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PUBLICAÇÕES DA CAPES
Série Estudos e Ensaios
1. O Ensino, o Trabalho, a População e a Renda
Dr. Américo Barbosa 1953.
2. Sobre o Problema de Como Financiar a Educação
do Povo Brasileiro Prof. Anísio Teixeira 1953.
3. O Ensino de Engenharia no Brasil Prof. Paulo
Sá 1954.
4. O Ensino de Engenharia no Brasil Prof. Paulo
Sá " Vol. I 1955.
5. O Ensino de Engenharia no Brasil Prof. Paulo
Sá Vol. II 1955.
6. As Ciências Sociais no Brasil Prof. L. A. Conta
Pinto e Dr. Edison Carneiro 1955.
7. Doze Ensaios sobre Educação e Tecnologia.
Série Levantamentos e Análises
1. Pesquisas a propósito da seleção de alunos para o
I.T.A. Prof. Dwane S. Collins 1954.
2 a 8 Estudos de Desenvolvimento Regional.
(Rio Grande do Sui Santa Catarina Mato Gros-
so Bahia Minas Gerais Rio de Janeiro
Alagoas).
Série Informação
1. Documentos Iniciais 1952.
2. Estabelecimentos de Ensino Superior 1954.
3. Estabelecimentos de Ensino Superior 1955.
4. Estabelecimentos de Ensino Superior 1956.
5. Instituições de Pesquisa 1957.
6. Estabelecimentos de Ensino Superior 1058.
CAMPANHA NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES
Av. Marechal Câmara, 210 - 8
o
andar - C. Postal 518S - End. Teleg. «EDCAPES» - Rio de Janeiro - Brasi
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O ESTADO DE MINAS GERAIS
1 6
CAPES
CAMPANHA NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO DB PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
ESTUDOS DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
(MINAS GERAIS)
SÉRIE LEVANTAMENTOS E ANALISES 6
1958
APRESENTAÇÃO
Aspirando a contribuir para a adequada expansão dos
quadros brasileiros de nível superior, em decorrência mesma
dos propósitos que determinaram a sua criação, teria necessa-
riamente a CAPES de preocupar-se com o fator essencial a
orientar aquêle objetivo, isto é, as necessidades nacionais de
pessoal de alta qualificação, nos vários campos de atividade.
Estudar e estimar essas necessidades tornava-se, assim,
uma das tarefas básicas e permanentes desta Campanha.
Sentiu-se, desde logo, entretanto, a complexidade do en-
cargo, face aos múltiplos fatores a equacionarem o problema
em jogo, circunstância que nos alertou no sentido de se evita-
rem as usuais formulações à base de metas estabelecidas segun-
do índices ou padrões prevalentes em outros países, critério
evidentemente simplista, mesmo quando processadas as cor-
reções propostas a desfazer as inevitáveis disparidades estru-
turais e conjunturais dos complexos geo-sócio-econômicos em
comparação, dada a ineficácia destes singelos ajustamentos face
à complicada multimotivação daquelas diferenças.
Procurou-se, em conseqüência, uma aproximação direta
ão problema, fazendo-se com que a pesquisa partisse do estudo
dos fatores que fundamentariam porque a condicionavam
a estimativa das nossas necessidades de pessoal qualificado.
Visando simultaneamente uma avaliação regional e nacional,
projetou-se coletar e equacionar dados e fatos que definissem
as condições naturais, geográficas e demográficas, bem como
o status e as tendências do desenvolvimento econômico e social,
sob os seus diversos aspectos, nas várias Unidades da Federa-
ção. À luz dessas informações, seriam então examinados os
problemas das necessidades de pessoal superior e da formação
do mesmo, global e setorialmente, no que respeita aos vários
campos de atividade.
Dada a inexistência de levantamentos sistemáticos, que
reunissem para cada Estado ou Território os dados requeridos,
decidiu a CAPES promovê-los, para tal contratando os servi-
ços da organização especializada "Serviços de Planejamento,
Engenheiros e Economistas Associados" (SPL), que se res-
ponsabilizou pela elaboração de 22 monografias uma para
cada Estado, uma para os Territórios e outra para o Distrito
Federal nas quais, de acordo com o plano adiante exposto,
e sob o título geral de "Estudos de Desenvolvimento Regional",
se coletariam os dados e informações já referidas e se anali-
sariam fatores e tendências do desenvolvimento, nas várias
Unidades, em função das necessidades de pessoas de nível
superior.
Em monografia adicional, síntese e fecho das demais,
serão especificamente expostas as conclusões finais do estudo,
quanto às necessidades de pessoal, considerado o problema, não
somente do ponto de vista regional, como no seu aspecto
setorial.
Obedeceu a elaboração das monografias ao seguinte plano
geral:
I Generalidades
A Características geográficas
B Características demográficas
II A renda, a capitalização e o consumo
A A evolução da renda
B A utilização da renda
III Fatores da produção
A Problemas de mão-de-obra
B Recursos interiores disponíveis
C Capital acumulado
D Meios de transporte
E Problemas de energia
F Fatores institucionais
IV O Mercado
A Condições da oferta
B Características da procura
C Intercâmbio externo
V O desenvolvimento econômico e a necessidade de
técnicos
A Tendências do desenvolvimento
B Efeitos do desenvolvimento econômico
C Produção atual dos quadros técnicos
D Necessidade de novos quadros
VI Observações finais e anexos.
A presente monografia, relativa ao Estado de Minas
Gerais, é um dos sete trabalhos com que a CAPES inicia a
publicação da sua série de "Estudos de Desenvolvimento Re-
gional". Outras oito encontram-se no prelo e as demais em
fase final de elaboração. Dentro de alguns meses, portanto,
espera esta Campanha haver terminado a apresentação de um
levantamento que, embora reclamado pelos interessados, até
hoje não fora promovido como o está sendo presentemente,
em âmbito nacional, e de acordo com planos e métodos uni-
formes para tôdas as unidades consideradas.
Espera, assim, a CAPES, que, além do seu objetivo ime-
diato, qual seja fornecer bases para análise e estimativa das
necessidades de pessoal qualificado, venham os "Estudos de
Desenvolvimento Regional" servir aos estudiosos dos assuntos
brasileiros, pelo que lhes possam valer no esclarecimento dos
problemas a que se dedicam, os dados, fatos e considerações
que reúnem e divulgam.
Integram o grupo de especialistas que elaborou as mono-
grafias, nomes como Américo Barbosa de Oliveira, Alexandre
Fontana Beltrão, Tomás Pompeu Accioly Borges e Moacir
Paixão e Silva cuja citação dispensa comentários, conhecidas
que são a seriedade e a competência profissional com que se
desincumbiram de análogas tarefas anteriores. Caberá, entre-
tanto, ao público leitor julgar do mérito e da utilidade do tra-
balho apresentado.
NOTA EXPLICATIVA
A presente monografia, elaborada sob a orientação e responsabili-
dade dos técnicos Américo Barbosa de Oliveira, Alexandre Fontana
Beltrão, Tomás Pompeu Accioly Borges e Moacir Paixão e Silva, obe-
dece a um sumário uniforme de exposição, fixado em termos gerais para
tôdas as da série, fato que explicao ser igual o desenvolvimento dado
aos diversos itens das vinte e duas monografias.
A principal dificuldade desse tipo de estudo consiste na inexistência
de elaborações estatísticas sobre a economia regional.o obstante as
limitações de custo do presente trabalho, procuramos elaborar os agre-
gados mais necessários a um diagnóstico razoável da economia estadual,
tais como, entrada e saída de recursos, investimentos, dispêndio, poupan-
ça e consumo. É claro que ainda há muito a fazer no sentido de apro-
fundar o conhecimento da evolução econômica de cada Unidade da Fede-
ração. Dessa forma, embora apresentando sobre cada Estado maior
dose de informações concretas do que as que se costuma encontrar nos
raros estudos dessa natureza, reconhecemos a insuficiência do nosso
trabalho, que consideramos uma contribuição destinada a despertar inte-
resse para pesquisas mais aprofundadas.
O sumário uniformizador, adotado para as vinte e duas monografias
programadas pela CAPES, prevê um sucinto exame dos aspectos geo-
gráficos e demográficos, à guisa de abertura. Logo a seguir, o exame
dos dados da macro-economia permite situar o nível e a diferenciação
das atividades geradoras de renda, chegando a quantificar alguns ele-
mentos da contabilidade social que o pesquisador pôde localizar ou esti-
mar, utilizando métodos indicados no suplemento metodológico. Já no
Capítulo III, volta-se, mais em detalhe, ao exame do quadro físico e
estrutural da economia, através do estudo dos fatores mão-de-obra,
recursos naturais, capital, energia e transportes, instituições. Em se-
guida a este balanço, coloca-se a análise da produção, em seus múltiplos
ramos e produtos, sob o título de oferta agrícola, industrial, etc.. A
pesquisa dos níveis de procura e da estrutura do intercâmbio comercial
completam a visão da economia. com base nestas múltiplas facetas,
abre-se a última parte do trabalho que trata do futuro da economia
estadual. As projeções, enquadradas na malha da divisão administra-
tiva, ressentem-se dao coincidência espacial com a unidade produtiva
regional, onde estariam presentes os fenômenos da acumulação a men-
surar. Alertados contra possíveis deformações do approach estadual,
ainda mais quando interferem no processo regional ou estadual os fatos
da conjuntura nacional e internacional, apresentamos as perspectivas de
desenvolvimento, esboçando apenas as linhas mais gerais e incontrover-
sas das mutações econômicas esperadas.
Registramos a colaboração eficiente, nesta série de monografias,
dos técnicos José Zacarias de Sá Carvalho, Luis Carlos Leme, Antônio
de Pádua Monte, Eduardo Ferreira dos Santos, Pedro Geiger, Maurício
Reis, Tobias Cepelowicz, Henrique Flanzer e Luis Márcio Barbosa.
Para atender ao objetivo da CAPES deveríamos levar o exame da
atualidade econômica das regiões até ao campo das instituições sócio-eco-
nômicas, de modo a poder concluir pelo estudo das questões da educação
no âmbito de cada monografia. Tal desiderato melhor examinada a
relação entre a economia regional, de um lado, e a procura e oferta de
técnicos, de outro foi colocado como assunto de um estudo especial, que
está sendo elaborado pela nossa equipe técnica.
Agradecemos a opinião crítica dos economistas, Dr. Obregon de
Carvalho e Deputado Oscar Dias Correia.
SPL SERVIÇOS DE PLANEJAMENTO
ENGENHEIROS E ECONOMISTAS ASSOCIADOS
RELAÇÃO DAS FONTES
Abreviaturas Nomes completos e endereços
1) BAÑAS Serviços Bañas de Pesquisas Econômicas
Rua Sete de Abril, 230o Paulo
2) BNDE Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
Rua Sete de Setembro, 48 Rio de Janeiro, D. F.
3) CD Conselho de Desenvolvimento.
4) CEMIG Centrais Elétricas de Minas Gerais S. A.
Ruao José, 90 Rio de Janeiro, D. F.
5) CEPAL Comissão Econômica para a América Latina
Nações Unidas
6) CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica
Avenida Graça Aranha, 327 Rio de Janeiro, D. F.
7) CNE Conselho Nacional de Estatística
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
8) CNG Conselho Nacional de Geografia
Av. Beira Mar, 436 Rio de Janeiro D. F.
9) DNEF Departamento Nacional de Estradas de Ferro
Ministério de Viação e Obras Públicas
Av. Graça Aranha, 416 9.° andar Rio de Janeiro D. F.
10) DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
Ministério de Viação e Obras Públicas
Av. Presidente Vargas, 522
11) DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
Ministério da Agricultura
12) EFCB Estrada de Ferro Central do Brasil Rio de Janeiro D. F.
13) EFVM Estrada de Ferro Vitória a Minas
Vitória, Espírito Santo
14) FERTISA Fertilizantes de Minas Gerais S. A.
Belo Horizonte Minas Gerais
15) FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
Belo Horizonte
Abreviaturas Nomes completos e endereços
16) FGV Fundação Getúlio Vargas
Praia de Botafogo, 186 Rio de Janeiro, D. F.
17) FRIMISA Frigoríficos de Minas Gerais S. A.
18) IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários
19) IBE Instituto Brasileiro de Economia
Av. Almirante Barroso, 78 Rio de Janeiro, D. F.
20) IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Av. Franklin Roosevelt, 166 Rio de Janeiro, D. F.
21) MA Ministério da Agricultura
Largo da Misericórdia Rio de Janeiro, D. F.
22) MVOP Ministério de Viação e Obras Públicas
Rio de Janeiro D. F.
23) RMV Rede Mineira de Viação
Belo Horizonte, Minas Gerais
24) SEEF Serviço de Estatística Econômica e Financeira
Ministério da Fazenda
Palácio da Fazenda, 11.° andar Rio de Janeiro D. F.
25) SEP Serviço de Estatística da Produção
Ministério da Agricultura
. Largo da Misericórdia Rio de Janeiro, D. F.
26) SEPT Serviço de Estatística da Previdência e Trabalho
Ministério do Trabalho, 4.° andar Rio de Janeiro D. F.
27) SNR Serviço Nacional do Recenseamento
Av. Pasteur, 400 Rio de Janeiro, D. F.
28) SPL SPL Serviços de Planejamentos Engenheiros e Economistas
Associados
Av. Almirante Barroso, 6 s/503 a 507 Rio de Janeiro, D. F.
ÍNDICE
CAPÍTULO I
GENERALIDADES 17
A. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS 17
B. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS 23
CAPÍTULO II
A RENDA, A CAPITALIZAÇÃO E O CONSUMO 25
A. EVOLUÇÃO DA RENDA 25
Renda por setor de atividade 26
Renda por tipo de pagamento 81
Renda real 81
B. UTILIZAÇÃO DA RENDA 87
CAPÍTULO III
FATORES DA PRODUÇÃO 41
A. PROBLEMAS DE MÃO-DE-OBRA 41
Oferta potencial de mão-de-obra 41
Produtividade 43
Balanço do trabalhismo e da previdência social 44
B. RECURSOS NATURAIS DISPONÍVEIS 45
Recursos minerais 45
Minerais metálicos 46
Mineraiso metálicos 49
Gemas e Pedras preciosas 50
Reservas vegetais 51
C. CAPITAL ACUMULADO 51
Estimativa dos estoques de capital por grupos de atividade econô-
mica 51
D. MEIOS DE TRANSPORTE 63
Ferrovias 54
Rodovias 57
Aeronáutica civil 60
Navegação Fluvial 60
E. ENERGIA 60
F. FATORES INSTITUCIONAIS 63
Instituições de crédito 63
Forma institucional das empresas 64
Estrutura da produção na agricultura 65
Estrutura da produção industrial 67
CAPITULO IV
O MERCADO 69
A. CARACTERÍSTICAS DA PROCURA 69
B. CONDIÇÕES DA OFERTA 71
Oferta industrial 71
A oferta na agricultura 75
A oferta na pecuária 77
C. INTERCÂMBIO EXTERNO 83
CAPITULO V
O DESENVOLVIMENTO ECONÒMICO E A NECESSIDADE DE TÉCNICOS. 86
A. TENDÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 86
B. EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 89
Desenvolvimento industrial 89
Agropecuária 91
Plano de eletrificação 93
Transportes 95
RELAÇÃO DOS QUADROS
I MINAS GERAIS E BRASIL POPULAÇÃO PRESENTE NAS
DATAS DOS RECENSEAMENTOS GERAIS 23
II MINAS GERAIS E BRASIL NATALIDADE, MORTALIDADE
E VIDA MÉDIA 24
III MINAS GERAIS PARTICIPAÇÃO NA RENDA NACIONAL . 26
IV MINAS GERAIS RENDA POR SETOR DE ATIVIDADE 26
V MINAS GERAIS PERCENTAGENS DOS SETORES SOBRE A
RENDA TERRITORIAL 28
VI MINAS GERAIS PRODUTO BRUTO DA AGRICULTURA, 1948
1955 29
VII MINAS GERAIS PRODUTO AGRÍCOLA: ÍNDICES DE CRES-
CIMENTO REAL 30
VIII MINAS GERAIS RENDA POR TIPO DE PAGAMENTO 32
IX MINAS GERAIS ÍNDICES DA RENDA REAL 34
X MINAS GERAIS E BRASIL ÍNDICES DA RENDA REAL PER
CAPITA 36
XI. MINAS GERAIS RENDA E PRODUTO TERRITORIAL, EM
1952, 1954 e 1955 37
XII MINAS GERAIS UTILIZAÇÃO DO DISPÊNDIO, EM 1952, 1954
e 1955 40
XIII MINAS GERAIS MÃO-DE-OBRA OCUPADA 42
XIV MINAS GERAIS CONSUMO DE DERIVADOS DO PETRÓLEO. 59
XV MINAS GERAIS POTÊNCIA INSTALADA 62
XVI MINAS GERAIS E BRASIL NÚMERO E AREA DOS ESTABE-
LECIMENTOS AGROPECUARIOS, SEGUNDO GRUPOS DE AREA,
NA DATA DO CENSO DE 1950 66
XVII MINAS GERAIS PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS RAMOS
INDUSTRIAIS NO VALOR DA PRODUÇÃO 75
XVIII MINAS GERAIS PRINCIPAIS LAVOURAS 76
XIX MINAS GERAIS PRINCIPAIS LAVOURAS 77
XX MINAS GERAIS GADO ABATIDO 80
XXI MINAS GERAIS ÍNDICES DE CRESCIMENTO DOS REBA-
NHOS 81
XXII MINAS GERAIS PROJEÇÃO DO PRODUTO E DO DISPÊN-
DIO EM 1960 (HIPÓTESE A) 88
XXIII MINAS GERAIS PROJEÇÃO DO PRODUTO E DO DISPÊNDIO
EM 1960 (HIPÓTESE B) 89
CAPÍTULO I
GENERALIDADES
A. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS
Minas Gerais ocupa uma posição mediterrânea. Sua superfície, ex-
clusive 10 137 km
2
, correspondentes à região da Serra dos Aimorés, terri-
tório em litígio entre Minas Gerais e Espírito Santo, é de 581 975 km
2
, ou
seja, 6,84% de todo o território brasileiro.
O potencial hidráulico do Estado, mesmo sem tomar em conta as
mais recentes reavaliações, em particular das quedas do rio Grande, é
o mais elevado de tôdas as Unidades da Federação e corresponde a cerca
de 30% do potencial de tôdas as bacias hidrográficas do país. Damos,
a seguir, as estimativas oficiais referentes a Minas Gerais (1) :
(1) Anuário Estatístico do Brasil, 1956, pag. 9.
(2) Idem, 1954, págs. 23/24.
.2 6
Bacias
doo Francisco
Total
Potencial em
cávalos-vapor
253 700
1 637 900
3 936 000
5 827 600
O revestimento floristico de Minas Gerais está assim distribuído: (2)
Tipos de vegetação
Cerrados
Áreas em km
2
145 213
2 925
408 662
25 175
%
24,95
0,50
70,22
4,33
Êsses dados dão-nos uma idéia geral das grandes categorias. En-
tretanto,o registram as alterações da flora resultantes da ação huma-
na nos últimos decênios.
Minas Gerais destaca-se como o Estado de reservas minerais mais
ricas, conforme será examinado no Capítulo III. A sua superfície sob
o ponto de vista geológico é classificada da seguinte forma: (1)
Era
Paleozoica ....
Proterozóica
Total
Sistema
Neogêneo
Eoceno
Cretáceo
Triásico
Permiano
Siluriano
Algonquiano
Arqueano
Área (km?)
450
79 920
35 190
990
149 400
113 310
214 550
595 810
%
0,08
13,46
5,92
0,17
25,16
19,08
36,13
10,00
Divide-se o Estado em treze zonas fisiográficas, das quais dez estão
compreendidas nas regiões da Encosta, do Planalto e da Depressão San-
f ranciscana da Grande Região Leste e as três restantes na Grande Região
Centro—Oeste. Damos a seguir breves informações sobre as principais
características dessas zonas.
1) Zona do Mucuri com 23 municípios, vai do divisor da mar-
gem direita do rio Doce aos limites de Minas Gerais com a Bahia, tendo
a leste os limites do Estado e a oeste os da região do Planalto. De um
modo geral, é um conjunto de solos férteis, variando o seu clima entre o
tropical seco e o úmido. Além das atividades extrativas minerais, conta
com uma pecuária desenvolvida, preparação de couros, madeira, e, na
parte leste, pequena área agrícola. Teófilo Ottoni, Araçuaí, Itambacuri e
Águas Formosaso os seus principais centros. A sua população atingia,
em 1950, por ocasião do último Recenseamento, cerca de 562 000 habi-
tantes, isto é, 7,3% do total do Estado.
2) Zona do rio Doce Possui 33 municípios e compreende o Vale
do Rio Doce e seus afluentes. O seu limite norte procura o divisor Doce
(1) Anuário Estatístico do Brasil, 1939/40, pag. 8.
Mucuri, e o limite sul exclui os municípios servidos pelas redes ferro-
viárias da Central e Leopoldina. O seu clima é tropical úmido. Nos ra-
mos de atividade da sua população destaca-se a indùstria extrativa mine-
ral, principalmente de minérios do ferro. A lavoura também constitui
ramo de importância na economia local. Em 1950, as suas indústrias
ocupavam 4% dos operários do Estado. Nessa data, a sua população
atingia 888 000 habitantes (1), ou seja, 11,57o do total do Estado.
3) Zona da Mata Ocupa a parte meridional da região que vai
do médio Vale do Paraíba até às vertentes da margem esquerda do rio
Doce. Em 1950, compreendia 61 municípios. O seu clima varia entre
tropical e temperado. É uma zona agropecuária, possuindo também cen-
tros industriais de importância. Na agricultura destacam-se as culturas
do café, feijão, cana-de-açúcar e milho. A indústria ocupava, em 1950,
20% dos operários do Estado, destacando-se nesse setor Juiz de Fora.
É a zona mais populosa do Estado, pois abrigava, no mesmo ano, cerca
de 1 325 000 habitantes, isto é, 17,2% do total do Estado.
4) Zona de Itacambira Localizada entre os limites de Minas com
a Bahia e o rio Jequitinhonha, possui um clima seco. Nos ramos de ati-
vidade da sua população, destacam-se a agricultura, a pecuária e a indús-
tria extrativa mineral. Na agricultura aparecem com certa relevância
as culturas do algodão, mamona, mandioca e milho. Predominam, nas
atividades extrativas, o cristal de rocha e as pedras semipreciosas. Sali-
nas, Rio Pardo de Minas e Grão-Mogolo os seus principais centros. A
população cerca de 212 000 habitantes em 1950 representava 2,7%
do total do Estado. Em 1950, abrangia sete municípios.
5) Zona do Alto Jequitinhonha Compreende a parte meridional
da região situada entre a Depressão Sanfranciscana e a região da Encos-
ta, limitada ao norte pelo rio Jequitinhonha. Zona de solos pobres e vege-
tação, escassa, a sua principal atividade econômica é a indústria extrativa
mineral, especialmente de diamantes, ouro, pedras semipreciosas e mica.
Diamantina, Minas Novas de Malacachetao os seus principais centros.
A população da zona era, em 1950, de cerca de 324 000 habitantes, aproxi-
madamente 4% do total do Estado, e distribuía-se entre onze municípios.
(1) Exclusive 10 461 pessoas recenseadas no Município de Nova Era, cujas
declaraçõeso foram apuradas por extravio do material de coleta.
6) Zona Metalúrgica Os seus limites, ao norte, alcançam Concei-
ção do Mato Dentro; a leste e a oeste é limitada pelas regiões da Encosta
e da Depressão Sanfranciscana. As imensas jazidas de ferro que possui
facilitaram a instalação da indústria siderúrgica. Devido às condições
do solo, as atividades agrícolaso de reduzida importância. No tocante
à pecuária, há criação de bovinos e muarés. As indústrias de fiação e
tecelagem, couros e óleos vegetais, constituem ramos de importância. As
atividades industriais em seu conjunto ocupam 39% dos operários do
Estado. A população total dos seus 47 municípios, em 1950, era de cerca
de 1 110 000 habitantes, 14,4% do total do Estado. Além da Capital do
Estado, possui centros importantes, tais como Barbacena,o João del-
Rei, Conselheiro Lafayette, etc..
7) Zona do Alto Médio São Francisco Abrange a parte da De-
pressão Sanfranciscana compreendida entre os limites setentrionais dos
municípios de Pirapora e Bocaiúva. O seu regime climático é de poucas
chuvas, de estações secas e chuvosas muito distintas, e de índice de umi-
dade muito baixo. A principal atividade econômica é a pecuária. Mon-
tes Claros é o segundo município mineiro no concernente aos rebanhos
bovino e muar. A zona dedica-se, ao mesmo tempo, à lavoura, principal-
mente de milho, algodão, mamona, cana e arroz. Possuía, em 1950, 11
municípios, com 340 000 habitantes, isto é, 4,4% do total do Estado.
Montes Claros, Januária e Brasíliao os seus principais centros.
8) Zona do Alto São Francisco O clima é idêntico ao do Alto
Médioo Francisco, conquanto menos seco. A economia repousa na
agropecuária. É grande o seu rebanho, em especial de bovinos e suínos.
Na agricultura predominam as culturas de algodão, milho, cana-de-açúcar,
cereais e mandioca. A população de cerca de 178 000 habitantes, em
1950, representava 2,3% do total do Estado e distribuía-se em oito muni-
cípios. Cúrvelo, Bocaiúva e Piraporao os seus principais centros.
9) Zona Oeste Abrange o planalto divisor de águas dos princi-
pais fornecedores doo Francisco e do Rio Grande, a oeste e sudoeste
de Belo Horizonte. A sua vegetação é de campos cerrados e o clima é
temperado e tropical. A criação e a agricultura constituem as
atividades principais. com destaque aparecem as culturas de algodão,
arroz, café, cana-de-açúcar, milho e fumo. A criação, em particular de
bovinos, tem grande importância econômica. A faiscação e garimpagem
também ocupam posição marcante. Os seus 680 000 habitantes represen-
tavam, em 1950, 8,8% da população total do Estado. Itapecerica, Pitangui
e Formigao os seus principais centros. Existiam na zona 44 municí-
pios, em 1950.
10) Zona Sui Abrange todo o extremo sul do Estado. De um
modo geral, o seu clima é temperado. As principais atividades econômicas
o a pecuária, a indústria de derivados animais e a agricultura. Na la-
voura destacam-se o café, fumo, milho, arroz, feijão, cebola, batata in-
glesa e uva, e na pecuária, suínos e bovinos. Bastante desenvolvidaso
as indústrias de curtumes, laticínios e banha. com uma população de
cerca de 1 324 000 habitantes, ocupa o segundo lugar entre as zonas do
Estado. Possuía, em 1950, 104 municípios. Itajubá, Passos e Poços de
Caldaso os seus principais centros.
11) Zona de Unicuia Fica acima da zona do Alto Paranaíba,
nos limites de Goiás. Em 1950, os quatro municípios que a constituíam
Paracatu, Presidente Olegario, Unaí e João Pinheiro possuíam uma
população total de cerca de 106 000 habitantes. A sua economia repousa
na agropecuária, principalmente a criação do gado, que é feita nas pas-
tagens naturais dos altos chapadões.
12) Alto Paranaíba Localiza-se entre as zonas de Urucuia e
Triângulo Mineiro. Na sua economia, destacam-se a agropecuária e a
garimpagem, principalmente do diamante. Na agricultura sobressaem o
milho e o trigo, de que o município de Patos de Minas possui extensas
plantações. A população alcançava 330 000 habitantes, em 1950. Dos
seus 17 municípios, Patos de Minas, Araguari, Patrocínio, Monte Carmelo
e Carmo do Paranaíbao os mais populosos.
13) Zona ão Triângulo Compreende a região que fica entre os
rios Grande e Paranaíba, nos limites com os Estados deo Paulo, Mato
Grosso e Goiás. É uma das zonas mais importantes, no tocante à cria-
ção de gado de raça no Bi'asil. A agricultura é desenvolvida, especial-
mente nas áreas em que há manchas de terra roxa. A garimpagem do
•diamante no rio Tijuco também merece menção. Entre os seus 17 muni-
cípios, Uberaba, Uberlândia, Ituiutaba, Araguari, Araxá, Tupaciguara e
Frutalo os principais. A população, de cerca de 339 000 habitantes,
em 1950, representava 4,4% do total do Estado.
B. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS
A população do Estado de Minas Gerais atingia em 1-7-1950, por
ocasião do último Recenseamento, 7 717 792 habitantes, o que significa
uma densidade demográfica de 13,26 habitantes por km
2
(1). No total da
população do Brasil, a sua participação decresceu de 22,2% em 1890 para
163,3% em 1940 e 14,9 em 1950 (ver quadro I), indicando, assim, que o
incremento populacional do país, como um todo, vem sendo mais rápido
do que o do Estado.
I MINAS GERAIS E BRASIL POPULAÇÃO PRESENTE NAS
DATAS DOS RECENSEAMENTOS GERAIS
Fonte: SNR.
A causa do menor ritmo de crescimento da população do Estado
reside na emigração para outras Unidades da Federação, principalmente
Distrito Federal,o Paulo, Paraná, Mato Grosso e Goiás. Segundo o
Censo, viviam, em 1950, fora do Estado 1 367 000 mineiros, enquanto em
1940 esse número era de 830 000. O confronto entre os dois Censos revela
a intensificação da emigração: nesse período, a saída líquida de popula-
ção foi de 522 000 pessoas. O número de mineiros habitando outras
Unidades, comparado à população presente no Estado, subiu de 12,3%
(1)o estão computados 160 072 habitantes da região da Serra dos Aimorés,
território em litígio entre Minas Gerais e Espírito Santo, e 10 312 habitantes, popu-
lação presente estimada do Município de Nova Era, cujo material censitário foi
extraviado.
CENSO
1872
1890
1900
1920
1940
1950
Minas Gerais
2 039 735
3 184 099
3 594 471
5 888 174
6 736 415
7 717 792
Brasil
9 930 478
14 333 915
17 438 434
30 635 605
41 236 315
51 944 397
MG/BR
(%)
20,5
22,2
20,6
19,2
16,3
14,9
para 17,7% entre 1940 e 1950. Por outro lado, o aumento do número
deo mineiros vivendo no Estado, no período considerado, foi de somente
12 461 indivíduos.
Deve ser salientado que a taxa de natalidade do Estado é das mais
elevadas do país e a taxa de mortalidade geral é bastante alta (ver qua-
dro II), conquanto esta última tenha diminuído nos últimos anos, o que
expressa a melhoria relativa do padrão de vida da população.
A população do Estado é quase tôda de brasileiros natos. Em 1940,
o total de brasileiros naturalizados e estrangeiros atingia a 45 546, ten-
do decrescido no período intercensitário para 32 896.
No tocante à instrução, o grau de analfabetismo da população de Mi-
nas Gerais é elevado. Segundo o Censo de 1950, somente 43,8% das pes-
soas presentes de 10 anos e mais eram alfabetizadas. No Brasil essa
percentagem era de 48,3%.
Ainda pelo Censo de 1950 verifica-se que 14,8% da população pre-
sente de 10 anos e mais possuíam curso completo, sendo 12,67° elementar,.
1,9% médio e 0,3% superior. Na mesma data eram as seguintes essas
percentagens para todo o país: elementar 14,8%, médio 2,7% e supe-
rior 0,4%.
II MINAS GERAIS E BRASIL NATALIDADE, MORTALIDADE
E VIDA MÉDIA
Fontes: IBGE, Laboratorio de Estatística.
(1) Por 1000 habitantes. Dados relativos aos anos próximos de 1950.
(2) Por 1 000 habitantes. Dados relativos ao período 1940/1950.
(3) Por 1 000 nascidos vivos. Dados relativos aos anos próximos de 1940 no-
município de Belo Horizonte.
(4) Em anos Dados relativos ao período 1940/1950.
Taxa
Natalidade (1)
Mortalidade infantil (3) ...
Minas Gerais
46,5
22,5
161,0
39,9
Brasil
43,0
20,6
160,0
42,3
CAPÍTULO II
A RENDA, A CAPITALIZAÇÃO E O CONSUMO
A. EVOLUÇÃO DA RENDA
A análise da renda territorial permite apreciar a importância rela-
tiva das diversas atividades produtivas, possibilita o estudo das caracte-
rísticas básicas da estrutura da produção de bens e serviços em âmbito
estadual e das suas relações com o conjunto da economia do país.
Dispondo de cerca de 15% da população do Brasil e ocupando menos
de 7% de sua superfície, Minas Gerais apresenta uma participação na
renda nacional da ordem de 11,1%, média representativa dos oito anos
compreendidos entre 1948 e 1955. Indubitavelmente, constitui uma po-
sição insatisfatória, se a confrontarmos com Estados menos populosos e
de menor área, embora, em números absolutos, Minas Gerais ocupe o ter-
ceiro lugar entre as Unidades da Federação de maior renda, logo após
o Estado deo Paulo e o Distrito Federal. Vê-se pelo quadro III,
que a participação de Minas Gerais na renda nacional, que se vinha
reduzindo desde 1948, atingindo em 1952 o nível mais baixo (10,5%),
reagiu de 1953 em diante. Assim, a partir de 1953, Minas Gerais parece
entrar num período novo, de ritmo de desenvolvimento bem mais inten-
so, em particular no setor industrial. Este fato deverá acentuar-se nos
próximos anos, em virtude dos programas de inversões em andamento.
Essas novas possibilidades de desenvolvimento estão levando à instala-
ção de novas indústrias e à ampliação das antigas.
Em termos nominais, a renda territorial cresceu de 20 para 64 bi-
lhões de cruzeiros de 1948 a 1955, apresentando um incremento da ordem
de 226,3%, inferior, portanto, ao observado na renda total do país
(244,%).
Ill MINAS GERAIS PARTICIPAÇÃO NA RENDA NACIONAL
Anos
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Minas Gerais
(em milhões de Cr$)
19.677,0
21.468,1
24.168,6
28.180,9
32.224,1
41.909,2
52.284,8
64.207,5
Brasil
(em milhões de Cr$)
167.318,2
190.862,4
221.647,1
263.362,3
305.801,5
374.315,9
461.105,1
575.539,4
% sobre a Renda
Nacional
11,76
11,25
10,90
10,70
10,54
11,20
11,34
11,16
Fonte: F.G.V.
Renda por setor de atividade Analisada a renda produzida em
cada setor de atividade, expressa em valores nominais, (ver quadro IV),
destaca-se o setor primário. Entretanto, verifica-se que, embora as ati-
vidades agropastoris ainda sejam a parcela dominante na formação da
renda territorial de Minas Gerais, o setor primárioo é o que se apre-
senta mais dinâmico. Revela ligeiras oscilações em torno ao nível de
49 % do montante da renda, em termos nominais, indicada no quadro V.
Por outro lado, se em 1948 a agricultura mineira concorreu com 18,3%
do produto bruto da agricultura do país, em 1955 essa participação foi
de apenas 14,6%. O quadro VI contém os dados necessários para que
se possa apreciar em que proporções participam as diferentes atividades
na formação do produto bruto da agricultura do Estado.
IV MINAS GERAIS RENDA POR SETOR DE ATIVIDADE
(Em milhões de cruzeiros)
Anos
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Renda total
19.677,0
21.468,1
24.168,6
28.180,9
32.224,1
41.909,2
52.284,8
64.207,5
Setor primário
9.786,5
10.258,5
11.876,6
14.122,1
15 548,0
21.146,9
26.277,5
29.619,2
Setor
secundário
2.717,8
3.146,2
3.534,9
4.024,2
4.754,0
5.772,1
6.733,9
8.570,6
Setor terciário
7.172,7
8.063,4
8.757,1
10.034,6
11.922,1
14.990,2
19.273,4
26.017,7
Fontes F.G.V. ("Revista Brasileira de Economia", anos 9 e 10, n.° 4)
V MINAS GERAIS PERCENTAGENS DOS SETORES SOBRE
A RENDA TERRITORIAL
Fontes dos dados brutos: P.G.V.
Nenhum dos setores considerados apresenta tendência a aumentos
regulares. Ao contrário, tanto na produção animal e de derivados ani-
mais, como na produção extrativa vegetal, constata-se um retrocesso rela-
tivo.
Tal fato fica inteiramente evidenciado se observarmos os índices de
crescimento real do produto agrícola, bem como os seus componentes:
lavoura, produção animal e derivados, contidos no quadro VII. Essa
situação insatisfatória bruscas oscilações na oferta característica
da produção agrícola mineira, no período estudado, tem as suas raízes na
pressão que se vem observando no setor "trabalho". Forçada a operar
com menores recursos de mão-de-obra e ainda resistindo à ampla utili-
zação de capital (adubos, inseticidas e máquinas) por hectare, observa-se
na economia agrícola mineira, dada essa fraca penetração capitalista, um
rendimento bastante alto, expresso numa taxa de incremento do produto
o inferior a 2% ao ano. Verificada a redução dos efetivos de mão-de-
-obra, a taxa de incremento per capita será superior a 3%. com essa
taxa, a economia agrária tem acompanhado de perto o crescimento da
demanda de matérias-primas e bens de consumo. (1)
(1) com as devidas ressalvas sobre os dados que temos em mãos, é necessário
salientar que, dentro do esquema de desenvolvimento que se define na economia mi-
neira, o papel da agricultura tem sido o de assegurar o nível da oferta com o incre-
mento mínimo que lhe permita acompanhar o crescimento da população. Outro seria
o quadro, se estivéssemos diante de uma transformação estrutural da agricultura.
Anos
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
/
49,74
47,78
49,14
50,11
48,25
50,46
50,26
46,13
Setores
II
13,81
14,66
14,63
14,28
14,75
13,77
12,88
13,35
III
36,45
37,56
36,23
35,61
37,00
35,77
36,86
40,52
%
Total
%
Produção
extrativa
vegetal
%
Produção ani-
mal e deriva-
dos
%
Lavouras
Ano
100
100
100
100
100
9.786,5
15.548,0
21.146,9
26.277,5
29.619,2
11,5
10,9
8,7
7,5
7,1
1.129,1
1.691,5
1.833,4
1.951,9
2.115,4
31,3
24,9
22,2
29,2
23,5
3.059,9
3.865,5
4.695,4
7.686,0
6.952,0
57,2
64,2
69,1
63,3
69,4
5.597,5
9.991,0
14.618,1
16.639,6
20.551,8
1948
1952
1953
1954
1955
Fonte: F.G.V. "Revista Brasileira de Economia" dez.» de 1956.
VI MINAS GERAIS PRODUTO BRUTO DA AGRICULTURA 1948 1955
(Em milhões de cruzeiros)
VII MINAS GERAIS PRODUTO AGRÍCOLA ÍNDICES DO
CRESCIMENTO REAL (1948 - 100)
Ano
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Produto Agrí-
cola
100,0
97,8
96,5
102,1
93,2
98,0
114,4
Lavoura
100,0
108,8
110,7
112,9
99,5
112,3
105,7
...
Produção ani-
mal e deriva-
vados
100,0
76,8
68,9
82,0
78,8
70,5
134,9
O desenvolvimento do setor secundário só se vem revelando esta-
tisticamente a partir de 1953. O quadro IV, que fornece a participação
nominal percentual dos três setores na renda territorial, é de duvidosa
aceitação para que se possa avaliar a evolução do setor secundário, em
virtude da disparidade no ritmo de crescimento dos preços dos produtos
agrícolas, produtos industriais e serviços. No entanto, a evolução da
renda real, muito mais significativa, indica, como veremos mais adiante,
que se desenvolve o setor secundário.
Provavelmente, a elevação da posição percentual do setor terciário,
confirmada pela evolução dos índices correspondentes da renda real, de-
corre do excesso de mão-de-obra queo é absorvido pela indústria e que
aflui para as cidades concentrando-se no comércio, transportes, serviços,
ou refugiando-se em ocupações puramente marginais. Tal fato fica evi-
denciado se confrontarmos o acréscimo percentual da população urbana
no período intercensitário. Efetivamente, enquanto em 1940 a população
urbana representava 25,1% do total, em 1950 perfazia 30% do número
global de habitantes do Estado, ainda assim em proporção inferior à
verificada para o conjunto do país (36,1%)- O incremento do setor
terciário é observado em outras áreas do país e do exterior, na primeira
fase do crescimento das cidades, quando a indústria aindao começou
a recrutar mão-de-obra em ritmo acelerado. Ulteriormente, tende a de-
clinar a importância relativa do setor terciário na composição da renda,
na medida em que a indústria promove o aliciamento da mão-de-obra das
categorias terciárias. O processo de industrialização, depois de algumas
décadas, volta a ceder ao setor terciário a primazia, como acontece hoje
em todos os países altamente desenvolvidos. No caso do Brasil, mal se
inicia o incremento do setor secundário,o alcançando um ritmo pró-
ximo do ritmo de êxodo rural.
Renda por tipo de pagamento Essa discriminação só é viável para
as atividades compreendidas nos setores secundário e terciário, porque,
no setor primário, a falta de elementos informativos, a deficiência de da-
dos estatísticos e a ausência quase total de contabilidade nos estabeleci-
mentos agropecuários,o permitem que se avalie a remuneração dos dife-
rentes fatores da produção.
Da renda gerada nos setores secundário e terciário (ver quadro
VIII) correspondem à remuneração do trabalho pouco mais de 83% (1), o
que traduz a baixa produtividade da economia mineira. como é óbvio,
tal percentagem é tanto menor quanto mais elevado é o nível técnico da
produção (a média nacionalo excede 75%). Esse baixo nível de pro-
dutividade da economia de Minas Gerais mais se patenteia se confrontar-
mos com o Estado deo Paulo, por exemplo, onde o fator "remuneração
do trabalho" representa 70%> da renda territorial (exceto agricultura).
Renda real No decurso do período considerado para a análise da
renda, os preços experimentaram grande alta. Por essa circunstância,
os dados nominaiso refletem a marcha do poder aquisitivo dos diferen-
tes fatores da produção. É indispensável pois, estimar a renda defla-
cionada, a fim de se ter uma noção do verdadeiro ritmo de desenvolvi-
mento do Estado.
A deflação da renda da agricultura e da pecuáriao representa
problema. A sua evolução, em termos reais, está refletida na variação dos
índices ponderados do produto agrícola, já calculados pela Equipe da
Renda Nacional da Fundação Getúlio Vargas.
Quanto à renda gerada nos setores secundário e terciário, o proce-
dimento consiste em deflacioná-la, por meio do índice de custo da vida.
(1) Considerando certa anomalia nos dados referentes a 1955, preferimos calcu-
lar a percentagem média para todo o período 1948 1955. como fruto da elevação
do salário mínimo (1954), as estatísticas referentes a 1955 refletem o impacto da-
quela medida, que atingiu Minas Gerais em escala mais acentuada do que no resto do
país.
1955
1954
1953
1952
1951
1950
1949
1948
Especificação
29.434,3
(85,1%)
3.851,0
219,4
1.083,6
21.483,1
(82,6%)
3.549,0
170,9
804,2
17.371,7
(83,7%)
2.578,8
134,2
677,6
13.952,2
(83,6%)
1.831,9
125,3
766,7
11.326,0
(80,8%)
2.061,2
107,2
528,4
10.269,8
(83,5%)
1.383,8
104,9
533,5
9.516,0
(84,9%)
1.199,7
83,1
409,9
8.477,7
(85,7%)
1.020,9
77,4
314,5
1. Remuneração do tra-
%
VIII MINAS GERAIS RENDA POR TIPO DE PAGAMENTO
(em milhões de cruzeiros)
(Setores secundário e terciário)
Fonte: F.G.V. "Revista Brasileira de Economia" dez." de 1955 e dez.» de 1956.
A fonte usual para esse cálculo sao as estatísticas do SEPT do Minis-
tério do Trabalho, calculadas para a cidade de Belo Horizonte.
A aplicação desses critérios permitiu elaborar o quadro IX, que con-
m dados úteis para que se possa aferir o grau de desenvolvimento eco-
nômico de Minas Gerais. Convém notar que os métodos utilizados para
deflacionar os dados nominais fornecem resultados com considerável mar-
gem de erro.
Tendo utilizado esse mesmo processo no exame das estatísticas de
renda de outros Estados, seria impróprio alterá-lo no caso de Minas, mal-
grado aqui se patenteie em maior medida a inadequação dos índices do
custo da vida (ainda mais se forem colhidos para uma só cidade) como
base para a deflação dos valores nominais da renda. O resultado é a
visível subestimação dos valores reais da renda. Adiante buscaremos
corrigir o resultado da aplicação desse critério.
Os índices do quadro IX revelam que a renda territorial de Minas
Gerais, no período 1948-1955, aumentou gradativamente nos quatro pri-
meiros anos da série, decrescendo repentinamente em 1952, para voltar a
crescer progressivamente até alcançar, em 1955, valores superiores aos
•obtidos em 1948. Essa recuperação do ritmo de crescimento da renda
territorial pode ser atribuída, provavelmente, ao avanço do processo de
industrialização de Minas Gerais, bem marcado, sobretudo, a partir de
1952 1953 (Acesita, Cemig, Companhia do Vale do Rio Doce, Mannes-
mann, etc).
O papel do setor secundário no incremento da renda, revelado pelos
índices correspondentes aos seus valores reais (1), e que era obscurecido
ao examinarmos a participação percentual nominal desse setor (ver
quadro IV),o pode ser atribuído a simples aumentos no volume da
produção física. Na realidade, o exame da estrutura da oferta dos pro-
dutos industriais revela transformações sensíveis na sua composição.
(1) Em relação ao setor secundário, a aprofundada pesquisa do Dr. Gustaaf
L. Loeb (Revista Brasileira de Economia, março de 1957) permite-nos corrigir o ín-
dice expresso no quadro IX. Segundo o estudo citado, a produção industrial do Estado
aumentou de 100 para 152 entre 1948 e 1954. No mesmo período, o quadro IX re-
gista, para o setoro agrícola, um aumento de apenas 19,7%. Mesmo que a renda
real do setor terciário tenha evoluído em escala bastante inferior à do secundário,
o é admissível que, tomados os dois setores em bloco, se chegue a menos de 30%.
3 — 6
Para comprovar tal constatação, observem-se as nítidas desigualdades no
incremento físico absoluto de alguns produtos industriais, no período
1950-1955:
Incremento
absoluto
o 30,5%
Gusa 28,8%
Laminados 37,4%
Cimento 47,8%
Laticínios 16,2%
Carne 6%
A taxa de crescimento anual da renda real, no mesmo período, foi
de 2,4% o que revela um ritmo de crescimento inferior ao do país (1).
Os setores primário e de atividadeso agrícolas evoluíram na base de
taxas anuais de 1,8% e 2,97o, respectivamente.
IX MINAS GERAIS ÍNDICES DA RENDA REAL (1948 = 100)
Anos
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Renda
Territorial
100,0
102,2
105,7
112,2
108,2
108,6
117,1
117,8
Setores
Primário
100,0
97,7
96,5
102,0
93,8
99,1
114,2
113,3
Secundário e
Terciário
100,0
106,0
114,8
122,4
122,5
118,0
120,0
122,4
Renda territorial
per capita
100,0
100,8
102,8
107,5'
102,4
101,3
107,7
108,7
(1) O exame de outros aspectos leva-nos a supor subestimada a taxa de 2,4%.
É evidente a desproporção entre o incremento da renda real e a taxa de capitaliza-
ção de 12,8% estimada por nós. A respeito cabe salientar a pouca segurança doa
deflatores da renda do setoro agrícola.
Fonte: F.G.V. e SPL
Quanto à renda territorial per capita, observam-se flutuações aná-
logas às já assinaladas para a renda territorial, sem contudo alcançar os
ritmos e valores apresentados pela renda nacional, como se pode verificar
através do quadro X.
Os dados característicos, representativos do processo de desenvolvi-
mento da economia de Minas Gerais, refletem a estrutura de uma econo-
mia ainda fundamentalmente agrícola e apoiada no latifúndio. Só recen-
temente começa Minas Gerais a integrar-se no surto de progresso indus-
trial que empolga o país, para o qual vinha já contribuindo no setor das
atividades extrativas minerais (ferro, manganês, etc.) e da indústria
pesada (siderurgia).
Neste contraste reside a principal crítica de quantos estudiososm
examinado o processo produtivo do Estado de Minas Gerais. Fornecedor
de matérias-primas minerais, em alta escala, para a indústria básica do
país e do estrangeiro, e possuidor de algumas das mais antigas usinas
siderúrgicas do Brasil, nem por isto Minas Gerais conseguiu montar, em
torno a essas atividades, a rede de indústrias de transformação, capaz de
alicerçar o seu desenvolvimento econômico. Nos últimos anos, alguns sin-
tomas permitem prever o rompimento dos obstáculos à industrialização
do Estado
Fonte: índices Nacionais F.G.V. "Revista Brasileira de Economia" dez.»
de 1956, pag. 28.
X MINAS GERAIS E BRASIL ÍNDICE DA RENDA REAL PER CAPITA
1948 1955
(1948 = 100)
Anos
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Minas Gerais
100,0
100,8
102,8
102,4
101,3
107,7
108,3
107,5
Brasil
100,0
103,6
113,4
117,0
122,3
123,2
129,5
131,2
B. UTILIZAÇÃO DA RENDA
A análise do desenvolvimento exige que se conheça como se utiliza
a renda e se investigue em que setores ela se origina e a que fatores
remunera.
Para haver desenvolvimento, impõe-se que uma parcela da renda
deixe de ser consumida e seja aplicada na expansão do sistema produtivo.
É muito importante, portanto, conhecer o vulto dos investimentos
realizados em uma economia; saber se ela recebe recursos de fora ou os
envia para fora ; se os seus investimentoso financiados com poupança
própria ou não.
No quadro XI apresentamos os dados macro-econômicos básicos rela-
tivos a 1952, 1954 e 1955, elaborados com informações estatísticas defi-
cientes, mas que permitem definir a ordem de grandeza das variáveis
em jogo.
XI MINAS GERAIS RENDA E PRODUTO TERRITORIAL
EM 1952. 1954 E 1955
(em milhões de cruzeiros)
Especificação
A Renda territorial, a custo de
B Impostos indiretos, menos sub-
C Produto territorial líquido, a
preços de mercado
E Produto territorial bruto, a
1952
32.224,1
2.447,5
34.671,6
1.906,9
36.578,5
1954
52.284,8
5.262,9
57.547,7
3.165,1
60.712,8
1955
64.207,5
6.514,0
70.721,5
3.889,7
74.611,2
Fontes: F.G.V. e SPL
(1) Foi aplicada a taxa de 5,5% sobre o produto territorial líquido, idêntica,
portanto, à estimada para o Brasil pelo Grupo misto BNDE CEPAL.
Nesse quadro passou-se do conceito renda a custo de fatores ao de
produto a preços de mercado, base em queo realizados o consumo e os
investimentos.
A segunda fase dessa análise macroeconômica será o cálculo do dis-
pêndio, ou seja, a diferença entre o produto territorial bruto e o movi-
mento líquido de recursos ; para estimar este último, tomamos o resultado
do intercâmbio comercial de Minas Gerais com o exterior e o resto do
país. (1)
Ao intentarmos quantificar o movimento líquido de recursos em
Minas Gerais, deparamos com dificuldades pràticamente insuperáveis.
Os obstáculos residem na circunstância de ser Minas Gerais um Estado
mediterrâneo,o apresentando movimento por via marítima (as expor-
tações processam-se através dos portos do Rio e de Vitória, por
exemplo, no caso do manganês e ferro), e na precariedade observada nas
estatísticas do comércio por vias internas em todo o país. Portanto, qual-
quer estimativa do movimento líquido de recursos estará sujeita a enor-
mes falhas.
Dificuldadeo menor também existe para a avaliação do consumo,
dada a carência de informações capazes de fornecer uma idéia suficiente-
mente aproximada do montante dos investimentos brutos no ano de 1955.
Para a estimativa do movimento líquido de recursos, consideramos
que a economia exportadora mineira se baseia em um pequeno grupo de
produtos agrícolas e extrativos minerais. Essas exportações ultrapassam,
em pequenas proporções, o montante das importações, nos últimos anos.
Estimamos assim, para 1955, a existência de um saldo positivo equiva-
lente a 0,9% do produto territorial bruto, verificado no ano de 1954.
Quanto aos investimentos, é possível obter-se uma idéia aproximada
do seu valor no ano de 1955, lançandoo de diversos critérios.
Para os investimentos privados admitimos que representem 9% do
produto bruto, a mesma taxa assinalada em 1954. Quanto às parcelas
componentes do investimento público, é possível obter o valor dos inves-
timentos estaduais, que atingiram em 1955 a 1 079,5 milhões de cruzei-
ros (2).
(1) À falta de elementos sobre o movimento de entrada e saída de recursos, foi
tomado o saldo do balanço comercial do Estado, mesmo incompleto em relação ao comér-
cio por vias internas, principal parcela do movimento comercial.
(2) Fonte: SPL "Análise Preliminar do Desenvolvimento Econômico da
Bacia Paraná—Uruguai",o Paulo, 1956.
De posse de tôdas essas variáveis, chegamos à estimativa da utili-
zação do dispêndio em 1955, contida no quadro XII. Convém notar que
a taxa de capitalização de 12,8 % para o ano de 1955, inferior à média
nacional, traduz ainda um ritmo lento de crescimento da economia mi-
neira.
No Capítulo V desta monografia examinaremos as tendências de de-
senvolvimento à luz do comportamento das variáveis estimadas no quadro
XII, tendo em vista uma previsão da evolução da economia de Minas
Gerais, nos próximos anos.
Investimentos privados
Investimentos públicos
Municípios .. .
Cr$
6.715,0
2.320,5
1.079,5
214,0
1.027,0
Estimamos os investimentos municipais em cerca de 25% do mon-
tante dos investimentos estaduais (relação verificada para o conjunto do
país) o que dá um montante da ordem de 214 milhões de cruzeiros. Para
os investimentos da União, consideramos apenas a parcela referente aos
financiamentos concedidos pelo BNDE em 1955 (1).
Em resumo:
XII MINAS GERAIS UTILIZAÇÃO DO DISPÊNDIO, EM
1952, 1954 E 1955
(em milhões de cruzeiros correntes)
Especificação
A Produto territorial bruto ...
B Movimento líquido de recursos
C -- Dispêndio (A + B)
E Consumo (C—D)
F Poupança (Produto líquido
E)
1952
36.578,5
309,0
36.269,5
4 344,0
31.925,5
2.746,1
1954
60.712,8
500,3
60.212,5
6.644,5
53.568,0
3.979,7
1955
74.611,2
596,9
74.014,3
9.035,5
64.978,8
5.742,7
(1) Fonte: "Exposição sobre o Programa de Reaparelhamento Econômico"
BNDE Exercício de 1955.
CAPÍTULO III
FATORES DA PRODUÇÃO
A. PROBLEMAS DE MÃO-DE-OBRA
Oferta potencial de mão-de-obra No período intercensitário de
1940-1950, a população de 10 anos e mais, ocupada em atividades econô-
micas em Minas Gerais, em relação à população total, caiu de 38,2% para
36,7%- Apesar disso, efetivou-se um acréscimo ocupacional da ordem
de 10%. Esse fato tem explicação no desenvolvimento do sistema eco-
nômico regional, com o surgimento de novas atividades ocupadoras da
mão-de-obra disponível. Mantém-se, em 1950, o caráter preponderan-
temente agrário da atividade econômica no Estado.
O quadro XIII mostra como se comportou o índice de ocupação, por
atividade econômica, nos dois momentos censitários. A análise do qua-
dro permite verificar as modificações ocorridas na estrutura do emprego
da mão-de-obra. Observa-se um decréscimo ocupacional relativo, na pro-
dução primária, da ordem de 8%>> fato que é peculiar a todo processo de
expansão econômica, quando o sistema começa a passar para a fase da
economia industrial e urbana. uma das características das economias
desenvolvidas no ponto de vista do emprego da mão-de-obra é, justamente,
um alto índice de emprego na atividade industrial e no setor terciário,
ao lado de um índice decrescente nas atividades primárias.
Por outro lado, confrontando-se os dois Recenseamentos, constata-se
que houve ascenso na posição ocupacional do setor industrial, dos trans-
portes e atividades comerciais, bem como dos serviços. A participação
da mão-de-obra no setor da indústria de transformação, relativamente
à ocupação total, cresceu de 5,4% para 7,7% ou seja um incremento
relativo da ordem de 2,3%.
(1) Agricultura e Industrias extrativas. Usamos o critério adotado pelo cen-
tro de Estudos Sociais da F.G.V. 1940 Homens: Censo Demográfico; Mulheres:
Censo Agricola. 1950 Homens maiores de 15 anos: Censo Demográfico; Homens
menores de 15 anos: Censo Agrícola; Mulheres: Censo Agrícola.
(2) Pela dificuldade em so criar um critério objetivo, resolvemos usar os dados
do Censo Demográfico de 1950, emborao nos pareçam estes muito próximos
da realidade para este ano.
(3) Incluímos neste ramo: Prestação de serviços, Profissões liberais, Ativi-
dades sociais, Administração Pública e Defesa Nacional.
Apesar disso, a economia do Estado ainda se caracteriza pela pre-
ponderância acentuada da agricultura, abrangendo 74% da mão-de-obra,
nível bastante superior ao do conjunto do país (66%).
Apreciando-se os índices globais de crescimento ocupacional por tipo
de atividade, verificam-se elevadas taxas percentuais de incremento,
ocorridas na indústria de transformação (59% no decênio), no comércio
e nos serviços, enquanto na produção primária se encontra um decréscimo
de 1% acompanhado, como vimos antes, de uma redução na participação
relativa.
As modificações apreciadas no período indicam as tendências do
crescimento do sistema econômico regional, onde se esboça uma amplia-
ção dos setores de mais alta produtividade, ou seja, dos elementos mais
dinâmicos em um processo de desenvolvimento econômico.
, em Minas, tendência para o maior emprego industrial de fatores
disponíveis. Certos recursos naturais já estão sendo utilizados em es-
Ramos de ocupação
Setor Primário (1) ..
Indústria de transfor-
mação (2)
Comércio
Serviços e outras ativi-
dades (3)
1940
Mão-de-obra
ocupada
2 125 818
137 929
84 242
54 917
173 403
2 576 309
% s/
total
82,5
5,4
3,3
2,1
6,7
100,0
1950
Mão-de-obra
ocupada
2 098 727
218 684
110 151
75 976
329 035
2 832 573
% s/
total
74,1
7,7
3,9
2,7
11,6
100,0
índice de
crescimento
do ocupação
1940 = 100
99
159
131
138
190
110
XIII MINAS GERAIS MÃO-DE-OBRA OCUPADA 1940-1950
cala mais ampla, dentro do Estado. Daí este movimento natural da popu-
lação, que se desloca do meio rural para o setor da indústria de transfor-
mação, dos transportes, do comércio e dos serviços, que por ser de maior
rentabilidade pode oferecer melhores níveis salariais.
O fenômeno adquiriu maior força nos últimos cinco anos.
Produtividade As tendências expressas pelos dados sobre a ocupa-
ção nos setores primário e secundário da economia de Minas Gerais, tra-
duzem um desequilíbrio na combinação de fatores produtivos, em especial
entre os fatores mão-de-obra e capital. É evidente a pouca utilização do
fator capital, sob a forma de equipamentos e fertilizantes, nas lavouras
mineiras. Esta modernização é ainda reduzida nas principais zonas do
Estado,o pesando no aumento da produtividade física. Ao contrário,
entre os dois Censos Agrícolas de 1940 e 1950, foi bastante débil o fluxo
de equipamentos para o setor da produção primária mineira, como ates-
tam os dados relativos a esse item no computo do estoque de capital na
agricultura do Estado. Assim, a queda da posição relativa da agricul-
tura, na distribuição dos recursos de mão-de-obra (de 82% para 74%), é
fruto do processo de industrialização, que se realiza à margem do setor
primário, e só secundariamente sofre a influência da introdução de bens
de capital nas lavouras (máquinas, adubos, etc).
Para situar a questão da produtividade agrícola, tomemos os índices
de crescimento real da produção das lavouras mineiras, nos últimos
anos: (1)
(1) Julian Magalhães Chacel "O produto Agrícola a Preços Constantes"
Revista Brasileira de Economia, março de 1956, pag. 79.
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
100
109
111
113
99
112
106
Basta comparar estes índices com a redução em termos absolutos da
ocupação no setor primário ( 1% entre 1940 e 1950), para se poder
registrar um ligeiro acréscimo da produtividade no conjunto da agricul-
tura mineira. com menos 37 000 pessoas ocupadas foi possível, em 1950,
aceitar a variação verificada nos sete anos da série, elevar o produto bruto
da agricultura em mais de 10% ao ano, em termos reais.
A situação, em conjunto,o atesta uma estagnação das culturas,
malgrado o baixo índice de capitalização já assinalado. Fenômeno seme-
lhante atinge a pecuária, que possui maior elasticidade da oferta, em
comparação com a agricultura, e tem registrado acréscimos gastos em
seu estoque de capital (valor dos rebanhos).
No setor secundário, é fácil verificar que o incremento da mão-de-
-obrao impediu o processo de aumento da densidade de capital, embora
o Estado se mantivesse em nível de produtividade inferior aos deo
Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Aumentou o coeficiente de
energia elétrica por unidade de mão-de-obra.
Devido à inexistência de um índice ponderado da produção física
da indústria, o cálculo da produtividade média do operariado torna-se
mais difícil, tendo em vista, também, a enorme diferenciação do parque
industrial, à medida que se inicia o processo do desenvolvimento. No
Capítulo II, já examinamos o papel ascendente do setor secundário na
formação da renda, tanto nos valores reais como no aspecto da produtivi-
dade. A elevação da ocupação nas indústrias de transformação (59%
entre 1940 e 1950) é inferior ao incremento da sua participação na for-
mação do produto.
Balanço do Trabalhismo e da Prejvidência Social Possuía Minas
Gerais, em dezembro de 1955, 126 sindicatos de empregados, além de 10
de profissionais liberais.
O número de associados, segundo o Inquérito Sindical efetuado em
1954, e que abrangeu 89 sindicatos de empregados e 5 de profissionais
liberais, era de, respectivamente, 53 967 e 1 072. A exigüidade das ci-
fras, em relação à massa dos empregados e profissionais suscetíveis de
participar em tais entidades, reflete a fraqueza da vida associativa neste
setor, queo atrai nem mesmo 20% do conjunto dos empregados nas
indústrias, comércio, transportes e serviços privados. Igualmente inex-
pressivoso os dados sobre o movimento financeiro dessas entidades.
Quanto à Previdência Social, Minas Gerais coloca-se em quarto lugar
no quadro federativo, em seguida ao Paulo, Distrito Federal e Rio
Grande do Sul, no concernente às contribuições de empregados e empre-
gadores para a principal instituição, o IAPI. Em relação aos benefícios
concedidos, Minas situa-se em quinto lugar, depois daquelas três Unida-
des e do Estado do Rio de Janeiro.
B. RECURSOS NATURAIS DISPONÍVEIS
Minas Gerais coloca-se entre as Unidades da Federação mais bem
aquinhoadas de recursos naturais, em especial no setor mineral.
Recursos minerais — O Estado possui grandes e variadas reservas
minerais. Excluindo os combustíveis sólidos, grande parte dos minerais
até hoje identificados no Brasil,o encontrados no seu complexo geoló-
gico. Apesar disso, as descobertas que se sucedem comprovam que o seu
subsolo é ainda pràticamente desconhecido.
O polígono central do Estado é a área de mais intensa atividade mine-
radora. Aí se desenvolve a série de Minas, formação geológica algon-
quiana, com características litológicas, que assume enorme importância,
dada a multiplicidade de recursos minerais que abriga. Contém destaca-
das jazidas de minério de ferro, manganês, ouro, mármore, calcário, etc.
1953
1954
1955
Aposentadorias, pensões
e auxílios concedidos
143.161
241.937
336.151
721.249
Contribuição de empre-
gados e empregadores
208.639
280.423
376.674
865.736
No período em questão, o Estado recebeu aproximadamente 7% dos
benefícios distribuídos em escala nacional pelo IAPI. Também se está
evidenciando no Estado a tendência de absorção das receitas da Previdên-
cia pelos benefícios distribuídos em igual período, fato de alcance nacio-
nal que já impõe ao Poder Público o reexame do esquema financeiro do
sistema.
(em milhares de cruzeiros)
Fora da área central, de maior potencialidade mineral, há ocorrên-
cias de minerais metálicos eo metálicos em quase todos os pontos do
território mineiro. Â medida que os trabalhos de prospecção se esten-
dem, novos minérioso sendo conhecidos, como é o caso recente da jazida
de pirocloro (minério de niòbio), descoberta em Araxá, pelo geólogo Djal-
ma Guimarães, considerada uma das mais potentes do mundo, e de suma
importância econômica, pelas suas aplicações industriais.
Os principais minerais que ocorrem no Estado, já identificados,o
os seguintes:
Minerais metálicos
1 Ferro Em Minas localizam-se as maiores e melhores jazidas
de minério de ferro do país. A capacidade destas jazidas é da ordem
de 15 bilhões de toneladas, com um teor de 68
c
/c, considerado dos mais
altos. Sua localização a 500 km dos portos de mar e distante da zona
carbonífera do sui, constitui fator negativo. Apesar disso, a hematita
compacta de Minas Gerais vem sendo explorada em larga escala, para
abastecer a indústria siderúrgica do país e os mercados internacionais.
As jazidas distribuem-se pelas cabeceiras do Rio Doce, no vale do
Paraopeba, e afluentes do alto Rio das Velhas, abrangendo numerosos
municípios mineiros. Situam-se na série de Minas e apresentam-se em
três tipos característicos:
a) Itabirito Sedimentar, aspecto xistoso, constituído quase
que exclusivamente de hematita.
b) Jacutinga Friável, com a mesma composição, formado
de palhêtas de hematita.
c) Canga Camadas superficiais com alguma limonita, ca-
peando morros e elevações, com baixo teor metálico.
2 Manganês Há minério de manganês amplamente dissemi-
nado em Minas Gerais. As reservas com teor superior a 42% cubam 8
milhões de toneladas, enquanto as reservas abaixo desse teor atingem de
80 a 100 milhões de toneladas. A faixa de ocorrência distribui-se por todo
o centro, sui, leste e norte do Estado. O principal distrito manganesífero
de Minas é Conselheiro Lafayette, que está quase todo encravado no com-
plexo cristalino, com o gnaisse como rocha predominante.
Nas elevações aparecem retalhos da série de Minas, remanescentes
devidos à intensa ação erosiva. As lentes de minério acham-se encaixadas
entre sedimentos algonquianos.
3 Cromo As reservas até agora conhecidaso pequenas.
4 Níquel Metal usado na obtenção de certas ligas, ocorre em
vários pontos do Estado. As jazidas mais conhecidas e estudadaso as
seguintes :
a) Livramento — a 3 km da cidade de Liberdade. Esta ja-
zida, consoante estudos de Luciano J. de Morais, cuba
606 000 toneladas, das quais apenas 6 000 possuem teor
metálico superior a 41%. É explorada pela Companhia
Níquel do Brasil.
b) Santa Cruz a 12 km da cidade de Ipanema, com reser-
vas consideráveis de minério de baixo teor.
c) Santa Maria a 32 km de Ipanema, no distrito de Cochra-
ne. As reservas até agora conhecidaso pequenas e ge-
ralmente representadas por minério de baixo teor metá-
lico.
5 Rutilo Ocorre principalmente no planalto do sul de Minas.
É encontrado também no vale dos rios Doce e Jequitinhonha e na zona
de Diamantina.
6 Ouro O minério em Minas apresenta-se tanto em jazidas
primárias como aluvionares. As jazidas primáriaso encontradas nas
áreas de Ouro Preto, Santa Bárbara, Mariana, Rio Piracicaba, Nova Lima,
Itabirito, Lafayette, Piranga, Lagoa Dourada, Sabara, Caeté, Campanha
eo Gonçalo do Sapucaí. Muitas destas jazidas sofreram explorações
superficiais no ciclo histórico do ouro. As jazidas aluvionares, já muito
trabalhadas, encontram-se à beira de certos córregos e rios auríferos,
como o rio das Velhas e afluentes, rio Paraopeba, rio Maranhão, Gua-
laxo e Ribeirão do Carmo; rios Piranga, Santa Bárbara eo João; rios
Jequitinhonha e Arassauaí; rios Sapucaí e Ribeiro Rico; rios Abaeté,
Paracatu, Araguari e Manhuaçu.
7 Estanho Os depósitos de cassiterita (minério de estanho),
de forte significado econômico., localizam-se a oeste do Estado, nos muni-
cípios deo João del-Rei, Tiradentes, Prados e Bonsucesso. As ocor-
rências da zona deo João del-Rei abrangem uma faixa arqueana de
40 km, contados no sentido do Rio das Mortes (Leste-oeste), por 30 km
no sentido norte-sul, e limitada do lado nascente pelas serras do Lenheiro
e de Tiradentes e do lado do poente pela serra do Bonsucesso.
8 Alumínio O minério de alumínio (bauxita) ocorre em vários
pontos do Estado. Entretanto, pela sua importância econômica, trêso
os principais distritos bauxíticos de Minas Gerais:
a) Ouro Preto, cujas jazidas, segundo Luciano J. de Morais,
cubam 2 milhões de toneladas eo constituídas de miné-
rios de boa qualidade;
b) Serra da Mutuca, contendo também minério de boa quali-
dade, de origem idêntica ao de Ouro Preto. Luciano de
Morais avalia estas jazidas em 2 a 6 milhões de toneladas.
c) Planalto de Poços de Caldas, onde se encontram as maio-
res reservas de minério de boa qualidade conhecidas até
hoje no Brasil. Mario da Silva Pinto estima a possança
dessa jazida em 150 milhões de toneladas de minério.
9 Zircònio O minério que ocorre em Minas é de 3 tipos :
a) de aluvião, ao longo dos córregos que drenam o Planalto
de Poços de Caldas;
b) de alluvium no alto e a meia encosta dos morros;
c) de veios, encaixados nas rochas nefelínicas e feucíticas da
região de Poços de Caldas.
A ocorrência do minério, em Minas, como se, restringe-se à área
do Planalto de Poços de Caldas, e as reservas estimadas somam 1,8 mi-
lhões de toneladas. Dos três tipos acima enumerados, o primeiro é o
de mais alto teor metálico.
Além desses, existem em Minas Gerais vários outros minerais metá-
licos, como prata, cobre, chumbo, zinco, mercúrio, antimònio, bismuto,
platina, etc., muitos dos quaiso estão sendo explorados porque a capa-
cidade das jazidas conhecidas ou as condições como se apresentamo
justificam uma exploração em moldes econômicos., outrossim, regis-
tros de ocorrência de minerais radioativos cujas jazidas estão sendo ulti-
mamente melhor estudadas, classificadas e dimensionadas.
Mineraiso metálicos
1 Calcário É vasta a área calcária do Estado. Há depósitos
que se estendem ao longo dos rios das Velhas eo Francisco, associa-
dos à ardèsia, que com eles formam a série Bambuí.
uma outra grande área calcária estende-se de Pedra do Sino para
o sui, ao longo da bitola larga da Central do Brasil, passando por Palmira,
onde é puro e quase isento de magnèsio, sendo utilizado na fabricação de
carbureto de cálcio.
O vale do rio Grande balisa outra grande área calcária, que abrange
as localidades de Lavras, Barroso, Itumirim, etc.
Ao sudoeste do Estado, nas áreas de Mar de Espanha e Caratinga,
extensas lentes de calcário arqueano se distribuem em ampla faixa gnáis-
sica.
Os calcários arquéanos e algonquianos sao em geral dolomíticos, im-
prestáveis para a fabricação do cimento, devido ao alto teor de magnesio.
Os da série Bambuío quase isentos de magnèsio, e constituem as maio-
res reservas do Estado.
2 Amianto Em Minas ocorrem dois tipos de amianto : amianto-
-anfibólico e amianto-crisótila.o se conhecem, entretanto, as possibili-
dades econômicas das jazidas. Há registros de ocorrências nos municí-
pios de Caeté,o Domingos do Prata, Jacuí e Caratinga, Bom Jesus do
Galho, Barbacena, rio Piracicaba, Ubá, Tocantins, Pomba, Lafayette, Belo
Horizonte, Ouro Preto, Itaguará e Nova Lima.
3 Caulim Mineral usado na fabricação de louças, isoladores,
esmaltes, etc. Ocorre em vários municípios de Minas, como Buenópolis,
Tiradentes, Juiz de Fora, Bicas, Mar de Espanha, Espera Feliz, Sabinó-
polis, Congonhas, Ubá, Teófilo Ottoni, etc
4 Pinta As maiores reservas de pirita do Brasil estão em Mi-
nas, no município de Ouro Preto. Lacourt orça estas reservas em 10
milhões de toneladas, com 46% de teor de enxofre.
4 — 6
5 Apatita A maior concentração encontra-se no município de
Araxá. As reservas medidaso da ordem de 100 milhões de toneladas,
das quais 40 milhões em área de 500 x 250 metros e 30 milhões em um
espigão na parte leste da jazida, onde o minério se encontra bastante
exposto.
6 Baritina É minério de bàrio, usado na fabricação de tintas,
pigmentos e sais aplicados nos processos de transformação industrial.
Ocorre no Estado nos municípios de Ouro Preto, Araxá e Formiga.
7 Mica A área de mica estende-se na parte leste do Estado,
na zona de numerosos diques de pegmatito. Esta faixa abrange mais de
60 municípios do Estado. A exploração intensiva dos depósitos, reali-
zada nos anos de guerra, parece ter acarretado uma exaustão nas melho-
res jazidas.
8 Quartzo É mineral de vastas aplicações industriais, utilizado
para osciladores em transmissores, detentores de som, aparelhos de locali-
zação de sons, medidores de detonadores, na indústria óptica, na joalha-
ria, em lâmpadas de quartzo e em abrasivos. A faixa do cristal de rocha,
em Minas, estende-se desde Sete Lagoas até ao Norte, com as ocorrências
das serras do Cabral, Mineira e Itacambira.
9 Grafita Empregado na fabricação de cadinhos, moldes para
fundição, pigmentos, lápis, lubrificantes, electrodos etc.. Ocorre, entre
outros, nos municípios de Jequitinhonha, Pedra Azul, Tremedal, Rio Par-
do, Salinas, Grão-Mogol, Itamarandiba, Diamantina, Conceição, Ferros,
Itabira,o Domingos do Prata, Ouro Preto, Santo Antônio do Monte,
Itanhandu, Itapecerica. Em Itapecerica, a Companhia Nacional de Gra-
fita Ltda, beneficia o minério, obtendo grafita com 98% de carbono.
Gemas e Pedras Preciosas
Os diamantes em Minaso encontrados em seis grandes áreas:
Região de Diamantina, Serra do Cabral, Bacia do Macaúbas, Serra do
Grão-Mogol, Região do Altoo Francisco, Região do Triângulo.
As jazidas de pedras coradas distribuem-se em ampla faixa pegma-
títica do leste e nordeste do Estado.
Entre os recursos minerais podemos incluir as fontes de águas mine-
rais e termais, como as deo Lourenço, Caxambu, Lambari, Poços de
Caldas, Cambuquira, Volta Grande, etc.
Reservas vegetais
Váriaso as essências encontradas no Estado. A exploração ma-
deireira de Minas corresponde a 19% da produção nacional desse ramo.
O Vale do Rio Doce é o núcleo de maior atividade madeireira do Estado.
Aío encontradas muitas essências de alto valor, como Peroba-do-
-campo, Jequitibá-rosa, Gonçalo-alves, Vinhático, Sucupira, Amarela,
Cedro, Ipê-prêto, Ipê-tabaco, Jacaranda e Bicuíba, sem contar inúmeras
espécies das chamadas "madeiras de lei" que, por falta de concentração,
o apresentam atrativos comerciais.
A derrubada de suas matas faz de Minas o maior centro produtor
de lenha, dormentes e carvão vegetal. Essa atividade madeireira ocorre,
com mais alta expressão, nos municípios de Governador Valadares, Nanu-
que e Barão de Cocais.
Integram ainda os recursos vegetais do Estado a guaxima, espécies
produtoras de sementes oleaginosas como o babaçu, a mamona e a ma-
caúba.
Convém frisar que Minas é o maior produtor nacional de sementes
de macaúba, parte das quais é exportada. A maior parcela da safra
mineira procede do município de Jaboticatubas.
C. CAPITAL ACUMULADO
Estimativa dos estoques de capital por grupos de atividade econômica
Através de uma análise detalhada das estatísticas dos Censos econô-
micos, é possível mensurar os estoques de capital nos grandes setores da
economia estadual. Os capitais aplicados na "infra-estrutura"o ex-
cluídos, como se sabe, dos levantamentos gerais. Estão nesse caso as
vias férreas, portos, barragens, obras de saneamento, rodovias, aeropor-
tos, etc. Outra dificuldade que tolhe a utilização dos valores globais
relativos à capitalização interna é a deterioração dos dados monetários,
devido à influência da inflação, ainda mais agravada porque os dados
sobre os capitais aplicados, em particular no setor secundário, corres-
pondem a valores históricos.
Por estas razões, as referências adiante expostas, a respeito do esto-
que de capital em Minas Gerais, devem ser tomadas como aproximações,
apenas úteis se forem conectadas com outros elementos informativos.
o estão incluídos nesta estimativa os valores referentes às lavou-
ras permanentes, como o café, que possuem densidade de capital bastante
elevada. Foram calculados os capitais empatados nos rebanhos, exis-
tentes em 1950, na data do Censo Agrícola, com base em informações de
várias fontes (em especial uma estimativa para 1952, transcrita no Capí-
tulo IV), já que, contràriamente ao Censo de 1940, estes elementos foram
desprezados pelo SNR no último recenseamento. O valor de 16 bilhões
contém, por isso, grande margem de erro,o apenas devido ao aumento
ponderável do número de cabeças de gado, entre os dois Censos, como
por causa da valorização monetária desta parte do estoque de capital na
agricultura brasileira. Enquanto em 1940 existiam no Brasil 34,5 mi-
lhões de bovinos, para 47,1 milhões em 1950, em Minas Gerais a evolu-
ção foi de 7,8 para 11,8 milhões no decênio censitário. Encontram-se
proporções diversas para os demais rebanhos.
Discriminação
Agricultura
Veículos e animais de trabalho ..
Indústria
Comércio Capital aplicado
Imóveis e valores mobiliários ....
Atividades auxiliares do comércio
Serviços
TOTAL
Valores cm bilhões
Censo de 191,0
2,40
0,79
0,14
0,17
1,88
1,20
0,97
0,49
0,29
0,16
0,02
0,01
0,11
0,08
0,01
0,02
5,26
de cruzeiros
Censo de 1950
20,83
2,76
1,60
0,47
16,00
4,19
1,77
0,73
0,23
0,55
0,21
0,05
0,87
0,49
0,20
0,02
0,16
27,66
Em relação ao capital existente no conjunto do país, Minas Gerais
possuía, em 1950, 22% dos capitais existentes na agricultura e 8% ape-
nas dos capitais aplicados na indústria.
Nos últimos anos, tendo em conta o incremento acentuado do pro-
cesso de capitalização em alguns setores da indústria, pode-se admitir
que esta proporção tenha aumentado, em especial se incluirmos os ramos
da indústria extrativa mineral, eletricidade, metalurgia, que foram os de
maior incremento relativo. A proporção, em 1950, situava-se no mesmo
nível da indústria gaúcha. Possivelmente, em 1956, a indústria de Mi-
nas Gerais estaria em posição de maior relevo que a do Rio Grande do
Sui, dentro do conjunto nacional.
Confrontando os dados obtidos referentes aos estoques de capital para
a agricultura e a indústria, com a renda proveniente de cada setor, no
ano de 1950, constatamos, as seguintes proporções:
Agricultura
Em milhões de cruzeiros
Capital Renda
28,83 11,8
4,19 3,5
Relação Renda/
Capital
0,56
0,83
A sensível diferença de produtividade do capital aplicado no setor
secundário em relação à agricultura seria ainda mais acentuada, se sub-
traíssemos a parte do produto agrícola destinada a remunerar o fator
"terra",o incluído, obviamente, no valor dos capitais aplicados nos esta-
belecimentos agrícolas.
D. MEIOS DE TRANSPORTE
O sistema de transportes do Estado de Minas Gerais é representado
por 8 854 km de ferrovias, 52 533 km de rodovias (dados de 1955), 27
portos fluviais e 100 campos de pouso.
Por estes elementos de transportes faz-se a circulação dos produtos
que fluem e refluem no sistema econômico regional. Convém frisar que,
dada a expansão da capacidade produtiva do Estado, nos últimos anos,
o sistema de transportes apresenta-se sempre mais insuficiente, consti-
tuindo no momento um fator limitativo do processo de crescimento eco-
nômico. Entre os pontos de estrangulamento fundamentais da econo-
mia mineira, o sistema de transportes e a capacidade instalada das usi-
nas elétricas, apresentam importância especial. No que concerne aos
transportes, os esforços governamentais estão muito distantes de cobri-
rem o deficit real, existente no setor.
Ferrovias O parque ferroviário do Estado é integrado por 10 es-
tradas de ferro. A densidade da rede instalada é de 15,2 km de ferro-
via por 1 000 km
2
da área total do Estado (6.° lugar no quadro federa-
tivo), enquanto em relação à população representa 10,7 km por 10 000
habitantes (3.° lugar entre as Unidades da Federação).
Tomando os dois aspectos em conjunto, a rede ferroviária do Estado
é a 4.
a
dentro do quadro federativo, em relação à população e ao terri-
tório, correspondendo ao índice 260 em relação ao valor nacional (100).
No período 1940-1955, a extensão da rede ferroviária do Estado evo-
luiu conforme os resultados abaixo :
Anos
1940
1950
1955
km de
trilhos
8 176
8 645
8 854
% 8/ o
total do
País
23,9
23,6
23,9
Sob o ponto de vista econômico, trêso as ferrovias que mais contri-
buem para a circulação de bens e pessoas em Minas Gerais: E.F. Central
do Brasil, Rede Mineira de Viação e E.F. Vitória a Minas, que mantêm
respectivamente 58,8%, 91,7%, 66,4% de suas linhas dentro das áreas
de Minas Gerais.
E. F. Central do Brasil
A Central do Brasil avança da Capital Federal e penetra no Estado
de Minas, cortando-o de sui a norte, desde a estação de Paraibuna, situa-
da na linha divisória com o Estado do Rio, até o extremo norte, em Monte
Azul, nas proximidades do limite com o Estado da Bahia, entroncando-se
aí com a Rede Ferroviária Federal Leste Brasileiro. Na parte centro do
Estado, serve a tôda a zona metalúrgica, passando por Lafayette, Congo-
nhas do Campo, Belo Horizonte, Ouro Prêto e Mariana. Envia um ra-
mal à Zona da Mata para entroncar-se com a E.F. Leopoldina, em Ponte
Nova, e procura o vale do Rio Doce, encontrando-se com a E.F. Vitória
a Minas, em Nova Era, nas proximidades de Itabira. Envolve tôda a
região oeste e sul de Minas, drenando as cargas da Rede Mineira de Via-
ção em Barbacena, Sítio, Santa Rita do Jacutinga, Barra do Piraí, Barra
Mansa e Cruzeiro.
Quando a Central do Brasilo serve diretamente a determinada
região do Estado, ela o faz indiretamente, através de outras ferrovias
que obrigatoriamente lhe entregam as mercadorias, em tráfego mútuo,
com destino aos principais centros de consumo do país. Assim, das es-
tradas de ferro que cortam o Estado é a Central do Brasil a que apre-
senta mais estreita relação com o aparelho produtivo da economia re-
gional.
Ainda predomina na Central o uso de combustíveis sólidos, embora
os sistemas de tração elétrica e Diesel-elétrica já ocupem ponderável par-
cela do movimento ferroviário. Em 1954, o consumo de energia elétrica
e combustíveis assim se distribuía :
(1) Dado relativo a 1953.
o existem estatísticas que permitam avaliar o volume transpor-
tado por esta ferrovia, no âmbito do Estado. Sabemos apenas, com auxí-
lio das estatísticas oficiais divulgadas, que o volume de mercadorias trans-
portadas pela EFCB, em tôda a sua extensão, sofreu oscilações no decor-
rer do período 1945-1954, apresentando no final um incremento da ordem
de 11,57o com relação a 1945.
lenha (1 000 m3)
energia elétrica (1 000 kWh)
Consumo
532
56 282
18 988
2 519
5 336
92 104 (1)
93.074
E. F. Vitoria a Minas
É interessante notar que, entre as 4 ferrovias que cortam o Estado
Central, 3 revelam incrementos percentuais mais elevados no volume
transportado de animais vivos. Do grupo, a única que apresentou in-
crementos ponderáveis no volume transportado, tanto de mercadorias
como de animais, foi a Vitoria a Minas. No período analisado, os incre-
tos anuais observados no transporte de mercadorias foram sempre posi-
tivos, apresentando em 1954 um acréscimo de 723% com relação a 1945.
Esta estrada destina-se principalmente ao transporte do minério de ferro
para o porto de Vitória. Do volume de mercadorias transportadas por
essa ferrovia, mais de 80% cabem ao minério de ferro. A percentagem
correspondente ao transporte de outras mercadoriaso tem sido maior,.
devido à prioridade concedida ao transporte do minério e à precariedade
da execução do convênio de tráfego mútuo entre essa Estrada e a Central
do Brasil no trecho Nova Era Belo Horizonte.
A Vitória a Minas processa, nos últimos anos, a substituição dos
combustíveis sólidos pelo sistema diesel.o possui nenhum trecho ele-
trificado.
Espera-se que, com a incorporação à Vitória a Minas dos 126,910 km
que o DNEF está construindo (1956) entre Belo Horizonte e Itabira,
ligando diretamente a capital mineira ao vale do Rio Doce e ao porto
de Vitória, melhore a participação de outros produtos no volume total
transportado pela Estrada. com esta ligação, Minas Gerais terá um
porto marítimo, o de Vitória, para o intercâmbio com outros portos na-
cionais e estrangeiros.
Rede Mineira de Viação
A linha tronco da Rede Mineira parte do porto de Angra dos Reis,
no litoral fluminense, atravessa os Estados do Rio e de Minas e termina na
cidade de Goiás. uma de suas principais linhas serve a zona metalúr-
gica de Minas e termina em Belo Horizonte ; outra percorre o sul de Minas
e penetra emo Paulo para se entroncar com a Central do Brasil em
Cruzeiro; ainda uma terceira estende-se pelo Triângulo Mineiro até
Uberaba, onde se entronca com a E.F. Mogiana. As suas linhas distri-
buem-se em 3 260 km com bitola de 1,0 m, e em 729 km com bitola de
0,76 m. Apresenta 333 km eletrificados, que correspondem a 8,3% da
extensão total. Em outros trechos, esta ferrovia vem substituindo os
combustíveis sólidos pelo óleo diesel.
As estradas de ferro que cortam as montanhas de Minaso obe-
decem a um plano racional. Para as suas linhas foram adotadas con-
dições técnicas que mais objetivaram o barateamento dos serviços de cons-
trução que a obtenção de resultados econômicos na sua futura exploração
industrial. Há estradas que modelaram seus traçados iniciais adotan-
do outras condições técnicas que permitissem circular trens mais pesa-
dos e econômicos. Um exemplo é a E.F. Vitória a Minas, que primitiva-
mente fazia circular trens com 200 toneladas líquidas de mercadorias,
entre o Vale do Rio Doce e o porto de Vitória, com resultados deficitários.
Hoje, após a sua remodelação, permite a circulação de trens com 1 000
toneladas líquidas de mercadorias. A modernização da sua estrutura
técnica foi um fator decisivo para a multiplicação dos transportes de
minérios de ferro com destino ao porto de Vitória.
Rodovias Em 1955, existiam em Minas Gerais 52 533 km de estra-
das de rodagem, correspondendo a 90,3 km por 1 000 km
2
da superfície
do Estado e a 63,4 km por 10 000 habitantes. Em ambos os aspectos a
posição do Estado é bastante secundária no quadro federativo, pois exis-
tem mais de 10 Estados com coeficientes mais altos. O coeficiente da
extensão rodoviária em função da área e da população estaduais situa-se
em 120, ou seja, apenas ligeiramente superior ao índice nacional (100).
A discriminação da rede rodoviária permite separar as rodovias se-
gundo a dependência administrativa e o tipo do leito:
Rodovias existentes em 1955
Federais
de revestimento primário
Estaduais
Municipais
TOTAL
Extensão da
(em km)
2 Í89
264
2 130
95
9 OU
8 960
84
il 000
52 533
rede em tráfego
%
4,7
0,5
4,0
0,2
17,2
17,1
0,1
78,1
100,0
Predominam nas 3 categorias as estradas de terra, melhoradas, e os
caminhos carroçáveis. Havia em 1955 apenas 0,1% da extensão em con-
creto asfáltico, sendo a maior parte (0,5%) em macadame betuminoso e
macadame simples (2,2%).
É destacado o papel das rodovias federais, geralmente ajustadas à
função de eixos dos transportes, em harmonia com as direções principais
do fluxo da circulação de bens. Damos, a seguir, a lista das rodovias
federais existentes em território de Minas Gerais:
Em função do desenvolvimento da rede rodoviária, aumenta o grau
de utilização dos caminhões e ônibus no conjunto dos transportes inter-
estaduais e inter-regionais de Minas Gerais. Este fenômeno reflete-se
no incremento do consumo de combustíveis líquidos, em particular a gaso-
lina e o óleo diesel.
com a extensão da rede rodoviária, foram concedidas pelo órgão es-
tadual especializado 282 novas licenças, em 1954, para a exploração de
linhas de transportes coletivos. uma idéia da intensificação do tráfego
rodoviário nos últimos anos, tem-se pela evolução dos índices de consumo
de gasolina e diesel apresentados no quadro XIV:
Designação Extensão
km
BR 3 Paraibuna B. H 304
BR 4 Porto Novo Divisa Minas-Bahia 877
BR—14 Avantiguara BR 31 26
BR—14 Avantiguara Itumbiara 8
BR—14 Ponte M. Lima Frutal 40
BR—31 B. H. Roças Novas 14
BR—31 Manhuaçú Abre Campo 81
BR—31 Uberaba Com. Gomes 70
BR—31 B. H. Uberaba 341
BR—31 Frutal Canalo Simão 220
BR—55 B. H.o Paulo 420
BR—58 Divisa Est. Rio Caxambu 85
BR—32 Muriaé Divisa Est. do Rio 24
BR—56 Porto Cemitério Frutal 15
1955
1954
195.1
1952
1951
1950
194.0
Produtos derivados
15,8
327,2
52,7
77,2
201,9
17,9
692,7
13,8
308,1
42,9
66,4
165,3
15,4
611,9
10,3
300,0
36,8
56,2
135,9
13,9
553,1
9,1
264,6
26,8
38,9
113,1
12,3
464,8
8,9
221,6
23,2
30,0
103,6
10,9
398,2
8,3
179,5
23,1
23,7
83,8
8,0
326,4
0,2
48,6
12,4
3,3
24,1
1,6
90,2
TOTAL
XIV MINAS GERAIS CONSUMO DE DERIVADOS DO PETRÓLEO
(em milhões de litros)
O consumo de gasolina comum cresceu de 82% no período 1950-1955.
Neste mesmo período também ocorreu um acréscimo de 226% no con-
sumo de óleo diesel. O consumo per capita de derivados do petróleo
passou de 42,4 litros, em 1950, para 83,6 em 1955.
Aeronáutica civil No aparelho circulatório de Minas, dadas as
barreiras naturais impostas pelo relevo, faz-se sentir a necessidade de
um sistema eficaz de Viação aérea. com o propósito de disseminar cam-
pos de pouso nos vários pontos do território foi criado pelo Governo do
Estado o Departamento de Viação Aérea que só em 1954 dispendeu 12
milhões de cruzeiros na construção e encascalhamento de pistas e cons-
trução de estações de passageiros em diversos campos de pouso. Hoje
existem no Estado 75 campos prontos para receber aviões do tipo DC-3 e
25 para "táxis aéreos".
Navegação fluvial No setor da navegação fluvial, destaca-se a
atuação da Navegação Mineira do Rioo Francisco, que tem como
função específica o escoamento da produção do norte de Minas e do
oeste da Bahia, bem como o transporte de passageiros no rioo
Francisco. É plano do Governo Federal, através da CVSF, organizar
uma sociedade de capital misto para explorar os serviços de navegação
do rio. O projeto prevê a participação dos Estados de Minas e Bahia.
E. ENERGIA
Há relações muito estreitas entre a disponibilidade energética e as
possibilidades de progresso econômico. É fato comprovado que na dinâ-
mica do desenvolvimento o setor industrial age com força estimulante no
desencadeamento das reações estruturais que se passam na intimidade
de um sistema econômico. A atividade industrial só se exerce em pre-
sença do fator energia. A ação deste fator permite despertar regiões de
vocação industrial modificando o panorama econômico existente e impul-
sionando o desenvolvimento.
O progresso econômico de Minas Gerais parece estar condicionado
à existência do fator energético. As disponibilidades energéticas do
Estadoo representadas essencialmente dada a total inexistência de
carvão mineral pelas suas quedas de água. As condições topográficas
deram a Minas um potencial hidrelétrico aindao conhecido em tôda
a sua amplitude. Ainda há pouco, estudos feitos para o rio Grande vie-
ram revelar que só este rio possibilita um aproveitamento de 10 milhões
de kW. Estudos que estão sendo feitos por órgãos oficiais revelarão
brevemente o potencial hidrelétrico real do Estado.
A potência instalada em Minaso vem acompanhando as solici-
tações da demanda, embora tenha crescido de 85,9% no período 1940-
-1954. Nos últimos 20 anos, sempre houve um hiato entre a demanda e
a disponibilidade de energia elétrica, e isso atuou como fator negativo
no desenvolvimento industrial do Estado. A carência de energia elétrica
constituiu "ponto de estrangulamento" no processo de expansão da sua
economia. Inúmeras atividades econômicas deixaram de se fixar no
Estado devido à deficiência da sua capacidade elétrica disponível. Outras,
em que os fatores localização e mercado pesavam mais do que a energia
elétrica, preferiram montar usinas de geração própria, às vêzes com
capacidade inferior às necessidades.
A compreensão da magnitude do problema sugeriu ao Governo do
Estado a adoção de uma política de eletrificação que eliminasse esse
entrave no processo de desenvolvimento econômico. A execução do Pla-
no foi entregue a uma empresa de capital misto, criada com este obje-
tivo e denominada Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG). A
CEMIG vem executando um programa que inicialmente tem em vista
atender à demanda presente, só começando a aparecer sobrantes de ener-
gia disponível a partir de 1956.
A potência instalada em Minas vem evoluindo a partir de 1940, con-
soante os números do quadro XV.
Em 1950, antes da organização da CEMIG, existiam em Minas 439
usinas geradoras, abastecendo 688 localidades, por meio de empresas ins-
tituídas. A capacidade instalada era de 211 223 kW, conduzindo a uma
capacidade média de 300 kW por localidade servida, aproximadamente.
Em 1950, para o conjunto do Estado, a capacidade instalada era da ordem
de 25 watts per capita e de 362 watts por km
2
, aumentando para 32 W
e 462 W, respectivamente no ano de 1954 (1). Constatava-se, no Censo
de 1950, a existência de 3 400 pequenas usinas rurais abastecendo fazen-
das e distritos, somando uma capacidade global da ordem de 11 500 kW,
(1) Revista "Águas e Energia Elétrica", órgão do Conselho Nacional de Águas
e Energia Elétrica, n.° 23, setembro 1955, página 33.
com aproveitamento de quedas e riachos que descem as encostas mon-
tanhosas. Além disso, as maiores empresas industriais do Estado cons-
truíram usinas termelétricas privativas para suprirem as deficiências
das concessionárias locais.
XV MINAS GERAIS POTÊNCIA INSTALADA
Anos
1940
1941
1943
1947
1948
1949
1950
1951
1952
1954
Potência (kW)
144 647
142 000
144 725
180 216
193 222
199 764
211 223
246 609
257 783
268 847
índice 1940=100
100,00
98,17
100,05
124,59
133,58
138,00
146,03
170,49
178,22
185,86
Fonte: "Anuários Estatísticos do Brasil", IBGE.
A essa dispersão territorial correspondia uma dispersão operativa,
desde que as 439 usinas existentes eram operadas por 395 entidades.
Existia, por outro lado, grande diversificação nas características técni-
cas da energia distribuída.
Era este o quadro em que se devia ajustar a CEMIG. O seu pro-
grama imediato foi a criação de grandes massas de energia, que acen-
tuassem o desenvolvimento das regiões mais propícias para a implanta-
ção de indústrias.
Em 1954, o principal concessionário de produção e distribuição de ele-
tricidade no Estado era a Companhia Força e Luz de Minas Gerais, sub-
sidiária do grupo das Empresas Elétricas Brasileiras (American and
Foreign Power), controlando os principais setores da demanda. com
o surgimento da CEMIG no mercado, cedo se alterou o quadro. Hoje, a
citada empresa distribui energia produzida pela CEMIG em proporção
ascendente. Em 1954, a potência instalada da empresa estatal alcan-
çava 12 880 kW, produzindo 47 milhões de kWh no mesmo ano. Em
1956, a potência instalada nas áreas concedidas à CEMIG e suas subsi-
diárias já alcançava 250 000 kW, com uma produção anual de 348 milhões
de kWh (1).
Em princípios de 1955, a CEMIG inaugurou a primeira fase da Usina
de Itutinga com 2 unidades de 9 500 kW cada uma, e já se prepara
utilizando crédito do Eximbank (12 milhões de dólares) para concluir
a segunda fase.
Em 1956, o empreendimento inaugurado mais importante foi o da
Usina de Salto Grande (rio Santo Antônio) com 50 mil kW (2 grupos
de 25 mil kW), igualmente pertencente à CEMIG.
Outras obras estão em andamento e na fase de projetos. No Capí-
tulo V voltaremos a elas.
F. FATORES INSTITUCIONAIS
Na constelação de fatores que participam do sistema produtivo em
Minas Gerais, ocupam posição de destaque os fatores institucionais. Pos-
sui o Estado um extenso e complexo aparelho de crédito, uma estável eco-
nomia agrária, de raízes tradicionais. Possui culturas agrícolas e cria-
ções bastante estratificadas e uma indústria extrativa mineral em moldes
rotineiros. Nesse quadro, tem lugar a criação do novo parque industrial
alicerçado em um plano de eletrificação arrojado e em tôda uma política
de estímulo financeiro, tributário e assistencial.
As instituições mineiras sofrem um rápido processo de evolução, com
seus inevitáveis desajustamentos e contrastes. A seguir, apresentamos
os principais aspectos dessa evolução sócio-econômica.
Instituições de crédito Em 31 de dezembro de 1955, Minas Gerais
possuía 580 estabelecimentos bancários, dos quais apenas 1 estrangeiro.
Havia 34 matrizes de bancos e casas bancárias no Estado, totalizando
um capital de Cr$ 1.529.860.000,00, ou seja, 9% do número de bancos
e casas bancárias do país, e 13% do capital registrado (computado nas
estatísticas só pelas matrizes).
O movimento bancário do Banco do Brasil registra em Minas Gerais
os seguintes dados (em milhões de cruzeiros) :
(1) Estimativa de "Conjuntura Econômica" Ano XI, fevereiro 1957, pag. 148.
Saldos em fins
de ano
1938
1948
1953
1955
Minas Gerais
47
1.047
3.910
5.502
Brasil
895
10.609
40.397
64.900
%
5,4
9,9
9,7
8,5
O número de financiamentos concedidos às atividades econômicas
alcançava, em Minas, 15 225 (15,47o do conjunto do país), dos quais as
atividades agrícolas, pecuárias e correlatas absorviam mais de 97%.
Quanto ao valor, este setor recebia 79,7% do montante dos empréstimos
na citada categoria.
Possuindo 63 departamentos de Caixas Econômicas Federais autô-
nomas, Minas Gerais mobilizava, em 1955, poupanças no valor de 1 bi-
lhão de cruzeiros ou seja, 5,5% do movimento financeiro nacional desse
tipo de instituições de crédito.
Forma institucional das empresas Já dissemos acima que o
Estado de Minas Gerais dá os primeiros passos no sentido da industria-
lização, rompendo com o esquema tradicional que predominava em sua
economia, preponderantemente agrária e extrativa. Em tôdas as mani-
festações das entidades representativas das classes produtoras do Estado
encontramos a mesma idéia de fomento à industrialização, como principal
esteio do seu futuro econômico.
Empréstimos às atividades econômicas
Empréstimos
Pecuários e agropecuários ...
Saldos em
31-12-55
554
863
511
52
Os saldos devedores dos empréstimos em curso normal na Carteira
de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, no fim de 1955, colo-
cavam Minas Gerais em 4.° lugar entre as Unidades Federativas, com
9,4% do total nacional, alcançando 1,98 bilhões de cruzeiros assim dis-
tribuídos :
As empresas agrícolas de Minas Gerais, em número de 265 559, se-
gundo o Censo de 1950, estavam organizadas preponderantemente em
forma de propriedade individual, havendo apenas 544 sociedades anôni-
mas ou cooperativas em todo o território do Estado.
Na indústria, entre 9 293 empresas existentes em 1950, 1 060 eram
sociedades de capital, das quais 239 sociedades anônimas. Embora inex-
pressivo o número, estas sociedades anônimas englobavam 65,1% do capi-
tal registrado no conjunto das empresas industriais, com 1,88 bilhões de
cruzeiros dentro do total de 2,89 bilhões de cruzeiros e distribuíam-se
entre os seguintes ramos:
N.º de
empresas
25
55
42
48
69
Ramo
Metalúrgica, etc.
Têxteis, vestuários, etc.
Serviços de utilidade pública
Alimentação, fumo, bebidas
Outros ramos
Capital registrada
(cr$ 1.000.000)
841
504
244
159
132
No comércio, existiam, na data do Censo de 1950, 29 476 empresas
varejistas, das quais apenas 19 sociedades anônimas, englobando um capi-
tal registrado de 28 milhões de cruzeiros isto é, apenas 2,4% do capital
registrado do conjunto, enquanto, no ramo atacadista, entre 2 093 em-
presas, 39 eram sociedades anônimas, com 124 milhões de cruzeiros de
capital registrado, ou seja, 24,5% do capital registrado do setor.
À base destas cifras, podemos concluir que as empresas individuais
predominam em todos os setores econômicos, refletindo a imensa influên-
cia que ainda exercem na economia estadual as velhas formas de pro-
priedade, que fizeram a sua riqueza e que aindao foram substituídas
pelas modernas formas de produção e comércio.
Estrutura da Produção na Agricultura A agricultura mineira
repousa bàsicamente no sistema da grande propriedade territorial. Salvo
raras exceções, as principais lavouras e criações conservam as peculiari-
dades do sistema de exploração extensivo, de baixa densidade de capital
por unidade de produto, manifestando a inelasticidade da oferta que ca-
racteriza as culturas agropecuárias tradicionais do Estado. Nos últi-
mos anos, inicia-se mais aceleradamente a introdução de equipamentos
-agrícolas, como veremos adiante.
5 — 6
Segundo o Censo de 1950, a densidade de capital por hectare cul-
tivado reduzia-se a Cr$l.644,00, enquanto, em relação à área global
das propriedades, esta cifra cai para Cr$ 131,90. Comparando com o
Rio Grande do Sul, que possui uma densidade de Cr$ 306,00 por hectare de
propriedade agrícola, caracterizamos as diferenças entre os dois Estados,
quanto aos métodos de produção predominantes. Em Minas Gerais, to-
mando o ano de 1949, encontramos um nível de utilização de adubos,
inseticidas e sementes, expresso na proporção de apenas 4,7% do valor
da despesa dos estabelecimentos agrícolas naquele ano, enquanto no Rio
Grande do Sui, esta proporção se eleva a 9,2%. É maior ainda o con-
traste quando verificamos que, no conjunto do Brasil, a relação entre as
despesas com adubos, inseticidas e sementes e mudas, no global das
despesas efetuadas em 1949 na agricultura, alcançava a taxa de 8,7%.
Minas Gerais coloca-se entre as Unidades mais atrasadas do ponto de
vista da introdução de relações mercantis de tipo capitalista nas suas
lavouras e criações.
O quadro XVI registra a distribuição das propriedades fundiárias
de Minas Gerais segundo os grupos de área. Este aspecto corrobora as
referências sobre o conservantismo da estrutura agrária do grande Esta-
do. Para facilidade de comparação, apusemos ao quadro os dados rela-
tivos ao conjunto do Brasil.
XVI MINAS GERAIS E BRASIL NÚMERO E AREA DOS ESTABELECI-
MENTOS AGROPECUARIOS, SEGUNDO GRUPOS DE ÁREA, NA
DATA DO CENSO DE 1950
GRUPOS DE ÁREA
Dados absolutos
Menos de 10 ha
10 a 99 ha
100 a 199 ha
200 a 499 ha
Percentagens
Menos de 10 ha
10 a 99 ha
100 a 199 ha
200 a 499 ha
MINAS
N.° de estabele-
cimentos (1000
unidades)
51,6
149,1
30,3
22,3
12,3
20
56
11
8
5
GERAIS
Area
(1000 ha)
279,8
5 910,0
4 337,9
6 931,0
19 174,8
1
16
12
19
52
BRASIL
N.° de estabele-
cimentos (1000
unidades)
711,2
1 052,1
131,5
99,8
69,9
35
51
6
5
3
Área (1000 ha)
3 033,3
35 601,6
18 367,3
31 028,6
145 674,7
1
15
8
13
63
Estes dados colocam o Estado no padrão da estrutura nacional, ape-
nas um pouco menos concentradas as propriedades rurais. Assim, 87%
dos estabelecimentos menores englobavam 29% das áreas, enquanto, no
conjunto da Federação, 92% das propriedades abrangidas nestas classes
(até 199 ha) correspondiam a 24% das áreas. Tal discrepância é expli-
cada pelo fato de que, no computo das propriedades rurais do Brasil,
pesam enormemente as áreas das propriedades situadas nas regiões prà-
ticamente desabitadas, ondeo comuns extensões de milhares de km
2
num único estabelecimento. Enquanto a proporção de território abran-
gido pelas propriedades rurais se reduzia, para o conjunto do país, a
27%, no Estado de Minas Gerais esta proporção alcança a taxa de 63%.
Estrutura da Produção Industrial Segundo o Censo de 1950, a
indústria do Estado ocupava, em seus 11 950 estabelecimentos, cerca de
111 000 operários. Entre 1940 e 1950, verificou-se o aumento de 92%
no número de estabelecimentos e de 50% no número de operários empre-
gados. Quanto à concentração fabril, constata-se uma queda de 12 ope-
rários para 9 operários em média por unidade industrial. O número de
empresas aumentou, no decênio censitário, de 4 603 para 9 293.
O capital realizado cresceu, no mesmo período, de 454 milhões de
cruzeiros para 2 886 milhões de cruzeiros, ou seja de 100 para 635. Con-
siderado o efeito da inflação, mesmo que se saiba de muitas empresas
que sustentam o registro do capital histórico, a evoluçãoo coloca o
capitalismo industrial de Minas Gerais em alto nível, em comparação com
outros. O capital realizado nas empresas industriais paulistas, por exem-
plo, passou, entre 1940 e 1950, de 100 para 832.
Examinando a concentração de capital nas indústrias mineiras,
tem-se :
Classes de capital realizado
Entre 100.000 e 1 milhão de cruzeiros ...
Entre 1 milhão e 5 milhões de cruzeiros . .
TOTAL
Número
de empresas
7 162
1 777
267
76
11
9 293
%
77
19
3
1
100
Tomando a concentração da mão-de-obra, encontra-se mais uma con-
firmação da baixa densidade de capitalização na indústria do Estado,
refletida no caráter quase artesanal de sua organização produtiva:
A força motriz instalada nas indústrias mineiras (inclusive a indús-
tria extrativa) alcançava, no Censo de 1950, a 244 656 c.v.,o compu-
tado o setor de produção de energia elétrica. Os principais ramos indus-
triais, no concernente à utilização da energia elétrica, eram:
Grupos de pessoal empregado
TOTAL
Número de
Estabelecimentos
10 429
1 170
351
11 950
%
87
10
3
100
Do ponto de vista do volume de mão-de-obra ocupada, Minas Gerais
ocupa o 3.° lugar entre as Unidades Federadas, depois deo Paulo e
Distrito Federal, repetindo igual posição no concernente ao número de
estabelecimentos fabris, caindo para o 4.° lugar (depois do Rio Grande
do Sui), quanto ao valor da produção (referente ao ano de 1949).
69 922 c.v.
62 787 c.v.
38 443 c.v.
16 668 c.v.
14 802 c.v.
CAPÍTULO IV
O MERCADO
A. CARACTERÍSTICAS DA PROCURA
Poucasm sido em nosso país as pesquisas sobre o custo da vida e
as variações de preços pagos pelo consumidor. com base em amostra-
gem, é possível definir as tendências da procura e a composição das
despesas das principais coletividades consumidoras. Foi o que realizou
a antiga Comissão Nacional do Bem-Estar Social, através de inquérito
realizado em algumas dezenas de cidades brasileiras. Além desta fonte,
costuma-se utilizar os dados de inquéritos permanentes de alguns órgãos
estaduais e municipais, em especial o executado pela Municipalidade de
o Paulo. A Fundação Getúlio Vargas divulga com regularidade índi-
ces de custo da vida no Distrito Federal, da mesma forma que o serviço
de EstatívStica da Previdência e Trabalho, este último abrangendo as capi-
tais dos Estados.
Para Minas Gerais, devemos ater-nos aos dados da Comissão Nacio-
nal do Bem-Estar Social, referentes ao ano de 1952,s de agosto. A
pesquisa sobre o padrão de vida de famílias de operários industriais inci-
diu sobre amostras colhidas em oito localidades do Estado, conforme dis-
criminamos a seguir:
Localidade
Conselheiro Lafayette ,
TOTAL
Número de informantes
Famílias Pessoas
59
59
44
46
41
47
49
43
388
268
254
208
210
156
195
197
171
1 659
Entre as dezenas de informações colhidas, destaca-se a relativa à
distribuição dos gastos da família operária entre os diversos itens de des-
pesa. A fim de evitar o exame dos dados em termos de cruzeiros cor-
rentes, preferimos apreciar tão-sòmente a composição relativa dos gastos,
como elemento básico no estudo do padrão de vida.
COMPOSIÇÃO DAS DESPESAS TOTAIS
Belo Horizonte
Conselheiro Lafayette
o João del-Rei ...
Araguari
Alimentação
41,64
47,22
48,20
46,95
53,26
48,82
46,88
64,97
Habitação
20,61
20,19
13,88
15,99
11,59
14,66
17,82
5,82
Vestuário
8,12
6,64
9,08
7,27
7,61
9,32
10,50
4,29
Outros itens
29,63
25,95
28,84
29,79
27,54
27,20
24,80
24,92
Entre as oito cidades estudadas, apenas duas (Ponte Nova e Acesita)
revelam um índice de despesas com o item "alimentação" cobrindo mais
de 50%. As outras seis situam-se entre as localidades de mais alto padrão
de vida, já que o consumo, à medida que se eleva o quantum das des-
pesas, vai-se diversificando, passando a incidir sobre itens representa-
tivos de maior conforto ou segurança. De modo geral, entre as 66 cida-
des estudadas predominam os índices elevados de consumo de alimen-
tação na composição relativa das despesas familiares, embora apenas 30
delas registrem taxa superior a 50%, e 3 acima de 60%, Esta conclusão
o deve levar a exageros de apreciação, entretanto. Realmente, existem
motivos para a elevação da taxa de despesas de alimentação, em casos
como o de Acesita, ondeo quase nulas as despesas com transporte
(0,01% do total de gastos).
Tendo em conta estes índices de padrão de vida, caberia examinar
as variações da procura em função do crescimento da renda, isto é, o coe-
ficiente elasticidade-renda da procura. Contudo, isto exigiria pesquisas
mais detalhadas e específicas, ainda inexistentes no país. Podemos
acompanhar as variações da renda real per capita, como um elemento
indicativo do fenômeno da evolução do consumo macro-econômico (ver
Capítulo II, quadro VII).
Afora qualquer nova pesquisa, podemos salientar um pequeno aumen-
to do consumo de suas populações, mesmo assim inferior ao de outras
Unidades e da própria Federação. A taxa geométrica de crescimento
da renda territorial reduz-se, no período de 1948 a 1955, a 2,3% (1),
apenas superior à taxa demográfica encontrada no Estado (1,4%). As
forças produtivas da economia mineira, tendo-se em conta o surto indus-
trial que se afirma de maneira crescente na formação de sua renda, con-
tinuam represadas no setor primário,o podendo corresponder ao ritmo
de desenvolvimento que se impõe em âmbito nacional. A pequena ele-
vação do produto agrícola per capita tem sido suficiente, no entanto,
para cobrir a evasão de mão-de-obra para as atividades urbanas.
B. CONDIÇÕES DA OFERTA
Oferta industrial A potencialidade das riquezas naturais do
Estado poderia dar-lhe um parque industrial de grandes dimensões, se
certos fatores limitativos do crescimentoo atuassem sobre o sistema
econômico regional. Dentre eles podemos destacar as condições do apa-
relho de transportes, a capacidade elétrica instalada e o grau de capita-
lização.
À medida que estes pontos de resistênciao sendo vencidos, Minas
vai adquirindo expressão no setor industrial brasileiro. Desde o inqué-
rito industrial de 1904, até ao Censo de 1950, o Estado aumenta grada-
tivamente a sua posição no conjunto nacional. Em 1950, já possuía o
quarto parque industrial do país.
As atividades da indústria de transformação, em Minas, dissemi-
nam-se por tôdas as regiões, cobrindo áreas que anteriormente se dedi-
cavam apenas à produção primária.
Em 1952, antes da reforma administrativa do Estado, que estabe-
leceu em Minas Gerais um total de 485 municípios, a indústria de trans-
formação estava presente em 388 unidades. Os seus principais ramos
eram a produção de alimentos, os têxteis, a metalurgia e a construção
civil.
A indústria têxtil predomina na Zona da Mata, sendo Juiz de Fora
o segundo centro têxtil do Estado. Só este município contribui com a
quarta parte do valor da produção industrial de Minas Gerais.
(1) Para melhor apreciação da matéria, ver Cap. II A.
A indústria metalúrgica existe em 101 municípios, sendo que as
grandes usinas siderúrgicas se localizam nos municípios de Rio Piraci-
caba, Sabara, Caeté, Belo Horizonte e Coronel Fabriciano.
Apresentamos abaixo uma relação de indústrias, com o número de
municípios em que elas ocorrem, no Estado.
Estes dados comprovam a disseminação da atividade fabril no Esta-
do. Os municípios mais industrializadoso Belo Horizonte (inclusive
a área da Cidade Industrial), Juiz de Fora,o João del-Rei, Uberlândia,
Uberaba, Cataguases, Conselheiro Lafayette e Governador Valadares.
A produção do Estado, considerados os produtos principais, em 1955,
registrou os seguintes volumes:
Artigos
Energia Elétrica instalada (kW) ..
(1954)
Quantidade
(toneladas)
244 795
415 134
215 923
420 659
2 873
14 690
182 553
158 864
87 519
13 597
268 847
Incremento percentual
em relação a 1940
187
146
190
758
167
52
31
389
181
36
89
Indústrias Número de municípios
de localização
101
348
361
251
188
119
100
74
46
30
Além destes produtos da indústria de transformação, há a conside-
rar o volume físico da produção extrativa do Estado, que supre as neces-
sidades do mercado estadual, assim como atende à procura de outras
áreas do país e do exterior.
No grupo dos produtos de atividade industrial primária destaca-
re a extração de alguns minérios, como o ferro, o cristal, a mica, a gra-
fita, a pirita e o mármore, cujos índices de produçãom sofrendo incre-
mentos consideráveis, constituindo os produtos mais dinâmicos da eco-
nomia mineral, embora com alguns desajustamentos no comportamento
da demanda. O volume físico da produção de outros minerais como o
manganês, o ouro, o arsênico, etc. vem decaindo nos últimos anos.
No grupo da exploração extrativa vegetal, a produção desenvolveu-
-se, em 1954, como segue:
Carvão vegetal
Quantidade
(mil t)
28 061
836
395
Incremento absoluto
el relação a 1945
- 0,6%
- 13,6%
+ 28,5%
Observa-se uma diminuição na produção de lenha e madeira. A
produção de carvão vegetal é influenciada pelos programas da indústria
siderúrgica convencional.
A indústria de produtos alimentares, segundo o Censo de 1950, foi
a que gerou maior parcela de renda no setor industrial. Apresenta gran-
de disseminação, predominando no grupo a pequena indústria, às vêzes
com característica semi-artesanal. Os ramos mais destacados, no ponto
de vista da formação da renda,o os laticínios, o beneficiamento do
café e do arroz, a indústria da carne, bem como a indústria de massas
alimentícias e produtos similares. Merece referência a indústria do
açúcar. Minas é o 5.° produtor de açúcar de usina, possuindo 38 usinas
a turbina. Produz 4% do conjunto do país, embora tenha 10% do
número de usinas nacionalmente registradas. Afora este setor, possui
o Estado 34 950 estabelecimentos produtores de açúcar, 45% do número
existente em todo o país.
A indústria da carne,o obstante pesar na formação do produto,
apresenta-se mal equipada. Existem em Minas 383 estabelecimentos que
industrializam a carne, assim discriminados:
Matadouros municipais 316
Matadouros frigoríficos 2
Matadouros industriais 3
Matadouros de aves e pequenos animais 4
Charqueadas 20
Fábricas de conservas 11
Fábricas de produtos suínos 24
Fábricas de produtos comestíveis 3
Cerca de 90% destes estabelecimentoso representados por mata-
douros e charqueadas, geralmente montados à base de extrema preca-
riedade de instalações e deficiente utilização da matéria-prima. Estes
matadouros e charqueadas aproveitam exclusivamente a carne e o couro
dos animais abatidos, desprezando uma série de subprodutos, matérias-
-primas essenciais a um grande número de indústrias químicas e farma-
cêuticas. Só em 4 subprodutos que os matadouros deixaram de utilizar,
em 1950, o prejuízo pode ser calculado em 123,4 milhões de cruzeiros,
consoante a discriminação seguinte: (1)
Entre os Censos de 1940 e 1950, ocorreram algumas modificações
na indústria de Minas, quanto à posição de certos setores. Assim, a
indústria metalúrgica, que absorvia 20,1% valor da produção em 1940,
passou a contribuir, em 1950, com apenas 11,7%, muito embora acusasse
incremento absoluto. Caiu igualmente a posição das indústrias do papel,
couros e peles, química e farmacêutica. Enquanto isto, melhorou a po-
sição da indústria têxtil, produtos alimentares, mecânica, madeira e cons-
trução civil. O quadro XVII exprime, em números relativos, este fenô-
meno.
(1) Mensagem do então Governador Juscelino Kubitschek à A. Legislativa de
Minas Gerais, 1954.
Produtos Quantidade (t)
7 111
1 791
5 969
5 372
20 243
Valor (Cr$ 1.000)
85.329
5.372
29.891
11.818
132.410
XV1Í MINAS GERAIS PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DOS RAMOS
INDUSTRIAIS NO VALOR DA PRODUÇÃO
A Oferta na agricultura Quatroo os produtos café, milho,
arroz e feijão que contribuem mais fortemente, nos últimos anos,
para a formação do produto da agricultura, sem contar a pecuária. Em
1940, os quatro produtos correspondiam a 77% do valor da produção das
12 principais lavouras mineiras. Em 1955, passaram a ocupar posição
de maior relevo, concentrando 82,9% do valor da produção das citadas
lavouras. A acentuação desse predomínio significa que o produto da
agricultura mineirao tem sofrido modificações substanciais em sua
composição. A inelasticidade da oferta de produtos agrícolas é res-
ponsável por inúmeros fenômenos que perturbam a economia mineira.
O quadro XVIII mostra as modificações ocorridas no período, quanto
à participação de cada produto no valor total da produção. Observa-se
incremento positivo apenas em 5 produtos, destacando-se dentre eles o
Grupos industriais
Vestuário, calçado e artefatos de tecidos ..
Percentagens
1940
3,3
20,1
0,3
2,1
1,2
1,1
2,3
2,2
14,4
2,3
34,1
0,9
0,3
1,3
4,5
0,2
4,0
1,0
1950
4,1
11,7
0,4
2,3
0,8
0,7
1,5
1,4
14,5
2,7
45,3
1,5
0,7
1,2
5,1
0,4
2,9
0,1
café, que teve um acréscimo percentual de 18 pontos, enquanto a parti-
cipação da maioria dos restantes decrescia. Em 1954, o café já absorvia
34% da produção agrícola de Minas, medida em valores, contra apenas
16% em 1940. Decaíram de posição, relativamente ao conjunto da pro-
dução, a cana-de-açúcar e o milho (decréscimos fortes), o feijão, o fumo,
o algodão, a laranja. Comparamos no quadro XIX os volumes do ano
1939, colhidos das publicações do Censo de 1940, e os volumes correspon-
dentes a 1955. Nesses 16 anos, os produtos mais dinâmicos foram a
mandioca, o fumo, o arroz, a cana, o feijão e a banana. Relativamente
a 1939, em 1955 apenas a laranja acusou uma queda das quantidades
produzidas.o obstante as flutuações, por vêzes acentuadas, quase a
totalidade da produção agrícola de Minas aumentou em quantitativos,
no período.
XVIII MINAS GERAIS PRINCIPAIS LAVOURAS
Valor da produção e distribuição percentual
Algodão em caroço
Algodão em pluma
Café
Milho
TOTAL
1939
(Cr$ 1.000)
6.300
29.070
226.589
16.227
13.258
195.331
111.780
144.830
41.590
19.325
37.835
366.837
1.208.972
%
0,52
2,40
18,74
1,34
1,10
16,16
9,25
11,98
3,44
1,60
3,13
30,34
100,00
1955
Cr$ 1M00
48.850
316.902
3.685.235
429.100
409.331
6.723.048
810.253
1.979.547
302.764
257.498
768.109
3.897.319
19.627.956
%
0,25
1,61
18,78
2,19
2,09
34,25
4,13
10,08
1,54
1,31
3,91
19,86
100,00
XIX MINAS GERAIS PRINCIPAIS LAVOURAS
Algodão em caroço (t)
Banana (mil cachos) ..
Café (t)
Fumo (t)
Milho (t)
Quantidades produzidas
1939
26 726
229 333
12 108
218 829
1 840 533
121 191
5 414
3 594 092
291 795 (1)
1 291 669
1955
34 979
700 350
28 849
259 311
5 051 512
298 395
19 229
1 156 654
1 407 152
1 498 142
Incremento
1955/1939
% (+ ou -)
+ 30,8
+ 205,3
+ 138,2
+ 18,5
+ 174,4
+ 146,2
+ 255,2
- 67,8
+ 382,3
+ 16,0
(1) Os dados de 1939 incluem a produção de aipim.
A oferta na pecuária Os rebanhos mineiroso numerosos e diver-
sificados. Em 31 de dezembro de 1955, alcançavam 22 milhões de cabe-
ças, predominando dentre eles a espécie bovina, que representava 62,2%
do total.
Rebanhos
Total
1955
Quantidade
13 708 440
5 951 680
1 207 670
29 320
343 440
324 550
22 031 260
18 091 483
%
62,2
27,0
5,5
2,1
0,1
1,6
1,5
100,0
População Pecuária
Quanto ão valor, eram as seguintes, em 1952, as posições de cada
rebanho, inclusive as aves domésticas.
Rebanhos
Total
(em Cr$ 1.000)
13.166.290
2.423.155
1.143.400
825.068
50.014
25.466
21.556
436.534
18.091.483
% sobre
total
72,8
13,4
6,3
4,6
0,3
0,1
0,1
2,4
100,0
O Estado abriga a maior população bovina, suína e eqüina do país,
e a terceira da espécie muar.
No conjunto da pecuária nacional, a participação dos rebanhos mi-
neiros apresenta os índices percentuais seguintes:
1. Bovinos 21,6
2. Suínos 15,4
3. Eqüinos 16,0
4. Muarés 13,7
5. Asininos 1,7
6. Ovinos 1,9
7. Caprinos 3,3
Estes rebanhos espalham-se por quase tôda a área do Estado, con-
centrando-se em regiões onde as condições mesológicas e o revestimento
floristico oferecem mais alta capacidade de suporte.
A distribuição geográfica dos rebanhos bovinos divide o Estado em
3 zonas perfeitamente diferenciadas:
1 O Triângulo Mineiro, com zonas de criação e invernagem
onde vive o gado azebuado, tendo grau variável de san-
gue até o "puro por cruza" das três raças bovinas india-
nas, Nelore, Gir e Guzerá, com predominância do tipo
crioulo de pequeno porte e baixo péso e o rendimento,
em carne limpa, de 48% a 50%. Hoje, o novilho de corte
desta região está dando rendimento compreendido entre
55% e 57%. O seu peso vivo melhorou também nos
últimos anos, passando de 434 a 440 quilos, segundo apu-
rações feitas pelo Frigorífico Anglo, de Barretos (São
Paulo).
2 O vale doo Francisco, onde domina o gado crioulo
"curraleiro".
3 O nordeste, ocupando trechos dos vales dos rios Doce e
Jequitinhonha, onde já se fazem sentir os efeitos bené-
ficos da introdução do zebu.
A bovinocultura ainda é predominantemente extensiva, apresentan-
do na sua configuração gado leiteiro e gado de corte. A sua bacia lei-
teira é uma das maiores do país, abastecendo o consumo interno e parte
do consumo da Capital Federal e do Estado deo Paulo, além de aten-
der às necessidades de uma forte indústria de laticínios.
Quanto ao gado de corte, além de suprir o mercado interno, é expor-
tado vivo para outros centros consumidores. Assim, de Minas,o en-
viados anualmente contingentes às invernadas do Noroeste deo Paulo
(zona de Barretos), ocasionalmente para Goiás e Mato Grosso, e ainda
um número considerável de cabeças para o Distrito Federal, Estado do
Rio, Espírito Santo, Bahia, e outros Estados do Nordeste.
Em 1951, o gado exportado em pé parao Paulo atingiu a 272 196
cabeças. Estima-se que, no mesmo ano, foram enviadas à Capital Fede-
ral 150 000 cabeças.
Em Minas, a relação boi-homem, que em 1940 era de 1,15, no censo
de 1950 foi de 1,48, quer dizer, sofreu no período um acréscimo de 0,33
pontos, o que representou mais um terço de bovino para cada habitante.
Em 1955, ainda era mais alta a proporção (1,65 bois por habitante).
O índice de produtividade do gado bovino, tanto em Minas como no
Brasil, é baixo. Esta baixa produtividade tem suas explicações nos se-
guintes fatores:
a) Baixa percentagem de reprodutores;
b) Alto índice de mortalidade, em geral 20% ;
c) Inadequado nùmero de cabeças por rebanho, decorrente
do sistema de criar;
d) Cifra apreciável de reprodutores inutilizados pela "umbi-
gueira";
e) Baixo valor genésico das raças exploradas;
f) Período prolongado de carência alimentar dos ventres,
que, assim,m a sua fertilidade enfraquecida.
Os abates vêm-se verificando consoante o quadro XX:
XX MINAS GERAIS GADO ABATIDO
Ano
1950
1951
1952
1953
1954
1955
Bovinos
596 875
702 077
598 631
631 507
648 149
652 092
Suínos
914 774
936 875
877 786
929 708
927 659
877 694
Ovinos
19 774
20 176
21 345
24 533
25 241
25 304
Caprinos
29 580
30 435
31 659
33 674
34 781
33 789
Foi muito pronunciado o incremento dos rebanhos nos últimos 15
anos (1940-55). Cumpre destacar da leitura do quadro XXI as eleva-
das taxas de crescimento dos rebanhos caprino (168,9%), muar
(107,6%), ovino (110,3%) e suíno (132,2%). Os bovinos e asininos
cresceram de 76%, no período, acompanhando-os, com taxas menores, os
eqüinos.
Tende em vista a capacidade de suporte de certas áreas do Estado, e
à base de um programa de assistência técnica e crediticia, que possibilite
a importação de novos reprodutores de pedigree, uma assistência vete-
rinária na defesa dos rebanhos, uma criação com caráter intensivo, melhor
nível de produtividade e baixa mortalidade, Minas pode abrigar rebanhos
mais numerosos, capazes de gerar renda em maior volume.
Expressiva, também, é a população suína, que contribui com 27%
dos rebanhos regionais e representa 15,4% dos suínos existentes no Bra-
sil. O grosso da população suína brasileira concentra-se justamente no
Estado de Minas Gerais, na região sul, e no Estado da Bahia. A Suino-
cultura, tanto em Minas como no resto do Brasil,o foi beneficiada pelos
cruzamentos contínuos capazes de aperfeiçoar os tipos existentes (Piau,
Piratininga, Canastra, Curuncho, etc.) no sentido da obtenção de mes-
tiços, melhores portadores de carne. Os espécimes existentes são, via
de regra, representados por tipos maus produtores de carne e com acen-
tuada tendência a engordar.
XXI MINAS GERAIS ÍNDICES DE CRESCIMENTO DOS REBANHOS
Anos
1940
1946
1948
1950
1952
1953
1955
Bovinos
100,0
131,0
149,(6
151,5
157,8
160,0
176,4
Eqüinos
100,0
136,9
147,0
152,8
153,9
135,2
150,8
Asininos
100,0
220,3
277,4
286,9
277,1
148,1
176,4
Muarés
100,0
257,2
285,2
288,0
259,4
184,9
207,6
Suínos
100,0
157,3
166,9
186,0
199,3
183,1
232,2
Ovinos
100,0
141,4
165,5
182,1
180,2
183,8
210,3
Caprinos
100,0
209,6
237,5
253,4
253,7
201,4
268,9
Os suínos espalham-se por quase tôda a área do Estado, concen-
trando-se ñas zonas Sul, Rio Doce, Mucuri, Oeste e Mata. Nestas regiões,
encontramos grandes centros criadores com alta capacidade de suporte,
como os municípios de Carlos Chagas, Itambacuri, Conselheiro Pena,
Caratinga, Governador Valadares, Teófilo Ottoni, Formiga, Viçosa, Ouro
Fino, Cambuí, etc. O maior número de cabeças é encontrado na zona
Sui. Em todos os seus municípios, registra-se a presença de suínos em
número quase sempre superior a 1 000 cabeças.
A Suinocultura em Minas faz-se de modo empírico e rotineiro. As
criações bem orientadaso em número reduzido e constituem exceções.
O rebanho é integrado de tipos mestiços, sem precocidade, de baixo ren-
dimento em carne e acentuada tendência a engordar. A produtividade
é muito baixa, inferior quase sempre a 30%. Entretanto, é perfeita-
mente possível melhorar o nível da criação de porcos desde que se possi-
bilite a importação de reprodutores de raças produtoras de carne.
O grande centro criador de ovinos é o Rio Grande do Sui, com 11,4
milhões de cabeças. Minas, no quadro nacional, ocupa o 8.° lugar, ape-
sar de possuir regiões de boa capacidade de suporte, propícias à ovino-
cultura.
Em 1955, o Estado abrigava 300 000 cabeças.o obstante este
baixo número, quando comparado com o Estado sulino, a criação de
6 — 6
ovinos vem-se desenvolvendo com elevada taxa de crescimento, conside-
rando-se que de 1940 a 1955 os rebanhos ovinos cresceram de mais de
100%. Estes rebanhos predominam nas zonas do Mucuri, Sul, Oeste,
Alto Médioo Francisco e Itacambira. Os principais municípios cria-
dores são: Carlos Chagas, Itambacuri, Manga, Monte Azul, Espinosa,
o Francisco, Guia Lopes, Campos Gerais, Santa Rita de Caldas e
Jacinto.
Há regiões de Minas que se prestam à criação econômica de ovelhas,
objetivando a produção de, considerando-se que a obtenção de pêlos
mais finos e limpos só se consegue em regiões de clima frio ou temperado,
pastos limpos e nutritivos e de lento crescimento. Áreas providas de pas-
tagens de rápido crescimento vegetativo que se linhificam em pouco tempo
o permitem a obtenção de pelos de estrutura delicada.
Os caprinosm o seu habitat em regiões de clima seco, quente ou
frio. Em Minas predominam os rebanhos das regiões de clima séco e
quente. Tais rebanhos espalham-se nas zonas do Rio Doce, Mata, Alto
Médioo Francisco e Sul. Os principais municípios criadoreso Man-
ga,o João da Ponte,o Romão, Conselheiro Pena, Raul Soares, Ouro
Fino e Resplendor.
Os muarés e equinos entram com alta participação na formação do
rebanho nacional. Estas criações predominam nas zonas do Mucuri,
Sul e Rio Doce. Os núcleos criadores de eqüinos mais destacadoso os
municípios de Joaíma, Coração de Jesus, Itambacuri, Novo Cruzeiro, Mon-
tes Claros,o Romão, Peçanha, Guanhães, Passos e Alpinópolis. Quanto
aos muarés,o encontrados em maior número nos municípios de Novo
Cruzeiro, Almenara, Joaíma, Guanhães, Peçanha e Passos.
Os asininos predominam nas zonas do Mucuri, Rio Doce e Itacam-
bira.
Quanto à avicultura, tem mais intensidade nas zonas Sul, Mata, Rio
Doce, Mucuri e Oeste, muito embora seja atividade presente em todos
os municípios do Estado. A atividade predominante é a criação de
galinhas. Em 1950 as aves criadas no Estado distribuiram-se segundo
a composição percentual abaixo:
Gansos
97,5
1,7
0,2
0,6
Estes sao os recursos animais mais representativos sob o ponto de
vista econômico. Levando-se em conta as condições mesológicas de Minas,
o seu revestimento floristico, a posição do Estado como mercado abaste-
cedor de outras áreas vizinhas, vê-se a necessidade de uma política de
produção animal que possibilite a expansão dos rebanhos dentro de uma
tecnologia criatória adequada.
C. INTERCÂMBIO EXTERNO
Para mensurar o ritmo e o vulto das atividades econômicas em uni-
dade geo-econômica complexa como Minas Gerais, é indispensável exa-
minar o seu intercâmbio comercial com o resto do país e com o Exterior.
Só assim poderemos completar o exame da oferta.
Nas páginas anteriores, convencionamos estudar a oferta global de
bens agrícolas e industriais identificando-a com a produção interna. A
oferta aparente deveria resultar de duas operações: do valor produzido,
subtrai-se o valor das mercadorias exportadas e soma-se o valor dos pro-
dutos adquiridos fora dos limites do Estado.
Várioso os fatores que dificultam o levantamento do intercâmbio
comercial de Minas Gerais, destacando-se a fragilidade dos dados sobre o
comércio por vias internas (rodo-ferroviárias), únicas formas expressi-
vas de contacto econômico do Estado com o exterior. Por outro lado,
Minas Gerais alimenta correntes comerciais descentralizadas ao extremo,
possuidoras dos seus próprios centros econômicos regionais.
Os únicos dados que conseguimos coligir acerca do movimento co-
mercial interestadual de Minas Gerais, correspondem a 1950: (1)
(1) Athos de Lemos Rache "Contribuição ao Estudo da Economia Mineira"
Livraria José Olímpio Editora Rio 1957 pag. 149.
Importação
Exportação
Volume em
Toneladas
2 680 700
697 835
Valor em
Cr$ 1.000
5.159.882
4.765.752
Valor médio
Cr$ 1 t
7.400
1.800
A estimativa supra, revela a acentuada diferença de preço unitário
por tonelada entre as exportações e as importações. Minas Gerais for-
nece quase exclusivamente produtos primários (gêneros alimentícios, gado
em, minérios) ou produtos industriais Semi-elaborados de baixo valor
unitário (produtos siderúrgicos brutos, produtos animais em geral, etc),
recebendo imensa variedade de manufaturas industriais nacionais ou na-
cionalizadas. Mesmo as importações do estrangeiro chegam a Minas
Gerais através do comércio interestadual.
As exportações de leite pasteurizado para o Distrito Federal das 24
usinas beneficiadoras mineiras alcançam um volume da ordem de 60
milhões de litros anuais, correspondendo a cerca de 60% do consumo
carioca.
A mais importante corrente do comércio interestadual de Minas
Gerais é a deo Paulo, efetuada pelos centros econômicos do Triângulo
Mineiro, Sui de Minas, Belo Horizonte e Zona da Mata. Em seguida,
estão os fluxos comerciais para o Estado do Rio de Janeiro e o Distrito
Federal, o Espírito Santo, a Bahia, e Goiás.
O Triângulo Mineiro é a região mais ligada ao comércio como
Paulo, estimando-se que 13% do volume da sua produção (em particular,
produtos pecuários e alguns produtos agrícolas) se destinam ao mercado
paulista (1). Da mesma forma, grande parte da produção de outras
zonas é encaminhada ao consumo nos Estados vizinhos. Até há pouco,
eram precárias as ligações econômicas entre as regiões do Estado. A
chamada zona metalúrgica, onde se situa a Capital do Estado,o escapa
à regra, mantendo um comércio intenso como Paulo e Distrito Federal.
O comércio internacional de Minas Gerais só pode ser mensurado na
parte relativa às exportações. Os principais itens das exportações mi-
neiraso os seguintes:
a) café em grão Nas safras de 1953/54 e 1954/55 alcan-
çaram os totais de 3 372 000 e 3 171 000 sacos, respecti-
vamente, correspondendo a cerca de 22% do volume das
exportações brasileiras de café.
b) Minérios de ferro e manganês A exportação de hema-
tita e de manganês faz-se, respectivamente, através da
Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Meridional
de Mineração, tendo o primeiro desses itens aumentado de
(1) Plano de Eletrificação do Estado deo Paulo volume II página 167.
1
Em 1956, Minas Gerais exportou 2 289 881 toneladas de minério de
ferro, cifra esta, por si, indicativa da posição destacada que ocupa a
exportação de minérios no conjunto do intercâmbio comercial do Estado.
mais de 3 vêzes nos últimos anos, como se verifica do
quadro abaixo:
1953
1954
1955
Hematita
476.340
611.740
1.231.409
Manganês
91.968
87.736
189.377
PRINCIPAIS EXPORTAÇÕES MINEIRAS
(Cr$ 1.000)
CAPÍTULO V
O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E A
NECESSIDADE DE TÉCNICOS
A. TENDÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Ao que tudo indica, a economia de Minas Gerais evoluirá nos pró-
ximos anos segundo as tendências já observadas no estudo da renda real.
Assim sendo, o papel do setor primário dever-se-á reduzir gradualmente
na composição da renda, mesmo levando-se em consideração o processo
de elevação do nível da técnica agrícola, demasiadamente lento e restrito,
para alterar nas condições peculiares do Estado, o quadro das atividades
produtivas de bens agrícolas. Certamente, as dificuldades que atra-
vessa a economia cafeeira nacional, no que diz respeito ao mercado exter-
no, e que possivelmenteo serão superadas a curto prazo, influirão na
renda do setor primário.
O processo de industrialização, que se vem acentuando nos últimos
anos em Minas Gerais, continuará, em escala crescente, a desempenhar
o papel de elemento dinâmico no desenvolvimento da economia do Estado.
Essa suposição baseia-seo só nos índices de crescimento da pro-
dução industrial, em especial depois de 1950, e na alteração da estru-
tura da oferta de bens industriais, como também no fato de que novos
e expressivos investimentos estão em curso ou previstos para os próximos
anos. Exemplos característicos dessa concentração de inversões em Mi-
nas Geraiso os vultosos financiamentos concedidos pelo BNDE, os
quais, somente no primeiro semestre de 1957, alcançaram o elevado mon-
tante de 3,25 bilhões de cruzeiros.
Se examinarmos os programas de investimentos, verifica-se que a
indústria de bens de produção deverá crescer mais depressa do que a de
bens de consumo. Só a indústria siderúrgica deverá triplicar a sua pro-
dução até 1960. Também, o setor da energia elétrica será bastante am-
pliado, favorecendo a continuidade do processo de expansão industrial.
A industrialização colocará a agricultura mineira diante de uma
dupla exigência: de um lado, suprimentos crescentes de gêneros alimen-
tícios e matérias-primas e, de outro, a absorção de uma parcela sempre
maior da mão-de-obra. É possível prever o deslocamento para o setor
industrial de atividades de transformação hoje a cargo ainda do setor
primário. Também é admissível a elevação do uso de equipamentos
agrícolas, acompanhando a liberação da mão-de-obra necessária à indús-
tria.
O fluxo para o Estado de quantidades apreciáveis de equipamentos,
necessários à instalação de novas fábricas, ou ampliação das já existentes,
acarretará, provavelmente, nos próximos anos alterações no seu balanço
de pagamentos. Os pequenos saldos observados no decorrer dos últimos
anos no balanço comercial (ver cap. II-B) de Minas Gerais poder-se-ão
converter em deficits.
Entretanto, nesse caso, a entrada líquida de recursos provocaria um
impulso de desenvolvimento, relacionado fundamentalmente com a impor-
tação de equipamentos.
Todavia, uma outra corrente influencia em sentido contrário. As
atuais e futuras indústrias dependerão, cada vez mais, da exportação de
produtos industriais, com repercussão no conjunto do movimento líquido
de recursos do Estado.
Tôdas as considerações feitas até agora justificam a previsão de que
a economia de Minas Gerais evoluirá no período 1957-1960 num ritmo
bem mais acelerado do que o observado até aqui, acentuando-se as ten-
dências já assinaladas no capítulo em que estudamos a evolução da renda.
Embora seja inteiramente aceitável uma hipótese otimista quanto às
possibilidades de desenvolvimento de Minas Gerais, será útil também
considerar uma situação menos favorável, admitindo, digamos, um incre-
mento igual ao verificado no período entre 1948 e 1955, sem as correções
formuladas pors no capítulo II.
Hipótese A Aceitamos uma taxa de crescimento para a renda idên-
tica à observada no período 1948-1955, mantendo, para a estimativa do
dispêndio em 1960-, as relações obtidas em 1955 entre o produto territo-
rial bruto, de um lado, e os investimentos brutos e o movimento líquido
de recursos, de outro. Nesse caso, a taxa geométrica de incremento da
renda territorial situa-se em 2,4% anuais.
Hipótese B Chegamos à estimativa de uma taxa de 4,8% anuais,
partindo da utilização de taxas diferentes, ajustadas às tendências reais
do desenvolvimento de cada setor. Da mesma forma, consideramos que
se verificaria uma entrada líquida de recursos, resultante da importa-
ção de equipamentos, no valor de aproximadamente 4 bilhões de cruzei-
ros. Adotamos ainda, na estimativa do dispêndio em 1960, a mesma
relação obtida em 1955 entre o produto territorial bruto e os investimen-
tos brutos.
Utilizamos as taxas geométricas de crescimento anual de 1,8%,
12,0% e 6,0%, para os setores primário, secundário e terciário, respecti-
vamente.
com base nestas percentagens, calculamos o valor da renda territo-
rial em 1960 :
HIPÓTESE B RENDA POR SETORES
Terciário
Total
1955
29.619,2
8.570,6
26.017,7
64.207,5
Taxa
de incremento
1,8%
12,0 %
6,0%
4,8%
1960
31.248,3
15.083,0
34.811,7
81.143,0
Aplicando a este valor global os cálculos para a estimativa do Pro-
duto territorial líquido e bruto, encontramos a cifra que será utilizada
no quadro XXIII para a Hipótese B.
Especificação
F Poupança (Produto territorial líquido E) .
Milhões de cru-
zeiros de 1955
83.519,8
751,6
82.768,2
10.606,9
72.161,3
7.004,5
XXII MINAS GERAIS PROJEÇÃO DO PRODUTO E
DO DISPÊNDIO EM 1960
HIPÓTESE A (taxa de 2,4% anuais)
Especificação
B Movimento líquido de recursos
C Dispêndio (A+B)
F Poupança (Produto territorial líquido E) .
Milhões de cru-
zeiros de 1955
94.271,4
+ 4.000,0
98.271,4
11.972,4
86.299,0
2.552,5
B. EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Desenvolvimento industrial Tudo leva a concluir que a economia
de Minas Gerais, no próximo qüinqüênio, registrará forte incremento.
Pesados os fatores intervenientes no processo de produção e no seu com-
portamento futuro, a suposição é a de que Minas absorverá inversões
acima dos limites dos últimos anos, em especial no setor industrial, e tal
reforço do aparelho produtivo deverá corresponder à aceleração do cres-
cimento, que se vem observando na renda gerada no mercado, e à intensi-
ficação do processo de desenvolvimento econômico regional.
Nota-se, sem dúvida, no mecanismo do desenvolvimento, a presença
de elementos negativos e perturbadores, que poderiam afetar substan-
cialmente a economia de Minas Gerais e as sua taxas de incremento, se
o fossem devidamente contrabalançados pela introdução de elementos
dinâmicos novos. Referimo-nos à provável piora dos preços do café
(29% do valor global da produção agrícola de Minas), com repercussão
profunda nos níveis da renda e na procura de bens e serviços.
Nossa suposição é de que as indústrias de bens de produção deverão
registrar um ritmo de crescimento mais pronunciado que as de bens de
consumo. Parece, mesmo, que o aspecto mais positivo da industriali-
zação de Minas Gerais está no desenvolvimento da sua indústria metalúr-
gica, que nos últimos anos se processa a ritmo muito rápido,o só quanto
à extensão, mas igualmente no domínio da tecnologia (em Monlevade, no
período 1940-52, o aumento da produtividade foi da ordem de 85%).
XXIII MINAS GERAIS PROJEÇÃO DO PRODUTO E
DO DISPÊNDIO EM 1960
HIPÓTESE B (taxa de 4,8% anuais)
Devido aos grandes programas de investimentos, para expansão das usi-
nas siderúrgicas antigas e instalação de novas, que se acham em curso,
acompanhados de melhoramentos tecnológicos nos processos de produção,
estima-se que a produção siderúrgica de Minas, no período 1956-58, atinja
a 810 000 toneladas de gusa (foi de 428 000 em 1954), 700 000 deo
(foi de 260 000) e 530 000 toneladas de laminados (foi de 189 000), com
uma característica de especialização, inclusive para o suprimento de aços
especiais, tubos de aços sem costura, aços trefilados, tubos e ferros co-
merciais. (1)
Segundo o relatório do "Grupo de Trabalho sobre Siderurgia", do
Conselho de Desenvolvimento, é a seguinte a previsão para a produção
das principais empresas siderúrgicas de Minas Gerais:
Entre 1960 e 1965, deverá instalar-se em Minas Gerais a Usina Side-
rúrgica de Minas Gerais (Usiminas). O plano de produção da USIMI-
NAS é de 400 000 toneladas de laminados, ou seja, aproximadamente de
530 000 toneladas de lingotes de aço. Para esta primeira fase, a USI-
MINAS inverterá cerca de 125 milhões de dólares, dos quais 75 milhões
constituirão o investimento em bens de capital de procedência japonesa,
e 50 milhões de dólares correspondem ao capital em cruzeiros.
Embora com menor intensidade, realizam-se inversões animadoras
em outros ramos de metalurgia e indústrias correlatas, inclusive na pro-
dução de máquinas, de auto-peças e de material elétrico. Merece registro
o investimento adicional em curso no setor do alumínio, da ordem de 400
milhões de cruzeiros, em Saramenha, de modo a assegurar uma produção
de 5 000 toneladas de alumínio, três vêzes superior ao nível de 1955. Nos
planos da fábrica, a serem cumpridos nos próximos anos, após a instala-
(1) Ver, para detalhes, "As empresas siderúrgicas de Minas Gerais, suas
linhas de produção e seus programas de expansão", em "Vida industrial", março de
1955, pag. 34, Belo Horizonte, Minas. Ver, igualmente, Cid Rebelo Horta, "A
sidenirgica em Minas Gerais", em "Vida industrial", cit., págs. 29/36.
Capacidade de produção
Empresas em toneladas de lingotes
em 1956
Companhia Siderúrgica Belgo-
-Mineira 200 000
Acesita 45 000
Capacidade de produção
em toneladas de lingotes
em 1960
350 000
125 000
ção de duas outras unidades de redução (dificultada pela ausência de
financiamento), a produção de alumínio virgem poderá alcançar 15 000
toneladas/ano. (1)
No grupo de indústrias que transformam mineraiso metálicos, o
incremento a destacar é o previsto na produção de cimento. Contando
Minas, atualmente, com uma capacidade de produção próxima de 700 000
toneladas, espera-se que ultrapasse de 1 milhão de toneladas antes de 1960,
com os investimentos em curso nas fábricas de Barroso e Pedro Leopoldo
e a efetivação dos planos de Pains. Nesse caso, Minas passaria a liderar,
em pé de igualdade como Paulo, a produção nacional no ramo.
Apesar da perspectiva de intranqüilidade nos preços das constru-
ções, inclusive o nível do salário mínimo da mão-de-obra desqualificada
e da possível continuação das restrições de crédito, a indústria da cons-
trução civil deve evoluir com ritmo mais elevado, sob a influência do
processo de urbanização.
Nas indústrias de bens de consumo, cuja produção se baseia em uni-
dades muito disseminadas, a perspectiva de crescimento pode ser infe-
rida na elasticidade da procura que o próprio mercado interno registrará.
A indústria têxtil, por exemplo, oferece previsões algo animadoras, dada
a instalação recente, ou em curso, de novas fábricas de fiação e tecelagem
em várias regiões de Minas, notadamente em Varginha, Mirai, Prados,
Matias Barbosa, Serrania, Dores do Campo e Alienas, ou à ampliação de
algumas já existentes, em Juiz de Fora,o João del-Rei, Alvinópolis,
Borborema, Diamantina e Leopoldina.
Agropecuária Ao que tudo indica, o desenvolvimento da agro-
pecuária realizar-se-á vagarosamente. Dentre os grandes produtos da
lavoura, os de situação mais favorávelo o café e a cana-de-açúcar, esta
sobretudo. O café e mesmo o arroz e o feijão poderão sustentar a mesma
tendência de crescimento observada no último decênio (1,5 a 2% ao ano).
A cana-de-açúcar, ao contrário, dada a instalação da indústria de ferti-
lizantes em Minas, poderá ampliar substancialmente os seus níveis de cul-
tivo. Indubitavelmente, a criação da Fertisa (Fertilizantes de Minas
Gerais S.A.), objetivando o aproveitamento das reservas de fertilizantes
(1) Discurso do engenheiro R. Campos Machado, diretor da ELQUISA, em
10-2-1955, por ocasião da visita da Associação Brasileira de Metais à Escola de
Minas de Ouro Preto. Cópia dactilografada.
de que dispõe o Estado, significará um estímulo poderoso para um maior
incremento e produtividade da agricultura mineira. A Fertisa utilizará
fundamentalmente, as grandes reservas de fluo-fosfato de cálcio de Ara-
xá (apatita), avaliadas, pelas sondagens e estudos a que se procedeu, em
cérca de 100 milhões de toneladas. Prevê-se, também, que a Fertisa pro-
duza fertilizantes nitrogenados, através de processos de fixação do nitro-
gênio do ar, criando assim as condições para a substituição do salitre do
Chile. Assim, no caso particular da lavoura canavieira, poder-se-á utili-
zar, na formação de canaviais, adubos de produção regional, de qualidade
superior e a preço baixo, o que corresponderá a um forte incentivo a esse
produto e à própria indústria do açúcar.
A conclusão das obras do frigorífico da Frimisa (Frigorífico de
Minas Gerais S.A.), considerado um dos maiores da América do Sui,
(abate diário previsto: 1 500 bovinos e 500 suínos), influirá preponde-
rantemente no desenvolvimento da indústria de carnes e derivados do
Estado de Minas Gerais. Para assegurar o término das obras da Fri-
misa, o BNDE concedeu, em 1957, um financiamento de 200 milhões de
cruzeiros.
Nesse sentido, assinala-se a repercussão que terá na produção e
aproveitamento racional dos cortes animais, que se processavam em ati-
vidades estanques e sujeitos a métodos de trabalho primitivos.
O simples confronto com as atividades de abate e industrialização
de subprodutos realizadas emo Paulo revelam a importância da Fri-
misa para Minas Gerais. O rebanho bovino mineiro era estimado, em
1953, em 12 430 030 cabeças, enquanto o deo Paulo atingia 8 029 630.
No mesmo período, o rebanho suíno mineiro elevava-se a 4 692 000 cabe-
ças e o paulista a 4 026 900. Os abates desenvolveram-se do modo que
se segue, incluídos matadouros municipais, charqueadas e frigoríficos:
Bovinos Suínos
Minas Gerais 631 507 929 708
o Paulo 1 732 183 838 385
A média por animal, emo Paulo, foi de Cr| 2.536,00 e, em Minas
Gerais, de Cr$ 2.226,00. A diferença no resultado monetário foi de
Cr$ 310,00 a favor deo Paulo. Minas Gerais perdeu, no ano de 1954,
em virtude do deficiente aproveitamento dos animais abatidos, a cifra de
Cr$ 197.767.170,00. Emo Paulo, o rendimento físico por animal, com
a inclusão de alguns produtos secundários, em 1952, foi superior em
49 kg, em média, ao de Minas Gerais, que sofreu uma perda real de 30 000
toneladas anuais. No que diz respeito à produção industrial, a análise
sucinta de um setor apenas o da salsicharia indica, claramente, o
enorme prejuízo, no lado de Minas Gerais, motivado pelos desperdícios
crônicos e pelo precário aproveitamento da matéria-prima. Verifica-se
assim que, em Minas Gerais, o corte bovino contribuiu, em 1953, na fabri-
cação de produtos de salsicharia, com o rendimento médio de apenas
1,5 kg por animal, enquanto o corte suíno, no mesmo período, produziu o
rendimento médio de somente 1 kg. Já o Estado deo Paulo, dotado
de melhor equipamento e de mais elevado padrão técnico no aproveita-
mento, pôde obter, na produção de salsicharia, tanto no corte bovino
como no suíno, a média de 10 kg per capita.
Plano de eletrificação O programa de eletrificação a cargo da
CEMIG deverá representar um importante papel no processo de desenvol-
vimento industrial e de aumento da produtividade no trabalho, com reper-
cussão no conjunto da economia do Estado. Inúmeras indústrias ini-
ciarão a sua atividade, ao mesmo tempo que a CEMIG vai lançando em
operação as usinas de suas fases iniciais.
com uma previsão de inversões, no decênio 1955-64, da ordem de
9,4 bilhões de cruzeiros, além de 1,4 bilhões investidos até 1954, a CEMIG
marcha para atender às parcelas mais ponderáveis da crescente demanda
de energia elétrica em Minas Gerais.
As usinas do sistema CEMIG, em construção (Salto Grande de Santo
Antônio, Itutinga, Tronqueiras, Piau, Cajuru-Gafanhoto e unidades auxi-
liares), somarão, inicialmente, cerca de 200 000 kW. Considerando-se a
expansão de outras usinas, que operam no Estado, e a probabilidade de
interligações de sistemas além das divisas de Minas Gerais (parte da
capacidade da usina de Peixotos, de 400 000 kW, destinar-se-á a Minas),
é possível prever, para dentro em pouco, um satisfatório suprimento de
energia para o seu desenvolvimento econômico.
Já estando com a sua produção de energia, das obras em andamento,
quase tôda comprometida em uma demanda previsível que aumenta cons-
tantemente, a CEMIG elabora novos estudos e projetos para outros apro-
veitamentos : (1)
a) Projetos em avançado estágio de elaboração:
Sistema Alto Rio Grande, incluindo Itu-
tinga, Camargos, etc 200 000 kW
Sistema Funil Floresta 100 000 kW
b) Projetos em estágio preliminar de investigação:
Sistema Guanhães Santo Antônio,
exclusive Salto Grande 300 000 kW
Sistema Médio Rio Grande 800 000 kW
Todavia, as possibilidades de serem plenamente atendidas as ne-
cessidades de energia elétrica, para a expansão do parque industrial de
Minas Gerais, nos próximos anos, residem, em boa parte, na concretização
de duas das maiores iniciativas no domínio da produção de energia elé-
trica em desenvolvimento: a construção das usinas de Furnas e Três
Marias.
A Barragem de Três Marias já teve o seu início de construção em
setembro de 1956, após os estudos preliminares. Situa-se sobre o leito
principal doo Francisco, a montante de Pirapora, nas proximidades
da embocadura do afluente Borrachudo. Projetada para um armazena-
mento de cerca de 22 bilhões de metros cúbicos de água, um remanso de
150 km
2
e uma altura de barragem de 70 m, a Barragem de Três Marias
possibilitará, como efeito direto, um aproveitamento hidrelétrico local de
520 000 kW. Além disso,o importantes os seus efeitos indiretos, como,
em caráter regional, a regularização do Rioo Francisco e afluentes
(com a correção do perigo das devastadoras enchentes e a substancial
melhoria da navegabilidade em longo percurso), a irrigação das áreas
marginais, beneficiando ainda a própria Hidrelétrica de Paulo Afonso,
através dos aumentos das cargas mínimas do Rioo Francisco.
A principal fonte de recursos para as obras de Três Marias serão as
verbas orçamentárias da Companhia do Vale doo Francisco. O custo
(1) Vide "kW símbolo da presença de Minas Gerais na era industrial",
publicação da CEMIG, separata do '"O Observador Econômico e Financeiro", maio
de 1955, Rio de Janeiro.
global previsto é da ordem de 8 bilhões de cruzeiros, aproximadamente.
No primeiro semestre de 1957 já foram concedidos, pelo BNDE, finan-
ciamentos da ordem de 2,6 bilhões para o prosseguimento das obras.
Prevista para ser construída em ponto um pouco abaixo da confluên-
cia dos rios Grande e Sapucaí, a uma distância de 300-400 km das Capitais
de Minas, deo Paulo e do Distrito Federal, com um aproveitamento
direto de cerca de 1,1 milhões de kW e um custo global de 13 bilhões
de cruzeiros (estimativa ao nível dos preços de 1955), Furnas será a
obra chave para o aproveitamento integral do potencial do rio Grande.
com esse objetivo prevê-se, futuramente, a construção de 19 barragens e
as respectivas usinas.
A Usina de Furnas permitirá, também, a constituição de todo um
sistema único interligado, abrangendo os sistemas da Light, Empresas
Elétricas Brasileiras, Cemig, com evidentes vantagens para tôda a eco-
nomia do coração industrial do país, no triânguloo Paulo—Distrito
Federal—Belo Horizonte. Serão instaladas dez unidades de 110 000 kW
cada uma; as duas primeiras deverão estar funcionando o mais tardar
em 1962.
Transportes Econômica e tècnicamente, o sistema de transportes
ferroviários de Minas Gerais apresenta problemas de profunda gravidade,
de solução improvável nos próximos anos, notadamente pelo vulto do in-
vestimento exigido.
A Comissão Mista Brasil—Estados Unidos, após estudar as condições
de remodelação de 6 das 10 ferrovias que servem a Minas Gerais, ela-
borou projetos que correspondem aos seguintes investimentos (os custos
referem-se a valores orçados em 1952 ) :
E. F. Central do Brasil (se-
E. F. Goiás
Total
Custo em moeda estran-
geira (milhares de
dólares)
12.460
7.041
5.334
8
1.159
26.002
Custo em moeda nacio-
nal (milhões de
cruzeiros)
1.649
651
800
518
250
3.868
como perspectiva animadora, surge o fato de estarem em e^cução
algumas obras ferroviárias, visando a assegurar, mais rápidas ligações
das diversas zonas de Minas Gerais entre si, e destas com Belo Horizonte.
A maior importância dos novos trechos de linha, cujo esquema se baseia,
essencialmente, na interligação das vias longitudinais, e que somarão,
quando concluídos, 1 548 km, reside no escoamento da produção das fábri-
cas localizadas na Cidade Industrial de Belo Horizonte.
Alinhamos os principais prolongamentos e interligações previstos
para as ferrovias que operam em Minas Gerais, e a fase em que se
encontram as obras.
Percurso
em km
127
70
136
767
195
182
Situação da obra
Em construção
»
Em projeto
n
No que diz respeito à situação do sistema rodoviário, merecem des-
taque os empreendimentos realizados nos últimos anos, que modificaram,
em certa medida, o panorama rodoviário do Estado. Por outro lado,
revestem-se de importância os programas de obras previstos, alguns dos
quais já em execução.
Convém lembrar, sem nos atermos a maiores detalhes dos aludidos
projetos, que Belo Horizonte, em 1960, estará ligada, por rodovias pavi-
mentadas, ao Paulo, Brasília, Vitória e Distrito Federal. Acrescen-
te-se, ainda, os esforços do Departamento Estadual de Estradas de Roda-
gem, que está empenhado na execução de um programa de pavimentação
de mais de 3 000 quilômetros de estradas no Estado.
Belo Horizonte Itapira
Nova Era D. Silvério
Juiz de Fora Bom Jardim
Belo Horizonte Sao Paulo
Araçuaí Montes Claros Pirapora ..
Jeceaba Andrelândia
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