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ISSN 1809-4694
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EXPEDIENTE
Expediente
Conselho editorial
Ivone Maria Elias Moreyra, Patrícia Barcelos,
Solange Moreira Corrêa, Sonia Ana C. Leszczynski
Coordenação editorial
Cinara Barbosa
Produção Executiva
Cinara Barbosa e Sandra Branchine
Reportagens e Fotografias
Rodrigo Farhat
Revisão
Lunde Braghini
Impressão e Projeto Gráfico
Gráfica e Editora Qualidade
Impresso no Brasil
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos
nos artigos científicos e nos resumos estendidos são de
exclusiva responsabilidade dos autores
2006 Ministério da Educação
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde
que citada a fonte
Série Cadernos Temáticos
Tiragem: 5.000 exemplares
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco L, 4º andar
70047-900 – Brasília/DF
Tel: (61) 2104-8127/9526
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setec@mec.gov.br
www.mec.gov.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Cadernos temáticos / Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. –
N. 6, (nov. 2005). – Brasília : Secretaria de Educação Profissional
e Tecnológica, 2004-.
1. Educação Profissional. 2. Práticas Educativas. 3. Prática Pedagógica.
4. Experiências Pedagógicas.
CDU 377
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Cinara Barbosa
SUMÁRIO
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Reportagens
zA Bahia descobre o licuri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
zEstudantes elaboram novos produtos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
zCurso de paisagismo redireciona vida de profissionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
zEstudantes criam empresas em Ponta Grossa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Artigos
zCatalogação de Espécies da Mata Atlântica
com Propriedades Medicamentosas e Curativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Arão Araújo Gomes, Driele Alves dos Santos
zA Digestibilidade em Ovinos de Dietas Compostas
de Farelo de Melancia Forrageira e Feno de Guandu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Raimundo Luiz Nunes Vaz da Silva, Eliomar Pereira do Socorro
e Gherman Garcia Leal de Araújo
zBiossegurança e Qualidade de Vida em
Atividades Agropecuárias de Produção e Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Bartolomeu Lins de Barros Júnior e Antonio Sousa Silva
zPerfil Sensorial de Cultivares de Café Resistentes à Ferrugem . . . . . . . . . . . 44
Luciana Maria Vieira Lopes Mendonça, Rosemary Gualberto Fonseca Alvarenga Pereira
e Flávio Meira Borém
zO Tomate no Município de Dom Pedro:
Histórico de uma Cultura Agroeconômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
João da Paixão Soares, Maria Raimunda Matos Prado e Adeval Alexandre Cavalcante Neto
zFermentação Alcoólica na Produção de Vinho de Abacaxi . . . . . . . . . . . . . . . 56
Harim Revorêdo de Macedo, Saulo Geordano Silva Duarte, Josenildo Teixeira da Silva
e Juliana Marreiro de Oliveira
zQualidade da Água do Rio Inferninho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Maria Bertília O. Giacomelli, Maria Angélica B. Marin, Abigail Souza, Diogo Barnetche,
José Antonio Rodrigues Barnetche, Walter Lopes Pedro, Daerty Buchmann, Maynara S. de
Freitas, Samuel D. C. de Lima, João Paulo C. de Oliveira, Cândido Rodrigo G. Silva
e Aline Abreu Xavier
Resumos Estendidos, Relatos de Experiência e Práticas Pedagógicas
zArmadilha para Larvas de Mosca Doméstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
José Osvaldo Ribeiro
zAnálise Comparativa da Resistência Mecânica
de Tijolos de Terra Crua (Adobe) e Tijolos de Terra Crua
Estabilizados com Resíduo e Castanha de Caju . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Adeildo Cabral da Silva, Sofia Araújo Lima, Renan Cid Varela Leite, Francinize de Souza Paula
e Raquel do Nascimento Soares
zProjeto de Sistemas Maglev:
Estudos para a Construção de uma Ultracentrífuga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Alexandre Brincalepe Campo, Eduardo Alves da Costa e Bruno Ferreira da Costa e Silva
zControle da Rota do Navio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Ronan Marcelo Martins
Contatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70
Foco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Cinara Barbosa
Cinara Barbosa
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APRESENTAÇÃO
Apresentação
Professor,
A equipe da Secretaria de Educação Profissional e Tecnogica do MEC
produziu mais cinco volumes dos Cadernos Temáticos sobre a educação
profissional. Neste número sobre riqueza e tecnologia brasileiras, a equi-
pe de comunicação da Setec foi a Caldeirão Grande, na Bahia, a Bamb e
Barbacena, em Minas Gerais, e a Ponta Grossa, no Paraná, para produzir
marias a respeito do trabalho realizado pelas escolas da rede federal de
educação técnica e tecnológica.
Para citar apenas alguns artigos deste volume, destaco a experncia com
o tomate no Povoado Poraquê, de professores da Escola Agrotécnica Federal
de Co; a armadilha para larvas de mosca doméstica criada pelo professor
Jo Osvaldo Ribeiro na Agrocnica de Barbacena; e a análise da produção
de vinho de abacaxi em Macaíba, feito por docentes da Escola Agrícola de
Jundiaí, no Rio Grande do Norte. Igualmente inovador é o relato do pro-
fessor Ronan Marcelo Martins, que enviou para publicão um projeto de
controle da rota de navios. Tão criativos quanto ele, que trabalha no Cefet
do Mato Grosso, pesquisadores do Ceará fizeram uma análise comparativa
da resisncia mecânica de tijolos de adobe e de terra crua estabilizados com
castanha de caju.
Em 2007, ano em que publicaremos os volumes de números 11 a 15 dos
Cadernos Temáticos, a rede federal de educação cnica e tecnogica te
crescido 29%. Como o Brasil terá, então, no lugar das atuais 144 escolas,
186 instituições formadoras, diferentes experiências podeo ser publicadas
pela Setec para mostrar a diversidade da realidade brasileira.
A expansão da rede – ao lado do Proeja, que integra os ensinos médio e
cnico para jovens e adultos, e da Escola de Fábrica, que capacita trabalha-
dores dentro das empresas – amplia o número de vagas para formação de
profissionais, fortalecerá munipios, estados e, principalmente, vocações
regionais do país. Afinal, educão e trabalho são condições essenciais na
formação das cidadanias participativas.
Boa leitura.
Eliezer Pacheco
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC
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Rodrigo Farhat
EDITORIAL
Editorial
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A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
do MEC tem o prazer de trazer ao público brasileiro
mais cinco volumes dos Cadernos Temáticos, no mesmo
momento em que a Casa Civil da Presidência da Repú-
blica encaminha ao Congresso Nacional projeto de lei
para a criação de escolas de formação profissional. Nes-
sas publicações, reportagens, práticas pedagógicas e re-
latos de experiências mostram o fortalecimento da rede
federal de educação técnica e tecnológica.
As novas instituições que estão sendo criadas pelo
Governo Federal estão incluídas na primeira etapa do
plano de expansão da rede federal de educação profis-
sional e tecnológica. A estratégia pre, nos próximos
dois anos, a crião de 33 unidades descentralizadas dos
Centros Federais de Educão Tecnológica (Cefets), de
cinco escolascnicas e de quatro agrotécnicas. O inves-
timento do Governo Federal para implementação dessas
instituições será de R$ 57 milhões.
As escolas técnicas federais serão criadas nos estados
do Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do
Sul e Rondônia. As agrotécnicas serão instaladas em Bra-
sília (DF), Marabá (PA), Nova Andradina (MS) e São
Raimundo das Mangabeiras (MA) e as 33 unidades de
ensino descentralizadas seo instaladas em 17 estados.
A escolha das localidades seguiu três critérios, para
beneficiar: unidades federadas sem instituição federal de
educação profissional; regiões interioranas do território
nacional; e periferias dos grandes centros urbanos.
A rede federal de educação tecnológica, que hoje tem
144 unidades de ensino, possuirá ao final de 2007 cerca
de 186 unidades, um crescimento de 29%. Em 2009,
quando todos os novos cursos estiverem em funciona-
mento, estima-se que seja superada a marca de 300 mil
matrículas nos cursos técnicos, superiores e de educação
de jovens e adultos, exatamente no ano em que a rede
completará um culo. Em termos percentuais, o total
de matrículas deverá ser ampliado em mais de 30% em
relação aos números de 2006.
Parte da produção atual das escolas da rede está aqui, nas
páginas desses cinco volumes dos Cadernos Temáticos.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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A 333 quilômetros de Salvador, na pequena cidade de Cal-
deirão Grande, professores de diferentes cursos do Centro
Federal de Educão Tecnológica da Bahia (Cefet/BA) eso
ajudando a população que vive do extrativismo do licuri a
agregar valor ao pequeno fruto da palmeira. A planta, nativa
do Brasil, es presente de Minas Gerais ao Pia.
O povo do semirido brasileiro tem vários nomes para o
fruto da palmeira: aricuri, aricuí, alicuri, iricuri, oricuri, uru-
curi, nicuri, dicori e dicuri. Apesar de toda essa criatividade,
a falta de políticas agrícolas, o desconhecimento de práticas
de geso de produção e comercialização, e a falta de infor-
mação têm mantido o licuri subaproveitado.
A meta dos pesquisadores baianos é que cooperativas
de trabalhadores sejam formadas e, no futuro, fabri-
quem barras de cereais e conservas com o licuri, por
exemplo. Eles também planejam estudar a viabilidade
da prodão do biodiesel a partir do óleo do licuri e
fabricar uma máquina para quebrar o coco. Hoje, a ex-
tração da amêndoa é feita manualmente.
O nome é originário do tupi uriku’ri ou
uliku’ri, como revela o Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa.
A Bahia descobre o licuri
Professores do Cefet/BA auxiliam comunidade
de Caldeirão Grande a agregar valor ao fruto
Economia
Economia
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Josefa Dias, de 62 anos, conhece a dificuldade para
quebrar o licuri usando as mãos e duas pedras. Ela diz
que, dependendo do dia, o produz nem dois quilos,
mas “se o licuri for de gado, faz de três a quatro quilos.
Eunilde Carvalho Teles, de 42 anos, quebra seis quilos
por dia. “Vendo tudo no mercado por R$ 0,80 o quilo”,
conta. Em sua casa, quatro pessoas trabalham na quebra
do fruto, ela e os três filhos. A família vive da palmeira e
ainda dos R$ 45,00 mensais da bolsa-escola. Ao final da
semana, eles produzem juntos entre 30 e 40 quilos.
O comerciante Isidoro Souza, do Armazém Souza,
compra de 20 mil a 25 mil quilos de licuri na época da sa-
fra. Adquire o quilo a R$ 0,90 e o revende por R$ 1,00.
PARA MODIFICAR ESSE cerio, professores de dife-
rentes áreas do Cefet/BA – Administrão, Energia, Química e
Mecânica começaram em dezembro de 2003 a montar um
estudo para tornar a cultura do licuri sustentável. O projeto es
sendo desenvolvido em conjunto com a Companhia de Desen-
volvimento e Ação Regional (CAR), a Empresa Baiana de De-
senvolvimento Agcola (EBDA), o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto
Nacional de Colonizão e Reforma Agria (Incra), a Secreta-
ria de Trabalho, Esporte e Assisncia Social (Setas) e o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Solange Santos Marinho, assistente social da CAR, diz
que o objetivo do Projeto Viver Melhor é elevar o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da Bahia, ampliando os
indicadores de sde, de educação e de renda.
Descobrimos que a vocão nativa do munipio de Cal-
deirão Grande é o licuri, hoje somente utilizado na indús-
tria de sao, xampu e ração”, diz. Não havia ainda pesquisa
sobre o teor nutritivo do licuri e, por isso, a parceria com o
Cefet foi essencial. Os cnicos da CAR perceberam ainda
que o projeto não poderia ficar restrito às comunidades de
Água Branca, Boqueirão, São Miguel e Várzea Suja, e que
deveria ser ampliado para todo o município. O projeto-pi-
loto, no entanto, será construído em o Miguel, onde uma
unidade de beneficiamento de prodão de barra de cereais,
com tecnologia transferida pelo Cefet/BA, seconstruída.
A previo é que a fábrica esteja pronta no icio de 2006.
“PRECISAMOS AUMENTAR A renda do caldeirão-
grandense”, diz Solange, “e ao agregar valor ao licuri na pró-
pria comunidade, todas as pessoasprodutor e extrativista
o sair ganhando, pois melhorarão sua renda”.
Os estudos para a realização do projeto eso adiantados.
Um levantamento do comportamento da atividade extrativista
do licuri em Caldeirão Grande mostra que existem 911 fa-
mílias cadastradas, em um total de 3.974 pessoas, das quais
1.809 trabalham na produção do licuri. A renda mensal obtida
O povo da região chama dessa ma-
neira o licuri mastigado ligeiramente
e devolvido ao chão pelo gado.
Baiana faz cocada de
licuri
Na Bahia, até cocada é feita com o
licuri. A receita, que rende 20 porções,
é da secretária de Educação de Caldei-
rão Grande, Eliane Bezerra.
1 quilo de licuri sem casca (só a
amêndoa);
½ quilo de açúcar ou uma barra de
rapadura.
Moa o licuri no liquidificador até
esmagá-lo por completo. Reserve.
Faça uma calda com o açúcar. Quando
estiver em ponto de bala (pouco
grossa), coloque o licuri moído. Mexa
bastante até aparecer o fundo da
panela. Molhe um prato ou unte com
manteiga e despeje o doce sobre o
recipiente. Corte em quadrados antes
de esfriar.
O licuri ainda é utilizado em receitas
de peixe, vatapá, arroz, feijão verde,
ovos, picolés e sorvetes, como conta
Eliane.
A quebradeira de licuri, figura típica
do semi-árido, já virou estátua em
praça pública e também tema de ver-
sos e canções, como estes, recolhidos
do repertório popular:
O licuri domina a paisagem de Cal-
deirão Grande. Faz parte da decoração
de festas típicas, como a de São João,
e, em tempos de estiagem, “engana
a fome” e é o “sustento dos pobres”,
como diz o povo da cidade.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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com o licuri atinge R$ 42.060,00. Cada região do município
foi cadastrada, rua por rua, como conta o assessor da Secreta-
ria Municipal de Planejamento Luiz Carlos Santos Vieira.
No povoado de o Miguel, onde o projeto começa-
, uma das beneficiadas será Guilhermina de Jesus, de 76
anos. Ela faz bocós (bolsas) e esteiras com a palha do licuri.
Aprendi a fazer cestos com gente de Capim Grosso, mui-
to tempo, aos 40 anos, e ensinei filhos e netos”. Cada bocó
de Guilhermina vale R$ 2,00 e na nova cooperativa de traba-
lhadores ela poderá ensinar sua arte para mais gente ainda.
Licuri tem grande valor nutritivo
Uma das frentes de estudo dos pesquisadores do Cefet/BA
é o aproveitamento do licuri como fonte de alimentos, pois ele
tem grande potencial nutritivo e oleaginoso. Esse projeto es
sendo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (CNPq), assim como a pesquisa
sobre a prodão de substitutos vegetais do óleo diesel.
Do licuri tudo se tira. Do coco, saem a barra de cereais,
o iogurte, a cocada e o artesanato. Da fibra, faz-se a farinha
que integra a receita de pães e biscoitos, briquetes para for-
nos e também o suporte para despoluição de efluentes. Da
palma, fabricam-se próteses ortomecânicas e de suas folhas
pode-se extrair cera. Cerca de 4,5% da polpa e 50% da amên-
doa são constitdas de óleo.
Como ainda não existe literatura científica sobre o licuri,
muito estudo precisa ser feito, inclusive para incentivar no-
vos modelos de gestão associativista e solidária para os tra-
balhadores que vivem da palmeira. Enquanto os resultados
o chegam, a populão vai tocando sua vida.
A palmeira (Syagrus coronata Martius
Beccari) tem porte elegante. Seu tronco
chega a atingir até 12 metros de altura
por 25 centímetros de diâmetro. Suas
folhas são grandes e medem até 2
metros de comprimento. Suas flores são
pequenas e de cor amarela. Os cachos da
palmeira dão mais de 1,3 mil frutos.
O licuri floresce e frutifica durante
quase todo o ano, por isso tem grande
importância para o homem do semi-
árido.
Como escreveu o pesquisador Marcos
Antônio Drumond, da Empresa Brasileira
de Estudos e Pesquisas Agropecuárias
Semi-Árido (Embrapa), o licurizeiro
suporta secas de vários anos, pois, ao
perder as folhas velhas, guarda vivos, por
cerca de três a quatro anos, os talos que
têm reservas de seiva armazenada nas
estações das chuvas. Essas reservas é que
asseguram a vitalidade da palmeira nos
períodos da escassez.
Outra característica do licurizeiro é sua
capacidade de crescer tanto em solos
profundos quanto nos brejos e também
no meio das pedras, onde a água só
existe nas chuvas.
As folhas da palmeira são matéria-
prima para a produção de objetos
utilirios e de artesanato, como
vassouras, chapéus e esteiras. O fruto
é comido ainda como um petisco.
Montado em cordões como um rosário,
as pessoas vão retirando os coquinhos
um por um para comê-los aos poucos.
Polpa e amêndoa têm valor
O professor Francisco Jo Brito Duarte tem trabalhado
ultimamente sob orientação da professora Djane Santiago de
Jesus, do Cefet/BA, na pesquisa do potencial alimencio do
licuri. Sua pesquisa, realizada no programa des-graduação
em Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
constatou que a polpa do licuri tem minerais essenciais ao ho-
mem, como lcio, magsio, cobre e zinco. Na amêndoa, seca
ou cozida, encontram-se ainda ferro, manganês e selênio.
Eles conseguiram preparar alguns produtos derivados
do licuri, como a barra de cereais, a conserva e a farinha.
Outros professores eso trabalhando em outras fren-
tes. A equipe da mecânica estuda a construção de uma
quina automática para quebrar o coco, o pessoal da ad-
ministrão estuda novas formas de gestão e os docentes
da química, a composição do licuri e o desenvolvimento
de novos produtos alimentícios.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Cidade diminui nos últimos anos
Segundo estimativas de 2004 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Caldeirão Grande tem po-
pulação de 9.127 habitantes, distribdos por 496 quilôme-
tros quadrados. As pessoas da comunidade têm procurado
outros lugares para tocar a vida, pois a população tem dimi-
nuído nos últimos anos. Em 2000, eram 11.395 moradores,
dos quais 4.081 viviam na área urbana do município, segun-
do o Censo do IBGE.
A cidade registra 5.528 matculas no ensino fundamen-
tal e 487 no ensino dio. São 193 professores do primeiro
vel de ensino e 36 do segundo. Na área da saúde, Caldei-
o Grande conta com 28 leitos hospitalares disponíveis no
Sistema Único de Saúde (SUS) em três estabelecimentos. A
economia é movida pela agropecria.
A CIDADE NASCEU em 1895, quando as famílias Be-
zerra e Brasileiro compraram a fazenda Boqueirão, em Jacobi-
na, das os de Porrio Ferreira. Naquele ano, Norberto Dias
Bezerra e Maria Isabel Bezerra e Manoel Alves Brasileiro e Da-
másia Alves Brasileiro chegaram ao lugar acompanhados dos
filhos e de Ls Correia e Constantina, irmã de Norberto.
No início, plantavam feijão, milho, mamona e mandio-
ca. A fazenda prosperou e outras famílias comaram a se
aglomerar ao redor de caldeies de pedra que armazenavam
as águas das chuvas. A comunidade cresceu e passou a ser
chamada de Caldeio Grande.
Em 1914, o município foi desmembrado de Jacobina e
anexado ao de Saúde. Em 1946, o nome da cidade foi mu-
dado para Itaguaçu pedra grande em tupi mas a nova
denominação não vingou.
Em 1953, o povoado virou distrito de Saúde e se emanci-
pou em 1962 com o nome de Caldeio Grande.
Depois de um período de desenvolvimento, as secas,
principalmente as dos anos 1990, levaram a população de
Caldeirão Grande a buscar outras regiões do ps para viver.
A cidade tem Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) de 0,588, segundo dados
de 2000. O da Bahia é de 0,693. O IDH
mede o vel de desenvolvimento humano
de países, estados e cidades. Usa como
critérios indicadores que medem a alfabeti-
zação e a taxa de matrícula, a esperança de
vida ao nascer e a renda das pessoas.
O índice varia de zero (nenhum desenvol-
vimento humano) a um (desenvolvimento
humano total). Um IDH a 0,499 significa
desenvolvimento humano baixo e índices
entre 0,500 e 0,799 o dedio desen-
volvimento humano. Acima de 0,800, o
IDH é considerado alto.
O Relatório de Desenvolvimento Humano
(RDH) do Programa das Nões Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), de
setembro de 2005, revelou que o IDH do
Brasil em 2003 era de 0,792. O resultado
colocou o ps na 63ª posão na lista dos
177 países do mundo. A Noruega lidera
a lista, com IDH de 0,963. Na América
Latina e Caribe, 12 países m desempenho
superior ao brasileiro, entre eles xico,
Cuba, Uruguai, Chile e Argentina. O país
com pior índice é ger, na África, 177º na
lista, IDH de 0,281.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Feira exibe criatividade de estudantes do Cefet/Bambuí
Estudantes elaboram
novos produtos
São 8h da man de uma sexta-feira de dezembro e o cam-
pus do Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí
(Cefet/Bamb), no Oeste de Minas Gerais, está movimentado.
Os estudantes dos cursos superiores de tecnologia de Processa-
mento de Alimentos, Administração, Informática e Turismo es-
tão às voltas com a preparão da 3ª Feira Integrada de Produtos
Agroindustriais (Fipa), marcada para aquela noite do dia 9.
Em um dos galpões, Abrão Morramade Costa e Diego
Miguel Teixeira terminam de defumar almôndegas recheadas
de frango. Queamos fazer algo diferente, ainda inexistente
no mercado. Na primeira degustação que realizamos, mais
de 80% das pessoas aprovaram nossas almôndegas. Também
elaboramos um néctar de caju com manacub, uma fruta
trica da Amania”. Ao lado de Abrão e Diego, Michele
Cristina Nogueira e Luciana Costa Carvalho preparam ham-
rgueres de ovelhas enriquecidos com beterraba e cenoura
desidratada. A carne de ovinos é ainda pouco comercializada
Alimentos
Alimentos
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
15
e queríamos criar alternativas aos hamrgueres produzidos
a partir das carnes de bovinos e aves”, explica Michele.
O evento encerra os módulos de carne e vegetais de um
dos cursos e serve ainda para integrar os estudantes do Ce-
fet, explica a coordenadora do curso superior de Tecnolo-
gia em Processamento de Alimentos, Sônia de Oliveira Du-
que. Àquela noite, os formandos vão mostrar a 16 juízes e
à comunidade sua produção em carnes, derivados de leite e
frutos e hortalas. Apesar de a proposta da Fipa ser exibir
tecnologias alternativas de prodão de alimentos, os estu-
dantes buscam desenvolver novos produtos.
A criatividade de Rízia Cristina e Regiane Avelar Bastos re-
sultou em uma cenoura cristalizada conservada por desidrata-
ção osmótica. Suas colegas Maura Verônica Carvalho e Milene
Aparecida Lourenço fizeram uma beterraba em pó para ser
utilizada em molhos e maioneses como corante natural.Ain-
da o avaliamos se as características nutricionais da beterraba
foram mantidas no processo de fabricação”, reconhecem.
Lílian Alves Ferreira e Leidiane Silva Floriano conceberam a
cenoubela, um doce de cenoura e beterraba sem aditivos químicos.
No lugar de acidulantes, utilizamos suco de laranja, dizem.
O ideal é que o aluno reconha as diferentes tecnologias
de produção e saiba como utili-las. “Você exige o desen-
volvimento de alternativas, mas os estudantes querem ino-
var e criam alimentos que acabam sendo reconhecidos pelo
mercado”, conta a professora Sônia. Ela cita o exemplo da
bananits, um alimento elaborado a partir da banana, exposta
na feira do ano anterior, que conquistou o terceiro lugar no
Prêmio cnico Empreendedor de 2005.
Integração O professor de Informática no Agronegócio
Carlos Bernardes Rosa Júnior conta que foram os estudan-
tes de seu curso que desenvolveram as páginas da Fipa na
Internet, como concluo do módulo de Programação Web.
O coordenador do curso de Administrão, Georges
Francisco Vilela Zouein, explica que os estudantes que con-
cluíram as disciplinas de geso mercadogica desenvolve-
ram os tulos, as embalagens dos produtos e ainda foram os
responsáveis pelolculo de custos e a pesquisa de mercado,
assim como a estratégia de marketing de cada alimento. Fo-
ram também os organizadores da feira.
O diretor do Cefet/Bamb, Ivan Chaves Magales es-
clarece que o mérito do evento é sua organização, toda feita
pelos estudantes, inclusive a captação de recursos. A escola
o coloca dinheiro nenhum na Fipa, mesmo porque não há
orçamento para isso. Foram os alunos que procuraram os
patrocinadores e organizaram tudo”, diz com orgulho. A es-
tudante do curso de Administrão Franciele Ribeiro Costa
confirma: nosso orçamento, de R$ 3,5 mil, foi bancado por
17 patrocinadores”.
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Os estudantes querem mesmo inovar. O diferencial do
hambúrguer de Dryelle Kern Morato, por exemplo, é o for-
mato. Ela criou as peças com carne de suíno e soro na forma
de um corão. “Não sou romântica, é puro marketing”, re-
conhece. É que a gordura foi substituída pelo soro para dar
liga na preparação da carne. Além de mais saudável, ela ainda
aproveitou os resíduos da fabricão de queijos. Dryelle, em
conjunto com sua colega Fernanda Patcio Maia, fez ainda
um molho de beterraba para ser utilizado em massas.
Thaís Melo vai mostrar na Fipa um iogurte grego com sabor
de café e chocolate. É novo e excitante. Sua diferença é a consis-
tência e viscosidade. Não existe ainda no Brasil e deve ser servido
como sobremesa, acompanhando frutas, pois é mais ácido.
Ana Carolina Figueiredo Silva e Ana Paula Castro Diniz criaram
um molho de queijo, com consistência mole, para saladas e biscoi-
tos. Elaborado com massa de requeijão, tem menos gordura.
A professora de Tecnologia de Leite e Derivados do Cefet
de Bambuí, Romilda Bastos Monteiro de Arjo, reconhece
que o maior rito da feira é o aprimoramento dos conheci-
mentos que os estudantes obtêm em sala de aula. Queremos
que os estudantes pensem em produtos ecológicos, como os
feitos com efluentes da indústria”, diz. Essa foi a proposta
de Adriano Alvarenga Gajo e Adriana Aparecida Lopes Fe-
liciano, que elaboraram uma sobremesa cremosa com soro,
com sabor de maracu e calda de chocolate. “Usamos um
resíduo da indústria, um subproduto”, destacam.
Para o professor de Bioquímica Elis Bernard Kamwa, a
Fipa mostra o crescimento profissional dos estudantes.
Inovação marca produtos da Fipa
Jurados experimentam 54 produtos
À noite, durante a feira, realizada na sede da Associação Atlética
do Banco do Brasil (AABB), 16 juízes experimentam 54 produtos
e indicam o melhor de cada área, segundo critérios que envolvem
aspectos globais, cor, odor, textura, sabor e criatividade.
O zootecnista da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (Emater/MG) Alberto Schwaiger Paciuli é um deles. Ele
revela que aprovou a salsicha condimentada e o presuntini de fran-
go. Para ele, o rótulo do apresuntado de peixe foi o mais criativo.
A veterinária do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) Dé-
bora Gomide de Santiago gostou mais do apresuntado de peixe por
seu sabor e criatividade. Sua colega Janaína Campos indica o espeti-
nho de hambúrguer de frango como o melhor na área de carnes.
São 23h e o mestre de cerimônia do evento anuncia os ven-
cedores de cada área. Em carnes, foi indicado o croquete de
peixe com catupiri; na categoria frutos e hortaliças, os jurados
Bananits conquista
lugar em prêmio
nacional
O resultado do Prêmio Técnico
Empreendedor, divulgado no dia 28
de novembro, revelou o bananits,
produzido pelos estudantes do Cefet/
Bambuí. A proposta de criar uma in-
dústria de alimentos na região do alto
São Francisco e investir na produção
de salgadinhos a partir da massa da
banana verde tinha potencial para
gerar negócios e foi distinguida pelos
juízes do concurso.
Segundo Gabriela Paulineli Alemida,
do curso de Tecnologia em Proces-
samento de Alimentos do Cefet, o
diferencial da bananits em relação
aos outros salgadinhos é a não-utili-
zação de conservantes. “O produto é
natural, saboroso, barato e acessível”,
diz. O bananits foi desenvolvido no
Setor de Processamento de Frutos e
Hortaliças II, coordenado pela profes-
sora Cláudia Helena de Magalhães.
“Eles estão aplicando os conheci-
mentos adquiridos em sala de aula”,
comemora a professora.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
17
Localizado em uma região famosa por queijos artesanais,
o Cefet/Bambuí mantém projetos de apoio aos produtores
locais. Em um deles, aprovado pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pro-
fessores da instituição implantaram um programa de apoio
à agricultura familiar para atender às necessidades dos pro-
dutores de queijo de Medeiros.
O projeto, realizado em parceria com a Associão dos
Produtores de Queijos Canastras de Medeiros (Aprocame),
consiste na utilização de um microônibus para o desenvolvi-
mento de práticas extensionistas nas unidades de produção.
Professores e alunos envolvidos no trabalho de extensão mo-
nitoram fatores ambientais, nutricionais e humanos que possam
interferir no processo de fabricão do queijo canastra.
O presidente da Associão dos Produtores do Queijo
Canastra de Medeiros (Aprocame), Luciano Carvalho Ma-
chado, acredita que atividades como essas são importantes
para o fortalecimento dos fabricantes de queijo da região.
A associação reúne 23 produtores do Oeste de Minas Gerais.
Para se filiar à Aprocame, Luciano conta que o primeiro passo é
fazer um treinamento de boas práticas de fabricação, no qual as
normas para fabricação do queijo artesanal são estudadas.
Ele conta que existem 11 mil produtores de queijo em
quatro micro-regiões mineiras: Canastra, Ara, Alto Para-
naíba e Serro. Só na Canastra o 2.100 produtores. A re-
gião engloba sete cidades: Medeiros, Bambuí, São Roque,
Vargem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis e Piumhi.
A estrutura dos produtores é basicamente familiar e envolve cer-
ca de 6 mil pessoas no total. Em Medeiros, são pouco mais de mil.
A produção é de 6 toneladas de queijo por dia, o que
gera uma receita de cerca de R$ 2,4 milhões, pois cada
queijo é vendido em média por R$ 4.
CEFET tem presença forte na região
aprovaram a mandiocada, um doce de mandioca; e entre os
derivados de leite venceu o petit suisse com leite de cabra.
Glayce Kelly dos Santos, Jordana Fátima de Souza e
Flávia Regina Passos, que produziram o croquete de peixe
com catupiri, planejam colocar seu produto no mercado,
sonho semelhante ao de Pedro Henrique Eusébio, Sthefâ-
nia Rodrigues Braz e Maiara de Jesus Guimarães, respon-
sáveis pelo petit suisse com leite de cabra: nossa meta é
desenvolver comercialmente o queijo, pois foi bem aceito
e é indicado para crianças e adultos com intolerância à
lactose”. Thiago Ribeiro, Thaís Odete de Oliveira e Este-
la Maria de Almeida Avelino também querem aprimorar a
madiocada, produto vencedor da categoria frutos e horta-
liças, para vê-lo nas prateleiras dos supermercados
Como fazer queijo
Uma vaca sadia. Esse é o segredo de
uma boa receita de queijo canastra,
brinca a produtora Helena Márcia Bas-
tos Machado. É que toda a produção
começa na ordenha, que deve ser feita
de maneira higiênica. Ela não faz
mistério e ensina o resto da receita.
Coe o leite duas vezes, com peneiras
de malhas diferentes, geralmente as
de números cinco e seis. Em segui-
da, coloque 25 mililitros de coalho
para cada 100 litros de leite, a uma
temperatura de 30ºC a 40ºC. Adicione
fermento: “Cerca de um mililitro para
cada litro de leite”, revela.
Espere 40 minutos para que ocorra a
coagulação. Depois de formada a coa-
lhada, corte a massa horizontalmente
e bata. Coloque em uma fôrma e
cubra-a com um pano. Retire e aperte
o queijo. Coloque o produto na fôrma
novamente e adicione um pouco de
sal. Vire o queijo depois de seis horas.
No dia seguinte, retire o queijo da
fôrma e coloque-o em prateleiras de
madeira, onde deve ficar maturando
por cerca de 12 dias. “O ideal é 20
dias”, diz Helena.
Respondem pelo projeto os professores
Alberto Paciulli, Fernando Magalhães,
Gaby Ortiz, Jonas Silva, Romilda
Araújo, Sandra Pinto, Sônia Paciulli e
Valdirene Silva.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
18
Atrás de novos rumos na carreira, muitos profissionais
m procurado o curso cnico de Paisagismo da Escola
Agrotécnica Federal de Barbacena (EAF/Barbacena), em
Minas Gerais. Todos buscam uma nova profissão em um
setor estratégico para a região.
A floricultura é uma atividade rentável, que exige tec-
nologia e conhecimento técnico. Segundo dados do Ins-
tituto Brasileiro de Flores (Ibraflor), o setor movimenta,
anualmente, entre US$ 750 a US$ 800 miles e gera
mais de 120 mil empregos no Brasil. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a atividade emprega, em média, duas vezes mais traba-
lhadores do que a agropecria nacional, predomina em
propriedades com menos de dez hectares e é um ramo de
grande concentração de mulheres.
Alunos da escola de Barbacena
buscam novos caminhos para a carreira
Curso de paisagismo
redireciona vida de profissionais
Paisagismo é a arte e a técnica de orga-
nizar e configurar espaços livres, urbanos
ou não, para projetar paisagens.
Design
Design
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
19
A maioria da produção está concentrada em proprie-
dades de até 3,5 hectares, à exceção de Goiás, onde a área
dia de cultivo é maior, 6,3 hectares. A floricultura se
destaca ainda pela rentabilidade por área. O lucro é de
três a cinco vezes superior ao da fruticultura e dez vezes
maior que o obtido na produção de grãos.
No Brasil, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernam-
buco, Paraná e Gos o os maiores produtores. Além
de Barbacena, Minas possui outros los de produção de
flores, como Andradas, Ara, Manhuaçu, Lavras e Mon-
tes Claros. No estado, a floricultura de corte tem nas
rosas a sua exploração principal. Crisântemos, cravos, ás-
teres, gladíolos são produzidos em menor escala.
Perfil Mulher; mais de 40 anos; com curso superior
completo; em busca de uma segunda profissão: esse é o
perfil do estudante médio do curso técnico de Paisagismo
da EAF de Barbacena, segundo explica a coordenadora do
programa, Marília Maia.
Quando formados, esses alunos acabam se tornando
profissionais autônomos. Rafael Eliezer Ribeiro confir-
ma a tenncia. Foi estudante da primeira turma do curso.
Antes, vendia colchões magticos, mas sempre gostou de
flores e plantas. Descobriu o curso e procurou aprender
mais sobre o tema. Também descobriu muitas técnicas
com uma arquiteta amiga, com quem trabalha até hoje.
Com ela, abriu uma empresa, a Ar Verde, para poder par-
ticipar de concorncias e licitações de órgãos blicos
e privados. Agora, pretendem abrir outra, somente para
vender mudas e plantas. É que pagam 13% de impostos
sobre a prestação de serviços e somente 3% sobre o co-
rcio de mudas e flores.
Os rendimentos do profissional da área o variáveis,
pois dependem de rios fatores, como a área a ser jardi-
nada, sua complexidade, a composão paisagística e até a
condição financeira do cliente.
Maria Edith Alves Quintão, da mesma turma de Rafael,
trabalhava na indústria têxtil. Ela conta que, geralmente,
os clientes querem projetos de baixa manutenção, como
bromélias, piteiras, palmeiras, agaves, buxinhos e outras
plantas perenes. Decidida, ela vê uma obra e procura o
construtor. “Mostro meus projetos, meus álbuns de foto-
grafias, o antes e o depois de minha interveão”, conta.
Como o projeto só é aprovado se o profissional se
mostrar confiante, a entrevista é decisiva. Maria Edith
até confessa não saber algo para o cliente, mas diz que
irá pesquisar. Hoje, está se especializando em contro-
le de pragas. É o seu nicho de mercado. Se antes do
curso Maria Edith não sabia cuidar nem de uma vio-
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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leta, hoje trabalha com paisagismo em toda a região
de Barbacena. Tem projetos em São João del Rey, Ca-
randaí, Ressaquinha e até em Barroso, território de
atuação de Rafael.
O curso, que começou em 2000, dura ts semestres
e prepara o aluno para a construção de um ambiente que
intensifique a harmonia entre o ser humano e seu meio.
Conhecimentos de arte, hisria, teoria e prática de jar-
dinagem, teoria do paisagismo, design e metodologia de
projetos, além de perspectiva humanizada, proporcionam
ao estudante um embasamento teórico que lhe permite,
mais tarde, desenvolver seus trabalhos.
Para se formar, o estudante tem que elaborar um
projeto, que envolve toda a turma, geralmente, de 20
alunos. Eles têm ainda que defender o trabalho perante
uma banca examinadora, conta a coordenadora Malia
Maia. Depois, implementam a idéia, etapa que dura en-
tre 20 e 30 dias. A proposta é utilizar sempre uma área
da escola, que fornece todo o material. Nesse processo,
vêem a diferença entre a idéia colocada no papel e sua
execução.
A coordenão do curso, único oferecido por uma es-
cola da rede federal de educação profissional, realiza ain-
da, anualmente, uma semana técnica, com oficinas, pales-
tras e exposões.
Como a profissão foi reconhecida em agosto de
2005 pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquite-
tura e Agronomia (Confea), os profissionais têm que
obter o registro do Conselho Regional (Crea) de seu
estado para atuar.
Experncias A paisagista Delliane Coutinho era ta-
quígrafa e fotógrafa antes de se formar em Paisagismo.
Seu interesse pelo curso veio por necessidade de ampliar
conhecimentos. Sua colega Dalva Pereira também sempre
trabalhou, mas não gostava do que fazia como secretária
de uma usina siderúrgica. Fez design de interiores e foi
complementar a formão no curso cnico de paisagismo
da EAF de Barbacena.
Antônio Vicente Feres não estudou Paisagismo, mas
trabalhava como chefe do Setor de Parques e Jardins da
Prefeitura de Barbacena. Com a dificuldade de firmar par-
cerias, fundou a ONG das Vertentes, em junho de 2005.
Com apoio da EAF Barbacena, hoje busca recuperar os
espaços verdes da cidade, como o estacionamento do Par-
que de Exposões.
Raner das Neves Duarte atuava com jardins profissio-
nalmente, antes de fazer o curso, mas seu conhecimento
Curso dura 3 meses
Mudas, terra e seixos.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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era ptico. Aprendeu o ofício com seus pais. “Fui ats
de mais saberes, pois precisava provar que meus conhe-
cimentos atenderiam às demandas do mercado”, diz. O
estudo serviu ainda para aumentar sua auto-confiança.
Hoje, trabalha com prodão e manutenção de jardins na
Avenida Floricultura.
Falta pesquisa no setor
Para a presidente da Associação Barbacenense de Rosas e
Flores (Abarflores), Sheila Magda Brandão Losche, o prin-
cipal problema do setor hoje é a falta de pesquisa no de-
senvolvimento de novas espécies no país. É que o mercado
tem que se renovar a cada dois anos e as rosas têm que ter
novas cores, principalmente. Vermelhas são sempre as mais
vendidas, seguidas das amarelas, das laranjas e das brancas,
revela Sheila.
Hoje, os royalties pelas novas espécies são pagos a gran-
des floricultores ingleses, franceses, colombianos e sul-
africanos, principalmente. Cada de roseira custa US$
0,97 no mercado internacional.
Para a presidente da Abarflores, o crescimento do seg-
mento depende da união com os grandes produtores, da
promoção de cursos de gestão de negócios e também de
parcerias com instituições, como o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e o poder
público, como a Prefeitura de Barbacena.
A Abarflores planeja ainda criar um selo de origem e
uma embalagem uniforme, que não danifique a rosa e seja,
simultaneamente, a marca da região.
O futuro do setor, para Sheila, passa pela criação de
um mercado de produtores, pelo crescimento do número
de floricultores, pelo financiamento da produção e, logica-
mente, pelo desenvolvimento de novas espécies.
A associação, que existe cinco anos, tem 21 associa-
dos, entre os 45 agricultores da região de Barbacena, que
emprega mil trabalhadores diretamente.
Na cidade, uma dúzia de rosas custa entre R$ 2 e R$
6, dependendo do tamanho da haste. A produção fica em
torno de R$ 2 por dúzia e a região colhe cerca de 250 mil
dúzias por mês.
Ovídio Loschi fez o curso técnico agrícola nos anos 60
e hoje vive da floricultura. Para ele, a oferta hoje é maior.
“Existe mais qualidade, mais tecnologia e produtividade”,
acredita. No entanto, o preço caiu. “Se antes, com uma
dúzia de rosas longas pagava o trabalho mensal de um ho-
mem, hoje necessito de cinco dúzias”, relembra Ovídio.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Num prédio do quilômetro 4 da Avenida Monteiro
Lobato, em Ponta Grossa, no Paraná, os sócios da Su-
prametal planejam produzir 3,6 mil toneladas de ligas de
alumínio e faturar R$ 24,8 milhões. No mesmo edifício,
cinco jovens programam jogos para telefones celulares
e um empresário firma parcerias com grandes empresas
para fortalecer sua fábrica de pizzas.
Por trás desses empreendedores está o Hotel Tecnoló-
gico (HT) do campus de Ponta Grossa da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTF/PR). A incubadora
de empresas suporte e permite que o empreendedor
amadureça sua iia, como explica a coordenadora do HT,
Cristiane Sant’Anna Santos.
Na incubadora, os jovens empresários analisam suas
idéias, avaliam sua vocação e verificam a existência de
clientes para seus produtos ou servos. Eles tamm
aprendem como administrar a empresa e a identificar
Estudantes criam
empresas em Ponta Grossa
Universidade Tecnológica do Paraná
forma empreendedores nos campos gerais
Hotel Tecnológico
Hotel Tecnológico
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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oportunidades e ameas ao negócio. Algumas vezes, uma
idéia se transforma em outra, concorrentes em potencial
se unem e forma-se uma terceira empresa, diz Cristiane.
O gerente de Relações Empresariais e Comunitárias
do campus de Ponta Grossa da UTF, Luís Maurício Re-
sende, conta que tudo começou quando o então Centro
Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Paraná ven-
ceu uma licitão do Minisrio da Educão e do Servo
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se-
brae) para implementação de incubadoras de empresas e
incentivo a empreendedores em 2001.
Com área inicial de 100 m2 e espaço suficiente para abrigar
cinco empresas em 2002, hoje o HT tem um andar de 250 m2 e
capacidade para incubar 12 empresas no campus de Ponta Grossa.
O consultor do HT Joaquim Mira nior lembra que
as estatísticas mostram que apenas 2,5 em cada dez em-
presas sobrevivem após o terceiro ano de atividade. Cris-
tiane revela que os maiores fracassos das incubadas se de-
vem à falta de interação e de maturidade da equipe. “Uma
boa idéia pode morrer por falta de comprometimento da
turma”, diz Cristiane. Por isso, é preciso ensi-los a ser
gestores do próprio negócio”.
Perspectivas A médio prazo, a meta do HT, explica Luís
Maurício, é melhorar o fomento e captar mais recursos para
os projetos incubados. Seu desafio é criar um meio fértil
para a proliferão de idéias viáveis e isso a UTF tem procu-
rado fazer, pois mantém em todos os cursos uma disciplina
que ensina o estudante a ser um empreendedor.
A experncia do gerente mostrou que, de cada dez proje-
tos, um é viável. Hoje, ele diz que uma boa idéia tem como
característica ser economicamente e tecnicamente executá-
vel. Seu autor precisa, ainda, ser um empreendedor. “Um
bom realizador com um mau projeto troca de idéia, mas uma
pessoa sem o perfil com uma idéia viável na caba é capaz
de sacrificá-la”, comenta Luís Maurício. Como ex-gestor do
HT, ele sentencia: Você não pode dar asas para quem não
sabe e não quer aprender a voar”.
Como boas idéias viram grandes negócios
A Suprametal, empresa de reciclagem de alumínio, e a
Blue Monkey, de programação de jogos para celular, são duas
empresas incubadas no HT de Ponta Grossa. Enquanto a
primeira tem como meta gerar 42 empregos diretos em 18
meses e produzir 3,6 mil toneladas de ligas de alumínio por
ano, o alvo da segunda é mais modesto. Seus cios planejam
empregar sete pessoas para programar 13 jogos para celular
ainda em 2006, com faturamento previsto de R$ 135 mil.
Fernando de Rocco, um dos sócios da Suprametal, foi
estudante dos cursos técnico e tecnológico de Menica do
Com 14 mil alunos, 1.330 professores
e campi em sete cidades, o Cefet do
Paraná foi o primeiro centro do país a se
transformar em universidade tecnológica,
em 2005.
O Cefet-PR tem origem na Escola de
Aprendizes e Artífices, criada em 1909.
Em 1978, junto com outras escolas, foi
transformado em Cefet.
A universidade tem sede em Curitiba
e campi em Campo Mourão, Cornélio
Procópio, Dois Vizinhos, Medianeira, Pato
Branco e Ponta Grossa.
Oferece 41 cursos de graduação, quatro
programas de mestrado, um doutorado,
dez cursos técnicos de nível médio e
cerca de 50 cursos de especialização.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Cefet-PR. Seu trabalho de final de curso foi na área de re-
ciclagem de alumínio e daí surgiu a idéia da empresa. Outro
dos cinco sócios, o administrador Jean Baggio conta que a
energia gasta para reciclar uma tonelada do alunio é 95%
menor que a necesria para produzi-lo a partir da bauxita.
A empresa, que está no HT dois anos, tem tanto fu-
turo que seu plano de negócio foi aprovado pela Fundação
Gelio Vargas (FGV) para se candidatar ao II Fórum de
Investidores em Negócios Sustentáveis. Dos 85 projetos
inscritos, somente 11 foram aprovados”, comemora Jean.
A dificuldade de empresas incubadas, diz Jean, é o finan-
ciamento. Por isso, eles foram buscar recursos fora. Durante
o fórum, conseguiram recursos do Banco Real/ABN Amro e
receberão R$ 70 mil para capital de giro e compra de equi-
pamentos, inicialmente. Novos aportes de R$ 200 mil serão
feitos, num total de R$ 2,5 milhões em 18 meses.
Para receber um terreno de 16 mil m2 da Prefeitura de
Ponta Grossa no Distrito Industrial, os sócios da Suprametal
mostraram o número de empregos diretos que o negócio iria
gerar 42 em 18 meses e o volume de impostos no mesmo
peodo R$ 4,8 milhões , correspondente a uma receita
de R$ 24,8 milhões. A prefeitura aprovou. Agora, eles estão
fazendo as contas: o lucro anual será de R$ 1,8 milo.
Fernando diz que o apoio do HT à Suprametal foi
essencial. Crescemos aqui e sem o apoio do HT não te-
amos conseguido tocar o projeto”, diz.
O negócio da Blue Monkey Games também começou na
escola. Em 2003, os estudantes de Informática da Univer-
sidade Estadual de Ponta Grossa Vinícius Kolinski e Daniel
Sanches conheceram o HT numa feira. À época, tinham o de-
sejo de programar jogos para computadores. Um ano depois,
inscreveram o projeto no HT. Mais tarde, perceberam que
jogos para celulares eram mais viáveis que os desenvolvidos
para computadores, pois o mais rapidamente elaborados,
exigem uma equipe menor e têm um mercado em expansão.
Hoje, satisfeitos com o necio de jogos eletrônicos
simples e descontraídos, têm dois prontos: o “Slump in a
bottle” e o “Beetle racer”. Enquanto no primeiro, o joga-
dor controla um pernilongo aprisionado em um pote com
aranhas, no segundo o usuário acompanha a hisria da
evolução do Fusca enquanto dirige o carro.
Daniel conta que, atualmente, estão em fase de criação do
Bezorro”, um jogo de cinco fases, cada uma com três veis de
dificuldade, que conta a aventura de um senhor maligno que
invade os gibis do Planeta. Como os super-heróis ficaram sem
as histórias em quadrinhos, entra em cena um coadjuvante,
mais fraco, sem gibi próprio, que decide libertar os heróis.
A iia é distribuir os jogos por meio de publicadores.
venderam para a Europa o “Slump in a bottle” por meio
É um evento promovido pelo New Ventures
Brasil, uma organização mundial de fo-
mento de novos negócios, para apresentar
empreendimentos a investidores privados.
No fórum, além de apresentarem seus
planos de negócios, as empresas mostram
seus produtos e eventos durante dois dias
em um estande, em São Paulo.
Antes do fórum, as empresas finalistas
recebem assistência de consultores para
aprimorar seus planos de necios.
Os critérios para as candidaturas são:
ter operações baseadas no Brasil e ser
empresa nacional; possuir estrutura legal
que permita receber recursos de parti-
cipação acionária; buscar investimento
de capital privado entre US$ 100 mil
e US$ 3 milhões (entre R$ 213 mil e
R$ 6,3 milhões); e atuar nos setores da
agricultura sustentável, produtos florestais
certificados, piscicultura sustentável,
ecoturismo, energia renovável, produção
limpa, eficiência energética e reciclagem.
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
25
De software de segurança a pizzas
O consultor do Hotel Tecnológico Joaquim Mira nior
tamm tem uma empresa o residente no HT. Engenheiro
eletricista com mestrado em Engenharia Elétrica na Universi-
dade Federal de Santa Catarina (UFSC), ele dirige a Tecnolo-
gia Morphius, que produz software de segurança, e que nasceu
quando preparava sua dissertão de mestrado.
As vencer um edital da Fundação Araucária e receber re-
cursos de R$ 30 mil para fazer um estudo de viabilidade téc-
nica, econômica e comercial de seu software de identificação
de pessoas pela íris do olho, ele tenta registrar a patente do
Morphius junto ao Instituto Nacional de Propriedade Indus-
trial (INPI). Para isso, tem recebido o apoio da incubadora.
Mira Júnior pretende utilizar o programa para fazer o con-
trole de acesso de pessoas em bancos, presídios, laboratórios
de segurança e rede de computadores. O custo estimado do
programa importado é de US$ 8 mil a US$ 10 mil (entre R$
16,9 mil e R$ 21,2 mil), sem taxas e impostos de importão.
Já o preço do Morphius fica entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, conta
Joaquim. Outra vantagem, além do pro, é que o projeto da
Morphius tem tecnologia nacional. Para produzir o Morphius
em pequena escala, de acordo com a demanda do mercado,
Joaquim necessitaria de R$ 130 mil a R$ 150 mil.
Como consultor e professor da UTF do Para, Joaquim co-
nhece todo o potencial do Hotel Tecnológico.Posso auxiliar a
formação de novos talentos, como consultor. Já como incubado,
sou assessorado em áreas nas quais estou mais fragilizado”, diz.
Assim como Joaquim Mira Júnior, outros paranaenses
querem montar uma empresa. Estudos mostram que um em
cada sete paranaenses entre 18 e 64 anos tenta iniciar um
necio próprio. No Brasil, segundo dados do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% das empresas
de uma empresa de Curitiba. A meta dos empresários é,
em um ano, produzir 13 jogos, além de criar e manter um
portal na internet para comercializá-los.
A Blue Monkey mantém cinco estagrios de Informá-
tica, com recursos que recebeu do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnogico (CNPq) em
2004. Lucas de Carvalho Bueno Santos é um deles. Diz
que gosta de trabalhar numa área em que pode colocar
em prática o conhecimento que aprende em sala de aula.
O estagiário Pedro Henrique Dropa revela que, como o
curso é direcionado a softwares de geso e controle de
empresas, trabalhar na Blue Monkey diversifica seus co-
nhecimentos. AndRicardo do Prado complementa e diz
que no estágio se aprende a fazer.
O sócio Daniel Sanches es satisfeito: “Por R$ 50
por mês, temos uma sala, telefone, fax e computadores”.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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o pequenas ou micro, ocupam mais de 50% da mão-de-
obra e respondem por 20% do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional, por isso o apoio do HT é fundamental.
Que o diga Fabiano Florêncio Silva, dono da Fadeb, uma
empresa de alimentos congelados. Ele procurou o Hotel
Tecnogico quando se viu às voltas com problemas de ad-
ministração e prodão em 2002. “Não tinha acesso a novas
tecnologias”, diz. Resolveu, então, ingressar no curso de tec-
nologia de Alimentos da UTF do Paraná. Quando descobriu
no curso a pectina um homopolissacadeo com função
aglutinante utilizado no preparo de geléias e alimentos –,
pensou em fabricar suas pizzas com o produto. Como ela
retém as gorduras não absorvidas pelo organismo e expelidas
pelo intestino, minhas pizzas ficariam mais saudáveis”, pen-
sou. Ele pretendia utilizar, ainda, os ácidos graxos Ômega 3
e Omega 6 na massa, para reduzir o mau colesterol.
Era uma idéia, mas, mesmo assim, resolveu levá-la para
o HT em 2004. rios testes realizados nos laborarios da
UTF lhe indicaram a exata concentrão de pectina e dos
ácidos graxos para a composão da massa. Deu certo.
Quando Fabiano decidiu ampliar sua produção e fabricar
embutidos com a pele de suíno tratada, também procurou
o HT. Hoje, Fabiano vende 30 mil pizzas e 10 mil kg de
embutidos por mês.
Apesar de ser dono de uma empresa graduada pelo HT,
ele freqüentemente utiliza os serviços da incubadora. Foi
para ampliar ainda mais a fábrica e produzir bolos e pães
com farinha de soja, que buscou a parceria da incubadora
para encontrar novos cios. Com a ajuda do HT, ele se reu-
niu com um grande fabricante de subprodutos de soja. Jun-
tos, eles desenvolveo es e bolos com a farinha de soja.
Atualmente, estão na fase de testes para acertar a mistura das
farinhas de soja e de trigo.
Sua empresa, que tem 18 funcionários, não pára. Principal-
mente agora que fechou um contrato com uma grande rede de
supermercados para vender 5 mil pizzas por dia. Hoje, es às
voltas para adequar sua fábrica, que tem a chancela do Hotel
Tecnogico, à demanda. Para isso, tem ts meses.
P-incubação – A Calarga e Beninca Softhouse, de Edu-
ardo Beninca e bio Calarga, quer se especializar em pro-
gramas para geso de rebanhos bovinos de leite. Ambos se
conheceram no curso de tecnologia em Informática da UTF
em Ponta Grossa em 2003. Um ano e meio depois, tiveram
que propor um software para uma disciplina e pensaram em
criar um de geso de rebanhos.
Eso no HT desde julho de 2005 desenvolvendo o pro-
grama. Já conseguiram o apoio da Associão Paranaense de
Criadores de Bovinos da Raça Holandesa na divulgação do
programa, quando pronto, entre os 400 associados.
Arquivo
Saiba mais
Na internet há mais informações
sobre os projetos em incubação no
Hotel Tecnológico da UTFPR. Saiba
mais no endero http://www.
pg.cefet.br ou envie uma mensa-
gem para hotel@pg.cefet.br.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
27
A meta de Eduardo é terminar o software até março e abrir
a empresa. Sua estimativa é de poder vendê-lo por cerca de R$
1 mil. O programa permite ao produtor rastrear o rebanho, do
nascimento à morte do animal. Com todos os dados do ani-
mal vacinação, inseminação, produção leiteira e alimentação
, o produtor pode planejar melhor seu negócio.
O estagiário Dirceu Vieira começou a trabalhar com Edu-
ardo e Fábio em dezembro de 2005. Ajuda na programação,
da interface do programa à montagem do banco de dados.
Para o estudante do sexto período do curso de Informática,
o mercado é diferente da sala de aula. “Depois de começar a
trabalhar, a desisti de abandonar o curso”, revela.
A meta da Calarga e Beninca é continuar desenvolvendo no-
vas versões do programa de gestão de rebanhos e atingir uma
receita de R$ 30 mil mensais. Após distribuí-lo aos produtores
da associação, os sócios planejam buscar parcerias com outras
entidades, como as de gado jersey e as de pardo-suíço.
Hotel é aberto à comunidade
O Hotel Tecnogico da UTF/PR é um espaço para pré-
incubação e incubação de projetos de empresas de base tec-
nogica aberto a toda a comunidade. A exigência é que a
equipe seja formada por alunos ou ex-estudantes da UTF do
Paraná ou de uma instituição parceira.
A incubadora de Ponta Grossa recebe empreendimentos
nas áreas de tecnologia da informação, mecânica, mecatrô-
nica, automão industrial, eletrônica, tecnologia de novos
materiais e tecnologia de alimentos.
O hotel fornece acesso a serviços de informação e a labora-
tórios. Para cada projeto incubado, um escritório de seis a 12
m2 com veis, telefone, fax e computador com acesso à inter-
net. Além do espaço físico, os spedes recebem treinamento,
cursos de geso e empreendedorismo. Eles ainda são assessora-
dos nas áreas jurídica, contábil, de informática e marketing.
O HT capta recursos por meio de editais de órgãos de
fomento. Atualmente, existem oito bolsistas do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) no HT. Cada bolsa varia de R$ 300 a R$ 850,
dependendo da formação do pesquisador. Eles recebem ain-
da bolsas de pesquisas do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da
Faculdade Cesgace e da União Sistema de Ensino.
Demandas
das empresas
são diferentes
diferentes tipos de incubão no
Hotel Tecnogico de Ponta Grossa. A
pré-incubão é destinada a empreen-
dedores que têm uma idéia, conhecem
como viabili-la, mas necessitam dos
serviços da incubadora para término da
definição do empreendimento. Eles pre-
cisam de apoio para elaborar o estudo
de viabilidade técnico-econômica e o
plano de negócios, o desenvolvimento
de produtos e servos e de protótipos,
explica a coordenadora do HT, Cristiane
Sant’Anna Santos.
A incubação tem como proposta
apoiar empresas já constituídas,
para a continuidade dos negócios.
O HT pode, ainda, apoiar pequenas
empresas da cadeia de suprimentos
de médias e grandes empresas.
A residente é aquela empresa que
necessita ficar hospedada em um
espaço dentro da estrutura do HT. Já
a não-residente utiliza apenas seus
serviços.
O prazo de incubação é de seis meses,
com possibilidade de renovação por igual
peodo. Se houver necessidade, esse
peodo pode ser prorrogado por mais um
ano, duas vezes, no máximo.
Os projetos são julgados segundo cri-
térios de clareza, inovação, potencial,
necessidades, maturidade do estudo
de mercado, formação acadêmica,
experiência, domínio da tecnologia,
relacionamento da equipe e tempo de
dedicação.
A capacidade do HT é de nove
empresas em pré-incubação e três
residentes.
Arquivo
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Divulgação Cefet/SC
ARTIGOS
Artigos
Artigos
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
29
Catalogação de Espécies da Mata Atlântica
com Propriedades Medicamentosas e Curativas
GOMES, Arão A.; SANTOS, Driele A. dos
Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão/SE
Palavras chave: Mata Atlântica, Levantamento Flotico, Plantas Medicinais.
RESUMO
A Mata Atlântica, cobertura vegetal predominante de ocorrência na faixa lito-
rânea do Brasil, reduz-se a cerca de 1% da área originalmente coberta por esta
vegetação no Estado de Sergipe, percentual que vem sofrendo redução dada a
pressão antrópica, sobretudo em remanescentes dessa floresta tropical locali-
zada no povoado de Quissamã, município de o Cristóvão, nos domínios da
Escola Agrotécnica Federal. Apesar da devastação ainda encontram-se várias
espécies de propriedades medicamentosas utilizadas na medicina caseira no
tratamento de enfermidades. O presente trabalho teve como objetivo levantar
qualitativamente as espécies da Mata Atlântica e relacionar as principais uti-
lizões medicinais pela população do distrito supracitado. Durante os meses
de abril, maio e junho realizaram-se coletas, a saber: a primeira para reconhe-
cimento de mata, em que o material foi coletado de plantas das margens das
clareiras; a segunda, no interior da mata; e a terceira, em parcelas medindo
10m x 20m onde se fez o invenrio de espécies arbóreas. O material botânico
para estudo foi coletado, prensado e seco, e montado. As exsicadas encon-
tram-se provisoriamente armazenadas na Eafsc. A identificação das espécies
foi realizada utilizando chaves botânicas para família,neros e espécies. Para
o levantamento de informações do uso medicinal caseiro das espécies, foram
aplicados questionários em uma de amostra de 100 famílias. Foram cataloga-
das 42 espécies pertencentes a 25 famílias botânicas.
Arão A. Gomes é doutor em
Fitotecnia, formado pela Uni-
versidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. Lotação: Eafsc.
Driele Alves dos Santos é
técnica agrícola, habilitada em
Agroindústria.
Introdução
A Mata Atlântica consiste de formões florísticas associadas (man-
guezais, vegetão de restingas e das ilhas litorâneas), enclaves de cerra-
dos, campos e campos de altitude. Portanto inclui todas as formões
florestais que fazem parte do donio de Matas Atlântica, juntamente
com seus ecossistemas associados (FURLAN ; NUCCI, 1999), ou seja
floresta ombfila densa atlântica, floresta ombfila mista, floresta om-
brófila aberta, floresta estacional semidecidual, floresta estacional deci-
dual, manguezais, restingas, campos de altitudes, brejos interioranos e
enclaves florestais do Nordeste. Essa mata é caracterizada por grande
diversidade de escies, alta freqüência de endemismos e varião espa-
cial na composão florística. Em termos dimensionais, a extensão da,
floresta atlântica sempre foi determinada pela abunncia de precipita-
ção e a incidência da luz dos trópicos que agem favorecendo a exuberan-
te vegetão mais rica em biodiversidade do planeta, (CONRCIO
MATA ATNTICA, 1992).
A floresta atlântica original é na realidade uma formão vegetal com-
plexa, onde predominam as florestas pluviais tropicais de encosta, que se
estendem desde a zona da floresta nordestina até a região costeira do Es-
pírito Santo, estendendo até o Rio Grande do Sul (ALMEIDA, 2000).
Originalmente a floresta atlântica ocupava uma superfície superior
a 1.306.421 km
2
, equivalente a cerca de 15% do território brasileiro.
Na região Nordeste, ocupava 35% da sua área. Atualmente sobrevive
em menos de 100 mil Km
2
tendo seus principais remanescentes con-
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
30
centrando-se nos Estados das reges Sul e Sudeste, recobrindo parte
da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira (CAPOBIANCO, 2001).
A destruição da Mata teve início após a chegada dos portugueses,
a partir da extrão de madeiras. Apesar da grande devastação, a Mata
Atlântica ainda é considerada um dos mais ricos ecossistemas do pla-
neta. A exploração dos ecossistemas quando feito de forma adequada
fornece à sociedade bens materiais, como madeira, resinas, frutos, go-
mas, látex, óleos e uma infinidade de produtos advindos da matéria-
prima. Além de fornecer bens que o são matérias como a, diversida-
de biogica, a potabilidade da água, a qualidade ambiental e de vida.
Essa formação vegetal vem sendo devastada intensamente. A destrui-
ção de parcelas ainda que pequenas dessa floresta pode significar per-
da irreversível de inúmeras espécies por vezes sequer estudadas. O
estado de Sergipe era coberto até 1938, em 40% pela Mata Atlântica.
Posteriormente esse valor diminuiu dramaticamente em ritmo idênti-
co aos demais estados da nação. No fim do século passado a vegetação
de domínio de Mata Atlântica apresentava-se com percentual 6,70%,
equivalente a 2,42% da área total do Estado (PORTO, 1999). Hoje,
as estimativas apontam remanescentes de cobertura florestal em tor-
no de 7,4 % em todo o ps (FURLAN ; NUCCI, 1999).
Pesquisas etnofarmacológicas revestem-se de vital importân-
cia, pois regatam o saber popular. De acordo com Di Stasi e
Hiruma-Lima (2002), o estreitamento entre esses saberes pode
resultar em mecanismos para obtenção de renda adicional para as
famílias que vivem no entorno dos ecossistemas florestais.
O conhecimento popular sobre plantas medicinais, oriundo da cultura
de determinado povo, e a modificação dessa, quando agrega informações da
cultura erudita, ganha nesse processo dinâmico mais aceitação popular
O presente estudo objetivou catalogar as escies vegetais do frag-
mento de Mata Atlântica da Escola Agrotécnica Federal de São Cris-
vão/SE, e regatar o saber popular sobre o uso delas na medicina caseira.
Material e Métodos
As espécies nativas de uma área de aproximadamente 250
hectares foi o objeto do estudo. O trabalho constou do levan-
tamento qualitativo da flora remanescente da área de domínio
de Mata Atlântica localizada no município de São Cristóvão,
situada na Escola Agrotécnica Federal deo Cristóvão/SE, dis-
trito de Quissa, sob as coordenadas geográficas longitudinais
37 07’00 W e latitudinais 10 55 00S. O clima da região é
tropical chuvoso com verão seco, classificado Köppen e o índi-
ce xerotérmico entre 0 e 40 (Guassen) possuindo meses secos
entre 1 a 3 e temperaturas no mês mais frio superiores a 15c e
precipitação anual em aproximadamente 1.250mm.
O levantamento realizado no remanescente de Mata Atlântica, rea-
lizou-se em três coletas, a saber: a) coleta de reconhecimento de mata,
na qual o material foi coletado de plantas das margens das clareiras na
mata; b) por incursões no interior da mata e c) em parcela medindo
10 x 20m onde todas as espécies arreas foram catalogadas.
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Resultados e Discussões
Foram catalogadas trinta e nove espécies distribuídas em vinte e
quatro famílias. O maior número de espécies agrupou-se nas famí-
lias Mimosaceae e Anacardiaceae.
Entre as espécies catalogadas, a literatura atribui potencial medi-
camentoso ou curativo a: Tabebuia sp. (ipê-amarelo), a casca do caule é
adstringente, útil no tratamento das doenças da garganta e estomatites;
Bowdichia virgiloides (sucupira), cujo óleo das sementes é preconizado
como anti-reumático eficaz. Os tubérculos que se formam nas raízes
das árvores novas contêm o alcalóide “sucupira”, de ação depurativa;
Astronuim sp.(gonçalo alves), casca e exsudados dessa, possuem uma
substância resinosa de forte cheiro desagradável, porém de interesse
medicinal; a infusão das folhas de Xylopia frutescens Aubl. (pindaíba) é
usada como potente analgésico e antiinflamatório, com atividade an-
timicrobiana e tripanossomicida. A decocção da casca, usada na forma
de inalação, é indicada para combater resfriados e dores de caba.
Suas sementes são usadas como estimulantes da bexiga, como diges-
tivo e o úteis contra catarro e cólicas de estômago. A casca de Schinus
terebintifolius (aroeira) possui ação depurativa e febrífuga, já as folhas
podem ser utilizadas no tratamento de reumatismo. Em plantas do
nero Cecropia, geralmente designadas por umbba, têm sido isola-
dos flavoides e cumarinas. Diversos estudos indicam a ação dessa
planta no tratamento de maria e hipertensão, entre outros males. Na
medicina popular, o c dos brotos mostra-se útil contra bronquite
(DI STASI; HIRUMA-LIMA, 2002; CORREIA, 1984).
Os resultados dos questionários mostraram que grande parte da po-
pulão utiliza remédios caseiros, sobretudo na forma de chás de folhas,
cascas e raízes das árvores. Parte das plantas catalogadas é utilizada por
65% desses habitantes no tratamento de problemas de intestino, do-
res e inflamação – ipê-amarelo (Tabebuia sp); de contusões, problemas
pulmonares e inflamação - gonçalo-alves (Astronuim sp.); de gripes, pro-
blemas renais e inflamação – murici (Byrsonima sericea); no controle de
piolhos mutamba (Guazuma ulmifolia); como tônico e no tratamento
de problemas de intestino camboatá (Cupania oblongigolia); como abor-
tiva, anti-gripal in (Inga sp); no tratamento de gripes clarba
(Cordia sp); para diabetes – pé-de-galinha (Didymomopanax morototonii);
dores, pneumonia, hipertensão, diarréia, problemas de coluna e infla-
mação umbaúba (Cecropia sp); antigripal tucum (Euterpe sp); cicatri-
zante buri (Polyandrococos cf. caudescens); cicatrizante, inflamação, filis,
verfugo, anti-gripal e contusões gameleira (Ficus contortisilliquum);
indigestão, dores intestinais louro da mata (Miconia albicans).
O material foi coletado, prensado e seco, e montado utilizando cola
e material próprio. As exsicadas encontram provisoriamente armazenada
na Eafsc. Para tanto foram utilizados: tesoura de poda, podão, prensas
de madeira, jornais, estufa e papel 20 Kg etc. A identificão foi realizada
utilizando chaves bonicas para família, neros e espécies.
As informões sobre o uso na medicina caseira foram obtidas por
meio de questiorios e entrevista em uma amostra de cem falias.
Arquivo
No fragmento de mata
atlântica estudado foram
encontradas 39 espécies
plantas com propiedades
medicamentos e curativas.
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32
Conclusão
O levantamento florístico realizado mostrou pequena diversidade
de espécies, sobretudo dentro das famílias botânicas, evidenciam que
a preso antrópica pode resultar no desaparecimento de escies da
Mata Atlântica. O estudo mostrou também grande parte dessas espé-
cies são utilizadas no tratamento de doeas pela população local.
Referências
ALMEIDA, D. S. Recuperão Ambiental da Mata Atlântica, Ilus: Editus, 2000.
CONRCIO MATA ATLÂNTICA: Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: Plano de Ação. Campinas, 1992. vol.1, 101p.
CAPOBIANCO, J. P. R. (Org.) Doss Mata Atlântica. São Paulo, Instituto Socioambiental, 2001.
CORRÊA, M. P.Dicionário de plantas uteis do Brasil e das exóticas cultivadas. IBDF, Ministério da Agricultura, Imprensa Nacional, 1984.
DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. o Paulo: Editora UNESP, 2002.
FURLAN, S. A.; Nucci, J. C. A conservão de floreastas tropicais. o Paulo. Ed. Atual, 1999. PORTO, P. R. M. Situação florestal
da Estado de Sergipe e subsídios para um plano de recomposão. 2000, 156 p. Dissertão UFS, o Criso/SE, 1999.
PORTO, P. R. M. Situão florestal da Estado de Sergipe e subsídios para um plano de recomposão. 2000, 156 p. Dissertão
UFS, o Criso/SE, 1999.
A Digestibilidade em Ovinos
de Dietas Compostas de Farelo de
Melancia Forrageira e Feno de Guandu
SILVA, Raimundo L. N. V. da; SOCORRO, Eliomar P. do;
ARAÚJO, Gherman G. L. de
Escola Agrotécnica Federal de Catu /BA
Palavras-chave: Composição Química, Digestibilidade Aparente, Melancia Forrageira.
RESUMO
Para estudar níveis adequados de incorporação do farelo de melancia forrageira
(Citrullus lanatus cv. citides) a uma dieta básica composta de feno de Guandu
(Cajanus cajan (L.) Millspaugh cv. D1 Type), foi realizado um ensaio de diges-
tibilidade testando cinco níveis de incorporação (80%, 65%, 50%, 35% e 20%).
Determinou-se a composição química, o consumo e a digestibilidade aparente de
matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo
(EE), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA), hemicelu-
lose (HEM) e carboidratos totais (Chot). Utilizaram-se 20 cordeiros com idade
média de seis meses e peso vivo médio de 11,2kg 1,2). O experimento constou
de 25 dias de adaptação e um período de quatro dias de coleta total de sobras e fe-
zes. As forrageiras apresentaram teores de PB 18,73% e 16,77% respectivamente.
Os teores de FDN e HEM da melancia forrageira foram de 38,82% e 4,76% e, do
Raimundo L. N. V. da Silva é
mestre em Medicina Veteriria
Tropical, Nutrição de Ruminan-
tes e Avaliação de Alimentos
para Ruminantes.
Entretanto, 25% da populão amostrada prefere medicamentos
sintéticos, conforme eles agem com rapidez contra a enfermidade, e
uma pequena parte respondeu que dependendo da doença que tem no
momento (10%), como um resfriado, ou problemas intestinais, utili-
za chá caseiro associado a medicamentos sinticos. Entre os 65% da
população amostrada 32% referem-se que os medicamentos de prepa-
ro caseiro apresentam melhor efeito que os medicamentos farmacêu-
ticos; 39% afirmam que possuem o mesmo efeito que os sintéticos;
18,5% consideram que os medicamentos farmauticos surtem me-
lhor efeito e 10,5% não possuem opino conclusiva.
Do percentual da populão entrevistada, 86% conhecem o prepa-
ro remédios caseiros, sobretudo o contingente formado pelos idosos.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
33
Introdução
É reconhecida a lacuna de informações sobre a composição química,
a aceitabilidade e o valor nutricional das espécies forrageiras nativas das
reges tropicais semiridas a vel mundial (ROOTHERT ; PATER-
SON, 1997, p.39 51), sendo que muitos dos estudos publicados,
provêm de trabalhos africanos (DZOWELLA et al.,1995, p. 207
214). No Nordeste semi-árido brasileiro, existe uma subutilização dos
recursos forrageiros locais, o que contribui para a limitação da atividade
agropecuária. A melancia forrageira (Citrullus lanatus cv. citróides), tam-
bém conhecida como melancia de porco, do mato ou de cavalo, por sua
ampla disseminação, novel resistência à seca, facilidade de cultivo e
aceitabilidade pelos ruminantes, vem sendo bastante utilizada no Nor-
deste para alimentação animal (OLIVEIRA ; BERNARDINO, 2000).
Entretanto, os aspectos relacionados à sua utilizão digestiva não eso
ainda esclarecidos.
O objetivo do presente trabalho foi determinar a composição
química das forrageiras, o consumo e a digestibilidade de dietas
contendo diferentes níveis de farelo de melancia forrageira (Citrullus
lanatus cv. citróides) incorporados ao feno de guandu (Cajanus cajan
(L.) Millspaugh cv. D1 type) em ovinos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado durante os meses de setembro a de-
zembro de 2001. Os animais foram sorteados para os tratamentos e
alojados em gaiolas de metabolismo, situadas em galpão coberto. O
ensaio constou de 25 dias de adaptão e um período de quatro dias
de coleta total de fezes e sobras.
Animais
Foram utilizados 20 cordeiros mestos, com idade média de seis me-
ses e peso vivo médio de 11,2kg 1,2). Os animais foram identificados
com brincos numerados, vermifugados por via oral com albendazole, es-
tando livres de parasitos gastrintestinais na fase experimental. Vitaminas
A, D e E foram administradas aos animais (2ml /animal de ADE
®
La-
borario Coopers) e os animais permaneceram alojados em gaiolas de
metabolismo situadas em galpão coberto durante todo o experimento.
Alimentos Utilizados e Manejo Alimentar
O feno de guandu (FN) foi preparado ao sol – até que sua umi-
dade tivesse sido reduzida a cerca de 10% e picado em partículas
de aproximadamente 4cm a 5cm.
O farelo de melancia forrageira (FMF) foi obtido a partir da passa-
gem do fruto integral in natura da planta numa raspadeira e o material
resultante espalhado em camadas em terreiro cimentado, desidratado
feno de guandu 64,27 e 21,53%. Os consumos de MS, MO, PB, FDN apresen-
taram comportamento quadtico (P<0,05). O consumo de extrato etéreo não
foi alterado (P<0,05). Os coeficientes de digestibilidade das MS, PB, FDN e
EE não foram influenciados pelo nível de incorporação. A digestibilidade aparente
de MO (62% a 54%), FDA (49% a 36%) e Chot (58% a 47%) variou linear e
decrescentemente, enquanto a digestibilidade de HEM teve um comportamento
linear positivo. As dietas experimentais proporcionaram um consumo adequado de
matéria seca ao nível do requerimento dos animais e os coeficientes de digestibili-
dade observados foram satisfatórios.
Arquivo Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Tratamento
farelo de melancia
forrageira (%)
feno de
guandu
(%)
1 80 20
2 65 35
5 50 50
4 35 65
5 20 80
ao sol, sendo revirado duas vezes ao dia, durante dois dias. Em segui-
da, o material desidratado foi desintegrado, utilizando-se peneira com
malha de 10mm de diâmetro. Água e mistura mineral completa perma-
neceram durante todo o experimento à disposição dos animais.
As dietas foram fornecidas à vontade duas vezes ao dia, pela ma-
nhã, às 8 horas, e à tarde, às 15 horas e 30 minutos, ajustando-se
uma sobra diária de 20% do alimento, por animal. Foram feitas
anotações diárias da quantidade de ração fornecida e das sobras de
cada animal, além de uma amostragem semanal do concentrado, vo-
lumoso e sobras para análises posteriores.
Delineamento Experimental e Tratamentos
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com
cinco tratamentos distribdos aleatoriamente em quatro repetições.
Tomada de Dados e Coleta de Amostras
No período de coleta total foram colhidas diariamente, para aná-
lises, amostras do alimento oferecido, sobras do dia anterior e fezes
produzidas pelos animais. Amostras de 200g correspondentes aos
tratamentos oferecidos eram retiradas logo após o preparo dos ali-
mentos, identificadas, acondicionadas em sacos psticos e hermeti-
camente fechadas. As sobras do dia anterior de cada animal eram pe-
sadas, identificadas e armazenadas separadamente em outro recipiente
de plástico, em seguida lacrado. Procedimento similar era realizado
com as fezes, diferindo apenas na quantidade guardada, vez que essa
representava uma aquota de 20% do total drio excretado.
Análises Laboratoriais
Foram determinados matéria seca (MS), matéria mineral (MM), pro-
tna bruta (PB) e extrato etéreo (EE) nos alimentos, sobras e fezes, se-
gundo A.O.A.C. (1975). As frações de fibra detergente neutro (FDN) e
fibra detergente ácido (FDA) foram determinadas pela metodologia pro-
posta por Van Soest et al. (1991). Os carboidratos totais (Chot) foram
calculados segundo Sniffen et al. (1992) e os nutrientes digestíveis totais
(NDT) calculados a partir da FDA, segundo Rofler e Sotter (1975),
citados pelo NRC (1989). O tanino foi determinado pelo método de
Folin-Denis, como descrito em Magalhães et al. (1997). O perfil de mi-
nerais foi determinado por espectrofotometria de absoão amica.
Análises Estatísticas
Os dados foram analisados com o auxílio do programa estatístico
SAS versão 6.11, por meio do qual foram procedidas as análises de
varncia e regreso, as dias foram comparadas e a diferença mínima
significativa determinada pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados, Discussão e Conclusões
Composão Química dos Alimentos e das Dietas Utilizadas
O elevado teor de PB do farelo de melancia forrageira é reflexo da
participação significativa de sementes na composão do farelo. De
fato, na análise fracionada da MS do fruto da melancia forrageira,
enquanto a polpa e a casca participam com apenas 4,95% e 15,38% da
MS, com teores respectivos de 3,62% e 11,25% de PB, as sementes
representam 79,48% da MS do fruto e contêm 16,73% de PB. Esses
dados diferem dos encontrados por Oliveira e Bernardino (2000),
Foram cinco os
tratamentos estudados:
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
35
segundo quais, os teores de PB do fruto total e das sementes foram
9,43% e 30,62% respectivamente, mas essa discrencia reflete apenas
a diferença de estágio fisiológico (idade) do fruto, que apresentava
variação nos teores de MS. O teor de PB encontrado neste trabalho
para o guandu (16,77%), foi similar ao encontrado por Araújo et al.
(2002) de 15,33%, tamm determinado na planta inteira e inferior
ao encontrado por Dzowela et al. (1995) nas folhas (21,40%).
Vale destacar o teor de EE no farelo de melancia forrageira
(10,39%), considerado alto se comparado com forrageiras em geral.
No fruto da melancia forrageira, Oliveira e Bernardino (2000) veri-
ficaram teor de EE de 1,11%, muito inferior ao do farelo (10,39%),
em função da grande participação das sementes no farelo estuda-
do. O teor de FDN do farelo de melancia (38,82%), é próximo
aos valores encontrados em gliricídia e leucena por diversos auto-
res (IBRAHIM et al., 1995; KRISHNAMOORTHY et al., 1995,
p. 177- 188; MUPANGWA et al., 1997; BALOGUN et al., 1998;
HINDRICHSEN et al., 2002) e inferior ao do feno de guandu
(64,27%), que se aproxima mais dos teores das gramíneas.
Os percentuais de PB das dietas experimentais situaram-se aci-
ma de 17% em todas as dietas, indicando que esse nutriente não
atuou como fator influente na restrição do consumo voluntário pe-
los animais, como também não contribuiu para depressão da diges-
tão da fração fibrosa, tendo em vista, que se considera que o teor
de PB de 6,0% é o mínimo necessário para que sejam atendidos os
requerimentos das bactérias ruminais (MINSON, 1990). O teor
protéico apresentou pequena diferença entre os tratamentos (mí-
nimo de 17,1%, máximo de 18,3%), ao passo que o teor de FDN
constituiu a principal fonte de variação (15,3% entre o primeiro e
o último tratamento), principalmente devido à variação no teor de
hemicelulose. Apesar da relativa constância do teor de MO e Chot,
houve variação no teor energético, expresso pelo NDT, refletindo
as diferenças dos teores de FDA. A relação NDT/PB das dietas foi
de 3/1, relação favorável (SOUZA; BOIN, 2002), que explicaria o
consumo satisfatório de matéria seca. Os níveis de extrato etéreo
(EE) nas dietas experimentais, embora decrescentes, situaram-se
acima de 5,0%, o limiar acima do qual ocorreriam prejuízos para
a digestão ruminal da fração fibrosa, (GONZAGA NETO et al,
2002). Os teores de taninos totais das dietas foram crescentes à
medida do incremento do nível de incorporação do feno de guandu
às dietas, entretanto, o maior nível (4,16%), na dieta 5, situou-se
ainda abaixo de 6,0%, que segundo Narjisse et al. (1995), afetaria o
consumo mas não a digestibilidade da matéria seca em ovinos, en-
tretanto, iguala o limite crítico de 4% para ovinos, segundo REED
(1995). O menor consumo da dieta 5 (80% FG e 20% FMF) pode
ter resultado da combinação dos efeitos do teor de tanino e da na-
tureza mais lignificada do feno de guandu incorporado a dieta.
Consumos das Dietas Experimentais
Os dados demonstraram que os consumos de MS, MO, PB, FDN,
FDA, HEM e Chot, expressos em g/dia, apresentaram comportamen-
Na pesquisa foram quan-
tificados os dados relativos
a: composição química
média dos alimentos (em
% da ms); composição
químico-bromatológica das
dietas experimentais; mé-
dias, equações de regressão
ajustadas (er), coeficientes
de variação (cv) e de
determinação (r²), para os
consumos de matéria seca
(ms), matéria orgânica
(mo), proteína bruta (pb),
extrato etéreo (ee), fibra
detergente neutro (fdn),
fibra detergente ácido
(fda), hemicelulose (hem)
e carboidratos totais (chot),
expressos em g/dia, em
função dos níveis de farelo
de melancia forrageira nas
dietas; médias, equações
de regressão ajustadas (er),
coeficientes de variação
(cv), coeficientes de deter-
minação (r2) e coeficientes
de digestibilidade aparente
da matéria seca (ms),
matéria orgânica (mo),
proteína bruta (pb), extrato
etéreo (ee), fibra detergen-
te neutro (fdn) e carboi-
dratos totais (chot), em
função dos níveis de farelo
de melancia forrageira nas
dietas
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
36
to quadrático (P<0,05) com a varião do vel de farelo de melancia
forrageira (FMF) nas dietas, enquanto que o consumo de EE não foi
afetado. O consumo médio de EE das dietas testadas (44,38g/dia),
foi, mesmo assim, muito superior ao verificado por Gonzaga Neto
et al. (2002) que foi de 21,7g/dia, com dietas à base de feno de ca-
tingueira em ovinos de mesma faixa etária; indicando que em dietas
compostas por FMF, os ovinos mostraram tolencia a níveis relativa-
mente mais elevados de EE.
O consumo de MS foi mais elevado e estatisticamente semelhan-
te entre os tratamentos cujos níveis de incorporação (FMF) varia-
ram de 35% a 65% na dieta (501g/dia a 533g/dia), enquanto que,
os níveis acima de 65% e abaixo de 35%, resultaram em depressão do
consumo (371g/dia a 422g/dia). Os consumos de MS das dietas
mais consumidas satisfizeram os requerimentos nutricionais em ní-
veis de 100,20% a 106,60% respectivamente, situando-se acima do
recomendado pelo NRC (1985), que seria de 500g de MS/dia.
Gonzaga Neto et al. (2002), verificaram um comportamento linear
decrescente nos consumos de MS, MO e FDN, com o aumento do -
vel de incorporão do feno de catingueira (FC) em dietas para ovinos.
Quando o vel de incorporação desta forrageira atingiu vel de 100%,
os resultados de consumo foram semelhantes aos encontrados neste
trabalho. O consumo geral naquele trabalho ficou aquém do recomen-
dado, tendo os autores atribuído essa limitação de consumo aos ele-
vados níveis de tanino das dietas estudadas (3,15% a 6,30%). Já neste
trabalho, os teores de tanino foram menos elevados, variando de 2,51%
a 4,16%, entre os tratamentos, o que nos leva a concluir que os baixos
consumos, a exemplo das dietas 1 e 5, o podem ser atribuídos apenas
aos teores de tanino, mas também às relões entre o alto teor de FMF
(D1 80%), o baixo teor de fibra (D1, FDN 44%) e a digestibilidade
média da MS (58%), relativamente elevada, propiciando atendimento
das necessidades enerticas em menores veis de consumo (D1), e da
combinão dos efeitos do teor de tanino e da natureza mais lignificada
do feno de guandu incorporado à dieta com menor teor de FMF (D5),
caso em que a ingestão seria limitada pela inibição da aceitabilidade e
preenchimento físico do rúmen.
O teor médio de PB das dietas (18,61%), embora estivesse acima
do recomendado, 14% em média (NRC, 1985), proporcionou um
consumo próximo de 81g de PB/dia, 95% do requerimento, que se-
ria de 85g de PB/dia (NRC, 1985). Os consumos médios de FDN,
FDA e HEM neste trabalho, respectivamente de 245g/dia, 195g/dia
e 58g/dia, foram inferiores aos verificados por Gonzaga Neto et al.,
(2002) trabalhando com feno de catingeira, que encontraram em ovi-
nos consumos dios de 355g/dia, 369g/dia e 89g/dia
Digestibilidade das Dietas Experimentais
Os níveis de FMF o influenciaram a digestibilidade de MS, PB,
EE e FDN. Com a diminuição do nível de FMF na dieta, os coeficientes
de digestibilidade aparente da MO, FDA e Chot tiveram um comporta-
mento linear decrescente, 62% a 54%; 49% a 36% e 58% a 47%, respec-
tivamente. Portanto, níveis decrescentes de FMF resultaram em menor
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
37
digestibilidade aparente dessas frações, em função do aumento propor-
cional dos contdos de parede celular nas dietas, material de degra-
dação mais difícil. O nível de farelo de melancia forrageira influenciou
tamm o Coeficiente de digestibilidade de hemicelulose (CDHEM)
que teve um comportamento linear crescente com o aumento do vel
de feno de guandu (15% a 62%), evidenciando que, quanto maior o -
vel de FMF na dieta, menor a digestibilidade aparente da hemicelulose.
Esse comportamento do CDHEM pode ter decorrido de alterações na
população microbiana do men, tendo como conseqüência uma menor
atividade fibrolítica, em função das alterações de pH e menor tempo
de residência da digesta no rúmen. Com efeito, nos animais ruminan-
tes, a digestão da parede celular pela microflora ruminal é um processo
relativamente lento e a xima digestão da fração fibrosa depende do
período de exposição da forragem àão da microbiota ruminal. Qual-
quer fator que leve à diminuição no tempo de exposição ou à redução
da atividade dos microorganismos, resulta em perda de parede celular
potencialmente digerível nas fezes e depreso na sua digestibilidade.
Barros et al. (1997) encontraram, numa extensa revio sobre a utiliza-
ção de forrageiras por ovinos e caprinos no semi-árido, diferentes coefi-
cientes de digestibilidade para espécies arbustivas e arbóreas, que variaram
de 39,9% a 73,5%; 41,9% a 62,4% e 27,9% a 51,7%, respectivamente, para
MS, PB e FDN. Essa variabilidade entre alimentos pode ser considerada
normal, dado que a digestibilidade é uma característica inerente a cada
alimento. Os coeficientes de digestibilidade determinados por Gonzaga
Neto et al. (2002), para MS, MO, e PB, não foram influenciados pelos
níveis de incorporação do feno de catingueira em dietas para carneiros.
Os coeficientes de digestibilidade da maria seca (CDMS) se situaram
entre 58,76% e 62,84%, valores assemelhados aos obtidos por Woodward
e Reed et al. (1995), com A. brevispica, S. sesban e V. dasycarpa os valores dos
coeficientes de digestibilidade da matéria ornica (CDMO) medidos
neste trabalho são inferiores aos encontrados por Krishnamoorthy et al.
(1995) para Gliricidia maculata (66,60%), mas próximos aos valores en-
contrados com Leucaena leucocephala (62,0%).
Conclusão
o foi verificado efeito associativo relacionado ao parâmetro
consumo. A ausência de interações digestivas negativas, e os níveis
de consumo de matéria seca, confirmam a potencialidade do farelo
de melancia forrageira como recurso alimentar para regiões semiri-
das. Os Coeficientes de digestibilidade de MS, PB, EE e FDN o
demonstraram efeitos associativos. Por outro lado, os Coeficientes de
digestibilidade de MO, FDA e Chot foram influenciados pelo nível
de incorporação de FMF. O CDHEM foi severamente deprimido nos
maiores níveis de inclusão de FMF, indicando que a digestibilidade da
frão fibrosa é afetada pela propoão de FMF na dieta.
Adicionalmente ao estudo dos níveis de incorporação às dietas e à determi-
nação da digestibilidade aparente das frações, os parâmetros ruminais também
precisam ser estudados, para esclarecer a influência de possíveis fatores depres-
sores e elucidar ocorrências de interações restritivas ao consumo.
Campo de melancia forrageira
Fotos: Escola Agrotécnica Federal de Catu /BA
Processo de elaboração do
farelo de melancia forrageira
Primeira Etapa.
Filetamento
Segunda Etapa.
Secagem
Farelo de melancia
forrageira
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
38
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Biossegurança e Qualidade de Vida
em Atividades Agropecuárias
de Produção e Ensino
BARROS JR. Bartolomeu L; SILVA, Antonio S.
Escola Agrotécnica Federal de Senhor do Bonfim /BA
Palavras-chave: Biossegurança, Ensino, Escola Agrícola.
RESUMO
A biossegurança é um recurso capaz de apontar solões e normas de prudência
para as contradões e os desafios que o mundo do trabalho carrega em toda sua
transformação hisrica. Em uma escola agrícola a conscientização e o uso dasc-
nicas de preveão quanto aos diversos riscos químicos, físicos, biológicos, ergonô-
micos e acidentais devem ser prioridade na formação profissional na agropecuária e
um alerta para toda a comunidade escolar. Nesse sentido, a implantação de políticas
sicas de prevenção e a inserção de um programa de conscientização no interior da
instituão são requisitos sicos na promoção da qualidade de vida e na formação
do profissional. A partir de questionários e entrevistas semi-estruturadas foi pos-
vel constatar que a comunidade escolaro possui noções de protão quanto aos
diversos riscos a sua saúde, especialmente os biológicos, ergonômicos e acidentais.
Tantos os alunos que mantêm relação direta com manejo na agricultura orni-
ca, quantos os servidores e professores que sofrem com os riscos das ferramentas
ativas e passivas das atividades laborais, seja no setor administrativo, pedagógico,
nas unidades de produção ou na oficina automotiva, estão passivamente sujeitos à
incidência e prevalência dos comprometimentos à saúde do corpo.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
39
Introdução
Em diversos campos da vida laboral, seja na agropecria familiar,
nas instrias de alta tecnologia, nos pequenos e grandes escritórios
localizados em metrópoles e em laborarios de bioquímica espaço
do mundo invisível, uma alusão aos seres microspios lidamos inte-
gralmente com alguns problemas muito sérios. Um desses problemas
nos traz desafios constantes, ultrapassados apenas pela consciência do
que pode ser previsto, ou seja, coibido pela condão de consciência dos
atos. É essa conscncia que promove a possibilidade de conhecimento
de riscos que a atividade de produção no trabalho do homem provoca
em relão ao seu bem-estar, sua vida.
A formação profissional na agropecuária, agendada pelas Escolas
Agrocnicas Federais e Cefet, em nível de Ensino Médio, no país, con-
tém diversos tipos de conhecimento e trato com as diversas ciências.
No entanto, atras dos jornais, periódicos cienficos especializados e a
mídia rural o eso ainda em condições de tratar a queso do risco ao
bem-estar e à vida por atividades laborais técnicas. É fuão, portanto,
destas instituões de ensino e formação técnica apontar soluções e dar
ciência de efetivos mecanismos de biosseguraa, para evitar os com-
prometimentos ao corpo/saúde dos profissionais do setor agropecuário.
Demonstraremos então uma avaliação dessa relão do corpo/homem/
mulher no trabalho e de seus riscos para a sde em aulas da disciplina
Agricultura I e, ainda, nos setores em que os servidores/professores atu-
am no dia a dia de uma escola agrícola federal, considerando o espaço da
escola como sujeito aos rios grupos de riscos, sejam físicos, biológicos,
químicos, ergomicos e de acidentes.
Nesse ensejo, uma ciência aflora como possibilidade efetiva de clarear
os chamados meios de proteção. A biossegurança é uma ciência surgida no
século XX, voltada para o controle e a minimização de riscos advindos da
prática de diferentes tecnologias, seja em laboratório ou quando aplicadas
ao meio ambiente. Seu surgimento acontece em decorrência das preocu-
pações de contaminação acidental, em laboratório, por microorganismos,
a partir das constatações de Meyer e Eddie, em 1941. Um conhecimento
importante na formação profissional em diversas áreas do conhecimento,
por se tratar de informação necessária para a manutenção e o cuidado com
a vida. Essa condição responde por sua aplicação em setores da construção
civil, no escritório e, imperativamente no manejo em laboratórios de par-
tículas microscópica. Certo é que a biossegurança, nos dias atuais, abrange
não apenas questões de segurança biológica (envolvendo microorganismos
modificados ou não geneticamente), mas também questões de segurança
física e química, que extrapolam o ambiente laboratorial, conforme vemos
nas definições seguintes. Silvio Valle, pesquisador da FIOCRUZ, e um dos
responsáveis pelo projeto de Lei 8.974/95, diz que biossegurança
é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação dos
riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saúde do
homem, dos animais, das plantas, do meio ambiente (1999, p.12).
Para Simone H. C. Scholze (1999), representante do Ministério da
Ciência e Tecnologia na Comissão cnica Nacional de Biossegurança,
a biossegurança visa ao estabelecimento dos mecanismos de proteção para o uso
Bartolomeu L. Barros Jr é for-
mado em Biologia e Educação
Física pela UFPE, faz especia-
lização em Bioética pela Ufla.
Membro cadastrado no CNPQ
e do Núcleo Interdisciplinar de
Estudos do Lazer/UFPE. Prof. da
disciplina Educação Física da
Escola Agrotécnica Federal de
Senhor do Bonfim – BA.
Antonio S. Silva é engenheiro
agrônomo, mestre em manejo e
conservação do solo e da água,
ambos pela UFPB, e professor
da disciplina Agricultura I da
Escola Agrotécnica Federal de
Senhor do Bonfim/BA
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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da biotecnologia moderna, tanto no que tange a experimentos laboratoriais, como
a testes de campo que possam implicar risco biológico, provocando impactos
ambientais indesejáveis ou conseqüências para a saúde humana.
A aplicão de métodos e meios para conter os riscos à saúde no
manejo de material de trabalho tem sido um avanço nas condições que
proporcionam qualidade de vida ao homem, em seu ambiente de pro-
dução. No ensino técnico profissionalizante em agropecria, vemos
a necessidade de gerar o conhecimento e a apreeno dessas técnicas,
diante da possibilidade efetiva de acidentes no manejo e as atividades
inerentes aos cursos oferecidos; informões que conscientizem alu-
nos, professores e funciorios das atitudes de seguraa diante dos
diversos riscos posveis encontrados nas atividades drias.
É dever da escola proporcionar ações de consciência desses riscos
e alertar para discussões mais amplas, que tomam dimensões reais
nas disciplinas dos cursos e aproxima a comunidade escolar dos di-
lemas que tornam a Biossegurança uma ciência urgente nos setores
produtivos e na sociedade.
Os objetivos do presente trabalho são conscientizar os alunos e
funcionários/professores sobre a importância da biossegurança e da
qualidade de vida, para uma formação profissional comprometida com
o corpo e o ambiente. Assim como levantar questionamentos e pro-
postas à Escola Agrícola (Eafsb/BA) quanto às ões de prevenção aos
riscos de contaminação com os diferentes manejos, nos setores agrope-
cuários da escola, e aos riscos ergonômicos e acidentes que dão vazão
às LER/Dort, além de promover uma melhora da qualidade de vida.
Os Riscos na Agricultura
Com a modernização da agricultura e o advento tecnogico nesse
setor, incluindo principalmente o uso de agroquímicos, houve uma de-
cadência do uso dos processos naturais de cultivo. Devido a esse fato,
aumentou grandemente a preocupação com biossegurança, devido princi-
palmente ao uso de agrotóxicos. Com isso, desenvolveu-se indumenrias
(EPI) com baixa eficiência e de uso incômodo durante as aplicações do
produto qmico, com o objetivo de evitar a intoxicação do homem. En-
quanto isso, o meio ambiente sempre ficou desprotegido. Ou seja, sempre
houve preocupação por contaminão qmica, deixando-se de lado a pre-
ocupão da contaminação homem/ambiente por resíduos ornicos.
Hoje, em muitos livros, revistas, boletins informativos e programas
de televisão, a agricultura orgânica tem sido apresentada como total-
mente segura para o homem, não-poluente para o meio ambiente, de
modo que uma vez adotada essa forma de produzir, o necessidade
de se preocupar com possíveis danos à saúde e ao meio ambiente. De
acordo com Sousa i Resende (2003), a agricultura ornica o agride
o meio ambiente e produz alimentos com nutrão perfeita para o corpo
humano. Isso é perigoso, pois a entender que a agricultura ornica é
100% confiável, o que não é verdade. Em todo e qualquer setor de ativi-
dade humana, a preocupação com a saúde deve ser pressuposto básico.
Numa pesquisa feita com alunos do ensino médio do curso de
cnico em agropecria da Escola Agrotécnica Federal de Senhor
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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PERGUNTAS SIM NÃO NÃO SABE
1. A agricultura ornica oferece riscos à sde? 16,7 73,8 9,5
2. Os resíduos orgânicos podem prejudicar a saúde? 33,3 51,6 15,1
3. manuseou resíduos animais, como fezes, com as mãos? 32,5 65,9 1,6
4. manuseou resíduos animais com algum ferimento? 15,9 79,4 4,7
5. Você se protege ao trabalhar com resíduos ornicos? 53,2 45,2 1,6
6. sofreu intoxicação ou alergia provocada por resíduos orgânicos? 10,3 84,9 4,8
Tabela 1 - A agricultura orgânica e a biossegurança (em %)
do Bonfim, colheram-se resultados preocupantes referentes à atitude
desses em relão ao processo de produção ornico. A biosseguraa
es em segundo plano, ao que parece, o que tem resultado em mais de
10% de alunos que sofreram intoxicação (ver tabela 1). Outros não
m muita preocupação em se contaminar e, isto sim, é preocupante.
Na agricultura orgânica são utilizados resíduos animais, como es-
terco, sangue e urina, em diferentes estados de decomposão, vindo
de animais de sanidade muitas vezes duvidosa e isso tem um poten-
cial muito grande de causar problemas à saúde humana e poluição no
meio ambiente se o estiverem bem curtidos, ou seja, se não tiverem
passado por um processo de fermentão em local apropriado e com o
tempo necesrio. Por não ser tão perigoso quanto o uso de produtos
químicos, não quer dizer que não devemos nos proteger.
A preocupação com biossegurança é de fundamental importância para
a continuidade das atividades humanas, sejam elas quais forem. E quando
se tratar de envolver a agricultura deve-se, sempre, levar em considerão
a saúde da falia agrícola e o meio ambiente em que esta vive.
Os Riscos Ergonômicos Laborais
LER e Dort em uma Escola Agrícola
As doenças ocupacionais o resultantes da exposão a cer-
tos agentes qmicos, sicos e biogicos presentes no local de
trabalho, sendo que as principais categorias são aquelas causa-
das por poeiras, s, produtos qmicos e agentes microbiológi-
cos (YOSHIDA, 1996). E ainda as doeas resultantes da
adaptabilidade com o ambiente físico os móveis, equipamentos
de trabalho, como computador, ferramentas ativas ou passivas na
execução de movimentos e acentos desconfortáveis, o fatores
evidentes de incidência de doenças/acidentes de trabalho, mais es-
pecificamente as LER/Dort.
As LER/Dort por definãoo um femeno relacionado ao tra-
balho, caracterizado pela ocorrência de vários sintomas concomitan-
tes ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de
aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores. Enti-
dades neuro-ortodicas definidas como tenossinovites, sinovites,
compressões de nervos periricos, podem ser identificadas ou não.
Freqüentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou per-
manente e resultam da superutilização das estruturas anatômicas do
sistema osteomuscular e da falta de tempo de recuperação.
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Tabela 2 - Riscos ergonômicos nas atividades laborais (em %)
PERGUNTAS SIM NÃO NÃO SABE
1. Servidores/professores que têm conhecimento sobre riscos ergomicos. 9 69 21
2. Servidores/professores identificam alguma política básica de prevenção de
LER/Dort na Instituição.
14 47 38
3. Servidores/professoes que tiveram ou m problemas relacionados a LER/Dort 36 41 21
4. Expectativa dos servidores/professores quanto à proposta. 72 5 3
A biossegurança, pelos diversos grupos de riscos conhecidos, é uma
ciência que possui relação direta para o entendimento das LER/Dort.
A conscientização dos modelos de prevenção dos possíveis riscos er-
gomicos e de acidentes é objetivo principal na implantação de um
programa preventivo e/ou terapêutico numa instituão/empresa.
Os dados atuais de incidência e prevalência das doenças ocupacio-
nais provocam uma urncia nos estudos e aplicões dos recursos
cnico-cienficos que vêm sendo produzidos e divulgados na mí-
dia e nos periódicos especializados pelo governo e pela organizão
dos trabalhadores em suas mais variadas classes. Diversas áreas do
conhecimento estão atentas à relação entre corpo e ambiente físico
ocupacional: da Educão Física à Engenharia de Prodão, da Peda-
gogia às tecnologias da Agropecria. É evidente que cada vez mais
as empresas estão compondo seus conselhos de saúde ocupacional.
dicos, professores, nutricionistas, engenheiros, técnicos de diver-
sas áreas, interligam seus conhecimentos no intuito de ministrar, com
qualidade, os meios preventivos para a ocorrência dos diversos grupos
de risco, sejam eles ergonômicos, químicos, acidentais e biogicos.
Nessa perspectiva, é possível demonstrar a necessidade de se discutir
os riscos de acidentes no trabalho agrícola, tanto quanto os riscos ergonô-
micos em atividades administrativas e de ensino no interior da sscola: um
ambiente com uma presença populacional vulnerável e de risco direto. Tanto
para o professor quanto para o digitador, tanto para os funcionários que
fazem a manutenção e limpeza quanto para alunos e a direção da escola.
Na disciplina Educação Física foi possível aplicar um questionário, com
auxílio dos alunos do segundo ano do curso de agropecuária, para identi-
ficar os comprometimentos físicos corporais relacionados ao ambiente de
trabalho, ou seja, os possíveis indícios de LER/Dort apresentados pelos
servidores e professores que atuam nos diversos setores da escola.
Foram pesquisados 55 servidores/professores. O resultado revela a au-
sência de conhecimento sobre os riscos ergonômicos nas atividades labo-
rais e destaca o fato de que a instituição o promove uma potica sica
de conscientização e preveão contra as LER/Dort. Os dados revelam
ainda que é posvel uma boa adesão por parte dos servidores/professo-
res da escola no intuito de participar de um programa de gistica labo-
ral e conscientização dos riscos ergomicos e de acidentes de trabalho,
demonstrando assim anseios quanto a qualidade de vida. E, por fim, a
incincia e prevalência de comprometimentos físicos que interferem na
produção ou atividades laborais, manifestam-se em números significati-
vos para uma ão preventiva e terapêutica. (ver tabela 2)
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
43
Conclusões
Os dois universos aqui apresentados para análise de perfis de bios-
segurança físico-química na disciplina Agricultura I, quando do ma-
nejo e produção de reduos ornicos, e os de ergonomia e acidente,
pelos servidores e professores da escola, são representativos da ativi-
dade de produção humana e das formas de organizão do trabalho.
Em um primeiro momento, constata-se que o conceito de biossegu-
rança e sua relação com os diversos riscos à sde nas atividades laborais
ultrapassam os temas já consagrados da área tais como os que geram uma
maior discussão na sociedade, relativos ao avanço da biotecnologia. Como
por exemplo, os que impelem uma ateão da Bioética sobre as investidas
da prodão agrícola geneticamente modificável, como a soja transgênica.
É possível enxergar nesta cncia novas perspectivas ligadas à qualidade
de vida no trabalho, quando entendemos que esse universo da prodão
humana é impregnado a cada ano de condições cada vez mais explora-
tórias do corpo humano. De um corpo antes mais escravo do trabalho
forçado e monumental, que requeria foas subhumanas na construção
do produto, a um corpo que se fragmenta nas impercepveis manobras
de uma dimensão virtual/informatizada, como os que atuam no mercado
de serviços oferecidos pela oferta de informação e do conhecimento. o
dimensões atreladas às mudaas históricas do mundo do trabalho e que
exigem ateões novas aos novos tipos de riscos que os trabalhadores do
mundo moderno enfrentam. Com as novas tecnologias.
É importante ainda que toda a comunidade escolar esteja ciente
da necessidade de se aproximar dos debates em relação ao tema da
biossegurança, tanto para poder decidir as ações de sua própria vida
laboral, quanto para fincar um cenário positivo de conscientização
na formação profissional na agropecuária. E nesse sentido, damos
um passo com a implantação de um programa de ginástica laboral
para os servidores administrativos, que está em sua fase de estrutu-
ração, e de avaliação de posturas e execução das atividades laborais.
Espera-se com essa breve reflexão ter iniciado uma ampla dis-
cussão em setores da escola que lidam diretamente com um tipo de
produção que os expõe todo o tempo a diversos riscos abordados na
biossegurança. Tanto nos setores de processamento de alimentos,
como no refeitório, unidades de produção de aves, suínos, caprinos
e bovinos. Ansiando assim diminuir riscos e dá melhoria na forma-
ção profissional e na qualidade de vida no trabalho.
Referências
COMISSÃOcnica Nacional de Biossegurança.Cadernos de Biossegurança – Legislação.Set/2002.
FERREIRA, S. I.; OSELKA, G.(coords.) Iniciação à Bioética. Brasília: Conselho Federal de Medicina,1998.
YOSHIDA, C.F.T. Hepatite B como Doença Ocupacional. In: TEIXEIRA, P.; VALLE, S. (orgs.). Biossegurança: uma abor-
dagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.
SCHOLZE, Simone H.C: Das Leis de Propriedade Intelectual à Legislação de Biossegurança: as Oportunidades da Biotec-
nologia e da Biodiversidade Brasileiras. Ministério da Ciência e Tecnologia, 1999. Disponível: www.ctnbio.gov.br; acesso em
13/11/02.
SOUZA, J. L. RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgânica. Viçosa/MG: Ed. Aprendacil, 2003.
Cinara Barbosa
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Perfil Sensorial de Cultivares
de Café Resistentes à Ferrugem
MENDONÇA, Luciana M. V. L.; PEREIRA, Rosemary G. F. A; BORÉM, Flávio, M.;
MENDONÇA, José Marcos A.
Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho/MG
Palavras-chave: Café, Qualidade Sensorial, Ferrugem.
RESUMO
Os cas produzidos na região sul de Minas Gerais destacam-se mundialmente pela
excelente qualidade de bebida que apresentam. Entre os vários aspectos produtivos a
serem considerados para a obtenção de uma qualidade superior da bebida, é preciso
considerar o uso de um bom material genético com boa interação com o ambiente.
A escolha de cultivares resistentes à ferrugem, principal doea do cafeeiro, tem sido
uma alternativa para minimizar os custos com a aplicação de produtos fitossanitários.
No entanto, pouco se sabe sobre a qualidade da bebida produzida pelos gos destes
materiais. Com isso, o objetivo deste trabalho foi realizar a análise sensorial da bebi-
da de gos de nove cultivares com resistência à ferrugem. Os frutos originados da
Fazenda Experimental do Mapa/Proca foram colhidos por derra no pano, foram
descascados e foram secados ao sol. As amostras foram degustadas por dois prova-
dores que avaliaram os atributos de corpo, aroma, doçura e acidez e classificaram a
bebida conforme classificação oficial. Os resultados demonstraram difereas entre as
cultivares quanto à qualidade da bebida e ressaltaram as peculiaridades de cada cultivar
com relação ao aroma da bebida. As cultivares Sabiá, Icatu Amarelo, Cario e Palma
obtiveram a classificação máxima para pelo menos uma de suas repetições e a cultivar
Siriema recebeu a menor qualificação. Concluiu-se que, de uma maneira geral, as cul-
tivares são interessantes para a prodão de cas finos, dadas as vantagens adicionais
inerentes à sua prodão, como a economia de insumos e agroqmicos.
Introdução
O Brasil é o maior produtor mundial de café e o estado de Minas Ge-
rais dem a maior prodão nacional desse produto. Um dos fatores que
aiam a liderança do Brasil na prodão mundial de cafés é a utilizão
de cultivares altamente produtivas e adaptadas às mais distintas condi-
ções edafoclimáticas das diversas regiões produtoras do país (MENDES
; GUIMAES, 1996). As condões cliticas da região Sul de Minas
Gerais favorecem a produção de cafés com qualidade superior, pois pro-
porcionam uma excelente interação entre o cafeeiro e o ambiente.
Do ponto de vista agronômico, o sucesso da lavoura cafeeira,
segundo o Mapa/Procafé (2002) começa pela escolha da variedade
adequada, a qual deve possuir características desejáveis, como boa
produtividade e vigor de preferência, porte baixo e boa qualidade
nos frutos. A resistência a determinadas doenças ou pragas é uma
vantagem adicional, que permite economia no trato da lavoura.
Por outro lado, as diferenças que comumente são citadas entre as
cultivares referem-se apenas às características vegetativas e de pro-
dução, tornando-se imprescindível conhecer a qualidade da bebida
de diferentes cultivares. O perfil sensorial dos grãos é uma avaliação
que poderá contribuir para o conhecimento do potencial desses ma-
teriais na produção de cafés especiais.
Entre os diversos fatores envolvidos com a qualidade sensorial do
ca destaca-se a composão química do grão de café. Esses consti-
tuintes qmicos são responsáveis pela formação de compostos ligados
ao sabor e ao aroma que o ca apresenta durante sua degustão.
Luciana Maria V. L. Mendoa
é Dra. em Cncia dos Alimentos
pela UFLA e
engenheira agroma. Atual
Coordenadora do Laboratório de
Bromatologia e Água da EAFMUZ.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
45
Material e métodos
Os grãos das cultivares de cafeeiro Sabiá 398, Icatu Amarelo, Ica-
tu Vermelho, Canário, Palma I, Catuc Amarelo, Catucaí Vermelho,
Acauã e Siriema, pertencentes ao ensaio de melhoramento genético
coordenado pelo Minisrio da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(Brasil, 2003b Mapa/Procafé), na Fazenda Experimental de Varginha,
na região sul de Minas Gerais, foram objeto desse estudo.
Para o experimento, foram colhidos, por derra manual no pano,
aproximadamente 25 litros de café por cultivar, em 11 de junho de 2002.
Os frutos bóia de cada parcela foram separados por imersão do café em
uma caixa dágua de 1000 litros e retirados com o auxílio de uma peneira.
O restante do material foi processado em um descascador manual.
O café foi levado à secagem em terreiro de concreto durante 11 dias,
manuseado em camadas bem finas, sendo revolvido, em média, sete ve-
zes ao dia, no sentido da sombra e, a partir da meia seca, foi amontoado
e coberto com lona plástica à tarde. O processo foi interrompido quan-
do os grãos apresentaram um teor médio de umidade de 12%.
O café em pergaminho permaneceu armazenado em latas de alu-
mínio, em sala refrigerada a + 150C, por dois meses, quando foi
beneficiado e homogeneizado. O volume de café de cada cultivar foi
dividido em três partes iguais, constituindo as três repetições.
Para a avaliação sensorial, preparou-se a infusão utilizando cerca
de 25 gramas de para 200ml de água a + 80 0C. As avaliações
foram realizadas em triplicata para cada repetição por dois provado-
res, que elaboraram apenas uma resposta por repetição. Avaliaram-se
os atributos corpo, acidez, aroma, doçura e procedeu-se à classifica-
ção oficial, enquadrando a bebida nos termos Estritamente Mole, Mole,
Apenas Mole, Dura, Riada e Rio, conforme Brasil (2003).
A prodão brasileira de café envolve duas importantes espécies: a
arábica (Coffea arabica L.) e a robusta (Coffea canephora Pierre). A escie
arábica é reconhecida por apresentar melhor e maior combinação desses
compostos químicos desejáveis. Isso faz com que sua bebida seja consi-
derada melhor do que a do robusta, favorecendo alcançar maiores pros
no mercado. A segunda escie, no entanto, é largamente utilizada em
cruzamentos geticos visando a herança dos caracteres de resistência à
ferrugem, destaque nesta espécie. Dessa forma, algumas características
relacionadas à qualidade da bebida tamm o herdadas.
Considerando a necessidade de determinar a qualidade de gos de
diferentes cultivares de ca como avaliação auxiliar para os trabalhos de
melhoramento genético, o objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil sen-
sorial de nove cultivares de Coffea arabica L. com resisncia à ferrugem.
Resultados e Discussão
Os resultados das avaliações sensoriais das bebidas provenientes dos cafés
das 9 cultivares de cafeeiro encontram-se apresentados nas tabelas 1 e 2.
Considerando a dificuldade de se encontrar um “atributo médio
para representar as três repetições avaliadas para cada cultivar, optou-
se por demonstrar todos os resultados obtidos para cada uma delas.
A avaliação sensorial dos grãos da cultivar Sabiá permitiu observar
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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divergências entre as repetões, pois a bebida foi classificada como
sendo Estritamente Mole, Mole e Apenas Mole. Esses dados salien-
tam uma dificuldade e uma incerteza em classificar a bebida dessa
cultivar, que teve origem no cruzamento entre o Catimor e o Acaiá.
A doçura e o corpo foram os atributos que variaram, assim como
as nuances do aroma, o que provavelmente pode ter contribuído
para a imprecisão da qualidade de bebida dessa cultivar.
Numa das repetições em que foi classificada como Apenas Mole,
os provadores perceberam o atributo “amadeirado”, que é conside-
rado como negativo para o aroma. A percepção desse atributo, asso-
ciada à baixa doçura e acidez média, favoreceu essa classificação.
A bebida da cultivar Icatu Amarelo foi considerada como Mole em
duas avaliões e Estritamente Mole na terceira. Esse resultado represen-
ta uma vitória do melhoramento genético do cafeeiro pois, com interesse
em obter características fitotécnicas importantes, como a resistência à
ferrugem, optou-se pelo cruzamento entre escies divergentes para os
aspectos qualitativos da bebida, sem ter havido prejzo para a mesma.
Para a cultivar Icatu Vermelho, entre as três classificações, duas
definiram a bebida como sendo Mole, e uma como Apenas Mole.
Observa-se ainda que no caso das duas repetições classificadas como
Mole, houve discrepâncias na definição do corpo e da doçura. Isto
demonstra que na classificação pela prova de xícara há uma avaliação
global dos caracteres sensoriais, e que a depreciação de um é compen-
sada pela valorização do outro.
Os resultados obtidos são semelhantes aos encontrados por
Guerreiro-Filho et al. (2003), ao avaliar sensorialmente cafés origi-
nados de oito linhagens dessa mesma cultivar. Seis linhagens foram
classificadas com a bebida sendo Mole, uma como Apenas Mole e a
outra considerada sem classificação, com Gosto Estranho. Os auto-
res afirmam que, com exceção desta última, as linhagens podem ser
caracterizadas como produtoras de café gourmet, como conseqüência
da reunião de diversos atributos sensoriais favoráveis.
Na avaliação sensorial da cultivar Canário, observou-se que a be-
bida produzida a partir dos grãos processados pelo descascamen-
to recebeu duas classificações, Apenas Mole e Estritamente Mole.
Como ocorreu para a cultivar Canário, o atributo “amadeirado ligei-
ro”, considerado como depreciativo foi observado na bebida classi-
ficada como Apenas Mole, para a qual foi considerada também uma
baixa doçura e uma alta acidez.
A bebida da cultivar Palma I foi duplamente considerada como Mole
e, na terceira avaliação, tida como Estritamente Mole. Esta progênie
teve origem no cruzamento das cultivares Catuaí Vermelho e Catimor.
A cultivar Catuaí Vermelho, avaliada no presente estudo, apresentou
as três classificações da bebida como sendo Estritamente Mole, o que
demonstra, possivelmente, que a redução na qualidade da bebida de
Palma I possa estar relacionada com a presença de Catimor na sua
genealogia. Contudo, este aspecto deletério é compensado pela alta
resistência à ferrugem, o bom vigor e a boa tolerância à seca observados
nessa cultivar, aspectos fitossanitários de grande importância.
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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A bebida dos grãos da cultivar Catucaí Amarelo foi classificada
como “Mole” em duas repetições, e como Apenas Mole” em outra.
Considerando a proximidade entre esses pades, é posvel que a aci-
dez percebida como alta seja a justificativa para essa qualificação.
Embora não tenha atingido o melhor padrão de qualidade de bebi-
da, essa cultivar apresenta compensações pela sua eficiente resistência
à ferrugem, o que demanda menores custos com agroquímicos.
A análise sensorial da cultivar Catucaí Vermelho permitiu observar seme-
lhanças com a Catucaí Amarelo. No entanto, apenas uma repetição recebeu a
denominação de Mole e duas de Apenas Mole. Observa-se ainda que o cor-
po, a acidez e a doçura das repetições 1 e 2 foram considerados iguais, porém
na primeira houve uma percepção do aroma floral e cítrico, não encontrado
na segunda. A terceira repetição destacou-se com uma acidez mais elevada e
doçura mais baixa, o que promoveu sua classificação como Apenas Mole.
A bebida produzida pelos gos da cultivar Aca foi classificada
como sendo Apenas Mole, para as três repetões avaliadas. A aci-
dez média parece ser uma caractestica deste padrão de bebida, assim
também como a doçura. É importante ressaltar, que a cultivar Aca,
apresenta grandes vantagens fitotécnicas, dado a sua tolerância à seca
e ao nemaide Meloidogyne exígua e resistência à ferrugem. Com isso,
embora a bebida tenha sido considerada dentro de um padrão inferior,
o uso dessa cultivar em regiões onde a seca, a presea de nemaides
e/ou da ferrugem são consideradas como fatores limitantes, pode fa-
vorecer a produção de cas com economia de insumos e tecnologia.
A partir dos resultados da análise sensorial da cultivar Siriema, é
possível observar que houve uma dificuldade em classificar a bebida
desta cultivar, que foi enquadrada em classes distintas. As amostras
foram consideradas de bebida Mole, Apenas Mole e Dura.
A acidez alta, o semi-encorpamento, a dura baixa e o aroma de madei-
ra velha caracterizaram a bebida, cuja classificação foi considerada como
Dura. A melhor entre as três caracterizações foi aquela que considerou
a bebida como sendo Mole e permite inferir que a percepção da acidez
média, da doçura alta, assim como do aroma relacionado à manteiga de
cacau, foi responsável por esta avaliação. O aroma de madeira velha é, em
geral, considerado pelos degustadores como atributo de depreciação, e foi
denotado na repetão cuja bebida foi classificada como Dura.
Cabe ressaltar que quando esse material foi coletado ainda estava em
fase de estabilização, não estando disponível para comercialização, e que,
tudo isso, demonstra ser um material bastante promissor fitotecnicamen-
te, visto que tem sido desenvolvido com o objetivo de resistência múltipla
ao bicho-mineiro e à ferrugem. Contudo, cuidados devem ser tomados
para evitar a auncia de características qualitativas para a bebida, o que
seria um aspecto negativo dos grãos produzidos por essa cultivar.
Por outro lado, considerando que a ocorrência da ferrugem é um
dos fatores que mais afeta a produtividade dos cafezais, o cultivo dessas
plantas favorece uma economia com a aplicação de produtos fitossani-
rios, compensando uma possível desvalorização do café, pela classi-
ficação da bebida, em relação às cultivares suscetíveis, que apresentam
um melhor padrão de bebida e demanda maior custo de produção.
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Cultivar Rep Aroma
Sab
1 Amadeirado
2 Fruta, floral
3 Floral, caramelo suave
Icatu
Amarelo
1 Caramelo, rapadura
2 Tabaco, chocolate, caramelo
3 -
Icatu
Vermelho
1 Tabaco
2 Tabaco
3 Cereal, adocicado e caramelo.
Canário
1 Amadeirado ligeiro
2 Achocolatado, c, tabaco
3 Caramelo, tabaco
Palma I
1 Levemente cítrico
2 Caramelo, floral, manteiga de cacau
3 Cítrico
CatucAmarelo
1 Manteiga de cacau
2 Tabaco
3 Chocolate, caramelo
CatucVermelho
1 Floral, cítrico, caramelo, tabaco
2 Rapadura. Caramelo, chocolate, tabaco
3 Caramelo, chocolate, tabaco
Aca
1 Chocolate
2 Caramelo
3 Amargor característico, cítrico
Siriema
1 Madeira velha
2 Floral, chocolate, c
3 Manteiga de cacau
Tabela 2 - Atributos sensoriais para o aroma da bebida, obtido por meio da prova de xícara, de 9 cultivares resistentes à ferrugem
(hemileia vastatrix berg et berg).
Atributo Rep Sab
Icatu
amarelo
Icatu
vermelho
Canário Palma
Catucaí
amarelo
Catucaí
vermelho
Aca Siriema
Corpo
1 SE SE E E F SE SE SE SE
2 SE SE SE SE SE SE SE SE E
3 F F SE SE E SE SE SE SE
Acidez
1 Baixa Média Média Alta Baixa Baixa dia Média Alta
2 Baixa Baixa Média Média Baixa dia Média dia Média
3 Baixa Baixa Média Baixa Média Alta Alta Média Média
Doçura
1 dia dia dia Baixa Média Alta Média dia Média
2 Alta Baixa Média Média Alta dia Média dia Média
3 dia Média Alta Alta Alta Média Baixa Média Alta
Bebida
1 AM M M AM EM M M AM D
2 EM M AM AM M M AM AM AM
3 M EM M EM M AM AM AM M
E = encorpado SE= semiencorpado F = fraco
EM = estritamente mole M = mole AM= apenas mole D = dura
Tabela 1 - Atributos sensoriais e classi cação da bebida, por meio da prova de xícara, de 9 cultivares resistentes à ferrugem (hemi-
leia vastatrix berg et berg.)
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Conclusão
A partir dos resultados obtidos é posvel concluir que os grãos
das cultivares de café resistentes à ferrugem apresentam diferenças na
qualidade, quando se considera a avaliação sensorial da bebida. Nas
condições experimentais avaliadas, as bebidas produzidas pelas dis-
tintas cultivares receberam uma boa classificação, apresentando entre
elas peculiaridades quanto ao aroma. Deve-se considerar ainda a eco-
nomia gerada pelo uso dessas cultivares, com a aplicação de produtos
fitossanitários para controle da principal doença do cafeeiro como
vantagem adicional para a produção de cafés.
Referências
BRASIL. Mapa/Procafé. Novas variedades de café: mais produtivas e resistentes. Varginha, MG, 2002b.
______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 8, de 11 de junho de 2003. Brasília:
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, São 1, p.22-29, 20 ago 2002a.
GUERREIRO-FILHO, O. et al. Características sensoriais da bebida de linhagens da cultivar Icatu Vermelho na região de Assis,
SP. In: Anais do Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 3., Porto Seguro: IBC, 2003, v.1. p.1285-1290.
MENDES, A.N.G.; GUIMARÃES, R.J. Genética e melhoramento do cafeeiro: cafeicultura empresarial: produtividade
e qualidade. Lavras, MG: UFLA/FAEPE, 1996.
O Tomate no Município de Dom Pedro:
Histórico de uma Cultura Agroeconômica
SOARES, João da P.; PRADO, Maria Raimunda M.; CAVALCANTE NETO, Adeval A.
Escola Agrotécnica Federal de Codó /MA
Palavras-chave: Tomate, Mosca Branca, Murcha Bacteriana.
RESUMO
A agricultura sempre teve importante participação na economia do Maranhão.
O município de Dom Pedro, por ser predominantemente agrícola, destacou-se
como um dos principais produtores de tomate do estado do Maranhão, porém
nos últimos anos essa produção sofreu uma queda expressiva. O objetivo desse
trabalho é estudar a trajetória da cultura do tomate no município, sua impor-
tância sócio-econômica, as causas da queda de produção, bem como propostas
para amenizar os problemas encontrados. Nessa pesquisa foram feitos estudos
teóricos e de campo. O estudo teórico refere-se basicamente à pesquisa biblio-
gráfica sobre a produção de tomate no município no período de 1990 a 2002; e
o estudo de campo, utilizando questionários com perguntas abertas e fechadas,
foi realizado com 50 agricultores. Através da análise dos dados obtidos pode-se
afirmar que 100% dos produtores não dispunham de assistência técnica, linhas
de crédito e análises de solo, além de não utilizarem Receituário Agronômi-
co para aquisição de agrotóxicos. A murcha bacteriana causada pela Ralstonia
solanacearum foi apontada por 48% dos produtores como principal problema
responsável pela queda de produção; 12% atribuem à mosca branca, Bemisia
argentifolii, o fator decisivo dessa queda; 40% afirmaram que ambos foram os
responsáveis pela referida queda. Evidenciamos assim, a importância da assis-
tência técnica como fator responsável para o bom desenvolvimento das culturas.
Sugerem-se para trabalhos futuros, teste de manejo adequado visando mini-
mizar a incidência da murcha bacteriana e da mosca branca, e a sensibilização
dos agricultores para a forma adequada de aplicação de agrotóxicos, adubação e
tratos culturais.
João da P. Soares é doutor
em Ciências, na área de
Química AnalíticaUniver-
sidade Federal de São Carlos
(UFSCar), o Paulo. Professor
Classe E, coordenador de cursos
superiores e coordenador do
Núcleo Estratégico de Projetos
da Escola Agrotécnica Federal
de Codó/MA. Linha de Pesquisa:
Fertilidade de Solos e Meio
Ambiente.
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Introdução
Com favoveis condições de fertilidade do solo e por ter uma farta
mão de obra, a agricultura sempre teve importante participão na eco-
nomia do Maranhão, destacando-se produtos como arroz, soja e babaçu.
Porém, outros produtos, embora cultivados em menor escala, vêm alcan-
çando uma considerável importância ecomica, entre eles o tomate.
Dom Pedro apresenta-se como um município predominantemen-
te agrícola, tendo se destacado entre 1980 e 1994 como um dos
principais produtores de tomate do estado do Maranhão, porém,
nos últimos anos, essa produção sofreu uma queda expressiva.
O munipio de Dom Pedro situado na macrorego nordeste, meso-
rego centro maranhense e na microregião de Presidente Dutra, possui
uma área de 369,96 Km² e população de 21.956 habitantes (IBGE,
2004). O clima é tropical megatérmico, com abundantes chuvas de
verão e outono (janeiro a junho), totalizando uma média anual de
1300mm e uma temperatura em torno de 29ºC (TERIO, 1998).
O interesse em pesquisar a produção do tomate no município de
Dom Pedro/MA emergiu da importância que essa atividade tem no
desenvolvimento sócio-ecomico local, como também da atual pro-
blemática que envolve o processo produtivo, visto que, grande parte do
tomate produzido no estado vinha deste município.
A falta de pesquisa sobre a cultura do tomate no munipio de Dom
Pedro tem contribuído para a baixa prodão atual. Sendo assim, é im-
portante investigar as causas que levaram à diminuição de sua produção,
para verificar se tal queda está relacionada a doeas bacterianas, à falta
de assisncia cnica, à ão de pragas, especialmente a mosca branca ou
a outros fatores. O presente trabalho contribuirá para busca de respostas
às indagações de produtores, técnicos e profissionais ligados a área.
O presente trabalho tem como objetivo estudar a prodão de toma-
tes no munipio de Dom Pedro-MA, sua importância cio-ecomica
e causas da queda de prodão, bem como propostas para amenizar os
problemas encontrados. O resultado do trabalho servirá como referência
a estudos posteriores e/ou auxiliará a quaisquer entidades que, de algu-
ma forma, estejam ligadas à prodão e comercializão desse produto.
Materiais e Métodos
Para a execução desse trabalho, foi realizado um estudo de cam-
po no município de Dom Pedro-MA, além da compilação de da-
dos existentes em bibliografias especializadas. Através de dados do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comparou-
se a produção do tomate entre os anos de 1990 e 2002, ressaltando
o pico produtivo dos anos de 1993 e 1994.
Elaboraram-se dois tipos de questionários contendo perguntas
abertas e fechadas que foram aplicados a produtores e ex-produ-
tores, perfazendo um total de 50, em 18 localidades. Os povoados
foram selecionados estrategicamente de modo a obter-se uma amos-
tragem representativa no município.
Nos referidos questionários, foram abordados temas como: método de
cultivo, assistência técnica, acesso a crédito e principais causas apontadas como
sendo responsáveis pela redução da produção de tomate n o município.
Arquivo
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Resultados e Discussões
A prodão de tomate do município em larga escala teve início em
1980, com um agricultor nipo-brasileiro, numa propriedade próxima a
sede do município. Com o êxito da produção, os agricultores da região
sentiram-se incentivados e também iniciaram seus plantios. A partir daí,
a produção foi aumentando, cada produtor passava as técnicas a outros
produtores e assim sucessivamente. Nos anos anteriores, os produto-
res semeavam uma pequena área, deixavam o desenvolvimento do fruto
por conta da natureza e esperavam que estivessem prontos para serem
colhidos. Desse modo, as perdas eram significativas e a pequena pro-
dução destinava-se às feiras para consumo local, proporcionando baixa
lucratividade aos produtores, pois seus produtos tinham pouca procura e
qualidade. Na realidade, havia diversas causas para a pequena lucrativida-
de e prodão, que iam desde o todo de cultivo, a espécie de produto
cultivado, os ataques de pragas e as doenças até o tipo de mercado con-
sumidor onde eram comercializados. A partir de 1980, foi implantado
um novo método de cultivo, que incla técnicas de poda, tutoramento
e canteiros de prodão, além da aplicão de fungicidas, inseticidas e
fertilizantes químicos. Inicialmente, esses empreendimentos dispunham
de assistência por parte da Emater (Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu-
ária), com envio de sementes selecionadas, do tipo Santa Clara, enge-
nheiros agnomos para orientação cnica aos produtores e obtenção de
pequenos financiamentos pelo Banco do Brasil e Banco do Estado. Pos-
teriormente, os financiamentos foram suspensos pelo Banco do Brasil,
por considerar a cultura do tomate um investimento de risco”, sendo a
maior parte dos financiamentos oriunda dos tomateiros(designão
atribuída pela comunidade local aos atravessadores), que pessoalmente
compravam, transportavam e depois revendiam o produto em um centro
comercial da capital do Estado.
Com o aumento da prodão de tomate, cerca de 95% tinha como
destino o mercado de São Luís, capital do Estado, e muitas outras ci-
dades. É nessa parte da prodão que atuava a figura do “tomateiro,
elemento-chave entre o produtor e o mercado consumidor final. Esse
processo comava no peodo da colheita, quando ostomateiros iam
até as áreas produtoras e compravam o tomate. Os valores eram negocia-
dos de acordo com a oferta do produto, que era vendido a caixa (depósi-
to pstico com capacidade de aproximadamente 25Kg). Feita a compra,
o pprio tomateiro”, com seus ajudantes, os chamados guachebas”,
carregavam o veículo, que geralmente era um camino, e transportavam
o produto para as demais localidades, procurando viajar sempre à noite,
pois durante o dia, a exposição ao sol e, conseqüente o aumento da tem-
peratura deteriorizariam rapidamente os tomates.
No ano de 1980, a cultura do tomate chegou a fornecer 50,3% da
renda proveniente de atividades agcolas do município, seguido da rizi-
Além da aplicação de questionários, observou-se como é feito o
manejo da cultura; além de ter sido feito o registro fotográfico da
área em estudo.
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cultura (cultura do arroz) com apenas 23,4%. A banana e outras culturas
movimentavam 13,7% e 12,6%, respectivamente (IBGE, 1984).
Entre os anos de 1990 e 1994, o município foi o maior produtor de
tomates do Marano, chegando a alcançar, no anos de 1993 e 1994, uma
produção de 4.620 toneladas. Contudo, a partir de 1995 essa prodão
começou a declinar e atingiu apenas 84 toneladas em 2002 (figura 1).
Objetivando confirmar as causas que levaram a essa situação,
constatamos que os principais fatores responsáveis por tal aconteci-
mento foram: falta de análise e correção do solo, falta de rotação de
culturas ou uso inadequado da mesma, sementes de qualidade,
uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, murcha bacteria-
na, mosca branca e falta de assistência técnica.
Através de pesquisa de campo, identificou-se que nenhum dos pro-
dutores entrevistados jamais realizara análise, conseqüentemente nunca
fizeram a corrão do solo. A análise de solo é um dos todos da
avalião da fertilidade do solo, permitindo a estimação das quantida-
des de nutrientes essenciais ao bom desenvolvimento e prodão (MA-
LAVOLTA, 1989). Assim sendo, a adubação era feita sem nenhum
critério, lançando-se o adubo ou fertilizante indiscriminadamente, em
quantidades designadas por eles próprios ou por ensinamentos de ou-
tros produtores sem nenhuma habilitão técnica. Não utilizavam, ain-
da, nenhum tipo de medidor para adubão, aplicando os produtos com
as pprias mãos, dificultando a uniformidade da aplicação.
A rotação de culturas era realizada por 64% dos entrevistados,
os quais rotacionavam o tomate com culturas como feijão, arroz,
milho, dentre outras, porém 36% não realizavam tal prática, ficando
fora dos benefícios da rotação. A rotação de culturas é um sistema
de cultivo alternado, de diferentes espécies em seqüência, de acordo
com plano pré-definido, o qual restabeleça o equilíbrio biológico
debilitado ou destruído pela monocultura (MASCARENHAS ; TA-
NAKA, 1993). Os produtores que utilizavam rotação relataram que
a faziam com a justificativa de que após o ciclo da cultura do tomate
o solo estaria desgastado, implicando assim uma baixa produtivida-
de, por isso plantavam outras culturas; no entanto, na maioria dos
Figura 1. Produção de Tomate no Município de Dom Pedro/MA de 1990 a 2002.
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casos, incorriam no erro de não esperar tempo suficiente para o solo
se recompor. A eficiência do controle aumenta com a freqüência e o
intervalo do cultivo de uma mesma espécie. Em muitos casos, o inter-
valo de um ano é suficiente para oferecer um controle, mas isso de-
pende das condições ambientais e das espécies de patógenos (ALTIE-
RI,1989). O controle da murcha bacteriana pela prática da rotação
de culturas tem apresentado efeito reduzido, devido à capacidade da
Ralstonia solanacearum de sobreviver tanto em hospedeiros alternativos
como no solo, por longos peodos (MOURA et al. 1998).
Um dos aspectos mais importantes envolvidos no planejamento de
um plantio é a escolha das sementes; quando feita adequadamente, re-
presenta uma base lida para o sucesso da lavoura (TOLEDO ; MAR-
COS FILHO, 1977). Constatamos que 54% dos produtores adquiriam
suas sementes em empresas que comercializam produtos agropecuários,
pois acreditavam estar auferindo melhores produções em virtude disso.
As sementes devem ser de empresas idôneas e adquiridas em casas espe-
cializadas em produtos agcolas e devem estar acondicionadas em latas
ou envelopes de papel alumínio, contendo informações sobre a culti-
var, percentagens de germinação, pureza e data de validade da análise
(MAKISHIMA ; MIRANDA,1995). os demais produtores (46%)
produziam suas próprias sementes, pois segundo eles, era uma prática
que o onerava tanto quanto a aquisição de sementes no comércio.
Eles simplesmente retiravam as sementes de frutos maduros, sem a ob-
servância dos demais critérios cnicos e as colocavam para secar à som-
bra. As desidratadas, eram acondicionadas em frascos de vidro, não
recebendo nenhum tipo de tratamento fitossanitário.
O próprio produtor tamm pode produzir as sementes quando dis-
puser de boa cultivar, ou seja, terá que escolher plantas sadias, produtivas
e com frutos maduros, com caracteres típicos da cultivar desejada, As
mesmas devem ser tratadas para livrar-se de esporos e de outros ger-
mes patonicos de que podem ser portadoras, nesse tratamento reco-
menda-se a imersão das sementes em produtos fungicidas e bactericidas
(MARANCA, 1982). As sementes de baixa qualidade fitossanitária con-
tribuem para redão de produtividade e transmitem viroses e doenças
bacterianas, especialmente a murcha bacteriana (MEDEIROS, 2000).
Constatou-se também que todos os produtores faziam uso dos
agrotóxicos ou dos “venenos” (como eram conhecidos). Sendo que
esses produtos eram adquiridos facilmente em empresas que comer-
cializam produtos agrícolas sem a posse de um Receituário Agronô-
mico. Sem orientação de um profissional competente, a aplicação era
baseada em conhecimentos empíricos, na grande maioria dos casos,
sendo realizada de forma incorreta, excedendo as doses indicadas,
o que, segundo os produtores, era um meio de garantir o sucesso
da aplicação. A grande maioria das áreas brasileiras produtoras de
frutas e hortaliças está sob forte pressão de agrotóxicos, isso revela
o uso incorreto de muitos agrotóxicos por falta de conhecimento do
agricultor, plantios em áreas concentradas, extensas e com o objeti-
vo de produção contínua durante o ano (GRAVENA, 2000).
A murcha bacteriana, causada pela bactéria Ralstonia solanacearum,
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
54
tem provocado danos severos à cultura do tomate (LOPES ; SAN-
TOS, 1994). Essa patologia foi apontada por 48% dos produtores
entrevistados como sendo o principal agente causador das perdas de
produção do município (figura 2). Segundo eles, assim que identi-
ficavam um foco na plantação, abandonavam a área e seguiam com
seus materiais e equipamentos em direção a novas áreas, não rea-
lizando a desinfecção destes. A transmissão da murcha bacteriana
pode originar-se de ferimentos nas raízes por ferramenta infectada,
ou de nematóides que passam das raízes de um tomateiro para as
de outro, e até mesmo da água da irrigação (MARANCA, 1982).
Outra prática que influenciou na disseminação da doença, foi o fato
de que todos os produtores questionados utilizavam um tipo de
irrigação bastante rudimentar, o “mangote” (mangueira com diâme-
tro médio de 2,5 cm). A irrigação era feita planta a planta, porém
a vazão era grande que ao encontrar em contato como o solo, pro-
vocava um deslocamento superficial do mesmo. Essa bactéria pode
causar perdas consideráveis e inviabilizar a área para novos plantios,
principalmente se houver um manejo inadequado da água na irriga-
ção (MAKISHIMA ; CARRIJO, 1998).
Um inseto que nos últimos anos vem causando a diminuição da
produção de várias culturas agrícolas, inclusive a do tomate, é a mos-
ca branca (Bemisia argentifolii). Ela foi introduzida no Brasil através de
plantas ornamentais em São Paulo, no ano de 1990 (BÔAS, 2002).
No Maranhão, a Seção de Sanidade Vegetal da Delegacia Federal do
Ministério da Agricultura constatou a presença da mosca branca),
através de um levantamento de campo preliminar, a partir de maio
de 1998, nos municípios de Dom Pedro, Presidente Dutra, Barra
do Corda, Arari, Vitória do Mearim, Coroatá e Riachão (DINIZ,
1998). Com a chegada da praga, os produtores viram-se em uma
situação bastante adversa, pois sem o acesso às novas tecnologias e/
ou conhecimentos sobre as práticas de controle da mosca, e como o
uso constante de produtos químicos (agrotóxicos) utilizados para
controlar as pragas mais comuns da cultura não apresentavam efei-
to satisfatório, deu-se o estabelecimento da mesma no município.
Constatou-se na pesquisa que 12% dos produtores entrevistados
atribuem à mosca branca o status de principal problema responsável
pela redução da sua produção de tomate, pois o ataque da praga, co-
nhecida transmissora de várias viroses, entre danos diretos (sucção
de seiva) e indiretos (vetor de várias viroses), foi bastante intenso,
chegando a causar perdas de até 100% da produção em muitas plan-
tações. O controle dessa praga tem sido muito difícil. Boas (2002)
diz que se deve adotar a rotação de culturas, com o milho na en-
tressafra do tomateiro. Também podem ser utilizados o sorgo e o
milho plantados ao redor da área, funcionando como barreiras. Haji
(2000) recomenda que para o controle deve-se utilizar as seguin-
tes medidas: evitar, sempre que possível o plantio no período seco;
plantar sorgo ou milho em volta da cultura, como barreira física à
entrada da praga, de forma perpendicular à direção dominante do
vento; usar sementes de material resistente ao geminivírus, com boa
Figura 2. Ataque na
murcha bacteriana
(Ralstonia solanacea-
rum) em um plantio
de tomate.
João P. Soares
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
55
qualidade e alto poder germinativo; produzir mudas longe de áreas
infectadas por mosca branca; proteger a sementeira com tela anti-
afídeos; utilizar mudas sadias e vigorosas; aplicar inseticidas nas
mudas, antes do transplante; transplantar as mudas após 21 dias da
semeadura; manter a cultura isenta de plantas daninhas, etc.
Conclusões
A explorão intensiva aliada à falta de conhecimento técnico-científi-
co e de orientação técnica fez com que os produtores dompedrenses pra-
ticamente parassem no tempo, no que se refere às novas tecnologias, e
começassem a ter prejuízos com a exploração da cultura. Eles conduziam
suas hortas com experimentos emricos e em muitas vezes utilizavam na
mesma área plantios consecutivos, realizando adubações aleatoriamente. A
análise e correção do solo, segundo os produtores, nunca foram realizadas.
Os defensivos eram aplicados indiscriminadamente, na quase totalidade
dos casos, sem qualquer equipamento de proteção individual e as embala-
gens vazias eram lançadas na própria horta ou em locais próximos.
Outros problemas observados foram a falta de incentivo do go-
verno, pois os produtores não tinham acesso a nenhum programa
governamental de fomento ou seguro agrícola, sendo assim todo
o capital investido nos plantios provinha de recursos próprios e a
inexistência de acompanhamento técnico, tornou-se uma barreira
para a chegada de novas tecnologias aos produtores. Esse último
fator tornou-se o principal responsável por todos os processos que
desencadearam na queda da produção de tomates no munipio.
Propostas Futuras
Com vistas nos principais problemas expostos propomos para
trabalhos futuros:
acompanhamento cnico qualificado para a cultura do tomate;
análise e correção do solo pelo Laboratório de Análise Química
de Solos da EAF – Codó/MA;
teste de manejo adequado visando diminuir a incincia da mur-
cha bacteriana e da mosca branca;
trabalhos de sensibilizão junto aos agricultores como: forma
adequada de aplicão de agrotóxicos, adubação, tratos culturais, de-
sinfecção de materiais e equipamentos, dentre outros.
Referências
ALTIERI. A. M. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 1989.
BÔAS,G. L. V. Pragas o perfil do inimigo. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, ano III, n. 16, p. 12-14 out./nov. 2002.
HAJI, F. N. P. Tomates pequena praga branca. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, ano I, n. 04, p. 22-24 out./nov. 2000.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades@. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ci-
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Coleção de monografias municipais: Dom Pedro-MA.
Nova Scrio-n° 87. Rio de Janeiro, 1984.
LOPES, C. A.; SANTOS, J. R. M. Doeas do tomateiro. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa –CNPH, 1994. 67 p.
MAKISHIMA, N.; CARRIJO, O. A., cd. Cultivo protegido do tomateiro. EMBRAPA-CNPH. Circularcnica da Embrapa
Hortalas, 13. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1998.
MAKISHIMA, N.; MIRANDA, J. E. C., ed. Cultivo do tomate (Licopersicon esculentum Mill). EMBRAPA-CNPH. Instru-
ções Técnicas da Embrapa Hortaliças, 11.Brasilia: EMBRAPA-CNPH, 1995.
MALAVOLTA, Eurípides. ABC da adubação. 5. ed. São Paulo; Agronômica ceres, 1989. 292 p.
MARANCA, Guido. Tomate: variedade, cultivo, pragas e doenças, comercialização.o Paulo: Nobel, 1981.
MASCARENHAS, A. A. H.; TANAKA, T. R. Rotação de culturas. Campinas: IAC, 1993.
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
56
MEDEIROS, C. A. B.. Batata melhor desde a raiz. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, ano I, n. 04, p. 8-9, out./nov. 2000.
MOURA. A. B.; ROMEIRO, R.; NEVES, M. C. P. Bioensaio para avaliação massal de actiniomicetos antagonistas a Ralstonia
solanacearum, em tomateiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, V. 33, n. 12, p. 2.065-2.072, dez. 1998.
SERRA, R. D. Modernização da defesa vegetal. São Luis: Ministério da Agricultura e Abastecimento/Delegacia Federal de
Agricultura no Maranhão, 1998.
TENÓRIO, E. G. A produção de tomate no município de Dom Pedro-MA. São Luis: 1998.
TOLEDO, F .F.; MARCOS FILHO, J. Manual de sementes: tecnologia de produção. São Paulo: Agronômica Ceres, 1977.
Fermentação Alcoólica na
Produção de Vinho de Abacaxi
MACEDO, Harim R.; DUARTE, Saulo G. S.; SILVA, Josenildo T.; OLIVEIRA, Juliana M.
Escola Agrícola de Jundiaí /RN
Palavras-chave: Vinho, Abacaxi, Seco.
Introdução
O abacaxi é uma rica fonte de vitamina C, com quantidades úteis
de vitamina B6, folato, tiamina, ferro, magnésio. Uma xícara com
pedaços de abacaxi contém cerca de 75 Cal. O abacaxi possui uma
enzima chamada bromelina em seu suco, que auxilia na digestão de
carnes (CORAZZA et al. 2000, p.1-2).
A obtenção de vinho é feita genericamente pela fermentação alco-
ólica de um suco de fruta natural madura. Para se produzir um bom
vinho é necessário uma fruta com bons níveis de açúcar. (HASHI-
ZUNIE, 1991, p.3).
De acordo com a legislação, os vinhos de mesa possuem teor
alcoólico entre 10° GL a 13° GL. Normalmente as operações en-
volvidas na fabricação de vinhos são: extração e preparo do mosto,
fermentação alcoólica, trânsfega, clarificação e envase.
A fermentação alcoólica, sendo a mais importante, divide-se em:
adaptação da cultura ao meio, tumultuosa e complementar. (CO-
RAZZA et al. 2000, p.1-2).
A equação geral do processo pode ser descrita como:
C6H12O6 J 2CH3CH2OH + 2CO2 + 33 Cal (Eq. 1)
Durante a fermentação alcoólica, deve-se manter um critério de
controle bastante rígido, para que durante a fermentação do S. Ce-
revisiae não apareçam contaminações, paralelas como a formação do
ácido acético (vinagre) provenientes de bactérias.
Material e métodos
A produção em pequena escala foi realizada em recipientes para
fins alimentícios devidamente preparados para o processo.
1) Escolha e classificação quanto à sanidade e maturação dos
frutos: Foram escolhidas frutas em bom estado de sanidade, nor-
malmente com fragrância e polpa amarela clara ou branca; a matura-
ção garante uma boa quantidade de açúcares.
2) Extração e preparação do mosto: Utilizou-se para extrair o
suco do abacaxi um processador de alimentos comum de cozinha,
em seguida separou-se o caldo do bagaço com um coador manual.
Para o preparo do mosto foi feita uma sulfitagem (ação anti-séptica
Harim R. Macedo é doutor
em Ciência e Engenharia
de Materiais – EAJ/UFRN.
Áreas de pesquisa: Química
Analítica, Química Ambiental,
Metal Duro.
Saulo Geordano Silva Duarte
é estudante do Curso de Enge-
nharia Química – UFRN;
Josenildo Teixeira da Silva é
estudante do Curso Técnico em
Agropecuária – EAJ/UFRN;
Juliana Marreiro de Oliveira é
estudante do Curso Técnico em
Agropecuária – EAJ/UFRN.
Outra Instituição:
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte
Fotos: Harim Macedo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
57
e antioxidante) com metabissulfito de sódio na quantidade de
0,2g/l de mosto. Após a aplicação o mosto ficou em repouso
por duas horas após ter sido previamente aquecido e resfriado.
(HASHIZUNIE, 1991, p.3).
3) Desinfecção do recipiente: Para um litro de mosto foram
utilizados 2g de metabissulfito de sódio com 0,3ml de ácido
sulfúrico.
4) Correção da acidez: A determinação da acidez total do
mosto foi feita por meio de um medidor de pH digital.
5) Preparo do inóculo: Foram utilizados 5g/l de mosto de
levedura pura (Saccharomyces cerevisiae), que foram adicionadas ao
mosto.
6) Correção do açúcar: Foram transferidos 100ml do mosto
para uma proveta de 100ml, onde com um sacarímetro graduado
foi possível determinar e em seguida corrigir a quantidade de
açúcar no mosto para a quantidade pré-determinada na especifi-
cação do grau alcoólico.
7) Fermentação: No início da fermentação aeróbica (inten-
sa), manteve-se o recipiente arejado e agitado de três em três
horas com um bastão de vidro. Esse procedimento teve duração
de dois dias. Após esse período, o recipiente foi fechado para a
fermentação anaeróbica (lenta) e deixado por dez dias até não
mais ocorrer borbulhamento.
8) Trânsfega: Foi a transferência do vinho sobrenadante feita
por sifonagem através de um tubo de silicone, sempre com o
cuidado para não succionar o ar (HASHIZUNIE, 1991, p.3).
9) Clarificação: Foi realizada por meio de clarificação rápida,
aquecendo-se o vinho por 3 minutos a 60 °C e deixando a bor-
ra decantar, obtendo o vinho límpido, além disso, foi utilizada
albumina (clara de ovo) na clarificação, na quantidade de uma
colher de sopa/l de vinho, conforme mostra a foto 1.
Conclusão
Ao final do processo foram obtidos dois litros de vinho de aba-
caxi proveniente de oito unidades de abacaxi que corresponderam a
quatro litros de suco. O °brix foi corrigido inicialmente de 14°brix
para 22°brix, onde foram adicionados 624g de açúcar para essa cor-
reção. O gráfico 1 mostra a queda da concentração do açúcar (ºbrix)
que se converte em álcool com o tempo.
De acordo com o gráfico 1, observa-se a formação de um vinho
seco, característica decorrente do consumo total do açúcar disponí-
vel para a fermentação.
O pH do mosto foi em torno de 4,1, que garante o desenvolvi-
mento satisfatório da levedura. A tabela 1 mostra os parâmetros e
respectivos resultados as medidas no final do processo.
A qualidade do vinho de abacaxi apresenta-se com boa apancia, dada
a ótima qualidade sensorial e organoléptica; além de baixos níveis de con-
taminantes. A produção em pequena escala torna-se vantajosa devido ao
baixo custo da matéria-prima e à facilidade no manuseio do processo.
Tabela 1 - Parâmetros
após fim do processo
Tubides (U.I.T.)
0,9
pH
4,0
° brix
1,9
Grau alclico (GL)
11
Odor assimilado
abacaxi
Foto 1. Vinho seco
(11º gl) de abacaxi
após processamento
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Qualidade da Água do Rio Inferninho
BARNETCHE, Diogo; BARNETCHE, José Antonio; BUCHMANN, Daerty;
FREITAS, Maynara S. de; GIACOMELLI, Maria Bertília O.; LIMA, Samuel D. C. de;
MARIN, Maria Angélica B.; OLIVEIRA, João Paulo C. de; PEDRO, Walter L.;
SILVA, Abigail Á. de S.;SILVA, Cândido Rodrigo G.; XAVIER, Aline A.
Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Palavras-chave: Meio Ambiente, Água, Poluição.
Este artigo resulta do trabalho
de conclusão do terceiro mó-
dulo do curso Técnico de Meio
Ambiente, vinculado à Gerência
Educacional da Construção Civil
do Cefet/SC.
Em uma explicação simplificada, Petrella (2002, p. 52) aponta como
responsáveis pela crise de águaa distribuição desigual, o desperdício e o
mau gerenciamento, a poluão e a contaminação dos recursos e o cres-
cimento populacional, com especialidade nos países de terceiro mundo”.
Assim, tendo como unidade fundamental de pesquisa em recursos hídri-
cos a bacia hidrográfica, com suas particularidades mas também com
problemas que ocorrem ao longo de todo o globo, nas diversas escalas
possíveis , aplica-se na bacia do rio Inferninho uma alise que pretende
serambiental”, no sentido da integrão, o que vem facilitar o entendi-
mento dasaúde” da bacia, da interação da populão residente na bacia
com os recursos hídricos e as conseências das ões no seu interior.
A bacia situa-se entre as coordenadas 27º 19 12 e 27º 24 48S e, 48º
34 06 e 48º 50 07W (SANTA CATARINA, 1986) e abrange uma área
de 163,36Km2, conforme mapa de localização da bacia do rio Inferninho.
Segundo Wolff (1995), as áreas de ausência da Floresta Tropical
de Encosta Atlântica são conseqüência da exploração de madeira,
que teve grande importância econômica para a área a partir do início
do século passado, até a década de 1980. Atualmente a economia
baseia-se em atividades agropecuárias, conforme mostra a figura 1.
Foram propostos seis pontos de coleta, a partir de um trabalho de re-
conhecimento da bacia, conforme a figura 2, considerando a distribuão
da populão e as diversas modalidades de uso do solo. Na localidade
do Amâncio, área em que foram coletadas amostras de água no ponto
P1 (figura 3), muitas áreas hoje o de reflorestamento com exóticas,
Figura 1. Atividades
Agropecuárias. Bacia
do Rio Inferninho.
Referências
CORAZZA, M. I; RODRIGUES, D.G e NOZAKI, G. Preparação e Caracterização do Vinho de Laranja, Universidade
Estadual de Maringá, 2000.
HASHIZUNIE,T. Manual Prática de Fabricação de Vinho de Frutas. Campinas/SP: ITAL-Instituto de Tecnologia de Alimentos, 1991.
0
5
10
15
20
25
0 20 40 60 80 100
t(horas)
°brix
Gráfi co 1. concentração do açúcar (ºbrix) na conversão
do álcool em função do tempo
Fotos: Divulgação Cefet/SC
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
59
e nas placies de nível de base local cria-se gado bovino. A vegetação às
margens do rio é parcialmente preservada. O ponto P2, situado após uma
seqüência de cachoeiras (figura 4) foi locado em meio a uma área de mata
relativamente mais preservada, configurando um dos melhores trechos do
rio para captação de água voltada ao abastecimento humano, a montante
da localidade de Sorocaba de Dentro, que apresenta a maior concentração
populacional da bacia, após uma série de cachoeiras, o que permite uma
maior depuração da água. A localização desse ponto oferece ainda um
referencial de comparação para com o ponto P3 que fica logo a jusante de
Sorocaba de Dentro, de modo a permitir uma avalião da contribuão”
dessa localidade para a qualidade das águas do rio.
O ponto P4 foi locado aproximadamente a 5Km do ponto P3, a
montante do triburio que traz o efluente da instria de farinha e
gordura animal e do aterro sanirio. Nesse ponto uma maior con-
tribuição de lavouras de arroz, hortaliças, banana, plantas ornamentais
e também criação de gado bovino, com uma distribuão da população
mais dispersa. O ponto P5 foi locado exatamente no triburio que,
conforme as observões preliminares, seria o principal poluidor do
rio, por trazer os efluentes anteriormente mencionados. Esse ponto
o caracteriza o Rio Inferninho propriamente dito, pois o objetivo
da sua amostragem é o de verificar a concentração de poluentes que
chega ao rio. no ponto P6 retorna-se ao rio principal, a cerca de
1,4Km do ponto de lançamento do efluente industrial e do aterro
sanitário (P5), verificando a capacidade de depuração do rio, uma vez
que próximo à foz há um criadouro de camaes, que implicaria um
conflito potencial de uso dos recursos hídricos da bacia.
O grau de poluição das águas é medido pelas características físicas,
químicas e biológicas das impurezas existentes, que, por sua vez, o
identificadas por parâmetros de qualidade das águas. Os parâmetros
analisados foram definidos com base em Sperling (1996, p. 40) em
concorncia com as possibilidades do Laboratório de Saneamento do
Cefet/SC, contemplando os pametros físicos (cor, turbidez, tempera-
tura); qmicos (pH, oxigênio dissolvido OD, demanda bioquímica
Figura 2. Mapa Qualidade da Água do Rio Inferninho
Figura 4. Ponto de
Coleta nº2.Salto do
Inferninho.
Figura 3. Ponto de
Coleta nº1.Nascente do
Rio Inferninho.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
60
de Oxigênio [DBO], demanda química de oxigênio [DQO], cloretos
[Cl--], fosfato, nitrito, metais – alumínio,dmio, chumbo e arsênio);
biológicos (coliformes fecais e totais). Com excão da análise de metais,
realizada pela Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul, todas as
demais foram realizadas no Laboratório de Saneamento do Cefet/SC
pelos alunos do Curso cnico em Meio Ambiente.
Os resultados obtidos nas análises laboratoriais do Cefet/SC estão
apresentados na tabela 1 análise laboratorial resultados dios. Nessa
tabela eso as médias dos valores das duas coletas realizadas. São os parâ-
metros apresentados em vermelho os que ultrapassaram os limites estabe-
lecidos para um rio Classe 2, conforme a resolução do Conama 020/86.
Vale ressaltar que os dados do ponto P5 o representam especificamente
a condição do Rio Inferninho, mas sim a carga lançada neste.
Com base nos dados da tabela 1, torna-se possível destacar algu-
mas considerações:
Quanto ao pH, observa-se que todos os valores enquadram-se
dentro dos limites estabelecidos pelo Conama, pom, o ponto P5
apresenta o valor máximo dentre os pontos amostrados. A explicação
encontrada inicialmente se baseia no tratamento de efluentes realizado
tanto pela indústria de farinha e gordura animal quanto pela mante-
nedora do aterro sanitário, o que implica uma corrão de pH foada
quimicamente, de modo a sustentar o parâmetro em índices aceiveis;
Nesse mesmo ponto observam-se ainda o valor apresentado para
Cor, que ultrapassa o estabelecido pelo Conama, porém como se veri-
fica, devido à diluão exercida pelo corpo receptor, o Rio Inferninho,
os valores entre os pontos P4 e P6 não sofrem alteração;
O principal problema encontrado no ponto P5 é alta incidência de
fosfato, uma vez que este promove a eutrofização do tributário, com cres-
cimento de algas, e com implicações na redução do OD, e por conseguin-
te, em valores muito além dos estabelecidos para o DBO5. Conforme a
Cetesb (2003) os fosfatos têm origem a priori nas descargas dosticas
e/ou de efluentes de indústrias alimentícias, frigoríficos e abatedouros;
O DBO5 apresenta valores acima do estabelecido em todos os
pontos amostrados, pom observa-se que os valores de ODnimo
eso de acordo em todos os pontos com exceção ao P5 ;
– Os níveis de coliformes fecais, que correspondem aos totais em
5 das 6 amostras, apresentam índices acima do estabelecido para rios
Classe 2 desde o ponto P3 até o ponto P6, tendo sido maiores no
ponto P4, que é explicado pela exisncia do lançamento de efluentes
dosticos próximos ao ponto de coleta.
Após todas as análises e as visitas técnicas feitas ao Rio Inferni-
nho, ficou evidente que o rio precisa de ações corretivas e preventivas.
Encontramos problemas desde o ponto mais próximo à nascente até
o ponto mais próximo à foz. Os problemas vão desde animais que
circundam as margens do rio até a retilinizão do rio e a supressão
da mata ciliar. Para todos esses problemas existem maneiras de mini-
mizar os impactos conforme as proposões a seguir:
intensificar a fiscalizão de extração de mata nativa;
recompor e conservar a mata ciliar;
Arquivo
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
61
incentivar a prática de agricultura orgânica;
evitar a expansão das áreas de pastagem por meio do pastoreio rotativo;
implementar o tratamento de efluentes dostico;
implantar um plano de monitoramento como forma de prevenção a
novos danos;
implantar programas de educão ambiental nas comunidades
inseridas na bacia do rio Inferninho;
Para o ponto P5, remover a biomassa vegetal como medida con-
troladora da eutrofização.
Para as comunidades que se encontram junto à bacia do Rio Infer-
ninho e municípios vizinhos, verificamos que é posvel utilizar a água
do rio para abastecimento dostico, desde que se faça um tratamento
convencional para deixar a água dentro dos padrões de potabilidade.
Diante dos resultados obtidos, es sendo realizado um novo trabalho
de avaliação das condições da água do rio Inferninho nos mesmos pontos
de coleta, por um novo grupo de alunos do Curso Técnico de Meio Am-
biente do Cefet/SC, estabelecendo uma seqüência ao presente trabalho.
Referências
LUIZ, E. L. Estudo dos Movimentos de Massa na Bacia do Rio Inferninho – Sorocaba de Dentro Biguaçu/SC: UFSC, Dep.
de Geociências, Dissertação de Mestrado em Geografia, SC,1996.
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SANTA CATARINA. Atlas de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral. Sub Chefia
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SÃO PAULO. CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de o Paulo 2003. o Paulo 2004 Disponível
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SEIFFERT. Modelo de Planejamento para a Geso Territorial da Carcinicultura Marinha. Floriapolis: tese de doutorado, 2003.
SPERLING, M. V. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos, vol.1. Prinpio do Tratamento Biológico
de Águas Residuárias. 2a Ed. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Engenharia Sanitária
Ambiental, 1996.
WOLFF, R. A. Recursos Naturais e Pequena Produção rural em Sorocaba de Dentro e Amâncio (Biguaçu/SC). Florianópolis:
UFSC, Departamento de Geociências, Dissertação de Mestrado em Geografia 1995.
Tabela 1 – Análise laboratorial / Resultados médios
Obs:* Análise Laboratorial Unisul;
NR Não realizado;
ND Não detectado.
P1 P2 P3 P4 P5 P6
CONAMA
020/86
Classe 2
PH 6,36 6,54 6,34 6,25 6,97 6,39 6 a 9
Turbidez (NTU) 0,75 1,85 4,85 11,05 7,5 10,65 < 100
TemperaturaC) 14 15 18 18 19,5 18 -
Cor (uH) 5 10 40 50 100 50 < 75
OD (ppm) 10,21 10,65 9,67 9,32 1,6 7,99 > 6,0
DQO (ppm) 48 96 48 64 480 80 -
DBO5 (ppm) 7,7 13,66 5,7 10,74 190,72 8,22 < 5,0
Cloreto (ppm) 4 4,52 5,17 5,8 138,11 10,09 < 250
Fosfato (ppm) 0,038 0,023 0,062 0,075 0,367 0,174 < 0,025
Nitrito (ppm) < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 0,02 < 1,0
Coliformes Fecais (org/100ml) 560 400 8650 16000 6300 9000 < 1000
Coliformes Totais (org/100ml) 560 400 8675 16000 6300 9000 < 5000
Alumínio (ppm) * NR NR NR NR 0,1 ND < 0,1
Cádmio (ppm) * NR NR NR NR ND 0,001 < 0,01
Chumbo (ppm) * NR NR NR NR ND ND < 0,1
Arsênio (ppm) * NR NR NR NR 0,0003 0,0005 < 0,05
PONTOS
PARÂMETROS
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
62
Divulgação MEC
RESUMOS ESTENDIDOS,
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
& PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Resumos Estendidos,
Relatos de Experiência
& Práticas Pedagógicas
Resumos Estendidos,
Relatos de Experiência
& Práticas Pedagógicas
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Armadilha para Larvas de Mosca Doméstica
RIBEIRO, José Osvaldo
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena /MG
A mosca doméstica (Musca domestica L.), ou mosquito, como é
chamado, é um inseto que se reproduz com facilidade em estercos,
montes de lixo, matéria orgânica, animais em decomposição, fezes
de bovinos, eqüinos, suínos, aves e outros animais, em local mais ou
menos úmido. Esterco semidecomposto junto a bebedouros e man-
jedouras, onde os animais ficam a maior parte do dia, constituem
também locais adequados para a postura dos ovos.
A constante presença de moscas nas residências e locais de preparo
e industrialização de alimentos significa focos de reprodão nas pro-
ximidades. O emprego de produtos qmicos não resolve o problema
satisfatoriamente, uma vez que os focos de reprodução ficam intactos.
Para se obter um resultado satisfatório, devem-se associar vários
meios de combate, como eliminar focos de reprodução, impedir que
as larvas se transformem em adultos, e esporadicamente usa-
se inseticidas em pulverizações ou iscas envenenadas. Todas essas
modalidades de combate não dão bons resultados quando usadas
isoladamente. Um método eficiente para impedir que as larvas se
transformem em adultos e que as moscas depositem seus ovos em
focos existentes é o emprego da armadilha de larvas.
A mosca doméstica vive emdia 30 dias, tendo capacidade de o
de 3 a 5 quilômetros e velocidade em torno de 8 quilômetros por hora.
Cada fêmeae cerca de 150 ovos de cada vez, podendo no espaço de
30 dias por de 600 a 2000 ovos. Os ovos eclodem dentro de 25 horas e
as larvas atingem o tamanho ximo em 5 dias, após os quais se empu-
pam, permanecendo nessa fase por 3 a 5 dias. Logo as o surgimento
do adulto, asmeas iniciam a postura. Assim dentro de 9 a 11 dias, a
partir dos ovos, novas gerões começam a se reproduzir.
A armadilha nada mais é do que um foco de postura controlado
pelo homem. Apresenta resultados excelentes quando localizada pró-
xima a estábulos, cavalaras, pocilgas e outros focos. Sua eficncia
é inversamente proporcional à quantidade de focos naturais, ou seja,
quanto menos focos naturais existirem, maior será a sua eficiência,
por isso é fundamental uma perfeita higiene nos grandes focos, para
que as moscas procurem sempre a armadilha para depositar os ovos.
As larvas obtidas são facilmente coletadas, impedindo que com-
pletem o ciclo. As vantagens da armadilha são; redução do número
de adultos, utilização das larvas para a alimentação de peixes, sim-
ples e fácil construção, não necessita mão-de-obra especializada e
não é onerosa. Um homem necessita pouco mais de 10 minutos
diários para coletar as larvas e aproximadamente 30 minutos para
trocar o esterco atrativo de quinze em quinze dias.
Essa armadilha deve ser constrda próxima aos focos naturais e
ter de preferência o sentido de comprimento na linha leste-oeste, para
evitar o ressecamento do esterco. É composta de uma casinha com
piso concretado e cimentado sobre o qual se elevam quatro pilares,
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
64
onde se fundida uma laje com frestas e que servirá para colocar o
esterco atrativo, O piso deve ter uma pequena beirada de aproxima-
damente 20 centímetros para evitar que as larvas saiam e um pequeno
desnível para facilitar a limpeza e a lavagem.
As frestas da plataforma onde o esterco fica o para que as larvas, na
época de se empuparem caiam da cama para o piso. Para se empuparem
as larvas tendem a descer, procurando um lugar mais seco, e, caindo
pelas frestas no piso de cimento, o facilmente coletadas. As fendas na
plataforma o feitas no sentido longitudinal com um centímetro de
largura, distanciadas de 10 centímetros, semelhantes a um ripado.
Para tornar a constrão mais econômica, pode-se usar madeira ao
ins de pilares de tijolos e a cobertura pode ser de capim ou sapé. A
plataforma semelhante a ripado pode ser feita com madeira ou outro
material, porém vai apodrecer com facilidade. As dimenes da casinha
são:3 metros de comprimento, 2 metros de largura e 1,70 metro de
altura. A plataforma com as frestas possui; comprimento 1,90 metros,
largura 1,20 metros e altura do piso 0,60 metros. Essas dimensões não
são fixas podendo ser alteradas de acordo com a conveniência.
O funcionamento da armadilha é simples. Coloca-se sobre a plata-
forma com frestas uma camada de esterco sem curtir, numa espessura
de 8 a 10 cenmetros, para o dificultar a descida das larvas para
o piso. Caso necesrio pode-se colocar uma camada fina de capim
sobre as frestas pra reter o esterco. Camadas mais espessas facilitam
a empupão de uma grande quantidade de larvas e camadas mais fi-
nas secam e perdem o poder atrativo mais facilmente. Pode ser usado
qualquer esterco verde, sendo o de suínos o mais atrativo.
O esterco na plataforma deve ficar sempre úmido para aumentar a
atratividade, podendo ser irrigado de acordo com a necessidade. Assim
feito, as moscas sempre irão depositar os ovos na armadilha e para au-
mentar a sua eficiência, deve-se manter a melhor higiene posvel nos
estábulos, pocilgas e áreas vizinhas.
Os ovos depositados na armadilha eclodem dentro de mais ou menos 25
horas e as larvas crescem até o quinto dia, quando descem para a camada infe-
rior do esterco para se empuparem e através das frestas da plataforma caem no
piso, onde serão coletadas, para evitar que se transformem em adultos.
Observações feitas mostraram que em 10 gramas de larvas pode-
se ter de 600 a 700 larvas, o que daria de 60.000 a 70.000 larvas
por quilo. Num período de oito semanas, em apenas uma armadilha,
foram coletados 28 quilos de larvas, ou seja 1.680.000 a 1.960.000
larvas. As larvas devem ser coletadas diariamente e constituem um
excelente alimento para peixes, rãs, aves, etc. O esterco deve ser tro-
cado quando uma redução na quantidade de larvas caídas, pois
perde a atratividade.
Referências
BORROR, D.J.; CONG. D.M. Introdução ao Estudo dos Insetos. Programa de Publicações Didáticas. Rio de Janeiro:
USAID, 1969.
FARB, P. Os Insetos. Rio de Janeiro: José Olimpio, s.d.
FARIA, R. Combate à Moscas. Revista Ceres, 6(32): 95-107, nov. dez. 1944.
GALLO, D. etal. Manual de Entomologia Agrícola. São Paulo, Agronômica Ceres, 1978.
MARANHÃO, Z.C. Entomologia Geral. São Paulo: Nobel, 1976.
UNITED STATES. Department of Agriculture. The House Fly. Washington DC. Entomology Research Division, 1966.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
65
Análise Comparativa da Resistência
Mecânica de Tijolos de Terra Crua (Adobe) e
de Tijolos de Terra Crua Estabilizados
com Resíduo e Castanha de Caju
SILVA, Adeildo C.; LIMA, Sofia A.; LEITE, Renan Cid V. L.;
PAULA, Francinize de S.; SOARES, Raquel do N.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará /CE
O presente trabalho é parte de uma investigação experimental mais
ampla, dentro das atividades desenvolvidas pelo Centro Experimental de
Desenvolvimento e Tecnologia para Melhoria de Habitação Social no
Nordeste do Brasil Projeto Casa Maranguape1. Especificamente, pre-
tende-se desenvolver e avaliar novos materiais e técnicas de construção,
bem como monitorar e comparar o desempenho enertico (conforto
ambiental) das tipologias de habitão, em reais condões de ocupão,
com metodologia de avaliação s-ocupação. A utilização da terra crua
como material de construção alternativo oferece desde vantagens eco-
nômicas, ao diminuir o custo final das habitações, por ser a terra um
material de baixo custo de aquisição, como vantagens técnicas, por ofe-
recer satisfario conforto térmico aos ocupantes da habitação, propor-
cionando economia de energia. O objetivo da investigão é a avalião
comparativa entre a resisncia mecânica de tijolos confeccionados com
terra crua (mistura de solo e água) e tijolos de terra crua estabilizados
com resíduos triturados da casca da castanha do caju.
O resíduo utilizado neste trabalho foi cedido pela Cione Compa-
nhia Industrial de Óleos do Nordeste, que trabalha com o beneficiamen-
to da castanha do caju para a fabricação de óleos. Estudos preliminares
atestaram uma boa concentração de celulose (fibra natural vegetal) na
composão da torta residual da casca da castanha obtida por meio de
pilise (queima). Análises químicas e toxicológicas foram realizadas no
material, constatando-se que esse tipo de resíduo se enquadra, segundo
a NBR 10004, como classe II – Materiais Não Inertes. As amostras de
solo escolhidas para este trabalho pertencem ao grupo geológico For-
mação Barreiras, encontrado na Região Metropolitana de Fortaleza. O
referido solo possui caractesticas adequadas à confecção de adobes,
apresentando fração arenosa maior que 60%, segundo testes granulo-
métricos realizados em laboratório. Depois de triturado, o resíduo foi
adicionado ao solo na proporção de 20% de resíduo em volume.
Em seguida foram confeccionados dois tipos de tijolos, cada qual com
treze amostras cada, segundo a NBR 8492/84b. O primeiro, moldado ape-
nas com mistura de solo e água e o segundo com a adição do resíduo tritu-
rado (foto 1). De cada lote, foram selecionadas dez amostras para análise
comparativa quanto à resistência mecânica (foto 2), seguindo os procedi-
mentos da NBR 6460/83, obtendo-se valores significativamente menores
nas amostras estabilizadas com o resíduo da casca da castanha do caju.
Convênio de cooperação
técnico-científico entre a
Prefeitura de Maranguape/CE,
Cefet/CE e a Universidade
Federal do Ceará.
Fotos: Adeildo Cabral da Silva
Tipos de tijolos
Teste de resistência
mecânica
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
66
A utilização de fibras no refoo de matrizes frágeis, como a terra crua,
oferece vantagens adicionais em relação ao uso do cimento ou da cal, por
um material de origem natural, não industrializado. Os resultados dos tes-
tes químicos e toxicológicos, atestando ser o resíduo da casca da castanha
de caju um material não inerte, não impedem que este seja utilizado como
material na fabricão de componentes habitacionais. Os tijolos confeccio-
nados com adão de reduo demonstraram menor trabalhabilidade du-
rante o período de secagem, apresentando-se frágeis e quebrados. Porém,
quando totalmente secos, os tijolos apresentam a mesma resisncia à abra-
são que os demais que não contêm resíduo em sua composão. Diante
dos resultados obtidos nos testes de resistência à compressão simples, os
tijolos confeccionados com resíduo apresentaram resistência inferior aos
tijolos que continham apenas a mistura de solo e água.
Constatou-se, portanto, que o uso de fibras vegetais, notadamente a
celulose (presente no resíduo), como estabilizante de solos nos compo-
nentes habitacionais confeccionados com terra crua, atende aos requisi-
tos ecomicos, e principalmentecnicos, buscados por esta pesquisa.
A utilização, para esse fim, do resíduo da casca da castanha de caju, co-
labora ainda na diminuição do descarte desse material nos aterros sani-
tários, tendo em vista que sua prodão diária é de aproximadamente
40 toneladas. Dessa maneira, contribui-se ainda, na redão do custo
final das moradias de interesse social por meios de cnicas construtivas
convencionais (fabricação de tijolos) associadas ao uso de materiais al-
ternativos (resíduos agroindustriais).
Projeto de Sistemas Maglev:
Estudos para Construção
de uma Ultracentrífuga
CAMPO, Alexandre B.; COSTA, Eduardo A. ; SILVA, Bruno F. C.
Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo
O desenvolvimento dos sistemas de levitão e propulsão eletromag-
nética teve impulso nos últimos anos devido à aplicação direta de fer-
ramentas computacionais de grande capacidade, que podem implemen-
tar sofisticadas técnicas de controle. O dimensionamento dos sistemas
físicos atras do uso de ferramentas de CAD e a disponibilidade de
computadores com capacidade de processamento para a realização de
cálculos de campos eletromagnéticos por meio de métodos numéricos
permitiram uma grande evolão nesse tipo de quina etrica. A apli-
cação desse tipo de tecnologias permitirá desde o desenvolvimento de
máquinas elétricas mais eficientes até o projeto de motores lineares e de
centfugas de alta velocidade. Nos últimos anos vem sendo desenvolvi-
do no Cefet/SP em parceria com a Escola Politécnica da USP um proje-
to que tem como objetivo o desenvolvimento de um sistema de levitão
eletromagtica com seis graus de liberdade, construído de tal forma que
constitua uma ultracentfuga, dispositivo que permitirá acelerar uma
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
67
Anselmo Bittar
Referências
BITTAR, A. Levitação magnética de uma barra flexível. São Paulo: Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado, 1993.
BITTAR, A. Controle da Suspensão Eletromagnética do Protótipo de um Veículo.o Paulo: Escola Politécnica, Universi-
dade de São Paulo. Tese de Doutorado,1998.
CAMPO, A., PAIT, F. Propulsion Control in a Linear Electrodynamic Motor with Two Degrees of Freedom Proceedings of
the 2001 IEEE Joint International Conference on Control Applications & International Symposium on Intelligent Con-
trol, p. 52-57, Mexico City, Mexico, 2001.
CRUZ, José J.; BITTAR, A.; COSTA, E.A.; SALES R.M. Control and optimization of the electromagnetic suspension
operation of a MAGLEV vehicle. ABCM Symposium Series in Mechatronics - Vol. 1 - pp.150-158.
ROTERS, H.C., Eletromagnetic Devices. 1ª ed. New York, John Wiley and Sons Inc., 1941.
peça em movimento de rotação a que sejam atingidas velocidades aci-
ma de dez mil rotações por minuto. Este projeto está em fase preliminar
e o dimensionamento está sendo feito para a construção de um sistema
com apenas um grau de liberdade nesta fase inicial.
Trabalhos anteriormente desenvolvidos pelos autores estão sendo
utilizados como fonte de informação para a especificação do projeto
do sistema de levitação magnética (BITTAR, 1993; CRUZ et al.s.d.)
Um dos trabalhos desenvolvidos foi voltado para a constrão de uma
suspensão eletromagnética.
O sistema simplificado que es em fase de desenvolvimento no Ce-
fet/SP possui um sensor de entreferro, um eletr, um circuito am-
plificador para ligação do computador ao sistema de controle e um pro-
grama de controle em linguagem LabView. Para a realização do projeto
do sistema es sendo feita uma pesquisa bibliográfica sobre os recentes
avaos nesta área, sendo que os resultados obtidos no projeto de uma
suspeno eletromagtica formada por quatro eletroís formam a
base principal da pesquisa em andamento. Foram desenvolvidos nessa
fase preliminar programas computacionais para o dimensionamento do
eletrmã e alguns resultados experimentais foram obtidos a partir de
sistemas desenvolvidos em outros trabalhos. A partir de experimentos
executados, foram obtidas informações que levaram à especificação do
sensor de efeito hall para a medição do entreferro e à determinação dos
parâmetros relevantes na construção de um eletr que atendesse as
necessidades do projeto. Os resultados apresentados até o momento
indicam que o sistema simplificado se de grande utilidade para a espe-
cificão da ultracentfuga baseada numa suspensão eletromagtica.
Suspensão eletromagnética
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
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Controle da Rota do Navio
MARTINS, Ronan M.
Centro Federal de Educação Tecnológica do Mato Grosso
Nossa primeira pesquisa cienfica nesta área ocorreu entre 1993
e 1995 na Universidade Federal de Uberlândia. Tratava-se de uma
simulação computacional envolvendo um controlador nebuloso base-
ado na teoria de fuzzy logic” (lógica nebulosa) e de um autotrans-
formador defasador em zigue-zague (ADZ).
A fuzzy logic” baseia-se na teoria dos conjuntos nebulosos pro-
posta por Zadeh por volta de 1960 e tem como premissa representar
propriedades vagas atras do elemento e de seu grau de pertincia
ao conjunto. Por exemplo: quando se descreve a noção vaga de “árvore
alta”, é associado a cada altura um número entre 0 e 1, que expressa o
grau da crença ou o grau de realidade de que a árvore é alta. Em outras
palavras, o grau de pertinência pode ser visto como o grau de certeza
de que o elemento pertence a um dado conjunto nebuloso (árvore
alta). Nesse exemplo, “árvore alta” define um conjunto nebuloso no
universo de todas as árvores.
Nos últimos anos, com o intuito de aumentar a estabilidade de
determinados sistemas elétricos, tem-se utilizado, entre outros recur-
sos, os conceitos e os prinpios da eletnica de potência, na tentati-
va de fornecer uma geração e uma transmissão de energia mais segura.
Desse esfoo surgiram os denominados Flexible AC Transmission
Systems (Facts). Dentro desta linha, enquadram-se os transformado-
res especiais, como, por exemplo, o Autotransformador Defasador em
Zigue-Zague (ADZ). O ADZ é um dispositivo que pode produzir
variações de teno em amplitude e fase nas redes elétricas. Sua fun-
ção principal é alterar o fluxo de carga do sistema elétrico, a fim de
obter condições ótimas de operação.
Para diminuir o tempo de resposta e a oscilão em torno do valor
de referência, a solução encontrada foi investigar a aplicação do con-
trolador nebuloso no ADZ e observar seus efeitos no sistema elétrico.
Para tanto, havia um detalhe: não existia um controlador nebuloso
para ser usado nos testes, o que nos levou a construir um com todos
os seus elementos, que são fuzzificação”, quina de inferência, base
de regras, base de dados, função de pertincia e “defuzzificão”.
Uma vez implementado, o desafio seguinte foi testar a confiabilidade
do controlador nebuloso, mas isto não poderia ser realizado no ADZ.
Para trabalhar com absoluta segurança, era necesrio aplicar o con-
trolador em algo que já estivesse pronto, o que permitiria estabelecer
uma comparação. O sistema escolhido foi o relatado na referência de
Sutton e Towill (1985), que se tratava do sistema de um navio; por-
tanto, de um sistema altamente não-linear.
Naquele momento, foi necessário estudar alguns princípios de en-
genharia naval, entre eles a dirigibilidade de um navio, com o intuito
de compreender o controle de sua rota. Basicamente, o controlador
nebuloso implementado tinha de coincidir com o resultado apresen-
Fotos: Cinara Barbosa
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
69
Referência
SUTTON, R.;TOWILL, D. R..An Introduction to the Use of Fuzzy Sets in the Implementation of Control Algorithms.
Journal of the Institution of Electronic and Radio Engineers, vol. 55, N. 10. October, 1985.
MARTINS, RONAN M.Controladores Nebulosos Aplicados a Estabilização de um Sistema de Energia Elétrica. UFU,
Dissertação de Mestrado, 1995.
tado na figura 1. a figura 2 ilustra a resposta do controlador nebu-
loso no controle da rota do navio.
Fazendo a comparão, concluiu-se que o controlador nebuloso
implementado apresentava a confiabilidade necessária. Dessa forma, a
próxima etapa, foi inseri-lo no ADZ. O resultado mais expressivo é o
apresentado na figura 3. No instante 0,5 segundo, houve um curto-
circuito e, posteriormente, a recuperão rápida do sistema elétrico,
sem oscilões. Devemos enfatizar que foi percorrido um longo cami-
nho para atingir o resultado demonstrado na figura 3.
Figura 1 Resultado obtido em Sutton e Towill (1985), referência para comparação.
Figura 2 – Controle da rota do navio originário do controlador nebuloso desenvolvido.
50 100 150 200 250 300 350 400
0
10
20
30
0
-10
-20
curso
desejado
real
(s)
Figura 3 – Aplicação do controlador nebuloso no ADZ.
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
70
CONTATOS
Contatos
BA
A DIGESTIBILIDADE EM OVINOS DE DIETAS
COMPOSTAS DE FARELO DE MELANCIA
FORRAGEIRA E FENO DE GUANDU
Raimundo Luiz Nunes Vaz da Silva
Eliomar Pereira do Socorro
Gherman Garcia Leal de Araújo
Escola Agrotécnica Federal de Catu
Rua Barão de Camaçari, 118- Centro
Catu/BA CEP: 48110-000
Telefone: 71 641-1043
Fax: 71 641-1360
BIOSSEGURANÇA E QUALIDADE
DE VIDA EM ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS
DE PRODUÇÃO E ENSINO
Bartolomeu Lins de Barros Júnior
Antonio Sousa Silva
Escola Agrotécnica de Senhor do Bonfim
Estrada de Igara, Km 04- Zona Rural
Senhor do Bonfim/BA CEP: 48970-000
Telefone: 74 541-3676
Fax: 74 541-3676
CE
ANÁLISE COMPARATIVA DA RESISTÊNCIA
MECÂNICA DE TIJOLOS DE TERRA CRUA (ADOBE) E
DE TIJOLOS DE TERRA CRUA ESTABILIZADOS COM
RESÍDUO E CASTANHA DE CAJU
Adeildo Cabral da Silva
Sofia Araújo Lima [email protected]
Renan Cid Varela Leite
Francinize de Souza Paula
Raquel do Nascimento Soares
Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará
Av. 13 de Maio, 2081- Benfica
Fortaleza/CE CEP: 60040-531
Telefone: 85 3288-3666/288-3676/288-3675
Fax: 85 3288-3711
E-mail: [email protected] Home Page: www.cefetce.br
MA
O TOMATE NO MUNICÍPIO DE DOM PEDRO:
HISTÓRICO DE UMA CULTURA AGROECONÔMICA
João da Paixão Soares
Maria Raimunda Matos Prado
Adeval Alexandre Cavalcante Neto
Escola Agrotécnica Federal de Codó
Povoado Poraquê, s/nº- Zona Rural
Codó -MA CEP: 65400-000 Cx Postal: 03
Telefone: 99 661-6405
Fax: 99 661-6405
E-mail: [email protected] Home Page: www.eafcodo.ma.gov.br
MG
ARMADILHA PARA LARVAS DE MOSCA DOMÉSTICA
José Osvaldo Ribeiro
Escola Agrotécnica Federal de Barbacena
Rua Monsenhor José Augusto, 2004- São José
Barbacena/MG CEP: 36205-018
Telefone: 32 3693-8600
Fax: 32 3693-8614
E-mail: [email protected] Home Page: www.eafb.org.br
PERFIL SENSORIAL DE CULTIVARES
DE CAFÉ RESISTENTES À FERRUGEM
Luciana Maria Vieira Lopes Mendonça
Rosemary Gualberto Fonseca Alvarenga Pereira
Flávio Meira Borém
Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho
Bairro Morro Preto – Caixa Postal 02
Muzambinho/MG – CEP: 37890-000
Telefone: 35 3571-1529
Fax: 35 3571-1529
E-mail: [email protected].br Home Page: www.eafmuz.gov.br
CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
71
MT
CONTROLE DA ROTA DO NAVIO
Ronan Marcelo Martins
Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso
Rodovia BR 364, Km 329- Vila São Vicente da Serra
Cuiabá/MT CEP: 78106-000
Telefone: 65 341-2133 / 341-2105
Fax: 65 341-2113
Home Page: www.cefet-cuiaba.edu.br
RN
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA NA
PRODUÇÃO DE VINHO DE ABACAXI
Harim Revorêdo de Macedo
Saulo Geordano Silva Duarte
Josenildo Teixeira da Silva
Juliana Marreiro de Oliveira
Escola Agrícola de Jundiaí
RN 106, Km 03 – Distrito de Jundiaí
Macaíba/RN CEP: 59280-000 Caixa Postal, 07
Telefone: 84 271-6650
Fax: 84 271-6651
E-mail: [email protected] Home Page: www.eaj.ufrn.br
SC
QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO INFERNINHO
Maria Bertília O. Giacomelli
Maria Angélica B. Marin
Abigail Souza
Diogo Barnetche
José Antonio Rodrigues Barnetche
Walter Lopes Pedro
Daerty Buchmann
Maynara S. de Freitas
Samuel D. C. de Lima
João Paulo C. de Oliveira
Cândido Rodrigo G. Silva
Aline Abreu Xavier
Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Av. Mauro Ramos, 950- Centro
Florianópolis/SC CEP: 88102-900
Telefone:48 221-0502
Fax: 48 224-0727
E-mail: [email protected] Home Page: www.cefetsc.edu.br
SE
CATALOGAÇÃO DE ESPÉCIES
DA MATA ATLÂNTICA COM PROPRIEDADES
MEDICAMENTOSAS E CURATIVAS
Arão Araújo Gomes
Driele Alves dos Santos
Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão
Rodovia BR 101, Km 96 – Povoado Quissamã
São Cristovão/SE CEP: 49100-000
Telefone: 79 214-5099 / 214-1074 (PABX)
Fax: 79 214-6210 / 214-6208
SP
PROJETO DE SISTEMAS MAGLEV:
ESTUDOS PARA CONSTRUÇÃO DE
UMA ULTRACENTRÍFUGA
Alexandre Brincalepe Campo
Eduardo Alves da Costa
Bruno Ferreira da Costa e Silva
Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo
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CADERNOS TEMÁTICOS Nº 6 NOV. 2005
72
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