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Imaginação: para Vygotsky (2003), toda atividade humana que não se limite a
reproduzir fatos ou impressões vividas, mas que crie novas imagens, novas ações,
pertence a esta segunda função psicológica criadora ou combinatória: a imaginação.
É precisamente a atividade criativa do homem que faz dele um ser projetado para o
futuro, um ser que contribui criando e que modifica seu presente.
Letramento: processo através do qual a criança se insere nas práticas sociais de leitura e
produção de textos que envolvem a escrita, descobrindo suas propriedades, as maneiras
de agir nessas práticas e construindo novos discursos. As diferentes esferas de atividade
social (igreja, escola, jornalismo, internet, burocracia etc.) promovem diferentes tipos e
níveis de letramentos, diferentes maneiras de lidar com os textos escritos.
Mediação: função de estabelecer a relação entre dois termos ou situações. Para
Vygotsky, não há desenvolvimento ou aprendizagem que passe sem a mediação de
outro ser humano participante da cultura. Para ele, não se aprende na mera relação
com os objetos do mundo, mas esta relação está sempre interpretada, conduzida,
mediada por outros membros da cultura (a família, os(as) professores(as), os padres,
adultos em geral e mesmo crianças mais desenvolvidas) mais experientes e que já
dominam certas práticas culturais com esses objetos. A mediação se dá essencialmente
pela linguagem e pelo diálogo.
Narrativa: tipo de discurso que abrange diferentes gêneros de textos (relatos de
experiências vividas, contos-de-fadas, histórias infantis, casos populares, notícias etc.),
cujas funções principais são retomar e documentar ações e fatos acontecidos ou vividos
ou criar novas realidades a partir de ações e fatos imaginados. É, portanto, um discurso
de ações seqüenciadas no tempo e situadas no espaço.
Representação: no debate filosófico entre convencionalistas e naturalistas na Grécia
antiga, o caráter de representação da linguagem era central. Para Demócrito, representante
dos convencionalistas, não há harmonia pré-estabelecida entre os nomes e o mundo. Os
nomes, cuja justeza é resultante de um acordo entre os homens, são assim vistos como
fundantes. Para Heráclito, naturalista ou essencialista, as coisas da natureza têm uma
essência que é capturada pelos nomes. As palavras são o justo reflexo dos objetos, traduzindo
seu sentido essencial. A linguagem, assim, depende da natureza. Há uma harmonia pré-
estabelecida entre a linguagem e o mundo. Decorrente do debate filosófico ao longo dos
séculos, a psicologia vê os símbolos e signos das diferentes linguagens (gestuais, gráficas
ou pictóricas, oral e escrita etc.) como representações (na ausência) de objetos do mundo
real ou possível (virtual) e também como uma possibilidade de expressar e de comunicar a
outros estas representações.
Símbolos: maneiras de representar pelas linguagens, em geral visuais e gráficas, objetos
ou aspectos da realidade. Retomam e imitam, de maneira direta ou indireta, aspectos e
formas destes objetos ou realidade. Por exemplo, os desenhos infantis que “se parecem”
com os objetos representados (maneira direta) ou o símbolo de “proibido fumar”,
que representa com realismo o cigarro aceso e acrescenta uma barra ou cruz, que
está convencionada socialmente como “é proibido”.