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SAÚDE, COMO
COMPREENSÃO
DE VIDA
UM PROGRAMA OE SAÚDE DESTINADO
A PROFESSORES E ALUNOS
DE 5a. a 8a. SÉRIE DO 1.° GRAU
CONVÊNIO MS/DNES- MEC/PREMEN
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PARTICIPARAM da elaboração da obrao somente técnicos do campo da saúde e da educação,
mas também um grande número de professores do 1.° grau, dos Estados de Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro, na definição das necessidades de informação em saúde e
em método para o seu ensino e na experimentação dos textos preliminares.
Equipe técnica e colaboradores:
Maria Helena Salgado
Edite Novais da Mata Machado
Joaquim Alberto Cardoso de Mello
Angelina Leite Ribeiro Garcia
João Carlos Pinto Dias (coordenação do capítulo AS DEFESAS DO HOMEM)
Mônica Ângela Azevedo Mayer
Marcos Moreira
Alice Montandon Silva
Luís Carlos Ferreiro Lait
Rosinha Borges Dias
Hortensia de Hollanda
Iris Lérou (consultora da OPAS, participante da revisão final)
Dora Zaverucha
Tânia Ruiz
Direção de Arte e Criação: Alexandre Hanszmann e Guy de Hollanda
Ilustrações: Ângela Moura e Marília Andrés Paixão
Fotografias: Alexandre Hanszmann, Guy de Hollanda e Sebastião Barbosa
Composição e Impressão: Minas Gráfica Editora Ltda.
Este Trabalho foi possibilitado por um convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e o Mi-
nistério da Saúde, através de seus órgãos Programa de Melhoria e Expansão do Ensino
(PREMEN) e Divisão Nacional de Educação Sanitária (DNES), na gestão dos srs. Ministros Ney Bra-
ga e Paulo de Almeida Machado.
Sendo diretor do PREMEN Pery Porto
Sendo diretor da DNES e Coordenadora do Projeto Hortensia H. de Hollanda.
APRESENTAÇÃO
Êste Programa se dirige a professores interes-
sados na educação em saúde e procura ser, tam-
bém, uma resposta à lei n.° 5.692/71 que insti-
tuiu o ensino de saúde nas escolas de 1.º grau.
Desde o início da sua elaboração efetuaram-se
pesquisas bibliográficas no âmbito das publica-
ções sobre saúde destinadas ao ensino e no âm-
bito do comportamento pedagógico. Serviram-nos
de modo especial as idéias de Jean Piaget, já
muito difundidas, cs experimentos do grupo Bio-
logical Scisnces Curriculum Study na área de
Ciências humanas Human Sciences: a develop-
mental approach to adolescent education, o tra-
balho de O. J. Harvey, David E. Hunt, Harold
M. Schroeder, Conceptual Systems and Persona-
lity Organization.
A pesquisa realizada em Capim Branco (1974-
1975), possibilitada pelo CNPq (*) com a colabo-
ração do MEC-PREMEN, onde a linguagem foi o
campo descoberto à investigação das idéias, pen-
samentos e conceitos, mostrou que os conheci-
mentos e os julgamentos sobre saúde fluem no
cotidiano de cada um, com valores e conotações
que às vezes estão bem distantes dos pressu-
postos dos profissionais que tratam de saúde.
Com a reunião desse material e mantendo um
constante relacionamento com os professores,
elaborou-se uma primeira versão do texto, onde
as idéias fundamentais foram alinhadas, entre-
vendo-se o que viria a ser o atual Programa.
A experiência com a versão de ensaio, apresen-
tada em dois volumes em junho/agosto de 1976
foi feita em áreas de Brasília, Minas Gerais,
Bahia e Rio Grande do Sul, atingindo 70 escolas,
100 professores e 2.700 alunos aproximadamente.
Houve três tipos de experimentação prática: de
um grupo de professores que já havia participa-
do de encontros anteriores à elaboração do tex-
to-ensaio, e que o submeteu a uma aplicação
com os seus alunos; de um segundo grupo de
professores que aplicou o texto, independente de
uma preparação prévia; de um terceiro grupo, que
antes de aplicar o texto diretamente na escola,
assumiu o papel de aluno, por ocasião do curso
de Licenciatura Parcelada em Ciências (*), em ju-
lho de 1976 BH, como forma de treinamento
para experimentar o texto.
Na mesma oportunidade foram distribuidos exem-
plares a diversas pessoas e instituições.
Em meados de agosto do mesmo ano reuniu-se
uma equipe de avaliação onde foram examinadas
(*) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(*) Convênio SEEMG/PREMEN-MG/UFMG-FaE/CECIMIG
todas as contribuições críticas relativas aos as-
pectos teóricos e de aplicação prática.
O resultado da avaliação do ponto de vista teó-
rico, surpreendeu pelo número de reparos ao tex-
to, desde a sua estrutura às falhas de normali-
zação do documento.
A experiência prática revelou um percentual de
respostas altamente positivas, tanto de professo-
res quanto de alunos.
É dessas contribuições que resulta esta edição,
na qual procuramos integrar ao máximo as obser-
vações recebidas, inclusive reestruturando o su-
mário para que pudesse servir de roteiro de es-
tudo.
Como êste Programa deve chegar a todas as es-
colas do país, ou pelo menos à maioria dessas
escolas, cuidou-se que os temas pudessem guar-
dar uma aproximação com as diferenças e pecu-
liaridades de cada região, e uma adaptação à vida
rural e urbana.
Apesar do empenho em oferecer um material que
possa servir a todos os professores, indistinta-
mente, acreditamos que isso só será viável se
cada professor desenvolver um esforço de inter-
pretação do Programa, repensando as informa-
ções que lheo familiares e buscando signifi-
cados para aquelas que lhe pareçam novas.
Falhas ou imperfeições que persistamo devem
desanimar o professor, antes pedem o seu au-
xílio.
Os professores nos asseguraram em suas avalia-
ções ser conveniente um treinamento antes de
aplicar o Programa, pois além da abordagem lhes
parecer nova, difere bastante da tradicionalmente
usada no ensino de saúde.
SUMÁRIO
Introdução 12
1. Uma interpretação da educação em saúde 15
Saúde, vida, trabalho gente falando 17
Por uma compreensão de saúde 20
Ensaio de uma metodologia
Como a criança pode fazer a sua aprendizagem de saúde 23
A organização de uma "memória"
O banco de informações BI para o aluno 39
Um programa de saúde para as Escolas de 1.° Grau
Unidades fundamentais 42
Documentação de apoio 45
2. Aplicação prática do programa de saúde para as últimas
séries do 1.° Grau 49
As unidades 51
diagramas dos textos para o professor 52
diagramas das situações para os alunos 53
Unidade OS AUMENTOS E A SAÚDE 54
Texto 1. O problema de nutrição e o desenvolvimento dos
escolares . 55
Texto 2. O processo da nutrição 55
Situação 2.1. Do alimento para o corpo 80
Situação 2.2. Em busca de vitaminas e minerais 83
Situação 2.3. Comida, tem fibra? 84
Situação 2.4. Você acha que ae deve amamentar o seu
filho? 87
Situação 2.5. Comilão 88
Aplicação prática Orientação preliminar 90
Diagrama das situações 93
Informações do BI 92
Texto 3. Seleção e preparo de alimentos para
melhor nutrição 104
Situação 3.1. Fazendo comida 108
Situação 3.2. Feijão, angu e couve 109
Situação 3.3. Alimento proibido? 110
Aplicação prática Orientação preliminar 111
Diagrama das situações 113
Informações do BI 112
Unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A
SAÚDE 128
Texto 1. A morada do homem 130
Situação 1.1. Além das quatro paredes 134
Situação 1.2. Saúde, nunca tive e tive 135
Situação 1.3. Os invasores 137
Situação 1.4. Cidade ou Roça? 139
Aplicação prática Orientação preliminar 140
Diagrama das situações 142
Informações do BI 143
Texto 2. Os modos de morar do homem e as
parasitoses intestinais 150
Situação 2.1. Verme, todo mundo tem? 158
Aplicação prática Orientação preliminar 163
Diagrama das situações 164
Informações do BI 165
Texto 3. Os modos de morar do homem e as diarréias .. 167
Situação 3.1. Por que a diarréia? 175
Aplicação prática Orientação preliminar 178
Diagrama das situações 179
Informações do BI 180
Texto 4. Os modos de morar do homem e a
esquistossomose 182
Situação 4.1. H2O e mais alguma coisa? 187
Aplicação prática Orientação preliminar 189
Diagrama das situações 191
Informações do BI 192
Texto 5. Os modos de morar do homem e a
doença de Chagas 194
Situação 5.1. Bicudo, procotó, chupão ou "barbeiro"? 202
Aplicação prática Orientação preliminar 204
Diagrama das situações 205
Informações do BI 206
Texto 6. Os modos de morar do homem e a tuberculose . 211
Situação 6.1. Que é_ a tuberculose? 214
Aplicação prática Orientação preliminar 216
Diagrama das situações 217
Informações do BI : 216
Unidade AS DEFESAS DO HOMEM 218
Texto 1. A vida e o meio 220
Situação 1.1. Perigo à vista 226
Aplicação prática Orientação preliminar 227
Diagrama das situações 229
Informações do BI 230
Texto 2. Os processos naturais de defesa 230
Situação 2.1. Cabra-cega 261
Situação 2.2. O leva e traz 263
Situação 2.3. O que é, que é: pega eo deixa pegar? 265
Situação 2.4. Queda de braço 267
Situação 2.5. Um homem e uma mulher . 270
Aplicação prática Orientação preliminar 271
Diagrama das situações 275
Informações do BI 276
Texto 3. O homem e as suas defesas 285
Situação 3.1. Atenção: saúde ó notícia! 295
Situação 3.2. Fumar, por quê? 296
Situação 3.3. Pode-se prevenir uma doença? 298
Situação 3.4. Mãos à obra! 299
Aplicação prática Orientação preliminar 301
Diagrama das situações 303
Informações do BI . 304
Documentação de apoio ...... 309
INTRODUÇÃO
Êste Programa foi elaborado com a intenção de ajudar os alunos das
escolas de 1.° grau a entenderem situações imediatas que podem afe-
tar a qualidade da sua saúde, com desenvolvimento de modos de olhar
e pensar os problemas de saúde, que possam ser conservados indepen-
dentemente das situações de estudo propostas no programa.
Acreditou-se que um modo de dar feição concreta às situações seria
estabelecendo ligações entre as informações novas sôbre saúde ob-
jeto da aprendizagem — e as experiências de vida dos próprios alunos,
criando oportunidades de ação prática para o desenvolvimento intelec-
tual do adolescente.
Conhecimentos sobre parasitoses intestinais, valores dos alimentos ou
modos de defesa do homem, introduzidos em situações com tais carac-
terísticas, permitem relacionar causas e efeitos, fazer comparações, as-
sociações que estimulem o pensamento e a formação de julgamentos,
induzindo a uma compreensão de saúdeo limitada apenas ao que
está sendo descoberto na sala de aula. Vai além, toca a experiência
de cada um.
É um Programa onde há preocupação com o que deve ser aprendido so-
bre saúde e como pode ser aprendido.
A primeira parte, intitulada UMA INTERPRETAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM
SAÚDE, dirige-se exclusivamente ao professor. A segunda, APLICA-
ÇÃO PRATICA DO PROGRAMA DE SAÚDE PARA AS ULTIMAS SÉRIES
DO 1.° GRAU é compartilhada por aluno e professor.
Uma consulta ao sumário permite distinguir essa diferença de con-
teúdos informativos.
O que se chamou de Ensaio de uma metodologia como a criança
pode fazer a sua aprendizagem de saúde—começa com o resultado da
experiência com a versão preliminar do Programa. Estrutura-se em três
fases de exercício para o professor, de aplicação prática da própria
metodologia. O tópico que se segue à metodologia, A organização de
uma "memória" o banco de informações BI para o aluno, é com-
plementar às situações de aprendizagem pois refere-se à organização
das informações que serão trabalhadas pelos alunos.
A segunda parte, que o professor poderá acompanhar examinando o
sumário ao mesmo tempo, compõe-se de três unidades básicas: Os
alimentos e a saúde, Os modos de o homem morar e a saúde, As de-
fesas do homem. Cada uma contém vários textos para o professor, um
conjunto de situações pertinentes para o exercício prático do aluno, e
orientação que permita ao professor assegurar o desenvolvimento das
situações relativas aos textos.
Tanto a 1.ª quanto a 2.ª parte contém documentação de apoio que in-
dica livros e outros materiais úteis ao professor.
UMA INTERPRETAÇÃO
DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Foi a partir dos modos de ver saúde de pessoas diferen-
tes, que vivem em contextos de vida diferentes, em diver-
sas áreas do País que procuramos construir um texto de
educação em saúde. Selecionamos os temas, sentindo e ob-
servando diretamente uma realidade, tentando ver e conhe-
cer como as pessoas enxergam a sua própria vida. Isso foi
procurado em situações diversas em escolas, no contato
com professores e alunos; visitando famílias, em conversas
casuais, em entrevistas de pesquisa em áreas especialmen-
te estudadas.
Ao mesmo tempo que essas impressões nos marcavam e da-
vam uma direção ao nosso projeto de um Programa de edu-
cação em saúde, recolhíamos informações de outras fontes
de publicações diversas, de encontros com estudiosos de
vários campos da saúde e da educação, com os quais procu-
ramos delinear uma metodologia de educação em saúde a
partir do experimentado, do sentido pelas pessoas.
SAÚDE, VIDA, TRABALHO
GENTE FALANDO
De gente falando sobre saúde, alguns depoimentos que nos
pareceram sensíveis aqui estão, na sua expressão direta:
" Saúde é vontade de viver, ter vigor e energia." (aluno de
7.ª série)
" Saúde é vida." (aluno de 7.
a
série)
" Saúde nos dá força e energia para poder trabalhar." (aluno
de 6.
a
série)
" Saúde é o estado de paz de espírito, sem dores." (aluno
de 7.
a
série)
Saúde é viver sem perturbações, tranqüilo, despreocupa-
do." (aluno de 6.ª série)
" Saúde é ter cabeça fria para poder trabalhar." (aluno de 6.
a
série)
Saúde é quando a pessoao está doente e tem muita
vibração no corpo." (aluno de 6.
a
série)
Saúde é sentir-se bem,o sentir-se mal;o ter receio
de sua personalidade." (aluno de 6.ª série)
Saúde é o modo de os seres vivos viverem bem de um
modo geral e gozar a vida sempre sadios." (aluno de 7.
a
série)
" Saúde é quando uma pessoa é forte." (aluno de 4.
a
série)
" Saúde é a pessoa alegre, feliz e com coragem." (aluno de
6.' série)
" A pessoa pode viver anos sem sentir nada, mas qualquer
uma dorzinha ela sempre tem mesmo.o tem essa pes-
soa que fala que é são. Mas são, sem ter uma doença,
aquio tem." (estudante área rural)
" Algumas pessoaso mais resistentes que outras porque
dispõem de uma boa alimentação, condição econômica,
bom ambiente e asseio." (aluno de 7.
a
série)
" Eu nunca tive muita saúde não. Nunca tive e tive; aquele
reumatismo ... o joelho d'água . .. capinava lavoura ... o
joelho inchava ... mas nunca parei de trabalhar." (peque-
no agricultor)
Todo mundo fica doente uma vez ou outra. Mas as doen-
çaso mais comuns nas pessoas que comem mal, traba-
lham demais e vivem ems condições de habitação."
(aluno de 6.
a
série)
" Primeiramente precisamos de saúde e com a saúde a gen-
te possui o dinheiro. Com o dinheiro a gente possui as
coisas necessárias." (aluno da 5.
a
série)
" Em nossa casa diariamentes gastamos água, energia,
gás, gêneros alimentícios, produtos de limpeza, etc. E para
que essas coisaso faltem em casa devemos economizar
cada vez mais um pouco, mas nem sempre podemos, pois
precisamos gastar mesmo." (aluno de 7.ª série)
Um dia na vida de minha família é um dia em que todos
saem; de manhã eu saio para estudar; meu pai e meus
irmãos saem para trabalhar e só voltam à noite e é nesta
hora que nos encontramos." (aluno de 7.
a
série)
A vida de minha família é muito agitada. Minhae passa
roupa, lava, cozinha, costura, limpa a casa. Meus irmãos
acordam de manhã cedo, algunso para o trabalho e ou-
tros para o colégio. Meu pai queo faz muito porque já
está aposentado." [aluno de 7.ª série)
Nas ruas esgotos escorrendo, fios de luz caídos, arboriza-
ção que falta;o há asfalto, as moradiaso inadequa-
das; tudo issoo coisas comuns que podem prejudicar a
saúde." (aluno de 6.ª série)
A gente peleja aí na roça, aí na lavoura, um ano, outro
o, aquela coisa só dificuldade; é muito difícil a vida
na roça." (pequeno agricultor)
Na roça começa desde novo prejudicando a saúde. A roça
diminui a vida do povo." (pequeno agricultor)
Nunca que dá pra gente que vive da lavoura, que apanha
muita friagem e tudo,o dá prá fazer tratamento da saúde
direito." (pequeno agricultor)
" A gente quando adoece é dureza apanhar saúde outra vez.
Precisa tomar muito remédio. Porque é como se diz, doen-
çae tralha e entra,? Prá sair é aquela dificuldade.
Tomando remédio sem parar." (mãe de família do interior)
" Ultimamente nas localidades as pessoas estão morrendo
por falta de uma boa morada, de alimentação 3 vezes ao
dia, por acidentes (que na Bahia está imenso o número de
acidentes) e, principalmente, o número de habitantes que
dia a dia aumenta." (aluno de 7.
a
série BA)
.. .quase que doença nenhuma. É que aqui quase só morre
gente matado, na maioria das vezes esfaqueado." (aluno
de 6.
a
série)
POR UMA COMPREENSÃO DE SAÚDE
Do ponto de vista fisiológico, a concepção mais
difundida e aceita de SAÚDE é a de um estado
de harmonia e equilíbrio funcional do corpo. O
coração se contrai, o pulmão trabalha na base de
16 a 18 respirações por minuto, o sangue flui in-
cessantemente levando oxigênio e nutrientes a
cada uma dos bilhões de células que formam o
nosso corpo... Tudo sem que a gente perceba os
movimentos, as reações químicas, os processos
de nascimento e morte de células, de degradação
e síntese de substâncias que estão ocorren-
do na intimidade do nosso corpo. "Saúde éo
sentir nada."
A dor, a febre, o desconforto tudo que inco-
moda e impede o exercício de nossas atividades
normais e, principalmente, tudo que nos faz so-
frer, que nos limita, é que nos dá consciência de
um corpo que deixou de funcionar em silêncio
No entanto, o "não sentir nada" nem sempre é o
equivalente da ausência de doença, pois lesões
e processos que põem a vida em perigo podem
permanecer "calados" por muito tempo, sem se-
rem percebidos por seus portadores. Faz parte
do nosso aprendizado de vida, entender e inter-
pretar a linguagem, os sinais que o corpo emite
quando se desvia de sua normalidade. A fala po-
"Saúde éo sentir nada,
é ter apetite e alegria,
é gostar de trabalhar"
(de um aluno de 5.ª série)
pular está cheia de expressões que revelam esse
aprendizado.
Ainda que saúde e doença ganhem sentido, uma
em relação à outra, saúdeo é apenas não-doen-
ça, não-dor. É ter apetite e alegria, é gostar de
trabalhar como definiu o menino. Em sua formu-
lação o menino diz que gostar do trabalho eo
apenas estar em condições de trabalhar, é uma
das características do estado de saúde. Se per-
guntado, ele acrescentará, em sua linguagem,
que esse gosto pelo trabalhoo pode ser im-
posto; que nasce das possibilidades que o traba-
lho oferece à expressão, à atividade criadora e
ao desenvolvimento da pessoa total.
Por simples que pareçam, as percepções dos
alunoso caminhos que os levarão ao conhe-
cimento necessário em saúde. A partir das per-
cepções chegarão à consciência das relações
existentes, em sua localidade ou região, entre
os modos de vida e os níveis de saúde; à des-
coberta e categorização dos condicionamentos da,
saúde ou da doença; ao entendimento do mundo
que os rodeia ondeo apenas outras pes-
soas, mas outros seres vivos animais, plan-
tas e microorganismos partilham com eles o
espaço de vida, revelando as mesmas necessi-
dades básicas de alimento e de abrigo e com-
portando-se com notáveis poderes de adaptação
e de luta para sobreviver.
o muitos os caminhos abertos para o conhe-
cimento daquilo que interessa à vida e à saúd3
do adolescente.
"Em meu corpo está a minha
mãe, o meu pai, e outros que
nem conheci. Está o filho que
aindao veio"
Fig. 1
Versos populares, por exemplo, podem servir
para iniciar o estudo da reprodução, estudo que
levasse à compreensão do processo de vida e
desse uma referência mais ampla para as inda-
gações que povoam o pensamento e a fantasia
dos adolescentes.
Os professores de adolescentes sabem do seu
interesse e de sua necessidade de informação
sobre o corpo, sobre o sexo.o freqüentes so-
licitações de aluno como essa: "Professora,o
tem mas deveria ter em ciências uma aula que
a senhora falasse sobre sexo, para a gente ficar
sabendo. Porque às vezes minhae ainda me
dá uns livros, mas tem crianças aí que os pais
o dizem nada..." (do relatório de um pro-
fessor do DF.).
As indagações e as sugestões dos próprios
alunos poderiam levá-los ao estudo do corpo, em
relação com o processo da fecundação; do de-
senvolvimento do embrião que se organiza e
cresce no corpo materno, o qual, durante todo
o tempo de gestação se ajusta de modo a criar
espaço e proteção para o novo ser, para provê-
lo de oxigênio e dos nutrientes necessários ao
seu crescimento. O professor precisará estar
preparado para caminhar com os alunos, a partir
de suas próprias propostas no terreno da repro-
dução humana. O assunto é pessoal e carrega-
do de emoção e exige contribuições de vários
campos do saber humano, da genética entre ou-
tros. O novo ser, o feto formado na obscurida-
de e silêncio da trompa e do útero, traz em si
um "projeto" estabelecido no momento da con-
cepção, o qual vai dirigir em detalhe a forma-
ção e o crescimento do seu organismo. E de
acordo com esse projeto realiza as variadas ati-
vidades requeridas para nutrir-se, crescer no es-
forço de viver e se tornar um ser à semelhança
dos que lhe deram origem.
O temao é somente pessoal e emocional; ele
é também social. Até que ponto é a heredita-
riedade responsável pela sobrevivência e saúde
do novo ser enquanto no ventre materno? E pe-
las más-formações, debilidades ou incapacidade
de sobreviver? Que se deve à ação do ambien-
te? Que se deve ao comportamento dae
durante a gestação e às suas relações com o
ambiente? Que sabemos sôbre isso?
É importante a compreensão de que desde a pri-
meira etapa da existência, que corresponde ao
período de vida intra-uterina, a saúde é o re-
sultado da interação da totalidade do organismo
com os seus ambientes. Ainda no ventre mater-
no, a criança interageo apenas com o micro-
ambiente da placenta, mas também com o am-
biente do corpo materno total e, através dele,
com o ambiente exterior que contém a mãe.
A busca de uma concepção de saúde é tam-
m a procura de compreensão do processo de
vida. Procura essa que será sempre mais rica e
significativa para os alunos se partir de suas
próprias experiências de vida. A partir dessa
experiência levantada e pensada é que eles po-
dem fazer indagações à ciência, buscar explicar
ções mais completas para o que de algum modo
já conhecem. O caminho inverso implica sempre
o risco de tentar passar um conhecimento cien-
tífico alheio à experiência de cada um em seu
ambiente, e, portanto difícil de ser dominado e
utilizado.
Fig. 2
Cada criança que nasce já encontra um mundo
organizado que deve aprender a conhecer, do
qual precisará apropriar-se e ao qual terá que
se adaptar. Desde o início, interagindo com o
mundo que a rodeia, vai aprendendo a mover-se
dentro do ambiente a começar pela casa que a
acolhe; vai descobrindo e aprendendo a utilizar
os recursos existentes para a sobrevivência;
vai conhecendo e usando os instrumentos disponí-
veis para o trabalho. É a sua aprendizagem devida
e de saúde.
A capacidade biológica de fazer frente às amea-
ças existentes no ambiente, cada indivíduo de-
verá acrescentar a capacidade de perceber e en-
tender o mundo que o rodeia e de responder aos
seus desafios.
Dentro dessa visão, a proposta de educação para
a saúde é um projeto de trabalho que parte da
experiência dos alunos, trabalho capaz de propi-
ciar-lhes estruturas de conhecimento ou modos
de adquirir conhecimentos.
Conhecer o próprio corpo, conhecê-lo na sua In-
timidade, poder entendê-lo nas suas relações
com o meio, saber cuidá-lo. Conseguir perceber
e interpretar as respostas do organismo ao meio-
ambiente, conhecer e compreender a totalidade
do ambiente o meio social e a natureza,o
certamente objetivos relevantes na aprendizagem
da vida eo apenas da saúde.
ENSAIO DE UMA METODOLOGIA
Como a criança pode fazer a sua aprendizagem de Saúde
Uma das avaliações mais importantes dos pro-
fessores relativa à experiência com a versão pre-
liminar deste Programa, foi que a metodologia
sugerida permitiu-lhes conhecer seus próprios
alunos num campo de expressão pessoal até en-
o pouco evidente: o do pensamento, das emo-
ções e sentimentos, o da criação e da iniciativa
durante o processo da aprendizagem.
Os depoimentos coincidem quanto à surpresa de
verificar que os alunos sabiam mais do que o
professor poderia imaginar e conseguiam agir
com certo grau de autonomia, progressivamente
ampliado no decorrer da prática de algumas ati-
vidades.
Faltou, porém, um melhor entendimento de como
os alunos realizavam o seu desenvolvimento in-
telectual. Os professores, parece que se sentiram
hesitantes para avaliar o aprendizado obtido.
Tiveram dificuldade para perceber a qualidade
das operações mentais, os modos de o aluno
exercitar o raciocínio, a memória.
Como a metodologia ensaiada pretende incorpo-
rar as informações novas ao saber já possuído
pelo aluno, e como em sua formação técnica
o professor é geralmente exercitado para veri-
ficar a aprendizagem através de instrumentos
como a prova, por exemplo, é compreensível que
tenha surgido essa dificuldade. No presente en-
saio de uma metodologia para a aprendizagem
em saúde procurou-se proporcionar ao professor
oportunidade de auto-treinamento, como um meio
de atender a esse problema.
Além disso parece-nos importante, na metodolo-
gia, ressaltar o valor da participação do aluno
na aprendizagem; da utilização de um processo
que leve em consideração o seu corpo, a sua
saúde; do desenvolvimento de suas habilidades
de raciocínio pensar com clareza, flexibilida-
de; da sua satisfação emocional o prazer, a
beleza na ação de aprender, o erroo provo-
cando reprimenda, mas ajuda, correção, estímulo
para encontrar caminhos e respostas adequadas.
Depoimentos de professores e alunos colhidos
da experimentação prática com a versão preli-
minar podem nos dar uma idéia do que ocorreu
com o primeiro ensaio desta metodologia:
"Vi como as crianças gostam que a gente confie
nelas e comoo dinâmicas." (PROF. MG).
"É uma oportunidade formidável de conhecermos
bem os nossos alunos e de deixá-los à vontade,
trazendo à baila suas próprias experiências e vi-
vências inéditas, que, muitas vezes,s profes-
sores, nem podemos imaginar." (PROF. MG).
"Eles mesmos declararam que esse tipo de aula
desenvolve a inteligência, especificaram o fato de
que aulas como essas fá-los-iam gostar muito
mais da escola." (PROF. MG)
"Para nossa comunidade foi muito válido, uma
comunidade muito pobre. Porque naquela época
nem material de limpezao tinha na escola. E
eles participaram da campanha da limpeza e
trouxeram, mesmo sem muito poder aquisitivo,
eles conseguiram. Eso falamos de higiene
com eles." (PROF. DF)
"A fase de preparação do material foi trabalhosa.
Em compensação, durante as aulas, o aluno está
tendo mais condições de agir livremente e eu
estou tendo mais tempo para observar e orien-
tar." (Grifos do professor) (PROF. MG)
"Observação da realização das operações men-
tais foi o mais difícil das tarefas." (PROF.
DF)
"De Início na aplicação deste trabalho, eu notei
que realmente houve uma evolução no compor-
tamento, no decorrer do desempenho das tarefas.
Embora eu reconheça as contribuições e os seus
registros, eu acho que o Programao atendeu
às minhas expectativas. Eu achei que deveria ter
»
sido melhor, euo sei se eu estava querendo
demais." (PROF. DF)
"... trabalhamos, durante sete aulas. No início,
confesso, que achei bem difícil, atender sozinha
a nove grupos, dentro de uma mesma sala, cada
um com um tema e uma dificuldade, em apenas
50 minutos. Depois, com o decorrer do trabalho,
tudo foi se tornando mais fácil." (PROF. MG)
"Ponto positivo no manual é a flexibilidade., É
muito flexível. Os alunos criaram muita coisa em
torno. Muita coisa abrangente. Toda atividade é
bem abrangente. Pode sair e explorar bem."
(PROF. MG).
"... os alunos discutiram sobre todos os proble-
mas referentes às atividades, mas depois foi
abordado o assunto sobre sexo." (PROF. DF)
"Outro dia, um aluno meu chegou e falou: Pro-
fessora,o tem, mas deveria ter na aula de ciên-
cias, uma aula que a senhora falasse sobre sexo.
para a gente ficar sabendo. Porque às vezes mi-
nhae ainda me dá uns livros, mas tem crian-
ças aí que os paiso falam nada. Então a gente
quaseo sabe nada sobre sexo, e a professora
tem que ensinar." (PROF. DF)
"Porque eu achei que o aluno pôde dinamizar
mais o seu estudo, vivenciando situações de
aprendizagem e conhecendo seu meio ambiente,
no sentido de defesa do homem, e também me-
lhorando sua capacidade de se expressar, de ver-
balizar. .. Cria-se um movimento pouco usual,
mas é que os alunos estão discutindo,o
vivendo os problemas." (PROF. DF)
"Os meninos saíam de dentro da sala de aula. é
iam estudar fora também." (PROF. MG)
"Um menino tinha a maior dificuldade de conver-
sar com pessoas, mais do que ele; depois que
entrevistou o médico, conversou com qualquer
pessoa. Foi importante para ele este contato."
(PROF. MG)
"Eu estou espantada: os alunos da 5.* E,o fra-
cos, estão se saindo muito melhor que os
alunos da 5.ª C." (depoimentos idênticos de-
rios professores MG)
"As vezes tinha alunos em um grupo que eram
rejeitados e passaram quase a liderar." (PROF.
DF)
"Na nossa turma, tinha alguns alunos que sem-
pre ficavam de lado. E nessa tarefa, todos os
alunos participaram. Alguns alunos que ficavam
quietinhos, participaram, fizeram perguntas. E an-
tes eles estavam mais afastados. Se conhece-
ram mais..." (PROF. DF)
"Nessa parte aqui, eu notei que apenas uma alu-
na do grupo foi capaz de sintetizar as idéias do
grupo. Ela foi aparecendo, porque a gente foi
estimulando. Ela sentiu que era capaz. Antes era
apagada. Ninguém no colégio, antes, sabia des-
sa capacidade dela." (PROF. DF)
"A gente ficava preocupada com a disciplina,
porque os meninos falavam demais, devido à me-
todologia. Se fosse essa metodologia na escola
toda seria normal. A gente ficava preocupada
com as outras salas." (PROF. DF)
"Pega um programa extenso, preocupação de
vencer o programa,o dá para você dar totali-
dade e liberdade para os meninos." (PROF.
DF)
"O aluno trabalhando em grupo, vai criando maior
espontaneidade, então ele começa a se desligar
e começa a discutir com o colega e passa a ter
mais segurança naquilo que está dizendo. Por-
que, normalmente, quando o aluno vai falar fica
com o olho pregado no professor." (PROF.
DF)
"Estamos tendo maior aproveitamento, por apren-
der mais rapidamente, pois estamos fazendo o
trabalho e por fazer, entender." (Aluno 7.
a
-
rie MG)
"Gostamos, porque é fácil de entendermos. Por-
que está na vivência da gente, É diferente,o
precisa ficar decorando a gente faz as tare-
fas de acordo com o que vimos e experimenta-
mos. A gente pode escolher o assunto." (Aluno
6.ª série MG)
Um importante depoimento colhido na avaliação,
de fonte técnica especializada, ressalta que a
versão preliminar apresentou a primeira parte do
Programa dentro de uma linguagem pouco aces-
sível e que algumas informações tiveram um tra-
tamento por demais teórico, situando-se além
do interesse imediato do ensino sobre saúde nas
escolas de 1.° grau.
Apesar da reformulação ter levado em conta essa
necessidade de uma linguagem mais acessível,
lembramos ao professor a Importância de em-
penhar-se numa compreensão total do Programa,
vencendo obstáculos de linguagem ou de con-
ceitos desconhecidos. Isso seria facilitado se o
professor contasse com um treinamento onde
suas dúvidas pudessem ser colocadas em
discussão. A falta dessa oportunidade implica
maior esforço do professor e faz-se um apelo
para que evite apreciações que separem as
informações em categorias de valor tais como
teórico ou prático; concreto ou abstrato; de
utilidade imediata ou remota uma vez que
é a abordagem integrada desses aspectos que
dá sentido ao Programa como um todo.
O professor terá ocasião de experimentar, no ato
da própria leitura da metodologia, comportamen-
tos sob muitos aspectos semelhantes aos que
serão desenvolvidos pelo próprio aluno. Poderá,
também, através desse ensaio, descobrir atitu-
des que farão parte do seu desempenho em par-
ticular, na qualidade de professor, do Programa
dentro desta metodologia.
Estruturamos a informação sobre a metodologia
em três fases de exercício:
Fase A retoma textos anteriores a este
tópico;
Fase B associa à experiência do profes-
sor, um texto de apoio;
Fase C focaliza aspectos do processo
metodológico, com textos de
apoio.
Para cada Faseo propostas situações de estu-
do seguidas da respectiva orientação.
FASE A
Situações: 1 VIDA, SAÚDE, TRABALHO
GENTE FALANDO
POR UMA
COMPREENSÃO DE SAÚDE
Orientação:
1.1. Pede-se ao professor que releia o conteú-
do dos tópicos acima e procure expressar
para si mesmo o que entendeu; que iden-
tifique os significados que lheo familia-
res. que coincidam com alguma idéia que
já possui; e que identifique também os
significados ou idéias que lheo desco-
nhecidas, e que identifique ainda as recém-
descobertas.
Pede-se ainda que verifique as palavras
ou fraseso habituais no seu linguajar
e tente penetrar no seu significado usando
suas próprias palavras e expressões para
dizer aquilo que está escrito. Eo sen-
do isso possível, que procure no decorrer
da leitura, mais adiante, descobrir signifi-
cados que ficaram para trás, mas inteligí-
veis no novo contexto de palavras ou fra-
ses.
1.2. Realizada essa experiência de leitura, su-
gerimos que reveja as informações que re-
teve, tentando relacioná-las com a sua ex-
periência de vida, isto é, com aquilo que
sabe de si mesmo, da sua infância, da sua
família, do trabalho, do meio ambiente em
que vive. (Na verdade essa evocação de
situações se efetua no próprio ato de ler.)
1.3. Seria oportuno fazer um julgamento, emitir
uma opinião sobre tudo que leu, compre-
endeu e/ouo compreendeu.
1.4. Conversar sobre alguns dos assuntos li-
dos, com pessoas de sua família, do seu
trabalho ou de suas relações sociais, seria
outra iniciativa aconselhável. Também ten-
tar entender o que as pessoas pensam, e
sentem sobre o corpo, trabalho, saúde, vi-
da, doença, remédio, e outros temas sus-
citados pela leitura dos textos. Experi-
mentar compreender as opiniões que emi-
tem. pensar nas queo semelhantes ou
diferentes das suas a respeito das mes-
mas coisas. E tentar identificar sua pró-
pria opinião dentro dessa troca de comen-
tários.
1.5. Depois de agir dentro dessas indicações,
verificar: se o que pensa sobre a vida,
saúde, trabalho foi escrito no Programa e
que idéias teria a acrescentar aos textos
lidos;
o que significou a leitura dos textos pro-
postos: suas idéias sobre saúdeo as
mesmas que tinha antes da leitura ou hou-
ve alguma modificação.
Procure explicar o motivo.
FASE B
Situação: 1. MINHA VIDA DE PROFESSOR
A ESCOLA. OS ALUNOS.
SAÚDE
Orientação:
1.1. O professor poderá usar os meios que
quiser conversar com seus colegas, es-
crever, observar para dizer de sua expe-
riência profissional:
escola onde trabalha: organização, relacio-
namento com os colegas de profissão, dis-
ciplina que leciona, relação entre escola e
meio local;
alunos: quem são, o que aprendem, como
aprendem; os resultados da aprendizagem;
o aprendizado do professor como profes-
sor: como se realiza, sua adequação ao
ensino;
as preocupações com a saúde na escola,
por exemplo, problemas de alimentação,
de doenças, de comportamento, etc. Quais
as suas causas, o que se faz para dimi-
nuí-las.
1.2. Depois de identificar alguns aspectos da
realidade de sua escola, o professor po-
derá dizer: como deveria ser a escola, o
ensino, a aprendizagem, as relações entre
professor e aluno.
1.3. Considerando o conteúdo dos tópicos "Vi-
da, saúde, trabalho gente falando" e
"Por uma compreensão de saúde." lidos
anteriormente, o professor poderá tentar
estabelecer relações entre as idéias da-
queles textos e os problemas de saúde
em sua escola.
1.4. Poderá elaborar uma síntese que expresse
sua opinião a partir desse conjunto de
observações.
Situação: 2. PEDIRÍAMOS AGORA, AO PRO-
FESSOR, QUE LESSE O SEGUIN-
TE TEXTO E O CRITICASSE A
PARTIR DE SEUS CONHECIMEN-
TOS E EXPERIÊNCIAS:
"ISTO ACONTECE?"
Durante muito tempo estivemos habituados a as-
sociar ao papel do professor a tarefa de ensinar;
e ao aluno o de aprender.
A relação de aprendizagem assim estruturada
ganhou sólidas bases no ensino convencional, que
a institucionalizou como uma norma, gerando no
professor um comportamento ativo, desempenha-
do principalmente através de um método de en-
sino expositivo; e no aluno um comportamento
passivo, caracterizado pela atitude de ouvir, res-
ponder quando indagado, ou de fazer alguma per-
gunta vez por outra.
Para o aluno ficava a preocupação de se sair bem
na prova e passar de ano; para o professor, dar a
matéria por inteiro dentro da carga horária pre-
vista e verificar o resultado na prova.
Ao estímulo da matéria ensinada pelo professor,
a devolução da resposta do aluno, como uma re-
petição que invoca mais a memória do que o ra-
ciocínio. O risco de erro e de desaprovação aju-
da a manter um desempenho intelectual tímido.
O esforço do alunoo parece ir além da infor-
mação recebida,o se sente instigado a saber
mais. Se isso acontece, é mais por espírito com-
petitivo do que pelo desejo simples de aprender.
O alunoo chega a ser um criador do seu pró-
prio conhecimento. Repete e copia com mais fa-
cilidade, sem grande inclinação para uma elabo-
ração de suas próprias idéias, pois é pouco esti-
mulado nesse sentido.
A ação prática do aluno fica fora da relação de
ensino, que se baseia mais na percepção de in-
formações abstratas,o levando em conta os
conhecimentos anteriores e a experiência de vida
do aluno, que no decorrer de seu pequeno tempo
de existência já acumulou um saber das coisas,
e chegou a determinados julgamentos
Sobre saúde, por exemplo, o professor poderá fi-
car surpreso diante de muitas opiniões, formadas
a partir das experiências vividas.
Mas diante de um aluno ouvinte, o professor terá
pouca possibilidade de conhecer uma opinião que
o seja a sua própria.
Quando aparecem problemas relacionados com as
condições físicas, emocionais e intelectuais da
criança, que estão fora da norma restrita de en-
sino-aprendizagem, algumas escolas procuram dar
atendimento através da assistência de orienta-
dores especializados. É um procedimento que
o modifica a norma. Uma medida que é acres-
centada à organização da escola.
Mas a grande maioria das escolaso dispõem
de recursos para esse fim.
Talvez o mais freqüente, em ambas as hipóteses,
seja a criança ficar entregue a si mesma, um
pouco perdida nos seus problemas por falta de
ajuda, situação que se agrava quando a família
o toma conhecimento,o compreende ou acha
queo tem meios concretos para resolver os
problemas.
Vista desse ângulo, a aprendizagem do aluno é
isolada das suas dificuldades e possibilidades
pessoais o que pode repercutir na saúde, ou
pelo contrário, ser esta que está atuando como
causa da diminuição de rendimento do aluno.
Algumas escolas, procurando modernizar-se, es-
o introduzindo no ensino novas matérias, como
aulas de turismo, ou de expressão corporal, na
tentativa de abrir um novo espaço de expressão
para o aluno. Mas estas, parece apenas se agre-
garem às demais disciplinas,o significando
uma mudança de relacionamento entre professor
e aluno, que continua dentro da norma tradicio-
nal de ensinar.
As reformas que procuram melhorar a qualidade
do ensino recaem sobretudo nos conteúdos, ape-
nas tocam quando tocam a qualidade do
relacionamento do aluno com a matéria, ou seja,
o modo de ele aprender.
Orientação:
2.1. Pede-se ao professor que identifique, en-
tre significados achados no texto, aqueles
que coincidem com algum fato ou expe-
riência de sua vida; que indique o que lhe
parece desconhecido ou recém-descoberto.
2.2. O professor poderia agora formular sua
opinião sobre o texto.
2.3. Poderá tentar fazer uma comparação entre
as informações de "Isto acontece?" com
a opinião que já tinha formulado ao con-
cluir a prática da orientação do item 1.4-
desta Fase.
2.4. Será oportuno neste momento formular um
novo conceito, integrando o que conhecia,
representando na síntese de sua opinião
anterior, com a opinião crítica desenvolvi-
da a partir do texto "Isto acontece?"
2.5. O professor também poderá recolher suas
idéias sobre as situações propostas na
fase A. item 1.5 e tentar ver as relações
entre o que pensa e as conclusões formu-
ladas anteriormente, por sugestão daquele
item. Poderá ver como educação-saúde-
trabalho-aluno-professor se combinam den-
tro de uma realidade de vida. Expressar
sua opinião
2.6. Poderá considerar também a possibilidade,
dentro de um programa de educação em
saúde, de desenvolver uma relação com o
aluno que dê mais ênfase ao processo de
aprendizagem, valorizando a participação-
do aluno. E também de ensaiar uma me-'
todologia adequada a esse fim.
FASE C
Situações: 1 A EXPERIÊNCIA INICIAL DO
PROFESSOR COM A METODOLO-
GIA
2. "CONHECER COM O CORPO" vo conceito, para saber concretarrvan-
(texto de apoio) te como desenvolveu seu conhecimen-
to do ponto de vista intelectual.
3. "O USO DOS TEXTOS NA APLI-
CAÇÃO DO PROGRAMA" (texto
de apoio)
4. "FAZENDO COMIDA" situa-
ção de aprendizagem para o alu-
no. (texto de apoio) retirada
da unidade "Os alimentos e a
Saúde"
5. "VERIFICAÇÃO DA APRENDIZA-
GEM" (texto de apoio)
Situação : 1. A EXPERIÊNCIA INICIAL DO PRO-
FESSOR COM A METODOLOGIA
Orientação:
1.1. Sugerimos que o professor reveja sua atua-
ção desde o começo deste ensaio meto-
dológico. Por exemplo:
leitura da parte inicial da metodologia
a realização da orientação contida nas
Fases A e B.
1.2. Será oportuno que o professor tente re-
compor o trajeto mental desenvolvido nos
exercícios das Fases A e B, distinguindo as
operações mentais que realizou para tra-
balhar com as informações contidas em
cada situação.
.3. Experimentar também:
comparar seu conceito no início de
cada situação e o conceito final que
chegou a formular.
situar aquelas operações mentais rea-
lizadas entre o conceito inicial e o no-
) Jornal Opinião 24/12/76
Situação: 2. O PROFESSOR PODERIA, AGO-
RA, ACOMPANHAR O SEGUINTE
TEXTO DE APOIO:
"CONHECER COM O CORPO."
Recentemente alguns repórteres de um jornal(*)
decidiram realizar uma entrevista por telefone,
fazendo esta pergunta "O que você faz pelo
seu corpo?" A oportunidade de tal tema levou-
nos a selecionar em parte ou por inteiro, alguns
depoimentos que servem de amostra ao que esta
pergunta, subitamente colocada, pode provocar.
"O que você faz pelo seu corpo?"
"Não sei, esse assunto foge completamente
à minha área. Francamente, se eu for res-
ponder, vou dizer besteira. Eu nunca pensei
nisso"... (historiador).
"...bem... eu cuido da minha saúde, que
é uma maneira de cuidar do corpo". .. (ex-
governador) .
"E uma pergunta danada essa. Eu me esfor-
ço para mantê-lo vivo. E em boa saúde. Só
isso." (escritor).
"Que que eu faço? Faço trabalhar: trabalhar
em todos os sentidos Para se fazer um cor-
po saudável é preciso fazê-lo funcionar
física, mental e sexualmente. Tá certo?"
(dramaturgo)
"Não sei responder a esse tipo de pergunta.
o fui programado para isso. Que mais eu
posso dizer? Passo sabonete nele diaria-
mente ." (economista).
"... acho que sempre tive dificuldade em
me dar bem com o meu corpo problemas
de educação familiar, sexo, etc. Treinei meu
corpo prá me defender... depois descobri os
grilos do corpo e tentei diminuir as defesas,
o oposto de antes. Mas havia uma contradi-
ção entre defender e relaxar. A agressão-
sica era sempre algo que estava em minha
cabeça... a descoberta do corpo é uma apren-
dizagem até hoje..." (engenheiro-professor)
"Eu? nada. Trabalho o dia todo sentado por
trás de uma máquina..." (escritor)
"Corpo? Deixa eu pensar aqui. Nunca tinha
pensado nele dessa maneira. Bem, eu vivo
por causa dele, acordo de manhã, dou um
banho nele, alimento ele, trabalho para sus-
tentá-lo. Nunca pensei nele como uma coisa
estranha a mim. Que que eu faço pelo meu
corpo? É o meio de transporte melhor que
eu tenho... bem, vamos embora: tem tra-
ção sobre dois pés,o é movido a gasolina,
em compensação é movido por um combus-
tível muito mais caro — o feijão, todas as
vezes que ele enguiçou na estrada eu nunca
o abandonei, único dono, 32 anos rodados,
estado razoável de conservação, cor branca,
o tem garantia de fabricante, nem manual
de funcionamento.o troco, nem vendo.
Tá bom?" (cartunista).
Repetimos a mesma indagação dos jornalistas
para o professor, e pedimos que dê o seu de-
poimento. Se quiser, tente experimentar a mes-
ma pergunta com seus familiares ou amigos. E
compare com os depoimentos de "Vida, saúde,
trabalho gente falando," para os quais a per-
guntao foi feita. Experimente ver o que há de
comum entre as respostas e em que diferem.
Os jornalistas que realizaram essa entrevista ad-
mitem que a perguntao estava bem formulada,
pois" o que você faz pelo seu corpo" leva a su-
por que você e corpoo duas entidades sepa-
radas. Explicam que as práticas sociais ajuda-
ram a inculcar esse modo de pensar, e exempli-
ficam falando no hábito de dizer corpo e mente,
emoção e razão, sensibilidade e conhecimento,
arte e ciência, trabalho manual e trabalho inte-
lectual.
Em Por uma compreensão de saúde, um progra-
ma experimental destinado a professores e alu-
nos da 5.ª e 8.ª séries do 1.° grau, a aprendiza-
gem se baseia numa concepção de aprendizagem
integrada ao corpo, à vida.
Entendemos que aprendero é uma ação iso-
lada de uma parte do nosso corpo, o cérebro por
exemplo, com seu mecanismo operacional. O ato
de aprender procede de uma organização viva, o
corpo, que dispõe de dispositivos especiais
seus diferentes órgãos preparados para agir
coordenadamente com esse fim.
Ver, ouvir, cheirar, sentir o gosto, tocar, experi-
mentar o frio, o calor, a dor, o prazer,o capa-
cidades do nosso organismo desenvolvidas por
órgãos e sistemas próprios de funcionamento.
Aprendemos porque podemos andar, fazer movi-
mentos com equilíbrio, alcançar as coisas e trans-
portá-las. Para isso temos os pés, as pernas, o
tronco, os braços, as mãos, a cabeça. Aprende-
mos porque podemos raciocinar, organizar, in-
ventar, combinar, classificar, ordenar objetos.
Podemos reordenar as classificações realizadas
em face de elementos novos, que alteram a or-
denação feita antes. Temos um sistema nervoso
transmitindo ao cérebro informações das coisas
percebidas, através dos nossos órgãos sensori-
ais. E podemos realizar a transformação de in-
formações antigas, que já tínhamos, por causa dá
recepção de informações novas, desconhecidas,
que somos capazes de reelaborar para produzir
um novo conhecimento ou resposta.
No entanto, há diferenças de indivíduo para in-
divíduo na maneira de se relacionar com o meio,
de operar intelectualmente as informações» rece-
bidas.
vas condutas, que ampliam os significados per-
cebidos anteriormente. Nosso conhecimento vai
evoluindo. A formação de hábitos se encontra na
origem dessas condutas.
Dispomos de uma inteligência que se utiliza de
percepções e movimentos antes de passar ao
nível de representação ou do pensamento, de
operações mais complexas. Temos uma memó-
ria que desde cedo armazena lembranças, per-
mite reconhecer, utilizar aquisições anteriores.
Pressupomos que a aprendizagem, no sentido de
aquisição de conhecimentos, é a apreensão de
significados queo assimilados a conhecimen-
tos anteriores, que se acomodam à entrada da
informação nova. A adaptação do conhecimento,
isto é a sua passagem de um nível de informa-
ção para outro, se realiza por essa assimilação
e acomodação orgânica.
Vejamos em breve síntese, o desenvolvimento do
nosso conhecimento:
a até entrarmos na escola, por volta dos 7
anos, passamos por períodos de diferente
evolução.
Entre 0-2 anos. aproximadamente, agi-
mos mais apoiados nas percepções dos
nossos sentidos e nos movimentos que
realizamos com o corpo.
No começoo temos noções de espaço
ou tempo, ou de permanência dos objetos.
Nossa noção de espaço éo estreita que
se relaciona a uma modalidade, a boca por
exemplo. Na continuação do nosso cresci-
mento, desenvolvemos atos intencionais, is-
to é, nos orientamos para um objeto que
desejamos agarrar e realizamos diversos
esforços para alcançá-lo., portanto, uma
noção mais desenvolvida, de meio e fim.
É a adaptação a uma situação nova.
Mostramos em nossas ações respostas que
m significados.
Se a nossa intenção de alcançar um ob-
Deficiências orgânicas podem afetar o relaciona-
mento do indivíduo com o meio, como por exem-
plo, deficiências de visão ou audição. As condi-
ções ambientais também influem no processo de
desenvolvimento e na construção do conhecimen-
to uma vez que este se caracteriza pela ação.
Uma criança, por exemplo, perturbada por defi-
ciências de alimentação, por falta de carinho,
proteção, dispõe de menor energia para apren-
der. A dor, o mal-estar diminuem as forças or-
gânicas, tanto quanto a satisfação e a alegria
representam impulsos vigorosos para a ação.
Essas respostas do corpo aparecem em sinais
que o professor pode perceber no comportamen-
to da criança.
Outro aspecto que merece atenção é o do rela-
cionamento entre as crianças, elas próprias, e
delas com o professor, com a escola — o clima
por assim dizer, em que se processa a apren-
dizagem.
Pareceria pouco coerente transmitir conhecimen-
tos práticos de saúde, sobre "defesas," por
exemplo, ao mesmo tempo em que as relações
entre alunos e professor ou entre as criançaso
de modo a provocar sentimentos de humilhação,
medo, constrangimento, etc.
Desde o nascer desenvolvemos exercícios de
adaptação que envolvem uma ação do nosso cor-
po, de troca de relações com o meio, de inte-
ração, tanto provocadas por atividades espontâ-
neas do organismo quanto por estímulos exter-
nos.
Aprendemos a comer, a falar, a usar nosso orga-
nismo dentro de ações que procedem des
mesmos e de estímulos de fora. Dispomos de
condutas reflexas instintivas. Organizamos os
dados percebidos pelos sentidos. Vamos perce-
bendo significados, extraídos de nossas ações.
Passamos por exercícios de aprendizagem re-
petimos, erramos, acertamos adquirimos no-
jeto, encontra qualquer obstáculo, desenvol-
vemos novas ações para afastar esse obs-
táculo. Disso se inferem novas noções.
como a de separação entre meio e fim.
Quando essa noção fica bem diferenciada,
no sentido de que para alcançar o fim que
desejamos precisamos dos meios apropria-
dos, surge o comportamento de solução de
problemas.
Desde cedo as crianças desenvolvem seus
próprios modos de resolver problemas
que se origina da noção de separação de
meio-fim. Também se desenvolve a noção
da realidade objetiva do objeto fora de
nós. Podemos repetir o mesmo comporta-
mento com relação a outros objetos, desen-
volvendo esquemas de ação que já construi-
mos e constituem um conhecimento nosso,
adaptado a novas situações.
Com a repetição de nossas ações começa-
mos a perceber os efeitos. Por exemplo,
um objeto que cai da mão. É como um no-
vo espetáculo. Deixamos cair o objeto, re-
petimos a ação e passamos a apreciar o
efeito. Nessa ocasião, desenvolvemos o
conceito de causalidade.
Continuamos a desenvolver nossas habili-
dades de ação, como por exemplo, a in-
ventar novos meios para realizar o que
queremos.
Durante esse período torna-se muito evi-
dente a coordenação entre os olhos e as
mãos, as relações meio-fim, a consciência
da permanência do objeto Nosso conheci-
mento se constrói por ações que estimu-
lam eo estimuladas pelos reflexos sen-
sório-motores.
Entre os 2-4 anos desenvolvemos o
pensamento simbólico, caracterizado sobre-
tudo pela linguagem, jogos simbólicos, ima-
gens; dos 4-7 anos, desenvolvimento do
pensamento intuitivo, caracterizado por uma
compreensão, explicação dos fatos um
fato explica o outro.
Os fundamentos da atividade simbólica se
assentam no período sensório-motor, fase
em que estamos mais voltados para a ação.
Mas no período posterior, a partir dos 4
anos, já explicamos e conseguimos fazer
antecipações mais amplas. A representa-
ção compreensiva da realidade nos permi-
te incluir passado, presente e futuro. É um
período pré-operacional.
b Entre os 7-11 anos, entramos num período
de realização de operações concretas, por-
que nossas ações ainda se referem a obje-
tos. Neste período já percebemos atributos
ou propriedades de grupos. Podemos agru-
par objetos em uma classe podemos
classificar. E podemos relacionar objetos
em uma ordem ou série. As operações se
caracterizam por grupamento de objetos
percebidos, segundo suas propriedades ou
atributos.
As características dos processos de pensa-
mentoo que os grupamentos ocorrem em
nossa mente em virtude de ações manifes-
tas antes, e depois internalizadas. Mostra-
mos maior mobilidade de raciocínio. Nes-
te período grupamos aquilo que percebe-
mos; nosso pensamento depende do mun-
do real. concreto. Podemos perceber dois
aspectos de uma mesma coisa, e coorde-
ná-los um com o outro. E podemos voltar
ao ponto de partida de um problema.
Combinar, separar, repetir, dividir,r em
ordem, substituir, quando possível,o ope-
rações contidas em símbolos matemáticos.
Isso se relaciona com o raciocínio lógico.
O tipo de raciocínio é indutivo: fazemos
generalizações a partir de exemplos con-
cretos .
c A partir dos 11 ou 12 anos começamos a
formular hipóteses, com a possibilidade de
eliminá-las quando inadequadas sem ne-
cessariamente usar materiais. Mais do que
explicar, procuramos arranjar provas, fun-
damentos para nossas afirmativas.
Desenvolvemos um sistema combinatório
somos capazes de pensar em termos de
todas as combinações possíveis de objetos,
Essas situações de aprendizagem mostram ao
professor o aluno trabalhando, estudando, pen-
sando. Criam oportunidade de o professor acom-
panhar o modo de os alunos entenderem os sig-
nificados das informações, e o tratamento que
o a esses significados.
Por outro lado, na elaboração deste Programa
pensou-se igualmente no desempenho do profes-
sor. Daí a idéia de estruturar o tema da meto-
dologia como um ensaio do próprio processo que
será experimentado com os alunos, ou seja: re-
lação direta com as informações; combinação de
informações já adquiridas com informações no-
vas; exercícios de aplicação prática e intelectual.
Uma coisa aprendida por mera repetição de pa-
lavras é mais fácil de esquecer do que o pro-
cesso de ações coordenadas, que nos levaram a
construir determinado conhecimento.
Acreditamos, pois, que estudantes bem treinados
na competência de desenvolver o raciocínio du-
rante o 1.° grau, terão melhores probabilidades
de sucesso num nível de ensino superior, ou
num quadro de trabalho, já fora da escola.
Se os conhecimentos específicos que adquiriram
no seu período de formação básica forem es-
quecidos, sua capacidade de pensar garante-lhes
um grau de eficiência para enfrentar as novas
situações.
Parece-nos que o propósito dos ensinamentos
sobre saúde se deve apoiar muito nesse postu-
lado de aprendizagem. O aluno poderá vir a es-
quecer o que aprendeu. Ou pode acontecer que
os problemas de saúde que passa a conhecer
através deste Programa,o sejam exatamente
iguais àqueles com que se defrontará mais tarde.
Mas espera-se que a busca de novos conheci-
mentos lhe seja facilitada por este processo
metodológico.
idéias ou proposições, além de relacionar
rodas as possibilidades em um todo estru-
turado.
Desenvolvemos um pensamento hipotético-
dedutivo, isto é, podemos partir de possi-
bilidades para, a partir delas, raciocinar, ex-
perimentar.
Somos capazes de fazer abstrações, de
pensar em nível abstrato, verbal. Podemos
distinguir, forma e conteúdo. Desenvolve-
mos um pensamento formal.
(Seqüência de estágios de desenvolvimento
intelectual, apoiado em princípios da teoria
de Piaget).
Quando pensamos em introduzir informações so-
bre saúde em um programa para alunos da 5.ª à
8.ª série, procuramos levar em conta alguns pro-
cessos de desenvolvimento do conhecimento, e a
Í)rmulação de conceitos dele decorrentes.
Isso também nos levou a pensar que os alunos
poderiam desenvolver seus conceitos sobre saú-
de, usando de um método de aprendizagem que
lhes permitisse ampliar seu próprio conhecimento,
mediante uma participação mais ativa.
Pensou-se, então, em oferecer oportunidade de
relação direta com as informações sem a
passagem prévia, de exposição do tema, pelo
professor. E em organizar essas informações
dentro de situações concretas que dessem ao
aluno o ensejo de aprender pela prática de ativi-
dades e de exercícios intelectuais. Uma tentati-
va de agir pensando, e de pensar agindo.
Seria uma maneira de começar a aprendizagem
estimulando a expressão de conceitos já adqui-
ridos pelo aluno, em suas experiências anterio-
res de vida; de perceber como ele integra as
novas informações no seu campo pessoal de co-
nhecimento; e de ver o produto de suas opera-
ções intelectuais, na revelação de seus conceitos
recentes.
Orientação:
2.1. Nossa opinião sobre aprendizagem em
saúde da 5.ª a 8.ª série pode ser igual ou
diferente da que tínhamos antes da leitura
de textos deste Programa.
Isto poderá acontecer:
porqueo mudamos nosso modo de
pensar;
porque repetimos uma proposta de
idéias novas;
porque percebemos significados que
alteraram nosso modo de perceber a
aprendizagem em saúde.
O professor poderia dizer qual dessas al-
ternativas coincide com os objetivos da
metodologia, e dar as razões.
Situação: 3. O USO DOS TEXTOS NA APLI-
CAÇÃO DO PROGRAMA
Os conteúdos informativos sobre aprendizagem
em saúde fazem parte dos diferentes textos con-
tidos no Programa, sendo os da 1.ª parte com in-
formações gerais, como já dissemos, para o pro-
fessor; e os da 2.ª parte, com informações es-
pecíficas que ele procurará desenvolver com os
seus alunos, e que constituem o objeto particu-
lar da aprendizagem em saúde.
Todos os textos, entretanto, como o professor já
deve ter notado,o trabalhados dentro da mes-
ma linha metodológica, ou seja, dentro dos prin-
cípios que procuramos enunciar no texto "Conhe-
cer com o corpo."
Com relação ao uso dos textos de aplicação à
5.ª a 8.ª série, sugerimos ao professor que pro-
cure fazer exercícios semelhantes aos que vem
realizando no decorrer do texto sobre metodo-
logia.
O exercício mais importante que poderá fazer,
contudo, é o da prática de uma situação concreta
de aprendizagem do aluno. Esta é, alias, uma
experiência tentada com sucesso por um profes-
sor por ocasião da aplicação da versão preliminar
do Programa.
Selecionamos para este fim a situação "Fazendo
comida," da unidade "Os alimentos e a saúde,"
que virá a seguir a este tópico.
Lembramos algumas características do ensaio
metodológico: dar oportunidade ao aluno de conta-
tar diretamente com as informações que contém
ensinamentos sobre saúde; estimular os alunos
a explicitarem seus próprios conceitos; dar ensejo
a desenvolver o conhecimento através de ações
práticas; propiciar o desenvolvimento intelectual
por meio de operações de raciocínio que levem
a perceber significados novos, a comparar, rela-
cionar, classificar, ordenar; que levem a conclu-
sões, a generalizar.
A partir daí, o aluno poderá dispor de uma base
de raciocínio exercitada em questões concretas
sobre saúde, que lhe facilitará fazer combinações
de idéias num nível mais avançado, sem neces-
sariamente depender da realização de atividades
práticas. Poderá levantar possibilidades e pro-
curar explicações, combinando significados par-
ciais num significado mais global, por um encai-
xamento lógico de suas idéias. Este seria o sal-
do a guardar, para um período futuro, através
deste ensaio metodológico.
Entretanto, durante a prática das situações de
aprendizagem já se faz uma tentativa de combi-
nar significados das situações dentro do nível
do tema geral da unidade, encaminhando o pen-
samento para um plano mais abstrato de compre-
ensão da saúde. Assim, também, quando se pro-
cura identificar relações entre as três unidades
de estudo.
Dentro dos pressupostos mencionados para a
aprendizagem em saúde, as situações foram or-
ganizadas do seguinte modo:
sivos passos que.o dos conceitos iniciais do
aluno à apreensão de novos significados e reela-
boração das idéias anteriores. A sua expressão
final revela os conceitos adquiridos, e como fo-
ram adquiridos. O aluno sabe como chegou até
eles.
Cria-se para o aluno um clima de auto-expres-
são. Erros, acertos, repetições acontecem no
processo de reelaboração dos conhecimentos. O
comportamento operacional do aluno se desen-
rola num andamento flexível, entre avanços e re-
trocessos. para reajustes do conhecimento.
Os alunos planejam a execução das tarefas de
acordo com seus ritmos pessoais mas no
tempo estipulado, devem apresentar o resultado
que lhes foi pedido.
Qual o papel do professor num processo de par-
ticipação ativa do aluno na aprendizagem?
O de um orientador experiente, que conhece
o assunto das situações. Que numa condição de
conflito do aluno, quando esteo sabe encon-
tar meios adequados para resolvê-lo sozinho, po-
de dialogar com ele sobre as dificuldades em
questão, ajudando-o a encaminhar-se para solu-
ções corretas. Acompanha a maneira como o
aluno explora o conteúdo das situações. Forne-
ce-lhe "pistas" quando percebe que ele se afasta
das soluções acertadas.
Acompanha o percurso de sua elaboração men-
tal por observações e perguntas de como chegou
a tal conclusão.
Observa reações individuais do aluno, e do gru-
po. Aprende deles e com eles. Ensina, explican-
do em diálogo com o grupo, através de indaga-
ções que levem os alunos a procurar novas res-
postas e a reconhecer diferençaso percebidas,
que lhes mostrem onde deverão corrigir suas
respostas.
preparo das informações constantes do texto
dó professor em uma ficha informativa para
o aluno, na qual se evidenciam os conceitos
básicos a serem adquiridos, dentro de expli-
cações correspondentes, formando um todo.
composição de um certo número de tarefas,
que propiciam uma ação prática junto com o
desenvolvimento do raoiocínio. porque as
ações envolvem exercícios de operação men-
realização das tarefas em ordem seqüencial,
em grupos de 2 ou mais alunos, desenvolvi-
mento de associações e de conclusões su-
cessivas, vinculadas ao conteúdo da ficha in-
formativa do aluno,
A primeira tarefa, em geral é colocada de modo
a estimular a expressão das idéias que o aluno
tem sobre o tema proposto na situação;
a segunda tarefa procura acrescentar novos sig-
nificados, implicando consulta à ficha informativa
do aluno relativa à situação em estudo;
da terceira tarefa em diante, as realizações mos-
tram o desenvolvimento do processo inicial de
assimilação e acomodação das informações: co-
mo os alunos agrupam os dados de acordo com
propriedades semelhantes; como os classificam
segundo tais propriedades; como sintetizam suas
idéias, emitem julgamentos ao final das tarefas
conclusões a que chegaram.
Se as conclusões a que chegaramo represen-
tam um progresso, uma abertura ou uma mudan-
ça das opiniões e conceitos iniciais, o professor
deverá estimular o aluno a refazer o caminho
percorriddo numa tentativa de re-aprendizagem.
A ficha-informativa pode funcionar como refe-
rência para "o que" aprender.
O percurso da aprendizagem aparece nas atitu-
des de indagação, discussão, registro, nos suces-
Observar, esclarecer, assistir, estimular, instigar
à procurao algumas das atitudes mais fre-
qüentes do professor durante as situações. Ele
é um sujeito aberto ao diálogo, recusa monolo-
gar sua sabedoria. Ele aceita ser indagado e
questionado. Ele quer a troca de experiências.
O relacionamento entre aluno e professor pode
parecer pouco disciplinado dentro da sala de
aula porque se permite, pela natureza das tare-
fas, que os alunos estudem em grupos de ta-
manho variado, e individualmente, em atividades
ligadas a qualquer tarefa, levando a uma desar-
rumação da posição habitual de cadeiras ou ob-
jetos. Também as indagações ou discussões em
grupo fazem ruído diferente do de uma voz iso-
lada, como acontece no ensino convencional,
quando o professor expõe a matéria.
Pode ocorrer no planejamento e realização das
tarefas, que alguns alunos revelem qualidades de
liderança. Mas o desenvolvimento das atividades
de cada tarefao tem esse propósito. Elas vi-
sam a ajudar cada aluno a se desenvolver, a
cultivar sua própria iniciativa.
o importantes os estímulos do professor, da-
dos com sua presença nas situações de aprendi-
zagem, com os incentivos de aprovação às qua-
lidades e acertos demonstrados.
A articulação de todas as situações o professor
encontrará no tópico "Um programa de saúde
para as escolas de 1.° grau unidades funda-
mentais," assim como indicações para o começo
da sua aplicação.
Para a relação direta do aluno com as informa-
ções, ou seja, para que ele possa trabalhar com
uma situação escolhida, o professor procurará or-
ganizar as fichas-informativas dos alunos em um
arquivo, que também guardará todas as situa-
ções. Esse arquivo funciona como uma espécie
de "memória" ou banco de informações (BI), com
materiais outros que possam ser trabalhados por
ele, em complementação às fichas-informativas.
Este assunto será tratado no tópico que segue
ao ensaio metodológico.
Orientação:
3.1. Sugerimos ao professor dizer que aspectos
de "O uso dos textos do Programa" lhe
o familiares e quais os que lhe parecem
novos.
3.2. Como acha que pode realizar seu desem-
penho dentro das sugestões propostas.
3.3. Pedimos que experimente relacionar os
conteúdos de "Isso acontece" e "Conhecer
com o Corpo," com este último texto. E
que procure ordenar suas próprias infor-
mações .
Situação: 4. "FAZENDO COMIDA" SITUA-
ÇÃO DE APRENDIZAGEM DO
ALUNO
(O professor encontrará a seguir um exemplo de
situação de aprendizagem).
Sugerimos que experimente realizar, ou pelo me-
nos estudar, a relação de tarefas indicadas.
A expressão BI quer dizer banco de informações,
e serve para designar o lugar onde o aluno vai
procurar a situação. A ficha-informativa do alu-
no, que corresponde a essa situação, o professor
pode encontrar na 2.
a
parte do Programa, na uni-
dade "Os alimentos e a saúde," bem como o
texto correspondente, para seu uso.
1.ª Tarefa:
1. Você já preparou uma refeição?
2. Comoo em geral preparadas as verduras?
Dar exemplos.
3. Como se costuma cozinhar os legumes? E
os cereais? Dar exemplos.
4. Ouais os modos mais comuns de preparar
as carnes? Dar exemplos.
5. Que mais sabe você sobre as diferentes
maneiras de preparar os alimentos? Dar
exemplos.
6. Que relações existem entre o preparo de ali-
mentos e o seu valor nutritivo? Dar exem-
plos.
Agora você poderá:
responder por escrito às perguntas acima;
com os colegas de grupo, discutir as respos-
tas e fazer uma lista das diferentes maneiras
de cozinhar os alimentos.
2.ª Tarefa:
1. Retirar do BI a ficha ALGUMAS INFORMA-
ÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS.
Procure agora:
discutir com os colegas as informações no-
vas;
anotar a conclusão.
3.ª Tarefa:
1. Quem poderá dar mais informações sobre o
preparo de alimentos?
Experimente:
preparar, junto com os colegas de grupo,
perguntas para uma entrevista com algumas
pessoas;
entrevistar pelo menos duas pessoas (por
exemplo, sua mãe, avó ou uma cozinheira
experiente), anotando todas as respostas;
agrupar as opiniões que se assemelham, or-
dená-las de acordo com os pontos seme-
lhantes. antes de mostrar os resultados da
entrevista aos colegas;
em grupo discutir todas as entrevistas;
anotar as diferenças de opinião entre as pes-
soas entrevistadas e procurar explicações
para essas diferenças;
discutir com o professor e registrar a con-
clusão.
4.' Tarefa:
1. Que informações novas foram dadas pelas
pessoas entrevistadas?
Em grupo tente:
comparar as informações colhidas durante as
entrevistas com aquelas da ficha ALGUMAS
INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS
ALIMENTOS;
discutir e anotar as diferenças encontradas;
selecionar entre as informações novas, da-
das pelas pessoas entrevistadas, algumas
importantes para serem acrescentadas à fi-
cha-informativa;
discutir com o professor.
5.
a
Tarefa:
1. Fazer em grupo um relatório com os resul-
tados das tarefas.
2. Se houver oportunidade apresentar as con-
clusões para a turma.
OBSERVAÇÃO: Arquivar no BI o relatório e as
tarefas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação: 5. "VERIFICAÇÃO DA APRENDIZA-
GEM"
Orientação:
5.1. Sugerimos inicialmente que o professor
reveja os tópicos anteriores, e que pro-
cure:
examinar o desempenho que é solicitado
do aluno na aprendizagem em saúde;
examinar as condições em que esse de-
sempenho se revela, isto é, as situações
de aprendizagem;
examinar o desempenho que acha que de-
ve ter, como professor.
5.2. Sugerimos também, a partir das conclu-
sões a que tiver chegado nos itens acima.
que procure identificar o que deverá ser
considerado objeto de verificação da
aprendizagem; e que meios concretos acha
que poderá usar para esse fim, do seu
ponto de vista.
5.3. Pedimos agora que nos acompanhe no es-
tudo de algumas sugestões de avaliação
da aprendizagem em saúde neste Progra-
ma, contidas no texto que segue:
Podemos pensar em três objetivos específicos: a
aquisição dos conceitos sobre saúde, contidos na
ficha-texto do aluno; o modo de o aluno enten-
der tais conceitos e incorporá-los ao seu saber
anterior; os projetos de ação decorrentes.
Talvez possamos organizar os instrumentos de
avaliação do professor, colocando em evidência
suas possíveis atitudes em relação às situações.
Teríamos, assim, o desenvolvimento de atitudes
de:
observar o comportamento do aluno, no início
de uma situação, sua iniciativa, modo de enten-
der a tarefa escolhida e de executá-la; as rea-
ções de ouvir os conceitos que expressam; o
modo de expressá-los, as explicações que ofe-
recem para as suas afirmações;
estar atento às dificuldades que experimentam
(em que momento da tarefa e em quais tarefas);
acompanhar a evolução do comportamento dos
alunos em uma tarefa; e de uma tarefa para ou-
tra; que seqüência de habilidades desenvolvem,
de que modo a ação das tarefas estimula o ra-
ciocínio como pensam, as relações que esta-
belecem; como se encaminham para a aquisição
das novas informações; tipo de conclusões que
formulam se se aproximam ou se desviam
de conceitos a aprender; em que ponto ocorrem
os desvios; como os alunos identificam seus
próprios erros ou equívocos, como reelaboram
suas idéias para reaoertarem o caminho da apren-
dizagem, como solucionam suas próprias difi-
culdades, tomando por referência a ficha de in-
formações;
dialogar com o grupo ou individualmente, em
momentos oportunos do desenvolvimento das ta-
refas, por exemplo quando os meninos discutem
suas idéias. Acompanhar o raciocínio que desen-
volvem, fazer perguntas como quem quer apren-
der. Pedir esclarecimentos. Mostrar dúvidas e
solicitar explicações;
intervir quando solicitado a prestar uma orienta-
ção, a ajudar num impasse experimentado pelo
aluno ou pelo grupo mas propondo questões
que levem o aluno e o grupo a repensarem o pro-
blema e a encontrarem novas saídas ou solu-
ções;
estimular sempre; participando quando possível.
de pelo menos uma atividade de qualquer tarefa,
de cada grupo, trabalhando junto com os alunos'
uma experiência valiosa se o professor sou-
ber aproveitá-la;
escutar as conclusões finais de cada tarefa, dis-
cuti-las para perceber o caminho realizado, as
relações que os alunos conseguiram estabelecer
entre as diversas informações. Ampliar os con-
oeitos expressos, para a relação com o corpo,
auxiliar e orientador do seu trabalho. É uma po-
sição que confere ao aluno maior independência
e responsabilidade.
Quando o aluno começa a agir dentro das situa-
ções, seus conceitos revelam o modo como
aprendeu a ver e julgar a realidade, isto é, a
sua representação — o que construiu sob a for-
ma de imagens em seu cérebro, em traços guar-
dados na memória, reflete os componentes do
meio em que se desenvolveu e dentro do qual
construiu seu conhecimento.
Repetimos uma realidade que foi aprendida como
realidade raramente questionamos sobre a
verdade dessa realidade e os conceitos adquiri-
dos a partir dela.
O aluno experimentará, pois, pensar sobre as
coisas aprendidas. E o professor tentará alar-
gar o campo de sua percepção e conhecimento
(um se liga ao outro), propondo-lhe situações
de ação que lhe permitam descobrir aspectos ou
atributos diferentes; repensar o aprendido; evo-
luir nos conceitos, de modo a reolhar a realidade
conhecida sob nova visão e julgamento. Por
conseguinte, a verificação da aprendizagem pede
que o professor dê atenção aos conceitos emi-
tidos pelos alunos no começo das suas ativida-
des, na tarefa inicial, e que os compare com os
conceitos expressos ao final, para avaliar o grau
de ampliação do conhecimento.
A organização de uma "memória"
O banco de informações- BI, para o aluno
Dissemos que o aluno estabeleça uma relação
direta com as informações e que estas se en-
contram organizadas em um único lugar, numa
espécie de arquivo que chamamos de "memória"
ou banco de informações.
A apropriação deste nome banco de informa-
ções ou BI, se deve ao interesse, inclusive, de
exercitar o aluno em lidar com informações ar-
a vida, a experiência de cada um, para o signi-
ficado da situação no todo da unidade de estudo.
E entre as situações das demais unidades
estas, novamente inter-relacionadas;
criar condições de o aluno verificar o seu próprio
aprendizado, pela comparação do seu modo ini-
cial de ver e entender o significado das situa-
ções, ao expressar seus conceitos, no início,
com o seu modo último de expressão que revela
o conhecimento adquirido. Trabalhar no sentido
de que o aluno encontre satisfação, recompensa
de seus esforços, prazer com aquilo que foi
aprendido. A alegria faz parte da saúde, da
aprendizagem portanto.
Quanto ao registro da verificação da aprendiza-
gem, o professor pode fazê-lo do modo que me-
lhor se adapte aos meios sugeridos por aluno,
em relação ao seu desempenho em situações; ou
por situação, mostrando o desempenho da equipe
de alunos. No primeiro caso, poderia identificar
alguns itens, como: nome do aluno, unidade-si-
tuação e tarefas, anotando em cada tarefa a evo-
lução do aluno por meio de observações.
No segundo caso, a identificação preliminar seria
a da equipe, seguida da unidade-situação, com
o registro do seu procedimento por tarefa.
Um recurso válido neste caso, é a utilização dos
relatórios conclusivos guardados no BI.
A finalidade de criar essa documentação, que
poderia também ser guardada no BI, é reunir
dados de comprovação da aprendizagem, que pu-
dessem auxiliar em futuros cursos de treinamen-
to do professor. Porque isto, do ponto de vista
do aluno, é secundário. As correçõeso reali-
zadas durante a aprendizagem, e o sentido de
reprovaçãoo conta como critério.
O que parece ganhar importância, como já dis-
semos, é o modo de o aluno se relacionar com
a informação. Como o professor pode constatar,
na aprendizagem que se propõe em saúde, o alu-
no mantém um contato direto com a informação,
e indireto com o professor, que passa a ser um
rumadas em diferentes documentos, em lugares
certos, e queo usadas e recolocadas constan-
temente em seus respectivos lugares.
A "memória" recebe, guarda e transmite infor-
mações colhidas por professores e alunos. Ela
começa com um certo número de informações-
sicas, previamente preparadas pelo professor, e
pode aumentar o seu número de dados por aqui-
sições posteriores.
O material que o professor terá de preparar e
organizar refere-se a estes itens:
1. Situações As tarefas a serem executadas
pelos alunos estão relacionadas em "fichas-lis-
ta" de tarefas que devem ser guardadas numa
determinada divisão do BI;
as fichas-informativas dos alunos, com dados
sobre saúdeo também guardadas no BI, em
outra divisão, mas em correspondência com as
fichas-lista respectivas.
1.1. Unidades Os alunos da 5ª à 8.ª série,
como será visto adiante, trabalham em situações
que se vinculam a um tema geral, identificado
em unidades. Assim, por exemplo, a situação
"Fazendo Comida" relaciona-se à unidade "Os
alimentos e a Saúde."
2. Materiais de trabalho Para o desenvolvi-
mento das tarefas dos alunos há informações re-
presentadas por materiais diversos, que o pro-
fessor deverá armazenar antecipadamente na
"memória," em divisão própria. Esses materiais
podem ser: fotografias; artigos de jornal; fichas
com dados sobre serviços de saúde (relação de
agências de saúde, por exemplo, ou de hospitais
etc): dados sobre serviços de distribuição de
água e remoção de dejetos, ou outros sugeridos
dentro do item "Informações do BI," que o pro-
fessor encontrará na aplicação prática de cada
situação (ver sumário à página 10).
Utilizando caixas de papelão, latas ou gavetas.
conforme os recursos da escola, teríamos para
cada unidade duas divisões: uma para guardar as
fichas-lista das tarefas; outra para guardar as
fichas de informação correspondentes a cada fi-
cha-lista, e também os materiais de trabalho ci-
tados .
Exemplificando o começo da organização do ban-
co de informações com caixas, teríamos:
1 caixa-ficha-lista das tarefas, classificadas
por situação, isto é, tendo uma in-
dicação na frente da ficha, do nome
da situação correspondente.
1 caixa-ficha-informatíva. classificada por si-
tuação, com o mesmo sistema der
o nome da situação em evidência, o
que permite colocar os dois tipos de
ficha (lista das tarefas e informativa)
em correspondência uma com a outra
dentro da mesma situação. Certas fi-
chas-informativas podem ser usadas
para mais de uma situação.
materiais diversos, tambémo
colocados nesta caixa, classificados
por assunto. Por exemplo: fotogra-
fias; artigos de jornal etc.
Tanto as fichas-lista de tarefas e informativas
como os materiais diversos,o colocados
em ordem alfabética.
Existe uma terceira caixa que contém o registro
do tratamento das informações, ou seja. o pro-
duto da aprendizagem dos alunos (relatórios,
etc). Esta caixa poderia ser organizada, classi-
ficando-se os registros dos alunos, isto é, os
relatórios conclusivos das tarefas, por situação
e unidade respectiva.
Os documentos desta caixa podem ser usados
pelo professor como recurso de verificação da
aprendizagem.
Periodicamente poderá ser feita uma eliminação
do material desnecessário, nas caixas, para asse-
gurar espaço à entrada de novas informações.
Seria interessante poder conservar uma docu-
mentação que possibilitasse comparar, por exem-
As sugestões apontadaso flexíveis. O pro-
fessor poderá tentar organizar as informações da
maneira que julgar mais prática. A experiência
com a versão preliminar mostrou um aspecto
particularmente inventivo na organização do BI:
ele apresentou diferenças de escola para escola.
Segundo, ainda, essa experiência, o banco de
informações para a aprendizagem em saúde fa-
vorece o treinamento das habilidades do aluno
em lidar com documentos, fazer consulta a ma-
teriais organizados dentro de um sistema de re-
lações (classificação das situações por assun-
tos).
Através da prática de algumas tarefas pode-se
aumentar o número e qualidade das informações
já guardadas no "banco," conseguindo-se com
isso maior quantidade e seleção de ma-
plo, a evolução da aprendizagem em turmas de
anos diferentes.
Exemplo da organização de um banco de infor-
mações dentro do programa para a 5.ª à 8.ª série:
terial de trabalho.
A "memória" guarda o trabalho de todos os alu-
nos, emite e recebe informações individuais e
do grupo, do professor e de fora da escola. Em
certo sentido, os registros guardados no BI
abrem a escola à uma realidade externa, da
saúde.
Lidando com determinados materiais o aluno
passa a compreender melhor o significado dos
serviços ou recursos existentes na área em que
reside, e a tomar consciência da sua utilidade.
O BI pode ainda funcionar como uma "unidade
de informação" para entidades interessadas em
problemas de saúde, pois os trabalhos feitos pe-
los alunos contêm dados que podem ser apro-
veitados .
BANCO DE INFORMAÇÕES (pode ser um armário, uma prateleira)
CAIXAS
ALIMENTOS
Situações
Ficha-lista
Tarefas
ALIMENTOS
Situações
Ficha-infor-
mativa
Materiais
de trabalho
MORADA
Situações
Ficha-lista
Tarefas
MORADA
Situações
Ficha-infor-
mativa
Materiais
de trabalho
DEFESAS
Situações
Ficha-lista
Tarefas
DEFESAS
Situações
Ficha-infor-
mativa
Materiais
de trabalho
UNIDADES
ALIMENTOS
DEFESAS
MORADA
Relatórios
Conclusivos
UM PROGRAMA DE SAÚDE
PARA AS ESCOLAS DE 1.° GRAU
Unidades fundamentais
Entende-se que seria proveitoso para crianças no
nível da 5.ª a 8.ª série formular um programa que
contivesse conhecimentos sobre nutrição, modos
de morar e meios de defesa, somando informa
ções voltadas para a saúde indivíduos s meio
ambiente. Esses temas tinham sido apontados
pelos professores em encontros anteriores eo
representativos dos problemas encontrados na
maioria da população escolar. Formam três uni-
dades que se inter-relacionam organicamente
através da proposta de situações e tarefas que
o trabalhadas pelos alunos.
Cada unidade compreende assuntos específicos
que formam um texto de consulta para o profes-
sor. Os vários textos de cada unidade estão
reunidos em diagrama, na 2.
a
parte, que trata da
aplicação prática. Por exemplo:
A unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E
A SAÚDE compreende 6 textos: a morada do
homem; os modos de morar do homem e as pa-
rasitoses intestinais; os modos de morar do ho-
mem e as diarréias; os modos de morar do ho-
mem e a esquistossomose; os modos de morar
do homem e a doença de Chagas; os modos de
morar do homem e a tuberculose.
A unidade OS ALIMENTOS E A SAÚDE tem 3 tex-
tos: O problema da nutrição e o desenvolvimen-
to dos escolares; o processo da nutrição; a arte
de selecionar e preparar os alimentos.
Para a unidade AS DEFESAS DO HOMEM foram
preparados 3 textos: A vida e o meio; Os proces-
sos naturais de defesa; o homem e suas defesas.
A sugestão básica do Programa é a de desenvol-
ver um aprendizado que se processe através da
realização de tarefas concretas, por parte do alu-
no, levando-o a exercitar idéias e pensamentos
e a aproveitar da sua experiência — e da do
professor, do seu conhecimento dos textos, da
sua estória de vida.
Essas tarefas concretas formam o percurso do
aprendizado em saúde eo representadas por
um conjunto de atividades dentro de uma situa-
ção que contém conceitos extraídos do texto de
estudo do professor, relativos a uma das três
unidades mencionadas.
Tal estrutura oportuniza três tipos de reação:
física as crianças podem se movimentar livre-
mente para o desempenho das tarefas; intelec-
tual os alunos desenvolvem uma série de ope-
rações mentais, de raciocínio; emocional eles
expressam emoções e sentimentos.
Os conhecimentos sobre saúde contidos nos tex-
tos do professoro dados ao aluno, no BI, sob
a forma de situações que encerram conceitos de
saúde, a serem elaborados pelos alunos, através
de associações estimuladas no desempenho das
tarefas. Essas associações induzem-no a pensar
nas suas experiências de vida e a conectar o
saber anterior com a vivência do novo conheci-
mento que está sendo adquirido.
A situação é mostrada para o aluno sob um no-
me. É ele que a escolhe e trabalha para des-
cobrir o seu conteúdo.
O importante éo perder de vista o estabele-
cimento de relações entre os conteúdos atribuí-
dos às diferentes unidades.
O professor poderá selecionar as situações para
aprendizagem de acordo com a realidade do meio
sócio-econômico de sua escola, com as condi-
ções de saúde dos alunos e com o tempo da que
poderá dispor dentro da carga horária destinada
ao Programa.
As unidades, por uma razão evidente,o com-
portam todos os problemas de saúde, talvez nem
mesmo alguns que sejam relevantes no período
de idade dos alunos ou nas localidades em que
residem. Gripes, sarampo, caxumba, surtos de
meningite, incidência de acidentes, ou problemas
como o da poluição, do desmatamento, poderão
eventualmente interromper ou modificar os con-
teúdos das situações, causando uma mudança da
informação, que emborao contida no texto do
professor, poderá ser adquirida numa fonte com-
petente. A estrutura (situações, tarefas) e a
metodologiaoo alteradas com essa adap-
tação.
Também existe abertura no programa para a par-
ticipação interdisciplinar de professores que
reconheçam essa vantagem e queiram, em de-
terminadas situações, planejar uma ação integra-
da de ensino-aprendizagem dentro de suas res-
pectivas disciplinas.
Para o início da aplicação do programa da 5.ª a
8.ª série, o professor poderá orientar-se por al-
gumas indicações que passamos a apontar:
estudar os textos informativos do professor
sobre saúde e selecionar situações de
aprendizagem para os alunos de acordo com
a realidade da escola, com os problemas mais
importantes para os alunos e os recursos
disponíveis para a sua solução, com o de-
senvolvimento de outras áreas do currículo
às quais esses problemas podem ser rela-
cionados, etc;
A unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E
A SAÚDE, por exemplo, no texto 1. do professor,
apresenta 4 situações para o aluno: "Além das
quatro paredes," "Saúde, nunca tive e tive," "Os
nvasores." "Cidade ou Roça?" (ver sumário à
página 10 ).
O diagrama das situações aparece ao lado do
diagrama dos textos para o professor, por uni-
dade, possibilitando-lhe ver o conjunto do Pro-
grama.
O conhecimento das unidades pode ser desen-
volvido através de uma abordagem seqüencial,
Isto é, partindo das situações da unidade sobre
os alimentos para as da morada e depois as das
defesas; ou desenvolvendo simultaneamente o
tratamento das situações nas três unidades; ou
abordando de formao seqüencial, ou seja. es-
colhendo as situações de qualquer unidade e sal-
tando para as das outras duas indistintamente.
Na abordagem seqüencial os conhecimentos evo-
luem numa direção linear, progressiva, formando
justaposição de conhecimentos queo depois
relacionados. Corresponde ao manejo dado às
disciplinas, de modo geral, no ensino convencio-
nal. O desenvolvimento simultâneo, em classe,
das situações das três unidades, possibilita
maior estímulo à associação das situações das
diferentes unidades. O aluno pensa numa infor-
mação sobre alimentos, por exemplo, relaciona-a
com outra trabalhada na unidade da morada ou
da defesa. As associaçõeso mais vivas, ime-
diatas,o obedecem a uma ordem preestabe-
ecida. A abordagemo seqüencial obriga a um
esforço associativo mais agudo, a ordenar cons-
tantemente as idéias para cobrir lapsos de uma
informação aindao assimilada.
A experiência prática foi multiforme, maso su-
ficiente para uma indicação definitiva. Parece-
nos mais produtiva, entretanto, a que se refere
ao desenvolvimento simultâneo. De preferência
o professor deverá ensaiar a modalidade que me-
lhor se ajusta às possibilidades de sua escola.
planejar o local e o equipamento (gavetas,
caixas, etc.) necessários à organização do
BI;
destacar, do Programa, o material das si-
tuações de aprendizagem do aluno: ficha-lis-
ta de tarefas e fichas-informativas corres-
pondentes; organizar esse material no BI;
preparar o material de trabalho para as si-
tuações: coletar dados sobre serviços locais,
procurar fotografias, artigos de jornais, de
revistas etc; organizá-los no BI;
reproduzir os diagramas de cada unidade
(indicados no início da 2.".parte) em folhas
de cartolina, em tamanho acessível à clas-
se, fixando-os na parede.
Realizada essa fase preliminar de preparo, o
professor começará o Programa, conversando
com os seus alunos de modo a que possam es-
tabelecer relações entre corpo-saúde-aprendiza-
giem-vida-trabalho. Por exemplo, partindo de uma
indagação do tipo "Que vocês gostariam da
estudar em saúde?" "Como vocês acham que de-
veriam estudar saúde?"
Após os comentários dos seus alunos, o profes-
sor poderá mostra-lhes os diagramas, eviden-
ciando a relação dos assuntos com as observa-
ções que tenham feito.
Nessa ocasião poderá sugerir aos alunos um
estudo das situações apontadas para aumentar
seus conhecimenos sobre saúde.
Explicará que essas situações contêm um certo
número de tarefas, que estão todas organizadas
em um único lugar, chamado "memória'' ou
banco de informações.
Para trabalhar nas tarefas os alunos poderão se
organizar em pequenos grupos, discutindo pri-
meiramente a escolha da situação; e a seguir
buscar a ficha-lista das tarefas, correspondente
à situação, fazendo o planejamento da execução
das atividades em conjunto.
No início, por falta de hábito, os alunos poderão
depender um pouco mais de esclarecimentos do
professor. Mas, a experiência preliminar mos-
trou que gradativamente os alunos adquirem au-
tonomia no trabalho.
O professor poderá acompanhar o desenvolvi-
mento individual de cada aluno através do re-
gistro, em uma ficha, de suas observações.
DOCUMENTAÇÃO DE APOIO
Usamos para esta parte do Programa, uma pequena bibliografia, que pelo seu caráter variado,
resolvemos chamar de documentação de apoio.
Na área de educação,
incluimos os seguintes livros: SCHWARTZ, Bertrand. A educação amanhã: um
projeto de educação permanente; trad. de
Paulo Rosas. Petrópolis, Editora Vozes,
1976, 407p.
Publicação que ajuda a fazer uma revisão
de posições do ensino.
CUNHA, Luís Antônio. Educação e desenvolvi-
mento social no Brasil. Rio de Janeiro, Li-
vraria Francisco Alves Editora, 1975, 291 p.
Neste livro há uma tentativa de mostrar a
realidade do ensino no Brasil. Vários as-
pectoso focalizados, entre os quais o
problema da educação em termos de dis-
tribuição de renda; da escolarização desi-
gual; do desempenho desigual, visto atra-
s do problema da fome e da marginali-
dade cultural.
GORMAN, Richard M. Descobrindo Piaget: um
guia para educadores; trad. de Maria-
cia Freire Esteves Peres. Rio de Janeiro,
Livros Técnicos e Científicos, 1976, 132p.
Baseia-se em princípios do desenvolvimen-
to intelectual, segundo Piaget. Apresenta
uma série de situações práticas, em lin-
guagem acessível.
PHILLIPS, John L. Origens do Intelecto: a teoria
de Piaget; trad. de Agnes Cretella.o
Paulo, Editora Nacional, Editora da USP,
1971, 161p.
Aborda os períodos de desenvolvimento
intelectual de acordo com a teoria de Pia-
get, seguidos de exercícios e explicações
que ajudam os educadores interessados
na sua aplicação.
PIAGET, Jean. Biologia e Conhecimento ensaio
sobre as relações entre as regulações or-
gânicas e os processos cognoscitivos;
trad. de Francisco M. Guimarães. Petró-
polis, Editora Vozes Ltda., 1973. 423p.
Importante publicação para consulta. Re-
quer um grande conhecimento do pensa-
mento de Piaget.
TURNER, Johanna. Desenvolvimento Cognitivo;
trad. de Álvaro Cabral, Rio de Janeiro,
Zahar Editores. 1976, 177p.
Aborda aspectos da teoria do desenvolvi-
mento intelectual segundo Piaget. Tam-
m aborda aspectos do desenvolvimento
da percepção e do desenvolvimento con-
ceituai. Considera posições teóricas de
diferentes autores.
CARVALHO, José G. Herculano. Teoria da Lin-
guagem natureza do fenômeno lingüís-
tico e análise das línguas. Coimbra,
Atlântida Editora. 1973. 381p.
Livro para educadores interessados no pro-
blema da linguagem em relação à edu-
cação.
REVISTA ARGENTINA DE PSICOLOGIA.Cuerpo,
Espacio y Movimiento. Buenos Aires, Edi-
ciones Nueva Vision, Ano V, n.° 17-18,
1974/1975.
Contém artigos que podem ser utilizados
para uma melhor compreensão do corpo
na aprendizagem.
JORNAL DO BRASIL, Revista de Domingo. Suple-
mento. Como educar 7 milhões de crian-
ças brasileiras. Rio de Janeiro, JB,
03/10/76. Pag. 5.
Entrevista realizada em Pernambuco, Mi-
nas Gerais, Paraíba, Ceará. Rio Grande do
Sul,o Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, atra-
s das sucursais do JB. Tentam dar um
quadro das condições do ensino e dos en-
saios que estão sendo feitos por algumas
escolas.
Na área de biologia,
os professores poderiam
procurar estas publicações:
ASIMOV, Isaac. o corpo humano sua estru-
tura e funcionamento; trad. de Verginia
Léfèvreo Paulo, Boa Leitura Editora
S/A. 305p.
Informa sobre a organização do corpo, es-
clarece termos científicos queo empre-
gados, e dá noções úteis no campo da
saúde.
ASIMOV, Isaac. O cérebro humano suas ca-
pacidades e funções; trad. de Verginia Le-
fevre,o Paulo, Boa Leitura Editora S/A,
335p.
Esclarece sobre processos do sistema ner-
voso. Interessa à aprendizagem.
NILSSON. Lennart; LINDBERG. Jan. A descoberta
do homem: uma viagem fotográfica pelo
interior do corpo humano; trad. de Jaime
Bernardes. Rio de Janeiro, Editora Nórdi-
ca Ltda., 1974. 25p.
Publicação útil a professores e alunos no
campo da aprendizagem em saúde. Mos-
tra órgãos internos do corpo em fotogra-
fias a cores, ampliadas, de muita beleza.
COUSTEAU, Jacques. Instinct and Intelligence
The ocean World of Jacques Cousteau.
World Publishing Times Mirror, New
York. 1973.
Revela aspectos curiosos do comportamen-
to dos animais, com ilustrações.
Na área literária lembramos: RAMOS, Graciliano. Vidas Secas; 3.ª ed., Livraria
José Olímpio Editora, 1971.
o Bernardo.o Paulo, Livraria Martins
Editora. 1971.
ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilin Cor-
po de Baile; Rio de Janeiro, Livraria José
Olímpio Editora. 1976.
NETO, João Cabral de Mello. Morte e Vida Se-
verina e Outros Poemas em Voz Alta; Rio
de Janeiro, Livraria José Olímpio Editora,
1976.
Entre outras, sugerimos a leitura dessas
obras que, parece-nos, podem ajudar a re-
fletir sobre situações regionais e proble-
mas humanos.
HUXLEY, Aldous. A Ilha; trad. de Gisela Brigitte
Laub, 9.ª ed.. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1976.
Conta a surpresa de um jornalista, numa
ilha desconhecida, diante dos modos de
vida e de educação. Obra que pode inte-
ressar a educadores.
Na área desenho - humor: CAULUS. Só doi quando eu respiro. Porto Ale-
gre, L & P Editores, 1976.
Uma série de idéias, em linguagem de hu-
mor, que podem ser aproveitadas no cam-
po da educação.
Na área de documentação cinematográfica, su-
gerimos, se possível ver os filmes das obras
citadas de Graciliano Ramos "Vidas Secas" e
"São Bernardo." Também o filme "Marcelo, Zona
Sul" e "Lição de Amor," que tratam de proble-
mas de adolescentes.
Havendo oportunidade, os documentários levados
pela televisão Rede Globo "O começo da
vida" e "O mundo que os nossos olhoso vêem,"
são, entre outros, de extremo interesse para pro-
fessores empenhados na educação em saúde.
Outras manifestações culturais, como teatro,-
sica, etc., podem ser procurados, com vantagens
para os educadores que se preocupam em alar-
gar seus conceitos de aprendizagem.
APLICAÇÃO PRÁTICA
DO PROGRAMA DE SAÚDE
PARA AS ULTIMAS SÉRIES
DO PRIMEIRO GRAU
AS UNIDADES
DIAGRAMA DOS TEXTOS
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
OS ALIMENTOS E A SAÚDE
DIAGRAMA DOS TEXTOS
Unidade OS ALIMENTOS E A SAÚDE
Texto I - O Problema da Nutrição e o
Desenvolvimento dos
Escolares
Introdução:
Esta unidade, como as demais deste Progra-
ma, vincula-se a uma indagação fundamental:
como e o que ensinar, para que os alunos se en-
gagem em um esforço consciente no sentido de
vida com saúde; para que se tornem capazes de
fazer as melhores opções cabíveis em cada si-
tuação de vida, no que concerne às necessida-
des básicas
de nutrir-se,
de morar,
de defender-se contra
a doença, de partici-
par construtiva e sa-
tisfatoriamente na vi-
da social.
Esta unidade, como as demais do Programa, foi
elaborada a partir dos problemas e indagações
levantados por professores do 1.° grau que, de
um modo ou de outro, participaram da feitura des-
tes materiais.
Os problemas, as indagações iniciais:
Entre os problemas mais freqüentes e mais
preocupantes, os professores costumam ressal-
tar o da má saúde dos seus alunos, particular-
mente a subnutrição, cuja interferência na apren-
dizagem e no desenvolvimento das crianças é
claramente percebida. Os depoimentos desses
professores retratam situações que, por serem
o freqüentes,o poderiam ser ignoradas no
momento de se decidir sobre o conteúdo e a
abordagem desta Unidade. Levamos também em
conta o que vários entre eles disseram: "nóso
fomos preparados para lidar com os problemas
da pobreza ... depois do curso de formação, o
confronto dos nossos planos de ensino com a
realidade das classes menos favorecidas é sem-
pre um choque.o se sabe o que fazer, como
realizar o trabalho."
As repercussões dos problemas de carência de
saúde e de alimentação deficiente, no processo
de aprendizagemo descritos pelos professo-
res: "... esses alunos parecem sempre sono-
lentos, cansam-se facilmente,m dificuldade de
atenção e concentração ..." e observam: "muitos
o sendo reprovados e acabam deixando a es-
cola ... alguns voltam mais tarde, como alunos
dos cursos supletivos, trazendo as marcas das
carências econômicas e sociais."
Uma indagação que se repete é como conduzir
o processo de ensino-aprendizagem em classes
onde predominam alunos inquietos, desatentos
que, em jejum ou semi-jejum,o estão em con-
dições de participar do trabalho escolar.
No correr das nossas discussões com os pro-
fessores, ficou claro que o problema é mais gra-
ve nas primeiras séries, contribuindo certamente
para os altos índices de evasão. Através da
evasão vai havendo uma seleção natural", dizem
os professores, com um certo humor. Reconhe-
cem ainda os professores a tendência, à qual
dificilmente escapam, de dar mais atenção, de
acompanhar com mais interesse os alunos que
respondem melhor ao esforço de ensinar, agra-
vando assim ass condições de aprendizagem
dos alunos carentes. As declarações de todos os
professores que conosco colaboraram na elabo-
ração deste manual coincidem quanto às gran-
des dificuldades dos alunos desnutridos para
acompanhar as aulas e participar das atividades
de aprendizagem. Evidentemente é difícil saber
o que se deve à desnutrição apenas e o que é
agravado por um ambiente pobre em estímulos
psicossociais.
Carência alimentar e aprendizagem:
O processo de aprendizagem é um processo
ativo, é um trabalho, e como tal requer ENERGIA.
Energia esta que é fornecida pelos alimentos;
O corpo humanos funciona à custa da energia con-
tida nos alimentos. Estes, após ingerjdos e des-
dobrados em elementos mais simples, pelo pro-
cesso de digestão,o levados pela corrente
sangüínea até cada uma dos bilhões de células
do nosso corpo. É nas células que se realiza a.
oxidação das substâncias alimentares que con-
m energia (principalmente os chamados.hidra-
tos de carbono ou açúcares) . A oxidação. ou
combustão dos alimentos, significa que há uma
reação nas células com a presença do oxigênio
que chegou até elas através do sangue que irriga
continuamente todas as partes vivas do nosso
corpo. É essa energia química, liberada pelo pro-
cesso de oxidação e transformada em outros ti-
pos de energia energia térmica (calor) e
energia mecânica (trabalho muscular) que vai
atender aos gastos de energia com a manuten-
ção das funções vitais do organismo, tais como
a respiração, a circulação, a digestão, a excre-
ção, a regulação térmica, o trabalho muscular.
bem como a atividade do sistema nervoso, o-
rebro inclusive. Embora o processo de aprendi-
zagemo seja um processo puramente intelec-
tual, de cerebração, pois envolve o corpo nos
processos de percepção e de relacionamento com
os objetos da aprendizagem, focalizaremos pri-
meiro as necessidades energéticas do sistema
nervoso central, principalmente o cérebro.
A atividade do cérebro requer uma alta quota
de energia. Mesmo no corpo em completo re-
pouso. o cérebro está sempre vigilante, presidin-
do à manutenção da integração do organismo, ao
funcionamento coordenado de todas as suas par-
tes. A energia necessária à sua tremenda e cons-
tante atividade de registrar, organizar, coordenar.
interpretar e responder aos estímulos e às in-
(*) Glicose é a molécula do açúcar simples, fabricado pe-
las plantas verdes clorofiladas a partir dos carbôni-
formações do ambiente essa energia, o cére-
bro obtém da glicose(*) que circula no sangue.
No corpo em repouso, o cérebro consome cerca
de 2/3 do total da glicose existente no sangue
circulante (e aproximadamente 45% do oxigênio
inspirado). O cérebro humano requer entre 100 e
145 grs. de glicose por dia. Mesmo em situa-
ções de carência alimentar, quando a dietao
fornece a energia requerida para a manutenção
das funções normais do corpo e para o seu tra-
balho, o cérebroo reduz a sua exigência de
glicose e de oxigênio, pois isso seria incompa-
tível com a vida.
Aliás o cérebro é o órgão mais bem protegido
contra carências nutricionais. Explicando, o
cérebro é capaz de aproveitar produtos do me-
tabolismo das gorduras e de proteínas para a
produção da energia de que necessita. Quando
em jejum ou em regime alimentar carente pro-
longado, o organismo para atender à exigên-
cia do cérebro em glicose recorre a uma
série de ajudas: primeiro lançao das suas
reservas de glicose (sob a forma de glicogênio.
no fígado principalmente), depois às reservas de
gordura e às proteínas dos músculos esqueléti-
cos. A reserva armazenada no fígadoo chega
a 100 go para muito tempo; além disso.
o fígado tende ao ceder todo o seu glicogênio;
guardando algum para poder atender a necessi-
dades de emergência do corpo. Conseqüentemen-
te a reserva do fígadoo é suficiente nem
mesmo para o período entre a última refeição da
noite e o café da manhã seguinte. Estudos de
laboratórios mostraram que já por volta das pri-
meiras horas da madrugada, começam a apare-
cer no sangue certos aminoácidos precursores
da síntese da glicose em situações de emer-
gência.
co e da água com a ajuda da luz solar, no processo da
fotossíntese. É a substância alimentar armazenadora
de energia por excelência.
O gráfico abaixo mostra o suprimento de energia
para o cérebro: em condições normais (barra A);
e em regime caloricamente insuficiente, no qual
a glicose disponível só pode cobrir 30% da ne-
cessidade (barra B) (*)
OUADRO I
GASTO DE ENERGIA (PERCENTAGEM)
Uma alimentação insuficiente, principalmente
quando associada a doenças parasitárias e In-
fecciosas. leva o organismo a utilizar substâncias
essenciais como proteínas e lipídios para a pro-
dução de energia.o é difícil Imaginar o des-
gaste e prejuízos orgânicos resultantes de uma
alimentação quantitativa e qualitativamente de-
ficiente.
O organismo recorre a vários meios para preser-
var a sua integridade, para sobreviver. Em re-
gime alimentar carente, trata de gastar com mais
parcimônia a sua energia, reduz a sua atividade;
sua atenção e prontidão de resposta aos estí-
mulos do ambienteo visivelmente diminuídas.
Os professores, em geral, mostram-se muito ob-
servadores. sendo capazes de descrever com pre-
(*) "The physiology of starvation", de Vernon R. Young &
Nevin Scrimshaw, In Readings from Scientlfic Ameri-
can, FOOD. 1973
cisão os padrões de defesa evidentes entre os
seus alunos mais atingidos pelo problema de má
alimentação.
Nessas condições, mesmo tendo em conta o pa-
pel de outros fatores, a aprendizagem que im-
plica atividade, experimentação, atenção, reflexão
sobre a experiência vivida, adaptação a novas si-
tuações só poderia ser o que vem sendo nes-
ses casos: pobre, inadequada, ineficiente e sem
significação para a mudança das circunstâncias
de vida geradoras de carência nutricional. Pois
esta raramente ocorre como um fenômeno iso-
lado. Ao contrário, ela se manifesta como efeito
e causa no ciclo da pobreza e má saúde, em
estreita interação com outras formas de carên-
cia nas condições de trabalho, de educação, de
habitação.
O quadro a seguir, elaborado por um grupo de
professores em treinamento, pode ser um ponto
de partida para o estudo da situação de desnu-
trição na escola e procura de uma atuação con-
dizente com a realidade daqueles alunos que
em númeroso desprezíveis freqüentam as
nossas escolas em precárias condições físicas e
psíquicas para o trabalho de aprendizagem.
QUADRO II
Causas e conseqüências da subnutrição em esco
lares (definidas por professores do 1.° grau).
As dificuldades de aprendizagem mencionadas
pelo professor resultam via de regra de
pelo menos duas séries de fatores imediatos:
1) o consumo insuficiente de alimentos e a de-
corrência imediata da interação má nutrição
infecção; 2) deficiência de estímulos psico-so-
ciais que comprovadamente prejudica a aprendi-
zagem mesmo em crianças bem nutridas.o
fatores condicionados por um conjunto de cir-
cunstâncias comuns, entre as quais se destacam
a habitação insuficiente e a baixa renda familiar, a
educação ausente e inadequada, os limitados e
distantes recursos de saúde. As práticas cultu-
rais e os comportamentos que agravam essas
circunstâncias, decorrem por sua vez dessas
mesmas circunstâncias.
Cada vez mais, os professores seo conta de
que a saúde e a alimentaçãoo podem ser
ignoradas no processo de ensino-aprendizagem.
Cada vez mais, sentem a necessidade tanto de
recursos para a alimentação e a saúde como de
informações especializadas no campo da nutrição
e biologia humana e conhecimentos práticos re-
lativos aos problemas de saúde mais freqüentes.
Os meninos, na faixa de idade da 5.ª à 8.ª série,
mesmo os duramente atingidos pela carência
econômica e seus efeitos sôbre a saúde, dis-
põem de um potencial de interesse por tudo que
se relaciona com seu corpo e a sua nutrição.
Há experiências bem sucedidas de ensino cen-
trado no estudo e na busca de soluções práticas
para as necessidades de alimentação e saúde
identificadas pelos próprios alunos.
Os trabalhos realizados no curso da aplicação
experimental que antecedeu à elaboração da pre-
sente edição mostraram a viabilidade do ensino
aliado a projetos de ação elaborados com os
alunos a partir do levantamento e estudo das
necessidades e dos recursos alimentares.
Como ajuda para a avaliação dos recursos ali-
mentares, foi elaborada uma tabela concisa de
composição química dos alimentos mais comuns,
a qual integra este texto.
TABELA DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA
DOS ALIMENTOS
INSTRUÇÕES PARA A UTILIZAÇÃO DA TABELA 01:
A tabela 01 apresenta a composição química de vários ali-
mentos e de algumas preparações muito utilizadas nas
diversas regiões do Brasil. Estas preparações foram retiradas
de uma pesquisa que está sendo realizada pela Fundação IBGE.
Para alguns grupos de alimentos procuramos dar uma análise
média, (frutas, folhas, leguminosas) que poderá facilitar uma
análise rápida da alimentação.
Os alimentos foram analisados por 100g do seu peso cru,
líquido isto é, porção comestível e, preparações, assim
como os produtos industrializados, por 100g do seu peso
preparado.
Conhecendo-se os cardápios mais freqüentes e a sua compo-
sição qualitativa (alimentos que os compõem) e quantitativa
(peso de cada alimento), será possível proceder à análise das
características do consumo alimentar diário do grupo obser-
vado. Por outro lado, tendo-se a Tabela, será possível compor
cardápios que atendam as necessidades do grupo.
Outras vitaminas e elementos mineraiso foram acrescen-
tados nesta Tabela por serem desconhecidas as suas neces-
sidades no organismo humano. Consideramos que, se a dieta
é bem equilibrada, principalmente em calorias e proteínas, os
demais elementos estarão presentes em proporções ade-
quadas.
TABELAS CONSULTADAS
Food Composition Table For Use East Ásia - FAO/U.S.
Department of Health, Education and Welfare
Composition of Foods - U.S. - Department of Agriculture
Tabela de Composição Química dos Alimentos - Guilherme
Franco
Tables de Composition (Mineraux et Vitamines) - FAO
Tabla de Composición de Alimentos para uso en América
Latina - INCAP-ICNND
TABELA 01:
ORGANIZADA POR: DORA ZAVERUCHA
DR. LUIZ CARLOS FERREIRO
LAIT
DADOS LEVANTADOS POR: ELVIRA MARIA FERNANDES
MACHADO
IRENE MARIA ALVES
MACHADO
DELMA ALVES ESCALEIRA
COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.º
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
18
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
ALIMENTO
I CEREAIS E
DERIVADOS
Arroz integral
Arroz polido
Aveia em flocos
Biscoito doce
Biscoito salgado
Farinha de arroz
Farinha de rosca
Farinha de trigo
Fubá de milho amarelo
Macarrão com ovos
Macarrão sem ovos
Maizena
Milho branco-canjica
o doce
o francês
II. TUBÉRCULOS.
RAIZES E
AMILÁCEOS
Tubérculos, raízes e
amiláceos (média)
Banana-da-terrs
Batata-baroa
Batata-doce
Batata-inglesa
Cará
Farinha de mandioca*
Inhame
Mandioca
Pinhão cozido*
Sagú
III. AÇÚCARES E
PRODUTOS
Açúcar refinado
Doces diversos
Melado
Mel de abelha
Rapadura
IV. NOZES E
OLEAGINOSAS
Nozes e oleaginosas
(média)
Amendoim
Castanha de caju
torrada
Castanha-do-pará
Coco-da-baia
Semente de abóbora
Semente de gergelim
Valor
Energé-
tico
Cal
357
364
369
407
435
365
412
365
354
388
369
362
354
274
269
113
105
126
116
75
120
354
102
149
297
352
385
406
284
306
356
537
549
609
636
296
547
584
Proteína
9
8.1
7,2
13.5
9.0
9.6
6.4
11.4
12.0
9.6
12.8
12.5
0,3
8.0
7.5
9.3
1.6
2.2
1.5
1.3
1.8
2,0
1,7
1.8
0,8
5,6
0.6
0.0
4.4
0.5
0.2
0.6
18.0
23,2
19.6
14.0
3.5
30,3
17.6
Lipidios
9
1.6
0.6
4.8
7.8
13.2
0.8
7,7
1,3
2.0
4,6
1,2
0.0
1.1
1.4
2.0
0,2
0,2
0,3
0.3
0.1
0.1
0,3
0,1
0.3
1,4
0.2
0.0
12.3
0.2
0.0
0.0
46.8
44,8
47.2
63.9
27.2
45.8
52.2
Glicidios
g
76.6
79.7
68.4
74.1
69.7
80.4
73.6
74.1
77.2
72.0
75,2
87.6
76.2
56.3
57.4
27.3
26.6
29.7
28.5
17,9
28.4
86.4
23.8
36.0
65.4
86,4
99.5
73.8
72.6
78,0
92,0
18.6
23.0
26,4
13.0
13.7
14.4
21.1
Fibra
9
0.9
0.6
1.1
0.5
0.5
0.3
0.5
0.5
0,7
0.4
0.3
0.1
0.5
0.3
0.5
0.8
0.8
0.6
0,9
0.4
1.1
1.8
1.0
1.0
18,0
0.1
0.0
0.3
0.5
0.1
0.0
2.9
2,9
0
3,4
3.8
2.2
5.3
Cálcio
mg
22
9
30
22
49
24
44
24
6
31
27
0
17
12
22
31
25
45
31
6
22
51
51
35
39
10
0
74
70
20
174
62
49
10
198
13
38
1212*
Fósforo
mg
250
104
360
67
126
135
125
191
164
183
162
0
174
70
107
49
31
62
37
40
39
48
88
46
82
16
0
99
42
16
14
555
409
575
577
83
1064
620
Ferro
mg
2,0
1.3
3.4
1.5
1.6
1.9
1.9
1.3
1.8
2.9
1.3
0.0
1.0
1.2
1.2
1.4
1,4
3.6
1.0
0.8
1.0
3.1
1.2
1.1
6.8
0.4
0.1
1.3
1.2
0.8
4,2
5.7
3.8
5.6
3.4
1.8
9.2
10.4
Retinol
Equiva-
lente
m mg
0
0
0
0
0
0
0
0
34
22
0
0
0
0
65
126
22
300
0
2
0
0
2
3
0
0
6
0
0
0
5
5
1
7
0
15
2
Tiamina
mg
0.36
0.08
0.20
0,18
0,13
0.10
0,12
0.26
0,20
0,88
0.09
0,00
0.12
0.10
0.08
0.07
0,07
0.09
0,11
0,09
0.10
0,08
0,10
0.06
1.35
0.01
0.00
0.09
0.02
0.01
0,01
0.56
0,79
0.25
1.09
0,04
0.23
0.98
Ribofla-
vina
mg
0.06
0.03
0.08
0.05
0.13
0.05
0.10
0.07
0.06
0.38
0.06
0.00
0.03
0.03
0.06
0,04
0.04
0,05
0.04
0,03
0.04
0.07
0,03
0,04
0.24
0.02
0.00
0.09
0.06
0,07
0,09
0,17
0,14
0,34
0,12
0.03
0.16
0,25
Niacina
mg
5,2
1.6
1.1
0,4
1.1
2.1
1.3
2.0
1.4
6.0
1.7
0,0
0,8
0,7
1.2
0.9
0.5
1.0
0.8
1.5
0.7
1.6
0,8
0.7
4.7
0.5
0.0
1.2
0.4
0.2
0,5
4,7
15.5
2.4
1.7
0.6
2.9
5.0
Vita-
mina
C
mg
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
22
28
24
31
16
8
14
8
39
0
0
0
0
3
4
0
8
1
33
10
4
0
0
* Excluído da média
N.º
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
ALIMENTO
V. LEGUMINOSAS E
DERIVADOS
Leguminosas (média)
Ervilha em grão
Farinha de soja"
Feijão
Feijão cozido*
Feijão soja*
Guando
Grão-de-bico
Lentilha
VI. VERDURAS-
FOLHAS
Verduras-folhas
(média)
Agrião
Alface
Almeirão
Cebolinha
Cheiro-verde
Chicórea
Coentro
Couve
Couve-flor
Folha de mandioca
Folha de abóbora
Folha de beterraba
Ora-pro-nobis
Mostarda
Repolho
Salsa
VII. VERDURAS-
FRUTOS
Verduras-frutos
(média)
Abóbora
Abobrinha
Berinjela
Chuchu
Jiló
Moranga
Pepino
Pimentão
Quiabo
Tomate
Vagem
Valor
Energé-
tico
Cal
344
343
356
337
67
400
337
364
340
34
22
15
20
31
36
20
42
40
33
91
27
45
26
31
28
43
32
40
24
27
31
38
35
15
48
36
21
36
Proteína
9
19.1
22.5
43.4
22.0
4.4
35.1
19,2
18.2
23.7
2.8
2.8
1.3
1.7
1.6
2.5
1.7
3,3
3.6
2.8
7.0
4.0
3.2
2.0
3.0
1.7
3.2
1.4
1.2
1.0
1.0
0.9
1.4
1.7
0.7
2.0
2.1
0.8
2.5
Lipidios
9
2.5
2.0
6,7
1.6
0.3
17.7
1.5
6.2
1.3
0.4
0.4
0,2
0.2
0.2
0,5
0.1
0,7
0,7
0.4
1,0
0.2
0.4
0.4
0.5
0.2
0.6
0.4
0.3
0.2
0.3
0,2
1.1
0.2
0.1
0.8
0.2
0.3
0.2
Glicídios
9
61.4
61.0
36.6
60.8
12.2
32.0
53.3
61.1
60.7
6.6
3.3
2.9
4,1
7.1
6.9
4.1
8.0
7.2
6.5
18.3
4.4
8.1
5.0
5,6
6.1
8.5
7.2
9.8
5.5
6.3
7.7
7.0
8.1
3.4
10.3
8.2
4.6
7,9
Fibra
g
4.7
4.7
2.5
4.3
0.9
4.2
8.1
3.4
3.2
1.5
1.1
0.7
0.9
1.7
1.2
0.9
1.7
0,9
1.0
4,0
2.4
3.8
0.9
1.1
1.0
1.3
1.1
0,6
0.4
1,2
0.6
1.2
0.9
0.4
2.6
1.7
0.6
1.8
Cálcio
mg
101
80
263
86
17
226
137
134
68
146
117
43
79
64
132
81
188
203
33
303
477
114
79
183
43
195
27
12
19
23
12
22
32
16
29
84
7
43
Fósforo
mg
307
290
634
247
49
546
322
324
353
58
76
34
23
40
48
54
72
63
58
119
136
34
32
50
36
52
38
27
32
31
30
34
24
24
61
90
24
48
Ferro
mg
6,5
5.8
9.1
7.6
1.5
8.5
5,0
7.3
7.0
2.3
1,9
1,3
1.7
0.7
2.4
1.7
3,0
1.0
1,0
7.6
0.8
3.1
3.6
3.0
0.7
3.1
1.1
0.7
0.6
0.8
0.6
1.0
2.3
0.6
2.6
1.2
0,6
1.4
Retinol
Equiva-
lente
mmg
4
8
8
2
0
2
7
3
0
472
370
87
263
70
594
330
533
650
3
1960
600
525
250
700
10
607
115
350
5
0
2
66
380
2
245
31
60
125
Tlamina
mg
0.55
0.57
0,83
0.54
0.11
0.66
0.72
0.46
0.46
0,10
0.12
0.08
0.07
0.06
0,10
0.07
0.15
0.20
0,09
0,25
0.09
0.07
0.02
0.11
0.06
0.12
0.06
0.05
0.05
0.04
0.03
0.07
0.07
0.03
0.12
0.04
0.06
0.08
Ribofla-
vina
mg
0.20
0.17
0,36
0.19
0,04
0.22
0.17
0.16
0.33
0.18
0.10
0.08
0.12
0.09
0,19
0.14
0,28
0.31
0,11
0.60
0.06
0.22
0.10
0.22
0,04
0,24
0.06
0.04
0.04
0.04
0.04
0.07
0,05
0.04
0.15
0,08
0.05
0.12
Níacina
mg
2.4
3.0
2.6
2.I
0.4
2.2
2,6
1.7
2.4
0.1
1.0
0.4
0,4
0.6
0.8
0.5
1.5
1.7
0.7
2.4
3,2
0.6
0.5
0.8
0.3
1.0
0.8
0.6
0,5
0.8
0.4
1.0
0.8
0.2
2.2
0.6
0.7
0.5
Vita-
mina
C
mg
2
1
0
3
1
0
0
1
5
74
44
12
11
15
101
10
75
92
82
311
80
50
23
97
43
146
34
42
19
5
20
27
11
14
140
47
23
27
COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.º
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
ALIMENTO
VIII. VERDURAS.
RAÍZES E
BULBOS
Verduras, raízes e
bulbos (média)
Alho*
Beterraba
Cebola
Cenoura
Nabo
Rabanete
IX. F R U T A S
Frutas (média)
Abacate*
Abacaxi
Ablu
Araçá
Banana
Buriti*
Caju
Carambola
Figo
Goiaba
Jabuticaba
Laranjas
Llma-da-pérsia
Limão
Maçã
Mamão
Manga
Melancia
Morango
Pêssego
Pitanga
Tangerina
Uva
X. CARNES -
PRODUTOS E
VÍSCERAS
Boi, carne gorda
Boi, carne magra
Boi, carne seca
Bucho e tripa
Carne de cabrito
Carne de caça
Carne de carneiro
Carne de frango
Carne de galinha
Valor
Energé-
tico
Cal
52
134
44
45
42
22
23
50
162
52
95
62
94
44
46
29
62
69
43
42
32
29
58
32
59
22
36
43
38
43
68
225
146
441
99
268
143
262
124
245
Proteína
g
2.0
5.3
1.7
1,4
1,1
1.7
0,9
0.8
1.8
0.4
2.1
1.5
1.5
2.6
0,8
0,5
1,2
0.9
1,0
0,8
0.4
0.6
0,3
0.5
0.5
0.5
0.8
0.8
0.3
0,7
0.6
19,4
21,5
42.0
18.0
16.6
20,4
16,4
22,0
18.1
Lipidios
9
0,2
0.2
0.1
0,2
0.2
0.1
0,1
0.4
16,0
0.2
1-1
0.6
0,4
11.0
0.2
0.1
0,2
0.4
0,1
0,2
1.4
0.6
0,3
0.1
0.2
0.1
0.3
0.3
0,2
0.2
0.7
15.8
6.1
29,0
2,4
21,8
5.7
21,2
3,3
18.7
Gllcídios
9
11.2
29,3
9,5
9,7
9,7
4.2
5.0
12.5
6,4
13,7
22,0
14,3
23.6
13,1
11.6
7.3
15.6
17.3
10.8
10.5
7.0
8,1
15,2
8.3
15.4
5.3
8.5
10,4
9.8
10.9
16.7
0.0
0,0
0.0
0.0
0.0
1.2
0.0
0.0
0.0
Fibra
9
0,9
1.1
1,0
0.8
1.0
0.8
0,7
1.3
2.0
0.4
3,0
5.2
0.8
7,6
1.5
0.5
1.6
5,3
0.3
0,4
0.3
0.6
0.7
0.6
0.8
0.2
1.3
1.8
1.8
0.4
0.5
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.7
0.0
1.0
0.0
Cálcio
mg
28
38
14
30
37
20
26
26
13
18
96
48
15
156
4
30
50
22
13
34
24
41
6
20
12
6
29
9
19
30
12
11
12
93
92
10
128
10
12
10
Fósforo
mg
50
134
38
40
36
20
30
20
47
8
45
33
25
54
18
11
30
26
14
20
14
15
10
13
12
7
29
24
20
16
15
180
200
161
118
148
276
174
203
218
Ferro
mg
0,9
1.4
0.8
1.0
0.7
0.4
1.2
1.3
0.7
0.5
1.8
6.3
1.6
5,0
1.0
2.9
0.5
0,7
1.9
0.7
0.4
0.7
0.4
0.4
0.8
0.2
1.0
1.0
2.3
0.4
0.9
2.9
3.2
9.7
1,8
2.3
4.5
2.5
1.3
1.8
Retinol
Equiva-
lente
mmg
1
2
2*
2
1100*
0
0
38
20
5
46
48
38
6000
40
30
10
26
0
13
2
2
3
37
210
23
3
40
210
12
0
7
7
0
0
0
105
0
24
260
Tiamina
mg
0,06
0,21
0,01
0.04
0,06
0,04
0.03
0,05
0,07
0,08
0.02
0,06
0,05
0,03
0.03
0,04
0.04
0,04
0,06
0.09
0,03
0.06
0,03
0,03
0.05
0.02
0.03
0.03
0.03
0.08
0.05
0.08
0,08
0.08
0.08
0.12
0.18
0.14
0.07
0.06
Ribofla-
vlna
mg
0.04
0.08
0.04
0.03
0.05
0.04
0,03
0.05
0.24
0,04
0,02
0.04
0,06
0.03
0.03
0.02
0.05
0.04
0.16
0.03
0,02
0.02
0.05
0.04
0,06
0.03
0.04
0,07
0.06
0.03
0,04
0.17
0.17
0.95
0.14
0,15
0.24
0,20
0,15
0,14
Niacina
mg
0,4
0.6
0.2
0.3
0.6
0.7
0,3
0.6
1,5
0,2
3,4
1.3
0.6
0.7
0.4
0.3
0,4
1,0
2,4
0.2
0.2
0.1
0.2
0.3
0,4
0.2
0.4
0.4
0.3
0.3
0.5
4,7
4,7
2.8
2.4
4,7
4.6
4.7
8.0
7.7
I
Vita-
mina
C
mg
14
9
5
10
8
26
28
63
12
61
49
326
17
26
219
35
4
218
12
59
40
51
6
46
53
5
70
6
14
33
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
* Excluído da média
COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.º
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
ALIMENTO
Carne de porco
Chouriço e paio
Embutidos
Enlatados, carne de
boi
Figado. de qualquer
animal
Miolo, de qualquer
animal
. de qualquer
animal
Pele de porco frita
Preá
Rim
Sanque, de qualquer
animal
XI PESCADO
Algas marinhas /
Camarão fresco
Camarão seco
Farinha de peixe
Mariscos
Ovas de peixe
Peixe fresco
Peixe salgado
Pitu
Rã
Sardinha ao azeite
Sardinha ao tomate
Siri
Tartaruga e tracajá
XII. PRODUTOS
LACTEOS
Coalhada caseira
Creme de leite tipo
caseiro
Leite condensado
Leite materno
Leite de vaca. fresco
Leite de vaca. tipo C
Leite em pó
reconstituído (pó 14g.
água 86g)
Queijo-de-minas
Oueijo parmezão
Oueijo prato
Requeijão
Yogurt
XIII. OVOS
Ovo de galinha
Valor
Energé-
tico
Cal
200
232
352
216
136
125
197
548
116
121
90
48
87
362
366
50
125
75
193
82
88
298
160
100
82
105
456
321
45
63
61
70
229
393
392
288
76
163
Proteína
g
18.1
19.5
16.4
18.0
19.9
10.4
20.6
65.0
26.3
15.8
20.3
1.8
17.6
62.4
78.0
7.6
20.1
16.6
40.2
16.2
19.9
20.9
23.0
17.9
17.5
13,6
8.1
8.1
1.1
3.1
3.6
3,7
17.5
36.0
28.3
16.0
3.5
12.9
Lipidios
0
15.9
15.1
31.1
11.3
3.8
8,6
12.1
30.0
0.4
5.4
0.1
0.2
0.9
3.5
0.3
1.2
3.3
0.5
1.8
1.3
0.3
23.2
6.8
2.0
0.8
4,2
45,1
8.7
1.0
3,5
3,0
3.8
24,7
26.0
30.6
21.4
0,1
11.5
Glicídlos
0
0.0
3.3
1.2
0.0
4.4
0.8
0.0
0.0
0.0
0.9
0.4
11,5
0.9
15.6
0.0
1.6
2.5
0,0
1,4
0.4
0.0
0.5
1.5
1,3
0.0
2.9
6.4
54.3
8.1
5.0
4.9
5.3
1.8
2.9
0.6
0.2
15.5
0.8
Fibra
g
0,0
0,3
0.0
0,0
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.5
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
Cálcio
mg
10
39
10
10
10
10
32
17
23
11
14
510
79
236
4610
52
35
20
190
161
3
402
321
107
107
94
59
262
14
114
123
127
105
1140
840
565
120
61
Fósforo
mg
207
•190
169
168
318
312
136
40
200
218
84
12
184
995
3100
160
346
100
250
292
140
432
361
192
146
152
25
206
8
102
96
99
184
781
630
875
100
222
Ferro
mg
2,7
2.4
6.0
2.6
8.2
2.4
2.0
2.0
1.9
5.2
36.3
56.0
1.6
4.6
41.0
12.7
1.1
0.7
0.9
2.2
0.3
3.2
3.4
1.8
1.5
0.3
0.2
0,1
0.2
0.1
0.1
0.1
0,5
0.4
0.6
0.6
0,0
3.2
Retinol
Equiva-
lente
mmg
0
0
1
0
8561
0
0
0
284
146
23
25
20
0
0
430
0
32
0
26
5
5
8
36
5
40
370
87
0
38
33
39
240
254
240
210
0
530
Tlamina
mg
0.88
0.93
0.28
0.18
0.24
0.23
0.51
0.29
0.07
0.44
0.01
0.00
0.04
0,16
0.07
0.02
0,20
0.15
0.08
0.04
0.10
0.03
0.15
0.05
0.25
0.03
0.02
0,08
0.02
0.04
0,04
0,04
0.04
0.02
0.04
0.01
0.03
0.10
Ribofla-
vlna
mg
0.21
0,26
0.18
0.18
3.01
0,26
0.19
0.05
0,21
2.29
0.22
0.03
0.08
0,34
0.62
0.12
0.10
0,10
0.31
0.13
0,06
0,12
0.22
0.08
0.50
0.25
0.11
0.38
0.02
0.14
0.18
0.20
0.75
0.73
0.50
0.54
0.15
0.30
Niacina
mg
4,7
5,1
3.2
4,5
13.0
4.4
2.8
2.0
4,0
7.4
1.2
0.5
2.3
9.5
2.2
2.0
3,2
3.2
4.6
2.0
1,2
5,7
5.9 .
3.0
2,6
0.1
0.1
0,2
0,02
0.2
0.1
0.1
0.8
0.2
0.4
0.1
0.1
0.1
Vita-
mina
C
mg
0
0
0
0
26
18
0
0
0
15
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
1
0
1
1
1
0
0
0
0
0
0
N.*
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
180
181
182
183
184
185
186
187
ALIMENTO
XIV, GORDURAS
Azeite de dendê
Indust.
Banha
Gordura de coco
Manteiga
Margarina vegetal
óleo vegetal
Toucinho de fumeiro
Toucinho fresco
XV BEBIDAS
ALCOÓLICAS,
EDULCORADOS
E INFUSÕES
Aguardente
Café moído
Café infusão de.
c/açúcar
Café solúvel
Cerveja
Coca-cola
Guaraná
XVI CONDIMENTOS
Colorau
Maionese industrializada
Massa de tomate
industrializada
Urucu
XVII. MISTURAS IN-
DUSTRIALIZADAS
Geléia de fruta
Farinha Láctea
Nescau
Neston
Ovomaltine
Suco de fruta
XVIII PREPARAÇÕES
Angu de milho
Arroz c/feijão (70/30)
Beiju
Bolo de trigo
Bolo de milho
Feijoada caseira
Macarrão cozido
Pamonha
188 Pé-de-moleque
189 Pirão
190 Purê de batatas
191 Sopa de qualquer tipo
192
193
Torresmo
Vitamina de frutas
com leite
194 Vitamina de frutas
sem leite
COMPOSIÇÃO
Valor
Energé-
tico
Cal
878
902
883
716
720
884
665
737
231
33
51
129
36
39
31
334
384
39
54
238
424
215
385
393
53
102
138
359
339
290
152
111
254
418
120
118
38
650
96
80
Proteína
g
0.0
0.0
0.0
0.6
0,6
0.0
8.4
4.5
0.0
5.0
0.9
0.0
0.3
0.0
0.0
6.6
1.1
1.7
0.0
0.1
13.5
19.2
13.5
8.5
0.4
0.3
2.4
1.8
7,2
5.1
8.6
3.4
4.4
7.4
0.6
4.4
1.2
11.3
3.5
0.8
DE ALIMENTOS
Lipidios
0
99.1
100.0
99.9
81,0
81.0
100.0
69.3
79.6
0,0
1,7
1.0
0.0
0.0
0.0
0.0
4,6
36.8
0.2
0.3
0.1
7.8
12.7
2.5
2.8
0.1
0,7
2.1
0.5
7.5
6.7
8.6
0.4
7.6
14.1
0.1
1.9
1.5
61.4
3.3
0.8
Glicidios
9
0.4
0.0
0.0
0.4
0.4
0.0
1.0
0.0
0,0
13.4
13.4
35.0
5.1
10,0
8,0
78.2
13,9
8.9
14.3
61,6
75.1
50.2
78.0
83.9
13.4
24.6
26.2
86.9
60.6
54,3
10.5
23.0
42,9
70.5
24.5
21.4
5.2
0.0
15.5
20,6
POR 100g DE
Fibra
g
0.0
0.0
0.0
0.0
0,0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
5.0
0,0
0,0
0.0
0.0
14.5
0.0
0.4
0.5
0,0
0,3
5.2
0.0
0.0
0.0
0,2
0.3
1.9
0,2
0.4
0.7
0.1
1.7
1.0
0.6
0,4
0.0
0.0
0.2
0.4
Cálcio
mg
7
0
2
20
20
0
13
3
0
84
10
179
0
2
0
120
9
13
7
18
260
152
550
225
10
2
7
158
217
32
22
8
18
45
21
38
2
40
77
11
PARTE COMESTÍVEL
Fósforo
mg
8
0
3
16
16
0
108
27
0
84
14
383
15
1
0
116
30
34
10
6
260
686
450
300
12
55
15
111
266
97
77
50
140
147
16
86
19
227
69
13
Ferro
mg
5.5
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
1.2
0.7
0,0
3,3
0.2
5.6
0.1
0.0
0.0
5,6
0.4
1.7
0.8
1.3
4.6
10.7
12.5
3,1
0.6
0.6
0,5
5.8
1.2
1.1
2.3
0.4
0.9
2.3
1.1
0.9
0.4
10.0
0.4
0.6
Retinol
Equiva-
lente
mmg
45920
0
0
652
792
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
60
34
160
15
1
150
2
415
482
20
11
1
0
138
68
1
0
12
2
0
31
13
0
30
14
Tlamina
mg
0.00
0.00
0.00
0,01
0,00
0.00
0.36
0.22
0,00
0.17
0.00
0.00
0.01
0.00
0,00
0.09
0.02
0.09
0.00
0.01
0.36
0,11
0,45
1.01
0,03
0.07
0,03
0.09
0.16
0.10
0,13
0.01
0.16
0.25
0.02
0.12
0,01
0.13
0.03
0.03
Ribofla-
vina
mg
0.00
0,00
0,00
0.02
0,00
0,00
0.11
0.05
0.00
0.17
0,00
0.21
0.03
0.00
0,00
0,19
0.03
0.05
0.05
0.03
0.26
0.46
0.55
1,70
0.02
0,02
0.01
0,08
0.19
0.07
0.08
0,01
0,11
0.08
0.02
0,08
0,02
2,25
0.13
0,03
Niacina
mg
0.0
0.0
0.0
0.1
0,0
0.0
1.8
1.2
0.0
15.0
12.0
30.6
0.6
0.0
0.0
1,7
0.0
1.4
0.3
0.2
3.5
2.4
7.5
11.5
0.2
0.6
0.4
1.7
1.5
0,5
1.1
0,3
1,6
4.9
0,5
1.6
0.5
1.8
0.4
0.2
Vita
mina
C
mg
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
7
0
33
2
3
0
0
0
4
18
0
0
15
0
1
1
0
55
1
5
13
6
0
4
16
CORRESPONDÊNCIA ENTRE ALIMENTO CRU EM GRAMAS E MEDIDAS CASEIRAS
1. Óleo 15 g = 1 colher de sopa = 10 ml
2. Arroz 30 g = 1 colher de sopa
3. Feijão 20 g = 1 colher de sopa
4. Fubá 15 g = 1 colher de sopa
5. Macarrão 40 g = 3 colheres de sopa
6. Farinha de mandioca 20 g = 1 colher de sopa
7. Ovo (médio) 1 ovo = 50 g
8. Carne seca 30 g = 1 colher de sopa
9. Carne 70 g = 1 bife médio; 25 g = 1 colher de sopa de carne moída
10. Peixe 50 g = 1 posta de tam. médio = 1 colher grande, de pau
11. Folhas
Alface 20 g = 4 folhas
Couve 20 g = 2 folhas
12. Legume-Fruto
1 pedaço de 5 x 7 cm = 100 g
13. Tubérculo
1 pedaço de 5x4 cm = 50 g
14. Legume Bulbo
1 batata média = 50 g
15. Leite fresco 1 copo = 200 ml = 200 g
16. Leite em pó integral 2 colheres de sopa = 14 g + 86 ml de água = 100 ml de
leite reconstituído
17. Coalhada 150 ml = 1 xícara = 150 g (idem Yogurt)
18.o 1o pequeno = 40 g
19. Queijo 1 fatia pequena (1 dedo de largura) = 30 g
20. Manteiga 1 colher de chá = 5 g
21. Açúcar 1 colher de sopa = 20 g
22. Frutas
1 banana pequena = 100 g
1 laranja = 150 g
Texto 2 — O Processo da Nutrição
Nunca é demais lembrar que somos parte da
natureza, que o nosso corpo, do mesmo modo
que o corpo dos demais animais e das plantas,
é formado de alguns poucos elementos do solo.
do ar e da água. E que para o crescimento, vida
e atividade do corpo, é imprescindível um cons-
Fig 6
o somos como as plantas, quem a capa-
cidade única de utilizar diretamente a luz solar
como energia transformando os elementoso
vivos do ar, da água e do solo em matéria or-
gânica.
Posto que os homens e os animais dependem
fundamentalmente dos vegetais para obter a
energia e o nutrimento imprescindível à sua so-
brevivência, é bom começar o estudo da nutrição
humana com alguns fatos da nutrição da própria
planta.
a fotossíntese e a formação dos açúcares
primeira fonte alimentar de energia.
tante consumo de energia e renovação dos ele-
mentos que o constituem.
o produtos do reino vegetal e do reino animal.
que chamamos alimentos, que nos fornecem as
substâncias orgânicas e os minerais que com-
põem o nosso corpo, e a ENERGIA essencial à
vida.
As células das folhas verdes, utilizando a luz
solar, fabricam o açúcar ou glicose, que é o
combustível básico para todos os processos de
vida na Terra. Cada molécula do açúcar produzi-
do pela planta através da fotossíntese contém,
sob a forma de energia química, um pouco da
energia luminosa do sol.
Todas as células vivas do nosso corpo obtém a
energia de que necessitam "queimando" a gli-
cose que lhes chega com o sangue. Esse pro-
cesso de "queima" ou oxidação se realiza em
presença do oxigênio que também é levado a ca-
da célula pela circulação sangüínea.
Inúmeras plantas que armazenam em seus
caules, bulbos, raízes ou sementes, substâncias
nutritivas mais complexas foram adotados co-
mo alimentos básicos, por numerosas popula-
ções. Entre os mais utilizados destacam-se o
feijão, o arroz, o milho, o trigo, as batatas, a
mandioca; esses alimentos vegetais, além do
amido e outros glicídios presentes em altas per-
Fig 5
Além do açúcar e de outros glicídios. as plantas
verdes produzem outras substâncias químicas que
o NUTRIENTES (ou NUTRI MENTOS) (*) que
o assegurar a sobrevivência do homem, quer
diretamente, quer através de animais que se nu-
trem das plantas verdes.
centagens, contém em maior ou menor percenta-
gem aminoácidos (proteínas), minerais, lipídios
6 vitaminas. O uso de folhas tenras de muitos
desses e outros alimentos vegetais suplementa
o valor nutritivo dessa dieta básica de vegetais.
A dependência que tem o homem das plantas
verdes, para sobreviver, pode ser visualizada na
figura abaixo:
(*) Nutrientes ou Nutrimentos são as substâncias nutritivas
básicas contidas nos alimentos: o açúcar e outros gli-
cídios; os aminoácidos; os lipídios, as vitaminas e todas
as outras substâncias indispensáveis à formação e à
manutenção da vida do corpo.o também conhecidos
como princípios nutritivos.
No solo como nas águas, a vida depende fundamentalmente dos vegetais verdes que, utilizando a
energia luminosa do sol, combinam os elementos inorgânicos, transformando-os em fontes de subs-
tâncias nutrientes e de energia para os seres animais
Aminoácidos materiais de construção, com
muitas outras funções.
Nem todo o carbono de todas as moléculas do
açúcar produzido pela fotossíntese é oxidado na
planta. Parte dele se une com nitratos (NH3)
que a planta retirou do solo. Assimo forma-
dos os aminoácidos as pedras de que se
constróem as diferentes proteínas. O termo pro-
teína, de origem grega, de uma palavra signifi-
cando "o que tem primazia", refere-seo a
uma única espécie de substância mas a milhares
delas, todas formadas de aminoácidos que se
combinam, se ordenam, se arranjam, de acordo
com o modelo particular a cada tipo de proteína,
em cada espécie de ser vivo.
A maioria dos vinte aminoácidos que constituem
as nossas proteínas, podem ser sintetizados por
nosso próprio organismo, a partir de outras subs-
tâncias; mas oito aminoácidos para os adultos e
Fig 7
dez para as crianças,o podem.o os cha-
mados aminoácidos essenciais que devem ser
fornecidos pelos alimentos.
As proteínas constituem o mais importante com-
ponente do corpo humano.m miríades de for-
mas e funções:o componente essencial de
todas as células do corpo. Tanto as células que
formam a nossa pele, quanto as que formam os
nossos nervos, o nosso sangue ou qualquer outra
parte do nosso corpo,o basicamente feitas de
proteínas.o muitas as espécies de proteínas e
m muitas funções diferentes. Existem as pro-
teínas que servem para a construção dos tecidos.
existem as proteínas que ajudam na defesa do
organismo (os linfócitos. os anticorpos etc).
existem as que possibilitam o metabolismo (as
enzimas), e assim por diante. Das proteínas to-
tais do corpo humano, mais de 1/3 estão nos
músculos (miosina); 10% estão na pele (quera-
tina); 20% estão nos ossos e cartilagens.
Os aminoácidos que formam as proteínas do cor-
po humanoo os mesmos encontrados nas
plantas. Comidas pelos animais, as proteínas ve-
getaiso transformadas em proteínas animais.
As carnes e as vísceras do gado, dos peixes,
das aves; o leite, os ovos etc.o alimentos
ricos em proteínas capazes de serem totalmente
aproveitadas por nosso organismo para as suas
funções essenciais: formação e reposição dos
vários tecidos (músculos, ossos, pele etc); pro-
dução de hormônios, de defesas celulares etc.
o proteínas categorizadas como de alto valer
biológico. Isto porque a sua composição em ami-
noácidos é muito próxima à das proteínas do
nosso corpo, contendo em proporções adequadas
todos os aminoácidos queo podemos sinte-
tizar.
Fig 8
quase nenhu-
ma proteína
Se consideramos, no entanto, que no processo
de digestão, qualquer proteína ingerida (animal
ou vegetal) é desdobrada em seus aminoácidos,
os quais por sua vez depois de transferi-
dos para o sangue,o se combinar e se arru-
mar nas células de acordo com os modelos de
proteínas do corpo onde se encontram, podemos
compreender porque as pessoas e grupos de po-
pulação podem manter-se satisfatoriamente nu-
tridas, atendendo suas necessidades em proteí-
nas com diferentes tipos de alimentação des-
de as exclusivamente vegetarianas até às basea-
das predominantemente em alimentos de origem
animal. O que importa é comer combinações de
alimentos que proporcionem, nas quantidades
convenientes, os aminoácidos para a formação
das nossas proteínas.
Fig 9
FEIJÃO
(proteína carente em metio
nina)
ANGU
(de farinha de milho)
(proteína carente em lisina)
(D
ESTÔMAGO
proteínas no
estômago
(2) desdobramento
das proteínas no
tubo digestivo.
(3) Os aminoácidoso
absorvidos através
das paredes do
intestino.
(4) Os aminoácidos se reúnem
de acordo com
o modelo de proteína
do nosso corpo.
Isso implica certamente uma preocupação com a
composição das proteínas vegetais, particular-
mente no que se refere à sua composição am
aminoácidos essenciais, isto é, aqueles que o
nosso corpoo sabe sintetizar e devem ser
fornecidos pelos alimentos que comemos.o
oito os aminoácidos essenciais: fenilalanina, leu-
cina, isoleucina, lisina, metionina, valina, treonina
e triptofano. Durante a fase de crescimento, as
crianças necessitam, além desses, de arginina e
de histidina.
(Mais adiante, nesta unidade de Nutrição, o pro-
fessor encontrará indicações práticas para a com-
plementação das proteínas vegetais que em geral
apresentam um ou mais aminoácidos essenciais
em quantidades insuficientes.)
Fig 10 - COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNAS
É importante também considerar que a eficácia
na utilização das proteínas constantes da nossa
alimentação depende tanto da qualidade e quan-
tidade dos aminoácidos por ela fornecidos, quan-
to da capacidade dessa alimentação de atender
às outras necessidades nutricionais do indivíduo.
Assim, a eficácia das proteínas ingaridas é di-
minuída quando o total de energia fornecida pela
refeição (medida em calorias) é insuficiente;
como é também reduzida quando a quantidade
de proteína é muito elevada.
Os lipídios
Lipídios (da palavra grega lipos que significa gor-
dura) é o nome dado a outro tipo de substâncias
orgânicas produzidas pelas plantas a partir das
mesmas matérias-primas carbono, hidrogênio
e oxigênio. Estes elementos, porém, se combi-
nam de forma diferente, formando ácidos gra-
xos e glicerol (um tipo de álcool).
Costuma-se pensar nos lipídios principalmente
como fonte de energia; fornece mais de nove
calorias por grama. Junto com os açúcares e
outros glicídios. constituem o grupo dos alimen-
tos ditos energéticos.
Mas existem outras boas razões para consumir-
mos lipídios, particularmente os lipídios vegetais:
eleso a única fonte de ácidos graxos essen-
ciais, que o organismo humanoo pode sinte-
tizar e queo indispensávais à nutrição de te-
cidos importantes, bem como de fundamental
importância na constituição e função das mem-
branas encontradas nas células, principalmente
dos mitocôndrios, corpúsculos onde se realiza a
respiração celular do organismo.
Certas leguminosas como a soja e o amendoim,
frutos como o cacau, o abacate e outros, cocos
e castanhas, todos abundantes em nosso país
de vários tipos de nozes e amêndoas, constituem
fonte vegetal de lipídios.
A soja, atualmente, ocupa o primeiro lugar na
produção mundial de óleos vegetais. Participa,
com o óleo de algodão, na fabricação de marga-
rinas, de gorduras comestíveis e de azeites de
mesa.
Entre os alimentos de origem animal queo
fontes de lipídios, podemos destacar a carne de
porco, de carneiro, de gado e alguns peixes gor-
dos, de onde, inclusive,o retirados a banha e
a manteiga.
Além de seu valor energético, de seu conteúdo
em ácidos graxos essenciais e vitaminas, os
óleos e as gorduras acrescentam sabor à comida,
se utilizadas com técnica adequada e com mo-
deração .
Os lipídios quando em excesso se deposi-
tam e formam tecido gorduroso. Embora a gor-
dura seja necessária, em quantidades moderadas,
como fonte de reserva de energia e para prote-
gero só o organismo contra baixas tempera-
turas mas também os nossos órgãos frágeis, co-
mo os rins e os vasos sangüíneos, o seu excesso
o traz qualquer vantagem à saúde.
Vitaminas
Poucas palavras da nutrição terão alcançado
tanta popularidade. O seu conceito, porém, per-
manece bastante impreciso e pouco científico
para a maioria das pessoas. É comum ouvir di-
zer que um alimento é bom porque tem vitamina,
que se alguém está resfriado ouo se sente
bem, ou deseja melhorar a pele, ou ter mais
vitalidade, precisa tomar vitaminas. Mas esse
"tomar" está quase sempre relacionado com vi-
taminas-remédio. compradas na farmácia. Pou-
cos sabem organizar a sua dieta tendo em conta
as fontes naturais de vitaminas.
As vitaminas encontram-se espalhadas no reino
vegetal principalmente. Embora se encontrem
também em alimentos de origem animal, pode-se
ter como um princípio prático de alimentação
que uma dieta rica em frutas e legumes frescos
nos dará o suficiente em vitaminas.
Um exemplo dramático, freqüentemente citado
no estudo da nutrição é o escorbuto, doença gra-
ve, que muito sofrimento causou aos homens das
longas expedições marítimas, na época das des-
cobertas de novas terras, e que desapareceu
desde que os navegadores passaram a consumir
regularmente limões e laranjas. Era a vitamina C
dessas frutas, que nessa épocao tinha ainda
sido identificada nem batizada. Sabemos hoje
que é o ácido ascórbico, substância orgânica co-
mo as demais vitaminas e como estas presente
em quantidades muito pequenas em muitos ali-
mentos, principalmente nos alimentos vegetais
frescos.
Somente no início do nosso século começaram
a ser identificadas essas substâncias encontra-
das emo pequenas quantidades nos alimentos,
mas essenciais à nossa saúde.
Em Java, um médico holandês descobriu que o
beriberi, doença muito freqüente no Extremo-
Oriente, dava nas populações que se alimenta-
vam de arroz branco (descorticado), e que o
arrozo polido contém uma substância que pro-
tege os consumidores de arroz contra beriberi.
A essas substâncias, que foram sendo identifi-
cadas com relação a doenças causadas por sua
carência, foi dado o nome de "vitaminas" por sua
grande importância para a vida (1911). E foram
sendo designadas com as letras do alfabeto: A,
B, C etc. No entanto, à medida que as estruturas
químicas das vitaminas se tornavam conhecidas,
elas foram recebendo também outros nomes, por
exemplo: retinol e retinal para a vitamina A, tia-
mina para a vitamina B 1, riboflavina para a B 2.
ácido ascórbico para a vitamina C.
Vitamina A
Entre as principais deficiências nutricionais cons-
tatadas em nossa população tanto através da
prática médica quanto de estudos e inquéritos (*)
figura a hipovitaminosie A. É um problema de
saúdeo apenas no nordeste onde já havia
chamado a atenção. Os primeiros dados já pu-
blicados pelo IBGE sôbre o consumo alimentar;
antropometria revelam essa deficiência também
em outras regiões do País.
A deficiência de vitamina A afeta principalmente
a visão e a estrutura da pele (a pele seca e es-
camosa é um sinal comum). O seu consumo ade-
quado é importante para uma boa pele, viçosa e
macia; para mucosas sadias. É também impor-
tante na formação de dentes sadios. Esta vita-
(*) Inquérito do IBGE: Estudo Nacional da Defesa Familiar.
mina existe na natureza sob duas formas: a pri-
meira é a vitamina A verdadeira ou retinol. com-
ponente essencial da retina do olho. A outra
forma é o caroteno ou pró-vitamina A. Os caro-
tenos se transformam em retinol durante a absor-
ção intestinal.
O retinol só é encontrado em produtos animais,
enquanto os carotenos existem em alimentos ve-
getais. O fígado é o principal órgão de armaze-
namento da vitamina A no homem e em outros
animais.
As melhores fontes de vitamina Ao portanto,
o fígado dos animais; e como é substância li-
possolúvel, os óleos de fígado de vários peixes.
Os carotenoso fornecidos sobretudo pelos ve-
getais (ver tabela). A vitamina A suporta muito
bem as temperaturas habituais de cocção, mas
é sensível à luz, ocorrendo uma perda conside-
rável de carotenos quando, por exemplo, as fo-
lhas verdes ficam expostas muito tempo ao sol.
As causas mais comuns de carência de vitami-
na Ao por certo:
(1) consumo insuficiente de alimentos ricos
nessa vitamina;
(2) doenças intestinais, como disenterias. diar-
réias crônicas que impedem a conversão do ca-
roteno e a absorção da vitamina.
(3) regime pobre em lipídios, pois a vitamina A
o é solúvel na água.
A utilização excessiva de laxativos pode provo-
car uma perda importante da vitamina A.
A denominação de vitamina B foi dada primeiro
à substância que no arroz curava e prevenia o
beriberi, doença muito freqüente no Oriente, cujas
populações se alimentavam à base de arroz. Mais
tarde verificou-se que se tratava na realidade
de diferentes substâncias que foram então sendo
chamadas de vit. B1,B2,etc.
A vitamina B1 ou tiamina é a que protege contra
o beriberi, doença que se manifesta com pertur-
bações do sistema nervoso.
A energia usada pelo sistema nervoso vam basi-
camente dos glicídios. A vitamina B1 desempe-
nha um papel essencial na transformação dos
glicídios em energia. Quando há carência da Vi-
tamina B1 ocorrem perturbações do sistema ner-
voso, cujas manifestações mais gravesm com-
prometimento cerebral. É uma vitamina que
se encontra em numerosos alimentos principal-
mente nos legumes folhosos, brotos, feijões,
amendoim e soja. Existe nos cereais, mas se
localiza sobretudo na parte externa do grão.
Assim,o arroz polido e a farinha de trigo exces-
sivamente brancao a contém em quantidade
suficiente: (ver tabelas).
Devido talvez ao largo uso na alimentação do
feijão na dieta brasileira, a carência de tiamina
o é freqüente no País.
Já a vitamina B2 (riboflavina) que é indispen-
sável à respiração das células, intervindo no pro-
cesso de utilização dos glicídios e das proteínas
por nossos tecidos, é insuficiente na dieta bra-
sileira. A sua carência causa alterações nos-
bios, na boca, (observadas com freqüência em
crianças e adolescentes), bem como nos olhos
e outras partes do corpo; é muito freqüente en-
tre as pessoas que se alimentam basicamente de
cereais e tubérculos e consomem pouco leite,
legumes verdes e produtos animais. Os cereais,
assim como os tubérculos. por si,o satis-
fazem as necessidades humanas em vitamina B2.
Alimentos de origem animal, tais como ovos,-
gado, rins. laticínios, ainda que em pequenas
quantidades, se adicionados à essa alimentação
de cereais e tubérculos impede a arriboflavinose
crônica, bastante comum entre escolares de fa-
mílias de baixa renda.
A Vitamina PP (niacina) faz parte do grupo de
vitaminas B; significa simplesmente preven-
ção da pelagra. Pelagra vem do latim pellis (pe-
le) e do grego agra (pegar); designa uma doen-
ça caracterizada pela língua vermelha, inchada,
dermatite, diarréia grave, lesões do sistema
nervoso. Está presente em quase todos os alimen-
tos.
Os grupos humanos que sofrem de pelagrao
principalmente os que se alimentam de milho,
arroz, mandioca, sem o hábito de comer verdu-
ras e leguminosas.
O café torrado é muito rico em niacina e o uso
desta bebida é um bom meio de prevenção da
sua carência, entre os grupos que se alimentam
principalmente de milho, arroz, mandioca, sem o
hábito de comer verduras.
Entre os alimentos animais mais ricos nesta vi-
tamina, estão o fígado, qualquer tipo de peixe.
As necessidades dessas três vitaminas do gru-
po B estão em relação direta com as nossas
necessidades de energia.
A vitamina D é indispensável à fixação do cálcio
e do fósforo durante o crescimento ósseo e a
formação dos gens. É a vitamina anti-raquítica.
O raquitismo se manifesta na criança por defor-
mações ósseas, devido a má utilização do cálcio,
causada por consumo insuficiente de vitamina D,
pouca exposição ao sol ou por esses dois fato-
res ao mesmo tempo.
O organismo guarda a vitamina D nos tecidos
adiposos (ela é lipossolúvel) e no fígado. A mu-
lher grávida precisa de uma boa reserva de vi-
tamina D, no fígado, para que seu filho possa
receber durante a amamentação a quantidade ne-
cessária eo venha a sofrer de raquitismo. A
vida ao ar livre impede o raquitismo, pois os
raios ultravioletas do sol fabricam a vitamina D
em nossa pele.
A vitamina D só existe em produtos animais.
(ver tabela)
Ácidos graxos essenciais
Já vimos que somente os lipídios noso os áci-
dos graxos essenciais, principalmente sob a for-
ma de ácido linoléico. A maioria dos grãos olea-
ginosos (amendoim e outros) e dos óleos ve-
getais, bem como a carne de porco, atendem
bem às nossas necessidades, (quadro abaixo)
FONTES DE ÁCIDO LINOLÉICO
(por ordem decrescente)
em g por 100 g de
parte comestível.
Óleo de girassol
Óleo de algodão
Óleo de milho
Óleo de soja
Óleo de amendoim
Amendoim
Margarina
Banha de Porco
Grãos de Soja
Carne de porco medianamente
gorda
Farinha de aveia
Castanha de caju
Abacate
Ovo
Carne de carneiro
63
60
53
52
29
14
14
10
9
5
3
3
2
1
1
A vitamina C ou ácido ascórbico encontra-se
amplamente distribuída entre os alimentos vege-
tais, exceto cereais. Com exceção do fígado,
o se encontra vitamina C nos alimentos de
origem animal. O papel da vitamina C está re-
lacionado com a formação e integridade do teci-
do conjuntivo do nosso corpo. O tecido conjun-
tivo une as células, como o cimento liga os
tijolos uns aos outros. No caso de deficiência
de vitamina C certas células perdem resistência,
ocorrem hemorragias e os dentes e tecidos ós-
seoso se formam normalmente. A vitamina C
protege a gengiva e outras estruturas da boca;
sua carência grave causa o escorbuto, doença
comum, no passado, entre os tripulantes das
longas viagens marítimas, nas quais os marinhei-
roso podiam contar com alimentos vegetais
frescos. O consumo de frutas e legumes crus
diariamente é o melhor meio de assegurar a
quantidade suficiente de vitamina C. É uma vi-
tamina queo se armazena em nosso corpo;
precisamos portanto, de um suprimento diário em
nossa alimentação.
A vitamina B12 e a formação dos glóbulos ver-
melhos e brancos do sangue.
A vitamina B12 e o ácido fólico intervém na for-
mação dos glóbulos vermelhos e brancos do san-
gue. A carência de um delas ou de ambos, é
responsável por uma doença grave, a anemia per-
niciosa. A avitaminose B12 pode manifestar-se
em pessoas estritamente vegetarianas, pois suas
boas fonteso quase que unicamente de origem
animal fígado, rins, carnes, leite, queijo, peixe,
e ovos.
A vitamina D, também chamada "vitamina do
soi," é indispensável à fixação do cálcio e do
fósforo durante o crescimento ósseo e à forma-
ção dos genes. É a vitamina anti-raquítica. O
raquitismo se manifesta na criança por deforma-
ções ósseas, devido à má utilização do cálcio,
causada por consumo insuficiente de vitamina D,
pouca exposição ao sol ou os dois ao mesmo
tempo. O organismo armazena a vitamina D nos
tecidos adiposos (ela é lipossolúvel) e no-
gado. A mulher grávida precisa de uma boa re-
serva de vitamina D, no fígado, para que seu
filho possa receber durante a amamentação a
quantidade necessária eo venha a sofrer de
raquitismo.
A vida ao ar livre, exposta ao sol, faz com que
os raios ultravioleta transformem uma substân-
cia já existente na pele (uma pró-vitamina) em
vitamina D, que então passa para a corrente
sangüínea.
Os raios ultravioletao incapazes de atravessar
a neblina, as nuvens, a fumaça, as vidraças
de vidros comuns, a roupa. A presença de qual-
quer um desses elementos reduz a capacidade
do corpo de produzir e absorver a vitamina D.
A pigmentação da pele atua como proteção contra
o excesso de produção da vitamina D, nas pes-
soas de cor escura, nas regiões tropicais. Se
filhos dessas pessoas nascem e vivem nas zo-
nas temperadas, por força dessa pigmentação,
o mais suscetíveis ao raquitismo.
Os minerais
Além do carbono, hidrogênio, o oxigênio e nitro-
gênio com os quais a planta produz os seus
açúcares, aminoácidos e lipídios, outros elemen-
tos mineraiso por ela retirados da terra para
a construção de suas estruturas e participação
em uma larga variedade de atividades químicas
que se realizam em suas células.
Dentre os minerais que a planta acumula em
seus tecidos, há vários queo essenciais à
nutrição humana. Entre os mais importantes es-
o o cálcio, o fósforo, o ferro, o cobre, o co-
balto, o iodo, o magnésio, o potássio, o sódio, o
enxofre, o zinco, o flúor.
Em geral esses minerais em nosso corpo estão
combinados: com substâncias orgânicas, como
por exemplo o ferro na hemoglobina; com outros
corpos inorgânicos como no fosfato de cálcio nos
ossos.
O cálcio é o mais abundante dos minerais do
corpo humano; encontra-se combinado com o fós-
foro, principalmente nos ossos e nos dentes.
O cálcio desempenha também um papel impor-
tante na coagulação do sangue e no funciona-
mento do sistema neuro-muscular.
O cálcio e o ferro encontram-se em abundância
nos legumes de folhas verdes. Mas tanto o cál-
cio quanto o ferro tem suas fontes mais ricas
nos alimentos de origem animal. Para o cálcio,
o leite, os queijos, os peixes pequenos, comidos
com suas espinhas, os mariscos, principalmente
quando cozidos ou comidos com as cascas.
O ferro, apesar de sua pequena quantidade no
corpo humano (4 a 5 g.), desempenha um pa-
pel essencial como componente que é das subs-
tâncias do sangue que carregam o oxigênio dos
pulmões até às células, e delas trazem os
carbônico para os pulmões.
Embora as anemias possam ter outras causas, a
mais comum entres deve-se a um consumo
insuficiente de ferro associado ao parasitismo
intestinal, principalmente a ancilostomose.
O ferroo utilizado pelo organismo é armaze-
nado no fígado, no baço e na medula dos ossos.
O ferro é estocado no fígado sob a forma de
uma proteína. Isso explica o valor do fígado co-
mo fonte alimentar de ferro (ver Tabela de Ali-
mentos) .
De um modo geral, os legumes de folhas verde-
escuro e outros alimentos ricos em proteínas
contêm bastante cálcio e ferro.
Fatores que prejudicam a absorção do cálcio e
do ferro:
O aumento da motilidade do intestino tudo
que aumenta o ritmo do trânsito do bolo alimen-
tar prejudica a absorção desses minerais. As-
sim as diarréias, o uso freqüente de laxantes etc.
Certas substâncias dos cereais, dos legumes e
dos feijões, com exceção da soja, fazem com
que apenas uma percentagem muito baixa de seu
cálcio ou ferro seja absorvida pelo organismo.
O professor poderá acompanhar os alunos na
procura dos valores em minerais dos alimentos,
nas tabelas elaboradas para o BI
FERRO (100 mg )
Fonte: Watt, B. K., and Merril, A. L: Composition of foods-raw, processed and prepared, U. S.
Departament of Agriculture Handbook n.° 8, Washington, D. C, 1963, U. S. Departament of Agri-
culture.
A celulose ou as fibras vegetais
A celulose é outro produto da planta formado
da união de muitas moléculas de glicose. Faz
parte da estrutura de numerosos vegetais que nos
servem de alimento Ela, porém, atravessa pra-
ticamente inalterada o nosso tubo digestivo, pois
o produzimos uma enzima capaz de digeri-la.
Esta substância indigerível da nossa, alimentação
a badalada fibra vegetal é no entanto muito
importante para o bom funcionamento do nosso
tubo digestivo, através da estimulação do movi-
mento intestinal. Modernamente se tem dito que
a fibra é o "nutriente esquecido", pois a elao
atribuídos outros papéis além de facilitar a eli-
minação do bolo fecal. Parece ser de utilidade
na prevenção da aterosclerose (perda da elasti-
cidade das paredes dos vasos sangüíneos) e do
câncer do intestino.
Um mínimo de 100 mg de fibra por kg de peso
corporal é necessário para manter a motilidade
do intestino e a conseqüente defecação normal.
Na ficha de informação para os alunos o tema
das fibras é tratado com mais detalhes.
A digestão e a excreção
A batata doce ou qualquer outro alimento vege-
tal é, aparentemente, completamente estranha ao
nosso organismo. No entanto, depois de comida
e digerida, acabará fazendo parte integrante da
nossa matéria viva. Seus nutrientes (açúcares.
vitaminas, minerais, aminoácidos) passarão para
o nosso sangue e chegarão às nossas células.
onde serão utilizados.
A todas as transformações sofridas pelos ali-
mentos ingeridos, antes que possam ser usados
pelas células, é que se chama digestão. É um
processo realizado com ajuda de procedimentos
mecânicos e reações químicas.
Assim, na boca os alimentoso mastigados
(ação mecânica) e ensalivados — o que significa
uma ação de molhar e amolecer o alimento e tam-
m de transformação química (a enzima ami-
lase da saliva transforma o amido da batata
doce em açúcar).
As implicações de cada um dos procedimentos
e reações do processo da digestão podam ser
discutidas pelos alunos com vistas para compor-
tamentos favoráveis à saúde. Assim, a importân-
cia da mastigação, particularmente no caso dos
glicídios (batatas, raízes, bulbos,o etc). O
assunto merece estudo na área dos costumes e
ritos relacionados com a alimentação em dife-
rentes regiões e povos do mundo. As popula-
ções africanas e das ilhas do Pacífico que se
alimentam basicamente de raízes e tubérculos.
por exemplo, costumam comer vagarosamente.
mastigando numerosas vezes seu alimento, e sa-
boreando as transformações de gosto queo
ocorrendo à medida que o amido vai se trans-
formando na boca.
O processo de digestão é tema obrigatório do
ensino de ciências. Assim, sendo, bastaria ao
professor focalizar as implicações comportamen-
tais. a partir dos problemas e dos interesses le-
vantados pelos alunos no decorrer das situa-
ções propostas para estudo.
Situação 2.1. DO ALIMENTO PARA O CORPO
1.ª TAREFA:
1. Quanto pesa você?
2. Você sabia que 70% do seu peso se deve
a água que faz parte dos vários tecidos do
seu corpo músculos, sangue, ossos etc?
3. Quaiso as outras substâncias que formam
o seu corpo?
4. De onde seu corpo obtém essas substân-
cias?
Agora você poderá:
responder por escrito às perguntas acima;
discutir as respostas com os colegas de gru-
po e escrever as conclusões;
discutir com o professor as conclusões do
grupo.
2.ª TAREFA:
1. Retirar do BI a ficha-informativa SUBSTÂN-
CIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS.
Procure:
discutir, em grupo, as informações novas ali
contidas e compará-las com os seus conhe-
cimentos anteriores, registrando o que já era
conhecido.
2. A seguir o grupo deverá realizar os seguin-
tes experimentos:
os açúcares nos alimentos;
as proteínas nos alimentos;
as gorduras nos alimentos.
OBSERVAÇÃO: as informações sobre vitaminas
e minerais serão trabalhadas
em outra situação.
3.' TAREFA:
1.° Experimento OS AÇÚCARES NOS AU-
MENTOS
a) Primeiro, separe o seguinte material:
uma colher de polvilho (goma ou ta-
pioca);
uma xícara de arroz;
uma batata;
miolo de pão;
álcool iodado, conta-gotas;
um copo de água.
b) Agora experimente:
misturar o polvilho em um copo de água.
Pingar uma ou duas gotas de álcool io-
dado. O líquido deve ficar azulado. Es-
sa coloração serve para identificar o
amido: açúcar armazenado pelas plan-
tas.
c) depois, faça os seguintes testes e veja o
que aconteceu:
tomar um pedaço de batata e pingar
algumas gotas de álcool iodado, na par-
te descascada;
pegar o arroz e lavá-lo em água. Se-
parar a água que serviu para lavar o
arroz e pingar nela algumas gotas de
álcool iodado;
pegar um pedaço de miolo deo e
deixá-lo na boca por alguns minutos.
d) discuta os resultados das experiências com
os colegas e o professor. Registre a con-
clusão.
2.° Experimento AS PROTEÍNAS NOS AU-
MENTOS
a) Primeiro, separe o seguinte material:
uma xícara de farinha de trigo;
meia clara de ovo;
meia xícara de leite;
um limão;
um copo de água.
b) experimente:
preparar com a farinha de trigo e água
uma massinha em forma de bola, bem
compacta. Sob um filete de água de
torneira, com uma vasilha embaixo,
amassar a massinha com os dedos até
que reste apenas uma substância ama-
relada, elástica. Recolha a água sob a
qual a bola de farinha de trigo foi amas-
sada. A substância amarelada que res-
tou entre os dedos é uma proteína de
grão de trigo: a gluteína;
observar o volume da gluteína, lembran-
do-se do volume da bola de trigo inicial.
Anotar a diferença.
Observação: pingar algumas gotas de álcool
iodado na água recolhida durante essa
experiência e anotar o que aconteceu.
c) teste ainda e anote os resultados:
misturar uma pequena quantidade de
clara de ovo em água. Mexer bem. Di-
vidir o conteúdo da solução clara de
ovo e água em dois recipientes:
1.° recipiente: aquecer a solução até o
líquido se tornar opaco;
2.° recipiente: pingar algumas gotas de
caldo de limão.
em meia xícara de leite, pingar algumas
gotas de caldo de limão.
d) discuta os resultados das experiências com
os colegas e com o professor. Anote a con-
clusão.
3.° Experimento AS GORDURAS NOS ALI-
MENTOS
a) primeiro, faça uma lista dos alimentos ricos
em gorduras, comumente usados na alimen-
tação;
b) depois, faça o experimento indicado a seguir:
primeiro, separe o seguinte material:
uma frigideira;
pedaços de carne de porco. vaca.
frango e outro alimento animal co-
mum em sua região (dois pedaços
mais gordos e dois mais magros);
amendoim, castanha do Pará ou de
caju, ou outra amêndoa ou coco de
sua região, grãos de arroz, grãos de
milho;
um fogareiro;
um pilão.
Procedimentos:
segundo, combinem para que cada com-
panheiro faça uma das operações se-
guintes, na ordem indicada:
esquentar na frigideira a carne de
porco e observar o que acontece;
esquentar na frigideira a carne de
vaca e observar o que acontece;
esquentar na frigideira a carne de
frango e observar o que acontece;
esquentar na frigideira a carne de
outro animal e observar o que acon-
tece ;
socar no pilão, o amendoim, a cas-
tanha ou coco, grãos de arroz e
grãos de milho' que tiver consegui-
do (sem misturas);
amassar com os dedos cada um
desses alimentos já socados no pi-
lão;
Observe o que acontece e responda à
seguinte pergunta:
Como se pode saber que um alimento
é rico em gorduras?
4.ª TAREFA:
1. Em grupo:
trocar idéias sobre as diferentes atividades
realizadas;
discutir todos os resultados das experiências
relacionando-os com as informações novas
contidas na ficha-informativa SUBSTÂNCIAS
NUTRIVAS ESSENCIAIS arquivada no B.I.;
discutir com o professor e registrar as con-
clusões;
5.' TAREFA:
1. Retirar do BI a ficha-tabela ALIMENTOS RI-
COS EM SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS ESSEN-
CIAIS.
Procure agora:
tomar conhecimento dos alimentos mais ri-
cos em proteínas, açúcares, gorduras, vita-
minas e minerais;
fazer uma lista dos alimentos comuns em
sua alimentação diária;
comparar com a tabela do BI;
responder por escrito, individualmente:
quais desses alimentos estão lhe forne-
cendo proteínas?
Gorduras?
Açúcares?
Vitaminas?
Minerais?
discutir com os colegas os achados e escre-
ver uma conclusão.
6." TAREFA:
1. Procure, em grupo, rever todas as atividades
desenvolvidas, para fazer o relatório com as
conclusões finais.
2. Se houver oportunidade, fazer, em grupo.
uma apresentação dos resultados para a
turma.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade da situação;
nome dos participantes do gru-
po e série.
Situação: 2.2. EM BUSCA DE VITAMINAS E
MINERAIS
1.ª TAREFA:
1. Queo vitaminas? Para que servem?
2. Quaiso as fontes de vitaminas?
3. Que mineraiso importantes para o nosso
corpo?
4. Que alimentos contêm em maior quantidade
minerais importantes para o nosso corpo?
5. Que efeitos resultam da falta de vitaminas
e minerais?
Agora você poderá:
responder às perguntas acima;
ler e discutir as respostas com os colegas
de grupo;
dos alimentos
contêm vitami-
em grupo, fazer uma lista
consumidos diariamente que
nas e elementos minerais.
2.ª TAREFA:
1. Retirar do BI a FICHA-TABELA ALIMENTOS
RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS e
algumas bulas de remédios.
Agora procure:
na tabela, os alimentos consumidos por vo-
s diariamente, registrando as vitaminas e
minerais que cada um desses alimentos lhes
fornece diariamente;
na bula de um remédio, as suas vitaminas e
minerais. Comparar o custo dos remédios
com o custo dos alimentos ricos nas mes-
mas vitaminas e minerais, usando a TABELA
DE ALIMENTOS RICOS EM VITAMINAS E
MINERAIS se necessário;
em grupo, discutir os achados de cada co-
lega;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
3.ª TAREFA:
1. Que dizem os colegas, das vitaminas?
O grupo poderá:
entrevistar alguns colegas principalmente
os que estão desenvolvendo as Situações
DO ALIMENTO PARA O CORPO e FAZENDO
COMIDA para obter informações e sua
opinião sobre vitaminas e minerais;
perguntar aos colegas se mudaram de opi-
nião sobre as vitaminas após realizar as ta-
refas .
4.ª TAREFA:
1. Escrever um relatório sucinto com as con-
clusões do grupo.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas, com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e a série.
Situação: 2.3 COMIDA, TEM FIBRA?
Atualmente fala-se muito nas fibras na ali-
mentação humana, por causa de sua impor-
tância no bom funcionamento do tubo diges-
tivo e da suposição 'de que várias doenças
estão relacionadas com a sua falta ou di-
minuição na alimentação moderna.
1.ª TAREFA:
1. Responder individualmente, preenchendo as colunas, como no exemplo:
Alimentos ricos
em fibras
alface
abacate
almeirão
alcachofra
agrião
pimentão
brócolos
coco
cenoura
couve
couve-flor
quiabo
repolho
feijão
ervilha
nabo
laranja
folha de
mandioca
folha de
batata
vagens
amendoim
arroz
integral
manga
avela
existem na
minha terra
SIM
comemos
em casa
SIM
gosto
de comer
SIM
como preparamos
crua, em salada
2. Reunir o grupo e discutir as respostas.
3. Confeccionar um novo quadro com os 7 ali-
mentos mais comuns na alimentação diária
e os mais apreciados que tenham fibras.
2.ª TAREFA:
1. Retirar do BI a ficha-informativa AS FIBRAS
QUE COMEMOS.
Cada colega deverá:
ler o texto e fazer um comentário oral;
discutir em grupo as informações novas;
anotar a conclusão.
3.ª TAREFA:
1. Havendo oportunidade, visitar uma máquina
de beneficiar cereais (arroz ou trigo).
Procure saber entre outras coisas:
a) Como é o cereal antes de ser "bene-
ficiado"?
b) Como é o produto após o "beneficia-
mento"?
c) Como é o processo de beneficiar?
d) Por que fazem o beneficiamento?
e) O que é feito com as sobras?
f) Existe diferença de preço antes e após
o beneficiamento? Qual?
2.o havendo possibilidade de visitar uma
máquina de beneficiar cereal, como alterna-
tiva você deverá:
Comparar o arroz integral com o arroz
comum.
Tentar responder às mesmas perguntas
acima.
4.' TAREFA:
1 . PARA FAZER EM CASA:
Escolher uma verdura que você gosta bas-
tante e comer duas garfadas bem cheias no
almoço e no jantar. Como sobremesa, co-
mer uma laranja com o bagaço após masti-
gá-lo bem.
VOCÊ ESTA COMENDO FIBRAS: EM BOA
QUANTIDADE.
No dia seguinte, observar:
sua defecação foi fácil ou difícil?
a quantidade de fezes foi pequena ou
volumosa?
as fezes foram moles ou endurecidas?
2. PARA FAZER EM SALA DE AULA:
Em grupo:
Comparar as observações que cada um
fez em casa, relacionando-as com as
informações da ficha;
Escrever as conclusões.
5.ª TAREFA:
1. Em grupo entrevistar, pelo menos, 3 pessoas
sobre "prisão de ventre."
Procure indagar, anotando todas as respos-
tas:
Que sentem as pessoas que sofrem de
"prisão de ventre"?
Que comem estas pessoas diariamente
nas refeições?
Que remédios caseiros utilizam para a
"prisão de ventre"?
2. Discutir com os colegas as respostas da
entrevista.
3. Relacionar as opiniões das pessoas com as
informações da ficha.
4. Discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
6.ª TAREFA:
1. Em grupo, fazer um relatório com os resul-
tados das tarefas e apresentá-lo para a tur-
ma, se houver oportunidade.
Observação: arquivar no B.l. o relatório e as
tarefas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e respecti-
va série.
Situação: 2 4. VOCÊ ACHA QUE AE DEVE
AMAMENTAR O SEU FILHO?
1.ª TAREFA:
1. Que você sente ao ver umae amamen-
tando uma criança?
2. Que você sente ao ver um animal amamen-
tando seus filhotes?
3. Por que um animal amamenta os seus filho-
tes?
4. Por que é aconselhável o leite materno?
5. Como deve ser a alimentação de umae
grávida? Por que?
6. Como deve ser a alimentação de umae
que está amamentando? Explicar.
O grupo poderá agora:
responder as perguntas acima;
ler e discutir as respostas com os colegas
de grupo;
anotar a conclusão.
2.ª TAREFA:
1. Que dizem as mães sobre a amamentação?
O grupo deverá:
preparar um roteiro de entrevista, com
algumas mães; indagar entre outras coisas:
o número de filhos que teve e quantos ama-
mentou ao seio; até que' idade; os filhos
queo amamentou até 4 ou 6 meses, por
que isso aconteceu, e que alimentação deu
a esses filhos; a alimentação dae en-
quanto grávida e depois no período de alei-
tamento; sua opinião sobre as vantagens da
alimentação ao seio, e sobre as dificuldades
que podem surgir para a mesma; sua opi-
nião sobre o leite materno, o leite de vaca
natural e o leite em; as vantagens e des-
vantagens do uso de cada um desses três
tipos de leite.
Agora cada colega deverá:
entrevistar pelo menos duas mães, anotando
as respostas e as impressões que teve ao
fazer a entrevista;
conversar com suae para saber como foi
a sua alimentação no primeiro ano de vida.
Em grupo:
ler, ordenar e discutir as respostas das pes-
soas entrevistadas;
discutir com o professor e redigir suas con-
clusões.
3.' TAREFA:
1. Retirar do B.I.: a ficha-informativa LEITE
MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMEN-
TAR.
Procure agora:
grifar as informações novas ou as que você
considera importantes;
comparar as informações da ficha com as
respostas das mães;
fazer um comentário por escrito.
4.ª TAREFA:
Agora o grupo poderá:
investigar o preço e o peso líquido de uma
lata de leite em; a quantidade de leite
em pó gasta para o preparo de um litro de
leite e o preço de um litro de leite de vaca;
calcular quanto custa o leite em pó neces-
sário para preparar 1 litro de leite (140 g.
leite em pó + 860 g. água);
comparar o resultado desse cálculo com o
preço de um litro de leite de vaca; anotar
a conclusão;
fazer uma lista com as vantagens e desvan-
tagens do uso dos três tipos de leite: ma-
terno, de vaca e em.
5.ª TAREFA:
1. Em grupo, fazer um relatório com as con-
clusões finais e apresentá-lo para a turma.
Observação: arquivar no B.l. o relatório e as
tarefas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação: 2.5. COMILÃO
1.ª TAREFA:
1. O que você come diariamente?
2. Será que as necessidades alimentares va-
riam de uma pessoa para outra? Por que?
Agora você poderá:
responder por escrito às perguntas acima;
ler e discutir todas as respostas com os
colegas;
anotar a conclusão.
2.ª TAREFA:
1. Quem come mais em sua casa?
Procure agora:
fazer individualmente uma lista com o nome
das pessoas de sua família, indicando a ida-
de e a atividade de cada um; dos primeiros
desta lista devem ser aqueles que comem
mais e os últimos os que comem menos;
observando as diferenças de idade e ativi-
dade entre as pessoas de sua família, ex-
plicar porque uns comem mais que os outros;
em grupo, discutir as explicações de todos
os colegas e anotar a conclusão;
discutir com o professor.
3.ª TAREFA:
1. Você acha que existe alguma relação entre
as necessidades de alimento e o trabalho e
atividade de uma pessoa? Por que?
O grupo deverá:
planejar uma entrevista com pessoas adul-
tas, do mesmo sexo, idade aproximadamen-
te a mesma e de diferentes ocupações de
trabalho entre as seguintes categorias:
moderadamente ativo: Jardineiro, operá-
rio de indústria ligeira, empregada do-
méstica, empregados de restaurantes, de
casas comerciais etc.
muito ativo: lavrador, operário de indús-
tria pesada, atleta, mineiro, operário de
construção etc.
excepcionalmente ativo: lenhador, esti-
vador, escavador de poço, carregador/
descarregador de caminhão, serrador de
madeira;
entre outras coisas, indagar aos entrevista-
dos: o número de refeições que faz por dia;
o que come diariamente e a quantidade apro-
ximada; o seu peso e a sua altura;
ligeiramente ativo: empregado de escri-
tório, professor, dona de casa que tem
empregada etc.
TABELA/ENTREVISTA
anotar todos os dados, como também as ob-
servações que tenha feito, por exemplo, se
a pessoa é gorda ou magra, preenchendo a
tabela a seguir:
Necessidades
alimentares
diárias
Ligeiramente
ativo...
Moderadamente
ativo...
Muito ativo ...
Excepcionalmente
ativo..
Número de
refeições
por dia
Peso
Altura
Tipo e quantidade
aproximada de
alimentos das
refeições diárias
OBSERVAÇÕES
OBS.: Preencher os pontinhos com a ocupação da pessoa.
analisar os resultados anotados na tabela e
comparar com as fichas-tabelas NECES-
SIDADES ENERGÉTICAS DE ADULTOS POR
DIA e CONSUMO DE ENERGIA DE UM HO-
MEM E DE UMA MULHER DURANTE 24 HO-
RAS E EFEITOS DE SUA ATIVIDADE;
escrever a conclusão;
discutir com o professor.
4.ª TAREFA:
1. Retirar do BI as fichas-tabelas EXIGÊNCIA
CALÓRICA EM DIFERENTES ATIVIDADES; NE-
CESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS
E ADOLESCENTES POR DIA. Lembrar que
os alimentos fornecem ao organismo ener-
gia que é medida em calorias.
Experimente:
calcular, usando os dados da ficha-tabela
EXIGÊNCIA CALÓRICA EM DIFERENTES ATI-
VIDADES, a quantidade de calorias que você
gasta aproximadamente por dia, nas suas di-
versas atividades;
analisar a ficha-tabela NECESSIDADES ENER-
GÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
POR DIA e escrever as conclusões.
5.ª TAREFA:
1. Em função de que variam as necessidades
de energia, de um indivíduo para outro?
2. Completar:
um homem adulto precisa de energia
para:
um adolescente precisa de energia
para:
uma criança precisa de energia para: ..
uma mulher grávida precisa de energia
para:
Cada colega deverá:
responder por escrito as perguntas acima;
discutir com os colegas de grupo as respos-
tas e relacioná-las com as informações con-
tidas nas tabelas números 1, 2 e 3;
anotar a conclusão;
discutir com o professor.
6. TAREFA:
1. Fazer um relatório com os resultados das
tarefas desenvolvidas e as conclusões finais.
2. Havendo oportunidade, o grupo deverá fazer
uma apresentação dos resultados para a tur-
ma.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e a série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas nas situações
DO ALIMENTO PARA O CORPO; EM BUSCA
DE VITAMINAS E MINERAIS; COMIDA, TEM FI-
BRA? COMILÃO; VOCÊ ACHA QUE AE DE-
VE AMAMENTAR O SEU FILHO? possibilitará
aos alunos a compreensão de alguns conceitos
contidos no texto 2 — 0 PROCESSO DA NU-
TRIÇÃO. Este texto servirá para o professor
orientar os alunos que escolheram umas ou outras
das situações apresentadas no diagrama da uni-
dade OS ALIMENTOS E A SAÚDE. No banco de
informações (BI) os alunos deverão encontrar a fi-
cha-lista das tarefas de cada situação escolhida
e o material necessário para desenvolvê-las.
Na situação DO ALIMENTO PARA O CORPO os
alunos poderão discutir a composição dos ali-
mentos; ler algumas informações sôbre as subs-
tâncias nutritivas essenciais; realizar experi-
mentos sobre as proteínas, os açúcares e as
gorduras nos alimentos; identificar alimentos ri-
cos em princípios nutritivos, principalmente os
que fazem parte da alimentação diária do grupo.
O professor participará das discussões do gru-
po, atento às idéias dos alunos. A partir dos
resultados dos experimentos, levantará questões
que os ajudem a fazer relações entre cada in-
formação nova, cada fato novo experimentado
com os seus conhecimentos anteriores.
Na situação EM BUSCA DE VITAMINAS E MI-
NERAIS os alunos deverão dizer o que pensam
sobre as vitaminas e os sais minerais; consul-
tando uma tabela, identificar vitaminas e mine-
rais fornecidos por alimentos de consumo diário;
usando bulas de medicamentos, comparar o
custo das vitaminas e minerais contidos nos ali-
mentos e nos remédios; trocar idéias com co-
legas de outros grupos, sobre o assunto.
O professor prestará atenção às idéias dos alunos
sobre as vitaminas. Alunos de 8.
a
série que par-
ticiparam da experiência de aplicação da versão
preliminar deste Programa, identificaram vitami-
nas com qualidade dos alimentos eo pensa-
ram nelas como uma dentre as outras substân-
cias nutritivas essenciais, contidas nos alimen-
tos. Assim eles diziam: "Vitamina é tudo de que
é formado o alimento," "o alimento é bom
porque tem vitamina."
Questionará ainda, o uso dos medicamentos co-
mo fonte de vitaminas e minerais e discutirá a
importância do consumo de alimentos ricos nes-
sas substâncias.
Na situação COMIDA, TEM FIBRA? os alunos
deverão identificar os alimentos ricos em fibra
presentes na alimentação diária; ler algumas in-
formações sobre as fibras e sua importância no
funcionamento do aparelho digestivo; visitar uma
fábrica de beneficiar os cereais para informar-se
das vantagens e desvantagens de seu beneficia-
mento; comparar o arroz integral com o arroz
comum; experimentar comer uma grande quanti-
dade de fibras em um dia e anotar o efeito no
dia seguinte; relacionar as observações realiza-
das com as novas informações, a fim de tirar as
suas conclusões.
O professor eventualmente discutirá com os alu-
nos para ajudá-los a estabelecer relações entre
as experiências de cada um e as informações
obtidas no decorrer das tarefas.
Na situação COMILÂO os alunos poderão discutir
a variação das necessidades alimentares entre
as pessoas, segundo a idade e o tipo de ativi-
dade; entrevistar várias pessoas com diferentes
ocupações de trabalho; analisar os dados de-
rias tabelas, fazer alguns cálculos para buscar
relações entre necessidade de energia e ida-
de, peso, sexo, tipo de atividade.
Durante as discussões, o professor poderá acom-
panhar o raciocínio dos alunos, propondo ques-
tões que os levem a compreender as variações
das necessidades energéticas entre as pessoas.
Na situação VOCÊ ACHA QUE A MAE DEVE
AMAMENTAR O SEU FILHO? os alunos poderão
expressar a sua opinião sobre a importância da
amamentação; entrevistar algumas mães para sa-
ber o que elas pensam sobre o assunto; ler
alguma informação sobre o leite materno e a ali-
mentação complementar e relacioná-las com os
comentários das mães; fazer um cálculo compa-
rativo do custo do leite de vaca e do leite em
; discutir as vantagens e desvantagens do uso
dos três tipos de leite: materno, de vaca e em
.
O professor poderá discutir com os alunos para
perceber como interpretam as diversas informa-
ções, abordando novas questões que os ajudem
a ampliar as suas idéias, tomando como referên-
cia a ficha-informativa.
Informações do BI:
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar as fichas-listas das tarefas das situações
escolhidas e o material necessário para desen-
volvê-las.
No tocante à situação DO ALIMENTO PARA O
CORPO será utilizado:
alguns materiais para os experimentos: os
açúcares nos alimentos, as proteínas nos ali-
mentos, as gorduras nos alimentos, especi-
ficados na 3.ª tarefa da situação, que o pro-
fessor deverá preparar para manuseio dos
alunos;
ficha-informativa SUBSTANCIAS NUTRITIVAS
ESSENCIAIS, apresentada a seguir
ficha-tabela ALIMENTOS RICOS EM SUBS-
TÂNCIAS NUTRITIVAS, apresentada a seguir
Para o desenvolvimento da situação EM BUSCA
DE VITAMINAS E MINERAIS será necessário o
seguinte material:
bulas de remédios que contêm vitaminas e
minerais, a serem reunidas pelo professor;
ficha-tabela ALIMENTOS RICOS EM VITAMI-
NAS E MINERAIS, apresentada a seguir
Para o desenvolvimento de situação COMIDA,
TEM FIBRA? será necessária a ficha-informativa
AS FIBRAS QUE COMEMOS, apresentada a se-
guir:
Para o desenvolvimento da situação COMILÂO
será necessário o seguinte material:
ficha-tabela NECESSIDADES ENERGÉTICAS
DE ADULTOS POR DIA, apresentada a seguir
ficha-tabela CONSUMO DE ENERGIA DE UM
HOMEM E DE UMA MULHER DURANTE 24
HORAS E EFEITOS DE SUA ATIVIDADE,
apresentada a seguir
ficha-tabela EXIGÊNCIA CALÓRICA EM DIFE-
RENTES ATIVIDADES, apresentada a seguir
ficha-tabela NECESSIDADES ENERGÉTICAS
DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR DIA.
apresentada a seguir
Para o desenvolvimento da situação VOCÊ ACHA
QUE A MAE DEVE AMAMENTAR O SEU FILHO?
será necessária a ficha informativa LEITE MA-
TERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, apre-
sentada a seguir
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Ficha informativa: SUBSTANCIAS NUTRITIVAS
ESSENCIAIS
As substâncias que formam e mantêm vivo e ati-
vo o nosso corpo,m dos alimentos que come-
mos. Os alimentos podem ter diferentes com-
posições, isto é, podem conter em maior ou me-
nor quantidade as substâncias nutritivas essen-
ciais:
os açúcares ou hidratos de carbono ou gli-
cídeos;
as gorduras ou lipídeos;
as proteínas;
as vitaminas e os minerais.
Os açúcareso fabricados pelas plantas em
suas folhas e armazenados em seus grãos, raízes
e frutos. O açúcar armazenado nos grãos e nas
raízes é o açúcar de reserva para a nova planta
que daí nascerá. É o chamado amido. Constitui,
também, uma fonte de energia importante para
o homem: feijões, trigo, arroz, milho, mandioca.
inhame etc.
O homem e os animaiso fabricam açúcares,
mas sim,o consumidores dos açúcares fabri-
cados pelas plantas. Podem, no entanto, arma-
zenar uma pequena quantidade para as emer-
gências sob a forma de glicogênio. principal-
mente no fígado.
Quando uma pessoa ingere alimentos que con-
m amido e outros açúcares, estes se transfor-
mam em glicose, no interior de seu organismo.
A glicose é a forma mais simples dos açúcares
ou glicídeos, e de aproveitamento mais rápido e
eficiente nos organismos animais, no atendimen-
to das suas necessidades de energia.
As gorduraso muito importantes: comercial-
mente cerca da metade das gorduras e azeites
produzidos no mundo servem como alimento e o
resto é utilizado em diversas indústrias como a
de sabões, de tintas, de vernizes etc.
As gorduras, como os açúcares dos alimentos,
o ao corpo humano, a força e energia neces-
sárias para viver e o que isso implica em traba-
lho e todo tipo de atividade. O corpo humano
pode conter gorduras como reserva de energia.
Outra substância nutritiva essencial na estrutura
e no funcionamento de nosso corpoo as pro-
teínas. Existem muitas espécies diferentes de
proteínas no corpo humano: as proteínas do san-
gue, dos músculos, dos nervos, da pele etc. Nos
vegetais: as proteínas das folhas, das raízes, dos
brotos, das sementes, dos grãos etc.
As proteínaso certamente os mais importan-
tes materiais de construção das células vivas.
o formadas de muitas moléculas menores
os aminoácidos agrupados numa seqüência
linear. Existem 20 diferentes aminoácidos, que
se ordenam e se repetem de infinitas maneiras.
Cada cadeia de proteína se caracteriza por um
certo número de aminoácidos agrupados em uma
determinada ordem. Posto que a possibilidade
de combinação dos aminoácidos é enorme, tam-
m será enorme a possibilidade de formação
de diferentes proteínas.
Um meio de se ter uma idéia das inúmeras pos-
sibilidades de proteínas diferentes, é pensar no
nosso alfabeto: com apenas 23 letras, milhares
de palavras, de frases, de textos podem ser"
construídos. VER FICHA PROTEÍNAS.
Além de ser o material de construção e renova-
ção das partes gastas do nosso corpo, as pro-
teínaso indispensáveis na manutenção da
saúde.
As proteínasm muitas propriedades que as
tornam facilmente reconhecíveis nos alimentos.
Por exemplo: coagulam-se sob a ação do calor
ou em contato com ácidos como limão e o vina-
gre. Isso pode ser verificado facilmente com a
clara de ovo. gelatina etc.
Vitaminaso substâncias essenciais ao organis-
mo humano, mas em pequenas quantidades.
frutas, fornece as quantidades de vitaminas de
que necessitamos.
o encontradas em alimentos vegetais (frutas
frescas, grãos, folhas etc.) e em alimentos de
origem animal (fígado, peixe, ovos etc.)
Uma alimentação variada, rica em verduras e
Os minerais além de serem importantes para o
funcionamento do organismo humano, entram na
formação de diferentes partes do corpo. Por
exemplo, o cálcio nos ossos e nos dentes, o
ferro na hemácia, etc.
Ficha-Tabela: AUMENTOS RICOS EM SUBSTÂNCIAS NUTRITIVAS ESSENCIAIS
(do mais rico para o menos rico)
PROTEÍNAS
Camarão seco
Charque
Bacalhau, peixes
secos
Soja, carnes frescas
Ovos
Queijos, castanha-
do-pará
Leite
Amendoim
Feijão
Lentilhas, favas
Castanha de caju
Arroz
Farinha de trigo
Milho
Verduras
G L I C í D I O S
Açúcar
Rapadura
Doces diversos
Arroz
o
Massas
Mandioca
Feijão
Bolos
Cará, inhame
Farinha de
mandioca
Banana
Milho, trigo
Aveia
Batatas
Soja
Maizena
L I P í D I O S
Banha, óleo
vegetal
Azeites
Manteiga,
margarina
Toucinho
Castanha-do-pará
Torresmo
Lingüiça de porco
Castanha de caju
Amendoim
Carne de carneiro
Carne de porco,
abacate
Chouriço
Sardinha enlatada
Maionesie
Chocolate
Gema de ovo, soja
Queijos
Coco-da-baía
Presunto
VITAMINAS
Fígado, rim
Araçá, caju, goiaba
Carne de porco
Manteiga
Ovos
Leite
Folha de mandioca
Folha de abóbora
Folha de cenoura
Pequi
Cenoura
Peixe frito de rio
MINERAIS
Peixe pequeno,
comido inteiro
Algas marinhas
Farinha de peixe
Sangue de qual-
quer animal
Pitu salgado
Fígado de qual-
quer animai
Leite
Queijos
Embutidos
Lentilha cozida
Vísceras salgadas
Sementes de
abóbora
Ficha-Tabela: AUMENTOS RICOS EM VITAMINAS E MINERAIS
Ordem decrescente, segundo quantidades comumente consumidas em uma refeição
VITAMINA A
fígado
pequl
azeite de dendê
cenoura
perdiz
leite integrai
folhas de
mandioca
mariscos
morango
abóbora
rim
batata doce
folhas de batata
doce
brotos e folhas
de abóbora
banana da terra
manteiga
verduras-folhas.
todas
VITAMINA C
araçá
caju
goiaba
folhas de
mandioca
pimentão
muricl
couve-flor
morango
batata doce (frita)
abacaxi
laranja
melão-de-São
Caetano
laranja, manga
abiu
lima
tangerina
carambola
limão
VITAMINA BI
(TIAMINA)
levedo de cerveja
pinhão cozido
carne de porco
chouriço e paio
macarrão c/ovos
pé (de qualquer
animal)
castanha-do-pará
perdiz
rim
tamarindo
feijão fradinho
presunto
amendoim
guando
arroz integral
ervilha, grão
sementes de
gergelim
feijão
VITAMINA B2
(RIBOFLAVINA)
fígado
rim
vísceras salgadas
torresmo
leite em pó
desengordurado
coração
carne seca de
tracajá
leite em pó
aves, carne frita
ovos
VITAMINA PP
(NIACINA)
peixe fresco frito.
de rio
fígado
coelho
aves defumadas
aves. carne frita
farinha de
amendoim
lagarto
vísoeras salgadas
ganso, peru
galinha
rim
cabrito, carne
salgada
amendoim
coração
peixes do mar
CÁLCIO
peixe pequeno
salgado comido
Inteiro
farinha de peixe
traíra
piau
leite em.
desengordurado
algas marinhas
pardal
leite em pó
pitu salgado
leite de vaca
ao natural
manjuba
queijo tipo prato
bacalhau
queijo ripo minas
sardinha, siri
FERRO
algas marinhas
sangue de qual-
quer animal
mariscos
tanajura
tatu
fígado
pardal, perdiz
ostras
farinha de peixe
embutidos
papa-terra
salgado
lentilha cozida
acará e Jacundá
salgados
vísoeras salgadas
sementes de
abóbora
Ficha informativa: AS FIBRAS QUE COMEMOS
Dentre os componentes principais da alimentação
do homem, as chamadas fibrasm ganhando
importância cada vez maior para os cientistas,
por causa do papel que desempenham no bom
funcionamento do tubo digestivo e também por-
que várias doenças parecem estar ligadas à sua
falta ou diminuição na dieta.
o chamadas de fibras as partes dos vegetais
superiores que servem para lhes dar consistên-
cia. As fibraso compostas de grandes arran-
jos de moléculas de açúcares sintetizados pela
própria planta, sendo os mais importantes a ce-
lulose, a hemicelulose, a linina e a pectina. En-
contram-se em abundância nas verduras folho-
sas, nos talos e nas camadas externas das se-
mentes (trigo "integral," arroz "integral").
Os animais superiores herbívoros ingerem gran-
des quantidades de fibras (bovinos, eqüinos, ca-
prinos), enquanto que os carnívoros praticamen-
teo as consomem (cães, gatos, onças).
Estudos recentesm mostrado que o homem foi,
primitivamente, um ser predominantemente her-
bívoro, com o tamanho e a conformação do seu
tubo digestivo adequados ao consumo e à diges-
o de vegetais. Com a evolução de seus cos-
tumes e o progresso, baseados principalmente
nas necessidades de sobrevivência e de conquista
de novos espaços, a nutrição do homem foi sen-
do diversificada. A caça e a criação doméstica
de gado e aves aumentou gradativa e considera-
velmente o consumo de proteínas e gorduras
animais.
Os progressos na confecção, conservação e pre-
paro de alimentos naturais foram surgindo e mo-
dificando hábitos primitivos. O honrem é, prati-
camente, o único animal que modifica os alimen-
tos naturais (de certa forma, abelhas e formigas
também o fazem), para atender à comodidade
(amaciamento, diminuição do tempo de preparo)
e ao paladar (diversificação de sabores). Com
o chamado beneficiamsnto dos alimentos, espe-
cialmente dos vegetais, há mudanças em sua
estrutura. O "refinamento" do açúcar e do trigo
resulta em produtos muito mais agradáveis ao
paladar, de digestão mais rápida e leve, mas com
considerável perda no seu valor em proteínas e
fibras. O arroz "beneficiado" cozinha muito mais
depressa do que o Integral, mas seu valor pro-
téico e em vitamina B1 é extremamente menor
e o de fibras nulo.
O consumo de fibras pelo homem foi caindo
progressivamente através dos tempos e com o
aprimoramento da "civilização," dando lugar aos
alimentos "refinados." Chega-se hoje a medir
o "status" de civilização de um povo pelo seu
consumo de açúcares refinados e de proteínas e
gorduras animais. Pesquisas recentes do cien-
tista inglês Burkitt, na África, sobre o consumo
de fibras, apontaram, para uma mesma região:
enquanto os negros "não civilizados" consumiam
em média 24 gramas de fibras por dia, os colo-
nos ingleses consumiam 5 e os negros já "civi-
lizados" 14.
Além do refinamento industrial, verificou-se que
o cozimento e o descascamento doméstico de
frutas e verduras eliminam grande parte das fi-
bras existentes.
As fibras exigem esforço e trabalho na mastiga-
ção. Embora sejam quase totalmente incorpora-
das (aproveitadas) pela digestão de certos ani-
mais (as cabras, por exemplo), o homem só as
digere parcialmente, aproveitando 40 ou 50% de
seu valor calórico por sua transformação em
ácidos graxos e açúcares. O restante é elimina-
do pelo intestino, dando consistência e volume
às fezes, o que aliás é muito importante. A diges-
o das fibras vegetais só é possível no homem
pela intervenção de uma série de bactérias (mi-
crorganismos) que normalmente habitam seu In-
testino. Estas bactérias possuem as enzimas (fer-
mentos) digestivas capazes de desdobrar con-
venientemente as moléculas das fibras e que
justamente faltam nos sucos digestivos do In-
testino do homem. É aliás, um bom exemplo de
cooperação entre seres vivos: alberga e fornece
nutrientes para aquelas bactérias, capazes de
auxiliá-lo no aproveitamento de sua comida, sem
fazer-lhe mal.
Além do fornecimento de matéria-prima energé-
tica através da cooperação bacteriana, as fibras
desempenham relevante papel na fisiologia (bom
funcionamento) de todo o aparelho digestivo. A
presença da porçãoo digerida das fibras no In-
testino, bem como dos gases resultantes da par-
te digerida, tem a capacidade de melhorar (au-
mentar) bastante a função de movimentação des-
te órgão, facilitando sobremaneira a evacuação.
Além disso, as fibras, no intestino, absorvem
água e ácidos biliares, o que amolece as fezes
e também favorece a exoneração.
Várias doenças parecem estar ligadas ao menor
consumo das fibras, pois ocorrem mais freqüen-
temente entre pessoas ou povos cuja alimenta-
ção é pobre em verduras e outros vegetais me-
nos "beneficiados."
A constipação intestinal ou prisão de ventre e
hemorróidaso mais freqüentes entre aqueles
que comem poucas fibras.
Aliás, o volume diário das fezes é sensivelmente
maior entre os comedores de fibras, assim como
sua consistência é mais amolecida e a evacuação
muito mais fácil. Também a musculatura do in-
testino é mais forte naqueles que ingerem fibras,
e a parede do órgão mais resistente. Isto difi-
culta o enfraquecimento e formação de saliên-
cias intestinais chamadas divertículos, muito mais
freqüentes entre os que comem poucas fibras
Parece também que o câncer do intestino e a
apendicite agudao mais raros entre os come-
dores de fibras, embora outros fatores certamen-
te devam também interferir no seu aparecimen-
to. Finalmente, as "dietas de fibra" parecem ser
bastante benéficas no tratamento e prevenção
da obesidade e da aterosclerose (deposição de
gorduras nas paredes internas dos vasos sangüí-
neos),o somente por sua ação no funciona-
mento do tubo digestivo, como por seu baixo teor
calórico. Em outras palavras, ao comer fibras,
uma pessoa obesa sacia sua fome sem ingerir
quantidades excessivas de calorias queo
causa da obesidade.
Ficha-Tabela: NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE ADULTOS POR DIA
KG
Homem
Mulher
50 Kg
55 Kg
60 Kg
65 Kg
70 Kg
75 Kg
80 Kg
40 Kg
45 Kg
50 Kg
55 Kg
60 Kg
65 Kg
70 Kg
Ligeiramente ativo
(empregado de escritó-
rio. professor, dona de
casa que tem emprega-
da etc.)
2.100 cal
2.310 cal
2.520 cal
2.700 cal
2.940 cal
3.150 cal
3.360 cal
1.440 cal
1.620 cal
1.800 cal
2.000 cal
2.160 cal
2.340 cal
2.520 cal
Moderadamente ativo
(jardineiro. operário,
industrial, doméstica
tradicional)
2.300 cal
2.530 cal
2.760 cal
3.000 cal
3.220 cal
3.450 cal
3.680 cal
1.600 cal
1.800 cal
2.000 cal
2.200 cal
2.400 cal
2.600 cal
2.800 cal
Muito ativo
(lavrador, operário de
indústria, atleta, minei-
ro, operário de constr.)
2.700 cal
2.970 cal
3.240 cal
3.500 cal
3.780 cal
4.050 cal
4.320 cal
1.880 cal
2.120 cal
2.350 cal
2.600 cal
2.820 cal
3.055 cal
3.290 cal
Excepcionalmente ativo
(estivador, lenhador)
3.100 cal
3.410 cal
3.720 cal
4.000 cal
4.340 cal
4.650 cal
4.960 cal
Ficha-Tabela: CONSUMO DE ENERGIA (em calorias) DE UM HOMEM TIPO (65 Kg) E UMA
MULHER TIPO (55 Kg),DURANTE 24 HORAS E EFEITOS DE SUA ATIVIDADE
Na cama (8 horas)
Trabalhando (8 horas)
Atividades recreativas
(8 horas)
Variação de consumo
de energia (24 h.)
Média (24 horas)
Média (por Kg de
peso corporal)
Atividade
ligeira
Homem
500
1.100
700-1.500
2.300-3.100
2.700
42
Mulher
420
800
580 980
1.800—2.200
2.000
36
Moderadamente
Ativo
Homem
500
1.400
700—1.500
2.600—3.400
3.000
46
Mulher
420
1.000
580 980
2.000-2.400
2.200
40
Muito ativo
Homem
500
1.900
700—1.500
3.100—3.900
3.500
54
Mulher
420
1.400
580 980
2.400-2.700
2.600
47
Excepcionalmente
Ativo
Homem
500
2.400
700 1.500
3.600-4.400
4.000
62
Mulher
420
1.800
580 980
2.800-3.200
3.000
55
FONTE: Manual sobre necessidades nutricionales del hombre. Roma, Organizacion de Ias Naciones
Unidas para Ia Agricultura y Ia Alimentacion, 1975.
Ficha-Tabela: EXIGÊNCIA CALÓRICA, EM DIFERENTES ATIVIDADES
SENTAR EM REPOUSO
FICAR DE PÉ RELAXADAMENTE . .
CAMINHAR
LAVAR PRATOS
COZER
VARRER
FAZER TRABALHO MENTAL ....
LAVRAR A TERRA
PEDALAR BICICLETA
NADAR
ESCREVER
caloria/hora
15
20
130 a 200
500 a 930
59
30
110
7 a 8
420
300 a 320
180 a 300
200 a 700
120
10 a 20
Ficha-Tabela: NECESSIDADES ENERGÉTICAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, POR DIA
Peso
8,5 kg
12 kg
19 kg
24 kg
34 kg
48 kg
58 kg
35 kg
47 kg
49 kg
Calorias
950
1200
1700
1900
2400
2700
2850
2200
2350
2100
Ficha-informativa: LEITE MATERNO E ALIMEN-
TAÇÃO COMPLEMENTAR
Nenhum outro leite substitui plenamente o leite
humano na alimentação do recém-nascido. A
composição do leite humano contém todos os
nutrientes necessários à alimentação da criança.
Composição do Leite Humano e de Outros Leites
Leite em, reconstituído
[leite em pó 14 g; água 86g)
Calorias
9
45
63
70
43
92
Proteínas
S
1.1
3.1
3.7
1.7
3.9
Lipídios
g
1.0
3.5
3.8
1,2
6.2
Glicidios
g
8.1
5.0
5,3
6.5
5,4
O leite materno possui os nutrientes indispen-
sáveis ao bom crescimento e desenvolvimento
da criança pequena com exceção da vitamina D
e do ferro.
As reservas desses nutrientes com que nasce a
criança costumam ser suficientes até o final de
1.°s para a vitamina D e até o final do 2.°
s para o ferro.
Será pois necessário dar-lhe vitamina D por
via oral a partir do 2.°.s e ferro (através de
um alimento como fígado, por exemplo) a partir
do 3.° mês. Pode-se observar na tabela que o
leite de vaca, de cabra, e de jumentam muito
mais proteínas e gorduras que o leite humano.
Mas, em compensação, as proteínas do leite hu-
manoo iguais às proteínas do sangue da
criança, enquanto as do leite de vaca, cabra, e
jumentao apenas parecidos. Além disso as
proteínas do leite humano coagulam no estômago
da criança em pequenos flocos de fácil digestão
o queo acontece com o leite de vaca, que
ao chegar ao estômago da criança se coagula em
grandes flocos de menor digestibilidade; estes
ao serem atacados, pelos fermentos do estôma-
go, causam dor de barriga na criancinha. Este é
o motivo pelo qual é necessário diluir-se o leite
de vaca (metade de leite, metade de água fer-
vida) .
O leite humano contém também anticorpos e
hormônios elaborados pelo organismo materno;
estes concorremo só para aumentar a defesa
da criança contra as doenças infecciosas, como
também para o seu melhor desenvolvimento.
O leite materno embora pareça ralo "menos for-
te" que o leite de vaca, é o que melhor alimenta
a criança pequena. Umae que está amamen-
tando necessita 500 calorias a mais na sua ali-
mentação diária.
A alimentação do lactante pode ser:
alimentação natural ou materna: consiste em
dar o leite dae ao bebê.
alimentação mista: é uma combinação de lei-
te materno com outros leites.
Diz-se que é suplementar quando substitui
totalmente uma ou mais mamadas por outro
tipo de leite e complementar quando se dá
o leite materno e imediatamente depois se
completa com outro leite.
alimentação artificial: consiste no uso do
outros leites e alimentoso lácteos.
A alimentação materna apresenta muitas vanta-
gens tais como:
assegurar ao lactante um crescimento har-
mônico; quando se administra em quantida-
de adequada é um dos melhores meios para
prevenir a desnutrição precoce;
o necessita preparação, sempre está a uma
temperatura adequada;
está sempre fresca e praticamente livre de
contaminação bacteriana;
proporciona imunidade e defesa contra as
infecções, em especial diarréias e bronco-
pneumonias;
contribui para facilitar a relação afetiva en-
tre ae e o filho.
É conveniente que ae conheça as vantagens
que lhe proporciona o amamentar seu filho, tais
como: menores possibilidades de uma nova ges-
tação e de hemorragias depois do parto; menor
freqüência do câncer mamário;o representa
gastos etc.
A criança deve mamar quando mostre o desejo
de fazê-lo ou quando ae percebe que ela está
com fome. Desta maneira a criança mama um
maior número de vezes nas 24 horas, o que esti-
mula a produção de uma maior quantidade de
leite. Isso é recomendável nos primeiros meses
de vida da criança, pois a sucção e o completo
esvaziamento do peitoo os melhores estímulos
para a secreção de leite.
o se deve impor horários rígidos de alimen-
tação. A criança no 2.° ou 3.°s vai paulatina-
mente adotando um ritmo de alimentação cada
3 ou 4 horas, com um total de 5 vezes por dia.
Entre uma mamada e outra, deve-se dar ao bebê
um pouco de água fresca, filtrada (e férvida, se
for necessário), com açúcar (1 colher de sopa
rasa de açúcar para meia xícara de água).
A partir de uma certa época (ver quadro de ali-
mentos / idade), o leite começa a ser insuficien-
te para alimentar bem a criança, sendo necessá-
rio introduzir, aos poucos, verduras, frutas varia-
das, cereais, carne, gema de ovo, queijo, etc,
em proporções adequadas e levemente tempera-
das além do leite materno e da mamadeira. É
o início da alimentação mista. A idade em que
finalmente se suspende a alimentação ao seio
depende do ambiente social e dos costumes lo-
cais. Entretanto, independente da idade em que
suspenda, seja após 6 meses, ou antes, se ne-
cessário, a introdução dos novos alimentos deve
se dar aos poucos, insistindo-se quando a crian-
çao os aceitar nas primeiras tentativas.
Quadro de Alimentos / Idade
Alimentação complementar
IDADE: 1.°s
Se a criança está no regime de alimentação lác-
tea artificial, deve receber sucos de frutas, es-
pecialmente cítricas (laranja, limão), de cenoura,
tomate, começando por uma colherinha (das de
chá e aumentando progressivamente até 2 a 4
colheres (das de sopa), que correspondem às
necessidades de vitamina C para o lactante
(30mg diários). Pode ser dado de uma só vez
ou repartido durante o dia.
IDADE: 2-3 meses
Iniciar a administração de frutas como banana
bem madura amassada, ou um pedaço de mamão
amassado, ou outra fruta de fácil digestão.
Inicia-se com quantidades pequenas aumentan-
do-se de acordo com a tolerância e aceitação de
cada criança.
IDADE: 4 meses
Introduzir o consumo de vegetais como: acelgas,
cenoura, batatas, chuchu, espinafre, couve-flor,
feijões verdes, beterraba em forma de purê ou
sopa. O purê deve ser aquecido juntando-se-lhe
meia colherzinha de manteiga, azeite ou marga-
rina. Inicia-se dando uma colherzinha até che-
gar pouco a pouco a 8-12 colheres (das de so-
pa).
IDADE: entre 4 e 5 meses
Introduzir gema de ovo, começando aos poucos,
até dar à criança uma gema inteira, três vezes
por semana. A gema pode ser dada sozinha ou
misturada com a papa.
IDADE: entre 5 e 6 meses
A criança deve passar a receber 4 ou 5 refei-
ções por dia. Se estiver sendo alimentada ar-
tificialmente, pode passar a receber leite inte-
gral (o leite integral para ser administrado antes
dessa idade deve ser diluído: metade leite, me-
tade água fervida). Se estiver sendo alimentada
ao seio e o leite maternoo for abundante,
pode-se substituir a mamada do almoço e even-
tualmente a do jantar, por mamadeira. Deve-se
variar a papa de frutas utilizando-se as frutas
da época para propiciar à criança o conhecimento
do maior número possível de sabores e de cores.
Manter as papas de legumes e sopa de cereais,
antes de algumas mamadas.
IDADE: entre 7 e 8 meses
Acrescentar carne ou fígado moído, na papa do
almoço, começando com 1 colher (de chá) e au-
mentando aos poucos essa dose até 2 colheres
(de sopa) por dia.
No jantar, pode-se dar à criança pirão de bata-
tas, inhame, cará, mandioca ou mandioquinha, ou
cremes de ervilha, lentilha, grão de bico, aveia,
cevada, sagu, palmito ou sopa de massinhas e
gema de ovo misturada com um dos alimentos
acima. Introduz-se feijão (passado na peneira)
com arroz e angu; também pode ser enriquecido
com gema de ovo e verdura de folha, cozida.
A criança deve continuar a tomar de 150 a 200
gramas de leite integral por refeição. Parte des-
se leite deverá ser usada no preparo dos ali-
mentos acima mencionados, ou ser misturada à
sobremesa (doce de frutas ou geléias).
IDADE: a partir dos 8 a 9 meses
A mesma alimentação dada aos 8 meses, acres-
centando-se pedaços deo e biscoitos.
Uma mamadeira pode ser feita misturando o lei-
te com frutas.
IDADE: a partir dos 12 meses
Pela manhã:' leite pingado com café ou mistu-
rado com uma gema de ovo bati-
do. Torradas ou bolachas ouo
com manteiga.
Almoço: dois ou três vegetais variados mal es-
magados ou em pequenos pedaços.
Um desses vegetais poderá ser dado
cru. em salada, temperado com azeite
ou limão. Os outros podem ser cozi-
dos ou refogados, ou cozidos sob for-
ma de suflê. É aconselhável nunca
usar dois vegetais de tipo farináceo
(batata e mandioca) na mesma refei-
ção. Carne, fígado, miolo, peixe e
frango.
Lanche: 100 a 200 gramas de leite puro ou ba-
tido com uma fruta, ou coalhada com
biscoito, ou sorvete
Jantar: o jantar poderá ser igual ao indicado
para os 7 meses.
Poderá ser dado um ovo no almoço ou
no jantar, substituindo a carne.
Apesar de muitas mães reconhecerem a im-
portância e benefícios da lactância materna e do
seu desejo de poder amamentar o seu bebê, exis-
tem múltiplos problemas, de variada índole, que
a impedem de fazê-lo. Entre estes podemos ano-
tar como o principal, o problema sócio-econô-
mico. O baixo nivel de rendas, a baixa renda fa-
miliar, forçam ae a trabalhar para contribuir
com seu salário ao sustento de seus filhos. Isso
implica em que possa amamentar o seu bebê
somente durante dois meses, já que a lei só
autoriza este curto período de repouso depois do
parto.
A Consolidação das Leis do Trabalho, Lei de
n.° 5.452, de 1.° de maio de 1943, diz que todas
as empresas "em que trabalham pelo menos 30
(trinta) mulheres, com mais de 16 (dezesseis)
anos de idade, terão um local apropriado onde
seja permitido às empregadas guardar sob vigi-
lância e assistência os seus filhos no período
da amamentação."
Este local deverá possuir, pelo menos, uma sala-
berçário para amamentação. Esta lei diz também
que "é proibido o trabalho da mulher grávida no
período de 4 (quatro) semanas antes e 8 (oito)
semanas depois do parto." Desafortunadamente,
estas disposiçõesoo cumpridas.
O INAN, através do seu programa de nutrição
em saúde, ajuda ae grávida e a nutriz me-
diante o fortalecimento de suplementação ali-
mentar adequada. O programa atende às crian-
ças de 6 meses a 3 anos de idade.
Para estimular a amamentação materna, as crian-
ças menores de 6 meseso recebem suplemen-
tação alimentar;elas se beneficiam indiretamente,
por meio da atenção dada à mãe.
m direito a esse programa de suplementação
alimentar os grupos mais vulneráveis à desnu-
trição, de baixa renda familiar, que se situam
abaixo dos salários mínimos.
FONTE: "Infância e saúde" Osmar R. Mendonça, Gutem-
berg M. Rocha e José Mariano Oliveira.
El valor Incomporable de Ia leche humana, Jellife
D. B. y Jellife E. F.
Boletfn de 1a O.P.S. Vol. LXX, n.°s 5. 6. 7 mayo y
Junio de 1971.
Vol. LXXI. n.°s 1, 2, 3. 4, 5. Jullo-novlembre 1971"
Texto 3. SELEÇÃO E PREPARO DOS
ALIMENTOS PARA MELHOR
NUTRIÇÃO
Os hábitos alimentaresm a ver com fatores
geográficos, econômicos, psicológicos e bioquí-
micos; variam de um grupo sócio-cultural para
outro; tendem a ser mantidos pelas respectivas
populações através das gerações eoo fa-
cilmente alterados.
Nos grupos de imigrantes observa-se que o modo
de vestir e de falar da nova terrao mais ra-
pidamente adotados do que os costumes alimen-
tares .
Em todos os grupos sócio-culturais, a educação
das crianças, desde a mais tenra idade, inclui
valores, preferências, restrições, conhecimentos
e práticas relacionadas com os alimentos e a
alimentação. A influência da família e principal-
mente dae na formação dos hábitos alimen-
tares é particularmente importante,o podendo
ser ignorada pela escola, à qual incumbe uma
educação alimentar mais baseada em conheci-
mentos científicos.
o bem conhecidas as tentativas frustradas de
mudança planejada de hábitos relacionados com
a alimentação. Cita-se freqüentemente a tenta-
tiva de introdução de uma nova espécie de mi-
lho híbrido a qual, apesar de ser três vezes
mais produtiva que a variedade comum, foi
rejeitada porque as donas de casa achavam que
alterava a consistência das tradicionais "tortillas"
preparadas com milho.
Freqüentemente a preferência por um tipo de
alimentoo tem nada a ver com o seu valor
nutritivo. A preferência por cereais muito refi-
nados (trigo, arroz etc), por exemplo,o se
justifica do ponto de vista nutricional, nem
de preço. Oo escuro, o arroz integral, o açúcar
mascavo só ganham valor para as pessoas que
realmente se educaram em matéria de nutrição.
Fig 12 - O GRÃO DE ARROZ
1) a parte externa à linha marrom é a que se per-
de no beneficiamento
2) na malequização os nutrientes solúveis em
água (vitaminas B e minerais) passam à parte
interna do grão, que poderá então ser beneficia
do sem maiores prejuízos.
O arroz malekizado, apesar deo ser escuro, e a
despeito do seu melhor valor nutritivo parece
o ter muita aceitação. Seria por sua coloração
amarelada e cheiro um pouco acentuado devido a
sua impregnação pelas vitaminas do complexo B,
principalmente a vitamina B2.
Também a soja, apesar de sua riqueza em pro-
teína, e cujo consumo poderia se esperar gran-
de em um país como o nosso que figura entre
os maiores produtores mundiais dessa legumi-
nosa, tem conseguido pouco espaço nos-
bitos de alimentação da população, particular-
mente entre os grupos mais necessitados de me-
lhoria. Uma razão freqüentemente dada, mesmo
quando o feijão anda escasso no mercado, é o
gosto diferente e "o caldo queo fica grosso e
gostoso como o do feijão."
Tendemos a fazer da alimentação uma rotina diá-
ria com o uso de um número limitado de varie-
dades de alimentos; mas o desejável seria um
consumo bastante diversificado, embora obser-
vados os limites impostos pelos nossos orça-
mentos. A introdução de novos alimentos mo-
dificaria a rotina e enriqueceria o valor nutritivo
das refeições.
Na experiência com a 1.ª versão deste manual,
apesar da previsão dos professores de que seria
extremamente difícil ver as crianças empenha-
das no estudo e na mudança dos hábitos ali-
mentares, verificou-se, para surpresa de muitos,
que os alunos realizaram com verdadeiro inte-
resse as tarefas propostas que os levavam à des-
coberta de novos valores e significados tanto
para os alimentos usuais como para aqueles que
até então desconheciam como alimentos.
Na realidade a situação nutricional dos alunos,
tantas vezes mencionada pelos professores como
sério obstáculo ao seu desenvolvimento físico
e intelectual, poderia em muitos casos, ser me-
lhorada por meio de uma seleção mais criteriosa
e dentro de uma visão mais ampla de alimentos.
Sabe-se por exemplo, que existem duas a três
mil espécies de plantas comestíveis e que ape-
nas duzentas a trezentas delaso utilizadas
pelo homem. Portanto, muitos recursos alimen-
tares naturais deixam de ser aproveitados por
negligência, em alguns casos, e por desinforma-
ção na maioria deles. As folhas de mandioca,
de beterraba, de abóbora, entre outras,o fon-
tes de proteínas, minerais e vitaminas utilizadas
por algumas populações, mas ignoradas por ou-
tras. Existem espécies nativas vegetais comuns
em extensas áreas de Goiás e Minas Gerais, o
ora-pro-nobis e a samambaiao ornamental, por
exemplo, queo boas fontes de proteínas, cres-
cendo como mato, e cujo valor como alimento
pouca gente conhece. Na flora inazônica há
uma grande variedade de plantas oi riesíveis, ri-
cas em boas proteínas vegetais e outros rin-
cípios nutrivos, queo sendo abandonadas e
ignorados pelas populações "modernizadas," prin-
cipalmente pelos grupos que migram para as ci-
dades maiores.
Certos pratos básicos tradicionais n; d rta bra-
sileira, principalmente as misturas de cereais e
leguminosas como o arroz e feijão, representam
acertadas complementações de proteínas vege-
tais com a vantagem do seu valor energético.
O cereal e a leguminosa quando consu, lidos, si-
multaneamente na mesma refeição em propor-
ções adequadas, terão suas proteínas melhor
utilizadas pelo organismo. O aminoácido deficien-
te de um será compensado pelo que existe em
mais abundância no outro. Exemplificand J: a de-
ficiência de lisina nos cereais é compensada
pelas leguminosas em geral. E a deficièncic des-
tas, em metionina e cistina, pelos cere ais em
geral.
As tabelas 1 e 2 da Ficha-informativa MISTURAS
COMPLEMENTARES mostram combinações co-
muns na alimentação brasileira, nas proporções
mais adequadas, com um complemento indicado
de proteína animal ou vegetal.
Alimentos mais baratoso muitas vezeso ou
mais nutritivos do que outros bem mais caros,
dentro da mesma categoria. Por exemplo, vís-
ceras (miúdos) e peixes mais baratos e me-
nos procurados que outras carnes de preço mais
alto, na realidade rivalizam com estas, em valor
nutritivo.
Na categoria "carnes," os alunos deverão chegar
à compreensão de que todos os tipos de carne
o boas fontes protéicas, variando muito pouco
nos tipos de aminoácidos. O fato de ser carne
de 1.ª ou de 2.ªo significa diferenças do pon-
to de vista nutricional. Ademais, algumas das
"carnes" mais baratas, como as vísceras, por
exemplo, além de suas proteínas, elasm em
abundância várias vitaminas.
As vitaminas mais freqüentemente encontradas
nos vegetais (folhas, frutas, legumes e tubér-
culos),o as solúveis em água. Exemplo: Vi-
tamina C, B1, B2. Uma folha que é guardada
muito tempo depois de colhida, mesmo na ge-
ladeira, perderá a maior parte de suas vitami-
nas; o mesmo ocorre se ela for cozida com
muita água e com a panela destampada. Daí a
conveniência de se comprar os vegetais em
quantidades suficientes para 3 ou 4 dias, no-
ximo. Os legumes, frutas e tubérculos devem
(após boa lavagem) ser cozidos, sempre que pos-
sível, com suas cascas, inteiros, com pouca
água e com a panela tampada. No caso de serem
cozidos sem casca, usar também pouca água, pa-
nela fechada, e, aproveitar no preparo de outros
pratos a água do cozimento.
No caso de frutas frescas, elas devem ser des-
cascadas ou retirado seu caldo, somente minutos
antes da ingestão, pois suas vitaminas se de-
compõem em espaço médio de 2 horas.
As leguminosas (feijão, soja, lentilha, guando,
fava etc.) devem ser colocadas em remolho, de-
pois de muito bem lavadas, e, a água do remo-
lho, aproveitada para o cozimento, que também
deve ser feito com a panela tampada.
È bom lembrar:
que os alimentos frescoso bem melhores,
do ponto de vista nutritivo do que os ali-
mentos em conserva, seja em lata ou em
vidro.
que os alimentos próprios da estação que
se está atravessandoo mais baratos.
que o tamanho de um vegetalo é sinal
de valor nutritivo. Muitas vezes o vegetal
menor é mais saboroso (caso das beterra-
bas e cenouras) e custam menos; outras
vezes, o desperdício poderá ser maior em
vegetais menores (um mamão pequeno tem
maior percentual de desperdício do que um
grande, quando se retiram a casca e as se-
mentes) .
que a margarina enriquecida com vitamina A
tem o mesmo valor nutritivo da manteiga, a
um custo bem mais baixo.
que o valor nutritivo dos ovoso depende
do seu tamanho e da cor de suas cascas.
que a data de fabricação ou de vencimento
de um produto alimentício deve ser obser-
vada, principalmente seo se tem a inten-
ção de consumi-lo Imediatamente.
que ao utilizar alimentos enlatados, é impor-
tante verificar se estão em boas condições.
poism sempre um tempo limitado de du-
ração. A ingestão de conservas estragadas
pode produzir diarréias e, em alguns casos,
botulismo que é uma doença muito grave.
As latas mal fechadas e estufadas devem ser
jogadas fora.
que o preço da carneo ó indicador de seu
valor nutritivo; este será o mesmo para qual-
que corte de carne, (algumas vísceras,m
ainda maior teor de nutrientes). Um bife de
filé mignon, uma fatia de lagarto assado, um
pedaço de coxão duro ensopado ou uma
porção de músculo cozido, numa sopa, pos-
suem todos o mesmo valor nutritivo.
que também no caso dos peixes o maior
preçoo significa valor nutricional mais
alto. O lambari tem o mesmo valor que o
dourado, assim como a manjuba e a sardi-
nha, o mesmo que o cação ou a pescada.
que é importante reconhecer se os peixes
estão em bom estado: devem ter os olhos
brilhantes, as guelras de cor vermelha viva,
as escamas aderidas ao corpo. Ao pressio-
nar-se o peixe com o dedo o seu corpo de-
ve voltar à posição.
que é importante escolher as frutas no mo-
mento da compra; se queremos boas fontes
de vitamina C, é preciso que as frutas es-
tejam íntegras, sem batidas ou rachaduras,
para queo haja desorganização celular;
quando isso ocorre, os sistemas enzimáti-
cos internos se descontrolam, e haverá des-
truição da vitamina C pela oxidação provo-
cada por certas enzimas existentes nas fru-
tas.
que os vegetais folhudos devem ser umede-
cidos e colocados em recipientes de plás-
tico ou polietileno, na parte menos fria do
refrigerador. Quandoo houver geladeira,
deve-se envolver a verdura umedecida em
Fig 14 OVOS FRESCOS OU NAO
Tabus alimentares
O modo de alimentar-se é parte dos costumes
aprendidos com a família e com os grupos so-
ciais a que estamos ligados.
No processo de viver e se desenvolver, os gru-
pos humanoso estruturando costumes que se
papel, colocando-a na sombra e em lugar
fresco.
que ondeo houver pasteurização, o leite
deverá ser fervido para destruir a maior par-
te das bactérias presentes e, então guarda-
do em local de baixa temperatura. Quando
o houver geladeira, recomenda-se que seja
guardado em panela tampada, colocando-o
de preferência, dentro de uma vasilha maior
com água.
Quanto aos ovos: ao olhá-los contra o sol,
na posição vertical, a gema deve estar no
centro; se estiver muito baixa, o ovoo
está fresco. Outro modo de verificação, é o
seguinte:
tornam característicos desses grupos. Alguns,
o respostas adequadas às condições e desa-
fios do ambiente. Outros perderam sua prová-
vel razão de ser, mas continuam indiferentes às
evidências em contrário. Entre estes, muitos
"tabus" alimentares. Alguns "tabus" merecem
atenção especial do educador, na medida em que
Coloca-se os ovos em água salgada (7 colheradas rasas de sal para um litro de água):
1) o ovo de um dia 2) o ovo de 2 a 3 dias 3) o ovo de 15 dias emerge
vai diretamente para equilibra-se no centro horizontalmente;
o fundo do recipiente; do líquido;o serve para o consumo.
proíbem as pessoas de cornar alimentos ricos
em nutrientes.
Assim, o medo de misturar manga com leite, as
restrições ao limão porque "é ruim para o san-
gue," "corta o sangue," o costume deo ali-
mentar adequadamente crianças com febre, com
doenças infecciosas, em geral porque a maioria
dos alimentos mais nutritivoso estão na ca-
tegoria dos alimentos "leves" que convém em
tais situações. Exemplo: quando a criança tem
febre, muitas mães retiram toda a alimentação,
deixando a criança numa dieta restrita de chá
(chá preto, de erva cidreira, de folha de laran-
jeira etc.).
Nas situações de aprendizagem propostas há pis-
tas para a investigação e julgamento dos cha-
mados tabus alimentares. Espera-se que o pro-
fessor. ele também se pergunte dos seus tabus,
das suas reações ao tentar modificar as suas
crenças à luz de conhecimentos científicos de
nutrição.
A cocção dos alimentos
A cocção geralmente melhora o sabor dos ali-
mentos. Para que nessa operaçãoo haja per-
da de alguns nutrientes, é preciso que se obser-
vem alguns cuidados. Assim para que as vitami-
nas hidrossolúveis (vit. C e complexo B)o
passem em grande parte para a água de cocção
dos vegetais que as contêm, é importante mudar
dois hábitos muito difundidos — o de cortar o
vegetal em pedaços muito pequenos e o de co-
locá-los em um grande volume de água. O pro-
cedimento correto é usar um mínimo de água,
panela sempre tampada e um tempo mínimo de
cocção. O cozimento em vapor dágua, em algum
tipo de panela conjugada com um recipiente fu-
radinho (como um cuscuzeiro) é excelente téc-
nica, do ponto de vista de preservação dos nu-
trientes, principalmente as vitaminas que se dis-
solvem n'água.
Também as facas e utensílios de cozinha devem
ser deo inoxidável ou alumínio, pois os de
ferro, zinco e cobre aceleram a oxidação da vi-
tamina C.
Os açúcares contribuem para estabilizar a vita-
mina C nos sucos ou saladas de frutas. Nas
verduras, o vinagre ou suco de limão ajudam a
conservar a vitamina. Os molhos vinagrete re-
duzem as perdas de vitamina C nas saladas.
Já o hábito de se adicionar bicarbonato de sódio
(alcalino), quando se cozinham as verduras, para
melhorar sua cor, resulta em destruição das vi-
taminas.
Situação 3.1. FAZENDO COMIDA
1.ª TAREFA:
1. Você já preparou uma refeição?
2. Comoo em geral preparadas as verduras?
Dar exemplos.
3. Como se costuma cozinhar os legumes? E
os cereais?
Dar exemplos.
4. Quais os modos mais comuns de preparar
as carnes?
Dar exemplos.
5. Que mais sabe você sobre as diferentes ma-
neiras de preparar os alimentos?
Dar exemplos.
6. Que relações existem entre os modos de
preparar os alimentos e o seu valor nutri-
tivo?
Dar exemplos.
Agora você poderá responder por escrito às per-
guntas acima:
em grupo, rever as respostas, fazendo uma
listagem das diferentes maneiras de cozi-
nhar e preparar os alimentos com as van-
tagens e desvantagens correspondentes.
O grupo poderá:
2.ª TAREFA:
1 Retirar do BI a ficha-informativa ALGUMAS
INFORMAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS
ALIMENTOS
Procure agora ler e discutir com os companhei-
ros do grupo as informações novas e registrar
a conclusão.
3.ª TAREFA:
1. Quem poderá dar mais informações sobre o
preparo dos alimentos?
EXPERIMENTE:
preparar, junto com os colegas, pergun-
tas para entrevistar algumas pessoas
adultas sobre o preparo dos alimentos;
entrevistar pelo menos duas pessoas
(por exemplo: sua mãe, avó, uma co-
zinheira experiente);
agrupar as opiniões; ordená-las de acor-
do com pontos semelhantes;
discutir com os colegas todas as entre-
vistas;
anotar as diferenças de opinião entre as
pessoas entrevistadas e procurar expli-
cações para essas diferenças;
discutir com o professor; registrar a
conclusão.
4.ª TAREFA:
1. Das informações dadas pelas pessoas entre-
vistadas, quais eram novas para vocês?
comparar as informações obtidas nas entre-
vistas com as da ficha-informativa;
discutir e registrar as diferenças encontra-
das;
selecionar entre as informações dadas pelas
pessoas entrevistadas, algumas importantes
para serem acrescentadas à ficha-informativa;
discutir com o profsssor.
5.ª TAREFA:
1. Fazer, em grupo, um relatório com os resul-
tados das tarefas.
2. Se houver oportunidade, apresentar as con-
clusões para a turma.
Observação: arquivar no B.l. o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 3.2. FEIJÃO, ANGU E COUVE
1.ª TAREFA:
1. Você está aproveitando o seu alimento da
melhor forma possível? Por que?
2. Que alimentos você tem costume de comer
juntos nas refeições?
3. Por que você tem esse costume?
Agora você poderá:
responder por escrito as perguntas acima;
em grupo, ler e discutir as respostas de to-
dos os colegas;
fazer uma lista de todas as combinações de
alimentos citados pelo grupo.
2.' TAREFA.
1. Retirar do BI a ficha-informativa MISTURAS
COMPLEMENTARES e a ficha-tabela NECES-
SIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E O
ADOLESCENTE.
Experimente:
identificar a sua necessidade calórica e pro-
téica por dia, consultando a ficha-tabela
NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR
E O ADOLESCENTE; anotar em folha de pa-
pel;
assinalar na ficha-informativa as misturas
complementares (combinações básicas e
as complementações de proteína animal e
vegetal) que constituem normalmente as
suas refeições; anotar uma dessas misturas,
considerando os alimentos da esquerda e da
direita da tabela e sua quantidade em co-
Iheres;
sabendo-se que essa quantidade de alimen-
to fornece-lhe 500 calorias e 10 gramas de
proteínas assimiláveis, calcular quantas co-
Iheres desses alimentos você deve comer em
duas refeições para obter a quantidade de
calorias e proteínas por dia, de que você ne-
cessita;
fazer o mesmo cálculo utilizando os dados
da ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS
PARA O ESCOLAR E O ADOLESCENTE;
escrever como você gostaria que fossem as
suas refeições de um dia para obter o que
necessita de proteínas e calorias, usando, ao
mesmo tempo, a ficha-informativa MISTU-
RAS COMPLEMENTARES e a ficha-tabela
NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR
E O ADOLESCENTE;
em grupo, ler e comparar os resultados dos
cálculos de cada colega;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
3.ª TAREFA:
1. Retirar do BI a ficha-informativa PROTEÍNAS.
Em grupo, experimente:
trabalhar as informações novas, realizando o
jogo proposto na ficha;
discutir com os colegas os exercícios feitos
e anotar a conclusão final.
4.ª TAREFA:
1. Em grupo, preparar um relatório com as con-
clusões finais e apresentar os resultados
para a turma, se houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 3.3. ALIMENTO PROIBIDO?
1.ª TAREFA:
1. Queo tabus alimentares?
2. Oue tabus alimentares você conhece?
3. Qual a origem desses tabus?
Agora você poderá:
responder individualmente às perguntas aci-
ma;
ler e discutir as respostas com os colegas
de grupo;
listar todos os tabus alimentares conhecidos
pelo grupo;
identificar os alimentos que aparecem com
mais freqüência na lista dos tabus alimen-
tares;
discutir com os colegas de grupo as possí-
veis origens dos tabus alimentares.
2.ª TAREFA:
1. Que tabus alimentareso mais comuns en-
tre as pessoas que você conhece?
Procure agora:
preparar em grupo, perguntas para entrevis-
tar pessoas entre os familiares, vizinhos e
amigos sobre os tabus alimentares;
entrevistar no mínimo três pessoas, anotan-
do todas as respostas;
em grupo, reunir todos os dados colhidos
durante as entrevistas; fazer uma lista con-
tendo todos os tabus conhecidos, identifi-
cando os mais citados pelas pessoas; com-
parar essa lista com aquela feita pelo grupo
na 1.
a
tarefa; anotar os pontos semelhantes;
discutir com o professor.
3.ª TAREFA:
1. Ouem já experimentou desrespeitar alguns
desses tabus? Que aconteceu?
Cada colega deverá:
contar para os outros do grupo a sua própria
experiência com misturas de alimentos proi-
bidos;
discutir as experiências e buscar em grupo
explicações para a persistência dos tabus.
4.ª TAREFA:
1. De queo compostos os alimentos que
aparecem na lista dos tabus?
O grupo poderá:
retirar do BI a ficha-tabela COMPOSIÇÃO
QUÍMICA DOS AUMENTOS;
procurar na tabela os alimentos da lista dos
tabus (2.
a
tarefa) e anotar a composição
química de cada um deles;
comparar o valor nutritivo desses alimentos
com outros encontrados na tabela; anotar as
diferenças;
discutir com o professor.
5.ª TAREFA:
1. Em grupo fazer um relatório sucinto com
as conclusões finais.
2. Havendo oportunidade apresentar os resulta-
dos para a turma.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas nas situações
FAZENDO COMIDA; FEIJÃO, ANGU E COUVE;
AUMENTO PROIBIDO? possibilitará aos
alunos a compreensão de alguns conceitos con-
tidos no texto 3 SELEÇÃO E PREPARO DE
AUMENTOS PARA MELHOR NUTRIÇÃO. Este
texto servirá para o professor orientar os alunos
que escolheram umas ou outras das situações
apresentadas no diagrama da unidade OS ALI-
MENTOS E A SAÚDE. No banco de informações
(BI) os alunos deverão encontrar a ficha-lista
das tarefas de cada situação escolhida e o ma-
terial necessário para desenvolvê-las.
Na situação FAZENDO COMIDA os alunos pode-
o discutir as diferentes maneiras de se prepa-
rar os alimentos e ler algumas informações so-
bre o assunto; fazer entrevistas, comparar as in-
formações fornecidas pelas pessoas com as da
ficha, registrando o que constitui novidade para
o grupo.
Durante as discussões com os alunos, o profes-
sor poderá ajudá-los a confrontar as informações
de uma fonte com as de outra, além de incen-
tivá-los a procurar relações entre essas informa-
ções e fatos da experiência de vida de cada um.
Na situação FEIJÃO. ANGU E COUVE os alunos
deverão dizer o que pensam sobre as combina-
ções de alimentos; analisar alguns dados sobre
as misturas complementares e planejar uma re-
feição, considerando a quantidade de proteínas
e calorias necessárias por dia; fazer a série de
exercícios sobre as proteínas, sugeridos na fi-
cha-informativa. O professor ajudará os alunos
no manejo das tabelas. Discutirá os resultados
dos cálculos, enfatizando a importância da com-
binação de alimentos de origem vegetal em de-
terminadas proporções. Quanto aos exercícios
sobre as proteínas, chamará a atenção para a
possível ampliação de conhecimentos: que os
alunos pensavam antes sobre as proteínas? Que
idéiasm agora?
Na situação ALIMENTO PROIBIDO? os alunos
deverão discutir o queo os tabus alimentares
e a sua origem; listar os mais conhecidos pelo
grupo; entrevistar algumas pessoas sobre o as-
sunto; a partir da experiência de vida de cada
um, analisar a validade dos tabus; usando uma
tabela, pesquisar a composição química de ali-
mentos cujas combinações constituem tabus e
compará-la com a de outros alimentos da tabela.
O professor participará das discussões com os
alunos para perceber as relações que eles esta-
belecem entre as informações.
Estimulará o estudo da composição química dos
alimentos proibidos e dará oportunidade aos alu-
nos de levantarem hipóteses que expliquem a
persistência dos tabus alimentares entre as pes-
soas.
Informações do BI
No banco de Informações, os alunos deverão en-
contrar as fichas-listas das tarefas das situações
escolhidas e o material necessário para desen-
volvê-las.
No tocante à situação FAZENDO COMIDA será
utilizada a ficha-informativa ALGUMAS INFOR-
MAÇÕES SOBRE O PREPARO DOS ALIMENTOS.
apresentada a seguir:
Para o desenvolvimento da situação FEIJÃO,
ANGU E COUVE será necessário o seguinte ma-
terial:
ficha-tabela NECESSIDADES DIÁRIAS PARA
O ESCOLAR E ADOLESCENTE, apresentada
a seguir
ficha-informativa MISTURAS COMPLEMEN-
TARES, apresentada a seguir
ficha-informativa PROTEÍNAS, apresentada a
seguir
Para o desenvolvimento das situação ALIMEN-
TO PROIBIDO? será necessária a ficha-tabela
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS,
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Ficha-lnformativa. ALGUMAS INFORMAÇÕES SO-
BRE O PREPARO DOS ALI-
MENTOS
1. O cozimento transforma os alimentos, mo-
dificando-lhes o valor nutritivo.
Os alimentos, ao serem cozidos, tornam-se de
mais fácil digestão, mas perdem parte de seus
nutrientes.
O amido dos alimentos crus é mal digerido pelos
sucos do tubo digestivo porque ele é um açúcar
complexo. Por isto usa-se cozinhar os alimentos
quem amido (arroz, milho, batata etc). Em
presença de vapor ou de água fervente o amido
se dissolve e se transforma em açúcares mais
simples queo facilmente assimilados pelo ho-
mem.
As gorduras se liqüefazem sob a ação do calor
e Isso facilita sua digestão. Mas óleos e outras
gorduras superaquecidos se modificam forman-
do substâncias de difícil digestão, e irritantes
para o estômago.
As proteínas coagulam-se com o calor. Esse fe-
nômeno é muito visível quando cozinhamos um
ovo, ou fazemos um rosbife a superfície se coa-
gula, se escurece enquanto a parte de dentro
se conserva macia e rosada.
Algumas vitaminaso sensíveis à ação do ar e
sobretudo do calor (vitamina C). Outras, entre-
tanto, resistem bem ao calor (vitamina A) embora
sensíveis à luz. Certas vitaminas hidrossolúveis
(B e C) e os sais minerais se dissolvem na água.
eo em grande parte perdidos se a água em
queo cozidos os alimentos que os contêm
for jogada fora.
2. Os alimentos podem ser preparados, de di-
versas maneiras, sob calor seco ou calor
úmido.
Nas frituras e refogados utiliza-se calor seco.
Neste caso, os alimentos perdem água. Um
exemplo disso é o "encolhimento" da carne as-
sada em gordura. Outro exemplo: as carnes co-
zidas ou assadas pelo calor desprendido por bra-
sas (carne grelhada) ou pelo calor das chamas
(carne em espeto). Esse modo de preparar car-
nes, aves ou peixes conserva seu valor nutritivo
pois a rápida elevação da temperatura da su-
perfície coagula (solidifica) as proteínas, for-
mando uma barreira contra a saída dos nutrien-
tes presentes nela.
O calor úmido serve para hidratar os alimentos,
através da água ou de outros líquidos. É utiliza-
do, por exemplo, no preparo do feijão, que de
remolho na água a absorve, aumentando de vo-
lume quando cozido.
Cozinhar os alimentos na água é também muito
praticado. Comumente, coloca-se o alimento em
água fria que leva a fervura; ou mergulha-se
o alimento diretamente em água já fervente.
No primeiro caso, os alimentos perdem parte de
seus nutrientes; no segundo, as proteínas das
células coagulam-se rapidamente dificultando a
saída dos nutrientes. É por isso que se costuma
cozinhar os legumes verdes diretamente em água
fervente bem salgada. As vagens e as verduras de
folhas devem ficar ao fogo somente o tempo su-
ficiente para amolecer. devendo ser esfriadas e
escorridas logo a seguir. As raízes e os tubér-
culos (inhame, cará, batata doce. batata) quando
cozidos sem casca na água, perdem parte do seu
valor nutritivo. É portanto preferível cozinhá-los
com suas cascas, depois de lavados.
Os alimentos cozidos na panela de pressão so-
frem a ação dos vapores desprendidos pelo-
quido dos alimentos, queo se perdem, criando
uma área interna de muito calor. Por esse-
todoo cozidos o feijão, as carnes mais duras,
a dobradinha etc, com reduzido gasto de com-
bustível.
Cozinhar alimentos em panela fechada, sem
pressão, a fogo brando, constitui outra forma de
cozimento ao vapor. A evaporação dos líquido
desprendidos pelos alimentos vai para a tampa
da panela (mais fria) onde se condensam e tor-
nam a cair nos alimentos que assim ficam mais
tenros e saborosos. Os assados de panelao
feitos assim.
A água de cozimento dos legumes (com exceção
dos legumes picantes e com cheiro forte como
o repolho, a couve-flor etc.) deve ser aprovei-
tada. Para ela passaram vitaminas e sais «mi-
nerais dos legumes; pode ser utilizada para fa-
zer sopas, caldos, sucos, feijão e arroz.
3. Os alimentos perdem parte de seus nutrien-
tes, quando cozidos.
O quadro a seguir Indica as percentagens dos
nutrientes perdidos pela destruição e. no caso
dos alimentos cozidos, em água, por difusão. Se
a água de cozimento dos legumes for consumida.
as perdas serão reduzidas à metade.
PERDAS DE NUTRIENTES APÓS O COZIMENTO DOS AUMENTOS - (PERCENTAGENS)
Alimentos
Carne
Peixe
Leite
Legumes
Modo de cozinhar
ou Processo de
Conservação
grelhada
assada
à estufa
cozida
cozido na água
cozido no vapor
assado no forno
frito
pasteurizado
cozido na água
cozido sem água
Água
20a30
20a30
40
24
Proteínas
6 a 7
5 a 6
0
0
Açúcares
30a70
Cálcio
20a30
20
traços
2 a 5
15a30
Fósforo
20a50
30
traços
2 a 5
20a50
Vitamina C
20
50
10a20
Vitamina B1
(Tlamina)
20
30
65
70
20
50
20
0a10
30
10a20
Vitamina B2
(Riboflavina)
20
40
30
40
20
1ü
0
20
10a20
Vitamina PP
(Niacina)
20
25
50
50
10
0
15
Vitamina A
traços
traços
traços
traços
0
20
Em que modo de preparar o alimento houve maior perda de nutrientes?
Ficha-Tabela: NECESSIDADES DIÁRIAS PARA O ESCOLAR E ADOLESCENTE
IDADE-ANOS
7 a 9
10 a 12
13 a 19
Homens
13a 19
Mulheres
CALORIAS
1.800
2.200
2 800
2.500
PROTEÍNAS
g
38
46
58
50
GLICIDIOS
g
270
330
420
375
LIPIDIOS
g
64
78
99
89
CÁLCIO
mg
450
650
550
550
FERRO
mg
10
10
15
18
R. E.
mg
400
575
750
750
TIAMINA
B1
mg
0.8
1.0
1.2
1.0
RIBOFLAVINA
B2
mg
1.1
1.4
1.6
1.3
NIACINA
mg
14
16
19
16
VIT. C
mg
20
20
30
30
"FONTES: Publicação INCAP E 709 1973
Manual Sur les Besoins Nutritionnels do I'Homme OMS - 1974
MISTURAS COMPLEMENTARES
Alguns alimentos quando combinados em determinadas pro-
porções,o melhor aproveitados pelo organismo. Assim,
muitas combinações de alimentos que habitualmente fazemos,
o de melhor aproveitamento que outras. Muitas vezes, uma
dona de casa tem dificuldades para selecionar os alimentos,
querendo gastar o mínimo possível e ao mesmo tempo levar
à mesa uma boa alimentação para a sua família.
Na tabela Misturas Complementares número 1 e 2 que segue
anexo, estão misturas separadas de alimentos que se comple-
mentam uns aos outros. Ao lado das misturas básicas, de alto
valor nutritivo, quando ingeridas nas proporções propostas,
existem diversas opções para se ter uma refeição completa.
MISTURAS COMPLEMENTARES CONTENDO CERCA DE 500
CALORIAS E 10g DE PROTEÍNAS ASSIMILÁVEIS
TABELA N.° 1
OBS.: Qualquer uma das combinações básicas (à esquerda), complementada com qualquer um
dos 9 alimentos (à direita), fornece 500 calorias e 10g de proteínas assimiláveis
COMBINAÇÕES BÁSICAS COMUNS
NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA
COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNA
ANIMAL OU VEGETAL
1. carne fresca, moída 1 colher
2. carne seca 1/2 colher
3. ovo metade ou 1 unidade
4. peixe fresco, desfiado 1 colher
5. peixe salgado, desfiado 1 colher
6. torresmo 1 colher
7. vísceras 1 colher
8. pele de porco, frita 15 gramas
9. folha verde (média)
cozida: couve folha
de mandioca e
ora-pro-nobis 2 colheres
CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS ADOTADAS
E O PESO DO ALIMENTO EM GRAMAS
ALIMENTO
óleo
fubá
feijão
farinha de mandioca
peixe salgado, desfiado
carne fresca, moída
(boi. porco, aves)
peixe fresco, desfiado
vísceras
(todas, de qualquer animal)
carne seca
torresmo
arroz
macarrão
ovo
legume (bulbo) batata
folhas
alface
couve
folhas de mandioca
folhas de abóbora
folhas de beterraba
MEDIDA
1 colher
"
"
D
"
*
"
"
"
"
3 colheres
1 unidade
1 unidade média
4 folhas 5g/1
2 folhas 10g/1
2 folhas 10g/1
4 folhas 5g/1
2 folhas 10g/1
PESO (g)
15
15
20
20
20
25
25
25
30
30
30
40
50
50
20
20
20
20
20
OBSERVAÇÕES:
1. As medidas e pesos correspondem ao alimento cru
2. Em todas as preparações devem ser acrescentadas 1 a 2 colheres de óleo
MISTURAS COMPLEMENTARES CONTENDO CERCA DE 250
CALORIAS E 5g DE PROTEÍNAS ASSIMILÁVEIS
TABELA N.ª 2
COMBINAÇÕES HABITUAIS NA
ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA
COMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNA
ANIMAL OU VEGETAL
1. queijo (ralado) 1 colher (café)
2. manteiga 1 colher (chá)
3. fruta 1/2 unidade
4. melado 2 colheres (sopa)
5. amendoim (moído) 1 colher (café)
6. coco-da-baía
(ralado) 1 colher (sopa)
7. castanha-do-pará 2 unidades
OBS.: Cada uma das combinações habituais (à esquerda), complementada com qualquer um
dos 7 alimentos (à direita), fornece cerca de 250 calorias e 5g de proteínas assimiláveis.
CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS MEDIDAS ADOTADAS
E O PESO DO ALIMENTO EM GRAMAS
ALIMENTO
leite fresco
leite em pó integral
coalhada, yogurt
o francês
queijo
manteiga
açúcar
frutas: banana ou
laranja
tubérculo
melado
amendoim moído
coco ralado
castanha-do-pará
milho branco
MEDIDA
1 xícara
2 colheres (sopa)
90 ml de água
1 xícara
1 unidade pequena
1 fatia (1 dedo larg.)
1 colher (chá)
1 colher (sopa)
1/2 (pequena)
1/3 (média)
1 pedaço 5 cm x 4 cm
1 colher (sopa)
1 colher (café)
1 colher (sopa)
2 unidades
1 colher (sopa)
PESO (g)
200
100
150
40
30
5
20
50
50
50
20
5
20
6
30
OBSERVAÇÃO:
1. Acrescentar, nestas pequenas refeições,
Ficha-informativa: PROTEÍNAS
O seu corpo é feito de bilhões de pequenas uni-
dades vivas, chamadas células. A substância vi-
va dessas células é feita de proteínas que por
sua vezo feitas de aminoácidos.
Cada tipo de proteína tem uma certa quantidade
e uma arrumação particular dos aminoácidos que
a compõem.
O que nos faz diferentes de um pé de milho ou
de um cachorro ou vaca é a diferença no número
e no arranjo dos aminoácidos da proteína carac-
terística de cada uma dessas espécies de seres
vivos.
O fato de existirem padrões determinados de
quantidade e ordenação dos aminoácidos para ca-
da tipo de proteína também explica as diferenças
meia a 1 colher (sopa) de açúcar
entre as proteínas da pele, do coração, do in-
testino, da unha, do cabelo etc.
Para melhor compreender o assunto, proteínas e
aminoácidos e seus importantes papéis, vamos
propor-lhe um jogo com as letras do alfabeto.
Existem 23 letras diferentes no alfabeto portu-
guês.
Você Já pensou que com apenas 23 letras do al-
fabeto, pode ser formada uma enorme variedade
de palavras, de frases de significados diferentes?
Do mesmo modo, com os 20 aminoácidos exis-
tentes, também podem ser formadas muitíssimas
proteínas diferentes.
Instruções para o Jogo
Escrever o alfabeto numa tira de papel, re-
petindo cada letra 3 vezes.
É bom colar esta tira de papel em uma car-
tolina, papelão ou algo parecido para facili-
tar o manuseio.
Colorir as vogais (vermelho, azul, amarelo.
verde e roxo).
Cortar as letras, separando-as uma das ou-
tras ficando assim:
Guardar as letras numa caixinha ou envelope
Fig 15
Fazer duas frases com estas letras, sendo
que:
1.ª frase deverá conter todas as vogais;
escrevê-la no caderno.
Na 2.ª frase deverá faltar uma ou duas
vogais; escrevê-la no caderno.
Agora você vai fazer dois colares com estas
frases. Passe um barbante pelo centro de
cada cartão com a letra. Quando chegar à últi-
ma letra de cada frase, amarre as pontas do
barbante com o início.
Exemplos:
MARIA COME ANGU
O DIA ESTA BONITO
OBSERVAÇÃO 1:
cada letra será um AMINOACIDO;
cada frase será uma CADEIA DE
AMINOÁCIDOS;
cada frase em forma de colar (círculo)
será uma PROTEÍNA.
Quantas letras foram usadas para formar as 2
frases?
Assim como uma longa frase pode conter muitas
letras, também uma proteína contém muitos ami-
noácidos, geralmente várias centenas. Para fazer
uma frase você tem que ter o número exato de
cada tipo de letra, e elasm de ser colocadas
na ordem precisa. Se a ordem das letras em uma
palavra ou uma frase é modificada o que acon-
tece?.
Experimente modificar a ordem das letras nas
frases que você fez. O que aconteceu? Escre-
va no seu caderno.
Isto também acontece se a ordem dos aminoá-
cidos em uma proteína for mudada, a proteína
fica diferente.
Procure, agora, trocar as letras de suas fra-
ses por outras, formando uma nova frase. Você
pode usar outras letras da caixinha. Compare a
nova frase com a frase antiga. O que aconte-
ceu? Escreva no seu caderno.
O mesmo acontece com as proteínas. Se um dos
aminoácidos é trocado ou acrescentado em uma
proteína, ela se torna diferente.
Você já observou que toda palavra em português
tem sempre uma vogai? Verifique isto em suas
frases. Assim com o alfabeto tem 5 vogais (A,
E, I, O, U) essenciais para formar uma palavra,
existem 8 aminoácidos importantes na formação
das nossas proteínas e que o nosso corpoo é
capaz de fabricar.
Os aminoácidos que o corpoo pode fazero
chamados AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS, isto é.o
necessários, devem constar da alimentação.
OBSERVAÇÃO 2:
as vogais serão os AMINOÁCIDOS
ESSENCIAIS;
as consoantes serão os AMINOÁCIDOS
O ESSENCIAIS
(os aminoácidos que o corpo pode produzir).
Em sua 2.ª frase, faltam uma ou duas vogais,
o é? Para que ela possa dispor de todas
as vogais você terá de acrescentar novas
palavras que contenham as vogais que estão
faltando. Faça isto utilizando as letras da
caixinha. O que aconteceu? Escreva no seu
caderno.
A mesma coisa acontece no corpo. Como seu
organismoo produz aminoácidos essenciais,
você terá de acrescentá-lo à sua alimentação in-
gerindo alimentos protéicos com tais aminoáci-
dos. Para você entender melhor a importância
dos aminoácidos essenciais, retire todas as vo-
gais de suas frases. Escreva no caderno o que
aconteceu. Faça, agora, um esquema sobre o que
você entendeu de aminoácidos e proteínas.
Qualquer dúvida, discuta com seus colegas de
grupo. E se for preciso chame o professor.
Agora que você já sabe um pouco de proteínas,
vamos falar sobre sua importância, para que ser-
vem.
Desde muito novos os seres animais e vegetais
o crescendo e se transformando. Os seres hu-
manos quando chegam em uma determinada ida-
de (em torno de 21 e 23 anos) param de cres-
cer. Istoo significa queo precisam mais de
comidas, queo precisam mais de proteínas,
gorduras, açúcares, vitaminas e minerais. Todas
as partes do corpo estão se renovando continua-
mente. Cada célula vive por algum tempo e de-
pois morre e uma nova célula tem de ser fabri-
cada para substituí-la. Por exemplo: uma hemá-
cia (glóbulo vermelho do sangue que carrega o
oxigênio) vive apenas 120 dias; depois se des-
gasta e uma nova célula tem de ser formada. A
proteína é necessária para a formação dessas
novas células. Temos que comer proteínas para
reconstituir o nosso corpo. Uma criança neces-
sita de proteínao só para repor as células
gastas, mas também para crescer.
Escrever no seu caderno as respostas:
Que acontece com seus sapatos depois de
algum tempo de uso?
Se vocêo usar sapatos, a mesma coisa
acontecerá com seus pés? Explicar.
Que acontece quando você tem um ferimen-
to, uma queimadura ou quando aparece uma
doença?
Que alimentoso particularmente importan-
tes na reconstituição das partes afetadas do
corpo?
Faça uma lista dos períodos de vida e das
condições fisiológicas que requerem maior
quantidade de proteínas, explicando porque.
Com quem você se parece mais: com uma vaca
ou com um pé de milho?
Claro que o nosso corpo é mais parecido com o
de uma vaca do que com o pé de milho. Tente
explicar.
As proteínas do ovo e do leite materno contêm
aminoácidos em quantidades exatamente iguais
às requeridas pelo nosso corpo. E estas proteí-
naso totalmente aproveitadas pelo corpo;o
há perda de aminoácidos. Já outras proteínas.
especialmente as encontradas nos alimsntos ve-
getais possuem ou muito ou pouco de determi-
nados aminoácidos.
Nas proteínas dos alimentos de origem vegetal,
raramente encontramos os aminoácidos na pro-
porção necessária à construção das proteínas
humanas.
Ver a figura abaixo:
Visualizemos as proteínas como uma estrela de
8 raios, sendo cada raio um aminoácido
Se em uma determinada proteína um aminoácido
essencial estiver em pequena quantidade, como
mostra a figura acima. que acontecerá?
Suponhamos que o aminoácido (1) que está fal-
tando, seja a metionina, na proteína do feijão.
O que acontecerá é que o aproveitamento de to-
dos os outros aminoácidos (os 7 restantes) fi-
carão reduzidos também na mesma proporção.
Mas se o feijão for comido junto com cereais
quem uma boa quantidade de metionina, em-
bora sejam em geral pobres em outro aminoácido
essencial, a lisina, haverá uma compensação e
portanto um melhor aproveitamento dos aminoá-
cidos na construção e manutenção do nosso cor-
po.
Duas proteínas juntas de origem vegetal, nem
sempre se contrabalançam adequadamente. Os
regimes vegetarianos requerem uma variada se-
leção e cuidadosa combinação de alimentos. O
adicionamento de proteínas animais embora
em pequenas quantidades facilita o melhor
aproveitamento das proteínas vegetais.
APRESENTAÇÃO
Esta ficha-tabela foi organizada com a intenção de dotar os
alunos de um instrumento de fácil manejo em sua aprendiza-
gem de nutrição. Apesar de conter pequeno número de ali-
mentos em cada grupo, a tabela tanto possibilita aos alunos
opções no planejamento de sua própria refeição quanto cer-
tamente irá estimular o uso de novos alimentos em sua fa-
mília.
EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO DA TABELA
Uma refeição pra meninos de 10 a 12 anos
DADOS DA TABELA DE COMPOSIÇÃO
DOS AUMENTOS EM 100 g
ALIMENTOS
Ovo
Arroz cozido
Feijão cozido
Chicórea
Farinha de
mandioca
Laranja
Banha
Alho
Cebola
Calorias
163
167
67
20
354
42
902
134
45
Proteínas
0
12,9
2.3
4.4
1.7
1.7
0,8
5.3
1.4
Lipídios
g
11.5
2,9
0.3
0.1
0.3
0.2
100.0
0.2
0.2
Glicídios
9
0.8
32.3
12,2
4.1
86.4
10.5
29.3
9.7
CONSUMO NA REFEIÇÃO
Peso (gramas)
e
Medidas equiv.
100
(2 ovos)
210
75
20
4 folhas
40
(2 laranjas)
15
(1 colher/sopa)
5
10
TOTAL
Calorias
163
351
50
4
142
135
7
4
941
Proteínas
g
12.9
4.8
3,3
0.3
0.7
0.3
0.1
24.0
Lipídios
g
11.5
6,1
0.2
0,0
0.1
0.0
0.0
33.3
Glicídios
g
0.8
67.8
9.2
34.6
1.5
1.0
136.7
Obs.: 1. Os ovos podem ser substituidos por 75g
(3 colheres/sopa) de qualquer carne
fresca moída
2. Para as meninas, basta diminuir 2
colheres de arroz e 1 colher de feijão
Ficha-Tabela: COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS MAIS USADOS NO BRASIL
(Organizada a partir da tabela Composição Química dos Alimentos)
COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.°
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
ALIMENTO
I. CEREAIS E
DERIVADOS
Arroz
Farinha de trigo
Fubá de milho amarelo
Macarrão sem ovos
o francês
II. TUBÉRCULOS.
RAÍZES E
AMILACEOS
Batata-doce. batata-in-
glesa, banana-da-terra,
cará, inhame, mandioca
(média)
III. AÇÚCARES
Açúcar refinado
Rapadura
IV. NOZES E
OLEAGINOSAS
Amendoim
Coco-da-baía
V. LEGUMINOSAS E
DERIVADOS
Feijão
Guando
CALO
RIAS
359
365
354
369
269
113
385
356
549
296
337
337
PROTE
INAS
g
6.4
12,0
9,6
12,5
9,3
1.6
0.0
0.6
23,2
3.5
22.0
19.2
LIPIDIOS
g
0.8
1.3
2.0
1.2
2.0
0.2
0.0
0.0
44.8
27.2
1.6
1.5
GLICI
DIOS
g
79.7
74.1
77,2
75,2
57.4
27.3
99.5
92,0
23.0
13.7
60,8
63,3
FIBRA
g
0.3
0.5
0.7
0.3
0.5
Q.8
0.0
0.0
2,9
3,8
8.1
8.1
CÁLCIO
mg
8
24
6
27
22
31
0
174
49
13
86
137
FÓSFO
RO
mg
85
191
164
162
107
49
0
14
409
83
247
332
FERRO
mg
2.0
1.3
1.8
1.3
1.2
1.4
0.1
4.2
3,8
1.8
7.6
5.0
VITAMI
NA A
mmg
0
0
34
0
0
65
0
0
5
0
2
7
VITAMI
NA B1
TIAMINA
mg
0.06
0.26
0.20
0.09
0,08
0.07
0.00
0.01
0.79
0.04
0.54
0.72
VITAMI
NA B2
RIBOFLA
VINA
mg
0.01
0.07
0,06
0.06
0.06
0,04
0,00
0.09
0,14
0,03
0.19
0.17
VITAMI
NA PP
NIACI
NA
mg
2.3
2.0
1.4
1.7
1.2
0,9
0.0
0.5
15,5
0.6
2.1
2.6
VITAMI
NA C
mg
0
0
0
0
0
22
0
0
1
4
3
0
COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.°
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
ALIMENTO
VI. VERDURAS-FOLHAS
Alface
Cheiro-verde
Chicórea
Coentro
Couve
Folha de mandioca
Folha de beterraba
Ora-pro-nobis
Salsa
VII. VERDURAS-FRUTOS
Abóbora
Abobrinha
Pepino
Pimentão
Quiabo
Tomate
VIII. VERDURAS-RAIZES
E BULBOS
Alho
Beterraba
Cebola
Cenoura
IX. FRUTAS
Abacaxi
Abiu
Araçá
Bananas
Caju
Frutas citrica3 (laranja.
limão, lima-da-pérsia.
tangerina (média)
Goiaba
Maçã
Mamão
Manga
Melancia
Morango
Uva
CALO
RIAS
15
36
20
42
40
91
45
26
43
40
24
15
48
36
21
134
44
45
42
52
95
62
94
46
36
69
58
32
59
22
36
68
PROTE
INAS
g
1.3
2.5
1.7
3.3
3.6
7.0
3.2
2.0
3.2
1.2
1.0
0.7
2.0
2.1
0.8
5.3
1.7
1.4
1.1
0.4
2.1
1.5
1.5
0.8
0.6
0.9
0.3
0.5
0.5
0.5
0.8
0.6
LIPÍDIOS
g
0.2
0.5
0.1
0.7
0.7
1.0
0.4
0.4
0.6
0.3
0.2
0.1
0.8
0.2
0.3
0.2
0.1
0.2
0.2
0.2
1.1
0,6
0.4
0.2
0.6
0.4
0.3
0.1
0,2
0,1
0.3
0.7
GUCI
DIOS
g
2.9
6.9
4.1
8.0
7.2
18.3
8.1
5.0
8.5
9.8
5,5
3.4
10.3
8.3
4.6
29,3
9.5
9.7
9.7
13.7
22.0
14.3
23,6
11.6
9.1
17.3
15.2
8.3
15.4
5.3
8.5
16.7
FIBRA
g
0.7
6,9
0.9
1.7
0.9
4.0
3.8
0.9
1.3
0.6
0.4
0.4
2.6
1.7
0.6
1.1
1.0
0,8
1.0
0.4
3.0
5.2
0.8
1.5
0.4
5,3
0.7
0.6
0.8
0.2
1.3
0.5
CÁLCIO
mg
43
132
81
188
203
303
114
79
195
12
19
16
29
84
7
38
14
30
37
18
96
48
15
4
32
22
6
20
12
6
29
12
FÓSFO
RO
mg
34
48
54
72
63
119
34
32
52
27
32
24
61
90
24
134
38
40
36
8
45
33
25
18
16
26
10
13
12
7
29
15
FERRO
mg
1.3
2.4
1.7
3,0
1.0
7.6
3.1
3.6
3,1
0.7
0.6
0,6
2.6
1,2
0.6
1.4
0.8
1.0
0,7
0.5
1.8
6.3
1.6
1.0
0.6
0.7
0.4
0.4
0,8
0.2
1.0
0.9
VITAMI
NA A
mmg
87
594
330
533
650
1960
525
250
607
350
5
2
245
31
60
2
2
2
1100
5
46
48
38
40
7
26
3
37
210
23
3
0
VITAMI
NA B1
TIAMINA
mg
0.08
0.10
0.07
0.15
0.20
0,25
0.07
0.02
0.12
0.05
0.05
0.03
0.12
0.04
0.06
0,21
0.01
0.04
0.06
0.08
0.02
0.06
0.05
0.03
0.06
0.04
0.03
0.03
0,05
0.02
0.03
0.05
VITAMI
NA B2
RIBOFLA
VINA
mg
0.08
0.19
0.14
0.28
0.31
0.60
0.22
0.10
0.24
0.04
0.04
0.04
0.15
0.08
0.05
0.08
0.04
0.03
0.05
0.04
0.02
0.04
0,06
0.03
0.02
0.04
0.05
0.04
0.06
0.03
0.04
0.04
VITAMI
NA PP
NIACI
NA
mg
0.4
0.8
0.5
1.6
1.7
2.4
0.6
0.5
1.0
0.6
0.5
0.2
2.2
0.6
0.7
0.6
0.2
0.3
0.6
0.2
3.4
1.3
0.6
0.4
0.2
1.0
0.2
0.3
0.4
0.2
0,4
0.5
VITAMI
NAC
mg
12
101
10
75
92
311
50
23
146
42
19
14
140
47
23
9
5
10
8
61
49
326
17
219
46
218
6
46
53
5
70
3
COMPOSIÇÃO DE AUMENTOS POR 100g DE PARTE COMESTÍVEL
N.°
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
ALIMENTO
X CARNES-PRODUTOS
E VÍSCERAS
Boi
Boi, carne seca
Bucho e tripa
Cabrito
Carneiro
Fígado
Frango
Porco, carne fresca
Porco, carne salgada
Rim
XI. PESCADO
Peixe fresco
Peixe salgado
XII. PRODUTOS LÁCTEOS
Leite materno
Leite de vaca, fresco
Leite em pó reconstituí-
do
Queijo-de-minas
XIII. OVOS
Ovo de galinha
XIV. GORDURAS
Óleo vegetal
Banha
Gordura de coco
Manteiga
XV. BEBIDAS, INFUSÕES
Café, infusão de
CALO
RIAS
186
441
99
268
262
136
124
220
172
121
75
193
45
63
70
299
163
884
902
883
716
2
PROTE
INAS
g
20,4
42.0
18.0
16.6
16.4
19.9
22,0
18.1
20.3
15.8
16.6
40,2
1.1
3.1
3.7
17.5
12,9
0.0
0.0
0,0
0.6
0.3
LIPIDIOS
g
11.0
29,0
2,4
21.8
21.2
3,8
3.3
15.9
9.5
5.4
0.5
1.8
1.0
3,5
3.8
24,7
11.5
100.0
100.0
99.9
81.0
0.1
GLICI
DIOS
9
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
4.4
0.0
0,0
0,0
0,9
0.0
1.4
8.1
5.0
5.3
1,8
0.8
0.0
0.0
0.0
0.4
0.8
FIBRA
g
0,0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
1.0
0.0
0,0
0,0
0,0
0.0
0.0
0.0
0.0
0,0
0.0
0.0
0,0
0,0
0.0
0.0
CÁLCIO
mg
12
93
92
10
10
10
12
10
11
11
20
190
14
114
127
105
61
0
0
2
20
5
FÓSFO
RO
mg
190
161
118
148
174
318
203
207
235
218
100
250
8
102
99
184
222
0
0
3
16
5
FERRO
mg
3.5
9.7
1.8
2.3
2.5
8.2
1,3
2,7
3.0
5.2
0.7
0,9
0.2
0,1
0.1
0.5
3,2
0.0
0.0
0.0
0.0
0,2
VITAMI
NA A
mmg
7
0
0
0
0
8551
24
0
0
146
32
0
0
38
39
240
530
0
0
0
652
0
VITAMI
NA B1
TIAMINA
mg
0,08
0.08
0,08
0.12
0.14
0,24
0,07
0,88
0.99
0.44
0.15
0.08
0.02
0.04
0.04
0.04
0.10
0.00
0.00
0.00
0.01
0.01
VITAMI
NA B2
RIBOFLA
VINA
mg
0,17
0,95
0.14
0.15
0.20
3.01
0,15
0.21
0.24
2.29
0.10
0.31
0,02
0.14
0.20
0.75
0,30
0,00
0.00
0.00
0.02
0.01
VITAMI
NA PP
NIACI
NA
mg
4,7
2,8
2.4
4.7
4.7
13,0
8.0
4.7
5.3
7.4
3.2
4.6
0.02
0,02
0.1
0.8
0.1
0.0
0.0
0,0
0.1
0.9
VITAMI
NAC
mg
0
0
0
0
0
26
0
0
0
15
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
OS MODOS DE MORAR
DO HOMEM E
A SAÚDE
DIAGRAMA DOS TEXTOS
Unidade OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E A SAÚDE
Texto 1. A MORADA DO HOMEM
que é morada?
que importância, que significado tem ela?
"A morada é o lugar onde as pessoas se escon-
dem das tempestades e do frio Serve para a
pessoa dormir e descansar" (14 anos, 6.' série)
"É a casa. É importante porque tem quartos,
frutas, e tem ae que cuida da casa." (14
anos, 6.' série).
"É a casa, ou minha morada, tem um estilo an-
tigo. .. A importância que ela tem para mim é
que ela protege contra o sol e a chuva. Por
isso eu acho que todos necessitam de uma ca-
sa. " (13, anos, 7/ série).
O professor pode verificar que as respostas aci-
ma, dadas por alunos provavelmente parecidos
com os seus, mencionam as necessidades de
abrigo, proteção, segurança e carinho, de alimen-
tação, numa concepção de morada restrita ao
espaço físico ocupado pela casa e aos seus ha-
bitantes. Realmente, a morada responde à ne-
cessidade de abrigo e segurança. Como todo ser
vivo, o homem precisa ter o seu espaço vital, o
seu território. É na morada que o homem se as-
socia. que procria. A morada resguarda a sua in-
timidade; nela o homem nutre de afeto os seus
filhos que aí iniciam o processo de aprender a
viver. É na morada que o homem guarda, prepara
e partilha o alimento; é onde busca o descanso
e refaz as suas forças.
A casa, porém,o é uma unidade isolada e au-
tosuftciente
Tudo o que é buscado na casa tem a ver com
muitas coisas que estão além do espaço físico
de uma habitação. Tem a ver com o meio que a
rodeia, do qual a casa faz parte. Em qualquer
lugar onde se situa, a morada é afetada peias
condições externas sejam elas naturais (clima.
vegetação, paisagem etc.) ou produtos da tec-
nologia e cultura da população (meios de trans-
porte, fábricas, costumes de relacionamento,
etc.).
Para identificar as relações entre a casa e o
meio, servem as seguintes reflexões:
a vida dentro de uma casa depende da cons-
tante renovação dos elementos indispensá-
veis a essa vida; há um contínuo movimento
de entrada e saída: as pessoas que saem
para trabalhar, estudar, brincar e que regres-
sam para comer, repousar, cuidar de sua
higiene; os alimentos que chegam,o
transformados, consumidos e seus resíduos
eliminados juntamente com outros restos da
casa; a água que entra para beber, para a
limpeza e que sai como águas servidas e
esgoto; os equipamentos que precisam ser
periodicamente substituídos.
O meio ambiente (o clima, o ar, o solo, o
sol, a água existente),o só determinam
as condições para o homem sentir-se bem
ouo dentro da casa, como também influ-
enciam os estilos de construção e os gas-
tos com equipamentos das moradias. Alguns
tipos de casa pela construção e modos
de conservação podem por sua vez, tor-
nar-se abrigo de insetos e outros animais
do ambiente.
A existência de matéria orgânica em decompo-
sição ao redor das moradias (lixo, folhas e ve-
getais apodrecendo, excrementos de animais, par-
ticularmente de cavalo), cria boas condições para
o desenvolvimento de ovos e larvas de moscas
domésticas. Esta, por causa de seu hábito de
pousar e se alimentar tanto em dejeções, como
em alimentos, levam matéria fecal e germes em
suas patas, na tromba e em seu corpo, a longas
distâncias.
MORADA: uma concepção mais ampla
A morada do homem, portanto,o se limita às
quatro paredes de uma casa. As ruas, as plan-
tas, os animais, o ar ambiente, os meios de
transporte, os lugares de trabalho e os de lazer
enfim, todo o conjunto de ambientes físicos
e sociais que freqüentamos cotidianamente tem
a ver com o nosso morar. Os modos de morar
incluem desde o nosso convívio diário com outras
pessoas e demais seres vivos do ambiente (ani-
mais, vegetais e microorganismos) até o relacio-
namento que estabelecemos com o meio físico,
os cuidados e os contatos que temos com as
coleções de água, com o solo, com o sol etc.
O trabalho é uma forma do homem se relacio-
nar com o meio. O trabalho no campo lidando
com a terra, as plantas e os animais, acordando
cedo, tendo o corpo como principal instrumento
de trabalho tem um lado claro ligado à rela-
ção saudável com a natureza. Mas tem também
o seu lado penoso, desgastante, especialmente
quando as condiçõeso duras, quando as pes-
soas devem exercer sua atividade mal alimen-
tadas, obrigadas a grandes caminhadas, às vezes
muitos quilômetros, expostas ao sol. ao frio, ao
vento, à chuva, e, principalmente, quando o am-
biente é povoado de agentes e vetores de doen-
ças (mosquitos, moscas, caramujos hospedeiros
do Schistosoma mansoni etc.).
Na construção de sua casa, o homem do campo
entra em contacto direto com o meio, retirando
dele os materiais necessários ao seu abrigo.
Algumas vezes ao derrubar árvores, destrói a
morada de muitos animais que viviam na mata.
Destes animais, alguns, podem se tornar amea-
ças à saúde indo procurar abrigo e alimento em
sua casa. A água com que supre as suas neces-
sidades, geralmente proveniente de riachos, cis-
ternas, rios, é levada até à casa por encanamen-
tos, ou por baldes ou outros vasilhames. Essa
água depois de usada, suja — é devolvida
diretamente ao meio circundante (despejada nos
quintais, nos riachos próximos, nas plantações).
O destino dos dejetos (fezes, urina), também
costuma ser os riachos, o mato, as valas etc.
Esse modo simples e despreocupado de se de-
sembaraçar dos dejetos redunda em poluição das
águas das cisternas, dos riachos e outras cole-
ções d'água, bem como do solo, de um modo
geral.
Os trabalhadores do campo, por força de seu
freqüente e íntimo contato com as águas super-
ficiais (trabalhando na lavoura, pescando, amas-
sando barro, andando descalço etc.) estão
expostos a uma série de doenças decorrentes da
poluição fecal de dois elementos essenciais para
a sua vida: a água e a terra.
As baratas também podem transportar, através
de suas patas, microorganismos trazidos dos es-
qotos, do lixo, etc. Além das moscas e baratas,
várias espécies de mosquitoso responsáveis
por transmissão de doenças como a Malária, a
Filariose. a Febre Amarela, a Leishmaniose. Ou-
troso veiculam doenças mas pertubam o nos-
so sono e tranqüilidade. Os mosquitos desovam
em águas paradas ou de pouco movimento (va-
las, pântanos, poças d'água, latas abandonadas,
lagoas etc.).
Os ratos domésticos devem em geral a sua má
reputação ao seu papel na transmissão da peste
e do tifo murine Mas eles estão também impli-
cados em outras doenças humanas, tais como a
leptospirose que é transmitida pela urina do rato
contaminando água e alimentos. A população de
ratos existentes no Brasil é maior que a popula-
ção humana. O rato vive tanto no meio rural
quanto no urbano e necessita fundamentalmente
de abrigo e alimentação. No campo ele encon-
tra abrigo suficiente no mato, enquanto na cidade
se esconde nos edifícios em construção, nos ca-
nais, na rede de esgoto e nos porões. Alimen-
tam-se de restos de comida, dos alimentos mal
guardados e do lixo, consumindo toneladas de
alimento. Comem e contaminam qualquer ali-
mento ao seu alcance.o obrigados a roer per-
manentemente pois seus dentes crescem 12 cm
por ano.
Em 1950 64% da população bra-
sileira morava na zona rural. (32
milhões de pessoas). Em 1970
a percentagem passou a 44%
(40 milhões). Nesse período de
vinte anos, a população rural
cresceu 25% e a urbana elevou-
se quase 200%. Esse aumento
da população urbanao foi re-
sultado do surgimento de novas
cidades, mas deveu-se basica-
mente ao êxodo do campo.
A existência de inúmeras cidades grandes é fa-
to recente na história, pois antigamente a maior
parte dos homens vivia nas zonas rurais, traba-
lhando a terra e as cidades importantes eram
poucas.
A agricultura predominava,o havia indústrias,
como as que temos hoje em dia. Os artesãos
trabalhavam em suas casas, por conta própria ou
reunidos em pequenas oficinas. Foi apenas a
partir de 1750 que se iniciou na Inglaterra a
"Revolução Industrial". Máquinas foram inven-
tadas, capazes de executar o trabalho de muitos
homens com mais rapidez e rendimento: a-
quina a vapor, os teares mecânicos de fiação, a
locomotiva, a estrada de ferro etc. As pequenas
oficinas foram substituídas por fábricas, por usi-
nas. Milhares de homens foram levados a sair
do campo, cujas terras antes destinadas ao culti-
vo de alimentos, foram reservadas para rebanhos
de carneiros fornecedores de, matéria prima
para as indústrias. Os homens do campo, sem
muitas alternativas vieram para as cidades, tra-
balhar na indústria nascente.o foi dada im-
portância ao alojamento dos novos moradores, as
condições de vida eram péssimas. As indústrias
se estabeleceram nas cidades em parte porque
nela moravam os homens mais ricos, com di-
nheiro para aplicar no novo negócio ou para com-
prar os produtos industriais. Em torno das in-
dústrias. as cidades se agigantaram, a popula-
ção se concentrou.
Podemos dizer que a moderna Saúde Pública
nasceu em conseqüência da concentração huma-
na nas cidades. Enquanto os homens viviam
principalmente na zona rural, muitas vezes se-
parados por grandes distâncias, a propagação das
doenças infecciosas pela água ou pelo contato
direto do homem a homem ficava mais difícil.
Se um camponês adoecia, transmitia a enfermi-
dade ao seu círculo de familiares; a moléstia
muitas vezes acabava por se limitar a esse cír-
culo. A proximidade e a mistura das classes so-
ciais nas cidades passou a expor toda a popula-
ção ao risco de contrair uma moléstia. Como
diz o provérbio: "é fácil apanhar doença na mul-
tidão". As autoridades, igualmente expostas, co-
meçaram a tomar medidas para melhorar as con-
dições de higiene e assim dificultar o apareci-
mento de doenças.
A crescente industrialização observada no Brasil
a partir de 1.930, em que as indústrias se agru-
pam em torno das maiores cidades das regiões
com maior potencial de desenvolvimento econô-
mico, estimulou o êxodo da população rural, e
provocou progressiva urbanização. Portanto, a
concentração observada nas grandes cidades se
deveu ao fato de que as possibilidades (oferta)
de emprêgo também se concentraram nas cida-
des, e se diluíram no campo.
O tamanho da população brasileira tem aumenta-
do muito nos últimos anos. Em 1940 o Censo
mostrou cerca de 41 milhões de habitantes. Ho-
je, 1976, a população é estimada em 107 mi-
lhões de habitantes. A distribuição dessa popu-
lação nas grandes regiões é muito desigual, ha-
vendo mais indivíduos morando nas regiões eco-
nomicamente mais ricas (Sudeste e Sul). Ao
todo, 61% dos brasileiros vivem nas regiões
mais desenvolvidas, cujas áreas reunidas signi-
ficam 18% da área total do País.
As diferenças nas concentrações populacionais
o explicáveis, em parte peias dificuldades à
vida humana existentes em áreas de algumas re-
giões, pelas diferentes caracteristicas de clima,
qualidade de solo, relevo e hidrografia, mas so-
bretudo devidas a fatores históricos e sócio-eco-
nômicos diferentes graus de desenvolvimen-
to econômico, de distribuição de renda nas-
trias regiões-.
O crescimento acelerado dos grandes centros
urbanos, sem uma Infra-estrutura de serviços-
blicos capaz de estender até à periferia um-
nimo de condições de saneamento, de habitação,
de atenção médica etc, agrava a cada dia a
qualidade de vida dos seus habitantes, particular-
mente das populações que se mantêm margina-
lizadas em favelas e outros tipos de aglomera-
dos, de habitações improvisadas.
BRASIL Il PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (1975-1979)
SANEAMENTO
1974
PREVISTO
P/1979
ABASTECIMENTO
D'AGUA
POPULAÇÃO 39.7
URBANA SERVIDA milhões
PERCENTAGEM DA
POPULAÇÃO URBANA 65
SERVIDA %
60.3
milhões
79
%
SERVIÇOS DE
ESGOTOS
POPULAÇÃO URBANA 17.7
SERVIDA milhões
PERCENTAGEM DA 29
POPULAÇÃO SERVIDA %
33,7
milhões
44
%
A morada na grande cidade costuma se caracte-
rizar, em nosso País, pelo pouco espaço para o
lazer, para o contato com a natureza.
Em casas e edifícios construídos muito próximos
uns dos outros, a ventilação e a iluminaçãoo
insuficientes.
As condições de trabalho de operários, de
técnicos, de condutores de veículos, de comer-
ciários e outros, em fábricas, escritórios, veícu-
lo, lojas etc. nem sempre atendem às neces-
sidades de iluminação, ventilação, espaço, áreas
verdes, silêncio, equipamento de proteção física,
segurança etc, para o desenvolvimento de um
trabalho satisfatório para o próprio indivíduo.
O Brasil registra um dos mais altos índices de
acidentes de trabalho do mundo. O fato revela
que antes de tudo, novos comportamentos de
maior respeito à integridade da pessoa humana
o exigidos.
Sendo considerado pelos alunos, problema de re-
levo na comunidade, fica aqui a sugestão de se
investigar os fatores que contribuem para os aci-
dentes de trabalho.
O crescente aumento de veículos significa um
trânsito cada vez mais difícil, acarretando gran-
de número de acidentes, poluição, congestiona-
mento. Árvoreso derrubadas para darem es-
paço, tanto aos automóveis como aos edifícios.
Tudo isso tem significado uma crescente amea-
ça à qualidade de vida. à saúde, nas grandes ci-
dades, apesar dos seus recursos econômicos,
culturais e de assistência médica.
Situação 1.1. ALÉM DAS QUATRO PAREDES
1.ª TAREFA:
1. No envelope 1, arquivado no BI. há várias
fotografias que você poderá examinar, e, es-
colher aquelas que se parece mais com a
sua casa.
Agora cada colega poderá:
responder por escrito às seguintes perguntas:
Para que serve a casa?
Que significa ela para você?
discutir, em grupo, as respostas dadas às per-
guntas anteriores;
anotar a opinião geral do grupo sobre o signi-
ficado da casa.
2.ª TAREFA:
1. Todos necessitam de uma casa; mas será que
para morar, uma família só precisa de sua
casa?
Para ajudar você a lembrar-se de tudo que uma
família precisa para morar, torne a examinar as
fotografias arquivadas no BI. Depois cada colega
deverá:
fazer uma lista das atividades diárias de uma
família;
responder:
quais dessas atividadeso também fei-
tas fora de casa?
Fazer uma lista das coisas utilizadas e gas-
tas no dia a dia de uma família;
com relação às coisas que uma família pre-
cisa usar todos os dias. responder:
como cada uma dessas coisas chega
em casa?
de ondem elas?
depois de utilizadas, para ondeo os
restos e as sobras dessas coisas?
para que essas coisaso faltem em
casa, o que é preciso fazer?
em grupo, juntar os registros, informar aos
colegas sôbre o que cada um respondeu e
fazer um desenho esquemático, mostrando
as ligações que se estabelecem, diariamen-
te, entre uma casa e os lugares:
ondeo obtidas as coisas necessárias
ao seu funcionamento;
ondeo exercidas as atividades das
pessoas de uma família;
para ondeo os restos da casa;
considerando as ligações estabelecidas dia-
riamente entre uma casa e o meio ambien-
te, responder por escrito:
o que constitui a morada de uma famí-
lia?
discutir com o professor o desenho prepa-
rado e as respostas às perguntas anteriores.
3.ª TAREFA:
1. Morar: quanto custa?
2. Que esforço é necessário para manter uma
família?
3. Quanto dinheiro se gasta?
4. O que constitui despesa para uma família?
TIPOS DE DESPESAS
GASTOS
FAMILIARES
Moradia aluguel, imposto predial
água, luz, gás, lenha etc.
Alimentação
Cuidados com a saúde
Transporte
Outras
lembrando-se de uma família que você co-
nhece bem, definir os seguintes dados:
número de pessoas que vivem na casa;
renda mensal do grupo familiar;
discutir a quantia necessária para cada tipo
de despesa, considerando os dados defini-
dos no item anterior;
O Grupo poderá agora:
responder:
para que tipo de despesas o grupo re-
servou mais dinheiro? Por que?
para que tipo de despesas o grupo re-
servou menos dinheiro? Por que?
discutir com o professor:
anotar as conclusões.
4.ª TAREFA:
Em grupo, preparar um relatório com as con-
clusões finais e apresentar os resultados
para a turma, se houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 1.2.: SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE
1.' TAREFA:
a) Para estudar a situação de saúde do lugar
em que moram, cada colega começará res-
pondendo individualmente e por escrito, às
seguintes perguntas:
1.ª) Você acha que tem saúde? Por que?
2.ª) O que você acha mais importante para
manter a sua saúde? Por que?
3.ª) Por que as pessoas adoecem?
4.ª) Na sua opinião, quais as doenças de
que mais sofre a população de sua ci-
dade? Por que?
5.') Quaiso as causas dessas doenças?
6.') Dessas doenças, quais as que matam
mais gente? Por que?
b) Reunir todas as respostas do grupo e com-
pará-las.
c) Fazer um quadro com as doenças mais co-
muns que foram citadas, seus sintomas e
suas causas:
NOME DA DOENÇA
SINTOMAS
CAUSAS
d) Discutir com o professor os resultados da
tarefa.
Experimente agora, junto com os colegas de gru-
po, fazer um orçamento doméstico de uma fa-
mília:
observando a tabela abaixo, acrescentar ou-
tras despesas que o grupo achar importante;
2.' TAREFA:
a) Como as pessoas de sua comunidade enca-
ram os problemas de saúde?
Para saber isto, vocês deverão conversar com
umas dez (10) pessoas da sua vizinhança. A
conversa ficará mais interessante se vocês pro-
curarem pessoas de profissões diferentes.
Antes consultem a Ficha "Saúde, nunca tive e
tive" do BI. Nelas vocês descobrirão porque
essa atividade tem esse nome.
Nessas conversas vocês poderão utilizar as mes-
mas perguntas da 1/ TAREFA. Vocês deverão
também perguntar outras coisas, por exemplo:
O (a) senhor (a) acha que o seu trabalho, influi
de alguma forma, na sua saúde? Por que?"
"O (a) senhor (a) acha que se pode fazer al-
guma coisa para acabar com essas doenças
aqui?"
Observação: vocês deverão prestar atenção
no aspecto das casas, se a água que utilizam é
da rede de abastecimento, e se a casa está li-
gada à rede de esgoto etc.
Vocês devem anotar todas as respostas e obser-
vações verificadas.
3.ª TAREFA:
a) Em grupo, vocês deverão ler e comparar to-
das as respostas dadas pelas pessoas.
b) Fazer um quadro mostrando as doenças mais
comuns que foram citadas, e suas causas.
c) Responder por escrito, com a opinião de to-
do o grupo:
Quais das doenças citadasm relação:
1 com o trabalho que as pessoas execu-
tam?
2 com o tipo de alimentação?
3 com o tipo de casa em que moram?
4 com a água que utilizam e o destino
que é dado às fezes em suas casas?
d) Discutir as respostas com o professor.
4.' TAREFA:
Por que será que algumas doençaso mais co-
muns onde vocês moram? Para ajudar vocês a
refletirem sobre isso, o grupo deverá:
a) Fazer um mapa do lugar onde residem: tra-
çar as ruas, localizar as casas de vocês e
dos vizinhos, os parques e jardins, os rios,
lagoas, matas, e outros aspectos que exis-
tem nas redondezas, e que vocês conside-
ram queo importantes.
b) Retirar a ficha "SERVIÇOS DE DISTRIBUI-
ÇÃO DE ÁGUA E CANALIZAÇÃO DE ESGO-
TOS" do BI, e verificar se na área que tra-
çaram no mapa existe rede de distribuição
de água e esgoto. Assinalar no mapa, em
cores diferentes, as ruas em que se acham
esses serviços, e marcar as casas que estão
ligadas à rede de água e esgoto.
c) Fazer uma descrição do lugar onde residem,
destacando o ambiente natural (tipo de solo,
regime de chuva, temperatura, tipo de vege-
tação, facilidade de água etc.) e os modos
de viver de seus habitantes (tipos de habi-
tação. tipos de trabalhos, tipos de diversões
que utilizam etc.) e as formas utilizadas
para obtenção da água. para remoção dos
dejetos (fezes e urina) e do lixo.
Observação: se na sua localidadeo existir ain-
da rede de abastecimento de água e nem de
esgoto, vocês poderão assinalar no mapa, as
casas que dispõem de água própria, privada com
descarga ou fossa, consultando antes, a ficha do
BI: "DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS".
d) Examinar bem o mapa que fizeram e o qua-
dro das doenças mais comuns citadas por
vocês e pelas pessoas com quem conversa-
ram, e responder por escrito:
1.°) Existe alguma relação entre as doenças
citadas e os modos das pessoas mo-
rarem? Explique.
2.°) Por que essas doençasoo comuns
no lugar onde vocês residem?
3.°) Essas doençaso também comuns em
toda a localidade? Por que?
4.°) Vocês acham que se pode fazer alguma
coisa para diminuir a freqüência dessas
doenças? O que?
] Discutir com o professor os resultados des-
ta tarefa. Vocês poderão também conversar
com os colegas que desenvolveram a situação
"VERME. TODO MUNDO TEM?", ou consul-
tar a 5.ª TAREFA feita pelo subgrupo desta
situação.
. TAREFA:
) Para vocês terem uma visão mais ampla dos
motivos por que algumas doençaso mais
comuns no lugar onde residem, vocês pode-
o entrevistar alguns profissionais da saú-
de (médicos, enfermeiros, educadores sani-
tários, e outros técnicos).
A esses profissionais vocês poderão per-
guntar:
1.°) Quais as doenças que afetam mais a
população da cidade? Por que?
2.°) Quais as causas específicas dessas
doenças?
3.°) E quais as doenças que matam mais?
4.°) No lugar onde residimos as doenças
mais comunso (citar as doenças do
quadro que fizeram). Na opinião do
sr(a) existe algum fator determinante
contribuindo para que essas doenças
sejamo freqüentes? Qual?
5.°) Que se pode fazer para reduzir essas
doenças?
Anotar todas as respostas.
b) Discutir as respostas dos profissionais de
saúde.
Até que ponto as informações dadas
pelos profissionais de saúde, correspon-
dem àquelas colhidas por vocês nas ta-
refas anteriores?
6.ª TAREFA:
Agora que já sabem, por que certas doenças
existem na sua localidade, vocês poderão:
a) fazer um relatório de toda a atividade de-
senvolvida. anexando todos os dados colhi-
dos. e a conclusão a que chegaram.
b) Discutir e pedir orientação ao professor.
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas paio grupo com:
nome da unidade e da situação
nome dos participantes do grupo e sua série.
Situação 1.3.: OS INVASORES
Por todos os lados que olhamos, encontramos
sempre lixo. Lixo na rua, lixo no chão, lixo em
telhados, lixo em latas, lixo em córregos, em
todo lugar se vê lixo. Que acontece com o
lixo? Que procuram as pessoas no lixo? Por que
dizem que o lixo deve ser depositado em um
recipiente fechado (por exemplo lata de lixo) ou
queimado, ou ainda enterrado? Você provavel-
mente saberá responder a estas perguntas, mas
que tal fazer umas investigações sobre o lixo.
dando uma de detetive para descobrir quemo
os invasores?
1.' TAREFA:
1.' investigação SALA DE AULA
Vamos reunir o grupo, cada colega será um de-
tetive que irá investigando na sala de aula:
Onde o pessoal está jogando o lixo?
O que há no lixo?
Quem recolhe este lixo? Para onde ele é
levado?
OBSERVAÇÃO:
Detetives,o esqueçam de anotar suas inves-
tigações.
2.ª TAREFA:
2.ª investigação ESCOLA
Agora, os detetives terão como missão investi-
gar o lixo da escola. Cada detetive do grupo
ficará responsável de investigar um lugar, como:
instalação sanitária, cantina, pátio e outros lo-
cais. De lápis e papel nao anotar as obser-
vações que serão feitas em todos os cantos e
lugares da escola sobre:
Onde o pessoal da escola está jogando as
coisas fora?
O que o pessoal está jogando fora?
O que se faz com o lixo da escola?
Quem é o responsável pelo lixo da escola?
OBSERVAÇÃO:
Vocês poderão entrevistar as pessoas responsá-
veis pelo lixo na escola.
3.ª TAREFA:
3.ª Investigação EM CASA
Em casa você poderá fazer a mesma investiga-
ção da 1." tarefa. Portanto, copie as perguntas
numa folha de papel, eo esqueça de anotar
suas observações.
4.ª TAREFA:
Depois de feitas as investigações em sala de
aula, escola e em casa, vocês poderão reunir-se
novamente para:
cada detetive do grupo ler suas observa-
ções sobre o lixo da casa;
listar tudo que uma casa joga fora.
Responder por escrito:
O que uma casa joga fora pode ter alguma
utilidade? Por que?
Que buscam no lixo as pessoas ou animais
que dele se utilizam?
Entre os animais, quais os que se escondem,
freqüentam e se alimentam do lixo?
Desses animais, quais os que podem preju-
dicar sua saúde? E como?
Quaiso este prejuízos?
5.ª TAREFA:
O grupo de detetives vai estudar, nesta ta-
refa, um dos animais que se alimentam do
lixo.o pequenos, mas vorazes. Quem
são? No Brasil eles já somam 3 bilhões
30 para cada habitante e consomem 30
mil toneladas diárias de alimentos. Segun-
do a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.)
o "Os animais mais destruidores, astutos
e adaptáveis da face da terra.o os RA-
TOS um minúsculo mas terrível e aparente-
mente imbatível inimigo do homem." (Re-
portagem que saiu no Jornal do Brasil
25/09/1975).
Responder por escrito:
a) Que acha o grupo; dos ratos?
b) Por que os ratoso animais destruidores
e astutos?
c) Por que existem muitos ratos tanto na ci-
dade como no campo?
d) Onde os ratos escondem ou procuram abri-
go?
e) De que os ratos se alimentam?
f) Alguém achou rato durante as investigações
na sala, escola e em casa?
g) Se achou, por que vocês imaginam que exis-
ta rato neste lugar?
h) Quais os outros lugares na sua cidade que
podem ter rato? Por que?
i) Os ratos nos prejudicam a saúde? Por que?
j) Que doenças os ratos podem transmitir?
l) Como os ratos podem transmitir essas
doenças?
m) Que poderia o grupo fazer para combater os
ratos?
6.ª TAREFA:
Agora que os detetives descobriram os invaso-
res, que tal:
discutir com o professor a 4.ª e 5.ª tarefa;
fazer um relatório de todas as tarefas de-
senvolvidas,o esquecendo de denunciar
onde e por que há ratos na cidade. Por que
combater os ratos? E que fazer?
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação
nome dos componentes do grupo e sua série.
Situação 1.4.: CIDADE OU ROÇA?
1/ TAREFA
Para ajudar você a pensar sobre as diferenças
existentes entre a vida na roça e na cidade, no
envelope arquivado no BI, há várias fotografias
que você poderá examinar a fim de responder
por escrito às indagações:
Quais as diferenças entre morar na roça e
na cidade com relação:
ao tipo de trabalho e a remuneração
conseguida com esse trabalho;
à alimentação;
às doenças e modo de tratá-las;
à habitação;
2.ª TAREFA:
1. Que dizem as pessoas que estão chegando
da roça?
2. Que dizem as pessoas que querem ir embo-
ra para a Capital ou para uma cidade maior?
Para responder a essas questões, você deverá:
entrevistar uma ou duas pessoas que vieram
recentemente da roça ou ainda pessoas que
pretendem ir embora para a cidade grande.
Pode ser que conheça alguém para entrevis-
tar: um colega de classe, um vizinho, um
conhecido ou parente;
antes da entrevista, prepare algumas pergun-
tas para fazer a essas pessoas;
anotar todas as respostas.
3.ª TAREFA:
O grupo poderá:
ler e discutir as respostas das pessoas en-
trevistadas:
levando em conta todas essas respostas, fa-
zer um quadro, apontando as vantagens e
desvantagens da vida na roça e na cidade.
(ver quadro abaixo)
MORAR NA ROÇA
VANTAGENS
DESVANTAGENS
MORAR NA CIDADE
VANTAGENS
DESVANTAGENS
4.ª TAREFA:
1. Será que a migração é um fato comum no
Brasil?
Para o grupo refletir sobre isso. vocês deverão:
retirar do BI a ficha-informativa CRESCIMEN-
TO URBANO E ÊXODO RURAL, ler e discutir
as informações;
procurar em jornais e revistas alguma notí-
cia sobre migração (deslocamento de pes-
soas de uma região para outra);
ler e discutir a notícia; fazer um comentário
escrito, relacionando as informações da no-
tícia com aquelas contidas na ficha-informa-
tiva;
responder às seguintes perguntas:
Por que as pessoas mudam de um lu-
gar para o outro?
A migração acarreta algum problema de
saúde para a população? Por que?
5.' TAREFA:
1. Para terminar a atividade, cada colega de-
verá escrever a estória de uma família que
já mudou de uma região para outra, expli-
cando os motivos por que mudaram.
2. Que tal fazer um teatrinho aproveitando ca-
da estória do colega e apresentá-lo à clas-
se?
6.ª TAREFA:
1. Em grupo, preparar um relatório com as con-
clusões finais e apresentar os resultados
para a turma, se houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas nas situações
ALÉM DAS QUATRO PAREDES; SAÚDE. NUN-
tos alunos da 5.ª série, durante a experiência
com a versão preliminar, citaram como causas
reais das doenças mais freqüentes na localidade
a sujeira, a falta de higiene, a umidade etc
Perguntas como: por que a sujeira? ou por que
a falta de higiene? ou ainda, por que a umidade?
feitas pelo professor poderão ajudar os alunos a
caminhar além do aspecto aparente das causas
citadas, e, chegar a relações mais profundas en-
tre os modos de morar e a saúde. Importante,
também, é que os alunos comprendam que o
modo de viver das pessoas, a maneira como se
relacionam com as coisas e os outros seres vi-
vos (inclusive os microorganismos), pode estar
contribuindo para um estado permanente de ter
e/ouo ter saúde.
Na situação OS INVASORES pede-se aos alunos,
inicialmente, uma investigação em torno do lixo.
conjunto de resíduos resultantes de qualquer ati-
vidade humana, que pode servir de alimento e
abrigo a ratos, dependendo do lugar onde é jo-
gado e do material de que é composto. Essa
investigação representará o ponto de partida para
o estudo dos ratos e das doenças que eles trans-
mitem. Nas discussões, o professor terá a opor-
tunidade de observar o desenvolvimento dos alu-
nos nas tarefas <e de questioná-los sobre qual-
quer aspecto queo tenha ficado claro.
Na situação CIDADE OU ROÇA? Os alunos deve-
o discutir as diferenças existentes entre a vi-
da na roça e a vida na cidade, entrevistar pes-
soas que já tenham morado em um ou outro lu-
gar, e. investigar as causas das migrações e
suas repercussões para saúde. O professor de-
verá ajudá-los a preparar o roteiro para as en-
trevistas. Entre outros temas, é importante que
eles indaguem sobre o motivo da vinda para a
cidade e sobre as diferenças entre a vida na
roça e na cidade. Nas discussões, o professor
poderá questioná-los sobre os problemas de saú-
de das pessoas que moram na roça e das que
moram na cidade e discutir as conseqüências
das migrações para a saúde.
CA TIVE E TIVE; OS INVASORES; CIDADE OU
ROÇA? possibilitará aos alunos a compreensão
dos conceitos enunciados no texto 1 — A MO-
RADA DO HOMEM. Este texto será útil ao pro-
fessor na orientação dos grupos de alunos que
escolheram para trabalhar aquelas situações, en-
tre as outras da unidade OS MODOS DE O HO-
MEM MORAR E A SAÚDE, apresentadas no dia-
grama.
No banco de informações (BI), os alunos deverão
encontrar as tarefas de cada situação escolhida
e o material necessário para desenvolvê-las.
Na situação ALÉM DAS QUATROS PAREDES os
alunos deverão iniciar dizendo o significado de
sua moradia. O professor notará, então, que eles
m uma concepção de morada restrita ao espaço
físico da casa. Partindo das idéias dos alunos, o
professor poderá ajudá-los a estabelecer rela-
ções entre a sua casa e o meio ambiente físico
e social, do qual ela faz parte. Na medida em
que a casa é vista como parte integrante do am-
biente, relações mais complexas poderão ser es-
tab3lecidas. Além da casa/abrigo permeável às
coisas do meio, o professor indagará sobre a
casa/trabalho, casa/escola, casa/lazer e sobre
as trocas que se fazem entre elas. Tendo expe-
rimentado formular uma concepção mais ampla
de morada, os alunos deverão calcular o orça-
mento doméstico de uma família. O conhecimen-
to dos gastos familiares definidos pelos próprios
alunos será ótima oportunidade para o professor
discutir alguns aspectos do esforço necessário
para viver com saúde.
A situação SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE propõe
aos alunos uma reflexão sobre as condições fa-
voráveis ouo à saúde na localidade. Procu-
rando conhecer as doenças mais comuns e suas
causas, procurando saber o que pensam as pes-
soas da comunidade sobre o assunto, observando
as condições de moradia, os alunos deverão che-
gar ao estabelecimento de relações entre as
doenças e os modos de morar. Sempre que pos-
sível, o professor deverá participar das discus-
sões dos grupos de alunos e tentar ajudá-los na
ampliação de seus conceitos. Por exemplo: mui-
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar as fichas-lista das tarefas das situações
escolhidas e o material necessário para desen-
volvê-las.
Para a situação ALÉM DAS QUATRO PAREDES
será necessário o seguinte material:
figuras que o professor deverá previamente
Fig 16-ALÉM DAS QUATRO PAREDES
selecionar em revistas, jornais, folhinhas
etc, sobre: diferentes tipos de moradias, di-
ferentes atividades humanas (incluindo as
realizadas dentro da própria casa), e. dife-
rentes pessoas em grupo ou sozinhas e em
contato com o meio físico (terra, água etc).
Todas as figuras deverão ser arranjadas, co-
ladas em papel e guardadas em um en-
velope, para manuseio dos alunos. Como
exemplo dessas figuras, apresentamos os
desenhos seguintes:
Fig 17 - ALÉM DAS QUATRO PAREDES
Fig 18 -ALÉM DAS QUATRO PAREDES
ficha-literária com um texto, transcrito a
seguir, extraído do livro MUTIRÃO PARA
MATAR de Benito Barreto Importante para
reflexão sobre conceito de morada. Depois
de realizar as tarefas, os alunos poderão ler,
discutir e, até, representá-lo, se houver in-
teresse.
Novas risadas, alegremente a platéia dos lei-
lões caçoava em derredor do aterro em cujo cen-
tro levantava-se o Cruzeiro. Uns aos outros jo-
vialmente se acusavam, apontavam-se as casas
cujas sentinas no rio desaguavam. Mas aí se
ouviu que alevantou-se já alterada a voz do
Nho Constanço. E ele berrou o aviso seu, de
muita fama e efeito:
-Coisas de família, me explicara o Macabeu: o
pai dele, Nho Constanço, de tanto gosto pelas
águas tinha armado celeuma de todo tamanho em
tempos do Coronel Paschoal, isso por causa só
duns moradores que desaguavam no rio suas la-
trinas. Nho Constanço saíra de sua casa arra-
zoando. a invocar qualquer coisa como a alma
das águas e a saúde dos peixes; issoo bas-
tando fora ao padre, padre Dimas, até que, final-
mente, um dia, sendo domingo de missa, e es-
tando a rua cheia e enfeitado de montarias todo
o Largo da Matriz, após a bênção ele tomara o
lugar ao leiloeiro e falara ao povo nos seguintes
termos:
"Agora vosmicês todos prestem atenção que
euo quero ver mais riso ou arreganhos de
ninguém, todos aí tratem de ouvir e me escutar
Tou dando um aviso, o meu, fiquem sabendo
ele berrou: tamos em março, os das últi-
mas enchentes. A-bom, tá bom: a cheia leva e
lava a sujidade. Mas eu ponho é que a pispiar
de abril, eu Nho Constanço, vou cagar de porta
em porta minha bosta em todas essas casas que
eu tou falando prá parar com esta vergonha de
sujar o rio nosso. Os cujos quaiso avisados,
e eu, tou dito".
"Eu, Nho Constanço Valadão, nascido no
arraial e eleitor livre embora que pertencente
por vontade própria, e prá triunfos e derrotas, à
bandeira do compadre meu, Seo Sílvio eu
vim cá e estou aquio é prá leiloar. Eu vim
aqui foi prá falar de bosta"...
Apanhada assim, sem aviso, a multidão do-
mingueira saltara do espanto à gargalhada, o
discurso prometendo matéria de riso, muita graça.
"... a cuja coisa, com perdão da palavra, e
as vossas licenças, eu digo: tem aí uns filhos da
comarca queo fazendo coisa já de delongadas
datas, despejando na água boa deste rio".
Contava Silvio Guaianã que isso dito Nho
Constanço desabotoara o paletó, ficara ali, tre-
pado inteiro em cima do aterro do Cruzeiro
Ninguém mais rira e grande veio a ser o movi-
mento nos quintais aquele mês. Cada uma tra-
tava de cavar sua sentina, comprava cal e dava
do fato ciência ao mundo, porque esse Nho
Constanço foi homem que aqui todos conhece-
ram. Fazia sempre o que falava e quase sempre
fazia mais do que dizia. Uma figura de legenda
nos anais de Capela dos Homens. Com Almeida
Barros e João do Vau, Antônio do Vau. Cafifa e
o preto Maximino, formava o forte agrupamen-
to de amigos que o lugar se conheceu desde
1940, como "os homens do Guaianã". E esses
homens que faziam, via de regra, exatamente o
que falavam.
Mutirão para Matar Benito Barreto
Editora Interlivros BH MG 1974
Para a situação SAÚDE, NUNCA TIVE E TIVE será
necessário o seguinte material:
mapa da localidade, que o professor deverá
providenciar; se for impossível obter um
mapa, os alunos deverão ser estimulados
para que eles mesmos façam o traçado de
suas redondezas;
ficha-informativa SERVIÇOS DE DISTRIBUI-
ÇÃO DE ÁGUA E CANALIZAÇÃO DE ESGO-
TOS contendo informações sobre as condi-
ções de abastecimento de água e remoção
de dejetos na localidade.
Esse tipo de informação será muito impor-
tante para os alunos, pois muitas das doen-
ças comuns na região, provavelmente, estão
relacionadas à contaminação do solo e da
água por fezes humanas. Para obter essas
informações, o professor poderá ir aos ser-
viços de distribuição de água e canalização
de esgotos e indagar:
Sobre a distribuição de água:
Qual é a extensão da rede de distribuição
de água?
Quantos prédios estão ligados? Quantoso
o estão? Por que?
Quais as taxas cobradas?
A água da rede provém de subsolo, rios,
fontes ou açudes?
As fontes de abastecimento de água da ci-
dade recebem despejo de águas residuais
ou de habitação?
A água dos mananciais até a cidade é con-
duzida em tubos ou canais abertos?
É feito o controle da qualidade da água?
Como é feito? Quem faz? Onde é feito?
Com que freqüência?
A água para abastecimento sofre algum pro-
cesso de purificação? Qual? Floculação pelo
sulfato de alumínio e cal, filtração lenta, fil-
tração rápida, cloração ou fluoração?
Sobre a canalização do esgoto:
Qual o sistema adotado para a coleta de es-
gostos sanitários?
O que compõe o esgoto?
Qual a extensão total das canalizações?
Quantas ligações domiciliares existem?
Quantos domicílios estão sem ligação?
Onde o esgoto é lançado?
Há tratamento do esgoto? Como é feito?
Quem faz?
ficha-informativa DIFERENTES TIPOS DE PRI-
VADA apresentada a seguir;
ficha-informativa SAÚDE. NUNCA TIVE E
TIVE apresentada a seguir:
Ficha-informativa: SAÚDE NUNCA TIVE E TIVE
"... saúde? Eu nunca tive muita saúde não. Nun-
tive e tive. Desde que nasci quando comecei a
ficar rapazinho, aquele reumatismo, o joelho in-
chado. reumatismo, joelho d'água... Dava água
no joelho, joelho inchava... capinava lavoura...
Quaquer coisinha que virava, no outro dia em
diante, o joelho começava a inchar. Ia para o
médico tirar água. Eu nunca parei de trabalhar
não. E por último que eu melhorei dessa água
no joelho... desapareceu e até hoje! Na vida
criando os filhos, venci".
(Trecho de uma entrevista com um
lavrador rural de 63 anos)
Fig 19
DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS
SAÜDE NUNCA TIVE E TIVE
aquele reumatismo
joelho inchado
água no joelho
capinava lavoura
nunca parei de trabalhar
criando os filhos venci
Para a situação OS INVASORES será necessário
o seguinte material:
folhetos, artigos de jornais e revistas sobre
os ratos e seus prejuízos para a saúde, que
o professor deverá previamente selecionar
Como exemplo desse tipo de material, tran -
crevemos a seguir, o artigo "OS INVASO-
RES" publicado no Jornal do Brasil de
25/09/75.
OS INVASORES
Pequenos, mas vorazes
No Brasil eles já somam 3 bilhões 30 para
cada habitante — e consomem 30 mil tone-
ladas diárias de alimentos. Segundo a Orga-
nização Mundial de Saúde,o "os animais
mais destruidores, astutos e adaptáveis da
face da Terra".o os ratos, um minúsculo
mas terrível e aparentemente imbatível ini-
migo do homem.
o Paulo Mais de 35 doenças altamente
contagiosas, catalogadas pela Organização Mun-
dial de Saúde,o transmitidas pelos ratos, cuja
família é cada vez mais ampla. Os mais temí-
veiso o negro (Rattus rattus) e a ratazana
de esgoto (Rattus norvegicus). A Capital Pau-
NUNCA TIVE e TIVE
lista, com seus 8 milhões de habitantes, conta
com uma população roedora estimada em 125
milhões, uma média de 15 animais para cada
pessoa.
É uma percentagem alarmante, embora Salvador,
Nápoles e Bombaim ganhem deo Paulo.
RAZÕES
Minimizado em sua periculosidade pelos dese-
nhos de Walt Disney, que transformou um dos
maiores inimigos do homem num animalzinho vi-
vo, terno e heróico, o rato indiscutivelmente
inteligente, segundo pesquisas científicas res-
ponde por danos cada vez mais graves à huma-
nidade. Recentemente, um relatório da Organi-
zação das Nações Unidas para a Alimentação e
a Agricultura (FAO) afirmou que os ratos pra-
ticamente estão devorando o Produto Interno Bru-
to de 25 nações pobres.
A FAO calcula que os roedores consomem anual-
mente 42 milhões e 50 mil toneladas de alimen-
tos. Na índia, ainda segundo dados da FAO, os
ratos consomem 20% do total das colheitas.
O rato é impulsionado, compulsivamente. por
uma motivação imperiosa: roer, tudo roer Pre-
cisa roer. sem parar, pois seus quatro dentes
incisivos crescem até 13 centímetros por ano.
Sua tragédia reside: precisa limar esses den-
tes. a fim de impedir que assumam proporções
incompatíveis com as dimensões de seu corpo.
O biólogo Antônio Cavalcante, que dirige o único
museu de ratos do País e estuda esses animais
há mais de 30 anos. observa: "A proliferação
dessa espécie é simplesmente inimaginável. Um
estudo realizado pela OMS revelou que. teorica-
mente, cada casal de ratos, vivendo mais de 5
anos no Brasil sua média de vida atinge 10
anos pode produzir até 5 milhões de descen-
dentes. A ratazana torna-se, reprodutora aos três
meses de idade, dando de cinco a 14 crias de
cada vez. Sua gestação dura apenas 21 dias e o
macho fica sexualmente maduro já aos dois
meses de vida".
O médico José Machado Filho, chefe da Seção
de Campo do Centro de Controle de Zoonoses
da Prefeitura deo Paulo, afirma que cada rato
é capaz de comer 12 quilos de alimento por ano
e de depositar durante esse período 15 mil
excrementos, o que contamina uma grande quan-
tidade de gêneros alimentícios.
A OMS catalogou 35 doenças diferentes, trans-
mitidas pelo rato. Entre elas, a peste bubônica,
o tifo, a icterícia infecciosa, a triquinela, a disen-
teria amebiana, a hidrofobia e a leptospirose.
O rato, ao morder alguém, pode transmitir a rai-
va. A peste bubônica é transmitida pela pulga
do rato, enquanto a leptospirose doença se-
melhante à hepatite — é contraída através da
urina ou fezes deixadas sobre alimentos ingeri-
dos imperceptivelmente pelo homem.
O rato teme o homem mas, se faminto e em gran-
de número,o vacila em atacar. Isso tem aconte-
cido repetidas vezes. O menino Marcos Peixoto
de Oliveira, de dois anos, num casebre do bair-
ro de Caixa D'água, e a menina Angela Apareci-
da Ramos, de seis meses, numa favela do Núcleo
Bandeirantes, em Brasília, foram atacados e mor-
tos por ratos famintos, em 1971.
Segundo o biólogo Antônio Cavalcante, durante
a Idade Média os ratos, ao transmitirem a peste
bubônica, eliminaram cerca de 30 milhões de eu-
ropeus. O rato brasileiro, pelo menos o trans-
missor de doenças, procede da Europa. Quando
os nossos colonizadores aqui chegaram, o rato
existenteo transmitia qualquer doença. Foi
vindo nos navios que contagiou as espécies na-
tivas,o nocivas pelo menos do ponto de
vista da saúde.
EXISTÊNCIA E MORTE
O roedor brasileiro vive quase 10 anos. O rato
europeu, hoje combatido em diversas frentes,
vive muito menos. Os Estados Unidos, com uma
população de 200 milhões de habitantes,o
contam com mais de 150 milhões de ratos. O
rato brasileiro, pelo menos o das grandes cida-
Jes, morre de velho, cego, geralmente ao tentar
Invadir as ruas, durante a noite, em busca do
alimentos. Morre diante de seus inimigos tra-
dicionais: o cão, o gato, as cobras, o homem.
Menos lépido, se torna presa fácil.
PROLIFERAÇÃO
O combate aos ratos está intimamente vinculado
ao grande desenvolvimento de cada país. Nação
pobre é nação invariavelmente repleta de ratos.
Mas mesmo nas nações desenvolvidas a prolife-
ração desses animais é espantosa. Nos Estados
Unidos um cientista propôs que se criassem mi-
lhares de ratos machos estéreis. Crescidos, eles
seriam espalhados nas áreas de grande concen-
tração de roedores. Na França, outro cientista
propôs a eliminação dos ratos através de ataques
ao seu sistema nervoso: um ruído mais forte
deixaria os ratos neuróticos e estéreis.
Enquanto se discutem as formas de combate, os
ratos prosseguem em sua escalada. Emo
Paulo ocupam as ruas, casas ricas, terrenos bal-
dios. As marginais, ao longo dos rios Pinheiros,
Tamanduateí, Tietê,o os seus redutos princi-
pais. Asquerosos, grandalhões alguns, semice-
gos outros, a maioria toma praticamente conta
da cidade durante a noite. No Ceasa. tamanha
é sua capacidade de sobrevivência, eles chega-
36% da população morava nas cidades (18 milhões)
64% da população morava no campo (32 milhões)
Em 1970 verificou-se que:
56% da população morava nas cidades . (52 milhões)
44% da população morava no campo (40 milhões)
(Dados de pesquisas realizadas pelo IBGE)
ram a mostrar uma curiosa mudança genética:
aprenderam a viver numa temperatura de 20
graus abaixo de zero, nas câmaras frigoríficas.
Tornaram-se mais peludos, e se constatou uma
mutação na cor de seus pêlos. Essa mutação
é um símbolo de sua periculosidade.
Os biólogos afirmam que é hora de desmistifi-
car a imagem criada por Walt Disney, e mostrar
a dimensão do perigo oferecido poro minús-
culo inimigo do homem.
Para a situação CIDADE OU ROÇA? será neces-
sário o seguinte material:
figuras sobre a morada no meio rural e no
meio urbano. Essas figuras deverão ser ar-
ranjadas e coladas em papel para manuseio
dos alunos;
artigos de jornal ou revista com notícia so-
bre migração interna no Brasil;
ficha-informativa CRESCIMENTO URBANO E
ÊXODO RURAL, transcrita a seguir:
Ficha Informativa: CRESCIMENTO URBANO E
ÊXODO RURAL
Em 1950, a distribuição da população brasileira
entre o campo e a cidade era a seguinte:
Neste período de vinte anos, enquanto a popula-
ção rural cresceu 25%, a urbana elevou-se quase
a 200%. Esse aumento da população urbanao
foi resultado do surgimento de novas cidades,
mas foi devido basicamente ao êxodo do campo.
A crescente industrialização observada no Brasil
a partir de 1930, em que as indústrias se agru-
param em torno das maiores cidades das regiões
mais desenvolvidas, estimulou o êxodo das po-
pulações rurais que, paralelamente, estavam ten-
do menos possibilidades de emprego no campo.
Portanto, a concentração observada nas grandes
cidades se deve ao fato de que as ofertas de
emprego também se concentravam nas cidades e
se diluíam no campo.
Texto 2. OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E AS PARASITOSES
INTESTINAIS
Preliminarmente, recordamos que a MORADA
do homem já foi aqui conceituada, incluindoo
apenas a sua casa, mas também outros lugares
onde exerce as atividades do seu viver cotidiano
os locais onde trabalha, aqueles em que vai
buscar o seu descanso e divertimento, a rua por
onde transita.
I OS MODOS DE MORAR E A ALTA PREVA-
LÊNCIA DAS PARASITOSES
Os parasitos intestinais tanto os microorganis-
mos que provocam infecções e diarréias (gastro-
enterites) quanto os parasitos de maior porte,
como o áscaris (lombrigas), os ancilostomídeos
(vermes da opilação), o estrongilóide, o schis-
tosoma, o oxiúro e outros, encontram no apa-
relho digestivo do homem o abrigo e o alimento
necessários ao seu desenvolvimento e às suas
funções de reprodução. É, portanto, do intestino
do homem através das suas fezes que
saem para o meio exterior, os ovos e as larvas
que darão origem a novos casos das chamadas
parasitoses e infecções intestinais.
É fácil deduzir que as condições de habitação
das populações humanas, particularmente no que
se refere às instalações para a remoção dos seus
"excretas" (fezes e urina), e as práticas de do-
fecação dos moradores é queo determinar uni
ambiente com mais ou com menos probabilidade
de transmissão das infecções e parasitoses in-
testinais.
Passemos em revista os locais onde costumam
ser depositadas as fezes das casas de uma co-
munidade brasileira segundo as instalações
existentes e os costumes dos seus moradores:
a em privadas ligadas a uma rede de esgoto;
b em privadas com fossa seca. ou sumidouro,
ou fossa séptica;
c em vasos, urinóis, queo esvaziados em
uma moita de plantas no quintal, ou nos
cursos d'água próximos;
d diretamente no chão, no campo da lavoura,
perto das bananeiras;
e em privadas cujas manilhas despejam dire-
tamente nos rios, córregos, lagoas, valas
de irrigação e outras coleções de água.
Se as fezes contendo ovos e larvas de parasi-
tos forem encaminhadas para os locais em (a) e
(b),o haverá condições para que estes sobre-
vivam. Nas redes de esgoto (quando as fezes
passam por um tratamento) e nas fossas higiêni-
cas, larvas e ovoso apenas ficam isolados do
contato com os seus "hospedeiros" necessários
como também sofrem processos que tendem a
destruí-los.
DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS
lhe assegurará condições para o seu desenvolvi-
mento e reprodução, a "partir da qual novos ovos
e larvas, saindo com as fezes humanas para o
ambiente exterior, inciarão novos ciclos, aumen-
tando progressivamente o número de pessoas
infectadas e também a carga de parasitos dos
já infectados.
Fig 20 - MAPA DA DISTRIBUIÇÃO DAS HELMINTÍASES INTESTINAIS
Em todos os demais locais descritos em (c),
(d), (e). no entanto, as oportunidades de sobre-
vivência dos ovos e larvaso grandes, princi-
palmente se alguns requisitos de temperatura,
umidade, aeração, luz e de tipo e condições de
solo favorecem a sua vida até que possam
penetrar em um "hospedeiro." O "hospedeiro"
Assim, a quantidade de parasitos no meio am- e das opções de uma comunidade e das unida-
biente e portanto, o risco de infecção para- des familiares que a compõem, no que respeita
sitária depende principalmente dos recursos à remoção dos dejetos humanos.
Fig 21 - LEVANTAMENTO FEITO PELOS ALUNOS (MAPA)
Assim, o lidar com o alimento sem prévia lava-
gem das mãos (com água e sabão); a exposi-
ção dos alimentos a moscas, baratas e outros
veículos dos ovos e larvas presentes no ambien-
te; as práticas de utilização da água queo
provém de um abastecimento de inteira confian-
ça, sem o cuidado prévio de filtrar, ferver etc;
o deixar fora da refrigeração alimentos nos quais
os germes vivem e se multiplicam com extre-
ma facilidade, tais como o leite, a maionese etc;
o comer alimentos crus (verduras etc.) sem pré-
cia das formas larvárias capazes de infectar o
homem.
A infecção de novas pessoas e o aumento da
carga de parasitos das já infectadas depende ain-
da dos comportamentos individuais que facili-
tam a entrada, no organismo das pessoas, de
ovos e larvas de vários parasitos.
via lavagem ou fervura, principalmente quando
seus lugares de origemo merecem confiança.
A seleção e adoção de comportamentos capazes
de impedir ou dificultar a entrada dos pasitos no
organismo humano serão facilitados pelo conhe-
cimento da biologia e ecologia dos parasitos.
Cada espécie de parasito tem suas preferências
quanto às vias de acesso ao hospedeiro humano
e quanto à sua localização no aparelho digestivo.
Fig 22-COSTUMES RELACIONADOS COM A DEFECAÇÃO E A CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
COM FEZES HUMANAS
Seo forem adotadas técnicas de construção
de privadas higiênicas domiciliares, construídos
sistemas coletivos de esgotos (com estações de
tratamento dos mesmos), haverá certamente uma
grande quantidade de parasitos no meio ambien-
te, principalmente onde as condições de tempe-
ratura, solo e umidade, favorecem a sobrevivên-
1 QUANTO ÀS VIAS DE ACESSO:
A BOCA é a porta de entrada para:
a ovos de lombrigas, tênias e de oxiúros;
b cistos de amebas; germes que causam:
diarréia, febre tifóide, hepatite etc.
Todos eles entram, em geral, com o alimento e
com a água de beber quando contaminados com
fezes humanas. Essa contaminação se dá em ge-
ral através de mãos sujas, de poeira, de moscas.
no próprio domicílio, ou através da manipulação
de alimentos ou utensílios em bares ou indús-
trias alimentícias. Tambémo freqüentes as con-
taminações da rede de abastecimento de água
pela rede de esgoto e da água de poço domici-
liar pela fossa mal construída.
A PELE é a porta de entrada para:
a Larvas de ancilostomídeos, de estrongilóide
e do Schistosoma mansoni.
A penetração da larva se:
no contato direto da pele com o solo conta-
minado (larvas de ancilostomídeos e estron-
gilóide entrando peloss descalços ou
mãos que mexem na terra);
no contato da pele com água onde existem
larvas do Shistosoma mansoni (através de
banhos, lavagem de roupa, pescaria, traba-
lho em coleções de água onde existem ca-
ramujos hospedeiros do S. mansoni).
b As larvas do ancilóstomo doo podem
penetrar na pele das pessoas, embora o homem
o seja hospedeiro desse verme. As larvas en-
o se perdem e transitam sem orientação de-
baixo da pele, abrindo túneis, causando grande
desconforto à pessoa infectada.
2 QUANTO A LOCALIZAÇÃO NO HOSPEDEI-
RO:
As vias para chegar até seu "habitai" de pre-
ferência, variam também com a espécie do pa-
rasito:
as lombrigas (Ascaris lumbricoides)o ver-
mes (machos e fêmeas) que vivem no intestino
delgado do homem, onde as fêmeas põem ovos.
queo eliminados para o meio exterior com as
fezes do seu hospedeiro. Embora seja o intes-
tino delgado o "habitat" preferido dos vermes
adultos, eles podem migrar para outros órgãos
superiores, como a traquéia, ou sair pela boca e
nariz das pessoas. Costumam também se aglo-
merar, formando novelos e causando obstrução
intestinal.
Os ovos quando ingeridos por uma pessoa, ao
chegarem ao intestino, libertam as larvas que
perfuram a parede intestinal caem na corrente
sangüínea eo levadas ao pulmão, traquéia e
esôfago, de onde umaso expulsas pela tosse
e outraso novamente engolidas. Estas últimas
chegam ao intestino delgado onde se transfor-
mam em vermes adultos.
As larvas, em sua passagem pelo pulmão, podem
causar um tipo de pneumonia freqüentemente
observada em crianças de áreas altamente en-
dêmicas.
A ascaridíase é a parasitose mais freqüente no
Brasil, principalmente entre crianças.
os ancilostomídeos (Necator americanus e
Ancylostomo duodenale)o vermes muito pe-
quenos que vivem no intestino delgado do ho-
mem, onde as fêmeas põem ovos queo elimi-
nados para o meio exterior através das fezes de
seu hospedeiro. Em contato com o solo os ovos
se desenvolvem, transformando-se em larvas que,
encontrando a pele de uma pessoa, nela pene-
tram, até atingir os vasos sangüíneos. Levadas
pela corrente sangüínea, as larvaso ter aos
pulmões, e, daí à traquéia e laringe, caindo no
esôfago, onde algumaso deglutidas e outras
expulsas através da tosse. Neste trajeto, as lar-
vas sofrem várias mudas e, chegando ao Intes-
tino, transformam-se em vermes adultos (ma-
chos e fêmeas).
para se alimentar, os vermes fixam-se à parede
intestinal com seus- "dentes," causando feridas
que ficam sangrando, quando abandonam o local.
A quantidade de sangue retirada pelos vermes
varia com o número de vermes existentes no In-
testino. Um número elevado de vermes em uma
pessoa com dieta pobre em ferro e proteínas, de-
termina quadros graves da doença, caracteriza-
da pela anemia e suas conseqüências: apatia,
edema etc
Fig 23 - CICLO DOS ANCILOSTOMIDEOS
Fig 24-OVO DE OXIURUS
Fig 25 - TÊNIA
Tênia
Solium
Os oxiúros (Enterobius yermiculares) os
vermes adultos instalam-se no intestino grosso e
reto. Na época da postura, as fêmeas grávidas
migram para a região anal, libertando os ovos.
O movimento das fêmeas nessa região produz
intensa coceira. O ato de cocar e levar as mãos
à boca, facilita a re-infecção, pois os ovos ficam
debaixo das unhas. Trata-se de uma parasitose
muito relacionada com as condições da morada
número de pessoas dormindo na mesma ca-
ma, uso da mesma roupa sem lavar, etc.
Como os outros, é um verme que só pode ser
tratado com medidas preventivas para toda a
família.
a tênia ou solitária (Taenia solium e Taenla
saginata) é um verme longo, de corpo achatado
e segmentado em anéis, semelhantes ao macar-
o talharim. Vive no intestino delgado do ho-
mem, onde os anéis da parte final do verme
amadurecem, e cheios de ovos separam-se do res-
to do verme, sendo eliminados com as fezes ou
isoladamente. Esses ovos quando ingeridos pe-
los outros hospedeiros do verme, isto é, o boi
(T. saginata) e o porco (T. solium),o se alo-
jar nos músculos desses animais em forma de
larva, os cisticercos, queo conhecidos como
"pipoca" ou "canjiquinha" da carne.
Estas larvas da carne quando ingeridas pelo ho-
mem é que seo transformar na tênia dentro
do seu intestino.
O desconforto produzido pela forma adulta da T.
solium que pode atingir até 9 metros de com-
primento dentro do intestino do homem é re-
lativamente pequeno se comparado com as le-
sões causadas pelas formas larvárias decorren-
tes da ingestão dos ovos da tênia.
Os ovos, se ingeridos pelo homem, produzem
graves danos ao organismo humano, transforman-
do-se em larvas (cisticercos), que seo alojar
em várias partes do corpo: olho. cérebro, cora-
ção e músculos. As conseqüênciaso desde
dores de cabeça até ataque do tipo epilético. ce-
gueira, paralisia, dificuldade no andar e falar.
Outra espécie de tênia é a Taenia Saginata, que
é mais freqüente no Brasil.
O hospedeiro humano de Taenia saginata expul-
sa, espontaneamente, anéis do verme no inter-
valo entre as defecações. Esses anéiso-
veis, ativos e forçam a sua própria saída.
nos hospedeiros de Taenia solium, os anéis
saem juntamente com as fezes. Esse fato per-
mite ao homem perceber diretamente, por sua
própria observação, a existência do parasita em
seu organismo.
amebas e giárdiaso animais unicelulares,
isto é, formados de uma única célula, e por isso
mesmo, só podem ser vistos através do micros-
cópio.
Tanto a ameba como a giárdia se apresentam no
intestino humano, sob uma forma muito ativa, ali-
mentando-se e multiplicando-se rapidamente. Es-
ta forma chamada vegetativao está dotada de
características que permitam a sua sobrevivência
fora do corpo do hospedeiro. Quandoo expul-
sas com as fezes para o meio exterior, param de
se alimentar, imobilizam-se e criam uma dupla
membrana que envolve todo o seu corpo. Esta
nova forma, chamada cisto, é a que lhes dá con-
dições de resistir no meio exterior, até que sejam
novamente ingeridas por um indivíduo, transfor-
mando-se na forma vegetativa, logo cheguem ao
intestino do seu hospedeiro.
Vimos anteriormente, que todo parasito dependi
de seu hospedeiro para sobreviver e que. dentro
do hospedeiro, suas ações se podem manifestar
em diferentes formas de reações. Assim, ame-
bas e giárdias podem ouo provocar uma varie-
dade de sintomas no organismo humano.
Dependendo da sua localização e do número de
parasitos existentes, amebas e giárdias podem
viver no intestino do homem sem produzir lesões
graves.
. por exemplo, muitos indivíduos parasitado
queo apresentam nenhum sintoma.o os
chamados portadores sãos, que podem ser des-
cobertos através do exame de fezes. É muito
importante o tratamento desses indivíduos, que,
emborao sentindo nada, podem ser os trans-
missores de parasitos aos outros membros da
comunidade.
À doença provocada pela Entamoeba histolytica,
dá-se o nome de amebíase. As formas vegeta-
tivas da ameba histolítica quando se localizam
na luz do intestino grosso, isto é, dentro das
tripas do seu hospedeiro, alimentando-se de
bactérias e detritos,o causam nenhum sinto-
ma. Algumas, no entanto, podem invadir as pa-
redes do intestino, alimentando-se de glóbulos
vermelhos, destruindo a parede intestinal com
perda de sangue e do tecido próprio para a ab-
sorção dos nutrientes. Nesse caso, os sintomas
podem ser dores abdominais, diarréias freqüen
ráveis à sua sobrevivência.o é à toa que os
vermeso vivem no estômago. Este órgão, além
de apresentar condições químicas inadequadas
acidez alta, grande quantidade de enzimas
(substâncias orgânicas que aceleram os proces-
sos bioquímicos do organismo) contém ali-
mento que aindao foi digerido e que portanto
o serve para os parasitos.
Normalmente os parasitoso deveriam causar
doença grave ou a morte a seu "hospedeiro",
poiso lhes interessa destruir quem lhes asse-
gura o seu alimento e outras condições de so-
brevivência. No entanto, a sua presença sempre
representa prejuízo para o organismo humano:
a gravidade desse prejuízo depende de vários
fatores, tais como o número de parasitos alber-
gados, associações com outras espécies de pa-
rasitos, o estado nutricional, idade.
De qualquer forma, a presença de parasitos, par-
ticularmente vermes no tubo digestivo, vai sem-
pre implicar para a pessoa uma perda da ali-
mentos. Os alimentos ingeridos, além de parte
deles ser drenada para os seus "hóspedes"m
o seu aproveitamento reduzido ou dificultado.
Além desses prejuízos, há outros de ordem me-
cânica, tais como:
obstrução intestinal por vermes enovelados
(Ascaris)
perfuração intestinal (Ancylostoma);
irritação de vários locais do intestino, pro-
vocando dores e diarréias.
Finalmente, os vermes podem migrar e se ins-
talar em outros órgãos ou locais, como pulmão,
músculos, cérebro, canais hepáticos, acarretando
diversas conseqüências; ou podem também faci-
litar a instalação de infecções bacterianas no
próprio intestino.
tes, fezes com muco e sangue, enjôos, vômitos,
dores de cabeça.
O aprofundamento das lesões poder o para-
sito em contato com os vasos sangüíneos da
parede intestinal que os levarão ao fígado, pul-
o e cérebro, aumentando a gravidade das le-
sões. Além disso, pode ocorrer perfuração do
intestino e inflamação generalizada na cavidade
abdominal (peritonite). Uma ulceração da parede
do intestino, por pequena que seja. favorece a
invasão por bactérias queo abundantes na luz
intestinal. Isso pode dar origem a infecções se-
cundárias de conseqüências imprevisíveis, isto é,
tanto a invasão pode ser contida pelo sistema
de defesas do organismo quanto proliferar com
maior ou menor intensidade. O tratamento para
a amebíase é eficiente, mas as recaídaso mui-
to comuns.
As formas vegetativas da Giardia lamblia habi-
tam os segmentos intestinais próximos ao es-
tômago: o duodeno e princípio do jejuno. A gra-
vidade da giardíase é geralmente menor do que
a da amebíase. As giárdias aderem à parede in-
testinal através de suas venlosas, formando um
tapete e irritando a zona onde as gorduras e
substâncias solúveis em gordurao absorvidas.
Conseqüentemente as fezes ficam diarréicas, ri-
cas em gorduras, isto é, pastosas, quase líqui-
das, de odor pútrido, com muito muco.
As vitaminas solúveis em gordura, principalmen-
te a vitamina A,oo absorvidas pelo intes-
tino. Há tratamento eficiente para a giardíase,
mas este pode ser dificultado nos casos em que
a parasitose se tenha estendido aos condutos bi-
liares e à vesícula biliar.
O Schistosoma mansoni tem como "habitai"
definitivo as veias do fígado (Ver texto "Os
modos de morar do Homem e a Esquistossomo-
Em resumo, os vermes e os parasitos em geral
se instalam sempre onde as condiçõeso favo-
Situação 2.1. VERME, TODO MUNDO TEM?
1.ª TAREFA:
a) Para iniciar o estudo sobre os modos de
morar do homem e as parasitoses intesti-
nais, será interessante saber, primeiro, o que
pensa cada colega do grupo sobre os ver-
mes. Assim sendo, cada um de vocês de-
verá responder por escrito e individualmen-
te às seguintes perguntas:
1.°) Você tem ou já teve vermes?
2.°) Como a pessoa descobre que tem ver-
mes?
3.°) Os vermes prejudicam as pessoas?
4.°) Como a gente apanha vermes?
5.°) Por que será que existem parasitas?
b) Em grupo vocês deverão ler e discutir o que
cada colega respondeu, e. em seguida, orga-
nizar uma lista com o nome dos vermes ci-
tados e outra indicando os prejuízos que os
vermes podem causar ao organismo.
c) Cada colega deverá fazer um desenho mos-
trando como e por onde penetram os ver-
mes numa pessoa.
2.' TAREFA:
a) Retirar do BI as fichas OS VERMES PARA-
SITAS INTESTINAIS E SUAS CONDIÇÕES DE
VIDA NA MORADIA DO HOMEM e o quadro
CONDIÇÕES DO MEIO EXTERNO QUE IN-
FLUEM NO DESENVOLVIMENTO E DISTRI-
BUIÇÃO DOS VERMES PARASITAS DO HO-
MEM.
b) Em grupo, examiná-los e discutir as infor-
mações novas.
c) Cada colega deverá estudar uma das fichas
consultando o quadro e respondendo às per-
guntas indicadas no verso das fichas.
d) Em grupo, analisar as diversas situações
propostas nas fichas e apresentar suges-
tões:
como o homem pode evitar a entrada
dos vermes em seu corpo?
e) Anotar e discutir com o professor os resul-
tados dessa tarefa.
3/ TAREFA:
a) Para o desenvolvimento das tarefas 4, 5 e
6, o grupo poderá dividir-se em 3 subgrupos,
escolhendo cada um, uma das seguintes ta-
refas:
exame de fezes dos colegas;
investigação das condições de abasteci-
mento de água e remoção dos dejetos
da Escola;
identificação e análise das condições de
moradia, que favorecem a transmissão
e existência das verminoses entre os
escolares.
4.ª TAREFA:
O subgrupo que ficou com a tarefa "Exame de
fezes dos colegas", deverá:
a) organizar uma lista numerada, com o nome
dos colegas que querem fazer o exame de
fezes;
b) consultar a ficha "EXAMES DE FEZES" ar-
quivada no BI:
ir ao Serviço de Saúde ou Laboratório
indicado na ficha, para combinar com o
encarregado dos exames de fezes, o dia
e a hora em que poderão entregar o
material para exame;
pedir instruções sobre a maneira de ser
feita a coleta das fezes, para transml-
tí-las aos colegas que irão fazer o exa-
me;
c) conseguir com antecedência vidrinhos ou
latinhas para distribuir aos colegas que irão
fazer o exame de fezes;
d) rotular os vidrinhos ou latinhas com pedaços
de esparadrapo, onde se escreverão o no-
me e o n.° do aluno, conforme a lista men-
cionada no item "a";
e) no dia marcado, recolher os vidrinhos ou la-
tinhas com fezes e levá-los ao laboratório;
f) no laboratório, perguntar aos técnicos se
vocês poderão participar dos trabalhos de
exame de fezes (será uma boa oportunidade
para vocês observarem e desenharem os
ovos e larvas dos vermes vistos ao micros-
cópio) . Levar um livro de Ciências que te-
nha fotografias e desenhos dos vermes, de
seus ovos e larvas. Comparar os desenhos
do livro com as imagens vistas ao micros-
cópio;
g) procurar os resultados dos exames no dia
marcado e fazer uma tabela, conforme o mo-
delo abaixo:
N.°DE
ALUNOS
Com exame
negativo
Com 1 tipo de
parasitose
Com 2 tipos de
parasitose,
Com 3 tipos de
parasitose
h) entregar a cada colega o resultado do seu
exame, perguntando àqueles cujo exame deu
positivo:
1.°) Como você acha que apanhou vermes?
2.°) Você já fez algum tratamento para ver-
mes? Como foi feito o tratamento? O
que você tomou?
3.°) Você acha que só o tratamento acaba
com os vermes? Por que?
Anotar todas as respostas;
i) retirar o mapa-planta da cidade arquivado
no BI. Localizar as casas dos alunos e as-
sinalá-las de acordo com os resultados dos
exames de fezes da seguinte maneira:
colorir de amarelo as casas onde resi-
dem os alunos, cujo exame deu positivo
para 1 tipo de verme;
colorir de azul as casas onde residem
os alunos, cujo exame deu positivo para
dois tipos de vermes;
colorir de vermelho as casas onde resi-
dem alunos, cujo exame deu positivo
para 3 ou mais tipos de vermes:
j) fazer um relatório de todas as atividades,
anexando os resultados dos mapas-plantas
e as conclusões do grupo.
5.ª TAREFA:
O subgrupo que ficou com a tarefa: "Investiga-
ção das condições de abastecimento de água e
remoção dos dejetos da Escola" deverá:
a) conversar com o Diretor da Escola ou o Se-
cretário, para saber:
1.°) De onde vem a água da escola?
2.°) Existe depósito de água na escola? De
que tipo? quantos litros comporta? É
tampado ou aberto?
3.°) De quanto em quanto tempo se faz a
limpeza do depósito? Como é feita?
4.°) Para ondeo os esgotos das privadas
da escola?
Anotar todas as respostas:
b) verificar de perto as condições do abaste-
cimento de água (origem e aspecto da água
utilizada na escola, se o depósito está bem
protegido ouo etc), anotando todas as
observações:
observar os lavatórios e bebedouros, o
seu estado de conservação e limpeza;
fazer um desenho mostrando como é o
sistema de abastecimento de água da
escola, assinalando os pontos onde en-
contraram alguma possibilidade de con-
taminação da água por fezes humanas
ou de animais;
c) verificar, de perto, as condições de remoção
dos dejetos da escola, anotando todas as
observações:
observar as privadas, o cheiro, o seu
estado de conservação e limpeza;
observar, se possível, a canalização de
esgoto, verificando se existe algum va-
zamento, e, ondeo despejados os de-
jetos;
fazer um desenho mostrando como é o
sistema de remoção dos dejetos da es-
cola. assinalando os pontos onde encon-
traram alguma possibilidade de conta-
minação do meio ambiente por fezes.
Observação: para a execução das tarefas b
e c, vocês poderão pedir orientação a al-
guma pessoa entendida no assunto (bom-
beiro hidráulico, mestre de obra etc.)
d) observar e anotar como os alunos se uti-
lizam dos sanitários e da água;
e) verificar se existem filtros ou talhas na es-
cola, o número, e quais as condições dos
mesmos, isto é, se estão em perfeito esta-
do de conservação. Observar o ato de lim-
par o filtro. Anotar.
f) fazer um relatório de tudo que observaram.
refletindo sobre as três questões abaixo
Será que o abastecimento de água e de re-
moção dos dejetos da escola estão contri-
buindo para a disseminação das verminoses
entre os escolares? Por que?
Os modos dos professores, cantineiras. ser-
ventes e alunos se utilizarem da água e dos
sanitários, também estão influindo para que
os escolares tenham vermes? Por que?
A cozinha, a dispensa, onde os alimentos
o guardados e a cantina, apresentam con-
dições favoráveis à disseminação das ver-
minoses? Há possibilidade de estarem as
pessoas, ali, ingerindo alimentos contamina-
dos por fezes? Por que?
c) entrevistar pelo menos 6 colegas que fize-
ram o exame de fezes, anotando o seu no-
me, endereço e as respostas obtidas.
Perguntar aos colegas:
1.°) De onde vem a água utilizada em sua
casa?
2.°) Sua casa tem privada? De que tipo? E
o efluente?
Seo tem privada, perguntar:
3
o
) Onde vocês fazem as necessidades?
Para ondeo os dejetos (fezes e
urina)?
d) apurar as respostas dos colegas entrevis-
tados, agrupando-as de acordo com as ta-
belas abaixo:
TABELA I
DESTINO DAS FEZES NAS CASAS
I "
a) Privadas ligadas à rede de esgoto
b) Privadas de fossa seca. ou sumidouro, ou
fossa séptica
c) Uso de urinóis queo esvaziados no
quintal ou cursos d'água
d) Privadas ligadas diretamente sobre o solo
e) Privadas com manilhas ligadas diretamen-
te aos córregos, rios. lagoas, valas de ir-
rigação e outras coleções d'água
f) Perto das bananeiras ou moitas no quintal
g) Outros
N.° DE CASAS
6. TAREFA:
n subgrupo que escolheu a tarefa "Identificação
análise das condições de moradia que favore-
cem a transmissão e existência de verminoses
entre os escolares", deverá:
a) retirar do BI a ficha DIFERENTES TIPOS DE
PRIVADA;
b) conversar com pedreiros, mestres-de-obras
e engenheiros para informar-se dos tipos de
sistema de remoção de dejetos construídos
comumente na localidade:
fazer um desenho mostrando comoo
esses sistemas;
calcular o custo de cada um deles (ma-
terial eo de obra);
TABELA II
ORIGEM DA ÁGUA PARA USO
a) Da rede de abastecimento de água
b) Da cisterna ou cacimba ou poço
c) Da mina ou nascente
d) De rego ou córrego
e) De rios
f) Outros
N.° DE CASAS
e) na TABELA I, estão descritos alguns locais
onde costumam ser depositadas as fezes
das casas em várias comunidades brasilei-
ras.
Assinalar na TABELA I quais os locais que
favorecem a sobrevivência de ovos e larvas
de vermes que saem para o meio externo.
com as fezes humanas, e explicar por que
os ovos e larvas de vermes podem sobre-
viver nesses locais.
Responder:
Quais as condições do solo e do clima
que favorecem a vida dos ovos e das
larvas, que saem com as fezes para o
meio externo? Identificar aquelas con-
dições encontradas em sua região.
f) retirar o mapa-planta da cidade arquivado
no BI e identificar as casas dos colegas que
foram entrevistados. Colorir de verde as
casas em que os locais ondeo deposita-
das as fezes, favorecem a disseminação da
verminose;
g) comparar com mapa do subgrupo "Exame
de fezes," verificando se os alunos porta-
dores de vermes residem nas casas que vo-
s coloriram de verde, marcando com um
"x" essas casas;
h) fazer uma lista de comportamentos (princi-
palmente de crianças e jovens) que favore-
cem a entrada de parasitos no organismo
humano (pela boca e pela pele). Dentre
esses comportamentos, grifar aqueles que
o mais freqüentes entre vocês.
I) será que as condições de moradia dos alu-
nos estão favorecendo a transmissão das
verminoses?
Fazer um relatório sobre o que desco-
briram. anexando todos os dados apu-
rados e a conclusão.
7.ª TAREFA:
a) reunir todos os colegas do grupo inicial.
para que cada subgrupo relate os resultados
de suas tarefas e as experiências adquiri-
b) fazer um relatório geral, com a conclusão
final de todo o grupo:
Será que o contato com as fezes faz
mal à saúde? Por que?
Que pode ser feito para reduzir o pro-
blema das verminoses?
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação;
nome dos componentes do grupo e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
VERME. TODO MUNDO TEM? possibilitará aos
alunos a compreensão dos conceitos enuncia-
dos no texto 2 OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E AS PARASITOSES INTESTINAIS. Este
texto será útil ao professor na orientação do gru-
po de alunos que escolheu para trabalhar aquela
situação entre as outras da unidade OS MODOS
DE MORAR E A SAÚDE, apresentadas no dia-
grama. No banco de informações, os alunos
deverão encontrar as tarefas da situação esco-
lhida e o material necessário para desenvolvê-
las.
As atividades: o estudo de alguns parasitas In-
testinais. a realização de exame de fezes dos
colegas e a investigação das condições de abas-
tecimento de água e remoção de dejetos na es-
cola e nas moradias dos companheiros será
uma oportunidade de aprendizagem sobre os ver-
mes, a partir do conhecimento da realidade dos
próprios alunos.
Providenciando o exame de fezes, os alunos
além de estarem trabalhando em torno de um
problema que toca a vida de cada um, poderão
estar entrando em contato com um mundo, até
então, invisível o dos seres microscópicos.
Investigando as condições de remoção de deje-
tos na escola e em algumas moradias, os alunos
estarão a todo momento elaborando hipóteses,
estabelecendo relações e procurando soluções.
Nas discussões com o grupo, o professor deverá
tentar compreender e aproveitar as Idéias dos
alunos, relacionar as informações novas com os
conhecimentos antigos, para ajudar os alunos a
ampliar os seus conceitos.
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de Informações, os alunos deverão en-
contrar a ficha-lista das tarefas da situação VER-
ME, TODO MUNDO TEM? e o seguinte material:
ficha-literária com interessante depoimento
autobiográfico de Carlos Drumond de AN-
DRADE, publicado recentemente pela im-
prensa:
ficha-informativa EXAME DE FEZES que o
professor deverá preparar, com as seguin-
tes informações:
nome e endereço do Serviço de Saúde
onde poderá ser feito o exame de fezes
dos alunos:
horário em que os alunos poderão ser
atendidos;
nome e função dos técnicos que os alu-
nos deverão procurar no Serviço de
Saúde.
Para preparar essa ficha, o professor deverá, an-
tes, entrar em contato com os Serviços de Saú-
de existentes na localidade e informar-se em
qual deles os alunos poderão mandar fazer o
exame de fezes;
mapa da localidade, que o professor deve-
rá providenciar. Seo for possível con-
segui-lo, os alunos deverão ser orientados
para que eles mesmos façam o traçado dos
lugares onde residem;
exemplares de vermes, folhetos de labora-
tórios, que o professor tentará encontrar
para enriquecer o material de consulta dos
alunos;
fichas-informativas VERMES PARASITAS IN-
TESTINAIS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA.
apresentadas a seguir:
(BOITEMPO III)
A DUPLA HUMILHAÇÃO
Humilhação destas lombrigas
humilhação de confessá-las
a Dr. Alexandre, sério,
perante irmãos que se divertem
com tua fauna intestinal
em perversas indagações:
"Você vai ao circo assim mesmo?
Vai levando suas lombrigas?
Elas também pagam entrada,
seo podem ver o espetáculo?
E, se ouvindo lá de dentro,
as gabarolas do palhaço,
o querer sair para fora.
heim? Como é que você se arranja?'
Por cúmulo, mínimo verme.
quinze centímetros modestos,
o mais vermezinho idiota
enquanto, rival na escola,
na queda-de-braço, em tudo.
se gabando mostra no vidro
o novelo comprovador
de seu justo gabo orgulhoso:
ele expeliu, entre ohs! e ahs!
de agudo pasmo familiar
formidável tênia porcina:
a solitária de três metros.
Quadro IIl
CONDIÇÕES DO MEIO EXTERNO QUE INFLUEM NO DESENVOLVIMENTO E
DISTRIBUIÇÃO DOS VERMES PARASITOS DO HOMEM
VERMES
ÁSCARIS (lombrigas)
Através das fezes humanas os ovos
das lombrigas chegam ao meio ex-
terior. Sob condições lavoráveis se
desenvolvem: dentro de cada um se
forma a larva Infestante. Nessa fase
os ovos podem penetrar passiva-
mente no corpo humano quando
Ingerido ou aspirado pelo homem.
ANCILOSTOMOS (Necator verme
do amarelão)
Os ovos dos ancilostomídeos che-
gam ao meio externo através das
fezes do homem. No solo. sob con-
dições favoráveis, os ovos se de-
senvolvem e liberam as larvas, que
passam por várias fases de desen-
volvimento. até se transformarem
em larvas infestantes. Essas pene-
tram ativamente no homem quando
em contato com a sua pele.
TENIAS (solitárias):
Taenia solium (suínos)
Taenia saginata (boi)
Portadores de tenlase. eliminam iso-
ladamente ou misturados às fezes.
segmentos (proglotes) do corpo da
tênia
Esses segmentos em contato com
o solo desintegram-se, libertando
cada qual grande quantidade de
ovos. que se espalham no quintal.
nas pastagens e nas águas
Um portador de tênia pode eliminar
vários proglotes por dia.
0 porco e o boi. ingerindo esses
ovos passam a armazenar em sua
carne a larva (cisticerco) do ver-
me.
0 homem comendo a carne parasi-
tada. crua ou mal cozida, apanha a
solitária.
SOLO UMIDADE
Os solos argilosos e arenosos, úmi-
dos, sombreados. favorecem a so-
brevivência e desenvolvimento dos
ovos. sendo melhor a argila que a
areia. Os ovos desenvolvam-se nas
camadas superficiais do solo.
A 3 ou mais centimentros de pro-
fundidade.o rapidamente destruí-
dos A aeração do solo é necessá-
ria para o desenvolvimento dos
ovos A escassez de oxigênio no
solo devido ao processo de putre-
fação e fermentação de matéria or-
gânica. diminui a vitalidade dos
ovos
Solos arenosos, ricos em húmus e
outras substâncias orgânicas princi-
palmente os terrenos preparados
para cultura, com terra fofa e ca-
pazes de reter umidade favore-
cem o desenvolvimento e a migra-
ção das larvas. Os solos com ex-
cesso de água (alagados, pântanos)
dificultam a vida das larvas dos
vermes mas a umidade do solo
e essencial Os solos mais areja-
do» facilitam o movimento das lar-
vas. Para aeração do solo. contri-
buem as plantas ao redor das
raízes há muita difusão de ar As
larvas localizam-se nas camadas
menos superficiais do solo. duran-
te o seu desenvolvimento Quando
chegam ã fase de larva infestante.
o atraídas pela luz e o calor: so-
bem para a superfície do solo e
ficam aderidas pela extremidade
caudal a pequenos detritos e plan-
tas. balançando no ar a metade an-
terior do corpo.
Os ovos da têniao bastante
resistentes no meio externo, poden
do sobreviver por um ano em am-
biente de umidade relativa bastan
te alta. assim como em águas de
esgoto e efluentes de fossas sép-
ticas por alguns meses.
Pastos secoso condições favorá-
veis ao desenvolvimento do ovo da
ténia saginata (boi hospedeiro)
LUZ SOLAR TEMPERATURA
AGENTES QUIMICOS
A temperatura otíma para o desen-
volvimento dos ovos é de 30°C
Os ovosm elevada resistência ao
frio, ao calor e aos agentes quími-
cos. mas tem baixa resistência à
luz forte e direta do sol
Os ovos e as larvaso destruídos
sob a ação direta dos ralos solares.
Portanto, os lugares sombreadoso
melhores para o seu desenvolvi-
mento
A temperatura ótima para o desen-
volvimento das larvas é de 20 a
30°C.
As larvaso mais ativas a tem-
peraturas mais elevadas, entre 35
e 40° C
Locais que oferecem condições ide-
aiso aqueles de chuvas freqüen-
tes e bem distribuídas durante os
meses do ano. abrigados de inso-
lação direta e protegidos de inten-
sa evaporação
Luminosidade e calor do solo
condições favoráveis ao desenvol-
vimento dos ovos da ténia sagina-
ta (boi hospedeiro)
0 calor prolongado do cozimento
da carne, prejudica a larva da ténia
por que os cislicercos (larvas)o
sensíveis ao calor, morrendo rapi-
damente a uma temperatura de
80°C.
o também sensíveis aos meios
químicos (salmora bem forte)
Os ovos. tanto da ténia saginata co-
mo da ténia solium. resistem a uma
temperatura de 60° C por 10 minu-
tos, eo resistem a temperaturas
abaixo de 0° C no solo
OUTRAS
CHUVAS. VENTOS E POEIRAS:
Os ovos do vermeo facilmente
transportados de um lugar para ou-
tro. através de chuvas, ventos, poei-
ra
ATIVIDADES DE ANIMAIS
Moscas e outros insetos carregam
em suas patas os ovos dos áscaris
a pequenas distâncias Outros ani-
mais como as aves e batráquios in-
gerem os ovos dos vermes e os es-
palham pelo solo quando defecam.
disseminando a verminose
CHUVAS:
As chuvas, além de interferir na
umidade do solo. podem conduzir
as larvas dos vermes, a pontos dis-
tantes, contribuindo assim para a
sua distribuição em extensas áreas.
Entretanto, enxurradas fortes des-
troem as larvas
PLANTAS
O sombreado das plantas conserva
a umidade do solo. favorecendo o
desenvolvimento das larvas
ATIVIDADE DOS ANIMAIS:
Os animais podem contribuir para a
sobrevivência das larvas conduzin-
do-as a lugares muitas vezes dis-
tantes: por outro lado, podem difi-
cultar a sobrevivência dos vermes.
caso as larvas sejam ingeridas por
eles
ATIVIDADES DOS ANIMAIS
As aves e outros animais podem
ingerir os ovos ou os proglotes car-
regados de ovos e depois expeli-
los ainda viáveis com suas fezes
Os ovos imaturoso resistentes a
digestão, o que facilita a sobrevi-
vência e a disseminação da vermi-
nose a extensas áreas
Texto 3. OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E AS DIARRÉIAS
verdade essa contaminação fecal pode ser vista
como o fator desencandeante delas, pois, como
em quase todas as doenças, as que se mani-
festam por diarréias atacam mais facilmente os
indivíduos com baixa resistência, quase sempre
com nutrição deficiente, É por isso que a diar-
réia ocorre, na maioria das vezes, entre crian-
ças de menos de 5 anos de idade, seres mais
jovens que aindao desenvolveram suficiente-
mente as suas defesas naturais. Quanto meno-
res as crianças, mais facilmentem diarréias
e mais sériaso as conseqüências. Doenças
diarréicaso a maior causa da mortalidade de
crianças de 0 a 4 anos de idade, no Brasil. Ape-
sar de ainda serem freqüentes na idade escolar
e pré-escolar (as "dores de barriga" que até
parecem normais à população), crianças, nessa
época da vida só muito raramente chegam a
morrer em razão disso.
o tantas as doenças da infância, que se ma-
nifestam por diarréia que, dizem os médicos, o
intestino é o ""termômetro" da saúde das crian-
ças. Em grande parte, as doenças diarréicaso
infecciosas, isto é, decorrem de microorganis-
mos patogênicos (do grego pathos, moléstia;
gênesis, geração), por contaminação de alimen-
tos ou de objetos que as crianças levam à boca.
Esses microorganismos patogênicoso elimina-
dos pela criança doente em suas fezes. Quando
o existe um sistema adequado de abasteci-
mento de água canalizada e rede de esgoto para
evitar a contaminação do meio através daquelas
fezes, todas as outras crianças desse meio es-
o expostas a contrair a doença. Às vezes,
crianças bem nutridas, com maior resistência.
Todos conhecemos e já ouvimos falar de diar-
réia. Ao se aproximar a estação quente os jor-
nais publicam farto noticiário a respeito do as-
sunto. É comum ae dizer que seu filhoo
está muito bem, por causa da diarréia, desanda
ou disenteria. Em alguns lugares, referindo-se
aos vômitos associados à diarréia, o povo lhe
dá o nome de gastroenterite. Qual seria a causa
da diarréia? Por que éo freqüente em deter-
minados ambientes? Por que tem conseqüências
o sérias, algumas vezes?
As diarréias podem ser de origem alimentar
(alimentos estragados, frutas verdes, alimentos
secos causando irritação no aparelho digestivo.
alimentos mal cozidos etc); origem emocional
(sustos, fortes emoções, grande ansiedade, po-
dem provocar uma diarréia); origem medicamen-
tosa (certos medicamentos podem ter um efei-
to secundário de desarranjo intestinal); origem
verminótica (alguns vermes podem provocar ir-
ritação das paredes do intestino e outras per-
turbações que resultam em diarréia); e origem
infecciosa (bactérias, virus e outros germeso
os causadores das diarréias mais graves).
Vamos referir-nos especialmente às diarréias de
origem infecciosa, mas sem perder de vista que
as diarréias acham-seo ligadas aos modos de
morar do homem queo praticamente decor-
rentes deles, e em geral, constituem um sinal
da contaminação fecal do meio ambiente. Na
podem ser portadoras sadias, isto é,m esses
microorganismos patogênicos,o adoecem, mas
contaminam o meio. Outras, depois de tratadas
e curadas, ainda podem eliminar germes por um
certo período de tempo.
A diarréia debilita as crianças, prejudicando a
Naturalmente, ass condições de vida corres-
pondem a uma série enorme de fatores e cir-
cunstâncias de natureza biológica, sócio-econômi-
ca e cultural. A discussão desses fatores e seu
reconhecimento como as causas das doenças
que provocam diarréiaso passos muito im-
portantes para a compreensão mais real e obje-
tiva do problema.
o inúmeros os exemplos de populações intei-
ras em que os índices anuais de diarréias foram
drasticamente reduzidos através da promoção da
qualidade de vida, ou seja, melhoria das condi-
ções de trabalho, de moradia e de alimentação.
A diarréia está intimamente ligada às condições
nutricionais por sua vez ínterrelacionadas com
as defesas naturais do corpo humano. Convém,
portanto, considerar no estudo do problema, si-
multaneamente, os modos de morar, de alimen-
tar e de defender-se.
sua nutrição. Como geralmente as mais expos-
taso as mal nutridas e de baixa resistência,
ocorre um ciclo: criança mal nutrida é freqüen-
temente atacada por diarréias, piorando cada vez
mais o seu estado nutricional. O quadro abaixo
tenta esquematizar a relação entre todos esses
fatores.
I A morada do homem e os modos de viver
dos microorganismos que provocam diar-
réias
O desconhecimento dos modos de viver dos mi-
cróbios (do grego mikrós, pequeno; bios, vida)
pode impedir a população de tomar medidas pre-
ventivas para a proteção das crianças.
Os microorganismos que mais freqüentemente
provocam infecções intestinais com diarréias são,
entre outros, as Shigellas, as Salmonelas, a Es-
cherichia coli e diferentes virus.
Entre as infecções por salmonelas estão incluí-
das as febres tifóides. Sua redução depende de
abastecimentos de água tratada, filtrada ou fer-
vida. A melhoria da qualidade da água alcan-
çada nos Estados Unidos da América do Norte,
no final do século passado, conseguiu reduzir de
maneira significativa as diarréias provenientes
O tratamento da águao se mostrou por si só
o eficiente na redução de todas as infecções
entéricas, que causam diarréias por que nem só
pela águao veiculados os germes. As infec-
ções por Shigellas, por exemplo, reduziram-se
com a quantidade maior de água disponível para
uso de cada família. Portanto há indicações de
que. um primeiro passo para o controle das diar-
réias seria o fornecimento abundante para cada
moradia e, a seguir o tratamento da água.
À população cabe reivindicar e manter seu
abastecimento de água. exercendo uma ação co-
operador com os órgãos de saúde e sanea-
mento, quanto à vigilância sobre o manancial e
sua conservação.
Fig 35 -CAIXA DÁGUA SERRA PELADA, ES
de febres tiroides. As salmonelas encontram-
se tanto em águas contaminadas com fezes de
animais e de pessoas, como em alimentos con-
taminados, sejam carne fresca, ovos e leite.
Esses meios, ricos em nutrientes, constituem
para os microorganismos em geral, patogênicos
ou não, ótimo ambiente de proliferação.
Para que haja uma infecção em adultos é neces-
sária a ingestão dé várias centenas de milhares
de germes ao passo que para uma criança a
dose infecciosa mínima é consideravelmente me-
nor. O clima e a estação do ano influem no
aparecimento de mais casos de diarréias. As
temperaturas de verãoo propícias ao aumento
dos germes patogênicos causadores de infec-
ções intestinais. A época das chuvas facilita a
poluição da água.
A abundância de água disponível na moradia
permite a construção de privadas mais confor-
táveis, a manutenção da limpeza dos sanitários,
da cozinha e de todos os utensílios e produtos
utilizados na preparação da comida, sendo ainda
condição indispensável para que as pessoas si-
gam os preceitos de higiene que a Escola pro-
e aos seus alunos, tal como lavar as mãos
com sabão ao sair da privada.
Portanto, parece lógico que os esforços educa-
tivos em lugares ondeo haja essa abundância
de água se dirijam para a capacitação das pes-
soas e grupos sociais em obter água e, para a
adoção de hábitos de higiene através de conhe-
cimentos e experiências vivenciais.
O conhecimento dos modos de viver dos micro-
organismos (por exemplo, o de que a água cons-
titui um meio de multiplicação de micróbios) ó
essencial para que haja a compreensão da rela-
ção existente entre os hábitos de higiene e a
defesa da saúde.
Há que distinguir, dentre as práticas de higiene,
as queo impostas pelo consumo, pelos pa-
drões de beleza e da moda, pelas aspirações de
conforto e aquelas que realmente constituem de-
fesa da saúde. Assim, passar um pano úmido
ou jogar água numa instalação sanitária escolar
ou doméstica, pode causar uma aparência de
limpeza e asseio mas, do ponto de vista de Saú-
de Pública, o efeitoo é satisfatório. Como
diz um microbiologista "micróbrioo morre
afogado".
O uso do sabão junto com a água é que vai di-
ficultar a vida dos micróbios no meio exterior,
para onde vieram, através das fezes de seus
hospedeiros humanos ou animais.
Os microorganismos existentes na água sucum-
bem a altas temperaturas, e a fervura da água
torna-se, assim, entre outros métodos, uma pro-
teção eficiente contra as diarréias provenientes
da ingestão de água contaminada. Crianças pe-
quenas, pessoas idosas e convalescentes de
qualquer idade constituem, de modo geral, um
grupo mais vulnerável às infecções, daí necessi-
tarem de cuidados especiais quanto ao tratamen-
to da água.
Entre o tratamento da água e sua ingestão pelas
pessoas há de se cuidar que elao seja no-
vamente contaminada. O depósito de água para
beber em casa, na Escola, no ambiente em que
vivemos pode, de acordo com a freqüência e a
maneira como é lavado, constituir-se ouo
num meio de proliferação de germes patogêni-
cos
A maneira como se utiliza o depósito de água
para beber pode tornar a contaminá-la, depois
do seu tratamento.
Fig 36 - FILTRO COM TORNEIRA
Os depósitos de água para o abastecimento de
um bairro, assim como as caixas d'água domi-
ciliares, precisam estar protegidos contra a con-
taminação com as fezes humanas e de animais,
incluindo as aves. Depósitos desprotegidos po-
dem conter até animais em decomposição com
prejuízo para a saúde dos usuários da água.
Limpeza regular com sabão ou produtos quími-
cos tais como cloro, mantém a potabilidade da
água nos depósitos de onde se fará a distribui-
ção aos usuários.
A ingestão casual de água de lagoas e riachos
fortemente contaminados por esgotos de casas
e de pocilgas, entre outros, tem sido a causa
de infecções entéricas graves com ocorrência de
diarréias.
O papel das moscas na disseminação de matéria
fecal com Shigela por todos os cantos da mo-
radia, especialmente em alimentos e utensílios
de cozinha, bicos de mamadeira e chupetas de
bebês,o pode deixar de ser enfatizado no es-
tudo das diarréias e de sua prevenção.
A grande promiscuidade entre pessoas e animais
(porco, cão, gato e principalmente aves) favo-
rece a disseminação das Salmonelas.
As intoxicações alimentares provenientes de Sal-
monelas e shigelaso menos freqüentes quan-
do as refeições se fazem em casa com alimen-
tos de origem doméstica, sob cuidados higiêni-
cos da pessoa que os manipula. As infecções
alimentareso causadas em muito maior fre-
qüência por produtos que requeiram muita ma-
nipulação, em especial se forem conservados du-
rante horas em temperatura ambiente favorável
à proliferação das bactérias.
Por outro lado, é evidente risco para a saúde
ingerir alimentos manipulados por pessoas por-
tadoras de germes patogênicos, as quais igno-
rando o próprio estado, e as maneiras de trans-
missão das infecções intestinais,o adotam
por isso, práticas de higiene.
Cabe às Prefeituras a fiscalização do cumpri-
mento das posturas municipais relativas à hi-
giene da produção, manipulação e venda de ali-
mentos em estabelecimentos industriais e co-
merciais, matadouros etc.
Os consumidores, esclarecidos a respeito da
maneira de viver dos microorganismos que pro-
vocam diarréias, complementarão essa ação fis-
calizadora dando natural preferência aos locais
em que se possam munir de produtos que ofe-
reçam maior proteção à sua saúde.
Il A desidratação e a mortalidade infantil
A palavra diarréia vem do grego diárrhoia, frouxo
e do latim diarrhoea, escoamento. O efeito mais
dramático da diarréia é a desidratação. Desidra-
tação significa perda de líquidos.
A perda de líquidos pelas fezes é às vezes
acompanhada de febre, náuseas, vômitos, dimi-
nuindo ainda mais a água e os sais minerais do
organismo.
A água é essencial à vida humana. A sensação
de sede faz o indivíduo despertar para a neces-
sidade de ingerir líquido. Se eleo atende lo-
go, o corpo continua a protestar cada vez com
mais energia, impedindo que o indivíduo desen-
volva qualquer atividade.
A desidratação por diarréia grave, em criança
pequena, que perde água com muito mais faci-
lidade que o adulto eo sabe dizer ainda que
tem sede, necessita atenção imediata de quem
estiver cuidando dela.
O corpo da criança emite ainda outros sinais
para expressar a gravidade do que se está pas-
sando:
febre acima de 38° C;
fezes líquidas freqüentes e abundantes;
fezes com consistência e cheiro diferentes;
s ou sangue nas fezes;
vômitos de jato, esguichado;
extremidades frias;
palidez;
barriga flácida; perda de elasticidade da pele;
expressão de dor e sofrimento;
abatimento geral, prostração;
olhos encovados com círculos escuros em vol-
ta (olheiras) etc.
a cada 10 ou 15 minutos, para que o organismo
consiga reter. Convém tirar a roupa da criança
e cobri-la apenas com um lençol. Se estiver
com frio, uma manta leve.o se consegue
baixar a temperatura, se a criança estiver muito
agasalhada. No caso deo haver soro fisioló-
gico ou solução hidratante comprada na farmá-
cia,o usar remédios, começar imedatamente
a dar água fervida e resfriada, com uma pitada
de sal e outra de açúcar.
É importante que o médico veja a criança com
a maior urgência possível.
Nem todas as diarréiaso graves. Algumaso
benignas e curam-se facilmente se forem tra-
tadas desde o início. Mesmo nos casos benig-
nos convém procurar o médico. Além disso, que
deve fazer a mãe, em caso de diarréiao muito
grave, enquanto a criançao for vista pelo-
dico?
o dar nenhum remédio (antibiótico ou
outro);
Nessa situação o médico deve ser consultado o
quanto antes. Enquantoo for atendida pelo
médico ae da criança deve suspender o ali-
mento, seja mamada ao seio ou de mamadeira.
o dar leite ou qualquer alimento que contenha
gordura. Suspender todos os alimentos sólidos.
Iniciar imediatamente a ingestão de solução hi-
dratante com mistura pronta comprada na farmá-
cia, obedecendo às instruções, para o preparo,
quem na bula. O soro fisiológico ou a solu-
ção hidratante devem ser dados em pequenas
quantidades (colheradas) e a intervalos curtos
caso esteja mamando no seio somente, dei-
xa-a continuar a mamar. Se mamar menos
que de costume, tanto melhor. Caso esteja
recebendo alimentos sólidos, retire-os. Na
maioria dos casos de diarréias, o leite hu-
mano dá bons resultados;
caso esteja recebendo mamadeira além de
mamar no seio, suspenda a mamadeira e
deixe-o mamar só no seio;
caso esteja recebendo só mamadeira, dilua
o leite à metade. Nessa diluição, empregue
água previamente fervida. Deixe o bebê
mamar a menor quantidade que possa satis-
fazê-lo. Se tiver fome com a mamadeira di-
luida, alimente-o com mais freqüência;
caso tome mamadeira e alimentos sólidos,
retire todos os sólidos. Seo tiver apetite
para a mamadeira e seo houver melho-
rado em um dia, dilua o leite até à metade,
e proceda como no caso anterior.
funções de pai ee constituem passos impor-
tantes na prevenção das diarréias e da desnutri-
ção infantil.
Durante o atendimento pré-natal a gestante po-
derá procurar
orientação e assistência para a sua nutrição
no período de gestação a fim de que ela
seja suficiente em propiciar o crescimento
do feto e o aleitamento prolongado sem pre-
juízos para o seu próprio organismo;
informações sobre necessidades alimentares
da criança no primeiro ano de vida e ca-
lendário de vacinações;
informações sobre a legislação brasileira de
proteção à maternidade e infância e os seus
direitos especiais.
A redução das diarréias infantiso está na de-
pendência apenas de conhecimentos. Tampouco
constituem as diarréias uma determinação geo-
gráfica a qual temos que nos submeter. Ass
condições de vida de numerosos grupos popu-
lacionais nas várias regiões do País, e particular-
mente os modos de morar sem água e esgoto,
o os responsáveis pela magnitude do proble-
ma.
"A investigação Interamericana sobre a mortali-
dade da criança, realizada com critérios unifor-
mes em 15 cidades das Américas, no período
de 1968 a 1971, sob os auspícios da Organização.
Pan-Americana da Saúde,s em destaque as
elevadas taxas de mortalidade dessas doenças,
na maioria das cidades estudadas, como se pode
ver na Tabela I.
A criança que é amamentada no seio materno
tem mais resistência às infecções intestinais e
sofre menos diarréias do que aquela que foi des-
mamada precocemente por sua mãe. O leite ma-
terno assegura ao lactente as proteínas de que
ele precisa para se desenvolver e resistir às in-
fecções. A criança que é alimentada ao seio
materno é uma criança bem nutrida. Pelo leite
maternoo transmitidas ao lactente as defesas
que ae adquiriu em sua vida. A alimentação
ao seio, onde os modos de morar do homem
o desfavoráveis à saúde, em casas sem água
e esgoto, é mais segura, porque elimina em
parte os problemas de preparação da mamadei-
ra, limpeza, proteção dos bicos contra as mos-
cas. fermentação de restos de leite.
A vacinação contra tétano, difteria, coqueluche,
paralisia infantil, sarampo, tuberculose, varíola,
nos primeiros meses de vida contribui para au-
mentar as defesas contra essas infecções e a
preservar o estado nutricional que por sua vez
pode aumentar a resistência contra as infecções
intestinais.
A atenção pré-natal às gestantes em todas as
gestações e a preparação dos jovens para as
Tabela I. Mortalidade por infecções entéricas (doenças diarréicas)
entre menores de 5 anos de idade, 1968-1971, em 15
cidades das Américas
Fonte: Puffner, RR. & Serrano, C.V. Características de Ia mortalidad en
Ia ninez. Publicação Científica da OPS n.° 262. Washington, D.C.
(1973), pg. 146.
A mortalidade por infecções entéricas entre crianças de menos de 5
anos de idade ainda se apresenta extremamente elevada no Brasil, mes-
mo em cidades ricas comoo Paulo e Ribeirão "Preto, onde as taxas
foram, respectivamente, 149 e 86 vezes maiores do que a registrada na
área de Sherbrooke, Canadá".
Fonte: Oito doenças Transmissíveis de Importância no Brasil.
Diálogo Médico, Ano 2, n.° 2.
San Salvador (El Salvador)
Recife (Brasil)
Resistência (Argentina)
La Paz (Bolívia)
Cali (Colombia)
o Paulo (Brasil)
Monterrey (México)
Medellin (Colombia)
Cartagena (Colombia)
Ribeirão Preto (Brasil)
Santiago (Chile)
San Juan (Argentina)
Kingston (Jamaica)
o Francisco (Estados Unidos da América) .
Sherbrooke (Canadá)
1.193,9
1.023,3
687,6
653,5
504,9
492,4
487,7
446.9
375.6
283.8
253,6
253.6
220,9
20.9
3,3
Cidade
Taxas por 100.000
menores de 5 anos
de ¡dade
Situação 3.1. POR QUE A DIARRÉIA?
1.ª TAREFA:
a) Por que será que as pessoasm diarréia?
O que será que as pessoas pensam sobre o
assunto? E vocês?
Responder por escrito e individualmente, às
seguintes perguntas:
1.°) Que sabe você sobre a diarréia?
2.°) Quem sofre mais de diarréia? Crianças
ou adultos? Por que?
3.°) O que provoca diarréia nas pessoas?
4.°) O que é preciso fazer parao ter diar-
réia?
5.°) Como as pessoas tratam as diarréias
9
b) Em grupo, vocês deverão ler e discutir to-
das as respostas dadas, e, em seguida, fa-
zer duas listas: a primeira lista deverá con-
ter tudo aquilo que pode provocar diarréia
segunda, as maneiras de tratá-la.
c) Discutir com o professor.
2.ª TAREFA:
2.°) Que sugestões práticas dar a umae
de uma criança com diarréia?
3.°) Como resolver o problema das diarréias
quando elas se repetem em uma mesma
família?
4.°) Como investigar em uma casa, os fatores
determinantes da diarréia?
3.ª TAREFA:
a) O grupo poderá fazer uma pesquisa entre as
mães da localidade para informar-se dos ca-
sos recentes de diarréia, anotando:
número de moradores em cada casa vi-
sitada;
número de pessoas que tiveram recen-
temente diarréia;
nome e idade dessas pessoas acometi-
das de diarréia;
origem e quantidade aproximada de água
gasta em cada casa por dia;
o destino dos dejetos (fezes e urina) e
do lixo. em cada casa.
a) Retirar do BI a ficha Os MICRÓBIOS CAU-
SADORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDI-
ÇÕES DE VIDA.
b) Em grupo, examiná-la e discutir as informa-
ções novas.
c) Responder em grupo:
1.°) Conhecendo-se as condições necessá-
rias à vida das bactérias, sugerir me-
didas para eliminá-las do meio ambien-
te.
b) Antes de fazer a pesquisa, o grupo poderá
preparar um roteiro de perguntas para as
entrevistas com as mães e consultar as fi-'
chás DIFERENTES TIPOS DE PRIVADAS, e,
SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E
CANALIZAÇÃO DE ESGOTOS, arquivadas no
BI.
c) Durante as entrevistas, o grupo deverá ob-
servar detalhadamente os modos de morar
das pessoas e anotar todas as observações
e respostas obtidas.
3.ª TAREFA:
a) Em grupo, ler e discutir as respostas das
pessoas entrevistadas.
Depois, reunir todos os dados obtidos e
completar a tabela abaixo:
b) Analisar as informações tabeladas e as ob-
servações feitas nas casas visitadas. Res-
ponder:
1.°) É grande o n.° de pessoas com diarréia?
Por que?
2.°) Que acha o grupo da fonte de origem
da água? Há possibilidade de estar-se
usando água contaminada por fezes?
Por que?
3.°) Qual a quantidade de água consumida
por pessoa diariamente em cada uma
das casas visitadas?
Para saber isso, dividir a quantidade aproxi-
mada de água gasta diariamente na casa,
pelo número de seus moradores. Será in-
teressante fazer um cálculo para cada uma
das casas visitadas e depois comparar com
os dados fornecidos na tabela abaixo:
CONSUMO MÍNIMO DE ÁGUA, POR PESSOA, DIARIAMENTE
(De acordo com as recomendações da Agência para o Desenvolvimento
Internacional AID)
CONSUMIDOR
Homem
ZONA
Rural
Urbana
LITROS POR PESSOA POR DIA
100
200 250
Casas visitadas
(endereços)
N.° de moradores
Pessoas com
diarréia
Origem da
água
Quantidade
aproximada
de água gasta
p/pessoa
Destino dos
Dejetos e Lixo
4.°) Que acha o grupo dos sistemas de re-
moção de dejetos adotados nas casas
(visitadas? Há possibilidade de as fezes,
assim removidas, contaminar o solo e
a água? Por que?
5.°) Até que ponto a maneira de as pessoas
limparem suas casas, prepararem seus
alimentos, tratarem a sua água e cuida-
rem das crianças, podem estar influin-
do no aparecimento das diarréias?
5/ TAREFA:
a) Em grupo, vocês poderão também, fazer uma
pesquisa nos Serviços de Saúde para saber
se as doenças diarréicas constituem um
grave problema na localidade.
Para isso. vocês devem consultar a ficha
DIARRÉIA arquivada no BI. e. verificar os
endereços dos Serviços de Saúde que deve-
o procurar; os nomes das pessoas que po-
derão atendê-los e em que horários.
b) Nos Serviços de Saúde, deverão investigar
e anotar: número das pessoas atendidas com
diarréia durante um certo período de tempo
(um mês, 6 meses ou um ano), por grupo
de idade (de 0 a 4 anos, de 5 a 10 anos,
de 10 a 15 anos. mais de 15 anos). Anotar
também o período do ano em que ocorreu
maior n.° de casos de diarréia, a freqüência
das recaídas entre os doentes tratados e o
tipo de tratamento recomendado pela Uni-
dade Sanitária.
Perguntar, ainda, se tem havido aumento ou
diminuição dos casos de diarréia nos últi-
mos anos.
Se for possível, pedir os endereços dos
doentes que tiveram mais de uma recaída
após o tratamento e visitá-los em suas ca-
sas, outro dia.
c) Conversar com algum profissional da saúde
(médico, enfermeira, farmacêutico, educado-
ra ou visitadora sanitária etc.) para obter
mais informações sobre as doenças diar-
réicas.
Para isso, poderão preparar um roteiro de
perguntas, de acordo com o que interessam
saber sobre as diarréias. Antes, vocês de-
vem rever o que fizeram nas primeiras ta-
refas para verificar as dúvidas existentes, e,
as que vocês gostariam de esclarecer.
6.ª TAREFA:
a) Reunir o grupo e fazer um gráfico de acor-
do com os dados apurados no item b da 5.ª
tarefa, mostrando o número de casos de
diarréia por grupo de idade e o n.° de doen-
tes tratados mais de uma vez no mesmo pe-
ríodo .
Pedir ajuda e orientação ao professor.
b) Discutir as respostas do médico ou outro
profissional da saúde. Entre as coisas que
eles falaram, o que foi novidade para vocês?
7.ª TAREFA:
a) O grupo deverá fazer um relatório, com as
conclusões que tiraram durante a execução
das tarefas.
Observação: arquivar no BI o relatório, e as
tarefas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação:
nome dos componentes do grupo e sua série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
POR QUE A DIARRÉIA? possibilitará aos alunos
a compreensão dos conceitos enunciados no tex-
to 3 — OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E
AS DIARRÉIAS. Este texto será útil ao profes-
sor na orientação dos alunos que escolheram
para trabalhar aquela situação entre as outras
da unidade OS MODOS DE O HOMEM MORAR
E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No ban-
co de informações, os alunos deverão encontrar
as tarefas da situação escolhida e o material ne-
cessário para desenvolvê-las.
Os alunos iniciarão as tarefas, dizendo o que sa-
bem sobre o assunto. Depois deverão discutir
algumas informações sobre microorganismos, en-
trevistar pessoas da população e fazer um le-
vantamento dos casos de diarréia nos Serviços
de. Saúde da localidade.
O professor deverá estimular os alunos a expres-
sar seus conceitos, antes de procurar qualquer
informação. Os conhecimentos dos alunos deve-
o ser valorizados, já que fazem parte das suas
experiências de vida. Muitos deles provavelmen-
te irão dizer o que outros já disseram: "a diar-
réia é uma doença que ataca mais as crianças,
que comem com as mãos sujas, bebem pouca
água.o ligam se o alimento está sujo ou con-
taminado, fazem muita mistura de doces etc. O
seu organismoo se desenvolveu bastante, ele
é fraco" (aluna de 6.ª série); ou que "podemos
através da diarréia perder água o que pode en-
fraquecer o nosso organismo e é capaz de dar
desidratação e, enfim, causar a morte" (aluna de
6.ª série). As respostas dos alunos deverão ser
questionadas pelo professor. Por exemplo: por
que comer com as mãos sujas dá diarréia? Que
pode ter o alimento contaminado? E o alimento
sujo? Por que a perda de água enfraquece o or-
ganismo? O que pode contaminar o alimento e
as mãos? Que devemos fazer parao contami-
nar o meio ambiente?
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar a ficha-lista das tarefas da situação POR
QUE A DIARRÉIA? e o seguinte material:
ficha-informativa DIARRÉIA, que o professor
deverá preparar com as seguintes informa-
ções:
nome e endereço dos Serviços de Saú-
de que os alunos poderão visitar;
nome dos médicos e outros profissio-
nais de saúde que poderão ser entre-
vistados pelos alunos;
OS MICRÓBIOS CAUSADORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDIÇÕES DE VIDA
| __ DIARRÉIAS INFECCIOSAS (Gastroenterite, Disenteria, Desanda)
AGENTES CAUSADORES DAS
DIARRÉIAS INFECCIOSAS
Microorganismos ou micróbios pa-
togênicos, principalmente as bac-
térias:
Shigella
Salmonela
LUGARES ONDE SAO
ENCONTRADOS OS AGENTES
CAUSADORES
Fezes de pessoas doentes com
diarréia ou fezes de pessoas
sadias, mas portadoras das
bactérias patogênicas, quando
depositadas diretamente no
solo; ou em outros locais que
permitam a contaminação do
meio ambiente.
Fezes de alguns animais * e
aves que vivem em comum
com as pessoas.
MEIO DE TRANSMISSÃO
•ingestão de água e alimentos
(principalmente: leite, carne,
verduras, ovos) contaminados
com microorganismos de fe-
zes.
•Mãos, objetos e utensílios de
algum modo contaminados
com microorganismos de fe-
zes.
Moscas que pousam em fezes
e lixo, transportando nas pa-
tas matéria fecal com bacté-
rias patogênicas.
horário em que os alunos poderão ser
atendidos.
Para preparar essa ficha, o professor deverá,
antes, entrar em contato com os Serviços de
Saúde locais (hospitais, unidades sanitárias etc.)
e verificar a possibilidade de serem os alunos
atendidos para as entrevistas e coleta de dados.
ficha-informativa OS MICRÓBIOS CAUSA-
DORES DAS DIARRÉIAS E SUAS CONDI-
ÇÕES DE VIDA. apresentada a seguir.
II CONDIÇÃO DE VIDA DAS
BACTÉRIAS
ÁGUA
As bactérias como todos os seres vivos preci-
sam de água para viver.
TEMPERATURA
Cada espécie bacteriana tem sua maior ativida-
de a uma determinada temperatura. Por exem-
plo: um grupo de bactérias (as bactérias do so-
lo),o mais ativas aos 25°C; as bactérias pa-
togênicasm sua maior atividade aos 37°C e
ainda um terceiro grupo (as bactérias da fer-
mentação),o mais ativas aos 70—80°C.
A maioria das bactériasm sua atividade inter-
rompida a 0°C.
O frioo mata as bactérias, somente inativa-
as. As bactérias patogênicas podem viver du-
rante meses em refrigeração.
Altas temperaturas matam as bactérias. A tem-
peratura de 60°C é suficiente para matar a maior
parte das bactérias causadoras de doenças. À
temperatura de água fervente, isto é, 100°C, to-
das as bactérias ativaso eliminadas.
(Ver desenho abaixo)
Fig
37 - ATIVIDADES DAS BACTÉRIAS
UTILIZAÇÃO DOS ALIMENTOS
E TEMPERATURAS CRÍTICAS RELATIVAS À
Adaptado do Documento Abril 2, outubro de 1976.
LUZ
As bactérias crescem mais no escuro ou em luz
fraca. Luz forte inativa (enfraquece) os micró-
bios. Bactérias expostas diretamente aos raios
solares morrem.
OXIGÊNIO
O oxigênio é necessário para a vida de um gran-
de número de bactérias. Algumas bactérias pa-
togênicas (por exemplo, Shigella e Salmonela)
morrem por falta de oxigênio. Outras bactérias,
no entanto,o necessitam de oxigênio.
SUBSTANCIAS QUÍMICAS
Para viver as bactérias precisam também de en-
contrar em seu meio ambiente, certas substân-
cias químicas mais ou menos ácidas numa
combinação própria para cada tipo de bactéria
A alteração desse meio, com a introdução de
produtos químicos, dificulta a vida das bactérias.
Por isso, o uso do sabão, desinfetantes e outros
produtos de limpeza matam os micróbios.
Texto 4. OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E A
ESQUISTOSSOMOSE
Os modos de morar do homem, isto é, os mo-
dos de se relacionar com o meio ambiente,o
apenas na casa também em outros lugares onde
exerce as atividades do viver cotidiano, repre-
sentam um dos três principais fatores da exis-
tência da esquistossomose como doença endê-
mica. Os outros dois fatoreso a existência
de caramujos hospedeiros do verme Schistosoma
mansoni e a de pessoas infectadas pelo verme.
Estima-se que da nossa população de 107 mi-
lhões de habitantes cerca de 8 milhõeso
doentes de esquistossomose.
A DOENÇA ESQUISTOSSOMOSE
O homem é uma das moradas do verme SCHIS-
TOSOMA MANSONI
A fase inicial da doença esquistossomose pode
passar despercebida ou ser confundida com ou-
tras doenças que também provocam febres e
dores. Essa fase inicial corresponde à penetra-
ção dos vermes no organismo humano pela pele,
até a sua localização nas veias do fígado, onde
se instalam como em sua casa. Os vermes en-
contram abrigo, proteção, .e alimento necessá-
rios no aparelho digestivo do homem.
Os vermes adultos, macho e fêmea, se acasa-
lam e aí viverão o resto de suas vidas que pode
durar mais ou menos 30 anos. Na época da pos-
tura dos ovos, os Schistosoma, unidos aos pa-
res, emigram para as extremidades das veias do
intestino. As fêmeasm certamente, o que se
chama instinto de conservação da espécie. Co-
mo se soubessem que os ovos precisam sair do
organismo do homem para que o embrião do no-
vo verme neles contido tenha oportunidade de
chegar ao meio externo com as fezes do hos-
pedeiro e assim continuar o seu ciclo vital, apro-
ximam-se das paredes intestinais e ali os de-
positam. Alguns ovos rasgando a mucosa da pa-
rede intestinal caem na luz do intestino, jun-
tam-se às fezes com as quaiso expulsos do
corpo do hospedeiro. Outros ovos ficam retidos
nos tecidos: ou permanecem na própria parede
do intestino ouo levados pela corrente san-
güínea, encalham no fígado e, mais raramente,
em outros órgãos. Alguns desses ovos, antes de
morrerem provocam à sua volta a formação de
áreas de tecido morto, fibrosadas, endurecidas,
que impedem o fígado de realizar plenamente
as suas funções numerosas e vitais. A fibrose
do fígado pode ser muito grave, causando por
sua vez o aumento do tamanho do baço, anemia,
barriga d'água e dilatação das veias em torno
do umbigo, nas virilhas, no estômago e no esô-
fago. Mas nem só os ovos do verme produzem
prejuízos ao homem. Também os vermes adultos
mortos podem causar perturbações. Precisam ser
levados em consideração, também, quando se qui-
ser estabelecer a responsabilidade dos prejuízos
causados pela doença, o organismo do hospedei-
ro e as suas reações ao verme.
Muitos aspectos da esquistossomose permane-
cem ignorados e continuam a ser pesquisados.
Um deles, aindao totalmente esclarecido, ex-
prime-se na questão: "por que em certos* in-
divíduos se desenvolvem formas graves da doen-
ça, até o quadro clínico que se chama "barriga
d'água" ao passo que em outros se observa por
muitos anos, ausência de sintomas?"
Algumas pessoaso "sentem" a doença. Aque-
las que só pegam um pequeno número de ver-
mes podem permanecer sem qualquer alteração
do seu estado normal de saúde por bastante
tempo.
Na fase crônica da esquistossomoseo várias
as queixas dos pacientes enumeradas a seguir
por ordem de freqüência: diarréias periódicas,
às vezes acompanhadas de muco. sangue e-
licas; alternância de períodos de diarréia com
outros de prisão de ventre; dificuldade em di-
gerir certos alimentos; náuseas; tonturas, dores
de cabeça, emagreeimento, fraqueza e esmoreci-
mento.
Pessoas nas quais a doença evoluiu até apre-
sentar formas graves submetem-se a interven-
ções cirúrgicas que lhes evitam a morte. O tra-
tamento dos doentes destruindo os ovos e os
vermes interrompe a evolução da doença e per-
mite regressão das lesões e dos sintomas quan-
doo houve dano importante nos órgãos atin-
gidos. Existem medicamentos eficazes para a
cura da doença embora todos apresentem al-
guns inconvenientes. O tratamentoo é vacina.
Uma pessoa tratada e curada, se tiver contato
com um foco de transmissão pode ter a doença
novamente.
A TRANSMISSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE
O ovo do SCHISTOSOMA sai do corpo humano
para o meio exterior a fim de continuar o seu
ciclo vital na água
O ovo do Schistosoma mansoni alcança o meio
exterior com as fezes do seu hospedeiro-ho-
mem. Se essaso para um sistema de esgoto
ou para uma fossa eo encontram mais a su-
perfície do solo ou a água, os ovos nela conti-
dos perecem. Se as fezeso jogadas na su-
perfície do solo, longe de qualquer coleção de
água, ou fora do alcance de chuvas, pode acon-
tecer que os ovos de Schistosoma morram sob
a luz e calor do sol. Mas, se as fezeso de-
positadas às margens de poças, valas, coleções
dágua como lagoas, córregos ou encaminhadas
até a água por manilhas ou enxurradas os ovos
aí sobrevivem, eclodem e as larvas se desen-
volvem e continuam o seu ciclo vital.
O caramujo é morada temporária do verme
SCHISTOSOMA
Para que haja a transmissão da esquistossomose
o necessárias: a) a presença da fonte de infec-
ção, isto é, homem doente eliminando ovos do
verme em suas fezes; b) a ação do homem em
lançar suas fezes na superfície das águas; c) a
presença de coleções de água doce em condi-
ções favoráveis à ruptura dos ovos e sobrevi-
vência das larvas.
A partir dessa fase de larva (o miracidio) o ver-
me precisa continuar o seu desenvolvimento
dentro da lesma de um caramujo que constitui
assim a sua segunda morada por um período
curto de algumas semanas. Nem todos os ca-
ramujos servem de morada temporária para o
verme Schistosoma. No Brasil só os do gênero
Biomphalaria (diz-se bionfalária) servem para
ele. Portanto, só nas localidades onde é encon-
trado esse tipo de caramujo pode haver esquis-
tossomose, pois a doençao passa diretamen-
te de homem para homem. Grande parte do
território do Brasil apresenta condições geográ-
ficas favoráveis a esses caramujos. A introdu-
ção da espécie Biomphalaria em áreas onde até
agora elao existe vai portanto depender do
exercício ouo de uma vigilância pela popu-
lação. Igualmente, depende da ação do homem a
instalação do caramujo em áreas antes semi-ári-
das, mas onde a irrigação passou a permitir sua
sobrevivência e proliferação.
Fig 38 - DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE
MOLUSCOS HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS
DO SCHISTOSOMA MANSONI NA AMÉRICA DO
SUL
Das 19 espécies de planorbídeos encontrados no
Brasil, apenas três podem transmitir a doença.
A Biomphalaria glabrata se distribuí por extensas
áreas, especialmente em Minas Gerais e Bahia,
e é boa transmissora onde quer que se encontre.
Á Biomphalaria straminea, embora presente em
muitas áreas, só é boa transmissora no Nordeste
Brasileiro. A Biomphalaria tenagophila é a trans-
missora emo Paulo e Rio de Janeiro.
FONTE: PARAENSE, W L. Universidade de Bra-
sília. Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Biologia Animal La-
boratório de Parasitologia.
Os caramujos estão sujeitos a uma grande va-
riação de número dependendo de regime de chu-
vas e estiagens, enxurradas, correnteza da água,
nutrientes encontrados para sua alimentação, pre-
sença de animais que com eles competem etc.
Embora a presença de caramujos seja freqüente
em coleções naturais de água como riachos e
brejos, especialmente nas suas margens, ela
costuma ser mais abundante, isto é, tem um
maior número de exemplares, em criadouros ar-
tificiais construídos pelo homem. As valas de
irrigação, de horta, especialmente de agrião ou
de bananais, de canaviais, ou de drenagem ur-
bana, poços de olaria, por exemplo,o em
geral, entre outros, bons criadouros de caramu-
jos. Estes vivem bem em temperaturas entre
20°C e 30°C, tolerando variações grandes entre o
dia quente e noite fria. Mas, as temperaturas
acima de 28°Co ideais para a penetração da
larva do Schistosoma no caramujo, seu desen-
volvimento dentro dele e liberação de suas cer
cárias na água. A desova dos caramujos é pos-
ta em plantas, protegidas com uma placa gela-
tinosa que a cobre totalmente. A desova é visí-
vel a olho nu e é facilmente encontrada no ver-
so das folhas de agrião bravo por exemplo.
Patos domésticos comem caramujos. Alguns
peixes, como a tilápia, o apiarí e outros estão
sendo experimentados como competidores de ca-
ramujos. Há grande interesse em se descobrir
seres vivos (plantas ou animais) que natural-
mente diminuam a população de caramujos. Des-
tes, nem todos resistem à infecção pelo parasi-
ta Schistosoma. Alguns adoecem e morrem. A
espécie Biomphalaria glabrata, a mais importan-
te na transmissão da esquistossomose, no Bra-
sil, se infecta bem e geralmenteo é prejudi-
cada pelo verme. Evidentemente a presença de
caramujos hospedeiros é essencial para a circu-
lação do verme Schistosoma mansoni e para a
propagação da esquistossomose numa área. Mas
o se trata de uma doença que "vem" do ca-
ramujo. A fonte de infecção é o homem. É seu
modo de viver o destino que dá às fezes, suas
relações com as águas contaminadas que deter-
minam se os locais onde existem caramujos vi-
o a se tornar ouo áreas endêmicas de es-
quistossomose.
A cercaria do Schistosoma sai do caramujo
para encontrar um hospedeiro humano que será
a sua morada definitiva
Cada caramujo pode eliminar uma imensa quan-
tidade de cercárias do mesmo sexo que a larva
que o infectou. Alguns caramujoso penetra-
dos por larvas de ambos os sexos e portanto
expelem cercárias fêmeas e machos. As cercá-
rias saem pela pele da lesma do caramujo e
caem na água onde nadam ativamente com o
auxílio de uma cauda própria. As cercáriasm
mais energia e poder de penetrar num hospe-
deiro humano durante cerca de 8 horas. Depois
desse prazo podem ainda viver na água até dois
dias, mas já perdem as forças eo conseguem
mais penetrar na pele do hospedeiro, o que de-
mandaria grande vigor. Nas horas de calor e sol
quente as cercáriasm mais atividade nadando
para a superfície da água atraídas pela luz. Exa-
tamente nessa ocassião é que as pessoas e
principalmente as crianças se sentem mais dis-
postas a nadar, brincar com água e se aproxi-
mar dos focos de infecção da doença. A cer-
caria ao penetrar na pele do hospedeiro humano
pode provocar irritação e coceira. No processo
de penetração a cercaria perde a cauda em for-
ma de nadadeira, já que estao lhe é mais
necessária, pois a corrente sangüínea a levará
até as veias do fígado onde vai completar o seu
desenvolvimento para alcançar a vida adulta, pro-
criar e morrer.
A vida do parasita Schistosoma mansonl é difícil e complica-
da, com dois períodos dentro de hospedeiros (o homem, o
caramujo) e dois períodos de vida livre na água [larva-mi-
racídio e larva cercaria). Tem a seu favor fatores biológi-
cos: a multiplicação intensa dos caramujos e sua resistên-
cia às condições adversas; o imenso número de cercárias
que se podem originar de uma só larva-miracídio e o avan-
tajado número de ovos que uma fêmea adulta produz por
dia, durante muitos anos. dentro do intestino humano. Po-
de ter ouo ter a seu favor os modos de agir do homem
3uando ele prove a sua morada o destino que dá aos seus
ejetos (fezes e urina), como utiliza as águas naturais que
existem em seu ambiente; quando trata de sua saúde; quan-
do investiga o que se passa ao seu redor; quando se informa
e discute o assunto com os grupos sociais a que pertence e
se organiza para agir.
A expansão da esquistossomose
A esquistossomose, ora em expansão no Brasil,
o é nativa aqui, provavelmente foi introduzida
em nosso País pelos escravos trazidos da África.
O surto de propagação recente está fundamen-
talmente ligado às migrações internas no País,
associadas ao déficit de habitações providas de
água e esgoto. Os centros urbanos e as áreas
rurais da periferia das cidadesm sido focos
de atração de trabalhadores que migram das zo-
nas endêmicas menos desenvolvidas. Assim se
explica o aparecimento da esquistossomose nas
áreas rurais do vale do Paraíba, no norte do Pa-
raná, para onde ocorreram muitos trabalhadores
do nordeste brasileiro e de Minas Gerais; em
núcleos de desenvolvimento agrícola (irrigação)
no Ceará, na Bahia, bem como o aparecimento
de focos importantes da doença na periferia das
grandes cidades que atraem mão-de-obra em
toda parte Belo Horizonte, Salvador, Recife,
o Paulo e muitas outras. Em todos os casos
essas populações migranteso somente dei-
xam de encontrar habitação com um mínimo de
saneamento como também conservaram seus pa-
drões rurais de relacionamento com o meio
jogando as fezes no próprio espaço utilizado para
morar e se servindo de água contaminada. Na
Amazônia até o momento se conhecem apenas
focos isolados de caramujos hospedeiros, mas o
intenso movimento migratório de pessoas oriun-
das de áreas endêmicas para aquela região, sem
prévio tratamento, causa apreensão aos estudio-
sos do problema da esquistossomose pois, se a
doença já é muito difícil de ser controlada em
áreas onde há alguma abundância de água, se
for instalada na Amazônia será praticamente in-
controlável .
Os planos de combate à esquistossomose de-
vem, portanto, considerar:
1. a necessidade de melhoria das condições
de habitação, principalmente no que concer-
ne ao suprimento de água potável e às ins-
talações para sua utilização doméstica as-
sim como a um sistema de remoção higi-
ênica dos excreta (fezes e urina);
2. a necessidade de mudança de certos cos-
tumes e práticas que determinam (a) a po-
luição fecal dos cursos d'água; (b) a cria-
ção de novos focos e o aumento da popu-
lação de caramujos no ambiente (modifica-
ções nos cursos d'água que redundam em
condições favoráveis aos caramujos; diminui-
ção da vazão d'água, remansos etc), (c)
oportunidades para a infecção (banho, lava-
gem de roupa, e outras atividades em co-
leções d'água onde existem caramujos e às
quais podem chegar fezes humanas);
3. a necessidade de divulgar e de orientar a
aplicação de medidas anti-caramujos, com
prioridade para as novas áreas que se abrem
à agricultura irrigada;
4. a necessidade de criar condições para que
o tratamento dos doenteso seja uma me-
dida.
O controle dos caramujos por meio das subs-
tâncias moluscocidas (que os matam) dada
a extensão da área onde elas teriam que ser
aplicadas; às características biológicas dos cara-
mujos (por exemplo, a possibilidade de auto-
fecundação) que os tornam capazes de repovoar
inteiramente uma coleção de água em poucos
meses, o que obriga a aplicação repetida cada
três meses, e tendo em conta o custo das subs-
tâncias — é uma tarefa extremamente difícil.
A experiência em todo o mundo mostra o fra-
caso das tentativas de controle da esquistosso-
mose apenas com as armas específicas dos mo-
luscocidas (para a eliminação dos caramujos) e
do medicamento contra os Schistosoma. É indis-
pensável dispor de recursos para as medidas de
abastecimento de águao contaminada e de
implantação de sistemas higiênicos de remoção
dos excretas. Também indispensável é um ade-
quado esclarecimento da população sobre a doen-
ça, sobre os modos de transmissão e os meios e
técnicas possíveis de controlá-la.
QUAL SERIA O PAPEL DA POPULAÇÃO NO
COMBATE A ESQUISTOSSOMOSE?
Basicamente, seria contribuir para: evitar a polui-
ção das águas pelas fezes e fugir ao contato
com as águas já contaminadas. Isto implica
ações em pelo menos dois níveis: o nível indi-
vidual e o nível coletivo.
As medidas mais importantes dependem da cons-
ciência da ação coletiva, para reclamar, apoiar e
suplementar os recursos públicos. Estes seriam
destinados à Infra-estrutura indispensável ao con-
trole das doenças decorrentes da poluição fecal,
isto é, um mínimo de medidas de saneamento
(abastecimento de água potável e sistema de
remoção higiênica dos dejetos). Tais medi-
das, de acordo com os recursos disponíveis, po-
dem ser: (a) para os excreta desde as fos-
sas mais simples, porém de acordo com os re-
quisitos mínimos de higiene ditados pelo conhe-
cimento de como se transmite a esquistosso-
mose até serviços mais sofisticados de es-
gotos, e (b) para a água desde poços, cis-
ternas ou outras captações de água domiciliares
ou não, construídas de acordo com as instru-
ções de saúde pública (Secretaria de Saúde,
FSESP e outros órgãos de saúde) até abasteci-
mentos coletivos de água, realizados com a con-
tribuição financeira da população.
Qualquer que seja a solução adotada para que
se mostre eficiente no controle da esquistosso-
mose e melhoria dos níveis de saúde, é indis-
pensável que todos como indivíduos ou gru-
pos sociais estejam conscientes das razões
e também das limitações dessas medidas quando
o apoiadas por uma série de outros com-
portamentos, familiares e individuais.
Assim a necessidade de tomar consciência da
importância de se preocupar com comportamen-
tos aparentemente insigificantes, como por
exemplo:o deixar que poças d'água se for-
mem em torno de habitações, pois os caramujos
conseguem viver nas poças e, sobretudo as crian-
ças podem facilmente contaminar-se nelas; lim-
par os leitos dos riachos, das valas, para sus-
citar o aumento da velocidade e a força da água,
e assim, dificultar a fixação dos caramujos nas
margens e no fundo.
Os caramujos alimentam-se de vegetação den-
tro das águas, e de matéria trazida, pela água.
dos chiqueiros de porcos e das plantações de
cana, por exemplo. Deve haver cuidado portanto.
para que o resto das comidas dos porcos, rica
em matéria orgânica,o chegue até as águas.
Para os homens obrigados a trabalhar dentro da
água suspeita de contaminação, o uso de bo-
tas e luvas impermeáveis pode diminuir o risco
de pegar a doença. Nas regiões endêmicas, on-
de as atividades de trabalho, de banho e de re-
creação precisam ser. inevitavelmente, realiza-
das nas águas existentes, impõe-se um mínimo
de cuidado o levantamento dos cursos d'água
existentes, com os pontos de despejo dos de-
jetos. presença de caramujos, etc. para se lo-
calizarem sítios menos perigosos e onde um-
nimo de proteção dessas águas seja possível.
Situação 4.1. H
2
O E MAIS ALGUMA COISA?
1.ª TAREFA:
a) Para começar o estudo da "xistosa", vocês
poderão responder individualmente às se-
guintes perguntas:
1.°) Que é "xistosa"? Oue outros nomes
tem?
2.°) Como pode uma pessoa saber que tem
"xistosa"?
3.°) Como e onde se pega "xistosa"?
4.°) Por que existe "xistosa" em sua locali-
dade?
b) Reunir o grupo:
ler e discutir as respostas de cada co-
lega
desenhar um quadro mostrando como as
pessoas podem apanhar "xistosa" em
sua localidade.
2.' TAREFA:
a) Retirar do BI a ficha-informativa CONDIÇÕES
DE VIDA DO SCHISTOSOMA, VERME PARA-
SITA DO HOMEM.
b) Em grupo observar o desenho da ficha, dis-
cutir as informações e responder:
O que deve ser encontrado em uma co-
leção de água, para que ela seja um
foco de transmissão de esquistossomo-
se?
c) Discutir com o professor e anotar a conclu-
são.
3.ª TAREFA:
O que as pessoas de sua localidade pensam so-
bre a "xistosa"?
a) Para saber isto. cada colega do grupo deve-
rá entrevistar duas pessoas que estejam em
contato com água de rios, lagoas, etc.
lavando roupa, pescando, trabalhando na la-
voura, tomando banho etc.
Na entrevista fazer as mesmas perguntas
formuladas na 1.ª tarefa (perguntas 1.ª 2.ª,
3.ª e 4.ª).
Se a pessoa com quem você estiver con-
versando disser que se pode pegar a "xis-
tosa" entrando em contato com a água, per-
guntar também:
Por que continua a ter contato com a
água?
b) Observar e anotar as condições de moradia
das pessoas especialmente quanto ao destino
dado aos dejetos (fezes e urina). Consulte
antes a ficha Diferentes tipos de privadas
que está arquivada no BI.
c) Reunir o grupo:
ler as respostas dadas pelas pessoas
entrevistadas e discutir as condições de
moradia observadas;
fazer um desenho, explicando como as
pessoas costumam pegar e transmitir a
"xistosa."
4.ª TAREFA:
Na sua localidade, onde se pode pegar a "xis-
tosa"? Onde existem os caramujos da "xistosa"?
a) Desenhar o caramujo da "xistosa"
b) Em grupo, fazer um mapa da localidade, des-
tacando os cursos d'água (rios, lagoas, re-
gos etc.) onde podem ser encontrados os
caramujos.
c) Montar um mostruário com as conchas de
vários tipos de caramujos aruá, ( caracol) ca-
ramujo de horta,' moluscos existentes na sua
região, destacando aqueles tipos que servem
como hospedeiros do verme da esquistosso-
mose.
d) Responder por escrito:
1.°) Para ondeo os dejetos (fezes e uri-
na) das moradias que estão à beira dos
cursos d'água?
2.°) Há locais protegidos por vegetação, às
margens desses cursos d'água. onde
algumas pessoas defecam?
3.°) Por que as pessoas que freqüentam es-
ses locais para lavar roupa, trabalhar
ou tomar banho podem apanhar "xis-
tosa"?
e) Discutir com o professor os resultados des-
sa tarefa e apresentar o mostruário com as
conchas de moluscos, os desenhos e os ma-
pas.
5.ª TAREFA:
Quem pode dar mais informação sobre a "xis-
tosa"? O que dizem os Serviços de Saúde?
a) Para saber Isto, planejar uma visita a um
órgão de saúde. No BI existe uma ficha
"XISTOSA" que vocês poderão consultar.
b) No Serviço de Saúde:
1.°) Conversar com médicos e outros pro-
fissionais de saúde para ter uma idéia
mais completa sobre:
a doença esquistossomose;
os motivos por que ela é endêmica
na região;
o que favorece a existência dos ca-
ramujos transmissores em determi-
nados lugares (ter à mão o mapa
preparado na 3." tarefa);
a conveniência de se tratar os
doentes queo forçados a fre-
qüentar os focos de transmissão.
2.°) Pedir fotografias para ver ovos. mirací-
dios, cercárias ou Schistosoma adulto,
ou se possível, ver no microscópio o
ovo do Schistosoma.
3.°) Pedir informação sobre a localização
dos vermes no organismo humano.
4.°) Pedir informação sobre o esquema de
controle da esquistossomose prevista
para aquela área: medidas de sanea-
mento básico (água domiciliar e ade-
quado sistema de remoção de dejetos
fezes e urina), tratamento dos doen-
tes, controle dos caramujos, educação
da população etc.
c) Em grupo fazer um relatório da visita ao
Serviço de Saúde.
6.' TAREFA:
a) Agora que vocês já sabem muita coisa sobre
a "xistosa" vocês poderiam, em grupo, dis-
cutir:
como a população pode participar do
combate à esquistossomose, na locali-
dade?
b) Anotar as conclusões.
c) Discutir com o professor.
7.' TAREFA:
Fazer um relatório reunindo todos os resultados
das tarefas (anotações, desenhos, mapas, mos-
truário e conclusões).
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação;
nome dos componentes do grupo e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
H
2
O E MAIS ALGUMA COISA?, possibilitará
aos alunos a compreensão dos conceitos enun-
ciados no texto 4 — OS MODOS DE MORAR
DO HOMEM E A ESQUISTOSSOMOSE. Este
texto será útil ao professor na orientação dos
alunos que escolheram para trabalhar aquela si-
tuação entre as outras da unidade OS MODOS
DE O HOMEM MORAR E A SAÚDE, apresenta-
das no diagrama. No banco de informações, os
alunos deverão encontrar as tarefas da situação
escolhida e todo o material necessário para de-
senvolvê-las.
Os alunos deverão exprimir os seus conhecimen-
tos sobre a doença e discutir as informações
novas sobre o verme Schistosoma mansoní; in-
vestigar os conceitos das pessoas da comuni-
dade, principalmente daquelas que estão vivendo
o problema da esquistossomose; fazer um traça-
do dos cursos d'água onde podem ser encontra-
dos caramujos; descrever as condições de re-
moção dos dejetos das moradias à beira desses
cursos d'água e ir a um Serviço de Saúde bus-
car outras informações sobre essa verminose.
Durante o desenvolvimento das tarefas, o pro-
fessor notará que os alunos jám algumas no-
ções sobre a doença; por exemplo: "a xistosa é
uma doença contagiosa que dá mais nas crian-
ças que as mães levam para os rios, onde elas
lavam roupa"; "a gente pode apanhar xistosa se
ficar descalço na água parada"; "a xistosa é
doença que vem do caramujo"; "a pessoa que
tem xistosa sente fraqueza, dor nas pernas, tem
sangue nas fezes" etc.
Em geral, os conhecimentos expressos pelos
alunos sobre as manifestações da doença e o
seu mecanismo de transmissão,o frutos de
experiências vividas, ou de informações obtidas
por divulgação oral ou escrita. Entretanto, nas
experiências anteriores as informações adquiri-
dasom permitido aos alunos compreender
perfeitamente a existência de mioroorganismos
nas fezes humanas, ou" a existência, por assim
dizer, venturosa do parasito Schistosoma man-
soní, ora dentro de seus hospedeiros, ora na
água em forma larvária. principalmente àqueles
que nunca tiveram acesso a um microscópio, e
que por isso mesmo constróem suas explicações
a partir do que podem ver e sentir.
Esta a razão por que o estudo da esquistos-
somose deverá partir das situações concretas
em que vivem os alunos. O professor deverá
captar e aproveitar o que os alunos já trazem
consigo como conhecimentos, modos de sentir
e definir a doença, modos de enfrentar e resol-
ver os problemas do viver cotidiano. Quanto
mais concreta for a situação de aprendizagem
do ciclo de transmissão da esquistossomose,
mais oportunidades haverá para elaboração de
hipóteses e indagações a respeito do objeto em
estudo. O contato em classe ou extra-classe
dos alunos com os caramujos hospedeiros e
suas desovas; com caramujoso hospedeiros
do parasita; com ovos do Schistosoma mansoni
vistos em microscópios; com cercárias vistas a
olho nu, saindo de caramujos capturados em um
foco e colocados em vidros transparentes com
água; a observação das condições de moradias
quanto aos sistemas de água e remoção dos de-
jetos, tipos de trabalho e de lazer da população
criará oportunidades para a ação e reflexão, para
a descoberta das relações de causa e efeitos,
para a redefinição das situações que geram o
problema da esquistossomose na localidade.
Fig 39
Agentes biológicos que limitam
a população do caramujo hos-
pedeiro do Schistosoma manso-
ni.
Ao final, espera-se que os alunos possam con-
frontar os seus conhecimentos anteriores com
as novas informações e descobertas; e cheguem
à conclusão de que o problema da esquistosso-
moose está relacionado aos modos de morar do
homem, sugerindo medidas de combate.
Tilapia
Peixe que se alimenta de vege-
tação onde os caramujos fazem
a sua desova.
Pomacea haustrum
Caramujoo transmissor que
compete por alimento e espaço
com as espécies transmissoras.
Calda
Resíduos de fibras mortais para
o caramujo.
Pato doméstico.
Come o caramujo
Saponarias
Plantas que envenenam o cara-
mujo.
A observação do povo, aliada a
dos pesquisadores pode levar à
descoberta e uso de outros
agentes biológicos capazes de
controlar a população de cara-
mujos transmissores.
Apiari (Astronotus ocellatus)
Come o caramujo.
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar a ficha-lista das tarefas da situação
H
2
O E MAIS ALGUMA COISA? e o seguinte
material:
ficha-informatlva "XISTOSA", que o professor
deverá preparar com as seguintes informa-
ções para os alunos:
nomes e endereços dos Serviços de
Saúde que os alunos deverão procurar;
nomes dos médicos e outros profissio-
nais de saúde que poderão ser entre-
vistados;
horários em que os alunos poderão ser
atendidos
Para preparar essa ficha, o professor deverá,
antes, entrar em contato com os serviços de
Saúde da localidade e verificar a possibilidade
de 6erem os alunos atendidos para as entrevis-
tas e coleta de informações.
ficha-informativa DIFERENTES TIPOS DE PRI-
VADAS, já apresentadas na aplicação prá-
tica do texto 1;
ficha-informativa CONDIÇÕES DE VIDA DO
SCHISTOSOMA, VERME PARASITA DO HO-
MEM. apresentada a seguir:
Fig 46-0 TRAJETO DE VIDA DO SHISTOSOMA MANSONI
Schistosoma
(o macho tendido abrigando num
canal a fêmea; dal o nome de schis-
to = tendido).
Macho e fêmea adultos do parasita,
acasalados, vivendo nas veias do
aparelho digestivo das pessoas que
sofrem de esquistossomose
O doente de esquistossomose:
Ovo do Schistosa:
Ovos postos pelêmea atraves-
sam a parede daeias intestinais
e caem no tubojestivo (intesti-
no). Junto com azes saem para
fora do organismo humano, para
uma fase de vida e. Outros ovos
o para o fígado pessoa, preju-
dicando e agrava) a situação do
doente
impede a propagação da doença se os ovos contidianas suas fezes
morrem no buraco de uma fossa (2) ou na rede de esgotos bem
construídos; quando os ovos morrem dessecados em solo seco,
sem chuvas, longe de qualquer água (3).
ajuda a propagação da doença quando as fezes contendo ovos
o deixadas no chão, próximo à água doce e pal levadas pela
chuva (4), enxurrada, ou manilha de esgoto. Quando forem jo-
gadas diretamente na água (1).
I
Miracldio
Na água o ovo do Schistosoma se
abre e um pequeno parasito jovem
é liberado (dai o nome de miraci-
dio = menino). O miracldio respi-
ra o oxigênio da água, maso se
alimenta É dotado de muitos cilios
que lhe permitem uma intensa mo-
vimentação na água, à procura de
um caramujo para nele se hospe-
dar. Ele contém dentro de si mas-
sas germinativas que darão origem.
durante a sua permanência de 20 a
30 dias no caramujo a milhares de
cercárias.o é visível a olho nú
Caramujo
As espécies de caramujo queo
hospedeiras do Schistosoma repro-
duzem-se rapidamente e chegam a
formar numerosas populações se
encontram condições favoráveis:
água mansa, sem correnteza, rica
em matéria orgânica para sua ali-
mentação, com temperaturas entre
20 e 28 graus C Valas de irriga-
ção. poças, regos no quintal das
casas, riachos e poços das lavadei-
ras, podem oferecer as condições
ótimas para os caramujos Alguns
caramujos adoecem e morrem com
a penetração do Schistosoma Re-
sistem à dessecação nos períodos
de seca, enterrados, por vários me-
ses, no barro úmido, esperando
que as águas voltem para subir à
superfície.
Cercaria
No caramujo, cada miracldio se transforma, se multiplica em milha-
res de cercárias que saem para uma fase de vida livre na água, on-
de procuram um hospedeiro vertebrado A cauda que possuem para
ajuda-las a nadar cai quando penetram no hospedeiro. Aí jáo pre-
cisam mais nadar, poiso impelidas pela corrente sangüínea. As
cercáriaso visíveis com uma lente de aumento
As cercárias depois de penetrarem, com grande esforço, na pele
de um vertebrado. se encaminham para os vasos da circulação do
sangue e acabam se alojando nas veias do aparelho digestivo do
hospedeiro. Al se desenvolvem e se transformam em vermes adultos,
aptos a se acasalarem e gerar embriões, dentro de ovos que terão
que sair com as fezes do hospedeiro para alcançarem as águas onde
poderão encontrar caramujos (hospedeiros intermediários), e depois
um homem...
Texto 5. OS MODOS DE MORAR DO
HOMEM E A DOENÇA
DE CHAGAS
I — A MORADA DO HOMEM EM COMUM COM
OUTROS SERES
O homem quase sempre divide com outros seres
vivos, o seu ambiente, o seu espaço. À sua
volta estão as plantas, os animais domesticados,
os insetos, os pássaros, o ar, a água, o solo e
o mundo invisível de micróbios. Conforme o lo-
cal, o clima, as necessidades vitais, animais e
vegetais compartilham a morada do homem, es-
tabelecendo com este uma relação de maior ou
menor dependência, ajudando-o ou prejudican-
do-o.
O lugar e o tipo de material que as pessoas
escolhem para construir suas casas, o destino
que é dado às fezes e ao lixo tudo isso vai
determinar a presença ouo de insetos, como
baratas, barbeiros, percevejos, pulgas, piolhos,
dentro da moradia. No terreiro e na plantação, a
presença de moscas, mosquitos, formigas, tam-
m é determinada pela forma de tratamento
dispensada aos dejetos, ao lixo, às águas ser-
vidas. Ratos, morcegos, gambás, aranhas, escor-
piões etc, aproximam-se da casa à procura de
alimento e de abrigo, geralmente encontrados
nos paióis, galinheiros, lixo e porões. Por outro
lado, há o cuidado do homem em criar perto de
si animais, gatos, cães, galinhas, patos, pombos.
abelhas, além de manter, para exploração eco-
nômica suínos, bovinos etc. Cultiva ainda uma
série de plantas para alimentação ou ornamen-
tação .
O homem, assim, vive em meio de muitas outras
espécies que procura ou pode selecionar. Na
sua incessante busca de progresso é ele que,
o raro, invade e conquista os ambientes na-
turais de outros seres, para aí se instalar ou
buscar benefícios, ameaçando-os. extinguindo-os
ou favorecendo-lhes a existência.
Il A DOENÇA DE CHAGAS
A doença de Chagas é um exemplo de como a
morada do homem lhe pode trazer sérios pro-
blemas de vida e afetar a sua saúde. Em nosso
País 5 a 10 milhões de habitanteso por ela
acometidos. A doença de Chagas é causada por
um parasito pequeniníssimo, o Trypanosoma
cruzi, que vive no sangue e em órgãos internos
do homem e de alguns mamíferos. Para se per-
petuar, o Trypanosoma cruzi precisa viver em
dois hospedeiros: em um mamífero (homem, ra-
to, gambá, tatu e outros) e em um inseto, o
"barbeiro", também conhecido como chupão, bi-
cudo, fincão, procotó etc. Ao que parece, de iní-
cio, os tripanosomas viviam apenas no inseto;
adaptaram-se aos mamíferos na medida em que
estes se relacionaram com os "barbeiros". Em-
bora se conheçam muitos insetos semelhantes,
no que toca à doença de Chagas, só se consi-
deram os "barbeiros", que se alimentam do san-
gue de animais vertebrados isto é, barbeiros he-
matófagos (do grego haima, sangue e phagein,
comer). Outras espécies, as de fitófagos (do
grego phyton, planta e phagein, comer) que se
nutrem da seiva de plantas, ou as de predadores
que devoram outros insetoso conseguem al-
bergar os tripanosomas da doença de Chagas.
Os barbeiros hematófagos podem alimentar-se
do sangue de vários vertebrados, como aves.
répteis e mamíferos, mas é somente dentro
destes últimos que se desenvolve bem o Trypa-
nosoma cruzi e portanto a doença de Chagas.
Fig 47 - MAPA DAS ÁREAS DE DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL FONTE: M. SAÚDE 1975
III — A MORADA DO HOMEM E OS "BARBEI-
ROS"
Primitivamente, os barbeiros viviam apenas nas
matas, nos campos e nos cerrados. Eram ani-
mais silvestres, alimentavam-se do sangue de
tatus, gambás, macacos, morcegos, aves etc.
Mas ocorreram mudanças no ambiente: os ho-
mens foram chegando. Com o homem vieram
cães, gatos e outros animais domésticos. Der-
rubaram-se matas, prepararam-se campos para a
lavoura e a criação. A atividade do homem mu-
dou o ambiente. Sua morada, com as criações,
o armazenamento de provisões e os resíduos do
sua alimentação (lixo), atraiu roedores e gam-
bás. Os barbeiros, que antes se alimentavam
do sangue de animais silvestres, adaptaram-se
às mudanças, podendo também se alimentar do
sangue do homem, do gato, do cão. Foram-se
aproximando da habitação do homem, e, logo
passaram a morar dentro de sua casa. Outros
barbeiros vieram no pêlo dos ratos e gambás,
nas penas dos pombos, ou foram transportados
Fia 49
Das diferentes espécies de barbeiros hematófa-
gos, algumas adaptaram-se muito bem às casas
de pau-a-pique ou de enchimento, porque elas
se parecem com as tocas de animais da flo-
resta:o casas sem reboco, sem caiação, com
cobertura de capim, escuras e cheias de frestas,
oferecendo boas condições para o barbeiro se
alojar nos buracos das paredes e,, bem pro-
tegido,r os seus ovos e criar a sua prole.
Essa casa do homem passou também a ser a
casa do barbeiro, bicho do mato acostumado
aos paus de árvores, às tocas de tatus e ninhos
de aves.
pela própria migração do homem, sob a forma
de ovos, ninfas ou insetos adultos, levados em
malas, roupas, balaios de galinhas, arreios, fei-
xes de lenha etc.
Caberia aqui perguntar a razão de tal tipo de
casa, elemento principal na aproximação do ho-
mem com o barbeiro. Porque, na verdade, tal
aproximaçãoo se concretiza em certas re-
giões, como o sul dos Estados Unidos, onde
sempre houve barbeiros e tripanosomas nos am-
bientes silvestres. Ali, a colonização, o desma-
tamento, as migraçõeso se acompanharam da
construção de casas adequadas aos insetos, e,
praticamenteo há doença de Chagas humana.
Existem inúmeras espécies de barbeiros trans-
missores, quase uma centena, dispersas por to-
do o continente americano, do sul dos Estados
Unidos ao sul da Argentina. Há espécies ainda
restritas ao ambiente silvestre (ninhos e tocas
de animais),, outras totalmente adaptadas às
casas dos homens (espécies domiciliares). Ou-
tras, ainda,o intermediárias: dão-se bem nas
oasas de pau-a-pique, mas preferem morar no
quintal: nos galinheiros, nos ocos das árvores,
nos forros dos telhados, em ninhos de pardais,
de pombos e morcegos, ou se Instalam nos
paióis e porões. Todos, entretanto procuram fi-
car próximos à sua fonte de alimento: o sangue
do homem e de outros vertebrados. É uma de-
pendênciao grande, que os barbeiros apren-
dem a migrar quando a fonte de sangue se des-
loca, ou a suportar alguns meses de jejum, quan-
do, por exemplo, se alimentam em aves que pas-
sam uma estação fora dos ninhos.
Diferenciação pela cabeça de "barbeiros" suga-
dores de sangue (C), e outros tipos encontra-
dos no Brasil.
Em (A) tem-se um predador, que se alimenta
de outros insetos.
Em (B) o esquema é de um fitófago, que se ali-
menta de seiva das plantas.
A tromba do hematófago (C) fina e reta, sendo
a cabeça bem comprida.
IV A TRANSMISSÃO DA DOENÇA DE
CHAGAS
Nem todos os barbeiros hematófagos transmi-
tem a doença de Chagas, pois, ao nascer, esses
insetoso possuem o Trypanosoma cruzi em
seu intestino.
O barbeiro, somente ao chupar o sangue de um
animal ou pessoa "reservatório" dos tripanoso-
mas, passará a ter esses parasitos no seu cor-
po. Os parasitos sofrem um processo de desen-
volvimento e pouco a poucoo se localizando
no intestino do barbeiro, sob formas capazes de
infectar outros mamíferos.
Os barbeiros costumam defecar imediatamente
após sua refeição de sangue.o essas fezes,
eo a picada em si, que transmitem os pa-
rasitos antes localizados no intestino. É geral-
mente à noite, durante o sono das pessoas ou
animais, que os barbeiroso procurar seu ali-
mento, picando o rosto ou as partes descober-
tas. Após se saciar e defecar, eles abandonam
o local e a reação da picada provoca coceira.
Se as fezes depositadas contêm os parasitos, o
ato de cocar pode contaminar o orifício da pi-
cada, a parte interna das pálpebras ou qualquer
ferimento existente na pele. O parasito invade
os tecidos, e, está consumada a transmissão.
Um mesmo barbeiro infectado pode contaminar
diversas pessoas, dado que os tripanosomas po-
dem permanecer em seu interior multiplicando-
se indefinidamente.
Figs 50
51
A casa do homem e as casas dos "barbeiros". no ambiente silvestre em equilíbrio, os "barbei
ros" circulam entre ninhos de aves e tocas de mamíferos.
Fig 52
Fig 53
O desmatamento gera desequilíbrio reduzindo a O homem se instala próximo dos locais de des
flora e a fauna. Os "barbeiros" se vem privados matamento Os "barbeiros" desalojados procuram
de abrigo e de sua fonte de alimento. abrigos próximos à casa e na própria casa do
Fios 54 55 homem.
O próprio homem se expõe como alimento para os "barbeiros"
Como se, a transmissão da doença de Cha-
gas só se faz através do sangue, que vai infec-
tar o barbeiro, e, as fezes deste queo infectar
o homem. De homem a homemo existe con-
tágio, ao ser que haja contaminação através
do sangue infectado. Por exemplo: transfusão
de sangue de um indivíduo chagásico a um in-
divíduoo chagásico. Uma outra possibilidade
de transmissão de homem a homem é durante
a gravidez, em que os tripanosomas no sangue
dee chagásica podem vir a infectar o filho
no interior do útero. Trata-se da transmissão
congênita, felizmente bastante rara, no tocante
à doença de Chagas humana.
V COMO É A DOENÇA DE CHAGAS
Poucos dias após a transmissão, dá-se a fase
inicial ou aguda da doença, que dura de um a
três meses e é mais notada em crianças pe-
quenas Caracteriza-se por febre, batimentos
mais rápidos do coração e inchaço no corpo,
mas geralmente passa despercebida, sem sinto-
ma especial. Quando a doença é descoberta
nesta fase, seu tratamento apresenta grande efi-
cácia, pois os tripanosomas permanecem circu-
lando no sangue eo mais vulneráveis aos
medicamentos.
Passada a fase inicial, os tripanosomas entrarão
em equilíbrio com o organismo do seu hospe-
deiro, procurando aninhar-se na intimidade de
alguns órgãos internos, especialmente o cora-
ção, esôfago e o intestino, aí ocasionando lesões
dè maior ou menor gravidade.
Boa parte dos chagásicos, felizmente, atinge ida-
des avançadas sem se molestar com a doença,
quandoo ocorre lesão em nenhum órgão.
Quando o acometido é o coração, órgão que
maise em risco a vida dos chagásicos, a
ação lesiva dos tripanosomas irá destruindo
progressivamente as fibras cardíacas e o órgão
vai ficando deficiente em sua capacidade de
bombear sangue. Poderão ainda acontecer irre-
gularidades nos batimentos, crescimento do ór-
gão, represamentos de sangue pelo corpo, for-
mação de coágulos indesejáveis na circulação,
etc. As lesões cardíacaso as maiores res-
ponsáveis pelas mortes na doença de Chagas,
freqüentemente vitimando súbita e inesperada-
mente pessoas adultas entre 20 e 50 anos.
Já o esôfago, se atacado, aumenta de calibre e
diminui sua capacidade de movimentar os ali-
mentos para o estômago; a pessoa manifesta
dificuldade de engolir alimentos sólidos, É O
chamado mal de engasgo ou embuxamento
No intestino, a doença poderá acarretar aí uma
dilatação e a dificuldade de expelir as fezes.
Conseqüentemente, a pessoa pode passar lon-
gos períodos sem defecar.
Ao contrário do que muitos pensam, a doença
o causa feridas na pele. O nome Chagas re-
fere-se ao grande médico e pesquisador brasi-
leiro Carlos Chagas, que, em 1907, encontrou
pela primeira vez os parasitos no intestino dos
barbeiros, e, pôde diagnosticar ^e estudar os pri-
meiros casos humanos da doença. Carlos Cha-
gas deu ao parasita o nome de Trypanosoma
cruzi em homenagem a Oswaldo Cruz, um outro
grande cientista,- seu companheiro de trabalho
A doença também é conhecida como Tripanoso-
míase americana, por que só ocorre no conti-
nente americano.
Até o momento, o tratamento específico da
doença de Chagas é de precária eficiência, mor-
mente na fase crônica. Ocorrendo lesões, os
cuidados dirigem-se mais a atenuá-las, como
instituição de repouso, hábitos de vida e medi-
camentos que melhorem as condições de traba-
lho do coração. Para o esôfago e intestinos,
além de dietas especiais, podem ser feitas ope-
rações corretoras dos sintomas.
o existindo, ainda, uma vacina eficaz, a pre-
venção da doença se faz pelo combate aos bar-
beiros e cuidados relativos às transfusões de
sangue.
VI COMO COMBATER A DOENÇA DE CHAGAS
Conhecida a cadeia de transmissão da doença.
um primeiro passo para o seu combate é iden-
tificar-lhe os elos fracos, isto é, os meios mais
A doença de Chagas é um dos melhores exem-
plos de relação entre a saúde do homem e a sua
morada. A transmissão de tripanosomas ao ho-
mem pelo barbeiro praticamente só se verifica
dentro da casa. onde o inseto se alojou em
busca de alimento.
Cabe ao homem construir adequadamente e res-
guardar sua morada. Paredes rebocadas sem
frestas e rachaduras, teto de telha, pisos fir-
mes e destituídos de fendas, dificultam ou mes-
mo impossibilitam a invasão dos barbeiros. Tam-
m a limpeza periódica dos móveis, porão, quin-
tal e boa insolação dos aposentos criam proble-
i
suscetíveis de intervenção. Estes são: o barbeiro
e as casas cujas condições favorecem a Insta-
lação deste inseto.
mas aos barbeiros que procuram sempre es-
conder-se em pilhas de lenha e entulhos, para
fugir à luz. O afastamento de animais domésti-
cos e ratos de dentro de casa é outro cuidado
importante que ajuda a diminuir os motivos de
domiciliação dos barbeiros.
-
Em regiões onde a espécie de barbeiro é aquela
que tanto vive bem dentro das casas quanto no
quintal, no campo ou nas matas próximas da
casa.o necessários também certos cuidados.
Deve-se manter uma vigilância constante no
quintal. É preciso ficar atento ao que se passa
em torno da casa, verificar os paus de cercas do
Fig 56
quintal e todos os outros lugares onde os bar-
beiros podem aninhar-se, proteger-se, escon-
der-se e colocar seus ovos.
Numa casa já com barbeiros, é necessária sua
eliminação, através do uso de inseticidas. Den-
tre estes, o mais eficaz tem sido o BHC que
é aplicado nas paredes internas da casa e tem
uma ação de um a dois meses. Trata-se de um
inseticida pouco tóxico para as pessoas e fácil
de ser usado.
Borrifação com BHC contra o "barbeiro" da doença de Chagas.
Emprega-se Bomba Excelsior de pressão descontínua, que tem manivela, palheta agitadora e
capacidade para 14 litros.
Usa-se 350 g. de BHC a 30% de isomerogama em 10 litros de água. Se o BHC disponívelo
for a 30% é necessário refazer o cálculo substituindo 30% pela dosagem encontrada, tal como:
Deve ter no mínimo 0,5 g de isomerogama por m2 de superfície borrífável.
O gasto de inseticida varia mais de acordo com as condições da casa do que do seu tamanho. Assim
pode-se borrifar poucos esconderijos de "barbeiro" num casarão e muitos esconderijos em casinha
pequena de cobertura de sapé.
O efeito residual do BHC varia de acordo com o clima da localidade e é de cerca de 45 dias.
O combate aos barbeiros no Brasil, tem si-
do feito pelo Ministério da Saúde, através da
Superintendência de Campanhas de Saúde-
blica (SUCAM), ou por órgãos estaduais como
a SUSEM deo Paulo.
A população, incentivada e auxiliada pela Admi-
nistração (até mesmo a escolar), pode e deve
participar ativamente desse combate. Além do
esforço de cada um para melhorar a sua habita-
ção, grande ajuda resultará do estímulo ao tra-
balho dos guardas sanitários que pesquisam ou
o expurgar as casas. Da maior importância é
a vigilância, que a comunidade pode exeroer so-
bre a presença dos barbeiros nas casas e arre-
dores. A captura desses insetos tem sido pro-
posta e executada em várias regiões pelos pró-
prios moradores, que os enviam em caixas de
fósforos às autoridades sanitárias regionais, atra-
s da rede escolar.
A prevenção da transmissão da doença de Chagas
pela transfusão de sangue deve ser exigida em
todos os hospitais do Brasil. Mediante rigorosos
exames de doadores de sangue, ou mesmo o tra-
tamento prévio de sangues suspeitos, evitar-se-
iam lastimáveis acidentes que podem resultar
numa doença até mais grave do que a que mo-
tivou a transfusão.
Situação 5 1
1.' TAREFA:
BICUDO, PROCOTÓ, CHUPAO OU
BARBEIRO?
Como é a sua casa? Comoo os arredores
dela? Quem cuida de sua casa? Por que? Como
o esses cuidados?
Comoo as outras casas em sua localidade?
Para desenvolver essa tarefa:
a) cada colega deverá pegar uma folha de pa-
pel e tentar responder às perguntas ante-
riores, usando frases curtas. As respostas
devem ser colocadas uma abaixo da outra,
fazendo uma seqüência; depois ler para o
grupo as suas respostas; e discutir com os
outros companheiros as diferenças perce-
bidas.
b) No caminho da escola para casa, cada um
de vocês deverá observar as casas e as di-
ferenças entre elas, os espaços entre uma
casa e outra, as diferentes maneiras de
cuidar de uma casa. Se sentir necessidade,
você poderá fazer uma visita a uma dessas
casas e, aproveitando a oportunidade, entre-
visitar um dos moradores. Maso se es-
queça de preparar, antes, algumas pergun-
tas.
c) Para terminar essa tarefa, o grupo deverá
fazer um desenho, ou então, uma maquete
representando os tipos mais comuns de
casas da localidade.
2." TAREFA:
a) Que bichos você encontra com freqüência
em sua casa?
Enumere todos esses bichos anotando em
colunas como o exemplo seguinte:
Bicho
Formiga
Gato
Tipo
inseto
mamí-
fero
O que
come
folhas,
açúcar
leite,
carne,
passa-
rinho
Onde ó en-
contrado
no quintal
na terra
por toda
Por que
vive ali
achou comi-
da e espaço
foi compra-
É animal
desejável
o
depende
Por que ó ou
o desejável?
come mantimentos e
plantas
companheiro,
pega ratos
mas é reservatório
de infecção da
doença de
Chagas, provoca
alergia em
certas pessoas
OBSERVAÇÃO:
Pedir auxílio ao professor, para classificar o bi-
cho (2-' coluna).
Para completar o quadro acima, cada colega de-
verá copiá-lo em uma folha à parte e, se neces-
sário, levá-lo para casa.
b) Depois de preenchidas as colunas acima.
vocês deverão fazer um outro quadro con-
tendo todos os animais conhecidos como
indesejáveis e a maneira de eliminá-los ou
afastá-los de casa. Como exemplo, apresen-
tamos o seguinte quadro:
Bicho
Rato
Pulga
Controle (combate)
Todas as medidas para tirar o ali-
mento dele; usar gatos e ratoeiras
Lavar os animais domésticos; usar
inseticida; limpeza e insolação dos
ambientes
c) Quem tiver interesse poderá preparar uma
pequena coleção com os animaizinhos en-
contrados em casa. O professor poderá dar-
lhes instruções de como capturar e conser-
var o bichinho. Para animais maiores, usar
figuras ou modelos de barro ou gesso.
3." TAREFA:
Bicudo, procotó, chupão, chupança ou barbeiro?
Que você já ouviu falar do barbeiro?
Onde ele vive?
De que se alimenta?
Qual é a sua importância?
Como e por que os barbeirosm para dentro
de casa?
Ouais os lugares da casa preferidos pelo bar-
beiro? Por que?
Existe barbeiro em sua localidade? Por que?
Para desenvolver essa tarefa:
a) Cada colega deverá responder às perguntas
acima, por escrito. Depois ler as respostas
para o grupo e discutí-las.
b) Cada um de vocês deverá, também, conver-
sar com algumas pessoas da comunidade
para saber o que elas pensam sobre os bar-
beiros. Para isso, fazer-lhes as mesmas per-
guntas já respondidas por vocês. Anotar to-
das as respostas.
c) A partir das respostas dos colegas de gru-
po e das pessoas entrevistadas, o grupo de-
verá preparar um quadro mostrando os-
bitos dos barbeiros, o seu alimento, o lugar
onde vivem, a sua importância e as suas re-
lações com a casa do homem.
d) O grupo poderá, também, procurar um exem-
plar, um desenho ou retrato do barbeiro para
mostrar a seus colegas e guardar no BI.
4.- TAREFA:
Existe a doença de Chagas na sua localidade?
Por que?
Como se pode pegar esta doença?
Como é a doença de Chagas? Que ela ocasiona?
Como nos protegemos dessa doença?
Para desenvolver essa tarefa:
a) cada colega deverá responder por escrito.
as perguntas acima. Depois ler as respos-
tas para o grupo e discutf-las.
b) Cada um de vocês deverá, também, conver-
sar com pessoas da comunidade para saber
o que elas pensam sobre a doença. Para
isso, fazer-lhes as mesmas perguntas já res-
pondidas por vocês.
c) Se a doença de Chagas existir na localidade.
o grupo poderá:
pesquisar os lugares onde existem bar-
beiros;
estudar a possibilidade de montagem de
um serviço de notificação de barbeiros
na Escola:
esclarecer e demonstrar aos colegas como
capturar os barbeiros;
escolher aqueles que serão responsáveis
pelo recebimento dos barbeiros;
estabelecer contato com órgãos de saúde
para onde deverão ser encaminhados os
barbeiros (SUCAM SUSEM Postos de
Saúde etc);
combinar as providências.
5/ TAREFA:
Que mais vocês gostariam de saber sobre os
barbeiros e sobre a doença de Chagas? Existem
insetos parecidos com os barbeiros mas quao
transmitem a doença de Chagas? Comoo os
seus hábitos?
Agora o grupo deverá:
a) Retirar do BI a ficha-informativa O "BARBEI-
RO" E O PARASITA DA DOENÇA DE CHA-
GAS".
b) Ler e discutir as informações novas, rela-
cionando-as com os dados colhidos durante
o desenvolvimento das tarefas anteriores.
c) Discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
6" TAREFA:
Preparar, em grupo, um relatório com os resulta-
dos das tarefas.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação
nome dos participantes do grupo e sua série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
BICUDO, PROCOTÓ. CHUPÀO OU BARBEIRO?
possibilitará aos alunos a compreensão dos con-
ceitos enunciados no texto 5 OS MODOS DE
MORAR DO HOMEM E A DOENÇA DE CHAGAS.
Este texto será útil para o professor na orien-
tação do grupo de alunos que escolheu para tra-
balhar aquela situação entre as outras da uni-
dade OS MODOS DE O HOMEM MORAR E A
SAÚDE, apresentados no diagrama. No banco de
informações (BI), os alunos deverão encontrar
as tarefas da situação escolhida e o material
necessário para desenvolvê-las.
Nas atividades, os alunos deverão retratar a sua
moradia e as outras da localidade; enumerar os
animais que se encontram nos arredores da
casa, classificando-os em desejáveis ou não; ex-
primir os seus conhecimentos sobre o barbeiro
e a doença de Chagas; conversar com algumas
pessoas sobre o assunto. Depois, discutir al-
gumas informações sobre o parasita e o vetor
da doença de Chagas, relacionando-as com os
dados colhidos nas primeiras tarefas.
Se a doença de Chagas 'existir na localidade, o
professor deverá estimular e orientar os alunos
para pesquisar os lugares ondeo encontrados
barbeiros e estudar a possibilidade de se criar
um serviço de notificação de barbeiros na escola.
Um Serviço de Saúde deve ser contactado e as
providências tomadas em conjunto.
Nas discussões com o grupo, o professor ficará
atento às idéias e modos de pensar dos alunos.
Procurará, junto com eles, os pontos semelhan-
tes entre os conhecimentos antigos frutos de
suas experiências de vida e as novas infor-
mações, colhidas durante o desenvolvimento das
tarefas.
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar a ficha-lista das tarefas da situação BI-
CUDO, PROCOTÓ. CHUPAO OU BARBEIRO? e o
seguinte material:
um exemplar, desenho ou retrato do barbeiro,
inseto transmissor da doença de Chagas, que
o professor tentará conseguir em um Servi-
ço de Saúde:
ficha-informativa O "BARBEIRO" E O PARA-
SITA DA DOENÇA DE CHAGAS, apresentada
a seguir.
Ficha-informativa: O "BARBEIRO" E O PARASITA
DA DOENÇA DE CHAGAS
A doença de Chagas é causada por um parasita
pequeniníssimo, o Tripanosoma cruzi, que só pode
ser visto através de microscópio.
No microscópio, o tripanosoma é visto como na
figura: tem um corpo alongado e curvo, que vai
se afinando nas pontas, onde existe uma cauda
comprida e fina, que é chamada de flagelo. Este
flagelo serve para o tripanosoma se movimentar
de um lado para o outro.
Fig. 57
Para se perpetuar o Tripanosoma cruzi precisa
viver no sangue e em órgãos internos de dois
hospedeiros: um mamífero (homem, rato, gam-
, tatu e outros) e um inseto, o barbeiro, tam-
m conhecido como chupão, bicudo, fincão,
procotó etc.
Ao que parece, de início, os tripanosomas vi-
viam apenas no inseto; adaptaram-se aos ma-
míferos na medida em que estes se relaciona-
ram com os barbeiros bicho acostumado ao
mato. Embora se conheçam muitos insetos se- '
melhantes, no que toca à doença de Chagas, só
se consideram barbeiros, os que se alimentam
do sangue de animais vertebrados, isto é, os
"barbeiros'' hematófagos (do grego haima, san-
gue e phagein, comer). Outras espécies, as de
fitófagos (do grego phyton, planta e phagein,
comer), que se nutrem de seiva de plantas, ou
as de predadores que devoram outros insetos
o conseguem albergar os tripanosomas da
doença de Chagas.
Os barbeiros hematófagos podem alimentar-se
do sangue de vários vertebrados, como aves,
répteis e mamíferos, mas é somente dentro
destes últimos que se desenvolve bem o Tri-
panosoma cruzi e portanto a doença de Chagas.
Tripanosoma cruzi: aumentado 5.500 vezes.
O quadro abaixo mostra através de que animais
circula o parasita da doença.
COLUNA 1
0 barbeiro se alimenta do san-
gue dos seguintes animais:
da casa:
homem
cão
gato
camundongo
morcego
galinha
passarinho
do quintal:
rato
porco
cabra
gambá
rato-esgoto
rato de campo
tatu galinha
tatu peba
tatu rabo mole
morcego
cobaia
pato
peru
galinha
pombo
das matas e cerrados:
ouriço
macaco de cheiro
sagüi
cotia
paca
cobaia
guariba
tatu
esquilo
tamanduá
rato d'água
cuica
mucura
irará
aves
COLUNA 2
0 parasita da doença de Cha-
gas é encontrado nos seguin-
tes animais (hospedeiros na-
turais) :
da casa:
homem
cão
gato
camundongo
morcego
do quintal:
rato
porco
cabra
gambá
rato-esgoto
rato de campo
tatu galinha
tatu peba
tatu rabo mole
morcego
cobaia
das matas e cerrados:
ouriço
macaco de cheiro
sagüi
cotia
paca
cobaia
guariba
tatu
esquilo
tamanduá
rato d'água
cuica
mucura
irará
aves
COLUNA 3
0 parasita da doença de Cha-
gaso é encontrado nos se-
guintes animais:
da casa:
galinha
passarinho
do quintal:
pato
peru
galinha
pombo
das matas a cerrados:
de uma maneira geral
todas as aves
Fig 59
A "cafua" construída pelo homem em ambiente anteriormente silvestre poderá se tornar um abrigo
seguro para o "barbeiro". O próprio morador e os animais que o acompanham serão as novas fon-
tes de alimento do inseto.
Investigue quais dos animais acima podem ser reservatórios do Trypanosoma cruzi.
Fig 58
Andando em uma mata, campo ou cerrado, você podeo ver o 'barbeiro", por ser um inseto pe-
queno que se esconde dos inimigos. Mas, pela observação de seus possíveis abrigos e de suas
fontes de alimento entenderá que o "barbeiro" é um animal de hábitos silvestres.
Por que então o "barbeiro" abandona o seu ambiente natural e se domicilia na casa do homem?
lação resistente que exigirá novos esquemas
de tratamento.
Fig 61
O BCG (bacilo de Calmette e Guérin) é a va-
cina contra a tuberculose. Como outras vacinas,
ela consiste em fazer com que a pessoa tenha
um contato com o bacilo enfraquecido, sem o
perigo de contrair a doença. A partir desse
contato, seu organismo desenvolve uma defesa
contra possíveis contatos posteriores. Ela é apli-
cada sob a forma de injeções na pele, em crian-
ças (mesmo as de baixa idade) e adolescentes
ou em adultos sujeitos a risco especial de adoe-
cimento. Esta vacina (BCG intradérmica) provo-
ca uma reação no local da aplicação, que termina
por formar uma crosta que, quando se despren-
de, descobre uma pequena ferida. Esta lesão é
semelhante à da vacina antivariólica, só que sua
evolução é mais lenta. Dentro de mais ou me-
O esquema que se segue visualisa o processo
de aparecimento de bacilos resistentes à estrep-
tomicina:
nos três meses observa-se no local da aplicação
uma cicatriz plana do diâmetro de um lápis co-
mum. A proteção conferida pelo BCG intradér-
mico dura cerca de 10 anos.
A maioria dos homens entra em contato com o
bacilo de Koch eo fica tuberculoso. Se o
organismo reage, consegue controlar o bacilo,
embora o pulmão passe a guardar o sinal deste
primeiro contato. Talvez os dois fatores mais
importantes na instalação da doença sejam o
contato íntimo com pessoa tuberculosa e ass
condições de vida. Uma evidência da importân-
cia das condições sociais está na diminuição da
mortalidade por tuberculose observada neste
século em todos os países que melhoraram o
nível de vida.
Entretanto, se as condições sociaiso fatores
determinantes do adoecimento por tuberculose,
elaso impedem a sua cura, pois os medica-
mentos específicos existentes hoje em diao
o poderosos que eliminam os bacilos da tuber-
culose mesmo de doentes em condições orgâni-
cas desfavoráveis.
O que cada um des pode fazer como medida
de prevenção?
O bacilo de Koch,o resiste ao soi, portanto
os ambientes arejados onde bate sol, dificultam
a vida do bacilo.
Muitas medidaso utilizadas em um programa
de controle da tuberculose. Por exemplo, os exa-
mes de escarro das pessoas com tosse persis-
tente e a radiografia dos pulmões de certos
grupos mais sujeitos ao contágio (pessoas que
vivem com um tuberculoso, membros da equipe
de saúde).
Fig 62
b) Escrever um relatório com a conclusão final:
a tuberculose constitui um problema
sério na sua comunidade? Por que?
Será que a tuberculose está de alguma
forma relacionada com os modos de
morar do homem? Por que?
Que medidas podem ser tomadas na co-
munidade para evitar a tuberculose?
c) Discutir com o professor e pedir esclareci-
mentos sobre o queo entenderam.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da unidade e da situação;
nome dos participantes do grupo e sua série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
QUE É A TUBERCULOSE?, possibilitará aos alu-
nos a compreensão dos conceitos enunciados no
texto 6 OS MODOS DE MORAR DO HOMEM
E A TUBERCULOSE. Este texto será útil ao pro-
fessor na orientação dos alunos que escolhe-
ram para trabalhar aquela situação entre as ou-
tras da unidade OS MODOS DE O HOMEM MO-
RAR E A SAÚDE, apresentadas no diagrama. No
banco de informações, os alunos deverão en-
contrar as tarefas da situação escolhida e o
material necessário para desenvolvê-las.
Nas atividades, os alunos deverão dizer o que
pensam sobre a tuberculose, entrevistar pessoas
da população e médicos ou outros profissionais
da saúde sobre o assunto.
No início, o professor deverá estimular os alu-
nos a expressar seus conceitos, valorizando os
seus conhecimentos. Muitos deles provavel-
mente já sabem que, para evitar a tuberculose,
é preciso: "dormir em quarto separado, com ja-
nelas,o dormir recebendo o ar nem a tosse de
outras pessoas à noite" (Nacisa, 5.ª série);
"não ficar perto dessa pessoa, dormir em quar-
tos separados,o respirar o mesmo aroma"
(Sônia, 5ª série). Partindo das respostas dos
alunos, o professor poderá questioná-los: por
queo ficar perto do doente? Por que dormir
em quarto separado? Por queo receber a tos-
se? Que pode haver na tosse? Que pode haver
no ar? etc.
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão
encontrar a flcha-llsta das tarefas da situação
QUE É A TUBERCULOSE? e o seguinte material
que o professor deverá providenciar:
ficha-informativa TUBERCULOSE, com as se-
guintes informações para os alunos:
nomes e endereços dos Serviços de
Saúde que os alunos poderão procurar;
nomes dos médicos e outros profissio-
nais de Saúde que poderão ser entre-
vistados pelos alunos;
horários em que os alunos poderão ser
atendidos.
Para preparar essa ficha, o professor deverá,
antes, entrar em contato com os Serviços
de Saúde e verificar a possibilidade de se-
rem os alunos atendidos para as entrevis-
tas e coleta de dados.
Ficha-informativa com alguns dados do tex-
to OS MODOS DE MORAR DO HOMEM E
A TUBERCULOSE;
materiais, tais como: dados estatísticos so-
bre a tuberculose no Brasil ou no Estado,
artigos de jornais, revistas etc, para con-
sulta dos alunos, quando necessário.
O questionamento ajudará os alunos a refletir
sobre a doença, suas causas e suas relações
com os modos de morar do homem.
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
AS DEFESAS DO HOMEM
DIAGRAMA DOS TEXTOS
Unidade AS DEFESAS DO HOMEM
Texto 1. A VIDA E O MEIO
Introdução
As defesas, vontade de viver
INTRODUÇÃO:
Cada ser vivo está rodeado de outros seres vi-
vos ou inanimados com os quais se relaciona.
o relações de dependência, de dominação, de
trocas, de agressão, de defesa. O esforço pela
vida é um nunca cessar de ajustamentos entre
o ser vivo e o seu meio, seja para conseguir
energia e oxigênio para o funcionamento de
seus processos vitais, seja para conquistar, de-
limitar e construir o seu espaço vital, seja para
preservar a própria integridade e a continuação
de sua espécie. Ao longo da história do mun-
do, os seres vivos evoluem numa contínua adap-
tação ao meio ambiente, meio esse que igual-
mente muda a cada Instante, produto que é de
todos os seres que o compõem. Os animais,
em geral, se movimentam até encontrar um
meio favorável. Já os vegetais dependem da
sorte: suas sementes ou demais formas de re-
produção, quando transportadas pelo vento ou
por outros agentes, sobrevivem e se desenvol-
vem ao cair em meio favorável, caso contrário
acabam por sucumbir.
Os seres vivoso estão distribuidos por acaso
em diferentes partes do mundo. Para cada es-
pécie há um tipo de região mais apropriada. As
condições de clima, umidade, regime de chuvas
e de ventos, qualidade do solo ou água e os
demais seres vivos, tudo isso em seu conjunto
é que constitui um meio ambiente, que pode
ser favorável ouo à sobrevivência de cada
espécie.
O esforço de adaptação dos seres vivos ao meio
ambiente éo grande que mesmo em regiões
secas, onde a escassez de água torna difícil a
presença de vegetais e animais, inclusive o ho-
mem. existem plantas queo capazes de reti-
rar e reter a água do ambiente, oferecendo as-
sim uma alternativa para a vida de muitos ou-
tros seres. O sisal, cacto existente em várias
áreas secas da Bahia, assim o faz. Extremamen-
te equipado à sobrevida na seca, consegue criar
um pequeno mundo, protegendo, alimentando e
fornecendo água a algumas aves, formigas, ra-
tos, coelhos e outros mamíferos de maior porte.
A umidade retida ao seu redor, ou entre suas
folhas carnudas, cria condição de vida para co-
gumelos, térmitas e pequenos besouros. Ara-
nhas ali se instalam alimentando-se de peque-
nos insetos. Os roedores albergam as pulgas,
que por sua vez podem albergar bactérias cau-
sadoras de doenças como a peste. Vários ani-
mais se nutrem daqueles que se nutrem da plan-
ta. Outros comem as dejeções e carcaças dos
anteriores. A sombra e a matéria orgânica em
decomposição, favorecem o surgimento de om-
tras espécies vegetais menores, que proporcio-
narão mais abrigo e comida às criaturas "mo-
radoras" do sisal. E o homem encontra no sisal
o seu sustento: alimenta com ele alguns ani-
mais e, sobretudo, tira do sisal as suas fibras,
que beneficia e vende para tecelagem, produzin-
do assim outros bens de consumo e subsistên-
cia.
Fig 63 - DEPENDÊNCIAS DA BROMÉLIA
Como o sisal, a bromélia (planta que vive sôbre pedras ou árvores, muito apreciada como planta
ornamental) oferece alternativas para a vida de muitos outros seres vivos.
Assim, em determinado meio ambiente, onde ani-
mais e vegetais lutam por sobreviver, as mais
variadas relaçõeso estabelecidas; influem aí
tanto fatores físicos do meio, quanto as carac-
terísticas e necessidades peculiares a cada es-
pécie. Há uma competição constante na disputa
pelo alimento, pela água, pelo espaço vital. As
mudançaso constantes e obrigatórias, resul-
tantes da própria dinâmica de viver e morrer de
cada indivíduo. É quase impossível a existên-
cia de um meio ideal. Algumas criaturas des-
troem outras para alimentar-se:o os preda-
dores. Outras espécies vivem à custa de espé-
cies diferentes, causando-lhes algum prejuízo
maso necessariamente a morte:o os pa-
rasitas. Outras albergam-se num hospedeiro sem
aparenter ente fazer-lhe mal, nutrindo-se do que
este consegue para alimento:o os comensais.
Há ainda inúmeros tipos de cooperação, em ter-
mos de procura de alimento, de provisão de
abrigo, de defesa do grupo. Estes tipos de rela-
ções, mais a fome, superpopulação e epidemias
são, entre outros, fatores limitantes à expansão
indefinida das espécies.
As relações com o meio são, portanto, extrema-
mente dinâmicas; em todas as formas de vida,
encontram-se o trabalho e o esforço para viver.
Do ponto de vista da Bioquímica e da Fisiologia,
a vida é um processo dinâmico de desequilíbrio,
em que partículas orgânicas (moléculas) sub-
micrqscópicas estão em contínua atividade para
captar e liberar energia no meio ambiente. Den-
tro desta visão, a morte seria o equilíbrio, a
inércia, a parada bioquímica. As células, unida-
des elementares da vida, estarão vivas enquan-
to capazes de trabalhar a energia do meio, rea-
lizando com êste trocas de água, de gases, de
moléculas orgânicas e inorgânicas. Neste tra-
balho, a energia captada pelos organismos atra-
s dos processos de nutrição, é armazenada
na intimidade das células e gradualmente libe-
rada conforme as necessidades vitais, mediante
reações químicas de combustão. Tais reações
dependem geralmente do oxigênio, que também
é retirado do ambiente, resultando desse pro-
cesso denominado respiração celular a
energia e os produtos que o organismo devolve
ao meio água es carbônico.
A respiração é um importante indicador de vi-
talidade; significa um intercâmbio de moléculas
e de energia entre as células e o ambiente.
Respirar implica em constante procura de oxi-
gênio pelos seres vivos, quem de retirá-lo
do ar, da água. Já no meio exterior, as reações
e relações se sucedem, como o aproveitamento
dos carbônico pelos vegetais verdes (produ-
zindo o oxigênio pela fotossíntese), a redistri-
buição da água, a decomposição de partículas
orgânicas mortas ou excretadas, etc.
Fala-se de interação do ser vivo com o meio
ambiente. Realmente, cada ser encontra-se imer-
so no seu meio, numa estreita ligação. Posso
dizer que o meu meio começa com o ar que
respiro, pelo qual estou envolvido, e que por
sua vez, transita até a intimidade do meu corpo,
fazendo parte dele e estando necessariamente
implícito na minha própria existência. Da mes-
ma forma, poderia eu viver sem a água que me
circunda, que entra e sai de mim? Meu meio é
ainda a vegetação, a luz solar, a terra.
No corpo, porém, cada célula resguarda a sua
individualidade e o seu espaço próprio, dentro
de uma teia de relações de todas as células
entre si. Dessa interação resulta o meio interno,
um mini-meio gerado na intimidade daquele cor-
po com seus espaços, sua temperatura, a
pressão entre as células, a circulação de água,
oxigênio e nutrientes etc. Há um grande traba-
lho na regulação desse meio interno, assim co-
mo no provimento de condições ótimas de fun-
cionamento para cada célula ou parte do corpo.
Voltando ao exemplo da respiração, sabemos que
esta função é desempenhada no homem por toda
uma complexa aparelhagem que capta, por suc-
ção o ar do ambiente; filtra-o; aquece-o e o
leva a pequenos recipientes no interior dos pul-
mões. Dão-se aí trocas gasosas entre o ar e o
sangue, este recebendo oxigênio enquanto libe-
ras carbônico que volta ao ambiente pelo ato
de expiração. O sangue "oxigenado." será bom-
beado pelo coração e levado pela rede de vasos
sanguíneos a todas as partes do organismo, di-
fundindo-se o oxigênio por todas as células, In-
clusive as do próprio coração e as da muscula-
tura que movimenta os pulmões.
Nos organismos unicelulares, a célula viva, iso-
lada, tem também o seu próprio ambiente, com
o qual se relaciona através de trocas, movimen-
tações, mudanças de forma etc. Mas, a intera-
ção seres unicelulares-ambiente é muito menos
complexa do que a interação seres multicelula-
res-ambiente.
A vida é função do meio, por essência e por
qualidade. Em outras palavras, minha vida apa-
receu e se mantém por que forarn em sido
favoráveis e propícias as condições e circuns-
tâncias do meio em que vivo. Por outro lado,
esta mesma vida pode ser melhor ou pior se-
gundo a qualidade desse meio, no seu conjunto
ou nas suas partes.
O meio se integra na criatura viva. E cada ser,
por sua vez faz parte de seu meio. Como con-
seqüência,o pode existir dissociação ou se-
paração entre o ser vivo e seu meio. É a his-
tória do peixe fora d'água. Numa concepção eco-
lógica e ampla, o meio faz parte do peixe, in-
clusive porque o peixe é constituído a partir dos
elementos do meio.
O universo é o grande meio. Cada mundo, cada
estrela é uma partícula com características pró-
prias, relacionando-se uns com os outros no es-
paço, segundo as leis e forças universais cons-
tituindo um conjunto harmônico e dinâmico. De-
ve-se levar isso em conta na compreensão do
meio mais próximo de cada ser vivo — o am-
biente terra que vem se transformando lenta
(*) DUBOS, R. "O homem e seu ambiente. Conheci-
mentos biomédicos e ação social". Organização Pan-
Americana de Saúde. Publicação Científica n.° 131, 1966.
e continuamente no concerto das relações side-
rais imediatas. O movimento periódico das ma-
rés, sob a influência da lua e do sol, ou as
mudanças de clima conforme explosões na su-
perfície do solo exemplos dessas relações
com os outros corpos do universo.
No ambiente terra, cada espécie possui um "ter-
ritório" ou espaço mais ou menos delimitado no
qual se dispersa. Os mecanismos reguladores
dessa dispersão resultamo só das condições
ambientais mas também da espécie em questão.
Entre estas, predominam as características or-
gânicas (uma espécie aquática ou terrestre, por
exemplo), e sua capacidade para atender às ne-
cessidades básicas de alimento, auto-preserva-
ção e continuidade da espécie. Assim, todos os
seres vivos — e o homem talvez mais do que
os outros estão empenhados na conquista e
na defesa de um espaço próprio. O seu meio
mais próximo, com o qual se liga e do qual de-
pende mais imediatamente, no presente Progra-
ma convencionamos chamar de morada. Na mo-
rada é onde se realizam os esforços do indiví-
duo para viver. É o ponto de partida para toda
a ação que vise a saúde.
AS DEFESAS, VONTADE DE VIVER
Os mais fortes sobrevivem. Eles suportam a
fome, as pragas, a guerra, senão indefinidamen-
te, pelo menos muito mais do que os seres
"comuns". Os sobreviventes continuam sua vida
e passam suas mensagens para novas gera-
ções. (*)
No pequeno mundo de uma lagoa, a Biomphalaria
glabrata, caramujo transmissor da esquistosso-
mose, luta por sobreviver. Com seus movimen-
tos lentos, é presa relativamente fácil para al-
guns peixes e aves que dele se alimentam. A
lentidão também é responsável, muitas vezes.
por enormes dificuldades no encontro da comi-
da. Dezenas de bactérias e larvas procuram pe-
netrar e albergar-se no caramujo. O próprio
Schistosoma causa-lhe graves lesões.o raro
m longos períodos de seca, ou chega o ho-
mem tornando o meio insuportável com seus
pesticidas ou resíduos industriais. Mesmo assim
a espécie, tem resistido e até prosperado em
amplas regiões Aparentementeo frágil e ex-
posto, o caramujo vai lançandoo de suas ca-
pacidades de defesa e tem encontrado as res-
postas ou soluções para todas essas ameaças.
Refugiando-se no interior de sua concha, abri-
gando-se sob vegetações onde sua cor o disfarça,
mergulhando na água e ali permanecendo longos
Fig 64
Antena direita do caramujo inchada com a pe-
netração de miracidios do Schistosoma.
(*) Cousteau, J. "The ocean world", vol. VII, pág. 24,
1.ª Ed. 1973.
períodos, por exemplo, ele confunde alguns ini-
migos. Nos tempos difíceis é capaz de passar
muito tempo em jejum. No seu meio interno,
desenvolve um sistema de células de defesa e
de produção de substâncias que antagonizam a
penetração de parasitas. Defende-se do resse-
camento do meio penetrando no barro do leito
da lagoa por vários centímetros e durante muito
tempo. Quando as condições do meio se recu-
peram, o caramujo sobrevivente se "desenterra"
e recomeça sua vida normal. A preservação da
espécie é assegurada através da incrível fecun-
didade do caramujo e dos milhares de ovos que
põe. Finalmente, em última instância, diante de
grandes devastações e perigos, o caramujo lança
mão da auto-fecundação. Tratando-se de um ani-
mal hermafrodita (que possui os dois sexos no
mesmo organismo, ao mesmo tempo), um único
caramujo remanesoente é capaz de se auto-fe-
cundar e pode, sozinho, repovoar o meio, embora
o o faça em condições normais.
Comportamento e defesao inseparáveis entre
os seres vivos. Luta pela sobrevivência, vonta-
de de viver e auto-preservaçãoo outras ex-
pressões para garantir a continuação da espé-
cie. Faltando a vontade de viver, segundo Cous-
teau (*), um animal poderiao empregar mais
nenhum de seus mecanismos de defesa tornando-
se facilmente uma presa para outro animal. Es-
ta vontade de viver está presente em cada es-
pécie. Numa concepção mais ampla, praticamen-
te todos os processos vitais seriam processos
de defesa, desde que implicados num esforço
pela sobrevivência e por um "melhor viver". É
oportuno que se retomem aqui as idéias iniciais
sobre a Saúde e a sua busca. Os mecanismos
de defesa funcionam basicamente segundo o
princípio de afastar ou eliminar a ameaça, apro-
ximando ou valorizando o que beneficicia. O es-
tudo das defesas pode levar à melhor compre-
ensão do binômio Vida-Saúde por intermédio de
duas proposições interdependentes:
1) a idéia de trabalho pela vida. O esforço do
indivíduo pela integração no ambiente, supõe a \
percepção do meio e as respostas dadas a este
ambiente, tudo isto implicando gasto de ener-
gia e luta;
2) a idéia de escolha. O ser vivo interpreta,
julga, ou se posiciona diante do meio e de suas
necessidades, num determinado momento, esco-
lhendo a resposta mais apropriada.
Exemplificando com uma situação corriqueira:
quando ocorre a elevação da temperatura am-
biente, o corpo é informado e procura ajustar-se
através de uma série de respostas, tais como
perda de água pelos poros, procura de uma som-
bra, o abanar-se com as mãos etc. A perda de
água acarreta a desidratação do meio interno, o
que gera a sensação de sede, ou seja, uma in-
formação de que a água que saiu precisa ser
reposta. Inicia-se um trabalho de procura da
água e escolha quanto à sua temperatura, pota-
bilidade, quantidade a ser tomada etc. Este
exemplo se aplica praticamente a todos os seres
vivos da terra, em graus de maior ou menor
complexidade.
Cada espécie viva tem sua constituição própria
e se dispersa num certo tipo de meio, apresen-
tando também defesas peculiares. Tais defesas
assumem variadíssimas formas, conforme a es-
pécie, o meio e as necessidades. Podem ser
simples envoltórios como a casca das árvores,
órgãos altamente especializados como o ferrão
dos escorpiões, a capacidade de jejum encon-
trada no caramujo, a velocidade dos cavalos, a
construção da colméia pelas abelhas, o choro dos
bebês, as invenções inteligentes do homem etc.
Vê-se, então, que as defesas podem dividir-se
em duas categorias:
a) as capacidades ou equipamentos inatos, ou
seja, aqueles que cada ser já possui ao nascer,
fruto da evolução de sua espécie. Seriam, pra-
ticamente, todos os compartimentos naturais do
ser vivo, em especial aqueles mais ligados à
proteção contra as ameaças do meio;
b) as capacidades ou equipamentos adquiridos,
no decorrer da experiência de vida de cada ser,
.baseados essencialmente na capacidade de
aprender.o fundamentados nas defesas inatas,
mas dependem de mecanismos internos muito
complexos, estando, portanto, mais restritos ao
homem e aos animais superiores. Pode-se exem-
plificar com a capacidade desenvolvida por um
o em defender-se de pessoas armadas com fa-
cas, ou com uma criança aprendendo a trancar a
porta de sua casa ou a andar de bicicleta.
Para certos estudiosos dos seres vivos, as ori-
gens do julgamento, das correlações, da capaci-
dade de discriminação e talvez de inteligência
podem ser buscadas entre as defesas inatas e
as adquiridas pela aprendizagem. A vida se de-
senrola numa seqüência de indagações e res-
postas, numa sucessão de desafios. Maiores
oportunidades terão por certo, as espécies e os
indivíduos melhor equipados, capazes de maior
percepção de seu ambiente, de julgamentos mais
rápidos e acertados, de respostas mais eficien-
tes. Tanto melhor se puderem escolher o meio
ambiente mais favorável ou puderem torná-lo
mais adequado- Também aqueles que consegui-
rem prever e se antecipar às situações, em es-
pecial, às de ameaça. E ainda os que puderem
fazer provisões de recursos e energia para si-
tuações inesperadas. Cabe, então, refletirmos
ainda uma vez sobre as proposições iniciais do
Programa, uma vez que saúde e educação inte-
ragem e se completam no trabalho pela sobre-
vivência do homem. É necessário equipar este
homem e exercitar-lhe a sensibilidade e a ca-
pacidade de julgamento, abrir-lhe a visão do
meio e dos valores que nortearão suas respos-
tas.
O próximo texto desta unidade procura descre-
ver, situar e exemplificar, no nível biológico,
alguns dos mais significativos instrumentos de
defesa inatos dos animais. O último texto tra-
tará mais de perto do homem e as suas defe-
sas adquiridas. Antes de prosseguirmos, entre-
tanto, à guisa de uma aproximação mais con-
ereta e pessoal do problema, seria importante
refletir sobre as seguintes indagações:
1) Quais os principais perigos que já passei
em minha vida? Por que? Como foram re-
solvidos?
2) Quais as ameaças mais freqüentes em mi-
nha vida atual? Que conseqüências podem
trazer?
3) Como está funcionando o meu corpo? E o
ambiente em que vivo? Que ameaças ao
meio em que vivo eu consigo identificar?
4) Quaiso os seres mais indefesos que co-
nheço? Por que?
5) Quaiso os menos indefesos? Por que?
Situação 11 PERIGO À VISTA
1." TAREFA:
1. Que entende você por defesa?
2. Que faz você como defesa no seu dia a dia?
3. Quais dessas defesas estão relacionadas à
sua saúde? Por que?
Agora você poderá:
responder às perguntas acima;
ler e discutir as respostas de cada colega;
em grupo, fazer uma lista com as defesas
do dia a dia praticadas por todos os co-
legas;
assinalar na lista, as defesas que vocês
consideram como aprendidas da experiência
de vida;
procurar lembrar-se de outros tipos de de-
fesas (por exemplo: defesas com as quais
já nascemos) e listá-las;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
2.' TAREFA:
1. De que depende o sucesso de um ato de
defesa?
O grupo deverá:
discutir a pergunta acima;
planejar uma situação de perigo para um
companheiro do grupo, o qual deve saber
apenas que terá que enfrentar um perigo
criado pelos outros colegas;
observar e anotar todas as reações do co-
lega ao tentar defender-se do perigo;
discutir as reações do colega, anotando to-
das as partes do corpo envolvidas no ato
de defesa;
distinguir as diferentes etapas desse ato e
explicar por que o companheiro teve ouo
sucesso;
discutir com o professor e registrar a con-
clusão.
3.ª TAREFA:
1. Nos arredores de sua casa, nas ruas, nos
lugares que freqüenta, que tipo de perigos
você costuma enfrentar?
2. A que tipo de perigos estão expostas as
pessoas de sua localidade?
O grupo poderá:
fazer uma lista dos acidentes que costumam
acontecer em casa e na escola;
investigar na localidade outros perigos que
as pessoas enfrentam:
retirar do BI a ficha-informativa PERI-
GO A VISTA e ler as instruções para a
investigação;
visitar os órgãos de saúde, as fábricas
e outros locais de trabalho indicados na
ficha, para obter os dados sobre os aci-
dentes mais comuns e suas causas;
registrar as informações colhidas nes-
ses locais;
fazer uma tabela mostrando os acidentes
mais comuns e o grupo de idade mais atin-
gido em cada tipo;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
4.ª TAREFA:
1. Por que aqueles acidentes ou perigos atin-
gem as pessoas de sua localidade?
2. Que faz ou pode fazer a coletividade para
ter sucesso na defesa de sua saúde?
3. Existem soluções que sua coletividadeo
poder em prática? Quais? Por que?
Em grupo, vocês poderão:
discutir as perguntas acima;
listar as soluções apropriadas a cada um
dos perigos enfrentados pela população lo-
cal, de acordo com a lista e a tabela dos
perigos preparados na tarefa anterior;
em seguida, classificar as soluções listadas
em:
soluções individuais;
soluções da coletividade;
discutir com o professor e anotar a con-.
clusão final.
5.ª TAREFA:
Em grupo:
preparar um relatório com os resultados das
tarefas e as conclusões;
apresentar para a turma se houver oportu-
nidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas pelo grupo com:
nome da situação e da unidade;
nome dos participantes do grupo e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas na situação
PERIGO À VISTA, possibilitará aos alunos a com-
preensão de alguns conceitos enunciados no tex-
to 1. A VIDA E O MEIO. Este texto, além de
conter aberturas à elaboração de novas situa-
ções, servirá para o professor orientar os alunos
que escolheram aquela situação, entre as outras,
da unidade AS DEFESAS DO HOMEM, apresen-
tadas no diagrama. No banco de informações, os
alunos encontrarão a ficha-lista das tarefas da si-
tuação escolhida e todo o material necessário
para desenvolvê-las.
Os alunos deverão começar as atividades, di-
zendo o que pensam sobre defesas e o que fa-
zem como defesa para a saúde, no seu dia a dia.
Em seguida, procurarão criar uma situação de
perigo para um dos colegas e observar todas as
reações do companheiro, enquanto este se livra
da ameaça. Finalmente, discutirão os acidentes
que ocorrem com mais freqüência em casa e na
escola, investigarão os perigos para a saúde,
enfrentados pelas pessoas da localidade, a fim
de sugerir soluções individuais ou coletivas, ade-
quadas a cada um dos perigos.
O professor notará que os conceitos de defesa
expressos pelos alunoso fruto de suas expe-
riências de vida. É bem provável que definam
defesas, como outros alunos já o fizeram, por
exemplo: "defesa é um combate contra alguns
seres vivos"; "defesa é evitar que algo acon-
teça, é a prevenção contra alguma coisa"; "de-
fesa é proteger-se contra inimigos, animais fe-
rozes"; "defesa é quando lutamos contra alguma
coisa e usamos algum objeto qualquer"; "defesa
é livrar-se do perigo, salvar alguma coisa"; "de-
fesa é a proteção da gente"; "defesa é quando
estamos nos defendendo de alguma coisa, por
exemplo, a doença"; "para me defender eu pres-
to atenção ao trânsito, evito quedas"; "eu estu-
do e trabalho"; "eu tomo vacina"; "para me de-
fender eu me alimento bem"; etc. (depoimen-
tos de alunos de 5.ª série, colhidos durante a
experiência com a versão preliminar deste Pro-
grama) .
Atento às respostas dos alunos, o professor po-
derá ajudá-los a distinguir, entre as defesas que
praticam no seu dia a dia, as queo inatas e
as aprendidas. Durante o planejamento da si-
tuação de perigo, o professor orientará os alu-
nos para que utilizem materiaiso muito peri-
gosos, disponíveis na sala de aula, de modo
que a situação criadao ofereça maiores amea-
ças. Importante também é discutir com os alu-
nos as reações do companheiro que enfrentou
o perigo. Por exemplo: inicialmente ele usou os
sentidos para perceber as ameaças e, em segui-
da, com os membros, procurou afastar o perigo.
Assim, todos compreenderão que o êxito de um
ato de defesa dependeo só da percepção da
ameaça mas também da resposta apropriada. Ao
final, o professor poderia perguntar aos alunos:
que pode cada um des fazer?
que pode ser feito pela coletividade, a fim
de encontrar soluções adequadas às amea-
ças locais?
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar, além da ficha-llsta das tarefas da situa-
ção escolhida, a ficha-informativa PERIGO A
VISTA, que o professor preparará com os se-
guintes dados:
nome, endereço e horário de atendimento
dos Serviços de Saúde, que os alunos visi-
tarão para pesquisa sobre os acidentes mais
comuns na localidade;
indicação de locais de trabalho, de diversão
e outros, que também poderão ser visita-
dos pelos alunos para investigar os tipos
de acidentes de maior ocorrência.
Para preparar essa ficha, o professor entrará
previamente em contato com os Serviços de
Saúde locais (Pronto Socorro, Unidades Sanitá-
rias, Ambulatórios etc), a fim de informar-se
em qual deles os alunos poderão obter dados
sobre acidentes mais comuns. Nos Serviços de
Saúde, indagar também em que locais de traba-
lho, de diversão etc,m ocorrido mais aciden-
tes e verificar a possibilidade de os alunos fa-
zerem,, uma visita.
Texto 2. OS PROCESSOS NATURAIS DE
DEFESA
Os sentidos
Preparando as respostas
As respostas
A pele e outras barreiras naturais do
corpo
Os músculos e o esqueleto
A barreira linfatica
O sangue
As respostas celulares à agressão:
cicatrizacão
inflamação
Os anticorpos
O papel do meio interno
O trabalho pela vida
A defesa da espécie
OS SENTIDOS
s tomamos conhecimento do mundo à nossa
volta através de nossos órgãos dos sentidos;
eleso canais através dos quais recebemos in-
formações contínuas e detalhadas acerca do
ambiente, produzidas por cheiros, gostos, im-
pulsos tácteis, temperatura, sons, vibrações,
luz etc.
Quando as condições do ambiente estão está-
veis e estamos adaptados aos nossos lugares e
situações comuns, nosso corpo fica como que
"desligado", com seus sentidos amortecidos.
o nos "impressionamos" diante daquilo que
vemos continuamente ao nosso redor, na nossa
casa, nos caminhos que percorremos, no dia-a-
dia da sala de aula. Entretanto, chamam ime-
diatamente a atenção as imagens diferentes
nesse contexto familiar, como o aparecimento
de um aluno novo na classe ou o movimento
inusitado de máquinas modificando a paisagem.
Analogamente, vivemos mais ou menos "desli-
gados" dos sons familiares que nos cercam (rui-
dos das coisas da casa, das ruas da cidade} ba-
rulhos próprios dos matos, dos rios, do mar).
mas percebemos prontamente qualquer sensa-
ção auditiva estranha ou inesperada, aguçando-
se nossa curiosidade ou nossa atenção.
Os órgãos dos sentidos estão particularmente
alerta às mudanças do ambiente, atendendo a
necessidade de contínua adaptação do organis-
mo.
De um modo geral, os sentidos operam através
de detectores, do latim ("detegere" que significa
descobrir),das situações e mudanças do ambien-
te. Os detectores mais ou menos complexos
segundo o órgão ou a espécie em questão, cons-
tituem-se basicamente de uma parte receptora
(capaz de receber o estímulo) e uma parte
emissora (capaz de conduzir a informação cap-
tada) . Nos animais superiores os sentidos fa-
zem parte do complexo sistema nervoso que
integra e coordena praticamente todas a funções
do organismo. O sistema nervoso funciona prin-
cipalmente através de mecanismos elétricos e
químicos conjugados. Os receptores para o gos-
to, no homem por exemplo,o compostos de
conjuntos celulares (papilas gustativas) situados
na boca, língua e parte da garganta, que geram
um impulso elétrico especial cada vez queo
atingidos por uma solução química qualquer (sal,
ácidos etc.). Há impulsos nervosos especiais
para o doce. o amargo, o ácido e o salgado (os
4 sabores Tundamentais) e para as combinações
entre eles. A origem do impulso do gosto é
química, por exemplo, o sabor "ácido" depende
de substâncias capazes de liberar íons (partícu-
las) de hidrogênio, enquanto que o "amargo" se
origina de substâncias compostas de sais de
alto peso molecular. O processo de detecção
se inicia com transformações químicas e físicas
que se operam na célula sensitiva. Uma "infor-
mação" vai ser emitida. No nosso exemplo, as
papilas gustativas, a partir destas transforma-
ções iniciais,o capazes de gerar impulsos elé-
tricos que serão enviados por filetes nervosos
a partes específicas do cérebro e a outros lu-
gares do sistema nervoso. Esta "informação" de-
verá produziro apenas a sensação do sabor
em questão, mas ainda outras mensagens, como
a ordem para produção de saliva, para mastiga-
ção, etc. (ver esquema).
O corpo do homem possui uma infinidade desses
receptores ou sensores, distribuídos por toda a
pele, envoltórios internos, paredes de vasos e
de vísceras, e muitos outros tecidos, sem se
falar naqueles especiais que estão nos olhos,
ouvidos e nariz.o geradas milhões de infor-
mações a cada momento, a grande maioria das
quaiso chega ao nível da consciência. O pro-
cesso geral de recepção dos estímulos é funda-
mentalmente o mesmo para todos os sentidos.
No homem, os sentidos mais utilizados e desen-
volvidoso a visão e a audição. A visão é so-
berana em nossa relação imediata com o meio,
informando-nos da forma, posição, tamanho, cor,
movimento etc, de tudo que nos rodeia. A au-
dição assume importância básica na relação com
os outros homens através da palavra falada. Os
sentidos supõem cuidados especiais. A avita-
minose "A", por exemplo, bastante comum en-
tre nossas crianças, prejudica a recepção de
estímulos luminosos pelos sensores dos olhos.
gerando um tipo de cegueira.
Raramente os sentidos operam sozinhos. A per-
cepção do ambiente em geral se faz com a co-
operação e integração de alguns ou de todos os
sentidos atuando simultaneamente. Por exemplo,
todoss notamos, ao sentir o cheiro da co-
mida que aguardamos, como o paladar e o olfato
estão próximos entre si.
A falta ou limitação de um sentido, permanente
ou temporária, pode ser compensada pelo agu-
çamento e desenvolvimento de outro sentido.
O exercício e o cuidado dos sentidos podem
melhorar sua atuação. Os sentidoso também
usados, e muito, para proporcionar prazer e
emoções.
Fig 65 -O SENTIDO DA AUDIÇÃO
(1) martelo
(2) bigorna
(3) estribo
(4) tímpano
(5) ouvido interno
(1) martelo, (2) bigorna, (3) estribo, ossinhos incumbidos da transmissão das vibrações sonoras
captadas pelo tímpano (4) no ouvido interno (5), as vibraçõeso convertidas em impulsos elé-
tricos queo levados pelos neurônios aos centros auditivos no cérebro.
Fig 66-0 SENTIDO DO GOSTO
As terminações sensitivas sobre as papilas da nossa língua são, cada uma delas, sensíveis a um
único sabor, e se encontram agrupadas: a linha marrom escura limita a zona sensível ao adocica-
do (a ponta e os bordos); a cinza, sensível ao salgado; a marrom mais claro limita a zona sensível
ao sabor ácido (só os bordos); a preta a do amargo.
Fig 67
Fig 68
Esquema de como se realiza a recepção e a emissão de uma informação gus-
tativa.
a) partículas (1) de um alimento qualquer dissolvendo-se na água da saliva li-
beram ions de hidrogênio (2).
b) as células gustativas, entrando em contato com os ions liberados, começam
a sofrer transformações físico-químicas capazes de gerar impulsos elétri-
cos.
c) os impulsos gerados sairão das células por filetes que se reunirão, integran-
do um nervo capaz de enviá-los ao cérebro e a outros locais do sistema
nervoso.
Fig 69-SENTIDO DA VISÃO
O cristalino e os líquidos transparentes do olho formam sobre a retina uma imagem invertida dos ob-
jetos. A coróide negra impede a luz de se refletir nas paredes. O nervo ótico (ver fig.) leva ao-
rebro as mensagens da retina.
PREPARANDO AS RESPOSTAS
Diante de uma informação ou estímulo proce-
dente do meio, a resposta de uma célula ou
organismo poderá variar segundo muitos fatores.
Recebido o estímulo, decorrerá sempre um In-
tervalo mais ou menos rápido em que se pro-
cessa um julgamento acerca da resposta mais
apropriada. Da duração desse momento e
do acerto (quanto ao tipo) da resposta muitas
vezes vai depender a continuação da vida.
Fig 70
As duas figuras mostram resultados diferentes
de um mesmo problema. O macaco é capaz de
"refletir" sobre a situação e chegar a uma reso-
lução, rapidamente. A galinha só chegará ao ali-
mento (contornando o obstáculo) após inúmeras
tentativas, que acabarão possibilitando o seu
"aprendizado".
Diante de um gato, o passarinho voa desabala-
damente em fuga. A percepção do estímulo gato
realizou-se através da imagem visual de suas
formas e movimentos, talvez também do ruído
ou do cheiro do gato. A resposta voar dependeu
da chegada da informação e de sua interpreta-
ção pelo passarinho, acionando-se então o co-
mando, a força muscular e a circulação de ener-
gia que resultaram no vôo. Mas nem sempre o
passarinho irá voar ao pressentir o gato. Talvez
ele somente saltite, ou grite. Talvez ataque ele
próprio o gato, ou simplesmente permaneça
quieto, em vigilância.o reações diferentes,
algumas até opostas entre si, apesar de tratar-
se do mesmo estímulo. Um "algo mais" toma
parte na resposta do passarinho, assim como se
fosse uma mudança de humor. É resultado das
influências do meio interno, que podem ser de-
vidas tanto ao estado de equilíbrio orgânico, co-
mo à concorrência de outras necessidades, ou
mesmo a comportamentos aprendidos na expe-
riência do animal. Poderíamos dizer que o jul-
gamento se processa através de um sistema de
perguntas e respostas: isso me faz bem ou
mal? Como e onde está agindo o estímulo?
Já tive essa experiência antes? Quaiso os
equipamentos e habilidades para dar uma res-
posta mais adequada para a presente situação?
Obviamente, tal processo ocorre de uma maneira
automática e instintiva na quase totalidade das
vezes, pois os seres em geralo "pensam"
diante dos milhões de estímulos que recebem
por dia. Aliás, nem mesmo o homem o faz, co-
mo decorrência da necessidade de economizar
energia. Ocorre ainda que os seres vivos "fil-
tram" os estímulos que os rodeiam,o levan-
do em conta aqueles sem importância. Aliás, o
reconhecimento da importância do estímulo já é
uma operação de julgamento, assim como o "não
levar em conta" já é um tipo de resposta .
A capacidade de julgamento vai depender dos
circuitos químicos e elétricos desenvolvidos por
cada espécie no decorrer de sua evolução (os
equipamentos inatos) assim como da experiên-
cia vivida e acumulada pelo indivíduo.
A interpretação das mensagens recebidas do
ambiente ou do meio interno é realizada em di-
ferentes níveis do sistema nervoso, conforme a
complexidade do "problema" em questão.
Um dos mecanismos para respostas mais sim-
ples, e comuns nos animais superiores, é deno-
minado de reflexo, ilustrado na figura 72. Como
a própria palavra quer dizer, imagina-se que o
estímulo é recebido por estruturas muito sim-
ples, imediata e automaticamente. O exemplo
ao lado é o do "martelinho" do médico sobre o
tendão do joelho, mas poderíamos pensar tam-
m no arrepiar da pele quando nela encosta-
mos gelo, ou pronto fechamento da pupila do
olho quando saimos para a claridade.o res-
postas queo necessitam ir ao cérebro para
se completarem, economizando a energia de
"pensar" uma resposta. Praticamente todos os
comandos de nossas ações operam sob reflexos,
queo programados geneticamente e transmi-
tidos de pai a filho. As regulações internas do
corpo obedecem a um sistema nervoso especial;
de comando automático e independente da cons-
ciência e da vontade: o sistema nervoso autô-
nomo.
Fig 71
1. estímulo: o médico bate so-
bre o tendão (2) do mús-
culo da perna.
3. o estímulo é enviado pelo
nervo sensitivo.
4. o estímulo chega à porção
posterior ("sensitiva" da
medula espinhal).
5. as células sensitivas da
medula, tendo recebido o
estímulo, enviam-no às-
lulas motoras da parte an-
terior da medula.
6. é gerada uma ordem moto-
ra que é enviada pelo ner-
vo motor.
7. a ordem motora é recebida
pelo músculo que se con-
trai.
8. como "resposta", o pé se
movimenta para frente.
O cérebroo é envolvido
neste processo.
Pela pesquisa de reflexo, o médico verifica se os
nervos, o sistema motor ou os circuitos internos
estão bons, assim como o eletricista testados
circuitos de uma rede elétrica.
Mecanismos mais complexos envolvem maior
número de circuitos nervosos, como na figura 72.
Aqui, além de reflexo (1), (2), (3). haverá ainda
a recepção do estímulo no cérebro, desenca-
deando-se uma série de processos e operações,
como a participação dos olhos, a identificação
mental do estímulo, a seleção da melhor res-
posta etc. Participam aqui, integradamente,-
rios sistemas e circuitos diferentes, inclusive a
memória, que nesse exemplo irá "alimentar" o
processo com informações armazenadas, a res-
peito do problema. Outras operações ao nível
do cérebro irão programar e acionar a seqüência
de operações nervosas musculares, circulatórias
etc, das quais irá finalmente resultar a respos-
ta (11).
Fig 72
(2) Na medula: recebido o estímulo, provoca o
reflexo (3) (arrepiar a pele) e envia a men-
sagem (4) para o cérebro.
(5) Emitida a ordem para o olho
problema.
verificar" o
(6) O olho apreende a imagem do inseto, que
é traduzida no cérebro (7). Origina-se uma
mensagem (8) que se transforma num im-
pulso motor (9) para os músculos (10) da
outrao desenvolverem a resposta final
(11)
A partir dos dois exemplos ilustrados, pode-se
pressupor a grande complexidade do conjunto de
equipamentos e operações envolvidas no ajus-
tamento dos indivíduos ao ambiente. Já presen-
te nos seres unicelulares, onde reações quími-
cas e elétricas promovem as modificações ne-
cessárias à sobrevivência, um sistema regulador
de respostas vai ficando cada vez mais complexo
e sofisticado, à medida em que se aproxima dos
animais superiores e do homem. Esta evolução
é condicionada fundamentalmente pela evolução
do SISTEMA NERVOSO, em especial de sua par-
te central, e principalmente o cérebro. No caso
do homem, as funções aí realizadaso pratica-
mente incontáveis, pois bilhões de unidades ner-
vosas os neurônios ligados entre si por
fibras nervosas, se organizam e se integram das
mais diferentes maneiras. Os neurônioso-
lulas altamente diferenciadas, capazes de receber
impulsos elétricos, sofrer modificações químicas
e transformar esses impulsos em novos impulsos
elétricos. O trabalho dos neurônios exige gran-
de consumo de energia e oxigênio, o que explica
como os indivíduos mal nutridos podem apre-
sentar deficiências no sistema nervoso. Como
o muito "nobres", os neurôniosoo subs-
tituídos quando morrem. Por isso, havendo le-
sões nervosas, falta de oxigênio ou mesmo en-
velhecimento, a diminuição do número de neu-
rônios fatalmente origina diminuição da capaci-
dade nervosa do indivíduo. O sistema nervoso
dos animais superiores pode dividir-se em cen-
tral (cérebro e medula) e periférico (nervos e
unidades nervosas do restante do corpo. No-
rebro, na parte mais superficial o córtex
o produzidas a consciência dos sentidos e as
ordens motoras conscientes. Mais para o inte-
rior estão as estruturas ligadas aos processos
vitais do meio interno, controlando a respiração,
pressão do sangue, digestão etc. Cada parte do
corpo encontra-se projetada numa área do-
rebro, na medida do seu papel e de seu uso na
vida. A figura mostra o mapeamento do córtex
cerebral em esquema.
Fig 73-0 MAPA CORTICAL DO CORPO
O desenho acima ilustra a importância relativa
das diferentes partes do corpo humano em ter-
mos de representação cortical. O desenho mos-
tra uma secção do córtex motor do hemisfério di-
reito, visto de frente. As células nervosas das
áreas numeradas controlam os músculos da par-
te do corpo indicada acima delas. Os lábios (4)
ocupam mais espaço do que o pescoço (8); os
dedos (9-13) das mãos, mais do que os doss (22).
O receber e emitir impulsos, o interpretar os
sinais recebidos, o distribuir e recombinar in-
formações, o integrar e acionar mecanismos di-
versos de respostao funções do sistema ner-
voso, como um grande e maravilhoso computa-
dor. Uma função especial será a de armazenar
as informações recolhidas no decorrer da vida,
ou seja, a memória.
Cada vez que um animal reage a um estímulo
qualquer, tal reação deixa uma marca em seu
sistema nervoso. Esta marca é a memória. Sua
natureza é fundamentalmente química, estando
ligada a proteínas especiais e ácidos nucléicos.
A memória fica tanto mais viva, quanto mais in-
tensa for a reação, ou quanto mais vezes for
repetida. Caracteristicamente, a da nova marca
fica associada ao resultado da reação, que pode
ser agradável ou desagradável, conveniente ou
inoportuno, certo ou errado etc.
Um dos mecanismos fundamentais do processo
de aprendizagem baseia-se exatamente na cons-
tante experimentação, o ensaio-erro. Por eleo
armazenadas as experiências ou observações de
cada situação nova, catalogadas conforme os va-
lores dos resultados, mediante a percepção dos
sentidos, do meio interno, ou dos dois: foi bom?
Acertei? Deu resultado favorável? Ficou bonito?
Sinto-me melhor? Outro exemplo de ensaio-erro
pode ser visto na figura do labirinto, em que a
repetição da experiência acabará por levar ao
caminho mais curto que afinal será definitiva-
mente aprendido.
Existe um mecanismo importantíssimo que en-
volve memória, nas células especiais de defesa
de muitos organismos. Trata-se da capacidade
quem estas células em reconhecer as estru-
turas moleculares presentes no organismo. A
célula reconhece as proteínas próprias daquele
organismo, maso reconhece as estranhas, po-
dendo neste caso desencandear-se uma reação
de defesa. (É como oo de guarda, que fica
calmo na presença de pessoas familiares, mas
Fig 74-APRENDIZAGEM POR ENSAIO E ERRO
experiência para ver como um animal encontra o seu caminho em um labirinto. Coloca-se a formi-
ga na entrada do labirinto, ficando o seu formigueiro na saída. Na primeira tentativa de retornar ao
formigueiro, a formiga usa algumas vias sem saída; após vários ensaios, ela acha o caminho mais
curto (linha pontilhada) eo se esquecerá.
late para as estranhas). Às vezes este meca-
nismo funciona erradamente e as células de de-
fesa "interpretam" como estranhas algumas par-
tes do próprio organismo, gerando fenômenos ou
doenças de auto-agressão (certos tipos de reu-
matismo) . Outro fato curioso, relacionado, com
esse tipo de memória celular é o procedimento
de defesa utilizado por alguns invasores do cor-
po humano, como o esquistossômulo (larva pe-
netrante do Schistosoma mansoni): logo após a
penetração pela pele, essa larva começa a for-
mar um envoltório ou uma capa em torno de si
mesma, com proteínas exatamente iguais às do
hospedeiro. Disto resulta um verdadeiro disfar-
ce, queo deixa que as células defensivas do
organismo invadido estranhem o invasor...
Informações genéticas poderiam ser entendidas
como "memória". Todos os caracteres de uma
espécieo armazenados numa única célula e
transmitidos de geração em geração, através da
reprodução. Nessas informações está contido o
programa para a formação do novo ser. A idéia
de programa é multo Importante para o funcio-
namento da memória, especialmente naquelas
operações mais complexas. O programa é o ro-
teiro que ordena as etapas, combinações e se-
qüências de operações a serem realizadas. Na
reprodução, havendo deficiências genéticas (fal-
tas, comunicações inoportunas, modificações-
sicas ou químicas etc), o novo ser poderá re-
sultar deformado, monstruoso ou Incapaz para
a vida. Isto tem sido evidenciado através de cer-
tas doenças genéticas do homem (hemofilia, al-
bínismo etc.) dos efeitos de medicamentos te-
ratogênicos (que produz monstros) como no
caso da talidomida, ou experimentalmente fazen-
do irradiações ou "micro-operações" em bacté-
rias.
Freqüentemente, o preparo de uma resposta im-
plica ou pressupõe novas perguntas, É O voltar
ao meio, à busca de informações adicionais ou
compliementares, sem as quais a resposta seria
Ineficaz ou correria o risco de estar errada.o
exemplos: o provar, uma caminhada para reco-
nhecer um terreno, a procura no dicionário do
significado de uma palavra (decodificação). A
atenção é uma atitude de abertura maior às
mensagens. A observação, a experimentação e
a curiosidadeo outras formas de assimilação
do meio, encontradas em homens e animais. O
"ficar atento" aumenta muito a capacidade de dar
respostas mais adequadas, a ter comportamentos
mais inteligentes. O sucesso da defesa dependo
da percepção da ameaça e da resposta apro-
priada .
Uma reflexão final é sumamente necessária. O
"Preparando Respostas", é um assunto que deve
ser abordado de maneira ampla e global. Há de
(*) de DUBOS. R. "O Homem e seu Ambiente."
OPAS., Pub. Cient. N.ª 131, 1966
considerar-se que. mesmo em se tratando de
um simples reflexo, ou de uma resposta celular.
há sempre uma infinidade de fatores envolvidos,
sejam genéticos, constitucionais ou ligados ao
ambiente. Do ponto de vista do homem, entra
em jogo, ainda, todo um complicadíssimo mun-
do consciente e inconsciente de processos men-
tais, emoções e espiritualidade, tornando impos-
sível encontrar razões simples para as respos-
tas, por mais evidentes que estas sejam.
Cabe aos educadores, antes de tudo, compreen-
der e aceitar que o educando tem capacidades
para preparar as suas próprias respostas.
AS RESPOSTAS
A causa mais comum de doença no mundo mo-
derno é provavelmente a incapacidade de res-
ponder com êxito às rigorosas exigências de
adaptação às modificações da vida, por serem
agora estas modificaçõeso freqüentes eo
rápidas. Por esta razão, compreender os meca-
nismos da adaptação e desenvolver técnicas e
atitudes que a facilitem, tornaram-se duas das
mais graves responsabilidades. (*)
A resposta é a parte final e mais concreta da
defesa. É a prática da solução encontrada pelo
ser vivo diante de uma solicitação ou estímulo,
numa determinada situação. As respostaso
muito variadas para cada indivíduo e dependem
o só dos equipamentos de defesa disponíveis,
como das características do estímulo, dos fato-
res do meio externo e interno etc.o respos-
tas tanto a secreção do suor, a fuga de um ani-
mal, a pele grossa de um lavrador, o disparo de
um tiro, como uma planta virar-se para o sol.
Resposta sempre significa trabalho, reação.
Mesmo equipamentos aparentemente estáticos.
como a pele,o na realidade extremamente di-
nâmicos no sentido, por exemplo, de sua cons-
tante renovação. As respostas, portanto, reque-
rem energia a sua "qualidade" pode estar es-
treitamente ligada ao estado nutricional do indiví-
duo. É imperioso que se entenda aquio apenas
aquela nutrição em termos da energia dispendida
no momento da resposta, mas sobretudo a de na-
tureza protéica, participante da construção do
Indivíduo e de seus equipamentos.
Como reação, praticamente todas as respostas
atuam como um novo estímulo do meio, redun-
dando em outras reações, que por sua vez po-
dem funcionar como novos estímulos. É um vai-
m à procura de equilíbrio. Em outras pala-
vras, cada ação ou resposta de um ser vivo pro-
voca uma repercussão no meio, cujas conse-
qüências podem voltar ou recair sobre o agente
da ação. Importante pensar nisto para a educa-
ção, para a saúde, para a vida.
As respostas raramenteo isoladas; em geral
há componentes múltiplos e cooperação entre os
mecanismos. Assim, as defesas contra o frio,
nos animais, implicam em crescimento de pelos,
mobilização de gorduras, procura de abrigo etc,
que geralmente atuam combinadas entre si. Na
verdade, cada resposta implica a mobilização di-
reta ou indireta de quase todo o organismo, des-
de a fase de peroepção do estímulo. E a qua-
lidade da resposta estará na dependência de
todos os processos anteriores, inclusive a capa-
cidade genética do indivíduo e o preparo que
teve durante a sua vida. Cada momento e cada
resposta dependem dos momentos e respostas
anteriores.
Resposta é aquilo que faço, quando sou desafia-
do, estimulado ou ameaçado; quando luto por vi-
ver. É a ação. Ensinar a viver é ensinar a res-
ponder. Nos textos seguintes serão dados alguns
exemplos típicos de respostas inatas e adquiri-
das, ao nível dos seres vivos em geral. Preten-
de-se nesta fase uma abertura para o reconhe-
cimento e a compreensão das defesas naturais,
como instrumentos da ação mais ampla do ho-
mem (texto final). Curiosidade, observação, ex-
perimentações e outras iniciativas pertinentes à
criatividade de alunos e professores serãoo
apenas desejáveis, como altamente necessárias
ao desenvolvimento desta parte do trabalho e ao
alcance de seus objetivos.
A PELE E OUTRAS BARREIRAS NATURAIS DO
CORPO
Todos os seres vivos possuem barreiras naturais
contra a invasão de elementos estranhos no seu
corpo. Cada célula tem a sua membrana prote-
tora, os vegetais sua casca. Os animais supe-
rioresm a pele, barreira impermeável para os
micróbios; as vias respiratórias revestidas de
cílios, de pelos e de muco, que dificultam a
penetração de partículas e microorganismos, a
saliva com substâncias germicidas; no estômago,
a secreção de ácido clorídrico que elimina inú-
meros tipos de micróbios e impede o crescimen-
to de outros, o mesmo acontecendo com a bile
na parte alta do intestino; os olhos prote-
gidos pela secreção lacrimal que contém uma
substância (lisozima) capaz de destruir bacté-
rias.
A pele é um importantíssimo órgão de defesa,
desenvolvendo inúmeras funções. Cobrindo a su-
perfície do corpo, a pele, simultaneamente, o se-
para e o liga ao meio externo. Protege-o da pe-
netração de microorganismos, de irradiações do
ambiente, dos danos causados por agentes quí-
micos (alcalinidade, gases) e físicos (ventos,
impactos). A pele contém os fluidos do corpo
e participa muito ativamente na manutenção do
"balanço de água" (equilíbrio hídrico) do orga-
nismo, regulando as perdas de água através de
mecanismos como a eliminação de suor.
Como barreira mecânica, a pele apresenta ca-
madas sucessivas de células com diferentes atri-
buições. No homem, estas camadaso três.
contando-se de fora para dentro: epiderme, der-
me e tecido subcutâneo A epiderme é uma
lâmina fina e muito compacta. Suas células mais
externas estão mortas e formam uma ótima capa
protetora. Nos locais de maior carga sobre a
pele, a epiderme pode alcançar grande desen-
Fig 76
volvimento, como nas solas doss daqueles
que andam descalços ou nos "calos" das mãos
de lenhadores e capinadores. Em alguns ani-
mais. a barreira da epiderme éo desenvolvida
que fica praticamente intransponível, como em
elefantes e rinocerontes. A epiderme está em
constante renovação, descarnando suas células
da superfície mais externa e formando novas fi-
leiras na base. Aí se formam e encontram-
lulas especiais de cor amarronzada (melanóci-
tos) que aumentam sob a influência de exposi-
ções ao sol, dando o "bronzeado" da pele, que
é uma resposta contra as irradiações solares em
excesso. A derme é uma camada logo abaixo,
formada por tecido elástico, comportando muitos
vasos sangüíneos, nervos e músculos. É res-
ponsável pela nutrição e elasticidade da pele, e
também pela participação desta na regulação da
temperatura. Esta função se realiza através da
dilatação ou constrição dos vasos sangüíneos
da derme, possibilitando maior ou menor perda
de calor. Além disto, no frio há contração dos
músculos e a pele se "arrepia", diminuindo a
perda de calor. O tecido subcutâneo é a camada
mais profunda, rica em tecido fibroso e células
de gordura, É uma espécie de colchão para as
outras camadas, participando da resposta contra
o frio e absorvendo impactos exteriores. A gor-
dura acumulada tem ainda funções de reserva.
A pele desenvolve anexos, que participam de
suas funções. Pelos, penas, cabelos, unhas, chi-
fres, esporas e cascos derivam, principalmente,
das diferenciações da epiderme e exercem mar-
cantes funções de defesa conforme a espécie.
Muitas vezes esses anexos se tornam formidá-
veis equipamentos de defesa ouo peças fun-
damentais para o cumprimento de outras funções
(as penas para o vôo. por exemplo).
Dois tipos principais de glândulas encontram-se
na pele do homem. As sudoríparas, glândulas
que segregam o suor, contribuem para eliminar
água (combatendo assim o calor excessivo) e
alguns resíduos do sangue, além de participar
na regulação do meio interno. As glândulas
sebáceas, que ficam próximas à raiz dos pêlos,
segregam uma substância gordurosa que lubri-
fica e impermeabiliza a pele, protegendo-a contra
invasores e auxiliando o isolamento térmico. Há
também secreções especiais que produzem odo-
res, muito importantes entre alguns animais, para
reconhecimento entre si.
A pele é ainda defesa ao exercer as funções
sensitivas concernentes a temperatura, pressões,
tato e dor. Milhões de receptores específicos e
terminações nervosas espalham-se por toda a
pele, concentrando-se mais em sítios especiais
Como, por exemplo, os corpúsculos do tato nas
pontas dos dedos dao do homem.
A pele resguarda a privacidade e a individuali-
dade das pessoas. A aparência da pele é de
grande relevância quanto ao reconhecimento do
indivíduo no seu meio. A pele reflete ainda o
estado geral de saúde, indicando mudanças de
temperatura, reações alérgicas, sufusões hemor-
rágicas, impregnação por pigmentos de bile etc.
Com relação à nutrição, é importante o papel da
pele, que é onde se dá a ativação da vitamina D
através de irradiações solares. A pele se res-
sente bastante na avitaminose A (quebradiça) e
na desnutrição protéica (pele fraca, cabelos "ra-
quíticos" e descoloridos).
As agressões físicas e por microorganismos à
pele do homem resultam em ferimentos, esca-
ras, inflamações, reações descamativas. A lim-
peza da pele auxilia na remoção de uma infini-
dade de partículas irritantes ou invasores vivos
que a ela se agarram a todo momento.
Os tecidos de revestimento interno do corpo e
as membranas envoltoras dos órgãos exercem
também uma série de funções defensivas. Lem-
bre-se a verdadeira "filtração" do ar inalado,
através dos pêlos e o muco da árvore respira-
tória, ou, ainda, o maravilhoso trabalho seletivo
da mucosa (película de revestimento) intestinal
durante a absorção de alimentos.
MÚSCULOS E ESQUELETO
Correr. saltar, sorrir, respirar, segurar, bater, es-
quivar-se e muitas outras "expressões de vida"
estão ligadas ao movimento e sustentação que
dependem dos músculos e dos ossos nos ani-
mais superiores. De modo mais geral, signifi-
cam força, trabalho, postura e posição. Quase
sempre os ossos estão ligados à musculatura
chamada "esquelética", que se responsabiliza
pelos movimentos mais externos do corpo. Mús-
culos e ossos respondem pela maior parte do
peso corporal e definem o tamanho do corpo,
através de seu crescimento. Este depende de
informações genéticas (hereditariedade) mas
também de fatores do meio, como de exercícios
e nutrição. Ao longo da evolução, músculos e
ossos sofreram adaptações conforme as necessi-
dades e circunstâncias ambientais pertinentes a
cada espécie. Assim, certas aves tornaram-se
melhores voadoras que outras, deixaram de de-
senvolver-se os membros de alguns répteis, o
homem começou a andar sobre doiss e apren-
deu a usar seu polegar.
Os músculoso os responsáveis essenciais pe-
los movimentos. Eleso basicamente consti-
tuídos por células muito compridas quem a
capacidade de contrair-se diante de um estímulo
físico-químico, voltando ao tamanho original de-
pois de certo tempo (descontração)o as
fibras musculares. Esta capacidade se deve à
presença de proteínas especiais no interior das
fibras, denominadas actina e miosina. Para a
contração da fibra, sua membrana permite a en-
trada e saída de elementos químicos como Cál-
cio e Oxigênio, ocorrendo combustão de molé-
culas energéticas armazenadas na intimidade
(geralmente glicose ligada a átomos de Fósfo-
ro) . Como efeito desta reação as moléculas de
actina e miosina deslizam entre si e a fibra se
encurta (contração). Do somatório das contra-
ções das fibras resulta a contração do músculo.
O mecanismo básico do movimento é esse en-
curtar-relaxar de cada músculo. Movimentos
complexos do corpoo resultantes de combi-
nações entre músculos diferentes, ou de diver-
sificação na orientação de grupos de fibras do
mesmo músculo.
Existem 3 tipos diferentes de músculos nos ver-
Os músculoso órgãos de trabalho por exce-
lência, cuja função essencial é dar respostas.
No descobrir e analisar o movimento de cada
parte do seu corpo pode estar uma riquíssima
atividade para que o aluno melhor compreenda
as interações estímulo-resposta, coordenação, co-
operação, esforço pela vida, defesas. Bombear
incessantemente o sangue pelo corpo, conduzir
a urina, as fezes e o alimento, piscar os olhos,
acomodar continuamente as lentes dos olhos,
expandir e esvaziar os pulmões, produzir pala-
vras,o outros trabalhos musculares ligados ao
movimento. Mas os músculos também protegem
os órgãos internos (parede da barriga), tradu-
zem expressões e fisionomias,o reservas de
(•) Veja-se, para analogia, o "Ciclo econômico das enfer-
midades", OPAS/OMS 194.
tebrados: conforme a constituição física, o tipo
de função e o comando nervoso para sua con-
tração.o os músculos esqueléticos, os lisos
e o músculo cardíaco. O quadro I resume suas
diferenças:
energia. Esta última função é valiosa para a
compreensão de fatos muito graves ligados à
desnutrição: os indivíduos sub-alimentados ge-
ralmentem poucos recursos e dependem de
trabalho muscular ("braçal") para viver. Fre-
qüentementeo ingerem calorias suficientes e
o organismo acaba precisando decompor as pro-
teínas musculares para obter combustível. Enfra-
quece-se com isto a musculatura e a capacidade
de trabalho necessariamente diminui, redundan-
do em menor rendimento, diminuição de recur-
sos e menos comida. (*)
Do exercício sistematizado (treinamento), pode-
se obter maior capacidade de força e controle
OUADRO I Comparação entre os três tipos de músculos de um vertebrado.
Músculo
Esquelé-
tico
Liso
Cardíaco
Tipo de
fibra
estriadas
o es-
triadas
estrias
especiais.
Comando
nervoso
Voluntário
Autônomo
(não vo-
luntário)
Autônomo.
Local de ação e exemplos
Geralmente ligados aos os-
sos. Movimentos externos
do corpo. Braços, pernas,
asas, pálpebras.
Vísceras, vasos. Contrações
do intestino, bexiga,
pupilas, vesícula.
Contração das cavidades
do coração.
para os músculos esqueléticos. Isto se compro-
va na própria experiência esportiva e também
através de testes e observações microscópicas
que mostram estarem as unidades contrateis
do músculo "treinado" muito mais desenvolvi-
das que as do "não-treinado". O exercício mus-
cular depende estritamente de um bom supri-
mento de nutrientes e Oxigênio, portanto, de
sangue. Várias doenças degenerativas do cora-
ção estão, por isso, relacionadas ao pouco uso
dos músculos periféricos, porque tal ociosidade
o apenas diminui a solicitação do coração (di-
minui o "treinamento") como, principalmente,
deixa de queimar calorias que acabam se trans-
formando em placas de gordura altamente per-
niciosas ao aparelho cardiovascular.
O cansaço muscular se deve, principalmente, ao
acúmulo de substâncias derivadas do trabalho
efetuado, sendo necessários algum tempo e uma
boa circulação para haver drenagem desses re-
síduos. Doenças como o tétano intoxicam o me-
canismo de comando muscular, resultando um
quadro terrível de contração permanente do mús-
culo até que cesse o efeito tóxico. Na paralisia
infantil o comando nervoso é "cortado" ao nível
de sistema nervoso central e as ordens para
contraçãoo chegam ao destino (o músculo
fica paralítico e flácido). No alcoolismo avan-
çado, na sífilis e avitaminose "B" há também
degeneração no nervo de comando, resultando
fraqueza e tremedeiras musculares.
Os ossoso o principal sistema de sustenta-
ção da maioria dos vertebrados. Ligam-se à
musculatura esquelética e participam dos prin-
cipais movimentos voluntários. Há ossinhos es-
peciais destinados a transmitir as vibrações so-
noras no ouvido médio (figura 65), enquanto
outros ossos formam verdadeiras carapaças de
proteção mecânica (o crânio, a caixa torácica).
Os ossos podem ser arcabouço para órgãos voa-
dores (asas), podem participar da finíssima apa-
relhagem dao do homem, podem sustentar
os dentes para a mastigação ou ajudar os movi-
mentos de respiração.
Apesar de o esqueleto ser um símbolo da mor-
te, o tecido ósseo é bem vivo. Mesmo consti-
tuído em grande parte de materiais inertes (Cál-
cio e Fósforo formando sais duros para susten-
tação), os ossoso tecidos bem vivos, espe-
cialmente sua porção mais interna, a medula.
Ali estão numerosos vasos sangüíneos e desen-
volve-se uma intensa atividade na produção de
sangue e de células de defesa. Nas aves os
ossoso mais leves (facilitando o vôo) e po-
dem servir de reserva de ar.
Ao se quebrar um osso, haverá formação de um
tecido de regeneração dos dois lados da fratura,
desde que próximos, em que a deposição de sais
minerais acabará por reconstituir a integridade
original. O crescimento ósseo, no homem, vai
aproximadamente até os 21 anos. A boa saúde
dos ossos depende de' nutrição adequada, exi-
gindo-se proteínas, Cálcio, Fósforo e vitamina D.
As reservas ósseas destes elementos podem ser
mobilizadas por uma solicitação do organismo.
Em certas doenças glandulares, na avitaminose
D ou na carência de Cálcio haverá ou má forma-
ção dos ossos ou expoliação de seus constituin-
tes, resultando ossos fracos, deformados e es-
ponjosos (raquitismo).
A BARREIRA LINFÁTICA
Se microorganismos ou partículas estranhas con-
seguem vencer as defesas da pele e outras bar-
reiras mais externas, encontrarão em nosso cor-
po um outro sistema defensivo, a barreira lin-
fática. Trata-se de um conjunto de tubulações
(vasos linfáticos) e filtros (nódulos linfáticos)
que se distribuem por todos os recantos do or-
ganismo, conduzindo a linfa, um líquido cristali-
no com funções de defesa. Muitas vezes, quan-
do temos uma pequena inflamação num dedo do
, por exemplo,o tardam a aparecer as co-
nhecidas ínguas na região da virilha. É a reação
Io sistema linfático, procurando drenar as bac-
térias da infecção e impedir que elas invadam
outros territórios do corpo.
A linfa banha todas as células do corpo, reco-
lhendo elementos estranhos e ajudando a difu-
o dos nutrientes vindos pelo sangue. Sua
composição é semelhante à do plasma sangüí-
neo, mas contém menos proteínas. A circula-
ção da linfa se faz da periferia para o centro do
corpo, através dos vasos linfáticos. Estes vasos
o muito delicados e de paredes muito permeá-
veis, facilitando a recepção de partículas. A
linfao circula bombeada por órgãos como o
coração, mas seu movimento é devido à contra-
ção dos músculos próximos, "massageando" os
vasos linfáticos. No interior dos vasos encon-
tram-se pequenas válvulas que orientam o mo-
vimento da linfa numa só direção,o a deixan-
do voltar. Os vasoso se encontrando e for-
mando outros e terminam finalmente abrindo-se
num canal maior, o "dueto torácico", que de-
semboca no sistema venoso, próximo do cora-
ção.
De espaço em espaço os vasos linfáticoso
interrompidos pelos nódulos, queo corpúscu-
los como pequenos grãos de feijão destinados
a filtrar a linfa. Dentro destes nódulos encon-
tram-seo apenas redes de tecido fibroso para
filtração, mas um completo exército de células
de defesa, especialmente os linfócitos. Estas-
lulas atacam, englobam e digerem partículas es-
tranhas, sendo capazes, ainda, de produzir anti-
corpos (ver texto correspondente).o os-
dulos que aparecem na reação das ínguas, sig-
nificando que ali está ocorrendo um processo de
luta. A linfa, filtrada nos nódulos, segue seu
caminho em direção ao coração. Podemos per-
ceber muitos dos nódulos mais externos, apal-
pando-os na virilha, nas axilas, sob a mandíbula
e nas regiões mais laterais do pescoço.
Células cancerosas podem transitar pela linfa e
se desenvolver nos nódulos. É por isso que na
operação de retirada de um tumor canceroso o
cirurgião procura, também, remover os nódulos
linfáticos da região, buscando prevenir o apare-
cimento de novos tumores que poderiam derivar
das células malignas eventualmente retidas.
Fig 77-VASOS E GÂNGLIOS LINFÁTICOS
1. veia subclávia esquerda
2. veia subclávia direita
3. ducto torácico
4. nódulos
Estendem-se pelo corpo e formam uma rede en-
tre os nódulos. Aqui estão alguns desses nódu-
los linfáticos (4). Do dueto torácico, a linfa é dre-
nada para as veias subclávias
Fig 78
Rede de vasos linfáticos e gânglios em uma par-
te do rosto. Os gânglios formam uma segunda
linha de defesa contra a infecção.
O sistema linfático participa muito da drenagem
dos líquidos existentes entre as células. Infec-
ções no próprio sistema linfático (a erisipela,
por exemplo) ou a obstrução dos vasos por pa-
rasitas (na filariose) acarretam enorme redução
no retorno da linfa, que se acumula nos espa-
ços intercelulares, formando um tipo de edema
ou "inchaço".
Os linfáticos do intestino participam ativamente
do processo de absorção das gorduras, condu-
zindo as gotículas absorvidas para o sangue.
Após uma refeição gordurosa, a linfa fica lei-
tosa devido à presença da gordura em grande
quantidade.
Outros órgãos "linfáticos"o o timo e o baço.
O timo é bastante desenvolvido na criança ao
nascer, reduzindo-se seu tamanho com a idade.
Sua função primordial é controlar e organizar a
produção de linfócitos. O baço atua como um
grande nódulo linfático, além de produzir, arma-
zenar e eliminar elementos do sangue.
Finalmente há as amigdalas e adenóides, que
o tecidos linfáticos dispostos estrategicamen-
te à entrada da garganta e fossas nasais. Exer-
cem aí a função de verdadeiras sentinelas avan-
çadas, detectando e procurando deter os milhões
de invasores que diariamente chegam pela água,
objetos e alimentos levados à boca, ou pelo ar
inspirado pelo nariz. As famosas "inflamações
de garganta" constituem geralmente uma etapa
importante da defesa do organismo, procurando
evitar a progressão de germes ou vírus agres-
sores para tecidos internos mais nobres. Por
isto a indicação de operações para a retirada de
amigdalas e adenóides é um problema delicado
que deve ser analisado friamente. Simplesmen-
te extrair amigdalas inflamadas pode resolver
aborrecimentos de momento, mas à custa de
perdas preciosas na defesa do organismo. As
indicações para tais cirurgiaso precisas e de
alçada do médico competente.
O SANGUE
As pessoaso ao sangue um papel de vital
importância para o bom funcionamento do orga-
nismo. Sabem que uma hemorragia pode levar
à morte, que a cor do sangue reflete um estado
de saúde ou debilidade orgânica, que o sangue
ralo ou grossoo é normal etc.
No entanto, a maioria dessas pessoaso é ca-
paz de explicar ou relacionar o estado ou a qua-
lidade do sangue com os seus modos de viver
e, principalmente de se alimentar.
Realmente, é o sangue que mantém e sustenta
o corpo com vida, e, como diz um aluno de 5.ª
série, "o sangue é o próprio movimento do cor-
po". É o sangue, no seu movimento de vai-
m constante, que leva a todas as células do
organismo o oxigênio, a água, os nutrientes e os
hormônios, recolhendo dos tecidos os carbô-
nico e os resíduos das células, para eliminação
através do suor, da respiração e da urina. Além
disso, o sangue assume um relevante papel na
defesa do organismo contra os agentes exter-
nos, através dos glóbulos brancos (leucócitos),
na produção de anticorpos e no controle da tem-
peratura do corpo.
O sangue é formado por uma porção líquida, cha-
mada plasma, que contém em suspensão 3 es-
pécies de células: os glóbulos brancos (leucó-
citos), os glóbulos vermelhos (hemáclas) e as
plaquetas (trombócitos).
O plasma é a parte líquida do sangueo coa-
gulado. O soro é a parte líquida do sangue após
a coagulação e tem cor amarelo-crístalino. O
soro e o plasmao elementos diferentes. O
plasma tem em sua composição uma proteína
que é fundamental para a coagulação do sangue,
queo existe no soro. A quantidade de pro-
teínas do plasma está na dependência do tipo
de alimentação ingerida. Várias pesquisasm
demonstrado que nas populações onde há baixo
consumo de proteínas, há também baixo teor de
proteína no sangue. Uma dieta alimentar pobre
em proteínas provoca a saída de água do inte-
rior dos capilares, infiltrando-se nos tecidos e
causando um tipo de edema. O edema ou incha-
ço é muito comum em pessoas subnutridas, dan-
do a impressão de que estão gordas.
As hemácias ou glóbulos vermelhoso os car-
regadores do oxigênio do ar inspirado pelos
pulmões. Sua cor vermelha se deve a uma subs-
tância que contém, a hemoglobina, composta de
proteína e ferro. A hemoglobina é a principal
responsável pelo transporte de oxigênio. Ela tem
a capacidade de retirar o oxigênio de ambientes
em que a concentração destes é muito alta
(pulmões) e cedê-lo em locais de baixa con-
centração (células e tecidos). Quando o san-
gue se apresenta na cor vermelho vivo é porque
está carregado de oxigênio, ao contrário, quan-
do está carregado des carbônico, a sua cor
é vermelho-escuro. Este último é o sangue de
retorno, conduzido pelas veias, o sangue venoso.
Voltando aos pulmões repete-se a oxigenação
das hemácias e elimina-se os carbônico, vol-
tando o sangue à coloração vermelho vivo. To-
do esse movimento resulta do trabalho de bom-
beamento constante do coração. É necessário
um número imenso de hemácias em atividade.
Elaso produzidas pela medula óssea e vivem
de 2 a 4 meses. Findo esse tempo, o organis-
mo as considera "velhas" e as destrói no baço,
reaproveitando a hemoglobina para síntese de
novas hemácias. Se o número de hemácias di-
minui, além de um certo limite, dá-se a ane-
mia, com prejuízo da função de oxigenação e
acarretando repercussões negativas em todo o
corpo. As anemias podem ocorrer por perda de
sangue, espoliação (por vermes), falta de pro-
dução (doenças da medula óssea, carência ali-
mentar de ferro), excesso de destruição (doen-
ça do baço) etc. O combate às anemias neces-
sita levar em conta, portanto, a causa das mes-
mas. Em lugares de grandes altitudes onde o
ar é rarefeito, para compensar a falta de oxi-
gênio, as pessoas tem um número maior de he-
mácias circulando no sangue.
Os glóbulos brancos, como função principal, de-
fendem o organismo contra infecções e agentes
estranhos, auxiliando ainda na reparação dos te-
cidos.o células bem diferenciadas, podendo
classificar-se em neutrófilos, linfócitos, monó-
citos, basófilos e eosinófilos, de acordo com a
forma e a função específica de cada tipo. Par-
ticipam na formação de anticorpos,m capaci-
dade de fagocitose e podem migrar ativamente
para fora dos vasos, atraídos pela infecção (ver
inflamação). O aumento exagerado de glóbulos
brancos é sinal freqüente da ocorrência de in-
fecção. Isto pode ser detectado por um exame
de sangue, que informa sobre a quantidade dos
diferentes focos de glóbulos brancos. Estas in-
formações auxiliam a verificação da gravidade
do processo e sua fase evolutiva, bem como
fornecem indicações sobre o tipo possível de
agente agressor.
As plaquetaso pequenos corpúsculos deriva-
dos de grandes células produzidas na medula
óssea e a sua função essencial é a coagulação.
A perda de sangue chama-se hemorragia. Pode
ser aguda, devido a ferimentos e arrebentamen-
tos de órgãos, ou crônicas (mais lentas, geral-
mente nas vísceras como o intestino).
O organismo procura manter sempre constante
o volume de sangue e nas hemorragias de maior
gravidade tenta ajustar-se à diminuição deste
volume através de aceleração dos batimentos
cardíacos, contração dos vasos da periferia, uso
de reservas etc.
Moleza e cansaço fácil,o sintomas decorren-
tes de hemorragias e servem para obrigar o cor-
po a economizar energias. Em determinados
casos, a única maneira de corrigir os efeitos
dramáticos "de uma hemorragia é a transfusão
de sangue. Entretanto, tal procedimentoo
pode ser adotado indiscriminadamente de uma
pessoa para outra, pois há o perigo de graves
acidentes, por incompatibilidade nos tipos de
sangue. Outro risco nas transfusões é a trans-
missão. entre pessoas, de doenças como a-
filis, doença de Chagas e hepatite.
AS RESPOSTAS CELULARES A AGRESSÃO
Se microorganismos agressores conseguem ven-
cer as barreiras mecânicas e químicas mais ex-
ternas do organismo, surgirão defesas internas
cujo papel pode ser decisivo no resultado final
da luta (doença). Trata-se de algumas substân-
cias circulantes (principalmente "anticorpos")
e um grande número de células de defesa, com
maior ou menor especialização, destinadas a cir-
culação como soldados e vigilantes ou ao tra-
balho fixo, como porteiros e sentinelas. Há ain-
da aquelas capazes de ser os lixeiros. Há men-
sageiras e fabricantes de armamentos. Há profes-
soras e carcereiras. Desta curiosa configuração
"profissional" depreende-se que há uma grande
variedade de tais células, com seus papéis de-
finidos e situações de cooperação e dependên-
cia, tudo como se se tratasse de uma cidade
assaltada por invasores ou ladrões. A com-
paração procede, acentuando-se a imagem de tra-
balho pela sobrevivência.
As informações que se seguem devem ser tra-
balhadas num conjunto maior, ao lado dos tex-
tos sobre sangue, anticorpos, inflamação e ci-
catrização, com plena liberdade para outras aber-
turas. a juízo do Professor.
As principais células específicas de defesa de-
rivam do mesmo tecido do embrião. Suas ati-
vidades, como já foi dito,o variadíssimas,
mas sempre obedecendo ao processo geral de
estímulo-resposta. Como estímulo aparecem os
microorganismos, partículas de substâncias-
xicas e restos celulares. Todas estas células
m um primórdio de memória e uma capacidade
de reconhecimento para estruturas "próprias" ou
"estranhas". A resposta é afastar, destruir, iso-
lar ou eliminar o invasor.
Uma das mais efetivas defesas celulares é a fa-
gocitose, em que a célula procura o invasor e
a ele se adere. Em seguida engloba-o e lança
sobre ele poderosas substâncias que tentam di-
geri-lo (fig. 79). Praticamente todas as célu-
Fig
79-FAGOCITOSE (INGESTÃO DE PARTÍCU-
LAS ESTRANHAS):
(g) outras vezes é a partícula
que mata a célula.
Ias do organismo podem realizar a fagocitose,
mas as principaiso os glóbulos brancos do
sangue e as células conjuntivas. Os glóbulos
brancoso verdadeiros soldados, acercando-se
rápida e corajosamente de qualquer invasor.
Nas fases iniciais da infecção predominam os
glóbulos brancos "neutrófilos", que atacam vio-
lentamente o sem maior seletividade, sendo óti-
mos fagocitadores. Geralmente morrem muitos
neutrófilos nas lutas com bactérias, formando-se
o pus. Os germes, por sua vez, respondem aos
neutrófilos e outras células de defesa secre-
tando substâncias capazes de intoxicá-las, ou en-
o conseguindo sobreviver e lesá-las mesmo de-
pois de fagocitados. As células conjuntivas ou
reticuloendoteliats exercem inúmeras funções de-
fensivas, empregando a fagocitose. Podem en-
contrar-se afixadas como sentinelas na parede
de vasos capilares ou linfáticos, prontas a deter
invasores vindos pela corrente. Outraso-
lulas enormes denominadas macrófagos, com
grande capacidade fagocitária. Aparecem em me-
nor número que os neutrófilos, podendo circular
pelo organismo ou permanecer fixas em pontos
estratégicos como nódulos linfáticos, vasos do-
gado etc. Algumas vezes, em condições espe-
ciais, os macrófagos se unem, formando uma só
e potente célula de defesa, denominada "célula
gigante."
Outras atividades diferentes da fagocitose po-
dem ser exercidas por células como linfócitos e
filbroblastos Os linfócitoso glóbulos brancos
que geralmente aparecem após os combates Ini-
ciais dos neutrófilos. Se os neutrófiloso me-
nos específicos, atacando todo e qualquer inva-
sor, os linfócitoso capazes de reconhecer e
"memorizar" mais sofisticadamente as caracte-
rísticas do agente agressor, produzindo reações
defensivas elaboradas e de maior duração. As-
sim, os chamados linfócitos B produzem anti-
corpos capazes de destruir ou neutralizar inú-
meras agressões, enquanto os linfócitos T
o células memorizadoras por excelência, al-
tamente capacitadas a reconhecer os agressores,
atacá-los diretamente ou provocar em outras-
lulas respostas altamente específicas, mesmo
muito tempo depois do contato inicial. Os lin-
fócitos T e B cooperam entre si, estimulando-se
e estabelecendo um balanço numérico em que,
segundo as circunstâncias, ora predomina um,
ora o outro. No caso de células malignas do
câncer, os linfócitos ficam atentos à sua pre-
sença, procurando destruí-laso logo apareçam.
Ocorrendo um cochilo nesta vigilância, as célu-
las cancerosas podem então multiplicar-se, for-
mando os tumores. Uma das maneiras de pre-
venir certas doenças que dependem de tais "co-
chilos" é tentar estimular a produção de célu-
las de defesa competentes, através da admi-
nistração ao organismo de B.C.G. e outras
substâncias. Por outro lado, irradiações e cer-
tos remédios (corticoesteróides, por exemplo),
induzem uma redução no número e competência
das defesas celulares, favorecendo infecções.
Os fibroblastoso outras células de defesa, ca-
pacitadas a produzir de imediato fibras protéicas
longas e fortes com que preenchem o espaço an-
teriormente ocupado por tecido morto. Partici-
pam portanto na cicatrização.
CICATRIZAÇAO E INFLAMAÇÃO
o respostas localizadas, para diferentes agres-
sões, envolvendo a integração e cooperação de
diversos mecanismos. Seu estudo é bastante
oportuno por se tratar de processos defensivos
muito presentes na vida do jovem, além disso
visíveis e interessantes.
Cicatrização da pele
Quando ocorre um corte na pele, sem infecções
e outras complicações, desencadeia-se o pro-
cesso de cicatrização, destinado a fechar a aber-
tura e recuperar no maior grau possível as fun-
ções que ali eram realizadas.
Uma seqüência de eventos se desencadeia
após o corte. Surge o sangramento, proveniente
dos vasos seccionados, através do ferimento. O
excesso de sangue escorre para o exterior, fa-
zendo uma lavagem local. Dá-se a coagulação
(ver desenho) do sangue e o sangramento vai
parando. O coágulo ocupa todo o interior da fe-
rida, como uma massa colante e compacta, que
aproxima e liga ao bordas do corte.
Para o interior do coágulo acorrem pequenos
brotos celulares, derivados das paredes dos va-
sos capilares ao redor. As células desses capi-
lares começam também a dividir-se, aumentando
a produção dos brotos celulares que serão os
responsáveis pela reconstrução dos tecidos. Na
superfície do processo o coágulo torna-se duro
e impermeável, formando a "casca" protetora que
se percebe nestes ferimentos.
Chegam ao coágulo outras células de reconstru-
ção, os fibroblastos, que formarão fibras e tra-
ves de sustentação do novo tecido. Chegam ain-
da alguns neutrófilos e macrófagos, com a fina-
lidade de fagocitar resíduos e ainda exercerem
vigilância contra possíveis germes invasores.
A partir dos brotos celulares, irão se formar, no
interior do coágulo, novos vasos sangüíneos (por
recanalização) que logo começam a conduzir
sangue e a nutrir melhor o processo. Vasos vi-
zinhos invadem a região e se ligam aos recém-
formados.
Fig 80-CICATRIZAÇAO DA PELE:
(a) pele cortada, ferida
(b) enchimento da ferida com
o coágulo.
(c) migração de elementos ce-
lulares e formação de novos
vasos sangüíneos no inte-
rior do coágulo. O epitéllo
da superfície do corte se
aproxima tendendo ao fe-
chamento.
(d) ligação dos vasos Remo-
ção de partículas e deposi-
ção de tecido pelos fibro-
blastos.
(e) diminuição dos vasos e da
proliferação celular.
contração do processo
através do tecido fibroso,
restando a cicatriz
Na superfície do corte, as células da epiderme
se movimentam e se reproduzem, de uma borda
em direção à outra, reconstituindo-se a camada
externa inicialmente mais fina e depois na es-
pessura normal. Nas fases finais, o trabalho é
de saída dos fibroblastos, remoção dos resíduos
e deposição de fibras nos espaços restantes. Fi-
nalmente há uma retração das fibras formadas.
restando apenas uma lâmina de tecido que é a
cicatriz. Em situações normais, todo processo
dura de 8 a 10 dias. Os "pontos" dados pelo-
dico em um ferimento aberto ou corte operató-
rio, objetivam aproximar as bordas do corte e
facilitar a cicatrização.
A cicatrização é um importante trabalho de de-
fesa, ilustrando a interação e cooperação entre
vários equipamentos e processos (sangue, tra-
balho celular, coagulação). A boa cicatrização só
ocorre sob condições razoáveis de nutrição e na
ausência de infecção. Pode também ser preju-
dicada por atritos e impactos na região, que ar-
rebentam os delicados vasos em formação pro-
vocando pequenas hemorragias. Estas retardam
o processo e geram uma lâmina fibrosa muito
maior do que o necessário. Tais conhecimentos
embasam a boa prática da limpeza dos ferimen-
tos e sua proteção com ataduras de gase.
Inflamação
Um pequeno ferimento na perna. Rompe-se a
pele e bactérias agressoras penetram rapidamen-
te, localizando-se no tecido subcutâneo. A pri-
meira reação do organismo ferido é contrair ra-
pidamente os vasos ao redor do "acidente", di-
latando-os em seguida, objetivando trazer mais
sangue para o local. A região torna-se quente e
avermelhada. A parede dos vasos dilatados fica
mais permeável e começa a exsudar plasma e
células que invadem a área provocando entumes-
cimento. As bactérias procuram reproduzir-se e
lançar no meio substâncias capazes de lesar o
tecido ao redor e as células de defesa. Dei-
xando os capilares, os glóbulos brancos neütró-
filoso logo atraídos pelas bactérias e diri-
gem-se para elas procurando fagocitá-las. Esta
fase de dilatação de vasos e saída de material
está ligada a fatores químicos e nervosos.
A inflamação pode resolver-se neste ponto, se
as bactérias forem destruídas. Prolongando-se o
processo por mais tempo, dar-se-á formação de
pus, com grande acúmulo de neutrófilos e bac-
térias mortas, além de restos celulares e líquido
do exsudato. Trata-se do "furúnculo", no caso da
pele. Esta fase pode provocar grande destrui-
ção de tecido, e o processo "vir à furo" (extra-
vasar-se para o exterior da pele). Se houver
prosseguimento da luta. as bactérias serão dre-
nadas pelos linfáticos, produzindo reação nos
nódulos linfáticos à jusante (a "íngua"). As bac-
térias podem ganhar terreno, espraiando-se pe-
los tecidos ao redor (flegmões) ou abrindo ou-
tras frentes de combate (antrazes). Ou então
invadir grandes áreas contíguas (abcesso) e
mesmo tomar livremente a corrente sangüínea
(septicemia). Tudo isto ocorre em alguns dias.
caracterizando as inflamações agudas. Outros pro-
cessos podem ser bem menos exuberantes, mas
arrastarem-se lentamente por semanas e meses.
como a tuberculose "crônica". Nos processos
agudos predominam as células neutrófilas. Nos
crônicos encontramos mais os linfócitos e ma-
crófagos.
A evolução da inflamação depende de um ver-
dadeiro balanço entre o invasor (seu número.
sua maior ou menor capacidade de agressão) e
o invadido (condições gerais de defesa, resis-
tência à invasão). Vencidas as bactérias, macró-
fagos e vasos linfáticos esvaziam a área. che-
gando finalmente os fibroblastos e outros equi-
pamentos de reposição.
OS ANTICORPOS
Muitas doenças infecciosas, como o sarampo, a
caxumba, a coqueluche e a paralisia infantil só
ocorrem uma vez na vida da pessoa. Uma vez
curado da primeira infecção, o organismo desen-
volve uma grande resistência a novas investi-
das dos agentes causadores da doença, embora
estes continuem a povoar o meio ambiente e a
atacar pessoas suscetíveis (queo possuem a
resistência contra aquele agente). Pode-se di-
zer que esta resistência decorreu de um proces-
so de aprendizado acerca do invasor e do de-
senvolvimento de defesas específicas contra eles
ou seus produtos de ataque (principalmente "to-
xinas"). Juntamente com as defesas celulares,
os anticorposo os mais importantes respon-
sáveis por este tipo de resistência, que é tam-
m chamada de imunidade.
Os anticorpos formam-se no transcurso de uma
infecção, principalmente a partir dos linfócitos B
(ver "As respostas celulares à agressão"), per-
manecendo circulantes no sangue ou, mais rara-
mente, afixados em alguma parte do corpo.
De modo geral, os linfócitos B tomam contato
com o agente agressor e resgistram as caracte-
rísticas da superfície do mesmo. Ao fabricarem
as moléculas do anticorpo nelas imprimem estas
características em "negativo", de modo que o
anticorpo se amolda perfeitamente à superfície
do agressor, à maneira da chave na fechadura
certa. Se uma infecção está ocorrendo pela pri-
meira vez, a produção de anticorpos é mais len-
ta, porque os linfócitosm que "aprender" a fa-
bricá-los. Entretanto, uma segunda agressão re-
sulta em pronta e maciça produção de anticor-
pos, porque os linfócitos "memorizaram" as ca-
racterísticas do invasor e jám um "programa"
ou uma "matriz" para a resposta imediata.
Ao vacinar uma pessoa estamos simplesmente
induzindo a produção de anticorpos ou células
competentes contra determinado agente (que po-
de ser uma bactéria, um produto bacteriano, um
vírus etc.) As "vacinas" nada maiso que o
agente invasor (ou parte dele) cientificamente
preparado de forma a provocar a produção deste
tipo de defesa, mas sem causar os incovenientes
da doença. Quando muito poderão causar uma
pequeníssima reação, uma mini-doença, como no
caso da vacina antivariólica ou a do sarampo.
A introdução da vacina no organismo, "ensina-o"
a reconhecer e defender-se do agente. Algumas
vacinas necessitam de 3 ou mais doses para
conseguir um volume suficiente de anticorpos.
que permanecerão em ação por períodos variá-
veis. conforme o tipo de vacina. Após esse
tempo os anticorpos começam a ser eliminados,
havendo então a conveniência de uma dose "ex-
tra" de vacina, à qual o organismo responde
prontamente produzindo altos níveis de anticor-
pos. Esta dose suplementar é o chamado reforço.
Os anticorposo moléculas protéicas, chama-
das imunoglobinas. Existem em categorias di-
ferentes conforme o tamanho, tempo de vida,
função etc. Algumas delas conseguem passar de
e para filho durante a gestação, conferindo-
lhe, ao nascer, importantíssima proteção contra
algumas agressões do meio. Estes anticorpos
permanecem de 2 a 3 meses e então o organis-
mo da criança tem que fabricar os seus pró-
prios, a partir de uma doença ou da vacinação.
Isto explica porque é muito raro uma criancinha
adoecer de sarampo, coqueluche ou caxumba,
por exemplo, durante o primeiros de vida.
Justifica, também, a conveniência de vacinarem-
se as gestantes contra o tétano, para proteger
os recém nascidos com anticorpos que possam
passar pela placenta.
A ação das imunoglobulinas (anticorpos) é mui-
to variável. Algumas ligam-se aos germes, ma-
tando-os ou envolvendo-os. Outras neutralizam
toxinas microbianas ou venenos como o de co-
bras e escorpiões. Há as que se concentram
mais nas secreções, e as que ativam importan-
tes mecanismos defensivos conhecidos como
"complemento". Outras aindao responsáveis
por manifestações de alergia tais como a febre
do feno, a urticária e algumas formas de asma.
Presumivelmente a diversidade das imunoglobu-
linas ocorreu porque, no curso da evolução, cada
uma foi responsável por algum valor de sobre-
vivência.
Podemos preparar anticorpos artificialmente e
usá-los em situações de emergência, como no
caso de picaduras de cobras venenosas. Trata-
se do soro, que neste exemplo seria o soro
anti-ofídico, capaz de neutralizar o veneno cir-
culante e impedir a progressão de seus efeitos.
A preparação do soro é usualmente feita em
cavalos, que recebem doseso mortais do ve-
neno e passam a produzir enormes quantidades
de anticorpos circulantes. O soro retirado do
sangue desses cavalos é que, com seus anticor-
pos, será o remédio salvador.
A produção de anticorpos relaciona-se também
à condição nutricional, especialmente a nutrição
protéica. Prova distoo os resultados menos
favoráveis de vacinações realizadas entre crian-
ças desnutridas quando comparadas a crianças
normais.
O PAPEL DO MEIO INTERNO
No homem e nos animais superiores, as fun-
ções vitais e de defesa se integram e se com-
pletam, na dependência da manutenção de uma
certa harmonia do meio interno. Assim, os sen-
tidos do tato e do gosto ficam "anestesiados"
quando a temperatura do órgão (língua, dedos)
encontra-se próxima dos 20° centígrados. Em
outro exemplo, se a taxa de glicose no sangue
permanecer aquém dos 60 miligramas/centíme-
tro cúbico (normal = 80 a 120), a pessoa ten-
de a entrar em profunda apatia e pode mesmo
perder a consciência. A função do presente tex-
to, é mais a de relembrar a presença do meio
interno no funcionamento dos demais processos
de defesa e, com algumas aberturas, retomar o
papel defensivo de algumas funções vitais.
A água do corpo exerce inúmeras funções e
constitui de 60 a 70% do peso corporal. Ela
envolve cada célula do organismo e assim par-
ticipa intimamente da vida (trocas, excreções)
de todas as células. Participa da respiração
(conduzindos carbônico), da disgetão (solu-
bilizando partículas), da excreção de sais na uri-
na, etc. Está presente no sangue nos espa-
ços entre as células e dentro das células. O
balanço da água do corpo é extremamente dinâ-
mico: a que entra no organismo é ingerida (lí-
quidos e alimentos) ou produzida pelas reações
de combustão interna. A que sai é expelida pela
urina, fezes, gotículas expiradas, suor e células
descarnadas. A entrada e a saídao reguladas,
principalmente, pela satisfação da sede em con-
trapartida ao funcionamento dos rins e ao suor.
Em condições normais, se houver excesso de
água no corpo, mecanismos reguladores dos rins
permitirão maior saída de água na urina, dando-
se o contrário quando há necessidade de re-
tenção.
A temperatura do organismo é regulada por uma
série de mecanismos interdependentes, como a
circulação, a evaporação de água pela pele etc.
O homem é um animal de temperatura constan-
te, ou seja, queo sofre alterações apesar das
variações do ambiente. Tal constância é uma
importante defesa que resguarda o bom funcio-
namento dos órgãos e tecidos, mas que exige
muito trabalho em sua manutenção. A elevação
anormal de temperatura pode significar um es-
tado infeccioso ou a presença de reações anor-
mais do meio interno. Os sensores de tempe-
ratura em nossa pele fornecem continuamente
informações sobre a temperatura do meio am-
biente, capazes de nos levar a atitudes de de-
fesa, como vestir um paletó.
A circulação do sangue, participa diretamente do
suprimento de oxigênio e nutrientes para todas
as células, assim como conduz elementos de
defesa, retira resíduos, conduz informações atra-
s de hormônios, ajuda no controle da tempe-
ratura e no balanço da água. A circulação será
mais rápida na atividade e mais lenta durante o
repouso, suprindo seletivamente cada órgão de
maior ou menor volume de sangue de acordo
com as circunstâncias (mais sangue para as per-
nas, por exemplo, quando se está correndo).
Essas variações se conseguem graças a modi-
ficações de força e freqüência nos batimentos
cardíacos, aliados a contrações e dilatações mus-
culares na parede dos vasos. Há respostas de-
fensivas da circulação quando diminui o teor de
oxigênio ou glicose no sangue, produzindo-se um
ajustamento que consiste em aumentar a veloci-
dade circulatória.
A respiração, além do já discutido papel na ob-
tenção e distribuição de oxigênio aos tecidos,
colabora no balanço da água e na manutenção
de um estado ótimo de "acidez" no organismo.
A respiração em alta freqüência indica, em geral.
que o organismo está com excesso de acidez e
em busca de uma correção deste problema.
A excreção de urina é da maior importância nos
processos de balanço de água, no controle de
acidez e na retenção ou eliminação de subs-
tâncias circulantes. Os rins dependem estreita-
mente de um bom funcionamento da circulação.
pois praticamente todo o seu trabalho se faz
sobre o sangue.
A presença de substâncias tóxicas no interior do
organismo solicita diversos mecanismos de de-
fesa. Ao nível do tubo digestivo, as reações de
vômito e as diarréias procuram expulsar, meca-
nicamente, material indesejável. Ao nível de
algumas células do fígado, partículas tóxicas cir-
culantes serão desdobradas, neutralizadas ou con-
jugadas a compostos inofensivos, processos es-
ses que nos defendem de muitos medicamen-
tos tomados em excesso ou mesmo dotados de
poder agressor ao organismo.
A regulação do meio interno é automática e in-
consciente. Os circuitos nervosos das vísceras
fazem parte do sistema nervoso autônomo, que
independe do controle da vontade. Existem re-
ceptores especializados para cada função (me-
dir teor de pressão do sangue, por exemplo),
unidades integradoras ou reguladoras e os nervos
que conduzem as ordens de resposta, fazendo,
neste exemplo, o coração e os vasos ajustarem
seu funcionamento numa faixa adequada de pres-
são. Os centros nervosos reguladores das fun-
ções "vitais" como pressão do sangue, digestão,
função urinaria, respiração, etc. situam-se nas
partes baixas do cérebro, interagindo com esfe-
ras mais altas que se relacionam com respostas
mais complexas e voltadas para o ambiente,
como temperatura do corpo, agressividade, fome,
sede, desejos e outros comportamentos ou es-
tados emocionais. Esta interação explica, por
exemplo, como o estado emocional medo pode
desencadear respostas defensivas de aceleramen-
to cardíaco, suor, respiração apressada, etc.
A regulação do meio interno depende também
de uma série de hormônios, queo substân-
cias químicas secretadas por glândulas internas.
A ação dos hormônios é bem mais lenta e mais
duradoura que a dos impulsos nervosos. Seu
destino e funçõeso bastante específicos. As
partículas dos hormôniosm uma superfície
com relevo especial, tornando-as capazes de se
encaixarem em receptores do órgão a que se
destinam, desencadeando determinada reação.
Os hormônios interagem entre si, estimulando
ou reprimindo uns a formação de outros. De modo
geral, alcançado o efeito pretendido com a se-
creção de um hormônio, este efeito vai provo-
car uma diminuição na produção, que por sua
vez voltará a maiores níveis se o efeito dimi-
nuir. Há vários hormônios: para regulação do
metabolismo do corpo (tireóide), para retenção
de líquido (anti-diurético), hormônios estimula-
dores das funções sexuais, reguladores da pres-
o sangüínea, reguladores das taxas sangüíneas
de cálcio e glicose etc.
Um bom exemplo da integração de vários meca-
nismos defensivos e reguladores pode ser dado
por um gato diante de um cão. O gato amea-
çado terá como defesas e mecanismos regula-
dores, entre outros: excitação visual, auditiva
e olfativa da presença do cão, associando "pe-
rigo" estimulação das glândulas supra-renais,
que descarregam substâncias (catecolaminas)
ativadoras das funções cardíacas e respiratórias;
aceleramento cardíaco, respiração mais pro-
funda, aporte maior de sangue nos órgãos de
defesa, diminuição de sangue na pele, maiores
taxas de oxigênio circulante etc. Tais reações
sofrem interação com centros nervosos mais al-
tos do cérebro, despertando agressividade, me-
do, etc. Há ainda acionamento de processos me-
tabólicos (elevação das taxas de glicose no
sangue, por exemplo).
No seu todo, este é um quadro de um complexo
de reações em cadeia, frente a uma ameaça,
denominado quadro de "stress" (expressão in-
glesa que significa violência, vigor, pressão). O
exemplo mostra,o apenas e interação e inter-
dependência dos vários mecanismos, mas so-
bretudo dá uma idéia do enorme trabalho de to-
do o organismo frente a certas ameaças.
O TRABALHO PELA VIDA
o podemos compreender nenhum ser vivo se-
o dentro do contexto de seu meio natural. É
ai que ganha significado cada equipamento de
sobrevivência, cada tipo de reação. É importan-
te retomar sempre a idéia de que o meio e os
seres estão em contínua mudança, e que a so-
brevivência é uma questão de ajustamentos su-
cessivos. que requerem energia e trabalho. O
texto que se segue pretende refletir um pouco
sobre alguns problemas concretos que a vida
propõe aos seres vivos, completando-se assim
o significado de suas defesas.
A obtenção de alimentos representa provaivel-
mente o primeiro dos trabalhos pela vida. Visa
a incorporação da energia capacitando o cresci-
mento e reparação de células e tecidos. Cada
ser realiza essa procura segundo os equipamen-
tos e habilidades que possui ou desenvolve. Al-
gumas espécies desapareceram ou tendem a
desaparecer porqueo encontraram alternativas
de alimentação quando seu meio mudou ou foi
mudado. Músculos, sentidos, movimentação, des-
treza, instinto, memória, tudo se liga ao traba-
lho pela comida. Defender-se da fomeo so-
mente ocupa uma grande parte da vida dos se-
res, como influencia diretamente o desenvolvi-
mento de equipamentos, habilidades e compor-
tamentos. A comida define o lugar da morada,
a distribuição das espécies, o tamanho das po-
pulações. Os seres melhor alimentados podem
defender-se com mais eficiência. (Convém re-
tomar estas reflexões à luz das atividades e
conceitos levantados na unidade "Os alimentos
e a saúde").
A defesa do território tem essencialmente o
mesmo significado de ter uma morada. A ori-
gem deste significado, segundo biólogos, é a
própria e natural agressividade do meio, que
ameaça a individualidade e o indivíduo. A mo-
rada nada mais é do que uma defesa, que am-
plia e completa as defesas naturais do ser vivo
contra clima, irradiações, invasores. Seres mais
bem dotados de defesas individuais naturais de-
pendem menos da morada, como acontece com
tubarões e delfins. O território próprio asse-
gura a liberdade de expansão do indivíduo e
maiores recursos de defesa. Estar em casa sig-
nifica estar bem, sem (ou com poucas) amea-
ças. Em minha casa eu sou "mais eu". À con-
quista do território segue-se todo um trabalho
por sua manutenção e defesa. Muros, paredes,
cuidados higiênicos, mecanismos de alarme, vi-
gilância etc, estão presentes na defesa do ter-
ritório de várias espécies animais. Ao estudar-
mos "A morada do homem" pudemos refletir so-
bre a correlação de uma série de doenças co-
muns à nossa espécie, por causa de nossos mo-
dos de morar.
Resistir aos agressores supõe todo o trabalho
interno contra microorganismos, mas também o
desenvolvimento de equipamentos, atitudes e
comportamentos contra os chamados "inimigos
naturais". Fugir, esconder-se, confundir, contra-
atacar, modificar o meio.o alguns exemplos
de resistências oferecidos por várias espécies
animais aos seus inimigos. Os sentidos assu-
mem aqui um papel dos mais relevantes, detec-
tando o adversário. Instinto, reflexos e memória,
participam no desencadeamento de respostas
adequadas. Se um animalo consegue fugir ou
despistar seu agressor, resta apenas enfrentá-
lo e tentar resistir. As agressões entre diferen-
tes espécies animais estão basicamente ligadas
ao território e a o alimento. Dentro da mesma
espécie intervém igualmente o sexo. Caçar e
ser caçado, comer e ser comido, perseguir e ser
perseguidoo fatos corriqueiros e "naturais"
no meio dos bichos. Na ecologia do homem as
coisas ficam muito mais complexas.
Os cuidados com o corpo estão largamente di-
fundidos entre os animais, através da postura,
do exercício, do repouso e de "práticas de hi-
giene", sem contar a boa alimentação. Trata-se
de garantir um bom funcionamento do organis-
mo, mantendo-o em boas condições para defen-
der-se, conseguir o alimento e realizar o sexo.
Muitos animais se exercitam através de movi-
mentações e "brincadeiras". Outros treinam suas
defesas, aguçam unhas e dentes, simulam lutas
entre si. A boa postura é continuamente procu-
rada para a economia de energias, evitando-se
contrações musculares desnecessárias. O repou-
so visa a recuperação de energias, sendo o so-
no a sua forma mais completa. Durante o sono
as funções vitais básicas reduzem-se ao mínimo
possível e a atividade dos sentidos mantém-se
apenas em nível de perceber sinais de alarme
muito urgentes. Os animais cujas defesas im-
plicam ação imediata ou que estão muito amea-
çados, apresentam sono leve. Os animais me-
lhor protegidos como o porco-espinho, podem
dormir profundamente. O sono e o repouso pro-
tegem contra o desgaste excessivo, facilitando
grandemente a re-harmonização do meio interno
após períodos de atividade.
As práticas de higiene se encontram em vários
insetos, peixes, aves e animais superiores. Os
bichos se lavam, se assopram, se agitam se es-
panam ou se cocam, procurando manter em bom
estado a superfície de seu corpo. Livram-se as-
sim de muitos parasitas e de partículas irritan-
tes (os patos empregam muito tempo acertando
suas penas e lubrificando-as com uma secreção
gordurosa impermeabilizahte). É notável como
tais práticas de limpeza realmente ganham mais
significado nos indivíduos bem sucedidos quanto
às suas necessidades básicas. A medida que a
fome, a presença do inimigo e a falta de res-
postas ameaçam agudamente e mais de perto,
esse tipo de "higiene" vai perdendo o sentido
e deixando de ser praticado.
Importante ainda é a "linguagem" do corpo a
postura, o desempenho das atividades, o bom
funcionamento "vegetativo" (comer, evacuar, dor-
mir) e, ainda, no homem, o humor, a vontade
de fazer as coisas e o interesse indicadora
do seu próprio estado de saúde.
As expressões corporaiso verdadeiras mensa-
gens para o meio, incluindo-se aqui fisionomias,
gestos e movimentos. Havendo doença, fala-se
em sintomas e sinais. Sintoma é aquilo que o
indivíduo sente como manifestação da doença:
dor, fraqueza, "formigações" etc. Sinaiso ma-
nifestações visíveis e sensíveis para o meio, co-
mo mudanças da cor da pele, sangramentos ex-
ternos, edemas e feridas. A febre é um dos si-
nais mais freqüentes nas doenças infecciosas.
A comunicação entre os seres é parte essencial
de seus ajustamentos, como instrumento de so-
licitações, de cooperação, de abertura ao sexo.
Sons, gestos, emissão de odores, posturas e ou-
tras formas de expressão permitem que os in-
divíduos emitam suas mensagens e que as es-
pécies se entendam. A troca de informações
tem o sentido genérico de defesa, uma vez que
representa economia de esforços no reconheci-
mento de situações.
Fig 81 - TRABALHO PELA VIDA
As termites (formigas brancas) vivem em socie-
dades; cada sociedade possui uma rainha, um
rei e numerosos soldados e operários. Vê-se
acima (através de um vidro) uma rainha (no cen-
tro, em forma de salsicha), operárias que a ali-
mentam e se ocupam de seus ovos. O rei está
em cima, à direita.
Entre as abelhas, por exemplo, a comunicação é
fundamental. Na procura do alimento, a abelha-
operária, depois de localizá-lo. volta à colméia
e através de uma dança com movimentos e rit-
mos precisos informa às companheiras o local
(direção e distância) da fonte alimentar.
Fig 82- A DANÇA DA ABELHA
A dança da abelha informa suas operárias sobre
a localização de uma fonte de alimento que en-
controu. A abelha indica o local em referência à
posição do sol. Se executa a dança fora da col-
méia (a), a direção reta da dança apontará dire-
tamente para a fonte de alimento. Se realiza sua
dança dentro da colméia (b), se orientará por gra-
vidade e o ponto diretamente acima da cabeça
toma o lugar do sol. O ângulo X é o mesmo para
ambas as danças. A distância entre a origem do
alimento e a colméia é indicada pela velocidade
com que executa a dança.
A cooperação entre os seres evoluiu, em várias
espécies, para a organização de grupos sociais.
Colmeias, formigueiros, bandos de aves e co-
munidades humanaso algumas formas de de-
fesa em grupo, que surgiram como respostas ao
problema da obtenção do alimento, da conquista
de espaço e da ameaça dos inimigos comuns.
As vantagens da vida em grupo supõem um
grande esforço adicional de adaptação, porque o
indivíduo é compelido a aproximar-se e trocar
concessões com seu semelhante. Da unidade
(coesão) e organização do grupo é que resulta-
rá sua eficiência. Freqüentemente os interesses
individuaiso confrontados com os do grupo.
A preservação da própria individualidade e da
privacidade, dentro do grupo,o problemas no-
vos e pertinentes, assim como o exercício de
uma liberdade individual muito ampla. Desagre-
gação, epidemias, superpopulação e falta de ali-
mentos e espaço encontram-se entre as princi-
pais ameaças ao grupo. Competição e disputas
intergrupais podem gerar dizimação ou expulsão
de um deles de seu território.
A DEFESA DA ESPÉCIE
Mostra a biologia que a grande maioria das es-
pécies surgidas na Terra já desapareceu, prin-
cipalmente por causa de sua própria inabilidade
em responder às mudanças do meio. Cada in-
divíduo, a par de sua própria vontade de viver.
traz em seu íntimo um fortíssimo chamado à
reprodução. É um apelo da espécie que enfrenta
os desafios do ambiente como qualquer ser iso-
lado. Por isso trabalha, no decorrer das suces-
sivas gerações, provendo a sua auto-preservação
através de lentos ajustamentos ao meio e da con-
tínua estimulação de seus indivíduos à procria-
ção.
Participam do aprimoramento ou degeneração da
espécie um grande número de fatores do meio.
notadamente as possibilidades alimentares. as
condições do clima e os inimigos naturais. Uma
das formas de defesa da espécie é a seleção na-
tural. Por este processo, diferentes fatores na-
turais adversos interagem com os indivíduos, eli-
minando os mais fracos e menos dotados e per-
mitindo a sobrevivência dos "fortes".
A rã verde "Hyla goeldii" carrega seus ovos
numa bolsa das costas. O hipocampo (cavalo
marinho) abriga os seus em uma bolsa na barri-
ga. Ambos estão protegendo suas crias durante
as primeiras fases de seu desenvolvimento. Na
verdade, muitos morrem prematuramente e só so-
brevivem os melhor adaptados
Fig
85
As espécies procuram, ainda, a preservação à
custa da produção de grande número de descen-
dentes em cada geração (o caso da enorme
quantidade de filhotes numa desova de peixe ou
do elevado número de ovos expelidos pelos ver-
mes, por exemplo). Outras formas de preserva-
çãoo observadas na constante procura de am-
bientes mais favoráveis à sobrevivência, realiza-
das por populações inteiras de animais, através
de migrações., também, em várias espécies.
a capacidade de produzir indivíduos dotados de
altíssima resistência às adversidades do meio:
o as formas de resistência, encontradas, por
exemplo, entre amebas e giárdias (animais uni-
celulares). quando as condições ambientais (aci-
dez, ressecamento etc.)o estão propicias.
Tais formaso dotadas de fortíssimo envoltó-
rio, boas reservas de nutrientes e capacidade de
reprodução, podendo retornar à forma "vegetati-
va"o logo o meio se torne adequado.
A reprodução entre os seres vivos pode ser
sexuada ou assexuada, sendo esta última mais
primitiva. A reprodução sexuada se caracteriza
pelo concurso de duas células, uma masculina
e uma feminina, que se unem para formar a-
lula inicial do novo indivíduo, enquanto que na
assexuada a célula inicial provém de uma única
célula. Interessa-nos mais a reprodução sexuada.
por ser a forma usada pelo homem. A realização
desta função será aqui denominada sexo, para
simplificação.
Para as espécies primitivas, o sexo é uma ques-
o puramente automática, envolvendo basica-
mente processos químicos de atração entre os
seres. Para as espécies animais superiores, in-
cluindo o homem, o sexo torna uma verdadeira
recompensa do viver (*). estando ligado a forte
motivação e prazer. As etapas do sexo assumem
então variadíssimas formas para cada espécie.
implicando condutas, gestos, dispêndio de ener-
gia. definição de território etc. A comunicação
entre os parceiros toma um significado de con-
(*) Cousteau, J. "Instinct and Intelligence". World Publ
(USA). 1.ª edição,g 34. 1973
quista. em várias espécies, ocasionando o aca-
salamento mesmo após a reprodução.
A descoberta do sexo faz-se paulatinamente
desde o nascimento, com a descoberta do
próprio corpo e paralelamente à do mundo
(meio) . O exercício pleno da reprodução supõe,
também, a maturidade orgânica, fato esse que
participa do processo de seleção natural (aqui.
os menos capazes já teriam sido eliminados nas
etapas anteriores de sua vida) . A diminuição da
atividade sexual nos indivíduos mais velhos ou
naqueles acometidos de certas doenças é outra
forma de defesa da espécie contra produtos
conceptuais mal formados. Há que considerar-se
também que a atração entre machos e fêmeas
obedece a uma série de estímulos dos dois e
do ambiente; definindo-se assim condições me-
lhores ou piores para a procriação. Cabe tam-
m refletir que a atração por parceiros mais
fortes, sadios ou capazes (para o homem have-
ria ainda outros valores como beleza, generosi-
dade. altruísmo, posição e sucesso) faz parte de
um tipo de seleção. A busca do parceiro, a es-
colha. a aceitação, todo um processo de reconhe-
cimento compõe a fase inicial do relacionamento
sexual.
O sexo é basicamente regulado através de me-
canismo hormonal, em estreita conexão com o
sistema nervoso. Os hormônios masculinos e
femininoso apenas estimulam e controlam os
caracteres sexuais do organismo (órgãos geni-
tais. conformação do corpo, localização de pêlos
e penas, tipo de voz etc), como regulam a pro-
dução de células e o processo de reprodução
(gestação, oviposição. aleitamento, interesse
sexual etc). Os sentidosm papel fundamen-
tal, sobressaindo o tato e o olfato entre os ma-
míferos. Modificações gerais do meio interno
o estabelecidas, por exemplo, na fêmea grá-
vida ou na ave que está "chocando". Existe um
delicadíssimo balanço entre os hormônios, regu-
lado por determinação genética e por fatores
ambientais, definindo etapas muito precisas na
vida sexual. Um bom exemplo é o ciclo mens-
trual da mulher.
O ato sexual é o ápice da busca entre os par-
ceiros. abrindo a perspectiva do encontro entre
as células de reprodução do macho e da fêmea.
Jogos amorosos, carinho, ternura, excitação con-
tatos, todo um ritual acontece como preparação
ao ato, nas formas mais variadas entre as es-
pécies.
Ao nível do homem, o sexo tem uma grande
significação individual indo além do contexto
meramente biológico. Ao lado da conotação de
prazer, surge a de realização pessoal (em ter-
mos de desempenho e capacidade), a de auto-
reconhecimento e de reconhecimento através do
parceiro.
Depreendemos que o sexo implica considerável
volume de trabalho e de energia. Existem im-
portantíssimas relações entre a reprodução e o
estado nutricional. Defesas, esforço, alimento,
saúde e ambiente assumem notável sentido re-
lativamente ao sexo. A fase de vida e o interes-
se dos alunoso margens para a discussão e
enriquecimento acerca de todos esses temas a
partir do estudo da reprodução. Fecundação.
gravidez, abortamento, parto, cuidados com a
prole e doenças venéreas seriam outros tópicos.
entre muitos mais, dos quais o Professor pode-
ria esperar bastante interesse e trabalho em
classe.
Situação 2.1. CABRA CEGA
1.ª TAREFA:
"Olho por olho"
Cada colega deverá:
observar os colegas do próprio grupo e os
outros que estão na sala de aula, verifican-
do a posição em que se colocam e as ex-
pressões faciais de cada um quando escre-
ve,, copia do quadro-negro, ou, ouve o
professor;
anotar o que chamou mais a atenção e res-
ponder à seguinte indagação:
as observações anotadaso alguma
pista para você descobrir por que seus
colegas comportam-se dessa ou daque-
la maneira?
discutir com os outros colegas do grupo os
achados de cada um e anotar a conclusão.
Agora, cada colega poderá:
preparar um cartaz com bolas de mais ou
menos 6 cm de diâmetro, em diferentes co-
res (amarelo, vermelho, verde, azul);
escolher um local bem iluminado e prender
ali um cartaz;
calcular uma distância de 5 a 6 metros do
cartaz e com um giz traçar no chão um
círculo;
escolher um colega do grupo para se sub-
meter ao seguinte teste:
dentro do círculo, o colega deverá dizer
as cores das bolas, -ora usando o olho
direito, ora o olho esquerdo, e depois
os dois olhos;
repetir a experiência com os outros colegas,
trocando cada vez o cartaz;
observar o desempenho de cada um e ano-
tar as diferenças encontradas;
discutir com o professor e registrar a con-
clusão.
Em seguida, o grupo deverá:
retirar do BI a ficha-ínformativa TÉCNICA
PARA APLICAÇÃO DO TESTE DE ACUIDA-
DE VISUAL;
ler as instruções com atenção;
pedir a colaboração do professor na aplica-
ção do teste;
observar e anotar como se saiu cada cole-
ga durante o teste;
discutir com os colegas e o professor, e,
registrar a conclusão.
2.ª TAREFA:
"Cabra-cega"
O grupo deverá realizar a seguinte experiência:
colocar vendas nos olhos de dois colegas;
providenciar alguns objetos de formas e
consistências variadas e pedir aos colegas
de olhos vendados que os identifiquem;
discutir, em grupo, as reações dos colegas
de olhos vendados;
anotar a conclusão.
Depois o grupo poderá:
formar um círculo em volta de um colega
de olhos vendados a uma distância de mais
ou menos dois metros e fazer o seguinte
exercício:
cada colega do círculo deverá chamar
pelo nome o colega de olhos vendados
e êste apontar aquele que o chamou e
ir ao seu encontro;
repetir a mesma experiência com mais dois
ou três colegas eo se esquecer de mu-
dar de posição na roda;
observar as reações de cada colega de olhos
vendados e discutir com eles a experiên-,
cia, e, como se sentiram;
anotar a conclusão.
Uma sugestão:
conversar com um cego ou mesmo um ve-
lho, deficiente da vista: seria uma ótima
oportunidade de discutir a importância dos
sentidos.
3.' TAREFA:
"Pare, olhe, escute"
Cada colega deverá:
tapar os ouvidos com bolas de algodão e
fazer o seguinte jogo:
pedir a um dos colegas para ditar em
voz natural 2 ou 3 frases para que os
outros escrevam. Retirar o algodão dos
ouvidos e verificar o que cada um es-
creveu;
discutir a experiência; relatar o que cada
um sentiu e anotar a conclusão.
Em seguida, o grupo poderá:
fazer um minuto de silêncio, com os olhos
fechados;
anotar todos os ruídos que ouviram;
interpretar cada barulho, discutir as diferen-
ças e anotar a conclusão.
Sugestão:
tentar comunicar-se com um surdo-mudo;
será também uma ótima oportunidade de
discutir sobre a importância dos sentidos.
No BI você encontrará a ficha-informativa
LINGUAGEM MANUAL DOS SURDOS com o
alfabeto, os algarismos e algumas palavras,
que poderá ajudá-los na comunicação com
pessoas surdas.
4.ª TAREFA:
"Tira prova"
Agora cada colega deverá:
retirar do BI os vidros com rótulo SENTIDOS;
identificar o conteúdo de cada vidro, chei-
rando-os. e. anotar em um papel o tipo de
líquido;
comparar as respostas dos colegas e verifi-
car se houve coincidências;
discutir e anotar a conclusão.
Em seguida, experimentar:
com um palito, provar o conteúdo de cada
um dos vidros;
verificar se o gosto corresponde ao líquido
identificado pelo cheiro;
comentar as descobertas e escrever a con-
clusão.
5.ª TAREFA:
"Sombra e água fresca"
Agora, você deverá:
descrever o que costuma fazer, em um dia,
os lugares onde mais gosta de estar e as
coisas do meio ambiente que fazem parte
da sua vida.
Em Grupo:
ler e discutir o que cada um escreveu;
partindo da descrição de cada colega, fazer
duas listas:
o que fazemos no nosso dia a dia;
as coisas do meio ambiente que fazem
parte de nossa vida.
responder:
que sentidoso mais usados na rela-
ção com cada uma das coisas do meio
ambiente?
qual a importância dos sentidos nas ati-
vidades do dia a dia?
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
6.' TAREFA:
O grupo poderá:
preparar um relatório contendo os resulta-
dos das tarefas e a conclusão final do gru-
po;
apresentar para a turma se houver oportu-
nidade.
Observação: arquivar o relatório e as tarefas de-
senvolvidas no BI com:
nome da unidade e da situação;
nome dos componentes do grupo e a série.
Situação 2.2 O LEVA E TRAZ
1.' TAREFA:
Primeiramente, cada um de vocês deverá obser-
var o próprio corpo e o corpo do seu colega
para verificar:
como se pode sentir o movimento do sangue
no corpo;
em que lugares se sente mais facilmente o
sangue e por que.
Em seguida cada colega deverá:
fazer um desenho mostrando o movimento
do sangue no corpo;
apresentar o desenho para os outros cole-
gas do grupo, explicando-o;
discutir em grupo todos os achados e ano-
tar a conclusão.
2.' TAREFA:
Cada colega deverá agora, responder por escrito
as seguintes perguntas:
Que o sangue leva e traz?
Para que ele percorre tantos lugares?
De que é ele constituído?
Será que o sangue pode ser considerado um
instrumento de defesa do organismo? Por
que?
Será que todas as pessoasm sangue
igual? Por que?
Que fatores podem influir na qualidade do
sangue das pessoas?
anotar suas respostas, uma após as outras;
ler suas respostas para os colegas de grupo;
discutir as respostas de todos os companhei-
ros;
discutir com o professor.
3/ TAREFA:
Por que, hoje em dia, é comum os médicos
pedirem exame de sangue de seus clientes?
Que tipo de informações, pode fornecer um
exame de sangue?
Pode-se detectar alguma doença através do
exame de sangue? Que doenças?
O grupo deverá:
discutir as perguntas acima;
fazer uma lista das doenças que podem ser
descobertas através do exame de sangue.
Em seguida, o grupo poderá:
retirar a ficha-informativa EXAMES DE SAN-
GUE do BI, ler, comparar e discutir os re-
sultados dos exames de sangue apresenta-
dos;
conseguir em casa algum exame de sangue,
de qualquer pessoa, para tentar interpretá-lo
na sala de aula;
discutir e registrar a conclusão do grupo so-
bre o assunto.
O grupo poderá ainda:
entrevistar um médico ou visitar um labora-
tório de análises clínicas, para complemen-
tar o estudo sobre o sangue.
4.ª TAREFA:
Em grupo, vocês deverão:
retirar a ficha-informativa GRUPOS SANGÜÍ-
NEOS, arquivada no BI;
ler com atenção as informações nela conti-
das e discutir;
guardar novamente a ficha no BI e tentar
fazer o seguinte jogo:
cada colega deverá escrever em uma
folha de papel o seu nome e o grupo
sangüíneo a que pertence. Caso você
o saiba qual o seu tipo de sangue.
escolha como se fosse seu, um dos gru-
pos sangüíneos básicos, ou seja:
GRUPO A GRUPO AB
GRUPO B GRUPO O
um dos colegas deverá iniciar o jogo
dizendo o seu grupo de sangue e per-
guntando quem lhe poderá doar sangue
para uma transfusão sem perigo de aci-
dente. Anotar na folha de papel o no-
me do colega doador e o seu respecti-
vo grupo sangüíneo;
em seguida, cada colega fará a mesma
pergunta, anotando também na sua fo-
lha de papel o nome e o tipo de san-
gue do doador;
fazer a apuração dos resultados, elabo-
rando o seguinte quadro:
NOME DO COLEGA
RECEBEDOR
GRUPO DE SANGUE
DO RECEBEDOR
NOME DO COLEGA
DOADOR
GRUPO DE SANGUE
DO DOADOR
Agora, o grupo poderá:
retirar novamente a ficha-informativa GRU-
POS SANGÜÍNEOS do BI e:
comparar o quadro que fizeram com o
quadro da ficha informativa;
verificar se há riscos de acidentes por
incompatibilidade nos grupos sangüí-
neos, no quadro que fizaram;
discutir os resultados do quadro e registrar
a conclusão do grupo.
5.ª TAREFA:
Preparar um relatório dos trabalhos desenvolvi-
dos, selecionando as informações que possam
ser úteis à vida do dia a dia da maioria das
pessoas.
Apresentar os resultados para a turma, se hou-
ver oportunidade.
Observação: arquivar o relatório e os resultados
das tarefas no BI com:
nome da unidade e da situação;
nome dos componentes do grupo e da-
rie.
Situação 2.3. O QUE É, O QUE É:
PEGA E NAO DEIXA PEGAR?
V TAREFA:
1) Você já se vacinou alguma vez?
2) Que é vacina? Para que serve?
3) Que vacinas você já tomou? Que aconteceu?
Cada colega poderá:
responder por escrito às parguntas acima;
ler e discutir as respostas com os colegas
de grupo;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão;
2.' TAREFA:
1) Vacinao deixa pegar? Por que?
Agora você deverá:
preencher as tabelas abaixo:
TABELA I
TABELA II
Observação: se você tiver dificudades em lem-
brar-se das doenças que já teve e das vacinas
que tomou, peça informações em casa, à sua
e ou a outra pessoa.
Distribuir cópias das duas tabelas para ou-
tros colegas e algumas pessoas com mais
de 30 anos, que também deverão preenchê-
las, informando sobre as doenças que já ti-
veram e as vacinas tomadas; seria interes-
sante, ainda, tentar obter essas mesmas In-
formações de algumas crianças menores de
3 anos, junto às suas mães;
apurar os resultados por grupo de idade
(crianças menores de 3 anos, colegas, pes-
soas com mais de 30 anos) e discutir com
os companheiros as diferenças encontradas;
discutir com o professor e registrar a con-
clusão;
Uma sugestão:
3/ TAREFA:
Por queo aproveitar a
oportunidade e fazer um pe-
queno arquivo pessoal com
os seus documentos de saú-
de? As tabelas que você
preparouo um bom co-
meço.
1) Queo as vacinas?
Cada colega deverá:
retirar do BI a ficha-informativa O QUEO
AS VACINAS;
ler e discutir com os colegas as informa-
mações novas;
procurar explicações para suas experiências
anteriores com as doenças. Por exemplo:
porque determinada doença você só apanha
uma vez na vida? Porque quem toma aquela
vacinao pega aquela doença? etc;
discutir com os colegas de grupo as expli-
cações levantadas e registrar a conclusão.
4.ª TAREFA:
1) Onde encontrar informações sobre o progra-
ma de vacinação na localidade?
Agora você poderá:
retirar do BI a ficha-informativa VACINAS e
verificar que Serviços de Saúdeo indi-
cados para uma pesquisa de grupo;
planejar com os outros colegas uma visita
ao órgão de Saúde para obter informações
sobre as vacinas disponíveis na localidade,
o programa de vacinação do Serviço, as
doenças infecto-contagiosas que mais ocor-
rem na localidade etc. Procurar ainda o ca-
lendário de vacinação;
registrar todas as informações obtidas na-
quele local;
consultando o calendário de vacinação e os
dados colhidos durante a segunda tarefa
(principalmente as tabelas I e II. "Doenças
que já tive e Vacinas que já tomei" das crian-
ças menores de 3 anos) comparar as idades
recomendadas pelo calendário e as idades
em que aquelas crianças se vacinaram. Ano-
tar as diferenças encontradas;
discutir com o professor as atividades de-
senvolvidas e anotar a conclusão.
5.ª TAREFA:
1) Qual o custo de uma vacina?
2) Qual o custo de uma doença?
O grupo poderia:
fazer o cálculo do preço de uma vacina apli-
cada: preço do produto e da aplicação;
fazer o cálculo do custo de algumas doen-
ças relacionadas àquelas vacinas: despesas
para o diagnóstico, para o tratamento e
outras despesas.
Observação: procurar informações em farmácias,
serviços de saúde, etc.
Comparar e discutir os resultados dos cál-
culos;
listar os prejuízos de quem tomou a vacina
(por exemplo, as reações indesejáveis etc.)
e os prejuízos da doença relacionada à va-
cina; comparar as duas listas;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
6.ª TAREFA:
Em grupo:
discutir os benefícios das vacinas para a
comunidade e preparar um relatório com as
conclusões finais;
se houve.- oportunidade, apresentar os re-
sultados para a turma.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da situação e da unidade;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 2 4 QUEDA DE BRAÇO
1.ª TAREFA:
O que faz você movimentar-se?
Cada colega deverá:
observar cada parte de seu corpo e tentar
fazer exercicíos de flexão com os braços, as
pernas e o tronco;
observar os outros colegas e os movimen-
tos que fazem;
discutir com os companheiros as observa-
ções de cada um;
responder, em grupo, à pergunta inicial;
discutir com o professor e anotar a con-
clusão.
Agora você poderá:
realizar as seguintes competições com seus
companheiros:
queda de braço: com os cotovelos apoia-
dos na carteira, dois colegas deverão
cruzar os pulsos para medir forças. O
vencedor será o que conseguir obrigar
o adversário a dobrar o antebraço;
corrida: no pátio da escola, dois colegas
deverão apostar uma corrida; ganha a
disputa aquele que chegar primeiro ao
ponto previamente determinado;
equilíbrio: dois colegas deverão medir
quem é capaz de equilibrar por mais
tempo um cabo de vassoura na ponta
dos dedos;
N.ª da
Com-
petição
1
2
3
Nome dos
colegas
João
eu
Pedro
eu
Marcos
eu
Altura dos
colegas
1.20 m
1,17 m
1,18 m
1.17 m
1,19 m
1.17 m
Queda de
braço
1
1
1
1
Corrida
1
1
1
Equilíbrio
1
1
1
Boliche
1/2
1/2
1
1
Soma
de
pontos
2 1/2
1 1/2
2
2
3
1
TOTAL DE PONTOS QUE EU FIZ: 4 1/2
boliche: no pátio da escola, Improvisar
um boliche com 5 latas dispostas da se-
guinte maneira:
A uma distância de 5 metros, dois co-
legas deverão jogar, por 3 vezes, uma
bola de meia ou de borracha de-diâme-
tro mais ou menos igual a 10 cm. O
vencedor será aquele que derrubar o
maior número de latas (se houver em-
pate, repetir as jogadas ou contar melo
ponto para cada um),
Observação: conversar com o professor e os co-
legas e combinar a realização das competições
no pátio ou outro lugar da escola.
Anotar em uma tabela (ver exemplo abaixo)
os resultados, marcando um ponto para o
vencedor da competição e 1/2 ponto em
caso de empate.
responder:
Que colegas ganharam de você na que-
da de braço, na corrida, no equilíbrio e
no boliche?
Será que existe alguma relação entre
altura, força e coordenação muscular?
Os colegas que ganharam na queda de
braço e corrida foram os mesmos que
venceram o boliche e o teste de equi-
líbrio? Houve diferenças? Por que? .
Qual a importância da prática fre-
qüente de um determinado exercício
muscular?
Discutir as respostas com o professor e ano-
tar a conclusão.
A pele, suas funções e a defesa
Local
ponta do dedo
língua
. . .
sola do pé
pálpebra
• •
. . .
Função
detectar temperatura
sentir cheiro
resistir a pressões
apalpar a forma das coisas
sentir odor
• •
*
Capacidade de defesa contra:
fogo, calor, gueimadura de
frio etc.
»
. . .
. » .
poeira, ciscos
• •
• •
Agora você deverá:
Discutir com o professor e anotar a con- lembrar-se de um ferimento na sua pele:
clusão. desde o início até a cicatrização (se algum
colega estiver machucado, aproveite e faça
uma observação direta no local ferido);
2/ TAREFA:
Cada colega deverá:
observar e tocar a pele de diferentes partes
de seu corpo: braços e mãos, pernas e pés,
lábios e parte interior da boca, face, tes-
ta etc;
anotar todas as diferenças sentidas em re-
lação a: aspecto, cor, grossura, temperatura;
discutir com os companheiros as observa-
ções e impressões de cada um;
anotar a conclusão.
O grupo poderá:
examinar e acabar de completar o seguinte
quadro:
anotar o que ocorreu na pele durante o pro-
cesso de cura do ferimento;
discutir as anotações de cada colega e re-
gistrar a conclusão do grupo.
Depois o grupo poderá:
procurar saber ou mesmo lembrar-se do que
acontece quando alguém "quebra" o braço;
discutir:
o que "quebra"?
como fica o braço?
o que o médico faz?
como ocorre a recuperação do braço?
registrar a conclusão do grupo.
3.ª TAREFA:
Agora vocês poderão:
retirar do BI a ficha-informativa ALGUMAS
NOTAS SOBRE O ESQUELETO, OS MÚSCU-
LOS E A PELE;
ler e discutir as informações novas, relacio-
nando-as com as atividades desenvolvidas;
responder:
Que faz você para aprimorar sua pele
seus músculos e ossos?
4.ª TAREFA:
Em grupo:
discutir o significado dos músculos, do es-
queleto e da pele para as defesas de nosso
corpo;
preparar um relatório com as conclusões fi-
nais do grupo;
apresentar para a turma os resultados das
tarefas, se houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as ta-
refas desenvolvidas com:
nome da situação e da unidade;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 2.5. UM HOMEM E UMA MULHER
Pelo nome da situação, pode-se perceber que o
assunto é sexo.o só sexo, mas também o
corpo e a reprodução. Que lhe interessaria
aprender, estudar ou esclarecer sobre o assunto?
Esta será uma situação diferente das outras.
Você e seus colegas decidirão o que fazer de
acordo com as experiências e os interesses de
cada um. Apenas para facilitar o trabalho do
grupo apresentamos algumas sugestões:
atividades preliminares sobre temas vincula-
dos ao relacionamento sexual entre ho-
mem/mulher. Por exemplo:
entrevistar várias pessoas de diferentes
idades sobre namoro, casamento, ato
sexual, procriação;
evocar e analisar os conteúdos de fo-
tonovelas e novelas de rádio e televi-
são;
visitar uma maternidade: a sala de parto
e o berçário;
observar e fazer algumas anotações da
reprodução de outros mamíferos;
dominar o vocabulário específico do as-
sunto, procurando em dicionários e em
livros a definição e a explicação de ter-
mos como: bolsa d'água, cordão umbili-
cal, placenta, fecundação, espermatozói-
de, ovulação, óvulo, zigoto, período fér-
til, orgasmo, obstetrícia, ginecologia, es-
terilidade, impotência, frigidez etc;
discutir as informações das fichas O
PERÍODO FÉRTIL NAS MULHERES e O
CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ, arquivadas
no BI; usando um calendário, procurar
calcular o período fértil de uma mulher
com um determinado ciclo menstrual;
pesquisar em jornais, revistas e livros
ou, de outra maneira, alguns temas, tais
como: respiração e alimento do feto
dentro do ventre materno; adolescência:
transformações do corpo e namoro; exa-
me pré-nupcial, atendimento à gestante
no período pré-natal, parto; doenças ve-
néreas; defeitos congênitos: hereditá-
rios ou não; prostituição, virgindade,
machismo, homossexualismo; controle
da natalidade, etc;
atividade de síntese
um debate sobre o sexo com a parti-
cipação de toda a classe e de algumas
pessoas de confiança do grupo. Como
o tema é amplo, o grupo poderia es-
colher e convidar para o debate pessoas
de diferentes áreas e informar-lhes, an-
tecipadamente, os interesses e dúvidas
dos colegas.
Depois de desenvolver o trabalho:
discutir em grupo como a reprodução pode
ser vista dentro da unidade AS DEFESAS DO
HOMEM;
preparar um relatório com as conclusões
finais.
Observação: arquivar no BI o relatório das ativi-
dades desenvolvidas com:
nome da situação e da unidade;
nome dos participantes do grupo e série.
Aplicação prática
Orientação preliminar
A realização das tarefas sugeridas nas situações
CABRA CEGA, O LEVA E TRAZ, O QUE É. O
QUE É: PEGA EO DEIXA PEGAR? QUEDA DE
BRAÇO. UM HOMEM E UMA MULHER pos-
sibilitará aos alunos a compreensão de alguns
conceitos contidos no texto 2 OS PROCESSOS
NATURAIS DE DEFESA. Este texto, além de con-
ter aberturas à elaboração de novas situações,
servirá para o professor orientar os alunos que
escolheram umas ou outras, apresentadas no dia-
grama da unidade AS DEFESAS DO HOMEM. No
banco de informações (BI),«os alunos encontra-
o a ficha-lísta das tarefas de cada situação
escolhida e o material necessário para desen-
volvê-las .
Na situação CABRA-CEGA os .alunos deverão
realizar várias atividades que envolvem os seus
sentidos: o teste de acuidade visual e uma ex-
periência com cores para identificar colegas dal-
tônicos; um jogo com olhos vendados e outro
com os ouvidos tampados para verificar a capa-
cidade tátil e auditiva de cada companheiro; uma
experiência para identificar líquidos usando ape-
nas o olfato e o paladar. Ao final, os alunos
discutirão e tirarão as suas conclusões sobre a
importância do uso dos sentidos nas atividades
do dia a dia.
0 professor fará o teste de acuidade visual,
usando a escala optométrica, apresentada ao fi-
nal desta aplicação prática. Além das instruções
contidas na ficha-informativa TÉCNICA PARA A
APLICAÇÃO DO TESTE DE ACUIDADE VISUAL
(ver informações no BI), será oportuno esclare-
cer que:
1 o professor deverá dependurar a escala op-
tométrica na parede à altura já determinada
pelos alunos; entretanto, verificará, antes,
se a altura demarcada está correta;
2 o professor poderá preparar os alunos para
o teste, explicando e demonstrando o que
vai fazer e pedindo a cada um que indique
a direção da abertura do gancho (I—I):
para cima ou para baixo, para a direita ou
para a esquerda;
3 durante a aplicação do teste, o professor
observará os seguintes itens:
se a criança usar óculos, testar com os
óculos;
testar sempre o olho direito (OD) primeiro
e depois o olho esquerdo (OE), a fim de
evitar possíveis confusões na anotação;
usar um lápis preto para indicar o sinal a
ser lido de modo ao obscurecer o sinal
indicado;
começar de cima para baixo, indicando 2 ou
3 sinais, por linha, sem estabelecer rotina.
Os "ganchos" devem ser indicados de ma-
neira incisiva e rápida: mudar ritmicamente
de um sinal para outro evitando apressar o
aluno, mas sem se demorar demasiadamente;
mostrar maior número de sinais das últimas
linhas (20/30; 20/20, 20/15);
se o aluno titubear em alguma resposta, in-
dicar um número maior de sinais, estimulan-
do-o, para verificar se realmente é falha da
visão;
anotar como resultado do teste, o percentual
da última linha lida sem dificuldade; regis-
trar separadamente os resultados de OD e
OE;
verificar com o grupo de observação as ano-
tações feitas;
encaminhar ao oculista o aluno (ou comuni-
car a seus pais) queo é capaz de identi-
ficar os sinais das linhas: 20/200, 20/130,
20/100, 20/80, 20/60, 20/50.
Na experiência com as bolas coloridas, os alu-
nos que tiverem dificuldade de distinguir as co-
res, especialmente o vermelho do verde, pode-
o ser daltônicos, isto é, portadores de uma
doença de origem genética que afeta as células
da retina (película interna do olho) responsá-
veis pela recepção e diferenciação das cores.
O professor participará, ainda, da discussão final:
o uso dos sentidos nas atividades do dia a dia.
Analisando, junto com os grupos de alunos, uma
atividade cotidiana qualquer comer, por exem-
plo — o professor poderá ajudá-los a lembrar-se
de quais dos sentidos fizeram uso naquela ati-
vidade e, a partir daí, reconhecer a importância
dos órgãos dos sentidos na vida de cada um.
Na situação o LEVA E TRAZ, os alunos deverão
expressar seus conhecimentos sobre o sangue e
suas funções, a partir da observação do próprio
corpo; ler e discutir algumas informações sobre
os exames de sangue e os grupos sangüíneos,
além de fazer algumas atividades em torno des-
ses dois assuntos.
O professor estará atento aos conceitos emiti-
dos pelos alunos. Por exemplo, um deles disse:
"o sangue é o próprio movimento do corpo" (alu-
no de 5.º série que participou da experiência
com a versão preliminar- deste Programa). Por
queo discutir essa idéia ou outras tantas que
surgirem, solicitando aos alunos mais explica-
ções? Assim, o professor terá oportunidade de
entender as idéias de seus alunos. Depois, po-
deria entregar-lhes algumas informações sobre
o sangue, retiradas do texto Os Processos Natu-
rais de Defesa, e estimulá-los a procurar rela-
ções entre as novas informações e os seus co-
nhecimentos anteriores. O professor poderá tam-
m entrar nas discussões sobre os exames de
sangue e grupos sangüíneos, propondo questões
que levem os alunos a encontrarem, por si mes-
mos, as soluções para as suas dificuldades.
Na situação O QUE É, O QUE É: PEGA E NAO
DEIXA PEGAR?, os alunos deverão iniciar as ati-
vidades dizendo o que já sabem sobre as vaci-
nas. Depois promoverão um inquérito entre co-
legas, crianças menores de 3 anos e adultos
maiores de 30 anos, para obter dados sobre as
doenças que já tiveram e as vacinas tomadas. Em
seguida, lerão algumas informações sobre as va-
cinas e discutirão os dados novos, relacionan-
do-os com os conhecimentos anteriores. Farão
também, uma pesquisa sobre as vacinas nos
Serviços de Saúde locais, onde poderão procurar
um calendário de vacinação. Deverão ainda cal-
cular o custo de uma vacina e o da doença a
ela relacionada, além de discutir os seus bene-
fícios para a comunidade.
O professor ouvirá os conceitos expressos pelos
alunos, estimulá-los-á a realizar o inquérito e a
discutir os resultados. Como a maioria das va-
cinas apareceu há pouco tempo, verificar-se-ão as
diferenças nos resultados quanto aos grupos de
idade, o que constituirá ótima oportunidade de
se fazerem comparações.
Também poderá incentivar os alunos a buscarem
informações nos Serviços de Saúde locais e exa-
minar com eles os dados obtidos; discutir, ain-
da. os cálculos acerca do custo de uma vacina
e o da doença a ela relacionada o que pos-
sibilitará o reconhecimento da sua importância
na prevenção das doenças. No caso do tétano
por exemplo:
a) Custo da vacina antitetânica: em uma far-
mácia verificar o seguinte:
preço de uma ampola de
anatox tetânico .... Cr$
preço da aplicação de
uma injeção intramuscular Cr$
Total por dose: Cr$
Custo de 3 doses: Cr$
Lembrar que, nos Postos de Saúde, esta vacina-
ção é gratuita para o público e que seu custo,
para o Governo, pode ser estimado entre 20 a
30% do preço levantado na farmácia.
b) Custo da doença: inicialmente notar que o
tétano é uma doença grave, cujo tratamen-
to. geralmente longo, deve ser realizado em
hospital, e demandando quase sempre mais
de 20 dias de internação. Verificar também
que o tal tratamento implica uso de diversos
medicamentos e equipamentos, além da vi-
gilância constante por parte de enfermagem
especializada e que irá variar conforme ca-
da caso.
Para fins práticos da situação entretanto, poder-
se-ia supor, como custo mínimo aproximado para
o tratamento de um tetânico adulto:
preço de 1 diária hospi-
talar comum multiplicado
por 20 dias de Interna-
ção Cr$
preço de 500cc de soro
glicosado a 5% X 10
frascos Cr$
preço de 40.000 unidades
de soro antitetânico (do-
se total) Cr$
preço de uma ampola re-
laxante (Valium ou Diem-
pax) X 60 doses . . . Cr$
preço de diária de uma
enfermera X 20 dias . . Cr$
preço de uma consulta
médica X 10 consultas Cr$
TOTAL Cr$
Comparar os custos:
vacinação
tratamento
Será importante verificar, paralelamente, alguns
dados acerca da letalidade dessa moléstia, que
chega a mais de 80% de mortes entre crianças
com tétano umbilical e a mais de 30% dos ou-
tros tétanos. (*)
Esta pesquisa reforça as idéias anteriores, pois
mostra que o preço da doença instalada pode ser
ainda muito maior. Trabalhos análogos se expe-
rimentariam em relação a outras doenças pre-
veníveis, como a difteria, a paralisia infantil e
o sarampo.
Na situação QUEDA DE BRAÇO, os alunos come-
çarão por observar e experimentar os movimen-
tos que o seu corpo é capaz de fazer e, partici-
par, dois de cada vez, das competições suge-
ridas: queda de braço, corrida, boliche e equilí-
brio. Depois, poderão discutir as funções da pele,
analisar os processos de cicatrização de uma fe-
rida e a consolidação de uma fratura óssea.
além de estudar algumas informações sobre os
músculos, o esqueleto e a pele.
O professor ficará atento às explicações dos alu-
nos e, com eles, discutirá os resultados das
competições. A queda de braço e a corrida me-
dem especialmente a força, enquanto que o bo-
liche e o equilíbrio, a coordenação muscular. É
importante lembrar queo existe uma relação
direta entre a força e a coordenação: assim, os
alunos que venceram as provas de equilíbrio ou
o boliche nem sempre vencerão a queda de bra-
ço ou a corrida. Além disso, cabe ressaltar que
o treinamento ou exercício de uma parte do cor-
po favorece o seu desenvolvimento.
A situação UM HOMEM E UMA MULHERo
está necessariamente presa, a uma série de ta-
refas predeterminadas, diferindo assim das ou-
tras propostas neste Programa.
Como o tema é o sexo, achamos que seria mais
interessante os próprios alunos formularem a si-
tuação, de acordo com as experiências, os in-
teresses, as curiosidades, as descobertas e-
vidas peculiares à fase de desenvolvimento
que estão vivendo.
As sugestões apresentadas poderão servir de
apoio à determinação das atividades pelos alu-
nos, sem no entanto limitar ou excluir outros
assuntos de interesse do grupo.
Para a discussão final o significado da repro-
dução no todo da unidade AS DEFESAS DO HO-
MEM o professor poderá entregar aos alunos
algumas informações do texto OS PROCESSOS
NATURAIS DE DEFESA subtexto A DEFESA
DA ESPÉCIE para ajudá-los a fazer uma re-
flexão mais ampla sobre a reprodução, função
vital de todas as espécies.
(*) (Veronesi, R. "Tétano" in Doenças Infecciosas e
Parasitárias. Ricardo Veronesi e colab.. Guanabara
Koogan Ed., 6.ª edição, 1976).
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI:
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar as fichas-listas das tarefas das situações
escolhidas e o material necessário para desen-
volvê-las.
No tocante à situação CABRA-CEGA, será uti-
lizado o seguinte material:
folhas de papel de várias cores (vermelho.
azul, amarelo etc), para o preparo do car-
taz que será usado na respectiva experiên-
cia;
objetos de formas e consistências variadas,
por exemplo: borrachas, canetas, lápis, pe-
drinhas, pedaços de panos e de espumas,
folhas, frutas etc;
vidros rotulados SENTIDOS com líquidos di-
ferentes, por exemplo: leite, água com pol-
vilho ou maizena; água com açúcar ou sal;
azeite ou óleo de cozinha; óleo de rícino;
café e tintura de iodo; vinagre, chá etc
Ficha-informativa: TÉCNICA PARA A APLICAÇÃO
DO TESTE DE ACUIDADE
VISUAL
O teste de acuidade visual é um recurso relati-
vamente simples para medida da visão, detec-
tando pessoas com dificuldade visual. Sua apli-
cação é indicada como um pré-requisito para o
encaminhamento ao exame oftalmológico.
1. MATERIAL NECESSÁRIO:
Escala optométríca que consta de um
cartaz com símbolos de diferentes tama-
nhos.
Essa escala deve estar em poder do pro-
fessor.
Oclusor feito de papelão duro ou de
madeira bem lixada. Na falta do oclusor,
pode-se usar uma colher de sopa. O
oclusor ou a colher, também deve estar
com o professor.
2. PREPARATIVOS PRÉVIOS:
a) escolher um local para a aplicação do
teste, com as seguintes características:
ter uma distância mínima de cinco
metros de comprimento;
ser iluminado, sem ofuscamento (a
luz deve vir de trás ou dos lados do
colega que vai ser testado);
ser local razoavelmente quieto, para
evitar o desvio de atenção;
b) marcar na parede onde será dependura-
da a escala optométrica, à altura que cor-
responda ao nível da linha dos olhos dos
colegas que se submeterão ao teste;
c) riscar no chão uma linha paralela à ta-
bela, a uma distância de 5 metros.
3. APLICAÇÃO DO TESTE:
Cuidados especiais:
o colega a ser submetido ao teste deve-
rá ficar em, com os calcanhares so-
bre a linha traçada no chão, diretamen-
te em frente à tabela;
os sinais da Escala, indicados pelo pro-
fessor, serão identificados, usando pri-
meiro o olho direito, depois o olho es-
querdo;
o próprio examinando segurará o oclusor
ou a colher tampando o olho queo es-
tá sendo testado;
o olhoo deverá ser apertado com o
oclusor ou com a colher, pois qualquer
pressão sobre o globo ocular pode pre-
judicar a visão.
Observações:
O professor fará a aplicação do teste de
acuidade visual, colocando ele mesmo a
escala no lugar previamente determinado
pelos alunos, e, em seguida dando início
ao teste.
O grupo de alunos observará e registrará
as reações de cada colega durante o tes-
te.
ficha-informativa LINGUAGEM MANUAL DOS
SURDOS, apresentada a seguir:
Fig. 86
Para o desenvolvimento da situação O LEVA E
TRAZ, será necessário o seguinte material:
ficha informativa — O SANGUE que o pro-
fessor deverá preparar, retirando algumas
informações sobre esse assunto do texto OS
PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA;
ficha informativa EXAMES DE SANGUE, apre-
sentada a seguir:
Ficha-informativa: EXAMES DE SANGUE
O sangue, por sua condição de "leva e traz", se
presta a fornecer numerosas e valiosíssimas in-
formações sobre o estado e o funcionamento do
corpo. Pequenas quantidades de sangue podem
ser retiradas de uma veia e submetidas a testes
e medidas capazes de dizer se algoo vai bem,
ou se algo está acontecendo. Para exemplificar,
relacionamos aqui alguns tipos de exames:
a) Dosagens físicas do sangue: contagem do-
mero de células e verificação do seu tipo; do-
sagem da hemoglobina circulante; verificação
da capacidade de transporte do oxigênio e
s carbônico; verificação da viscosidade do
sangue; de seu teor de água; da sua acidez
etc.
b) Dosagens chamadas bioquímicas: medida das
quantidades de hormônios e enzimas circu-
lantes (detectam por exemplo, problemas da
tireóide, ou esclarecem distúrbios do cresci-
mento); medida da glicose do sangue (verifi-
cação do diabetes); da uréia (funcionamento
dos rins); de gorduras; estudo das proteínas
circulantes etc.
c) Procura de microrganismos circulantes, como
o agente da malária; bactérias; Trypanosoma
cruzi da doença de Chagas e outros.
d) Exames imunológicos: nesse tipo de exame,
procura-se detectar anticorpos existentes con-
tra determinadas doenças, que podem indi-
car uma infecção atual ou passada. De mo-
do geral, coloca-se o soro do paciente em
contato com reagentes específicos para ca-
da doença ou grupo de doenças. Havendo
anticorpos circulantes, estes se combinarão
com os reagentes colocados, produzindo um
fenômeno físico determinado, ou seja: mu-
dança de cor, precipitações, aglutinação de
partículas etc.
A seguir, apresentamos algumas informações, va-
lores e exemplos relativos aos exames de san-
gue mais comuns:
Hemácias ou hemálias: no homem, cada mm
3
de sangue contém em média 5 milhões de he-
mácias, enquanto que na mulher 4,5 milhões.
A cor das hemácias ou glóbulos vermelhos,
é dada por uma substância rica em ferro cha-
mada hemoglobina. A percentagem de he-
moglobina no sangue de um adulto normal é
de 15% a 17% (quer dizer: 15 g de hemoglo-
bina para cada 100 g de sangue).
O número de leucócitos (glóbulos brancos)
em um adulto normal é de 5.000 a 10.000
por mm
3
de sangue. Há vários tipos de leu-
cócitos e o seu aumento exagerado, indica
que existe um processo infeccioso instalado
no organismo da pessoa. A tabela abaixo
mostra a percentagem dos diversos leucóci-
tos no sangue de um adulto normal, o que
constitui a chamada leucometria diferencial:
TIPO DO LEUCÓCITO
Eosinófilos .......
Monócitos
Percentagem do
número total de
leucócitos
55 a 65%
2 a 3%
cerca de 0,5%
25 a 35%
3 a 10%
Funções dos leucócitos:
Neutrófilos: constituem a 1.
a
linha de defe-
sa celular contra a invasão de microrganis-
mos.m capacidade de fagocitose eo
muito ativos.
Eosinófilos:o células dotadas da capa-
cidade de fagocitar de modo mais lento.
Um aumento do número de eosinófilos no
sangue está associado às reações alérgi-
cas do organismo.
Basófilos:m capacidade de fagocitose,
emborao sejam muito ativos nessa fun-
ção.
Linfócitos:o capazes de fagocitose, em-
borao sejam particularmente ativos nes-
sa função. Nas áreas de inflamação só apa-
recem tardiamente, estando relacionados
com a defesa por meio de anücorpos.
Monócitos: após travessar a parede dos
capilares e penetrar no tecido conjuntivo,
o monócito torna-se muito ativo na fagoci-
tose.
Resultados dos exames de sangue encontra-
dos em pessoas com algumas doenças, para
uma comparação com os dados fornecidos
anteriormente:
ANEMIA FERROPRIVA
Resultado
Hemátias
Hemoglobina . ....
Leucometria global . . .
Leucometria diferencial:
Linfócitos
Monócitos
Basófilos
Eosinófilos
Neutrófilos
Aqui há deficiência de hemoglobina por falta
de ferro na dieta ou por consumo exagerado de
hemoglobina. O n.° de hemátias também ten-
de a baixar.
4.000.000 p/mm
3
10%
SEM ALTE-
RA-
ÇÃO
(Na leucometria diferencial, o n.° de eosinófilos
poderá estar aumentado, indicando que a cau-
sa da anemia seria a verminose).
VERMINOSES
Resultado
Hemátias SEM ALTERA-
Hemoglobina ÇÃO
Leucometria global 8.000 p/mm
3
Leucometria diferencial:
Linfócitos 25%
Monócitos 3%
Basófilos 0,5%
Eosinófilos 15%
Neutrófilos 55%
Note-se o aumento de eosinófilos, células que
parecem participar ativamente na defesa con-
tra os vermes. Este quadro é comum nas fases
iniciais da esquistossomose e também na es-
trongiloidose. Aparece ainda em alguns esta-
dos alérgicos.
OUTROS VALORES EM EXAMES DE SANGUE
NORMAL:
Glicose no sangue: 80 120 mg %
Bilirrubinas (pigmento biliar): até 1,0 g %
Uréia: 15 a 45 mg %
Total de proteínas circulantes: 6 8 g %
Tempo para coagulação: 4 a 8 minutos
OBSERVAÇÕES:
Nas contagens leucocitárias deve-se levar em
contao apenas a percentagem de cada ti-
po celular, mas também o número total de
cada célula. Por exemplo: 50% de linfócitos
em um indivíduo com 5.000 leucócitos por
mm
3
de sangue, traduz uma concentração
(*) FONTE: Revista A Saúde do Mundo, julho de 1968.
real de 2.500 linfócitos por mm
3
de sangue,
o que está dentro do normal. Entretanto, 50%
de linfócitos em um indivíduo com 20.000
leucócitos por mm
3
de sangue, traduz na rea-
lidade 10.000 linfócitos isto é, aumento anor-
mal dos linfócitos que caracteriza um proces-
so infeccioso.
Leucometria global: significa o número total
dos glóbulos brancos existentes em 1 mm
3
de sangue examinado;
Leucometria diferencial: indica a percenta-
gem de cada tipo de leucócito existente em
cada mm
3
de sangue examinado.
Ficha-informativa OS GRUPOS SANGÜÍNEOS,
apresentada a seguir:
Ficha-informativa OS GRUPOS SANGÜÍNEOS*
Foi em 1901 que o Dr. Karl Landsteiner, de Vie-
na, observou que misturando-se tipos diferentes
de sangue de animais ocorria uma aglutinação
dos glóbulos. Ele demonstrou que o mesmo se
dava com o sangue humano e, trabalhando en-
o com grande série de amostras, determinou
os grupos sangüíneos básicos A, B, AB, O, que
desde entãoo utilizados para os casos de
transfusão de sangue. Através de um simples tes-
te, misturando-se as amostras de sangue de duas
pessoas, pode-se ter a certeza queo ocorrerá
uma aglutinação, o que tornaria a transfusão pe-
rigosa e às vezes mortal.
O teste é feito da seguinte maneira: quando se
mistura uma gota de sangue de uma pessoa com
a de outra, pode-se observar através do micros-
cópio que as hemácias se unem umas às outras
formando monticulos. Quando isso ocorre, di-
zemos que houve aglutinação, indicando que o
sangue dessas duas pessoas é incompatível, is-
to é,o combinam. Outras vezes, quando o san-
gue de duas pessoas é -misturado sem que seja
observada qualquer aglutinação, dizemos que os
sangueso compatíveis, isto é, combinam, po-
dendo portanto, processar-se a transfusão sem
risco de acidentes.
O quadro abaixo mostra possíveis combinações
dos grupos sangüíneos A, B, AB, O. O sangue ti-
po O é um doador universal, isto é, pode doar
sangue para qualquer um dos outros tipos; o ti-
po AB é um recebedor universal, ou seja, pode
receber sangue de qualquer outro tipo, maso
pode ser doador ao ser para outra pessoa que
seja tipo AB.
GRUPO SANGÜÍNEO
DO RECEBEDOR
GRUPO 0
GRUPO A
GRUPO B
GRUPO AB
GRUPO SANGÜÍNEO DO DOADOR
GRUPO 0
GRUPO A
GRUPO B
GRUPO AB
OBSERVAÇÃO:
As bolas vermelhas indicam que o sangue do
doador é compatível com o do receptor, po-
dendo portanto fazer-se a transfusão sem pe-
rigo de ocorrer aglutinação;
As bolas pretas indicam que o sangue do
doador é incompatível com o sangue do re-
ceptor, havendo portanto perigo de aciden-
tes (choques) durante a transfusão.
O fator RH encontrado em sangue humano é tam-
m aglutinante. A transfusão de sangue RH po-
sitivo em pessoa com RH negativo sensibiliza-a,
de modo que uma segunda transfusão pode acar-
retar reações perigosas e de graves conseqüên-
cias.
Mães com RH negativo podem dar à luz a uma
ou duas crianças sadias, e, em seguida terem fi-
lhos atingidos por uma doença hemolítica, ou fi-
lhos que morrem após o nascimento.
Hoje em dia a ciência consegue prevenir este pro-
blema, "vacinando" ae após o nascimento do
primeiro filho. O que acontece é que o organis-
mo dae "estranha" o sangue diferente do fi-
lho, fabricando anticorpos contra ele. Como a
quantidade de anticorpos é pequena na primeira
gestação, o primeiro filhoo sofre doença he-
molítica, mas os seguintes ficam sujeitos a so-
frê-la. A "vacina" de que falamos é capaz de
neutralizar esses anticorpos e deve ser dada lo-
go após o parto.
Para o desenvolvimento da situação O QUE É, O
QUE É: PEGA EO DEIXA PEGAR? será ne-
cessário o seguinte material:
ficha-informativa VACINAS que o pro-
fessor deverá preparar com os seguintes da-
dos:
nome, endereço e horário de atendimen-
tos dos Serviços de Saúde que os alunos
visitarão para obter dados sobre vacinas
disponíveis na localidade, programas de
vacinação etc.
A fim de preparar essa ficha, o professor
entrará previamente em contato com os
Serviços de Saúde locais e informar-se-á
em qual deles os alunos poderão fazer a
pesquisa;
ficha-informativa QUEO AS VACINAS,
apresentada a seguir:
Ficha-informativa: QUEO AS VACINAS
Os glóbulos brancoso células do sangue que
se especializam nas defesas do organismo con-
tra agentes estranhos.
Existem diferentes tipos de glóbulos brancos. Al-
gunsm a capacidade de fagocitose: a célula
ataca qualquer invasor e a ele se adere; em se-
guida engloba-o e lança sobre ele poderosas
substâncias para digeri-lo. Outros glóbulos bran-
coso capazes de reconhecer e memorizar as
características do agente agressor, produzindo
reações defensivas mais elaboradas e de maior
duração, através da produção de anticorpos ou,
reconhecendo o invasor e atacando-o. Anticor-
poso moléculas protéicas capazes de destruir
germes, neutralizar toxinas produzidas pelos mi-
cróbios, ou venenos como os da cobra.
Se determinada infecção está ocorrendo pela pri-
meira vez, a produção de anticorpos é mais len-
ta, porque os glóbulos brancosm que aprender
a fabricá-los. Entretanto, uma segunda agressão
resulta em pronta e maciça produção de anticor-
pos, porque aqueles glóbulos brancos "memori-
zaram" as características do invasor e jám um
"programa" para a resposta imediata.
Ao vacinar uma pessoa, estamos simplesmente
induzindo a produção de anticorpos ou de célu-
las competentes contra determinado agente (que
pode ser uma bactéria, um produto bacteriano,
um vírus etc). As vacinas nada maiso que
o AGENTE INVASOR (ou parte dele) cientificamen-
te preparado de forma a provocar a produção des-
se tipo de defesa, mas sem causar os inconve-
nientes da doença. Quando muito, causam uma
pequeníssima reação, uma "mini-doença", como
no caso da vacina antivariólica ou do sarampo.
A introdução da vacina no organismo, então, "en-
sina-o" a reconhecer e defender-se do agente.
Alguns tipos de vacinas necessitam de 3 ou mais
doses para conseguir um volume suficiente de an-
ticorpos, que permanecerão em ação, por perío-
dos variáveis. Após esse tempo, os anticorpos
começam a ser eliminados, havendo então a con-
veniência de uma dose "extra" de vacina, à qual
o organismo responde prontamente produzindo al-
tos níveis de anticorpos. Essa dose "extra" ó o
chamado reforço.
Alguns anticorpos conseguem passar dee pa-
ra filho durante a gestação conferindo à criança
ao nascer, importantíssima proteção contra algu-
mas agressões do meio. Estes anticorpos duram
2 a 3 meses e então o organismo da criança tem
que fabricar os seus próprios, a partir de uma
doença ou vacinação. Isto explica porque é mui-
to raro uma criança, durante o 1.°s de vida,
adoecer de sarampo, coqueluche ou cachumba.
Explica também a grande conveniência de vaci-
narem-se as gestantes contra o tétano, para pro-
teger os recém-nascidos com anticorpos passa-
dos pela placenta. A alimentação natural dos be-
bês, isto é, com leite materno, transfere e eles al-
guns anticorpos dae e os tornam menos vul-
neráveis às infecções.
Podemos preparar anticorpos artificialmente e
usá-los em situação de emergência, como no ca-
so de picaduras de cobras venenosas. Trata-se
do "soro", que neste exemplo, seria o soro anti-
ofídico, capaz de neutralizar o veneno circulante
e impedir a progressão dos seus efeitos. A pre-
paração do soro é usualmente feita em cavalos
que recebem doseso mortais do veneno e pas-
sam a produzir enormes quantidades de anticor-
pos circulantes. O "soro" retirado do sangue des-
ses cavalos é que com seus anticorpos será
o remédio salvador para o homem.
Para o desenvolvimento da situação QUEDA DE
BRAÇO será necessária a ficha-informativa AL-
GUMAS NOTAS SOBRE O ESQUELETO, OS MÚS-
CULOS E A PELE, apresentada a seguir:
Ficha-informativa: ALGUMAS NOTAS SOBRE O
ESQUELETO, OS MÚSCULOS E A PELE
Esqueleto (Do grego skeletós, isto é, ántropos
skeletós, 'homem seco, múmia', conjunto de os-
sos e cartilagens que se interligam para formar
o arcabouço do corpo d06 animais vertebrados;
ossatura, ossamenta.
Os ossos compõem o principal sistema de sus-
tentação da maioria dos vertebrados. Ligam-se
à musculatura esquelética e participam dos prin-
cipais movimentos voluntários. Há ossinhos es-
peciais destinados a transmitir as vibrações so-
noras no ouvido médio, enquanto outros ossos
formam verdadeiras carapaças de proteção me-
cânica (o crânio e a caixa toráxica). Os ossos
podem, ainda, ser arcabouço para órgãos voa-
dores (asas), podem participar da finíssima apa-
relhagem da mão do homem e podem sustentar
os dentes para a mastigação ou ajudar a movi-
mentação da respiração.
Apesar de o esqueleto ser o símbolo da morte, o
tecido ósseo é bem vivo. Mesmo sendo consti-
tuído, em grande parte, de materiais inertes, tais
como os sais de cálcio e fósforo, os ossos mos-
tram grande atividade especialmente na sua por-
ção mais interna a medula. Aí estão numerosos
vasos sangüíneos e há intensa produção de san-
gue e células de defesa.
Músculo (Do latim musculu, diminutivo de mus,
rato. A contração de um músculo sob a pele dá
a impressão de um ratinho que se esgueira): ór-
o constituído pela reunião de muitas fibras
cujas contrações determinam os movimentos de
várias partes do corpo dos animais.
A capacidade de contração das fibras muscula-
res se deve à presença de proteínas especiais no
interior das fibras. Essas proteínaso denomi-
nadas actina e miosina. Quando um estímulo ner-
voso chega à fibra, inicia-se uma série de rea-
ções químicas. Como efeito dessas reações as
moléculas de actina e miosina deslizam entre si
e a fibra se encurta ou se contrai. A contração
de várias fibras provoca a contração do músculo.
O mecanismo básico do movimento é esse encur-
tar-relaxar de cada músculo. Movimentos com-
plexos do corpo sempre resultam de combinações
entre músculos diferentes ou de diversificação na
orientação de grupos de fibras do mesmo mús-
culo.
Existem três tipos diferentes de músculos nos
vertebrados; conforme a constituição física, o ti-
po de função e o comando nervoso para sua con-
tração.o os músculos esqueléticos, os lisos e
o músculo cardíaco. O quadro abaixo sintetiza
suas diferenças:
Quadro: Comparação entre os tros tipos de músculos de um vertebrado.
Músculo
Esquelético
Liso
Cardíaco
Tipo de fibra
estriada
o estriada
estrias especiais
Comando nervoso
Voluntário
Autônomo (não
voluntário)
Autônomo
Local de ação e exemplos
Geralmente sobre ossos. Movimentos ex-
ternos do corpo. Braços, pernas, pálpe-
bras.
Vísceras, vasos. Contrações do intestino,
bexiga, pupilas, vesícula.
Contração das cavidades do coração.
Pele: membrana mais ou menos espessa que re-
veste exteriormente o corpo humano, bem como
o dos animais vertebrados e o de muitos outros.
A pele é um importantíssimo órgão de defesa que
desenvolve inúmeras funções. Os animais entram
em contato com o meio externo através da pele
que cobre toda a superfície do seu corpo. A pe-
le protege o corpo da penetração de microrga-
nismos, das irradiações do ambiente, das injúrias
de agentes químicos e físicos. A pele participa
muito ativamente da manutenção do balanço da
água no organismo, regulando as perdas de água
através de mecanismos como a eliminação do
suor.
Como barreira mecânica, a pele apresenta cama-
das sucessivas de células com diferentes atribui-
ções. No homem estas camadaso três, con-
tando-se de fora para dentro: epiderme, derme
e tecido subcutâneo. A epiderme (do grego 'por
cima da pele') é uma lâmina fina e muito compac-
ta. Suas células mais externas estão mortas e
formam uma ótima carapaça protetora. Nos lo-
cais de maior carga sobre a pele, a epiderme po-
de desenvolver-se muito, como nas solas dos
s daqueles que andam descalços ou nos calos
das mãos de lenhadores e capinadores. Em al-
guns animais, a barreira da epiderme éo de-
senvolvida, que fica praticamente intransponível,
como em elefantes e rinocerontes. A epiderme
está em constante renovação, descarnando suas
células da superfície mais externa e formando.
novas fileiras na base. Aí se formam células es-
peciais de cor amarronzada os melanócitos
que aumentam sob a influência de exposições ao
sol, dando o bronzeado da pele.
A derme (do grego 'pele') é uma camada logo
abaixo, formada por tecido elástico, rico em va-
sos sangüíneos, pontas de nervos e músculos.
A derme é responsável pela nutrição e elastici-
dade da pele; participa, ainda, da regulação da
temperatura do corpo. Esta função se realiza
através da dilatação ou constrição dos vasos
sangüíneos da derme, possibilitando maior ou
menor perda de calor. Além disto, no frio há con-
tração dos músculos da derme e a pele se arre-
pia, diminuindo a perda de calor.
O tecido subcutâneo (do latim 'debaixo da pele')
é a camada mais profunda, rica em tecido fibro-
so e células de gordura.É uma espécie de col-
chão para as outras camadas, participando da
resposta contra o frio e absorvendo impactos ex-
teriores. A gordura acumulada tem ainda funções
de reserva de nutrientes.
A pele desenvolve anexos que participam de suas
funções. Pêlos, penas, cabelos, unhas, chifres,
esporas e cascos são, em geral, modificações da
epiderme. Constituem, muitas vezes, formidáveis
equipamentos de defesa para as espécies ani-
mais.
Quando ocorre um corte na pele desencadeia-se
o trabalho de cicatrização, destinado a fechar a
abertura e recuperar no maior grau possível as
funções que ali eram realizadas.
O esquema seguinte apresenta as etapas da ci-
catrização de uma ferida quandoo ocorre in-
fecção:
Para o desenvolvimento da situação UM HOMEM
E UMA MULHER, sugerimos:
ficha-informativa A REPRODUÇÃO, que o pro-
fessor poderá elaborar retirando algumas in-
formações sobre esse assunto do texto 2
OS PROCESSOS NATURAIS DE DEFESA;
fichas-informativas O PERIODO FÉRTIL NA
MULHER e o CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ,
apresentadas a seguir:
Ficha-informativa: O PERIODO FÉRTIL NA MU-
LHER
Se a mulher conhece a duração de seu período
menstrual mais longo, poderá usar a tabela abai-
xo para constatar, sem cálculos aritméticos, seu
primeiro e último dias férteis. O primeiro dia da
menstruação é contado como dia 1. Assim, no
calendário, uma mulher com um período normal
de 28 dias, que começar a menstruação no dia
1.°, terá seu primeiro dia fértil a 10 daqueles
e o último a 17. Um registro de seus ciclos du-
rante 12 meses, é indispensável neste cálculo do
ritmo e leva em conta uma possível margem de
erro.
Duração do
Período
menstrual
24 dias
25 dias
26 dias
27 dias
28 dias
29 dias
30 dias
31 dias
32 dias
33 dias
34 dias
Primeiro dia
de fertilidade
6.° dia
7.° dia
8.° dia
9.° dia
10.° dia
11.° dia
12.° dia
13.° dia
14.º dia
15.° dia
16.° dia
ultimo dia de
fertilidade
13.° dia
14.° dia
15.° dia
16.° dia
17.° dia
18.° dia
19.° dia
20.° dia
21.° dia
22.° dia
23.° dia
A parte sombreada mostra o periodo fértil da mulher.
O CALENDÁRIO DA GRAVIDEZ segundo Naccele
NÚMEROS NEGROS: Data da última regra. NÚMEROS EM COR: Data provável do parto
Jan
Out
Fev.
Nov
Mar.
Dez
Abr
Jan
Mai.
Fev
Jun
Mar
Jul.
Abr
Ago.
Mai
Set.
Jun
Out.
Jul.
Nov.
Ago.
Dez.
Set
1
8
1
8
1
6
1
6
1
5
1
8
1
1
1
1
1
8
1
8
1
7
2
9
2
9
2
7
2
7
2
6
2
9
2
8
2
9
2
9
2
9
2
9
2
8
3
10
3
10
3
8
3
8
3
7
3
10
3
9
3
10
3
10
3
10
3
10
3
9
4
11
4
11
4
9
4
9
4
8
4
11
4
10
4
11
4
11
4
11
4
11
4
10
5
12
5
12
5
10
5
10
5
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5
11
5
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5
12
5
12
5
12
5
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13
6
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11
6
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6
13
6
12
6
13
6
13
6
13
6
13
6
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7
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7
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7
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7
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8
15
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15
8
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10
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19
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19
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19
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20
13
20
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17
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17
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19
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26
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C
29
6
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30
6
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7
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5
31
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7
31
7
Nov.
Dez.
Jan.
Fev
Mar.
Abr.
Mai.
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Texto 3. O HOMEM E AS SUAS
DEFESAS
O homem e suas defesas
O grupo social como defesa do homem
Ciência e tecnologia
O homem e seu melo
Conclusão: a procura da saúde
O homem e suas defesas:
Ao longo de sua história, o homem tem sido uma
espécie bem sucedida sobre a Terra. A popula-
ção humana tem aumentado progressivamente,
bem como a duração média da vida do homem,
em muitas regiões. A espécie alastrou-se por to^
dos os rincões do planeta e tem conseguido so-
breviver em regiões e condições praticamente in-
viáveis para outros animais. Sob este aspecto o
homem tem superado as demais criaturas viven-
tes, colocando muitas delas a seu serviço. Embo-
ra muito longe de tornar-se um "senhor da natu-
reza", ele na realidade dominou alguns setores e
modificou ambientes, conquistando espaços e
energia.
Muitos fatores tornaram-se responsáveis pela as-
censão do homem. Pode-se dizer que os equi-
pamentos biológicos e as capacidades inatas da
espécie foram o alicerce que sofreram lentos e
progressivos ajustamentos, no decorrer da evo-
lução. O desenvolvimento da vida de grupo e o
aprimoramento das funções intelectuais, interde-
pendentes e paralelos, ao longo das gerações, por
milhões de anos, consolidaram o nascimento da
tecnologia moderna, com todas as suas conse-
qüências. Pode-se dizer que as conquistas do ho-
mem foram na maioria embasadas nas necessi-
dades de defesa. No decorrer do texto "O homem
e suas defesas" tentar-se-á estimular a lembran-
ça e o reconhecimento de algumas destas con-
quistas, com ênfase maior nas grandes indaga-
ções do Programa: "como pode o homem, es-
se homem que hoje é o meu aluno, conquistar e
assegurar os valores mais pertinentes à sua vida?
"Que defesas, que aptidões deveria desenvolver,
aqui e agora, frente às ameaças de seu meio e às
necessidades do seu ser? Que fazer hoje pela
sua saúde? Que deverá fazer ele no futuro para
a saúde dos seus filhos?"
As defesas naturais do homem foram os instru-
mentos iniciais de sua caminhada durante milha-
res de anos. Pele, esqueleto, anticorpos, senti-
dos, enfim o organismo inteiro participou do tre-
mendo esforço que garantiu a sobrevivência da
espécie humana enquanto muitas outras desapa-
receram.o se contando o desenvolvimento do
cérebro e da inteligência conquistas maiores
do homem uma série de características bio-
lógicas apresentaram enorme significado, diferen-
ciando-o e dando-lhe vantagens. Poderiam ser
citadas três das mais relevantes:
1. a capacidade de comer de "tudo"o de-
pendendo somente de algumas poucas fon-
tes de alimento, o homem pode suportar mais
facilmente as mudanças de ambiente que as
espécies com necessidades alimentares mais
restritas. Caules, raízes, leite, frutos, molus-
cos, folhas, ovos, Insetos, tubérculos, carnes
variadas, crustáceos e mais uma infinidade
de alimentos,m sido as alternativas alimen-
tares do homem isoladamente ou em múlti-
plas combinações;
2. o polegar oponível É uma das maiores con-
quistas do homem. Trata-se de posição al-
Cl Nilson, L. "As descobertas do homem", Nórdica Ed.
(Rio), pág. 153, 1974.
tamente diferenciada do polegar nas mãos,
com musculatura que possibilita sua oposi-
ção aos demais. Com isso o homem pode
"segurar" as coisas e valorizar movimentos
finíssimos e de grande habilidade, que, pra-
ticamente,oo encontrados nos outros
animais. Além do aspecto motor acima men-
cionado, o polegar oponível possibilitou ao
homem ter uma face mais delicada do que
a que teria se tivesse que utilizar a boca pa-
ra segurar objetos. Parece que esse fato foi
de Importância fundamental na emissão de
sons diferenciados pela boca, de grande con-
tribuição para o desenvolvimento da lingua-
gem.
3. andar sobre doiss Esta capacidade, co-
mo as demais, desenvolveu-se pela evolução.
Ao colocar-se de, embora isto lhe custe
uma carga maior sobre a coluna, o homem
adquiriu uma série de vantagens, tais como
enxergar mais longe, podendo divisar melhor
as ameaças, a comida, o abrigo. Também fi-
cou com as mãos livres para o trabalho e a
luta, além de usá-las para tatear o ambiente
e comer.
O cérebro e a inteligência O grande salto do
homem foi o desenvolvimento de seu sistema ner-
voso. Esse grande conjunto de células e fibras,
que na espécie humana é relativamente muito
mais volumoso que em qualquer outra, possibili-
tou o desenvolvimento da mais notável capacida-
de biológica: a de raciocinar usando símbolos.
Este talento é que nos permite emitir e receber in-
formações codificadas, arquivar e desenvolver
técnicas, combinar os símbolos e dados em inú-
meras sínteses novas,(criar)desenvolver a Arte, a
Ciência e a Filosofia, "É através do cérebro que
entendemos o mundo sendo capazes também de
construí-lo e modificá-lo no bom e no mau senti-
do, por caminhos e formas impossíveis para ou-
tras espécies(*).
Alguns primórdios de inteligência podem ser en-
contrados em vários animais capazes de realizar
algumas operações mentais, tais como memorizar
experiências e encontrar algumas soluções para
problemas simples.
Afetividade e emoções grosseiraso observadas
entre cães, delfins e elefantes, assim como a de-
codificação de alguns sinais. Os animais se co-
municam, alguns até de maneira sofisticada (abe-
lhas) . O homem, entretanto, pensa, cria e usa uma
linguagem.
O desenvolvimento do cérebro humano e de
suas inúmeras funções depende, em parte de uma
série de circunstâncias e dispositivos biológicos.
É interessante enumerar alguns para se perceber
melhor como ocorre a cooperação entre os dife-
rentes compartimentos do organismo.
A resistência e a conformação anatômica da cai-
xa craniana foram fundamentais para permitir o
desenvolvimento e excelente proteção do cérebro.
O cérebro do homem é, relativamente, o maior en-
tre todos os animais, com maior número de neu-
rônios e circuitos. O córtex (sede da consciên-
cia) é mais desenvolvido, assim como certas áreas
ligadas à vida afetiva e às emoções (lobos fron-
tais e temporais). Em compensação, áreas mais
primitivas como os núcleos de olfato (rinencéfalo)
tiveram pouca representatividade, sendo muito
mais desenvolvidas em outros animais.
Para conter um cérebro grande desenvolveu-se
um crânio volumoso. Para permitir um crânio vo-
lumoso desenvolveram-se, de forma muito espe-
cial, os ossos da bacia da mulher possibilitando o
nascimento (parto) de criança, especialmente em
relação à saída da cabeça. E, ao nascer, a cai-
xa craniana da criança é bastante elástica e pos-
sui espaço entre os ossos, fatores que facilitam
o parto. Além disso a cabeça do homem tem
muitas possibilidades de crescer após o nasci-
mento pois os referidos espaços irão sofrer o pro-
cesso de ossificação muito lentamente.
O suprimento de sangue ao cérebro é extraordi-
nariamente aperfeiçoado. O consumo de oxigê-
nio é ali muito maior que em qualquer outra par-
te do corpo, assim como o de energia (especial-
mente sob forma de glicose).
Para o bom desenvolvimento do cérebro é funda-
mental um contínuo aporte de nutrientes durante
o período em que os neurônios estão sendo for-
mados, especialmente na gestação e nos primei-
ros meses de vida após o parto. As proteínaso
essenciais. Nesta fase o indivíduo desenvolverá
ouo os equipamentos necessários às suas fun-
ções cerebrais de toda a vida, porque depoiso
haverá nova formação de neurônios. A nutrição
(principalmente protéica) terá papel decisivo na
capacitação do novo ser. A natureza procura de-
fendê-lo através de uma perfeita nutrição durante
a gestação à custa do organismo da mãe, tirando
desta as proteínas e outros nutrientes essenciais.
Por isso a gestante necessita ter um estado nu-
tricional e um suprimento alimentar satisfatórios
e adequados. Após o nascimento, a melhor defe-
sa natural é o leite materno, com suas proteínas
rigorosamente adequadas ao organismo da crian-
ça em termos de absorção e digestibilidade. A sa-
bedoria da natureza é imensa,dotando ae de
uma fonte perfeita de proteína e outros nutrien-
tes — o leite, procurando garantir o abasteci-
mento mínimo e adequado para um períodoo
crítico para a criança.
Outro fator importante para o desenvolvimento do
aprendizado e outras funções mentais do homem
é a duração relativamente longa da infância,
maior na espécie humana que em qualquer ou-
tra. Por exemplo, a infância do boi ou doo é
muitíssimo mais curta. O lento amadurecimento
comporta possibilidades muito mais amplas de
aprendizado, mas se faz à custa de uma maior
dependência da criança em relação aos pais e ao
grupo social. O aprendiz precisa ser protegido,
sustentado e alimentado. Quanto mais evoluído
ou "civilizado" o grupo social, maior dependên-
cia da criança, maior quantidade de ensinamen-
tos a incorporar. Assim, o índio assume as fun-
ções de adulto muito mais cedo que a criança
dos países desenvolvidos.
Algumas considerações acerca da inteligência e
de seu papel entre as defesas do homem
A ascensão da espécie humana deu-se, funda-
mentalmente, através da inteligência e do conhe-
cimento, seus processos mais evoluídos de de-
fesa.
Na história dos homens e no decorrer da vida de
cada homem, o saber e o conhecimentoo ocu-
pando, pouco a pouco, os lugares primordiais
dentre as defesas de que dispõe para sobreviver
A criança vai, paulatinamente, conhecendo e
aprendendo o mundo ao seu redor, incorporando
novas experiências, questionando informações
recebidas e observando por conta própria. O
mesmo vai ocorrer com os diferentes grupos so-
ciais, quanto às relações entre seus membros e
interação com o ambiente natural e social. O co-
nhecimento registra e arquiva numa seqüência
lógica as sucessivas informações, lado a lado, com
as respostas possíveis para cada situação. O jul-
gamento se faz de acordo com as perspectivas
mais amplas da pessoa eo apenas diante de
uma necessidade imediata. Assim numa deter-
minada circunstância, a necessidade fome pode-
rá ser satisfeita somente em parte se a pessoa
resolve dividir com outra a comida disponível na-
quele instante (defesa da coletividade).
A vida ó um constante aprender em situações, de
novos repertórios de respostas, de alternativas
de ação.
No caso do homem, a resposta pode ser elabo-
rada, reelaborada e escolhida a mais adequada
àquele desafio, naquele momento da vida, de
acordo com seus interesses, motivações e possi-
bilidades de opção. Essa capacidade de utilizar
o aprendido para resolver problemas novos, de
dar respostas diferentes a desafios variados,-
pida e eficientemente, é o produto da Inteligên-
cia, da capacidade de aprender, da experiência.
Mas a inteligência vai muito além desta simples
aprendizagem. Ela inclui o encontro de relações
entre causas e efeitos, a capacidade de correla-
cionar diferentes partes das informações já me-
morizadas e a habilidade de encontrar rapidamen-
te respostas ou soluções para novas situações.
As constantes e inesperadas mudanças do meio,
criando repetidamente novos desafios, são, talvez,
a origem do conhecimento. À medida que se apri-
moram o conhecimento e a inteligência, os com-
portamentos pré-programadoso perdendo sig-
nificado. Ao invés de simplesmente transmitir ge-
neticamente, de uma para outra geração, informa-
ções que rapidamente se tornam obsoletas, o ho-
mem pode transmitir criticamente e consciente-
mente informações selecionadas através da tra-
dição e da educação.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
O conhecimento e a inteligência ampliam as de-
fesas naturais e capacitam o homem a criar no-
vas defesas. Surgem os alimentos sintéticos, as
cidades sob as águas, os ossos sintéticos, os ar-
mamentos militares e os aparelhos para hospitais.
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia pe-
lo homem dependeu sempre, cada vez mais, do
aprimoramento dos mecanismos de aprendiza-
gem codificada e dos meios de comunicação. O
progresso científico e tecnológico, muito lento no
princípio da história do homem, garantiu-se e ga-
nhou impulso nas próprias conquistas, aceleran-
do-se violentamente nos últimos 200 anos e "ex-
plodindo" nos últimos 50. O avanço tecnológico
é hoje um dos maiores fatores de supremacia de
um país sobre outro. O conhecimento técnico-
científico gera riquezas, sendo ao mesmo tempo
resultado de grandes investimentos; está, pois, in-
timamente ligado a outras formas de poder.
Para efeitos práticos, uma reflexão sobre o surgi-
mento, o uso e as perspectivas de defesas liga-
das à ciência e à tecnologia poderia ser fruto do
próprio trabalho dos alunos. Com o envolvimen-
to de outras áreas do ensino em atividades co-
nexas, alguns temas básicos poderiam ser estu-
dados, por exemplo:
a) A energia: fontes disponíveis. Emprego, trans-
formação. Acumulação. Alternativas. Fun-
ções no organismo e na comunidade. Histó-
ria do uso pelo homem. Tecnologia da obten-
ção. Distribuição e consumo por diferentes
países.
b) A comunicação: meios de comunicação, sua
evolução, seu uso, seu papel. Como armaze-
nar informações. Processamento de dados,
Razões e conseqüências da evolução dos
meios de comunicação. Crítica da "comuni-
cação de massa" (propaganda, doutrinações
etc).
c) Os transportes: história. Os transportes co-
mo defesa. Por que os transportes dependem
da energia e da comunicação. Conseqüên-
cias dos transportes para as pessoas e comu-
nidades.
d) A tecnologia da saúde: avanços técnicos no
campo da saúde. Métodos de prevenção e
detecção de doenças. Tecnologia dos diag-
nósticos (microscópio, RX, dosagens quími-
cas, eletrocardiograma etc). Fabricação, em-
prego e modo de ação de vacinas, soros e
remédios. Operações, transplantes e próte-
ses. Saúde pública e diagnóstico de saúde
de uma comunidade. Sistema de saúde.
Outras sugestões poderiam abranger os campos
da morada, da nutrição, da previdência social
etc. Em paralelo, será fundamental o desenvolvi-
mento de todo um trabalho crítico sobre os te-
mas, abordando sempre os benefícios e os custos
de cada avanço tecnológico. E sobretudo, aqui,
os riscos e problemas que podem advir, levando-
se em conta que o uso da tecnologia pode ter di-
versos fins: o mesmo tipo de energia pode curar
o câncer ou explodir toda uma cidade...
O GRUPO SOCIAL COMO DEFESA DO HOMEM
Dentre os motivos mais importantes para que o
homem se associe em grupos, poderiam ser cita-
dos:
a) obtenção e provisão de alimento;
b) divisão de trabalho coperação e especia-
lização;
c) proteção do território comum e particular.
É interessante que o professor procure desenvol-
ver os motivos acima à luz de sua própria expe-
riência de vida, e em função da idéia geral das
defesas. Igualmente oportuno seria o levantamen-
to dos mecanismos de organização e funciona-
mento do grupo social (a cidade em que mora),
incluindo governo, leis, abastecimento, estrutura-
ção física e comunicação. Mais específica ainda
será a retomada do conceito geral de saúde (ver
"Morada" e primeira parte), analisando-se aqui
todo o trabalho pela saúde que se desenvolve no
grupo social. Esta idéia faz pensar, também, nu-
ma saúde da comunidade (ou saúde de um po-
vo), com todo um contexto de sintomas e sinais,
de doenças etc: O povo está doente ou sadio?
É feliz? Como estão seu crescimento, sua nutri-
ção, suas defesas? Que competidores e ameaças
o mais presentes ou foram mais marcantes em
sua história? De que forma a minha comunidade,
inserida num meio, interage com ele? Detectados
alguns problemas de minha comunidade, que res-
postas estão sendo ou podem ser acionadas?
Por que? Como?
Comunicação e comportamentos psico-sociaiso
defesas características do homem, especialmen-
te no seu contexto grupai. Palavras, expressões
escritas e orais, posturas, gestos e sinaiso al-
guns recursos de comunicação que unem e en-
trosam as pessoas no grupo. Em qualquer grupo
existem sempre os comportamentos de ajustamen-
to entre os indivíduos, entrando em jogo diver-
sos fatôres, como poder, desejos, agressividade,
necessidades biológicas, frustrações, fantasias,
angústias etc. Na procura de defesa, ocorrem
movimentos de agregação e aproximação de ami-
gos, repulsão ou eliminação de inimigos. Simpa-
tia, afinidade, interesses ou idéias comuns reú-
nem pessoas, resultando em clubes, associações,
igrejas e sindicatos.
A partir das capacidades de defesa desenvolvi-
das no correr da própria evolução, o homem real-
mente distanciou-se das demais espécies pela
aptidão de pensar e aprender através da expe-
riência da vida, no processo de socialização. O
pensar (refletir) sobre o que acontece, procuran-
do entender e dar sentido às coisas, a atenção e
a constante vigilância sobre o ambiente, o ama-
durecimento da crítica e da capacidade de esco-
lha, constituem extraordinários, recursos só en-
contrados no homem. Dentro do grupo social,
tais "recursos" condicionam a existência de dife-
renças reais ou potenciais entre os indivíduos,
surgindo aqueles mais ou menos capacitados ao
"sucesso". A conquista de "posições" sociais
gera todo um esforço que envolve capacidades
pessoais, situação econômica, aquisição de co-
nhecimentos e habilidades etc. Segurança pes-
soal, território, bens de consumo e produção, es-
tabilidade emocional, provimento alimentar e ga-
rantia de direitos (liberdade) são, dentre várias
outras, razões pelas quais o homem luta dentro
de seu grupo social.
Entre grupos ou entre povos, repetem-se (de ma-
neira mais complexa) os mecanismos de ajusta-
mento das pessoas. O poder coloca alguns po-
vos em vantagem sobre outros, surgindo todo um
relacionamento de competições, dependências e
dominações. As guerraso sempre resultantes
da busca do poder (ou de mais poder).o ex-
tremamente complicados os mecanismos de de-
fesa dos povos, envolvendo poderio militar, con-
(*) Behar, M "La Nutricion y el futuro de Ia humanidad"
Crônica de Ia OMS. 30 : 151-154, 1976
dição econômica, estratégias desenvolvidas pela
inteligência, abastecimento de alimentos e ener-
gia etc.
Para ilustrar alguns dos pontos expostos, pode-
mos lembrar o que aconteceu com os índios do
continente americano, após a chegada dos espa-
nhóis, há cerca de 400 anos, exemplo retirado de
uma conferência do Prof. Moisés Behar, chefe
do Serviço de Nutrição da OMS(*).
"Os Maias, da Guatemala, haviam alcançado um
alto grau de civilização e parece que nunca tive-
ram graves problemas de desnutrição. A base de
sua alimentação era, e continua sendo até hoje,
o milho e o feijão. Eles completavam sua dieta
com frutas, verduras e carne procedente de ani-
mais selvagens. Suas práticas agrícolas seriam
consideradas primitivas hoje em dia, mas tinham
toda a terra que necessitavam e empregavam um
eficiente sistema de rodízio de terrenos, que con-
sistia em roçar áreas selvagens, cultivá-las du-
rante alguns anos e mudar-se depois para outra
região. Com isto mantinham o equilíbrio ecológi-
co sem esgotar a terra e obtinham todo o ali-
mento necessário. As crianças eram amamenta-
das por suas mães até cerca dos três anos de
idade, depois passavam a consumir a mesma co-
mida da família.
Chegaram então os espanhóis, venceram e sub-
jugaram a população e cultivaram as melhores
terras com produtos agrícolas destinados, em sua
maior parte, à exportação. Este sistema de cul-
tivo dos espanhóis manteve-se até os nossos dias.
Amplas zonas florestais foram desmatadas para
que se plantasse algodão, açúcar e café, assim
como para criar gado de corte. Com isto as ex-
portações aumentavam e os ricos ficavam mais
ricos ainda. Aos índios deixaram-se as terras al-
tas das montanhas, que é tudo o que possuem
até hoje, isto quando possuem alguma terra. Ou-
tro problema consiste no costume que os espa-
nhóis passaram para os índios, de subdividir a
propriedade familiar quando os filhos a herdam
dos pais. Atualmente as glebaso muito peque-
nas para as necessidades das famílias, que se
m obrigadas a explorar sua terra ao máximo,
chegando a cultivar, depois do desmatamento,
terrenos muito escarpados. Isto tem provocado
uma rápida erosão do solo, reduzindo ainda mais
a superfície de terras cultiváveis. Todo o país
se ressente com isto e a erosão das montanhas
provoca inundações com prejuízo das colheitas
comerciais e do povo.
Maso se pode culpar os habitantes das mon-
tanhas pela deficiência de suas práticas agríco-
las. Elesm que comer. Sua dieta se baseia
no milho e no feijão mas, hoje em dia,o dis-
põem de quantidade suficiente destes alimen-
tos. As frutas e verduraso enviadas para os
mercados das cidades e existem poucos animais
selvagens. As outras fontes de proteína, tais co-
mo aves, ovos, leite etc,o muito caras, espe-
cialmente para quem vive de uma agricultura de
subsistência e tem pouco dinheiro para gastar.
Além disto tudo, a influência da cultura estrangei-
ra, que foi se infiltrando nesta sociedade, levou
as mães a desmamarem seus filhos cada vez mais
cedo, privando-os de sua melhor fonte de alimen-
tos e contribuindo para sua desnutrição na infân-
cia. Esta combinação de fatores é a causa do
estado de má nutrição da maior parte deste po-
vo, e tende a perpetuar-se".
O HOMEM E SEU MEIO
À medida em que o homem foi transformando o
seu meio-ambiente, novos problemas surgiram,
exigindo novas soluções.
Realmente, a ocupação do espaço disponível criou
antagonismos entre as ambições dos grupos hu-
manos. Além de se defenderem dos predadores,
começaram a se defender do próprio homem.
Uma cadeia de agressões mútuas culminou com
a produção de armas nucleares.
A preocupação do homem com a proteção de
seus campos e rebanhos o conduziu à fabricação
de substâncias que, além de matarem os compe-
tidores do seu alimento, poluem a água, o ar e os
próprios alimentos, e finalmente, envenenam a si
mesmo.
Os remédios que matam e afugentam os parasi-
tosoo completamente inofensivos ao ho-
mem. Enquanto prejudicam o parasito, prejudi-
cam também o hospedeiro. Exemplo: no caso da
esquistossomoseo se descobriu, ainda, um re-
médio que mate o parasito sem alterar alguns ór-
gãos do corpo.
O homem é o único ser vivo que realmente modi-
fica o meio em que vive. Os demais seres vivos
usam o meio ambiente na luta pela sua subsistên-
cia, masom capacidade para mudar esse
meio ambiente.
O homem sim é capaz tanto de levantar cida-
des onde antes se estendiam pântanos, como de
transformar em desertos extensas áreas anterior-
mente cobertas de matas e povoadas de muitas
variedades de animais. Tanto é capaz de contro-
lar muitas doenças através da modificação do am-
biente (redução ou eliminação de criadouros de
mosquitos transmissores da malária, da filario-
se, da febre amarela etc), como de criar condi-
ções para a transmissão de doenças (poluição do
solo e dos cursos d'água, criação de focos de
transmissão da esquistossomose etc).
As grandes cidades, principalmente as cidades
que crescem desordenadamente, sem planejamen-
to adequado,o outras transformações do am-
biente que trazem consigo novos e graves proble-
mas para a saúde da população: aumento da ten-
o emocional que condiciona problemas de saú-
de mental e social; aumento dos acidentes de
trânsito, da criminalidade, além de áreas onde se
agravam as doenças transmissíveis.
A trama das relações entre as populações huma-
nas e o meio ambiente éo complexa que, para
o nos perdermos, mencionaremos agora ape-
nas algumas das relações mais simples, mais pri-
márias, que explicam alguns problemas de saú-
de mais importantes para a grande maioria da
nossa população:
o despejo dos dejetos humanos no solo e nas
coleções d'água, sem prévio tratamento dos
mesmos, determina a prevalência, em núme-
ros cada vez mais altos, de doenças gastroin-
testinais, de verminoses, de esquistossomose
etc.;
o tipo de construção e os padrões de conser-
vação e utilização da moradia podem impe-
dir ou favorecer a existência de "inquilinos"
dentre os quais o "barbeiro", que se destaca
por seu papel de transmissor da doença de
Chagas, e os ratos, implicados na transmis-
o de várias doenças, inclusive a peste bu-
bônica;
o desmatamento e os métodos irracionais de
cultivo da terrao responsáveis pelo escas-
seamento da água e pelo empobrecimento do
solo, resultando em sérios problemas para a
sobrevivência e a saúde das populações;
a poluição do ar com resíduos industriais pro-
voca um grande número de doenças respira-
tórias de fundo alérgico e irritativo;
o despejo de resíduos industriais nos rios,
torna as águas impróprias para utilização pe-
la população, além de provocar mortandade
de peixes, tornando impossível a vida animal;
o uso indiscriminado de pesticidas, além de
criar problemas de desequilíbrio ecológico,
envenena os alimentos, com conseqüências
sérias para a saúde do homem.
Fig 87
A PROCURA DA SAÚDE
o oferecemos uma conclusão nesta unidade,
mas sim uma abertura final, com a retomada da
proposição básica do Programa: o esforço pela
saúde, mais especificamente, a saúde no quadro
de vida, de interesses e da potencialidade indi-
vidual e social dos alunos de 1.° grau das esco-
las brasileiras.
A saúde deve ser buscada no contexto da vida,
na trama de relações entre o indivíduo, a comu-
nidade e o ambiente. É fundamental que a "ação
para a saúde" se desenvolva nestas três dimen-
sões, o que tem implicações imediatas para o pro-
fessor. Ele, professor, inserido num sistema maior
que a escola; participante (queira ou não) de to-
do um processo de relações, trocas e ajustamen-
tos, no qual a educação deve configurar o seu
papel.
O professor-gente, com suas necessidades, an-
seios e limitações. Até que ponto consciente de
sua própria saúde? Até que ponto consciente do
papel assumido, ou coerente com tal papel? Até
que ponto eficaz, em meio a tantos outros agen-
tes competidores e indutores da conduta de seus
alunos? Com que força para pretender mesmo
um simpleso fumar, quando as pessoas já vi-
vem sufocadas pela fumaça dos outros e envolvi-
das pelas sedutoras promessas da publicidade
dos cigarros? Ou ainda, com que poder para es-
tipular valor às práticas do asseio corporal, quan-
do as necessidades de alimento, de morada, de
segurança e de afetoo estão sendo atendidas?
Tais reflexões ressaltam uma outra dimensão da
realidade da saúde: à dimensão dada pelo con-
texto mais amplo, econômico-social e das insti-
tuições. A educação para a saúde pode revelar-
se tarefa das mais difíceis e desafiantes para o
professor, nem sempre capaz de ver as situações
em toda a sua complexidade.
As dificuldades encontradas na educação para a
saúde refletem todo um processo de movimentos
e de trocas entre o homem e seu meio.o as
mesmas dificuldades da vida. Ao admiti-lo, o pro-
fessor compreende que o desafio precisa ser acei-
to, mesmo com o risco de fracasso. Os resulta-
dos demorarão a mostrar-se.o dependem so-
mente de sua ação em uma relação linear com
os alunos, mas sim de modificações que possam
provocar no meio e nos fatores que geram e ali-
mentam os problemas de saúde.
Em "à procura da saúde" voltaremos a premissas
já descortinadas no decorrer dos textos anterio-
res, agora à luz do trabalho a que nos propomos.
Como denominador comum, apresentarão todas
elas um caráter evocativo e geral, cabendo ao pro-
fessor desenvolvê-las e propor outras.
Às gerações adultas competeo apenas asse-
gurar a saúde presente da criança mas também,
e principalmente, dar-lhe meios de encontrar suas
próprias soluções no esforço por viver com saú-
de.
O esforço pela saúde é necessário em todas as
atividades e em todos os momentos da vida.
Qualquer comportamento do homem repercutirá
a curto ou a longo prazo, direta ou indiretamente,
para bem ou para o mal, na sua saúde; a educa-
ção para a saúdeo pode, pois, ser concebida
dissociada da vida das pessoas, mas sim no con-
texto amplo das necessidades, desejos, sonhos e
potencialidades individuais; numa comunidade e
num ambiente, com suas relações e interações.
Saúde necessária, hoje e agora, para as respostas
de agora e para o provimento do amanhã.
A saúde do homemo se divide em comparti-
mentos distintos como o do "biológico", do "psí-
quico" e do "social". Cada indivíduo responde
às suas necessidades, aos estímulos do ambien-
te e aos agentes de doença, como um todo.
A saúde de cada indivíduo depende por sua vez,
de uma ou outra forma, da saúde dos outros que
o cercam. Qualquer relação de dominação ou de
expoliação do homem pelo homem é por exem-
plo lesiva à saúde da coletividade, assim como a
doença de uma pessoa terá sempre repercussões
sobre outras pessoas.
Da mesma forma, a saúde do homemo pode
ser assegurada fora da saúde do meio em que
vive. As transformações produzidas no ambiente
pela tecnologia, mesmo quando feitas com a in-
tenção de gerar benefícios, como as grandes bar-
ragens, a irrigação etc, sempre significam res-
ponsabilidades assumidas. Devastações, poluição
e explosões nucleares, entre outras,o ameaças
altamente presentes no mundo de hoje.
É arriscado e ineficiente situar a saúde apenas
em contraposição à doença. Esta é somente uma
pequena parcela perceptível da "não-saúde", es-
pecialmente para aqueles mais carentes em con-
dições de vida e educação. A maioria das pessoas
o consegue por exemplo, reconhecer a fome
crônica, o desemprego, a ansiedade, como doen-
ças.
A ação para a saúde é responsabilidade de to-
dos. Tanto é responsável pela saúde o agente de
vacinação como o professor, o empresário, como
o pai de família. A classe médico-farmacêutica,
por estar mais perto das ações curativas, tem si-
do investida com maior responsabilidade pelos
destinos da saúde das populações. Mas fica ca-
da vez mais evidente que sua responsabilidade
precisa ser compartilhada por outros setores téc-
nicos e por alguma forma de representação da
população. As ações especificas de alcance pre-
ventivo devem ser estimuladas e exigidas em to-
dos os setores da atenção à saúde.
Retomando algumas das idéias já enunciadas nos
textos da primeira parte, recordamos que qual-
quer aprendizado em saúde só se processará de
modo significativo na vigência de um mínimo de
condições, em especial:
que o professor e aluno caminhem juntos, da-
quele partindo toda uma coerência de vida e de
atitudes em relação a este. Tal coerência, em
saúde, supõe inclusive todo um trabalho pessoal
de revisão de conceitos, de hábitos etc;
que se possa levar em conta a realidade de
vida do aluno, num contexto de interesses, dese-
jos, linguagem e necessidades. De outra forma o
ensino se torna ineficaz e violento, pois o aluno
já traz para a escola, de seu mundo e de sua his-
tória, toda uma bagagem de experiência e
conhecimento que será o melhor (ou o único) ma-
terial utilizável numa formulação ou reformulação
de vida. Nesta bagagem encontram-se todas as
defesas naturais da espécie, inclusive muitas já
desenvolvidas, todas suscetíveis de aprimoramen-
to ou de reforço;
que jamais o professor se conforme de ser
um mero veiculador de informações, o que fatal-
mente redundaria em fracasso e descrédito para
o trabalho educativo. Folhetos, cartazes, cartilhas
e dizeres nunca fizeram educação em saúde; po-
dem ser no máximo simples instrumentos de li-
mitadas possibilidades. A transmissão de concei-
tos e informações elaboradas por outros, no nível
técnico-médicoo faz saúde, nem muda compor-
tamentos. A utilização de ameaças, coerções ou
medoo é compatível com a dignidade humana,
nem leva ao desenvolvimento da inteligência e da
competência para viver;
que o professor reconheça os limites da pró-
pria ação, para queo se venha a gerar uma ex-
pectativa falsa de resultados. As limitações à edu-
cação para a saúde, já ventiladas,o geralmen-
te decorrentes do meio ambiente do aluno e do
educador. Mudanças nesse nível, em geral, es-
capam à ação educativa imediata, mas podem ser
possíveis a prazos mais longos;
que o professor aceite que um certo nível de
ansiedade será praticamente inevitável em seu
trabalho pela saúde dos alunos,o apenas co-
mo resultado da própria expectativa, como das
tensões internas e externas que o envolvem.
Ao aluno, objeto de nosso trabalho, ao mesmo
tempo que um maravilhoso instrumento gerador
de saúde na comunidade, caberá a primazia da
ação. Do crescimento de seu corpo jovem, do
seu potencial genético, de seu caráter e de sua
interação saudável com o meio e com os outros
homens é que vai resultar a qualidade do esfor-
ço empreendido. De seu próprio trabalho, pode-
rá ele expandjr-se no reconhecimento do seu "eu"
crescendo co*mo ser humano, em busca da vida.
Caminhar com ele, já foi dito, numa relação de
respeito e diálogo. Descobrindo com ele, na me-
dida do possível, o mundo, as coisas, ele mes-
mo. Num exercício constante de sua atenção e
de sua sensibilidade. Sem maiores pretensões,
trabalhar com ele na descoberta da saúde, em sua
dimensão mais ampla, a partir de seu próprio con-
texto de vida, de seu corpo, de sua morada, das
coisas que tem para comer. Buscando com ele
reconhecer e enfrentar os perigos que o rondam,
revelando-lhe o trabalho pela vida.
Em destaque, como chamamento especial e final
desta Unidade, cabe lembrar que nas atividades
propostas para o trabalho dos alunos virá certa-
mente o melhor e mais rico instrumento educati-
vo. Apenas como sugestão final, embasada na
experiência anterior deste mesmo Programa, pro-
põe-se ao Professor que procure levantar em to-
das as atividades, paralelamente às tarefas espe-
cíficas, a crítica do que foi feito de modo a re-
sultar numa escolha, opção ou apreciação. O
exercício da crítica é educação para a saúde, na
medida em que solicita o Homem, no seu mais
digno e específico conteúdo de razão. A conse-
qüência imediata será, então, a abertura ao exer-
cício do ser, premissa maior da dignidade e da
saúde do homem.
Situação 3.1. ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA!
1.ª TAREFA:
Todos os dias, rádio, TV, jornais, revistas,o no-
tícias relacionadas com a saúde. Que tipo de no-
tícias estão sendo publicadas? Que assuntoso
mais discutidos?
Cada colega deverá:
retirar do BI o envelope SAÚDE É NOTICIA
com notícias de jornais e revistas;
ler algumas notícias sobre saúde e fazer um
resumo, por escrito, do assunto tratado;
trocar com os colegas alguns resumos e, a
seguir, discutir em grupo o assunto de cada
notícia;
tentar classificar as notícias. Por exemplo:
as que descrevem os perigos ou proble-
mas para a saúde em um determinado lo-
cal;
as que descrevem a ação do homem para
a defesa de sua saúde;
discutir com o professor e anotar a conclusão.
2.ª TAREFA:
Que notícias estão sendo comentadas pelas pes-
soas de sua casa, por seus amigos e vizinhos?
Em casa vocês deverão:
procurar em jornais e revistas da semana ou-
tras notícias sobre saúde; ler os artigos en-
contrados e fazer um comentário escrito;
tentar ouvir e ver notícias de saúde no rádio,
televisão e cartazes de rua; anotar as infor-
mações obtidas;
conversar com os pais, amigos, vizinhos so-
bre o assunto de algumas notícias; anotar a
opinião das pessoas.
Na sala de aula, o grupo poderá:
comentar as notícias que cada colega leu e
ouviu; discutir as opiniões das pessoas com
quem cada um conversou:
as notícias despertaram interesse nas pes-
soas? Por que? Houve diferentes interpre-
tações de uma mesma notícia? Por que?
fazer uma classificação das notícias, como na
tarefa anterior: quais notícias tratam mais de
perigos ou problemas para a saúde? Quais
notícias falam mais da ação para a defesa
da saúde?
Discutir com o professor e anotar a conclu-
são.
3.ª TAREFA:
1) Que você achou da leitura e discussão das
notícias?
2) As notícias que vocês leram estavam mais
relacionadas à saúde ou à doença?
3) Qual o significado da divulgação de notícias
sobre saúde?
4) Entre as informações divulgadas pelos diver-
sos meios de comunicação, pode-se encontrar
estímulos a práticas prejudiciais à saúde? Dar
exemplos.
5) Há divulgação de problemas de saúde exis-
tentes na sua área? Por que?
Cada colega deverá:
responder por escrito às perguntas acima;
ler e discutir as respostas com os colegas de
grupo;
discutir com o professor e anotar a conclu-
são.
4.ª TAREFA:
Em grupo preparar um relatório com as conclu-
sões finais e apresentar os resultados para a tur-
ma se houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas com:
nome da situação e da unidade;
nomes dos participantes do grupo e série.
Situação 3 2. FUMAR, POR QUE?
1.ª TAREFA:
1) Por que as pessoas fumam?
2) Fumar faz mal à saúde? Por que?
3) Qual a relação entre o fumo e doenças pul-
monares?
4) Qual a relação entre o fumo e doenças cir-
culatórias?
5) A fumaça de cigarros em ambientes fechados
prejudica as pessoas queo fumam?
Cada colega deverá:
responder por escrito às perguntas acima;
ler e discutir as respostas com os colegas do
grupo.
Agora, o grupo poderá:
retirar a ficha-informativa FUMO E SAÚDE,
arquivada no BI;
ler e discutir as informações novas;
registrar a opinião do grupo sobre o fumo e
suas conseqüências;
discutir com o professor.
2.ª TAREFA:
Será interessante entrevistar algumas pessoas pa-
ra saber suas opiniões e conhecimentos sobre o
hábito de fumar. Para isso, o grupo deverá divi-
dir-se em 3 subgrupos:
um subgrupo entrevistará pessoas que fumam;
um subgrupo entrevistrá pessoas queo fu-
mam;
um subgrupo entrevistará um ou mais médicos.
O subgrupo encarregado de entrevistar pes-
soas que fumam, poderá fazer entre outras,
as seguintes perguntas:
Por que você fuma?
Com que idade começou a fumar?
Quantos cigarros você fuma por dia?
Quanto lhe custa isso?
Você acha que o cigarro pode afetar a sua
saúde? Por que?
Você sente que o fumo, de alguma forma,
já está lhe prejudicando? (se responder
sim, perguntar: Como? Por que?)
Você acredita que toda informação sobre
fumo e saúde é verdadeira? Por que?
Você conseguiria parar de fumar? Por que?
O subgrupo encarregado de entrevistar as
pessoas queo fumam, poderá fazer, entre
outras, as seguintes perguntas:
A seu ver, quais as razões que levam as
pessoas a fumar?
Você já fumou alguma vez? (se responder
sim, perguntar: por quanto tempo fumou?
e por que parou?)
Você acha que o cigarro prejudica a saú-
de? Por que?
Você acha que a fumaça do cigarro pre-
judica as pessoas queo fumam?
O subgrupo encarregado de entrevistar algum
médico, deverá preparar com antecedência
as perguntas de maior interesse e relativas
às dúvidas do grupo para complementar o
presente estudo sobre o fumo.
Pedir orientação ao professor,. se neces-
sário.
3.ª TAREFA:
Cada subgrupo deverá:
fazer a apuração dos questionários aplicad09
de acordo com as respostas obtidas, da se-
guinte maneira:
Exemplo:
1.
a
QUESTÃO: Por que você fuma?
Respostas Obtidas
Por que gosto . . .
Por que me acalma .
o sei por que . .
Etc
N.° de pessoas
que responderam
2
1
3
discutir e analisar os resultados da apuração
e anotar a conclusão a que chegaram;
discutir com o professor.
4.ª TAREFA:
O grupo reunido poderá:
apresentar e discutir os resultados obtidos
pelos subgrupos, tendo em vista principal-
mente:
os argumentos com que as pessoas justi-
ficam o hábito de fumar;
os argumentos sobre os direitos das pes-
soas queo fumam;
os argumentos médicos sobre o fumo e
suas conseqüências;
anotar a conclusão do grupo;
discutir com o professor.
5.ª TAREFA:
Em casa cada colega deverá:
procurar propagandas de cigarros em revis-
tas, cartazes etc;
se for possível, colar cada propaganda em
uma folha de papel, fazer um comentário e
levá-lo para discussão em classe.
Agora o grupo poderá:
analisar as propagandas reunidas pelos cole-
gas e responder:
você concorda com as idéias apresenta-
das nas propagandas? Por que?
que existe de comum em todas as propa-
gandas de cigarro? Por que?
de que modo as propagandas influenciam
as pessoas? Por que?
Discutir as respostas com o professor e ano-
tar a conclusão.
6.ª TAREFA:
O grupo deverá:
fazer um relatório com as conclusões finais e
apresentar os resultados para a turma, se
houver oportunidade.
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas com:
nome da unidade e da situação;
nomes dos participantes do grupo e a série.
Situação 3.3. PODE-SE PREVENIR UMA
DOENÇA?
1.ª TAREFA:
1) Que você sabe sobre o câncer?
2) O que provoca o câncer? Por que?
3) Que você sabe sobre os meios de evitar e de
tratar o câncer?
Agora você poderá:
responder por escrito às perguntas acima;
em grupo, ler e discutir as respostas de ca-
da colega;
anotar a opinião do grupo sobre o assunto.
2.ª TAREFA:
Cada colega poderá:
conversar com algumas pessoas da localida-
de para saber o que elas pensam sôbre o
câncer;
anotar a opinião das pessoas;
em grupo, discutir as opiniões das diversas
pessoas e compará-las com a opinião inicial
do grupo sobre o assunto.
O Grupo poderá:
Retirar do BI a ficha-informativa CÂNCER e
verificar os Serviços de Saúde da localidade
que poderão ser visitados pelo grupo, para
uma pesquisa;
no Serviço de Saúde indagar, entre outras
coisas:
Qual a incidência de câncer na localida-
de?
Quais os tipos de câncer mais comuns em
homens? E em mulheres?
Quais as primeiras manifestações do cân-
cer?
Qual a importância da identificação do
câncer no seu estágio inicial?
Existe algum programa de prevenção do
câncer na localidade?
As pessoas utilizam esse Serviço? Por
que?
Anotar todas as informações fornecidas pelo
Serviço;
em sala, reunir todos os dados e preparar
uma nova ficha-informativa sobre o câncer
com as informações dos órgãos de saúde
locais.
3.ª TAREFA:
O grupo deverá:
retirar do BI a ficha-informativa PREVENÇÃO
DO CÂNCER;
ler e discutir as informações da ficha;
comparar as informações novas com os co-
nhecimentos anteriores do grupo;
registrar a conclusão final.
4.ª TAREFA:
Em grupo, preparar um relatório com os resulta-
dos das tarefas, a opinião final do grupo sôbre o
assunto e algumas sugestões sobre as formas de
prevenção do câncer.
Observação: arquivar no BI o relatório e as tare-
fas desenvolvidas com:
nome da situação e da unidade;
nome dos participantes do grupo e série.
Situação 3.4. MÃOS A OBRA!
1.ª TAREFA:
Vamos dar uma olhada no que já foi feito pela
turma?
O grupo poderá:
retirar do BI os relatórios finais de cada situa-
ção estudada;
ler e interpretar as tarefas desenvolvidas e as
conclusões de cada relatório;
comparar, em cada relatório, as idéias inicial-
mente expressas pelos colegas (em geral na
1.
a
tarefa da situação de estudo) com as con-
clusões finais: em quais situações houve evo-
lução de conhecimentos? Como? Por que?
Anotar os resultados desse estudo compara-
tivo;
à partir dos relatórios, tentar classificar as si-
tuações segundo as unidades MORADA, ALI-
MENTOS e DEFESAS, e, explicar porque ca-
da situação está mais relacionada a uma de-
terminada unidade;
procurar estabelecer relações entre as situa-
ções de cada unidade; depois procurar rela-
ções entre as situações das diferentes unida-
des; anotar os achados;
responder:
Que relações existem entre as situações
estudadas e a nossa saúde?
Que todo esse estudo tem a ver com a
saúde das pessoas do lugar onde mora-
mos?
Que modificações ocorreram a partir des-
se trabalho em nosso modo de pensar, ver
e julgar o meio em que vivemos?
Discutir com o professor e registrar as con-
clusões.
2.ª TAREFA:
Que trabalhos estão sendo desenvolvidos no mo-
mento pela classe?
Cada colega poderá:
conversar com colegas de outros grupos pa-
ra informar-se dos tipos de trabalho que es-
o sendo desenvolvidos; anotar as informa-
ções obtidas;
indagar a um dos grupos de colegas que re-
lações existem entre a situação ora em es-
tudo e as outras já estudadas, cujo tema o
grupo conhece; anotar as respostas;
discutir com os companheiros de um dos gru-
pos sobre o significado desse tipo de estudo
para a vida e a saúde de cada um; anotar as
conclusões;
indagar aos colegas se já experimentaram al-
guma evolução tanto nos seus conhecimen-
tos como nos comportamentos, a partir do es-
tudo das situações; anotar as opiniões.
O grupo poderá:
reunir todos os dados obtidos na primeira
etapa desta tarefa;
discutir e analisar cada informação obtida,
quanto:
ao tipo de trabalho: qual o assunto da si-
tuação? A que unidade pertence? Quais
as maneiras adotadas para o seu estudo?
às relações entre as situações: que rela-
ções existem entre as situações de uma
mesma unidade? Que relações podem ser
estabelecidas entre as situações das dife-
rentes unidades?
às relações entre o trabalho desenvolvido
e a saúde: qual o significado das unida-
des ALIMENTOS, MORADA, DEFESAS
para o estudo de saúde? Qual o significa-
do da aprendizagem em saúde?
comparar as opiniões dos colegas dos outros
grupos com as interpretações do próprio gru-
po apresentadas na 1.
a
tarefa; registrar as di-
ferenças encontradas;
discutir com o professor e anotar as conclu-
sões.
3.ª TAREFA:
Que temos a fazer daqui para frente?
O grupo poderá:
reler os relatórios de cada uma das situações
estudadas pela turma e retomar as informa-
ções obtidas durante as conversas com os
colegas para tentar fazer uma síntese do tra-
balho desenvolvido pela turma, prestando
atenção:
às situações em que foram estudados fa-
tos relacionados à experiência de vida de
cada um;
às situações em que se estudaram proble-
mas de saúde locais;
às situações em que o tema de estudo
permitiu uma maior compreensão da con-
dição de vida e saúde das pessoas da lo-
calidade.
Agora o grupo poderá:
discutir as seguintes questões:
Que precisamos fazer para a defesa de
nossa saúde e da saúde das pessoas da
localidade? Que cada um des pode fa-
zer? Que pode ser feito pela coletivida-
de?
Que precisamos ainda estudar para po-
dermos participar mais ativamente do tra-
balho pela saúde?
Escrever as propostas de ação para a saúde
e dar idéias de novas situações de estudo.
Depois reunir todas as sugestões do grupo, apre-
sentá-las à classe e fazer dessa atividade um mo-
tivo comum de constante trabalho pela saúde.
Vamos?
Mãos à obrai
Aplicação prática
Orientação preliminar:
A realização das tarefas sugeridas nas situações
ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! FUMAR, POR
QUE? PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA? MÃOS
A OBRA! possibilitará aos alunos a compreen-
o de alguns conceitos contidos no texto 3: O
HOMEM E SUAS DEFESAS. Este texto, além de
conter aberturas à elaboração de novas situa-
ções, servirá para o professor orientar os alunos
que escolheram umas ou outras apresentadas no
diagrama da unidade AS DEFESAS DO HOMEM.
No banco de informações (BI), os alunos deverão
encontrar as tarefas de cada situação escolhida
e o material necessário para desenvolvê-las.
Na situação ATENÇÃO: SAÚDE É NOTICIA! os
alunos poderão trabalhar com notícias sobre saú-
de, publicadas em jornais, revistas etc; conver-
sar com várias pessoas sobre o assunto noticia-
do e discutir o significado da sua divulgação, pa-
ra a defesa da saúde.
O professor poderá discutir com os alunos para
perceber como interpretam as diversas informa-
ções, propondo novas questões que os ajudem a
ampliar as suas idéias e a descobrir o significado
da situação em estudo no conjunto da unidade AS
DEFESAS DO HOMEM.
Na situação FUMAR, POR QUE? os alunos deve-
o dizer o que pensam sobre o fumo; estudar
algumas informações relativas ao assunto; entre-
vistar três grupos de pessoas: as que fumam, as
queo fumam e alguns médicos; discutir os ar-
gumentos de cada um dos grupos; e finalmente,
analisar o conteúdo das propagandas de cigarros.
O professor eventualmente discutirá com os alu-
nos a fim de saber o que pensam sobre as con-
seqüências do fumo para a saúde, e, deverá
questioná-los de modo a que eles possam esta-
belecer relações entre o fumo e a saúde, toman-
do por referência a ficha-informativa. Observará
ainda, as interpretações dos alunos sobre o con-
teúdo da publicidade a respeito de cigarros, e in-
tervirá, para chamar a atenção quanto aos pon-
tos comuns entre os diversos tipos de propagan-
da: apelos ao poder, ao sucesso etc.
Na situação PODE-SE PREVENIR UMA DOENÇA?
os alunos deverão dizer o que sabem sobre o cân-
cer; investigar o que as pessoas da localidade
pensam sobre a doença; fazer uma pesquisa nos
Serviços de Saúde locais; finalmente, ler e discu-
tir algumas informações sobre a prevenção do
câncer.
O professor deverá discutir com os alunos a di-
mensão do problema do câncer na localidade.
Poderá, ainda, propor questões que os levem a
pensar na prevenção, de uma maneira geral, co-
mo uma das possíveis ações para a saúde.
Na situação MÃOS A OBRA! os alunos deverão
fazer uma síntese de todo o trabalho desenvolvi-
do pela turma, estudando os relatórios já concluí-
dos e conversando com os colegas que estão tra-
balhando em outras situações. Tendo uma visão
geral do Programa e seus resultados, os alunos
poderão sugerir novas situações de estudo e tra-
çar alguns projetos de ação para a saúde na lo-
calidade, além de discutir os resultados com to-
da a turma.
Se um dos maiores problemas de saúde identifi-
cados na localidade estiver relacionado com as
doenças parasitárias ou deficiências nutricionais,
por exemplo, o grupo poderia pensar na necessi-
dade de se incluir, no Programa, tópicos de estu-
dos referentes à: tecnologia simplificada e diver-
sificada de saneamento básico (água e esgoto)
adaptada às condições naturais (tipo de solo, cli-
ma, regime de chuvas, coleções de água), e às
condições econômicas. E, além disso, pensar
também em projetos tais como a organização de
associações, grupos de vizinhanças, cooperativas,
mutirões, para: investigar as soluções alternativas
quanto aos problemas de saúde locais e trabalhar
na prevenção de doenças, através da vacinação,
da melhoria da nutrição e da habitação.
O professor notará que a situação MÃOS À OBRA!
foi planejada para classes em que as três unida-
des (Alimentos, Morada, Defesas) estão sendo
aplicadas simultaneamente (ver UM PROGRAMA
DE SAÚDE PARA AS ESCOLAS DE 1.° GRAU), e
em que os grupos de alunosm tendo oportuni-
dade de fazer mais de uma escolha, isto é, de
desenvolver mais de uma situação.
Se o professoro tiver optado pelo desenvolvi-
mento simultâneo das três unidades e nem possi-
bilitado aos grupos de alunos o estudo de mais
de uma situação, deverá fazer algumas modifica-
ções, de modo a adaptá-la ao seu caso.
O estudo dessa situação será iniciado após a 2.
a
ou 3.
a
opção dos alunos e poderá dar melhores
resultados se a equipe que a escolher for cons-
tituída de elementos provenientes dos diferentes
grupos da sala.
O professor ajudará, criando condições para o de-
senvolvimento de todas as tarefas, e participando
da apresentação final do grupo, como coordena-
dor dos debates. As propostas apresentadas as-
sim como a sua discussão em classe podem cons-
tituir para o professor importante instrumento de
avaliação do Programa, quando, então, poderia
perguntar-se a si próprio:
Até que ponto os meus alunos ampliaram seus
conhecimentos sobre a saúde?
Até que ponto experimentaram novos modos
de ver e julgar a realidade em que vivem?
Quais foram as conseqüências dessas trans-
formações?
Qual o meu desempenho como professor du-
rante a aplicação das situações?
Que atitudes desenvolvi?
Que atitudes poderia ter desenvolvido?
DIAGRAMA DAS SITUAÇÕES
Informações do BI:
No banco de informações, os alunos deverão en-
contrar as fichas-listas das tarefas das situações
escolhidas e o material necessário para desenvol-
vê-las.
No tocante à situação ATENÇÃO: SAÚDE É NO-
TICIA! será utilizado o seguinte material: notícias
relacionadas com as situações de estudo deste
Programa, que o professor deverá procurar em
jornais, revistas etc. e reuni-las em um envelope.
Para o desenvolvimento da situação FUMAR, POR
QUE?, será necessária a ficha-informativa FUMO
E SAÚDE, apresentada a seguir:
Ficha-informativa: FUMO E SAÚDE
I O HABITO DE FUMAR, A INDÚSTRIA DO
TABACO E A SAÚDE EM NOSSA
SOCIEDADE
Até o começo do século XXo havia grande con-
sumo de cigarros e esteso constituíam amea-
ça à saúde pública. O tabaco era consumido prin-
cipalmente por homens, em forma de charutos, de
fumo para mascar ou para cachimbo, de rape pa-
ra cheirar. O cigarro se impôs como grande arti-
go de consumo depois do automóvel, do avião
e do telefone. O índice de aumento da produção
foi constante até 1950 quando vieram a público
as primeiras suspeitas sobre os prejuízos para a
saúde que se associam ao hábito de fumar cigar-
ros. Mas, só em 1962 as autoridades britânicas
declaram oficialmente que o cigarro prejudica a
saúde contribuindo para o aumento de câncer no
pulmão, do enfisema e da bronquite pulmonares
e de doenças cardiovasculares. Em 1964, o Ser-
viço de Saúde Pública dos Estados Unidos divul-
gou o relatório do Comitê nomeado pelo Presiden-
te Kennedy com aprovação da comunidade cien-
tífica e da indústria do fumo. O relatório foi taxa-
tivo: o hábito de fumar cigarros é prejudicial à
saúde. A partir de então, a população americana
tem sido advertida do fato, pela inscrição obriga-
tória daquela frase nos maços de cigarros. O Go-
verno continuou a apoiar a produção de tabaco e
a receber impostos, mas deixava a critério do ci-
dadão tomar medidas de segurança para a sua
própria saúde. A Inglaterra proibiu a propaganda
de cigarros e a Itália mesmo sendo detentora do
monopólio estatal do fumo em seu território, se-
guiu seus passos. Os países escandinavos au-
mentaram os impostos tornando o cigarro mais
caro. Todas as pesquisas científicas quem sen-
do feitas desde então reiteram os achados ante-
riores e descobrem fatos novos, mas há ainda
pontos obscuros. Um dos fatos recentes é de que
oso fumantes que inalarem a fumaça dos ci-
garros dos fumanteso também muito prejudi-
cados, pelos fenóis e piridinas nela contidos. Os
governos de vários paísesm tomado medidas
para assegurar o direito doso fumantes proi-
bindo o fumo em lugares públicos e em transpor-
tes. Paism sido alertados parao exporem
suas crianças, no ambiente doméstico, à fumaça
de cigarros. Já há evidências de que o monóxi-
do de carbono contido na fumaça de cigarro di-
minui a capacidade do sangue distribuir oxigênio.
A Associação de Segurança deo dos Estados
Unidos, a partir desse conhecimento, exigiu que
na cabine de pilotoso haja fumaça de cigarro,
pois a capacidade destes, em responder aos de-
safios de uma emergência, poderia estar debilita-
da pela diminuição da distribuição de oxigênio
em seus organismos. Além disso, as Companhias
de Aviação fazem um apelo aos pilotos para dei-
xarem de fumar ao menos*quatro horas antes do
vôo.
As investigações indicam:
há relação entre o número de cigarros fuma-
dos por dia e a incidência de câncer no pul-
mão;
o risco de câncer do pulmão é bem menor pa-
ra os fumantes de charutos e cachimbos con-
tanto queo inalem a fumaça. Mas o risco
de tumores da boca, da traquéia, da laringe
e do esôfago persiste para fumantes de cha-
rutos e cachimbos; aumenta muito se a pes-
soa além disso consome excessivamente
álcool;
o risco de câncer do pulmão aumenta propor-
cionalmente ao consumo de cigarro: quanto
mais jovem é o indivíduo quando começa a
fumar e a inalar mais profundamente a fuma-
ça, mais elevado é o risco;
fumar cigarros de filtro reduz o risco para a
saúde;
os efeitos do hábito de fumar quando se com-
binam com outros fatores de risco de doen-
ças das artérias coronárias tais como a pres-
o alta, o elevado nível de colesterol e a obe-
sidade parecem ser ainda maiores do que o
efeito de cada um dos diferentes fatores de
risco considerados por separado;
o fumo ó fator de agravamento da saúde de
pessoas com tendências à úlcera gástrica;
a mulher grávida que fuma pode prejudicar
o feto impedindo o seu desenvolvimento ple-
no;
a ingestão de contraceptivos orais pela mu-
lher fumante pode aumentar o risco de pre-
juízos ao seu sistema circulatório;
os riscos regridem se a pessoa deixar de fu-
mar.
No plano político-econômico, muitos países es-
o computando os benefícios e os malefícios do
hábito de fumar:
a agroindústria do tabaco, a manufatura, distri-
buição e propaganda de cigarros envolvem
considerável parcela de mão-de-obra de mui-
tas regiões em valor importante na econo-
mia;
os danos provocados pelo fumo à saúde da
população acarretam despesas médicas, hos-
pitalares, farmacêuticas. Faltas ao serviço, in-
validez temporária, diminuição da energia vi-
tal e morte prematura debitam pesados ônus
sociais e econômicos;
os governos nacionais e locais arrecadam
quantias significativas para sua economia de
impostos sobre o fumo.
No plano médico-científico investigam-se a exten-
o dos prejuízos à saúde e os aspectos químico-
físicos da queima do tabaco em diferentes tipos
de cigarro, procurando uma conciliação dos inte-
resses econômicos com a defesa da saúde, mas
até o presente momentoo há nada que tenha
surgido como alternativa.
A nicotina é responsável pelo aumento do ritmo
do coração, da pressão sangüínea e da velocida-
de da contração miocárdia. Age sobre o sistema
nervoso autônomo.o se sabe como é o papel
do fumo na gênese das doenças cérebrovascula-
res (derrame, arteriosclerose e outras) mas há
evidência de que o fumo aumenta o fluxo sangüí-
neo no cérebro e diminui a resistência cerebro-
vascular. O alcatrão contido no fumo ó respon-
sável pelas alterações no aparelho respiratório.
Além das substâncias presentes no fumo consta-
tou-se que o grau de calor produzido pela quei-
ma do tabaco também influi e explica as diferen-
ças do risco em se fumar cigarro, charuto e ca-
chimbo ou "narguilé" (ver item II desta ficha).
A educação da população dirige-se principalmen-
te aos jovens queo adotaram ainda o hábito de
fumar, e secundariamente aos já fumantes para
que abandonem o hábito. Conteúdos ameaçado-
res nos textos de esclarecimentos a população
o têm-se mostrado eficazes em conseguir que
fumantes deixem de fumar. A informação séria e
científica tem sensibilizado maior número de pes-
soas para que adotem comportamentos de defe-
sa à sua saúde. A classe módica é a que tem agi-
do mais significativamente para se afastar do fu-
mo: médicos ingleses, canadenses e americanos
acima de 40 anos constituem um dos grupos que
apresenta maior índice de abandono do antigo-
bito e entre os jovens, o maior índice deo fu-
mantes .
Il DOS MALEFÍCIOS DO FUMO
Ruy Fariao Paulo, SP
"Reacende-se a campanha contra o fumo em toda
parte. Entres o Exmo. Sr.. Ministro da Saú-
de, Dr. Almeida Machado, apesar de fumante,
apoiou publicamente medidas tendentes a limitar
a publicidade do fumo e do álcool. Nos Estados
Unidos a American Câncer Society acusou o Con-
gresso deo proteger o povo norte-americano
do perigo representado pelo fumo.o resta-
vida de que ambos estão certos: é preciso redu-
zir o consumo de cigarros por todos os meios,
pois os médicos conhecem bem os malefícios do
vício de fumar.
Convenhamos porém que, como todo vício, o fu-
mo é muito difícil de ser abandonado; sou insus-
peito para falar, porque fumei por longos anos e
deixei há cerca de 10 anos apenas. Além do mais,
conviria realmente que todos deixassem de fumar?
Raciocinemos: sem falar no desequilíbrio agríco-
la e comercial que isto implicaria, analisemos a
conduta do fumante em si. Além do desejo Ini-
cial de auto-afirmação na jovem e no rapaz, o fu-
mo logo se transforma num vício, isto é, numa
compulsão. Ora, as compulsõeso mecanismos
que o ego tem de defender-se contra a ansieda-
de, que é, como se sabe, mortífera. Privado do
fumo a pessoa irá fatalmente apegar-se ao álcool
e a outros tóxicos; portanto, "dos males, o me-
nor"
Será o fumo um mal menor? Vejamos. É preciso
distinguir três maneiras diferentes de fumar: a) de
maneira social, esporádica, apenas; b) como um
vício moderado, queo chega a atingir 10 ou
20 cigarros por dia; c) de maneira neurótica, a do
grande viciado, que acende um cigarro no outro
e come e dorme fumando. Estes últimoso os
grandes candidatos ao câncer do pulmão, como
é sabido. Além do mais, já faz cerca de 17 anos
que o Instituto Sloan Kettering para Pesquisa do
Câncer, de Nova York, publicou um relatório mui-
to interessante para seus associados e acionis-
tas. Distinguia ali também três maneiras de fu-
mar, mas eram diferentes das já citadas: a) fuma-
dores de cigarros; b) fumadores de charutos; c)
fumadores de cachimbos. O Instituto Sloan Kette-
ring, já naquela época, estava impressionado com
o fato de que as estatísticas médicas apontavam
o cigarro como indiscutível fator etiológico do
carcinoma broncogênico do pulmão em grandes
fumantes, maso o charuto nem o cachimbo
Por que? Convinha investigar. Foi o que o Insti-
tuto fez.
A análise química revelou alto teor de betafenan-
treno, volátil e solúvel cancerígeno para o camun-
dongo, na fumaça do cigarro, maso na do cha-
ruto ou do cachimbo. Já estava aí uma diferen-
ça notável. A primeira idéia que ocorreu foi que
a causa estivesse no papel, pois tabaco todos três
queimam. O papel de cigarros foi queimado ex-
perimentalmente eo produziu betafenantreno.
Qual poderia ser uma outra diferença? De pesqui-
sa em pesquisa descobriram uma outra, e notável
também: a temperatura da brasa. No cigarro ela
é de cerca de 650 graus centíarados; no charuto
e cachimbo, é da ordem de 450 graus; cerca de
200 graus de diferença! Faltava então a prova de-
cisiva: os cientistas queimaram experimentalmen-
te o tabaco nas duas temperaturas: a 650°C hou-
ve grande produção de betafenantreno. O passo
seguinte foi testar todos os filtros e piteiras filtran-
tes existentes no mercado dos Estados Unidos;
nenhum deles revelou o betafenantreno, que é al-
tamente volátil e difusivel. Como é também alta-
mente solúvel em água, só piteiras úmidas o re-
têm, como as do "narguilé" dos árabes, que la-
vam a fumaça com água antes de aspirarem-na
Emo Paulo, um jovem da colônia síria paten-
teou uma piteira-filtrante com água, que retinha
todo o betafenantreno, segundo atestado do Ins-
tituto Adolfo Lutz publicado em todos os jornais
da época. Infelizmente, seu usoo se generali-
zou, como era de desejar. É digno de menção
aqui que o câncer do pulmãoo acomete os fu-
madores de "narguilé".
Desse modo, em que ficámos? "Fumar ouo fu-
mar?", eis a questão, como diria o príncipe da
Dinamarca. Depois que o Instituto Sloan Kettering
publicou seu relatório, o Congresso Americano
obrigou os fabricantes de cigarros a inscrever nos
maços "que o produto pode fazer mal à saúde",
o fazendo o mesmo com os charutos e cachim-
bos, é claro. Foi considerável também o número
de pessoas, inclusive mulheres, que mudaram do
cigarro para os outros tipos de tabaco, embora
menos elegantes. O Instituto Sloan Kettering des-
cobriu ainda uma outra coisa interessante: se o
cigarro for fabricado bem grosso (como um cha-
ruto) a temperatura da brasa cai para 450°C e o
betafenantreno desaparece; mas o cigarro grosso
é deselegante eo encontra público feminino ou
masculino. O Instituto tinha esperanças que a
Química descobrisse uma substância que, sem
ser cancerígena, misturada ao fumo, baixasse a
temperatura da brasa dos cigarros para 450°C,
mas essa substância aparentemente até hoje ain-
dao foi descoberta.
Resta portanto, para os cautelosos, mudar para o
cachimbo, que é elegante e perfumado ou para o
charuto (nem uma cousa, nem outra), mas apa-
rentementeo para as cigarrilhas, que também
o elegantes maso finas e possivelmentem
brasa quente, produtora de betafenantreno.
Para terminar, com betafenantreno ou sem beta-
fenantreno, uma cousa que é preciso verberar ve-
ementemente é o fumar inveterado das mulheres
durante toda a gravidez, como se vê com tanta
freqüência nos dias de hoje. O resultadoo
crianças de baixo peso, queo sobrevivem e que
enchem de trabalho inútil nossos berçários. Que-
rem fumar? que fumem à vontade;o somos
contra, como se viu até aqui; mas fora da gravi-
dez, que diabo! Durante a mesma é crime, quer-
nos parecer".
(Texto extraído do Jornal da Assoc. Médica
Brasileira JAMB)
Para o desenvolvimento da situação PODE-SE
PREVENIR UMA DOENÇA? será necessário o se-
guinte material:
ficha-informativa CÂNCER, que o professor
deverá providenciar com os seguintes dados:
nome, endereço e horário de atendimen-
to dos Serviços de Saúde que os alunos
visitarão para uma pesquisa sobre o cân-
cer.
A fim de preparar essa ficha, o professor entrará
previamente em contato com os serviços de Saú-
de locais e informar-se-é em qual deles os alunos
poderão obter dados sobre o câncer.
Ficha-informativa PREVENÇÃO DO CÂNCER,
apresentada a seguir:
Ficha-informativa: PREVENÇÃO DO CÂNCER
"As células do corpo humano, em termos gerais
o como tijolinhos que constituem os organis-
mos vivos, sofrem constante renovação, sendo
substituídas por novas células com finalidades
próprias e dentro de um controle natural regido
por leis biológicas. Esta renovação de células
destina-se principalmente a substituir células mor-
tas, bem como a cicatrizar ferimentos.
O câncer, de difícil definição, pode ser descrito
como uma desordenada multiplicação de células
que foge ao controle do organismo, eo tem
função de substituição de células mortas, nem de
cicatrização de ferimentos.
Fig. 88-CÂNCER REPRODUÇÃO CELULAR:
ORDEM E DESORDEM
CRESCIMENTO NORMAL CRESCIMENTO ANORMAL
(1) tecido normal, mostrando
talha
(2) as células se dividem or-
denadamente
(2) a desordenada multiplica-
ção das células
(3) a divisão celular completa
o tecido
(3) o câncer se aiaslra, den-
tro do tecido
O corpo humano é composto por diferentes tipos
de tecidos. Se um deles se rompe, e ferido por
exemplo, as células vizinhas se dividem para
preencher a falha Quando ocorre uma reprodu-
ção desordenada, surge o câncer.
Estas células cancerosas possuem algumas par-
ticularidades que as diferenciam das células nor-
mais, sendo principalmente a "autonomia", isto
é, multiplicam-se continuamente, mesmo na au-
sência do agente que deu início a esta multipli-
cação. Como crescem continuamente, penetram
nos órgãos vizinhos, como as patas do caran-
guejo na areia.
Assim, quando uma pessoa se queima ou se fe-
re com uma faca, por exemplo, as células vizi-
nhas, queo foram machucadas, multiplicam-se
até recobrirem e cicatrizarem a ferida. Depois dis-
so a multiplicação das células pára. No câncer, a
multiplicação continua, atuando como parasita que
vive às custas do organismo hospedeiro.
O tempo necessário para que uma célula normal
se transforme em célula cancerosa, de um modo
geral, é bastante longo, podendo levar vários
anos. Para que esta transformação aconteça, é
necessário que as células normais sofram uma
série de provocações mecânicas (atritos, machu-
caduras etc.) físicas (irradiações por raio X, por
raios ultravioleta, por bombas atômicas, por me-
tais radiativos, queimaduras), ou químicas (alca-
trão do cigarro, derivados das anilinas e coran-
tes, derivados do petróleo e dos motores de auto-
móveis, fumaça das fábricas, ação de inseticidas
etc). A atuação dessas substâncias deve ser pro-
longada e repetida para a formação da célula
cancerosa.
Como estas transformações levam bastante tem-
po, temos a oportunidade de prevenir o câncer,
procurando descobrir células que estão sofrendo
transformações. Isto é possível em todos os ór-
gãos externos. Esta é a razão por que as pessoas
devem ir periodicamente (uma vez ao ano) ao seu
médico, para fazer um exame preventivo. Exis-
tem vários centros médicos destinados à preven-
ção do câncer feminino.
Com a contínua evolução da ciência, em breve
seremos capazes de realizar a prevenção do cân-
cer em vários órgãos.
De outra parte, quando o câncer começa a se de-
senvolver pode assumir a forma de um caroço ou
ferida, que cresce eo cicatriza. Na maior
parte das vezeso doem e podem passar des-
percebidos. A maneira que temos de encontrar
esses cânceres iniciais, além de irmos ao consul-
tório dos médicos, constitui-se em nos examinar-
mos as mesmos, à procura de caroços que
aparecem e feridas queo cicatrizam. De um
modo geral, estas manifestações podem ser de-
vidas a outras doenças. Se for câncer, entretan-
to, ele será curado se for descoberto e tratado no
seu início".
(Texto preparado por um grupo de técnicos
da Divisão Nacional do Câncer MS com a
participação de médicos e professores do
RGS)
Para o desenvolvimento da situação MÃOS A
OBRA! o material a utilizar serão os relatórios fi-
nais das situações que já foram estudadas pelos
diversos grupos de alunos.
DOCUMENTAÇÃO DE APOIO
I - Ecologia e Saúde:
Il - Saúde Pública,
Parasitologia e Microbiologia:
1. DORST, Jean Antes que a natureza mor-
ra.o Paulo, Editora Edgard Blucher/
Editora da USP, 1973, 432 p.
2. AGUESSE, Pierre Chaves da Ecologia.
Rio de Janeiro, Editora Civilização Bra-
sileira. 1972, 138 p.
3. Biological Science Curriculum Study (BSCS).
Ecologia. Versão Verde. Vols. I e II.
o Paulo, EDART. Livraria Editora da
Universidade deo Paulo, 256/198 p.
4. CÂNDIDO, Procópio Ferreira de Camargo e
outros Crescimento e Pobreza.o
Paulo, Edições Loyola, 1976, 158 p.
5. FERRI, Mário Guimarães Ecologia o Po-
luição.o Paulo, Coleção Prisma. Edi-
tora Melhoramentos/Lrvraria Editora da
Universidade deo Paulo.
1. REY, Luiz Manual de Parasitologia. Rio
de Janeiro, Editora Guanabara Koogan.
2. VERONESI, R. Doenças Infecciosas e Pa-
rasitárias. Guanabara-Koogan, Ed. Rio de
Janeiro, 6.
a
Ed., 1976.
3. PESSOA, S. B. e VIANNA MARTINS, A.
Parasitologia Médica. Guanabara, Ed.
Rio de Janeiro, 10.
a
Ed., 1976.
4. LACAZ, Carlos da Silva e outros Introdu-
ção à Geografia Médica do Brasil.o
Paulo, Editora Edgard Blucher/Editora
da USP, 590 p.
5. CARRERA, Messias Entomologia para vo-
.o Paulo, EDART, Livraria Edito-
ra da Universidade deo Paulo, 185 p.
6. STANIER, Roger y DOUDOROFF, Michael
Mundo dos Micróbios.o Paulo, Edi-
tora Edgard Blucher, Editora da USP,
1969, 742 p.
7. LEAVELL, H. & CLARK, E. G. Medicina
Preventiva. Rio de Janeiro. Editora Mc
Graw Hil! do Brasil Ltda./MEC.
8. DIAS, E. e DIAS, J. C. P. Doenças de
Chagas Noções. Serviço Nacional de
Educação Sanitária (Rio), 2.
a
Ed., 1968.
9. ROJAS, R. A. Curso de Epidemiologia.
Ediciones de La Universidad de Chile,
Santiago, 2.ª Ed., 1964.
10. MILWARD DE ANDRADE, R. Ecologia da
Esquistossomose. Revista Brasileira de
Malariologia de Doenças Tropicais XI:
171-218, 1959.
11. Organização Panamericana de Saúde
Profilaxia das Doenças Transmissíveis.
11.
a
edição. Publicação Cientifica n.°
268 Washington, D.C., 1973, 358 p.
12. PUFFER, Ruth Rice & SERRANO, Carlos V.
Características de Ia mortalidad en Ia
ninez Datos selecionados del livro. Or-
ganização Panamericana de Saúde.
Washington, D.C. 1973, 38 p.
13. MACEDO, Filho Allyrio Doenças Transmis-
síveis. Vigilância Epidemiológica e Con-
trole. Ministério da Saúde. Secretaria
Nacional de Saúde. Divisão Nacional
de Epidemiologia e Estatística da Saú-
de. Brasília, 219 p.
14. Organização Mundial da Saúde Comitê
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no Informe. Série de Informes Técnicos,
n.° 552, Genebra, 1974.
III - Ciências Naturais
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15. Agência para ei Desarrollo Internacional
(A.I.D.) Roedores Domésticos su impor-
tância en Ia Salud Publica y como com-
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da América do Norte, Brasília.
16. Agencia para ei Desarrollo Internacional
(A.I.D.) Coleção de Saneamento Bási-
co:
Manual de Saneamiento Vivienda.-
xico, 1965
Manual de Saneamiento Água. Méxi-
co, 1965
Manual de Saneamiento Desechos.
México, 1965
Embaixada dos Estados Unidos da Amé-
rica do Norte, Brasília.
17. U.S. Department of Health, Education and
Welfare. Public Health Service. Manual
of Septic-Tank Practice.. Publicação n.°
526. 1963. Washington, D.C. 93 p.
1. POTSCH, W., SILVA, Gonçalves da A.,
POTSCH, C. Ciências Físicas e Bio-
lógicas. O Corpo Humano e a Saúde.
Rio de Janeiro, Editora Distribuidora de
Livros Ltda. 171, 144 p.
2. FIGUEIREDO, Vieira C. O., PINHEIRO, Viei-
ra N. B., VEIGA, da Silva W. M. Inicia-
ção à Ciência-1. Brasília. MEC-FENAME.
3.
a
edição. 1973, 226 p.
3. FROTA, Pessoa O. Biologia na Escola
Secundária. Vol. 1 e 2.o Paulo,
Companhia Editora Nacional, 1975, 714
p.
4. CASTELO, de Almeida Wilson Higiene e
Puericultura: Noções práticas de medi-
cina preventiva. Belo Horizonte, Editora
Júpiter, 1971, 160 p.
5. Biblioteca Científica Life Série Científica
O Corpo Humano. Livraria José Olym-
pio Editora S/A. Rio de Janeiro, 1973.
6. Biblioteca Científica Life Série Natureza
Insetos. Rio de Janeiro, Livraria Jo-
sé Olympio Editora S/A, 1973.
7. KLOETZEL, Kurt Higiene Física e do Am-
biente.o Paulo, Edart,o Paulo Li-
vraria Editora Ltda. Editora da Univer-
sidade deo Paulo, 1974, 194 p.
8. LEWIS, Paul & RUBENSTEIN, David O
Corpo Humano. Coleção Prisma.o
Paulo. Editora Melhoramentos/Editora
da Universidade deo Paulo, 154 p.
IV - Nutrição: 1. Tabela de Composição Química de Alimen-
tos Estudo Nacional da Despesa Fa-
miliar FIBGE 1976.
2. Estudo Nacional da Despesa Familiar
Consumo Alimentar Antropometria (Da-
dos preliminares) Região I — Estado do
Rio de Janeiro Região III Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul
SEPLAN FIBGE Rio de Janeiro,
1977.
3. Publicação do Instituto de Nutricion de Cen-
tro America y Panamá INCAP 709,
1973.
4. WATT, B. K., and Merrill, A. L. Composi-
tion of foods rah, processèd and
prepared, V.S. Department of Agriculture
Handbook n.° 8, Washington, D. C,
1963. Department of Agriculture.
V - O Meio Ambiente e as
Defesas do Homem:
5. Manual sobre necesidades nutricionales del
hombre. Roma, Organización de las Na-
ciones Unidas para la Agricultura y la
Alimentación, 1975.
6. MENDONÇA, O. R., ROCHA, M. G., e OLI-
VEIRA, J. M. Infância e Saúde.
7. JELLIFE, D. B. y JELIFE, E. F. El valor in-
comparable de la leche humana. Bole-
tin de la OPS. Vol. LXX, n.°s 5, 6. 7
mayo e junio de 1971. Vol. LXXI, n.°s
1, 2, 3, 4, 5, julio-noviembre 1971.
8. BEHAR, M. La nutrición y el futuro de la
humanidad. Crónica de la OMS 30 :151-
154, 1976.
9. JARDIN, Claude et Jacques Crosnier. Un
taro, un poisson, une papaye. Publica-
ção da "COMMISSION DU PACIFIQUE
SUD" et FAO. 1975.
1. ROITT, I. M. Imunologia-. (Trad. M. Fuks).
Liv. Atheneu, Rio, 1.
a
Ed., 1973.
2. ROMEO, B. Atualidades de Imunologia.
Rassegna, Méd. Cult. X:14-27, 1972
3. BULLETIN, L. Les défenses de l'organisme.
Press. Univ. France, Paris, 7.
a
ed., 1961.
4. DUBOS, R. O Homem e seu Ambiente. Co-
nhecimentos biomédicos e ação social.
Organização Pan-Americana de Saúde,
Pub. Cient. n.° 131, 1966.
5. PRIVAUT, D. La Nature. Lib. Larousse, Pa-
ris, 1.
a
Ed., 1962.
6. CARR, I. Biological Defense Mechanisms.
Blackwell Sc. Public. London, 1.
a
Ed.,
1972.
7. DELAUNAY, A. L'Immunologie. Press.
Univers. France, Paris, 1.
a
Ed., 1969.
VI - Revistas de Interesse
para um Programa de
Educação eSaúde no 1º grau:
VII - Centros de Informação
sobre Saúde e Educação:
1. O CORREIO DA UNESCO Fundação Ge-
túlio Vargas Praia de Botafogo, 188.
20 000 Rio de Janeiro RJ.
2. A SAÚDE DO MUNDO Organização Mun-
dial de Saúde. Av. Appia, 1.211 Ge-
nebra, 27. Suiça.
1. BIREME Biblioteca Regional de Medici-
na, Rua Botucatu, 862 Caixa Postal,
20.381, Vila Clementino, 01 000o
Paulo SP.
OBS.: Na BIREME se encontra a Unida-
de de Vendas de Publicações da
OMS/OPS. Pode-se pedir catálo-
go e assinar periódicos.
2. Fundação Carlos Chagas Setor de Edi-
ções. Departamento de Pesquisas Edu-
cacionais. Rua Cardeal Arcoverde, 1.847
05 407,o Paulo SP.
3. Divisão Nacional de Educação Sanitária
(DNES). Ministério da Saúde Brasí-
lia/DF.
Documentos da IV Jornada Brasileira
de Estudos de Educação em Saúde
Inéditos.
Arquivos: material recolhido da apli-
cação da revisão preliminar deste
Programa-Manual "Educação e Saú-
de", provenientes de escolas de Mi-
nas Gerais, Rio Grande do Sul, Distri-
to Federal e Bahia e de uma revisão
com professores do curso de Licen-
ciatura Parcelada em Ciências e Ma-
temáticas. (CECIMIG/FAEUFMG). Iné-
ditos, 1977.
Composto e Impresso na
MINAS GRAFICA EDITORA LTDA
Rua Timbiraa. 2.062 PABX 226-4822
Belo Horizonte MG
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