realizados até o momento
permitem concluir que o consumo de energia não sofre alterações
significativas, independente do peso da roupa. No entanto, o con-
sumo de água sofre alterações de acordo com o peso da roupa,
sendo recomendável às donas de casa o uso da capacidade máxima
da máquina como forma de economia no consumo da água.
Fotos: Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Introdução
Nos dias atuais constata-se uma preocupação cada vez maior
com a progressiva escassez de recursos naturais, o que vem gerando
na comunidade científica uma preocupação constante com o desen-
volvimento sustentável.
Este passa a ser entendido como aquele “capaz de garantir as
necessidades das gerações futuras” (BECKER, 2002, p. 25). Entre
essas necessidades que precisam ser asseguradas pode-se incluir a
água, a energia, além de outras, uma vez que já é do conhecimento
de todos que os recursos hídricos são finitos no planeta.
Um dos problemas que as donas de casa enfrentam no processo
de lavagem de roupas é o de quantificar o peso da roupa que deve
ser colocada na lavadora. A partir dessa dificuldade pretende-se uti-
lizar um dispositivo capaz de efetuar essa pesagem, facilitando a
vida da dona de casa e otimizando o processo de lavagem. Assim
sendo, pretende-se buscar:
adaptação do dispositivo de pesagem na máquina;
implementação da programação com o uso da lógica fuzzy;
associação do peso da roupa com a economia de água e energia
através das inferências nebulosas.
Objetivos
Desenvolver um dispositivo que efetue a pesagem da roupa em uma
máquina de lavar durante o processo de lavagem, permitindo, as-
sim, o uso racional de água e energia elétrica no ciclo de lavagem.
Desenvolver a programação de lavagem no microcontrolador
para que se possa lavar em faixas de peso intermediário entre
o mínimo e o máximo da capacidade da máquina em paralelo à
programação existente utilizando a técnica inteligente fuzzy.
Simplificar a programação da máquina, de forma que a dona de
casa utilize menos tempo durante as lavagens.
Aline Soares Dantas é tecnóloga em
Automação Industrial no Centro Federal
de Educação Tecnológica do Rio Grande
do Norte (Cefet/RN) e graduanda em
Engenharia de Produção na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
José Kleber Costa de Oliveira é
tecnólogo em Automação Industrial
(Cefet /RN), funcionário da Caern desde
1982, atuando na área de projetos
de sistemas de água e esgotos, na
fiscalização de obras. Atualmente está
lotado na Gerência de Desenvolvimento
Operacional, desenvolvendo atividades
de gerenciamento de energia elétrica dos
sistemas da Caern.
José Soares Batista Lopes é bacharel
em Engenharia da Computação
pela Universidade Potiguar/RN com
habilitação em Automação Industrial.
Mestrando em Ciências pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
na área de Engenharia Elétrica e
cursando Especialização em Gestão
e Engenharia de Petróleo e Gás pela
Universidade Federal Fluminense (UFF).
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Embasamento teórico
Strain Gauge
A Fita Extensiométrica (Strain Gauge) é um dispositivo que
mede a deformação elástica sofrida pelos sólidos quando estes são
submetidos ao esforço de tração ou compressão, sendo constituído
de fios de níquel dobrados em “zig-zag”, fixados com resinas espe-
ciais nas faces de um corpo a ser submetido ao esforço de tração ou
compressão (SOISON, 1989).
A aplicação da força tem sua seção transversal e seu comprimen-
to alterado devido a esse esforço imposto ao corpo. Sendo os ele-
mentos resistências elétricas dados por:
R = ρ -
L
A
, onde L= comprimento da resistência; A= área da
seção transversal da resistência e ρ= sua resistividade.
Com a aplicação da força há uma modificação em L e em A, alte-
ra-se o valor da resistência. Essas fitas são interligadas em um circuito
tipo ponte WHEATSTONE ajustada e balanceada para condição ini-
cial e que ao ter os valores de resistência da fita mudada com a pres-
são, sofre desbalanceamento proporcional à variação desta pressão.
São utilizadas na confecção dessas fitas extensiométricas metais
que possuem baixo coeficiente de dilatação térmica para que exista
uma relação linear entre resistência e tensão numa faixa mais ampla.
Vários são os metais utilizados na confecção da fita extensiométrica.
Como exemplo, podemos citar:
Constantan – Constituição da liga: cobre e níquel.
Karma – Constituição da liga: cobre e níquel aditivado.
479PT – Constituição da liga: platina e tungstênio.
Nichrome V – Constituição da liga: níquel e cromo.
Essa fita extensiométrica é utilizada na fabricação da célula de
carga por possuir característica de um transdutor, ou seja, converte
uma deformação mecânica em uma variação de resistência elétrica
(SOISON, 1989).
Controlador nebuloso
Já na década de 30, do século passado, J. Lukasiewicz havia for-
malizado um sistema lógico de três valores {0, 1/2, 1}, posterior-
mente estendido para os racionais e reais compreendidos entre 0 e
1. Também nesta época, M. Black havia introduzido o termo “va-
gueness” para expressar incertezas no campo da mecânica quântica
(ZADEH, 1965).
Em 1965, L.A. Zadeh introduziu os conjuntos nebulosos, rea-
tivando o interesse em estruturas matemáticas multivariadas (ZA-
DEH, 1965). Em 1973, o próprio Zadeh propunha a lógica nebu-
losa como um novo enfoque para análise de sistemas complexos e
processos de decisão.
A lógica nebulosa é uma das tecnologias atuais bem-sucedidas
para o desenvolvimento de sistemas para controlar processos sofis-
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
ticados. Com sua utilização, requerimentos complexos podem ser
implementados em controladores simples, de fácil manutenção e
baixo custo (SHAW, 1999).
Um controlador nebuloso é um sistema nebuloso à base de re-
gras, composto de um conjunto de regras de produção do tipo Se
<premissa> Então <conclusão>, que definem ações de controle em
função das diversas faixas de valores que as variáveis de estado do
problema podem assumir. No nosso estudo estaremos inferindo e
quantificando o peso das roupas e a programação para a economia
da água no processo de lavagem de roupa.
Figura 1 – Estrutura de um controlador nebuloso
A interface de “fuzificação” faz a identificação dos valores das vari-
áveis de entrada, as quais caracterizam o estado do sistema (variáveis
de estado), e as normaliza em um universo de discurso padronizado.
A base de conhecimento consiste de uma base de da-
dos e de uma base de regras, de maneira a caracteri-
zar a estratégia de controle e as suas metas, ocor-
rendo a defuzificação para transformar o valor
nebuloso em valor real para que seja aplicado
no processo. Assim, em um dado controlador
nebuloso, é importante que existam tantas re-
gras quantas forem necessárias para mapear
totalmente as combinações dos termos das
variáveis, isto é, que a base seja comple-
ta, garantindo que exista sempre ao menos
uma regra a ser disparada para qualquer entrada
(SANDRI; CORREA,1999).
A sintonização é uma tarefa complexa devido
à flexibilidade que decorre da existência de mui-
tos parâmetros, exigindo esforço do projetis-
ta na obtenção do melhor desempenho do
controlador (D’AMORE, 1997).
27 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Descrição da
solução proposta
A proposta do grupo consiste em usar uma
célula de carga, um dispositivo eletrônico (Strain
Gauge) que é usado nas balanças eletrônicas, para
adaptá-lo no cesto da máquina, permitindo que
se pesem as roupas que serão lavadas. Entretanto,
não foi possível definir com precisão o local espe-
cífico do cesto onde será instalada a célula de car-
ga, pois para isso será necessária mais informação
técnica da máquina, o que vai exigir um conheci-
mento prévio do equipamento.
Esta célula terá a função de informar à dona
de casa, através de um display, o peso da rou-
pa colocada dentro da máquina, como também
ao microcontrolador que utilizará a lógica fuzzy
para a programação do ciclo de lavagem para
qualquer peso de roupa a partir de uma capacida-
de mínima e máxima suportada pela máquina.
Aplicações específicas sobre o uso da lógica
nebulosa em controle surgem em trabalhos de
E.H. Mamdani, em 1974. A dona de casa não
precisará mais se preocupar em descobrir o peso
das roupas que vão ser lavadas, só precisará in-
formar alguns detalhes característicos das rou-
pas, tais como: o tipo de roupa (branca, colorida
ou delicada), o tipo de sujeira (pouco suja, suja
ou muito suja).
Figura 2 – Fluxograma do sistema fuzzy
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Com base na figura 2, a lavadora vai auto-
maticamente determinar a quantidade de água
compatível com o peso da roupa.
A quantidade de enxágües já está defini-
da na programação, porém, se a dona de casa
desejar poderá alterá-la de acordo com a sua
conveniência. A partir de 1978, Lotfi Zadeh
desenvolveu a teoria de possibilidades, que
trata a incerteza da informação, podendo ser
comparada com a teoria de probabilidades
(ZADEH, 1965).
Esta teoria, por ser menos restritiva, pode ser
considerada mais adequada para o tratamento de
informações fornecidas por seres humanos que
a de probabilidades. Esta inferência do processo
de pesagem e programação da máquina de lavar
acontecerá com o sistema fuzzy.
Metodologia
Para a implementação do referido proje-
to serão utilizados procedimentos que visam
aliar a pesquisa bibliográfica com a pesqui-
sa experimental exploratória. Nesse sentido,
como primeira etapa, procedeu-se a um le-
vantamento de opinião com as donas de casa
para saber quais as principais dificuldades.
Isso permitiu identificar quais os problemas
a solucionar, bem como a viabilidade da pro-
posta, uma vez que atende a uma das dificul-
dades diagnosticadas (REIGOTA, 2002). Ou
seja, um projeto de pesquisa deve partir sem-
pre de um problema real.
A pesquisa bibliográfica se constituirá uma
fase contínua durante todo o desenvolvimento
do trabalho a fim de fundamentar a pesquisa
em suas diferentes etapas. Para isso recorrer-se-á a diferentes fontes,
como livros, periódicos especializados na área, artigos da internet
etc., tendo em vista o aprimoramento nas técnicas de fuzzy, forne-
cendo o suporte teórico necessário ao trabalho.
A fim de fundamentar o processo que se pretende desenvolver
durante a pesquisa, realizaram-se como etapa exploratória os testes
e simulações utilizando o qualímetro (analisador de energia) para
monitoramento de energia e o hidrômetro para medir o volume de
água utilizada em cada lavagem sob determinado peso de roupa.
Esse procedimento técnico inicial servirá de suporte às fases pos-
teriores, a fim de se monitorar de forma mais segura o desempenho
da máquina. Realizaram-se, ainda, simulações nos softwares Matlab.
Outros procedimentos poderão ser utilizados desde que se faça ne-
cessário para otimizar o rendimento e o controle do processo.
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Artigos
Foram realizados três testes com pesos diferentes, respectiva-
mente 3,5 kg, 5,3 kg e 7,0 kg, nas mesmas condições, ou seja, rou-
pa colorida, lavar (II), dois enxágües, centrifugar. Para a realização
do teste de 5,3 kg, que não existe na programação da máquina,
foi programado como sendo a de 3,5 kg e o volume de água ne-
cessário foi calculado através de uma interpolação matemática do
volume de água das lavagens de 3,5 e 7 kg.
A diferença entre os volumes de 3,5 e 5,3 kg foi adicionada manu-
almente. Os resultados obtidos foram mostrados na tabela 1, acima.
Após a coleta dos dados do qualímetro (analisador de energia),
os mesmos foram analisados e plotados, de forma que podemos
mostrá-los no gráfico 1.
Resultados obtidos
Para o monitoramento do consumo de energia elétrica foi uti-
lizado um instrumento (qualímetro) que, entre outras coisas, é
capaz de determinar a potência instantânea, o valor da corrente,
fator de potência e até a distorção harmônica da onda senoidal du-
rante o ciclo de lavagem. Foi utilizada a Lavadora Brastemp, mo-
delo Intelligent Tira Manchas Super Capacidade de 7 kg. Quanto
ao consumo de água, foi medido por um hidrômetro instalado na
entrada de alimentação da máquina, sendo do tipo multijato, clas-
se “C” de diâmetro de ¾” com capacidade para medir uma vazão
nominal de 1,5m³/h. Ele quantificou um consumo de acordo com
a tabela 1, abaixo:
Tabela 1 – Consumo de água
Peso (KG) Volume de água gasta (L) Total
Lavagem 1º enxágüe 2º enxágüe
3,5 60 56 50 166
5,3 63,5 61 55,5 180
7 736661200
Gráfico 1 – Consumo médio de energia, por peso
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Com base na análise dos dados obtidos é possível observar que o
consumo de energia na lavagem de 7 kg foi o menor, já na lavagem
de 5,3 kg, que não está implementado na programação da máquina,
foi verificado o maior consumo médio de energia.
Este fato se justifica porque a máquina não possui uma progra-
mação específica para este peso e desta forma se faz necessário um
estudo mais detalhado do processo de lavagem para entender a dife-
rença entre os valores do consumo de energia.
O consumo de energia entre os pesos apresentou uma diferença de
aproximadamente 20%, porém, levando em consideração o fator fi-
nanceiro, torna-se desprezível, uma vez que na lavagem se gasta 0,121
KW/h e com a tarifa em torno R$ 0,35 o KW/h, gasta-se numa lava-
gem aproximadamente R$ 0,04 de energia. Desta forma, o aumento
de 20% no consumo corresponde a R$ 0,0098, não caracterizando
um aumento significativo na conta de energia. Já o consumo de água
apresenta uma proporção maior nas despesas financeiras, pois mesmo
apresentando o mesmo percentual de 20%, o valor da tarifa de 1 m³
custa em média R$ 1,80 e como se gasta 200 litros em média por
lavagem, tem-se uma despesa de R$ 0,36, desta forma um aumento
de R$ 0,07, que é sete vezes maior que o gasto de energia.
REFERÊNCIAS
D’AMORE, R.; SAOTOME, O.; KIENITZ, K. H. Controlador nebuloso com detec-
ção de regras ativas. Anais do 3º Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente, p.
313–318, setembro, 1997.
REIGOTA, M. A contribuição da ciência ao desenvolvimento com base ecologista. In:
BECKER, D. F. Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade. 4ª ed.
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002. p. 191-210.
SANDRI, S.; CORREA, C. V. Escola de Redes Neurais, Promoção: Conselho Na-
cional de Redes Neurais. p. c073-c090, 19 de julho, 1999.
SHAW, I. S., SIMÕES, M. G. Controle e modelagem fuzzy. São Paulo: Edgard
Blücher, 1999.
SOISON, H. E. Instrumentação industrial. Ed. Hemus, 1989.
ZADEH, L. A. Fuzzy sets. Fuzzy Sets, Information and Control, 8: 338 – 353, 1965.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Um objeto de aprendizagem
construtivista para TV Digital
GOMES, Fábio de J. L.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí
Palavras-chave: Educação a Distância; Objeto de Aprendizagem; TV Digital.
RESUMO
Este trabalho propõe o desenvolvimento de um objeto de apren-
dizagem (OA) interativo para a TV Digital (TVD), baseado na
teoria construtivista de Jean Piaget. Um OA é um novo tipo de
instrução baseada em computador e que pode ser reutilizado para
o suporte ao processo de ensino e aprendizagem. Neste processo,
a interatividade é considerada como um aspecto importante, pois,
segundo Piaget, o conhecimento se constrói na interação do sujei-
to com o objeto da aprendizagem. Através da TVD, o t-learning
surge como uma oportunidade para promover a aprendizagem
para um maior número de pessoas não alcançadas pelo tradicional
e-learning. Mas a interação com a TVD é complexa e pode causar
frustração e irritação do usuário, e a facilidade de uso é conside-
rada um dos principais fatores para o sucesso da TVD. A partir
desses pressupostos, este trabalho pretende desenvolver um OA
interativo com fundamentação pedagógica baseada no construti-
vismo de Piaget e que seja de uso fácil.
Fotos: Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Introdução
Em qualquer curso, livros-texto são geralmente as ferramen-
tas usadas. Entretanto, é difícil aprender a pronunciar um idio-
ma corretamente somente dependendo do livro-texto. Também
é difícil entender o comportamento dinâmico em experimentos
científicos somente lendo textos e olhando figuras estáticas em
um livro. Materiais em vídeo ou multimídia complementam essas
deficiências. Por exemplo, materiais de ensino de língua estran-
geira fornecem ajuda para corrigir a pronúncia, e experiências
científicas podem ser demonstradas com videoclipes e/ou gráfi-
cos de computador.
O problema com tais materiais é que eles exigem dos estudantes
que executem tarefas adicionais, que não estão diretamente relacio-
nadas com a aprendizagem. No entanto, a finalidade principal do
estudante é entender o experimento em particular, assim, essas tare-
fas adicionais causariam perda de foco e atenção.
Partindo desse pressuposto, a televisão surge como uma possi-
bilidade para facilitar o uso de materiais em vídeo ou multimídia,
visto sua facilidade de uso e a forte penetração desta mídia nas resi-
dências do Brasil. Além disso, existe um crescente reconhecimento
que o e-learning, através de um computador conectado à internet,
não resolverá todos os problemas de aumento de oportunidades
de aprendizagem.
Ademais, a TV é um elemento motivador e que prende bas-
tante a atenção dos telespectadores, acionando seus principais
sentidos de aprendizagem: a visão e a audição; tornando-se, por
isso, um poderoso recurso audiovisual para o processo de ensino
e aprendizagem.
Por outro lado, a interatividade é considerada como um aspecto
importante do processo de aprendizagem, pois, segundo Piaget, o
conhecimento se constrói na interação do sujeito com o objeto de
estudo. A TVD pode oferecer várias formas de interatividade e, des-
sa forma, pode ser usada para criar novas maneiras de aumentar as
oportunidades interativas de aprendizagem.
A próxima seção apresenta a TVD,
mostrando seus componentes e uma
breve descrição de sua atual situa-
ção no Brasil. A seção 3 conceitua
t-learning e apresenta vantagens
do uso da TV para a educação
a distância. A seção 4 apresenta
o conceito de usabilidade e algu-
mas considerações sobre a usabili-
dade na TVD. Na seção 5, o conceito
de OA é mostrado. Na seção 6, é apresentado
o construtivismo, que consiste na fundamentação peda-
gógica do OA proposto. A seção 7 cita os trabalhos relacionados
à proposta deste artigo. Na seção 8, uma descrição do que se propõe
neste artigo é mostrada. Por último, a seção 9 traz as conclusões.
Fábio de Jesus L. Gomes é
professor de Informática do
Cefet/PI, com graduação em
Processamento de Dados
(UESPI), mestrado em Ciência
da Computação (UFPE) e
doutorando em Informática
na Educação (UFRGS), onde
se dedica a pesquisas na
área da TV Digital, com
ênfase em usabilidade e no
desenvolvimento de aplicações
educacionais (
t-learning
).
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Artigos
TV Digital
Conforme Montez e Becker (2004), um sistema de TVD é de-
composto em três partes:
1) Difusor: responsável por prover o conteúdo a ser transmitido, e
suportar as interações com os telespectadores;
2) Receptor: que recebe e apresenta o conteúdo e possibilita ao
telespectador interagir com o difusor;
3) Meios de difusão: compostos por canal de difusão e canal de re-
torno (ou canal de interatividade), que habilitam a comunicação
entre difusor e receptor.
O receptor é necessário para receber o sinal digital usando um
sintonizador digital e então convertê-lo para um formato analógico
para ser visto em um aparelho analógico de TV. O receptor pode
estar embutido em um aparelho digital de TV ou ser um equipa-
mento à parte. Nesse último caso, o receptor passa a ser conhecido
como terminal de acesso ou set-top box (STB).
Além da conversão do sinal digital para um formato analógico,
o STB pode possuir outras funcionalidades, tais como, download,
upload e armazenamento de dados e execução de aplicações.
TV Digital no Brasil
O Decreto nº 5.820, de 29 de junho de 2006 (BRASIL, 2006),
que dispõe sobre a implantação do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital Terrestre (SBTVD-T), além de nortear a transição do sis-
tema analógico para o digital, deixa claro que esse avanço tecnoló-
gico não se restringirá a uma simples troca de equipamentos para
atender a interesses mercadológicos ou econômicos. O decreto de-
monstra interesse com o desenvolvimento da indústria nacional e
com a inclusão digital (e social) por intermédio da TV, que tende a
se tornar uma ferramenta com finalidades sociais e, dentre outros,
instituiu o Canal de Educação para transmissão destinada ao de-
senvolvimento e aprimoramento do ensino a distância de alunos e
capacitação de professores.
O sucesso da TVD no Brasil pode estar diretamente relaciona-
do ao sucesso da inclusão digital. Além de outros servi-
ços, esta inclusão digital pode ser alcançada
através da educação pela TV, que é
chamada de t-learning.
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T-learning
Segundo Bates (2003), t-learning é o acesso a materiais de apren-
dizagem ricos em vídeo, através de uma TV ou de um dispositivo
mais parecido com a TV do que um PC. T-learning é um subcon-
junto do e-learning, mas que pode significativamente melhorar a
aprendizagem em uma forma que o e-learning baseado na internet
atualmente não faz. Bates (2003) cita algumas razões importantes
para considerar o papel que a TV tem em uma estratégia de e-lear-
ning mais ampla:
a maioria das pessoas tem acesso à televisão em casa;
nem toda família terá um computador conectado à internet;
pessoas tendem a acreditar no conteúdo que está na TV;
a TV tem o potencial de atingir mais pessoas e oferecer mais
oportunidades de aprendizagem que as instituições de aprendi-
zagem tradicional.
Lytras et al. (2002), referindo-se especialmente ao t-learning,
têm argumentado que a alta penetração e aceitação da TV já têm
estabelecido um mercado em potencial para a aceitação da TVD.
Num país de dimensões continentais como o Brasil, com uma
população bastante familiarizada com a televisão, o veículo tem
tudo para tornar-se um grande aliado nas estratégias de supera-
ção dos graves problemas educacionais, contribuindo de maneira
significativa para a expansão do acesso ao sistema de ensino e sua
democratização.
Usabilidade
Usabilidade foi definida como “o alcance pelo qual um pro-
duto e/ou serviço pode ser usado por usuários específicos para
atingir metas específicas com eficácia, eficiência e satisfação em
um específico contexto de uso” (ISO 9241-11, 1998).
Testes de usabilidade são uma parte importante no ciclo de
vida da engenharia da usabilidade e consistem em uma técni-
ca altamente utilizada para estimar o desempenho e a satisfação
subjetiva do usuário com produtos e/ou serviços. Tais testes são
sempre realizados para testar o produto e/ou serviço, não o usu-
ário. Eles permitem dizer se usuários podem usar um produto e/
ou serviço e como eles gostariam de usá-lo (NIELSEN, 1993).
Na TVD, um dos principais problemas encontrados é a com-
plexa navegação de informação pelos telespectadores através do
controle remoto, que tende a ser grande, consistindo de muitos
botões e não tão fácil para usar (NELSON, 1999), que pode
causar frustração e irritação do usuário. Segundo alguns pesqui-
sadores (CHOI et al. 2003; FREEMAN e LESSITER, 2003;
KANG, 2002), a facilidade de uso é um dos fatores mais impor-
tantes para a TVD.
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Artigos
Objetos de aprendizagem
De acordo com a terminologia adotada pelo Learning Technology
Standards Committee (LTSC), do Institute of Electrical and Electro-
nics Engineers (IEEE) (IEEE, 2006), objeto de aprendizagem (OA)
é definido como uma entidade, digital ou não digital, que pode ser
usada e reutilizada ou referenciada durante um processo de suporte
tecnológico ao ensino e aprendizagem.
Uma das características dos OAs é a reusabilidade, que é posta
em prática através de repositórios, permitindo que sejam locali-
zados a partir da busca por temas, por nível de dificuldade, por
autor, por relação com outros objetos etc. Tal busca é realizada
através de meta-dados.
Várias organizações empreenderam es-
forços para desenvolver padrões de meta-
dados para os OAs, tais como, LOM (Le-
arning Object Model) (IEEE, 2006) da
IEEE, Learning Design da IMS (Instruc-
tional Management System) (IMS, 2006)
e SCORM (Sharable Content Object Refe-
rence Model) (ADL, 2006) da ADL (Ad-
vanced Distributed Learning).
Conforme LÓPEZ-NORES et
al. (2004), padrões para OAs para
o e-learning também são váli-
dos para o t-learning, visto
que não existem diferenças
fundamentais com relação
à avaliação, perfis, gerencia-
mento de conteúdo etc.
Segundo DUTRA et al.
(2006), o padrão SCORM
encontra-se em uma cres-
cente adoção como especifi-
cação de OAs, onde diver-
sas ferramentas de autoria
e LMS (Learning Manage-
ment System) oferecem su-
porte ao SCORM. Isso pa-
rece ser resultado do grande
esforço da ADL (pertencen-
te ao Departamento de De-
fesa Norte-americano) para
consolidá-lo como modelo
padrão. Outro fator prová-
vel é sua menor abrangên-
cia, focando mais no conteúdo do que no
processo como um todo. Neste modelo, o professor
participa em sua maior parte na fase de planejamen-
to. Além disso, o padrão SCORM foi projetado
principalmente para a auto-aprendizagem.
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Construtivismo
Segundo Piaget (1996), o conhecimento se constrói na intera-
ção do sujeito com o objeto fruto de seu interesse. Piaget aborda a
inteligência como algo dinâmico, decorrente da construção de es-
truturas de conhecimento que vão sendo construídas e incorporadas
nos sistemas cognitivos do sujeito. Essa construção tem uma base
biológica, mas vai se dando à medida que ocorre a interação, que
consiste nas trocas recíprocas da ação do sujeito com o objeto do
conhecimento.
Para Piaget (1979), a aprendizagem é entendida como a aquisi-
ção distinta da maturação biológica das estruturas mentais, pois se
desenvolve no tempo em função das respostas dadas pelo sujeito a
um conjunto de estímulos anteriores e atuais. Quando uma pessoa
aprende, ela aumenta seu conhecimento e seu poder de pensar e de
solucionar problemas.
Para que um OA seja construtivista, ele deve ser baseado em
uma interação ativa entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
Esta interação, contudo, não significa apenas o apertar de teclas ou
o escolher entre opções de navegação, a interação deve integrar o
objeto de estudo à realidade do sujeito, dentro de suas condições, de
forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas, ao mesmo tempo, permitindo
que as novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas
cognitivas existentes, propiciando o seu desenvolvimento.
Dessa forma, pretende-se utilizar a interatividade proporcionada
pela TVD para a construção de OAs interativos e construtivistas.
Esta interatividade transforma o papel passivo de um mero telespec-
tador em um papel ativo na interação com o OA.
Trabalhos relacionados
O projeto VEMiTV (Validation and Development on an Interactive
Television Based Educational Model) (DAMÁSIO, 2003; DAMÁSIO
et al. 2004) estudou a usabilidade de interface e as respostas cogni-
tivas dos usuários (crianças com idade entre 9 e 10 anos cursando a
primeira série do ensino fundamental), onde a TVD era uma ferra-
menta educacional para o ensino presencial.
Uma aplicação foi desenvolvida e foi chamada de Panda. Além
disso, um sistema tutor inteligente (STI) foi anexado à aplicação
para permitir a modelagem adaptativa da aplicação de acordo com
o progresso do aluno. Esta adaptação usa dados fornecidos pelo
estudante que são armazenados no disco rígido do STB.
O projeto Motive (AARRENIEMI-JOKIPELTO e TUOMI-
NEN, 2004) está estudando o uso da TVD como um ambiente de
aprendizagem para cursos universitários. Possui um navegador com
o conteúdo da aprendizagem e questões de múltipla escolha e um
sistema multi-canal de conversação que permite enviar mensagens
através de um teclado virtual da TVD, de telefones celulares, PDAs,
comunicadores SMS (Short Message Service) e formulários web. A
fundamentação teórica dos cursos no projeto Motive é o PBL (Pro-
blem-Based Learning, 2006).
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Artigos
O projeto Educação Interativa (OLIVEIRA et al. 2006) envol-
ve a educação a distância e serviços para o cidadão, como meio de
diminuir a divisa digital, usando a infra-estrutura da TVD através
da transmissão via satélite. O projeto está sendo desenvolvido no
estado do Amazonas.
No trabalho de Rey-López et al. (2006), programas de TV são
escolhidos por um sistema de recomendação baseado em raciocí-
nio semântico chamado AVATAR (BLANCO-FERNANDÉZ et
al. 2004). Em seguida, OAs relacionados ao assunto do programa
recomendado são oferecidos ao telespectador, permitindo-lhe a livre
escolha de decidir se estuda esse material adicional ou não.
Um objeto de aprendizagem
construtivista para a TV Digital
O OA aqui proposto consiste de um simulador de circuitos di-
gitais, usado como reforço de ensino, por alunos da disciplina Ar-
quitetura de Computadores, do curso de Tecnologia em Sistemas
de Informação do Cefet/PI. Através do OA, o aluno é capaz de
construir seus próprios circuitos digitais com as portas lógicas e, em
seguida, fazer o teste desses circuitos.
Para validar o OA, dois estudos serão reali-
zados. O primeiro tratará da usabilidade do am-
biente, onde a satisfação do usuário será medida
em relação à facilidade de uso do OA. Para os
testes de usabilidade, o estudante será colocado
em uma sala contendo uma poltrona, um micro-
computador e um aparelho de TV com controle
remoto. O microcomputador será responsável
pelo armazenamento e execução do OA, através
de um emulador da TVD, e enviará sinais de áu-
dio e vídeo para o aparelho de TV. Uma câmera
será instalada nesta sala para a filmagem da uti-
lização do OA pelos estudantes que participam
da pesquisa.
Após os testes de usabilidade, os participan-
tes serão entrevistados e será aplicado o ques-
tionário SUS (System Usability Scale, 1996). Os
resultados do questionário serão usados para a
avaliação de usabilidade do OA. Para comple-
mentar este estudo, as entrevistas e as gravações
em fitas de vídeo também serão analisadas como
forma de avaliação do OA.
O segundo estudo analisará o processo de
aprendizagem. Os participantes serão divididos
em dois grupos, onde apenas um deles terá aces-
so aos OAs interativos. A análise será feita através
de duas provas de conceitos, aplicadas no início
e no fim do curso, respectivamente. Através des-
ta análise, pode-se identificar qual a influência
do OA interativo no processo de aprendizagem.
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Conclusões
Deve ser notado que o valor adicionado da TVD para apren-
dizagem não somente reside em suas características tecnológicas,
mas, também, no fato de que ainda é TV.
Como uma plataforma para educação, a TVD é considerada
importante para atingir maiores audiências, pois a televisão é uma
mídia difundida entre as famílias de países (sub)desenvolvidos,
enquanto que a média de penetração de computadores e da inter-
net atinge níveis insignificantes. Além disso, sendo uma melhoria
para as TVs tradicionais, a TVD pretende oferecer serviços on-
line de aprendizagem para pessoas que não têm a possibilidade
de comprar um computador, não têm acesso à internet ou não
têm conhecimento para usar tais tecnologias.
Assim, pretende-se utilizar esta nova tecnologia (TVD) para
desenvolver OAs interativos. Estes OAs são muito úteis, servin-
do como apoio audiovisual para o material didático impresso e
devem ser parte do objeto de estudo e aprendizagem, e junta-
mente com o material impresso constituem o material didático
do aluno. Nesse contexto, o construtivismo de Piaget é utilizado.
Assim, pretende-se desenvolver um OA interativo com uma sóli-
da fundamentação pedagógica.
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Artigos
REFERÊNCIAS
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Influência da profundidade de semeadura e da
compressão do solo sobre a semente do milho
TORRES, José L. R.; NETTO, Antonio A.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba
Palavras-chave: Germinação; Plântulas; Crescimento Inicial.
RESUMO
Instalou-se o experimento na Unesp/Jaboticabal, entre abril a ju-
nho de 1999, em um Latossolo Vermelho, com delineamento de
blocos inteiramente casualizados, em três repetições, para avaliar
o efeito de três profundidades de semeadura (3, 5 e 7 cm) asso-
ciados a quatro níveis de compressão do solo sobre a semente (0,
5, 10 e 15 kgf). Avaliou-se a emergência das plântulas através
de contagens diárias até que se mantivessem constantes. As altu-
ras das plantas foram avaliadas semanalmente até 60 dias após o
plantio. A melhor germinação ocorreu com a compressão de 15
kgf sobre a semente, na profundidade de 5 ou 7 cm de semea-
dura. Para o parâmetro altura, a compressão de 10 e 15 kgf, nas
profundidades de 5 e 7 cm, não apresentaram desenvolvimento
semelhante 60 dias após o plantio.
Fotos: Ablestock
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
Introdução
O milho é o cereal mais importante em área cultivada e em pro-
dução no Brasil, pois, além de ser uma cultura base para alimentação
animal e, conseqüentemente, humana, responde pela maior parte da
produção nacional de grãos (COELHO, 1997). Atualmente, o Brasil
é o terceiro produtor mundial de milho, depois dos E.U.A e China,
porém, sua produtividade média nacional ainda é baixa, se compara-
do aos E.U.A, Canadá e França. Visando otimizar esta produtivida-
de, estudos realizados vêm demonstrando que os fatores relaciona-
dos a uma boa emergência não são suficientes para garantir uma boa
produtividade. A distribuição inadequada de sementes na semeadura,
assim como problemas decorrentes do contato insuficiente do solo
com a semente podem ser responsáveis pela queda de produtividade
(BULL e CANTARELLA, 1993). Vitti e Favarin (1997) destacam
que o condicionamento físico do solo proporcionado à semente por
ocasião da semeadura tem influenciado o rendimento das culturas.
Na época da semeadura é comum o uso de equipamentos pro-
vidos de rodas compactadoras, tendo sido comprovado, através
de alguns experimentos de campo, que estas aumentam o contato
solo/semente, causando um efeito benéfico; porém, dependendo da
estrutura da semente que está sendo utilizada na semeadura, pode
ocorrer uma alteração da resistência mecânica do solo e um poste-
rior prejuízo do desenvolvimento da planta (JOHNSON e HEN-
RY, 1964; FORNASIERI FILHO, 1992).
Stout et al. (1961) estudaram o efeito da compactação da su-
perfície do solo depois do plantio de feijão, beterraba açucareira
e milho a profundidade de 2, 5 cm, utilizando pressões de 0,035;
0,35 e 0,70 kgf cm-2, e concluíram que com a pressão de 0,035
kgf cm-2, a emergência foi mais rápida, e que a pressões maiores
suprimiram a emergência da beterraba açucareira e do milho. Para
o feijão, a pressão de 0,35 kgf cm-2 aplicada à superfície geral-
mente diminuía a emergência das plantas, e que pressões de
0,35 e 0,70 kgf cm-2 aplicadas na semente melhoram a
emergência das plântulas.
Coelho (1979) e Salles (1980) trabalhando
com soja, Ferreira (1984) com sorgo granífe-
ro, Coan et al. (1986) com feijoeiro e Coan
(1996) com aveia preta apresentaram
resultados preliminares comprovando
a influência da profundidade de se-
meadura e da compactação do
solo sobre a emergência, de-
senvolvimento e produtivida-
de dessas culturas.
Este trabalho teve como
objetivo avaliar os efeitos de
diferentes profundidades de se-
meadura e da compressão do solo
sobre a semente, e sua influência sobre o
desenvolvimento inicial de cultura do milho.
José Luiz Rodrigues Torres é
professor doutor de Produção
Vegetal do Cefet/Uberaba/MG.
Antonio Angelotti Netto é
doutorando em Ciências da
Engenharia Ambiental da Escola de
Engenharia de São Carlos (USP).
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Material e métodos
O estudo foi desenvolvido no Departamento de
Engenharia Rural – Unesp – Campus de Jaboticabal/
SP, no período de abril a junho de 1999, localizado
numa altitude de 610 m e coordenadas geográficas de
21º15’22’’ S e 48º15’18’’ W. A área experimental foi
constituída de três faixas de solo com 1,40 m de lar-
gura por 24,0 m de comprimento, contendo 4 trilhos
no sentido leste–oeste, sobre os quais desloca-se um
carrinho movimentado por um sistema elétrico–me-
cânico. O solo é classificado como um Latossolo Ver-
melho, classe textural argilosa (550 g kg–1 de argila,
90 g kg–1 de silte e 360 g kg–1 de areia), que foi
mobilizado até aproximadamente 15 cm de profun-
didade, por um microtrator com enxada rotativa, e
posteriormente nivelado.
O delineamento experimental adotado foi o intei-
ramente ao acaso, com três repetições, num esquema
fatorial 3 X 4, ou seja, 3 profundidades de semeadura
(P) e 4 intensidades de compressão do solo sobre as
sementes (C). As profundidades de semeadura adota-
das foram P1 = 3; P2 = 5 e P3 = 7 cm, enquanto os
níveis de compressão do solo sobre a semente foram
C0 = 0; C1 = 5; C2 = 10 e C3 = 15 kgf de carga
sobre a roda compactadora.
Cada parcela constitui-se de 3 linhas de semeadura
com espaçamento de 0,50 m de largura e 3,0 m de
comprimento, sendo 0,25 cm de cada lado conside-
rado como bordadura, em cada repetição. A semea-
dura foi feita manualmente no dia 01/04/99, colo-
cando-se 2 sementes a cada 20 cm, num total de 15
covas por linha. Em seguida, foi feita uma irrigação
por aspersão, por meio de um tubo fixado no carri-
nho, atingindo a umidade média de 0,18 kg kg-1, na
profundidade de 0–30 cm, determinada pelo método gravimétrico
(Embrapa, 1997). A compressão do solo foi realizada com roda
metálica cilíndrica, com 40 cm de diâmetro e 10 cm de largura,
vinculada ao carrinho por meio de um suporte com eixo vertical
deslizante, deslocando-se em velocidade constante de 0,37 m s-1,
com as respectivas cargas dos tratamentos colocadas sobre o eixo
das rodas. Com o objetivo de indicar comparativamente o estado
de compressão do solo na linha de semeadura, provocada pela ação
da roda compactadora em função dos tratamentos, determinou-se
a resistência do solo à penetração utilizando um minipenetrômetro,
nas profundidades de 0–5 e 5–10 cm, na linha de semeadura.
Após a instalação da cultura, a irrigação foi realizada com um
turno de rega de dois dias, repondo a água perdida pela evapotrans-
piração, com o objetivo de manter a umidade do solo em 70% da
capacidade de campo, durante todo o período de observação. Aos
19 dias após a semeadura, realizou-se um desbaste, deixando-se uma
planta por cova, ou seja, 15 plantas por linha. Para não causar qual-
quer alteração física do solo, cortou-se as plantas ao nível do solo.
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Artigos
Para adubação de manutenção foi aplicado, antes da semeadura,
250 kg ha-1 da fórmula 8-30-20, aplicada a lanço e logo a seguir
incorporada. Aos 42 dias após a semeadura, foi feita uma adubação
de cobertura utilizando 20 kg ha-1 de N, utilizando-se uréia.
A emergência das plântulas foi avaliada através de contagem
diária entre 7 a 18 dias após a semeadura, até que o número de
plantas emergidas se apresentasse constante. Avaliou-se também o
crescimento das plantas através de sua altura média, semanalmente,
até completar 60 dias após a semeadura, utilizando a metodologia
proposta por Nakagawa (1994).
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do Sistema
para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), versão 5,0. As avalia-
ções constaram de análise de variância, aplicando o teste F para signi-
ficância. Compararam-se as médias pelo teste de Tukey (p<0,05).
Resultados e discussão
Emergência das plântulas (germinação)
Analisando os resultados obtidos quanto à emergência das
plântulas através do teste de médias (figuras 1 e 2), observou-se
que houve diferenças significativas ao nível de 5% (Tukey) para
profundidade de semeadura e compressão das sementes, influen-
ciando no número de plântulas germinadas para a cultura do mi-
lho. Pode-se observar que nas profundidades de semeadura de 5
e 7 cm, a germinação das sementes ocorreu mais rapidamente,
diferindo estatisticamente da profundidade de 3 cm (Tukey 5%)
somente até completar 11 dias após a semeadura (DAS), porém,
ao final dos 18 DAS, esta diferenciação se manteve para a pro-
fundidade de 5 cm (figura 1). Para o parâmetro compressão da
semente, as maiores diferenciações também ocorreram até o 11
DAS. Pode-se destacar que o nível de compressão maior (15 kgf)
proporcionou uma melhor germinação e plantas inicialmente mais
vigorosas durante todo o período avaliado (figura 2).
Figura 1 – Quantidade de plântulas germinadas (%)
por linhas de 3,0 m de comprimento, em função das
profundidades P1, P2 e P3 (3, 5 e 7 cm) de semeadura
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Esses dados estão de acordo com os obtidos por Stout et al.
(1961) também com milho, pois, aumentando o contato solo/se-
mente, há uma maior facilidade de absorção de água e nutrientes
pelas raízes que serão emitidas. Porém, estes dados estão em de-
sacordo com os obtidos por Yorinori et al. (1996), que obteve os
maiores valores de emergência na profundidade de 3 cm, com mi-
lho-pipoca. Fornasieri Filho (1992) destaca que este favorecimento
na emergência das plântulas provavelmente está relacionado às me-
nores variações de temperatura do solo, que possibilita um ambiente
térmico e hídrico melhor para o desenvolvimento inicial da planta.
Quando se compara o efeito da interação entre profundidade de
semeadura (P) e compressão do solo sobre a semente (C) através
do teste de médias (Tukey a 5%) (figura 3), pode ser observado que
a compressão de 15 kgf e as profundidades de 5 e 7 cm foram os
tratamentos que apresentaram a melhor germinação.
Figura 2 – Quantidade de plântulas germinadas (%)
por linhas de 3,0 m de comprimento, em função das
profundidades de 3, 5 e 7 cm de semeadura das
sementes, Jaboticabal/SP
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Artigos
No teste de germinação realizado obteve-se um poder germina-
tivo acima de 85%, porém, a maior média de emergência de plân-
tulas obtida atingiu 77,5% na profundidade de 5 cm com 15 kgf
de compressão sobre a semente, e a menor, 46% de germinação
a 3 cm de profundidade com 5 kgf de compressão. Esta diferença
existente entre o teste e a germinação no campo,
em parte é explicada pelos efeitos causados pelos
tratamentos que apresentaram diferenças estatís-
ticas ao nível de 5% (Tukey) e devido a este teste
ser realizado em condições ideais e controladas
no laboratório.
Pelos resultados médios obtidos com relação
à resistência mecânica do solo, a penetração de
1,91; 3,39; 3,93 e 4,43 MPa, para 0, 5, 10 e 15
kgf, respectivamente, observou-se que o aumento
da compressão do solo com a roda compactadora
aumentou esta resistência nas duas profundida-
des avaliadas (5 e 10 cm), atingindo nas camadas
de 5 a 10 cm de profundidade, para os níveis de
compressão de 10 e 15 kgf, valores de resistência
à penetração de 4,2 e 4,9 Mpa, respectivamente.
Os melhores níveis de compressão (figura 2) nas
profundidades de 5 e 7 cm (figura 1) estão em
desacordo com os resultados obtidos por Veen e
Boone (1990), que relatam ocorrer inibição de
germinação de milho quando o solo apresenta re-
sistência mecânica à penetração de 4,2 Mpa em
torno da semente. Dexter (1987) destaca que ha-
vendo umidade suficiente, o milho tem boa ger-
minação até com 5 Mpa de resistência à penetra-
ção, devido à grande pressão axial causada pelo
sistema radicular do milho no solo.
Figura 3 – Quantidade de plântulas germinadas por
linhas de 3,0 m de comprimento, em função dos
tratamentos, níveis de compressão do solo sobre
a semente (C0, C1, C2 e C3) e profundidade de
semeadura (P1, P2 e P3), em Jaboticabal/SP
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Em função dos resultados obtidos com a compressão do solo e
profundidade de semeadura na emergência das plântulas, correlacio-
nou-se esses tratamentos com o crescimento das plantas, avaliando-
se as alturas destas no período de 25 a 60 dias após a semeadura.
Pode-se observar que para compressão do solo sobre a semente (kgf)
ocorreu uma relação positiva com a altura das plantas (figura 4), que
apresentaram um crescimento linear, confirmando os dados obtidos
com a germinação que se apresentaram melhores nas maiores com-
pressões (10 e 15 kgf) (figura 2), devido ao melhor contato solo/
semente. Esta compressão, além de favorecer a emergência das plân-
tulas, causa também um desenvolvimento inicial mais acelerado, pois
facilita a absorção de água e nutrientes. Silberbucch et al. (1983)
destaca que isto pode ser justificado pelo aumento da densidade do
solo ao redor da semente, que favorece o maior tampão deste solo
para os nutrientes, pois, à medida que as plantas absorvem nutriente
da solução do solo, ocorre rápida reposição do nível de nutrientes
mais próximos às suas raízes em fase de desenvolvimento.
Com relação às profundidades de semeadura avaliadas também
puderam ser observadas correlações positivas com a altura das plan-
tas, pois o melhor desempenho foram sempre observados nas pro-
fundidades de 5 e 7 cm, porém, Fornasieri Filho (1992) destaca que
semeaduras acima de 7 cm podem retardar e até impedir a emer-
gência de plântulas, devido à falta de reservas na semente ou pela
incapacidade de se alongarem até alcançar a luz.
Conclusão
Para profundidade de semeadura, o milho deve ser plantado a 5
ou 7 cm, para que tenha uma germinação inicial mais eficiente; para
o parâmetro altura de plantas até os 60 dias, a compressão do solo
de 10 e 15 kgf nas profundidades de 5 e 7 cm foram as que tiveram
melhor desenvolvimento vegetativo.
Figura 4 – Relação entre a altura das plantas de milho
e os níveis de compressão do solo (C0, C1, C2 e C3) e
profundidade de semeadura (3, 5 e 7 cm), no período
de 25 a 60 dias após a semeadura, em Jaboticabal/SP
37 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
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Artigos
REFERÊNCIAS
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37 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
74
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Os estudos na área de monitoração e detecção de falhas têm sido
estimulados devido ao aumento crescente em qualidade, confiabili-
dade e segurança nos processos de produção, onde a interrupção da
produção por alguma anomalia imprevista pode colocar em risco a
segurança do operador, além de provocar perdas econômicas, au-
mentando os custos com a reparação de algum equipamento danifi-
cado. A questão econômica e a própria segurança do operador nos
processos de produção estimula o desenvolvimento e a implementa-
ção de sistemas de monitoração e detecção de falhas.
Em sistemas de monitoração e diagnóstico de falhas pode-se uti-
lizar a redundância física ou a redundância analítica. Na redundância
física são utilizados dois ou mais sensores similares para realizar a
mesma medida, onde um esquema de votação lógica poderá ser utili-
zado para indicar qual o instrumento falho. Na redundância analítica
utiliza-se a estimativa dos sinais gerados por um modelo matemáti-
Utilização de redes neurais artificiais
na monitoração e detecção de falhas
em sensores do reator IEA-R1
BUENO, Elaine I.
Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo
Unidade Descentralizada de Guarulhos
Fotos: Ablestock
38 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
co do sistema considerado, podendo ser elaborado a
partir de equações matemáticas que descrevem o fe-
nômeno real ou pode ser gerado a partir de uma base
de dados (PATTON; CHEN; NIELSEN, 1995). As
técnicas de Inteligência Artificial também estão sendo
muito utilizadas nesses sistemas, destacando-se, en-
tre elas, o uso de Redes Neurais Artificiais (RNAs),
justificado pelo fato das RNAs passarem por uma
fase inicial de aprendizagem, em que um conjunto
de exemplos é apresentado para a rede, que extrai
automaticamente dos mesmos as características ne-
cessárias para representar a informação fornecida.
No Instituto de Pesquisas Energéticas e Nuclea-
res – IPEN, autarquia associada à Universidade de
São Paulo – USP, foi desenvolvido um Sistema de
Monitoração e Detecção de Falhas usando a me-
todologia de Redes Neurais Artificiais, aplicado
ao reator de pesquisas IEA-R1 (BUENO; TING;
GONÇALVES, 2005). Este sistema foi desenvol-
vido em três etapas: monitoração, detecção e diag-
nóstico de falhas, como pode ser visto na figura
1. Na monitoração, foram treinadas RNAs para a
monitoração das seguintes variáveis: temperatura,
potência e taxa de dose, utilizando-se duas bases
de dados: uma contendo dados gerados por um
modelo teórico do reator (GONÇALVES; TING,
2005) e outra contendo dados referentes a uma se-
mana típica de operação (BUENO, 2002; MONTEIRO; GON-
ÇALVES, 2002). A etapa de detecção de falhas foi implementada
usando Redes Neurais Artificiais para verificar a descalibração de
termopares, utilizando-se também as mesmas bases de dados usa-
das na monitoração, sendo inseridas falhas artificiais para simular
a condição de falha pretendida para os termopares. O diagnóstico
de falhas foi implementado através da Lógica Nebulosa, onde foi
elaborado um Sistema Fuzzy para identificar a ocorrência de falhas
provocadas pela descalibração de termopares.
Figura 1 – Etapas da implementação do sistema
de monitoração e detecção de falhas
38 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Os resultados obtidos durante o desenvolvimento deste traba-
lho mostraram a viabilidade do emprego da metodologia de Redes
Neurais Artificiais na monitoração e detecção de falhas em sensores
de processo e o uso de Lógica Nebulosa para realizar o diagnóstico
de falhas, onde foram simuladas condições de falhas para os sen-
sores de temperatura. Pretende-se ainda aperfeiçoar o sistema de
monitoração e detecção de falhas desenvolvido neste trabalho, utili-
zando-se outras variáveis de processo, além de elaborar um Sistema
Neurofuzzy para realizar o diagnóstico de falhas.
REFERÊNCIAS
BUENO, E. I. Manual do banco de dados do reator IEA-R1. Relatório Técnico,
IPEN, 2002.
BUENO, E. I.; TING, D. K. S.; GONÇALVES, I. M. P. A development of an artificial
neural network for nuclear power monitoring and fault detection in the IEA-R1
research reactor at IPEN. INAC 2005 – International Nuclear Atlantic Conference
Proceedings (CD-room), agosto 2005.
GONÇALVES, I. M. P.; TING, D. K. S. A theoretical model for the IPEN research
reactor IEA-R1. INAC 2005 – International Nuclear Atlantic Conference Proceedings
(CD-room), agosto 2005.
MONTEIRO, P. R. B.; GONÇALVES, I. M. P. Sistema de aquisição de dados do
reator IEA-R1. INAC 2002 – International Nuclear Atlantic Conference Proceedings
(CD-room), outubro 2002.
PATTON, R. J.; CHEN, J.; NIELSEN, S. B. Model-based methods for fault diagno-
sis: some guidelines. IEEE Transaction of the Institute of Measurement and Control,
v. 17, n. 2, 1995.
39 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
O projeto foi desenvolvido como parte integrante da disciplina
Eletrônica Digital II, do curso de Automação Industrial, no primei-
ro semestre 2005.
Nos últimos anos, as empresas viram-se obrigadas a acompanhar
uma série de mudanças. Em plena era da informação, as organiza-
ções passaram a ser flexíveis e voltaram atenções para a globalização,
as pessoas, os clientes, os resultados, os serviços, a tecnologia e o co-
nhecimento. Cada vez mais as empresas se nivelam, há necessidade
de criarem o seu diferencial competitivo. Num mundo globalizado
como o nosso e com as novas mudanças, o cliente tem necessidade
de ser atendido com qualidade e rapidez. Isso exige uma relação
custo–benefício compatível com o serviço exigido.
É nesse contexto que um projeto como esse assume uma impor-
tância vital em qualquer empresa que precise melhorar a qualidade
do seu sistema de atendimento, custos, satisfação do cliente e geren-
ciamento de pessoas, rentabilizando a força de trabalho da empre-
sa. Ou seja, com esse projeto, obtém-se uma otimização de todo o
Automação do sistema de
atendimento de um restaurante
DANTAS, Aline; COSTA, José K.; SAMPAIO, Priscila; AZEVEDO, Roseany; ROCHA, Belchior
Centro de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte
Fotos: Ablestock
39 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
processo, diminuindo o tempo de atendimento. Os clientes
sentem-se mais confortáveis e os garçons organizam melhor
o seu trabalho.
A aplicação do projeto ocorreu em um restaurante
com um conjunto de 30 mesas distribuídas em um salão.
Essas mesas eram atendidas por três garçons – José, Car-
los e Antônio –, cada um cuidando de um conjunto fixo
de dez mesas.
A partir da constatação dos dados foi feito um planeja-
mento de como seria o sistema de atendimento e definido
um layout do estabelecimento. O grupo propôs então o
seguinte projeto:
o espaço físico foi dividido em três blocos, cada um com
dez mesas. Cada garçom sendo o responsável pelo aten-
dimento de um bloco;
as mesas seriam equipadas com um botão do tipo push-
button, que acende uma luz quando acionado, sinalizan-
do que o cliente deseja ser atendido. O sinal vindo do
botão é enviado a um painel que indica o número da
mesa e o respectivo garçom que irá atendê-la;
no caso de duas mesas solicitarem simultaneamente o
atendimento, a prioridade seria daquela mais distante
do balcão, ou seja, de menor número, pois a nume-
ração é em ordem decrescente de distância do atendi-
mento central.
O circuito é representado pelo diagrama de blocos abaixo:
Neste trabalho foram apresentados os resultados obtidos em re-
lação a um sistema de atendimento de pedidos em um restaurante.
Constatou-se, portanto, que o projeto caracteriza-se pela praticida-
de, modernidade e acessibilidade do ponto de vista do custo–bene-
fício, sendo uma ferramenta de trabalho útil em estabelecimentos
comerciais do tipo ou similares que tenham como prioridade ofere-
cer um atendimento rápido e de qualidade.
Figura1 – Diagrama de blocos
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
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Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
Proposta interdisciplinar para o ensino de
Química no Curso Técnico em Agricultura
FELÍCIO, Cinthia M.; OLIVEIRA, Jussara de F. A. C.; SILVA, Odorico N. da; ROSA FILHO,
Sebastião N. da; SOARES, Marlon H. F. B.; MATOS, Maurício dos S.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí/GO
Unidade Descentralizada de Morrinhos
O ensino técnico tem passado por inúmeras mudanças nos úl-
timos tempos, o que tem gerado uma série de discussões sobre o
novo papel dos técnicos agrícolas e as exigências do mercado de
trabalho. De maneira geral, formações que levem em consideração
aspectos humanistas e noções científicas, além das especificidades
técnicas tornam-se um ganho qualitativo muito importante.
Na Unidade de Ensino Descentralizada de Morrinhos, ligada ao
Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí/GO, o trabalho
ora apresentado iniciou-se em fevereiro de 2005 e já contou com a
participação de cerca de 120 alunos do Curso Técnico em Agricul-
tura e 60 alunos do ensino médio, até o momento. Houve o envol-
vimento dos professores de Química, Agricultura (Fruticultura) e
Língua Portuguesa, numa proposta interdisciplinar contextualizada
de ensino, buscando fornecer aos alunos subsídios para atuarem no
mercado de trabalho com autonomia.
O ambiente utilizado para o desenvolvimento do projeto foi a
sala de multimeios, onde havia recursos como computador, retro-
projetor, projetor de multimídia, TV e vídeo. Utilizou-se também,
Fotos: Ablestock
40 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
80
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
para uma das atividades do projeto, o refeitório da escola. O projeto
seguiu os seguintes passos:
1. Aulas teóricas
2. Atividades experimentais no campo
3. Seminários elaborados pelos professores
4. Seminários promovidos por grupos de alunos
5. Dinâmicas de grupo
6. Vídeos
7. Contextualização com a Língua Portuguesa
8. Promoção de oficinas desenvolvendo produtos com base nas pro-
priedades físico-química, nutricionais e fitoterápicas das frutas
Todas as atividades puderam ser avaliadas por meio de produção
de textos baseados em artigos técnicos. Foram também elaborados
relatórios, além de realização de debates, elaboração de painéis, estu-
dos de casos, dramatizações e pesquisas, nas quais se pôde conhecer,
dentre outros, o potencial fitoquímico de várias espécies frutíferas
existentes na região do cerrado, produção de mudas de frutíferas em
risco de extinção e divulgação de suas propriedades físico-químicas
por meio de painéis.
Além disso, procurou-se trabalhar a motivação dos alunos no
sentido de desenvolver um manejo racional na produção de frutas,
visando a uma melhoria de qualidade, enfocando, ainda, técnicas
para a preservação de suas qualidades nutricionais e sensoriais.
Considerando-se os procedimentos descritos acima e a participa-
ção de outros professores de áreas diferenciadas, pôde-se perceber
uma maior motivação por parte dos alunos em se trabalhar com
projetos interdisciplinares, tanto em relação à importância de se
desenvolver um manejo racional na produção de frutas, quanto à
busca de melhoria na qualidade de produção das mesmas, além das
técnicas de preservação de suas qualidades nutricionais e sensoriais.
Para dar uma idéia melhor dessa interação entre as disciplinas
envolvidas, imaginou-se a figura abaixo, em contínuo movimento,
de tal forma que, em um dado momento, uma das disciplinas era a
base de desenvolvimento conceitual para as demais:
Figura 1 – Triângulo interdisciplinar proposto
41 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
81
Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
Figura 2 – Diferentes formas de contextualização
A figura 2 tenta demonstrar a abrangência das atividades pro-
postas e alguns aspectos educacionais que podem ser alcançados
pelos estudantes em sua formação, desde que conduzidos de forma
a promover a autonomia e a motivação dos alunos e professores
envolvidos no processo educacional.
A interdisciplinaridade, associada a práticas experimentais e crí-
ticas, promove a autonomia e a qualificação de profissionais mais
conscientes, bem como subsídios para uma produção de melhor
qualidade. A atitude interdisciplinar deverá estar presente e nortear
o trabalho entre os professores e alunos e de toda a comunidade
escolar. A atitude de querer refletir sobre a sua prática docente e
conhecer também a do outro enriquece e contribui para o trabalho
de ambos. O resultado desse trabalho conjunto é a produção de
conhecimento que vai além da teoria e, principalmente, o que vem
da prática, tentando trazê-la para a sala de aula, tornando o conhe-
cimento mais significativo.
Metodologias que favoreçam interações entre as diferentes discipli-
nas do nível médio contextualizadas no campo de atuação dos estudan-
tes podem vir a ser fatores de motivação e qualificação profissional.
Alunos que freqüentemente se mostravam alheios às aulas de Quí-
mica, ao serem desafiados, apresentaram um maior interesse e até
certo prazer ao elaborarem o trabalho proposto, a partir de textos
envolvendo assuntos contextualizados sobre as propriedades antioxi-
dantes das frutas e/ou a importância da alimentação na manutenção
da saúde e qualidade de vida. Provavelmente, isso se deveu à preo-
cupação geral veiculada na mídia e ao interesse e curiosidade geral
que esse tema desperta. Outro fator preponderante para o progresso
dos alunos foi a abordagem interdisciplinar adotada durante todo o
projeto. E se houve progresso neste campo é porque houve, também,
evolução nas áreas de Química, Fruticultura e Língua Portuguesa.
Quando o aluno compreende adequadamente o que lê, o processo de
produção, a partir dessa leitura, também se torna mais fácil.
41 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
82
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
Anexos
Texto 1: Produção de radicais livres pode ser controlada com
antioxidantes
Texto 2: Benefícios de frutas e vegetais
Texto 3: Antioxidantes: trabalhando a nosso favor!
Texto 4: Alimentos funcionais –- solução para as doenças?
Texto 5: Vitaminas: conheça mais sobre elas
Texto 6: Maçã protege contra câncer e radicais livres
Texto 7: Você é o que come
Texto 8: A relação entre o câncer, as frutas e os vegetais
Texto 9: Fitoquímicos e saúde cardiovascular
Texto 10: Suplementos alimentares: automedicação pode causar
danos
Texto 11: Alimentação saudável
Texto 12: Morangos são guarda-costas do bom colesterol
Texto 13: Dicas para uma alimentação saudável
Anexo 1 – Textos selecionados para o projeto
1. Na opinião de vocês, os objetivos propostos com o tema foram
atingidos? Justifique.
2. Quais foram as partes do projeto que você mais gostou? Por
quê?
3. Cite alguns exemplos de conceitos, os quais você observa no
dia-a-dia e que estão associados direta ou indiretamente a esse
trabalho.
4 . Se essa aula fosse tradicional, como você consideraria o seu
aprendizado?
5. Faça uma auto-avaliação (0 a 10) do desempenho do seu grupo,
segundo os quesitos abaixo:
Pontualidade
Interesse e participação
Organização
Criatividade
Domínio de conteúdo
Clareza da exposição
Respeito
Nota ________
Justificativa:
Anexo 2 – Auto-avaliação
42 - FRENTE - 11:33:47 05/04/2007 -
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
83
Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
1. Título
Cconceitos químicos: agregando valor às frutas do cerrado e à
formação de técnicos agrícolas.
2. Objetivos
2.1. Geral
Conhecer a composição química de algumas frutas do cerrado,
comparando-as com a composição das frutas tradicionais, bus-
cando agregar valor aos frutos do cerrado através de conhecimen-
tos de propriedades físico-químicas das frutas.
2.2. Específicos
Aperfeiçoar conhecimentos em química de forma contextuali-
zada (composição química de frutas).
Conhecer algumas estruturas químicas de vitaminas, nutrien-
tes, antioxidantes etc. presentes em frutas e as principais pro-
priedades envolvidas, associá-los a conhecimentos de química
orgânica e inorgânica, conforme o caso.
Conhecer alguns procedimentos de análises de alimentos (fru-
tas) a partir das Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz.
Conhecer e interpretar alguns parâmetros importantes para
comercialização de frutos, entendendo como a química pode
contribuir para conservação de propriedades desejáveis, evi-
tando reações adversas e aparecimento de alterações que le-
vam à perda da qualidade do fruto final.
Identificar os cuidados no cultivo e coleta de frutos para cum-
prir exigências do mercado externo (exportações).
Desenvolver algumas habilidades cognitivas empreendedoras.
3. Bases Tecnológicas
Frutas do cerrado x Culturas tradicionais;
Operações básicas para análises físico-químicas;
Parâmetros importantes de análise e padrão de qualidade;
Comparação entre diferentes frutas (tradicionais e do cerrado);
Composição química dos solos do cerrado;
Fatores que influenciam na produtividade;
Principais reações químicas envolvidas;
Antioxidantes e sua importância na alimentação;
Principais antioxidantes;
Estruturas químicas e principais propriedades dos antioxidantes;
Radicais livres;
Benefícios das frutas;
Escala de pH e sua importância;
Grau brix;
Sólidos solúveis;
Equivalente de retinol;
Equivalente tocoferol.
Anexo 3 – Ementa para o ensino de
química no módulo de fruticultura
42 - VERSO - 11:33:47 05/04/2007 -
CONTATOS
Contatos
84
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 15 MAR. 2007
GO
Proposta interdisciplinar para o ensino de
Química no Curso Técnico em Agricultura
Cinthia Maria Felício
cmfelicio@yahoo.com.br
Jussara de Fátima Alves Campos Oliveira
jufcoliveira@yahoo.com.br
Marlon Hebert Flora Barbosa Soares
Maurício dos Santos Matos
Odorico Neves da Silva
doriconunesilva@yahoo.com.br
Sebastião Nunes da Rosa Filho
sebatiaonunesilva@yahoo.com.br
Unidade de Ensino
Descentralizada de Morrinhos
Rodovia BR 153, Km 1413 - Zona Rural
Morrinhos/GO – CEP: 75650-000
Tel.: (64) 3413-2112/2126
Fax: (64) 3413-2122
MG
Influência da profundidade
de semeadura e da compressão
do solo sobre a semente do milho
José Luiz Rodrigues Torres
Antonio Angelotti Netto
Centro Federal de Educação
Tecnológica de Uberaba
Rua João Batista Ribeiro, 4000
Bairro Mercês – Uberaba/MG
CEP: 38064-900
Tel.: (34) 3319-6017/6016/6014
Fax: (34) 3319-6003
MT
Pesquisa conecta estudante
ao mundo do trabalho
Marcilene Cristina Gomes Maluf
Escola Agrotécnica Federal de Cáceres
Av. dos Ramires, s/n
Distrito Industrial – Caixa Postal 244
Cáceres/MT CEP: 78200-000
Tel.: (65) 3224-1010
Fax: (65) 3224-1032
Home page: www.eafc.gov.br
PB
O uso das tecnologias de geoprocessamento
aplicadas à gestão dos transportes públicos
Thyago de Almeida Silveira
Marcello Benigno Borges de Barros Filho
Centro Federal de Educação
Tecnológica da Paraíba
Av. 1º de Maio, 720 – Jaguaribe
João Pessoa/PB CEP: 58015-430
Tel.: (83) 3208-1000/3255-0220
Fax: (83) 3241-1434
Home page: www.cefetpb.br
PI
Alunos do Cefet/PI estudam
plantas do Nordeste
Ana Amélia Melo de C. M. Cavalcanti
Flor de Maria Mendes Câmara
Luiz Fernando Meneses Carvalho
Valdira de Caldas Brito Vieira
Controle de qualidade do pescado
e avaliação microbiológica do gelo
utilizado para sua conservação
Robson Alves da Silva
alimentologo@yahoo.com.br
Diego Sávio Vasconcelos de Oliveira
Nathalie Alcântara Ferreira
Rita Débora de Sá Rodrigues Batista
Teresinha Rodrigues Veloso
tetenutri@yahoo.com.br
Plataformas EAD: um desafio para os
desenvolvedores de software
Elanne Cristina Oliveira dos Santos
Uma análise do comportamento das
máquinas de busca da web
Valéria Oliveira Costa
Juliana Fernandes Costa
Um objeto de aprendizagem
construtivista para TV Digital
Fábio de Jesus Lima Gomes
Centro Federal de Educação
Tecnológica do Piauí
Praça da Liberdade, 1597 – Centro
Teresina/PI – CEP: 64000-040
Tel.: (86) 3215-5224
Fax: (86) 3215-5206
Home page: www.cefetpi.br
RN
Automação do sistema de
atendimento de um restaurante
José Kleber Costa
josekleber2003@yahoo.com.br
Aline Dantas
Priscila Sampaio
Roseany Azevedo
Belchior Rocha
Tecnologia e ação solidária a serviço da
produção científica e do fortalecimento
da Educação Profissional e Tecnológica
Sérgio Luiz Alves de França
Total weight: a auto programada
Aline Soares Dantas
eniladantas@yahoo.com.br
José Kleber Costa de Oliveira
josekleber2003@yahoo.com.br
Eduardo Cunha
José Soares Batista Lopes
Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio Grande do Norte
Av. Senador Salgado Filho, 1559 – Tirol
Natal/RN – CEP: 59015-000
Tel.: (84) 4005-2600
Fax: (84) 4005-9728
SP
Utilização de redes neurais artificiais
na monitoração e detecção de falhas em
sensores do reator IEA-R1
Elaine Inacio Bueno
bueno_elaine@yahoo.com.br
Unidade de Ensino
Descentralizada de Guarulhos
Av. Salgado Filho, 3501
CEP: 07115-000
Tel.: (11) 2185-0060/0061
Fax: (11) 2185-0061
EM FOCO
Em Foco
I Congresso de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Redenet em Natal/RN
promove o intercâmbio da produção cientíca
Centros Federais de Educação Tecnológica do Norte e Nordeste
Divulgação
Cefet/RN
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