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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 13 JAN. 2007
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Artigos
Introdução
O ensino de Língua Portuguesa nos ensinos médio e técnico, os
quais são ofertados pelo Colégio Técnico Universitário/UFJF, tem sido
o foco de nossa reflexão em pesquisas e práticas pedagógicas, por en-
tendermos que essa tarefa está se tornando um desafio num contexto
de modernidade e novidades. Hoje, quando as pessoas necessitam de
leituras e de escritas rápidas, práticas e fáceis, recorrem à tecnologia da
internet, do computador e se entregam com confiança às informações
e sugestões de correção disponíveis, minimizando o raciocínio crítico
e reflexivo sobre o uso da linguagem. A aula de Língua Portuguesa,
principalmente nos níveis apontados acima, vem se constituindo uma
“arena” em que se luta por uma causa, que, ao primeiro olhar, não é tão
nobre. Essa causa será nobre em outro tempo, quando a competitivi-
dade se tornar mais declarada. Nesse tempo, vencerá o mais preparado.
Situamos a linguagem como um parâmetro importante na construção
do conhecimento, de qualquer área, que definirá os vencedores dessa
disputa. Essa inquietação, foco de nossa investigação, é baseada nas re-
flexões acerca da evolução dos conhecimentos constituindo a evolução
dos sujeitos, enfocada em Bakhtin (1992):
Logo que aparecem, as novas forças sociais encontram sua primeira expres-
são e sua elaboração ideológica nesses níveis superiores da ideologia do co-
tidiano, antes que consigam invadir a arena da ideologia oficial constituída.
É claro, no decorrer da luta, no curso do processo de infiltração progressiva
nas instituições ideológicas (a imprensa, a literatura, a ciência), que essas
novas correntes da ideologia do cotidiano, por mais revolucionárias que
sejam, submetem-se à influência dos sistemas ideológicos estabelecidos, e
assimilam parcialmente as formas, práticas e abordagens ideológicas acu-
muladas (BAKHTIN, 1992, p. 120) (grifo nosso).
Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006:
18), “as ações realizadas na disciplina de Língua Portuguesa, no con-
texto do ensino médio, devem propiciar ao aluno o refinamento de
habilidades de leitura e de escrita, de fala e de escuta”, com relação
à produção do texto (leitura e escrita), bem como à reflexão sobre a
língua e a linguagem. É exatamente esse “refinamento” o eixo de nos-
sa investigação, na medida em que questionamos: como conseguir
que todos os alunos refinem sua linguagem? Quando a leitura é um
hábito consolidado ao longo da vida, torna-se mais fácil. No entanto,
sabemos que essa não é a realidade de todos. Da mesma forma, quan-
do há gosto pela escrita. Porém, há aqueles que se identificam mais
com outras áreas. Sabemos também que é tarefa do professor incluí-
los nesse “refinamento”. Então, como fazer para atingir esse objetivo,
sem que nenhum aluno fique à margem? A própria avaliação final do
Ensino Médio – a prova do ENEM – solicita aos concluintes dessa
etapa a escrita de um texto na modalidade padrão da língua. Situamos
nesse mesmo contexto os alunos dos cursos técnicos, na medida que,
a maior parte, ou cursam essa modalidade concomitantemente ao en-
sino médio, ou retomam os estudos após a conclusão deste.
É sabido que o homem, enquanto ser social, se constitui através da
linguagem. Isso revela o quanto ela é importante nas interações (pro-
cesso pelo qual o sujeito influencia e é influenciado). Segundo Fran-
chi (1992: 25), “antes de ser para a comunicação a linguagem é para
a elaboração; e antes de ser mensagem, a linguagem é construção do
pensamento; e antes de ser veículo de sentimentos, idéias, emoções,
aspirações, a linguagem é um processo criador em que organizamos
Este texto é parte de uma pesquisa,
em andamento, que vem sendo
desenvolvida, desde 2004, por um
grupo de bolsistas do programa de
Iniciação Científica Júnior, orientada
pela a autora.
Maria Elizabeth Rodrigues é mestre
em Educação/Linguagem pela
Universidade Federal Fluminense,
Niterói /RJ; é orientadora de
bolsistas de pesquisa de Iniciação
Científica Júnior financiada pela
UFJF e FAPEMIG. Linha de pesquisa:
Ensino de Língua Portuguesa.
Maria Elizabeth Rodrigues