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nos. Ainda os melhoramentos possíveis, novos métodos a
serem introduzidos, novas possibilidades de
levantamento econômico, expostos pelo professor,
poderão lançar na mente das crianças a idéia do
progresso e preservar a nova geração da estagnação e da
decadência. Em uma palavra, o ensino ha de basear-se so
bre a polaridade básica de toda a cultura,
tradicionalismo e progresso organico.
2 - Não, digo. Quero acentuar aquí, dum modo
especial, o tradicionalismo agricultural. Não o falso
tradicionalismo, que é estagnamento e retrocesso
velado, mas o tradicionalismo são o forte, qualidade
essencial da mentalidade rural. Seria falso sugerir aos
meninos, que seus pais e avós, por se de métodos
primitivos e de pouca intensidade, foram uns retro-
gradas e obscurantistas; tal ideia alimentaria a
vaidade e a soberba, que em ultima consequencia
decairam sobre a agricultura, e não a bem dela, senão a
mal.
Seria ainda falso e funesto, querer tirar ás
crianças a língua, que grande parte dos pais falam,
ainda que não seja a nacional tal proceder seria um
atentado contra a família, introduzindo nela o germen
da desunião. A agricultura riograndense foi creada por
colonos de língua extrangeira, e ainda hoje descança,
na sua maioria, sobre uma população, que no santuário
da família fala a língua de sua origem. Acaso foram ou
são os desbravadores das nossas matas e os fundadores
da nossa produção agrícola maus brasileiros, so por
conservarem, seguindo as tradições de suas famílias, a
língua de sua procedencia? Está aí a história de 110
anos a provar o contrário, e por isso digo, que seria
funesto á agricultura, si os jovens colonos fossem,
pela escola, arrancados ás tradições de raça, cultura e
língua de seus ancestrais. Por isso, meu ver de
brasileiro, de patriota e de cristão, a escola
elementar rural deverá construir a ponte, que liga os
recursos raciais, culturais e linguísticos dos
imigrantes ao são civismo, ao verdadeiro patriotismo, á
legítima brasilidade, que antes de tudo ação, trabalho
produtivo para o progresso da mais futurosa das
pátrias, o Brasil. O professor rural deverá ser um
“pontífice” no sentido etimológico do termo, isto é, um
construtor de pontes, que liguem harmonicamente, sem as
confundir, as várias províncias do solo gaúcho. Em
poucas palavras; o professor rural será o arquiteto do
futuro, si educar a nova geração sobre o fundamento do
são tradicionalismo, do civismo cristão e do progresso
sempre melhorado.
II —— Venho á segunda parte da minha tese, a
saber, o serviço militar e a agricultura na zona
colonial. O serviço militar traz uma série de vantagens
ao jovem colono; abre os horizontes por sua natureza
estreitos e muitas vezes mesquinhos