Escolas técnicas e desenvolvimento
Eliezer Pacheco
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A transição do século XX para o XXI coincidiu com uma mudança de paradigma de
grandes proporções. A fragilização dos modelos explicativos, a derrocada do socialismo e a
revolução nos costumes criaram crises de identidade em todos os níveis.
Uma nova perspectiva para a vida humana é o objeto que nos move nesse início de século
e de milênio. Entre essas questões encontra-se a educação, que foi particularmente atingida
pela crise e pelas políticas neoliberais.
O ciclo neoliberal foi definido por um conteúdo ideológico fundado no individualismo e na
competitividade. Esse ideário, e a submissão ao capital especulativo, constituíram a base de um
processo de sucateamento e privatização, a preço vil, de grande parte do nosso patrimônio,
prejudicando a economia brasileira. Universidades públicas e instituições federais de educação
profissional e tecnológica, desmanteladas, tiveram seu funcionamento quase inviabilizado.
No governo anterior, inclusive, foi instituída a lei 9.649/98, barrando a criação de escolas
técnicas federais. Não é por acaso que agora, quando o País consolida taxas de crescimento
acima de 4%, empresas encontram dificuldades para contratar mão-de-obra treinada e
qualificada. A falta de técnicos é explicada pelo abandono e descaso que os governos passados
tiveram com a educação profissional.
No entanto, a concepção do governo Lula preconiza a valorização e o investimento
pesado nas escolas técnicas. Para tanto, foi alterada a lei referida e em 2005 o presidente Lula
lançou o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. São 64
novas unidades de ensino, mais da metade em funcionamento e as restantes em obras.
Mas não para por aí. Como política do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o
governo federal lançou, em abril, a segunda fase da expansão. Serão construídas, até 2009,
mais 150 unidades de ensino, contemplando os 26 estados e o Distrito Federal. São R$ 750
milhões para obras e R$ 500 milhões, por ano, para custeio e salários de professores e
funcionários, que serão contratados por meio de concurso público.
Com a primeira e segunda fases do Plano de Expansão, as 160 mil vagas atuais, serão
acrescidas outras 274 mil, o que ampliará em 171% o acesso de jovens à capacitação
profissional, nas mais variadas áreas, da produção à indústria. A meta é chegar nos próximos
anos a 500 mil vagas nesta modalidade de ensino.
Até então, nunca o País tinha assistido a uma ampliação tão acelerada do acesso de
jovens à formação profissional. De 1909 até 2002 tínhamos 140 escolas técnicas. Em sete anos
do governo Lula serão 214, chegando a 354 até 2010.
*Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC