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O Almanaque do Alua, agora no seu
número um, partiu do zero já com a
vontade de chegar ao mil. Aos milhões.
Milhões de pessoas que fermentam o
nosso caldo cultural.
Vontade de circular idéias, de fazer
crescer o bolo, de compartilhar o doce.
Partilhar com o Sapé o trabalho de colocar
no ar essa edição é o prazer de embriagar
de alua as redes de comunicação
alternativas em busca dos sabores da
diversidade que alimentam nosso espírito
e matam nossa sede de vida.
Já era tempo de o número um chegar
nesse mundo acelerado pela globalização
e pela Internet, fazendo das suas:
"O tempo perguntou ao tempo quanto
tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo que o tempo
tem quanto tempo o tempo tem."
Claudia Mareia Ferreira
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
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CDU-050.9
ISSN 1415-7179
1.ALMANAQUES
Almanaque do Alua.
Rio de Janeiro: SAPÉ: Funarte, CNFCP, N° 1-
Setembro, 1998. Anual.
CAPA
Concepção de Claudius Ceccon sobre o quadro
Árvore da Humanidade, de Paulo Sérgio da
Silva, reproduzido no catálogo da
PROJETO GRÁFICO/EDIÇÃO DE ARTE
Claudia Duarte
DIGITALIZAÇÃO DE IMAGENS
Joselice Souza da Silva Maria do
Socorro Calhau
CONSELHO EDITORIAL
Aida Bezerra (SAPÉ)
Bernarda Monestier (IDH - Uruguai)
Claudia Márcia Ferreira (CNFCIV
FUNARTE)
Claudius Ceccon (CECIP)
Domingos Nobre (CEDAC)
Eliane Andrade (DEMEC/RJ)
Emile Diouf (PAFPEC - Senegal)
Francisco Lara (CAPINA)
Kita Eitler (CEPEL)
Lourdes Grzybowski (PAPEL SEM
FIM)
Maria Emília Pacheco (FASE)
Margriet Poppema (INDRA - Holanda)
Rute Rios (SAPÉ)
CONSULTORIA
Lygia Segala
Margriet Poppema
COORDENAÇÃO E REALIZAÇÃO
SAPÉ - SERVIÇOS DE APOIO À
PESQUISA EM EDUCAÇÃO Rua
Evaristo da Veiga, 16/1601 20031-040
Rio de Janeiro tel.(021)220 4580 fax:
(021) 220 1616 E-mail:
COPIDESQUE E REVISÃO DE TEXTOS
Aida Bezerra Lucila Silva Telles
DIGITAÇÃO
Maria do Socorro Calhau
Syone Guimarães da Costa
EDIÇ
Ã
O E PESQUISA
Alexandre Aguiar Cleide
Leitão Sonia Piccinin
CENTRO NACIONAL DE
FOLCLORE e CULTURA POPULAR/
FUNARTE
RuadoCatete, 179
22220 - 000 Rio de Janeiro
tel.(021)285 0441
fax:(021)205 0090
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
ECONTROLADA
APOIOS
União Européia - Programas de Forma-
ção
INDRA/Universidade de Amsterdã
Centro Nacional de Folclore e Cultura
Popular/Funarte/Ministério da Cultura
NOVIB
IMPRESO Gráfica
Wagner Ltda.
FOTOLITOS
Renart Fotolito, Fotocomposição e Edi-
tora Ltda.
ILUSTRAÇÕES DO CALENDÁRIO
Claudius Ceccon (Almanaque do Alua
n°0)
Bienal
N
aïfs do Brasil, realizada pelo
SESC em Piracicaba
ALMANAQUE DO ALUA N° 1
A CONVERSA DO COMEÇO
inco anos é muito tempo? Para relembrar do que é bom,
não! E, entre as coisas boas que aconteceram na nossa
roda de interesses, nesses últimos cinco anos, o
Almanaque do Alua n° 0 foi uma delas. O nosso sonho, a
depender dos resultados dessa primeira aventura, era o de
renascer a cada ano com mais novidades, informações,
brincadeiras e seriedades para deleite e aprendizado de nós todos.
Infelizmente, e apesar dos sucessos e dos incentivos que
recebemos de nossos leitores, não conseguimos voltar a circu-
lar no prazo esperado.
Mas, "água mole em pedra dura, tanto bate até que molha tudo"
foi o nosso lema. Ficamos fermentando o alua. Eis-nos aqui
novamente. Felizes por esse reencontro. Novas e velhas parcerias,
idéias antigas e novos brilhos, todos misturados e retemperados
entram na produção do "Almanaque do Alua n° 1".
Desta vez pensamos em convidar pessoas e instituições de
vários cantos do mundo para acertar nossos passos em tempos
de globalização e se fazerem presentes nos nossos espaços, com
as suas idéias, ações e expressões. Abrir as janelas, conversar
com quem passa, chamar para dentro, conhecer mais de perto
e se fazer conhecer. Grande mundo, mundo pequeno.
Ao mesmo tempo,
achamos importante
lançar um olhar
responsável sobre o que
está acontecendo nesse
cenário global, sentir seus
desafios,
descobertas e sofrimentos que estão sendo vivenciados por
nós e por tantos outros povos. Nessa parte, o nosso
pensamento se voltou para a questão do trabalho humano que
começa a mudar as suas referências, os seus significados.
Sentimo-nos como numa encruzilhada onde, para prosseguir,
só encontramos visíveis duas indicações: a estrada do
dinheiro e a da vida. Isso lembra, ironicamente, a frase do
assaltante: "a bolsa ou a vida"!
Ou, quem sabe, comecemos a descobrir o sentido que o
trabalho se foi traçando através dos séculos e os inúmeros
desvios em que também se perdeu. É possível que uma tarefa
dos nossos tempos atuais seja justamente o resgate ou a re-
significação desse sentido do trabalho humano. O mapa de
interesses dos que vêm decidindo os destinos do mundo, o
avanço da tecnologia e os valores que lhe dão respaldo
atualmente desnortearam a convivência humana e
desalojaram o esforço disponível para a construção de um
mundo onde todos possam fazer as suas escolhas.
No mais, aqui também é um lugar de entretenimento, de
C
respiração, de riso.
Esperamos que vocês,
leitores, de uma forma
ou de outra, folheiem,
leiam, partilhem com
gosto esse passeio no
tempo e no espaço.
Aguardamos suas
reações para que o
Almanaque do Alua n° 2
pareça ainda mais com
você. Até breve.
ASAS DE BEIJA-FLO
R
de invenção sem que uns anulem
outros. A colher de pau e a pa-
nela de barro podem morar ao
lado de um liqüidificador e de
um forno microondas. Um avião
supersônico pode voar por cima
de uma estrada onde andam car-
ros de boi e carroças de burro. O
lápis, o caderno e o computador
coexistem numa mesma escola.
O que aconteceu há quinze
segundos chega até nós como
notícia visualizada; mas a infor-
mação de pé de ouvido continua
a ter o seu papel na comunicação
e no estabelecimento de re-
lações.
De repente, o nosse tempo parece
ser feito de todos os tempos.
Vivemos, aparentemente, a rotina
de todas as horas do dia e da
noite mas, no mesmo hoje e à
mesma hora, cabem mais
acontecimentos do que antes.
Tudo parece ter adquirido uma
velocidade maior para se tornar
fato. O passado também ficou
mais perto do presente: temos mais
registros, mais bibliotecas, vídeos
e fotografias que trazem o que
aconteceu para o agora. O futuro
está se construindo debaixo dos
nossos olhos. Hoje, já sabemos que
ficções e sonhos se tornam reali-
dade, funcionam; tudo parece ser
possível a partir da curiosidade e
invenção humanas.
Vivendo hoje nesse tempo
aberto, quase redondo, somos
mais ricos de possibilidades.
Mas a questão que se derrama
nessa mesma amplitude é: como
usamos essa riqueza? Quem a
ela tem acesso? Como trabalha-
mos a nossa grande aproximação
simultânea e universal?
Sentimo-nos, agora, convi-
dados a nos deixar invadir pelos
nossos tempos diversos, e fazer
circular a vida com a delicadeza
e a beleza que merecemos.
O mundo era grande, enorme;
as distâncias infindáveis,
intransponíveis. E, como num pas-
se de mágica, chegamos à Lua, re-
cebemos imagens de Marte. Os
nossos olhos viajam por lugares
inacessíveis dentro das nossas pos-
sibilidades: é só apertar um botão
e escolher os roteiros disponíveis
nos canais de televisão.
Ao mesmo tempo, convivemos
com objetos de diferentes idades
Aida Bezerra
Em briga de saci, pernada não vale.
Mãe, a vida é um dia gigante?
(Camila, 5 anos)
Dia Mundial da Paz * No calendário litúrgicc
(feriado nacional) do candomblé muitas
festas não têm dia certo
para acontecer.
Dia de Reis, Normalmente estão
Dia Mundial da
Religião - Fundação
do Movimento dos
Trabalhadores
Rurais Sem Terra -
MST(1984)
Dia da Gratidão associadas aos dias santos
do catolicismo,
mas as datas podem
Dia da Liberdade variar de acordo com a
Dia do Carteiro,
de Culto Nação que rege o terreiro
Revolta dos Males
(1835)
e a disponibilidade e
possibilidades da
Dia do Fotógrafo comunidade.
4
Dia do Aposentado e do
Portuário
Dia do Fico, Dia do
Astronauta
Dia do Jornalista
-frDia consagrado a
Oxalá (festa
móvel), Dia
Mundial do
Compositor
**Dia da Saudade, ** Saudade
50 anos da morte de Palavra que vem do latim
Gandhi e quer dizer lembrança
nostálgica e, ao mesmo
tempo, suave, de pessoas
ou coisas distantes ou
extintas, acompanhada do
Dia Mundial do desejo de tornar a vê-las
Dia de São Sebastião,
Dia do Farmacêutico
Vlágico ou possuí-las.
5
Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa. (provérbio chinês)
Dia do
Publicitário
** Carnaval ** Carnaval (festa da
;
(feriado nacional) carne, em latim). Começou '
a ser comemorado na Idade \
"k Dia consagrado * Iemanjá é divindade
a Iemanjá muito popular no Brasil e
Média em contraposição '
c
ao rigor da Quaresma.
o
Teve sua origem nas festas
da Grécia Antiga, nas
em Cuba. Seu axé é
assentado sobre pedras
marinhas e conchas, tudo
guardado numa porcelana
azul. No Brasil, Iemanjá é
sincretizada com N. S
a
da
Imaculada Conceição e,
em Cuba, com Santa
Virgem de Regia.
7
danças da Idade Média e i
nos bailes de máscara do i
Renascimento.
8
Quarta-Feira de *** FRATERNIDADE .
Cinzas,*** Início E EDUCAÇÃO: na família,
da Campanha da na comunidade, na
Fraternidade educação para a cidadania,
Dia do Gráfico
no processo eleitoral, na
escola, na formação dos
educadores, nas possíveis
campanhas nacionais -
Dia de N. S
a
de Lourdes
e Dia do Zelador, Tu
Bishevat
(festa judaica)
A SERVIÇO DA VIDA E
DA ESPERANÇA.
Dia do Repórter
Dia do Desportista
Dia do Idoso e Dia
Ni ld
Li
O sorriso custa menos
q
ue a eletricidade e dá mais luz.
(p
rovérbio escocês
)
Dia
N
acional do * Renée Côté, historiador;
Dia de São José, Dia
do Artesão, do
Carpinteiro e Dia da
Escola
Turismo canadense, em seu livro A
Jornada Internacional das
Mulheres ou a verdade dos
fatos... (1984), oferece outrc
Dj
a
do versão para a origem dessa
Meteorologista comemoração, pondo em
Início do Outono
(às 16:55h)
cheque a versão mais
conhecida, na qual as
mulheres aparecem como
vítimas de incêndio numa
Dia dos greve de fábrica têxtil em
Dia Internacional para
Eliminação da
Discriminação Racial
e Dia Mundial da
Infância
Fuzileiros Navais Nova York, episódio sobre o
qual não há documentos ou
testemunhas.
No dia 8 de março de 1917,
um grande número de
* Dia Interna- operárias soviéticas,
cional da Mulher contrariando as ordens do
Partido Comunista, para o
qual ainda "não era a hora",
sai às ruas de Petrogrado,
precipitando a revolução
russa. A origem da data,
Furim portanto, está ligada não a
Dia Mundial do
Teatro, Dia do
Circo
Dia do Revisor e do
Diagramador
(iestajudaica) um sacrifício de muiheres,
mas a uma vitória das mesmas, cuja mensagem
dizia: "nós podemos fazer Dia da Poesia e do
isso".
9
Vendedor de Livros
Golpe Militar de 1964
Todo homem é mais parecido com sua época do que com seu pai. (provérbio árabe)
Dia do Desenhista, Dia
Nacional da Conservação
do Solo
A- Dia da Mentira -k Há muitas explicações
para a transformação do 1
o
d(
abril em Dia da Mentira.
Dia Internacional Uma drlas diz que a
do Livro Intanto- brincadeira surgiu na França.
50 anos sem Monteiro
Lobato
Juvenil Desde o começo do século
Dia do índio,
. 16, o Ano Novo era festejado
Semana dos
Domingo de em 25 de março, data que
Povos Indígenas (19 a 26)
Ramos (inicio da marcava a chegada
Dia do Diplomata,
Assassinato de Galdino
Pataxó Há Há Hae
Semana Santa) Primavera. As festas duravam
Dia Mundial da uma semana e terminavam nc
(Brasília, 1997)
Saúde dia 1° de abril. Em 1564,
depois da adoção do
Quinta-Feira Santa Calendário Gregoriano, o rei
Dia de Tiradentes (feriado
nacional), Dia da
Latinidade, Dia do
Metalúrgico
Carlos IX determinou que o
Sexta-Feira Santa Ano Novo fosse comemoradc
(feriado nacional) no dia 1° de janeiro. Alguns
Assassinato de franceses resistiram a
Dia do Planeta Terra,
|
Emiliano Zapata mudança e quiseram manter Í
í México, 1919) trarão. So que os gozadore;
Dia do Descobrimento
(Mexico, 1919) passaram a ridiculanzar os
do Brasil
,
Sábado de Aleluia, conservadores enviando
Pessach (8 dias) presentes e convites para
festas que não existiam.
8
Domingo de Páscoa, Dia do Obstetra
Dia de São Jorge, Dia
consagrado a Ogum
Dia dos Jovens
Dia Internacional do Jovem
Trabalhador
Dia das Américas
Dia do
Contador
Se atravessamos o rio juntos, não há por que temer o crocodilo, (provérbio africano)
Dia do Trabalhador ir Abolição da Escravatur
a
(feriado nacional) Após o 13 de maio de
50 anos do Estado de
Israel, Lag Baômer
Caravana Nacional 1888, os escravos ficam
(festa judaica)
por Emprego e livres, mas ainda longe de
Direitos Sociais serem reconhecidos como
Dia do Faxineiro e do
Gari
( 1 a 20) cidadãos. Faltam condições
reais de ascensão social
Dia do Sertanejo, Para negros e mulatos, que
Dia do Sol nessa época representam de
Dia Nacional dos
Museus
35% a 40% da população
total. As reformas sociais -
Dia Nacional das agrária educacional,
Dia do Apicultor
Comunicações sobretudo -, que os
abolicionistas haviam
pregado, não se realizam.
Dia do Artista No mercado de trabalho,
Dia do Datilografo
Plástico urbano e rural, os ex-
escravos concorrem com a
Dia do Trabalhador
Rural e do Massagista
„. , ... mão-de-obra dos imieran-
Dia das Mães e do tes trazidoss
GuiaTurístico exatamente para os
Dia do Profissional ** Pentecostes e
empregos das fábricas e das
Liberal
Festa
do divino
Dia do fazendas. A herança da
Espirito Santo
Enfermeiro escravidão e o estigma da
Dia do Estatístico, Uma das mais importan
do Geógrafo e do tes festas do calendário
Policial litúrgico católico.
cor, de maneira aberta ou
dissimulada, ainda
Dia de N. S" de bloqueiam o acesso da
Celebrada 50 dias após
Fátima, população negra e mestiça
** Festa de Pentecos- a Páscoa, lembra a
tes, Dia do Comissário descida do Espírito Santo
* Abolição da à educação e à
Escravatura profissionalização.
IU
de Borclo sobre os aoóstolos.
(1888)
O galo canta, mas não faz nascer a madrugada, (provérbio libanês)
Dia consagrado a * Nas festas juninas
Dia do Paleontólogo
Nana introduzidas no Brasil pelos
Dia Mundial do portugueses, o culto a São
Dia da Unidade
Nacional, Brasil x
Marrocos (16:00h)
Meio Ambiente e João é o que ganha mais
da Ecologia destaque. A tradição cristã
conta que a
fogueira surgiu
Dia do Químico
Festa da Santíssima por causa da mãe de são
Dia do Intelectual, Dia
da Mídia, início do
Inverno (às 11:03h)
Liberdade de joao, Santa Isabel, que
Liberdade de mandou acender uma
Imprensa fogueira no alto do morro
Dia do Citricultor onde moravam para avisar
sua prima, a virgem de
Brasil x Noruega
Dia do Porteiro
Nazare
do nascimento de
seu filho.
Início Copa do Segundo outros estudiosos
Dia do Caboclo, * Dia
de São João Batista
Mundo do folclore, antes do
Brasil x Escócia Cristianismo, a festa estava
relacionada aos cultos
Dia Internacional do
Combate às Drogas
corpus Christi agrários realizados pelos
(feriado nacional) homens primitivos em
Dia do Educador homenagem ao Sol, símbolo
Oitavas de Final
Brasil x Chile
sanitário da vida e da fertilidade.
I
Dia dos Namorados, Celebravam-se ritos de fogo
Dia do Correio para afastar os demônios da
Dia de São Pedro,
Aéreo Nacional esterilidade, da peste e da
Dia do Pescador,
* Dia de Santo seca'
Antônio
Dia da Telefonista
,
Dia da Liberdade de
Pensamento, Nascimento
de Che Guevara (1928)
Dia do
Caminhoneiro
O que abunda é inútil, (provérbio francês)
Aniversário da Revol
u
çã
o
Francesa ( 1789), Dia
Universal da Liberdade,
Dia do Farmacêutico
Dia do Bombeiro e
do Hospital
Quartas de Final
Brasil x Dinamarca
Dia Internacional do
Homem
Dia Internacional
Dia de N. S
a
do
Carmo, Dia do
Comerciante
do Cooperativismo * Dia do Rock
Instituído em 1987 pela
Anistia Internacional e pela
Dia da Ecologia
ONU
em homenagem ao
** Dia do Trovador ** Trovador
Live Aid, show que
Semifinais Brasil x aconteceu em 13 de julho d
Holanda, Dia do 1 985, com renda em
Na Idade Media, poeta
ambulante que cantava
Dia do Futebol seus poemas ao som de
instrumentos musicais.
5
Voluntário Social benefício da campanha
Dia do Amigo,
Aniversário da chegada
contra a fome na Africa. O
Dia do Mestre da Live Aid teve a participaçãc
do homem à Lua
Banda de Mick Jagger, TinaTurne
(1969)
Led Zeppelin, Queen, Paul
Dia do Engenhei- McCartney, Eric Clapton e
ro Florestal, David Bowie, entre outros.
Final da Copa Organizado pelo cantor e
Dia do Guarda
Rodoviário
Dia de São Cristóvão,
Dia do Escritor, Dia
Brasil x França empresário Bob Geldof, foi
realizado simultaneamente
* Dia Mundial do nos estádios de Wembley, e
Rock, Dia do Londres, e no John Kenned
do Motorista, Romaria da Terra (CPT-MST)
***
A
Data ficada a Santa Ana, mae de
•** Dia de Sant'Ana, Nossa Senhora e avó de
Dia da Avó Jesus.
8
Engenheiro na Filadélfia, e transmitido
Sanitarista, Dia dos pela televisão. Mais de 1,6
Cantores e Compo- bilhão de pessoas assistiran
sitores Sertanejos
ao espetáculo
8
Queres Pérola? Mergulha no mar. (provérbio curdo)
Dia da Informática
Dia do Tintureiro * Homenagem a
Oswaldo Cruz (1872-
DIA DO PADRE 1917), cientista, médico e
Dia do Padre * •
Dia do Patrimônio
Histórico
sanitarista. E o pioneiro na
medicina experimental no
Dia de Nossa Brasil e no estudo das
Dia Mundial da
Fotografia
Senhora das "moléstias tropicais". Em
Neves,* Dia 1899 organiza o combate
•** O Folclore reúne •**
Dia do Folclore conhecimentos, crenças e
Nacional da Saúde ao surto de peste bubônica
em Santos (SP) e em outras
Dia dos Pais, Dia cidades portuárias. Em
tradições populares.
Algumas de origem
Dia do Artista religiosa e outras ligadas
Internacional dos 1900 funda, no Rio de
às tradições regionais ou
Povos Indígenas Janeiro, o Instituto
Soroterápico Nacional,
nacionais. O Afox'e, o
Dia da Infância, Bumba-meu-boi,
Dia consagrado a
0
círio de Nazaré, as
hoje Instituto Oswaldo
Dia Nacional do Cruz 8
Estudante, do
Oxumaré Congadas, o Fandango, as
Festas Juninas, o Ma-
Dia do Feirante e racatu, o Peão Boiadeiro
Advogado, do
Garçom, do
do Soldado são algumas das principais
Hoteleiro e da
manifestações do folclore
Televisão
Dia de N. S
a
dos brasileiro. Os conhecimen-
Prazeres e tradicoes populares
Dia Nacional das
Artes
Dia do Psicólogo estao também em muitas
outras coisas como na
Dia do Bancário e musica, na poesia
do Avicultor culinária e também nas
Dia do Pensamento,
Dia do Economista
técnicas de cultivo, na
Dia do Nutricionista producao de alimentos e
construção de moradias.
Dia do
Combate
à
Confia em Deus. Mas amarra teu camelo, (provérbio judaico)
Dia da
Á
rvore, Rosh
Hashaná (ano-novo
judaico), Dia do
Radialista
Uia ao caixeiro * canudos
Viajante O movimento de Canudos
ocorre na última década do
Dia do Biólogo século 19, no sertão norte
da Bahia. Sob a liderança
messiânica de Antônio Dia
da Juventude Conselheiro, milhares de
Morte de Antônio
Conselheiro (1897),
Dia da Fauna
pessoas se juntam no
Dia do Alfaiate, Arraial de Canudos. Visto
Barbeiro e como ameaça à República e
Dia do Soldador, **A primeira emissão
início da Primavera radiofônica brasileira
Cabeleireiro à ordem social, é destruído
por tropas federais em 1897,
(02:37h) acontece em 07/09/1922,
depois de intensos
nas comemorações do
Independencia do combates. As profecias de
centenário da independên
Brasil (1822) .. Conselheiro diziam: "Em
** Dia do Radio da A segunda so acontece
(feriado nacional ) 1896 ha de rebanhos mil
no ano seguinte, com a
Rádio Sociedade do Rio
Dia de Sao Cosme e de Janeiro, fundada pelo
correr da praia para o
Dia do Administrador sertão. Então o sertão vai
e do Veterinário virar praia e a praia vai virar
Sao Damião, Dia antropólogo Roquette-
sertão. Em 1897, haverá
muito pasto, e pouco rasto,
çonsagrado aos orixas Pinto e por Henry
Moriz,
Ibeji e Festa de Ere, djretor do observario
Dia da Imprensa e só um pastor, e um só
rebanho. Em 1898, haverá
Dia Nacional da muitos chapéus e poucas
Dia Mundial do Nacional. A emissora.
Turismo, Dia do com programas educatlvc
Seresta e da cabeças. Em 1899, ficarão
Recreação as águas em sangue, há de
Cantor e do Encanador e cuitarais influencia
chover uma grande chuva
Dia do Agrônomo de estrelas e ai será o fim do
vários rádios amadores
Dia da Mãe-Preta que aparecem no país na
mundo".
10
década de 20. O rádio
Dia consagrado a comercial surge a partir
Xangô, Dia Mundial da legalização da
Dia do
Frevo
do Secretário e do publicidade, no início da
Navegador década de 30.
10
Demos tempo ao tempo, que atrás do tempo, tempo vem. (provérbio português)
Dia da Ciência e da
Tecnologia, Dia Mundial da
Alimentação
Dia Pan-Americano * Democracia
do Dentista, Regime de governo que
1o
turno das Eleições se caracteriza, em
essência, pela liberdade
Dia Mundial da do ato eleitoral, pela
Dia do Eletricista
Anistia, dos Animais divisão dos poderes e
e da Natureza pelo controle, por parte
Dia do Médico e do
da autoridade, dos
Dia do Bóia-Fria, poderes de decisão e
Pintor *" Dia das Bruxas
Tudo nasceu com uma
Dia do Guarda lenda dos druidas,
Sucót (Festa da execução.
5
Colheita - comemoração
judaica)
Noturno sacerdotes dos celtas, povo
que habitava a Inglaterra
Dia Nacional do
Compositor
por volta do ano 200 a.C.
Dia do Arquivista,
Na noite de 31 de outubro,
Assassinato de
Ernesto Che
Dia do Poeta segundo eles, todas as
bruxas, demônios e espíritos
Dia do Aviador dos mortos se reúnem para
Guevara (1967)
Dia do Deficiente
Físico
uma grande festa. O medo
* Dia da Democracia que a comemoração
e Dia do Sapateiro causava foi sendo esquecido
e ela se transformou numa
Dia de N. S" Aparecida,
padroeira do Brasil
(feriado nacional), Dia da
Criança e do Mar
grande folia para a garotada.
Dia do Funcionário Nos Estados Unidos| é
Publico e Dia chamada de Halloween.
Nacional do Livro Vestindo fantasias, as
Dia do Fisioterapeuta
Dia do Professor
crianças batem de porta em
Dia do Comerciário porta e dizem: travessuras
e do Balconista ou gostosuras. Nos últimos
anos, a festa vem se Dia das
li d b id
Nem todo capuz é de monge, (provérbio inglês)
Dia de Todos os
Santos
Dia Mundial do
Xadrez, Dia da
Bandeira Nacional
Dia de Finados
(feriado nacional)
Dia dedicado a Zumbi Reforma Agrária
dos Palmares, Dia No Brasil, a questão da
Dia do Inventor,
Rebelião Indígena
Popular
Nacional da Consciên- terra continua sendo um
cia Negra, Aniversário grave problema social por
da Revolução causa da grande
tio Peru (1780)
Mexicana (1910-17) desigualdade na
distribuição da proprieda-
Dia do Músico de, envolvendo promessas
Dia Nacional da
Cultura e do
Cinema
do governo, acusações
Dia do Doador de entre fazendeiros e
S- trabalhadores sem terra e
Dia Mundial do
Urbanismo
k muita violência. Há quase
um século Lima Barreto
Dia Mundial da Luta já dizia: "Precisamos
contra o Câncer, combater o regime
Dia Nacional do
Hoteleiro, Dia do
Manequim
Dia da Infância capitalista na agricultura,
dividir a propriedade
;
Dia Nacional da
Alfabetização. Dia
do Bandeirante
Dia de Ação de agrícola, dar a proprieda- '
Graças, Dia do de da terra ao que
Soldado Desconhecido efetivamente cava a terra
:
2
o
turno das
Eleições, Proclama-
ção da República -
e planta e não ao doutor
Dia do Migrante vagabundo e parasita, que
1889 (feriado
nacional)
Dia do Migrante vive na .casa.grande' no
Rio ou em São Paulo. Já é
* Dia da Reforma tempo de fazermos isso e
i
d
E
éi h i d
Se ginga fosse malandragem, pato era rei. (provérbio brasileiro) (_
ERVAS DA COZINHA
Não é preciso que você disponha de jardim ou quin-
tal: vasos ou jardineiras servirão muito bem para essa
finalidade. E além de dar um toque especial à sua
comida, algumas ervas, como o manjericão, espalharão ainda
um agradável perfume por sua casa. As ervas são, em geral,
plantas de fácil cultivo. Precisam de um lugar bem ventilado e
ensolarado. Por isso, o lado de fora de uma janela é o local mais
indicado para seu cultivo. As ervas gostam ainda de temperatura
constante e de regas moderadas. Quando cultivadas dentro de
casa, as plantinhas podem resultar um tanto pequenas no
tamanho, mas seu sabor será o mesmo das ervas plantadas nas
hortas dos quintais.
Alecrim - era conhecido
como o "orvalho do mar"
porque crescia junto à costa
do Mediterrâneo. Também
considerado o símbolo da
confiança e da lembrança.
Seu uso é diversificado: tanto
entra na preparação de cos-
méticos para a pele e cabe-
los, como no tempero de pra-
tos: em carnes e ensopados,
peixes, aves, omeletes e algu-
mas sopas.
Salsinha - desde velhos tem-
pos, a salsinha esteve ligada a
vários usos e crenças. Com ela,
os gregos faziam coroas para
seus campeões ou a usavam
para afastar os vapores do vi-
nho. Os jardineiros antigos
acreditavam que ela deveria ser
plantada na Sexta-Feira Santa
e por uma mulher grávida. É
tempero de muitos pratos: so-
pas, molhos, saladas, verduras,
legumes e peixes.
Manjericão - originário da
índia, o manjericão marcou
o folclore de muitos países.
Para os romanos, simboliza-
va o ódio; mais tarde, ainda
na Itália, representava o
amor: os jovens se enfeita-
vam com manjericão para vi-
sitar suas amadas. É tempero
muito usado nos pratos em
que entram tomate, ovos,
queijos e, principalmente, no
preparo de peixes e camarão.
Hortelã - para os gregos, hor-
telã era uma erva mágica. Seu
nome vem de Menta, que era
amada por Plutão; Prosérpina,
sua ciumenta esposa, transfor-
mou-a em erva. Ainda hoje se
faz presente nos costumes ali-
mentares dos árabes, sob a for-
ma de chá ou de tempero. É
usada em carnes de carneiro,
com vinagre e açúcar, e em
molhos de saladas, sopas e de
outras carnes.
14
Não me acompanhe que não sou novela.
(pára-choque de caminhão)
A maior dor do vento é não ser colorido.
(Mário Quintana)
AGUA DA LUA
Recentemente, a sonda
espacial americana Lunar
Prospector encontrou fortes
evidências de que há água
nos pólos da Lua. Outras
missões estão programadas
para continuar essas pesqui-
sas. Enquanto isso, muitosjá
sonham com a possibilidade
de haver vida humana fora da
Terra, e outros já estimam o
valor comercial dessa desco-
berta. A água da Lua seria ex-
plorada para o uso na agri-
cultura, indústria e produção
de energia de uma futura
base espacial.
j.
Jornal do Brasil,
6.3.98 r„,
ano, é a primeira a aparecer no
céu, depois que o sol se foi, e a
última a sair, antes do amanhe-
cer, como um sinal que o céu
aponta para colocarmos sempre
amor e sensibilidade em nosso
viver: uma fita no cabelo da me-
nina, umas flores no canto da
casa, um sorriso no rosto.
Neste ano de 1998, os sinais
mais fortes são Urano (o pai de
Vénus) e Netuno, que entraram
no signo de Aquário, sendo o pri-
meiro, o símbolo da criatividade,
e o segundo, o símbolo da intui-
ção, da fé. Portanto, indicam que
chegou - para todos nós - o tem-
po de sacudirmos o que já é ve-
lho, expressar idéias novas, am-
pliar nosso horizonte, ir em bus-
ca da realização dos nossos ide-
ais, dos nossos projetos. É con-
fiança no futuro, solidariedade,
inspirando-nos numa dimensão
maior j capaz de unir mentes e co-
rações, cada um à sua maneira,
com os dons e tarefas que rece-
beu. Nas páginas seguintes, o ho-
róscopo para todos os dias, na
alegoria "As doze tarefas".
Denise
Ninguém conhece a origem do
universo mas, voltando no
tempo, os cientistas
contemporâneos estão pouco a
pouco desvelando sua história.
Segundo eles, todos os átomos de
nosso corpo foram formados no
interior de estrelas que existiram
antes do nascimento do Sol (o
que aconteceu há mais de
4.500.000.000 de anos). A
ciência das partículas está
reencontrando assim o
conhecimento dos sábios da
Antiguidade, para quem "o que
está em cima é igual ao que está
em baixo", dentro de uma
correspondência e harmonia
universais. ' O céu está cheio de
sinais que nos fazem lembrar que
somos pedaços de estrelas, muito
maiores do que nosso corpo físico
e capazes de - por meio de nosso
trabalho, nossa relação com o mun-
do, nosso amor - trazer para a terra a
harmonia que existe no céu. A
última filha do céu é Vénus, "a
estrela d'alva" - deusa do amor, da
beleza e da sensibilidade - que
nasceu da semente do céu com a
Com L vive no céu
Com N pouco se vê
Com R é de todo mundo
Com S é só de você
Nua , Rua e Sua
Resposta: Lua,
CABELOS RESSECADOS
E QUEBRADIÇOS
Amasse 1/2 abacate em um
copo de iogurte natural, aplique
sobre o cabelo e fique ao sol,
durante meia hora, com um
plástico enrolado na cabeça.
Enxágüe normalmente.
• VOCE SABIA? •
A 4 de julho de 1997, o
Robô Sojourner pousa em
Marte, durante a bem-suce-
dida missão Mars Pathfinder.
O Sojourner é o primeiro
veículo feito pelo homem a
deixar suas marcas em um
outro planeta. Sua missão é
enviar à Terra fotos do
chamado "Planeta
Vermelho", onde se localiza o
Monte Olimpo, acidente
geográfico mais espetacular
daquele planeta.
15
de. Acolheram-no muito bem
e o convidaram para comer
com eles, e ali cobriram-no |
de elogios. Quando lhe
trouxeram a comida, Yufá,
com uma das mãos, a leva- .
va à boca e, com a outra,
punha-a nos bolsos,
bolsinhos, no chapéu,
e dizia:
Para que um pombo-correio
possa percorrer longas distânci-
as sem cansaço, precisa ser sub-
metido, desde a mais tenra ida-
de, a um rigoroso e metódico trei-
namento. Ele é selecionado em
função da capacidade de orien-
tação que lhe permite retornar ao
ninho. Depois de treinado, a ve-
locidade média que desenvolve
é de 50 km por hora.
Se aceitarmos a tradição bí-
blica, Noé foi o primeiro criador
de pombos. Eles eram usados
pelos imperadores romanos para
se comunicar com as legiões e,
no século XII, o sultão de Bagdá
mantinha um sistema de correio
baseado nesses pombos. Na 2
a
Guerra Mundial, essas aves con-
tinuaram a desempenhar impor-
tante papel como "moços de re-
cado" até que os aparelhos ele-
trônicos vieram por fim suplan-
tar seus serviços.
Um dos campeões brasilei-
ros foi o pombo-correio "Veloz"
que, em 1910, fez uma viagem,
do Rio de Janeiro a São Paulo,
em oito horas e meia. Foi solto
no mirante do Jornal do Brasil
às 8:30h da manhã, e chegou ao
seu pombal, em São Paulo, às 5
horas da tarde.
Quando um não quer, o outro vira de lado.
- Comam, comam, minhas
roupinhas, pois vocês é que fo-
ram convidadas, não eu!
16
Yufá, tonto como era, não
lograva obter nenhum convite
ou um gesto de acolhida. Certa
vez foi até uma fazenda para ver
se lhe davam alguma coisa, mas,
como o viram o mal-
ajambrado, soltaram os cães
atrás dele. Então sua mãe
arranjou-lhe um lindo casacão,
uma calça e um jaleco de
veludo. Vestido como um
cavalheiro, Yufá retornou à
mesma
p
ro
p
rieda-
... a alegria não é sem seus próprios perigos.
(Guimarães Rosa)
AS DOZE TAREFAS
... E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças
e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma
por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o
dom que lhe cabia.
"Para ti, ÁRIES, dou a primeira semente, para que tenhas a hon-
ra de plantá-la. Para cada semente que plantares, mais outro mi-
lhão de sementes se multiplicará em tuas mãos. Não terás tempo
de ver a semente crescer, pois tudo ó que plantares criará cada
vez mais e mais para ser plantado. Tu serás o primeiro a penetrar
o solo da mente humana, levando Minha Idéia. Mas não cabe a ti
alimentar e cuidar desta idéia, nem questioná-la. Tua vida é ação,
e a única ação que te atribuo é a de dar o passo inicial para tornar
os homens conscientes da Minha Criação. Por este trabalho, Eu
te concedo a virtude do Respeito por Ti Mesmo."
Silenciosamente, Áries retornou ao seu lugar.
"TOURO: a ti Eu dou o poder de transformar a semente em subs-
tância. Grande é a tua tarefa, e requer paciência, pois tens de
terminar tudo o que foi começado, para que as sementes não
sejam dispersadas pelo vento.Não deves, assim, questionar; tam-
bém não deves mudar de idéia no meio do caminho, nem depen-
der dos outros para a execução do que te peço. Para isso, Eu te
concedo o dom da Força. Trata de usá-la sabiamente."
E Touro voltou para seu lugar.
"A ti, GÊMEOS, Eu dou a pergunta sem respostas, para que
possas levar a todos um entendimento daquilo que o homem
vê ao seu redor. Tu nunca saberás porque os homens falam ou
escutam, mas em tua busca pela resposta
encontrarás o Meu dom, reservado para ti: o Conhecimento."
E Gêmeos voltou ao seu lugar.
"A ti, CÂNCER, atribuo a tarefa de ensinar aos homens a emo-
ção. Minha Idéia é que provoques neles risos e lágrimas, de modo
que tudo o que eles vejam e sintam desenvolva uma plenitude
desde dentro. Para isso Eu te dou o dom da Família, para que tua
plenitude possa multiplicar-se.
E Câncer voltou ao seu lugar.
"A ti, LEO, atribuo a tarefa de exibir ao mundo Minha Criação
em todo o seu esplendor. Mas deves ter cuidado com o orgulho,
e sempre lembrar que é Minha Criação, e não tua, Se o esquece
res, serás desprezado pelos homens. Há muita alegria em teu
trabalho; basta fazê-lo bem. Para isso Eu te concedo o dom da
Honra."
E Leo voltou ao seu lugar.
"A ti, VIRGO, peço que empreendas um exame de tudo o que os
homens fizeram com Minha Criação. Terás de observar com pers-
picácia os caminhos que percorrem, e lembrá-los de seus erros,
de modo que, através de ti, Minha Criação possa ser aperfeiçoa-
da. Para que assim o faças, Eu te concedo o dom da Pureza de
Pensamento."
E Virgo retornou ao seu lugar.
Continua na página 25
Mordaça de folha-de-flan-
dres, fechada a cadeado (De
bret). Usada para tolher o "vi-
cio de comer terra (geofagia)
ou a "voracidade por toda es-
pécie de frutas, até as verdes ".
Gilberto Freire, Sobrados e
Mocambos
No Rio Grande do Sul a
tradição hospitaleira leva todos
a receberem os visitantes com
uma cuia de chimarrão. Assim
como outras regiões utilizam
aperitivos, chás, vinhos e
doces, os gaúchos convidam
seus visitantes a um bom
PASSA A CUIA, TCHE!
amargo, e a cuia vai correndo
de mão em mão.
A origem do chimarrão qu
erva-mate é muito antiga, e no
Brasil ele foi usado primeiro pe-
los índios Guarani. A bebida era
chamada "caáy" (a água da erva)
e servida numa pequena cuia com
canudinho de taquara, com tran-
çado de cascas de árvores na
ponta para impedir a ingestão da
erva. Já naquela época era si-
nônimo de hospitalidade e aos
que tomavam daquela bebida se
ofereciam também a inspiração
e a proteção divinas.
18
Navegar é preciso
Em 1783, Rozier e Arlandes
conseguiram sobrevoar Paris
a bordo deste lindo balão.
19
Tm deles é o bicho I
preguiça. Esse animal
de corpo estranho,
enorme, com uma cara
que lembra a fisionomia
de uma criança, não se
deixa conhecer
inteiramente pelos
homens. Sua pele é cin-
za e aveludada como a de
um ursinho e, por mais
que apanhe chuva, per-
guém tem lembrança de
tê-la visto comer ou be-
ber. Desconfia-se que
se alimente de tenras
folhas de árvores altís-
simas onde ninguém a
p
ode acompanhar.
Quando aprisionada,
geme e soluça como um
bebê doentinho.
Pela sua lentidão e
aparente sofrimento em
manece seca. Mas suas patas com quatro dedos se deslocar de uma a outra árvore, ela pas-
e três longas unhas encurvadas, como se fos- sou a ser vista como o símbolo do ócio.
sem imensos espinhos, espantam. Sabe-se que Será? Ninguém sabe os seus motivos. Ao
as unhas lhe servem bem para subir e se man- lado disso, poderíamos reconhecê-la tam-
ter nas árvores onde, aconchegada, passa a mai- bém pela timidez, e pela ternura que dizem
or parte do seu tempo. Sua cauda é ridícula: ter pelos homens como se deles fosse um
curta e quase sem pêlo. ascendente que nunca ultrapassou a primei-
Um dos mistérios da preguiça é que nin- ra infância.
17
Não há dois altos sem uma baixa no meio.
O cão está a sonhar. Mas não conta nada.
(provérbio Cabinda)
pois sentirás todo o labor dos homens cair sobre os teus ombros;
mas, pelo jugo da tua carga, ponho em tuas mãos a Responsabi
lidade sobre o homem."
E Capricórnio retornou ao seu lugar.
"A ti, AQUARIUS, dou-te o conceito de futuro, para que, através de
ti, o homem possa ver outras possibilidades. Terás a dor da solidão,
pois não te permito personalizar o Meu amor. Mas, para que pos-
sas voltar os olhares humanos em direção a novas possibilidades,
eu te concedo o dom da Liberdade, de modo que, livre, possas
continuar a servir à humanidade onde quer que ela necessite de ti."
E Aquarius voltou ao seu lugar.
"A ti, PISCES, dou a mais difícil tarefa de todas. Peço-te que
reúnas todas as tristezas dos homens e as tragas de volta para
Mim. Tuas lágrimas serão, no fundo, Minhas lágrimas. A tristeza
e os padecimentos que terás de absorver são o efeito das distor-
ções impostas pelo homem à Minha Idéia, mas a ti cabe levar até
ele a compaixão, para que ele possa tentar de novo. Por essa tarefa
supremamente difícil Eu te faço o dom mais alto de todos. Tu
serás o único de Meus doze filhos que Me compreenderá. Mas
este dom do entendimento é só para ti, Pisces, pois quando tenta-
res difundi-lo entre os homens, eles não te escutarão." E Pisces
voltou ao seu lugar.
...Então o Deus disse: "cada um de vós tem uma parte de Minha
Idéia. Não deveis confundir a parte com o todo dessa Idéia, nem
podereis negociar vossas partes entre vós. Pois cada um de vós é
perfeito, mas não compreendereis isso até que vós doze sejais Um.
Pois então o todo da minha Idéia será revelado a cada um de vós ".
Martin Schulman
"A ti, LIBRA, dou a missão de servir, para que o homem esteja
ciente dos seus deveres para com osoutros; para que ele possa
aprender a cooperação, assim como a habilidade de refletir o
outro lado das suas ações. Hei de levar-te aonde quer que haja
discórdia, e por teus esforços te concederei o dom do Amor." E
Libra voltou ao seu lugar.
"A ti, SCORPIO, darei uma tarefa muito difícil. Terás a habili-
dade de conhecer a mente dos homens, mas não te darei a per-
missão de falar sobre o que aprenderes. Muitas vezes te sentirás
ferido por aquilo que vês, e em tua dor te voltarás contra Mim,
esquecendo que não sou Eu, mas a perversão da Minha Idéia
que te faz sofrer. Verás tanto e tanto do ser humano, que chega-
rás a conhecer o homem enquanto animal, e lutarás tanto com os
instintos animais em ti mesmo, que perderás o teu caminho;
mas quando finalmente voltares a Mim, Scorpio, terei para ti o
dom supremo da Finalidade." E Scorpio retornou ao seu lugar.
"SAGITÁRIO, a ti Eu peço que faças os homens rirem, pois entre
as suas distorções da Minha Idéia eles se tornam amargos. Através
do riso darás ao homem a esperança, e através da esperança volta-
rás os seus olhos novamente para Mim. Chegarás a ter muitas vi-
das, ainda que só por um momento; e em cada vida que atingires
conhecerás a inquietação. A ti, Sagitário, darei o dom da Infinita
Abundância, para que te possas expandir o bastante até atingir cada
recanto onde haja escuridão, e levar até ele a luz." E Sagirio
voltou para o seu lugar.
"De ti, CAPRICÓRNIO, quero o suor da tua fronte, para que
possas ensinar aos homens o trabalho. Não é fácil a tua tarefa,
OLHO NA BALANÇA,
OLHO NA LUA
Café da manhã - sucos de
frutas naturais, leite desnatado
ou chá, sem açúcar.
Almoço - caldo de carne ou
frango com legumes e/ou
verduras batidos no liqüi-
dificador. Nada de batatas,
aipim ou outros tubérculos. De
sobremesa, uma fatia de
melancia ou melão, ou um
mamão papaia batido com um
copo de leite.
Jantar - uma sopa rala de
legumes, ou caldo de carne ou
de frango. Pode-se tomar
também um copo de leite
desnatado.
Obs.: beba bastante água,
um litro no mínimo, ou sucos
de frutas. Evite o café, exercí-
Para quem quer emagrecer
sem passar fome, não tem
muito tempo ou tem
dificuldade no planejamento
dos cardápios, é uma boa
pedida a Dieta da Lua. A
Dieta deve ser iniciada quando
a lua estiver em um signo fixo
- Touro, Leão, Escorpião ou
Aquário - e na fase mais apro-
priada, como a lua minguante
ou a lua cheia; assim os efeitos
do emagrecimento perdurarão.
O regime dura apenas 24 ho-
ras a cada vez que a lua mudar
de fase, e durante esse tempo
você só vai se alimentar de lí-
quidos. Como sugestão, segue
um pequeno cardápio que pode
ser modificado a
g
osto.
RELÓGIO
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
cios ou trabalhos pesados. Para as
pessoas magras, esse regime
serve como excelente desin-
toxicante.
Não em vão.
Oswald de A ndrade
Outra forma de acondicionar os abacaxis é
arrumá-los na posição horizontal, forrando o fundo
da carroceria com uma camada de 30 a 40cm de
capim, palha de arroz ou de cana. Essa medida
evita que o peso das camadas superiores amasse os
frutos que ficam no fundo da carroceria do ca-
minhão. Essa prática de arrumação tem reduzido
significativamente o nível de perda no transporte
dos abacaxis.
2
Geralmente ocorre uma grande perda no trans-
porte do abacaxi porque o carregamento não é feito
de maneira correta. Para evitar as perdas, a camada
que fica no fundo da carroceria deve ser acon-
dicionada com os frutos na posição vertical e in-
vertida, alternadamente, sistema conhecido como
"pé com ponta". No entanto, essa arrumação não é
possível quando se trata de frutos de primeira
colheita, com brotos irregulares.
Formiga quando quer se perder cria asas.
O que é assaltar um banco comparado a fundar um banco?
(Bertold Brecht)
MUNDO PEQUENO,
INCERTO MUNDO
Misture muito bem 1 coco ra-
lado, sua água, 2 ovos, 250 g de
açúcar e 2 colheres de sopa de fa-
rinha de trigo. Asse em forno bran-
do, em forminhas untadas com
manteiga.
Globalização é palavra da moda. Sintetiza
as transformações pro fundas pelas quais
vem passando a economia do nosso planeta.
Num piscar de olhos a circulação do capital
financeiro traz o mundo na mão.
A notícia do assassinato do presidente norte-
americano Abraham Lincoln, em 1865, levou 13
dias para cruzar e Atlântico e chegar à Europa. A
queda da Bolsa de Valores de Hong Kong este ano
levou 13 segundos para cair como um raio sobre
São Paulo e Tóquio, Nova York e Tel Aviv,
Buenos Aires e Frankfurt.
A globalização atinge a todos, tenham ou não
consciência do fenômeno. Por exemplo: o jogador
de futebol Ronaldinho fez anúncio para vender no
Brasil os produtos da multinacional norte-
americana Nike, sem se dar conta, talvez, de que
são fabricados em países da Ásia, como Vietnã
ou Indonésia.
Nessa ciranda, os passos são, porém.
VELHO CHICO
u no mais íongo snuaao em
território brasileiro é o São
Francisco, com 3.160 km de
extensão. O Velho Chico, como
é conhecido, nasce na Serra da
Canastra, MG, a mais de 1.000
metros de altitude. Ao longo
de seu curso, rumo ao oceano
Atlântico, ele corta os estados
de Minas, Bahia, Pernambuco,
Sergipe e Alagoas.
15
desencontrados. Desde 1960, quando os ricos ga-
nhavam 30 vezes mais do que os pobres, a con-
centração da renda mundial mais do que dobrou.
Em 1994, os 20% mais ricos abocanharam 86%
de tudo o que foi produzido no mundo. Sua ren-
da era 78 vezes superior à dos 20% mais pobres.
A globalização não é apenas econômica. É
também cultural, o que inclui desde a informa-
ção instantaneamente globalizada até o predo-
mínio do inglês, o idioma deste novo tempo.
23
PULGA
da fêmea fecundada dilata-se até tamente na pele, começando pela
PENETRANTE de uma ervilha. E é cabeça e deixando fora apenas sei
durante esse período de incuba- orifício anal. Uma vez escondida as-
A pulga penetrante ou der- ção que o bicho se torna nocivo, sim, desenvolve seus ovos, causandc
matophilus penetrans é mais co- porque se introduz na pele de dores e coceira até que a indesejáve
nhecida como BICHO DE PÉ, um suas vítimas, principalmente nos hóspede seja removida com o auxí
terror para quem vive no campo ou dedos polegares dos pés, debai- lio de um simples alfinete. As mu
no sertão. Ela é menor do que as xo das unhas. lheres do interior de nosso país sãc
pulgas domésticas, mas a barriga A pulga penetra quase comple- especialistas nessa operação.
DICAS DO OVO
Para que a casca do ovo
cozido saia com facilidade,
quebre a ponta e sopre forte-
mente por esse orifício.
Os ovos cozidos inteiros
não devem ser levados ao
fogo muito gelados, para evi-
tar que se quebrem em conta-
to com a água quente.
Gemas que sobram podem
ser guardadas de um dia para o
outro. Coloque-as num copo e
cubra com água fria.
Para que a omelete fique
bem fofa, basta acrescentar
uma colher (sopa) rasa de mai-
sena para cada ovo.
Para que os ovos cozidos
não se esfarelem ao serem
cortados em rodelas, basta
que, antes, você mergulhe a
faca em água fervente.
Para não escurecer a pane-
la onde se cozinha o ovo, pin-
gue uma gota de limão antes de
ferver a água.
24
POR QUE DIZEM
QUE A GLOBALIZAÇÃO GERA
DESEMPREGO
lificada é descartada. O
problema não é só indivi-
dual. É um drama nacional
dos países mais pobres,
que perdem com a
desvalorização das maté-
rias-primas que exportam e
com o atraso tecnológico.
José Roberto de Toledo
Folha de S. Paulo, 2.11.97
OQUEE
Dizem que sou rei
e não tenho reino;
dizem que sou louro
e cabelo não tenho;
afirmam que ando,
mas não me movo;
acerto o relógio
sem ser relojoeiro
Os ratos do avarento são mais gordos do que ele.
(provérbio Bambara)
A globalização não beneficia
a todos de maneira uniforme.
Uns ganham muito,
outros ganham menos, outros
perdem.
Maria, se eu te chamar,
Maria, vem cá dizer Que
não podes cá chegar
Assim te consigo ver.
Fernando Pessoa
Na prática, exige menores
custos de produção e maior
tecnologia. A mão-de-obra
menos qua-
A vida só é possível reinventada...
(Cecília Meireles)
so amigo se recosta para fu-
mar, hábito implantado pelos
índios americanos e que con-
some uma planta originária
do Brasil; fuma cachimbo,
que procede dos índios da
Virgínia (EUA), ou cigarro,
proveniente do México.
Enquanto fuma, lê notíci-
as do dia, impressas em carac-
teres inventados pelos antigos
semitas, em material inventa-
do na China e por um proces-
so surgido na Alemanha. Ao
inteirar-se das narrativas dos
problema estrangeiros, se for
bom cidadão conservador,
agradecerá a uma divindade
hebraica, numa língua indo-
européia, o fato de ser cem por
cento americano."
26
O prato é feito de uma espécie
de cerâmica inventada na
China. A faca é de aço, liga
feita pela primeira vez na índia
do Sul; o garfo é inventado na
Itália medieval; a colher vem
de um original romano.
Começa seu café da manhã
com um laranja vinda do
Mediterrâneo Oriental, meo
da Pérsia, ou talvez uma fatia
de melancia africana. Toma
café, planta abissínia, com
nata e açúcar. A domesticação
do gado bovino e a idéia de
aproveitar o seu leite são
originários do Oriente
Próximo, ao passo que o
açúcar foi feito pela primeira
vez na índia.
Acabando de comer, nos-
Acostumados com o dia-a-
dia das coisas e dos jeitos,
nem atinamos para a sua
trança de histórias, jogo
antigo de trocas entre as
gentes.
O antropólogo Ralph Lin-
ton escreveu um texto que
procura estranhar essa rotina
trivial, vendo o mundo no co-
meço do dia de um homem
americano:
"(■■■) O cidadão norte-
americano, a caminho para o
breakfast (desjejum ou café
da manhã), pára para comprar
um jornal, pagando-o com
moedas, invenção da Líbia
antiga. No restaurante, toda
uma série de elementos toma-
dos de em
p
réstimo o es
p
era.
A
DANÇA
DAS
AB
ELHAS
As abelhas mais desenvolvidas, quando encontram néctar,
zxecutam danças como as que estão marcadas nos desenhos
A, B e C. A primeira (A) é a "dança circular ", que ela
executa quando encontra néctar perto da colmeia. B e C
são variações da "dança do balanço ", realizada quando o
local onde se encontra o alimento está distante, indicando
sua direção: ela dá uma pequena corrida em frente,
balanceando o abdômen, e regressa em semicírculo; quanto
mais perto estiver o alimento, mais rápida será a dança.
OLHEIRAS
Faça um chá com
flores de camomila.
Depois de morno,
aplique em compres-
sas sobre os olhos.
SORO CASEIRO
Uma colher (de chá) de sal
+ 8 colheres (de chá) de açúcar
+ um litro de água.
Ofereça o soro à criança
ao primeiro sinal de vômito
ou diarréia.
- uma colher de chá é igual
a uma tampa de refrigerante
- um litro de água é igual a
uma lata de óleo
VOCÊ SABIA?
Uma fibra ótica, com es-
pessura de um fio de cabelo,
transmite 500 canais de tevê si-
multaneamente e comporta in-
formação equivalente a 1.000
freqüências de rádio.
23
Quem sabe rir de si mesmo se diverte muito mais.
(Saint-Simon)
JEJUM
YES, NOS
TEMOS BANANA
Frei Baixinho foi
às com
p
ras em companhia de
frei Álvaro. No mercado,
ficou estatelado ao cruzar
com uma moça de corpo
escultural enfiado numas
p
oucas tiras de pano. O
confrade chamou-lhe a
atenção. Baixinho reagiu:
Professor de geografia humana da Universidade de
São Paulo, Milton Santos nasceu em Brotas de
Macaúbas, um lugarejo perdido no sertão baiano.
Faz 69 anos. Desde então, eleja lecionou nas
universidades de Sorbone, em Paris, na de
Columbia, em Nova Iorque, e ganhou em 1994, na
França, o prêmio Vautrin, uma espécie de Nobel de
Geografia. Intelectual, negro, de formação
cosmopolita, ele critica o economicismo dos que só
enxergam o país com o olhar embaçado pelas leis da
economia globalizada:
- Só porque estou em jejum
O Brasil ainda não descobriu que sua maior
fonte de dinamismo está aqui dentro mesmo.
Na atual etapa de globalização de mer-
cados, o que é nosso? O território é nosso. A po-
p
ulação é nossa. Foi o que restou. Mas são duas
forças vitais.
PEDALANDO NAS NUVENS
Com esta máquina, o fran-
cês J. J. Bourcart tentou voar
em 1863. Uma das vantagens
desse invento era que deixava
livres as mãos do piloto.
30
Os economistas não olham o território. Só
enxergam o mercado globalizado. Pensam através
dele e ignoram o espaço a sua volta. Daí as coisas
não se encaixarem: a economia e o mercado
trombam com o país e com a população.
E quando morre a gente
chora né
E quando nasce a gente ri
A visão economicista é repetitiva e
afinnadora. Leva ao impasse. A inventividade está
no social, no regional e no local. É através desse
filtro que poderá nascer um projeto, capaz de
incorporar o lado positivo da globalização.
28
Mas quem nasce chora
E quem morre sorri (...)
André Abujamra e outros"
UMBIGO DO CEU
UMBIGO DA TERRA,
residia o seu lado transcendental, e que lhe
emprestava essa qualidade de participante
do mundo não visível. Isso é simbolizado
de várias maneiras. Seja pela divisão do
homem em dois sexos, quando na sua ple-
nitude original era portador de ambos, o que
aparece na mitologia da Grécia antiga, seja
pelo pecado original que separou o homem
da face de Deus, que é uma explicação ju-
daico-cristã, seja pela separação, no mo-
mento do parto, entre o feto e a placenta,
que se lê na mitologia da Europa do Norte.
A placenta é tida na literatura nórdica como
a alma, a que guarda a substância vital. Do
nosso ser duplo originário, seria a parte
mais forte. Sem ela, nós ficamos sentindo
falta desse lado nosso tão significativo e
partimos, ao longo da vida, em busca da
nossa outra metade.
Entre o Céu e a Terra transitamos todos em
busca de uma explicação que nos deixe
tranqüilos com relação à nossa origem e
aos nossos destinos. Precisamos saber se
fomos simplesmente gerados pelos
caminhos que a Vida tomou em suas
diversas transformações na face da Terra;
ou se a Vida ultrapassa em muito os limites
do nosso pequeno planeta que só reflete
uma parte do que é possível perceber da
vastidão desse universo que se move.
Esse tipo de inquietação nos tem levado
através dos tempos a organizar as mais di-
ferentes explicações. Os gregos, os nórdi-
cos, os de cultura cristã, os povos asiáticos,
os povos africanos, os povos indígenas das
Américas e de outras partes do mundo, to-
dos acumularam as suas observações sobre
os fenômenos, aparentemente inexplicáveis.
E aí relacionam o homem, a natureza, e a
possibilidade de um vínculo entre o presente
e o futuro, entre a vida e a morte, o finito e
o infinito, o destino e o acaso, o "lado de
Esses seriam caminhos para entender a
nossa perseguição da plenitude e da liber-
dade absoluta.
(Continua na página 43)
"A vida é igual uma árvore carregadinha de fruto. Uns
colhem só os podres. Uns passam o tempo inteiro com o fruto
na mão sem coragem de cascar. Outros querem todo o dia o
mesmo fruto. Igualzinho. Mesmo cheiro, mesmo gosto,
mesmo tamanho. Não tem nem desejo de experimentar um
novo.
Eu sou feito menino. Eu quero e experimentar todos que eu
possa agüentar. Os amargo, os azedo, os doce, os farturento. Eu
quero é ficar todo lambuzado da vida. Eu quero ter coragem de
cascar todos.
Eu prefiro morrer de indigestão do que viver aguado."
Anônimo, recolhido em Barbacena, MG
Viajo porque é preciso, volto porque te amo.
(pára-choque de caminhão)
DO CHOCOLATE AO CACAU
Quem espera, cansa.
partir dos três anos e, se for bem cuidado,
vive até os setenta. Como precisa de uma
temperatura adequada, é plantado entre
outras árvores que o protegem com suas
sombras. Quando os frutos estiverem
maduros, podem ser colhidos com o podão
(pequena foice para cortar madeira). Depois
de colhidos, com a ajuda do facão, os frutos
são quebrados ao meio e os caroços
retirados com as mãos. Prepara-se então
uma cama enviesada, forrada com folhas de
bananeira, onde são despejados os caroços
de cacau para que o seu mel possa escorrer.
Esse mel pode ser aproveitado para fazer
vinagre, licor, etc.
Ao comermos um delicioso chocolate
amargo com frutas, ou batido no leite,
geralmente não nos damos conta das
condições de seu plantio e dos trabalhadores
que foram envolvidos nas diversas
operações para que ele chegue às nossas
mãos. A seqüência que vai do cacau ao cho-
colate começa pelo plantio.
Para cultivá-lo, primeiro retiram-se os
caroços, bem escolhidos, de um cacau ma-
duro, que são plantados num saco plástico
ou numa lata pequena. Depois de cerca de
oito meses, quando ele tiver crescido, é o
momento de colocá-lo na terra. Cava-se
um buraco de dois palmos para alojar a
plantinha, tendo-se o cuidado de zelar por
ela. Deve ser adubada com uréia. Não
convém deixar o mato crescer em volta
para que ela fique bem ventilada, e
aconselha-se não tapar o caule durante o
seu desenvolvimento, pois isso impede
que nasçam as flores e os pequenos frutos
chamados de bilros.
Para que fermente, o cacau é posto num
lugar coberto e, durante três dias, com uma
pá, é revirado de um lado e de outro. Nessa
etapa, ele muda de cor: de branco, fica
moreno. O momento seguinte é o da seca-
gem, quando deve ser colocado ao sol e
pisoteado. Após a secagem, é ensacado e vai
para as fábricas de chocolate.
32
"Arvore da vida" dos maias,
dádiva de Quetzalcoatl ao povo
asteca. Alimento sagrado de origem
divina e com valor de moeda entre
os astecas, o cacau chegou ao sul
da Bahia em 1746, plantado, de iní-
cio, às margens do rio Pardo, em
Canavieiras.
O pé de cacau começa a dar frutos a
Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a mi- Gosto de ser gente porque a História em que me faço com
nha passagem pelo mundo não é predeterminada, os outros e cuja feitura tomo parte é um tempo de possibili-
preestabelecida. Que o meu "destino" não é um dado mas dades, e não de determinismo. Daí que insista tanto na
algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade.
nosso me eximir. Paulo Freire"
SEM MEDIDAS
Meu pai era alfaiate. Podia não ser grande coisa
na profissão, mas numa coisa era único: tinha hor-
ror à fita métrica. Dizia que fita métrica era coisa
de papa-defuntos. Era fácil reconhecer os fregue-
ses de papai na rua. Todos tinham uma perna mais
curta ou um braço mais comprido que o outro.
Groucho Marx
VOCE SABIA...
O movimento de pinça obtido
pelo comando do polegar em
oposição ao dedo indicador é
reconhecido como uma
característica da espécie
humana. Até recentemente
era pouco conhecida a
evolução dessa nossa fina
habilidade de manipulação.
Com os estudo de fósseis e
das ferramentas primitivas,
pôde-se compreender melhor
a atual destreza das mãos
humanas. Sem a ampla
possibilidade de movimento
do polegar opositor,
associada à força que daí de-
corre, o uso de nossas mãos
certamente não atingiria ta-
manha versatilidade.
O melhor do mau-humor, de Ruy Castro
O ENIAC - Eletronic Numerical Integrator
And Calculator - foi concebido por John Eckert
e John W. Mauchly e construído na Universi-
dade da Pensilvânia (EUA). Entrou em serviço
em 1945 e, com suas 18.000 válvulas, ocupava
uma sala inteira. Em apenas duas horas podia
realizar cálculos complexos que ocupariam um
engenheiro por um século.
Descubra você mesmo as
possibilidades de seu polegar.
Experimente fazer com
que as pontas de seus outros
dedos, cada um por vez, visi-
tem a cabeça de cada um dos
outros. Compare o desempe-
nho de cada um deles com o
desempenho de seu polegar
opositor.
Trinta anos mais tarde, o microcomputador,
com apenas 13cm
2
, 6mm de espessura e pesan-
do menos que 56g, incorpora mais de 100.000
transistores e 120 condutores de entrada e saída.
A sofisticação desses aparelhos dá a medida da
velocidade da evolução técnica que se iniciou
com o ENIAC.
34
O relógio tem corda mas não amarra o tempo.
s viventes humanos são animais
que, com seu trabalho, se fazem
humanos. Os outros viventes
todos, sobre a Terra, "trabalham"
para viver. Mas o "trabalho" de
cada um deles coincide e faz parte
i de uma ordenação vital que
cada vivente já
7
traz inscrita
consigo, de nascimento.
Os lírios do campo não tecem
para ter o que vestir. Nem as andorinhas do
céu cultivam a terra para ter o que comer. O
Universo "trabalha" por eles, numa
"história" de criação que não teve um
instante sequer de descanso. Seres vivos, a
Vida "trabalha" em cada um, e por cada um
deles, garantindo-lhes a sobrevivência
enquanto indivíduo e enquanto espécie.
Cada espécie em seu próprio ambiente. Pois
cada vivente individual traz em si mesmo a
regulação de sua própria espécie.
Mas os viventes humanos se tornaram as-
sim diferentes a partir de um corte com a
regulação vital de sua espécie, a dos primatas. O
polegar opositor, a posição ereta e a liberação do
cio fizeram com que eles dessem um passo a
frente, em direção à autonomia: habilidosos, mas
estróinas; inteligentes, mas loucos; amantes, mas
odientos. São assim os humanos. Não são in-
divíduos que trazem, de nascimento, as mar-
cas de sua própria espécie, sendo-lhes por aí
garantido o seu modo de sobrevivência. A
regulação vital que trazem de nascimento, se
necessária ao desempenho biológico, lhes é
perfeitamente insuficiente ao desempenho
histórico-social, a marca do humano.
0 POLEGAR OPOSITOR
Os viventes humanos são sujeitos sociais
que de um tudo terão que aprender com os
outros. Para, assim, poderem juntos sobreviver
conforme o modo cultural do bem-viver
historicamente criado por cada agrupamento
humano.
Por isso, os viventes humanos estão "con-
denados" a terem que, juntos, construir com o
trabalho de suas mãos, pensamento e sexo, as
formas de seu bem-viver, que são o seu modo
próprio do sobreviver. E é desse trabalho,
incansável e ininterrupto, de gerações e gerações,
que se constitui a História Humana: História
do Trabalho de mulheres e homens criando e
recriando, construindo e repondo,
continuadamente, as condições de seu próprio
modo de bem-viver.
Espalhando-se por todo o planeta, os vi-
ventes humanos criaram com seu trabalho as
diversas culturas humanas. As cidades humanas o
os núcleos culturais de bem-viver humano,
permanentemente construídos e repostos por seu
trabalho comum. Nelas, cada infante nascido de
mulher será socializado, ou se fará/será feito um
com os outros e, como os outros, realizará o seu
aprendizado social, de modo a tornar-se um
cidadão.
Nenhum humano se faz, sequer sobrevive,
sozinho. Nenhuma cidade humana se cria e se
mantém no isolamento. Nenhuma cultura humana é
gestada ou se repõe sem referência ou relação a
outras culturas humanas. Nessa inter-relação é que
os humanos de-
senvolvem os seus instrumentos e suas habili-
dades, suas linguagens e seus conhecimentos,
seus costumes ou modos de conduta e suas
leis de convivência.
O Universo "trabalha", ininterruptamente,
há mais de 15
b
ilhões de anos. A nossa Terra,
que é uma minúscula usina desse "trabalho"
descomunal, tem perto de 5
b
ilhões de anos.
A Vida vem "trabalhando" e se reproduzindo
criativamente neste planeta há uns 2,5
b
ilhões
de anos. Já o Trabalho Humano data apenas
de perto de 100 mil anos.
Eu sou apenas uma, mas há uma multidão que me habita.
Aprendendo a controlar o fogo (a energia),
a se utilizar dos vegetais e das pedras (os ma-
teriais) e criando gestos, falas e grafias (a co-
(Marguerite Yourcenar)
A FORMIGA
municação), os humanos vão tecendo sua
história: de glórias e misérias, de artes e de-
sastres, de pazes e de guerras, de domínios
e de libertações.
lho. O mau tempo não cessa e eu...
"Os artistas-pintores, atores,
esculto-músicos, dançarinos, poetas,
escritores - são as cigarras da
Humanidade."
A formiga olhou-a de alto
a baixo.
Assim, a História do Trabalho Huma-
no é a própria História da Humanidade.
Se, conforme se supõe, "trabalho" vem de
"tripalium", um antigo instrumento de tortu-
ra, tal palavra não faz jus à dignidade-do ato
que ela exprime. O que não nos impede de
sonhar tal palavra como se referindo a tudo
aquilo que é feito através de um bailado: o
bailado do Universo, o bailado da Vida e o
histórico e contraditório transe bailado pelos
viventes humanos.
E que fez durante o bom
tempo que não construiu sua casa?
Houve uma jovem cigarra que
tinha o costume de chiar ao pé dum
formigueiro. Só parava quando
cansadinha. Seu divertimento então
era observar as formigas na eterna
faina de abastecer as tulhas.
Eu cantava, bem sabe...
Ah!... (Exclamou a formi-
ga recordando-se) Era você quem
cantava nessa árvore enquanto nós
labutávamos para encher as tulhas?
Mas o bom tempo afinal passou e
vieram as chuvas. Os animais, ar-
repiados, passavam o dia cochilando
em suas tocas.
Xico Lara
Filósofo, Capina, RJ
Isso mesmo, era eu...
A pobre cigarra, sem abrigo em
galhinho seco e metida em grandes
apuros, deliberou socorrer-se de al-
guém.
Pois entre, amiguinha! Nun-
ca podemos esquecer as boas ho-
ras que sua cantoria nos proporcio-
nou. Aquele chiado nos distraía e
aliviava o trabalho. Dizíamos sem-
pre: que felicidade ter como vizi-
nha tão gentil cantora. Entre, ami-
ga, que aqui terá cama e mesa du-
rante todo mau tempo.>
Tudo que vive quer viver.
(São Francisco de Assis)
A cigarra entrou, sarou da tos-
se e voltou a ser a alegre cantora
dos dias de sol.
Monteiro Lobato
Manquitolando, com uma asa a
arrastar, lá se dirigiu para o formi-
gueiro. Bateu...
Apareceu uma formiga friorenta,
embrulhada num xalinho de paina.
Que quer? perguntou a for-
miga examinando a triste mendiga
suja de lama a tossir.
Venho em busca de agasa-
A leitura das mãos é uma arte que exige
uma série de estudos e um deles diz
respeito particularmente aos relevos que
podem ser observados na palma da mão
de uma pessoa.
sados. Mas é também indicação de paci-
ência e tranqüilidade;
o monte do Sol encontra-se na
base do anular. É um sinal de sucesso.
Simboliza sentimentos elevados, altas fun-
ções, brilhantismo de personalidade;
As linhas e as formas traçadas sobre a
pele, dependendo da área onde elas apa-
recem, num ou noutro monte, ou na planí-
cie, vão ganhar interpretação diferente.
Mas sempre relacionada com os símbolos
e os planetas da astrologia. Assim, uma
mão quadrada deve ser interpretada como
indicação de um caráter marciano (guer-
reiro, lutador); um monte de Mercúrio oval
toma aspecto venusiano (romântico, con-
sagrado ao culto das letras e/ou das rela-
ções de amor).
o monte de Mercúrio ocupa a
base do dedo mínimo. Mercúrio é prote-
tor das letras, de tudo que concerne à vida
do espírito e, ao mesmo tempo, protetoi
do comércio e dos ladrões;
o monte da Lua é formado pelos
músculos que se encontram antes do quin-
to dedo, acima do monte de Mercúrio. A
Lua é viajante e preside as peregrinações.
Os temperamentos nomades, os gostos
mutantes, as atividades instáveis e as mu-
danças de situação são bem próprios dos
que trazem o monte da Lua em destaque:
A quiromancia se propõe, com cuida-
do, a identificar os desenhos que apare-
cem na mão e a relacioná-los com as indi-
cações maiores apontadas pelos montes e
pela planície. A partir dessa interpretação,
a leitura dos significados toma sentido.
e a planície de Marte fica entre
os seis montes, situada numa depressão
da mão. Nela é preciso considerar o as
pecto mais ou menos cavado, a forma mais
ou menos redonda e a cor mais ou menos
pálida. É importante observar, ainda, a es
pessura da massa muscular e a largura da
planície, traduzindo as qualidades de Mar
te e suas promessas, que são: a com
batividade, a aptidão para lidar com ar
mas, o gosto da luta, das glórias e derro
tas militares.
35
C-
do na base do dedo indicador, e revela a
vocação para o comando. Nos indivíduos
que o trazem mais desenvolvido, pode ser
interpretado como sinal de elevação social,
honras, e indica um caráter autoritário e
dominador;
Vale conhecer um pouco a respeito des-
ses relevos da mão; são seis montes e uma
planície, na seguinte ordem:
Quem está com diarréia não tem medo da noite.
(provérbio africano)
o monte de Vénus se situa na
base do polegar. Seu destaque indica um
caráter mais dado aos amores, às paixões
e à beleza;
o monte de Saturno fica à altura do
dedo médio, mas devem ser observadas as
duas faces dessa terceira articulação. A
presença desse monte de forma de-
senvolvida em alguns indivíduos deixa
pressupor uma tendência aos trabalhos pe-
) . j o monte de Júpiter está localiza-
ra
Omar é a principal fonte de vida da Terra. Pode
ser comparado ao líquido amniótico que
alimenta o bebê na barriga da mãe. Sem o mar,
a vida na Terra seria impossível. Nosso planeta
se tornaria um deserto árido como Marte.
Os oceanos, pelo que significam para a
sobrevivência da humanidade, não deveriam ser
administrados por interesses imediatos ou para
se obter ganhos econômicos ou poderes
políticos.
A Assembléia Geral das Nações Unidas ado-
tou uma declaração estabelecendo que todos os
recursos do fundo do mar, para além dos limites
da jurisdição de cada país, constituem patrimônio
comum da humanidade. Declarou que 1998 se-
ria o Ano Internacional dos Oceanos, como ho-
menagem a essa fonte de vida e civilização, e
para lembrar, também, a todos os cidadãos do
mundo, da necessidade de salvaguardar os di-
reitos das futuras gerações e de assegurar a de-
fesa da Terra.
36
A PLACENTA DA TERR
A
A SERPENTE E O PÁSSARO
Esta é uma divertida ilusão
de ótica. A serpente vai engolir
o pássaro! Como?
Simples... Aproxime esta pá-
gina de seus olhos, fixando a vis-
ta no pequeno ponto preto da li-
nha tracejada. E o pássaro voará
direto para a boca da serpente!
CONTANDO PEDRINHAS
O MURO
Eu bato contra o muro
drinhas em fios e construíram os ábacos, que
Duro
Esfolo minhas mãos no muro
Tento de longe o salto e pulo
Dou nas paredes do muro
Duro
Não desisto de forçá-lo
Hei de encontrar um furo
Por onde ultrapassá-lo.
Oliveira Silveira 37
Quem não muda é caminho de trem.
ainda hoje são usados em vários países orientais.
Os povos pré-colombianos da América do Sul
criaram um sistema de cordéis com nós, diferente
das
p
edrinhas do ábaco. Mas todos procuravam
formas de realizar contas mais complexas com
maior agilidade e menos dores de cabeça.
Fazer contas sempre foi um desafio e, sem
dúvida, os homens começaram a contar
fazendo recurso aos dedos. Mas para realizar
cálculos, provavelmente, usaram pedrinhas. Na
verdade, a palavra cálculo vem do latim
cauculus, que significa seixo ou pequena pedra.
Depois, na Babilônia, apareceu uma forma de
fazer deslizar essas pe-
Nesse momento de globalização, em que se buscam os novos significa-
dos do trabalho humano, o desemprego está em marè-alta; os trabalhado-
res, tendo que pular de galho em galho, mudar de lugar, de profissão,
ou acumular diversas tarefas. Os estudiosos não chegam a explicar
muito bem o que está acontecendo. Para botar mais tempero nessa
discussão, vamos ouvir diretamente o que dizem alguns profissionais
que estão "se virando " nesse mundo de Deus. Começamos por Rosilda
Maria dos Santos, empregada doméstica e agricultora em Pernambuco.
ENTREVISTA
Rosilda dos Santos
eu nome é Rosilda e tenho 39 anos. Nasci em Recife,
mas com um ano fui para Santa Maria do Cambucá, no
sertão. A história é que meu pai se separou da primeira
mulher e veio para Recife, onde conheceu minha mãe. Ele trabalhava
na agricultura mas, depois de casar com minha mãe, quis voltar.
Com oito anos deixei a escola para ajudar meu pai e achei ruim.
Hoje queria ter estudo e não tenho. Trabalhei no campo até os dezoito
anos, limpando mato, plantando capim, semeando cana. Aí vim para
Recife porque queria sair da agricultura.
Meu primeiro emprego foi em Aldeia, ma-
tando coelho numa granja, sem carteira assi-
nada. Fiquei três anos nisso. Quando saí, fui
trabalhar como babá na casa da nora do dono,
ainda sem carteira assinada. Fiquei lá mais de
seis anos, mas a patroa foi morar em Maceió e
eu não quis ir.
Depois desse emprego, fui para uma clínica,
em Aldeia. Era camareira, e passei nove meses
clandestina e um ano com carteira assinada. S
porque um hóspede da clínica me chamou para
trabalhar na casa dele, mas não foi com carteira
assinada. Ganhava mais: dois salários. Fiquei quatro
anos e ainda hoje sinto saudade, mas ele
casou e a mulher era muito chata. Um dia briguei com ela e pedi as contas.
Passei uns dois ou três anos desempregada, fazendo biscate: faxina,
limpeza de terreno... A situação apertou e, com um filho, não dava para
sustentar. Então voltei para a agricultura e não gosto da agricultura. Pego na
enxada e ela nunca amadurece. Quebra uma, compro outra. Esse ano, en-
tão, sem chuva, está muito ruim. Nunca dá lucro, só se Deus mandar chuva.
O meu sonho é vir morar no Recife, num lugar que tenha água, e ter
uma casa, mesmo como pobre. Aqui é mais fácil encontrar trabalho. Se lá
na terra chovesse muito, e se o que eu plantasse desse, não ia querer sair de
lá, porque ia ter comida, ia ter como lucrar. E ia ter
serviço. Sem chover não tem serviço para ninguém.
Agora, não quero estudar mais não. Tenho
vergonha pela minha idade. No meio do povo
mais novo, e eu mais velha? Mas o que posso
oferecer para o meu filho é o estudo, para ama-
nhã ou depois ele ter um trabalho que melhore a
vida dele, que não seja na agricultura. Deus me
defenda! Agricultura não é meio de vida para
quem quer alguma coisa, porque tanto faz dar
como não dar. Principalmente lá, que é uma
secura braba. Esse ano mesmo, não vai dar nada.
Já é hora do milho estar grande, e nada. A seca é
uma desgraça.
Quem melhor do que o peixe para dizer
de quantos dentes é feita a boca do crocodilo? (provérbio africano)
M
ARMADORES DE REDE
sam ter contato com essa máquina e com toda
informação que ela pode oferecer.
mos ir mais além: todo espaço educacional al-
ternativo deveria incluir a informática. De al-
gum modo, ela já faz parte do dia-a-dia das pes-
soas e até das comunidades carentes, assim
como a Internet. Na comunidade do Coroado
(RJ), por exemplo, na qual desenvolvo um tra-
balho educacional e religioso, os adolescentes
me pediram para fazer pesquisas de determina-
dos temas pela rede.
Muitos dizem que o computador vai seguir
o mesmo caminho da televio: com o
passar do tempo todos poderão ter acesso.
Mas, ter acesso a quê e como'.' É preciso
considerar que a informática é mais dinâmica
do que a tevê. A todo instante surgem novos
equipamentos e programas, sem falar da
Internet, grande rede que interliga o mundo como
um eficiente veículo de comunicação. A
questão é: como garantir a participação de
grande parcela da população que fica excluída
desse processo importante? Penso que o pri-
meiro passo é promover, de forma concreta e
alternativa, o acesso das pessoas e dos pequenos
g
ru
p
os or
g
anizados ao com
p
utador
,
p
ara
q
ue
p
o
s
-
Nesse sentido, um exemplo seriam os centros
profissionalizantes que oferecem cursos de
informática a baixo custo tentando, para-
lelamente, fazer um trabalho de formação da
cidadania. A idéia desses centros é positiva,
mas precisa ser melhorada. Ainda se dá muita
ênfase à estrutura física e menor atenção à
formação para a cidadania.
Para mim, é mais do que procedente a
preocupação em descobrir caminhos para vi-
abilizar a informática nas comunidades e as-
sim socializar os avanços da informatização.
Várias organizações não-governamentais,
entidades e partidos políticos comprometidos
com o povo utilizam-se da Internet. Mas é pouco.
Essa possibilidade continua com uma minoria,
mesmo dita consciente e militante. Precisa-
Robson Patrocínio de Souza
MUSICA,
MAESTRO!
1. Maestro 15. Trompas
2. Primeiros violinos 16. Tuba
3. Segundos violinos 17. Trombones
4. Violoncelos 18. Trompetes
Em uma orquestra, Spalla
é a palavra italiana que desig-
na o primeiro violino. Depois
do regente, ele é o comandan-
te de toda a orquestra. O pri-
meiro violino fica bem à es-
querda do maestro.
5. Violas 19. Harpas
6. Contrabaixos 20. Tímpanos
7. Corne inglês ' 21. Pratos
8. Oboés 22. Bombo
9. Flautas 23. Triângulo
10. Flautim 24. Caixa
11. Clarinete baixo 25. Carrilhão
As orquestras sinfôni-
cas podem atingir, em al-
guns casos, um total de 110
instrumentistas.^
2
12. Clarinetes 26. Xilofone
13. Fagotes 27.Spalla
14. Contrafagote
BRAÇOS DA TERRA
ilitante republicano, proscrito político, fotógrafo de pas-
sagem, Victor Frond chega ao Rio de Janeiro em 1857,
tempos de auge do império brasileiro. Realiza aqui a pri-
meira viagem fotográfica pelos interiores, levando seus equipamen-
tos em tropa de mulas pelas trilhas das serras. Retrata pequenas
cidades do caminho, as fazendas de café e cana-de-açúcar, questio-
nando pelas imagens a escravidão, "os braços sem cidadania".
Dos vastos territórios, linhas de cercas e de porteiras, domínios
das leis privadas, mostra um país vazio do seu povo, uma vez que o
trabalhador sendo cativo é excluído da nação. Aviva pelo registro
eloqüente do gesto do trabalho um dos grandes impasses daqueles
tempos: como afirmar a imagem civilizada e constitucional da mo-
narquia em um país escravocrata em que os senhores são escravos
dos seus escravos?
As fotografias de Frond ressaltam na rotina do trabalho o poder
disciplinador, o controle autorizado do feitor e do capataz. Inspecio-
nam o grupo garantindo não só a ordem na produção mas também a
imobilidade dos corpos para a fotografia. Essa vigilância obriga olhos
baixos; a maioria dos escravos desvia o rosto da vara e da câmara, para
o chão e para o lado, resguardando-se dessa exploração desconhecida.
O aprisionamento da imagem na fotografia é testemunho aqui do apri-
sionamento subentendido dos corpos.
A beleza das composições e dos acabamentos porém ultrapassa
esse sentido documental. Valoriza e humaniza o escravo negro nas ro-
ças, nos engenhos e nos serviços, distinguindo-o das figuras comuns
desenhadas nos álbuns de época onde é apreciado como "coisa" exóti-
ca, curiosidade dos trópicos.
Numa sociedade em que o viver de renda era sinônimo de liberda-
de, essas fotografias (que hoje têm 140 anos!), saídas em um livro de
luxo, dão o que pensar. Pelo "consórcio sagrado entre a terra e o ho-
mem", dividindo o chão e libertando os braços, consagram uma nova
ética do trabalho, como espírito do povo, escrita da História.
38
M
Lygia Segala
Antropóloga, UFF
YOGA
PARA OS
Existe hoje uma consci-
ência cada vez maior quanto
aos cuidados com o corpo:
alimentação, exercícios,
massagens, etc. Mas e os
olhos? Eles também preci-
sam descansar!
Segundo o método Self
Healing, derivado de exercí-
cios vindos da índia, Tibet e
China, e divulgado no oci-
dente pelo oftalmologista
americano William Bates,
três coisas são essenciais à
saúde dos olhos: movimen-
to, luz e escuridão.
Movimento: Desde o
piscar - que é o descanso
natural dos olhos - até o es-
forço para a focalização dos
detalhes, ao invés de tentar
enxergar tudo de uma só
vez, os olhos precisam estar
em movimento. Olhos que
não se movimentam ficam
fixos, rígidos, e se
tensionam. É importante
treinar a suavidade do olhar.
Luz: Os olhos precisam
de luz para trabalhar. A luz
estimula o nervo ótico para
que ele leve a mensagem
adequada para o cérebro.
Há exercícios que habituam
os olhos aos diferentes
níveis de intensidade de
luz.
Escuridão: Com a au-
sência completa de luz, o
nervo ótico não é estimu-
lado e descansa. A alter-
nância entre luz e escuridão
é fundamental para a boa
regeneração'ocular. O exer-
cício de esfregar as mãos e
levá-las em concha aos
olhos, imaginando uma es-
curidão cada vez mais
intensa, é excelente para
descansar a visão.
39
ARCO-ÍRIS
THERESE
O arco-íris mais duradouro
foi visível pelo período recor-
de de 6 horas, entre 9 e 15:00h
do dia 14 de março de 1994, em
Sheffield, Reino Unido.
15
Convidou-me para almoçar e contou-
me sua vida. Contei também da mi-
nha, da França, dos meus pais e de
meus amigos. E, nessa ocasião, mais
do que bretã,
p
arisiense, francesa ou
européia, eu me senti Humana.
ANDARILHOS DO
TRABALHO (I)
Durante décadas as migrações
constituíram uma saída compen-
satória e honrosa. Hoje a migra-
ção vive um impasse criado pela
ausência de destino. Com a sofis-
ticação tecnológica, os grandes
centros rejeitam mão-de-obra não
qualificada. É urgente gerar alter-
nativas econômicas regionais.
28
Sócrates não dizia nunca ser de Atenas ou de Corinto, mas do Mundo.
(IV séc. a. C.)
Voltei a Koudougou em julho de
1996, quase um ano depois, e parecia
que só umas poucas semanas se ti-
nham passado. Durante essa segunda
p
ermanência minha em Koudougou,
Thérèse me ajudou ainda mais. Quan-
do estive doente, foi me visitar e, por
minha vez, fiz o mesmo por ela.
Quando sentia saudade de meus pais,
ela me consolava e nunca achou ridí-
culos meus sentimentos. E, sobretu-
do, ajudou-me a entender a socieda-
de koudouguesa e burkinesa sem nada
me pedir em troca. Tornei-me sua per-
manente convidada.
Agora, faz um ano e meio que vol-
tei. Nós nos correspondemos fre-
qüentemente. Como ela não sabe 1er,
recorre a um escriba
p
úblico. Tenho
esperança de que brevemente Désiré
poderá substituí-lo.
Claire Gougeon
Associação L'Ami, França
Thérèse tem vinte e cinco anos,
como eu. Seu filhinho, Désiré, ou
Dési, está com seis anos e
começando a aprender francês na
escola. Ela é vendedora de peixe
seco e frutas à
b
eira de uma estrada
de asfalto que passa em Koudougou,
a oeste de Ouagadougou, capital de
Burkina Faso, na África.
Thérèse ganha sua vida aos pou-
quinhos. A angústia de chegar atra-
sada ao trabalho, ela desconhece.
Mas conhece bem a inquietação
quando a renda da jornada foi muito
curta, sobretudo se Désiré fica
doente porque os remédios custam
caro.
Em fins de fevereiro de 1995,
quando nos encontramos, já fazia al-
gumas semanas que eu me achava
em Koudougou para fazer uns estu-
dos. Eu passava muito pelo seu
"ponto de venda" e ela sempre me
encorajava. Um dia me convidou à
sua casa e me apresentou aos seus
irmãos, suas irmãs, e às suas mães
(as co-esposas de seu pai, como sua
mãe, já falecida, também o era).
Continuação da página 31
Ainda, em termos de
símbolo, fala-se da^os-
sa relação com os
vegetais. Da ramificação
da árvore trazem
semelhanças o nosso cérebro, o fígado, os
pulmões e a própria placenta. Seríamos talvez
descendentes do repolho que se apresenta com este
desenho. George Sand, escritora francesa que
pesquisava muito o imaginário de seu povo, a isso
se refere em alguns de seus romances. Dessa re-
lação nossa com os vegetais, é curioso lembrar
que é sob a copa de uma árvore que Buda tem a
sua iluminação e Cristo morre pregado numa cruz
de madeira.
am deixar de a matar se ela não bordasse a rosa
branca.
Por fim, não tendo melhor remédio, bordou
da memória a rosa que lhe haviam exigido. De-
pois de a bordar foi compará-la com as rosas bran-
cas que existem realmente nas roseiras. Sucedeu
que todas as rosas brancas se pareciam exatamente
com a rosa que ela bordara, que cada uma delas
era exatamente aquela.
Ela levou o trabalho ao palácio e é de supor
que casasse com o príncipe.
No fabulário, onde vem, esta fábula não traz
moralidade. Mesmo porque, na idade de ouro, as
fábulas não tinham moralidade nenhuma.
Fernando Pessoa
A aranha vive do que tece.
Outros, em versões mais modernas, dizem que
entre as substâncias do nosso organismo encontramos
componentes das estrelas. Enfim, viemos do Céu ou
da Terra? Somos, sem perceber, viventes de um mun-
do de muitas dimensões? E, também sem perceber,
habitamos um tempo que é parte de muitos tempos
simultâneos e num espaço regido, inteligentemente,
por uma força coerente? Seria Deus? E quem é Deus
e quem somos nós? Moramos Nele ou em separado?
Continuaremos a perguntar para o nosso umbigo
se ele ainda guarda muitas lembranças.
Aida Bezerra
UMBIGO DA TERRA,
UMBIGO DO CÉU
A ROSA DE SEDA
Num fabulário ainda por encontrar será um
dia lida esta fábula:
A uma bordadora de um país longínquo foi
encomendado pela sua rainha que bordasse, so-
bre seda ou cetim, entre folhas, uma rosa bran-
ca. A bordadora, como era muito jovem, foi pro-
curar por toda a parte aquela rosa branca per-
feitíssima, em cuja semelhança bordasse a sua.
Mas sucedia que umas rosas eram menos belas
do que lhe convinha, e que outras não eram bran-
cas como deviam ser. Gastou dias sobre dias,
chorosas horas, buscando a rosa que imitasse
com seda, e, como nos países longínquos nun-
ca deixa de haver pena de morte, ela sabia bem
que, pelas leis dos contos como este, não podi-
TIRA-MANCHAS
Álcool: lavar rapidamente
com água fria.
Banha, manteiga, cera,
graxas: colocar a mancha entre
dois mata-borrões e passar com
ferro quente. Depois passar ben-
zina, éter, amoníaco, talco ou
água quente com sabão.
Bolor: colocar a roupa para
corar no sol com água oxigena-
da. Usar também ácido tartárico
20%.
Caneta esferográfica: passar
álcool ou sabão antes de lavar.
Cera, vela: colocar a
mancha entre dois mata-borrões
ou papel
grosso e passar com ferro quen-
te. Depois aplicar benzina.
Chiclete: endurecer com um
pedaço de gelo até que possa ser
tirado.
! Cola: dissolver com acetona.
. Ferrugem: lavar com
água morna e sumo de limão.
Frutas : lavar com água mor-
na,
leite azedo, sumo fresco
de limão, ácido acético 10% ou
vinagre forte incolor.
Gordura: colocar talco, dei-
xar um tempo, escovando depois;
ou colocar a mancha entre papéis
grossos e passar com ferro quente.
O burro não amansa, acostuma.
Vamos supor que você queira fazer um desenho animado mostrando o movimento
de um cavalinho. O primeiro passo é fazer uma série de desenhos quase iguais do
cavalinho, sendo que a única diferença é que, em cada um, ele aparece numa posição.
Cada desenho deve ser feito num pe-
daço de cartolina, mais ou menos do
tamanho de uma carta de baralho. De-
pois de desenhadas, você as empilha
na ordem das mudanças que você es-
colheu. Para "ver" o movimento do
cavalinho, basta passar rapidamente os
desenhos. Coloque em uma mesa a pi-
lha dos cartões, apoiando a mão sobre
eles, e, com os dedos, levante somente
a borda inferior da pilha, de forma a
soltar, um a um, os cartões, rapidamen-
te. Assim como quem passa as cartas de
um baralho para verificar se alguma de-
O PEPINO é excelente
para a limpeza da pele. Pode ser
usado amassado, na forma de
creme, e aplicado diariamente
no rosto. Ou, então, coando-se
uma pequena quantidade de
pepino ralado e acrescentando
um pouco de suco de tomate.
Passar regularmente no rosto
com um chumaço de algodão.
Comer, ainda, pepino na salada
diariamente.
las está de costas. Com o sucesso dessa
filmagem, você já pode considerar-se um
dos muitos artistas do cinema.
O TRABALHO DIGNIFICA. QUAL TRABALHO?
Queridos amigas e amigos:
screvo estas linhas com o intuito de apontar - na relação
trabalho e população de rua - algumas questões que, na minha
opinião profundada. Quando , merecem uma discussão a
falamos de p izando as pessoas que opulação de rua, estamos focal
fizeram das ru (espaço privado). Para as (espaços públicos) sua casa
eles, a rua passou a ser o espaço de sobrevivência, nela de-
senvolvendo suas relações e nela providenciando - de diversas manei-
ras - seu sustento. A vida na rua expõe o doloroso processo de exclu-
são por que passaram e passam essas populações.
Acrescente-se que uma característica comum aos moradores de
rua é a precariedade extrema nas condições de vida, chegando-se, com
freqüência, à miséria degradante.
O trabalho tem sido, em nossas sociedades, uma exigência imprescin-
dível para sermos reconhecidos como "pessoas normais" (aquelas que se-
guem a "norma") e participarmos das relações em que se desdobra nossa
vida diária. Para a população é fundamental, quando perguntada se traba-
lha, poder responder afirmativamente: "eu sou um trabalhador (ou traba-
lhadora)". A atual sociedade fez disso um traço da nossa identidade.
No caso da população de rua, esse elo de participação e reconheci-
mento, esse traço de identidade quebrou-se há tempos atrás e, por con-
traditório que pareça, a sociedade que a chama de "vagabunda" e a
prende por "vadiagem" é a mesma que não oferece trabalho aos que o
procuram e que faz crescer a cada passo a massa de desempregados.
No caso dos homens, que aprenderam desde criança que, para par-
ticipar "dignamente" da sociedade, devem cumprir não só o papel de
trabalhador (pois "o trabalho dignifica") mas também o de responsá-
vel pelo sustento da família, o não cumprimento de ambos os papéis
os exclui da "normalidade" e os induz a uma sensação de fracasso
pessoal que os desestrutura cruelmente.
Conversando com um grupo de moradores/as de rua de São Paulo
sobre o dia-a-dia de cada um deles, registrei o seguinte depoimento:
"A vida do sofredor é que a gente é desprezado. A gente pede um
cigarro, o pessoal manda trabalhar; pede uma esmola,
manda trabalhar... Nós somos discriminados: discriminados pela
pocia, pela sociedade, classe média, classe alta... entendeu?"
Boa parte das pessoas que moram na rua, e que se auto-denomi-
nam "sofredores", já trabalhou em serviços gerais ou em profissões
específicas como agricultor, mecânico, pedreiro, soldador e outras.
Essas pessoas não raro têm uma opinião sobre sua experiência como
trabalhadores. É oportuno conhecer o depoimento de um rapaz que
morou na rua durante cinco anos, tendo sido depois escolhido como
membro da diretoria de uma cooperativa de catadores de papelão
(Coopamare) em São Paulo:
"É porque devido à política salarial que existe em nosso país, a
gente ficar preso a um trabalho durante 8, 10 horas por dia, e o que
ganha no fim do mês, não compensa, né? É um trabalho escravo, você
fica ali, preso a horário, a rigidez, sujeito a patrão, a gerente, a muitos
aborrecimentos, e o ganho no fim do mês não é compensador. Já no
papelão é um trabalho mais livre, onde você ganha aquilo que você
produz. Apesar de que no início, quando se começa a catar papelão, a
gente fica sempre sem jeito, mas não pela gente, mais pelas pessoas
que te conheceram no emprego em que você estava; quando vêem
você catando papelão, têm muito preconceito, muitos até se afastam,
acham que você ficou louco..."
De onde vem essa tendência para rotular de "vagabunda" essa po-
pulação? Qual o trabalho que dignifica mesmo?
Penso que o conhecimento mais profundo do pensamento dessas po-
pulações enriqueceria muito nossa reflexão. Seus questionamentos e rei-
vindicações, unidos à busca de outros modos de trabalho, poderiam apon-
tar para uma visão do trabalho diferente da reinante em nossa sociedade.
Bem, desculpem a simplificação num assunto tão delicado. Foi só
um início de conversa. Fica o convite para pensarmos juntos.
Com um abraço,
Jorge Munoz
Sociólogo da NOVA Pesquisa
Existo porque insisto.
(pára-choque de caminhão)
E
OS "LIVROS DOS DESTINOS"
partir da observação da natureza
e da análise dos acontecimentos
astronômicos e sociais, os
antigos povos mexicanos elaboraram um
dos sistemas de calendário mais
completos de todos os tempos. Mais
avançado e exato do que os sistemas dos
europeus, por exemplo. Amantes das
ciências, das artes e da filosofia, os
astecas souberam representar a mecânica
celeste através de símbolos para melhor
1er e compreender a harmonia da
natureza de que eles se ocupavam em
preservar.
O sistema está organizado em dois
calendários que se complementam e se
articulam como numa engrenagem.
O primeiro é o calendário solar,
chamado XIUHPOHAULLI. Possui,
como o nosso, 365 dias e um quarto de
dia que estão divididos em 18 meses de
20 dias cada, e mais 5 dias denominados
NEMONTEMI ("os que dão por
terminado o ano")- Segundo alguns
estudiosos, esses 5 dias deveriam ser
dedicados à meditação sobre o ano que
terminava e o novo ano que se iniciava.
Quanto ao quarto de dia que se
soma ao novo ano - que para
nós forma o ano bissexto, a cada quatro
A
anos -, a hipótese mais provável é a de
que os anos dos astecas, ao contrário dos
nossos, eram regulares e tinham a
mesma duração. Isso porque,
necessariamente, não tinham que co-
meçar à mesma hora. O início do ano
podia se dar à meia-noite, ao amanhecer,
ao meio-dia, ou ao entardecer. Assim, o
primeiro dia de cada ano sempre
começava seis horas depois do momento
em que se iniciou o ano anterior.
O outro é o calendário ritual, chamado
TONALPOHUALLI, que se estende por
260 dias, composto por 20 meses de 13
dias cada. Nesse calendário ritual, para
cada um dos tempos do ano são
considerados elementos regentes, e as ca-
racterísticas desses elementos estão ins-
critas nos códigos TONALAMATL, tam-
bém chamados "livros dos dias" ou "li-
vros dos destinos". Por meio desses livros
e dos elementos regentes de cada ano, perí-
odo, e parte do dia, era possível prever vari-
ações no clima, nas plantas, no comporta-
mento dos animais, dos homens e mulhe-
res; e relacionar-se com o mundo animal e
vegetal pela concordância de afinidades
ou da busca da
41
harmonia
com a natureza
Não tenho competências para morrer.
(Manoel de Barros)
IRMANDADES DE HOMENS PRETOS
NO BRASIL COLONIAL
Rejeitados nas agremiações de homens brancos,
escravos e pretos forros e li-yres, batizados na
Igreja Católica, instituíram suas próprias
irmandades onde passaram a usufruir um
A PROVA DOS
dos poucos espaços em que podiam atingir
alguma efetiva liberdade. Além do culto a
QUATRO
Nossa Senhora do Rosário, organizaram-se
também em torno de outros santos: São
Na figura acima, você
Domingos, São Benedito, Santa Efigênia e
outros.
Muitos deles conseguiram reunir
patrimônio e aprender ofícios reconheci-^
dos. Foi justamente essa elite negra que se
encarregou da organização das irmandades.. Na
América portuguesa elas se concentra-_ ram
nas cidades litorâneas de Recife, Sal-" vador,
Rio de Janeiro e nas vilas da região
mineradora das Gerais.
A justificativa para a criação das irman-
dades era associada ao fato de serem os
escravos velhos ou doentes abandonados
por seus senhores sem garantia de trata-
mento
p
ara as doen
ç
as e de um f
é
capaz de formar 3 quadrados,
mexendo apenas em 4
fósforos?
Resposta na página 70
permitisse fugir à vala comum da Santa Casa.
Os testamentos anotados n
Confeito alvíssimo, solido
os registros paro-
quiais mostram como, ao
mas delicado e quebradiço, mui-
morrer, os irmãos
deixavam sempre uma part
to agradável ao paladar, prepa-
e de seus bens para
a irmandade a que pertenc
rado com melado, que se deixa
iam.
Marisa de Carvalho So
ao fogo até atingir um ponto es-
ares
pecial, quando, então, se retira a
uneral
q
ue
massa do fogo, estendendo-a
sobre um mármore ou qualquer
outra superfície fria. Depois de
parcialmente esfriada, puxa-se a
massa com as mãos polvilhadas
de goma até alvejar, e solidifi-
Com P é feito de trigo muito saudável Com S e
car, podendo-se, antes, dar-lhe as
mais variadas formas.
42
Com M é parte da gente Com C é muito valente!
Manoel de Barros
Todas as palavras são inúteis desde que se olha para o céu.
(Cecília Meireles)
como uma boa nova em meio
a tanta desolação. Igualmente
a chamada "carência cultural"
do meio de onde provém o
alunado já não é o bode
expiatório que por tanto tem-
p
o serviu para justificar, não
sem uma ponta de preconcei-
to, a prática da reprovação em
massa.
A causa das causas do nos-
so desastre pedagógico não se
acharia portanto nem na falta
de prédios e vagas, nem nas
condições de saúde, nem na
extração cultural das crianças
e adolescentes do país.
Onde identificar o x da
questão?
"Urn pais com 32 mUhões de
pessoas na indigência não é uma 40
Nação, é uma tragédia. A demo-
cracia não pode existir só para
alguns: ou é para todos ou sim-
plesmente é uma mentira que não
resistirá ao tempo."
Herb o ert de Souza - Betinh
Farol alto e pimenta ardem nos olhos de qualquer um.
(pára-choque de caminhão)
Entre as quatro paredes da
sala de aula. Na relação do pro-
fessor com a sua profissão.
Chegando mais perto: nas
mentes e nos corações dos nos-
sos mestres. E para não cair na
tentação fácil do idealismo: o
nó górdio a ser cortado é o que
amarra as condições que o pro-
fessor leva dentro de si quan-
do exerce o magistério.
miséria do Nordeste rural, o pro-
Tenho lido dezenas de estudos
blema das vagas, outrora crônico,
deixou de ser agudo, passou a
conjuntural. Pode-se dizer, grosso
modo, que as crianças brasileiras
têm seu lugar nas escolas. O acesso
ao primeiro grau foi razoavelmente
ampliado nos últimos anos.
Logo, investir em construções
não deve ser prioridade para
nossos governos estaduais e
municipais. O conúbio de prefeito e
empreiteira seria hoje um
conluio.
Outr
recheados de tabelas e gráficos
provando à sociedade o que toda
gente sabe: a educação básica no
Brasil vai muito mal. Na lista dos
piores do mundo suplantamos só o
Haiti e
p
arece que também
Moçambique. A repetência ao longo
do primeiro ciclo é altíssima.
Quem acompanhou as pesquisas do
saudoso Sergio Costa Ribeiro,
mestre
a hipótese aparentemen-
tejusta, mas ainda fora do alvo,
atribuía o fracasso escolar a fa-
tores extra-educacionais, como a
desnutrição dos alunos po
b
res
ou a baixa qualidade de vida das
suas famíli
em Estatística, está
consciente dessa verdadeira praga
que vem sendo a reprovação
sistemática no ensino primário. E a
evasão é fato notório nas últimas
séries.
Depois de muito bater a ca-
beça à
p
rocura das causas de
uma situação tão vexatória, os
as de origem. Trata-
an
se de males reais, sem dúvida,
mas segundo fontes idôneas, os
casos de malogro no
aprendizado devidos à má
alistas foram descartando,
uma a uma, as hipóteses falsas
ou frágeis. Lembro de duas que
ainda são correntes.
Em primeiro lugar, não se trata
alimentação da criança não
de falta de vagas nem de prédios
constituem regra geral. A ad-
escolares. Pelo contrário, há salas
ministração da merenda escolar
ociosas em algumas cidades do
estaria suprindo as deficiências
interior de São Paulo e dos estados
mais graves, o que soa
sulinos. Afora os bolsões de
Picto grama dos índios panamenhos
E AS COISAS
Tanto a sociedade civil quan-
to os aparelhos estatais pensam e
agem como se ignorassem este
fato cotidiano mas espantoso: o
nosso professor primário é remu-
nerado como se fosse um operá-
rio não qualificado. Seu salário
nada tem a ver com a importân-
cia crucial da sua função pública,
que é a de primeiro m tor do de-o
senvolvimento, nem erece as m
ácidas cobranças de eficiência
que periodicamente lhe fazem a
mesma sociedade e o mesmo es-
tado, que o deixaram à míngua.
Tive o cuidado de comparar
os vencimentos de professores da
rede oficial em várias unidades
da federação. O docente de pri-
meiro grau, aquele a quem a na-
ção delega o encargo de ensinar a
1er, escrever e contar, ganha em
média dois reais por aula nas pro-
víncias mais bem aquinhoadas do
Sudeste e do Sul.
Façamos as contas, o que é
sempre mais honesto do que fazer
de conta que tudo vai bem. Para
receber cinco magros salários mí-
nimos, esse nosso bóia-fria do giz
e da lousa teria que dar em torno
de duzentas e cinqüenta aulas por
mês. Ou seja, teria que cumprir a
façanha de trabalhar entre dez e
doze horas por dia.
Calculo por médias, mas não
escondo extremos afrontosos.
Professores há, no Vale do
Jequitinhonha, que amargam qua-
renta reais por mês, isto é, cin-
qüenta centavos por aula. Quan-
to ao limite superior da amostra:
no Rio, em São Paulo e em Belo
Horizonte, cidades onde "me-
lhor" se paga ao mestre-escola, a
hora-aula não vale mais do que
dois reais e meio. É um salário
m relativamente, mas, ab-enos vil,
solutamente, sempre vil.
Escolhi o teto de cinco sa-
lários mínimos, pois não ousei
tocara soleira dos 763 reais, que
representariam aquele quantum
necessário para que uma famí-
lia desse de quatro pessoas pu
viver hoje com alguma decên-
cia. Louve-me aqui na estima-
tiva do Dieese, Departamento
Intersindical de Estatística e Es-
tudos Sócio-Econômicos.
Temo que esse cenário de des-
valorização brutal do professor
primário não mude tão cedo. Li
com interesse o elenco das prio-
ridades com que o governo pre-
tende enfrentar o desafio da edu-
cação básica. Não discuto inten-
ções. Apenas constato o primado
das coisas sobre as pessoas. Com-
putadores aos milhares sem pro-
fessores prezados e estimulados
são sucata virtual. Livros didáti-
cos sem mestres que os leiam e
os interpretem com garra e entu-
siasmo são pilhas de papéis des-
tinados ao lixo do esquecimento.
Quanto às avaliações severas pro-
metidas (tremam os relapsos
afundados nos seus pingues
proventos!), supõem um longo
tempo de experiência em condi-
ções humanas de trabalho.
As pessoas, quando respeita-
das no seu ofício, produzem sen-
tido e valor. Com ou sem as coi-
sas. Mas as coisas sem as pesso-
as são letra morta. Preferir coisas
a pessoas não é realismo. É ape-
nas conformismo.
Alfredo Bosfô 43
Apalpei o lado
esquerdo,
não achei o
coração:
de repente, me
lembrei
que estava na tua
mão.
Quando se precisa de sal, não adianta pôr açúcar.
(provérbio lídiche)
SALVE SAO JORGE!
OKÊ ARÔ! OGUM YÊ!
ão Jorge foi um jovem e corajoso militar que viveu na
Roma antiga do século IV, numa época em que os cristãos
eram perseguidos e mortos por causa de sua fé. Depois de
converter-se ao Cristianismo, aban ansfor-donou o exército e tr
mou-se em defensor dos cristãos, sendo por isso torturado e morto
em 23 de abril de 303.
No Brasil, o glorioso São Jorge é invocado como o "Santo Guerreiro"
que, com sua espada, defende-nos contra as maldades do mundo. Nos
candomblés da Bahia é identificado com Oxóssi - o caçador -e, no
Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre,
com o poderoso Ogum.
CÍLIOS
SEDUTORES
As coisas que não existem são as mais bonitas.
(Manoel de Barros)
Quem quiser
alongar ou engros-
sar os cílios, deve
penteá-los, todas
as noites, com
uma escovinha
mergulhada em
azeite de o
S
liva.
palito
terra
água
ar
seriema
tatu
merthiolate
saci
rocambole de laranja
revista
gibi
pipoca
margarina
lentilha
leitão
carrinho de feira
terremoto
furacão
Nomes se dão às
coisas
Nomes se dão
Nomes se dão às
pessoas Nomes se
dão Nomes se dão
aos deuses na
imensidão do céu
Nomes se dão aos
barquinhos na
imensidão do mar
Nomes se dão às
doenças na
imensidão da dor
Nomes se dão às
crianças na
imensidão do amor
centopeia
isqueiro
cefaléia
blefarite
cimento
colar
risole
rinite
armário
geladeira
furadeira
cobertor
ladeira
pedreira
fogueira
extintor
Jeton
bazuca
suporte
geléia
argamassa
fio de nylon
lamparina
chocolate
queratina
Juliana
cadarço
picareta
beija-flor
convidados
esfiha
chupeta
fruta-cor
trompete
arame
hepatite
fax símile
chocalho
biga
mocréia
Apolo
Nostradamus
filarmônica
Ma
you and me
salame
batata
barata
bigorna
casa
comid
risa
biriba
Pelé
a
bicho
Afrodite
José
paçoca
tampinha de caneta
filho
veleiro
bolinha de sabão
Alá
rabo de galo
Deus
circo
pão
Salomão
peixe conchinha de galinha
pão
coxinha do mar
André Abujammra
44
linha
DESATANDO NOS
muitas vezes c o omo um gargalo, nã
Nas zonas urbanas, os trabalha- setores populares que, mesmo de
dores se defrontam com situações
Nos últimos anos têm-se
havendo, pre-em diversos grupos, a
modo disperso, envolve um movi-
ainda mais adversas. Com oportu-
multiplicado as iniciativas de
ocupação ais com a análise das re
mento considerável de produtos,
nidades de emprego cada vez mais
org
possibilid -ades econômicas do pro
serviços e modalidades de trocas e
escassas, a sobrevivência de uma
anizações populares
empenhadas na criação de ati-
jeto empreendido.
mercados. Em sua maioria apresen-
parcela crescente da população ur-
vidades econômicas como uma
tam ainda muitas fragilidades,
Assim, tem sido grande a pro-
da Es-s formas de luta pela vida.
bana passa a depender do trabalho como a pequena familiaridade com
realizado sob a forma individual, fa-
cura por capacitação - assessorias,
sas atividades vieram se somar
as práticas de administração e
miliar ou associativa.
cursos, publ solver icações - para re
a diversas outras que se definem
geren- ciamento e com o trato das
O conjunto dessas atividad
aqueles e outros problemas enfren-
pela resistência a um modelo
es questões econômicas e financeiras.
sustenta, hoje, uma economi
tados no dia-a-dia dessas atividades.
econômico promotor, ao mesmo
a dos A comercialização se apresenta
Neste sentido a CAPINA - Coope-
tempo, da concentração de ren-
ração e Apoio a Projetos de Inspi-
da para uma minoria e da pobre-
ração Alternativa - criou, para ser-
za para a maioria.
vir como um instrumento, entre
No campo, a luta pela terra
outros, a pub intitulada licação
vem mobiliza--se desdobrando em
Prosas e Deb eu primeiro ates. S
ções as de crédito adpor linh equa-
número, "Viab onômica ilidade ec
das liar. Associ-à agricultura fami
de empreend ocia-imentos ass
açõe rativas, sindicatos e coope s de
tivos I: puxan da", do o fio da mea
trab cultalhadores rurais e agri ores
resulta da siste s tra-matização do
fami de liares se vêem diante no-
balhos de asse ue a Capi-ssoria q
vos respeito à desafios com pro-
na vem reali ongo dos zando ao l
duçã como, beneficiamento e er-
últimos dez anos.
cializa
ç
ão de seus
p
rodutos.
VOCÊ SABIA?
A berinj ciona como ela fun
Hoje ultrapassa 700 milhões
diurético, es as fun-timulando
o n telefôúmero de ligações ni-
ções do fígad ução de o e a prod
cas uro entre os EUA e a E pa.
bílis. També a a diminuir m ajud
Em pe 1960, elas foram a nas
o nível de colesterol no sangue.
dois milhões.
2
^
SAI DESSA
Com um lapis, partindo do centro
do labirinto, procure a saída sem cruzar as linhas.
Agulha sem fundo não arrasta linha.
Sou compositor, nasci em Garanhuns
(PE), numa família em que o pai, médico,
era amante da música, e a mãe, nos seus
bordados e crochés, uma artista.
Até hoje me lembro de um verso que
Preto Limão cantava - Preto Limão,
quando chega na cidade com seu bigode
bem feito de "Gulora do Goitá". Era mui-
to musical. Ouvia também, na Rádio
Difusora de Garanhuns, as músicas dos
anos 60. Gostava de Miltinho, Helen de
Lima, e fiquei deslumbrado com os
Beatles."
Aos 15 anos minha família se mudou
para Recife e comecei a aprender violão,
que era o sonho dos adolescentes da mi-
nha época. Nas rodinhas de amigos co-
mecei a ficar conhecido e fui chamado por
Robertinho de Recife para integrar um
conjunto de bailes. Tocamos juntos até
meados dos anos 70.
Em 1978, quando vim para o Rio,
comecei a compor. Minha primeira mú-
sica foi gravada pelo MPB4 em 81, e o
primeiro sucesso, por Joana. Algumas
parce ldo Azevedo, Renato rias com Gera
R o são desse och Fernanda e Carlos
tempo.
Ser compositor no Brasil, ou em qual-
quer lugar do mundo, sempre foi muito
difícil, porque a mídia e a indústria da
no intérprete e sica centram sua atenção
deixam or das canções. desconhecido o aut
Mas não me q xo da profissão. Acho uei
que fui escolhid elo destino para exercê-o p
la, porque mi função é alegrar as nha
pessoas e, com a alegria, ensinar que o ess
mundo é belo a ar de tudo. pes
Embora nã enha nenhum benefício o t
tr esmo salário fixo, tenho abalhista, nem m
a satisfação de querido pelas pessoas e ser
sei que me ociedade é muito u papel na s
importante.
A alternativa para o compositor é ser
intérprete de seu trabalho. Agora tenho
essa felicidade: acabo de fazer meu pri-
meiro disco solo e espero que seja bem
recebido pelo público.
A tendência do mundo do trabalho, so-
bretudo em algumas áreas, é a substituição
da força de trabalho das pessoas pelas
máquinas. Esse fenômeno pode até ser
interessante em termos de qualidade de
vida se, concomitantemente, forem pen-
sadas e solucionadas questões como a so-
brevivência, a desigualdade social, a edu-
cação. Mas, quando nos defrontamos com
o grau de exclusão e com a omissão do
Estado, parece utópico pensar que esses
problemas possam ser resolvidos. Essa é,
no entanto, uma condição absolutamente
necessária, senão mais cedo ou mais tarde
isso explode.
VAGA-LUME, 0
CURIOSO INSETO QUE
GERA LUZ
No -Nordeste brasileiro as crianças acre
ditam qu m e os vaga-lumes colocados sob u
copo pe -rmitem encontrar, na manhã seguin
te, uma o moeda junto deles. Na América d
Norte, e e ncontrar um vaga-lume é sinal d
bom pr , esságio. Nunca se deve matá-los
pois estaríamos espantando a "luz" da casa,
luz que, nest fica felicidade. Os e caso, signi
nossos índios têm muitas lendas sobre os
pirilampos. Os Camuirás, por exemplo, di-
zem que o sapo minori, para não ser devo-
rado por um m a onça, rouba as luzes de u
vaga-lum a e: "...abriu o vaga-lume, tirou
lampadaz u inha que ele tem dentro, e passo
nos olho ça s, para ficar luzindo e dar à on
de que e i-le estava acordado enquanto est
vesse dormindo".
45
É sabendo de onde se vem que se pode saber pra onde se vai.
(provérbio africano)
CORRIDA DE TORAS
Corrida de Toras é realizada pe-
los índios Xavante e por outras tri-
bos do Brasil Central. Para os
Xavante, trata-se de uma importante ceri-
mônia da qual participam os mais jovens
da tr para a ibo, celebrando sua passagem
vida adulta. A decisão sobre sua realização,
tomada geralmente na véspera, cabe ao Conse-
lho dos Homens, formado pelos mais idosos.
No dia escolhido, os rapazes vão até o
cerrado, cortam dois troncos de buriti de
aproximadamente 90cm de comprimento.
Ao contrário de outras tribos, os Xavante
não pintam nem ornamentam
Torcida organizada
suas toras. Após o corte, elas são deixadas
na aldeia, no ponto de partida da corrida,
uma de cada lado do caminho que será
trilhado pelos corredores. Pouco depois
do meio-dia, inicia-se a cerimônia na
presença de todos os homens da tribo. Os
participantes suspendem, então, as toras e
as colocam no ombro do primeiro
repr quipes; esentante de cada uma das e
durante o percurso, ele será substituído
por outros sem que a corrida seja inter-
rompida.
O curioso nessa cerimônia é que, em-
bora por times diferentes, seja realizada
A qualidade do que comemos depende,
também, do bom uso e do aproveitamento
de certos alimentos, como talos, folhas, cas-
cas, sementes e farelos que, por desinfor-
mação, muitas vezes jogamos fora. São
muito ricos em fibras, vitaminas e sais mi-
não se trata de uma competição. Cada
A
grupo deve se esforçar ao máximo, mas
nenhum deles deve ultrapassar o outro.
Por isso, não há nenhuma contradição no
fato de membros de times diversos se aju-
darem no curso da corrida. Busca-se, as-
sim, o "desempenho adequado do rito",
que é determinado pelo Conselho dos Ho-
mens, com base na idéia de "equilíbrio e
cancelamento dos opostos". A Corrida de
Toras é também um rito em que os jovens
devem dem s que os onstrar as virtude
Xavante m resistência e ais admiram:
rapidez.
46
nerais e, quan à nossa refei-do acrescidos
ção, são tamb indispensá-ém saborosos e
veis à boa saúde. Nesta edição, seleciona-
SIRVA-SE: TALOS, FOLHAS
mos algumas receitas e dicas criativas para
uma boa alimentação ao alcance de todos
as 65, 70e 86)
47
(págin
E SEMENTES
O importante não é o relógio, são as horas.
(Miliar Fernandes)
A gravidez é época de muitas transformações na
vida, nas emoções, no corpo. Tantas mudanças
geralmente provocam inseguranças e medos. Um
grupo de gestantes que se reúna regularmente para
conversar, seja sob coordenação de um profissional,
seja como grupo de ajuda mútua, é de grande valor
para se viver uma gestação mais saudável e tranqüila.
Ali, cada uma vai percebendo que seus sentimentos,
muitas vezes contraditórios, não são só seus, mas
partilhados por outras grávidas. Isso já resulta numa sen-
sação de compreensão e aceitação.
Entre as mudanças corporais, uma que sempre preocu-
pa as gestantes é a que pode ocorrer com o umbigo: "Será
que meu umbigo vai ficar para fora?" Talvez sim, talvez
não... Mas quem disse que umbigo só é bonito para dentro?
"Se eu mexer no meu umbigo, vai afetar o bebê? Que liga-
ção tem meu umbigo com o bebê?" Nenhuma! O bebê está
ligado, pelo cordão umbilical, à placenta, colada no útero
da gestante, não tendo, portanto, nenhum contato com seu
umbigo.
Nosso umbigo é a cicatriz desse cordão, por meio do
qual nos chegavam o oxigênio e os nutrientes. Quando nas-
cemos, ainda ficamos alguns minutos ligados à nossa mãe
até que ele seja cortado e, então, começamos a nos suprir de
oxigênio sozinhos, pela respiração. Portanto, o umbigo é a
marca s da de nossa primeira relação com o mundo, atravé
mãe, nos-mas também a marca de nossa independência, de
sa primeira separação.
S sci-e o pai do bebê estiver presente no momento do na
mento ssio-, poderá cortar o cordão, sob orientação do profi
nal de neira saúde que estiver ajudando o parto. Será uma ma
de aju ção dar mãe e filho neste primeiro momento de separa
e mar reta car sua presença, iniciando uma ligação mais conc
com seu filho.
O um-utra preocupação freqüente é como cuidar do coto
bilical não do bebê: "Posso dar banho enquanto o umbigo
cai?" ou-Sim, o importante é secar bem a área e pingar um p
co de ãe álcool absoluto para facilitar a queda. Mas, se a m
sente- go-se insegura, pode dar o famoso banho de gato (al
dão o bebê molhado com água), só para refrescar. Afinal
ainda lda e no não corre, não brinca, só se suja na área da fra
pescoço, quando golfa. O importante é que a mãe faça as
coisas do jeito que a deixe tranqüila, pois assim transmitira
tranqüilidade para seu bebê.
Vitória Pamplona
Psicóloga
ORELHAS QUENTES
Se sua orelha
esquentar de
repente, é porque alguém está falando mal de você.
Nesse caso, vá dizendo os nomes dos suspei s até to
que ela pare de arder. Para aumentar a eficiê
UMBIGO DE FORA
A famosa PONTE RIALTO, em
ncia do
contra-ataque, morda o dedo mínimo da
Veneza, foi construída em 1588.0
p
rojeto,
mão es-
querda: o sujeito irá morder a própria língua.
assinado por Antônio da Ponte, venceu um
12
concurso que teve a participação de céle-
bres artistas, como Michelangelo. Até 1854,
essa ponte era a única maneira de os pedes-
O tempo passa mesmo quando a gente não
tres cruzarem o Grande Canal. '
2
dá festa de aniversário.
(Manoela, 7 anos)
FALANDO DA NATUREZA,
Oxóssi é também chamado o "grande axexê"
da nação Kêtu. Essa saudação é pouco conhecida e
algumas vezes causa estranheza, porque axexê, no
candomblé, é o ritual da morte. O que poucos
sabem é que na África - onde a idéia de vida está
sempre ligada à natureza -, a morte está sempre li-
gada à vida, à renovação e ao renascimento. A
palavra "axexê", na verdade, significa começo,
origem.
MINHA PRÓ-
SINTO-ME À VONTADE PARA FALAR DE
pria relação com o universo dos orixás. Sou oluô
por dom - que me foi por eles conferido -, assim
como a natureza me parece também um dom. Dom
de quê?
Do parecer incondicionado das coisas, das
omens.
plantas, dos minerais, dos animais e dos h
Sei que alguns pensadores contemporâneos não
A morte é vista como o começo de uma
destoam deste meu ponto de vista. Um deles, o
nova vida. Ao ser trazido para o Brasil depois da
destruição da cidade de Kêtu e ser aqui cultuado
nas casas de candomblé, Oxóssi passou a ser
considerado o responsável pelo renascimento da
tradição religiosa da cidade de Kêtu no Brasil.
francês Alain Badiou, fala de
physis
ou natureza
como "vocação da presença do Ser, no
modo de seu aparecer". O Ser é na-
tureza, é o "aparecer que reside em Si
mesmo".
Por isso, quando vejo uma ár-
vore, vejo algo essencial, vejo o po-
ema da origem das coisas. Sinto que,
na relação com a Natureza, o homem
deve ser sempre uma eterna criança,
como aquela do mito
do oitavo poema de
O Guardador de Rebanhos,
de
O profes , um sor AGENOR MIRANDA é, hoje
Alberto Caieiro (Fernando Pessoa). O candomblé
dos mais resp ando eitados babalorixás no Brasil. Qu
está estreitamente associado às forças da natureza.
morre um pai ou mãe de santo, é o seu jogo que
Oxum está ligada às águas dos rios, Ossanhe é o
determina o sucessor. Tem sido assim nas três prin-
cipais casas de santo da Bahia: a o Axé Opô Afonjá,
Casa Branca e o Gantois, onde ocupa importantes
cargos.
Mas, devido a sua simplicidade e discrição, foi
como professor do Colégio Pedro II, no Rio de
Janeiro, onde lecionou por 47 anos, que ficou mais
conhecido. Hoje, aos 91 anos, recebe em sua casa
muitos amigos, gente de santo e ex-alunos que vão
em
dono das folhas, Yansã comanda os v ntos e Xangô e
tem como seu elemento as grandes pedreiras nos
morros e nas montanhas.
Nigéria). Atualmente Oxóssi é uma entidade pouco
Apesar de cultuarem vários orixás, as casas de conhecida na Africa, mas no Brasil tornou-se um dos
candomblé têm, cada uma, um orixá que é orixás mais populares, sendo cultuado em todos os
considerado o principal. Nas chamadas casas de segmentos dos cultos ligados às tradições africanas,
candomblé seguidoras da tradição Kêtu, o principal seja no candomblé, seja na umbanda. Em todos eles
busca de seus ensinamentos e conselhos, ou
Oxóssi é o orixá das matas, dos animais selvagens.
orixá é sempre Oxóssi, porque era ele o orixá
simplesmente de uma boa conversa de fim de tarde.
do na cidade africana de Kêtu (atual
cultua
AS REDES DE TROCAS
RECÍPROCAS DE SABERES
s Redes de Trocas Recíprocas de
Saberes (MRERS - Mouvement des
Reseaux d'Echanges Reciproques
de Savoirs) propõem que cada um faça os
A
dos nós, sem exceção, dispomos de saberes
que outros certamente têm necessidade de ad-
quirir. Saberes que ajudam a entender os ou-
tros e ensinam a conviver.
A sociedade será cada vez mais uma
seus pedidos e ofertas de saberes e se
so-
ciedade de aprendizagem permanente. Pod
torne, ao mesmo tempo, professor do que
e-
remos mudar de profissão várias vezes
oferece e aprendiz daquilo que deseja ad-
ao
longo de nossas vidas e precisamos, porta
quirir como saber.
n-
to, e cada vez mais, de cruzar nossos sabere
Um exemplo: Catarina (52 anos) ensina
s
com os de outros.
espanhol a cinco pessoas, entre elas Maria
Teresa (40 anos), que alfabetiza um jovem
Devemos construir sistemas de formação
africano, Câmara ( 19 anos), que ensina cri-
fundados na ajuda mútua, onde todos têm in-
anças e adultos a confeccionarem instrumen-
teresse no enriquecimento intelectual e mo-
tos musicais africanos; estes, por sua vez, se
ral de todos. E, pelo fato de estarmos, ao
propõem ensinar matemática e patinação. E
mesmo tempo, ensinando e aprendendo,
assim por diante, em numerosos grupos que
aprendemos a desempenhar tanto o papel de
se organizam em diversos países. Essa inici-
professor como o de aprendiz.
ativa se difundiu por toda a França, onde teve
origem, e também pela Espanha, Suíça, Bél-
Se todos os cidadãos aceitam partilhar seus
saberes, eles se tomam necessários e, ao mesm
gica, Alemanha, Áustria, Brasil e Burundi.
o
tempo, responsáveis pelas mudanças sociais
Acredita-se que, para se construir uma so-
.
Claire Héber-Suffrin
ciedade possível para todos, é essencial mo-
bilizar a reserva das
Coordenado
riquezas humanas. To-
ra do
MRERS
"POVOS SAO C ARVORES"OMO
Sem raízes, não têm como manter-se e
m m pé. Ainda que não caiam, também não pode
crescer. Encolhem-se, apegam-se aos vestígi e os do passado, metidos nas suas carapaças, e s
definem por oposição a outros povos. Aos q -ue lhes são diferentes. Ou então, perdidos, em
pobrecem a humanidade, dissolvendo-se num universo sem contornos.
48
David Gakunzi
"Aumentam as reclamações
contra os vendedores ambulan-
tes, que são prejudiciais ao co-
mércio, que vendem ilicitamen-
te suas mercadorias e, por isso,
são perseguidos pelas autorida-
des municipais." Isso não é uma
notícia de Recife, de Salvador ou
sobre os camelôs da Praça da Sé,
em São Paulo. Por mais incrível
que pareça, isso é um relato do
que se passa na França, no sécu-
lo XVI, e a respeito do qual
Braudel, um economista francês,
comenta: "a venda ambulante é
sempre uma maneira de contor-
nar a ordem estabelecida do sa-
crossanto mercado, de zombar
das autoridades".
49
ção era distribuída de acordo com as necessi-
dades de cada um.
Assim como Canudos, Caldeirão incomodou pro-
fundamente a cúpula da Igreja Católica e as oligarqui-
as da região que passaram a exigir do governo o fim do
que chamavam de "antro de fanáticos e comunistas".
A destruição de Caldeirão ocorreu em 1937,
40 anos dep mbardeio ois da de Canudos, num bo
em que foram usados aviões de guerra e que pro-
vocou a morte de cerca de 700 pessoas. Consi-
derado o maior massacre da história do Ceará,
Caldeirão foi assunto proibido durante muitos
anos na região do Cariri, onde está situada a ci-
dade de Cr consta nos livros ato e, até hoje, não
didáticos da rede oficial de ensino do Ceará.
Paulo Mota
Folha de São Paulo, 22.02.98
A OUTRA
O centenário da Guerra de Canudos, em 1997,
renovou as atenções dedicadas ao massacre
cometido contra os segui es do beato Annio
O mato alto encobre os gansos mas não consegue abafar os seus gritos.
(provérbio africano)
dor
Conselheiro, mas utro episódio, com um o
características semelhantes, continua desconhecido da
maioria dos brasileiros. Trata-se da história de Caldeirão
da Santa Cruz do Deserto, arraial localizado no
município de Crato (516 km ao sul de Fortaleza) que,
entre 1926 e 1937, chegou a reunir 2.000
p
essoas
sob a liderança do beato José Lourenço, fiel
seguidor do padre Cícero Romão Batista.
A irmandade Deserto, de Santa Cruz do
fundada pelo padre Lourenço, era uma seita de
p
enitentes que via no trabalho uma forma de
salvar a alma. Com o lema "Trabalhar e Rezar",
os penitentes de Caldeirão possuíam uma lógica
coletivista se
g
undo a
q
ual toda a
p
rodu-
Pesquisas arqueológicas permitem afirmar
que os desenhos gravados nas rochas, en-
contrados no Nordeste do país, datam de um
p
eríodo de, no mín nos atrás, imo, doze mil a
até a chegada dos colonizadores.
Tais inscrições rupestres foram realizadas
por índios que habitaram a região e re-
p
resentam aspectos diversos da vida de suas
tribos.
50
ESCRITA DE DOZE MIL ANOS
VOCE SABIA?
O cérebro pesa, em média, 1.330g de
poeira de neurônios e matéria cinzenta do-
brada e redobrada. Toma do n o lugar do co-
ração, o cérebro é reconhecido hoje como a
sede do pensamento e das paixões. Se pu-
desse ser desdobrado e estendido como uma
toalha, ele ocuparia uma superfície de dois
metros quadrados. E o volume do líquido
céfalo-raquidiano é avaliado em cem milí-
metros, ou seja, dois cálices de vinho.
51
AR PERFUMADO
Ferver folhas de eucalipto, além de per-
fumar sua casa, é um ótimo remédio para
as vias respiratórias.
REVOLTA DOS MALES
na do Profeta Maomé poderia triunfar no Brasil.
Na cidade de Salvador, houve levantes co-
mandados pelos Haussa, entre 1807 e 1813, e le-
vantes tendo à frente os Nagô, entre 1826 e 1835.
A grande Revolta Malê ocorreu em 1835, co-
mandada pelo mestre ideológico Elesbão
Dandará, e o último combate se deu na madrugada
de 25 de janeiro, quando as tropas do governo
derrotaram os males.
52
EMPREGO FORMAL DESPENCOU
O número de trabalhadores com carteira assinada
caiu drasticamente em dezembro. Estatísticas do
Ministério do Trabalho divulgadas ontem revelaram
que 335.646 pessoas perderam seu emprego no
mercado formal de trabalho, 19,87% mais do que
no mesmo mês do ano anterior. Ao longo do ano, a
queda foi menor: apenas 0,18% em relação a 1996.
Segundo o secretário de Políticas de Emprego e
Salário do Ministério, as demissões cresceram nos
dois últimos meses do ano por causa do aumento
dos juros, e se concentraram nos setores de alimen-
tação, calçados e vestuário. O movimento foi
intenso na região metropolitana de São Paulo, que
no acumulado do ano perdeu 1,16% a mais de
empregos formais que o Rio, com queda de 0,68%.
O recorde foi batido por Alagoas, com queda de
4,13% no ano, enquanto o Centro-Oeste registrou
crescimento de 1,47%. (JB, 28.02.98)
-Abandonou-te?
- Pior ainda: esqueceu-me. (Mario Quintana)
Os negros muçulmanos que vieram como es-
cravos para a Bahia receberam o nome de "males".
Pertenciam às nações Haussa, Nagô eTapa, e muitos
sabiam 1er e escrever em árabe.
Unidos por laços religiosos, mas subjugados
pela escravidão, os males organizaram uma série de
levantes na Bahia, na primeira metade do século 19,
pois acreditavam que somente com a libertação e a
tomada do poder político é que a doutri-
POEMA SLJO
CONVERSANDO PEIA MUSICA
Café com
pão
Bolacha não
Café com pão
Bolacha não
Vale quem tem
vale quem tem
vale quem tem vale
quem tem nada vale
quem não tem
nada não vale
nada vale
quem nada tem
neste vale nada
vale nada
vale
quem não
tem nada
no v a 1 e
TCHIBUMÜ!
Ferreira Gullar
5
^
som nasce da natureza, com o vento, os tro-
ões, a fala dos animais. A musica, com o canto
dos pássaros. Os homens aos poucos procura-
vam conversar com essa natureza e, ao tentar
imitá-la, criaram seus primeiros instrumen-
tos: as folhas das árvores, dobradas, por onde
tiravam um assobio; ou apitos de barro e flautas
de bambu, por onde tent am imitav ar o canto
dos pássaros. Foram se ap- erfeiçoando e
passaram a criar novos sons.
Nosso país é fantástico na diversidade
de ritmos que traduzem diferentes formas
de estar no mundo, e a cultura das
camadas populares é profundamente
marcada pela linguagem musical. O de-
senvolvimento dos meios de c municação o
de massa quase alijou essa cultura, isolan-
do-a em suas próprias localidades.
Saí em campo à procura dos criadores
dessa linguagem. Encontrei-os nas biroscas
e botequins da Baixada Fluminense, nas
e o progresso, muito diferente das visões
que lhes são impostas.
Isto está sendo registrado na coleção
Cultura Popular da Nova Pesquisa e As-
sessoria em Educação, nos seus dois pri-
meiros volumes: 1 - Movimento de Com-
positores da Baixada Fluminense, e 2 -Da
Quixabeira pro Berço do Rio. Mais impor-
tantes do que esses registros, no entanto,
são os movimentos que estão formando os
cantadores e compositores. Eles reocupam
espaços de sua cultura que estão ligados às
suas vivências e à sua história.
Na Baixada se criou a A.M.C. -Associação
do Movimento de Compositores da Baixada
Fluminense, onde hoje é desenvolvido o projeto
da Escola de Musica, que oferece, às crianças e
jovens de baixa renda, a possibilidade de
desenvolver sua cultura. A A.M.C. dinamiza,
ainda, em sua sede, a Casa do Compositor,
espaço de encontro, criação e apresentação
dos compositores anônimos.
No sertão e recôncavo da Bahia, o Movi-
mento da Quixabeira faz, anualmente, encontros
regionais, abrindo espaços de festas em que
sua cultura musical vai sendo amadurecida
e desenvolvida.
Para se conhecer um povo é fundamental
percebê-lo em sua própria linguagem, e no
Brasil, sem dúvida, a música é a principal lin-
guagem de sua expressão.
Bernard von der Weid
plantações dos pequenos agricultores
do sertão e recôncavo da Bahia e,
mais recentemente, nas viagens ao
longo do Vale do Jequitinhonha,
em Minas Gerais.
A beleza e a diversidade
percebidas naqueles cantos
são iiriDressionan-
tes. Esses trabalhadores
mostram sua maneira
de ver o mundo, de
v conceber a felicidade
Sem música, a vida seria um exílio.
(Nietzsche)
UMBIGO DE GREGO
Para os gregos, o umbigo do mundo era
situado no templo de Delfos. Esse tem pio
era dedicado ao deus Apolo, protetor da
medicina. Foi aí que nasceu a clínica e onde a
Autor de dos ho- mais de 150 livros, era um
medicina transitou de magia para técnica, dos
mens que ma conh . eciam as coisas brasileirasis
deuses para os humanos. O curioso é que
Nascido há um século, professor, historia-
Asclépios, filho de Apolo e deus da medicina,
dor, antropólogo, cons -ultado por muitos, o ali
foi retirado do ventre de sua mãe pelo umbigo,
mento de sua escrita foi e , no início, a vivência d
em "cesariana" realizada pelo próprio Apolo. Se-
infância no sertão nordes pri-tino, cenário de seu
guindo essa história da mitologia grega, pode-
meiro trabalho de pe squisa, Vaqueiros e
mos dizer que a medicina ocidental nasceu no
cantadores, 1939. Depois dedicou-se à literatu-
umbigo do mundo, Delfos, e que o seu deus nas-
ra oral, estudando a poesia dos cantadores e tro-
ceu pelo umbigo de sua mãe, Coronis.
vadores populares e coletando hist -órias, reuni
Outra história referente ao umbigo foi escrita
das em Contos tradicionais do Brasil. Interessa-
p
or Platão, o célebre filósofo grego. Ele conta a
Deus grego, cujo oráculo em Delfos
do na trajetória das tradições popular es, Cascudo
lenda do andrógino (uma criatura com dois se-
era considerado a fonte da sabedoria. Pre-
fez estudos sobre mitologia, cultura material, re-
xos), ser primordial, duplo (o feto e a
p
lacenta),
sidia as artes, a medicina, a música, a po-
ligião e alimentação, além de ensaios sobre o
que foi separado em dois entes pelos deuses, pas-
esia e a eloqüência. Mas, ao mesmo tem-uo,
açúcar e a cachaça, para não falar no Dicionário
sando o resto da vida à procura de sua outra me-
era o portador da morte repentina. Como
do folclore brasile biro, uma de suas o ras mais
tade. O umbigo, essa cicatriz que os humanos
os primeiros gregos não encontravam
conhecidas.
Tendo v
carregam consigo, é considerado a "prova" in-
explicação para a peste, ela era atribuída às
ivido 88 anos, dizia sobre si mesmo:
discutível de que originalmente a criatura huma-
flechas lançadas por Apolo.
"Sou sabidamente uma coisa rara: um elho v
bem humorado."
O homem é como uma bicicleta: parou, caiu.
(L s da Câmara Cascudo)
na era
p
ortadora dos do
is sexos.
MERCADORES DE VENTOS
Por volta de 1634, quando a m olandania da tulipa fez o sucesso da H a,
seus preços ficaram tão elevados que troum pé dessa flor podia ser cado
por uma carruagem nova, dois caval anos e os seus arreios. Os hol deses
daquela época chamavam essa especu tolação de comércio do ven . Fa-
zendo uma comparação com o que se passa hoje, talvez nao seja estra-
nho chamar os atuais especuladores de mercadores de ventos, visto
que os papéis que negociam também não traduzem o valor real da
mercadoria que dizem representar.
49
tivo cacaueiro são miseráveis.
Contudo, sem o esforço dos
meeiros, posseiros e pequenos
produtores da Bahia, os
trabalhadores do porto de
Amsterdã, e operários das fá-
bricas de chocolate do mundo
desenvolvido não teriam
trabalho.
Diante disso, trabalhado-
res em todos os níveis da pro-
dução do chocolate e os
cultivadores de cacau, juntos,
organizaram a chamada Rede
do Cacau. Eles trocam
informações sobre os preços
do cacau e do chocolate no
mercado mundial, sobre os
lucros das grandes compa-
nhias, e analisam as condições
e a remuneração do trabalho
em todos os pontos dessa
rede. Discutem, ainda, o
fortalecimento de sua
capacidade de negociação
junto às empresas e as formas
de ganhar influência na gestão
das mesmas.
Um verdadeiro exemplo
de solidariedade dos trabalha-
dores no plano mundial.
Peter Gelauff
Fundação INZET - Holanda
REDE DO
A maior reserva de cacau do
mun o d está armazenada no
p
orto de Amsterdã, capital da
Holanda, antiga cidade de
comerciantes. São, aproxi-
madamente, 570.000 tone-
ladas à espera da comer-
cialização. Isso é estranho,
p
orque na Holanda, não se
cultiva cacau.
Até bem pouco tempo, o
Brasil-junto com a Costado
Marfim e Gana (países da
África) e a Malásia (na
Ásia) - era um dos maiores
p
rodutores de cacau do
mundo. A vassoura-de-bru-xa
atingiu as plantações da
região de Ilhéus e Itabuna
(Bahia), fazendo com que a
produção brasileira baixasse
consideravelmente, gerando a
piora das condições de traba-
lho e o desemprego de milha-
res de balhadores. tra
Comparados com os tra-
balhadores do porto de Ams-
terdã, das usinas de moagem
e das fábricas de transforma-
ção do cacau na Euro
p
a e nos
Feito com um pedaço de cabaça, trançado e alça de vime, o Estados Unidos, os salários e
CAXIXI, instrumento de origem desconhecida, é usado com habili-
condições de trabalho no cul-
dade nas rodas de capoeira pelo mesmo tocador do berimbau.
Quem
que ajunta, no escuro, o que no claro vai aparecer?
(Guimarães Rosa)
Um jogo disputado na
China, no ano 2500 a.C, é
conside taravô do rado o ta
futebol. O imperador Huang Ti criou uma maneira
de treinar seus soldados. Eles tinham de chutar
uma pelota de couro entre duas estacas cravadas no
chão. Outro jogo bastante parecido, o epyskiros,
era praticado em Esparta, no século 1 a.C, por
equipes de quinze atletas. Chutavam uma bexiga
de boi cheia de areia.
Na Idade Média, na Itália, o gioco dei cálcio
reunia equipes formadas por 27 jogadores. O gol
era marcado quando a bola passava por cima de
dois postes. Na segunda metade do século XVII,
ingleses refugiados na Itália, partidários do rei
Carlos II, levaram o cálcio para a Inglaterra, quan-
do seu soberano foi restaurado no trono.
55
Atirei um limão na água
Para os peixinhos se alertar
E chamar a atenção de minha amada
Para comigo se casar
José Alves Silva Filho
Aluno da Alfabetização de Adultos
Escola Senador Correia, RJ 1997
Já se disse que as grandes idéias vêm ao
mundo mansamente, como pombas. Talvez,
então, se ouvirmos com atenção, escutaremos
em meio ao estrépito de impérios e nações,
no discreto bater das asas, o suave acordar da
vida e da esperança. Alguns dirão que tal es-
perança jaz numa nação; outros, num homem.
Eu creio, ao contário, que ela é desperta-
da, revivificada, alimentada por milhões de
indivíduos solitários, cujos atos e trabalho, di-
ariamente, negam as fronteiras e as implica-
ções mais cruas da história.
Como resultado, brilha por breve mo-
mento a verdade, sempre ameaçada, de que
cada e todo homem, sobre a base de seus
próprios sofrimentos e alegrias, constrói
para todos.
Albert Camus
Queremos a ilusão do grande mar, multiplicada em suas malhas de perigo.
(Cecília Meireles)
O PONTAPÉ
INICIAL
no entanto, é o dragão. Desde os primei-
Filhos de uma das mais antigas e
ros tempos, transformou-se num emble-
avançadas civilizações do mundo, os
chi
ma do poder imperial e, como criatura
neses deram imensas contribuições à
históri
mitológica e fantástica, simboliza a for-
a dos homens. Por exemplo, o
desen
ça, a sabedoria e a autoridade. Sua for-
ma ameaçadora reúne o melhor das fei-
ções de diferentes animais: cabeça de ca-
volvimento de tecnologias
sofisticadas como moldes para o bronze
fundido, produção de porcelana e
tecelag
melo, barriga de molusco, garras de
em de seda fizeram, durante um
águia, chifres de carneiro, orelhas de
p
eríodo
,
a fama da China no
vaca, patas de tigre e
mercado mundial.
E
p
escoço de serpente.
algumas inven-
çõe
Impressionante e
s e descober-
ta
inesquecível.
s, como o papel
e a pólvora, mu-
daram a história
da humanidade.
O que mais
identifica a China,
ACORDAR DA VIDA
6
S
A
Os espanhóis traçaram outra rota: navegando para o ocidente,
Em meados d rabes tom o século XV, os á Cons- aram
queriam chegar às índias, no oriente. Deram com a América, no
tantinopla, an Romano o Otiga capital do Império riente. d
meio dos oceanos, [mediatamente, também, os portugueses vie-
C o há ortugal e Espou de Pco haviam sido expulsos panha, om
ram ocupar parte destas tenras. E foi assim que as rotas comerci-
não perm us por seus domitiam a passagem desses europe ínios,
ais do século XVI, que ligavam os diversos continentes pela na-
comerciando ape os. Assim, imnas com os venezian
p
edidos de
vegação marítima, deram partida ao longo percurso histórico que
chegar por te rtugueses rr s poa às índias e à China, o
b
uscaram o
hoje chamamos globalização.
56
(Ver páginas 64 e 66)
caminho marítimo
,
nave
g
ando
p
ela costa da Africa.
inal de pé na água? Não fica marcado.
(provérbio africano)
1492
Espanhóis chegam à América
Três horas da tarde. Centro do Rio. As calçadas se
estreitam por todo lado com as tendas de camelôs.
Roupas, incensos, bijuterias, despertadores de plástico
que apitam a todo instante, concorrendo com os pregões
da rua.
Dona Marcelina Carmo de Andrade é sergipana
de São Cristóvão, da roça. "Com nove meses, fiquei
sem a visão e, quando deu, parti para estudar no Insti
tuto de Cegos da Bahia. Fiz até o I
o
grau. Depois a
dificuldade de emprego foi grande. Fui para São Pau
lo com 25 anos, e me casei com um moço que tam
bém não enxerga. Depois vim para o Rio e até hoje
vendo essas mercadorias aqui. Faz 27 anos que eu tra
balho na rua. Dá para sobreviver. Só que nesse ponto
faz pouco tempo que eu estou: uns cinco anos. Que a
gente muda de ponto. Conforme a fiscalização vai mu
dando, a gente vai mudando também. A fiscalização é
um grande problema entre a gente. Ano passado deu muita
confusão, mas atualmente eles têm deixado só nós defi
cientes aqui trabalhar. Já tive carteira assinada na fábrica
da DeMillus, mas ganhava 120 reais. Vou falar a verdade:
eu gosto mais de trabalhar assim como camelô porque
fico mais à vontade. Lá a gente fica muito presa; a gente
não enxerga e mistura com as pessoas videntes, é muito
ruim. As pessoas não dão muitas oportunidades para os
deficientes e o salário do brasileiro é muito pouco. Se eu
ganhasse um salário que desse para uma pessoa viver,
não ia mais trabalhar, porque já fiz 60 anos, ando doente,
arrasto um cansaço."
"A venda está fraquinha porque o povo não tem di-
nheim ' ', comenta dona Aglaide Guanabara, amazonense
de 55 anos, desde os oito no Rio. "Quando era moça,
trabalhava de caixa, pois tenho o ginásio co o. mplet
Eu me casei efiti ser camelô. Depois fui para a loji-
nha, não deu certo. Voltei a ser camelô, há três anos.
Com a carteira assinada, você só tem aquele dia
para receber. E trabalhando por conta da gente, é
pouquinho, mas todo dia tem dinheiro na mão. An-
tes, eu ganhava bem mais como camelô, sem com-
paração. Mas esse desemprego todo no Brasil, hoje,
está abalando a venda da gente à beça. Estou con-
cluindo que esse Plano Real só veio para derrubar
o pobre, porque o povo só anda endividado, recebe
só para pagar."
"Se eu pudesse falar com o presidente, ia dizer: o
Plano Real só foi bom no começo. Hoje em dia a
gente passa mais dificuldades do que antes", emen-
da Maria Francisca. "Agora está muito ruim para
viver. Aqui na rua a gente não sente nada. Está tudo
ruim, tudo parado. Dizem que o dinheiro está valo-
rizado, ah, não está não. Mas não está mesmo! Você
vai no supermercado com 50,30 reais, não traz nada.
Estou aqui nessa luta do Rio faz 15 anos. Vim do
Pará em 22 dias de viagem num desses navios Ita.
E aqui, com dois anos, me casei. Depois me
separei, tornei a casar, fui trabalhar na Cibrazem.
Eu tinha uma cantina lá dentro e em troca fazia o
café dos funcionários. Nunca trabalhei com
carteira assinada. A gente vivia bem, eu não sabia
o que era dureza. Quando o Collor veio, a cantina
fechou porque disse que estava dando prejuízo
para o governo. Fiquei 22 anos lá. Não tinha para
onde ir, que eu já estou com idade, aí vim para a
rua. A gente tem que trabalhar... fazer o quê?"
Você me abre seus braços e a gente faz um país.
(Marina Lima)
1497-99
Conversa de camel
ô
Vasco da Gama faz a primeira via-
gem européia de ida e volta à índia
1519-21
Primeira circunavegação da Terra por um
barco da frota de Fernão de Magalhães
1815
Congresso de Viena redesenha o
mapa da Europa
1818
Grã-Bretanha consolida seu controle
sobre a índia
1825
Primeira ferrovia, na Grã-Bretanha
1874
Alexander Graham Bell patenteia o
telefone
1884
Congresso de Berlim formaliza par-
tilha da África
1895
Guglielmo Marconi inventa o telé-
grafo sem fio
1913
Henry Ford estabelece a linha de
montagem
1920
Estabelecimento da Liga das Nações
após o fim da Primeira Guerra Mun-
dial (1914-1918)
1929
Quebra da Bolsa de Nova York pre-
cipita a Grande Depressão
1936
Primeira transmissão de programas
de televisão, no Reino Unido
1937
Desenvolvimento do primeiro motor
a jato
1944
Reunião de Bretton Woods desenha
formação econômica do pós-guerra
(continua
na
página
66)
FERRA EM QUE NINGUÉM ANDA
PÓ DE FOLHAS
À escuta do corpo, o cérebro or-
dena comportamentos muito preci-
sos: um homem com fome busca co-
A folha da mandioca é uma das maio-
res fon
mer; o ferido que sangra tende a be-
ber líquido para controlar a diminui-
ção do volume sanguíneo. Há um co-
mando para cada reação em perma-
nente vigilância.
Mas, apesar de todas as descober-
tas tecnológicas, dos instrumentos elé-
tricos e eletrônicos de leitura do cére-
bro, que conseguem localizar e flagrar
o tipo de atividade mental de uma pes-
soa, ainda não se consegue 1er o con-
teúdo do
tes de vitamina A e sais minerais, o
que a torna um poderoso complemento
nutricional. Devido a sua alta concentração
de ácido cianídrico, deve ser desidratada
para consumo.
O modo de fazer é simples: lave bem as
folhas e deixe-as secar à sombra por apro-
ximadamente sete dias. É importante que
conservem o aspecto verde-escuro. Depois,
è só pilar ou bater no liqüidificador, penei-
rar e guardar em vidro. O ácido cianídrico
seu pensamento. Tranqüi-
é inativado por esse processo. Recomenda-
lizemo-nos porque o coração e o pen-
samento ainda são mundos privados.
5
'
se uma pitada de três dedos, cerca de 1,5
gramas por refeição.
Além da folha da mandioca, outras folhas
escuras como o caruru, taioba, bredo, língua-
de-vaca, folha de batata-doce, de cenoura, abó-
bora e beterraba são ricas fontes de vitamina
A, vitaminas do complexo B, vitamina C, além
de ferro e cálcio. Essas podem ser cozidas, ou
refogadas diretamente, dispensando o proces-
so de secagem.
47
ONTEM OU HOJE?
"Tudo o que era sólido desmancha no ar,
tantes, ae climas os mais aiversos. No lugar aa
tradicional
tudo que era sagrado éprofanado (...). Ao in-
auto-suficiência e do isolamento das
vés das necessidades antigas, satisfeitas orp
nações surge uma circulação universal, uma
interdependência geral entre os países." Ma
produtos do próprio país, temos novas deman-
rx
e Engels, 1848
das supridas por produtos dos países mais dis-
Filho de peixe faz bolhinha n'agua.
1945
Estabelecimento das Nações Unidas
após a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945)
1946
Desenvolvimento do primeiro com-
putador eletrônico
1947
Independência da índia e do Paquistão
Plano Marshall canaliza recursos dos
EUA para a reconstrução da Europa
Doutrina Truman cria as bases da
guerra fria
1949
Formação da OTAN, a aliança mili-
tar liderada pelos EUA
1955
Formação do Pacto de Varsóvia, ali-
ança militar liderada pela URSS
1957
Tratado de Roma inicia a formação
da Comunidade Económica da União
Européia, atual União Européia
Início da descolonização da África
Subsaariana
Lançamento do primeiro satélite ar-
tificial
1961
Construção do Muro de Berlim
1969
Criação da Arpanet, precursora da
Internet
1973
Crise do petróleo precipita recessão
mundial 1987
Crash das Bolsas de Valores
1989
Queda do Muro de Berlim
Surgimento da World Wide Web,
braço multimídia da Internet
1991
Desintegração da União Soviética
1995
Formação da Organização Mundial
do Comércio
56
O período de crise na França
do século XIX foi responsável
pela transformação da lesma, ou
caracol, no requintado escargot.
Na falta de alimento, o povo
apelou para o molusco, criando
molhos que refinaram
surpreendentemente o prato.
Com o sucesso, as lesmas quase
desapareceram. A partir daí,
Nasceu empelicado? Sujeito
feliz na vida, encontra tudo fácil,
conquista posições e fortuna sem
esforço.
Chorou na barriga da mãe?
Pessoa atilada, esperta.
Enganou a parteira (nasceu
a França passou a investir em
criações em cativeiros.
antes que a parteira chegasse)?
Sujeito safado, escovado.
Nasceu de dia e de olhos
abertos? Menino vivo, inteli-
gente.
Nasceu "berrando"? E porque
será valente.
Há um Brasil onde a vida
transita em camadas do tempo,
como um mergulho num álbum
de fotografia. Um mundo
povoado por andarilhos do
trabalho. Gente em constante
vai-e-vem, mas invisível numa
modernidade em que o manual e
o artesanal deixaram de ser
passaporte para o mercado e a
cidadania. Gente que sobra.
Peregrinos de uma vaga, para a
única ferramenta de que dis-
põem: as próprias mãos. É o baú
de nossa história, o entron-
camento entre um passado que
ainda pulsa e um futuro que
avança cortante e seletivo como
um ponto final. Rostos, mãos,
braços, relevos ásperos e rugosos
destoam da emergente textura
digital. Aqui, o Brasil prolonga
sua despedida de uma identidade
que se dilui e remói uma
pergunta que o país moderno não
consegue responder. Como inte-
grar um futuro liso e estreito,
esse universo retorcido e
desigual que reúne o espólio do
passado?
28
Não chores, pois tuas lágrimas cobrirão as estrelas.
(pára-choque de caminhão)
ANDARILHOS
SAI LESMA,
DO TRABALHO II
ENTRA O ESCARGOT
No MAR MORTO, a concentração de sal é até dez vezes maior do que
nos oceanos. Em cada cem mililitros de suas águas, há de 30 a 35g de sal.
Nos oceanos, esse número não passa de 3,5g. Os peixes trazidos pelo rio
Jordão, ao caírem no mar, têm morte instantânea -apenas algumas bactérias e
plantas que ficam nas margens conseguem sobreviver. Por isso, ele recebeu
o nome de Mar Morto.
12
SORTES DE NASCENÇA
Para conhecer as práticas sexuais e
rep er-rodutivas das mulheres p
ten ais centes às Comunidades Eclesi
de ento Base (CEBs) e seu posicionam
em re postura da Igreja, a lação à
soció denou loga Lúcia Ribeiro coor
uma Nova pesquisa na Diocese de
Iguaçu entrevis-, na Baixada Fluminense,
tando mulheres. 265
O dro em s resultados revelaram um qua
que co e prá-incidências e divergências entr
ticas e maioria discursos estão presentes. A
das ent associa a vida sexual ao revistadas
matrim as do ônio - de acordo com as norm
catolici to no nú-smo -, mas há um aumen
me ro de relacionamentos sexuais fora do
casam e mães ento; por sua vez, o número d
soltei % da ras (7,28
amostra), embora
reduzido, é
significativo.
A importância da
maternidade é um
dado inegável; entre-
tanto, o desejo de con-
trolar o processo
reprodutivo também é
forte: entre as entrevis-
tadas, aproximada-
mente 80% utilizam
métodos anticoncep-
cionais (pílula: 80%;
preservativo: 44%). Já
os métodos Ogino/
Knauss e Billings - os
únicos admitidos pela Igreja - são bem
menos utilizados. Além disso, na amos-
tra, 37,2% declaram ter-se esterilizado;
entretanto, cerca de metade das entre-
vistadas desconhece a proibição eclesial
a respeito.
A grande maioria se posiciona contra
o aborto; mas um número significativo
(40%) o aceita em casos especiais (risco
de vida da mãe, estupro, doenças do feto).
Uma pequena parcela chegou à prática: 40
das entrevistadas provocaram aborto.
A pesquisa mostra um quadro complexo
e contraditório, onde há coincidências e
divergências entre as normas da Igreja,
as práticas das mulheres e suas
próprias opiniões. A rápida transforma-
ção dos padrões de com-
portamento, nessa área,
atinge também as mulhe-
res das CEBs. Na busca
de articular valores éticos
com as exigências da so-
ciedade contemporânea,
a fidelidade à Igreja não
se reduz, para elas, à obe-
diência a normas prees-
tabelecidas, mas implica
um esforço permanente
por traduzir para a vida
cotidiana os valores cris-
tãos fundamentais.
Lúcia Ribeiro
51
MAXIXE: UMA DANÇA
PROIBIDA
Tendo surgido no Rio, no final do século passa-
do, essa dança de coreografia desabusada, com seus
requebros e reboleios lascivos, foi, juntamente com
o tango argentino, proibida pelas autoridades eclesi-
ásticas do Brasil e de outros países.
Apesar da proibição, o maxixe virou coqueluche
nos salões do Rio de Janeiro, a então capital da Re-
pública, e avançou triunfante até fins das três pri-
meiras décadas deste século. Nesse período, conquis-
tou também os salões da Eu ganhou fama em ropa e
Paris. O eco dessa conquista retornou ao Brasil e
empolgou ainda mais o Rio de Janeiro, que j se en-á
tregava por inteiro a essa dança excomungada.
58
Gente é pra brilhar.
(Caetano Veloso)
MULHERES CATÓLICAS E
PRÁTICAS REPRODUTIVAS
EUSAO DE ÓTICA
Primeiro olhe fixamente para o centro
das rodas da bicicleta, depois faça um mo-
vimento giratório com a gravura e você te
a impressão de que a bicicleta está em
movimento.
59
AS REGRAS
O futebol começou a evoluir na In-
glaterra, mas suas regras variavam mui-
to. De 1810 a 1840 surgiram inúmeras
regras que recebiam os nomes dos colé-
gios onde o jogo era praticado. A ques-
tão se resolveu em 1848, numa confe-
rência em Cambridge, onde se estabele-
ceu um código único que serviria de base
às leis atuais.
55
Querer-bem não tem beiradas.
(Guimarães Rosa)
TOULOUSE: UMA IRRIGAÇÃO
SOB MEDIDA
Desenvolvido pela Esta-
ção Agronômica de Tou-
louse (França), o sistema
tem a vantagem de evitar
uma irrigação desnecessária.
EPIC (Calculador do
Impacto da Erosão na
Produtividade ou Erosions
Productivity Impact
Calculator) é um programa
Basta fornecer ao computa-
de computador que permite
dor os dados relativos a
composição do solo, nature-
za da planta, condições cli-
máticas presentes e passadas,
e ele fará o cálculo da
conveniência da irrigação.
economizar muita água.
Destinado a agricultores, é
usado para se saber quando
as plantas, como o milho, a
soja e o trigo, estão com
sede.
OS MALES E 0 PATUÁ
zer consigo, como o podendo tra
árabes um fio de barba de do deserto,
profeta, os negros muçulmanos que vie
ram como escravos para o Brasil tinhan
entretanto os seus talismãs - trechos da:
suratas do Alcorão copiados em pedaço;
de papel e metidos num pequeno saco
p
endurado ao pescoço. Mesclado ao há
bito católico dos escapulários e ao hábi
to banto dos iteques, nota-se ainda hojs a
influência malê no hábito dos negro; de
trazerem ao pescoço orações milagro sas
e de proteção, os patuás.
60
O UMBIGO RITUAL
O ixé, segundo a tradição do
candomblé, é o local onde está en-
terrado o axé principal de um ter-
reiro. Na forma de um mastro, ele
geralmente ocupa o centro do bar-
racão, sendo considerado um elo
O projeto Bode Escola tem como objeti-
de comunhão com os orixás. É a
vo atuar na p
ponte, o vínculo estabelecido en-
tre a terra - terreiro - e a natureza
- morada dos orixás. É também
considerado o umbigo ritual, pois
é ao redor do ixé que são realiza-
das em todas as danças cerimoniais
for iciam ma de roda. Quando se in
as cerimônias públicas, além dos
cumprimentos aos atabaques, os
iniciados mais antigos da casa -
os ogãs, as equedes e os dirigentes
do terreiro - devem reverenciar o
ixé, po
revenção do trabalho infantil e
na geração de renda para as crianças e suas
famílias, possibilitando que as crianças
retornem à escola e contribuam na renda fa-
miliar. Desenvolvido em parceria com insti-
tuições, sindicatos e a OIT (Organização In-
ternacional do Trabalho), teve início no mu-
nicípio de Retirolândia, região semi-árida
da Bahia, atendendo a 31 famílias que rece-
biam, cada uma, um núcleo de caprinos (5
cabras). Atualmente são 60 famílias e cerca
de 400 cabras buídas. O projeto tem tido distri
bastante êxito. Ei-lo contado em verso:
is é por intermédio desse
Trabalhavam o dia todo E
mastro sagrado que se mantém a
o cansaço não permitia
No município de Retirolândia
Mais carne, mais leite Mais
união do axé do terreiro com os
Davam duro o dia todo Pra
Há três anos passados Havia
tempo pra ser vivido Mais
orixás.
61
O que está sendo chamado
de globalização é uma exigên-
cia do funcionamento da eco-
nomia capitalista que, por ope-
rar exclusivamente com a cir-
culação financeira, precisa
anular as distâncias espaciais
e as diferenças temporais.
Marilena Chauí
Guarda teu coração acima de tudo, porque dele provém a vida.
(Prov. 4,23)
ganhar uma besteira Dois
muitos meninos Pegando no
alegria nos olhos Desse povo tão
reais por semana Dentro de
pesado Trabalhando no
sofrido
uma batedeira E no campo
sisal E sendo cruelmente
Termino aqui esses versos
dez reais Para uma família
explorado
Tendo que muito sintetizar O
inteira
Então algumas entidades
Juntamente com o sindicato
Tomaram algumas decisões
E um projeto foi enviado
Chegando na OIT Ele foi
logo aprovado Tirar as
crianças do trabalho Era a
nossa filosofia Pois a
atividade no sisal Ir pra
escola não podia
projeto é bem grande Com
Bom que as crianças agora
Tem tem
muito pra se contar Querendo
po pra estudar Ajuda
os pais no
mais informação É só nos
criatório Sem com
isso preju
contatar
dicar Sua formação,
nem seu
Orlando Freire, "Zé Carneiro"
corpo E não se
deixam explorar
A melhor
En
g
enheiro A
g
rônomo da
ia acontece
Em quase
Equipe Agrícola do MOC e
todos os sentidos
assessor do STR de
Retirolândia
Muitas vezes
jogadas fora, as
sementes têm o
seu potencial
nutritivo despre-
zado. Mas
sementes de
abóbora ,
jaca, melão,
caju,
melancia,
girassol, amendoim
e gergelim contri-
buem com inúmeros
nutrientes para a boa
alimentação.
Quando torradas e salg
SEMENTES
parasitoses, as doenças da modernidade (hi-
De omo sde os primeiros anos de faculdade, notei c
somos direcionados a escolher uma especialid
p
ertensão arterial, diabetes, câncer, violência), os
ade.
Comigo não foi diferente. Pensei em f
maus hábitos de vida e o descaso dos pro-
azer
neurologia, depois, gastroenterologia
fissionais de saúde. Precisava mudar.
ou
pneumologia. Por fim, próximo à formatura e à
decisão do meu futuro profissional, es
Solução que encontrei: fazer o Curso de Saúde
tava
completamente confusa: gostava de v
Pública na Escola Nacional de Saúde Pública.
árias
especialidades e achava tudo muito importa
Quem sabe, entendendo melhor o sistema, o
nte.
Resolvi trabalhar mesmo sem especialida
mundo, a cultura das pessoas, a epidemiologia, a
antropologia e a sociologia, eu pudesse encontrar
de,
uma vez que todos os que estudam medicina
respostas aos meus questionamentos. O co-
são,
"teoricamente", médicos generalistas e, por
nhecimento da população, de doenças mais
ex-
tensão, estão aptos a exercer a profissão.
Fui para uma pequena cidade do norde
adas,
servem como "tira-gosto"
prevalentes, suas condições de moradia, de tra-
, ou
podem ser consumidas, em
balho e lazer, sua cultura, e ainda suas dificul-
ste
do Paraná. Cedo descobri com
pe-
quenas porções, junto com a
dades em se adaptar aos tratamentos me qualifi-
o esse tal de
s re-
feições diárias.
Para usar, é só lavar bem
cavam muito mais para o atendimento das pes-
soa
, co-
locar sal e secar por 24 horas.
47
Não existe nada permanente, exceto a mudança.
(Heraclito)
s. Hoje, co que nãposso afirmar que o médi o
entender iss burocrata do estará sendo mais um a
medicina, e não um médico.
Tudo iss novidade, nem é um privilégio o não é
meu ou foi é, hoje, um descoberto por mim. Esse
pensamento de. Países mundial em políticas de saú
em diferent ento e de es estágios de desenvolvim
diversas ten Canadádências, como a Inglaterra, o ,
o Chile e há muitCuba, já descobriram isso o
tempo. Val ral e com issoorizam o clínico ge
apresentam ces de qualidade em saúdíndi e
exemplares claro, deno mundo inteiro. Além, é
diminuírem os gastos nesse setor.
Sônia M. Coutinho
M
generalista é desvalorizado profissionalmente,
tanto pelo sistema de saúde, quanto pelos
colegas e mesmo por alguns pacientes. E que
b
om é aquele médico que pede muitos exames
JOGO DO PALITO
Resposta da página 47
e sabe tudo a respeito de um determinado ór-
gão. Mas a prática do consultório me mostrava
o contrário: quanto mais eu conversava e
examinava o paciente, mais o a, mais conheci
conhecia a sua família, seus "modos" de vida e,
melhor, compreendia a realidade que o cercava,
seu sofrimento. Comecei a me sentir entediada,
cansada de não conseguir resolver os
problemas dos meus pacientes. Reconhecia
também neles uma insatisfação com problemas
que não chegavam ao fim, como as
édica
MNEGA
Mãe sem marido, avó do universo.
Senhora da alvura.
Nana, a de rosto sempre coberto.
Ó poderosa
dona dos cauris, filha do grande pássaro
Atioró.
Água.
Lama.
Morte.
Mãe de segredo
do mundo.
O úmido.
O que flui.
Água.
Lama.
Filhos.
Teus gestos
lentos
no fundo
da água escura
Ricardo Aleixo
62
Com a
televisão e o
correio
eletrônico, as
pessoas do
mundo todo podem estar diariamente em
contato umas com as outras. Um terremoto na
Itália, um incêndio na Indonésia ou a visita do
Papa a Cuba, tudo isso pode ser acompanhado
no exato momento em que acontece. Parece
que o mundo está ficando cada vez menor.
ia Nega é uma
vida, um passado,
uma alegria.
"Eu estou velha sim,
mas ainda faço muitas
coisas, graças a Deus. Eu
sou pobre, honesta e
humilde; não acho que
ninguém seja melhor do
que eu."
Maria das Mercês
Trindade nasceu em Rio
Doce, Minas Gerais, a
27 de setembro de 1905. Adorava seus
bordados e crochés. Um dia, assim, ensaiando
aos poucos, começou a pintar.
- Tia Nega, isso é um retrato?
- Que retrato, menina! Isso é um pensa-
mento! E eu sei lá fazer retrato?
Em 1976, um de seus trabalhos foi im-
presso, na França, como cartão de Natal.
0 MUNDO, UM POVOADO SO?
Com essos mesmos meios de comuni-
cação, os executivos dos bancos e das gran-
des empresas internacionais, sentados atrás
de suas mesas, podem comprar produtos nos
Estados Unidos, contratar trabalhadores no
Brasil e negoc Tóquio. iar ações na Bolsa de
Assim, decisõ das em
es econômicas toma
Vida? São tristezas, saudades, alegrias. Pra que mais?
(Tia Nega)
T
Em 1979 e 1980 fez exposições individu-
ais na "Tenda", em São Paulo. Em 1981 e
1982, participou de coletivas: uma de traba-
lhos sobre tecidos e outra sobre arte
primitivista, no Centro Cultural de São Pau-
lo. Possui trabalhos no Museu de Arte
Primitivista de Assis, São Paulo.
Há poucos anos, nos deixou. Foi pintar as
estrelas, as montanhas e os pensamentos do 1
Céu.
63
Nova Iorque, Bruxelas ou Hong Kong po-
dem afetar nossa vida que está, geografica-
mente, longe desses centros. Esse fenôme-
no se chama 'globalização'.
Margriet Poppema
Técnica do INDRA/Univcrsidade de Amsterdã
A Zona Oeste de Montevidéu é muito
extensa e se caracteriza por sua grande
heterogeneidade. Ali, como em nenhuma
outra região, estão conjugados o urbano e
o rural.
Na região que margeia a costa do Rio
da Prata, a pesca artesanal é a principal
atividade produtiva mas, na grande área
rural, se trabalha a terra. Ali se produzem
57% das hortaliças do país. Cultivam-se
flores e frutas, há importantes vinhedos,
criam-se cabras para a produção de
queijos...
As pequenas empresas familiares de
confecção de conservas e artesanatos são
uma alternativa ao desemprego resultante
do fechamento de muitas grandes fábricas
- as que permaneceram ocupam, funda-
mentalmente, habitantes da região.
Durante mais de sete anos, trabalha-
mos com grupos de moradores que bus-
cavam dar uma resposta coletiva a neces-
sidades básicas insatisfeitas por meio da
dinamização de processos educativos. A
alimentação das crianças e a saúde se
mostraram, de início, as mais mobi-
lizadoras. Mas, progressivamente, o tra-
balho foi aparecendo como um problema
e como uma necessidade de muitos, tanto
pela dificuldade de se conseguir emprego,
como por suas condições.
Nesse caminho chegamos a formular
um Projeto de Desenvolvimento Local
para a Zona Oeste de Montevidéu,
convencidos de que nessa diversidade
produtiva estaria o grande potencial de
recuperação da região. Recentemente,
comemoramos o encerramento do
primeiro dos três anos de duração do
Projeto com a realização de um grande
Fórum e Feira de que participaram,
durante quatro dias, mais de 5.000
pessoas.
"O Oeste se mostra, propõe e cons-
trói" foi o lema eleito pelos grupos.
Mostrar-se, conhecer-se e reconhecer-se
uns aos outros como vizinhos, como pro-
dutores, como jovens, como mulheres,
com diferentes identidades e trajetórias.
Propor significa pôr em comum as
idéias e os sonhos de cada um para, a
partir daí, começar a formular propostas
assumidas coletivamente a serem
apresentadas aos organismos responsá-
veis. Criou-se um grupo dinamizador do
Projeto, integrado por moradores vincu-
lados a diferentes setores produtivos e
por representantes do governo local, com
os quais avançamos rumo à construção
de uma economia local e solidária.
Bernarda Monestier
Técnica do Instituto do Homem - Uruguai
"O OESTE SE MOSTRA,
PROPÕE E
0 PRIMEIRO JOGO
O primeiro jogo no Brasil foi disputa-
do em 14 de abril de 1895, na Várzea do
Carmo, em São Paulo, área que naquele
tempo era periodicamente inundada pelo
rio Tamanduateí. As duas equipes eram for-
madas por ingleses radicados na capital
paulista.
Placar do jogo:
São Paulo 4X2 Companhia
Railway de Gás
55
0 RELÓGIO
Como dividir este relógio de forma
que a soma de cada parte seja sempre a
mesma? (Resposta na página 74)
O direito do outro é como brasa: se o reténs, ele te queima as mãos.
(Provérbio africano)
O SEQÜESTRO DAS SERINGUEIRAS
Em 1876, um inglês de nome
Henry Wickham encheu o barco SS
Amazonas com 70.000 sementes de
borracha Hevea brasiliensis (nome
científico da seringueira) e retirou a
carga às escondidas do Brasil.
Quando a aduana de Belém
perguntou a Wickham que carga
levava, ele mentiu, dizendo: "Tudo
o que tenho a bordo são plantas
botânicas muito delicadas para os
jardins reais de Kew de nossa
majestade".
Da Inglaterra, as sementes foram
transportadas para as colônias
britânicas na Ásia, onde se fizeram
grandes plantações de borracha. As
primeiras colheitas se deram em
1910 e, a partir desse momento, o
pr
abalando fortemente a riqueza das Jorge V, por seus valiosos serviços
cidades amazônicas de Belém, à Coroa inglesa.
eço do látex no mercado mundial
Margriet Poppema Manaus e Iquitos. Wickham foi
caiu em 70%,
Técnica do INDRA, Universidade de Amsterdã condecorado, em 1920, pelo Rei
0 QUE E, 0 QUE E:
Ponchinho de bichará,
pescocinho de violão;
salsejo à meia perna,
e olhinhos de botão.
/luisoAi; Eisodsoy
G AR
U ANÁ E QUE NEM OLHO DE GEN
Os índios S cultivar o ataré-Maué, do Amazonas, foram os primeiros a
guaraná. Eles at seus filhos. ribuem tanto valor a essa planta que se dizem
Segundo seu mi ue nasceu o to de origem, foi de dentro da terra, como planta, q
primeiro Maué, e dos olhos do menino, a semente de guaraná.
Com o guar todas as aná, eles preparam o çapó, bebida ritual que cura
doenças, além de descasca- dar força e vida. Antes que se abram, os grãos são
dos, lavados em os no p água corrente, torrados em forno de barro e socad ilão.
Ao pó obtido ac da rescentam água, fazendo uma massa que é molda em bas-
tões. Estes são c raolocados para secar e defumar num jirau. Quando lados os
bastões, o pó ob
64
tido é dissolvido em água e está pronto para beber.
0 VIOLONISTA ZÍNGAROS
Conta uma antiga lenda ciga-
na que havia um cigano muito fér-
til de imaginação que, nas noites
de lua cheia, tocava seu violino, en-
cantando a todos que o escutavam,
junto à fogueira, e até os pássaros
faziam silêncio para ouvi-lo.
E o cigano ficava ali, pensan-
do que algum dia existiria um
pássaro que imitaria o som de
seu violino.
Passaram-se alguns anos até
que, muito velho, o cigano dei-
xou este mundo.
Nesse mesmo dia, altas horas
da madrugada, surgiu num galho
de árvore, junto à tcera (cabana)
do zíngaro violonista, um pássaro
amarelo como ouro, que cantou,
cantou, e o seu cantar e trinado
imitavam o violino cigano.
Nascia aí o canário, que can-
t o violina imitando o cigano,
cheio de magia.
65
TEM PÃO DURO?
Se o governo governar Só
quem já estar governado É
como chuva molhar Chão
que já estar molhado Se
negando de molhar Ao que
estar ressecado. João
Melquiades Cordelista
Se vo zer com cê tem pão duro em casa e não sabe o que fa
ele, não casca e jogue fora: pegue seis pãezinhos, retire a
coloque- copo de os de molho no leite. Junte aí três ovos, um
coco rala rgarina, do, 50 gramas de passas, uma colher de ma
uma colh a mas-erinha de fermento e açúcar a gosto. Coloque
sa em fô lada e leve ao for-rma com calda de açúcar carame
no. Está pro de pão. nto o delicioso pudim
Resposta da página 72
A agricultura planta e os bancos colhem.
(Paião Caruso)
ENTREVISTA
José Geraldo
ou José Geraldo, tenho 36 anos e nasci
no Recife, para onde meus pais vieram,
de Tracunhaém, enfrentar o mercado de
trabalho. Meu pai entrou na religião dos
cre ntes e aí não evitava filho. Encheu
casa: tiveram 16 filhos. Mais ou menos
aos sete anos eu já fazia qualquer coisa
para me virar, e aos 14 tive meu primeiro
em judante de mecânico. prego como a
So u casado e tenho três filhas. Meu
objetivo é tentar dar alimentação para que
ela s estudem. Eu mesmo, só estudei até a
seg unda série. Agora, depois de 27 anos,
voltei a estudar no CTC (Centro de Tra-
bal ho e Cultura) - já é o terceiro curso que
faç o aqui. Tentei fazer supletivo, não
con tudar em escola de go- segui. Tentei es
verno, até dormi na fila, e nada de vaga.
Hoje, a situação está cada vez mais difícil:
tem que ter 2
o
grau. E escola está igual à
saúde: se não tiver dinheiro, a gente
morre.
Tenho carteira assinada como ajudante
de mecânico, encanador, soldador,
caldeireiro. Ano passado, fiquei desem-
pregado; desde lá não encontro nada. Es-
tou vivendo de biscate e tenho que me
virar com o que aparece. Não sonho alto,
queria apenas viver como cidadão digno e
poder ajudar as pessoas. Queria respeito
para viver nesse país. Sei que há uma
força muito grande no poder, e quanto o
homem mais tem, mais ele pensa em su-
bir; e quando a gente sobe, talvez tenha
que se igualar a eles. Eu prefiro ser pobre,
manter minha dignidade. Quero um país
igual para todos.
O que influi muito na sociedade é a
questão do racismo. Existe racismo em
todo canto, mas no emprego é demais. Se
eu fizer um teste, sou discriminado. Ao
mesmo tempo, me sinto satisfeito pelo
racismo porque assim me valorizo, me
orgulho de ser negro.
Quando terminar esse curso, penso
em voltar a estudar. Se não conseguir,
volto para o CTC para fazer Elétrica. Se
depender de mim, não paro nunca de
aprender. Tenho três profissões e uso as
três: uma completa a outra.
José Geraldo Ramos do Nascimento
75
S
A COPA DA FRANÇA
FILOSOFIA
Berço da arte gótica a honra francesa, Saint-Denis terá
de sediar a abertura e o Copa do encerramento da XVI
Hora de comer, - comer!
Mundo e última deste século.
Hora de dormir, - dormir!
Saint-Denis é o retrato ntigo e o dos contrastes entre o a
Hora de vadiar, - vadiar!
novo na França contempo s desde a rânea. Ali encontramo
Hora de trabalhar?
tradicional basílica, onde no narquia eram período da mo
- Perna pro ar que ninguém
enterrados os membros da família real, ao moderníssimo
é de ferro!
Stade de France, construído especialmente para abrigar os
Ascenso Ferreira
jogos da Copa do Mundo.
JOGO DE CINTURA
(...) diferentemente dos ani-
mais, vivemos em mundos nor-
teados e balizados por normas. Em
outras palavras, existimos literal-
mente em campos de iiitebol. Áre-
as demarcadas por linhas, onde te-
mos espaços sagrados e profanos,
pessoas que nos são adversas e
gente nossa, irmãos que desejam
o nosso sucesso e estão conosco
porque vestem nossa mesma ca-
misa e companheiros que jogam
contra nós. (...) É neste campo que
jogamos, correndo às vezes dema-
siado por uma bola muito fácil; ou
perdemos boas jogadas, ou co-
metendo faltas que conduzem a
um pênalti contra nós mesmos
ou - e isso também ocorre - fa-
zendo gois de placa, jogadas ma-
ravilhosas que, por sua classe e
estilo, chegam até a espantar a
nós mesmos (...)
(...) Na política e no futebol,
por outro lado, fatores imprevisí-
veis podem interferir, dando vi-
tória para uma equipe ou um
candidato obscuro, pois os resul-
tados são insondáveis, dependen-
do de "sorte". Finalmente, em
ambas as esferas, pode-se ascen-
der socialmente, não havendo
de prever com segurança uma
tebol estrangeiro, sobretudo euro-
peu, um futebol fundado na força
física, capacidade muscular, falta
de improvisação e de controle in-
dividual de bola dos jogadores. (...)
(...) Na malandragem, como
no "jogo de cintura", estamos
nos referindo a um modo de de-
fesa autenticamente brasileiro,
que consiste em deixar a força
adversa passar, livrando-se dela <
com um simples - mas preciso -
mover do corpo. Em vez de en-
frentar o adversário de frente, di-
retamente, é sempre preferível li-
vrar-se dele com um bom movi-
mento de corpo, enganando-o de
modo inapelável O bom jogador
de futebol e o político sagaz sa-
bem que a regra de ouro do uni-
verso social brasileiro consiste
precisamente em saber sair-se
bem. Em poder safar-se nas si-
tuações difíceis, fazendo isso com
alta dose de dissimulação e ele-
gância, de modo que os outros
venham a pensar que para o jo-
gador tudo estava muito fácil. (...)
(...) No entanto, o foco cen-
tral deste trabalho foi a tese do
futebol como um drama da vida
social, como um modo privile-
giado de situar um conjunto de
problemas socialmente signifi-
cativos da sociedade brasileira.
Creio que são essas drama-
tizações que poderão explicar
o porquê da popularidade de
certos esportes em algumas so-
ciedades, sobretudo quando
eles vêm de fora para dentro e
são aquisições relativamente
recentes, como é o caso do
football association em rela-
ção ao Brasil(...).
Roberto da Matta
67
Para entender a alma de um
surpreendê-lo no instante de
brasileiro
relação direta (e racional) entre
meios e fins. Futebol e potica
são domínios que, no Brasil,
estão também unidos pelo fato
de que "chamam" seus
adeptos e praticantes. É
preciso, pois, ter "talento" e/ou
"vocação" para entrar no fu-
tebol ou na política. (...)
(...) É sabido no Brasil que o
futebol nativo tem "jogo de cintura";
ou seja, malícia e malandragem,
elementos inexistentes no fu-
"Como o poeta, tocado por um an
j
o, como o compositor,
seguindo a melodia que lhe cai do céu, como o bailarino atrelado
ao ritmo, Garrincha joga futebol por pura inspiração."
Paulo Mendes Campos""
é preciso
um gol. (Armando Nogueira)
Sua vida é importante Pode
me acreditar Nem
segundo, nem instante Não
deixe de se cuidar.
Assim fica bem melhor
Com o que eu vou te revelar
Tem a AIDS que é pior Por
que essa é de matar.
Mata homem, mata mulher
Mata moça, mata criança E
enquanto a cura não tem
Não se mata a esperança.
Na hora da injeção Peça
uma agulha novinha Essa já
é condição Pra continuar
bem vivinha.
Na hora da transfusão
Exija sangue testado
Crie muita confusão
Se isso te for negado.
E na hora de ir pra cama É
camisinha outra vez Pode
ser com namorado Amigo,
noivo, freguês.
E se o cabra reclamar
Explique a situação Branco,
preto ou chinês O negócio é
dizer não.
Se você desconfiar Que o
marido te traiu Manda ele
usar camisinha Sabe lá com
quem saiu?
ELEIÇÕES LIVRES E TRANSPARENTES
pre ões livres são uma das ndemos que eleiç
bases da democracia. É o mecanismo pelo
qual todos os cidadãos são chamados, em
datas determinadas, a eleger seus representantes para as
diferentes instâncias políticas do Estado (presidente, par-
lamentares, governadores, prefeitos, vereadores...).
Sabemos também que, por conta do jogo de forças
que elas rep sempre uma boa oca-resentam, as eleições são
sião para que setores dominantes da sociedade, inclusive
os que estão no poder, inventem múltiplas formas de pres-
são, violentas ou disfarçadas, para levar os acontecimen-
tos a beneficiar seus interesses (quem não ouviu falar em
"compra de votos"?). Nos países de governo autoritário ou
de partido único essas pressões ou sabotagens podem ser
ainda mais s vergonhosas: falsificação de urnas e ameaça
de vários tipos.
Foi por isso que as Nações Unidas, depois da última
Guerra Mundial, organizaram "observações eleitorais" em
países em situação de transição, em que houve guerra ou
outras for então alguns espe-mas de conflito. Selecionam
cialista onar a organização s que são chamados a supervisi
e realização das eleições (ex.: El Salvador e Haiti).
Apesar de todos os limites dos processos eleitorais,
não se pode relativizar a profunda significação das elei-
ções, pois o voto é o único recurso a que se tem acesso para
assegurar a participação no controle do poder público.
Henryane de Chaponayl CEDAL, França
Sexo seguro, não importa com quem.
(ASIA)
SEGURO
Ele pode ter doença E você
não quer pegar Por maior que
seja a crença Não resolve só
Amiga não vá já não Não
precisa ficar brava A AIDS
não pega na mão No beijo
rezar. ou na palavra.
Agora você já sabe O jeito é
prevenir Seguro morreu de
velho E a vida tem que seguir.
Se você conhece alguém
Que tenha a enfermidade
Seja amiga e vá além Dê a
solidariedade.
E pro rumo continuar Do
jeito que a gente quer Tem
que ter muita coragem E
orgulho de mulher.
Fonte: Ministério da Saúde
Secretaria de Assistência à Saúde
Programa Nacional de DST/AIDS
A
Sou Ramon e nasci em Governador
Valadares, MG, em 1965. De família
de origem rural, conservo uma
identidade tipicamente mineira. Sem-
pre passando por dificuldades finan-
ceiras, a grande herança que meus pais
- funcionário público e costureira -nos
deram foi a formação escolar mais
extensa.
A partir da adolescência, interes-
sei-me pelo teatro, e me profis-
sionalizei como ator em 1986, pas-
sando a trabalhar em duas escolas
regulares. A partir daí busquei o curso
de Licenciatura em Artes e, depois, de
Pedagogia. Hoje sou coordenador e
professor do curso primário de
suplência da rede municipal de
Vespasiano, região metropolitana de
Belo Horizonte.
Trabalhando basicamente com for-
mação ética, cultural, científica e téc-
nica, temos constante necessidade de
atualização. Somos formadores de ci-
dadãos, convivendo com gerações
mais jovens, pessoas que procuram
novas perspectivas pessoais e profis-
sionais. Temos que entender suas ne-
cessidades e aplicar o saber historica-
mente acumulado na tentativa de aten-
der essa demanda.
A busca da informação e formação
seguramente contribui na construção
da identidade e valorização do
professor, embora nem sempre o
mercado de trabalho possibilite uma
relação tranqüila entre o pessoal, o
social e o material. Sobrevivi basi-
camente de contratos temporários.
Além da insegurança, o salário sempre
deixa a desejar e, para complementá-
lo, desenvolvo atividades como
"biscateiro": pequenas instalações e
soluções domésticas.
Considero nata no ser humano a
capacidade de transformação pelo tra-
balho. Se não há empregos, criaremos
a necessidade deles por meio do nosso
trabalho digno e da nossa atividade
político-cidadã. Criaremos projetos
sedutores e necessários. Somos, enfim,
marcados pela criatividade, cu-
riosidade, inovação e transformação.
Há muito tempo, já procuramos
interagir criticamente com nossos alu-
nos, com seu mundo, sua cultura e
profissionalização; pregamos o respei-
to mútuo e o respeito à natureza; con-
tribuímos para a integração dos povos
e das culturas. De certa forma, sempre
fomos e seremos "globalizadores".
Ramon Santana de Aguiar
A dor da gente não sai no jornal.
ENTREVISTA
Eu, Professor, Br
(Chico Buarque)
asileiro, 1998
A CALIGRAFIA
O interesse extraordinário que des-
p
ertou a caligrafia no Islã tem a ver
com o gosto por apresentar a palavra de
Deus, recolhida no Alcorão, da forma
mais bela possível. Daí o prestígio de
alguns calígrafos, khattat, que não eram
simples copistas, e foram tão.
considerados na sociedade muçulmana
como, entre nós, o são os pintores e os
escultores. Seus nomes são até hoje
lembrados, assim como os de seus
discípulos e escolas.
68
O PSF x- Londrina, uma dessas e
periências, implantado em abril de
1995, conta com quatro equipes em
zonas rurais que desenvolvem, entre
outras ati ltas domici-vidades, consu
liares; triagem de patologias; busca
de faltoso a-s e cadastramento das f
mílias; vigilância ambiental e
epidemiol em e treina-ógica; reciclag
mento pe anentes; formação de rm
grupos comunitários (hipertensos,
diabéticos, pré-natal, etc.).
Muitos avanços foram consegui-
dos. Atualmente, os habitantes sa-
bem exatamente o dia e a hora das
consultas, o que evita filas e permite
melhor atendimento. As visitas e
internações domiciliares também au-
mentaram o acesso aos pacientes
acamados ou residentes em áreas dis-
tantes, reduzindo a necessidade de
internação hospitalar.
Pode-se dizer que, hoje, os paci-
entes são conhecidos pelas equipes.
Sabe-se onde moram, em que condi-
ções, onde trabalham, conhecem-se
sua família e seus problemas. Final-
mente, o paciente não é mais "rotu-
lado" com o nome de sua doença
(exemplo: a úlcera do leito 7) ou do
seu órgão doente.
Sônia M. Coutinho
Médica
índice ilustrado por Luís Jardim para o livro Primeiras
est ímpio. órias, de Guimarães Rosa, Ed. José Ol
Em rio de p do. iranha, macaco toma água em canu
(José Cândido de Carvalho
A SA
Ú
DE EM
Em 1993, o Ministério da Saúde
)
implantou o Progra ma Saúde da
Família (PSF) em alguns municípios
brasileiros. Buscava-se melhorar a
saúde da população pela co o de nstruçã
um modelo de assistência baseado na
promoção, proteção, diagnóstico
precoce, tratamento e reabilitação da
saúde tendo, como núcleo central, a
família inserida na comunidade.
Em quatro anos, as diferentes ex-
periências se revelaram tão gratifican-
tes que o PSF, hoje, vem sendo utiliza-
do como referência para a mudança do
modelo tradicional de atendimento,
centrado na doença, no hospital, no
médico, e inviável economicamente.
O PSF é mais do que uma atenção
primária à saúde ou uma medicina co-
munitária; deve ser encarado como
mudança de mentalidade, regida por
princípios bem definidos. A equipe tra-
balha com e para a comunidade, vi-
sando ao reconhecimento da saúde
como direito do cidadão; a atenção à
saúde de forma integral, contínua e de
boa qualidade nas clínicas básicas e
nos programas de controle e preven-
ção de doenças; a humanização do
atendimento; o estímulo à organização
da comunidade; a intervenção sobre os
fatores de risco e o maior acesso da
p
opulação aos serviços de saúde.
PAVÃO
MISTERIOSO
Símbolo do paraíso,
da eternidade e da tota-
P
O
R
lidade, da potencialidade
e do vir a ser, o pavão
representa, também, a
incorruptibilidade da
alma. Durante os primei-
ros séculos de Cristianis-
mo, era uma representa-
ção popular de Cristo. Sua
cauda é associada a todas
as cores e à totalidade, e
suas as
Em 1998, a República Federativa do Brasil
terá eleições majoritárias que, de acordo
com a Constituição Federal, ocorrem a
cada quatro anos. Serão escolhidos: um
novo presidente e vice-presidente da
República, novos deputados federais e
senadores, novos governadores e de-
putados estaduais. Nessa ocasião, decidire-
mos em quem confiamos para gerenciar a
as com olhos, na
sociedade brasileira.
mitologia hindu, simboli-
zam o céu estrelado. Esta
xilografía foi publicada no
cordel Romance do Pavão
Misterioso.^
É bom recordar que nosso país é governa-
do por três poderes, em princípio, complemen-
tares: o Poder Executivo (o leme do navio), o
Poder Legislativo (o que traça o roteiro da via-
gem e calcula o abastecimento) e o Poder Judi-
ciário (o que vigia as condições do tempo, do
navio, e o cumprimento da rota proposta). Esse
sis itos países e admite a tema é adotado por mu
int edade na escolha de seus erferência da soci
dirigentes e representantes.
O voto do cidadão define a composição do
Poder Executivo (presidente e vice-presidente)
e do Poder Legislativo (deputados federais e
senadores). O Poder Judiciário, responsável pela
ordem jurídica da sociedade e vigilante do cum-
primento da Constituição, é escolhido por acor-
do entre os dois outros poderes.
O Poder Executivo é comandado pelo
presidente e vice-
p
residente da República,
dispõe de uma série de serviços a ele direta-
mente vinculados (Casa Civil, Militar, Câ-
mara de Comércio, etc.) e se apoia em vári-
É craque de futebol
Chuta a bola de fogo Que
tem o nome do Sol
Mas Tritão fazendo o go!
Ninguém pega a bola SUÍ
No oceano
Dosares
A ne
g
ra noite flutua
Chuta uma bola argentina Que
tem o nome da Lua
Assim é que dia-a-dia Todo
ateu, todo cartola Vi esse jogo
divino Que não me sai da
cachola Quem não quiser
concordar Por certo perdeu a
bola. Antônio Teodoro dos
Santos*
A natureza inventou Da
pelota o movimento Cada
planeta uma bola Que voa
no firmamento Saturno
dribla Netuno É grande o
contentamento
Às seis horas da manhã
Depois do claro arrebol
Tritão no campo dos mares
Quem não deve, não
EM GOVERNO...
os ministérios para a execução da polí ca ti
social e econômica do país.
O Poder Legislativo se exerce por inter-
médio do Congresso Nacional, composto
por duas casas: Câmara Federal e Senado.
Os deputados federais são representantes da
vontade do eleitorado nacional, e os sena-
dores, os advogados dos interesses do es-
tado que os elegeu. Estes têm mandato de
oito anos e, a cada quatro, é renovado, ora
em 1/3, ora em 2/3, a composição do Se-
nado. As leis que nascem na Câmara são
revisadas pelo Senado, e vice-versa, mas,
qualquer que seja sua origem, é reservado
ao presidente da República o direito de ve-
tar, e a lei volta à votação, caso em que pre-
cisa da aprovação de metade mais um dos
votos das duas casas para poder vigorar. O
pr idên-esidente do Congresso ocupa a Pres
cia da República nos casos de viagem, do-
ença ou impedimentos do presidente e vice-
presidente em exercício.
O mais alto representante do Poder Judici-
ário é o presidente do Supremo Tribunal Fede-
ral, que assume a Presidência da República no
caso de impedimento do presidente do Con-
gresso. Por meio de seus tribunais (Tribunal de
Contas da União, Tribunal Superior Eleitoral,
Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superi-
or do Trabalho) e com base no conjunto das
leis que regem o país, o Judiciário julga as trans-
gressões, as dúvidas, e propõe encaminhamen-
tos para situações de conflito.
IMENSIDÃO
mar estava na frente dos seus olhos. E foi
tanta a imensidão do mar, e tanto o seu
fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu
falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!
Eduardo Galeano™
A mesma conversa, na mesma boca,
Diego não conhecia o mar. O pai,
Santiago Kovadlof, levou-o
p
ara que
descobrisse o mar.
Viajaram para o sul
Ele, o mar, estava do outro
lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim
alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o
acaba virando saliva.
(provérbio africano)
UMA OBSERVAÇÃO (DADA NO MEXICO
P 994 e 1997, fui or duas vezes, em 1
convidada pela Aliança Cívica para
participar em processos eleitorais decisivos
pa Isso só foi possível ra o futuro do México.
p dãos mexicanos luta-orque, durante anos, os cida
r livres e transparentes. am para conseguir eleições
O México foi o primeiro país a fazer, em 1910,
u ma agrária. Mas, ao ma revolução e uma refor
l olítico desembocou ongo dos anos, o processo p
n : o Partido Revoluci-um sistema de partido único
o ). Nesse sistema, a nário Institucional (PRI
c er e, igualmente, as orrupção não pára de cresc
manipulações eleitorais.
A partir de 1968, as mudanças na relação de
forças possibilitaram o aparecimento de novas ex-
pressões políticas; a sociedade civil despertou e
começou a se organizar. Para isso, dois fatos fo-
ram importantes: a incompetência do Estado por
ocasião do terremoto de 1984, que abalou a cida-
de do México; e a eleição presidencial de 1989,
na qual o candidato de oposição, Cuahtémoc
Cardenas, saído das fileiras do PRI, foi julgado
vencedor mas, quando os resultados foram pro-
clamados, deram como eleito Salinas de Guettari.
Nas eleições seguintes para governadores e
prefeitos começaram a se formar ligas e comitês
de cidadãos que se deram por missão supervisio-
nar as eleições locais. Esse movimento foi ganhan-
do terreno e organizando manifestações de massa
para denunciar as sabotagens mais evidentes. A
luta rendeu alguns ganhos e muitas associações
locais e nacionais se articularam, criando o Movi-
mento dos Cidadãos pela Democracia (MCD).
Pouco depois do levante de Chiapas, em pleno
clima de preparação das eleições presidenciais de
agosto de 1994, uma aliança do MCD com outras
instâncias constituiu uma frente comum para con-
versar com o governo e com o Tribunal Federal
Eleitoral. Essa frente se chama Aliança Cívica.
A Aliança Cívica conseguiu obter o direito
de organizar uma observação eleitoral cidadã e
assim pôde convidar pessoas de ONGs estran-
geiras para participarem dessa observação. Foi
enquanto "visitador estrangeiro" que fui convi-
dada pela Aliança Cívica.
Minha primeira experiência de observação
eleitoral foi em 1994. Nessa ocasião, fiz parte de
um grupo especial que se preparava para obser-
var as ito de Chiapas. Os eleições na zona de confl
Zapatistas tinham decidido participar dessa con-
sulta nacional e para a zona de Chiapas foi cons-
tituído um tribunal eleitoral específico sob inteira
responsabilidade das organizações locais. No dia
das eleições, estive presente na abertura da seção
eleitoral, na fiscalização das urnas, e até o fim da
contagem dos votos, já tarde da noite, no municí-
pio indígena de Morélia. (Continua na p. 84)
Não se toca boi a força,
nem para o pasto melhor.
(Guimarães Rosa)
ESTÓRIA DE MMGREIRO
(...) O sujeito, para administrar uma favela, não é como, vamos dizer,
a Nação. O governo tem a sua Carta Magna, tem tudo aquilo, apesar
de que as associações têm seus estatutos. Mas o governo tem recursos
para punir o indivíduo faltoso. Tem polícia, tem tudo. O presidente de
favela tem o quê? Que é que acontece? O sujeito tem que pisar em
ovos, com muito cuidado. É preciso que o sujeito que dirige as associ-
ações de favela tenha o conhecimento de psicologia, sociologia, rela-
ções humanos, tudo isso, porque vai lidar com uma massa humana de
pessoas inibidas, frustradas e traumatizadas. Ele tem a que atender
essa gente toda. E muitas vezes, há casos, dentro da associação, em
que o queixoso é o faltoso. Muitas vezes o reclamante é que é punido,
porque é a coisa correta. Em associações, principalmente em favela,
tem que se ter muito cuidado. Isso realmente eu tenho, cuidado de
tudo. Qualquer reclamação, tem que ouvir as duas partes. Eu não
tomava posição sem ouvir a outra parte, para ter uma figura de centro,
que é a idéia, para então dar meu veredito: quem tem razão e quem
não tem. A solução é contornar a coisa, nunca ferir.
É desagradável, entre vizinhos, um olhando com a cara torta para
o outro. Então a pessoa tem que saber agir e diminuir essa tensão entre
vizinhos. Se o dirigente da favela não tiver essa habilidade, pode cau-
sar indiretamente até um crime, sem ter essa intenção. Dá razão a um
e o outro fica ferido, chocado, evai criar, depois, contra ele, um
ambiente hostil. É a razão por que, na minha administração, eu sem-
pre tive esse cuidado de não hostilizar com ninguém; embora a pes-
soa muitas vezes não tivesse razão de certas coisas, a gente sempre
dava uma razãozinha, aquelas coisas. Um diretor de favela não pode
ter ação repressiva como tem o governo, não é? Reprime, chega a
polícia, acaba, a justiça condena. Então, é preciso ter muito cuidado
com isso, porque a associação de moradores deve ser o sacerdote dos
favelados, interceder junto às autoridades, substituindo os políticos,
quero dizer, o político profissional. (...)
Ismael Elias da Silva -12/07/1987
70
Olhando fixamente entre os espaços em branco, você verá
manchas cinza.
De perto ninguém é normal.
(Caetano Veloso)
1
CONVERSA DE INTERNAUTAS
or meio da Internet pode-se manter uma con-
versa ou trocarinformações com mais de uma
pessoa ao mes-mo tempo. Ao entrar em um chat
(bate-papo, em in-glês), o usuário vê na tela
de seu computadorexatamente o que outras
pessoas digitarem\ \ naquele momento, as-
sim como sua men-
sagem
pode ser lida
por todos os participantes. Para facilitar e animar essas conversas
el eetrônicas, os internautas criam convenções símbolos. Os símbolos
são chamados smiley, que é uma combinação de caracteres para
representar expressões faciais. Exemplo: : - ) representa um sorriso; :
- } um sorriso desconcertado; ; - ) uma piscada de olho; : - ( um
descontentamento, e assim por diante.
Outra convenção dos internautas: ESCREVER MENSAGENS
COM MAIÚSCULAS SIGNIFICA QUE VOCÊ ESTÁ
GRITANDO. Não Grite!!!
P
UMA OBSERVAÇÃO CIDADÃ NO MEXI
(Continuação da página 82)
Foi uma experiência muito rica e me lembrou o que eu já vivenciara no
Marrocos, logo depois da independência, quando um grupo de educadores
populares, do qual eu participava, foi levado a organizar cursos de forma-
ção para camponeses que votavam pela primeira vez por cédulas. Nas soci-
edades tradicionais existe uma forma de voto, no âmbito das aldeias, que é
uma votação oral e se orienta para um consenso.
Aparentemente era isso que se passava no distrito indígena em que eu
estava. A Assembléia dos Anciãos tinha se reunido na véspera, feito as suas
recomendações e, no dia seguinte, continuou reunida e acompanhando os
acontecimentos. Percebi que a população local era levada a combinar duas
formas de expressão: a tradicional, que passa pela Assembléia dos Anciãos,
e a moderna, na fórmula do voto por cédula na urna. Aliás, me parecia que
a maioria votava pela primeira vez. E nesse distrito que havia experimenta-
do a repressão do exército por ocasião do levante zapatista, tudo se passava
tranqüilamente, contrariamente aos relatórios que chegavam de outras regi-
ões, onde numerosas fraudes e intimidações eram observadas.
Em 1997, a situação era bastante diferente. Os zapatistas se abstiveram
de votar em sua zona. Em compensação, na capital, onde eu cumpria mi-
nha função de observadora, o clima era de mobilização. Dessa vez, íamos
em pequenos grupos visitar uma dúzia de seções eleitorais para observar se
as coisas se passavam dentro das normas.
Tinha ocorrido um incontestável progresso no dispositivo eleitoral des-
de 1994. Era a primeira vez que se elegia um Governador para o Distrito
Federal e Cuahtémoc Cardenas foi o eleito.
Henryane de Chaponay
Coordenadora do CEDAL, França
Quando tudo era ausência esperei, quando lhe achei l
O
C
he perdi.
(Chico César)
"A Qui nesse ponto, todo mundo é 'ex' alguma coisa. Tem A
gente que já foi advogado, professor de química, em presário,
militar, bancário e até fazendeiro. A maior parte tem um certo
grau de instrução, diferente de outras pessoas que eu via por aí na
praça, vindas de ambiente inculto. Aqui é uma associação que escolhe seus
membros, funcionando num sistema de cooperativa, com taxas quinzenais,
levando a luta por um sistema de radiofonia."
Sérgio Rodrigues, 26 anos, casado com dois filhos, é taxista desde
1997. Antes alugava o carro; a "autonomia", no seu entender, é um dos
melhores negócios do mercado, batendo as cartadas imobiliárias e as ca-
dernetas de poupança.
Ganhar com as bandeiradas, de domingo a domingo, está sendo o jeito
que encontrou para se equilibrar nas finanças, pagar as dívidas.
"Meu sonho era ser piloto. Fiz meu curso teórico na Escola de Aperfei-
çoamento e Preparação para a Aviação Civil e a parte prática foi no Aeroclube
de Nova Iguaçu. Antes de ter meu breve, apareceu a oportunidade de mon-
tar um sa, na Ilha do curso de informática, franquia de uma rede famo
Governador. Apostei tudo nisso! Dei um tempo no curso, montei a
empresa. Aí, começaram os problemas com o franqueador, com a publici-
dade, com o programa do curso. O plano das aulas era extensivo, interes-
sando mais às pessoas do interior. Aqui no Rio, todo mundo quer um curso
rápido, um diploma, uma chance. A clientela assim não foi boa, e os preju-
ízos, enormes. Quebrei. Fali. Tentei voltar para os vôos. Mas já estou mais
velho e na aviação conta a idade, as horas de vôo acumuladas... Não tive
outro jeito, peguei o táxi para rodar.
Vejo que, com o dinheiro curto, as pessoas pegam menos táxi. Assim,
tenho que dobrar as horas para juntar alguma coisa. Graças a Deus, meus
pais ajudam muito, me dão guarida. Fui morar com eles e assim não pago
aluguel."
No sinal vermelho, Sérgio dá um suspiro de poucas esperanças...
"Acho que esse país tem de mudar muito suas políticas de trabalho.
Todo mundo deveria ganhar em função da produção. Trabalhou mais, ga-
nhou mais. Essa coisa de salário fixo e salário baixo acomodou completa-
mente. Muita gente não faz o que poderia fazer - arruma bicos no horário
do trabalho... e vai levando... Tudo cansa e nada rende direito. O trabalho
perde completamente o valor. É uma coisa estranha: com todo esse sufoco,
acabamos vivendo num jogo de empurra, num costume de indolência."
"A MARCA D
Ponto de táxi
O SALGUEIRO"
hm algumas peças de louça antiga ha um desenho em azul conhe-
sava os dias a ver florir. Sentia-se muito so e infeliz, ate que
cido nor "a marca do salgueiro". As loucas com essa marca, de
um dia Chang levou-a de lá. Estavam ainda atravessando a
origem chinesa, são talvez as mais célebres do mundo. Neste
ponte para sair do jardim, quando o pai de Kung-Shi os
prato, o desenho reproduz a história de um casal apaixona-
avistou e correu atrás deles. Kung-Shi ia adiante com
do que é perseguido pelo pai da jovem.
sua roca, Chang seguia-a levando sua caixa de jóias e,
Kung-Shi era uma linda chinesa que se apaixonou por ,
atrás, vinha o pai, com um chicote. Ele não os alcan-
Chang, secretário de seu pai. Como o pai não aprovava o
çou, e os dois fugiram para uma modesta casinha do
roma undo nce, K b , no fung-Shi vivia trancada em um case re
outro lado do lago, onde conseguiram viver tranqüilos
do jardim salgueiro, e . Defronte de sua janela, havia um
e felizes por algum tempo, até que lhes incendiaram o
casebre e eles morreram queimados.
71
pouco mais adiante uma árvore frutífera, que Kung-Shi pas-
M
a
i
s va
l
em
d
o
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s mar
i
m
b
on
d
os voan
d
o
d
o
que um na mão •
(Barão de Itararé)
DOCE DE CASCA
DE BANANA
Ingredientes:
5 xícaras (chá) de cascas
de banana nanica bem lava-
das e picadas, 2 xícaras (chá)
de açúcar.
Preparo:
Cozinhe as cascas em pouca
água até amolecerem. Retire do
fogo, escorra, reserve a água e
deixe esfriar. Bata as cascas e a
água no liqüidificador e passe
por peneira grossa. Junte o açú-
car e leve novamente ao fogo,
mexendo sempre, até desprender
do fundo da panela.
Dica:
Se desejar fazer docinhos de
enrolar, basta acrescentar, após
passar por peneira grossa, 2 co-
lheres (sopa) de farinha de trigo
e levar ao fogo, mexendo sem-
pre, até desprender do fundo da
panela. Deixe esfriar um pouco
e acrescente 1 colher (sopa) de
margarina, misturando bem.
Deixe esfriar, enrole e passe no
47
açúcar. '
R ardo Aleixo
62
ic
Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.
Sente o meu coração uma grande recordação
da feliz vida no campo, quando fito
árvores que encontro pelos caminhos.
As árvores urbanas não têm a beleza nem a
inspiração que possuem as árvores rurais. As
árvores da cidade, geralmente, são graves, frias,
conselheiras, sem grandes expansões, sem
alegrias. Não têm os plácidos carinhos das
manhãs campesinas e provincianas, nem a
orquestra dos ninhos; nem a graça e o encanto
vegetal dos frutos. (...)
é pesada, o sol as requeima inicialmente e não as
consola o carinho da alfombra; falta-lhes o acon-
chego do céu, da luz, do espaço, para que, cheias
As árvores, aqui, têm o aspecto moderno, o
horizonte é estreito, limitado pelas c
de gozo, elas se desfaçam em sombras
asas que se
confortantes, em aromáticas flores, em saboro-
aglomeram, que se alinham ou que as con-
sos frutos. (...)
tornam. É uma vida de luta, viver anormal e
fati
g
ante
,
em uma
g
rande cidade. A terra lhes
Agenor Miranda Rocha
72
O Programa de Alfabetização Funcional de Pais
do Ensino Católico (PAFPEC) trabalha desde
1992 na educação de adultos. O objetivo principal
é levar a escolarização universal aos adultos,
sensibilizando-os em relação ao seu próprio
destino e enfatizando a importância da educação de
seus filhos.
No Senegal existem várias etnias e, portanto,
várias línguas. Entre, elas, seis já foram
decodificadas em símbolos escritos e são reconhe-
cidas como línguas nacionais. Mas a língua oficial
ainda é o francês. Os adultos são alfabetizados em
suas línguas de origem. O índice de escolarização
ainda é baixo (54%), e o de analfabetismo, depen-
dendo da região, chega a 75 e 80%. Em face dessa
demanda, o PAFPEC abriu mais de duzentos cen-
tros de alfabetização e atende a mais de dez mil
adultos, sendo 60% mulheres.
As populações, atualmente, aceitam alfabe-
tizar-se porque sentiram que esse é um meio de
ter acesso ao desenvolvimento. O governo tam-
bém mobilizou recursos e, em parceria com as
associações e organizações não-governamentais,
implementa um importante programa de comba-
te ao analfabetismo. A meta é reduzir a taxa de
analfabetismo em 5% a cada ano.
O PAFPEC tem várias estratégias para atingir
seus objetivos: a parceria com o governo, o apoio
da Unesco, a ajuda da Conferência Episcopal Itali-
ana e o intercâmbio de idéias e culturas com outros
parceiros do Sul. Produz, também, documentos de
formação em línguas nacionais.
O sucesso da atuação do PAFPEC reside na
forte presença de mulheres que, na sociedade
senegalesa, desempenham importante papel, e no
incentivo que os educadores recebem pelo fato
de assistirem a essas mulheres e esses homens
se maravilharem diante de seus nomes escritos
de próprio punho. Esse é o primeiro passo da li-
bertação: poder assinar seu nome e assim esca-
par da vergonha de recorrer à impressão digital.
A alfabetização contribuiu para o fortaleci-
mento da coesão social em torno de objetivos de
desenvolvimento e se reflete no ambiente letra-
do, na melhoria do padrão de higiene, da saúde,
e de uma alimentação conveniente.
É necessário assinalar que essa educação não
acontece sem dificuldades. De fato, os adultos
são muito ocupados, sobretudo as mulheres.
Ocorrem faltas às aulas e atrasos devidos a di-
versos motivos: doenças, cerimônias familiares,
atividades econômicas de sobrevivência. Muitas
vezes é preciso recomeçar a mesma lição várias
vezes. Assim, o ritmo de progressão é lento.
Mas o ardor que eles têm pela aprendizagem e
o gosto pela alfabetização não autorizam o PAFPEC
a desistir. Ao contrário, o educador é continuamen-
te estimulado. Esperamos que essa força também
anime todos os leitores do Almanaque do Alua.
Emile Diouf
Coordenador do PAFPEC
DICA
Se a água que você con-
some não for tratada, colo-
que du as de hipoclo-as got
rito de só o (água sanitária) di
em um litro de água. Espere
meia hora antes de usar.
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda. (Paulo Freire)
ALFABETIZAÇÃO NO SENEGAL
Há um m udo e omento para t
um tempo para todo propósito
deb mpo de aixo do céu. Te
nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de
arrancar a planta. Tempo de
matar, e tempo de curar;
tempo de destruir, e tempo de
con po de chorar, e struir. Tem
tempo de rir; tempo de gemer,
e tempo de bailar. Tempo de
atirar pedras, e tempo de
recolher pedras; tempo de
abrar, e tempo de se separar.
Tempo de buscar, e tempo de
perder; tempo de guardar, e
tempo de jogar fora. Tempo de
rasgar, e tempo de costurar;
tem alar, e tempo falar. po de c
Tempo de amar, e tempo de
odiar; tempo de guerra, e
tempo de paz. (Eclesiates, cap.
3, 1-8)
Ávida é uma teia intrincada em que cada ser se
relaciona com muitíssimos outros, numa
coexistência de complementaridade e
interdepe ação é ndência. A forma mais geral dessa rel
a chamada pirâmide da vida. Na sua base ficam as
plantas, que se alimentam de terra, de água, de ar e
do sol, para vicejar. Acima delas ficam os animais
herbívoros, como as vacas, os cavalos, os elefantes,
as girafas, que comem enorme quantidade de vege-
tais, capins, folhas, cascas, raízes, para construir e
manter seus corpos. Mais acima, ficam os carnívo-
ros, como as onças, que se alimentam da carne dos
herbívoros.
Nós, seres humanos, confundimos tudo, porque so-
mos onívoros, quer dizer, comemos tanto alface,
couve e outras folhagens,
como amendoim, coco e,
ainda, e sobretudo, carne de
peixe, de porco, de boi e de
gal preços não inha. Isso, se os
estiverem altos demais.
Quando você come um bife,
está comendo, indiretamente,
centenas de quilos de capim
que o boi comeu para fazê-lo.
(...)
Outra forma de relação da
teia é o parasitismo, como ocorre
com as lombrigas, que vivem nas
tripas das pessoas. Mais
importantes, ainda, são as
relações de interdependência.
O melhor exemplo que conheço
é o das
bactérias intestinais, que ajudam a fermentar o que
comemos para tirar daquela coalhada, antes de virar
bosta, as substâncias de que o sangue necessita para
manter nosso organismo. (...)
O boi come o capim, que, por sua vez, comeu terra.
O homem come o boi. Uma muriçoca chupa o sangue
do homem e deixa a malária, que se multiplica, provo-
cando febre, até matar o cara de anemia. Morto e enter-
rado, uma mosca vai lá e põe seus ovos - para revoarem
depois como novas moscas - e, com isso, se dá a putre-
fação e quantidades imensas de coros ficam comendo a
carne podre. O que restou daquele sujeito, a terra come.
Fecundada, fertilizada, nela brota o capim, que um boi
come e começa tudo outra vez.
É bom você militar num
movimento ecológico de defesa
da vida, para a salvação dos
bichos que começam a ser
ameaçados de extinção, como as
lontras, as baleias e muitíssimos
outros. Também, para salvar as
florestas, que estão sendo
exterminadas, e a quantidade
imensíssima de plantas raras que
existem dentro delas. Sobretudo
para salvar a teia vital de que nós
necessitamos para sobreviver.
Só peço que não exagere
em sectarismos de querer salvar
a bicharada toda e todos os
verdes, senão morreremos de
fome.
Darcy Ribeiro
73
Não há bem que semp dure, nem mar que nunca se acabe. re
(Miliar Fernandes)
A TEIA DA VIDA
H"á mais de 700 anos, no século XIII, um
jovem de falia nobre da Ilia recusou Judo
que recebera de seus pais, inclusive a roupa do
corpo, para se entregar ao Evangelho.
Esse jovem iria revolucionar para sempre a re-
lação dos cristãos com a natureza. Seu nome? Fran-
cisco, da cidade de Assis. Hoje, venerado em todo o
mundo, respeitado até mesmo pelos que nem se
consideram cristãos.
Muito antes de se falar em ecologia, Francisco
de Assis já praticava respeito e gratidão pela água,
pelas pedras, pelo ar e pelos ventos.
Aos amigos lembrava dos cuidados que deveri-
am ter: ao irmão que cortava lenha para o fogo,
pediu que jamais arrancasse a árvore inteira; que
asse sempre uma parte intata, para que ela pu-deix
desse brotar de novo.
A todos os animais tratava como irmãos, e amor
todo especial tinha pelos pássaros chamados
cotovias-de-capuz, por considerá-los a imagem dos
bons adoradores.
Pouco antes de morrer, muito doente e alque-
brado, ferido como seu Mestre pelas chagas e a der-
rota do Calvário, pediu que o colocassem sobre a
terra nua, para sentir-se consolado pelas criaturas
que tanto amava.
Nas árvores mais frondosas é que se
aninham os passarinhos.
(Provérbio africano)
NO CAMINHO DAS ESTRELAS
As questões relativas à origem do uni- cesso de expansão -, foi formando as ga-
vers planetas, as estrelas e, depois, o sempre nos inquietaram e, na tenta- láxias, os
tiva res, inclusive nde compreendê-las, tecemos, ao lon- todos os se ós.
go d s destinosos tempos, diferentes versões e hipo- Quanto ao possíveis para o
tese em exps. Hoje, a teoria mais aceita entre os universo ansão, os cientistas afir-
cient que ou eleistas que estudam o cosmo é a do Big mam continuará eternamente
Bang. ndo, ose expandi u ocorrerá um movimen-
Segundo essa teoria, há milhares de to de contração em que tudo retornará a
ano a singuls, houve uma grande explosão no cos- uma nov aridade formada por um
mo, lta densi - gerando calor e energia de modo es- ponto de a dade e temperaturas in
tupe Esse possível movimento de con- ndo. À medida que essa energia foi finitas.
esfriand ormando em maté- tração é chamado de Big Crunch. o, foi-se transf
ria: prim ntes gases Mas o mais difícil para nós é compre- eiro na forma de difere
e, pouco a pouco - por um contínuo pro- ender que já fomos estrelas um dia.
UMBIGO OLHO E OUTROS
os trançados torcidos, dobrados, sarjados, enlaçados com
grade e outros tantos jeitos de urdir, fazem-se os cestos de
carregar, de guardar de um tudo, de enfeite. O começo do
cesto, que o artesão imagina pela função ou pelo gosto, chama-se
umbigo. Dependendo das talas, dos nós e da trama, o umbigo tem
formas diversas - diamante, olho, asterisco -abrindo desenhos,
bordas em cruz, caminhos de palha e cipó.
No trançar e no tecer, no entremeio de corda, no atar com algo-
dão nascem formas novas e velhas, como as lembranças que a gente
tem da vida, como as histórias.
74
TOD RES NASCEM LIVRES E IGUAIOS OS HOMENS E MULHE S
EM DIGNIDADE E DIREITOS...
Em dezembro de 1998 a Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos completa 50 anos. O
texto, adotado pelas Nações Unidas em 1948,
estabelece os direitos naturais de todo ser huma-
no, independentemente de nacionalidade, cor,
sexo, orientação religiosa, política ou sexual.
Apesar de não constituir uma lei, os prin-
cípios da Declaração fazem parte da Consti-
tuição da maioria dos países, norteiam boa
parcela das decisões tomadas pela comuni-
dade internacional e servem como referência
para o exercício da cidadania. Mesmo assim,
muitos direitos continuam sendo violados em
todo o mundo. Na América Latina, incluindo
o Brasil, persistem as práticas de violência
policial, a atuação de grupos de extermínio,
além de outras práticas que violam os direi-
tos universais.
Viver ultrapassa todo entendimento.
(Clarice Lispector)
D
Dom João VI, rei de Portugal, veio para o
Brasil fugido de Napoleão Bonaparte.
Chegando no Rio de Janeiro, a família real e a
Corte portuguesa viraram a cidade pelo avesso,
exigindo as melhores casas, refazendo os
caminhos e serviços.
É nesse tempo que aparece o primeiro
"cordão" carnavalesco, satirizando, numa
desforra popular, a laia desses fidalgos es-
trangeiros. Dr Agenor de Oliveira conta que
os personagens do "cordão" representavam
os membros da Corte e os índios. Forma-
vam-se assim dois grupos de farra: na frente
vinham os "caboclos" ou "tamoios" donos
da terra, com seus tacapes e maracás, aos
pulos e assobios, e depois o "rei dos dia-
bos", com a nobreza dos trópicos, vestida
de seda e dançando um minueto estropia-
do, crítica aos passos dançados nos salões
de Lisboa. Os "diabinhos" agitavam a cau-
da como os soldados que ameaçavam o
pov "morcego bran-o com suas espadas; o
co" imitava o oficial de justiça, o
"meirinho", sugador do sangue dos brasi-
leiros, que cobrava impostos para os luxos
lusit preto" representava anos; o "morcego
os "fiscais", alguns deles negros libertos,
que também surrupiavam a bolsa popular.
No desfile, o cordão refazia, pela pilhéria
e pelo riso, a história oficial. De início, os
índi círculo (camba), os dançavam em
contentes em seu território. Aproximava-
se então o grupo do "rei dos diabos" nas
suas estrepolias. Há uma dança de
confrontos e enfim as negociações entre o
rei e o cacique, "as promes-
sas e os enganos dos brancos". Após al-
gum tempo, todos fazem as pazes, mistu-
rando, na dança, penas e coroas. Concili-
ação de Carnaval, folguedo do Brasil.
75
"Nossos ancestrais consideravam a
Terra rica e generosa, o que ela é. Muitas
pessoas no passado também consideravam
a natureza inexaurível, o que hoje sa -be
mos que só pode ser se cuidarmos dela.
Não é difícil perdoar a destruição do pas-
sado que resultou da ignorância.
Hoje, porém, temos acesso a mais in-
formação e é essencial que reexaminemos
eticamente o que herdamos, nossas res-
ponsabilidades e nosso legado para as ge-
rações vindouras. As maravilhas da ciên-
cia e da tecnologia são equivalentes, se
não superadas, a muitas tragédias atuais,
inclusive a fome humana em muitas par-
tes do mundo e a extinção de outras for-
mas de vida.
A exploração do espaço sideral acon-
tece ao mesmo tempo em que os oceanos
e as nascentes da Terra ficam cada vez
mais poluídos. Muitos habitats, plantas,
animais, insetos e mesmo microor-
ganismos que consideramos raros podem
nem ser conhecidos pelas futuras gera-
ções. Temos a capacidade e a responsabi-
lidade. Devemos agir antes que seja tarde
demais."
S o-ua Santidade Tenzin Gyatso Décim
q l uarto Dalai Lama do Tibete, líder espiritua
do país e da fé budista
76
CORD
Ã
O DE CARNAVAL
Eu quero botar meu bloco na rua...
(Sérgio Sampaio)
r
Eonde os homens subitamente se transformam em pássaros: o circo -
paraíso das coisas impossíveis viabilizadas num gesto de rotina. Ao
ser assim, o circo acende a paixão de odos. Abeberado nela, já não é
apenas o acrobata que se contorce: sou :u também. Da mesma forma,
voarei no espaço, na certeza do trapézio à rente, indo e vindo em ritmo
certo. Desafiarei as regras do equilíbrio, lo alto de um arame rígido ou
de uma corda bamba. E se é mágico iquele que de uma cartola extrai,
inexplicavelmente, um pombo, o manco então sou eu. E tudo isso é
vôo.
Assim é o circo: a façanha e o sonho reunidos no mesmo espaço de onipotên-
cia e fantasia. Na façanha voam incríveis impossíveis - acrobatas, equilibristas,
Respeito muito minhas lágrimas mas ainda mais minha risada.
(Caetano Veloso)
rapezistas, mágicos e palhaços. No sonho, vôo com eles - eu espectador apaixo-
lado que, no delírio da paixão, faço-me também, sentado e em pânico, um acro-
bata.
um equilibrista, um contorcionista, um
trapezista,
um mágico, um palhaço.
Paulo Afonso Grisolli ' '
circo, que encanta pessoas de
todas as idades, tem suas ori-
gens há milhares de anos. As
primeiras manifestações surgiram na Chi-
na, onde os guerreiros praticavam acroba-
cia em seu treinamento e pinturas rupestres
mostram acrobatas, equilibristas e contor-
cionistas. Nas pirâmides do Egito, há pin-
turas de malabaristas. Saltos e contorções
faziam parte de espetáculos sagrados na
índia, enquanto na Grécia os sátiros seriam
os avós dos palhaços e números de força
eram praticados nas olimpíadas.
TODO MUNDO VAI AO CIRCO
Já o espetáculo pago, com picadei-
ro e apresentação de habilidades diver-
sas, foi criado por um suboficial inglês,
Philip Astley, em Londres, entre 1770
e 1772.
A partir daí, o circo vai ganhando
mundo e se aproximando da forma que
conhecemos hoje, chegando ao Brasil
no século XIX, quando artistas de com-
panhias estrangeiras adotam nosso país,
formando famílias e dando origem às
companhias que aqui estão. Desbravan-
do essa terra, alguns deles foram os pri-
meiros a levar a luz elétrica e o cinema
a cidades do interior.
Hoje, ao lado desse circo "tradicional",
que no Brasil soma mais de 2.000 compa-
nhias, há o "novo circo", representado en-
tre nós por grupos saídos das escolas de cir-
co que se multiplicam pelo país, profissiona-
lizando jovens de todas as classes sociais
que sempre trazem contribuições para essa
arte milenar.
Como em toda arte, há espaço para o
tradicional e o novo. E o respeitável públi-
co
, como sempre, não quer ficar de fora.
78
Palhaço Piolim
(1887-1973)
O
No circo nada é permanente; só o homem.
(Júlio Amaral de Oliveira)
O nosso amor a gente inventa. (Cazuza)
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de Herman Lima. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963.
p. 92/93 - Fox, Charles Philip. Old-time circus
cuts. New York: Dover Publications, 1979.
Vivendo se aprende; mas o que se aprende mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
(Guimarães Rosa)
Almanaque do Alua n° 0 (1993)
Reúnem-se, pois, no pequeno volume do
Almanaque do Alua (o título é também
muito bonito, com o seu significado e
sua assonância em "a", vogal da
claridade), elementos lúdicos, didáticos,
estéticos, filosóficos, pragmáticos, entre
outros — tudo a estabelecer um vibrante
tráfego entre o "popular" e o "erudito"—
dicotomia que um dia, esperamos, não se
possa mais conceber. De qualquer modo,
acho que conseguiram o difícil equilíbrio
entre o "popular" e o "erudito" sem tons
paternalistas, românticos ou autoritários.
Samira Mesquita
Universidade Federal do Rio de Janeiro
O texto gera desenho, o desenho gera
uma história, a foto provoca a poesia,
um "causo" lembra uma música, a
música vem carregada de tempo.
CTC - Centro de Trabalho e Cultura
Oficina de Leitura (Recife/PE)
A carência de materiais de leitura
adequados vinha sendo uma constatação
recorrente de diversos educadores de
adultos (...), o Alua, sem dúvida, pode
responder a essa necessidade (...)
Vera Masagão Ribeiro
CEDI - Centro Ecumêncio de Documentação e
Informação, São Paulo/SP
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