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tradição oral
Eloí Elisabete Bocheco
A seleção de poemas Batata co-
zida, mingau de cará está vinculada
ao repertório folclórico nacional.
São textos criados a partir da tradi-
ção oral em suas variadas formas:
contos, mitos, lendas, causos, pro-
vérbios, parlendas, quadrinhas, tra-
va-línguas, cantigas e brincadeiras
de roda e cantos de trabalho, entre
outros representantes desse rico
ma nancial criado pelo povo. O livro
é resultado da experiência da auto-
ra com o repertório oral, iniciada na
infância, passada ao lado de gran-
des contadores de histórias e decla-
madores, entre eles seus pais.
O processo de pesquisa e criação
é resultado da escavação da memória
da escritora, que puxando fi o por o,
invocando ritmos e toando emoções
construiu textos a partir da herança
popular adquirida durante toda a
vida. Auxiliaram-na nesse trabalho
os livros de Câmara Cascudo e as
pesquisas de Saul Martins, Guilher-
me Santos Neves, Noé Mendes de
Oliveira e Leda Tâmega Ribeiro.
A farinha tá no fogo
mas não é para tostar
O botão parou na porta
mas não é para entrar.
O martelo dá cabeçadas
mas não é por querer
O monjolo sobe e desce
mas não é para te ver.
Batata cozida, mingau de cará Eloí Elisabete Bocheco
COLEÇÃO LITERATURA PARA TODOS
tradição oral
Eloí Elisabete Bocheco nasceu
em 1955 em Campos Novos – SC.
Formada em Le tras e com pós-gra-
duação em Alfabetização, é profes-
sora de língua e literatura. Iniciou na
literatura em 1998, com o livro Uni...
Duni... Téia, vencedor do Prêmio
Boi-de-mamão, da Câmara Catari-
nense do Livro.
Tem oito obras publicadas, vol-
tadas para o público infanto-juvenil,
como Beatriz em trânsito, vencedo-
ra do Prêmio Mário Quintana e sele-
cionada para o catálogo ofi cial da
Biblioteca Internacional da Juventu-
de de Munique, Alemanha, e para o
Catálogo de Bolonha – Feira del Li-
bro per Ragazzi, na Itália.
Batata cozida,
mingau
de cará
Foto: Odair Souza
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Batata cozida,
mingau de cará
I Concurso Literatura para Todos
Consultora Pedagógica
Ira Maciel
Comissão de Pré-seleção das Obras
Cristiane Costa
Heitor Ferraz Mello
Júlio César Valladão Diniz
Maria da Luz Pinheiro de Cristo
Comissão Julgadora
Antônio Torres
Heloisa Jahn
Jane Paiva
Lígia Cademartori
Magda Soares
Marcelino Freire
Milton Hatoum
Moacyr Scliar
Rubens Figueiredo
Ministério
da Educação
Esplanada dos Ministérios
Bloco L – 7º andar – Sala 710
www.mec.gov.br
Batata cozida,
mingau de cará
Eloí Elisabete Bocheco
tradição oral
1
a
Edição
Brasília – 2006
Ano 2006
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610
de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, grava-
ção ou quaisquer outros sem autorização prévia por
escrito do Ministério da Educação ou da autora.
Título original: Batata cozida, mingau de cará
Autora: Eloí Elisabete Bocheco
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bocheco, Eloí Elisabete.
Batata cozida, mingau de cará / Eloí Elisabete Bocheco.
– Brasília : Ministério da Educação, 2006.
80 p. : il. ; 18 cm. -- (Coleção literatura para todos ; v. 8)
ISBN: 85-296-0050-9
1. Literatura popular. 2. Literatura brasileira. I. Título.
CDD 398.20981
CDU 821.134.3(81)-91
B664
7
Índice
Apresentação 10
Prefácio 12
Trovinhas 15
Vaca malhada 19
Que fazes? 20
Janeiro 21
A cutia 23
Tangolomango 24
Pisa-pilão 26
Vou 28
Quebra o coco 29
Um jogo 31
Lenços 32
Tem 33
Dizeres rimados 34
Ou... Ou 36
Desejo 37
Beija-flor 39
Olha! 40
Preguiça 41
Caçarola 42
Ciganinha 43
Recados 44
8
Marinheiro 47
Outra ostra 48
49
Mulinha 50
Encontrei 51
Mas não é 52
Joguinho 53
Esta noite 55
Sarapico 56
Sal 57
9
Eu também 58
O rato tá em casa? 59
Vamos? 60
Quem vem lá? 61
Jardineiro 63
Serenata 64
Cavalo marinho 66
Lava-lava 69
Trem de tróia 70
Entrevista com a autora 72
10
Carta ao leitor
Caras leitoras e caros leitores,
É com enorme satisfação que apresento a
Coleção Literatura para Todos, pensada e es-
crita especificamente para vocês, alunos e
alunas do Programa Brasil Alfabetizado e
alunos e alunas que estão dando continuida-
de a seus estudos nas salas de aula de educa-
ção de jovens e adultos.
Esta coleção, composta por dez livros – po-
esia, conto, novela, crônica, tradição oral, bio-
grafia e peça teatral –, é fruto de um concurso
nacional lançado em 2005 pelo Ministério da
Educação. As obras foram escolhidas entre os
mais de dois mil textos submetidos à comiso
julgadora. Muitas pessoas foram envolvidas
no processo de criação, o que representou um
verdadeiro mutirão, um esfoo coletivo. Mas
quais os motivos que levaram o Ministério a
realizar o Concurso Literatura para Todos e
agora lançar a Coleção Literatura para Todos?
A primeira resposta é dada pelo próprio
título do concurso e da coleção – Literatura
para Todos. O Ministério acredita que o aces-
so ao livro e à leitura é um direito de todos.
Nós todos temos o direito de ler e ter acesso a
11
livros da mesma forma que a Constituição Fe-
deral nos garante o direito à educação. Por
isso, em 2003, o governo criou o Programa
Brasil Alfabetizado, para garantir, aos jovens
e adultos que nunca tiveram esse direito, a
oportunidade de aprender a ler, escrever e fa-
zer as operações matemáticas básicas.
Acima de tudo, o Ministério foi motivado
por acreditar que o acesso ao livro e a criação
do hábito de leitura são essenciais para forta-
lecer a nossa cidadania e também como alicer-
ce para outras aprendizagens. A leitura nos
permite entender melhor o mundo a nossa vol-
ta e conhecer melhor também quem somos
nós. Por meio da leitura, ganhamos acesso a
outras informações e novos conhecimentos.
A Coleção Literatura para Todos visa, as-
sim, oferecer um conjunto de livros, produzi-
do com muito carinho e zelo, que proporcio-
nará a vocês leitores um grande prazer – o
prazer de ler, de viajar, de criar e de fazer par-
te de uma nova comunidade: a de leitores. Pelo
menos, é assim que esperamos. Brasil, país de
todos – Brasil, comunidade de leitores!
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
Ministério da Educação
12
Precio
Há milhares de anos, ainda antes de sabe-
rem escrever, os homens se reuniam em volta
da fogueira e contavam histórias. Eram rela-
tos sobre o que acontecia com eles ou com os
animais em suas aventuras do dia-a-dia. Sem-
pre tinha alguém para contar algo e alguém
para ouvir com atenção. E aqueles que ouviam
sempre acrescentavam uma coisa aqui e outra
acolá. Como já diziam antigamente: quem
conta um conto, aumenta um ponto.
Com o passar do tempo, os homens apren-
deram a escrever e passaram a registrar as
histórias que contavam ou ouviam, por meio
de tabuletas de barro, pergaminhos, papiros
e, posteriormente, papel.
O homem sempre gostou de contar suas
histórias, seja em prosa, seja em verso, nas fei-
ras, mercados, festas de ruas ou das casas.
Eles continuam contando histórias que ouvi-
ram dos pais, nas varandas das casas e nos
meios-fios das calçadas. Como fazia seu Abso-
lon, em noites quentes e tardes chuvosas, na
varanda da minha infância, em Cruzeiro do
13
Sul, na beira do rio Juruá, no Acre, onde co-
meça o Brasil, conforme dizia a minha avó.
São os contadores de histórias e declama-
dores que passam para as crianças e jovens as
diversas expressões da tradição oral. Há ou-
tros que recolhem as histórias que ouviram e
as recontam em livros, como faz a escritora
catarinense Eloí neste delicioso Batata cozida,
mingau de cará.
O ótimo Marinheiro nos faz lembrar de
histórias e músicas já ouvidas. No último ver-
so, Eloí nos remete a Fernando Pessoa, um
grande poeta da língua portuguesa, que es-
creveu em um poema:Navegar é preciso,
viver não é preciso”.
Leia e se delicie.
Tancredo Maia Filho
Coordenador técnico
I Concurso de Literatura para Todos
15
Trovinhas
Batata cozida, mingau de ca
Moça bonita que vem do Pa
Parem de cantar, parem de pular
Abram a roda que ela vai passar.
Olha a vespa dentro da cesta
Olha a cesta com a vespa dentro
A vespa fazendo casa
e a casa secando ao vento.
Eu não tenho eira nem beira
Nem sequer algum parente
Sou filho de uma colina
Neto do sol poente.
Marmeleiro, penda o galho
Que eu quero colher marmelo
Marmeleiro, o que é que eu faço
para encontrar o amor que eu quero?
Lá ats daquele morro
tem um pé de abacateiro
Quem quiser casar comigo
apareça no terreiro.
16
Lá do céu caiu um cravo
em cima do meu telhado
Se não casar com você
não vivo mais sossegado.
Meu boi nasceu de man
De manhã mesmo falou
Às dez horas assinou o nome
e em seguida soletrou.
Cavaleiro da porteira
o passe sem se benzer
Aqui tem assombração
o deve pagar pra ver.
A menina da janela
é uma flor de macieira
Quando anda se requebra
Quando se requebra cheira.
Você diz que sabe sabe
Passarinho sabe mais
Passarinho sabe a falta
que o seu amor me faz.
17
Eu plantei o figo verde
Ningm ajudou plantar
Depois do figo maduro
Todos queriam provar.
Pus-me a contar grão de areia
com a ponta do meu dedal
Comecei de madrugada
e nunca mais vou acabar.
De manhã penso em você
De tarde penso também
De noite fico a pensar
nesse fogo que amor tem.
Se eu soubesse bordar na água
como bordo no algodão
Bordava um barquinho a vela
indo em tua direção.
Um saco cheio de espinhos
é uma coisa tiririca
Se bota na cabeça cutuca,
se bota nas costas pinica.
18
Quebra quebra gabiroba
Come a sopa pela borda
Pena verde já se foi
Sonho meu roeu a corda.
Com a ponta da minha agulha
Com o fundo do meu dedal
Costuro as pontas da vida
pra saudade não me achar.
Todo cravo tem perfume
Toda roseira tem graça
Nem todo amor perdura
Toda paixão vem e passa.
19
Vaca malhada
Vaca malhada dá leite azedo
pra quem mexer o dedo
Dá leite pasteurizado
pra quem olhar pro lado
Dá leite ardido
pra quem ficar perdido
Dá leite frio
pra quem der um pio
Dá leite vencido
pra quem estiver distraído
Dá leite fino
pra quem tocar o sino.
Eu que não sou daqui
e não tenho amor,
marinheiro sou,
peço água e vou-me embora
pra São Salvador!
20
Que fazes?
– Minha vela de sete dias, que fazes no corredor?
– Tô esperando o santo que vem no andor.
– Minha bacia de louça, que fazes no rebolo?
– Tô esperando o trigo que tá no monjolo.
– Minha sombrinha encarnada, que fazes no horizonte?
– Tô esperando a chuva cair na ponte.
– Meu jarro esmaltado, que fazes no armário?
– Tô esperando o dia do teu aniversário.
– Minha peneira de taquara, que fazes no lajeado?
– Tô esperando Maria pescar dourado.
21
Janeiro
Janeiro vai
Janeiro vem
Pingente celeste
vou dar ao meu bem.
Janeiro ia
Janeiro vinha
Panela no fogo
Pirão de farinha.
Janeiro vem
Janeiro vai
O galo canta
e a casa cai.
Janeiro sai
Janeiro entra
Num dia chega
e no outro senta.
Janeiro vem
Janeiro passa
Fogo de palha
Nuvem de fumaça.
23
A cutia
A cutia diz que viu
um fantasma prateado
É mentira da cutia
Ela tá é assustada.
A cutia diz que traz
muita linha do horizonte
É mentira da cutia
Ela traz é só barbante.
A cutia diz que come
num prato de arco-íris
É mentira da cutia
Ela come é num pires.
A cutia diz que tem
um castelo de turmalina
É mentira da cutia
O castelo é de neblina.
A cutia diz que tem
um pente de marfim
É verdade da cutia
Ela até emprestou pra mim!
Ah, ah, oh, oh, ela até emprestou pra mim!
24
Tangolomango
Eram oito formiguinhas
morando num tagete
Deu tangolomango numa
e das oito ficaram sete.
Das sete que restaram
Uma se afogou no orvalho
Outra partiu com um bem-te-vi
e ficaram cinco que eu vi.
Dessas cinco que restaram
Uma tropeçou num pato
e das cinco ficaram quatro.
Das quatro que ficaram
Uma foi imitar o cabrito mons
Quebrou o pescoço, meu bem,
e das quatro ficaram ts.
Destas três que restaram
Uma foi passear na lua
Deu o tangolomango nela
e eis que ficaram duas.
25
Destas duas que ficaram
Uma resvalou na espuma
e restou apenas uma.
Esta uma que ficou
foi jogar paciência
Deu tangolomango nela
e acabou-se a descendência.
26
Pisa-pilão
Paçoca de pinhão
Pisa pilão!
Pinheiro, dai-me outra pinha,
que esta aqui tá falhada
Menina, traz mais farinha,
que a paçoca tá grudada.
Peneira a paçoca
Pisa pilão!
Peneira e soca
Pisa pilão!
O tempero da paçoca
foi o velho Brás que ensinou
Botei as ervas-de-cheiro
Mas o ponto do sal caducou.
27
Não se afoga com a paçoca
Pisa pilão!
Passa pra cá a peneira da paçoca
Pisa pilão!
Peneira e soca
Pisa pilão!
Tava na peneira
Tava peneirando
Tava no namoro
Tava namorando
Oi, pisa pilão!
28
Vou
Vou à ladeira
com as mãos para ts
Traar peneira
Colher o ananás.
Vou à romaria
com as mãos para cima
Pedir providências
para mudar minha sina.
Vou ao engenho
com as mãos para baixo
Comer o melado
que ficou no tacho.
Vou àquela serra
com as mãos para o lado
Pedir mais sorte
para arrumar namorado.
Vou ao banhado
com as mãos quietas
Ver dorme-dorme
e açucenas abertas.
29
Quebra o coco
Quebra o coco
Saracura tá cantando
Quebra o coco
Chuvarada tá chegando.
Da mulher que quebra o coco
até as pedras sabem:
faz sao, faz sabonete,
faz renda pra estrela d´alva.
o derrube essa palmeira
que um tico-tico plantou
É palmeira rainha
Estrela do céu quem coroou.
Quebra o coco
Saracura tá cantando
Quebra o coco
Chuvarada tá chegando.
31
Um jogo
– Que porta é esta?
– É a do fim do mundo.
– E quem está no começo?
– Um gigante sem queixo.
– Quem está no meio?
– A mulher do espelho.
– Quem chegou agora?
– Quem estava fora.
– Quem vem do lado esquerdo?
– Não posso contar que é segredo.
– Quem está atrás da neblina?
– É uma coisa que não cabe nesta rima.
– Que carruagem é aquela?
– É a da Bela e a Fera.
– Que fumaça é essa?
– É da tua pressa.
– Como se volta do fim do mundo?
– Pelo buraco fundo.
– E se o buraco não chegar?
– Tenho cavalo alado para me buscar!
32
Lenços
Lenço lilás
bons presságios traz.
Lenço na cintura
o amor perdura.
Lenço de pontas
acerto de contas.
Lenço de cambraia
olhe e saia!
Lenço bordado
encontro marcado.
Lenço na lapela
será longa a espera.
Lenço no ar
alguém vai chegar.
33
Tem
No redemoinho tem saci
Na mangueira tem bem-te-vi
Atrás do morro tem ingá
Na mata fechada tem boitatá.
Na curva da estrada
tem um dia ts do outro
Na quebrada da ladeira
tem goiaba, e não é pouco!
Na mão direita tem uma roseira
que dá flor na primavera
que dá flor na primavera.
34
Dizeres rimados
De cavalo dado não se olham os dentes
Cesteiro que faz um cesto faz um cento
De cobra não nasce passarinho
Quanto mais velho melhor o vinho.
Com a boca cheia d´água ninguém assopra
O ponto do crochê se escolhe é na amostra
Coroa não cura dor de cabeça
Em receita que deu certo, não mexa!
Água fria não escalda pirão
Vaso novo não se guarda no porão
A colher é que sabe a quentura da panela
Acerto de contas é no apagar da vela.
Raio não cai em pau deitado
Só passa uma vez o cavalo encilhado
O amor louco dura pouco
Terá jeito o pau que nasce torto?
35
A aranha vive do que tece
No olho do dono é que o carneiro cresce
Cada um sabe onde o sapato aperta
Até o santo desconfia quando é demais a oferta.
Hóspede de três dias dá azia
Pombo escaldado tem medo de água fria
Canudo que teve pimenta guarda o ardume
Rede no gancho não pega cardume.
Em anos de boas espigas, guarda
algumas para o tempo de urtigas
Amor sem beijo só no inferno vejo
o quente não se dá nem ao são nem ao doente.
Flauta doce não é trompete
Em fandango de galinha barata não se mete
Cavalo esperto não espanta a boiada
Fogo de palha não faz goiabada.
36
Ou... Ou
O macaco não quer banana?
E o menino brincadeira?
Ou o menino tá triste,
ou a banana é de cera.
O passarinho não quer o figo?
Laranja madura na beira da estrada?
Ou o passarinho tá distraído,
ou a laranja tá bichada.
O urso não fez conta do mel?
E o avarento doou vintém?
Ou o urso tá doente,
ou era primeiro de abril, meu bem!
37
Desejo
Eu sou passarinho
Eu sou rouxinol
Eu quero fazer meu ninho
na pedra do teu colar
No meio da madrugada
pra poder te ver sonhar
Cravo e canela
Vento de manjericão
Lua prateada
no pezinho de limão
Sereno de veludo
Sereno não quer cair
Sereno da madrugada
deixa meu amor dormir!
39
Beija-flor
Beija-flor foi à serra
Assuntou
Foi à flor do manacá
Se embriagou.
Foi à campina
Beijou
Foi à mata
Se enamorou.
Foi ao deserto
Passou
Foi à lua entrou.
Foi ao sol
O sol se apagou
Foi ao rio
O rio murmurou.
Veio me ver
e contou
Entrou no meu sonho
e ficou.
40
Olha!
Meu chapéu tem bordado
e tem laço
Olha a pitanga no chão, sanhaço!
Meu lenço é bordado de ABC
Tenho cinco namorados,
mas nenhum vem me ver.
A pedra do meu anel
veio de uma estrela guia
Olha a amora no chão, cotovia!
Meu colar não é daqui
É de Jacarepaguá
Olha a graviola no chão, sabiá!
41
Preguiça
Preguiça não lava o umbigo
E, se lava, não enxuga.
Preguiça não cozinha feijão
E, se cozinha, pede a alguém
pra comer por ela.
Preguiça não faz caminhadas
E, se faz, vai carregada.
Preguiça não compra livros
E, se compra, pede que o livro
já venha lido.
Preguiça sonha que o mundo acabe
em almofadas macias para ela se recostar
e em baldes de sorvete de creme
para ela se arregalar.
42
Caçarola
Eu tenho uma caçarola
com cem anos de idade
Tá aqui o meu lenço
que confirma a verdade.
No dia de santos reis,
surpreendeu-me a caçarola
Declarou-se aposentada
Diz que não frita,
e não frita mais nada.
o lhe tirei a razão
Caçarola centeria
fritou bolinhos de chuva
para várias gerações.
43
Ciganinha
– Ó, Ciganinha,
O que estás fazendo?
– Botando babados
numa saia de renda
Vou me enfeitar
Vou me perfumar
Vou à festa namorar
Chegou um cavalheiro,
muitíssimo alinhado
Sentou-se ao meu lado
Me convidou pra dançar
Pisou-me na barra da saia
Foi-se a saia para o chão
– Seu desajeitado,
tenha mais educação
e deixe o salto no portão!
44
Recados
Mandei recado pra moça dos três anéis:
venha brincar comigo uma ciranda, se puder.
Nenhuma resposta
Nenhuma resposta.
Mandei recado pro adivinho de Abu:
por favor, venha me ver amanhã.
Nenhuma resposta
Nenhuma resposta.
Mandei um recado pra Baba Yaga:
preciso de sua ajuda, senhora maga!
45
Nenhuma resposta
Nenhuma resposta.
Mandei recado pro sábio de Arimatéia:
sonhei sete noites com sete tigres
Mais sete com sete touros
e outras sete com sete besouros. O que será?
Nenhuma resposta
Nenhuma resposta.
Bene bene bu
Mandei os recados
pelo rabo do tatu!
47
Marinheiro
Marinheiro, ó marinheiro,
onde está com o juízo?
Veja bem, ó marinheiro,
se não há perigo.
Não bata na pedra,
não encalhe na areia
Não vá te desviar
algum canto de sereia
Marinheiro, marinheiro,
olha o balanço do mar
Ouve o que diz a onda,
que é preciso navegar
Tem o pulo da noite
Tem o reflexo do luar
Tem a alga madrinha
Tem sombras em alto-mar
Veja bem ó, marinheiro,
onde está com o juízo
e tome conta do perigo.
Quem te ensinou a nadar?
Quem te ensinou a nadar?
Foi, marinheiro,
foi o peixinho do mar.
48
Outra ostra
Era outra a ostra
e não esta ostra.
Esta ostra
foi trocada.
Trocada a outra ostra
por esta ostra,
troco esta ostra
pela outra ostra.
É a outra ostra
e não esta ostra
que está com o brinco
que eu ganhei
do peixinho do mar
que me ensinou a nadar.
49
Na ladeira tem
Já mandei buscar
cesto de bordado
Chapéu de sisal
Pisei na onda
A onda virou
Estrela do mar
a lua prateou
Espuma é de renda
Gaivota se encantou.
50
Mulinha
Lá vai a mulinha
pra bem distante
Carregadinha
de barbante.
Chegou a mulinha
na feira da praça
Vendeu barbante
Comprou linhaça.
Lá vem a mulinha
sem vintém
Deixou tudo
no armazém.
51
Encontrei
Encontrei Santa Luzia
com uma orquídea azul
Pedi uma pétala
e ela não quis dar
Mas me deu um bauzinho
Ah, meu São Sebastião,
abra este bauzinho
que me deu Santa Luzia!
vai ela sumindo,
na curva daquela estrela!
Que será do xale dela
Que era feito de cera?
Me valham, meus santinhos,
meu coração tá batendo
dentro do bauzinho!
Me abençoe, São Gabriel,
santo bem-humorado
alegria é sustento
hoje e sempre e obrigado!
52
Mas não é
A farinha tá no fogo
mas não é para tostar,
O botão parou na porta
mas não é para entrar.
O martelo dá cabeçadas
mas não é por querer,
O monjolo sobe e desce
mas não é para te ver.
O piolho põe o pé na cabeça
mas não é por prevenção,
O vaga-lume escolhe o escuro
mas não é por precisão.
Meu burro morreu
mas não foi de pensar,
A preguiça cansou
mas não foi de trabalhar.
O olho do poço está cheio d´água
mas não é de mágoa,
A losna é amarga como fel
mas não é porque ela quer.
53
Joguinho
Este diz que vai dormir
Este diz que não tem onde
Este diz que vai na rede
Este diz cadê a parede?
Este diz que vai fazer
Este diz que vai chover
Capivara, mutum, paca, tatu
Fui na lata de biscoito
Contei cinco e contei oito.
55
Esta noite
Esta noite, esta noite
eu dormi longe
Esqueci do meu amor
Deu sereno, deu sereno
na distância
e me cobriu de furta-cor
Veio o sol, veio o sol
de manhã cedo
e o meu corpo incendiou.
56
Sarapico
Sarapico, morrico
Quem te deu tamanho pico?
Foi a deusa
do espelho
Sete sóis
Sete luas
Sete selos.
Sarapico, morrico
o vá o teu pico
cutucar as estrelas
ou ferir alguma
abelha dou.
57
Sal
Sal tem
Sal temos
Sal damos
Sal tá lá
Sal gado
Sal
Sal não
Sal ô mão
Sal
Salo.
58
Eu também
Eu fui buscar água lá onde
o Judas perdeu as botas
Eu também
Me enrosquei num cipó
Eu também
Entrei num caminho sem fim
Eu também
Subi numa árvore
Eu também
Caí de maduro
Eu também
Dancei valsa com uma cobra
Eu não!!!
59
O rato tá em casa?
– Não.
– A que horas ele chega?
– Às mesmas de ontem.
– Que horas são?
– Hora da onça beber água.
– Que horas são?
– Hora em que a porca torce o rabo.
– Que horas são?
– Hora da panela queimar o cabo.
– Que horas são?
– É hora da cobra fumar;
uns pra cá, outros pra lá.
– Quem é que o rato vai pegar?
60
Vamos?
Vamos à campina,
elfos gentis,
colher a flor peregrina,
ouvir o que a relva diz?
O araçá
O mal-me-quer
A flor-de-lis.
São João prometeu
me dar uma morada
Entre lírios, açucenas
e rosas da madrugada.
61
Quem vem lá?
– Ô de casa!
o tem fogo nem brasa
nem o dono da casa?
– Ô de fora!
Entre, por favor,
sou cesteiro, ora pois!
– Quero um cesto e uma cesta.
– Vai fazer casamento dos dois?
– Não, senhor Cesteiro:
no cesto guardarei penas,
na cesta levarei flores pra morena
Quero também uma peneira
– Fina ou grossa?
– Tão fina que possa até
peneirar neblina
Ficarei, ainda com um balaio
– Grande ou pequeno?
– O maior que tiver
para aparar a sorte
quando ela vier.
63
Jardineiro
Jardineiro,
pode chegar
pegue as sementes
E comece a semear...
Bem na frente,
ponha o alecrim
Para espantar o mau-olhado
do jardim.
Na janela,
quero a flor-de-lis
Que seja branca,
ou então cor-de-anis.
No lado esquerdo,
quero a amoreira
m andorinhas
e pardais
a tarde inteira.
Perto da porta,
ponha o gui
para dar muita
sorte a quem vier.
64
Serenata
Senhora dona da casa,
abra a porta com finura
O sereno tá caindo
Orvalhada é prata pura.
As moças desta casa
não querem acordar
Nem ouvem a viola
entretidas a sonhar.
Vem cá, essa menina,
quero ler o teu destino:
você vai morrer de velha
e vai casar com seu primo.
65
As fitas do teu chapéu
são fitas muito fiteiras
o são verdes nem azuis
Nem tão pouco cor-de-cera.
Senhora dona da casa,
traga licor de groselha,
bolinhos de bênção
e rosquinhas de canela.
Vamos dar a despedida
como deu a saracura
Uma perna na janela
e outra lá em Singapura.
66
Cavalo marinho
Cavalo marinho,
quem te nomeou?
Foi um cantador
que por aqui passou.
Cavalo marinho,
com que vai sonhar?
Com mil conchinhas
do fundo do mar.
Cavalo marinho,
quem te deu esse sinal?
Foi a mãe da mãe
da estrela do mar.
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Cavalo marinho,
dança com a princesa
Se apagar a luz,
a lua está acesa.
Cavalo marinho,
é hora da ceia
A dona da casa,
que linda sereia!
Papagaio canta
Periquito chora
Cavalo marinho,
vamo-nos embora!
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Lava-lava
A roupa lavada
Sinhá não vê
Já foi engomada
Sinhá não vê.
Eu pisei na ponte
A ponte tremeu
A água tava turva
Toalha branca escureceu.
Mandei fazer a goma
da farinha do ca
pra engomar babado branco
do vestido da sinhá.
Águas frias lavem bem
as nódoas deste vestido
E lavem do meu destino
tudo o que for encardido.
A roupa lavada
Sinhá não vê
Já foi engomada
Sinhá não vê.
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Trem de tróia
O trem de tróia
é bem variado
Quem entra no trem
tá com os dias contados.
Ora vai saltitando
Ora vai devagar
Ora anda nos trilhos
Ora pega a voar.
Os bancos não aceitam
passageiros sentados
Maleiros invisíveis
Cobrador aluado
Chuva sol ou vento
Cobertura de relento.
Na cozinha do trem
Foo apagado
Macarrão doce
Ca salgado.
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Cadê o maquinista?
Foi catar araçá
Foi juntar o ca
Deixou o trem
ao deus-dará.
No dia em que
criar dente o tico-tico
Pau-brasil virar angico
Gelo acender fogueira
-de-vento der pêra
Avarento perder vintém
sem fazer cara feia
Aranha deixar de tecer teia
e cabeça de repolho pensar,
o trem de tróia
vai chegar a algum lugar.
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Entrevista com a autora
Quando você começou a gostar de ler?
E
LOÍ – Antes de descobrir o livro literário,
fiz a experiência de “ouvir” a literatura. Isso
foi na inncia, por meio do repertório oral.
Cresci cercada por grandes contadores de
histórias e declamadores, entre eles minha
mãe e meu pai. Minha primeira biblioteca
foi oral e o acervo eram os contos, mitos,
lendas, causos, provérbios, cantigas e brin-
cadeiras de roda, entre outras formas desse
rico manancial criado pelo povo. Somente
aos 11 anos de idade, quando fui fazer o
curso ginasial, é que tive acesso à literatura
escrita.
Quais livros marcaram sua infância e
adolescência?
E
LOÍ – As obras de Monteiro Lobato, Érico
Veríssimo, Fiódor Dostoiévski, Machado de
Assis, José Lins do Rego, José de Alencar,
Manuel Bandeira, Rubem Braga, Cecília Mei-
reles e Mark Twain, entre muitos outros au-
tores, se tornaram inesquecíveis em minha
história de leitura.
73
Como nascem suas histórias e
perso na gens?
E
LOÍ – As crônicas que escrevo têm muito
material da memória, desfigurado, macera-
do pelo tempo, distância e experiências pre-
sentes. Algumas narrativas surgem a partir
de uma cena, uma imagem, uma visão re-
pentina. Depois o texto vai seguindo seu ca-
minho.
Que lugar a leitura ocupa em sua vida?
E
LOÍ – A leitura é uma prática imprescindível
para mim. Não consigo imaginar a vi da sem
livros, sem leituras, sem literatura. Se, por al-
guma razão, não pudesse mais ler, acho que
poderiam me aprontar o caixão e a cova.
Além de escrever, o que você também
gosta de fazer?
E
LOÍ – Gosto de cuidar da família, ver bons
filmes nacionais e estrangeiros, ouvir músi-
ca caipira e modas de viola. Também gosto
de ouvir as pessoas. Quando era professora,
adorava puxar a cadeira e ouvir as crianças e
jovens falarem de suas leituras, de seus li-
vros preferidos, de como as histórias se mis-
turavam às suas vidas, de como iam se tor-
nando leitores e como a leitura ia influindo
em suas escolhas.
74
Leitura é cidadania
A leitura torna mais vasto o mundo de
quem lê. Também desperta a sua imaginação
e você ganha condições de aprender e desen-
volver seu senso crítico e cultural. Quanto
mais livros você ler, mais aumenta o prazer de
ler, mais alegrias você terá com a leitura. Com
isso, todos ganham, você, a sua família, a sua
comunidade e a sociedade em que você vive.
Pelo Brasil afora, muita gente tem traba-
lhado para estimular a prática e o acesso ao
livro e à leitura. Projetos, programas e ações
que envolvem todos: governos, universidades,
escolas, empresas, ONGs e os cidadãos. Todas
as propostas fazem parte do Plano Nacional
do Livro e Leitura – PNLL, do Ministério da
Cultura. Um dos objetivos desse empreendi-
mento é fazer funcionar bibliotecas públicas
em todos os municípios brasileiros.
É na biblioteca que você vai encontrar
apoio para seu desenvolvimento pessoal e
educação formal. Além disso, nesse espaço
você vai poder conhecer sobre a herança cul-
tural do seu povo, vai ter a oportunidade de
75
tomar apreço pelas artes e pelas realizações
da humanidade.
Visite uma biblioteca, pergunte ao biblio-
terio como é que ela funciona e como você
pode ter livros emprestados. A biblioteca pú-
blica é de todos e para todos.
76
Mais informações sobre esta obra
Os versos de Batata cozida, mingau de
cará reúnem histórias, lendas, usos e costu-
mes preservados pela fala popular. Para ilus-
trar esta obra, a artista Tati Rivoire produziu
desenhos em estilo
xilogravura popular, que
remetem o leitor para a
literatura de cordel.
O processo de criação consistiu em dese-
nhar com lápis de grafite sobre papel à mão
livre. Depois, as imagens foram digitaliza-
das e o desenho foi finalizado e colorido no
computador.
O resultado são oito ilustrações que con-
duzem o leitor por uma viagem pela tradição
oral. As imagens complementam a idéia trans-
mitida pelos versos. O lirismo da moça casa-
doira das Trovinhas, da lavadeira de Lava-lava
e do cavalo-alado de Um jogo; o humor de A
cutia e de Marinheiro, a singeleza de Beija-flor,
de Esta Noite e de Jardineiro propiciam uma
experiên cia singular.
Poesia popular,
originalmente
oral, escrita em
forma rimada.
Técnica de fazer
gravuras em
relevo sobre
madeira e
reproduzir a
imagem gravada
sobre papel.
77
Outros livros desta coleção
Poesias
Contos Poesias Teatro
Biografia Novela
Contos Poesias
Crônicas
78
Produção gfica e editorial
SUPERNOVA PROJETOS EDITORIAIS
Coordenação de produção
Cristina Guimarães
cristina@supernovadesign.com.br
Projeto gráfico e capa
Ribamar Fonseca
ribamar@supernovadesign.com.br
Projeto editorial, edição e revisão do texto
Alessandro Mendes e Iara Vidal
alessandro@azimutecomunicacao.com.br
iara@azimutecomunicacao.com.br
Ilustrações
Tati Rivoire
tati@tatirivoire.com.br
Editoração eletrônica
Fernando Alves
fernando@supernovadesign.com.br
Auxiliar de produção
Adriana Mattos
adriana@supernovadesign.com.br
O papel da capa é o Duo Design 240g/m
2
e o papel do miolo é
o Pólen bold 90 g/m
2
. A fonte de texto é a Versailles, corpo 11,5,
projetada por Adrian Frutiger em 1984, serifada, baseada nos
tipos franceses desenhados no século 19. As notas explicativas
laterais foram retiradas dos dicionários da língua portuguesa
Houaiss e Aurélio e informações dos autores.
Impresso pela Gráfica e Editora Brasil para o Ministério da Edu-
cação em novembro de 2006.
tradição oral
Eloí Elisabete Bocheco
A seleção de poemas Batata co-
zida, mingau de cará está vinculada
ao repertório folclórico nacional.
São textos criados a partir da tradi-
ção oral em suas variadas formas:
contos, mitos, lendas, causos, pro-
vérbios, parlendas, quadrinhas, tra-
va-línguas, cantigas e brincadeiras
de roda e cantos de trabalho, entre
outros representantes desse rico
ma nancial criado pelo povo. O livro
é resultado da experiência da auto-
ra com o repertório oral, iniciada na
infância, passada ao lado de gran-
des contadores de histórias e decla-
madores, entre eles seus pais.
O processo de pesquisa e criação
é resultado da escavação da memória
da escritora, que puxando fi o por o,
invocando ritmos e toando emoções
construiu textos a partir da herança
popular adquirida durante toda a
vida. Auxiliaram-na nesse trabalho
os livros de Câmara Cascudo e as
pesquisas de Saul Martins, Guilher-
me Santos Neves, Noé Mendes de
Oliveira e Leda Tâmega Ribeiro.
A farinha tá no fogo
mas não é para tostar
O botão parou na porta
mas não é para entrar.
O martelo dá cabeçadas
mas não é por querer
O monjolo sobe e desce
mas não é para te ver.
Batata cozida, mingau de cará Eloí Elisabete Bocheco
COLEÇÃO LITERATURA PARA TODOS
tradição oral
Eloí Elisabete Bocheco nasceu
em 1955 em Campos Novos – SC.
Formada em Le tras e com pós-gra-
duação em Alfabetização, é profes-
sora de língua e literatura. Iniciou na
literatura em 1998, com o livro Uni...
Duni... Téia, vencedor do Prêmio
Boi-de-mamão, da Câmara Catari-
nense do Livro.
Tem oito obras publicadas, vol-
tadas para o público infanto-juvenil,
como Beatriz em trânsito, vencedo-
ra do Prêmio Mário Quintana e sele-
cionada para o catálogo ofi cial da
Biblioteca Internacional da Juventu-
de de Munique, Alemanha, e para o
Catálogo de Bolonha – Feira del Li-
bro per Ragazzi, na Itália.
Batata cozida,
mingau
de cará
Foto: Odair Souza
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