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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
CELSO SUCKOW DA FONSECA - CEFET/RJ
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE
CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
DISSERTAÇÃO
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE O USO DE AMBIENTES COLABORATIVOS
VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO BÁSICO DE FÍSICA
Cleber Silva de Menezes
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
ENSINO DE FÍSICA.
João Carlos Nogueira Alves, Dr.
Orientador
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
DEZEMBRO / 2006
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i
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 01
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS....................................................................................
01
2 PROBLEMÁTICA.......................................................................................................
02
3 PROPOSTA...............................................................................................................
02
4 HIPÓTESES.............................................................................................................. 03
4.1 HIPÓTESE BÁSICA...........................................................................................
03
4.2 HIPÓTESES SECUNDÁRIAS............................................................................
03
5 JUSTIFICATIVAS......................................................................................................
04
6 OBJETIVOS...............................................................................................................
05
6.1 OBJETIVOS GERAIS........................................................................................ 05
6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................
06
7 ESTRUTURA DO TRABALHO..................................................................................
06
I DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
Ensino por Competência............................................................................................
08
I.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................
08
I.2 COMPETÊNCIAS NO ENSINO BÁSICO.................................................................
10
I.3 DIRETRIZES PARA O ENSINO MÉDIO..................................................................
1.3.1 TENDÊNCIAS CURRICULARES....................................................................
12
13
I.4 O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO POR COMPETÊNCIA.......................... 17
II SUPERANDO A ESCOLA TRADICIONAL..................................................................
II.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................................
II.2 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO..............................................................
19
19
23
II.3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO ENSINO BÁSICO REGULAR..............................
28
III EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Conceitos, Características e Evolução.....................................................................
III.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA EAD.....................................................
III.2 EVOLUÇÃO DA EAD.............................................................................................
III.2.1 PRIMEIRA GERAÇÃO DE EAD....................................................................
III.2.2 SEGUNDA GERAÇÃO DE EAD....................................................................
III.2.3 TERCEIRA GERAÇÃO DE EAD....................................................................
31
31
31
32
35
40
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ii
Continuação da página anterior
SUMÁRIO
IV AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS DE APRENDIZAGEM......................
46
IV.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................
46
IV.2 AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS DE APRENDIZAGEM................ 46
IV.2.1 CONCEITO DE AVCA................................................................................
47
IV.3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA COLABORAÇÃO........................................
50
IV.3.1 TEORIA SÓCIO-CONSTRUTIVISTA....................................................... 51
IV.3.2 IMPLICAÇÕES DO SÓCIO-CONSTRUTIVISMO EM AVCA...................
54
V BLENDED LEARNING
AVCA na Educação Básica...................................................................................
56
V.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................
56
V.2 BLENDED LEARNING NO ENSINO BÁSICO...................................................
57
V.3 FUNDAMENTO TEÓRICO PARA O BLENDED LEARNING…..................... 59
VI AVALIANDO COMPETÊNCIAS.............................................................................. 67
VI.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................
67
VI.2 FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO...............................................................................
68
VI.3 ETAPAS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.............................................
VI.3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS................................................................
VI.3.2 JUÍZO DE VALOR....................................................................................
VI.3.3 TOMADA DE DECISÃO...........................................................................
69
69
69
70
VI.4 AVALIANDO COMPETÊNCIAS........................................................................
70
VI.5 A PRÁTICA ESCOLAR DA AVALIAÇÃO POR EXCLUSÃO........................... 73
VI.6 A AVALIAÇÃO FORMATIVA EM AVCA...........................................................
76
VII A ABORDAGEM DO BLENDED LEARNING NO ENSINO DE FÍSICA.................
VII.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..........................................................................
VII.2 DESIGN DE UM MÓDULO DE CURSO DE FÍSICA BÁSICA.........................
VII.2.1 FASE DE ANÁLISE..................................................................................
VII.2.2 FASE DE DESIGN....................................................................................
VII.2.3 FASE DE DESENVOLVIMENTO..............................................................
VII.2.4 FASE DE IMPLEMENTAÇÃO..................................................................
VII.2.5 FASE DE AVALIAÇÃO DO DESIGN........................................................
78
78
81
83
84
90
92
99
Continua na próxima página
iii
Continuação da página anterior
SUMÁRIO
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES............................................................................... 112
1 CONTEXTO DO TRABALHO....................................................................................
112
2 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO..........................................................................
113
3 RESULTADOS CONCLUSIVOS............................................................................... 114
3.1 VANTAGENS DO BLENDED LEARNING NO ENSINO BÁSICO..................... 114
3.2 DIFICULDADES DO BLENDED LEARNING NO ENSINO BÁSICO.................
114
4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO...................................................................................
116
5 SUBMISSÃO DO TRABALHO...................................................................................
116
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................
116
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................
117
BIBLIOGRÁFIA...................................................................................................................
118
1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................
118
2 BIBLIOGRAFIA DE CONSULTA................................................................................
127
ANDICES
A - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO MÓDULO DE CURSO..............................
B- AGENTES INTELIGENTES: SUPORTE À AVALIAÇÃO FORMATIVA EM AVCA
131
137
C - WEBQUESTS: ATIVIDADES ORIENTADAS PARA PROJETOS..........................
153
FOLHA DE APROVAÇÃO..................................................................................................
156
iv
FICHA CATALOGRÁFICA
M543 Menezes, Cleber Silva de
Estudo exploratório sobre o uso de ambientes colaborativos virtuais de
aprendizagem no ensino básico de física / Cleber Silva de Menezes. 2006.
xv, 155f. il. color., grafs, tabs.; enc.
Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca, 2006.
Bibliografia: f. 118 130
1.Aprendizagem Recursos tecnológicos em ambientes presenciais e
virtuais 2.Física (Ensino médio) Estudo e ensino 2.Educação a Distância
I.Título
CDD 370.1523
v
APOIO FINANCEIRO
Este trabalho de pesquisa tem o apoio financeiro da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), através do convênio / auxílio nº.
15605/2005, concedido pelo Programa de Apoio à
Pesquisa em Educação a Distância (PAPED).
vi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais,
em reconhecimento e gratidão por tudo
o que me ensinaram.
vii
AGRADECIMENTOS
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Foncesa, especial ao Programa de
Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática PPGECM.
Ao meu orientador, Prof. João Carlos Nogueira Alves (Dr.) , pela oportunidade de pesquisa e
aprendizagem, oportunizados através de sua competência.
Aos professores do PPGECM do CEFET/RJ, em particular aos prof. Álvaro Chrispino (Dr.), Dirceu
Portes Junior (Dr.), Antonio Maurício Castanheira das Neves (Dr.), Tereza Levy Cardoso (Dr.),
Hilário Antonio Rodrigues (Dr.), Marcos Pinho (Dr.) e Paulo de Faria Borges (Dr.) pelo apoio,
incentivo e contribuição no desenvolvimento deste trabalho.
Aos professores Marcos da Fonseca Elia (Ph. D.) e Paulo de Faria Borges (Dr.), pela
participação na banca examinadora desta dissertação.
Ao funcionário Roberto Paiva, secretário do PPGECM, pela dedicação e presteza.
Ao Programa de Apoio à Pesquisa em Educação da Distância (PAPED/2005), pela concessão de
apoio financeiro a este trabalho de pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de
bolsa de mestrado.
Ao Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp (Nied/Unicamp), por ter acolhido as
propostas deste trabalho e autorizado hospedar o módulo de curso “As Leis de Newton Força,
Modalidades e Aplicações” em seus servidores, utilizando o Ambiente Virtual Colaborativo de
Aprendizagem TELEDUC.
Ao Instituto de Educação Rangel Pestana pelo apoio ao trabalho de pesquisa, em particular aos
aprendizes que participaram do módulo de curso proposto neste trabalho, contribuindo para o
entendimento das reais vantagens e limitações de uso dos Ambientes Virtuais no Ensino Médio
Regular.
Aos meus familiares pelo apoio, incentivo, paciência e compreensão.
A todas as pessoas não citadas aqui, que direta ou indiretamente me possibilitaram realizar este
trabalho.
viii
Resumo da dissertação submetida ao PPECM/CEFET-RJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de mestre em Ensino de Física.
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE O USO DE AMBIENTES COLABORATIVOS
VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO BÁSICO DE FÍSICA
Cleber Silva de Menezes
Dezembro de 2006
Orientador: João Carlos Nogueira Alves, Dr.
Programa: PPECM
Partindo do princípio de que as propostas pedagógicas baseadas na abordagem de
desenvolvimento de competências requerem o acompanhamento e o incentivo dos
desenvolvimentos cognitivos, afetivos e de mobilização dos aprendizes, deve-se considerar que
sua aplicabilidade depende de espaços físicos, limitação de número de aprendizes por turma,
recursos educacionais, carga horária adequada às necessidades mínimas de planejamento e
administração do processo ensino-aprendizagem. Apesar disso, duas dificuldades marcantes que
todo professor encontra ao trabalhar nesse enfoque são as clássicas turmas superlotadas e a
carga horária reduzida, marcas registradas de um modelo de formação e de avaliação por
exclusão. Com o objetivo de minimizar essas dificuldades, este trabalho de pesquisa investiga os
fundamentos, potencialidades e limitações do “Blended Learning” no ensino médio regular, cuja
abordagem integra, em um mesmo sistema, os recursos tecnológicos dos ambientes presenciais e
virtuais de aprendizagem. A justificativa para essa abordagem baseia-se no fato de que os
recursos dos Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem (AVCA), além de permitirem que
os conteúdos instrucionais sejam disponibilizados em diversos formatos midiáticos, permite que as
interações colaborativas em atividades de estudo, pesquisa e desenvolvimento de projetos
ocorram de forma mais intensa e nas modalidades síncronas e assíncronas. Uma terceira
vantagem desses ambientes virtuais de aprendizagem está relacionada ao processo de
acompanhamento da aprendizagem, onde o professor tem ao seu dispor os recursos
computacionais baseados no conceito de agentes inteligentes, que atuando de forma autônoma
nesses ambientes, dão suporte ao processo de acompanhamento dos desenvolvimentos dos
aprendizes, gerando informações muito difíceis de serem percebidas em salas de aula
superlotadas, mas que são fundamentais no contexto da avaliação formativa.
Palavras-chave: Blended Learning, Avaliação formativa, Agentes inteligentes, EAD, Ensino médio
regular, Ensino de física, Ambientes colaborativos de aprendizagem.
ix
Abstract of dissertation submitted to PPECM/CEFET/RJ as partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master in Teaching of Physics.
STUDY EXPLORATORY ON THE USE OF COLLABORATIVE VIRTUAL SPACE OF
LEARNING IN PHYSICS BASIC TEACHING
Cleber Silva de Menezes
DECEMBER / 2006
Supervisor: João Carlos Nogueira Alves, Dr.
Program: PPECM
The guidelines of pedagogical proposals are based upon the approach of development of
competences and require attendance and incentive of cognitive developments, affective
developments and mobilization by the students. Therefore, it should be considered that its
applicability depend also on physical spaces, limitation of the student group size in each class,
educational resources, appropriate workload to the minimal needs of planning and management of
the teaching-learning process. Despite this, two major difficulties that every teacher usually finds
when working in this focus are the classical overcrowded groups and the reduced teaching time,
registered marks of a educational model and evaluation by exclusion. With the purpose of
minimizing those difficulties, this research work investigates the foundations, potentialities and
limitations of the called Blended Learning in the intermediate teaching level, whose approach
integrates, in a single same system, the technological resources of the atmospheres witness and
virtual learning. The justification for this approach is based on the resources of the Collaborative
Virtual Space of Learning. These resources allow the instructional contents to be made available in
several media formats, and also allows Collaborative interaction in the study activities, research
and development of learning of projects happen in a more productive way e in the synchronous and
asynchronous modalities. A third advantage of those virtual environments of learning is related to
the process of accompanying of learning, where the teacher has his disposal the computational
resources based on the intelligent agents, acting in an autonomous way in those environments,
provides support to the accompanying process of student development, generating information
more often very hard to be notice at overcrowded classrooms, but that are fundamental in the
context of formative evaluation.
Keywords: Blended Learning, Formative evaluation, Intelligent agents, EAD, Intermediate teaching
school, Physics teaching, Collaborative Virtual Space Learning.
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA VII.1- PÁGINA INICIAL DO “WEB SITE” DE CONTEÚDO INSTRUCIONAL
92
FIGURA VII.2- INTERFACE DE SELEÇÃO DAS PARTICIPAÇÕES NA
FERRAMENTA FÓRUM DE DISCUSSÃO ..........................................
97
FIGURA B.1 -
ARQUITETURA BÁSICA DO TELEDUC..............................................
143
FIGURA B.2 - FERRAMENTA ATIVIDADES DO TELEDUC......................................
144
FIGURA B.3 - FERRAMENTA AVALIAÇÕES DO TELEDUC.....................................
145
FIGURA B.4 - FERRAMENTA ACESSOS DO TELEDUC..........................................
146
FIGURA B.5 - FERRAMENTA INTERMAP DO TELEDUC.........................................
147
FIGURA B.6 -
FERRAMENTA BATE-PAPO DO TELEDUC.......................................
148
FIGURA B.7 -
INTERFACE DE SELEÇÃO DAS FALAS NAS SESSÕES DE BATE-
PAPO NO TELEDUC............................................................................
149
FIGURA B.8 -
INTERFACE PARA JUSTIFICAR A SELEÇÃO DE FALAS NAS
SESSÕES DE BATE-PAPO DO TEEDUC.........................................
150
FIGURA B.9 -
JANELA INDICANDO OS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE UMA
FALA NA SESSÃO DE BATE-PAPO DO TELEDUC.........................
150
FIGURA B10 -
FALAS SELECIONADAS PELO AGENTE NAS SESSÕES DE
BATE-PAPO DO TELEDUC...............................................................
152
xi
LISTA DE DIAGRAMAS
DIAGRAMA VII.1 -
EQUIPAMENTOS E RECURSOS DAS TICs PRESENTES NAS
RESIDÊNCIAS DOS APRENDIZES................................................
98
DIAGRAMA VII.2 -
DIFICULDADES DOS APRENDIZES NO ACESSO E USO DO
TELEDUC........................................................................................
99
DIAGRAMA VII.3 -
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA .........
101
DIAGRAMA VII.4 -
VANTAGENS DE USO DO TELEDUC NA VISÃO DOS
APRENDIZES..................................................................................
104
DIAGRAMA VII.5 -
SENSAÇÃO DOS APRENDIZES ESTAREM SOZINHOS NO
TELEDUC........................................................................................
105
DIAGRAMA VII.6 -
DIFICULDADES DE ESCRITA NAS FERRAMENTAS DE
COMUNICAÇÃO TELEDUC............................................................
105
DIAGRAMA VII.7 -
FREQÜÊNCIA DOS APRENDIZES AO TELEDUC.........................
106
DIAGRAMA VII.8 -
AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM DO BLENDED LEARNING -
VISÃO DOS APRENDIZES.............................................................
108
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 -
ESTRUTURA DO TRABALHO DE PESQUISA...........................................
06
TABELA I.1 -
CARACTERÍSTICAS DOS PARADIGMAS SÓCIO-ECONÔMICOS.............
09
TABELA I.2 -
COMPETÊNCIAS BÁSICAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO............
11
TABELA I.3 -
COMPETÊNCIAS BÁSICAS DO PROFESSOR..........................................
18
TABELA II.1 -
LINHAS DE AÇÃO DA SEED......................................................................
24
TABELA II.2 -
OBJETIVOS DOS NTEs..............................................................................
25
TABELA II.3 -
LINHAS DE AÇÕES DO RIVED..................................................................
26
TABELA II.4 -
OBJETIVOS DO PAPED.............................................................................
27
TABELA III.1 -
INCIDÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS CONCEITUAIS DE EAD.............
32
TABELA III.2 -
GERAÇÕES DE EAD..................................................................................
33
TABELA IV.1 -
PRINCÍPIOS DA TEORIA SÓCIO-
CONSTRUTIVISTA X IMPLICAÇÕES
EM AVCA.....................................................................................................
55
TABELA IV.2 -
ALGUNS OBJETIVOS GERAIS A SEREM OBSERVADOS EM AVCA......
55
TABELA V.1 -
INFLUÊNCIA DOS ORGÃOS SENSORIAS NA APRENDIZAGEM............
65
TABELA V.2 -
RETENÇÃO DE INFORMAÇÕES X ORGÃOS SENSORIAIS....................
65
TABELA V.3 -
RETENÇÃO DE DADOS SEGUNDO O MÉTODO DE ENSINO.................
6
6
TABELA VII1 -
ALGUMAS VANTAGENS DE USO DOS AVCA NO ENSINO DE FÍSICA..
81
TABELA VII2 -
FASES DO DESIGN INSTRUCIONAL PARA O MÓDULO DE CURSO
DE FÍSICA...................................................................................................
82
TABELA VII3 -
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO
MÓDULO DE CURSO.................................................................................
84
TABELA VII4 -
SEQÜÊNCIA DO CONTEÚDO INSTRUCIONAL DO MÓDULO DE
CURSO........................................................................................................
.
85
Continua na próxima página
xiii
Continuação da página anterior
LISTA DE TABELAS
TABELA VII.5 -
RECURSOS E MÍDIAS UTILIZADAS
NO MÓDULO DE
CURSO........................................................................................................
86
TABELA VII.6 -
PESOS ATRIBUIDOS ÀS AVALIAÇÕES PARCIAIS DO MÓDULO DE
CURSO........................................................................................................
89
TABELA VII.7 -
OBJETIVOS DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO...............................
89
TABELA VII.8 -
ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO LABORATÓRIOS DE
INFORMÁTICA INSTALADOS EM 2005.....................................................
107
TABELA VII.9 -
NÚMERO DE APRENDIZES MATRICULADOS EM ESCOLAS COM
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA EM 2005............................................
1
07
TABELA B.1 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO.....................
140
TABELA B.2 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM PORTFÓLIO..........................................
141
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABRAEAD -
Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância
AVCA -
Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem
BID -
Banco Interamericano de Desenvolvimento
CAPES -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEAD -
Centro de Educação Aberta, Continuada e a Distância
CEB -
Câmara de Educação Básica
CEFET -
Centros Federal de Educação Tecnológica
CETE -
Centro de Experimentação em Tecnologia Educacional
CNE -
Conselho Nacional de Educação
DCNEM - Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio
EAD - Educação a Distância
EJA -
Educação de Jovens e Adultos
FNDE -
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FUNDEB - Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
Valorização dos profissionais de Educação
FUNDEF -
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério
Fundescola -
Fundo de Fortalecimento da Escola
IERP -
Instituto de Educação Rangel Pestana
INEP -
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LMS -
Learning Management System
MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia
MEC - Ministério da Educação
Continua na próxima página
xv
Continuação da página anterior
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
NDR -
Nível de Desenvolvimento Real
NDP -
Nível de Desenvolvimento Potencial
NIED -
Núcleo de Informática Aplicada à Educação
NTE -
Núcleo de Tecnologia Educacional
PAPED -
Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância
PCNEM -
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PNE -
Plano Nacional de Educação
ProInfo -
Programa Nacional de Informática na Educação
Proformação
-
Programa de Formação de Professores em Exercício
Promed
-
Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio
Prontel -
Programa Nacional de Teleducação
PUC
-
Pontifícia Universidade Católica
QI - Quociente de Inteligência
RIVED - Rede Internacional Virtual de Educação
SEB - Secretaria de Educação Básica
SEE - Secretaria Estadual de Educação
SEED - Secretaria de Educação a Distância
TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Unicamp - Universidade de Campinas
USP -
Universidade Estadual do São Paulo
WQ - WebQuest
ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal
1
INTRODUÇÃO
1 Considerações Iniciais
Observamos nos últimos anos os esforços de especialistas em educação de todo o
mundo proporem metodologias que viabilizem uma reformulação nos currículos das escolas de
forma que o ensino básico cumpra de maneira mais eficiente seu papel no processo de
formação dos aprendizes para o exercício pleno da cidadania e do trabalho na sociedade
contemporânea
1
.
No Brasil, um dos passos mais significativos nessa direção ocorreu em 1996, com a
implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL.LDB, 1996), que
lançou as bases legais para um novo sistema de ensino que se ajuste às mudanças impostas
pelo paradigma social denominado Sociedade da Informação. (BRASIL.MCT, 1999)
Um dos grandes méritos dessa lei foi a de ter conferido ao ensino médio o status de
etapa final da educação básica, integrado por um núcleo comum, de forma a garantir, através
da organização de conteúdos, diversidade de metodologias e formas de avaliação, o
desenvolvimento de competências
2
e habilidades no educando, incentivando-o à compreensão
dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna e o conhecimento
das formas contemporâneas de linguagem, necessárias ao exercício da cidadania e preparo
para o trabalho. (BRASIL.LDB, 1996, art. 36º)
Apesar da inegável contribuição que a LDB trouxe para o ensino, deve-se considerar
que ela é uma lei indicativa e não resolutiva, tratando as questões da educação de maneira
generalizada e sintética, de forma a garantir às escolas e aos professores autonomia para
flexibilizarem o direcionamento das ações pedagógicas no sentido de melhor preparar os
educandos para atuarem como sujeitos ativos em uma sociedade em constantes
transformações.
Portanto, cabe a escola e aos professores a tarefa de debaterem e encontrarem juntos
com a comunidade, o perfil de um projeto político-pedagógico e uma organização curricular que
contemple um ensino por competência com o uso de novas tecnologias educacionais e de
avaliações que privilegiem a formação do aprendiz em seus vários aspectos, no lugar da
simples assimilação de conteúdos estáticos.
____________________
1
- “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a prática social”. (BRASIL.LDB, art. 1º, §1º, 1996)
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
(Ibidem, art. 2º)
2
- Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, decisões, ...),
para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações do cotidiano da vida e do trabalho. (PERRENOUD, 2000a)
2
2 Problemática
Falar em aprendizado por competência requer que se pense em condições estruturais
adequadas para que o professor exerça com responsabilidade, segurança, qualidade e
autonomia as tarefas de controle do processo de ensino-aprendizagem envolvendo a tomada
de decisões quanto à estruturação de atividades curricular, a definição de projetos
educacionais, o acompanhamento e incentivo dos desenvolvimentos cognitivos, afetivos e de
mobilização dos aprendizes, além da avaliação formativa, apontada como um dos pilares da
abordagem de ensino por competência. (PERRENOUD, 2000a, 2002)
Nesse contexto, para que as metodologias de ensino por competência sejam colocadas
em prática, deve-se considerar que sua aplicabilidade não pode ocorre no vazio, dependendo
de espaços físicos, limitação de número de alunos por turma, recursos educacionais que
auxiliem e agilize as atividades escolares, carga horária adequada às necessidades mínimas
de planejamento de cada disciplina e disponibilidade de tempo para o planejamento e a
administração do processo de ensino-aprendizagem.
Apesar dessas necessidades, duas dificuldades marcantes que todo professor encontra
ao implementar propostas pedagógicas baseadas no desenvolvimento de competência são as
clássicas turmas superlotadas e a carga horária reduzida por disciplina, marcas registradas de
um modelo de formação centrado na transmissão de conhecimentos técnicos e no treinamento
de habilidades básicas, onde o professor era qualificado para desempenhar o papel de instrutor
em uma perspectiva de formação eminentemente para a assimilação de conteúdos e avaliação
por exclusão.
3 Proposta
Considerando que as questões estruturais de sala de aula não serão resolvidas em
médio prazo, tendo em visto a defasagem acentuada entre investimentos em infra-estrutura e a
demanda para o ensino médio (BRASIL.PNE, 2001), restam às escolas mobilizarem esforços
no sentido de darem respostas aos múltiplos desafios que dificultam o controle da prática
educacional, e criarem espaços alternativos de ensino-aprendizagem mais profícuos à
construção das competências desejáveis em nossos aprendizes.
No que se refere a esses esforços observa-se que a legislação brasileira tem se
mostrado inovadora ao propor a utilização das TICs como ferramentas facilitadoras na
distribuição de informação, produção de conhecimentos, desenvolvimento de competências e
inclusão social.
Uma dessas propostas é a possibilidade da Educação a Distância (EAD) ser utilizada
de forma complementar no ensino básico regular (BRASIL.LDB,1996), como estratégia para
ampliar as oportunidades educacionais e com qualidade não disponíveis em canais tradicionais
de ensino presencial, tendo em vista que essa modalidade de educação oferece os mais
variados tipos de ferramentas
3
na criação de comunidades virtuais e Sistemas de
3
Gerenciamento de Aprendizagem (Learning Management System - LMS), propícios às
interações sociais colaborativas e cooperativas em atividades de estudo, pesquisa e
desenvolvimento de projetos dos mais variados tipos, além de oferecer, aos professores
recursos baseados no uso de Agentes Inteligentes
4
que facilitam o acompanhamento, passo-a-
passo, de todo o desenvolvimento cognitivo e de interações sociais dos aprendizes,
fundamentais no processo de avaliação formativa. (BOGO, 2003)
Nesse sentido, aproveitando as iniciativas do Programa Nacional de Informática na
Educação (Proinfo), que vem instalando computadores com acesso a Internet nas escolas
públicas de ensino básico, este trabalho investiga os fundamentos, potencialidades e limitações
da abordagem do “Blended Learning
5
no ensino médio regular, ao utilizar os recursos virtuais
das TICs como recurso auxiliar na estruturação de atividades curriculares e avaliação
formativa, visando minimizar as dificuldades impostas pelas salas de aulas superlotadas e a
carga horária reduzida por disciplina.
4 Hipóteses
Este trabalho de pesquisa é baseado nas seguintes hipóteses, a serem confirmadas no
processo de implementação de um módulo de curso de física para o ensino médio regular de
uma escola pública, segundo a abordagem do “Blended Learning”:
4.1 Hipótese Básica
OBlended Learning” representa, no ensino médio, uma excelente estratégia na
facilitação e ampliação das oportunidades educacionais em uma abordagem de ensino por
competência.
4.2 Hipótese Secundária
Os LMS, ao disponibilizarem os mais variados tipos de recursos de acesso à
informação e a comunicação, oferecem, de forma complementar, “espaços” adequados à
realização de atividades colaborativas de estudos, pesquisas e avaliação formativa no ensino
médio regular;
____________________
3
Alguns recursos e instrumentos de informação e comunicação, disponível em ambientes digitais de aprendizagem: hipermídia,
simuladores virtuais, animações, realidade 3D, avaliações interativas, listas de discussão, “chat”, videoconferência, murais de
notícias, “e-mail”, “links” para outros sites, bibliotecas digitais e outros.
4
Agentes Inteligentes são entidades de “softwares ” que estão situados em algum ambiente computacional com a função de
executar ações autônomas de forma flexível e contínua a fim de satisfazer seus objetivos sem a necessidade de constante
orientação humana. Em outras palavras: um agente inteligente é um software que sabe fazer coisas que provavelmente nós
mesmos faríamos se tivéssemos tempo. (BOGO, 2003)
5
O termo “Blended Learning” foi originalmente associado à idéia de unir o treinamento tradicional em sala-de-aula com o e-
learning. Entretanto, a expressão evoluiu rapidamente no sentido de que atualmente essa combinação se dá tanto na forma de
apresentação do curso (a distância e presencial), quanto na integração de diferentes mídias e ferramentas (internet, hipermídia,
simuladores virtuais, livros, apostilas impressos, TV, retroprojetores, fóruns e “chats” virtuais, entre outros), segundo estratégias
educacionais que atendam às necessidades e possibilidades do educando e do curso. ( SINGH e REED, 2001; SINGH, 2003).
4
5 Justificativas
Um dos grandes embates entre a EAD e o ensino convencional (presencial), pode ser
resumido no seguinte questionamento: em que medida os cursos realizados em salas de aulas
convencionais, cheias de aprendizes e com carga horária de aulas extremamente reduzidas,
podem ser auxiliados por Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem (AVCA)?
Levando em consideração a proximidade física e o contato face-a-face entre aprendizes
e professores, a maioria das pessoas é inclinada a pensar que uma aula presencial é o
ambiente ideal para exposição de conteúdos instrucionais, trocas de experiências, dúvidas e
acompanhamento/avaliação do desenvolvimento dos aprendizes.
Porém, se analisada mais detidamente, pode-se constatar que a evolução da EAD está
provando que nem sempre isso é verdade, haja visto que o universo educacional está
caminhando para um novo paradigma de ensino onde os recursos das TICs estão sendo
incorporados ao que há de melhor na educação tradicional numa convergência entre a
educação virtual e o presencial, a qual está sendo denominada de Blended Learning”.
(ALMEIDA, 2003; MORAN, 2004; LEÃO, 2004)
Em termos gerais, o “Blended Learning” significa a integração de diversas metodologias
e mídias, características de cada um dos ambientes de ensino-aprendizagem (presencial e
virtual), com o objetivo de ampliar as possibilidades de aprendizagem e facilitar o processo de
avaliação formativa no contexto de uma abordagem de ensino por competência.
O grande diferencial do “Blended Learning”, que vem despontando nos últimos anos
nos EUA e Europa, é sua capacidade de mesclar diversas técnicas de aprendizagem com o
uso de ferramentas que possibilitam ao aprendiz, experiências multisensoriais de acesso a
conteúdos instrucionais e de interação sociais nas modalidades síncronas e assíncronas.
(SINGH e REED, 2001; SINGH, 2003; SANTOS, 2004)
Dentre as inúmeras possibilidades dessa integração entre o presencial e o virtual na
educação pode-se destacar:
1. Substituição de parte das aulas expositivas por materiais interativos on-line;
2. Laboratórios virtuais;
3. Exibição de vídeos;
4. Visita a instituições de pesquisas e museus;
5. Uso de livros didáticos e para-didáticos;
6. Uso de fóruns de discussão, “Chat”, “e-mail” e outros recursos de interação síncronas e
assíncronas;
7. Tutoria on-line fora do horário convencional de sala de aula presencial;
8. Apoio ao desenvolvimento de atividades de pesquisas e projetos colaborativos e/ou
cooperativos;
9. Acesso à biblioteca virtual;
10. Visita a sites institucionais de divulgação científica e outros.
5
Com relação ao processo de avaliação continuada em ambientes virtuais, onde o
professor deixa de ter o feedback instantâneo, visual e emocional das atividades presenciais,
os LMS já oferecem novas possibilidades de gerenciamento da aprendizagem, baseados em
agentes inteligentes, para registrar as ações e reações qualitativas e quantitativas dos
aprendizes em todas as etapas aprendizagem, gerando informações extremamente úteis ao
professor no processo de orientação da aprendizagem. (OTSUKA E ROCHA, 2005a, 2005b)
Apesar dos benefícios que o “Blended Learning” está trazendo, mostrando ser a melhor
solução de ensino em vários seguimentos de formação (Graduação, Pós-graduação, Cursos
Técnicos e Treinamento Corporativo), ele não tem histórico no ensino básico regular.
6 Objetivos
Baseado nas dificuldades apontadas ao se trabalhar propostas pedagógicas baseadas
no desenvolvimento de competência em um modelo tradicional de salas de aulas superlotadas,
constituídas por aprendizes dispostos em fileiras e recebendo passivamente as informações
transmitidas pelo professor através de aulas expositivas e com o auxílio de recursos
tradicionais como a oralidades, o quadro negro e o livro didático, e considerando as iniciativas
do poder executivo em equipar as escolas públicas com computadores e acesso a Internet,
este trabalho de pesquisa visa atingir os seguintes objetivos, ao implementar a abordagem do
Blended Learning” em um módulo de curso de física no ensino médio regular de uma escola
pública:
6.1 Objetivos Gerais
1. Investigar os fundamentos teóricos da aprendizagem que justificam a abordagem do
Blended Learningno ensino básico regular;
2. Investigar a pertinência do “Blended Learning” no contexto do ensino médio regular
como facilitador no processo de aprendizagem por competência e de avaliação
formativa;
3. Investigar as limitações de uso do “Blended Learning” no contexto do ensino médio
regular.
6.2 Objetivos Específicos
1. Investigar as dificuldades na implementação de propostas pedagógicas construtivistas
em um modelo de escola que ainda mantêm o perfil de ensino dogmático, onde o
professor é considerado o detentor do conhecimento e os aprendizes assumindo a
postura passiva de meros acumuladores de informações;
2. Descrever o processo de evolução da EAD em suas várias modalidades, culminando
com os Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem (AVCA);
6
3. Identificar as fases do Design Instrucional no contexto de criação de cursos baseados
na abordagem do “Blended Learning”;
4. Identificar os principais recursos de informação e comunicação em AVCA;
5. Entender como os “Agentes Inteligentes” atuam em LMS, no suporte ao processo de
acompanhamento da aprendizagem;
6. Criar e implementar um módulo de curso de física “As Leis de Newton: Forças,
Modalidades e suas Aplicações” , em turmas de 1ª série do ensino médio regular de
uma escola pública;
7. Identificar as facilidades e dificuldades encontradas por aprendizes e professor do
ensino médio regular, no contexto de uso da abordagem do “Blended Learning”.
7 Estrutura do Trabalho
Para atingir os objetivos propostos, este trabalho de pesquisa está estruturado em onze
etapas, resumidos, a seguir, na tabela 1.
TABELA 1 Estrutura do Trabalho de Pesquisa
INTRODUÇÃO
Após identificar algumas dificuldades estruturais associadas à
implementação de propostas pedagógicas construtivistas em salas
de aula do ensino básico regular das escolas públicas, são
apresentadas as propostas, justificativas e objetivos que norteiam o
desenvolvimento do presente trabalho de pesquisa.
CAPÍTULO I
Diretrizes para a Educação Básica: Ensino por Competência Esse
capítulo é dedicado à apresentação das tendências curriculares de
ensino por competência defendida na LDB, nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) e pela
UNESCO, frente ao paradigma da Sociedade da Informação.
CAPÍTULO II
Superando a Escola Tradicional Após identificar as dificuldades em
se trabalhar propostas pedagógicas construtivistas no ensino básico
regular com salas de aulas superlotadas e com carga horária
reduzida por disciplina, é proposto, a partir das iniciativas do Proinfo,
que vem equipando as escolas com computadores com acesso a
Internet, que os ambientes virtuais de EAD sejam integrados ao
ensino básico regular como recurso auxiliar na estruturação de
atividades curriculares, acompanhamento da aprendizagem e
avaliação formativa, segundo a abordagem do “Blended Learning”.
CAPÍTULO III
Educação a Distância: Conceitos, Características e Evolução
Nesse capítulo, além dos conceitos e características associados a
EAD, são apresentadas as principais fases de evolução da EAD,
tendo como referência a incorporação dos recursos das TICs a essa
modalidade de educação.
CAPÍTULO IV
Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem Apresenta as
características dos Ambientes Virtuais Colaborativos de
Aprendizagem (AVCA) e a teoria Sócio-Construtivista de Vygotsky,
como o objetivo de fundamentar as interações colaborativas na
aprendizagem.
Continua na próxima página
7
TABELA 1 Estrutura do Trabalho de Pesquisa
Continuação da página anterior
CAPÍTULO V
Blended Learning: AVCA no Ensino Básico Esse capítulo é
dividido em duas partes: a primeira parte apresenta as
características do “Blended Learning” e sua importância no contexto
do ensino básico. A segunda parte trata da teoria das Inteligências
Múltiplas de Gardner, com o objetivo de fundamentar a integração
dos múltiplos recursos midiáticos na educação.
CAPÍTULO VI
Avaliação da Aprendizagem Esse capítulo é destinado a
apresentação dos fundamentos da avaliação da aprendizagem e as
dificuldades da avaliação formativa na prática escolar.
CAPÍTULO VII
A Abordagem do Blended Learning no Ensino de Física Após
analisar algumas vantagens de uso dos AVCA no ensino básico de
física, esse capítulo apresenta um estudo de caso que relata o
processo de implementação de um módulo de curso de física
intitulado “As Leis de Newton Forças, Modalidades e suas
Aplicações”, realizado em uma escola pública, onde foram utilizadas
as tecnologias dos AVCA como recurso auxiliar no processo de
acompanhamento da aprendizagem, na estruturação das atividades
curriculares e na avaliação formativa, visando legitimar o “Blended
Learning” no ensino básico regular.
CONCLUSÃO
Apresenta o resumo das contribuições deste trabalho, os resultados
conclusivos obtidos no processo de implementação da abordagem
do Blended Learning” no ensino médio regular de uma escola
pública, as recomendações para trabalhos futuros e as
considerações finais quanto a inserção dos recursos virtuais das
TICs no ensino básico regular das escolas públicas.
REFERÊNCIAS o apresentadas as fontes bibliográficas consultadas para a
execução deste trabalho.
APÊNDICE A Apresenta o questionário de avaliação da abordagem do “Blended
Learning” em módulo de curso realizado em uma escola pública
estadual do Rio de Janeiro.
APÊNDICE B
Agentes Inteligentes: Suporte À Avaliação Formativa Esse
apêndice é divido em duas partes: na primeira parte é apresentado o
conceito de Agentes Inteligentes e sua utilização no suporte a
Avaliação formativa em AVCA. Na segunda parte são apresentadas
as pesquisas que vem sendo desenvolvidas no ambiente virtual de
aprendizagem Teleduc, no sentido de utilizar os Agentes Inteligentes
no suporte ao processo de acompanhamento e avaliação formativa.
APÊNDICE C Apresenta as etapas de criação e implementação de atividade
orientadas para projetos segundo a metodologia da WebQuest.
8
I
DIRETRIZES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
ENSINO POR COMPETÊNCIA
I.1 Considerações Iniciais
Partindo do princípio de que a formação do indivíduo está diretamente relacionada ao
momento histórico da sociedade, uma vez que é ela quem dita o que é desejável para que os
indivíduos possam inserir-se num contexto de convívio e produção, têm-se observado nas
últimas décadas os esforços de especialistas em educação de todo o mundo proporem
metodologias que viabilizem uma reformulação nos currículos das escolas de forma que o
ensino básico cumpra de maneira mais eficiente seu papel na formação dos aprendizes para o
exercício pleno da cidadania e do trabalho.
Essas mudanças surgem em função das necessidades impostas pelo paradigma da
Sociedade da Informação que, ao introduzir novos padrões de complexidade e competitividade
em todos os setores da economia, vem alterando significativamente o universo do cotidiano
das pessoas e exigindo dos indivíduos múltiplas competências para o enfrentamento das
constantes mutações no campo profissional e social. (VALENTE, 1999; CASTELLS, 1999a,
1999b; BELLONI, 1999; PERRENOUD, 2000a, 2002)
[...] nos últimos 25 anos deste século que se encerra, uma revolução
tecnológica com base na informação transformou nosso modo de
pensar, produzir, consumir, negociar, administrar, comunicar, viver,
morrer, fazer guerra e fazer amor." (CASTELLS, 1999b)
Apesar de não existir consenso na denominação desse novo paradigma social: “Era da
Descontinuidade”, “Sociedade Pós-Industrial, “Terceira Onda”, “Sociedade do Capitalismo
Avançado” e “Sociedade da Informação”, sendo esse último o mais aceito na atualidade
(CASTELLS, 1999a, 1999b; WERTHEIN, 2000), o que importa é que a vida e as pessoas estão
mudando em decorrência dastransformações técnicas, organizacionais e administrativas que
têm como “fator-chave” não mais os insumos baratos de energia como na sociedade
industrial mas os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos na
microeletrônica e telecomunicações.” (CASTELLS, 1999b)
A tabela I.1 mostra as características e desenvolvimentos dos principais setores
relacionados aos paradigmas Pré-Industrial, Industrial e Pós-Industrial, indicando que os
elementos tradicionais de produção dos setores primários e secundários da economia (trabalho
braçal, capital financeiro, indústria e a terra), vêm sendo gradativamente substituídos pelo setor
terciário, caracterizado pela aquisição de informações na construção e aplicação de
conhecimentos.
9
Se a sociedade industrial trouxe no seu bojo elementos como
máquinas e ferramentas, trabalhadores especializados, produção em
série, energia, enfim, tudo voltado para a produção de bens materiais, a
sociedade pós-industrial consolida-se na experiência organizacional, no
investimento em tecnologia de ponta, nos grupos de especialistas, na
produção modular, na informação, isto é, na geração de serviços e na
produção e transmissão da informação.”(CARVALHO & KANISKI, 2000)
TABELA I.1 Características dos Paradigmas Sócio-Econômicos
PERÍODO PRÉ-INDUSTRIAL
INDUSTRIAL PÓS-INDUSTRIAL
Modo de produção
Estratificação Fabricação Elaboração e serviços
Setores econômicos
Primário: agricultura,
pesca, extrativismo
vegetal, extrativismo
mineral.
Secundário: produção
de bens duráveis e
não duráveis de
construção.
Terciário: transportes,
utilidade pública,
finanças, comércio,
agência de seguros,
gestão imobiliária,
tempo livre, educação,
atividades
governamentais.
Elemento de
transformação
Energia natural
(vento, água,
energia natural).
Energia produzida
(eletricidade,
petróleo, energia
nuclear).
Informação
(computador e
sistemas de
transmissão de dados).
Recurso estratégico Matéria-prima Capital financeiro Conhecimento
Tecnologia Trabalho humano Uso de máquinas Tecnologia intelectual
Tipos de profissionais
Agricultor, artesão,
trabalhadores
manuais.
Engenheiro, técnico
especializado.
Cientistas,
profissionais liberais,
técnicos.
Metodologia Sentido comum,
"tentativas e erros".
Empirismo,
experimentação.
Teoria abstrata,
modelos, simulação,
teoria das decisões,
análise de sistemas.
Design Luta contra a
natureza.
Luta contra a
natureza já
transformada.
Desafio entre pessoas
Princípio
organizacional
Tradicionalismo Desenvolvimento
econômico.
Codificação do
conhecimento teórico.
Fonte: (BELL, 1977)
Assim, para acompanhar esse novo processo de desenvolvimento, o capital físico, que
era a variável-chave do crescimento econômico na Revolução Industrial, perde lugar para o
que se resolveu denominar de “Capital Humano”
6
, representado pelo conjunto de capacitações
____________________
6
- A teoria do Capital Humano foi desenvolvida na década de 60 por dois economistas: Theodore William Schultz e Gary Stanley
Becker, laureados com o prêmio Nobel de Economia de 1979 e 1992, respectivamente.
10
que as pessoas adquirem através da educação, de programas de treinamento e da própria
experiência de vida, e que se resume em uma frase: competência para pensar, habilidade para
realizar e colaboração para construir.
7
As empresas tendem a se diferenciar pelo que elas sabem (capital
intelectual) e pela forma como conseguem usar esse conhecimento.
Numa economia global, o conhecimento torna-se a maior vantagem
competitiva de uma organização. O interesse pelo conhecimento nas
empresas começou com a constatação de que o valor de mercado de
diversas empresas, como: Microsoft, Apple, Amazon.com, Yahoo!,
Nokia, Nike, America On Line, entre outras, é muito maior do que o
valor do seu patrimônio físico (instalações, equipamentos etc.). O valor
total das ações dessas empresas incorpora dados “intangíveis” tais
como: o valor das marcas, as patentes, a capacidade de inovação, o
talento dos funcionários, as relações com os seus clientes, entre outros
fatores. As empresas se voltaram para a Gestão do Conhecimento no
intuito de entender, organizar, controlar e lucrar com esse valor
intangível (o conhecimento).” (GOUVINHAS & COSTA, 2003)
Nesse contexto, tem-se verificado nos dias de hoje uma forte aposta na melhoria do
nível de formação básica, qualificação profissional e na formação contínua dos recursos
humanos, visto assumirem um papel cada vez mais relevante como componentes propulsores
do desenvolvimento tecnológico, econômico e de formação pessoal.
Assim, nessa Sociedade da Informação que se forma, e que tem por base o capital
humano ou intelectual, a atividade de pensar é o grande diferencial entre as pessoas. Por isso,
o principal papel da educação nesse processo é o de fazer os aprendizes pensarem,
adquirindo competências para serem livres, responsáveis, éticos, colaborativos e com uma
visão holística do mundo em que vivemos. E para que isso ocorra, um dos componentes
necessários é que a escola transforme-se em um grande centro de idéias e de produção de
conhecimentos.
I.2 Competências no Ensino Básico
Segundo a teoria construtivista do aprendizado, o verdadeiro conhecimento aquele
que é utilizável é fruto de uma construção pessoal e intransferível, resultado de um processo
interno de pensamento, durante o qual o sujeito coordena diferentes noções entre si,
atribuindo-lhes um significado, organizando-as, relacionando-as e aplicando-as em situações
análogas. (PERRENOUD, 2000a, 2002)
____________________
7
- De forma simplificada podemos entender competência como sendo a capacidade do indivíduo dominar conhecimentos. Já as
habilidades estão relacionadas à capacidade de transformarmos idéias e convertê-la em algo concerto como, por exemplo, um
projeto ou algo útil para si e a sociedade. A colaboração é o reconhecimento de que vivemos em sociedade e que nossa
satisfação enquanto seres sociais e o progresso de uma nação dependem de nossa participação direta ou indireta em torno de
um bem comum. (PERRENOUD, 2000a, 2003)
11
Nesse contexto, para desenvolver competências nas escolas é necessário mudar
profundamente as práticas pedagógicas, indo muito além do ensino voltado para aquisição de
conceitos abstratos e fora de contexto. É preciso valorizar a construção de um aprendizado
diferente, com uma visão renovada e com horizontes não mais voltados para a formação de
especialistas, mas para lidar com situações múltiplas, resolver problemas imprevistos, ser
flexível, multifuncional e compreender a necessidade da aprendizagem continuada, ou seja, um
processo de aprendizado que não se limita apenas ao período de escolaridade formal
obrigatório, mas que dura toda a vida.
educar não é apenas ensinar, mas criar situações de aprendizagem
nas quais todos os aprendentes possam despertar, mediante sua
própria experiência do conhecimento, para a sua dignidade de sujeitos
do seu futuro.” (ASSMANN, 1996)
Para adquirir essas competências essenciais, é necessário que os conhecimentos
apreendidos na escola estejam vinculados diretamente com as práticas sociais, oferecendo a
oportunidade do educando compreender não só para que serve o aprendizado, mas também
entender os problemas relacionados à sua comunidade e contribuir na busca de soluções.
Apesar das peculiaridades individuais dos aprendizes e da comunidade no entorno da
escola, existe um conjunto de competências comuns aos diversos campos sociais (tabela I.2),
a ser considerada em um planejamento educacional que busca o desenvolvimento da
autonomia dos educandos.
Nesse sentido, a tendência na prática do ensino por competência, é a de que os
aprendizes sejam colocados a todo instante em confronto com situações complexas que
exigem tomadas de decisões, resolução de problemas concertos de seu cotidiano vivencial,
segundo uma metodologia direcionada ao desenvolvimento cooperativo de atividades
envolvendo projetos e pesquisas. (PERRENOUD, 2000a, 2002; PRADO, 2005a)
TABELA I.2 Competências Básicas na Sociedade da Informação
Saber identificar, avaliar e fazer valer seus recursos, seus direitos, seus limites e suas
necessidades.
Saber, individualmente ou em grupo, criar e comandar projetos, desenvolver
estratégias.
Saber analisar situações, relações, campos de força de maneira sistêmica.
Saber cooperar, agir em sinergia, participar de um coletivo, compartilhar uma
liderança.
Saber construir e estimular organizações e sistemas de ação coletiva de tipo
democrático.
Saber gerar e superar os conflitos.
Saber jogar com as regras, utilizá-las, elaborá-las.
Saber construir ordens negociadas para além das diferenças culturais.
12
No Brasil, como exemplo dessa tendência, pode-se citar a inclusão de temas/eixos
transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL.PCNEM, 1999; BRASIL.PCNEM
+, 2000): ética, ecologia, cidadania, saúde, educação no trânsito, diversidade cultural e outros.
Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir,
levantar dúvidas, pesquisar e criar relações que incentivam novas
buscas, descobertas, compreensões e reconstruções de
conhecimento.” (PRADO, 2005a)
I.3 Diretrizes para o Ensino Médio
Um dos passos mais significativos realizado no Brasil rumo a um sistema de ensino
mais dinâmico, moderno e atendendo aos anseios da sociedade contemporânea ocorreu em
1996, com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL.LDB,
1996), ao lançar as bases legais para o novo sistema de ensino.
Um dos grandes méritos desta lei é o de ter conferido ao ensino médio o status de
etapa final da educação básica
8
, integrado por um núcleo comum, como forma de garantir a
consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos na educação fundamental,
além de oferecer ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades para a
cidadania através da compreensão dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a
produção moderna e o conhecimento das formas contemporâneas de linguagem, incluindo ai a
informática. E como forma de garantir essa continuidade, a LDB preceitua que é dever do
Estado promover a extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado
mediante a garantia de: [...]; II - progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; (BRASIL.LDB, art. 4º,
1996)
Nesse sentido, superando a ruptura entre o ensino fundamental e o antigo 2º grau, que
conferia a essa etapa de estudo um aspecto essencialmente técnico, preparando o educando
exclusivamente para o prosseguimento dos estudos e ao exercício de uma profissão técnica
(BRASIL.LDB, 1971), a atual LDB altera significativamente a identidade ensino médio ao
estabelecer que esse nível de ensino passa a desempenhar o papel de articulador do processo
de consolidação do ensino básico, preparando o educando para a cidadania, o trabalho e o
prosseguimento dos estudos
9
, em uma perspectiva que vincule a formação para o mundo do
trabalho e a prática social.
10
____________________
8
- “A educação escolar compõe-se de:
I - Educação Básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II
- Educação superior.” (BRASIL.LDB, art. 21º, 1996)
9
- “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.” (Ibidem, art. 22º)
10
- “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a prática social.” (Ibidem, art. 1º, § 2º)
“O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais.” (Ibidem, art. 3º)
13
I.3.1 Tendências Curriculares
Nesse novo cenário da educação básica onde o processo de ensino-aprendizagem está
centrado no desenvolvimento de capacitações que permitam ao educando a aquisição de
autonomia intelectual e pensamento crítico para enfrentar os desafios de uma sociedade em
constantes transformações, é inconcebível uma organização curricular dogmática voltada para
a absorção mecânica de conteúdos informacionais, demonstrações de fórmulas abstratas e
aplicações em exercícios repetitivos totalmente desconectados dos problemas sociais e da
realidade vivencial do aprendiz.
Segundo o relatório da UNESCO, desenvolvido pela Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI, para que a educação básica cumpra o seu papel nesse novo
cenário, faz-se necessário a criação de um modelo educacional sustentado por uma base
curricular flexível que atenda aos anseios das diferentes clientelas em uma perspectiva
pedagógica que incorpore quatro alicerces, apontados como eixos estruturais da educação na
sociedade contemporânea: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender
a ser.
“Para poder dar respostas ao conjunto de suas missões, a educação
deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que,
ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os
pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os
instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre
o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e
cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro
que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que
existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de
permuta.” (UNESCO, 2000)
11
Baseada nessas premissas, a LDB estabelece que a nova concepção curricular para o
ensino básico deverá possuir uma base nacional comum, que garanta a unidade dos sistemas
de ensino, preparando o educando para o trabalho e o prosseguimento dos estudos, e uma
parte diversificada que atenda, de forma contextualizada, às necessidades culturais,
econômicas e tecnológicas de cada comunidade.
“Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia
e da clientela.” (BRASIL.LDB, art. 26º, 1996)
____________________
11
- O relatório desenvolvido pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, entre 1993 a 1996, e coordenado por
Jacques Delors, representa a síntese do pensamento pedagógico oficial para a sociedade contemporânea. Lançado sob a
chancela da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), esse relatório foi publicado no Brasil
na forma de livro com o título UNESCO. DELORS, Jacques (Coord.). “Educação: Um Tesouro a Descobrir”. MEC, São Paulo: Ed.
Cortez, 2000.
14
Com o objetivo de sistematizar os princípios, fundamentos e diretrizes gerais contidas
na LDB, foram criadas as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio
(BRASIL.DCNEM,1998b), onde são explicitados os desdobramentos do plano pedagógico e os
procedimentos a serem observados na organização da curricular do ensino médio de cada
unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino.
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio DCNEM,
estabelecidas nesta Resolução, se constituem num conjunto de
definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos
a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada
unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em
atendimento ao que manda a lei, tendo em vista vincular a educação
com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando a preparação
para o exercício da cidadania e propiciando preparação básica para o
trabalho.(BRASIL.DCNEM, art. 1º, 1998b)
Segundo essa resolução, a organização curricular do ensino médio deve ser articulada
em torno de eixos básicos linguagens e códigos, ciências da natureza e da matemática e
ciência humanas
12
, orientadores da seleção de conteúdos significativos, e fundamentados
nos princípios pedagógicos da identidade, diversidade
13
e autonomia, e da interdisciplinaridade
e contextualização.
14
I.3.1.1 A Identidade e a Autonomia da Escola
A dimensão da identidade, diversidade e autonomia, a que se referem as DCNEM estão
relacionadas a autonomia pedagógica da escola e do professor enquanto agentes no âmbito da
diversificação da organização curricular, definindo sua vocação e identidade, favorecendo o
processo formativo com base nas demandas de cada contexto social e a interação das
diferentes áreas de conhecimento em um currículo interdisciplinar e contextualizado, visando a
formação de indivíduos mais flexíveis, críticos, participativos e adaptativos às mudanças
impostas pela sociedade.
“Identidade supõe uma inserção [da escola] no meio social que leva à
definição de vocações próprias, que se diversificam ao incorporar as
necessidades locais e as características dos alunos e a participação
dos professores e das famílias no desenho institucional considerado
adequado para cada escola.” (BRASIL.DCNEM, 1998a)
____________________
12
- “A base nacional comum dos currículos do ensino médio será organizada em áreas de conhecimento, a saber: I - Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias [..] II - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias [...] III - Ciências Humanas e suas
Tecnologias [...].” (Ibidem, art. 10º, incisos I, II e III)
13
- “Para cumprir as finalidades do ensino médio previstas pela lei, as escolas de ensino organizarão seus currículos de modo a:
[...] III - adotar metodologias de ensino diversificadas, que estimulem a reconstrução do conhecimento e mobilizem o raciocínio,
a experimentação, a solução de problemas e outras competências cognitivas superiores.” (Ibidem, art. 5º, inciso III)
14
- “Os princípios pedagógicos da Identidade, Diversidade e Autonomia, da Interdisciplinaridade e da Contextualização, serão
adotados como estruturadores dos currículos do ensino médio.” (Ibidem, art. 6º)
15
Dessa forma, a autonomia é o poder reconhecido pelo poder legislativo e executivo às
escolas, no sentido de tomar decisões quanto a melhor proposta pedagógica que atenda não
só as necessidades e características sócio-culturais e econômicas das comunidades em seu
entorno, como também as diferenças cognitivas e afetivas de seus aprendizes.
Nesse sentido, a concepção de currículo não deve ser entendida como algo pronto e
acabado, definido por especialistas que estejam longe da realidade das comunidades e dos
educandos, mas que compreenda a escola e os professores como os verdadeiros produtores
de currículos, definindo o porquê e como ensinar tal ou qual conteúdo segundo as
características de sua clientela e inspirados na política da igualdade, em um esforço
continuado para garantir a todos, iguais oportunidades de aprendizagem e tratamento
adequado às suas características pessoais.
I.3.1.2 A Interdisciplinaridade e a Contextualização
A tendência de um ensino voltado para o desenvolvimento de competências é a de
colocar os educando a todo instante em confronto com situações que exijam tomadas de
decisões e resoluções de problemas concretos do cotidiano, onde são privilegiadas questões
de interesse dos aprendizes.
Um dos aspectos a considerar em uma abordagem de ensino dessa natureza é um
currículo voltado para a interdisciplinaridade e contextualização, onde os conteúdos específicos
centrados em disciplinas deixam de ser o objeto central da ação educacional e passam a ser
instrumentos no desenvolvimento de projetos ou pesquisas que, por sua vez, levará o
educando ao desenvolvimento de competências e habilidades que, este sim, será o objeto final
da ação educacional.
Em se tratando dos conteúdos, a pedagogia de projetos é vista por seu
caráter potencializador da interdisciplinaridade. Isto de fato pode
ocorrer, pois o trabalho com projetos permite romper com as fronteiras
disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes
áreas do conhecimento numa situação contextualizada da
aprendizagem. [...] O conhecimento específico disciplinar oferece ao
aluno a possibilidade de reconhecer e compreender as particularidades
de um determinado conteúdo, e o conhecimento integrado
interdisciplinar -lhe a possibilidade de estabelecer relações
significativas entre conhecimentos. Ambos se realimentam e um não
existe sem o outro.” (PRADO, 2005a)
Nesse contexto, uma das determinações das DCNEM é a de que a organização
curricular deve pressupor uma visão orgânica do conhecimento nas quais os conteúdos e as
situações de aprendizagem serão trabalhadas de forma que o educando perceba as relações
entre os conteúdos e reconheça o conhecimento como um processo de construção coletivo.
Na observância da Interdisciplinaridade as escolas terão presente que:
[...] o ensino deve ir além da descrição e procurar constituir nos alunos
a capacidade de analisar, explicar, prever e intervir, objetivos que são
mais facilmente alcançáveis se as disciplinas, integradas em áreas de
16
conhecimento, puderem contribuir, cada uma com sua especificidade,
para o estudo comum de problemas concretos, ou para o
desenvolvimento de projetos de investigação e/ou de ação;”
(BRASIL.DCNEM, art. 8º, inciso II, 1998b)
No que diz respeito à contextualização, as DCNEM enfatizam que a organização
curricular da base comum do ensino médio só terá sentido se a escola e os professores
entenderem que a interdisciplinaridade necessita de um significado prático, contextualizado em
projetos que tenham proximidade com o cotidiano, a vivência, os saberes e a experiência do
educando.
Na observância da Contextualização as escolas terão presente que: I
na situação de ensino e aprendizagem, o conhecimento é transposto
da situação em que foi criado, inventado ou produzido, e por causa
desta transposição didática deve ser relacionado com a prática ou a
experiência do aluno a fim de adquirir significado; II - a relação entre
teoria e prática requer a concretização dos conteúdos curriculares em
situações mais próximas e familiares do aluno, nas quais se incluem as
do trabalho e do exercício da cidadania; III - a aplicação de
conhecimentos constituídos na escola às situações da vida cotidiana e
da experiência espontânea permite seu entendimento, crítica e revisão.
(BRASIL.DCNEM, art. 9º, 1998b)
Nesse sentido, a interdisciplinaridade e a contextualização dos currículos não
representam nem devem ser entendidas como uma simples justaposição de conteúdos
disciplinares aplicados em situações desconectadas da vivência ou do interesse dos
educandos. Ao contrário da multidisciplinaridade, que implica na justaposição de conteúdos de
várias disciplinas, na interdisciplinaridade é preciso entender que as disciplinas resultam de
recortes que só tem significado quando integradas às outras formas de saberes, em uma
perspectiva onde o educando passa a adquirir capacitações para analisar, prever e intervir no
desenvolvimento de um projeto de investigação ou ação.
“as disciplinas escolares são recortes das áreas de conhecimentos que
representam, carregam sempre um grau de arbitrariedade e não
esgotam isoladamente a realidade dos fatos físicos e sociais, devendo
buscar entre si interações que permitam aos alunos a compreensão
mais ampla da realidade.” (BRASIL.DCNEM, art. 8º, inciso III, 1998b)
Assim, um projeto pedagógico interdisciplinar e contextualizado deve ser inspirado no
aqui e agora, mostrando a realidade tal qual se apresenta, e não como um modelo esvaziado
de sociedade inexistente.
Com o objetivo de orientar e facilitar os educadores e as unidades escolares no
planejamento dos currículos e nas competências a serem exploradas através das diversas
disciplinas potencialmente articuladas em cada área de conhecimento, foram criados os
Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL.PCNEM, 1999; BRASIL.PCNEM+, 2000), que
explorando um conjunto de problemas associados a temas transversais de interesse de todos
17
sexo, droga, ética, conservação ambiental, poluição, violência, saúde, educação no trânsito e
outros , poderão servir como eixo de ordenamento curricular.
I.4 O Papel do Professor no Ensino por Competências
Em uma abordagem de ensino por competência é preciso que o professor altere sua
conduta de detentor exclusivo do conhecimento, já que treinar aprendizes para meras
repetições e decorar quantidade infindável de informações passou a ser uma tarefa a ser
questionada.
Nesse novo modelo, o educando deixa de ser um mero acumulador de informações e
passa a ser o protagonista das aulas, ou seja, passa a assumir o papel de sujeito de sua
própria formação, cabendo ao professor atuar como observador das potencialidades e
dificuldades dos estudantes, respeitando as individualidades de cada um, além de orientar e
mediar a construção do conhecimento e das novas descobertas, ajudando os aprendizes a
selecionar e interpretar a vasta gama de informações que recebem diariamente, de forma a
transformá-la em conhecimento. (PERRENOUD, 2000a, 2000b)
“O principal recurso do professor [,em uma abordagem de ensino por
competência,] é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de
regular, de inovar, de aprender com os outros, com os alunos e com a
experiência.” (PERRENOUD, 2000a)
Assim, para que se estabeleça uma aprendizagem significativa é necessário que o
professor desenvolva um planejamento pedagógico onde o aprendizado ocorra dentro de uma
perspectiva motivacional que explore o pensar, o refletir, o agir e a depuração das idéias e das
descobertas dos estudantes. Além disso, o professor deverá criar situações que possibilite
identificar o nível de desenvolvimento do aprendiz e seu estilo de pensar.
Em (PERRENOUD, 2000b), o autor relaciona as competências consideradas
imprescindíveis para que um profissional da educação possa exercer suas funções, oferecendo
condições para que seus aprendizes atinjam maturidade suficiente para se tornarem geradores
de soluções e não meros assimiladores de informações. Segundo ele, essas competências
seriam reunidas em dez grandes famílias, a saber: (Tabela I.3)
De posse dessas competências o profissional ainda precisa ter em mente que a
construção de conhecimentos e a mobilização das capacidades dos aprendizes não ocorrem
no vazio ou “caem do céu”. Acumular saberes e passar nos exames não significa que os
indivíduos estejam aptos a mobilizarem o que aprenderam em situações da vida real. É
necessário investir em conteúdos atualizados, contextualizados e de significado para a
formação do indivíduo. (PERRENOUD, 2000a)
18
TABELA I.3 Competências Básicas do Professor
Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
Administrar a progressão das aprendizagens.
Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação
Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
Trabalhar em equipe.
Participar da administração escolar.
Informar e envolver os pais.
Utilizar novas tecnologias.
Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
Administrar a própria formação.
Fonte: (PERRENOUD, 2000)
Apesar dos elementos que norteiam as tendências curriculares proposto pelo legislativo
representar um grande passo no processo de formação dos jovens na sociedade da
informação, observa-se um descompasso entre as diretrizes legais e as práticas pedagógicas
nas salas de aula.
Nesse sentido, o próximo capítulo deste trabalho de pesquisa analisa as principais
dificuldades estruturais encontradas pelos professores no processo de implementação de
propostas pedagógicas construtivistas e os recursos e ações que o poder executivo vem
colocando à disposição da escola, no sentido de serem criados ambientes mais profícuos à
construção das competências desejáveis em nossos educandos.
19
II
SUPERANDO A ESCOLA TRADICIONAL
II.1 Considerações Iniciais
Apesar das inegáveis contribuições que a LDB e as DCNEM trouxeram para o ensino,
deve-se considerar que elas são leis indicativas, tratando as questões da educação de maneira
generalizada e sintética, de forma a garantir às escolas e aos professores autonomia para
flexibilizarem o direcionamento de ações pedagógicas que levem a educação formal a cumprir
seu papel no processo de transformação social.
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as
do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar
sua proposta pedagógica.” (BRASIL.LDB, art. 12º, inciso I, 1996)
Portanto, cabe a esses últimos a tarefa de debaterem e encontrarem juntos com a
comunidade, o perfil de um projeto político-pedagógico e uma organização curricular que venha
a contemplar um ensino por competência e avaliações que privilegiem a formação do aprendiz
em seus vários aspectos, no lugar da simples assimilação de conteúdos estáticos.
Não obstante a intencionalidade da LDB é importante ter em mente que falar em
interdisciplinaridade, contextualização e aprendizado por competência não depende só da
gestão escolar. É necessário que as políticas dos diversos sistemas de ensino estejam
comprometidas com as políticas pedagógicas das escolas no sentido de oferecerem condições
estruturais adequadas para que o professor exerça com responsabilidade e autonomia as
tarefas de controle e tomada de decisões quanto à estruturação de atividades curricular,
definição de projetos educacionais, acompanhamento e incentivo dos desenvolvimentos
cognitivos, afetivos e de mobilização dos aprendizes, além da avaliação formativa, apontada
como um dos pilares da abordagem de ensino por competência. (WIGGINS, 1990;
DOMINGUES, 2000; PERRENOUD, 2000a, 2000b, 2002)
A concepção de currículo a que se filiam (parecer e resolução)
[Parecer nº15/98 e Resolução CEB/CNE nº 3/98] (...) é uma questão
extremamente significativa do ponto de vista da teoria curricular, mas
que, certamente, precisa levar em conta a realidade escolar brasileira e
as relações que se dão no âmbito da escola, uma vez que parece existir
um descompasso entre essa nova proposição curricular e a prática
pedagógica escolar atual. Tal proposição, por não considerar a
concretude da escola, corre o risco de não contribuir para as
necessárias mudanças nas práticas pedagógicas.” (DOMINGUES,
2000)
Para que as metodologias de ensino por competência sejam colocadas em prática,
deve-se considerar que sua aplicabilidade não pode ocorre no vazio, dependendo de espaços
físicos, limitação de número de alunos por turma, recursos educacionais que auxiliem e agilize
20
as atividades escolares, carga horária adequada às necessidades mínimas de planejamento de
cada disciplina que compõe cada uma das áreas de estudo e disponibilidade de tempo para o
acompanhamento e avaliação do processo de ensino-aprendizagem.
É por isso que os programas, sejam antigos ou novos, orientados para
os conhecimentos ou para as competências, deveriam ser analisados
sempre com referência aos meios dispensados para serem postos em
prática com alunos que não aprendem, qualquer que seja o programa e
a pedagogia. Isto passa pelo efetivo das classes, pelos
equipamentos, pelos salários e o estatuto dos professores [grifo
pessoal], mas também por uma organização do trabalho escolar que
permita a diferenciação pedagógica (...) .” (PERRENOUD, 2002)
Nesse contexto, observa-se que a LDB ainda está longe de refletir os ideais de uma
gestão democrática ao transferir para as esferas dos governos Estaduais, Municipais e do
Distrito Federal, responsáveis pelos seus respectivos sistemas de ensino, a incumbência de
deliberar sobre uma série de critérios de ordem técnico/administrativas que afetam o cotidiano
da escola, interferindo e limitando o potencial e o sucesso de suas propostas pedagógicas.
Isto é socialmente pernicioso, sobretudo se reconhecermos que, na
área educacional, tem vigorado a tradição de um suposto "consenso" de
que a gestão dos sistemas de ensino e das escolas é prerrogativa,
direta ou indireta, daqueles que detém a hegemonia do Estado. Tem
prevalecido a definição de critérios de escolha de prepostos para as
funções de gestão que, em geral, privilegiam o saber que advém
apenas da competência técnica, com doses variadas de burocracia.
Esta LDB não faz mais do que retroceder no que tange à gestão
democrática dos sistemas de educação e das instituições escolares,
oficializando e ratificando prerrogativas centralizadoras e impositivas
das chamadas "autoridades educacionais".” (MINTO & MURANAKA,
1997)
Um exemplo típico de normatização, devidamente respaldado pela LDB, e que afeta
frontalmente a gestão escolar, é aquela que delega aos sistemas de ensino autonomia para
deliberar, sem a participação da escola e do conhecimento de qualquer proposta pedagógica,
sobre a relação mais adequada entre o número de aprendizes por turma e a carga horária por
disciplina, tendo como parâmetro, apenas as condições disponíveis e as características
regionais e locais.
“Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar
relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga
horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo único.
Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições
disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer
parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.” (BRASIL.LDB,
art. 25º, 1996)
Decisões como essas, sem a participação dos gestores escolares, professores e
comunidade, demonstram claramente as distorções entre a intencionalidade do legislativo e as
conseqüências que a prática nos revela.
21
O modelo cultural e burocrático predominante nas organizações
educacionais exerce também um peso avassalador na inércia frente a
necessidade de inovar. Tudo é planejado ou decidido de cima para
baixo. Os prédios, os currículos, a contratação de professores são feitos
em função do atrelamento (muitas vezes, confinamento) a salas de
aula.” (MORAN, 2003)
Mesmo crendo que uma legislação tão inovadora como a LDB, dedicada aos ideais de
formação do educando, não tenha a intenção de comprometer a gestão pedagógica, o fato é
que as escolas, que representam o elo mais próximo entre o educando e intencionalidade do
legislativo, encontra-se a mercê das descontinuidades de investimentos nos sistemas de
ensino, fazendo com que elas ainda se apresentem estruturalmente moldadas para atender
propostas pedagógicas de conteúdos e de assimilação mecânica, típica do paradigma da
Sociedade Industrial. (MINTO & MURANAKA, 1997; KRAWCZYK, 2003; CARÊS & TENOR,
2004)
“Sem entrar no mérito numérico, parece-nos que, devidamente
disciplinada na LDB, esta matéria [quantitativo de alunos por turma]
contemplava necessidades referentes à adequação ao trabalho
pedagógico, às condições dignas de trabalho profissional, enfim, à
qualidade do ensino constitucionalmente garantida. Cabe ressaltar que,
este assunto sofreu sucessivas "perdas" durante a tramitação, até
desaparecer por completo nesta LDB.” (MINTO & MURANAKA, 1997)
Nesse contexto, duas dificuldades marcantes que todo professor encontra ao
implementar propostas pedagógicas baseadas no desenvolvimento de competência são as
clássicas turmas superlotadas e a carga horária reduzida por disciplina, marcas registradas de
um modelo de formação centrado na transmissão de conhecimentos técnicos e no treinamento
de habilidades básicas, onde os aprendizes eram agrupados em massa e o professor era
qualificado para desempenhar o papel de instrutor em uma perspectiva de formação
eminentemente para a assimilação de conteúdos e avaliação por exclusão. (TOFFLER &
TOFFLER, 1992; KRAWCZYK, 2003)
"[...] a idéia de agrupar grandes massas de estudantes (matéria-prima)
para serem processados por professores (trabalhadores) em uma
escola centralizada (fábrica) foi uma solução de gênio industrial. Toda a
hierarquia administrativa da organização, à medida que foi aparecendo,
seguia o modelo da burocracia industrial. A própria organização do
conhecimento em disciplinas permanentes foi fundada em pressupostos
industriais.[...] As características mais criticadas da educação hoje sua
regimentação, sua falta de individualidade, os sistemas rígidos de
disposição física da sala de aula, de agrupamento das crianças por
classes e séries, de notas, o papel autoritário do professor são
exatamente as características que fizeram da escola pública de massa
um instrumento tão efetivo de adaptação à sociedade industrial."
(TOFFLER & TOFFLER, 1992)
22
Assim, apesar das intenções subentendidas na organização curricular da maior parte
dos sistemas educativos serem bastante honrosas, o ponto fraco é a enorme desigualdade em
sua realização, conseqüência do desajuste entre as condições necessárias para a escola e os
professores trabalharem um currículo voltado para o desenvolvimento de competências e a
realidade tradicional e tecnicista em que a escola se encontra presa até hoje. (PERRENOUD,
2002; KRAWCZYK, 2003)
Fica mais fácil compreender este aparente paradoxo quando se
analisam os focos principais de atenção governamental e seus
desdobramentos diante das condições materiais, técnicas e
pedagógicas presentes nas escolas e à complexidade do tecido
institucional. A análise conjunta destas dimensões permite perceber
uma penetração institucional maior das mudanças na organização e
gestão escolar e das condições de trabalho docente em relação ao
processo de ensino-aprendizagem propriamente.(KRAWCZYK, 2003)
Evidencia-se que a escola, na forma em que se encontra estruturada, atendendo ao
velho modelo de transmissora de saberes consagrados, típico do paradigma da Revolução
Industrial, apresenta-se obsoleta no atendimento da demanda de ambientes mais propícios ao
desenvolvimento de práticas pedagógicas que explore os potenciais dos educandos para a
aquisição de competências que os levem a pensar, criar, agir e inovar.
[...] a mudança pedagógica que todos almejam é a passagem de uma
educação totalmente baseada na transmissão da informação, na
instrução, para a criação de ambiente de aprendizagem no qual o aluno
realiza atividades e constrói o seu conhecimento.” (VALENTE, 1999)
Nesse contexto, algo precisa ser feito para superar, ou pelo menos minimizar, os efeitos
dessa dicotomia entre as políticas das autoridades educacionais e a escola, que dificultam
colocar na prática os fundamentos das diversas obras de orientações à prática do ensino e
aprendizagem por competência, correndo o risco das inovações propostas pelas DCNEM se
tornem, apenas, mais uma experiência curricular destinada ao fracasso.
“Os professores têm na cabeça o movimento e os princípios da escola
nova. A realidade, porém, não oferece aos professores condições para
instaurar a escola nova, porque a realidade em que atuam é
tradicional.” (SAVIANI, 1986)
Considerando que as questões estruturais de sala de aula não serão resolvidas em
médio prazo, tendo em visto a defasagem acentuada entre investimentos em infra-estrutura e a
demanda para o ensino médio (BRASIL.PNE, 2001), restam às escolas mobilizarem esforços
no sentido de darem respostas aos múltiplos desafios que dificultam o controle da prática
educacional, e criarem espaços alternativos de ensino-aprendizagem mais profícuos à
construção das competências desejáveis em nossos aprendizes.
“(... ) este foi o nível de ensino [médio] que apresentou maior taxa de
crescimento nos últimos anos, em todo o sistema. Apenas no período
de 1991 a 1998, a matrícula evoluiu de 3.770.230 para 6.968.531
alunos, de acordo com censo escolar, o que está claramente associado
23
a uma recente melhoria do ensino fundamental e à ampliação do
acesso ao ensino médio, já ocorridas. Nos próximo anos, como
resultado do esforço que está sendo feito para elevar as taxas de
conclusão da 8ª série, a demanda por ensino médio deverá se ampliar
de forma explosiva (.....).” (BRASIL.PNE, 2001)
No que se refere a essas formas alternativas de melhoria da qualidade da educação
básica, a legislação educacional brasileira tem se mostrado inovadora ao propor ao poder
executivo que as escolas passem a utilizar as TICs como ferramenta facilitadora na distribuição
de informação, produção de conhecimentos e inclusão social.
II.2 As Tecnologias no Ensino Médio
Segundo a LDB e as DCNEM, as propostas pedagógicas e curriculares implementadas
nas escolas devem traduzir a perspectiva de uma educação que desenvolva nos educandos
competências cognitivas e sócio-afetivas que os qualifiquem a atuarem como sujeitos ativos
em uma sociedade influenciada pelas rápidas mudanças impostas pela evolução das ciências
e das TICs.
Com o objetivo de alcançar esse novo paradigma na construção de uma nova escola,
um dos aspectos a ser considerado na organização curricular é a adoção de meios que levem
em conta a discussão e utilização das tecnologias que permeiam todos os seguimentos do
mundo do trabalho e da prática social, não como ferramentas de instrução tecnicista, mas
como recurso na criação de novas estratégias de ensino-aprendizagem, oferecendo ao
educando melhores condições de ampliação de sua capacidade cognitiva e de preparo para o
exercício pleno da cidadania e para o novo mundo do trabalho.
Estas e muitas outras facetas do múltiplo fenômeno que é a tecnologia
no mundo contemporâneo constituem campos de aplicação portanto,
de conhecimento e uso de produtos tecnológicos ainda inexplorados
pelos planos curriculares e projetos pedagógicos.
(BRASIL.DCNEM,1998a)
Nesse sentido, atendendo a determinação legal das DCNEM, o Ministério da Educação
(MEC)
15
, através da Secretaria de Ensino a Distância (SEED)
16
, passa a fomentar
sistematicamente um conjunto de ações de suporte tecnológico para a educação formal,
envolvendo desde a inserção das tecnologias contemporâneas na sala de aula até a
capacitação de docentes no uso das novas tecnologias educacionais e a prática de outras
modalidades de educação, particularmente a Educação a Distância (EAD) mediada por
computadores. (Tabela II.1)
____________________
15
web site” do Ministério da Educação (MEC): <http://portal.mec.gov.br/>. Acesso em 03/03/2006.
16
web site” da Secretaria de Educação a Distância (SEED): <http://portal.mec.gov.br/seed/>. Acesso em 21/03/2006.
24
Atualmente, existem nove programas em ação pela SEED: Rádio Escola, Programa de
Formação de Professores em Exercício (Proformação), TV Escola, Programa Nacional de
Informática na Educação (ProInfo), Rede Internacional Virtual de Educação (RIVED), e-Proinfo,
Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED), WebEduc e o Portal
Domínio Público.
TABELA II.1 Linhas de Ação da SEED
Democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira.
Trazer para a escola um enorme potencial didático-pedagógico.
Ampliar oportunidades onde os recursos são escassos.
Familiarizar o cidadão com a tecnologia que está em seu cotidiano.
Dar respostas flexíveis e personalizadas para pessoas que exigem diversidade maior
de tipos de educação, informação e treinamento.
Oferecer meios de atualizar rapidamente o conhecimento.
Estender os espaços educacionais.
Motivar os profissionais e alunos para aprender em continuamente, em qualquer
estágio de suas vidas.
Fonte: Linhas de ação da SEED. Disponível em: < http://www.mec.gov.br/seed/linhas.shtm>. Acesso em 21/032006.
II.2.1 Rádio Escola
O programa Rádio Escola
17
foi criado para atender as comunidades carentes onde o
rádio já faz parte do cotidiano das pessoas e onde as TICs mais inovadoras computadores,
web”, “fax”, telefone, TV e vídeo , ainda não foram instaladas ou sofrem muita resistência em
função da não capacitação dos agentes de educação.
II.2.2 Programa de Formação de Professores em Exercício
O Programa de Formação de Professores em Exercício (Proformação)
18
é um curso de
habilitação para o magistério do 1º seguimento do ensino fundamental, e dirigido aos
professores, sem a formação específica, que estão lecionando nas quatro séries iniciais do
ensino fundamental, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e nas classes de alfabetização das
redes públicas de ensino.
Esse programa é fundamentado na LDB, que atribui a cada Município e,
supletivamente, ao Estado e à União, a incumbência de "realizar programas de formação para
todos os professores em exercício, utilizando para isso também os recursos da Educação a
Distância." (BRASIL.LDB, art. 87º, §3
o
, inciso III, 1996)
____________________
17
Rádio Escola. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=155&Itemid=292>.
Acesso em 21/03/2006.
18
Proformação - <http://proformacao.proinfo.mec.gov.br/>. Acesso em 24/03/2006.
25
II.2.3 TV Escola
A TV Escola
19
, é um canal de televisão, via satélite, destinado exclusivamente à
educação, e considerado o programa mais abrangente de ensino a distância no país. Seus
principais objetivos são a capacitação, atualização e valorização dos professores da rede
pública de ensino fundamental e médio e o enriquecimento do processo de ensino-
aprendizagem através da transmissão de quatorze horas de programação diária, com
repetições, de forma a permitir às escolas diversas opções de horário para gravar os vídeos.
A programação da TV também absorve um outro programa o Programa “Salto para o
Futuro” , da TV Educativa do Rio de Janeiro, que conta com o financiamento do FNDE e é
retransmitido para todo o país desde 1992, especialmente para o aperfeiçoamento de
professores.
II.2.4 Programa Nacional de Informática na Educação
O Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo)
20
, é um programa
educacional criado pelo MEC em 1977, visando a introdução das tecnologias da informática e
das telecomunicações nas escolas públicas, como ferramentas de apoio ao processo ensino-
aprendizagem no ensino básico das escolas públicas.
O Programa é desenvolvido de forma descentralizada, sob a coordenação da SEED,
por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), e em parceria com os
governos Estaduais e alguns Municípios, que conduzem todo o processo de operacionalização.
Nos Estados e nos Municípios que participam do ProInfo, foram criados Núcleos de
Tecnologia Educacional (NTEs), concebidos como unidades dotadas de infra-estrutura de
informática e comunicação, constituídos por educadores e especialistas em hardware” e
softwares”, especialmente capacitados em cursos de pós-graduação lato sensu”, visando
atingir os seguintes objetivos: (Tabela II.2)
TABELA II.2 Objetivos dos NTEs
Sensibilizar e motivar as escolas para incorporação das TICs.
Auxiliar as escolas em todas as fases do processo de incorporação das TICs.
Apoiar o processo de planejamento tecnológico das escolas para aderirem aos
projetos estaduais de informática na educação.
Capacitar professores, monitores e equipes administrativas das escolas no uso das
TICs.
Realizar cursos especializados para as equipes de suporte técnico.
Apoiar suporte técnico nos problemas decorrentes do uso do computador nas escolas.
Dar suporte pedagógico para uso da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem.
____________________
19
web site” do TvEscola:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=65&Itemid=195>.Acesso em 24/09/2005.
20
web site” do Programa Proinfo:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=136&Itemid=273>. Acesso em 24/03/2006.
26
II.2.5 Rede Internacional Virtual de Educação
A Rede Internacional Virtual de Educação (RIVED),
21
é um projeto de cooperação
internacional, estruturada em parceria com a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), entre países da América latina, onde atualmente
trabalham de forma colaborativa Brasil, Peru e Venezuela.
O Projeto, planejado em 1999 e lançado em 2005, é uma iniciativa para a produção e
repositório de módulos de aprendizagem virtuais que utilizem a tecnologia de objetos de
aprendizagem
22
, com o propósito de incorporar novas ferramentas e recursos digitais nas áreas
de estudo do ensino médio onde os aprendizes encontram maiores dificuldades, tais como as
disciplinas que compõem a área de Ciências Naturais e Matemática.
“Essa iniciativa foi baseada em estudos sobre o uso das tecnologias
digitais na Educação que têm mostrado o grande potencial do
computador, quando integrado às tecnologias tradicionais de sala-de–
aula, na melhoria do processo de aprendizagem.” (RIVED)
Para atingir seus objetivos, o projeto foi estruturado para pôr em prática as seguintes
ações: (Tabela II.3)
TABELA II.3 Linhas de Ações do RIVED
Produção de módulos pedagógicos multimídia.
Capacitação de novas equipes de produção para multiplicar o desenvolvimento de
módulos digitais.
Capacitação de professores para uso dos conteúdos produzidos.
Criação de repositório de objetos de aprendizagem.
II.2.6 e-ProInfo
O e-Proinfo
23
, desenvolvido pela SEED em parceria com instituições de ensino, é um
LMS que permite o planejamento, criação, administração e desenvolvimento de diversos tipos
de ações como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos colaborativos
de pesquisa, reuniões de trabalho e diversas outras formas de apoio ao processo de ensino-
aprendizagem.
____________________
21
“web site” da Rede Internacional Virtual de Educação (RIVED):
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=150&Itemid=287> . Acesso em 25/03/2006.
22
Objetos de Aprendizagem podem ser definidos como qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao
ensino. A principal idéia dos Objetos de Aprendizado é quebrar o conteúdo educacional em pequenos pedaços que possam ser
reutilizados em diferentes ambientes de aprendizagem, em um espírito de programação orientada a objetos. (Beck, 2001 apud
Bettio & Martins, 2004)
BECK, R.J. “Learning Objects: What?”. Center for Internation Education. University of Winsconsin. Milwaukee. 2001
23
web site” do e-Proinfo:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=154&Itemid=291>. Acesso em 25/03/2006.
27
II.2.7 Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância
O Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED)
24
, é uma iniciativa
da SEED, criado em 1999, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), para apoiar sob a forma de auxílio financeiro, a realização de
dissertações e teses, bem como premiação de material didático-pedagógico sobre temas
afetos a educação presencial e a distância com uso das TICs. Seus principais objetivos, em
acordo com as diretrizes do Livro Verde, são: (Tabela II.4)
TABELA II.4 Objetivos do PAPED
Incentivar a pesquisa e a produção de conhecimento no campo da educação a
distância e na utilização das TICs.
Incentivar à investigação de experiências de programas em curso - TV Escola, ProInfo,
Salto para o Futuro, Proformação e outras, em diferentes níveis educacionais.
Promover a Capacitação de professores e a disseminação de conhecimentos por meio
da utilização de linguagens e recursos tecnológicos.
Fomentar a produção de materiais didático-pedagógicos (objetos de aprendizagem e
produtos multimídia) que utilizem as TICs.
Promover a consolidação de projetos de pesquisa na pós-graduação e ampliar a
possibilidade de formação de mestres e doutores, valorizando, neste sentido,
pesquisadores de programas de pós-graduação com propostas criativas de utilização
das TICs na educação a distância ou presencial, nas diversas áreas do conhecimento.
II.2.8 Portal Domínio Público
O Portal Domínio Público
25
, lançado em 2004, com um acervo inicial de 500 obras,
propõe disponibilizar uma biblioteca virtual de acesso às obras literárias, artísticas e científicas
na forma de textos, sons, imagens e vídeos, já em domínio público ou que tenham a sua
divulgação devidamente autorizada.
Atualmente, o Portal Domínio Público conta com a parceria de algumas bibliotecas
virtuais e da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU), esperando em breve
agregar outros parceiros tais como gravadoras e universidades.
II.2.9 WebEduc
O Webeduc
26
é um site desenvolvido pelo Programa ProInfo e pela Embaixada da
França no Brasil, em 2000, fruto de uma cooperação bilateral Brasil-França na área das novas
TICs e do ensino a distância.
____________________
24
“web site” do Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED):
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=151&Itemid=288>. Acesso em 25/03/2006.
25
“web site” do Portal Domínio Público:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp>. Acesso em 25/09/2005.
26
“web site” do WebEduc:
<http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=156&Itemid=293>. Acesso em 25/03/2006.
28
O objetivo desse programa é o de apoiar em todos os níveis dos respectivos sistemas
educacionais MEC e Ministério da Educação Nacional da França , projetos de cooperação
envolvendo pesquisa, avaliação e troca de produtos multimídia no segmento educacional,
nomeadamente no uso das TICs e no ensino da língua francesa e portuguesa.
Um exemplo prático dessa cooperação é o intercâmbio de programas e produtos
audiovisuais educativos entre o TV Escola e o Centro Nacional de Documentação Pedagógica
da França (CNDF).
II.3 Educação a Distância no Ensino Básico Regular
Apesar dos programas da SEED já terem sido implantados, constata-se que as formas
de utilização desses recursos são muitos amplas e que há muito a ser feito frente ao potencial
que as TICs podem proporcionar ao processo de ensino-aprendizagem.
Um dos potenciais que essas tecnologias colocam ao dispor da educação e que é ainda
muito pouco explorado, é a possibilidade da EAD ser utilizada de forma complementar no
ensino básico (BRASIL.LDB, art.80º; art.32º, §4º, 1996), como estratégia para ampliar as
oportunidades educacionais com qualidade não disponíveis em canais tradicionais de ensino
presencial, tendo em vista que essa modalidade de educação oferece os mais variados tipos
de ferramentas
27
na criação de comunidades virtuais e LMS, propícios às interações sociais
colaborativas e cooperativas na realização de atividades de estudo, pesquisa e
desenvolvimento de projetos dos mais variados tipos, além de oferecer aos professores
recursos baseados no uso de Agentes Inteligentes
28
que facilitam o acompanhamento passo-a-
passo de todo o desenvolvimento cognitivo e de interações sociais dos aprendizes,
fundamentais no processo de avaliação formativa. (BOGO, 2003; OTSUKA, 2002; OTSUKA &
ROCHA, 2005a)
O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a Veiculação de
programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de
ensino, e de educação continuada.” (BRASIL.LDB, art. 80º, 1996)
O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância
utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais.” (Ibidem, art. 32º, §. 4º)
_____________________
27
Alguns recursos e instrumentos de informação e comunicação, disponível em ambientes digitais de aprendizagem: hipermídia,
simuladores virtuais, animações, realidade 3D, avaliações interativas, listas de discussão, “chat”, videoconferência, murais de
notícias, “e-mail”, “links” para outros sites, bibliotecas digitais e outros.
28
Agentes Inteligentes são entidades de “softwares ” que estão situados em algum ambiente computacional com a função de
executar ações autônomas de forma flexível e contínua a fim de satisfazer seus objetivos sem a necessidade de constante
orientação humana. Em outras palavras: um agente inteligente é um software que sabe fazer coisas que provavelmente nós
mesmos faríamos se tivéssemos tempo. (BOGO, 2003)
29
Dos noves programas da SEED, três (Rádio Escola, ProFormação, TV Escola), dão
ênfase à capacitação de professores; três (Proinfo, RIVED e Portal de Domínio público),
enfatizam a introdução das Tecnologias digitais da Informação e Comunicação nas escolas
públicas como recursos pedagógicos no processo de ensino-aprendizagem; um (PAPED),
incentiva a pesquisa de metodologias de uso das TICs tecnologias na educação; e apenas um
(e-Proinfo), é destinado ao desenvolvimento e implementação de programas de EAD, mas que
atualmente está mais voltado para programas de capacitações de funcionários dos mais
diversos órgãos públicos.
Analisando mais detidamente esses programas, observa-se a tendência do executivo
em utilizar a EAD como meio de disseminação de conteúdos para a capacitação de
professores e funcionários de outras instâncias públicas, e reservando para o ensino básico
regular apenas a infra-estrutura para uso dos recursos tecnológicos de informação em sala de
aula presencial, porém, sem fazer referência a EAD.
Este fato, a princípio inusitado, pode ser justificado partindo-se das limitações impostas
pelo legislador, ao restringir o uso da EAD no ensino básico regular como forma de resguardar
os laços de relacionamento que o ensino presencial oferece nessa fase de formação do
indivíduo, onde características como afetividade, sociabilidade e a alteridade estão se
estruturando.
“As crianças e adolescentes vão à escola para “aprender a aprender, a
fazer, a ser e a conviver”, competências para cujo desenvolvimento é
indispensável a troca com seus pares e com adultos. É através da
imitação, da elaboração de vivências e da construção coletiva do
conhecimento que se promove o desenvolvimento da personalidade em
formação, até o final da Educação Básica.” (BRASIL.Parecer nº 41/02,
2002)
Porém, há de se observar que em nenhum momento o legislador impede que a EAD
seja utilizada como modalidade complementar de ensino-aprendizagem, com professores e
aprendizes explorando os recursos dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) em
atividades voltadas a ampliação da capacidade de comunicação e desenvolvimento de projeto,
sem as limitações características do modelo presencial, onde as salas superlotadas e as
cargas horárias reduzidas por disciplinas dificultam, na maioria das vezes, qualquer abordagem
pedagógica sócio-construtivista.
O uso das estratégias do ensino a distância no ensino presencial,
como complementação da aprendizagem, está previsto no artigo 32, § 4
da LDBEN [...]. É, sem dúvida, uma excelente oportunidade de
enriquecimento do trabalho docente, assim como possibilidade de
aceleração e recuperação de estudos para os alunos.(BRASIL.Parecer
nº 41/02, 2002)
Nesses AVA, além dos aprendizes e dos professores terem acessos a recursos virtuais
das TICs, recebendo materiais atualizados nas mais variados formatos e comunicar-se entre si
30
a qualquer momento e de qualquer lugar, existe a possibilidade de várias escolas, quando
integradas em um mesmo AVA, poderem promover intercâmbio de informações debatendo, por
exemplo, os problemas de cada comunidade, além de poderem desenvolver projetos de
interesse comum. Escolas podem intercambiar sugestões de programas (“softwares” livres ou
gratuitos), “links” para “web sites” e outros tipos de apoio.
Nesse sentido, aproveitando as iniciativas do Proinfo, que vem instalando
computadores com acesso a Internet nas escolas públicas de ensino básico, e considerando as
dificuldades estruturais de trabalho em sala de aula convencional, é apresentado, no próximo
capítulo, uma retrospectiva do panorama de evolução da EAD, dando ênfase à abordagem de
ensino que privilegia a criação de comunidades virtuais de aprendizagem segundo o modelo do
Blended Learning”.
29
____________________
29
O termo “Blended Learning” foi originalmente associado à idéia de unir o treinamento tradicional em sala-de-aula com o e-
learning. Entretanto, a expressão evoluiu rapidamente no sentido de que atualmente essa combinação se dá tanto na forma de
apresentação do curso (a distância e presencial), quanto na integração de diferentes mídias e ferramentas (internet, hipermídia,
simuladores virtuais, livros, apostilas impressos, TV, retroprojetores, fóruns e “chats ” virtuais, entre outros), segundo estratégias
educacionais que atendam às necessidades e possibilidades do educando e do curso. ( SINGH & REED, 2001; SINGH, 2003)
31
III
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO
III.1 Conceito e Características da EAD
A educação a distância, ao longo de sua evolução, tem sido definida por especialistas
da área sob diferentes aspectos. Apesar da maioria dos autores conceituarem EAD a partir de
referenciais convencionais, onde o processo de ensino-aprendizagem é realizado com a
presença de professores e aprendizes em um mesmo espaço físico, evidenciam-se outras
diferenças entre elas, envolvendo aspectos comunicacionais, suportes tecnológicos e de
organização dos cursos. (NUNES, 1993)
Do ponto de vista da legislação educacional brasileira, essa modalidade de educação é
definida como sendo aquela em que:
[...] a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
(BRASIL.Decreto nº 5.622/05, art. 1º, 2005)
A partir dos conceitos de EAD consagrados na literatura especializada, (LANDIM, 1997)
extraiu algumas especificidades características da EAD e a percentual de incidência das
mesmas nos diversos conceitos de EAD. (Tabela III.1)
Baseado nessas características conceituais, pode-se inferir que a educação a distância
é uma modalidade educativa em que o processo de ensino-aprendizagem é realizado através
da separação física (geográfica e/ou temporal) dos atores envolvidos (aprendizes e professor),
e a comunicação é mediada, de forma síncrona e/ou assíncrona, pela integração dos mais
variados tipos de recursos tecnológicos materiais impressos, “web”, telefone, transmissão
radiofônicas e televisivas , que ultrapassando a exposição oral, característico da modalidade
de ensino presencial, visa engendrar a troca de conhecimentos e a construção de saberes.
III.2 Evolução da EAD
Apesar da maioria das pessoas considerarem que a EAD representa uma nova
proposta de ensino-aprendizagem, ela já vem sendo utilizada há muito tempo em diferentes
contextos.
Já na antiguidade constata-se, tanto nas cartas de Platão, como nas Epístolas de São
Paulo, formas de educação a distância no processo de formação e catequização. Porém, foi
o barateamento do material impresso e os serviços regulares e confiáveis de
correspondência pelos correios que permitiram a EAD atingir públicos cada vez maiores,
32
TABELA III.1 Incidência das Características Conceituais de EAD
CARACTERÍSTICA PERCENTUAL DE INCIDÊNCIA (%)
Separação professor / aluno 95
Meios técnicos 80
Organização (apoio-tutoria) 62
Aprendizagem independente 62
Enfoque tecnológico 38
Comunicação bidirecional 35
Comunicação massiva 30
Procedimentos industriais 15
Fonte: (LANDIM, 1997)
oferecendo cursos dos mais variados tipos, independente da localidade. (LANDIM, 1997;
ALVES
30
, 1994 apud RODRIGUES, 1998; PICONEZ, 2003a)
Na atualidade, a evolução da EAD está intimamente relacionada aos desenvolvimentos
das TICs, que alteram não só a forma de transmissão dos cursos como também a interação
dos participantes envolvidos. Neste contexto, ela é dividida, classicamente, em três fases ou
gerações (NIPPER, 1989; MOORE & KEARSLEY
31
,1996 apud RODRIGUES,1998), a saber:
(Tabela III.2)
III.2.1 Primeira Geração de EAD
Com a criação do selo postal adesivo em 1840, e a implantação dos serviços regulares
dos correios, a primeira geração de EAD surge de forma institucional na Europa do século XIX,
ancorada em programas de ensino por correspondência e focada em material impresso (textos
e figuras), onde empresas comerciais, universidades e escolas de vários níveis passaram a
utilizar o ensino a distância em cursos livres e, muitas vezes, profissionalizantes, como forma
alternativa de ensino não formal para as pessoas residentes em áreas isoladas dos centros de
formação presencial. (NIPPER, 1989; ALVES, 1994 apud RODRIGUES, 1998; PICONEZ,
2003a)
Posteriormente, essa modalidade de ensino passou a ser utilizada para tornar a
educação convencional acessível às pessoas que não tiveram a oportunidade de cursar o
ensino regular básico no período apropriado.
A educação a distância - EaD, como modalidade educacional
alternativa para transmitir informações e instruções aos alunos por meio
do correio e receber destes as respostas às lições propostas, tornou a
educação convencional acessível às pessoas residentes em áreas
isoladas ou àqueles que não tinham condições de cursar o ensino
regular no período apropriado.” (ALMEIDA, 2003)
____________________
30
ALVES, J. R. M. “A Educação a Distância no Brasil: Síntese Histórica e Perspectivas”. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas
Avançadas em Educação, 1994.
31
MOORE, M. G., KEARSLEY, G. “Distance education: a systems view”. USA: Ed. Wadsworth Publishing Company, 1996.
33
TABELA III.2 Gerações de EAD
FASE CARACTERÍSTICA
1º GERAÇÃO
Ensino por correspondência
(Impresso)
Fase que marca o início da EAD na sociedade
moderna através do uso sistemático de materiais
impressos apostilas, guias de estudo, tarefas e
exercícios , enviados por correio.
2º GERAÇÃO
Teleducação
(Transmissão Analógica)
Etapa da EAD que surge em meados da década de
1960 e início de 1970, e se estendendo até o final da
década de 1980, com a transmissão de aulas
veiculadas a programas educacionais pré-gravados
por emissoras educativas, uso de material impresso,
rádio, televisão, vídeo-aula, áudio-cassete e telefonia.
3º GERAÇÃO
Ambientes Interativos
(Interação Digital)
Fase que surge na década de 1990, inovando pelo
uso de Ambientes Virtuais Colaborativos de
Aprendizagem (AVCA), baseados em redes de
comunicação interativas, como a Internet e a Intranet e
as estações de trabalho multimídia.
No Brasil, o início da EAD não está associado ao material impresso, e sim ao rádio,
com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923, por Roquete Pinto
32
,
transmitindo programas de literatura, radiotelegrafia e outros de interesse comunitário. (ALVES,
1994 apud RODRIGUES, 1998; ROMISZOWSKI, 2004)
O rádio educativo surgiu em 1923; pesquisas pioneiras e rigorosas,
conduzidas por Roquete Pinto na década de 1930, documentaram "o
que funciona e não funciona" no uso de rádio como meio instrucional.
(ROMISZOWSKI, 2004)
Em 1947, o Serviço de Aprendizagem Comercial (SENAC)
33
, em parceria com o Serviço
Social do Comércio (SESC)
34
e com a colaboração de emissoras radiofônicas associadas,
criou, em São Paulo, a Universidade do Ar
35
, cujo objetivo era oferecer cursos de treinamento
comercial pelo rádio.
____________________
32
Para conhecer um pouco da história da radiodifusão no Brasil, acesse a Rádio MEC:
Disponível em: <http://www.radiomec.com.br/80anosradio/>. Acesso em 26/11/2005.
33
web site” do Serviço de Aprendizagem Comercial (SENAC): <http://www.senac.br/>. Acesso em 13/11/2005.
34
web site” do Serviço Social do Comércio (SESC): <http://www.sesc.com.br/main.asp>. Acesso em 13/11/2005.
35
Para conhecer um pouco da história da Universidade do AR, acesse:
<http://www.senac.br/centroesp_ead/historia.html>. Acesso em 23/12/2005.
34
Entre 1959 e 1965, a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte criou 1.200 escolas
radiofônicas espalhadas pelo Norte e Nordeste, dando origem ao Movimento de Educação de
Base (MEB)
36
, tendo por objetivo alfabetizar e apoiar a educação de jovens e adultos (EJA).
(NUNES, 1993; ALVES, 1994 apud RODRIGUES, 1998)
Os primeiros cursos por correspondência foram desenvolvidos pelo Instituto Rádio
Técnico Monitor
37
(fundado em 1939), cujos programas se dirigiam aos cursos de eletrônica; o
Instituto Universal Brasileiro
38
(fundado em 1941), dedicado à formação profissional em cursos
de nível elementar e médio, tais como eletricidade, desenho, bordado, contabilidade e outros; e
o Instituto Padre Reus
39
(fundado em 1975), oferecendo cursos de 1
o
e 2
o
grau e de formação
profissional. (ALVES, 1994 apud RODRIGUES, 1998)
Em função da adequação dessas instituições, que incorporaram em suas metodologias,
os avanços das TICs aplicadas a EAD, elas permanecem atuando até os dias de hoje em seus
respectivos mercados.
Com relação à abordagem educacional, a primeira geração de EAD preserva traços do
modelo de ensino industrial, onde a produção padronizada de materiais didáticos pressupunha
pacotes auto-instrucionais distribuídos em mídia impressa e/ou transmitidos por radiodifusão
para as grandes massas, particularmente na formação de jovens e adultos fora do período
regular de estudos.
Ao estabelecer uma análise comparativa entre as políticas e práticas pedagógicas
utilizadas em EAD com as características do paradigma sócio-econômico da revolução
industrial, percebe-se que a EAD apresenta aspectos comuns à produção industrial, tais como
a racionalização do trabalho, produção em massa e para as massas, hierarquia de poderes
e centralização de decisões.
Segundo (BELLONI, 1998b, 1999), essa forma industrial de educação se justificava em
função da demanda crescente do ensino básico (antigo 1º e 2º graus), e do paradigma sócio-
econômico daquele momento histórico, que baseado no modelo “Fordista”
40
de produção,
necessitava dos indivíduos uma formação mais “mecanizada”, voltada para tarefas específicas
das linhas de montagens.
____________________
36
web site” do Movimento de Educação de Base (MEB): <http://www.meb.org.br/>. Acesso em 26/11/2005.
37
web site” do Instituto Rádio Técnico Monitor
:
<http://www.institutomonitor.com.br/quem_historia.asp>.
Acesso em 12/11/2005.
38
web site” do Instituto Universal Brasileiro
:
<http://www.institutouniversal.g12.br/docs/iubfrset.htm>.
Acesso em 12/11/2005.
39
web site” do Instituto Padre Réus
:
<http://www.institutopadrereus.com/>. Acesso em 12/11/2005.
40
Fordismo: modelo de produção em série que marcou a período da Revolução Industrial do século XX, ao estabelecer linhas
rígidas e hierárquicas de produção, com uma estrutura de comando partindo da alta direção e descendo até a fábrica,
separando, dessa maneira, as funções de concepção (administração, pesquisa e desenvolvimento, desenho etc.), das funções
de execução, que eram subdivididas e realizadas por trabalhadores com baixo nível de qualificação, mas especializados em
tarefas simples e de gestos repetitivos. Na linha de montagem, o trabalhador estava restrito à realização repetida de algumas
poucas operações manuais, que era regulada de maneira mecânica e externa ao trabalhador, minimizando o tempo de
produção.
35
Nessa abordagem, o aprendiz inscreve-se no curso, tendo com única incumbência,
assimilar mecanicamente o conteúdo instrucional numa seqüência hierarquizada de etapas, e
comparecer, quando for o caso, em locais e datas pré-determinadas para submeter-se a uma
ou mais avaliações de cunho essencialmente somático.
Aplicadas à organização de sistemas de EaD, as estratégias fordistas
sugerem a existência de um provedor altamente centralizado, operando
em “single mode” (isto é, exclusivamente em EaD), de âmbito nacional,
fazendo economias de escala através da oferta de cursos
estandardizados para um mercado de massa e justificando deste modo
um maior investimento em materiais mais caros.” (BELLONI, 1998b)
Além disso, nessa fase da EAD, a interação entre os aprendizes não existia, e a
comunicação entre as instituições mantenedoras dos cursos e o aprendiz era de forma
assíncrona via correspondências , precária e demorada (pouco feedback), fazendo com que
o processo de aprendizado se tornasse solitário, o que contribuiu muito para os altos índices de
desistências e a qualificação da EAD como sendo de segunda categoria.
As atuais contestações desse paradigma [fordista], ainda bastante
dominante, agrupadas nos conceitos de "neofordismo e pós-fordismo,
propõem para a educação as mesmas mudanças que estão
acontecendo no mundo da economia e do trabalho, conseqüências da
globalização econômica e do avanço tecnológico sem precedentes que
obriga as empresas a se adaptarem: flexibilização (currículos e
métodos), descentralização (inter e multiculturalidades), maior
responsabilização do trabalhador melhor habilitado.” (BELLONI, 1998a)
Apesar dessa abordagem educacional ser incompatível com as necessidades de
formação na Sociedade da Informação, ela continua na segunda geração não só no Brasil, mas
também na Europa e nos Estados Unidos, em conseqüência da influência dos programas bem
sucedidos de EAD para as “massas”, da Open University
41
da Inglaterra.
Esta instituição [Open University] abriu sua "porta virtual" para os
primeiros alunos em 1970 e já em 1990 era não apenas a maior, mas,
em vários aspectos, também a melhor universidade do Reino Unido.
Em adição a isso, a OU causou um grande impacto na educação
universitária mundo afora, tanto em países desenvolvidos quanto nos
em vias de desenvolvimento.” (ROMISZOWSKI, 2004)
Uma abordagem construtivista, mais voltado às necessidades do paradigma da
Sociedade da Informação, só irá ocorrer na terceira geração, com os Ambientes Virtuais
Colaborativos de Aprendizagem.
III.2.2 Segunda Geração de EAD
A partir da década de 1970, com a popularização e o crescimento das possibilidades
tecnológicas da televisão, do áudio-cassete e do telefone, os mantenedores dos principais
____________________
41
web site” da Open University - <http://www.open.ac.uk/>. Acesso em 28/11/2005.
36
programas de EAD, vislumbrando o potencial dessas tecnologias na educação, passaram a
incorporar a EAD esses recursos difusores de imagens e áudio, trazendo para essa
modalidade de educação uma grande expansão e uma nova dimensão de ensino.
A associação de tecnologias tradicionais de comunicação como o rádio
e a televisão como meio de emissão rápida de informações e os
materiais impressos enviados via correios trouxeram um novo impulso à
EaD, favorecendo a disseminação e a democratização do acesso à
educação em diferentes níveis, permitindo atender grande massa de
alunos.” (ALMEIDA, 2003)
Nesse contexto, cada mídia passou a desempenhar seu papel, em função de suas
características intrínsecas, da população-alvo, da proposta pedagógica e da metodologia de
cada curso. Por exemplo: o rádio continuou sendo o principal meio de comunicação em regiões
mais pobres e de difícil deslocamento, sendo utilizado até hoje; o material impresso,
independente da metodologia utilizada, continua, sendo muito utilizado, pois, além de poder ser
levado para qualquer lugar, não depende de eletricidade nem linha telefônica; o telefone e o fax
aproximaram alunos e professores, facilitando a solução de dúvidas que não podem esperar,
enquanto a televisão passa a ser o grande difusor de imagem e áudio, atingindo populações
cada vez mais dispersas e heterogêneas.
Apesar das melhorias significativas na distribuição e transmissão de informações e no
sistema de comunicação entre aprendizes e professor, passando a incluir tutoria por telefone e
alguns encontros presenciais, as interações entre os aprendizes não existia. (NIPPER, 1989)
Apesar da importância da mídia radiofônica, a segunda geração da EAD no Brasil teve
como marco a televisão, com a criação da comissão para Estudos e Planejamento da
Radiodifusão Educativa, que culminou com a criação do Programa Nacional de Teleducação
(Prontel), criado pelo MEC em 1972.
O objetivo do Prontel era integrar e desenvolver, em âmbito nacional, atividades
didáticas e educativas via rádio e tevê (TV Educativa”)
42
, com o suporte de outros meios tais
como o material impresso, o telefone, o fax, o vídeo-cassete e o áudio-cassete, de forma a
atender, com base na política nacional de educação, a formação de professores, a
complementação da educação básica de jovens e adultos e a formação técnica.
Pela qualidade e seriedade dos trabalhos desenvolvidos por algumas TVs educativas, o
Brasil alcançou, frente a organizações internacionais como a UNESCO, o status de liderança
no domínio da tecnologia educacional televisionada, junto com países como o Canadá e a
Inglaterra.
____________________
42
-
Para conhecer um pouco da história da TV Educativa no Brasil e as emissora que compõem essa rede, acesse:
<http://www.tvebrasil.com.br/empresa/default.asp>, <http://www.tvebrasil.com.br/imprimir/hist_tve_res.htm> ou
<http://www.tvebrasil.com.br/desafio_da_tv_publica/>. Acessos em 27/03/2006.
37
Muitos projetos de TVE aplicada em educação pública, foram lançados
nas décadas de 1960 e 1970, a maioria deles nas áreas de formação de
professores e cursos "supletivos", oferecendo uma "segunda
oportunidade" para adultos e adolescentes para completar seus estudos
básicos de primeiro e segundo graus. Assim, até os meados da década
de 1970, a prática predominante de EAD no Brasil era o "telecurso"
divulgado pelos meios de massa. [...] a eficácia dos melhores projetos
brasileiros ganhou reconhecimento internacional; três estudos sobre a
situação de EAD no mundo, nos anos 1970, classificaram o Brasil entre
os líderes mundiais, junto com Índia, Espanha, Austrália, Canadá e
Reino Unido. (ROMISZOWSKI, 2004)
Um dos empreendimentos de sucesso, que merece destaque, é o projeto da Fundação
de Teleducação do Ceará (FUNTELC), também conhecida como TVE do Ceará
43
, que oferece
o ensino regular de 5
a
a 8
a
séries para jovens e adultos que não puderam concluir a etapa
fundamental de ensino. (NUNES, 1993)
Desde 1974, a TVE do Ceará já atendeu mais de um milhão de alunos em 1600 tele-
postos espalhados por todo o estado.
Entre 1974 e 1978, foi implementada no Rio Grande do Norte a primeira experiência de
utilização de satélite para fins educacionais no Brasil, com o projeto piloto denominado Sistema
Avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI), controlado pelo Instituto de Pesquisas
Espaciais (INPE).
O projeto SACI tinha por meta oferecer uma programação para o ensino básico por
meio de uma estrutura tecnológica multimídia que incluía rádio, tevê via satélite e material
impresso, além da participação dos melhores professores à disposição da população.
[um] projeto que foi aclamado internacionalmente foi o Projeto SACI,
que pretendia oferecer um programa completo de primeiro e segundo
grau, seguindo o currículo nacional de educação básica, por meio de
um sistema integrado de multi-meios (multimídia) que incluia rádio, TV-
satélite e materiais impressos. O reconhecimento internacional deste
último projeto foi pela utilização de uma abordagem sistêmca ao
planejemanto geral e design instrucional detalhado, e nem tanto pelo
seu impacto ou pela sua eficâcia, porque, por motivos, principalmente,
de política interministerial, este projeto promissor nunca chegou a ser
implementado em larga escala.” (ROMISZOWSKI, 2004)
Em 1978, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura)
em parceria com Fundação Roberto
Marinho
44
lançaram o Telecurso 2
o
Grau, atualmente denominado telecurso 2000
45
, que ao
disponibilizar material didático nas bancas de jornais e transmitindo aulas por emissoras de TV,
permitiu que a educação fundamental e média chegasse aos jovens e adultos fora da idade
regular de estudo, em suas casas ou em uma das milhares de telessalas existentes no Brasil.
____________________
43
web site” da TVE Ceará
- <http://www.tvceara.ce.gov.br/>. Acesso em 27/11/2005.
44
web site” da Fundação Roberto Marinho - <http://www.frm.org.br/main.asp>. Acesso em 28/11/2005.
45
web site” do Telecurso 2000 - <http://www.telecurso2000.org.br/main.asp>. Acesso em 28/11/2005.
38
Em função da grande aceitação do público e das empresas a ela vinculadas, esse
empreendimento foi conceituado como o mais bem-sucedido projeto privado de educação a
distância da América Latina.
Em 1989 a Fundação Roberto Marinho, com recursos do Banco do Brasil, desenvolve o
projeto Vídeo Escola, beneficiando mais de 1300 escolas públicas com fitas de vídeo e
capacitação professores no uso da linguagem audiovisual como recurso pedagógico.
Em meados da década de 1990 a EAD ganha impulso com o sistema cinco S Serviço
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)
46
, Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT)
47
, Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
48
e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI)
49
, na aplicação de cursos profissionalizantes.
Em 1991 foi lançado o programa Um Salto para o Futuro
50
, uma parceria do Governo
Federal, das Secretarias Estaduais de Educação e da Fundação Roquette Pinto, dirigido à
formação de professores.
O sucesso do programa Vídeo Escola, da Fundação Roberto Marinho, motivou o MEC
a lançar em 1995, o programa TV Escola, com a distribuição de kit tecnológico (videocassete,
televisão e antena parabólica), para as escolas da rede pública com mais de 100 alunos, com o
objetivo de abrir um canal de formação continua de professores através do programa Um Salto
para o Futuro, vídeos educativos, material impresso, telepostos, telefone e fax.
Em 1997, a Fundação Roberto Marinho lança mais um projeto de sucesso, denominado
Canal Futura
51
, captado por antenas parabólicas de todo o país, 24 horas por dia. Com uma
programação diversificada sobre atualidade, ética e participação comunitária, o Canal Futura
tem como meta a educação continuada, complementação cultural e a pluralidade educacional
que atenda aos interesses de donas de casa, trabalhadores, estudantes, crianças, professores
e todas aqueles que buscam informações práticas para o seu dia-a-dia.
____________________
46
web site” do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE): <http://www.sebrae.com.br/br/home/index.asp>.
Acesso em 13/11/2005.
47
web site” do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT): <http://www.cnt.org.br/sest_senat/>.
Acesso em 13/11/2005.
48
web site” do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR): <http://www.senar.org.br/index/index.htm>.
Acesso em 13/11/2005.
49
web site” do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI): <http://www.senai.br/br/home/index.aspx>.
Acesso em 13/11/2005.
50
web site” do Programa Salto para o Futuro
- <http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/>. Acesso em 12/11/2005.
51
web site” do Canal Futura - <http://www.futura.org.br/home.asp>. Acesso em 28/11/2005.
39
Sucessos e fracassos a parte, comparando com a primeira fase, a segunda geração da
EAD apesar de inovar com a incorporação de novos recursos das TICs TV, satélites, telefone
e fax , possibilitando uma maior interação entre os participantes dessa modalidade de
educação, ainda mantém uma filosofia de educação para as massas, distribuindo e
transmitindo conteúdos instrucionais pré-moldados e sem nenhum significado para o aprendiz,
e tendo como único objetivo a universalização do ensino básico e a formação técnica
elementar para o trabalho.
-se que os meios de comunicação de massa foram os grandes
responsáveis pela educação a distância, naquele momento. A educação
baseava-se na filosofia positivista, como toda a sociedade, e na
psicologia behaviorista, o que resultava em pacotes de cursos,
produzidos centralizadamente, considerando o aluno como matéria
prima de um processo industrial, onde o professor é o trabalhador e a
tecnologia educacional é a ferramenta. Neste modelo, o currículo
funciona como o plano de modelagem do produto, que é o aluno
educado.” (GRUMBACH, s/d)
Nesse contexto, o ensino na primeira e na segunda geração de EAD pode ser
comparado a uma fábrica, estruturado para que o aprendizado seja um processo de aquisição
de informações produzidos em seqüências hierarquizadas de conteúdos instrucionais e
distribuídos/transmitidos na forma impressa, por radiodifusão ou televisão. Além disso, nestes
ambientes, a comunicação ocorre de “cima para baixo”, de forma autoritária, onde o professor
decide sobre a aprovação ou reprovação de comentários ou respostas proferidas pelos
aprendizes durante suas avaliações ou em seções de dúvidas. (BELLONI, 1998a, 1999,
NIPPER, 1989)
a aprendizagem não é vista como sendo um processo social, sendo
assim, não impõe uma interação dinâmica com ou entre os aprendizes
e professores - pelo contrário. Pode ser dito que em termos das
situações baseadas em sala de aula tradicional, os conceitos da
primeira e da segunda geração podem ser considerados como uma sala
de aula aberta. Mas por não haver nenhuma interação, a sala de aula
não está estendida no senso social e cognitivo da palavra, mas é
desintegrado. A aprendizagem torna-se individual ao invés de um
processo social. [tradução] (NIPPER, 1989)
Porém, independente das dificuldades técnicas e pedagógicas que dificultaram a oferta
de programas mais dinâmicos e estimulantes, com maior interatividade e integração entre os
participantes, a EAD chegou à década de 1990, com uma diversidade de projetos e cursos de
iniciativas pública e privadas, utilizando fitas de vídeo, televisão com imagens captadas via
satélite e antenas instaladas em escolas, rádio e telessalas.
A aprendizagem como processo social, apesar de não fazer parte das duas primeiras
gerações da EAD, tem seu espaço reservado na revolução da terceira geração, onde os
recursos das TICs contribuíram decisivamente para um modelo de educação mais próxima dos
anseios da sociedade contemporânea, onde os indivíduos necessitam adquirir habilidades e
40
competências básicas de análise, síntese e avaliação para transformar conhecimento em
soluções práticas para os problemas e oportunidades emergentes na vida profissional ou
pessoal. (NIPPER, 1989; ROMISZOWSKI, 2004)
Porém, comunicação, e aprendizagem como um processo social,
serão os elementos fundamentais no desenvolvimento conceitual de
modelo da terceira geração de aprendizagem a distância. Não é
possível promover a noção de aprender como um processo social sem
acesso para instalações de comunicação interativas. A esse respeito
estamos agora tecnologicamente prontos (ou quase assim), para fazer
o movimento da primeiro e segunda geração para o sistema da terceira
geração.[tradução] (NIPPER, 1989)
Todavia, como será analisado a seguir, disponibilizar recursos tecnológicos por si só
não representa garantia do aprendiz ter acesso a ambientes propícios ao desenvolvimento de
competências. É necessário investir em metodologias, materiais didáticos e formação de
professores especializados para uma nova abordagem de EAD.
III.2.3 Terceira Geração de EAD
Com a popularização do computador e da rede Internet, o uso das diferentes mídias
digitais ampliou a capacidade da EAD, proporcionando a distribuição, transmissão e
apresentação de materiais didáticos em diferentes formatos texto, áudio, imagem, animação
e vídeo , além de ampliar as interações sociais entre aprendizes e professor/tutor com o uso
dos mais diversos recursos de comunicação: videoconferência, salas de bate-papo, fóruns e
listas de discussões, correio eletrônico, mecanismos de geração de caminhos alternativos de
aprendizagem (hipertextos) e instrumentos para acompanhamento e avaliação do processo de
ensino-aprendizagem.
O advento das tecnologias de informação e comunicação TIC trouxe
novas perspectivas para a educação a distância, devido às facilidades
de design e produção sofisticados, rápida emissão e distribuição de
conteúdos, interação com informações, recursos e pessoas.
(ALMEIDA, 2002)
Surge assim uma nova fase da EAD (terceira geração), também denominada Educação
Virtual, caracterizada pela convergência das ciências da computação com as
telecomunicações, onde a comunicação entre as pessoas ocorre com extrema rapidez e o
acesso às informações ocorre de forma não-linear e interativa, com o uso da hipermídia.
(NIPPER, 1989; ALMEIDA, 2003; VALENTE, 2003a, 2003b)
O advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
reavivou as práticas de EaD devido à flexibilidade do tempo, quebra de
barreiras espaciais, emissão e recebimento instantâneo de materiais, o
que permite realizar tanto as tradicionais formas mecanicistas de
transmitir conteúdos, agora digitalizados e hipermediáticos, como
explorar o potencial de interatividade das TIC e desenvolver atividades
à distancia com base na interação e na produção de conhecimento.
(ALMEIDA, 2003)
41
Apesar da terceira geração ainda estar em fase de consolidação, evidencia-se uma
nítida transição de paradigma, onde a EAD deixa de ser usada simplesmente para divulgar
apostilas ou textos, com a finalidade de atingir grande quantidade de pessoas, passando a
oferecer outras abordagens.
Enquanto nas gerações anteriores as formas de comunicação eram
limitadas ao correio, telefone e vídeo, as tecnologias alteraram
significativamente as formas de comunicação e interação. [...] Os
ambientes de aprendizagem passaram a ser locais de interação, de
colaboração e de construção coletiva do conhecimento. Da primeira à
terceira geração pode-se observar um progressivo aumento das formas
de diálogo, da autonomia e controle do aluno sobre a própria
aprendizagem e por fim, da ênfase no desenvolvimento do pensamento
reflexivo e não apenas da mera compreensão ou memorização. Assim,
o recurso de interação com o texto escrito não foi somente aperfeiçoado
pela tecnologia, mas alterado significativamente pelos recursos de
hipertexto, por exemplo.” (CALDEIRA, 2004)
Em função desta transição, observa-se atualmente três abordagens de EAD com o uso
dos recursos digitais das TICs: “Broadcast”, Virtualização da Sala de Aula Presencial e o “Estar
Junto Virtual”. (VALENTE, 2003a, 2003b)
As diferentes pedagogias adotadas em EAD podem variar em um
contínuo, estando em um extremo a “broadcast”, que usa os meios
tecnológicos para entregar a informação aos aprendizes. Neste caso,
não há interação professor-aluno e tampouco entre os alunos. No outro
extremo está o acompanhamento e assessoramento ao processo de
construção de conhecimento mediada pela tecnologia, o que temos
denominado de “estar junto virtual” [...]. Uma abordagem intermediária é
a implementação da “escola virtual”, que nada mais é do que o uso de
tecnologias para criar a versão virtual da escola tradicional.” (VALENTE,
2003b)
III.2.3.1 Broadcast
Na Broadcast”, a informação é enviada ao aprendiz, via web” ou outros recursos
digitais como o CD-Rom, podendo ainda ser utilizado materiais impressos, radiodifusão e
televisão.
Nessa abordagem, a principal característica é que a relação entre o professor e os
aprendizes ocorre na configuração de “um para todos”, ou seja, não existe interação entre os
participantes. Todo conteúdo instrucional é passado em larga escala para os aprendizes,
impossibilitando qualquer feedback durante o processo de ensino-aprendizagem. (VALENTE,
2003a, 2003b)
Apesar da falta de interação nessa abordagem, ela apresenta a vantagem de ser um
excelente canal para disseminação de informações em larga escala.
O ponto principal nesta abordagem é que o professor não interage com
o aluno, não recebe nenhum retorno deste e, portanto, não tem idéia de
como essa informação está sendo compreendida ou assimilada pelo
aprendiz. Nesse caso, o aluno pode estar atribuindo significado e
processando a informação, ou simplesmente memorizando-a. O
42
professor não tem meios para verificar o que o aprendiz faz.
(VALENTE, 2003b)
Com exceção da incorporação de novos recursos tecnológicos, este tipo de abordagem
de EAD em pouco difere da abordagem da primeira e segunda gerações, onde a transmissão
em larga escala era realizada exclusivamente por rádio, televisão e impressos e com pouca ou,
em alguns casos, nenhuma interação entre os aprendizes e professor/tutor.
Nesse sentido, o modelo de abordagem baseado na “Broadcast” torna-se incompatível
com uma proposta pedagógica centrada no aprendiz e na construção de conhecimentos.
III.2.3.2 Virtualização da Sala de Aula
Na virtualização da sala de aula, busca-se a transposição das ações educacionais da
sala de aula presencial para o meio virtual, utilizando-se dos diversos recursos de informação e
comunicação da “web”.
Nessa abordagem, o centro do processo ensino-aprendizagem continua sendo o
professor, que detém o poder e a informação, cabendo ao aprendiz assimilá-la, organizá-la e
eventualmente convertê-la em conhecimento útil e significativo.
Nesse sentido, na Virtualização da Sala de Aula, o processo de comunicação mediada
pelas tecnologias digitais de comunicação tem como função primordial verificar, através de
avaliações e situações-problemas, se o conteúdo instrucional passado ao educando foi
memorizado.
Assim como ocorre na “Broadcast”, a Virtualização da Sala de Aula, por não estar
fundamentada em propostas pedagógicas e metodologias que incentive as interações sociais e
o desenvolvimento colaborativos de atividades de pesquisa e projetos entre os participantes
envolvidos no curso, tende, em pouco tempo, fazer com que os aprendizes se sintam
desinteressados. (VALENTE, 2003a, 2003b)
Nesta abordagem, a existência da interação professor-aluno pode não
ser ainda suficiente para criar condições para o aluno construir
conhecimento. Nesse sentido, esta solução tem os mesmos problemas
que a situação do ensino nas escolas tradicionais. É por essa razão que
a caracterizamos como sendo a virtualização do ensino tradicional e,
nesse sentido, estamos economizando o fato de esta “escola virtual”
não ter paredes. No entanto, esta abordagem em geral é apresentada
como possibilitando a construção de conhecimento e a preparação de
um aprendiz autônomo, criativo e capaz de aprender continuadamente.
Na verdade o que acontece é ter um aluno frustrado, sentindo-se
sozinho provavelmente algumas das causas que podem explicar a
alta taxa de evasão dos cursos EAD.” (VALENTE, 2003b)
III.2.3.3 Estar Junto Virtual
Em abordagens do tipo Broadcast” e Virtualização da Sala de Aula”, o aprendiz
reproduz as informações disponibilizadas na web” ou em canais convencionais (impresso,
rádio ou TV), mas não consegue transformá-las em conhecimento, tendo em vista que ele não
43
está preparado para a auto-aprendizagem. Sendo assim, a falta de apoio ou de interações que
possibilitem desencadear no aprendiz um conjunto de ações sobre suas concepções em torno
da temática em estudo dificulta qualquer intento que não seja a simples memorização do
conteúdo em questão.
Considerando as diferentes possibilidades que a rede internet dispõe no sentido de
oferecer aos aprendizes canais de comunicação para troca de idéias, debates e interações
colaborativas em torno de atividades de pesquisa, estudo de casos e desenvolvimento de
projetos, e tendo em vista as propostas pedagógicas construtivistas, que enfatizam o processo
de construção do conhecimento por meio das interações e do trabalho colaborativo, percebe-se
que a web” tem sido mal utilizada, ou no mínimo subutilizada, deixando de explorar as
perspectivas de construção de ambientes mais profícuos ao desenvolvimento de um
aprendizado mais voltado para as competências do que para a memorização. (MAÇADA &
TIJIBOY, 1998; PRADO, 2002; VALENTE, 2003a, 2003b)
A telemática está revolucionando os conceitos de tempo e espaço na
comunicação entre as pessoas, no acesso à informação, na produção e
na construção do conhecimento. É a Internet, dentre os recursos
telemáticos, que pode propiciar a criação de ambientes ricos,
motivadores, interativos, colaborativos, cooperativos e de comunicação
síncrona e assíncrona rápida e de custo relativamente baixo. No
entanto, percebe-se que a Internet tem sido predominantemente
utilizada como um canal de transmissão de informação, indicando assim
uma subutilização deste meio. Acredita-se que uma utilização mais
significativa, deva incluir conceitos e atitudes do tipo: interação, troca,
intercâmbio, comunicação bi ou multi-lateral, negociação, colaboração e
cooperação. Reforçando esta idéia [...] a Internet não deve ser mais
pensada como um “lugar” ou como uma “highway”, uma rodovia mas
sim como lugar onde pode-se criar novos delineamentos sociais. Uma
comunidade, uma construção entre pessoas que partilhem metas,
valores e práticas comuns.” (MAÇADA & TIJIBOY, 1998)
A abordagem do “Estar Junto Virtual”, também denominada Learning Network
(HARASIM
52
, 1995 apud VALENTE, 2003b), surge no sentido de explorar, através dos recursos
das tecnologias digitais de comunicação, as potencialidades das propostas pedagógicas que
privilegiam as interações sociais dos aprendizes, frente aos múltiplos desafios que lhes são
impostos durante o curso, seja na forma de desenvolvimentos de projetos, bem como no
estudo de casos significativos e próximos a realidade de vida de cada participante.
Essas interações criam meios para o aprendiz aplicar, transformar e
buscar outras informações e, assim, construir novos conhecimentos.
Nesse sentido, essa abordagem, diferentemente da broadcast ou da
virtualização de um curso tradicional, não tem como objetivo tornar
disponível a informação e verificar se ela foi retida. O acompanhamento
constante do aprendiz e a atuação do docente do curso via internet têm
como objetivo o estabelecimento do ciclo de aprendizagem descrição-
execução-reflexão-depuração-descrição.” (VALENTE, 2003a)
____________________
52
HARASIM, L. et. al. “Learning Networks: A Field Guide to Teaching and Learning Online. Cambridge: Ed. MIT Press, 1995.
44
Nesse sentido, a abordagem do “Estar Junto Virtual” está em acordo com a tendência
pedagógica fundamentada por Philippe Perrenoud, segundo a qual, para se desenvolver
competências no educando é necessário que ele seja colocado a todo instante em confronto
com situações complexas que exigem tomadas de decisões, resoluções de problemas
concretos de seu cotidiano vivencial, seguindo uma metodologia direcionada ao
desenvolvimento cooperativo de atividades de pesquisa e desenvolvimento de projetos.
(PERRENOUD, 2000a, 2002; VALENTE, 2002)
Para que a abordagem do “estar junto virtual” possa ser efetiva o
aprendiz deve estar engajado na resolução de um problema ou na
elaboração de um projeto.[...] O desenvolvimento do projeto e a
presença virtual do docente permitem a criação de um ciclo de
interações que não só ajuda na realização do projeto em si, mas
também na geração de novos conhecimentos. Por meio do projeto o
aprendiz pode agir, produzir resultados que podem servir como objeto
de novas reflexões. Por sua vez, estas reflexões podem gerar outras
indagações e problemas que devem ser compartilhados com outras
pessoas a fim de encontrar meios de resolvê-los. [...] Assim,
estabelece-se um ciclo que mantém o aprendiz no processo de realizar
atividades que até então não haviam sido pensadas, produzindo
conhecimento a respeito de como desenvolver tais ações, mas agora
com o suporte de especialistas. Assim, a Internet pode propiciar ao
docente o “estar junto virtualmente” do aprendiz a fim de auxilia-lo no
processo de construção de conhecimento.” (VALENTE, 2002)
Para atingir os seus objetivos, a abordagem do “Estar Junto Virtual” se desenvolve em
Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem (AVCA), gerenciados, na maioria das
vezes, por LMS que integram em um mesmo “espaço virtual”, diversos recursos da telemáticas,
permitindo aos participantes desenvolverem atividades de interações sociais com o uso de
recursos de comunicação síncronos e assíncronos e acesso a informações em diferentes
formatos hipermidiáticos.
53
(ALMEIDA, 2002)
Os sistemas computacionais que permitem apresentar as informações
de maneira organizada e no momento apropriado, desenvolver
interações e elaborar produções, são denominados ambientes virtuais
de colaboração e aprendizagem, constituídos a partir de um grupo de
pessoas que utilizam software específicos para a comunicação a
distância mediada pelas tecnologias do conhecimento. [...]Os recursos
dos ambientes virtuais de colaboração e aprendizagem são
basicamente os mesmos existentes na Internet (correio, fórum, bate-
papo, conferência, banco de recursos etc.). Esses ambientes têm a
vantagem de propiciar a gestão da informação segundo critérios pré-
estabelecidos de organização definidos de acordo com as
características de cada software e possuem bancos de informações
representadas em diferentes mídias e interligadas por meio de
conexões (links internos ou externos ao sistema).” (ALMEIDA, 2002)
____________________
53
Dois exemplos típicos de AVCA são o Teleduc e o e-Proinfo, criados respectivamente pela Unicamp e MEC/SEED.
45
No próximo capítulo, após serem apresentadas as principais características dos AVCA,
analisa-se os fundamentos teóricos desses ambientes, com o objetivo de justificar sua
utilização em propostas pedagógicas construtivistas do ensino básico.
46
IV
AMBIENTES VIRTUAIS COLABORATIVOS DE APRENDIZAGEM
IV.1 Considerações Iniciais
A Educação a Distância tem como principal característica a distância física entre o
educando e o professor, fazendo com que, diferente do que ocorre no ensino presencial, o
controle do aprendizado seja realizado muito mais intensamente pelo aprendiz do que pelo
professor.
Nesse sentido, independente da abordagem utilizada, a EAD deve ser concebida
segundo uma prática educacional que privilegie no educando a motivação para a auto-
aprendizagem em uma perspectiva do aprender a aprender.
[...] "aprender a aprender" constitui um recurso especialmente
importante para o estudante a distância e é deste ponto que seu
desenvolvimento deve ser impulsionado neste tipo de educação.
(NUNES, 1993)
Nesse contexto, considerando a incorporação dos recursos das TICs ao processo de
evolução da EAD, que a cada dia vem oferecendo novas possibilidades de criação de
ambientes propícios a aprendizagem colaborativa e cooperativa, explorando as potencialidades
das interações sociais e dando suporte ao desenvolvimento de projetos, este capítulo tem
como foco, analisar mais detidamente as características dos AVCA, no sentido de serem
utilizados como estratégia para superar, ou pelo menos minimizar algumas dificuldades
estruturais encontradas no processo de implementação de propostas pedagógicas voltadas ao
desenvolvimento de competências em salas de aulas do ensino básico regular.
O uso das estratégias do ensino a distância no ensino presencial,
como complementação da aprendizagem, [...] É, sem dúvida, uma
excelente oportunidade de enriquecimento do trabalho docente, assim
como possibilidade de aceleração e recuperação de estudos para os
alunos.” (BRASIL.Parecer nº 41/02, 2002)
IV.2 Ambientes Virtuais Colaborativos de Aprendizagem
Dentre as várias abordagens de EAD, a única que tem como diferencial a auto-
aprendizagem segundo uma perspectiva de construção de conhecimento colaborativo é aquela
desenvolvida em AVCA onde, ao contrário da sala de aula tradicional ou de outras abordagens
de EAD (“Broadcast” e Virtualização da Sala de Aula), se privilegia uma concepção de
aprendizagem voltada para a construção de conhecimentos engendrada pelos diálogos
colaborativos e cooperativos na solução de problemas específicos relacionados a um projeto
ou estudo de caso.
47
[...] existem propostas de cursos baseadas em pressupostos que
enfatizam o processo de construção do conhecimento por meio das
interações e do trabalho colaborativo. Sob este enfoque, a abordagem
de educação a distância denominada [...] de o estar junto virtual integra
o uso dos vários recursos do ambiente virtual para criar situações de
aprendizagem que possam favorecer o aluno a transformar as
informações em conhecimento. Nestas situações de aprendizagem, o
aluno pode vivenciar um processo de ação reflexiva, de articulação com
a prática, de depuração e de (re)construção do conhecimento.
(PRADO, 2002)
IV.2.1 Conceito de AVCA
Antes de conceituar Ambiente Virtual Colaborativo de Aprendizagem faz-se necessário
estabelecer o significado de alguns termos associados a ele: o primeiro deles é o significado de
“Ambiente”, conceituado como todo o espaço ou recinto que cerca ou envolve as pessoas,
animais, objetos ou coisas em geral. (AURÉLIO, 1999; OKADA & SANTOS, 2003)
Já o termo “Aprendizagem”, apesar de ser tratado de várias maneiras e por vários
teóricos da aprendizagem, ele pode ser entendido, de forma sintética, como o processo que
consiste na ampliação da estrutura cognitiva de um indivíduo, permitindo que ele adquira novos
conhecimentos, desenvolva novas habilidades, tornando-se suscetível a mudanças de
comportamento. (MOREIRA, 1987)
Nesse contexto, pode-se inferir que um Ambiente de Aprendizagem é todo espaço onde
são disponibilizados recursos educacionais que servirão de instrumentos para se por em
prática metodologias educacionais, com a finalidade de promover mudanças na estrutura
cognitiva dos indivíduos, de forma a torná-los aptos ao desenvolvimento de habilidades e
competência para atuarem como sujeitos ativos na vivência em sociedade.
A expressão “ambientes de aprendizagem” é utilizada, principalmente,
em projetos educacionais fundamentados em uma concepção holística
ou integrada, que visa à educação do ser humano em todas as suas
dimensões. Nesse caso, o ambiente de aprendizagem serve para
designar o conjunto de condições externas, incluindo a totalidade de
estratégias, metodologias e recursos colocados em disponibilidade para
o indivíduo, além do clima relacional, que influenciam e favorecem seu
desenvolvimento.” (SEBRAE
54
, 2001 apud CARÊS & TENOR, 2004)
Para entendermos o termo “Colaborativo” no contexto educacional, necessário se faz
considerar que o ser humano é antes de tudo um ser social, possuindo o dom natural de
envolvimento constante com outras pessoas, não só no sentido afetivo-social, mas
colaboradores nas soluções de seus múltiplos desafios de natureza pessoal ou profissional.
Portanto, nada mais significativo de que no processo de ensino-aprendizagem, contraponto às
práticas pedagógicas de ensino individual, que carecem de interações sociais, seja privilegiado
os envolvimentos entre os participantes em um ambiente de aprendizagem.
____________________
54
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Referenciais para uma nova práxis educacional.
Brasília: SEBRAE, 2001.
48
Ao serem questionadas sobre uma recordação de alguma experiência
envolvendo uma situação de aprendizagem, grande parte das pessoas
lembra de alguma situação envolvendo outras pessoas [...]. Apesar
disto, a maioria das metodologias pedagógicas e, sobretudo os métodos
envolvendo novas tecnologias, privilegiam situações ou contextos de
aprendizagem individual. Em contraponto a esta tendência, nos últimos
anos, tem crescido a quantidade de pesquisas envolvendo a promoção
da aprendizagem utilizando as vantagens do convívio social, a
aprendizagem colaborativa, ou cooperativa, como preferem alguns
autores.” (PICONEZ, 2003b)
Experiências mostram que as interações sociais que ocorrem no processo de ensino-
aprendizagem, por estarem mais próximas do contexto social, fazem com que os aprendizes se
tornem mais motivados e reflexivos, quando comparado ao ensino individual. (OTSUKA, 1999)
Uma das possíveis abordagens de interações sociais entre aprendizes no processo
educacional ocorre quando eles estão desenvolvendo atividades de pesquisa ou projetos
através do envolvimento Colaborativo e/ou Cooperativo. (MAÇADA & TIJIBOY, 1998;
VALENTE, 2002; PERRENOUD, 2002; PICONEZ, 2003b)
A interação entre pessoas pode apenas ser eventual, isolada, e
interrompida. Mas pode também possibilitar uma relação colaborativa
ou cooperativa, que pressupõe alguns requisitos que vão além da mera
interação.” (MAÇADA & TIJIBOY, 1998)
Quando o processo das interações sociais se dá no contexto de um trabalho
colaborativo, amplia-se o potencial de desenvolvimento de competências no aprendiz,
facilitando o planejamento e a realização de projetos.
"uma criança que já trabalhou colaborativamente na tarefa de
planejamento e resolução de problemas é em média duas vezes mais
bem sucedida do que uma criança que teve a mesma quantidade de
experiência trabalhando sozinha." (BLAYE, s/d apud OTSUKA, 1999)
Apesar de muitos autores não fazerem distinção entre os termos “Colaboração” e
“Cooperação”, outros apresentam, no contexto educacional, diferenças entre Aprendizagem
Colaborativa e Cooperativa. Para esses, a “Colaboração” é conceituada como o ato das
contribuições que alguém ou grupo de pessoas oferecem a outros, no sentido desses últimos
concretizarem uma atividade ou projeto. Já a “Cooperação” estaria relacionado ao
envolvimento de duas ou mais pessoas como co-realizadores em um trabalho de equipe, onde
todos estão comprometidos e desejam atingir um objetivo comum. (BARROS
55
, 1994 apud
MAÇADA & TIJIBOY, 1998; PAAS, 1999)
Barros (1994) define colaboração como estando relacionada com
contribuição. A cooperação, por sua vez, é um trabalho de co-realização
que além de atingir o significado de colaboração, envolve o trabalho
coletivo visando alcançar um objetivo comum. Estes dois conceitos para
Barros são distintos.(BARROS, 1994 apud MAÇADA & TIJIBOY,
1998)
____________________
55
BARROS, L.A. “Suporte a Ambientes Distribuídos para Aprendizagem Cooperativa”. Tese de Doutorado, 1994.
49
Nesse sentido, o conceito de “Cooperação” é mais abrangente que o de “Colaboração”,
englobando as interações sociais, colaborações, reflexões sociais e outras formas de
envolvimentos rumo à construção de uma inteligência comum, visando a realização de um
objetivo comum.
[...] o conceito de cooperação é mais complexo, pois pressupõe a
interação e a colaboração, além de relações de respeito mútuo e não
hierárquicas entre os envolvidos, uma postura de tolerância e
convivência com as diferenças e um processo de negociação constante.
Percebemos que a diferença fundamental entre ambos conceitos reside
no fato de que para haver colaboração um indivíduo deve interagir com
o outro, existindo ajuda - mútua ou unilateral. Para existir cooperação
deve haver, interação, colaboração, mas também objetivos comuns,
atividades e ações conjuntas e coordenadas.” (MAÇADA & TIJIBOY,
1998)
Assim, quando um Ambiente de Aprendizagem é utilizado em uma perspectiva de
construção de conhecimentos a partir da “Colaboração” e/ou “Cooperação” entre os aprendizes,
denominam-se esses ambientes de “Ambientes Colaborativos de Aprendizagem” ou
“Ambientes Construtivistas de Aprendizagem”.
Nesse contexto, particularizando o conceito de Ambientes de Aprendizagem, pode-se
conceituar “Ambientes Colaborativos de Aprendizagem”, como todo espaço onde são
disponibilizados recursos educacionais que servirão de instrumentos para se por em prática
metodologias educacionais, com a finalidade de promover, através das interações sociais
colaborativas e/ou cooperativas em atividades de pesquisas e projetos, o desenvolvimento de
habilidades e competência para que os aprendizes possam atuar como sujeitos ativos na
vivência em sociedade.
Uma definição de um ambiente de aprendizagem construtivista seria:
um lugar onde os estudantes podem trabalhar juntos e se apoiarem uns
nos outros à medida que eles usam uma variedade de instrumentos e
recursos de informação na busca de objetivos de aprendizagem e de
atividades de solução de problemas. [tradução] (WILSON, 1995)
Quando os recursos desses Ambientes Colaborativos de Aprendizagem são
disponibilizados no ciberespaço
56
, atribuir-se a esses ambientes a denominação de “Ambientes
Virtuais Colaborativos de Aprendizagem” (AVCA), apresentando características próprias de
acesso às informações, registro das interações sociais e formas diferenciadas de controle das
avaliações.
____________________
56
Ciberespaço é entendido como “O mundo “virtual” no qual as pessoas interagem por meio de redes de computadores. A
palavra foi inventada por William Gibson no livro de ficção científica “Neuromancer”, mas hoje em dia já faz parte da linguagem
coloquial, usado, por exemplo, como sinônimo da Internet.” (ROMISZOWSKI, A. & ROMISZOWSKI, H., 1998)
Para mais detalhes: GIBSON, Willian. Neuromante. São Paulo: Aleph, 1991 ou acesse o “web site” de William Gibson em
<http://www.josefsson.net/gibson/index.html>. Acesso em 08/01/2006.
50
A introdução de formas diversificadas de interação, a possibilidade do
registro e eventual classificação dessas interações, as formas de
intervenção do professor e dos pares são algumas das características
que configuram os ambientes digitais de aprendizagem como espaços
totalmente diferenciados dos presenciais, e ao mesmo tempo
diferenciados do modelo clássico de educação a distância, onde
aprender era uma tarefa praticamente solitária.” (CALDEIRA, 2004)
As primeiras iniciativas que culminaram com os AVCA foram estruturadas com um único
objetivo: integrar recursos que já existiam na rede internet, tais como os recursos de
comunicações, os gerenciadores de arquivos e banco de dados e a hipermídia, visando a
virtualização dos métodos e conteúdos instrucionais da sala de aula presencial.
Porém, a evolução dos AVCA mostrou que apesar de serem projetados na web e
agregarem a maioria dos recursos dessa rede, eles apresentam características próprias que
não devem ser confundidas como simples “web sites” ou bancos de dados na Internet. Sua
função primordial é a de amplificar e facilitar o acesso às informações e as interações sociais,
além de oferecer aos professores suporte ao processo de acompanhamento, controle e registro
de todas as atividades que desenrolam nesses ambientes, com o objetivo de obter o feedback
necessário às mudanças que devem ser implementadas durante um curso ou em qualquer
outra atividade educacional. (ROMISZOWSKI, A. & ROMISZOWSKI, H., 1998; OKADA &
SANTOS, 2003; KENSKI, 2005)
Neste sentido, destacamos que os ambientes virtuais de
aprendizagem são mais do que um simples conjunto de páginas web.
Os ambientes virtuais correspondem a conjunto de elementos técnicos
e principalmente humanos e seu feixe de relações contido no
ciberespaço (internet ou Intranet) com uma identidade e um contexto
específico criados com a intenção clara de aprendizado. O trabalho
colaborativo e participação online são características fundamentais.
Deve existir muita interatividade entre os participantes através de
comunicação online, construção de pesquisas, descobertas de novos
desafios e soluções. O conteúdo do curso deve ser fluido e dinâmico e
estruturado pelos indivíduos do grupo.” (OKADA & SANTOS, 2003)
IV.3 Fundamentos Teóricos da Colaboração
Apesar de existirem várias teorias que contribuem para o entendimento da
aprendizagem construtivista, todas têm em comum a perspectiva dos indivíduos como agentes
ativos na construção de seus próprios conhecimentos, contrapondo as teorias
comportamentalistas, que atribuem à escola e ao professor a função de transmissores e
modeladores de comportamentos. (LEITE, 2005)
No contexto dos Ambientes Colaborativos de Aprendizagem, considerando que a
ênfase de todo o processo de ensino-aprendizagem recai sobre propostas pedagógicas que
privilegiam as interações sociais, a colaboração e a cooperação em atividades de pesquisa e
desenvolvimento de projetos, tais práticas fundamentam-se na teoria sócio-construtivista da
aprendizagem, desenvolvida originalmente por Vygotsky, ao estabelecer a noção de Zona de
51
Desenvolvimento Proximal (ZDP), e a importância das relações do ser com o meio sócio-
cultural, no processo de construção do conhecimento. (PAAS, 1999; OTSUKA, 1999;
MARTINS, 1997; OLIVEIRA, 2000; GUERRERO, 2004; LEITE, 2005)
IV.3.1 Teoria Sócio-Construtivista
Partindo do princípio de que a natureza do homem é essencialmente social, onde
desde o berço ele vive rodeado por seus pares em ambientes impregnados pela cultura,
Vygotsky defendeu a tese da teoria sócio-construtivista, segundo a qual o desenvolvimento da
inteligência é o resultado da convivência social, onde o processo de aprendizagem se dá
através de uma relação causal entre interações sociais e as mudanças da estrutura cognitiva
dos indivíduos.
Nesse processo, a construção de conhecimento tem início nas intermediações das
relações sociais (linguagem interpessoal), onde o sujeito apropriando-se dos materiais
fornecidos pela cultura, internaliza as informações a nível pessoal (linguagem intrapessoal),
para só então serem re-elaboradas em sua estrutura cognitiva.
A abordagem sócio-cultural [entendida aqui como sócio-construtivista],
sofreu influência da teoria de Vygotsky e focaliza as relações de causa
e efeito entre as interações sociais e o desenvolvimento cognitivo
individual [...]. Segundo esta abordagem, cada mudança na cognição
interna tem sua causa relacionada ao efeito de uma interação social
[...].” (OTSUKA, 1999)
Esse mecanismo proposto por Vygotsky, onde a aprendizagem se produz pelo
constante diálogo entre o exterior e o interior do indivíduo, está apoiado no que ele denominou
de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), e entendido como sendo
"a distância entre o nível real de desenvolvimento determinado pela
resolução de um problema de forma independente e o nível potencial de
desenvolvimento, como determinado através da resolução do problema
sobre orientação de um adulto ou em colaboração com pares mais
aptos." (VYGOTSKY
57
, 1987 apud PAAS, 1999)
Nesse sentido, contrariando a idéia de que a capacidade intelectual de um indivíduo
representa apenas aquilo que ele é capaz de realizar sozinho, Vygotsky propõe que os saltos
qualitativos de um nível de conhecimento para outro existem em pelo menos dois níveis de
desenvolvimento: o Nível de Desenvolvimento Real (NDR), já adquirido ou formado, que
determina o que o indivíduo já é capaz de fazer por si mesmo e o Nível de Desenvolvimento
Potencial (NDP), representando as funções que estão em estado embrionário, mas que o
indivíduo tem plena capacidade de desenvolver nas interações com o meio externo,
especialmente nas relações sociais de colaboração envolvendo pessoas mais capazes
(professores/tutores), e de cooperação, envolvendo grupo de aprendizes em atividades de
projetos e/ou pesquisa. Por exemplo: se ele previamente sabe somar, nada o impede de
____________________
57
VYGOTSKY, L. S. “Pensamento e Linguagem”. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1987.
52
aprender multiplicar, desde que tenha a colaboração de alguém mais experiente (mediadores
do processo). (MARTINS, 1997; OLIVEIRA, 2000; GUERRERO, 2004)
[...] conceber atividade em ZDP é conceber o processo educativo em
sua dimensão social, isto é, implicado numa rede de relações e
interdependências mútuas que oferecem melhores condições a favor da
aprendizagem.” [tradução] (GUERRERO, 2004)
A essa diferença de performance que separa o indivíduo de um desenvolvimento que
está próximo do Real, mas que ainda não foi alcançado, portanto em estado Potencial,
Vygotsky denominou de ZDP, e a definiu como uma zona de desenvolvimento da capacidade
intelectual do indivíduo, onde o conhecimento é construído socialmente, no âmbito das
relações humanas. (MARTINS, 1997; OLIVEIRA, 2000; GUERRERO, 2004; LEITE, 2005)
[...] a zona de desenvolvimento real está ligada às aptidões e
conhecimentos que o sujeito construiu até então, sem ajuda de outro.
Já a zona de desenvolvimento proximal está relacionada às ações que
ainda não se desenvolveram totalmente e que poderão se desenvolver,
com ajuda do outro. Quanto maior a ZDP do aluno, maior seu progresso
quando se utilizar da colaboração, uma vez que receberá a contribuição
de outros sujeitos.” (LEITE, 2005)
No contexto educacional, as escolas e os educadores sempre estiveram preocupados
em valorizar e detectar, seja durante as aulas ou no final de um processo de ensino-
aprendizagem, o NDR alcançado pelo aprendiz, sem se preocupar com o processo de vivência
do aprendiz ou as possibilidades educacionais envolvidas nas interações sociais durante um
curso. (MARTINS, 1997; OLIVEIRA, 2000)
Assumindo uma postura neutra, o educador busca contabilizar acertos e erros por meio
de testes, sem oferecer nenhum tipo de orientação, interação com outros colegas da turma ou
preocupação com os caminhos seguidos pelo aprendiz para chegar a uma determinada
resposta.
Nesse tipo de avaliação, longe de se perceber o processo de desenvolvimento do
aprendiz, leva-se apenas em consideração o resultado, ou seja, privilegia-se o que o aprendiz
consegue responder em detrimento de como se consegue chegar às respostas.
Quando o educador considera em sua prática pedagógica o NDP, ele passa a valorizar
o que o aprendiz não consegue realizar de forma independente, mas que está plenamente
capacitado a realizar com ajuda de terceiros, segundo a perspectiva de que nenhum
conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são
os mediadores (professores e colegas de classe).
[A noção de ZDP] oferece a possibilidade de identificar dois níveis de
intervenção no desenvolvimento de uma pessoa: o que ela pode fazer
só, representado por aquilo que se pode fazer independentemente, sem
assistência de outros, convertendo-se, por tanto, no indicativo de ter
atingido certa capacidade mensurável pela avaliação convencional; e
aquilo que se pode aprender e fazer no futuro graças à ajuda ou
53
cooperação com outras pessoas mais capazes ou de diferente
experiência, mas que tradicionalmente se considera como ausência de
desenvolvimento.” [tradução] (GUERRERO, 2004)
Dessa maneira, um planejamento educacional que privilegie a intervenção no NDP, faz
com que o educador passe a trabalhar funções que ainda não estão de todo consolidadas na
estrutura cognitiva do aprendiz, mas que podem ser potencializadas através das práticas
sociais.
Nesse contexto, o educador deve atuar como facilitador no processo das interações
sociais em ambientes interativos de aprendizagem, no sentido de estimular atividades
colaborativas e cooperativas que estejam dentro dos limites das potencialidades dos
aprendizes, fazendo com que eles transformem a experiência de aula em algo real em sua
estrutura cognitiva.
a instrução somente é boa quando vai adiante do desenvolvimento,
quando desperta e traz à vida aquelas funções que estão em processo
de maturação ou na zona de desenvolvimento próximo.” (COOL
58
, 1996
apud FILATRO, 2003)
No que diz respeito às atividades cooperativas onde os aprendizes, possuindo um
mesmo patamar cognitivo, atuam como agentes mediadores, estimulando seus pares, podem-
se destacar as seguintes vantagens ao se trabalhar na ZDP: (GUERRERO, 2004)
Os contrastes entre pontos de vista moderadamente divergentes entre os aprendizes
geram um conjunto de exigências pessoais e de equipe que serão resolvidas através do
apoio mútuo;
O trabalho em equipe irá estimular nos aprendizes a habilidade deles expressarem seus
pontos de vista, favorecendo tanto aquele que formula um argumento, fazendo com que
ele organize melhor suas idéias, como a equipe, que pode reconsiderar a tarefa e/ou
seus próprios pontos de vista.
Possibilita a coordenação de papéis e a divisão de tarefas, fazendo com que cada um
dos aprendizes possa regular suas próprias ações e a de seus pares, administrando
seus tempos de aprendizagem, suas obrigações particulares e compartilhadas em torno
de uma meta comum.
_____________________
58
COLL, C. et. al. (orgs.). “Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação”. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1996)
54
Neste sentido, a ZDP, essa região dinâmica que permite passar do
nível interpsicológico ao nível intrapsicológico, pode executar-se através
da interação cooperativa entre colegas, entre iguais. Esta ênfase indica
a possibilidade de conceber a ZDP como uma categoria de análise da
interação cooperativa entre iguais, mais do que como ajuda de um
experiente [...], porque numa região de atividade entendida como ZDP
em equipes cooperativas, os alunos ao assistirem-se entre si,
descobrem mediações mais pertinentes e diferentes do que a ajuda
experiente; como assevera Pozo
[59]
(1999, 330), ‘as vezes os
aprendizes podem elaborar melhores ajudas para seus colegas que o
professor, porque conhecem esse território melhor, já que acabam de
passar por ele, fazendo-se as mesmas perguntas e encontrando
algumas soluções para compartilhar’.” [tradução] (GUERRERO, 2004)
Admitir tal perspectiva é assumir a responsabilidade de construir o conhecimento, não
em moldes pré-estabelecidos, mais de forma coletiva e partilhada. Caso isso não ocorra, corre-
se o risco de tornar o processo de ensino-aprendizagem desmotivante e sem significado para o
aprendiz. (MARTINS, 1997; OLIVEIRA, 2000; ALMEIDA, 2002)
Portanto, a idéia que Vygotsky traz no enfoque sócio-cultural pode ser resumida como:
o que o indivíduo faz hoje em colaboração ou cooperação com outros, poderá fazer sozinho
amanhã.
[...] a teoria de Vygotsky sugere um redimensionamento do valor das
interações sociais no contexto escolar, que passam a ser condição
necessária para a produção de conhecimentos por parte dos alunos,
particularmente aquelas que permitem o diálogo, a cooperação, a troca
de informações, o confronto de pontos de vista divergentes e que
implicam na divisão de tarefas, onde cada um tem uma
responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um objetivo
comum.” (OTSUKA, 1999)
IV.3.2 Implicações do Sócio-Construtivismo em AVCA
Com base no enfoque sócio-construtivista, podem-se extrair algumas implicações dessa
teoria em Ambiente Virtuais Colaborativos de Aprendizagem. (Tabela IV.1)
Além das características citadas, o enfoque sócio-construtivista de Vygotsky indica que
todas as propostas pedagógicas orientadas para AVCA, devem apresentar, em comum, alguns
objetivos gerais: (Tabela IV.2). (OTSUKA, 1999; PICONEZ, 2003a; MATTA, 2003)
_____________________
59
POZO, I. “Aprendices y Maestros. La Nueva Cultura del Aprendizaje”. Madrid: Ed. Alianza, 1999.
55
TABELA IV.1 Princípios da Teoria Sócio-Construtivista X Implicações em AVCA
TEORIA
SÓCIO-CONSTRUTIVISTA
IMPLICAÇÕES EM AVCA
A aprendizagem é orientada a
demanda.
Os ambientes virtuais de aprendizagem podem
rastrear a história, o perfil e o progresso do aluno,
bem como estratégias e conteúdos
personalizados, organizados segundo as
prioridades de aprendizagem e relacionados a
tarefas e projetos embutidos em um contexto de
atividades significativas.
A aprendizagem é uma construção
social mediada pelos atores sociais por
meio de linguagem, signos e
ferramentas.
Os ambientes virtuais de aprendizagem podem
capitalizar as dimensões social, comunicativa e
colaborativa, possibilitando o discurso mediado.
A aprendizagem é reflexiva,
internalizando do social para o
individual.
Os ambientes virtuais de aprendizagem podem
facilitar a reflexão, permitindo a aprendizagem pela
prática.
A aprendizagem está incorporada em
ricos contextos culturais e sociais, onde
o processo de construção do
conhecimento é socialmente distribuída
entre as pessoas.
Os ambientes virtuais de aprendizagem podem
facilitar a localização da informação e oferecer
ferramentas que otimizem o desempenho humano.
A aprendizagem equivale a transferir
conhecimentos entre diferentes áreas,
descobrindo significados relacionais e
associados nos conceitos.
Os ambientes virtuais de aprendizagem podem
desafiar os aprendizes a refletirem sobre os
princípios e conceitos aplicáveis a outros
contextos, por meio da observação e análise de
informações organizadas visualmente e de
padrões ou variáveis relativamente estáveis.
Fonte: Adaptado de (FILATRO, 2003)
TABELA IV.2 Alguns Objetivos Gerais dos AVCA
Promover o desenvolvimento cognitivo de um grupo de aprendizes através de
interações colaborativa.
Promover a formação do indivíduo em todos os níveis (formação holística).
Promover um aprendizado contextualizado e interdisciplinar.
Estimular nos aprendizes a habilidade de expressar idéias e argumentos durante um
debate.
Estimular o espírito de responsabilidade no cumprimento de tarefas.
Estimular a auto-estima e a habilidade de relacionamentos sociais.
Estimular a solidariedade e o respeito mútuo (alteridade).
Estimular o trabalho em equipe.
Estimular a capacidade para a auto-aprendizagem no sentido do aprender a aprender.
Estimular a motivação do aprendiz em projetos próximos a sua vivência sócio-cultural.
Nesse sentido, considerando as vantagens de uso do AVCA, o próximo capítulo
investiga os meios pelos quais os recursos desses ambientes virtuais de aprendizagem podem
ser incorporados àqueles já existentes em sala de aula do ensino básico regular, no sentido de
minimizar as dificuldades estruturais de implementação de propostas pedagógicas voltadas ao
desenvolvimento de competência.
56
V
BLENDED LEARNING
AVCA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
V.1 Considerações Iniciais
Apesar dos recursos das TICs estarem invadindo a sala de aula, propiciando uma
aparente mudança no cenário da educação, o fato é que a situação continua quase a mesma:
enquanto o educando continua memorizando e reproduzindo informações sem a preocupação
de transformá-las em conhecimentos vinculados a sua realidade de vida, o professor continua
transmitindo informações infindáveis em uma seqüência pré-estabelecida em planos de cursos
padronizados e utilizando os recursos da TICs para enfeitar, animar e incrementar as aulas
expositivas, com o objetivo de manter os alunos atentos por mais tempo.
Internet, tv, vídeos e outros dispositivos tecnológicos já estão
presentes em algumas salas de aula, o que faz com que apresentem
um cenário aparentemente diferenciado. Aparentemente porque,
embora o cenário tenha passado por algumas reformas (e não por
transformações), o clima é o mesmo, isto é, o aluno continua com
espectador e reprodutor de informações. Os dispositivos tecnológicos
estão presentes mais para incrementar as aulas expositivas do que
para criar um ambiente adequado às exigências dos novos paradigmas
que norteiam o ensino (ação mediada por um educador) e a
aprendizagem (ação de construção de competências, habilidades,
atitudes, pelos alunos).” (CARÊS & TENOR, 2004)
Um dos pressupostos de uma educação inovadora, baseada em propostas
pedagógicas construtivistas, é que ela ocorra em ambientes que privilegiem as interações
sociais e as atividades colaborativas e/ou cooperativas.
Sabendo que o ambiente sempre influi no resultado obtido em qualquer
empreendimento, com cubículos reforçando o trabalho fragmentado e
carteiras em filas e colunas proibindo esforços colaborativos, é
necessário repensar o ambiente apropriado para aprendizagem e ação
numa sociedade de conhecimento.” (LITTO, s/d)
Nesse contexto, os recursos pedagógicos das TICs devem ser utilizados na criação de
novos espaços para as trocas de idéias, colaboração e cooperação, principalmente em
trabalhos de equipe, onde as pessoas envolvidas possam desenvolver competências
interdisciplinares e “multidimensionais” que propicie uma leitura mais ampla da realidade que
os cercam.
Conforme já abordado no capítulo três, apesar dos poderes legislativo e executivo
defenderem uma mudança de enfoque na abordagem do processo de ensino-aprendizagem a
nível de ensino básico, um dos fatores que dificultam a mudança de postura dos professores e
aprendizes rumo a uma educação mais próxima das práticas pedagógicas de desenvolvimento
57
de competências é o fato de que as salas de aulas ainda apresentam-se estruturalmente
organizadas e moldadas para atenderem turmas superlotadas, com aprendizes dispostos em
carteiras enfileiradas. (LITTO, s/d; KRAWCZYK, 2003; MORAN, 2004)
Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de
que os alunos não agüentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos
reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por
horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas
e a vida.[...] A infra-estrutura é deprimente. Salas barulhentas, a voz do
professor mal chega aos que estão mais distantes.” (MORAN, 2004)
Em função dessa insatisfação, que leva o educando ao desinteresse pela escola e
pelas atividades educacionais ali propostas, é que as pesquisas desenvolvidas ultimamente,
em vários campos das ciências humanas, têm trazido dados importantes para justificar a
necessidade de se diversificar os loci de aprendizagem.” (CARÊS & TENOR, 2004)
Essa conclusão também é compartilhada por Moran, ao afirmar que:
A educação está tão defasada em todos os níveis, que não bastam
medidas paliativas. Obrigar alunos a ficar confinados horas seguidas de
aula numa mesma sala, quando temos outras possibilidades, torna-se
cada dia mais contraproducente. Para alunos que tem acesso à Internet,
à multimídia, as universidades e escolas têm que repensar esse modelo
engessado de currículo, de aulas em série, de considerar a sala de aula
como único espaço em que pode ocorrer a aprendizagem.” (MORAN,
2004)
V.2 Blended Learning no Ensino Básico
Com a incorporação dos novos recursos virtuais das TICs à EAD, essa modalidade de
educação vem evoluindo em direção a ambientes de aprendizagem cada vez mais adequados
às interações sociais e ao desenvolvimento de atividades colaborativas e cooperativas,
superando o estigma de que a EAD representa uma modalidade de educação onde o aprendiz
encontra-se sozinho.
A educação a distância com suporte em ambientes digitais numa
perspectiva de interação e construção colaborativa de conhecimento
favorece o desenvolvimento de competências e habilidades [...].
Decorre daí o grande impacto que o uso desses ambientes na EaD
poderá provocar não só no sistema educacional, mas também no
desenvolvimento humano e na cultura brasileira [...].” (ALMEIDA, 2003)
Nesse contexto, considerando esse momento de transição onde os AVCA podem
oferecer novas potencialidades pedagógicas no processo de ensino-aprendizagem, e
aproveitando o interesse natural dos jovens pelas inovações tecnológicas, principalmente
aquelas relacionadas à comunicação, torna-se inevitável que os professores e as escolas
mobilizem esforços no sentido de incorporar à educação esses novos ambientes de estudo,
pesquisa e interações sociais, com o objetivo de utilizar de maneira mais criativa e efetiva os
recursos das TICs. (ALMEIDA, 2002; KENSKI, 2005)
Desde que as tecnologias de comunicação e informação começaram a
se expandir pela sociedade, aconteceram muitas mudanças nas
58
maneiras de ensinar e de aprender.[...] Um programa de tv, a notícia no
telejornal, a campanha feita pelo rádio, mensagens trocadas na internet,
jogos interativos de todos os tipos são fontes de informações e de
exemplos que ajudam no avanço dos conhecimentos e na
aprendizagem ampla de múltiplos contéudos. Essas mediações já nos
encaminham para a compreensão de que é muito difícil pensar que as
atividades de ensino-aprendizagem possam ocorrer exclusivamente em
ambientes presenciais.” (KENSKI, 2005)
Sendo assim, uma das abordagens que vem chamando a atenção dos especialistas de
educação é a utilização do modelo “Blended Learning no ensino básico regular, ao integrar em
um mesmo planejamento educacional, diferentes tecnologias e ambientes de aprendizagem,
visando potencializar as possibilidades de interações sociais em atividades de pesquisa e
desenvolvimento de projetos. (BRASIL.Parecer nº 41/02, 2002; ALMEIDA, 2003; SANTOS,
2004; MORAN, 2004, 2005; KENSKI, 2005)
Algumas tendências de mudanças na educação a curto e médio prazo
parecem mais claras:[...] O "blended learning" como guia e horizonte. O
ensino, mesmo fundamental, terá momentos e atividades não
presenciais, acentuando-se o virtual na medida em que os alunos vão
se tornando adolescentes e principalmente, adultos.[...] Com a prática
aprenderemos a dar o valor adequado a estarmos juntos, conectados, a
conciliar a flexibilidade individual com a grupal, a saber trabalhar
sozinhos e juntos, aproveitando as inúmeras tecnologias de
comunicação multimídia que estão convergindo velozmente por vários
caminhos, de várias formas e que terão profunda influência em todos os
níveis e formas de educação.” (MORAN, 2005)
O termo “Blended Learning” (blend = mesclar, combinar; Learning = aprendizagem),
também denominada de aprendizagem integrada, combinada, mista, bimodal ou híbrida, foi
concebido como um modelo estratégico de educação, ao associar o formato tradicional de
ensino-aprendizagem de sala de aula presencial com a EAD, visando minimizar a rigidez das
aulas em horários pré-estabelecidos.
Apesar do “Blended Learning” não ser algo novo, sendo utilizado alguns anos em
diversos níveis educacionais e em vários países, o fato é que, considerando as novas
perspectivas que os AVCA vêm oferecendo, permitindo que aprendizes estejam cada vez mais
próximos, essa expressão evoluiu rapidamente. (SINGH & REED, 2001; SINGH, 2003; LEÃO,
2004)
O modelo de aprendizagem mista "blended learning" pode ser uma
nova ocasião para reflexionar sobre como introduzir a tecnologia nesses
ambientes de ação presencial. Seria um erro entender que a
aprendizagem mista não é senão o uso de umas tecnologias a distância
para certas aprendizagens com alta participação do aluno, junto a
sessões tradicionais de classe.” (LEÃO, 2004)
Atualmente o Blended Learning” se dá tanto na forma de apresentação do curso
(presencialmente e a distância), quanto na integração de diferentes recursos e mídias (internet,
hipermídia, simuladores virtuais, livros e apostilas impressas, TV, retroprojetores, fórum de
59
discussão, salas de bate papo, videoteca, softwareteca e outros), segundo estratégias
educacionais que atendam às necessidades e possibilidades individuais de cada aprendiz e do
curso. (ALMEIDA, 2003; MORAN, 2004; SANTOS, 2004; KENSKI, 2005)
Hoje em dia, uma experiência de educação à distância planejada no
formato blended incorpora o aprendizado online e offline, no qual online
geralmente significa "através da Internet" e o offline acontece em salas-
de-aula comuns. O blended learning possibilita flexibilidade e custos
mais acessíveis para as capacitações, o que permite alcançar audiência
mais ampla geograficamente, bem como diferentes estilos e níveis de
aprendizagem. (SANTOS, 2004)
Nesse sentido, respeitando a limitação imposta pelo legislativo, ao permitir que a EAD
seja utilizada no ensino básico regular apenas na forma de complementação da aprendizagem
ou em situações de emergenciais (BRASIL.LDB, art. 32º §. 4º, 1996; BRASIL.Decreto nº
5.622/05, 2005), deve-se entender a proposta do “Blended Learning não como uma tentativa
de separação física dos aprendizes, já que nesta fase “as crianças, pela especificidade de suas
necessidades de desenvolvimento e socialização, não podem prescindir do contato físico, da
interação” (MORAN, 2000), mas como um processo de inovação educacional mais amplo que
busca integrar as TICs no processo ensino-aprendizagem, facilitando o desenvolvimento de
atividades cooperativas e/ou colaborativas, tão difíceis de serem desenvolvidas no espaço de
aula convencional. (CHAVES, 1999b; BELLONI, 2002; LITTO, s/d; MORAN, 2004)
As classes enormes que existem em algumas escolas levam a um
relacionamento extremamente impessoal, apesar da proximidade no
espaço e no tempo. Muitas vezes, nesses contextos, o ensinante nem
sequer sabe o nome de seus aprendentes, e desconhece totalmente as
suas características individuais, que são extremamente relevantes para
um ensino eficaz.” (CHAVES, 1999b)
V.3 Fundamento Teórico para o Blended Learning
Com a integração dos ambientes de aprendizagem presencial e a distância, o “Blended
Learning”, muito além de simplesmente estender o processo de ensino-aprendizagem a uma
nova temporalidade e espacialidade não limitada às aulas semanais de curta duração e às
salas de superlotadas, oferece uma nova dimensão de educação, ao ampliar os horizontes de
interações sociais entre os aprendizes e de acesso a informações multimídias segundo uma
perspectiva que integra os recursos digitais dos AVCA com as tecnologias convencionais, já
utilizadas no ambiente escolar.
A escola, às vésperas do século XXI, não mais pode se dar ao luxo de
ignorar as profundas alterações que os meios tecnologias de
comunicação introduziram na sociedade contemporânea e,
principalmente, perceber que os mesmos criam novas maneiras de
"apreender" e "aprender" o mundo . Essa multiplicidade de pontos de
vista, essa riqueza de leituras precisa ser digerida e incorporada pela
escola, se ela tiver a pretensão de sobreviver como instituição geradora,
mantenedora e delegadora do saber humano.” (PASSARELLI, 1997)
60
Nesse sentido, a utilização dos múltiplos recursos das TICs em ambientes de
aprendizagem tem elevado o processo de ensino-aprendizagem a novos patamares,
oferecendo aos aprendizes novos caminhos sensoriais de assimilação de informações que, em
última instância, representam as múltiplas possibilidades neuronais utilizadas internamente
pelos indivíduos para acomodar novos conhecimentos em suas estruturas cognitivas. (LANDIM,
1997; PASSARELLI, 1997; GOMES, 2000)
[...] as pessoas utilizam diferentes caminhos neuronais para
aprenderem, sendo que algumas são mais visuais, outras cinestésicas,
auditivas, etc. Dessa forma, as possibilidades de mediatização dos
conteúdos trazidas pelos recursos audiovisuais enriquecem a
apresentação dos mesmos, tendo significante contribuição para
aprendizagem.” (GOMES, 2000)
Essa integração, longe de representar mais um modismo para enfeitar e animar as
aulas com recursos tecnológicos que chamam a atenção e a curiosidade dos jovens, está
fundamentado em teorias de aprendizagens que indicam as múltiplas formas pelas qual o meio
cultural e os recursos tecnológicos podem influir no desenvolvimento das múltiplas
competências necessárias aos aprendizes no contexto da sociedade contemporânea.
Estudos realizados por Howard Gardner (Gardner, 1994), ao comparar testes de
quociente de inteligência (QI), com os diversos sistemas simbólicos de aquisição de
informações como a escrita, as imagens e gestos, vêm sugerindo que, ao contrário da visão
tradicional de inteligência única, onde se enfatiza apenas as habilidades lingüísticas e lógico-
matemática para determinar o nível de variação intelectual de um indivíduo para outro, as
pessoas aprendem de formas diferentes por possuírem habilidades cognitivas diferenciadas e
atuando em múltiplas inteligências.
Como base nessas observações, Gardner elaborou a Teoria das Inteligências Múltiplas,
segundo a qual a estrutura cognitiva de um indivíduo para atingir sua plenitude precisa
apreender múltiplas competências que não podem ser exploradas pela simples mediação de
instrumentos e métodos que enfatizam as habilidades lingüísticas e lógicas, já que a
inteligência, identificada aqui como a habilidade do indivíduo em resolver os múltiplos
problemas que o cercam, é multifacetada e atuando em pelo menos sete diferentes áreas
intelectuais: lógico-matemática, lingüística, musical, corporal-cinestésica, espacial, interpessoal
e intrapessoal.
V.3.1 Inteligência Lógico-Matemática
Como o próprio nome indica, os componentes centrais desta inteligência é a
capacidade lógica e matemática associadas aos padrões, à ordem, a sistematização e ao
trabalho com símbolos abstratos como números e formas geométricas.
61
Essa categoria de inteligência é característica, por exemplo, de pessoas que atuam nas
áreas das ciências exata (físicos, químicos, programadores, matemáticos) e contábil
(contadores e banqueiros).
V.3.2 Inteligência Lingüística
A inteligência lingüística tem como componentes centrais a sensibilidade para o uso da
linguagem, seja ela escrita ou falada, pela capacidade de seguir regras gramaticais e usar a
linguagem para convencer, estimular, transmitir informações e contar histórias.
Essa categoria é bem desenvolvida nos poetas, escritores, oradores e comediantes e
roteiristas.
V.3.3 Inteligência Musical
Essa inteligência baseia-se na habilidade de reconhecimento de padrões tonais, na
sensibilidade para apreciar, compor e produzir e manusear instrumentos musicais.
Essa categoria de inteligência se destaca entre os músicos, cantores, compositores e
maestros.
V.3.4 Inteligência Corporal-Cinestésica
A inteligência corporal-cinestésica está relacionada com o movimento, seja através da
expressão corporal nas artes cênicas e nos esportes, como na agilidade em manusear objetos.
A inteligência corporal-cinestésica é observada em atores, atletas, mímicos, artistas
circenses e dançarinos.
V.3.5 Inteligência Espacial
A inteligência espacial tem como componentes centrais as habilidades dos indivíduos
perceberem, formularem e operarem com modelos mentais, lidando com atividades ligadas as
artes visuais, a navegação, a criação de mapas e a arquitetura.
Nesse sentido, essa categoria de inteligência é identificada facilmente em engenheiros,
escultores, cirurgiões plásticos, artistas gráficos, escultores e arquitetos.
V.3.6 Inteligência Interpessoal
A categoria da inteligência Interpessoal está relacionada a habilidade do
relacionamento, da comunicação, do trabalho cooperativo, da colaboração e da preocupação
com o outro (alteridade).
Essa inteligência também está associada a capacidade de perceber alterações de
humor, motivações e intenções de outras pessoas.
A inteligência interpessoal é observada em professores, terapeutas, políticos e líderes
religiosos.
62
V.3.7 Inteligência Intrapessoal
A inteligência Intrapessoal está relacionada aos sentimentos, a auto-reflexão, aos
desejos, necessidades e realizações pessoais e suas realizações.
Por ser de natureza pessoal, essa inteligência só é observável através dos sistemas
simbólicos das outras inteligências.
Para selecionar essas múltiplas inteligências trabalhadas em sua teoria, Gardner
estudou o desenvolvimento de crianças em diferentes níveis intelectuais (normais, talentosas,
autistas, com dificuldade de aprendizagem, prodígios, comunicativas e outros), procurando
identificar núcleos de “inteligências” que fossem associadas a um determinado sistema de
símbolos.
Segundo ele [Gardner], os seres humanos dispõem de graus variados
de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se
combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais
para resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora
estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das
outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas
ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as
ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de
inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da
inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica.
(GAMA, 1998)
Quanto à novidade de considerar como inteligências certas capacidades consideradas
tradicionalmente pertencentes ao domínio das habilidades, talentos ou dos dons, Gardner
justifica que:
Não existe nada de mágico na palavra inteligência. Eu a escolhi
intencionalmente para entrar em controvérsia com aqueles psicólogos
que consideram o raciocínio lógico ou a competências lingüística como
estando num plano diferente da solução de problemas musicais ou da
aptidão corporal-cinestésica. Colocar a lógica e a linguagem em um
pedestal reflete os valores de nossa cultura ocidental e a grande
importância dada aos conhecidos testes de inteligência. Uma visão
mais holística considera todas como igualmente válidas. Chamar
algumas de ‘talento’ e outras de ‘inteligência’ revela este preconceito.
Chame todas de ‘talentos’, se desejar; ou as chame todas de
‘inteligências’’”. (GARDNER, 1995)
Apesar da teoria das Inteligências Múltiplas estar fundamentada em pesquisas na área
da biologia e da psicologia, suas implicações no âmbito da educação são cruciais, apontando
para a necessidade de se estabelecer mudanças no planejamento pedagógico, no sentido de
serem utilizadas metodologias e recursos tecnológicos que privilegiem as diferentes formas
pelas quais as pessoas expressam suas habilidades e potencialidades, apreendem
informações e aprendem a construir conhecimentos. (PASSARELLI, 1997; GAMA, 1998)
As implicações da teoria de Gardner para a educação são claras
quando se analisa a importância dada às diversas formas de
pensamento, aos estágios de desenvolvimento das várias inteligências
63
e à relação existente entre estes estágios, a aquisição de conhecimento
e a cultura.” (GAMA, 1998)
No lugar de planejamentos voltados para a formação de “massas” segundo a visão
metodológica e conteudista de que todos aprendem da mesma maneira, as propostas
pedagógicas desenvolvidas em ambientes de aprendizagem construtivistas focam o aprendiz
como um indivíduo que possui características, necessidades, habilidades, potencialidades e
expectativas que o diferem de outras pessoas em suas múltiplas relações com o meio sócio-
cultural em que vivem.
[...] Gardner levanta dois pontos importantes que sugerem a
necessidade da individualização. O primeiro diz respeito ao fato de que,
“[...] se os indivíduos têm perfis cognitivos tão diferentes uns dos outros,
as escolas deveriam, ao invés de oferecer uma educação padronizada,
tentar garantir que cada um recebesse a educação que favorecesse o
seu potencial individual. [...] Quanto ao ambiente educacional, Gardner
[...]propõe que as escolas favoreçam o conhecimento de diversas
disciplinas básicas; que encoragem seus alunos a utilizar esse
conhecimento para resolver problemas e efetuar tarefas que estejam
relacionadas com a vida na comunidade a que pertencem; e que
favoreçam o desenvolvimento de combinações intelectuais individuais,
a partir da avaliação regular do potencial de cada um.(GAMA, 1998)
Nesse contexto, uma das dimensões na qual a Teoria das Inteligências Múltiplas
apresenta-se como suporte teórico na educação é na integração e utilização dos múltiplos
recursos das tecnologias de informação e comunicação (multimídia), segundo uma abordagem
multisensorial da aprendizagem que privilegie as múltiplas formas pelas quais os indivíduos
vêem e interagem com o meio externo.
A teoria das inteligências múltiplas apresenta o suporte teórico
necessário para o repensar do fazer pedagógico na sua relação com os
meios de comunicação. Se a escola pretende formar um cidadão que
deixe de ser objeto para ser sujeito histórico, ela precisa considerar as
necessidades deste "ser" como um todo.” (PASSARELLI, 1997)
Segundo essa abordagem, o uso exclusivo de recursos de aprendizagem que privilegie
apenas as inteligências lingüísticas e lógicas é injustificado frente às habilidades que o
aprendiz pode desenvolver com o uso de múltiplos meios (textos, jogos, filmes, rádio, softwares,
composições musicais, pesquisas de campo e outros), auxiliando-o no desenvolvimento e no
intra-relacionamento das múltiplas representações mentais (inteligências), identificadas na
teoria de Gardner.
[É preciso] deixar de privilegiar somente as inteligências linguística e
lógico-matemática para atingir todas as outras capacidades inerentes a
todo ser humano normal, [...] "falando" ao aluno através de todos os
meios de comunicação possíveis e "ouvindo" do aluno através de suas
capacidades mais privilegiadas. Um exemplo dessa afirmação pode ser
permitir que o aluno que se expresse melhor espacialmente entregue
sua pesquisa histórica, por exemplo, sob a forma de história em
quadrinhos ou de um vídeo. Da mesma forma, os que se expressam
melhor corporalmente, possam realizar o mesmo trabalho produzindo
64
esculturas. Os dotados de inteligência musical compondo canções
sobre o tema. Não estou postulando que a palavra escrita e a
linguagem lógico-matemática não mais devam ser admitidas como
formas de comunicação do saber, mas sim que se democratize a
aceitação das outras formas de linguagens e de simbolização como
meios de expressão do conhecimento dentro da escola.(PASSARELLI,
1997)
Nesse sentido, a teoria das Inteligências Múltiplas, constitui um dos arcabouços
teóricos possíveis para justificar a utilização da hipermídia/multimídia como uma tecnologia
capaz de falar ao "homem total", ao homem possuidor de várias inteligências.(PASSARELLI,
1997)
O homem busca a integração, a harmonização das diversas formas de
apreensão e percepção do mundo. Neste contexto, os ambientes de
hipermídia constituem a mais recente tecnologia para a integração e
contextualização do saber. Uma ferramenta poderosa nos processos de
construção da aprendizagem.” (Ibidem)
Mesmo antes dos fundamentos da Teoria de Gardner, estudos realizados no campo da
educação já vinham confirmando a eficácia da integração de múltiplas mídias, principalmente
as associadas aos recursos audiovisuais (TV, Vídeo, rádio, fitas cassetes, CDs entre outros),
não só na comunicação, mas na ampliação da capacidade de assimilação e retenção de
informações no processo de aprendizagem.
Segundo Aretio
[60]
, recursos audiovisuais são meios que permitem
melhorar a comunicação, destacando o vídeo, rádio, TV, cassete,
discos compactos, entre outros. A característica principal destas mídias,
que aparecem basicamente na segunda geração da EAD, é a
possibilidade de integrar som e imagens ao texto.” (GOMES, 2000)
Essa conclusão também é compartilhada por Almeida, ao afirmar que:
A linguagem produzida na integração entre imagens, movimentos e
sons atrai e toma conta das gerações mais jovens, cuja comunicação
resulta do encontro entre palavras, gestos e movimentos, distanciando-
se do gênero do livro didático, da linearidade das atividades da sala de
aula e da rotina escolar. Criar espaços para a identificação e o diálogo
entre essas formas de linguagem e permitir que os alunos se
expressem de diferentes maneiras são ações que favorecem o
desenvolvimento da consciência crítica sobre a influência da mídia e
respectivas estratégias direcionadas a determinados grupos sociais,
num jogo complexo em que se encontram implícitos, sutilmente, os
significados que se pretende impor a esse público.” (ALMEIDA, 2005)
Em uma pesquisa realizada em 1971, pela Oficina de Estudos da Sociedade Norte-
Americana Socondy Vacuum Oil Co., onde se buscava investigar o grau de retenção de
informações associada aos vários órgãos sensoriais e aos métodos de transmissão de
conteúdos, os pesquisadores chegaram a algumas conclusões divulgadas por (NORBIS, 1971
apud LANDIM, 1997), e resumidas a seguir: (Tabelas V.1, V.2 e V.3)
____________________
60
ARETIO, L. G. “Educación a Distancia Hoy”. España: Ed. UNED, 1994.
65
Enquanto a tabela V.1 mostra que a visão e a audição, em conjunto, são responsáveis
por 94% de nossa capacidade de perceber o meio que nos cerca, indicando que nossa
percepção da realidade é melhor captada por recursos audiovisuais, a tabela V.2 informa que a
retenção de informações na estrutura cognitiva das pessoas é ampliada quando as
informações assimiladas são postas imediatamente em prática, em alguma atividade.
[...] por isso a interatividade proporcionada pelos avanços da tecnologia
digital começa a ganhar importância como nova mídia [...] O CD-ROM ,
o CD-audio, o videodisco laser, o digitalizador gráfico, o disco ótico que
aceita gravação, além de várias outras tecnologias emergentes , estão
todas convergindo para um mesmo lugar, ao mesmo tempo.
(PASSARELLI, 1997)
TABELA V.1 Influência dos Órgãos Sensoriais na Aprendizagem
COMO SE APRENDE
1,0% mediante o paladar
1,5% mediante o tato
3,5% mediante o olfato
11,0% mediante a audição
83,0% mediante a visão
Fonte: Adaptado de (Norbis, 1971 apud Landim, 1997)
TABELA V.2 Retenção de Informações X Órgãos Sensoriais
COMO SE RETÊM INFORMAÇÕES
10% do que se lê
20% do que se escuta
30% do que se vê
50% do que se vê e se escuta
70% do que se diz e se discute
90% do que se diz e logo se faz
Fonte: Adaptado de (Norbis, 1971 apud Landim, 1997)
A tabela V.3 apresenta os resultados de como seria a retenção de informações em
diferentes métodos de apresentação de conteúdos, indicando, juntamente com os resultados
66
das tabelas V.1 e V.2, que a presença de recursos audiovisuais no processo de ensino-
aprendizado é altamente recomendável.
Dessa forma, as possibilidades de mediatização dos conteúdos
trazidas pelos recursos audiovisuais enriquecem a apresentação dos
mesmos, tendo significante contribuição para aprendizagem.(GOMES,
2000)
TABELA V.3 Retenção de Dados Segundo o Método de Ensino
MÉTODO DE ENSINO DADOS RETIDOS
(Após três horas)
DADOS RETIDOS
(Depois de três dias)
Somente Oral 70% 10%
Somente Visual 72% 20%
Oral e Visual conjuntamente 85% 65%
Fonte: Adaptado de (Norbis, 1971 apud Landim, 1997)
No conjunto, esses resultados indicam que as propostas pedagógicas que privilegiam
uma abordagem de construção de conhecimentos em atividades voltadas ao desenvolvimento
de projetos com o auxílio de recursos audiovisuais, além de enriquecerem o processo de
ensino-aprendizagem, são as mais indicadas no desenvolvimento de competências associadas
às múltiplas inteligências.
[...] as imagens e sons estão dando lugar ao surgimento de um novo
tipo de inteligência, pois os meios audiovisuais não são simplesmente
meios, mas linguagem e isso está transformando a educação. O
enfoque da educação passa a ser a aprendizagem, na qual leva-se o
aluno à compreensão do conhecimento não pela transmissão de
informações, mas por diferentes experiências que integram todas as
faculdades físicas e psíquicas: sensações, emoções, atitudes,
intuições... .” (GOMES, 2000)
Além das vantagens já citadas no uso da abordagem do “Blended Learningno ensino
básico regular, potencializando as possibilidades de interações sociais em atividades de
pesquisa e de acesso a conteúdo hipermidiáticos em AVCA, uma outra vantagem a ser
considerada são os recursos baseados na tecnologia de Agentes Inteligentes, oferecendo ao
professor suporte no processo de acompanhamento de todo o desenvolvimento cognitivo e de
interações sociais dos educandos, os quais são considerados fundamentais no processo da
avaliação da aprendizagem.
Nesse sentido, o próximo capitulo deste trabalho de pesquisa é reservado à
apresentação dos recursos de acompanhamento e avaliação da aprendizagem que vem sendo
desenvolvidos em AVCA e sua importância no contexto das propostas pedagógicas de
desenvolvimento de competência e avaliação formativa.
67
VI
AVALIANDO COMPETÊNCIAS
VI.1 Considerações Iniciais
A predisposição para a avaliação é inerente ao ser humano, fazendo com que no
cotidiano, em todos os lugares e em todos os momentos, a avaliação esteja presente, ora para
regular as diversas atividades das organizações, ora para verificar e certificar a qualidade de
alguma coisa ou a eficácia e a competência das pessoas.
Nesse sentido, a avaliação é concebida como uma prática que tem seus
desdobramentos no contexto social, cultural, político e econômico.
Analisada sob uma perspectiva psicológica, a avaliação, que tem sua origem no latim
a-valere” (“atribuir valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação”), é conceituada
como uma atividade mental de julgamento de valor sobre manifestações relevantes da
realidade de um objeto de análise, tendo em vista a tomada de posição ou decisão. (LUCKESI,
2002)
Sendo assim, o ato da avaliação envolve quatro elementos:
1. O objeto da avaliação, podendo ser, por exemplo, uma pessoa ou um bem material;
2. A manifestação daquilo que se pretende avaliar no objeto, que dependendo da situação,
exigirá do avaliador instrumentos e técnicas apropriadas de observação;
3. O juízo de valor sobre a realidade manifestada, que estando condicionado a uma
condição ideal, depende de critérios pré-estabelecidos para julgamento;
4. A tomada de posição ou decisão (quando se trata de um processo), acerca do objeto de
avaliação.
A guisa de exemplificação desses elementos, imagine alguém procurando um médico
se queixando de dores na coluna. Ao avaliar o paciente (objeto de avaliação), o médico irá
diagnosticá-lo, buscando a origem daquelas dores (manifestação da realidade que se deseja
avaliar). Levantando o perfil do paciente e utilizando de técnicas e instrumentos adequados, o
médico constatou que a coluna vertebral do paciente apresentava um pequeno desvio,
conseqüência de exercícios físicos de alto impacto que ele vinha realizando a vários anos
(julgamento de valor das observações realizadas). De posse das informações acumuladas, o
médico decidiu (tomada de decisão), que o tratamento mais indicado seria a prescrição de dez
seções de fisioterapia e a recomendação de que o paciente passasse a realizar exercícios
físicos de baixo impacto como forma de garantir a preservação de sua saúde física.
Um dos aspectos fundamentais a ser observado neste exemplo, é que o médico, uma
vez diagnosticado os sintomas das dores, ao em vez de simplesmente informar o paciente do
68
problema e dispensá-lo (o que seria surpresa para qualquer pessoa), prontamente mobilizou
esforços e determinou, com base em sua formação profissional, qual o melhor tratamento para
eliminar as causas das dores.
Apesar de parecer óbvio, pois nenhum médico em sã consciência dispensaria um
paciente sem prescrever um tratamento, o que este exemplo nos mostra é que toda avaliação,
por estar vinculada a um juízo de valor, jamais pode ser visto como um ato isolado e sem
significado, devendo sempre ter como desdobramento, a condução de uma tomada de posição
ou decisão.
[...] o julgamento de valor, por sua constituição mesma, desemboca
num posicionamento de “não-indiferença”, o que significa
obrigatoriamente uma tomada de posição sobre o objeto avaliado, e,
uma tomada de decisão quando se trata de um processo [...].
(LUCKESI, 2002)
VI.2 Função da Avaliação da Aprendizagem
Transpondo o conceito de avaliação para o contexto educacional, onde todo
planejamento está focado no aprendiz e no processo de ensino-aprendizagem, a avaliação da
aprendizagem tem a função de diagnosticar todas as manifestações associadas às condutas
de aprendizagem nos campos cognitivo, afetivo e psicomotor, visando a emissão de juízo
quanto a qualidade efetiva do processo de aprendizagem e a tomada de decisões referente a
reorientação ou o encaminhamento do processo de aprendizagem.
Em primeiro lugar, propomos que a avaliação do aproveitamento
escolar seja praticada como uma atribuição de qualidade aos resultados
da aprendizagem dos educandos, tendo por base seus aspectos
essenciais e, como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione
o aprendizado e, consequentemente, o desenvolvimento do educando.
(Ibidem)
Uma outra função associada a avaliação da aprendizagem é a de servir como subsídio
a avaliação do próprio curso, identificando as mudanças a serem implementadas no
planejamento a partir das reais necessidades de formação dos aprendizes. (LANDIM, 1997;
LUCKESI, 2002)
Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a
avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões.
[...] A avaliação subsidia a própria produção do projeto ou o seu
redimensionamento. O nosso projeto pode ter ficado defasado em
virtude das novas dimensões da realidade e das novas exigências do
presente; pode ter sido muito pretensioso, necessitando, por isso, de
novo tratamento; pode ter sido incompatível com o meio onde estamos
atuando. A avaliação será, então um sistema de crítica do próprio
projeto que elaboramos e estamos desejando levar a diante.(LUCKESI,
2002)
69
De posse desses elementos, pode-se concluir que a avaliação da aprendizagem só é
revestida de significado quando articulada com todos os elementos constitutivos do Design
Instrucional, subsidiando um curso de ação que tenha por objetivo a melhoria da qualidade do
design e a facilitação do processo de aprendizagem, tendo em vista a construção de resultados
o mais próximo possível daqueles pré-estabelecidos.
Assim como é constitutivo do diagnostico médico estar preocupado
com a melhoria da saúde do paciente, também é constitutivo da
avaliação da aprendizagem estar atentamente preocupada com o
crescimento do educando.” (LUCKESI, 2002)
VI.3 Etapas da Avaliação da Aprendizagem
Dependendo dos objetivos, habilidades e competências pré-estabelecidas na fase de
planejamento de um curso, o processo de avaliação da aprendizagem pode assumir diferentes
formatos, tais como: diagnóstica serve para determinar as condutas de entrada, detectando a
existência dos pré-requisitos necessários à aquisição das aprendizagens subseqüentes;
somativa tem o propósito mensurar e classificar por meio de notas, os objetivos específicos
alcançados no final de cada etapa do curso; formativa atende às diferenças individuais dos
alunos e a prescrição de medidas alternativas de recuperação das falhas de aprendizagem.
No contexto dos planejamentos educacionais, fundamentados em teorias
construtivistas, esse tipo de avaliação é considerada a mais importante e significativa.
Não obstante a taxionomia da avaliação da aprendizagem, todas elas possuem em
comum a necessidade da coleta e análise das informações relativas a aprendizagem, com o
objetivo de conduzir as tomadas de decisões quanto a orientação da aprendizagem e do
planejamento educacional.
Nesse sentido, destacam-se as seguintes etapas consideradas mais relevantes à
avaliação da aprendizagem. (LANDIM, 1997; LUCKESI, 2002)
VI.3.1 Levantamento de Dados
O Levantamento de dados corresponde à coleta e análise de todas as informações
relevantes às manifestações de condutas cognitivas, afetivas e psicomotoras que ocorram em
todas as fases (antes, durante e ao final) do processo de ensino-aprendizagem, onde são
utilizados instrumentos adequados de mensuração com o objetivo de estabelecer uma
configuração confiável da real situação da aprendizagem dos aprendizes.
VI.3.2 Juízo de Valor
Uma vez reunidos e organizados os dados em uma configuração pré-estabelecida, o
próximo passo é atribuir uma qualidade (um valor) a esses dados, através da medida
quantitativa e/ou quantitativa dos vários blocos de informações (avaliação individual, em grupo,
70
auto-avaliação e outras), tendo como referência um padrão (nível de expectativa de
aprendizado considerado ideal), preestabelecido no Design Instrucional.
VI.3.3 Tomada de Decisão
De posse das qualificações associadas ao diagnóstico de todo o processo de
aprendizagem, cabe ao professor, coordenadores pedagógicos e conselhos de classe,
decidirem, em conjunto, as medidas a serem tomadas: reorientação da aprendizagem
(recuperação/repetição), para os aprendizes que demonstrem baixa qualificação, no sentido de
suprir as deficiências que o impedem de progredir no aprendizado, e o encaminhamento
daqueles considerados aptos (qualificação satisfatória), para prosseguirem na seqüência do
programa do curso ou na promoção de série. Alem disso, essas qualificações, como já
mencionado anteriormente deverá servir de indicadores para possíveis re-estruturações do
planejamento do curso, de forma a adequá-lo às expectativas de aprendizagem.
Nesse sentido, ao avaliar, o professor deverá: Coletar, analisar e
sintetizar, da forma mais objetiva possível, as manifestações das
condutas cognitivas, afetivas, psicomotoras dos educandos,
produzindo uma configuração do efetivamente apreendido; Atribuir uma
qualidade a essa configuração da aprendizagem, a partir de um padrão
(nível de expectativa) preestabelecido e admitido como válido pela
comunidade dos educadores e especialistas dos conteúdos que
estejam sendo trabalhados; A partir dessa qualificação, tomar uma
decisão sobre as condutas docentes e discentes a serem seguidas,
tendo em vista: a reorientação imediata da aprendizagem, caso sua
qualidade se mostre insatisfatória e caso o conteúdo, habildade ou
habito, que esteja sendo ensinado e aprendido, seja efetivamente
essencial para a formação do educando; o encaminhamento dos
educandos para passos subseqüentes da aprendizagem, caso se
considere que, qualitativamente, atingiram um nível satisfatório no que
estava sendo trabalhado. Assim, o objetivo primeiro da aferição do
aproveitamento escolar não será a aprovação ou reprovação do
educando, mas o direcionamento da aprendizagem e seu conseqüente
desenvolvimento.” (LUCKESI, 2002)
Devido a complexidade da qualificação da aprendizagem, o ato de avaliar não se atém
a esse ou aquele tipo de avaliação. É a integração das múltiplas características associadas aos
vários tipos de avaliações de aprendizagem que irão garantir que o juízo de valor sobre o
processo de ensino-aprendizagem seja direcionado à tomada de decisões acertadas em torno
da reorientação e encaminhamento da aprendizagem ou mesmo das mudanças do design do
curso.
VI.4 Avaliando Competências
No contexto de um projeto pedagógico construtivista onde a aquisição de habilidades e
competências está diretamente relacionada às práticas de interações sociais e ao
desenvolvimento de atividades que auxiliem os aprendizes a aplicarem os conhecimentos
adquiridos em algo útil e prático ao seu crescimento como indivíduos autônomos e preparados
71
a exercício pelo da cidadania, um das avaliações que mais contribuem para o sucesso de um
curso comprometido com essa abordagem é a avaliação formativa.
Entendida como um processo que possibilita mapear a evolução da aprendizagem, a
avaliação formativa, que ocorre ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem, não tem
por objetivo classificar ou selecionar os aprendizes segundo as categorias dos mais ou menos
capazes de assimilarem e memorizarem conteúdos, tendo em vista a promoção de série ou de
etapas do sequenciamento do curso, mais o de encontrar o melhor caminho para que cada
aprendiz desenvolva seus potenciais e interesses pessoais.
O conceito de avaliação formativa, por exemplo, é muito citado, mas
confundido com o conceito de mera avaliação contínua (isto é, aquela
que é realizada ao longo do processo de aprendizagem). Segundo
PERRENOUD (1991)
[61]
, MAZZETO (2003)
[62]
uma avaliação pode ser
contínua sem ser formativa. A verdadeira avaliação formativa é a que
contribui para a individualização dos processos de aprendizagem, e não
apenas as que são realizadas em vários momentos do processo de
aprendizagem.” (CALDEIRA, 2004)
Fundamentado nos múltiplos aspectos da aprendizagem cognitivos, relacionais e
psicomotores , a avaliação formativa fornece informações ao professor, no sentido de regular
e programar intervenções no Design Instrucional e na aprendizagem, corrigindo falhas e
propondo alternativas que auxiliem os aprendizes a superarem as dificuldades inerentes a todo
processo de aprendizagem, indicando o que precisa ser feito, revisto, estudado e re-elaborado,
com o objetivo de transformar os conteúdos instrucionais brutos e estáticos em conhecimentos
significativos e úteis à aquisição de novas habilidades e competências. (WIGGINS, 1990;
PORTUGAL.MED, 2001; OTSUKA & ROCHA, 2005a)
A avaliação deve identificar dificuldades e sugerir formas de ajudar os
alunos: tem como principais funções a compreensão e o
melhoramento da prática educativa; deve enfatizar o controlo e o
progresso individuais (identificação dos pontos fortes e das
necessidades dos alunos e consequente adaptação do ensino, por
parte do professor) constituindo o feedback constante fornecido aos
alunos, um dos seus factores-chave. A ênfase desta avaliação deverá
colocar-se na melhoria das aprendizagens dos alunos.Trata-se de uma
concepção alargada de avaliação em que já não basta aplicar testes e
exames aos alunos; tem de se apreciar comportamentos,
conhecimentos, capacidades, atitudes, hábitos, interesses, de forma a
assegurar informação que permita o desenvolvimento de um conjunto
alargado e integrado de capacidades e competências.
(PORTUGAL.MED, 2001)
____________________
61
PERRENOUD, P. “Avaliação: da excelência à regulação das Aprendizagens. Entre duas lógicas”. Porto Alegre: Ed. Artmed,
1999.
62
MASETTO, M. “Competência Pedagógica do Professor Universitário”. São Paulo: Ed. Summus, 2003.
72
Questões como: quais as dificuldades e obstáculos enfrentados por cada um dos
aprendizes?, quais os avanços individuais observados? e que aspectos precisam ser
aperfeiçoados no design do curso?, fazem parte do processo de avaliação formativa, que
integrado de forma contínua ao processo de ensino-aprendizagem, representa um instrumento
valioso e indispensável às constantes revisões da prática pedagógica segundo o modelo de
prototipagem evolutiva.
Nesse sentido, enquanto instrumento de tomada de decisões, mudanças e avanços no
processo de ensino-aprendizagem, a avaliação formativa da aprendizagem deve se apresentar
como contínua, permeando todas as fases da aprendizagem e do próprio planejamento
educacional, ao em vez de só recortar momentos; ser participativa, colaborativa e interativa,
tendo em vista que ela não pode prescindir da participação ativa de todos os envolvidos no
processo pedagógico (aprendizes, professores, tutores e demais membros da equipe
multidisciplinar); ser global, no sentido de evitar a exclusividade de rotinas artificiais, como
testes e provas escritas, e privilegiar a incorporação de instrumentos e técnicas de observação
dos potenciais das múltiplas inteligências manifestadas pelo aprendiz; ser extra-classe, na
medida em que contempla as atitudes e participações do aprendiz na comunidade; e
transparente uma vez que sua aplicação envolve diversos interessados: aprendizes,
professores, escola, família, conselhos de classes e orientadores educacionais.
Neste cenário, onde o professor passa a assumir uma postura mais de orientador
da aprendizagem do que a de detentor exclusivo de conhecimentos ou transmissor de
informações, aspectos superficiais da avaliação como a medida do nível de informações
acumuladas pelos aprendizes e a capacidade delas serem reproduzidas em situações
descontextualizadas da vida real precisam ser questionadas e substituídas por abordagens que
privilegiem níveis mais complexos de avaliações de aprendizagem denominada por Grant
Wiggins, de autêntica , envolvendo processos cognitivos de análise, comparação, inferência e
pensamento crítico, onde o aprendiz constrói suas próprias respostas através do envolvimento
em tarefas, atividades, projetos ou resolução de problemas no contexto do mundo real segundo
suas necessidades, interesses individuais e aptidões. (WIGGINS, 1990; PORTUGAL.MED,
2001)
A avaliação é autêntica quando nós examinamos diretamente o
desempenho do estudante em tarefas intelectuais proveitosas. [...]
Avaliações autênticas requerem que os estudantes sejam realizadores
efetivos do conhecimento adquirido. Testes tradicionais tendem a
revelar apenas se os estudantes reconhecem, relembram ou “decoram”
o que foi aprendido fora do contexto.[...] Avaliações autênticas atestam
se o estudante pode melhorar, completar e justificar respostas,
desempenho ou produtos. Testes convencionais apenas pedem ao
estudante para selecionar ou escrever respostas correta
independente das razoes.[...] Tarefas autênticas envolvem desafios
“mal-estruturados” e servem como ajuda a treinar os estudantes para as
ambigüidades complexas do “jogo” da vida profissional e adulta. [...]
73
Além destas considerações técnicas o movimento para reformar
avaliação é baseado na premissa que a avaliação deveria
principalmente, apoiar as necessidades dos estudantes.” (WIGGINS,
1990)
Nesse sentido, a diferença entre a avaliação tradicional e a avaliação autêntica
proposta por Wiggins, está na forma de elaborar as perguntas: enquanto a primeira propõe que
o aprendiz responda perguntas do tipo “o que sabe sobre esse tema?”, implicando a
demonstração de competências para memorizar, identificar, listar e relacionar, a segunda
redimensiona a questão, propondo que o aprendiz responda perguntas como: “Em que medida
és capaz de utilizar aquilo que sabe?”, o que demonstra claramente a mobilização ou
desenvolvimento de competências como classificar, pesquisar, comparar, analisar e avaliar.
(WIGGINS, 1990, PERRENOUD, 2000a; PORTUGAL.MED, 2001)
Não se formará competências na escolaridade básica a menos que se
exija competências no momento da certificação. A avaliação é o
verdadeiro programa, ela indica aquilo que conta. É preciso, portanto,
avaliar seriamente as competências. Mas isso não pode ser feito com
testes com lápis e papel. Pode-se inspirar nos princípios de avaliação
autêntica elaborada por Wiggins. Para ele a avaliação: não inclui nada
além das tarefas contextualizadas; diz respeito a problemas complexos;
deve contribuir para que os estudantes desenvolvam ainda mais suas
competências; exigir a utilização funcional dos conhecimentos
disciplinares; não deve haver nenhum constrangimento de tempo fixo
quando da avaliação das competências; a tarefa e suas exigências são
conhecidas antes da situação de avaliação; exige um certa forma de
colaboração entre os pares; leva em consideração as estratégias
cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos estudantes; a correção não
deve levar em conta o que não sejam erros importantes na ótica da
construção de competências.” (Perrenoud, 2000a)
VI.5 A Prática Escolar da Avaliação por Exclusão
Apesar da importância da avaliação formativa no contexto educacional, observa-se que
a prática escolar tem restringido, ou melhor, confundindo a avaliação da aprendizagem a um
mero processo de mensuração, onde os aprendizes são selecionados por meio de notas e com
o uso de instrumentos classificatórios (provas escrita e oral, testes objetivos e entrega de
trabalhos copiados de livros ou da internet), com o objetivo de verificar resultados pontuais de
conteúdos acumulados, necessários para atestar o aprendiz na categoria de aprovado ou
reprovado.
Cirgiliano (1983)
[63]
, com muita propriedade, alerta para o perigo da
preocupação excessiva e, às vezes, exclusiva com o caráter científico
das provas e dos testes, com o cumprimento rigoroso de suas
características técnicas, havendo uma ênfase demasiada nos
instrumentos, em detrimento do processo de avaliação.(LANDIM,
1997)
____________________
63
CIRIGLIANO, G. F. J. “ La Educación Abierta”. Buenos Aires, Argentina: Ed. El Ateneo Editorial, 1983.
74
Nesse contexto da prática escolar conservadora que atende ao paradigma da
Revolução Industrial, a avaliação da aprendizagem passou a ser encarada como uma atividade
de controle, seleção e punição, resumindo-se a notas, provas, testes e sentenças rígidas do
tipo: “o aluno está reprovado!”.
Acreditar que tais notas ou procedimentos possam, por si só, explicar o rendimento do
aluno e justificar uma decisão de aprovação ou retenção sem que sejam analisados o processo
de ensino-aprendizagem e as condições oferecidas para promover a aprendizagem, é análoga
ao paciente que ao ser encaminhado a um médico, contando com um diagnóstico e um
tratamento para seus males, recebe simplesmente um boletim informando que seu estado de
saúde foi avaliado com nota quatro e nada mais.
Não será essa a mesma insatisfação que um aprendiz irá ter ao receber no final do
bimestre uma nota insatisfatória e a necessidade de realizar uma “recuperação” que se resume
a responder uma prova no mesmo perfil daquela que o reprovou?
Como afirma a professora Jussara Hoffmann: “Se a escola existe para ensinar, de que
vale uma avaliação que só confirma "a doença", sem identificá-la ou mostrar sua cura?
64
O que significa, no contexto da avaliação, um aprendiz ou um paciente ter obtido nota
seis ou quatro? Será que o primeiro (paciente/aprendiz) é mais saudável/competente que o
segundo? Será que o primeiro não necessita de ajuda para enfrentar suas dificuldades de
saúde/aprendizagem?
Não considerar a relevância de uma avaliação autêntica que acompanhe o aprendiz em
todas as etapas do processo de aprendizagem é reduzir o processo avaliativo a um mero
processo de mensuração.
A avaliação, que antes deveria ser um instrumento de apoio ao processo de
desenvolvimento de habilidades e competências para a reflexão, a pesquisa e a solução dos
problemas inerentes ao indivíduo enquanto ser social, passou a assumir no cotidiano das
escolas a conotação de algo sem significado, negativo, constrangedor, punitivo e tenebroso.
Para romper com essa estrutura conservadora que perdura até hoje na maioria escolas,
importa romper com o modelo pedagógico tradicional.
Não há possibilidade de transformar os rumos da avaliação, fazendo-a
permanecer no bojo de um modelo social e de uma pedagogia que não
permite esse encaminhamento. A avaliação educacional escolar, como
instrumento tradutor de uma pedagogia que, por sua vez, é
representativa de um modelo social, não poderá mudar sua forma se
continuar sendo vista e exercitada no âmago do mesmo corpo técnico-
prático no qual está inserida.” (LUCKESI, 2002)
____________________
64
Cf. entrevista concedida pela profª Jussara Hoffmann a revista Nova Escola Ed. 159 fev., 2003.
Disponível em: <http://novaescola.abril.uol.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/repcapa>. Acesso em 21/02/2006.
75
Nesse contexto, não só a avaliação, mas toda a prática escolar vem sendo amplamente
discutida e abordada em todos os segmentos externos e internos da escola, no sentido de se
redefinir e re-significar os objetivos e metodologias da educação, além de se identificar os
fatores que dificultam as mudanças desejadas em sala de aula.
Apesar da maioria das escolas estarem comprometidos com essas mudanças, algumas
das dificuldades marcantes que todo professor encontra ao trabalhar propostas pedagógicas
construtivistas em salas de aula presencial, são as clássicas turmas superlotadas e as cargas
horárias reduzidas por disciplina, que além de dificultar as interações colaborativas em
atividades de projetos, impossibilita o professor acompanhar, registrar e analisar mais
detalhadamente o desenvolvimento individual dos educandos e a tomar decisões quanto ao
encaminhamento de propostas que venham a facilitar o processo de aprendizagem.
Essa constatação pode ser melhor analisada em um trabalho de pesquisa exploratória
desenvolvida em (OLIVEIRA, 2005), ao buscar as concepções e dificuldades encontradas
pelos professores de uma escola pública do Pará, na prática da avaliação da aprendizagem.
A pesquisa depreendeu que a escola adota o método tradicional de avaliação somativa,
onde são aplicadas, ao final de cada bimestre, provas escritas, com o objetivo de medir o grau
de dificuldade dos aprendizes na reprodução de conteúdos livrescos.
Quando questionados sobre a avaliação formativa, tanto os professores como a direção
argumentaram que as maiores dificuldades na prática desse tipo de avaliação é a falta de
recursos tais como o quantitativo exagerado de turmas para cada professor e as salas
superlotadas, que dificultam o acompanhamento do processo de desenvolvimento dos
aprendizes.
[...] Tanto o corpo técnico da escola quanto os professores apontam
que por falta de recursos e, no caso dos professores que possuem
muitas turmas com grande quantidade de alunos são impossibilitados
de aplicar o método de avaliação formativa, tal fato pode ser percebido
num fragmento do depoimento: “apesar de não termos tantos recursos,
mas fazemos o melhor possível nesse sentido (...)”.” (OLIVEIRA, 2005)
Apesar dessa pesquisa se restringir a uma única escola pública, ela reflete a
realidade de todo sistema de ensino básico, conforme mostra alguns outros trabalhos de
pesquisa educacional.
A influência dos princípios tecnicistas ainda é muito forte na
organização e estruturação dos sistemas educacionais, que estão
apoiados nos padrões tradicionais de notas, critérios de classificação,
aprovação, etc. O professor, por sua vez, ao tentar avaliar a partir dos
pressupostos construtivistas ainda encontra barreiras tanto de ordem
teóricas (como um modelo de formação de professores ainda
inadequado), como práticas (organização e estruturação dos sistemas
de ensino).” (CALDEIRA, 2004)
76
Os currículos de nossas escolas têm sido propostos para atender a
massificação do ensino. Não se planeja para cada aluno, mas para
muitas turmas de alunos numa hierarquia de séries, por idades mas,
esperamos de uma classe com 30 ou mais de 40 alunos, uma única
resposta certa.” (ZACHARIAS, s/d)
As condições de infra-estrutura das escolas têm influência na
aprendizagem e no desempenho dos/as alunos/as. As condições infra-
estruturais das escolas particulares, salvo pouquíssimos itens, são
melhores do que as de escolas públicas. As condições mais precárias
encontram-se em escolas municipais, e da zona rural. [...] as condições
ambientais perturbadoras (barulho, falta de ventilação, má iluminação)
são fatores que interferem significativamente na aprendizagem.
(ABICALIL, 2002)
VI.6 A Avaliação Formativa em AVCA
Atualmente, além das vantagens já citadas na utilização dos AVCA na educação básica,
facilitando os aprendizes no acesso rápido às informações em formato hipermidiático e
privilegiando as interações sociais colaborativas e/ou cooperativas em atividades de pesquisas
e projetos, um outro aspecto a ser considerado nesses ambientes desenvolvidos em LMS, é a
possibilidade dos professores/tutores controlarem todas as atividades realizadas pelos
aprendizes, visando às tomadas de decisões, não só no que diz respeito à reorientação ou
encaminhamento da aprendizagem, como também nas eventuais alterações do planejamento
do curso. (LACHI, 2002a; OKADA & SANTOS, 2003; ALMEIDA, 2003; OTSUKA & ROCHA,
2005a, 2005b)
Enquanto o aprendiz navega por esses ambientes acessando o fórum de discussão, o
correio eletrônico, a sala de bate-papo, desenvolvendo um projeto ou resolvendo exercícios, o
LMS no qual o AVCA está sendo implementado registra todas as informações relativas às
interações sociais, os testes de avaliações pontuais e as atividades de estudo de casos ou
projetos em andamento ou concluídos.
Um ambiente de aprendizagem tecnologicamente rico pode permitir a
avaliação contínua do progresso dos alunos e grupos [...].” (FILATRO,
2003)
Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias computacionais baseadas no
conceito de Agentes Inteligentes, novos desafios e possibilidades vêm sendo trazidos a tona no
sentido dos LMS oferecerem suporte aos professores/tutores na identificação, seleção e
análise de dados relevantes à avaliação contínua, com o objetivo de facilitar ainda mais o
processo de tomada de decisões. (Apêndice B)
77
A tecnologia em si já é fabulosa e promete mais. Computadores cada
vez menores e mais rápidos estimulam a criação de softwares cada vez
mais sofisticados e complexos, capazes de simulações mais e mais
próximas do mundo real. Novas implementações de agentes
inteligentes de software permitirão que os professores identifiquem
padrões de reposta e de comportamento, de modo a associá-los aos
seus autores - os alunos.” (ARAUJO & ELIA, 2003)
Nessa perspectiva, se incorporados ao ensino presencial segundo a abordagem do
Blended Learning”, os AVCA podem contribuir significativamente para minimizar as
dificuldades de avaliação formativa em cursos presenciais, onde o processo de
acompanhamento da evolução individual dos aprendizes é comprometido pelas turmas
superlotadas e o tempo reduzido para as observações necessárias.
Devido à característica das TIC relacionada com o fazer, rever e
refazer contínuos, o erro pode ser tratado como objeto de análise e
reformulação. Dito de outra forma, o aprendiz tem a oportunidade de
avaliar continuamente o próprio trabalho individualmente ou com a
colaboração do grupo e efetuar instantaneamente as reformulações que
considere adequadas para produzir novos saberes, assim como pode
analisar as produções dos colegas, emitir feedback e espelhar-se
nessas produções.” (ALMEIDA, 2003)
Nesse contexto, com objetivo de validar a proposta do Blended Learning” e a
incorporação dos AVCA no ensino básico regular, o próximo capítulo deste trabalho de
pesquisa relata as fases do design instrucional para um módulo de curso de física para o
ensino básico regular, onde foram utilizadas as tecnologias dos AVCA como recurso auxiliar no
processo de acompanhamento da aprendizagem, avaliação formativa e estruturação de
atividades de estudo, pesquisa e desenvolvimento de projetos.
78
VII
A ABORDAGEM DO BLENDED LEARNING NO ENSINO BÁSICO DE FÍSICA
VII.1 Considerações Iniciais
Nesse novo cenário da Sociedade, delineado pelas TICs, tem-se claro, mais do que
nunca, a importância do ensino das ciências da natureza como elemento chave para capacitar
os indivíduos ao entendimento dos fenômenos naturais, das novas tecnologias e suas relações
com o mundo contemporâneo.
A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de
competências específicas que permitam perceber e lidar com os
fenômenos naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais
imediato quanto na compreensão do universo distante, a partir de
princípios, leis e modelos por ela construídos.” (BRASIL.PCNEM+,
2000)
Diariamente são veiculados na mídia fatos e descobertas extraordinárias que mexem
com a nossa imaginação e nos fazem perguntar se existe um limite para a utilização das novas
tecnologias que surgem a cada dia. Na televisão, novelas abordam temas polêmicos como
clonagem genética e suas implicações éticas e morais. Em jornais e revistas discutem-se a
produção de alimentos transgênicos e o congelamento de corpos humanos. Nos cinemas,
filmes como Eternamente Jovem e o Demolidor, onde os personagens são congelados e
ressuscitados após décadas, nos fazem viajar pelo mundo da ficção científica ou nos confundir
com a realidade imediata, como mostra, por exemplo, a matéria publicada na revista “IstoÉ” de
21 de junho de 2002,
65
onde a maior clínica do mundo em congelamento de corpos, a
Fundação Alcor
66
, localizada no Arizona, congelou o corpo do ex-jogador norte-americano de
beisebol Ted Williams.
A televisão, o rádio, a informática, entre outras, fizeram com que os
homens se aproximassem por imagens e sons de mundos antes
inimagináveis.” (BRASIL.PCNEM, 1999)
Questões como essas, discutidas abertamente nos mais diversos meios de
comunicações, mostram a necessidade do redimensionamento do currículo de ciências no
sentido de superar os modelos profissionalizantes e pré-universitários que dão muita ênfase ao
específico e a aplicações de fórmulas em exercícios totalmente fora do contexto de vivência do
educando, e atribuir um enfoque mais social aos conteúdos apresentados, fazendo com que o
aprendiz identifique a física dentro do contexto cultural, social, político e econômico da
sociedade.
____________________
65
AZEVEDO, N. “Vida após a Morte - O congelamento em busca da ressurreição tem até lista de espera”. Revista IstoÉ. nº 1712
jul.,2002.
Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoe/1712/ciencia/1712_vida_apos_a_morte.htm>. Acesso em 03/04/2006.
66
Web site” da Fundação Alcor: <http://www.alcor.org/>. Acesso em 05/03/2006.
79
O novo ensino médio, nos termos da lei, de sua regulamentação e de
seu encaminhamento, deixa de ser, portanto, simplesmente
preparatório para o ensino superior ou estritamente profissionalizante,
para assumir necessariamente a responsabilidade de completar a
educação básica. Em qualquer de suas modalidades, isso significa
preparar para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o
aprendizado permanente, em eventual prosseguimento dos estudos ou
diretamente no mundo do trabalho.” (BRASIL.PCNEM+, 2000)
Ensinar ciências apenas através de seus princípios, métodos e da linguagem
matemática de nada será útil para a formação do educando se esse conhecimento não estiver
relacionado com o mundo que o cerca, com os desenvolvimentos tecnológicos, suas
implicações éticas, morais e ambientais.
Discursar em uma aula de física sobre temperatura, escala Kelvin e leis da
termodinâmica em nada contribuem para o entendimento das implicações sociais que esse tipo
de conhecimento e suas tecnologias podem e estão gerando na sociedade contemporânea.
Devemos tratar esses tópicos de forma mais dinâmica, contextualizada e afinados com o
momento histórico da sociedade.
Competências em Física para a vida se constroem em um presente
contextualizado, em articulação com competências de outras áreas,
impregnadas de outros conhecimentos. Elas passam a ganhar sentido
somente quando colocadas lado a lado, e de forma integrada, com as
demais competências desejadas para a realidade desses jovens.
(BRASIL.PCNEM+, 2000)
É por essa razão que as DCNEM estabelecem que as disciplinas que compõem as
diversas áreas de conhecimento do ensino básico tenham vertentes interdisciplinares e
contextualizadas no panorama social contemporâneo.
Os princípios pedagógicos da Identidade, Diversidade e Autonomia, da
Interdisciplinaridade e da Contextualização, serão adotados como
estruturadores dos currículos do ensino médio.” (BRASIL.DCNEM, art.
6º, 1998b)
No âmbito do ensino de física já faz algum tempo que os pesquisadores da área de
educação m propondo novas metodologias que privilegie a construção de conceitos físicos,
explorando de forma contextualizada suas aplicações nos desenvolvimentos tecnológicos e
sociais, no lugar de demonstrações de fórmulas e aplicações em exercícios repetitivos,
totalmente desconectados da realidade vivencial do aprendiz. (BRASIL.PCNEM+, 2000;
MOREIRA, 2000; PIETROCOLA, 2002)
O ensino de Física vem deixando de se concentrar na simples
memorização de fórmulas ou repetição automatizada de procedimentos,
em situações artificiais ou extremamente abstratas, ganhando
consciência de que é preciso lhe dar um significado, explicitando seu
sentido já no momento do aprendizado, na própria escola média.
(BRASIL.PCNEM+, 2000)
80
Segundo estas propostas, o novo modelo de ensino de física deve ser pautado no
conhecimento construído pelo educando em contrapartida ao transmitido pelo professor e
passivamente apreendido pelo aprendiz.
O construtivismo foi certamente o movimento predominante na
educação em geral e, em particular, na pesquisa em ensino de ciências
nas últimas décadas. A imagem de que o conhecimento é ativamente
construído pelo aprendiz e não apenas transmitido pelo professor e
passivamente apreendido é hoje um lugar comum não apenas entre
pesquisadores mas também no discurso de boa parte dos professores
de todas as áreas. Embora seja difícil avaliar a extensão das mudanças
é notória a influência desse movimento nas concepções e práticas
docentes.” (AGUIAR, 1998)
Não obstante ao fato da maioria dos professores terem consciência de que inovar em
sala de aula torna o processo de ensino-aprendizagem mais prazeroso e mais produtivo tanto
para o aprendiz como para o professor, a questão é que na maioria das vezes em que o
professor adota essa nova postura, ele se sente impotente frente às dificuldades estruturais de
sala de aula: jornadas de trabalho de até doze aulas/dia, a redução da carga horária de duas
horas/aula por turma e classes superlotadas, resquício de um modelo de escola que ainda está
voltada para o paradigma do professor como o detentor do conhecimento e transmissor de
conteúdos para as “massas”.
[...] os professores de Física têm ousado mudar, mas se sentem,
muitas vezes, inseguros, desamparados e pouco confiantes quanto aos
resultados obtidos.” (BRASIL.PCNEM+, 2000)
Nesse contexto, para que a escola ofereça um ensino de qualidade, com nossos jovens
sendo formados para o exercício pleno da cidadania na sociedade contemporânea, faz-se
necessário encontrarmos soluções para essas questões estruturais que dificultam a
implantação das diretrizes educacionais para esse nível de ensino.
No que diz respeito a este aspecto, uma das alternativas defendida neste trabalho é a
adoção da abordagem do “Blended Learning no ensino básico regular, que ao incorporar no
ensino presencial os recursos dos AVCA, ampliam as possibilidades cognitivas de
desenvolvimento de competências nos aprendizes, além de facilitar o professor no processo de
acompanhamento e avaliação formativa da aprendizagem.
Ambientes de trabalho colaborativo, via redes de alta velocidade,
tendem a facilitar a interação de grupos de professores e de alunos em
uma mesma área de simulação, oferecendo ao professor a
possibilidade de acompanhar o desempenho de cada um dos alunos,
interferir e interagir com a simulação, orientando, explicando e ajudando
no processo de construção de conhecimento.” (ARAUJO & ELIA, 2003)
No ensino básico de física, várias são as vantagens que justificam o uso do Blended
Learning. (Tabela VII.1)
81
TABELA VII.1 Algumas Vantagens de Uso dos AVCA no Ensino Básico de Física
Permite que os aprendizes e os professores estejam em contato direto com as TICs
que permeiam a sociedade contemporânea.
Amplia as possibilidades de aprendizagem, liberando os aprendizes e os professores
das limitações “espaço-temporal” das salas de aulas presenciais.
Motiva a educação continuada de professores, mantendo-os atualizados quanto aos
novos recursos das TICs e metodologias de ensino de física.
Integra a escola aos centros de pesquisas e de divulgação científica.
Possibilita desenvolver laboratórios virtuais (simuladores virtuais), que simulam
situações que na prática envolveria equipamentos de altos custos para a escola ou
risco de manuseio em sala de aula presencial.
Permite que se crie, distribua, gerencie e atualize pacotes de conteúdos instrucionais.
Os materiais didáticos são disponibilizados e atualizados digitalmente, não dependendo
da intermediação de editoras e de livrarias.
Propicia o armazenamento, processamento e apresentação de conteúdos instrucionais
multimídia de forma interativa e em diversos formatos (hipermídia): textos, animações,
vídeos, imagens, áudio e outros.
Integra pessoas e núcleos educacionais de várias regiões, ampliando os recursos de
estudos nas regiões mais carentes.
Esses ambientes oferecem recursos de pesquisa mais ágeis e atualizadas.
O aprendiz pode imprimir o seu ritmo de estudo individualizado nos horários que julgar
mais conveniente.
Disponibilidade de recursos de interações sociais assíncronas (fóruns, e-mail”) e
síncronas (salas de bate-papo, videoconferências).
O aprendiz não tem que esperar a próxima aula (semanal) para tirar suas dúvidas com
o professor.
O professor acompanha o desenvolvimento da aprendizagem de cada educando
através dos registros das interações sociais colaborativas em fóruns de discussões,
sala de bate-papo, troca de “e-mails” e na entrega das atividades propostas durante o
curso.
Possibilita que várias turmas e professores trabalhem em conjunto no desenvolvimento
de projetos, gincanas, pesquisa e outras atividades.
Nesse contexto, baseado nas considerações abordadas, a próxima seção deste
trabalho é dedicada ao relato de uma experiência de criação, implantação e avaliação de um
módulo de curso de física básica, intitulado “As Leis de Newton: Forças, Modalidades e suas
Aplicações”, onde foram utilizadas as tecnologias do ambiente virtual de aprendizagem
TelEduc como recurso auxiliar na estruturação das atividades curriculares e na avaliação
formativa, visando legitimar o Blended Learning” como uma excelente estratégia para
contornar as dificuldades estruturais de sala de aula do ensino médio regular.
VII.2 Design de um Módulo de Curso de Física Básica
O planejamento para o referido módulo de curso foi baseado nas fases de Design
Instrucional
67
proposta em (FILATRO, 2003; FILATRO & PICONEZ, 2004). (Tabela VII.2)
____________________
67
O Design Instrucional é definido como: "a ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o
desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações
didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução
conhecidos.” (FILATRO, 2003)
82
TABELA VII.2 Fases do Design Instrucional para o Módulo de Curso de Física
FASES DESCRIÇÃO
1ª Fase
Anterior a situação didática propriamente dita, está etapa foi
destinada às fases de Análise, “Design” e Desenvolvimento, onde se
registrou o perfil da Instituição, seus recursos e metodologia de
trabalho; o levantamento preliminar do perfil das turmas a serem
constituídas, com base nos egressos da 8ª série de 2004; a
investigação das necessidades dos aprendizes, levando em
consideração as propostas da instituição; a identificação dos
possíveis problemas que surgirão durante a realização do curso; e a
pré-programação dos ambientes de aprendizagem, dos conteúdos
instrucionais e das atividades que farão parte do curso.
2ª Fase
A segunda etapa envolveu a implementação da proposta
pedagógica, onde foram adotadas as metodologias previamente
estruturadas na primeira fase do planejamento, a preparação de
matérias adicionais de apoio, o acompanhamento do processo de
aprendizagem, as avaliações de cunho somativo e formativo e a
intervenção (tomada de decisões) quanto a alguns ajustes
necessários na proposta inicial do design”, tendo em vista
problemas não previstos na primeira etapa.
3ª Fase
A última etapa do Design Instrucional, logo após a realização do
módulo de curso, foi reservada à avaliação de todo o processo de
design”, onde foram consideradas as observações do professor e as
opiniões dos aprendizes, expressas em sala de aula, no AVCA e no
questionário elaborado pelo professor, com o objetivo de fazer com
que a proposta do curso evolua, em sua próxima versão, a um
patamar mais próximo das expectativas dos aprendizes e do
professor.
Segundo essa proposta, o desenvolvimento do Design Instrucional deve ser organizado
segundo uma seqüência de fases (análise, design, desenvolvimento, implementação e
avaliação), que contemple a funcionalidade de incorporar novos elementos ao planejamento ou
de alterar os já existentes na estrutura de concepção ou implementação.
Enquanto os modelos convencionais freqüentemente incluem estágios
distintos de atividades de análise, design, desenvolvimento e avaliação
[...], assumimos que no design instrucional contextualizado essas
operações acontecem recursivamente ao longo de todo o processo. A
implementação (situação didática) não se dá separadamente da
concepção (fases de análise, planejamento e produção), mas progride
através de uma série de estágios e então espirala de volta e
adicionando mais detalhes. Por essa razão, um modelo de design
instrucional contextualizado seria mais bem representado pela figura de
um fractali do que por qualquer outra forma geométrica fechada.
(FILATRO & PICONEZ, 2004)
Essa necessidade surge em função de testes de validações continuadas que
geram recursividades no ciclo de desenvolvimento do projeto inicial, exigindo alterações
constantes em sua concepção e implementação, de forma a garantir que a teia de seqüências
de eventos que ocorrem no ambiente de aprendizagem atinja os propósitos desejados.
83
Em acordo com o modelo de prototipagem
[68]
rápida usado em
software, o desenvolvimento dos materiais e eventos didáticos pode
começar antes mesmo que os objetivos sejam completamente
definidos, enquanto as etapas do design instrucional vão se sobrepondo
uma às outras.” (FILATRO, 2003)
VII.2.1 Fase de Análise
O módulo de curso, com duração de dez semanas, foi realizado no contexto do Instituto
de Educação Rangel Pestana (IERP), escola pública estadual localizada no município de Nova
Iguaçu/RJ, e destinado aos aprendizes da 1ª série do ensino médio do curso de formação de
professores.
Fundado na década de trinta, o IERP é considerado uma das instituições de ensino
blico estadual mais tradicional da baixada fluminense. Com um quantitativo de
aproximadamente 300 professores e 50 funcionários distribuídos entres os setores
administrativos e de apoio, atende atualmente a uma clientela de aproximadamente 3.200
aprendizes distribuídos em 125 turmas de educação infantil, ensino fundamental e médio.
No ensino médio, atende turmas de formação geral no turno da noite e de formação de
professores para o primeiro seguimento do ensino fundamental (1ª a 4º séries). Além disso,
mantêm programas de atendimento a turmas de educação especial: deficientes visuais,
auditivos, mentais e físicos. (IERP, 2005)
Com relação aos recursos educacionais, o IERP conta com um auditório para palestras,
um ginásio de esportes, um espaço para eventos teatrais e de exposição, videoteca, um
laboratório portátil de ciências, sala de leitura, salas de práticas pedagógicas, mecanografia,
impressora Braille, DVD player, vídeo-cassete, TV Escola, filmadora analógica, equipamentos
de som, projetor multimídia, uma biblioteca pólo, além de dois laboratórios de informática com
acesso a “web”: o primeiro com 10 computadores, instalado pelo programa do SEED/ProInfo,
atendendo aprendizes e professores do ensino médio, e o segundo, com 6 computadores,
atendendo crianças do primeiro seguimento do ensino fundamental. (IERP, 2005)
A escolha do IERP para a realização deste módulo de curso é justificada pela
heterogeneidade da clientela escolar, oriunda de vários bairros da baixada fluminense, e pela
facilidade do professor (autor deste trabalho), participar de todas as etapas do referido curso.
Baseado nas necessidades de formação do curso, que visa preparar os aprendizes
para o exercício do magistério do primeiro seguimento do ensino fundamental (1ª a 4ª séries),
um dos objetivos da disciplina de física é o de mostrar aos futuros formadores como os
conceitos de ciências podem ser trabalhados em situações do cotidiano, de forma a motivá-los
a aplicarem essa concepção de ensino no exercício do magistério.
____________________
68
Para mais detalhes sobre prototipagem e recursividade no desenvolvimento de “softwares ”, ver (CAMPOS & CAMPOS, 1996;
MENEZES, 2005)
84
Nesse contexto, seguindo os moldes indicativos das DCNEM e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), foi proposto que as competências a serem
desenvolvidas pelos aprendizes (tabela VII.3), fossem adquiridas em atividades colaborativas
de pesquisa e de desenvolvimento de projetos em torno do tema estruturante “As Leis de
Newton: Forças, Modalidades e Aplicações”, e contextualizado nas normas de conduta
(educação) e segurança no trânsito, tendo em vista dois fatores: (i) Tratar-se de uma temática
atual que faz parte do cotidiano dos aprendizes e de todas as pessoas que vivem nos centros
urbanos; (ii) Essa temática pode ser trabalhada, pelos futuros professores, nas séries iniciais
do ensino fundamental.
A experiência pessoal mostra que a deficiência do aluno no
aprendizado de Física remonta aos seus primeiros anos escolares: não
despertados para a observação da natureza nem para o
questionamento daquilo que vêem, o aprendiz, mal-formado, encontra
no Ensino Médio uma barreira para a compreensão dos novos
conteúdos programáticos.” (ARAUJO & ELIA, 2003)
VII.2.2 Fase de Design
A fase do “Design” correspondeu ao planejamento instrucional propriamente dito, onde
foram estruturados o mapeamento e a seqüência dos conteúdos, o cronograma de atividades,
a escolha das mídias, a metodologia mais adequada às necessidades educacionais e os
procedimentos de acompanhamento da aprendizagem e da avaliação formativa.
TABELA VII.3 Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Curso
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
GERAIS
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
ESPECÍFICAS
Reconhecer a importância dos cintos de
segurança e do air-bag como
dispositivos de segurança no trânsito.
Identificar a lei da inércia no contexto dos
dispositivos de segurança dos automóveis.
Identificar os efeitos fisiológicos
produzidos pela aceleração dos seres
vivos;
Compreender o conceito de força, identificando-o
como o agente responsável pela aceleração e
deformação dos corpos;
Entender porque o critério que determina
o valor pago nos pedágios das estradas
está diretamente relacionado à massa do
automóvel (motocicleta, carros passeio e
caminhões).
Identificar a modalidade de força normal e atrito,
como as responsáveis pela deformação e
desgaste do asfalto das estradas.
Reconhecer a importância tecnológica
das corridas de fórmula 1 no
desenvolvimento da indústria
automobilística.
Identificar as modalidades de forças
responsáveis pela aerodinâmica dos automóveis.
Continua na próxima página
85
TABELA VII.3 Competências e Habilidades a Serem Desenvolvidas no Curso
Continuação da página anterior
Identificar e propor soluções para os
principais fatores do trânsito que afetam
o meio ambiente e a qualidade de vida
nos centros urbanos: poluição sonora,
emissão de gases poluentes e pneus e
baterias usados.
Identificar a relação entre poluição do trânsito e o
efeito estufa.
Identificar os fatores que afetam a
estabilidade dos automóveis em uma
curva: pneus, amortecedores e
condições da pista raio de curvatura e
inclinação.
Identificar a força de atrito como sendo a
responsável pela componente centrípeta da força
resultante que atua sobre um automóvel em um
trajeto curvo;
Reconhecer os procedimentos básicos
de primeiros socorros em acidentes de
trânsito.
Tendo em vista o cronograma oficial da unidade escolar e as competências a serem
trabalhadas no curso, foi previsto um módulo de curso com duração de dez semanas (2 horas-
aula/semana), com início em 06/06/2005 e término em 10/09/2005.
O conteúdo instrucional foi organizado na seguinte seqüência: Força, Leis de Newton,
Modalidades de Forças e suas Aplicações. (Tabela VII.4)
TABELA VII.4 Seqüência do Conteúdo Instrucional do Módulo de Curso
FORÇA
1- Introdução Conceito;
2- Força de contato e a distância;
3- Caráter vetorial da força;
4- Força X aceleração;
5- Unidades;
6- Componente tangencial e centrípeta
da força;
7- Efeitos fisiológicos da força;
AS LEIS DE NEWTON
1- Introdução Contexto histórico;
2- Lei da Inércia (1ª Lei de Newton);
3- Lei Fundamental da Dinâmica
(2ª Lei de Newton);
4- Lei da Ação-Reação (3ª Lei e
Newton);
5- Axiomas da mecânica clássica e as
idéias de Einstein.
MODALIDADES DE FORÇAS
1- Introdução;
2- Força Peso;
3- Força Normal;
4- Força de Tração;
5- Força de Deformação;
6- Força de Resistência do ar e
Velocidade limite;
7- Força de Atrito sólido-sólido.
Para explorar esses conteúdos foram utilizados vários recursos e mídias, disponíveis
nas modalidades de ensino presencial e a distância: quadro branco, videoteca, materiais
86
impressos, web sites”, fórum de discussão, portfólio, correio eletrônico, telefone e outros.
(Tabela VII.5)
TABELA VII.5 Recursos e Mídias Utilizadas no Módulo de Curso
AMBIENTE PRESENCIAL AMBIENTE VIRTUAL
Recursos de Apresentação de Conteúdo
Quadro branco;
TV/Vídeo;
Mural;
Mini-laboratório de ciências;
Recursos de Apresentação de Conteúdo
Portfólio;
“Web Site” de conteúdo instrucional
Simuladores virtuais;
Recursos de Comunicação
Telefone
Recursos de Comunicação
Fórum de discussão;
Correio eletrônico;
Sala de Bate-Papo;
Perfil.
Recursos de Acesso a informações
Biblioteca;
Pesquisa de campo: visitas a
instituições e enquetes;
Sala de informática;
Recursos de Acesso a informações
Material de Apoio;
Buscador de pesquisa escolar (Google);
Mídias
Impressa: apostilas, jornais, revistas,
livros didáticos e paradidáticos, atlas,
enciclopédias, cartilhas e outros;
Fitas de vídeo;
Mídias
Hipermídia: hipertextos, animações,
clips” de vídeo, imagens, simulações;
Recursos Acompanhamento/Avaliação
Provas escritas individuais
Testes individuais e em grupo
Recursos Acompanhamento/Avaliação
Ferramenta de edição e gerenciamento
de exercícios;
Ferramenta de acompanhamento das
participações e interações dos
aprendizes nos Fóruns de Discussão,
Correio eletrônico, Sala de bate-papo e
Portfólio.
Com relação à metodologia, partindo da premissa de que o presente planejamento
busca uma visão de ensino de Física voltado para a formação do cidadão contemporâneo, foi
proposta uma metodologia de curso que propicie o desenvolvimento de um conjunto de
competências, habilidades, conhecimentos, atitudes e valores que venham a preparar o
aprendiz para lidar com situações reais do cotidiano e de sua vida profissional.
69
(BRASIL.LDB,
1996; BRASIL.PCNEM, 1999)
Nesse sentido, foram propostas as seguintes etapas no processo de
implementação do módulo de curso:
____________________
69
As propostas, metodologia e critérios de avaliação foram disponibilizados aos aprendizes no “web site”:
<http://www.cefet-rj.br/aluno/trabalhos/posgraduacao/as_leis_de_newton/apresentacao/dinamica.htm>. Acesso em 15/06/2006.
87
VII.2.2.1 Verificação dos Requisitos
Considerando que a abordagem de aprendizagem por competência com o uso da
informática educativa é novidade para a maioria dos educandos, as primeiras aulas foram
reservadas à apresentação da proposta do curso, o reconhecimento dos principais recursos
das TICs (presencial e a distância) a serem utilizados no decorrer do curso e o cadastro dos
aprendizes no AVCA.
Através da exposição dos aprendizes a situações simples do cotidiano buscar-se-á
identificar as dificuldades de conhecimentos básicos de física que sejam requisitos para o
curso. Além disso, é previsto a identificação dos aprendizes que não possuem habilidades
básicas no uso da informática.
Os aprendizes com mais habilidades em informática serão convidados a colaborarem,
dentro da disponibilidade de cada um, na orientação de uso do editor de texto, navegação na
web e uso das “ferramentas” de comunicação virtual. Essa etapa deverá ser realizada na sala
de informática do IERP, com a observação do professor ou funcionário qualificado.
Os aprendizes com maior dificuldade no atendimento dos requisitos de conhecimentos
de física assistirão algumas aulas de reforço em horários disponibilizados pela unidade escolar.
Vencida esta etapa introdutória de atendimento dos requisitos prévios, dar-se-á início
ao módulo de curso com a formação dos grupos de trabalho em torno da temática “Educação e
Segurança no Trânsito” e a exposição dos conteúdos instrucionais em sala de aula e no AVCA.
VII.2.2.2 Sala de aula (modalidade presencial)
Todas as competências e habilidades previstas no presente módulo de curso deverão
ser construídas a partir das concepções espontâneas e de situações do cotidiano vivencial dos
aprendizes.
Serão utilizados como “pano de fundo” para as discussões de cada tópico, as
informações disponibilizadas pelos aprendizes, em sala de aula, tais como artigos de jornais,
web sites”, revistas, filmes (TV, cinema e vídeo) e acontecimentos do dia-a-dia da
comunidade. Por exemplo: no noticiário das 19h da TV, foi divulgada a estatística de que a
maioria dos acidentes automobilísticos nas curvas das auto-estradas ocorre com automóveis
com pneus “carecas”. A partir daí é colocado em discussão, através de um diálogo constante
entre educandos e professor, as principais questões envolvendo o assunto (educação no
trânsito, custo de manutenção de automóvel, condições das estradas brasileiras,
investimentos, agentes físicos responsáveis pela estabilidade de um automóvel e outros).
Dessas discussões surgirão propostas de ações, atividades e levantamento de informações,
tais como: Preço e vida útil de pneus; Qual a importância dos “sulcos” dos pneus? Qual o
agente físico responsável pela força centrípeta nas curvas?; Como podemos reciclar pneus
usados?; Visitas à fábrica de pneus e a oficina de manutenção preventiva de automóveis; Qual
a importância das corridas de fórmula 1 para o desenvolvimento tecnológico da indústria
automotiva?; A importância em se respeitar as leis de trânsito e outros.
88
À medida que as discussões forem adquirindo “consistência” e os grupos de trabalho
forem escolhendo seus temas de pesquisa, o professor irá motivar os aprendizes a utilizarem
os recursos do AVCA não só para aglutinarem idéias em torno dos assuntos tratados em sala
de aula, mas também para efetuarem pesquisa na “web”.
VII.2.2.3 AVCA (modalidade a distância)
Uma vez distribuída as tarefas, cada grupo terá a sua disposição no AVCA um conjunto
de recursos que facilitarão a organização dos materiais de estudo, o desenvolvimento de
atividades de pesquisas e a apresentação de trabalhos nos mais variados formatos: textos,
animações, clipsde vídeo, imagens e outros.
Além disso, os aprendizes terão a sua disposição vários recursos de comunicação
síncronas e assíncronas (fórum de discussão, sala de bate-papo e correio eletrônico), para
colaborarem entre si em torno das atividades propostas, e um diário de bordo para registrarem
suas experiências ao longo do curso: sucessos, dificuldades, dúvidas e anseios.
Com o objetivo de facilitar as pesquisas e orientar os aprendizes em suas atividades, o
professor disponibilizará alguns recursos de apoio, tais como a agenda e o material de apoio
virtual. Enquanto o primeiro informa a programação das atividades, debates e avaliações, o
segundo disponibiliza artigos relacionados à temática do curso, podendo inclusive incluir
sugestões de revistas, jornais, links para a “web sites, simuladores virtuais e outros.
VII.2.2.4 Acompanhamento e Avaliação
Na abordagem de ensino por competência a avaliação deixa de ser apenas um
instrumento normativo de verificação pontual de aprendizagem para atuar de maneira formativa
ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem.
Nesse contexto, seguindo as diretrizes da LDB, serão adotadas neste módulo de curso,
avaliações que privilegiem os aspectos qualitativos de iniciativa do aprendiz em atividades
colaborativas e na articulação de conceitos básicos de física em atividades de pesquisa e de
projetos.
a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a)
avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
[...].” (BRASIL.LDB, art.24º, inciso V, 1996)
Na modalidade presencial, serão realizadas avaliações por meio de provas escritas e
testes de revisão do conteúdo instrucional.
Na modalidade auxiliar a distância, além dos testes de revisão, serão realizadas
avaliações vinculadas às qualidades das interações colaborativas e cooperativas dos
aprendizes nas atividades de estudo e pesquisa.
Atendendo a regulamentação da unidade escolar, o resultado da avaliação de
aprendizagem será expresso por nota, variando na escala de zero a cem, e obtida através da
média ponderada das avaliações. (Tabela VII.6)
89
TABELA VII.6 Pesos Atribuídos às Avaliações Parciais do Módulo de Curso
TÓPICOS PRESENCIAL VIRTUAL
Força
Teste Individual
5
Teste Individual
5
Leis de Newton
Teste
Individual
3
Prova
Escrita
Individual
10
Fórum
Discussão
5
Teste
Individual
2
Modalidades
Força
Teste
Individual
3
Prova
Escrita
10
Fórum
Discussão
5
Teste
Individual
2
Simulador
Virtual
Teste Individual
5
Relatório do Experimento
Virtual (Grupo)
10
Projeto
Educação no
Trânsito
Entrega do Trabalho
35
Os objetivos da avaliação em cada um dos instrumentos são apresentados na tabela
VII.7.
TABELA VII.7 Objetivos dos Instrumentos de Avaliação
TESTES
INDIVIDUAIS
Os testes individuais, aplicados em sala de aula ou no AVCA, têm
por objetivo permitir que os aprendizes revejam os conceitos
chaves estudados em cada um dos tópicos, avaliando, juntamente
com o professor/tutor, se estes assuntos foram assimilados de
forma significativa.
Os testes envolvem questões dissertativas, de múltipla escolha,
associação de colunas e do tipo verdadeiro ou falso.
PROVA
ESCRITA
As avaliações envolvendo prova escrita buscam atingir os mesmos
objetivos dos testes, com o diferencial de representar o
fechamento das atividades de avaliação relativo a um determinado
tópico.
FÓRUM
DISCUSSÃO
Os fóruns de discussão foram criados com o objetivo de oferecer
um “espaço” de discussão colaborativa de cada um dos tópicos
estudados no módulo do curso.
A avaliação envolverá a observação e análise das participações e
contribuições que cada aprendiz irá oferecer no processo de
construção de conhecimento da turma, seguindo os seguintes
critérios: 5 pontos para os aprendizes que alcançarem os maiores
índices de participações significativas; 3 pontos para aqueles que
apresentarem índice de participações significativas mediana; 1
ponto para aqueles de apresentarem os menores índices de
participações significativas; 0 pontos para os aprendizes que não
participarem do fórum de discussão sem uma justificativa
plausível.
Continua na próxima página
90
TABELA VII.7 Objetivos dos Instrumentos de Avaliação
Continuação da página anterior
RELATÓRIO
SIMULADOR
VIRTUAL
Esta atividade de avaliação em grupo, tem por objetivo verificar se
os aprendizes adquiriram competências para articularem vários
conceitos aprendidos durante o curso, em uma situação-problema
de física.
No caso específico do simulador em questão, busca-se verificar se
os aprendizes conseguem determinar quais as grandezas físicas
relevantes envolvidas na aderência de um automóvel em uma
trajetória curva, e como elas estão relacionadas.
PROJETO
EDUCAÇÃO
TRÂNSITO
O projeto de pesquisa tem por objetivo mobilizar, nos aprendizes,
competências para avaliarem, no cotidiano, uma situação-
problema sob vários pontos de vista, e os meios necessários para
solucioná-lo.
No contexto da temática “Educação e Segurança no Trânsito”, é
proposto que os aprendizes entendam a importância das normas
de segurança no trânsito, como fator determinante na garantia de
uma melhor qualidade de vida e segurança para as pessoas.
Além disso, é proposto que os aprendizes identifiquem os
conceitos da física, particularmente das Leis de Newton, como
elementos norteadores na definição das normas de trânsito.
VII.2.3 Fase de Desenvolvimento
Essa fase do Design Instrucional corresponde a produção de materiais didáticos e a
configuração dos ambientes de aprendizagem que irão incorporar os recursos analógicos e
digitais das TICs, previamente selecionadas na fase de “Design”, no sentido de garantir que
todos os produtos disponibilizados vídeos, impressos, áudio, softwares, animações,
simuladores, gráficos, hipermídia e imagens , sejam revertidos em atividades que induzam os
aprendizes à reflexão, às interações sociais colaborativas e ao desenvolvimento de habilidades
e competências durante o processo de implementação do curso. (FILATRO, 2003; LEÃO,
2004)
A realidade atual de nossas escolas demonstra uma completa
dissociação entre os diversos ambientes de aprendizagem. A sala do
sala de aula está distante, física e metodologicamente, dos outros
ambientes de aprendizagem como os laboratórios experimentais, os
audiovisuais e os multimídia. Precisamos, se queremos incorporar
efetivamente os novos recursos tecnológicos, uní-los num único
ambiente de aprendizagem, ou o que chamo aqui multiambientes de
aprendizagem.” (LEÃO, 2004)
VII.2.3.1 Escolha do LMS
Apesar de existirem várias opções de LMS no mercado, como o e-Proinfo do
MEC/SEED, o AulaNet da PUC/RJ, o WebCT, criado pela University of British Columbia, o
Moodle, o Learning Space da Lótus/IBM, e muitos outros
70
, poucos são os ambientes que dão
suporte às propostas pedagógicas construtivistas.
____________________
70
Para analise de alguns desses ambientes virtuais de aprendizagem, acesse o “web site”:
<http://www.redeescolarlivre.rs.gov.br/EAD_Amb_Aprend.html>. Acesso em 02/05/2006.
91
Uma dessas exceções é o TelEduc, que vem desenvolvendo nos últimos anos uma
concepção de LMS voltada ao suporte das atividades de pesquisa, acompanhamento da
aprendizagem e avaliação formativa.
Nesse sentido, o TelEduc representa uma excelente opção para se legitimar a
abordagem do “Blended Learning” não só pela incorporação dos recursos digitais das TICs ao
ensino presencial, como também pela oferta de instrumentos de apoio ao professor/tutor no
acompanhamento da aprendizagem, tão difíceis de serem realizadas em situações de turmas
superlotadas.
VII.2.3.2 Criação do Site
A produção do material instrucional do curso teve como foco de atenção o
desencadeamento de conceitos relacionados ao cotidiano vivencial dos aprendizes visando
facilitar a quebra de concepções espontâneas relativo a uma série de fenômenos relacionados
à área de estudo da mecânica. Para tanto, evitou-se o excesso de formalismo matemático, que
só contribui para a memorização de fórmulas, e investiu-se no processo de construção de
conceitos físicos, enfatizando situações macroscópicas reais do cotidiano do educando para,
aos poucos, sem fazer apelo a definições dogmáticas, trabalhar a construção de modelos que
venham a elucidar aquelas situações que fogem ao senso comum.
[...] os modelos devem ser construídos a partir da necessidade
explicativa de fatos, em correlação direta com os fenômenos
macroscópicos que se quer explicar. Por exemplo, o modelo cinético
dos gases pode ajudar a compreender o próprio conceito de
temperatura [...].” (BRASIL.PCNEM, 1999)
O material instrucional foi disponibilizado nos servidores do CEFET/RJ na forma de
web site
71
(figura VII.1), com o objetivo de explorar os recursos hipermidiáticos, que como já
abordado no capítulo V, contribui significativamente para o processo de construção de
conhecimentos. Para tanto, foram seguidas algumas orientações básicas de desenvolvimento
de web sites” que facilitam o processo de aprendizagem. (CAMPOS, 2002; OKADA &
SANTOS, 2003)
Para construir sites que sejam AVA com interfaces disponíveis no
ciberespaço é importante destacar algumas questões: Criar sites
hipertextuais que agreguem intertextualidade, conexões com outros
sites ou documentos; intratextualidade, conexões com no mesmo
documento; multivocalidade, agregar multiplicidade de pontos de vistas;
navegabilidade, ambiente simples e de fácil acesso e transparência nas
informações; mixagem, integração de várias linguagens: sons, texto,
imagens dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas; multimídia integração
de vários suportes midiáticos; [...].” (OKADA & SANTOS, 2003)
____________________
71
O “web site” onde foi disponibilizado o conteúdo instrucional está disponível em :
<http://www.cefet-rj.br/aluno/trabalhos/posgraduacao/as_leis_de_newton/index.html>. Acesso em 26/04/2006.
92
Disponível em: <http://www.cefet-rj.br/aluno/trabalhos/posgraduacao/as_leis_de_newton/index.html>. Acesso em 26/04/2006
FIGURA VII.1 Página Inicial do “Web Site” de Conteúdo Instrucional
VII.2.4 Fase de Implementação
Essa fase do Design Instrucional correspondeu à fase operativa de implementação do
módulo de curso, onde foram aplicadas as metodologias, previamente definida na fase de
design, e realizado o processo de acompanhamento dos desenvolvimentos dos educandos,
as avaliações e os ajustes necessários.
A implementação do módulo de curso teve a participação do professor da disciplina
(autor deste trabalho), e de 183 aprendizes da 1ª série do curso de formação de professores do
IERP, distribuídos em seis turmas.
VII.2.4.1 Apresentação da Proposta e Aulas de Reforço
A fase de implementação teve início com a apresentação das propostas do módulo de
curso, a definição das datas das aulas de reforço de conteúdo instrucional e dos recursos
digitais das TICs, além da apresentação dos vinte monitores voluntários de informática que
manifestaram interesse em atuarem como colaboradores junto aos colegas de classe que
nunca tiveram acesso ao uso do computador ou encontrassem dificuldades no uso do TelEduc.
93
VII.2.4.2 Uso do Telefone
Nas duas primeiras semanas de implementação do módulo de curso, o uso do telefone
foi de grande utilidade no esclarecimento de dúvidas envolvendo o uso do ambiente de
aprendizagem TelEduc. Após essa fase, esse recurso de comunicação foi mais utilizado pelos
aprendizes que não tinham computador em suas residências e necessitavam tirar dúvidas ou
propor idéias de última hora. Os demais utilizaram o fórum de discussão e o correio eletrônico
do TelEduc.
VII.2.4.3 Dinâmica na Sala de Aula
Seguindo a proposta de participação efetiva dos aprendizes no processo de construção
de conhecimentos, o professor incentivou os educandos a trazerem para a sala de aula
situações do cotidiano (noticiários de jornais, revistas e “web sites), que pudessem contribuir
para uma discussão contextualizada das leis de Newton e suas aplicações.
Apesar das dificuldades iniciais dos aprendizes adaptarem-se à nova proposta de
ensino-aprendizagem, as contribuições foram aumentando à medida que o curso avançou.
Foi constatado que as dificuldades de adaptação devem-se ao fato da maioria dos
aprendizes ainda estarem muito presos ao modelo de aulas expositivas, onde o professor,
assumindo o papel de detentor absoluto do conhecimento, controla todo o processo de
aprendizagem, enquanto os educandos copiam a matéria do quadro e realizam testes de
memorização e reprodução do conteúdo instrucional.
Com relação ao material instrucional, previamente disponibilizado naweb”, o professor
teve a preocupação de imprimir todo o conteúdo em forma de apostila com o objetivo de
facilitar àqueles que não têm acesso à rede internet em suas residências e aos necessitam
aproveitar todo o tempo disponível sem a necessidade de estarem na frente de um
computador.
VII.2.4.4 Sala de Vídeo
A exibição dos vídeos “A Segurança Através da Ciência e da Educação Fórmulas no
Trânsito e Biologia em Circulação da Série Moto Perpétuo do MEC/FIAT, foi de grande ajuda
no desenvolvimento dos projetos de pesquisa, mostrando aos aprendizes como os conceitos
da física estão relacionados à temática Educação e Segurança no Trânsito.
Uma semana após a exibição dos vídeos, um grupo de aprendizes encontrou na “web
o roteiro completo dos filmes exibidos na sala de vídeo
72
, o que veio a facilitar demasiadamente
o processo de revisão dos principais pontos abordados.
____________________
72
O programa Moto Perpétuo foi uma parceria entre a iniciativa privada, representada pela Fiat, e o governo federal, que
beneficiou, entre 1997 e 2001, 16,5 milhões de estudantes brasileiros do ensino fundamental e médio. Com o objetivo de
promover a conscientização do aluno frente aos temas Mobilidade, Meio Ambiente, Educação e Segurança no Trânsito, o
programa Moto Perpétuo distribuiu mais de 50 mil kits didáticos ao longo de seu desenvolvimento. O “web site” do projeto Moto
Perpétuo está disponível em:
<http://voceapita.locaweb.com.br/moto_perpetuo.asp#>. Acesso em 25/03/2006.
94
VII.2.4.5 Projetos
Durante duas semanas consecutivas, os aprendizes discutiram entre si a formação dos
grupos de trabalho e a escolha dos títulos dos projetos vinculados à temática “Educação e
Segurança no Trânsito. Muitos tinham interesse em questões ambientais, outros em
legislação, primeiros socorros, inovações tecnológicas, segurança e assim por diante.
Considerando o interesse dos educandos de diferentes turmas pelos mesmos assuntos,
alguns aprendizes propuseram que os grupos de trabalho fossem constituídos por colegas de
várias turmas.
Essa idéia foi muito feliz, pois, além de facilitar a composição dos grupos, possibilitou
uma maior integração das turmas tanto na escola como no ambiente TelEduc.
Os temas escolhidos para os projetos foram: “As regras de Trânsito”; “Dispositivos de
Segurança dos Automóveis”; “Fórmula 1 e a Indústria Automobilística”; “Condições das
Estradas Brasileiras”; “Pneus, Reciclagem e Segurança no Trânsito”; “As Leis da Física e o
Trânsito”; “Direção defensiva”; “Primeiros Socorros no Trânsito”; “Poluição, Trânsito e meio
Ambiente”; e “O trânsito em minha cidade: o que está faltando?”.
Foi constatado que em função da falta de experiência dos aprendizes no
desenvolvimento de projetos, eles se sentiram um pouco perdidos no que fazer após a escolha
dos títulos de trabalho, particularmente na definição da seqüência das etapas a seguirem. Este
fato levou o professor a estabelecer algumas regras básicas relacionadas às fases de
elaboração de um projeto: intenção, preparação, execução e apreciação.
Após a escolha dos títulos dos projetos de pesquisa, o professor, utilizando-se dos
mecanismos de busca da “web”, pesquisou alguns materiais de apoio para atender as fases de
preparação e execução dos trabalhos, cujos “links” formam disponibilizados na ferramenta
“Material de Apoio” do Teleduc.
Durante essa fase, enquanto alguns grupos contribuíram na busca de materiais de
pesquisa, outros grupos investiram em visitas a órgãos públicos e empresas privadas tais como
DETRAN/Nova Iguaçu, Corpo de Bombeiros, Cooperativa de Reciclagem do Município de
Nova Iguaçu e empresas de manutenção preventiva de automóveis, especializadas em pneus,
escapamentos, amortecedores e outros.
Foram selecionados dezessete “web sitesde apoio aos projetos, seis artigos da revista
“Super Interessante, disponibilizados no setor de cópias do IERP, e duzentos exemplares da
cartilha “DETRAN PASSO A PASSO: Facilitando a sua vida”, fornecidos pela Secretaria
Municipal de Coordenação do Sistema de Transportes (S-Cositran).
VII.2.4.6 Dinâmica no Ambiente de Aprendizagem TelEduc
Excetuando a ferramenta “Bate-Papo, todas as demais ferramentas de comunicação
do TelEduc foram utilizadas pelo professor e aprendizes.
95
A razão da não utilização de sessões de bate-papo deve-se ao fato da maioria dos
aprendizes terem dificuldades de acesso ao computador.
VII.2.4.6.1 Mural Virtual
O Mural foi utilizado para divulgar informes de interesse geral dos participantes: shows,
eventos na escola, oportunidades de estágios, trabalho e monitoria de informática.
VII.2.4.6.2 Fórum de Discussão
A primeira atividade envolvendo a ferramenta “Fórum de Discussão” não teve por
objetivo avaliar as colaborações, mas incentivar os aprendizes a explorarem o potencial
colaborativo que os recursos dos AVCA oferecem. O primeiro tema escolhido para discussão
foi o tópico Forças Conceito e Características.
No fórum de discussão o professor incentivou a troca de idéias no sentido dos
aprendizes colaborarem nas dúvidas dos colegas e na elaboração de questões que
fornecessem aos participantes elementos para um aprendizado mais significativo dos tópicos
abordados em sala de aula.
No segundo fórum de discussão, que tratou do tema “As Leis de Newton”, constatou-se
que o número de participações quase que triplicou, passando de 408 participações para 1092,
em relação ao fórum anterior.
Uma das razões que determinou o aumento significativo de participações neste
segundo fórum foi o seu caráter avaliativo, determinado pelo número de participações
colaborativas e significativas de cada um dos aprendizes.
Esse fato mostrou que a avaliação quantitativa ainda domina o fazer dos aprendizes,
mostrando mais uma vez o quanto os educandos estão presos aos modelos de aprendizado
por exclusão. Por mais que se tente orientá-los sobre o que vem a ser um processo de ensino-
aprendizagem baseado em propostas construtivistas e a função da avaliação formativa, para
eles a avaliação somativa ainda é considerado o instrumento mais importante utilizado pelo
professor na tomada de decisões quanto a sua aprovação ou reprovação.
Apesar dessa visão, os fóruns de discussões foram de grande utilidade para se detectar
as concepções espontâneas que os aprendizes trazem em sua estrutura cognitiva, fornecendo
indícios de como o professor deveria trabalhar alguns conceitos da física.
VII.2.4.6.3 Dificuldades de Expressão
Um fato significativo, constatado pelo professor, ao observar o comportamento dos
aprendizes nas ferramentas de comunicação “Fóruns de Discussão” e “Correio” do TelEduc, foi
a dificuldade dos educandos expressarem com clareza suas idéias. Essa constatação é
confirmada pelos aprendizes no questionário de avaliação do curso. (Apêndice A)
96
VII.2.4.7 Tarefas Realizadas pelo Professor
Além das tarefas rotineiras de sala de aula presencial, coube ao professor esclarecer
dúvidas por telefone e “e-mails”, acompanhar todas as intervenções sociais nos fóruns de
discussões, além da correção dos exercícios on-line, o que exigiu uma dedicação extra.
Porém, como todo o processo era feito de sua residência, além de não atrapalhar suas
atividades pessoais, tornou-se um hábito prazeroso ao perceber o interesse dos aprendizes
pela nova abordagem de aprendizagem.
VII.2.4.7.1 Respondendo as Mensagens postadas no Correio Eletrônico
As mensagens enviadas ao professor foram muito diversificadas: enquanto algumas
estavam relacionadas a dúvidas de navegação no TelEduc, outras estavam relacionadas aos
projetos de pesquisa e aos resultados dos exercícios on-line realizados no TelEduc. Além
dessas, muitas mensagens foram enviadas em apoio a abordagem do “Blended Learning” no
ensino básico.
Independente do tema, todas as mensagens dirigidas especificamente ao professor
foram respondidas no prazo máximo de 24 horas.
VII.2.4.7.2 Acompanhando as Mensagens nos Fóruns de Discussões
Apesar da necessidade de rastrear um grande volume de dados, o controle quantitativo
das participações dos aprendizes teve o suporte das ferramentas “Intermap” e “Acessos” do
TelEduc, fornecendo o quantitativo das interações sociais em diversos formatos de relatórios.
(Figuras B.4 e B.5)
A maior dificuldade no processo de acompanhamento das participações colaborativas
dos aprendizes foi a análise qualitativa dessas contribuições, ao exigir do professor o registro
de todas as suas observações fora do ambiente TelEduc.
Esse procedimento tornou-se necessário em função do TelEduc (versão 3.3.4), o ter
oferecido, durante o período de realização do módulo de curso, suporte a seleção das
participações, seja através da intervenção direta do professor, marcando na própria ferramenta
de comunicação as falas consideradas significativas, seja através da ação dos agentes
inteligentes, que atuando de forma relativamente autônoma, poderiam auxiliar o professor
nesta tarefa, conforme abordado no capítulo anterior.
Logo após o processo de implementação do presente módulo de curso, a equipe de
desenvolvimento do Nied/Unicamp anunciou mudanças no TelEduc (agora na versão
3.3.7/junho 2006), onde foi apresentada a nova interface da “Ferramenta Fórum de Discussão”
incorporando a funcionalidade de permitir ao professor selecionar, no próprio ambiente do
TelEduc as falas consideradas significativas, segundo os seus critérios. (Figura VII.2)
97
I
FIGURA VII.2 Interface de Seleção das Participações na Ferramenta Fórum de
Discussão
VII.2.4.7.3 Correção dos Exercícios On-Line
Os testes “on-line”, envolvendo questões dissertativas, exigiram do professor um grande
investimento de tempo na correção, tendo em vista as dificuldades de navegação (número de
clicks”), para acessar cada uma destas questões.
Em função dessa dificuldade, os exercícios posteriores, disponibilizados no TelEduc, só
envolveram questões objetivas (múltipla escolha). As questões dissertativas passaram a ser
aplicadas apenas em sala de aula, através de testes ou provas individuais.
Além dessa dificuldade, o TelEduc apresentou alguns “bugs” na ferramenta Exercícios
(já corrigidos na versão 3.3.7/junho 2006), fazendo com que as notas dos testes “on-line” de
muitos aprendizes fossem lançadas automaticamente com valores abaixo de zero, exigindo
do professor a correção manual dos mesmos.
VII.2.4.8 Imprevistos e Ajustes no Design do Módulo de Curso
Durante a implementação do módulo de curso, alguns fatos não previstos na fase de
concepção exigiram que o professor efetuasse alguns ajustes que alteraram significativamente
as atividades programadas para o módulo de curso.
A seguir são apresentados os principais imprevistos e os ajustes implementados:
98
VII.2.4.8.1 Dificuldade na Interpretação de Gráficos
Durante as atividades de desenvolvimento dos projetos, uma parcela significativa de
aprendizes demonstrou dificuldades na interpretação de informações no formato gráfico. Em
resposta, o professor optou em comprometer o cronograma original do curso, reservando três
aulas presenciais sobre interpretação e disposição de dados no formato gráfico. Após uma aula
teórica sobre o assunto, os aprendizes foram encaminhados à sala de informática para
aprender a construir diagramas com auxílio do aplicativo “Microsoft Office Excel”®.
VII.2.4.8.2 Dificuldade de Acesso ao Computador
Apesar da resistência ao uso do computador e dos recursos virtuais das TICs ter sido
mínima, a maioria dos aprendizes reclamaram da dificuldade de acesso a internet, já que a
maioria não possui computador em suas residências (Diagrama VII.1). Além disso, eles
enfrentaram grandes dificuldades de acesso à sala de informática da escola, já que a mesma,
possuindo apenas 10 computadores para atender a aproximadamente 1000 aprendizes por
turno, encontrava-se constantemente lotada. Quando o aprendiz conseguia acesso ao
laboratório de informática, só podia permanecer durante 15 minutos, sujeitando-se a conexões
extremamente lentas a internet. A opção, para a maioria, foi utilizar as Lan House”, que
cobravam até R$4,00/hora de acesso. Outro aspecto que gerou muita polêmica na escola foi o
fato dos aprendizes não poderem utilizar a impressora para imprimir suas pesquisas na “web”.
Segundo a direção do IERP, a instituição não dispõe de verba para a reposição dos cartuchos
de tinta e papel.
183
160
150
130
117
108
77
70
51
49
48
42
38
25
17 17
14
9 9
7
4
3
1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
TV
CELULAR
TELEFONE FIXO
VIDEOCASSETE
CÂMERA FOTOGRÁFICA
DVD PLAYER
MSN
COMPUTADOR
IMPRESSORA
E-MAIL
DISCMAN
ACESSO INTERNET - DISCADA
BLOG/FLOG
TV P/ ASSINATURA
WEB SITE PESSOAL
CÂMERA FILMADORA
GRAVADOR VOZ
FAX
SCANNER
ACESSO INTERNET - BANDA LARGA
WEB CAM
HOME THEATER
iPOD
DIAGRAMA VII.1 Equipamentos e Recursos das TICs Presentes nas Residências
dos Aprendizes
99
Nesse contexto, quando inquiridos sobre as maiores dificuldades em se utilizar o AVCA
do TelEduc, a maioria dos aprendizes (73,2% dos participantes), apontaram a sala de
informática superlotada e o número reduzido de computadores da escola como os maiores
responsáveis pelo mau aproveitamento da abordagem de uso dos recursos digitais das TICs.
(Diagrama VII.2)
Além dessas dificuldades estruturais, durante duas semanas a sala de informática ficou
a disposição do pólo do NTE de Nova Iguaçu para desenvolver atividades de capacitação de
professores de outras escolas e de monitores de informática.
Por não disporem de computadores para acessarem o TelEduc em tempo hábil, muitos
aprendizes deixaram de resolver o segundo teste disponibilizado no TelEduc e a realizarem
suas atividades de pesquisa no prazo previsto.
Em função dos atrasos constantes no cumprimento do cronograma do módulo de curso,
não foi possível trabalhar os conteúdos instrucionais relativos às modalidades de forças de
tração, resistência do ar, deformação e atrito, o que impediu a abertura do fórum de discussão
sobre “Modalidades de Forças” e as atividades no simulador virtual “A Força de Atrito”.
134
115
107
75
61
37
29
22
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Sala de Informática
superlotada
Poucos computadores na
escola
Não tenho computador em
casa
Conexão à Internet é muito
lenta
Falta de apoio da
funcionária de informática
Primeira experiência com o
uso do computador
O fluxo de mensagens no
TelEduc é muito grande
Gasto muito dinheiro para
acessar a Internet de casa
12.0%
15.8%
20.2%
33.3%
40.9%
58.4%
62.8%
73.2%
DIAGRAMA VII.2 Dificuldades dos Aprendizes no Acesso e Uso do TelEduc
VII.2.5 Fase de Avaliação do Design
Considerando que todo contexto educacional é afetado direta ou indiretamente por
fatores de ordem cultural, estrutural, social e econômico, não é natural esperar que os objetivos
traçados em um planejamento educacional sejam alcançáveis a partir de soluções únicas e
perfeitas. A maioria das questões relacionadas aos imprevistos que surgem durante o processo
de implementação de um curso exige que a equipe multidisciplinar esteja constantemente
100
analisando e avaliando o “design” do curso, no sentido de garantir um produto cada vez mais
próximo das necessidades do público-alvo. (PRADO, 2002; FILATRO, 2003)
Nesta concepção, não existem soluções prontas, estratégias e
modelos previamente definidos: existem princípios, intenções e o
compromisso pedagógico com o desenvolvimento cognitivo, afetivo,
social e humano dos alunos, que orientam a (re)construção destas
estratégias na e para a ação do professor.” (PRADO, 2002)
Nesse contexto, a avaliação do Design Instrucional corresponde à fase de
acompanhamento, revisão e manutenção do planejamento educacional, gerando
recursividades no ciclo de desenvolvimento do projeto com o objetivo de aperfeiçoar o
planejamento com a incorporação de novos elementos instrucionais ou modificando os já
existentes no ambiente de aprendizagem. (ROMISZOWSKI, 2000; PRADO, 2002; FILATRO,
2003)
Avaliação [do Design Instrucional] refere-se à reflexão crítica e
sistemática de informações obtidas no processo de design instrucional e
utilização das informações para melhoria da qualidade dos materiais
sendo elaborados." (ROMISZOWSKI, 2000)
Nesse sentido, esta seção é dedicada ao processo de identificação e correções de
eventuais problemas apontados pelos aprendizes e professor, com o objetivo de fazer como
que as propostas pedagógicas do módulo de curso evoluam a um patamar mais próximo das
expectativas dos aprendizes e dos professores em sua próxima versão.
São considerados, para efeito de avaliação do curso, os registros das observações do
professor, realizadas durante a fase de implementação, e os depoimentos dos aprendizes,
relatados em sala de aula, nos diários de bordo do TelEduc e no questionário de avaliação do
curso, onde foram elaboradas questões de ordem sócio-econômicas dos participantes, e
solicitações de críticas e sugestões à abordagem do “Blended Learning” no ensino básico
regular. (Apêndice A)
Os eventuais ajustes de design, visando adequar a abordagem do “Blended Learning
às propostas pedagógicas do módulo de curso, serão apresentados à medida que forem sendo
analisadas as informações coletadas nos referidos relatos.
VII.2.5.1 Relato dos Aprendizes
Apesar dos aprendizes terem, em várias ocasiões e ambientes (sala de aula, TelEduc,
sala de informática e telefone), corroborado as constatações do professor sobre as vantagens
e limitações de uso dos AVCA e demais recursos das TICs no ensino básico, os relatos mais
significativos sobre a experiência de uso doBlended Learningforam aqueles registrados no
questionário de avaliação do módulo de curso (Apêndice A).
A elaboração do referido questionário foi dividido em quatro partes: acesso e
importância das TICs na sociedade contemporânea; recursos das TICs mais utilizados na
101
instituição; fatores que dificultam o estudo em sala de aula convencional e avaliação da
abordagem do “Blended Learning”.
A seguir, são analisados os resultados dos dois últimos blocos do questionário:
VII.2.5.1.1 Fatores que Dificultam Estudar em Sala de Aula
O terceiro bloco de questões (8 a 10) buscou identificar, na “visão” dos aprendizes,
quais os principais fatores que dificultam o processo de aprendizagem em sala de aula.
Ao serem questionados se o número de educandos em suas classes (35 em média) era
considerado ideal para o bom aproveitamento das aulas (questão nº. 8), 84% responderam que
sim, ressalvando que a postura do professor é fundamental para manter a turma sob controle,
o que nem sempre ocorre.
Na questão número dez, ao solicitar que os aprendizes indicassem quais as principais
dificuldades de aprendizagem que eles encontram ao estudar em salas de aula presencial, 54
aprendizes (29,5% dos participantes) informaram que a vergonha em expressar suas dúvidas
e/ou idéias na presença de muitas pessoas é considerada a maior dificuldade. Em segundo
lugar, com 23,5% vem a carga horária reduzida das disciplinas, que dificultam o
aprofundamento dos temas de estudo. Em terceiro lugar, com 19,8%, vem os escassos
recursos utilizados pelos professores que, em geral, só utilizam o quadro branco e o livro
didático. (Diagrama VII.3)
54
43
36
18
16
11
5
0 10 20 30 40 50 60
Vergonha em expressar suas
idéiasem público
Carga horária reduzida por
disciplina
Professor utiliza poucos
recursos tecnológicos
O excesso de aprendizes
dificultam a concentração e
o debate
O Professor não permite que
os aprendizes expressem
suas idéias
Os temas tratados em sala
são muito difícieis
Os temas de aula são
desinteressantes
2,7%
6,0%
8,7%
9,8%
19,8%
23,5%
29,5%
DIAGRAMA VII.3 Dificuldades de Aprendizagem em Sala de Aula
Esses resultados mostraram que apesar do IERP não está incluído no rol das escolas
da rede pública onde as turmas encontram-se superlotadas, as dificuldades relacionadas às
102
cargas horárias reduzidas por disciplina e a vergonha dos aprendizes expressarem suas
dúvidas e/ou idéias na presença da turma ainda representam fatores que dificultam a
aprendizagem.
Quanto a alegação de que a maioria dos professores continuam optando em utilizar
metodologias de ensino com o uso exclusivo dos recursos tradicionais como o quadro branco e
o livro didático, representa um indício de que uma parcela significativa de professores não se
preocupam em acompanhar o processo de inserção das novas TICs nas escolas.
Muitos desses professores argumentam que não tem tempo para se aperfeiçoarem,
tendo em vista as extensas jornadas de trabalho e a falta de incentivo das Secretarias de
Educação (SEE), ao não concederem licenças remuneradas para participarem de cursos de
capacitação.
Ciente dessas dificuldades, algumas Secretarias de Educação criaram a figura do
professor orientador tecnológico, que atuando em sua própria escola de origem tem a
atribuição de orientar os demais professores no uso dos novos recursos da tecnologia
educacional, principalmente as associados à informática educativa. No Rio de Janeiro essa
iniciativa teve início em julho de 2005, com a capacitação dos primeiros professores
orientadores.
VII.2.5.1.2 Avaliação da Abordagem do Blended Learning
O último bloco de questões (11 a 24), foi reservado a avaliação do uso recursos digitais
das TICs, segundo a abordagem do “Blended Learning.
VII.2.5.1.2.1 Utilização dos Recursos das TICs em Sala de Aula
Todos os participantes do curso, ao serem questionados sobre o uso dos diversos
recursos das TICs no processo de ensino-aprendizagem (questão nº 13), argumentaram que
além de facilitar a aprendizagem, tornando as aulas mais dinâmicas, propicia um contato com
as novas tecnologias que vão surgindo na sociedade, preparando-os, desde cedo, para
atuarem de forma mais segura em suas futuras profissões, já que estes recursos permeiam o
mundo do trabalho.
A seguir são apresentados alguns comentários vinculados a está questão:
As aulas se tornam mais dinâmicas e divertidas, tornando a
aprendizagem mais fácil.” (R.P.R. questionário 44)
Na maioria das vezes, esses recursos, citados acima, facilitam a
aprendizagem do aluno. Na sociedade, as pessoas necessitam desses
recursos, pois, no futuro, nosso trabalho estará fundamentado no uso
desses instrumentos.” (R.F.S. questionário 39)
Fica muito mais fácil com toda essa tecnologia aprender. Como já
disse, não é tão massante [maçante], como ficar na sala lendo livros ou
ouvindo o professor falar.” (I. M. S. questionário nº 30)
No mundo em que tudo é digital e voltado para a internet, é certo que
já dentro da escola aprendamos a lidar com esses recursos, que em
103
todos os sentidos, nos proporciona uma aprendizagem mais clara e
fácil.” (J. R. C. C. questionário nº 28)
Se as tecnologias estão ai para facilitar nossas vidas, vamos desfrutar
delas.” (J. E. S. questionário nº 13)
É uma forma de estudar diferente, sem aquela rotina do ano inteiro
ficar dentro de uma sala só prestando atenção e escrevendo. Dá muito
mais entusiasmo, assim nós temos mais interesse em estudar.(J. A. G.
F. questionário nº 6)
VII.2.5.1.2.2 Uso do Telefone como Recurso Educacional de Comunicação
No que diz respeito ao uso do telefone para contato com o professor fora do horário
convencional de aula (questão nº 14), 87,7% dos aprendizes aprovaram a iniciativa.
Enquanto alguns argumentaram que se sentiram mais a vontade, sem o receio de
serem expostos à turma, outros argumentaram que essa iniciativa facilitou o acesso ao
professor, já que em sala de aula nem sempre é possível esclarecer todas as dúvidas.
[...] como é ótimo para nós que precisamos tirar as nossas dúvidas
sem o constrangimento de estar perto de colegas da turma.” (J. A. G. F.
questionário nº 6)
Em caso de dúvidas da matéria em minha residência, poderia ter o
esclarecimento do professor por telefone, sem medo de fazer uma
pergunta sem lógica.” (M. J. S. questionário nº 17)
Essa idéia foi maravilhosa. Eu mesma usei esse recurso e adorei,
porque nem sempre, dentro do horário de aula, dá tempo de tirar todas
as dúvidas.” (L. N. R. questionário nº 51)
VII.2.5.1.2.3 Utilização da Mídia Impressa
Quanto ao acesso a materiais impressos (apostilas e cópias de artigos), 98,4% dos
aprendizes comentaram (questão nº 15), que este tipo de mídia, facilita a todos: ao professor
que não tem que ficar copiando a matéria no quadro, ao aprendiz que não tem que ficar
dividindo seu tempo prestando atenção no que o professor diz ao mesmo tempo em que copia
do quadro, e finalmente àqueles que não tendo facilidade de acesso à internet ou a impressora,
podem levar o material para suas residências e rever o conteúdo instrucional com mais calma.
Facilita, pois, após ter debatido determinado assunto na sala de aula,
junto do professor e dos colegas de turma, ao chegar em casa, o aluno
tem a oportunidade de ler com calma e esclarecer mais sobre o
assunto.” (J. S. S. questionário nº 56)
Como não podíamos utilizar a impressora da escola, isso prejudica o
estudo na plataforma. De vez em quando a supervisora do loboratório
de informática deveria deixar usar.” (R. F. S. questionário nº 39)
Eu não tenho computador, por isso as apostilas foram importantes.” (T.
H. F. questionário nº 38)
Além de nos poupar do trabalho cansativo de copiar e tentar prestar
atenção no professor ao mesmo tempo, [o material impresso] vem muito
mais explicado do que ele passaria no quadro.” (J. A. G. F.
questionário nº 6)
104
VII.2.5.1.2.4 Vantagens de uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Com relação às vantagens que os educandos encontraram no uso dos AVCA (questão
nº 16), 82,0% dos aprendizes elegeram a possibilidade de poderem elaborar e expor as suas
dúvidas com calma nas diversas ferramentas de comunicação, a principal vantagem do
TelEduc. Em seguida, com 68,3% das preferências, vem a diversidade de recursos de
comunicação do TelEduc. Em terceiro lugar, com 60,6% de aprovação, os aprendizes
elegeram o TelEduc como instrumento adequado para realizarem suas atividades colaborativas
de estudo e de desenvolvimento de projetos. (Diagrama VII.4)
150
125
111
111
103
69
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Elaborar e expor as dúvidas
com calma
Utilizar os diversos recursos
digitais de comunicação
Colaborar com meus colegas
no processo de construção de
conhecimentos
Realizar as atividades em
horário mais conveniente
Acessar o TelEduc de qualquer
lugar e a qualquer hora
Encontrar em um mesmo
"espaço", links relacionados
aos temas de estudo
37,7%
56,3%
60,6%
60,6%
68,3%
82,0%
DIAGRAMA VII.4 Vantagens de Uso do TelEduc na Visão dos Aprendizes
A análise desses resultados mostra que apesar dos aprendizes valorizarem as
interações sociais no processo de construção de seus conhecimentos, eles necessitam de um
“tempo” próprio, muitas vezes diferente do “tempo” do professor ou da sala de aula, para
organizarem as idéias em sua estrutura cognitiva e sentirem-se preparados para
exteriorizarem, de forma significativa e natural, suas opiniões e contribuições.
VII.2.5.1.2.5 Sensação de Estarem Sozinhos
Com relação à sensação de estarem sozinhos em frete ao monitor de um computador
realizando suas atividades de estudo e pesquisa no Teleduc (questão nº. 18), 46% dos
aprendizes declararam que precisaram de um período de adaptação para perceberem que o
TelEduc é mais uma oportunidade de estarem juntos com seus colegas e o professor. Setenta
e um aprendizes (39% dos participantes) declararam que desde o início se sentiram a vontade
105
no AVCA. Apenas três aprendizes (1,6% dos participantes), declararam que se sentiram
solitários. (Diagrama VII.5)
85
46%
71
39%
24
13%
3
2%
No início foi difícil, mas com o passar do tempo percebi que o TelEduc é mais uma oportunidade de estar juntos com meus colegas
e professor.
Foi ótimo! Ao contrário da sala de aula, onde tudo é tumultuado, em frente ao computador tenho tempo para organizar minhas
idéias.
Não me senti solitário, pois sabia que estaria em contato presencial com meus colegas no dia seguinte.
Senti-me solitário, conversando com as paredes.
DIAGRAMA VII.5 Sensação dos Aprendizes Estarem Sozinhos no TelEduc
VII.2.5.1.2.6 Dificuldades na Escrita
Com relação à dificuldade de escrita nas ferramentas de comunicação “Fóruns de
Discussão” e “Correio” do TelEduc (questão nº. 20), 61,2% dos aprendizes (112 participantes),
declararam que as ferramentas de comunicação contribuíram para que eles adquirissem o
hábito de escrever ou pelo menos se “policiassem” mais, evitando erros graves de
concordância ou gramática. (Diagrama VII.6)
89
49%
63
34%
23
13%
8
4%
Foi bom, pois criei o hábito de escrever Foi bom, pois adoro escrever
Foi mal, pois tinha que me policiar para não cometer erros Foi mal, pois não gosto de escrever
DIAGRAMA VII.6 Dificuldades de Escrita nas Ferramentas de Comunicação do
TelEduc
106
Essa constatação é um indicativo de que as ferramentas virtuais de comunicação, além
das vantagens já mencionadas neste trabalho, criam nos aprendizes o hábito da escrita e da
organização das idéias, tão necessários nessa fase de formação.
VII.2.5.1.2.7 Freqüência de Acesso ao TelEduc
Quanto à freqüência de acesso ao TelEduc (questão nº. 19), o resultado da pesquisa
mostrou que enquanto 59,7% dos aprendizes acessavam a plataforma de duas a três vezes
por semana em sessões de 30 minutos, 29,5% conectavam-se ao TelEduc apenas 1 vez por
semana em sessões de 20 minutos. (Diagrama VII.7)
69
54
40
8
5
3
3
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80
2 vezes por semana em
sessões de 30 minutos
1 vezes por semana em
sessões de 20 minutos
3 vezes por semana em
sessões de 30 minutos
4 vezes por semana em
sessões de 30 minutos
5 vezes por semana em
sessões de 20 minutos
7 vezes por semana em
sessões de 30 minutos
7 vezes por semana em
sessões de 15 minutos
6 vezes por semana em
sessões de 30 minutos
37,8%
0,5%
1,6%
1,6%
2,7%
4,4%
21,9%
29,5%
DIAGRAMA VII.7 Freqüência de Acesso dos Aprendizes ao TelEduc
Esse baixo índice de visitação ao TelEduc é conseqüência, segundo relatos dos
aprendizes, da indisponibilidade de computadores em suas residências (Diagrama VII.1), e do
número reduzidos de computadores na escola (Diagrama VII.2), fazendo com que o tempo de
acesso ao laboratório de informática fosse limitado no máximo 20 minutos por pessoa.
Seria melhor se na sala de informática tivesse mais espaço para os
alunos.” (W. M. S. questionário nº. 67)
Nem sempre eu tinha tempo e dinheiro para ir a Lan House, e sendo
assim, eu não pude aproveitar e quase não participei da plataforma.” (V.
C. M. questionário nº. 68)
[...] muitos alunos não tem acesso a internet em casa e o laboratório de
informática só está aberto quando estamos em aula. Quando dava
tempo era na hora do intervalo, mas meia hora não dá pra nada.
Também não dá pra ficar gastando dinheiro com lan house sempre.” (T.
J. L. P. questionário nº. 98)
107
A defasagem entre o número de aprendizes matriculados no IERP e o número de
computadores instalados no laboratório de informática, acarretando a superlotação da sala de
informática, é um problema isolado conforme mostra os dados do Censo Escolar de 2005.
Segundo esses dados, das 16.570 escolas públicas (Estadual, Federal e Municipal),
que ofereceram ensino médio no ano de 2005, 8.398 (50,68%), possuíam laboratórios de
informática instalados em suas dependências. (Tabela VII.8)
Se for considerado que nestas escolas foram matriculados 3.914.297 aprendizes
(49,34% do total de matrículas no ensino médio público/2005), pode-se concluir que, na média
nacional, cada laboratório de informática instalado atende a aproximadamente 466 aprendizes,
correspondendo a uma média de 46,7 aprendizes/computador, supondo que cada laboratório
esteja equipado com dez computadores. (Tabela VII.9)
TABELA VII.8 Laboratórios de Informática Instalados em Escolas de Ensino
Fundamental e Médio em 2005
ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO
Rede
Nº de Escolas com
laboratório de
informática
Total de
Escolas
Nº de Escolas com
laboratório de
informática
Total de
Escolas
Estadual
9.232
29.639
8.027
15.637
Federal
37
42
153
161
Municipal
7.523
113.950
218
772
Particular
10.546
19.096
5.399
6.991
Total
27.338
162.727
13.797
23.561
Fonte: Informativo Inep ano 4 nº 134, 28 abr. 2006. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/informativo/informativo134.htm>.
Acesso em 31/03/2006.
TABELA VII.9 Número de Aprendizes Matriculados em Escolas com Laboratório de
Informática em 2005
ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO
Rede
Nº de Escolas
[Alunos] com acesso
às TIC
Total
de Alunos
Nº de Escolas
[Alunos] com acesso
às TIC
Total
de Alunos
Estadual
3.750.265
12.145.494
3.787.493 7.682.995
Federal
19.931
25.728
63.671 68.651
Municipal
4.001.873
17.986.570
63.133 182.067
Particular
2.347.603
3.376.769
856.260 1.097.589
Total
10.119.672
33.534.561
4.770.55 7 9.031.302
Fonte: Informativo Inep ano 4 nº 134, 28 abr. 2006. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/informativo/informativo134.htm>.
Acesso em 31/03/2006.
Nesse contexto, para que a superlotação do laboratório de informática do IERP (média
de 300 aprendizes/computador) e de outras escolas que se encontram em situação semelhante
seja resolvido, é necessário que as Secretarias de Educação promovam uma reavaliação dos
108
critérios de distribuição de computadores nas escolas, levando em consideração o número de
aprendizes matriculados por turno.
VII.2.5.1.2.8 Avaliação Geral de uso do TelEduc
Quanto à avaliação geral da abordagem do Blended Learning no ensino básico
regular, 83% dos aprendizes, ao responderem a questão nº. 11, que trata da integração dos
recursos dos AVCA àqueles já existes nas escolas, consideraram uma boa idéia. (Diagrama
VII.8)
69
38%
26
14%
5
3%
83
45%
Bom Excelente Regular Insuficiente
DIAGRAMA VII.8 Avaliação da Abordagem do Blended Learning na Visão dos
Aprendizes
É muito bom poder estar em contato com os outros alunos fora do
horário integrado. O fato da timidez em sala de aula impede que muitos
alunos retire suas dúvidas.” (M. J. S. questionário nº 17)
Aprendi física de uma forma diferente. Participei um pouco mais da
disciplina na plataforma do que se fosse em sala de aula.” (J. R. C. C.
questionário nº 28)
Foi uma excelente experiência, pois consegui expor e elaborar minhas
dúvidas calmamente. Adquirimos mais conhecimentos, aprendi a
manusear o computador e conheci pessoas diferentes.” (B. A. C.
questionário nº 91)
[...] esse método de ensino, que infelizmente durou apenas um ano,
deu para perceber que a maioria dos alunos se interessam muito mais
pelos estudos.” (D. I. P. questionário nº 90)
Eu achei o máximo esse método de ensino, pois assim eu pudi
esclarecer as dúvidas dos colegas, não só da minha turma, mas de
todos os alunos do 1º ano e vice-versa. Confesso que eu achei que isso
não ia dar certo, mas deu mais do que certo, graças a Deus.” (F. S. S.
questionário nº 88)
109
Além dos depoimentos registrados no questionário de avaliação, alguns aprendizes
propuseram algumas alterações nas ferramentas do TelEduc, de forma a fazer com que esse
ambiente reflita melhor o perfil dos aprendizes do ensino básico. Por exemplo, eles sugeriram a
substituição das ferramentas “Perfil” e “Diário de Bordo” por uma página de “Blog”, já que eles
estão mais acostumados a publicarem suas anotações neste tipo de recurso da web”.
Propuseram também que fosse incluído algum mecanismo que permitisse aos participantes
saberem quem está “on-line”, além de um “Flog”, onde eles pudessem divulgar as fotos de
seus trabalhos. Segundo eles, disponibilizar e acessar arquivos de imagem na ferramenta
portfólio é muito complicado.
VII.2.5.2 Relato do Professor
Segundo o relato do professor, apesar da análise de implementação do módulo de
curso ter mostrado o quanto as TICs podem contribuir para o desenvolvimento de propostas
pedagógicas construtivistas no ensino básico regular, há de se observar alguns aspectos
estruturais e metodológicos envolvendo a abordagem do Blended Learning que não foram
contemplados no Design Instrucional para o presente módulo de curso.
VII.2.5.2.1 Dificuldades na Metodologia de Projetos
Com relação ao desenvolvimento dos projetos, foi constatado que os aprendizes
demonstraram dificuldades em conduzirem e concluírem os trabalhos de pesquisa, mesmo
com as orientações básicas passada pelo professor.
Conforme já comentado na fase de implementação, este fato é conseqüência do hábito
dos educandos estarem envolvidos com propostas pedagógicas voltadas essencialmente para
aulas expositivas, onde eles são conduzidos a demonstrarem, por memorização, o quanto
conseguem acumular dos conteúdos apresentados durante um período de estudo.
Nesse contexto, foram constatados dificuldades de toda a natureza: de planejamento e
de divisão de tarefas; dificuldade em realimentar o processo de pesquisa com as informações
já acumuladas em fases anteriores; adoção da famosa estratégia de “copiar/colar” textos de
web sites”, livros e apostilas, tendo em vista a dificuldade dos aprendizes expressarem as
idéias com suas próprias palavras; dificuldade em administrarem o tempo necessário para a
conclusão de cada etapa do trabalho, e assim por diante.
Diante do exposto, é proposto para a próxima versão do módulo de curso, que as
competências a serem desenvolvidas em projetos sejam realizadas segundo uma metodologia
que privilegie atividades dirigidas de pesquisas onde o professor, ao disponibilizar materiais de
consultas previamente selecionados na web”, em “cd-rom” e em mídia impressa (livros,
apostilas, revista, jornais e outros), conduza os aprendizes, passo a passo, em todas as etapas
do projeto.
110
Uma metodologia que atende está especificação é a “WebQuest” (do inglês, demanda
da “web”)
73
, proposto em (DODGE, 1995), e que tem por objetivo viabilizar uma forma eficaz
para que os professores possam elaborar propostas pedagógicas construtivista de
desenvolvimento de projetos baseados em pesquisas investigativas na web” e fora dela.
(Apêndice C)
VII.2.5.2.2 Dificuldades Estruturais
Conforme já relatado pelos aprendizes e corroborado pelo professor, uma das maiores
dificuldades enfrentada neste módulo de curso foi o número reduzido de computadores na sala
de informática, dificultando o acesso ao TelEduc e ao cumprimento das atividades agendadas.
Visando eliminar essa dificuldade, foi solicitado ao NTE de Nova Iguaçu que buscasse
junto a SEE/RJ uma solução satisfatória no sentido de equipar a sala de informática com um
quantitativo de computador compatível com o número de aprendizes matriculados.
Outro fator de dificultou os trabalhos de pesquisa no laboratório de informática foi a
inexistência de pessoal capacitado para atender os aprendizes com mais dificuldades no uso
dos recursos da informática e de pesquisa na “web”. Apesar da colaboração dos monitores
voluntários, nem sempre eles podiam estar presentes. Quanto ao professor, tornou-se inviável,
no horário de aula, dividir suas atividades docentes entre a sala de aula convencional e o
laboratório de informática.
Para solucionar esse problema, presente em todos os laboratórios de informática, a
SEE/RJ tomou a iniciativa de implantar no final do ano de 2005, o programa “Monitores de
Informática, selecionando e capacitando aprendizes da própria escola para atuarem como
monitores, orientando os demais aprendizes nas atividades de uso do computador e de
navegação na “web”. Para uma jornada de atividades de quatro horas/dia, cada monitor (um
por turno), recebe a ajuda de custo equivalente a meio salário mínimo.
74
Com relação ao AVCA, apesar do TelEduc oferecer recursos que facilitam o processo
de análise quantitativa das mensagens postadas nas ferramentas de comunicação, a principal
dificuldade encontrada pelo professor nesse ambiente foi a falta de suporte ao processo de
acompanhamento e análise qualitativa dessas mensagens.
Felizmente em junho de 2006, com a implantação da versão 3.3.7, a equipe de
desenvolvedores do Nied/Unicamp apresentou a nova interface da “Ferramenta Fórum de
Discussão” (figura VII.2), ao incorporar a funcionalidade de permitir ao professor selecionar, no
próprio ambiente do TelEduc as falas consideradas significativas, segundo os seus critérios.
____________________
73
Uma “WebQuest” (WQ), é definida como uma atividade de investigação orientada na qual algumas ou todas as informações
com as quais os aprendizes interagem são originadas de recursos da Internet.” [tradução] (DODGE, 1995)
74
Para mais informações sobre o processo de seleção de monitores de informática para as escolas de ensino básico regular,
acessar o “web site”:
<http://www.see.rj.gov.br/index5.aspx?menuSecao=3&menu=3.2&tipo=categ&idcateg=227&idItem=512>.
Acesso em 31/03/2006.
111
Apesar do professor não ter tido a oportunidade de testar a nova funcionalidade do
“Fórum de Discussão”, o TelEduc mostrou, de uma forma geral, ser um ambiente de manuseio
relativamente fácil para os aprendizes e propício ao desenvolvimento de propostas
pedagógicas construtivas envolvendo atividade projetos e interações sociais colaborativas e/ou
cooperativas.
75
A expectativa para a próxima versão do TelEduc é a de que sejam implantados os tão
esperados recursos computacionais baseados nos agentes inteligentes, reduzindo
significativamente a sobrecarga do professor na tarefa de monitoramento, análise e seleção
das “falas” consideradas relevantes.
76
____________________
75
Para acompanhar as atualizações do TelEduc, acesse o “web site”: <http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/>. Acesso em
25/03/2006.
76
Cf. propostas das linhas de pesquisas anunciadas em (OTSUKA, 2002, LACHI, 2002a, 2002b), e abordadas no capítulo
anterior.
112
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
1 Contexto do Trabalho
Em função das transformações sociais e econômicas que estão sendo delineadas na
Sociedade da Informação, integrando os vários setores da sociedade na busca de soluções
sustentáveis para o desequilíbrio social, geração de oportunidades de trabalho, domínio
tecnológico e conservação ambiental, observa-se que os elementos tradicionais de produção,
baseados no Capital Financeiro, estão perdendo lugar para o que se denominou Capital
Humano ou Intelectual, exigindo dos indivíduos competências para a aquisição, gerenciamento
e aplicação de conhecimentos na solução dos múltiplos desafios que surgem no contexto do
mundo do trabalho, da vida pessoal e nos debates e decisões que permeiam o meio social no
qual encontram-se inseridos. (Capítulo I)
Segundo os especialistas em educação, para que os aprendizes adquiram essas
competências básicas, é necessário que eles sejam colocados a todo instante em confronto
com situações de seu cotidiano vivencial segundo uma metodologia direcionada ao
desenvolvimento colaborativo de projetos.
No Brasil, os passos mais significativos nessa direção ocorreram com a implantação da
LDB e as DCNEM, ao lançarem as diretrizes e bases para um novo sistema de ensino e uma
organização curricular que se ajuste às mudanças impostas pelo paradigma da Sociedade da
Informação.
Não obstante a intencionalidade do legislativo, para que as metodologias de ensino por
competência sejam colocadas em prática, deve-se considerar que sua aplicabilidade
dependendo de espaços físicos, limitação de número de aprendizes por turma, recursos
educacionais que auxiliem e agilizem atividades escolares, carga horária adequada às
necessidades mínimas de planejamento de cada disciplina e disponibilidade de tempo para
planejamento e administração do processo ensino-aprendizagem. (Capítulo II)
Nesse sentido, duas dificuldades estruturais que todo professor encontra ao
implementar propostas pedagógicas baseadas no desenvolvimento de competência são as
clássicas turmas superlotadas, com os aprendizes dispostos em carteiras enfileiradas, e a
carga horária reduzida por disciplina, marcas registradas de um modelo de formação centrado
na transmissão de conhecimentos técnicos e no treinamento de habilidades básicas, onde o
professor era qualificado para desempenhar o papel de instrutor em uma perspectiva de
formação eminentemente para a assimilação de conteúdos e avaliação por exclusão.
113
2 Contribuições do Trabalho
Aproveitando as iniciativas da SEED/Proinfo, que vem instalando computadores com
acesso a Internet nas escolas públicas de ensino básico, este trabalho de pesquisa analisou as
principais características, vantagens e limitações da abordagem do Blended Learning”,
concebido como um modelo de educação que integra os recursos das TICs tradicionais de sala
de aula presencial com a EAD, com o objetivo de ampliar as possibilidades pedagógicas que
privilegiam o desenvolvimento colaborativo de competências no ensino básico regular.
(Capítulo III, IV e V)
No contexto das modelagens de EAD que utilizam os recursos tecnológicos dos
ambientes virtuais de aprendizagem, foram identificadas três abordagens que segundo
(VALENTE, 2003a, 2003b), podem ser classificadas como: “Broadcast”, que utiliza os recursos
tecnológicos para a simples transmissão (distribuição) de pacotes de informações em larga
escala, sem se preocupar com o processo de construção colaborativa da aprendizagem;
“Virtualização da sala de aula”, que busca a transposição das ações educacionais hierárquicas
da sala de aula presencial para o meio virtual, utilizando-se, para isso, dos diversos recursos
de informação e comunicação da “web”; e o “Estar Junto Virtual”, que explora os recursos
virtuais das TICs no sentido de potencializar a construção do conhecimento através das
interações sociais colaborativas em atividades de projetos e estudo de casos significativos e
próximos a realidade de vida de cada participante.
Dentre as várias abordagens da Educação Virtual, a única que tem como diferencial
uma perspectiva de aprendizagem baseada na construção colaborativa de conhecimento é o
“Estar Junto Virtual” sendo, portanto, o modelo mais indicado às necessidades de formação
dos aprendizes do ensino básico.
Para atingir os seus objetivos, a abordagem do “Estar Junto Virtual” é desenvolvida em
AVCA e sendo gerenciados, na maioria das vezes, por LMS que integram em um mesmo
“espaço virtual”, diversos recursos da telemática.
Após analisar a abordagem do “Blended Learning”, seus fundamentos e os recursos
das TICs mais utilizados, o passo seguinte deste trabalho foi analisar a importância da
avaliação da aprendizagem no contexto das propostas pedagógicas construtivistas. (Capítulo
VI)
Apesar da importância da avaliação no contexto educacional, uma das dificuldades ao
se trabalhar propostas pedagógicas construtivistas em salas de aula presencial são as
clássicas turmas superlotadas que impedem o professor acompanhar e analisar mais
detalhadamente o desenvolvimento individual dos educandos e tomar decisões quanto as
eventuais correções do planejamento.
No contexto do “Blended Learning”, além das vantagens já apontadas com o uso dos
AVCA, esses ambientes oferecerem aos professores recursos baseados no uso de Agentes
114
Inteligentes que dão suporte ao processo de acompanhamento de todos os desenvolvimentos
cognitivos e de interações sociais dos aprendizes.
Com o objetivo de legitimar as hipóteses de que oBlended Learning representa uma
excelente estratégia para contornar as dificuldades estruturais de sala de aula presencial no
ensino médio regular, este trabalho de pesquisa realizou um estudo de caso, relatando todas
as fases do Design Instrucional de um módulo de curso de física básica, intitulado “As Leis de
Newton Forças, Modalidades e suas Aplicações”, realizado em uma escola pública Estadual,
onde foram utilizadas as tecnologias do ambiente virtual de aprendizagem TelEduc como
recurso auxiliar na estruturação das atividades curriculares e no processo de acompanhamento
do desenvolvimento da aprendizagem, na estruturação das atividades curriculares e na
avaliação formativa. (Capítulo VII)
3 Resultados Conclusivos
A análise do processo de implementação do módulo de curso mostrou através do
questionário de avaliação do curso (Apêndice A) e das anotações realizadas pelo professor
(autor deste trabalho), que o “Blended Learning” representa uma excelente estratégia para
contornar as dificuldades estruturais de sala de aula e ampliar as oportunidades educacionais
em uma abordagem de ensino por competência. (Diagrama VII.8)
3.1 Vantagens do Blended Learning no Ensino Básico
As principais vantagens apontadas na integração dos recursos dos AVCA às
tecnologias tradicionais de ensino presencial foram (Diagramas VII.4, VII.5, VII.6):
Quebra das limitações espaço-temporal da sala de aula presencial, possibilitando
estender as relações colaborativas de aprendizagem fora do horário de aula presencial;
Possibilidade dos aprendizes poderem elaborar e expor as suas dúvidas com calma nas
ferramentas virtuais de comunicação;
Ampliação das interações colaborativas nas ferramentas de comunicação assíncronas,
contribuindo para o hábito da escrita e da organização das idéias;
Utilizar as múltiplas mídias como meio natural de assimilação e processamento de
informações.
3.2 Dificuldades do Blended Learning no Ensino Básico
Apesar das vantagens apontadas, foram constatadas algumas dificuldades no uso do
Blended Learning, impossibilitando aos participantes do curso explorarem todo o potencial
que essa abordagem pode oferecer a educação básica. As principais dificuldades encontradas
foram:
3.2.1 Adequação da Sala de Informática
A maior dificuldade que os aprendizes encontraram no uso da abordagem do “Blended
Learning” diz respeito ao número reduzido de computadores na sala de informática e as
115
conexões extremamente lentas à rede internet, dificultando o acesso à plataforma TelEduc e
ao cumprimento das atividades agendadas, já que a maioria não possui computador em suas
residências. (Diagramas VII.1 e VII.2)
Outro aspecto que gerou muita polêmica na escola foi o fato dos aprendizes não
poderem utilizar a impressora para imprimir suas pesquisas na “web”. Segundo a direção da
escola, a instituição não dispõe de verba para a reposição dos cartuchos de tinta e papel.
Segundo os dados do Censo Escolar de 2005 (tabelas VII.8 e VII.9), para que a
superlotação do laboratório de informática do IERP e de outras escolas que se encontram em
situação semelhante, seja resolvida, basta que as Secretarias de Educação promovam uma
reavaliação dos critérios de distribuição de computadores, levando em consideração o número
de aprendizes matriculados por turno.
Ainda com relação ao laboratório de informática, outro fator que dificultou os trabalhos
foi a inexistência de pessoal capacitado para atender os aprendizes com mais dificuldades no
uso dos recursos da informática e de pesquisa na “web”. Apesar da colaboração dos monitores
voluntários, nem sempre eles podiam estar presentes. Quanto ao professor, torna-se inviável,
no horário de aula, dividir suas atividades docentes entre a sala de aula convencional e o
laboratório de informática.
Para solucionar esse problema, presente em todos os laboratórios de informática, a
SEE/RJ tomou a iniciativa de implantar no final do ano de 2005, o programa “Monitores de
Informática”, selecionando e capacitando aprendizes da própria escola para atuarem como
monitores no laboratório de informática, orientando os demais aprendizes nas atividades de
uso do computador e de navegação na “web”.
3.3.2 Suporte a Avaliação Formativa no TelEduc
A segunda dificuldade estrutural detectada foi a falta de suporte ao processo de
acompanhamento e análise qualitativa das mensagens postadas no LMS.
Apesar da equipe de desenvolvimento do Nied/Unicamp ter anunciado, no final de
2005, algumas mudanças no TelEduc (versão 3.3.6), com a correção de alguns “bugs” de
sistema e algumas alterações na ferramenta “Bate-Papo”, nenhuma informação relacionada à
implantação do “re-design” das ferramentas de comunicação
foi anunciado naquele momento.
Felizmente em junho de 2006, com a implantação da versão 3.3.7, foi apresentada a nova
interface da “Ferramenta Fórum de Discussão” (figura VII.2), ao incorporar a funcionalidade de
permitir ao professor selecionar, no próprio ambiente do TelEduc, as falas consideradas
significativas, segundo os seus critérios.
A expectativa para a próxima versão do TelEduc é a de que sejam implantados os tão
esperados recursos computacionais baseados nos agentes inteligentes, que atuando de forma
relativamente autônoma nas ferramentas de comunicação, reduziriam significativamente a
sobrecarga do professor na tarefa de monitoramento, análise e seleção das “falas”
116
consideradas relevantes, liberando-o para desempenhar outras atividades onde sua presença
é indispensável.
3.3.3 Metodologias para Desenvolvimento de Projetos
Com relação ao desenvolvimento dos projetos foi constatado que os aprendizes
demonstraram dificuldades em conduzirem e concluírem os trabalhos de pesquisa, mesmo
com as orientações básicas passada pelo professor.
Este fato é conseqüência do hábito dos educandos estarem envolvidos, desde o ensino
fundamental, com propostas pedagógicas voltadas essencialmente para as aulas expositivas,
onde são conduzidos a demonstrarem passivamente e por memorização, o quanto conseguem
acumular dos conteúdos apresentados durante um período de estudo.
Diante do exposto é proposto que as competências a serem desenvolvidas em
atividades de projetos sejam realizadas segundo a metodologia do “WebQuest”, onde o
professor, disponibilizando materiais de consultas previamente selecionados na “web”, em “cd-
rom” e em mídia impressa, conduza os aprendizes, passo a passo, em todas as etapas do
projeto.
4 Limitações do Trabalho
Em função das restrições de prazo para a conclusão do presente trabalho de pesquisa,
o processo de validação da abordagem “Blended Learning” no ensino básico foi realizado em
apenas uma escola. Porém, considerando que a pesquisa foi realizada no contexto de uma
clientela escolar bastante diversificada, oriundos de vários bairros da baixada fluminense e de
diferentes níveis sociais, é possível inferir que essa limitação não comprometeu os resultados
conclusivos.
5 Submissão do Trabalho
Considerando os resultados positivos da pesquisa, o presente trabalho de pesquisa foi
submetido à apreciação do MEC/SEED/PAPED
77
, com o intuito de que a SEED sensibilize as
Secretarias de Educação a disponibilizarem, em todas as escolas públicas, LMS que ofereçam,
nos moldes do TelEduc ou do e-Proinfo, recursos que permitam os aprendizes desenvolverem
atividades de pesquisa e projetos colaborativos segundo a abordagem do “Blended Learning”.
6 Recomendações para Trabalhos Futuros
Naturalmente este trabalho de pesquisa está longe de esgotar todas as possibilidades
que os recursos virtuais das TICs e a abordagem do “Blended Learning” podem oferecer a
educação básica.
____________________
77
O artigo submetido à apreciação do MEC/SEED/PAPED foi: MENEZES, Cleber S. “Inserção dos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem no Ensino Básico: A Abordagem do Blended Learning”. Set., 2006.
117
À luz dos pressupostos teóricos realçados neste trabalho, e dos resultados conclusivos
extraídos no processo de legitimação do “Blended Learning” no ensino médio regular, surgiram
várias questões que indicaram novos caminhos de pesquisas que podem contribuir para
ampliar as possibilidades de uso integrado das TICs.
Nesse sentido, são propostas as seguintes recomendações para trabalhos futuros:
Avaliar os impactos da abordagem do “Blended Learning” em um universo mais amplo
de escolas e de aprendizes;
Realizar um estudo detalhado das contribuições que a proposta do WebQuest pode
trazer às atividades colaborativas de desenvolvimento de projetos;
Testar a eficácia, no ensino básico regular, dos novos recursos computacionais de
suporte à avaliação formativa que estão sendo implementados no TelEduc;
Desenvolver LMS voltadas especificamente para o ensino básico regular, onde sejam
contemplados novos recursos tecnológicos mais próximos aos interesses dos
aprendizes (“Blogs”, “Flogs”, “Skype”, Salas de Bate-Papo 3D e outros).
7 Considerações Finais
Partindo do princípio que os seres humanos utilizam as múltiplas mídias como meio
natural de comunicação, assimilação e processamento de informações, e considerando as
potencialidades tecnológicas e pedagógicas do “Blended Learning”, que vem despontando nos
últimos anos nos EUA e Europa, em função de sua capacidade de mesclar diversas técnicas
de aprendizagem, disseminando informações em diversos formatos midiáticos e possibilitando
interações sociais nas modalidades síncronas e assíncronas, a tendência para os próximos
anos é a de que milhares de pessoas em todo o mundo estejam navegando em AVCA,
buscando através da conectividade, da interatividade e da hipermídia meios para manterem-se
atualizados e preparados para as constantes mudanças impostas pelo paradigma da
Sociedade da Informação. Nesse sentido, nada mais natural que as escolas se apropriem
dessas tecnologias e vislumbre novas perspectivas de formação que contemple o
desenvolvimento de competências para o exercício pleno da cidadania e do trabalho na
sociedade contemporânea.
Ignorar a utilização das tecnologias de informação e comunicação no desenvolvimento
de programas educacionais mais arrojados e próximos da realidade e necessidades de
formação dos indivíduos seria como reproduzir os procedimentos motivados pelo medo do
novo, quando da descoberta da imprensa.” (Wickert, s/d)
118
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129
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130
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SASTRE, G. “Temas Transversais em Educação Bases para uma Formação Integral”. São
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SILVA, E. B. “Refazendo a Fábrica Fordista: Contrastes da Indústria Automobilística no Brasil e
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TAYLOR, J. C. “Distance Education Tecnologies: the Fourth Geration”. Australian Journal of
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Disponível em:
<http://www.ascilite.org.au/ajet/ajet11/taylor.html>. Acesso em 23 dez. 2005.
131
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO MÓDULO DE CURSO
Instituto de Educação Rangel Pestana
Curso: Formação de Professores para o Ensino Fundamental (1º Seguimento)
Nível: Ensino Médio
Disciplina: Física
Professor: Cleber Silva de Menezes
Nome (Opcional): ___________________________________________________
Turma: ______________
Data: 28/10/2005
Dúvidas: No caso de dúvidas, entre em contato com seu professor por telefone ou e-mail:
Tel.: (0xx21) 2768-4029
1- Dos equipamentos ou recursos, abaixo indicados, assinale os que você possui:
( ) TV
( ) Videocassete
( ) DVD Player
( ) Home Theater
( ) Discman
( ) iPod
( ) Gravador de voz
( ) Impressora
( ) Câmara filmadora
( ) Câmara fotográfica
( ) Telefone fixo
( ) Fax
( ) Telefone móvel (celular)
( ) Assinatura de canais de TV
(Direct TV, Sky, outros)
( ) Computador (PC)
( ) Web Cam
( ) Scanner de mesa
( ) Acesso a internet
(linha discada)
( ) Acesso a internet
(Banda Larga)
( ) Conta de e-mail
( ) Blog ou Flog pessoal
( ) Site pessoal na web
( ) MSN Messenger
2- Você considera que os recursos tecnológicos disponíveis no cotidiano cartão de crédito,
terminais bancários eletrônicos, computadores pessoais, internet, celular e outros -, facilitam a
vida das pessoas, sendo, portanto fundamentais na sociedade moderna.
( ) Sim ( ) Não
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
3- Quais os equipamentos e/ou recursos da tecnologia educacional, abaixo indicados, você
identifica em sua escola:
132
( ) TV
( ) Ant. Parabólica
( ) TV Escola
( ) Videocassete
( ) Biblioteca
( ) Videoteca
( ) Softwareteca
( ) CDteca
( ) Sala de Leitura
( ) Gravador de voz
( ) Laboratório de Ciências
( ) Murais
( ) DVD Player
( ) Laboratório de Informática
( ) Impressora
( ) Scanner
( ) Web Cam
( ) Acesso a rede internet
( ) Blog
( ) Flog
( ) MSN Messenger
( ) Site na web
( ) Câmara Filmadora
( ) Câmara fotográfica
( ) Telefone público
( ) Fax
( ) Anfiteatro
( ) Retroprojetor
( ) Quadro branco
( ) DataShow
4- Quais os equipamentos e recursos de tecnologia educacional, existentes em sua escola, são
mais utilizados por você e seus professores no cotidiano:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
5-Em quais disciplinas os professores mais utilizam as diversidades de recursos tecnológicos,
disponíveis em sua escola?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
6- Com relação às fontes de pesquisa, abaixo indicadas, numere, em ordem decrescente,
aquelas que você mais utiliza no processo de pesquisa e estudo escolar:
( ) Sites da Web
( ) Livros
( ) Revistas e Jornais
( ) Softwares
( ) Vídeos e DVD’s
( ) Programação de TV
( ) Visita a museus e centros de
pesquisas
( ) Cinema
( ) Teatro
( ) Outro
Especifique:________________
7- Qual o número total de alunos em sua turma e na escola?
Turma: ___________ alunos Escola: ____________alunos
133
8- Você considera o número de alunos em sua turma adequado (ideal), para um bom
aproveitamento das aulas?
( ) Sim ( ) Não
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
9- Quais as disciplinas que você está estudando nesse ano letivo?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
10- Indique, em ordem decrescente, as principais dificuldades que você encontra, em sala de
aula, para a compreensão dos temas abordados:
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
O Professor não permite que eu expresse minhas idéias.
Tenho vergonha de expressar minhas dúvidas e/ou idéias na presença de muitas
pessoas.
O excesso de alunos na turma dificulta a concentração ou a oportunidade de
todos debaterem o tema em discussão.
Em geral, a carga horária das disciplinas é muito pequena, não permitindo um
aprofundamento do tema em estudo.
Os temas tratados são desinteressantes.
Os temas tratados são muito difíceis para minha compreensão.
O professor utiliza poucos recursos tecnológicos. Só o quadro branco e o livro.
Outros.
Especifique:________________________________________________________
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
11- Este ano, em nosso curso de física, você teve a oportunidade de utilizar a plataforma
TELEDUC como ambiente de aprendizagem colaborativa a distância, integrado ao ensino
presencial (sala de aula).
Nesta plataforma, vários recursos foram oferecidos para que você pudesse complementar suas
atividades de estudo e pesquisa, manter contato com o seu professor e seus colegas de classe
e esclarecer suas dúvidas, tudo isso fora do horário de aula convencional.
Que conceito você atribuiria a essa nova proposta complementar de estudo e pesquisa?
( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Insatisfatório
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
134
12- Indique, em ordem decrescente, quais os recursos da plataforma TELEDUC, você mais
utilizou:
( ) Material de Apoio
( ) Mural
( ) Fórum de Discussão
( ) Correio
( ) Sala Bate-Papo
( ) Portfólio
( ) Correio eletrônico
13- Você considera que a integração de vários recursos tecnológicos aplicados à educação
vídeo, DVD, software, retroprojetor, TV, material impresso, internet, computador e outros -,
facilita o processo de ensino e aprendizagem?
( ) Sim ( ) Não
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
14-Você considera que o uso do telefone para contato com seu professor, foi útil para o
esclarecimento de dúvidas da matéria de física e uso da plataforma TELEDUC?
( ) Sim ( ) Não
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
15- Disponibilizar material impresso (apostilas e cópias de artigos), facilita o aprendiz no
processo de estudo e pesquisa?
( ) Sim ( ) Não
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
16- Em sua opinião, quais as maiores vantagens, ao se utilizar uma plataforma de
aprendizagem colaborativa a distância, como a plataforma TELEDUC:
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
Possibilidade de poder elaborar e expor minhas dúvidas calmamente.
Poder manter contato com meus colegas e o professor, usando vários recursos de
comunicação, tais como: fórum de discussão, correio eletrônico, Chat e Mural.
Poder colaborar com meus colegas no processo de construção de conhecimentos.
Poder acessar a plataforma de qualquer lugar e a qualquer hora.
Poder realizar as atividades propostas no horário mais conveniente.
Poder encontrar em um único lugar, links para sites relacionados aos temas de
estudo.
Outros.
Especifique:_________________________________________________________
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
17- Em sua opinião, quais as maiores dificuldades, ao se utilizar uma plataforma de
aprendizagem colaborativa a distância, como o TELEDUC:
135
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
Dificuldade de acesso a plataforma, já que não tenho computador em casa.
Dificuldade de acesso a plataforma, já que a escola possui muitos poucos
computadores.
Dificuldade de acesso a plataforma, já que a conexão à internet, em minha
escola, é muito lenta.
Gasto muito dinheiro para acessar a internet de minha casa.
A sala de informática da escola está constantemente superlotada.
A funcionária da sala de informática não oferece apoio adequado ao uso dos
computadores.
O fluxo de mensagens no fórum de discussão e no correio eletrônico é muito
intenso. É difícil acompanhar o ritmo.
Por ser minha primeira experiência no uso do computador, senti muitas
dificuldades. Não deu tempo para eu me adaptar a essa nova proposta de
aprendizagem.
Outros.
Especifique:__________________________________________________
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
18- Durante o período em que você utilizou a plataforma TELEDUC, em sua casa, na sala de
informática da escola ou mesmo em uma Lan House, qual foi a sua sensação de estar
sozinha em frente ao computador sem o contato face a face com seus colegas e o professor.
( )
( )
( )
( )
Senti-me só! Conversando com a parede.
Apesar de estar sozinho(a), em frente do monitor, não me senti solitário(a), pois
sabia que estaria em contato com meus colegas na aula do dia seguinte.
Adorei! Ao contrário da sala de aula, onde tudo é muito tumultuado, em frente ao
computador tenho tempo para organizar tranquilamente minhas idéias e
apresentá-la de forma mais clara aos meus colegas e ao professor, utilizando o
fórum de discussão ou o correio eletrônico.
No início foi muito difícil, mas com o passar do tempo fui percebendo que a
plataforma era mais uma oportunidade de estar em contato com meus colegas e
com o professor, tirando dúvidas e colaborando na construção de conhecimentos.
19- Em média, durante o período do curso em que utilizamos a plataforma TELEDUC, qual a
sua freqüência de acesso à plataforma?
Em média, eu acessava a plataforma _____ vezes por semana durante _____ minutos (para
cada acesso).
20- Durante o processo de escrita, como você se sentiu ao utilizar o fórum de discussão e o
correio eletrônico?
136
( )
( )
( )
( )
Mal, pois não gosto de escrever.
Bem, pois adoro escrever.
Mal, pois estava constantemente me policiando para não cometer erros.
Para mim foi bom, pois criei o hábito de escrever.
21- Qual a sua opinião quanto a proposta de todos os aprendizes da rede pública do Rio de
Janeiro estarem interligadas através de Ambientes Virtuais de Aprendizagem como o TelEduc,
onde pudessem se comunicar a qualquer momento, trocando informações, novidades, dúvidas
e sugestões sobre temas relacionados à atividades escolares, utilizando para isso, recursos
tais como o fórum de discussão, o MSN Messenger, Blogs, Flogs e Salas de Bate-Papo.
( ) Bom ( ) Ruim ( ) Indiferente
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
22- Considerando que sejam resolvidas todas as dificuldades de naturezas técnicas que
dificultam o acesso à plataforma TELEDUC como, por exemplo, o aumento do número de
computadores na escola, acesso mais rápida à rede internet, monitores a disposição dos
aprendizes, possibilidade de uso das impressoras e outros, qual seria sua opinião caso a
escola colocasse em votação a utilização do ambiente de aprendizagem TELEDUC, integrado
aos demais recursos tecnológicos de sua escola, em todas as disciplinas.
( ) Boa idéia! Votaria a favor
( ) Não acho uma boa idéia! Votaria contra essa proposta.
Comentário:__________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
______________________________________________________________
23- Que orientação você daria a um colega que fosse utilizar pela primeira vez a plataforma
TELEDUC, complementando as atividades presenciais de sala de aula.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
24- Se desejar completar essa pesquisa fazendo algum comentário adicional, fique a vontade!
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
25- Se desejar receber o resultado desta pesquisa, favor informar seu endereço eletrônico (e-
mail):
____________________________________________________________________________
137
APÊNDICE B
AGENTES INTELIGENTES
SUPORTE À AVALIAÇÃO FORMATIVA EM AVCA
1 Definição e Características dos Agentes Inteligentes
Usualmente, o termo “Agente” é utilizado para designar alguma pessoa (física ou
jurídica), que agindo em benefício de alguém ou de alguma causa, executam, com a devida
permissão, as mais variadas tarefas segundo sua especialidade.
Agente é toda pessoa especializada que trata de negócio por conta
alheia, ou que representa os interesses de seus clientes.” (AURÉLIO,
1999)
Como exemplo de situações de ação de agentes no cotidiano, pode-se citar, por
exemplo, os agentes de viagem, que cuidam dos preparativos de uma viagem; os contadores,
que cuidam dos interesses contábeis de seus clientes; os corretores de imóveis, que procuram
a casa de nossos sonhos; os agentes institucionais, que buscam defender e cuidar dos
interesses das organizações, sejam elas privadas ou públicas.
Nesse sentido, independente de sua função, todo agente apresenta as seguintes
características (PALLMAMM
78
,1999 apud BRAGA & PEREIRA, 2001):
Age no lugar de alguém defendendo os interesses desse último: Quando contratamos
um advogado e passamos uma procuração, estamos contando que ele venha a
representar nossa vontade e seus interesses;
Agem com a permissão de que o contratou: Por mais honesto e intencionado que seja o
agente, ele jamais poderá agir deliberadamente sem a expressa autorização do
contratador dos serviços;
São especializados em uma área específica: Os agentes, por sua natureza de
prestadores de serviços, atuando em benefício de outros, só podem exercer funções em
sua área de especialidade, já que dependem de competências específicas para realizar
suas tarefas, caso contrário, corre o risco de levar enormes prejuízos aos seus clientes.
Transpondo essas idéias para o campo das ciências computacionais, podemos
encontrar na literatura especializada várias definições para “Agentes”:
____________________
78
PALLMANN, D. “Programming Bots, Spiders, and Intelligent Agents”. Microsoft Visual C++. Washington: Microsoft Press,
1999.
138
Um agente é um sistema de computador que está situado em algum
ambiente e que é capaz de executar ações autônomas de forma flexível
neste ambiente, a fim de satisfazer seus objetivos de projeto.
(WOOLDRIDGE
79
, 1999 apud BRAGA & PEREIRA, 2001)
Agentes inteligentes são entidades de software que realizam algum
conjunto de operações em benefício do usuário ou de outro programa,
utilizando certo grau de independência ou autonomia, e ao fazê-lo,
emprega algum conhecimento ou representação dos objetivos ou
preferências do usuário.(GILBERT
80
, 1996 apud SOUZA, 1996)
Agente é uma entidade de software persistente, dedicado a um
propósito específico. A qualidade de persistência identifica a
capacidade do agente de possuir métodos próprios para acompanhar
tarefas, bem como a habilidade para determinar sua própria agenda.
(SMITH
81
, 1994 apud SOUZA, 1996)
Agente inteligente é um sistema, situado dentro de um ambiente, que
nele percebe e atua continuamente em busca de sua própria agenda, a
fim de aplicar o que percebeu em um momento futuro.” (FRANKLIN &
GRAESSER
82
, 1996 apud SOUZA, 1996)
Agentes inteligentes [são] como sistemas computacionais residentes
em ambientes dinâmicos complexos, os quais percebem e atuam
autonomamente neste ambiente, e ao fazê-lo, realizam um conjunto de
objetivos e tarefas para os quais foram designados.” (MAES
83
, 1995
apud SOUZA, 1996)
Embora cada autor enfatize diferentes aspectos das propriedades dessas entidades,
pode-se observar em todas as definições a predominância de três elementos comuns a todos
os agentes: o ambiente, representando os espaços lógicos nos quais os agentes atuam,
extraindo dados e executando ações para o qual foi designado; a autonomia para executarem
tarefas sem a intervenção do usuário; e a flexibilidade para escolherem que ações e em que
seqüência deve ser executada, em resposta a um evento do ambiente. (BRAGA & PEREIRA,
2001; BOGO, 2003)
Nesse sentido, diferente dos programas de “softwares” tradicionais, que dependem de
um usuário para executar a ação para a qual foi programado, pode-se entender os Agentes
Inteligentes, também denominados de Agentes de Interface, a todo programa de “software
residentes em ambientes dinâmicos e complexos, que dispondo de uma representação parcial
desses ambientes, atuam de forma relativamente autônoma, realizando tarefas de negociação
de transferência e interpretação de informações para as quais foram designados, com o
objetivo de auxiliar o(s) usuário(s) nas tarefas de busca, organização, análise e tomada de
decisões.
____________________
79
WOOLDRIDGE, M. “Intelligent Agents”. Weiss, G. (ed.) Multiagent Systems. The MIT Press, abril, 1999.
80
GILBERT, D. et. al. “Intelligent Agent Strategic”. 1996
81
SMITH, D.C. et. al. “KidSim: Programming Agents Without a Programming Language”. Communications of ACM, 1994.
82
FRANKLIN, S. & GRAESSER, A. “Is it an Agent, or just a Program?: A Taxonomy for Autonomous Agents”. 1996
Disponível em: <http://www.msci.memphis.edu/~franklin/AgentProg.html>. Acesso em 30/03/2006.
83
MAES, P. “Artificial Life Meets Entertainment: Life like Autonomous Agents”. Communications of ACM, 1995.
139
Resumidamente, pode-se afirmar que a principal diferença entre agentes e os
programas de “softwares” tradicionais é que enquanto o primeiro observa e se comunica com o
usuário, o segundo são entidades passivas, dependendo do usuário para serem postos em
ação.
Um agente é um software que sabe fazer coisas que provavelmente
você faria você mesmo se tivesse tempo.” (SELKER apud BRAGA &
PEREIRA, 2001)
2 Agentes Inteligentes em AVCA
Considerando as características e funções dos agentes de interface, observa-se que
esses “softwares inteligentes” têm se mostrado como valiosa ferramenta de apoio às situações
que requerem a análise e interpretação de grandes quantidades de informações, os quais
exigem do homem um enorme investimento de tempo e/ou trabalho que poderiam ser
canalizadas em múltiplas outras atividades onde sua presença é indispensável. (SOUZA, 1996;
BOGO, 2003)
Uma das áreas de atividade onde a tecnologia de agentes está cada vez mais presente
é na educação virtual, atuando no suporte às estratégias de soluções dos múltiplos desafios
vinculados aos papéis desempenhados pelo professor, os quais são agrupados em quatro
categorias: elaboração das atividades de estudo e pesquisa, tendo como foco de atenção as
habilidades e competências a serem desenvolvidas nos aprendizes; acompanhamento do
desenvolvimento da aprendizagem de cada educando, com o registro das informações
pertinentes ao seu desempenho; análise do aproveitamento dos aprendizes em cada uma das
atividades, e tomada de decisões quanto à orientação do processo de aprendizagem.
A participação recente em um curso de formação de professores
totalmente à distância, baseado no construcionismo contextualizado,
possibilitou o levantamento dos principais papéis desempenhados pelo
professor durante o processo de avaliação neste contexto. Estes são
resumidos a seguir: (1) Elaboração das atividades: seleção do
conteúdo e habilidades a serem explorados e da metodologia de
avaliação; (2) Acompanhamento: análise do comportamento do aluno,
detecção de problemas e elaboração de relatórios; (3) Orientação:
intervenções construtivas no processo de aprendizagem, motivação da
participação ativa e da colaboração; (4) Análise do aproveitamento:
coleta e análise das informações necessárias para a verificação do
aproveitamento do aluno no desenvolvimento de uma atividade.
(ROCHA, 2002)
Nesse sentido, (ROCHA, 2002; OTSUKA & ROCHA, 2005a, 2005b), propõem um
modelo de suporte onde as tecnologias de agentes de interfaces são inseridas em LMS, com o
intuito de auxiliar e minimizar as dificuldades que os professores encontram nas tarefas de
acompanhamento do desenvolvimento dos aprendizes e na tomada de decisões quanto ao
processo de ensino-aprendizagem.
140
Segundo esse modelo, devem-se identificar duas etapas no processo de avaliação
formativa em AVCA: o planejamento da avaliação das atividades de aprendizagem e o
acompanhamento das participações dos aprendizes nestas atividades.
2.1 Planejamento da Avaliação da Aprendizagem
O Design Instrucional de um curso não se restringe apenas a definição das habilidades
e competências a serem desenvolvidas nos aprendizes e aos conteúdos instrucionais a serem
trabalhados para esse fim. Também é preciso determinar quais os aspectos a serem
observados no desenvolvimento da aprendizagem de cada educando, no sentido de verificar
se os objetivos do planejamento estão sendo alcançados e a necessidade de possíveis
reorientações nas estratégias de ensino, com o objetivo de adequá-lo ao perfil do aprendiz.
construir um objeto de avaliação é dizer, antes de mais nada, sobre o
que se dá o questionamento, e sobre o que se deverá coletar
informações.” (HADJI, 2001 apud OTSUKA & ROCHA, 2005a)
Portanto, na fase de planejamento em AVCA, deve-se prever para cada um dos
recursos das TICs, quais serão os aspectos a serem observados durante a realização das
atividades.
“[...] um ambiente de EaD com suporte à avaliação formativa deve estar
preparado para apoiar o formador no planejamento da avaliação de
atividades de aprendizagem propostas ao longo do curso, com ênfase
na definição de objetivos e critérios da avaliação, que são a base para
se obter uma avaliação mais formativa.” (OTSUKA & ROCHA, 2005a)
A guisa de exemplo, são apresentados, a seguir, alguns critérios passíveis de serem
observados em atividades de aprendizagem em que são utilizados o Fórum de Discussão e o
Portfólio, segundo uma abordagem de aprendizado colaborativo. (Tabela B.1 e B.2)
TABELA B.1 Critérios de Avaliação em Fórum de Discussão
CRITÉRIOS OBSERVAÇÕES
Freqüência de participações
1-Freqüência de acesso ao fórum;
2-Freqüência de postagem de mensagens em uma
atividade de fórum.
Aproveitamento
Relevância das mensagens postadas a partir de
indicadores estabelecidos pelo professor/tutor.
Comportamento
Colaborativo
1-Número de assuntos iniciados pelo aprendiz;
2-Número de respostas do aprendiz às mensagens
postadas pelo professor/tutor;
3-Número de respostas do aprendiz a mensagens do
professor/tutor.
Fonte: Adaptado de (OTSUKA & ROCHA, 2005a)
141
TABELA B.2 Critérios de Avaliação em Portfólio
CRITÉRIOS OBSERVAÇÕES
Freqüência de participações
1-Pontualidade na entrega das atividades;
2-Pontualidade de entrega de revisões solicitadas.
Aproveitamento
1-Qualidade das atividades entregue a partir de
indicadores estabelecidos pelo professor/tutor;
2-Relevância das mensagens postadas nos
comentários das atividades de outros grupos a partir de
indicadores estabelecidos pelo professor/tutor.
Colaboração
Número de comentários enviados pelo aprendiz;
Fonte: Adaptado de (OTSUKA & ROCHA, 2005a)
Um outro aspecto a considerar no planejamento da avaliação da aprendizagem,
independente da modalidade ser presencial ou a distância, é a definição de critérios quanto a
participação dos aprendizes como avaliadores de seus próprios desenvolvimentos e de seus
colegas, através dos recursos de suporte a auto-avaliação e a avaliação por pares.
"a avaliação por pares e a auto-avaliação ajudam os aprendizes a
desenvolverem a habilidade de fazer julgamentos, uma habilidade
necessária para o estudo e vida profissional." (BROWN
84
, 1994 apud
OTSUKA & ROCHA, 2005a)
As principais vantagens e motivações que um modelo de suporte a avaliação formativa
pode oferecer aos aprendizes, ao favorecer o envolvimento dos mesmos em processos como a
auto-avaliação e avaliação por pares, podem ser resumidos como:
[1] Encorajar um senso de propriedade do processo, de tal forma que
o aprendiz fique comprometido com os resultados da avaliação; [2]
Ajudar os aprendizes a se tornarem mais autônomos, aptos a
reconhecerem os pontos fortes e fracos de seus trabalhos; [3]
Favorecer o emprego da avaliação como parte do processo de
aprendizagem, de tal forma que os erros passem a ser vistos como
oportunidades e não como mais como falhas; [4] Encorajar uma
aprendizagem mais profunda.(BROWN, 1994 apud OTSUKA &
ROCHA, 2005a)
2.2 Acompanhamento da Aprendizagem
O acompanhamento das atividades de aprendizagem em AVCA deve ocorrer durante
todo o processo de realização do curso, onde o professor/tutor deve observar analisar e
interpretar a evolução das interações sociais colaborativas e/ou cooperativas, além da
qualidade dos trabalhos realizados por cada aprendiz, tendo em vista o “feedback” necessário
às tomadas de decisões relacionadas às dificuldades de cada aprendiz e as recursividades do
design do curso.
____________________
84
BROWN, S.; RUST, C.; GIBBS, G. “Involving Students in the Assessment Process”. Strategies for Diversifying Assessment in
Higher Education, Oxford: Oxford Centre for Staff Development, and at DeLibertations. 1994
142
Nesse sentido, segundo o modelo de suporte a avaliação formativa proposto em
(OTSUKA & ROCHA, 2005a, 2005b), em função do grande número de informações que são
geradas nos AVCA, esses ambientes devem oferecer suporte para que o professor/tutor realize
todo o processo de acompanhamento dos acessos e participações dos aprendizes em cada um
dos recursos de informação e comunicação, correndo o risco de impedir que o professor
analise e interprete, em tempo hábil, todas as participações.
Propõe-se que um ambiente de EaD ofereça suporte adequado aos
ciclos de acompanhamento de participações em três níveis: (1) cada
participação em atividades de aprendizagem (por exemplo, a análise de
cada mensagem postada em uma atividade de Fórum, ou de cada
versão de atividade entregue durante o desenvolvimento de um projeto,
artigo, ensaio, etc.); (2) participação geral de cada aprendiz e da turma
ao longo do desenvolvimento de uma atividade (por exemplo, a análise
do conjunto de mensagens postadas por um participante em um
período de uma atividade de Fórum ou o conjunto de versões entregues
ao longo do desenvolvimento de projetos, artigos, ensaios); (3)
participação global de cada aprendiz e da turma: o sistema deve prover
suporte à observação e análise do conjunto participações de cada
aprendiz ou da turma em todas as atividades (participações em fóruns,
bate-papos, mural, desenvolvimento de projetos, artigos, etc.) de ação
de aprendizagem, ao longo do desenvolvimento desta ação (módulo,
curso, etc.).” (OTSUKA & ROCHA, 2005b)
Nesse contexto, é desejável que no processo de acompanhamento da aprendizagem,
as tarefas de controle dos acessos e das participações dos aprendizes em atividades
colaborativas e de realização de projetos, em vez de serem realizadas exclusivamente pelo
professor, sejam auxiliadas por Agentes de Interface, que realizando de forma “autônoma”
essas tarefas, reduziriam significativamente a sobrecarga do professor no processo de
levantamento de dados. (SOUZA, 1996; BOGO, 2003; OTSUKA & ROCHA, 2005a, 2005b)
[...] é desejável que o processo de acompanhamento das participações
seja "autônomo", ou seja, que possa ser executado sem a constante
intervenção do formador/avaliador, diminuindo a sobrecarga deste
último no controle desse processo.(OTSUKA & ROCHA, 2005a,
2005b)
Segundo essa perspectiva, é apresentado a seguir, as principais pesquisas envolvendo
o uso de agentes inteligentes no suporte ao processo de acompanhamento e avaliação da
aprendizagem no Ambiente Virtual Colaborativo de Aprendizagem TelEduc.
3 O Ambiente de Educação Virtual TelEduc
O TelEduc é um ambientes virtual de suporte ao processo de ensino-aprendizagem a
distância que vem sendo desenvolvido desde 1997 na Unicamp, pelo Núcleo de Informática
aplicada à Educação (NIED), em parceria com o Instituto de Computação, e destinado à
implantação de atividades colaborativas de estudos, pesquisas e desenvolvimento de projetos
nos mais diversos tipos de cursos e níveis de ensino.
143
Atualmente na versão 3.3.7, o TelEduc é um software livre que oferece suporte a
múltiplas línguas (Português, Espanhol e Inglês), podendo ser baixado e instalado em qualquer
servidor Linux.
85
3.1 A Arquitetura do Ambiente TelEduc
A arquitetura do TelEduc (figura B.1), foi concebida para apoiar a aprendizagem
baseada em atividades de desenvolvimento de projetos e na resolução de problemas.
FIGURA B.1 Arquitetura Básica do TelEduc (ROCHA, 2002)
O elemento central desse ambiente é a ferramenta Atividades (figura B.2), que apoiada
por diversos recursos de informação e comunicação, tais como correio eletrônico, material de
apoio, fórum de discussões, sala de bate-papo, mural, FAQ (Perguntas freqüentes), Portfólio e
outros, oferece subsídio a disponibilização de materiais hipermidiáticos e canais de interações
sociais entre os participantes (aprendizes e professor).
Além disso, todas as informações geradas no TelEduc são registradas em bancos de
dados, com o objetivo de facilitar o processo de acompanhamento e avaliação da
aprendizagem. (OTSUKA, 2002; ROCHA, 2002)
86
____________________
85
Para mais detalhe sobre o “download” e os procedimentos de instalação do ambiente TelEduc, acesse “web site” oficial do
TelEduc.
Disponível em: <http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/>. Acesso em 14/03/2006.
86
Para mais detalhe sobre as funcionalidades do ambiente TelEduc (versão 3.3.6), acesse o “web site <http://www.rau-
tu.unicamp.br/nou-rau/ead/document/?code=73&tid=18> ou <http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/teleducv3/index.htm>. Acesso em
21/04/2006.
144
FIGURA B.2 Ferramenta Atividades do TelEduc
3.2 Acompanhamento e Avaliação no TelEduc
Atualmente a avaliação no TelEduc é realizada por meio do acompanhamento
quantitativo e qualitativo das interações sociais que ocorrem nas ferramentas de comunicação,
nos testes realizados na ferramenta “Exercícios” e nos projetos disponibilizados na ferramenta
“Portfólio”.
Os resultados das avaliações realizadas no Fórum de Discussão, no Bate-Papo,
Portfólio e nos Exercícios são reunidas e disponibilizadas na ferramenta “Avaliações”. (Figura
B.3)
Além disso, através das ferramentas “Acessos “e Intermap (“Interaction Map”), o
TelEduc oferece suporte à organização e a análise quantitativa da freqüência de acesso e da
teia de relacionamentos que ocorrem nas ferramentas de comunicação.
145
FIGURA B.3 Ferramenta Avaliações do TelEduc
3.2.1 Ferramenta Acessos
A ferramenta Acessos permite a geração de relatórios, organizados por data e nomes,
das freqüências de acessos dos participantes a qualquer uma das ferramentas disponibilizada
no curso. (Figura B.4)
Essa ferramenta tornou-se necessária em função das dificuldades encontradas pelos
professores/tutores na identificação dos aprendizes mais atuantes, os mais “calados” e os
ausentes. (OTSUKA, 2002, ROCHA, 2002)
3.2.2 Ferramenta Intermap
A ferramenta Intermap foi criada com o objetivo de facilitar a visualização de dados
quantitativos das interações realizadas no ambiente TelEduc, mapeando as teias de interações
sociais geradas pelos aprendizes nas ferramentas Correio, Fóruns de Discussão e Bate-Papo.
(Figura B.5) (ROMANI & ROCHA, 2001)
146
FIGURA B.4 Ferramenta Acessos do TelEduc
3.3 Agentes Inteligentes no TelEduc
Apesar do suporte que as ferramentas “Acessos” e “Intermap” oferecem ao processo de
avaliação formativa, diversos relatos de experiências de cursos no TelEduc vem mostrando
que o processo de acompanhamento da qualidade das interações sociais nesse ambiente
ainda demanda muito tempo e trabalho dos professores/tutores, já que esses profissionais
necessitam registrar manualmente e fora do ambiente TelEduc todas as suas observações.
(LACHI, 2002a, 2002b; OTSUKA, 2002)
[...] no TelEduc atualmente não existe um recurso que permita o
registro dessas observações e esse processo é feito manualmente
pelo formador, por meio de anotações paralelas fora do ambiente.
Consequentemente, sempre que for necessário recuperar informações
de avaliações anteriores, o formador precisa buscar esses dados em
suas anotações. Este processo pode ser bastante trabalhoso,
dependendo do número de atividades, alunos e ferramentas de
comunicação envolvidas, além da própria organização do formador,
podendo envolver a busca e análise de um enorme volume de
informações. Daí a necessidade de criar um recurso de
armazenamento e recuperação dos dados de avaliações realizadas.
(OTSUKA, 2002)
147
FIGURA B.5 Ferramenta Intermap do TelEduc
Com base nessas constatações, um dos focos de pesquisas que vêm sendo
desenvolvido pelo grupo do TelEduc é a criação de recursos computacionais que realizem, de
forma relativamente autônoma, as tarefas de organização e apresentação dos resultados
qualitativos das intervenções colaborativas.
[...] é desejável que o processo de acompanhamento das
participações seja "autônomo", ou seja, que possa ser executado sem
a constante intervenção do formador/avaliador, diminuindo a
sobrecarga deste último no controle desse processo.” (OTSUKA &
ROCHA, 2005a, 2005b)
Nesse sentido, são apresentados, a seguir, os primeiros resultados obtidos com o uso
da tecnologia de Agentes no suporte à análise e seleção de mensagens qualitativamente
relevantes em sessões de Bate-Papo do TelEduc.
148
3.3.1 Acompanhamento das Sessões de Bate-Papo
A interface original da ferramenta Bate-Papo do TelEduc é análoga a de qualquer sala
de bate-papo da “web”, dispondo de um campo para digitação das “falas” dos participantes e
uma área para registro das mesmas. (Figura B.6)
Apesar dos registros das sessões de Bate-Papo serem armazenados em bancos de
dados, a interface desta ferramenta não permite que o professor/tutor selecione (marque) as
“falas” qualitativamente relevantes segundo os critérios do planejamento da avaliação. Esse
fato obriga que o professor/tutor realize o registre de suas observações manualmente em
fichários, demandando um grande investimento de tempo e trabalho, principalmente em turmas
envolvendo grandes números de participantes. (LACHI, 2002a, 2002b; ROCHA, 2002;
OTSUKA, 2002)
FIGURA B.6 Ferramenta Bate-Papo do TelEduc
Em busca de uma maior flexibilidade e suporte ao processo de avaliação formativa,
pesquisas vem sendo realizadas no sentido de um “(re)design” da interface da ferramenta
Bate-Papo, tendo em vista dois focos: (1) permitir que as “falas” das sessões possam ser
selecionadas pelo professor/tutor segundo os critérios de qualidade definidos no planejamento
da avaliação; (2) empregar as tecnologias de Agentes de Interface, que atuando de forma
contínua e relativamente autônoma, auxiliem o formador no monitoramento, análise e seleção
das “falas”, como forma de reduzir a sobrecarga dos professores. (LACHI, 2002a, 2002b;
ROCHA, 2002; OTSUKA, 2002)
[...] o foco das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no Projeto
TelEduc na área de suporte à avaliação, é facilitar a atuação do
formador, provendo suporte flexível às principais tarefas desenvolvidas
pelos formadores no processo de avaliação formativa, principalmente
na análise qualitativa das participações dos aprendizes. As pesquisas
do grupo TelEduc estão sendo desenvolvidas em duas pontas: por um
149
lado espera-se facilitar o registro e recuperação das avaliações (notas
e comentários) realizadas ao longo do curso pelos formadores e, por
outro lado, espera-se reduzir a quantidade de informações a serem
analisadas e facilitar o formador na identificação e recuperação de
informações quantitativas e qualitativas relevantes à avaliação, de
acordo com os seus critérios.” (OTSUKA, 2002)
Nesse sentido, é apresentada, a seguir, uma breve descrição destes dois projetos e os
resultados iniciais de suas implantações.
3.3.1.1 (Re)Design da Ferramenta Bate-Papo
Nesse projeto, a área da tela do Bate-Papo destinada ao registro das diversas “falas”
do participante, foi substituída por uma tabela com duas colunas. (Figura B.7)
Enquanto na primeira coluna aparecem as “falas” enviadas pelos participantes, na
segunda é apresentado o estado de cada uma delas: “SIM”, para as “falas” que atendem aos
critérios de qualidade pré-definidos no planejamento, e “NÃO” (“default”) para as que não foram
selecionados. (LACHI, 2002a, 2002b)
No momento em que o professor/tutor seleciona uma “fala” é aberta uma janela
contendo a “fala” selecionada e os motivos da seleção: remetente, tipo de “fala”, destinatário
e/ou palavras-chave presentes na “fala”. (Figura B.8)
Esses critérios foram levantados a partir da observação de análises de
sessões de bate-papo efetuadas por diversos professores, em situação
real de cursos. Durante essa observação foram coletados os principais
motivos indicados por esses professores na seleção dos comentários. A
partir dos dados coletados foram definidos os critérios mencionados.
(LACHI, 2002b)
Posteriormente, caso o professor/tutor necessite resgatar os dados dessa análise
como o objetivo rever os critérios de seleção ou mesmo cancelar a seleção, basta que ele
click”sobre o ícone “SIM”, ao lado da “fala” a ser analisada, para que seja aberta uma janela
informando os critérios utilizados na seleção. (Figura B.9)
FIGURA B.7 Interface de Seleção das Falas nas Sessões de Bate-Papo do TelEduc
(LACHI, 2002b)
150
FIGURA B.8 Interface para Justificar a Seleção das Falas nas Sessões de Bate-Papo
do TelEduc (LACHI, 2002b)
FIGURA B.9 Janela Indicando os Critérios de Seleção de uma Fala na Sessão de
Bate-Papo do TelEduc (LACHI, 2002b)
151
3.3.1.2 Agentes no Suporte a Análise das Sessões de Bate-Papo
Com o objetivo de facilitar o processo de monitoramento, análise e seleção das “falas”
nas sessões de Bate-Papo, um segundo projeto envolvendo o uso das tecnologias de Agentes
de Interface está sendo desenvolvido no TelEduc no sentido de reduzir a sobrecarga dos
professores/tutores no processo de filtragem das informações relevantes a avaliação.
(OTSUKA, 2002, LACHI, 2002a, 2002b)
A idéia é fazer com que um Agente de Interface “aprenda”, a partir das seleções feitas
pelo professor/tutor, quais os critérios a serem analisados durante a análise de uma “fala”. A
partir daí o “Agente” intervêm, analisando cada uma das “falas” de uma sessão de Bate-Papo,
selecionando automaticamente aquelas que atendem às especificações definidas pelo
formador.
O agente de interface desenvolvido no TelEduc possui duas formas de aprender: pela
observação e pelo feedback do professor/tutor.
3.3.1.2.1 Aprendizagem dos Agentes de Interface por Observação
A aprendizagem por observação ocorre quando o “Agente” monitora e analisa os
critérios utilizados pelo professor/tutor, ao selecionar manualmente as “falas”. (Figura B.8)
Durante esse processo, o agente atribui um peso a cada um dos critérios indicados, em
função da freqüência com que aparecem nas “falas” já selecionadas pelo professor/tutor. Esse
conjunto de critérios e seus respectivos pesos são usados pelo agente na construção do perfil
do formador.
O perfil do usuário [professor/tutor] é usado na análise dos comentários
de uma sessão pelo agente. Nessa análise, o agente calcula o peso de
cada comentário para decidir se este deve ser ou não selecionado.
Esse peso é calculado pela soma dos pesos de todos os critérios
presentes na sua base de conhecimentos que também constem do
comentário analisado. [...] A medida que o agente vai observando o
usuário em análises de várias sessões de bate-papo de um mesmo
contexto de curso, o agente consegue refinar o perfil do usuário e torna-
se capaz de fornecer resultados mais efetivos na seleção de
comentários relevantes ao usuário.” (LACHI, 2002b)
3.3.1.2.2 Aprendizagem dos Agentes de Interface “Feedback”
A aprendizagem por “feedback ocorre quando o professor/tutor, revisando as “falas”
(figura B.9), marcadas automaticamente pelo Agente, re-avalia aquelas que foram
selecionadas ou não por ele.
Por meio desse processo de intervenção efeedback” do formador/tutor, o agente vai
refinando o perfil dos critérios utilizados pelo professor/tutor.
[...] à medida que o agente vai observando o usuário em análises de
várias sessões de bate-papo de um mesmo contexto de curso, o agente
consegue refinar o perfil do usuário e torna-se capaz de fornecer
152
resultados mais efetivos na seleção de comentários relevantes ao
usuário.” (OTSUKA, 2002)
Dessa forma, o resultado final da análise de uma sessão de bate-papo é um conjunto
de comentários selecionados tanto pelo usuário quanto pelo agente. (Figura B.10)
FIGURA B.10 Falas Selecionadas pelo Agente nas Sessões de Bate-Papo do
TelEduc (LACHI, 2002b)
Segundo (Otsuka, 2002), os primeiros resultados obtidos com o uso da tecnologia de
Agentes de Interface na filtragem de registros de sessões de Bate-Papo trouxeram indicações
positivas quanto ao uso dessa tecnologia no suporte a avaliação formativa em todas as
ferramentas de comunicação do ambiente TelEduc.
153
APÊNDICE C
WEBQUESTS: ATIVIDADES ORIENTADAS PARA PROJETOS
Uma WebQuest (WQ) é concebida a partir de um planejamento de curso ou atividade e
construída pelo professor segundo uma estrutura lógica, a ser publicada em um “web site”, e
que servirá de norteador dos aprendizes em suas atividades de pesquisa e de projeto com o
uso dos recursos das TICs.
Nesse sentido, as três fases a serem observadas pelo professor no processo de
construção de uma WQ são: o planejamento, o desenvolvimento e a publicação.
1 Planejamento da WebQuest
A fase de planejamento da WQ é uma fase de reflexão, onde são definidas as
competências a serem desenvolvidas, tendo como referência as necessidades de formação
dos aprendizes. É nesta fase que são definidos o tema estruturante, os conteúdos e as
atividades de pesquisa e/ou projetos que farão parte da WQ.
2 Desenvolvimento da WebQuest
O desenvolvimento é a fase de construção propriamente dita da WQ, onde, com o
auxílio de editores HTML (Hyper Text Markup Language), são editados os conteúdos
imagens, textos, links”, animações, áudio, vídeo-clips” e outros recursos , definidos
previamente na fase de planejamento e organizados segundo uma estrutura lógica que
contenha no mínimo os seguintes elementos estruturantes: introdução, tarefa, processo,
recursos e fontes de informações, avaliação, conclusão e créditos.
2.1 Introdução
A Introdução é um texto curto, de alguns poucos parágrafos, que tem por objetivo
apresentar informações básicas sobre o tema proposto pelo professor e/ou aprendizes, e que
antecipa quais atividades de estudo, pesquisa ou projetos eles terão de realizar.
2.2 Tarefas
A Tarefa é considerada a alma da WQ, pois é através dela que o professor, com base
nas competências a serem desenvolvidas nos aprendizes, irá informar aos educandos qual o
trabalho a ser realizado, o prazo para conclusão e produto final.
2.3 Processo
O Processo é o elemento da WQ que apresenta, de forma detalhada, quais os passos
que os aprendizes deverão percorrer para desenvolver as tarefas.
Nessa etapa eles são instruídos, através de fluxogramas, textos explicativos, mapas
conceituais e outros meios disponíveis, de que forma as informações podem ser coletadas,
154
organizadas e depuradas, e como as tarefas podem ser divididas entre os componentes do
grupo.
Outro aspecto a ser observado no processo são as “dicas” de onde encontrar e como
utilizar as “ferramentas” necessárias à execução da tarefa e apresentação do produto de
pesquisa.
2.4 Fontes de Informações
As fontes ou recursos de informações representam os materiais de apoio que o
professor seleciona e disponibiliza na WQ, para que os aprendizes possam consultar e realizar
a tarefa proposta.
Em geral, as fontes preferenciais de informações são aquelas disponíveis na “web”,
porém nada impede que o professor selecione outros materiais vinculados a outras mídias,
como “cd-rom”, vídeos e impressos (jornais, revistas, livros, apostilas e outros).
2.5 Avaliação
A seção avaliação deve ser disponibilizada na WQ para que o aprendiz saiba desde o
início, quais são os critérios utilizados para avaliar o seu desempenho em cada uma das
etapas das atividades de trabalho, individual ou em grupo.
2.6 Conclusão
O elemento conclusão deve resumir em poucos parágrafos os assuntos explorados na
WQ e a importância das competências supostamente adquiridas pelos aprendizes durante a
realização da tarefa.
A conclusão é também um “espaço” onde o professor pode apontar novos caminhos
que incentive o aprendiz a continuar refletindo sobre o assunto, mantendo a WQ como um
produto inacabado.
3 Publicação da WebQuest
A última fase no processo de construção de uma WQ é a sua publicação em algum
servidor da “web”. É nesta fase que a WQ será disponibilizada através de um endereço do tipo
<http://www.webquest.xxx.xx>, podendo ser acessada e utilizada pelos aprendizes do curso.
Um exemplo de aplicação de WebQuest no ensino de física é descrito em (BASTOS,
2005)
[...] foi proposta aos alunos uma situação-problema sob a forma de
uma Webquest sobre ondas de rádio com o objetivo de estimular e
desenvolver pesquisas na WEB. Os trabalhos desenvolvidos nessa
Webquest também serviram como mais um instrumento de avaliação
somativa do curso.” (BASTOS, 2005)
155
Um outro exemplo de WebQuest, tratando do tema “Chuvas Ácidas”, pode ser
encontrado no “web site” desenvolvido pelos professores Simão Pedro Marinho e Alessandra
Simões Marinho.
87
Calcula-se que já foram publicadas pelo menos 10.000 WQ nos últimos cinco anos. No
Brasil, apesar da proposta da WQ ainda ser considerada novidade, ela já vem sendo utilizada
em algumas experiências concretas de desenvolvimento de projetos no ensino básico regular e
profissionalizante.
88
____________________
87
WQ dos professores Simão Pedro Marinho e Alessandra Simões Marinho disponível em:
<http://www.educare-br.hpg.ig.com.br/WebQuest/wq2/index.html>. Acesso em 20 mar. 2006.
88
Para conhecer mais sobre o tema, acesse os portais de WQ da Escola do Futuro e do SENAC, disponíveis, respectivamente,
em: <http://www.webquest.futuro.usp.br/index.html>. Acesso em 21 mar. 2006
<http://webquest.sp.senac.br/>. Acesso em 21 mar. 2006.
156
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