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COLEÇÃO PROINFANTIL
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COLEÇÃO PROINFANTIL
MÓDULO IiI
unidade 7
livro de estudo - vol. 1
Mindé Badauy de Menezes (Org.)
Wilsa Maria Ramos (Org.)
Brasília 2006
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Secretaria de Educação a Distância
Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil
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Os Livros de Estudo do PROINFANTIL foram elaborados tendo como base os Guias de Estudo do Programa de Formação
de Professores em Exercício – PROFORMAÇÃO.
Livro de estudo: Módulo IV / Mindé Badauy de Menezes e Wilsa Maria Ramos,
organizadoras. – Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de
Educação a Distância, 2006.
128p. (Coleção PROINFANTIL; Unidade 7)
1. Educação de crianças. 2. Programa de Formação de Professores de Educação
Infantil. I. Menezes, Mindé Badauy de. II. Ramos, Wilsa Maria.
CDD: 372.2
CDU: 372.4
Ficha Catalográfica – Maria Aparecida Duarte – CRB 6/1047
L788
AUTORES POR ÁREA
Linguagens e Códigos
As unidades nesta edição foram reelaboradas por Maria
Antonieta Antunes Cunha, a partir das produzidas para a
1ª edição, na qual participaram também Lydia Poleck (Unidades
1, 7 e 8) e Maria do Socorro Silva de Aragão (Unidades 5 e 6).
Matemática e Lógica
As unidades nesta edição foram reelaboradas por Iracema
Campos Cusati (Unidades 1, 2, 3 e 8) e Nilza Eigenheer Bertoni
(Unidades 4, 5, 6 e 7), a partir das produzidas para a 1ª
edição, na qual participou também Zaíra da Cunha Melo
Varizo (Unidades 1, 2, 3 e 8).
Identidade, Sociedade e Cultura
As unidades nesta edição foram reelaboradas por Terezinha
Azerêdo Rios, a partir das produzidas para a 1ª edição, na
qual participou também Mirtes Mirian Amorim Maciel
(Unidades 1, 3, 5 e 7).
Projeto Gráfico, Editoração e Revisão
Editora Perffil
Coordenação Técnica da Editora Perffil
Carmen de Paula Cardinali, Leticia de Paula Cardinali
Diretora de Políticas da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental
Jeanete Beauchamp
Diretora de Produção e Capacitação de Programas em EAD
Carmen Moreira de Castro Neves
Coordenadoras Nacionais do PROINFANTIL
Karina Rizek Lopes
Luciane Sá de Andrade
Equipe Nacional de Colaboradores do PROINFANTIL
Adonias de Melo Jr., Amaliair Attalah, Amanda Leal,
Ana Paula Bulhões, André Martins, Anna Carolina Rocha,
Anne Silva, Aristeu de Oliveira Jr., Ideli Ricchiero, Jane Pinheiro,
Jarbas Mendonça, José Pereira Santana Junior, Josué de Araújo,
Joyce Almeida, Juliana Andrade, Karina Menezes, Liliane Santos,
Lucas Passarela, Luciana Fonseca, Magda Patrícia Müller Lopes,
Marta Clemente, Neidimar Cardoso Neves, Raimundo Aires,
Roseana Pereira Mendes, Rosilene Silva, Stela Maris Lagos
Oliveira, Suzi Vargas, Vanya Barbosa, Vitória Líbia Barreto
de Faria, Viviane Fernandes F. Pinto
FUNDESCOLA - SEED / MEC
Organizadoras da Versão Original do PROFORMAÇÃO
Mindé Badauy de Menezes, Diretora do Departamento de
Planejamento e Desenvolvimento de Projetos / SEED, Wilsa
Maria Ramos, Coordenadora de Programas Especiais /
FUNDESCOLA
Coordenação Pedagógica da Versão Original
do PROFORMAÇÃO
Maria Umbelina Caiafa Salgado
Consultor em Educação a Distância da Versão Original
do PROFORMAÇÃO
Michael Moore
Consultoria do PROINFANTIL – Módulo IV
Lígia Maria Motta Lima Leão de Aquino,
Maria Cristina Leandro Paiva
Revisão Pedagógica do PROINFANTIL
Beatriz Mangione Ferraz
MÓDULO IV
unidade 7
livro de estudo - vol. 1
Programa de Formação
Inicial para Professores
em Exercício na Educação Infantil
A – INTRODUÇÃO 8
B – ESTUDO DE TEMAS
ESPECÍFICOS 12
LINGUAGENS E CÓDIGOS
TEXTO E ILUSTRAÇÃO NA LITERATURA INFANTIL:
AS VÁRIAS POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO ENTRE
TEXTO E IMAGEM..................................................................................
13
Seção 1 O que é ilustração ................................................................ 14
Seção 2 – Importância e papel da ilustração....................................... 19
Seção 3 – Diálogo texto-ilustração ...................................................... 26
IDENTIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
CULTURA, COMUNICAÇÃO E CIDADANIA.......................................... 39
Seção 1 – Comunicação e cultura na sociedade atual ........................ 40
Seção 2 – Janelas para o mundo .......................................................... 50
Seção 3 – Comunicação, sociedade, cultura e cidadania.................... 61
VIDA E NATUREZA
A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO AMBIENTE E
AS MUDANÇAS NO NOSSO PLANETA ................................................
75
Seção 1 Transformações na atmosfera pela interferência
do homem .............................................................................
77
Seção 2 A poluição do solo................................................................ 83
Seção 3 – Água: um bem essencial que precisa ser preservado........ 90
Seção 4 – Águas ácidas: chuvas perigosas.......................................... 96
C – ATIVIDADES
INTEGRADAS 108
D – CORREÇÃO DAS
ATIVIDADES DE ESTUDO 116
LINGUAGENS E CÓDIGOS............................................................ 117
IDENTIDADE, SOCIEDADE E CULTURA..................................... 121
VIDA E NATUREZA......................................................................... 124
SUMÁRIO
8
8
A - INTRODUÇÃO
9
Caro(a) professor(a),
Seja bem-vindo(a) à Unidade 7!
Nesta fase final do seu curso, os conteúdos das áreas temáticas continuam lhe
oferecendo os requisitos necessários para completar sua educação básica. Você deve
ter percebido que eles continuam a ser trabalhados em função da sua formação
pessoal e profissional. Dessa forma, permitem que você reflita sobre a sua prática
pedagógica, sobre o seu processo de aprendizagem e que, a partir daí, possa produzir
novos saberes, contribuindo para o exercício de sua cidadania. Veja, então, os
conteúdos que você vai estudar na Unidade 7.
Se alguém lhe perguntasse qual é a importância das ilustrações nos livros de literatura
infantil, o que você responderia? Já pensou nisso? Será que elas cumprem um papel
específico? Ou sua função é apenas chamar a atenção para os livros? Na área de
Linguagens e Códigos
, você vai encontrar respostas para essas e outras perguntas.
Provavelmente encontrará até novas perguntas, o que é muito bom! Você vai começar
focalizando as funções da ilustração, os tipos de percepção que diferentes espécies
de ilustração provocam e os critérios para selecioná-las ou criá-las. Verá que os
principais são a qualidade artística e o diálogo que se pode estabelecer entre texto e
ilustração. Finalmente, terá oportunidade de considerar o projeto gráfico, que é tão
importante para o livro quanto as ilustrações.
Nos textos de
Identidade, Sociedade e Cultura
, você vai continuar ligado na
comunicação. Só que na comunicação de massa, isto é, aquela situação em que a
mensagem de um emissor atinge milhares de recebedores ao mesmo tempo. Esse
assunto complementa, de um outro ponto de vista, o que você vem estudando sobre
globalização. Os meios de comunicação são importantes instrumentos da sociedade
moderna, garantindo a circulação de informações, que torna possíveis muitas ações
no campo de cidadania, democracia, saúde, cultura e lazer, ciência e tecnologia etc.
10
Assim, funcionam como poderosos instrumentos formadores de opinião e tanto podem
favorecer o fortalecimento da identidade nacional quanto minar a cultura local com
influências de outros países. Você verá como esses processos se deram no Brasil,
estudando a história dos meios de comunicação entre nós: os jornais e revistas, a
televisão, o rádio e o cinema. Conhecer tudo isso é muito importante, pois você já
sabe que a grande quantidade de informações e de meios de transmissão disponíveis
favorece a manipulação das opiniões, tornando necessário que as pessoas saibam
fazer seleções críticas entre as mensagens que recebem pelos meios de comunicação.
Nos textos de
Vida e Natureza
, você vai conhecer mais sobre os problemas ambientais,
que aparecem com freqüência nos noticiários dos meios de comunicação de massa,
pois alguns deles afetam o planeta como um todo. É o caso do “efeito estufa”, que
resulta do uso de combustíveis fósseis, como os derivados do petróleo. Você,
provavelmente, já ouviu falar dele, não é? Outros problemas ambientais são o aumento
da concentração de gás carbônico na atmosfera, resultante do desmatamento, a
contaminação do solo e das águas pelos adubos químicos e pesticidas e a acidificação
das chuvas. O caso da poluição das águas é um dos mais graves, podendo antever-
se que as reservas hídricas próprias para o uso humano serão objeto de disputa em
futuro próximo. Tudo isso nos mostra como a interferência do homem na natureza
pode degradar o ambiente e como é necessário que se formulem políticas adequadas
de preservação ambiental.
Ao ler esta apresentação, você percebeu como a comunicação é importante para a
democracia? Quando estudar os conteúdos das áreas temáticas, procure reunir
elementos que possam ajudá-lo a perceber como a comunicação, contribuindo para
promover a democracia, oferece elementos para esclarecer a relação entre a teoria
e a prática educativa e, assim, definir a especificidade do trabalho docente. Procure
também refletir sobre o seu processo de aprendizagem durante o curso e,
principalmente, sobre como os instrumentos de avaliação propostos têm contribuído
efetivamente para a sua formação pessoal e profissional.
Você pôde constatar como é importante o(a) professor(a) acompanhar as formas de
desenvolvimento e aprendizagem das crianças para que ele compreenda seus
processos e suas estratégias de aprendizagem? Entender o que as crianças estão
produzindo, como elas produzem e em que contextos produzem é fundamental. Da
11
mesma forma, conversar com elas, com suas famílias, informá-las sobre os processos
vivenciados, os avanços e os desafios, é papel do professor. O trabalho de parceria
com os pais e/ou responsáveis se efetiva na medida em que acontecem as trocas de
informação.
O tutor tem elementos para ajudá-lo nesta importante tarefa. Converse com ele.
Desejamos que você tenha sucesso no
desenvolvimento desta unidade !
12
B – ESTUDO DE TEMAS ESPECÍFICOS
12
13
Linguagens e códigos
texto e ilustração na literATURA infantil:
as várias possibilidades de diálogo entre
texto e imagem
ABRINDO NOSSO DIÁLOGO
Temos, em várias e freqüentes oportunidades, tratado do texto, construindo textos
para falar do texto. E como falamos, hem?
Você sabe muito sobre texto. Isso não se discute. Mas... sempre se pode saber mais,
não é mesmo? Esta unidade é bem ilustrativa disso.
Nesta unidade, continuaremos a tratar do texto, agora relacionado, dialogando, com
a ilustração, outro tipo de texto que tem algo a dizer. Vamos ouvir?
DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
Objetivos específicos desta área temática.
Ao finalizar seus estudos, você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens
como:
1. Conceituar ilustração.
2. Destacar a importância da ilustração e seu papel no livro de literatura infantil.
3. Comparar diferentes tipos de diálogo texto-ilustração.
-
-
14
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
A Unidade 7 tem três seções, assim estruturadas: a primeira conceituará ilustração;
a segunda destacará sua importância e o papel que ela cumpre no livro de literatura
infantil; e a terceira apresentará, para comparação, diferentes formas de diálogo
entre texto e ilustração.
Caro(a) professor(a): você deverá organizar seu tempo para usar cerca de 70 minutos
em cada seção desta unidade, num total de 3 horas e 30 minutos para a leitura de
textos, apreciação das ilustrações e realização das atividades propostas. Sucesso!
Seção 1 – O que é ilustração
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Conceituar ilustração.
Um bom modo de conceituar algo é por sua função, por sua utilidade: para que serve
a ilustração, o que ela significa?
A ilustração serve para iluminar a página, enfatizá-la, esclarecê-la ou explicá-la,
fazê-la brilhar, embelezá-la.
A ilustração também é um texto: é resultado de uma interpretação do real ou do
imaginário, outra instância do real, cujos signos são ícones, imagens. Tece signos
pictóricos – pinturas de idéias – que podem ser lidos quando, com a colaboração do
leitor, ficar resolvida a equação:
significante + significado = significação
-
Reprodução
Pedro Martinelli
Ernesto Hermann
15
Os pictogramas (desenhos ou pinturas esquemáticas representativas de alguma coisa,
ou, como você viu na Unidade 1, “desenhos figurativos que representam, de modo
simplificado, coisas da realidade”), por exemplo, são elementos de uma escrita que
pode ser lida por pessoas de todas as idades, do mundo inteiro. Isso é possível porque
pictogramas são ícones (imagens) e, sendo assim, a relação entre a representação e a
coisa representada é direta. Conhecer o ícone é praticamente conhecer a coisa, porque
ele é semelhante a ela, parece-se com ela, mostra, revela o que ela é.
Eram iluminuras as ilustrações mais antigas. Conforme o Dicionário Michaelis, um
tipo de pintura em cores, que em livros e outros manuscritos da Idade Média
representava figurinhas, flores
e ornatos em miniatura, com
destaque para a letra inicial.
Você sabe que antes de Guten-
berg inventar a imprensa de tipos
móveis e metálicos (1434), os livros
eram manuscritos (copiados à mão)
por monges copistas nas bibliotecas
dos mosteiros. Iluminando as
páginas primorosamente copia-
das, aparecem as iluminuras, do
modo que você pode ver ao lado.
Kim Ir Sen
Reprodução
16
Mais tarde, vamos encontrar coleções de
estampas: pinturas impressas ou gravadas em
folhas soltas, de tamanho variado.
Algumas dessas estampas foram utilizadas em
livros de literatura, com o fim específico de
mostrar algo ou alguma cena do texto, ou
mesmo de embelezamento. A maioria, em
papel brilhante e presa somente na parte
superior da página, podia ser destacada;
algumas eram precedidas de um papel fino ou
transparente.
Eram em número reduzido.Também eram poucas essas estampas, quando impressas
na própria página do livro, todo ele em papel couché, aquele papel acetinado,
brilhante.
Mesmo o livro infantil apresentava a ilustração
desse modo. Em geral, o livro para crianças meno-
res era bem ilustrado. O número de ilustrações
ia diminuindo juntamente com o tamanho das
letras, à medida que as crianças avançavam nas
séries. Daí ficar o livro para 4ª série sem ou com
pouquíssimas e espaçadas ilustrações. Igualava-
se ao livro para adulto, inclusive no formato e no
tipo e tamanho das letras.
Reprodução
Reprodução
Reprodução
17
Em geral, os livros para adulto não são ilustrados. Há algumas edições especiais ou
comemorativas, ou grandes livros da literatura universal (Divina comédia, de Dante;
Paraíso perdido, de Milton; Dom Quixote, de Cervantes) muito cuidados em tudo:
papel, formato, paginação, diagramação, ficando as ilustrações a cargo de grandes
artistas.
Atividade 1
a) Conceitue ilustração:
b) As ilustrações de livros eram diferentes antes e depois da invenção da
imprensa. Conte como era antes:
depois:
Reprodução
18
Mais recentemente, começando nos anos 70, o livro para crianças pequenas é
totalmente ilustrado. Também os livros para crianças maiores são fartamente
ilustrados. Inclusive editoras há que se apóiam nas ilustrações como chamariz para a
compra do livro, incluindo apelos táteis, olfativos e até auditivos, atribuindo importância
menor ao texto.
Por extensão, os próprios livros didáticos foram passando de um projeto gráfico
específico para livros profusamente ilustrados. Além disso, conjugavam formato,
diagramação, técnicas próprias dos quadrinhos, do cinema, da fotografia e das artes
plásticas, visuais etc., para tornar o livro atrativo e funcional, traduzindo ao máximo
o texto, com o objetivo de ensinar.
Na verdade, a ilustração não é absolutamente necessária ou obrigatória. Imaginar o
contrário decorre, dentre outros motivos, de nosso paternalismo e do fato de
desconsiderarmos a capacidade cognitiva e imaginativa de nossas crianças nem tão
“crianças”. Uma conseqüência da ilustração a qualquer preço, além do exagero,
tem sido a criação de livros com ilustrações totalmente divorciadas do texto. Texto e
ilustração precisam de um casamento feliz.
Atividade 2
De nenhuma ilustração ao exagero. Que problemas decorrem disso? Explique.
(Em sua explicação, cite, pelo menos, três problemas.)
19
Seção 2 – Importância e papel da ilustração
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Destacar a importância da ilustração e
seu papel no livro de literatura infantil.
Para bem esclarecer a importância e o papel da ilustração, vamos abordar os seguintes
aspectos:
1. Interação texto-ilustração
2. Caracterização das ilustrações no texto
1. Interação texto-ilustração: terminamos a Seção 1 falando em casamento feliz.
Já havíamos dito antes que não deveria haver divórcio, separação entre texto e
ilustração. O texto não deve suplantar a ilustração e esta não deve repetir, traduzir
o texto. Deve haver uma cumplicidade, uma integração, uma complementação, um
dueto (uma dupla) de vozes harmoniosas.
Importante!
A função da ilustração é a criação e o desenvolvimento de signos e a
descrição gráfica das cenas necessárias. Cada desenho, cada pintura
contribui com uma nova imagem, acrescenta uma nova dimensão.
Desenhos e cores dão alegria aos livros infantis, compartilhando responsa-
bilidades com o texto. A palavra se vê assim, aclarada, enriquecida,
ornamentada pela imagem.
ALBERTON, Carmen Regina et alii. Uma dieta para crianças: livros. Porto Alegre: Redacta/
Prodil, 1980, p. 27.
Segundo Maria Antonieta Antunes Cunha, não se pode “restringir a função da
ilustração a uma tradução do texto. Na minha opinião, a imagem ilumina novas
percepções da palavra”.
20
Voltemos ao problema, já colocado, de, atualmente, várias editoras não só exigirem
a imagem para qualquer texto infanto-juvenil, como também exacerbarem o papel
da imagem, em prejuízo da qualidade do texto. Como se um texto pudesse ser
transmudado de ruim para ótimo pela presença da ilustração...
Leia as seguintes conclusões, da mesma autora, no artigo “A ilustração no livro
infantil – alguns mal-entendidos:”
1.Tão ou mais importante que a presença de ilustração num livro é seu projeto
gráfico: a definição de papel, capa, diagramação, tipo de letra, abertura de
capítulos, etc., tudo que torna o livro um objeto agradável, convidativo à
leitura.
2. Estamos criando muitos dogmas, limitadores também no campo da literatura
infantil. Sugeriria que a ilustração do livro para crianças tivesse uma discussão
mais abrangente: que fosse analisada no terreno da arte. Como tal, a premissa
para a questão seria a de que a ordem é sempre alterada pela arte. Esta cria
opções a cada momento, rompendo com os limites do possível.
É de Mark Twain uma frase que cada um poderia ter como slogan, mas que
a arte parece propor como sua razão de ser: “Esqueceram de dizer àqueles
ingênuos que aquilo era impossível. Então, eles foram e fizeram”.
In Palavra Imagem, coleção da SEE-MG,1998.
Atividade 3
a) Registre cinco palavras que caracterizam a integração texto-ilustração:
b) Termine a frase:
Consta de um projeto gráfico
21
c) Você entendeu a frase de Mark Twain?
Retire do item 2 uma outra frase que a explica e a escreva aqui:
Você está vendo como é interessante a interação, o diálogo texto-ilustração? Vamos
ouvir mais vozes?
Ilustração... Ilustradores! Vamos dar a palavra a eles? Com a palavra, Angela Lago!!!
... o problema da ilustração do livro para criança. O que deveria ser considerado
uma outra modalidade de desvendar a emoção, uma outra possibilidade de
leitura do mundo, passa a ser visto como muleta.
Na verdade, mais do que o próprio título ou o nome do autor, geralmente, a
primeira atenção que o livro para a criança desperta concentra-se no seu
desenho enquanto objeto. As ilustrações se oferecem como uma primeira
leitura, que facilita e intermedeia a relação entre o leitor e o texto. Mas, se, na
prática, pode caber à ilustração esse papel de seduzir para o texto, ela deve ir
mais além, na medida em que é arte, capaz de falar por si mesma. Mais que
facilitadora ou intermediadora, ela deve ser feita e vista como uma possibilidade
paralela que se acrescenta ao texto, ao fazer a sua leitura com a linguagem
que lhe é própria, de maneira original e particular.
22
Tem-se discutido a necessidade de valorizar o texto e a literatura oralizada e
de se rever a importância e o espaço que vêm sendo dados à ilustração. Sem
dúvida, o texto precisa ser valorizado. Mas um belo objeto me parece uma
prova a priori desta valorização – não o contrário.Se queremos que uma criança
se aproxime com prazer do livro, devemos considerar que o cuidado com sua
diagramação, com seu acabamento e com as ilustrações, quando as houver, só
favorecem o texto. Na mesma medida, o cuidado com o texto, quando presente,
no livro fundamentalmente de imagens para crianças pequenas, só deverá
favorecer este livro. O que vem acontecendo, e que é criticável, é que textos
descuidados vêm sendo publicados porque suas ilustrações são suficientes para
atrair o consumidor. A crítica cabe, portanto, ao texto e à estratégia do mercado
livreiro, não só ao papel de Cyrano de Bergerac às avessas que coube, nestes
casos, à ilustração. Acontece que ela vem, algumas vezes, desempenhando o
papel melhor que a encomenda: sendo bonita e falando bem. É nestas ocasiões
que o leitor mais uma vez a escolhe em detrimento de um texto que não tinha
qualidades.
Não há dúvida: se queremos que a criança opte pela leitura como uma das
fontes para se ler o mundo, temos que lhe oferecer bons livros, para que ela
faça entre eles suas escolhas, e não objetos descartáveis para um consumo
ligeiro.
LAGO, Angela, escritora e ilustradora, em palestra proferida na IX Bienal Internacional do Livro
(21 a 31 de agosto de 1986, Pavilhão da Bienal, Parque do Ibirapuera, São Paulo).
Atividade 4
a) Escolha, no texto, uma afirmação de Angela Lago e comente-a:
23
b) Você já ouviu falar ou leu algu-
ma coisa acerca dessa persona-
gem, Cyrano de Bergerac, que
aparece no texto? Procure
descobrir. Vai achar muito
interessante e entender melhor
sua presença (explicada) no
texto: escolha de um texto ruim
enganada pela qualidade da
ilustração.
Se não conseguir, leia essa informação
na Parte D da unidade, na correção da
Atividade 4.
Outro profissional da ilustração, Gian Calvi, apresentou, dentre outras, as seguintes
considerações:
...Tenho às vezes, ao ler determinados livros para crianças, a desagradável
sensação de que o autor achou que estava escre-
vendo para elas pelo simples fato de ter intro-
duzido alguns diminutivos e alguns bichinhos
num texto simplesmente banal.
Quanto às ilustrações, ocorre com freqüência o
mesmo.
A imaginação, a enorme capacidade de viver
intensamente os valores da fantasia, da forma e
do colorido são qualidades do nosso jovem leitor;
essas qualidades se transformam numa ótima
chance para que o escritor e o artista juntos
completem essa fantasia. Essa chance é ao mesmo
tempo um compromisso. Não existe a diferença
para a fantasia criadora;oferecer novo estilo ao texto
e nova imagem estética à obra é um desafio que
gratifica quase sempre.
24
Se pudermos aliar a iniciativa criadora ao conhecimento técnico, provavelmente
estaremos dando um passo à frente para um melhor livro. Trata-se, portanto,
de não somente escrever e ilustrar um livro, mas, fundamentalmente, de
divulgar uma idéia que vai se expressar na palavra Unidade e no desenho.
Trata-se de iniciar o gosto da criança pela lógica da frase e pela sensação estética,
estimulando sua capacidade de verificar, de refletir logicamente e de comparar
com o real, despertando sua fantasia. Trata-se de estimular sua capacidade de
descobrir e de combinar.
CALVI, Gian. Algumas considerações sobre livro infantil. Seminár io de Literatura Infantil
(Bienal do Livro. 19 a 21 de junho de 1988, Parque do Ibirapuera, São Paulo).
Atividade 5
Identifique e cite três conclusões prováveis, levando em conta as considerações
de Gian Calvi:
a)
b)
c)
Antes de continuar, vá, rapidinho, à Parte D e leia as três conclusões que colocamos
na resposta da Atividade 5. Vai encontrar as suas e outras mais.
Muito bem! Vamos agora passar ao item B (caracterização das ilustrações) para
esclarecer mais o objetivo pretendido na Unidade 2: destacar a importância da
ilustração e seu papel no livro de literatura infantil.
Faça uma pausa em sua leitura. Que tal um suco bem gostoso, da fruta de
suapreferência? Pronto? Ótimo! Voltemos à Unidade 7!
2. Sobre a caracterização das ilustrações, selecionamos este texto para você:
...Tudo o que escrevemos sobre as ilustrações só é válido a partir de uma
condição: o valor artístico. Mais uma vez voltamos ao ponto: se queremos
criar nos alunos o bom gosto, as gravuras não podem ser descuidadas.
25
Não basta ser ilustração para agradar à criança: importa não só ser bem-feita,
como também ser sugestiva, dar aos meninos oportunidade de recriar, imaginar,
ir além do próprio desenho.
Há ilustrações que nada dizem do texto, há outras que o traduzem exata-
mente, contêm o trecho. As duas são falhas: a primeira, porque é um elemento
à parte da obra escrita; a segunda, porque nada deixa a cargo da fantasia da
própria criança.
Há as ilustrações em preto e branco e as
coloridas: ambas são eficazes e podem
adequar-se à obra. O importante é serem
de valor.
Um engano muito freqüente nas edições
infantis é supor que o número de elementos,
a superposição de detalhes sejam dados positivos
com relação à criança. Muitas vezes, a ilustração perde a unidade, desintegra
o texto, torna-se um amontoado de mau gosto. Há livros que chegam a
apresentar, nas linhas do próprio texto, desenhos “traduzindo” as palavras da
história. Diferem das cartas enigmáticas, porque trazem as palavras escritas
ao lado do desenho. As cartas enigmáticas são mais interessantes, porque pelo
menos são um jogo.
Há ainda ilustrações obtidas de fotografias e de recortes, muitas
de grande valor, e outras edições requintadas, com
montagens fotográficas de bonecos. São
excelentes, de muito bom gosto, e sobre
outras têm a vantagem de dar maior
margem à recriação da criança.
Paginação e diagramação são dois
aspectos muito ligados entre si e à
ilustração. Definem a relação texto-
ilustração-espaço em branco em
cada página, tipos de letra e todos
os recursos gráficos utilizados na obra.
26
Podem criar-se pela diagramação e paginação sentimentos diversos, surpresas,
como também definir momentos da história. Percebe-se, portanto, sua
importância no livro infantil.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil. Teoria & prática. São Paulo: Ática,
1994, pp.75-76.
Atividade 6
a) Procure para cada parágrafo separar um livro de literatura infanto-juvenil
que o exemplifique. Tente conseguir livros para todos os parágrafos. Se
não der, não se preocupe, talvez um colega seu tenha conseguido.
b) Leve esses livros para a Reunião do Sábado. Comente-os com seus colegas e
o tutor.
Seção 3 – Diálogo texto-ilustração
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Comparar diferentes tipos de diálogo
texto-ilustração.
Além de tamanhos, tipos, concepções e uso de materiais ilustrativos diferentes, as
ilustrações podem:
- traduzir
- contrariar
- ultrapassar
- desconsiderar
o texto, estabelecendo, ou não, diálogos mais diversificados.
Vamos apresentar um exemplo, com ilustrações e texto do livro Chapeuzinho
Amarelo, de Chico Buarque, editado por Berlendis & Vertecchia, em março de 1983.
O projeto gráfico é de Donatella Berlendis.
27
Em primeiro lugar, a ilustração é em branco e preto, o que em nada compromete o
seu valor artístico. Para os efeitos pretendidos (diálogo), só podia ser assim.
Observe as meninas apresentadas em contornos, brincando descontraídas. São lindas,
as três graças em silhueta. O movimento leve e solto dos cabelos e dos vestidos, e o
movimento mesmo da dança de roda saltitante, obtido apenas com uma linha, é
genial.Ultrapassa o texto, mostrando um outro comportamento infantil (não listado
por Chico Buarque), mas bastante comum entre as meninas: a roda cantada que
você imagina naturalmente. Isso permite o diálogo porque é um outro olhar, outra
voz, outra interpretação do texto.
E a Chapeuzinho? Espremida em um cantinho embaixo da página à direita, quase
saindo dela. Até o corte da página corta um pedaço da Chapeuzinho... Toda encolhida,
sem brincar de roda, sem fazer nada, sem ação, paralisada, imobilizada. Apavorada,
só mostra uma parte do rosto, os olhos arregalados e tristes, acentuados pela curva
caída do desenho. Além disso, muito pretos, sem brilho, olhos de medo. O boné
cobre toda a cabeça, pois ela só tem um pensamento: medo, medo de tudo, mostrado
a pala amarela (indicando que ela “amarelou”). Amarelo chapado, cheio, ocupando
todo o interior da pala; o medo da Chapeuzinho é visceral.
Tinha medo de trovão
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol
porque tinha medo da sombra
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada,
Deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.
28
Essas e outras são as vozes, as falas da ilustração. Leia o texto e ouça suas vozes e
falas. Sinta como dialogam texto e ilustração, justamente porque apresentam
conotações diferentes. São outras leituras, interpretações, variações do mesmo
tema. Entretanto, elas não brigam, uma complementando a outra. Se a ilustração
reproduzisse o texto, traduzindo-o, as duas vozes aconteceriam em uníssono, e,
portanto, não haveria o diálogo.
Assim, é preciso ouvir como se comportam, dialogando ou não, as falas do
texto icônico (ilustração) e as falas do texto simbólico (escrita). É preciso sentir
os tons desse diálogo, como ele atinge sua sensibilidade e veicula a emoção
estética.
LEIA esta análise da ilustração desse livro como um todo, de um artigo publicado
no jornal Estado de Minas:
...a ilustração é belíssima, numa total integração com o texto, fundamental-
mente sugestiva, mais que demonstrativa de uma leveza notável, trabalha
com o esboço e a silhueta, com poucos detalhes em cor. Inicialmente, somente
aparecem coloridas de amarelo as bochechas ou o chapéu da menina, cujo
rosto é dominado por enormes olhos negros e assustados. Quando o medo
começa a desaparecer, as bochechas se tornam vermelhas e os olhos mostram
apenas curiosidade. No final, com as bochechas vermelhas aparece o sorriso
de Chapeuzinho, que, aliás, agora não tem chapéu. É interessante a simbologia
do chapéu com o sentido de defesa: no princípio, ele aparece na cabeça da
menina; depois, quando perde o medo, ela o segura na mão: e, na última
página do livro, o chapeuzinho amarelo voa solto no alto da página, inútil.
Afora os detalhes coloridos, com amarelo e vermelho, já citados, apenas uma
página de árvores verdes, a menina colhe uma maçã muito vermelha.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. “Chico Buarque, autor para crianças”. Estado de Minas,
Literatura Infantil.
29
Atividade 7
Depois disso, o que você mais quer é ler o livro e apreciar suas ilustrações, não
é mesmo?
Mas preste atenção: há uma outra edição (terceira, em 1997), da José Olympio
(Rio de Janeiro), ilustrada por Ziraldo. A que comentamos foi editada 16 vezes
por Berlendis & Vertecchia (São Paulo).
É interessante, se possível, comparar essas edições e ouvir o diálogo entre texto
e ilustração nas duas situações. Se der, registre suas observações nas linhas
abaixo da reprodução das capas dessas edições de Chapeuzinho Amarelo.
Discuta-as na Reunião de Sábado. (De qualquer modo, leia a comparação
referente à atividade 7, que está na Parte D, Correção das Atividades de Estudo.)
Reprodução
Reprodução
30
Atividade 8
1ª parte:
Escolha um livro de literatura e observe bem suas ilustrações.
Leia o texto e descubra o que dizem. Observe SE:
a) não têm nada a ver com o texto, desconsiderando-o, portanto;
b) apenas o traduzem, dizendo exatamente a mesma coisa;
c) contradizem o texto, entrando em conflito;
d) vão além, acrescentando outros aspectos dentro da mesma temática.
2ª parte:
Leve esse livro para a Reunião do Sábado e comente o que você descobriu com
seus colegas e o tutor.
Troquem os livros e discutam os itens (a), (b), (c) e (d).
Depois dessa discussão, responda: das situações acima, indicadas nos itens (a),
(b), (c) e (d) da 1ª parte, indique as que permitem e as que não permitem o
diálogo entre texto e ilustração. Justifique.
31
PARA RELEMBRAR
Ao terminar o estudo desta unidade, você deve estar lembrado de que:
- A ilustração também é um texto e como tal pode ser lida, interpretada.
- A ilustração serve para iluminar a página.
- As ilustrações são de variados tipos e provocam percepções diferentes.
- O critério de análise da ilustração do livro infantil deve ser a arte.
- Se artística, não importa se a ilustração é colorida ou em branco e preto.
- Tão ou mais importante do que a presença de ilustração num livro é seu
projeto gráfico.
- A ilustração, além de ser bem-feita, deve ser sugestiva e permitir a fantasia
e a recriação.
- As ilustrações podem traduzir, contrariar, ultrapassar ou desconsiderar o
texto.
- É indispensável o diálogo texto-ilustração.
32
ABRINDO NOSSOS HORIZONTES
Orientações para a prática pedagógica
Objetivo específico: utilizar a ilustração como material pedagógico apropriado a
diferentes atividades de linguagem oral e escrita.
Atividades sugeridas
1. Use diferentes materiais e tipos de texto, verbais e não-verbais, para motivar as
leituras e as produções de textos de suas crianças. Use fotografias, quadrinhos,
pinturas, objetos, folhas e frutos, brinquedos e outros materiais para mostrar leituras
diferentes, pois cada criança partirá de sua experiência, de seu conhecimento
para dar nome à leitura ou ao texto que produzirá. (Essa foi uma atividade sugerida
na Unidade 2 do Módulo II e que vale a pena ser repetida.)
2. Colecione gravuras, ilustrações de vários tipos e utilize-as sempre em suas
atividades. Para efeito didático, distinguem-se:
- as gravuras de sentido completo, que mostram o fato, uma cena completa e
que permitem uma leitura lógica, coerente;
- as de sentido incompleto, que mostram parte do acontecido e dão margem à
imaginação, à criatividade;
- as decorativas, que servem para enfeitar, embelezar;
- as figurativas, informativas, que servem para ilustrar, explicar, esclarecer os
conteúdos das diferentes áreas temáticas. Por exemplo: se você está falando
sobre determinado animal, você apresenta a gravura, a foto, o desenho desse
animal.
-
33
Sentido completo
Sentido incompleto
Informativa
Decorativa
34
3. Realize observação de imagens (descritivas e narrativas), para apresentação oral.
Utilize essas imagens do pintor suíço Jörg Müller, que apresentam a mesma
cidadezinha em períodos de tempo diferentes. Fazem parte de uma série de quatro
conjuntos. Você poderá usar estes dois conjuntos para sua realização:
Ajude suas crianças a perceber todas as alterações ocorridas. Confronte as
diferentes leituras das imagens.
4. Apresente gravuras seriadas para leitura e interpretação (dois fatos, princípio e
fim; três fatos, princípio, meio e fim; quatro fatos, princípio, meio, meio, fim; cinco
fatos). Com as mesmas séries, apresente o princípio e o fim, pedindo-lhes para
imaginar o meio; em seguida, apresente o meio e discuta semelhanças e diferenças,
qual a proposta mais interessante e por quê.
Jörg Müller / A cidade em transformação / Reprodução
35
5. Realize exercícios de criação, de imaginação. É um jogo, um brinquedo com as
palavras. Exemplos:
- Pedir outros significados para as mesmas palavras; fazer comparações; usar e
abusar do sentido figurado; fazer jogos. Palavras leves, que voam, que brilham,
que gritam. Palavras pesadas, magras, engraçadas. Palavras enormes, saltitantes,
alegres, tristes, perigosas.
- Fazer definições diferentes: o que é um tijolo? Um armário? Uma bolsa ou um
bolso? Um lápis? Uma estrada? Uma borboleta? Um sapato?
- Inventar e nomear animais e objetos e lugares fantásticos. É o uso da linguagem
criadora em oposição à linguagem-instrumento. Um dos encantos de se ouvir a
leitura de histórias é a fascinação das palavras por si em sua sonoridade, seu ritmo
e o jogo imaginativo de possibilidades. É a “palavra mágica”, a linguagem geradora:
basta dizer a palavra para que a coisa exista.
A criança gosta da pluralidade e da ambigüidade de sentido, do transformismo,
da significação afetivo-imaginativa, que lhe permitem adotar palavras
desconhecidas até mesmo por sua extravagância sonora e reutilizá-las de seu
jeito, para seu prazer. Para HELD, “Privar a criança dessas palavras desconhe-
cidas seria privá-la de material essencial de brinquedo e de sonho. É aí que
aparecem, em conseqüência, a importância e o papel insubstituível da
linguagem poética e fantástica na formação da criança.” (HELD, Jacqueline.
O imaginário no poder. São Paulo: Summus, 1980, p. 207)
GLOSSÁRIO
Aclarado: esclarecido, clareado, iluminado.
Chamariz: coisa atraente usada para enganar; engodo; atrativo.
Conflito: oposição, luta, divergência.
Detrimento: prejuízo, dano, perda.
Dogma: ponto ou princípio de fé, indiscutível, incontestável.
Dueto: composição musical cantada por duas vozes ou tocada por dois instrumentos.
36
Enfatizar: evidenciar, destacar.
Estampa: imagem impressa ou gravada; gravura.
Exacerbar: avivar; agravar; exagerar.
Iluminura: arte que alia a ilustração e a ornamentação, por meio de pintura em
cores vivas, ouro e prata, de letras iniciais, flores, folhagens, figuras e cenas, em
combinações variadas, ocupando parte do espaço comumente reservado ao texto e
estendendo-se pelas margens, em barras, molduras e ramagens.
Optar: escolher.
Pictograma: desenho ou pintura esquemática representativa de alguma coisa;
desenho figurativo que representa a realidade.
Premissa: proposição, consideração.
Profusamente: abundantemente; copiosamente; exageradamente.
Restringir: limitar.
Suplantar: submeter; vencer; pisar; derrubar; dominar; ser superior.
Transmudado: transformado, modificado.
Visceral: profundo; vindo das entranhas.
Uníssono: junto; ao mesmo tempo; que tem o mesmo som.
SUGESTÕES PARA LEITURA
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil, gostosuras e bobices. São Paulo:
Scipione, 1991.
Recomendamos a leitura do capítulo 3 desse livro.
MARTINS, Miriam Celeste et alii. Didática do ensino de arte. A língua no mundo.
Poetizar, fruir e conhecer. São Paulo: FTD, 1998.
Esse livro é dividido em quatro partes, apresentando, cada uma delas, um conteúdo
bem ilustrado: uma seção de leituras complementares; outra de sugestão de situações
de aprendizagem que você pode usar ou adaptar em sua prática pedagógica; uma
seção bibliográfica, dividida em “para saber mais” e “textos de apoio”. No fim da
obra, há uma sugestão de coleções e publicações de arte para crianças.
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Para enriquecimento desta Unidade 7, leia (principalmente):
Parte I – A linguagem da arte
1. Para início de conversa
2. A traição das imagens
3. Quatro letras: a língua do mundo
Parte II – Produção e leitura em arte
4. Imagem poética: modo singular de desvelar o mundo
5. Leitura: hospedando a obra em nós.
VISCONTI, Maria Cristina, JUNQUEIRA, Zilda A. Escrita, das paredes ao computador.
São Paulo: Ática, 1998.
História e evolução da escrita contadas de modo acessível, interessante e ilustrado.
38
39
identidade, sociedade e cultura
cultura, comunicação e cidadania
ABRINDO NOSSO DIÁLOGO
Amigo(a) professor(a),
Nesta unidade, você ampliará os conhecimentos que adquiriu no Módulo II sobre
cultura e identidade nacional. Fique atento, pois você aprenderá conceitos novos,
relacionados com a globalização da sociedade. O objetivo agora é analisar as
transformações históricas provocadas por meios de comunicação, como o rádio, a
TV e o cinema, no Brasil e no mundo do século XX.
Você estudará os significados dos meios de comunicação para a sociedade, no tocante
à circulação de valores, de idéias e de cultura e à divulgação da arte entre a população.
Para entender esses significados, é importante analisar as linguagens dos meios de
comunicação de massa. Elas são importantes para a compreensão de fatos históricos
e também para a prática docente.
Você irá também refletir sobre a relação dos meios de comunicação com a prática da
cidadania, discutindo diferentes aspectos ligados à informação, tais como a política,
a educação e a cultura. Esse estudo, certamente, trará contribuições para o
aprimoramento de sua cidadania.
DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
Objetivos específicos desta área temática
Ao finalizar seus estudos, você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens
como:
1. Reconhecer os significados dos meios de comunicação para a sociedade atual.
2. Analisar as transformações históricas provocadas pelos meios de comuni-
cação de massa na sociedade brasileira.
3. Compreender as inter-relações dos meios de comunicação com a cultura, a
sociedade e a cidadania.
-
-
40
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
Esta unidade está dividida em três seções, e você terá cerca de 4 horas para completá-
la. Na primeira, você irá reconhecer os significados que os meios de comunicação de
massa apresentam na atualidade. Você poderá concluí-la em cerca de 1 hora e 20
minutos. A segunda seção analisará algumas transformações históricas provocadas
pelos meios de comunicação na sociedade. Estimamos que você levará
aproximadamente 1 hora e 30 minutos para concluí-la. Na terceira seção, você
analisará as inter-relações dos meios de comunicação com a cultura, a sociedade e a
cidadania. Acreditamos que você leve 1 hora e 10 minutos até sua conclusão.
Seção 1 – Comunicação e cultura na sociedade atual
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Reconhecer os significados dos meios de
comunicação para a sociedade atual.
Nesta seção, você terá a oportunidade de aprender coisas novas e interessantes,
ligadas a temas discutidos anteriormente. Vamos recordar o que você aprendeu nos
Módulos I e II sobre cultura e comunicação?
A palavra comunicação se refere ao ato de um emissor transmitir uma mensagem
para um receptor, por meio de linguagens, como fala, escrita, imagens, gestos, sons
e sinais. Procure recordar, pelo quadro abaixo, como as pessoas se comunicam,
trocam informações, idéias, conhecimentos e, portanto, constroem suas culturas:
MENSAGEM
Emissor Costumes, informações Receptor
Receptor Idéias, práticas, valores Emissor
(cultura)
-
41
Importante!
- A relação entre a comunicação e a cultura é muito importante para a vida
em sociedade. Por meio da comunicação, as idéias, os valores, os costumes
e as práticas culturais circulam entre pessoas, gerações e lugares, sendo
preservados, difundidos ou transformados.
42
Atividade 1
Elabore um pequeno texto sobre a importância da comunicação, utilizando as
palavras “mensagem”, “cultura” e “circulação”.
Os diferentes meios de comunicação
Professor(a), todos nós fazemos uso dos meios de comunicação, não é verdade?
Você já parou para pensar em como eles são diversificados? Vamos, então, identificar
os diferentes meios de comunicação usados
pela sociedade atualmente. Eles se distri-
buem em duas categorias: os conven-
cionais e os de massa.
Os meios de comunicação convencionais
são aqueles destinados à troca de
mensagens entre um emissor e um receptor
(ou grupo restrito), como a carta postal, o
telefone, o telex, o fax, o correio e o radioco-
municador. Esses meios são utilizados para
se comunicar com um parente, ligar para
uma empresa, contatar o PROINFANTIL para
esclarecer dúvidas, pedir socorro no hospital
ou enviar documentos.
Carteiro. O serviço postal é um meio de
comunicação convencional.
Jorge Rosenberg
43
Os meios de comunicação de massa são aqueles que
podem transmitir, ao mesmo tempo, mensagens de
um emissor para múltiplos receptores. Entre eles,
estão o rádio, a televisão, o jornal, a revista e a
Internet. Por meio deles, uma empresa anuncia seus
produtos para todo o país, um
candidato político divulga sua
proposta para o conjunto de
eleitores, as notícias e os shows
são transmitidos para os espec-
tadores.
Você entendeu a diferença entre as
duas categorias? Percebeu que, ao
lado de simples meios de comuni-
cação, existem outros que atingem milhões de pessoas ao mesmo tempo, como é o
caso do rádio, da televisão, dos jornais e das revistas?
Como nosso país apresenta várias realidades, em certas regiões alguns dos meios de
comunicação são mais comuns, enquanto em outras eles são quase desconhecidos.
Muitos deles estão presentes em sua comunidade e algum deles provavelmente você
tem em casa. Pare e pense sobre a importância que a comunicação tem em seu
cotidiano, para as relações entre a sua comunidade e as demais partes do país e
entre o país e o resto do mundo. Reflita sobre os significados da comunicação para a
vida em sociedade na atualidade.
Atividade 2
Diferencie os meios de comunicação abaixo, marcando C para os convencionais
e M para os de massa:
a) televisão ( ) d) fax ( ) g) telex ou telegrama ( )
b) telefone ( ) e) jornal ( ) h) rádio doméstico ( )
c) correio postal ( ) f) revistas ( ) i) telefone celular ( )
Os aparelhos de TV e as antenas parabólicas estão se
popularizando cada vez mais em nosso país.
Raul Junior
Ana Elisa Oriente
44
A OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – representando a sociedade civil,
formando a opinião pública e participando de uma decisão política.
É importante destacar que, quando falamos em sociedade, estamos nos referindo à
chamada sociedade civil. É importante destacar que, quando falamos em sociedade,
estamos nos referindo à chamada sociedade civil. Toda a sociedade moderna possui
uma esfera privada e uma pública. Nesse caso, a sociedade civil é o conjunto de
instituições que representam interesses da esfera privada junto ao poder público. No
Brasil, ela é formada por Igreja, sindicatos, órgãos de imprensa, entidades estudantis,
partidos políticos e outras associações. É na sociedade civil que se forma e se
desenvolve a opinião pública. Então, professor(a), notou que você faz parte da
sociedade civil e nela ajuda a formar a opinião pública?
Mas o que é a opinião pública? Ela pode ser uma opinião crítica ou uma forma de se
compreender e de se posicionar diante de um fato ou de uma realidade. A opinião
pública reúne o conjunto de cidadãos que opinam e influenciam, de diversas maneiras,
o processo de tomada de decisões políticas pelas autoridades governantes. Dela
fazem parte os jornais e outros meios de comunicação, bem como trabalhadores,
empresários, donas-de-casa, estudantes e professores, como você e eu.
Os meios de comunicação na sociedade atual
Professor(a), agora que você se reconheceu como parte integrante da sociedade
civil, vamos discutir como os meios de comunicação de massa podem influenciar seu
cotidiano e o de toda a sociedade. Eles têm um grande poder, pois são capazes de
criar e de modificar formas de comportamento de milhões de indivíduos. Por esse
motivo, eles serão destacados nesta unidade.
Reprodução
45
Leia os textos a seguir. Eles são importantes para você entender o significado dos
meios de comunicação na sociedade moderna.
Texto 1
A capacidade que tem o rádio de falar simultaneamente a incontáveis milhões,
cada um deles sentindo-se abordado como indivíduo, transforma-o numa
ferramenta poderosa de informação de massa para a propaganda política e a
publicidade. (...)
Muitas das inovações da cultura do rádio tornaram-se parte da vida diária – o
comentário esportivo, o noticiário, o programa de entrevistas com celebridades,
a novela e também todos os tipos de seriado.
O rádio permitiu que música fosse ouvida a longa distância e por um número
teoricamente ilimitado de ouvintes.
HOBSBAWN, E. J. A era dos extremos. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, pp.194-195, adaptado.
Os tempos mudaram, não é?
Texto 2
A penetração da televisão no Brasil está inscrita na paisagem urbana e rural,
nas páginas de revista, na grande quantidade de aparelhos no interior as casas
da cidade e do campo.
A TV capta, expressa e constantemente atualiza representações de uma
comunidade nacional imaginária. Longe de gerar interpretações consensuais,
ela fornece um repertório comum por meio do qual pessoas de classes sociais,
gerações, sexo e religiões diferentes se posicionam, se situam umas em relação
Mari Queiroz
Luis R. Nogueira
46
às outras. Ela oferece a difusão de informações acessíveis a todos sem distinção
de pertencimento social, classe social ou região geográfica. (...) A televisão
divulga a propaganda e orienta o consumo, inspirando a formação de
identidades.
HAMBURGER, E. “Diluindo fronteiras: a televisão e as novelas no cotidiano”. In: NOVAIS, F.
História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1997, v. 4, pp. 440-2, adaptado.
Professor(a), observe que esses textos destacam alguns dos significados dos meios
de comunicação e também aspectos da cultura de massa, tais como a diminuição
de fronteiras geográficas para circulação de informações, as influências nos hábitos,
costumes e valores cotidianos, as relações entre a política e o consumo de mercadorias,
bem como a elaboração de um sentimento de identidade nacional.Você notou como
o rádio, a televisão e a comunicação de massa em geral são importantes para a
sociedade atual, tanto no Brasil como no contexto mundial? A comunicação está,
portanto, relacionada à construção da identidade e da cultura nacionais.
Atividade 3
Assinale com V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmativas, sobre os meios
de comunicação de massa.
a) ( ) Jornais, rádios, TV, associações, sindicatos, Igreja e organizações de
estudantes fazem parte da sociedade civil.
b) ( ) Ao somar sua opinião à de outras pessoas, você está contribuindo para
a formação da opinião pública.
c) ( ) A capacidade do rádio de transmitir para milhões de pessoas o trans-
formou num importante instrumento para a publicidade e a propa-
ganda política.
d) ( ) A TV, no Brasil, está presente na multiplicidade de aparelhos nas casas
das paisagens rurais e urbanas de diferentes regiões do país.
e) ( ) A televisão é um meio de comunicação limitado e distante do consumo,
da integração nacional e da formação de identidades.
47
Você notou que os meios de comuni-
cação são fundamentais para sua
comunidade e para toda a sociedade?
Veja as campanhas de saúde pública,
como as de vacinação, tão relevantes
para todos nós, não é? Elas são
veiculadas pelos jornais, pelo rádio e
pela televisão, informando as pessoas
sobre as datas e a importância de se
vacinar. Repare que, por meio de
jornais, revistas, reportagens televisivas
e radiofônicas, as pessoas, também,
recebem informações sobre os
problemas da nação, sobre as ações do governo nas diferentes esferas políticas,
preparando-se para apoiá-las, para criticá-las ou cobrar melhorias.
Observe que a comunicação é muito importante para vários setores da economia.
Na agricultura, os produtores lêem jornais, assistem aos boletins meteorológicos ou
ouvem-nos e, assim, se preparam para o plantio. Evitam, dessa forma, perder as
lavouras diante de uma seca prolongada ou por chuvas e geadas. Do mesmo modo,
a indústria e o comércio, além de se atualizar quanto a preços e taxas de juros,
dependem, também, da comunicação para divulgar e promover a venda de seus
produtos e serviços em diferentes regiões do país.
Os meios de comunicação informam os brasileiros sobre o que acontece em outras
partes do mundo, contribuindo para a formação de opiniões e de uma cultura política
que preparam a população para a adoção de medidas consideradas positivas e para
evitar atitudes de preconceito, intolerância, autoritarismo, ou corrupção e guerras,
por exemplo. A TV, o jornal e o rádio divulgam informações sobre a atuação e as
propostas dos candidatos, possibilitando aos eleitores um melhor preparo para o voto.
Isso é importante para a democracia e a cidadania, não é?
Não podemos nos esquecer da atuação dos meios de comunicação na esfera cultural,
com os programas de lazer e de cultura. Na TV, no rádio e no cinema, as pessoas
ouvem músicas e assistem a filmes, novelas e jogos de futebol. Divulgados pela
comunicação de massa, o carnaval, o futebol, o forró, a música sertaneja e outras
manifestações da cultura brasileira tornaram-se populares por todo o país e conhecidas
no exterior.
48
Professor(a), atenção! Essa relação da cultura com a comunicação de massa nos
remete a um outro importante elemento, que é a indústria cultural. Mas, que tipo
de indústria é essa? É um setor do mercado voltado para a comercialização de bens
culturais, informações e diversões, veiculadas por meio de revistas, jornais, rádio,
televisão ou qualquer outro meio de comunicação que atinge a grande massa da
população. Em todo o mundo, ela movimenta a economia, comercializando literatura,
música, pinturas e dramaturgia através de discos, CDs, shows, livros e programas de
TV e rádio.
Essa indústria é alvo de críticas por vários setores da sociedade, que apontam seu
lado perverso, que transforma a arte, a comunicação e a cultura em mercadoria.
Dizem que ela desvirtua as raízes de uma cultura apenas em função dos lucros
pretendidos.
A cultura feita em série, industrial, para um grande número de consumidores,
passa a ser vista não como instrumento de crítica e conhecimento, mas como
um produto trocável e que deve ser consumido como qualquer objeto: perecível
e padronizado.
GAETA, M. A. J.V. “A indústria cultural”. In: O ensino de História e os documentos “novos”.
Franca: Unesp, 1987, p.7.
Importante!
- Os meios de comunicação são importantes instrumentos da sociedade atual.
Por meio da circulação de informações, eles possibilitam ações no campo da
cidadania, da democracia, da saúde, da cultura e do lazer.
A arte e a circulação de idéias
Professor(a), ao ler o subtítulo acima, você deve estar se perguntando: o que a arte
tem a ver com comunicação? Saiba que a arte, por meio das obras produzidas e da
atuação dos artistas, também pode ser uma forma de comunicação e circulação de
idéias e cultura. Ao serem vistas por milhares de pessoas em museus, revistas e
livros, as obras de arte podem retratar uma época e uma forma de pensar o mundo,
sugerindo ao público uma opinião, uma mensagem ou um protesto.
49
Em 1922, aos 25 anos o pintor Di Cavalcanti participou da Semana de Arte Moderna,
expondo seus quadros no Teatro Municipal de São Paulo.
Nessa perspectiva é que se enquadra o importante momento histórico e artístico
brasileiro que foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo.
Nela, artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Mário de Andrade, dentre outros
expoentes da pintura, escultura, arquitetura e literatura, lançaram o movimento
chamado de Modernismo Brasileiro, para valorizar a cultura nacional e criticar a
influência estrangeira nela presente.
O Modernismo influenciou a arte e a cultura no país, pois sua proposta era buscar as
raízes e os valores nacionais. Por meio de pinturas, poesias e romances, esse
movimento ressaltou temas brasileiros, como mulatas, índios, negros, caboclos, fauna
e flora nativas e a língua brasileira. Note que o Modernismo esteve relacionado com
a formação da identidade e da nacionalidade brasileiras. Observou como as expressões
artísticas podem também se transformar em maneiras de se comunicar?
Luiz Aureliano
50
Atividade 4
Assinale as alternativas corretas:
a) ( ) Os programas jornalísticos e a propaganda eleitoral no rádio e na TV
são importantes para a cidadania e a democracia.
b) ( ) A divulgação de notícias internacionais só é importante para outros
países, pois o que acontece no exterior não interessa aos brasileiros.
c) ( ) A indústria cultural transforma a cultura em mercadoria e a desvirtua
para obter lucro com a venda de discos, livros e programas de TV e
rádio.
d) ( ) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um movimento artístico que
defendeu a valorização de aspectos estrangeiros na arte brasileira.
e) ( ) O movimento modernista influenciou a arte no Brasil e a construção da
identidade e da nacionalidade brasileiras.
Seção 2 – Janelas para o mundo
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Analisar as transformações históricas
provocadas pelos meios de comunicação de
massa na sociedade brasileira.
Professor(a), você reconheceu a importância dos meios de comunicação na sociedade
atual, não é? Nesta seção, você estudará as maneiras como eles se inseriram no
Brasil e algumas das transformações que provocaram.
Você estudou, nos Módulos II e IV, que, na primeira metade do século XX, nosso país
se transformou. Lembre-se de que as migrações e a expansão do povoamento pelo
território, a urbanização e o crescimento das cidades, a industrialização e a
dinamização da economia e a consolidação do Estado Nacional e das instituições
políticas foram fatos históricos que alteraram o cenário brasileiro. Tais mudanças,
51
por sua vez, propiciaram um outro fato histórico, que foi a instalação e a difusão da
comunicação de massa na sociedade brasileira. Vamos estudar como esses fatos se
inter-relacionaram?
Lendo o jornal
Vamos estudar, agora, um dos primeiros meios de comunicação de massa introduzidos
no Brasil: o jornal. Embora tenha sido publicado regularmente em nosso país desde
1808, com a vinda de Dom João VI, ele só se popularizou de fato na primeira metade
do século XX. Até então, sua divulgação era restrita, devido às dificuldades de
transporte e ao alto preço dos exemplares. Muitos não eram diários e os exemplares
eram vendidos em bancas e esquinas das cidades. Além disso, a educação brasileira,
sendo dirigida às elites, fazia com que a maior parte da população permanecesse
analfabeta. Assim, os jornais não tinham muitos assinantes. Além de notícias, traziam
artigos sobre culinária, publicidade, classificados, esportes e novelas, buscando atrair
um público variado.
Você estudou em módulos
anteriores que, na década de 40,
a população urbana no Brasil
começou a crescer, não é? As
cidades se transformaram com o
aumento populacional e as
relações sociais se diversificaram.
Pois é, a imprensa preparou-se,
então, para atender esse público
que crescia e desejava se manter
sempre informado. O jornal,
então, se difundiu, por meio de
grandes empresas jornalísticas –
como os grupos Folha da
Manhã, O Estado de São Paulo,
O Globo e Diários Associados –,
que atuavam nas capitais, e por
pequenos jornais que prolife-
raram em várias cidades do
interior.
A leitura de jornais coloca o leitor em contato com
as questões brasileiras e mundiais.
Laura Wrona
52
Essa fase de popularização do jornal esteve relacionada com a trajetória do
paraibano Francisco de Assis Chateaubriand (1891-1968), um dos pioneiros da
comunicação de massa no Brasil. Ele foi jornalista, político e empresário.Tornou-se
o dono dos Diários Associados, uma grande empresa de comunicação que controlava
dezenas de jornais, estações de rádio, emissoras de televisão e editoras de revistas
e livros. O livro Chatô, escrito por Fernando Morais, descreveu a trajetória desse
jornalista.
As transformações culturais provocadas pelo jornal foram importantes para a
sociedade. A principal delas foi a velocidade de circulação das informações, que,
com os avanços da tecnologia gráfica, ganhou um novo ritmo. Notícias que antes
demoravam semanas para atingir a população começaram a ser divulgadas
imediatamente.
Conhecendo os fatos mais rapidamente, as pessoas podiam discutir e agir em tempo
real, isto é, enquanto os eventos ainda estavam acontecendo. Essa mudança permitiu
a formação da opinião pública. Você percebeu como as mudanças técnicas foram
importantes para a nossa história?
Jornal republicano do século XIX fazendo
apologia da República Francesa.
A notícia da Primeira Guerra Mundial.
A Tarde – Bahia, 27/10/1917
Ricardo Corea
53
Atividade 5
Relacione a segunda coluna com a primeira.
(a) Assis Chateaubriand ( ) Motivos da baixa circulação de
jornais no século XIX
(b) Principal mudança provocada ( ) Aspectos que contribuíram para
pelo jornal na sociedade brasileira a difusão do jornal no país
(c) Crescimento da população urbana ( ) Importante empresário da
e avanço da tecnologia gráfica comunicação em massa no Brasil
(d) Educação elitizada, dificuldades de ( ) O Globo, Folha da Manhã,
transporte e alto custo de produção Diários Associados
(e) Grandes empresas jornalísticas ( ) Maior velocidade na circulação
de notícias
( ) Introduzido no Brasil em 1950
Folheando a revista
Tradicional na Europa desde o século XVIII,
a revista de variedades (diferente da revista
de divulgação científica, filosófica e literária)
foi outro meio de comunicação difundido
no Brasil na primeira metade do século XX.
A circulação de revistas foi promovida,
inicialmente, pela Revista da Semana
(editada de 1900 a 1962) e, posteriormente,
pela popularização de outras publicações,
como O Cruzeiro, Fon-Fon, Tico-Tico e
Manchete, entre outras.
A revista propiciou uma importante mudança na circulação de informações. As
reportagens e os anúncios começaram a ser ilustrados com fotografias em preto e
branco e, depois, coloridas. Dessa forma, os leitores conheciam imagens de conflitos
internacionais e de paisagens brasileiras que antes só imaginavam por meio de
Lula Rodrigues
O mundo mágico da revista
Reproduções
54
descrições. A presença de fotografias registrando o cenário
dos acontecimentos possibilitou uma nova cultura política,
decorrente do fotojornalismo.
A grande aceitação das revistas provocou
também novos comportamentos e suscitou
mudanças culturais na sociedade brasileira,
sobretudo entre as classes média e alta, público
para o qual elas eram dirigidas. A partir da
década de 1950, os homens se inspiravam nas
revistas para escolher seus carros ou acom-
panhar o seu time no campeonato. As donas-
de-casa liam as fotonovelas, aprendiam novas
receitas culinárias, conheciam e desejavam a
modernidade de eletrodomésticos que, segundo
os anúncios, iriam “revolucionar suas vidas”. Os jovens procuravam nas páginas das
revistas maneiras elegantes de se vestir e se comportar “dentro da moda”.
Atividade 6
Considerando o que estudamos sobre a revista, assinale as alternativas corretas.
a) ( ) Inicialmente, ela era voltada para as classes mais baixas.
b) ( ) Ela influenciou os comportamentos e a cultura brasileira.
c) ( ) A revista de variedades difundiu-se no Brasil desde o século XVIII.
d) ( ) Ela introduziu reportagens com imagens com o advento do fotojornalismo.
Nas ondas do rádio
Professor(a), você está observando como os meios de comunicação transformaram o
cenário brasileiro? Vamos estudar agora outro meio que é muito popular: o rádio.
O rádio é uma invenção do século XIX, mas se difundiu em nosso país apenas no
século XX. Ele teve um papel decisivo na Europa, sobretudo no período das Guerras
Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), principalmente durante a Segunda, quando foi
As saias sobem e as mulheres começam
a liberar o corpo.
Reproduções
55
amplamente utilizado para difundir a propaganda nazista, transmitida diretamente
de Berlim (Alemanha) e de Roma (Itália) para o mundo todo. Da mesma forma, nos
Estados Unidos, a partir de 1930, o rádio se tornou um importante instrumento político
(com campanhas eleitorais, governamentais e de influência na opinião pública), bem
como de expansão do mercado capitalista (com a publicidade comercial).
No Brasil, o rádio comercial chegou em 1919, com a fundação da Rádio Clube de
Pernambuco. Durante as comemorações do Centenário da Independência, em 1922,
o discurso presidencial foi transmitido por um serviço de rádio instalado no alto do
Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro. Na mesma noite (7/9/1922), a população
pôde ouvir a apresentação da ópera O Guarani, do compositor brasileiro Carlos
Gomes, diretamente do Teatro Municipal, por meio de 80 aparelhos (Almanaque
Brasil de Cultura Popular, ano 1, nº 6, set. 1999). A partir de então, as emissoras se
difundiram, primeiramente, nas capitais e, depois, no interior do país. Esse meio de
comunicação alcançou seu auge nos anos 40 e 50, chamados de a “Era do Rádio”.
Inicialmente colocado no ar com a intenção de “levar a cada canto do país um pouco
de educação, de ensino e de alegria e trabalhar pela cultura de nossa gente” (como
definiam seus precursores), o rádio brasileiro foi, aos poucos, se distanciando de seu
ideal educativo e voltou-se para a política, para a publicidade e para a indústria cultural.
O desenvolvimento da indústria cultural no Brasil
esteve intimamente relacionado com a comunicação
e a cultura radiofônicas. Nos anos 50, o rádio
popularizou programas de calouros, humorísticos,
gincanas, narrações esportivas e radionovelas. Ele
foi o principal responsável pela expansão do
mercado de discos musicais de cantores que
alcançaram prestígio de estrelas de cinema. Eram
os “reis e rainhas do rádio”.
No campo político, a radiodifusão – com sua
capacidade de atingir, educar e influenciar multidões
de cidadãos e eleitores – também foi utilizada. Em
vários momentos de nossa História, sobretudo em
períodos autoritários, o rádio foi usado como
instrumento político governamental. Exemplos dessa
Cauby Peixoto, Marlene e Manuel Barcellos
em programa de rádio.
Jean Solari
56
apropriação do rádio pelo poder político podem ser observados em momentos de
governos autoritários, tais como o Estado Novo e os “anos de chumbo”, que
estudamos na Unidade 3 deste módulo.
Em 1934, Vargas criou o programa radiofônico “A Hora do Brasil”, com transmissão
obrigatória para todas as emissoras. Nele, políticos e personalidades faziam elogios a
seu governo; cantores populares, como Carmem Miranda, cantavam músicas que
exaltavam as “raízes brasileiras” reforçando o nacionalismo propalado pelo regime
ditatorial; os discursos do presidente e de seus ministros, da mesma forma, visavam a
construir uma imagem positiva do regime.
A censura da ditadura militar, no período 1964-1986, muitas vezes proibiu que os
programas jornalísticos divulgassem notícias sobre os problemas sociais do país, as
idéias oposicionistas, a violência das repressões políticas e a corrupção de autoridades.
Para funcionar, as rádios eram obrigadas a divulgar, somente, notícias que
promovessem o governo militar.
Você notou que o rádio foi usado para a divulgação de notícias e, ao mesmo tempo,
para o controle de informações?
Atividade 7
Elabore um pequeno texto sobre a relação
entre o rádio, a indústria cultural e os
cantores.
Lailson Santos
57
O rádio continua sendo um importante meio de comunicação. Nele, ouvem-se
músicas, notícias, crônicas policiais, boletins de tempo e trânsito, variedades femininas
e narrações esportivas. Em muitas cidades do Brasil, ele ainda é o principal instrumento
de comunicação de massa.
Vamos ligar a televisão?
A televisão é hoje o meio de comunicação mais difundido no Brasil; chegou em nosso
país em 1950, com a fundação da primeira emissora, a TV Tupi, na cidade de São
Paulo. Observe, pelos dados abaixo, como, inicialmente, poucas pessoas possuíam
aparelhos de TV, mas veja também como a partir de 1965 eles se difundiram
rapidamente entre a população.
Aparelhos de TV no brasil
Ano Número
1950 200
1965 3.000.000
1980 20.000.000
1990 45.000.000*
Bruno Veiga
* A estimativa é de que no final da década de 1990
os aparelhos de TV ultrapassem os 65 milhões e
atinjam mais de 90% dos domicílios brasileiros.
Fonte: Cadernos Intercom, nº 2, p. 32.
58
A televisão incorporou os vários conteúdos do rádio, como os noticiários, as
transmissões esportivas, os programas de variedades e as novelas. Ela introduziu,
entretanto, a linguagem visual (da imagem com movimentos), que se difundiu mais
facilmente entre a população, pois, “ao vivo e em cores”, o futebol, a dramaturgia,
os noticiários e a publicidade fizeram com que a TV, gradativamente, se destacasse
em relação ao rádio, ao jornal e à revista.
A TV alterou os ritmos da cultura nacional na moda, na arte, na cultura, nos costumes
e no pensamento político.Ela se configurou como formadora de cultura ao retratar
costumes, idéias e comportamentos como desejáveis ou condenáveis, moldando,
portanto, os valores do cidadão brasileiro.
Assuntos como sexualidade, Aids, igualdade racial e participação política se tornaram
temáticas televisivas. Na década de 80, por exemplo, o programa TV Mulher, da
Rede Globo, além de moda, culinária e astrologia, também discutia questões de saúde,
relacionamento familiar e educação sexual, trazendo contribuições para a cidadania,
sobretudo para a mulher. Entretanto, a busca de “audiência e lucros” tem levado
alguns programas a veicular mensagens de violência, de desvio dos valores sociais e
de supervalorização da cultura estrangeira.
Professor(a), você notou que a televisão provocou mudanças culturais no Brasil. Ela
foi importante para a História de nosso país, você não acha?
Atividade 8
Assinale F (falsa) ou V (verdadeira) nas afirmações abaixo.
a) ( ) A televisão pode contribuir para a cidadania com discussões a respeito
de direitos da pessoa, saúde e política.
b) ( ) A TV inseriu uma nova linguagem na comunicação de massa, ao
incorporar transmissões audiovisuais.
c) ( ) A programação da TV pode apresentar mensagens de violência, desvio
de valores e influência da cultura estrangeira.
d) ( ) Nos anos 1950, a televisão foi amplamente difundida e estava presente
em quase todos os domicílios do Brasil.
59
Uma tela para o mundo: o cinema
Embora o cinema tenha sido inventado na França, em 1895, e exibido no Brasil em
1896, durante muito tempo a maior parte da população apenas ouvira falar sobre a
“lanterna mágica”. O cinematógrafo, como era conhecido antigamente, difundiu-se
em nosso país apenas no início do século XX.
As máquinas de exibição, no princípio, eram precárias (as películas costumavam
arrebentar ou queimar), e os filmes, em preto e branco, sem sonorização e com
pouca luminosidade. Com o avanço da arte e da técnica cinematográficas, os filmes
tornaram-se coloridos, sonorizados e desenvolveu-se uma milionária indústria,
representada pela cidade de Hollywood, nos EUA, que ficou conhecida como “a
capital dos sonhos e das estrelas” de cinema.
O cinema se propagou no Brasil no momento em que a população estava saindo do
campo e migrando para as cidades, como uma atividade de lazer tipicamente urbana.
Os operários, as famílias e os jovens iam ao cinema para se divertir e namorar: ainda
hoje muitas pessoas guardam passagens memoráveis de suas vidas ligadas ao
“escurinho do cinema”.
Além de ter levado o namoro e o beijo (atos, até então, reservados à privacidade dos
casais) para a esfera pública, o cinema influenciou outros comportamentos, tais como
a diminuição do comprimento das roupas e a emancipação feminina.
Algumas mulheres, por exemplo, se espelhavam na pintura do rosto, no penteado e
no modo de agir livre e “independente” das estrelas do cinema. Muitos indivíduos se
empolgavam com o estilo de vida apresentado nas telas por personagens e atores
cinematográficos.
Ricardo Fasa Nello/ Strana
60
Em nosso país, a intensa produção norte-americana construiu, também, um
imaginário sobre “o estilo americano de vida”. Ele foi retratado e divulgado com
imagens de uma sociedade aparentemente democrata e que deveria ser um modelo
para outras. Nela, homens “audaciosos” zelavam pela “ordem”, lutando contra os
bandidos e os fora-da-lei. A veiculação de valores morais, como a eterna vitória do
cowboy sobre o bandido, o triunfo do amor verdadeiro nos “finais felizes”, o
consumismo e os carros esportivos auxiliaram na difusão da ideologia que pregava a
superioridade dos produtos e da cultura norte-americana sobre os nacionais.
Embora os filmes exibidos fossem, na maioria, de origem norte-americana, houve
períodos em que a produção nacional se destacou, com gêneros como a chanchada
(1930-40), o Cinema Novo dos anos 60 e 70 e a pornochanchada, que é um gênero
cômico, mas com apelos sexuais, bastante popular na década de 70.
Uma experiência brasileira na era dos grandes estúdios cinematográficos foi a da
Companhia Vera Cruz. Ela durou cinco anos (1949-1954) e foi chamada de “Hollywood
tropical” por suas sofisticadas produções. O filme O Cangaceiro, do cineasta brasileiro
Lima Barreto, por exemplo, foi premiado e obteve muito sucesso, tanto no Brasil
como no exterior. O cinema nacional, porém, sempre enfrentou dificuldades para
concorrer com a produção estrangeira.
Joel Maia
Reprodução
61
A partir dos anos 70, com a popularização da televisão, a falta de incentivos e de
patrocínios, as salas de exibição no Brasil começaram a fechar. Muitos cinemas foram
transformados em auditórios, supermercados e igrejas. Em muitas das pequenas
cidades no interior do Brasil, as novas gerações não conhecem as salas de exibição
cinematográfica.
Importante!
- A influência do cinema americano no Brasil esteve relacionada com um
projeto de difusão da ideologia e de valores capitalistas, no contexto da
Guerra Fria que marcou o mundo a partir da metade do século XX.
Seção 3 – Comunicação, sociedade, cultura e cidadania
Amigo(a) Professor(a), ao finalizar seus estudos
nesta seção, você poderá ter construído e
sistematizado a seguinte aprendizagem:
- Compreender as inter-relações dos meios
de comunicação com a cultura,
a sociedade e a cidadania.
Você estudou, na seção anterior, que os meios de comunicação de massa provocaram
importantes transformações na cultura, na sociedade, na economia e na política,
correto? Nesta seção, você irá aprender, também, que eles possuem múltiplas
linguagens e que elas podem contribuir para a compreensão dos fatos históricos e
possibilitar a prática da cidadania.
Sabemos que o jornal, a revista, a TV, o rádio, o cinema e a produção artística são
meios que registraram acontecimentos históricos e sociais – como lutas políticas,
movimentos sociais – e provocaram mudanças, tanto nos comportamentos como na
mentalidade da população brasileira. Assim, as informações por eles transmitidas
podem ser utilizadas para a compreensão da sociedade. Ao valorizar ou menosprezar
personagens, fatos, datas históricas, paisagens geográficas, hábitos e costumes, eles
nos levam a pensar sobre a ideologia por eles veiculada e as versões que desejam
produzir. Ocupam, portanto, um lugar social, e é desse lugar que os fatos são narrados
e apresentados ao público.
62
No Módulo II, na Unidade 1 de Identidade, Sociedade e Cultura, você estudou que
entre as fontes para a escrita da História estão documentos como atas, relatórios,
certidões e cartas. Aprendeu que jornais, filmes, gravações de programas de TV e
rádio, obras de arte e fotografias também podem se transformar em fontes históricas,
não é? Notou que há uma inter-relação dos meios de comunicação com a construção
da História? Vejamos, então, alguns exemplos dessa inter-relação que nos possibilita
produzir conhecimentos e compreender a sociedade.
Ligado no noticiário!
Vamos refletir inicialmente sobre os noticiários divulgados por jornais, rádios e TV e a
compreensão de fatos sociais. É importante você prestar atenção nas maneiras como
os acontecimentos são registrados pela imprensa falada e escrita. Fique atento para
perceber o que foi selecionado para publicação e o que foi omitido e, portanto, o que
não foi contado.
Quando trata da demissão de trabalhadores, por exemplo, nem sempre a mídia adota
a mesma abordagem. Alguns noticiários ressaltam os aspectos sociais, discutindo os
problemas enfrentados pelos demitidos, pelas famílias e pela economia do país. Outros
destacam as dificuldades dos empregadores em manter seus funcionários. Surgem,
ainda, versões sobre os motivos das demissões, tais como modernização e
informatização das fábricas, altos custos trabalhistas, crises na economia do país etc.
Dessa forma, tanto as demissões de trabalhadores como as eleições, votações no
Renato de Sousa
Marcos Rosa
Fernando Lemos
63
Congresso Nacional, aumentos de preços e greves podem ser interpretados em
diferentes perspectivas. Você observou que nos meios de comunicação de massa um
mesmo fato poderá ser analisado sob diferentes ângulos? A percepção dessas
múltiplas linguagens é muito importante, pois elas revelam os diferentes olhares dos
múltiplos sujeitos históricos e os interesses neles envolvidos.
Impressão do jornal Zero Hora, Porto Alegre - RS.
Importante!
- Compreender fatos divulgados pelos meios de comunicação implica visualizá-
los sob as múltiplas perspectivas.Torna-se necessário reconhecer as diferentes
versões para um posicionamento mais coerente.
Professor(a), lembre-se de que, por outro lado, os regimes políticos podem interferir
nos meios de comunicação. Você estudou que a censura pode estar presente no
registro de um evento, não é mesmo?
Durante o período da ditadura militar (1964-1986), muitos jornais foram proibidos,
por agentes do governo, de publicar notícias sobre a violência do regime, como
Luciane Garbin
64
seqüestros, atentados, prisões em massa e mortes decorrentes de tortura. Publicavam,
então, poemas ou receitas culinárias, preenchendo os espaços “vazios” do jornal.
Eram formas de protestar simbolicamente contra uma realidade social.
Num noticiário em que se registram somente fatos positivos sobre um governo, nem
tudo é verdadeiro. Fique atento, pois tal situação pode estar relacionada com a
presença da censura ou de fortes compromissos políticos.
Atividade 9
Baseando-se no que você estudou, assinale as alternativas corretas.
a) ( ) Jornais, filmes, gravações de programas de TV e rádio, obras de arte e
fotografias podem se constituir em fontes históricas.
b) ( ) A compreensão de fatos deve ser feita por meio da comparação entre
diferentes versões jornalísticas.
c) ( ) Fatos como demissões, eleições e greves podem ser interpretados com
diferentes perspectivas nas notícias de jornal.
d) ( ) Na ditadura militar, a publicação de receitas e poemas nos jornais era
resultado da falta de criatividade dos jornalistas.
A música cantando a História
As inter-relações dos meios de comunicação de massa com a compreensão de fatos
históricos e sociais não se limitam a noticiários, mas se estendem a outras linguagens,
como o teatro, a pintura, a literatura e a música. Canções com seus sons, sua letra e
a realidade que descrevem estão carregadas de conteúdos culturais, manifestos de
forma explícita ou simbólica, transformando-se em documentos do momento histórico
em que foram criadas. Assim, na década de 1970, por ocasião da ditadura militar,
muitas canções foram consideradas “subversivas” e por isso foram proibidas. Algumas
usaram disfarces para enfrentar essa proibição. Veja como o compositor Chico
Buarque conseguiu usar essa estratégia nesta canção:
65
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia (...)
(...) Hoje você é quem manda
Falou, tá falado,
Não tem discussão.
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu?
Você, que inventou esse estado,
Inventou de inventar
Toda a escuridão
Você, que inventou o pecado,
Esqueceu-se de inventar
O perdão.
Chico Buarque de Holanda,1970.
Você notou como a letra denunciou a censura e a falta de liberdade por meio da
expressão “falando de lado e olhando pro chão”? Ela criticou o regime associando
“esse estado” político com a “escuridão”. Percebeu como a repressão e o protesto
de nossa História política podem ser apreendidos por meio dessa canção? Chico
Buarque, seu compositor, foi preso e exilado do país, porque, naquela época, cantar
idéias de oposição ao regime era considerado crime. Ele e suas músicas fizeram
muito sucesso nos festivais de canções dos anos 70. Esses festivais eram uma
oportunidade para que a juventude cantasse “músicas de protesto”, como se fossem
hinos de oposição ao regime ditatorial.
Paulo Andre
66
Veja outra canção e repare como ela está relacionada ao contexto social da época
em que foi composta e popularizada pelo rádio.
Vozes da seca
– Nos anos 53/54, houve uma “seca da moléstia” no sertão nordestino.
Seu doutor, os nordestinos
Têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas
Nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola
A um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha
Ou vicia o cidadão
– Um deputado do povo bradou do parlamento nacional: Sr. Presidente, este
baião de Gonzaga e Zé Dantas vale por mais de cem discursos. Agora eu louvo
bem alto o nome daquele que criou a Sudene e construiu Brasília pro nordestino
trabalhar. Obrigado, Juscelino!!!
É por isto que pedimos,
Proteção a vósmicê
Homem por nós escolhido
Para as rédeas do poder
Pois de todos os 20 estados
Temos 8 sem chover
Veja bem, quase a metade do Brasil
Tá sem comer
Dê serviço ao nosso povo
Encha os rios de barragem
Dê comida a preço bom
Não esqueça a açudagem
Livre da sina da esmola
Que no fim desta estiagem
Dê pagamento aos juros
Sem gastar nossa coragem
Se o doutor fizer assim
Salva o povo do sertão
Quando o dia chegar a vir de
67
Riqueza pra nação
Nunca mais nós pensa em seca
Vai dar tudo neste chão
Vamos ver nossos destinos
Você tem na vossa mão.
Você tem na vossa mão.
Luís Gonzaga e Zé Dantas, 1950.
Essa canção bem retrata as relações de
agricultores com a terra, não é? Ela foi
gravada na década de 50 por Luís Gonzaga,
conhecido como “O Rei do Baião”. Suas
canções se tornaram populares, sobretudo
entre o público de origem nordestina.
Gonzaga elaborou uma composição de
“protesto social”, incorporando o desabafo
do sertanejo frente à miséria da seca e à
reivindicação de ações do governo voltadas
para a região Nordeste. Essa canção foi tida
como um hino contra a seca, a miséria e pela
cidadania. Ela é interessante para a
compreensão de questões sociais, como a
luta do nordestino contra os problemas
ocasionados pela seca.
500 anos de História nas telas
A linguagem cinematográfica também conta a História de nosso país. A trajetória
brasileira poderá ser vista pelo cinema.
Por meio de filmes, assistidos na TV, em salas de exibição, em videocassete ou no TV
Escola, você poderá conhecer diferentes abordagens para analisar e discutir alguns
dos temas ligados a Identidade, Sociedade e Cultura e a outras áreas que você
está estudando no PROINFANTIL.
Ao assistir a um filme, você poderá explorar imagens de um espaço geográfico, tanto
brasileiro quanto mundial. Os chamados “filmes de época”, tais como Sinhá Moça,
Guerra de Canudos, Carlota Joaquina, podem se revelar como uma valiosa
Paulo Salomão
68
linguagem para a apreensão da História. A reconstituição de roupas, cidades, casas,
objetos, relações de poder e costumes de época, numa linguagem visual, pode
reproduzir um tempo histórico, não é?
Não esqueça, porém, que o cinema, além de ser um meio de comunicação de massa,
é também uma forma de arte, que pode usar recursos ficcionais. A ficção é um
recurso artístico que não tem compromisso com a verdade ou com a exatidão dos
fatos, podendo ser baseada apenas na criação do autor. Professor(a), fique atento(a),
pois em muitos filmes é possível ocorrer um encontro entre fato e ficção, característico
das linguagens artísticas.
Assim, ao assistir a um filme histórico, procure fazê-lo com um olhar indagativo, para
então captar a maneira como o autor retrata o fato histórico e a sociedade. O mesmo
deve ser feito no caso da programação de televisão. Na TV brasileira, são muitos os
exemplos de documentários, reportagens especiais, minisséries e novelas que abordam
diferentes contextos culturais e sociais.
Você certamente já ouviu falar da
comunicação educativa, não é?
Ela é dirigida para o ensino e para
a aprendizagem. Um exemplo
dela é o programa TV Escola,
que você deve conhecer.
A TV Escola é um canal de tele-
visão, do governo brasileiro,
voltado para a educação. É trans-
mitida via satélite para as escolas
que receberam equipamento,
para que professores e crianças possam assistir
aos programas e gravá-los. Sua programação é
constituída por filmes, documentários, noticiários sobre legislação e política
educacional, além de outras informações valiosas para a prática docente, como
palestras e debates com especialistas. Notou como esse meio de comunicação pode
ser importante instrumento para sua prática docente?
69
Atividade 10
Identifique:
a) Um filme, uma novela ou uma minissérie sobre a História do Brasil a que
você tenha assistido na TV, no cinema, no vídeo ou no TV Escola.
b) O tema ou período de nossa História que ele(a) aborda.
A comunicação informatizada e as relações
Professor(a), para que você compreenda
melhor as inter-relações entre os meios
de comunicação, a sociedade e a
cidadania, vamos falar, agora, de um
meio ainda pouco utilizado, mas que é
importante para seu trabalho, para as
relações sociais e para a cidadania.Trata-
se da comunicação informatizada. Com
certeza, você já estudou uma série de
palavras estrangeiras, como internet,
e-mail e home-page, não é?
Entretanto, se em sua região a comuni-
cação informatizada ainda não é uma
realidade, não se assuste. Embora a
Internet seja, atualmente, o meio de comunicação que mais cresce no Brasil e no
mundo, apenas 1% da população brasileira tem acesso a esse tipo de tecnologa.
Os meios de comunicação informatizada ainda estão se difundindo no Brasil. Até que
eles façam parte de seu cotidiano, em casa ou na instituição de Educação Infantil, o
importante é você ir se preparando para recebê-los, pois estão provocando mudanças
Bia Parreiras
70
na cultura, na política e na cidadania. Eles tornaram a comunicação mais rápida,
possibilitando a troca cultural entre pessoas, empresas, escolas, alterando, portanto,
a vida em sociedade. No processo de globalização, que você estudou na Unidade 6
deste módulo, a comunicação informatizada tem um papel fundamental.
Importante!
- Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) apresentam como um dos
objetivos do ensino fundamental que as crianças consigam utilizar diferentes
fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir seus
conhecimentos.
Então, se ligue! Logo essa tecnologia poderá estar chegando na biblioteca de sua
cidade, em sua instituição de Educação Infantil ou em seu sindicato. Esteja preparado
para encará-la como algo importante que poderá lhe trazer inúmeros benefícios
enquanto cidadão e docente.
Os desafios contemporâneos da comunicação
Professor(a), você compreendeu que os meios de comunicação são muito importantes
para a sociedade? Cientes desse poder, em vários momentos da História, governos e
outras instituições buscaram controlar o acesso à informação por meio da censura,
da queima de livros e do fechamento de jornais, rádios e TVs.
Os recentes avanços técnicos da comunicação provocaram, entretanto, uma multipli-
cidade de informações, o que gerou dificuldades de busca, seleção e assimilação de
dados. A proliferação de livros, jornais, fotografias, revistas, programas de rádio e
TV, filmes e páginas da Internet suscita indagações tais como: quais são os jornais
mais informativos? Que programas de TV devo escolher?
Saiba que essa é uma das questões com que a sociedade está se deparando: como
lidar com a grande quantidade de informações disponíveis atualmente?
Buscando respostas para essas questões, os educadores apontam para as dificuldades
de seleção, ressaltando o compromisso que a sociedade tem de aprender e ensinar
como escolher veículos, canais, programas e informações adequados, dentre tantas
71
opções. A importância dos meios de comunicação em massa, para a vida na sociedade
contemporânea, não se resume à necessidade de as pessoas terem rádios, televisão,
jornais e computadores. Elas precisam saber assimilar as informações obtidas com
esses meios de comunicação.
Então, “se ligue” na importância da pesquisa e da utilização de informações. Essa é
uma responsabilidade docente e de cidadão que, certamente, você assumirá, não é
mesmo?
Atividade 11
Releia o texto apresentado e comente por que é importante a seleção de
informações para a vivência da cidadania.
72
PARA RELEMBRAR
- Os meios de comunicação são importantes instrumentos da sociedade
moderna. Por meio da circulação de informações, eles possibilitam ações
nos campos da cidadania, democracia, saúde, cultura e lazer.
- Os meios de comunicação de massa permitem transmitir mensagens para
uma grande quantidade de pessoas (milhões) ao mesmo tempo.
- A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um importante evento que lançou
uma mensagem de valorização da arte nacional, contribuindo para a
construção da cultura e da identidade brasileiras.
- O rádio trouxe importantes mudanças para a sociedade brasileira, pois foi o
primeiro veículo de comunicação a possibilitar que informações, idéias e
diversão entrassem diretamente na casa das pessoas, inclusive dos
analfabetos. Ele transpôs barreiras geográficas e chegou aos lugares mais
longínquos do país.
- O predomínio de filmes estrangeiros em detrimento dos brasileiros influenciou
a cultura e os costumes da população, sobretudo com valores norte-ameri-
canos.
- Diante da multiplicidade de informações disponíveis atualmente, as pessoas
precisam saber selecionar as informações obtidas por intermédio dos meios
de comunicação, para exercer a cidadania.
ABRINDO NOSSOS HORIZONTES
Orientações para a prática pedagógica
Objetivo específico: compreender o rádio como um canal de comunicação e
informação.
Atividade sugerida
1. Faça uma pesquisa na sua comunidade, verificando se existe alguma rádio local
que você possa agendar uma visita com suas crianças a fim de que possam
-
73
conhecer como é feita a gravação de um programa. Pergunte se há um radialista
que possa conversar com as crianças, esclarecendo suas dúvidas e curiosidades.
2. Converse com as crianças sobre o rádio. Você pode perguntar quem tem rádio
em casa, quais os programas que já ouviram, o que costumam escutar no rádio,
pedir que perguntem em casa quais os programas que os pais gostam de ouvir.
3. Converse com as crianças sobre os tipos de programas que podemos encontrar
nas diferentes emissoras de rádio que existem em sua cidade.
4. Você pode levar um rádio para a sala de atividade e ouvir junto com as crianças,
comentando com elas como é o funcionamento deste aparelho. Comente com
sua turma as notícias que os rádios circulam, atentando para o fato de que
podemos, por meio deste veículo de comunicação, ficar sabendo de notícias das
diferentes cidades do Brasil.
5. A partir dessas conversas, proponha às crianças uma visita a uma emissora de
rádio. Faça com elas um roteiro para a visita e um levantamento de questões que
poderão fazer aos funcionários que lá trabalham.
6. Depois da visita, você pode propor às crianças que criem um programa de rádio
para apresentar a seus outros colegas da instituição. Ajude as crianças a pensarem
qual o tipo de programa que querem fazer, as informações que irão colocar, se
haverá música e quais. Se possível, grave uma fita cassete com o programa de
rádio produzido e depois presenteie as outras turmas da instituição.
GLOSSÁRIO
Cultura de massa: conjunto de valores e padrões difundidos pelos modernos meios
de comunicação de massa e incorporados por amplos grupos sociais, particularmente
urbanos.
Chanchada: gênero do cinema brasileiro relacionado com a comédia.
E-mail: correio eletrônico que permite, a quem tem acesso à Internet, enviar e receber
mensagens pelo computador.
74
Home-page: forma pela qual a maioria das informações é disponibilizada na Internet.
Imaginário: conjunto de símbolos e atributos de um povo, ou de determinado grupo
social.
Imprensa: palavra atualmente usada para se referir aos órgãos de comunicação de
massa ligados ao jornalismo.
Internet: rede de comunicação entre computadores de diversas localidades do
mundo, os quais podem trocar informações entre si.
Nazista: palavra utilizada para se referir à política de nacionalismo extremado que
marcou a Europa na Segunda Guerra Mundial e pregava o autoritarismo e a
superioridade de uma raça sobre outra.
Propalado: tornado público, divulgado, espalhado, publicado, propagado.
Rádio comercial: refere-se às transmissões captadas nos aparelhos domésticos e se
diferencia da comunicação feita pela polícia, por exemplo.
Suscitar: fazer nascer, fazer aparecer; provocar, promover, causar.
Veiculado: transmitido, propagado, difundido.
SUGESTÕES PARA LEITURA
BERNADET, Jean-Claude, RAMOS, Alcides Freire. Cinema e história do Brasil. São
Paulo: Contexto, 1988.
Neste livro, os autores fazem uma reflexão sobre o cinema como meio de compreen-
são/ensino de História, comentando alguns exemplos de filmes e os períodos da História
do Brasil que retratam.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995.
O livro faz um panorama da História do Brasil desde a Colônia até o governo Sarney.
Nos capítulos 7 a 10, ao abordar a trajetória política do país, o autor relaciona os
meios de comunicação com temas como eleições, censura, populismo etc.
LENHARO, Alcir. Cantores do rádio. Campinas: Edunicamp, 1995.
Este livro retrata a relação entre cultura e rádio no Brasil dos anos 50, apresentando
também fotografias, letras de canções e outros signos da chamada “Era do Rádio”.
75
VIDA E NATUREZA
A INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO AMBIENTE E
AS MUDANÇAS NO NOSSO PLANETA
ABRINDO NOSSO DIÁLOGO
Olá, professor(a)! Esperamos que você esteja motivado(a) para saber as novidades
que o(a) aguardam nesta unidade do nosso estudo, em que vamos desenvolver
questões sobre a interferência do homem no ambiente.
Atualmente, o termo ambiente aparece com muita freqüência na imprensa. Há uma
enorme discussão sendo feita por muitas pessoas, como você, políticos, cientistas,
produtores rurais e empresários, sobre as mudanças no nosso planeta aceleradas
pela interferência do homem.
O planeta Terra é a nossa casa e também a casa de um número inimaginável de
outros seres vivos. Nós já sabemos que o ambiente ecológico está representado por
um conjunto de condições indispensáveis à vida. Sendo assim, ele é formado por
todos os seres vivos e pelos componentes não-vivos, ou seja, todas as substâncias
existentes no ar, na água, no solo e nas várias formas de energia e suas manifestações.
Uma diferença fundamental entre a espécie humana e as outras espécies de seres
vivos é que o homem reage aos estímulos ambientais alterando o ambiente segundo
suas necessidades técnicas e energéticas. Os outros animais, ao contrário, se não
encontram os recursos necessários ao seu modo de vida, morrem.
O homem utiliza sua capacidade para adequar o ambiente ao seu modo de vida,
criando necessidades não restritas somente à procura de abrigo e alimentos, à fuga
de predadores e à reprodução.O homem busca também o conforto, o lazer e outras
satisfações pessoais. Para suprir essas novas necessidades, ele utiliza em seu benefício
várias fontes de energia, como você já estudou na unidade anterior, e desenvolve
procedimentos e técnicas para intervir na natureza.
Com o crescimento das populações e a crescente substituição dos processos naturais
de produção por métodos artificiais, o homem não pode mais abandonar a tecnologia
que desenvolveu. Mas o outro lado do desenvolvimento tecnológico é que a sociedade
não suportará indefinidamente os resíduos despejados no ambiente. Isso obriga o
-
76
homem a buscar uma tecnologia mais “branda”, que não comprometa tanto a
qualidade ambiental, e você, professor(a), tem no seu trabalho uma ótima
oportunidade para difundir o respeito à natureza e a percepção de que não nos
libertaremos da nossa dependência dela, uma condição fundamental para a
preservação da vida no nosso planeta. Então, vamos iniciar o nosso estudo?
DEFININDO NOSSO PONTO DE CHEGADA
Objetivos específicos desta área temática:
Ao finalizar seus estudos, você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como:
1. Relacionar com a interferência do homem na natureza os problemas da
poluição atmosférica.
2. Compreender a importância do solo e a interferência de agrotóxicos organo-
clorados na cadeia alimentar.
3. Reconhecer a água como um bem de consumo que precisa ser preservado,
em função da sua escassa disponibilidade.
4. Compreender o significado da acidificação da chuva, a escala de pH e os
danos ambientais decorrentes dos efeitos da chuva ácida.
CONSTRUINDO NOSSA APRENDIZAGEM
Nesta unidade, você vai estudar as modificações produzidas no ambiente pelas
atividades humanas, e seria bom que dedicasse 50 minutos de estudos à Seção 1, na
qual tratamos da poluição atmosférica pelo uso dos combustíveis fósseis. A seguir,
na Seção 2, estudamos a importância e o uso adequado do solo, as suas
contaminações pelos fertilizantes e agrotóxicos industriais. Dedicando cerca de 40
minutos a ela, você poderá fazer um bom estudo. Na Seção 3, a água foi privilegiada
por ser essencial para a nossa sobrevivência; é preciso, portanto, preservá-la e evitar
o seu desperdício. Esse estudo requer cerca de 40 minutos. Na Seção 4, você deve
fazer um trabalho atencioso, dedicando 1 hora para compreender a escala que mede
o pH e as razões do aumento da acidificação da chuva.Você vai estudar uma outra
forma de poluição atmosférica também provocada pelo uso dos combustíveis fósseis,
a chuva ácida, que traz grandes prejuízos para a natureza, comprometendo a
qualidade de vida no nosso planeta.
-
-
77
Seção 1 – Transformações na atmosfera pela interferência do homem
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Relacionar a interferência do homem na
natureza com os problemas da poluição atmosférica.
Um dos aspectos mais importantes para que possamos compreender as interferências
do homem na natureza e relacioná-las com os problemas da poluição atmosférica é
o fato de que a atmosfera atual tem alta concentração de oxigênio. Como você já
estudou na Unidade 4 do Módulo III, esse elemento químico oxida metais que fazem
parte da litosfera; na Unidade 6 deste módulo, você conheceu outros óxidos, incluindo
os formados por elementos não-metálicos, como, por exemplo, o CO
2
, o SO
2
e o
NO
2
. Assim, a presença de O
2
, que é muito reativo, torna a nossa atmosfera um
ambiente bastante oxidante.
Outra característica da nossa atmosfera é que as nuvens, que são formadas por água
no estado de vapor e pequenos cristais de gelo, retêm nas suas superfícies a fuligem
originada pelas combustões incompletas, além de vários gases emitidos pelas chami-
nés das indústrias e das descargas de veículos de transporte alimentados por com-
bustíveis fósseis. Esses assuntos você já estudou na unidade anterior, não é mesmo?
Chuvas
Ventos
Queimadas
Fábricas
Estátuas
Seres
vivos
Veículos
Solo
Fontes Sorvedouro
Transporte
78
Entretanto, caro(a) professor(a), a atmosfera do nosso planeta é única e não possui
barreiras que possam “segurar” em determinado local os materiais lançados. Eles são
transportados para diversas regiões e sofrem a influência de muitas variáveis, tais como
as correntes dos ventos, a temperatura, a pressão e o tempo que eles permanecem na
atmosfera. Esse “tempo de residência” dos materiais também depende de vários
fatores, principalmente das interações que sofrem durante seu transporte e da sua
absorção pelos seres vivos, águas, solos, metais, monumentos etc.
Você já sabe que o ar atmosférico é uma mistura de gases que constitui um dos
maiores reservatórios de substâncias essenciais: o nitrogênio, que tem na atmosfera
o seu maior estoque; o oxigênio mobilizado pela respiração animal e vegetal; o gás
carbônico, que é incorporado aos seres vivos e à cadeia alimentar por meio da
fotossíntese; e o hidrogênio, que, por meio da atmosfera terrestre, é continuamente
reciclado sob a forma de água líquida ou vapor d’água. Observe quantos componentes
formam a atmosfera:
Composição do ar limpo e seco
Componente Teor/ m
3
Nitrogênio (N
2
) 780,5 litros
Oxigênio (O
2
) 209,5 litros
Argônio (Ar) 9,4 litros
Gás carbônico (CO
2
) 350 mililitros
Neônio (Ne) 18 mililitros
Hélio (He) 5,2 mililitros
Criptônio (Kr) 1,1 mililitro
Hidrogênio (H
2
) 0,53 mililitro
Xenônio (Xe) 0,086 mililitro
Ozônio (O
3
) 0,010 mililitro
Você está vendo quanta “coisa” cabe dentro de um copo, ou de qualquer outro
recipiente que esteja “vazio”?
79
Além de desempenhar o papel de reservatório de substâncias essenciais aos processos
biológicos ligados à vida na Terra, a atmosfera ainda tem outra função: a de ser um
bom isolante térmico e de se comportar como um manto protetor da radiação solar,
que você já estudou neste módulo, na Unidade 4, Seção 1.
O gás carbônico, devido a sua natureza química, funciona como um filtro eficiente,
vedando a passagem de uma parcela da radiação solar (radiação ultravioleta) nociva
à vida, e ainda impede parcialmente o retorno ao espaço da radiação infravermelha
(calor), que aquece a superfície da Terra, garantindo ao nosso planeta a temperatura
média de 15
o
C. Você já estudou esse fato no ciclo do carbono, na Unidade 1. Está
lembrando do efeito estufa? E se ele não existisse? Provavelmente o nosso mundo
seria um planeta gelado, com sua crosta coberta por gelo e neve!! E nós nem
estaríamos aqui...
Entretanto, Professor(a), o teor de CO
2(g)
(verificar números suscritos)na atmosfera
tem variado ao longo dos tempos, mostrando uma tendência ao crescimento. Isso
decorre da ação do homem nas atividades que levam à produção desse gás, e agora
ele é um dos maiores poluentes atmosféricos. Você já sabe que tudo isso começou
com a Revolução Industrial, não é mesmo?
A palavra poluir tem o sentido de sujar, degradar. Entretanto, só se reconhece um
poluente quando se associa determinada substância ao local em que está e à sua
concentração. Vamos exemplificar: na troposfera (camada da atmosfera que toca
o solo), o ozônio é um gás irritante e tóxico, um poluente. Já os clorofluor-
carbonos (CFC), usados nas geladeiras, são gases não-inflamáveis, quase sem
odor e de baixa reatividade. Mas na estratosfera (camada a 30-35 quilômetros
acima da superfície terrestre), o ozônio torna-se fundamental à manutenção da
vida, por proteger os seres vivos dos efeitos da radiação ultravioleta, e os CFC
tornam-se poluentes por destruir a camada de ozônio.
A poluição ocorre quando “a matéria está no lugar
errado”.
Para constatar o problema, vamos utilizar esse tema para a sua primeira
atividade.
80
Atividade 1
Cite três maneiras como o homem pode poluir o ar.
Você quer saber quem são os grandes vilões da poluição?
Com certeza, uma das causas da poluição por interferência do homem é a combustão,
transformação química que você já conhece bastante. Pois bem, essa reação é um
dos principais fatores responsáveis pelo lançamento de milhares de toneladas de
gases das chaminés das fábricas, dos canos de descarga dos automóveis, barcos,
tratores e da queima de materiais como lixo, madeira e carvão, que vão para o ar
todos os dias e se tornam poluentes!
Além da emissão de partículas sólidas, os principais poluentes liberados por essas
fontes são os óxidos gasosos: monóxido de carbono (CO) e os dióxidos de carbono,
enxofre e nitrogênio (CO
2
, SO
2
e NO
2
). Entre esses gases, um dos mais tóxicos é o
monóxido de carbono, produzido nas combustões incompletas, porque dificulta o
transporte de oxigênio pelo sangue, podendo causar a morte das pessoas.
Irmo Celso
81
É bom lembrar que mais de 80% da
energia hoje utilizada pelo homem
provém da queima dos combustíveis
fósseis. Esse dispêndio de energia é
exigido pelo progresso tecnológico, pela
manutenção e pelo desenvolvimento da
sociedade moderna. Os padrões de
qualidade da vida moderna estão
intimamente associados à produção de
bens de consumo, o que impõe elevada
utilização de energia.
Não há dúvida de que, em decorrência da sua maior demanda energética, os países
desenvolvidos são os que mais contribuem para o aumento do CO
2
atmosférico. No
transporte dos gases emitidos, os efeitos negativos serão distribuídos por toda a Terra.
Veja bem quem são os grandes vilões:
Claudio Laranjeira
Calor
Sol
A floresta
absorve
CO
2
pela
fotossíntese
CO
2
da queima de combustível fóssil
vai da cidade para a floresta
Poluição
Monóxido de carbono
Óxidos de enxofre
Hidrocarbonetos
Óxidos de nitrogênio
Partículas sólidas
CO
2
da
respiração
do solo e
de animais
A floresta produz O
2
e parte dele vai
para as cidades
Energia
solar
Substâncias orgânicas
mortas transformam-se
ao longo do tempo em
óleo e carvão
A cidade extrai os combustíveis
82
Fonte: José Goldemberg/USP – Revista Época, novembro 98.
* Milhões de toneladas de carbono por ano.
Atividade 2
A partir dos dados do gráfico, na sua opinião, como o Brasil se classifica no
cenário mundial em relação às emissões de gases poluentes? Qual a medida
mais urgente que o Brasil deve tomar para diminuir suas emissões gasosas?
Mesmo se houvesse o reflorestamento da totalidade da vegetação terrestre ou
ocorresse a absorção de CO
2
pelos oceanos (que você estudou na Unidade 1), não
daria para todo o CO
2
produzido pela atividade humana ser absorvido. O reflores-
tamento e a absorção de CO
2
pelos oceanos são atividades que acontecem muito
mais lentamente do que a produção das fábricas, as emissões gasosas das queimadas,
dos veículos e das usinas termelétricas (que usam carvão mineral, combustível líquido
e gás natural para a geração de energia).
Países que mais emitem gases poluentes do efeito estufa*
1.400
1.000
1.200
800
600
400
200
0
Por combustíveis fósseis
Por desamatamento
EUA
China
Ex-URSS
Japão
Índia
Alemanha
Reino Unido
Canadá
Itália
México
Polônia
Coréia do Sul
França
África do Sul
Austrália
Coréia do Norte
Irã
Indonésia
Espanha
Brasil
83
Atividade 3
Pensando nessas interferências do homem, investigue a região onde você mora
e escreva três fatores que podem contribuir para o aumento das emissões de
CO
2
para a atmosfera.
Agora, relembrando o ciclo do carbono, visto na Unidade 1, faça uma reflexão: o
excesso de CO
2(g)
na atmosfera, além da intensificação do efeito estufa, que provoca
um aquecimento global no planeta, também poderia ser um dos responsáveis pelas
chuvas ácidas? Você já ouviu falar dessa forma de poluição?
Bem, pode ir organizando suas idéias, porque mais adiante vamos estudar esse tipo
de degradação ambiental, combinado?
Seção 2 – A poluição do solo
Ao finalizar seus estudos nesta seção, você poderá ter
construído e sistematizado a seguinte aprendizagem:
– Compreender a importância do solo e a interferência
de agrotóxicos organoclorados na cadeia alimentar .
5% de matéria orgânica
25% de ar
45% de minerais
25% de água
84
Quando falamos de solo, nos referimos a uma camada da litosfera originada
pela decomposição de rochas e restos de plantas e animais. Um olhar pouco
cuidadoso percebe o solo como imutável; entretanto, é nessa pequena camada
que se dão as transformações biológicas e as reações químicas que fornecem
os nutrientes para a vida na Terra. O húmus, camada mais fértil, é a parte orgânica.
Argila, areia e calcário são os principais componentes de origem mineral.
Retornando aos ciclos do carbono e do nitrogênio, na Unidade 1, você pode relembrar
que os organismos que vivem no solo (fungos, bactérias, algas, protozoários e
minhocas, por exemplo) decompõem a matéria orgânica morta, fazendo com que
elementos valiosos para as plantas voltem a fazer parte da sua composição, mantendo
o equilíbrio ecológico.
Entretanto, professor(a), mesmo sendo coberto por vegetação, o solo sofre uma perda
constante de parte de seu material.
Observe na tabela as perdas de uma área de solo em relação ao tipo de cobertura
vegetal que recebe:
Área plana de 1 hectare (10.000m
2
)
Tipo de cobertura vegetal Perda anual de material (kg)
Mata natural 4
Vegetação do campo 700
Cafezal 1.100
Algodoal 38.000
Atividade 4
a) Com base no que você acabou de estudar, explique o que ocorrerá em relação
à perda do solo se desflorestarmos uma área e a deixarmos sem vegetação
alguma, sujeita à ação da chuva.
85
b) Que solução você daria ao problema?
Conforme você estudou na Unidade 4 do Módulo III, a maioria das substâncias que
compõem o solo foi formada pela solubilização em água dos minerais da crosta
terrestre. A matéria orgânica presente no solo é também responsável pela sua
agregação e ajuda a promover a aeração necessária a um solo saudável.
Uma vez formado, o solo pode ser caracterizado por algumas propriedades, entre as
quais: sua permeabilidade, que é a facilidade com que a água se move através
dele, o que depende, em grande parte, da sua porosidade, ou seja, dos espaços
livres existentes entre as camadas do solo, que podem estar cheios de ar ou de
água.Através do sistema de raízes das plantas, oxigênio e gás carbônico são trocados
no solo.
Os solos arenosos são muito porosos e permeáveis; neles, a água escoa rapidamente.
Já os solos argilosos têm alta porosidade, mas baixa permeabilidade; atuam como
uma esponja, em vez de permitir que a água seja drenada. Por essa característica, os
solos argilosos são usados para fundo ou cobertura de aterros sanitários no
armazenamento do lixo recolhido. Não permitem que a água passe e também não
permitem que os contaminantes presentes no lixo passem para os lençóis freáticos
Sergio Berezovsky
86
Professor(a), a questão do lixo é muito importante e merecerá um estudo mais
aprofundado na próxima unidade.
Atividade 5
Pegue dois vasos de plantas cheios de terra, de forma e tamanhos iguais, um
com plantas e outro sem planta alguma. Coloque um pires ou tampa de lata
embaixo dos vasos e regue-os com a mesma quantidade de água. Responda,
observando os suportes embaixo dos vasos: qual dos vasos perdeu mais solo?
Justifique sua resposta.
Os usos e a crise do solo
Como você já percebeu, professor(a), as plantas protegem o solo. Com o desfloresta-
mento ou as queimadas, ele sofre o impacto direto da ação das águas e do vento,
que o desagregam, facilitando seu
transporte pelas enxurradas. O solo
transportado pela água das chuvas vai
parar no fundo dos rios, lagos e oceanos,
o que constitui o processo chamado
erosão, ou desagregação por assorea-
mento. A água da chuva lava e o fogo
das queimadas destrói a camada mais fértil
do solo, o húmus, onde há a maior
concentração de matéria orgânica e
nutrientes essenciais para a vegetação.
Célio Apolinário
87
A cada ano, bilhões de toneladas de
solo são levados para o mar ou levados
pelo vento. Os rios, os lagos e as repre-
sas assoreados ficam mais rasos, possi-
bilitando as inundações na época das
chuvas.
A erosão provoca ainda a formação de
voçorocas, que são profundas valas no
terreno, inviabilizando-o para a agri-
cultura.
O principal uso do solo é feito na agricultura, que é uma das formas mais antigas e
abrangentes de transformar a natureza, seja para plantar, seja para criar animais
(agricultura ou agropecuária?). É uma atividade muito importante para aumentar a
produção de alimentos e garantir a sobrevivência da espécie humana.
Não havendo retirada da vegetação do terreno, os nutrientes do solo, como o
nitrogênio, por exemplo, são naturalmente reciclados, e isso você já estudou na
Unidade 1. Entretanto, na agropecuária o ciclo não se completa, pois os nutrientes
retirados do solo são levados para as cidades na forma de alimentos para a população
e de matérias-primas para as indústrias alimentícias. O solo vai ficando cada vez mais
pobre, além de perder suas características estruturais.
Para ser cultivável, o solo tem de ser bem cuidado e protegido. Observe este texto
retirado de uma reportagem:
Solo ácido não favorece plantio
Alguns cuidados devem ser tomados por quem decide iniciar o cultivo do
girassol (...) a oleaginosa deve ser plantada em solos onde o agricultor deve
colocar, por hectare, 40kg a 60kg de nitrogênio; 40kg a 80kg de potássio e
40kg a 80kg de fósforo. O pH do solo na região é de 4,8. Dessa forma, o
agricultor deverá fazer a calagem.
Folha de São Paulo, 25/09/1996.
Luigi Mamprin
88
Veja, professor(a), a solução encontrada para produzir alimentos é a adubação artificial,
conforme você estudou na Seção 4 da Unidade 1 desta área temática. Além disso, o solo
está sendo cuidado e, no caso deste agricultor, tem de ser feita a calagem, um processo
que corrige o seu pH, para a diminuição da acidez, que é feita em duas etapas:
- A cal, CaO, interage com a água presente no solo, gerando hidróxido de
cálcio, Ca(OH)
2
.
- O hidróxido de cálcio reage com os íons H
+
(aq)
dos ácidos presentes no solo,
formando a água e deixando os íons Ca
2+
(aq)
no solo.
- O uso da cal origina o nome da calagem para esse processo de proteção do solo.
Vamos ver o que são ácidos e bases e escrever as equações químicas das duas etapas,
para você entender o processo de calagem:
Os ácidos são substâncias químicas que fornecem íons H
+
(aq)
e reagem com os
hidróxidos ou bases, que fornecem íons OH
(aq)
, produzindo água:
H
+
(aq)
+OH
(aq)
H
2
O
(l)
Etapas do processo da calagem:
CaO
(s)
+ H
2
O
(l)
Ca (OH)
2(aq)
(esse tipo de reação você já estudou na unidade anterior:
CaO é semelhante ao MgO)
2 H
+
(aq)
+ Ca (OH)
2(aq)
2 H
2
O
(l)
+Ca
2+
(aq)
O solo deve ser também visto como uma
riqueza, e devemos nos preocupar com seu
uso adequado. O ambiente não é capaz de
degradar a enorme quantidade dos adubos
que se acumulam no solo, e eles são então
levados para os rios, poluindo-os.
Outro problema é que, desde o momento
em que o homem começou a praticar a
agricultura, ele convive com as pragas que
destroem as colheitas e os alimentos
Infiltração
de
agrotóxicos
Lençol freático
89
armazenados. Atualmente são utilizados os agrotóxicos, também chamados de
defensivos agrícolas, pesticidas etc., que podem ser substâncias naturais ou sintéticas
(produzidas nas indústrias), para controlar ou eliminar insetos, fungos, ervas daninhas
etc. São os inseticidas, fungicidas e herbicidas. Essa prática resolve um problema,
mas provoca outro, a degradação ambiental.
Entre os inseticidas sintéticos, os que mais
persistem no ambiente são substâncias
químicas denominadas compostos organo-
clorados, um certo tipo de grupo de
substâncias com um arranjo molecular
formado por átomos de cloro, carbono
e hidrogênio. Eles são amplamente usados
e podem permanecer no solo por mais de
30 anos após a aplicação! Os mais utilizados
foram o BHC e o DDT; este último originou
o verbo
dedetizar, pelas suas aplicações em
ambientes domésticos.
Observe bem a figura ao lado: esses praguicidas podem provocar lesões no fígado e
nos rins. Uma das suas características mais problemáticas é o chamado efeito
cumulativo, isto é, o fato de eles irem se acumulando no organismo à medida que
nele entram.
Atividade 6
Na figura, os pontos coloridos representam o DDT ou o BHC. Qual é o problema
ambiental que está representado no desenho?
90
Seção 3 – Água: um bem essencial que precisa ser preservado
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Reconhecer a água como um bem de consumo,
que precisa ser preservado, em função da sua
escassa disponibilidade.
Dentre as muitas substâncias químicas que você já conhece e que estudou nas nossas
seções, é grande o número das que se apresentam no estado sólido: minérios, areia,
calcário e demais constituintes do solo; gasoso: nitrogênio, oxigênio, argônio, neônio,
ozônio e outros gases presentes no ar. Porém, apresentando-se naturalmente em
estado líquido, temos apenas a água e o petróleo, este não encontrado em
qualquer lugar do mundo.
O fato de a água ser líquida se deve, em parte, à posição da Terra no Sistema Solar,
cuja distância do Sol permite que recebamos calor em quantidade ideal para encontrá-
la em constante movimento, com transformações contínuas entre os estados sólido,
líquido e gasoso, que conhecemos como “ciclo da água”, já estudado na Unidade 1
desta área temática.
Se não estivesse situado a 150 milhões de km do Sol, nosso planeta não seria assim.
Calcula-se que, a menos de 134 milhões de km de distância do Sol, nossa água se
evaporaria, perdendo-se no espaço como foi perdida, provavelmente, por outros
planetas, em razão do excesso de energia e mobilidade.
Os papéis político e econômico da água
O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de
seus ciclos. A água não é somente uma herança que recebemos, ela é sobretudo um
legado que deixaremos para os nossos sucessores. Sua proteção é uma necessidade
vital e uma obrigação moral do homem contemporâneo para as gerações futuras,
garantindo a continuidade da vida sobre a Terra.
Em 1992, o editorial de uma revista inglesa afirmou que a água é uma mercadoria
de consumo como madeira, aço ou petróleo, e alertou para a elevação de seus
custos. Na Inglaterra, nessa época, as autoridades estavam preocupadas com um hábito
91
tropical que vinha sendo adquirido pela população londrina – o banho diário ,
que levava os especialistas a afirmar: “Se o povo começar a tomar banhos todos os
dias, não haverá água que chegue...”
Nós podemos entender essa informação, refletindo sobre o fato de que a água é um
recurso vital para os seres vivos e também para o desenvolvimento de diversas
atividades econômicas e que, como recurso natural, ela tem caráter limitado. Assim,
ela adquire valor econômico.
Na verdade, muitas cidades gastam mais água do que existe ao seu redor: a Cidade
do México usa água bombeada de um local mil metros abaixo e a 100km de
distância! Pense na energia que é consumida para movimentar essas bombas e nos
custos de produção dessa energia.
Alguns países, como os do continente africano, vivem verdadeiros dramas humanos
para a obtenção de água. Essa situação é conseqüência de um grande aumento
populacional, da má distribuição natural dos recursos hídricos e da forma como eles
são utilizados.
Atividade 7
Agora, professor(a), responda: a água que você utiliza é bombeada de algum
lugar específico, ou é retirada diretamente de alguma reserva natural? Qual é
o seu aspecto, límpida ou turva? Tem algum cheiro?
92
A Baía de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, recebe, por dia, esgotos e
lixo capazes de encher o Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo!
O Rio Ganges, na Índia, mesmo sendo um rio sagrado, onde muitos fiéis se banham
em rituais hindus, recebe esgotos não tratados de mais de 100 cidades!
Se forem desenvolvidos programas de despoluição, cifras muito altas do dinheiro
público serão gastas. Se não forem, o dinheiro será gasto nos sistemas de saúde
pública para curar doenças. De todo modo, são os cidadãos que pagam a conta...
A escassez de água potável e as despesas com potabilização já levaram o Banco
Mundial a advertir sobre a possibilidade de nações guerrearem pelo controle de
reservas hídricas.
Isso já está acontecendo! Confira com estas notícias:
Amanhã, segundo a ONU, a Terra atinge a marca de seis bilhões de habitantes
(....) se forem mantidas as atuais práticas de consumo, o planeta rumará para
uma escassez crônica de água. (....) Atualmente, segundo a Organização
Meteorológica Mundial, cerca de 30 países já sofrem escassez de água. (....) As
áreas mais atingidas são a África, o Oriente Médio e o Sul da Ásia. (....)
Abençoado com abundância de petróleo, o Oriente Médio, por outro lado
(....) vai se ver às voltas com uma crise aguda de abastecimento de água nas
próximas décadas.(...) O potencial para causar conflitos armados é significativo,
com mais de 85% da água disponível para cada país originando-se fora de suas
fronteiras ou de fontes compartilhadas (...)
O Globo, 11/10/1999.
Antonio Milena
Ricardo Chaves
93
É urgente que se crie e dissemine já uma consciência conservacionista com
relação a esse bem escasso. Nas escolas, pela televisão, nos jornais (....), porque,
sem ela, depois de poucos anos, não haverá recursos suficientes para garantir
o abastecimento dos grandes centros urbanos.
Jornal do Brasil, 24/03/97.
Com todos esses problemas ligados ao uso da água para o abastecimento público,
vamos ver como a natureza distribuiu as águas superficiais.
A distribuição é muito desigual no planeta
Volume de água doce dos rios por continente
Continente km
3
Oceania 24
Europa 76
África 184
América do Norte 236
Ásia 533
América do Sul 946
Fonte: Atlas do Meio Ambiente do Brasil, Embrapa, 1994 – Globo Ciência, agosto/1998.
Água abundante
Suficiente
Escassa
Insuficiente
94
Atividade 8
Esse mapa nos permite refletir sobre o problema da distribuição das águas
superficiais. Como você interpreta a situação do Brasil em relação à disponi-
bilidade desses recursos hídricos?
No Nordeste, região brasileira mais castigada pelas secas devido ao seu clima semi-
árido, existem imensos depósitos de água subterrânea.
(....) Segundo dados do Inventário Hidrogeológico do Nordeste, realizado nos
anos 60, sob o chão desidratado da região há cerca de 3 trilhões de metros
cúbicos de água.
Globo Ciência, agosto de 1998.
A captação dessa água é viável através da perfuração de poços artesianos. Enquanto
isso...
Os moradores da zona rural de Juazeiro e Soledade, no interior da Paraíba,
são obrigados a beber água lamacenta por causa da seca (....) Em alguns açudes,
só resta água apodrecida (...) para poder beber a água esverdeada do açude
dos Negrinhos, algumas pessoas usam cal e cimento para tratá-la. Elas misturam
os dois produtos à água e esperam meia hora, até que a lama baixe, deixando-
a transparente.
Folha de São Paulo, 29/02/96.
Atividade 9
O “tratamento” a que a água é submetida por essas pessoas é um conhecimento
intuitivo, um saber popular culturalmente transmitido. Mas você já estudou
no Módulo III como se trata a água para o abastecimento. Complete este
parágrafo, referente ao tratamento primário da água para torná-la potável:
95
Depois de ficar em repouso nos tanques de , os materiais
sólidos mais
vão para o fundo. As partículas muito finas
são retiradas pela sedimentação, que é facilitada pela adição de produtos
químicos tais como o hidróxido de
e o sulfato de
, que possibilitam a . Para matar
os microorganismos, adiciona-se
à água.
Levando-se em conta que cerca de 67% da água doce que retiramos do ambiente é
utilizada na irrigação e 23% em outras necessidades, como as industriais, resta apenas
aproximadamente 10% da água doce disponível para as nossas necessidades pessoais
e domésticas. Assim, percebemos que manter a qualidade desses recursos é uma
garantia da nossa sobrevivência.
O acesso à água de boa qualidade deve ser garantido a todos os habitantes do
planeta como direito básico de todos os seres vivos. A escassez, o mau uso, o
desperdício, a poluição e a contaminação dos recursos hídricos ameaçam o
desenvolvimento ecológico e socialmente sustentado.
Talvez você, Professor(a), assim como eu, não possa despoluir os rios e os mares,
mas nós podemos conservar limpa e não desperdiçar a nossa água. As maiores e
mais duradouras mudanças começam de dentro para fora. As mudanças ocorrem,
antes de mais nada, naqueles que as promovem e, depois, atingem o universo.
Soluções para os problemas mundiais de água devem incluir questões culturais, sociais,
ambientais, políticas e econômicas. Você está de acordo, professor(a)?
cascalho grosso
96
Seção 4 – Águas ácidas: chuvas perigosas
Ao finalizar seus estudos nesta seção,
você poderá ter construído e sistematizado
a seguinte aprendizagem:
– Compreender o significado da acidificação
da chuva, a escala de pH e os danos ambientais
decorrentes da chuva ácida.
Você sabe por que a água da chuva é ácida?
Antes de mais nada, vamos relembrar o que são ácidos e bases:
- Ácidos são substâncias que em presença de água originam íons H
+
(aq)
HCl
(aq)
H
+
(aq)
+Cl
(aq)
ácido clorídrico hidrônio cloreto
H
2
SO
4(aq)
2 H
+
(aq)
+ SO
4
2–
(aq)
ácido sulfúrico hidrônio sulfato
- Bases são substâncias que em presença de água originam íons OH
(aq)
NaOH
(aq)
Na
+
(aq)
+OH
(aq)
hidróxido de sódio sódio hidroxila
Ca(OH)
2(aq)
Ca
2+
(aq)
+2 OH
(aq)
hidróxido de cálcio cálcio hidroxila
- Ácidos e bases reagem entre si, se neutralizam e produzem água mais um
sal
HCl
(aq)
+ KOH
(aq)
H
2
O
(l)
+ KCl
(aq)
hidróxido de potássio cloreto de potássio
Quando você estudou o ciclo do carbono, na Unidade 1, verificou que a água do mar
reage com o CO
2(g)
presente na atmosfera e produz o ácido carbônico. Lembra? Se
não, vale a pena voltar e reler, porque vamos utilizar aquele conhecimento. Está
certo, professor(a)?
97
Da mesma forma, o CO
2(g)
também reage com vapor d’água e, em conseqüência, a
atmosfera se torna naturalmente ácida, pela presença do H
2
CO
3
. Tendo essa
característica, as chuvas podem dissolver rochas calcárias, aquelas que são formadas
por carbonato de cálcio ou de magnésio, e criar grutas e cavernas lindíssimas, como
as que existem em vários locais do Brasil, formadas lentamente durante muitos anos.
Você conhece alguma gruta? Já imaginou quantos anos a chuva levou para construí-la,
carregando os íons dos sais dissolvidos, Ca
2+
(aq)
, Mg
2+
(aq)
, HCO
3
(aq)
e outros, para os
rios, gota a gota?
Agora que você já sabe que a chuva é naturalmente ácida, vai compreender como
se avalia a intensidade da acidez de uma solução aquosa. Para isso nós usamos uma
escala de valores de pH que expressa o grau de acidez e de basicidade. A acidez
da chuva, por exemplo, tem pH entre 5 e 6.
A acidez e a basicidade dependem das quantidades de íons H
+
(aq)
ou OH
-
(aq)
dissolvidos na solução aquosa.
Na escala para pH, o grau de acidez e de basicidade das soluções se estende de 0,
muito ácidas (grande concentração de cátions H
+
(aq)
), a 14, muito básicas (grande
concentração de ânions OH
(aq)
). No ponto 7 as soluções são neutras, concentrações
iguais de H
+
(aq)
e OH
(aq)
.
Fernando Lemos/Strana
98
Água pura e meio neutro
(H)
+
crescente (OH)
crescente
MEIO ÁCIDO MEIO BÁSICO
Acompanhe pela escala e veja os exemplos: pH = 4,5 é mais ácido que pH = 5,0;
pH = 11 é menos básico que pH = 13. Tudo bem?
A escala de pH é logarítmica; você já estudou este assunto no Módulo III, na
Unidade 8 de Matemática e Lógica. Cada unidade representa uma variação
igual a 10 vezes! Isso é importante para você entender a questão da acidez e
da basicidade.
Um aumento de uma unidade de pH significa, na verdade, uma diminuição de
10 vezes na faixa de acidez; a diminuição de uma unidade de pH corresponde
ao aumento de 10 vezes na faixa da basicidade da solução. A acidez e a
basicidade são complementares. Confira na escala. Percebeu?
Vamos comprovar: considere cinco soluções aquosas com os seguintes valores de
pH e observe no quadro o que isso significa:
A – pH = 6,5
B é 10 vezes mais ácida do que A.
B – pH = 5,5
C é 100 vezes mais ácida que A e 10 vezes mais ácida que B.
C – pH = 4,5
D é 100 vezes mais básica que A.
D – pH = 8,5
E é 10 vezes mais básica que D.
E – pH = 9,5
99
Atividade 10
Indique, entre as soluções dadas, quantas vezes G é mais básica em relação às
outras:
F: pH = 8,0 G: pH = 10 H: pH = 9
Veja abaixo qual é o pH de várias soluções conhecidas por nós:
Ácidos pH Bases pH
Ácido de bateria 1,0 Sangue humano 7,3 7,5
Suco gástrico 1,6 – 1,8 Lágrima 7,4
Suco de limão 2,2 – 2,4 Suco pancreático 7,6 – 8,6
Vinagre 3,0 Clara de ovo 8,0
Tomate 4,3 Água do mar 8, 0
Cerveja 4,0 – 5,0 Sabão 10,0
Suor 4,0 – 6,8 Leite de magnésia 10,5
Saliva 6,3 – 6,9 Soda cáustica 14,0
Atividade 11
Escreva V para a afirmação verdadeira e F para a falsa:
a) ( ) Na cerveja, a concentração de H
+
(aq)
é maior do que na saliva.
b) ( ) A clara de ovo é menos básica do que a lágrima.
c) ( ) Suco gástrico é mais ácido que suco pancreático, que é mais básico que
o sangue humano.
d) ( ) No suco de limão existem íons OH
(aq)
em maior concentração do que
numa água com sabão.
e) ( ) O vinagre, sendo ácido, pode reagir com a soda cáustica, que é base; os
dois elementos se neutralizam, produzindo água mais um sal.
Laura Wrona
100
Na Europa e nos Estados Unidos já foram
observadas amostras de chuva com pH < 3.
No Brasil, medidas de pH efetuadas em
amostras de chuva coletadas na cidade
de São Paulo também registraram uma
acidez maior que a do vinagre! Em
Niterói e no Rio de Janeiro, foram encon-
trados valores de pH entre 4,3 e 5,3. Esses
resultados mostram um aumento de acidez
das chuvas, considerando que o pH da
chuva fica entre 5 e 6. As causas principais
desse aumento são as descargas dos
veículos de transporte, além das emissões
gasosas das chaminés das indústrias, que
também fazem uso da mesma fonte de
combustíveis.
Agora você vai fazer um experimento bem interessante:
Os ácidos e as bases do nosso dia-a-dia
A indicação da acidez ou da basicidade pode ser feita usando-se extratos de plantas
que mudam de cor ou passam de coloridas a incolores, quando são misturados com
soluções aquosas. As novas cores que aparecem no extrato dependem do grau de
acidez ou de basicidade das soluções testadas.
Você pode usar pétalas de rosa vermelha ou outra flor. Para preparar o extrato, é só
cortar as pétalas de cada flor em pedaços bem pequenos, deixá-los mergulhados em
água, dentro de um vidro durante algum tempo, e usar o extrato colorido obtido para
misturar com soluções do nosso dia-a-dia, como, por exemplo: vinagre, suco de limão,
água com sabão, água com pasta de dente, com sabonete, desinfetantes, solução
de bicarbonato de sódio, solução de limpeza de chão, detergente, cinzas misturadas
com água etc.
Organize vários vidrinhos transparentes e coloque, dentro de cada um, um pequeno
volume de solução caseira e misture com um pouquinho do extrato da flor. Vá
comparando as modificações das cores do extrato e descobrindo se a solução testada
é ácida ou básica.
Escultura danificada pela poluição.
101
Veja como é simples. Por exemplo: você sabe que o limão é ácido; veja a cor do
extrato da flor em contato com o suco de limão. Anote num papel. Se você usar
outra solução e o extrato ficar da mesma cor ou bem próximo da cor que você anotou,
é porque a solução testada é ácida! Agora teste seu extrato com solução de sabão.
Anote a cor do extrato da flor. Se em outra solução ele ficar dessa cor, ou próximo,
é porque ela é básica! Assim você vai descobrindo o que é ácido ou base. Tenho
certeza de que você vai se divertir com este experimento! Vamos tentar?
Atividade 12
Suponha que você tenha feito um extrato com flores e ele tenha ficado
vermelho. Agora você testou suco de limão, água com sabonete, água
misturada com cinzas, vinagre branco e água com detergente. Após observar
as cores do extrato, você preencheu o quadro:
Descobrindo ácidos e bases com extrato vermelho de
Solução caseira
Cor do extrato na A solução A solução
solução testada é ácida? é básica?
Água com sabão verde o sim
Suco de limão vermelho sim não
Água com cinzas não
Vinagre branco
Água com detergente
incolor
Obs.: a cor da solução do detergente pode interferir na cor do extrato
Bem, agora que você já se distraiu, vamos voltar ao nosso estudo sobre chuva ácida.
Observe na figura a seguir a porcentagem dos poluentes resultantes da queima dos
combustíveis fósseis.
102
Esses óxidos, ao serem introduzidos na atmosfera, reagem com as nuvens repletas
de vapor d’água, na presença do oxigênio, levando à formação das chuvas mais
ácidas quando ocorre a condensação.
Observe como se formam esses novos ácidos na atmosfera:
Vapores de gasolina,
diesel etc.
Monóxido de
carbono
CO
39%
NO
x
11%
Óxidos de
nitrogênio
( NO e NO
2
)
26%
SOx
12%
12%
Partículas
Óxidos de enxofre
( SO
2
e SO
3
)
O solo fica ácido
Reações envolvidas na queima
de combustíveis
Reações envolvidas
que ocorrem na
atmosfera
Reação provocada pelos raios N
2
+ O
2
2 NO
A chuva fica ácida SO
3
+ H
2
O H
2
SO
4
2NO
2
+ H
2
O HNO
3
+ HNO
2
Combustível + O
2
CO
2
, CO, C, H
2
O
N
2
+ O
2
2 NO
S + O
2
SO
2
2NO + O
2
2 NO
2
2SO
2
+ O
2
2 SO
3
NO
2
+ O
2
NO + O
3
Corrosão das
folhas dos vegetais
103
Veja agora quanto cada automóvel libera de poluentes, aproximadamente, em
kg/ano:
Óxidos de enxofre: 7,7 Óxidos de nitrogênio: 22,7
Hidrocarbonetos : 136 Monóxido de carbono: 1.450
Se você somar, esses valores vão dar mais de uma tonelada e meia por automóvel!
Imagine o quanto de poluente é liberado por todos os automóveis, mais os ônibus,
caminhões, barcos e demais veículos! E ainda, somando os gases produzidos pelos
combustíveis que alimentam as indústrias, é muita poluição, não é? O prejuízo é
enorme: lavouras são queimadas, monumentos de mármore, estradas de ferro,
concreto, todos são corroídos e ainda o homem tem a sua saúde seriamente abalada.
O que faz a sociedade para diminuir a degradação ambiental? Uma das saídas é
buscar novas fontes de energia, que poluam menos. Esse é um dos assuntos que nós
vamos estudar na próxima unidade.
PARA RELEMBRAR
- Nesta unidade você estudou como a interferência do homem na natureza
pode degradar o ambiente. O teor de gás carbônico na atmosfera tem
aumentado em conseqüência do desenvolvimento industrial e dos meios de
transporte, que transformam os combustíveis fósseis nos grandes vilões da
natureza.
- Você verificou que, em relação à intensificação do efeito estufa pelo uso de
combustíveis fósseis, a situação do Brasil diante do cenário mundial é bastante
confortável; entretanto, nosso país é o campeão do desmatamento, o que o
classifica como um poluidor por aumento da concentração de gás carbônico.
- Você estudou o solo, seus usos e a importância da atividade agrícola para a
sobrevivência do ser humano. O fato de que os alimentos são levados para
as cidades contribui para que o ciclo dos nutrientes não se complete, e a
forma de evitar o empobrecimento do solo é o uso de adubos sintéticos, que
podem ser uma fonte de poluição dos rios. Outro problema é o controle das
pragas feito com agrotóxicos; os do tipo organoclorado podem permanecer
no solo por mais de 30 anos e interferir na cadeia alimentar.
104
- Uma das considerações mais importantes desta unidade é a identificação da
água como um bem de consumo, de baixa disponibilidade para os diversos
usos que se faz desse recurso vital, que já é escasso para muitos países que
não dispõem de reservas hídricas próprias para o abastecimento das
populações.
- Finalizando a unidade, você aprendeu o significado da acidificação das chuvas,
uma forma de poluição atmosférica ocasionada também pelo uso dos
combustíveis fósseis, que causa danos materiais, destruição dos vegetais e
sérios abalos à saúde, comprometendo a qualidade de vida dos seres
humanos.
ABRINDO NOSSOS HORIZONTES
Orientações para a prática pedagógica
Objetivo específico: valorizar a importância da água para o ser humano.
Atividades sugeridas
1. Você deve trabalhar com suas crianças a questão da importância da água para a
sobrevivência dos seres vivos na Terra e a questão do desperdício em seu uso.
Algumas sugestões de atividades que você pode realizar com as crianças para o
trabalho com estas questões:
- Leia para as crianças uma notícia, artigo ou assista a algum programa que fale da
importância da água e do cuidado que precisamos ter com o seu desperdício.
Você também pode usar os trechos de notícias que leu nesta unidade para
conversar com as crianças.
- Pergunte às crianças quais são as situações em que utilizam água com mais
freqüência e questione se elas acham que fazem um uso cuidadoso.
- Convide as crianças a produzirem cartazes para alertar e conscientizar as outras
crianças da instituição e a comunidade sobre a importância da água para a manu-
tenção da vida do ser humano e sobre como podemos agir de forma a economizá-la.
-
105
- Para a elaboração do cartaz, você pode trazer notícias sobre os países que já sofrem
com a escassez da água, comentando o que fazem hoje para se prevenir. Converse
com as crianças, questionando-as sobre o que acham das posturas adotadas nestes
países e quais deveriam ser as posturas de devemos adotar em nosso país, em
nossa comunidade. Você pode comentar notícias como a da Inglaterra, que lemos
nesta unidade, falando da questão do banho diário nos países tropicais.
- Por fim, organize com as crianças uma forma de apresentação e uso destes
cartazes de modo que possam efetivamente promover a tomada de consciência
das pessoas de sua comunidade e da instituição de Educação Infantil.
GLOSSÁRIO
Aeração: renovação do ar, arejamento.
Clorofluorcarbonos: um grupo de compostos orgânicos formados pelos elementos
químicos carbono, flúor, cloro e hidrogênio.
Degradar: modificar prejudicando a qualidade ambiental.
Inimaginável: o que não se pode imaginar.
Oleaginosa: planta que contém óleo.
SUGESTÕES PARA LEITURA
ROCHA-FILHO, R. C., TOLENTINO, M., SILVA, R. R. da. O azul do planeta. São
Paulo: Moderna, 1995.
Nesse livro, o valor da atmosfera é realçado, e também é feita uma análise da sua
estrutura e composição, bem como dos gases estranhos que nela se introduzem. São
discutidas várias formas de poluição e possíveis alterações, como o efeito estufa e as
chuvas ácidas. Além disso, são estudados com detalhes o tempo e o clima, o som e o
vôo.
106
ORSINI, C. “Iiiiiii, sujou!“ Ciência Hoje das Crianças, ano 10, n. 74. Rio de Janeiro:
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
É um artigo muito interessante, de linguagem simples e atraente, com ótimas
ilustrações. Faz uma abordagem das causas da poluição do ar nas grandes cidades.
Busca soluções e analisa a importância da participação da população para que sejam
superados os obstáculos que impedem a resolução dos problemas enfrentados com
a poluição do ar.
BAINES, J. Chuva ácida. São Paulo: Scipione, 1992.
O livro trabalha com o fato de a água da chuva ser fundamental para a vida. Mas em
algumas partes do mundo ela está matando florestas, ocasionando doenças nas
pessoas, em decorrência dos efeitos degradantes da chuva ácida. Aponta o que
pode ser feito para evitá-la.
107
108
C - Atividades integradas
109
Professor(a),
No final da Apresentação (Parte A), deixamos uma questão para você refletir e
procurar esclarecer com a ajuda dos textos das áreas temáticas, lembra-se? Era o
seguinte: de que maneira a comunicação, contribuindo para promover a democracia,
pode oferecer elementos para esclarecer a relação entre a teoria e a prática educativa
e, assim, definir a especificidade do trabalho docente?
Para responder a essa pergunta, o primeiro passo é refletir sobre as relações entre
democracia e comunicação, na sociedade e na instituição.Os textos da Unidade 7,
em todas as áreas temáticas, podem nos dar excelentes contribuições nesse sentido.
Na área de Linguagens e Códigos, por exemplo, você aprendeu que o uso de
ilustrações complementa o texto escrito, enriquecendo-o, realçando conotações e
revelando aspectos pouco evidentes na comunicação verbal. Você aprendeu a ler
(interpretar) as ilustrações, ganhando um recurso adicional para compreender o texto,
perceber as entrelinhas e analisar o contexto da comunicação. Assim, tornou-se mais
capaz de informar-se, por meio de diferentes linguagens. Você deve estar lembrado
de que uma das mais importantes funções sociais da linguagem consiste na informação
e que esta pode se dar por meio de signos verbais ou não-verbais.
O significado dessa função da linguagem se ampliou com os conteúdos tratados na
área de Identidade, Sociedade e Cultura – História. Nesses conteúdos, estudando
as relações entre cultura, comunicação e cidadania, você recordou ou aprendeu
várias coisas importantes, entre as quais queremos destacar a idéia de opinião pública.
Como viu, a opinião pública traduz uma tomada de posição diante de um fato ou
uma realidade, pelo conjunto dos cidadãos que influenciam, de diversas maneiras, as
decisões políticas das autoridades. É fácil perceber que, para haver opinião pública, é
indispensável que exista informação sobre os acontecimentos e que ela seja partilhada
110
por toda a sociedade civil. Isso é tão importante que, para alguns autores, a opinião
pública, no sentido em que usamos aqui, só passou a existir com o desenvolvimento
dos meios de comunicação. Conhecer os fatos rapidamente é uma condição essencial
para que as pessoas possam discutir e agir a tempo de influenciar o rumo das decisões
ou das medidas tomadas.
Porém, não podemos deixar de considerar o outro lado da moeda: se a informação
não é correta, se há manipulação, a opinião pública pode acabar reforçando decisões
prejudiciais ao interesse coletivo. Assim, voltamos ao papel da educação e à
importância de nos preocuparmos em formar cidadãos capazes de se comunicar
bem (falando e ouvindo, escrevendo e lendo) e que sejam críticos em relação às
mensagens recebidas e enviadas.
A noção de opinião pública nos ajuda ainda a perceber as relações entre comunicação
e democracia, no caso da preservação ambiental, focalizada nos textos de Vida e
Natureza. Você viu como é importante divulgar os sinais (ou índices, lembra-se?) de
poluição do ar, da água e do solo, bem como suas causas, incentivando a
responsabilidade individual e coletiva nos comportamentos cotidianos ou nas grandes
decisões sobre políticas ambientais. Você sabe que, muitas vezes, essas decisões
favorecem interesses econômicos de grupos ou países, em prejuízo da coletividade,
e só podem ser combatidas pelo peso da opinião pública bem informada.
Podemos resumir tudo isso dizendo que, nas áreas temáticas analisadas, ficou claro
que o conhecimento construído através da informação é um dos requisitos para a
consolidação da democracia e representa a chance real que os cidadãos têm de
expressar seus pontos de vista. Em outras palavras, a comunicação ajuda a promover
a democracia. Mas como essa conclusão pode esclarecer a relação entre teoria e
prática educativa e a especificidade do trabalho docente?
Você se lembra de que, no Módulo III, tratamos de assuntos referentes à gestão
democrática na instituição de Educação Infantil. Tal como acontece com qualquer
organização social, uma instituição de educação é democrática quando os seus
membros (crianças, professores, pessoal de apoio, os pais e outros representantes
da comunidade) possuem as informações necessárias para uma percepção crítica
dos problemas e das soluções que eles requerem e, além disso, têm chance de
participar das decisões sobre as políticas e os programas a serem implementados.
111
Isso pressupõe a existência de processos institucionais eficientes de comunicação,
garantindo as informações relativas aos fatos internos e à sua articulação com fatos
externos que, a partir do governo ou da sociedade, influam sobre os projetos da
instituição. Pressupõe também o desenvolvimento de uma proposta pedagógica que
ofereça experiências democráticas às crianças, respeitando suas características e
valores culturais, ampliando as informações que possuem, estimulando-as a conhecer
outras culturas, garantindo-lhes o direito de expressar opiniões diferentes, planejando
experiências de aprendizado organizadas em torno da problematização e do
questionamento etc. A forma de tratar a avaliação também faz parte dessa visão
democrática da proposta pedagógica.
Neste contexto, a comunicação é uma das principais vias pelas quais se estabelece
a relação entre a teoria e a prática educativa. No diálogo com os textos, o professor
busca elementos de teoria para aprimorar sua prática. Na ação docente e pedagógica,
ele se comunica o tempo todo com as crianças, os pais, os colegas, os dirigentes da
escola. É nesse interagir que se (re)significam os fatos e os conceitos teóricos e se
criam novos significados (parece repetitivo, pois re(significar) é criar novos significados,
talvez fosse “se criam novos conceitos”).
A comunicação está na base de todo esse processo, coordenando os pontos de vista
dos diferentes atores envolvidos. Assim, saber emitir mensagens e recebê-las
interpretando criticamente seu significado é parte essencial da formação do professor,
dando-lhe condições de viver a integralidade do processo educacional. Tudo isso é
da maior importância para a formação da identidade profissional do professor. Boa
sorte!
112
SUGESTÕES PARA A SÉTIMA REUNIÃO QUINZENAL
Atividade eletiva
SUGESTÃO 1
1ª parte. Escolha um livro de literatura. Leia o texto e também as ilustrações,
observando se elas:
- nada têm a ver com o texto, desconsiderando-o, portanto;
- apenas traduzem o texto, dizendo exatamente a mesma coisa;
- contradizem o texto, conflitando com ele; e
- vão além, acrescentando ao texto outros aspectos dentro da mesma temática.
2ª parte. Leve esse livro para a reunião do sábado e comente com seus colegas e
tutor o que você descobriu.
SUGESTÃO 2
Proponha a seus colegas a realização de um debate sobre a relação entre comunicação
e democracia. Para isso, vocês podem organizar a discussão em torno de um dos
temas apresentados a seguir:
- A violência retratada na televisão ocorre somente nos grandes centros, ou
ela também está presente nas pequenas localidades e até no interior das
famílias? Ela se manifesta apenas nas periferias e nas camadas mais baixas e
carentes da população ou também está presente em outros lugares sociais?
A violência que vem ocorrendo dentro das escolas está relacionada com a
violência na sociedade? Por quê?
- Considerando o programa radiofônico
A Hora do Brasil
, discutam as seguintes
questões: Como os meios de comunicação se relacionam com a cidadania?
Que importância tem, para a formação de opinião das pessoas, a circulação
de informações sobre a situação política do país? A censura prejudica a
cidadania? Por quê? Que importância tem para a população a divulgação
das ações do governo?
113
SUGESTÃO 3
Discuta com os seus colegas a utilização dos meios de comunicação para a prática
docente. Você aprendeu que são muitas estas possibilidades. Assim, seria importante
vocês trocarem experiências sobre a linguagem desses meios, as características do
cotidiano das crianças e o trabalho pedagógico. A discussão pode ser pautada pela
análise da letra de músicas relacionadas aos temas discutidos nos Livro de Estudo.
SUGESTÃO 4
Que tal fazer um experimento para demonstrar um dos temas focalizados nesta
unidade? Pode ser, por exemplo, uma simulação de chuva ácida. Você pode usar
qualquer extrato indicador de pH ou preparar um extrato de repolho roxo. Veja como
fazer:
- Corte repolho roxo em tiras finas e ponha em uma panela com água para
ferver, deixando-a no fogo até a água ficar bem colorida.
- Essa água é um extrato que muda de cor em contato com soluções ácidas,
neutras e básicas: (a) pH < 7: fica de rosa a vermelha; (b) pH = 7, permanece
roxa; (c) pH >7, pode ficar azul, verde ou amarela;
- Retire o repolho, deixe o extrato esfriar e guarde num frasco, que pode ser
de vidro ou de plástico; mas complete logo a experiência: o extrato não
pode ser guardado durante muito tempo, porque estraga!
- Em um frasco pequeno, coloque água até a metade e misture com um pouco
do extrato de repolho roxo. Anote a cor.
Faça o experimento:
- Acenda 1 palito de fósforo e introduza rapidamente no interior do frasco,
sem tocar na água; cuidado para queimar somente a cabeça, sem chegar à
madeira.
- Tampe o frasco imediatamente e agite bem.
- Repita a experiência com mais quatro palitos de fósforo, agitando sempre o
frasco após retirar cada palito.
114
- No final da última agitação, observe a cor do extrato e verifique em que
faixa de pH ficou a solução no frasco.
Você simulou a acidificação da água da chuva. Veja por quê: a combustão da cabeça
do palito de fósforo produz os óxidos SO2(g) e P4O10, que estão presentes na fumaça;
quando você agita o frasco tampado, eles vão reagir com a água e gerar os ácidos
sulfuroso (H2 SO3) e fosfórico (H3PO4). A chuva ácida se forma de maneira
semelhante: nela, ocorrem as reações do vapor d’água na atmosfera com os gases
que saem dos canos de descarga dos automóveis.
(verificar
se há
aqui
números
que
deveriam
ser
subscritos)
(não
está
subscrito
no arq.
Brasília)
dorys
115
116
D - Correção das atividades
de estudo
117
LINGUAGENS E CÓDIGOS
Atividade 1
a) É uma outra leitura, uma interpretação gráfica do texto, que serve para
iluminar a página, enfatizá-la, esclarecê-la ou explicá-la, fazê-la brilhar,
embelezá-la.
b) antes: eram feitas à mão, um tipo de pintura, de desenho em miniatura,
para enfeitar as páginas de livros manuscritos.
depois: eram impressas ou gravadas.
Atividade 2
Na sua resposta você pode ter citado um ou vários dos seguintes problemas:
1. Achar que a ilustração é indispensável, obrigatória no livro, e que este deve
ser ilustrado de qualquer maneira. É a ilustração pela ilustração.
2. Dar maior importância à ilustração em relação ao texto.
3. Editar textos fracos, ruins, malfeitos, sem qualidades literárias, sustentados
pela ilustração.
4. Separar texto e ilustração: ilustração sem nenhuma relação com o texto; o
texto é uma coisa e a ilustração é outra.
118
5. Considerar o leitor incompetente, sem imaginação, precisando que a
ilustração mostre para ele o que está escrito.
Atividade 3
a) Cumplicidade - complementação - dueto - arte - casamento - enriquecimento
- diálogo - harmonia
b) Escolha do papel, da capa, paginação e diagramação (distribuição do texto
na página), tipo de letra, abertura de capítulos.
c) A ordem é sempre alterada pela arte, que cria opções a cada momento,
rompendo com os limites do possível.
Atividade 4
a) Resposta pessoal.
Como exemplo, algumas afirmações que poderiam ser escolhidas:
“O que deveria ser considerado uma outra modalidade de desvendar a
emoção, uma outra possibilidade de leitura do mundo, passa a ser visto
como muleta.”
“ Mas se, na prática, pode caber à ilustração este papel de seduzir para o
texto, ela deve ir mais além, na medida em que é arte, capaz de falar por si
mesma.”
“...textos descuidados vêm sendo publicados porque suas ilustrações são
suficientes para atrair o consumidor.”
b) É uma das figuras mais originais e extravagantes da literatura francesa (1619-
1655).
É herói de uma peça em versos de Edmond Rostand, muito encenada, além
de ter sido filmada: o personagem, feioso, de nariz enorme, compensa a
repulsa a seu físico com o dom da palavra. Escondido, vai “soprando” a seu
119
belo amigo palavras encantadoras que acabam por conquistar a heroína
(Roxane). Esta, muitos anos depois, descobre a farsa, identificando, tarde
demais, o homem moribundo que ama através de suas palavras sedutoras.
(A ilustração apareceria, ao contrário (às avessas) de Cyrano – feio e bem
falante – bonita e mal falante), só que extrapola e vai além: bonita e falando
bem.
Atividade 5
Conclusões prováveis:
a) Escritor e artista devem, juntos, estimular a imaginação do leitor.
b) O livro, texto e imagem, estimula a capacidade da criança de descobrir e
combinar.
c) Para a fantasia criadora, não existe diferença entre escrever ou ilustrar um
texto.
Atividade 6
Os livros que ilustram ou exemplificam cada parágrafo do texto (a) devem ser
apresentados para troca e discussões nas atividades do sábado (b).
Atividade 7
As capas dos livros são:
BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. 5ª ed. Ilustração de Donatella
Berlendis. SP: Berlendis & Vertecchia Editores, 1983.
BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. 3ª ed. Ilustrações de Ziraldo. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1997.
120
Observações (exemplos):
Começando pela capa, as Chapeuzinhos são bem diferentes. Uma é bem
colorida, enfeitada, curiosa, sorridente e aparecida; a outra tem um
chapeuzinho (boné) de pala amarela ocupando 2/3 do espaço, e, do rosto
encoberto, só aparece uma parte dos olhos arregalados. O amarelo é diferente:
Ziraldo usa tons de vermelho, alaranjando o amarelo e fazendo-o ficar mais
quente, vibrante, enquanto que o amarelo “amarelo” fica mais perto do medo.
Um livro apresenta ilustrações em branco e preto e um toque de amarelo, que
é retirado do boné quando a Chapeuzinho perde o medo, e substituído por
um rosado nas faces, com uma única página colorida. Esta página é dominada
por muitos e diferentes verdes de galhos de árvore ultrapassando o muro,
com uma grande maçã vermelha sendo colhida. É a natureza, o verde (novo),
a árvore da vida, a liberdade, a esperança. Quando a Chapeuzinho colhe a
maçã, ela adquire, simbolicamente, conhecimento do bem e do mal, é
consciente, “sabe das coisas”, e tanto pode alimentar-se disso (da maçã), como
poderá usá-la tentadoramente, sedutoramente, deixando de ser vítima
(paciente), para ser agente, lobo se quiser.
O outro livro é todo em cores, exceto uma página em branco e preto com o
texto vermelho (lo bo-lo bo-lo), que mostra a transformação do lobo em bolo.
É uma série de lobos que vão perdendo suas características agressivas (grandes
olhos, pêlo eriçado, dentes enormes e agudos) até virar um bolo onde a serra
dos dentes passa a detalhe de enfeite (/\/\/\/\).
121
Você deve ter observado as diferenças de expressão das Chapeuzinhos; onde
o texto é traduzido ou sugerido; o diferente tratamento da mesma idéia (por
exemplo, a Chapeuzinho tendo o lobo como sombra); ou o chapéu, usado por
um ilustrador como identificação da menina, tipo um nome, e, no outro, símbolo
do medo, amarelo que sai do boné, ou este passando para as mãos da menina,
e depois, inútil, abandonado, levado pelo vento (que vento é esse?), saindo da
página (ou vida da menina), já que não servia mais como defesa ou para se
esconder; e muitos outros pontos que, na discussão do sábado, serão levantados
por suas ou seus colegas cursistas, enriquecendo as observações.
Atividade 8
1ª parte
Preparar essa atividade para o sábado.
2ª parte
Das quatro situações indicadas, apenas a última permite o diálogo entre texto
e ilustração: nela há uma outra voz, outra interpretação do texto, ampliando,
acrescentando, diálogo, alternando, sem oposição.
As três demais não permitem esse diálogo: no 1º caso, o texto é uma voz calada,
não diz nada, não dialoga; no 2º caso, texto e ilustração ou falam juntos, em
uníssono, ou se repetem, como um eco (neste caso o diálogo é impossível)
existe um monólogo; no 3º caso, se há contradição, conflito, entre os dois, há
briga, e não o diálogo.
IDENTIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
Atividade 1
Resposta Pessoal. A redação do texto depende da criatividade de cada um.
Porém, as respostas devem contemplar a relação: a comunicação por meio da
mensagem possibilita a circulação de cultura na sociedade.
122
Atividade 2
a) televisão (m) d) fax (c) g) telex ou telegrama (c)
b) telefone (c) e) jornal (m) h) rádio doméstico (m)
c) correio postal (c) f) revistas (m) i) telefone celular (c)
Atividade 3
a) V b) V c) V d) V e) F
Atividade 4
Respostas: (a), (c).
Atividade 5
( d ) ( c ) ( a ) ( e ) ( b ) ( )
Atividade 6
Alternativas corretas: (b), (d).
Atividade 7
Resposta pessoal. Esta resposta depende da criatividade de cada um. Entretanto,
deve estar relacionada à idéia de que o rádio foi o principal responsável pela
expansão da indústria cultural no Brasil, ampliando o mercado de discos
musicais e transformando cantores em reis e rainhas do rádio.
123
Atividade 8
a) V b) V c) V d) F
Atividade 9
Alternativas corretas: (a), (b), (c).
Atividade 10
A resposta depende dos filmes a que o(a) professor(a) Cursista assistiu. Algumas
sugestões para respostas:
a) Novelas como Xica da Silva e A escrava Isaura; minisséries Chiquinha
Gonzaga e A Guerra de Canudos; filmes como O que é isto, companheiro?
e Carlota Joaquina.
b) As novelas Xica da Silva e A escrava Isaura abordam a escravidão no período
colonial e imperial. As minisséries Chiquinha Gonzaga e A Guerra de Canudos
se referem, respectivamente, à cultura e aos movimentos sociais no final do
Império e início da República no Brasil. O filme Carlota Joaquina ilustra a
vinda da Família Real para o Rio de Janeiro no início do século XIX e O que
é isto, companheiro? retrata a repressão e a resistência política, durante a
ditadura militar dos anos setenta.
Atividade 11
A resposta poderá considerar a preocupação que se apresenta atualmente entre
os educadores diante do volume e da disponibilidade de informações que
exigem do cidadão uma capacidade para selecioná-las, recusá-las ou incorporá-
las à sua vivência de cidadania.
124
VIDA E NATUREZA
Atividade 1
Situações possíveis: queima de lixo ou outros materiais que façam muita fumaça;
descarga de motores em mau estado de conservação e das fábricas que jogam
fumaça tóxica no ar.
Atividade 2
Resposta pessoal.
Algumas idéias possíveis: a situação do Brasil neste cenário mundial é bastante
confortável, sendo apontado com índices bem baixos, o penúltimo país.
Entretanto, nosso país se apresenta perante o mundo como o campeão do
desmatamento! Uma primeira providência seria impedir as queimadas que
devastam as florestas e controlar a atividade de desmatamento para fins
comerciais, porque, queimando as árvores, aumenta-se a emissão de poluentes.
Também, o desmatamento diminui a atividade fotossintética, aumentando a
disponibilidade de gás carbônico na atmosfera, proveniente da combustão dos
combustíveis fósseis.
Atividade 3
Resposta pessoal.
Fatores prováveis: Queima de combustíveis como carvão, gasolina, óleo diesel
e querosene em indústrias e veículos de transporte, tais como trens, automóveis,
ônibus, barcos, caminhões etc. Queimadas. Desmatamento para fins comerciais,
venda de madeira. Abertura de rodovias e pistas para aviões. Assentamentos.
125
Atividade 4
a) O impacto da água da chuva sobre o solo descoberto irá carregá-lo,
provocando a erosão.
b) A solução seria desmatar somente o necessário ao uso e não deixar o solo
sem as plantas.
Atividade 5
O vaso sem planta alguma, porque a água levou o solo. A planta protegeu o
solo do vaso plantado.
Atividade 6
O uso desses venenosos inseticidas provoca sua presença em todo o ambiente,
interferindo no ciclo da vida através da cadeia alimentar.
Atividade 7
Resposta pessoal.
Respostas possíveis:
Água retirada sem tratamento de rios, poços, açudes etc.
Águas tratadas recebidas de instituições públicas ou privadas.
Águas subterrâneas retiradas de poços de uso coletivo ou individual.
Água limpa, incolor e sem cheiro, ou água turva, cheiro estranho, cor escura.
126
Atividade 8
Por esse mapa percebe-se que muitos países apresentam escassez de água;
entretanto, o Brasil foi privilegiado pela natureza: a América do Sul tem o
maior volume de água doce do mundo e o Brasil é o país que apresenta o
maior volume dessas águas, e na grande maioria da sua extensão territorial
existe abundância desses recursos hídricos. Precisamos cuidar muito bem dessas
águas!
Atividade 9
decantação / pesados / cálcio / alumínio / floculação / cloro
Atividade 10
G é 100 vezes mais básica do que F e 10 vezes mais básica do que H.
Atividade 11
a) V b) F c) V d) V e) F
Atividade 12
Solução caseira
Cor do extrato na A solução A solução
solução testada é ácida? é básica?
Água com sabão verde não sim
Suco de limão vermelho sim não
Água com cinzas verde não sim
Vinagre branco rosa ou vermelho sim não
Água com detergente verde ou amarelo não sim
127
128
Esta obra foi composta na Editora Perffil
e impressa na Esdeva, no sistema off-set,
em papel off-set 90g, com capa em papel
cartão supremo 250g, plastificado
brilhante, para o MEC, em março de
2006. Tiragem: 10.000 exemplares.
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