Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DEPARTAMENTO DE ENSINO MÉDIO
ÁREA DE ASSUNTOS PEDAGÓGICOS
1º SEMINÁRIO DE SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
- RELATÓRIO -
AGOSTO/1976
ads:
ROTEIRO
NÚMERO 8-B
DIAS 3 e 4/8
TEMA 2: METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2° GRAU
2.1- METODOLOGIA DA EQUIPE CENTRAL DE SUPERVISÃO PEDAGÓ-
GICA/SEC.
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
2.2- METODOLOGIA PARA A SELEÇÃO DE HABILITAÇÕES
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
2.3- AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
2.4- METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR PRIMÃRIO
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
2.5- METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR SECUN-
DÁRIO
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
2.6- METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR TERCIÁ-
RIO
- QUESTÕES PROPOSTAS
- CONCLUSÕES
DIAS: 03 e 04/08
T E M A - 2: METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
NO ENSINO DE 2°GRAU.
SUBTEMA: 2.1 - METODOLOGIA DA EQUIPE CENTRAL DE
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA/SEC.
OBJETIVOS:
2.1 - CARACTERIZAR A METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO
ENSINO DE 2º GRAU.
2.1.1 - FORNECER INDICAÇÕES QUE ORIENTEM METODOLOGICA-
MENTE A AÇÃO DA EQUIPE CENTRAL DE SUPERVISÃO NO EN-
SINO DE 2º GRAU DAS SECs QUANDO À:
- INTERPRETAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA REALIDADE EDU-
CACIONAL PARA TOMADA DE DECISÕES;
- CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UM SISTEMA DE COMUNICA-
ÇÃO ENTRE OS DIFERENTES NlVEIS DE SUPERVISÃO;
- DEFINIÇÃO DE UMA ESTRUTURA OPERACIONAL DE SUPER-
VISÃO.
GRUPO GERADOR:
- DANIZETE MARIA SERPA PEREIRA - SEC/PE
- GLAUCE RUIZ - PRESIDENTE PRUDENTE/SP
- HELENA FARIA DE BARROS - PRESIDENTE PRUDENTE/SP
- ZÉLIA HELENA DENDENA - SEC/RS
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO:
- YARA BOULOS - DEM/MEC/BID
- CONSUELO PEREIRA CASTEJÓN - DEM/COPED
METODOLOGIA DA
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
NO ENSINO DE 2º GRAU
Elaboracão: Danizete Maria Serpa Pereira
Maria Cavalcante da Silva
Análise: Iracy de Lucena Lopes
Maria Auxiliadora Leal da Silva
- SEC/PE -
1. INTRODUÇÃO
No presente documento pretende-se tecer considerações relativas à Supervisão do Ensi-
no de 2º grau. Trata-se de sugestões que poderão servir de base à definição de diretrizes nacio-
nais, após submetidas à aprovação da COPED/DEM/MEC, uma vez que se objetiva orientar me-
todologicamente a ação da Equipe Central de Supervisão, no que se refere a:
interpretação do diagnóstico da realidade educacional para a tomada de decisão;
criação e manutenção de um sistema de comunicação entre os diferentes níveis de
Supervisão;
definição de uma estrutura operacional de Supervisão.
Pretende-se, portanto, na abordagem destes aspectos, oferecer aos elementos envolvidos
na ação de Supervisão do Ensino de 2º grau das Secretarias de Educação das Unidades Federa-
das, indicações para o desenvolvimento de um trabalho coerente com os objetivos da Supervisão.
9
2. SUPERVISÃO EDUCACIONAL
Funções de Supervisão
Processos
Segundo o "Dictonary of Education" entende-se por Supervisão, "todos os esforços dos
funcionários de educação designados para proporcionar liderança a professores e outras pessoas
no campo da educação, interessados no aperfeiçoamento profissional e desenvolvimento do pro-
fessor, na seleção de material didático, de métodos de ensino e em avaliação do ensino".
Analisando o conceito acima, observa-se como funções básicas da supervisão:
o desenvolvimento do professor
o desenvolvimento do currículo.
A função da Supervisão como desenvolvimento do professor, pode ser traduzida em ter-
mos de um trabalho desenvolvido no sentido de promovê-lo como pessoa e como profissional.
Neste aspecto é o supervisor aquele indivíduo que "ajuda o professor a se ajudar", que o esti-
mula a desenvolver sua capacidade de raciocínio, criação, crítica etc.
Uma outra função básica da Supervisão, é, segundo o conceito acima, o desenvolvimento
do Currfculo, uma vez que o supervisor, em atuação com os demais membros responsáveis pelo
planejamento curricular, envove-se neste processo em seus diferentes momentos. Compete pois,
ao supervisor, como um Especialista em Educação, proporcionar condições de melhoria da pro-
dutividade do Curriculo, indicando soluções adequadas para um desempenho coerente com os
objetivos que se pretende alcançar.
Para que o supervisor seja capaz de estimular o crescimento pessoal e profissional do
professor e um efetivo desenvolvimento do currículo, necessário se faz que ele apresente certas
características, como:
equilíbrio emocional;
compreensão e respeito às diferenças individuais;
uso de diferentes métodos e recursos didáticos, adequados a cada indivíduo e a cada
situação;
conhecimento e exercício constantes das funções de liderança democrática;
valorização dos aspectos positivos que podem ser encontrados em cada ser humano,
para que, através deles sejam estimuladas suas capacidades em potencial;
direção construtiva baseada na justiça, na firmeza, na paciência, no bom senso, sem
as quais a orientação pedagógicao poderia traduzir suficiente efeito.
A partir dessas colocações, podem-se caracterizar "os processos em supervisão", que tra-
duzem a ação do supervisor.
11
Para melhor desenvolvimento do trabalho, a supervisão será exercida em três níveis (Cen-
tral, Intermediário e Local) e de acordo com a abrangência relativa a cada nfvel, determinados
processos serão enfatizados.
Objetivando assegurar a ação conjunta dos elementos envolvidos nas situações de ensino-
aprendizagem, a Equipe de SUPERVISÃO buscará integrar-se às Equipes Técnicas como: Currí-
culo, Orientação Educacional e Pesquisa que poderão subsidiar sua açáo na implementação do
ensino, conforme fluxograma abaixo:
Visando a uma melhor definição da atuação do supervisor nos três diferentes níveis, se-
gue um quadro com as especificações desejáveis para a implementação do processo de ensino,
A Equipe de Supervisão Central será dividida em dois grupos:
Grupo de Decisão
- Grupo de Supervisão de 2? Grau.
13
P - Planejamento
O - Organização
D - Direção
C - Controle
A Avaliação
14
15
16
17
19
20
21
22
4 _ RELACIONAMENTO DA EQUIPE CENTRAL DE SUPERVISÃO COM OUTRAS EQUIPES
23
EQUIPE
1. Equipe Nacional
2. Conselho de Educação
da Unidade Federada
3. Universidades e
Faculdades
4. Equipe Estadual de
Currículo
5. Equipe Central de
Orientação Educacional
6. Equipe Central de
Currfculo e Supervisão
de 1º Grau
7. Equipe de Pesquisa
8. Equipe de Capacitação
de Pessoal
9. Equipes de Análise de
Livros, Aquisição de
Livros, Assistente
Social e Elaboração e
Produção de Material
Didático
OBJETIVOS DA EQUIPE CENTRAL DE SUPERVISÃO
Receber assistência técnica e prestar contas do trabalho
desenvolvido.
Fazer consultas e receber informações sobre Pareceres,
Resoluções, Decretos, Leis etc. emitidos pela Câmara de
29 Grau.
Receber assessoramento dos professores nas matérias de
Educação Geral e Formação Especial e dar conhecimento
da execução do Currículo de 29 Grau.
Estabelecer diretrizes para funcionamento da Supervisão e
Administração no Estado. Estas diretrizes servirão de
subsídios para programação dos Cursos de Especialização
em Supervisão Educacional e Administração Escolar, por
parte do Departamento competente.
Programar, em conjunto com o Centro ou Faculdade de
Educação, os estágios de Supervisão e Administração.
Fornecer informações necessárias ao planejamento cur-
ricular e participar do estabelecimento das diretrizes
curriculares.
Compatibilizar as diretrizes de Orientação Educacional e
Supervisão, a fim de garantir unidade no atendimento ao
aluno e apoio à execução do currículo.
Garantir a integração vertical do Currfculo, compatibili-
zando as diretrizes.
Dar conhecimento do andamento da execução do Cur-
rículo e sugestões da pesquisa em ação para correção de
problemas surgidos e/ou tornar mais eficaz o trabalho cur-
ricular.
Oferecer subsídios para programação de cursos para o pes-
soal técnico e docente e acompanhar o desempenho do
pessoal treinado.
Trocar dados e informações
5. CARACTERIZAÇÃO DA METODOLOGIA DA EQUIPE CENTRAL DE SUPERVISÃO
PEDAGÓGICA
Uma vez determinadas as especificações da Equipe de Supervisão, procurar-se-á caracteri-
zar a Metodologia da Equipe Central de Supervisão Pedagógica, tomando-se por base suas atri-
buições.
GRUPO DE DECISÃO
1. Estudar a realidade física e sócio-econòmico-cultural da Unidade Federada, bem como a
realidade do Sistema Educacional.
1.1. Manter um banco de informações atualizado, relativo a:
1.1.1. aspecto físico e sócio-econòmico-cultural
mapa da região
número de municípios
população de cada Município
superfície de cada Município
tipos de estrada
meios de comunicação
recursos econômicos de cada Município
atividades profissionais predominantes.
1.1.2. aspecto educacional
população escolarizável e escolarizada de cada Município
número e tipo de escolas de 2º Grau existentes por Município
número de vagas existentes
habilitações profissionais oferecidas
necessidades locais e regionais em mercado de trabalho
recursos humanos disponíveis
diretor
vice-diretor
supervisor regional e local
orientador educacional
professor
assistente social
psicólogo
qualificação do pessoal existente
Departamento de Educação Municipal existente
número e tipo de Universidades e/ou Faculdades existentes em cada Muni-
cípio
24
número de alunos aprovados e reprovados por série, com indicação da dis-
ciplina e/ou atividade
número de alunos submetidos a programas de recuperação, com indicação
da disciplina e/ou atividade
número de alunos concluintes
número de alunos provenientes do 2? Grau regular submetidos ao Vesti-
bular, como também o número dos aprovados por área.
2. Estudar a legislação educacional federal e estadual.
2.1. estudar e interpretar os textos legais provenientes do MEC, CFE, CEE, SEC e de outros
órgãos
2.2. manter uma lista atualizada dessa legislação, como também seu arquivo.
3. Estabelecer objetivos e metas para funcionamento da Supervisão do Ensino de 2? Grau.
3.1. estudar e interpretar os dados relativos à situação física, sócio-econômico-cultural e ao
sistema educacional da Unidade Federada (diagnóstico da situação)
3.2. definir objetivos e metas
Obs.: As demais atribuições decorrem do estabelecimento dessas metas e objetivos.
4. Estabelecer bases e diretrizes metodológicas para funcionamento, implementação e avaliação
da Supervisão de 2º Grau.
4.1. definir as propriedades de Trabalho
4.2. definir tipos de instruções, diretrizes etc.
4.3. definir instrumentos de acompanhamento, controle e avaliação
5. Elaborar projetos específicos de Supervisão de 2º Grau.
5.1. definir as prioridades de atendimento
5.2. elaborar os projetos específicos
5.3. montar o plano de acompanhamento, controle e avaliação
5.4. definir os instrumentos necessários para acompanhamento, controle e avaliação.
6. Propor a execução de projetos experimentais relativos ao ensino elaborado, acompanhando,
documentando e divulgando seus resultados.
6.1. estudar e interpretar as pesquisas curriculares existentes no mundo, pafs e estado
6.2. elaborar projetos experimentais de pesquisa curricular
6.3. definir os instrumentos de acompanhamento, controle e avaliação
6.4. estabelecer critérios para aplicação
6.5. selecionar os locais
25
6.6. registrar e divulgar os resultados da experiência.
7. Fornecer subsídios às Equipes de Currículo e Orientação Educacional.
7.1. encaminhar os resultados da situação ensino-aprendizagem
7.2. estudar meios para corrigir os desvios
7.3. apresentar sugestões alternativas para os problemas constatados
7.4. participar de reuniões para discussão e decisões relativas ao planejamento curricular e
atendimento ao educando.
8. Estabelecer linhas de comunicação,de forma que as Equipes de Currículo, Orientação Educa-
cional, Pesquisa, Planejamento e Controle possam conhecer o andamento do currículo.
8.1. coletar os dados necessários
8.2. estudar e analisar as situações-problema
8.3. fazer relatórios da situação e indicar soluções alternativas
8.4. promover reuniões periódicas para informação e discussão.
9. Fornecer subsídios para reformulação de cursos para professores e especialistas.
9.1. informar as Universidades e/ou Faculdades sobre os objetivos da Supervisão Educacio-
nal e Administração Escolar
9.2. montar um programa específico para os estagiários das diversas licenciaturas e especiali-
zação em Supervisão e Administração Escolar
9.3. montar um plano para acompanhamento, controle e avaliação dos estágios
9.4. estudar e interpretar os resultados obtidos
9.5. elaborar relatório de resultados
9.6. sugerir possíveis modificações no currículo dos cursos
9.7. participar de reuniões no Centro ou Faculdade de Educação
9.8. encaminhar necessidades da rede, relativa ao tipo de curso a ser oferecido.
10. Manter entrosamento com entidades locais, nacionais e estrangeiras.
10.1. encaminhar material para outras entidades
10.2. solicitar o envio de material
10.3. fazer assinatura de revistas específicas
10.4. participar de Congressos, Encontros, Semanas de Estudo, Seminários, Estágios etc...
26
GRUPO DE SUPERVISÃO DO 2º GRAU
1. Elaborar diretrizes e normas para funcionamento da Supervisão Educacional e Administra-
ção Escolar.
Obs.: O grupo para elaboração do documento deve ser formado por dois ou três elementos.
1.1. estudar e interpretar as prioridades definidas pelo Grupo de Decisão
1.2. levantar bibliografia de acordo com o documento a ser redigido
1.3. discutir sobre o tipo de documento a ser redigido
1.4. redigir o documento ou orientação
1.5. estabelecer metodologia de trabalho
1.6. submeter o documento á apreciação dos demais membros do grupo e de outras equipes,
quando necessário
1.7. estudar as reformulações propostas
1.8. fazer as alterações necessárias
1.9. submeter o documento á análise final
1.10. encaminhar aos serviços de datilografia, mecanografia ou impressão.
2. Orientar, acompanhar, controlar e avaliar as atividades desenvolvidas pelo Grupo de Supervi-
o Regional.
Obs.: Dependendo do tipo de atendimento, serão designados um ou dois elementos como res-
ponsáveis por determinada Região Educacional.
2.1. estudar os projetos específicos montados pelo Grupo de Decisão
2.2. pesquisar, estudar sobre assuntos relativos à educação
2.3. elaborar o cronograma e o calendário das atividades
2.4. orientar sobre métodos, técnicas, recursos didáticos e instrumentos a serem utilizados
2.5. orientar as instruções e diretrizes elaboradas pela própria equipe
2.6. elaborar boletins informativos, manuais de serviço, bibliografias, etc.
2.7. realizar visitas, encontros e reuniões para acompanhamento do trabalho
levantar as necessidades regionais
determinar as prioridades de atendimento
verificar relatórios das atividades desenvolvidas
definir o tipo de atendimento
planejar as atividades
estabelecer a metodologia a ser utilizada
executar as atividades de acordo com o cronograma estabelecido
27
registrar os resultados das atividades
avaliar as atividades desenvolvidas
propor as modificações necessárias
receber informações sobre o desenvolvimento do trabalho da equipe regional
encaminhar os resultados aos órgãos competentes.
2.8. desenvolver atividades específicas para controle e avaliação do trabalho desenvolvido
pela Equipe Regional
encaminhar fichas, modelo de relatórios e outros instrumentos para obtenção de dados
coletar dados relativos à execução
tabular os dados
registrar as mudanças ocorridas na execução
estudar os relatórios recebidos, como também todo e qualquer instrumento preenchi-
do
relacionar os problemas constatados
estudar e analisar os problemas constatados
propor soluções alternativas para os problemas constatados
redigir relatórios parciais sobre o desempenho das Equipes Regionais
promover meios de atendimento específico.
Ex.: Realização de seminários, encontros, semanas de estudo, visitas etc, com o
objetivo de treinar o Supervisor em uma determinada técnica a ser aplicada
na Escola. O supervisor recebe a orientação em um horário e no outro faz
a aplicação, podendo ser acompanhado pelo orientador, com o fim de ob-
servar e detectar as falhas, para as correções imediatas.
Realização de semanas de estudo para discussão de determinado problema.
verificar se as diretrizes emanadas da SEC estão sendo adaptadas à realidade regional
propor as alterações necessárias
avaliar o desempenho das equipes de Supervisão
avaliar as atividades desenvolvidas.
3. Participar da implantação, acompanhamento, implementação, controle e avaliação do cur-
rículo.
3.1. participar das reuniões promovidas pela Equipe Estadual de Currículo para estabeleci-
mento dos planos de implantação e de acompanhamento, controle e avaliação do cur-
rículo
3.2. estudar os documentos relativos a currículo
3.3. analisar os instrumentos propostos para acompanhamento, controle e avaliação
3.4. orientar a implantação do currículo
3.5. planejar com o "time de professores" o atendimento a ser dado
3.6. orientar a aplicação de instrumentos para controle e avaliação do currículo
3.7. coletar informações sobre os resultados obtidos
3.8. analisar as inovações curriculares
3.9. estabelecer comparação entre os objetivos propostos e os resultados obtidos
28
3.10. orientar sobre o processo da aprendizagem, avaliação, recuperação, quadro curricular
etc.
3.11. relatar as ocorrências verificadas
3.12. manter dados atualizados sobre o desenvolvimento do currículo
3.13. estudar as ocorrências verificadas
3.14. encaminhar às Equipes Estaduais de Curriculo, Orientação Educacional e Pesquisa o
relato das ocorrências, como também sugestões de trabalho a ser desenvolvido por es-
sas Equipes.
4. Manter banco de informações para pesquisas instrucionais e programas especiais.
4.1. levantar dados sobre o aspecto técnico-pedagògico
4.2. colher dados sobre experiências vivenciadas no Estado
4.3. fazer estudos comparativos destas experiências
4.4. fazer estudos de experiências vivenciadas em outros locais
4.5. sugerir assuntos para pesquisas, de acordo com a realidade do Estado
4.6. atualizar os dados existentes.
5. Incentivar a realização de projetos experimentais.
5.1. estudar e analisar os projetos experimentais propostos pela Equipe de Decisão
5.2. elaborar plano para acompanhamento, controle e avaliação
5.3. divulgar os projetos junto às Equipes Regionais
5.4. proporcionar meios para operacionalização dos projetos
5.5. acompanhar os projetos que estão sendo desenvolvidos
5.6. interpretar os resultados obtidos
5.7. divulgar os resultados das experiências.
6. Fornecer, ao órgão competente, subsídios para organização de cursos e outras atividades que
garantam o aperfeiçoamento e atualização sistemática do pessoal técnico e docente ligado à
prestação de serviços de ensino.
6.1. levantar as necessidades
6.2. informar a Equipe de Capacitação de Pessoal sobre as necessidades da rede
6.3. sugerir cursos de aperfeiçoamento e/ou de atualização de acordo com as necessidades
6.4. colaborar na montagem dos cursos, seminários etc.
29
6.5. apreciar o material recebido pelos participantes do curso
6.6. estudar relatório dos cursos oferecidos, como também a avaliação do desempenho dos
participantes
6.7. verificar se os participantes foram aproveitados de acordo com o tipo de curso oferecido
6.8. facilitar o acompanhamento do pessoal por parte da Equipe Específica.
7. Garantir o assessoramento do "time de professores", formado por elementos da Universida-
de.
7.1. planejar com o "time de professores" o tipo de atendimento a ser dado
7.2. estabelecer a metodologia a ser utilizada
7.3. promover estudos conjuntos
7.4. informar sobre os problemas constatados
7.5. levantar as necessidades
7.6. encaminhar os resultados para a Equipe Estadual de Currículo.
8. Garantir entrosamento entre as Equipes Regionais e outros Órgãos, a fim de colher subsídios
necessários ã realização do trabalho de Supervisão.
8.1. proporcionar encontros de "especialistas em área de currículo" das diversas regiões.
8.2. possibilitar visita de observação em determinada região educacional que esteja desen-
volvendo uma experiência considerada válida
8.3. incentivar a troca de experiências
Ex.: boletins informativos, apostilas etc...
9. Fornecer subsídios para a reformulação de currículos e programas.
9.1. levantar dados sobre o desenvolvimento do currículo
9.2. tabular os dados
9.3. redigir relatório
9.4. elaborar sugestões alternativas para os problemas constatados
9.5. encaminhar os resultados obtidos
9.6. participar de reuniões para discussão e decisão relativas ao planejamento curricular e
atendimento ao educando.
10. Participar de reuniões, encontros, seminários etc. com as demais Equipes Centrais da SEC e
com as promovidas pelo MEC.
10.1. apresentar dados sobre a realidade
30
10.2. elaborar relatórios
10.3. discutir as conclusões com os demais membros da Equipe
10.4. sugerir o que pode ser aplicado pela Equipe
10.5. encaminhar o material recebido para o arquivo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao se desenvolver este trabalho, procurou-se apresentar alguns pontos para reflexão, rela-
tivos à metodologia a ser usada na ação supervisora, os quais poderão ser modificados e/ou com-
plementados.
Observa-se que a Administração Escolar e a Supervisão Educacional foram aqui encara-
das, tendo como objetivo comum "o fornecimento de meios e condições favoráveis ao ensino e
à aprendizagem", tomando como base a conceituação de Burnham e Kíng, quando afirmam que
Supervisores e Administradoreso igualmente responsáveis pelo fornecimento da liderança re-
querida pela alteração, avaliação e execução dos currículos, providenciando sessões de orienta-
ção para novos professores, desenvolvendo ou revendo material de ensino, mantendo-o à altura
do desenvolvimento.
Assim sendo, a Equipe Central de Supervisão seria composta de especialistas em Adminis-
tração e Supervisão, a fim de se poder compatibilizar as orientações.
Um outro ponto para reflexão, refere-se à estruturação do sistema de Supervisão em três
níveis: Supervisão a nível de sistema. Supervisão a nivel regional e Supervisão local, com a fi-
nalidade de assegurar a "unidade dos objetivos, a continuidade e o aprimoramento gradativo do
processo".
Finalmente, para organização do trabalho, sugere-se que a Equipe Central de Supervisão
seja composta de diferentes especialistas e que a mesma seja dividida em dois Grupos: Grupo de
Decisão e Grupo de Supervisão do 2º Grau. Justifica-se este posicionamento pelo fato de se con-
siderar imprescindível a existência de um grupo que se preocupe com a tomada de decisões e
um outro que operacionalize tais decisões.
Focalizou-se, portanto, pontos considerados importantes para o trabalho de Supervisão,
a fim de que haja melhoria no produto que vem sendo obtido, constituindo-se a Supervisão um
investimento para a Educação.
31
SUGESTÕES PARA UMA METODOLOGIA
DE AÇÃO PARA AS EQUIPES CENTRAIS
DE SUPERVISÃO.
O conteúdo deste trabalho foi organizado e elaborado por:
GLAUCE RUIZ
HELENA FARIA DE BARROS
JOSÉ ERASMO CAMPELLO
YOSHIE USSAMI
APRESENTAÇÃO
Este documento deve ser visto como um instrumento de reflexão.
o pretendemos apresentar um modelo metodológico acabado, mas sim, um instrumen-
to que, analisado, possa chegar aos ajustamentos que se façam necessários, ou ainda, que possi-
bilite a definição de metodologia mais adequada.
A escolha, a elaboração de um modelo metodológico para ação da Equipe Central de Su-
pervisão, representou paras uma opção que tínhamos de fazer.o se originou em ne-
nhum momento, de um conjunto de fatores intelectuais e filosóficos.
Apresentamos, em anexo, as sugestões dos trabalhos práticos indicados no corpo do tra-
balho para a definição da metodologia proposta, a saber:
1 Formulação e análise de matriz analítica para identificação de problemas de currícu-
lo e supervisão no sistema.
2 Mapeamento de indicadores, selecionados a partir da realidade do sistema (seus pro-
blemas e necessidades), visando identificar interseccões para a elaboração de instrumentos ade-
quados à Supervisão.
3 Seleção e análise de instrumentos de supervisão.
4 Levantamento de pontos de estrangulamento nos instrumentos analisados e/ou
elaborados.
Aconselhamos a equipe técnica do DEM, encarregada de analisar este documento, a exe-
cutar essas quatro tarefas — o que lhes possibilitará encontrar as deficiências do modelo apresen-
tado neste trabalho.
Os autores.
35
INTRODUÇÃO
POSICIONAMENTO DA SUPERVISÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Os princípios contidos na Lei 5.692/71, evidenciam as diretrizes que devem nortear a es-
trutura e funcionamento do Sistema Educacional Brasileiro.
A filosofia expressa na Lei 4.024/61, indica que o legislador sentiu a necessidade de orga-
nizar o Ensino de 1º e 2
o
graus, obedecendo um enfoque sistêmico que possibilite a criação de
uma estrutura orgânica e funcional que favoreça a eficácia interna da ação e o entrosamento
externo com outros setores.
Essa visão sistêmica obriga a considerar, analisar e raciocinar sobre a situação global, so-
bre dados reais: todos os elementos sendo levados em conta condições e fatores que os pro-
duzem e as interligações e inter-relações dos diferentes setores.
Considerando-se os três componentes básicos de um sistema: Entrada (E), Processo con-
teúdo (Pc) e Saída (S), poder-se-ia esquematizar o Sistema Educacional brasileiro da seguinte
forma, segundo suas funções e estrutura:
Características iniciais dos
componentes do Pe (o
dado real).
Fatores sócio-culturais,
econômicos, recursos hu-
manos, financeiros, tecno-
lógicos. Estrutura técnico-
administrativa, física e
didática.
(limites e possibilidades
para a organização do Pc).
Combinação ótima dos
recursos e necessidades pa-
ra o alcance dos objetivos
do Sistema, que se concre-
tizam na estrutura curri-
cular.
Espera-se que o currículo
constitua-se em instrumen-
to capaz de operacionalisar
fins e objetivos gerais da
Educação Nacional.
(Estrutura e funcionamen-
to).
Finalidade do sistema.
O que se espera alcançar.
Leis da Educação, Objeti-
vos Gerais da Educação.
Objetivos dos graus de
ensino.
Objetivos do processo edu-
cativo.
Objetivos dos materiais de
ensino.
A partir das fontes de obje-
tivo o Homem, a Sociedade
a Cultura.
(objetivos).
37
ELEMENTOS DO PROCESSO - CONTEÚDO
QUANTO À ESTRUTURA:
ESTRUTURA FÍSICA - A rede física, o conjunto de prédios, instalações e equipamentos.
ESTRUTURA HUMANA - Todo o pessoal que o sistema utiliza para alcançar seus fins. Dis-
tribuição por atividade e funções, perfis, utilização dos recursos humanos.
ESTRUTURA FINANCEIRA - As fontes, o volume e a composição das inversões e gastos
para o cumprimento dos fins.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL - Os diversos níveis e modalidades ou tipos de ensino (ní-
veis e graus). A organização dos mesmos, se dá em termos de funções específi-
cas (conteúdo, duração, etc.) e as linhas de articulação vertical e horizontal
que se estabelecem entre eles.
ESTRUTURA DIDÁTICA - A estrutura e determinação de conteúdos, as categorias curri-
culares, a ordenação do currículo, as direções do currículo.
QUANTO ÀS FUNÇÕES:
DELIBERAÇÃO - Inicia-se pela definição de problemas, a coleta e ordenamento de dados, a
consideração de alternativas. Define-se pela Política Educacional arcabouço
de idéias dentro do qual se tomam decisões. Reflete o caráter da organização
embasada e indicando uma Filosofia de ação.
DECISÃO Escolha das alternativas mais indicadas para o alcance dos fins. tomando por
base os dados analisados e a Política de Ação definida.
NORMATIZAÇÃO - Se refere a normas de Direito que regulam a montagem do Processo con-
teúdo, visando o alcance dos objetivos do Sistema. Constitui-se de Disposições
Legais Constituição, Leis, Decretos; Disposições regulamentares regimen-
tos, portarias, instruções.
Disposições consuetudinárias ética, costumes, coerção social.
ADMINISTRAÇÃO Coordenação, controle e manipulação dos recursos na busca dos obje-
tivos definidos. Tem como sustentação a normatizçaão e a própria estrutura
do sistema. O conjunto de normas e regulamentos passa a constituir, descrever
e dar forma ao subsistema de Administração da organização. É essencialmente
função da Administração, a otimização dos recursos em função das necessida-
des para atingir os objetivos.
Cabe a ela por em execução as premissas da Política de Ação, codificando as
normas estabelecidas, para que as decisões a serem tomadas sejam as mais ade-
quadas e levadas a efeito. Cabe-lhe a coordenação e o controle de todo o
sistema.
Essas duas premissas básicas (coordenar e controlar) da Administração caracte-
rizam as atividades da direção, inspeção e supervisão.
38
COORDENAÇÃO - Direção: "A autoridade em ação, guiada e controlada por alguém oficial-
mente designado para isso".
"É a parte que efetiva a decisão, dá sinais para a ação, dá ordens e/ou
poderes a outros para agirem, indica como deve ser a ação e quando
iniciar, interromper ou terminá-la". (1) Sears, pg. 96.
CONTROLE - Inspeção - "o trabalho de vigilância e informação para o cumprimento de leis
e normas educativas". (2) Lemus, pg. 41.
Supervisão — o conjunto de ações que devem garantir a qualidade do processo
de instrução, que servem de apoio ao processo curricular.
A Administração é, portanto, um complexo de processos técnicos, cientificamente deter-
mináveis que, servindo a uma Filosofia e a uma Política de Ação, efetiva-se no Sistema Educa-
cional, com o objetivo de assegurar-lhe unidade, economia e aperfeiçoamento.
ABORDAGEM HISTÓRICA DA SUPERVISÃO ESCOLAR
Pode-se dizer que a Supervisão Escolar existe desde que existe a escola como instituição.
Já em Atenas e Esparta, o sofronista e o éforo exerciam atividades de controle sobre a Educação
e em Roma os censores tinham o controle e autoridade absoluta sobre a Educação dos jovens.
No Ocidente, já na Idade Média, a igreja exercia a direção e a inspeção das escolas, que
mais tarde, no sec. XII, passou a ser competência do mestre-escola.
Nos EE. UU., Barr assinala quatro períodos no desenvolvimento histórico da Supervisão:
como coerção, como "laissez-faire", como ensino e orientação, como direção democrática.
Rodrigues Vivanço distingue cinco fases históricas da Supervisão, segundo suas funções:
como fiscalização, como preparação de professores, como colaboração, como técnica, como
liderança responsável.
Lemus caracteriza quatro etapas no desenvolvimento da Supervisão: a) como tarefa de
vigilância, b) como tarefa de orientação e aconselhamento, c) como liderança democrática e
d) como um trabalho de análise e melhoria de sistemas.
Essas etapas se sucedem historicamente, porémoo exclusivas, há uma superposição
de caráter acumulativo "no sentido de que cada uma delas perdura com maior intensidade'.'
Considerando-se a Supervisão como trabalho de análise e superação de sistemas, ela
assume, como objeto de sua ação, a melhoria da situação educativa investigando causas, efeitos,
circunstâncias, na busca de solução de problemas práticos. Dessa investigação, da natureza e
causas desses problemas é que surge a sua metodologia de ação. Então, pode-se dizer que a
Supervisão se deriva da própria situação (das necessidades constatadas) eo da imposição de
uma ação estereotipada sobre ela.
Justamente essa ação, a partir das necessidades, dos problemas, da prática é que define o
enfoque sistêmico aplicado à Educação.
39
PORQUE ENFOQUE SISTÊMICO COMO METODOLOGIA EM EDUCAÇÃO
Várias razões justificam e dimensionam a importância da adoção da análise de sistema
como a mais conveniente metodologia, hoje, para a educação em geral e a Supervisão em
especial.
1) De ordem cultural Vivemos, segundo McLuhan (3), a era eletrônica, isto é, a época
do sistema de circuito, regeneração e envolvimento. Percebe-se agora que as conseqüências da
ação ocorrem ao mesmo tempo que a própria ação, após o homem ter por longo tempo culti-
vado hábitos de desprendimento e de indiferença com relação às conseqüências sociais de suas
ações. Experimenta-se uma crescente necessidade de encaixar as próprias conseqüências dos pro-
gramas no projeto original e de colocar o consumidor no processo de produção. Despertando
para a importância da regeneração eletrônica, tornamo-nos intensamente conscientes do sentido
e dos efeitos de nossas ações, depois de séculos de relativa negligência e indiferença. A era ele-
trônica se caracteriza pela volta ao mundo tribal de sistemas integrais e de consciência coletiva.
Passa-se da era da especialização para a era do desenvolvimento compreensivo, com ênfase no
pluralismo e a insistência na participação e no envolvimento. Nada tem sentido isolado, tudo
ganha significação, colocado num contexto.
2) Necessidades mais amplas da Educação A educação no período que se seguiu às duas
grandes guerras passou a ser visto como fator de eficiência social,o só das pessoas, como das
nações. A educação passou a ser incluída em todas as soluções apontadas para equacionar a
ampla gama de problemas contemporâneos: explosão populacional, explosão do saber, pro-
blemas do crime, da delinqüência juvenil, do abandono de menores, da pobreza, da produção
e desenvolvimento econômico do país. A educação tornou-se a aspiração das camadas menos
favorecidas da população, queo mais acreditam que sua posição inferior na sociedade faz
parte da ordem natural das coisas. A exigência de mais e melhor educação passou a ser pro-
blema enfrentado por todos os povos. Ainda, a ampla aferição dos processos educativos por
economistas passou a ser feita cuidadosamente, pois viu-se que a educação é meio eficaz de
elevar a produtividade do pafs; a educação passou a ser considerada como investimentoo
rentável quanto negócios imobiliários ou dinheiro.
Além do mais, verificou-se que planos econômicos podem ser ameaçados por falta de
mão-de-obra qualificada que só a educação fornece.
Portanto, nas últimas décadas o interesse pela educação se intensificou; pede-se a ela
muito mais do que se pedia antes. A educação foi redescoberta em termos econômicos e huma-
nísticos. Reconheceu-se o conhecimento como um poder, que apesar de estar em crise é distri-
buido pelas escolas.
A educação portanto, passou a ser encarada como tarefa queo pode ser executada
empiricamente, mas com planejamento rigoroso e científico.
3) a) A própria análise de sistema: A importância que a análise de sistema está assumindo
em todos os setores de atividades humanas.
Começou sendo útil durante a 2a. guerra, quando um grupo de estudiosos - biólogos,
físicos, matemáticos, professores, etc, foram colocados para aperfeiçoar as táticas militares,
40
devendo projetar idéias em vez de armas, planos em vez de equipamentos. Conseguiram, com
êxito, selecionar locais mais favoráveis para bases de aviação de caça, instalações de radar, bom
treinamento para pilotos e turmas de manutenção; manter eficiente sistema de comunicação e
controle. Conseguiram aumentar as chances da Real Força Britânica, interceptar os bombar-
deios nazistas. Depois, o grupo de cientistas auxiliou com eficácia a guerra aérea contra os
submarinos. Apôs a Guerra, o método se desenvolveu rapidamente aplicado a problemas mais
amplos e mais precisos. A fase do método chamada orçamento-programa foi a que mais se
desenvolveu, pois indica objetivos específicos e como concretizá-los. Com McNamara foi
aplicado com sucesso na reorganização dos processos de planejamento e custeio no Ministério
da Defesa dos Estados Unidos. Teve o sistema, grande influência na formulação de diretrizes
militares do país e em 1965 foi recomendado pela Casa Branca como devendo ser empregado
para avaliar todos os programas das repartições federais. As decisões eram baseadas em compo-
sições calculadas e em ponderação de alternativas a par da intuição e apreciação individuais.
No comércio, na produção e em outros setores tem aumentado cada vez mais o seu emprego,
principalmente quando problemas de quantidade, qualidade, prazos e custos devem ser equacio-
nados em função de objetivos.
A tentativa de usar a análise de sistema ou análise operacional em educação iniciou-se
nos Estados Unidos, em 1965. No Brasil, começa-se a valorizá-la.
b) O reconhecimento da necessidade de manutenção ou criação da "atitude administra-
tiva" que Lodi explica: "consiste em dar ao empregado uma visão de conjunto da empresa e
integrá-lo nos objetivos da mesma". Para o trabalhador da produção em massa, manual ou não,
o desejo de conhecer e compreender é um motivo primordial de ação. A maior contribuição do
homem especializado é a sua arte em si; nela repousam, igualmente, seu orgulho e sua satisfação.
As pessoas queo possuem a habilidade tradicional do artesanato tem seu orgulho, sua satis-
fação e sua contribuição na capacidade de integrar, de ver seu trabalho e o conjunto em suas
mútuas relações e de encontrar a realização de sua exigência de status na atitude adminis-
trativa". (4)
Aclarando o significado dessa atitude administrativa, Lodi afirma que em toda empresa
há a alta administração, a administração média e o trabalhador e, que os três grupos diferem
social e politicamente. A alta administração vê o todo em termos de sua execução econômica,
eficiência e produtividade e como uma unidade numa economia complexa e competitiva.
A administração média, cuja existência e importância só recentemente se admitiu, tem
na empresa visão de funções técnicas, mais como auto-suficiente do que como uma unidade
da economia. A empresa é uma complicada máquina com departamentos a funcionar.o
saberá dizer, eo é o seu interesse, se a empresa vai bem financeiramente. O trabalhadoro
se preocupa nem pelo aspecto econômico e nem pelo técnico. Interessa-lhe é sua relação para
com o emprego e para com seus companheiros de trabalho.o tem visão de conjunto,o
sabe o que ocorre em outros departamentos, planejamento para o futuro, engenharia e pesquisa,
venda, compra, importação, exportação, etc.
A atitude administrativa é necessária em todos os escalões da empresa. É necessária
ao trabalhador, que precisa ver a fábrica como gerente, o que se consegue por informações,
cursos de treinamento. Ele precisa variar de departamento, envolver-se no processo inteiro, pro-
duzir unidades inteiras, percorrer a fábrica em caráter de visita.
Quando tal acontece há um aumento quase explosivo da produtividade e eficiência.
Para a alta administração, essa atitude sempre está presente, pois está preocupada sempre
com os resultados, com o negócio, fabricação, planejamento, compra e venda, financiamento,
41
contabilidade, etc.
Na administração média é onde a atitude administrativa tem sua maior razão de ser e é
onde ela podeo estar presente, suplantada pela preocupação técnica. Aqui manuseiam-se
plantas, elaboram-se formulários, manipulam-se conceitos e algarismos, tudo altamente abstra-
to, o que pode prejudicar a função maior de integrar. O homem do grupo médio, o inspetor, o
administrador médio, o supervisor, o técnicoo trabalham sozinhos e só podem dizer "nós".
Nunca dirá como o operário "fiz isto, coloquei esta peça". O grupo que tem a essência de sua
função na atitude administrativa enfrenta as maiores dificuldades para consegui-la.
A média administração é responsável pela melhor produção, seu trabalho é considerado
multiplicador da produção se conseguir coordenar, integrar.
c) Robert Katz denominou a "atitude administrativa" como "habilidade conceituai que
é a habilidade para ver a organização como um todo; isto inclui o reconhecimento de como as
várias funções da organização dependem uma da outra e como a mudança em qualquer das
partes afetam a todas as demais". (5)
Davies e Tannaccone concluem que "os enfoques dos estudos organizacionais que insis-
tem nas habilidades conceituais devem:
Ser molares eo moleculares;
Dar muita importância às interdependências das relações funcionais;
Isolar os elementos significativos nas interdependências de relações funcionais;
Fazer provir as informações do estudo da mudança dentro da organização.
A forma mais efetiva de incorporar essas características ao estudo das organizações é
ver a organização como um sistema.
A teoria dos sistemas auto-reguladoreso somente apresenta implicações para o estudo
das organizações, como também pode prover o supervisor ou administrador de importantes
elementos analfticos-conceituais." (6)
Proceder por análise de sistema ou análise operacional é proceder tendo sempre presente
a visão do conjunto.
"Caracterizam um sistema, de um modo geral, a ordenação hierárquica ou interdepen-
dência das partes que o compõem, bem como a natureza das relações e estados. As relações re-
presentam as formas de comunicação entre as partes e os estados, a situação ou condições em
que um sistema apresenta em determinado momento" (7)
"O enfoque sistêmico supõe conceitos e pressupostos e procedimentos e práticas. En-
quanto abrange conceitos, pressupostos, visa explicar . e compreender, predizer e controlar fe-
nômenos complexos - Enquanto abrange práticas e procedimentos, possibilita uma série de
caminhos e alternativas ou formas de ação para a solução de problemas críticos e complexos".
(8)
"Pela essência da tarefa que desenvolveo é um método mas um ponto de vista, um
espírito de investigação científica". (9) (Pfiffer).
"A força do método de análise de sistema reside fundamentalmente em ampliar a agu-
deze do pensamento" (10).
42
"Um enfoque sistêmico é um procedimento para se obter, de maneira mais efetiva e
eficiente, os resultados educativos que se deseja e ô um modo de pensar que sobreleva a deter-
minação e solução de problemas". (11)
Enfoque sistêmico, é o processo mediante o qual identificam-se necessidades, solucio-
nam-se problemas, determinam-se requisitos para a solução de problemas, escolhem-se soluções
entre alternativas, obtém-se e implantam-se métodos e meios, avaliam-se os resultados e se
fazem revisões necessárias, totais ou parciais do sistema, para eliminar necessidades.
"Possibilita, o enfoque sistêmico, uma nova maneira de conceber a realidade que nos cer-
ca e uma forma racional e científica de solucionar problemas complexos". Pfiffer, pg. 12 (12).
"Para compreender a metodologia denominada análise de sistemas, é necessário primeira-
mente ter uma compreensão dos problemas, pois a finalidade dessa análise é a solução de pro-
blemas de decisão que o planejador enfrenta". (13)
Em educação o enfoque sistêmico satisfaz a necessidade de resultados pertinentes e pre-
dizíveis, orientados para o aluno. "É preciso dar perspectiva à relação entre o produto e o
processo (fins e meios), mediante um instrumento de planificação associado a certa lógica que
exige a identificação das necessidades e problemas afins, antes que se estabeleçam e selecionem
soluções.
O sistema operacional seria comparável a um sistema aberto em operação, um jogo em
que as regraso seriam totalmente estabelecidas.
A análise de sistemas lembraria o caso do jogador de futebol que tomou a bola e correu
para o gol, criando o rugby, "nova forma de jogo". (14).
Meals afirma "a análise de sistemas encosta o educador na atualidade e o obriga a ver sua
atividade como um conjunto,o somente o aluno como um todo, como também o currfculo,
os meios de comunicação, o mestre e a direção do sistema, com o fim de juntar este e outros
recursos em um sistema funcional". (15)
Blaschke escreve: seu significado para a educação é que força o indivíduo a definir o
problema com precisão, anotar as possíveis alternativas e custos e escolher a alternativa mais
eficaz, de acordo com seu critério de funcionamento.
43
DESENVOLVIMENTO
Apresentamos à Equipe Central de Supervisão do DEM, como sugestão de metodologia,
a análise sistêmica aplicada à montagem do serviço de Supervisão que tentamos utilizar em um
curso para a SEC de Mato Grosso:
A Identificar fontes teóricas para elaboração de instrumentos adequados à Supervisão.
PROBLEMAS GERAIS DE CURRÍCULO E SUPERVISÃO
Dois processos básicos desenvolvem-se a nível de macro-sistema para os problemas perti-
nentes à área de ensino: o planejamento curricular e o controle de sua execução.
A dupla função de planejamento e controle do processo curricular deve estabelecer-se
como atividade integrada e dinâmica que realize constantemente o círculo que se inicia pelo
conhecimento da realidade, passando pela definição de objetivos, planejamento de estratégias
e programação, para concluir na verificação do alcance dos objetivos e análise das soluções
adotadas.
44
A SUPERVISÃO COMO UNIDADE DE CONTROLE
DO PROCESSO CURRICULAR
A Lei 5.692/71, em seu artigo 33, legitima a Supervisão ao referir-se à "formação de
administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas da
Educação". (Lei 5.692/71, cap. V, art. 33).
o, contudo, uma definição do sentido específico do termo, nem do âmbito de sua
atuação.
No Brasil, a "Supervisão Educacional" emergiu das atividades do antigo inspetor e surgiu
pela primeira vez em 1931, com a Reforma Campos, sob a forma restrita de "inspeção especia-
lizada", a fazer-se como "assistência técnica", dividindo-se para tanto em três áreas: (a) letras;
(b) ciências matemáticas, físicas e químicas; (c) ciências biológicas e sociais. A idéiao vingou
nessa iniciativa pioneira, por evidente ausência de condições e ressurgiu extralegalmente nos
anos 50, sob denominações diversas em que predominaram as de "orientação pedagógica" e
"orientação escolar". Foram por igual inexpressivos os resultados colhidos. Para isso, entre
outras razões de infra-estrutura, contribuiu a organização totalmente centralizada que então
possuíamos e na qual, os "currículos", os programas, e as "instruções metodológicas" vi-
nham prescritos e nada, ao menos em teoria, se deixava aos educadores para acréscimos e rea-
justamentos.
Com as diretrizes e bases de 1961, vigentes a partir de 1962, passou o currículo a orga-
nizar-se em três níveis — o nacional, o regional e o das escolas mediante camadas que sucessi-
vamente se acrescentam e devem integrar-se. Longe, pois, de concluir-se com a fixação de con-
teúdos e métodos a observar em todo o país. como antes acontecia, o planejamento do ensino
prossegue nos sistemas, continua em cada estabelecimento e neste é tarefa que sempre se renova.
Sem dúvida, à maneira do que ocorreu com a administração, isso variou na proporção da rede
escolar e das respectivas unidades. Onde poucas eram tais unidades e reduzido o seu número de
alunos, predominou inevitavelmente a uniformidade para a qual, como outrora, bastava o
diretor, com ou sem auxílio eventual de professores mais interessados. Nos grandes sistemas e
instituições porém, os desdobramentos e acréscimos tenderam a aumentar e, pela via de opções,
a incluir a contribuição dos próprios alunos. Foi sobretudo aí que se fez necessário um novo
tipo de profissional voltado para o processo didático.
Esse profissional é o supervisor. Embora o nome importe pouco, a no casoo seja
dos mais felizes, registramos de passagem que dois motivos convergiram para a sua fixação:
em primeiro lugar, o inconveniente de designar pelo mesmo substantivo o "orientador educa-
cional" e o que já então se chamava o "orientador pedagógico"; depois, a influência norte-
americana que oferecia uma nova palavra, logo empregada por muitos e oficializada no artigo 30
da Lei n° 5.540/68. Com o nome, todavia,o veio inteiramente a função. Nos Estados Unidos
é comum fazer-se do supervisor um doublé de inspetor. Entre nós, enraizando-se embora no
'inspetor especializado", ele tende cada vez mais a firmar-se na especialidade sem a idéia de ins-
peção. Esta, em sua forma clássica, vai desaparecendo até no processo administrativo ao identi-
ficar-se com o aspecto de avaliação e controle, base de replanejamento e de constante renovação
contudo, temos de caracterizar a supervisão em si, o que vale dizer, a coordenação do processo
didático nos mesmos aspectos de planejamento, de execução e de avaliação e controle no âm-
bito de sistemas escolares e das unidades que os compõem. A diferença básica para a adminis-
tração reside no campo micro-educacional do seu exercício O supervisor é um didata que se
45
volta para o currfculo na acepção ampla da palavra. Com preparo específico e visão de conjun-
to, procura sempre dar unidade ao trabalho dos professores, tanto ao nível de sistema como ao
de escola, seja nas fases de planejamento e execução, seja na de avaliação e controle, É O que
implementa o currfculo eo impõe esquemas abstratos e uniformizadores, buscando antes ele-
var o teor qualitativo do processo ensino-aprendizagem sem pretender substituir-se aos que dele
se encarregam diretamente.
O exercício dessa coordenação faz-se na perspectiva de todo o currículo, do grau ou dos
graus considerados, quando se desenvolve no âmbito de um sistema de ensino, como no depar-
tamento de 1º e 2
o
. graus de uma Secretaria de Educação, e no de uma ou mais escolas (Parecer
75/76-CFE, pág. 17).
46
NOÇÕES GERAIS SOBRE UM SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO,
AVALIAÇÃO E CONTROLE
Acompanhar, avaliar e controlar a implantação e o desenvolvimento de uma organização
ó condição fundamental para que alcance seus objetivos, mantenha-se inteiramente e adapte-se
ao ambiente. Isto quer dizer que possibilitam o equilíbrio entre as variáveis internas e externas.
Controle é o processo de comparar o resultado real com o esperado e identificar qualquer
discrepância existente entre eles.
Os desvios encontrados (se ocorrem) podem ser de ordem negativa ou positiva.
Contudo, segundo Schiefelbein (16) "em qualquer caso é interessante precisar se esses
desvioso fruto de erros metodológicos na elaboração do plano, de mudanças nas condições,
dentro das quais se supôs que se iria operar, de erros de medida na situação inicial ou final, ou
doo cumprimento parcial ou total das medidas consideradas no plano".
Encontrado o desvio, seja ele negativo ou positivo, é preciso providenciar o reajuste das
normas e medidas determinadas para o controle (objetivos, programa, a própria organização),
mediante comunicação ao componente adequado do Sistema.
Esse processo é contínuo e visa igualar o resultado alcançado, ao esperado.
"O processo de controle se inicia com a determinação de normas e medidas, atividade
que consiste em estabelecer a quantificação dos objetivos, dos programas operativos e da orga-
nização adotada, definindo os padrões de operação e as medidas de rendimento. Os padrões
de operação assinalam níveis de eficiência, qualidade e oportunidade de cada uma das atividades
a realizar; as medidas de rendimento mostram os níveis de desempenho pessoal dos indivíduos
responsáveis pelas atividades" (17) Bloch, pg. 82.
Determinadas as normas e medidas de controle que atuarão como critérios para o acom-
panhamento e avaliação, passa-se à seleção de mecanismos e procedimentos que possibilitarão
a análise comparativa dos objetivos esperados e alcançados, a avaliação técnica e da própria
organização. Para tanto, é preciso estabelecer que informações e de que qualidade, serão neces-
sárias e como obtê-las (definir fontes, determinar como obter informações válidas e opor-
tunas, critérios para validação das informações, mecanismos de transmissão das mesmas ao com-
ponente do sistema que irá utilizá-las e arquivo das informações para utilização posterior).
É preciso ainda, estipular critérios que serão utilizados na adoção de medidas corretivas,
quando for o caso, isto é, como analisar e avaliar a informação e como efetivar sugestões e reco-
mendações.
47
O acompanhamento é a verificação direta e constante da capacidade de desenvolvimento
de uma atividade, possibilitando que esta atividade se realize dentro dos limites de tempo,
espaço, padrões e critérios pré-estabelecidos.
A avaliação "busca estabelecer um critério de valor, uma hierarquia quanto ao nfvel de
desempenho, considerando o contexto em que se efetivou a atividade, as condições humanas,
técnicas, materiais e físicas que interferiram na sua realização". (18) SEC (RS). Deve, sempre,
partir da análise da realização.
Para estabelecer padrões e critérios de acompanhamento, avaliação e controle é pre-
ciso estipular, para cada situação em particular e para o sistema como um todo, as variáveis,
os indicadores envolvidos no processo suas características iniciais e sua participação no
mesmo — e os obstáculos e limitações.
O acompanhamento e avaliação devem estar presentes em todas as fases do planeja-
mento, elaboração, desenvolvimento e avaliação. Na elaboração possibilitam suprir possíveis
desvios dos objetivos e carências do planejador, se há justificativa para a medida adotada e suas
possibilidades de execução (tempo, recursos).
No desenvolvimento, permitem assegurar o sucesso do planejado, garantindo o fomento
da rentabilidade, a colaboração eficiente dos executores, a obtenção de dados necessários, a
eficiência do sistema de comunicação das informações, visando o controle.
O processo de acompanhamento, avaliação e controle exige um conjunto de mecanismos
institucionais, técnicos e humanos, para sua atuação eficiente.
Mecanismos institucionais sistema de Supervisão e outros mecanismos de caráter provisório,
quando a Supervisão julgar conveniente para suprir ou complementar tarefas
específicas.
Mecanismos humanos os supervisores, assessores técnicos, permanentes ou provisórios.
Mecanismos técnicos metodologia, procedimentos, técnica, instrumentos, bem como ma-
teriais e instalações necessários.
Para se evitar que seja tendencioso é conveniente estabelecer um fluxo sistêmico de
acompanhamento, avaliação e controle, uma programação detalhada de atividades contendo es-
pecificação de prazos e metas; padronizar instrumentos.
Se a Supervisão tem por objeto a melhoria do processo curricular, seu objetivo é con-
trolar, acompanhando e avaliando o mesmo nos diferentes níveis de seu desenvolvimento no
Sistema Educacional.
É preciso ter presente a conotação que ela assumirá nesses diferentes níveis.
É bem provável que a nível central haja acompanhamento, controle e avaliação, mas
o na mesma intensidade e qualidade dos níveis intermediário e local.
O conteúdo de acompanhamento num nívelo será, necessariamente, igual ao do nível
inferior ou superior, conseqüentemente os instrumentos serão distintos e o fluxo independente.
Tomando-se o processo curricular como ponto de referência é que se pode definir a
natureza do conteúdo do acompanhamento, avaliação e controle nos diversos níveis de sua
elaboração, execução e avaliação (do processo curricular).
48
A - NÍVEIS DE ATENDIMENTO DA SUPERVISÃO
Num Sistema complexo como o de Educação, pode ocorrer que seja necessária uma
centralização normativa e uma decentralização executiva, devendo a Supervisão estar presente
em todos os níveis administrativos.
Por analogia, pode-se com; arar o sistema hierárquico da Supervisão com a figura de uma
pirâmide, onde aparece a Supervisão central no topo (núcleo bem reduzido, isto é, quantidade
reduzida de pessoas responsáveis, concentração num espaço determinado, funções amplas).
A Supervisão intermediária estaria localizada mais no centro e mais para o alto (núcleo mais
amplo, isto é, vários pontos estratégicos distribuídos na área física, maior número de pessoas
responsáveis, funções mais especificadas). A Supervisão local constituiria a base da pirâmide
(núcleo maior, constituído por todas as escolas do Sistema de Ensino, grande número de
pessoas envolvidas e responsáveis, funções bem especificadas de acompanhamento, avaliação
e controle do processo de ensino-aprendizagem).
Desse modo, é bem provável que, a nível central serão estabelecidas normas, critérios,
programas e princípios e os níveis intermediário e local porão em execução essas normas na
solução de casos individuais.
Essa hierarquização possibilitará estabelecer o maior entrosamento entre os níveis para
que se cumpram os objetivos, utilizando-se um subsistema de comunicação eficiente e rápido.
Em cada nível é preciso estabelecer pontos estratégicos de controle, que se constituirão
em focos de atuação que permitam a observação do maior número possível de padrões e normas
estabelecidas. Por exemplo, a nível local de escola, a Supervisão concentrará sua atuação no
processo de instrução que se constitui no seu núcleo básico de atuação, sem contudo deixar de
controlar aqueles setores que contribuirão para o desempenho eficiente do processo de instru-
ção (núcleos de apoio), direta ou indiretamente.
O diagnóstico das necessidades da unidade escolar e seu inter-relacionarnento com os
níveis superiores da Supervisão, oferecerão informações úteis para o conhecimento da natureza
do sistema como um todo.
49
Nível de Supervisão
Central
Nível de Supervisão
Intermediária
Nível de
Supervisão
Local
Comissões estaduais de
Currículo
Assessoria técnica do
Diretor
Supervisores e
Orientadores
de área
A aproximação e/ou agrupamento dessas necessidades fará surgir categorias ou grupos
de ordens. O cruzamento desses grupos de ordens (conjunto de necessidades da mesma natu-
reza) proporcionará o surgimento das intersecções (funções do sistema de Supervisão).
À partir da delimitação de funções, do estabelecimento de prioridades e hierarquias
entre elas, ter-se-á a pirâmide do sistema de Supervisão, abordada em sua natureza primeira.
A organização do fluxo, status e papéis será apenas decorrência dessa situação.
É, em outras palavras, a aplicação das etapas do enfoque sistêmico como metodologia
de estruturação do Sistema de Supervisão:
1. Diagnose da situação.
1.1. Levantamento das necessidades
a) comparação entre condição atual e condição desejada.
b) determinação de prioridades {análise e categorização das necessidades).
2. Identificação, definição e caracterização do problema.
3. Determinação dos requisitos e alternativas de solução:
3.1. a) análise de missões
b) análise de funções
c) análise de tarefas
d) análise de métodos e meios (estratégia e recursos).
3.2. Adoção e/ou descrição do modelo.
3.3. Determinação de fluxo e refluxo.
4. Implantação da alternativa de solução adotada (execução das estratégias, recursos,
tarefas, funções e missões).
5. Avaliação
5.1. Determinação da eficácia da execução.
5.2. Revisão do que seja necessário.
50
B - METODOLOGIA - FASES
1. Diagnose da Situação
1.1. Comparação entre condições atuais e condições desejadas.
Partindo-se do princípio de que a análise de sistema é o modo disciplinado e científico
de enfrentar problemas, é a tentativa de ordenar o caos aceitando que necessidade é índice de
problema, o essencial a ser feito é localizar, definir e delimitar problemas a partir de necessi-
dades levantadas.
Necessidadeso faltas, ausências, carências, discrepância entre o estado atual e o dese-
jável. Os dois estadoso referenciais para se detectar necessidades.
"Identificar necessidades é uma análise de discrepâncias determinadas pelas posições
extremas: Onde estamos? Onde deveríamos estar? (19) Kaufman - cap. 3, pág. 4).
Identificar necessidade sem esse trabalho comparativo entre o real e o esperado é agir
empiricamente. Por exemplo: "Especificar funções do Supervisor a nível de escola (desejável)
é realmente necessidade válida, rigorosamente apreendida se surgiu do contraste com "há
ausência de especificação de funções do Supervisor á nível de escola", (real).
Para levantamento de necessidades, portanto, poder-se-iam utilizar quadros como o que
segue:
O erro mais freqüente que se comete ao formular uma necessidade é o de incluir uma
"Solução" no enunciado.
Exemplo: Necessitamos individualizar o ensino nas classes de. grau da escola tal.
Erro: "individualizar o ensino" é solução eo identificação de discrepância entre "o
que é" e "o que deve ser".
51
Possíveis necessidades
condição atual
perfil do
supervisor
o definido
condição desejável
perfil do
supervisor bem
especificado em
todos os níveis.
formulação da necessidade
definir o perfil do
Supervisor a nivel
central, intermediário
e local.
O próprio CIPP (Controle, insumo, processo, produto) de Stuffebeam, 1968, poderia ser
empregado para se avaliar situações e identificar necessidades em qualquer situação de educa-
ção, portanto, também de supervisão. 0 modelo CIPP consta de:
a) Avaliação do contexto: análise sistemática dos fatores demográficos, culturais, históricos
e sócio-econômicos, relacionados com o problema. Deve incluir-se também análise am-
biental, uma descrição da área onde devem se produzir as mudanças.
b) Avaliação do insumo: estudos de instalação, pessoal, serviços, etc, que poderão ser utili-
zados em qualquer programa.
c) Avaliação do processo: procedimentos empregados, incluindo seqüências, condições e
papéis desempenhados pelos componentes do programa.
d) Avaliação do produto: a amplitude com que se alcançaram os objetivos, incluindo mu-
danças ou resultados inconvenientes.
1.2. ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO DAS NECESSIDADES
Levantando-se necessidades pode-se chegar a muito mais dados do que o suficiente, o que
dificulta o trabalho. Há que selecioná-los. Além disso dados absolutoso pouco significativos.
As necessidades ganham significado quando analisadas, selecionadas, classificadas, categorizadas.
se faz buscando as intersecções.
Pfeiffer indica cálculos matemáticos (de matrizes e outros), que poderiam ser usados na
categorização, evitando-se as porcentagens e médias que ainda se constituem em dados absolu-
tos, jáo mais suficientes.
No Curso de Supervisão de Mato Grosso, pediu-se que, em seqüência ao levantamento in-
dividual de necessidades (quadro 1) apontadas, fossem feitos agrupamentos. Percebeu-se que as
carências se concentravam na institucionalização do Sistema de Supervisão, na elaboração de
projeto de criação do serviço, planificação do serviço, determinação das funções nos níveis, ta-
refas a serem executadas, normas e recursos de implantação, etc, conforme segue:
QUADRO 2
53
Necessidades
Geradas
1. Institucionalização
da equipe de Su-
pervisão de 2? Grau.
Funções detectadas
a) Criação da Equipe de Supervisão Central, Intermediária
e Local:
Elaborar minutas de documentos legais para tanto;
Documento legal;
Definição de funções;
Portaria da SEC.
b) Organizar Estrutura e Funcionamento do Serviço de Su-
pervisão:
Elaboração de Projeto
Integração da equipe de Supervisão com a de currículo e
demais equipes da SEC.
Elaboração de um plano de Supervisão.
Definição de objetivos do serviço de supervisão.
Estabelecer critérios para recrutamento e quantificação da
equipe.
Definir competências.
2. Implementar o ser-
viço de supervisão
em todos os níveis:
3. Recursos humanos
qualificados:
4. Caracterização das
micro-regiões eco-
nômicas e culturais
do Estado:
Prever fluxo eficiente de acompanhamento, avaliação e
controle.
Treinamento e especialização das equipes.
outras...
Estabelecimento de fluxo de informações rápido e efi-
ciente.
Estudo de propostas curriculares em conjunto com a equi-
pe de curriculo de 2? Grau.
Integração do trabalho das equipes central, intermediária
e local.
Conscientização do pessoal administrativo (diretores e
delegados de ensino) sobre as verdadeiras funções da Su-
pervisão.
Estabelecimento de normas, padrões e medidas de acom-
panhamento, avaliação e controle.
Elaborar instrumentos de acompanhamento, avaliação e
controle.
Elaborar plano e programação do Serviço de Supervisão
outras...
Levantamento de recursos humanos.
Caracterização das necessidades de recursos humanos.
Elaboração de projetos de treinamento e especialização de
recursos humanos e habilitação em Supervisão.
Convênios com agências executoras de cursos.
Seleção de pessoal a ser habilitado.
Tomada de medidas que garantam a execução desses pro-
jetos.
Avaliar a execução desses projetos.
Análise ocupacional.
Pesquisa de mercado de trabalho onde serão oferecidas as
habilitações.
outras.,.
Planejamento e execução de pesquisa sócio-econômica
e cultural do Estado.
Pesquisar mercado de trabalho.
Pesquisar condições gerais do Sistema de Ensino do Es-
tado.
Pesquisar os aspectos do Sistema de Ensino, com aprofun-
damento, no que se refere a currículo e processo de ins-
trução.
Estudar diretrizes e metas de programas de desenvolvi-
mento do país, na área de Educação.
Analisar implicações próximas e remotas da Reforma de
Ensino em relação ao Sistema do Mato Grosso.
Identificar fenômenos carentes de maior atenção.
outros...
Fazer levantamentos de materiais necessários.
Especificação de recursos financeiros.
Aquisição de materiais para habilitações específicas.
Realização de convênios com instituições para aproveita-
mento de recursos.
Fazer levantamentos de número de salas necessárias por
habilitação.
outras.
Fonte: Agrupamento do Quadro 1.
2. IDENTIFICAÇÃO, DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA.
Das categorias de necessidades emergem os problemas.
"Problema é o desvio ou desequilíbrio entre o que deveria estar acontecendo e o que está
realmente acontecendo, é o desvio de alguma norma ou padrão desejado de desempenho, face a
fatores intervenientes durante a execução". O desequilíbrio é provocado por uma mudança
qualquero prevista e, por isso mesmo,o impedida de acontecer.
Existe o problema, quando as pessoas que julgam o desvio consideram-no possível de
correção, sob pena de a execuçãoo corresponder ao plano proposto. Existe ainda quando e
julgado de interesse da empresa, alterando o padrão de desempenho para atender a uma nova
exigência.
Caracterizam um problema:
a) a existência de duas situações: A e B e o desejo de alcançar o estado B, partindo de A.
A caracteriza o estado de fato e a situação- B -caracteriza o estado desejado.
b) a existência de uma série de elementos que precisam ser acionados para permitir a
passagem de A a B; humanos, técnicos, materiais, financeiros.
c) existência de muitas alternativas possíveis para processar a transformação.
d) a existência de diferentes graus de preferência pelos modos alternativos para promo-
ver a transformação.
e) a necessidade de escolha de uma das alternativas para ser executada processo de
decisão e escolha".
A necessidade é a carência (20) Projeto ACA/RS., é a discrepância, a existência do pro-
blema ou desvio existente. Ela é indicadora, índice dela.
"Quando analisamos as necessidades, deparamos com numerosas lacunas ou carências dis-
postas em ordem de importância, indicando os que devem ser eliminados. Essas carências, uma
vez selecionadas para a ação,o os problemas. Assim, pois, os problemaso lacunas seleciona-
das". (21) Kauffman, cap. 4, pag. 68.
Na experiência de Mato Grosso foi possível, das categorias de necessidades, chegar aos
problemas da Supervisão do Ensino de 2º Grau do Estado (quadro 2 e Relação de Problemas).
55
5. Equipar salas am-
biente para forma-
ção especial:
A partir da definição, um problema deve ser analisado para que se perceba todas as suas
características, relações recíprocas entre suas partes e para que se possa especificar requisitos
mensuráveis para obter a melhor solução do problema geral e para resolver cada uma de suas
partes.
Os problemas em educação apresentam-se quase sempre globais e vagos, carecendo ser
operacionalizados para provocar propostas claras de objetivos e programas de ação eficientes.
No exemplo de Mato Grosso foi solicitado aos participantes do curso que tomassem cada
um dos problemas enumerados e tentassem verificar como cada um se apresenta ou repercute
no nível de Supervisão central, intermediária e local, e como poderia ser melhor caracterizado
como problema de acompanhamento, controle ou avaliação. Pediu-se que utilizassem o quadro
que segue, como auxiliar. (Quadro 3).
ANALISE DAS NECESSIDADES PARA IMPLANTAÇÃO
DO
SERVIÇO DE SUPERVISÃO
Níveis da
Supervisão
Supervisão
Central
Supervisão
Intermediária
Supervisão
Local
Problemas
(variáveis)
Soluções
Meios
Materiais Humanos
Obstáculos
56
RELAÇÃO DE PROBLEMAS EMERGENTES DA
CATEGORIZAÇÃO DE NECESSIDADES
1 - Propor a institucionalização do Sistema de Supervisão;
2 Constituir as equipes de Supervisão;
3 Implantar o serviço de Supervisão;
4 - Estudo do Sistema de Ensino do país e do Estado;
5 Levantamento de mercado de trabalho;
6 Organizar equipe de pesquisa,
7 Prever recursos financeiros;
8 Sugerir equipamento e construção de salas ambiente;
9 Conseguir articulação e integração horizontal e vertical dos níveis de Supervisão
com outros órgãos da SEC;
10 Definir e conscientizar-se dos objetivos da Supervisão;
11 Elaborar projeto de montagem do Sistema de Supervisão;
12 Elaborar o fluxo das tarefas nos diferentes níveis de Supervisão;
13 Dinamizar o estágio de 2
o
Grau;
14 Propor a qualificação de Supervisores do Ensino de 2º Grau.
Esta relação foi reduzida posteriormente a sete problemas prioritários:
1 Montagem do Sistema de Supervisão;
2 Elaboração do fluxo de Sistema de Supervisão, nos diferentes níveis e com os de-
mais órgãos da SEC;
3 Qualificação de Recursos Humanos para o Sistema de Supervisão;
4 Levantamento do mercado de trabalho no Estado;
5 Previsão de recursos financeiros, equipamentos e construções de salas ambiente
para o ensino de 2? Grau;
6 Orientação para realização de estágio para o ensino de 2? Grau;
7 Estudo do Sistema de Ensino de 2? Grau no Estado.
57
3. DETERMINAR OS REQUISITOS E ALTERNATIVAS DE SOLUÇÕES.
Caracterizado e delimitado o problema, o passo seguinte é determinar como resolve-lo.
o é ainda solucioná-lo, ô preparar-se para fazê-lo. É aquele momento em que se levanta o juí-
zo, faz-se uma predição das possíveis soluções e um balanceamento delas.
É um momento criativo que foi preparado pelos passos anteriores (levantamento de ne-
cessidades, seleção delas e definição de problemas).
Enumera-se alternativas de solução e analisa-se as conseqüências, vantagens e desvanta-
gens da adoção ouo de cada uma delas.
O trabalho ficará simplificado se for feito através de:
3.1. a) Análise de missões, etapas ou fases que consistem em encontrar os grandes momentos
da solução do problema considerado como um todo pela determinação de objetivos
amplos.
b) Análise de funções que consistem no detalhamento de cada uma das etapas determi-
nadas.
c) Análise de tarefas um detalhamento ainda maior, chegando-se às unidades menores
da planificação.
d) Análise de métodos e meios de solução, ou seja, análise dos recursos humanos e ma-
teriais disponíveis, estratégias e instrumentos.
Procede-se, diz Kaufman, como numa análise microscópica em que se emprega lentes de
aumento crescente. Num desdobramento toma-se o conjunto determinando-se-lhes os grandes
aspectos, partes ou momentos (missões), depois aspectos ou partes menores componentes (fun-
ções) e, finalmente, as unidades mínimas do processo. Esse trabalho feito com meticulosidade
faz com que se vislumbre alternativas de solução e se perceba os meios a serem utilizados.
Determinar alternativas de solução se resume em responder as perguntas:
Aonde vamos e como saber que chegamos?
O que nos impede de chegar aonde queremos?
Quaiso as principais etapas do caminho que queremos percorrer?
Que fazer em cada etapa?
Que tarefas específicas devem ser feitas?
Quaiso os meios ou formas específicas de se fazer o que se tem a fazer?
58
Levantamento e Seleção de Métodos e Meios.
Se se busca trabalho racional, científico, há que se listar todas as alternativas e instru-
mentos de solução, verificando-lhes as vantagens e desvantagens do emprego, antes de se decidir
por um ou alguns deles.
Alternativas, ou métodos, ou estratégiaso encaminhamentos ou orientação geral que se
imprime à solução de problemas. Meios ou recursoso os instrumentos de aplicação das estra-
tégias. Métodos e meioso o "como" solucionar o problema.
Levantar e solucionar métodos e meios é trabalho simultâneo e depende da especificação
de etapas, funções ou tarefas. Delimitando-se essas últimas, tem-se como resultado, objetivos ou
produtos e a visão de todas as estratégias e meios de solucionar os problemas. Por outro lado, a
indicação de estratégias e recursos possibilitam o planejamento da viabilidade e custo do pro-
cesso.
As fontes de estratégias e meioso especialmente a literatura sobre recursos audiovi-
suais em educação, sobre educação em geral e outros campos afins, consultas a especialistas, a
vendedores, etc. A idéia de reformulação, criação, combinação; de buscar formas novas eo se
contentar com o que se tem feito, deve presidir tanto o levantamento como a seleção.
Faz-se, inicialmente um rol de métodos e meios correspondentes às tarefas, funções e eta-
pas, com indicação de vantagens e desvantagens do emprego de cada um. Este rol se constituirá
em "banco de dados" que servirá para a seleção inicial dos mesmos e também para a orientação
de possíveis mudanças de alternativas de solução dos problemas e dos próprios meios.
3.2. Modelo e/ou descrição do Modelo
A determinação de requisitos e alternativas de solução é facilitada pelo traçado de mode-
los ou esquemas simplificados representativos do processo total a desenvolver.
No curso de Mato Grosso foi proposto aos participantes o modelo de Sistema de Super-
visão desenvolvido por Lemus (22) - Lemus (pg. 217), para análise.
59
Da análise desse modelo foi possível chegar a uma descrição do modelo de um Sistema de
Supervisão bem mais simplificado, que indicava elementos essenciais, a saber:
a) Limitação das áreas de atuação;
b) Definição da natureza dos trabalhos de supervisão nos diferentes níveis de atuação;
c) Caracterização dos recursos humanos em cada nível;
d) Análise e elaboração de estratégias e instrumentos de ação.
e) Determinação do fluxo sistêmico.
Com base na fundamentação teórica (num enfoque sistêmico) e nas fases anteriores do
trabalho realizado, como também na análise da estrutura de Sistemas de Supervisão de outros
Estados (MG, PR, GO, RS, MT e DEF/MEC), tentou-se definir e delimitar funções e tarefas da
Supervisão nos diferentes níveis, utilizando o quadro 4, que segue:
Quadro 4
funções
e
tarefas
caracteriza-
ção de
recursos
humanos
Funções e Tarefas da Supervisão
Nível Central
Nível Intermediário
Nível Local
Desse quadro surgiram funções, tarefas e caracterização de recursos humanos (veja-se o
resultado obtido por um dos grupos de participação a seguir),
Para a seleção de instrumentos adequados à supervisão, voltou-se à relação dos proble-
mas levantados, (que foram reagrupados em função de sua própria origem) e, para cada um
deles propôs-se uma reflexão para elaboração de instrumentos. Foi utilizado novo quadro para
orientar a reflexão.
Quadro 5
0
que
(é o assunto, o
motivo da ação).
Por que
(a causa do
"o
que")
Descrição do
andamento
(planejamento das
atividades quem,
como, para quem,
com que).
Instrumento
(qual (is) o melhor meio
para consecução do
"o que", analisados sob
dois aspectos:.vantagens
e desvantagens).
60
3.3. DETERMINAÇÃO DE FLUXOS E REFLUXOS
A determinação de fluxos e refluxos tem por objetivo determinar e estruturar as funções
que o sistema exige para seu desempenho eficaz. Visa estabelecer o fluxo de informações neces-
sárias, à seqüência dos eventos e às interfaces das funções. Oferece uma visão geral dos passos a
serem dados e sua seqüência para alcançar os objetivos propostos; a seqüência de operações.
Será necessário contar com normas explícitas que definam claramente as funções, tarefas
e o alcance de cada um dos níveis de Supervisão, bem como as linhas de articulação entre eles e
o Sistema global de Educação, caso contrário se corre o risco e o perigo de burocratizar as fun-
ções supervisoras e expô-las a duplicações e dispersões.
A partir da determinação e delimitação das funções e tarefas prioritárias da Supervisão,
que foram definidas quando se fez o agrupamento das necessidades levantadas, a exemplo do
que foi feito no Mato Grosso, após analisado e preenchido o quadro 4, ê que se poderá estabe-
lecer o fluxo e refluxo.
Da seqüência do trabalho realizado (quadros 1, 2, 3, 4), chegou-se às tarefas ideais e pos-
síveis de um sistema de Supervisão e ao estabelecimento das metas prioritárias, das tarefas ini-
ciais para no caso do Mato Grosso, implantar-se o Sistema de Supervisão do Ensino de 2?
Grau.
Agora, tarefa planejada, mas aindao iniciada naquele Estado, á passar para uma outra
fase do mesmo processo: compatibilizar as tarefas estipuladas para os diferentes níveis na tenta-
tiva de verificar os pontos de estrangulamento entre elas, bem como dos instrumentos seleciona-
dos para cada tarefa. Desse "confronto" resultarão correções que se fizerem necessárias. Por
exemplo, poderá ocorrer que, a nível local, uma das tarefas selecionadas tenha sido o treinamen-
to de professores eo tenham sido definidas as tarefas correspondentes aos níveis interme-
diário e central.
Poderão ser utilizados quadros de referência como os que seguem:
Quadro 6
Nível
Central
Intermediário
Local
Tarefas Instrumentos Estrangulamentos
61
Quadro 8
Estabelecido o fluxo e refluxo, a natureza das funções da Supervisão acompanhamen-
to, avaliação e controle nos diferentes níveis, se define o sistema.
No Mato Grosso, estabelecido o fluxo, provavelmente se verifique que a Supervisão cen-
tral assuma funções normativas e seu conteúdo se caracterize pelo controle, uma vez que é res-
ponsável pelo planejamento e desenvolvimento do Sistema de Supervisão. Contudo, as funções
de acompanhamento e avaliaçãoo deixarão de caracterizar suas tarefas. A nivel intermediário,
a Supervisão poderá assumir características mais de avaliação e de ponto de ligação entre os-
veis central e local. A execução, nesse nível, assume natureza diferente do nível local, uma vez
queo está diretamente ligada à execução do currículo, cabe-lhe mais adequar as informações
advindas do nível central às características do nível local e devolver ao central as informações
colhidas junto à Supervisão local, quanto à execução das mesmas. A nível local o acompanha-
mento se acentua; se faz muito mais necessário estar presente em todos os momentos, uma vez
que é nesse nível que se executam as diretrizes curriculares, e é, portanto, dele que depende di-
retamente o alcance dos objetivos do Sistema Educacional.
4. IMPLANTAÇÃO DA ALTERNATIVA DE SOLUÇÃO ADOTADA
Partindo da determinação formal das necessidades e da informação relativa àqueles que
m maior prioridade, pode-se chegar ao empreendimento da ação, através da análise de missões
e das funções e tarefas, bem como do fluxo sistêmico, (tanto das tarefas como dos instrumen-
tos) que proporcionam informações detalhadas do que se deverá fazer.
Kauffman diz que, agora, já temos as respostas para as perguntas:
Quais as necessidades?
Quais os problemas de maior prioridade?
Quais os requisitos para satisfazer as necessidades e por conseguinte, para resolver os
problemas?
Quais as possíveis estratégias e recursos para efetuar as execuções requeridas?
A implantação equivale a por em execução o que se planejou, utilizando as estratégias e
recursos selecionados.
62
Contará de três subfases específicas:
4.1. Montagem do Projeto de criação e implantação ou reciclagem do Serviço de Super-
visão.
4.2. Institucionalização do Sistema de Supervisão.
4.3. Execução do modelo indicado no projeto.
4.1. Montagem do Projeto de criação e Implantação ou Reciclagem do Serviço de Su-
pervisão.
O projeto, na metodologia sistêmica se caracteriza sobretudo pelas atividades analíticas,
especificações ou detalhamento, que visam possibilitar o cumprimento dos objetivos no menor
tempo, com o menor custo e incorrendo no menor risco possíveis.
Deve conter, fundamentalmente:
o que se pretende alcançar,
como conseguir o desejado.
quando conseguí-lo
O que conseguir - definir objetivos gerais e específicos;
definir requisitos;
desenvolver especificações.
Como conseguir definir fases do trabalho;
definir grupos de trabalho;
desenvolver fluxo de trabalho.
Quando conseguir definir prazos e duração das tarefas;
desenvolver cronograma de trabalho.
Na organização do projeto é preciso prever duas dimensões: a estruturação das condições
materiais e de pessoal para sua implementação (dimensão administrativa) e das condições meto-
dológicas em que será desenvolvido o conteúdo do projeto.
A dimensão metodológica se apóia na administrativa.
Na literatura existente sobre planejamento, aparece uma grande variedade de modelo?
de projeto, desde os mais simples até outros bastante sofisticados.
Caberá a cada Sistema, de acordo com suas características de recursos, principalmente
humanos, optar pelo modelo que melhor lhe convenha.
Basicamente, qualquer modelo de projeto apresenta as seguintes etapas e fases:
63
I -CARACTERIZAÇÃO
1. Nome do Projeto
2. Responsabilidade (constituição do grupo tarefa: qualificação, atribuição no projeto)
2.1. De planejamento
2.2. De execução
3. Área de atuação (a quem e que elemento do subsistema se aplica)
II - FINALIDADES
(O porquê da realização do projeto. O problema e a solução proposta para resolvê-lo).
IIl - JUSTIFIC ATIVA
(O alcance social, econômico, pedagógico, etc. que a solução, a curto e/ou a longo prazo,
trará.
Sincronização de uma ordem crescente de valores).
64
OBJETIVOS GERAIS
(Definição do que se pretende alcançar. A necessidade à qual responde o projeto).
- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
(Definir operacionalmente os objetivos gerais).
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO PROJETO
(Quantificação dos objetivos gerais quanto a prazos, recursos - econômicos, materiais e
humanos abrangência.
Qualificar e escalonar no tempo e no espaço o detalhamento de todos os aspectos).
1. Duração
2. Dimensão
3. Metas
66
67
68
69
71
4.2. Institucionalização do Serviço de Supervisão.
As operações em que se desdobra o processo-implantação,m duplo sentido: decisões
centrais das autoridades superiores fluindo até a base do Sistema Educacional e operações
encaminhadas dos órgãos da base do Sistema aos órgãos superiores de decisão.
Cada Sistema Estadual se estrutura para essa tramitação da forma que considera a mais
adequada e rápida. Em qualquer caso, compõe-se sempre de alguns passos formais:
constituição de grupos-tarefa encarregados de elaborar os anteprojetos.
elaboração dos anteprojetos
apresentação dos anteprojetos aos grupos de Apoio Técnico que procederão à crítica
quanto à sua coerência interna e sua adequação e viabilidade em relação aos Planos
Estaduais de Educação (depois do que passou a se constituir em projetos),
apreciação do corpo de assessoramento da SEC,
encaminhamento à aprovação do Secretário,
aprovação e encaminhamento para execução nos diferentes escalões que o projeto
abranja.
4.3. Execução do Modelo.
Para executar o planejado é preciso implementar e controlar o modelo em execução.
Implementar: Consiste em mobilizar esforços para atingir os objetivos propostos no
modelo planejado.
Controlar: Manter a execução dentro das margens de segurança estabelecidas para
o modelo e a execução.
A execução, nada mais é, do que por em andamento os componentes e recursos humanos
planejados para cada tarefa, bem como as medidas de controle do próprio modelo e da exe-
cução, detectando produtos, desempenhos inadequados que requerem reajuste e cuidando que
estes se realizem, tomando como ponto de referência os critérios préestabelecidos no plano.
5. AVALIAÇÃO E REVISÃO
A avaliação, aqui, tem vistas a realimentar o próprio planejamento feito. O plano deverá
ser a diretriz básica para a execução do modelo de avaliação e deverá conter todos os critérios
necessários para encaminhar o processo da execução, considerando todos os aspectos envolvi-
dos: o produto, o desempenho e o próprio processo organizado, em atuação. Os critérios
quanto ao processo possibilitam, em pontos e prazos estratégicos e significativos, testar e
medir os objetivos, prazos, especificações, custos. Os critérios quanto ao desempenho permitem
comparar e julgar os desempenhos dos recursos humanos e dos componentes do Sistema,
envolvidos. Os critérios quanto ao produto permitem comparar resultados alcançados aos
esperados.
No plano, o fluxograma e o cronograma, devem evidenciar os pontos e momentos
estratégicos de avaliação e revisão, bem como os critérios, os procedimentos e os instrumentos.
72
Stefflebeam desenvolveu um modelo de avaliação relacionado com o processo de decisão
que em síntese é o seguinte:
As etapas e tipos de avaliação acompanham as etapas e tipos de decisão: de contexto
(avaliação para a tomada de decisão no planejamento para determinar os objetivos); de insumo
ou entrada (avaliação para tomar decisões para determinar produtos); de processo (avaliação
para tomada de decisões de revisão da execução); e de produto (avaliação dos resultados) que
permitirá medir e interpretar os efeitos e os resultados obtidos.
É preciso selecionar procedimentos e instrumentos adequados para cada tipo de avaliação.
Para tanto, é preciso considerar o tipo de decisão que será tomada a partir dos dados da
avaliação a ser operada; o modelo de avaliação deve embasar-se em conceitos teóricos; planejar a
avaliaçãoo flexível quanto o plano de execução para atender as mudanças que possam
ocorrer, possibilitando os reajustes que se façam necessários.
Concluindo, pode-se dizer que o processo de planejamento se inicia e se encerra, reco-
meçando, pela avaliação.
"A trajetória da retroalimentação (ou revisão) contém como primeira das funções, a
identificação do problema, com base nas necessidades. Para se alcançar pertinência see
sempre em julgamento, se revisa, atualiza, corrige, ou destaca o ponto de partida para o plane-
jamento do modelo e se refaz os planos e programas sobre a base das necessidades atuais que
hajam sido documentadas ou demonstradas". (23) Kauffman, pg. 164.
73
ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA
OPERACIONALIZAR A
SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
NUM SISTEMA DE ENSINO
- MARIA ASSUNTA TANSSINI
- SUENY BARBOSA
- ZÉLIA HELENA DENDENA
SEC / RS
APRESENTAÇÃO
O presente documento é apenas um instrumento de trabalho que poderá servir como
contribuição à "Semana de Estudos de Supervisão". O mesmo inclui fundamentos teóricos,
legais, procedimentos e técnicas gerais relativos à Supervisão que, no momento estão em fase
experimental no Sistema Estadual do Rio Grande do Sul.
As idéias aqui apresentadas necessitam ser mais desenvolvidas no sentido de se consti-
tuírem como um todo harmônico e lógico.
A análise deste documento, pelos participantes, representa uma valiosa colaboração que
servirá como subsídio para um documento posterior que seja básico e útil à Supervisão.
JUSTIFICATIVA
O presente texto visa a atender solicitação da Equipe Central de Supervisão do Ensino
de. Grau do Ministério da Educação e Cultura.
É a contribuição do Estado do Rio Grande do Sul decalcada nos moldes do Processo
de Controle do Sistema de Ensino implantado a partir da Resolução 112/74 do Conselho
Estadual de Educação, a qual apresenta:
a) a metodologia referente à interpretação do diagnóstico da realidade educacional
para a tomada de decisões;
b) o fluxo de comunicação ideal e o fluxo adotado no Rio Grande do Sul, entre os
diferentes níveis de supervisão, de onde se infere, também a estrutura operacional da supervisão
adotada.
77
SUPERVISÃO
1. Abordagem
O processo social é eminentemente dinâmico. O curso da história muda na medida em
que a tecnologia evoluí e os meios de produção e comunicação ganham novas proporções.
A luta pela sobrevivência e a atividade econômica centralizam grande parte da ação
humana.o elas que permitem ao homem atingir a maioria de seus objetivos.
Nesses termos, o desenvolvimento tecnológico assume papel decisivo. O próprio sistema
social e político se transforma. Surgem novos sistemas de governos e a necessidade de nova
hierarquia de valores, e crenças de novas ideologias e padrões de Cultura (Ribeiro, 1972).
Callado (1974) prefaciando a segunda edição de Teoria e Prática do Planejamento Edu-
cacional, de Osvaldo Ferreira Melo, atribui à educação o objetivo de preparar a nova geração
para a sobrevivência pessoal, a preservação e continuidade de valores desejáveis e convenientes
à vida coletiva. Ressalta a necessidade de reajustar a educação às condições da época.
Edson Franco (apud Melo, 1969) é de parecer que o planejamento da educação, se por
um lado deve representar o esforço e a colaboração dos mestres, por outro lado se ressente de
"um hiato entre educadores e técnicos e vice-versa".
O MEC (1) salienta a necessidade de professores e supervisores competentes quando se
pronuncia:
"Os educadores responsáveis em todos os níveis necessitam desesperadamente de
supervisores dinâmicos que possam auxiliá-los devidamente e colocá-los acima de
suas próprias limitações pessoais e que facilitem sua caminhada em busca do de-
senvolvimento profissional".
O documento conclusivo da pesquisa realizada pela SUDESUL, em convênio com o
Estado do Rio Grande do Sul período 72—75, através do Projeto ACA apresenta uma síntese
dos princípios teóricos que embasam recomendações aos órgãos da administração central. A
redação textual do que rege o assunto é: "Intensificar a ação supervisora nas Escolas", bem
como prover os serviços e instituições das escolas de. e. Graus, de profissionais especiali-
zados para o desempenho da função específica, entre outros: (...), Supervisores, (...) e, ainda
que as mesmas escolas "através de cursos, encontros e outros meios" recebam, dos Grupos
Funcionais da Supervisão, a nível superior de decisão, as orientações necessárias para o ajusta-
mento das diretrizes às suas realidades.
Entretanto, no momento atual, em que pesem os documentos já existentes, algumas
questões persistem, as quais merecem questionamento, considerando a finalidade com que o
presente texto está sendo elaborado:
Em que termos é colocada a ação supervisora?
O que espera dela um Sistema Estadual de Ensino?
Que fluxos de comunicação deve estabelecer e em que níveis de competência cumpre se
desenvolver a supervisão parao comprometer a consecução dos objetivos educacionais?
Que tipo de supervisão se recomenda, em termos de critérios ideais, sugeridos por psicó-
logos sociais e/ou demandados por um Sistema de Ensino?
78
2. Fundamentação teórica
2.1 Perspectivas da Supervisão
Nas conclusões do Simpósio Interamericano de Administração da Educação, promovido
pela OEA em Brasília, 1968, definiu-se que aos supervisores cabe criar condições para o bom
êxito das tarefas docentes, de vez que sua ação está mais diretamente relacionada com a ativi-
dade técnica do ensino e da administração (pág. 9).
Sobre o futuro da supervisão segundo Viles (1973), é imperativo dos Sistemas de
Ensino a exigência da presença de supervisores com funções mais específicas às exigidas até o
presente. A supervisão se constituirá por uma equipe heterogênea de elementos devidamente
preparados nas várias áreas e funções, de que o sistema necessita. Tenderá ao estabelecimento
de metas em comum, confiança mútua, coesão e uma unidade na tomada de decisões que
confiram consistência ao planejamento e às estratégias de ação.
Embora os supervisoreso possuam formação profissional idêntica, necessitam de
compreensão e abertura suficientes para o estabelecimento de uma teoria comum do relacio-
namento e dos princípios de como trabalhar com as pessoas.
Os serviços de supervisão do futuroo mais se restringirão aos sistemas escolares, mas
constituirão laboratórios regionais de educação, tendo em vista o aperfeiçoamento contínuo
de seus programas e métodos (Viles, 1973).
A supervisão consistirá, ainda, numa fonte de informações relativas à pesquisa e novos
enfoques educacionais, bem como subsidiará projetos de incremento à política educacional.
Uma das dificuldades com que os países se defrontam é a falta de recursos humanos
habilitados para as reais e crescentes necessidades, em todos os níveis dos sistemas de ensino,
afetando sobremaneira a área da supervisão escolar.
2.2 Comunicação e liderança
A Supervisão encontra suporte nas relações interpessoais de uma organização. Estas
relações refletem a concepção da natureza do homem, decorrente da ideologia que rege os
destinos político-sociais e econômicos de um país, numa determinada época, configurando uma
expressão cultural própria.
O supervisor, como elemento integrador de sistemas comunitários, sofre a influência
das ideologias que dinamizam as sociedades e regulam seus interesses, interferindo na formação
de sua personalidade pessoal e profissional, na sensibilidade a uma permanente mudança e
assunção do seu papel social.
De acordo com Etzioni (1964), é imperativo das Sociedades Modernas, um mínimo de
organização, como instrumento coordenador das ações humanas. A ação humana, em combi-
nação com os recursos materiais, gravita em torno de objetivos expressos e/ou velados das orga-
nizações.
O papel da supervisão está relacionado com a função administrativa, tendo em vista
facilitar a consecução dos objetivos da organização e dos elementos nela envolvidos Likest
(1961).
79
Conforme Peters (1964), a obtenção dos objetivos será melhor conseguida se os mesmos
forem claramente definidos, divididas as responsabilidades e cada elemento integrante atuar
dentro de um ritmo articulado pelas cadeias de coordenação e comando.
A estrutura da organização oficializa princípios de autoridade e controle como decorrên-
cia operacional do sistema social. A corresponsabilidade emana das relações interpessoais que o
sistema organizacional estabelece, desencadeia e operacionaliza.
Na complexidade de "papéis" dentro de um "sistema social", emerge o da supervisão, in-
termediário, distinto e inconfundível entre a autoridade e o supervisionado em relação aos obje-
tivos, segundo Parsons e Bales (1955).
Argyris (1957) estudou as relações interpessoais de grupos e estabeleceu comparações en-
tre o tipo de Supervisão e a produtividade destacando que, grupos de trabalho mais produtivos
eram os que tinham supervisão geral eo próxima, relativamente mais democrática em seu
comportamento de supervisão.
Pelz (1956) evidenciou a influência da liderança participante/através da qual o líder dá a
seus subordinados uma grande dose de independência nas decisões finais.
Coch e French (1948) verificaram que "os novos objetivos do grupoo mais facilmente
aceitos quando os membros do grupo participam no seu estabelecimento do que quando lheo
impostos".
O estudo de Pennington (1958) sugere que a discussão de novos objetivos pelo grupo é
uma maneira de envolvê-lo na decisão e facilitar sua aceitação.
Mc Gregor (1960), psicólogo industrial, a partir de suas observações na direção de gran-
des companhias, caracteriza um grupo criador, eficiente e com bom funcionamento quando:
"1. A atmosfera tende a ser informal (...) 2. Existe discussão pertinente à tarefa do
grupo (...) 3. A tarefa ou objetivos do grupoo bem compreendidos e aceitos pelos
membros. Até determinado ponto, existe livre discussão do objetivo, até que seja for-
mulado de tal maneira que os membros do grupo possam dedicar-se a ele; 4. As pes-
soas ouvem umas às outras (...) Todas as idéias merecem atenção; 5. Em caso de de-
sacordo (...) as razõeso cuidadosamente examinadas e o grupo procura resolvê-las
em vez de dominar o dissidente (...) 6. A crítica é freqüente, franca e relativamente
satisfatória. Existem poucas indicações de ataques abertos ou ocultos (...) 7. Quase
todas as decisõeso aceitas depois de clareadas e manifestas as disposições de agir
(...) 8. As pessoasm liberdade para exprimir seus sentimentos, assim como suas
idéias sobre os problemas e a operação do grupo (...) 9. Quando se realiza uma ação,
o feitas designações claras e estaso aceitas. O presidente do grupoo domina,
nem o grupo se submete indevidamente a ele (...). A questãoo é quem controla,
mas como o trabalho é realizado; 11. O grupo tem consciência de sua atuação".
Maslow e Argyris (apud Argyris, 1957) preocupam-se com a satisfação e a realização do
ser humano, através do que lhe proporcione segurança, amor e "status" social.
A idéia de um sistema técnico-social subentende que qualquer organização é uma combi-
nação de tecnologia e sistema social, onde devam ser levados em conta tanto a natureza da tare-
fa como a do indivíduo (Trist, apud Schein, 1963).
Que estilo de liderança terá mais condições de desencadear processos de mudança?
Do autoritário coercitivo ao democrático, (Likert, 1961) que alternativas convirá ao
profissional no exercício da supervisão, na esfera de ação em que é admitido a atuar?
80
O sucesso da supervisão dependerá da escolha acertada que der às exigências dos supervi-
sionados. Isto supõe um profissional capaz e competente, sob o ponto de vista educacional e
psicológico, agradável e hábil no processo de liderança grupai democrática.
Reconhecendo seu papel de líder, o supervisor conquista a cooperação dos supervisiona-
dos em todas as decisões importantes que os afetam e se relacionam com os objetivos educacio-
nais.
A habilidade liderativa variará de acordo com seu aproveitamento (posicionamento) nos
vários níveis do sistema e importância (exigência) atribuída à supervisão.
81
3. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
O início da história da supervisão no Rio Grande so Sul remonta ao ano de 1875. Consul-
tando os documentos que registram os fatos relativos a esse serviço, verifica-se que durante lon-
go tempo, supervisão e inspeção confundiram-se. Percebe-se, entretanto, que a ênfase esteve sem-
pre na Inspeção, exercida como função de fiscalização ou de orientação, buscando principalmen-
te garantir o cumprimento de diretrizes legais.
A partir de 1943 o Centro de Pesquisa e Orientação Educacional e de Execução Espe-
cializada da Secretaria de Educação e Cultura passou a exercer orientação -técnico-pedagógica
nas escolas primárias da capital e do interior. Esboçou-se a partir de então a supervisão.
Em 1968, com a Lei 5.540, que trata da formação de especialistaslpara a educação, foi
feita a distinção entre supervisores e inspetores. Posteriormente, no Parecer nº 252/69, o Conse-
lho Federal de Educação também distinguiu as funções de supervisão e de inspeção.
A Lei 5.692/71 tornou essa posição expressa no seu artigo 33, regulamentando ainda a
inspeção nos artigos 34, 45, 82 e 84.
O Plano Estadual de Implantação, elaborado em conjunto pela Secretaria de Educação e
Cultura e Conselho Estadual de Educação em 1972, classifica a posição do Sistema Estadual de
Ensino a esse respeito, afirmando que "é necessário que se avaliem todos os elementos do siste-
ma educacional e, fundamentalmente, um dos meios para a avaliação da escola é a inspeção".
O documento referido esclarece também que a supervisãoo pode ser substituída pela
inspeção, em razão de serem diversas suas funções dentro do Sistema de Ensino.
Ao caracterizar a inspeção, o Plano Estadual em apreço define-lhe a estrutura, estabelece
finalidades e formas de desenvolvimento. Determina aos órgãos técnicos do Sistema que elabo-
rem os instrumentos que as equipes de inspeção irão utilizar. Situa as equipes de inspeção nas
Delegacias de Educação. Determina que os resultados da avaliação por elas realizada subsidiem
decisões do Sistema e sejam utilizadas pela supervisão "com vistas a estabelecer os programas de
assistência a cada escola".
A supervisão, também caracterizada no Plano Estadual de Implantação (1972), é definida
como ação técnico-pedagógica "que colaborando para o aperfeiçoamento da obra educativa do
estabelecimento, assegure a unidade de ação técnico-pedagógica indispensável à rentabilidade e à
eficiência do Sistema de Ensino."
Em 1974, através do Parecer 647 o Conselho Estadual de Educação estabeleceu diretrizes
para execução da Resolução nº 112, que fixa normas para a inspeção e( a supervisão das escolas
integrantes do Sistema Estadual de Ensino.
O egrégio colegiado se manteve na "linha de encarar a inspeçãoo mais como função
isolada, mas como um dos elementos do controle do sistema de ensino", juntamente com a "su-
pervisão, consagrando-as como funções distintas e concomitantes".
Os diagramass 1 a 3 representam a situação configurada nos documentos em apreço.
82
DIAGRAMA1
83
DIAGRAMA Nº 2
84
PROCESSO DE CONTROLE DO SISTEMA DE ENSINO
RESOLUÇÃO 112/74-CEE/RS
a) RECURSOS
b) FUNÇÕES
Físicos
Financeiras
Humanos
Institucionais
Administrativa
Produtiva
Adaptativa
Integrativa
De Apoio
DIAGRAMA3
85
4. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ATUAÇÃO E ABRANGÊNCIA NO RS
No documento preliminar para estudo sobre a formação dos recursos humanos que o Sis-
tema Estadual de Ensino requer, define-se a área de atuação do Supervisor a nfvel de micro e
macro-sistema.
O Supervisor, a nível de escola, atuará como coordenador pedagógico "no processo do de-
senvolvimento de currículo" com a função específica de "dirigir e coordenar as ações básicas
que lheo inerentes, (fazer pedagógico)
1. "O elemento suporte dos professores na tomada de decisões pertinentes aos proces-
sos de ensino e de aprendizagem, a nivel de sala de aula e como assessor direto da direção
na tomada de decisões relativas ao desenvolvimento do planejamento curricular, conjun-
tamente com o Orientador Educacional"...
O Supervisor, chamado a atuar no macro-sistema configurar-se-á como elemento de uni-
dade no Processo de Controle do Ensino.
Deverá estar presente:
2. "nos diferentes niveis junto aos grupos que retêm a decisão,a fim de que esta pos-
sa se concretizar de forma a atender às necessidades e às possibilidades do sistema".
sobre a realidade educacional do sistema implantado, considera o documento:
3. "face à qualificação dos recursos humanos atuantes nos diferentes níveis, principal-
mente os das escolas; face ao número de escolas a serem orientadas e assistidas; face à di-
versidade e complexidade de tarefas necessárias ao desenvolvimento do Processo de Pla-
nejamento Curricular e do Processo de Controle de Ensino, necessário se faz um elevado
número de profissionais em supervisão escolar para atuarem nos diferentes níveis do Sis-
tema.
No próprio documento há um apelo às Agências Formadoras de Recursos Humanos, no
sentido de acompanhar as mudanças do processo desenvolvimentista;
4. "A medida em que os campos de especialização aumentam com o desenvolvimento
da técnica e da industrialização, aumenta a busca de outros elementos, que também con-
tribuam para a formação cultural".
86
5. PRÉ-REQUISITOS PARA A TOMADA DE DECISÕES
Um dos pré-requisitos essenciais para a tomada de decisões ó o conhecimento da reali-
dade.
A fonte de conhecimento da realidade do sistema educacionalo as suas Unidades Ope-
racionais, as escolas, que se constituem em subsistemas de processamento, funcionando direta-
mente voltadas para a atividade-fim, o processo ensino-aprendizagem, em função do fim último
da educação, que é a formação do indivíduo.
Um dos problemas que se configura para quem deve decidir sobre os rumos do sistema
educacional é justamente encontrar a forma como a informação chegará ao seu conhecimento.
No Parecer 647/74 o Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul sugere a
existência de Unidades de Avaliação para efetivarem visitas às escolas com o fim de captar as in-
formações necessárias ao diagnóstico da realidade de cada unidade escolar.
O parecer sugere ainda que os instrumentos e técnicas utilizáveis para a coleta de infor-
mações sejam elaborados por especialistas sob a responsabilidade do Órgão Técnico Central da
Secretaria de Educação e Cultura (SEC), o que lhes garantirá caráter científico e manterá a uni-
dade do processo de avaliação.
Na tentativa de materializar as determinações emitidas pelo Egrégio Colegiado, propõe-
se que, na Unidade de Pesquisa e Orientação Educacionais (UPO) exista um grupo de profissio-
nais com o encargo de elaborar os referidos instrumentos e de prescrever normas relativas à ope-
racionalização do processo de coleta de dados.
Esta mesma equipe, integrada ao grupo de currículo, encarregar-se-á de interpretar os da-
dos obtidos e, juntamente com os Departamentos responsáveis pelas atividades-fim, estabelecer
as prioridades a serem atendidas nos diversos níveis do ensino regular ou supletivo.
Em síntese: a idéia acha-se configurada no diagrama n°4.
87
PRÉ-REQUISITOS PARA A TOMADA DE DECISÕES
Legenda:
Diagrama4
88
Fluxo
Refluxo
círculo maior: Universo
6. COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE CONTROLE DO SISTEMA DE ENSINO
No Sistema Estadual de Ensino existe um órgão central responsável em primeiro nível pe-
la ação técnico-pedagógica que é a Unidade de Pesquisa e Orientação Educacionais (UPO), per-
tencente à Supervisão Técnica (SUT) da Secretaria de Educação e Cultura.
Conseqüentemente, a este organismo cabe a determinação das linhas básicas de controle
válidas para todo o sistema, a partir das normas emanadas do Conselho Estadual de Educação
(CEE), como órgão normativo.
No desenvolvimento do processo de controle, tendo em vista o diagnóstico da realidade
educacional, cabe à UPO elaborar instrumentos de avaliação diagnóstica e de prescrever normas
relativas à operacionalização do processo de coleta de dados, definir as linhas básicas de inspe-
ção e supervisão bem como de diretrizes curriculares a serem seguidas pelos Departamentos de
Ensino (DEM-DEF-DEE), no desempenho da sua ação junto às Delegacias Regionais de Educa-
ção (DE).
Convém ressaltar o fato de que os Departamentoso se constituem simples canais,
através dos quais fluirá a informação, mas lhes cabe a função de interpretar, à luz das caracte-
rísticas do nível de ensino pelo qualo responsáveis e de cada uma das DE, as linhas básicas
emitidas pela UPO, determinando formas de ação adequadas.
Esta estrutura pressupõe também a existência nos Departamentos, de uma equipe de es-
pecialistas em inspeção e supervisão que, atuarão direta e indiretamente nas DE(s), incluindo vi-
sitas às mesmas e até mesmo às Escolas, com a finalidade de constatar o andamento das ativida-
des técnico-pedagógicas, realizando portanto, avaliação do processo, o que implica na aplicação
de técnicas e instrumentos definidos e elaborados especialmente para este fim.
Concomitantemente, os especialistas dos Departamentos orientarão e assessorarão as
DE(s) quanto aos procedimentos a serem adotados na correção dos desvios negativos e estimu-
larão o aprimoramento dos pontos positivos.
A ação de controle dos Departamentos junto às DE (s)o se exercerá numa só direção,
visitando, ou mesmo convocando aqueles órgãos de representação da SEC (as DE) nas diversas
regiões, para atividades conjuntas. A iniciativa de tais atividades poderá também partir das pró-
prias DE(s).
Quando se pretende estruturar equipes de inspeção e supervisão nas DE(s) alguns aspec-
tos merecem destaques, ressaltando a necessidade de recursos humanos preparados adequada-
mente e as múltiplas formas de operacionalização da ação avaliativa e ativadora.
Considerando o caráter inovador do Parecer 647/74 e da Resolução 112/74-CEE, cabe à
Secretaria de Educação e Cultura evitar que seus órgãos de representação corram o risco de ad-
quirir visões distorcidas da realidade, o que poderá implicar no desencadeamento de uma ação
improdutiva ou mesmo desgastante.
Caberá aos departamentos, o acompanhamento das DE(s) e, periodicamente a realização
de encontros com a finalidade de aprofundar conhecimentos dos componentes das equipes de
inspeção e supervisão para um melhor desempenho da ação avaliadora e ativadora nas escolas.
89
Nas Delegacias de Educação existirão equipes de inspeção e supervisão com "funções es-
pecíficas e concomitantes", constituindo a inspeção, a unidade de avaliação e a supervisão, a
unidade de ativação de correções, conforme determina o Conselho Estadual de Educação.
No contexto da Escolao se configura a existência do inspetor, mas a do supervisor es-
colar como coordenador pedagógico.
1. "atuando como especialista no processo de desenvolvimento do currículo com a fun-
ção precípua de dirigir e coordenar as ações básicas do "fazer pedagógico". Configu-
rar-se-á este supervisor como elemento suporte dos professores na tomada de decisões
pertinentes aos processos de ensino e de aprendizagem, a nível de sala de aula e como
assessor direto da direção na tomada de decisões relativas ao desenvolvimento do cur-
rfculo".
Cabe a este supervisor, tendo em vista os objetivos próprios da Escola, realizar também o
controle do seu funcionamento constatando permanentemente os desvios existentes no desem-
penho da função produtiva e adaptativa especialmente.
Conseqüentemente, o coordenador pedagógico exercerá ora a função de avaliação, ora a
de ativação, na qual é especialista.
O diagrama n° 5 configura a situação acima descrita.
90
91
6. COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE CONTROLE:
CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
RIO GRANDE DO SUL
Parecer nº 647/74
Estabelece diretrizes para execução da Resolu-
ção que fixa normas para a inspeção e a super-
visão das escolas integrantes do Sistema Esta-
dual de Ensino.
1. O art. 16 da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, mantido na Lei 5.692, de 11 de
agosto de 1971, estabelece:
"É da competência dos Estados e do Distrito Federal autorizar o funcionamento dos es-
tabelecimentos de ensino primário e médioo pertencentes à União, bem como reco-
nhecê-los e inspecioná-los.
§ 1?o condições para o reconhecimento:
a) idoneidade moral e profissional do diretor e do corpo docente;
b) instalações satisfatórias;
c) escrituração escolar e arquivo que assegurem a verificação da identidade de cada
aluno e da regularidade e autenticidade de sua vida escolar;
d) garantia de remuneração condigna aos professores;
e) observância dos demais preceitos desta lei.
* §2º —Vetado (A inspeção dos estabelecimentos particulares se limitará a assegurar o
cumprimento das exigências legais).
§ As normas para observância deste artigo e parágrafos serão fixadas pelo Conselho
Estadual de Educação.
92
Em cumprimento às disposições legais do § 3?, acima citado, o Conselho Estadual de
Educação, em 4 de setembro de 1962, baixou a Resolução 5/62 "Sobre autorização para fun-
cionamento, reconhecimento e inspeção de estabelecimentos de ensino médio". Posteriormen-
te essas normas foram complementadas, no que se refere à inspeção, pela Resolução 30/65, com
base no Parecer 55/65.
O Parecer 55/65 distinguiu inspeção sobre serviços de educação em estabelecimentos
mantidos pela iniciativa privada e pelas municipalidades, do controle hierárquico funcional das
escolas mantidas pelo poder público estadual. Assim, de acordo com a Resolução 30/65 do Con-
selho Estadual de Educação, a inspeção se exerceria sobre os estabelecimentos municipais e
particulares e com a dupla finalidade de verificar o cumprimento das normas referentes ao ensi-
no e de oferecer assessoramento às atividades técnico-administrativas e tócnico-pedagógicas, co-
laborando no aperfeiçoamento da obra educacional.
Paralelamente à inspeção, restrita às escolas particulares e municipais, nas escolas públi-
cas, estaduais, primárias, havia um atendimento sistematizado através de "orientadores". Para as
escolas médias havia assistência direta dos órgãos técnicos da Secretaria de Educação e Cultura,
muitas vezes através de equipes que se deslocavam. Tendia-se, assim, à adoção de uma forma de
supervisão, embora a Lei federal 4.024/61,o cogitasse dessa função explicitamente.
A partir do Plano Estadual de Educação, de 1967, no Rio Grande do Sul foi organizado
um serviço de supervisão também para as escolas médias mantidas pelo Estado.
A Lei 5.540/68, a primeira a tratar da formação de especialistas para a educação, fez dis-
tinção entre supervisores e inspetores. O Parecer 252/69 do Conselho Federal de Educação, ao
estabelecer os currículos mínimos para a formação de especialistas de educação e de professores
para as escolas normais, também distinguiu as funções de supervisão e inspeção.
A Lei 5.692/71 acolheu essa posição e tornou-a expressa no art. 33. Ainda sobre inspe-
ção, tratam seus artigos 34, 45, 82 e 84.
A medida que se aperfeiçoa o sistema de ensino, realmente vai havendo uma maior especi-
ficação de funções. O Conselho Estadual de Educação, ao longo de suas atividades, pode com-
provar, outrossim, a necessidade de que se exerça tanto a inspeção como a supervisão sobre to-
do o Sistema de Ensino, abrangendo escolas particulares e escolas públicas. O Plano Estadual de
Implantação, elaborado em conjunto pela Secretaria de Educação e Cultura e Conselho Estadual
de Educação, em 1972, emborao explicitando a supervisão a nível de sistema, consagrou esta
posição, colocando inspeção e supervisão como funções específicas e concomitantes que se
exercem sobre todas as escolas do sistema.
Este posicionamento implica em reformulação da Resolução 30/65 já referida.
O Conselho Estadual de Educação, no exercício de sua competência normativa, e com vis-
tas a disciplinar, na nova perspectiva, a supervisão e a inspeção, realizou estudos e promoveu
contatos com a Secretaria de Educação e Cultural, de que resultaram os documentos que passa-
o a reger a matéria.
Nessa linha de encarar a inspeçãoo mais como função isolada, mas como um dos ele-
mentos do controle do sistema de ensino juntamente com a supervisão, buscou-se um modelo
de controle de sistema que, com os devidos ajustamentos, servisse de base à caracterização de
controle no sistema de ensino.
oo poucas as teorias que hoje se desenvolvem sobre sistema, das quais resultam ou-
tros tantos modelos de controle. Foi escolhido, por melhor servir ao embasamento deste traba-
lho, o modelo elaborado por JOHNSON, KAST e ROSENZWEIG,o só por adotarem os au-
93
tores um conceito de controle que parece expressar melhor o que deva ser este processo no sis-
tema de ensino, como também porque nele se poderia desenvolver a idéia de inspeção e super-
visão com funções distintas e concomitantes.
Um documento básico, elaborado pelo Assessor Professor ROBERTO GUILHERME SEI-
DE, serviu como subsídio para o estudo do assunto. Este documento sofreu reformulações por
indicação do Conselheiro Relator e por sugestões de Conselheiros e Assessores do Conselho Es-
tadual de Educação e de Técnicos da Secretaria de Educação e Cultura. Está anexado ao pre-
sente parecer, em redação final, e seu estudo é indispensável para o correto entendimento da
Resolução que passará a disciplinar a inspeção e a supervisão no Sistema Estadual de Ensino.
Cabe mencionar, ainda, a colaboração especial da Assessora Professora CELESTINA ROSA E
SILVA.
2. O documento acima referido inclui:
Conceituação de controle de sistema, acrescida de comentário sobre os aspectos
distintivos do controle que, desde logo, evidenciam a linha diretiva do posiciona-
mento ao longo do trabalho (item 1.1).
Elementos do controle, em destaque, que permitem a caracterização de cada um (1,2).
Caracterização de sistema de ensino com especificação de seus elementos e com-
ponentes que possibilita melhor entendimento do controle nesse sistema (2,1 e
2.2).
Caracterização de controle no sistema de ensino (2.3).
Níveis em que o controle pode realizar-se no sistema de ensino — a nível de siste-
ma, a nível de subsistema, a nível de unidade (2.4).
Elementos do controle no sistema de ensino, em que se identificam e explicitam as
características a serem controladas (2.5.1), os instrumentos ou técnicas de mensu-
ração (2.5.2), a unidade de avaliação (2.5.3) e a unidade de ativação de correções
(2.5.4).
Identificação da inspeção e da supervisão, como unidade de avaliação e de ativa-
ção de correções, respectivamente, no Sistema Estadual de Ensino (3).
3. Nos tópicos salientados no item acima estão contidos os princípios que embasaram . a
Resolução anexa a este parecer. Com vistas, porém, a facilitar a aplicação de seus dispositivos
ainda cabem algumas explicitações e destaques, com as remissões aos artigos respectivos.
3.1. A inspeção e a supervisãoo disciplinadas, na Resolução, como parte do pro-
cesso de controle das escolas públicas e particulares que integram o Sistema Es-
tadual de Ensino, É o que estabelece o art..
A conceituação de controle pode variar de acordo com seu objeto e apresenta conotações
específicas nos diversos autores. Para dar unidade de interpretação do conceito de controle no
Sistema Estadual de Ensino, no parágrafo único do art. 1º se estabelece: "para efeitos desta Re-
solução entende-se por controle a função de manter dentro de limites permissíveis as variações
na execução da atividade educacional, de acordo com os objetivos estabelecidos pelo Sistema
Estadual de Ensino, em consonância com os objetivos da educação nacional".
Nessa conceituação o ponto de referência básico da função de controleo os objetivos
estabelecidos para o Sistema Estadual de Ensino. Estes objetivos, em consonância com os fixa-
94
dos para a educação nacional,o extraídos de leis estaduais, de atos do órgão normativo do Sis-
tema e dos planos estaduais de educação.
São, por isso mesmo, amplos e gerais. Cabe à escola operacionalizá-los de acordo com
suas características e peculiaridades.
Istoo impede a existência de objetivos próprios de cada escola.
A expressão "controle" poderia sugerir a idéia de linhas rígidas, conduzindo a uma uni-
formização da ação controlada; deve-se, por isso, destacar, desde logo, a nota distintiva por
excelência do controle em um sistema: a flexibilidade. Os autores do modelo adotado no traba-
lho colocam em evidência essa característica, o que se pode depreender da conceituação acolhi-
da no parágrafo único do art. 1º da Resolução.
Se assim é em relação a qualquer sistema, com mais razão sê-lo-á quando se trata de um
sistema social como é o sistema do ensino em que as entradas, na maioria, incluem pessoa, as
funçõeso exercidas por pessoas, as normaso corporificadas conforme deliberação também
de pessoas, face a valores por elas identificados, e o produto final é igualmente pessoa o ser
humano educado.
Por outro lado, o ser humano se caracteriza pela unicidade e a educação deve constituir-
se em uma ajuda para a realização de seu destino pessoal.o se pode, pois, pretender uniformi-
zar nem o produto do sistema de ensino, nem o seu processo.
Assim, quando se fala em controle das saídas do sistema de ensino em determinado
grau ou ao final o que se tem em vistao é a obtenção de um produto uniforme, mas o con-
trole de determinadas capacidades observação, reflexão, criação, discriminação de valores, jul-
gamento, comunicação, convívio, cooperação, decisão e ação que, exercitadas, serão instru-
mentos de realização pessoal, e, por isso, se constituem em objetivo geral do processo educativo.
Da mesma forma, se considerarmos que cada unidade operacional do sistema de ensino
a escola constitui um sistema especial de processamento, fica, desde logo, eliminada a possi-
bilidade de sua uniformização.o se poderá pretender, para uma ação essencialmente humana,
como é a educação, uma mesma forma de desempenho: além de considerar a existência de cami-
nhos diversos para chegar aos mesmos objetivos, deve-se considerar, também, a existência de ob-
jetivos específicos em cada escola e a diversidade de resultados a que pode conduzir cada forma
de execução.
Isso, entretanto,o exclui a possibilidade e a necessidade do controle no sistema de en-
sino. Apenas, quando se fala em controle e se disciplina o controle das unidades operacionais,
ou seja, das escolas objetivo da Resolução o que se pretende é o oferecimento de linhas de
orientação eo de soluções acabadas, é a manutenção dentro de limites aceitáveis das varia-
ções na execução da atividade educacional (art., parágrafo único), Éo só velar para que o
desempenho das escolaso fique aquém dos mínimos exigidos, como também estimular, para
que as que já atingiram níveis satisfatórios ou excelentes, o prosseguimento de sua ascenção. Em
síntese, é a busca da unidade sem destruir a variedade. Esta é a única forma de controle no siste-
ma de ensino admissível dentro da filosofia que embasa o ordenamento jurídico do ensino no
Brasil.
Se esta posição é válida em relação a qualquer escola do sistema e em qualquer momento
do processo de controle, com maior razão será quando se tratar do controle das escolas parti-
culares e municipais, feito pelos órgãos da administração do sistema de ensino com o qual essas
escolasm vinculação apenas normativa.
95
3.2. A Resolução anexa disciplina apenas o controle da unidade operacional a es-
cola - realizado pelos órgãos da administração do Sistema Estadual de Ensino
(art. 29).
O trabalho em anexo refere-se, ainda: a outras formas de controle; ao controle em dife-
rentes níveis; a diferentes características a serem controladas.
O sistema de ensino é constituído por múltiplos elementos (instituições, pessoas, normas,
currículos, prédios, etc) os quais, além de poderem por sua vez constituir subsistemas específi-
cos, conforme o conjunto de que participam no desenvolvimento das atividades educacionais
(administrativo, didático, e de apoio...), integram, numa administração descentralizada, contex-
tos diversos, ou seja, outros subsistemas definidos em termos de atribuições e localização (coor-
denadorias, delegacias, escolas...). É nessas duas ordens de subsistemas que a maior parte dos
elementos e componentes do sistema de ensino podem ser observados em seu desempenho.
Assim, o controle a ser exercido num sistema de ensino é bastante complexo, devendo
realizar-se na abrangência e na profundidade requerida pelo aspecto ou aspectos considerados
para controle e o objetivo que se tem em vista.
Daí poder-se falar tanto em níveis de controle como em características a serem controla-
das.
A escola, tendo em vista seus objetivos próprios, que deverão estar impregnados da essên-
cia dos objetivos do sistema de ensino, realiza o controle de seu funcionamento, desde os fluxos
de entrada, detendo-se sobre os componentes no cumprimento de suas missões, até os fluxos da
saída parcial e final. É tarefa que deve exercer, em função de sua autonomia, mas cujos resulta-
dos, embora indispensáveis para o aperfeiçoamento do trabalho educativo que realiza,o insu-
ficientes sob o ponto de vista do Sistema de Ensino como um todo, cujos objetivos transcendem
os limites dos objetivos de cada escola.
As delegacias de educação, por sua vez, realizam também o controle de seu funcionamen-
to. Constituem, além disso, canais condutores de controle mais amplo a desenvolver-se em sua
circunscrição.
A par disso, os órgãos centrais do Sistema de Ensino, para garantir a unidade e a eficiên-
cia do sistema e o ajustamento das decisões á realidade, deverão realizar um controle geral.
Além dos vários níveis em que se pode exercer o controle num sistema de ensino, é pre-
ciso considerar-se também a diversidade de características que se podem constituir em objeto
de controle.
O controle pode incidir sobre as entradas, o processo e a saída.
O controle da saída parcial ou final do sistema, ou seja, alunos egressos de uma determi-
nada série ou de um determinado grau de ensino, é útil para a constatação do nível de desempe-
nho global alcançado pelo sistema e promoção de seu aperfeiçoamento, bem como para a fixa-
ção ou reformulação de seus objetivos. Por ser, no entanto, um processo bastante complexo,
talvez só possa ser realizado esporadicamente.
É indispensável, porém, ao sistema como tal, um controle mais freqüente e que mais ra-
pidamente possa levar à correção de desvios e ao aperfeiçoamento da atividade educacional.
A eficiência do sistema de ensino, medida pelo grau em que consegue atingir os objetivos
Propostos no planejamento de sua ação, resulta diretamente da qualidade do trabalho de seu
subsistema de processamento, que é constituído pelo conjunto de unidades operacionais as
escolas.
96
Na escola encontram-se, pois, as principais características a ser controladas, tendo em vis-
ta o atingimento dos objetivos do sistema.
Partindo do pressuposto de que a obtenção de um bom produto requer um bom proces-
samento, o controle do processo educacional que se realiza na escola (elementos e componentes)
serviráo só para indicar até onde o planejado poderá ser atingido, como também para prover
condições para maior excelência do produto.
Exercendo-se o controle sobre a escola, estar-se-á fazendo o controle das entradas, do
processo, e indiretamente, o controle da saída, parcial e final, do sistema.
Assim,o obstante outros procedimentos que possam ser adotados, o Conselho Esta-
dual de Educação julgou conveniente estabelecer o controle contínuo e sistemático das escolas,
pelos órgãos da administração do Sistema Estadual de Ensino.
O que estabelecer a Resolução é o controle da unidade operacional básica, como um to-
do realizado a nível de sistema.
Esse controle integra uma organização administrativa descentralizada. Sua realização há
de orientar-se, assim, pelo mesmo princípio: planejamento centralizado, execução descentraliza-
da. Inicia-se pela determinação de diretrizes gerais elaboradas pelo órgão técnico central confor-
me normas emanadas dos órgãos de decisão Passa, então, a desenvolver-se nas Delegacias de Edu-
cação, através das unidades de avaliação e de ativação de correções. Volta, finalmente, sob a for-
ma de informações do trabalho desenvolvido pela inspeção e supervisão nas circunscrições das
delegacias, aos órgãos centrais da Secretaria de Educação e Cultura, constituindo-se em subsí-
dio para a tomada de decisões.
3.3. No controle da escola pelos órgãos do Sistema de Ensino deve-se destacar:
como características a serem controladas, os recursos ou pré-requisitos de
seu funcionamento e as funções ou missões desempenhadas pelos vários
componentes do processo educativo;
como unidade de avaliação, a inspeção escolar realizando, em equipes, in-
terpretação, julgamento e informação sobre as realizações da escola;
como unidade de ativação de correções, a supervisão escolar estimulando,
orientando, assessorando a efetivação de mudanças no sistema operacional,
face às informações da unidade de avaliação;
como instrumentos ou técnicas para avaliação das características ou condi-
ções a serem controladas, os adequados a cada situação específica, ressal-
tando-se a necessidade de que sejam elaborados por especialistas e encami-
nhados ao Conselho Estadual de Educação para conhecimento e proposição
de eventuais modificações e a conveniência de queo sejam utilizados ex-
clusiva ou isoladamente.
3.3.1. O objeto do controle ora disciplinado é a escola como um todo. A escola, po-
rém, se expressa ou se corporaliza através de seus recursos ou pré-requisitos e
de suas funções ou missões.
Ao destacar, para avaliação, nos artigos 9º e 10º os pré-requisitos e as
funções integrantes do processo educativo,o se teve em vista senão uma
discriminação que possibilite a operacionalização do controle.
97
Entretanto,o deverão esses pré-requisitos e funções ser controlados
isoladamente, mas sim na medida em que se interligam para realizar os objeti-
vos da unidade operacional.
É a escola como um todo orgânico que deve ser controlada, pois é evidente
que o fato de um ou vários pré-requisitos serem excelentes ou de uma ou várias
funções serem exercidas à excelênciao constitui ainda garantia de bom fun-
cionamento, assim entendido o funcionamento adequado aos objetivos da es-
cola e do Sistema de Ensino.
o será fácil, por certo, mas é indispensável que tanto a avaliação como a
ativação de correções sejam planejadas a partir dessa idéia fundamental que in-
formará igualmente a elaboração dos instrumentos e a escolha das técnicas pa-
ra uma e outra.
A enumeração detalhada dos aspectos a serem avaliados, feita nos artigos
e 10º em nenhum momento, reitere-se, poderá implicar em juízo sobre as-
pectos isolados da escola. Todos os elementos e componentes do processo de-
vem ser julgados sempre em função do todo.
Isoladamente eles poderão ser apenas objeto de registro para conhecimento
de suas reais condições e, assim, oferecer dados precisos que possibilitem um
diagnóstico seguro e a detectação das causas de eventuais desempenhos defi-
cientes.
Por outro lado, quando se diz, no art., que a escola como um todo cons-
titui-se em objeto do controle, deve-se entender como escola toda e qualquer
instituição que desenvolva, parcial ou totalmente, o currículo do ensino de
1? ou de 2? grau ou de ensino supletivo, conforme as designações fixadas na
Resolução 111/74 do Conselho Estadual de Educação.
3.3.2. A inspeção fará parte do processo de controle da escola como unidade de ava-
liação conforme estabelecem os artigose 3º da Resolução anexa.
Cabe à inspeção a interpretação e julgamento das realizações escolares a
partir da captação de dados significativos através de instrumentos variados.
No art. 12 está prevista, para esse trabalho de avaliação, visita às escolas
pelo menos uma vez cada ano letivo. Poderá parecer, considerando a freqüên-
cia com que se faziam até agora as visitas de inspeção, que tal redução impli-
que em retardar o conhecimento de possíveis falhas que necessitam de corre-
ção.
Considere-se, entretanto, que o desempenho de uma unidade escolaro se
modifica substancialmente em curto espaço de tempo, assim como as eventuais
correções que se mostrarem necessárias a partir das informações fornecidas pe-
la inspeção, precisam também de tempo para se efetivarem.
Ademais, saliente-se que essas visitas se estenderão pelo tempo necessário à
captação de todos os elementos úteis à avaliação do desempenho de cada uni-
dade escolar. Além disso a inspeção se fará por equipe de inspetores e através
de instrumentos e técnicas variados e ajustados às situações específicas (art.
, parágrafo único e art. 13º), o que amplia as possibilidades de uma avaliação
mais objetiva.
98
A isso se acrescente o controle que a escola realiza sobre si mesma. A auto-
avaliação de todos os seus elementos e componentes e a conseqüente correção
dos desvios verificados contribuem igualmente para a elevação de seu nfvel de
eficiência.
De outro lado, há que considerar o número reduzido de especialistas para
essa função com que pode, no momento, contar o Sistema de Ensino. Sobre-
tudo nos termos em que a Resolução coloca a inspeção,o se pode improvi-
sar o profissional para essa atividade.
Entretanto, as visitas determinadas no art. 12 poderão tornar-se semestrais
em vez de anuais, desde que verificada sua real necessidade e a existência de es-
pecialistas em número suficiente.
3.3.3. Conforme também os artigos 1º e 3º da Resolução, a supervisão integrará o
processo de controle das escolas como unidade de ativação de correções.
Como unidade de ativação de correções cabe à supervisão, com base nas in-
formações fornecidas pela inspeção, estimular, orientar, assessorar, direta ou
indiretamente, as escolas para que efetivem as mudanças necessárias.
Trata-se aqui da supervisão a nível de sistema, que, dirigida a todas as esco-
las, públicas e particulares, visa a assessorá-las na correção dos desvios que pos-
sam comprometer a obtenção dos objetivos do Sistema de Ensino ou no de-
senvolvimento de potencialidades e no reforço de aspectos positivos identifi-
cados na escola, que possam levar a uma maior eficiência do processo edu-
cativo.
A função de supervisão ora disciplinadao deve confundir-se com a super-
visão a nível de escola chamada também de coordenação pedagógica que
acompanha o desenvolvimento do trabalho escolar, coordenando, orientando
as atividades docentes conforme os objetivos da escola e a linha filosófica da
entidade mantenedora. A supervisão a nível de escola é, mais do que salutar,
indispensável ao trabalho escolar.
A existência simultânea da supervisão a nível de sistema, realizada a partir
das equipes organizadas nas Delegacias de Educação, e a supervisão a nfvel de
escola ou coordenação pedagógica poderá representar um movimento con-
tínuo na elevação dos padrões de realização de cada escola e aos padrões
estabelecidos para o Sistema de Ensino.
A supervisão a nível de sistema deverá exercer-se mediante o desenvolvi-
mente de múltiplas formas de trabalho cuja seleção está condicionada, de um
lado à dependência administrativa da escola e, de outro, ao conhecimento dos
resultados da avaliação realizada pela equipe de inspeção (art. 17).
Na ação supervisora dos órgãos do sistema devem-se, pois, distinguir as
escolas mantidas pelo poder público estadual,das mantidas pelas municipa-
lidades e por entidades privadas.
As municipalidades, por força do programa de municipalização do ensino,
jám organizando um serviço de supervisão para atendimento de sua rede
de escolas. Assim, em relação ás escolas municipais, a ação supervisora das
delegacias de educação far-se-à indiretamente, ou seja, em termos de assis-
tência a esse serviço (art, 17, parágrafo único).
99
Para as escolas mantidas por entidades particulares, sistemática seme-
lhante poderá ser adotada: quando as entidades mantenedoras tiverem um ser-
viço próprio de supervisão para sua rede de escolas, o assessoramento da super-
visão a nível de sistema será proporcionado por esse serviço (art. 17, parágra-
fo único). Nesse caso, deverão as entidades mantenedoras comunicar às Delega-
cias de Educação a existência do serviço com indicação da estrutura e do fun-
cionamento do mesmo.
Quando a assistência da supervisão se fizer diretamente à escola, deverá
sê-lo através da direção.
Tratando-se de escola pública, deve-se ter presente que a entidade man-
tenedora é o próprio Estado, razão pela qual a supervisão se fará diretamente à
escola, mas igualmente através de sua direção.
A adequação da forma de trabalho da supervisão à natureza das correções
que deverão ser efetivadas impõe-se igualmente. Em alguns casos o supervisor
talvez precise atender diretamente a escola efetuando visitas; em outros
poderá atender indiretamente, enviando subsídios; em alguns momentos
deverá fazer reuniões com a administração de um ou vários estabelecimentos;
em outros, apenas providenciará encontro para estudos de interesse comum
das escolas. Para algumas correções talvez a solução precise ser buscada junto
a uma escola superior (habilitação ou aperfeiçoamento de professores, por
exemplo), na maioria das vezes, na criatividade da própria escola. À supervisão
caberá sempre identificar e oferecer as soluções.
No parágrafo único do art. 5o., à semelhança do que se estabelece no pará-
grafo único do art. 4o., quanto à inspeção, está fixado que a atividade de
supervisão a nivel de sistema é da responsabilidade da equipe de supervisores
com habilitação específica, organizada nas Delegacias de Educação
Difere, porém, fundamentalmente, a forma de ação dessas equipes. En-
quanto a avaliação, para garantir uma análise mais ampla e maior objetividade
no julgamento, deve ser feita sempre por equipe que visita a escola, na ativa-
ção de correções, o planejamento do tipo de assessoramento a ser dado pela
supervisão às escolas é que deve ser feito por equipe de supervisores. Esse
assessoramento pode ser da responsabilidade de um ou mais especialistas e até
mesmo de instituições estranhas à unidade de supervisão, como no caso de
cursos a serem realizados pelas unidades de ensino superior, ou, ainda, através
da remessa de subsídios. A responsabilidade na execução das mudanças é,
entretanto, fundamentalmente da escola, apoiada pela respectiva entidade
mantenedora.
3.3.4. Relativamente aos instrumentos e técnicas utilizáveis para a avaliação da
escola, que constituem matéria dos artigos 13 e 14, cabe ressaltar, dentre as
determinações feitas, além das que devem ser ajustadas a cada situação, as se-
guintes:
de que sejam elaborados por especialistas, sob a responsabilidade do órgão
técnico central da Secretaria de Educação e Cultura, e outros órgãos para
garantir-lhes caráter científico e manter a unidade do processo de avaliação;
de que sejam encaminhados ao Conselho Estadual de Educação, o qual,
como órgão normativo do sistema, há de tomar conhecimento do plano
de execução das normas estabelecidas sobre a matéria e propor as altera-
ções que julgar necessárias.
O aproveitamento de experiências já realizadas no sentido da avaliação da
escola como um todo, como ó o caso da Avaliação das Escolas do PREMEN,
tarefa conjunta UFRGS—SEC, será sobremodo útil no planejamento desses
instrumentos.
Ao planejar os instrumentos de avaliação, deve-se considerar igualmente
a vinculação administrativa dos estabelecimentos de ensino: segundo os obje-
tivos em vista, ou aspectos a avaliar, alguns poderão ser comuns a todas as
escolas, outros específicos da rede a que pertencem estadual, municipal ou
particular.
Assim, na avaliação das escolas públicas estaduais, poderá a Secretaria de
Educação e Cultura, como entidade mantenedora, incluir instrumentos mon-
tados especialmente para verificar aspectos do funcionamento das suas escolas,
cujo conhecimento interessa à Secretaria de Educação e Cultura, como mante-
nedora; instrumentos esses cuja aplicaçãoo caberia, por certo, quando se
tratasse de escola municipal ou particular.
Outrossim, os instrumentos e técnicaso devem ser utilizados isolada
ou exclusivamente, mas constituir um conjunto harmônico no qualo
indispensáveis a observação direta, a entrevista e outras técnicas que pos-
sam conduzir à maior aproximação possível das realizações da escola
como um todo.
3.4. O art. 15 da Resolução estabelece que os resultados da avaliação feita pela
inspeção deverão ser comunicados, por escrito,o só à supervisão, como
também às respectivas entidades mantenedoras e às direções das escolas.
Considera-se, nesta determinação, o fato de que, se à supervisão compete
estimular correções, sugerir procedimentos, despertar interesse e apoiar inicia-
tivas no sentido de manter dentro dos limites permissíveis as variações na
execução da atividade educacional, é a escola a promotora natural das mu-
danças que devem ser efetuadas com o apoio da respectiva entidade mantene-
dora. Assim, de posse das informações sobre as condições de funcionamento
da escola, poderá a direção tomar, desde logo, as providências necessárias à
correção de desvios porventura verificados, recorrendo à entidade mante-
nedora e à própria supervisão do sistema quando julgar necessário. De outra
parte, a entidade mantenedora, de posse das mesmas informações, poderá, a
par de verificar o desempenho da escola na tarefa da correção de desvios,
responsabilizar-se diretamente pela correção daqueles que dependem de suas
providências.
3.5. Destaque-se, ainda, a circulação que se prevê, nos artigos 6o. e 7o., aos resul-
tados da inspeção e das atividades da supervisão: eles chegarão, ordenados,
ao órgão técnico central da Secretaria de Educação e Cultura (SUT) que os
integrará sob forma que possam ser utilizados na tomada de decisões dos
órgãos componentes da administração central do sistema.
3.6. O art. 19 prevê medida extrema cassação da autorização para funciona-
mento no caso de as escolas municipais e particulareso efetivarem as
correções, detectadas pela inspeção. E determina explicitamente, conside-
rando a gravidade da matéria, os procedimentos a adotar constatado o
desvio, a Delegacia de Educação comunicará à direção e à entidade mantene-
dora, por escrito; decorrido um ano da comunicação, ainda sem as providên-
cias efetivas, a escola será advertida pela Delegacia de Educação; decorrido um
ano desde a advertência e persistindo o desvio, a escola poderá ter cassada sua
autorização para funcionamento.
101
Ressalte-se. entretanto, que os desvios a que se refere o artigo serão
aqueles "cuja persistência compromete a atividade educacional" e a penalidade
prevista só se adotará, obviamente, esgotados os recursos para auxiliar a escola
na superação das deficiências apontadas e na forma disciplinada no Sistema
Estadual de Ensino.
Quanto às escolas públicas estaduais, determina-se no art. 18, parágrafo
único, que a Secretaria de Educação e Cultura, na qualidade de entidade
mantenedora, esgotadas as possibilidades de correção dos desvios verificados,
use também a medida de fechamento da unidade operacional incapacitada para
realizar a tarefa educativa conforme os objetivos do Sistema.
Sempre que for determinado, nos termos da Resolução anexa, o fecha-
mento de uma escola, pública ou particular, deverá ser providenciada a transfe-
rência dos alunos para as demais unidades de ensino operantes na localidade.
3.7. No art. 20 está facultado às escolas municipais e particulares recurso ao Con-
selho Estadual de Educação das determinações decorrentes do controle das
escolas pelos órgãos da administração do Sistema de Ensino. Isto se estabelece
em decorrência da natureza do órgão contencioso que é também o Conselho
Estadual de Educação.
3.8. A execução das normas fixadas na Resolução, ou seja, a implantação da ins-
peção e da supervisão dentro do enfoque que lhes foi dado agora exige re-
cursos humanos especificamente qualificados e em número suficiente para
possibilitar o atendimento de todas as escolas do Sistema.
Sendo tais recursos, no momento, reduzidos, há que condicionar essa
implantação à correspondente obtenção de profissionais habilitados legal-
mente. Em vista disso se determinou no art. 21 da Resolução a gradatividade
de implantação. Decorre, daí que deverá a Secretaria de Educação e Cultura
promover, de imediato, a elaboração de um plano de implantação gradativa
da inspeção e da supervisão no Sistema de Ensino. Tal plano deverá incluir
programa de titulação do pessoal que exerce atualmente funções de inspeção
e de supervisão, conforme o que estabelece o artigo 38 da Lei 5.692/71 e,
ainda, nos termos dos artigos 33 e 40 da mesma lei.
Esse programa far-se-à em articulação com as Faculdades de Educação ou
de Filosofia queo agências formadoras, a nivel superior, dos recursos hu-
manos para a educação.
À Secretaria de Educação e Cultura cabe, por outro lado, fornecer às
Faculdades de Educação ou de Filosofia dados sobre a capacidade de absorção
pelo Sistema desses especialistas, sensivelmente ampliada agora, considerando
a necessidade da inspeção e da supervisão em nfvel de sistema e, mais, no que
tange à supervisão, a necessidade de que as escolas também possam contar
com pessoal devidamente habilitado.
A implantação da inspeção e da supervisão poderá abranger, de início,
todas as escolas de algumas Delegacias de Educação ou algumas escolas de
todas as Delegacias ou, ainda algumas escolas de algumas Delegacias.
Do planejamento da implantação e de seus eventuais ajustamentos poste-
riores a Secretaria de Educação e Cultura dará conhecimento ao Conselho
Estadual de Educação para que esse possa acompanhar a execução das normas
fixadas e tomar as medidas porventura necessárias (art. 21, parágrafo único).
102
3.9. A Resolução, obedecendo ao que preceitua a Lei 5.692/71 expressa (art. 4o.,
parágrafo único e art.. parágrafo único) a exigência de habilitação especí-
fica para o exercício das funções de inspeção e supervisão.
Para a formação dos especialistas em educação o Conselho Federal de
Educação fixa os mínimos curriculares. As agências formadoras fazem os
acréscimos que se lhes afigurem necessários. Neste Estado, onde já se evi-
denciou o interesse das Faculdades de Educação e de Filosofia em atender as
necessidades de recursos humanos para o Sistema de Ensino, na organização
do currículo para formação de inspetores e supervisores, certamente, ao faze-
rem elas os acréscimos curriculares, levarão em conta as funções que esses
profissionais passarão a desempenhar no sistema, por força da nova discipli-
nação que ora se faz, e visarão a provê-los dos conhecimentos necessários a
um desempenho eficiente.
A parte comum do currículo determinada para a inspeção e para a super-
visão talvez deva incluir outras matérias atualmente obrigatórias apenas para
uma delas ou até mesmo facultativas para ambas. Convém salientar que, de
qualquer maneira, entre os estudos que deverão realizar, os inspetores e super-
visores deverão estar incluídos conhecimentos que lhes possibilitem uma
apreensão exata dos princípios filosóficos que informam a organização do
Sistema de Ensino brasileiro bem como uma visão do ordenamento jurídico
do país no qual se integra o ordenamento do ensino.
De outra parte, diante da complexidade das funções a serem exercidas
por esses especialistas e dos níveis de desempenho pretendidos para o Sistema,
os cursos de especialização para inspetores e supervisores, parece-nos, deve-
riam ser organizados a nível de pós-graduação "lato sensu".
3.10. Considerando que, neste parecer e, sobretudo, no trabalho em anexo, estão
explicitadas e fundamentadas as posições expressas nas normas que discipli-
nam o controle das escolas pelos órgãos do Sistema Estadual de ensino, em
especial a inspeção e a supervisão, julgou-se conveniente vincular a interpre-
tação dessas normas às explicitações do parecer e do trabalho referidos (art.
22).
4. Nestes termos submete-se à aprovação do plenário o presente parecer com a Reso-
lução anexa.
Vai anexado também ao parecer, o trabalho que lhe foi subsídio para fixação de prin-
cípios e normas referentes à inspeção e à supervisão no Sistema Estadual de Ensino.
É o parecer.
Em 16 de outubro de 1974.
Cleci Mayer relator
Aprovado por unanimidade em sessão plenária de 18 de outubro de 1974.
Pe. José Carlos Nunes, S. I.
Presidente
103
CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO
RIO GRANDE DO SUL
RESOLUÇÃO No. 112, de 18 de outubro de 1974
Fixa normas para a inspeção e a supervisão das escolas inte-
grantes do Sistema Estadual de Ensino.
O CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, em cumprimento ao disposto no art. 16
da Lei federal 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e nos termos do art. 45 da Lei federal 5.692,
de 11 de agosto de 1971, e do item 11 do Plano Estadual de Implantação da reforma do ensino
de. e. graus,
RESOLVE:
Art. 1o. A inspeção e a supervisão farão parte do processo de controle das escolas públicas
e particulares integrantes do Sistema Estadual de Ensino.
Parágrafo único Para efeitos desta Resolução, entende-se por controle a função de manter
dentro de limites permissíveis as variações na execução da atividade educa-
cional, de acordo com os objetivos estabelecidos para o Sistema Estadual
de Ensino, em consonância com os objetivos da educação nacional.
Art.. - A escola, unidade operacional básica do sistema de ensino, constitui, como um
todo, objeto de controle contínuo e sistemático realizado pelos órgãos da admi-
nistração do Sistema Estadual de Ensino.
Art.. No processo de controle da escola, a inspeção constituirá a unidade de avaliação;
e a supervisão, a unidade de ativação de correções.
Art. 4o. Como unidade de avaliação cabe à inspeção interpretar e julgar o desempenho das
escolas.
Parágrafo único A avaliação, referida no artigo, far-se-à por equipes de inspetores, com a
habilitação específica, organizadas nas Delegacias de Educação.
Art. 5o. Como unidade de ativação de correções, cabe à supervisão estimular, orientar,
assessorar, direta ou indiretamente, as escolas na correção de desvios, no reforço
de aspectos positivos e no desenvolvimento de suas potencialidades.
Parágrafo único A atividade de supervisão, referida no artigo, será da responsabilidade da
equipe de supervisores, com habilitação específica, organizada nas Dele-
gacias de Educação.
Art. 6o. As Delegacias de Educação encaminharão anualmente ao órgão técnico central da
Secretaria de Educação e Cultura as informações, devidamente ordenadas, dos
resultados da inspeção e das atividades de supervisão realizadas nas escolas.
104
Art. 7o. O órgão técnico central promoverá a integração das informações das várias Dele-
gacias de Educação, dando destaque aos aspectos de maior incidência e encami-
nhará a cada órgão componente da administração central do Sistema, as infor-
mações selecionadas, necessárias à tomada de decisões.
Parágrafo único O Conselho Estadual de Educação indicará as informações que lhe devem
ser encaminhadas.
Art. 8o. A avaliação da escola abrangerá os recursos ou pré-requisitos de seu funciona-
mento e as funções ou missões desempenhadas pelos vários componentes do
processo educativo.
Art.. Incluem-se aos recursos ou pré-requisitos de funcionamento os físicos, os finan-
ceiros, os humanos e os institucionais.
§. Os recursos físicos prédios, instalações e equipamentos serão avaliados quanto
à quantidade, qualidade e adequação as suas finalidades nos conjuntos adminis-
trativo, pedagógico e de serviços gerais,
§ 2o. Os recursos financeiros anuidades, taxas e demais contribuições correspon-
dentes aos serviços educacionais prestados pela escola serão avaliados quanto
ao seu ajustamento às normas específicas.
§. Os recursos humanos administrativos, técnicos e docentes serão avaliados
quanto à pertinência da habilitação específica de cada profissional; os discentes
quanto à idade de ingresso e à escolarização anterior.
§ 4o. Os recursos institucionais normas legais pertinentes, em especial normas regi-
mentais serão avaliados quanto ao seu fiel cumprimento.
Art. 10 Incluem-se nas missões ou funções a diretiva, a produtiva, a adaptativa, a integra-
dora e a de apoio.
§. Na função diretiva será avaliado o desempenho de seus responsáveis na execução
das normas estabelecidas no regimento escolar, na utilização adequada dos re-
cursos, na direção e coordenação das atividades escolares.
§ 2o. Na função produtiva ou de ensino será avaliado o desempenho do corpo docente,
do corpo discente, do serviço de coordenação pedagógica e do serviço de orien-
tação educacional no planejamento, execução e avaliação do processo ensino-
aprendizagem.
§ 3o. Na função adaptativa serão avaliadas as atividades realizadas especialmente peta
equipe técnico-administrativa diretor, coordenador pedagógico, orientador
educacional pelo Círculo de Pais e Mestres e pelos próprios alunos na mediação
entre a escola e o seu ambiente, com vistas a captar demandas e necessidades e
ajustar o trabalho da escola às exigências da sociedade.
§. Na função integradora serão avaliadas as atividades realizadas especialmente pela
orientação educacional e pelos demais integrantes da equipe técnico-adminis-
trativa na manutenção da harmonia entre administradores, alunos, professores e
pais.
§. Na função de apoio serão avaliadas as atividades realizadas pela direção e pelos
vários serviços administrativos, especialmente os serviços responsáveis pela escri-
turação escolar e arquivo, no provimento à escola de condições de atuação.
105
Art. 11 As características relacionadas nos artigos. e 10 e seus §§o serão avaliadas
isoladamente, mas em função de sua contribuição para o atingimento dos obje-
tivos da escola como um todo.
Art. 12 - A inspeção adotará, além de outras formas de avaliação, visitas planejadas, ao
menos uma em cada ano letivo, com a duração necessária à realização de um
levantamento global da situação da escola.
Art. 13 - Na avaliação da escola serão utilizados, além da observação direta, outras técnicas
ou instrumentos, ajustados a cada situação.
Art. 14 - Os instrumentos de avaliação serão elaborados e continuamente atualizados por
especialistas, sob a responsabilidade do órgão técnico central da Secretaria de
Educação e Cultura.
Parágrafo único - O órgão a que se refere o artigo encaminhará os instrumentos de avaliação
para conhecimento do Conselho Estadual de Educação, que poderá propor
as modificações necessárias.
Art. 15 Para efeitos de ativação de correções e aperfeiçoamento do ensino, os resultados
da avaliação serão comunicados, por escrito, à supervisão, à direção das escolas, e,
no caso das escolas municipais e particulares, também às respectivas entidades
mantenedoras, com indicação dos desvios constatados, bem como das potencia-
lidades da escola e dos aspectos positivos que mereçam destaque.
Parágrafo único Cabe à Delegacia de Educação em que se situar a escola, responsabilidade
de encaminhamento à direção da mesma e à respectiva entidade mantene-
dora, dos resultados da avaliação, o que deverá ser feito até 60 dias após o
término da visita de inspeção.
Art. 16 Com base nas informações fornecidas pela inspeção, a supervisão estimulará a
realização das mudanças necessárias ou convenientes, sempre de forma flexível,
com vistas a manter os afastamentos dos padrões estabelecidos dentro de limites
aceitáveis, sem pretender desempenho uniforme, excluídos os casos de infrin-
géncia a normas legais e regimentais, quando, então, a orientação será impositiva.
Art. 17 Na atividade de supervisão deverão ser utilizadas variadas de formas de trabalho,
condicionadas, de um lado à dependência administrativa da escola e, de outro, aos
resultados da avaliação.
Parágrafo único Quando as municipalidades e entidades privadas mantiverem serviço
próprio de supervisão para suas respectivas redes de escolas, o assessora-
mento dos supervisores das Delegacias de Educação será prestado a esse
serviço.
Art. 18 Em relação às escolas estaduais, os desvios cuja correção transcenda o âmbito da
supervisão, serão comunicados pelas Delegacias de Educação aos órgãos compe-
tentes da Secretaria de Educação e Cultura para as providências cabíveis.
Parágrafo único Seo houver condições para a correção dos desvios apontados nos termos
do artigo, a Secretaria de Educação e Cultura determinará a cessação das
atividades da escola.
Art. 19 As escolas particulares e municipais queo houverem efetivado as correções de
desvios, cuja persistência compromete a atividade educacional, constatados pela
106
inspeção e comunicados nos termos do art. 15 desta Resolução, decorrido um
ano desde a constatação do desvio, serão advertidas pela Delegacia de Educação
respectiva e, decorridos dois anos, poderão ter cassada sua autorização de funcio-
namento nos termos da legislação em vigor.
Parágrafo único Quando forem constatadas irregularidades que exijam providências ime-
diatas, poderá ser determinado o fechamento da escola sem observância
dos prazos previstos no artigo, ouvido sempre o Conselho Estadual de
Educação.
Art. 20 Às escolas particulares e municipais cabe recurso ao Conselho Estadual de Edu-
cação, das determinações decorrentes do controle da escola pelos órgãos da admi-
nistração do Sistema de Ensino.
Art. 21 A implantação do processo de controle disciplinado na presente Resolução
far-se-à gradativamente, segundo plano a ser elaborado pela Secretaria de Edu-
cação e Cultura.
Parágrafo único A Secretaria de Educação e Cultura dará conhecimento ao Conselho
Estadual de Educação do plano referido no artigo e de seus eventuais
ajustamentos.
Art. 22 As normas desta Resolução, para um fiel cumprimento, deverão ser interpre-
tadas à luz das explicitações feitas no Parecer 647/74 deste Conselho e no tra-
balho em anexo.
Art. 23 Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as dispo-
sições em contrário.
Aprovada por unanimidade em sessão plenária de 18 de outubro de 1974.
Pe. José Carlos Nune, S. I.
Presidente
107
BIBLIOGRAFIA
1 Abordagem
FERNANDES, Florestan. Educação e Sociedade no Brasil. S.P.. Dominus, 1966.
SIMONSEN. Mário H. Brasil 2001. Rio. APEC. 1966.
TOYNBEE, Arnold. A Sociedade do Futuro, Rio, Zahr, 1973.
MARQUES, Juracy C. Os caminhos do Professor. P. A. Globo, 1975.
MEC/SEC/SUDESUL. Projeto ACA Configuração do Desempenho dos Profissionais em
Educação - RS, SUDESUL, 1974.
MELO, Osvaldo F. de. Teoria e Prática do Planejamento Educacional)2
a
ed. P. A., Globo, 1974.
UNESCO Planificação da Educação. GB. Fundação Getúlio Vargas, 1971.
2 Fundamentação Teórica
ABU-MEHRY, Nair F. Supervisão do Ensino Médio. S.P., Melhoramentos, S/data.
ARGYRIS, Chris. Personalidade e Organização. Rio de Janeiro, Banes, 1969.
BENNIS, Warren Desenvolvimento Organizacional. S. P., Bücher, 1972.
CARTWRIGHT D., ZANDER A. Dinâmica de Grupo. I-Ilv. S. P.. 1972.
CAROPRESI, Ramon F. Supervision Escolar Rosário, Buenos Aires, Biblioteca, 1972.
DENDENA, Zélia H. A Influência do Estilo de Supervisão no Grau de Satisfação dos Professo-
res. (Dissertação de conclusão de curso em Supervisão Escolar) S. Leopoldo, UNISINOS,
1975.
DRUCKER, Peter F. Prática de Administração de Empresas, 1° v.. Rio, Fundo de Cultura,
1962.
O Gerente Eficaz, Rio, Zahr, 4ª ed. 1974.
ETZIONI, Amitai. Organizações Modernas 4ª ed. S. P., Pioneira, 1974.
HEALD, James E. Selected Readings on General Supervision. Lindon, The Mc Millan Company.
1970.
108
JUNQUEIRA, Gladis Bassani. Relação Indivíduo - Organização. Projeto SEC/UNISINOS,
1973 (Mimeo)
Supervisão (Definição do papel), S. Leopoldo, UNISINOS, 1975 (Mimeo).
KATZ, D. e KAHN, R. Psicologia Social das Organizações. S. P., ATLAS, 1970.
KRECH, D. et alui. O Indivíduo na Sociedade.e 2
o
V. S. P., Pioneira, 1969.
LIDERT, Rensis. Novos Padrões de Administração. S. P., Pioneira, 1971.
MASLOW, Abraham H. Introdução à Psicologia do Ser. 2
a
. ed. Rio, Tijuca, 1973.
MC GREGOR, Douglas. Os Aspectos Humanos da Empresa. Lisboa, Clássica, 1970.
NEAGLEY, Ross L. Técnicas de La Moderna Supervisiòn Escolar. Buenos Aires, Troquei, 1969.
VILES, Kimball. Técnicas de Supervisõn para Majores Escuelas. México, Trulas, 1973.
3 Fundamentação Legal
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, n°4024/61, MEC, 1962.
LEI N° 5692/71, - Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino dee 2º Graus.
PARECER 647/74 do Conselho Estadual de Educação, RS Estabelece diretrizes para execução
da Resolução 112/74 CEE/RS.
RESOLUÇÃO 112/74 - CEE/RS - Fixa normas para a inspeção e a supervisão das escolas
integrantes do Sistema Estadual de Ensino.
ANEXO AO PARECER N° 647/74 - Subsídios para a fixação de Princípios e Normas sobre o
Controle no Sistema Estadual de Ensino no Rio Grande do Sul.
RS/SEC/DEM. Análise Ocupacional do Supervisor Técnico-Pedagógico, a níveis do Sistema
Educacional do Estado do Rio Grande do Sul (documento de uso interno) 1973.
4 - Definição da Área de Atuação e Abrangência no Rio Grande do Sul
PARECER Nº 647/74 do Conselho Estadual de Educação Estabelece Diretrizes para Execução
da Resolução 112/74.
RESOLUÇÃO N° 112/74 - CEE, Fixa Normas para Inspeção e a Supervisão das Escolas inte-
grantes do Sistema Estadual de Ensino.
109
SEC/RS/CEE. Sistema Estadual de Ensino - Formação de Recursos Humanos (Documento
preliminar para estudo), P. A., EMMA, 1976.
5 Pré-Requisitos para Tomada de Decisões
PARECER N°647/74 do CEE - Estabelece Diretrizes para Execução da Resolução 112/74.
RS/CEE/SEC. Plano Estadual de Implantação, 1972.
RESOLUÇÃO N° 112/74 - CEE, Fixa Normas para Inspeção e a Supervisão das Escolas inte-
grantes do Sistema Estadual de Ensino no Rio Grande do Sul.
SEC/UPO/SUT - Competências do Supervisor e do Inspetor (Documento base), P. Alegre,
1976.
SEC/UPO/SUT - Implantação do Processo de Controle de Ensino no Sistema Estadual de En-
sino do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1976.
6 Comunicação no Processo de Controle
PARECER N° 647/74 do CEE. Estabelece Diretrizes para Execução da Resolução 112/74.
RESOLUÇÃO N° 112/74 - CEE, Fixa Normas para Inspeção e a Supersão das Escolas inte-
grantes do Sistema Estadual de Ensino no Rio Grande do Sul.
110
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
1. Justifica-se na Equipe Central de Supervisão a existência de dois grupos: um de decisão
e outro de execução?
1.1 Quais as vantagens e os problemas desse tipo de estrutura da equipe?
1.2 Em que termos seriam definidas suas relações?
2. - Em relação às equipes com as quais a Equipe Central de Supervisão interage:
2.1 Quaiso essas equipes?
2.2 Em que aspectos do trabalho de cada uma das equipes é importante a participação
da Equipe de Supervisão?
2.3 Tendo em vista que:
a proposta do Rio Grande do Sul inclue a Inspeção Escolar com a função de
Avaliação (Unidade de Avaliação) e Supervisão Escolar com a função de esti-
mular, orientar e assessorar o processo educacional na escola (Unidade de
ativação de correções);
a proposta de Presidente Prudente propõe a Supervisão como unidade de
controle do processo curricular;
a proposta de Pernambuco apresenta como funções básicas da Supervisão o
desenvolvimento do Professor e o desenvolvimento do currículo; quaiso
as principais funções da Supervisão?
2.4 Como estabelecer uma proporção adequada entre as funções normativas e as
funções executivas da Supervisão em nível central?
3. Há necessidade de uma equipe de Supervisão em nível nacional?
3.1 Quais as espectativas das Unidades Federadas quanto ao campo e as formas de
atuação dessa equipe?
4. A natureza do processo de Administração, Inspeção e Supervisãoo diferentes:
Como conciliar a ativação dos mecanismos associativos característicos da Supervisão,
com a organização burocrática necessária para a obtenção dos objetivos do Sistema?
(considerar a Supervisão em nível Central e Regional ou Intermediário).
111
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES OFERECIDAS PELO DEM
1. O grupo concluiu queo se justifica a existência dos dois grupos na Equipe Central de
Supervisão, dificultando o desenvolvimento do processo, onerando economicamente o
Estado.
O grupo gostaria de propor como sugestão uma estrutura que aparece no diagrama 1.
OBSERVAÇÃO: O grupo chama a atenção da Equipe do DEM/MEC para a preocupação
com a situação atual das Unidades Federadas, no sentido de respeitar
as diferenças regionais.
2. Em relação às equipes:
a Equipes que devem atuar de forma integrada com a supervisão (preservando a dis-
tinção de funções e decisões):
Currículo
Orientação Educacional
b relacionamento com outros órgãos do sistema:
Departamento (Ensino, Ação Cultural, Assistência ao Educando, Educação Física
e Desportos, outros)
Órgãos de apoio administrativo, de assessoramento especial, de planejamento, de
orçamento, informática, organização e métodos, outros.
c a Equipe Central de Supervisão deve se relacionar indiretamente com:
Unidades de pesquisa
Agências formadoras de recursos humanos
Centros de treinamento e atualização
Outros.
2.1 As relações da Equipe Central de Supervisão com todas as equipes e/ou órgãos, visa a
promover e manter a integração do Sistema em função dos objetivos do mesmo.
2.2o funções principais e específicas da supervisão:
acompanhamento
avaliação
controle do processo curricular, tendo em vista sua qualidade nos diferentes
Sistemas de Ensino.
2.3 Em nível central a Supervisão deve ser eminentemente normativa,o se excluindo a
possibilidade da ação executiva.
3. Sim, desde que se estruturasse como órgão normativo, que oferecesse princípios gerais de
Supervisão, garantindo a consecução dos objetivos do Sistema Educacional, respeitando a
liberdade que a Lei 5.692/71 dá às Unidades Federadas, mantendo a Unidade Nacional,
tendo em vista as peculiaridades regionais.
Esse órgão deveria atuar de forma a integrar os diferentes graus e modalidades de ensino.
Para completar a questão número 3, proposta pelo DEM/MEC, o grupo sugere os passos
que se seguem para a estruturação de um serviço de Supervisão em nível nacional:
112
1. Determinar necessidades, isto é, realizar um levantamento da situação real das
Unidades Federadas verificando suas possibilidades e dificuldades, tomando
como ponto de referência as condições desejadas;
2. - Selecionar e hierarquisar as necessidades levantadas;
3. - Localizara definir problemas;
4. Determinar requisitos e alternativas de soluções, através de análise de missões
(grandes fases do processo), funções, tarefas, meios;
5. Estruturar um modelo de supervisão com base nos passos anteriores;
6. Descrever o modelo para facilitar a operacionalização do mesmo;
7. Determinar fluxos e refluxos que possibilitem a circulação da informação de
forma ágil e eficiente (chamamos a atenção para os cuidados que devem ser
tomados na elaboração, testagem e validação dos instrumentos);
8. Implantar o modelo:
a - elaborar o projeto de Supervisão (o grupo chama a atenção para a necessi-
dade de validação de cada fase e de todas as etapas do projeto);
b - institucionalizar o serviço de Supervisão;
c executar o modelo projetado;
9. Avaliar a eficiência e eficácia do modelo:
a do contexto
b do insumo
c - do processo
d do produto;
10.- Realimentar.
4. O grupo concorda que a Inspeção e a Supervisãoo processos técnicos da administração.
Para atender á especificação da questão proposta pelo DEM/MEC, o grupo chama a atenção
para dois aspectos a serem refletidos:
a A própria organização interessada em um Serviço de Supervisão exige um mínimo
de atividades administrativas (burocráticas) e, para tanto, precisa de um núcleo de
apoio administrativo que garanta o seu funcionamento (rotina de trabalho, de pro-
cessos, serviços,...)
b Sendo subsistema do processo administrativo, deve encontrar suporte numa estru-
tura que lhe garanta eficácia e eficiência.
113
NOTA
O Grupo acha importante:
a o enfoque sistêmico, como a metodologia mais adequada para a Supervisão no momento
atual (proposta evidenciada nos trabalhos estudados).
b a preocupação com:
o produto da supervisão
pessoas envolvidas no processo de supervisão
a seleção de profissionais qualificados para o exercício da supervisão.
c queo se percam aspectos importantes dos documentos estudados:
a metodologia proposta para a estruturação de um Serviço de Supervisão, que aparece
sintetizada no documento do grupo de Presidente Prudente.
a estrutura e a funcionalidade do Sistema de Supervisão apresentada no documento
do Rio Grande do Sul (que poderia ser utilizado como ponto de referência pelas
Unidades Federadas, sem se constituir num modelo acabado a ser copiado).
a operacionalização do trabalho oferecida no documento de Recife, onde se encon-
tram as especificações de atribuições dos Supervisores, nos diferentes níveis de um
sistema.
114
DIAS: 03 e 04/08
TEMA-2 - METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2o.
GRAU.
SUBTEMA: 2.2 - METODOLOGIA PARA A SELEÇÃO DE HABILITAÇÕES.
OBJETIVOS:
2.2.1 - SUGERIR METODOLOGIA PARA A SELEÇÃO DO TIPO DE HABI-
LITAÇÕES (BÁSICAS, PARCIAIS OU PLENAS) A SEREM OFERE-
CIDAS NAS REGIÕES EDUCACIONAIS, EM CADA SETOR DE
PRODUÇÃO, EM FUNÇÃO DE:
- MERCADO DE TRABALHO;
- CARACTERÍSTICAS GEO-ECONÔMICAS;
- INTERESSES DA CLIENTELA;
- CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS;
- RECURSOS FÍSICOS E HUMANOS.
GRUPO GERADOR:
- DORA VIANNA MANATA - SEC/DF
- JOSÉ ERASMO CAMPELLO - SEC/SP
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO
- AMBROSINA DA COSTA CORADI - DEM/COPED
- MARIA NÉBIA GADELHA DOS SANTOS - DEM/COPED
- MARIA ASSUNÇÃO LOPES-DEM/MEC/BID
115
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA DO ENSINO DE 2o. GRAU
DORA VIANNA MANATA
Metodologia para a seleção de habilitações
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho é o produto de observações desenvolvidas durante nosso exercício
em Administração Escolar efetuada em estabelecimento de ensino de. Grau, no período de
1970 a 1976.
o nos move a pretensão de estabelecer um "modelo"; apenas aproveitamos o ensejo
oferecido, a fim de que nossa experiência enriqueça ou desencadeie novas pesquisas no sentido
prático.
No Colégio onde efetuou-se a experiência em questão, considerando-se que tenha havido
êxito de nossa parte, muito devemos à excelente equipe profissional que atuou juntamente
conosco, acreditando na elevação do técnico do nível médio através do ensino de 2o. grau.
o é novidade o estrangulamento com que nos defrontamos ao identificarmos o redu-
zido número de técnicos de nível médio como intermediários entre o enorme contingente de
profissionais sem habilitação acrescido da grande massa anônima e sem escolaridade e um
segundo grupo formado de profissionais de nível superior que se nos apresentam em quantidade
mais representativa que a dos próprios técnicos de nível médio.
A Lei 5.692/71 veio exatamente tentar preencher o vácuo existente nessa pirâmide cuja
base é a massa, estando como ápice o nível superior, e a parte central praticamente vazia. Daí
decorre nossa preocupação com a "qualificação" para o trabalho e o preparo para o exercício
consciente da cidadania.
Um dos problemas com que inicialmente nos defrontamos foi o da falta de vínculo
existente entre o setor de Educação e a área Empresarial. Em outro âmbito verificamos a
grande reserva na aceitação dos Cursos Técnicos por parte da comunidade influenciada também
por uma tradiçãoo do nosso conhecimento. Torna-se necessário o desencadeamento de um
processo contínuo de conscientização,o somente dos jovens, mas também — e muito mais
importante da própria comunidade, no sentido de esclarecer a vantagem da formação do
técnico de nível médio como uma elite profissional indispensável, à medida que o país se indus-
trializa.
Outro grande obstáculo é, na maioria dos casos, o desvinculamento da empresa em re-
lação aos problemas referentes à educação, já que a mesmao se envolve de forma efetiva e
atuante na formação profissional do jovem, relegando essa tarefa aos órgãos e instituições
responsáveis pelo ensino e que, por sua vez, desenvolve currículos e programas também des-
117
vinculados da realidade. Além disso, observa-se que, em seu esforço para profissionalizar o
aluno, a escolha lhe oferece um ensino teórico na maioria das vezes, em detrimento dos
aspectos práticos. Ao ingressar na Força de Trabalho, o técnico concorre com o "prático",
encontrando este maior aceitação que o primeiro, pois a grande preocupação da empresao
é a cultura geral, a formação humanistica, mas a produção,o importando se esta é gerada
por profissional habilitado ou não. Por outro lado, após permanecer quatro anos freqüentando
um estabelecimento de. grau, o aluno que conclui o curso técnico será portador de conhe-
cimentos e habilidades já superados em relação ao progresso tecnológico.
2. MERCADO DE TRABALHO
Esta é, de um modo geral, a variável mais visada quando se pensa na escolha de habili-
tações. Sugerimos, como fonte indispensável, uma pesquisa através de questionários as empresas
privadas e públicas, de porte médio e grande, a fim de que sejam detetadas "in loco" as várias
necessidades, sendo que esses elementos deveriam ser analisados e vinculados como metas ou
objetivos do ensino de 2o. grau, visando preparar o educando, de forma prática, às funções
e atividades que deverá encontrar como ofertas no Mercado de Trabalho local.
Entretanto, para que se acompanhe a rápida evolução econômica e técnica, urge que
sejam considerados dois aspectos prioritários. Em primeiro lugar, a Pesquisa do Mercado de
Trabalho junto a empresas e empregadores, se deve caracterizar pela identificação dos aspectos
ocupacionais carentes eo os existentes em maior número. Em segundo lugar, em conse-
qüência da crescente tendência à especialização e do surgimento de novas atividades, precisam
ser efetuados levantamentos periódicos que permitam a permanente atualização da Pesquisa
de Mercado em correlacionamentos freqüentes à qualificação da mão-de-obra especializada
em nfvel de. grau. Tais aspectos deveriam ser continuamente analisados e avaliados por uma
equipe cuja atuação maior estabelecesse uma ponte-de-ligação entre a rede de ensino local e as
empresas de modoo dinâmico,ique possibilitasse a identificação imediata de qualquer modi-
ficação ocorrida no setor de trabalho e a correção de desvios e inadequações dos currículos e
programas, eliminando ou reduzindo a defasagem entre o ensino técnico e a evolução no campo
ocupacional. Essa equipe, envolvendo educadores e elementos do setor empresarial, além de
planejadores, estabeleceria um estreito vínculo entre o Ensino e o Trabalho, isto é, entre a
Escola e a Empresa, de forma a impedir a formação de hiatos entre o ensino teórico e o prático,
o que na realidade tem ocorrido no ensino de 2o. grau.
Observa-se que grande número de alunos formados revelam-se altamente frustrados por
o conseguirem ocupação no setor de trabalho para o qual se apresentam legalmente habilita-
dos. Buscando-se reduzir o índice de erros, deveriam ser envidados todos os esforços que re-
dundassem em um entrosamento satisfatório dos três componentes básicos: Empresa, Escola
e Comunidade.
O aluno formado deve estar apto a exercer suas atividades na empresa de modo satisfa-
tório; para isso, porém, deve-se procurar compatibilizar os currículos e programas às reais neces-
sidades e exigências de cada profissão, através de análise profissiográfica, perfis das diversas
profissões, questionários a profissionais, entrevistas a empregadores, enfim o modo mais com-
pleto e exeqüível de podermos determinar o que é indispensável à formação do técnico de
. grau, capacitando-o efetivamente ao ingresso na Força de Trabalho e atendendo à Comu-
nidade.o devemos nos esquecer, porém, de que a atualização dessas informações deve ser
constante para queo ocorra um retorno ao desnivelamento de ensino em relação às
ocupações.
3. CARACTERÍSTICAS GEO-ECONÔMICAS
As características geo-econômicas da região, estreitamente vinculadas ao Mercado de
Trabalho local, constituem-se em fatores de suma importância a serem considerados em
relação à economia e ao planejamento central.
118
Também nesse campo é indispensável o levantamento e análise por meio de um trabalho
de pesquisa em que se identifiquem as possibilidades atuais e futuras da região, para que as
habilitações oferecidas à clientela estudantil sejam relacionadas às mesmas, assim como também
os currículos se pautem pelas diretrizes determinadas no estudo das características geo-econô-
micas da região. Para tanto, necessário se faz o estabelecimento de um profundo contato com o
Plano de Desenvolvimento local, as administrações, as grandes empresas e os organismos de
desenvolvimento e planejamento, já que uma das grandes causas do desajuste profissional é a
oferta de cursos totalmente divorciados da realidade sócio-econômica.
Também nesse caso, sugerimos a avaliação constante através de questionários sob a
forma de pré e pós-testes, a fim de que haja o reforço ou correção da posição fornecida pelos
levantamentos iniciais.
Lembramos, outrossim, as modificações a que está sujeito o meio-ambiente em função
de melhor aproveitamento econômico; daí a necessidade de que a oferta de cursos se caracterize
pela flexibilidade, buscando-se evitar que habilitações já superadas permaneçam existindo.
A integração regional pode e deve ser uma das metas da formação profissional; entre-
tanto, a mesma só poderá ser atingida a partir do momento em que os planejadores do desen-
volvimento se interliguem aos educadores, constituindo equipes que orientem a educação, soli-
citem da escola a mão-de-obra qualificada indispensável ao progresso do país. Ocorre no
entanto que, nos países em desenvolvimento, registram-se cada vez mais as solicitações que
demandam habilitações altamente especializadas, principalmente no setor industrial, o que
foge às possibilidades da escola que,o possuindo a necessária infra-estrutura para atingir
tal nível de especialização, restringe-se à oferta de habilitações mais abrangentes.
4. INTERESSE DA CLIENTELA
É essa a variável de mais difícil identificação, pois nem sempre o aluno sabe o que quer,
e, quando o sabe, muitas vezeso se torna possível o seu atendimento devido à infra-estrutura
e ás características locais; por conseguinte, precisamos dirigi-lo, o que provoca frustrações;
porém, seo o fizermos, o resultado também será negativo, pois o leque de habilitações é
restrito em conseqüência da carência de pessoal habilitado, de equipamentos, de empresas de
grande e médio porte, etc...
Partindo sempre de uma análise das necessidades do Mercado de Trabalho local e das
características geo-econõmicas da região, duas soluções se destacam: a oferta de diferentes
habilitações em cidades ou municípios vizinhos, e a ampliação do leque de habilitações nas
cidades maiores. Quaisquer que sejam entretanto, as características e condições da região,
torna-se indispensável que principalmente a informação profissional seja dispensada aos alunos
das últimas séries do 1o. grau, visando-se evitar erros na escolha da habilitação, os quais sempre
resultam em reprovação e/ou evasão em nível de. grau.
A experiência revela que a maioria dos educandos escolhe o curso que deverá seguir,
influenciado por elementos outros queo suas tendências reais. Entre essas influências exó-
genas destacamos o interesse pelos cursos cujos currículos apresentam disciplinas constantes
dos vestibulares às Universidades; por aqueles que oferecem mais "status" e consideração
social; a pressão bem intencionada, mas prejudicial exercida pela família e amigos; e os
"modismos", isto é, os cursos de maior repercussão na época esta, a influência mais passa-
geira. Esses fatores negativos podem, no entanto, ser superados por intermédio da Orientação
Vocacional, com a determinação das áreas de interesse de cada aluno por meio de testes e
entrevistas.
119
É motivo de preocupação a todos os educadores interessados, a dupla defasagem com
que se defronta o aluno concluinte do. grau.o lhe foi ministrado embasamento teórico
suficiente para atingir a Universidade, nem conhecimentos e habilidades práticas que lhe
permitam segurança em seu desempenho profissional; daí a urgência na praticidade dos cursos
e na orientação para escolha dos mesmos.
5. CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS
Temos observado que o nível da qualidade do ensino varia na razão direta das condições
sócio-econômicas da região e que, com base em nossas tradições humanísticas, quanto mais
rica a comunidade, maior a reação ao ensino profissionalizante, em conseqüência da falta de
necessidade de ocupação imediata. Nesse caso, infelizmente, tem ocorrido uma elitização da
escola tradicional visando ao atendimento da clientela socialmente melhor aquinhoada.
Consideramos que algumas medidas devem ser executadas, objetivando-se uitrapassar as
barreiras ao ensino profissionalizante, conseqüências inegáveis de uma mentalidade calcada em
tradições culturalmente superadas e socialmente preconceituadas. Destaca-se, inicialmente, a
imensa potencialidade dos veículos de comunicação que pode ser canalizada para um trabalho
de conscientização das mais diversas camadas sócio-econômicas. Deve-se também transferir para
a educação o esclarecimento do profissional.o obstante, a melhor repercussão positiva do
Ensino Profissional está no desempenho dos alunos formados, já que quanto maior a qualidade
do ensino, maior a receptividade do empresariado e da comunidade.
6. RECURSOS FÍSICOS E HUMANOS
Registramos em trecho anterior o desencontro entre as exigências de alta especialização
da empresa e a abstração e abrangência da escola, decorrência dos limitados recursos físicos
disponíveis. Objetivando-se maior dinamismo na utilização desses recursos, paralelamente ao
melhor atendimento da clientela, sugere-se a oferta de habilitações afins que permitam o uso
do mesmo equipamento; a aquisição de máquinas e instrumentos mais simples e funcionais
e de mais fácil manutenção. Finalmente, nas cidades mais populosas, a criação de Centros In-
terescolares encarregados das disciplinas de Formação Especial poderia atender à numerosa
clientela oriunda dos estabelecimentos tributários que tomariam a seu encargo as disciplinas de
Educação Geral.
Quanto aos necessários recursos humanos é de conhecimento público que a Reforma
do Ensino surgiu sem a preparação de uma infra-estrutura adequada. Em conseqüência,
observa-se em nível nacional um grande desajuste.
Centramos no professor as maiores possibilidades de dinamização dos cursos de.
grau, considerando-se, é claro, a preparação adequada dos elementos que se encaminham
ao magistério. Observamos, no entanto, que a falta de pessoal devidamente habilitado tem
acarretado sérios contratempos que se refletem diretamente na qualidade do ensino. Visando
suprir essa lacuna no contingente de recursos humanos, recorreu-se aos Técnicos de nível
superior, os quais, sem preparação prática nem pedagógica,m transferindo para estabeleci-
mentos de 2o. grau os programas das Universidades, em aulas teóricas e expositivas nas quais
o aluno passivamente "recebe ensinamentos", a maior parte das vezes, em linguagem e conteúdo
muito acima do seu nível de compreensão, o que inevitavelmente vem resultando em desinte-
resse, evasão e reprovação.
120
Espera-se do professorado de 2o. grau uma atitude mais condizente com os objetivos
da Lei 5.692/71, orientando o aluno à investigação científica e à criatividade, permitindo-lhe
condições para que, mesmo abandonando a escola sem continuar sua formação em nível su-
perior, possa desenvolver pesquisas e estudos individuais diretamente relacionados 8 seus in-
teresses.
Consideramos, além disso, que o aluno deveria empregar a maior parte do tempo de sua
formação profissional na empresa, especialmente a fase de observação, o que supriria a defi-
ciência de recursos físicos, já que a própria comunidade ofereceria suas instalações para funcio-
namento, como "salas" de aula, ao lado da possibilidade da utilização de equipamentos ade-
quados e da compreensão das exigências e da rotina de trabalho pelos alunos, despertando assim
o interesse e reduzindo e até eliminando o choque causado pelos primeiros contatos do edu-
cando com a empresa, após formado.
Também o problema da avaliação deve ser considerado, de vez que a maior parte do
nosso professorado se mantém fiel à antiga avaliação formal, estritamente relacionada aos
elementos quantitativos do conteúdo programático, muitas vezes até desvinculados do seu
aspecto prático. Observa-se também a inexistência de correlação entre os objetivos propostos
e a mensuração do desempenho final, incidindo a maior parte das verificações sobre minúcias
teóricas e irrelevantes dos programas desenvolvidos.
Outro aspecto em relação ao qual o professor necessita de maiores esclarecimentos é o
da recuperação, considerada na mais das vezes como a simples obrigação de aplicar uma se-
gunda prova, cujos resultados esmagadoramente insatisfatórios evidenciam uma falha que
requer solução imediata.
Registra-se, além disso, que o número de professores devidamente engajados quanto
aos objetivos da Reforma do Ensino representa, lamentavelmente, a minoria, em confronto
com a imensa maioria de mestres tradicionais ou recém-ingressados no magistério, sem prepara-
ção adequada nem comprometimento com o sistema educacional.
Em conclusão, sabemos que é extremamente difícil e lenta a mudança de mentalidade
que se faz necessária, e que ela sofre a influência de diversas variáveis cujo controle muitas
vezes escapa ao campo da Educação; mantemos, no entanto, firme a nossa convicção, resul-
tante de seis anos de contato direto com os problemas do ensino de 2o. grau, de que por
intermédio do professor se pode influir positivamente na elevação social do técnico de.
grau e que essa variável endógena é a que mais se presta à indispensável e urgente correção
dos desvios que atualmente afetam a produtividade do ensino profissional no Brasil.
121
METODOLOGIA PARA SELEÇÃO DE HABILITAÇÕES
AUTOR: JOSÉ ERASMO CAMPELLO
1. Análise da Situação Problema
1.1. Levantamento de informações já existentes
1.1.1. Localização espacial de Escolas de 2o. Grau com habilitação
1.1.2. Localização espacial dos centros interescolares
1.1.3. Localização das escolas com habilitação para magistério ainda em funcionamento
1.1.4. Identificação e localização das escolas de convênio
1.2. Levantamento de Indicadores para proposição de metodologia de trabalho
1.2.1. Análise das implicações da instalação dos Centros Interescolares em funcionamento
1.2.2. Análise das implicações da reorganização das antigas Escolas Normais
1.2.3. Análise das perspectivas para implantação de uma política global de formação de
Recursos Humanos
2. Determinação de Procedimentos
2.1. Fixação de saídas de alternativas ao nível de município
2.1.2. Estudo de documentos da Rede Física e/ou cadastramento de escolas.
2.1.3. Identificação de possíveis combinações entre estabelecimentos pertinentes aos
municípios
2.1.4. Listagem de referências para cada combinação
2.2.1. Conceituação de sondagem de aptidões, iniciação para o trabalho e profissionali-
zação
2.2.2. Verificação das interrelações conceituais com as prováveis combinações de estabe-
lecimentos ao nível de município
2.2.3. Elaboração de documento-base, definindo a política e a filosofia de atuação do
projeto, para divulgação nos diferentes níveis de ação do mesmo
2.3. Fixação de hipóteses de trabalho
2.3.1. Identificação dos Recursos Humanos necessários às diferentes fases do projeto
2.3.2. Identificação dos pontos críticos para execução do mesmo
2.3.3. Caracterização geo-econõmica dos municípios
2.3.4. Análise de procedimentos viáveis para coleta de dados
2.3.5. Seleção de procedimentos
2.3.6. Determinação do fluxo
2.4. Montagem de Instrumentos
2.4.1. Levantamento de indicadores com base nas hipóteses de trabalho verificadas
2.4.2. Formulação das hipóteses do projeto
2.4.3. Organização de instrumento
2.4.4. Pré-testagem em município seccionado no fluxo
2.4.5. Correção, elaboração final e impressão do instrumento
2.4.6. Preenchimento de dados existentes ao nível central (coordenação do projeto)
2.5. Preparo de Recursos Humanos
2.5.1. Seleção de elementos de ligação nos níveis de ação do projeto
2.5.2. Elaboração de conteúdo e execução de treinamento
2.5.3. Organização de medidas para desenvolvimento normal do fluxo de ação do instru-
mento
125
3. Execução do Projeto
3.1. Coleta de dados ao nível do Município
3.1.1. Organização de Grupo de trabalho ao nível regional e local
3.1.2. Treinamento para aplicação do instrumento
3.1.3. Aplicação do Instrumento
3.1.4. Codificação dos dados
3.1.5. Encaminhamento dos Instrumentos ao Grupo Central de coordenação dos pro-
jetos
3.2. Tratamento dos dados levantados
3.2.1. Análise de instrumentos preenchidos por municípios contidos em cada Coordena-
doria Regional
3.2.2. Fixação de alternativas de solução para cada município
3.2.3. Devolução ao responsável pelo município X, das alternativas sugeridas para o
mesmo
3.3. Escolha de Alternativa de solução pelo município
3.3.1. Reunião do responsável pelo município com elementos deliberativos credenciados
e/ou envolvidos nas alternativas encontradas
3.3.2. Opção
3.3.3. Elaboração de proposta pelo município e envio ao Grupo Coordenador do Projeto
3.3.4. Análise e Aprovação final
3.3.5. Registro da Opção
4. Determinação de medidas e providências para atender is soluções encontradas
4.1. Organização de medidas legais
4.1.1. Estudo da legislação existente e adequação da mesma às alternativas oferecidas
4.1.2. Identificação e/ou criação de dispositivos legais para a definição de uma política
de convênios
4.1.3. Elaboração de dispositivos legais para remanejamento dos recursos, quando
necessário
4.1.4. Identificação e/ou criação de dispositivos legais para a manutenção ou recruta-
mento de pessoal especializado
4.2. Organização de Providências Administrativas
4.2.1. Elaboração de modelos e/ou normas para concessão de bolsas de estudo
4.2.2. Análise das implicações e da situação do pessoal excedente inexistente no muni-
cípio
4.2.3. Elaboração de proposta de alternativas para a permanência ou remanejamento do
pessoal
4.3. Organização de Providências quanto aos Recursos Humanos
4.3.1. Levantamento de Pessoal necessário às soluções encontradas pelos municípios
4.3.2. Elaboração de propostas para recrutamento ou seleção de pessoal especializado
4.4. Organização de Providências quanto aos Recursos Físicos
126
4.4.1. Estabelecimento de Plano de ação para construção, ampliação, entrosagem e inter-
complementaridade
4.5. Organização de Providências quanto aos Recursos Materiais
4.5.1. Elaboração de proposta para o remanejamento de materiais e equipamentos
4.5.2. Programação dos recursos para a aquisição de recuperação de materiais neces-
sários
4.6. Organização de Providências orçamentárias
4.6.1. Elaboração de proposta orçamentária, segundo a quantificação dos recursos hu-
manos e materiais
4.6.2. Distribuição dos recursos pelas unidades executoras
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
01. A quem caberia selecionar as habilitações profissionais no Sistema Estadual de Ensino?
- na SEC
- na Unidade Escolar
02.Que tarefas caberiam a cada equipe na SEC?
03.Que tarefas caberiam a cada especialista na escola?
04. Que condições seriam necessárias para que as equipes tivessem um trabalho integrado na
escolha de habilitações?
05.Quais as condições necessárias à utilização das informações sobre a escola e sobre as coorde-
nadorias regionais?
06. Quais os critérios que deveriam ser levados em conta para selecionar as habilitações?
07.Como utilizar as atividades de integração Escola-Empresa-Comunidade para a seleção de ha-
bilitações?
08.Que procedimentos deverão ser utilizados pela supervisão na implantação das habilitações
profissionais?
- na SEC
- na Unidade Escolar
09.Que procedimentos serão utilizados pela Supervisão, na avaliação das habilitações implan-
tadas?
- na SEC
- na Unidade Escolar
127
PRINCÍPIOS BÁSICOS QUE DEVEM NORTEAR A DEFINIÇÃO
DE UMA METODOLOGIA PARA A SELEÇÃO DE HABILITAÇÕES
SÍNTESE DAS QUESTÕES PROPOSTAS
Quanto à estratégia de ação:
1. Considerar que a realidade brasileira sendo distinta,o se coaduna com modelos e
generalizações;
2. A diversificação curricular existente nas unidades federadas ocorre devido às limita-
ções das SECs na implantação da Reforma de Ensino no 2o. Grau;
3. Há que ser detectada tal realidade;
4. Devem ser caracterizados os Recursos Humanos e Materiais existentes em cada Comu-
nidade;
5. Identificar a política global de formação de recursos para os três setores da economia,
através das diretrizes do governo (filtros de currículo);
6. Organizar linha direta entre a administração central e as comunidades envolvidas com
vistas a uma comunicação eficiente e eficácia da estratégia;
7. Estudar as características geo-econômicas regionais para compatibilização com as
diretrizes dos governos das Unidades Federadas;
8. A partir da caracterização geo-econômica, levantar possíveis implicações na direção
com que a estratégia será desenvolvida;
9. Definir indicadores, partindo das implicações observadas;
10. Elaborar instrumento que preserve a oportunidade dos municípios de assumirem a
direção da estratégia empregada;
11. Considerar a estrutura administrativa da SEC de cada Unidade Federada, para que o
instrumento adotado tenha fluxo rápido, produtivo e eficaz.
Quanto à posição do Supervisor na estratégia proposta:
1. Sendo o elemento de ligação entre a Administração Central e o município, deverá ter
bem precisa a realidade do mesmo;
2. Deverá agir como moderador quando, na estratégia assumida pela Unidade Federada,
estiverem em jogo problemas que envolvam Recursos Humanos, Físicos, Financeiros
e Materiais
3. Canalisar num fluxo de ida e volta, as informações e/ou soluções encontradas;
4. Assumir a política educacional adotada pelo governo, na seleção das habilitações,
' para melhor entrosamento com a comunidade;
5. Esclarecer aos elementos representantes da comunidade, a política adotada nessa es-
tratégia.
Objetivos da estratégia apontada:
1. Racionalizar recursos no sentido de se evitar a duplicação de meios para fins idênticos
2. Conscientizar a comunidade da sua responsabilidade e participação nos problemas
educacionais afetos a ela.
C -
129
DIAS: 03 e 04/08
TEMA-2 - METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2o.
GRAU
SUBTEMA 2.3: - AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
OBJETIVOS:
2.3 - FUNDAMENTAR A AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
2.3.1 - SUGERIR PRINCÍPIOS DE AÇÃO
2.3.2 - PROPOR PROCEDIMENTOS QUE GARANTAM A UNI-
DADE DA AÇÃO EDUCACIONAL
GRUPO GERADOR:
- MARINA ARAÚJO-SEC/BA
- MARIA GISÉLIA LOPES DO REGO-SEC/RN
- MARIA ASSUNTA TANSSINI - SEC/RS
- MÁRIO DONADIO-CIE-E/SP
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO:
- NAIDE ALVES PRESTES - DEM/MEC/BID
- LUIZA MARIA DA ROCHA NOGUEIRA - DEM/COPED
131
UMA SISTEMÁTICA DE COORDENAÇÃO
MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
PARA. GRAU
COORDENAÇÃO GERAL
Marina Araújo SEC/BA
EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Gildete de Melo Chaves
Ignez Saback Velloso
Jucy de Araújo Sampaio
Lúcia Maria da Cruz Suzart
Mabel de Moura Santos Pereira Menezes
Marina Araújo
CONSULTORES
Ana Maria G. de P. Dias de Morais
José Edelzuito Soares
APRESENTAÇÃO
Os apelos da reforma de ensinoo aos poucos tomando forma e corporificando-se na
organização da Educação Brasileira.
Tal passo é dado em obediência a um ritmo universal de mudança. A mudança do con-
texto universal posiciona a educação frente a sérias objeções como essas:
Qual o novo tempo de maturação humana?
Qual a capacidade atual de reação humana frente aos estímulos tecnológicos?
Que validadem as medidas educacionais utilizadas até aqui? Que é significativo
e significante no processo ensino—aprendizagem, hoje?
Como compor e aferir parâmetros de educabilidade? A educação deve preparar-se
para o futuro ou atrair o futuro para o presente?
Se a máquina já está assumindo expressiva quantidade de tarefas do homem, vale
a pena ainda comprometer os currículos com tantas tarefas mecânicas?
Mais do que nunca a educação deve fazer reflexão, isto é, "quebrar-se sobre si mesma",
voltar-se, no sentido etimológico do termo. Nessa realidade, a primeira constatação a ser feita
é a de seu sentido genuíno: trazer para fora as reservas potenciais que a nova era está exigindo
do ser humano.
Sentimos cada vez com maior intensidade, que a educação se torna rapidamente o ponto
de confluência de interesses de muitos subsistemas sociais, tanto em países desenvolvidos, como
em países emergentes. Por sua posição axial, nela operam-se tensões, fusões e distensões.
É a educação instrumento de oposição para muitos dos subsistemas que confluem para
ela; representa para muitos outros, parcela integradora e complementar na construção do
mesmo homem.
Na realidade,o processo educacional é intensa elaboração vital, é autêntico laboratório
social, de onde podem partir as coordenadas mais decisivas de renovação e fortalecimento de
uma cultura.
Tais coordenadas deverão confluir em movimento centrípeto para a Escola, concreti-
zando-se através de um currículo—resposta aos apelos do ser e existir do homem como um todo,
aqui e agora.
A concepção dos princípios de tal currículo—respostao de refletir maior abrangência
e prospecção, permitindo:
a aceitação do homem como um sistema dinâmico de energia capaz de movimento
em variadas direções;
135
a diversidade do comportamento humano e sua diversificação na circunstância;
a relevância do componente geo-econômico e social ;
uma instrumentação para o desenvolvimento de competência;
o estimulo à criatividade como saída para o futuro.
A transição para um currículo abrangente e prospectivo exige, porém, que a escola aban-
done o "modelo-fábrica", onde o aluno é mantido como um produto sob controle, e passe a
conceber o aluno como um sujeito, capaz de fazer seu caminho para a liberdade.
Nessa perspectiva haverá de situar-se uma nova linha de Supervisão Educacional, en-
quanto função integradora de serviços educacionais e agente facilitador da melhoria qualitativa
do produto final da educação.
Inspirado nos moldes organizacionais do sistema capitalista de produção, o subsistema de
supervisão educacional tende a integrar em sua estrutura um modelo gerencial de planejamento,
acompanhamento e avaliação.
A matriz estrutural do subsistema de Supervisão na Bahia decompõe-se em núcleos
setoriais concêntricos, hierarquicamente interdependentes: Colegiado de Supervisão, Supervisão
a nível de. e. graus, núcleo de Supervisão das Coordenadorias Regionais e núcleos locais
das unidades escolares. Deflagrada pelos Departamentos, unificada pelo Colegiado, a ação
supervisora se processa em níveis sucessivos de atuação, através das Coordenações de Áreas
Habilitações e Disciplinas, refletindo-se no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
136
JUSTIFICATIVA
A Equipe Central de Supervisão DTP/DESG, diagnosticando a realidade do trabalho de
Coordenação do processo ensino-aprendizagem, através da análise dos questionários específicos
aplicados a Coordenadores de Educação Geral e Formação Especial em maio de 1975, bem
como das visitas e encontros realizados nas Unidades Escolares da Capital e do Interior, resolveu
elaborar o presente documento: "Uma sistemática para Coordenação a nível de 2o. Grau",
visando estabelecer diretrizes compatíveis com a filosofia educacional vigente e sugerindo
atividades norteadoras daquela função.
137
1 - OBJETIVO GERAL
Reforçar a ação supervisora das Unidades de Ensino através da sistematização das ativi-
dades da coordenação de área.
2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Operacionalizar as atividades da coordenação de área, habilitação, disciplina.
Dinamizar a ação integrada das várias áreas de ensino.
Subsidiar a implementação dos currículos em desenvolvimento nas Unidades de Ensino.
ORGANOGRAMA DO SISTEMA DE SUPERVISÃO
DO ESTADO DA BAHIA
138
DIAGRAMA DE FLUXO DA AÇÃO SUPERVISORA NO. GRAU
DESCRIÇÃO DO FLUXO
O sistema de supervisão do Estado da Bahia é constituído de 3 níveis - Central, Regional
e Local, cuja ação integradora se processa através de um fluxo de comunicação e interdepen-
dência.
O Colegiado de Supervisão, órgão coordenador, unificador e integrador do sistema de
Supervisão no Estado da Bahia está composto por representantes:
de Instituições de Formação de Supervisores;
da Assessoria de Planejamento e Orçamento da SEC;
dos Departamentos de Ensino de 1º.,. e. graus da SEC;
do Departamento de Educação Física e Desportos da SEC.
A equipe central representada pela seção de supervisão das DTP (1º. e. graus)
propõe diretrizes queo adaptadas nas Coordenadorias Técnicas das CRs, de acordo com as
peculiaridades locais e operacionalizadas nas Unidades Escolares.
Nas Unidades de. grau, esta ação supervisora deverá ser efetiva, a partir da ação
integrada entre o supervisor e Coordenadores de Educação Geral e Formação Especial, nas
fases de: planejamento, acompanhamento e avaliação do processo educativo na escola.
Os resultados das atividades da ação supervisora deverão subsidiar a retroalimentação
dos trabalhos na unidade e o acompanhamento pelos níveis central e regional, proporcionarão
melhoria do subsistema de supervisão e conseqüentemente melhorias para o sistema educacional.
139
FLUXO RELACIONAL DAS COORDENAÇÕES
COM OS DEMAIS SETORES DA UNIDADE ESCOLAR
140
ATRIBUIÇÕES DO SERVIÇO DE COORDENAÇÃO
1 - Gerais
a) Manter entrosamento com corpo: docente, técnico e administração da Unidade Esco-
lar.
b) Diagnosticar as necessidades do serviço sob sua coordenação.
c) Elaborar plano de ação.
d) Estabelecer cronograma de reuniões.
e) Articular-se com SOE, SIE - E e demais serviços da Unidade Escolar.
f) Promover atividades integradores com os vários setores da Unidade Escolar.
2 Específicas
DA ÁREA
a) Identificar os objetivos da área.
b) Assessorar, acompanhar e avaliar o planejamento dos docentes de sua área.
c) Constatar o progresso dos alunos através dos resultados da avaliação das disciplinas da
área.
d) Divulgar o trabalho pedagógico da área e assegurar a retroalimentação do planeja-
mento.
e) Informar o Supervisor da necessidade de compra e manutenção de material instru-
cional necessário ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem na área sob
sua coordenação.
f) Redigir relatórios semestrais para a Supervisão.
DA HABILÍTAÇÃO
a) Identificar os objetivos da habilitação.
b) Subsidiar o trabalho do coordenador de área.
c) Coordenar os trabalhos dos docentes da habilitação sob sua coordenação.
141
1 - RELACIONAMENTO DIRETOR/COORDENADORES DE ÁREA
(Educação Geral e Formação Especial)
A ação do Diretor na Escola traduz-se pela definição de uma política administrativa e
técnico-pedagógica, garantindo a integração e cooperação entre todos os envolvidos no processo.
A integração Diretor / Coordenador se faz indispensável para operacionalização das ati-
vidades pedagógicas, cujo objetivo maior é o desenvolvimento do educando nas dimensões:
cognitiva, afetiva e psicomotora.
Cabe ao Diretor manter contato com os Coordenadores, solucionando problemas de sua
competência, e dar-lhes apoio e condições para que seja cumprido o plano de ação Coordena-
dora, enquanto parte da ação Supervisora da unidade.
O trabalho integrado efetivar-se-á através de reuniões sistemáticas, apresentação de rela-
tórios, seminários da avaliação dos trabalhos, com a finalidade de detectar, corrigindo, os
desvios que sejam evidenciados.
2 - RELACIONAMENTO SUPERVISÃO/COORDENAÇÃO DE ÁREA
(Educação Geral e Formação Especial)
As equipes administrativa e técnico-pedagógica das Unidades de Ensino, caberá estabe-
lecer as diretrizes de ação pedagógica coerentes com a filosofia de educação proposta no sistema
educacional vigente, desenvolvendo uma linha de ação progressiva, dinâmica e integradora,
mediante um planejamento global das atividades da Escola.
Esta linha de ação pedagógica efetivar-se-á através da ação supervisora, compreendendo
planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades curriculares. Esta ação será agente
facilitadoro só da integração de todos os setores da Escola, mas também de correlação
inter-áreas e interdisciplinas reforçando o desempenho docente e garantindo a melhor quali-
dade do produto educacional, tanto no aspecto sincrônico como no diacrônico. Cabe aqui
ressaltar a importância deste último aspecto. Urge que a ação supervisora se preocupe com o
que chamaríamos de "dossiê pedagógico" do aluno. Precisamos que seja levantada e utilizada
pela constante consulta do corpo técnico pedagógico da unidade a "história" de cada educando.
3 - ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL/COORDENAÇÃO DE ÁREA
A Lei 5.692/71 no seu artigo. estabelece como objetivo geral do ensino de. e.
graus, "proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas poten-
cialidades como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o
exercício consciente da cidadania".
Ainda no artigo 10 desta mesma Lei, é "instituído com obrigatoriedade a Orientação
Educacional nas unidades escolares, incluindo aconselhamento vocacional, em cooperação
com os professores, a família e a comunidade", constituindo-se portanto o Orientador Educa-
cional elemento base na efetivação desse objetivo geral da educação, ressaltando-se a necessi-
dade da integração dos elementos envolvidos no processo escolar, a fim de que o jovem encon-
tre, ali, ambiente para "total" desenvolvimento de suas virtualidades e perfeito ajustamento
social.
Assim sendo, a Orientação Educacional na Escola de. grau tem como função propor-
cionar aos adolescentes:
a) os recursos indispensáveis ao ajustamento pessoal e social;
142
b) a vivência dos verdadeiros valores;
c) a escolha de uma profissão.
Para obtenção destas finalidades, torna-se necessária a participação do Serviço de Orien-
tação em todos os setores e em todas as atividades da escola destinadas ao trabalho de formação
do corpo discente.
Portanto é imprescindível a estreita articulação entre a Orientação e os demais compo-
nentes do corpo técnico pedagógico, corpo docente, corpo administrativo, e agentes da comu-
nidade, visto que a Orientação Educacionalo é um serviço à parte, isolado da vida da escola;
e sim, serviço que implica na interação de todo o organismo escolar, efetivando-se, no que se
refere à Coordenação de Área, através de:
Sistematização do processo de intercâmbio das informações necessárias ao conheci-
mento global ao educando;
Solicitação aos docentes de informações educacionais e profissionais com vistas à
orientação vocacional;
Realização com os docentes das habilitações, de levantamento das características
psico-físicas, necessárias ao desempenho das profissões;
Solicitação à participação das áreas, principalmente de Estudos Sociais, na identifi-
cação das características básicas da comunidade e no processo de caracterização da
clientela escolar;
Colaboração com os Supervisores e demais técnicos na elaboração do currículo pleno
da escola;
Participação na elaboração e controle do programa de avaliação e reorientação dos
alunos;
Participação em Atividades Extra-Classe com os demais setores da Escola;
Planejamento com os Coordenadores de Áreas de esquemas de integração escola,
família, comunidade,
Solicitação da colaboração dos Coordenadores de Formação Especial no processo de
encaminhamento, e acompanhamento dos alunos estagiários;
Coordenação e acompanhamento do egresso de. grau, em cooperação com o
Serviço de Integração Escola-Empresa, da Unidade, visando revalidação do currículo.
Na operacionalização dessas atribuições de interação com a Coordenação de Área, o
Orientador poderá utilizar-se de:
Reuniões sistemáticas com os Coordenadores de Área e/ou docentes;
Reuniões específicas com Coordenadores de Área e Supervisores;
Reuniões com o corpo Técnico-Pedagógico e Administrativo;
Encontros informais;
Entrevistas com docentes e discentes;
Preenchimento de fichas, questionários e outros instrumentos necessários ao processo
de informação.
143
4 - O CENTRO CÍVICO ESCOLAR EA COORDENAÇÃO DE ÁREA
O Decreto-lei 869 de 12.09.69 instituiu em caráter obrigatório como disciplina e prática
educativa a Educação Moral e Cívica (EMC), e foi regulamentado pelo Decreto-lei 68.065, de
14 de janeiro de 1971, que nos seus artigos 31, 32 e 33 estabelece diretrizes para Centros
Cívicos, sua organização e funcionamento.
O Centro Cívico Escolar (CCE), tem como finalidade precípua centralizar no âmbito do
estabelecimento de ensino e irradiar adequadamente na comunidade local, atividades de Educa-
ção Moral e Cívica, bem como cooperar na formação ou aperfeiçoamento do caráter do edu-
cando.
O CCE é o órgão de integração estudantil, responsável pela consecução plena dos obje-
tivos da Educação Moral e Cívica: "exercício consciente da cidadania", pelo desenvolvimento
amplo das mais diversas práticas educativas.
O CCE está correlacionado com todas as áreas do currículo escolar, sobretudo com
Estudos Sociais e Comunicação e Expressão.
Essa correlação poderá ser feita da seguinte maneira: as atividades cívico-culturais tais
como pesquisas de vultos históricos, resumos biográficos, palestras cívicas, concursos deverão
ser programadas em conjunto com a área de Estudos Sociais.
As atividades de concursos literários, poesias, música popular, peças teatrais, jornais
(murais e circulares) deverão ser planejadas sob a supervisão da área de Comunicação e Expres-
o além de outras atividades como: peças teatrais, coro falado, dramatizações, corais, apresen-
tações folclóricas, etc.
Na área das Ciências Físicas e Biológicas o CCE se interrelaciona através de experimen-
tação, pesquisas, estudos bibliográficos, feira de ciências, etc, e também ligadas à área de
Educação Artística serão planejadas e executadas com o CCE; atividades artesanais, pintura e
desenho estão diretamente vinculadas a Artes Plásticas.
A área de Educação Física planejará juntamente com o Centro Cívico, torneios, jogos,
desfiles cívicos, olimpíadas, campeonatos, etc.
O planejamento de todas as atividades do CCE deverá estar em consonância com o da
Coordenação de Área afim, propiciando um maior rendimento, evitando a desintegração do
trabalho e duplicação de esforços.
5 - RELAÇÃO COORDENAÇÃO/SIE-E
O Serviço de Integração Escola / Empresa nas Unidades de Ensino de 2o. Grau, do
Estado da Bahia, visa levar a Escola ao mundo do trabalho e, também, trazê-lo a esta, mini-
mizando o descompasso quantitativo/qualitativo na demanda/oferta de mão-de-obra. Oportu-
niza ao estudante uma vivência prévia da habilitação escolhida, ã Escola a realimentação dos
currículos.
O SIE - E das Unidades de Ensino de 2 º grzu operacionalizará seus programas e atividades
em articulação constante com o Corpo Administrativo e Técnico Pedagógico. Essa articulação
se efetivará nos momentos da elaboração e desenvolvimento dos currículos, imprimindo-lhes
traços que respondam às exigências da comunidade na qual a Escola está inserida.
144
Ao SIE-E/Coordenadores de Formação Especial e de Habilitação / Coordenadores e de
Estagio, caberá:
1 Promover reuniões com representantes do mundo do trabalho para definições
curriculares;
2 Planejar e promover a sistematização de estágios para os estudantes;
3 Promover visitas de professores e alunos às empresas;
4 Propiciar encontros e/ou demonstrações de especialistas das empresas, com pro-
fessores e alunos, durante os trabalhos na Escola,
5 Propiciar e/ou realizar feiras de informações profissionais, visitas, jornadas, de-
bates, seminários;
6 Acompanhar e avaliar o estágio dos alunos, através de relatórios, fichas e outros
instrumentos de avaliação.
145
DIAGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO
146
147
148
149
150
151
152
153
154
AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
MARIA GISÉLIA LOPES DO REGO - SEC / RN
155
1 - INTRODUÇÃO
O progresso de uma nação depende em primeiro lugar e antes de tudo do progresso de
seu povo. A menos que este desenvolva suas potencialidades de espírito e humanas,o poderá
se desenvolver harmonicamente: material, econômica, política e culturalmente.
o se pode encarar os esforços de educação para modernizar as nações sem ter cons-
ciência de que as decisões educacionais no fundoo decisões morais ou éticas. A instituição
educacional, de todas as instituições, é a que mais diz respeito à formação do homem, à mode-
lagem do seu caráter, de suas habilidades e de suas idéias, para que se torne membro desejável
de alguma sociedade.
No enfoque que abordamos, apresentamos princípios de Ação que devem fundamentar
o processo educativo, voltado hoje para a utilização e aplicação de recursos humanos e materiais
a fim de proporcionar, por meio da escola, a educação mais suscetível às mudanças.
157
2-EDUCAÇÃO
2.1 Educação como Sistema
A educação no contexto de uma nação pode ser considerada como sistema. Sistema
como conjunto de unidades entre as quais existem relações.
A característica fundamental dos sistemas ô a relação de causa e efeito entre as partes
que o compõem. Daí a educação ser um sistema aberto e estar em permanente interação
com o contexto sócio-econômico em que se insere, dele recebendo, para ele enviando o ele-
mento que forma; ó ele que impõe ou propõe os incentivos, as restrições e os parâmetros sobre
os quais atua.
Considerando um sistema aberto, analisaremos os seus parâmetros gerais. As entradas,
o processo e saídas.
No sistema educacional os inputso a clientela, todos os indivíduos que devem ser
educados. Processo, atuação de todas as instituições do setor de educação. Output ó o resultado
obtido, o indivíduo escolarizado.
A educação é um sistema teleológico, que se orienta no sentido de determinadas metas
ou objetivos.
Há sistemao teleológico, cuja ação se processa ao acaso e tende à entropia, à desorga-
nização, mas a educação, por ser um sistema aberto, interage com o ambiente e forma um todo
onde o fenômeno homeostático é controlado e equilibrado por meio de um mecanismo capta-
dor de informações, o feedback que permite a correção do processamento do sistema no sentido
de identificar o produto com a performance desejada.
Assim caracterizada, a educação fixa princípios fundamentais numa abordagem sistêmica
da produtividade do ensino:
a) qualidade e quantidade do input
b) eficácia dos subsistemas de produção industrial e de formação de pessoal
c) recursos financeiros
d) opções políticos
e) os valores, tradições e expectativas em relação ao sistema
O sistema educacional funciona, portanto, como um todo orgânico estruturado de tal
maneira, que a ocorrência em uma de suas partes encontra sempre suas causas ou seus efeitos
em outras partes do conjunto.
158
2.2 Educação como Fator de Mudança
Vivemos um processo acelerado de mudança que é diagnosticado a cada passo. Essa
mudança atinge todas as áreas das atividades humanas. Há expectativas predominantes, rela-
tivas à educação. Espera-se que as escolas preparem a juventude para ocupações que lhe serão
oferecidas por um sistema industrial rapidamente em mudança. Os problemas envolvidos no
provimento da preparação profissional efetiva colocam-se entre as principais preocupações
dos planejadores da educação. O efeito da Educação como um todo, é portanto, o de aumentar
a rapidez como que as mudanças tecnológicas e materiais se expandem na sociedade. Quanto
mais extensiva for a educação em ciência e em capacidades de comunicação, mais disposto
estará o indivíduo a aceitar os métodos, instrumentos ou máquinas aperfeiçoadas. Mister se
faz que a educação possa atender as mudanças que se processam na sociedade. O sistema edu-
cacional brasileiro preconizado pela Lei 5.692/71 demonstra, na dinâmica de sua estrutura
curricular, a contribuição efetiva da educação geral e especial, representadas pelo núcleo comum
e parte diversificada na coparticipação da visão de conjunto do indivíduo no tempo e no espaço
em que o mesmo se encontra.
Ressalta-se, pois, a necessidade de desenvolver uma ação educativa integrada, baseada nos
pressupostos teórico e prático de uma formação humanistica tecnológica, cuja finalidade seja
a de suprir a defasagem existente entre a escola e a sociedade.
Na proporção em que ação intencional de educar toma essa ação de integrar, assume o
caráter de ação política, expressa pela realização de estruturas ou configurações da vida cultural
de um povo. A educação deve aspirar, sem dúvida, ao desenvolvimento das capacidades do
pensamento crítico independente, em cada pessoa existente.
A sociedadeo pode ser considerada como uma unidade isolada. Numa época de pro-
fundas e numerosas mudanças sociais, o relacionamento entre a escola e a sociedade é bastante
importante, vez que o programa educacional só pode ser entendido, adequadamente nas suas
conexões íntimas com a totalidade do padrão social. Velhos e novos elementos sociaiso
encontrados lado a lado e freqüentemente competindo entre si pela sobrevivência. Os profissio-
nais do ensino precisam estar em alerta, numa época dessa natureza, contra as transformações
da escola num repositório de idéias, ideais e habilidades ultrapassadas. A tarefa dos profissionais
de ensino, então torna-se. a de manter a escola atual e, quanto possível, modelar o programa
educacional de modo que ele venha influenciar a formação e a direção do movimento social.
Se a escola está sob a ação de influências construtivas, num período de transformações, os
profissionais de ensino devem saber que mudanças estão ocorrendo em aspectos sociais, tais
como: o sistema econômico, o sistema de valores, a vida familiar e comunitária e as atividades
profissionais.
Considerando que a sociedade moderna encontra-se num período de profundas mudan-
ças, concentra-se na apresentação das realidades sociais que devem ser consideradas num pro-
grama de desenvolvimento de currículo e indicam o que essa realidade significa para a educação.
Por isso, o currículo refletirá os ideais, conhecimentos e habilidades queo creditados como
relevantes ou relacionados com as atividades dos membros da sociedade.
2.3 Educação para o Desenvolvimento
É indiscutível a importância da educação para o progresso de um país.
A idéia de que a educação tem um alto valor econômicoo é nova; só recentemente,
porém, estão sendo intensificados os estudos para determinar qual deverá ser a alocação ótima
de recursos à educação a fim de incluí-la nos planos integrais de desenvolvimento. O tema á
complexo e coloca numerosos problemas de ordem teórico-prática. Em. lugar a educação
constitui ao mesmo tempo um direito humano, um bem de consumo, um instrumento para
transmitir ou modificar os valores de uma sociedade e um meio de elevar a produtividade.
159
Com efeito, o desenvolvimento econômico pode correr grave risco tanto seo se cumprem os
fins individuais e sociais do sistema educativo, como se se deixam de realizar os de ordem estri-
tamente econômica.
Em. lugar o termo educação abarca uma ampla gama de serviços que diferem quanto
a usuários, propósitos e eficácia com que realizam suas finalidades.
A educação possibilita a democracia econômica, a qual por sua vez, estimula a mobili-
dade social. É a educação que assegura que as classeso fiquem cristalizadas e que elites de
qualquer espécieo se perpetuem.
Muito embora seja verdade que a educação deva assim servir aos objetivos nacionais,
deve sempre ser lembrado que numa democracia, a nação está fundamentalmente destinada a
servir o indivíduo.o se deve procurar somente o desenvolvimento político, social e econô-
mico mas também uma melhor participação social do indivíduo, que por sua vez permite
melhoria econômica e política. O papel que a educação deve desempenhar no desenvolvimento
econômico é mais evidente em relação com a formação da mão-de-obra profissional e técnica e
também em relação com os padrões de consumo. O elemento fundamental desse processoo
os recursos humanos. Do ponto de vista pragmático da educação, podem ser classificados em
duas grandes categorias. Uma delas encontra-se estreitamente vinculada com os requisitos
diretos da economia. A outra categoria satisfaz os requisitos gerais relacionados com o desen-
volvimento da comunidade em seus aspectos econômico, social e cultural. Essa distinçãoo
pode ser rígida, posto que por exemplo, a educação primária e secundária de tipo geral cai
dentro de ambas as categorias. De fato, proporciona a formação básica necessária para uma
especialização posterior e ao mesmo tempo eleva o nível intelectual e cultural dos educandos.
A divisão esboçadao pretende estabelecer uma distinção entre os fins da educação e menos
pressupor que o serviço educativo, já que aqui ele é considerado útil para harmonizar a progra-
mação do desenvolvimento econômico e o planejamento educativo. Tampouco se desconhece
o fato de que as funções diretamente vinculadas com a produção que se manifestam no nível
de renda exercem uma influência importante no nível cultural de um país e que este incide
sobre a capacidade de desenvolvimento.
Os desenvolvimentos econômico e o educacionalo de ser coerentes. O serviço educa-
tivo deve prover o país de conhecimentos técnicos e de um grau de evolução cultural que favo-
reça o crescimento da produção e o melhoramento do nível de vida de seus habitantes. Por
outra parte, os recursos que o serviço educativo requer para cumprir esses fins devem integrar-se
dentro de um quadro geral de distribuição de recursos que assegure o máximo crescimento
econômico e social do país.
Aparecem assim os dois aspectos fundamentais da integração entre o planejamento
econômico e o planejamento educativo: por um lado, a fixação de metas específicas que o
serviço deve realizar; por outro a quantificação dos recursos destinados à educação.
O desenvolvimento dos recursos humanos é o processo de aumentar o conhecimento,
as habilidades e a capacidade de todas as pessoas numa sociedade. Em termos econômicos
poder-se-ia descrevê-lo, como a acumulação de capital humano e seu investimento profícuo
no desenvolvimento de uma economia. Em termos políticos, o desenvolvimento dos recursos
humanos prepara o povo para a participação adulta nos processos políticos, particularmente
como cidadãos numa democracia. Dos pontos de vista social e cultural, o desenvolvimento
dos recursos humanos ajuda as pessoas a levarem vidas mais plenas e mais ricas, menos atadas
à tradição. Em suma, os processos de desenvolvimento dos recursos humanos destrancam as
portas à modernização.
160
quina e a técnica, seria projetar essa criatura para fora da realidade, que é o ingrediente neces-
sário ao exercício de sua racionalidade.
Fixados que estão os objetivos, à ação docente caberá descobrir e propor para que a
nova geração possa encontrar-se em condições de renovar, mas será necessário o cuidado de
o criar caminhos artificiais, sob o pretexto de facilitar o trabalho discente.
Todas as disciplinas e atividades deverão convergir para os objetivos da Lei, oferecendo
cada uma, condições de ajustar os jovens ao mundo que os cerca, sem se esquecer de propor-
cionar oportunidades de ampliar horizontes, de tal sorte que se permitam adaptações ao futuro,
pela vivência de autodireção plenamente consciente dos valores que deles exigem participação,
reconhecendo que é nessa participação que eles realizam suas dimensões.
A própria escolha dos conteúdos de aprendizagem está ligada a um duplo endereço:
expansão do eu e profissionalização, umo subsiste sem o outro. Dessa contigência decorre
que as técnicas de ensino devem ser utilizadas de modo dinâmico, isto é, impulsionadas para os
objetivos e oportunizando o exercício pleno das 3 dimensões humanas. Nada funciona isolada-
mente no processo de educação eo poderia ser diferente uma vez que o homemo é um
animal solitário, mas solidário,o de contato, mas de relações,o coisificado, mas que
interage e que constrói sua existência, a partir de uma vida biológica que é dada.
Nem hoje, nem nunca, se pode admitir a formação como ato de automatização do outro,
mas como uma atividade em busca da verdade que responde à exigência humana de auto-
realização.
A Educação Superior, comoo poderia deixar de ser, se impõe à proporção que se
capacita para influir no processo sócio-econômico cultural.
Por meio de suas Universidades, ela é um agente liderador do processo desenvolvimen-
tista. Baseada nos princípios de liberdade de ensinar e criar, elao é mais, exclusivamente, a
transmissora de cultura, mas a criadora de cultura. O seu papel é inegável, principalmente
quando a teoria econômica começa a compreender a existência do capital humano acrescido ao
tripé: terra, capital e trabalho.
É importante adequá-la e integrá-la às necessidades do momento histórico educacional.
E esta adequação é um desafio a si mesma e em si mesma. Ela se imporá ao contexto desde
que a Universidade é criatividade. Mister se faz vincular as escolas à realidade nacional, prepa-
rando intelectual, emocional e tecnicamente, professores e especialistas para atenderem a
demanda tempo.
Muitas instituições educativas (faculdades ou departamento de educação) vivem de
angustiantes preocupações em termos de micro e macro educacionais. Há inexistência de uma
política quanto às suas necessidades. Foram instaladas em decorrência de ditames legais, mas
descuidaram totalmente da definição de seu papel e destinação de recursos suficientes para sua
concretização.
Entretanto, em observância da Lei 5.692/71, pela sua expansão e atualização, tem as
Universidades e os organismos governamentais compreendido sua real importância, sem deva-
neios angustiantes, porém, se os mecanismos utilizados para as possíveis alterações de sua es-
trutura e funcionamento compatíveis com as exigências atuais da escolarização de 1o. e 2o.
graus. De fundamental importância é a conscientização do papel das Universidades, buscando
por meios corretos, alertando o governo num diálogo aberto, a fim de evitar defini-
ção teórica irreal e iniciativas propensas ao desgaste imperdoável e destruidor.
Portanto, é um desafio necessário a integração das Universidades ao contexto, elaso
podem se omitir, mas devem contribuir efetivamente, num esforço concreto de ação aos obje-
tivos da nação.
162
4 - DETERMINANTES FUNDAMENTAIS
A educação deve ter em mira formar o homem consciente, eficiente e responsável. O
homem que conhece, que sabe atuar é sensibilizado por profundo respeito a tudo que existe e,
principalmente pelos seus semelhantes, orientando assim, o seu comportamento por valores
sócio-morais. Maso é. A educação tem de sensibilizar o indivíduo quanto à transcenden-
talidade da sua própria realidade, envolta em mistérios e queo além da sua realidade pre-
sente, em verdadeiro entrelaçamento da temporalidade com o infinito. A filosofia educacional,
voltada hoje para esta acepção conceptual, de educação, na dinâmica de propósitos factíveis
e integrativos de gerar alternativas inteligentes que levem ao aperfeiçoamento do processo
educacional ao alcance de seus objetivos, necessita fundamentar e sistematizar, um processo
permanente de supervisão escolar, compreendendo o controle, a avaliação e a documentação.
Assim entendida, a Supervisão se constitui em condição essencial da expansão quanti-
tativa e melhoria de padrões qualitativos dos sistemas educacionais.
Considerando as mudanças estruturais pelas quais está passando o nosso ensino de. e
. graus, percebemos a urgência de um trabalho racional, que corresponda ao desempenho
de funções decisivas para o futuro da educação.
A compreensão da natureza da Supervisão como atividade coordenadora do trabalho
educativo é um pujante desafio que se impõe pela necessidade de adequar a educação a um
contexto caracterizado sobretudo pela aceleração incontrolável dos mecanismos de mudanças.
A supervisão possui três funções primordiais que são: Diagnóstico, Avaliação, Aperfei-
çoamento. O supervisor agente externo-interno de mudança visará o conhecimento da situação,
avaliação dessa situação e modificação dessa situação. Por isso, a supervisão moderna é enten-
dida como orientação profissional e assistência técnico-pedagógica, objetivando melhoria do
processo ensino-aprendizagem.
Delineando os princípios da supervisão, compreendemos o papel do supervisor, que deve
buscar o desenvolvimento contínuo de cada pessoa que com ele trabalha, quer seja ela pro-
fessor, aluno, membro da comunidade e que esteja sob sua responsabilidade. Com o desenca-
deamento da ação educativa integrada sob os auspícios de uma Supervisão escolar efetiva,
minimizará as distorções existentes em cad8 grau de ensino.
Na configuração atual que se propõe abordar a Supervisão escolar, enfocaremos alguns
conceitos orientadores que possam refletir na implementação gradativa de corrigir os estrangu-
lamentos do sistema:
a) a significância da supervisão está condicionada a propósitos bem definidos;
b) a supervisão está intimamente relacionada com o conceito de liderança;
c) os processos de supervisão efetiva operam dentro do contexto da situação de ensino-
aprendizagem;
163
d) a supervisão efetiva cuida da solução de problemas significativos;
e) a moderna supervisão dá ênfase ao trabalho de equipe;
f) a moderna supervisão conta com responsabilidade partilhada;
g) a moderna supervisão apoia-se em processos positivos de relacionamento humano;
h) é essencial o reconhecimento das diferenças individuais;
i) a comunicação é o core da moderna supervisão;
j) a supervisão efetiva requer a libertação de potencialidades do professor;
I) a moderna supervisão dá ênfase à cooperação como processo mutuamente concebido.
Salientamos reiteradamente que os fins da educação tendem a ser um tanto vagos se os
educadores, os técnicos e todo pessoal direta ou indiretamente responsável pela consecução de
uma política educacional condizente com as necessidades de atender as diferentes condições
mesológicas deste país emergente que é o Brasil,o se conscientizarem da necessidade indispen-
sável de criar um órgão integrador que possa manter a unidade de currículo pela diversificação
da composição de seus elementos, É portanto este o papel da supervisão,porque está baseada na
pesquisa e análise das circunstâncias que envolvem as situações de educação.
Na aplicabilidade de sua ação supervisora observar-se-ão os seus níveis de atuação. Nível
central, atuando diretamente sobre o currículo, coordenando as áreas de ensino. Nível inter-
mediário, sua atuação pode ser desdobrada em municipal e regional e tem a responsabilidade
de manter um fluxo constante e bidirecional de comunicação, servindo de ligação entre a
Escola e o Estado. Nível Escolar, atuando na escola, coordenando o trabalho docente.
Eis, portanto, a percepção idealística de uma educação integrada, que na conjugação de
esforços e nas inovações audaciosas de uma política de ação eliminará o abismo entre a escola
e a sociedade.
Evidentemente, a educação integrada acentua a força de um repto e de um desafio.
164
5-CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho, podemos voltar à afirmação óbvia de que o ser humano está
condicionado ao tempo-espaço. Daí porque o objetivo fundamental do processo educativo á
formar o homem novo, dotado de senso crítico e reflexivo, senso comunitário influenciado
pela cultura técnica e científica, marcado pela consciência de transformação e ampla dimensão
de cultura integrada, como parte necessária da comunidade humana.
O espírito científico, a tecnologia, os meios de comunicaçãoo alguns dos fatores que
condicionam mudanças para que seja possível e auto-renovação do homem.
165
166
FUNCIONALIDADE
APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA
167
ÁREA DE ATUAÇÃO DO INSPETOR
E SUPERVISOR DA SEC/RS
168
169
170
ORGANOGRAMA - SEC/RS
171
"A ESCOLA COMO UM SISTEMA ABERTO"
(CONFIGURAÇÃO DA ESCOLA COMO AGENTE DE MUDANÇA DO MEIO-AMBIENTE)
ELABORADO PELO PROF. MARIO DONADIO
INTEGRANTE DA EQUIPE DE
CONSULTORES TÉCNICOS DO CIE-E/SP
AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
A PARTIR DO CONCEITO DE
ESCOLA COMO UM SISTEMA ABERTO
CAPITULO 1
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS
Abordar a escola como um sistema aberto provoca, desde o início, algumas reflexões a
respeito do conceito de sistema e do conceito de escola.
Reavaliar a escola, ou reconceituá-la, foge, ao menos em termos absolutos, ao interesse
destes apontamentos e seria, no mínimo, redundante para técnicos em educação. Temos maior
precaução em analisá-la em um exercício de abordagem sistêmica. Forma mais ou menos
didática de mostrar as possibilidades deste método, ao mesmo tempo que alguns termos da
Informática, Cibernética e da própria Teoria Geral dos Sistemas,o explicados e exemplifi-
cados. A natureza crítica da abordagem sistêmica deverá garantir resultados úteis a partir da
nossas reflexões sobre a escola e seu contexto ambiental.
Abordar sistemicamente um problema é utilizar uma metodologia que se informa na
Teoria Geral dos Sistemas. É comum encontrar-se em muitas obras a textos de planejamento
alguns desenhos, mais ou menos bem elaborados, geralmente expressos em fluxos, gráficos
apoiados em terminologia preciosista, que pretendem ser sistêmicos, quando apenas ilustram
o fato de determinadas classes de eventos se tocarem.
Para compreendermos melhor porque a escola ó necessariamente, em sua essência, um
sistema aberto, temos de perseguir alguma consistência conceituai que sustente nossas refle-
xões. Há múltiplas maneiras de determinar esse referencial. Vamos utilizar a Teoria dos Con-
juntos por duas razões: é de conhecimento genérico e de fácil compreensão, visto ser ensinada
até nas escolas do. Grau, eo impede um mínimo de rigor, pelo menos, nas deduções.
Aconselhamos deixar a leitura deste Capítulo para o final, passando imediatamente ao
Capítulo 2, aos leitores interessados apenas no desenvolvimento da idéia, eo em sua funda-
mentação lógica.
Sistema é um conjunto de elementos ativos em interação através de suas entradas (input)
e de suas saídas (output).
Para se determinar um sistema, deve-se distinguir o conjunto Se de seus elementos, o
conjunto Sa de suas atividades e o conjunto Sr das relações do conjunto Se.
Distinguidos os conjuntos, temos um sistema, se for possível obter a união, e esta união
é o sistema dos Se, Sa e Sr.
175
Esta ô uma explicitação de um apoio lógico,o uma definição de sistema.
Se determinarmos o modo de agir de cada conjunto Si pertencente a S, verifica-se que o
modo de ação global do Sistema S, em geral,o resulta completamente determinado: o com-
portamento de um todoo pode ser explicado unicamente a partir do conhecimento que se
tenha do comportamento de suas partes.
Se está parecendo complicado, recomendamos uma releitura dos parágrafos anteriores
antes de prosseguir, pois devemos introduzir outro importante aspecto dos sistemas.
Cada Si é um sistema (Si é o termo genérico de Se, Sa e Sr) contido em S. Dizemos que
S é o meio-ambiente de Si. Como vimos acima, So independe de Si e este, por sua vez, por
pertencer a S, depende de S. Percebe-se que, assim como há interação entre os elementos do
sistema, interação deste com seu meio.
Para uma introdução elementar é o suficiente. Veremos, nos próximos Capítulos, como
o analista de sistemas monta seus modelos ou como essa Teoria fundamenta seus métodos e
suas técnicas.
SUGESTÕES
O Capítulo 1 é importante, pois explica o que se objetiva com estes apontamentos e
porque a abordagem sistêmica é mais do que desenhos e fluxos.
Apresenta também um referencial teórico. Em geralo compreendemos certos textos
devido ao hábito de leituras corridas; a leitura atenta é importante.
Ao final de cada capítulo daremos sugestões de exercícios que, se feitos, auxiliarão so-
bremaneira os leitores. Melhores serão os resultados, se os exercícios forem realizados em
grupo.
EXERCÍCIO 1 Desenhe os sistemas, representando-os conforme achar mais conveniente.
Consulte um livro escolar que trata da Teoria dos Conjuntos e desenhe a
união dos sistemas. O objetivo é representar graficamente as idéias expres-
sas no texto.
176
CAPITULO 2
ESCOLA: UMA CAIXA-PRETA
Há uma postura metodológica típica do analista de sistemas: a crítica. Diante de uma
situação a ser estudada ele parte do princípio de que tudo deve ser revisto. Lembremos que ó
um método para a análise eo para a ação. Quando no passo posterior, o desenvolvimento
de sistemas, tudo é construído sobre o que de útil for identificado no sistema analisado.
Uma técnica utilizada é caixa-preta.
Caixa-preta é termo corrente para designar um Sistema qualquer. Ignora-se, metodolo-
gicamente, o que se passa dentro do sistema, analisando-se apenas suas entradas e saídas, É um
sistema cuja estruturao é conhecida ou o é apenas em parte, ou, ainda, de cuja estrutura se
faz abstração poro ser conveniente ou essencial para a observação de determinadas relações.
Ignora-se, portanto, tudo o que se conhece sobre a escola e identificam-se todos os ele-
mentos que nela entram e dela saem.
A natureza das entradas e saídas é um pouco difícil de expor aqui, pois só introduzire-
mos o conceito de informação nos próximos capítulos.
Observemos, no entanto, que na escola entram e saem pessoas, passam ali determinadas
horas do dia, determinados dias por ano. Estas pessoasm do meio-ambiente e para ele voltam.
0 que ocorre com as pessoas após passarem pela caixa-preta á a próxima verificação a ser
efetuada.
Deve-se, de alguma forma, aferir as eventuais mudanças. Trata-se de verificar a efetivi-
dade do sistema, em outras palavras, se o sistema produz resultados.
Cabe, aqui, uma observação para esclarecer que a prática é bem mais complexa. Há um
arsenal de instrumentos propiciadores dessa análise que permitem bastante precisão.o
obstante, o que se pretende é, realmente, o nível mais simples de abstração. A propósito, de-
vemos ter em mente que estamos lendo simples apontamentos que explicam uma hipótese e
um exercício de trabalho.
Vemos, e isso é importante, queo estamos partindo de uma escola ideal ou idealista.
Nossa intenção é detectar simplesmente o que a escola faz e o quanto faz, se tem qualquer
ação sobre o meio-ambiente ou não.
Se as entradas forem iguais às saídas, ou vice-versa, o sistema é inútil. A causa pode
estar no próprio sistema, no meio que o rejeita ou, mais corretamente, na interação escola-
meio-ambiente. O sistema pode ter se fechado às informações do meio, ouo se preocupado
em mudar esse meio.
177
Veremos isso melhor logo adiante. Fixemos, por enquanto, que o analista busca deter-
minar o estado atual do sistema para depois tentar chegar ao estado desejado do sistema.
SUGESTÕES
Vimos, neste Capítulo, que para medir a eficácia de um sistema, procura-se determinar
as diferenças entre as entradas e as saídas.
Dos resultados, pode-se chegar a conclusões sobre a utilidade do sistema para o meio-
ambiente a que pertence.
EXERCÍCIO 2.1 Faça uma lista de todas as entradas possíveis em uma escola, ou em um
sistema escolar. Faça uma lista de todas as saídas possíveis em uma escola,
ou em um sistema escolar.
As entradas conduzem, através da caixa-preta, a saídas enriquecidas?
Relacione, lado a lado, as entradas e suas saídas correspondentes.
Esta é a única forma de relacionar as entradas com suas saídas?
EXERCÍCIO 2.2 Critique a afirmação: A escolao tem alunos como produto, tem o ensino
e, conseqüentemente, a melhoria do meio.
178
CAPITULO 3
ESCOLA: UM SISTEMA
Identificando as informações que entram na escola e comparando-as com as que saem, já
é possível esboçar o modelo do sistema que estamos analisando.
Nosso objetivo, agora, é estudar o sistema escola através de seus elementos, suas ativi-
dades e suas relações.
3.1- O CONJUNTO DOS ELEMENTOS
O que existe em uma escola?
Os elementos, chamados de Se no Capítulo 1, são, por exemplo: professores, alunos,
diretores, supervisores pedagógicos, orientadores educacionais, psicólogos, assistentes sociais,
administradores, pessoal burocrático, diretórios acadêmicos, cantinas, jornais, salas de aula,
fichários, prontuários, instalações, equipamentos e o que mais puder ser identificado.
3.2- O CONJUNTO DAS ATIVIDADES
O primeiro cuidado a se tomar éo cair na armadilha de achar que os rótulos corres-
pondem às atividades. A existência de títulos como docentes, discentes, supervisão, orientação,
direção e outroso significa, necessariamente, que as atividades correspondentes estão sendo
desenvolvidas. Por outro lado,oo os títulos o que mais nos interessa. Buscamos localizar
as atividades, Sa no Capítulo 1, dentro dos parâmetros de um modelo sistêmico. Há outras
possibilidades de agrupar as atividades em conjuntos, como veremos abaixo.
Parâmetroso componentes genéricos de qualquer modelo sistêmico: entrada, saída,
realimentação e controle, este último confundindo-se com o conceito de fronteira do sistema.
As primeiras atividades a serem identificadaso as que correspondem ao parâmetro
controle. Vejamos o porquê.
Controle é a síntese dos objetivos e restrições de um sistema. Na escola, o controle
seria determinado pelos objetivos, que podem ser em termos dos ideais da educação ou das
metas desejadas, em confronto com as restrições, que podem ser de recursos, de prioridades,
e outras.
Fora do sistema, há um componente muito importante na determinação do controle:
o usuário do sistema. O usuário é o que se apropria das saídas e, portanto, determina as caracte-
rísticas que melhor se ajustam a seus interesses, objetivos e restrições. Quando o usuário con-
trola as entradas, ou as fontes de recursos, o sistema é inteiramente dependente.
179
Outras atividades correspondem ao parâmetro realimentação.o atividades que com-
param a saída com os critérios do controle.
Realimentação implica na presença de um subsistema planejado para sentir as saídas e
introduzir modificações na entrada. Como veremos, no Capítulo que trata dos sistemas abertos,
as atividades de realimentação respondem pela existência do processo e principalmente, pela
sobrevivência do sistema.
Além dos parâmetros do modelo, podemos buscar na Teoria das Organizações, uma
tipologia de atividades que acreditamos ser de utilidade no estudo das ações de uma escola: as
atividades técnicas, que existem para cumprir os objetivos finais da organização; as de manu-
tenção, que sustentam a estrutura administrativa organizacional; e as de fronteira, de adaptação
e gerenciais queo cabem, nestes apontamentos, serem estudadas.
No elenco das atividades desenvolvidas em uma escola, por exemplo pelos supervisores
pedagógicos, orientadores educacionais, administradores, devemos identificar quais pertencem
ao controle, quais à realimentação, quais à produção e assim por diante. O mesmo deverá ser
feito para todos os elementos do sistema.
3.3- O CONJUNTO DAS RELAÇÕES
Como vimos, há uma correspondência lógica entre os elementos e as atividades, isto é,
eles se relacionam uns com os outros e entre si. Considerar o conjunto das relações, Sr no
Capítulo 1, constitui uma das principais diferenças entre as abordagens clássicas e a abordagem
sistêmica.
Há uma diversidade de correntes filosóficas indagando da existência do ente relação, ou
especulando se ele é um ente lógico ou real. Alguns autores tomam a relação como fator impor-
tante na análise do conhecimento, e outros consideram que as próprias idéiaso passam de
conjunto de relações.
o precisamos conhecer mais do que isso para prosseguir com os nossos apontamentos.
Como o assunto é muito importante para a Teoria Geral dos Sistemas, quisemos registrá-lo.
Somos mais modestos, e nos preocupamos apenas em reconhecer que há três ordens de
relações: fundamentais, complementares e redundantes/contraditórias.
Quando, na escola, se diz que é necessário integrar os trabalhos dos técnicos, ou integrar
alunos e professores ou escola e meio-ambiente, o que se estaria dizendo, segundo uma aborda-
gem sistêmica, é que deveríamos eliminar as relações redundantes/contraditórias, garantir as
fundamentais e manter as complementares de maior importância.
As relações de primeira ordem, ou fundamentais,o as funcionalmente necessárias. O
sistemao funcionaria,o ocorreria o processo, se uma relação de primeira ordem fosse
eliminada.
As relações de segunda ordem, ou complementares,o as que aumentam substancial-
mente o desempenho do sistema.
As relações de terceira ordem, ou redundantes/contraditórias, ocorrem quando o sistema
contém elementos ou atividades supérfluas ou quando, pelo menos, dois elementos ou ativi-
dades tais, que a existência de um impede o processo de outro.
Há técnicas para, analisando os elementos, atividades e relações contidas em um sistema.
180
determinar a ordem das relações que existem entre eles.
As mesmas técnicas nos permitem identificar os subsistemas, as interfaces, os agrupa-
mentos de subsistemas ou ninhos, os sistemas mestres e outros que levam à rede de sistemas ou
modelo sistêmico.
As relações de terceira ordemo as mais comuns de serem encontradas nas organizações,
daí o perigo das "representações sistêmicas" que ilustram muitos trabalhos de "planejamento",
pois só fazem cristalizar as redundâncias e contradições, ao invés de eliminá-las através de uma
análise metodologicamente rigorosa.
SUGESTÕES
O Capítulo estuda a escola do ponto de vista sistêmico, seus elementos, suas atividades e
suas relações. Localiza as atividades em agrupamentos, segundo os parâmetros de um modelo
sistêmico ou segundo uma tipologia da Teoria das Organizações. Explica as ordens das relações
e a importância de compreendê-las, se quisermos realizar trabalhos que visem integrar elementos
e atividades.
EXERCÍCIO 3.1 Faça uma lista dos elementos existentes em uma escola ou sistema escolar.
Faça uma lista das atividades desenvolvidas em uma escola ou sistema
escolar. Faça uma lista das relações existentes em uma escola ou sistema
escolar; anote a ordem dessas relações.
EXERCÍCIO 3.2- A Orientação Educacional, a Administração e a Supervisão Pedagógicao
atividades a serviço do controle, da realimentação, do conjunto técnico ou
do conjunto manutenção?
Estas atividadeso exercidas, ou devem ser exercidas, apenas, exclusiva-
mente e sempre, por seus profissionais titulares?
181
CAPITULO 4
ESCOLA: UM SISTEMA ABERTO
Como vimos no Capítulo 1, cada Si é um sistema contido em S, o conjunto de Si deter-
mina S que, por sua vez, por conter Si, determina Si.
Como S é um Si de um sistema Sm maior, vale para S o que vale para Si, e assim por
diante...
Todo sistema está contido em outro sistema, seu meio-ambiente, e amboso mutua-
mente dependentes.
O sistema escola está contido no sistema meio-ambiente, é por ele condicionado, e age
sobre esse meio, modificando-o.
Tal fato deixa de ser apenas uma interessante observação, quando nos lembramos da
Segunda Lei da Termodinâmica, que a Informática incorporou da Física e é o maior e inevi-
tável inimigo das organizações: a entropia, palavra que vem do grego ENTROPÊ e significa
involução.
Antes de vermos a entropia, devemos passar por outros conceitos e idéias, um assunto
mais ou menos árido, porém por demais importante se quisermos compreender a ação inte-
grada em educação. Portanto, um pouco mais de paciência: nas interações com o meio-ambiente
é que devemos buscar as respostas para uma série de problemas que existem nas organizações.
Homeostase deriva de duas palavras gregas, HOMOIOS, que quer dizer o mesmo, e
STASIS, que significa estado. É termo importado da Biologia e designa a aptidão do ser vivo
para manter o seu equilíbrio exterior no meio-ambiente e seu equilíbrio interior funcional.
Energia, em termos biológicos, pode, analogicamente, ser entendida como informação,
na Informática. É informação todo impulso gerador de modificações lógicas no processo de um
sistema, alimentando-o ou modificando-o.
A homeostase é fundamental para os sistemas existirem,o há sistema que sobreviva
sem trocar informações com o meio.
As atividades do parâmetro controle, como vimos acima, se confundem com a fronteira
do sistema. As fronteiraso mais ou menos permeáveis, conforme os objetivos e restrições do
sistema.
Se, por imposição do usuário, excesso de atividades concentradas em manutenção estru-
tural, ou razões que uma análise poderia detectar, a escola fechar-se sobre si mesma, tornando
rígidas suas fronteiras, seu destino ó a morte como organização.
182
Em contra-partida, se a escola se abrir para o meio-ambiente, tornando seus controles
flexíveis e, conseqüentemente, permeáveis suas fronteiras, mas estiver despreparada para assi-
milar e transformar essas informações em novos impulsos para seu crescimento, tenderá rapida-
mente à desorganização total, ou à desadequação aos novos estados do meio. Esta situação a
impossibilita de receber novos impulsos, o que fatalmente a conduzirá à morte como organi-
zação.
Em resumo: isolar-se do meio,o se armar para aproveitar positivamente seus impulsos
eo se adequar às transformações da comunidade, resultará na inviabilidade do sistema escola.
Todas as organizaçõesm uma tendência a desorganizar-se. Tudo na natureza tende,
inevitavelmente, a um estado mais provável que é o de desordem. A essa tendência damos o
nome de entropia. Para vencer a entropia, ou promover a negentropia, precisamos agir de
maneira a eliminar as relações de terceira ordem e isso exige um esforço deliberado. Exige a
criação de mecanismos de ação negentrópicos, esforços concentrados em compreender o meio
eo em repudiá-lo, que captem, interpretem e transmitam para a escola uma linguagem que
entendam: a do meio.
SUGESTÕES
Vimos que a homeostase é inevitável nos organismos vivos. Se, por qualquer motivo, ela é
impedida, cresce a entropia, que rapidamente conduz o organismo à morte.
Se a escolao se abrir para o meio,o se armar para agir sobre o meio e, ao mesmo
tempo,o se adequar às transformações do meio, tenderá a ser inviável como sistema.
EXERCÍCIO 4.1 Tome como exemplo uma escola ou um sistema escolar que conheça
muito bem. Pode-se dizer que é um Sistema aberto? Esta escola ou sistema
escolar tem fronteiras permeáveis? Que mecanismos essa escola ou sistema
escolar desenvolveu para vencer a entropia?
EXERCÍCIO 4.2 Diz-se, comumente, que é possível uma escola sem professores, mas impos-
sível uma escola sem alunos. Propomos como exercício que o ideal seria
uma escola sem professores e sem alunos, uma escola de e para o meio-
ambiente.
Critique estas propostas segundo o visto até agora nestes apontamentos.
Como seria essa Escola?
183
CAPITULO 5
INTEGRAÇÃO ESCOLA - MEIO-AMBIENTE
Vamos recapitular alguns aspectos importantes do encaminhamento lógico que estamos
dando a estes apontamentos, o que nos permitirá encontrar uma forma de ação integrada em
educação, levando em conta a escola como um sistema aberto.
Vimos que um sistema pode ser avaliado a partir dos resultados que produz. Compreen-
der a escola como um sistema é buscar e identificar as relações que existem entre seus elemen-
tos e suas ações. A escola, enquanto organização viva e viável, é, necessária e essencialmente,
um sistema aberto.
A partir destas considerações já nos é possível traçar algumas diretrizes, tendo em vista
que:
Se a escolao se abrir para o meio estará bloqueando a homeostase, sua dinâmica
interna tenderá entropicamente para a estrutura mais provável, a desorganização ou morte.
Se a escola abrir-se para o meio, maso se aparelhar para absorver e ordenar positi-
vamente, de forma a crescer com os impulsos captados, estará propiciando o alastramento das
relações de terceira ordem, o que também significa tender entropicamente para a morte.
Se a escola, ela mesma agente de mudança do meio-ambiente,o se adequar às
transformações e solicitações desse meio,o conseguirá, a médio prazo, entender as informa-
ções que ele envia e, por mais que aperfeiçoe seus métodos, técnicas e recursos, será um corpo
estranho a seu contexto ambiental, por ele rejeitada e tenderá entropicamente para a morte.
Demonstramos que uma ação integrada em educação deve estar obrigatoriamente rela-
cionada com o conceito de uma escola-sistema-aberto, melhor dizendo, com uma escola
aberta.
É um pouco constrangedor para os especialistas em sistemas, quando se deparam com
organizações que atuam em contextos de alta complexidade e alta mobilidade de estados,
verificar seus sucessivos desencantos com tentativas de se aperfeiçoarem, porém, sempre con-
centrando seus esforços no auto-conhecimento e, quase sempre, se esquecendo do conheci-
mento do seu meio-ambiente.
A escola, ou o sistema escolar de uma maneira mais ampla, é uma dessas organizações
fechadas sobre si mesmas, desconfiadas do meio-ambiente, temendo que seus impulsos possam
desvirtuá-las e, paradoxalmente, cada vez mais sujeitas a esse desvirtuamento, pois, ignorando
o meio,o o modificam eo se modificam.
Se a escola aberta é fundamental, a quem competiria tornar sua fronteira permeável?
A um esforço interno da escola, ou a um esforço externo do meio?
184
Conforme o encaminhamento lógico de nossos apontamentos, quando vimos que o
sistema-escola é um múltiplo relacionamento de suas atividades e de seus elementos, em cons-
tante intercâmbio com o meio-ambiente, temos nossa resposta: a um esforço interno e externo,
cabendo a escola organizar-se para, internamente e como um todo, agir sobre o meio e estimular
os componentes do sistema que a contém a também organizarem-se para cooperar com a edu-
cação e formação do cidadão e do profissional.
A proposta seria a identificação de uma rede de elementos, atividades e relações que
pertencesse ao mesmo tempo, tanto à escola quanto ao meio-ambiente.
Esta rede, na verdade um sistema, teria um processo incentivado e controlado pela escola
como um todo, cuidadosamente observado para que suas açõeso se diluíssem na multiplici-
dade de funções que ocorrem no sistema escolar. A responsabilidade pelos resultados estaria a
cargo de uma equipe técnica, que ao nivel de coordenação seria responsável pelo mecanismo de
ação negentrópica acionado, necessariamente, por técnicos sensíveis e integrados, dinâmica e
operacionalmente, à realidade extra-fronteira.
O Projeto Prioritário 22.1, hoje 4.1, do Plano Setorial de Educação e Cultura 1975/1979,
fez que se elaborasse um documento que sistematizou as ações de integração escola-empresa-
governo: "Sistema de Integração Escola-Empresa-Governo" cuja elaboração esteve a cargo de
técnicos do CIE-E/SP com o acompanhamento de técnicos do DEM.
Naquele documento, as ações integradas foram identificadas como um mecanismo negen-
trópico, componente realimentador e otimizador da homeostase naturalmente existente entre
a escola e o meio-ambiente. Para o ensino profissionalizante, a empresa (no sentido de esforço
organizado no setor público ou privado com o objetivo de produzir bens ou serviços, utilizando
os recursos humanos formados pela escola) é componente importante do meio-ambiente.
A integração pode ser alcançada se o meio-ambiente obtiver as informações que a escola
detém, bem como se a escola captar as informações do contexto ambiental. Os intercâmbios
de recursos, inclusive humanos,o alvos a serem perseguidos. Finalmente, a escola deve ade-
quar seus currículos a partir das necessidades sentidas através das informações e dos inter-
câmbios.
SUGESTÕES
Explicamos que uma proposta de ação integrada em educação deve, necessariamente,
considerar a integração como o meio-ambiente e, nessa integração, a escola deve agir como um
todo, através de uma equipe técnica que, ao nível de coordenação, será responsável pelo meca-
nismo de ação negentrópica acionado por elementos sensíveis e integrados, técnica e operacio-
nalmente, à realidade-extra-fronteira.
O "Sistema de Integração Escola-Empresa Governo" consubstancia uma proposta con-
creta do MEC, como Projeto Prioritário do Plano Setorial de Educação e Cultura 1975/1979,
a integração escola-meio-ambiente.
EXERCÍCIO 5.1 - A escola está preparada para agir como um todo sobre a comunidade?
Que falta para a escola exercer uma ação negentrópica?
EXERCÍCIO 5.2- O que é o meio-ambiente de uma escola? Procure lembrar de todos encon-
tros, congressos, simpósios, cursos que fez ou teve notícia voltados para o
aperfeiçoamento da escola. Qual a porcentagem dos temas voltados ao
meio-ambiente?
185
EXERCÍCIO 5.3- Faça uma lista das leis, regulamentações profissionais, regulamentos, por-
tarias e outros instrumentos que incluem a integração escola-meio. Estes
textoso objetivos (isto é: incentivam) ou restrições (isto e: impeditivos)
à integração? Identifique o usuário de cada um destes textos.
TEMA: AÇÃO INTEGRADA EM EDUCAÇÃO
PROBLEMAS PARA DISCUSSÃO:
1. Valores que devem nortear a integração da ação educacional.
2. Discutir: "A Educação deve preparar-se para o futuro ou atrair o futuro para o presente"?
Como?
3. Aspectos que devem ser considerados na integração:
das Equipes Centrais
das atividades curriculares na Escola de 2o. Grau
JUSTIFICAR
4. Procedimentos da Supervisão para garantir a integração:
com as demais equipes:
da SEC
da Escola
das atividades da Escola:
com as Empresas
com a Comunidade
das atividades de Formação Geral e Especial.
5. Meios para que a Escola se torne, efetivamente, um Sistema Aberto.
186
MÁRIO DONADIO
O nosso grupo ficou discutindo em torno de uma série de valores que deveriam nortear a
ação educacional, mas na verdades percebemos que em termos de valores, os que deveriam
nortear essa ação da integração educacional, eram os próprios valores da ação educacional e os
próprios valores do homem. Daí colocamos de uma maneira genérica, que os valores seriam: os
valores filosóficos, sociológicos, psicopedagógicos e culturais.o nos pareceu cabível estarmos
detalhando esses valores. Mas achamos que esses valores refletiriam nos objetivos educacionais
que permitiriam uma ação integrada.
Conceituamos uma ação integrada, a partir de uma abordagem sistêmica.
Analisando se a educação deve preparar-se para o futuro ou atrair o futuro para o pre-
sente,s pensamos que na verdade a educação deve preparar-se para o futuro, é lógico. Res-
pondemos o "como", da seguinte forma: se a escola, e por extensão, se a educação no seu
todo, se exercer como sistema aberto que ela deve ser, ela está se preparandoo só para o
presente, mas também criando condições para possíveis adaptações no futuro. Se a escola ou a
educação se exercer como sistema aberto, ela vai estar todo tempo recebendo as informações
quem do meio ambiente e se adequando, se preparando; ela nunca vai ser pega de surpresa
pelo futuro.
Para tanto, é necessário que o currículo seja adaptável, dinâmico, flexível e prospectivo,
podendo ser modificado de acordo com as mudanças que se operem.
Para que a escola se torne um sistema aberto,s partimos do princípio de que ela deve
criar um sistema que possibilite que ela obtenha essas informações do meio. Informações no
sentido pleno, de impulsos que geram modificações lógicas no sistema. Pensamos que isso pode
acontecer da seguinte forma: ela deve procurar criar uma troca de informações com o meio
ambiente, no seguinte sentido: mandar informações, dizer o que a escola está fazendo e receber
do meio para a escola; como o meio está evoluindo, seria uma das coisas a serem executadas,
ou um sistema a ser processado; outro, provocar intercâmbios, no sentido mesmo de troca entre
meio e escola.s pensamos intercâmbios de tudo, de recursos, de tecnologia e de recursos
humanos inclusive, É nesse contexto de intercâmbios ques colocamos o estágio: entendemos
que o estágio faz parte de um sistema de intercâmbio, onde a escola está fornecendo para o
meio um seu recurso, um recurso humano dela, aluno; dando uma certa oportunidade para que
o meio, que é a empresa, encaminhe para a escola novas informações através desse estágio.
Concluindo, é necessário que a escola se comprometa com adequações curriculares,
tendo em vista essas trocas de informações e esses intercâmbios, avaliando esse processo todo.
Finalmente,s tínhamos de responder aos procedimentos da supervisão para garantir a
integração com as demais equipes. Dentro do procedimento que a supervisão deverá utilizar
para dinamizar a integração entre a Secretaria de Educação e a escola, podem ser destacados:
o conhecimento da organização como um todo, isto é, o objetivo da instituição, a secretaria e a
sua programação.
187
A definição de atribuições e competências treinamento em serviço desenvolvidos na
organização sobre os aspectos: estudo da estrutura da organização, que esse estudo seja feito
de acordo com a teoria geral do sistema; estudos de psicologia social; atendimento às fases de
uma ação integrada que seriam, a individualízação, a identificação com os objetivos e uma
participação (a integração).
Resumindo o ques entendemos por ação integrada. Seria a eliminação das redundân-
cias e contradições que existem entre diversos elementos e atividades. A manutenção das rela-
ções fundamentais.
s identificamos no sistema, três ordens de relações que seriam: as relações fundamen-
tais (as relações de primeira ordem), queo aquelas que, se deixam de existir, o sistema deixa
de existir.
As relações complementares,o relações que podem ser eliminadas, mas existindo essas
relações o sistema aumenta significativamente a sua eficiência e eficácia.s pensávamos que
a supervisão pedagógica, orientação educacional e outros, seriam geradores de relações comple-
mentares. O processo poderia acontecer sem ele, mas ele existindo melhora significativamente
o processo. Finalmente, as de terceira ordem queo as redundantes e as contraditórias; as
redundanteso tem problema que elas existam, ao ser que o sistema fique anti-econômico,
gastando energia sem necessidade.
Agora, podemos falar no que pensamos o que seja uma ação integrada. Seria: eliminação
das redundâncias e contradições; manutenção das relações fundamentais; conservação das
relações complementares de importância isso definiria a ação integrada. Finalmente,o
podemos esquecer isso,o só como educador mas como sistêmico, de dar a realimentação
para mim, dar a avaliação para você.
Ainda no que se refere à integração, educação geral e formação especial,s dissemos
que a escola deverá levar em conta os fatores VTU, no sentido de harmonizar o humanisno e
tecnicismo, possibilitando ao aluno desenvolver os aspectos de cultura geral e incorporar habili-
dades específicas indispensáveis ao seu ajustamento pessoal, profissional e social. Era o que o
nosso grupo tinha a relatar.
188
DIAS: 03 e 04/08
MA 2: METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2o. GRAU
SUBTEMA:2.4 - METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR PRI-
MARIO
OBJETIVOS:
SUGERIR PROCEDIMENTOS QUE ORIENTEM A AÇÃO DO SUPERVI-
SOR NA COORDENAÇÃO DA PARTE DE FORMAÇÃO ESPECIAL DO
CURRICULO, QUANTO A:
Metodologia
Tecnologia específica
Atividades típicas da habilitação
GRUPO GERADOR:
- LUZIA COSTA DE SOUZA-COAGRI/DEM
- MAURÍCIO DUTRA GARCIA - COAGRI/DEM
- WALDEMAR MARQUES-CENAFOR
- JOSÉ LUIS ESPÓSITO - PRESIDENTE PRUDENTE/SP
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO:
- RITA XAVIER BARRETO-DEM/COPED
- CARLOS ALBERTO TAVARES - DEM/MEC/BID
189
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
NOS COLÉGIOS AGRÍCOLAS SUBORDINADOS À COAGRI
LUZIA COSTA DE SOUZA
MAURÍCIO DUTRA GARCIA
INTRODUÇÃO
A Coordenação Nacional do Ensino Agropecuário COAGRI ó um órgão do Ministério
da Educação e Cultura. Foi criada pelo Decreto no. 72.434, de 09 de julho de 1973, que em
14 de outubro de 1975 sofreu alteração e "tem por finalidade prestar assistência técnica e finan-
ceira a estabelecimentos especializados em ensino agropecuário".
Estão subordinados à COAGRI os Estabelecimentos de Ensino Agrícola e os Colégios de
Economia Doméstica do Ministério da Educação e Cultura, na esfera da administração direta.
Com vistas ao desenvolvimento de uma metodologia onde os educandos possam obter
conhecimentos teóricos em função de uma prática, funciona atualmente nos Colégios Agrícolas
subordinados à COAGRI, o sistema Escola-Fazenda.
193
1. CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA ESCOLA-FAZENDA
"Escola-Fazenda é um sistema que se fundamenta principalmente no desenvolvimento
das habilidades, destrezas e experiências indispensáveis à fixação dos conhecimentos adquiridos
nas aulas teóricas".
Visa à educação integral do adolescente e a "familiarizar o educando com atividades se-
melhantes às que terá de enfrentar na vida real, em sua vivência com os problemas de agrope-
cuária, conscientizando-o ainda de suas responsabilidades e possibilidades".
Tem como princípio básico: "aprender a fazer e fazer para aprender".
O Sistema Escola-Fazenda constitui-se de quatro áreas distintas que funcionam inte-
gradas:
Salas de aula
Laboratórios de Práticas e Produção (LPP)
Programa Agrícola Orientado (PAO)
Cooperativa Escolar Agrícola (COOP)
SALAS DE AULA é o local ondeo ministradas as aulas teóricas, tanto da parte de
Educação Geral como da parte de Formação Especial do currículo pleno.
LABORATÓRIO DE PRÁTICA E PRODUÇÃO (LPP) - é o ambiente onde o aluno
deverá executar as práticas relativas às aulas teóricas ministradas em sala de aula.
PROGRAMA AGRÍCOLA ORIENTADO (PAO) - é o ambiente onde o aluno deverá
desenvolver projetos agropecuários sob a orientação do professor e de acordo com o currículo.
Nesta fase, o aluno realmente se familiarizará com atividades semelhantes às que terá de
enfrentar na vida prática, pois fica sob sua responsabilidade desde a elaboração, execução até a
comercialização dos produtos obtidos.
COOPERATIVAS (COOP) - é o elo central do sistema Escola-Fazenda. A Cooperativa
aprova e fornece insumos para execução dos projetos do PAO e mão-de-obra e LPP. Os pro-
dutos obtidos no LPPo encaminhados à Cooperativa para posterior comercialização, devendo
toda esta operação ser realizada pelo aluno.
De acordo com o Decreto no. 76.436, de 14 de outubro de 1975, "compete aos estabe-
lecimentos de ensino subordinados à COAGRI ministrar o ensino de. grau, observados os
preceitos legais vigentes, bem como desenvolver programas de educação agrícola que atendam às
necessidades da comunidade".
194
- ESTRUTURA DOS COLÉGIOS AGRÍCOLAS
Os Colégios Agrícolas possuem a seguinte estrutura básica:
195
196
197
198
199
200
201
202
203
A POSIÇÃO DO ENSINO AGRÍCOLA DE. GRAU NO BRASIL
WALDEMAR MARQUES - CENAFOR
INTRODUÇÃO
O ensino agrícola de. grau no Brasil, enquanto profissionalizante, propõe-se a formar
um técnico que, para atender às necessidades do desenvolvimento agrícola no país, seja princi-
palmente um produtor autônomo e também um agente de serviços. A preocupação é de formar
um técnico que "possa colaborar na solução dos problemas de abastecimento, produzindo
gêneros de primeira necessidade e matéria-prima de melhor qualidade e de maneira mais econô-
mica para a indústria, procedendo assim como agente de produção. Simultaneamente o mesmo
profissional poderá atuar como agente de serviços para atender o mercado de trabalho, junto às
empresas que prestam serviços aos agricultores''
Essa proposta se faz a partir da consideração de que o desenvolvimento do setor primário
"está ligadoo somente à produtividade do campo, mas também ao preparo tecnológico da
mão-de-obra capaz de participar do processamento do produto obtido, industrializando-o e
comercializando-o'.'
Uma vez que o ensino agrícola de. grau se propõe a formar um agente de mudança
para o meio rural, é necessário identificar que tipo de clientela vem, prioritariamente, sendo
por ele atendida. Ainda, sendo reservado a esse tipo de ensino um papel importante na for-
mação dessa população, cabe avaliar sua situação presente, mediante a análise de evolução do
ensino agrícola e de sua participação no conjunto do. grau, bem como seu grau de eficiência,
medido em função da taxa de retenção, ou seja, do aproveitamento dos efetivos iniciais no
decorrer do período escolar. Além disso, procurar-se-á visualizar as condições de funcionamento
dos estabelecimentos, através do estudo dos recursos humanos envolvidos (professores e direto-
res) e de forma de organização dessa área de ensino.
207
1. METODOLOGIA DA PESQUISA
O estudo sobre o ensino agrícola de. grau foi executado pela Divisão de Pesquisa e
Desenvolvimento da Fundação CENAFOR, através de convênio com o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).
Foram coletados dados em relação a quatro objetos de estudo: estabelecimento, diretor,
professor e alunos.
Com relação a alunos, foram considerados apenas os que cursavam a última série, por
ocasião da coleta de dados (agosto de 1974). Tal delimitação foi feita por se tratar de indivíduos
que, ao final do curso, possuem visão mais ampla e completa da escola e, por outro lado, por
representarem os profissionais que estão sendo lançados no mercado de trabalho. Foram excluí-
dos os alunos que cursavam Economia Doméstica Rural.
A pesquisa abrangeu o universo de estabelecimentos de ensino (103),o se utilizando o
processo de amostragem. Houve um retorno de dados em relação a 102 estabelecimentos, 1635
professores, 102 diretores e 3.754 alunos. A coleta foi efetuada por equipes de entrevistadores
treinados, mediante preenchimento de um conjunto de formulários e questionários, previa-
mente testados.
A composição do universo de estudo revelou a existência de uma predominância de esta-
belecimentos de ensino mantidos por órgãos federais e estaduais, sendo bastante reduzido o
número de particulares e convênio.
A distribuição de escolas pelas diferentes regiões do país é apresentada no mapa que se
segue.
As regiões definidas para a análise abrangeu, no Norte, os Estados do Amazonas e Pará;
no Nordeste, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia; no Sudeste-1, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro; no Sudeste-2,
o Paulo; no Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; no Centro-Oeste, Goiás e
Distrito Federal.
A análise que se segue sintetiza apenas alguns dos dados da pesquisa, para apresentação
em reunião de especialistas em ensino agrícola. Estudos mais detalhados e completos dos resul-
tados constarão dos relatórios a serem publicados pela Fundação CENAFOR, proximamente.
2. POSIÇÃO DO ENSINO AGRÍCOLA
A profissionalização do ensino a nfvel de. grau, preconizada pela atual política educa-
cional (lei 5.692/71),o teve sua implantação substancialmente efetivada de modo a alterar a
posição desse ensino em relação ao "acadêmico". Assim, dos alunos matriculados no. grau,
em 1973, 46,9% freqüentavam cursos considerados acadêmicos (ramo "secundário") e 53,1%
estavam em cursos profissionalizantes.
Considerando apenas o ensino agrícola, constatou-se que, em relação ao 2o. grau em
geral, ele abrangia, em 1973, apenas 1,0% do total dos alunos matriculados nas escolas do
País. Essa relação pouco se altera quando se consideram apenas os cursos profissionalizantes
pois o ensino agrícola representa apenas 1.9% das matrículas, ficando com o normal 35.4%,
208
com o industrial 13.2%, com o comercial 45.2% e com outros 4.3%. Assim sendo, percebe-se
a diminuta participação do ensino agrícola no conjunto do ensino de. grau. Um dos aspectos
que pode estar concorrendo para essa situação prende-se ao fato da modernização da agricul-
tura brasileira ser relativamente recente,o estando suficientemente valorizado o papel do
técnico de nível médio, nesse âmbito.
É relevante verificar qual a tendência que tem marcado a evolução das matrículas nas
diversas habilitações oferecidas pelos estabelecimentos agrícolas de. grau, na década atual.
As habilitações atualmente oferecidaso de Agropecuária, Agricultura, Pecuária, Laticínios,
Florestal, Viticultura e Enologia e finalmente Economia Doméstica Rural. Essa última, apesar
de apresentar características diversas das outras habilitações é ainda considerada na área agrí-
cola, tendo sido incluída na pesquisa realizada.
Considerando as matrículas iniciais de cada habilitação, relativas aos anos de 1970 a
1974, observou-se que as de Agropecuária e Economia Doméstica Rural apresentaram uma
tendência mais acentuada de crescimento, aumentando no período 127.7% e 141.6%, respecti-
vamente.
Comparando o crescimento das matrículas e do número de estabelecimentos, verifica-se
que há uma correspondência entre o incremento das matrículas e o aumento do número de
estabelecimentos, principalmente em relação à oferta da habilitação Agropecuária. As matrí-
culas em Laticínios, Viticultura e Enologia, revelam uma tendência a decrescer, mesmo perma-
necendo constante o número de estabelecimentos.o parece estar relacionado tal fato a
inadequação dessas habilitações às realidades regionais. Trata-se, talvez, do fato de que ao
fornecer um nível restrito de especialização, tais habilitações atendem um mercado de trabalho
reduzido e susceptível de rápida saturação. Nesse sentido, é relevante observar que há uma
tendência a desaparecerem as habilitações específicas, permanecendo as mais polivalentes
(no caso. Agropecuária).
Apesar da retração das habilitações específicas, nota-se que o ensino agrícola vem-se
expandindo no decorrer do período. Essa expansão, porém,o é suficiente para explicar
a sua eficiência, expressa pela maximização no aproveitamento dos efetivos iniciais, determi-
nando sua produtividade em termos do número de conclusões. Assim, a relação conclusão/
matrícula constitui um indicador relevante para medir o rendimento da rede de ensino agrícola,
pois indica em que proporção os alunos matriculados na primeira série chegaram a concluir o
terceiro ano. Essa taxa de retenção, no entanto, deve ser tomada com reservas, pois o aumento
da demanda e a repetência, entre outros fatores, podem estar interferindo na definição desse
índice.
A relação matrículas/conclusões ao longo do período sugere que as taxas de retenção
nos cursos de Agropecuária foram relativamente altas (66.6%). Em relação a Economia Domés-
tica Ruralo se observa uma constância nesse índice, pois enquanto em 1970/72 atinge
95.0%, nos períodos seguintes tende a decair, chegando a 59.6% em 1972/74. Corresponden-
temente, a taxa de evasão no curso de Agropecuária foi relativamente baixa, em especial na
terceira série, ondeo atingiu 2.0%. No curso de Economia Doméstica Rural a situação é
diferente: na primeira série a evasão chegou, em 1973 a 24.4%.
Observando-se as taxas de retenção por região, verifica-se que emo Paulo, ela é relati-
vamente mais baixa. Essa situação pode ser atribuída ào adaptação dos alunos ao regime
de internato e ao regime de trabalho atualmente em vigor nas escolas, principalmente em rela-
ção aos indivíduos de origem urbana. Ainda deve-se levar em conta as maiores oportunidades
de escolarização em outras áreas de ensino, existentes emo Paulo.
Em suma, apesar do incremento do ensino agrícola na presente década, ele pouco repre-
senta em termos quantitativos no ensino de 2o. grau do País. No entanto, vem ele colocando,
209
ao longo dos anos, um número crescente de profissionais no mercado de trabalho. O problema
é saber em que medida esse mercado é capaz de absorvê-lo e em que condições. Além do mais, o
nfvel de eficiência do ensino agrícola de segundo grau, medido através das taxas de retenção,
o significa melhor qualidade, pois variáveis aquio consideradas devem estar concorrendo
para essa situação. Resta saber o tipo de clientela que atende esse ramo e qual a proposta para
a formação dessa clientela.
3 - CLIENTELA DO ENSINO AGRÍCOLA
Partindo-se do pressuposto de que as escolas agrícolas devem estar voltadas para as neces-
sidades de desenvolvimento do setor primário, através principalmente da qualificação do pro-
dutor rural, existe a recomendação de atendimento prioritário para a faixa jovem do meio
rural ou, pelo menos, provenientes de famílias ligadas economicamente a esse setor.
A análise dos dados coletados em cadastros das escolas revela que cerca de 61.8% dos
alunos do ensino agrícola pertencem a famílias, cuja subsistência provém de atividade produtiva
no meio rural. Apesar desse atendimento ficar aquém do definido pela legislação pertinente,
que prevê 80% das vagas para aquela clientela, pode-se dizer que o ensino agrícola vem aten-
dendo percentual relativamente alto de indivíduos provenientes do meio rural.
Os dados referentes a alunos que cursavam a. série em 1974, sobre os quais se coletou
informações mais detalhadas, revelam que 49.5% de seus pais ou responsáveis dedicavam-se a
ocupações vinculadas ao setor primário da economia, 5.9% ao secundário, 43.7% ao terciário,
ficando os demais nas categorias "vive de rendas" e "sem resposta".
Entre os que se vinculavam ao setor agropecuário, havia predominância dos pequenos
proprietários rurais (55.6%), vindo a seguir grandes ou médios proprietários (25.8%). No setor
secundário, o maior percentual referia-se a assalariados especializados (50.0%). No setor ter-
ciário, predominaram os pequenos proprietários de estabelecimento comercial ou de serviços
(30.3%), ficando os menores percentuais com os grandes proprietários, seguidos dos profissio-
nais liberais e professores de. e. grau.
Pode-se concluir, de um modo geral, que a clientela atendida pelo ensino agrícola é
formada, em considerável percentual, de filhos de pequenos proprietários rurais e de pequenos
proprietários de estabelecimentos comerciais e de serviços. A representatividade de outras
categorias é menor, embora revelem-se importantes, ainda, as categorias de grande ou médio
proprietário rural, assalariados especializados eo especializados do setor terciário.
Deve-se ressaltar, no entanto, que a existência de pequenos e médios proprietários rurais
e mesmo comerciaiso significa necessariamente uma situação social diferenciada em relação
aos demais. Sabe-se que muitos desses pequenos proprietários possuem produtividadeo baixa
que seu rendimentoo vai além daquilo auferido por um assalariadoo especializado. Obser-
vou-se, nesse sentido, que alguns pais, apesar de possuírem propriedade rural, tinham atividade
principal como assalariados.
Completando a análise da origem social da clientela da 3a. série, é interessante considerar
o nível de escolaridade de seus pais. Nesse aspecto observa-se que a grande maioria desses últi-
mos (81.2%)o freqüentou escola ou chegou apenas a concluir o "primário". Verifica-se,
desse modo, que os pais encontram-se em nível bem aquém daquele que seus filhos atingiram,
podendo representar tal fato uma superação da sua situação social. Os estabelecimentos de
ensino agrícola, funcionando em regime de internato, proporcionam condições de escolarização
a certas camadas da população que, mesmo podendo prescindir da força de trabalho de seus
filhos,o poderia, por seus próprios recursos, oferecer-lhes uma educação a nível de 2o. grau.
210
A origem social dos alunos, entre outros fatores, pode ser considerada em relação a
outras características da clientela atendida pelo ensino agrícola.
No estudo da faixa etária revela-se que parcela considerável dos alunos de 3a. série pos-
suem idade superior a 17 anos, considerada "ideal" para o término do curso. As médias
de idade por regiãoo de 21.9 nas escolas do Norte, 21.6 no Centro-Oeste, 21.0 no Nordeste,
20.8 na região Sudeste-1, 20.2 na Sudeste-2 (São Paulo) e 20.2 no Sul. Esse "atraso" de escola-
ridade pode ser atribuído, entre outros fatores, à origem rural dos alunos (onde as oportuni-
dades de ensinoo menores) e a situação social da família, notadamente seu nível de escola-
rização. A relação entre as variáveis, encontrada nos dados coletados, vem confirmar estudos
anteriores realizados na área educacional.
A origem social revelou-se também importante variável interveniente ao se analisar mo-
tivos da procura do ensino agrícola, bem como aspiração e planos de vida dos alunos de 3a.
série.
Em relação à procura do curso agrícola, "motivos pessoais", "profissionalização", "influ-
ência do meio de origem" e "baixo nível sócio-econômico da família" foram os principais mo-
tivos assinalados pelos alunos.o aparece explicitamente o desejo de se chegar a um curso
superior como definidor da procura da escola agrícola.
Com relação à aspiração profissional dos alunos, porcentagem superior a 75.0% concen-
trou-se em torno das opções "Agrônomo", "Veterinário" e "Técnico Agrícola".
Diversos fatores podem ser considerados como condicionando essa escolha dos estu-
dantes por profissão vinculadas à área agropecuária. Entre eles, parecem ser relevantes a socia-
lização dos alunos em ambiente agrário (através de seleção dirigida para ingresso nas escolas de
2o. grau agrícola de indivíduos provenientes do meio rural) e a experiência escolar como va-
riável que influencia a escolha profissional (através do regime de internato em que se mantém
os alunos).
Entre as primeiras opções, "Agrônomo" e "Veterinário" concentraram mais de 60.0%
dos alunos, confirmando a tendência de valorização dada, em nossa sociedade, às profissões
que demandam curso superior.
O fato de apenas 14.2% dos alunos pretenderem atuar como técnico agrícola é relevante,
mesmo aparecendo esta como terceira opção. Isso demonstra que a aspiração dos alunos em
geral,o coincide com a finalidade formalmente atribuída ao curso freqüentado. Mesmo
levando-se em conta que as funções de técnico agrícola estariam implícitas em outras ocupa-
ções como, por exemplo, proprietário e administrador de empresas agrícolas, os dados
revelam um percentual relativamente alto dos queo consideram aquela profissão como a
ideal.
Vários fatores podem ser considerados relevantes ao se analisar a aspiração profissional
dos alunos de 3a. série. Pode-se citar, por ex., que a proporção de indivíduos que optaram
por "técnico agrícola" é maior entre aqueles de faixa etária mais alta, o que seria atribuído à
expectativa dos alunos mais velhos no sentido de ingressar imediatamente no mercado de
trabalho, passando a constituir família e ter vida economicamente independente. Por outro
211
lado, a escolha por "técnico agrícola" é maior entre os alunos cujos pais possuem nível mais
baixo de escolaridade, indicando a situação social da família o grau de dificuldades econô-
micas para ascender a profissões que demandam curso superior.
Com relação á aspiração educacional (curso que o aluno pretende seguir ao concluir o
. grau agrícola) revelou-se uma preferência por "Agronomia" (36.9%) e "Veterinária"
(16.7%), áreas já enfatizadas em termos de aspiração profissional. A terceira opção dos alunos
foi "Administração de Empresas" (4.1%).
A relevância dada a "Administração de Empresas" parece justificar-se por ser um curso
queo exclui a possibilidade do aluno estar inserido concomitantemente no mercado de
trabalho, já que pode ser freqüentado em período noturno apenas. Para os alunos de baixo
nível sócio-econômico, tal opção se revelaria em possibilidade de continuar estudando (atingindo
um curso superior) e trabalhar. Além disso, a conclusão desse curso permite o ingresso no mer-
cado de trabalho em ocupações atualmente ampliadas pela disseminação de empresas modernas.
Ainda, "Administração de Empresa" pode ser vista como continuidade do. grau enquanto
especialização numa área de treinamento do técnico agrícola (administração de propriedades
rurais).
A opção dos alunos de. série por prosseguir seus estudos a nível superior e/ou ingres-
sar imediatamente no mercado de trabalho foi definida, na presente pesquisa, como "planos
de vida". Revelou-se um percentual relativamente alto de alunos (59.3%) que pretendem tra-
balhar e estudar, enquanto 21.8% optaram apenas por trabalhar e 18.9% apenas por estudar.
Os "planos de vida", mais do que as aspirações profissionais e educacionais dos alunos,
resultam de uma percepção das metas a serem alcançadas e dos meios disponíveis ou possíveis
para seu alcance. Esses meios seriam determinados pelas condições objetivas de vida, principal-
mente pelo nível sócio-econômico da família. Assim, para aqueles indivíduos de alto nível
sócio-econômico, é maior a proporção em optar pela continuidade dos estudos a nfvel superior,
já que os meios (recursos financeiros para custeio dos estudos e manutenção própria)o dados
de antemão. Inversamente, para os indivíduos de mais baixo nível sócio-econômico, a ausência
desses meios tendem a colocar como escolha possível a interrupção dos estudos e o ingresso
imediato no mercado de trabalho apenas, ou o trabalho como forma de prover os meios para
continuação dos estudos.
Nesse sentido, os dados coletados revelaram que as proporções dos que pretendem con-
tinuar estudando apenas,o muito maiores entre filhos de indivíduos cuja ocupação os vin-
cula a estratos sociais mais altos (grandes e médios proprietários rurais, pequenos e médios
proprietários industriais, grandes e médios proprietários de estabelecimentos comerciais ou de
serviços e profissionais liberais), Nas categorias ocupacionais mais baixas, notadamente naquelas
o especializadas,o menores as proporções dos que pretendem somente estudar. Quando se
analisa os que pretendem apenas trabalhar, ocorre o inverso, concentrando-se as proporções
mais altas entre aqueles com nível ocupacional mais baixo.
Ao que tudo indica, portanto, o nível sócio-econômico da família revela-se importante
determinante das oções feitas pelos alunos, persistindo essa influência mesmo ao se considerar
os efeitos re-socializantes do ambiente escolar.
4 - INFRA-ESTRUTURA DO ENSINO AGRÍCOLA: RECURSOS HUMANOS E MA-
TERIAIS
A distinção fundamental entre o ensino acadêmico e o profissionalizante é a necessidade
do desenvolvimento de habilidades técnicas através do contato dos alunos com atividades seme-
212
Ihantes às que terão que desempenhar como profissionais. Tal condição requer dos estabeleci-
mentos de ensino toda uma infra-estrutura capaz de suprir as necessidades do aprendizado prá-
tico, implicando portanto, em maiores investimentos e numa manutenção onerosa.
Para o ensino agrícola em particular, os custoso maiores, devidoo só aos insumos
necessários à produção, como também a existência de internato, além do número relativamente
reduzido de alunos matriculados nessas escolas. Nesse sentido, torna-se necessário que se consiga
melhor aproveitamento das áreas e instalações destinadas aos estabelecimentos agrícolas, de
modo a diminuir os custos educacionais.
Uma das formas de se diminuir tais custos seria a idéia de que os alunos explorassem a
terra das escolas e comercializassem o excedente, cobrindo assim, pelo menos em parte, os
gastos com sua manutenção. Essa é uma das preocupações contidas na proposição do Sistema
Escola-Fazenda, que orienta as escolas no sentido de se tornarem auto-suficientes, através da
atividade produtiva dos alunos. De outro lado, esta proposição apresenta ao mesmo tempo
uma finalidade didática, pois familiariza o aluno com as técnicas e atividades requeridas para o
exercício de atividades profissionais futuras.
Nessa linha, ficou reservado aos estabelecimentos de ensino agrícola um duplo papel:
produção e ensino, quase sempre incompatíveis nas condições paralelas em que estes dois
subsistemas coexistem na maioria das escolas. Para funcionar com eficiência, tal sistema requer
investimentos na correção e recuperação do solo, bem como na aquisição de equipamentos e
contratação de mão-de-obra. Entretanto, a deficiência de tais condições para produção e a
necessidade de produzir acabam tornando prioritária essa atividade sobre o ensino. Com isto,
os alunos passam a ocupar grande parte de seu tempo na produção, mesmo em horários reserva-
dos às aulas práticas, transformando estas práticas em serviços de campo.
Experiências bem sucedidas em outros países (Uruguai) desse sistema de ensino, mostram
que produção e ensinoo atividades distintas. A produção em sio é vista como objetivo de
ensino, embora a participação do aluno constitua um fator de treinamento no trabalho. No
sistema Escola-Fazenda em implantação no Brasil,o se verificam as mesmas características,
pois a produção possui também um objetivo de ensino. Os alunoso tem apenas uma partici-
pação na atividade produtiva, sendo também responsáveis pelo encaminhamento dos Projetos
Agrícolas Orientados (PAO) e pela comercialização da produção, através de cooperativa, rever-
tendo para eles os lucros auferidos.o se trata apenas de um incentivo à produção ou de
observação das vantagens do trabalho cooperado, mas também de formação do agricultor
independente polivalente (AIP) ou administrador rural. Devido ao fato do ensino e a produção
constituirem atividades paralelas,o convergentes, e devido à necessidade de diminuição dos
custos educacionais, há um momento em que esta atividade deixa de ser aprendizado, panando
o aluno a ser apenas mão-de-obra necessária à produção da escola.
Por outro lado, mesmo desprovidas de uma infra-estrutura suficiente, as escolas estão
mais preocupadas em produzir com a utilização de uma moderna tecnologia, do que de formar
um técnico para a realidade regional, como se propõe. Sabe-se que a mecanização da agricultura
no Brasil, a níveis desejáveis, ainda é um privilégio de poucas regiões. Com istoo se pode
restringir o aprendizado de um técnico agrícola que, em princípio irá trabalhar fora das regiões
mais desenvolvidas, a apenas um tipo de técnica. Porém, aumentar a produtividade através da
utilização de uma moderna tecnologia parece ser entendido univocamente, pois esquece-se que
a mesma é uma realidade relativa. Para um produtor rural que nunca lidou com outros instru-
mentos queo a enxada, a utilização do arado pode significar uma inovação, ocasionando um
aumento de sua produtividade; neste caso, trata-se muito mais da utilização adequada, racional
de recursos existentes, do que o uso indiscriminado de equipamentos mecânicos de difícil
operação e manutenção elevada.
213
O problema central, portanto, é que o sistema escolar agrícola, enquanto propõe inovar
e utilizar uma nova tecnologia, o faz de forma desvinculada do estágio em que se encontra a
maior parcela da agricultura brasileira. Se a proposição é a formação de um agente de produção,
ou seja, de um produtor autônomo, elao pode partir indiferenciadamente para o aumento
da produtividade seo se consideram as condições da própria agricultura brasileira.
Sem dúvida o ensino agrícola possui um papel na formação de mão-de-obra para o setor
primário. Porém, o que se coloca é a viabilidade dessa clientela ser adequadamente formada e
ter na profissionalização uma opção.o basta fazer da escola uma unidade de produção se o
ensino ficar relegado a segundo plano. O aluno que deve ser objeto do processo educativo, se
vê participando de outro processo, o produtivo, apenas como mão-de-obra braçal. Desse modo
o problema principal seria o de como integrar produção e ensino, e de também definir o tipo
de mão-de-obra que deve ser formada para atender às necessidades da agricultura brasileira.
Colocado nestes termos, o problema da infra-estrutura do ensino agrícola exigeo
apenas equipamentos e pessoal de apoio, mas também a existência de recursos humanos habili-
tados a formar indivíduos com flexibilidade para elevar a produtividade mediante o uso racional
de recursos existentes. Isto nos leva a análise dos recursos humanos no ensino agrícola de.
grau.
A legislação de ensino no Brasil exige como habilitação necessária para o exercício do
magistério a nível de. e. graus o curso superior completo com licenciatura plena (lei no.
5.692/71) a qual inclui a formação didático-pedagógica. Prevendo-se, entretanto, um grande
déficit de recursos humanos para o ensino, a mesma lei permite que lecionem,em caráter suple-
mentar e a título precário, em quaisquer séries do 2º.grau.indivíduos portadores de licenciatura
curta. Estas especificações legais aparentemente contraditórias refletem uma situação de fato
dos recursos humanos para o ensino no Brasil: de um lado a necessidade da elevação do nível de
qualificação dos recursos humanos existentes e a conseqüente elevação do nível de ensino, e
do outro lado o déficit crônico de pessoal nesta área.
Em relação à função de diretor de estabelecimento de ensino, a lei determina que pos-
suam licenciatura plena com habilitação em Administração Escolar. Trata-se de um tipo de
formação exigida coerente com as funções desempenhadas pelo diretor, eminentemente admi-
nistrativas. Da mesma forma, a par da exigência estrita da lei. também é facultado a indivíduos
habilitados para a docência, porém sem habilitação em Administração Escolar, o exercício da
direção, Segundo o Parecer no. 1.706/73 do Conselho Federal de Educação (C.F.E.)o se
lhes deve negar a experiência já adquirida no exercício da função. Mais uma vez aqui, ao lado
da necessidade da elevação do nível de qualificação dos recursos humanos, presente na lei,
está também a realidade da situação de déficit que pressiona no sentido contrário. Para o
ensino agrícola, a Coordenadoria Nacional do Ensino Agrícola (COAGRI) determina que a
direção seja exercida por indivíduos com formação superior, experientes e capazes, sem con-
tudo fixar os critérios de experiências e capacidade.
As exigências legais em termos de qualificaçãoo mais explícitas ao definirem as pré-
condições necessárias ao exercício das funções docentes e da direção. Porém, com relação à
experiência de magistérioo há critérios estabelecidos. Da mesma forma, em relação às con-
dições de trabalho, de notória influência sobre o desempenho profissional,o existem especi-
ficações legais.
Os resultados obtidos confirmam a grande distância que existe entre o que determina a
lei e a oferta de pessoas qualificadas, pois mais da metade (53.5%) dos professores do ensino
agrícola de 2o. grau no Brasilo possuem formação didático-pedagógica, dada por licenciatura
plena. Deve-se deixar claro que esta situação é extremamente diferenciada, pois tal proporção
inclui tanto indivíduos cuja escolaridadeo ultrapassa o. grau, quanto indivíduos com
pós-graduação.
214
Quando se comparam os professores de cultura técnica e os de cultura geral, o nfvel de
qualificação segundo o que define a lei é ainda mais baixo em relação aos primeiros. Entre os
professores de cultura técnicao mais elevadas as proporções de indivíduos com escolaridade
de 2o. grau apenas;o também mais elevadas as proporções de indivíduos sem formação didá-
tico-pedagógica. Assim, os resultados demonstram que este tipo de deficiência é uma constante,
como uma linha que perpassa todo o corpo docente qualquer que seja a região, qualquer que
seja o nível o tipo de escolaridade.
Em relação aos diretores, se nos limitarmos à habilitação em Administração Escolar
como pré-condição para as funções de direção, é insignificante a proporção dos que preenchem
esta condição. Porém, se considerarmos a exceção que a lei permite, tem-se que mais de 90%
apresentam a qualificação desejada com formação superior completa. O fato ó que a quase tota-
lidade dos diretores do ensino agrícolao possui conhecimento formal de como administrar
um estabelecimento de ensino agrícola.
O caráter dúbio das determinações legais parece ter acarretado conseqüências negativas
ao longo do tempo. Seria de se esperar que, decorridos vários anos a partir da vigência da Lei
5692/71, se observasse em relação aos professores e diretores uma grande preocupação em
complementar sua formação, já que o exercício do magistério tanto quanto da direção foi
definido como precário até que se obtivesse a habilitação exigida. Contudo, os resultados pare-
cem demonstrar o contrário, pois é grande a proporção dos que permanecem indiferentes,
queo completaram ouo estão procurando completar a formação exigida.
Para se compreender o problema da qualificação dos recursos humanos alocados no
ensino agrícola de. grau, é importante fixar o fato de que sua expansão vem sendo possível
graças à incorporação de um tipo de profissional, cujo preparo nenhuma relação mantém com
o ensino formal: trata-se do engenheiro agrônomo. Em que pese sua formação técnica, falta-lhe
geralmente a formação didático-pedagógica ou de administrador escolar.
o obstante,o eles que respondem pela parte de formação especial do currículo e da
direção, ocupando assim as posições de decisão ao nível do estabelecimento de ensino, apesar
de seu pequeno número em relação aos professores de cultura geral. Na verdade, o sistema
formador de professores de cultura técnica para o ensino agrícola é incapaz de atender à de-
manda. Por outro lado, as mínimas exigências colocadas pelas exceções da lei faz com que o
ensino agrícola para muitos recém-formados em agronomia, seja um atrativo razoável, em
termos de trabalho, pelo menos provisoriamente.
Seria de se esperar que, face às deficiências de formação didático-pedagógica e adminis-
tração escolar, a experiência de magistério ou do exercício da direção cobrisse satisfatoriamente
estas dificuldades apontadas. Em parte isto se confirma, pois mais da metade dos professores
possuem 4 ou mais anos de magistério, tendo já acompanhado a formação de pelo menos uma
turma. Porém, esta proporção é maior para os professores de cultura geral que possuem expe-
riência docente em outros ramos do ensino além do agrícola.
Diferentemente, em relação aos diretores, mais da metade possuem 3 ou menos anos
de exercício das funções de direção, tendo 1/4 deles com menos de um ano. Neste caso, surge a
dúvida se realmente esta experiência permite um bom nível de desempenho.
Possivelmente esta situação se deva por um lado d expansão do ensino no Brasil e à
limitação da oferta de recursos humanos qualificados para o atendimento desta demanda.
Contudo, é também bastante provável que esta situação dos professores e diretores se deva
também ás condições de trabalho, condições estas responsáveis pela incapacidade relativa do
sistema em manter os elementos melhor qualificados.
215
A proporção de professores, cuja escolaridadeo ultrapassa o 2o. grau ó de 14,2%;
neste caso a deficiência é de natureza dupla, pois ó tanto do ponto de vista da formação didá-
tico-pedagógica quanto do nível de escolaridade.
Com efeito, a grande maioria dos diretores (78.4%) ocupa o cargo na condição de "desig-
nados", com as responsabilidades funcionais de diretor, porém sem as vantagens dos efetivos.
Acresce-se a isto o fato de que seu salário médio é bastante inferior ao salário médio de agrô-
nomos em nível de execução.
Quanto aos professores, 40% deleso contratados a título precário, sendo que o des-
nível salarial ocorre entre professores de cultura técnica e os de cultura geral. Os primeiros,
em geral,o contratados em tempo integral, enquanto que os segundoso contratados em
tempo parcial e remunerados conforme o número de aulas semanais dadas. Nestas condições
o obrigados a lecionar em vários estabelecimentos de ensino ao mesmo tempo a fim de cobrir
o orçamento mensal.
Em resumo, nestas condições de trabalho, parece difícil que o sistema de ensino agrí-
cola de 2o. Grau consiga desenvolver um corpo docente e administrativo estável e qualificado.
Em relação ao corpo docente, dificilmente se poderia estabelecer um plano de trabalho con-
junto que operacionalizasse o currículo como um programa integrado, dada a disparidade entre
as condições dos professores de cultura técnica e a pulverização dos professores de cultura
geral. Igualmente, dada a instabilidade do corpo docente, torna-se difícil empreender esforços
para elevação do nível de qualificação dos recursos humanos. Justamente os elementos melhor
qualificadoso mais propensos a se evadirem, já que para eles as ofertas de trabalhoo
maiores. Se se pensa na elevação do nível de ensino e sua adequação frente ao desenvolvimento
do paíso de vital importância programas de qualificação e desenvolvimento de recursos huma-
nos para o ensino. Porém, é também de igual importância a criação de condições estáveis de
trabalho a um nivel de remuneração compensador que atraiam e mantenham indivíduos capa-
zes e inovadores, a menos que se pretenda, em relação ao ensino agrícola, apenas um cresci-
mento numérico.
216
CONCLUSÕES
A análise dos resultados, mesmo feita de forma sumária neste trabalho, nos leva à siste-
matização de alguns aspectos que podem orientar as tomadas de decisões referentes ao ensino
agrícola.
Em primeiro lugar, ressalta-se que,o obstante a vigorosa expansão de matrículas, o
ensino agrícola ocupa um lugar de pouca representatividade no quadro de ensino profissionali-
zante e do ensino de. Grau em geral, em que pese a importância do setor primário na eco-
nomia brasileira. Por outro lado, o número de habilitações vem diminuindo, no sentido de se
restringir a uma mais polivalente (Agropecuária), reflexo mesmo das limitações do mercado
de trabalho de fácil saturação para habilitações específicas.
Em segundo lugar, pode-se dizer que o ensino agrícola de. Grau atende principal-
mente às populações rurais,sendo boa parte de sua clientela originária de famílias com ativi-
dades no setor primário. Contudo, a proporção de clientela proveniente do meio rural está
pouco acima de 50%,o atingindo o nível legalmente definido. Neste sentido, seria desejável
que se elevasse a proporção de alunos de origem rural, de modo a se garantir a esta população
benefícios maiores de escolarização. Ao mesmo tempo, isto poderia garantir uma maior taxa
de retenção e melhor aproveitamento dos efetivos iniciais, pois as probabilidades de evasão
o maiores para aqueles indivíduos de origem urbana, que nenhum vínculo mantém com o
meio rural.
Finalmente, tendo em vista o objetivo do ensino agrícola de formar agentes de mu-
dança do meio rural, notadamente agentes de produção, a infra-estrutura do ensino agrícola
deveria ser repensada. À parte de problemas que extrapolam o ensino agrícola propriamente
dito (como, por ex., o suporte governamental aos pequenos e médios proprietários), há que se
considerar o problema da disponibilidade de equipamentos, sua utilização para fins didáticos e
as condições dos recursos humanos alocados neste setor de ensino. De um lado, a deficiência
da parte prática e o paralelismo entre ensino e produção e, de outro, o nível de qualificação e as
condições de trabalho dos professores e diretores, apontam a necessidade de programas espe-
cíficos que visem corrigir males específicos.
217
RELAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO AGRÍCOLA
DE. GRAU DO BRASIL
Nome do Estabelecimento e Localização
REGIÃO NORTE
1 Colégio Agrícola do Amazonas
Manaus (AM)
2 Colégio Agrícola "Manoel Barata"
Castanhal (PA)
REGIÃO NORDESTE
3 Colégio Agrícola de Teresina
Teresina (PI)
4 Colégio Agrícola do Maranhão
o Luís (MA)
5 - Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira
Lavras da Mangabeira (CE)
6 Colégio Agrícola de Crato
Crato (CE)
7 Escola Integrada e Colégio Agrícola de Mombaça
Mombaça (CE)
8 Colégio de Economia Doméstica Rural
"Elza Barreto"
Iguatu (CE)
9 Colégio Agrícola de Jundiaí
Macaíba (RN)
10 Colégio Integrado da Fundação Universidade
Rural do Nordeste
Lagoa Seca (PB)
11 Escola de Economia Doméstica Rural de Sousa
Sousa (PB)
12 - Colégio Agrícola "Vidal de Negreiros"
Bananeiras (PB)
13 Colégio de Economia Doméstica Rural
"João Cleofas"
Vitória de Santo Ano (PE)
Entidade Mantenedora
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio/
Secretaria Estadual de Educação
Departamento de Ensino Médio
Secretaria Estadual de Educação
Departamento de Ensino Médio
Universidade Federal
do Rio Grande do Norte
Fundação Universidade Rural
do Nordeste
Departamento de Ensino Médio
Universidade Federal da Paraíba
Departamento de Ensino Médio
218
14 Colégio Agrícola de Belo Jardim
Selo Jardim (PE)
15 Colégio Agrícola "João Coimbra"
Barreiros (PE)
16 Colégio Agrícola "Dom Agostinho Ikas"
o Lourenço da Mata (PE)
17 Colégio Agrícola "Floriano Peixoto"
Satuba (AL)
18 Colégio Agrícola "Benjamin Constant"
Aracaju (SE)
19 Colégio Agrícola "Álvaro Navarro Ramos"
Catu (BA)
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Universidade Federal
de Pernambuco
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
20 - Escola Média de Agricultura
da Região Cacaueira
Uruçuca (BA)
Comissão Executiva do Plano
da Lavoura Cacaueira (CEPLAC)
REGIÃO SUDESTE
21 - Colégio Agrícola de Santa Tereza
Santa Tereza (ES)
Departamento de Ensino Médio
22 - Colégio Agrícola de Alegre
Alegre (ES)
23 Colégio Técnico Agrícola
"lldefonso Bastos Borges"
Bom Jesus do Itabapoana (RJ)
24 Colégio Agrícola "Antonio Sarlo"
Campos (RJ)
25 Colégio Técnico da Universidade Federal
do Rio de Janeiro
Itaguaí (RJ)
26 - Colégio Agrícola "Nilo Peçanha"
Piraí (RJ)
27 Colégio de Economia Doméstica Rural
"Licurgo Leite"
Uberaba (MG)
28 - Colégio Agrícola de Januária
Januária (MG)
29 Colégio Agrícola "Antonio Versiani de Athayde'
Montes Claros (MG)
Departamento de Ensino Médio
Universidade Federal Fluminense
Secretaria Estadual de Educação
Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Universidade Federal Fluminense
Departamento de Ensino Médio
Departamento de Ensino Médio
Universidade Federal de M. Gerais
219
30 Escola Média de Agricultura de Florestal Universidade Federal de Viçosa
Florestal (MG)
31 Colégio Agrícola de Bambuí Departamento de Ensino Médio
Bambuí (MG)
32 Colégio Agrícola de Muzambinho Departamento de Ensino Médio
Muzambinho (MG)
33 Colégio Agrícola de Rio Pomba Departamento de Ensino Médio
Rio Pomba (MG)
34 Colégio Agrícola "Diaulas de Abreu" Departamento de Ensino Médio
Barbacena (MG)
35 Colégio Técnico Agrícola Estadual deo Simão Secretaria Estadual de Educação
o Simão (SP)
36 - Centro de Zootecnia e Indústrias Pecuárias Universidade deo Paulo
"Fernando Costa" Secretaria Estadual de Educação
Pirassununga (SP)
37 - Colégio Técnico Agrícola "Dr. Carolino Secretaria Estadual de Educação
da Mota e Silva"
Pinhal (SP)
38 Colégio Técnico Agrícola Estadual Secretaria Estadual de Educação
"Laurindo Alves de Queiróz"
Miguelópolis (SP)
39 - Colégio Técnico Agrícola Estadual Secretaria Estadual de Educação
"Manoel dos Reis Araújo"
Santa Rita do Passa Quatro (SP)
40 Colégio Técnico Agrícola Estadual de Igarapava Secretaria Estadual de Educação
Igarapava (SP)
41 Colégio Técnico Agrícola de Iguape Secretaria Estadual de Educação
Iguape (SP)
42 Colégio Técnico Agrícola Estadual Secretaria Estadual de Educação
de Votuporanga
Votuporanga (SP)
43 - Colégio Técnico Agrícola Estadual de Jundiaí Secretaria Estadual de Educação
Jundiaí (SP)
44 Colégio Técnico Agrícola Estadual Secretaria Estadual de Educação
"José Bonifácio"
Jaboticabal (SP)
45 Colégio Técnico Agrícola Estadual Secretaria Estadual de Educação
de Monte Aprazível
Monte Aprazível (SP)
220
46 Colégio Técnico Agrícola Estadual
"Prof. Carmelino Correa Júnior"
Franca (SP)
47 Colégio Técnico Agrícola Estadual
"Dr. José Coury"
Rio das Pedras (SP)
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
48 Colégio Integrado de Urubupungá
Pereira Barreto (SP)
Convênio CESP /
Secretaria Estadual de Educação
49 - Colégio Técnico Agrícola Estadual de Jacaréi
Jacaréí (SP)
Secretaria Estadual de Educação
50 - Colégio Técnico Agrícola Estadual de Mirassol
Mirassol (SP)
Secretaria Estadual de Educação
51 Colégio Técnico Agrícola Estadual
de Cerqueira César
Cerqueira César (SP)
Secretaria Estadual de Educação
52 - Colégio Agrícola Estadual
"Prof. Luís Pires Barbosa"
Cândido Mota (SP)
Secretaria Estadual de Educação
53 Colégio Técnico Agrícola Estadual
"Martinho Di Ciero"
Itu (SP)
Secretaria Estadual de Educação
54 Colégio Técnico Agrícola Estadual
"Prof. Orias Correia"
Jaú (SP)
Secretaria Estadual de Educação
55 Colégio Técnico Agrícola Estadual
de Cafelândia
Cafelândia (SP)
Secretaria Estadual de Educação
56 Colégio Técnico Estadual de Penápolis
Penápolis (SP)
Secretaria Estadual de Educação
57 Colégio Técnico Estadual
"Dra. Sebastiana de Barros'
o Manoel (SP)
Secretaria Estadual de Educação
58 Colégio Técnico Agrícola Estadual
de Presidente Prudente
Presidente Prudente (SP)
Secretaria Estadual de Educação
59 Escola Técnica Agrícola de Rancharia
Rancharia (SP)
Secretaria Estadual de Educação
60 Escola Estadual de 2o. Grau
"Paulo Guerreiro Franco"
Vera Cruz (SP)
Secretaria Estadual de Educação
221
61 Colégio Técnico Agrícola de Quatá
Quatá (SP)
62 Escola Estadual de. Grau
"Dep. Paulo Orbella Carvalho de Barros"
Garça (SP)
63 Colégio Técnico Agrícola de Cabrália Paulista
Cabrália Paulista (SP)
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
64 - Escola Estadual de 2o. Grau
"Dr. Dario Pacheco Pedroso"
Itapava (SP)
65 Colégio Técnico Agrícola Estadual de Dracena
Dracena (SP)
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
66 - Colégio Técnico Agrícola de Adamantina
Adamantina (SP)
Secretaria Estadual de Educação
67 Colégio Técnico Estadual
"Augusto Tortolero Araújo"
Paraguassu Paulista (SP)
68 Colégio Técnico Agrícola Estadual
de Santa Cruz do Rio Pardo
Santa Cruz do Rio Pardo (SP)
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
69 Colégio Agrícola de Uberlândia
Uberlândia (MG)
Departamento de Ensino Médio
70 Colégio Agrícola "Sérgio de Freitas Pacheco"
Patrocínio (MG)
Convênio Prefeitura / Estado /
Fund. Educacional de Patrocínio
REGlÃO SUL
71 Colégio Agrícola Estadual
"Lysimaco Ferreira da Costa"
Rio Negro (PR)
Secretaria Estadual de Educação
72 Colégio Agrícola "Vidal Ramos"
Canoinhas (SC)
Universidade Estadual
de Santa Catarina
73 Colégio Agrícola "Senador Gomes de Oliveira"
Araguari (SO
Universidade Federal
de Santa Catarina
74 Colégio Agrícola de Camboriú
Camboriú (SC)
Universidade Federal
de Santa Catarina
75 Colégio Agrícola "Caetano Costa"
Lages (SC)
Convênio Universidade para o
Desenvolvimento de S. Catarina /
Secretaria Estadual de Educação
76-
Colégio Agrícola de Concórdia Departamento de Ensino Médio
Concórdia (SC)
77 - Instituto Municipal de Educação Rural
"Assis Brasil"
Ijuí(RS)
Prefeitura Municipal de Ijuí
78 - Colégio Agrícola "General Vargas"
o Vicente do Sul (RS)
Convênio Estado / Universidade
Federal de Santa Maria
79 Colégio Agrícola de Santa Maria
Santa Maria (RS)
Universidade Federal de S. Maria
80 Colégio Agrícola "Presidente Getúlio Vargas
Três de Maio (RS)
SETREM (Entidade Particular)
81 Colégio Agrícola "Bom Pastor"
Nova Petrópolis (RS)
Ass. Educacional Linha Brasil
(Entidade Particular)
82 Colégio Agrícola de Veranópolis
Veranópolis (RS)
Academia Ver8nense de
Assistência, Educação e Cultura
83 Colégio Agrícola "Teutônia"
Estrela (RS)
Fundação Agrícola Teutônia
(Entidade Particular)
84 Colégio Agrícola "Murialdo"
Caxias do Sul (RS)
Instituto Leonardo Murialdo
(Entidade Particular)
85 - Colégio Agrícola de Sertão
Sertão (RS)
Departamento de Ensino Médio
86 Colégio Agrícola de Frederico Westphalen
Frederico Westphalen (RS)
Universidade Federal de S. Maria
87 - Colégio Agrícola "Ângelo Emílio Grande"
Erechim (RS)
88 Conjunto Agrotécnico "Visconde da Graça'
Pelotas (RS)
Departamento de Ensino Médio /
Secretaria Estadual de Educação
Universidade Federal de Pelotas
89 - Escola Técnica de Agricultura
"Dr. João Simplício Alves de Carvalho"
Viamão (RS)
Secretaria Estadual de Educação
90 Colégio Agrícola "Viscondeo Leopoldo"
o Leopoldo (RS)
Secretaria Estadual de Educação
91 Colégio Agrícola "Daniel de Oliveira Paiva"
Cachoeirinha (RS)
Secretaria Estadual de Educação
92 Colégio Agrícola Estadual "Manoel Ribas"
Apucarana (PR)
Secretaria Estadual de Educação
93 - Colégio Agrícola Estadual
"Manoel Moreira Pena"
Foz do Iguaçu (PR)
Secretaria Estadual de Educação
223
94 Colégio de Viticultura e Enologia
Bento Gonçalves (RS)
95 - Colégio Agrícola de Alegrete
Alegrete (RS)
96 Colégio Agrícola Estadual "Augusto Ribas"
Ponta Grossa (PR)
Departamento de Ensino Médio
Convênio Universidade Federal de
Santa Maria / Secretaria Estadual
de Educação
Secretaria Estadual de Educação
97 - Colégio Agrícola "Costa e Silva"
Irati (PR)
98 Colégio Agrícola Estadual "Arlindo Ribeiro"
Guarapuava (PR)
Secretaria Estadual de Educação
Secretaria Estadual de Educação
99 - Colégio Agrícola Estadual "Dr. Getúlio Vargas'
Palmeira (PR)
Secretaria Estadual de Educação
100 Colégio Agrícola do "Instituto de Ensino
de Castro"
Castro (PR)
Entidade Particular
REGIÃO CENTRO-OESTE
101 Colégio de Economia Doméstica Rural de Brasília
Brasília (DF)
Departamento de Ensino Médio
102 - Colégio Agrícola de Rio Verde
Rio Verde (GO)
Departamento de Ensino Médio
103 - Colégio Agrícola de Brasília
Planaltina (DF)
Departamento de Ensino Médio
224
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
NO SETOR PRIMÁRIO
JOSÉ LUIZ ESPÓSITO - PRESIDENTE PRUDENTE
MECANISMO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ESCOLA-FAZENDA
O Sistema Escola-Fazenda consta de quatro áreas distintas que funcionam integradas e
perfeitamente interligadas: Salas de Aula, Laboratório de Práticas e Produção (LPP), Programa
Agrícola Orientado (PAO) e Cooperativa Escolar Agrícola (COOP).
- SALA DE AULA
Nas salaso ministradas aulas teóricas, tanto as de Cultura Geral, como as de Cultura
Técnica. Estas devem estar em perfeita consonância com as práticas de campo a serem levadas
a efeito no LPP, de acordo com a diversificação do currfculo.
- LABORATÓRIO DE PRÁTICA E PRODUÇÃO
Dá-se a denominação de LPP, à Fazenda-Modelo organizada por um Colégio Agrícola,
afim de criar condições ideais ao cumprimento de sua finalidade didática, pelo emprego das
mais variadas técnicas de ensino e de exploração agropecuária.
Do LPP constarão os setores agropecuários existentes nos Colégios Agrícolas: Agricul-
tura, Zootecnia, Horticultura, Indústrias Rurais, Oficina Rural e outros constantes do currí-
culo.
As atividades agropecuárias a serem desenvolvidas no LPPo executadas exclusiva-
mente pelos alunos, após demonstração e orientação dadas pelo professor.
A extensão do LPP deverá sempre ser planejada. Para esse planejamento, teremos que
levar em conta a disponibilidade diária de mão-de-obra/aluno no LPP, o custo de produção e
a necessidade do Colégio Agrícola. A predeterminação da extensão se justifica pelo fato do
LPP contar exclusivamente com a mão-de-obra/aluno e ser a produção dos projetos dividida
em duas partes: uma destinada ao consumo do Colégio Agrícola e outra comercializada para
garantir a continuidade dos Projetos.
Ao escolher os Projetos para planejamento, o professor deverá proceder a um estudo
minucioso do mercado local, observando, sobretudo, a aceitação que nele tem o produto em
questão.
Dado o seu sentido utilitário, os empreendimentos do LPP, ainda que de aprendizagem
o, portanto, com conceitos pela conduta, aproveitamento, disciplina é rendimento do aluno,
tornam-se economicamente produtivos e rentáveis. Deste modo, o aluno verá seu trabalho
transformado em créditos proporcionais às tarefas executadas. Esses créditos serão destinados,
obrigatoriamente, ao pagamento das despesas indispensáveis à execução de projetos no PAO.
- PROGRAMA AGRÍCOLA ORIENTADO (PAO)
O Programa Agrícola Orientado (PAO) compõe-se de empreendimentos agropecuários
e é constituído por um conjunto de projetos que se traduzem em um número variado de prá-
ticas. Sua finalidade principal é desenvolver destrezas, habilidades, iniciativas e senso adminis-
trativo dos alunos. Os projetoso de inteira responsabilidade e iniciativa de grupos de alunos.
Estes recebem supervisão e orientação dos professores das disciplinas às quais os projetos se
referem.
227
Para o desenvolvimento dos projetos, o Colégio reservará áreas propícias e específicas
chamadas "áreas do PAO". Essas áreaso destinadas aos grupos de alunos, cabendo a cada
grupo, escolher a gleba que lhe convier sob a aprovação do professor. As glebas poderão ser
oferecidas aos alunos, pelo período do ciclo do projeto, gratuitamente ou por meio de uma
taxa de aluguel. Quando for o caso de projetos que exijam construções, como aviários, pocilgas
e outras, o grupo poderá construí-las, com recursos próprios, do Colégio Agrícola ou da Coope-
rativa Escolar. O Colégio Agrícola poderá, ainda, fornecer suas Instalações, quando dispo-
níveis, desde que o grupo cubra, em espécie, a desvalorização e o uso pelo tempo que
ocupá-las.
- COOPERATIVA ESCOLAR AGRÍCOLA
A COOPERATIVA ESCOLAR AGRÍCOLA (COOP), finalmente, como já ficou eviden-
ciado, é um componente do sistema Escola-Fazenda. A sede da Cooperativa Escolar é no
próprio Colégio. Só poderão ser associados os alunos regularmente matriculados, gozando
todos os mesmos direitos e obrigações, guiando-se por estatutos elaborados de conformidade
com a legislação vigente.
A Cooperativa, além de ser uma parte essencial ao funcionamento do novo sistema
de ensino, proporciona aos educandos a possibilidade de tomarem iniciativas, assumirem respon-
sabilidades, conhecerem as leis e se educarem dentro dos princípios de cooperação e auxílio
mútuo.
228
GRÁFICO DA INTERDEPENDÊNCIA DAS ÁREAS DO
SISTEMA ESCOLA FAZENDA
229
SÍNTESE DOS PROBLEMAS DETECTADOS
NO SISTEMA ESCOLA-FAZENDA
E NA DIRETORIA DO ENSINO AGRÍCOLA
I - SISTEMA ESCOLA-FAZENDA
1 - CURRICULO
1.1 Falta de conhecimento dos alunos sobre os objetivos da Escola.
1.2 Falta de interligação entre sala de aula (aulas teóricas) e L.P.P. (aulas práticas).
1.3 Inexistência ou número reduzido de P.A.O.s.
1.4 Desconhecimento dos alunos da estrutura e funcionamento da Cooperativa.
2 - RECURSOS HUMANOS
2.1 Inexistência de um sistema de Supervisão Pedagógica.
2.2 Professores de formação geral divorciados da filosofia e objetivos do Sistema.
2.3 Pouca vivência do aluno quanto a situações reais dos trabalhos agropecuários.
2.4 Inexistência de orientador educacional e coordenador pedagógico.
2.5 Falta ou pouco relacionamento da Escola com a Comunidade.
3 - RECURSOS TÉCNICOS
3.1 Escolas desprovidas de áreas agriculturáveis suficientes para o atendimento das
exigências do L.P.P. e P.A.O.
3.2 Escolas deficientes em instalações e equipamentos.
3.3 Planejamento inexeqüível dos trabalhos agropecuários.
Il - DIRETORIA DO ENSINO AGRÍCOLA
1 Organização administrativa arcaica e centralizada na capital.
2 Falta de estrutura para instalar e acompanhar o Sistema Escola-Fazenda.
3 Inexistência de um sistema de Supervisão Pedagógica.
230
FUNCIONAMENTO IDEAL DO SISTEMA ESCOLA-FAZENDA
O Sistema Escola-Fazenda terá um funcionamento ideal se, ao procedermos uma análise
dos fatores Currfculo, Recursos Humanos e Recursos Técnicos, constatarmos que:
1 - CURRICULO
1.1 Os alunos conheçam os objetivos gerais de sua Escola.
1.2 As quatro áreas do Sistema, isto é. Salas de Aula, L.P.P., P.A.O. e Cooperativa,
estejam funcionando integradas e perfeitamente interligadas.
1.3 As aulas teóricas de formação especial estejam em consonância com as práticas
de campo a serem levadas a efeito no L.P.P.
1.4 0 P.A.O. seja constituído por um conjunto de projetos que traduza um número
variável de práticas.
1.5 A estrutura e o funcionamento da Cooperativa sejam do conhecimento dos
alunos.
1.6 Seja evidente a existência de um saldo positivo na Cooperativa.
1.7 Seja evidente um nível razoável de auto-suficiência da Escola.
2 - RECURSOS HUMANOS
2.1 A Direção, Coordenador Pedagógico, Orientador Educacional, Corpo Docente e
Corpo Discente estejam perfeitamente entrosados com a filosofia e objetivos do
Sistema Escola Fazenda.
2.2 O pessoal de apoio esteja conscientizado de seu papel no Sistema e tenha desem-
penho adequado a essa conscientização.
2.3 Os alunos vivenciem os problemas reais dos trabalhos agropecuários.
2.4 Os alunos sintam interesse pela agropecuária.
2.5 A Escola receba apoio moral e humano das esferas superiores (supervisão peda-
gógica).
2.6 A Escola mantenha bom relacionamento com a comunidade na qual está inserida.
3 - RECURSOS TÉCNICOS
3.1 A área trabalhavel da Escola atenda as exigências mínimas das atividades do L.P.P.
e P.A.O.
3.2 As instalações e equipamentos atendam em número e eficiência, o desenvolvi-
mento dos projetos agropecuários e as exigências do internato.
231
3.3 O plano Conservacionista, mapa de capacidade de uso do solo e plano de irrigação
e drenagem estejam estabelecidos.
3.4 O planejamento dos trabalhos esteja elaborado sobre bases reais.
3.5 A Escola receba apoio material das esferas superiores.
232
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR PRIMÁRIO
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
1. Análise da situação do ensino agrícola no país: atual e perspectivas futuras:
tipos de escolas que oferecem ensino agrícola
tipos de habilitações profissionais
educação agrícolao formal em escolas de 2o. grau.
2. Organização da Supervisão para o Ensino Agrícola:
em nível federal - DEM/MEC
situação da COAGRI
em nível de Unidade Federada SEC
em nível de região
em nível de escola.
3. Supervisores
número de supervisores por nível administrativo
critérios para determinação do número
Funções dos supervisores e compatibilização com demais especialistas em educação
Requisitos para a função: escolaridades, formação, etc.
Competências necessárias
1 + 2 + 3 = Proposta (documento)
4. Estratégia para implantação da proposta
em nível de DEM
em nível de UF (SEC) - Encontro de Secretários?
234
1. SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO AGRÍCOLA
1.1 A situação atual do ensino agrícola apresenta o seguinte quadro:
Escolas vinculadas ao Governo Federal, pertencentes à COAGRI e às Universi-
dades;
Escolas da rede Estadual;
Escolas pertencentes aos Municípios;
Escolas particulares.
Estas escolas agrícolas de. grau oferecem diversas habilitações sendo a de Agrope-
cuária a mais predominante, seguida da de Pecuária, Agricultura, Florestal, Enologia, Laticínios,
Agrimensura e Economia Doméstica Rural. Existem ainda algumas escolas também voltadas pa-
ra a formação do auxiliar técnico.
Apesar da predominância, nas atuais escolas agrícolas, da formação do técnico, a tendên-
cia atual do sistema é de voltar-se para a instalação de habilitações básicas, preconizadas pelo
Parecer 76/75.
1.2 As escolas agrícolas de. grau poderão estar voltadas para desenvolver programas
de educação agrícola, atendendo às necessidades da Comunidade, formando mão-
de-obra para o setor primário.
2. ORGANIZAÇÃO DA SUPERVISÃO PARA O ENSINO AGRÍCOLA
Prevê-se para a implantação de um sistema de supervisão pedagógica:
2.1 A necessidade de levantamentos e pesquisa aplicada de modo a subsidiar planos,
programas de supervisão em aspectos básicos, como:
total de matrículas
formas de supervisão existentes
número de unidades de ensino
recursos humanos em supervisão
Pressupõe-se neste caso a existência de uma estrutura para pesquisa aplicada de modo
a orientar o planejamento em supervisão pedagógica.
2.2 Tal sistema operaria em 3 níveis:
FEDERAL: Supervisão no sentido de abranger todas as escolas de 2o. grau ligadas
ao setor primário (particulares, estaduais, municipais, federais)
ESTADUAL:Cabendo às Secretarias Estaduais definir outros níveis de supervisão a
seu critério
235
LOCAL: Em nfvel de estabelecimento de ensino
A implementação de tal sistema implica em pelo menos 3 alternativas de ação:
Através da COAGRI, desde que esta tivesse capacidade de decisão técnico-peda-
gógica, além de administrativa e financeira;
Através do assessoramento da COAGRI às Secretarias Estaduais;
Através da reestruturação do DEM para que se assumissem estas funções a nivel
central.
3. SUPERVISORES
3.1 Critérios para determinação do número de supervisores: deverão ser estabelecidos a
partir do item 2.1.
236
SÍNTESE DAS FUNÇÕES DE SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
PARA ENSINO DE. GRAU
- SETOR PRIMÁRIO -
a) NlVEL CENTRAL
1. Elaborar diretrizes de organização curricular para o Ensino de. Grau (disciplinas de
formação especial setor primário).
2. Sugerir reformulações de propostas curriculares para o Ensino de. Grau (área de for-
mação especial) para o atendimento das peculiaridades sócio-econõmico-culturais da comu-
nidade e de suas escolas.
3. Propor meios que proporcionem a melhoria qualitativa do ensino das disciplinas de forma-
ção especial.
4. Formular os objetivos específicos do ensino, em função das diversas matérias e dos seus
conteúdos no Ensino de. Grau.
5. Indicar a amplitude de cada matéria (área de formação especial) e de seus conteúdos espe-
cíficos, os padrões para a avaliação dos resultados do processo ensino-aprendizagem.
6. Subsidiar e/ou elaborar especificações referentes a instalações, equipamentos e setores do
S.E.F.
7. Oferecer subsídios para os programas de aperfeiçoamento e atualização do pessoal docente
(formação especial).
8. Elaborar propostas para realização de levantamentos necessários e pesquisas de problemas
relacionados ao currículo do Ensino de 2o. Grau, especificamente no que tange à parte de
formação especial setor primário.
237
b) NlVEL REGIONAL
1. Difundir e ajustar as diretrizes de organização curricular para o Ensino de 2o. Grau oriundos
da equipe central.
2. Sugerir reformulações curriculares atendendo orientação da equipe central e procurando
adequar a escola às características sócio-econômicas e culturais da região.
3. Selecionar os meios que proporcionam a melhoria qualitativa do ensino das disciplinas de
formação especial.
4. Difundir os objetivos do ensino em função das diversas matérias e dos conteúdos no Ensino
de 2o. Grau.
5. Opinar e orientar especificações referentes a instalações, equipamentos e setores do S.E.F.
6. Opinar quanto à' necessidade, oportunidade e conteúdo de treinamento de recursos humanos
(pessoal administrativo, técnico pedagógico, da área de cultura geral e formação especial) e
coordenar os treinamentos.
7. Sugerir, facilitar e auxiliar nos levantamentos e pesquisas dos problemas relacionados ao
Currículo do Ensino de 2o. Grau, quanto ao setor primário,
8. Analisar dados relativos à Divisão e elaborar alternativas de solução para os problemas espe-
cíficos da modalidade do ensino (2º, Grau setor primário).
9. Orientar na escolha das habilitações.
10. Efetuar análise de estudo de mercado de trabalho para se verificar a adequação das habili-
tações nas Escolas.
11. Assegurar
a retroinformação ao planejamento curricular.
12. Avaliar os resultados do processo ensino-aprendizagem e atividades do S.E.F.
238
c) NlVEL SUB-REGIONAL - ÁREA ADMINISTRATIVA
1. Supervisionar os estabelecimentos de ensino do setor primário e verificar a observância dos
respectivos Regimentos Escolares.
2. Acompanhar e assistir os programas de integração escola-comunidade.
3. Garantir a integração do sistema estadual de educação em seus aspectos administrativos, fa-
zendo observar o cumprimento das normas legais e das determinações dos órgãos superiores.
4. Aplicar instrumentos de análise para avaliar o desempenho do pessoal das escolas no que se
refere aos aspectos administrativos.
5. Examinar as condições físicas do ambiente escolar, dos implementos e do instrumental utili-
zado, tendo em vista a higiene e a segurança do trabalho escolar.
6. Aplicar instrumentos de análise para avaliar o desempenho do S.E.F.
7. Manter os estabelecimentos de ensino informados das diretrizes e determinações superiores
e assistir os Diretores na interpretação dos textos legais.
8. Examinar e visar documentos dos servidores e da vida escolar do aluno, bem como os livros
de registro do estabelecimento de ensino.
9. Sugerir medidas para o bom funcionamento das escolas sob sua supervisão.
10. Atuar junto aos Diretores e Secretários de Estabelecimentos de Ensino no sentido de racio-
nalizar os serviços burocráticos.
239
d) NlVEL LOCAL
I - COORDENADOR PEDAGÓGICO
1. Elaborar o plano global da escola, atendendo as diretrizes curriculares dos órgãos superiores.
2. Efetuar reformulações da organização curricular, quando necessárias, para ajustar a escola às
peculiaridades sócio-econômicas da região.
3. Empregar os meios que proporcionem a melhoria qualitativa do ensino das disciplinas de for-
mação especial, indicados pelos órgãos superiores.
4. Obter a consecução dos objetivos específicos do ensino em função das diversas matérias e
dos conteúdos do Ensino de. Grau.
5. Propor aquisição de equipamentos e sugerir medidas quanto às instalações dos setores do
S.E.F.
6. Participar e facilitar os treinamentos dos recursos humanos.
7. Aplicar instrumentos de análise para avaliar o desempenho do pessoal da Escola frente ao
S.E.F.
8. Selecionar e oferecer material de instrução aos docentes das disciplinas de formação especial.
9. Acompanhar o cumprimento do currículo das habilitações existentes.
Il - PROFESSOR COORDENADOR
1. Coordenar as atividades de elaboração do plano escolar nos aspectos referentes às proposi-
ções curriculares específicas de sua área.
2. Coletar informações e sistematizar dados específicos da sua área, que subsidiem as tarefas de
acompanhamento, avaliação e controle de responsabilidade do Coordenador Pedagógico.
3. Encaminhar ao Coordenador Pedagógico os planos de trabalho de sua área e solicitar as pro-
vidências necessárias para sua execução.
4. Assegurar a execução da política de ação definida pela equipe-escola, dando conhecimento
a todos os professores da área, das normas de trabalho estabelecidas pela equipe e do calen-
dário das atividades, bem como planejando, coordenando e avaliando as reuniões pedagó-
gicas da área.
5. Promover a articulação com outras áreas que integram a organização da escola.
240
241
EQUIPE TÉCNICA DE FORMAÇÃO ESPECIAL - SETOR PRIMÁRIO
(NÍVEL CENTRAL)
242
243
244
«
DIAS: 03 e 04/08
TEMA 2: METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2o. GRAU
SUBTEMA: 2.5 - METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR SECUN-
DÁRIO
OBJETIVOS:
SUGERIR PROCEDIMENTOS QUE ORIENTEM A AÇÃO DO SUPERVISOR
NA COORDENAÇÃO DA PARTE DE FORMAÇÃO ESPECIAL DO CURRI-
CULO QUANTO A:
- METODOLOGIA
- TECNOLOGIA ESPECÍFICA
- ATIVIDADES TÍPICAS DA HABILITAÇÃO
GRUPO GERADOR:
- JOSÉ DE ANCHIETA TAVARES ROCHA - ETF/CE
- MARIA ISABEL CUNHA E CUNHA - ETF/RS
- YOSHIE USSAMI - PRESIDENTE PRUDENTE/SP
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO:
- AMABILE PIERROTI - DEM/COPED
- MARLÍMÒLLER- DEM/COPED
245
- UMA METODOLOGIA DE SUPERVISÃO
EM UMA ESCOLA PROFISSIONALIZANTE DO SETOR SECUNDÁRIO
José de Anchieta Tavares Rocha ETF / CE
1 -UM MARCO TEÓRICO
1.1- A AÇÃO SUPERVISORA
No processo administrativo moderno, a supervisão surge como um elemento básico de
uma ação a agilizar variáveis em busca do objetivo final. Talvez esta visão administrativa da
ação supervisora cause uma impressão de uma simples faceta da ação administrativa, tirando
da supervisão a sua individualidade e caracterização. Entretanto, quando se pensa numa visão
estruturalista de um processo de produção, difícil se torna fugir de uma idéia global ou compar-
timentalizar ações.
Quando a escola se conscientizou de que possuía os componentes básicos de um sistema
de produção, de que sua ação definia-se em termos de um processo produtivo, então a adminis-
tração escolar deixou de ser um conjunto de ações empíricas para adotar dentro de uma filo-
sofia educacional, princípios mais racionais e mais produtivos. A Supervisão Escolar é filha
desta nova visão. E por sua vez,o pode desenvolver atividades empíricas (o queo significa
queo deverá ter alto espírito criativo).
É por demais importante e até essencial que dentro deste posicionamento teórico, haja
a colocação de uma singularidade do sistema produtivo educacional: O PRODUTOO É
APENAS OBJETO DA AÇÃO PRODUTIVA; É SOBRETUDO SUJEITO. Isto significa dizer
que, enquanto numa linha de produção comum, os produtos por serem materiais e inanimados
retratam a deficiência ou qualidade do sistema produtivo, no educacional, o produto por ser
a própria pessoa humana, tem o poder de transformar todo este sistema, às vezes cuidadosa-
mente estruturado e acionado.
A afirmação de Rudolf Lenhard parece aqui tornar-se mais clara: "a supervisão peda-
gógica coloca-se na interseção da estrutura formal e informal da escola". Toda estrutura é de
natureza formal. Na estrutura de um sistema educacional, porém,o pode ser esquecida a
informalidade fornecida constantemente pelo produto, que durante o processo vai-se trans-
formando e obrigando o próprio processo a transformar-se, conferindo-lhe este aspecto
informal.
Com este quadro teóricoo seria difícil entender a visão tridimensional que domina
a ação supervisora:
1 Sistema de produção, sujeito a contínuas transformações
2 Produto, enquanto participante e transformador do sistema de produção
3 - Produto final
Esta visão confere à supervisão escolar uma dimensão bastante diversa da supervisão em
nivel de um sistema produtivo qualquer. Enquanto esta se desenvolve na prática como uma
ação fiscalizadora (ação junto ao sistema de produção), aquela se define como uma ação cons-
tante de observação, de reorientação e replanejamento, ação transformadora do produto,
enquanto atuante no processo. Isto exige da supervisão uma alta sensibilidade para detectar
os pontos de transformação eo seria demais afirmar que caberá igualmente uma disposição
para provocar esta transformação, essencial à qualidade do produto final.
A conclusãoo poderia ser outra: a supervisão é indispensável à qualidade do processo
educativo. O aspecto dinâmico, a necessidade de constantes reajustes, a avaliação contínua,
249
fazem com que este processo educativoo se transforme num sistema rígido e inflexível.
À supervisão escolar cabe esta missão. E encontra sua razão de ser.
1.2- UMA ESTRUTURA EDUCACIONAL PROFISSIONALIZANTE
A Escola profissionalizante é uma escola com aspecto de terminalidade.o se perde
em colocações intermediárias que transformam o sistema escolar em um emaranhado de posi-
ções teóricas em busca de objetivos muito amplos e gerais. Por outro lado, mais do que em
qualquer outra situação é uma escola flexível, passível de contínuas transformações e adapta-
ções. Prepara para o trabalho num mundo de contínuas transformações tecnológicas. Esta
escola tem obrigação de ser fiel a esta época e a este mundo. As diversas etapas da metodo-
logia da elaboração do plano curricular mais do que nunca deverão ser conscientes e tecnica-
mente seguidas. E a etapa reflexão assume neste contexto uma dimensão extraordinária. A
sensibilidade na percepção da situação circundante, as flutuações do mercado de trabalho
num Pafs em desenvolvimento e de marcantes diferenças regionais como o nosso, o poder
de interpretação dos dados,o exigências para uma escola profissionalizante, e além do mais,
a exigência do estudo da clientela, como inputs detetores da capacidade de transformação
do processo e do mundo para o qual serão educados.
Uma escola de metodologia e estratégia que fogem ao tradicional. Para toda a equipe
engajada no processo educacional de uma escola profissionalizante, esta mentalidade é essencial.
É uma atividade que se renova sempre, possuidora de um fluxo contínuo de informações de
fora para dentro e vice-versa.
Toda esta colocação ganha uma dimensão muito maior quando se trata de uma profis-
sionalização para o setor secundário da economia. Todas as implicações, complexidades e
importância desse setor imprimem uma dimensão tecnológica que passa a exigir dos condu-
tores do processo uma sensibilidade técnica mais apurada: a compreensão dos fenômenos
transformadores da economia, as variáveis intervenientes do sistema de produção., além
do mais, toda uma visão de formação de RECURSOS HUMANOS, que seo considerados
por um posicionamento mais sofisticado (teoria do capital humano, man-power approach),
porém, oo necessariamente por uma visão diagnóstica de uma realidade que interfira no
processo de planejamento escolar. O mesmo é aplicável à execução e à avaliação. Há toda uma
sistemática própria que por seus aspectos particulares proporcionam uma dinâmica menos
rígida e mais flexível. A análise do desempenho em nível da aprendizagem atinge dimensões
bem mais amplas, sobretudo quando se pensa que o desempenho deverá ser medido no próprio
campo de ação: a empresa. Talvez aqui, o estágio do aluno seja o grande ponto de encontro
do processo: onde termina a ação sistemática da aprendizagem e inicia uma outra pelo enri-
quecimento de novas realidades e verificações ali realizadas.
A supervisão tem, neste contexto, uma dimensão de alimentadora e impulsionadora
deste processo. Vê-se que a idéia de uma supervisão tipo "acompanhadora" é por demais
passiva e sem nenhum sentido positivo para este processo.
Este marco teórico, uma vez compreendido, dá condições à supervisão de montar o
seu trabalho prático. Diríamos, um modelo operacional e de análise de etapas de ação.
250
2 - UM MARCO METODOLÓGICO (UM MODELO OPERACIONAL)
Toda a abordagem até aqui feita tem uma conotação de embasamento teórico para uma
ação concreta. O Modelo operacional em seguida esboçado perde toda a sua consistência se o
trabalho que se pretende realizar, carecer daquela orientação.
Pode-se perfeitamente colocar como ponto de partida que o marco teórico será o parâ-
metro da ação, ponto de referência para a atividade supervisora. A compreensão da "ação
supervisora" e da "estrutura pedagógica" de uma escola profissionalizante formará um corpo
único, essencial para o que se pretende desenvolver. Para que o modelo adote uma forma mais
didática, procurar-se-á encarná-lo numa realidade de ESCOLA TÉCNICA FEDERAL, realidade
onde se pretende iniciar a montagem de um serviço de supervisão.
Antes de qualquer trabalho, exige-se que a equipe seja sintonizada no contexto onde se
localiza a Escola. Isto exige uma sensibilidade técnica que proibe o divórcio entre a escola e
a comunidade, É precisoo perder de vista que se trata de uma escola orientada para o setor
secundário da Economia. A atualização com o potencial industrial e tecnológico, as flutuações
do mercado de trabalhoo realidades queo podem escapar diante de qualquer tentativa de
trabalho.
O modelo baseia-se em cinco pontos essenciais:
1 Conhecimento total da realidade da Escola Técnica
2 Criação da Imagem
3 Um processo didático
4 Uma ação integrada
5 Assessoramento permanente: uma equipe em estado de estudo e pesquisa.
2.1 - CONHECIMENTO TOTAL DA REALIDADE DA ESCOLA TÉCNICA
Diríamos, um mergulho na escola. Claro queo cabe à supervisão o domínio de todo
o conhecimento técnico que a cada dia se torna mais complexo pelo avanço tecnológico. Cabe
porém, uma preocupação, um interesse por tudo dentro da escola. E a forma é bem simples:
com espírito observador e curioso, realizar visitas constantes às oficinas, aos laboratórios,
conversas informais com o pessoal docente e auxiliar que ali trabalha. Escutar suas necessi-
dades, as deficiências, alguma falta de aparelhagem bem como o potencial de cada meio auxiliar.
Esta é uma atividade indispensável nesta fase.
Para um supervisor de escola técnica, desconhecer o que seja uma fresadora, um torno,
um teodolito, uma prancheta de desenho, um corpo de prova, uma centrífuga, um motor tri-
fásico, um relê telefônico, éo falar na mesma língua daqueles com quem vai trabalhar.
O conhecimento desta realidade vai também ao audiovisual, à biblioteca, ao serviço de
reprografia, às salas de aula, campos de esporte e outros tantos meios auxiliares importantes
para a ação docente.
251
A estrutura administrativa também interessa. E muito. Há toda uma burocracia realizada
pelos Departamentos que exercem atividades-meio queo indispensáveis à supervisão.
Como se, a nada deve ficar alheia. A escola é um organismo vivo. E todas as suas pelpi-
tações devem ser sentidas pela equipe.
2.2- CRIAÇÃO DA IMAGEM
A supervisãoo é um serviço imposto. É um serviço que conquista. Por ser atividade
relativamente recente nas Escolas Técnicas pode criar entre os professores, sobretudo nos mais
antigos, uma atitude de repulsa, pelo fato destes a considerarem uma espécie de intromissão
em suas atividades didáticas. Dentro de uma perspectiva de montagem inicial, a criação de uma
imagem positiva da supervisão é essencial para produtividade da ação supervisora. Belíssimos
planejamentos, cuidadosa e diligentemente elaborados podem simplesmente tornar-se inefi-
cazes ao nível da execução por um bloqueio ao trabalho da supervisão mal exercida.
Eugène Raudsepp afirma que "muitas idéias de inegável valor se perdem poro serem
apresentadas de maneira convincente a pessoas capazes de avaliá-las e pô-las em prática".
Consideramos que esta forma convincente resume-se exatamente na criação de uma imagem
favorável que se traduza perante a ação docente em um assessoramento, um serviço pedagógico,
visando à melhoria da qualidade do ensino.
Uma supervisão numa escola técnica que pretende agir por força de "portarias" verá o
seu trabalho tornar-se estéril.
A imagem se cria antes de tudo por contatos permanentes com muita disposição de es-
cutar e compreender.
2.3- UMA ATIVIDADE DIDÁTICA
A escola técnica apresenta uma particularidade especial. Tem na grande maioria de seu
corpo docente, professores especializados em conhecimentos técnicos da área industrial.o
elementos importantíssimos para o ensino voltado para o setor secundário da economia. Impor-
tantes, sobretudo pelo zelo da atualização constante com a tecnologia industrial, haurida
quase sempre em empresas, onde igualmente prestam serviços. Constituem-se desta forma,
preciosas fontes de informações para o currículo dinâmico da escola. Por sua formação técnica
especializada,o tiveram contato com estudos pedagógicos. Daí apresentar-se à supervisão,
uma situação que de forma alguma poderá ser desconhecida. Será então missão específica da
equipe, conscientizada desta situação, montar um esquema de trabalho que pode ser definido
como um "processo didático junto ao corpo docente".
Um estudo básico e preliminar do "estado pedagógico" de cada professor é ponto de
partida. É claro, casos haverá, em que a prática, os anos de magistério e a experiência forma-
ram em alguns mestres um lastro de sensibilidade e habilidade técnico-pedagógicas que os
torna de uma forma autodidata, bons professores.
Propõe-se desta forma um pequeno modelo de desenvolvimento desta atividade didática
junto ao professor:
1 Levantamento de cada professor em relação à sua ação pedagógica. Técnicas a
serem empregadas: entrevistas, observações, informações obtidas junto aos alunos.
252
2 Encontros pedagógicos periódicos com todos os professores com programas de
estudo e debates.
Temas iniciais indispensáveis: Técnica de planejamento, elaboração de objetivos,
Medidas de aprendizagem, planejamento e condução de uma aula.
3 Reuniões sistemáticas por áreas que envolvam disciplinas afins. Objetivam a imple-
mentação do processo na ação. Nas escolas técnicas, o agrupamento pode ser
feito da seguinte maneira:
ÁREA 1 Comunicação e expressão
- ÁREA 2 - Ciências
- ÁREA 3 - Estudos Sociais
ÁREA 4 Disciplinas profissionalizantes do Curso de ...
E assim, cada curso terá a sua área de disciplinas profissionalizantes especificas.
Para cada área deve haver um coordenador.
4 - Montagem de sistema de avaliação, onde as provaso analisadas pela supervisão
antes de aplicadas, aliás, forma de treinamento em ação de grande produtividade.
Depois que o sistema estiver montado, o processo de avaliação da atividade docente é
contínuo e paralelo, o queo dispensa uma avaliação final, com aspecto globalizante, após
cada semestre ou ano letivo.
Todo um empenho por parte da supervisão nesta atividade didática concretiza-se por
contínuas "checagens" da ação docente, sobretudo pela sensibilidade no perceber onde esfor-
ços devem ser mais dirigidos. Cursos, e mini-treinamentos devem ser organizados. A experiência
da Escola Técnica Federal de Pelotas em "MICRO-ENSINO" bem demonstra como é impor-
tante esta metodologia.
253
2.4- UMA AÇÃO INTEGRADA
A integração, aqui referida, ó levada a efeito com a Orientação Educacional. Há todo um
trabalho, também tecnicamente montado, realizado por esta junto aos alunos. Falou-se na pri-
meira parte deste trabalho (Marco Teórico) das "transformações operadas no processo pelo
produto". Somente com uma ação integrada supervisão/orientação educacional pode-se real-
mente perceber este poder de participação do aluno.
Um pequeno modelo esquematizado da ação integrada, é apresentado a seguir:
- AÇÃO INTEGRADA SUPERVISÃO/ORIENTAÇÃO NUMA ESCOLA TÉCNICA -
assessoramento
realização
2.5- ASSESSORAMENTO PERMANENTE: UMA EQUIPE EM "ESTADO DE ESTUDO E
PESQUISA"
Como órgão técnico, a supervisão na escola técnica oferece contínuo assessoramento
pedagógico a todos os elementos implicados no contexto escolar. À Direção, aos Departa-
mentos e sobretudo aos professores. Isto exige uma contínua preocupação, diria obrigação
de atualização constante.
A pesquisa de novos métodos de ensino, das exigências tecnológicas do mercado de
trabalho, de teorias da aprendizagem, de literatura sobre o ensino profissionalizante devem
se constituir em preocupações constantes da equipe de supervisão.
Em tudo isto uma exigência a mais: o espírito criativo. Sobretudo na criação de instru-
mentos válidos que operacionalizem e simplifiquem a ação supervisora e ofereçam aos pro-
fessores subsídios constantes para maior produtividade.
254
3 - AS FUNÇÕES DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Atualmente, a preocupação fundamental em termos de currículo consiste na sua opera-
cionalização.
Visando a organização do currículo de forma a atender ao educando, suas características
principais e sua adequação à realidade na qual a escola está inserida, a Supervisão Pedagógica
surge como impulsionadora do planejamento curricular.
Em função da operacionalização do processo de planejamento curricular, a Supervisão
Pedagógica assume as funções de: Planejamento, Coordenação, Avaliação e Assessoramento.
A função de planejamento visa garantir o direcionamento do sistema escolar.
Ao assumir a função coordenadora, a Supervisão Pedagógica busca formas de assegurar
a participação atuante e coesiva da ação docente na consecução dos objetivos propostos pela
Escola. Essa Coordenação será alicerçada em princípios democráticos que propiciem o envolvi-
mento e a dedicação do corpo docente.
A eficiência da Supervisão Pedagógica será comprovada pelas modificações verificadas
no comportamento do grupo. A função avaliativa detectará o grau de produtividade atingido.
A Supervisão Pedagógica assume ainda a função de assessoramento, quando participa na
dinâmica dos outros serviços técnicos da escola, visando manter a coesão na forma de se perse-
guir os objetivos propostos pelo Sistema Escolar.
255
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
EM ESCOLAS DE. GRAU NA ÁREA SECUNDARIA
Maria Isabel Cunha e Cunha
Pela equipe de Supervisão Pedagógica
ETF-PELOTAS
ROTEIRO
1. A ESCOLA DE. GRAU E A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
2. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DE. GRAU NA ÁREA SECUNDÁRIA
2.1 - PRESSUPOSTOS BÁSICOS
2.1.1 Supervisão é integrante do contexto escolar
2.1.2 Supervisão é liderança democrática
2.1.3 Supervisão é essencialmente ação preventiva
2.1.4 Supervisão é ação experimental configurada no método científico
2.1.5 Supervisão é apoio à ação docente
2.2- METODOLOGIA
2.2.1 Análise da estrutura e funcionamento
2.2.2 Estabelecimento de prioridades
2.2.3 Liderança diversificada
2.2.4 Ação através de projetos
2.2.5 Articulação com outros órgãos da Escola
2.3- TECNOLOGIA ESPECÍFICA
2.3.1 No planejamento:
2.3.1.1 - O plano de Supervisão
2.3.1.2 O ensino por objetivos
2.3.2 No acompanhamento:
2.3.2.1 - Atividades específicas
2.3.2.2 - A observação
2.3.3 No controle e avaliação:
2.3.3.1 Mecanismos
2.3.3.2 - Critérios
2.4- ATIVIDADES TÍPICAS DAS HABILITAÇÕES
2.5- AS HABILITAÇÕES NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE PELOTAS
1. A ESCOLA DE. GRAU E A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA
Tendo em vista o desenvolvimento num sentido global, percebe-se claramente que só o
planejamento coordenado entre o processo de desenvolvimento e o dos sistemas educacionais
trará uma situação equilibrada ao país. Ninguém pode planejar o desenvolvimento da vida eco-
nômica num comportamento estanque e o sistema educacional em outro; a educação está na
base de todo o processo.
A educação é instrumento dinâmico e exigente em criatividade. O objetivo da educação
nos dias de hoje, "é eminentemente inventivo, criar novos meios para atender ao desafioo
altamente flexível da capacidade humana num mundo em permanente mutação". (1) Sem,
entretanto, confundir Educação com simples preparação de mão-de-obra,o podemos deixar
de tratar educação dentro de um contexto econômico e sócio-político.o podemos deixar
de buscar a função sócio-econômica da educação.
Dentro desta perspectiva configura-se o Brasil numa fase de desenvolvimento industrial.
A reforma do 2o. grau, dentro deste contexto, necessariamente, precisa dirigir a profissiona-
lização em especial para área industrial. Todos sabemos, entretanto, que grandes dificuldades
daí decorrem uma vez que é esta área, a que mais instrumentalização exige.
Diante do impasse de expansão da rede de escolas de 2o. grau da área secundária da
economia, surge uma alternativa que, ainda queo solucione definitivamente o problema,
atenua suas conseqüências: a expansão das escolas já existentes, tendo em vista um produto
maior e qualitativamente melhor.
Ora, em relação ao aspecto quantitativo, torna-se necessário um apoio financeiro-admi-
nistrativo que possibilite às escolas, que se dedicam a habilitações da área secundária, um fluxo
de atendimento à clientela. Em relação ao aspecto qualitativo, algumas medidas podem ser
tomadas no sentido de enriquecer a tarefa desenvolvida. Daí decorre a valorização do espe-
cialista em educação na sua atividade específica; daí decorre o aproveitamento das experiências
profissionais colhidas pelo Serviço de Integração Escola-Empresa; daí decorre a necessidade
de um planejamento global da Escola no contexto que se situa.
O objetivo de nosso trabalho, prende-se diretamente ao aspecto qualitativo do ensino
de. grau, tendo em vista o papel dos serviços do especialista de educação, no caso, na área
de Supervisão Pedagógica. Assim, pensamos contribuir para minorar a problemática e melhorar
a qualidade do educando como futuro técnico de grau médio.
A Lei 5.692/71 veio modificar o panorama educacional brasileiro nos seus diversos
aspectos. Entre eles, está o atendimento aos princípios tecnológicos da educação através da
implantação de órgãos que facilitem e melhorem o processo ensino-aprendizagem.
As escolas são, antes de mais nada, grupos sociais realmente existentes, nos quais nume-
rosas pessoas interagem numa complexa teia de relações. Para a dinâmica de seu funcionamento
será preciso determinar a estrutura que mais eficiente for considerada, dentro da filosofia que
a norteia e a dos princípios básicos da educação que determinam seu rumo.
Sob este aspecto, a Supervisão Pedagógica ó liderança imprescindível que, aliada à auto-
ridade, torna-se elemento essencial da estrutura organizacional como mecanismo de incorpo-
ração das atividades individuais ao esforço comum. E é o esforço comum que interessa quando
260
nos tornamos grupo, É a possibilidade de agir em harmonia de forma que todos se orientem
pelo mesmo norte.
Neste contexto, a Supervisão Pedagógica assume papel significativo na escola de 2o.
grau, garantindo o alcance dos seus objetivos. Partindo de que a base da Formação Especial é
sempre uma boa e eficiente Educação Geral, chega-se a perceber a complexidade da ação que,
enquanto precisa discernir os aspectos metodológicos de cada uma, precisa também, fazê-la
funcionar num acoplamento perfeito com vistas a harmonia necessária à formação do edu-
cando.
As imposições da atual sociedade às escolas estão exigindo estudos e decisões cuida-
dosas. "Há um complexo multidimensional a exigir uma Supervisão que se caracteriza por
uma percepção discriminativa, no sentido de estabelecer padrões e critérios no desenvolvi-
mento do processo educativo, ao mesmo tempo que se responsabilize por linhas curriculares
flexíveis que possam se equilibrar com as constantes renovações da ciência, da técnica, dos
setores de produção e do mercado de trabalho". (2)
Um dos fatores determinantes da diferença entre as escolas está nas suas finalidades
peculiares. O funcionamento adequado da escola, para que atinja seu pleno objetivo, está
no dimensionamento da filosofia que a embasa e dos princípios que a orientam. Portanto,
o primeiro objetivo da Supervisão na escola de. grau deve ser a compreensão clara de sua
finalidade, da identificação de suas características e da seleção de prioridades a atingir.
261
2. SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DE 2 GRAU DA ÁREA SECUNDARIA
2.1- PRESSUPOSTOS BÁSICOS:
2.1.1 - SUPERVISÃO É INTEGRANTE DO CONTEXTO ESCOLAR
A atividade de Supervisãoo se dá de forma isolada. Ela emerge de uma
situação grupai, limitada e condicionada pelas circunstâncias que envolvem
a escola e a comunidade em que se situa
2.1.2 - SUPERVISÃO É LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
Para que a função supervisora se torne efetiva na compatibilização entre socie-
dade e educação escolar, é preciso atuar em termos de engajamento dos pro-
fessores numa forma dinâmica de agir e de pensar. Isto só será uma realidade
se o processo de Supervisão estiver fundamentado na estrutura das relações
humanas, onde o supervisor revela-se em uma atitude democrática, implicando
em função de liderança dinâmica de agir e de pensar.
2.1.3 - SUPERVISÃO É ESSENCIALMENTE AÇÃO PREVENTIVA
As grandes responsabilidades atribuídas à Supervisão fazem com que ela assu-
ma formas e tipos diversificados, tais sejam as oportunidades e também os
recursos naturalmente indicados. Em qualquer caso, deve apresentar caráter
preventivo, oferecendo meios e modos de anular a ocorrência de equívocos
e distorções, estimulando a reflexão própria de cada professor a uma atitude
crescente de autocrítica da parte de cada um. A preocupação máxima da
Supervisão ó melhorar a qualidade do trabalho que se realiza na escola.
2.1.4 - SUPERVISÃO É AÇÃO EXPERIMENTAL CONFIGURADA NO MÉTODO
CIENTÍFICO
Toda a atividade de Supervisão deve ser considerada numa visão experimental
que caracteriza sua flexibilidade e abertura à inovação, valorizando a criati-
vidade. O método científico é sua tônica e o questionamento constante, sua
metodologia. Nada deve ser colocado como pronto, concluído, sob pena de
estacionar ou regredir, contrariando toda uma linha evolutiva da ciência
humana.
2.1.5 - SUPERVISÃO É APOIO À AÇÃO DOCENTE
A razão de ser da Supervisão Pedagógica é a melhoria do processo ensino-
aprendizagem, através do professor. Sem desatender ao princípio de acom-
panhamento e controle das atividades previstas, a Supervisão caracteriza-se
como atividade estimulante, reforçadora, que ajuda aos professores a atingi-
rem sua situação ideal de ensino, fortalecendo a compreensão do esforço
comum.
2.2- METODOLOGIA:
2.2.1 - ANÁLISE DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO
Partindo do pressuposto da implantação da Supervisão Pedagógica em escolas
de 2o. grau já em funcionamento, precisamos considerar uma estrutura ante-
rior já estabelecida e a necessidade simultânea de adaptação e renovação.
É imprescindível, entretanto, a sondagem, a pesquisa, a observação e o estudo
sistemático de tudo quanto existe na Escola e que tenha ligação com a ativi-
dade fim. A sondagem, no que se refere ao funcionamento em si, suas caracte-
rísticas, seus problemas, as circunstâncias que determinam esta ou aquela
forma de ação. A pesquisa, no sentido de conhecer os resultados, quantifi-
cáveis ou não, queo alcançados dentro da estrutura adotada. Gráficos de
rendimento, caracterização da clientela, observação do mercado de trabalho
e tantas outras fontes que podem ser utilizadas numa pesquisa analítica para
inferências proveitosas.
Acima de tudo, nesta fase de análise da estrutura e funcionamento da Escola,
a observação é um instrumento valioso. Numa perspectiva científica, observar
sem emitir e nem mesmo formar Pareceres. A observação direta é a melhor
forma de compreender mecanismos e caracterizar situações. O Supervisor
precisa ser, por excelência, um observador. Dispor-se a acompanhar todos os
movimentos da Escola, desde as operações mais simples às decisões e posicio-
namentos mais complexos.
Por fim, o gosto pelo estudo do que diz respeito à função e ainda de tudo que
interage com a função. Estudar os currículos das diversas habilitações, conhe-
cer a legislação específica que regulamenta o ensino de 2o. grau na área secun-
dária, manusear instrumentos e regulamentação que dispõem sobre a atividade
do técnico de grau médio e outros estudos que sejam pertinentes à função.
Esta gama de atividades é imprescindível para quem implanta o serviço de Su-
pervisão Pedagógica em escolas de 2o. grau. Difícil seria dimensionar, no
tempo, sua extensão. Provavelmente, será um processo sistemático, direta-
mente relacionado com a experiência anterior em relação ao ambiente escolar
e com a tarefa supervisora.
2.2.2 - ESTABELECIMENTOS DE PRIORIDADES
O objetivo da Supervisão Pedagógica é abrangente e se expande progressiva-
mente, exigindo técnica e ação. Para servir realmente de veículo de renovação,
faz-se necessário traçar um perfil da situação tal qual ela se apresenta, estabele-
cendo um paralelo entre esta e o que se deseja alcançar em determinado
tempo, para, então, especificar o que e como renovar, obedecendo ao
princípio de prioridade.
, em bibliografia especializada, funções da Supervisão Pedagógica, perfil do
técnico que atua neste campo e, em certos casos, até atribuições específicas
dos Supervisores.
Para muitas escolas, como é o caso das Escolas Técnicas Federais, estão pre-
vistas, em regimento, as funções básicas da Supervisão e atribuições de seu
Coordenador. Deve ser levado em conta, entretanto, que pela natureza destas
publicações, a ação é dada como um todo. Ora, Supervisão é processo e como
263
tal desenvolve-se no tempo com as condições e peculiaridades que lhe permi-
tem amadurecer.
O bom senso indica queo se pode implantar um Serviço de Supervisão que
cubra toda gama de atividades previstas para esta especialidade.o se trata
de simples decisão de gabinete. É necessária a conquista e a adesão de pessoas
e isto é um processo gradativo, queo se aplica; se vive a experiência.o
advogamos uma teoria de "laissez-faire" que favorecesse um mínimo de exe-
cução e controle. Defendemos sim uma posição de crescimento, de liderança
efetiva, através de ações concretas e fundamentadas que, ainda que restritas,
possam dar o aval de uma atividade consciente, produtiva e eficaz.
2.2.3 - LIDERANÇA DIVERSIFICADA
Cremos que, em qualquer estrutura escolar envolvendo uma diversidade de
habilitações profissionais, a tarefa supervisorao se fará sistematicamente
de forma direta junta a todo o Corpo Docente, É necessário estabelecer dinâ-
mica organizacional que permita, concomitantemente, ação direta e indireta.
Isto significa que a liderança incontestável do Supervisor junto aos professores
seja diversificada, no sentido de uma ação mais permanente e abrangente.
Muitos aspectos podem ser aventados para justificar este posicionamento:
a) O número de professores que constituem as escolas de. grau é, em
média, elevado. Normalmente, em contrapartida,,o poucos os especia-
listas que atuam nos órgãos técnicos. Desta forma, é praticamente impos-
sível um atendimento sistemático, de forma individual;
b) A formação profissional do Supervisoro permite um conhecimento
específico dos princípios e da estrutura das diversas matérias de ensino
que compõem o currfculo das habilitações. É necessário que ele monte
um "staff" de professores das diversas áreas e cursos que o assessorem
nas decisões de ordem curricular, programáticas e organizacionais;
c) O engajamento de maior número de professores no processo de supervisão
faz com que o envolvimento do grupo docente seja maior e talvez mais
espontâneo, uma vez que as decisõesoo apenas de gabinete e sim
tomadas com a concorrência de quem está no mesmo nível de execução.
d) A participação de professores na tarefa de Supervisão possibilita melhor
compreensão da dinâmica de sala de aula, afastando a possibilidade de
uma ação teórica, muitas vezes fora da realidade. Isto facilita, também a
ocorrência da empatia, o que, conseqüentemente, facilita o relaciona-
mento interpessoal da equipe.
A diversificação de liderança pode ser realizada de formas variáveis. Uma
das mais correntes e usuais é estruturar o corpo docente da escola de 2o.
grau vinculado a Cursos e Áreas de Estudo. Cada um desses grupos possui
um coordenador que se torna uma extensão das atividades da Supervisão.
Ele deve ser um líder natural no seu grupo e, ainda mais, alguém aberto à
experiência, apresentando maturidade e segurança numa perspectiva de
compreensão de seu grupo.
É importante frisar que o supervisoro vive isoladamente. Ele precisa
264
do grupo e, justamente por esta razão, suas decisões devem emergir do
próprio grupo.
É preciso, entretanto, que o grupo esteja motivado para exercer a função,
sendo fácil, então, articular-se para a execução de tarefas complementares
e cooperativas, permitindo melhor funcionamento do sistema.
2.2.4 - AÇÃO ATRAVÉS DE PROJETO
Muitoso os caminhos e as opções, em Supervisão, para dimensionamento de
suas atividades. Para utilizarmos uma Supervisão científica, democrática e ao
mesmo tempo criativa, é preciso usar uma versatilidade considerável que
valorize o método e o controle mas que, de forma alguma, favoreça a rotina
ou sufoque idéias promissoras.
Dentro deste contexto, difícil se torna estabelecer uma linha de ação que
atenda a esta ambivalência. O que propomos, a seguir, é apenas um posicio-
namento experimental que nos parece razoável dentro das condições em que
atuamos: a ação através de Projetos.
"Projeto é um empreendimento único eo repetitivo de duração determi-
nada, formalmente organizado, e que congrega e aplica recursos, visando o
cumprimento de objetivos pré-estabelecidos". (3)
A técnica implica em colocar com clareza o problema e planejar o curso de
ação a seguir, para solucioná-lo. Para tanto, é necessário investigar os elemen-
tos do problema e determinar os objetivos buscados, utilizando métodos
analíticos.
Um problema se configura como uma situação insatisfatória que deve ser
otimizada; isto significa dizer que, ao nos darmos conta de que precisamos
modificar algo, já estamos, em princípio, determinando qual vai ser a situação
nova que permitirá considerar o problema como resolvido.
Em se tratando de Supervisão, a ação através de projetos permite uma diver-
sificação de atividades que atinjam problemas diferentes, abrangendo inicial-
mente grupos por amostragem que serão ampliados à medida em que forem
constatados os resultados e sua eficiência,
A duração dos projetos está na razão direta da solução dos problemas e sua
continuidade dependerá da delimitação de novos problemas, a partir das
inferências de resultados obtidos.
Há projetos que, por sua própria natureza, terão uma duração considerável,
variando, numa complexidade crescente, sua abrangência e sofisticação.
Dentre estes poderia ser citado o "Projeto de Implementação, Acompanha-
mento e Controle das Atividades dos Coordenadores de Cursos ou Áreas".
Poderíamos, a título de ilustração, nomear alguns Projetos elaborados e desen-
volvidos no âmbito da Supervisão Pedagógica:
Projeto de Acompanhamento dos Planos Semestrais de Ensino;
Projeto de Melhoria da Qualidade Técnica dos Instrumentos de Avalia-
ção;
Projeto de Microensino Treinamento de Habilidades Técnicas do Pro-
fessor;
Projeto de Adequação do Ensino da Língua Inglesa em Cursos de 2o.
grau da Área Secundária, etc....
2.2.5 - ARTICULAÇÃO COM OUTROS ÓRGÃOS DA ESCOLA
A Escola é uma estrutura social que envolve órgãos e pessoas, sendo indispen-
sável a interação. O objetivo de todos que labutam no ambiente escolar é o
mesmo. Este é um princípio básico que deve reger todas as atividades para que,
harmonicamente, seja conseguido um crescimento constante. Cada órgão ou
cada pessoa precisa, muitas vezes, despir-se do "eu" para aderir ao "nós". Já
dissemos que nada se faz isoladamente. Numa comparação simples, diríamos
que todoso instrumentos de uma orquestra e que, do grau de afinação,
dependerá a qualidade da execução.
A Supervisão Pedagógica articula-se com os diversos órgãos da Escola, que
estão envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Sua atuação deve ser
coerente com as metas e objetivos que direcionam a ação escolar no seu todo.
Parece-nos imprescindível, em primeiro lugar, a integração com a direção da
escola, pois sem o seu apoio e valorização, pouco se fará. É inegável a posição
fundamental do diretor como agente principal do que uma escola realiza.o
só sob o aspecto administrativo mas, também, no posicionamento filosófico e
na linha pedagógica e psicológica adotada pela escola.
Além disso, a articulação com o Serviço de Orientação Educacional deve ser
natural, num processo mútuo de complemento. A tarefa orientadora é funda-
mental na estrutura escolar junto com a Supervisão. Enquanto esta atua junto
ao professor, a outra desenvolve sua atividade com o aluno tendo, porém,
ambos o mesmo objetivo: o ajustamento pessoal dos agentes principais do
processo ensino-aprendizagem numa visão cooperativa e grupai.
Nas escolas existem, ainda, órgãos encarregados da parte administrativa do
ensino. Esteso em muitos casos, os executores das diretrizes emanadas
pela Supervisão e Orientação Educacional, É claro, portanto, que há necessi-
dade de uma valorização comum e de uma integração permanente entre o
planejamento, controle e execução.
Na escola de 2o. grau da área secundária surge, hoje ainda, um órgão que faci-
lita a delimitação de diretrizes curriculares e o constante "feed back" do
ensino oferecido, que é o Serviço de Integração Escola-Empresa. Ora, sabemos
todos da importância do envolvimento da comunidade empresarial na profis-
sionalização que a escola pretende oferecer. Dessa forma, toda a sorte de infor-
mações que possam vir a adequar e melhorar a sintonia entre um e outro, será
do interesse da Supervisão Pedagógica.
Para que a integração com os diversos órgãos da escola se faça, é necessário que
a Supervisão seja receptiva aos valores mais altos da educação, aos quais os seus
estarão ajustados. Este é um Processo fundamental que caracteriza uma Super-
visão democrática e compreensiva, assumindo o verdadeiro papel na promoção
do outro.
266
2.3- TECNOLOGIA ESPECIFICA
2.3.1 - NO PLANEJAMENTO:
2.3.1.1 - O PLANO DE SUPERVISÃO
Qualquer linha de plano pode ser utilizada para a Supervisão
Pedagógica. O Importante é que se possa tornar observável a
ação que se pretende desenvolver. Assim, a partir da delimitação
da metodologia, define-se o Plano de Ação a ser desenvolvido,
adequado às condições e estabelecendo as prioridades.
O plano ó um documento fundamental da Supervisão e deve
servir realmente como instrumento de trabalho. Para tanto, é
indispensável a definição de objetivos comportamentais que pos-
sibilitam uma avaliação dimensionada. No que se refere às ativi-
dades e recursos é importante sua projeção através de crono-
grama de ação que facilite sua execução e limitação no tempo
disponível.
Como todo plano, o da Supervisãoo é um documento infle-
xível e rígido. Eleo deve tolher as expansões que possam ser
realizadas nem impor condições obrigatórias. Ele é um do-
cumento base que deve pautar um caminho a ser percorrido,
tendo sentido prático de facilitador da tarefa supervisora.
2.3.1.2 - O ENSINO POR OBJETIVOS
A escola de 2o. grau da área secundária tem necessidade de
estruturar-se partindo da análise ocupacional das suas diversas
habilitações. Modernamente, esta é uma posição que se impõe,
tendo em vista adequação entre a formação do educando e as
atividades que ele desempenhará profissionalmente.
Sobre Análise Ocupacional bastante tem se falado. Porém,
excetuando os louváveis e úteis estudos do SENAI, pouco
existe em face à realidade brasileira. Além disso, é preciso
convir que as atividades do técnico de nível médioo pouco
definidas ao empresariado, sendo também variáveis as condições
de consumo de mão-de-obra nos diversos polos econômicos do
país. Desta formao é tarefa fácil para escola, delinear exata-
mente a preparação de seu formando em níveis profissionais.
Mesmo assim, para alcançar um produto configurado e deter-
minar currículos a serem desenvolvidos, é fundamental listar o
comportamento final do aluno de cada habilitação, procurando
estar atento às características contemporâneas de desenvolvi-
mento.
Partindo dessa premissa, é necessário que a escola se empenhe
em dimensionar objetivos comportamentais das diversas ma-
térias de ensino que, numa perspectiva de interrelacionamento,
visem o todo, a formação integral do aluno. Esta é uma tarefa
que, inicialmente, podeo parecer fácil pois, o professor
habituado a desenvolver programas, dimensionados pelos crité-
267
rios próprios de cada um. Entretanto, após a formulação inicial,
envolvendo alguma tecnologia didática, o processo é de fácil
aceitação uma vez que realmente promove maior validade ao
ensino e à aprendizagem, deixando claro aos principais agentes
professor e aluno, o que, juntos precisam alcançar.
NO ACOMPANHAMENTO:
2.3.2.1 - ATIVIDADES ESPECIFICAS
Selecionar objetivos adequados para o desenvolvimento de ati-
vidades de Supervisão é tarefa fundamental. Entretanto, para
garantir o alcance destes objetivos, é indispensável o acompa-
nhamento sistemático das atividades que permitirão chegar às
metas pretendidas. A Supervisão deve ser presença incontestável
junto àqueles que desenvolvem estas atividades, no sentido de
acompanhar suas trajetórias, dinamizar sua ação orientadora na
resolução de suas dificuldades.
o pode haver uma dicotomia entre quem planeja e quem
executa. Partindo do pressuposto de que o planejamento emerge
de situações grupais, cabe à Supervisão, a função de liderança
que promove e valoriza o professor na execução de suas tarefas.
Entre as atividades de acompanhamento, podemos citar, por
exemplo: entrevistas individuais, reuniões de grupos, relatórios
de tarefas desenvolvidas, manuseio dos planos de ensino, estudos
de registros escolares, análise de recursos didáticos e tantas
outras.
2.3.2.2 - A OBSERVAÇÃO:
Entre as atividades de acompanhamento desenvolvidas pela
Supervisão Pedagógica, a observação merece destaque e por isso
está enfocada de modo especial.
"Observar é o ato de aprender coisas e acontecimentos, compor-
tamentos e atributos pessoais, e concretas inter-relações. É, pois,
mais do que simplesmente ver e ouvir; é seguir atentamente o
curso dos fenômenos, selecionando o que se torna mais impor-
tante e significativo a partir de intenções específicas". (4)
Consideramos importante dimensionar o conceito de observação
para que se possa realmente compreender a sua significação no
processo de Supervisão.
Só através da observação sistemática pode-se perceber a dinâmica
cotidiana da escola e os comportamentos nela evidenciados.
O Supervisor precisa participar de todas as atividades que envol-
vem o processo ensino-aprendizagem. Esta observação deve ser
feita, tendo em vista colher dados para melhoria da ação pedagó-
gica. Sob este aspecto, a observação é importante como técnica
de compreensão, possibilitando ao supervisor conhecer o pro-
fessor na sua situação de ensino e, ainda, como técnica de inves
tigação, rica principalmente pela peculiaridade de apreensão dos
acontecimentos em sua espontaneidade.
Se a observação for feita com naturalidade pelo supervisor, será
recebida da mesma forma pelo professor. À medida em que ele
percebe que a presença do supervisor nas atividades docentes,
quer de sala de aula, quer de laboratório ou oficina, tem em
vista sugerir procedimentos que o auxiliem na sua atividade
profissional, abre-se uma perspectivao só de aceitação como
até de solicitação desta observação. A experiência nos diz que
o professor sente-se valorizado por ser alvo de atenção e sua
auto-estima aumenta com a possibilidade de demonstrar um
melhor desempenho. Além disso, há uma reciprocidade entre
professor e supervisor, quando da observação. Também este
tem muito que aprender com aquele, tendo em vista á com-
preensão das características específicas do conteúdo da matéria
de ensino e das peculiaridades do ambiente em que se desen-
volvem.
Para que se utilize a observação como fonte inesgotável de ajus-
tamento e atualização, é imprescindível sistematizar o registro
de tudo quanto for observado de formao imediata quanto
possível. Estes registros serão utilizados pelo supervisor para
fornecer constante "feed back" aos elementos integrantes do
sistema educacional, numa perspectiva permanente da melhoria.
2.3.3 - NO CONTROLE E AVALIAÇÃO
2.3.3.1 - MECANISMO
Parece ser uma tônica dos países em desenvolvimento a ânsia
em planejar dentro de parâmetros avançados e tecnicamente
perfeitos. Longe de criticar uma atitude desta natureza, nós,
que atuamos na área educacional, compreendemos com clareza
a importância de um planejamento bem dimensionado. Entre-
tanto, é preciso muita atenção, parao concentrarmos nossa
preocupação no planejamento, descuidando a fase decisiva de
ação, que é o controle e avaliação. Parece que nos dias de hoje
há uma verdadeira "crise" de controle, dando até uma conotação
negativa à palavra, passando a ser considerada pedagogicamente
indesejável.
Percebemos ser este um posicionamento demagógico, em torno
de uma etapa do Plano de ação queo pode ser, absolutamente,
relegada. Sem controleo podemos colher dados que nos
possibilitam aferir os resultados de nossos esforços.
Controle e avaliaçãoo etapas conjugadas no processo de Super-
visão e uma só pode ser realizada com a concorrência da outra.
Ninguém pode avaliar o queo controlou, sob pena de formar
uma idéia ilusória de um resultado ou ainda,o poder dimen-
sionar em crescimento gradativo em termos de processo.
A avaliação constante, a abertura à crítica, construtiva, à re-
flexão permanente, devem ser a tônica de quem atua em Super-
visão.
269
A mudança de comportamento só pode ser constatada por fatos
observáveis. Assim, de forma mais quantificável possível, é
preciso estabelecer um esquema de controle das atividades
desenvolvidas para determinar uma melhor avaliação.
Entre os mecanismos mais usados para controle e avaliação,
utilizamos o dimensionamento de critérios para observação das
atividades docentes, fichas de observação de habilidades, análise
de dados do rendimento escolar, tabulação de questionários e
entrevistas, assiduidade à reuniões e entrevistas, pontualidade na
entrega de tarefas, etc
Estaso algumas formas, de realizar o controle e objetivar a
avaliação. Entendemos, entretanto, que, em se tratando de
Supervisão,o há possibilidade de, através de dados, comunicar
tudo que se consegue em termos de crescimento e integração.
Difícil é medir a prontidão, o interesse, o entusiasmo, a honesti-
dade de opiniões. E tudo isso faz parte do objeto da Supervisão.
Neste momento é que se faz presente, de maneira insubstituível,
a observação perceptiva, a empatia e a capacidade de compre-
ender as pessoas e os fatos numa linha evolutiva.
2.3.3.2 - CRITÉRIOS
A definição clara de critérios é fundamental na avaliação, princi-
palmente quando a situação envolve uma complexidade de ações
e numerosas pessoas. A isso equivale dizer que, num processo
recíproco, muitoso os avaliadores e inúmeros os avaliados.
Dessa forma, é preciso estabelecer padrões para que possamos
minimizar os envolvimentos pessoais e os Pareceres subjetivos.
"O critério é um calibrador, um guia para medir o desempenho
de uma pessoa ou para julgá-lo." (5)
Os critérios podem estabelecer-se de acordo com as tarefas
(planejar, organizar material de apoio, elaborar instrumentos de
avaliação, etc), ou de acordo com os comportamentos do pro-
fessor (interesse, produtividade, cooperação, pontualidade, assi-
duidade, etc).
Os critérios podem ser específicos ou gerais. Um critério espe-
cífico é aquele que se refere a tarefas próprias de um projeto
ou desempenho de um professor em determinada situação. Os
critérios geraiso aqueles que podem ser aplicados numa diver-
sidade de ocasiões para pessoas diferentes. Naturalmente, por
este motivo, seu dimensionamento é generalista e nem sempre
perfeitamente ajustável. "Comparecer a reuniões de Curso",
"Aplicar pelo menos duas avaliações mensais", "Organizar
módulos de alunos para atuarem nas oficinas e laboratórios",
o exemplos de critérios gerais. Forçosamente, a maioria dos
critériosm de ser gerais, tendo em vista a necessidade de
unidade nas atividades da escola.
270
2.4- ATIVIDADES TÍPICAS DAS HABILITAÇÕES
A ação da Supervisão na escola de. grau da área secundária caracteriza-se como um
todo pois julgamos que, o que forma o técnico de nível médio é o somatório da Educação
Geral com a Formação Especial. Dessa forma,o faz sentido valorizar mais uma que a outra,
nem separá-las em compartimentos estanques. Na verdade, a Educação Geral tem seus obje-
tivos específicos,além de desempenhar o fundamental papel de instrumentalização para uma
sólida Formação Especial, predominante no currículo dos cursos de grau médio.
Assim, o supervisor vê-se envolvido na compatibilização das duas partes que compõe o
currículo, sendo esta, talvez, das tarefas mais significativas na garantia da unidade da formação
do aluno.
É preciso que as disciplinas de educação geral saibam adequar seus conteúdos aos obje-
tivos do curso em que estão inseridas. É necessário que, na área de ciências, dê-se um realce
especial à física, à matemática e ao desenho, na medida em que servirem de embasamento às
disciplinas de formação especial das habilitações da área secundária. Assim, também, o estudo
da língua estrangeira, o direcionamento teórico-prático da língua nacional, a situação dos estu-
dos sociais como recurso de promoção do homem, devem ser direcionados com o fim de formar
o técnico de. grau. Da mesma maneira que é fundamental para Supervisão a delimitação de
objetivos comuns dos componentes curriculares, ô importante, também, que através das caracte-
rísticas específicas de que se revestem as matérias de ensino, configure-se metodologia adequada
à natureza das habilitações.
Cabe à Supervisão estudar a estrutura que dá forma a cada habilitação que a escola
oferece, no sentido de analisar as atividades típicas de cada uma. Desta análise surgirá o deli-
neamento de peculiaridades e limitações, possibilitando a indicação de caminhos a serem
pautados pela Supervisão no sentido de instrumentalizar mais o professor para o desempenho
de suas atividades.
É importante, por exemplo, compreender que o desempenho do professor de Eletrô-
nica Aplicada difere do caracterizado para o professor que atua no canteiro de obras, do Curso
de Edificações. Enquanto um pode trabalhar com grupos de 20 alunos, realizando atividades
simulares em bancadas que reunam pequenos grupos de 02 ou 03 alunos, o outro atua com
grupos maiores de, em média, 05 ou 06 elementos, com atividades diversificadas, num ambiente
de ensino mais amplo e específico.
A Supervisão, então, precisa propor medidas diferentes para a melhoria do processo
ensino-aprendizagem, levando em conta a tecnologia específica que envolve as disciplinas de
cada habilitação e a formação do professor que é responsável por elas.o se trata de tarefa
das mais fáceis. Entretanto, dada a sua importância, torna-se indispensável uma atenção especial
do supervisor no dimensionamento das atividades típicas de cada habilitação, tendo em vista
a educação como um todo e a formação global do aluno.
2.5- AS HABILITAÇÕES NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE PELOTAS
A Escola Técnica Federal de Pelotas oferece seis Habilitações na Área Secundária:
Técnico em Edificações, Técnico em Eletromecânica, Técnico em Eletrônica, Técnico em
Eletrotécnica, Técnico em Mecânica e Técnico em Telecomunicações.
O Currículo de cada Habilitação ó composto de 1.664 horas de Formação Especial
e 1.504 horas de Educação Geral, além das 560 horas previstas para Estágio, num total de
3.920 horas.
A parte de Formação Especial envolve disciplinas teórico-práticas que utilizam, além
de salas de aula, laboratórios e oficinas.
271
Está previsto, no quadro curricular da Escola, que o primeiro semestre é comum a
todas habilitações. Ao seu final, o aluno faz opção por uma delas, iniciando as disciplinas
de Formação Profissional. Para facilitar esta escolha, dentro de uma perspectiva de equilíbrio
entre oferta e procura, a Escola oferece uma disciplina denominada Prospecção Professional.
Diante das características especiais de cada Habilitação oferecida pela Escola, a Super-
visão Pedagógica procura acompanhar as atividades, promover estudos e reflexão, tendo em
vista a melhoria da aprendizagem e, conseqüentemente, do produto obtido.
Há desempenhos dos professores queo comuns a todos que atuam na parte de For-
mação Especial. Entretanto, cada Habilitação, quer pela sua estrutura, organização curricular
e ambiental, quer pela sua própria natureza, exige maior desenvolvimento de algumas aptidões
dos docentes.
Através do quadro anexo, procuramos demonstrar algumas habilidades que precisam
ser desenvolvidas, de forma mais intensa e específica, pela Supervisão Pedagógica, junto aos
professores. A exclusão de um outro aspecto de algumas das Habilitações significa que, apesar
de importantes, oo em menor escala do que naqueles assinaladas.
AUTORES CITADOS
(1) Jarbas Passarinho
(2) Rudolf Lenhard
(3) J. Perlingueiro
(4) Louremi Ercolani Saldanha
(5) Cameron C. Smith
272
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR SECUNDÁRIO
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
A 1. Como se deve processar a atuação do Supervisor Pedagógico nas Escolas que oferecem
habilitações na área Secundária?
2. Há riscos de paralelismos entre Educação Geral e Formação Especial. Como deve ser
estabelecido o vínculo por meio da Supervisão Pedagógica?
3. De que maneira atua o Supervisor Pedagógico a fim de assegurar que a formação do
adolescente no Setor Secundário esteja em consonância com os objetivos gerais da Lei
5.692/71 ?
B - 1. Em nfvel central, a Divisão de Supervisão (assim denominada em algumas Secretarias)
parece açambarcar determinadas áreas que seriam de Planejamento, Currfculo, Ava-
liação, etc. Até que ponto isto se justifica? Até onde tal Divisão tem condições para
esta centralização de atividades?
2. Em outras circunstâncias, com que equipes, a equipe Central de Supervisão se ar-
ticula?
3. Em que proporção se verifica a participação da Equipe Central de Supervisão nas
outras equipes?
273
1 Considerando-se a Supervisão como trabalho de análise e melhoria de Sistemas, ela se
constitui num conjunto de ações dirigidas ao melhoramento das condições de ensino
ao aperfeiçoamento profissional dos educadores em Serviço e à melhoria da situação
educativa investigando causas, efeitos, necessidades, circunstâncias, na busca de soluções
de problemas práticos. Desta investigação, da natureza e causas destes problemas é que
surge sua metodologia de ação.
Tendo em vista a Supervisão na Área Secundária, poderfamos citar alguns indicativos que
determinarão a metodologia a utilizar:
1 Legislação específica Lei 5.692, Parecer 45 e 76, 853 e ainda a regulamentação
das diversas habilitações profissionais e regulamentação dos diversos órgãos
(Conselhos Estaduais, Regimentos das Escolas).
2 Orientação enviada dos Sistemas à Supervisão em especial.
3 Conhecimento da estrutura e funcionamento da escola.
4 Caracterização das Habilitações com que se vai atuar bem como dos recursos
humanos envolvidos, tendo em vista sua capacitação profissional.
5 - Conhecimento das necessidades e mutações do mercado de trabalho, tendo em
vista a sua área de abrangência (local, regional ou mesmo nacional).
6 Identificação das fontes de informações que possibilitarão à Supervisão, através
de dados, a realimentação curricular.
7 Caracterização da clientela no que se refere á faixa etária, interesses, condições
sócio-econômicas e sexo.
Partindo desses pressupostos básicos, serão estabelecidos os princípios que irão
nortear os objetivos para montagem de Planos de Ação e Projetos.
2 Para adequação da Educação Geral e Formação Profissional é preciso que ambas as partes
tenham um perfil claro da pessoa que querem formar. Partindo deste pressuposto, cada
disciplina desempenhará sua função, tendo em vista os objetivos particulares mas, princi-
palmente aqueles planejados como um todo para cada habilitação.
O Supervisor Pedagógico será o ativador desse processo,o só no planejamento como
garantindo a execução.
3 - A Supervisão participa das atividades do Serviço de Integração Escola-Empresa através
da:
utilização de dados do Mercado de Trabalho para realimentação curricular;
274
compatibilização permanente entre os objetivos da Escola e as necessidades da Comu-
nidade ;
participação no acompanhamento e avaliação do Estágio do Aluno;
montagem de projetos e da parte didático-pedagógica de cursos de aperfeiçoamento e
extensão;
assessoramento a qualquer atividade que seja da sua área de atuação.
Nossa posição em relação à participação de Especialistas em disciplinas da Formação
Especial na Equipe de Supervisão da SEC.
O grupo pensa que deve haver a presença destes especialistas tendo em vista:
facilitar a consecução dos objetivos do ensino de. grau, levando em conta o conhe-
cimento da estrutura dos diversos critérios de ensino da Formação Especial, basean-
do-se no perfil do técnico de cada habilitação;
favorecer a melhoria e aperfeiçoamento do corpo discente desta área, tendo em vista
a determinação de diretrizes gerais e orientação metodológica;
assessorar e ativar a equipe técnica de supervisão nos aspectos relacionados com a
Formação Especial, nos demais níveis de atuação.
275
DIAS: 03 e 04/08
TEMA 2: METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE 2o. GRAU
SUBTEMA: 2.6- METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR TER-
CIÁRIO
OBJETIVOS: SUGERIR PROCEDIMENTOS QUE ORIENTEM A AÇÃO DO SUPER-
VISOR NA COORDENAÇÃO DA PARTE DE FORMAÇÃO ESPECIAL
DO CURRICULO QUANTO A:
- METODOLOGIA
- TECNOLOGIA ESPECÍFICA
- ATIVIDADES TÍPICAS DA HABILÍTAÇÃO
GRUPO GERADOR:
- CARMEM LÚCIA MAGALHÃES PAES - CLÓVIS SALGADO/RJ
- JOSÉ ANTÔNIO KÜLLER- SENAC/SP
- HELENA APARECIDA SCOMBATI -SENAC/SP
GRUPO DE ESTIMULAÇÃO:
- ROSA PAVONE PIMONT - DEM/MEC/BID
- REGINA CÉLI NOGUEIRA - DEM/COPE D
277
A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA E A PARTE DE FORMAÇÃO ESPECIAL
NOS CURRÍCULOS DE SEGUNDO GRAU
Carmen Lúcia Magalhães Paes
SUMARIO:
1. Introdução
2. Supervisão e sistema pedagógico
2.1. Implicações metodológicas e tecnológicas
2.2. Implicações quanto às atividades típicas de habilitação
3. Conclusão
279
1 - INTRODUÇÃO
Uma abordagem do tema aqui proposto à discussão, que se queira fecunda,o deve
prescindir de algumas considerações iniciais. Qualquer sugestão, para que se sustente, implicará,
em última instância, numa tomada prévia de posição, que precisa encontrar sua justificativa
em um quadro de referências de natureza histórica, científica e filosófica.
Como configuração de ações, uma escolha de procedimentos só poderá emergir, valida-
mente, de uma reflexão inicial de natureza teórica a respeito dos problemas implicados com os
conceitos de "educação", "ensino" ou "aprendizagem" e, portanto, implicados com os proce-
dimentos da Supervisão Pedagógica.
No que se refere à Formação Especial, as questões que envolvem a metodologia, a tecno-
logia específica e as atividades típicas de habilitação assumem importância primordial, daí
porque uma incumbência que parece, à primeira vista, bastante prática, exige digressões.
Antes, porém, um esclarecimento:o me proponho à sugestão de um quadro abstrato
de procedimentos que orientem a Supervisão. A frieza dos manuais existe para isso. Tudo o
que disser, e no que acredito, estará profundamente comprometido com as experiências que
vivo no dia-a-dia do Colégio Clóvis Salgado, quer em trabalhos de supervisão, quer nas vivências
da sala de aula. Além do mais, um texto desta natureza, para a finalidade a que se propõe,
tem que ser problemático. Por isso, muita coisa digo de passagem, sem aprofundamentos
necessários, para que se abra uma via de discussão. Daí o tom do texto; daí seu carátero
imediatista; daí pretender ele sero um elenco de sugestões supostamente concretas; mas,
realmente gerador, o que estará em consonância com as intenções que promoveram estes
encontros.
Então, comecemos pelo problema maior: apesar da Lei 5.692/71, aindao possuímos
contingentes razoáveis de pessoal docente qualificado, em termos de exigências pedagógicas,
para o exercício do magistério nas disciplinas de natureza técnica. A tônica, em geral, é a
presença de especialistas, muitas vezes altamente capazes, mas sem a necessária formação
pedagógica. E a tendência generalizada, neste particular, é considerarem-se as tarefas da for-
mação integral do educando como incumbência exclusiva das disciplinas de Educação Geral,
numa clara incompreensão do sentido do termo "integral". À parte de Formação Especial,
caberia algo que mais se define como um adestramento ou treinamento do aluno em automa-
tismos ou habilidades referentes a tarefas típicas para um futuro desempenho no mercado de
trabalho, É como se o adjetivo "especial" após o termo "formação", anulasse o sentido desta
última palavra, numa inversão semântica em que o adjetivo se torna substantivo.
Tal atitude está presa a uma concepção hoje questionada mundialmente, no que se
refere ao problema do homem e do trabalho.
Nesta discussão particular,o se pode omitir o dado histórico da profunda modificação
cultural ocorrida a partir dos primeiros séculos da chamada Idade Moderna e as relações que
tem com o surgimento e o apogeu da técnica moderna. Eis a raiz de tudo.
Em resumo, sabe-se que o papel do indivíduo, no mundo medieval, representava rigor de
determinação, como, de resto, os estratos sociais e as profissões. Isto correspondia a uma ati-
tude filosófica de aceitação do universo como o produto harmonioso de uma ordenação divina,
instauradora de uma espécie de, digamos, "sistema do mundo", em que cada elemento assumia,
por assim dizer, uma posição predeterminada e estabelecida de uma vez por todas.
281
Claro, a lentidão das mudanças históricas, em um mundo aindao dinamizado pelas
invenções tecnológicas, amparava a ordem social, econômica e política, que se mantinha signifi-
cativamente estável.
É fácil entender, por este ângulo, que os interesses econômicoso eram autônomos em
relação às finalidades substanciais da vida humana global.o era possível conceber a auto-
nomia do "mundo econômico". Pensar no trabalho, como exercício de uma profissão,o era
conceber algo que tivesse um fim em si mesmo, independente das outras dimensões essenciais
da vida humana ou da ordem universal. Assim, o trabalhoo recebia a valorização que iria
obter em épocas posteriores.
Com o advento do capitalismo, resultaram novas formas de pensar o "econômico", nas
quais o trabalho ressaltava, chegando a níveis de valorização nunca antes atingidos ou sonhados.
O condicionamento das atividades de produção e instâncias éticas superiores, que subme-
tiam às suas exigências tanto o utilitarismo como o lucro, cedeu passo, na impostação moderna,
à justificativa plena de qualquer atividade pela consideração, justamente, do caráter utilitário
do trabalho.
Muitas vezes, o pensamento econômico moderno, impregnado pelo racionalismo filo-
sófico, conduziu a um culto cego da ação em sociedades altamente racionalizadas e burocrati-
zadas, em que emergiu a figura dominante do técnico. A alta consideração do "especialista"
levaria, logo, às caracterização do indivíduo como mero "portador de funções".
Isto, tantas vezes levado a extremos, gerou impasses atuais, como, por exemplo, a
necessidade de conciliação dos valores do humanismo (qualidades essenciais do homem) e dos
valores do pragmatismo (expressão do ser do homem como sujeito de ação). Na verdade, creio
ter tudo isso resultado de uma interpretação empobrecida do sentido do que é ser "sujeito de
ação", na concepção do pragmatismo filosófico, noção esta muitas vezes confundida com o
significado do que é ser "portador de funções".
A Lei 5.692/71 está. Creio que o que foi colocado acima constitui uma leitura possível
em suas entrelinhas.o só possível, mas necessária. Uma leitura que o Supervisor Pedagógico
o pode deixar de fazer, especialmente no que toca aos problemas da Formação Especial,
hoje um vasto campo de tensões entre atitudes extremas.
o é à-toa que o Parecer 45/72, do C.F.E., que se reporta às habilitações profissionais,
privilegia três objetivos de ensino para a parte de Formação Especial.
a) auto-realizar-se, pelo exercício de discriminação de estímulos, compreensão de con-
ceitos e princípios, solução de problemas, aferição de resultados e reestruturação de
conhecimentos;
b) afirmar-se individualmente, por meio da apreensão da realidade, seleção de experiên-
cias, críticas de informações, renovação de situações, invenção de soluções;
c) agir produtivamente, mediante perícia no uso de instrumentos de trabalho, aplicação
de práticas relacionadas com a apropriação de custos/benefícios.
É eloqüente a impostação do Parecer. Toda ela leva, creio, à consideração do indivíduo
como "sujeito da ação". Os dois primeiros objetivos fixados implicam em verdadeiras tarefas
de formação, conceito que será examinado mais adiante.
Qualquer tentativa de restringirem-se os três objetivos a um único, o último, conduzirá,
inevitavelmente, a uma atrofia do processo ensino-aprendizagem, o que é preciso evitar.
282
Por isso, hoje se fala em uma moderna pedagogia da ação que leva em grande conta a
necessidade de adaptação prospectiva do indivíduo à evolução das funções especializadas que
irá exercer. Esta adaptação assume características especiais, se pensarmos em termos de "for-
mação", e se resolve muito mais em função de uma adaptabilidade, em relação ao futuro.
Explicando melhor: do ponto de vista dessa moderna pedagogia,o mais se cogitará de adap-
tação, em seu sentido usual, do indivíduo a atividades típicas que irá desenvolver posterior-
mente. Costuma-se fazer uma distinção entre adaptação, em seu sentido restrito, e adaptabi-
lidade. Do ponto de vista profissional, os dois termos se opõem: um representa um estado de
fato; o outro, creio, que podemos assim dizer, constitui um estado de potência.
É que outrora se tinha como pacífico o caráter de mudança pouco marcada no exercício
de funções em qualquer campo de atividade profissional. Era só submeter o estudante a um
processo de aprendizagem, mais ou menos longo, e ele se encontrava, na melhor das hipóteses,
adaptado a tarefas típicas que iria realizar, na maioria das vezes, durante toda a sua vida.
Hoje,o mais se pode pensar desta maneira. Tem-se dito, à exaustão, que as transfor-
mações tecnológicas atuais freqüentemente invalidam, em sua origem, os esforços de adaptação
(em sentido restrito) a tarefas profissionais que estão em constante transformação. Daí a
tendência a pensar-se mais em adaptabilidade do que em adaptação.
Considerar a criação de condições de adaptabilidade como um objetivo importante do
processo ensino-aprendizagem implica também em inserir o educando em via da possibilidade
de formação contínua e auto-realização de potencialidades. Autores que se preocupam com o
problema costumam dizer que a procura da adaptabilidade conduz a um certo grau de poliva-
lência potencial. Nem é necessário frisar que a adaptabilidade, no período de formação profis-
sional, depende fundamentalmente das condições de aprendizagem.
Em decorrência disso, o simples condicionamento a tarefas precisas no processo ensino-
aprendizagemo pode ser objeto de supervalorização, posto que se impõem aquisições de
ordem tecnológica e cultural mais amplas. É precisoo esquecer que o indivíduo que ingressa
na força de trabalho terá, inevitavelmente, que enfrentar uma fase de adaptação à atividade
profissional, isto a partir do momento conclusivo de sua formação até seu engajamento com-
pleto na força real de trabalho. Saberá mover-se mais harmoniosamente e adaptar-se mais facil-
mente, inclusive a mudanças, quanto mais rica for sua formação. E esta riqueza se traduzirá
muito mais em qualidade que em quantidade. No decurso de sua vida, o indivíduo tanto mais
utilizará suas potencialidades quanto mais solicitado for a desenvolvê-las, no período de sua
formação escolar.
Para que se atinjam tais resultados, a forma pedagógica de desenvolvimento da aprendi-
zagem é ponto crucial de sucesso; impõe-se, desde logo, o questionamento das estruturas tradi-
cionais de ensino. Ressaltam as vantagens dos métodos ativos por propiciarem atividades em
que a descoberta, a elaboração e a assimilação de informações preservam a participação viva do
aluno no ato pedagógico. Daí porqueo se discute mais, hoje em dia, que o trabalho do edu-
cador deve centrar-se mais nas energias do sujeito da aprendizagem do que na transmissão de
um saber pronto.
Atualmente, as disposições legais se põem frente ao fato histórico da expansão do ensino
técnico (como decorrência natural do avanço tecnológico)o mais em uma atitude unilateral
de educação, o que acarretaria a formação incompleta do aluno. Deste ponto de vista, "ensino
técnico"o se opõe a "educação geral". Há um claro pensamento alimentado em uma "con-
cepção humanista e positiva da técnica", cujas possibilidades quanto à formação geralo valo-
rizadas.
Cada vez mais é necessário repensar a técnica. E este repensamento é também tarefa
intelectual do Supervisor Pedagógico. Somos levados ao mais considerar que "adquirir uma
283
técnica" ó exclusivamente "adquirir uma habilidade", vale dizer, "aprender como é devido"
e predispor-se a "repetir indefinidamente essa habilidade sem recorrer de novo à inteligência".
É preciso transitar-se da significação da técnica como meio exclusivamente de especialização
ou profissionalização para o seu sentido de "instrumento de formação humana".
No campo doutrinário do ensino técnico, sopram, hoje ares de renovação. Há novas
formas de ver a técnica em sua importância para a formação integral do indivíduo.
Daí porque estudiosos dos problemas humanos em relação à tecnificação do mundo
discutem, hoje, as tendências desse ensino e sua evolução através de quatro tipos essenciais:
as artesanais, as tecnicistas, as patronais e as do ensino técnico propriamente dito.
As tendências artesanais ainda se encontrariam imbuídas das velhas concepções e estru-
turas dos artesanatos individuais ainda remanescentes em alguns setores de produção, embora
sofrendo um processo de fragilização constante.
As tendências tecnicistas e patronais pressupõem o intuito de formar, com a maior
rapidez possível, elementos aptos a "executar as indicações dos manuais de instrução" e o
ensino deve corresponder sempre à aprendizagem de "novas disciplinas da organização cientí-
fica". Tratar-se-ia pois, de limitar a aprendizagem ao mínimo necessário, tanto em duração
como em profundidade da preparação técnica. A preocupação seria o rendimento imediato;
a meta, um treinamento meramente prático. Pedagogicamente, o tecnicismo e o patronalismo
o unilaterais. Operam com a só "urgência da eficácia imediata e direta".
As tendências anteriores, contrapõem-se hoje, as da educação técnica, que supõe a
aquisição de conhecimentos teóricos mais amplos, uma cultura profissional.o o simples
adestramento, mas a "aprendizagem sistemática das profissões-tipo, baseada naqueles conhe-
cimentos teóricos mais amplos". Está subjacente a esta posição o "reconhecimento do valor
humano e formativo da técnica". Implícito está também o problema da tensão entre a estabi-
lidade profissional, na era pré-industrial, e a grande instabilidade e diversificação profissional
de hoje.
Daí porque autores que seguem esta última linha vislumbram problemas como o "pessi-
mismo" ante o processo "acelerado da diferenciação das profissões e a impossibilidade de cria-
rem-se, no mesmo ritmo, formas educativas adequadas para cada profissão e especialização".
Isto sem mencionar a ausência de condições, em termos de escola, para "reproduzir exatamente
as situações e a organização da vida técnica e econômica reais".
Por isso, propõem a "seleção de técnicas afins, em torno de profissões-tipo", o que
viabilizaria "o posterior exercício de técnicas menores mais diferenciadas". Defendem a pro-
piciação de uma "sólida formação científica e tecnológica básica que permitisse a aprendizagem
no exercício direto de técnicas parciais de fonte comum". Há uma preocupação com a "forma-
ção técnica", muito mais do que com a preparação e treinamento, e portanto, com o desenvol-
vimento da "capacidade técnica" e da cultura profissional.
Imprimir uma direção semelhante às disciplinas profissionalizantes do currículo, em
nosso momento educacional, é a grande tarefa do Supervisor Pedagógico, o que lhe dá um
cunho marcadamente ético.
Portanto, como se dizia, uma sugestão de procedimentoso pode ter caráter de neutra-
lidade, até porque tal sugestão resulta de uma tomada prévia de posição.
É o que tentarei demonstrar no decorrer deste trabalho.
284
2 - SUPERVISÃO E SISTEMA PEDAGÓGICO
Vamos partir do pressuposto de que a função mais geral do Supervisor Pedagógico ó a
de articulação e manipulação do sistema ensino-aprendizagem.
Ora, lançar tal afirmativa, assim sem maiores considerações, leva no mínimo, ao risco de
ser vago. Necessário, portanto, explicitá-la, á luz de um confronto entre as aspirações nacionais
e o papel tradicional do Supervisor, que está a exigir um questionamento face a estas mesmas
aspirações. A partir da Lei 5.692/71, suas responsabilidades avolumaram-se. Acredito que seu
raio de ação ampliou-se significativamente, dada a flexibilidade instituídao só no que toca à
constituição do currículo, quanto ao que se refere aos objetivos específicos da parte de For-
mação Especial.
Se encararmos "formação" como um conjunto de métodos e técnicas que visam a pre-
parar os indivíduos para o exercício de uma atividade qualquer, "formação" difere, então, de
"ensino" ou de "informação", mais comumente definidos como a transmissão de conheci-
mentos e idéias. O conceito de "formação", na moderna pedagogia da ação, vincula-se estreita-
mente ao de "educação" e consiste na aquisição de comportamentos específicos de uma esfera
de atividade particular, em princípio. Já é lugar comum dizer-se que a formação especializada
o só deve ser integrada a uma cultura geral, como dirigir-se ao pensamento cortical. E, como
se disse, o conceito moderno de "formação" se caracteriza pelo apelo a métodos ativos aplica-
dos a casos concretos que incentivem a participação, os exercícios de simulação, a discussão
em grupo, a reflexão pessoal, a interpenetração teoria/prática, por parte do aluno. Isso parao
se mencionar a recorrência aos meios audiovisuais de informação e de comunicação, devido às
aplicações da eletrônica e da cibernética à pedagogia.
Face a tudo isto, a metodologia da formação emerge como ponto crucial.
Em termos de aspirações nacionais, consubstanciadas nos dispositivos da Lei, o papel
do Supervisor, quanto à metodologia e à tecnologia específica para as disciplinas técnicas,
o pode mais ser o de um conformado com qualquer estado de coisas. Por isso, é necessário
repensar, na maioria dos casos, o problema da interpenetração da teoria e da prática, no caso
específico das disciplinas profissionalizantes e no caso da relação aluno-professor.
Este problema tem que ser tomado na raiz, pelo Supervisor. Mas, como dissemos, é
importante evitar colocações vagas e tentar esclarecer melhor como isto se processa, atentando
para a utilização imprescindível do manancial teórico de ordem geral que sustenta a articulação
e manipulação do sistema, no que tange ao caso específico das disciplinas técnicas. Isto porque
este instrumental teórico é o elemento por excelência de mudança de um estado de coisaso
condizente com as ambições da Lei.
Vamos aos esclarecimentos: dizer que o Supervisor é um articulador e manipulador de
sistemas e que, numa fase inicial, sua arma é o instrumental teórico como impulsionador de
práticas, torna oportuno precisar algumas noções. Primeiramente, a noção mais geral de sistema
"como conjunto de elementos relacionados entre si e harmonicamente conjugados". Que
natureza teriam esses elementos? Qual o caráter peculiar de sua articulação? Seriam conceitos
ou entidades? Na hipótese de serem unicamente entidades, a significação do termo "sistema"
variaria ante a alternativa de ser o sistema orgânico ou mecânico.
No caso particular de uma escola, sem dúvida, seriam tanto entidades como conceitos.
E, do ângulo da ação de supervisionar, creio que importa grandemente o aspecto conceptual
do sistema, o conjunto de conceitos a respeito de "educação", do que é "ensinar" ou "apren-
der", na medida em que o fluxo das ações do Supervisor está comprometido fundamental-
mente com a necessidade de impedir que o sistema se transforme em "estrutura morta", sem
a vitalidade dos organismos vivos, apenas funcionando mecanicamente.
285
Por isso, temos que pensar o sistema também como um "conjunto de proposições cien-
tíficas ou filosóficas que constituem um todo orgânico, considerado em sua coerência intrín-
seca".
Esta simples definição remete à necessidade de considerar a teoria, posto que a definição
vista dá o sistema como articulação de teorias em um todo. A ação do Supervisor, assim, tem o
suporte da dimensão teórica como alimentadora de seus procedimentos, em relação ao estado
de coisas.
Quando se fala em "conjunto", fala-se, por implicação lógica, em "elementos" e em
"relação" entre estes. Relação que importa em "arranjo", em "estrutura", como resultado
do "arranjo". Interessa particularmente o domínio da estruturação, momento que é do agen-
ciamento e da especificação funcional dos elementos na totalidade do sistema, por parte do
Supervisor. Trata-se, pois, da origem, formação e devir da estrutura de ensino.
É o dinamismo da estruturação que faz com que a estrutura, em princípio sempre
teórica, se escoe para a esfera prática das relações concretas. Portanto, falar-se em estruturação
impõe falar-se de uma prática e de uma atividade constituinte de natureza teórica, que vai
impulsionar as ações concretas, os procedimentos práticos do Supervisor, em relação ao pro-
cesso ensino-aprendizagem.
A esta altura, esclareça-se que "teoria" é tomada, aqui, em seu aspecto essencial de
"construção intelectual tendente a unificar o maior número possível de fenômenos observáveis
em um conjunto coerente, comandado por um princípio geral explicativo. Digamos que este
princípio, no caso da Formação Especial, possa ser formulado assim: aprender é auto-realizar,
afirmar-se individualmente e agir produtivamente no futuro. E os fatos observáveis se referem
à metodologia, à tecnologia específica, às atividades típicas, aos objetivos definidos, ao com-
portamento do professor e do aluno. Os procedimentos do Supervisoro unificadoras.
Teoria em princípio, enquanto distingue-se da prática, enquanto prática, na medida em
que permanece no domínio da especulação,o no da experiência direta. Daí sua dupla possi-
bilidade: por um lado, sintetiza, ao máximo, os fatos observados em um quadro racional, em
que encontrem uma interpretação coordenada; por outro lado, permite prever, pela dedução,
o cálculo dos fenômenos ainda desconhecidos.
O problema da ligação entre teoria e práticao é o de uma relação simples.o se
trata de teoria como determinante e de prática como determinada ou vice-versa. Prática e
teoria se integram, determinam-se mutuamente.
Então, ó importante manter da teoria sua função manipuladora e operacional; inicial-
mente, é com ela que o Supervisor vai atuar na dinamização da estrutura educacional. E isto
começa a ser viável desde o planejamento geral do sistema ensino-aprendizagem; planejamento
e supervisãoo coisas indissociáveis.
Mas, vamos por partes: o objeto do planejamento da ação pedagógica, como aliás o de
qualquer ação, constitui-se, em geral, na preparação, definição e conduta das ações, com vistas
à sua finalidade.
Definir planejamento assim tem implicações: importa na escolha de meios de ação e em
sua conseqüente organização em face das situações concretas. Implica, portanto, na escolha de
técnicas e métodos pedagógicos adequados ao processo das ações.
Resumindo: há uma finalidade geral em que se situam as ações, no caso, a educação, um
objetivo, aqui a formação profissional e um momento de racionalização que sustenta a finali-
dade do sistema de ações. É no momento de racionalização que nasce a possibilidade de uma
tensão positiva entre teoria e ações práticas (elaboração dos currículos), que faz da prática uma
286
possibilidade com suporte teórico, É neste momento também, que se originam as condições de
eficácia da formação profissional e dos posteriores procedimentos do Supervisor Pedagógico.
Esta eficácia estará sempre condicionada às forças em presença, no instante do racio-
cínio; mas, sobretudo, estará sujeita às mudanças, mais ou menos plausíveis, que intervirão no
relacionamento das forças em presença no instante do raciocínio. Essas mudanças ou variações
podem ser, em um certo sentido, reações à ação.
Daí porque o sistema pedagógico envolve o Supervisor desde sua gênese, como ficará
mais claro adiante. Suas funções nascem no momento da estruturação para desenvolverem-se
harmonicamente durante todo o processo. Portanto,o ficam restritas a meros procedimentos
controladores das ações em curso. Sua visão "superior" do objeto é eminentemente diretiva.
Esta diretividade exige de seus agentes um embasamento teórico firme, além de um bom do-
mínio da metodologia, da tecnologia educacional e de uma vivência rica dos problemas peda-
gógicos porque disso depende a eficácia de seus procedimentos.
Esta diretividade vai desdobrar-se, principalmente, quanto ao planejamento no campo
específico do currículo, de cuja elaboração deve participar ativamente, posto que esteo
pode mais ser encarado como um elenco de disciplinas autônomas entre si, mas como uma
complexidade de relações. É em meio a essa complexidade que a atuação do Supervisor se
positiva em procedimentos adequados. Então, ele tem que estar presente no momento da
racionalização articuladora dos elementos do currículo, conceito este que se complexificou,
o podendo mais ser um mero jogo aleatório de disciplinas, séries, áreas de estudo ou cargas
horárias. As implicações metodológicas e tecnológicas constituem o ponto nevrálgico dessa
estruturação e a figura do Supervisor emerge como elemento fundamental. Especialmente no
que toca ao planejamento das atividades curriculares destinadas à integração das disciplinas
entre si. E constitui ponto crucial a inter-relaçãò do núcleo comum e da parte de formação
especial. A posição, a função e a temporalidade das disciplinas especializadas há de estar rigoro-
samente comprometida com a posição, a função e a temporalidade das disciplinas do núcleo
comum, o que implica em tecer relações rigorosas, concretizáveis através de métodos, técnicas
e de atividades comuns, visando objetivos também comuns. Esta é uma tarefa de natureza
intelectual e implica em manipulação da teoria pelo Supervisor.
Aí começam as implicações metodológicas e tecnológicas propriamente ditas, no sentido
da integração de esforços entre os professores de disciplinas técnicas e os de disciplinas da
parte de educação geral.
2.1 - IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS E TECNOLÓGICAS
Por tudo o que se disse na introdução, é desnecessário repisar a eficiência dos
métodos ativos, tanto mais se recordamos a impostação da Lei de Ensino. Os três
objetivos destacados para o caso das habilitações profissionais constituem, por assim
dizer, uma espécie de resumo de algo mais amplamente disposto como: "situar o aluno
no espaço e no tempo, preparando-o para as necessárias projeções em áreas crescentes, e no
futuro, mediante estudos e experiências sobre o espaço físico, recursos naturais, relações
quantitativas, propriedades da matéria e sua transformação, origem, relação e evolução dos seres
vivos, relação antecedente-conseqüente, causa-efeito, relações qualitativas, arte e cultura".
A atividade produtiva, para irmos diretamente ao problema, está caracterizada, no Pa-
recer 45/71, pela "perícia no uso de instrumentos de trabalho, domínio da tecnologia e das
técnicas e aplicações de práticas relacionadas com a apropriação de custos/benefícios".
Aqui, as palavras-chaveso "técnica" e "tecnologia" para a discussão sobre o que seja
educar para a atividade produtiva. E isto tem tudo a ver com o problema de uma metodologia,
287
o só para o processo ensino-aprendizagem, como também para a atuação do Supervisor
Pedagógico. Voltaremos a isto no momento oportuno.
Relembre-se o que foi dito a respeito do condicionamento a tarefas precisas, quando se
comentou serem necessárias aquisições de ordem tecnológica e cultural mais amplas.
O problema gira em torno do que se deve compreender por "técnica" e por "tecnologia".
Partamos de uma definição ampla de tecnologia como "coleção de técnicas específicas que
permitam a obtenção de um resultado". A partir desta colocação, e no dizer dos quem estu-
dado o assunto, a tecnologia seriao antiga quanto o trabalho humano. Tem-se exprimido,
historicamente, de várias formas, desde o gesto, a fala, o desenho ou a escrita (o que se chamou,
do ponto de vista pedagógico de "artes técnicas") até chegar a uma posição em que a história
e a descrição de técnicas ou máquinas (no ensino tradicional) cedeu passo a explicações metó-
dicas e distintas dos trabalhos, suas conseqüências e razões. Começou-se a abrir caminho para
uma educação tecnológica que já questionava formas de simples adestramento técnico para o
exercício de uma profissão. Do ponto de vista industrial, jáo se tratava mais de considerar
a máquina somente em seu sentido geral de "mecanismo físico artificial finalizado", o que é
levar em conta apenas seu aspecto cinemático e o que conduziria, pedagogicamente, ao ensino
mecanicista. Do ponto de vista tecnológico, a máquina se transformaria em um elemento
abstrato, isolado, eo no elemento de um conjunto, rede ou sistema, vale dizer,o em uma
integridade que lhe desse significação plena.
Alguns se debateram, no século passado, em colocações (perdidas no tempo) queo
privilegiavam os aspectos físicos, mecânicos ou técnicos das operações, mas consideravam
também os aspectos econômicos mais voltados para as dimensões sociais do problema. Isto
o impediu, entretanto, que se chegasse ao impasse já antes mencionado de terem que con-
ciliar os valores do humanismo e da mecanização.
Vozes isoladas chegaram mesmo a elaborar a idéia de que "aquele que procurasse resolver
um problema, preenchendo todas as condições mais simples, mesmo sem envolver-se com as
formas de trabalho manual, podia ser considerado um verdadeiro mecânico". Dava-se impor-
tância ao "pensar" também como instrumento "técnico" de trabalho, como se pode ver.
Do ponto de vista histórico atual, vale a pena transcrever, apesar de longa, a visão do
Parecer 45/71 do Conselho Federal de Educação, quanto às habilitações profissionais:
(...) De outra parte, "a dispersão rápida e progressiva das ciências" clama cada vez
mais alto pela "necessidade de elaborar a sua síntese e de conservar no homem facul-
dades de contemplação e admiração que conduzem à sabedoria (...). Além disso, é
precisoo esquecer o papel positivo da técnica e do trabalho na educação, em seu
sentido mais vasto (...) o trabalho, ao mesmo tempo que disciplina os hábitos, desen-
volve o gosto da pesquisa e da invenção, o acolhimento do risco prudente, a audácia
nas empresas, a iniciativa generosa e o sentido de responsabilidade (...). Debruçado
sobre a matéria que lhe resiste, o trabalhador imprime-lhe seu cunho, enquanto para
si adquire tenacidade, engenho e espírito de invenção, autênticas conquistas para a
educação, no seu sentido mais completo de formação integral do jovem.
Tudo isto, é claro, demonstra a necessidade do desenvolvimento de determinadas capa-
cidades mentais no próprio âmbito das disciplinas especializadas. Coisas assimm sido ditas e
reditas, mas creio quem ficado muito mais nas intenções e que, de fato, as tendências meca-
nicistas e tecnicistasm prevalecido em maior ou menor grau. Principalmente, creio, por
questões metodológicas referentes às formas de integração teoria-prática.
Se hoje vemos afastados alguns inconvenientes como, por exemplo, o simples "estudo
descritivo das máquinas ou técnicas, em favor de uma tecnologia racional e experimental pró-
288
xima da mecânica ou da técnica aplicada", é verdade, também, parece-me, que o ensino técnico,
no Brasil, via de regra, tem seguido uma forma pedagógica que se resolve na consideração da
técnica como "algo autônomo sem relação institucional com as disciplinas do núcleo comum".
Algo como uma preparação técnica, processando-se paralelamente a uma educação geral, mas
sem ter com esta uma ligação estrutural. Estabelecer esta ligação é o grande desafio que envolve
supervisores, professores e quantos se acharem implicados no processo ensino-aprendizagem.
Tal ligação implica na conjugação de esforços docentes desenvolvidos nas duas partes
em que se divide o currfculo, pelo reconhecimento do seguinte:
a) há capacidades mentais (a serem desenvolvidas nos alunos) queo imprescindíveis
para que se atinjam as possibilidades de discriminação de estímulos, compreensão
de conceitos e princípios, solução de problemas, aferição de resultados, reestrutu-
ração de conhecimentos, crítica de informações, renovação de situações e invenção
de soluções. Isto envolve todas as disciplinas;
b) para isso, há métodos que podem ser aplicados em comum sem comprometerem a
especificidade de quaisquer disciplinas;
c) há a possibilidade de programação de atividades que permitem enfoques diversifi-
cados, segundo o ponto de vista próprio de cada disciplina em particular, propiciando
a discriminação de estímulos, a transferência de conhecimentos, sua reestruturação,
a crítica de informações e a renovação de situações.
Uma identificação de capacidades básicas, que correspondessem às proposições do item
), poderia ser resumida em fatores que caracterizassem o pensamento convergente, o pensa-
mento divergente e a expressão, no sentido que definiremos mais adiante.
Nós, no Colégio Clóvis Salgado, aceitamos este desafio. Vamos experimentando mu-
danças de renovação com alguns percalços, de resto previsto, em qualquer planejamento, como
previmos também os meios de ajustamento das ações em curso à finalidade e aos objetivos a
que nos propusemos, face a esses percalços.
Como hábitos antigos parecem ser, de fato, uma segunda natureza, optamos inicial-
nte por uma tática metodológica que levasse, por indução, nossos professores de disciplinas
técnicas, como todos os demais, à consideração de fatos pedagógicos de ordem mais geral. Isto
consistiu em colocá-los, desde logo, ante a necessidade de um autoquestionamento quanto à
metodologia e as técnicas didáticas que empregavam e julgavam adequadas ao desenvolvimento
de seu trabalho.
O primeiro passo foi a criação de uma situação-problema envolvendo a todos quantos
estávamos comprometidos com o planejamento pedagógico. Imaginou-se e se começou a im-
plantar um sistema de avaliação que considerasse, em grau apreciável, entre outros, fatores que
traduzissem aspectos qualitativos da formação. Isso porque os considerávamos resumidores de
aptidões intelectuais necessárias e comuns às disciplinas técnicas e às demais disciplinas do
currículo. Tais aptidões referem-se, evidentemente, ao pensamento válido, necessário em
qualquer área de atividade humana,
É claro que esta mudança qualitativa implicou em cuidados concomitantes e especiais,
quanto à seleção e inter-relação de conteúdos programáticos, para todas as disciplinas, quanto
ao estabelecimento de metodologia comum e quanto à programação de atividades integradoras,
como será visto posteriormente.
O instrumento de execução apoiou-se na elaboração de critérios para a atribuição de
conceitos (sem implicações numéricas): constitui-se em uma ficha de avaliação de conteúdos,
289
capacidades, habilidades e atitudes, enfeixando as dimensões de um desenvolvimento pessoal
harmonioso, no sentido de formação integral, sem esquecer a necessidade de preparação pro-
fissional.
A seleção dos elementos estruturais de tal sistema recaiu em fatores que denominamos
de "Pensamento Criativo", "Relacionamento de Fatos e Idéias", "Expressão", "Técnicas de
Execução", "Auto-Avaliação", "Trabalho em Grupo" e "Conteúdos Básicos da Disciplina".
Os pontos nodais de integração entre a parte de formação especial e a de educação geral,
em termos metodológicos, localizam-se nos fatores "Relacionamento de Fatos e Idéias", "Ex-
pressão" e "Pensamento Criativo",o só por estarem teoricamente (como veremos) estreita-
mente relacionados entre si, como por se remeterem àquelas aptidões intelectuais já mencio-
nadas.
Fique mais uma vez claro que está em jogo o questionamento dos métodos tradicionais
de ensino. Por isso, vale a pena resumir algumas de suas características principais:o fundados,
por excelência, na transmissão de conteúdos, pelo método da preleção, que se resolve, princi-
palmente:
a) na pressuposição de que a mente do aluno é infensa a qualquer esforço autônomo
maior na aquisição de conhecimentos muito globais e complexos. Daí a ação peda-
gógica iniciar-se com o método de análise do assunto, pelo professor, que o decom-
e um certo número de elementos "individualmente fáceis de serem assimilados".
O objetivo é a progressividade do ensino;
b) na multiplicidade das classificações e simetrias, que intentam levar o aluno a encadea-
mentos rigorosamente lógicos; o ensino aspira a ser dedutivo e se arrisca a perma-
necer, como quase sempre tem acontecido, em mero verbalismo que compromete a
legitimidade da própria dedução;
c) na memorização do que "é ensinado", o que propiciaria o controle pedagógico; a
memorização é a contrapartida do "logicismo" do professor que, por assim dizer,
recorta o assunto em "partes" fáceis de reter.-
, as tendências implícitas de uma psicologia da aprendizagem de fundo mecanicista.
A atividade mental é condicionada à combinação de átomos psíquicos inertes, em que a mente
funciona em ligações puramente passivas (hábitos e associações). Confia-se em que o aluno
possui faculdades naturais (nem é preciso desenvolvê-las), que lhe permitem acompanhar o
raciocínio do professor, chegando aos conhecimentos e àquelas faculdades objetivadas em
capacidades.
A partir daí, é óbvio, o ensino se sustenta na transmissão da informação pela infor-
mação e da sistematização por si mesma.
O sistema avaliativo, reflexo da metodologia, expressa este estado de coisas. Seu prin-
cipal instrumentoo os testes objetivos de conhecimentos em suas várias modalidades (tributo
ao "cientificismo"), baseados nas leis de associação de idéias. Tais testes conduzem a automa-
tismos (sabe-se que a memória, a associação de idéias e os hábitos, muitas vezes, levam a isto).
A mente é tomada como pura receptividade. Juntam-se umas às outras as informações rece-
bidas e armazenadas na memória.
O que se propõe (e a moderna psicologia da aprendizagem o autoriza) é a ativação de
idéias inertes, o que se consegue promovendo o desenvolvimento das múltiplas capacidades
mentais, estimulando-se o aluno a pensar, ao invés de reduzir sua mente a formas de passivi-
dade indesejáveis e inadequadas à apreensão da realidade em sua dinâmica: sabe-se que o juízo
290
exprime as relações objetivas da experiência real. Nosso conhecimento se inicia pelo contacto
com a objetividade do mundo, através de intuições sensíveis, a que se aplicam as categorias do
entendimento (quantidade, qualidade, relação, modalidade, etc.) que unificam tais intuições
por meio de princípios (identidade, não-contradição, terceiro excluído). Chega-se à Razão por
meio dessas faculdades de uso formal aliadas ao raciocínio. Ninguém pode fazer isto pelo aluno.
o vemos como desenvolver aptidões mentais se continuarmos a tratar sua mente como pura
passividade. Para que aquela possa adaptar-se à dinâmica do real, é necessário educá-la pela
exercitação constante. Daí a necessidade dos métodos ativos que levam o aluno a conhecer,
produzir e avaliar, desenvolvendo capacidades tanto cognitivas, como produtivas e avaliativas.
Ao estabelecermos, para todas as disciplinas, os fatores de avaliação, linhas atrás men-
cionados, a intenção foi a de uma volta metodológica, visando principalmente as disciplinas
técnicas, no sentido de evitar, a médio prazo, tanto quanto possível, as distorções examinadas
na parte introdutória deste trabalho. Pretendeu-se enriquecer a relação professor-aluno, impe-
dindo-se que a aprendizagem se processasse em setores autônomos e se resumisse, quanto ao
domínio cognitivo, a seu aspecto mais pobre de memorização de informações ou conhecimen-
tos. Questionou-se, portanto, o método expositivo que se manifestava nos instrumentos de
avaliação empregados.
Ora, os fatos, quer sejam os submetidos a tratamento estatístico, quer sejam os adminis-
trativos, os contábeis, os turísticos, etc,o dados da realidade fora das salas de aula. Nestas,
professores e alunos lidam com idéias, significados ou conceitos. Relacionar esses fatos e esses
conceitos, idéias ou significados impõe a capacidade de compreender em seu sentido epistemo-
lógico mais rigoroso, ou seja, a aptidão intelectual para apreender relações estruturais, função
do pensamento. A compreensão reflexiva implica na extensibilidade dos conceitos e se concre-
tiza no nível do encadeamento das relações lógicas (interiorização do sistema lógico). Neste
sentido, a práticao dispensa as faculdades de síntese e de organização do pensamento, que
manifestam qualidades operatórias em associações pessoais. Aprender a operar, desenvolver
uma tarefa, supõe uma seqüência de operações encadeadas quem como ponto de partida
uma análise para alcançar uma sintese. Do mesmo modo como aprendero é apenas fixar a
forma de um conteúdo, a propriedade de um fator, a fórmula de uma regra. É apreender os
conteúdos em sua generalidade, compreender as estruturas e a funcionalidade de seus elemen-
tos, em seus princípios, estabelecer relações de causa e efeito, relações de semelhança ou diver-
sidade (espírito receptivo, móvel e criador). Pensando pelo aluno, o professor jamais o capa-
citará a tal. Daí porque deverá estimular, ao máximo possível e necessário, conforme cada
habilitação profissional, o uso de faculdades formais do entendimento e do raciocínio.
Digamos que fatores como Expressão e Pensamento Criativo constituiram-se em pontos
nevrálgicos de dificuldades quanto às disciplinas especializadas. Tentou-se minimizá-los,o só
através de contactos com os professores, quer individualmente (atendendo a consultas), quer
em grupos ou por meio da reciclagem formal, trabalho em continuidade.
Procurou-se mostrar que o fator Expressão (aquio entendido como tradução grama-
tical do pensamento) é problema interdisciplinar da parte de formação especial e da parte de
educação geral e que nem sequer é limitável às disciplinas "Língua Portuguesa" ou "Redação
e Expressão".
Isto porque tem tudo a ver com "idéias", "conceitos" ou "significados" que existem
na mente de alguém e com algum sistema de sinais físicos empregados na transmissão dessas
idéias, conceitos ou significados. Neste sentido, um organograma "exprime" a organização
de uma empresa, um balanço "exprime uma situação patrimonial, um fluxograma "exprime"
uma seqüência de ações, etc. São, portanto, formas de linguagem.
Neste sentido amplo, a linguagem é empregada na manifestação do pensamento como
um recurso de representação física das idéias ligadas a fatos, de suas relações estruturais e do
291
significado a que se reportam. Todo o sistema de expressão manifesta relações. Em síntese, o
pensamento coerente requer uma expressão lógica de idéias relacionadas a estados-de-fato.
Há uma vinculação estreita entre expressão e compreensão no ato de exteriorizar-se um
pensamento. A expressão está também, comoo poderia deixar de ser, remetida à explicitação
de conteúdos, sendo ambas, explicitações e compreensão, analisadas conjuntamente em função
do sistema de idéias.
Pensar a Expressão é, necessariamente, reportar-se ao conhecimento (avaliação) de como
funciona a mente de alguém, quando exposta a estímulos quaisquer.
Expressar-se compreensivamente supõe os estados da mente de algum intérprete. Assim,
uma expressão ou explicitação coerente e qualquer avaliação subseqüente de um pensamento
expressado requerem a existência de uma teoria operacional que veicula, logicamente, os com-
plexos simbólicos, o significado e a mente.
A expressão do pensamento é feita através de formas munidas de significados que cons-
tituem relações objetivas entre tais formas e certos estados-de-fato. Na apreensão das relações
do que se chama "significado" estão implicados atos de juízo. A expressão coerente de idéias,
conceitos ou informações corresponde, portanto, a uma disposição específica e harmônica de
idéias existentes na mente de quem se expressa.
Tudo a respeito deste problema, em última análise, está calcado nos princípios que regem
a experiência mental. Implica na transmissão de um contexto ideacional, em um sistema de
pensamento, em algum grupo de idéias logicamente relacionadas. Compreender a linguagem é
verificar a analogia que existe entre um constructo sintático (qualquer combinação de sinais,
signos e símbolos) e um complexo de idéias, o que faz com que o primeiro funcione como
representação ou "quadro lógico" do último. Uma frase, um diagrama, um organograma, um
balanço, etc, propiciam informação, posto que nos dizem que certos objetos conhecidos
estão vinculados a uma dada forma conhecida. Assim, uma certa forma de conhecimento das
formas lógicas, mesmo que, no caso da maioria das pessoas,o seja explícita, está implicada
em toda compreensão do discurso.
Portanto, ao fazer o professor com que o aluno tome conhecimento de fatos e os rela-
cione com idéias, conceitos ou significados específicos da linguagem técnica, pela atividade
de sua própria mente, estará, ao mesmo tempo, criando também um espaço de relacionamento
dessas idéias, conceitos ou significados entre si, o que já constitui um problema de Expressão.
Dispor o educador a trabalhar,considerando as potencialidades do aluno, em relação a
fatores como estes, já importa em abriro de seu "logicismo" e permitir um desenvolvi-
mento mais autônomo do educando.
O Pensamento Criativo constitui-se também, como se disse, em outro ponto problemá-
tico.
Procurou-se levar ao conhecimento dos professores os estudos da base biofísica da cria-
tividade, o caráter fundamental das atividades criativas. Sua existência, até em níveiso
conscientes, portanto,o humanos, das hierarquias biológicas (desde os animais inferiores
até os superiores); nestes, a atividade exploratória, por exemplo,o poucas vezes, liga-se ao
puro prazer da descoberta e corresponde a uma forma de curiosidade dentro do processo de
continuidade biológica.
A principal resistência quanto à oportunidade de avaliação ou desenvolvimento de um
fator desta natureza em disciplinas técnicas, prende-se, de modo geral, a um desconhecimento
da natureza e características da conduta criativa e sua alta função para o desenvolvimento das
potencialidades mentais do indivíduo.
292
Como "criatividade" é termo altamente abstrato, cai-se, quase sempre, no temor de
percorrer vias metafísicaso condizentes com a "objetividade" das disciplinas técnicas. Daí,
uma certa descrença em considera-la como possibilidade a ser explorada. Por isso, foi neces-
sário discuti-la, a partir do domínio biológico para repensá-la da física à psicologia.
É certo que a biologia, hoje, esclarece muitos problemas a este respeito, o queo
haviam conseguido a filosofia e a ciência clássicas. Por isso, tem-se caído, quase sempre, no
emaranhado metafísico.
A física do século XIX, sendo determinista,o considerava as possibilidades da criação
material. No âmago desta convicção, o princípio de conservação quantitativa da energia, em
que só se admitia a transformação dessa mesma energia. A viabilidade de transformação da
natureza feria o princípio lógico, como é fácil concluir-se, da não-contradição. As transfor-
mações consistiam na degradação qualitativa da energia em seu processo de passagem do mais
estruturado para o cada vez menos estruturado (entropia). Era o segundo princípio da termo-
dinâmica em jogo.
Então, a passagem do heterogêneo para o homogêneo era natural, mas a recíprocao
era verdadeira: a passagem inversa (criação) era antinatural. Esta postura da física foi, em
determinada época, inteiramente absorvida pelas escolas de psicologia. Tudo o que fugisse ao
quadro lógico determinista era anormal e gritante, em termos de pensamento coerente.
No entanto, a observação de alguns organismos vivos possibilitou identificar-se neles
uma capacidade de regeneração (ao contrário da matéria inerte) que desautorizava aquele
segundo princípio da termodinâmica.
Assim, chegou-se à necessidade de explicar o princípio da vida com base naquela exce-
ção. Se a "evolução lógica" do universo se resolvia em um aumento sistemático da entropia, o
que condenava o universo à decantada "morte morna" dos físicos deterministas, os seres vivos
apresentavam-se. na ordem cósmica, como "geradores de ordem", numa perspectiva negadora
da "inevitável degradação geral", pedra de toque do discurso da ciência física.
A partir de então, a ciênciao pode mais operar confortavelmente com as noções
deterministas. O conceito de criação se lhe opunha de maneira insinuante, ganhando sentido
do ponto de vista físico e biofísico, para caracterizar o aparecimento, na natureza, de estru-
turas cada vez mais complexas, apresentando sempre maior grau de ordenação. Esta possi-
bilidade abalou, em suas bases, a "idéia romântica da espontaneidade anárquica do espírito
criador". Portanto, "toda criação pode ser considerada como "um ganho de ordem".
Ora, o homemo reage diferentemente do modo de agir desses organismos estudados
biofisicamente. Sob o impulso da necessidade, é levado a descobrir condutas que lhe permitem
"subsistir", em quaisquer circunstâncias.
Dizem os cientistas, hoje, que a atividade criadora se manifesta em todas as escalas de
organização, desde a partícula até a galáxia. Então, a criatividade é uma dimensão "estrutural
da espécie";o se deve deslocá-la de seu quadro natural, ou seja, o da atividade do universo
e dos organismos que ele contém. "É quase tautológico examinar a criatividade em termos
de ação".
Rigorosamente falando,o se pode considerar a criatividade de outra maneira ao
ser em termos de ação. As antigas concepções da "matéria inerte" e da "substância" foram
substituídas, na ciência, como na filosofia, por esquemas dinâmicos energéticos.
Da mesma maneira, em psicologia, os "humores dos filósofos e dos poetas e dos deter-
minismos que explicavam o humanoo cada vez mais substituídos por uma noção funda-
mental multivalente e, evidentemente, dinâmica de comportamento".
293
O método de pesquisa é hoje pensado, por exemplo, mais como "operacional" do que
como "racional", no sentido de queo é mais deduzido de "princípios imutáveis", mas de
um "trabalho eficaz sancionado pela ação sobre o real". A "criação é sempre de ação", em
física, como em biologia, como no comportamento humano, especificamente. É uma forma
de ação que contribui tanto para a preservação como para a emergência de novas estruturas.
Sendo forma privilegiada de ação, que é a "essência mesma da matéria e da vida, a
criação transparece em todos os níveis de complexidade, em que o homem é a mais alta
manifestação observável".
Sabe-se, hoje, que o indivíduo criador é produzido por uma multiplicidade de fatores.
É certo que nem todas as ações humanaso criativas porque a maior carga quantitativa de
atos serve para a manutenção das estruturas existentes em um tempo dado. Mas, em compen-
sação, é também verdadeiro que toda criação é "uma forma superior de ação em continuidade
em todos os processos em que a reflexão e a linguagem estão em jogo". Nestes casos, apresen-
ta-se com uma inconseqüência apenas aparente. Portanto, o comportamento criativoo é
algo, pode-se defender, visceralmente diverso do comportamento condicionado aos esquemas
de pensamento racional.
Em todo caso, na ciência pedagógica,o se tratará em termos de avaliação, é claro,
de uma simples identificação de indivíduos criativos ouo criativos, pois como vimos, a
criatividade ó um aspecto estrutural da natureza humana, e todo indivíduo é potencialmente
criativo. O que se pretendeu, em nosso caso, o da formação técnica, e em nosso nível de ensino,
o foi a produção de pensamentos originais ou a criação de técnicas originais, em relação à
atividade profissional. Foi cultivar e desenvolver, nos alunos, dada aquela multiplicidade de
fatores que caracterizam o indivíduo criativo, algumas capacidades que muitom a ver com
o pensamento convergente e a expressão (nos termos em que aqui foram definidos). E estas
capacidades consideramos indispensáveis para que sejam atingidos os objetivos específicos da
parte de formação especial (como já se mostrou), quais sejam: a solução de problemas, a reno-
vação de situações, a invenção de soluções, a reestruturação de conhecimentos, etc. (estreita-
mente ligadas ao pensamento criativo).
A utilização dos métodos ativos, por si mesma, já implica nesta possibilidade, pois en-
volve, entre outras, características como fluência ideativa e associativa, flexibilidade mental
etc, condições de desenvolvimento pessoal, auto-realização, autonomia de ações e auto-con-
fiança.
Neste sentido, tais métodos permitem incentivar o aluno a atingir maior variedade de
abordagens de um problema, maior abertura para a iniciativa própria, para a crítica de infor-
mações, etc. Em resumo, permitem-lhe conscientizar-se a respeito do leque de alternativas
que a cultura lhe oferece, ao mesmo tempo que é exercitado em seu pensamento lógico e
racional e nas habilidades que precisa desenvolver para o exercício da profissão que irá assumir.
Todas estas colocações até aqui feitas, devem permitir que se atinja a unidade de esfor-
ços, no grau desejado, entre as partes de formação especial e a de educação geral (pelos mo-
tivos que já foram expostos na introdução).
Para isto, é necessária a integração entre as disciplinas do currículo (resguardadas as
diferenças específicas)o em razão de sua lógica interna, mas em função dos resultados
comuns desejados. A organização dos elementos conteudísticos e dos processos de aprendi-
zagem deve ter um valor operatório real, isto é, deve ajudar o estudante a transferir, conti-
nuamente, o que aprendeu. Conteúdos programáticos e atividades escolares devem ser enfati-
zadoso só no sentido da formação integral, mas também de acordo com as necessidades de
preparação para o exercício das "atividades típicas de habilitação", que serão abordadas em
momento oportuno.
294
Voltando ao caso das disciplinas técnicas,o constitui, portanto, nenhuma aberração
a atitude reformuladora do sistema de avaliação, como instigadora de uma reavaliação dos
procedimentos pedagógicos até então utilizados pelos professores.
É evidente que o método da preleção, para os fins propostoso possui a riqueza e a
flexibilidade necessárias, visto queo apresenta fecundidade suficiente para imprimir, em
grau desejável, diretividade à atenção do aluno, para promover e sustentar sua motivação,
para manter seu interesse e para garantir a realimentação da ação pedagógica; além disso,
permite só raramente que o aluno progrida em ritmo próprio ou processe a transferência,
seja para a vida, seja para novas aprendizagens.
Daí porque o planejamento do ensino deve procurar (e é o vimos tentando, no Colégio
Clóvis Salgado, ao mesmo tempo em que se renova o sistema de avaliação), integrar, tanto
quanto possível, e onde couber, as disciplinas do currículo, pela unificação de métodos e téc-
nicas de trabalho docente. E daí, também, porque, em nossas primeiras experiências, optamos
por adotar métodos como o da discussão e o de projetos, principalmente. Isto pelas vantagens
que apresentam, em contraposição ao método expositivo, quanto à mobilização da atenção,
viabilidade da motivação, preservação do interesse, realimentação do processo, possibilidade
de progressão em ritmo próprio e, sobretudo, pelo fato de desenvolverem atitudes positivas.
Dentro destes pressupostos metodológicos, a atuação docente deverá, é claro, ser mais
criativa, posto que se resolverá na elaboração de material adequado que permita a auto-apren-
dizagem (pelo acesso direto ao aluno à informação); e também pelo fato de dever remeter-se
à utilização de técnicas adequadas ao desenvolvimento daquelas potencialidades que já vimos,
o aluno terá que concretizar para que se transformem em capacidades observáveis. Além disto,
este tipo de ação didática implica na seleção, pelo professor, de conteúdos que sejam realmente
"significativos" (transferência de conhecimentos dentro da própria disciplina em relação às
demais); impõe a orientação de estudos, a estruturação de situações-problemas específicas para
disciplina (ligadas a situações mais abrangentes), e importa também em um mais eficiente con-
trole do desempenho do aluno.
Entretanto, cabem aqui alguns esclarecimentos necessários. Tantos quanto se referem ao
chamado método de projetos, atualmente, ressaltam uma característica comum às várias teorias
a respeito: os alunos trabalhariam em tarefas nas quais há pouca interação com o professor. No
fundo dessa realidade, o princípio de que os educandos devem ser "os agentes de seu próprio
conhecimento", o que é de fato recomendável.
A maioria ressalta a conveniência de serem tais atividades de iniciativa própria dos alu-
nos, de acordo com seus interesses e preferências individuais.
De um modo geral, contudo, relacionam tais projetos aos temas em estudo nas salas de
aula. O resultado final poderia ser "um relato de pesquisa" feita individualmente ao resto da
turma (o aluno substituiria o professor dando "uma aula") ou mesmo uma dissertação baseada
em pesquisas de biblioteca suplementada por interpretações pessoais".
Para os que pensam assim,o só a escolha do assunto, mas o próprio planejamento das
atividades estariam a cargo do aluno, o que garantiria a consideração das diferenças individuais.
É fácil, creio, deduzir que está implícita na fundamentação desta atitude pedagógica, a
noção de "centro de interesse", método ligado a teorias progressistas e pioneiras, isoladas no
século passado, remetidas à educação infantil.
Sabemos que, nessas teorias, levava-se em conta o estágio de desenvolvimento da criança
do ponto de vista biológico. Defendia-se a maior Individualização do currículo, a predominância
das diferenças individuais e dos estágios de desenvolvimento em nível biológico.
295
Circulava a opinião generalizada de que a meta da educação era conduzir o "cresci-
mento" ou desenvolvimento das potencialidades da criança, razão porque o currfculo origi-
nava-se das necessidades e interesses infantis eo das exigências do professor ou das imposi-
ções da vida social, econômica ou política, de um modo geral.
Em termos dessas teorias pioneiras, o "centro de interesse" estabelece, entre as discipli-
nas, ligações naturais e espontâneas condicionadas ao interesse infantil. Os interesses brotavam
das necessidades da criança, como reflexo de suas preocupações mais imediatas. As lições e até
toda a atividade infantil estavam submetidas a esse imperativo.
Os "centros de interesse" faziam parte do programa ou consistiam no emprego do
tempo.
No primeiro caso,o envolviam procedimentos "para interessar o aluno"; consistiam
em um método ligado à "concepção psicológica da mentalidade infantil": os interesseso
eram superficiais ou momentâneos; eram interesses emergentes das "necessidades profundas"
vinculadas à "ordem genética". Identificavam-se necessidades primordiais impulsionadores da
atividade humana em geral. Daí a aprendizagem centrar-se em problemas como "alimentar-se",
"lutar contra as intempéries", "defender-se de perigos externos", etc.
A criança, então, atingiria melhor compreensão das relações entre as idéias, posto que o
método estaria fundado no interesse. Desenvolvia-se a capacidade de síntese, afastando-se a
desvantagem de um ensino excessivamente analítico.
Impasses do método: a dificuldade da integração das noções essenciais do assunto estu-
dado, no que toca a uma progressão correta, além do perigo da dispersão.
No caso, do "centro de interesse" consistir no emprego do tempo, acontecia de serem só
eventualmente empregados, o que pressupunha uma metodologia tradicional.
Parece-me que o tratamento que hoje se dá ao método de projetos, conforme mencio-
nado linhas atrás, está ligado a esta última forma de utilização.
Ora, o emprego de tal método fundado em "centros de interesse" exige certos cuidados,
quanto ao ensino de. grau, principalmente por dois motivos bastante ponderáveis: primeiro
há compromissos entre a formação profissional e a realidade social brasileira; segundo, dar-se
ênfase demasiada a atividades livres ligadas a interesses pessoais se torna problemático, poiso
contamos ainda com uma teoria solidamente fundamentada, quanto à psicologia da adoles-
cência.
Por isso, procuramos repensar, no caso do Colégio, essas teorias, a partir de alguns
pressupostos como sejam: o currículoo pode voltar as costas para as exigências da sociedade
em que vivemos; qualquer situação de ensino, em maior ou menor grau, no fundo, é diretiva;
as decisõesm que ser remetidas, de alguma forma, ao que mais convém ao educando e à
comunidade.
Daí termos optado, em uma primeira etapa de experiências, por uma utilização do que
de mais dinâmico apresentam o método de projetos, os centros de interesse e o método da
discussão (seminários), como as linhas-mestras de desenvolvimento do processo ensino-apren-
dizagem, mas como as adaptações necessárias à nossa finalidade de instituição destinada a
formar profissionais para o setor terciário de nossa Economia. Cabe, ainda, quanto ao método
da discussão, esclarecer queo foi pors encarado no sentido tradicional, isto é, como uma
variação introduzida no método da preleção, ou seja, a possibilidade de que o aluno discuta
determinados pontos de uma aula expositiva. Foi adotado como método por excelência. A
partir daí, a técnica é a dinâmica de grupos e se procurou elaborar instrumentos destinados ao
296
trabalho docente (problema discutido em grupo pela supervisão e os professores). Em resumo,
buscou-se estabelecer diretrizes relativas à preparação, meios e marcha da discussão de pro-
blemas específicos, em cada disciplina. Isto se constituiu em uma fase primeira para a discussão
de problemas mais abrangentes, envolvendo outras disciplinas através do método de projetos,
tambémo pensado tradicionalmente, como se viu.
2.2- IMPLICAÇÕES QUANTO ÀS ATIVIDADES TÍPICAS DE HABILITAÇÃO
Como se sabe, o Colégio "Clóvis Salgado" encarrega-se da formação de profissionais em
Administração, Contabilidade, Secretariado, Turismo e Administração Hospitalar.
Que implicações haveria entre as proposições metodológicas e tecnológicas como deli-
neadas aqui e as atividades típicas de habilitação?
Até agora, limitei-me a delinear as grandes linhas metodológicas que sustentam nosso
planejamento pedagógico, ressaltando as necessidades da formação integral.
Fique bem entendido, contudo, que issoo importou em descaracterizar outros aspec-
tos essenciais da formação técnica, como dimensão mesma daquela integral idade, ou seja,o
se pretendeu minimizar o objetivo "agir produtivamente pela prática no uso dos instrumentos
de trabalho".
Apenas se tentou mostrar que a preparação técnicao se constitui em setor autô-
nomo, como se disse, com finalidades desvinculadas do objetivo geral do ensino de nível médio.
Ao chegarmos ao problema das "Atividades Típicas", cabe tentar demonstrar que o de-
senvolvimento das aptidões intelectuais, objetivo das duas partes do currículo, a que já nos
referimos,o é aleatório em relação ao desempenho dessas atividades.
Senão vejamos:
Um Assistente de Administração terá que desempenhar, no exercício da profissão,
trabalhos supervisionados de Planejamento, Organização e Controle, na Administração Empre-
sarial e Pública.
Assim, quanto ao Planejamento, "executa projetos de pesquisas com o objetivo de
conhecer a realidade de um fato administrativo". Isto, sem dúvida, mobiliza a capacidade de
relacionar fatos e idéias intercorrespondentes; tem a ver, portanto, com conceitos e categorias
do entendimento; "programa, com base na pesquisa, a organização dos setores componentes
de um sistema administrativo", o que importa na capacidade de estabelecer relações lógicas,
através do uso de categorias como unidade, pluralidade, totalidade, limitação, dependência,
comunidade, etc.
Quanto à Organização, executa "tarefas destinadas a sistematizar, ordenar e raciona-
lizar atividades administrativas", o que requer aptidões semelhantes às anteriores, pois a orga-
nização implica em coordenação racional.
Quanto à Controle, suas tarefas se resumem "em acompanhar e controlar a execução
de trabalhos, através da elaboração de gráficos de Organização, Controle e Racionalização".
O acompanhamento e controleo dispensam também o uso de habilidades intelectuais, como
as mencionadas acima, o que impõe algo mais que um simples adestramento.
Para executar tais serviços, o Assistente de Administração precisa também apresentar
habilidades técnicas mais específicas como elaborar tabelas, quadros, organogramas, fluxo-
gramas, cronogramas, diagramas, PERT, etc. Isto supõe o domínio de uma teoria operacional
297
queo se resolve em simples automatismos ou adestramentos, também, pois supõe uma
correspondente mentalização. Por exemplo, o PERT, como instrumento de eficácia, obriga
a um esforço de criatividade "ao mesmo tempo em que facilita o uso das técnicas e seu con-
trole".
O fator Técnicas de Execução foi adotado, em nosso sistema de avaliação, exatamente
para preservar a necessidade da perícia no uso desses instrumentos mais específicos de trabalho,
sem entretanto, esquecer-se a interpenetração teórico-prática. Sabemos que a tipologia das
ações, no setor profissional,o dá lugar para "ações espontâneas", posto que todas elas consti-
tuem, de certo modo, "operações", na medida em queo ações lógicas racionalizadas pela
reflexão ou pelo cálculo.
Do mesmo modo, um Técnico de Contabilidade, além do domínio de técnicas mais
específicas de elaboração de balanços, balancetes, planos de conta, etc,o pode prescindir de
uma capacidade técnica suposta nessas tarefas de ordem mais prática. Capacidade que envolve
a aptidão intelectual para a compreensão da natureza da organização das entidades sócio-eco-
nômicas, do campo de aplicação da contabilidade na estrutura das empresas, das variações
patrimoniais, da especificidade dos lançamentos, dos problemas de ajuste, apuração, reava-
liação, etc.
E assim por diante, no campo da Estatística, do Turismo, da Administração Hospitalar,
do Secretariado, etc.
É evidente que o método da simulação, que muitas vezes utilizamos, as atividades como
visitas, entrevistas, excursões constituem excelentes recursos para a familiaridade dos alunos
com os fenômenos do trabalho real. Entretanto, nada pode substituir, em eficácia, a realização
dos estágios supervisionados recomendados pela Lei do Ensino, para o caso do treinamento
em atividades típicas., há mais possibilidades quanto ao uso da tecnologia específica do
campo de trabalho real.
3-CONCLUSÃO:
Tudo o que foi dito, até agora, representa uma sugestão de procedimentos, uma procura
de caminhos e soluções. Como tal, sujeita a reavaliações e aperfeiçoamentos, visto que se cons-
titui numa experiência em curso, além do que qualquer tentativa de equacionamento da reali-
dade é sempre provisória, face ao dinamismo e mutabilidade que caracterizam os fenômenos
sociais de qualquer natureza.
Desde que, como disse de início, procurei ligar as solicitações do tema deste texto à
experiência viva do Colégio "Clóvis Salgado", pelas razões que expus, gostaria de lembrar que
a ausência de ilustração mais concreta, em termos de resultados palpáveis, é intencional. Creio
que isto se justifica pela finalidade do trabalho, em relação à natureza das intenções destes
encontros. Portanto, cabia mais uma exposição da estruturalidade de nosso sistema, em termos
estritos da relação professor/aluno e das situações-de-aprendizagem, o que constitui o ponto
crucial do problema.
É evidente que todo o questionamento até agora feito, reporta-se a uma Tecnologia
Educacional, no sentido amplo estabelecido por muitos, como "modo sistemático" em que a
elaboração, a implementação e a avaliação do processo global da aprendizagem se dá em
termos de "objetivos específicos" com o emprego de recursos humanos e materiais. Nesta
acepção, consideram-se também, como componentes da tecnologia, os métodos e as técnicas
de aprendizagem.
Tudo isso leva à necessidade de um exame semelhante quanto aos métodos e técnicas
característicos do desenvolvimento dos trabalhos de Supervisão.
298
Um exame, por menos atento que seja, das colocações que circulam, em manuais desti-
nados ao estudo desses problemas de supervisão, implica também na necessidade de uma reava-
liação, quanto às formas de observação do desempenho do professor, em sala de aula.
Alguns métodos e instrumentos devem ser repensados, face ao que se expôs, até agora.
Por exemplo, fala-se de uma Supervisão Científica. Mais especificamente, no método
de observação como instrumento de controle da ação pedagógica em curso. Portanto, pensa-se
em um objeto, um ponto de vista e um campo de observação. Para a ilustração do desenvolvi-
mento do método, comumente se apresentam sistemas como o de Flanders.
Ora, a adoção de tal método, como delineado, implica em "voltar as costas" para as mais
ricas conquistas da pedagogia, hoje.
Verifica-se uma defasagem, parece-me que ainda perpetuada no processo de formação
de professores para o ensino técnico (experiência nossa com estagiários das Faculdades de
Educação ou de outros cursos). Continua-se a avaliar, em grande escala, o desempenho de
professorandos através de sistemas semelhantes a este que acabamos de citar.
Com isso, creio que se criam problemas quanto à racionalização do trabalho, que é de
todos quantos se encontram envolvidos com a Educação Nacional, para colocar o ensino de
nível médio na via das aspirações nacionais.
Voltando ao sistema de observação: com a transformação necessária das situações-de-
ensino em situações-de-aprendizagem, os dados observáveiso podem mais ser, por exemplo,
"as perguntas do professor", complementares de uma exposição verbal por excelência. Nem
as possíveis e ocasionais "manifestações" dos alunos em decorrência de questionários refle-
xivos.
A observação dos procedimentos verbais do professor deve ser, de certo modo, indireta,
através do comportamento verbal dos alunos.
Portanto, as categorias de situações observáveis constantes do sistema de Flanders
esvaziam-se em significatividade. Isto parece óbvio, uma vez que, a partir do que já foi exposto,
haveria uma volta de 180 graus na visão das coisas. Categorias como as que vimos ("per-
guntas", "exposições", "explicações") assumiriam nesse novo contexto, aspectos qualitativos
diferentes (a quantificação do sistema de Flanders seria irrelevante), conforme se tratasse de
situações-de-ensino ou de situações-de-aprendizagem.
Em uma situação-de-ensino (o centro é o professor), é fácil concluir que a natureza das
perguntas está condicionada a uma expectativa de resposta comprometida fundamentalmente
com a mentalização do professor, com o seu "logicismo", sendo ele, aqui, o "dono do conhe-
cimento". Em contrapartida, a natureza das perguntas, em uma situação-de-aprendizagem, é
bem outra. O "desempenho verbal" do professor estará todo ele comprometido com o processo
de racionalização dos alunos.
Então, os clássicos "planos de aula" sofrem um processo de minimização, posto que
agora se impõe observar o desempenho do professor ante a dinâmica de utilização dos materiais,
pelos alunos, através de métodos ativos. Logo, uma ficha de observação teria que envolver a
avaliação de situações dinâmicas, em que as categorias centraiso seriam referenciáveis à
verbalização de conteúdos pelo professor. Em termos gerais, tais instrumentos de Supervisão
teriam que considerar certas linhas estruturais.
Este me parece o ponto crucial quanto ao problema metodológico, neste particular,
considerando-se que métodos como o Não-Diretivo, o de Ajuda Interpessoal, o Clinico impli-
299
cam na observação direta da relação professor-aluno, que é a tônica das considerações que
foram desenvolvidas, até aqui.
Além disso, os outroso supõem, parece-me, à primeira vista, aquela atuação articula-
dora do Supervisor desde a gênese do sistema educacional.
Quanto às técnicas de Supervisão, pouco há de comentar. Entre as indiretas, para um
tipo de trabalho como o sugerido nesta oportunidade,o mais importantes o Estudo dos
Planos de Curso e a Revisão Constante do Curriculo e do Material Didático Disponível. Entre
as diretas, ressalta como a mais importante a Demonstração Pedagógica pelo Supervisor ou
pessoa habilitada.
É fato, entretanto, que realizações como esta promovida pelo Departamento de Ensino
Médio do Ministério da Educação e Culturao o início de uma abertura necessária, que ainda
o havia sido feita, neste País, para o estudo, a pesquisa e a tomada de posição indispensáveis
a um tratamento sério dos problemas da Supervisão Pedagógica, em âmbito nacional. Por isso,
é uma oportunidade de lançar sementes, das quais, acredito, poderá brotar, numa continuidade
de preocupações e outras medidas semelhantes, toda uma concreticidade de procedimentos
a serem adotados pelo Supervisor Pedagógico, face às instigações da nova realidade educacional.
O campo é virgem, apesar do mar de tinta que tem corrido em sua superfície. Muito há
que fazer e discutir. A ordem de partida está dada. Agora é "mãos à obra".
300
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO
PEDAGÓGICA NO SETOR
TERCIÁRIO
HELENA APARECIDA SCOMBATI
JOSÉ ANTÔNIO K ULLER
SENAC-SP
I - INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi proposto,considerando-se o objetivo específico de: sugerir proce-
dimentos que orientem a ação do Supervisor Pedagógico na coordenação da parte de Formação
Especial do Currículo do Ensino de Segundo Grau, para Habilitações Profissionais referentes a
ocupações pertinentes ao Setor Terciário da economia.
Pode-se relacionar os seguintes fatores que possivelmente possam justificar um trata-
mento especializado dos procedimentos de supervisão, no que se refere ao setor da economia
(terciário):
a) O conjunto de tarefas próprias da ocupação objeto de estudo, varia em função das
características regionais e em função da dimensão da empresa nas Habilitações
referentes ao Setor Terciário.
b) Muitos dos objetivos das Habilitações Profissionais do Setor Terciário guardam as
mesmas dificuldades de operacionalização e avaliação que os objetivos propostos
para disciplinas de Cultura Geral. Isso pode ser exemplificado, entre outros, pelos
objetivos relativos ao relacionamento interpessoal na Habilitação em Secretariado
e pelos objetivos relativos à criatividade na Habilitação em Publicidade.
c) Dificuldade de reprodução, em situação controlada, de condições reais de trabalho
que facilitem, ao aluno, posterior transferência da aprendizagem.
Entretanto, o supervisor da parte de Formação Especial do currículo das Habilitações
relativas a outros setores da economia, defrontar-se-á, se bem que, possivelmente, em menores
proporções, com problemas similares.
A análise das diferenças que possam existir na sistemática de Supervisão, quando apli-
cada à Habilitação e a outras modalidades de formação profissional prevista na Lei 5.692
(Qualificação, Aprendizagem, Suprimento, etc), leva-nos a concluir, por outro lado, que as
diferenças, na prática,o conseqüência, em grande parte, dos instrumentos legais que regem
as diversas formas de preparação para o trabalho.
Desta forma, optamos por uma abordagem mais abrangente, de modo a discutir os pro-
cedimentos de trabalho do supervisor em unidades de formação profissional, independente-
mente da modalidade de preparação para o trabalho e, em parte, independentemente do setor
econômico da ocupação objeto de formação profissional.
Por outro lado, a sugestão de procedimentos de supervisão será efetuada a partir do
tratamento do dois aspectos básicos: a concepção de supervisão, de onde decorrem os mesmos,
e a definição de uma sistemática de formação profissional que delimite a amplitude da ação do
supervisor e dê sentido e finalidade aos seus processos de trabalho.
Para esse efeito, considerar-se-á supervisão, como um processo através do qualo coor-
denadas, integradas, analisadas criticamente, controladas e aperfeiçoadas todas as atividades
desenvolvidas dentro de uma unidade de formação profissional ou fora dela, que tenham como
objetivo a aquisição, pelo aluno, de conhecimentos, atitudes e habilidades que lhe possibilitem
o exercício de uma ocupação e, portanto, o ingresso e permanência no processo produtivo.
303
Tais atividades envolvem um amplo conjunto de procedimentos destinados a garantir
desde a efetiva adequação entre o programa de formação profissional e a clientela a que se
destina, até a efetiva comprovação da eficácia do programa em termos de colocação e perma-
nência no mercado de trabalho.
Concomitantemente a essa diversificação de atividades, existe uma correspondente com-
plexidade das mesmas e uma multiplicidade de quadros de referência que potencialmente
podem orientá-los. No desenvolvimento do processo de supervisão, defronta-se com problemas
filosóficos, psicológicos, sociológicos, políticos, administrativos, pedagógicos, e outros. En-
carar todos estes problemas do ponto de vista de um único especialista é, a nosso ver, empo-
brecer as soluções possíveis.
Desta forma, consideramos que o processo de supervisão dentro de um sistema de
formação profissional exige a ação de uma equipe técnica multiprofissional, cuja dinâmica
solicitará de cada elemento, por um lado, a atuação plena em todas as atividades componentes
do processo e, de outro, efeito irradiador de sua ação especializada no sentido de ampliação
do âmbito e aumento de eficiência do trabalho dos demais integrantes da equipe.
Portanto, neste trabalho, a supervisãoo será tratada sob o ponto de vista de um espe-
cialista que possa vir a exercê-la, nem da perspectiva de um conjunto de atribuições formal-
mente definido é, tampouco, de um conjunto de pessoas (docentes) beneficiárias de sua ação,
mas sim, como uma ação que se desenvolve integrada ao processo de formação profissional,
como fator de incremento nos índices de eficiência e eficácia desse processo e cujas atribuições
e procedimentos emergem das necessidades de aprimoramento contínuo da formação profis-
sional eo dinamizadas por ele. Uma ação que pode ser enriquecida pela integração de expe-
riências e formações específicas dos componentes da equipe que a desenvolve e, mais que isso,
pela contribuição que a ela pode ser prestada pelos discentes, docentes, integrantes da equipe
administrativa e comunidade beneficiária da formação profissional desenvolvida pela unidade
onde a ação supervisora ocorre.
Existem, por outro lado, questões básicas em relação à preparação para o trabalho,
cujas respostas determinarão uma sistemática particular de formação profissional e, em conse-
qüência, o âmbito, a composição e demais características de um conjunto de procedimentos
de supervisão:
a) Quais as necessidades atuais e potenciais de recursos humanos qualificados, nas di-
versas áreas ocupacionais de um determinado setor da economia, em uma deter-
minada região?
b) Qual a modalidade de formação profissional (habilitação básica, habilitação plena,
qualificação profissional, suprimento, etc.) requerida?
c) Até que ponto as necessidades do sistema empregatício devem ser consideradas na
elaboração de programas de formação profissional?
d) Qual a combinação adequada de conhecimentos, atitudes e habilidades a ser desen-
volvida pelo aluno para o atendimento pleno das funções ocupacionais em que
foram detectadas carências de mão-de-obra qualificada?
e) Como empregar os recursos disponíveis para o desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem, de forma a maximizar a aquisição, pelo aprendiz, dos conhe-
cimentos, atitudes e habilidades requeridos pelo mercado de trabalho e necessários
à sua plena realização profissional?
304
f) Quais os mecanismos organizacionais necessários para uma efetiva integração entre
a unidade de formação profissional, a comunidade beneficiária e, dentro dela, o
sistema empregatício?
As decisões operadas, face à multiplicidade de respostas que tais questões sugerem,
definirão uma forma específica de desenvolvimento das atividades de formação profissional e,
conseqüentemente, como afirmamos anteriormente, uma configuração peculiar dos procedi-
mentos de supervisão a serem adotados.
Para efeito deste trabalho, como resposta às questões formuladas, faremos uso de uma
estratégia global de formação profissional, composta dos seguintes elementos: Pesquisas e
Levantamentos, Análises e Caracterizações Ocupacionais, Planejamento das Atividades de For-
mação Profissional, Trabalho com a clientela Potencial, Diversificação de Modalidades Ope-
rativas, Desenvolvimento de Metodologias Específicas de Formação Profissional, Orientação
para o Trabalho, Colocação e Acompanhamento da Clientela Egressa no Mercado de Trabalho
e Ação Comunitárias.
Cada um desses elementos serão tratados especificamente no decurso deste trabalho,
com uma análise concomitante dos procedimentos de supervisão envolvidos.
Tanto a estratégia referida, como a perspectiva de supervisão decorrente, resultam de
uma primeira sistematização da experiência dos autores na coordenação técnica de equipes
das Unidades de Formação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC) Departamento Regional no Estado deo Paulo. Essas unidades desenvolvem
um amplo trabalho de formação profissional, o qualo é restrito às Habilitações Profissio-
nais pertinentes ao Ensino Regular de Segundo Grau, mas abrange, principalmente, as diversas
modalidades de Ensino Supletivo (Qualificação, Aprendizagem, etc.) definidas na Lei 5.692/71.
Tal circunstância, embora ciente da restrição fixada no objetivo, determinou em grande parte,
a abordagem assumida.
O trabalho foi elaborado, com limitação de tempo, para constituir texto gerador de
discussão em grupo e, como tal,o pretende ser exaustivo nem conclusivo, mas sim levantar
problemas relativos ao trabalho da equipe de supervisão e apresentar algumas tentativas de
solução a serem discutidas em grupo.
305
Il - PESQUISAS E LEVANTAMENTOS RELATIVOS A DEFINIÇÃO
DE PRIORIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Como elemento básico de entrada no Planejamento das Atividades de Formação Profis-
sional, as pesquisas e levantamentos referidos atendem, entre outras, as seguintes funções
específicas:
1. Fornecer indicadores para as decisões relativas ao conjunto das Habilitações Profis-
sionais e demais programas de formação e aperfeiçoamento (Qualificação Profis-
sional, Suprimento, etc.) a serem desenvolvidos num dado momento por uma unidade
operativa.
2. Possibilitar o aproveitamento máximo dos recursos disponíveis na unidade de for-
mação profissional e comunidade.
3. Fornecer dados que possibilitem à equipe técnico-administrativa delinear um trabalho
com garantia da melhor adequação possível entre a ação educativa e as necessidades
manifestas ou identificadas da comunidade circundante. No caso específico da forma-
ção especial, tal adequação é, em grande parte, expressa pela concordância entre o
número de pessoas que adquiriram a combinação apropriada de conhecimentos, ati-
tudes e habilidades que as capacitam para o desempenho de uma função ocupacional
e as possibilidades concretas de exercício da ocupação no sistema empregatício.
Alguns levantamentos e pesquisas atendem, em especial, as funções especificadas:
1. CLASSIFICAÇÃO DE OCUPAÇÕES
Para efeito de planejamento da formação e, inclusive, para a realização de levantamentos
de mercado de trabalho, constitui fator de facilitação, a existência de classificação de ocupações
relacionada diretamente com as modalidades de formação profissional existentes. Uma classifi-
cação ocupacional, assim organizada, possibilitaria, de imediato, à equipe da unidade operativa,
a organização de um rol de ocupações de um dado Setor ou Sub-setor da economia, passíveis de
serem objeto de formação profissional em uma determinada modalidade de formação ou nível
de ensino.
Lembramos, no caso, o fato de que em relação às Habilitações Profissionais, existem
listagens nacionais ou regionais de possibilidades de formação, normativamente definidas.
Controvérsias existentes sobre se uma dada ocupação é bem definida no mercado de
trabalho ou se ela exige formação em nível de segundo grau, seriam evitadas por uma classifi-
cação que, descrevendo suscintamente a ocupação, anulasse o problema de nomenclaturas
distintas, fornecendo concomitantemente a necessária informação a respeito do nível de for-
mação exigido.
Atualmente, além de contarmos, para efeito de planejamento, com a "Classificação
Internacional Padronizada de Ocupações", desenvolvida pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT, 1958), está sendo executado um projeto pelo Ministério do Trabalho, visando
a elaboração da Classificação Brasileira de Ocupações (C.B.O.). Tal trabalho, acreditamos, se
desenvolvido de modo a facilitar o planejamento educacional, virá suprir as necessidades refe-
rentes à definição do tipo de formação apropriada para eliminar carências de mão-de-obra
306
qualificada, identificadas por levantamentos de mercado de trabalho e, além disso, facilitar a
realização desses levantamentos.
2. MERCADO DE TRABALHO E CARACTERIZAÇÃO DE COMUNIDADE
Pesquisas ou levantamentos sobre mercado de trabalho e voltadas para a caracterização
da comunidade, em última análise, no que tange à preparação para o trabalho, destinam-se à
identificação das necessidades atuais e potenciais de mão-de-obra qualificada, passíveis de serem
atendidas por uma determinada modalidade de formação.
A necessidade desse tipo de levantamento é sentida por todas as entidades que desen-
volvem programas de qualificação para o trabalho. O SENAC - Departamento Regional no
Estado deo Paulo, está desenvolvendo, no momento, um amplo levantamento, contando
em parte com o apoio financeiro do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP), visando:
definir, identificar e classificar em áreas, as ocupações relativas aos Sub-setores:
"Comércio", "Serviços" e "Saúde";
caracterizar a Estrutura Ocupacional dos Estabelecimentos desses Sub-setores;
caracterizar as ocupações no Estabelecimento, através de seus critérios de recruta-
mento, seleção e promoção além das exigências técnicas e pessoais para a admissão
de pessoal;
caracterizar a mão-de-obra de cada Sub-setor mencionado, identificando: ocupação,
sexo, idade, estado civil, origem, escolaridade, formação profissional, tarefas desem-
penhadas e salário;
verificar a evolução do volume de mão-de-obra ocupada naqueles Sub-setores, nos
últimos cinco anos.
Como podemos verificar através dos objetivos relacionados, esse projeto envolve caracte-
rísticas de Classificação de Ocupações, Levantamento de Mercado de Trabalho e Caracterização
de Ocupações, que será discutido no tópico seguinte. É fácil, por outro lado, verificar a impor-
tância das informações relativas a cada uma das variáveis mencionadas nos objetivos e do con-
junto total de dados a serem obtidos, nas decisões a serem operadas na efetivação de um plane-
jamento de formação profissional.
3. CARACTERIZAÇÃO DA CLIENTELA
Importantes, na adequação entre o programa de formação profissional e a clientela bene-
ficiária, os levantamentos sobre as características da clientela potencial, têm, no caso do se-
gundo grau, papel específico de ajustar o rol de Habilitações Profissionais aos interesses expres-
sos da clientela. A experiência nos tem mostrado, entretanto, que a realização de levanta-
mentos sobre o interesse da clientela, sem um prévio trabalho de informação profissional,
detecta mais um desconhecimento das reais possibilidades de estudo e formação por parte da
clientela, que uma efetiva identificação de seus interesses. Em levantamento realizado na
cidade de Santo André (SP), por exemplo, após um trabalho de informação profissional, a
opção por Habilitações Profissionais, em detrimento do segundo grau acadêmico, cresceu de
poucas para cerca de 90% das escolhas realizadas pelos alunos das 8as. séries do primeiro grau.
4. RECURSOS DISPONÍVEIS
O levantamento dos recursos disponíveis fornecerá dados que, ao contrário dos levanta-
mentos anteriores que orientavam a identificação de necessidades de atuação, estabelecem indi-
307
cadores para a limitação do conjunto total de alternativas de ação passíveis. Tal levantamento,
entretanto,o deverá ficar restrito aos limites da unidade de formação profissional, mas
procurar ativamente na comunidade, a identificação de todos os recursos que possam facilitar
e ampliar a ação educacional por ela desenvolvida. Nesse sentido, a indicação na Lei 5.692/71
e legislação complementar, dos mecanismos de intercomplementaridade e entrosagem, abre
amplas possibilidades de integração dos recursos da comunidade no desenvolvimento da ação
educativa.
A execução, por parte da equipe técnica de uma unidade, de todos os estudos mencio-
nados, que, juntamente com a análise crítica da situação anterior, fundamentaria o planeja-
mento para um determinado ano,o é possível no que se refere à classificação de ocupações
e, em parte, aos levantamentos de mercado de trabalho.
No que se refere ao mercado de trabalho, entretanto, mesmo contando com levanta-
mentos efetuados, por exemplo, pelos órgãos centrais, a equipe de supervisão necessita consta-
tar a validade de suas conclusões à realidade ocupacional da região geográfica imediata a que,
em primeiro plano, a unidade de formação profissional deve atender. Esse trabalho na impos-
sibilidade de um estudo sistemático das necessidades do mercado de trabalho local, poderá
ser realizado sobre inferências, a partir de dados fornecidos por Associações Comerciais e
Industriais, Sindicatos, Clubes de Serviço, Prefeituras Municipais, Instituições Educacionais,
Secretarias do Planejamento, entre outros. Além disso, para efeito de levantamentos locais,
a equipe de supervisão poderá contar com dados decorrentes de um trabalho realizado a partir
da articulação de recursos comunitários disponíveis para a efetivação de um levantamento
desse teor. Também os dados obtidos do trabalho de colocação e acompanhamento da clientela
egressa, na medida que possibilitam uma análise do acerto de decisões anteriores quanto à
programação, podem constituir parte do acervo informativo.
Os levantamentos quanto à clientela e recursos disponíveis constituem, evidentemente,
esfera de ação da unidade de formação profissional e, como tal, responsabilidade direta da
equipe de supervisão.
Como conclusão do tópico, afirmaríamos que compete à equipe de supervisão, coletar
os dados disponíveis, dar tratamento aos necessários e organizar o acervo informativo sobre a
comunidade, a clientela, a unidade de formação profissional e os recursos disponíveis, de modo
a fornecer elementos às decisões quanto aos programas de formação profissional a serem desen-
volvidos e quanto às formas específicas de desenvolvimento desses programas.
308
IIl - ANALISE OCUPACIONAL OU CARACTERIZAÇÃO OCUPACIONAL
Definidas as Habilitações Profissionais e os demais programas a serem desenvolvidos por
uma determinada unidade de formação profissional, em um dado espaço de tempo, faz-se neces-
sário um conhecimento, o mais completo possível, das atividades componentes das ocupações
objeto desses programas. Esse conhecimento é fundamental na definição de objetivos válidos
(em termos de conhecimentos, atitudes e habilidades) para os programas de formação profis-
sional e, a partir desses objetivos, no delineamento das demais etapas do planejamento curri-
cular.
Para obtenção desse conhecimento, uma das formas que tem sido utilizada é a Análise
Ocupacional que "consiste em uma especificação cuidadosa baseada em observações diretas
ou no testemunho de profissionais, supervisores, empregados e outros, das tarefas realmente
desempenhadas nas funções ocupacionais" (Staley, 1968).
Os dados obtidos através da análise ocupacional, além de facilitarem a fixação de obje-
tivos válidos para o processo de ensino-aprendizagem, podem ser utilizados para:
fornecer indicadores para a fixação de pré-requisitos a serem exigidos da clientela
potencial dos cursos;
fornecer indicadores para o recrutamento e seleção de docentes;
orientar a seleção de procedimentos instrucionais;
completar as referências quanto às instalações, aos equipamentos e ao material de
consumo necessário à execução, em situação de aprendizagem, das tarefas da ocupa-
ção;
facilitar a seleção e a elaboração dos demais recursos didáticos;
fornecer elementos para a seleção de critérios e elaboração de instrumentos de ava-
liação do rendimento escolar;
fornecer indicadores para a avaliação, em nível de sistema, da eficiência da formação
proporcionada pelas unidades de formação profissional.
A utilização da análise ocupacional como instrumento de trabalho do supervisor encerra,
entretanto, alguns problemas.
O primeiro deles se refere aos cuidados necessários para garantir a validade das informa-
ções obtidas através dela. Para tanto, a análise ocupacional pode ser desenvolvida a partir de
procedimentos similares aos da pesquisa científica, no que se refere à escolha de uma amostra
representativa e às formas de coleta e análise dos dados. Pelo menos no caso do Setor Terciário,
uma dificuldade adicional é encontrada na prática - a inexistência ou dificuldade de acesso às
informações básicas que possibilitam a amostragem. Às dificuldades encontradas para a deter-
minação do número total de profissionais que exercem uma ocupação ou do número de em-
presas que os ocupam (população), somam-se as relativas à existência de diferentes denomina-
ções (em termos de ocupação) para um mesmo conjunto de tarefas básicas, e de mesma denomi-
nação para diferentes conjuntos tarefas.
309
Tais dificuldades tendem a ser reduzidas na medida que o supervisor possa dispor de
dados de referência básicos, os quais podem ser fornecidos por trabalhos tais como Classifica-
ções de Ocupações e Pesquisas de Mercado de Trabalho, referidos no item anterior.
O segundo problema é que, em função da dinâmica das funções ocupacionais, as infor-
mações resultantes da análise desatualizam-se com maior ou menor rapidez. Isso exige trabalho
de contínua revisão e validação das já existentes, reduzindo as disponibilidades para a efetivação
da análise de ocupações ou conjuntos ocupacionais aindao abordados.
Um terceiro problema pode ser colocado através das seguintes questões: a forma como a
ocupação é exercida num determinado momento é a forma desejável de exercê-la? O conteúdo
da formação deve resultar do que faz o profissional ou do que desejariam que ele fizesse, os
empresários ou técnicos?
Staley (1970) exemplifica esse problema referindo-se aos professores primários. Uma
análise do que faz atualmente o professor primário no Brasil, resultaria num conjunto válido
de objetivos de formação? Uma formação calcada no que os técnicos em educação gostariam
que o professor primário realizasse, por outro lado,o resultaria em perda pelo menos parcial
da formação, uma vez que muitas das tarefas decorrenteso teriam condições concretas de
execução?
Uma solução possível para esse problema parece-nos, seria a combinação do procedi-
mento de análise ocupacional realizada com profissionais e de uma posterior coleta de juízos
de valor a respeito do conteúdo da análise realizada junto aos técnicos responsáveis pela super-
visão desses profissionais na empresa, ficando a critério dos docentes e da equipe de supervisão
técnica, em nível de sistema ou em nível de unidade operativa, o juízo a respeito da importância
relativa a ser dada a esses dois conjuntos de informações na definição dos objetivos instru-
cionais.
O quarto problema é referente às possibilidades concretas do supervisor de uma unidade
de formação profissional efetuar análises ocupacionais. Uma análise completa, passível de aten-
der às várias funções anteriormente referidas, implica numa minuciosa descrição das tarefas da
ocupação, das operações componentes e dos passos de cada uma dessas operações. Isso, sem
considerar a necessidade de uma amostra representativa, envolve um grande número de horas
de observação ou entrevista com um único profissional. Por outro lado, dada à característica
de validade nacional ou regional das Habilitações Profissionais, seria desejável que as análises
ocupacionais fossem realizadas tendo em vista uma população de profissionais ou empresas
correspondentes, de forma a garantir que o mesmo conjunto básico de tarefas fosse abordado
por todas as unidades de formação profissional que mantivessem uma determinada Habilitação
ou Qualificação Profissional.
Desta forma, a tarefa de elaboração de análises ocupacionais ficaria melhor situada
dentro do âmbito do trabalho de uma equipe de supervisão em nível de sistema, restando à
equipe local o problema de adequação às características peculiares que a ocupação pudesse
assumir dentro do respectivo mercado de trabalho.
Colocados esses problemas podemos configurar a ação do supervisor, em relação ao
procedimento de análise ocupacional, da seguinte forma:
a) - EM RELAÇÃO A ELABORAÇÃO DE ANÁLISES OCUPACIONAIS
Esse trabalho poderá ficar a cargo da equipe central de supervisão, restando à equipe
da unidade de formação profissional, adaptá-las às circunstâncias locais. Essa atividade far-se-á
através de procedimentos tais como:
310
1. Submeter as análises ocupacionais já elaboradas, à apreciação de profissionais, admi-
nistradores e empresários de organizações locais, no sentido de verificar a necessi-
dade de inclusão de tarefas, operações ou passos peculiares à forma como a ocupação
é exercida nessas organizações.
2. Submeter a análise à apreciação dos docentes da parte de formação especial do currí-
culo, de forma a operar as decisões a respeito da adequada combinação do real e do
desejável, referida anteriormente.
No caso deo existência de uma análise ocupacional prévia, o supervisor poderia coor-
denar os recursos da unidade e da comunidade, no sentido de promover uma caracterização
ocupacional. Distinguimos a caracterização da análise ocupacional, pela menor especificação
da primeira. Em uma caracterização ocupacional, na forma que temos usado o termo, limita-se
a identificar as grandes tarefas componentes da ocupação, sem desmembrá-las nas operações e
passos constituintes. É evidente que uma caracterização ocupacional, na medida de sua menor
especificidade e, em geral, menor cuidado quanto à validade das informações, será mais limitada
no que se refere às suas potenciais aplicações no planejamento curricular, além do risco pre-
sente, quando realizada em função de uma população limitada, de orientar uma formação res-
trita às condições específicas em que uma ocupação é exercida em um determinado local.
b) - EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE OCUPACIONAL NO PLANEJAMENTO
Embora a análise ocupacional possa constituir-se em importante elemento de entrada
no planejamento das atividades de formação profissional, seu uso indiscriminado poderá re-
sultar em falhas nesse processo. Da análise crítica da equipe técnico-administrativa e docente
dos dados por ela fornecidos, combinada com idêntico procedimento em relação aos demais
dados de entrada, ó que podem ser operadas decisões relativas à fixação de objetivos, recursos
e procedimentos instrucionais, entre outras.
As decisões efetuadas a partir dessa reflexão poderão ser consubstanciadas num Plano
de Estudo da Habilitação ou Plano de Curso (ou outra denominação apropriada), instrumento
que abordaremos no tópico seguinte.
Em função da dinâmica das funções ocupacionais, por outro lado, os elementos infor-
mativos integrantes da análise ocupacional, necessitam ser concomitantemente atualizados,
mesmo no âmbito da ação de uma unidade de formação profissional, a partir de contatos
sistemáticos com o mercado de trabalho beneficiário do processo de ensino-aprendizagem
que nela se desenvolve. Para tanto, como sugestão, a unidade poderá organizar um conselho
consultivo, constituído de profissionais, administradores e empresários que, reunido periodi-
camente, colaboraria com a equipe de Supervisão e docente, na revisão do conteúdo profissio-
nalizante.
Resta lembrar, como conclusão do tópico, que, independentemente dos procedimentos
sugeridos, a equipe de supervisão de uma determinada unidade de formação profissional, pre-
cisa contar com um conjunto sistematizado de dados sobre as ocupações objeto das Habilitações
ou Qualificações desenvolvidas nessa unidade. Sempre que possível, esse conjunto de dados
deve resultar de informanteso restritos à equipe docente da unidade. Isso é importante,
senão por razões de maior validade das informações e planejamento decorrente, como medida
prática para possibilitar, ao supervisor, julgamento a respeito dos recursos humanos de que
dispõe para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
311
IV - PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Os resultados dos trabalhos referidos nos tópicos anteriores, constituirão elementos de
entrada para o planejamento das atividades de formação profissional, encarado como um pro-
cesso que envolve as fases de elaboração, execução e avaliação do plano. No caso específico da
formação especial, o planejamento será desenvolvido de forma a identificar, selecionar, mobi-
lizar e coordenar recursos humanos, materiais e financeiros, como também procedimentos de
trabalho, tendo em vista a busca contínua de combinação adequada dos seguintes resultados
desejáveis:
aumento do número de alunos qualificados, tendo em vista o atendimento mais
completo possível das necessidades prioritárias constatadas a partir dos estudos
analisados anteriormente;
elevação do índice de aprovação, encarada como aquisição efetiva dos conhecimen-
tos, atitudes e habilidades requeridos para o exercício de uma dada ocupação;
redução do índice de evasão;
elevação do índice de ingresso da clientela na força de trabalho;
redução dos custos operacionais.
Para efeito de consecução desses objetivos, sugerimos a seguir, uma sistemática de plane-
jamento das atividades de formação profissional calcada em quatro instrumentos básicos:
1 - PLANO DAS ATIVIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
O plano das atividades de formação profissional é, por nós, encarado como o instru-
mento mais abrangente de planejamento de uma determinada unidade operativa e constitui-se
em procedimento básico de racionalização do trabalho e de integração entre elementos e
setores. Comporta o registro das decisões referentes a dois aspectos fundamentais da ação que se
desenvolve: definição e distribuição no espaço e no tempo das programações a serem desenvol-
vidas pela unidade num determinado período e definição a respeito do apoio técnico-adminis-
trativo a ser prestado na realização dessas programações.
As decisões referentes ao primeiro aspecto comportam a análise dos dados sobre mercado
de trabalho, interesses da clientela, recursos disponíveis e estudos a respeito da distribuição dos
programas no tempo e no espaço, de modo a propiciar na efetivação dos programas de formação
profissional, um aproveitamento máximo dos recursos disponíveis, como no caso de equipa-
mentos, por exemplo, que implicaria em sua utilização ininterrupta durante todo o ano, nos
três períodos de funcionamento de uma unidade. A aplicação do princípio de maximização
dos recursos, é bom lembrar, complexifica-se na medida que se coordena, na realização dos
diferentes programas, recursos oriundos de várias instituições da comunidade.
As definições relativas ao segundo aspecto comportam todas as decisões referentes à
assessoria e ao controle das atividades, direta ou indiretamente, relacionadas com o processo
de ensino-aprendizagem. Na realização do planejamento, a equipe técnico-administrativa po-
derá defrontar-se com decisões relativas à sistemática de treinamento do corpo docente, estabe-
lecimento do controle orçamentário, aperfeiçoamento do processo de avaliação da aprendi-
zagem, melhoria dos procedimentos de integração com a comunidade, racionalização dos
312
controles e registros referentes à clientela, etc, em função da análise sistemática da eficiência
dos procedimentos de trabalho de toda a equipe durante o período anterior.
2 - PLANOS DE CURSO OU PLANOS DE ESTUDO
o instrumentos elaborados em função dos dados coletados, a partir das análises ocupa-
cionais ou caracterizações ocupacionais. No caso das Habilitações Profissionais, constitui ele-
mento fundamental de entrada na elaboração desses planos, a legislação educacional vigente
(Lei 5.692/71, Resolução C.F.E. n. 2/72, Parecer C.F.E. n. 76/75, entre os mais importantes).
Os Planos de Curso ou de Estudo, na forma do uso que damos aos termos, constituem-se
em instrumentos que caracterizam o Curso ou a Habilitação em função da legislação educacio-
nal; definem pré-requisitos para a clientela, definem condições para a instalação dos cursos a
que se referem, estabelecem a estrutura curricular dos mesmos e, principalmente, estabelecem
objetivos para as matérias e/ou disciplinas em função dos objetivos do curso, definidos a partir
dos levantamentos ocupacionais citados, garantindo, assim, em princípio, a coerência entre o
conteúdo da ocupação e o programa de formação referente.
A distribuição dos objetivos pelos elementos da estrutura curricular, assim efetivada,
procura, por outro lado, facilitar a aplicação dos princípios de coordenação horizontal e vertical
do currículo, na medida que orientam a definição de objetivo e procedimentos instrucionais
quando da elaboração do plano de ensino pelos docentes. Para efeito de concretização, anexa-
mos ao presente trabalho um Plano de Curso, elaborado pela Seção de Tecnologia Educacional
do Departamento Regional do SENAC no Estado deo Paulo.
Os Planos de Curso quando elaborados e adotados a nível de sistema permitem, ainda,
aos órgãos centrais o controle da formação profissional desenvolvida nas diversas unidades com-
ponentes e, quando os objetivos constantes do plano sofrem a suficiente operacionalização, a
avaliação da eficiência da formação por elas proporcionada.
3 - PLANOS DE ENSINO
Usamos o termo Plano de Ensino para denominar o instrumento que detalha, ao nível
de um docente e uma turma, as proposições contidas nos Planos de Curso. Esse detalhamento
é realizado, basicamente, em termos de objetivos, procedimentos instrucionais e avaliação do
rendimento escolar.
Se considerarmos, por exemplo, que os objetivos previstos nos Planos de Curso foram
definidos em função das tarefas básicas de uma dada ocupação, os objetivos do Plano de Ensino
teriam como referência as operações que constituem essas tarefas.
No. Plano de Ensino, os objetivos do Plano de Curso, além de detalhados,o operacio-
nalizados tendo em vista melhor seleção dos procedimentos instrucionais e facilitação do
processo de avaliação. Além disso, no caso de elaboração do Plano de Curso pelos órgãos
centrais do sistema, seus objetivos devem sofrer em nível de unidade operativa, a necessária
adequação às condições locais de demanda de mão-de-obra qualificada. Nesse caso, é no Plano
de Ensino queo aproveitados os dados resultantes do trabalho de adequação, em nível local,
das análises ocupacionais elaboradas em nfvel de sistema.
Em relação aos procedimentos instrucionais (conteúdo, estratégias, recursos), deveriam
ao nosso ver, orientar a sua seleção e, conseqüentemente, sua utilização na execução do plano
de ensino, os princípios:
fornecer, ao aluno, modelos adequados de desempenho das tarefas, operações e pas-
sos da ocupação;
313
propiciar, a cada aluno, prática suficiente dessas tarefas, de forma a garantir um de-
sempenho hábil, em termos de velocidade e precisão;
garantir, ao aluno, a necessária retro-informação sobre o seu desempenho.
Outras indicações que podem orientar a seleção de procedimentos instrucionais, relativas,
principalmente, à criatividade e transferência da aprendizagem, serão discutidas em tópico à
parte.
A avaliação do rendimento escolar, no caso da formação especial, deveria ser abordada,
acreditamos, com preocupações similares à avaliação de desempenho na empresa. Se pensarmos
no efetivo ingresso do aluno na força de trabalho, o que interessa avaliar, em última análise é a
execução eficiente e eficaz, pelo aluno, das tarefas pertinentes à ocupação que pretende desem-
penhar eo a capacidade de descrever ou identificar aspectos relativos à execução de tais ta-
refas, resultando numa avaliação à base de lápis e papel realizada bimestralmente, prática ainda
bastante comum em unidades de formação profissional.
4 - PROJETOS ESPECIAIS DE AÇÃO TÉCNICA
Algumas das proposições de ação técnica, constantes do plano das atividades de forma-
ção profissional, necessitam, dada a sua complexidade, extensão ou necessidade de maior
precisão na execução, serem detalhadas em projetos especiais que assegurem à equipe técnica
uma ação mais sistemática e eficiente. No trabalho das equipes técnicas das unidades operativas
do SENAC, por exemplo, atividades relativas à informação profissional, treinamento de do-
centes, desenvolvimento de atitudes, colocação e acompanhamento, entre outras, tem merecido
um tratamento mais preciso, em termos de elaboração, execução e avaliação de projetos espe-
ciais. Essas atividades, ao requererem semelhante tratamento, geralmente visam solucionar pro-
blemas prioritários identificados pela unidade, ou introduzir um novo procedimento de trabalho
em relação a um determinado campo de ação da supervisão.
Os vários instrumentos de planejamento considerados, estão intimamente relacionados.
Da definição dos programas a serem desenvolvidos, efetuada quando da elaboração do Plano
das Atividades de Formação Profissional, decorrem os Planos de Curso correspondentes e
destes, os Planos de Ensino. Da mesma forma, da definição do trabalho técnico-administrativo
decorrem os Projetos Especiais.
O conjunto de instrumentos citados atende ao critério de abrangência, através do Plano
das Atividades de Formação Profissional, e de especificidade, através dos Planos de Ensino e
Projetos Especiais. Cabe lembrar aqui o risco de, na prática, proliferarem-se os instrumentos
de planejamento, o que poderia redundar na perda, em atividade de elaboração de planos, do
tempo e recursos economizados com maior racionalização do trabalho. A simplicidade aliada
à precisão é, no caso, desejável.
Outros problemas de ordem prática podem ser lembrados: formalismo "elaborar
planos para entregar às autoridades competentes", artificialismo planos elaborados "post
factum"; erro de princípio quando se toma como plano, uma simples declaração de inten-
ções, ou seja, situações que decorrem ou da ausência de uma atitude convicta da utilidade do
plano ou das limitações dos "planejadores".
Um outro tipo de formalismo pode ser encontrado na prática. Diz respeito à excessiva
preocupação em elaborar planos segundo um modelo formal considerado e com problemas
terminológicos, principalmente quando existentes em detrimento de uma efetiva preocupação
de submeter a realidade ao efeito racionalizador do plano.
O processo de supervisão, tal como foi anteriormente definido, está intimamente ligado
à elaboração, execução e avaliação dos planos que acabamos de mencionar. Poderíamos rela-
314
cionar, como atribuições específicas, a participação efetiva na elaboração, execução e avaliação
dos Planos das Atividades de Formação Profissional; a elaboração e/ou coordenação da utili-
zação e controle de execução dos Planos de Curso; coordenação da elaboração, orientação e
controle na execução e avaliação, em termos de resultados do processo de ensino-aprendizagem,
dos Planos de Ensino; e, naturalmente o desenvolvimento dos Projetos Especiais.
A avaliação de todos os instrumentos de planejamentos discutidos far-se-á em função
dos objetivos estabelecidos no início deste tópico.
Nas fases posteriores, discutiremos alguns aspectos que, embora pertinentes ao plane-
jamento das atividades de formação profissional, gostaríamos de destacar em função de sua
importância dentro do processo de supervisão, tal como o entendemos, e como resposta ao
objetivo específico deste trabalho.
315
V - TRABALHO COM A CLIENTELA POTENCIAL
Em termos de teoria educacional, afirma-se que o conteúdo da formação deve ser ade-
quado às características da clientela. No caso da formação especial, entretanto, a aplicação
desse princípio esbarra em uma dificuldade. Exige-se coerência entre o conteúdo profissiona-
lizante e as necessidades do mercado de trabalho, quando colocamos como objetivo final o
ingresso do aluno no sistema produtivo. Em função disso, o trabalho de adequação clientela-
programação deve ser realizado, parece-nos, muito, mais em termos de seleção de uma clientela
apropriada ao programa de formação profissional proposto, que o contrário.
Em decorrência, exige-se um trabalho específico da equipe de supervisão em relação à
clientela potencial dos programas de formação profissional, procurando, já na entrada, a redu-
ção do índice de evasão e aumento dos índices de aprovação e colocação no mercado de tra-
balho, objetivos definidos para o processo de planejamento das atividades de formação pro-
fissional.
Esse trabalho envolve, fundamentalmente, quatro etapas: informação profissional, recru-
tamento, inscrição e seleção.
1 - INFORMAÇÃO PROFISSIONAL
A etapa de informação profissional é desenvolvida com os seguintes objetivos:
informar, aos que estão em processo de escolha, sobre as oportunidades ocupacionais,
as características das ocupações a elas referentes e correspondentes oportunidades
educacionais oferecidas nos diferentes graus de ensino;
conscientizar o pessoal já envolvido no processo produtivo, sobre a importância do
aperfeiçoamento profissional contínuo, face às mutantes condições de vida e tra-
balho.
Para a consecução de tais objetivos, exige-se uma contínua coleta e produção de material
informativo, contatos sistemáticos com empresas e instituições educacionais, a organização de
um banco de dados e o desenvolvimento de procedimentos que possibilitem o atendimento de
uma clientela quantitativamente significativa.
Espera-se, com a consecução desses objetivos, facilitar opções conscientes e colocar uma
perspectiva de educação permanente à clientela alvo. Para tanto, o conteúdo informativoo
poderá ficar restrito às oportunidades ocupacionais oferecidas pela unidade operativa e ocupa-
ções referentes, mas apresentar uma ampla perspectiva dos recursos de formação e oportuni-
dades de emprego da comunidade e região.
A informação profissional, assim realizada e do ponto de vista da unidade que a desen-
volve, tem efeitos seletivos, na medida que restringe a procura pelos programas àqueles que,
pelo menos potencialmente, estão interessados no exercício da ocupação objeto da formação
profissional.
Colocamos a atividade de informação no âmbito da unidade de formação profissional,
a partir da constatação de que o processo de orientação vocacional a ser realizado nas escolas
de primeiro grau, aindao se encontra efetivamente implantado, requerendo, portanto, da
equipe de supervisão da unidade operativa, uma ação supletiva, embora parcial, nesse sentido.
316
2 - RECRUTAMENTO
Paralelamente à informação profissional é desenvolvido o recrutamento, através da
comunicação à clientela potencial e agora, interessada, das oportunidades de formação propor-
cionadas pela unidade e das condições exigidas ao candidato para acesso a essas oportunidades.
O recrutamento é encarado como uma atividade que visa a busca ativa da clientela específica
de um determinado programa, em contraposição a uma espera passiva dos interessados, prática
bastante comum em unidades de formação profissional.
3 - INSCRIÇÃO
A inscrição deve fornecer dados à pré-seleção dos candidatos à participação em um deter-
minado programa, e, concomitantemente propiciar informações que favoreçam a organização
de seleção.
4 - SELEÇÃO
A seleção deve ser organizada a partir da consideração de alguns fatores básicos:
condições pessoais requeridas pela empresa para o exercício de uma dada ocupação;
pré-requisitos, dos candidatos, para a aquisição dos conhecimentos, atitudes e habili-
dades queo ser objeto da formação;
interesse do candidato em, efetivamente, exercer a ocupação objeto do programa de
formação profissional ou, no mínimo, dar continuidade aos estudos em cursos rela-
cionados com essa formação.
Existem, na prática, pelo menos dois tipos de problemas: dificuldade de mensuração dos
fatores considerados e insuficiência de recursos para a utilização de diversificados procedimen-
tos de seleção, o que poderia atenuar essa dificuldade.
Poderíamos indicar, como sugestão de solução do primeiro problema, a utilização dos
instrumentos disponíveis para a avaliação dos fatores e uma busca contínua de maior validade
dos procedimentos de seleção em função dos resultados apresentados, numa linha, portanto,
de pesquisa em ação e, em relação ao segundo problema, a participação efetiva dos docentes
no processo de seleção ou, ainda, a mobilização, para efeito de seleção, dos profissionais e técni-
cos que, na comunidade, exercem a função ocupacional correspondente ao programa para o
qual os candidatos estão sendo selecionados.
De qualquer forma, a organização do processo de seleção deve ser encarada, pela equipe
de supervisão, como um dos pontos fundamentais do trabalho, uma vez que, se mal efetuada,
encerra o risco de comprometer todo o trabalho posterior na busca da eficiência e eficácia do
processo de formação profissional.
Transcendendo o âmbito do tópico, lembraríamos a existência de problema similar em
relação aos docentes. No caso específico da formação especial, pelo menos a comprovação da
competência profissional do candidato deveria ser assegurada no processo de seleção.
As quatro etapas do trabalho com a clientela potencial estão intimamente relacionadas,
ganhando relevância uma delas, na prática, em função das características de um determinado
programa de formação profissional. Por exemplo, no caso em que, para um determinado curso,
as necessidades de mão-de-obrao quantitativamente mais elevadas que a demanda da clientela,
a etapa de recrutamento ganha importância, em detrimento das demais.
317
Gostaríamos de lembrar, ainda, que o procedimento de mobilização dos recursos comu-
nitários pode ser utilizado no desenvolvimento de todas as etapas do trabalho com a clientela
potencial eo apenas no processo de seleção, na forma da sugestão anterior.
VI - DIVERSIFICAÇÃO DE MODALIDADES OPERATIVAS
A proposta de diversificação das formas de desenvolvimento de diferentes programas de
formação profissional (Qualificação, Habilitação, Aperfeiçoamento, etc) e a própria execução
de distintos programas, atendem a dois princípios básicos:
realização das atividades de formação profissional dentro de uma perspectiva de edu-
cação permanente;
e, conseqüentemente, intensificação da integração entre unidade de formação profis-
sional e comunidade, em direção a um amplo contexto educativo que envolva na ação
de formação para o trabalho os esforços de todas as instituições locais que possam
exercê-la.
Como uma das modalidades operativas possíveis, a unidade de formação profissional é
visualizada, nesse sentido, como um órgão comunitário preocupado em incentivar, gerar, desen-
volver e coordenar as ações educativas destinadas a suprir as necessidades de formação profis-
sional da comunidade e atender a todos que, em qualquer idade, procuram uma formação espe-
cífica.
Tal concepçãoo contradiz as indicações efetuadas anteriormente, quanto à seleção
para um determinado programa, na medida que a programação total da unidade tenha sido
estabelecida em função da identificação das necessidades da clientela e comunidade. Ao mesmo
tempo implica a consideração da unidade como um Centro de Formação Profissional, que de-
senvolva a parte de formação especial do currículo das Habilitações Profissionais e, ao mesmo
tempo, programas de preparação para o trabalho e aperfeiçoamento profissional, que atendam,
supletivamente, em nível de primeiro e segundo grau, as necessidades constatadas.
Além da formação em centros, relacionamos algumas outras modalidades operativas que
podem ser empregadas na tarefa de preparação para o trabalho, tais como: intercomplemen-
taridade com outras instituições educacionais, capacitação em empresas, sistema misto e uni-
dades móveis.
1 - INTERCOMPLEMENTARIDADE COM OUTRAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS
Modalidade onde um determinado programa de formação profissional é desenvolvido
mediante a conjugação dos esforços de duas ou mais unidades escolares, ficando cada uma delas
responsabilizadas pelo desenvolvimento de partes específicas do currículo. Uma forma já co-
mum de uso da modalidade é o desenvolvimento da parte de formação especial do currículo
no Centro de Formação Profissional e a parte de Formação Geral em outras unidades escolares.
Combinações mais complexas onde se integram unidades de formação profissional, unidades
de formação geral, empresas e outras instituições da comunidade, podem ser pensadas.
2 - CAPACITAÇÃO EM EMPRESAS
A modalidade é constituída pela formação profissional desenvolvida através de pro-
gramas intensivos de treinamento no próprio local de trabalho. No caso das Habilitações Pro-
fissionais uma forma possível de participação da empresa é o uso de suas instalações e equipa-
mentos, em períodos ociosos, para efeito de formação profissional.
318
3 - SISTEMA MISTO
Constitui a conjugação da formação realizada em Centros com a prática na empresa, em
situação real, das tarefas da ocupação.
4 - UNIDADES MÓVEIS
As unidades móveiso equipes multiprofissionais que desenvolvem, fora dos Centros,
programações intensivas destinadas a atender a demanda de preparação de pessoal em função
de necessidades especificamente constatadas. Essa modalidade pode ser utilizada quando o
Centro de Formação Profissional assume responsabilidades pela atuação em comunidades
circunvizinhas à qual está instalado.
A possível participação de outras instituições da comunidade, tais como: Sindicatos,
Clubes de Serviço, Associações Comerciais e Industriais, concomitantemente às modalidades
referidas deve, novamente, ser citada.
O papel da supervisão dentro deste contexto pode, parece-nos, ser assim resumido:
participar na escolha da modalidade operativa que melhor atenda as necessidades
constatadas;
proporcionar condições à orquestração de todas as modalidades em uso e de todos
os recursos disponíveis, no sentido de maximizar a consecução dos objetivos pro-
postos;
participar efetivamente no planejamento dos diversos tipos de programas de forma-
ção profissional desta forma desenvolvidos, no sentido de facilitar, à clientela, a
transferência de um programa para o outro e o máximo aproveitamento de estudos.
319
VII - DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIAS ESPECÍFICAS
DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Uma das funções básicas de uma equipe técnica dentro de um Centro de Formação
Profissional é o desenvolvimento, juntamente com os docentes, de metodologias que facilitem
ao aluno, a aquisição dos conhecimentos, atitudes e habilidades requeridos para o exercício
de uma dada função ocupacional e que possibilitem concomitantemente a redução do tempo
e dos recursos necessários para tal.
A procura de soluções metodológicas para os problemas de formação deverá ainda,
acreditamos, atender à combinação adequada dos seguintes princípios:
proporcionar ao aluno, a prática das tarefas e operações em condições gradativa-
mente mais próximas às que irá encontrar na empresa, de forma a evitar problemas
relativos à transferência do treino e, conseqüentemente, facilitar a passagem da si-
tuação de aprendizagem para a situação de trabalho;
diversificar as situações de aprendizagem de forma a facilitar ao aluno, a flexibili-
dade necessária à adaptação às mutantes condições do mercado de trabalho:
proporcionar condições de análise crítica das tarefas de ocupação, em função dos
produtos que ela gera, de forma a evitar a mera execução mecânica dessas tarefas
e facilitar ao aluno, em situação de trabalho, identificar problemas, propor soluções
e criar novos procedimentos, possibilitando-lhe participar da dinâmica da função
ocupacional.
Exemplificando o trabalho de desenvolvimento de metodologias, apresentaremos abaixo
duas alternativas metodológicas que foram formuladas, tendo em vista o desenvolvimento de
cursos relativos a ocupações do Setor Terciário, e que, acreditamos, atendem pelo menos em
parte os princípios relacionados.
1 - EMPRESA-PEDAGÓGICA
o organismos que conjugam funções empresariais e de ensino, abertos ao público,
possibilitando ao aluno vivência real da função ocupacional. Como possibilidades aplicáveis ao
segundo grau, em habilitações relativas ao Setor Terciário, relacionamos: Agência de Publici-
dade, Escritório de Contabilidade, Laboratório de Prótese Dentária, Agência de Turismo, etc.
Como exemplos de aplicação a outros programas, existem no SENAC Departamento Regional
no Estado deo Paulo as seguintes empresas-pedagógicas: Hotel, Restaurante, Lanchonete,
Supermercado e Salões de Higiene e Beleza.
O método implica em trabalho efetivo do aluno sob a supervisão do docente, com a
paralela realização de sessões de encontro docente-aluno, com o objetivo de preparar os perío-
dos de trabalho e fornecer retro-informação ao desempenho do aluno.
A prática das tarefas, desta forma, procura atender ao primeiro princípio e as sessões de
encontro docente-aluno procuram atender aos demais.
320
A aplicação do método é, como se pode notar, incompatível com a divisão do tempo de
estudo em horas/aula, com a divisão rígida do conteúdo em disciplinas e com o desenvolvi-
mento desse conteúdo nos moldes do ensino acadêmico.
Alguns cuidados, entretanto, devem ser lembrados na aplicação do método:
assegurar, dentro da empresa pedagógica, o exercício da ocupação de forma a ex
o desempenho de tarefas básicas que a compõem, sob o risco de se preparar para
um cargo (considerado como a forma específica assumida por uma ocupação em
uma dada empresa) eo para a ocupação.
garantir na organização das atividades empresariais e nas formas de trabalho o desen-
volvimento sistemático do processo de ensino-aprendizagem;
garantir durante o trabalho do aluno a observação sistemática de forma a garantir a
retro-informação sobre seu desempenho.
2 - EMPRESA COMERCIAL DE TREINAMENTO SENAC
Consiste num método que integra as atividades de loja e escritório e promove o desem-
penho, pelo aluno, de tarefas inerentes às atividades comerciais, com rotinas equivalentes às
das empresas reais.
A diferença em relação às empresas pedagógicas ó que, na ECTS, o alunoo entra em
contato profissional efetivo com o público.
Consideramos válidas em relação a esse método as observações feitas em relação à empre-
sa-pedagógica.
Independentemente das formas sugeridas, consideramos possível a organização em
moldes empresariais das atividades de formação profissional desenvolvidas em salas-ambiente
ou similares, de modo a facilitar a aquisição principalmente de atitudes e habilidades, pela
vivência das atividades típicas da situação equivalente à existente na empresa real.
Considerando fundamental, na aquisição de atitudes requeridas, a vivência e auto-avalia-
ção na situação de trabalho e, na aquisição das habilidades, a prática das tarefas da ocupação
e a retro-informação sobre o desempenho, o queo consideramos válido é a utilização exclu-
siva de métodos reconhecidamente orientados para a consecução dos objetivos cognitivos refe-
rentes à ocupação.
Isso é importante ressaltar para evitar-se o que, na falta de melhor nome, chamamos
de tendência academicista na formação profissional, que é revelada por situações como as
seguintes:
projeção de slides sobre técnicas de serviço dentro de um hospital;
aulas expositivas descrevendo as formas de utilização de um equipamento;
utilização de textos mimeografados para o ensino de uma Habilidade;
avaliações finais com base em lápis e papel;
supervisor em treinamento sobre metodologia, abordando prioritariamente os se-
guintes temas: estudo dirigido, painel integrado, técnica do interrogatório e simi-
lares.
321
Dentro dessa tendência é comum, mesmo ao profissional que exerce uma determinada
função ocupacional, que, quando chamado à docência, encare como parte integrante do papel
o uso em quantidade de saliva e giz.
Resumindo o papel da supervisão no desenvolvimento de metodologias específicas de
formação profissional é, através de contatos sistemáticos com a empresa, estudo de fontes de
referência sobre formação para o trabalho, coordenação de reflexão dos docentes sobre os
métodos já empregados, criar e aperfeiçoar novos procedimentos instrucionais adaptados aos
fins objetivamente definidos da formação profissional.
322
VIII - ORIENTAÇÃO PARA O TRABALHO
Como responsabilidade da unidade de formação profissional em geral e da equipe técnico
-docente em particular exige-se, além da formação específica para uma ocupação, a orientação
do aluno para o trabalho. Essa tarefa procura atingir pelo menos, dois objetivos básicos:
- desenvolvimento de atitudes em relação ao trabalho que venham facilitar, ao aluno,
desempenho eficiente e realização profissional, em acréscimo às atitudes especifica-
mente relacionadas com uma determinada função ocupacional;
- orientação, durante o processo de formação, a respeito das oportunidades profis-
sionais e educacionais existentes depois de concluído o curso, de forma a colocar o
aluno numa perspectiva de permanente aperfeiçoamento e atualização, dentro da
escola e da empresa, dos conhecimentos, atitudes e habilidades adquiridos.
A consecução do primeiro objetivo, quando a formação é adquirida em condições pró-
ximas às da empresa real,o exige um tratamento específico, cabendo à supervisão preparar
os docentes para o tratamento dos problemas referentes a esse objetivo nas sessões de encontro
docente-aluno. Quando issoo ocorre, no entanto, atividades tais como visitas às empresas
ou estágios e posterior análise da vivência, poderiam ser programadas pela equipe técnica e
docente no sentido de propiciar a consecução do objetivo.
O segundo objetivo, ainda no âmbito da ação da equipe técnica e docente, poderia ser
atingido por procedimentos tais como sessões de orientação e organização de pesquisas, pelos
alunos, das fontes potenciais de ocupação e desenvolvimento profissional posterior.
A importância desses objetivos, por outro lado, é revelada muitas vezes por dados de
acompanhamento, que demonstram que o aluno, apesar de executar satisfatoriamente as
tarefas da ocupação,o se adapta a aspectos específicos do cargo ou mantém atitudes inade-
quadas ao ambiente profissional, redundando tais problemas em suao permanência no exer-
cício da função ocupacional.
323
IX - COLOCAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
A colocação e o acompanhamento da clientela egressa, no mercado du trabalho, consti-
tuem a última etapa do processo de formação profissional. Visa prioritariamente fornecer
indicações tanto à coerência externa deste processo, como às diversas formas de avaliação
realizadas, em função de: número de alunos formados, índice de evasão, (índice de freqüência,
índice de aproveitamento e custos. Fornecem também dados para a análise da coerência interna
das diferentes fases do processo.
O trabalho de colocação da clientela, quando precedido de uma análise dos concluintes.
visando identificar os que já estão trabalhando, os queo se interessam pela execução da
função ocupacional e os que efetivamente desejam ser colocados, fornece dados para o julga-
mento da validade das decisões que geraram a definição da programação e da validade do
processo de seleção.
O acompanhamento da clientela egressa no mercado de trabalho oferece dados para a
análise da validade dos objetivos propostos para o processo de ensino-aprendizagem e, em
decorrência, das demais etapas desse processo. Para tanto, coletam-se, nesse trabalho, informa-
ções do ponto de vista do empresário e do ex-aluno sobre aspectos específicos do programa
de formação profissional, cuja eficácia deseja-se testar.
Os resultados obtidos no desenvolvimento de ambos os trabalhos constituirão dados
de entrada na elaboração de um novo plano das atividades de formação profissional ou na
revisão dos demais instrumentos de planejamento sugeridos.
Em nível de unidade operativa, há de ser estabelecida uma série de medidas que garantam
os resultados pretendidos quanto ao trabalho de colocação e acompanhamento:
Manutenção de contatos sistemáticos com o sistema empregatício que redundem em
um cadastro de oportunidades ocupacionais e em dados facilitadores para a locali-
zação do aluno encaminhado.
Garantia de registros eficientes dos resultados da avaliação do aluno.
Envolvimento dos docentes e comunidade no trabalho de colocação e/ou acompa-
nhamento. (Isso pode ser conseguido por exemplo, implantando-se Balcões de Em-
prego junto aos Sindicatos e Associações Comerciais ou envolvendo, no acompa-
nhamento, estagiários de Faculdades locais).
Tratamento adequado dos dados coletados a partir da realização do trabalho.
O trabalho de colocação e acompanhamento, por outro lado, cresce em dificuldades
para a equipe técnica, na medida do aumento do número de alunos formados, da insuficiência
quantitativa de supervisores e do desejo de se trabalhar com a população total. Nesse caso,
recomenda-se a definição de prioridades, quanto aos programas a serem abordados, e escolha
de .amostra, quanto aos alunos a serem acompanhados.
Como critério para a definição de prioridades, sugerimos, para efeito desse trabalho, a
escolha de curso (s), a partir de informações coletadas pela equipe técnica, sobre a carência
ou saturação do mercado de trabalho que viria absorver a clientela egressa.
O importante para a supervisão, concluindo, é a utilização dos procedimentos de colo-
cação e acompanhamento, como forma efetiva de se verificar a eficácia do trabalho e, se neces-
sário, repensar a sua ação.
324
X - AÇÃO COMUNITÁRIA
Na análise de todas as etapas do planejamento das atividades, foram feitas repetidas
alusões à participação da comunidade no desenvolvimento dos trabalhos ou ainda, à necessi-
dade de correspondência entre os anseios dó mesma e as metas propostas pela unidade de
formação profissional.
Consideramos, também, como papel básico da supervisão, a promoção de uma efetiva
integração, unidade de formação profissional-comunidade, como forma de assegurar a validade
e a consecução dos objetivos referentes à qualificação para o trabalho.
Nesse sentido, sugerimos como último componente da sistemática de formação profis-
sional a que temos referido, a metodologia de Ação Comunitária, como forma desejável de
tratamento de suas diferentes fases e de condução do processo de formação profissional como
um todo.
A metodologia de Ação Comunitária é caracterizada, de forma analítica e operacional,
como "um trabalho sócio-educativo que consiste numa intervenção deliberada em determinada
comunidade, através de atividades programadas em conjunto com pessoas e instituições locais,
objetivando despertar e ampliar sua consciência para os problemas da comunidade, sensibilizá-
las para a mobilização e coordenação de lideranças e predispô-las para a ação que vise ao enca-
minhamento de soluções daqueles problemas, ou a tentativa de realização de aspirações, relacio-
nadas com a comunidade local ou com 3 sociedade como um todo". (Requixa).
A aplicação de tal metodologia implica em uma verdadeira mobilização da comunidade
para a solução dos problemas de formação profissional, por ela efetivamente sentidos. Dentro
dessa perspectiva, como conclusão, situamos os integrantes da unidade de formação profissio-
nal em geral, e a supervisão em especial, como agentes de mobilização de esforços e partici-
pantes efetivos no processo de solução desses problemas.
325
NOTAS
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO - Classificação internacional uniforme
das ocupações. 1958.
SENAC & INEP Mercado de trabalho dos subsetores comércio, serviços e saúde, integrantes
do setor terciário no Estado deo Paulo: caracterização quantitativa e qualitativa
(1ª. etapa). 1976. 8v.
STALEY, Eugene Planning occupational education and training for development. California,
Stanford University, 1968.
REQUIXA, Renato Ação comunitária.o Paulo, Serviço Social do Comércio, s. d.
326
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR TERCIÁRIO
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
A - Como deveria ser a atuação do supervisor para atender às características das Escolas que
oferecem habilitações no Setor Terciário?
B É desejável a diretividade na Supervisão? Em caso positivo, como conciliar a diretividade
com a natureza cooperativa do processo de supervisão no desenvolvimento do corpo
docente?
C Como estabelecer o vinculo entre a educação geral e a preparação técnica, evitando-se o
paralelismo?
D Como conseguir, por meio da Supervisão Escolar, que a preparação técnica do adoles-
cente no Setor Terciário seja ministrado de acordo com os objetivos gerais do Ensino de
2o. Grau?
E - Que atividades devem ser desenvolvidas pelo Supervisor, para que a formação especial no
Setor Terciárioo se transforme num mero treinamento, mas que haja na escola uma
concepção humanistica da técnica?
F - Se:
o relacionamento entre fatos e idéias
a expressão
o pensamento criativo
podem ser considerados pontos básicos da integração entre educação geral e formação
especial, como desenvolver estes atributos no ensino de profissões ligadas ao Setor
Terciário?
G Discutir a seguinte afirmação "Qualquer situação de ensino ó diretiva; as decisõesm
que ser remetidas, de alguma forma ao que mais convém ao educando e á comunidade".
327
METODOLOGIA DA SUPERVISÃO PEDAGÓGICA NO SETOR TERCIÁRIO
DISCUSSÃO DOS PROBLEMAS
1 - Competências específicas, habilidades do supervisor para orientar o desenvolvimento
das atividades das disciplinas de Formação Especial.
Houve divergênciaso superadas quanto à interpretação da expressão "competências
específicas" e outros aspectos.
O grupo como um todo chegou ao seguinte levantamento dessas competências:
a) garantir que as habilitações proporcionais sejam adequadas ao mercado de trabalho,
às características da clientela e aos recursos disponíveis para desenvolvê-los;
b) garantir a adequação dos conteúdos de formação especial de uma dada habilitação
às tarefas típicas da ocupação referente sem a descaracterização da realidade educa-
tiva;
c) orientar o professor de disciplinas especializadas face as normas formais em vigor
em um momento dado, quanto aos papéis (formados treinador) que este terá que
desempenhar em relação aos objetivos específicos estabelecidos para a parte de for-
mação especial dos currículos;
d) assegurar, através da coordenação do planejamento docente, uma distribuição ade-
quada às tarefas da ocupação entre as disciplinas como forma de integração entre
elas;
e) assegurar que a metodologia empregada pelos docentes atenda às seguintes caracte-
rísticas:
modelo adequado ao desempenho das tarefas;
prática suficiente para um desempenho hábil;
retro-informação para o desempenho dos alunos;
vivência real da situação de trabalho;
diversificação das condições de prática;
328
análise crítica de tarefas e procedimentos de trabalho;
f) estabelecimento, em conjunto com os professores, de critérios de avaliação dos
resultados da realização das atividades envolvidas com a formação profissional que
impliquem na aplicação de técnicas específicas de ação prática;
g) rever, permanentemente, em cooperação com os professores, os conteúdos progra-
máticos das disciplinas especializadas no sentido da adequação das atividades curri-
culares que envolvam a capacitação para tarefas profissionais precisas;
h) coordenar e participar da coleta e tratamento dos dados referentes à verificação,
dentro do mercado de trabalho, da eficácia do trabalho de formação profissional
desenvolvido;
i) coordenar recursos humanos da unidade de forma a proporcionar ao aluno efetiva
orientação para o trabalho (atitudes e educação permanente);
j) coordenar o treinamento técnico-profissional.
a) manter, atualizado, um acervo de informações sobre a comunidade, o mercado de
trabalho e clientela;
b) sistematizar os dados referentes às várias funções ocupacionais de forma a possibilitar
a identificação das tarefas típicas da habilitação e equipamentos próprios da ocupa-
ção;
c) definição em conjunto com os professores do desenvolvimento de técnicas específicas
de ocupação;
d) controle do processo ensino-aprendizagem, de forma a assegurar o desempenho efi-
ciente das tarefas típicas da ocupação à habilitação;
e) coordenava as atividades de formação desenvolvidas na escola, na empresa, em
outras instituições da comunidade de forma a assegurar coerência entre elas e evitar a
duplicação de recursos e esforços para fins idênticos (estágios, intercomplementari-
dade, entrosagem, etc);
f) orientação e tratamento dos dados obtidos a partir de atividades de colocação e
acompanhamento do aluno no mercado de trabalho;
g) planejamento de estágio e coordenação da participação em cursos, visando à atualiza-
ção técnico-profissional dos docentes.
Integração da metodologia de formação tanto quanto possível, pela consideração de que
há capacidades que devem ser desenvolvidas no aluno, em trabalho comum, face aos
objetivos da parte de formação especial, e uma vez que a adoção de tais métodoso
comprometam a especificidade de quaisquer disciplinas.
Planejamento integrado visando garantir, através dos objetivos levantados, a integração
entre formação geral e formação especial :
Plano de habilitação;
avaliação conjunta (Conselhos de Classe);
329
Composição e Impressão:
SAN-Artes Gráficas Ltda.
CLS-414 -BI. C - Ljs. 09/15 - Brasília-DF
Fones: 243-0206 - 243-3996
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo