temática bastante inspiradas à filha de um cheique, com a qual vem a casar-se
no fim da história. Para que se tenha uma idéia dos problemas tratados,
descrevemos o primeiro, o segundo e o último deles.
No primeiro problema, Beremiz e seu amigo, viajando sobre o mesmo
camelo, chegam a um oásis, onde encontram três irmãos discutindo aca-
loradamente sobre como dividir uma herança de 35 camelos. Seu pai esti-
pulara que a metade dessa herança caberia ao filho mais velho, um terço ao do
meio e um nono ao mais moço. Como 35 não é divisível por 2, nem por 3,
nem por 9, eles não sabiam como efetuar a partilha. Para espanto e
preocupação do amigo, Beremiz entrega seu camelo aos 3 irmãos, a fim de
facilitar a divisão. Os 36 camelos são repartidos, ficando o irmão mais velho
com 18, o do meio com 12 e o mais moço com 4 camelos. Todos ficaram
contentes porque esperavam antes receber 17 e meio, 11 e dois terços e 3 e
oito nonos, respectivamente. E o melhor: como 18 +12 + 4 = 34, sobraram 2
camelos, a saber, o que fora emprestado e mais um. Todo mundo saiu
ganhando. Explicação: um meio mais um terço mais um nono é igual a 17/18;
logo da menor do que 1. Na partilha recomendada pelo velho árabe sobrava
algo, do que se aproveitaram Beremiz e seu amigo.
O segundo problema é uma pequena delícia. Beremiz e seu amigo, a ca-
minho de Bagdá, socorrem no deserto um rico cheique, que fora assaltado, e
com ele repartem irmãmente sua comida, que se resumia a 8 pães: 5 de
Beremiz e 3 do amigo. Chegados ao seu destino, o cheique os recompensa
com de oito moedas de ouro: 5 para Beremiz e 3 para o amigo. Todos então se
surpreendem com os suaves protestos de Beremiz. Segundo este, a maneira
justa de repartir as 8 moedas seria dar 7 a ele e 1 apenas ao amigo! E prova:
durante a viagem, cada refeição consistia em dividir um pão em 3 partes
iguais, e cada um dos viajantes comia uma delas. Foram consumidos ao todo
8 pães, ou seja, 24 terços, cada viajante comendo 8 terços. Destes, 15 terços
foram dados por Beremiz, que comeu 8, logo contribuiu com 7 terços para a
alimentação do cheique. Por sua vez, o seu amigo contribuiu com 3 pães, isto
é, 9 terços, dos quais consumiu 8; logo participou apenas com 1 terço para
alimentar o cheique. Este é o significado da observação de Beremiz.
No final, porém, o homem que calculava, generosamente ficou com apenas 4
moedas, dando as 4 restantes ao amigo.
O último problema do livro se refere a 5 escravas de um poderoso califa. Três
delas têm olhos azuis e nunca falam a verdade. As outras duas tem olhos
negros e só dizem a verdade. As escravas se apresentaram com os rostos
cobertos por véus e Beremiz foi desafiado a determinar a cor dos
olhos de cada uma, tendo o direito a fazer três perguntas, não mais
do que uma pergunta a cada escrava. Para facilitar as referências,
chamaremos as 5 escravas A, B, C,D e E.