exprime as relações objetivas da experiência real. Nosso conhecimento se inicia pelo contacto
com a objetividade do mundo, através de intuições sensíveis, a que se aplicam as categorias do
entendimento (quantidade, qualidade, relação, modalidade, etc.) que unificam tais intuições
por meio de princípios (identidade, não-contradição, terceiro excluído). Chega-se à Razão por
meio dessas faculdades de uso formal aliadas ao raciocínio. Ninguém pode fazer isto pelo aluno.
Não vemos como desenvolver aptidões mentais se continuarmos a tratar sua mente como pura
passividade. Para que aquela possa adaptar-se à dinâmica do real, é necessário educá-la pela
exercitação constante. Daí a necessidade dos métodos ativos que levam o aluno a conhecer,
produzir e avaliar, desenvolvendo capacidades tanto cognitivas, como produtivas e avaliativas.
Ao estabelecermos, para todas as disciplinas, os fatores de avaliação, linhas atrás men-
cionados, a intenção foi a de uma volta metodológica, visando principalmente as disciplinas
técnicas, no sentido de evitar, a médio prazo, tanto quanto possível, as distorções examinadas
na parte introdutória deste trabalho. Pretendeu-se enriquecer a relação professor-aluno, impe-
dindo-se que a aprendizagem se processasse em setores autônomos e se resumisse, quanto ao
domínio cognitivo, a seu aspecto mais pobre de memorização de informações ou conhecimen-
tos. Questionou-se, portanto, o método expositivo que se manifestava nos instrumentos de
avaliação empregados.
Ora, os fatos, quer sejam os submetidos a tratamento estatístico, quer sejam os adminis-
trativos, os contábeis, os turísticos, etc, são dados da realidade fora das salas de aula. Nestas,
professores e alunos lidam com idéias, significados ou conceitos. Relacionar esses fatos e esses
conceitos, idéias ou significados impõe a capacidade de compreender em seu sentido epistemo-
lógico mais rigoroso, ou seja, a aptidão intelectual para apreender relações estruturais, função
do pensamento. A compreensão reflexiva implica na extensibilidade dos conceitos e se concre-
tiza no nível do encadeamento das relações lógicas (interiorização do sistema lógico). Neste
sentido, a prática não dispensa as faculdades de síntese e de organização do pensamento, que
manifestam qualidades operatórias em associações pessoais. Aprender a operar, desenvolver
uma tarefa, supõe uma seqüência de operações encadeadas que têm como ponto de partida
uma análise para alcançar uma sintese. Do mesmo modo como aprender não é apenas fixar a
forma de um conteúdo, a propriedade de um fator, a fórmula de uma regra. É apreender os
conteúdos em sua generalidade, compreender as estruturas e a funcionalidade de seus elemen-
tos, em seus princípios, estabelecer relações de causa e efeito, relações de semelhança ou diver-
sidade (espírito receptivo, móvel e criador). Pensando pelo aluno, o professor jamais o capa-
citará a tal. Daí porque deverá estimular, ao máximo possível e necessário, conforme cada
habilitação profissional, o uso de faculdades formais do entendimento e do raciocínio.
Digamos que fatores como Expressão e Pensamento Criativo constituiram-se em pontos
nevrálgicos de dificuldades quanto às disciplinas especializadas. Tentou-se minimizá-los, não só
através de contactos com os professores, quer individualmente (atendendo a consultas), quer
em grupos ou por meio da reciclagem formal, trabalho em continuidade.
Procurou-se mostrar que o fator Expressão (aqui não entendido como tradução grama-
tical do pensamento) é problema interdisciplinar da parte de formação especial e da parte de
educação geral e que nem sequer é limitável às disciplinas "Língua Portuguesa" ou "Redação
e Expressão".
Isto porque tem tudo a ver com "idéias", "conceitos" ou "significados" que existem
na mente de alguém e com algum sistema de sinais físicos empregados na transmissão dessas
idéias, conceitos ou significados. Neste sentido, um organograma "exprime" a organização
de uma empresa, um balanço "exprime uma situação patrimonial, um fluxograma "exprime"
uma seqüência de ações, etc. São, portanto, formas de linguagem.
Neste sentido amplo, a linguagem é empregada na manifestação do pensamento como
um recurso de representação física das idéias ligadas a fatos, de suas relações estruturais e do
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