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ISSN 1809-4694
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EXPEDIENTE
Expediente
Conselho editorial
Ivone Maria Elias Moreyra, Patrícia Barcelos,
Solange Moreira Corrêa, Sonia Ana C. Leszczynski
Coordenação editorial
Cinara Barbosa
Produção Executiva
Cinara Barbosa e Sandra Branchine
Reportagens e Fotografias
Rodrigo Farhat
Revisão
Lunde Braghini
Impressão e Projeto Gráfico
Gráfica e Editora Qualidade
Impresso no Brasil
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos
nos artigos científicos e nos resumos estendidos são de exclu-
siva responsabilidade dos autores
2006 Ministério da Educação
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte
Série Cadernos Temáticos
Tiragem: 5.000 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco L, 4º andar
70047-900 – Brasília/DF
Tel: (61) 2104-8127/9526
Fax: (61) 2104-9744
www.mec.gov.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Cadernos temáticos / Secretaria de Educação Pro ssional e Tecnológica. –
N. 10, (mar. 2006). – Brasília : Secretaria de Educação Pro ssional
e Tecnológica, 2004-.
1. Educação Pro ssional. 2. Práticas Educativas. 3. Prática Pedagógica.
4. Experiências Pedagógicas.
CDU 377
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SUMÁRIO
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Reportagens
Aluno aprende a construir com obra-modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Estudantes mineiros vencem prêmio Mercosul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Estudantes descobrem novas profissões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Escola de Cariacica formará técnicos em ferrovias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Artigos
Logística da Manutenção: Uma Vantagem Competitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
José Alexandre de Souza Gadioli
O Cliente Interno como Principal Parceiro de Uma Organização . . . . . . . . . . 31
Juliana da Costa Santos e Maria Luiza da Costa Santos
Ética Empresarial e Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36
Jairo Ives de Oliveira Pontes
Gestão da Incubação de Projetos de Empresas no Hotel Tecnológico . . . . . . .41
Márcio Jacometti e Glória Alfredo da Cruz
Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos na Perspectiva
da Gestão Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Neuza Evangelista Pereira Rocha e Luiz A. Ávila
Transferência de Tecnologia: Trabalhos de Diplomação como Mecanismo
de Interação entre Universidade e Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Janete Hruschka, João Luiz Kovaleski e Sérgio Augusto O. da Silva
O Ensino de Empreendedorismo em Cursos Técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Guilherme Bizarro Salve
Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
Implantação de Sistema de Gestão da Qualidade em Alambiques de
Cachaça Mineira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66
Angela de Mello Ferreira Guimarães
Incubadora de Empresas e a Prática Empreendedora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Fernanda Cristina Costa Fonseca
Contatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Foco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
6
Cinara Barbosa
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
7
APRESENTAÇÃO
Apresentação
Professor,
A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC produ-
ziu mais cinco volumes dos Cadernos Temáticos sobre a educação pro-
fissional. Neste número sobre gestão e administração, a equipe de comu-
nicação da Setec foi a Florianópolis, em Santa Catarina, a Rio Pomba,
em Minas Gerais, e a Vitória, no Espírito Santo, para produzir matérias
sobre os aspectos do trabalho realizado pelas escolas da rede federal de
educação técnica e tecnológica.
Para mencionar apenas alguns artigos deste volume, destaco as ex-
periências sobre as vantagens competitivas da logística de manuten-
ção, do professor José Alexandre de Souza Gadioli, do Centro Federal
de Educação Tecnológica do Espírito Santo, a que aborda a implanta-
ção de sistema de gestão da qualidade em alambiques de cachaça, da
pesquisadora Ângela de Mello Ferreira Guimarães, de Minas Gerais,
e a que relata o ensino de empreendedorismo em cursos técnicos, de
Guilherme Salve, da Escola Técnica de Palmas, no Tocantins. Tam-
bém evidencio o resumo sobre ética empresarial e profissional, do
professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão
Jairo Ives Pontes.
Em 2007, ano em que publicaremos os volumes de números 11
a 15 dos Cadernos Temáticos, a rede federal de educação técnica e
tecnológica terá crescido 29%. Como o Brasil terá, então, no lugar
das atuais 144 escolas, 186 instituições formadoras, diferentes expe-
riências poderão ser publicadas pela Setec para mostrar a diversidade
da realidade brasileira.
A expansão da rede – ao lado do Proeja, que integra os ensinos mé-
dio e técnico para jovens e adultos, e da Escola de Fábrica, que capacita
trabalhadores dentro das empresas – ampliará o número de vagas para
formação de profissionais, fortalecerá municípios, estados e, principal-
mente, vocações regionais do país. Afinal, educação e trabalho são con-
dições essenciais na formação das cidadanias participativas.
Boa leitura.
Eliezer Pacheco
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Arquivo
EDITORIAL
Editorial
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do
MEC tem o prazer de trazer ao público brasileiro mais
cinco volumes dos Cadernos Temáticos, ao mesmo mo-
mento em que a Casa Civil da Presidência da República
encaminha ao Congresso Nacional projeto de lei para a
criação de escolas de formação profissional. Nessas pu-
blicações, reportagens, práticas pedagógicas e relatos de
experiências mostram o fortalecimento da rede federal de
educação técnica e tecnológica.
As novas instituições que estão sendo criadas pelo Go-
verno Federal estão incluídas na primeira etapa do pla-
no de expansão da rede federal de educação profissional e
tecnológica. A estratégia prevê, nos próximos dois anos,
a criação de 33 unidades descentralizadas dos Centros Fe-
derais de Educação Tecnológica (Cefets), de cinco escolas
técnicas e de quatro agrotécnicas. O investimento do Go-
verno Federal para implementação dessas instituições será
de R$ 57 milhões.
As escolas técnicas federais serão criadas nos estados
do Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul
e Rondônia. As agrotécnicas serão instaladas em Brasília
(DF), Marabá (PA), Nova Andradina (MS) e São Rai-
mundo das Mangabeiras (MA) e as 33 unidades de ensino
descentralizadas serão instaladas em 17 estados.
A escolha das localidades seguiu três critérios para be-
neficiar: unidades federadas sem instituição federal de
educação profissional; regiões interioranas do território
nacional; e periferias dos grandes centros urbanos.
A rede federal de educação tecnológica, que hoje tem
144 unidades de ensino, possuirá ao final de 2007 cerca de
186 unidades, um crescimento de 29%. Em 2009, quando
todos os novos cursos estiverem em funcionamento, es-
tima-se que seja superada a marca de 300 mil matrículas
nos cursos técnicos, superiores e de educação de jovens e
adultos, exatamente no ano em que a rede completará um
século. Em termos percentuais, o total de matrículas deve-
rá ser ampliado em mais de 30% em relação aos números
de 2006.
Parte da produção atual das escolas da rede está aqui, nas
páginas desses cinco volumes dos Cadernos Temáticos.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Construção Civil
Construção Civil
Aluno aprende a construir
com obra-modelo
Professores do Cefet/ES levantam casa-laboratório em
parceria com fornecedores
No Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo
(Cefet/ES), um galpão com pé-direito de seis metros foi transfor-
mado em laboratório de construção civil, em 2004. O espaço da
obra-modelo, além de atender aos estudantes da escola, serve ain-
da aos profissionais do setor, que hoje o utilizam para programas
de capacitação e educação continuada. Lá, as empresas da região
mantêm, ainda, em exposição permanente métodos construtivos e
vários materiais aplicadas na construção.
A casa tem 55 metros quadrados de área divididos em quar-
to, sala, circulação, cozinha, banheiro, área de serviço, varanda
e escada.
A coordenadora do curso técnico de Construção Civil do Ce-
fet/ES, Lívia Rohr Cardoso, explica que a falta de aproximação
entre teoria e prática no curso noturno a incomodava. Como o
Cefet/ES não tinha condições de financiar uma obra que ser-
visse para visitas técnicas de alunos, ela foi atrás, junto com o
professor da disciplina de Planejamento de Obras, Sérgio Carlos
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Zavaris, de parceiros que pudessem financiar o laboratório. Eles
trabalharam em conjunto com outra docente, a arquiteta Jaque-
lini Del Puppo.
Lívia diz que a obra-modelo serve para disciplinas de todos os
turnos. Na cadeira de desenho arquitetônico básico, por exem-
plo, o estudante pode ver o caderno de projetos e visualizar o
estudo na prática. Com isso, ele pode associar teoria e prática.
Sérgio Zavaris diz que a idéia é mostrar aos estudantes um
protótipo de casa semi-acabada para evidenciar as tecnologias de
construção, da fundação ao acabamento.
Cada professor montou o projeto segundo suas necessidades
pedagógicas. Na construção, os estudantes podem ver toda a es-
trutura, a parte elétrica, a telefônica e a de TV, e ainda o projeto
hidrossanitário.
A estudante do terceiro módulo do curso técnico de Cons-
trução Civil Santiléia de Mello Braz aprovou a idéia. Ela diz que
a planilha da obra-modelo foi o primeiro contato que teve com
uma construção de verdade. “Foi muito importante para mim,
pois pude perceber como todos os cálculos que fazia em sala de
aula eram aplicados”, ressalta.
Ela estuda Arquitetura na Universidade Federal do Espírito
Santo e revela que ingressou no curso técnico para ter mais
embasamento. “Sou mais preparada que meus colegas de facul-
dade”, diz.
O curso técnico de Construção Civil do Cefet/ES é dividido
em quatro módulos: no primeiro, são estudadas as fundações,
concreto e soldas, e também desenho arquitetônico básico. Nessa
fase, os estudantes ainda aprendem a fazer leitura e interpretação
de projetos. No segundo módulo, os alunos vêem as tecnologias
de acabamentos, de infra e superestrutura e também têm noções
de segurança do trabalho. No módulo três, são feitos os projetos
elétrico, hidráulico e de estrutura e, no quarto, o arquitetônico.
Com exceção do módulo quatro, no qual os estudantes têm
que elaborar um projeto arquitetônico, todos os estudos têm a
obra-modelo como parâmetro.
Os cursos de construção civil hoje oferecidos pelo Cefet são
nas modalidades de pós-médio e para jovens e adultos. O pós-
médio tem quatro turmas pela manhã e cinco à noite, das quais
uma destinada ao Proeja e quatro ao pós-médio. Normalmente,
são 40 estudantes por turma. Do total de alunos, cerca de 60%
terminam o curso.
Em início de carreira, um técnico de Construção Civil ganha
cerca de R$ 1,2 mil.
Marcas Os nomes dos fornecedores estarão estampados nos
produtos e peças da obra-modelo, quando o laboratório estiver
completamente terminado. A previsão é que a obra-modelo seja
inaugurada em abril de 2006. “Mais importante que a doação
– diz a coordenadora Lívia –, é a integração com as empresas”.
Como é um laboratório, as esquadrias são de vários materiais,
O Programa de Integração da Educa-
ção Profissional ao Ensino Médio para
Jovens e Adultos (Proeja) trabalha
com a articulação entre o ensino
médio e a formação para o trabalho
de estudantes maiores de 18 anos.
Criado pelo Decreto 5.478, de 24 de
junho de 2005, o Proeja está oferecen-
do qualificação profissional e elevará
a escolaridade de 8 mil trabalhadores
em 2006. O orçamento do programa
para este ano é de R$ 21 milhões: R$
15 milhões para as 144 instituições da
rede federal de educação profissional
e tecnológica (limitados a R$ 108 mil
por unidade escolar) e R$ 6 milhões
para os estados (com teto de R$ 204
mil para cada).
O Proeja é uma ação da Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica
(Setec/MEC) que fortalece os projetos
de inclusão social. Atende traba-
lhadores com trajetórias escolares
interrompidas ou descontinuadas.
Segundo o secretário Eliezer Pacheco,
a formação tem que ser integral. “O
programa atende desde trabalhadores
sem ensino médio até aqueles sem
formação profissional formal”, diz.
A proposta, elaborada com represen-
tantes da rede federal de educação
profissional e tecnológica, vai abran-
ger outros sistemas de ensino.
Os cursos podem ser oferecidos nas
formas integrada, concomitante e
subseqüente, e têm carga horária
de referência de 1,6 mil horas,
para cursos de formação inicial e
continuada, e de 2,4 mil horas para
cursos técnicos.
A Coral forneceu as tintas, a Tigre,
os tubos e conexões, e a Viminas
doou os vidros temperados. A
empresa Eliane entrou com os
pisos e a Eternit com caixa d’água
e telhas. A Metalúrgica Carapina
e a Vidrotil colaboraram com a
estrutura metálica e as pastilhas,
respectivamente, e, a Itapuama,
com as pedras.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
12
como alumínio, madeira, PVC e também vidro tempera-
do. As escadas foram construídas em metal e também em
concreto armado. Os forros foram feitos de gesso sim-
ples e de gesso acartonado.
Foram gastos R$ 20 mil e ainda faltam R$ 18 mil para o
término da obra, conta o professor Sérgio. No entanto, para
terminar todo o ambiente, com a instalação de computado-
res e cabos ópticos, serão necessários mais R$ 50 mil.
Parceiros aprovam projeto
Luiz Cláudio Ribeiro é um dos parceiros da obra-mo-
delo. Gerente industrial da Viminas, sua empresa beneficia
e transforma vidros. Ele conta que as empresas varejistas
fazem as medidas e colocam os vidros, após encomendá-
los à Viminas.
Seu interesse é que o profissional da construção civil
tenha a maior quantidade de informação possível sobre o
uso do vidro, como suas aplicações e benefícios – isola-
mento térmico e acústico, transparência e leveza. “É uma
visão estratégica”, explica.
O gerente de obras da Morar Construtora, Hermann
Schneider Rodrigues, também colaborou com a obra-
modelo. Ela foi a responsável pela mão-de-obra para a
construção do laboratório. Fizeram o pré-acabamento e
o acabamento. Hermann deslocou três operários para o
Cefet/ES, que fizeram o serviço em 30 dias.
Ele diz que somente haverá aperfeiçoamento da mão-
de-obra se “conseguirmos conciliar teoria e prática: a te-
oria que a escola transmite ao estudante e a realidade do
canteiro de obras. Por isso investimos na formação dos
profissionais do Cefet-ES”.
O promotor de vendas das Tintas Coral José Adir Ne-
ver Júnior é outro dos parceiros. Para ele, a importância
da obra modelo é a abertura do espaço para o treinamento e
a atualização de profissionais.
Projeto Mercosul reconhece experiência inovadora
O projeto Obra Modelo, criado pelos professores do Ce-
fet/ES foi um dos selecionados no 1º Concurso Mercosul:
experiências inovadoras em educação tecnológica. A pro-
posta do prêmio era melhorar os processos educativos, de
gestão, de interação entre a escola e o setor produtivo e de
empreendimentos em instituições brasileiras e do Merco-
sul, que pudessem servir de inspiração para outros na Ar-
gentina, no Paraguai, no Uruguai, no Chile e na Bolívia.
Esses países fizeram um levantamento semelhante e
essas experiências integrarão um banco de práticas bem-
sucedidas de educação profissional, como esclarece a co-
ordenadora do concurso, Márcia Moreschi.
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Educação Especial
Conheça os projetos mais bem colocados no concurso
Lugar Instituição Projeto
Cefet do Espírito Santo Obra Modelo
Cefet de Rio Pomba (MG) Concurso de Produtos Agroindustriais
Cefet do Paraná Programa de Ergodesign Aplicado à
Tecnologia Assistiva/PEDTA
Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio/Fundação Oswaldo Cruz
Projeto Ciência e Cidadania
Escola Agrotécnica Federal (EAF)
do Rio do Sul (SC)
Curso de Formação do Jovem Rural
Cooperativista
Cefet de Minas Gerais Projeto de Autoria
Cefet do Amazonas Alfabetização de Jovens e Adultos na
Qualificação de Pedreiros
Cefet do Paraná Pesquisa de Clima Organizacional numa
Instituição Federal de Ensino Superior
Cefet de Minas Gerais – Unidade de
Leopoldina
Em Direção à Melhoria do Ensino na
Área Tecnológica: a experiência do Pro-
jeto Integrador
10º EAF de Catu O Léxico da Agricultura na Interação
Verbal
Os critérios utilizados pela comissão julgadora privi-
legiaram o impacto das experiências, parcerias, relevância,
recursos e orientação para cidadania.
Segundo a coordenadora-geral substituta de Políticas
de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da
Educação, Caetana Juracy Rezende Silva, a segunda edi-
ção do concurso já foi programada e contemplará todas as
escolas de educação profissional e não somente a rede fe-
deral, como na primeira versão. De acordo com ela, estão
sendo estabelecidas parcerias com fundações e organis-
mos internacionais para a concessão de um prêmio em di-
nheiro, de maneira de fortalecer as melhores iniciativas.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Agroindústria
Agroindústria
Cefet Rio Pomba incentiva alunos a criarem produtos sem
similares no mercado
Para inovar a transmissão do conhecimento, os profes-
sores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio
Pomba (Cefet Rio Pomba), em Minas Gerais, estão esti-
mulando seus alunos a criar derivados de carne, leite e fru-
tas inexistentes no mercado. Com isso, acabaram premia-
dos pelo Projeto Mercosul. Os estudantes vencedores do
concurso são do curso superior de tecnologia em laticínios
e do técnico de agroindústria da escola.
Tudo começou com um concurso de alimentos. Para
participar, os estudantes tiveram que criar produtos agroin-
dustriais e participar de sua produção à comercialização.
Foi a forma que os professores de ambos os cursos des-
cobriram para levar os alunos além das aulas teóricas. Ao
mesmo tempo em que os alunos ganharam experiência, pu-
deram oferecer à população da cidade uma alternativa de
produtos alimentícios.
O estudante Andrew Antônio Lopes, de 21 anos, está
Estudantes mineiros vencem
Prêmio Mercosul
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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no sexto período do curso superior de tecnologia em lati-
cínios. Depois de formado, ele deseja atuar no desenvolvi-
mento e no controle de qualidade de novos alimentos. Em
conjunto com sua equipe, criou um iogurte de uva e uma
bebida elaborada a partir da manteiga, o buttermilk.
Ele diz que o concurso foi uma maneira de vivenciar,
de forma criativa, situações da vida profissional. “Às ve-
zes, você não tem em sala de aula, por mais que o profes-
sor deseje, como imaginar a realidade da profissão. Com o
concurso, tivemos que desenvolver um novo produto e, em
equipe, conseguimos aprender mais facilmente”.
O professor de agroindústria do Cefet Rio Pomba Mau-
rício Louzada da Silva explica que o processo inicia na esco-
lha da matéria-prima e termina somente com a definição do
valor de venda do produto final. Ele diz que o objetivo do
concurso é preparar o aluno para atuar em toda a produção
do alimento. “Eles começam recebendo a matéria-prima,
depois partem para a elaboração do produto e terminam
com a definição da embalagem que será utilizada e com o
desenho do rótulo. Tudo tem que estar incluído no projeto
desenvolvido pela turma”, diz.
Os alimentos criados pelos alunos para o concurso
são degustados pela população da cidade. De acordo com
Maurício, a idéia para 2006 é mostrar o projeto para as
empresas da região e aproximar os alunos do mercado de
trabalho: “estamos com o desejo de ampliar o concurso e
envolver o setor empresarial”.
Projeto revela experiência inovadora
O projeto do Cefet Rio Pomba foi um dos selecionados
no 1º Concurso Mercosul de experiências inovadoras em
educação tecnológica. A proposta do prêmio é melhorar os
processos educativos, de gestão, de interação entre a escola
e o setor produtivo e de empreendimentos em instituições
brasileiras e do Mercosul. Essas experiências também ser-
vem de inspiração para outras instituições argentinas, pa-
raguaias, uruguaias, chilenas e bolivianas.
As escolas desses países fizeram um levantamento seme-
lhante e essas práticas integrarão um banco de casos bem-
sucedidos de educação profissional, como esclarece a técni-
ca em Planejamento Educacional da Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC, Márcia Mo-
reschi. Ela diz que “com iniciativas dessa natureza, o mi-
nistério procura estimular docentes e alunos a pensarem
em questões que visem melhorar a qualidade da educação
profissional e tecnológica e também sua interação com o
mundo do trabalho”.
O buttermilk é semelhante ao iogurte,
porém com sabor mais ácido.
Colaborou: Sandra Fontella
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Chuva ou sol? Capa ou biquíni? Blusa de lã ou camiseta?
Por trás dessas decisões há um profissional e um mercado
em expansão. É o meteorologista, que, com apoio de um
técnico da área, pode predizer, com grande possibilidade de
acerto, se o dia de amanhã será de sol ou de chuva.
Todos querem saber o tempo, do vendedor de cocos
à noiva ansiosa para antecipar o clima no dia do casa-
mento. A área, no entanto, não está restrita à emissão de
boletins meteorológicos. Além da previsão do tempo, o
campo de trabalho envolve a academia e a pesquisa, prin-
cipalmente em equipes multidisciplinares que estudam o
meio ambiente.
Um dos primeiros cursos técnicos da área é o do Centro
Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (Ce-
fet/SC), que tem carga horária de 1.000 horas e é o único
da região Sul. As aulas, oferecidas durante o dia, duram
três semestres. O curso, que oferece 26 vagas por semes-
Curso do Cefet/SC forma técnicos em meteorologia
Estudantes descobrem
novas profissões
O primeiro curso técnico na área foi
criado, em 1958, pelo Centro Federal
de Educação Tecnológica Celso Suckov
da Fonseca, no Rio de Janeiro, segui-
do, nos anos 1990, do Colégio Técnico
Industrial da Universidade do Vale do
Paraíba, em São José dos Campos. O
curso do Cefet/SC foi aberto em 2003.
Os cursos de graduação são mantidos
pela Universidade do Estado de São
Paulo (USP) e pelas universidades
federais de Belém (UFPA), Campina
Grande (UFPB), Maceió (Ufal), Pelotas
(Ufpel), Rio de Janeiro (UFRJ) e Santa
Maria (UFSM).
Clima e Tempo
Clima e Tempo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
17
tre, tem, atualmente, cerca de 60 estudantes. Johnny Leite
é um deles. Além do curso técnico no Cefet/SC, estuda
Gerenciamento de Tecnologia da Informação, no Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e é piloto
comercial. “Quero me aperfeiçoar”, diz.
O meteorologista Mário Quadro, professor do curso
técnico do Cefet/SC diz que, desde quando começou a
atuar, nos anos 1980, a área avançou e, recentemente, a
profissão foi regulamentada no Brasil.
Com mestrado defendido no Instituto Nacional de Pes-
quisas Espaciais (Inpe), Mário Quadro acredita que o fu-
turo da profissão esteja ligado à área ambiental, “tanto no
setor de monitoramento quanto na previsão de cenários
futuros”, explica.
A ATIVIDADE MAIS comum, e mais conhecida, do
profissional é a previsão do tempo, mas o que satisfaz um
profissional como Mário é poder ajudar a decidir da roupa
com que alguém decide sair de casa à cotação da bolsa de
valores. É que uma previsão de estiagem ou de enchente
interfere no valor das ações, esclarece Mário.
O salário de um profissional da área varia entre R$ 1,5
mil, para o caso dos técnicos, a R$ 10 mil, no caso de for-
mados em cursos superiores.
Colega de curso de Johnny, Igor Ari Giovelli conhecia
a profissão pela mídia e já se interessava pelos fenômenos
atmosféricos. A princípio, acreditava que o curso técnico
seria superficial, mas mudou de idéia, quando viu que era
mais complexo do que imaginava. Entusiasmado, já via-
jou para congressos de meteorologistas e visitou algumas
empresas do setor, como a Somar, o Inpe e o Centro de
Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec). Estuda
Física na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc)
e, depois de formado, que fazer o curso de graduação em
Meteorologia.
Camila de Oliveira Raupp foi despertada pela profissão
por um motivo singular. Quando o furacão Catarina pas-
sou por sua cidade natal, Santa Rosa do Sul, em março de
2004, teve que se segurar à porta de sua casa para que não
fosse levada pelos fortes ventos. À época, estava no tercei-
ro ano do ensino médio. Quando teve que se decidir pelo
curso no Cefet/SC, não teve dúvidas. Deixou o sonho de
ser dentista e hoje, além do curso técnico, estuda Física na
federal.
Outra aluna do curso, Jaqueline Terezinha Martins,
acessava sempre o serviço de previsão do tempo e gostava
de observar fotos de satélites quando estudante do ensino
médio. Hoje, quer ser pesquisadora na área da Geografia e
Meteorologia.
Leis nº 5.524, de 5 de novembro de 1968, e
nº 6.835, de 14 de outubro de 1980; Decreto
nº 90.922, de 6 de fevereiro de 1985; e Re-
soluções nº 218, de 29 de junho de 1973; nº
262, de 28 de julho de 1979; nº 278, de 27
de maio de 1983; nº 313, de 26 de setembro
de 1986; e nº 344, de 27 de julho de 1990.
Os textos integrais da legislação podem ser
encontrados na internet, no portal do Conselho
Federal de Engenharia, Arquitetura e Agrono-
mia (Confea) (http://www.confea.org.br).
É a ciência que estuda os fenômenos naturais
que ocorrem na atmosfera. O profissional da
área busca soluções práticas para o plane-
jamento agrícola, os alertas da defesa civil,
o gerenciamento hídrico de reservatórios e
hidroelétricas, o planejamento agrícola, e
alertas para a navegação aérea e marítima.
A ciência serve, ainda, para o planejamento
urbano e de desenvolvimento de regiões,
assim como para o planejamento de serviços
de hospitalidade e lazer e urbano.
O primeiro furacão historicamente registrado
no sul do Oceano Atlântico foi chamado de
Catarina. Em 27 e 28 de março de 2004,
a população do sul de Santa Catarina foi
alertada sobre a aproximação de um ciclone.
Apesar da polêmica quanto à classificação,
o fenômeno foi comprovado como sendo um
furacão de categoria 1, que tem ventos que
variam de 118 km/h a 152 km/h. Nessa
categoria, não causam danos a estruturas de
construções, mas podem arrastar arbustos e
árvores. Também podem causar pequenas
inundações em vias costeiras e pequenos
danos em marinas.
Os furacões são medidos de acordo com a es-
cala Saffir-Simpson, desenvolvida no começo
dos anos 70 pelo engenheiro Herber Saffir e
pelo diretor do Centro Nacional de Furacões
dos EUA, Robert Simpson. A escala indica
o potencial de destruição de um furacão,
levando em conta pressão mínima, vento e
ressaca causada pela tormenta.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Curso foi criado por professores de física
Marcos Antônio Viana Nascimento, coordenador do curso
técnico de Meteorologia no Cefet/SC, é físico com especiali-
zação em Meteorologia. Ele conta que os fenômenos recentes
envolvendo mudanças climáticas, como têm sido bastante co-
mentados, tornam a profissão mais conhecida do público.
Ele explica que o técnico, além de coletar informações,
trata-as e as dissemina. “Ele só não faz a previsão do tem-
po”, esclarece.
O curso no Cefet/SC nasceu de um grupo de professo-
res de Física da instituição. Ele diz que a Meteorologia é a
Física aplicada e, como torna mais claros os fenômenos da
natureza, a ciência torna-se mais palpável.
As pessoas começaram, então, a descobrir a profissão.
Com interesse e uma boa formação, é difícil não ter em-
prego após a conclusão do curso”, diz.
Ele explica que as disciplinas básicas do curso são a Fí-
sica e a Matemática. Depois, vêm as cadeiras profissionali-
zantes, que fazem a aplicação da meteorologia.
Fátima Regina Teixeira é professora da disciplina de
Gestão Empreendedora do Cefet/SC e ensina os alunos
a criar sua vaga no mercado de trabalho. Ela diz que,
apesar de o mercado ser restrito a órgãos públicos e
empresas de meteorologia, a área é ampla e a dificul-
dade de inserção no mercado deve-se à baixa oferta de
vagas. Apesar disso, existe uma demanda crescente e o
que tenta fazer é que o aluno desperte para esse fato e
também para que seja um desbravador. “O novo pro-
fissional tem que olhar para as empresas existentes e
tentar oferecer novos serviços. É preciso usar da cria-
tividade para inovar”, conta. Ao final de sua disciplina,
o estudante idealiza um nicho de mercado e desenvolve
um plano simplificado de negócio.
Projeto do Cefet/SC monitora litoral
O professor Mário Quadro, junto com estudantes do
curso de Meteorologia do Cefet/SC, está monitorando a
costa do litoral catarinense. Em cada saída a campo, ele leva
de três a quatro estudantes para medir as condições micro-
climáticas das praias da região litorânea de Santa Catarina.
Para isso, eles utilizam três estações meteorológicas
completas. Com os equipamentos, que são portáteis e au-
tomáticos, comprados com recursos da Fundação de Am-
paro à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de San-
ta Catarina (Fapesc), no valor de R$ 15 mil, os estudantes
saem para as praias para medir a chuva, o tempo, o vento, a
pressão e a umidade relativa do ar.
A prática aproxima-os da realidade da profissão de técni-
co”, diz Mário. Eles também monitoraram, recentemente, a
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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etapa brasileira do Campeonato Mundial de Surfe. O estudan-
te Rafael Borges, que participou do trabalho, conta que “mui-
tas pessoas se aproximavam querendo entender nosso trabalho
e quais eram as previsões para o dia. Com essas experiências,
não só aprendeu a manusear a estação como também a atender
o público e os jornalistas que buscavam informações.
Conheça alguns fenômenos climáticos
Chuva, furacão, granizo, neve, tempestade, tornado e vento
são alguns dos fenômenos meteorológicos mais comuns. Se-
gundo a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org), chuva é a preci-
pitação de água sobre superfície da Terra. Formam-se nas nu-
vens e nem todas atingem o solo, pois se evaporam enquanto
estão para cair. Esse fenômeno, que se chama virga, acontece
principalmente em períodos ou em locais de ar seco.
A quantidade de chuvas é medida com o pluviômetro. É um
instrumento simples. Num funil, de volume conhecido, faz-se a
coleta das gotas de chuva, que são acumuladas em um reservató-
rio. Um observador pega uma pipeta com escala graduada e, no
tempo da amostragem, que pode ser uma vez ao dia ou quatro
vezes ao dia, mede o volume de água acumulado no período.
Um furacão é uma grande área giratória de nuvens e ati-
vidades de tempestade. Sua fonte de energia é o lançamento
de calor pela condensação de vapor de água. Em áreas povo-
adas, são destrutivos, porém, nos trópicos, são importantes
para o sistema de circulação atmosférico, que move calor
da região equatorial para as latitudes mais altas.
O granizo é a precipitação de pedras sólidas de gelo.
Podem tanto medir milímetros quanto ter o tamanho de
uma bola de tênis. É formado quando pequenas partículas
de gelo caem dentro das nuvens e recolhem umidade. As
partículas são levadas para cima pelas correntes de ar e au-
mentar de tamanho. Isso ocorre até a formação do granizo,
que adquire peso suficiente para cair em direção à terra.
Neve é a queda de uma forma cristalina de água congelada.
Acontece com freqüência nas regiões de clima frio e temperado.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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A tempestade é um estado climático marcado por ventos
fortes, trovoadas e chuva. Em alguns casos, de neve.
Um tornado é um pequeno e intenso redemoinho de
vento, formado por um centro de baixa pressão durante
tempestades.
Tornados são diferentes de furacões. Enquanto um fu-
racão atinge quilômetros de diâmetro e atinge o oceano e se
transformando em uma tempestade tropical quando atinge
a terra, os tornados são mais localizados e energéticos. Seu
funil é estreito e, raramente, atinge diâmetros superiores a
um quilômetro. Geralmente, duram menos de meia hora.
No Brasil, os maiores tornados foram registrados nas
seguintes datas e locais: 30 de setembro de 1991, em Itu,
em São Paulo; 28 de novembro de 1995, em Campinas,
em São Paulo; 27 de janeiro de 1996, no litoral de Santa
Catarina; 13 de junho de 1997, em Nova Laranjeira, no
Paraná; 13 de fevereiro de 1999, em Osório, no Rio Gran-
de do Sul; 4 de maio de 2001, na região de Campinas, em
São Paulo; 8 de julho de 2003, em São Francisco de Paula,
no Rio Grande do Sul; 11 de dezembro de 2003, em An-
tônio Prado, no Rio Grande do Sul; 4 de maio de 2005,
em Indaiatuba, em São Paulo; e 2 de janeiro de 2006, em
Florianópolis, em Santa Catarina.
O vento é o ar em movimento. “Resulta do deslocamen-
to de massas de ar, derivado dos efeitos das diferenças de
pressão atmosférica entre duas regiões distintas e é influen-
ciado por efeitos locais como a orografia e a rugosidade do
solo. Essas diferenças de pressão têm uma origem térmica
estando diretamente relacionadas com a radiação solar e os
processos de aquecimento das massas de ar.”
A velocidade do vento é medida com anemômetros, apa-
relhos com três ou mais pás giratórias. Quanto mais rápido
for esse giro, maior é a velocidade do deslocamento do ar.
On-line
No Brasil, as atividades climatológicas, meteorológicas e hi-
drológicas são realizadas pelo Centro de Previsão do Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC), do Ministério da Ciência e Tec-
nologia, e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Existem, ainda, 21 centros estaduais de meteorologia e
recursos hídricos e alguns institutos privados.
Saiba mais sobre meteorologia na internet:
http://www.cptec.inpe.br/
http://www.inmet.gov.br/
http://www.inpe.br
http://www.tempoagora.com.br/v2/
http://www4.climatempo.com.br/
www.cefetsc.edu.br/~meteoro.
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Parceria
Parceria
Escola de Cariacica formará
técnicos em ferrovias
Integração entre Cefet-ES e Vale do Rio Doce permitirá
abertura de 240 vagas por ano
O Centro Federal de Educação Tecnológica do Espí-
rito Santo (Cefet/ES) abrirá, em agosto de 2006, um
curso inédito no Brasil: o de técnico em ferrovias. For-
mulada em parceria com a Companhia Vale do Rio Doce,
a idéia do curso surgiu durante um encontro de diretores
do Cefet com gerentes de recursos humanos das maiores
empresas do estado, em 2005.
A meta, como explica o diretor do Cefet-ES, Jadir José
Pella, é oferecer 120 vagas por semestre. O programa de
formação, que vai durar dois anos, irá unir diversas áreas
do conhecimento, como automação, construção civil, elé-
trica, eletrônica e mecânica.
Elaborado para atender à demanda da Vale do Rio Doce
por técnicos ferroviários que pudessem trabalhar na cons-
trução, operação e manutenção da malha ferroviária da
companhia, o curso será oferecido na nova unidade do Ce-
fet em Cariacica, com inauguração prevista para 2007.
Da reunião, participaram representantes
de empresas do porte da Aracruz Celulose,
Chocolates Garoto, Companhia Siderúrgica
Belgo-Mineira, Companhia Siderúrgica de
Tubarão, CVRD e Petrobras.
O plano de expansão da rede federal foi
aprovado pelo Governo Federal em dezem-
bro de 2005, com uma linha de crédito de
R$ 150 milhões, dos quais R$ 57 milhões
serão aplicados em 2006. A expansão prevê
a construção de 33 unidades descentra-
lizadas vinculadas aos Cefets. O objetivo
do governo é levar educação profissional
e tecnológica de qualidade ao interior, a
locais distantes dos centros formadores e à
periferia dos grandes centros urbanos.
Parceria
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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A unidade custará R$ 9,8 milhões. Desse total, o governo
federal investirá R$ 2,8 milhões. A CVRD investirá outros
R$ 6 milhões na escola, nos próximos três anos, e o restante,
como revela Pella, será captado em empresas do setor.
A unidade, que terá 11 mil m2 de área, será construída
num terreno de 60 mil m2, no valor de R$ 3,8 milhões,
doado pela prefeitura de Cariacica e pelo governo do esta-
do à instituição.
O curso irá ajudar na preparação de técnicos de acordo
com as normas, em setor com poucos investimentos no
Brasil. Hoje, a CVRD forma seu profissional antes mesmo
de admiti-lo. Como explica a gerente-geral de Desenvolvi-
mento de Pessoas, Dayse Gomes, o profissional que chega
à companhia, geralmente, é de nível médio. Antes de iniciar
a carreira de técnico, ele estuda na empresa por 18 meses.
A integração com a empresa e a credibilidade da insti-
tuição de ensino é que estão permitindo que pensemos o
futuro da escola”, diz o diretor Pella. “Vamos participar,
ainda, do desenvolvimento de uma comunidade que tem
jovens sem nenhuma possibilidade de inserção social, pois
Cariacica é o município com a menor renda per capita da
Grande Vitória”, comemora.
Em Cariacica, o Cefet irá ofertar, inicialmente, além do
curso técnico de ferrovias, o de gestão hospitalar.
Profissionais aprovam curso
Sebastião Nobre se formou no curso técnico de Estra-
das no Cefet/ES, em 1979. Um ano depois, foi admitido
como estagiário na CVRD. Contratado em 1981, começou
na manutenção corretiva no campo, quando tinha 19 anos.
Coordenava equipes que tinham até 20 pessoas”, relem-
bra. Ficou quatro anos no setor. Depois de ficar dois anos
na automação, hoje ele é inspetor-geral de Engenharia da
Via Permanente da CVRD.
Ele conta que, no curso de Estradas, viu somente uma
matéria sobre ferrovias. Como um profissional demora cer-
ca de dois anos para se formar na prática, “o novo curso vai
encurtar a diferença entre a teoria e a prática”.
Seu colega de empresa, o também técnico Alcenir Al-
toé, teve trajetória semelhante. Formou-se como técnico
de Estradas no Cefet/ES em 1983. Contratado como esta-
giário em 1984, foi efetivado um ano depois. Mais tarde,
se formou em Administração, na Uni-BH, e hoje é analista
operacional. “Aprendi as questões de segurança do trabalho
no dia-a-dia”, conta.
Os técnicos Marcos Cardoso e Fabiano Marques estu-
daram no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai). Lá, Marcos fez Elétrica e, mais tarde, se formou
em Eletrotécnica, no Cefet/ES. Fabiano Marques concluiu
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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o curso de Mecânica no Senai. Contratado pela CVRD há oito anos,
diz que foi durante o estágio que aprendeu realmente. Marcos conse-
gue diferenciar ambos os cursos: “Enquanto o programa do Senai é
braçal, o do Cefet é mais teórico”.
O engenheiro de Manutenção Sérgio Diniz Nassif diz que, apesar
de os conceitos ensinados serem os mesmos, o diferencial do novo
curso técnico de Ferrovias será a formação específica para o setor.
Mercado – Existem três áreas com grandes demandas por pro-
fissionais de nível técnico na Vale do Rio Doce: a usina, o porto e
a ferrovia. Em 2006, a companhia espera contratar 600 técnicos
operacionais para atuar como mecânicos e eletricistas no Espírito
Santo. Somente para a ferrovia, serão necessários 475 no Estado.
Na Vale do Rio Doce, como explica a gerente Dayse Gomes, os pro-
fissionais de nível técnico recebem, em início de carreira, R$ 1.478,00.
Sem contar benefícios, como assistência médica, seguro de vida em gru-
po e previdência complementar.
Uneds — As 33 unidades descentralizadas dos Cefets estão dis-
tribuídas em 17 estados. Os municípios contemplados são, no Ama-
zonas, Coari; na Bahia, Camaçari, Santo Amaro e Simões Filho; no
Ceará, Maracanaú; no Espírito Santo, Cariacica e São Mateus; em
Goiás, Inhumas; no Maranhão, Buriticupu, Santa Inês e Zé Doca;
no Mato Grosso, Cuiabá; em Minas Gerais, Congonhas, Timóteo e
Varginha; na Paraíba, Campina Grande; no Piauí, Parnaíba e Picos;
em Pernambuco, Ipojuca; no Rio de Janeiro, Guarus, Maria da Gra-
ça e São Gonçalo; no Paraná, Londrina; no Rio Grande do Norte,
Currais Novos, Ipanguaçu e Zona Norte; no Rio Grande do Sul,
Charqueadas, Júlio de Castilhos e Passo Fundo; em Roraima, Novo
Paraíso; em Santa Catarina, Araranguá, Chapecó e Joinvile.
Alcenir Altoé, Sebastião Nobre, Sérgio Nassif, Fabiano Marques e Marcos Cardoso
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Artigos
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Logística da Manutenção:
uma Vantagem Competitiva
GADIOLI, José Alexandre de S.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo
Palavras-chave: Logística, Manutenção, Tecnologia.
RESUMO
A área de serviços tem desafios singulares, diferentes daqueles encontrados na área de
manufatura, que tem sido o foco tradicional de pesquisa. É imperativo reconhecer que os
serviços não são atividades periféricas, mas sim, parte integrante da sociedade. O setor de
serviços não só facilita como possibilita as atividades de produção de bens, tanto do setor
primário como secundário. As tecnologias de racionalização do trabalho e os empregos
na indústria, no seu devido tempo, foram migrando para o setor de serviços, ou seja, o
que antes era somente aplicado na indústria passa a ser utilizado nos serviços. Este artigo
que insere os conceitos de planejamento e controle da produção, sendo o pressuposto de
aplicabilidade trazido da área de manufatura para a área de prestação de serviços de ma-
nutenção. Este artigo apresenta aspectos conceituais de logística, Kanban, JIT/TQC, que
posteriormente são aplicados metodologicamente, em um estudo de caso num ambiente
que simula a realidade de um processo produtivo e que torna possível fazer as devidas
observações. O resultado obtido foi o aumento de eficácia na gestão da manutenção. As
informações mais precisas e parametrizadas, de um “suposto” pedido de manutenção de
dois sistemas, que representam uma parte do processo produtivo, possibilitam aumen-
tar a confiança das relações com o cliente interno. Foi visível a ação proativa do pessoal
e pormenorizando detalhes, que conduzem a uma redução do tempo de manutenção,
possibilitando aumento da disponibilidade de determinados equipamentos para a opera-
ção/produção, conseqüentemente uma vantagem competitiva em custo.
Introdução
A organização é o processo de combinar o trabalho que devem
realizar indivíduos ou grupos com a capacidade técnica, os recursos
diversos, as informações necessárias para sua execução, de tal modo
que as tarefas assim engendradas sejam as melhores formas de aplica-
ção eficaz, sistemática, positiva e coordenada do esforço disponível.
A origem da palavra vem do grego logistikos, do qual o latim logis-
ticus é derivado, ambos significando cálculo e raciocínio, no sentido
matemático. O desenvolvimento da logística está intimamente liga-
do ao progresso das atividades militares e das necessidades resultan-
tes das guerras, ocorrendo com forte destaque na França, de forma
que alguns autores consideram que a palavra logística é de origem
francesa, do verbo loger, que na realidade significa alojar. O termo é
de origem militar e significa a arte de transportar, abastecer e alojar
tropas. Com o passar do tempo, o significado foi se tornando mais
amplo, passando a abranger outras áreas, como a gerência de esto-
ques, armazenagem e movimentação.
Logística é o processo de planejamento, implementação e con-
trole eficiente e eficaz do fluxo e do armazenamento de insumos,
materiais em processo e produtos acabados, assim como informações
relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com
o propósito de atender às necessidades do cliente, conforme pode ser
verificado na figura 1.
A utilização dos conceitos logísticos deverá também ser aplicada
na manutenção em decorrência da proximidade entre a produção e a
José Alexandre de S. Gadioli
é mestre em Engenharia de
Produção e Gestão de Negó-
cio/UFSC, tendo como linhas
de pesquisas os sistemas
de produção e manutenção.
Ex-aluno do Cefet/ES. Docente
da disciplina Organização e
Logística da Manutenção e
Planejamento e Controle da
Manutenção, do Curso Técnico
de Mecânica e Tecnologia de
Manutenção Eletromecânica.
Outra Instituição:
Faculdade de Estudos Sociais
Aplicados de Viana (Fesav)
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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manutenção, que congregam os verbos confiar e disponibilizar, onde
os clientes internos e externos estão sempre necessitando.
Em outubro de 1999, em um encontro internacional que foi pro-
movido em Toronto no Canadá, mais uma vez o Council of Logistics
Management (CLM) adaptou a definição de logística de 1991 para a
seguinte: “Logística é a parte do processo da cadeia de suprimento
que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e es-
tocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de
origem, ao ponto de consumo, visando atender aos requisitos dos
consumidores”, o que pode ser verificado na figura 1.
A administração da logística pode ser entendida como o processo
de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazena-
mento eficiente e econômico de matérias-primas, peças sobressalen-
tes, equipamentos/máquinas, ferramentas portáteis, bem como das
informações a eles relativas. O ponto de origem pode ser uma oficina
central até o ponto de consumo; pode ser um equipamento que irá
sofrer algum tipo de manutenção decorrente de um defeito ou falha;
ou simplesmente uma parada prevista, com o propósito de atender às
necessidades da produção/operação, ou requisitos do cliente.
A essa definição somam-se os serviços ao cliente, a escolha de equi-
pamentso e ferramentas mais adequados de transporte de materiais e
pessoal e de locais para oficinas/backshop de manutenção, controle de
estoques de peças sobressalentes e inventários de bens patrimoniais,
processamento de pedidos de peças a serem utilizadas na manutenção,
devolução de materiais sobressalentes não-conformes e cumprimento
das previsões relativas à produção/operação. Todas essas ações resul-
tam num serviço logístico de manutenção para o cliente.
Para agregar valor ao esforço logístico, a unidade de negócio de
manutenção também contrata pessoas e empresas especializadas;
compra equipamentos e ferramentas modernas; seleciona e desen-
volve fornecedores de componentes; investe em tecnologia da in-
formação, como softwares de gestão da manutenção ou softwares que
analisam dados específicos de componentes controlados de forma
preventiva ou preditiva. Necessita também de investimentos na ca-
FIGURA 1 - FLUXO LOGÍSTICO
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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pacitação gerencial e do pessoal de execução, tudo com o objetivo de
colocar em prática a política de manutenção, capaz de diferenciá-las,
de criar valor para seus clientes internos por meio de um serviço su-
perior, alicerçado por um projeto logístico de manutenção.
Cumprimentos de prazos de entrega máquinas e equipamentos
que estavam em manutenção nas oficinas ou parados por manuten-
ção in loco, disponibilidade de peças e componentes sobressalentes,
informações sobre equipamentos e máquinas também são alguns
dos atributos cada vez mais valorizados pelos clientes internos que
compõem o imenso leque da prestação do serviço logístico voltado
para a manutenção.
O Desevolvimento da Logística
Segundo Ballou (1995, p.76), no passado, uma prática em logística
era tratar os requisitos de serviço ao cliente como algo fixo. Esse nível
era determinado junto com o pessoal de vendas, que tem maior contato
com o cliente. A logística entendia como sua a tarefa de atender metas
de agregação de valor de tempo e espaço ao mínimo custo total.
Uma visão mais moderna da logística aplicada para a manutenção
reconhece que a prioridade do cliente interno é influenciada pelos
vários níveis de serviço oferecidos, que impactam no atendimento
dos requisitos dos clientes. Pode ser um atendimento numa máquina
que trabalhe em ciclo produtivo contínuo; atendimento mais rápido
de pedidos a ordens de serviços abertas; manutenção de equipamen-
tos de transporte especial; reposição contínua de componentes so-
bressalentes; processamento; pontualidade na entrega dos serviços de
manutenção para a operação ou produção – geralmente o que afeta
positivamente os clientes e, logo, as vendas. Do contrário, as vendas
quase sempre desmoronam quando o serviço se deteriora.
Conforme Cristopher (1999, p.28), o poder de serviço logístico
como meio de diferenciação cresce a cada dia, o poder da marca decli-
na, com uma gradativa transição para mercados tipos commodities e os
clientes estão dispostos a aceitar substitutos, mesmo porque as dife-
renças tecnológicas dos produtos estão sendo removidas, tornando-
se difícil manter uma competitividade apenas em função do produto.
Os clientes estão mais exigentes, mais sofisticados, exigindo serviços
personalizados, o que torna os serviços logísticos estratégicos na
competitividade.
Outro ponto que veio reforçar ainda mais essa tendência do poder
dos serviços logístico da manutenção foi o correio eletrônico ou as
intranets. Um simples click ou mensagem estabelece uma necessidade
de manutenção e, para embasar a velocidade dessa transação, exige-se
um serviço logístico de manutenção com uma qualidade e velocidade
nunca dantes exigidas.
O cliente interno normalmente não é influenciado pelo custo do
serviço ou pelas características percebidas do serviço, mas pede a
disponibilidade daquele equipamento ou instalação, que é de funda-
mental importância, ou seja, não pode ter operação/produção inter-
rompida, e precisa ser atendido prontamente.
Que é vendido para a
obtenção de lucro
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
28
O pronto atendimento é o resultado de uma série de
atividades – as atividades pré-transacionais – que, além de
focar a colocação do pedido de manutenção, mostram qual
o entendimento que o gestor tem no que diz respeito a
serviços logísticos de manutenção e que nível de serviço ele
pretende prestar.
Segundo Lambert e Stock (1998, p.28), os elementos
pré-transacionais do serviço tendem a não ser rotineiros e
devem estar contidos dentro da política da empresa, sendo
imperativo que recebam o input da diretoria. Embora não es-
tejam diretamente ligada às operações logísticas, é importan-
te que esta tenha política de atendimento definida, para que
possa vender um serviço e ter a condição de executá-lo.
Os elementos pré-transacionais do serviço de manuten-
ção ao cliente devem incluir diversos aspectos, conforme
apresentado na figura 2.
Na figura 2, está destacado na organização que a unidade
de negócio de manutenção deverá possuir a sua política de
manutenção (devidamente escrita e compreendida, nego-
ciada com o cliente interno), estrutura de atendimento da
manutenção frente à planta, flexibilidade de atendimento,
assim como fluidez no sistema de comunicação, alicerça-
da por uma gestão da manutenção que venha a contemplar
ações no intuito de aumentar a disponibilidade e a confia-
bilidade dos serviços para a operação/produção, onde estas
ações de manutenção-operação deverão ser inter-relaciona-
das, sempre visando um serviço de superior qualidade.
Estudo de Caso
Para entender a aplicabilidade dos conceitos de logísti-
ca aplicada à manutenção, tomou-se por base um estudo
de caso realizado por alunos do Curso de Tecnologia em
Manutenção Eletromecânica do Cefet/ES, especificamente
FIGURA 2 - ELEMENTOS PRÉ-TRANSACIONAIS DA
MANUTENÇÃO
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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FIGURA 4 – MANUTENÇÃO PUXADA
O monitoramento de sinais vitais possui similaridade com o kanban,
desenvolvimento de fornecedores com a concepção JIT/TQC, análise
do tipo e arranjo local para execução da manutenção, bem como uma
análise de tempos e movimentos sob a ótica de reduzir o desperdício
de movimento, conceitos de troca rápida de ferramentas (TRF), assim
como uma das formas de avaliação de rendimento da disciplina de
Organização e Logística da Manutenção.
Para o desenvolvimento do caso, foi utilizado como referência o
laboratório de fundição, destacando-se dois conjuntos do sistema
produtivo. Esses sistemas simulam uma parada do processo produ-
tivo de uma usina siderúrgica em escala reduzida, conforme ilustra
a figura 3.
Durante a apresentação dos conceitos acadêmicos e as posteriores
visitas ao laboratório, foi possível visualizar a necessidade de arranjos
preparatórios com intuito de realizar a manutenção dos conjuntos.
Ressalta-se que foi necessária a elaboração preliminar de uma política
de manutenção, que atendesse às necessidades do cliente, uma ação
negociada e formatada por um processo de negociação ganha-ganha,
sendo compartilhada com o professor responsável do laboratório.
No conceito aprendido e consolidado da logística da manutenção,
fica clara a necessidade da conjugação de diversas técnicas da produ-
ção voltadas para o setor de serviços, como a manutenção puxada,
apresentada na figura 4.
José Alexandre Gadioli
Os dois conjuntos do sistema produtivo do laboratório de fundição do Cefet/ES
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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FIGURA 5 – LOGÍSTICA NA MANUTENÇÃO, ATRAVÉS DE SINAIS
DE ALERTA
Conclusão
Este artigo teve sua origem na identificação de que os usos de
conceitos de logística na manutenção pode ser experimentados em
uma unidade de negócio de serviços de manutenção, na qual as ob-
servações do estudo de caso foram norteadas, através dos questiona-
mentos dos alunos, sendo as principais fontes as entrevistas semi-
estruturadas feita com o responsável pelo laboratório do Cefet/ES,
as observações in loco e a análise documental, que permitiram concluir
que a utilização da logística de manutenção é importante para a ra-
cionalização de serviços, a melhoria na segurança de relações com
clientes e fornecedores e a redução dos desperdícios de tempo, pos-
sibilitando uma vantagem competitiva, principalmente em custo.
Ao reunir essas evidências de melhora no processamento do pedido
de manutenção do cliente, fica claro que as perdas poderão ser minimiza-
com a utilização de equipamentos mais leves, portáteis e seguros, tudo
alicerçado na atuação de um profissional devidamente qualificado, cer-
tificado e polivalente, conforme apresentado na figura 5.
Na figura 5, é possível verificar que são consideradas para a ela-
boração e implementação de um projeto logístico da manutenção, a
prospecção de informações sobre os equipamentos, máquinas, his-
tóricos, índices e outras coisas correlatas. Na maioria das vezes,
esbarra-se na falta de informação pode ocasionar o esquecimento de
um detalhe técnico para a qualidade final do desempenho logístico-
da manutenção, conforme apresentado na figura 5.
A aplicação dos conceitos no exercício de superação de obstácu-
los naturais proporcionou o desenvolvimento de habilidades inter-
pessoais, técnicas e conceituais dos alunos da disciplina. Esse caso
ajudou a consolidar a aplicação dos conceitos da logística de manu-
tenção, assim como as demais áreas correlatas, destacando-se: meio
ambiente, segurança, recursos humanos, eletrotécnica, suprimentos,
desenho técnico e metodologia de pesquisa.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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O Cliente Interno como Principal
Parceiro de uma Organização
SANTOS, Juliana C.; SANTOS, Maria Luiza C.
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
Palavras-chave: Cliente interno, Organização.
RESUMO
O presente estudo teve como principal finalidade determinar a importância do
cliente interno para o desenvolvimento de uma organização. Portanto, esta pes-
quisa, caracterizada como um levantamento bibliográfico, buscou abordar a im-
portância do cliente interno para um bom desempenho da organização diante
de um mercado cada vez mais competitivo e globalizado, além do que, buscou
também enfatizar as estratégias utilizadas pelas organizações com a finalidade
de valorizar o trabalhador e torná-lo mais eficiente e eficaz.
Referências
BALLOU, R. B. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1995.
CHRISTOPHER, M. O Marketing da Logística. São Paulo: Futura, 1999.
GADIOLI, J. A. de S. Apostila de Organização e Logística da Manutenção. ES: Cefet/ES. 2005.
LAMBERT, D. M.; STOCK, J. Strategic Logistic Manegement. 4 th. Ed. London: McGrahaw-Hill. 1998.
PINEDO, M.; CHAO, X. Operations scheduling in manufacturing and services. USA: Irwin/McGraw-Hill.1999.
TUBINO, D. F.
Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Atlas, 2000.
Introdução
Em decorrência das contínuas mudanças que têm permeado o
mundo nos dias atuais, o ambiente organizacional tem sido pres-
sionado a transformar seus processos produtivos e administrativos,
principalmente na busca de um padrão de qualidade que garanta a
satisfação das necessidades dos seus clientes e que o mantenha ágil
e competitivo.
Na busca de resultados que garantam a competitividade, as or-
ganizações muito têm investido em estratégias voltadas ao cliente
interno, uma vez que é ele o responsável direto pela venda, pelo pro-
Juliana C. Santos é aluna do
Programa de Pós-graduação
em Engenharia da Produção
da Universidade Federal da
Paraíba.
Maria Luiza C. Santos é profes-
sora doutora da área de gestão
do Cefet/PB.
das e os desperdícios reduzidos, repercutindo em aumentos de margem
de lucro e aumento da disponibilidade dos equipamentos para operação,
possibilitando assim ganhos significativos de tempo para o cliente e a
remuneração mais justa pelo serviço prestado.
É importante ressaltar que o uso da logística de manutenção ainda
não é um tema enfocado com abrangência. Necessita de uma série de
outros fatores a serem pesquisados de forma a enriquecer os aspectos
abordados neste artigo.
Como o artigo tem um forte componente técnico-conceitual, ou seja,
tem seu foco na utilização de técnica e conceitos da produção em ambientes
de prestação de serviços de manutenção, nada garante que os resultados ob-
tidos neste caso sejam os mesmos, caso a aplicação seja realizada em outra
situação com processamento de serviço diferente. Desta forma sugere-se
ainda que a metodologia aplicada neste artigo seja expandida para uma me-
todologia quantitativa e aplicada em várias empresas do setor.
Fotos: Arquivo
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cesso de criação e inovação dos produtos ou serviços. Ele constitui,
pois, a principal vantagem competitiva da organização em um mun-
do bastante competitivo, globalizado e instável. Pois é por meio dele
que se chega ao cliente externo, garantindo o alcance de surpreen-
dentes resultados organizacionais. Além disso, cabe a ele a responsa-
bilidade por criar e disseminar valores e sentimentos fundamentais
para o comprometimento com a missão da organização e execução
de práticas que atendam aos seus objetivos e à geração de lucros.
É, portanto, com a pretensão de estudar o processo de mudança
vivenciado pelas organizações, que este trabalho se propõe, através
de uma revisão bibliográfica, verificar como as organizações têm
gerenciado o cliente interno.
Cliente Interno como Parceiro da Organização
Os clientes internos – ou seja, os funcionários – são os princi-
pais responsáveis em todos os níveis por interagir com os clientes
externos, sejam os fornecedores ou os consumidores, pois eles são
os instrumentos usados para que o alvo, o cliente externo, seja ple-
namente atingido (NACFUR; LIGOCKI, 2003).
O cliente interno passa boa parte de sua vida dentro das orga-
nizações e depende delas para a sua subsistência e sucesso pessoal.
Nesse sentido, cabe destacar, como apontado por Batitucci (2000),
a importância do atendimento das necessidades básicas humanas,
aspecto bastante estudado por Maslow, através da sua Teoria da
Hierarquia das Necessidades Humanas, apresentada na figura 1.
Essa teoria reúne todas as necessidades humanas em cinco gran-
des blocos de necessidades, que em princípio envolvem todos os
tipos de carências e aspirações do homem, desde as mais concretas
e materiais – que estão prioritariamente ligadas aos aspectos de
perpetuação da espécie, sobrevivência, proteção e ajuda, convívio e
relacionamento – até as não-mensuráveis e mais sofisticadas, como
reconhecimento, oportunidades ao potencial e realização. Por isso,
separar o trabalho da existência das pessoas é muito difícil, devido
à grande importância e impacto que nelas provoca.
FIGURA 1 - PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES HUMANAS
Fonte: Batittuci (2000, p.141).
Segundo Chiavenato (1999),
cliente interno corresponde a
todos os funcionários de uma
organização, que são responsá-
veis por conquistar e cativar o
consumidor (cliente externo).
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Os clientes internos ao aplicarem esses investimentos esperam um
retorno razoável, não só baseado em incentivos financeiros, mas tam-
bém em uma perspectiva de crescimento profissional, carreira etc.,
conforme ilustrado na figura abaixo. Logo, se o retorno for bom e
sustentado, há uma maior tendência para a manutenção ou aumen-
to do investimento. Surge, portanto, um caráter de reciprocidade na
interação entre as pessoas e a organização, o caráter de atividade e de
autonomia dos clientes internos (CHIAVENATO, 1999).
Dessa forma, as organizações dependem dos clientes internos
para poderem funcionar, atingir resultados positivos, obter com-
petitividade e sucesso no mercado. Na realidade, elas não existem
sem as pessoas, uma vez que são elas que lhes dão vida, dinâmica,
impulso, criatividade e racionalidade. Assim, ao perceberem atual-
mente que o seu parceiro mais íntimo é o cliente interno, pois ele
contribui com os seus conhecimentos, capacidades e habilidades,
as organizações estão ampliando a sua visão e atuação estratégica
(CHIAVENATO, 1999), principalmente no que se refere às formas
de relacionamento com esse cliente.
Segundo Moller (1999, p. 5), essa nova maneira de relacionamen-
to com as pessoas é decorrente da “revolução na consciência de qua-
lidade que envolve, antes de mais nada, uma nova forma de pensar a
respeito da qualidade”. Ao invés de se concentrar apenas na qualidade
do produto, a nova consciência de qualidade abrange também a qua-
lidade dos esforços do indivíduo. O novo modo de pensar acrescenta
novas dimensões à idéia de desenvolvimento da qualidade: melho-
rar as relações humanas, fortalecer a comunicação, formar espírito de
equipe e manter padrões éticos elevados.
Cabe destacar, como apontado por Tachizawa et al. (2001), que os
valores de desenvolvimento pessoal e profissional, trabalho em equi-
pe, abertura para a participação, liberdade para a criatividade e apren-
dizado, disposição para mudança, transparência e segurança, quando
presentes na cultura e, portanto, vivenciados pelos clientes internos,
são capazes de transformar o resultado da organização, no que se re-
fere à qualidade e produtividade.
O cliente interno é, pois, o responsável direto pela satisfação do clien-
te externo, pela qualidade do atendimento e pela comunicação. Ele sig-
nifica o diferencial competitivo que promove o sucesso organizacional,
isto é, ele constitui a competência básica da organização. Além do que,
ele influencia o processo produtivo e de proteção de serviços, garante
o clima organizacional, e quando satisfeito com o seu trabalho e com
a organização, faz a propaganda boca-a-boca para os clientes externos
(CHIAVENATO, 1999; MAGALHÃES et al, 2000; POMINI, 2004).
Yu (apud NACFUR; LIGOCKI, 2003) ressalta a relevância do
FIGURA 2 - OS PARCEIROS DAS ORGANIZAÇÕES
Parceiros da organização Contribuem com Esperam retornos de
Clientes internos Trabalho, esforço, conhecimentos e
habilidades.
Salários, benefícios, retribuições e
satisfações.
FONTE: Chiavenato (1999, p. 6).
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cliente interno no relacionamento com o cliente externo e com a pró-
pria organização e afirma que
o vínculo estreito entre a satisfação dos funcionários e a satisfação dos clientes
cria uma relação de co-responsabilidades entre empresa e os funcionários. Assim, a
medida da satisfação dos funcionários proporciona um importante indicador dos
esforços da empresa no sentido de melhorar a satisfação dos clientes e o desempe-
nho operacional (NACFUR; LIGOCKI, 2003).
O cliente interno é um espelho que reflete a imagem da empresa
para o cliente externo, a sua satisfação e o seu comprometimento cor-
respondem a um veículo de atração e fidelização dos clientes externos.
(NACFUR; LIGOCKI, 2003).
Estratégias para a Satisfação do Cliente Interno
O diagrama da satisfação total dos seres humanos no trabalho
foi desenvolvido pelo grupo de Recursos Humanos da BR, tomando
como base o diagrama de causa e efeito ou espinha de peixe de Ishi-
kawa (PINHO, 1995).
Esse diagrama tem o princípio bastante semelhante à Teoria da
Hierarquia das Necessidades de Maslow, pois o cliente interno para
obter a sua satisfação total, e conseqüentemente a qualidade total e
a produtividade, deve ter passado dos círculos mais internos para os
mais externos, como ilustrado na figura abaixo.
Segundo esse diagrama, a organização deve enfatizar as questões
abaixo apresentadas para ampliar o círculo de satisfação, conduzindo
as suas atividades à melhoria da qualidade e aumento da produtivida-
de (PINHO, 1995; SANTOS et al., 2004):
- Cooperação e integração: para estimular e desenvolver o traba-
lho em equipes, uma vez que essa dinâmica promove a integração
das pessoas e a parceria no trabalho, desenvolve também as relações
interpessoais positiva. O clima organizacional da empresa conta
na hora da formação de grupos, que impulsionam a organização
e a execução das tarefas. A relação entre funcionários e gerência
também influencia o clima organizacional, pois é esperado que os
funcionários tenham respeito e cooperação com a gerência e não,
medo e submissão.
- Recompensa e motivação: a motivação deriva de realização,
crescimento, responsabilidade e outros fatores intrínsecos si-
milares presentes em um cargo. A recompensa está relacionada
FONTE: Pinho (1995).
FIGURA 3 - DIAGRAMA DA SATISFAÇÃO TOTAL DOS SERES HUMANOS
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com as contribuições do trabalhador, pode ser caracterizada por
um aumento no salário ou até mesmo um investimento no plano
profissional.
- Reconhecimento e valorização: o fato de o trabalhador ter a sua
atividade e desempenho reconhecidos e valorizados estimula o seu
prazer em trabalhar. Isso pode ser reconhecido através de valores mo-
netários, como também através de um elogio, comissão por venda
anual, festinhas em comemoração dos aniversários, etc.
- Comunicação e informação: é importante manter um canal de
comunicação aberto e permanente, caracterizado como um sistema de
mão-dupla, permitindo assim um sistema de informações transparen-
tes, estimulando o feedback.
- Conhecimento e aprendizado: a troca de conhecimentos e a
oportunidade para aperfeiçoamento estimulam a satisfação dos
clientes internos.
- Autonomia e independência: delegar responsabilidade, autori-
dade e trabalho significa acreditar na capacidade do trabalhador em
resolver problemas, tomar decisões e assumir riscos. Isto facilita o
desenvolvimento de um ambiente de auto-gerenciamento e cria con-
dições para o empowerment.
- Confiança e respeito: é preciso estabelecer uma relação de
confiança e respeito mútuo com os funcionários, para estimular
as reações positivas e sadias no ambiente de trabalho. A partir de
então, torna-se possível eliminar o medo, aceitar e reconhecer as
diferenças individuais.
- Participação e envolvimento: o desenvolvimento de um sistema
de gerenciamento participativo promove o envolvimento de todos no
trabalho, como também o compartilhamento das decisões e dos resul-
tados do trabalho.
- Bem-estar físico, mental e social: um clima organizacional sau-
dável e positivo no ambiente de trabalho cria condições para que as
pessoas melhorem a sua qualidade de vida no trabalho e fora dele,
estimulando o exercício de hábitos saudáveis nas dimensões físicas,
mental, social e espiritual.
- Desenvolvimento e crescimento: é interessante promover o de-
senvolvimento das pessoas através da educação e do treinamento per-
manente e contínuo. Isto valoriza e cria condições para o auto-desen-
volvimento dos funcionários. Isso pode ser obtido através da oferta
ao funcionário de algum tipo de treinamento para o aperfeiçoamento
de suas tarefas, bem como agregando valor ao serviço executado, valo-
rizando-se a pessoa por trás da tarefa.
- Criatividade e auto-realização: a liberdade oferecida aos clien-
tes internos estimula a criatividade. As pessoas se auto-realizam
com as suas criações, por isso é importante valorizar as idéias dos
funcionários e aceitar sugestões. A liberdade para expor suas idéias
e colocá-las em prática, na medida em que se adequarem as necessi-
dades da empresa, é mais um ponto importante para proporcionar
satisfação ao cliente interno, que tem mais produtividade à medida
que se sente valorizado.
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Ética Empresarial e Profissional
PONTES, Jairo Ives de O.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão
Palavras-chave: ética, empresa, profissional
RESUMO
Por meio do método histórico-lógico, esse texto aborda a gênese da ética ba-
seada na concepção aristotélica da antiguidade, sua influência na Idade Média
e relação com a sociedade cristã ocidental. Dessa forma analisa os primeiros
ensaios racionalista no século XVII, com Bacon, Newton e Descartes, a sua
evolução até a formação das ciências particulares, no século XIX, momento em
que a Ética pôde, sob o olhar da corrente positivista lógica, transformar-se
em uma ciência normativa contemporânea. Nesse âmbito discute-se a Ética
no limiar do terceiro milênio sob duas visões: a ciência normativa e a ética
como filosofia de vida, bem como sua relação com os valores morais e com as
diversas áreas do conhecimento filosófico. Por fim é destacada a ética empre-
sarial e profissional, como elemento otimizador da imagem e dos resultados
produtivos empresariais.
Jairo Ives de O. Pontes é mestre em
Educação pelo Instituto Superior
Pedagógico para o Ensino Profis-
sional “Hector Píneda Záldivar
(Havana/ Cuba) atualmente
desenvolve pesquisas na área de
Tecnologia Educacional e Ética
Profissional na Universidade Au-
tônoma de Assunção, onde realiza
estudos de Doutorado.
Conclusão
Percebe-se a grande importância do funcionário na formação de
uma organização, uma vez que ele é o principal elo entre a empresa e o
cliente externo, além do que é a principal fonte de criatividade e inova-
ção. Por isso, faz-se necessário que a organização esteja com um foco
aberto para o processo de mudança, que apresente em seus pressu-
postos e práticas organizacionais uma ação contínua de inovação e de
adaptação, porque só desta forma ela garantirá a sua competitividade
neste novo contexto de incerteza, concorrência acirrada e mudança.
Nestes últimos anos, com o desenvolvimento do capitalismo, ocor-
reram significativas mudanças na gestão produtiva das empresas. Essas
metamorfoses, suscitadas pela concorrência exacerbada, sugerem aos
profissionais uma permanente avaliação das suas práticas. Avaliar, per-
manentemente, atitudes, tomadas de decisões e posturas no âmbito
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MAGALHÃES, A. R.; DUARTE, E. N.; SANTOS, M. L. da C. Cultura e mudança organizacional. Estudos avançados em
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TACHIZAWA, T.; FERREIRA, V. C. P.; FORTUNA, A. A. M.
Gestão com pessoas: uma abordagem aplicada às estratégias de negócios. Rio de Janeiro: Editora FVG, 2001.
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Fotos: Arquivo
da organização e da vida pessoal, nem sempre é uma tarefa fácil, pois
“a ética é daquelas coisas que todo mundo sabe que são, mas que não
são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS 1994, p.7).
Sem um parâmetro ou uma definição clara do que seja ética, homens e
mulheres navegam à deriva. A tentativa, então, de reequacionamento de
posturas éticas no mundo contemporâneo exige definições claras sobre
que é ser ético, sobretudo porque, frente à dinâmica do capitalismo, a
própria definição de ética sofre mutações significativas, considerando
sua evolução no conjunto das transformações históricas. Se a ética
evolui junto com a humanidade, um bom começo para se estabelecer
parâmetros que conduzam a uma avaliação de posturas e atitudes coe-
rentes está na própria observação da sua evolução, na compreensão da
ética com base na sua dinâmica e dos seus paradigmas.
Não há dúvida que a ética nasce a partir do momento que o ho-
mem interage com o seu semelhante, por isso “é preciso reconhecer
desde logo uma série de restrições: a humanidade só reteve por escrito
depoimentos sobre as normas de comportamento (e teorias) dos úl-
timos milênios, embora os homens já existam há muito mais tempo”
(VALLS,1994, p.12).
No Mundo Antigo, sem desprezar as contribuições de Sócrates
e Platão, um dos nomes mais destacados, relacionado à ética, é o
de Aristóteles, que apresenta suas idéias em três redações: Ética de
Nicômaco, A Ética de Eudemo e A Grande Ética. Segundo Vieira
(1995), a ética na visão aristotélica, distingue pontos de vista anta-
gônicos: um propriamente dialético, filiado ao conceito da Dianoia
(lei do que em nós é propriamente humano); e outro metafísico,
filiado ao conceito do Nous (a vida do divino em nós, a inteligência
pura). A ética de Aristóteles se une estreitamente aos conceitos fun-
damentais da metafísica. De cada ser é própria uma certa essência e
com tal essência uma certa atividade, que é justamente a expressão, a
exteriorização em ato daquela essência. Em seus estudos, o filósofo
introduz a noção de justo meio ou de justa razão que consiste em uma
postura mediana entre duas extremidades antagônicas. Para ele, não
é ético o ser avarento, tampouco o pródigo, mas sim o indivíduo
que tem postura situada no meio termo.
Embora possa se considerar que o pensamento aristotélico influen-
ciou profundamente a sociedade medieval, percebe-se, nesse período,
uma aproximação das idéias de Aristóteles aos dogmas da Igreja Ca-
tólica. Assim, pode-se afirmar que a sociedade européia experimentou
uma ética profundamente influenciada pelos valores divinos: um plano
físico, o dos homens, que vive em função de um plano metafísico, o de Deus.
Somente a partir da Revolução Científica do século XVII (Bacon,
Newton e Descartes) é que se observam mudanças significativas na
estrutura do pensamento moderno, pois a partir daí, foram realizados
estudos racionalistas contrários à fé, ou melhor, com fortes traços
antropocêntricos. Mais tarde, no século XIX, esses estudos condu-
ziriam à formação de diversos ramos do saber, causando uma certa
ruptura com a filosofia e se tornando ciências particulares como a
matemática, física, biologia, história, ética, entre outras.
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Assim sendo, uma disciplina para ser ciência necessitava de um
objeto, sobretudo de um método. Bacon foi o responsável pelas pri-
meiras postulações de métodos científicos, enquanto Descartes esta-
beleceu o plano cartesiano – a racionalidade. Inaugurada a fase das ci-
ências particulares, a grande discussão era se esta ou aquela disciplina
poderia ser considerada científica, e a Ética não poderia estar de fora.
A partir de então, passou-se a considerá-la sobre dois aspectos: pelo
caráter científico e pelo caráter filosófico.
Essa ressalva torna-se importante para se compreender a evolução
da ética pós-medievalidade, a fim de entender o que se convencionou
chamar de “a crise da Ética” no mundo contemporâneo. Nesse con-
texto, Ética seria “um estudo ou uma reflexão científica ou filosófica
e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações
humanas (VALLS, 1994, p.7 )
Por sua vez, para maior compreensão didática da temática,
costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os proble-
mas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e
no segundo, os problemas específicos, de aplicação concreta [...] ética profissional,
[...] Política, [...] sexual, [...] matrimonial, de bioética, etc. (VALLS, 1994, p. 8).
Outra divisão da ética, mais contemporânea, aponta para duas ten-
dências: uma ética laica, racional, baseada numa lei natural (Kant e
Sartre); e uma outra com base na ética filosófica e na doutrina da
revelação cristã (Hegel, Schelling, Kiergaard e Gabriel Marcel).
A ética sob o ponto de vista da concepção laica apresenta as se-
guintes especificidades de estudos: a) o determinismo, que ignora por
princípio a liberdade humana, considerando-a uma pura ilusão; b) o
racionalismo, que procura deduzir a ética da natureza humana (Homem
universo – Kant e a moral ); c) o utilitarismo, que estabelece o seguinte
princípio – “bem”, é o que traz vantagens para muitos (pragmatismo);
d) vantagem partícular, “bom” é o que ajuda o meu progresso (econômi-
co principalmente, é o sucesso do eu no mundo – carreira, amizades
úteis etc.) e d) o positivismo lógico, que ignora a metafísica especulativa e
se dedica a pesquisar a forma da linguagem moral, os tipos válidos de
formulação ética, a lógica e a sintaxe dos imperativos éticos.
O último estudo mencionado, o positivismo lógico, originou a ética
normativa, ou seja, aquela relacionada a diversas profissões como por
exemplo, o Código de Ética dos Corretores Imobiliários, dos Conta-
dores e até mesmo a Bioética. Mas é preciso cuidado em relação à
ética normativa, pois consiste em
Um estudo certamente excitante e bem feito que leva muitas vezes o pensador a
“se esquecer de si mesmo”, como diria Kierkegaard, a se esquecer de que ele é um
sujeito existente, que tem de decidir eticamente sobre suas ações, e que não pode
passar a vida toda somente estudando a linguagem ética, sem viver a ética, isto é,
sem viver eticamente (VALLS, 1994, p.42).
Feitas as considerações necessárias sobre o pensamento ético, vale
ainda lembrar que “os costumes mudam e o que antes era considerado
errado hoje pode ser aceito [...]. Não são apenas os costumes que va-
riam, mas também os valores que os acompanham, as próprias normas
concretas, os próprios ideais, a própria sabedoria de um povo a outro”
(VALLS, 1994 p.10-13). Dessa forma, analisar a ética profissional e
empresarial contemporânea, constitui uma tarefa complexa, pois cada
sociedade tem um valor, uma moral e um comportamento.
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Não há dúvidas de que a ética pode ser um diferencial no mercado
empresarial e profissional. A imagem do profissional no mercado de-
penderá da suas atitudes e hábitos. Mas a questão ética é muito mais
profunda, representa um conflito entre o eu e a racionalidade “aponta
para o resíduo irredutível de oposições absolutas fundadas no princí-
pio de que a existência é uma tensão em direção não a uma totalida-
de pensada, mas sim, em direção ao indivíduo, categoria essencial da
existência” (KIERKEGAARD, apud GILES,1975, p.8).
Além das questões internas da luta diária do homem com o seu ‘eu’,
pesam também as questões de ordem externa. Com a adoção da polí-
tica neoliberal nos anos 80, as empresas mudaram consideravelmente
a sua forma de atuar no mercado, mas essa mudança exigiu antes de
tudo uma transformação profunda no ambiente interno da empresa:
redução de hierarquias, flexibilização do trabalho, precarização das
relações contratuais, e corte nos organogramas são os exemplos mais
comuns. De acordo com Richard Sennet,
A expressão ‘capitalismo flexível’ descreve hoje um sistema que é mais que uma
variação sobre um velho tema. Enfatiza-se a flexibilidade. Atacam-se as formas
rígidas de burocracia, e também os males da rotina cega. Pede-se aos trabalha-
dores que sejam ágeis, estejam abertos a mudanças a curto prazo, assumam ris-
cos continuamente, dependam cada vez menos de leis e procedimentos formais
(SENNET, 1999, p. 9).
Algumas inovações aliadas às mencionadas mudanças causaram
grande impacto nas empresas:
A disputa por cargos cresceu e, com ela, o desejo de passar a perna nos colegas [...]
Assim nos últimos anos, os escritórios viraram um campo fértil para a desones-
tidade, a omissão, a má conduta e a mentira. No nosso dia-a-dia, os sete pecados
capitais (luxúria, ira, inveja, gula, preguiça, soberba e avareza) servem como uma
espécie de parâmetro para um bom ou péssimo comportamento em sociedade (JA-
COMINO, 2000, p. 29-30).
Essa luta do homem com o seu eu no sentido de ser ético não é
fácil, é a luta pela própria existência e, por que não dizer, concordando
com Kierkegaard (apud GILES, 1975), a conquista do próprio eu:
[Se] alguém atentasse para a sua vida privada, descobriria pasmado este enorme
ridículo: que ele próprio não habitava esse vasto palácio de eminentes abóbadas,
mas um barracão lateral, uma pocilga ou, na melhor das hipóteses, a guarita do
porteiro (GILES, 1975, p.9).
Atuar eticamente envolve não só os componentes da razão, mas
também os ‘emotivos’, por isso, a formação de base familiar é impres-
cindível, como também os valores positivos do mundo espiritual.
Mas o que seria ser ético no atual mundo capitalista? Na opinião
de Jacomino (2000, p.30), “ser ético nada mais é do que agir direito,
proceder bem, sem prejudicar os outros”. Por sua vez, Lama (2002)
relaciona a ética a uma vida em equilíbrio. Para ele, ser ético é viver em
perfeita harmonia com a natureza, enquanto Sennet (1999) enfatiza
que o indivíduo ético é aquele que não esquece suas raízes, os seus
valores adquiridos na família.
Discutir sobre a ética pessoal é importante, pois não há dú-
vidas, que a imagem da empresa está diretamente ligada à do seu
profissional e vice-versa. Assim como a ética pode maximizar os
resultados da empresa, a antiética pode comprometer consideravel-
mente o seu desempenho.
Um dos casos envolvendo a ética que chamaram a atenção e gera-
ram muita polêmica no Brasil, foi a possível omissão dos diretores
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da Shering do Brasil, fabricante da pílula anticoncepcional Micro-
vlar no episódio da ‘pílula de farinha’. O prejuízo da empresa girou
em torno de 18 milhões de reais, sem considerar o estrago na ima-
gem empresarial.
A empresa nada falsificou, mas foi displicente no controle do descarte de compri-
midos produzidos sem princípio ativo. E quando soube que o remédio falso estava
sendo vendido em farmácias, foi lenta para alertar a opinião pública sobre o fato,
os diretores da empresa levaram 15 dias, depois de receberem a denúncia de uma
senhora grávida, para notificar a Vigilância Sanitária (...) de vítima de um roubo
ela passou a ser considerada uma empresa que não respeita seus consumidores
(JACOMINO, 2000, p.30).
Hoje em dia, devido à velocidade das mudanças sociais e ao desen-
volvimento tecnológico, já não se sabe ao certo se a verdade deve ser
dita custe o que custar ou se, em determinados casos, mentir e omitir,
para salvaguardar os interesses da empresa, é também assumir uma
postura ética:
A própria verdade, em vez de representar uma simples equação entre ser e pensar,
torna-se sinônimo de subjetividade, o que quer dizer que a verdade deve significar
um compromisso pessoal do indivíduo, que tem raízes na existência concreta e inte-
grada de cada indivíduo particular (KIERKEGAARD apud GILES, 1975, p.10).
Embora a ética seja uma questão importante, poucas são as empre-
sas que possuem programas éticos estruturados. Entre elas, o grande
destaque é para o laboratório Merck Sharp & Dohme, pois “a empresa
tem um sistema aberto de comunicação que estimula a pessoa a con-
sultar seu superior ou colega para tirar dúvidas, reclamar ou denunciar
irregularidades éticas [...] o programa gera frutos incalculáveis para a
imagem e a credibilidade da empresa” (JACOMINO, 2000, p.34).
Em um mercado altamente competitivo, a ética aparece como uma
ferramenta, um instrumento indispensável na maximização dos re-
sultados empresariais. Felizmente, apesar das mazelas e das seqüelas
produzidas pelo capitalismo, um grande número de pessoas, clientes
potenciais, começam a avaliar e a refletir sobre as posturas éticas dos
profissionais e das empresas. Uma propaganda enganosa, um mau
atendimento ou mesmo a não-prestação de um serviço acordado po-
dem ter um efeito negativo considerável para a imagem empresarial e
profissional. Por isso, nestes últimos anos, os programas de qualifica-
ção profissional ganharam um impulso considerável, sobretudo pelas
diversificações dos MBAs e do surgimento dos Mestrados Profissio-
nais com o selo de qualidade, agora atribuído pela Capes.
Os últimos estudos sobre a ética profissional no Brasil revelam
dados assustadores, mas que efetivamente retratam bem a realidade.
A palavra ética está na moda graças à crise política do governo Lula. Um estudo
feito pelo diretor de RH da Dow Brasil, Vicente Carlos Teixeira, com 250 pro-
fissionais, mostra que no dia-a-dia das empresas o discurso politicamente correto
cai por terra. Veja suas conclusões: 90% dos entrevistados revelariam a um amigo
informações sigilosa da empresa onde trabalham para protegê-lo ou beneficiá-lo;
75% não demitiriam um funcionário que tivesse roubado a companhia para pagar a
cirurgia do filho; 36% fariam negócio com um amigo que oferecesse o menor preço
numa concorrência desleal [e] 33% nada fariam se soubessem que uma colega teve
aumento superior aos demais por causa de sua relação amorosa com um superior
(VOCÊ, 2005).
De uma forma geral, a ética implica uma série de reflexões e toma-
das de decisão que acabam em alguns casos se tornando uma questão
delicada e constrangedora. Não existe de fato uma solução universal,
a variação se dará de acordo com a consciência, moral, virtude, valores
de cada um. Entretanto, atuar com responsabilidade profissional e
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
41
social é um bom caminho, sobretudo se estiver em consonância com
o ‘eu’ interior:
O homem [deve] se orientar para uma liberdade responsável, na qual tome consci-
ência das influências que, em última análise, não dependem dele, pois embora não
possa e não consiga modificar esses elementos, pelo menos pode incorporá-los ao
presente pelo qual deve assumir a responsabilidade. Liberdade e dependência não
são forças antagônicas e, sim, complementares, quando o indivíduo assume o está-
dio ético da existência (KIERKEGAARD, apud GILES, 1975, p.19).
Vale ainda ressaltar:
O que vemos tanto em países ricos quanto em países pobres. Em todo parte, de
todas as maneiras imagináveis, as pessoas procuram melhorar suas vidas. No entan-
to, estranhamente, minha impressão é que aquelas que vivem em países de grande
desenvolvimento material [...] são de certa forma menos satisfeitas, menos felizes.
[...] Quanto aos ricos, alguns poucos sabem como usar sua riqueza de modo inte-
ligente – ou seja, compartilhando-a com os necessitados (LAMA, 2002, p.14).
Fica evidente que a riqueza material nem sempre é sinônimo de
felicidade; a escolha do caminho a seguir é de critério de cada um; o
compromisso com a dignidade e com a sociedade deve ser o ponto de
partida para as empresas e os profissionais que desejam acrescentar
um diferencial – a ética.
Referências
LAMA D. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.
GILES, R.T. História do existencialismo e da fenomenologia. São Paulo: EPU, Ed. da Universidade de São Paulo, 1975.
JACOMINO, D. Você é um profissional ético?Revista Você S/A. Edição 25 jul. 2000.
SENNET, R. A Corrosão do caráter: as conseqüências do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.
VOCÊ S/A. Você Sabia? Ética falar é fácil. Revista Você S/A, Edição 88, out. 2005.
VALLS, A.L.M. O que é ética. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994.
VIEIRA, J. L. A Ética – Aristóteles [trad. Paulo Cássio M. Fonseca] Bauru-SP: Edipro, 1995
Gestão da Incubação de Projetos de
Empresas no Hotel Tecnológico
JACOMETTI, Márcio; CRUZ, Glória A.
Universidade Federal Tecnológica do Paraná
Campus Cornélio Procópio
Palavras-chave: Incubação de Projetos, Estratégias, Nível de Satisfação.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi identificar como o nível de satisfação dos usuários
de um Hotel Tecnológico pode ser afetado pelas estratégias adotadas por sua equi-
pe gerencial. O período analisado abrange o início do processo de incubação, em
agosto de 2003, até maio de 2004. O trabalho utilizou como método o estudo de
caso, sendo que os dados secundários foram obtidos por meio de consulta a docu-
mentos diversos e os primários mediante observação participante, questionário e
entrevistas semi-estruturadas com os sócios dos projetos incubados. A análise dos
dados emprega procedimentos descritivo-qualitativos, tendo sido realizada uma
análise de congruência entre as anotações da observação participante realizada pela
coordenação do Hotel Tecnológico, os dados obtidos com o questionário e as de-
clarações dos sócios dos projetos investigados. Os resultados obtidos mostraram
que as estratégias implementadas influenciaram o nível de satisfação atribuído
pelos usuários do Hotel Tecnológico. Ficou caracterizado que o nível de satisfação
atribuído pelas equipes incubadas depende diretamente da forma como a equipe
gerencial implementa estratégias ou apenas gera expectativas. Assim, ficou evi-
dente que, conforme as estratégias legitimadas pelos usuários são implementadas
aumenta o nível de satisfação e, por outro lado, quando não são implementadas,
diminui o nível de satisfação.
Márcio Jacometti é mestre em
Administração; linha de pesquisa:
Gestão da Produção e Estudos de
Estratégias para o Desenvolvimen-
to Local; especialista em Gestão da
Qualidade Total e Desenvolvimento
Gerencial; coordenador do Hotel
Tecnológico da UFTPR/Unidade de
Cornélio Procópio.
Glória Alfredo da Cruz é es-
pecialista em Metodologia do
Ensino Tecnológico; linha de
pesquisa: Gestão da Produção
e Estudos de Estratégias para
o Desenvolvimento Local;
Assessora de Marketing do
Hotel Tecnológico da UFTPR /
Unidade de Cornélio Procópio.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
42
Introdução
O Hotel Tecnológico é uma incubadora tecnológica do tipo “ho-
tel de projetos/idéias”, modalidade de pré-incubação, que tem por
objetivo graduar projetos inovadores, conforme viabilidade merca-
dológica e apoiá-los no estágio de empresa nascente e colocação de
produtos/serviços no mercado.
Por estar inserido em uma instituição de ensino superior profis-
sionalizante, o Hotel Tecnológico busca disseminar a cultura em-
preendedora, formar novos empresários e, com isso, enriquecer o
processo educacional, trazendo para o ensino a dimensão da realida-
de mercadológica. A existência de uma infra-estrutura para incubar
projetos empresariais em uma instituição de ensino tecnológico é
extremamente necessária, tendo em vista o processo de diminui-
ção de emprego formal que ocorre atualmente como conseqüência
da globalização econômica e da otimização dos postos de trabalho.
Nesse contexto, a preparação de jovens empreendedores torna-se
imprescindível para o desenvolvimento social e econômico do país.
O Hotel Tecnológico visa a incentivar, apoiar e fomentar os alunos e
egressos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR)
a criar suas empresas, transformando seus sonhos em realidade.
A Unidade de Cornélio Procópio da UFTPR vem, desde 1998,
através do Programa Jovem Empreendedor (2005), apoiando e sub-
sidiando a sua comunidade discente com o objetivo de estimular o
espírito empreendedor e desenvolver as características necessárias
para o sucesso numa carreira empresarial. O programa é uma parce-
ria entre o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
(FIEP), Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Sebrae/PR e
UFTPR/PR e está sendo desenvolvido em todas as Unidades do
Sistema UFTPR.
É prática comum, seja durante as aulas de empreendedorismo
ministradas aos alunos dos cursos superiores de tecnologia, seja em
eventos promovidos, a realização de palestras com empreendedores
que trazem à comunidade acadêmica suas experiências, fomentando
assim a discussão e a reflexão sobre o tema. Em 2000, alguns cur-
sos do Sebrae, como o Brasil Empreendedor e o Geração Empresa,
foram ministrados na Instituição para a comunidade interna e exter-
na e diversos eventos sobre a temática empreendedora continuaram
sendo realizados, numa clara intenção da instituição de formar não
apenas mão-de-obra especializada para o mundo do trabalho, mas
também empreendedores que promovam o autodesenvolvimento
numa região.
A comunidade interna da UFTPR tem demonstrado elevado in-
teresse em participar das atividades promovidas, sendo uma priori-
dade da instituição dar continuidade ao processo, oferecendo fer-
ramentas facilitadoras, tais como o Hotel Tecnológico permanente,
onde a possibilidade da criação e amadurecimento de idéias em
negócios estivesse mais próxima do aluno. Respondendo ao Edital
MEC/Sebrae 01/2001, o Programa Jovem Empreendedor teve seu
projeto contemplado, viabilizando recursos para o Hotel Tecno-
Fotos: Márcio Jacometti
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
43
lógico. Durante o ano de 2002, o prédio cedido na instituição foi
reformado e equipado com recursos provenientes do MEC, através
do Programa de Expansão do Ensino Profissional (PROEP). E, a
partir do planejamento estratégico da Prefeitura do Município de
Cornélio Procópio, o Hotel Tecnológico foi inserido como impor-
tante agente promotor do desenvolvimento econômico sustentável
da região norte do Paraná.
O Hotel Tecnológico foi inaugurado em 5 de agosto de 2003, sen-
do mantido pela Unidade de Cornélio Procópio da UFTPR. Os nove
projetos que iniciaram o processo de incubação, desde agosto de 2003,
estão inseridos em arranjo produtivo voltado às áreas de Eletrotécni-
ca, Informática e Mecânica que são as áreas de atuação da instituição,
mediante Cursos Superiores de Tecnologia. Tais cursos, implantados
desde 1999, contemplam em suas estruturas curriculares disciplinas da
área de Gestão que visam à formação empresarial do acadêmico.
O Hotel Tecnológico tem como entidade gestora a Fundação de
Apoio à Educação, Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico da UFTPR que oferece toda a estrutura administrativa e
jurídica para atender as necessidades do processo de incubação. O
processo de implantação do Hotel Tecnológico, iniciado em julho de
2002, contou com o apoio de diversos parceiros, além do constante
intercâmbio com outras incubadoras, tais como os Hotéis Tecno-
lógicos das outras cinco unidades do Cefet no Paraná e a Intuel de
Londrina. A partir da seleção de projetos foi realizado, em junho de
2003, o Curso de Imersão no Hotel Tecnológico, iniciando-se o pe-
ríodo de quarentena em que se observou o comportamento das equi-
pes quanto ao comprometimento no desenvolvimento dos trabalhos.
Desde o princípio, a coordenação preocupou-se em acompanhar o
nível de satisfação das equipes em relação aos serviços prestados e
foi incorporando novas estratégias para atender a crescente demanda
por formação empresarial.
Nível de Satisfação das Equipes Incubadas
A análise preliminar das primeiras equipes com projetos incuba-
dos permitiu constatar que existem opiniões convergentes sobre vá-
rias estratégias implementadas pelo Hotel Tecnológico, em função do
impacto positivo que causaram sobre a própria instituição de ensino
e o meio empresarial circundante. Por outro lado, percebeu-se tam-
bém, que existem alguns grupos com posicionamentos divergentes
em função da ausência de algumas estratégias, de problemas internos
na equipe, conflito de objetivos e falta de comprometimento com o
projeto. Em decorrência disso, mostrou-se adequada uma investiga-
ção mais profunda sobre o nível de satisfação das nove equipes com
projetos incubados. Todos os dirigentes dos nove projetos incubados
foram entrevistados em três momentos, conforme acompanhamen-
to trimestral do relatório de atividades entregues pelas equipes. As
entrevistas semi-estruturadas ocorreram nas semanas dos dias 03 de
novembro de 2003, 02 de fevereiro e 03 de maio de 2004.
O nível de satisfação foi determinado por meio da avaliação efetu-
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
44
ada no questionário e confirmado ou refutado após análise de con-
teúdo das entrevistas com os dirigentes dos grupos com projetos
incubados e das informações obtidas por meio de observação parti-
cipante da equipe do Hotel Tecnológico (JACOMETTI ; CRUZ,
2004). As estratégias identificadas nos documentos do Hotel Tec-
nológico podem ser visualizadas nos quadros apresentados na seqü-
ência. A partir da classificação das estratégias, procurou-se associar
o nível de satisfação atribuído pelas nove empresas incubadas ao de-
sempenho do Hotel Tecnológico no período considerado. Pode-se
verificar no quadro 1 que as estratégias de sensibilização não foram
direcionadas para as equipes incubadas e sim para o ambiente ins-
titucional em que está inserido o Hotel Tecnológico visando legiti-
má-lo perante a comunidade acadêmica. Como se pode observar, a
sensibilização refere-se a estratégias de marketing, fundamentais para
a divulgação do Programa Jovem Empreendedor.
Na primeira seleção, foram inscritos 19 projetos candidatos às
nove vagas oferecidas no Edital de Seleção de Projetos. Os even-
tos de sensibilização foram bem freqüentados, tendo em média
80 participantes presentes entre alunos, servidores e pessoas da
comunidade.
QUADRO 1 – ESTRATÉGIAS DE SENSIBILIZAÇÃO
Estratégias de Sensibilização Justificativa Ação
Realizar pesquisa com todos os alunos da Unidade de
Cornélio Procópio sobre questões empreendedoras
Detectar expectativas dos
discentes
Aplicação de questionário e
tabulação dos resultados
Divulgar o Programa Jovem Empreendedor para o
corpo discente e para os servidores
Despertar o espírito empre-
endedor
Palestras e distribuição de
material publicitário
Lançar oficialmente o Programa na Unidade de
Cornélio Procópio
Sensibilizar a comunidade
acadêmica
Solenidade e palestra
Sensibilizar os docentes do Grupo de Gestão para
direcionar as ações do Programa nas disciplinas
Estimular a elaboração de
plano de negócios
Reuniões
Direcionar Planos de Atividades dos Docentes ao
Programa Jovem Empreendedor
Agregar servidores para
apoiar as atividades
Convites e Plano de Trabalho
Sensibilizar os docentes dos Grupos de Eletrotécni-
ca, Informática e Mecânica
Estimular os docentes a se
envolverem no processo
Reuniões informativas com os
grupos de professores
Formatar e manter o site do Programa Jovem Em-
preendedor na home page da Unidade na Internet
Facilitar o acesso à
informação
Construção do site
Divulgar as atividades do Hotel Tecnológico
Informar a comunidade
sobre as atividades
Elaborar notícias, organizar
palestras e eventos
Realizar visitas técnicas a outras incubadoras
Sensibilizar os alunos para
elaborar projetos
Agendamento da visita e loca-
ção de transporte
Realizar intercâmbios com outras incubadoras de
empresas e com as outras Unidades do Sistema
Cefet-PR
Realizar benchmarking e
melhorar os processos
Visitar outras instituições e
participar de eventos
Promover palestras sobre empreendedorismo para o
corpo discente
Sensibilizar a comunidade
acadêmica
Convite aos parceiros e profis-
sionais da área
Viabilizar depoimentos de empresários sobre traje-
tória de sucesso e experiência empreendedora
Sensibilizar a comunidade
acadêmica
Contatar empreendedor para
agendar depoimento
Fonte: Relatórios e planos de atividades do Hotel Tecnológico no período de julho de 2002 a maio de 2004.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
45
O quadro 2 apresenta as estratégias implementadas para a seleção
e que deram início ao processo de incubação. Foram constituídas
três subcomissões por área de atuação que realizaram uma triagem e
pré-selecionaram 15 projetos para apresentação a uma banca pública
formada por professores da instituição e consultores externos dos
seguintes parceiros: Sebrae/PR, Associação de Desenvolvimento
Tecnológico de Londrina, Incubadora da UEL e Fundação Getúlio
Vargas. A repercussão na Instituição foi muito positiva, contribuin-
do para alavancar o espírito empreendedor.
QUADRO 2 – ESTRATÉGIAS PARA SELEÇÃO DE PROJETOS
Fonte: Relatórios e planos de atividades do Hotel Tecnológico no período de julho de 2002 a maio de 2004.
Estratégias para seleção de projetos Justificativa Ação
Divulgar os procedimentos para ingresso ao Hotel
Tecnológico em todas as turmas dos cursos da
Unidade
Disseminar a informação e
organizar a seleção
Editais, fôlderes,
banners, palestras
Incentivar o desenvolvimento de Trabalhos de
Conclusão de Curso voltados para o desenvolvimento
de empreendimentos da respectiva área tecnológica
Aumentar a demanda de projetos
empresariais nas áreas de atuação
dos cursos
Apoio dos
coordenadores de curso
e dos docentes
Elaborar e atualizar o edital para seleção de projetos
empresariais candidatos às vagas do Hotel Tecnológico
Estabelecer critérios claros sobre
o processo de seleção
Consulta às outras
incubadoras e adaptação
Organizar Comissão de Avaliação de Projetos e Banca
de Seleção para ingresso no Hotel Tecnológico
Avaliar e selecionar os projetos
candidatos
Portaria, reuniões e
convites aos parceiros
Realizar Curso de Imersão para as empresas selecionadas
Conscientizar os novos
incubados
Curso de 4 horas
No quadro 3 estão listadas as estratégias direcionadas a atender as
necessidades das equipes com projetos incubados relativas à capacita-
ção. A deliberação de estratégias como organização de workshops, cursos
específicos e participação em eventos externos foram determinantes da
satisfação atribuída. Nos relatórios trimestrais das equipes com projetos
incubados estão registrados os treinamentos realizados no Hotel Tec-
nológico e por iniciativa dos sócios, bem como a contribuição que essas
atividades trouxeram para o desenvolvimento dos projetos.
QUADRO 3 – ESTRATÉGIAS DE CAPACITAÇÃO
Fonte: Relatórios e planos de atividades do Hotel Tecnológico no período de julho de 2002 a maio de 2004.
Estratégias de capacitação Justificativa Ação
Realizar seminários e workshops sobre
empreendedorismo
Intercâmbio com outras
Instituições e capacitação
Execução do projeto do
evento
Viabilizar cursos específicos para a gestão
empreendedora
Capacitar os alunos para a
gestão de empreendimentos
Contratar profissionais da
área
Viabilizar a participação de alunos e servidores em
eventos sobre empreendedorismo
Intercâmbio com outras
instituições
Projeto para participação
em eventos
Alinhavar as disciplinas ministradas pelos docentes da
área de Gestão com o Programa Jovem Empreendedor
Incentivar os alunos a
elaborar planos de negócios
Reuniões com o Grupo de
Gestão
Capacitar os gestores do Hotel Tecnológico e
os docentes envolvidos com o Programa Jovem
Empreendedor
Preparar e formar os
gestores do HT
Participação em cursos,
seminários, workshops
Participar de rodadas de negócios promovidas por
outras incubadoras
Conhecer o processo e
realizar rodas de negócios
Identificação de eventos e
elaboração de projeto
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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QUADRO 4 – ESTRATÉGIAS PARA O PROCESSO DE INCUBAÇÃO DE PROJETOS EMPRESARIAIS
Fonte: Relatórios e Planos de Atividades do Hotel Tecnológico no período de julho de 2002 a maio de 2004.
Estratégias para incubação Justificativa Ação
Garantir a qualidade dos materiais de
expediente e serviços a serem fornecidos
Gerar satisfação nas equipes com
projetos incubados
Gerenciar o fornecimento de
materiais e serviços
Viabilizar consultoria e orientação às equipes
com projetos incubados
Resolver problemas de
desenvolvimento de produtos
Contratar profissionais da
área específica
Acompanhar e avaliar os projetos das equipes
incubadas
Checar se as equipes estão
realmente empenhadas
Relatório de atividades e
Seminário de Projetos
Acompanhar o atendimento dos consultores de
gestão e dos orientadores de projetos
Melhorar o gerenciamento do
processo de incubação
Relatório do consultor/
orientador
Estabelecer regras de comercialização para
empresas incubadas não constituídas legalmente
Regulamentar a comercialização
pela Fundação
Alterar Contrato de
Incubação e Regimento
Viabilizar a realização de pesquisas de mercado
para as incubadas
Conhecer o mercado de atuação
para ajustes no negócio
Apoio para a realização da
pesquisa de mercado
As estratégias de gerenciamento do Hotel Tecnológico estão
diretamente relacionadas à satisfação dos empreendedores com
a atuação da Coordenação. Os pontos positivos levantados fo-
ram: atuação constante e em crescente desenvolvimento; com-
provadamente capaz, interessado, organizado e batalhador; muita
iniciativa, presença constante, ação satisfatória, sempre busca a
divulgação das empresas, busca recursos, alto interesse; aberto ao
diálogo, acessível, sempre busca divulgar a empresa. E entre os ne-
gativos: precisa conhecer mais a fundo os projetos e os ideais dos
empreendedores e apresenta dificuldades de iniciante. Diante dos
dados, o nível de satisfação com a atuação da coordenação pode
ser considerado alto. Tal constatação vem ao encontro das estra-
tégias deliberadas para gerenciar o Hotel Tecnológico. O quadro
Uma preocupação crescente da coordenação do Hotel Tecno-
lógico está relacionada com a auto-sustentação, visando manter o
portfólio de serviços ofertados às equipes com projetos incuba-
dos. Até o momento a gestão do Hotel Tecnológico foi exercida
com recursos provenientes de três editais do Sebrae, dois da Fi-
nanciadora de Estudos e Projetos (FINEP), apoio da prefeitura
do município de Cornélio Procópio, da instituição de ensino e de
sua Fundação.
O Quadro 4 apresenta as estratégias relativas ao acompanha-
mento da incubação. A partir de março de 2004, todas as reivindi-
cações por pesquisa de mercado passaram a ser atendidas. A parti-
cipação em rodas de negócios foi implementada de acordo com a
definição dos produtos e serviços ofertados pelos incubados. Em
2004, houve a graduação de quatro projetos que estão iniciando a
fase de comercialização com o apoio do Hotel Tecnológico. Por-
tanto, a pré-incubadora, devido à ausência de uma incubadora no
município, está extrapolando as suas funções, na medida em que
passa a gerir processos de apoio à consolidação de empresas nas-
centes no mercado.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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QUADRO 5 – ESTRATÉGIAS DE GERENCIAMENTO DO HOTEL TECNOLÓGICO
Fonte: Relatórios e planos de atividades do Hotel Tecnológico no período de julho de 2002 a maio de 2004.
Estratégias de gerenciamento Justificativa Ação
Inaugurar o ambiente de funcionamento do
Hotel Tecnológico
Viabilizar o início do processo de
incubação
Projetos e parcerias
Viabilizar a participação do Hotel Tecnológico
em editais lançados por fundações de incentivo à
pesquisa e desenvolvimento de tecnologia
Conseguir recursos para financiar as
atividades do Hotel Tecnológico
Elaboração de Projetos, realiza-
ção de parcerias e contratação de
consultoria
Avaliar, emitir parecer e encaminhar aos setores
competentes relatórios anuais sobre a atuação do
Hotel Tecnológico
Registrar a atuação do Hotel Tec-
nológico para subsidiar atividades
futuras
Acompanhar e registrar todas as
atividades realizadas continua-
mente
Realizar parcerias com os diversos segmentos
da sociedade para apoiar o desenvolvimento do
Hotel Tecnológico
Apoiar as atividades a serem realizadas
pelo Hotel Tecnológico
Visitar os parceiros, fomentar
convênios, organizar eventos
Zelar pela manutenção das instalações do Hotel
Tecnológico
Preservar as instalações
Fiscalizar o ambiente e fazer cum-
prir as normas
Ajustar a necessidade de pessoal do Hotel Tecno-
lógico para atendimento dos projetos incubados
Atender novas necessidades
Novos estagiários e envolver mais
servidores
Ampliar a rede de contatos do Hotel Tecnológico Acesso a informações e novas parcerias Visitas, contato telefônico e e-mail
Contratar consultorias específicas para o Hotel
Tecnológico
Implementar novos processos e me-
lhorar o gerenciamento
Contratação de consultores
específicos
Redigir artigos sobre a experiência do Hotel
Tecnológico para participação em eventos
Reflexão sobre o processo de incuba-
ção e divulgação do Hotel Tecnológico
Pesquisa bibliográfica, aplicação de
questionários e redação de artigos
A ampliação da equipe de atuação no Hotel Tecnológico visando
atender às necessidades levantadas, a efetivação de novas parcerias
e a participação em editais de fomento são estratégias que buscam
melhorar o nível de satisfação dos usuários do Hotel Tecnológico. A
ausência de algumas estratégias gera insegurança nas equipes quanto
à viabilidade mercadológica de seus produtos e serviços. Para mini-
mizar essa sensação, reuniões periódicas com os empreendedores e a
divulgação do Planejamento Estratégico de atuação são mecanismos
importantes para sinalizar ações emergentes que contribuirão para
atender as necessidades dos empreendedores.
6 lista tais estratégias, mostrando mais uma vez que o nível de
satisfação depende diretamente de estratégias implementadas. A
ampliação da equipe gerencial a partir de abril de 2004, passou
a ser um fator importante para a continuidade das atividades.
Segundo os incubados, entre as ações que o Hotel Tecnológico
precisa desenvolver para auxiliá-los na busca de investidores es-
tão: auxílio para conclusão de protótipos; organização de rodadas
de negócios com investidores e empresas da região; mais apoio na
elaboração do plano de negócios; criação de um CD demonstra-
tivo com informações sobre os incubados; organização de mais
eventos e feiras com empresários; busca de recursos; ampliação de
contatos com as empresas que já estão no mercado; ampliação da
divulgação dos projetos incubados na mídia; contato com as em-
presas da região e órgãos de fomento para obtenção de recursos e
realização de parcerias.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
48
Algumas sugestões de melhoria foram identificadas, tais como:
determinação do planejamento a ser seguido pelos incubados rumo
à estruturação do negócio; promoção de parcerias com empresas
ou instituições a que as empresas incubadas não conseguem ter
acesso; desenvolvimento e criação de material de marketing para
os incubados e organização de rodas de negócios. Para desenvol-
ver um sistema de inteligência de marketing, a coordenação passou
a cobrar, com prazo definido, o desenvolvimento de fôlderes de
cada empresa com seus respectivos produtos/serviços, homepage na
Internet, plano de visitas a clientes potenciais e definição de es-
tratégias para colocação do produto/serviço no mercado. Outra
estratégia importante implementada foi a ampliação da rede de
contatos. O credenciamento do Hotel Tecnológico na Rede Pa-
ranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos (Reparte), em
março de 2004, foi uma das ações que contribuíram significati-
vamente para a realização de novos contatos e intercâmbios. Tais
ações emergiram diante das necessidades das equipes incubadas e
refletiram no nível de satisfação com a atuação do Hotel Tecno-
lógico. Quando questionadas sobre a importância do hotel para
a implantação e fortalecimento das empresas, foram listados os
seguintes comentários:
A base de conhecimento e a estrutura do Hotel Tecnológico são importantes
ferramentas para o amadurecimento das idéias”;
O Hotel Tecnológico capacita os projetos para o mercado”;
A base empreendedora é o fator diferencial para a empresa no início”;
O Hotel tecnológico oferece formação sólida e, com a instituição UFTPR
apoiando, aumenta a credibilidade junto ao mercado”;
“Ótimo apoio tecnológico e gerencial, proporcionando oportunidades de con-
tatos entre outras coisas”;
A empresa obtém maturidade antes de sair para o mercado”;
“No momento mais crítico podemos economizar para fortalecer a empresa
financeiramente”;
“Sem o apoio do Hotel Tecnológico não conseguiríamos atingir os nossos objetivos”.
Conclusões
Diante dos comentários, percebe-se que o Hotel Tecnológico
começa a se institucionalizar na comunidade acadêmica, consoli-
dando-se como importante agente promotor do empreendedoris-
mo na instituição. Em pesquisa realizada por Jacometti (2002)
sobre a cultura organizacional da UFTPR, constatou-se que o
empreendedorismo está se tornando um valor forte como conse-
qüência de uma postura pessoal pró-ativa na Instituição, princi-
palmente quando se coloca que a organização está passando por
uma transição de formadora de mão-de-obra qualificada para uma
instituição que desenvolve e transfere tecnologia e forma empre-
endedores. Segundo os dirigentes da UFTPR, as competências
relacionais, gerenciais e técnicas deverão formar o perfil do profis-
sional desejado pelo mercado de trabalho. Essa valorização cres-
cente do empreendedorismo decorre de uma pressão do contexto
social, uma vez que as oportunidades de emprego estão cada vez
mais restritas e a opção de se tornar empresário passa a ser uma
questão de sobrevivência para muitos trabalhadores e uma nova
oportunidade. Todos os incubados afirmaram que a experiência
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
49
obtida no Hotel Tecnológico os tem deixado otimistas com rela-
ção ao futuro:
A concretização dos sonhos se aproxima...”
A experiência empreendedora nos dá a visão de que a empresa pode existir desde
que haja muito trabalho, coisas que eram difíceis de enxergar, estão mais claras,
nos tranqüilizando em relação ao futuro...”.
O fortalecimento das competências empreendedoras e da visão dos ideais tem
dado maior disposição...”.
Assim, o planejamento estratégico que vem sendo implemen-
tado está interferindo diretamente no nível de satisfação dos em-
preendedores. Além de apurar o nível de satisfação, é fundamental
o monitoramento contínuo e sistemático do desenvolvimento dos
projetos, principalmente no que concerne ao comportamento em-
preendedor esperado das equipes. Para tanto, é fundamental a es-
truturação dos processos geridos na pré-incubadora. Por fim, estas
constatações vêm fundamentar a tese de que a definição de estraté-
gias interfere no nível de satisfação dos empreendedores que atuam
num ambiente de incubação, desde que sejam implementadas pela
Equipe de Gestão responsável.
Referências
JACOMETTI, M; CRUZ, G. A. Importância das estratégias no gerenciamento da incubação de projetos: o caso do Hotel
Tecnológico da UFTPR /Unidade de Cornélio Procópio. In: XIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incuba-
doras de Empresas e XII Workshop Anprotec. Anais. Porto de Galinhas, 2004.
JACOMETTI, M. Influência da cultura organizacional e das dependências de poder so-
bre os objetivos e estratégias da Unidade de Curitiba do Cefet/PR. Curitiba: Universidade Fede-
ral do Paraná, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Dissertação de Mestrado em Administração, 2002.
PROGRAMA Jovem Empreendedor. Disponível em: <http://www.cp.cefetpr.br/empreendedor> Acesso em: 05 ago. 2005.
Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos
Urbanos na Perspectiva da Gestão Municipal
EVANGELISTA, Neuza; ÁVILA, Luiz A.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto
Palavras-chave: Ecoeficiência, Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos,
Lixão, Qualidade de vida.
RESUMO
A situação do saneamento básico no Brasil ainda é crítica, de modo especial,
a destinação correta dos resíduos sólidos urbanos, que passou a ser uma das
prioridades de cobranças governamentais para com os municípios. O governo
brasileiro dispõe de incentivos fiscais para a implantação do gerenciamento in-
tegrado dos resíduos sólidos. Esses resíduos, quando não destinados adequada-
mente, caracterizam-se como importantes agentes causadores de degradação do
meio ambiente, e também constituem um meio de proliferação de vários vetores
biológicos que contribuem para a disseminação de doenças, as quais acarretam
sérios problemas de saúde pública. Neste trabalho é relatada uma alternativa
adequada para a disposição final dos resíduos sólidos urbanos, a qual não deve
ser analisada somente como um negócio rentável financeiramente, uma vez que
o objetivo desse projeto é de não permitir o soterramento de materiais dos quais
muitos não-renováveis que tenham custo econômico e ambiental. Atualmente,
essa alternativa é denominada de Unidade de Tratamento do Lixo, vinculada
a um cronograma de planejamento do gerenciamento integrado dos resíduos
sólidos urbanos, que pretende oferecer condições mais dignas de trabalho aos
catadores de lixo, além de constituir nova oportunidade de investimento.
Neuza Evangelista é mestre em
Saneamento, Meio-Ambiente
e Recursos Hídricos pela UFMG;
Professora do Cefet/OP, Curso de
Tecnologia em Gestão de Qualida-
de no Trabalho.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
50
É a humanidade quem declara: este lugar é intocável, precisa ser preservado para
todos. É a humanidade quem reconhece: este lugar tem história, tem cultura,
precisa fazer parte da história e da cultura de todos. Por fim, é a humanidade
quem declara com pompa, circunstância e letra maiúscula: estes são Patrimônios
da Humanidade. É a humanidade, através da Unesco, órgão da ONU, quem defi-
ne o que deve e o que não deve ser preservado para todos. Podem ser patrimônios
culturais como monumentos, edifícios, ou áreas que tenham valor histórico,
estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico, ou patrimônios
naturais como formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais, habitats
de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas que tenham valor científico, de
conservação ou estético.
(Site Patrimônios Históricos)
A presente pesquisa tem como objetivo apresentar um projeto
sobre uma Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos
e Produção de Composto Orgânico, que se configura, sem dúvida,
também como uma oportunidade de investimento.
A filosofia desse projeto é não permitir o soterramento de ma-
teriais que tenham custo econômico e ambiental. A proposta ora
apresentada foi elaborada para o município de Ouro Preto, po-
dendo também ser adaptada para pequenas e médias cidades, que
produzam diariamente entre 50 a 150 toneladas de lixo.
A Eco 92, Conferência da ONU ocorrida no Estado do Rio de
Janeiro, com a participação de representantes de 170 países, teve o
propósito de avaliar os principais problemas ambientais do plane-
ta, tomando medidas para examinar a situação global, recomendar
medidas de proteção ambiental e identificar estratégias para a pro-
moção do desenvolvimento sustentável. Dessa importante Confe-
rência, surgiu o projeto piloto da Agenda 21, com o propósito de
divulgar a ecoeficiência, através de práticas que visam à conservação
de energia, à reciclagem e sustentabilidade.
Um dos itens abordados na Agenda 21 foi a gestão sustentá-
vel que pressupõe uma abordagem que tenha como referência o
princípio dos 3Rs: redução (do uso de matérias-primas e energia
e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos pro-
dutos, reciclagem de materiais e destinação correta dos resíduos,
que deve ser feita de acordo com o gerenciamento integrado dos
resíduos sólidos.
A geração de resíduos sólidos no Brasil é um dos grandes pro-
blemas enfrentados pelo poder público, principalmente em nível
municipal.
Macedo e Grimberg (1998 apud Gonçalves 1998) afirmam que
atualmente no país são produzidos diariamente mais de 240 mil
toneladas de lixo, sendo que cada habitante gera em torno de 500g
a 1200g de lixo, cujo destino na maior parte dos municípios bra-
sileiros é o lixão.
Segundo Manual de Gerenciamento Integrado pelo IPT/Cempre,
do total de resíduos coletados, 76% são dispostos a céu aberto, e so-
mente 0,9% são tratados em Unidades de Triagem e Compostagem.
Em 2005, Ouro Preto festejou 25 anos de recebimento do tí-
tulo da Unesco de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da
Humanidade (figura 1).
Essa cidade maravilhosa recebe diariamente vários visitantes, o
FIGURA 2 - OURO
PRETO, CIDADE DE
PARQUES ECOLÓGICOS
E MANANCIAIS.
Parque Cachoeira das
Andorinhas
Parque do Itacolomi
Cachoeira do Castelinho
Estação Ecológica do
Tripuí
FIGURA 1 - OURO
PRETO: CIDADE
PATRIMÔNIO,
HISTÓRICO, ARTÍSTICO
E CULTURAL DA
HUMANIDADE
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
51
Agravo
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total
Cólera 000002000000
2
Tuberculose 15 19 19
53
Leptospirose 1 1 1
3
Hanseníase 7 11 8 10 1 3 39 6 4 1
90
Doença de
Chagas
344
11
Febre amarela 1 1
2
Animais
Peçonhentos
11
2
Dengue 1 7 15 56 3 3
85
Leishimaniose
Visceral
24
6
Meningite 2 2 1
5
Total
0 7 11 8 10 9 21 21 110 30 31 1 259
TABELA 1: PRINCIPAIS MORBIDADES POSSIVELMENTE ASSOCIADAS AO LIXO, EM OURO PRETO.
Ano
Fonte: CPD-SMSOP
que contribui no aumento da geração de resíduos. Diante desse
fato, essa pesquisa teve como objetivo principal analisar o contras-
te (Figura 3), existente nesse município: Patrimônio Cultural da
Humanidade x Qualidade de Vida e, através de um levantamento
minucioso, contribuir para uma cidade mais limpa, preservando
seus mananciais e parques ecológicos e, principalmente, garantindo
uma melhor qualidade de vida a seus habitantes.
Metodologia de Pesquisa
O presente trabalho desenvolveu-se a partir de levantamento de
dados nas secretarias municipais, na associação de catadores; a par-
tir de visitas à Universidade Federal de Viçosa, pioneira na região
em compostagem, a usinas de reciclagem; em cálculos orçamentá-
rios e na elaboração de projetos de obras civis.
Aspectos Sanitários, Econômicos, Ambientais e Sociais
A Unidade de Tratamento de Resíduos oferece inúmeras
vantagens para a melhoria da qualidade de vida populacional,
nos aspectos sanitários, ambientais, econômicos, sociais e
educacionais.
Em relação aos benefícios sanitários advindos desse méto-
do, ratificamos a contribuição para a melhoria da saúde públi-
ca, por coibir a prática de catação e os locais de proliferação de
vetores ligados à transmissão de doenças. Na tabela 1, tem-se
as principais morbidades em Ouro Preto, possivelmente asso-
ciadas ao lixo.
FIGURA 3 – OURO
PRETO: CIDADE DE
CONTRASTES.
Área do lixão com espaço
livre e fogão de alimen-
tação de catadores
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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FIGURA 4 – ETAPAS NA USINA DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Fonte: Folheto Iguaçumec Eletromecânica Ltda
Ambientalmente são inúmeros os benefícios, principalmente em
relação à economia de energia e de recursos naturais, dos quais
muitos não são renováveis.
Para a eficácia da Unidade de Tratamento de Resíduos Sóli-
dos é indispensável a implantação da coleta seletiva nos municí-
pios, a qual poderá ser feita paralelamente à construção da mes-
ma. Os produtos potencialmente recicláveis obtidos na coleta
seletiva durante a construção da Unidade, poderão ser destina-
dos a uma Associação de Catadores de lixo ou outras entidades
ligadas à reciclagem do lixo.
A implantação da coleta seletiva implicará com cuidado a cons-
cientização da população sobre o valor da reciclagem; a educação
ambiental sobre como fazer a coleta seletiva; o treinamento dos
trabalhadores da prefeitura responsáveis pela coleta; a adaptação
conveniente dos dispositivos de coleta da prefeitura convenien-
temente; a garantia efetiva da destinação dos produtos separados
conforme as características e a efetuação da compostagem com o
lixo orgânico.
A Unidade de Tratamento de Resíduos
A proposta consiste, como em outras localidades, da recepção
do lixo, encaminhando-o à tremonha (rampa), em seguida à correia
transportadora, passando pela mesa de triagem, onde será separado
o lixo orgânico do lixo seco (inorgânico). Essa seqüência é apresen-
tada na figura 5. A matéria orgânica é encaminhada ao triturador,
em seguida, ao pátio de compostagem. O material inorgânico é le-
vado ao galpão de reciclagem e depois ao galpão de enfardamento
para comercialização.
Registra-se que a correia
transportadora em loca-
lidades já instaladas teve
problemas principalmente
relacionados à manutenção
e custo, chegando à desa-
tivação. Por isso sugere-se
passar diretamente à mesa
de triagem.
Recepção do lixo
Reciclagem ou catação
Trituração
Depósito de reciclados
Galpão
Pátio de compostagem e peneiramento
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
53
FIGURA 4 - HORTA
COMUNITÁRIA
– ESCOLA BARÃO DE
CAMARGOS (FEBEM)
OURO PRETO-MG
As atividades são previstas na seguinte ordem operacional:
1º - Descarga do lixo na tremonha (rampa );
2º - Alimentação da correia;
3º - Separação do lixo em: papel papelão, plástico duro, plástico fino,
latas de ferro, de alumínio, vidros, borracha, madeiras, couro, trapos,
louças, matéria orgânica, metais diversos, rejeitos (aterro sanitário);
4º - Transporte da correia para as prensas – será feito em carrinhos
metálicos, com rodas de pneu, com volume de 250 litros. A matéria
orgânica será descarregada numa tremonha do moinho triturador e
daí para o pátio através de caminhão basculante com carregamento
por pá mecânica;
5° - Prensas hidráulicas:
horizontal: para metais,
vertical: para papéis, papelões, plásticos e similares; e
6º - Incinerador: para efetuar a incineração do lixo hospitalar.
Resultados e Discussões
O lixo do Brasil é considerado um lixo rico, uma vez que apre-
senta um alto teor de matéria orgânica. A matéria-prima essencial à
compostagem é soterrada na maioria dos municípios brasileiros, per-
dendo-se materiais ricos, com alto custo econômicos e ambientais. A
compostagem é o processo de transformação de materiais grosseiros
em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura.
Nessa Usina o sistema de compostagem proposto é aeróbico, pois esse
processo é mais rápido e não exala odores desagradáveis ou líquidos agres-
sivos. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é
feito, maior será a variedade de nutrientes que poderão suprir as plantas.
Preparar o composto de forma correta significa proporcionar
condições favoráveis de desenvolvimento aos organismos respon-
sáveis pela degradação. A seguir são apresentadas as etapas indis-
pensáveis para a obtenção do adubo orgânico: são a separação do
lixo úmido, a formação das leiras de compostagem, o tratamento do
composto, a maturação na compostagem e a produção de rejeito. A
área de compostagem prevê retenção dos produtos no período entre
90 a 120 dias.
Em Ouro Preto, pesquisou-se possível destinação para o adubo
orgânico. Descobriram-se ótimas possibilidades, como a horta comu-
nitária da Febem e os hortos botânicos, exemplos de qualidade vida.
Local para Instalação da Unidade de Tratamento de Resíduos
As vantagens de se aproveitar o local atualmente usado para depo-
sição do lixo são inúmeras, entre elas a ausência de impacto ambien-
tal; o aproveitamento da área; a existência do afastamento recomen-
dado de corrente permanente de água (córregos e rios) e de locais
urbanizados; a urbanização do local, atualmente degradado; destina-
ção prévia para receber aterro sanitário (projeto de 1985), conforme
figura 3; e a existência de barreira verde, eucaliptos (figura 3).
Citam-se as desvantagens da necessidade de consumo de energia
e bomba para recalque de água; o acesso, necessitando de tratamento
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
54
da pista de rolamento e drenagem; do ângulo muito acentuado da
saída do asfalto (Estrada Real), dificultando manobra de caminhão
e veículos maiores.
A Unidade de Tratamento de Resíduos dentro da Gestão
Integrada no Município.
A unidade de tratamento de resíduos em Ouro Preto não pode,
como em qualquer município, ser uma proposta isolada. Urge uma
visão integrada desde a parte administrativa (fundamental), pas-
sando pela coleta do lixo até a capina de rua (REZENDE, 1999).
Tem-se de pensar no todo para se solucionar efetivamente o pro-
blema dos resíduos sólidos. A legislação ambiental impõe-se pela
força e determina as diretrizes dessa gestão: a necessidade do aterro
sanitário, a avaliação de impactos ambientais, etc.
No entanto, pode-se encarar a Unidade de Tratamento de Resí-
duos como um empreendimento rentável financeiramente, uma vez
que a receita das vendas dos materiais potencialmente recicláveis e
do composto orgânico permite o autofinanciamento da Unidade,
além da geração de receitas adicionais.
De acordo com o levantamento de custos pelo professor de Enge-
nharia de Produção na Universidade Federal de Ouro Preto, Sebastião
Nepomuceno, esse empreendimento no município de Ouro Preto se
tornaria auto-sustentável no período de 6 meses (com a prática da
moagem de vidro) e 15 meses (sem a prática da moagem de vidro).
Além disso, a preocupação com a destinação dos resíduos sóli-
dos deixou de ser uma questão somente ambiental, passando a ser
uma preocupação social, eivada de responsabilidades e de compro-
metimento cidadão. É prioridade governamental incentivar o país a
preservar continuamente o meio ambiente.
A pesquisa também levantou dados sobre alguns incentivos fis-
cais oferecidos aos municípios para que tais medidas tomem cunho
efetivamente prático (ICMS ecológico). A Unidade de Tratamento
contribuirá para a melhoria da sociedade através de uma cooperati-
va, garantindo a geração de empregos diretos aos catadores de lixo
de rua e do lixão; além disso, possibilitará a união e organização da
força trabalhista mais desprestigiada e incentivará a comunidade no
exercício da cidadania.
Conclusão
Ratifica-se a pertinência de uma Usina de Tratamento de Re-
síduos Sólidos Urbanos dentro da gestão de um município e en-
fatiza-se a necessidade da redução, da reutilização e da reciclagem
uma vez que, atualmente, essas alternativas seriam a resposta mais
eficaz para a sustentabilidade do planeta.
Referências
GONÇALVES, P. Dicas nº 109. 1998. Site Coleta Seletiva /Curitiba.
OLETO,M.L.; VIENA, A . Lixo Municipal – IPT e Cempre. São Paulo: Editora Páginas e Letras. 2000.
REZENDE, R. A. Diagnóstico do Serviço de Limpeza Pública de Ouro Preto - Proposições de Alternativas e Estudos
de Replicabilidadade. Belo Horizonte: Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia da UFMG,1999.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
55
Transferência de Tecnologia: Trabalhos de
Diplomação como Mecanismo de Interação
Entre Universidade e Empresa
HRUSCHKA, Janete; KOVALESKI, João Luiz;
SILVA, Sérgio Augusto O. da
Universidade Federal Tecnológica do Paraná
Campus Cornélio Procópio
Palavras-chave: Transferência de Tecnologia, Relação Universidade-Empresa,
Trabalhos de Diplomação.
Janete Hruschka é mestranda em Engenharia
de Produção (Universidade Federal Tecnológica
do Paraná, Campus Ponta Grossa; linha de
pesquisa: Gestão do Conhecimento e Inovação
– Transferência de Tecnologia.
Introdução
O avanço tecnológico conduz a novos contornos educacio-
nais e a educação tecnológica se insere nesse contexto de ino-
vações nos seus aspectos específicos de formação, com uma
visão mais ampla de profissionalização voltada para as tec-
nologias, sempre flexível, a fim de se adaptar adequadamente
aos momentos tecnológicos, buscando formar profissionais
capazes de formular e resolver problemas, modelar situações e
analisar de forma crítica os resultados obtidos.
As instituições de ensino devem oportunizar aos educan-
dos não só a transmissão de conhecimentos, mas também
promover o desenvolvimento intelectual e social, estimulan-
do a criatividade e a capacidade de aprender de forma cons-
tante e autônoma, acompanhando as mudanças da sociedade,
possibilitando assim a sua laborabilidade.
Os resultados e aplicações de tecnologias residem nos
valores subjacentes à ordenação social, que geram forças
e práticas capazes de recriar a realidade. Hoje mais do
que nunca estão nas pautas de preocupações os ambien-
tes escolares. Segundo Bastos (1991), as instituições de
ensino devem educar mais pelo ambiente, reunindo com-
portamento, atitudes, práticas e conteúdos programáti-
cos, surgindo uma nova relação professor/aluno, marcada
pela relação de trabalho coletivo e participativo. Juntos,
professores e alunos podem superar a dicotomia entre os
teóricos que criam e os outros que aplicam, buscando a vi-
RESUMO
As novas estruturas produtivas e tecnológicas, a mundialização da eco-
nomia e a competição em torno dos grandes mercados nas últimas déca-
das têm levado a um desenvolvimento científico e tecnológico bastante
acentuado. Estratégias de inovação e transferência de tecnologia entre
empresas e instituições de ensino através de mecanismos de interação
estão sendo utilizadas de forma a implementar novas tecnologias. Neste
trabalho analisam-se os resultados dos trabalhos de diplomação (TD)
desenvolvidos em parceria com empresas visando melhorias em proces-
sos, produtos ou serviços. Os reultados foram obtidos por meio de pes-
quisa com supervisores de TD nas empresas onde os projetos foram
desenvolvidos.
Fotos: Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
56
são de conjunto das tendências tecnológicas, que elimina
a fragmentação da aprendizagem.
Não se pode pensar tecnologia somente como resultado e pro-
duto, mas como concepção e criação; e assim são necessários não
somente indivíduos capacitados para concebê-la, mas, sobretudo,
a educação para prepará-los.
A presente proposta visa à aproximação da escola com o
setor produtivo, através da união de interesses e competên-
cias, sendo o estudante o elo de ligação entre o corpo docente
da instituição de ensino e a tecnologia praticada pela empre-
sa. Novas tecnologia produzem ferramentas e máquinas mais
modernas e eficazes.
Inovação Tecnológica
Segundo Perussi Filho (2001), a geração e a sistematiza-
ção do conhecimento desempenham um papel mais impor-
tante que outras formas tangíveis de fatores de produção: “o
desenvolvimento tecnológico e principalmente a inovação,
incorporados ao processo produtivo e/ou aos produtos, são
essenciais para a manutenção da competitividade da empresa”.
Para Barbieri (1990), num processo de mudança de determi-
nada tecnologia é possível distinguir a inovação principal das
inovações secundárias:
Os ambientes inovadores são a principal fonte de conhecimento organi-
zacional. Para o sucesso de organização é preciso que o conhecimento re-
levante (produtos, modelos, processo), sofra recorrentes transformações
entre o conhecimento tácito e explícito, atinja o nível organizacional e se
integre às rotinas e processos da empresa (Perini 2002).
Para Lima (2004), a inovação tecnológica é um processo
dinâmico no qual todos os envolvidos (pesquisadores, enge-
nheiros, produtores, etc.) aprendem e, através das experiên-
cias, introduzem modificações em produtos e processos, numa
contínua aprendizagem em toda a complexidade do sistema de
inovação.
Inovação de Processo Tecnológico
Segundo a OSD (1997/2004) uma inovação de produ-
tos e processos tecnológicos compreende implantação de
produtos e processos tecnologicamente novos ou que apre-
sentem substanciais melhorias tecnológicas em produtos e
processos. A inovação é considerada implantada se tiver sido
introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada
no processo de produção (inovação de processo) e envolver
uma série de atividades científicas, tecnológicas, organiza-
cionais, financeiras e comerciais, inclusive investimento em
novo conhecimento, que de fato levam, ou pretendem levar,
à implantação de produtos ou processos tecnologicamente
aprimorados.
Tipos de Inovação
Segundo Reis (2004), a inovação incremental ocorre quan-
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
57
do é feita a introdução de qualquer tipo de melhoria em um
produto, processo ou organização da produção dentro de uma
empresa, sem alteração na estrutura industrial, mas com “o
aperfeiçoamento de produtos ou métodos de fabricação que
resultam em melhores acabamentos, melhor qualidade, fun-
cionalidade acrescida”.
A assimilação de modernas tecnologias, que estão cada
dia mais complexas, para Saenz e Capote (2002), não é um
processo passivo, e também não é conseguido apenas com
o treinamento do pessoal em empresas similares em outros
países. É necessário preparar pessoal baseada no conheci-
mento e domínio em profundidade das leis e princípios
básicos que sustentem as tecnologias e dos requisitos de
disciplina tecnológica.
Transferência de Tecnologia
O termo transferência de tecnologia possui várias defini-
ções, de acordo com o conteúdo e a finalidade das informações
tecnológicas que estão sendo analisadas, segundo Valeriano
(1998, apud Lima , 2004). Em um sentido estrito, a transfe-
rência de tecnologia ou de fornecimento de tecnologia, envol-
ve a transferência de dados técnicos de engenharia do processo
ou do produto, a metodologia do desenvolvimento tecnoló-
gico usada para sua obtenção. Matos (2002) caracteriza as
etapas da transferência de tecnologia: a absorção, a adaptação,
o aperfeiçoamento, a inovação e a difusão dos conhecimentos
envolvidos. Para Barbieri (1990), “um importante elemento
que contribui para o desenvolvimento de novas tecnologias é
a transferência de tecnologia, entendida como um processo de
assimilação dos conhecimentos produzidos em uma empresa
por parte de outra”.
A busca constante por estar tecnologicamente atualiza-
do tem determinado uma relação entre os que desenvolvem
ou detêm a tecnologia com os que vão utilizá-la (BRASIL,
1994). Esse processo tem sido denominado de transferência
de tecnologia. O conhecimento passa a ser o principal fator
de inovação, e recurso importante para a competitividade das
empresas. Assim aparece nas empresas a necessidade da práti-
ca de transferência de tecnologia, sendo uma das fontes para
adquiri-la a cooperação universidade–empresa.
As dificuldades no processo de transferência de tecnologia,
para Lima (2004), existem tanto entre países quanto nos ca-
sos de transferência da tecnologia entre as universidades, ins-
titutos e empresas. Esses fracassos ocorrem na transferência,
visivelmente, quando a empresa não tem pessoal qualificado
suficientemente para operacionalizar a tecnologia no processo
produtivo ou quando há dificuldade na transmissão entre os
produtores e os receptores da tecnologia, normalmente em
face das diferenças de ambiente.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
58
Relação Universidade-Empresa
Para Segatto-Mendes (2001),
a cooperação universidade-empresa representa um instrumento de pesquisa co-
operativa entre instituições empresariais públicas e privadas com instituições de
pesquisa e universidades, num esforço coletivo no sentido de desenvolver novos
conhecimentos tecnológicos que servirão para ampliação dos conhecimentos
científicos e para desenvolvimento e aprimoramento de novos produtos.
Tradicionalmente, o relacionamento universidade–empresa con-
sistia em aproveitar os recursos humanos qualificados. Esse proces-
so está sendo modificado e passando à agregação de novos conheci-
mento e tecnologias ao setor produtivo.
Para Perussi Filho (2001), um mecanismo de interação que tem
sido usado por empresas é a cooperação com universidades e centros
de pesquisas para produção de inovação na área de Pesquisa e De-
senvolvimento (P&D). Esse mecanismo de cooperação possibilita às
empresas criarem um sistema mais ágil e eficaz voltado para a inova-
ção tecnológica e a criação de vantagem competitiva. De acordo com
Segatto-Mendes (2001), as relações de interação entre universidade
e empresa facilitam e melhoram a difusão e transferência de novos
conhecimentos e, quando bem sucedidas, podem levar à criação de em-
pregos e aumento de renda. Para Fiori (2000), “a integração Universi-
dade/Empresa tem um papel decisivo no processo de estimular ações e
mecanismos de acesso às informações tecnológicas que ensejarão uma
progressiva transformação e melhorias na produção com base no de-
senvolvimento sustentável”. O aprendizado interativo leva à compe-
tência e criatividade para gerir problemas e soluções.
Trabalho de Diplomação/Trabalho de Conclusão de Curso
Trabalhos de Diplomação (TD) ou Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC) são alternativas de desenvolvimento de trabalhos, vi-
sando melhor aproveitamento dos conhecimentos adquiridos duran-
te a graduação, como a aplicação direta nas empresas ou em razões de
necessidade do setor empresarial, visando à aproximação da Escola
com o setor produtivo. Com a união de interesses e competências,
buscando a resolução de problemas existentes no setor produtivo e
na sociedade, o TD deve ter características inerentes da academia e
do mercado de trabalho no qual o aluno estará entrando.
Segundo Ugaya (2004), a sistemática do ensino por projeto
para realização de TCC é única, em propiciando ao aluno desenvol-
ver e aplicar conhecimentos, habilidades e técnicas. Num projeto,
o aluno precisa processar conhecimentos, negociar e reportar re-
sultados; demonstrar quais são as capacidades fundamentais para o
bom exercício da profissão. O Projeto de Final de Curso (PFC) é
considerado uma das disciplinas mais importantes do curso e tem
obtido resultados muito bons, inclusive com a geração de patentes
de produtos desenvolvidos dentro da disciplina.
De acordo com Silva et al (2004), um ponto que merece ser des-
tacado é o fato de se exigir que os trabalhos de conclusão de curso
sejam realizados em equipes, o que contribui na preparação para as
atividades profissionais que serão exercidas pelos alunos, uma vez
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
59
que quando estiverem desenvolvendo suas atividades profissionais
normalmente estarão trabalhando em equipes. Para Paiva (2004),
“o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é uma oportunidade
para os estudantes do último ano do curso de Engenharia integra-
rem seus conhecimentos em uma pesquisa bibliográfica e na apre-
sentação da solução prática de um problema de Engenharia”.
Para Duque (2004), “os temas para trabalhos de conclusão de
curso advindos de questões da prática do dia-a-dia na produção têm
sido um pouco melhor oportunizados como temas para estudos
acadêmicos sob orientação de professores”. Os projetos de pesquisa
estão voltados para demanda das questões tecnológicas presentes no
dia-a-dia do setor produtivo.
Hruschka et al (2004), analisando os projetos de Trabalho de
Diplomação, concluíram que o disposto tanto no projeto de curso
quanto no regulamento de Trabalho de Diplomação vem sendo cum-
pridos e de forma mais acentuada no que se refere à busca de resolu-
ção de problemas, integrando os conhecimentos adquiridos ao longo
do curso com as necessidades do setor produtivo e sociedade.
Metodologia
Essa pesquisa foi realizada em uma empresa da região norte do
Paraná e consiste em determinar nos Trabalhos de Diplomação dos
Cursos Superiores de Tecnologia do Cefet/PR, Unidade de Cornélio
Procópio, se a transferência de conhecimento e saberes na área de en-
sino tecnológico tem sido significativamente direcionado para a pos-
sibilidade de construção de conhecimento na formação profissional.
Um estudo exploratório desse material objetiva oferecer perfil dos
Cursos Superiores de Tecnologia (CST) e de formação profissional,
por meio de verificação histórica dos cursos, tendências dos traba-
lhos, concentrações de desenvolvimento dentro de empresas, relações
institucionais de parceria universidade–empresa, compromisso com
a formação acadêmica e relações com o mercado profissional.
Alguns questionamentos motivaram e levaram à reflexão sobre
o desenvolvimento de TD ou TCC em parceria com as empresas,
podendo destacar-se:
- Os projetos desenvolvidos apresentam utilidade prática dentro
da empresa?
- Os projetos desenvolvidos junto às empresas apresentam algum
tipo de inovação tecnológica?
A metodologia utilizada foi a pesquisa estruturada aplicada, aos su-
pervisores dos TD nas empresas, e pesquisa documental, verificando o
Projeto do Curso, o Regulamento de Trabalho de Diplomação do Ce-
fet/PR, onde os projetos foram desenvolvidos. Foram analisados todos
os regulamentos, e as respostas dos supervisores das empresas.
Resultados e Discussão
Foram realizadas dez entrevistas direcionadas aos supervisores
de TD nas empresas. Os supervisores foram selecionados de acordo
com projetos desenvovidos num período de um ano, verificados na
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
60
Conclusão
No estudo em questão pôde-se verificar que as respostas apontam
para a viabilidade de parceria entre instituições de ensino e empresas,
buscando juntas a resolução de problemas existentes no setor pro-
dutivo através de desenvolvimento de TD, pois através de esforços
coletivos inovações incrementais podem implantadas, visando me-
lhorias de processos, produtos ou serviços.
Os gráficos 2 e 3, mostram o aperfeiçoamento e utilidade prática
dos projetos desenvolvidos.
GRÁFICO 3 - O desenvolvimento de TD na empresa
apresentou utilidade prática, viabilizando a melhoria
de algum processo, produdo ou serviço, proporcionado
aumento da efi ciência na produção, gerando uniformi-
dade de produção, redução de custos e de desperdícios
GRÁFICO 2 - O desenvolvimento de TD na
empresa envolve as pessoas dos setoresonde estão
sendo desenvolvidos no sentido de buscar, de
forma constante e sistemática, o aperfeiçoamen-
to dos produtos e processos?
GRÁFICO 1 - VISÃO DOS SUPERVISORES DE TD NA EMPRESA
Fonte: Dados da pesquisa/2004
Instituição de Ensino, num total de 15 projetos desenvolvidos em
parceria com empresas, e envolvendo 22 alunos.
O gráfico abaixo mostra as respostas. No eixo das abcissas en-
contram-se os de TD desenvolvidos, tem-se no gráfico as respostas
obtidas para cada pergunta. No eixo das ordenadas na questão 1,
com 5 subitens, foi considerado a freqüência com que o evento
questionado ocorre, Totalmente; Parcialmente; Nunca. Nas ques-
tões 2 com as seguintes considerações: Grande; Médio; Pequeno.
No gráfico 1 a seguir, as 5 primeiras questões mostram os re-
sultados dos subitens da questão 1, sobre o que o(s) aluno(s), ao
longo do desenvolvimento do projeto de Trabalho de Diplomação
junto à empresa, conseguiu/conseguiram. As respostas da empresa,
mostram que estão sendo cumpridos os objetivos tanto dos proje-
tos dos cursos, quanto do Regulamento de Trabalho de Diploma-
ção para os CST:
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
61
Referências
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Tecnologia
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- World Congress on Engineering and Technology Education, 14 a 17 de março de 2004. (CD-ROM)
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MATOS, E. A S. A. de. O Processo de Transferência de Tecnologia Entre Universidade-Empresa: Uma Proposta de
Metodologia de Negociação. Curitiba, Dissertação (Mestrado em Tecnologia) – Programa de Pós-Graduação em Tecnolo-
gia, Cefet-PR, Unidade de Curitiba.
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de Ensino de Engenharia
Brasília, 2004. (CD-ROM).
Apesar de todos os projetos serem voltados para o aperfeiçoa-
mento dos produtos/processos, observamos que duas respostas co-
locam que não são consideradas inovações tecnológicas, enquanto
os outros respondentes indicaram que todos podem ser considera-
dos. Praticamente todos os projetos implementados estimularam a
construção do conhecimento coletivo. Houve compartilhamento de
conhecimento, indicando a transferência de conhecimento entre as
pessoas que participaram do desenvolvimento do projeto, viabiliza-
ram melhorias de processos ou produtos, aumentando a eficiência
na produção, reduzindo custos e desperdícios.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
62
O Ensino de Empreendedorismo
em Cursos Técnicos
SALVE, Guilherme B.
Escola Técnica Federal de Palmas /TO
Palavras-chave: Ensino de Empreendedorismo, Estratégias, Experiências,
Gestão de Negócios.
Os projetos dos cursos técnicos em Edificações e Informática da
ETF de Palmas contemplam competências e habilidades relacionadas ao
processo e comportamento empreendedor. O enfoque das competências
é dado ao comportamento empreendedor, às oportunidades de negócio e
ao desenvolvimento de Planos ou Projetos de Negócios (PN).
No momento em que assumiu o componente curricular deno-
minado Empreendedorismo, o professor verificou que os projetos
dos cursos eram consistentes e adequados ao aprendizado de em-
preendedorismo. A partir dessa avaliação, iniciou-se outra fase: a de
encontrar estratégias adequadas ao ensino de empreendedorismo nos
Cursos Técnicos em Informática e Edificações, além do entendimen-
to dos setores de negócio da construção civil e informática.
As estratégias de ensino são caminhos adotados para que os estu-
dantes desenvolvam habilidade e competência necessária à pratica do
empreendedorismo, propostas no projeto do curso e plano de ensi-
no. Sendo a estratégia um caminho a ser seguido, geralmente existem
muitas alternativas, em especial, para o ensino da componente supra-
citada, que não é simplesmente teórica, mas evidentemente prática.
Cada professor adota o caminho que melhor se adapta às suas neces-
sidades e que se relaciona diretamente com a forma de compreender
aquela área do conhecimento, o setor produtivo e a rede de relaciona-
mentos existentes, além dos recursos de ensino disponíveis.
Em relação ao ensino do empreendedorismo, Malheiros (2005)
salienta que,
é necessário adotar metodologias próprias, diferentes das adotadas para o ensino
convencional. Assim, é necessária uma abordagem andragógica e fundamentada no
“aprender fazendo”, que utilize técnicas como oficinas, modelagem, estudos de caso,
metáforas e dinâmicas. Por isso, também o professor precisa se reconfigurar, tornan-
do-se muito mais um incentivador e condutor de atividades do que alguém que dita
procedimentos padrões. É necessário que também o professor seja empreendedor.
Ensinar empreendedorismo em cursos técnicos depende de uma
estratégia adequada, pois existem especificidades para essa modalida-
de de ensino. Ensinar empreendedorismo em um curso de graduação
em gestão, por exemplo, é bastante diferente se comparado ao ensino
em cursos técnicos de outras áreas que não a de administração. Em
primeiro lugar, o foco principal do projeto dos cursos de Informática
e de Edificações não é o desenvolvimento de habilidades de gestão e
empreendedoras e sim habilidades técnicas e científicas. Outra dife-
rença é a bagagem gerencial significativa adquirida pelos estudantes
ao longo do curso de graduação em gestão, o que não ocorre em
cursos técnicos. O terceiro ponto é a necessidade de o curso técnico
estar voltado para o mundo do trabalho muito mais do que o bacha-
Guilherme B. Salve é mestre em
Extensão Rural pela Universi-
dade Federal de Santa Maria
(UFSM). Ensina e pesquisa nas
áreas de Empreendedorismo e
Tecnologia da Informação (TI).
Pesquisador associado à Rede
Norte/Nordeste de Educação
Tecnológica (REDENET).
Os Projetos dos Cursos podem
ser encontrados no Cadastro
Nacional de Cursos Técnicos
(CNCT). <http://siep.inep.gov.
br/siep/owa/consulta.inicio>.
Ressalta-se que a primeira
versão do projeto foi elaborada
pela equipe de profissionais do
Cefet/PR (UFTPR).
Divulgação ETF Palmas
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
63
relado, o que demanda um enfoque mais prático do que teórico.
Assim, as especificidades dos cursos técnicos devem ser consideradas
para que ocorra o desenvolvimento adequado das competências empre-
endedoras. Em busca de aproveitar as oportunidades e vencer os desa-
fios, em julho de 2003, propôs-se o projeto intitulado “Desenvolvimento
da metodologia de ensino e aprendizagem das componentes de gestão
e empreendedorismo ministradas na ETF – Palmas”, que foi aprovado
nas instâncias legais e necessárias para o seu desenvolvimento. O Projeto
visava em primeiro lugar, aprimorar o material de estudo e ensino de em-
preendedorismo, haja vista que a ETF Palmas iniciava suas atividades e
ainda não havia tido tempo hábil para tal realização.
Após dois anos de trabalho que envolveu os estudantes, professores
e técnicos administrativos, os resultados apareceram. O primeiro lugar
onde se observou a melhoria foi na biblioteca. No início do ano de 2003,
contava-se com dois livros e oito exemplares com títulos diretamente re-
lacionados ao empreendedorismo. Hoje, a biblioteca conta com 13 títu-
los de livros e 52 exemplares úteis para essa área do conhecimento, além
do acervo de gestão que está diretamente relacionado ao tema.
Outro avanço significativo se deu com a criação da biblioteca virtu-
al da ETF Palmas. Uma solução simples que propicia o acesso vinte e
quatro horas por dia ao banco de dados criado pelo professor. No ende-
reço http://lab.etfto.gov.br/~bizarro/empreendedorismo/ os estudantes
podem acessar o site (sítio) da componente curricular “empreendedo-
rismo”. Atualmente existe cerca de trinta arquivos disponibilizados. Os
principais são os textos em formato eletrônico provenientes das mais
variadas fontes, em especial da rede mundial de computadores. Também
se encontram disponibilizados os slides criados e editados no aplicativo
Microsoft Power Point® que versa sobre cada aula ministrada.
Outro recurso importante é a utilização de vídeos que abordam temas
de empreendedorismo. Os documentários visuais são imprescindíveis, pois
tratam ao mesmo tempo do comportamento empreendedor e das técnicas
de elaboração de PN, com riqueza de detalhes motivante para os estudan-
tes. Uma fonte importante de vídeos é o programa Negócios e Soluções
produzido pelo Sebrae/SP. Fruto de uma parceria entre o Sebrae/SP e a TV
Cultura, o programa é uma conversa com o proprietário de uma pequena
empresa, mostrando as conquistas e os problemas na condução dos negó-
cios. Na ETF dispõe-se de projetor de slides que pode ser conectado a um
computador e assim executar os vídeos a partir do site http://www.sebraesp.
com.br/topo/produtos/programas/negócios_e_soluções/. Os programas
versam sobre temas importantes tais como: início de um novo negócio,
plano de negócio, pesquisa de mercado, entre outros.
A metodologia de ensino, como dito anteriormente, busca integrar
o comportamento empreendedor, a identificação e aproveitamento de
oportunidades e o desenvolvimento de Projetos de Negócios. Os PN são
instrumentos essenciais para o sucesso dos negócios, por isso os estu-
dantes são incentivados a arquitetar um Projeto de Negócios como parte
significativa do aprendizado e avaliação.
No início do curso são formadas diversas equipes para desenvol-
vimento dos PN. Cada equipe deve possuir de três a cinco pessoas
O bacharelado não é totalmente
voltado ao mundo do trabalho,
entretanto é recomendável dar
significado prático ao ensino de
empreendedorismo.
O projeto pode ser encontrado
em <http://lab.etfto.gov.
br/~bizarro>. O projeto foi
desenvolvido como parte da exi-
gência para trabalhar no regime
de Dedicação Exclusiva (DE).
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
64
de acordo com as orientações do Prêmio Técnico Empreendedor. Os
estudantes são estimulados a participar do Prêmio como forma de
inserção em um sistema competitivo e comparativo, que incentiva os
estudantes através de premiações e reconhecimento. Segundo MEC/
Sebrae (2004), o Prêmio Técnico objetiva,
Estimular, reconhecer, premiar e divulgar as atividades de empreendedorismo de-
senvolvidas pelos alunos dos cursos técnicos das Instituições Federais de Educa-
ção Tecnológica – IFET’s e dos Centros de Educação Profissional atendidos pelo
PROEP. Essas práticas empreendedoras caracterizam-se como soluções técnicas e
tecnológicas com viabilidade de se transformar em “negócio” pelos alunos, apre-
sentadas por um Projeto, sob a orientação dos professores, e que comprovada-
mente contribuam com o processo de desenvolvimento sócio-econômico de suas
comunidades.
No ano de 2004 a ETF Palmas participou do concurso com seis pro-
jetos. Ressalta-se que esses foram os únicos projetos apresentados pelo
universo de organizações de ensino atuantes no Estado do Tocantins.
Na etapa regional ocorrida no final do ano de 2004, dois dos seis PN
foram classificados entre os três melhores da Região 1, que era composta
pelas (IFET) e Centros localizados nos Estados do Maranhão, Tocan-
tins, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Acre.
O primeiro PN foi elaborado pela equipe denominada <[email protected]>
e tratava da constituição de uma empresa no setor de compras virtuais, que
pretende facilitar e agilizar as compras domésticas, disponibilizando um
serviço para efetuação dessas compras via Internet. O segundo PN foi ela-
borado pela equipe chamada Freecom.SA, e objetivava formar uma empre-
sa localizada na região central de Palmas, no setor de comércio varejista do
ramo de informática, vendendo computadores, componentes, periféricos,
softwares e jogos para PC. Além disso, a organização prestará assistência
técnica em todos os tipos de equipamentos da área de informática.
As estratégias de ensino e os recursos disponibilizados aos estudantes
foram essenciais em direção a esse sucesso. No sentido de uma melhoria
no processo de ensino e aprendizagem, recomenda-se proporcionar con-
dições para que ocorra a continuidade do processo empreendedor, e em
uma etapa avançada, até a implantação mesma dos PN elaborados pelos
estudantes, pois algumas equipes demonstram potencial e aptidão para
dar continuidade a esse processo. Nesse sentido, como propulsor da pri-
meira etapa do processo empreendedor, o Prêmio Técnico é importante,
porque possibilita reconhecimento aos estudantes e demonstra para os
mesmos que o desenvolvimento dos PN, apesar de ser uma atividade in-
tensa e cheia de obstáculos, é gratificante e significativa.
Na fase de implantação dos PN poder-se-á proporcionar incentivo na
criação de um hotel tecnológico ou de uma incubadora de empresas na ETF.
Outro caminho recomendável é a apresentação dos PN às incubadoras já
existentes na região. Em grande medida, o estímulo ao ensino do empreen-
dedorismo está colocado para a ETF Palmas e todas as organizações preo-
cupadas com o desenvolvimento socioeconômico e a inovação tecnológica.
Referências
MALHEIROS, R. DE C. DA C. Um mundo de idéias e oportunidades. Portal do Empre-
endedor. Entrevista concedida a Lúcio Lambranho. Disponível em <http://www.empreende-
dor.com.br/ler.php?cod=284> Acessado em: 06 de agosto de 2005.
MEC/SEBRAE - EDITAL 01/2004. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/semtec/
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
65
RedeFederal/tecempreend.shtm>. Acessado em: 05 de agosto de 2005.
RESUMOS ESTENDIDOS,
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
& PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Resumos Estendidos,
Relatos de Experiência
& Práticas Pedagógicas
Resumos Estendidos,
Relatos de Experiência
& Práticas Pedagógicas
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
66
Implantação de Sistema de Gestão da
Qualidade em Alambiques de Cachaça Mineira
GUIMARÃES, Angela M. F.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
A metodologia pedagógica do Curso Superior de Tecnologia em
Normalização e Qualidade Industrial (TNQI) do Cefet/MG, como
forma de incrementar a multidisciplinaridade, propicia e incentiva
a utilização de atividades didáticas extraclasses, tais como traba-
lhos de aplicação realizados no contexto das atividades profissio-
nais, promovendo também a integração escola/empresa. Esse tipo
de atividade vem sendo utilizado rotineiramente em várias discipli-
nas. Seja exemplo o trabalho de um grupo de alunos da disciplina
Processos Industriais, no decorrer do ano de 2002. Sob a orienta-
ção da profª. Ângela de Mello Ferreira Guimarães, esse grupo de-
senvolveu trabalho prático em um alambique de cachaça artesanal,
no município de Belo Vale, Minas Gerais. O trabalho teve como
objetivo inicial a elaboração de um plano de controle do processo
de produção da cachaça e chamou a atenção do presidente da Co-
mec — Associação das Empresas Exportadoras de Cachaça, também
proprietário do alambique visitado. A partir dessa experiência bem
sucedida surgiu a idéia, por parte do grupo do Cefet/MG e dos
associados da Comec, de elaborar um projeto e firmar um convê-
nio de parceria técnica para que o trabalho tivesse continuidade e
fosse expandido para todos os alambiques associados, já que havia
interesse em produzir um blend para exportação a partir das várias
marcas de cachaça produzidas pela Comec. Com o apoio da coorde-
nação do curso de TNQI foi elaborado um projeto, financiado com
recursos da Agência de Promoção das Exportações (Apex), através
da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), dentro do Programa
Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDAC).
O projeto foi desenvolvido durante nove meses, no ano de
2002, coordenado pela Professora Ângela de Mello Ferreira Gui-
marães. Contou com a participação dos alunos do TNQI Silvâ-
nia Nascimento Divino, Marcelo M. Braga, Wander S. Luz, Selma
Araújo Pedrosa Fernandes, Pedro Soares dos Santos; da coorde-
nação do curso; e de alguns consultores contratados externos ao
Cefet/MG. Foi um projeto piloto, de caráter pioneiro, em que os
alunos puderam utilizar as técnicas de gerenciamento, trabalha-
das em sala de aula, para elaborar um plano de controle para o
processo de fabricação da cachaça dos alambiques participantes.
A implantação do projeto visou a padronização do processo de fa-
bricação desde o plantio da cana-de-açúcar até o engarrafamento,
passando pela diminuição do desperdício da matéria-prima, pelo
controle da qualidade do processo e do produto; pelo reaproveita-
mento dos resíduos e subprodutos; e pela criação de critérios de
aceitação para alguns itens de qualidade do produto e processo de
Moagem da cana
Engarrafamento
Canavial
Fotos: Divulgação Cefet/MG
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
67
fabricação da cachaça. Cumpre salientar que o tradicional proces-
so artesanal que confere à cachaça mineira um sabor especial que a
diferencia da cachaça produzida pelo processo industrial de gran-
de escala não foi descaracterizado. Além disso, o projeto objetivou
também a melhoria do nível de capacitação do pessoal envolvido
com o processo de fabricação, através de cursos, reuniões progra-
madas e visitas técnicas feitas pelos alunos e pela coordenadora do
projeto. Consultores externos, da Unicamp e UFLA, foram con-
tratados para treinamento dos fabricantes na área de tecnologia de
fabricação de cachaça de alambique, análise sensorial e produção
de cana-de-açúcar.
Os associados juntamente com os alunos do Curso TNQI do
Cefet/MG definiram a política, missão e visão da Comec, e tam-
bém um planejamento estratégico. A primeira fase dos trabalhos
consistiu na elaboração de um diagnóstico detalhado através de
visitas técnicas envolvendo todos os alambiques associados. Nessa
fase, foi feito o levantamento das condições de trabalho, infra-es-
trutura, controle do processo e do produto, controle de qualidade,
equipamentos, organização, ordenação e treinamento de funcio-
nários. Buscou-se levantar os pontos fortes e os pontos que ne-
cessitavam de melhoria para assegurar a qualidade da cachaça nos
quesitos produtividade, qualidade intrínseca, atendimento, custo,
moral e segurança. Com base nos dados do diagnóstico, foi prepa-
rado um relatório com levantamentos estatísticos e apresentação
de sugestões de melhoria. Para auxiliar os produtores, foram ela-
borados procedimentos, normas, critérios de aceitação, planilhas
de controle e também um manual de boas práticas de fabricação
de cachaça. Todas as unidades envolvidas elaboraram um plano de
ação para corrigir os pontos fracos levantados no diagnóstico.
É bom salientar que essa iniciativa foi pioneira no Estado de
Minas Gerais tem representado um avanço importante e uma que-
bra de paradigma no controle de processos artesanais de fabricação
de cachaça de alambique. Todas as atividades desenvolvidas foram
muito importantes para o crescimento dos alunos, que além de
aplicar as técnicas gerenciais estudadas nas diversas disciplinas do
curso de TNQI, tiveram que desenvolver habilidades para sensibi-
lizar e conscientizar os produtores e funcionários dos alambiques
para a necessidade da padronização e do controle do processo para
assegurar a qualidade do produto, sem, todavia, desvalorizar as
práticas tradicionais.
A implantação desse sistema de qualidade teve uma repercussão
muito importante entre outras associações de fabricantes de ca-
chaça artesanal mineira.
Essa experiência ímpar serviu de motivação para outros grupos
de trabalho da disciplina Processos Industriais, do Curso TNQI
do Cefet/MG, que posteriormente desenvolveram trabalhos seme-
lhantes em setores onde ainda não há tradição de implantação de
sistemas de gestão de qualidade, tais como construção civil, fazen-
das de criação de avestruz, postos de gasolina, dentre outros.
Curso de produção de
cana-de- açúcar
Alambiques de cobre
utilizados para destilar a
cachaça
Dornas de fermentação
do caldo de cana
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
68
Incubadora de Empresas e a Prática Empreendedora
FONSECA, Fernanda C. C.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
As incubadoras de empresas se apresentam, no cenário atu-
al, como um mecanismo de incentivo e estímulo à prática do
empreendedorismo e da inovação. Não obstante essa realidade,
o Cefet/MG está buscando a cada dia ampliar suas ações de
fomento à criação de novos negócios, seja apoiando as ações
da Nascente, sua incubadora de empresas, ou prospectando
novas parcerias através do estreitamento dos laços com o meio
empresarial.
No Cefet/MG, a trajetória de desenvolvimento de uma das
empresas incubadas, a Tecla Automação de Sistemas Ltda., de-
monstra claramente como o papel da incubadora, enquanto
agente indutor de inovações e novos negócios, é importante
e contribui para o crescimento da instituição, seja através das
ações de estímulo à cultura empreendedora ou do aumento no
número de oportunidades disponibilizadas a alunos e profes-
sores para que possam testar os conhecimentos adquiridos, o
que gera bons resultados para a instituição no que tange ao en-
sino e à pesquisa, bem como às suas diversas áreas de atuação.
A Trajetória da Inovação
O projeto que deu origem à principal inovação da Tecla Au-
tomação de Sistemas, um “fatiador de frios automatizado com
balança”, foi concebido a partir da participação dos alunos na
Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações (META) realiza-
da no Cefet/MG no ano de 2000. O grupo de cinco alunos do
curso de eletrônica se organizou, a partir de competências téc-
nicas, para desenvolver um protótipo de balança para apresen-
tação na Mostra. A demonstração do projeto despertou a aten-
ção de integrantes da equipe da incubadora que os abordou e
lançou o desafio para apresentarem uma proposta de inovação
para o processo seletivo do Programa de Pré-Incubação.
A percepção de um dos integrantes da equipe sobre o pro-
blema com o processo de fatiamento e pesagem de frios em
padarias incentivou o grupo a apresentar uma proposta para
desenvolvimento de um fatiador de frios acoplado em uma
balança.
Em fevereiro de 2001 o grupo ingressou na incubadora e
os alunos participaram de uma série de cursos de capacitação
sobre Plano de Negócios, Empreendedorismo e Gestão Em-
presarial, enquanto desenvolviam, em paralelo, a parte técnica
do projeto em parceria com professores do Cefet/MG.
Com a idéia devidamente protegida e um protótipo em vias
de finalização, em janeiro de 2002, o processo de pré-incu-
O Programa de Pré-Incubação visa
apoiar o desenvolvimento de novos
negócios a partir da capacitação
empreendedora e do desenvolvi-
mento técnico/tecnológico de novos
produtos e processos.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
69
bação foi encerrado e a empresa, já constituída, ingressou no
programa de residência da Nascente.
A partir da fase de incubação a empresa passou a desenvolver
novos produtos e serviços. No período correspondente a três
anos, entre 2002 e 2005, a Tecla criou dez novos produtos,
sendo que desses, seis, foram desenvolvidos sob encomenda e,
quatro, para comercialização da própria empresa. A Tecla tam-
bém realiza treinamentos em parceria com o Centro Tecnológi-
co de Eletrônica (Cetel) e desenvolve diversos projetos na área
de eletrônica para pequenas, médias e grandes empresas.
A empresa ainda tem muito espaço para crescer e por isso
busca se aperfeiçoar constantemente, seja participando de cursos
de capacitação tecnológica e de gestão, ou ampliando suas parce-
rias dentro da própria incubadora e com empresas externas.
Hoje, a Tecla Automação de Sistemas é apresentada pela
Nascente como um modelo que representa as possibilidades
existentes no trabalho das incubadoras de empresas, no que
tange à disseminação da cultura empreendedora e ao potencial
dos alunos que se formam em instituições técnicas como os
Cefet. O exemplo da Tecla estimula alunos que, atentos à nova
realidade do mercado de trabalho, buscam não só desenvolver
negócios inovadores como também praticar ações empreen-
dedoras. Muitas instituições já perceberam que o incentivo a
ações dessa natureza pode ser o caminho para disseminação da
cultura de inovação e geração de novos conhecimentos. Nesse
sentido, o apoio da instituição, através da incubadora de em-
presas, tem se apresentado como a alternativa ideal para que
esses alunos testem suas idéias e aprendam com os próprios
erros, para que, em um futuro próximo, transformem projetos
técnicos em verdadeiras inovações de mercado.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
70
CONTATOS
Contatos
ES
LOGÍSTICA DA MANUTENÇÃO:
UMA VANTAGEM COMPETITIVA
José Alexandre de Souza Gadioli
Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo
Av. Vitória, 1729- Jucutuquara
Vitória /ES CEP: 29040-333
Telefone: 27 3331-2100
Fax: 27 3331-2222
Home Page: www.cefetes.br
MA
ÉTICA EMPRESARIAL E PROFISSIONAL
Jairo Ives de Oliveira Pontes
Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão
Av. Getúlio Vargas, 4- Monte Castelo
São Luís /MA CEP: 65025-001
Telefone: 98 218-9002
Fax: 98 218-9001
Home Page: www.cefet-ma.br
MG
IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA
DE GESTÃO DA QUALIDADE
EM ALAMBIQUES DE CACHAÇA MINEIRA
Angela de Mello Ferreira Guimarães
INCUBADORA DE EMPRESAS
E A PRÁTICA EMPREENDEDORA
Fernanda Cristina Costa Fonseca
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Av. Amazonas, 5253- Nova Suíça
Belo Horizonte/MG CEP: 30480-000
Telefone: 31 3319-5006/5007
Fax: 31 3319-5009
Home Page: www.cefetmg.br
UNIDADE DE TRATAMENTO
DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA
PERSPECTIVA DA GESTÃO MUNICIPAL
Neuza Evangelista Pereira Rocha
Luiz A Ávila
Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto
Rua Pandiá Calógeras, 898- Bauxita
Ouro Preto/MG CEP: 35400-000
Telefone: 31 3559-2111 / 3559-2112
Fax:313551-5227
Home Page: www.cefetop.edu.br
PB
O CLIENTE INTERNO COMO
PRINCIPAL PARCEIRO DE UMA ORGANIZAÇÃO
Juliana da Costa Santos
Maria Luiza da Costa Santos
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
Av. 1º de Maio, 720- Jaguaribe
João Pessoa /PB CEP: 58015-905
Telefone: 83 208-3000
Fax: 83 241-1434/ 241-4407/ 241-4293
Home Page: www.cefetpb.edu.br
PR
GESTÃO DA INCUBAÇÃO DE PROJETOS
DE EMPRESAS NO HOTEL TECNOLÓGICO
Márcio Jacometti
Glória Alfredo da Cruz
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA:
TRABALHOS DE DIPLOMAÇÃO COMO
MECANISMO DE INTERAÇÃO ENTRE
UNIVERSIDADE E EMPRESA
Janete Hruschka
João Luiz Kovaleski,
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Sérgio Augusto O. da Silva
Universidade Federal Tecnológica do Paraná
Campus Cornélio Procópio
Av. Alberto Carazzai, 1640- Centro
Cornélio Procópio /PR CEP: 86300-000
Telefone: 43 524-1545
Fax: 43 524-4040
E-mail: [email protected].br
Home Page: www.cp.cefetpr.br
TO
O ENSINO DE EMPREENDEDORISMO
EM CURSOS TÉCNICOS
Guilherme Bizarro Salve
guibs@etfto.gov.br; [email protected]
Escola Técnica Federal de Palmas
AE 310 SUL, AV NS 10, S/N, Centro
Palmas /TO CEP: 77021-090
Telefone: 63 225-1205
Fax: 63 225-1309
E-mail: direcao@etfto.gov.br
Home Page: www.etfto.gov.br
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 10 MAR. 2006
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Foco
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