para limpar a terra e obter melho
res pastagens e colheitas, para
aumentar a produção de frutos sil-
vestres, para comunicação e para
eliminar moscas e mosquitos.
As condições entretanto, de
acordo com Dodge (1972), mudaram
drasticamente com a chegada dos
colonizadores. Extensas áreas fio
restais foram cortadas a fim de
produzir madeira para construção
de novas cidades, para escoras de
minas e para combustível. A expio
ração dessas florestas deixou, so-
bre o solo, grandes quantidades
de resíduos, como ponteiro de ar-
vores, galhos e folhagem. A redu-
ção da cobertura formada pelas co
pas das arvores permitiu maior
insolação e secagem do material
combustível depositado nos pisos
das florestas. A remoção de gran-
de numero de arvores aumentou a
velocidade do vento no interior
da floresta, contribuindo também
para a secagem do combustível. 0
resultado dessas condições adver
sas foi uma série de incêndios
devastadores ocorridos ao longo
dos anos seguintes.
0 mesmo problema é relatado
por Vines (1975), na Austrália.
Segundo o autor, as praticas pro
tecionistas e o aumento da explo-
ração promovidos pelos colonizado-
res europeus parecem ter alterado
o equilíbrio original entre com-
bustível e microclima, criando
concentrações anormalmente altas
de resíduos em muitas das flores-
tas secas da Austrália. 0 resulta
do também foi a ocorrência de
grandes incêndios florestais.
Komarek (1971) acredita
que o conceito de que todos os in
cêndios são daninhos foi desenvol_
vido em um ambiente especial, as
florestas latifoliadas da Europa,
e daí extrapolado literalmente pa-
ra todas as partes do mundo. Com
o passar do tempo, porém, alguns
pesquisadores começaram a duvidar
da validade da política de total
exclusão do fogo em qualquer cir-
cunstância. Em ecossistemas onde
o fogo desempenha papel importan-
te, quanto mais eficiente a polí-
tica de exclusão do fogo, maior
é o potencial de danos pelos in
cêndios, devido ao aumento da
quantidade de material combustí-
vel . Além disto, em alguns lo-
cais, espécies florestais impor-
tantes, que necessitam do fogo
ou outro distúrbio qualquer para
se regenerar, começaram a ceder
lugar a outras comunidades de me
nor valor comercial.
Em 1849 apareceu, nos EUA,
a primeira referência escrita so
bre a importância do fogo na su-
cessão de uma espécie florestal -
o Pinus palustris. Segundo Lang-don
(1971), ainda em 1888, Ellen
Long sugeriu que talvez o Pinus
palustris necessitasse de fogo
para se regenerar - uma 'idéia
ab-surda para a maioria dos
pesqui-sadores da época. Riebold
(1971) relata que Harper, um
botânico , propôs, em 1911, o
uso do fogo para controle de
espécies folho-sas do sub-bosque
das florestas de coníferas. E
finalmente Chapman, um
pesquisador florestal,co-meçou, a
partir de 1909, através" de
vários artigos, a pregação da
necessidade do uso de fogo con-
trolado na regeneração e manejo
do Pinus palustris e outras espé-cies
do sudeste americano.
Entretanto, apenas em 1943
o chefe do Serviço Florestal dos
EUA aprovou uma política de quei_
mas controladas em povoamentos
de Pinus palustris e Pinus
elliottii e autorizou a instala
ção de pesquisas visando a
utili-zação do fogo também em
Pinus taeda. O reconhecimento de
que o fogo desempenha importante
papel em certos ecossistemas
levou tam bém o Serviço de
Parques Nacionais dos EUA, a
partir de 1960, a adotar uma
nova política com relação ao
fogo, que estabelece o seguinte:
i) deixar que alguns incêndios
naturais queimem livre_ mente,
desde que não ofereçam riscos a
vida humana ou às propriedades ;
ii) reconhecer a quei-ma
controlada como um instrumento
necessário ao manejo florestal;
iii) continuar prevenindo e
combatendo os incêndios nos va-
les e próximo a áreas desenvolvi-