a disposição gráfica, porque apresentado sob a forma de quadrinhos (para que os alunos façam um coro falado), e um
conjunto de 14 "versos" compostos pelo próprio autor de respeito dos "sons" do xis, para o aluno "ler e gravar". Finalmente,
no L3 há dois poemas na seção "Outras atividades", ambos apenas para que os alunos "conheçam" ou "leiam". É preciso
ainda observar que os poucos verdadeiros poemas presentes na coleção são ou de Vinícius de Moraes, em A Arca de Noé,
ou de Cecília Meireles, em Ou isto ou aquilo. Pode-se concluir que o gênero poético tem pequena presença na coleção,
e que, além disso, essa presença se revela quase sempre sob a forma de uma desfiguração do gênero. Quanto a outros
gêneros, além da prosa de ficção e da poesia, aparecem apenas: um texto informativo no L4, um texto jornalístico também
no L4. e um texto teatral no L3 (este não um texto representativo do gênero, mas a adaptação para a forma teatral de uma
fábula). Outros gêneros - a história em quadrinhos, a correspondência (carta, bilhete, telegrama, convite), a propaganda e
a publicidade, os textos injuntivos (regulamentos, regras, receitas), o diário estão inteiramente ausentes da coleção que não
propicia, pois, ao aluno a oportunidade de familiarizar-se com diferentes tipos de textos e de portadores de texto. Além
disso, não se identifica, em cada livro ou na coleção, mesmo em relação ao único gênero privilegiado, a narrativa, um
planejamento com o objetivo de desenvolver um trabalho progressivo e sistemático com as caracteristicas da prosa e ficção.
Quanto à temática, a coleção privilegia temas de caráter universal e típicos de contextos urbanos, não se identificando
preocupação com a inclusão de temas de caráter regional e de situações próprias do contexto rural. Os assuntos dominantes
são: a criança e seu universo; os animais. No primeiro caso, a criança é representada em geral de forma excessivamente
"infantilizada", e seu universo e apresentado de forma bastante estereotipada (particularmente nos textos criados pelo
próprio autor da coleção): brigas de travesseiro, medo de dentista, festas de aniversário, a bicicleta recebida de presente...
No segundo caso - os animais como tema - também há predominância de lugares-comuns (particularmente, de novo, nos
textos criados pelo próprio autor da coleção), a começar dos próprios nomes atribuídos às personagens: pato é Fofinho, urso
é Pom-Pom, rato é Rói-Rói, estrela é Pisca-Pisca... Temas que se inserem no mundo da fantasia também aparecem com certa
freqüência na coleção, em geral histórias também bastante estereotipadas, de reis, príncipes, dragões (várias criadas pelo
próprio autor). A presença de outros é esporádica: textos que abordam, de certa forma, o trabalho (apenas 2 textos: o da
unidade 19, no L3, e o da unidade 29, no L4), que discutem o meio-ambiente ou a natureza (não mais que 1 texto no LI,
2 no L2,3 no L4), que apresentam fábulas ou temas do folclore (1 texto no L1, 3 no L4). Não há textos que se voltem para
temas significativos como o índio brasileiro, o negro, o idoso, etc. Observa-se que, em relação à temática, tal como ocorre
em relação ao gênero, parece não haver um planejamento para a seleção dos textos, segundo critérios pré-estabelecidos para
a escolha e distribuição dos temas ao longo de cada livro e ao longo da coleção.
Quanto à representatividade dos autores dos textos, é surpreendente o número de textos produzidos pelo próprio autor
da coleção: dos 16 textos do LI, apenas um não é do autor da coleção; dos 24 textos do L2, 10 são do autor da coleção;
dos 30 livros do L3, 13 são do autor da coleção; dos 32 textos do L4, 8 são do autor da coleção. Esses textos do autor da
coleção são, no LI, textos "acartilhados", sem nenhuma originalidade e nada representativos da boa literatura infantil
brasileira; nesse livro e nos outros três são textos infantilizados tanto na temática (como indicado acima) quanto na
morfossintaxe (estruturas sintáticas simplificadas, uso às vezes excessivo de diminutivos). Quanto a textos de autores da
literatura infantil, há recorrência de certos autores (por exemplo, Ruth Rocha é a autora de 5 textos no L3 e de 3 textos no
L4) e de certos livros (trechos do livro Marcelo, marmelo, martelo, da mesma Ruth Rocha, aparecem no L2, no L3 e
no L4).
No campo da textual idade, há problemas graves na seleção dos textos da coleção: a grande maioria dos "textos" dos
livros das 2ª 3
a
e 4
a
séries são pseudotextos, porque fragmentos sem unidade. Excetuam-se os poemas e a maioria dos textos
produzidos pelo próprio autor; os demais, trechos extraídos de outros autores, são quase sempre fragmentos mal
selecionados, aos quais falta ora a contextualização inicial, ora o desenlace. No L3 e no L4, o autor tenta às vezes, (não
sistematicamente), suprir a descontextualização inicial, apresentando um pequeno resumo introdutório (unidades 7 e 17 no
L3, unidades 19,21 e 26 no L4), mas esses resumos não são suficientes para garantir a adequada estruturação dos textos,
ou porque não fornecem todas as informações necessárias, ou porque os textos, embora tendo seu inicio contextualizado,
interrompem-se de forma brusca, no meio da trama, deixando em suspenso o desenlace. Em apenas dois casos, ambos no
L2, o autor procura a ausência do desenlace pedindo ao aluno que o imagine (p. 15 e p. 102).
1.2 Atividades de Estudo do Texto
A seção "Você entendeu o texto?" é constituída, nos quatro livros, de duas a seis questões; a grande maioria solicita
do aluno apenas cópia de partes do texto, localização de informações no texto, ordenação de frases do texto. Poucas são
as questões que desenvolvem hábil idades e estratégias de leitura mais complexas: esporadicamente aparecem questões que
exigem inferência (muitas vezes inadequadamente formuladas como solicitação de "opinião"); algumas questões,
sobretudo nos L2 e L4 (por que não nos LI e L3?) de certa forma buscam levar o aluno a determinar o tema do texto,
solicitando um outro título para ele. Há uma insistência, sobretudo nos livros 2,3 e4, em que questões que pedem a "opinião"
do aluno (freqüentemente a última questão da seção "Você entendeu o texto?"), mas essas questões raramente levam a um
julgamento de valor ou à expressão de um ponto-de-vista: quase sempre exigem, na verdade, ou uma inferência (como já
se observou acima), ou uma apreciação ("gostou do texto?", "o que achou do final da história?"), ou revelam uma
preocupação moralizante, que "didatiza" o texto ("Qual o ensinamento transmitido pelo texto?").
Aspectos grave a observar é que não há gradação das habilidades nem ao longo de cada volume nem ao longo da
coleção. Não só os exercícios se limitam a desenvolver algumas poucas habilidades e estratégias de leitura, como também