Nessa época, em Sergipe, desenvolvia-se grande atividade intelectual como atestam
os vários jornais que iam surgindo, como: Jornal do Aracaju (1870-1879), Jornal de
Sergipe (1866-1906), O Conservador (1868-1873), Diário de Sergipe (1877), Eco Libe-
ral (1877-1884), A Liberdade (1873-1874), A Crença (1873), O Sergipano (1874-
1875), que circularam em Aracaju identificados com os dois tradicionais partidos.
Outros, independentes, eram órgãos de classe, ou literários e humorísticos, destacando-
se A Fraternidade (1875), porta-voz da Maçonaria, Jornal do Comércio (1877), O
Porvir (1874), fundado pelos alunos do Atheneu Sergipense, Jornal do Povo (1874), O
Protesto (1875), A Zorra (1875-1876), O Raio (1876-1885), A Crisálida( 1876), A
Ordem (1876), A Polícia (1876), O Bouquet (1876), O Presente (1877), O Cansanção
(1878-1880) e O Carapuça. Na cidade de Estância circularam Sul de Sergipe (1870-
1871), Tribuna do Povo (1873-1874) A Águia (1875), O Rabudo (1876), O Eco
Estanciano (1877-1878), O Mosquito (1878), O Imparcial (1878-1883), O Sagitário
(1878), O Tribuno (1879-1880), O Farol (1879-1887) e O Monitor (1879-1880).
O nível intelectual dos jornalistas atuantes era elevado, como demonstram os edito-
riais e os artigos de Manuel Luís, Brício Cardoso, Silvio Romero, Armindo Guaraná,
entre outros. Começavam a aparecer, nos rodapés dos jornais, parceladamente, os
folhetins, os quais, pelo sentimentalismo, enredo e força de emoções, tornaram-se os
precursores das novelas de televisão dos nossos dias, no interesse que despertavam no
público.
Os livros, que compunham o patrimônio das bibliotecas, bem como as doações que
lhes eram feitas, refletiam a influência francesa na formação da intelectualidade sergi-
pana, Cheteaubriand, Victor Hugo, Thiers, Balzac, Lamartine, Alexandre Dumas eram
autores muito divulgados.
Ecoavam em Sergipe as transformações que ocorriam no Brasil, decorrentes das
mudanças estruturais de um momento de contradição entre os interesses de uma
tradicional aristocracia latifundiária, de base agrícola e semifeudal, e uma recente.
burguesia mercantil urbana, que o desenvolvimento dos bancos, ferrovias, companhias
de navegação e indústrias têxteis fizera tomar impulso.
Tomava-se visível o descompasso entre a nova sociedade emergente e o sistema
educacional em vigor. Crescia a preocupação dos dirigentes da Nação com os proble-
mas educacionais, principalmente ante a disparidade de situações que existiam entre as
Províncias. A uniformização do ensino, que o ato Adicional de 1834 fizera desaparecer
com repercussão negativa na vida nacional, passou a ser vista como "uma condição
social e de integridade nacional". Para o setor educacional, a partir de 1867, voltam-se
as Falas do Trono, frisando, enfaticamente, a de 1870: "O desenvolvimento moral e
material do Império depende essencialmente de difundir-se a instrução por todas as
classes da sociedade."
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O ensino secundário que, exceto o curso seriado do Colégio
Pedro II fundado em 1837, se resumia às aulas das disciplinas exigidas pelos Prepara-
tórios e garantia ao jovem ingresso nos cursos superiores, foi denunciado por Paulino
José de Souza, Ministro do Império do Gabinete Itaboraí, por não atingir a finalidade
que lhe cabia: "O ensino secundário exerce maior influência na sociedade, concorrendo
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M O A C Y R , P r i m i t i v o . A instrução e o Império. São Paulo, Ed. Nacional, 1938. v.3, p.663