de se inserir na comunidade que a cerca. Todavia, eu penso que deve ficar
bem claro, para todos nós, que essa função de pesquisa na universidade só
se materializou, na verdade, com a criação de duas entidades extra-
universidades, e isto, num colóquio como este, tenho a obrigação de dizer.
A 1
a
foi a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, criada em
1948, no Estado de S. Paulo e a 2
a
a do Conselho Nacional de Pesquisa,
em 1951. Até a criação destas duas entidades, na realidade, em termos de
Brasil, nao havia pesquisa na universidade a não serem caráter esporádico,
ou na USP - ou na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na USP com a
criação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, quando Armando
Salles trouxe os grandes professores europeus e, no Rio de Janeiro, — com
a incorporação da universidade do Distrito Federal à então Universidade do
Brasil, mas, mais precisamente, com a criação do Instituto de Biofísica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro em 45 que já vinha sendo cultuado
pelo Prof. Carlos Chagas desde 1937, ano em que ele assumiu a cátedra
do Rio de Janeiro. O instituto de Biofísica foi o pólo renovador de tôda a
Universidade Federal do Rio de Janeiro, pois, foi o 19 lugar na universidade
onde se fez pesquisa a nível profissional, onde os docentes eram de tempo
integral e se dedicavam esclusivamente á pesquisa. De maneira que a
nossa tradição universitária é, realmente, uma porção muito pequena e eu
fico até extraordinariamente admirado, apesar das marchas e
contramarchas da crise permanente que vive a universidade. Isto é um sinal
de vitalidade, no meu modo de entender, do muito que se tem feito para o
progresso no Brasil, no campo universitário, nestes últimos trinta ou
quarenta anos. Um sistema universitário que não existia praticamente, nada
daquilo que eu considero como V. Ex
a
, onde a pesquisa é o ponto
fundamental da atividade criadora. O que foi feito nestes 40 anos é
extraordinário. Há pouco, conversando com o Prof. Goldenberg, presidente
atual da
FPBC, ele me dizia que havia na sociedade 16.000 sócios. Ora, quando a
sociedade começou, em 1948, era um clube fechado, um clube eclético,
onde todo mundo se conhecia. Hoje, as reuniões da FPBC, nas grandes
capitais do País,englobam pesquisadores de todas as áreas das ciências
humanas, das ciências biológicas e das ciências físicas. Devo dizer que
muito progresso houve no Brasil. A evolução do nosso ensino superior, não
podemos nunca imaginá-lo numa linha reta, sem descaídas, sem quedas e
sobressaltos, mas tenho a impressão que, apesar dos pesares, o esforço foi
recompensado, pois hoje já existe em vários Estados da Federação, nas
universidades federais, em algumas universidades privadas, em algumas
universidades estaduais, sobretudo no Estado de S. Paulo, onde as
universidades são estaduais, realmente, um espírito universitário, naquilo
que nós entendemos,como V.Ex
a
bem postulou no seu trabalho, que reflete
a opinião daqueles que vêm vivendo o problema da pesquisa e do
desenvolvimento científico brasileiro, no Brasil, desde pelo menos de 1948,
data da implantação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Agora, quanto ao aspecto de pós-graduação, que é