essas diferenças no falar chamamos de dialeto.
Na escola, certamente, você encontrará alunos com diferenças dia-
letais bastante acentuadas, isto é, alunos falando a mesma língua, mas
com uma expressão própria, decorrente de sua origem, do falar da sua
família, do meio em que vive e, em alguns casos até, da influência de
outras línguas, como é o caso do sul do Brasil, onde o alemão, o ita-
liano, o polonês, entre outras línguas, produzem inúmeros dialetos.
Outra variação fundamental que você vai encontrar na sua prática
pedagógica é a que se refere ao modo de falar da criança e do adoles-
cente, comparada com o falar do adulto. A criança menor, de sete ou
oito anos, utiliza um vocabulário mais concreto, diretamente ligado a
fatos e objetos que ela experimenta sensivelmente. As construções que
faz obedecem a estruturas da língua que ela já assimilou pela prática. É
por isso, por exemplo, que a criança diz às vezes "ponhei" em lugar de
"pus", por semelhança com outros verbos cuja forma é "botei", "cantei",
"lavei", etc.
Já o adolescente, tanto nos grandes centros urbanos como no inte-
rior, em pequenas cidades, pela própria condição da faixa etária e também
pela ação do rádio e da televisão, também se caracteriza por manifestar
uma expressão verbal própria, que o distingue tanto das crianças como
dos adultos. Expressões de gíria e modos especiais de construir frases
acabam por criar quase um dialeto, em alguns casos.
Além de tudo isso, devemos considerar o fato de que a língua se
renova constantemente pelo acréscimo de novas palavras ao seu voca-
bulário. Este acréscimo pode ocorrer de duas maneira: ou as palavras
são tomadas de empréstimo a outras, ou surgem, dentro da própria língua,
a partir de novas necessidades de comunicação pelas mudanças vividas
pela sociedade, como novas tecnologias, novos modos de produção, novas
profissões, etc.
Como o professor trabalha com esses dados? Como vai proceder no
ensino da língua, partindo da constatação desses fatos? Dentre todas
essas variedades linguísticas, há uma forma básica, isto é, uma variedade-
padrão, que quase sempre está associada à escrita e à tradição gra-
matical, além de ter seus vocábulos constando do dicionário da Língua.
Na escola ,a criança é colocada em contato com essa variedade-padrão:
aprende o dialeto-padrão, a forma oficialmente reconhecida da Língua,
indispensável à vida da pessoa na comunidade. O que sucede, então,
é um esforço da escola, dos professores e dos alunos, no sentido cie
realizar essa passagem de uma forma de falar para outra. Essa passagem
não é fácil. É preciso que seja feita sem que isso signifique a depreciação
da forma de falar predominante em sua família, em seu grupo social.
O trabalho maior será justamente o de conservar e respeitar o falar
da criança, as formas que ela usa para expressar-se e, ao mesmo tempo,
introduzi-la num outro mundo, de novas informações e de novas formas
de dizer as coisas, É importante que o professor e os próprios alunos
tenham consciência da necessidade de aprender a língua-padrão. Ela
permite acesso a outros meios, comunicação em outros setores e maior
participação na sociedade.
Um dos caminhos para, ao mesmo tempo, conservar o que a criança
já conquistou em termos de expressão e ajudá-la no aprendizado da
língua-padrão é um trabalho intenso no sentido de desenvolver e valo-
rizar a livre expressão oral da criança, como base para qualquer outra
forma de expressão, como fundamento, inclusive, para a expressão escrita.
Com base no que afirmamos anteriormente, você já está consciente
de que o trabalho para o desenvolvimento da linguagem dos alunos é
uma importante tarefa que o professor tem de realizar. Sem conhecer
o significado das palavras, a criança não compreende o que lê e não
consegue expor suas ideias com clareza, seja oralmente, seja por escrito.
Por este motivo, é muito importante que seus alunos desenvolvam a
linguagem oral. Só assim eles adquirem habilidade de comunicação para
ouvirem, falarem, lerem e escreverem melhor. O treino da linguagem oral,
na escola, deve permitir que a criança use um vocabulário variado, apren-
da a organizar bem seu pensamento e saiba tratar os colegas e as pes-
Adquirindo novos
conhecimentos