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O SESI - Departamento Nacional patrocinou a
impressão gráfica desta obra, devidamente autorizado
pelos detentores dos direitos autorais, com o propósito
de utilizá-la na implementação do Plano Decenal de
Educação junto ao setor industrial
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
PLANO DECENAL DE
EDUCAÇÃO PARA TODOS
Brasília
1993-2003
Presidente da República
Itamar Augusto Cautiero Franco
Ministro da Educação e do Desporto
Murilio de Avellar Hingel
Secretário Executivo
Antônio José Barbosa
Secretária de Educação Fundamental
Maria Aglaê de Medeiros Machado
37.014
P712p
Plano decenal de educação para todos.-
Brasília: MEC, 1993 - versão acrescida
136 p.
1. Política da educação 2. Planejamento da
educação 3. Educação básica 4. MEC.
Secretaria de Educação Fundamental I.
Brasil. Ministério da Educação e do
Desporto.
Esta publicação foi realizada dentro do Acordo
MEC/UNESCO
AOS PROFESSORES E DIRIGENTES ESCOLARES
Ao propor o debate do Plano Decenal de Educação para Todos
1993/2003, nas escolas brasileiras, faço-o, primordialmente, como um Ministro
da Educação e do Desporto que já foi professor na educação básica, conhecen-
do. portanto, as dificuldades e obstáculos que professores e dirigentes escolares
enfrentam Cotidianamente em busca da mais importante meta do Pais, que é a
universalização do ensino fundamental com qualidade.
O Plano Decenal foi concebido e elaborado para ser um instrumento-
guia na luta pela recuperação da educação básica do País. Todavia, a sua efeti-
vação depende de esforço integrado e compartilhado entre todas as esferas e
agentes do processo educativo, ou seja. a União, os Estados e Municípios, as
escolas, os professores e dirigentes escolares, as famílias e a sociedade civil.
Torna-se cada vez mais importante que cada uma dessas instâncias e segmentos
assumam compromissos públicos com a melhoria do ensino, fazendo da escola
um centro de qualidade e cidadania, com professores e dirigentes devidamente
valorizados, ajudando o Pais a edificar um eficiente sistema público de edu-
cação básica.
O Plano Decenal propõe metas claras para a efetiva valorização e
reconhecimento público do magistério. Essas metas começam a ser trabalhadas
conjuntamente pela União, Estados e Municípios no âmbito de suas respon-
sabilidades constitucionais. Torna-se necessário, simultaneamente, o fortaleci-
mento institucional das escolas para que possam elaborar e executar projeto
pedagógico de qualidade, objetivo que requer o apoio e participação dos pro-
fessores e dirigentes escolares, das famílias e da comunidade próxima à escola.
Para facilitar o debate do Plano Decenal nas escolas, está apenso á
edição que estou encaminhando um Roteiro-Sugestão, que pode e deve ser
enriquecido pela comunidade escolar.
Os resultados desse debate, apresentados sob a forma de um Relatório-
Síntese, serão compatibilizados em cada unidade federada para serem apresen-
tados e discutidos na Conferência Nacional de Educação para Todos, a realizar-
se no período de 30-08 a 2-09-94.
Por último, expresso o meu reconhecimento público pelo gesto da
Associação Brasileira dos Editores de Livros ABRELIVROS em viabilizar
a edição do Plano Decenal para as escolas, fato inédito que se insere nas estraté-
gias de alianças e parcerias da atual politica nacional de educação.
MURÍLIO DE AVELLAR HINGEL
Ministro de Estado da Educação e do Desporto
Brasília, maio de 1994.
ROTEIRO-SUGESTÃO PARA
DISCUSSÃO DO PLANO
DECENAL NAS ESCOLAS
A ESCOLA E O PLANO DECENAL
A partir do compromisso assumido na Conferência Mundial sobre
Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, cada país
fez seu próprio plano decenal. Cada um deles tem suas próprias caracteristi-
cas, prioridades e grau de desenvolvimento.
O Plano Decenal de Educação para Todos, elaborado pelo Brasil, em
1993,o é algo definitivo e acabado, que deva ser adotado pelas escolas do
País inteiro, incondicionalmente, sem levar-se em consideração a realidade
de cada escola. Ele indica as diretrizes da politica educacional e vem sendo
aperfeiçoado e adequado nos Estados e Municípios através da elaboração de
seus próprios planos.
Agora, chegou o momento de a escola discutir e adaptar o Plano
Decenal à sua realidade, elaborando seu diagnóstico e delineando suas metas
para os próximos dez anos.
Este roteiro de discussão tem o objetivo de facilitar os debates na
escola. É uma orientação, que pode ser alterada conforme as necessidades.
Acima dos procedimentos formais do roteiro, importa discutir o Ensino
Fundamental que queremos concretizar em nossa escola, estabelecer as
metas, identificar os obstáculos e discutir os recursos de que dispomos e de
que precisaremos dispor para superar essas dificuldades, tendo em vista
garantiro somente vaga para todos mas, também, ensino de boa qualidade.
É preciso, ainda, discutir o projeto pedagógico da escola, a formação e
a carreira do professor, a repetência e a evasão, a avaliação e o acompanha-
mento do aluno, e, também, as condições do prédio, das carteiras, dos equipa-
mentos, das instalações sanitárias, da limpeza, da segurança da escola etc.
ROTEIRO PARA O TRABALHO DA ESCOLA
1 ESTRATÉGIA DE DISCUSSÃO
Quem deve participar
Todos devem participar: direção, especialistas, professores, servi-
dores técnico-administrativos. pais e representantes de entidades organizadas
na comunidade à qual a escola atende.
Assim que receber o Plano Decenal contendo este roteiro, a escola
poderá programar e iniciar suas reuniões. A Secretaria de Educação do
Estado, ou do Município, fornecerá as orientações necessárias à realiza-
ção do debate escolar.
Como encaminhar
Com base na leitura e discussão deste roteiro c do Plano Decenal
bem como dos planos decenais do Estado e do Município, caso os tenha rece-
bido, a escola elaborará um relatório-sintese que será encaminhado ao
órgão regional de ensino do Estado* ou do Distrito Federal.
O órgão regional compatibilizará esses relatórios, remetendo-os à
Secretaria Estadual de Educação.
No caso de escolas municipais, os relatórios serão enviados às
Secretarias de Educação dos municípios para serem, de igual forma, compa-
tibilizados e remetidos à Secretaria Estadual de Educação.
2 A ESTRUTURA DO RELATÓRIO-SÍNTESE
O relatório-sintese a ser elaborado deve retratar a escola. Primeiro, é
necessário descrever a situação da escola, observando: aspectos tísicos,
recursos humanos, quadro discente, desempenho (números absolutos e per-
centuais de aprovação, evasão e repetência): gestão (a existência ouo de
Conselho de Classe, Colegiado da Escola, Associação de Pais e Mestres).
programas de apoio, projetos especiais. Sempre que possível, acrescentar
quadros e tabelas para facilitar a visualização dos dados.
* Corresponde em algumas Unidades Federadas a Delegacias Regionais de Ensino, Núcleos
Regionais de Ensino, Núcleos de Educação, Coordenadorias Regional de Ensino. Diretorias
Regionais de Ensino. Agências. de Administração Escolar. Inspetorias de Ensino e. ainda.
Departamentos Regionais de Ensino.
A partir da descrição, os participantes do debate deverão discu-
tir e analisar o Plano Decenal, definindo as necessidades, sugerindo
soluções e estabelecendo as metas que deverão nortear a prática
pedagógica da escola nos próximos dez anos. Como sugestões para faci-
litar o delineamento dessas metas, e tomando por referência os artigos
3.°, 205 e 206 da Constituição, foram selecionados os seguintes temas, que
podem servir como ponto de partida para uma rica discussão sobre o
papel da escola na formação do cidadão:
Acesso:
Sendo dever do Estado oferecer ensino fundamental, todas as pessoas
devem ter a oportunidade de frequentar a escola: A escola tem con-
seguido atender, no ensino fundamental, todas as crianças, jovens e
adultos?
Identifique que providências precisam ser tomadas para que todos
sejam atendidos nos próximos 10 (dez) anos.
Sucesso escolar:
o basta oferecer vagas em número suficiente. O maior desafio é
evitar a repetência e a evasão, assegurando que o aluno aprenda e seja
bem-sucedido na escola. Sabe-se que existem muitas razões para o
fracasso escolar, mas algumas dependem das condições que a escola
oferece, e, portanto, podem e devem ser modificadas. Como esta a
prática pedagógica? Como é feita a avaliação e o acompanhamento
dos alunos? Professores e dirigenteso avaliados? O currículo é ade-
quado? As matérias e sua organização curricularo pertinentes face
às condições de vida dos alunos? Há material escolar e didático-
pedagógico suficiente? Alimentação? Lazer? Transporte escolar?
Estabelecer metas que possam deixar a escola mais atuante quanto à
permanência, com bom aproveitamento, dos alunos que a frequentam.
Aprendizagem:
O ensino e a aprendizagemo os principais objetivos da ação da
escola. Uma das evidências do sucesso ou do insucesso é o índice de
aprovação.
Considerando-se que reprovações sucessivaso significam melhoria
do ensino, a qualidade de uma escola está na aprendizagem alcançada
por seus alunos; portanto, na capacidade que a instituição demonstra
em favorecer e estimular a superação das dificuldades encontradas
pelo aluno, tendo em vista a obtenção do sucesso na progressão escolar.
Estabeleça o que precisa ser aperfeiçoado ou modificado para me-
lhorar a educação e a aprendizagem dos alunos e, consequentemente,
os índices de aprovação: Os objetivos? Os conteúdos? A metodolo-
gia? O relacionamento entre professores e alunos? Os materiais
didáticos? Os livros? A qualidade do ensino? A qualificação dos pro-
fessores? O número de horas/aula queo oferecidas pela escola? O
acompanhamento e a avaliação dos alunos? O trabalho com os pais?
Com a família?
Professores e profissionais do ensino:
Tais profissionaiso valorizados? Receberam uma formação adequa-
da?m oportunidades de atualização e aperfeiçoamento'? Trabalham
em prol da produtividade do ensino? Exercem seus direitos e cumprem
seus deveres? Que padrões de remuneração, de estímulos e incentivos
funcionais poderiam melhorar as condições profissionais e de vida dos
educadores? A partir da situação existente, planeje o que a escola pode
realizar com a ajuda da comunidade e com a colaboração do Município
e do Estado, para a real valorização dos profissionais do Ensino.
Gestão:
A escola é pública quando pertence ao público. É um lugar onde
todos devem trabalhar para a realização de um projeto pedagógico
coletivo, com o qual todos se comprometem e ao qualm o dever de
respeitar. Em uma escola comprometida com a gestão democrática
todos se realizam com os sucessos obtidos, responsabilizam-se pelos
insucessos e se empenham por sua superação.
A atual forma de administração da escola corresponde ao que se pre-
tende para o próximo decênio? É comprometida com a produtividade
do ensino? O que deve ser aperfeiçoado ou modificado?
Trace metas, de curto e médio prazos, que possibilitem à escola atin-
gir uma gestão voltada ao pedagógico, onde todos participem desem-
penhando suas funções com competência e responsabilidade.
Relacionamento com a comunidade:
A escola busca a participação da comunidade em suas decisões tanto
administrativas como pedagógicas? Consegue atender sua demanda
por matrículas e por formas e modalidades de oferta? O que seria
necessário para que atendesse? A relação com a comunidade é boa,
tensa ou conflituosa? Por quê? Há analfabetos na comunidade próxi-
ma à escola? Em que número (por faixa etária: crianças em idade
escolar, adolescentes e adultos)?
Cidadania na escola:
A Escola é espaço de aprendizagem e exercício da cidadania. Todos
m o mesmo direito à educação. Todoso iguais perante a Lei.
Como essas afirmativas estão sendo vivenciadas na escola? A escola
está trabalhando o desenvolvimento da cidadania? Pobres, ricos,
índios, negros, brancos, mulheres; pessoas portadoras de deficiên-
cias, de condutas típicas e de altas habilidades; seguidores de dife-
rentes religiões, membros de diversos partidos políticos ou de varia-
das organizações sindicais e comunitáriaso tratados com o mesmo
respeito, sejam professores ou alunos? Existem tratamentos dife-
renciados na escola? Se. que ações poderiam eliminá-los?
Financiamento e gastos com a Educação:
O Plano Decenal estabelece diretrizes que deverão ser seguidas por
todas as instâncias da administração educacional, com objetivo de
ampliar e racionalizar os recursos destinados á educação, melhorar a
escola e as condições de trabalho do professor. Nesse sentido, o que
pode ser feito, em termos de gestão escolar, para maior racionalidade
dos recursos existentes?
Os itens acimao apenas sugestões, que obviamente serão adapta-
dos à situação de cada unidade escolar.
DOCUMENTOS DE REFERENCIA
Declaração Mundial sobre Educação para Todos;
Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de
Aprendizagem;
Plano Decenal de Educação para Todos;
Plano Decenal Estadual de Educação para Todos (se houver):
Plano Decenal Municipal de Educação para Todos (se houver); e
Arquivos da Escola.
CONTATOS PARA MAIORES ESCLARECIMENTOS
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Municipal de Educação
Órgão Regional de Ensino
Delegacia do MEC no Estado
Ministério da Educação e do Desporto através dos telefones:
(061)214-8641.214-8636. 214-8634, 226-8860 e 223-8247, ou através
do FAX 226-8856.
SUMÁRIO
Introdução 9
I - Situação e perspectivas da educação fundamental 17
II - Obstáculos a enfrentar. 29
I - Estratégias para a universalização do ensino
fundamental e erradicação do analfabetismo 35
IV - Medidas e instrumentos de implementação 51
Declaração Mundial sobre Educação para Todos -
satisfação das necessidades básicas de aprendizagem 67
Compromisso nacional de educação para todos 85
Organização e estrutura do sistema educacional - Brasil 95
Tabelas e gráficos 99
Declaração de Nova Delhi 121
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
O Brasil participou, em março de 1990, da Conferência de Educação
para Todos, em Jomtien, na Tailândia, convocada pela Organização das Na-
ções Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF); Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial. Desta conferencia resulta-
ram posições consensuais, sintetizadas na Declaração Mundial de Educação
para Todos, que devem constituir as bases dos planos decenais de educação,
especialmente dos países de maior população no mundo, signatários desse
documento.
Integrando este grupo, cabe ao Brasil a responsabilidade de assegurar
à sua população o direito à educação compromisso, aliás, reafirmado e
ampliado em sua Constituição de 1988 c, dessa forma, colaborar para os
esforços mundiais na luta pela universalização da educação básica.
E certo que várias iniciativas no âmbito da educação fundamental
m sendo adotadas pelo Ministério da Educação c do Desporto (MEC), pe-
los Estados e Municípios. Todavia, aindao se consolidou plenamente um
esforço integrado das três esferas do Poder Público, estratégia indispensável
numa política de educação para todos.
A retomada do compromisso de Jomtien, de elaborar um plano para
concretizar suas metas, encontra condições amplamente favoráveis. Multipli-
caram-se, pelo País, ações de caráter inovador visando a universalizar com
qualidade o ensino básico. Além disso, há um renovado reconhecimento, por
vários segmentos sociais, da importância da educação básica para a formação
do cidadão e para a retomada do desenvolvimento nacional sob novos valores
e perspectivas.
Exemplo disso foi a realização de um esforço convergente de órgãos
públicos, associações profissionais, sindicatos, partidos políticos, igrejas c se-
tores organizados da sociedade, para assegurar à criança sobretudo nas
áreas de educação, saúde e combate à violência os direitos da infância pre-
conizados pela Constituição c pelas Convenções Internacionais das quais o
Brasil é signatário, que resultou na instituição do Pacto pela Infância e na
instalação, cm abril de 1993, do Conselho Nacional dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente CONANDA.
No entanto, cm face da heterogeneidade econômica c cultural do País
e cm respeito ao princípio federativo e de participação que deve reger o Plano
Decenal, o primeiro passo para iniciar sua elaboração foi articular, sob a
coordenação e a responsabilidade do MEC, a composição de um Grupo Exe-
cutivo constituído por representantes do próprio MEC, do Conselho Nacional
de Secretários Estaduais de Educação (CONSED) c da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME).
Para dar apoio ao processo de elaboração e ampliar sua dimensão po-
lítica c técnica, foi instituído, também, o Comitê Consultivo do Plano, inte-
grado inicialmente pelas seguintes entidades: CONSED ; UNDIME, Con-
selho Federal de Educação (CFE); Conselho de Reitores das Universidades
Brasileiras (CRUB); Confederação Nacional das Indústrias (CNI); Confcrên-
cia Nacional dos Bispos do Brasil/Movimento de Educação de Base
(CNBB/MEB); Confederação Nacional dos Trabalhadores' em Educação
(CNTE); UNESCO e UNICEF. Posteriormente, este colegiado foi ampliado,
incluindo-se o Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, a Confederação
Nacional das Mulheres do Brasil (CNMB), a Ordem dos Advogados do Bra-
sil (OAB) e o Ministério da Justiça.
A mobilização das entidades participantes do Comitê Consultivo do
Plano propiciou o desencadeamento de uma significativa série de debates, em
todo o País, sobre seus mais importantes problemas educacionais e a respeito
das alternativas estratégicas para enfrentá-los. Em sequência, as contribui-
ções oferecidas por estes debates foram consolidadas durante a Semana Na-
cional de Educação para Todos realizada em Brasília, de 10 a 14 de maio
de 1993, e incluídas no Plano Decenal.
É importante ressaltar que, ao encerrar-se essa Semana, os repre-
sentantes das três esferas de governo, federal, estadual c municipal firmaram
o Compromisso Nacional de Educação para Todos, estabelecendo diretri-
zes norteadoras das políticas da educação para os próximos anos. A associa-
ção das demais entidades participantes ampliou a representatividade social da
iniciativa.
Os compromissos que o governo brasileiro assume, de garantir a sa-
tisfação das necessidades básicas de educação de seu povo, expressam-se no
PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, cujo objetivo mais
amplo e asssegurar, até o ano 2003, a crianças, jovens e adultos, conteúdos
mínimos de aprendizagem que atendam a necessidades elementares da vida
contemporânea.
Por uma sugestão do Comitê Consultivo do Plano, a primeira versão
do Plano Decenal, concluída logo após a realização da Semana Nacional de
Educação para Todos, em junho de 1993, configurou-se como uma proposta
de governo para ser discutida com toda a sociedade.
O Ministério da Educação e do Desporto, acatando esta sugestão, co-
locou cm debate essa primeira proposta de Plano, em todo o território nacio-
nal, nos Municípios, nos Estados, nas entidades representativas da sociedade
civil, nas universidades e no âmbito do poder legislativo c judiciário.
Esta orientação deu ensejo a um amplo debate e confronto de idéias.
De julho a novembro, inúmeras reuniões para debater o Plano Decenal foram
realizadas nos Estados e nos Municípios, com vistas à elaboração dos planos
decenais municipais e estaduais. O debate estadual foi coordenado por uma
comissão tripartite coordenada pelo Secretário de Educação e integrada pelo
presidente estadual da UNDIME e pelo Delegado do MEC no Estado, além
de entidades representativas da sociedade.
Paralelamente, o MEC enviou o Plano a inúmeros segmentos sociais,
promovendo posteriormente, nos dias 4 c 5 de novembro, uma reunião espe-
cífica sobre o Plano com as entidades não-governamentais, oportunidade em
que foram apresentadas e debatidas críticas c sugestões oriundas dos segmen-
tos dos trabalhadores, patronais, acadêmicos, pais de alunos, defesa dos direi-
tos de cidadania, associações de classe, etc.
Desta reunião tomaram parte as seguintes entidades: Conselho de
Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB); Fórum dos Conselhos Esta-
duais de Educação; Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC); Associação Nacional para a Formação dos Profissionais da Educa-
ção (ANFOPE); Fundação Carlos Chagas (FCC); Central Única dos Traba-
lhadores (CUT); Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT); Fundação
Bradesco; Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); Serviço
Social da Indústria (SESI); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC); Instituto Euvaldo Lodi; Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA);
Organização Mundial da Educação Pré-Escolar (OMEP); Federação In-
terestadual de Associações de Pais de Alunos (FINAPA); Confederação das
Mulheres; Associação Brasileira de Antropologia; Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação (CNTE); Associação Nacional dos Profis-
sionais de Administração de Educação (ANPAE).
Imediatamente após esse evento, foi realizado o Seminário "Tendên-
cias Atuais dos Municípios de Porte Médio: Primeiro Diálogo com os Muni-
cípios de Porte Médio", evento que contou com a participação de secretários
c representantes de 120 municípios de porte médio, ocasião em que o Plano
foi debatido, colhendo-se sugestões dos mais diferentes cenários da realidade
sócio-econômica e geográfica do País.
Além disso, procurou-se aproveitar eventos tradicionais para incluir
o Plano Decenal na agenda de debates. Esta estratégia se tornou possível em
várias oportunidades, destacando-se entre elas a Reunião Anual da Confede-
ração Nacional dos Trabalhadores cm Educação (CNTE), a Reunião dos Di-
retores de Faculdades de Educação, o Seminário sobre Educação de Adultos,
a Reunião das Assessorias de Comunicação do Ministério da Educação e do
Desporto e algumas reuniões de universidades.
Em todos estes eventos, críticas foram apresentadas e sugestões reco-
lhidas. Um balanço preliminar indica que o Plano Decenal, em suas teses
centrais, passou pelo crivo crítico de inúmeros debates. Se isto aconteceu foi
devido ao fato de o Grupo Executivo, com o apoio do Comitê Consultivo do
Plano ter-se reportado, na fase de elaboração do Plano, ao debate que se tra-
vou no Brasil nos últimos anos, procurando incorporar consensos e tendên-
cias.
Todavia, a própria evolução do debate encarregou-se de aportar no-
vas idéias e sugestões, boa parte das quais foram incorporadas a esta edição,
com visível enriquecimento do documento original.
O Plano Decenal de Educação Para Todoso se confunde com o
Plano Nacional de Educação previsto na Constituição c que incluirá todos os
níveis e modalidades de ensino. Tampouco se caracteriza como um Plano ao
estilo tradicional, em respeito mesmo à organização federativa do País. Deli-
mitando-se no campo da educação básica para todos, que é a prioridade mais
importante neste momento, o Plano responde ao dispositivo constitucional
que determina "eliminar o analfabetismo c universalizar o ensino fundamen-
tal" nos próximos dez anos.
Coerente com o regime federativo de organização do País, onde Es-
tados e Municípios gozam de autonomia, o Plano busca sinalizar, após con-
senso entre as esferas responsáveis pela educação c outras, onde devem se
concentrar os esforços e recursos e quais as estratégias. Com isto pretende
combater o imediatismo dos programas c as ações descoordenadas e isoladas.
O Plano Decenal é conjunto de diretrizes de política cm processo
contínuo de atualização e negociação, cujo horizonte deverá coincidir com a
reconstrução do sistema nacional de educação básica. Assim, a edição que
ora se apresenta à sociedade brasileira, se por um lado procurou incorporar
propostas várias, de outro, permanece aberta a novos aperfeiçoamentos, so-
bretudo no âmbito das escolas, de seus dirigentes e de seus professores.
Estas diretrizes de política servirão de referência c fundamentarão os
processos de detalhamento c operacionalização dos correspondentes planos
estaduais c municipais. As metas globais que ele apresenta serão detalhadas
pelos Estados, pelos Municípios c pelas escolas, elegendo-se, em cada instân-
cia, as estratégias específicas mais adequadas a cada contexto c à consecução
dos objetivos globais do Plano.
O sucesso do Plano depende, no âmbito nacional, do compromisso
o só da União, dos Estados, dos Municípios, como das famílias c de outras
instituições da sociedade civil. No âmbito externo, porém, dependerá de um
tratamento diferenciado, pela Comunidade Internacional, dos problemas eco-
nômicos e sociais dos países endividados, sobretudo dos nove países mais
populosos signatários da Carta de Jomtien.
Neste horizonte, Nova Delhi Configura-se como um compromisso,
internacional por um lado, na medida em que o Brasil é integrante de uma co-
munidade que transcende suas fronteiras, e, por outro, por assumir um com-
promisso nacional de oferecer a todos, sem discriminação e com ética e equi-
dade, uma educação básica de qualidade.
I
SITUAÇÃO E
PERSPECTIVAS DA
DUCAÇÃO FUNDAMENTAL
A - Contexto Social, Político e Econômico do
Desenvolvimento Educacional
Nas últimas quatro décadas, empreendeu-se no País um grande esfor-
ço para integrar ao sistema educacional, em momento de elevado crescimento
demográfico, quase toda a população na faixa de sete a 14 anos. No início
dos anos 60, apenas 45% dessa população frequentava escola; em 1980, o
percentual elevou-se para 80% e, cm 1990, atingiu 86,9%.
Entre 1950 e 1970, a população crescia, no conjunto, a um ritmo de
3% ao ano. O deslocamento para as cidades fazia com que o contingente de-
mográfico urbano aumentasse a taxas superiores a 5%.
Mesmo sem uma política deliberada de controle populacional, assis-
tiu-se, no Brasil, desde meados da década de 70, a um rápido processo de
transição demográfica cujos efeitos principais se manifestarão ao longo dos
próximos vinte anos. Diminuíram as taxas de fertilidade e natalidade c, em
decorrência, os ritmos de crescimento populacional, especialmente na faixa
de atendimento escolar. Os grupos etários de zero a quatro e de cinco a 14
anos mostram tendência a reduzir seu porte, com taxa de crescimento anual
inferior a 0,5%. Prevê-sc, portanto, para os próximos anos, um decréscimo na
pressão por expansão da oferta no ensino fundamental, embora restem gran-
des efetivos de adolescentes, jovens e adultos a serem integrados ao sistema.
Além disso, o sistema educacional deverá enfrentar os seguintes efei-
tos entre outros: os intensos fluxos migratórios dos últimos quinze anos; con-
centração dos núcleos dinâmicos da população nas áreas metropolitanas c
na periferia destes aglomerados de importantes grupos sociais situados
abaixo da linha de pobreza; além de novo e recente deslocamento de famílias
pobres em busca de melhores oportunidades para as cidades de médio porte.
Acrescenta-se, ainda, a esse quadro, a persistência, nas áreas rurais de regiões
menos desenvolvidas, de consideráveis contingentes de crianças e adolescen-
tes pobres.
O Brasil, assim como outros países da região, vem enfrentando um
esgotamento de seus modelos tradicionais de transformação e crescimento
econômico, após ter alcançado um patamar superior de industrialização e de
modernização agropecuária e de ramos estrategicamente importantes do setor
terciário.
Embora haja potenciais significativos para a retomada do desenvolvi-
mento, persistem alguns obstáculos consideráveis: a heterogeneidade e a rigi-
dez das estruturas econômicas; a concentração do progresso técnico e da ri-
queza acumulada; os elevados índices de desigualdade regional e social de
renda; um mercado interno relativamente limitado em face de seu porte de-
mográfico.
O longo período de recessão e de instabilidade econômica trouxe,
como consequência, níveis crescentes de desigualdade social e regional, fa-
zendo do Brasil um dos países mais perversos em distribuição de renda do
continente os 10% mais ricos concentram mais da metade da renda nacio-
nal. O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza absoluta au-
mentou de 29,5 para 39,2 milhões, estando a maior parte deste contingente
concentrada na Região Nordeste (56%) c nas regiões metropolitanas. Medi-
das adotadas nos últimos anos buscam o ajustamento à concorrência por meio
da compressão de salários, deixando de promover a redistribuição de renda
pela via salarial c exigindo a incorporação de crianças e jovens, na faixa es-
colar, ao mercado de trabalho.
A iniquidade na oferta de oportunidades sociais, associada à elevada
concentração de renda e patrimônio, inibe o exercício da participação e faz
emergir vários tipos de cidadania. Além de existir nas cidades enorme contin-
gente de cidadãos com escassa vivência de direitos políticos básicos, as insti-
tuições canalizadoras da participação rearticulam-se com lentidão para con-
duzir a novas possibilidades de um jogo político pluralista.
Tal situação favoreceu formas clientelistas de condução do sistema
político e da administração pública, o que limitou ainda mais a consolidação
de instituições e padrões de conduta efetivamente democráticos. Isto ocorreu
apesar de significativos avanços ainda que pouco orgânicos na intensi-
dade e extensão da participação sócio-política.
A acentuação das desigualdades reflete-se também nas condições de
acesso à escola e de extensão da escolaridade. Nas famílias de renda inferior,
residentes em zonas rurais ou cm núcleos urbanos de pobreza, é maior a difi-
culdade cm vencer as séries iniciais do ensino de primeiro grau. A redução
dos gastos públicos, por seu lado, aumenta a heterogeneidade dos padrões de
oferta escolar, levando à acumulação da repetência e a maiores dificuldades
para concluir, com bom aproveitamento, o ensino fundamental.
Para que o País volte a se desenvolver, impõe-se um profundo ajus-
tamento econômico e financeiro, que torne possível novo modo de inserção
na ordem econômica internacional. Para tanto, serão necessárias profundas
transformações estruturais, desconcentração espacial da economia c uma vi-
gorosa redistribuição de renda e de riqueza. Tal processo gerará mudanças na
composição e dinâmica das estruturas de emprego e das formas de organiza-
ção da produção, o que requer alterações correspondentes nas estruturas e
modalidades de aquisição e desenvolvimento das competências humanas. Se-
o necessários novos critérios de planejamento educativo c de relações entre
escola e sociedade, capazes de gerar oportunidades educacionais mais amplas
c diferenciadas para os vários segmentos da população.
Também no plano político, em que importantes mudanças já se evi-
denciam, fazem-se novas exigências à educação. Valores e padrões de condu-
ta requeridos para o aperfeiçoamento democrático desafiam o formalismo e
alienação dos programas escolares, exigindo processos c modos de relaciona-
mento capazes de formar o cidadão para o pluralismo, para o senso de tole-
rância. de solidariedade e de solução pacífica de conflitos. Trata-seo só de
educação para a democracia, mas também do estabelecimento de ambiente de
relações educativas democráticas, voltadas para a participação societária,
para o engajamento nas distintas estruturas de representação e para o exercí-
cio dos direitos de cidadania.
A descentralização e a autonomia, no contexto da democratização da
sociedade, levam a uma reorganização dos espaços de atuação e das atribui-
ções das diferentes instâncias de governo e da sociedade organizada na edu-
cação com novos processos e instrumentos de participação, de parceria e de
controle.
As relações mais abertas e transparentes cm uma sociedade mais de-
mocráticam permitido que a diversidade étnica e cultural do País se mani-
feste, apresentando exigências educacionais específicas para grupos e setores
que aindao conquistaram o devido espaço no campo educacional.
B - Desempenho do Sistema Educativo
A despeito da notável expansão quantitativa do sistema educacional,
faz-se necessário adaptá-lo às exigências de um estilo de desenvolvimento
economicamente eficiente c socialmente democrático, justo e equitativo.
Apenas um terço das crianças entre quatro e seis anos de idade rece-
bem atenção educativa de boa qualidade. A distribuição social desse serviço
é desigual: nas famílias de renda mais baixa, a oferta atende apenas a 18% da
população dessa faixa etária; nas famílias com renda mensal per capita supe-
rior a dois salários mínimos, este percentual se eleva a mais de 60%.
Na faixa etária dos sete a 14 anos, cerca de 3,5 milhões de crianças
ainda permanecem sem oportunidades de acesso ao ensino fundamental.
Apenas dois quintos concluem as quatro séries iniciais, e menos de um quar-
to as concluem sem repetência. Os efeitos acumulados dessa baixa produtivi-
dade se expressam na reduzida escolaridade média da população c no grande
contingente de adolescentes e adultos subescolarizados que encontram difi-
culdades de incorporação social e econômica. As estatísticas mostram que,
dos 17,5 milhões de analfabetos formais com idade superior a 15 anos, ape-
nas 4,1 milhões encontram-se no grupo economicamente mais ativo. Neste
grupo é mais preocupante a incidência de subescolarização: 18,8 milhões
o chegaram a completar quatro anos de escola.
Alguns pontos críticos merecem ser destacados como focos de aten-
ção para a formulação de estratégias de desenvolvimento da educação básica
para todos.
1 - Qualidade e heterogeneidade da oferta
É elevada a heterogeneidade das condições de oferta,entre as várias
regiões e dentro das regiões, entre as redes estadual c municipal e entre as es-
colas urbanas e rurais. Uma parte considerável dos estudantes, especialmente
na zona rural, é atendida em escolas queo oferecem as oito séries do pri-
meiro grau. Cerca de 4,6 milhões de alunos estudam em escolas que funcio-
nam com três c quatro turnos, em jornadas escolares reduzidas, recebendo,
portanto, insuficiente atenção pedagógica.
Há cerca de 180 mil escolas queo contam com os equipamentos e
materiais mínimos para efetivação do ensino; essas escolas atendem apenas a
25% do total de alunos e situam-se, cm sua maioria, na zona rural. Dotá-las
desses meios e mesmo supri-las de recursos de educação a distância constitui
desafio inadiável a ser enfrentado por todas as instâncias de governo.
Nas 50 mil escolas com mais de quatro salas de aula c seriação com-
pleta, que atendem a mais de três quartos dos alunos, a precariedade dos
meios é menos aguda., no entanto, problemas de conservação dos prédios
e de qualidade das instalações c dos meios instrucionais. Faltam-lhes, contu-
do, tecnologias complementares e potencializadoras que, com poucos custos,
aumentariam o rendimento e qualidade do ensino.
2 - Efetividade e relevância do ensino
Os insatisfatórios resultados dos processos de ensino fundamental se
devem, em parte, a estas deficiências. Mas lambem a graves problemas de or-
em pedagógica. Várias pesquisas permitem conhecer alguns aspectos destes
problemas c as recentes experiências brasileiras cm avaliação externa, embo-
ra ainda incipientes, já permitem identificar de modo mais preciso seus focos
mais críticos.
Em primeiro lugar, mostram que práticas deficientes de avaliação,
adotadas pelas escolas, conduzem a maiores proporções de reprovação do
que seria de se esperar, cm face dos níveis de aprendizagem demonstrados
pelos alunos nas aferições externas já realizadas.
Permitem verificar, em segundo lugar, que há enorme variabilidade
nos objetivos de aprendizagem propostos e efetivamente buscados pelas es-
colas. Ao mesmo tempo em que reflete a baixa eficiência da gestão pedagógi-
ca das escolas, esta heterogeneidade influi decisivamente sobre as desi-
gualdades sociais de oportunidades educativas.
Em seguida demonstram que a aquisição de competências comunica-
tivas c dificultada pelo formalismo no ensino de Português, refletido nos mo-
destos resultados obtidos cm redação cm face dos alcançados nas questões
formais. Do mesmo modo, o desenvolvimento de competências intelectivas é
insuficiente, como se evidencia das médias declinantes nos testes de Matemá-
tica c no inferior desempenho cm Ciências.
Com efeito, as escolas geralmente operam com pouca ou nenhuma
definição de seus objetivos de aprendizagem c precários métodos de constru-
ção curricular, c os professores enfrentam grandes dificuldades para forniu-
lar estratégias eficazes de ensino em virtude das insuficientes condições
de formação inicial e contínua e da falta de apoio pedagógico e de melhores
meios didáticos . Com o que se acentua o alheamento da cultura vivida pela
escola cm relação às reais condições sociais e às experiências cognitivas e
existenciais concretas de seus alunos; e a incongruência entre o que ensina e
as efetivas necessidades educativas destes, especialmente daqueles mais po-
bres c com maiores dificuldades de inserção sócio-cultural.
Além disso, eles próprios revelam que mal conseguem ministrar, a
cada ano, três quartos dos programas propostos; e, com frequência, se verifi-
ca mesmo dentre aqueles professores com titulação mais elevada que
muitos demonstram ter pouco domínio de partes importantes das disciplinas
que lecionam.
De tudo isso resulta serem reduzidos e, pior, socialmente muito dife-
renciados, os níveis de desempenho alcançados pelos alunos nas matérias-
sicas. Como estasm sendo mal planejadas, a escolao consegue atender
às necessidades básicas de aprendizagem dos alunos, limitando-Ihes o desen-
volvimento das competências cognitivas e comprometendo, em virtude da
fragilidade dos padrões de relacionamento pedagógico, a aquisição de com-
petências sociais. Desse modo, a persistirem estes padrões de qualidade, au-
mentarão as já severas dificuldades de inserção social e econômica numa so-
ciedade complexa e que, a cada dia, se torna mais exigente dessas competên-
cias.
3 - Magistério: formação e gestão
Embora venha crescendo o número de professores habilitados para o
ensino, verifica-se ainda um comprometimento da qualidade de seu desempe-
nho cm decorrência tanto do esgotamento dos sistemas de formação inicial e
da escassez de formação continuada dos educadores, quanto da precariedade
das práticas de seleção, de admissão e de lotação e, fundamentalmente, da
política salarial e de carreira.
O salário médio dos professores de primeiro grauo atinge US$
200 mensais. Apresenta, no entanto, grandes variações entre regiões e siste-
mas de ensino. Esses padrões de remuneração tornam pouco atraente a carrei-
ra, pois são, em geral, inferiores aos de outros segmentos profissionais que
apresentam média de escolaridade inferior à dos professores.
A escolaridade média do professor de primeiro grau, especialmente
nas regiões mais pobres, é inferior ao segundo grau completo. Há carência
de professores habilitados para o ensino das disciplinas das arcas de Ciências
Exatas c da Natureza; no entanto, sobram vagas nos cursos superiores de li-
cenciatura dessas áreas.
Tem-se verificado, nos últimos anos, a ineficácia dos critérios e-
todos de política de relações de trabalho, tanto da parte da administração
quanto dos sindicatos, o que deixa sem solução os conflitos e estimula o
clientelismo, o corporativismo e o grevismo. E precário o engajamento cm
objetivos eo baixas as expectativas quanto ao sucesso dos alunos por parte
significativa dos professores.
4 - Livro didático
O livro didático constitui um dos principais insumos da instituição
escolar. Os aspectos referentes à sua política, economia, gerência e pedagogia
o indissociáveis das demais características da questão educacional brasilei-
ra. Embora existam no mercado editorial livros de inegável qualidade, o País
aindao conseguiu formular uma política consistente para o livro didático
que enfatize o aspecto qualitativo. O princípio da livre escolha pelo professor
esbarra em sua insuficente habilitação para avaliar e selecionar.
A eficiência dos programas é comprometida pelo processo de aquisi-
ção, o que tem impedido que o livro esteja disponível na escola no início do
ano escolar.
Uma nova política do livro começa a ser formulada, a partir da defi-
nição de padrões básicos de aprendizagem que devem ser alcançados na edu-
cação fundamental. Além dos aspectos físicos do livro, passarão a ser assegu-
radas a qualidade do seu conteúdo (fundamentação psicopedagógica, atuali-
dade da informação cm face do avanço do conhecimento na área, adequação
ao destinatário, elementos ideológicos implícitos e explícitos) e sua capacida-
de de ajustamento a diferentes estratégias de ensino adotadas pelos professo-
res.
5 - Apoio ao educando
A precária situação econômica cm que se encontra parcela significa-
tiva da população escolar brasileira e as dificuldades de deslocamento das
crianças para as escolas, face aos fluxos migratórios e à ausência de um ade-
quado planejamento da rede escolarm se colocado como fatores que difi-
cultam o funcionamento das escolas, exigindo do poder público medidas para
garantir aos alunos condições de bem-estar que contribuam para sua perma-
nência na escola e melhor desempenho escolar.
Ações sob a coordenação da Fundação de Assistência ao Estudante
procuram amenizar parte destes problemas ao prover alimentação escolar, al-
guns cuidados básicos de saúde e transporte escolar.
A dimensão nacional desses programas apresentam, no entanto, difi-
culdades operacionais, cuja solução está sendo buscada na sua descentraliza-
ção para as administrações estaduais e municipais.
6 - Financiamento
O longo período de recessão e de instabilidade econômica trouxe
como consequência reduções nas receitas fiscais c, consequentemente, nos
gastos públicos com a educação. Este quadro agravou-se em virtude da con-
juntura política e econômica mundial, ao reduzir a participação de países,
como o Brasil, nos fluxos internacionais de comércio e de capitais e ao dre-
nar, em decorrência, recursos essenciais à sustentação de programas sociais
de vital importância para a retomada de seu desenvolvimento. Este fato, alia-
do ao não-cumprimento da aplicação dos percentuais previstos para o ensino
fundamental, coloca esse nível de ensino como o mais afetado por esse con-
texto.
Além deste aspecto, a ausência de critérios claramente estabelecidos
c de controles efetivos na alocação e distribuição dos recursosm permitido
a persistêmcia do clientelismo c do favoritismo, contribuindo para as desi-
gualdades de oferta.
A centralização existente na gestão dos sistemas de ensino tem leva-
do a que grande parte dos recursos destinados à educação acabem por finan-
ciar as macrocstruluras, chegando poucos recursos às escolas.
7 - Integração vertical dos sistemas de ensino
A prática centralizadora de gestão, bem como a ausência de políticas
c diretrizes claramente definidasm dificultado a integração das instituições
educativas de vários graus dentro do próprio setor público. Ressalta-se nesse
particular a precária integração das universidades, faculdades de educação e
institutos de educação com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educa
ção e a própria Secretaria de Educação Fundamental do MEC.
Há muitos estudos e pesquisas sobre os problemas de formação do
magistério, um dos gargalos do sistema de ensino fundamental, e sobre alter-
nativas para superá-los. No entanto, poucaso as ações efetivas para equa-
cionar a questão de sua formação. O consenso sobre os problemaso tem
sido suficiente para solucioná-los.
8 - Continuidade e sustentação das políticas educacionais e da
gestão dos sistemas e das unidades escolares
Inúmeros projetos educacionais foram iniciados e jamais concluídos.
m parte, isto decorre direta ou indiretamente da instabilidade política e eco-
nômica que tem afetado o País nas últimas décadas, mas, também, de concep-
ções equivocadas de reformas educacionais e da elaboração de projetos sem
consistência operacional. Permeia o cenário o problema da gestão educacio-
nal, ora localizado na concepção dos sistemas de ensino, ora na ausência de
competências gerenciais específicas dos principais atores.
Nos diversos níveis de governo, é elevada a rotatividade de dirigen-
tes, o que gera contínuas interrupções de políticas e de projetos educacionais.
Os sistemas educacionais aindao consolidaram mecanismos próprios de
sustentação. Essa fragilidade estrutural tem atingido a credibilidade pública
do setor, e sua recuperação exigirá esforços redobrados.
As reformas educacionais das últimas décadaso levaram em conta
a diversidade cultural e econômica, a dimensão federalista do País nem as
iniciativas locais c regionais de solução dos problemas. A experiência centra-
lizadora tem distanciado a escola da comunidade, uma vez que os mecanis-
mos de controle se situam em uma instância distante, incapaz de operá-los
com consequência.
O sistema educacional tem-se caracterizado por elevado coeficiente
de inércia que constrange a disposição para melhorar, agir cooperativamente,
adotar inovações e incorporar avanços cognitivos e tecnológicos nos proces-
sos de ensino e de gestão escolar.
A falta de consistência, de continuidade, de integração estratégica e
de focalização das ações de direção e de administração dos sistemas leva a
uma ineficiente orientação das equipes responsáveis pelas unidades escolares.
Os problemas de gestão estão presentes nos vários níveis decisórios do siste-
ma educacional.
A centralização burocrática nas três instâncias de governo federal,
estadual c municipal impediu o surgimento de uma escola com identidade
c compromisso público de desempenho. Em decorrência, a instituição escolar
caracterizou-se pela falta de autonomia didática e financeira e pela ausência
de participação da comunidade. Esses fatores constituem obstáculo para a
construção e a execução de um projeto pedagógico elaborado a partir das ne-
cessidades básicas de aprendizagem de seus alunos.
II
OBSTÁCULOS A
ENFRENTAR
o muitos os obstáculos e desafios a serem enfrentados na educação
fundamental. Embora a consciência social de sua importância venha se am-
pliando de modo significativo, a educação básicao adquiriu, ainda, o status
de questão nacional premente e de item prioritário da agenda política, seja
dos poderes públicos, seja das elites, das famílias e dos vários segmentos so-
ciais. Somam-se a isso os obstáculos próprios do sistema educacional brasi-
leiro, cujas características de desempenho e de insucesso escolar
comprometem os avanços obtidos nas últimas décadas nos níveis de atendi-
mento educativo da população:
» baixa produtividade do sistema, evidenciada pelas perdas obser-
vadas, por repetência e evasão, em sucessivas gerações escola-
res. Embora condições sócio-econômicas adversas predisponham
ao insucesso escolar, ele é devido, em grande parte, à incapacida-
de da escola em atender à heterogeneidade dos alunos. Desenvol-
ve-se uma "cultura da repetência" que leva à perda da
auto-estima e ao abandono precoce da vida escolar;
» nível insatisfatório de qualidade do ensino, expresso cm modes-
tos índices de desempenho escolar, decorrente de insuficientes
condições infra-estruturais e pedagógicas para a realização do
processo de ensino;
» práticas de avaliação do desempenho escolar inadequadas, inca-
pazes de proporcionar uma visão globalizada das dificuldades e
dos progressos do aluno e de subsidiar corretas c oportunas revi-
sões dos planos de ensino.o incipientes as avaliações externas
para aferir o desempenho das escolas e do sistema;
» pouca criatividade do sistema para atender a grupos em situações
específicas, como jovens engajados na força de trabalho, defi-
cientes, minorias, grupos em situação de extrema pobreza, o que
dificulta o provimento de ensino de qualidade para atender a suas
especificidades;
» ausência de metodologias e processos adequados para se traba-
lhar com grupos em situações de risco, principalmente os margi-
nalizados social c economicamente;
» inexistência de política e de comprometimento mais amplo com
as questões do magistério. Embora o nível de titulação dos pro-
fessores tenha aumentado nos últimos anos, persistem problemas
de desempenho. Há necessidade de aperfeiçoar o sistema de for-
mação e capacitação, de se estabelecer justa remuneração, bem
como de melhorar as condições de trabalho e de profissionaliza-
ção dos docentes;
» omissão da política educacional em relação ao desenvolvimento
das competências cognitivas e sociais de jovens e adultos e na
definição dos segmentos a serem prioritariamente atendidos;
» desigualdade e heterogeneidade da oferta de ensino entre redes,
regiões, localidades e escolas, configurando um quadro de ini-
quidades nas oportunidades de aprendizagem;
» dispersão e ineficiência na alocação e na gestão de recursos des-
tinados a investimentos para desenvolver o sistema c para operar
e manter as unidades escolares c insuficientes controles sociais
sobre a sua efetividade e pertinência;
» enfraquecimento da escola como instituição-chave no processo
ensino-aprendizagem, uma vez que as decisões que afeiam o seu
dia-a-diao tomadas por instâncias bem distantes da prática es-
colar. Embora se tenha avançado na compreensão da necessidade
de descentralizar até o âmbito da escola, e terem ocorrido várias
experiências de fortalecimento da autonomia escolar, resistências
deverão ser enfrentadas;
» inapropriados dispositivos de articulação entre os diversos níveis
e modalidades educativas, dificultando a acumulação de expe-
riências de desenvolvimento e aprendizagem, a continuidade
desses processos ao longo da vida e a adoção de metodologias e
procedimentos de ensino que atendam a carências educativas es-
pecíficas, notadamente daquelas pessoas em situação de risco so-
cial ou sujeitas à discriminação de qualquer ordem;
» descontinuidade das políticas educacionais associada a inde-
vidas interferências clientelísticas e a insuficientes graus de insti-
tucionalização e à centralização de decisões nos setores da
burocracia, cm prejuízo da escola;
» desarticulação entre os níveis de governo, particularmente dos
Estados com os Municípios, responsáveis constitucionalmente
pelo desenvolvimento c manutenção do ensino fundamental e en-
tre as próprias agências governamentais federais e/ou estaduais;
» pouca integração dos recursos de conhecimentos e de competên-
cias das universidades aos esforços de melhoria das condições de
desenvolvimento dos sistemas de ensino e dos recursos humanos
que estes demandam;
» baixa sustentação social de projetos pedagogicamente inovadores
e de métodos mais eficientes de administração educacional.
Em síntese, o sistema educacional vem mostrando incapacidade de
associar o acesso, a permanência com qualidade c equidade para uma cliente-
la afetada por profundas desigualdades sociais. A Região Nordeste, as zonas
rurais, as populações de baixa renda e a clientela que ingressa precocemente
na força de trabalho devem ser foco prioritário das ações. Da mesma fornia,
os indígenas devem receber atenção diferenciada, levando-se em conta os as-
pectos linguísticos e culturais, além dos métodos de aprendizagem próprios
de suas comunidades. Como também os portadores de necessidades especiais
de educação, cujo contingente é ainda expressivo no Brasil.
III
ESTRATÉGIAS PARA A
UNIVERSALIZAÇÃO DO
ENSINO FUNDAMENTAL E
ERRADICAÇÃO DO
ANALFABETISMO
A - Objetivos Gerais de Desenvolvimento da Educação
Básica
Em resposta às determinações constitucionais e legais, às legítimas
demandas sociais ao sistema educativo, ao Compromisso Nacional firmado
na Semana Nacional de Educação para Todos, e às Recomendações e Acor-
dos assumidos no âmbito internacional, estabelecem-se os seguintes objeti-
vos:
1 - Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem das
crianças, jovens e adultos, provendo-lhes as competências
fundamentais requeridas para plena participação na vida
econômica, social, política e cultural do País, especialmente
as necessidades do mundo do trabalho:
a) definindo padrões de aprendizagem a serem alcançados nos
vários ciclos, etapas e/ou séries da educação básica e garan-
tindo oportunidades a lodos de aquisição de conteúdos c com-
petências básicas:
» no domínio cognitivo: incluindo habilidades de
comunicação e expressão oral e escrita, de cálculo e
raciocínio lógico, estimulando a criatividade, a capacidade
decisória, habilidade na' identificação e solução de
problemas e, em especial, de saber como aprender;
» no domínio da sociabilidade: pelo desenvolvimento de
atitudes responsáveis, de autodeterminação, de senso de
respeito ao próximo e de domínio ético nas relações
interpessoais e grupais;
b) estabelecendo, em nível apropriado, os objetivos e metas de
desempenho dos respectivos planos curriculares, correspon-
dentes aos objetivos sócio-culturais, antes mencionados, e
que deverão ser alcançados pelas unidades escolares;
c) adequando, no plano normativo e curricular, as articulações
entre o ensino fundamental e médio e entre modalidades es-
colares e extra-escolares de educação;
d) revisando e atualizando as concepções e normas de organiza-
ção e estruturação do ensino médio de modo a constituí-lo
como continuidade do processo de educação básica e apro-
fundamento da aquisição de competências cognitivas e so-
ciais, e integradamente às várias modalidades de educação no
e para o trabalho;
e) melhorando a qualidade do livro didático e o desempenho e
formação dos docentes.
2 - Universalizar, com equidade, as oportunidades de alcançar e
manter níveis apropriados de aprendizagem e desenvolvi-
mento:
a) assegurando a todas as unidades de ensino padrões básicos de
provisão de ambiente físico, de recursos e tecnologias instru-
cionais, de competências pedagógicas e de gestão, para o de-
senvolvimento de processos de ensino de boa qualidade;
b) reduzindo os diferenciais de progressão escolar e de desem-
penho cognitivo e social entre regiões, locais de domicílio e
grupos sociais em situações específicas;
c) oferecendo a estudantes de dez a 14 anos, em risco de deser-
ção escolar, oportunidades apropriadas para mantê-los no sis-
tema até à conclusão da educação fundamental, com eficaz
educação no e para o trabalho;
d) oferecendo ao trabalhador oportunidades educacionais no
próprio local de trabalho, ou próximo a ele, de preferência an-
tes da jornada de trabalho;
e) implementando estratégias de ensino para atender às necessi-
dades específicas de aprendizagem de cada aluno, asseguran-
do a todos uma educação de qualidade que respeite e
promova a construção da identidade da criança e do adoles-
cente;
f) diferenciando modalidades, métodos e estratégias educativas
apropriadas às necessidades de aprendizagem de indígenas,
crianças de áreas rurais pobres e de expansão de fronteiras,
bem como de trabalhadores de setores informais;
g) ampliando a jornada escolar e o ano letivo.
3 - Ampliar os meios e o alcance da educação básica:
a) situando a escola como espaço privilegiado e autônomo de
gestão c desenvolvimento da aprendizagem e da formação do
cidadão, incentivando-lhe a criatividade, a capacidade de ino-
vação e de ajustamento cultural ao seu entorno social;
b) proporcionando atenção integral à criança e ao adolescente,
especialmente nas áreas de concentração de pobreza e fortale-
cendo as redes de educação infantil;
c) enriquecendo o acervo de recursos e tecnologias de apoio à
escola c aos professores e dirigentes;
d) provendo modalidades diversificadas de educação continuada
a jovens e adultos subescolarizados, incluindo capacitação-
cio-profissional, educação para a saúde e nutrição, o fortale-
cimento familiar e a integração ambiental;
e) disseminando meios de informação, comunicação c ação so-
cial, cm apoio às redes escolares locais, incluindo, entre ou-
tros, programas de educação aberta e a distância, centros de
difusão cultural, bibliotecas, núcleos de multimeios e espa-
ços de ação comunitária.
4 - Favorecer um ambiente adequado à aprendizagem:
a) adequando e articulando equipamentos sociais existentes para
desenvolvimento de estratégias de atenção integral à criança
e ao adolescente;
b) consolidando a apropriação dos espaços sócio-culturais e os
recursos das unidades de serviço do Programa Nacional de
Atenção Integral à Criança e ao Adolescente pelas comunida-
des locais e organizações da sociedade civil, a fim de concre-
tizar ações relativas à pedagogia da atenção integral;
c) estimulando experiências de organização escolar que am-
pliem a jornada escolar e o acesso a meios e processos de en-
ríquecimento curricular, e que se destinem prioritariamente a
crianças carentes;
d) incentivando e apoiando experiências alternativas de integra-
o de serviços de apoio ao educando, visando a integrá-las
ao Sistema Nacional de Atenção Integral previsto na Lei n°
8.642/93;
e) incrementando a participação da família e da comunidade no
processo educativo.
5 - Fortalecer os espaços institucionais de acordos, parcerias e
compromisso:
a) consolidando as parcerias entre o Ministério, as Secretarias
de Educação Estaduais e Municipais, para sistematizar e ra-
cionalizar os esforços e recursos para a educação fundamen-
tal;
b) articulando a ação das universidades, dos Conselhos de Edu-
cação c de outras organizações governamentais e não-gover-
namentais, dos políticos, dos empresários, trabalhadores e
outros segmentos sociais, no sentido de alcançar os objetivos
do Plano;
c) articulando a ação das universidades, Secretarias Estaduais e
Municipais de Educação no sentido de rever os cursos de for-
mação do magistério, de definir mecanismos de aperfeiçoa-
mento em serviço c de identificar formas de acesso ao ensino
superior aos professores no exercício do magistério sem esse
nível de formação;
d) fortalecendo a gestão democrática da escola mediante a cons-
tituição e aperfeiçoamento de colegiados de pais e membros
da comunidade escolar que participem ativamente da defini-
ção dos objetivos de ensino c da avaliação de seus resultados.
6 - Incrementar os recursos financeiros para manutenção e
para investimentos na qualidade da educação básica, confe-
rindo maior eficiência e equidade em sua distribuição e apli-
cação:
a) reestruturando o atual quadro de distribuição, entre níveis de
governo, dos recursos fiscais c dos encargos de expansão c
desenvolvimento e de manutenção e operação, para reduzir os
efeitos dos diferenciais de capacidade fiscal, institucional e
administrativa;
b) criando fundos e mecanismoso convencionais de financia-
mento a programas e projetos inovadores em qualidade edu-
cacional e de equalização social de oportunidades,
especialmente nas grandes concentrações demográficas de
pobreza (regiões metropolitanas, cidades de médio porte e
áreas rurais críticas);
c) incrementando, em função das disparidades definidas, os gas-
tos públicos acima dos níveis mínimos constitucionalmente
determinados e ampliando mecanismos que assegurem am-
plo controle social de sua aplicação;
d) definindo instrumentos para controle dos gastos públicos cm
educação de forma a evitar que os recursos que, legal e cons-
titucionalmente,o destinados a essa área sejam aplicados
cm outros programas. Para tanto, deve-se recorrer a todas as
instituições que podem contribuir nesse processo, inclusive as
universidades.
7 - Estabelecer canais mais amplos e qualificados de cooperação
e intercâmbio educacional e cultural de caráter bilateral,
multilateral e internacional:
a) ampliando a aquisição, transferencia e adaptação de conheci-
mentos, informações e experiências institucionais;
b) expandindo e redirecionando os programas de formação e ca-
pacitação, inclusive no exterior, de recursos humanos para a
educação básica;
c) intensificando os mecanismos de interação e cooperação edu-
cacional e cultural com países latino-americanos;
d) estreitando a cooperação com organismos internacionais, de
forma a viabilizar um intercâmbio permanente sobre os avan-
ços e tendências da política de educação básica.
B - Metas Globais
As metas a serem alcançadas nos próximos dez anos, ou cm períodos
intermediários, deverão atender aos seguintes escopos mínimos:
» incrementar, em cerca de 50%, os aluais níveis de aprendizagem
nas matérias do núcleo comum, tomando como referência os no-
vos padrões de conteúdos mínimos nacionais e de competências
básicas a serem nacionalmente determinadas com a participação
dos sistemas de ensino;
» elevar a, no mínimo, 94% a cobertura da população em idade es-
colar;
» assegurar a melhoria do fluxo escolar, reduzindo as repetências,
sobretudo na 1
a
e 5
8
séries, de modo a que 80% das gerações es-
colares, no final do período, possam concluir a escola fundamen-
tal com bom aproveitamento, cumprindo uma trajetória escolar
regular;
» criar oportunidades de educação infantil para cerca de 3,2 mi-
lhões de crianças do segmento social mais pobre;
» proporcionar atenção integral a crianças e adolescentes, sendo
que 1,2 milhão através do Programa Nacional de Atenção Inte-
gral à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), em áreas urbanas
periféricas;
» ampliar o atendimento de jovens e adultos de modo a oferecer
oportunidades de educação básica equivalente ao ensino funda-
mental para 3,7 milhões de analfabetos e 4,6 milhões de subesco-
larizados;
» ampliar progressivamente a participação percentual do gasto-
blico em educação no PIB brasileiro, de modo a atingir o índice
de 5,5%;
» implantar novos esquemas de gestão nas escolas públicas, conce-
dendo-lhes autonomia financeira, administrativa e pedagógica;
» promover a revisão crítica dos cursos de licenciatura e da escola
normal de forma a assegurar às instituições formadoras um novo
padrão de qualidade, compatível com os requerimentos atuais da
política de educação para todos;
» dotar todas as escolas de ensino-fundamental, urbanas e rurais,
estaduais e municipais, de condições básicas de funcionamento;
» aumentar progressivamente a remuneração do magistério públi-
co, através de plano de carreira que assegure seu compromisso
com a produtividade do sistema, ganhos reais de salários e a re-
cuperação de sua dignidade profissional e do reconhecimento-
blico de sua função social;
» descentralizar progressivamente os programas de livro didático e
de merenda escolar.
C - Linhas de Ação Estratégica
O alcance dos objetivos e metas propostos requer o desenvolvimento
de duas linhas de atuação, a partir das quais podem ser geradas condições de
reversão do quadro educacional.
A primeira diz respeito à atuação sobre a demanda, correspondendo
ao esforço empreendido, junto aos vários setores sociais, de elevar o reco-
nhecimento da importância política e estratégica da educação fundamental,
tanto na construção da ética c da cidadania, quanto na condução de um de-
senvolvimento sustentado, socialmente justo.
O desenvolvimento que se pode imprimir à educação básica depende
da importância que a Sociedade Civil e o Estado atribuam ao projeto educa-
cional do País. Torna-se, assim, necessária a criação de espaços para que to-
dos os movimentos organizados, associações de pais e ex-alunos, grupos em-
presariais e sindicatos possam contribuir e desempenhar um papel ativo na
melhoria da educação oferecida em todo o País.
Torna-se imperioso, ainda, que os poderes públicos Executivo,
Legislativo e Judiciário assegurem eficaz cumprimento dos mandatos
constitucionais e legais e dos compromissos assumidos para a implementação
do Plano Decenal de Educação.
Do mesmo modo, Configura-se como essencial um amplo e conscien-
te engajamento político dos profissionais de educação neste esforço, seja pela
efetiva inserção de suas representações nos processos decisórios e de controle
e avaliação do desempenho do sistema, seja pelo estabelecimento de acordos
para sua valorização social e profissional.
A mobilização social em torno da qualidade e equidade da educação
básica exige, ainda, participação organizada dos meios de comunicação de
massa, na difusão dos debates públicos sobre o tema e na criação de clima fa-
vorável às mudanças educacionais que o País requer.
A segunda linha corresponde à atuação sobre a oferta. Seu eixo nor-
teador é o reordenamento do binômio QUALIDADE E EQUIDADE, visando
a atingir novos padrões educacionais compatíveis com o direito social de sa-
tisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Nesta dimensão, constitui
prioridade consensual o atendimento à população em idade escolar, na educa-
ção fundamental, lendo cm vista a necessidade de concentrar energias, meios
e recursos na melhoria do ensino, propiciando escolaridade básica completa
para eliminar o analfabetismo e a subescolarização dos jovens e adultos.
Para tanto, serão enfatizadas as seguintes ações:
1 - Estabelecimento de padrões básicos para a rede pública
Todas as escolas deverão ter garantidas as condições básicas de ofer-
ta, a serem definidas e pactuadas pelos diversos níveis de governo, para asse-
gurar ambiente apropriado ao desenvolvimento do processo de ensino.
2 - Fixação dos conteúdos mínimos determinados pela Consti-
tuição
O MEC, com o concurso das representações educacionais c da socie-
dade, deverá propor e especificar os conteúdos nacionais capazes de pautar a
quantidade de educação socialmente útil e de caráter universal a ser oferecida
a todas as crianças, consideradas suas diferenças. Complementações curricu-
lares serão propostas cm cada sistema de ensino e escolas, respeitando a plu-
ralidade cultural e as diversidades locais. Igualmente pesquisas serão desen-
volvidas para fundamentar avanços no âmbito das competências sociais, vi-
sando a enriquecer o processo curricular da escola.
3 - Profissionalização e reconhecimento público do magistério
A fixação c implementação de política de longo alcance para o ma-
gistério é condição precípua para que se atinja os objetivos de elevação dos
padrões de qualidade educacional. Sendo uma questão complexa, sua elabo-
ração deverá ser objeto de agenda especial de acordos e compromissos de co-
responsabilidade, entre as administrações educacionais, econômico-financei-
ras e de relações de trabalho dos três níveis de governo (União, Estados c
Municípios), com o envolvimento de instituições formadoras, sindicatos, as-
sociações profissionais e demais segmentos sociais interessados.
Paralelamente, devem ser intensificadas as ações voltadas para a
reestruturação dos processos de formação inicial e continuada, abrangendo a
revisão dos currículos dos cursos médios e superiores do magistério e dos
programas de capacitação dos profissionais cm exercício. Esse processo deve
se estender a todas as categorias, destacando-se, inclusive, a dos dirigentes
escolares, agentes importantes na melhoria da gestão do ensino.
Devem ser aduladas medidas legislativas e administrativas para tor-
nar realidade o dispositivo constitucional que determina a valorização dos
profissionais da educação. Planos de carreira capazes de promover a efetiva
profissionalização do magistério, com base cm referencial comum de padrões
de remuneração e qualificação devem ser assegurados.
4 - Desenvolvimento de novos padrões de gestão educacional
O sucesso do Plano Decenal pressupõe o reordenamento da gestão
educacional, conferindo à escola a importância estratégica que lhe é devida
como espaço legítimo das ações educativas c como agente de prestação de
serviços educacionais de boa qualidade. Fortalecer a sua gestão e ampliar sua
autonomia constituem, portanto, direção prioritária da política educacional.
Ao mesmo tempo, faz-se necessária uma ampla redefinição das fun-
ções, competências e responsabilidades de cada nível da administração edu-
cacional, buscando descentralizar e integrar suas ações e possibilitar gestão
articulada dos programas de educação fundamental.
A União, através do MEC, desempenhará papéis de coordenar c arti-
cular a formulação c avaliação das políticas nacionais, a indução de inova-
ções e o apoio técnico e financeiro aos sistemas de ensino para corrigir dife-
renças e garantir a prevalência do princípio da equidade no atendimento à es-
colaridade obrigatória.
Dentro do espírito federativo e de acordo com as responsabilidades
constitucionais, aos Estados e Municípios cumprirá explicitar seus respecti-
vos encargos e compromissos em Planos Estaduais e Municipais de Educa-
ção, conforme as especificidades e características regionais e locais.
Estados e Municípios, através de seus órgãos representativos (Conse-
lhos de Secretários de Educação e União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação), com o apoio c coordenação do Ministério da Educação e do
Desporto, definirão uma metodologia de atuação integrada, de forma a per-
mitir uma consistente integração da rede física e dos recursos, com vistas a
possibilitar a unificação de ofertas de vagas (chamada escolar) e do atendi-
mento escolar a todas as crianças.
Da mesma forma, cm nível da normatização das ações educacionais,
procurar-se-á definir com maior clareza o papel e a competência dos Conse-
lhos, com o objetivo de desburocratizar a função educativa c ampliar o papel'
da escola.
5 - Estímulo às inovações
As diferentes clientelas a serem atendidas trazem consigo necessida-
des de aprendizagem igualmente variadas, exigindo das escolas grande flexi-
bilidade c capacidade de adaptação cm seus planos de ensino c métodos de
gestão. Para incentivar estas qualidades da escola, experiências inovadoras
serão objeto de acompanhamento, avaliação, apoio e disseminação, tendo em
vista estimular seu efeito de demonstração para o desenvolvimento de estra-
tégias educativas aptas a suplantar as questões críticas do sistema, especial-
mente as que dizem respeito à "cultura da repetência", à avaliação da qualida-
de e à eficiência e democratização da gestão escolar. Atenção deve ser dada
ao resgate das experiências bem sucedidas, muitas vezes abandonadas em de-
corrência da descontinuidade administrativa.
6 - Eliminação das desigualdades educacionais
O princípio de equalização de oportunidades educacionais com quali-
dade requer especiais cuidados no planejamento e na administração de recur-
sos do sistema. Será preciso criar mecanismos de discriminação positiva en-
tre regiões, redes c escolas mais carentes, visando a compensar as diferenças
nas disponibilidades e programação de insumos e nos resultados de aprendi-
zagem. Assim, o MEC deverá dar continuidade às políticas, já em curso, de
aperfeiçoamento dos critérios de distribuição de recursos aos Estados e Mu-
nicípios, de implementação do Projeto Nordeste de Educação e do Programa
Nacional de Atenção Integral à Criança c ao Adolescente (PRONAICA),
bem como de estímulo aos programas de capacitação docente em áreas críti-
cas de baixo desempenho em aprendizagem.
7 - Melhoria do acesso e da permanência escolar
Do conjunto de esforços sobre a oferta de ensino, a permanência com
sucesso na escola talvez constitua o maior desafio a ser enfrentado neste final
de século, pois, além de elevar o nível de produtividade escolar, terá amplo
impacto sobre o acesso. O desenvolvimento de medidas de melhoria da quali-
dade da iniciação escolar (quatro series iniciais), associado a avanços resul-
tantes de programas curriculares inovadores, permitirá ganhos progressivos
no fluxo escolar.
Contribuirá para este resultado, também, o aperfeiçoamento dos pro-
cessos de avaliação escolar, estimulando o progresso do aluno c superando a
"cultura da repetência", que constitui um considerável obstáculo a ser venci-
do.
De outra parte, a implementação de programas de enriquecimento
curricular da 5
a
à 8
a
série, para atendimento aos alunos com atraso escolar,
poderá ser combinada com a educação para o trabalho, ajudando a evitar a
evasão precoce e aumentando a escolaridade média dos jovens.
Estas medidas, aliadas às anteriormente mencionadas (padrões de
qualidade, currículo, magistério, gestão), permitirão obter impactos positivos
sobre os níveis gerais de desempenho c rendimento. No entanto, esforços adi-
cionais deverão ser empreendidos para determinados segmentos da clientela
escolar (indígenas, crianças de áreas rurais pobres, meninos de rua, trabalha-
dores por conta própria, entre outros), mediante adoção de planos, métodos c
instrumentos apropriados à satisfação de suas necessidades específicas de
aprendizagem.
Destacam-se, neste caso, os que visem:
a) ao atendimento da educação infantil a crianças provenientes
de famílias em situação de pobreza, tendo em vista evidentes
impactos que isto exerce sobre as oportunidades posteriores
de educação fundamental. Em sua operacionalização será in-
dispensável a participação de entidades não-governamentais.
bem como aperfeiçoamentos na legislação que regula a parti-
cipação de empresas na assistência aos filhos de seus empre-
gados;
b) à atenção integral à criança e ao adolescente, em unidades do
PRONAICA e/ou cm associação com outras organizações
governamentais e não-governamentais;
c) à integração à escola de crianças e jovens portadores de defi-
ciência c, quando necessário,'o apoio a iniciativas de atendi-
mento educacional especializado;
d) à oferta de programas diferenciados de avanço escolar para
alunos já integrados ao mercado de trabalho, com regimes es-
peciais de frequência, alternância pedagógica, educação a dis-
tância, entre outros;
e) ao atendimento da criança indígena, com programa de ensino
bilíngue e pluricultural.
8 - Sistematização da educação continuada de jovens e adultos
Faz-se necessário estruturar e institucionalizar programas alternati-
vos de educação continuada, com o objetivo de reduzir o contingente atual de
analfabetos e elevar os níveis médios de escolaridade dos jovens e adultos su-
bescolarízados. Entretanto, eles deverão resultar de amplos acordos de articu-
lação entre as administrações estaduais e municipais de ensino, instituições
especializadas de formação profissional e organizações não-governamentais
aptas a operá-los em sistemas descentralizados, com elevada flexibilidade e
versatilidade. Nesses acordos é necessária a participação de associações
representativas das clientelas a serem atingidas, sobretudo as de trabalhado-
res e as patronais.
A variedade de contextos da clientela requer grande mobilidade de
meios de atendimento e constantes ajustamentos às disponibilidades de tem-
po e possibilidades dos educandos. Diante disso, a alternância entre atendi-
mento presencial cm tempo c locais determinados, especialmente nos de
trabalho ou próximo a ele e atendimento a distância deve ser largamente
adotada, com utilização intensa de programas de teleducação.
A variedade da clientela e de contexto requer também a disponibili-
dade de pessoal especialmente capacitado, principalmente alfabetizadores.
9 - Produção e disseminação do conhecimento educacional e das
informações em educação
Os sistemas de ensino serão mais efetivos c relevantes na medida cm
que melhor dominem os processos de desenvolvimento c de aprendizagem de
suas diferenciadas clientelas, os recursos técnicos c científicos com que po-
dem ser inovados e melhorados e as alternativas de constituição e gestão das
unidades educacionais. Para tanto, faz-se necessário integrar e coordenar as
políticas e mecanismos de estímulo e apoio à Pesquisa e Desenvolvimento
em Educação, enfatizando a produção de investigações e de estudos voltados
pam a natureza e dinâmica dos processos de aquisição de competências hu-
manas, para os métodos, técnicas, recursos didático-pedagógicos e estratégias
de ensino e para o desenvolvimento de métodos e processos de gestão e
lar. Bem assim, faz-se necessário ampliar a disponibilidade e a qualidade
das informações sobre o desenvolvimento dos sistemas educativos, permitin-
do melhor monitoramento e avaliação de sua distribuição social e espacial.
qualidade e eficiência.
Correspondentemente, cumpre fazer avançar os sistemas de dissemi-
nação destes conhecimentos e informações, de modo a torná-los francamente
acessíveis a todos os segmentos da sociedade e, em particular, aos professo-
res c demais agentes educativos atuantes nas bases dos sistemas. E oportuna e
agilmente disponíveis em todos os níveis e setores da administração educa-
cional.
10- Institucionalização dos Planos Estaduais e Municipais
Dentro do espírito federativo e de acordo com as responsabilidades
constitucionais, compele aos Estados c Municípios, articuladamente:
» implantar e implementar seus Planos Decenais de Educação e
seus desdobramentos, de acordo com as especificidades e carac-
terísticas regionais c locais, tendo como referência os objetivos,
metas e estratégias contidas no Plano;
» institucionalizar as políticas públicas de ensino com perspectivas
de médio c longo prazo, para superação da transitoriedade e des-
continuidade de gestão e articulação cooperativa dos outros seto-
res, de modo a tornar a Educação, de falo, a prioridade política
demandada pela sociedade ao Poder Público;
» engajar os mais amplos segmentos sociais na promoção, avalia-
ção e divulgação dos esforços de universalização e melhoria da
qualidade do ensino fundamental, instituindo comissões perma-
nentes de mobilização c acompanhamento do Plano Decenal de
Educação para Todos.
11 - Profissionalização da administração educacional
A melhoria dos níveis de qualidade do ensino requer a profissionali-
zação tanto das ações do Ministério da Educação e do Desporto e dos demais
níveis da administração educativa, como a ação nos estabelecimentos de ensi-
no. Esta profissionalização implica a definição de competências específicas e
a dotação de novas capacidades humanas, políticas e técnicas, tanto nos-
veis centrais, como nos descentralizados, tendo como objetivo o desenvolvi-
mento de uma gestão responsável. A profissionalização requer também a am-
pliação do leque de diferentes profissões envolvidas na gestão educacional,
com o objetivo de aumentara racionalidade c produtividade.
IV
MEDIDAS E
INSTRUMENTOS DE
IMPLEMENTAÇÃO
A - Consolidação de Alianças e Parcerias
Impõe-se como medida prioritária de implementação do Plano Dece-
nal a consolidação da aliança formada entre o MEC, o Conselho Nacional
dos Secretários de Educação (CONSED), a União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (UNDIME), o Conselho de Reitores das Universida-
des Brasileiras (CRUB) c o Fórum dos Presidentes de Conselhos Estaduais
de Educação.
A experiência obtida na formação dessa aliança, no seu processo de
trabalho c na formulação do Compromisso firmado na Semana Nacional de
Educação para Todos deve ser objeto de ação continuada visando à sua insti-
tucionalização. Sendo o Brasil uma República Federativa, esta parceria entre
os níveis de governo é condição imprescindível para a eficiente condução do
processo de implementação e a avaliação dos resultados do Plano. Encontra
respaldo constitucional no princípio de competências legais concorrentes da
União c das unidades da Federação c no mandato de integração entre Estados
e Municípios para provimento de serviços sociais.
Nestes mesmos moldes devem ser criados e institucionalizados, no
âmbito dos sistemas de ensino, mecanismos para a gestão colegiada do Plano,
envolvendoo apenas as representações governa mentais, mas também as da
sociedade civil. Em nível federal, o fortalecimento c ampliação do Comitê
Consultivo do Plano configura medida de repercussões positivas sobre a im-
plementação e sustentação política do Plano Decenal.
Como desdobramento dessa política, esforço haverá de ser feito por
todas as instâncias de governo no sentido de, colegiadamente, definir e espe-
cificar o papel de cada entidade representativa da sociedade civil c das enti-
dades governa mentais e não-governamentais. Esta definição ensejará maior
clareza e poderá potencializar inúmeras oportunidades existentes, institucio-
nalizadas ou não.
No âmbito das unidades federadas, as alianças e parcerias deverão
resultar cm melhor compartilhamento de encargos e responsabilidades dos
processos estaduais c municipais na manutenção c desenvolvimento dos sis-
temas de ensino. Cumpre salientar o papel a ser desempenhado, neste proces-
so, pelos Conselhos Municipais, cuja criação e implantação se reconhece ne-
cessária cm estreita articulação com os Conselhos Estaduais de Educação.
Avançando a descentralização, pela integração dos sistemas e a parti-
cipação social cm sua gestão, dar-se-á maior consistência e efetividade aos
Planos Decenais, contemplando as parcerias entre Estados e Municípios.
Releva notar que medidas de caráter legislativo c administrativo se
farão necessárias para viabilizar as competências institucionais e as reformas
propostas no domínio curricular, na formação do magistério, nas políticas sa-
lariais, de carreira e de profissionalização. Do mesmo modo, serão requeridas
agilidade e facilidades que permitam ajustes na legislação dos sistemas de en-
sino para as novas experiências curriculares, processos de avaliação de ensi-
no e outras inovações pedagógicas, fortalecendo, para tanto, parcerias com os
Conselhos de Educação e com as Comissões de Educação dos legislativos
nacional, estaduais e municipais.
B - Eficiência e Equalização no Financiamento
A implementação deste Plano contara com os recursos legal e consti-
tucionalmente previstos para o ensino fundamental, recursos externos e re-
cursos que venham a ser adicionados através de parcerias. O cumprimento
das metas exige a reestruturação, o fortalecimento e agilização desse sistema
de financiamento da educação cm duas direções essenciais.
A primeira, no sentido de, no mínimo, recuperar os níveis de investi-
mentos públicos alcançados ao final dos anos oitenta, ou seja, de cerca de
4,3% do Produto Interno Bruto, elevando-o no correr da década a um pata-
mar de 5,5%. Para isso, serão ampliados os controles sociais e institucionais,
de modo a garantir que cada nível de governo aplique, efetivamente, na edu-
cação, os recursos constitucionalmente determinados.
Além disso, deve-se conduzir uma adequada política de captação de
recursos externos, permitindo realizar, com rentabilidade, investimentos que,
de outro modo, teriam que ser postergados. Será necessário, também, incre-
mentar, de modo socialmente equitativo, os investimentos privados em edu-
cação, especialmente mediante o apoio de empresas, sociedades civis c orga-
nizações não-governamentais, a escolas e programas educacionais inovadores
e de boa qualidade, dando prioridade àqueles que atendem às clientelas mais
pobres.
A segunda direção terá o sentido de conferir maior eficiência e equi-
dade aos processos de programação e gestão dos recursos públicos, eliminan-
do o desperdício e a superposição de ações. Isto se fará, em especial, median-
te firme coordenação dos programas de investimento e de manutenção, a car-
go dos Estados e dos Municípios. Exigirá compromissos de atuação
integrada, fundados em acordos prévios, institucionalizados mediante convê-
nios ou outros instrumentos, em que as responsabilidades de cada parte sejam
claramente definidas.
Para garantir eficiência c equalização na política de financiamento,
mecanismos especiais de supervisão e fiscalização deverão ser criados, de
forma a permitir que segmentos representativos da sociedade civil possam ter
participação efetiva nos órgãos do executivo responsáveis pela alocação c
distribuição dos recursos.
O MEC, com os recursos de que dispõe, deve atuar como estimula-
dor dessas parcerias c como instrumento de redução das desigualdades entre
as redes, entre as regiões e entre as áreas urbanas e rurais, pautando suas
transferencias pela qualidade, caráter inovador e alcance social dos projetos a
serem apoiados.
Medidas específicas deverão complementar tais ajustes, destacando-
se:
1 - a revisão de critérios de transferências de recursos intergoverna-
mentais, levando-se em conta os diferenciais de capacidade fis-
cal, institucional c administrativa;
2 - a redefinição, clara e precisa, das reais prioridades estratégicas e
funcionais dos programas e projetos em curso ou a iniciar, e dos
ciclos temporais em que poderão ser realizados, em face do esta-
do atual de crise fiscal e das perspectivas de recuperação econô-
mica;
3 - a implantação de mecanismos legais c institucionais que assegu-
rem agilidade c eficiência nos financiamentos compartilhados
(intergovernamentais c entre fontes governamentais e não-go-
vernamentais) c equidade cm sua distribuição e programação;
4 - a implantação de fundos e mecanismoso convencionais de fi-
nanciamento de programas inovadores de melhoria de qualidade
educacional c de equalização social de oportunidades, especial-
mente nas grandes concentrações demográficas de pobreza (re-
giões metropolitanas, cidades de porte médio e áreas rurais
críticas);
5 - a definição de mecanismos de controle da aplicação de recursos
previstos, legal e constitucionalmente, para assegurar nível ade-
quado de recursos para o setor;
6 - a retomada de propostas já aprovadas pelos países de que se or-
ganize fundo, com parte dos juros da dívida externa de países
devedores, para o financiamento de programas de educação fun-
damental;
7 - melhoria e desenvolvimento da capacidade gerencial dos siste-
mas.
C - Desenvolvimento da Cooperação e Intercâmbio
Internacional
A cooperação internacional é uma fonte de contribuições de inegável
alcance para a formulação e implementação de uma política de educação para
todos. Os conhecimentos e tecnologias acumulados internacionalmenteo
imprescindíveis para ampliar os horizontes de concepção e inovação dos pro-
cessos de ensino e de administração educacional, requeridos para superar os
obstáculos que o País enfrenta para universalizar com qualidade a educação
básica.
Todavia, é importante fazer convergir os programas e ações de coo-
peração internacional na área da educação, para atender às necessidades bási-
cas de aprendizagem da população brasileira, respeitando sua história e sua
cultura.
Assim, deve-se buscar, através de acordos de cooperação, a transfe-
rência e a adaptação de métodos c tecnologias, por meio de intercâmbio de
conhecimentos e informações. Para melhor assimilação c aproveitamento
dessas transferencias, serão direcionados para esses pontos de convergência,
programas destinados à formação e atualização técnico-cicntífica de recursos
humanos, ampliando estas oportunidades a administrações educacionais nos
Estados c Municípios.
Considera-se também relevante o intercâmbio de experiências admi-
nistrativas, cujos avanços, em vários países, serão úteis aos processos de des-
centralização do sistema educacional e de democratização da gestão escolar.
D - Intensificação das Ações Governamentais em Curso
o obstante o porte e complexidade dos problemas que se enfren-
tam e as dificuldades sócio-econômicas c políticas apontadas, estão sendo de-
senvolvidas importantes ações corretivas e inovadoras. Uma das medidas de
implementação do Plano Decenal consiste em intensificar essas ações e pro-
gramas em andamento, compatibilizando-as com linhas de estratégias adota-
das. Neste sentido, destacam-se:
1 Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao
Adolescente (PRONAICA)
O PRONAICA é um instrumento para alcançar os objetivos de aten-
ção integral à criança e ao adolescente, compreendendo a defesa da criança e
do adolescente, a promoção c defesa da saúde, creche, pré-escola e educação
escolar, esporte e lazer, difusão cultural, educação para o trabalho, alimenta-
ção e teleducação.
Esses subprogramaso executados em estruturas físicas especiais
os Centros de Atenção Integral à Criança c ao Adolescente ou median-
te adequação ou articulação de equipamentos sociais já existentes.
As estratégias do PRONAICA incluem mobilização das comunida-
des; administração compartilhada por União, Estados e Municípios e organi-
zações comunitárias não-governamentais; participação de universidades e ou-
tras agências na formação c capacitação dos recursos humanos; c implanta-
ção de mecanismos nacionais e estaduais de acompanhamento, controle e
avaliação.
2 - Projeto Nordeste de Educação
O Projeto tem o objetivo de melhorar a qualidade da educação funda-
mental, com ênfase no segmento da 1
a
à 4ª série, aumentando as laxas de
aprovação e o nível de aprendizagem dos alunos, tornando mais eficiente a
gestão educacional e O suprimento de materiais de ensino-aprendizagem e re-
cuperando infra-estruturas escolares. O Projeto conta com o financiamento de
US$ 418,6 milhões do Banco Mundial e de US$ 317,9 milhões do governo
federal e estaduais da Região.
O Componente Nacional do Projeto visa a consolidar a capacidade
institucional do MEC para formular e implementar políticas no âmbito da
educação básica com o desenvolvimento e consolidação de sistemas de in-
formações gerenciais e de acervos bibliográficos c capacitação das equipes
técnicas do Ministério, bem como, desenvolver o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica e reestruturar os sistemas de distribuição do
livro didático c da merenda escolar.
Suas metas beneficiando a 6 milhões de alunos do ensino funda-
mental incluem a capacitação de 625 mil professores, a distribuição de
100 milhões de exemplares de livros didáticos e a recuperação e/ou constru-
ção de 119 mil salas de aula. Para tanto, deverão ser implementados novos
padrões de administração em nove Secretarias de Educação e aproximada-
mente duas centenas de projetos de inovação pedagógica e educacional nos
Estados dessa Região.
3 - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB)
Articulando a Secretaria de Educação Fundamental (SEF), o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), a Coordenação de
Planejamento Setorial (CPS) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior (CAPES), vem sendo desenvolvido c implementado o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, com a finalidade de afe-
rir a aprendi/agem dos alunos e o desempenho das escolas de primeiro grau e
prover informações para avaliação e revisão de planos e programas de quali-
ficação educacional.
Seus objetivos compreendem a pesquisa e desenvolvimento de méto-
dos e instrumentos de avaliação escolar, a implementação, em universidades
c centros de pesquisa, de núcleos ou centros regionais de estudos em avalia-
ção, a formação e capacitação de recursos humanos para a área e, por fim, a
produção de pesquisa aplicada para subsidiar políticas públicas de qualidade
educacional.
O projeto congrega a cooperação técnica internacional, além do
Componente Nacional do Projeto Nordeste de Educação, que financiará, com
US$ 5 milhões, parte das operações do sistema. Isto permitirá realizar avalia-
ção de desempenho da educação básica em diferentes níveis e segmentos do
sistema escolar.
4 - Programa de Capacitação de Professores, Dirigentes e Espe-
cialistas
O programa tem como objetivo promover mudanças substantivas na
qualificação técnico-profissional dos docentes c especialistas, bem como dos
métodos de gestão e organização dos sistemas de ensino e das unidades esco-
lares. Inclui duas dimensões: (1) reestruturara formação inicial dos profissio-
nais; c (2) rever, sistematizar e expandir a formação continuada dos profissio-
nais da educação básica.
A implementação dessas linhas de ação envolve projetos de iniciativa
do próprio Ministério da Educação c do Desporto e, sobretudo, aqueles pro-
postos pelos sistemas de ensino e financiados pelo MEC. As universidades
brasileiras c outras agencias de formação estão sendo estimuladas a se inte-
grarem ao programa, por meio de projetos de alta efetividade e com custos
compatíveis com as necessidades c possibilidades das administrações dos sis-
temas de ensino.
Destaca-se, entre as ações cm curso, o Programa Um Salto para o Fu-
turo, dirigido a professores das quatro primeiras series. O programa é produ-
zido pela Fundação Roquette Pinto e veiculado pela Televisão Educativa, via
satélite, contando com uma rede de telepostos aparelhados com telefone e
fac-símile, o que permite integração c resposta imediata às questões dos pro-
fessores. O Ministério também vem articulando ações de cooperação educati-
va internacional na área de formação e capacitação docente.
5 - Programa de Apoio a Inovações Pedagógicas e Educacionais
A consciência do agravamento da crise educacional gerou um amplo
movimento, cm administrações locais c em escolas, para superar a limitação
dos meios, melhorar a gestão c o desempenho das unidades escolares e obter
qualidade c equidade de oportunidades de aprendizagem. Para estimular c su-
prir recursos a tais iniciativas, o MEC criou o programa de Apoio a Inova-
ções Pedagógicas c Educacionais, coordenado pela SEF e o INEP, no âmbito
federal, articulando Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, organis-
mos internacionais, organizações não-governamentais e centros especializa-
dos de estudos e pesquisas.
O Programa envolve um amplo levantamento nacional de ações ino-
vadoras em gestão e processos pedagógicos escolares, o estudo c avaliação
dos casos mais relevantes e a disseminação de informações para as organiza-
ções públicas e civis que conduzem iniciativas. Alocando recursos significa-
tivos da quota federal do Salário-Educação e do Componente de Inovações
do Projeto Nordeste de Educação, o programa permite financiar projetos sele-
cionados por sua criatividade e potencial de reprodução e por suas contribui-
ções à melhoria da qualidade c à universalização da educação básica.
O Programa inclui ainda o fortalecimento e a ampliação da Coleção
SEF/MEC intitulada "Textos Básicos para uma Reforma Educacional", que
tem o objetivo de colocar ao alcance de todos os Estados e Municípios textos
considerados fundamenta is para o desenvolvimento da educação básica, tanto
no que se refere à divulgação de experiências inovadoras, quanto de atualida-
des pedagógicas, oriundas de autores nacionais e estrangeiros.
6 - Desenvolvimento da Leitura e da Escrita
Tendo como pressuposto básico que o domínio da leitura e escrita
constitui a base para se assegurar o êxito dos alunos no ensino fundamental c,
consequentemente, o exercício pleno de sua cidadania, açõesm sendo de-
senvolvidas pelo MEC, cm parceria com os sistemas estaduais e municipais
de ensino, com vistas à promoção da lecto-escritura na escola, de forma arti-
culada à Política Nacional de Incentivo à Leitura PROLER, coordenada
pela Fundação Biblioteca Nacional.
Neste sentido, cabe destacar, ao lado dos programas sistemáticos da
Fundação de Assistência ao Estudante Programas Nacional do Livro Di-
dático, de Salas de Leitura e de Biblioteca do Professor a implantação pela
Secretaria de Educação Fundamental, com a cooperação do Governo Fran-
cês, do Projeto Pró-Leitura na Formação dos Professores para a Educação
Fundamental, que objetiva elevar a qualidade da formação profissional dos
docentes, mediante a estreita integração entre a sua formação teórica c práti-
ca.
Para desenvolver a prática diária do ler, do escrever e do dizer, o
Pró-Leitura busca instrumentalizar professores e alunos de instituições de
formação de professores de nível médio e superior e de escolas de aplicação
(pré-escolar e ensino fundamental), mediante a realização de seminários, ofi-
cinas de trabalho, reuniões técnicas c, sobretudo, através do apoio à organiza-
ção e dinamização das salas de leitura e bibliotecas escolares
7 - Expansão e melhoria da Educação Infantil
Considerando que a Educação Infantil c a primeira etapa do processo
educativo e c integrante da Educação Básica, o MEC vem desenvolvendo
ações de articulação com os sistemas de ensino e outros órgãos envolvidos no
atendimento das crianças de zero a seis anos, visando à definição e execução
de estratégias de expansão e melhoria da qualidade deste segmento da educa-
ção.
Destacam-se, como ações prioritárias na área, o desenvolvimento de
propostas pedagógicas e curriculares para a educação nessa faixa etária e a
implementação de ações de formação inicial e continuada de profissionais
que nela atuam. Constitui preocupação especial a promoção da função educa-
tiva da creche (crianças até quatro anos), segmento que tem se caracterizado
por atendimento predominantemente assistencial, deficitário no aspecto peda-
gógico.
A atuação do Ministério na área da Educação Infantil, em articulação
com os órgãos executores, visa a favorecer o desenvolvimento infantil, nos
aspectos físico, motor, emocional, intelectual e social; promover a ampliação
das experiências e conhecimentos da criança pequena; e contribuir para que
sua interação e convivência na sociedade sejam produtivas e marcadas pelos
valores de solidariedade, liberdade, cooperação e respeito.
8 - Sistema Nacional de Educação a Distância
Encontra-se cm fase de estruturação o Sistema Nacional de Educação
a Distância que, conforme previsto no Protocolo de Cooperação assinado
pelo MEC e o Ministério das Comunicações, com a participação do CRUB,
do CONSED e da UNDIME, deverá aprimorar e ampliar o programa de ca-
pacitação e atualização dos professores, monitorar e avaliar os programas c
projetos de educação a distância, bem como desenvolver projetos de multi-
meios c de apoio à sala de aula. Estas ações abrangerão o ensino fundamental
e pré-escolar, a educação especial, o ensino médio e tecnológico, além de
prover suporte ao PRONAICA.
No âmbito do Sistema, está sendo instituído um consórcio de univer-
sidades, cm articulação com o CRUB, visando a desenvolver programas de
formação e educação continuada para discentes e docentes de todos os níveis
de ensino, bem como a implementar ações de pesquisa e desenvolvimento
para o uso de novas tecnologias de Telecomunicações e Informática na Edu-
cação. Programas de intercâmbio e de cooperação técnica deverão ser firma-
dos com organismos nacionais e internacionais.
Buscar-se-á, ainda, ampliar e aprimorar a produção, edição e trans-
missão dos programas de educação a distância, por intermédio da Fundação
Roquette Pinto, das emissoras que compõem o Sistema Nacional de Radiodi-
fusão Educativa (SINRED), das emissoras de rádio e televisão Educativos. O
Sistema terá como suporte uma rede teleinformacional que se interligará à
rede nacional de pesquisa c a uma rede teleinformacional de suporte ao de-
senvolvimento cultural. Esta rede poderá ser acionada desde um simples tele-
fone público a um sistema avançado de computador, permitindo a qualquer
cidadão o acesso ao conhecimento. Com o Sistema deverão ser incrementa-
dos projetos de alfabetização, formação iniciai e continuada do cidadão brasi-
leiro, constituindo prioridade o desenvolvimento dos recursos humanos do
setor educacional.
9 - Programa de Integração da Universidade com a Educação
Fundamental
Tem por objetivo estimular o comprometimento e apoiar a participa-
ção das instituições de ensino superior na implementação das políticas de me-
lhoria da qualidade e do desempenho dos sistemas estaduais e municipais de
ensino fundamental.
A capacitação e a atualização de professores, por meio de variados
processos e estratégias, concebidos e executados por equipes universitárias
qualificadas c articuladas às administrações educacionais locais, tem sido
sua principal forma de atuação. Ademais, experimentos e estudos para desen-
volvimento de processos de ensino e de livros c meios didáticos estão sendo
estimulados.
A continuidade desta cooperação entre instituições de ensino supe-
rior e sistemas de ensino deverá conduzir, primordialmente, à melhoria do
domínio dos conteúdos básicos pelos alunos do ensino fundamental, cm par-
ticular os das séries iniciais, contribuir para um equacionamento mais decisi-
vo de questões como a repetência e evasão e apoiar os esforços para o desen-
volvimento da educação básica de jovens e adultos.
A coordenação do programa está a cargo da Secretaria de Educação
Superior (SESU) em articulação com a Secretaria de Educação Fundamental
(SEF), e financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE).
10- Descentralização dos Programas de Assistência ao Estudante
Buscando integrar seus esforços aos dos Estados c Municípios, no
objetivo de universalização da educação, O MEC, através da Fundação de
Apoio ao Estudante (FAE), vem descentralizando seus programas de assis-
tência ao estudante, especialmente os relativos à merenda e ao livro didático.
O regime de colaboração estabelecido entre União, Estados c Muni-
cípios, em que cada instância assume responsabilidades e custos, tem possibi-
litado maior eficiência na oferta dos serviços, evitando-se superposição de
ações e desperdícios de recursos.
11 - Eficiência, Equalização e Agilização do Sistema de Financia-
mento
As contribuições do Salário-Educação constituem um vigoroso ins-
trumento de financiamento da educação fundamental brasileira, aportando
mais de dois bilhões de dólares aos orçamentos da União e das unidades fe-
deradas. Os recursos da Quota Federal correspondente a um terço de sua
arrecadaçãoo aplicados segundo critérios redistributivos, de modo a re-
duzir as desigualdades regionais de capacidade de financiamento educacio-
nal, destinando-seo menos de 25% a programas municipais de ensino.
Para contrabalançar os efeitos da crise fiscal, várias medidas estão
cm curso, sob a coordenação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), gestor desse sistema. Visam a tornar mais eficiente a ar-
recadação, aperfeiçoando seu processamento e procurando eliminar os focos
de sonegação, bem como para modernizar e agilizar seus métodos de gestão,
tornando mais rápidos e oportunos os repasses de recursos aos projetos
apoiados pelo Fundo.
Faz-se necessário, cm função de sua importância para o estímulo à
inovações educacionais, à descentralização da gestão c ao aumento da efi-
ciência dos sistemas de ensino, desenvolver seu potencial compensatório das
diferenças sociais e regionais, reduzindo a concentração de seus benefícios
nas áreas mais ricas do País, e aprimorar os mecanismos de definição e aloca-
ção de recursos através de uma "quota municipal", fortalecendo-se, assim, a
gestão local de ensino.
Esforços adicionaiso feitos, também, para tornar mais rentável o
gerenciamento financeiro dos recursos do Fundo, incrementando, deste
modo, as suas disponibilidades c inovando suas fontes de captação, de modo
a atender às necessidades postas pelo Plano Decenal de Educação.
No exercício de sua função equalizadora e de correção das disparida-
des educacionais entre regiões, Estados e Municípios, o MEC formulou e
vem implementando uma sistemática de financiamento de projetos na área de
educação básica. Essa sistemática adota novos procedimentos e critérios de
equalização para a concessão de recursos provenientes do Tesouro Nacional
e do Salário-Educação, destinados aos sistemas estaduais c municipais de en-
sino.
Protocolos de cooperação entre o MEC c as Secretarias Estaduais de
Educaçãoo firmados, visando a assegurar padrões básicos de oferta de ser-
viços educacionais e redução de índices de repetência c evasão. A sistemática
permite que Estados e Municípios mais pobres recebam maior volume de re-
cursos, compensando deficiências de arrecadação c corrigindo, em parle, as
desigualdades existentes.
DECLARAÇÃO MUNDIAL
SOBRE EDUCAÇÃO PARA
TODOS SATISFAÇÃO DAS
NECESSIDADES BÁSICAS DE
APRENDIZAGEM
PREÂMBULO
mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram na De-
claração Universal dos Direitos que "toda pessoa tem direito à educação".
No entanto, apesar dos esforços realizados por países do mundo para asse-
gurar o direito à educação para todos, persistem as seguintes realidades:
» mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 mi-
lhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário;
» mais de 960 milhões de adultos - dois terços dos quais mulheres
- são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema
significativo em todos os países industrializados ou em desenvol-
vimento;
» mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao co-
nhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que
poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e
a adaptar-se às mudanças sociais e culturais; e
» mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não con-
seguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de con-
clui-lo, não conseguem adquirir conhecimento' e habilidades
essenciais.
Ao mesmo tempo, o mundo tem que enfrentar um quadro de proble-
mas sombrios, entre os quais: o aumento da dívida de muitos países, a amea-
ça de estagnação e decadência econômicas, o rápido aumento da população,
as diferenças econômicas crescentes entre as nações e dentro delas, a guer-
ra, a ocupação, as lutas civis, a violência; a morte de milhões de crianças,
que poderia ser evitada, e a degradação generalizada do meio ambiente. Es-
ses problemas atropelam os esforços envidados no sentido de satisfazer as
necessidades básicas de aprendizagem, enquanto a falta de educação básica
para significativas parcelas da população impede que a sociedade enfrente
esses problemas com vigor e determinação.
Durante a década dos 80, esses problemas dificultaram os avanços
da educação básica em muitos países menos desenvolvidos. Em outros, o
crescimento econômico permitiu financiar a expansão da educação mas,
mesmo assim, milhões de seres humanos continuam na pobreza, privados de
escolaridade ou analfabetos. E em alguns países industrializados, cortes nos
gastos públicos ao longo dos anos 80 contribuíram para a deterioração da
educação.
Não obstante, o mundo está às vésperas de um novo século carrega-
do de esperanças e de possibilidades. Hoje, testemunhamos um autêntico
progresso rumo à distensão pacífica e uma maior cooperação entre as na-
ções. Hoje, os direitos essenciais e as potencialidades das mulheres são leva-
dos em conta. Hoje, vemos emergir, a todo momento, muitas e valiosas reali-
zações científicas e culturais. Hoje, o volume das informações disponíveis no
mundo - grande parte importante para a sobrevivência e o bem-estar das
pessoas - é extremamente mais amplo do que alguns anos, e continua cre-
scendo num ritmo acelerado. Estes conhecimentos incluem informações so-
bre como melhorar a qualidade de vida ou como aprender a aprender. Um
efeito multiplicador ocorre quando informações importantes estão vincula-
das com outro grande avanço: nossa nova capacidade em comunicar.
Essas novas forças, combinadas com a experiência acumulada de re-
formas, inovações, pesquisas, e com o notável progresso em educação regis-
trado em muitos países, fazem com que a meta de educação básica para to-
dos - pela primeira vez na história - seja uma meta viável.
Em consequência, nós, os participantes da Conferência Mundial so-
bre Educação para Todos, reunidos em Jomtien, Tailândia, de 5 a 9 de mar-
ço de 1990:
» Relembrando que a educação é um direito fundamental de to-
dos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro;
» Entendendo que a educação pode contribuir para conquistar um
mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmen-
te mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso so-
cial, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação
internacional;
» Sabendo que a educação, embora não seja condição suficiente, é
de importância fundamental para o progresso pessoal e social;
» Reconhecendo que o conhecimento tradicional e o patrimônio
cultural tem utilidade e valor próprios, assim como a capacida-
de de definir e promover o desenvolvimento;
» Admitindo que, em termos gerais, a educação que hoje é minis-
trada apresenta graves deficiências, que se faz necessário torná-
la mais relevante e melhorar sua qualidade, e que ela deve estar
universalmente disponível;
» Reconhecendo que uma educação básica adequada é fundamen-
tal para fortalecer os níveis superiores de educação e de ensino,
a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para al-
cançar um desenvolvimento autônomo; e
» Reconhecendo a necessidade de proporcionar às gerações pre-
sentes e futuras uma visão abrangente de educação básica e um
renovado compromisso a favor dela, para enfrentar a amplitude
e a complexidade do desafio, proclamamos a seguinte
Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem
EDUCAÇÃO PARA TODOS: OBJETIVOS
ARTIGO - SATISFAZER AS NECESSIDADES BÁSICAS DE
APRENDIZAGEM
1. Cada pessoa criança, jovem ou adultodeve estar em condições de
aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas
necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades
compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem
(como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo e a solução de
problemas), quanto os conteúdos básicos de aprendizagem (como
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes) necessários para que os
seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas
potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar
plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar
decisões fundamentais e continuar aprendendo. A amplitude das
necessidades básicas de aprendizagem e a maneira de satisfazê-las
variam segundo cada país e cada cultura e, inevitavelmente, mudam
com o decorrer do tempo.
2. A satisfação dessas necessidades confere aos membros de uma
sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de
respeitar e desenvolver a sua herança cultural, linguística e espiritual,
de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça
social, de proteger o meio ambiente e de ser tolerante com os sistemas
sociais, políticos e religiosos que difiram dos seus, assegurando
respeito aos valores humanistas e aos direitos humanos comumente
aceitos, bem como trabalhar pela paz e pela solidariedade
internacionais em um mundo interdependente.
3. Outro objetivo, não menos fundamental, do desenvolvimento da
educação, é o enriquecimento dos valores culturais e morais comuns. E
nesses valores que os indivíduos e a sociedade encontram sua
identidade e sua dignidade.
4. A educação básica é mais do que uma finalidade em si mesma. Ela é a
base para a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes,
sobre a qual os países podem construir, sistematicamente, níveis e tipos
mais adiantados de educação e capacitação.
EDUCAÇÃO PARA TODOS: UMA VISÃO
ABRANGENTE E UM COMPROMISSO RENOVADO
ARTIGO 2
a
- EXPANDIR O ENFOQUE
1. Lutar pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem para
todos exige mais do compromisso pela educação básica. É necessário
um enfoque abrangente, capaz de ir além dos níveis atuais de recursos,
das estruturas institucionais, dos currículos e dos sistemas
convencionais de ensino, para construir sobre a base do que há de
melhor nas práticas correntes. Existem hoje 'novas possibilidades que
resultam da convergência do crescimento da informação e de uma
capacidade de comunicação sem precedentes. Devemos trabalhar estas
possibilidades com criatividade e com a determinação de aumentar a
sua eficácia.
2. Este enfoque abrangente, tal como exposto nos Artigos 3
o
a 7 ª desta
Declaração, compreende o seguinte:
» universalizar o acesso à educação e promover a equidade;
» concentrar a atenção na aprendizagem;
» ampliar os meios e o raio de ação da educação básica;
» propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; e
» fortalecer alianças.
3. A concretização do enorme potencial para o progresso humano
depende do acesso das pessoas à educação e da articulação entre o
crescente conjunto de conhecimentos relevantes com os novos meios de
difusão desses conhecimentos.
ARTIGO 3
o
- UNIVERSALIZAR O ACESSO À EDUCAÇÃO E PRO-
MOVER A EQUIDADE
I- A educação básica deve ser proporcionada a todas as crianças, jovens
e adultos. Para tanto, é necessário universalizá-la e melhorar sua
qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as
desigualdades.
2. Para que a educação básica se torne equitativa, é mister oferecer a
todas as crianças, jovens e adultos a oportunidade de alcançar e
manter um padrão mínimo de qualidade da aprendizagem.
3. A prioridade mais urgente é melhorar a qualidade e garantir o acesso à
educação para meninas e mulheres, e superar todos os obstáculos que
impedem sua participação ativa no processo educativo. Os
preconceitos e esteriótipos de qualquer natureza devem ser eliminados
da educação.
4. Um compromisso efetivo para superar as disparidades educacionais
deve ser assumido. Os grupos excluídos os pobres; os meninos e
meninas de rua ou trabalhadores; as populações das periferias urbanas
e zonas rurais; os nômades e os trabalhadores migrantes; os povos
indígenas, as minorias étnicas, raciais e linguísticas, os refugiados; os
deslocados pela guerra; e os povos submetidos a um regime de
ocupação não devem sofrer qualquer tipo de discriminação no
acesso às oportunidades educacionais.
5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de
deficiência requerem atenção especial. E preciso tomar as medidas que
garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e
qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema
educativo.
ARTIGO 4
a
- CONCENTRAR A ATENÇÃO NA APRENDIZAGEM
1. A tradução das oportunidades ampliadas de educação em
desenvolvimento efetivo para o indivíduo ou para a sociedade
dependerá, em última instância, de, em razão dessas mesmas
oportunidades, as pessoas aprenderem de fato, ou seja, aprenderem
conhecimentos úteis, habilidades de raciocínio, aptidões e valores. Em
consequência, a educação básica deve estar centrada na aquisição e
nos resultados efetivos da aprendizagem, e não mais exclusivamente na
matrícula, frequência aos programas estabelecidos e preenchimento
dos requisitos para a obtenção do diploma. Abordagens ativos e
participativas são particularmente valiosas no que diz respeito a
garantir a aprendizagem e possibilitar aos educandos esgotar
plenamente suas potencialidades. Daí a necessidade de definir, nos
programas educacionais, os níveis desejáveis de aquisição de
conhecimentos f implementar sistemas de avaliação de desempenho.
ARTIGO 5º - AMPLIAR OS MEIOS E O RAIO DE AÇÃO DA EDUCA-
ÇÃO BÁSICA
A diversidade, a complexidade e o caráter mutável das necessidades
básicas de aprendizagem das crianças, jovens e adultos exigem que se
amplie e se redefina continuamente o alcance da educação básica, para
que nela se incluam os seguintes elementos:
» A aprendizagem começa com o nascimento. Isto implica cuida-
dos básicos e educação inicial na infância, proporcionados seja
através de estratégias que envolvam as famílias e comunidades
ou programas institucionais, como for mais apropriado.
» O principal sistema de promoção da educação básica fora da es-
fera familiar é a escola fundamental. A educação fundamental
deve ser universal, garantir a satisfação das necessidades bási-
cas de aprendizagem de todas as crianças e levar em considera-
ção a cultura, as necessidades e possibilidades da comunidade.
Programas complementares alternativos podem ajudar a satisfa-
zer as necessidades de aprendizagem das crianças cujo acesso à
escolaridade formal é limitado ou inexistente, desde que obser-
vem os mesmos padrões de aprendizagem adotados na escola e
disponham de apoio adequado.
» As necessidades básicas de aprendizagem de jovens e adultos
são diversas e devem ser atendidas mediante uma variedade de
sistemas. Os programas de alfabetização são indispensáveis,
dado que saber ler e escrever constitui-se uma capacidade ne-
cessária em si mesma, sendo ainda o fundamento de outras habi-
lidades vitais. A alfabetização na língua materna fortalece a
identidade e a herança cultural. Outras necessidades podem ser
satisfeitas mediante a capacitação técnica, a aprendizagem de
ofícios e os programas de educação formal e não-formal em ma-
térias de saúde, nutrição, população, técnicas agrícolas, meio
ambiente, ciência, tecnologia, vida familiar incluindo-se aí a
questão da natalidadee outros problemas sociais.
» Todos os instrumentos disponíveis e os canais de informação.
comunicação e ação social podem contribuir na transmissão de
conhecimentos essenciais bem como na informação e educação
dos indivíduos quanto a questões sociais. Além dos instrumentos
tradicionais, as bibliotecas, a televisão, o rádio e outros meios
de comunicação de massa podem ser mobilizados em todo o seu
potencial, a fim de satisfazer as necessidades de educação bási-
ca para todos.
Estes componentes devem constituir um sistema integrado
complementar, interativo e de padrões comparáveis e deve
contribuir para criar e desenvolver possibilidades por toda a vida.
ARTIGO 6
a
- PROPICIAR UM AMBIENTE ADEQUADO À APREN-
DIZAGEM
A aprendizagem não ocorre em situação de isolamento. Portanto, as
sociedades devem garantir a todos os educandos assistência em
nutrição, cuidados médicos e o apoio físico e emocional essencial para
que participem ativamente de sua própria educação e dela se
beneficiem. Os conhecimentos e as habilidades necessários à
ampliação das condições de aprendizagem das crianças devem estar
integrados aos programas de educação comunitária para adultos. A
educação das crianças e a de seus pais ou responsáveis respaldam-se
mutuamente, e esta interação deve ser usada para criar, em benefício
de todos, um ambiente de aprendizagem onde haja calor humano e
vibração.
ARTIGO 7
a
- FORTALECER AS ALIANÇAS
As autoridades responsáveis pela educação aos níveis nacional,
estadual e municipal têm a obrigação prioritária de proporcionar
educação básica para todos. Não se pode, todavia, esperar que elas
supram a totalidade dos requisitos humanos, financeiros e
organizacionais necessários a esta tarefa. Novas e crescentes
articulações e alianças serão necessárias em todos os níveis: entre
todos os subsetores e formas de educação reconhecendo o papel
especial dos professores, dos administradores e do pessoal que
trabalha em educação; entre os órgãos educacionais e demais órgãos
do governo, incluindo os de planejamento, finanças, trabalho,
comunicações e outros setores sociais; entre as organizações
governamentais e não-governamentais, com o setor privado, com as
comunidades locais, com os grupos religiosos, com as famílias. É
particularmente importante reconhecer o papel vital dos educadores e
das famílias. Neste contexto, as condições de trabalho e a situação
social do pessoal docente, elementos decisivos no sentido de
implementar a educação para todos, devem ser urgentemente
melhoradas em todos os países signatários da Recomendação Relativa
à Situação do Pessoal Docente OIT/UNESCO (1966). Alianças efetivas
contribuem significativamente para o planejamento, implementação,
administração e avaliação dos programas de educação básica. Quando
nos referimos a "um enfoque abrangente e a um compromisso
renovado", incluímos as alianças como parte fundamental.
EDUCAÇÃO PARA TODOS: OS REQUISITOS
ARTIGO 8
o
-DESENVOLVER UMA POLÍTICA CONTEXTUALIZA-
DA DE APOIO
1• Políticas de apoio nos setores social, cultural e econômico são
necessárias à concretização da plena provisão e utilização da
educação básica para a promoção individual e social. A educação
básica para todos depende de um compromisso político e de uma
vontade política, respaldados por medidas fiscais adequadas e
ratificados por reformas na política educacional e pelo fortalecimento
institucional Uma política adequada em matéria de economia,
comércio, trabalho, emprego e saúde incentiva o educando e contribui
para o desenvolvimento da sociedade.
2. A sociedade deve garantir também um sólido ambiente intelectual e
científico à educação básica, o que implica a melhoria do ensino
superior e o desenvolvimento da pesquisa científica. Deve ser possível
estabelecer, em cada nível da educação, um contato estreito com o
conhecimento tecnológico e científico contemporâneo.
ARTIGO 9
9
- MOBILIZAR OS RECURSOS
1. Para que as necessidades básicas de aprendizagem para todos sejam
satisfeitas, mediante ações de alcance muito mais amplo, será essencial
mobilizar atuais e novos recursos financeiros e humanos, públicos,
privados ou voluntários. Todos os membros da sociedade têm uma
contribuição a dar, lembrando sempre que o tempo, a energia e os
recursos dirigidos à educação básica constituem, certamente, o
investimento mais importante que se pode fazer no povo e no futuro de
um país.
2. Um apoio mais amplo por parte do setor público significa atrair
recursos de todos os órgãos governamentais responsáveis pelo
desenvolvimento humano, mediante o aumento em valores absolutos e
relativos, das dotações orçamentárias aos serviços de educação básica.
Significa, também, reconhecer a existência de demandas concorrentes,
que pesam sobre os recursos nacionais, e que, embora a educação seja
um setor importante, não é o único. Cuidar para que haja uma melhor
utilização dos recursos e programas disponíveis para a educação
resultará em um maior rendimento e poderá ainda atrair novos
recursos. A urgente tarefa de satisfazer às necessidades básicas de
aprendizagem poderá vir a exigir uma realocação dos recursos entre
setores, como por exemplo, uma transferência de fundos dos gastos
militares para a educação. Acima de tudo, é necessário uma proteção
especial para a educação básica nos países em processo de ajustes
estruturais e que carregam o pesado fardo da dívida externa. Agora,
mais do que nunca, a educação deve ser considerada uma dimensão
fundamental de todo projeto social, cultural e econômico.
ARTIGO IO - FORTALECER A SOLIDARIEDADE INTERNACIO-
NAL
1• Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem constitui- se uma
responsabilidade comum e universal a todos os povos, e implica
solidariedade internacional e relações econômicas honestas e
equitativas, a fim de corrigir as atuais disparidades econômicas. Todas
as nações têm valiosos conhecimentos e experiências a compartilhar,
com vista à elaboração de políticas e programas educacionais eficazes.
2. Será necessário um aumento substancial, a longo prazo, dos recursos
destinados à educação básica. A comunidade mundial, incluindo os
organismos e instituições intergovernamentais, tem a responsabilidade
urgente de atenuar as limitações que impedem algumas nações de
alcançar a meta da educação para todos. Este esforço implicará,
necessariamente, a adoção de medidas que aumentem os orçamentos
nacionais dos países mais pobres, ou ajudem a aliviar o fardo das
pesadas dívidas que os afligem. Credores e devedores devem procurar
fórmulas inovadoras e equitativas para reduzir este fardo, uma vez que
a capacidade de muitos países em desenvolvimento de responder
efetivamente à educação e a outras necessidades básicas será
extremamente ampliada ao se resolver o problema da dívida.
3. As necessidades básicas de aprendizagem dos adultos e das crianças
devem ser atendidas onde quer que existam. Os países menos
desenvolvidos e com baixa renda apresentam necessidades especiais
que exigirão atenção prioritária no quadro da cooperação
internacional à educação básica, nos anos 90.
4. Todas as nações devem agir conjuntamente para resolver conflitos e
disputas, pôr fim às ocupações militares e assentar populações
deslocadas ou facilitar seu retorno a seus países de origem, bem como
garantir o atendimento de suas necessidades básicas de aprendizagem.
um ambiente estável e pacífico pode criar condições para que todos
os seres humanos, crianças e adultos, venham a beneficiar-se das
propostas desta declaração.
Nós, os participantes da Conferência Mundial sobre Educação para
Todos, reafirmamos o direito de todos à educação. Este é o fundamento de
nossa determinação individual e coletivaassegurar educação para todos.
Comprometemo-nos em cooperar, no âmbito da nossa esfera de responsabi-
lidade, tomando todas as medidas necessárias à consecução dos objetivos de
educação para todos. Juntos, apelamos aos governos, às organizações inte-
ressadas e aos indivíduos, para que se somem a este urgente empreendimen-
to.
As necessidades básicas de aprendizagem para todos podem e devem
ser satisfeitas. Não modo mais significativo do que este para iniciar o Ano
Internacional da Alfabetização e avançar rumo às metas da Década das Na-
ções Unidas para os Portadores de Deficiências (1983-1992), Década Inter-
nacional para o Desenvolvimento Cultural (1988-1997), Quarta Década das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (1991-2000), Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, Estra-
tégias para o Desenvolvimento da Mulher e da Convenção sobre os Direitos
da Criança. Nunca antes uma época foi tão propícia à realização do nosso
compromisso em proporcionar oportunidades básicas de aprendizagem a to-
dos os povos do mundo.
Adotamos, portanto, esta Declaração Mundial sobre a Educação
para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, e apro-
vamos o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendi-
zagem com a finalidade de atingir os objetivos estabelecidos nesta Declara-
ção.
Conferência Mundial sobre Educação para Todos
Jomtien, Tailândia
5 a 9 de março de 1990
Portaria n° 489, de 18 de março de 1993
O MINISTRO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, no uso das suas
atribuições e tendo em vista o compromisso assumido, internacionalmente, de elabo-
rar o Plano Decenal de Educação para Todos,
RESOLVE:
Art.1
o
- Fica criada a Comissão Especial para elaborar o Plano Decenal de
Educação para Todos, sob a coordenação da Secretaria de Educação Fundamental do
Ministério.
Art.2º - Para executar o trabalho, a Comissão Especial contará com um Gru-
po Executivo que terá a seguinte composição:
- 1 Representante da Secretaria de Educação Fundamental;
- 1 Representante da Secretaria de Projetos Educacionais Especiais;
- 1 Representante do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio-
nais (INEP);
- 1 Representante da Coordenação Geral de Planejamento Setorial;
- 2 Representantes do Conselho Nacional dos Secretários de Educação
(CONSED); e
- 2 Representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Edu-
cação (UNDIME).
Art.3º
l
- A Comissão Especial contará com assessoria técnica das Secretarias
e setores afins do Ministério com o objetivo de colher subsídios e compatibilizar li-
nhas de ação política do Plano.
Art.4º - A Comissão contará, também, com um Comité de Apoio integrado
por representantes de entidades governamentais e não-governamentais repre-
sentativas do setor educacional.
Art.5° - No período de 10 a 14/05/93 será realizada a Semana Nacional de
Educação para Todos com vistas a debater a versão preliminar do Plano.
Art.6° - A Comissão Especial terá prazo de 60 (sessenta) dias para ultimar a
elaboração do Plano.
Art.7º - A Coordenação da Comissão está autorizada a praticar todos os atos
legais c administrativos para fim do disposto no Artigo anterior.
Art.8° - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.
Murílio de Avellar Hingel.
COMPROMISSO NACIONAL
DE EDUCAÇÃO PARA
TODOS*
COMPROMISSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
PARA TODOS
O período de aguda crise social e económica que vive a Nação brasi-
leira exige redobrados esforços para a consolidação da democracia c da cida-
dania. Nossa sistema escolar, de baixa qualidade c produtividade,o
cosegue responder às exigências de uma sociedade democrática e cidadã.
Apesar do avanço quantitativo do ensino fundamental observado na
década de 80, o direito de todos à Educação, consagrado na Constituição de
1988, permanece ainda um desafio para o presente e o futuro.
Os compromissos assumidos necessitam, portanto, de uma reafirma-
ção efetiva pela ação do Poder Público e de todos os segmentos da sociedade.
o podemos mais tolerar: de cada 1.000 crianças que ingressam na primeira
serie, apenas 45 concluem o ensino fundamental em 8 anos e sem repetência;
da população de 15 anos e mais, 18,3%o ainda analfabetos.
A conquista de um padrão de escolarização de melhor qualidade, que
permita inserir o Brasil em novo patamar de desenvolvimento, depende de
ampla mobilização da sociedade. Neste sentido, os participantes da Semana
Nacional de Educação Para Todos, reunidos em Brasília-DF, de 10 a 14 de
maio de 1993, decidiram propor a seguinte agenda de compromissos para
orientar o Plano Decenal de Educação Para Todos e, assim responder aos re-
clamos da democracia e da cidadania no Brasil.
1 - Institucionalizar as políticas públicas de ensino com
perspectivas de médio e longo prazo, para superação da
transitoriedade e descontinuidade de gestão e a articu-
lação cooperativa dos outros setores, de modo a tornar
a Educação, de fato, a prioridade política demandada
pela sociedade ao Poder Público.
2 - Assegurar eficiente e oportuna aplicação dos recursos
constitucionalmente definidos, bem como outros que se
fizerem necessários, nos próximos 10 anos, para garan-
tir a conclusão do ensino fundamental para, pelo me-
nos, 80% da população em cada sistema de ensino.
3 - Elevar a qualidade do ensino fundamental, reconhe-
cendo a escola como espaço central da atividade educa-
tiva, dotado de estrutura material, pedagógica, organi-
zacional e financeira capaz de oferecer à comunidade
escolar condições de realizar o atendimento as necessi-
dades básicas de aprendizagem das crianças e adoles-
centes.
4 - Atribuir às unidades escolares, nos sistemas de ensino,
crescente autonomia organizativa e didático-pedagógi-
co, propiciando inovações e sua integração no contexto
local.
5 - Valorizar social e profissionalmente o magistério, por
meio de programas de formação permanente, plano de
carreira, remuneração e outros benefícios que estimu-
lem a melhoria do trabalho docente e da gestão escolar.
6 - Definir as competências e responsabilidades das dife-
rentes instâncias e setores do Poder Público, em regime
de colaboração, incorporando a participação de entida-
des, grupos sociais organizados e da família no proces-
so de gestão das políticas educacionais e da escola.
7 - Engajar os mais amplos segmentos sociais na promo-
ção, avaliação e divulgação dos esforços de universali-
zação e melhoria da qualidade do ensino fundamental,
instituindo um organismo permanente de mobilização,
assessorado por grupo técnico de acompanhamento do
Plano Decenal de Educação para Todos.
Autoridades presentes a mesa por ocasião da solenidade de encerramento que assinaram o presente compromisso:
Marília de Avellar Hingel. Ministro da Educação e do Desporto - Maria Aglaé de Medeiros Machado, Secretária de Educação
Fundamental - José Carlos Almeida da Silva. Presidente do CRUB. Heldo Vitor Mulatinho Presidente do Fórum dos Conselhos
Estaduais de Educação - Miguel Angel Enriques. Representante da UNESCO no Brasil - Walfrido Mares Guia. Presidente do CONSED
-Olindina Olivia Correa Monteiro. Presidente da UNDIME Maria de Fátima Guerra de Sousa, Diretora da Faculdade de Educação
da UnB
ORGANIZAÇÃO E
ESTRUTURA DO SISTEMA
EDUCACIONAL - BRASIL
BRASIL
ESTRUTURA BÁSICA DO
SISTEMA EDUCACIONAL
TABELAS E GRÁFICOS
TABELA 1
BRASIL: POPULAÇÃO
Taxas de Crescimento da População Residente por Zonas Urbanas e Regiões
Metropolitanas, Segundo Regiões
Período 1950- 1980
REGIÕES
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
BRASIL
ZONAS URBANAS
CRESCIMENTO ANUAL
1950/60
5,0
4,6
4,9
6,4
8,9
5,2
1960/70
5,4
4.6
5,2
5,3
9,9
5,2
1970/80
6,4
4,1
4,0
5,0
7,7
•;.!
REGIÕES METROPOLITANAS
Nºde
Regiões
em 1980
1
3
3
2
1
10
CRESCIMENTO
1970/1980 (%)
TOTAL
523
43,2
43,5
56,1
119,0
46,6*
ANUAL
4,3
3,7
3,8
4,5
8,2
3.9
FONTE IBGE Censos Demográficos
TABELA 2
BRASIL: POPULAÇÃO
Projeção das Taxas de Crescimento Populacional de 1980 a 2010
PERÍODOS
1980-1985
1985 - 1990
1990 - 1995
1995 - 2000
2000 - 2005
2005-2010
Taxas de Crescimento
(% ao ano)
2.1
1.8
1.6
1,5
1,4
1,3
População ao Final do Período
(milhares)
133.358.6
145.895,7
158.228,9
170.205,8
182.426,5
194.399,2
FONTE: IBGE, Censos demográficos
Projeção lPEA- TABELA 9
TABELA 3
BRASIL: POPULAÇÃO
Projeção da Estrutura Etária da População de 1980 - 2010
(Percentuais)
Grupos de
Idade
0-4
5-9
10-14
15-19
20 - 24
1980
14.4
12.6
11.9
11.3
9.6
1990
11.4
11.4
11.5
10.2
9.7
2000
9.9
9.7
9.5
9.7
9.8
2010
9.2
8.9
8.5
8.4
8.3
FONTE: IBGE, Censos Demográficos para os dados básicos
Taxas de Crescimento Anual da População Residente por Região 1950-1980
Projeção das Taxas de Crescimento Populacional, Brasil 1980-2010
TABELA 4
BRASIL: POPULAÇÃO
Projeção das Populações Escolares Futuras de 1990 a 2010
Grupos de Idade
População
0-4
0-3
4-6
5-9
7
10-14
15-19
20-24
1990
145.895.7
16.632.1
13.305.7
9.979.3
16.632.1
3.659.1
16.778.0
14.881.4
14.151.9
Taxa de
Crescimento
1,6
0.1
-0.1
-0.4
1.0
1.7
2000
170.205.8
16.850,4
13.480,3
10.079,5
16.510,0
3.695,8
16.169,6
16.510,0
16.680.2
Taxa de
Crescimento
1.3
0.6
0.5
0.2
(0.1)
(0.3)
2010
194.399.2
17.884,7
14.307,8
10.700,9
17.301,5
3.884,8
16.523,9
16.329,5
16.135.1
FONTE: IBGE. Censos Demográficos para os dados básicos
NOTA: Números Absolutos xl .000
TABELA 5
BRASIL: POPULAÇÃO DE 0 A 6 ANOS
1990-2010
Grupos de Idade
0-4
0-3
4-6
0-6
1990
16.632,1
13.305,7
9.9793
23.285,0
2000
16.850,4
13.480,3
10.079,5
23.559,8
2010
17.884,7
14.307,8
10.700,9
25.008,7
População Pobre de 0 a 6 Anos
- Total
- Absoluta
10.012.5
4.657.0
10.130.7
4.712,0
10.753.7
5.001.7
FONTES: Dados da PNAD 1987
NOTA' Percentuais de pobreza mantidos constantes no período.
Números Absolutos x 1.000
TABELA 6
BRASIL: EDUCAÇÃO
Taxas de Analfabetismo entre a População de 15 anos e mais, por Gênero,
segundo Grupos de Idade - 1990
1980 - 90
(Percentuais)
GRUPOS DE IDADE
BRASIL.
15a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 e Mais
FONTE: IBGE/PNAD
Taxas de Analfabetismo
Total
18.3
9.4
9.8
10.2
13.3
22.0
28.9
43.8
17.9
12.4
11.4
11.7
13.1
20.5
25.4
39.6
(%)
18.8
6.4
8.2
8.7
13.5
23.4
32.1
47.4
NOTA: Exclusive zona rural da Região Norte
População de 0 a 6 anos, Brasil 1990-2010
BRASIL : TAXAS DE ANALFABETISMO
POR GÊNERO, SEGUNDO GRUPOS DE IDADE - 1990
TABELA 7
BRASIL: EDUCAÇÃO
Pessoas de 15 anos ou mais de idade, não-alfabetizadas, por Gênero, segundo as
Grandes Regiões -1990
(Em Percentuais)
GRANDES REGIÕES
E GRUPOS DE
IDADE
BRASIL
(1)(2)
NORTE
(2)
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
(3)
Total
100.0
3.2
26.8
47.0
16.0
6.9
Total
(1)
Homens
100.0
3.2
26.7
46.7
16.4
7.1
Mulheres
100.0
3.2
27.0
47.3
15.7
6.8
o
Total
100.0
2.0
41.9
28.5
10.1
6.3
Alfabetizadas
Homens
100.0
1.9
58.0
24.5
9.2
6.4
Mulheres
100.0
2.1
48.9
32.0
11.0
6.1
FONTE: IBGE/PNAD
NOTAS: '" Inclusive as pessoas sem declaração de alfabetização
(2)
Exclusive pessoas residentes em zonas rurais
(3)
Inclusive as pessoas de Tocantins.
BRASIL : PROPORÇÃO DE ANALFABETOS
POR REGIÃO. SEGUNDO O GÊNERO-1990
TABELA 8
BRASIL: EDUCAÇÃO
Pessoas de 15 a 29 anos, Analfabetas, com Escolaridade Inferior a 1 ano e Inferior a 4 anos de Estudo por Região e
Situação de Domicílio -1988
(Estimativas de Efetivos era Milhares)
FONTE: IBGE, PNAD
NOTA; ESCOLARIDADE = Anos Completos de Estudos
REGIÃO
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
TOTAL
TABELA 9
BRASIL: EDUCAÇÃO
Taxas de Escolarização da População de 7 a 14 Anos de Idade:
Evolução no Período 1950 -1990
Taxas de Escolarização da População de 7-14 anos, Brasil 1950-1990
TABELA 10
BRASIL: EDUCAÇÃO
Matrículas por Série, de Alunos Novos e Repetentes no Ensino de 1º Grau -1983/1987
TABELA 11
BRASIL: EDUCAÇÃO
Professores com Formação Inadequada , segundo a Rede de Ensino -1988
(Percentual)
Brasil
Sudeste
Nordeste
PUBLICA
223
10.1
38.0
PARTICULAR
15.9
11.2
21.4
(•) lnadequada: 1ºgrau ou magistério incompleto
FONTE: CIP/SEEC/MEC
REGIÕES
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
BRASIL
TABELA 12
RENDIMENTO MÉDIO DOS ALUNOS NAS PROVAS DE PORTUGUÊS, MATEMÁTICA E CIÊNCIAS POR
SÉRIES SEGUNDO AS REGIÕES -1990 (MÉDIAS DE 0 A 100)
RENDIMENTO DOS ALUNOS EM PORTUGUÊS
POR
REGIÃO
E
SÉRIE
- 1990
NOTAS DOS ALUNOS EM MATEMÁTICA - 1990
POR SÉRIE SEGUNDO AS
REGIÕES
TABELA 13
BRASIL: EDUCAÇÃO
Dispêdios Públicos em Educação
Como Proporção do PIB -1989/1990
ANOS
1989
1990
1991
1992*
PIB
(US$ BILHÕES)
311.1
296.7
284.9
290.0
CRESCIMENTO
(%)
-4.6
-4.0
1.7
GASTO PÚBLICO
EDUCAÇÃO
(US$ BILHÕES)
13.4
11.6
10.8
11.0
%PIB
4.3
3.9
3.8
3.8
FONTES: Estimativas IPEA para gastos em Educação
Banco Central para dados do PIB
NOTA: (•) PIB e Gastos Educacionais sob hipótese de estabilização
GASTO PÚBLICO EM EDUCAÇÃO/PIB
EVOLUÇÃO RECENTE E PROJEÇÃO
GRUPO EXECUTIVO
Maria Aglaè de Medeiros Machado (Coordenadora da Comissão)
Secretaria de Educação Fundamental
Divonzir Arthur Gusso
Diretor do Instituto Nacional de Estudos a Pesquisas Educacionais - INEP/MEC
Célio da Cunha
Diretor do Departamento de Políticas Educacionais - SEF MEC
Walter Esteves Garcia
Diretor de Apoio Didático-pedagógico - FAE/MEC
Tancredo Maia Filho
Coordenador de Estudos de Politica» Públicas - INEP/MEC
o Kessel
Coordenador de Planejamento Setorial - SAG/MEC
Lúcia Helena M. L S. C. Alves
Diretora do Departamento de Desenvolvimento Tecnológico - SEPESPE/MEC
Marcos José de Castro Guerra (Representante do CONSED)
Secretário de Educação do Rio Grande do Norte
Rui Rodrigues da Silva (Representante do CONSED)
Secretário de Educação de Tocantins
José Eustáquio Romão (Representante da UNDIME)
Pró Reitor de Ensino e Pesquisa da UFJF
Olindina Olívia Correa Monteiro
Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME
Geraldo Lúcio de Melo
Chefe da Assessoria de Comunicação Social do GM/MEC
Maria Aparecida Elvira Naves (Representante da UNDIME)
Consultora Técnica
Angela Mana Rabelo Ferreira Barreto
Coordenadora Geral da Educação Infantil - SEF/MEC
COMITÉ CONSULTIVO
Walfrido S. Mares Guia Neto
Presidente do Conselho Nacional doa Secretários da Educação - CONSED
Paulo de Tarso Carletti
Coordenador de Órgaos Regionais - GM/MEC
Leandro Rossa
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil/Movimento de Educação de Base - CNBB/MEB
José Eudes de Oliveira Costa/ João Monlevade
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação CNTE
Miguel Angel Enriquez
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -UNESCO
Mário Ferrari
Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF
Edson Machado de Sousa
Conselho Federal de Educação - CFE
Laudiene Coutinho
Assessora de Planejamento do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - CRUB
Yara Sirva Lucas Wortmann
Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação
Carlos Matias
Ordem dos Advogados do Brasil - OAB
Leila Guimarães Abreu/Raquel Scarlatelli
Confederação Nacional das Mulheres do Brasil - CMB
ARTICULAÇÃO INTER-SETORIAL
Eda Coutinho Barbosa Machado de Sousa
Coordenadora Geral de Análise e Avaliação Institucional -SESU/MEC
Maria Therezinha Saraiva
Diretora de Tecnologia Educacional - Fundação Roquette Pinto
Juscelina F. Teixeira
Coordenadora Geral da Educação Média - SEMTEC/MEC
Marilene Ribeiro dos Santos
Coordenadora Geral de Educação Especial - SEESP/MEC
EQUIPE TÉCNICO-PEDAGÓGICA OPERACIONAL - SEF/MEC
Nabiha Gebrim de Souza
Coordenadora Geral de Organização a Desenvolvimento do Ensino
Solange M. F. Gomes Paiva Castro
Chefe de Divisão de Gestão Escolar
Anna Maria Lamberti
Gerente de Avaliação e Currículo
Maria Maura Ferreira Mattos
Técnica da CODEF/DPE
Margarida Jardim Cavalcanti
Chefe da Divisão da Formação inicial a Continuada SEFIMEC
Consuelo Luiza Jardon
Chefe da Divisão de Educação de Jovens a Adultos - MEC/SAF
APOIO TÉCNICO DE COMUNICAÇÃO
Gilson Rebello
Assessor de Comunicação Social do MEC
Mana Regina Oton de Uma
Assesora de Relações Públicas do GM/MEC
Samira Jorge
Assessora de Comunicação Social da SEF/MEC
Evelise Maria Vidal Carvalho
Relações Públicas da SEF/MEC
REVISÃO INEP/MEC
Arsênio Canisio Becker
José Adelmo Guimarães
Tânia Maria Castro
APOIO ADMINISTRATIVO - SEF/MEC
Eunice de Oliveira F Santos
Maria da Paz Freitas Lima
Maria de Fátima S. Botelho
Ilma Goretti P Souza
João Calixto S. Mota
Antônia Ferreira Campos
Luiz Alves de Menezes
Aida Iris de Oliveira
COLABORAÇÃO ESPECIAL
José Amaral Sobrinho
Gerente de Educação da Coordenação de Politica Social - IPEA
Ivan Godoy
Assessor de Imprensa - UNESCO
Salvador Herencia
Oficial de Comunicação de Informação UNICEF
Heldo Vítor Mulatinho
Faculdade de Educação - UFGO
Luzia Maria Dias C. Rodrigues
Assessoria para Educação UNESCO
Jeanne Saucaya
Assistente Administrativo - UNESCO
Lígia Cademartori
Consultora Técnica
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Samira Jorge
CAPA
Paulo Valério P. Silveira
A DECLARAÇÃO DE NOVA DELHI
1. Nós, os líderes dos nove países em desenvolvimento de maior popu-
lação do mundo, reiteramos por esta Declaração nosso compromisso de bus-
car com zelo e determinação as metas definidas pela Conferência Mundial
sobre Educação para Todos e pela Cúpula Mundial da Criança, realizadas em
1990, de atender às necessidades básicas de aprendizagem de todos os nos-
sos povos tornando universal a educação básica e ampliando as oportu-
nidades de aprendizagem para crianças, jovens e adultos. Assim fazemos com
consciência plena de que nossos países abrigam mais do que a metade da
população mundial e que o sucesso de nossos esforços é crucial à obtenção
da meta global de educação para todos.
2. RECONHECEMOS que:
2.1 as aspirações e metas de desenvolvimento de nossos países serão
atendidas somente através da garantia de educação para todos os
nossos povos, direito este assegurado tanto pela Declaração
Universal dos Direitos do Homem quanto pelas constituições e leis
de cada um de nossos países;
2.2 a educação é o instrumento preeminente de promoção dos valores
humanos universais, da qualidade dos recursos humanos e do
respeito pela diversidade cultural:
2.3 os sistemas educacionais dos nossos países já alcançaram progres-
sos importantes na oferta de educação a contingentes substanciais
da nossa população, mas aindao foram plenamente sucedidos os
esforços de proporcionar uma educação de qualidade a todos os
nossos povos, o que indica a necessidade de desenvolvermos enfo-
ques criativos tanto dentro quanto fora dos sistemas formais:
2.4 os conteúdos e métodos de educação precisam ser desenvolvidos
para servir às necessidades básicas de aprendizagem dos indiví-
duos e das sociedades, proporcionando-lhes o poder de enfrentar
seus problemas mais urgentes combate à pobreza, aumento da
produtividade, melhora das condições de vida e proteção ao meio
ambiente — e permitindo que assumam seu papel por direito na
construção de sociedades democráticas e no enriquecimento de sua
herança cultural:
2.5 os programas educacionais bem-sucedidos exigem ações comple-
mentares e convergentes, no contexto do papel da família e da
comunidade, nas áreas de nutrição adequada, cuidados efetivos da
saúde e cuidado e desenvolvimento apropriado para crianças
pequenas;
2.6 a educação e a incorporação plena de mulheres jovens e adultas à
sociedadeo metas importantes em si e elementos-chave do
processo de desenvolvimento do bem-estar social, da educação de
gerações presentes e futuras e da diversificação das opções dis-
poníveis à mulher para o desenvolvimento de todo o seu potencial;
2.7 pressões demográficas impõem um ônus por demais pesado à
capacidade dos sistemas educacionais e impedem as reformas e
melhorias necessárias; além do mais, dada a estrutura etária dos
nossos países, esse processo continuará no decorrer da próxima
década;
2.8 a educação é — e tem que ser responsabilidade da sociedade,
englobando igualmente os governos, as famílias, as comunidades e
as organizações não-governamentais, exige o compromisso e a par-
ticipação de todos numa grande aliança que transcenda a diversi-
dade de opiniões e posições políticas.
3. CIENTES do papel vital que a educação terá que cumprir no desen-
volvimento das nossas sociedades, asseveramos por esta
Declaração que até o ano 2000 ou o mais rapidamente possível:
3.1 garantiremos a toda criança uma vaga em uma escola ou em um
programa educacional adequado às suas capacidades, para que a
educaçãoo seja negada a uma só criança por falta de professor,
material didático ou espaço adequado fazemos essa promessa
em cumprimento ao compromisso assumido na Convenção sobre
os Direitos da Criança que ratificamos;
3.2 consolidaremos esforços dirigidos à educação básica de jovens e
adultos proporcionada por entidades públicas e privadas, melho-
rando c ampliando nossos programas de alfabetização e educação
de adultos no contexto de uma estratégia integrada de educação
básica para todo o nosso povo;
3.3 eliminaremos disparidades de acesso à educação básica em função
de sexo, idade, renda, família, diferenças culturais, étnicas e lin-
guísticas, e distância geográfica;
3.4 melhoraremos a qualidade e relevância dos programas de educação
básica através da intensificação de esforços para aperfeiçoar o
"status", o treinamento e as condições de trabalho do magistério;
melhorar os conteúdos educacionais e o material didático e imple-
mentar outras reformas necessárias aos nossos sistemas educa-
cionais;
3.5 em todas as nossas ações, em nível nacional e em todos os níveis,
atribuiremos a mais alta prioridade ao desenvolvimento humano.
assegurando que uma parcela crescente dos recursos nacionais e
comunitários seja canalizada à educação básica e melhoria do
gerenciamento dos recursos educacionais agora disponíveis;
3.6 mobilizaremos todos os setores de nossas sociedades em prol da
educação para todos, endossando por este instrumento o Projeto de
Ação que acompanha esta Declaração e nos comprometendo a
revisar nosso progresso a nível nacional e a compartilhar nossas
experiências entres e com a comunidade global.
4. PORTANTO, convocamos:
4.1 os colaboradores internacionais para que aumentem substancial-
mente o apoio prestado ao nosso esforço de ampliar nossas capaci-
dades nacionais em benefício da expansão e melhoria dos serviços
de educação básica;
4.2 as instituições financeiras internacionais para que, sob o prisma de
ajustes estruturais, reconheçam a educação como investimento
crítico isento da imposição de tetos preestabelecidos e que pro-
movam um clima internacional capaz de permitir aos países sus-
tentar seu desenvolvimento sócio-econômico;
4.3 a comunidade de nações para que se junte as na reafirmação do
nosso compromisso com a meta de educação para todos e na inten-
sificação de seus esforços para alcançarmos nossa meta até o ano
2000 ou o mais breve possível.
EM CONFORMIDADE com o que foi aprovado por aclamação em
Nova Delhi em 16 de dezembro de 1993 e em testemunho da promessa e do
compromisso assumidos, afixamos individualmente a esta Declaração nossas
respectivas assinaturas.
Indonésia
Prof. Dr. Ing Wardiman Djojonegoro
Ministro da Educação e Cultura
China
Exmo. Sr. Li Lanquing
Vice-Chefe do Conselho de Estado
Bangladesh
Exmo. Sr. Barrister Jamiruddin Sircar
Ministro da Educação
Brasil
Exmo. Sr. Murílio de Avellar Hingel
Ministro da Educação e do Desporto
Egito
Exmo. Sr. Prof. Hussein Kamel
Bahaa El-Din
Ministro da Educação
México
Exmo. Sr. Javier Barros Valero
Subsecretário (Representante do Ministro)
de Pesquisa Científica e Educação de
Ensino Superior
Nigéria
Dr. Iyorchi Ayu
Ministro da Educação e do
Desenvolvimento para a Juventude
Paquistão
Exma. Sra. Shahnaz Wazir Ali
Assistente Especial do Primeiro-Ministro
para Assuntos Sociais (Educação)
Índia
Exmo. Sr. Shri P. V Narasimha Rao
Primeiro-Ministro
Impresso pela:
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