culam num sentido de continuidade, que é a própria expressão da
continuidade do real. O currículo é uma imagem ordenada da ex-
periência; cabe à metodologia escolar, procurando reconstituir a
experiência e sua organicidade, através dêsse instrumento, o papel
mais importante. Nessa orientação, a multiplicidade das matérias
tenderá a reduzir-se a um repertório solidário, encaminhando-se
no sentido da unificação, e não no da dispersão.
Importa, antes de tudo, fixar o sentido e os objetivos das
ciências administrativas, largamente aclarados pelas suas origens
e evolução. Na realidade, de vertentes diversas flui a orientação
dada a êsses estudos, acompanhando de perto os padrões culturais
de cada país. Na Europa o approach tem sido eminentemente
jurídico, o que explica até certo ponto que se tenha endurecido, lá,
a distinção entre a administração pública e a administração de
emprêsas, com prevalência da primeira, no que respeita aos estu-
dos acadêmicos, em grande parte absorvidos pelo direito público.
Nos Estados Unidos prepondera a perspectiva imposta pela ciên-
cia política e pelas ciências sociais, refletindo-se tal critério, tanto
quanto o anterior, sôbre a divisão de campos acima referida, em-
bora em sentido contrário: de atenuação ou diluição das diferenças.
Com efeito, a noção de público, nos Estados Unidos, como lembra
André Molitor, se aproxima bastante da noção de social e nesta
confluem as atividades do Estado e as decorrentes da iniciativa
privada. Acertadamente pondera o mesmo autor, no seu relatório
para a UNESCO, «Public Administration», da série The Univer-
sity Teaching of Social Sciences, que as condições da sociedade
americana, a sua mobilidade social e ocupacional, tornam bastante
tênues as fronteiras entre a organização dos serviços públicos e a
do setor privado.
Foi a prevalência do ponto-de-vista sócio-político no estudo
da administração que levou as Universidades americanas, primiti-
vamente, a incluí-lo nos seus Departamentos de Ciências Politicas.
Entretanto, tem mudado, de forma substancial, a tendência do en-
sino de administração em todo o mundo, especialmente a partir da
década de vinte, no sentido de prolongar o especulativo no prag-
mático, a ciência política nos aspectos empíricos da administração.
É importante destacar alguns aspectos êssenciais da experiência
americana, não só por ter servido de modêlo à nossa, como por ter
influenciado a própria evolução dos sistemas europeus. Além da
ênfase política da primeira fase, não tão distante do enfoque jurí-
dico de países como a França, a Alemanha e a Inglaterra, a expe-
riência americana se enriqueceu de outros fortes matizes que, a
nosso ver, se incorporam definitivamente ao perfil de um curso
acadêmico de ciências administrativas. Entre êles, a noção do
contexto político e cultural, na sua envolvente complexidade, pela
qual a representação do fato político deixou de ser apenas norma-