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BR3900020
E15,E70,E50/B/M/V
BRITTO. J.S.
A PROL DA COOPERATIVA DE CONSUMO URBANA SE
CCIONADA NOS BAIRROS (DEMONSTRACAO ARITIMET
ICA DO PRINCIPIO DE HOWARTH. E DA DISTRIBUI
CAO DE LUCROS PROJETO DE VILA AGRICOLAS)
(BRASIL)
RIO DE JANEIRO, GB (BRAZIL)
1939 70 P. (PT)
/G514
MICROECONOMIAS, CEMERCIALIZACAO, SOCIOLOGIA RURA
L, COOPERATIVA, COOPERATIVA DE CONSUMO, VENDAS,
PREÇO
O 72
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José Saturnino Britto
A prol da Cooperativa de
Consumo Urbana
seccionada nos bairros
(Demonstração aritmetica do principio
de Hewarth, e da distribuição de
lucros Projéto de Vila-Agricola).
= 1939 =
NA CIDADE DO RIO
Rua da Misericerdia as
Tal. 17.8300
- RIO - 1939
E15
BR 3900020
MNN
MNN*
E15
BR 3900020
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Fortalecer os fracos é
fortificar a Nação
(1)
A hospitalidade que me foi aqui oferecida ao
pensamento mal posso agradecer;
Desejaria focar o que fosse de fato util a todos Confio
na vossa generosidade nos tropeços de quem procura
palmilhar a estrada batida de luz duma realidade que não é
agresiva sem deixar de clarear a propria figura da maldade
hipocrita, a esgueirar-se fluidicamente atravez da estrutura
das obras do bem
«Fortalecer os fracos, é fortificar a nação, pode ser
tomado por um postulado do subconciente, em face da idéa
cooperativista, a qual visa diretamente a humanidade, verdade
é, já dividida em nações, desde os barbaros aos que
_________
(1) Esta conferencia se não relatan • O autor ficou
condenado a propagar-se sol a cooperação somente nos folheto da sua
lavra.
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--- 4 ---
se supõem civilizados... expandindo gases asfixiantes e
outros horrores, sem duvida bem menores do que os que
se contemplam espetacularmente no universo, na sua
aparencia anarquica, que lega a cada qual as suas
proprias forças, dando tudo e tudo tirando. Gregos e
troianos somem nas cinzas dos terremotos presididos
pelos vulcões. Hecatombes são desencadeadas pelo bacilo
invisivel.
Todas as ameaças, e que não são de parla, patão,
objetivadas no cenario terreno da tragedia humana -
podiam servir de escola da piedade mutua.
Que importa o belo, a riqueza, num dia de
terramoto?
Se beleza e riqueza são da conciencia — sim, nada
as atinge. O ser bom morre num halo que a fumaceira
material não abafa. ...Eis a Verdade !
Por ventura, de que serve aquilo que é apenas
individual, na multidão infinita dos seres?
A obra da conciencia, se expande num, ritmo tal
que se torna coletiva.
Neste estado d’alma coletivo, que o ho mem
encontra conforto. - A cooperativa um estado da alma
coletivo que se concretiza do melhor modo possivel, á luz
da realidade. Tratemos dela com o maior interesse, que os
fra cos ficarão fortes e a nação engrandecerá.
Nação não coisa fóra do universo. Nem a
conciencia. Esta se gradua em cada nação pela
--- 6 ---
lação do emprego para o lar desordenado, deste
para aquele, emprensados nos bondes na ida e
volta da desdita, entre arranha-céus, cinemas de
luxo, montras diabolicas de modas estapafurdias e
cornezainas frigorificadas, frutas tantalicas,
vinhos sintéticos, coisangas da especulação, atraz
das quais espreitam os olhos da cupidez...
O feudo do balcão possue uma diplomacia
capaz de tudo... feudo peior que o que admitia aos
servos da comuna em roda dos castelos a serventia
das aguas, das matas das pastagens.
Desde a Convenção que ele triunfa. Em
Lyon, a miunicipalidade proletaria conseguiu
socialisar a distribuição dos generos e foi pelo
novo feudo vencida, perdendo os promotores da
idéa a cabeça na rubra guilhotina dos Marat e
Robespierre, que pagaram na mesmo moeda.
A especulação que se entranhara nos des-
pojos dos bandeirantes, chegou a privar a
população de São Paulo, em 1799 do proprio sal
(pag. 143 de «Paulistica», de Paulo Prado), tendo
sido suprimido o monopolio vendendo a Camara
diretamente ao povo, sob o control dum inspetor.
Quão espaçadas estas reações!
Agora, é um paulista que rompe o cerco co
lonial do balcão encarecedor da vida, mandando
que caminhões do Ministerio da Agricultura
tomem diretamente dos produtores as ótimas
frutas nacionais e vendam-nas ao povo
-- 7 --
nas ruas por preços mui baixos, ao alcance de
todas as bolsas.
O ambiente do Estado Novo permitiu o
advento da alforria, ja em formação, aguardando
a perseverança dos interessados, em provar a sua
capacidade de organização.
Amanhã erguen-se-á o Entreposto de frutas
e legumes Um monumento de címento armado - a
verdadeira Casa do lavrador e do consumidor. Dai
é que deveria partir a propaganda consistente da
cooperativa agricola e da cooperativa de consumo
urbana. E’ o ponto de conexão socialisada que ha
de culminar, esperemos, nesta hora de
resurgimento brasileiro. Tudo depende da seleção
dos homens que aplicam a disciplina vital
rigorosamente.
A riqueza coletiva torna de somenos valia a
individual. Na comunhão cooperativa o conforto é
proporcionado a todos, graças ao acumulo de
economias sociais bem aplicado, resolvendo-se
destarte os problemas que giram em torno do pão,
do této, do trabalho, da educação pratica.
Fóra desse ambiente de organisação moral e
fisica, a luta é crúa, exacerba o individuo a ponto
de torna-lo perigoso.
Diante da verdade dos fatos que são mais ao
que veleidades sociologicas,, do remoinho do
acervo infernal, a religião não calou, pregando a
humildade de que nace a ternura, colocando
sempre a humanidade, num gráo super-
—8—
rior, assistindo-a nos seus transes. Tambem não
deixou de procurar sopitar a fermentação
demagogica nas massas, o velho socialismo fi-
losófico traido pela ferocidade tartara, sovietica,
contra o espirito emancipado pelas ciencias e o
altruismo, o ideal de liberdade dignificante, isento
de odio, dos cinicos maleficios, do cáos, do vão
domfinio da tirania assassina.
E quem não percebeu que a Cooperativa,
rompendo os arames farpados da «solidariedade
de classe», abriu para quem viesse o caminho
universal do «amor ao proximo»? Eis a razão da
sua vitoria. Não foi ovelha tresmalha da sodologia
rubra, e sim ovelha decida do Golgotha... O sol
bondoso dos seus principios é biblico.
«Cooperação» é uma palavra que influiu em todas
as linguas que disputam a origem «ariana» tão em
moda, mas que pertenceu a braquicefalos da
Irania, berço do «Aristoi», e não dum distrito
germanico, fabricante dos caras compridas
megalomaniacos... Aí estão os livros liturgicos dos
Persas, o sanscrito, o Zend-Avesta, para localisar
o «ariano» no seu habitat» do alteroso planalto.
Eliseu Reclus, que abriu os olhos da humanidade,
observa que se pode falar uma lingua, sem
decender de quem a fala... Caprichos do
patriotismo tresloucado conclue... Tambem a
«Cooperativa» dilata sua influencia
universalmente, e tem analogia até com o que se
dá entre os animais, por efeito da ajuda mutua lei
da natureza. Eis o
-- 9 --
melhor agente. Não ensina o que não aprendeu,.
como sucede a muito parlapatão que se julga
bom... possivelmente para o fogo
A cooperativa de consumo de cidade, bairro
ou quarteirão, de classe ou não, vem tirar o
individuo do seu isolamento que atualmente
implica em não cumprimento do dever social de
que tambem o forte não quer ouvir falar,
arrotando direitos abusivos. Melhor mesmo que se
comece pela de bairro, que está ao pé, tanto mais
que toda secção paga os mesmos impostos que a
séde-mater Devi-se evitar a confusao de bairros,
mantendo-se um bom entendimento entre as que se
fomarem para a compra de grandes «stocks».
O criterio cooperativista soergue o fraco. A
exposição do mecanismo da cooperativa tem que
ser minuciosa, (2) no sentido de prontificar-se ao
publico expoliado no seu direito de economisar, os
meios praticos para sair do desamparo atual, pois
tudo que ganha o chefe de família, não dá para as
despesas no armazem.
Vemos, pois, que de fato, cada individuo
isolado nada consegue no sentido de se salvar da
miseria que o espreita. Mas, o pobre diabo solado
não deixa de esvasiar os bolsos no balcão.
________
(
2) Vide Manual Hoepli ‘Ragioneria della
Cooperative di consumo do Prof. Giovanni Rota, e a magnifica
Contabilidade Cooperativista de Prof. Hilario Cesarino,
distribuida pelo Ministorio da Agricultura.
- 10 -
onde compra o alimento sem saber o que come e
bébe... Coletivamente, em cada bairro os mo-
radores podem reter mais de 4 % do que pagam
para nutrir-se, 4 % que enriquecem os
taverneiros, os fortes, fóra o que absorvem os
atacadistas, que são fortissimos.
Como reter essa fortuna que se evapora dos
ordenados, das pequenas rendas, das pensões e
montepios homeopaticos? Creio que poderia estar
na mente de todos, a fórma de se salvarem antes
tarde do que nunca...
A Sociedade Cooperativa é a unica que vale
ao povo. Não é uma sociedade entre tolos e
ladinos, como as que por causa do relaxamento
social arvoram impunemente a taboleta de «coo
rativa», tanto nos campos onde os negociantes e os
imperialismos a transformaram no seu
instrumento, como nas cidades, onde tambem os
espiões vilipendiam impunemente a nossa
nacionalidade !
Na cooperativa cada um faz por si, o que
costuma fazer. Comprando nela, todos honram a
nossa nacionalidade e economizam coletivamente
para o desdobramento da cooperativa e ainda
assim economizam individualmente, graças ao
retorno na razão das compras feitas, que
restabelece o preço justo de fato, preço
reintegrante. Temos nesse fenomeno mais um
interessante paradoxo: comprar, deixando di
nheiro a render. Isto carateriza finalidade da
cooperativa que não visa o lucro e sim o meio
-11-
de fazer associado economizar, comprando pelo
preço justo, e economizando para obras sociais,
que são muitas e ciclicas, desde a prordução para
o consumo até a educação e assis tencia completa.
A cooperativa, comprando diretamente ao
produtor, livre do representante perigoso, eco-
nomisa imensa fortuna nos «stocks» que
podederão ser pagos com as entradas da venda a
varejo, desde que as garantias da idoneidade
permitam a renovação e pagamentos dos «stocks»,
trimensalmente.
Ora o segredo da vitoria está na clientela
certa dos associados e no interesse que estes to-
mam pela cooperativa, entregando-a á direção
dum gerente técnico, á altura, sujeito á admi-
nistração geral a cargo do Conselho de
Adminnistração, auxiliado pelo orgão colateral de
sindicancia, anualmente renovado, sem que faleça
ao associado o dirteito de acompanhar a marcha
dos negocios e verificar se a contabilidade
corresponde a uma coordenação perfeita de
registos, se a escrituração se aplica azienda
cooperativa, de forma a ser facilmente examinada
pelo proprio associado, sem nenhuma astucia
personalistica perturba a finalidade verdadeira,
se não ha jogo mesquinho de competições
administrativas, se as sobras do exercicio são
exatas.
Bem fundada a confiança mutua, tapa-se o
ouvido á maledicencia, pois não falta quem
—l2—
tenha interesse em tolher a expontaneidade
popular ou em desmoralisar essa obra
produndamente reformadora e pacifica, só por si
mesma, e que se não mistura com as ambições
pessoais
Conhecidas as fontes de produção, que já
são inumeras cooperativas agricolas do Rio
Grande do Sul, São Paulo, Minas, Baía,
Pernambuco, Alagoas, Espirito Santo, Paraná
Santa Catarina, Ceará, etc., sem prejuizo da
seleção verdadeira, a questão é de combinar as
condições do pagamento de transporte, calcu lados
o poder aquisitivo, o preço e a percentagem de
despesa, o preço de venda pelo da pauta comum e
a percentagem de lucro afim de que a vida da
cooperativa seja ás claras e nela nunca césse a
circulação de mercadorias frescas e de dinheiro.
Os demais detalhes se conhecem, graças á gerencia
cautelosa. Não deixei de me referir a esse assunto
em trabalho de que fiz entrega ao Serviço em
Setembro de 1936, logo que fui designado para
uma comissão, exposição pratica, documentada
que consta do Proc. 2829.36 — S.E.R.
Do contrario seria fazer propaganda em
branco. Em cada bairro, o grupo iniciador, depois
de cadastrado um bom numero de socios firmes,
avaliado o poder aquisitivo por este meio,
calculado o que tem de se pagar de impostos e
primeiras despesas de instalação pede
-13-
á S.E.R. (3) modelos de requerimento, ata de
constituição e instalação, estatutos, o boletim
contendo a lei, e promove a assembléa de socios
fundadores que aprova os estatutos e elege os
administradores e sindicos. Prontos os
documentos são remetidos á S.E.R., na ordem a
que se referem o art. 4 e respectivo § 1°, alineas I
a IV, e 3°, do dec. 581 de 1-8-38. levando-se em
conta os prazos determinados nos §§ 4° e 5° do
art. 4° do mesmo decreto. Concedido o registro
preconisado no art. 6º do citado decreto, quanto
ao certificado de registo, o que respeita a selo,
consta do art. 9° do decreto em apreço. Ocioso
dizer que o arquivamento a que se refere a alinea
IV do § 1, se entende com o Ministerio do
Trabalho, na secção competente que dá o
certificado do arquivamento dos mesmos
documentos contidos nas alineas acima do § 1° do
art. 4°. Concedida a certidão de registro na
S.E.R., a cooperativa poderá funcionar livremente
dentro do prazo legal de 120 dias e como uma casa
de comercio, pagando os mesmos impostos,
tirando a mesma licença, sujeita ao mesmo fisco,
cabendo á diretoria eleita e empossada tomar as
devidas providencias, existindo capital para
cobrir as despesas, com mais a do gerente e em-
pregados, livros, formulario impresso (o art.
_______
(3) Serviço de Economia Rural, do Ministerio da Agriculturi,
Nova fase que sucedeu a da D. O. D. P.
-14-
16 do dec. 22.239 de I9-I2-32 se refere aos livros
necessarios, fóra os fiscais).
Os livros auxiliares são rubricados folha
por folha numerada pelo Presidente. Este coloca o
capital que se fôr realizando, e a joia de cada
associado, na Caixa Economica, abrindo para isso
uma caderneta por ele assinada e pelo Diretor
Gerente.
A quota-parte de 100$000, é paga em duas
prestações ou mais, ou duma vez, o que os
estatutos devem dizer com precisão, declarando
tambem o capital minimo e a joia que deve ser
paga na primeira prestação, ao Presidente,
mediante recibo da quantia paga, até que passe
para o livro de matricula e o titulo nominativo
preceituado nos §§ 1º e 2° do art. 17 do dec.
22.239.
Cada associado não deveria subscrever um
numero de quotas-partes superior ao valor de dois
contos de réis. Se entre eles houver quem possa
logo financiar o movimento, mediante emprestimo
a juro nunca maior de 6 % ao ano, ter-se-ia otima
oportunidade para se provar a elevação do
principio de solidariedade coletiva, aliás sem
prejuízo do associado de boa vontade, ou dum
grupo deles, espontaneo. Isto difere do vulgar
financiador cupido, escondido por traz da cortina
da falsa administração...
Aluguel de armazem, balança, ordenado de
gerente e pessoal, selo proporcional, selo fixo,
operações de comercio proprias da cooperati-
-15-
va que estão incluidos os impostos de vendas
mercantis, industrias e profissões e patente de
registo, luz e gaz, etc., etc., tudo isso obriga a ter
recursos que, de inicio, não podem ser menores de
uns vinte contos de réis, ou mais, mormente por
ter a cooperativa de pagar á vista as suas
primeiras encomendas. (4) Outrosim a verdadeira
cooperativa luta, mas não suborna nenhum patife
transversal.
Claro que nada lhe impede a venda ao
publico (art. 28, dec. 22.239, in fine), dando aos
não socios direito a 1/3 do retorno, o que deve ser
declarado nos estatutos; outrosim não vejo que
impeça que a area de ação da cooperativa se
estenda aos bairros mais próximos ou circun-
visinhos, o que tambem tem que constar dos
estatutos, se a cooperativa não abranger toda a
cidade.
Durante a fase inicial cada fundador e sua
familia se obrigam a arranjar mais associados á
altura dos principios. Todo esse movimento tem de
ser espontaneo, em cada bairro, pondo-se em
guarda contra os usurpadores, porém o que
carateriza a perseverança dos cooperadores, é a
marcha para a frente sem fazer barulho... Nada de
cabotinismo !
O marujo que maneja o leme só disto cui-
_______
(4) Os interessados devem procurar Informações a
respeito de impostos nas DIretorias de Rendas Internas do
Tesouro Nacional e da Prefeitura. Variam.
-16-
da. Olhos na bussola, mesmo em plena cerração,
que importa? Sabe o que está fazendo, em
silencio!
Na cooperativa o caminho se desbrava com
o conhecimento das praças, a informação sen-
sivel ás possibilidades, o calculo justo de custo, a
escrituração segura, a despesa só necessaria,
orçamento que permita a distribuição de
percentagens para o fundo de reserva, de
assistencia, de desenvolvimento, e destinadas ao
pagamento dos 5 % na razão das quotas-partes
realisadas e, no minimo 30 % para o retorno,
sendo 20 % para os associados e 10 % para o não
socio (1/3).
O gerente, técnico de fato, facilmente
conduz a náu, rumo á felicidade de todos a qual se
desdobra em muitas fundações produtivas, que
concretizam o patrimonio. Calcula bem as
provisões, sabe onde procurar-las da melhor
qualidade, trazendo a marca do produtor legitimo,
evitando o representante, mormente no artigo
vinho, muito falsifiçado, conferindo as remessas
com as amostras observando as taras, quebras e
perdas de mercadoria, o peso justo, disciplinando
o trabalho interno, prestigiado pelos Conselhos de
administração e fiscal, coadjuvado este por perito
de contabilidade, pelo Gerente é elucidada a
Assembléa Geral nos segredos da gestão
proficiente, dando
—17—
assim incremento á eficiencia da soberania do
sufragio visando sempre o progresso que abrange
os dominios da cooperativa-mater, onde se fala
pouco e age-se muito.
Esta diciplina nos ensina a propria natureza
da cooperativa inflexivel nas suas leis, nos seus
principios fundamentais de autonomia, que
dispensam qualquer tutela.
Os cargos, na falta de elementos, devem ser
acumulados ou revesados, sem prejuizo da
hierarquia administrativa, sob qual régime se
distribuem as funções de modo a contrabalançar a
responsabilidade delas decorrente.
Ao sabor da ajuda-mutua, agente que os
naturalistas observam tanto nas especies infimas
como nas superiores, foi que se aparelhou um
mecanismo de precisão para o consumo das
populações densas das cidades, consumo de que
depende a saude do corpo e do espirito e a
economia domestica, pois o retorno é uma especie
original de caixa-economica, onde se vai no fim do
ano buscar o juro do capital, sendo que o retorno
é a quota de economia anual, do que se come e
bébe, fornecido pela cooperativa, e que é
analisado pelo melhor quimico.
Outrosim, os lucros fabulosos que saíam do
bolso do povo, depois deste cooperado, se trans-
—18—
formam na economia que funda coisas repro
dutivas, como sejam granjas, colonias, fabricas de
massas, doces, padarias torrefação de café e
também escolas de oficios, vilas rurais, hospitais,
ambulatorios, biblioteca circulante, asilos,
maternidade «creche», puericultura, que sei mais?
E’ infinita a perspectiva do progresso material e
moral das cooperativas de consumo de bairro que
poderão congregar seus recursos para o
desdobramento formidavel, em conjunto, rumo ao
sertão, onde se desdobram secções da cooperativa
de consumo urbana no programa do Brasil por si.
Fizeram isto as sociedades anonirnas, os
armazens particulares, as lojas, os bancos ?...
Então o povo não tem direito de procurar por
meios pacificos e legais o caminho certo da
cooperação?
A cooperativa de consumo de bairro, não
profissional, representa a causa Santa da
reivindicação da economia domestica, da vida
familiar até aqui atribulada pela impossibilidade
de economizar nas compras e de alimentar-se de
generos saudaveis. O pão e o vinho passaram a ser
carissimos e perigosa ilusão... E’ Satanaz que os
fornece?
Afinal essas familias, que se contam por
centenas, não são servas dos senhores feudais
instalados nas esquinas dos bairros e que lhes
obrigam a dar-lhes a renda de, no minimo, 40 %
-19-
sobre o que comem e bebem. (5). Eis a pretensa
estrutura «invulneravel», que a estrutura
cooperativa tem de substituir, não aos arrancos ou
por meio de demagogia metafisica, porém como os
verdadeiros cooperativistas fazem, sem puxar
pelos cabelos formas etéreas ou babilonicas, nem
forjar ferro velho pintado de novo... Tem que se
partir do simples para o complexo, numa marcha
natural, e não forçada.
A parte que cooperativa cabe de livre
arbitrio não deixa de ser relativa ao trabalho da
evolução que sopesa as idéas antes de consagra-las
na pratica, razão pela qual muitas idéas ficam
pelo caminho esquecidas ou de tal fórma
modificadas, que só assim perdem o aspéto
absurdo de impraticabilidade. A tendencia de
babilonização de institutos, sem atender ás
carateristicas que determinam as especies, tem
desviado da verdade e do que é a cooperativa. A
legislação que tratou das cooperativas, não era
perfeita como a Venus de Milo; toda-
_______
(5) Aos 15 de Março de 1937, em documento ao
Sr. Diretor, informei o seguinte, que me seja licito
reproduzir: <<Só uma lenta catequése, publicações
praticas de fato, a boa vontado de uns e outros que se vai
despertando daqui, dali, poderão animar no meio do
alvoroço, o espirito sereno de ajuda-mutua para o gaudio
da economia domestica sistematizada pela cooperativa
popular de consumo. Se o governo fandases por si uma
modelar a estregasse-a ao povo oportunamente seria mais
rapido. Mas, deixando de ser espontaneo esse movimento,
como se procura caracteriza-lo, o feudo comercial,
escudado nos Impostos e licenças que paga, protestaria
fortemente contra o governo, o que convem evirar. O
folheto de propaganda é o melhor veiculo..
—20—
via a vigente, continua a ter dois braços, um para
a cooperação profissional e outro para a não
profissional, e com um pouco de boa vontade
percebe-se nela o táto do bom senso no aproveitar
o que a lei revogada tambem aproveitou, pois
«nada se cria, nada se perde>>. Os arabescos das
secas lianas da controversia dos inoperantes no
campo da verdadeira pratica da cooperação, é que
não devem ser muito apreciados pelos que
desbravam com simplicidade e não ficam a dar
tratos ao bestunto atôa. Estes resolvem
visualmenue as coisas, pois a cooperação é
objetiva.
O sufragio universal elegeu,
independentemente da influencia telurica, em toda
a parte, os mesmos principios de reintegração do
esforço do associado na razão das compras, dos
juros pagos ou do trabalho efetuado, consoante a
natureza da cooperativa que repele qualquer
especie de absorção. Seu mecanismo tambem não
varia por efeito da influencia mesologica, pois
sempre se reduziu ao que é mais simples e claro
em materia de organisação de serviços. Faz-me
lembrar isso o que disse o maior sociologo que foi
Reclus, por ter sido o mais sabio, sobre as forças
terrestres que trabalham o mundo para modifica-
lo.
Argumentaria Guyau sobre a finalidade
delas. Mas, ha finalidade fisica ?... Afinal, somos
«alma e corpo»... Vamos além do universo ma-
terial ? Porque o silencio nos fala?
-21-
Ora, no principio do retorno não ha tambem
finalidade e sim um meio para basea-la, e a prova
disto está no fato que esse esforço que dá lugar ao
retorno, foi sempre conduzido pela cooperativa,
que o fez sem precisar de muletas... Claro que
assim sendo, uma coordenação anti-absorvente de
entidades, graças a Genebra, se nos oferece,
atravez do reajustamento legal manipulado pela
segunda Republica, a emergir da evolução
renovadora e articuladora, perder a diretiva que
regula, consoante as possibilidades, fenomeno que
aparenta certa analogia com o que se dá com as
forças materiais que modificam o mundo, sujeito
este ao dinamismo delas, enquanto que elas não
deixam de ficar sujeitas ás possibilidades no
tempo e no espaço, possibilidades contribuintes
para a estática, de certo modo, jogo esse dinamico
estático, ao qual ha quem negue finalidade moral.
Não parece que ela seja doutra essencia. Tal coisa
nos escapa, porém não deixa de contribuir para a
vida no mundo, que se não integra sem a da
humanidade, o que não pode ser tomado por uma
finalidade simplesmente fisica cuja causa embora
nos escapando, se manifesta não casualmente, pois
se repete milenarmente, produzindo os mesmos
efeitos ! Resta salientar que do exame elementar
desses fenomenos resulta a verificação do fato,
qual o dos efeitos desvendarem a causa, sem que
precizemos mais do que um conhecimento abstrato do
-22-
que participamos no imperio dos ritmos naturais
que não nos rasgam o véo do plus ultra... mas que
se acentuam na evolução da vida social.
Enfim, onde só se pode erguer uma
choupana, não se pensa construir um castelo de
nuvens... Certo onde houver organisação á base de
elevados sentimentos individuais, porém
patriarcais, tais nucleos poderão ser equiparados
a qualquer obra suprema da ajuda-mutua.
Liberdade á pratica do bem !
Um grupo pequeno de pioneiros decididos,
convictos, vale mais no começo do que um grupo
grande, amorfo. Mais vale um estágio em-
brionário conciente, do que funcionar uma
cooperativa ás tontas.
A autonomia decorrente do regime
cooperativo verdadeiro não implica desvario e sim
tato compativel com as funções instintivas. Não se
trata, pois, de tutelar uma «criança» que já viveu
quasi um seculo, e sim de atender á forma do seu
desdobramento ciclico formidavel, especialisando
funções que especificam toda a sorte de
responsabilidade delas decorrentes. Não se toca
nem de leve na conquista da liberdade que a
cooperativa cultivou á altura da dignidade
humana, dos seus sentimentos expurgados da
vaidade como da submissão exdruxula. Esta
liberdade se não confunde com a reinante entre os
brutos do universo, sob o influxo da fome
agressiva... Da espontanea coe-
-23-
são social é que nasce a solidariedade pratica e
não a enganadora, e isso atravez da coordenação
natural das associações cuja finalidade principal é
expurgar as atividades da astucia, da ganancia, e
da miserabilidade dos que nelas, exercem um
mister e são mal compensados sistematicamente,
pelos que delas se aproveitam.
As nossas cidades, ao em vez de atrair pela
sedução das coisas falsas, o sertanejo, devem
acumular nas suas associações, as economias
provenientes do consumo e da previdencia, para
financiar novas «bandeiras» cooperativas na
colonização racional, sertanista, que
descongestiona os centros populosos, extinguindo
a miseria, que e o peor dos males e ela não se
extingue, com o processo de estender o asfalto
sobre a terra, e de tapar o sol com os arranha-
céus. Não é o intelecto refeito nos campos que
futrica a vida da humanidade. São os cogumelos
do asfalto com forma de super homens.
Associações de feijoadas regadas a cachaça,.
Chinfrinzadas, jogo, dansas exoticas, ranchos
carnavalescos, não adiantam.
Tambem não estamos no mundo para
evaporamos-nos no nirvana. O mundo está
proximo e o objetivo que nos oferece é de
vivermos nele como podemos, e sabermos assim o
que nos convem e só podemos alcançar unidos por
uma mesma finalidade que concretize o nosso
conforto positivo. Conforto metafisico só nos
—24—
manicomios da literatura... mantidos pelo elogio
mutuo, internacional, pela retorica.
Os principios verdadeiros, para serem
seguidos não precisam de chicote na mão, nem da
inquisição ainda em moda. Mas, a frivolidade
social tem que ser vencida para que um povo saiba
se defender dos males.
A cooperativa de consumo faz da realidade o
elemento ductilissimo do bem geral, que não é um
mito. Seu mecanismo exige mão honesta para
mover-se. A lei evolutiva o carateriza
suficientemente, pois toda lei que presta não
arranca vitais raizes da arvore histórica,
instituida, sob a qual se abrigaram serenamente
as caravanas que procuraram a Canaan da
realidade fóra do dominio dogmatico.
O bem que as caixas Raiffeisen trouxeram
ás aldeias rurais onde ricos e pobres, graças a elas
se aproximaram cordealmente, arrancou dum
eclesiastico estas palavras: «A caixa Raiffeisen fez
mais pela moralidade na minha paroquia do que
todos os meus sermões.» Pois a cooperativa de
consumo é isto tambem.
O fato que se deu em Rochdale, em 1843
circunnavegou concorrendo para a uniformização
das aspirações honestas, mundiais sem nenhuma
pretensão politica. Verdade é que os principios
fundamèntais foram desvirtuados, escamoteados,
pelos que procuram sempre reduzir a humanidade
a um rebanho de carneiros dirigido por simios e
lobos... isto, tanto nos pai-
- 25 -
zes de emigração, como nos de imigração. Mas, as
verdadeiras cooperativas excluem as falsas das
suas federações e confederações, por especie, e dos
entendimentos comerciais. Ha mesmo «tanks»
economicos do imperialismo infiltrante, com
taboleta de cooperativa agricola mormente nas
colonias... ocupadas como posições estrategicas.
A justiça internacional tambem não é um
mito.
Tem de caber ás cooperativas o control dos
mercados.
Elas só o conseguirão depóis de expurgadas
dos males que atrofiam os seus sadios principios
de autonomía plena sem prejuizo da articulação
que se aproveite e enquadramento oportuno, que
não perturbem o halo luminoso dos principios
integrais da era nova que surgiu em 1843,
Rochdale, graças probidade de Vinte Oito
Tecelões. Não foram a esperteza, a demagogia, a
diplomacia, a escamoteação que os ajudaram, e
sim o afinco ao dever, o processo integral seguido
á risca, a competencia verdadeira.
Sindicatos profissionais, consorcios-profis-
sionais (infelizmente extintos) institutos de
aposentadoria, pensões e demais auxilios,
representam embora uma articulação com a
cooperativa profissional, que não prejudica o que
á cooperativa pertence propriamente e que se
vinculava ao consorcio profissional. Não se dá o com-
—26—
trario, convindo observar o conjunto do ciclo
classista, e não parte dele. (6) Assim é que se vai
formando o ambiente trabalhado pelo clima em
que o tempo reagiu no espaço geografico. As boas
influencias se adaptam mais judiciosamente
quando por concomitancia, no amadurecer da lei
do tempo que é a evolução historica, no espaço
geográfico, aparelha-se o espirito associativo com
os elementos locais, decorrentes da cooperativa,
conjugados para assimilar melhor os ensinamentos
que se dispersam pelo mundo sensivel á
civilização, sem confundir organização classista
com quisto nem clausura... Nisso está mais que
claro, que o ritmo federativo por especie é o
distribuidor mais apto dos ensinamentos
emanantes do extra-ambiente geográfico. Temos
que encarar os fatos á luz de Elizeu Reclus, na sua
Biblia do Universo «O Homem e a Terra» em que
examinou com largueza os fenomenos de
receptibilidade mesológica ou de influencia
complexa sobre a vida dos povos que se adaptam
materialmente aos meios em que vivem, porém que
moralmente resurgem da evolução dos costumes.
E’ o gehio da sinceridade a refletir o que é real,
cita, sem deixar de reconhecer que muita coisa
ainda mergulha na nebulosa.
_______
(6) Leiam-se as magistraes obras seguintes :
Theoria e Pratica da Cooperação» de C. A. de Sarandy
Raposo, O Estado e o Trabalho., de Ben-Hur Ferreira
Raposo e O Cooperativismo nas Instituições de Previdência
Social, de Antonio Ferreira Filho.
-27-
Descobrir os principios vitais descobertos
pelos Mestres verdadeiramente esclarecidos, a par
da ultima palavra do sabio, é coisa diversa do que
se passava em Bisancio, menos positivo que
Alexandria dos Ptolomeus ou no labirinto
caúsidico, amorfo, onde a chicana se observa na
sedimentação da vasa historica, estagnataria,
procurando embargar as realisações sadias, anti-
jornalisticas, os lances geniais do povo criador.
Quem criou a cooperativa?
Os assuntos de que trataram os 28 Probos
Teeclões da idéa que as correntes do pensamento
mundial transportaram como agua-pés de luz, não
eram vãos. Eles procurararam a realidade como os
homens da ciencia verdadeira tambem a
procuram, sem astucia nem pedantismo, nem
espirito de competição, nem tampouco odio. Não
se vive de palavras ôcas nem de ouvidos moucos...
Num relancear historico a cooperativa se
envolve gloriosamente no halo rochdaleano. E’ um
mundo criado pela ajuda-mutua. Simplesmente.
Nada impede sua articulação com o que é
congenere. Nada mais carateristico. Coroamento
supremo duma lei universal. Porventura o alcance
ciclico desse mundo complexo move agora com
operações regidas por leis especiais desdobra-se
em formas juridicas que se distinguem quer com
funções comerciais, quer incorporando atribuições
civis. Dai o seu desdobramento evolutivo em
personalidades juridi-
-28-
cas regidas por leis especificas que não comporta
uma unica lei, e não deixam de ser conjugadas
complementarmente sem nenhum prejuizo das
carateristicas da associação cooperativa-oiro de
lei ! Enquadramentos oportunos devem ser
caraterizados por uma necessidade absoluta. (Vide
nota 6).
Os Mestres de hoje que ensinam o que e de
fato uma sociedade cooperativa, não tráem, não
ferem, as lições dos descobridores dos principios
fundamentais rechdaleanos. Todos eles se
dedicaram á aplicação dos meios comerciais do
trabalho e industria, sob o regime anti-
especulativo, anti-absorvente e o auxilio de
grandes contadores, na Italia, que fixaram os
moldes da contabilidade da cooperativa, que
precisamos estudar sem oculos de baeta — por
mais causidicos ou burocraticos que sejam...
Infelizmente a livraria anacronica e uzuraria,
manhosa, nas garras da baixa especulação, nos
impede o estudo das coisas praticas. Por ventura,
por via direta, pode-se obter da coleção «Manuali
Hoepli», de Milão, a «Ragioneria delle cooperative
di consumo», do professor Giovanni Rota. Não se
encontra nela uma só palavra que destôe do
metodo historico. A casa Hoepli tem em São Paulo
uma agencia.
A cooperativa de connsumo e profissionais e
a dos que não são mencionados na classificação
profissional, vencem palmo a palmo o terrenno
que a exploração contra o povo vai
-29-
perdendo, vendendo uma e outra a não socio
tambem.
Desde o dia em que Jesus fustiçou os ven
dilhões que ocupavam os degráus do Templo que
pertencia mais aos farizeus do que ao Onipotente,
Mercurio teve baixa na ordem social..
Essas cooperativas têm que abrir canais em
comum para o escoamento dos grandes «stoks», e
o quisto profissional ou classista a clausura que se
presta ao contrabando demagogico, impedem a
conexão dos interesses gerais, que tambem não são
um aranhol...
O «statu-quo» licencioso, como o regime de
torquezes politicas, impede a felicidade dos povos,
provoca as calamidades sociais, pois as rebeliões
são cégas e não faltam máus instintos a cupidez de
sucubos, para delas se aproveitarem: (7)
A luta das cooperativas do povo retempera
nobres sentimentos, o não rebaixa. Certa tutela
congenere, provisoria, ás vezes é indispensavel. Só
o regime coopertativo coordena as forças
nacionais para a defesa inquebrantavel da
____________
(7) A situação mundial deve-se a esse estado de
coisas. Ouçamos o que disse o primaz de Toledo, e consta
de telegrama de 1/3/937, de Berlim, publicido no jornal do
Brasil>>, de 2 do mesmo mês e ano, pag. 9, metade da 3
coluna
.0 cardeal manifestou a couvicção de que o paiz
não chegara a um regime de paz enquanto não for
praticada justiça social; os ricos deverão abrir mão de
suas fortunas, compreendendo que a sua riqueza obriga os
pobres a neles verem um inimigo>>.
Falou o coração Cristão legitimo.
-30-
justiça economica, unico cimento moral, basico,
da civilização. Sua diretriz federativa hoje tão
conhecida, como o circulo maximo do equador. Já
existe uma Aliança Internacional das
Cooperativas. Até onde chegou ignoro. Mas, falta
a escola verdadeira.
Chefes de familias que vivem de ordenados e
pequenas rendas, abastados ou não, os que têm
cans empastadas nas vigilias das industrias
caseiras, nos serões das humildes familias que
vivem dum trabalho honesto, que escapa á
classificação legal, o artezenato imenso, todos
esses elementos têm que procurar em grande
massa, nos bairros onde moram, nos quarteirões
das cidades tentaculares, a cooperativa que lhes
fornece as subsistencias insuspeitosas. Estes
podem logo de chôfre empregar os principios
fundamentais, sem tutela nem enquadramento,
numa cristalização pura de principios inatos, que
sempre presidiram uma organização perfeita.
Chegou a vez deles tambem. São os mais
aptos, esses semi-párias que sempre valeram por
si.
Defendam-na, pois, como a propria vida! Os
interessados que tem a compreensão exata deste
fáto social o mais importante para a vida das
populações promiscuas duma grande cidade,
fazem por si, desprezam os parlapatões, mentores
de arribação, escamoteadores da ver-
—31—
dade social, fisiologica, em proveito dum statu-quo
iniquo. (8)
Não se toma um bond, um onibus, ao lado de
quem quer que seja?
Pergunta-se nesses veiculos coletivos o cré-
do, a que pertence quem precisa de locomover-se?
Na classica tendinha do Beco do Sapo, á pobre
mãe de familia que lá ia fazer suas provisões,
exigia-se dela a exibição de sua côr politica ou
religiosa, confundida hoje uma coisa com a outra?
Livre-se toda a America da reprodução
desses fatos medievais entre gueltas e gibelinos...
O oceano dissolve os atavismos funestos á
formação de novos mundos evolutivos.
A cooperativa continua sempre a sua róta,
como a agua a correr nas fontes limpidas; o
pensamento dos elementos operantes na
administração é trabalhado pela experiencia que
atua no espirito de bondade, como este nas
realisações Não ha espírito de competição me-
ticuloso em encontrar falhas de hermeneutica
juridica no grão de feijão no pedaço de toicinho.
E’ um ambiente de segurança a ação social sem
enfase, gerador do impulso ao tra-
____________
(8) Às associações recreativas que beneficiam de
prerogativas oficiais tem obrigação de incentivar o
movimento das cooperativas de consumo de bairro, e
áquelas que se negarem a abrir a sua sede á propaganda
dessas cooperativas deveriam ser cassadas as prerogativas
de que gozam indignamente iludindo o lnterese publico
verdadeiro,
-32-
balho compensado á vida normal, e que se
desenvolve no sentido de preencher devidamente o
ciclo das necessidades com alto tino humanitario,
rumo á civilisação que não faz apelo á violencia
nem á hipocrisia, nem a paixões ocultas. Primeiro
dá o pão do corpo, depois serve o do espirito como
convem ao homem despido de vaidade, que não é
um abjéto tripa.forra, á custa do alheio ou de
privilégios indecentes.
Possuiam os pioneiros estatutos cheios de
artigos, paragrafos e alineas? Istó tudo foi
inventado para não ser seguido, senão
formalisticamente, pois a pratica é que decide.
Eis os estatutos dos que fizeram um mundo
novo:
«A sociedade tem por fim realizar um
beneficio pecuniario e melhorar a condição
domestica e social de seus membros, reunindo um
capital dividido em ações duma libra e suficiente
á pratica do seguinte plano:
«Abrir um armazem para a venda de
generos alimenticios, roupas, etc.;
«Comprar ou construir casas para os socios
que desejarem ajudar-se mutuamente para
melhorar as condições de suas vidas domésticas e
social;
-33-
<<Empreender o fabrico dos artigos que a
sociedade julgar conveniente produzir pera dar
trabalho aos seus membros que estiverem
desempregados ou que venham a sofrer continua
redução nos salarios;
«Comprar ou alugar terras que serão
cultivadas por seus membros que não tiverem
trabalho ou por aqueles cujos salarios sejam
insuficientes;
«Logo que fôr possivel, a sociedade
procederá á organisação em seu seio e com
recursos proprios, ou em outros termos, ela se
constituirá em colonia autonoma (seIf-
supporting), onde todos os interesses serão
solidarisados (united) e ela auxiliará as outras
sociedades que queiram fundar colonias
semelhantes
«Com o fim de propagar a temperança, a
sociedade abrirá em um dos seus locais um
estabelecimento de temperança.»
Cerca de vinte linhas contendo um mundo
que se fez.
E numa progressiva marcha de benefícios
incalculaveis, silenciosamente, como cresceram as
maiores arvores do mundo, nunca esse instituto-
mater, desdebrado em milhares de outros, que ha
quasi um seculo gravitam em torno das
Wholesales, herdeiras diretas do siste-
—34—
ma rochdaleano, pede ao homem, para o seu
proprio beneficio, mais do que o homem pode dar.
Nunca houve racionalismo tão benigno e justo nos
calculos mutualisticos. Daí para cima, só a
renuncia santa! Para baixo, sabemos que especie
de tragedia nos espera...
Facil é facinar as massas. Qualquer circo de
cavalinhos, pondo o palhaço na rua, as atráe...
Mas, na cooperativa de consumo não ha la-
grima de crocodilo nem rotulo mirabolante. Ela
obriga o produtor a ser humano porque não aceita
falsificações, e produz tambem o que póde para a
sua clientéla oceanica. Nada tem influencia tão
decisiva para a transformação da Geena num bem
comum. Esta é a cooperativa de portas abertas,
que a lei permite honestamente...
Seu espirito de bondade não tem limites Só
com ele podemos contar, seguindo seu metodo.
Nascido no Golgota do sofrimento de miseros
tecelões, mergulhou na luz que guiou os
contemporaneos dos horrores da éra do ma-
quinário, marcante da ruina do mundo, sob os
estimulos da cobiça mais aparelhada assim, para
sugar o sangue humano, transforma-lo no oiro da
corrupção, com que se alimentam guerras e
revoluções como um manejo de «marionnettes
>>
Os passos da cooperativa de consumo são
cadenciados pela razão que nunca deixa de
-35-
guiar a humanidade, cujo resurgimento data das
Taboas Mosaicas, e não do «facho climpico...»
Quem, deante do edifício moral e economi-
co da cooperativa de consumo não sente logo a sua
estabilidade?
Para traz a «politica da porta fechada» com
que espiritos ambiguos pretendem garrotear a
cooperativa de consumo, para garantir aos Se
nhores comendadores o honrado lucro de 4 % e
mais nos seus altos negocios de envenenar o povo
com bacalhau podre, pão do lixo, dito de luxo, de
ignobeis moinhos, e vinho de páu campeche
Eis o feudo que o statu-quo social man-
tem !....
Quem negará um pouco de seu tempo e de-
dicação no revesamento de serviços sociais, en-
quanto não houver verba para ordenados, senhas
de presença, percentagem á gerencia?
Temos pois, a considerar a fase da promul-
gação da idéa, a sua execução preparatória e
finalmente decisiva, graças á arrecadação do
capital minimo necessario.
Não decidir hoje, é não resolver nunca
A indecizão só favorece ao rendosissimo
Estado constituido de milhares de tavernas dentro
deste Distrito, as quais aumentam sinistramente o
indice da mortalidade motivada por
envenenamento do aparelho digestivo! Isto fóra a
miseria que produz a carestia.
-36-
O Capital que Mercurio mobilisou contra a
população, aliás não se perde para os efeitos do
fisco proporcional ás operações, ás rendas e ao
capital. Ha muito em que inverte-lo de forma
menos nociva á população. Aguardam o seu
emprego os entrepostos cooperativos dos produtos
importados, isentos de monopolio ou «trusts»,
consoante a procedencia estrangeira como em
cooperativas de credito urbanas, visando um
financiamento adequado ao intercambio, sem
prejuizo da legislação vigente sobre operações de
ordem especifica, que se aplicam simplesmente
dentro do que preceituam os dispositivos legais,
dispensando-se as controversias pedantescas sobre
o assunto. E ainda ha em que empregar esses
capitais mal ganhos na organisação progressiva de
colonias cooperativas entre os que perderam o
emprego do balcão esfolador e envenenador do
publico salamandrico para recomeçarem nova vida
mais á altura do progresso moral, que orienta o
material.
Não faltam minas a explorar, ferrovias,
diques, cooperativas de navegação, aviação,
serrarias e outras industrias que são conexas com
as cooperativas das industrias extrativas, de
pesca, etc., etc.. Não falta em que transformar o
capital sugador em capital produtor sob a égide
cooperativa e sem entremez.
Eis o ritmo transformador, progressivo, que
alias exige que a burocracia se transforme tam-
-37-
bem em departamentos produtivos, de acordo com
os setores das atividades por eles controlados
fielmente, o que talvez seja utópico... Calar essas
coisas é trair o pais.
Claro que para coroar o reajustamento
geral dos recursos das atividades organisadas sob
os auspicios do cooperativismo profissional ou
não, as emissões de obrigações sociais, que a let.
a
do art. 12 do dec. 22.239, permite ao emporio
importante das cooperativas, oferecerão assim ao
capital ocioso, nacional ou estrangeiro, um
emprego limpo sob a fiscalisação competente que
tem de ser organisada á altura das necessidades.
Não se pode impedir de emitir um simples titulo
de emprestimo coletivo a quem de direito, capaz
de apresentar as garantias legais, tratando-se
destarte de corrigir o erro das imobilisações
estagnatarias de depositos, intensificando-se a
circulação desses valores que aumenta a dos
recursos gerais tornando fecunda a vida
economica, tão falta de propulsão sinergica das
industrias proporcionadas ás necessidades que as
estatisticas esclarecem e as cooperativas
enquadram. O mecanismo para esse fim é facil de
conceber-se, criando-se um instituto oficial de
depositos de garantias ou cauções da ordem
referida, instituto destinado ao financiamento da
lavoura e industria, organisadas sob o regime
vigente, num ajuste de mecanismos simples, de
facil control e evidente garantia.
-38-
A evolução não intercepta o espirito
reinvindicador da reintegração dos esforços uteis,
para despir um diabo e vestir um santo de páu
ôco... Reinvindicação não é preocupação de
vingança, e sim de organizar-se devidamente sob
os auspicios da lei da ajuda-mutua.
O homem não é uma máquina digestiva que
se compraz somente em encher o estomago e
esvasiar os intestinos... Os instintos da ajuda-
mutua reagem nele, como no universo, contra o
egoismo crú que a civilisação vai domando,
fazendo com que o mais forte deixe de ser
sinonimo do mais canalha... e o mais ilustrado de
ser sinonimo do mais cinico.
O pequeno grupo de inicio duma
cooperativa de consumo, de bairro, tão necessária
como a profissional, ha de se aumentar
ilimitadamente com o tempo quando se quebrar o
gelo, pois não se forma uma cooperativa para ter
o aspeto dum hiato sociologico.
Infelizmente aqueles que poderiam financiá-
la dizem logo: «Não é negocio...». O interesse
coletivo tornou um Amazonas a confluencia dos
arroios do individualismo. Isto é que devia
impressionar os que poderiam fazer sobresair o
seu valor pessoal na cooperativa, aceitando
cargos, auxiliando com dinheiro e inteligencia, e
não só procurando que ela se faça por milagre
ficando cada qual no seu «bungalow"
A cooperativa, no seu inicio, quando ha pe-
-39-
queno capital, é uma especie de dopo lavoro, para
os socios que desejam veementemente a vitoria da
idea, como fizeram os celebres Tecelões de
Rochdale.
O valor de cada povo se gradúa pelo apego
ao ideal coletivo em todas as praticas que duzem
ao progresso material e moral, de que todos
compartilham não como <<dilettanti>> e sim como
fatores que produzem esforço util dentro duma
atmosfera expurgada dos parasitas, que
constituem os elementos da estagnação social.
A cooperativa e a volta ao trabalho livre e á
natureza, que contribuem para o melhor estado da
alma.
Iludir as necessidades naturais que são
tambem coletivas é pagar bem caro essa ilusão.
A situação em que nos achamos, sob o ponto
de vista moral-economico pouco mudou no fundo,
durante o periodo que transcorreu desde a época
colonial. Só na superficie o aspéto variou. O feudo
economico não deixou de ser o mesmo.
Quer dizer que o particular, organizado em
colonia racista ou não, uma vez que suas
condições o permitam, pode servir-se da praça
como duma fazenda de escravos, sugando o suor
alheio, qual senhor feudal do comercio e da
industria. Isto até no terreno intelectual quanto
mais no braçal ou da capacidade aquisitiva do
povo brasileiro. Tal fenomeno não
-40-
póder ser levado a conta do regimen, e sim da
passividade dos costumes, pois o regimen é de
liberdade no comércio e na industria, satisfeitas
as leis que os regulam: assim, se o povo souber
associar-se devidamente, no sentido de organisar
seu comercio e sua industria, naturalmente que os
costumes mudarão em seu favor, sem nenhuma
violação regimental.
Relanceemos antes do mais o mecanismo que
indubitavelmente produz o acervo por má
compreensão dos deveres sociais reciprocos. No
balcão tudo ainda se compra pelo menos possivel
para ser revendido o mais caro possivel: o pão, a
roupa, a ferramenta, o remedio, o livro, até o
dinheiro, etc...
Não ha duvida que as leis do trabalho
vieram em defesa das classes de empregados e
empregadores salvo quando a chicana embarga e o
calculo falha na aplicação daquelas, por
deficiencia de dados estatisticos basicos, atinentes
a mutualidades de previdencia, homeopaticas em
face do abismo das necesssidades. Nenhum pais
ainda conseguiu um sistema de fato eficiente para
sopitar a miseria que reina em todos os
quarteirões de trabalhadores e ruas de cidade
tentaculares, onde os desastres financeiros
causados por calculos falhos e o «olho grande» da
superprodução, atingiram milhões de naufragos
que remoinham nelas impedidos, com intuito
guerreiro, de se deixarem levar pelas correntes
oceanicas da emigração livre, que
-41-
fosse regida por uma liga de nações, amiga de fato
da humanidade, e que cuidasse de sistematizar a
colonização racionalisada, com a aquiecencia dos
paises que carecessem de imigrantes e
procurassem-nos, mediante contrato bilateral, sob
o control da referida liga, respeitado
integralmente o temperamento de cada povo sem
prejuizo da concordia. As palavras não existem
para serem vãs... Convem antes de pronuncia-las
sentir.
A circulação internacional dos capitais que
não passam de sobras propulsoras, exige tambem
reciprocidade inconfundivel, tanto ou quanto a
troca de materias primas, por produtos uteis na
balança do cooperacionismo mundial de
combinação com a socialização dos entrepostos
por especie de produtos ou seccionados dispondo
duma rigorosa propaganda internacional, e
adequado control de parte a parte.
No mais seria a caso de se facilitarem ás
retardatarias atividales comerciais e financeiras
das empresas intermediarias, os estagios da sua
transformação em atividades diretas,
sistematizadas pelo ritmo cooperacionista na
tendencia á uniformização que padroniza tambem
as atividades utilitarias, criando-se grandes
entrepostos cooperativos para a importação, por
pais, o crédito conexo. Sem essa politica geral de
transformação economico-social, a mal continuará
sempre. Por ai já se pódem avaliar os caminhos
abertos pelas cooperativas,
-42-
suas federações e confederações, por especie.
Trata-se duma lei natural que tem de ser
devidamente respeitada pela compreensão e não
pela força. E’ a evolução que trabalha. Faz-se
mister entende-la! Mas, ainda não se sorveu a
ultima gota do calice das desilusões demagogicas...
Que importava hontem aos Governos que
fosse o particular ou a cooperativa que se
disputassem o lugar nas praças, desde que
pagassem os impostos suficientes? Verdade é que o
fisco, sob as imposições da fatalidade, se pode
comparar ás danaides... Todavia existiu o
verdadeiro desvario de isenções. A cooperativa
que move com grandes massas, repele-o.
Proporcionar desde a associação autonoma a
sua parcela de validez coletiva, não sacrificar o
fisco. Sem isto póde-se atingir o gráu mais
elevado, numa coordenação exáta das coisas que
se governam por si, graças a uma estrutura
perfeita cooperativa, sem prejuizo de nenhuma
grandeza e pela influencia una de principios
verdadeiros, que nos ajudem a viver, como a luz
do sol, o ar sereno, a agua lustral ! A vida é um
esplendor divino, de que as sombras se afugentam
diante da conciencia dos fatos.
O apuro das organizações estabelece
coordenadamente a cooperação entre todas. E’ o
que sucede entre a democracia experimental e o
mundo das cooperativas em que um enqua-
-43-
dramento moral lhes regulariza automaticamente
o sistema dinamico. Nem a lei, nem um centro
oficial de organização poderão produzir o efeito
dessa irradiação permanente construtora
As coletividades se organizam
paralelamente, no crescendo das federações e
confederações por especie. O Ego «singular» passa
a ser plural». Cada coletividade devidamente
orientada pelo espirito associativo, integral, é que
póde agir por «si mesma)), no entendimento
supremo das coletividades que se desenvolvem
harmonicamente como os circulos que se formam
na agua espelhante onde cae um corpo solido.
A solidariedade cooperativista nunca
prejudicou nação nenhuma. Jamais se deu no
mundo o derramamento duma gota de sangue
humano, por sua causa. Jamais esse regimen que
se coordenou por si levou aos labios da civilição
crucificada a esponja de vinagre..
Pomona da Califomia e os pastores de
Watteau da Dinamarca poderiam padronizar os
encantos da ajuda-mutua do mundo inteiro, como
fieis dicipulos dos Vinte e Oito Probos Tecelões de
Rochdale. Basta que os Governos concedam o
credito adequado e controlem por intermedio do
instituto de credito as cooperativa. Que culpa tem
a cooperativa de possuir uma conciencia plena dos
seus direitos e deveres, e de ter ensinado alguma
coisa util que procuram deturpar? Que é que
querem ensinar a ela? A deturpação dela mesma?
o que faz a grandeza
-44-
dum pais, é a grandeza do seu povo. E tal
grandeza não é na razão dum vacuo moral, e sim
do que se consolida pela sagaz cooperação dos
seus esforços verdadeiros. Para defender esses
esforços não ha de ser com os que fizeram da
sociedade cooperativa um hibridismo juridico - e
que se arvoram em seus defensores... A defesa dos
principios cooperativos está neles mesmos
Temos que viver a vida e não idéas masca
das. Na cooperativa não ha preocupações
estratoféricas: ha um campo a lavrar com
máquinas e as melhores sementes ao lado da
oficina instruida, do laboratorio honesto,
humanitario e da jaula onde se meteu Shylock
o verdadeiro anti-Cristo. Mas, ha ainda a
considerar o embrião do sindicato agricola de que
trata Leconte: «Os serviços que o sindicato
agricola póde prestar restringindo-se estritamente
ao seu papel de estudo e de defesa dos interesses
economicos e profissionais de seus membros são os
mais numerosos e variados» Santo de casa não faz
milagre. Com isto se alegra o Professor Sarandy
Raposo, reajustador do postulado sindical-
cooperativo, entre nós outros, em face do Codigo
Civil e do Codigo comercial. E’ um benemerito
que se procura esquecer.
A Cooperativa precisa de agilidade
comercial. Naceu com funções ciclicas, como o
organismo humano. Seu sentido é imperturbavel.
-45-
A evolução interveiu, decompondo suas funções
numa coordenação de entidades congenitas do
mesmo grupo classe ou profissão sub-dividindo-se
na ordem civil e na comercial: consorcio-
profissional, sindicato-profissional, caixa de
aposentadoria e pensões (com outros serviços de
beneficencia). Mas tudo isso jamais suprirá a
federação por especie de cooperativa, que corôa a
obra. Vide «Teoria e Pratica da Cooperação», do
Prof. C. A. de Sarandy Raposo, «O Estado e o
Trabalho», do Dr. Ben-Hur Ferreira Raposo, «O
Cooperativismo nas Instituições de Previdenda
Social», do Prof. Antonio Ferreira Filho — ótimos
tratados.
A cooperativa continuará a ser cooperativa
«per omnia secula secularum»... apesar dos
obstaculos de ordem politica e outros.
A evolução é que conduz o homem não se dá
o inverso. Mas não deixa de ser tambem obra do
homem no se ajudar a si mesmo. E’ a experiencia
que separa o joio do trigo A evolução tambem é lei
e doutrina Articule-se o que for util, sem prejuizo
dos principios da cooperativa seu ritmo
federativo, autonomo. A humanidade já está farta
de sofrer muita maldade em nome de idéas que
restrigem as conquistas da civilisação, que aliás
não é outra coisa senão a evoIução experimental
num fluxo e refluxo de costumes. O processo
primitivo cristalisou um mundo de coisas para
uma só classe e sem clausura. A situação hoje
-46-
mudou de aspéto, por tratar-se de coordenar
muita coisa já feita, com o que se vai formando
Mas, infeliz da humanidade se perder de vista os
principios Rochdaleanos...
A lei n. 979, de 1903, entre nós, dezesseis
anos depois da de Waideck Rousseau, foi talvez o
primeiro degráu que se assentou na base do
edificio antes do mesmo se erguer. Naquela lei o
nosso agricultor alfabetico teve o arrepio da sua
alforria economica pois já podia assim se associar,
mediante pagamento duma contribuição minima
para, por conta propria, comprar fertilizantes,
inseticidas, diretamente, aos produtores quimicos
por meio do sindicato agricola, representante do
seu grupo profisfissional, fóra outros serviços.
Quatro anos após, o dia da cooperativa se
sucedeu. Um cabo de aço liga os estagios do nosso
progresso legal embora zigue-zagueante. Viveu as
suas fases de experiencia até chegarmos a um
reajustamento de normas legais que deixam
margem á doutrina pura, que é mais ampla, e por
ísso mesmo mais precisa na escola da experiencia
e dos principios praticos.
Privar o pais dessa marcha avante que
conseguiu por si, seria retroceder no momento de
consolidar o seu progresso economico-social.
As leis que procedem dum sistema apurado
não confundem com as que se tentam só
-47-
em favor de relardatarios cupidos. O poder a
ciencia não são falsos...
A liberdade que se quer igual á anarquia
aparente do universo que se resolve sómente por
meio de instintos crus, afeta as conciencias bem
formadas, depois de muito sofrimento, quando
elas foram trabalhadas pelo principio de
proporção de Howarth.
Este sopro de justiça economica integrou
o individuo na coletividade sem nenhum prejuizo
dele, individuo. Que ha mais por ai que se
compare com tal descoberta? É Howarth não teve
sua efigie gravada no muro da tendinha do Beco
do Sapo... Moralmente está gravada nos alicerces
do edificio do direito novo, que é coletivo,
ambíentando assim o que cabe por natureza ao
individuo organizado e não organico,
simplesmente...
O sentimento espontaneo com que o indi-
viduo primitivo fundou a famiia paleolitica, não
se compara com o egoismo do associado da
sociedade anonima com que se confundiu até bem
pouco a sociedade cooperativa, a quem cabe zelar
pela familia dos seus associados, o que não faz
aquela, sendo que o associado da sociedade
anonima só deseja que esta tire os lucros maiores
possiveis até das proprias familias, do publico em
geral e dos empregados que ela, sociedade
anonima, reduz a simples maquinas lucrativas do
capitalismo cru, que a sociedade cooperativa ha
de vencer, como o ho-
—48—
mem paleolitico venceu o diplodocus o qual
reinava na anarquia milenar do universo...
Pois assim como o pimpolho da caverna,
depois do carinho da mãe selvagem, teve a
proteção paterna e a aprendizagem qual a de
abater monstros a golpes de machado de pedra
lascada, a criança da familia cooperativá recebe
nas escolas sociais a educação necessaria para a
defesa economico-coletiva, sem prejuizo dos
instintos naturais e da indole individual. Nesse
salto milenar das eras o que o individuo
significava para a familia qual diamante bruto,
passou a ser lapidado pela cooperativa. A centelha
humana da sociabilidade que começou a alumiar
os primeiro passos da familia isolada, paleolitica
passou na época da eletricidade a corrente da
solidariedade dinamica que só a cooperativa sabe
coordenar de vidamente, sem perigo de curto
circuito... na época em que os monstros são de
aço, e o exterminio do homem contra o homem,
vencendo ele não mais o diplodocus, e sim a
ferocidade deste, com a do proprio homem!
O contrato que todos assinam na
cooperativa, contem clausulas eminentemente
pacificas e justiceiras, a que o associado se
obriga, por ter, graças ao comercio sui-generis da
cooperativa, uma garantia de pão, teto e de
possuir um instrumento de trabalho,
profundamente ordeiro que se desdobra de acordo
com as necessidades, desdobramento que passa a
-49-
articulação com entidades mutualisticas, de
classe, quando se trata de cooperativa profis-
sional, convindo que se evite a confusão de
principios
Todo esse odio fratricida peior que a bar-
barie das épocas de correrias, odio que nasceu ao
lado da máquina por não ter com coração nem lhe
ter dado tal orgão a sociedade anonima, a
cooperativa transformou de tal forma, que parece
até que transfigurou a máquina num ente humano,
fiel como um animal domestico. Destarte a época
da eletricidade tornar-se-á na éra da cooperação,
e salvar-se-á o mundo padronizando-se as
cornucopias do racionalismo intenso e sereno,
graças á analise da alma Cristo ensinou ao homem
e que expurga até a maquina dos seus maleficios
automaticos.
Os beneficios á humanidade são tão sómente
alcançados com os meios razoaveis, suprimida
qualquer especie de baixa especulação. Claro que
nada se resolverá antes da organização da
produção e da que lhe é complementar qual a da
distribuição. Já na propaganda que vinha fazendo
das cooperativas de bairro, não deixei de referir-
me á cooperativa de consumo geral da metropole,
ramificada por meio de secções em cada bairro,
que mais vale do que só depositar dinheiro, e
fazer seguro de vida mais caro do que a mortes..
Fica ai a idéa para quem se julgar capaz de
convencer os homens de dinheiro, antepon-
-50-
do-lhes as condições humanitarias e legais que
auxiliam as grandes obras onde o lucro moral se
torna incomensuravel, enchendo as conciencias
duma alegria ainda maior do que um dia de sol de
primavera...
Não ha duvida que sem tratar de abrir
grandes valvulas, a produção açambarcada pelos
atacadistas e industriais cúpidos, nunca chegará
diretamente ao consumidor legitimo. Numa grande
cooperativa, por principio o juro é maior do que o
da Caixa Economica, isto é, 5 % para as quotas-
partes realizadas, cujo limite não deve exceder de
5:000$000 para cooperativa de consumo geral da
metropole, seccionada nos bairros, sendo o valor
de cada quota-parte de 100$000.
Afigure-se um formidavel capital que
permita procurar elementos técnicos de valor,
especialistas em carnes, massas, torrefação de
café, laticinios, panificação, cereais, vinhos,
conservas, farinhas, etc., afim de proceder em
grande escala a distribuição das subsistencias, até
que se chegue á roupa, á farmacia, aos moveis,
que sei mais?
Destarte poderemos conseguir grandes
acumulações para a fundação de vilas-agricolas,
cursos praticos, exploração organisada do nosso
sertão ingenuo, descongestionamento
-51-
da população sem emprego, tudo isso financiado
por uma cooperativa de credito, na conformidade
do art. 36 do Dec. 22.239 de 10 de Dezembro de
1932, á qual se associem as cooperativas de
consumo e os associados delas, aos milhares.
Por aí que se mede a altura dos principios
de Howarth, o Probo Pioneiro de Rochdale,
discípulo de Owen, e que realizou o que este não
pôde, por ter Howarth o lampejo do espirito de
realidade.
Até o rico poderá economisar na sua sêda,
no seu «Champagne», pois o retorno do Natal será
grandemente presado mesmo nos lares abastados...
Afigure-se que se não dará na casinha do pobre!
E’ uma obra profundamente Cristã, autonoma e
de esplendido congraçamento.
O emporio cooperacionista, sua federação
por especie, tem que substituir o da velhacaria
que atravanca a vida do povo, esmaga, corrompe,
tráe os destinos da humanidade sob a taboleta de
«Institutos» disso e daquilo, prepostos de
industriais que não são produtores...
E’ o resultado a que se chegou depois de
muita experiencia mundial, que auxilia o espirito
construtivo da evolução social-economi-
-52-
ca, e que não cessa nunca. A cooperação é que
resolve sem segundas intenções. Porque não cogita
de destruir, que éla não fomenta guerra nem
revoluções.
O peior cego é o que não quer ver os
maleficios mutuos que se urdem fóra da
cooperação, por cupides dos fortes os barbaros
sabidões - que tem o progresso nas suas mãos
rapaces, como uma máquina infernal, docil ás
empresas sinistras, internacionais...
________
Observação - Quanto á contabilidade aplicada, leis e
estatutos, convem que os interessados se dirijam
diretamente á S. E. R., afim de evitar delongas no ato do
registo.
Sobre a venda pelos
preços do varejo
Poder-se-á concenciosamente calcular uma
percentagem de carga fixa a ser acrescida ao
preço de custo de cada mercadoria, para es-
tabelecer o de venda, baixando-o assim até um
ponto minimo inatingivel pelos que vivem de
especular com os generos de primeira
necessidade?
Não cremos pelo fato de ser impossivel
prever perdas e taras com exatidão e que
dependem tambem do tempo que leva a
mercadoria no armazem, do grau de humidade e
temperatura, ocilação de tarifas e preços
originarios nas fontes da produção, a despesa
complexa de administração, seguros, impostos,
antecipar percentagens destinadas aos fundos
sociais, retorno, recompensa ás quotas-partes,
juros de emprestimos contraidos para as
primeiras compras, etc., etc, Ora calcular isso
tudo que é em parte im-
-54-
ponderavel, dependendo de circunstancias for-
tuitas, no intuito de estabelecer carga fixa,
acrescida ao preço de custo intrinseco e
extrinseco, de cada mercadoria, a qual varia
imensamente na percentagem que dá de lucro,
algumas até nem cobrindo o custo, seria, quanta
vez ultrapassar os limites provocando-se o
prejuizo a muitas, absorvendo a propria margem
global de lucros, mesmo atendendo-se aos
fornecimentos diretos de grandes «stocks» de
mercadorias não expostas á deterioração e outros
atalhos nas compras diretas por meio de contratos
de um ou dois anos de fornecimento normal, o que
é possivel somente mediante o conhecimento do
poder aquisitivo dos clientes da cooperativa.
Como prevêr tanta coisa formular
preliminarmente a base de dados problematicos,
para o que tem carater profundamente maleavel,
administrativo? Além do mais, tão aventurosa
pratica abriria espalhafatosamente a guerra de
preços, impedindo tambem a economia regular,
coletiva, unicamente como atrativo para a
economia individual, economia que se anula pelo
fato de impedir o principio fundamental do
retorno anual, gastando o cliente em outras coisas
superfluas o que lhe sobra nas compras a preços
ruinosos para a cooperativa...
Não concordam com essa pratica perigosa os
Mestres que trataram da Cooperativa de Consumo
em toda a parte do mundo.
-55-
Por isso, com a experiencia mundial, o principio
da venda pelos preços do varejo venceu em toda a
parte, e o de venda abaixo desses preços,
mormente na tendencia das tabelas baixistas,
oficiais, tanto do varejo, como do atacado, foi
posto em quarentena.
Esterilizar os recursos da Cooperativa que
só se oferecem dentro da margem permitida pelas
tabelas da praça é tolher a amplidão dos seus
beneficios ciclicos que têm de ser devidamente
pregados e o podem ser, quando aos
propagandistas é franqueada a propaganda direta,
o contato com as massas cequiosas de
ensinamentos e que sem eles nada mais seria do
que uma carneirada sob os golpes duma
discrecionária orientação.
A cooperativa vinha redimindo
ecumenicamente o povo em paz, quando foi
prejudicada pelo sindicalismo demagogico.
Encontrar ambiente para progredir é ótimo Mete-
la num saco de gatos nunca! Agora vai-se
rumando no sentido da realidade mais firme
estando de parabens os socios das caixas de
aposentadorias e pensões, idoneas, que podem
fundar cooperativas de consumo para aqueles..
O que é permitido graças á percentagem de
lucro, ao particular intermediario, é extensivo á
Cooperativa que o suprime aos poucos dando-lhe
tempo a servir-se de meios diretos no emprego da
fortuna ganha na deshumana especulação, meios
que o sistema cooperacionis-
-56-
ja, transforma para o bem geral e não dum só, no
amplo concerto social racionalizado com elevação
e não com acanhamento.
Passemos, sem mais digressão ao exame da
percentagem sobre o preço de venda:
Arroz agulha especial
Preço varejo . . kl. . . 1.800
Preço atacado . . saco (60 kls.) . 95.000
Preço de venda . . saco(1.800 X 80) 108.000
(108.000 — 95.000) X 100 =
Percentagem s/pr. venda=
108.000
1.300.000
=
=12
108.000
Percentagem sobre preço de venda = 12%.
Assucar tipo 1
Preço varejo . . kl. . . 1.100
Preço atacado e e saco (60 kls.) . 52.200
Preço de venda . . saco (1.100 X 60)= 66.000
(66.000 - 52.000) X 100
Percentagem s/pr. venda= -------------------=
66.000
1.380.000
=------------------=20
66.000
-57-
Percentagem sobre preço de venda = 20 %
Batata nacional amarela grauda
Preço velejo : Kl. . . 1.100
Preço atacado : Kl. . . $ 900
Percentagem s/ pr. = venda (1.100-$900)X100=
-----------------------
1.100
2O.OOO
=--------------=18
1.100
Percentagem sobre preço de venda 18 %
Carne seca nacional tipo especial, fronteira
Preço varejo . . kl. . . 3.300
Preço atacado. . kl. . . 2.900
Percentagem s/pr. venda(3.300-2.900) x 10O=
-----------------------
3.300
40.000
=------------=12
3.300
Percentagem sobre preço de venda da carne
seca - 12 %
Farinha mandioca espicial
Preço varejo . kl . $800
Preço atacado . . saco (50 kls.) 34$000
Preço venda saco ($800 X 50 kl. 40$) 40$000
(40$000-34$) x 1OO=
Percentagem s/pr. venda =-------------------- =
40$000
60$000
=------------=15
40$000
-58-
Percentagem sobre preço de venda 15%
Feijão preto especial
Preço varejo . kl. . $900
Preço atacado . saco (60 kl.). 45$000
Preço vendasaco . 900 X 60 kl. . 54$000
(54$000-45$)X 100
Percentagem s/ pr. venda=--------------------
54$000
90$000
=--------------=16
54$000
Percentagem sobre preço de venda= 16 %
Vemos, pois, que a percentagem sobre o
preço de venda para:
Arroz . . . . 12 %
Assucar . . . 20 %
Batata . . . 18 %
Carne seca . . . 12 %
Farinha . . . 15 %
Feijão . . 16 %
Cada genero de per si varia de percentagem
de lucro da tabela, sendo o maximo 20 e o minimo
12 % nos de primeira necessidade, acima. Seria
trancendental para os elementos duma cooperativa
de consumo calcular possibilidades do exercicio e
de compras de «stocks», para apurar percentagem
global em que se pudesse basear um sistema de
estabelecer preços
-59-
abaixo do mercado e que não fossem accessiveis ao
comercio comum, cuja calva, verdade é, ficaria de
tal forma logo á mostra representando tal metodo
milagroso, um verdadeiro polo magnético de
atração irresistivel para o aumento fabuloso dos
aderentes... de mentalidade incapaz de
compreender as inumeras vantagens do retorno,
da economia coletiva e individual baseadas no
preço de tabela do varejo, unica forma de
permitir o desenvolvimento natural da
cooperativa na concorrencia plena da praça, sem
choque nem guerra de preços, nem tão pouco
prejuizo de nenhum dos principios fundamentais
do instituto popular, que tem de ser
compreendido.
Mas, quem nega que a catequese bem
conduzida e desembaraçada das teias politicas e
outras não baste para ensinar o verdadeiro
metodo de Howarth, a despertar a conciencia
incauta das massas? Ganharam elas experiencia
sob a grosseira tessitura da insensibilidade rubra,
que não méde sacrificios inuteis á humanidade
para gaudio do fermento das orgias de sangue,
incendio, pilhagem, concupicencia, as mais
ignobeis calunias e intrigas, paroxismos os mais
hediondos do escarneo vandalico. Com a
experiencia tão cruelmente ganha, nada mais
esperam da mistificação da economia individual
em desprestigio da coletiva, dirigida por meios
naturais e com finalidade cristalina. Decorre do
-60-
proprio sofrimento legitima reação moral, que se
não confunde com a de contrabando...
A cooperação não caça raposa de cartolinha,
casaca vermelha e com galgos e lacaios a tocar
trombetas... Põe tranCa a porta para o que é
equivoco, cheira a falso desinteresse, de ordem
material ou moral.
«O trabalhador latino é mais vibratil, mais
agil do que o germanico e o brasileiro apurou tais
predicados, de acordo com as estatisticas, em
materia de acidentes do trabalho, fornecendo, em
igualdade de condições, mais baixos indices.
Motivando menores despesas com as
reparações legais, sua capacidade em se defender
acidentes não resulta sómente de sua vibratilidade
e de sua agilidade. Depende, tambem em grande
escala da atenção com que trabalha.» Isto disse
Clodoveu d’Oliveira, «O Trabalhador Brasileiro»
Se assim é, esse traba dor não pode compreender
com menos argucia do que o europeu os
verdadeiros principios fundamentais da
cooperativa de consumo...
A bom entendedor...
Em 8-11-37.
-----------
Nota
— Argumento apresentado pelo autor aos que
golpearam Insidiosamente a propaganda do curso natural
do principio de Howarth, na cooperativa de consumo
proletaria
Extrato de “Cooperação Evolutiva”
publicada em 1937:
Exemplo da Divisão das sobras duma Cooperativa
do Consumo proletária
Suponhamos uma cooperativa com 500
socios, gastando cada um 1oo$ooo por mez. ...
(1oo$x12 = 1:200$). No fim do ano os 500 socios
gastaram: 1:2000 X 500 - 6OO.OOO$.
Vendidas as mercadorias pelos preços
correntes, o lucro liquido sendo igual ao do
comercio que tira 40 % no minimo, anualmente, as
sobras montam a 240:000$000 para serem
divididas da seguinte forma:
10 % para reserva;
30 % para fundo de desenvolvimento;
5 % para assistencia e providencia dos auxiliares;
-62-
5 % para o consorcio; (9)
50% para ser repartido entre o capital
realizado dos associados na razão de
5% no maximo desse valor, sendo o
restante dividido na razão das compras
feitas.
100%
Temos para resultado da divisão acima:
10%
para a reserva
, 24:000$000
30%
para fundo de desenvolvimento
; 72:000$000
5%
para assistencia e previdencia
dos auxiliares
12:000$000
5% para o consocio 12:000$000
50% para capital e retorno 120:000$000
---------- ---------------
100 % 240:000$000
500 socios,entrando cada um com 100$ valor
da quota-parte,o montante do capital é de
50:ooo$. Portanto, 5% dos 50:000$-2:500$.
Restam para o retorno: 120:000$ - 2:500$
117:500$ para serem divididos na razão das
compras.
Comprando os 500 socios cada um por...
-----------
(9)Tendo sido revogado o dec. 23.611, de 38, dos
consocios profisionaes convem que os 5 % passem ao fundo
de desenvolvimonto.
-63-
1:200$ de mercadorias como ficou dito para facilitar o calculo:
117:500$
----------------- =235$000
500
que é o valor do retorno cabivel a cada socio na razão das
compras feias na Cooperativa!
Mas, na realidade os valores são diversos, sendo caso de
aplicar a regra de tres o que vamos fazer, nos servindo dos
mesmos valores para chegarmos ao mesmo resultado:
6oo.ooo$ estão para 117 :500$ assim como está para
117:500$000
600:000$000
117:500$000
Portanto; 1:200$ X 600:000$000 = 235$
O raciocinio matemático do cooperativista não precisa
ir além da aritmética comercial. No mais depende de
aprendizagem direta.
Esboço dum projeto de ViIa-AgricoIa
FORMAÇÃO DO CAPITAL
10.000 — socios dos inscritos nas carteiras
prediais dos Institutos ou Caixas de
Aposentadoria e Pensões idoneos.
20:000$ — Valor do predio isolado ou
apartamento em condominio num
arranha-céu, pago em 120 prestações
mensais de 166$500 cada uma, e de
acordo com o respetivo regulamento
da carteira predial, aféta aos
institutos em apreço. O grupo será de
100 blocos ou arranha-céus de 10
pavimentos.
200.000:000$ — Total do valor da construção
dos predios ou blocos de arranha-céus
e dos terrenos pelos mesmos ocupados,
obras a cargo dos institutos em apreço
que liquidarão os compromis-
-65-
sos com quem de direiro, sacando o
valor das anuidades correspondentes
ao valor do prédio e respetivos
terrenos, das consignações em folha,
devidamente. Outrossim, cada socio
adére simultaneamente a uma
cooperativa que funcionará na vila e
que ficará de posse das terras que
circundarão a vila, para lavra-las,
terras que serão tambem, pagas por
meio de anuidades sacadas durante o
praso de 10 anos e no periodo de
integralização, das prestações
mensais, de capital subscrito dos
socios da Cooperativa, (10) pago por
meio da respetivo consignação em
folha; operação a cargo dos Institutos
ou Caixas de Aposentadoria e Pensões,
idoneas.
1:5oo$ — Valor do limite minimo de capital a
---------
(10) - A idéa de aproveitar a ordem existente nas
Instituições de Previdencia Social, Idoneas para se formar
a cooperativa de consumo entre os associados daquelas
instituições teve em Antonia Ferreiro Filho o mais arguto
dos pioneiros. São casos de emergencia que reclamam Lei
especial não sómente no que caracteriza a especie como no
que se refere á forma enquadrante administrativa. Da-se
hoje o inverso: hontem a espontanea cooperativa de
consumo, com a sua administração se desdebrou em secções
de previdencias; hoje, pelos circunstancias, coube tal
desdobramento oficial. á instituição de previdencia, a fim
de manter orientação e control homogeneos, como nos
vasos comunicantes se verifica o mesmo nivel, que é moral
desta feita E’ o cicLo da ajuda mutua. Não e digma... não
pode fugir da tutela quem desta preciso. Não é a
cooperativo que tem culpo disso...
-66-
ser subscrito por cada socio na
cooperativa dos proprietarios das
casas de moradia da vila-Agricola.
Capital que é dividido em quotas-
partes do valor de 100$000 cada uma e
que será subscrito pelos 10.000 socios
dos Institutos ou Caixas de
Aposentadoria e Pensões, inscritos nas
respetivas carteiras prediais, como
ficou dito, e que será integralizado em
10 prestações mensais, individuais, do
valor de... 150$000 cada uma pelo
processo legal da consignação em
folha, de acordo com o regulamento
dos institutos sobreditos.
21:500$— Valor total do emprestimo feito pelos
institutos sobreditos, a cada socio
habilitado que queira ter seu predio
ou apartamento na, Vila-Agricola e
associar-se á Cooperativa dos
proprierios dos referidos prédios de
moradia.
Detalhes: A Cooperaliva respon-
de subsidiariamente pelo valor da sua
séde e das terras que serão lavradas
por ela e por meio de turmas de
membros das familias dos socios, na
conformidade dos estatutos que
permitem para tal fim, ser o salario
oficial fixado pela Assembléa Geral, e
de acordo com a habilidade dos que
trabalham
-67-
nas turmas determinando : a Coopera-
tiva diariamente os serviços Tudo que
a Cooperativa produzir será para o
consumo de seus socios, sem prejuizo
da venda ao publico uma vez que
pague os impostos
As anuidades, estabelecido o valor
das terras serão pagas dentro das
possibilidades das sobras e da
consignação folha, respectivamente.
Qualquer excedente reverterá em
favor do fundo de desenvolvimento da
«Cooperativa dos Moradores da Vila-
Agricola de...»
Os socios da Cooperativa em
apreço, respondem subsidiariarnente
pelo valor das suas quotas-partes
subscritas para formar o capital da
Cooperativa, e pelas quotas prediais
que devem pagar dos emprestimos aos
respetivos institutos por meio da
consignação folha. Qualquer
excedente reverterá em favor do fundo
de desenvolvimento da Cooperativa.
A cooperativa ocupará o centro da
Vila-Agricola, formando um conjunto
de estabelecimentos de distribuição,
diversões e instrução dentro dum
-68-
parque frondoso,. sem esquecer as
dependencias dos serviços rurais, oficinas,
«garage» de transportes, club de dansas,
bibliotecas escolas, etc.
Jardins, vergeis, campos lavrados
— uma colmêa humana, que tambem cuidará
da apicultura, avicultura, horticultura e
sobretudo da puericultura, de que surgira
robusta geração para levar ao «hinterland»
a nova orientação colonial, contra os quistos
racias, que aliás não passam de refens, sem
prejuizo dos elementos sinceros, dos
inocentes.
Dez mil socios necessitam de muitos
alqueires de terra saneadas e bem irrigadas,
para alimentar suas familias, as quais
ajudem a lavra-las a titulo de desporto util
interesse pelos mistéres que conduzem á
felicidade do corpo e do espiriro, pondo-se
de parte a tagarelice facil que procura
sempre prejudicar o ressurgimento da vida
nacional cercada de funestos prejuizos.
Não ha duvida que o preço do alqueire
de terra, proximo da cidade tentacular,
proibitivo para a lavoura. Mas, ocorre, no
caso em vista, a compra macissa duma
imensidade de terras, com garantias solidas,
o que
-69-
influe na baixa do preço; outrossim a
cooperativa duma Vila-Agricola em tal
situação não pretende locupleta-la só por si,
aproveitando o galhardo, sadio auxilio dos
membros das famílias dos socios. O que
faltar, procura fóra, diretamente, com as
economias coletivas, forma-se um fundo de
desenvolvimento,extensivo á organização de
colonias no «hinterland» mais proximo ou
não, sem prejuizo da aceitação de
adventicios á altura de tão humanitaria
empresa A multiplicação dos lares sadios
faz-se forçasamente em tais condições. E’ o
principal para o Brasil.
Vemos, pois, que não se trata só de
dar conforto, por meio de nucleos
racionalmente organizados, a grande massa
mas tambem de ensinar a viver ao ar, ao sol
formar familia desde cedo, isenta dos
venenos da frivolidade e do ocio. Porque o
povo que trabalha, verifica no que se
emprega o que lhe pertence que compreende
a razão do seu sacrifício, na economia que
faz.
(Apresentada copia ao Serviço
em Nov. 1938).
-70-
Trabalhos publicados do mesmo autor
1—. Evelução de Cooperativismos (1936). Acompanhada de lugar
errata nova. Ed. Casa Mandurino R. de Nucie ‘
2—. Confereneia sobr, a Cooperativa de consume de bairro».trague
Diretoria de Organisação e Desefa da Produção cujo amerito
Diretor baixem ordem para ou imprensa oficial mente. Contem
modelos da consabilidade aplicada, formaria, regras para
inventario desdobramento de fatura (1986). A sair.
3—. Pedra angular da cooperativa urbanas (1936).
4—. Cooperação evelutiva (1937).
5—. Cooperativas ao povo (1932). Sugestões entregues a Congresso
Revoluncionario
6—. Reforma-se a Lei das cooperativas (1931)
7—. Forma da cooperativa agricola (1932).
8—. Esta geração cvpida so visa o maná da usura multifera (1929)
9—. Secialismo progressivo (1919). Baseado no cooperstivismo
10—.Socialismo patrio (1920). Baseado no cooperativismo,
11—.Carateristicas fundamentaes das sociedades cooperativas geral.
(1 ed. 1926, 2° em 1930).
12—. A Cooperação depois da guerra (1930).
13—. Dialoga com o povo (1925).
14—. O capital coletivo o as primeiras cooporativas proleta (1921).
15—. A pirataria em paresismos (1915). Contra o pangermar ao Sul.
16—. A casa do povo (1920). Contra a demagogia.
17—. A escravidão dos pequenos lavradores’ (1917).
18—. O Dominio Universal da Cooperação (1928).
19—. As caixas ruraes são as celulas do nosso progresso (1920)
20—. Crusada da cooperação integral (1928)
21—. Um brado da defesa da cooperação (1927).
22—. Os fucionarios e o cooperação (1924).
23—. A Cooperação é um Estados (1915).
—.Vide Ano 27-Abril - Junho-1939-Boletim do Ministro
Agricultura pag. 7—22, Cooperativa de Consumo
Centabiliatica) por Jose Saturnino Britto.
José Saturnino Britto
A prol Da Cooperativa de
Consumo Urbana
seccionada nos bairros
(Demonstração aritmetica do principio
de Hewarth, e da distribuição de
lucros Projéto de Vila-Agricola).
= 1939 =
NA CIDADE DO RIO
Rua da Misericerdia as
Tal. 17.8300
- RIO - 1939
E15
BR 3900020
MNN
MNN*
E15
BR 3900020
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