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crianças são estimuladas a aprender a se servir, essa ajuda torna-se desnecessária. O(a)
professor(a), como mediador(a) do aprendizado no momento do lanche, pensará qual
o material adequado a ser oferecido e a melhor forma de organizar a mesa. Assim
também estará estimulando as crianças a experimentarem novos alimentos,
orientando-as quanto às quantidades, à necessidade de mastigação, de higiene, ao
respeito ao lanche do amigo, situações que podem ser levadas em conta no
planejamento.
Veja só, professor(a), como atividades tão simples de nosso cotidiano podem ser
oportunidades riquíssimas de trabalhar muitos conceitos importantes, como o respeito
ao próximo, a abertura para o novo, a partilha, o cuidado com o corpo e a autonomia.
Assim ocorre também com as demais atividades do cotidiano.
Estas atividades diárias ligadas às necessidades (alimento, repouso, dentre outras)
são organizadoras do grupo. À medida em que se repetem diariamente, auxiliam
a criança na construção da noção da passagem do tempo, bem como desenvolvem
sua autoconfiança e autonomia. Chegar à escola, guardar a mochila, entregar a
agenda ao(à) professor(a) e guardá-la novamente ao final do dia são ações rotineiras
e que podem ser também foco do planejamento de seu trabalho. Nessas ações,
as crianças se sentem cada vez mais confiantes no espaço, nos adultos que lhes
apóiam e nelas mesmas.
O brincar, necessidade intrínseca da criança, acontece também diariamente. Como vimos
em várias unidades no Módulo II, é por meio da brincadeira que a criança entende o modo
como o mundo adulto se organiza, elaborando suas próprias emoções e sentimentos, bem
como criando e recriando o mundo que a cerca a partir de seus próprios referenciais.
Portanto, brincar é a forma privilegiada de expressão infantil. Brincar, então, não é aquilo
que as crianças fazem no recreio, para passar o tempo entre o trabalho “sério” e a hora
de ir para casa.
Levando em consideração a importância da brincadeira, é bom, no planejamento
diário, abrir muitos espaços para o brincar, e também que nós mesmos “entremos na
dança”. Como é gostoso quando nos permitimos estar com eles e brincar também,
virar bichos, brincar de roda, de comidinha... Muitas vezes, é justamente quando
observamos as brincadeiras espontâneas das crianças que podemos identificar seus
interesses, aspectos das relações entre elas, necessidades, medos, questões que nos
ajudam a conhecê-las e a dar significado e intencionalidade ao planejamento.
Além de tudo isso que vimos até aqui, é fundamental que o planejamento diário
inclua também um momento de exploração de alguma produção cultural e de produção
da criança também. Isto é: leitura de literatura, audição de músicas, apreciação de