CRONOMETRAGEM
FUNÇÕES E DEFINIÇÕES DE UM DEPARTAMENTO DE
ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS
FÔLHA DE
INFORMAÇÃO
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na bancada. Esta mudança, contudo, não ocasionou
perda de tempo.
O segundo caso tende a demonstrar o
desperdício de tempo e de dinheiro quando as
atividades do departamento não são bem
compreendidas, nem apoiadas, por aquêles que
delas devem fazer uso.
Em uma organização de tamanho médio
havia uma série de condições muito indesejáveis. O
plano de incentivo em vigor pagava os operários
pelo número de unidades produzidas. Por muitos
anos a organização não tinha tido pessoal
capacitado no Departamento de Estudo de Tempos e
Movimentos, de modo que os padrões estabelecidos
não eram justos, nem corretos. Não existiam da-dos-
padrões de espécie alguma e havia desconfiança por
parte dos operários, porque muitas vêzes não havia
uma base para estabelecimento de novos padrões.
Muitos dos padrões em vigor tinham estado em
efeito por uma série de anos e serviam de base para
a administração e para o operariado, para determi-
nação de novos padrões. Óbviamente muitas vêzes
os padrões originais estavam fora de linha por causa
de alterações de métodos, inclusões de novos
elementos, etc. Na maioria dos casos não havia nada
escrito, e quando havia, a pobreza de detalhes era
muito grande. Uma análise cuidadosa de tôdas as
cronome-tragens em arquivo revelou que cêrca de
75 por cento eram apenas tomadas de tempos de
chão a chão, sem decomposição em elementos; os
25 por cento restantes continham uma ou outra
decomposição, porém insuficiente para uma análise
detalhada.
Tais condições levavam o operariado da
fábrica e a administração a discussões contínuas,
sem que se chegasse a uma conclusão satisfatória.
Houve mesmo o caso de um operário que ganhava
num ano mais de 15 milhões de cruzeiros numa
simples operação de montagem, porque o tempo
padrão para a operação estava "folgado".
Dada a necessidade de se cumprir um
programa de produção urgente, novos analistas e
cronometristas foram contratados. A nova equipe
elaborou um programa completo de estudos de
movimentos e cronometragem, o qual foi
apresentado à administração. Aprovado o programa,
a equipe começou a trabalhar nos vários
departamentos produtivos, analisando as operações,
fazendo recomendações de métodos, eliminando as
condições indesejáveis. Com base nos dados
acumulados, novos padrões foram calculados,
dentro dos
mais sãos princípios de engenharia industrial, para
geral satisfação de tôdas as partes interessadas.
Entretanto, dada a ignorância e o an-
tagonismo da gerência e da administração geral, o
nôvo programa não foi aceito. Como resultado,
depois de alguns meses de colecio-namento de
dados, durante os quais se fizeram mapas de fluxo,
mapas de processo, novos sistemas de arquivo, etc,
o pessoal que havia sido contratado,
compreendendo o desinterêsse da administração,
desencorajou-se. Muitos abandonaram o serviço, e
os que ficaram, entraram na mesma rotina que
prevalecia anteriormente.
O ultimatum da resignação dos outros, foi o
sistema de emitir o tempo-padrão para os
departamentos produtivos. A emissão da hora-
padrão era feita em têrmos de cruzeiros por cem
peças, no lugar de tempo-padrão por unidade.
Assim, cada vez que havia um aumento salarial, ou
um acôrdo sindical, tornava-se necessário recalcular
todos os preços em vigor, tarefa que tomava
semanas a fio de trabalho árduo, rotineiro,
cansativo.
Nos casos em que não havia informação
escrita de como o tempo-padrão havia sido
calculado, a administração e o operariado da fábrica
procuravam soluções por meio de acôrdos,
verdadeiras "negociatas" em muitos casos, o que
contribuía para o descrédito do Departamento.
O caso a seguir, porém, ocorrido em uma
das fábricas da indústria automobilística nacional,
tende a ilustrar as reais vantagens de um programa
de estudo de tempos e movimentos.
A fábrica em apreço vinha funcionando há
alguns anos, com cêrca de 1.200 operários, em
regime de produção deficiente. O Departamento de
Estudo de Tempos e Movimentos havia sido
instalado adequadamente, segundo os padrões da
matriz, e vinha analisando as operações, fazendo
recomendações de métodos, auxiliando a
estruturação do custo-padrão, sem obter, contudo,
resultados satisfatórios. É que a Gerência, estranha
às técnicas de Engenharia Industrial, não via com
bons olhos o departamento, embora tivesse de
mantê-lo por instâncias da matriz.
Uma análise realizada pela equipe de
analistas e cronometristas mostrou que a utilização
média do equipamento era de apenas 25% do tempo
disponível e que a eficiência dos operadores dêsse
equipamento se definia pela linha dos 60% a 70%.
Tal situação, é