Avaliação da descentralização de recursos do FNDE e da merenda escolar
PNAE: Situações de descentralização encontradas nos estudos de caso
Situação 1 - corresponde à estadualização simples, o governo estadual atuando como convenente e executor dos recursos e transferindo gêneros
alimentícios apenas para as escolas da sua rede. Essa forma de descentralização foi encontrada em Santarém (Pará), Belo Horizonte,
Vitória e Porto Alegre.
Situação 2 - corresponde à autonomização da escola, ou seja, de simultânea descentralização e desconcentração da gestão do programa nas
redes estaduais. Nesse caso a Secretaria Estadual de Educação é quem assina o convênio com o FNDE, mas o executor é a escola
estadual, que firma um termo de compromisso e recebe os recursos financeiros numa conta especial da unidade executora escolar.
Em Minas Gerais e Goiás essa modalidade predomina na rede estadual, apoiada e supervisionada pelas Delegacias de Ensino,
em Minas, e pelas Delegacias Regionais de Educação, no caso de Goiás.
Situação 3 - corresponde à estadualização, ou seja, a Secretaria Estadual de Educação é o órgão convenente e executor dos recursos financeiros,
repassando gêneros alimentícios às duas redes, a estadual e a municipal. Essa forma de descentralização foi encontrada nas
cidades de Belém, no Pará, e João Lisboa, no Maranhão.
Situação 4 - situação pouco freqüente, em que a Secretaria Estadual é o convenente e o município o subconvenente. A partir daí, a situação pode
assumir duas variantes. Na primeira, a Secretaria Estadual de Educação repassa gêneros alimentícios para as escolas do município.
Isso ocorre em municípios com graves problemas políticos, financeiros, ou de fraca capacidade institucional, como foi observado
no estado de Alagoas. Na outra variante, a Secretaria Estadual de Educação repassa os recursos financeiros diretamente para as
escolas municipais, que se tornam as executoras do programa. Essa situação é bastante comum no estado de Goiás, correspondendo
à adesão dos municípios à política da Secretaria Estadual e à forma autonomizada de gestão do programa pelas escolas.
Situação 5 - corresponde à municipalização simples, na qual o município é convenente e executor, fazendo o repasse dos gêneros alimentícios
para as escolas da sua rede. Essa situação foi encontrada em Santa Rita no Maranhão, Vitória, Goiânia, Porto Alegre e Timóteo, em
Minas Gerais.
Situação 6 - corresponde à municipalização plena, na qual o município é o convenente e o executor, repassando gêneros para as escolas
estaduais e municipais. No Espírito Santo, com raras exceções, é essa a modalidade de descentralização do PNAE. Também nos
municípios de Maracanã, no Pará, Ijuí, Panambi e Santo Antônio das Missões, no Rio Grande do Sul, foi encontrada essa situação.
Situação 7 - constitui uma variante da municipalização plena, na qual a Secretaria Estadual de Educação é convenente frente ao FNDE , mas o
repasse dos recursos financeiros é feito por meio da Delegacia de Ensino para as prefeituras, que, na condição de executoras,
atendem as escolas estaduais localizadas no município. Essa situação ocorre em vários municípios do Rio Grande do Sul;
Situação 8 - outra variante da municipalização plena, aqui cada esfera de governo assina um convênio com o FNDE, mas a execução fica sob
responsabilidade do município para ambas as redes de ensino. Assim, a prefeitura é convenente e executora para as escolas
municipais e apenas executora para a rede estadual, recebendo o repasse da Secretaria Estadual de Educação. O PNAE vem
sendo operado dessa forma no município de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.
3.2.2. A inserção institucional do PNAE nas estruturas de apoio
O PNAE é, comparativamente aos dois programas anteriormente vistos, o PNAE é relativamente bem estruturado
no plano organizacional, com rotinas claras e bem-definidas. As estruturas responsáveis pela sua coordenação
nos estados e municípios não são, entretanto, uniformes. Observam-se variações no grau de diferenciação
funcional - número de órgãos que participam da sua gestão - e de especialização de funções, refletindo as
distintas capacidades administrativas e de gestão de estados e municípios para implementá-lo.
Em quase todos os municípios visitados, o PNAE conta com estrutura própria de gestão, composta por uma
unidade especializada na coordenação das suas ações e operações específicas. Essas unidades aparecem sob
diferentes formas, sempre ligadas à Secretaria Municipal de Educação: Coordenadoria, divisão ou setor de
alimentação escolar
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. Vários municípios, entretanto, apresentam uma estrutura organizacional mais diferenciada
14. Essa é a forma predominante observada nos municípios do Pará, Maranhão, Alagoas e Bahia.