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MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Carlos SanfAnna
SECRETÁRIO-GERAL
Ubirajara Pereira de Brito
COORDENADOR DE ÓRGÃOS REGIONAIS E COLEGIADOS
Francisco Balthar Peixoto
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SEMINÁRIO NACIONAL
SOBRE AVALIAÇÃO E
AÇÃO SUPERVISORA
NO ENSINO SUPERIOR
PARTICULAR ISOLADO
- ANAIS -
Seminário realizado no Rio de Janeiro, de 8 a 12 de agosto de 1988, sendo Ministro da
Educação Hugo Napoleão e Secretário-Geral Luiz Bandeira da Rocha Filho.
Promoção:
COORDENADORIA DE ÓRGÃOS REGIONAIS E COLEGIADOS
SECRETARIA GERAL
Colaboração:
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Secretário: José Camillo da Silveira Filho
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Presidente: Fernando Affonso Gay da Fonseca
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS/DP
Diretor: Hamilton Muniz Mendonça
DELEGACIA DO MEC NO RIO DE JANEIRO
Delegado: Aurélio Wander Chaves Bastos
Participação Especial:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE LAVRAS
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DE PESQUISAS DO RIO DE JANEIRO
DELEGACIA DO MEC EM MINAS GERAIS
DELEGACIA DO MEC NO RIO DE JANEIRO
DELEGACIA DO MEC NO RIO GRANDE DO SUL
DELEGACIA DO MEC EMO PAULO
Suporte Logístico:
DELEGACIA DO MEC NO RIO DE JANEIRO
Diagramação:
MEC/CCS/DE
Seminário Nacional sobre Avaliação e Ação Supervisora no Ensi-
S 471a no Superior Particular Isolado (1988: Rio de Janeiro)
Anais [do] Seminário Nacional sobre Avaliação e Ação Super-
visora no Ensino Superior Particular Isolado, Rio de Janeiro
8 a 12 de agosto de 1988. Brasília: Ministério da Educação,
Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados, 1989
248 p.
1 - Supervisão do ensino superior. I. Título.
CDU 378
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria Geral
Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados
SEMINÁRIO NACIONAL
SOBRE AVALIAÇÃO E
AÇÃO SUPERVISORA
NO ENSINO SUPERIOR
PARTICULAR ISOLADO
- ANAIS -
Rio de Janeiro, 8 a 12 de agosto de 1988
. Lygia Souto de Azambuja - Coordenadora do Seminário - COR/SG
. Maria Heloisa Moojen Mangoni - COR/SG
. Ila Cecília Falcão Kemp - DEMEC/RJ
. Maria dou Carvalho - DEMEC/RJ
APRESENTAÇÃO
Francisco Balthar Peixoto*
Entre as atividades exercidas pelas Delegacias do MEC, por atribuição re-
gimental e por delegação expressa do poder maior do Ministério, destacam-se aque-
las que dizem respeito à supervisão e à cooperação técnica às Instituições Particula-
res Isoladas de Ensino Superior.
Eo poderia ser diferente, dada a própria natureza do ensino de 3- grau a
quem compete, de um lado, a formação dos quadros responsáveis pela educação-
sica e, do outro, a produção do conhecimento em todas as áreas e em seus mais al-
tos níveis.
Por isso, ano após ano, tem sido preocupação inarredável desta Coordena-
doria fazer realizar, na medida dos recursos disponíveis, encontros nacionais visando
ao aperfeiçoamento daqueles que executam a ação supervisora em nossas Delega-
cias.
Os anais que ora publicamos para registro e divulgação dos trabalhos de-
senvolvidos no "Seminário Nacional sobre Avaliação e Ação Supervisora no Ensino
Superior Particular Isolado" pretendem constituir-se em mais um instrumento para re-
flexão e estudo de quantos estão efetivamente envolvidos com a problemática do se-
tor.
Um destaque importante e um justo agradecimento, com propriedade, cabem
aqui ao Conselho Federal de Educação, à Secretaria da Educação Superior, ao Cen-
tro de Desenvolvimento de Recursos Humanos do Departamento de Pessoal e à De-
legacia do MEC no Rio de Janeiro, cuja colaboração, em suas respectivas competên-
cias, foi fundamental para que este seminário atingisse seus objetivos.
* Coordenador de Órgãos Regionais e Colegiados da Secretaria Geral do Ministério da Educação -
COR/SG/MEC.
SUMÁRIO
RETROSPECTIVA DO SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE AVALIAÇÃO E
AÇÃO SUPERVISORA NO ENSINO SUPERIOR PARTICULAR ISOLADO. 9
Lygia Souto de Azambuja
Maria Heloísa Moojen Mangoni
PARTE 1 - ABERTURA 13
Pronunciamentos
Aurélio Wander Chaves Bastos 15
Francisco Balthar Peixoto 16
Luiz Otávio de Souza Carmo 18
Aurélio Wander Chaves Bastos 19
PARTE 2 - A AVALIAÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA 23
A SESu e a supervisão 25
Luiz Otávio de Souza Carmo
A COR e a supervisão - A avaliação e a supervisão 32
Lygia Souto de Azambuja
Debate 36
Projeto de supervisão por áreas de conhecimento da DEMEC/MG 40
Suzana de Oliveira Martins
A experiência de supervisão por áreas de conhecimento da DEMEC/RJ 46
Ila Cecília Falcão Kemp
PARTE 3 - A AVALIAÇÃO E A FUNÇÃO DA LEGISLAÇÃO NA SUPERVI-
O 53
O papel da CODESu/SESu nas consultas na área da legislação 55
Ricardo Lopes Taboada Neto
Debate 58
Orientação para o trabalho de grupo 65
Mana Dulce Dias Bastos
Conclusões dos grupos de trabalho sobre legislação do ensino superior QJ
PARTE 4 - A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E A AÇÁO SUPERVISORA. . 75
O Programa de fomento à avaliação no ensino superior 77
Cláudio Cordeiro Neiva
A avaliação no sistema de ensino superior o caso da ação supervisora do Mi-
nistério 86
Cláudio Cordeiro Neiva
Indicadores gerenciais para a avaliação 94
Agostinho Roberto de Abreu
Instrumentação da avaliação 112
Edmundo Campos Coelho
Debate 120
PARTE 5 - A AVALIAÇÃO NA INSTITUIÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA. 133
Supervisão e avaliação 135
Maria Isabel Edelweiss Bujes
Supervisão e avaliação institucional: uma associação que se sustenta? 142
Maria Isabel Edelweiss Bujes
Conclusões dos grupos de trabalho sobre supervisão e avaliação 149
Análise dos paradigmas da avaliação 153
Maria Isabel Edelweiss Bujes
Debate 164
Propostas dos grupos de trabalho para a supervisão voltada para o processo de
avaliação de uma IESPI 172
Considerações sobre a avaliação na instituição e a ação supervisora 176
Maria Isabel Edelweiss Bujes
A supervisão como processo de avaliação permanente nas Instituições de En-
sino Superior: a busca de uma prática consciente, crítica e solidária como forma
de construção da teoria 178
Marilu Fontoura de Medeiros
Debate 190
O desempenho das comissões de verificação sob o ponto de vista do CFE.
Orientação aos supervisores - Renovação de reconhecimento de cursos.... 194
Eurides Brito da Silva
Debate 204
PARTE 6 - ENCERRAMENTO 219
Palavras da Profa. Lygia Souto de Azambuja 221
Palavras do Prof. Aurélio Wander Chaves Bastos 223
PARTE 7 - RECOMENDAÇÕES APROVADAS EM PLENÁRIO PELOS
SUPERVISORES DAS DELEGACIAS DO MEC 225
PARTE 8 - ANEXOS ". 229
Anexo 1 - Resultados da ficha de avaliação do seminário 231
Anexo 2 - Relação dos participantes 242
Anexo 3 - Relação dos grupos de trabalho 247
RETROSPECTIVA DO
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE
AVALIAÇÃO E AÇÃO
SUPERVISORA NO ENSINO
SUPERIOR PARTICULAR
ISOLADO
* Lygia Souto de Azambuja
** Maria Heloísa Moojen Mangoni
A Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados da Secretaria Geral -
COR/SG, órgão responsável pela coordenação, orientação e apoio às Delegacias do
MEC no exercício da ação supervisora às Instituições de Ensino Superior Particula-
res Isoladas - lESPIs, ao promover o "Seminário Nacional sobre Avaliação e Ação
Supervisora no Ensino Superior Particular Isolado", visou proporcionar oportuni-
dade de reflexão aos supervisores, mediante:
- análise de pressupostos da supervisão e do processo de avaliação nas
Instituições de Ensino Superior;
- discussão da ação supervisora;
- intercâmbio de experiências de supervisão.
O Seminário, desenvolvido no período de 8 a 12 de agosto de 1988, na De-
legacia do MEC no Estado do Rio de Janeiro, que proporcionou todo o apoio logístico,
contemplou 4 (quatro) grandes temas orientadores para a reflexão sobre a teoria e a
prática da supervisão, assim discriminados:
- A Avaliação e a Ação Supervisora
- A Avaliação e a Função da Legislação na Supervisão
- A Avaliação Institucional e a Ação Supervisora
- A Avaliação na Instituição e a Ação Supervisora, com vistas ao enten-
dimento da supervisão como processo de avaliação permanente na / da
IES.
A programação do Seminário envolveu pronunciamentos, conferências, se-
guidas de debates, e atividades de trabalho em grupo.
Ao planejar as atividades que seriam desenvolvidas no Seminário, a COR
ouviu algumas Delegacias, órgãos responsáveis pela execução da supervisão, que
se pronunciaram a respeito de temas de seu interesse, principalmente no tocante ao
* Coordenadora do Seminário e Responsável, na COR, pela Área de Apoio â Supervisão e ao Re-
gistro.
' " Membro da Comissão de Coordenação do Seminário e Assessora da COR.
estudo da legislação do ensino superior, e discutiu sua programação com a Secretaria
da Educação Superior, órgão responsável pela fixação dos objetivos e das diretrizes
da supervisão. Para a elaboração da programação do evento, a COR contou, tam-
bém, com a colaboração da Profa. Marilú Fontoura de Medeiros, Profa. Titular da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que vem acompanhando os três últimos
seminários nacionais sobre supervisão.
A coordenação do Seminário tentou atender, ao menos, à maioria das su-
gestões apresentadas pelas Delegacias, tendo em vista a dificuldade de se chegar a
um consenso sobre o que deve ser tratado num seminário nacional, considerando a
diversidade de níveis de atuação em que se encontram as Delegacias e a sua própria
problemática de trabalho já que participaram do evento Delegacias que supervisionam
menos de meia dúzia de Instituições e Delegacias que supervisionam mais de uma
centena de Instituições. A validade da discussão sobre questões de legislação, por
exemplo, se gerou crfticas de algumas Delegacias, por outro lado veio ao encontro
das necessidades de muitos supervisores que se defrontam com problemas nessa
área no seu dia a dia.
A Sessão de Abertura contou com a presença do Prof. Francisco Balthar
Peixoto, Coordenador de Órgãos Regionais e Colegiados, que representou, também,
o Dr. Luiz Bandeira da Rocha Filho, Secretário-Geral; do Prof. Luiz Otávio de Souza
Carmo, Subsecretário de Desenvolvimento da Educação Superior, que representou,
também, o Prof. José Camillo da Silveira Filho, Secretário da Educação Superior; dos
Profs. Aurélio Wander Chaves Bastos, Antonieta Costa e Nelson Boni, Delegados
do MEC no Rio de Janeiro, em Rondônia e emo Paulo, respectivamente; da Profa.
Lygia Souto de Azambuja, Responsável pela Área de Apoio à Supervisão e ao Re-
gistro da COR e Coordenadora do Seminário, e da Profa. Ila Cecília Falcão Kemp,
Diretora da Divisão de Supervisão e Controle da Delegacia do MEC no Rio de Janeiro.
Para o desenvolvimento do tema A Avaliação e a Ação Supervisora, o
Seminário contou com a colaboração do Prof. Luiz Otávio de Souza Carmo, que
proferiu palestra sobre "A SESu e a Supervisão", da Profa. Lygia Souto de Azam-
buja, que discorreu sobre "A COR e a Supervisão - A Avaliação e a Supervisão", e
das Profas. Suzana de Oliveira Martins e Ila Cecília Falcão Kemp, que apresenta-
ram trabalho sobre a supervisão por áreas de conhecimento das Delegacias de Minas
Gerais e do Rio de Janeiro, respectivamente.
As atividades que resultaram na abordagem do tema A Avaliação e a Fun-
ção da Legislação na Supervisão foram preparadas ums antes do Seminário por
um grupo de especialistas da área, composto pelos Profs. Celso Ferreira Pinto, Ri-
cardo Lopes Taboada Neto e Edna Vieira Rocha de Resende, da SESu; Maria
Dulce Dias Bastos, da DEMEC deo Paulo, e Mário Finkel, da DEMEC do Rio
Grande do Sul. Atendendo solicitação da COR, esse grupo reuniu-se para discutir o
papel da legislação na supervisão e para selecionar questões específicas sobre o as-
sunto para serem discutidas pelos grupos de trabalho.
O Prof. Ricardo Lopes Taboada apresentou o assunto "O Papel da CO-
DESu/SESu nas Consultas na Área da Legislação" e a Profa. Maria Dulce Dias Bas-
tos orientou os grupos de trabalho. Durante os trabalhos de grupo, os Profs. Maria
Dulce, Mário e Ricardo atuaram como consultores, dirimindo dúvidas.
Para a abordagem do tema A Avaliação Institucional e a Ação Supervisora,
o Seminário contou com a presença do Prof. Cláudio Cordeiro Neiva, Coordenador
do Programa de Fomento à Avaliação no Ensino Superior, que discorreu e debateu
sobre o desenvolvimento do Programa, e dos Profs. Agostinho Roberto de Abreu,
Professor Adjunto da Escola Superior de Agricultura de Lavras, e Edmundo
Campos Coelho, Professor Adjunto do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de
Janeiro, que apresentaram conferências sobre "Indicadores Gerenciais para a Avalia-
ção" e "Instrumentação para a Avaliação", respectivamente.
O último tema básico, A Avaliação na Instituição e a Ação Supervisora, foi
desenvolvido por três conferencistas: a Profa. Maria Isabel Edelweiss Bujes, Pro-
fessora Assistente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que ministrou pa-
lestras sobre "Supervisão e Avaliação" e "Análise dos Paradigmas da Avaliação na
Instituição e a Ação Supervisora", intercaladas com debates e trabalhos de grupo; a
Profa. Marilú Fontoura de Medeiros, que pronunciou conferência e debateu "A Su-
pervisão como Processo de Avaliação Permanente", e a Profa. Eurides Brito, Secre-
tána Executiva do Conselho Federal de Educação, que apresentou e discutiu com os
participantes "O Desenvolvimento das Comissões de Verificação sob o ponto de vista do
CFE - Orientação aos Supervisores" e "Renovação de Reconhecimento de Cursos".
Na Sessão de Encerramento, pronunciaram-se os Profs. Aurélio Wander
Chaves Bastos e Lygia Souto de Azambuja.
Após a primeira parte da sessão de encerramento, os supervisores votaram,
em plenário, recomendações que foram enviadas ao Subsecretário de Desenvolvi-
mento da Educação Superior da SESu.
O Seminário contou com a contribuição, também, do Centro de Desenvolvi-
mento de Recursos Humanos - CENDER, dirigido pelo Prof. Hamilton Muniz Men-
donça, viabilizando a presença de conferencista.
Estiveram envolvidas com o Seminário 140 pessoas, sendo 4 da COR/SG;
1 do CFE; 3 da SESu; 4 de IES; 6 Delegados; 122 supervisores de Delegacias, sendo
que destes, 80o da DEMEC/RJ. Nas atividades realizadas no primeiro e no último
dia participaram, também, vários professores e diretores de Instituições de Ensino
Superior do Estado do Rio de Janeiro.
Cumpre esclarecer, principalmente aos técnicos da DEMEC/RJ, que se
sentiram frustrados poro participarem dos trabalhos de grupo, a sistemática adota-
da. A COR, dado o número elevado (80) de supervisores da DEMEC/RJ, optou por
solicitar à Delegacia do MEC no Rio de Janeiro a indicação de 10 supervisores para
participarem dos grupos de trabalho, atuando 2 em cada grupo. Acresce dizer que
das outras Delegacias, o número máximo de supervisores que compareceu ao Semi-
nário foi 4. O tempo que seria necessário para que mais grupos fossem formados pa-
ra que todos os técnicos participassem dos grupos e relatassem suas conclusões in-
viabilizaria o desenvolvimento da programação nos moldes propostos.
Cabe destacar que a colaboração da SESu, do CFE, do CENDER e da
DEMEC/RJ e a participação especial da UFRGS, da ESAL, do IUPERJ e das
DEMECs de MG, do RJ, do RS e de SP foram fundamentais para o êxito do Seminário.
A presença constante e atuante de representantes da SESu, durante o de-
senvolvimento de todo o evento, reivindicada pelos supervisores nos encontros ante-
riores, foi de real importância para a concretização dos objetivos do Seminário.
Cada vez mais toma-se evidente que somente pela integração de esforços
dos diversos órgãos que atuam na Educação é que conseguiremos aperfeiçoar o
sistema de supervisão do ensino superior particular isolado com vistas à melhoria da
qualidade de seu ensino.
A todos os que colaboraram, de uma forma ou de outra, para a realização do
Seminário, em especial ao Delegado do MEC no Rio de Janeiro e aos funcionários da
Delegacia, que nos acolheram com presteza e competência, nosso reconhecimento e
gratidão.
À Iraci Pereira dos Santos, responsável pela datilografia destes Anais,
nosso agradecimento pela dedicação e pelo competente trabalho.
PARTE 1
ABERTURA
PRONUNCIAMENTOS
Senhores técnicos do MEC, especialmente os da área da supervisão do en-
sino superior, demais autoridades que aqui estão presentes.
Queremos, em nome da Delegacia do Ministério da Educação no Estado do
Rio de Janeiro, manifestar a nossa grata satisfação e a imensa alegria de todos os
funcionários da Delegacia em sediar, neste período de cinco dias, esteo importante
encontro sobre ensino superior privado no Brasil, especialmente neste período que
antecede à promulgação da nossa Carta Constitucional, que, pela primeira vez na
história constitucional do País, se refere explicitamente às atividades de avaliação e
supervisão e, quem sabe, dê exatamente o embasamento e as condições jurídicas e
políticas necessárias para que possamos fazer deste encontro um grande encontro
de vulto nacional.
Queremos, também, aproveitar a oportunidade, antes de constituirmos a
mesa, para agradecer aos dirigentes das Instituições de Ensino Superior Privado do
Estado do Rio de Janeiro, que aqui se encontram e que em todas as ocasiõesm
procurado prestigiar o trabalho da Delegacia e, nesse especial encontro, o trabalho do
Ministério da Educação. Destinam-se, também, os nossos agradecimentos à Secreta-
ria da Educação Superior do Ministério da Educação, aqui representadao apenas
pelo Professor, mas pelo nosso amigo, Luiz Otávio, e à Coordenadoria de Órgãos
Regionais e Colegiados do Ministério da Educação, representada pelo Prof. Balthar,
que juntos deram a força necessária para que este encontro se realizasse na mais
antiga sede do Ministério da Educação no Brasil.
Todos vocês terão oportunidade de, juntamente conosco, se aperceberem
do carinho e da dedicação que temos por este Palácio Gustavo Capanema que, no
ano passado, completou os seus 50 anos. Esperamos, em nome dos dirigentes do
Delegado do MEC no Estado do Rio de Janeiro
Prof. Aurélio Wander Chaves Bastos *
Ministério da Educação e em nome de todos os funcionários desta Delegacia, que
possamos dar a este encontro o vulto e o significado que ele merece e que ele repre-
sente, para a história do Brasil, exatamente aquilo que o Pafs está esperando de to-
dos nós: muito trabalho e muita esperança.
Esta data de hoje, temos certeza, nunca será esquecida porque poucas ve-
zes na história se repeteo insistentemente o mesmo número: 8 de 8 de 88. Espe-
ramos que este 8 de 8 de 88 seja realmente uma marca significativa na história da
educação brasileira e que possamos realmente fazer um grande trabalho sobre a su-
pervisão e a avaliação no ensino superior.
Vamos proceder à composição da mesa convidando, inicialmente, o Prof.
Francisco Balthar Peixoto, que é Coordenador de Órgãos Regionais e Colegiados da
Secretaria Geral do Ministério da Educação. O Prof. Balthar representa, nesta ses-
o inaugural, o nosso Secretário-Geral, Prof. Luiz Bandeira da Rocha Filho, além da
própria representação. Temos, também, o prazer de convidar para participar da nossa
mesa, representando o Secretário da Educação Superior, que também hoje falará e
discutirá conosco, o nosso amigo Subsecretário de Desenvolvimento da Educação
Superior, Prof. Luiz Otávio de Souza Carmo. Convidamos, também, para participar da
mesa, a Coordenadora deste Seminário e Responsável pela Área de Apoio à Super-
visão da Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados, Profa. Lygia Souto de
Azambuja. Gostarfamos de convidar, também, a Profa. Ila Cecília Falcão Kemp, que é
Diretora de Supervisão e Controle da Delegacia do Ministério da Educação no Estado
do Rio de Janeiro e queo mediu esforços para que pudéssemos realizar com su-
cesso este encontro de hoje. Aproveitamos, também, para convidar os Delegados do
MEC que estão aqui presentes, ao menos para a sessão inaugural, o Prof. Nelson
Boni, Delegado do MEC emo Paulo, e a Profa. Antonieta Costa, que é Delegada do
MEC no Estado de Rondônia.
s temos um pequeno "speech" introdutório, que caracterizaria propria-
mente a Abertura, e logo em seguida teremos a primeira sessão de conferência, que
será proferida pelo Prof. Luiz Otávio. Queremos entender que todos os dirigentes de
Instituições de Ensino Superior, que estão aqui presentes, se considerem membros
da mesa e as demais pessoas que, porventurao citamos, também se considerem
membros da mesa e da direção destes trabalhos.
Vamos, inicialmente, dar a palavra ao Prof. Francisco Balthar Peixoto, que
falará em nome do Prof. Luiz Bandeira da Rocha Filho, Secretário-Geral do MEC e em
seu próprio nome, dado que também é citado na agenda como uma das pessoas que
se pronunciará ainda nesta fase de Abertura.
(Texto transcrito de gravação)
Dr. Aurélio Wander, Delegado do Ministério da Educação no Estado do Rio
de Janeiro e presidente desta sessão; meus amigos e autoridades componentes da
mesa; senhores dirigentes de Instituições de Ensino Superior do Estado do Rio de
Prof. Francisco Balthar Peixoto *
* Coordenador de órgãos Regionais e Colegiados da Secretaria Geral do Ministério da Educação -
COR/SG/MEC.
Janeiro; comparmeiros supervisores das nossas Delegacias e demais funcionários do
Ministério aqui presentes.
Falar em nome do Secretário-Geral, Luiz Bandeira da Rocha Filho, seria fun-
dir o discurso dele com o nosso, já que a posição de Coordenador de Órgãos Regio-
nais e Colegiados existe eminentemente para representar o Secretário nas suas atri-
buições de contato e de interligação com as Delegacias do MEC. Mas, mesmo assim,
de viva voz, eu desejo expressar da parte dele o desejo real, sincero, de que este en-
contro venha atingir seus objetivos maiores. Realmente, até a semana anterior, ele
estava pretendendo comparecer ao Encontro. Sobrevieram, porém, outros assuntos,
outras preocupações que o prenderam à Brasília, impedindo-o de estar, neste mo-
mento, aqui conosco.
Minha palavra inicial seria de regozijo, acima de tudo, de boas vindas aos
que aqui estão, a todos os nossos companheiros das Delegacias que para cá vieram
a este encontro. Palavra de regozijo, porque este é um momento dos altos, que a
gente tem no cotidiano do trabalho, na nossa vida de atividade voltada para o ensino
superior. Regozijo porque a magnitude que se espera dele e que já se pode antever
pela sua própna organização, deixa bem claro que os resultados serão, sem dúvida,
os mais positivos. Em seguida, palavras de agradecimento à Delegacia do MEC no
Estado do Rio de Janeiro, na pessoa do seu Delegado, Prof. Aurélio Wander, e na
pessoa da encarregada pela supervisão, Profa. lia Kemp, e da equipe que colaborou
para que este Encontro se efetivasse, a partir de hoje, nesta cidade, nesta data,
neste local. Isso significa a forma com que a equipe do Rio e o empenho com que
este grupo de pessoas voltadas para a supervisãom se conduzido,m se havido
na prática e no desempenho de suas atividades diárias. Em seguida, algumas pala-
vras sobre a importância deste encontro.
A Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados está sempre voltada
para o apoio à supervisão que as Delegacias exercem e exercitam nas unidades re-
gionais.s somos, para aqueles que, talvez,o conheçam o significado do Órgão,
s somos uma área eminentemente de apoio. O ato de fazer é com as Delegacias. A
Coordenadoria procura estar sempre na retaguarda, fazendo com que as coisas pos-
sam acontecer, que elas possam fluir de forma melhor. Até digo sempre que se trata
de um órgão "cartilaginoso", que faz o papel exatamente de "amortecimento", e o
amortecimento no bom sentido, isto é, o de interface entre as diretrizes dos órgãos
centrais e as atividades desempenhadas pelos órgãos regionais. Então, dentro desse
papel,s temos como uma das atribuições, a atenção para com a supervisão do en-
sino superior. Essa supervisão se volta, cada dia mais, para o acompanhamento aci-
ma de tudo, para a ajuda, para um trabalho adjacente, um trabalho de cooperação
permanente com as Instituições Particulares Isoladas de Ensino Superior, deixando
cada vez para um passado, que vai ficando distanciado, aquela atividade apenas
voltada para a observação das irregularidades, aquele momento da inspeção, aquele
momento que já se ultrapassou e que, talvez, tenha tido seu significado na época pró-
pria. Hoje, acima de tudo, a supervisão está voltada para o acompanhamento, a as-
sistência constante onde o supervisor trabalha e deve trabalhar de mãos dadas e com
preocupação simultânea e idêntica com as Instituições de Ensino Supenor Particula-
res Isoladas, que constituem, de resto, a preocupação maior da área de ensino supe-
rior das Delegacias.
Eu li num boletim da SESu, e acho que isto aqui seria para uma reflexão ini-
cial, - já queso temos como objetivo nos estender nessa fala inicial, que deve
ser, antes de mais nada, de boas vindas, de regozijo, e de propósitos, os melhores,
para que o Encontro aconteça da melhor forma, - o seguinte: "Via de regra, do que
mais precisamos é do conhecimento dos fatos, do bom senso e de certa experiência.
Mas acontece que a um dado momento o bom sensoo é mais aceito como bom, os
fatoso interpretados de outra forma, a longa experiência é, sem mais, desprezada.
Quando as situações se complexificam, quando as certezas herdadaso mais re-
percutem e se obscurecem é então que uma reflexão mais abrangente se torna útil
para orientar o bom senso, ler melhor os fatos e acumular uma experiência mais váli-
da e assim justificar, à luz do dia e no diálogo, nossas certezas ou nossas incerte-
zas".
Realmente, esse momento que se desdobra em alguns poucos dias, nesta
semana, será, acima de tudo, um momento de reflexão sobre aquilo que se faz no dia
a dia da supervisão. Será para rever o exame dos fatos, para rever a experiência e
até reexaminar o bom senso e dentro da tónica do Encontro, dentro da avaliação do
ensino superior, acima de tudo, é a motivação deste seminário. A avaliação e a su-
pervisãoo os dois poios maiores do título, inclusive, do próprio Encontro - a avalia-
ção que vai permitir às escolas se examinarem, refletirem sobre o seu trabalho inter-
no, a supervisão para examinar exatamente a sua atuação junto às Instituições de
Ensino Superior Particulares Isoladas. Então, dentro dessa polarização de avaliação
e de supervisão é ques faremos essas reflexões que hoje começam.
o gostaria de me alongar mais até porque a palavra maior, a palavra de
fato que dá a tónica desta parte inicial de hoje, será dada pelo nosso estimado Subse-
cretário da SESu, Prof. Luiz Otávio. As palavras nossaso apenas introdutórias,
o de boas vindas,o de um abraço grande a todos os que aqui se encontram,o
de rever amigos, rever companheiros, conhecer outros novos. A COR, na nossa
pessoa, na pessoa da Profa. Lygia Azambuja, da Profa. Heloísa Mangoni e dos de-
mais que aqui hojeo comoareceram, mas que constituem a célula do acompanha-
mento da supervisão na COR, isto é, na nossa Coordenadoria, queremos todos ex-
pressar, de forma bem ampla, bem significativa, o desejo de que o Encontro, nestes
dias, se reverta numa real consequência positiva, em frutos verdadeiros que serão
colhidos por todos nós. Muito obrigado.
(Transcrito de gravação, revisado pelo autor)
Prof. Luiz Otávio de Souza Carmo *
Sinto-me extremamente feliz em estar aqui, representando a Secretaria da
Educação Superior e o Senhor Secretário, Prof. José Camillo da Silveira Filho que,
infelizmente,o pôde comparecer.
Sinto-me feliz, também, porque, embora na divisão do trabalho da SESu a
supervisãoo fique ligada à minha Subsecretaria, arranjo sempre um jeito, junto aos
meus amigos da COR, o Prof. Balthar, a Profa. Lygia e a Profa. Heloísa, de me ensi-
nuar, sem mérito, apenas por enxerido e por curiosidade, de certa forma que possa
estar presente e também porque, na realidade, supervisão me interessa.
' Subsecretário de Desenvolvimento da Educação Superior da Secretaria da Educação Superior do
MEC e Professor do Departamento de Literatura da Universidade de Brasília.
A supervisão particularmente me interessa. A ação supervisora me é parti-
cularmente cara por uma razão exatamente profissional. Costumo dizer que, na reali-
dade, eu estou no MEC, embora considere comoo estando no Ministério mas
sendo do Ministério, sem perder, também, meu vínculo com a Instituição Superior a
que pertenço, que é a Universidade de Brasília. Na realidade, sou um professor, esta-
rei professor sempre onde estiver e serei professor sempre onde estiver. Esse é um
compromisso do qualo abro mão. Portanto, como tal, em se tratando de um profes-
sor, obviamente a ação supervisora está intimamente ligada à minha atividade profis-
sional porque a mim interessa, como sempre, a melhoria da qualidade do ensino, a
melhoria dos métodos, das metodologias de ensino, da aprendizagem. A mim interes-
sa, efetivamente, que todo o sistema educacional funcione.o acredito que possa-
mos ter um ensino superior funcionando bem e um ensino de 1º ou de 2º graus fun-
cionando mal. Na realidade, para o bom funcionamento do sistema é indispensável a
ação supervisora dentro desse modelo, nos moldes a que se referia o Prof. Balthar,
nesse trabalho de acompanhamento entre partes iguais.
Obviamente, também,o quero me adiantar muito porque há um intervalo
e, logo em seguida, tenho a responsabilidade de falar. Talvez eu saiba poucas coisas
e aí queimaria uma etapa eo teria o que falar depois...
De qualquer forma, quero expressar a minha satisfação, a minha alegria de
estar aqui em nome da SESu e ao mesmo tempo dizer que aqui está presente um
Subsecretário que, formalmente,o está ligado à supervisão mas acredita na super-
visão, tem um compromisso com a supervisão, se propõe a trabalhar na Secretaria da
Educação Superior, na Secretaria Geral e no Ministério como um todo na defesa dos
princípios maiores da supervisão. Agradeço à Delegacia do MEC no Rio de Janeiro, à
Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados a bondade e gentileza que tiveram
em me convidar para vir aqui e reitero aos senhores, ratifico minha posição e a posi-
ção da SESu de trabalhar em prol desse esforço, que é um esforço realmente meritó-
rio, pelo ensino por meio da supervisão. Muito obrigado a todos vocês.
(Texto transcrito de gravação,o revisado pelo autor)
Prof. Aurélio Wander Chaves Bastos *
Se nos coube a abertura desta sessão coincidentemente também nos cabe
encerrar esta primeira parte, ques estamos denominando de Abertura.o gosta-
ria de terminar esta sessão sem transmitir a todos os senhores que o Ministro da
Educação, Senador Hugo Napoleão, falando sobre a realização deste Encontro, soli-
citou que trouxesse a todos os senhores cumprimentos e manifestou o desejo de que
este Encontro se realizasse na sua mais absoluta tranquilidade e que tivesse o maior
sucesso. Em todas as ocasiões em que tivemos oportunidade de conversar com o
Ministro, ele tem manifestado o seu interesse pelo acompanhamento do desenvolvi-
mento do ensino superior.o há sequer ocasião em que deixássemos de conversar
sobre as questões das mensalidades, as questões da qualidade do ensino e as
* Delegado do MEC no Rio de Janeiro
questões, agora mais recentemente, referentes ao vestibular. Nesse sentido, temos,
dentro do Ministério, a proteção e a cobertura necessárias para que possamos real-
mente programar um bom trabalho de supervisão.
Considerando que o Luiz Otávio de Souza Carmo deu a esse início de tra-
balho um toqueo pessoal, euo gostaria de deixar de manifestar a minha satisfa-
ção por dirigir a Delegacia do MEC no Estado do Rio de Janeiro. O trabalho que pu-
demos desenvolver na Delegacia tem representado uma recompensa de alegria e de
satisfação. Esta Casao tem dado dissabores. Todas as propostas de trabalho que
foram trazidas aos funcionários do Ministério da Educação, em qualquer de seus de-
partamentos, aqui no Rio de Janeiro, mas, muito especialmente, à Supervisão de En-
sino Superior, foram respondidas com trabalho e com dedicação. Em qualquer mo-
mento da nossa preseça nesta Delegacia, em qualquer circunstância,s obtivemos
de qualquer dos técnicos e de qualquer dos dirigentes uma palavra que fosse de re-
trocesso ou de negativa perante nossa proposta de trabalho. Ao contrário, todos
sempre estiveram e se fizeram presentes dentro da Delegacia e nas Instituições de
Ensino Superior do Estado do Rb de Janeiro.
Eu tenno para mim como uma imensa satisiaçáo o fato de termos, quem sa-
be numa das primeiras vezes na história dessa Delegacia do MEC, um efetivo plano
para o exercício do trabalho de supervisão, num período em que carece ao País, em
que faltam a todo o País, políticas educacionais. Nesta Delegacias temos procura-
do firmar e consolidar uma política de supervisão de ensino superior, adequada às
exigências do MEC e compatível com as tradições do Estado do Rio de Janeiro. Eu
o gostaria de deixar de destacar o esforço da Profa. Ha Cecília Falcão Kemp e da
Profa. Nair Tulha Evangelista, mas tambémo posso deixar de destacar o esforço
histórico da Profa. Maria dou de Carvalho. Eu acho que a Delegacia conseguiu,
com dificuldades, elaborar um plano para a supervisão de ensino para o Estado do
Rio de Janeiro, plano esse queo tem se restringido exclusivamente à verificação
cartorlal, à verificação burocrática ou à verificação administrativa do funcionamento
dos cursos superiores do Estado do Rio. É uma atividade que, cada vez mais, tem
representado uma integração e uma participação intensa na vida e na qualidade do
ensino superior no Estado do Rio de Janeiro. No semestre passado, quando o País
inteiro se envolvia em conflitos, que eu diria de significativa profundidade, a nível de
ensino superior, nós, uma das maiores redes de ensino privado do país, conseguimos
atravessar com relativa tranquilidade e sem problemas de maior significância. Procu-
ramos, na verdade, inverter muito a filosofia da supervisão do ensino superior no Es-
tado. Procuramos encontrar uma política para a supervisão do ensino superior e pa-
rece que os caminhos já estão sendo delineados. É verdade que esse trabalhoo se
fará sozinho. É verdade que já vivemos hoje um momento em queo havendo a tro-
ca de experiências com as demais Delegacias e a manifestação de interesse, como
s ouvimos agora o Prof. Francisco Balthar e o Prof. Luiz Otávio, dos órgãos cen-
trais do MEC, poderemoso obter os resultados que esperávamos desde o início do
trabalho de supervisão.
Mas eu tenho a certeza que deste Encontros vamos retirar os pontos
comuns que permitem a fixação e a delimitação de parâmetros gerais de uma politica
de supervisão para o ensino superior no Brasil. Um Brasil que esperamos todoss
seja um Brasil voltado para o desenvolvimento, seja um Brasil aberto ao processo
democrático e que resguarde o espaço de trabalho e de atuação de todos nós. Um
país, eu espero, em ques tenhamos condições de pensar para fazer, onde o pen-
sar e a proposta do fazero representem dúvidas nem temores para a comunidade
de dirigentes escolares, docentes e discentes.
Este encontro é, principalmente, um encontro experimental. É, principal-
mente, um laboratório e para que tenhamos sucesso neste Encontroo pdemos ter
medo, recear os resultados das experiências feitas em laboratório. Essas experiên-
cias é que serão verificadas no cotidiano da nossa atividade, no cotidiano da nossa
vida universitária. Eu deposito a maior esperança no trabalho de supervisão do ensino
superior,o apenas do Rio de Janeiro mas de todo o Pafs. Eu tenho a absoluta cer-
teza que uma das formas, um dos instrumentos para resguardar a boa funcionalidade
do ensino no Brasil está intimamente vinculado à boa funcionalidade do ensino e da
avaliação do ensino superior.
Gostaria, ainda, de encaminhar ao Prof. Luiz Otávio um exemplar do nosso
Catálogo das Instituições de Ensino Superior Privado no Rio de Janeiro, o primeiro no
género, que tivemos a oportunidade de preparar, num esforço de continuidade ao es-
forço de organização de uma supervisão por áreas de conhecimento, mas tendo em
vista o conjunto de nossas Instituições. Peço ao Luiz Otávio que entregue também
um exemplar ao Prof. José Camillo Filho e outro ao nosso Ministro, Senador Hugo
Napoleão. É um Catálogo, diria ainda, modesto, mas que representa o nosso esforço
para produzir com poucos recursos.
O trabalho procurao apenas apresentar uma ficha de todas as Instituições
de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro, com seu endereço, número de va-
gas, cursos oferecidos e ano de criação do curso e o Decreto de autorização. Mas
apresenta, também, os mapas de expansão geográfica do ensino superior privado no
Estado do Rio de Janeiro. É o primeiro documento na história do Rio que consolida
informações, embora em forma de publicação precária, sobre o ensino superior priva-
do do Rio de Janeiro e sua evolução. É um documento, devido à sua análise introdutó-
ria, que permite identificar os períodos de crescimento, expansão, localização e área
de expansão dos diferentes cursos superiores do Rio de Janeiro, uma evolução que
se inicia em 1942 e se desloca até os nossos dias. Esperamos que, com este trabalho,
tenhamos dado mais um passo para a definitiva implantação de uma política de ensi-
no superior para o Estado. Vamos encaminhar o Catálogo a todas as Delegacias do
MEC e a todas as direções dos estabelecimentos de ensino superior privado para que
nos enviem suas contribuições e correções, que porventura se fizerem necessárias.
Havendo recursos faremos uma edição mais aprimorada.
Finalmente, quero ainda agradecer o estorço que foi feito por todos os su-
pervisores da Delegacia na coleta de informações que constam deste documentário.
Qjero agradecer também à Profa. Ila Cecília Falcão Kemp - sem a sua colaboração e
sem a sua obstinação quem sabeo tivéssemos chegado à organização do trabalho
da maneira como estamos fazendo hoje. Quero agradecer, também, ao Paulo Jorge
Buarque, da Assessoria de Comunicação do Gabinete, porque foi ele quem realmente
preparou a edição e ao Prof. João Medeiros Filho que criou as condições necessárias
para que a obra chegasse à sua conclusão, para que o Catálogo tivesse o seu for-
mato, sem esquecer a Maria dou e a Nair que também ajudaram.o poderia
deixar de falar no esforço desenvolvido pela nossa datilógrafa Mirian e do mecanó-
grafo que também ajudou muito.
Espero que todos vocês dêem ao nosso esforço, ao esforço da Delegacia, o
reconhecimento que esses servidores merecem.
Agradeço a todos vocês a presença, agradeço especialmente àqueles que
vieram compor a mesa na abertura dos nossos trabalhos: ao meu querido amigo Prof.
Francisco Balthar Peixoto, que está ao nosso lado no cotidiano do trabalho da Dele-
gacia, sempre com sua contribuição e com sua presença constante; ao Luiz Otávio,
também um companheiro de conversas e entendimentos sobre a importância do ensi-
no superior; à Profa. Lygia, que da mesma forma tem acompanhado o nosso trabalho.
Quero também agradecer à Profa. Antonieta, deo longe, dao longínqua Rondônia,
mas que aqui está para acompanhar este Encontro que, tenho certeza, terá sucesso.
o gostaria de terminar sem manifestar o agradecimento especialíssimo ao nosso
companheiro Delegado deo Paulo, Prof. Nelson Boni, que tem feito um esforço
enorme para superar as dificuldades de uma Delegaciao importante para todo o en-
sino superior privado no Brasil. O Nelson Boni é uma pessoa que tem estado ao nos-
so lado em toda e qualquer dificuldade.o tem fugido à colaboração em qualquer
momento, em todos os tipos de entendimento, em todos os tipos de conversação e
avaliação. De forma que sua presença neste seminário é uma presença muito signifi-
cativa, além de ser a presença de um Delegado é a presença também de um amigo e
companheiro. Estendo os nossos agradecimentos ao José Camilo, Secretário da SE-
Su, que viabilizou este Encontro e ao nosso Ministro Hugo Napoleão, que tem confia-
do no trabalho dos Delegados do MEC no Brasil. Agradeço aos participante que aqui
vieram e espero que tenham sucesso no trabalho.
(Texto transcrito de gravação, revisado pelo autor)
PARTE 2
A AVALIAÇÃO E A
AÇÃO SUPERVISORA
A SESU E A SUPERVISÃO
Luiz Otávio de Souza Carmo *
Quero, inicialmente, agora em nome pessoal, agradecer a oportunidade que
a COR e a DEMEC do Estado do Rio de Janeiro meo de estar aqui para, em nome
da Secretaria da Educação Superior, mas também muito em nome pessoal, tecer al-
guns comentários sobre a ação de avaliação, a ação avaliadora e supervisora, espe-
cialmente a ação supervisora no ensino superior.
É motivo de muita satisfação, reiterando e repetindo o que dizia na Abertura,
porque, efetivamente, acredito na supervisão como um instrumento de melhoria da
qualidade do ensino de 2º grau, do ensino de 1º grau e do ensino superior. É com isso
com ques estamos, e eu particularmente me incluo, comprometidos no trabalho e
com a minha pequena, e às vezesoo pequena, contribuição à Secretaria da
Educação Superior. É um trabalho duro, é um trabalho diuturno, é um trabalho que só
encontra gratificação na razão d.reta em que desse trabalho, dessa ação há como
reação uma resposta do sistema, indiscriminadamente.
Sou daqueles que acreditam no ensino superior particular;o faço discrimi-
nação com o ensino particular do ensino público, desde que sério. Para mim este é
um pré-requisito fundamental; tudo o mais virá por acréscimo. Toda a instituição de
ensino superior, seja ela federal, estadual ou municipal, seja ela pública ou particular,
que tenha um compromisso com a educação mais do que com o ensino, um compro-
misso primordial com a educação, conta, sem nenhum compromisso maior além des-
se, com o meu apoio, com o meu estímulo e com o meu esforço.o tenho, portanto,
e é bom que se diga, "parti pri", ao ser o pré-requisito da qualidade e o compromis-
so com a educação por parte da instituição.
Portanto, eu me sinto sempre muito à vontade, muito tranquilo e extrema-
mente motivado ao participar de um seminário nacional para análise, para reflexão de
* Subsecretário de Desenvolvimento da Educação Superior da Secretaria da Educação Superior -
SESu - do Ministério da Educação e Professor do Departamento de Literatura da Universidade de
Brasília.
um dos instrumentos que reputo básico para essa ação de melhoria da qualidade do
ensino. E mais, no âmbito de uma Delegacia, especialmente a Delegacia do Ministério
da Educação no Estado do Rio de Janeiro, e aproveito ter aqui ao lado a pessoa de
Aurélio Wander Bastos, para dizer que esta Delegacia faz juz ao nome de braço do
Ministério da Educação no Rio de Janeiro, pela seriedade de seu trabalho e pela con-
sequência das suas ações. É mais um motivo de redobrada alegria estar aqui.
As Delegacias do MEC são, no sistema, os órgãos responsáveis pela su-
pervisão, pela ação supervisora e entendo que, sem demérito das demais funções
que as Delegacias exercem, esta ação supervisora é aquela que representa a ação
ancilar e fundamental das Delegacias, pois é a que mais substantiva, mais intima-
mente concorre para a melhoria da qualidade do ensino de, de 2º e de 3º graus.
Ressalto aqui a supervisão entendida como mecanismos desenvolvidos pelos técni-
cos dessas Delegacias com um espírito essencialmente académico e pedagógico de
trabalho conjunto em prol da educação e do ensino, despido daquele carátero mar-
cante, e até há pouco tempoo dominante, daquele caráter burocrático e cartonai.
Assim devem entender e estão entendendo as Delegacias, especialmente a
Delegacia do Rio de Janeiro, ao praticar a supervisão e assim, também, devem en-
tendê-la as Instituições de Ensino Superior Particulares Isoladas. E assim, nunca é
demais repetf-lo, devem compreender, também, os senhores Delegados. É a supervi-
o que dá à DEMEC a oportunidade mais feliz de, efetivamente, participar do pro-
cesso educacional, na medida em que vai, didaticamente e dialeticamente, interagir
com os segmentos do sistema, tornando-se, dessa forma, parte integrante desse
sistema.
Somente por uma ação efetiva dentro das instituições, chegando a nfvel de
Departamento e de Curso, a supervisão se faz efetiva e somente assim as Delegacias
poderão participar, interagir com o sistema.o, repito, nessa posição, qualquer
jufzo de valor depreciativo das demais funções, mas a ação supervisora é essencial-
mente a área fim por excelência das DEMECs, enquanto elemento integrador das
ações-fim das Instituições de Ensino Superior Particulares Isoladas. Dentro desse
contexto, creio que se pode falar em supervisão como uma ação fim, sem que ela
perca, obviamente, a sua característica de apoio, apoio às Instituições, mas é uma
ação fim da Instituição que a pratica, no caso a Delegacia.
Fazer supervisão com esse espírito é, seguramente, a ação também mais
complexa das DEMECs e, por consequência, a que mais dificuldades acarreta e de-
sencadeia, pois é humanamente compreensível perceber a complexidade de um ór-
o que se tem historicamente visto e sido visto como um órgão de fiscal, um órgão
de fiscalização, um órgão de supervisão, como disse há pouco, cartorial, assumir um
papel de agente do processo educacional em grau de igualdade com aqueles órgãos,
as Instituições de Ensino Superior Particulares Isoladas, a quem deve também fiscali-
zar.
É, portanto, um momento de reflexão da Delegacia de se adequar dentro
desse espírito académico ao se integrar no sistema, participando do processo e diale-
ticamente interagindo com ele.
É preciso ter uma superior competência, pois só quem tem a competência é
capaz de aceitar esta postura de diálogo entre partes iguais. Quemo tem compe-
tência jamais vai aceitar diálogo em pé de igualdade, sem se escudar na autoridade.
Se observarmos a questão sob este ângulo, vamos compreender, embora sem acei-
tarmos ou justificarmos, atitudes de algumas Delegacias, de alguns Delegados e até
mesmo de alguns Técnicos em Assuntos Educacionais queo privilegiam a super-
visão pois, para eles, esta representaria perda da autoridade. Realmente, enfocar a
supervisão sob esse ângulo de trabalho entre partes iguais significaria, para aqueles
queo compreendem o processo, uma perda de autoridade, mas, no campo da edu-
cação, autoridadeo se justifica por si mesma. Em qualquer setor da educação, em
qualquer nível que ela se exerçao há possibilidade de se impor a autoridade pela
própria autoridade. Elao se basta a si mesma, especialmente nas relações huma-
nas, em qualquer sentido mas especialmente no campo da educação. Se assim pro-
cedermos estaremos fazendo, especialmente no campo da educação, o uso de méto-
dos autoritários. Isso aí é o domínio do autoritarismo e no campo da educaçãoo se
admite, sob forma alguma, a imposição da autoridade pela autoridade. E só se pode
exercê-la com mútuo consentimento das partes. Neste terreno, a regra, a normao
pode se impor. É preciso antes convencer para consentir e convencer, obter o con-
sentimento, especialmente no nosso campo educacional, só pela competência de
quem tem o dever de exercer a autoridade. Esse é o pensamento de um ex-reitor de
uma universidade francesa, de onde partiram todos os movimentos que balançaram a
França, em maio de 68. Consta num livro excepcional - "La règle et le consentiment",
de uma autoridade que viveu o processo, viveu toda a problemática de 1968 e que
tem essa compreensão. No campo educacional, mais do que nunca, apenas o con-
sentimento mútuo, a compreensão, o diálogo para que a regra, a normao se trans-
forme em letra morta.
Nesse exercício, as DEMECs poderão, efetivamente, diferenciar, identificar
quem é quem entre as Instituições que lhe cabem supervisionar, separando aquelas
interessadas com seu fim precípuo e superior de educar daquelas que, embora dentro
da regra, tenham outros fins menos dignificadores, menos legítimos, ainda que apa-
rentemente legais, pois perseguidos de acordo com a lei, embora formalmente ape-
nas. Creio que aqui se coloca mais do que nunca no nosso campo a questão funda-
mental da legalidade, da legitimidade.
Ao me dirigir aos senhores, nesta Delegacia do Rio de Janeiro, sinto-me ain-
da mais tranquilo porque aqui nesta Delegacia, desde o Delegado - eu quisera que
todos entendessem assim - até os Técnicos em Assuntos Educacionais, em todos
eles, observa-se uma compreensão superior dos propósitos da ação de supervisão
sem perda da sua autoridade. Ainda semana passada, instado por uma Instituição de
Ensino Superior Particular Isolada desta cidade, tive a tranquilidade de decidir por
acatar um pleito, porque recebi da DEMEC do Rio de Janeiro as informações seguras
da seriedade daquela Instituição. Tive absoluta tranquilidade de poder decidir com um
simples telefonema à Delegacia do Rio de Janeiro que, pela sua seção própria, mani-
festou e testemunhou a seriedade no compromisso com a educação dessa Institui-
ção, que é uma instituição modesta. Exatamente o que se faz nesta Delegacia é um
trabalho que merece respeito, merece confiança. Sei que, talvez, alguns poderão dis-
cordar. Sei que, talvez, alguns poderãoo concordar integralmente com relação a
esta minha opinião. É uma opinião pessoal aurida pelo contato, pelo trabalho, pela dis-
cussão constante com o Delegado, com a Coordenadoria da área, com técnicos e
espero estar absolutamente correto dentro dessa minha interpretação dos fatos, que é
uma interpretação pessoal e poderão dizer até que é uma interpretação subjetiva.o
tenho medo de subjetividade, desde que ela se baseie e se ampare em fatos objeti-
vos, em fatos queo a representação da realidade, em fatos queo a própria es-
sência da verdade. Por isso, Prof. Aurélio, sinto-me extremamente satisfeito de estar
aqui. Istoo é um elogio de corpo presente.o sou de conceder elogios vazios ou
ocos mas, por outro lado, aqueles que me conhecem sabem que sou extremamente
franco quando tenho que dizer as coisas e assim acho que quando tenho que fazer
um reconhecimento público a esta Delegacia também devo fazê-lo aqui, publicamente.
Feitas essas considerações, queo na realidade considerações propedêu-
ticas meramente introdutórias, gostaria de tecer alguns comentários acerca das deci-
sões da Secretaria da Educação Superior que vimos adotando, algumas ainda sequer
divulgadas e as divulgaremos aqui e agora. Acerca dessas decisões, todas elas re-
sultantes daquele encontro que mantivemos em 16 de março, no Ministério da Educa-
ção, com a COR e com alguns Delegados, especialmente Delegados dos Estados
com maior número de instituições supervisionadas.
Na SESu, entendemos que a Portaria 14, de 9 de março de 1983, é um do-
cumento amplo, é um documento, portanto, hábil, que responde perfeitamente por
aquilo que podemos entender como definidor de uma política e ao mesmo tempo de
um espírito da supervisão como um instrumento comprometido com a melhoria da
qualidade do ensino e, assim, esse documento deve ser preservado, buscando-se o
seu aprimoramento, quando for o caso, buscando a integração das universidades por
aquilo que aquele documento determina como uma política na ação de supervisão por
áreas de conhecimento. Portanto, a SESu hoje, a atual Secretaria da Educação Supe-
rior, entende que a Portaria 14/83, já passados 5 anos e meio, é um documento que
permanece atual como documento diretivo de política e de uma ação consequente
dessa política. Dentro desse espírito, considera como sendo, talvez, o aspecto mais
importante daquela Portaria a integração com as universidades para auxiliar as Dele-
gacias e auxiliar as Instituições e, nesse sentido, a Secretaria da Educação Superior
se propõe dar consequência a essa decisão, a essa diretriz, a essa definição. O Prof.
José Camillo da Silveira Filho, que é o nosso Secretário da Educação Superior, apro-
vou uma Informação interna que fizemos no seniido de que se faça ao Sr. Ministro da
Educação uma Informação - o Prof. Balthar, Coordenador da COR, a Profa. Lygia e a
Profa. Heloisa ainda sequer estão informados dessa decisão - para ques criemos
o "Programa Nacional Integrado de Supervisão Escolar" - PISE, com a intervenção
das DEMECs e das universidades públicas e particulares ao abrigo do qual se dará a
integração sistemática das universidades no processo. Portanto, informação ao Sr.
Ministro nesse sentido estará sendo elaborada em conjunto, a partir desta semana,
com a participação da COR, objetivando definir os recursos necessários ainda neste
exercício e definidores de uma política para os exercícios posteriores. Creio que esta
é uma boa notícia porque, na realidade, esta é uma antiga demanda que as Delega-
cias fazem e que também a COR tem insistentemente encaminhado.
Vejo aqui representada a Delegacia do MEC no Estado do Rio Grande do
Sul - só lamento que o Prof. Tide, Delegado naquele Estado,o esteja aqui - que foi
a primeira nesse campo de integrar a universidade nesse processo e, mais do que
pioneira, vem desenvolvendo, apesar de todos os problemas, de todas as limitações,
um trabalho realmente meritório nesse aspecto, pela criação de cursos para seus
próprios técnicos e ao mesmo tempo na sua ação supervisora.
Com a implantação regional dos projetos ao abrigo deste Programa, creio
que poderão, também, ser devidamente equacionadas as questões relativaso só
ao aperfeiçoamento dos supervisores, responsáveis queo diretamente pela execu-
ção do processo, bem como aquelas relacionadas com as comissões de verificação,
acompanhamento, sindicância, inquérito, etc, preservando-se a ação das DEMECs e
a sua competência específica. Creio que ao abrigo do Programa Nacional Integrado
de Supervisão todas aquelas demais questões relativas a constituições de comissões
de verificação, comissões de acompanhamento, comissões de inquérito, comissões
de sindicância, tudo isso poderá ser devidamente equacionado por projetos específi-
cos de cada Delegacia, no sentido de ques venhamos ter os pleitos das Delega-
cias, no sentido de ver as comissões constituídas no âmbito da sua supervisão por
técnicos da sua Delegacia e também por professores da própria região.
Creio que todos esses problemas poderão ser devidamente equacionados
com grande lucro, e sempre disse isto, para a ação de supervisão, ação de acompa-
nhamento, mesmo as ações de inquérito e com o ónus cada vez menor para as par-
tes. A urgência dessa medida se impõe por todos os aspectos e permitam-me os se-
nhores exemplificar com o que ocorreu neste ano e que vem ocorrendo com o con-
curso vestibular e que, de certa forma, as Delegacias do Ministério, tendo algumas
delas participado de forma bastante direta na detecção dos problemas, infelizmente,
em seguida foram de certa forma marginalizadas ou então colocadas ao lado quando
da discussão do problema do preenchimento das vagas oferecidas nas instituições.
Se o fato se reveste de gravidade em algumas cidades e regiões e o fato, especial-
mente aqui no Rio de Janeiro, foi bastante grave, a questão doo preenchimento das
vagas em instituições públicas de nível superior, na realidade,o se restringe às ins-
tituições públicas de ensino superior. A questão tem uma abrangência nacional, inde-
pendentemente da escola pública ou da escola particular, emboras possamos di-
zer, de uma maneira bem clara, bem tranquila, que as causas desse fenómenoo
bastante diversas. Na realidade, creio que ao abrigo desse Programa Nacional de
Supervisão, com o envolvimento das universidades públicas e particulares que, pela
sua própria autonomia se desvinculam das Delegacias - a elaso se submetem no
âmbito da supervisão e da própria fiscalização -s poderemos colocar também as
Delegacias e todas as próprias instituições particulares e aquelas queo isoladas e,
portanto, supervisionadas, para discutir no foro das Delegacias esse problema.
Eu, particularmente, me vi muito envolvido nesta questão doo preenchi-
mento das vagas do concurso vestibular eo só por uma ação pessoal e direta mas,
também, porque fui brindado com algumas intervenções da imprensa, que me coloca-
ram numa rota de colisão com o Sr. Ministro quando, na realidade,o havia rota ne-
nhuma e muito menos colisão. Na questão do concurso vestibular, doo preenchi-
mento das vagas, vimo-nos em dificuldades eo poderíamos ter feito o que fizemos
no Ministério da Educação seo tivéssemos tido o apoio ,o contato e as informa-
ções dadas pelas Delegacias do Ministério.
Portanto, acho que, também na solução desses problemas, no equaciona-
mento dessa questão, a Delegacia é o órgão fundamental para já começar, no con-
curso vestibular, a experimentar a visão superior da supervisão como um trabalho
efetivamente entre iguais. O Sr. Ministro encaminhará, hoje ou amanhã, ao Sr. Presi-
dente da República uma minuta de um decreto que, evidentemente, por falta de uma
operação de marketing, a imprensa conduziu a discussão para o campo apenas das
chamadas vagas ociosas quando, em nenhum momento, foi esta apenas a preocupa-
ção do Ministério da Educação comoo fora também a preocupação das Delega-
cias. A imprensa me elegeu como tendo sido o elemento discrepante com relação ao
Ministro, ao dizer que estava em desacordo com ele e dou meu testemunho, aqui-
blico, de que, eíetivamente, o Ministério nem o Ministro isoladamente jamais esteve
preocupado, eo somente, com o preenchimento das vagas ociosas, das vagaso
preenchidas ditas ociosas. Efetivamente, desde o momento inicial o Ministério tem a
absoluta compreensão de que oo preenchimento de vagas ê, na realidade, uma
consequência de toda uma deturpação do processo educacional e de uma dissincro-
nia e uma desarmonia dentro do próprio processo, desde o 1º grau, passando pelo 2º
grau até o chamado 3º grau.
O Ministério jamais teve uma preocupação exclusiva com oo preenchi-
mento dessas vagas.s participamos, todoss do Ministério, da opinião de que se
manter vaga ociosa,o preenchida, no ensino superior, especialmente no ensino
superior público, neste momento, é algo que supera os limites do bom senso. Da
mesma forma, o Ministério da Educação entende que há necessidade urgente de me-
lhorias essenciais e fundamentais no ensino de 2º grau, como uma das causas fun-
damentais por essa hecatombe ocorrida em algumas universidades, especialmente
aqui no Rio de Janeiro, que chegaram a apresentar índices de 38 a 48,6% deo pre-
enchimento das vagas nos concursos vestibulares realizados no início deste ano,
como em Brasília, agora no concurso vestibular realizado em meados do ano, quando
oo preenchimento atingiu o limite de 25%. Das 910 vagas - vou dar o exemplo da
minha instituição, que é o mais recente - oferecidas pela Universidade de Brasília no
vestibular realizado em julho, apenas 708 foram preenchidas, o que corresponde a
quase 25% e fazendo um levantamento, uma leitura mais profunda dessas vagas, das
702 vagas ocupadas, podemos verificar que mais de 20% delas foram ocupadas por
alunos que jáo alunos da Universidade de Brasília. Portanto, os que fizeram novo
concurso vestibular, seja para mudar de opção, seja para "limpar" o seu histórico es-
colar ou seja por estar insatisfeitos simplesmente com o seu curso, fariam uma mu-
dança de opção por essa via. Portanto,s temos 45% das vagaso preenchidas,
ou preenchidas por aqueles que jáo alunos de universidades; 45% retirados da
clientela que demanda, que procura o ensino superior apenas com o 2º grau. A ques-
o assume formas e limites muito mais sérios do que aqueles níveis que estão na im-
prensa, sobretudo, se pensamos que hoje, na escola pública brasileira, temos uma
evasão interna camuflada da maior seriedade, em níveis quase hecatômbicos. Te-
mos, hoje, o que eu chamaria de uma evasão interna - pode parecer um contra-senso
porque é uma evasão interna - porque, na realidade, esses alunos continuam matri-
culados nas instituições de ensino superior maso frequentam os cursos, especial-
mente nas universidades públicas; trancam matriculas periodicamente ou então, sim-
plesmente, cancelam matrícula eo fazem nova matrícula. Em algumas instituições
públicas esses números chegam a ser alarmantes. É o depoimento de um próprio
reitor de uma instituição pública federal que me disse, no início deste ano, que tinha
65% do seu alunado fora da universidade, matriculado de direito maso de fato. Ora,
de tal forma que ele dizia: "Eu deveria ter 14.000 alunos mas tenho 4.800 alunos fre-
quentando realmente a minha instituição".
Sei que esse númeroo é nacional, mas esse é um problema extrema-
mente sério e, portanto, talvez muito mais sério até do que a questão venficada no
concurso vestibular, decorrente, também, de uma complexidade muito grande, de
causas muito complexas mas que, efetivamente, precisa ser atacado. Seguramente,
alguns destes alunos, que se matriculam e bgo em seguida trancam a sua matrícula
nas instituições públicas, assim agem por causas económicas mas isto será gerado
também muito seguramente pela qualidade do ensino que se ministra nessas institui-
ções.
Portanto, ao se referirem às causas da ociosidade das vagas no concurso
vestibular, os reitores das universidades brasileiras e os responsáveis por essas ins-
tituições, de maneira quase que unânime e de uma forma quase que monocórdia, se
lembraram de atacar o ensino de 2° grau e a qualidade do ensino de 2º grau ministra-
do, mas, em nerhum momento, nenhuma autoridade de ensino superior, responsável
pela administração dessas instituições, se lembrou de fazer um "mea culpa", de fazer
una pergunta seo estaria também na Instituição que faz o concurso vestibular
parte e parcela muito grande da responsabilidade.
Cito, para encerrar, o exemplo aqui do Rio de Janeiro. Temos uma instituição
pública federal no Rio de Janeiro que, em 1986, apresentou 0% de vagaso preen-
chidas no concurso vestibular. No ano de 1988, essa instituição pública oferece
48,7% de vagaso preenchidas no concurso vestibular. Será que apenas em um
ano ou em dois anos a qualidade do ensino de 2- grau caiu tanto assim? Obviamente,
não.o é preciso fazer nenhum estudo nesse sentido. Será que as universidades,
públicas ou não, nesses dois anos se tornaram, também,o excepcionais em nível
de qualidade a ponto de poderem dizer queo podem receber nos seus bancos
académicos alunos porque eleso estão a altura do ensino ministrado? Segura-
mente isto tambémo é verdade.
Nenhuma instituição se transforma em dois anos a ponto de dizer que 50%-o
dos candidatos que batem a sua portao estão em condições de ingressar nela.
Apenas para encerrar: nesta ação tambéms vamos precisar contar com
as Delegacias do Ministério. O Sr. Ministro está apresentando ao Presidente da
República o texto desse decreto. Deve ser aprovado e desse decreto sai-
o as suas consequências para as quaiss precisamos das Delegacias e preci-
samos das Instituições de Ensino Superior deste Pafs. Deste Decreto sairão, tam-
bém, programas nacionais de atualização e de reciclagem de docentes de 1
9
e 2°
graus e um programa nacional de avaliação da competência dos alunos no campo do
domínio cognitivo. Desse decreto constará, também, um programa nacional de ava-
liação de adequação do concurso vestibular como processo de seleção para que
possamos ter dentro de médio e longo prazos - eo acredito que isto possa se dar
em menos de 5 ou 10 anos - consequências concretas e reais de melhoria da quali-
dade do ensino, seja no, seja no, seja no 3º grau. Para essa ação consequente
em decorrência do decreto eu aqui faço - nesta Delegacia do Ministério do Estado do
Rio de Janeiro e na presença de representantes de outras Delegacias e de outros
Delegados, como a Profa. Ruth, Delegada do Pará, o Prof. Boni, Delegado deo
Paulo e a Profa. Antonieta, Delegada de Rondônia - um apelo e uma conclamação
para ques serremos fileiras em torno desses programas, porque, assim, estare-
mos, efetivamente, dando uma demonstração pública e cabal do nosso interesse e do
nosso comprometimento com a melhoria da qualidade do ensino superior, do ensino
de 2º grau e do ensino de 1º grau.
Muito obrigado aos senhores.
(Texto transcrito de gravação,o revisado pelo conferencista)
É com grande satisfação que me encontro, hoje, dando prosseguimento a
um trabalho que temos construído juntos, trabalho este que representa o esforço de
todoss na direção de uma educação mais justa, digna e competente. É nesta pers-
pectiva que temos desenvolvido nossas ações.
Assim, em 1984, realizamos, em Belo Horizonte, nosso primeiro encontro.
Naquela oportunidade, abordando diferentes assuntos,tínhamos como objeti-
vo básico aperfeiçoar a ação supervisora mediante o oferecimento de subsídios para
um mudança de estilo da supervisão em função de uma política voltada para a quali-
dade do ensino, conforme as diretrizes da SESu.
No segundo encontro, realizado emo Paulo, em 1986, explorando o tema
único "a melhoria da qualidade do ensino", tínhamos a intenção de proporcionar
aos supervisores elementos para uma reflexão sobre o conceito de qualidade e a sua
ação como supervisores.
Para efetivação desses encontros buscamos a integração com a Secretaria
da Educação Superior, o Conselho Federal de Educação, Universidades e Instituições
de Ensino Superior Isoladas e procuramos intensificar a troca de experiências entre
as Delegacias.
Ao lado dessas atividades, de caráter nacional, a COR tem se preocupado
em viabilizar outras oportunidades de aperfeiçoamento, congregando grupos de su-
pervisores, numa ação integrada entre Delegacias.
Desde 1984, vimos promovendo estágios, consultorias e reuniões para al-
gumas Delegacias, assim como apoiando inúmeras ações de iniciativa das próprias
DEMECs.
Neste contexto, configura-se como de fundamental importância a participa-
ção das universidades no aperfeiçoamento dos supervisores mediante o desenvol-
" Responsável pela Área de Apoio à Supervisão do Ensino Superior Particular Isolado e ao Registro
de Professor e Especialista em Educação da Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegia-
dos/SG/MEC e Professora Assistente do Departamento de Ensino e Currículo da FACED/UFRGS.
A COR/SG E A SUPERVISÃO
A AVALIAÇÃO
E A SUPERVISÃO
Lygia Souto de Azambuja *
vimento de cursos de pós-graduação "lato sensu", atividade que a COR vem apoian-
do e incentivando. Neste sentido, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul mi-
nistrou curso, a nfvel de especialização, para supervisores da DEMEC/RS, com
apoio financeiro da CAPES. A Universidade Federal de Goiás, em convénio com a
SESu, está ministrando curso de especialização para técnicos da DEMEC/GO e a
Universidade Federal do Pará iniciou curso para os supervisores da DEMEC/PA. A
nfvel de atualização, foi desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco um
curso para os técnicos da DEMEC/PE.
É importante destacar que outras Delegacias estão, também, empenhadas
em especializar seus supervisores, como é o caso das Delegacias do Amazonas, do
Ceará e da Paraíba que previram a realização de cursos em 1988.
O desenvolvimento da supervisão por áreas de conhecimento, com a parti-
cipação de professores especialistas das universidades, vem sendo, também, esti-
mulado pela COR. Nesse sentido, mediante convénio com a SESu, as Universidades
Federais do Rio Grande do Sul e de Santa Mariam colaborado com a DE-
MEC/RS. A DEMEC/MG está articulando a celebração de um convénio entre a SESu,
a Universidade Feaeral de Minas Gerais e lESPIs para a realização da supervi-
o nas áreas de Matemática, Direito e Medicina. A DEMEC/RJ busca uma alternati-
va diversificada para desenvolver a supervisão por áreas de conhecimento, envol-
vendo Conselhos Regionais de Classe e Comissões de Especialistas.
A colaboração das universidades tem se efetivado, também, de outras for-
mas. Assim, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul firmou protocolo de coo-
peração técnica com a DEMEC/MS; a Universidade Federal da Paraíba participa,
juntamente com as lESPIs, de reuniões periódicas promovidas pela DEMEC/PB e a
Universidade Federal do Ceará desenvolveu os projetos "Estágio Curricular" e "Bi-
blioteca", com a DEMEC/CE e IESPls.
Neste sentido, visualizando o já realizado e o programado, nosso trabalho
tem sido profícuo e digo nosso porque eleo existiria sem vocês, já ques só me-
diamos o que entendemos como aspirações de vocês - e volto a dizer profícuo, pela
vinculação deste com as aspirações da sociedade, com as aspirações das institui-
ções de ensino superior particulares isoladas e as das Delegacias do MEC por
uma educação de qualidade.
Agradeço, por tudo isto, a participação que vocêsm evidenciado ao longo
desses anos e pelos caminhos que temos percorrido juntos. E é nesta linha que orga-
nizamos este seminário, que hoje se inicia.
A realização deste Seminário, por sua vez, só foi possível, pela colaboração
da SESu, do CFE, do CENDER, de Instituições de Ensino Superior e das Delegacias,
sem os quaiso teríamos possibilidade de desenvolvê-lo.
Conforme captamos das necessidades de vocês ao longo de nossos en-
contros e, considerando, além disso, a natureza da área de supervisão, optamos
neste ano por trabalhar um tema central: Avaliação, subdividindo-o em quatro gran-
des s* jbtemas.
Assim, propomo-nos a tratar de:
1. A AVALIAÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA
2. A AVALIAÇÃO E A FUNÇÃO DA LEGISLAÇÃO NA SUPERVISÃO
3. A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E A AÇÃO SUPERVISORA
4. A AVALIAÇÃO NA INSTITUIÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA
O tema AVALIAÇÃO vincula-se à própria ação supervisora no sentido do
seu trabalho junto às instituições de ensino superior particulares isoladas.
Em si mesmo, o tema já é complexo. Entretanto, é um desafio que resolve-
mos assumir junto com as Delegacias, questionando:
O que avaliamos ?
Por que avaliamos ?
Para que avaliamos ?
Para quem avaliamos ?
Como avaliamos ?
Avaliamos a avaliação ?
Estaso algumas questões que orientaram nosso trabalho, quando da or-
ganização do seminário. A maioria delas está calcada na experiência do dia a dia das
DEMECs em sua ação supervisora. Parte delas é o que existe e parte delas é o que
desejamos alcançar.
Buscando configurar a avaliação para entendermos a nossa prática, sinto
necessidade de pensarmos:
- que tipo de sociedade, de mundo desejamos, para, então, podermos pen-
sar:
- que tipo de instituição educacional desejamos, considerando a realidade
do País?
Se pensarmos assim, a configuração de "avaliação como a emissão de um
juizo de valor" está impregnada do valor que atribuímos às características da socie-
dade que desejamos.
A avaliação, na nossa pespectiva, tende a ser empregadao só para medir
e avaliar produtos, mas basicamente para elucidar questões em sua totalidade e em
sua unidade, consideradas no seu próprio ambiente. O que nos interessa, nesta linha,
é estudar os modos em que o "objeto de avaliação" opera, como é influenciado, que
fatores o determinam. Trata-se da busca de uma avaliação do processo, para auxi-
liar na melhoria do próprio processo de vida daquela instituição e des mesmos.
Com esta perspectiva, propomos o 1º subtema:
1. A AVALIAÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA
Neste momento, queremos retomar, unir a noção de avaliação, o seu pro-
cesso, com a ação do supervisor. A relação íntima entre uma e outra fica por conta de
concepção de mundo e de transformação ouo que este supervisor vai passar no
seu dia a dia, no seu movimento, para o próprio processo de avaliação.o é uma
ação policial, ao ser que a concepção de mundo feche com a idéia só de controle.
Desejamos um trabalho conjunto, "um trabalhar com", na direção da transformação da
escola e des mesmos, como indivíduos e como grupos para podermos pensar a
transformação da sociedade.
Derivado deste, mas preso a seus limites formais, situa-se o 2º subtema:
2. A AVALIAÇÃO E A FUNÇÁO DA LEGISLAÇÃO NA SUPERVISÃO
Percebendo a supervisão como um trabalho que supera o simples controle,
partindo para uma ação mais solidária, sentimos que a legislação cumpre
um papel de orientação da ação. Entretanto, esta orientaçãoo deve significar
o asfixiamento ou o único fator de orientação., também, aqui um potencial de
transformação. Já foi dito que uma lei é boa,o porque é lei, mas é lei porque é
hoa. É nesta perspectiva que apostamos no uso da legislação na ação do super-
visor. Vamos pensar na aplicação da lei, mas vamos, também, refletir, questio-
nando sobre a lei e sua função social, a quem beneficia, como e por que o faz.
Este é um item que gostaríamos de debater e de refletir em maior pro-
fundidade. Por isso, vocês solicitaram e o trouxemos, mais uma vez, para este
seminário.
0 3ºsubtema,
3. A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E A AÇÂO SUPERVISORA,
traz a questão, para nossa reflexão, de como supervisores podemos orientar
para a transformação a ação institucional eo somente a ação isolada e fragmentá-
ria de partes.
Esta ação objetiva o envolvimento de todo um segmento ou toda a instituição
envolvida no processo de se auto-refletir, de pensar sobre si mesma e sobre as con-
sequências de sua ação em relação ao contexto social a que pertence.
A inserção deste tema pressupõe uma ação voltada para a descoberta do
projeto pedagógico da instituição e qual a relação deste projeto com o projeto de ava-
liação e com a nossa função de coordenação, estimulação e mediação.
Finalmente, o 4º subtema,
4. A AVALIAÇÃO NA INSTITUIÇÃO E A AÇÃO SUPERVISORA,
pressupõe um encaminhamento dos anteriores para uma reflexão que pode
se dar pela mediação do supervisor, dentro da instituição, a partir da concepção de
mundo, de educação desta instituição, onde o seu projeto explicita o que deseja ou o
queo deseja, de uma forma mesmo que implícita.
É nesta direção que trabalhamos, se estamos comprometidos com o objetivo
de transformar o processo educacional no sentido de orientar para uma ação mais so-
cial, pedagógica e politicamente competente. E esta avaliação só se completa numa
supervisão entendida como processo de avaliação permanente dentro da IES, num
trabalho conjunto e solidário.
o algumas das questões que nos permitimos levantar e que nos auxilia-
ram a estruturar este encontro.
A partir, então, das questões que nos orientam e deste referencial exposto
brevemente, vamos apresentar a vocês a programação proposta.
Grata pela presença carinhosa e sempre disponível de todos vocês.
Obrigada.
Neusa Norma da Silveira (DEMEC/RS) - Gostaria de colocar ao Dr. Luiz Otávio que
uma supervisão, como a que se faz, é uma ação permanente, é uma ação contínua,
ela requer essa integração com a universidade. Isso demanda um custo bastante alto.
Como é ques ficamos diante destes custos altos na atual situação de carência de
recursos financeiros em que nos encontramos?
Luiz Otávio de Souza Carmo (Subsecretário da SESu) - Eu brincava com Lygia e
dizia o seguinte: o título da conferência dela se presta muito, agora com o desapare-
cimento dos acentos diacríticos, diferenciais, porque a supervisão, hoje, tem a COR e
da mesma forma como se grafa, a supervisão tem, também, cor. Aliás, a grafia é a
mesma.o há mais o acento diferencial. É preciso que ela veja também a cor do di-
nheiro. A Professora levanta a questão dos recursos. Neste programa, cuja informa-
ção vai ser elaborada nesta semana e de que dei a notícia pela primeira vez há pou-
cos instantes, necessariamente, consta solicitação de destaque de recursos específi-
cos para o atendimento dos projetos encaminhados ao abrigo do programa. Obvia-
mente, esses recursos nunca serão suficientes. Obviamente esses recursos nunca
serão aqueles que pedimos, que demandamos aos órgãos financiadores do Ministé-
rio, mas esses recursos serão, pelo menos, em quantidade suficiente para que pos-
samos fazer frente àqueles projetos que forem apresentados. Haverá, na realidade
uma seleção desses projetos. Haverá toda uma divulgação junto às DEMECs e tam-
m junto às Instituições no sentido que possam ser feitos projetos dentro da dimen-
o dos recursos que possamos ter. Tenho um princípio, do qualo me afasto, pior
do queo ter perspectiva é você frustrar perspectiva, portanto, jamais gosto de sus-
citar expectativas que possam vir a ser frustradas. Acho muito pior. Tenho uma mar-
ca muito funda e sempre me reporto a ela. Assumi a Subsecretariada SESu no dia de
comunicar às Instituições de Ensino Superior do País inteiro, que estavam ali concla-
madas, o resultado das análises dos projetos do Programa Nova Universidade. Parti-
cipei, emborao tenha participado da parte inicial, da comunicação do resultado, que
foi extremamente frustrante, extremamente nocivo porque, exatamente, frustrou uma
DEBATE
série de expectativas que foram irresponsavelmente suscitadas. Digo com toda a
franqueza: irresponsavelmente. Pretendeu-se fazer o Programa Nova Universidade
com aquele pouco volume de recursos anunciado e, pior ainda, se os recursos anun-
ciados já eram poucos, os recursos efetivamente alocados eram menores ainda.
Portanto, dentro das possibilidades, esses recursoso ser definidos e dentro dessa
definição é que serão solicitados projetos específicos a cada Delegacia num trabalho
com as Instituições de Ensino Superior. Já houve, da primeira conversa do encami-
nhamento do programa, uma solicitação de uma definição desses recursos e acredito
que, para este exercício de 1988,s venhamos a ter recursos suficientes para fazer
frente às solicitações que vierem a ser encaminhadas à SESu e à COR, pelas DE-
MECs. Estou convencido disso.
Maria Isabel Bujes (UFRS) - O senhor nos dá notícia de um Programa Nacional In-
tegrado de Supervisão Escolar. É este o nome? Ele me chama um pouco a atenção
porque a grande briga da supervisão é que ela tem pretendido deixar de ser escolar
para ser educacional. Tem se pensado a supervisão no sentido de que ela é a super-
visão da educação eo mais a supervisão de escola. Ela até pode ser feita na es-
cola. Então, pergunto: por que a denominação "supervisão escolar" em vez de "su-
pervisão educacional"? É só uma questão para entender bem.
Luiz Otávio - Na realidade, Prota. Isabel, tenho a impressão que fui infeliz, quero ver
até se eu escrevi dessa forma. Tenho a impressão que foi um ato falho meu, porque,
na realidade, passei a entender um pouquinho de supervisão exatamente com o tra-
balho junto à COR e junto às DEMECs e passei a me envolver mais diretamente. Se-
guramente cometi um ato falho ainda preso aos bancos académicos onde estudei e,
portanto, o nome deve ser como a senhora falou. Talvez eu tenha até escrito supervi-
o educacional,o a situação da supervisão anterior. Mas a sigla se presta.o é
efetivamente a supervisão da escola, mas a da educação e é nesse sentido que está
sendo elaborado o documento.
Waldir Vilela (Presidente da Associação Brasileira de Ensino Universitário) - A
minha vinda aquio é para indagações e sim para dar um testemunho e tranquilizar
o nosso estimado Prof. Luiz Otávio. Quero dizer, Prof. Luiz Otávio, que o juízo aqui
emitido por Vossa Senhoria em relação a nossa DEMEC é também o pensamento
nosso. Quero dizer, para tranquilizá-lo, para que Vossa Senhoriao fique preocupa-
do em ter emitido um juízo queo venha corresponder à realidade. Digo isto porque
sofro a ação da supervisão, a ação da DEMEC e o nosso testemunho é no sentido de
dizer que tudo aquilo que Vossa Senhoria afirmou corresponde hoje a uma realidade.
s achamos isto, falandoo somonte em nosso nome, da nossa instituição, mas
creio que também transmito o pensamento daquelas instituições que tenho a felicida-
de de conviver, em nosso Estado do Rio de Janeiro. Realmente há uma grande tran-
quilidade naquilo que diz respeito ao relacionamento com a DEMEC e, principalmente,
com a supervisão das nossas instituições. E quero dizer ao nosso Prof. Aurélio que o
Catálogo é modesto na sua impressão, mas tenho a certeza de que no seu conteúdo
será de grande valia para o dia a dia nas nossas instituições. Queremos parabenizar
e realçar o nome da equipe, que realmente tabalhou no sentido de nos dar este ins-
trumento para que o nosso trabalho seja facilitado. Àqueles que colaboraram neste
trabalho e também ao Prof. Aurélio, que foi o seu supervisor, queremos, em nome de
uma modesta instituição, dar os parabéns e dizer que com isto se inaugura, realmen-
te, uma nova era na DEMEC, que, temos a certeza, é uma das que está despontando
no conceito de todas as outras do nosso Brasil. Quero, também, registrar aqui a forma
toda especial com que a Profa. Ila vem conduzindo a chefia, a orientação da supervi-
o e que, em todos os momentos que aqui chegamos para procurar orientação,
sempre tivemos a sua boa vontade, o seu bem-querer sempre de ajudar. Era isso o
que tinha a dizer. Muito obrigado.
Luiz Otávio - Queria manifestar minha satisfação de poder ver que a minha opinião
coincide com a do Prof. Waldir que pela sua responsabilidade como presidente de um
órgão congregador tem em explicitá-la. Euo tinha qualquer preocupação com mi-
nha afirmativa a respeito do juízo que faço sobre a DEMEC. Embora tenha poucas
certezas absolutas, faço da minha vida um exercício diário, que persigo mesmo, de
ques devemos ter opiniões maso devemos nunca ter medo de mudá-las, mas
essa a respeito da DEMEC é uma que euo tinha dúvidas, o menor receio de que
elao correspondesse aos fatos, É uma das poucas certezas absolutas que tenho
com relação ao meu juízo pessoal e com relação a autoridades e a pessoas envolvi-
das com o processo educacional. Fico satisfeito por concordar com o Prof. Waldir.
Cláudia Mello (DEMEC/RS) - Prof. Luiz Otávio, um dos grandes problemas que a
supervisão enfrenta é a questão da dualidade entre ser parte do sistema mas, ao
mesmo tempo,o atuar diretamente no sistema, ou seja,s somos pessoas que
representam um poder instituído, no caso o Ministério da Educação, e atuamos junto a
instituições particulares de ensino superior isolado. Pois bem, um dos problemas que
s enfrentamos é justamente diminuir esse ponto de tensão, que seria essa dualida-
de, e atuar mais diretamente no sistema. Com a sua palestra, o senhor apontou o ca-
minho que, pela via do trabalho integrado dialeticamente,s conseguiríamos ter essa
participação decisiva como agentes do processo educacional. Pois bem, com a cria-
ção desse programa, o PISE, que seria instituído através de projetos específicos -
Delegacias - Instituições de Ensino,o afastaria ainda mais a nossa atuação do
nosso meio, que seria a instituição de ensino particular isolado? Como que se daria a
nossa penetração, que já é algo um pouco distanciado, através de projetos isolados?
Euo sei se consegui expressar direito a preocupação que estou levantando. A
ideia é: através de projetos isolados se conseguiria ouo ter maior penetração den-
tro de uma instituição isolada?
Luiz Otávio - Profa. Cláudia, na realidade, ao falar de projeto isolado, estava pen-
sando, já que o programa é nacional, em projeto isolado por região, ou por DEMEC ou
por instituição.o é isolado no sentido de isolar as partes de cada um. Tenho a im-
pressão que me expressei mais uma vez mal. Seria isolado na sua elaboração, mas
isolado por estado, seria regional, seria de cada Delegacia. Na realidade, acho que
temos a obrigação de ser honestos.s estamos pensando nisto; a luta foio gran-
de para conseguir vender a ideia, para conseguir ganhar as pessoas que decidem
sobre isto, ques estamos, em verdade, embrionariamente pensando estes proje-
tos. Indiscutivelmente vamos precisar da experiência de cada Delegacia, de cada
grupo de supervisão, especialmente desse grupo do Rio Grande do Sul, que a senho-
ra representao bem, participa tanto, para nos ajudar até na elaboração do texto
desse programa.so pensamos nunca em fazê-lo lá do Ministério e distribuí-lo.
Na elaboração, na redação desse texto, seguramente, e pode ter certeza disso, vo-
so ter que trabalhar. E acho que é um trabalho que farão com multo prazer, todas
as Delegacias, todos os grupos de supervisão do País. Na realidade, vocês é que
o nos ensinar a fazer isto porque, especialmente na SESu -o diria na COR,
porque a COR tem e ela vai participar também desse trabalho - mas na SESus te-
remos necessidade muito desse apoio até para evitar que o seu enunciador cometa,
às vezes, algumas impropriedades na sua expressão e se confunda. Mas o isolado
o é cada ação isoladamente mas sena o conjunto das ações daquela DEMEC, na-
quela instituição.
Dulce Bastos (DEMEC/SP) - Prof. Luiz Otávio, é uma pergunta e ao mesmo tempo
acho que é uma cobrança. O senhoro parou para pensar num possível programa
de integrção da SESu, CFE e DEMECs? Algum tempo atráss estivemos numa
reunião onde essa preocupação havia sido colocada. A quantidade de jurisprudência
e de casufsmos do Conselho Federal muitas vezes tem tornado até mesmo ineficaz a
nossa ação supervisora, presa a alguns padrões legais, vindos, também, da SEsu ou
da estrutura executiva do próprio Ministério. Existe algum pensamento nesse senti-
do, algum encaminhamento numa integração maior? Porque a minha sensação é
de um afastamento da supervisão feita na DEMEC no dia a dia com os pronuncia-
mentos, com os excessivos casufsmos do Conselho Federal, às vezes até modifi-
cando normas e caminhos que tinham acabado de ser consolidados.
Luiz Otávio - Profa. Dulce, na realidade há uma preocupação constante da SESu em
estabelecer um "modus vivendi", um "modus pperandi" com o Conselho Federal de
Educação. Agora, vai aqui também um "mea culpa" de toda a SESu. Acho que se de-
ve ter a honestidade de reconhecer.o, efetivamente,o houve,o tem havi-
do, embora se pense, uma ação consequente da Secretaria da Educação Superior
em transformar esta intenção e esta decisão numa atitude concreta junto ao Conselho
Federal de Educação e esse "mea culpa" se impõe porque também na Secretaria da
Educação Superiors temos nos visto a braços, constantemente, também com
questões queo muitas vezes de caso a caso, questões casuísticas e também so-
luções casuísticas. Pela primeira vez, nesses dois anos e pouco que me encontro na
Secretaria da Educação Superior, efetivamente está se desenvolvendo uma ação que
se pretende consequente, duradoura, também dentro da política da educação
superior, para ques possamoso ficar sempre atrás dos fatos, correndo atrás
dos fatos, mas podendo planejar, prever e para poder prevenir, o que até hoje, infeliz-
mente,so tivemos condições de fazê-lo. Então, há essa intenção, há essa deci-
são.s temos contatos individuais com Conselheiros, com Fernando Affonso Gay
da Fonseca, com Zilma Parente de Barros, com Manuel Gonçalves, com João Paulo
do Vale Mendes, todoss interessados em estabelecer esse "modus operandi" e
esse "modus vivendi" mas, infelizmente, cada um perdidos nos seus casos do dia a
diao temos tido oportunidade de fazer uma ação consequente.o tenho, infeliz-
mente, resposta a lhe dar de uma decisão concreta mas, evidentemente, aquela afir-
mativa de que mais do que nuncas estamos extremamente preocupados em
transformar essa ação numa ação harmoniosa e consequente, de forma queo ve-
nha a ocorrer, como tem ocorrido em alguns casos, alguns desencontros. Mais do
que nunca, vamos procurar exercitar a arte de viver, que é procurar um encontro em-
bora haja tantos desencontros nesta nossa vida comum com o Conselho Federal de
Educação.
(Transcrito de gravação)
PROJETO DE SUPERVISÃO
POR ÁREAS DE
CONHECIMENTO DA
DEMEC/MG
Suzana de Oliveira Martins *
1. INTRODUÇÃO
As criticas e denúncias à escola em geral, e em especial ao ensino superior
brasileiro, vistos como legitimadores das desigualdades sociais e fracassos generali-
zados, já chegaram a um limite de saturação.
Sempre que se quer justificar alguma ação, enfatizam-se alguns dados iso-
lados no sentido de destacar alguma suposta verdade que se generaliza, transforma-
se em "cliché" e oferece uma imagem, muitas vezes, distorcida da realidade.
O Prof. Ronald Braga já dizia, em 1985, em seu artigo "8 Mentiras sobre o
Ensino Superior no Brasil", que a repetição enfadonha desses "clichés" gera um qua-
dro de mentiras que passa a alimentar a opinião pública e até mesmo a política de en-
sino superior, no âmbito do MEC. O seu artigo tentou desmascarar essas mentiras e,
ainda hoje,s mesmos fazemos uso delas com os mesmos fins que os demais.
Vamos nos abster, então, de análises do sistema educacional parao nos
comprometermos ainda mais, e nos ater a nossa realidade especifica.
A ação supervisora desenvolvida pela DEMEC/MG nos últimos anos reflete
uma grande preocupação com a qualidade do ensino, que tem sido o seu principal objeti-
vo. Contudo, no nosso fazer de cada dia, temos nos defrontado com a já célebre di-
cotomia entre teoria e prática. Temos nos empenhado em encontrar uma solução que
possa vir a se constituir em uma"metodologia da supervisão de qualidade".
Queremos pensar e desenvolver uma metodologia que envolva a DEMEC, a
Universidade, a IESPI e todo o seu contexto, a partir de uma aproximação crítica da
realidade. Essa aproximação da realidade será conseguida através da "Avaliação
Institutional", vista como uma permanente reflexão sobre o mundo que se constituirá
em uma unidade indissolúvel com a ação executada.
Pretendemos passar a ocupar o espaço destinado a cada um des no
" Coordenadora de Supervisão da Delegacia do MEC em Minas Gerais
contexto e no próprio processo de produção da "metodologia da supervisão de quali-
dade". Esse trabalho pretende, ainda, ser como um ponto de partida, e tem muito a
ser enriquecido por aqueles que se dispuserem a participar da sua realização com
espírito crftico, buscando realmente a transformação da ação supervisora. Temos que
criar a nossa supervisão com o material que se nos oferece - supervisão de qualida-
de comprometida com a produção do saber.
Na busca de opções para uma ação supervisora mais coerente com as
nossas ideias, consideramos que, através da supervisão por áreas de conhecimento,
desenvolver-se-iam procedimentos que conduziriam a uma prática dialética entre a
DEMEC, a UFMG e as lESPIs e à utilização da "avaliação institucional como centro
desse processo dialético".
Assim, articulamos a participação da UFMG já na elaboração do Projeto de
Supervisão por Área de Conhecimento, visto que se reconhecia que uma ação pro-
gramada resultante de um querer coletivo, ainda queo provocasse mudanças sig-
nificativas, representaria ganhos na prática da supervisão, entendida como instru-
mento de aperfeiçoamento da qualidade do ensino, das lESPIs e do próprio processo
de supervisão.
Nesta perspectiva, o processo de supervisão teria dois grandes objetivos:
- estimular o aperfeiçoamento das lESPIs, e
- aperíeiçoar-se como processo ou como instrumento de aperfeiçoamento.
Ambos perfeitamente alcançáveis no desenvolvimento de um Projeto Espe-
cífico de Supervisão por Áreas de Conhecimento.
Os detalhes que passaremos a explicitar fizeram parte de um primeiro do-
cumento delineado pela DEMEC diante da necessidade de a UFMG estudar e decidir a
sua participação nesse trabalho. Estes itens estão sujeitos a permanente crítica e re-
formulação por parte de qualquer elemento incluído na execução.
2. OBJETIVOS
- Promover a cooperação técnico-didática entre a Delegacia do Ministério da
Educação em Minas Gerais, a Universidade Federal de Minas Gerais e as Institui-
ções de Ensino Superior Particulares Isoladas.
- Integrar a Delegacia do Ministério da Educação em Minas Gerais, a Uni-
versidade Federal de Minas Gerais e as Instituições de Ensino Superior Particulares,
visando implementar a supervisão por áreas de conhecimento.
- Promover a melhoria do ensino superior em Minas Gerais.
- Incentivar as IES de cada área de conhecimento a se conaregarem com o
objetivo de alcançar melhores padrões de desempenho.
3. POPULAÇÃO-ALVO
O projeto abrange 19 Instituições de Ensino Superior Particulares Isoladas,
das áreas de Medicina, Direito e Matemática, de Minas Gerais.
4. ESTRATÉGIAS DE AÇÂO
As ações serão planejadas em conjunto, partindo de algumas necessidades
já detectadas:
- Indicação de professores da UFMG e dos TAEs/DEMEC.
- Os representantes da DEMEC indicados são:
- Ana Maria Ruiz de Gamboa - TAE/DEMEC
- Jurandy Poty Maurício - Prof. de 3º grau à disposição da DEMEC
- Maria José Perpétuo Lima - TAE/DEMEC
- Márcia Letícia de Vasconcelos Parra - Profa. de 3ºgrau à disposição da
DEMEC
Serão incluídos, gradualmente, os TAEs responsáveis pela supervisão de
rotina.
- REUNIÕES NA DEMEC PARA:
. planejamento das ações consideradas básicas pelo grupo coordenador da
DEMEC;
. discussão dos objetivos;
. discussão dos Itens que deverão ser objeto de reflexão e análise:
.. projeto pedagógico da instituição, a saber: filosofia, objetivos e metas.
.. organização e gerência - Direção
Departamentos
Coordenação didático-pedagógica
Colegiados
.. Infra-estrutura física - Instalações gerais
Biblioteca
Laboratórios
Equipamentos
Recursos tecnológicos
.. Planejamento curricular - Conteúdos programáticos
Estágios curriculares
Bibliografia
.. Corpo docente - Qualificação académica - Profissional
Regime de trabalho
Seleção e recrutamento
.. Corpo discente - Nível de participação no Diretório Aca-
démico e nas decisões dos órgãos
colegiados
Expectativas
Desempenho
.. Análise do produto: - profissional que se forma e profissional
que a comunidade necessita
.. Atividades de pesquisa e extensão
.. Interação com outras Instituições
.. Interação com a comunidade
- Definição de procedimentos de execução, como:
. elaboração de instrumentos para coleta de informações;
. reunião com os diretores das lESPIs;
. formalização do Termo de Cooperação Técnica;
. visitas às lESPIs (número e época);
. análise e síntese das informações coletadas;
. orientações e propostas às lESPIs;
. participação em eventos das lESPIs;
. dicussão com o grupo de TAEs;
. avaliação institucional como mecanismo de crescimento;
. reflexões periódicas sobre a prática de grupo de execução;
. divulgação dos resultados.
- Estabelecimento de um cronograma (sugestão).
CRONOGRAMA-1988
ORDEM
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
AÇÕES
Constituição da equipe
Reuniões de planejamento
Elaboração de Instrumentos
Reuniões com os Dlretores
Formalização do Termo de
Cooperação Técnica
Visitas às lESPIs
Análise (e síntese) das
informações
Participação em eventos
das lESPIs
Reunião com a equipe
de TAEs
Orientações e propostas
às lESPIs
Divulgação dos resultados
PERÍODO
JAN
FEV MAR
ABR MAI
JUN JUL
AGO SET OUT NOV DEZ
5. RECURSOS HUMANOS
Serão envolvidos no Projeto:
- 6 docentes da Universidade Federal de Minas Gerais
- 5 Técnicos em Assuntos Educacionais da DEMEC/MG
- 2 Professores de 3º grau à disposição da DEMEC/MG
TOTAL: 13 pessoas
6. RECURSOS FINANCEIROS
Os cálculos de custo terão como referência a diária concedida aos TAEs,
número de visitas previstas, o número de diárias e o número de passagens e o pró-
labore dos professores, conforme orçamento a seguir.
ORÇAMENTO:
Despesas com os professores-especialistas com repasse para a Universi-
dade Federal de Minas Gerais
Professores-especialistas: em nº de 6 (2 por área)
Diárias (calculadas a partir de valor estimado em Cz$ 3.000,00)
2,5 diárias x 2 visitas = 5 diárias (por professor)
5x6 professores (2 + 2 + 2) = 30
30 x 15 lESPIs no interior = 450 diárias
450 x CzS 3.000,00 = CzS 1.350.000,00
Passagens (calculadas a partir do valor estimado em CzS 1.000,00 - ida e
volta - ônibus):
15 lESPIs no Item x 2 visitas = 30 passagens
30 x CzS 1.000,00 = CzS 30.000,00
Pró-labore de professores-especialistas (calculado a partir de valor estimado
em CzS 10.000,00):
15 lESPIs no interior + 4 lESPIs na capital = 19 lESPIs
19 lESPIs x 2 = 38 pró-labores
38 x Cz$ 10.000,00 = CzS 380.000,00
Despesas com os Técnicos em Assuntos Educacionais e Professores de 3
9
grau da DEMEC/MG
Diárias (calculadas a partir de valor estimado em CzS 3.000,00):
2,5 diárias x 4 visitas = 10 diárias (por técnico ou professor da DEMEC)
10x7 = 70 diárias
70 x 15 lESPIs no interior = 1.050 diárias
1.050 x CzS 3.000,00 = Cz$ 3.150.000,00
Passagens (calculadas a partir de valor estimado Cz$ 1.000,00 - ida e volta
- ônibus):
15 IESPIS x 4 visitas = 60 passagens
60 x CzS 1.000,00 = CzS 60.000,00
Observação:
Face à escassez dos recursos do Plano de Trabalho Anual - PTA/88 - da
DEMEC/MG, solicitamos à SESu verificar a possibilidade de liberação de recursos pa-
ra pagamento das despesas também com o pessoal técnico da DEMEC/MG.
ORÇAMENTO - SUPERVISÃO POR ÁREA - 1988
PARTICIPANTES
Profs-especialista?
Técnicos em Assuntos
Educacionais
TOTAL
DIÁRIAS
3111-02
1.350.000
3.150.000
4.500.000
PASSAGENS
3132
30.000
60.000
90.000
PRO-LABORE
3131
380.000
380.000
TOTAL
(CzS)
1.760.000
3.210.000
4.970.000
Valores com base na OTN de março/88 -Cz$ 820,42 (sujeito à atualização).
7. AÇÕES REALIZADAS
Até a presente data, o cronograma foi cumprido até o Item nº 4, uma vez que
a UFMG tem se alongado no estudo do Termo de Cooperação Técnica.o logo a
DEMEC receba a aprovação da minuta do Termo de Cooperação Técnica, será reali-
zada uma solenidade para a assinatura do mesmo e as demais açòes terão continui-
dade.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A forma de operacionalizar a supervisão por áreas de conhecimento, esco-
lhida pela DEMEC/MG, talvez seja a mais longa, a que caminha a passos mais lentos
e que só dará frutos a longo prazo. Mas esta é uma tentativa de aprimorar a ação su-
pervisora, a partir da nossa realidade, com os recursos de que dispomos.
A Avaliação Institucional pretendida pela SESu será aqui associada ao pro-
cesso de supervisão, constituindo-se ambos em um único processo que propiciará o
redimensionamento da praxis das IES e da própria DEMEC.
A proposta da DEMEC, hoje, é a mais simples, sem qualquer intenção de
impor esta ou aquela forma de planejar ou executar qualquer ação. Dentro de algum
tempo terá sido acrescida da experiência de todos os participantes e ganhará um cor-
po teórico inovador, embasado na vivência de cada um de nós.
As atividades desenvolvidas pela DEMEC/RJ na esfera da supervisão de
estabelecimentos particulares isolados de ensino superior do Estado do Rio de Janei-
ro apoiam-se no documento "A Supervisão do Ensino Superior do Estado do Rio
de Janeiro: proposta de uma nova prática", elaborado no segundo semestre de
1986, com o objetivo de traçar as linhas básicas de reformulação da Divisão de Su-
pervisão e Controle, considerando-se as diretrizes estabelecidas pela Portaria da
SESu nº 14/83, bem como a nova política adotada pela atua chefia da Divisão de Su-
pervisão e Controle.
Tornou-se patente, naquele momento, que a excessiva concentração da su-
pervisão nos aspectos burocráticos da organização do ensino constitui a prática cuja
mudança exigiria intensos esforços, a fim de modificar as formas de exercícios das
atividades do supervisor.
Com base nesse quadro, delineou-se uma estratégia de ação, a curto e a
médio prazos, voltada para o suprimento das falhas mais gritantes, sobretudo em re-
lação à orientação funcional do pessoal empenhado na supervisão. A partir dos re-
sultados a serem obtidos com lais iniciativas é que se poderia, progressivamente, re-
ver as práticas existentes, de modo a chegar-se à efetiva formulação de uma nova
sistemática de supervisão.
No plano prático, introduziu-se de imediato o esquema de agrupamento dos
TAEs supervisores por equipes ligadas às diferentes áreas de conhecimento. Com
isto reduziu-se a diversidade de cursos e de situações com que cada técnico teria de
defrontar-se, no cumprimento de suas funções.
Paralelamente foi criado um programa de reciclagem para os TAEs supervi-
sores, desenvolvido em várias etapas, cada uma delas com objetivos e formas pró-
* Diretora da Divisáo de Supervisão e Controle da Delegacia do MEC no Rio de Janeiro.
INTRODUÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA
SUPERVISÃO POR ÁREAS DE
CONHECIMENTO DA
DEMEC/RJ
Ila Cecília Falcão Kemp *
pnas, configurando-se, assim, duas dimensões distintas da estratégia de trabalho da
DSC/DEMEC/RJ, as quais, embora interrelacionadas, desenrolaram-se com ritmos e
dinâmicas diferenciados, dada a natureza especflica dos problemas enfrentados.
1. ATUAÇÃO DA SESup
A SESup (Seção de Supervisão da Divisão de Supervisão) executa o tra-
balho de acompanhamento das IES, através de equipes de supervisão, constituídas
por oito a dez técnicos, tendo à frente um Coordenador. O número de TAEs nas equi-
pes varia de acordo com o número de cursos de cada área, existindo atualmente seis
equipes correspondentes a quatro áreas de conhecimento.
o as seguintes as áreas de conhecimento:
. Ciências da Saúde e Biológicas, com os cursos de Medicina, Enferma-
gem, Farmácia, Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Odontologia, Biolo-
gia Marinha, Musicoterapia, Ortóptica e Terapia Ocupacional;
. Ciências Exatas e Engenharia, com os cursos de Engenharia Civil, Enge-
nharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Estatfstica, Processamento de Da-
dos, Química Industrial, Técnicas Digitais, Telecomunicações e Tecnologia
de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica;
. Ciências Sociais Aplicadas, com os cursos de Administração, Arqueologia,
Arquitetura e Urbanismo, Ciências Atuariais, Ciências Contábeis, Ciências
Económicas, Comunicação Social, Comunicação Visual, Desenho Indus-
trial, Direto, Formação de Executivos, Hotelaria, Museologia, Relações In-
ternacionais, Serviço Social e Turismo;
. Educação (área das licenciaturas), com os cursos de Pedagogia, Psicolo-
gia, Letras, Música, História, Ciências Sociais, Biologia, Química, Matemá-
tica, Física, Educação Física, Educação Artística, Estudos Sociais, Dança,
Geografia e Formação de Professores.
A adoção desse esquema de trabalho vem permitindo um trabalho mais pro-
fícuo no exercício das atividades de supervisão, na medida em que a concentração de
cada grupo de técnicos, em cursos com alguma afinidade de conteúdo , favorece a
busca de conhecimento da estrutura e características desses cursos, bem como a
identificação de problemas que lhes sejam comuns. Entretanto a própria listagem das
graduações que integram cada área torna evidente que o grau de heterogeneidade é
bastante alto em pelo menos duas áreas - a de Ciências Sociais Aplicadas e das Li-
cenciaturas, o que dificulta o rendimento do trabalho de supervisão em sua plenitude.
Acresce que, ao se iniciar a experiência, partia-se de uma prática de super-
visão dirigida em grande parte para os aspectos burocráticos do funcionamento das
instituições de ensino, forma que veio a ser condenada, inclusive pela SESu, ao dis-
por no artigo, inciso VI da Portaria 14/83, que a supervisão por áreas de conheci-
mento deve ser levada a efeito mediante a integração das universidades no processo.
No Estado do Rio de Janeiro esta integraçãoo se mostrou viável a curto
prazo, o que levou a DSC/DEMEC a lançaro de recurso alternativo,qual seja o
trabalho em colaboração com órgãos de representação profissional e com consulto-
res oriundos de diversos campos científicos e profissionais.
A partir do primeiro semestre de 1987 a DSC/DEMEC/RJ iniciou um pro-
grama de aproximação com órgãos de representação de profissionais de nível supe-
rior com o objetivo de desenvolver um trabalho conjunto, que viesse a fornecer su-
porte tanto ao sistema de supervisão da DEMEC, quanto as referidas associações de
classe, no sentido de orientar e avaliar a implantação do novo currículo mínimo do
curso de Economia, fixado pela Resolução nº 11 /84, e de contribuir para a elevação
dos padrões de qualidade na formação desses profissionais.
A primeira experiência foi desenvolvida na área das Ciências Sociais Aplica-
das, especialmente Economia.
Em conjunto com o Prof. José Nivalde de Castro, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro e membro do Conselho Regional de Economia (CORECON), e da
Associação de Graduados de Economia (ANGE), a DEMEC/RJ promoveu reuniões
com TAEs da DSC com a finalidade de analisar a situação e heterogeneidade vigente
no ensino de graduação em Economia, bem como identificar os pontos centrais para o
desenvolvimento de uma ação destinada a elevar seu nível. Foram discutidas, dentre
outras, a qualificação dos docentes e a infra-estrutura do ensino dessa graduação.
Merece destaque especial a criação de uma comissão, composta de quatro profissio-
nais da área de Economia, para colaborar com técnicos da DEMEC, em nível de as-
sessoria, no estudo relacionado com assuntos de conteúdo e funcionamento dos cur-
sos. Incumbiram-se os TAEs, por seu turno, de efetuar um levantamento das grades
curriculares adotadas pelas Instituições, dos conteúdos programáticos e ementas das
disciplinas e das respectivas referências bibliográficas, a fim de sofrerem exame críti-
co por parte dos especialistas integrantes da comissão.
No decorrer do ano, os TAEs receberam orientação sobre diversas ques-
tões, em especial sobre os aspectos concernentes à implantação do novo currículo
do curso de Economia onde deveriam ser observados os princípios do seu pluralismo
metodológico e ideológico.
Realizaram-se estudos sobre a real situação dos cursos ministrados pelas
instituições isoladas e sobre a profissão de economista, utilizando-se no, segundo ca-
so, um vídeo que o CORECON já emprega para informação dos estudantes do se-
gundo grau e dos primeiros períodos da graduação. Conferiu-se, também, grande
destaque à avaliação dos cursos de Economia, decidindo-se aplicar, para esse efeito,
um questionário elaborado por pesquisadores da Universidade de Brasília e outro
montado por técnicos da DSC/DEMEC/RJ.
Além dessas atividades, organizaram-se três seminários sob o patrocínio
conjunto da DEMEC/RJ, CORECON e ANGE, nos quais voltaram a ser debatidas
questões concernentes à avaliação e ao novo currículo, ao lado do intercâmbio de
experiências proporcionado entre instituições que ministram curso de Economia.
Atualmente, aguarda-se a devolução dos questionários distribuídos às IES
para fins de avaliação dos cursos, assim como os resultados da análise do material
obtido no levantamento preliminar que a comissão de especialistas do CORECON
propôs-se a empreender.
Com base nos resultados obtidos, a supervisão desses cursos será redi-
mensionada de acordo com as suas carências e/ou especificidades.
1.2. Alternativas de Supervisão: Cursos de Medicina
Ao iniciar-se o trabalho por áreas de conhecimento, a equipe encarregada da
área de Ciências da Saúde e Biológicas procedeu a um levantamento destinado a veri-
ficar a situação do ensino nas instituições particulares isoladas que mantêm cursos
de Medicina no Estado. Resultou desse levantamento a revelação de uma realidade
bastante preocupante, coincidente em grande parte com as denúncias de irregularida-
des apontadas por estudantes desses cursos, que há algum tempo se vinham acu-
mulando. A partir daí resolveu-se desencadear um amplo questionamento das condi-
ções do ensino de Medicina ministrado pelos estabelecimentos particulares.
Desde março de 1987, a DEMEC/RJ passou a contar com a assessoria da
Dra. Alice Reis Rosa, Membro da Comissão de Especialistas do Ensino Médico, da
SESu, que, de modo sistemático, se dedicou a orientar os TAEs da equipe da área na
supervisão dos cursos de Medicina.
Um aspecto primordial do trabalho desenvolvido com o apoio dessa especia-
lista tem consistido em levar os supervisores da área a um estudo mais apurado do
problema do Sistema Nacional de Saúde, em particular do amplo debate atualmente
em curso sobre a necessidade de uma profunda reformulação desse sistema.
Simultaneamente à abordagem dessas questões de caráter geral, a asses-
soria da Dra. Alice Rosa tem permitido exame de pontos considerados fundamentais
para a melhoria dos cursos de Medicina. Entre esses pontos, destacam-se os currí-
culos adotados pelas IES, quem sendo objeto de análise crítica pela equipe de su-
pervisão. Também é merecedor de destaque o empenho de os TAEs fazerem que as
IES cumpram a Resolução CFE nº 9/83, que regulamenta o Internato nos cursos de
Medicina, dada a relevância do estágio supervisionado na formação dos futuros pro-
fissionais.
Essa mesma equipe de supervisão recebeu orientação da professora Telma
Giovanni, da Universidade do Rio de Janeiro, que lhe transmitiu abordagens referen-
tes ao ensino de Enfermagem e os aspectos relevantes para ministrar esse curso.
Vale acrescentar que a DEMEC/RJ já iniciou contatos com outros professo-
res da área da Saúde, a fim de que os TAEs possam contar com o apoio de especia-
listas na supervisão dos cursos de Odontologia e Terapia Ocupacional.
Apesar de aindao estar concluída a etapa preliminar dessa experiência de
colaboração entre a supervisão da DEMEC/RJ e os profissionais das áreas de Ciên-
cias Sociais e da área da Saúde, já se podem extrair algumas conclusões acerca das
vantagens que esse novo caminho oferece.
Em primeiro lugar verifica-se que o suporte de especialistas - sejam estes
oriundos dos quadros universitários ou dos órgãos corporativos - constitui recurso
indispensável ao redirecionamento da ação supervisora para os problemas de ordem
académica e a busca da qualidade dos cursos, pois grande parte dos TAEs carece
da formação específica necessária ao exercício da supervisão. Comprovou-se, por
outro lado, que a complementariedade de competências, proporcionada pela ação
conjunta, imprime maior segurança e aumenta o interesse dos técnicos no desempe-
nho de suas tarefas, justamente porque lhes faculta uma visão mais académica dos
problemas apresentados e lhes dá perspectivas mais amplas ao exercício da super-
visão.
Cabe notar, entretanto, que se tem consciência do caráter ainda isolado e
parcial dessas experiências que, por enquanto, se restringem praticamente a dois
cursos de apenas duas áreas de conhecimento. Somente a montagem de uma verda-
deira estrutura de trabalho conjugado, em queo se conte apenas com colaboradores
individualmente interessados e em que as iniciativas se empreendam de maneira inte-
grada, com base em metodologias bem definidas, permitirá a efetiva adequação da
organização do esquema por áreas de conhecimento, segundo os princípios dessa
forma de ação.
2. PROGRAMA DE ESTUDOS PARA SUBSIDIAR A SUPERVISÃO
A definição das atribuições, objetivos, meios e formas de atuaçáo dos su-
pervisores no âmbito do ensino superior particular isolado, meta da DSC/DEMEC/RJ,
é reconhecida como requisito essencial para a melhoria do exercício da atividade de
supervisão. Em atendimento a esse requisito, em 1987 começou a desenvolver-se,
paralelamente às atividades de supervisão, uma linha de trabalho centrada no estudo
e debate de questões relativas aos aspectos teóricos da supervisão. Formulou-se,
para tanto, um projeto com a duração prevista de dois anos, durante os quais se pro-
curou prover os TAEs da DSC/DEM EC de um quadro de referência conceituai e de
instrumentos de análise do contexto social, legal e institucional - de sua atuação co-
mo supervisores.
No ano de 1987, a execução do projeto compreendeu dois grandes ciclos de
atividades. O primeiro consistiu em estudos e debates divididos em três módulos, ca-
da um dos quais versou sobre um dos seguintes temas: politica educacional brasileira
nos últimos vinte anos, conceito de universidade e suas características no Brasil e
expansão e situação do ensino superior particular. Em cada um dos módulos introdu-
ziu-se a respectiva abordagem do tema na forma de grupos de leitura e discussão de
textos concernentes ao assunto, desdobrando-se, depois, o assunto através de pa-
lestra proferida por um especialista convidado - sempre um professor/pesquisador
pertencente a uma das universidades oficiais do Estado.
O segundo ciclo foi constituído por um seminário de quatro dias de duração
nos quais se alternaram conferências, mesas redondas e debates, em dois expe-
dientes de trabalho. O Seminário intitulou-se "Jornada de estudos sobre ensino supe-
rior". Os temas do programa visavam a oferecer elementos para reflexão sobre as
seguintes questões:
Que exigências sociais deve procurar preencher a educação de nível supe-
rior?
Que objetivos e princípios deveráo nortear o poder público na autorização e
acompanhamento de cursos ministrados por IES particulares isoladas?
Que significa qualidade de ensino e quais os seus requisitos?
Em que tem consistido a supervisão do ensino superior particular desenvol-
vida pela MEC e como sua açào poderia tornar-se mais satisfatória?
Os expositores convidadoso membros dos quadros docentes das uni-
versidades, representantes de órgãos do MEC ligados ao ensino superior (SESu), do
INEP, Secretários de Educação e Cultura do Estado e do Município do Rio de Janeiro.
A fim de estimar em que medida o programa de estudos levado a efeito em
1987 contribuirá para o clareamento das concepções que o corpo de supervisores da
DEMEC/RJ possui acerca de suas funções, realizou-se, no final do ano, uma "son-
dagem sobre o papel do técnico em assuntos educacionais".
Verificou-se que é ainda grande a heterogeneidade das práticas de supervi-
o no grupo.
Em 1988 decidiu-se dar continuidade ao processo de constituição de refe-
rência teórica; paralelamente, intensificaram-se as modificações nos procedimentos
em uso, de acordo com as conclusões de discussões e estudos.
A política de expansão do ensino superior, adotada para conter as pressões
estudantis peto aumento de vagas disponíveis, mobilizou fundamentalmente a iniciati-
va privada, com a missão de apaziguamento dessas reivindicações. Desde o fim da
década de 1970, a rede particular de ensino superior passou a absorver os exceden-
tes da procura da rede pública.
Sem maiores ónus, o Estado do Rio de Janeiro viu crescer o número de va-
gas dos cursos superiores autorizados de forma desordenada. Proliferaram, em con-
sequência, os cursos cuja manutenção acarreta menores custos, considerados
peto governo comoo prioritános no processo de desenvolvimento económico na-
cional. Tais cursos, pertencentes majoritariamente às áreas das licenciaturas e das
ciências sociais aplicadas,o preferidos porque podem funcionar em instalações
modestas e apresentam, entre outras vantagens, o aproveitamento máximo da capa-
cidade instalada, mediante seu uso no turno da noite.
Para ilustrar a situação gerada, podemos citar dados quantitativos levantados
petos TAEs e contidos no documento "Perfil das instituições" referentes ao ano de
1986, elaborado pela DEMEC/RJ em 1987. Verifica-se ali que o Estado do Rio de Ja-
neiro hoje possui um total de 110 instituições de nível superior, das quais 94 perten-
cem à rede particular de ensino isolado. A distribuição dos cursos nessas instituições
apresenta expressivo grau de concentração nas áreas mencionadas: do total de 287
cursos, 143, ou seja, 50% incluem-se entre as graduações classificadas no campo das
ciências sociais aplicadas e 87 cursos, correspondentes a 30%, constituem licencia-
turas com expressivo número no curso de Pedagogia. Esses cursos absorvem
85.485 dos 114.731 alunos matriculados na rede particular, o que significa 75% do
total de matrículas nessa rede.
A par do crescimento desordenado, outros problemas igualmente preocu-
pantes vieram acrescentar-se nesse contexto. A ausência de pressões da clientela,
no sentido da melhoria da qualidade dos cursos, e a racionalidade de custos imposta
pelas IES sobrepõem-se aos aspectos da qualidade do ensino. Constitui exemplo
dessa realidade o fato de predominarem, de forma absoluta, no quadro docente das
instituiçõs particulares isoladas, os professores horistas que comparecem ao esta-
belecimento, estritamente para ministrarem suas aulas. Esse regime de trabalho, sem
dúvida vantajoso do ponto de vista económico, inviabiliza qualquer projeto académico.
Assim, entre outros efeitos danosos, observam-se grandes dificuldades em fazer fun-
cionar os departamentos, com prejuízos diretos no que tange a estruturação, aperfei-
çoamento e execução dos currículos, à integração entre as disciplinas componentes
deste e à orientação dos estudantes em suas atividades de leitura, pesquisa biblio-
gráfica, discussão de textos,o obstante tudo isso seja inerente à natureza do ensi-
no superior, como também a existência de pesquisa e de atividades de extensão nes-
ses estabelecimentos.
O trabalho de supervisão por áreas de conhecimento, apesar dos avanços
proporcionados no que diz respeito ao aprofundamento do exame da problemática
dos cursos e à conscientização dos TAEs quanto às suas responsabilidades, vem es-
barrando nas limitações impostas pelo quadro acima descrito.
Percebe-se, claramente, que os procedimentos adotados e as soluções até
agora encontradas ainda constituem modificações paliativas. Ciente disso, a adminis-
tração pública começa a falar de qualidade de ensino e da necessidade de se avaliar
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
a situação do ensino superior, mudando o enfoque do discurso e a ênfase da política
educacional.
Os supervisores da DEMEC/RJ sugerem que sejam adotadas medidas que
venham a atuar global nevralgicamente no sistema e que sejam concentrados esfor-
ços, tanto na esfera dos órgãos centrais, quanto na dos regionais, a fim de reverter a
situação. Sem essa junção de esforços, as melhorias provenientes, quer de um tra-
balho de supervisão por áreas de conhecimento, quer de outra modalidade de organi-
zação da supervisão, constituirão apenas pequenos êxitos isolados ou casuísticos,
pois dessa formao haverá condições de se obterem reais transformações no sis-
tema.
Finalmente, para que se atinjam os objetivos propostos pela DEMEC/RJ, a
supervisão por áreas de conhecimento deve dispor dos seguintes elementos:
- catalogação de informações sobre o ensino superior isolado privado, con-
siderando as áreas de conhecimento;
- elaboração de diagnóstico de situação quantitativa do ensino superior,
enfocando aspectos docentes, discentes e curriculares;
- treinamento de supervisores por áreas de conhecimento;
- definição de fluxos de assessoramento por especialistas e professores
universitários;
- definição de políticas de colaboração com entidades profissionais por cur-
so;
- reavaliação de currículos e programas;
- sintonização das propostas regimentais e práticas académicas;
- delimitação formal das atividades de supervisão e avaliação;
- formulação e desenvolvimento de programas de integração ensino e pes-
quisa;
- redefinição de critérios para autorização de cursos, levando em conta ne-
cessidade de mercado e políticas modernizadoras;
- criação de Bancos de Dados para viabilizar processos de avaliação con-
tinuada;
- seminário de integração entre os segmentos públicos e privados, envolvi-
dos no sistema de ensino superior privado isolado.
PARTE 3
A AVALIAÇÃO E
A FUNÇÃO DA
LEGISLAÇÃO
NA SUPERVISÃO
A Coordenadoria de Organização e Orientação do Sistema de Educação
Superior - CODESu é um órgão da estrutura administrativa da Subsecretaria de Polí-
tica da Educação Superior, que, por sua vez, integra a Secretaria da Educação Supe-
rior do Ministério da Educação. Como expresso em norma regimental, esta Coordena-
doria tem como suas as seguintes competências:
1 - avaliar a organização espacial e a estrutura do sistema de educação su-
perior, de forma contínua e sistémica, com vistas a orientá-lo e normatizá-lo, ade-
quando-o às necessidades da sociedade;
2 - realizar estudos e propor medidas legais, administrativas e financeiras
para o aprimoramento do sistema de educação superior,
3 - analisar e orientar as relações entre os estabelecimentos de ensino su-
perior e as entidades mantenedoras, visando ao seu aperfeiçoamento e ao aprimora-
mento da qualidade de ensino;
4 - subsidiar os estudos e as decisões relativos à expansão do sistema e à
reformulação da legislação vigente;
5 - subsidiar o desenvolvimento de sistemas de informação para apoio à
administração e planejamento da educação superior, bem como manter atualizado o
perfil dos Distritos Geo-Educacionais e das Instituições de Ensino Superior.
Certamente que dificuldades conjunturais,o restritas à CODESu, mas que
atingem órgãos da Administração, de um modo geral, tais como a deficiência de re-
cursos humanos, financeiros e técnicos,m obstáculizado o regular desenvolvimento
das ações e atribuições inerentes a essas competências. Porém, nos limites de suas
possibilidades, lançandoo dos meios de que dispõe, é em tais competências que a
Coordenadoria de Organização e Orientação do Sistema de Educação Superior tem
pautado o seu papel na área da legislação do ensino superior.
Essa legislação específica se, por um lado, serve de suporte para as ações
* Assessor da Coordenadoria de Organização e Orientação do Sistema de Educação Superior -
CODESu da Secretaria da Educação Superior-SESu.
O PAPEL DA CODESu/SESu
NAS CONSULTAS NA ÁREA
DA LEGISLAÇÃO
Ricardo Lopes Taboada Neto *
técnico-administrativas que dizem com o ensino superior, por outro, reflete, como
qualquer outra, concepções polltico-ideológicas que moldam o ensino vigente.
A função essencialmente técnica da Coordenadoriao significa a sua total
subordinação ao positivismo da norma. Há espaço para a discussão, proposição e,
mesmo, reformulação de medidas legais que conduzam ao aprimoramento da legisla-
ção e, no que dela depender, à consequente melhoria do ensino. Tal tem se verificado
diante de fatos concretos, na variada gama de pleitos que nos chegam, desde aquele
que se constitui na simples correspondência de um cidadão, àqueles constantes de
processos de autorização de cursos, e, também, quando somos convocados a ofere-
cer subsídios aos órgãos superiores de direção do Ministério.
Ao lado da rotina que nos é imposta pela própria legislação, a reflexão sobre
a prática quotidiana tem sido uma constante.oo raras as oportunidades em que
se tem discutido a sua validade, simplificação e aperfeiçoamento, buscando-se com
isso uma operacionalização mais racional e dinâmica, ainda que a vontade política da
mudança nem sempre se viabilize. Nesse aspecto, há uma preocupação frequente de
que a capacidade de apreensão e questionamento da realidade, indispensável á con-
cretização de qualquer mudança,o ceda espaço a uma prática cartorial insensata e
estéril.
Operacionalizando suas atribuições, a CODESu tem, na análise de pedidos
de autorização e reconhecimento de cursos de graduação para as instituições de en-
sino superior isoladas e seus desdobramentos, sua rotina mais intensa. A cada dia,
avolumam-se os processos a merecerem dos assessores do órgão informações do
ponto de vista técnico-legal, antes de serem submetidos ora ao Senhor Ministro, para
fins de homologação de decisões do Conselho Federal de Educação, ora a esse pró-
prio Colegiado, para deliberação. É, ainda, intenso o trabalho de constituição das co-
missões verificadoras para essas autorizações e reconhecimentos, que demandam
maior esforço porque envolvem aspectos e situações que escapam ao controle da
Coordenadoria.
O marco histórico do processo de expansão do ensino de 3º grau implicou
em novos gradientes de atuação da CODESu. Às ativdades-meio da Coordenadoria,
circunscritas ao âmbito da articulação interna do Ministério, acrescentaram-se ativi-
dades-fim de atendimento às instituições particulares de ensino superior, bem como
ao público em geral. A CODESu criou novas interfaces, de modo a ampliar a sua per-
cepção sobre o sistema de educação superior e subsidiar estudos e decisões, e rea-
limentar o seu sistema de informações para apoio à administração e ao planejamento
da educação superior.
A Coordenadoria é um banco de dados que se dispõe a oferecer informa-
ções as mais diversas a todos quantos am procurado, desde aqueles que precisam
da legislação do ensino para o seguro desempenho de suas funções, ao público que a
procura com questõeso necessariamente ligadas à educação superior. É fato co-
mum a visita de colegas de outros setores do Ministério em busca de legislação va-
riada. Isso porque possuímos uma das mais completas compilações de legislação,
ainda que com alguns claros. Temos, assim, do primeiro ato de Dom João VI no Bra-
sil, quando passou pela Bahia, a Carta Régia de Abertura dos Portos Brasileiros às
Nações Amigas, às publicações legislativas mais recentes.
As consultas pessoaiso comuns e, embora nem sempre se enquadrem
em assuntos de nossa competência, temos procurado atendê-las, em razão das faci-
lidades que esse suporte técnico-jurídico nos proporciona.
Essa diversidade de consultas dá ensejo a uma troca diária de informações,
proporcionando o enriquecimento desse banco de dados e de cada um de nós. Infe-
lizmente, a Coordenadoria ressente-se da deficiência de recursos técnicos modernos,
como a informatização do setor, reivindicação já formalizada. Tememos que dados
e informações importanteso só para o ensino superior, mas também para a própria
memória do Ministério da Educação, armazenados exclusivamente na experiência de
técnicos, com 30, 40 anos de trabalho dedicado à educação, como temos, se percam
à medida que começam a se afastar de suas funções. Algumas das questões e con-
sultas que hoje nosm sido propostas sóm encontrado resposta nesse conheci-
mento empfrico.
A elaboração da nova Carta Magna, que tem aberto novos espaços para a
reflexão sobre o papel do Estado na Educação e sobre a inter-relação Estado-socie-
dade, vem criando novos contornos para uma ação mais eficaz do Ministério da Edu-
cação, ensejando nova articulação interna e externa geradora de interfaces com as
instituições de ensino de 3º grau. Atenta ao contexto de mudanças, no qual se insere,
a Coordenadoria de Organização e Orientação do Sistema de Educação Superior -
CODESu espera continuar contribuindo para adequar o sistema de educação superior
às necessidades da sociedade e interagindo eficazmente com os demais órgãos do
Ministério e instituições para uma melhor administração do ensino superior, num es-
forço conjunto que tenha como resultante o aprimoramento da qualidade do ensino.
Participante (Prof. de IES) - Eu gostaria de saber como é que anda o projeto de in-
formatização do MEC.
Ricardo Lopes Taboada Neto (Assessor da CODESu/SESu) Talvez euo seja a
pessoa mais adequada para responder sobre o projeto de informatização do Ministério
da Educação, que realmente é uma necessidade premente, porques temos uma
Secretaria de Informática - SEINF. Essa Secretaria tem como uma de suas compe-
tências a informatização do Ministério.s estamos pleiteando, há cerca de dois
anos, a informatização do nosso setor mas, até o momento, por falta de recursos,o
foi possível. Quanto a resposta a essa sua pergunta, só quem poderia respondê-la
seria a Secretaria de Informática.
Participante - Isso é mais uma prova de que o MECo está sendo administrado
com uma visão sistémica - O MECc é um sistema; eu estou sentindo isso.s te-
mos sérios problemas. A pessoa, uma DEMEC qualquer precisa fazer uma consulta ou
por telefone, ou por telex ou ofício. Demora demais. O MECo é um órgão moderno.
Por que essas comissões verificadorasoo nomeadas pelas DEMECs? Se não,
acontece o seguinte:s temos casos em que professores de outros Estadoso fa-
zer a verificação em locais ques conhecemos a realidade e eleso a conhecem.
Temos casos de escolas que foram autorizadas - licenciatura, por exemplo, em
Ciências - eo tinham laboratório de Ciências. Estão fornecendo licenciados
para o mercado em Física, Química, Biologia e Matemática queo passaram por um
laboratório nem de Física, nem de Química, nem de Biologia. Curso de Geografia sem
mapoteca, por exemplo. Diante disso,o seria conveniente que a SESu, a CODESu,
modificassem essa política?
Ricardo - É de se pensar a respeito da questão. Temos pensado muito. Teríamos
que considerar uma série de aspectos que envolvem essas condições. Acho que não-
poderíamos partir para uma decisão imediata, sem discussão, inclusive com as próprias
Delegacias, queo quem encaminha o técnico para participar. A prática diária nossa,
DEBATE
de quem tem estado, aponta dificuldades e às vezes questionamentos dos próprios
membros das Comissões Verificadoras, professores principalmente queo com fra-
qúência ao Ministério, alguns de Universidades mais próximas, para entregar o relató-
rio. Temos enfrentado questionamentos com relação a esses aspectos que o senhor
coloca. Isso ocorre, mas também há outros fatores, por exemplo, relatos de professo-
res descontentes com o fato de terem colocado em seus relatórios que a instituição
o tem condições de funcionar, ou que tem determinadas deficiências e que, afinal,
o curso tem sido autorizado, como é o relato que inclusive o senhor tem feito. Outros
nos relatam experiências em que praticamente tiveram que fazer o relatório fora da ci-
dade porque a pressão foi grande. Há casos de comissões que os professores senti-
ram queo tinham condições de realizar seu trabalho na cidade; tiveram que se au-
sentar e se reunir em outro lugar para poderem fazer o seu relatório. Então, para con-
siderarmos e decidirmos a respeito dessa questão, precisamos levarem consideração
uma série de fatores, com a discussão principalmente dos envolvidos, com as pes-
soas que fazem diretamente o trabalho, em especial com os técnicos porque toda a
comissão tem um técnico da DEMEC participando. Espero ter respondido a sua
questão.
Neusa Silveira (DEMEC/RS) - Gostaria de fazer uma reivindicação.s fizemos
uma experiência, por algum tempo, que deu certo, só que, de repente, nos retiraram a
competência. Queremos reivindicar que aquelas Delegacias que desejem tenham
competência para instituir as comissões de reconhecimento, de articulá-las e evitar
exatamente esse problema que o professor está colocando. Isto é uma reivindicação
que trago em nome daquelas Delegacias que quiserem entrar no processo.
Creuza Aragão (Delegada do MEC em Pernambuco) - Gostaríamos de, inicial-
mente, reforçar as colocações das duas pessoas que nos antecederam aqui, em re-
lação às comissões verificadoras e aproveitar a oportunidade para dizer que enten-
demos que o momento das comissões poderia se tornar num grande momento
para a ampliação do trabalho de supervisão. O trabalho de comissão de verifica-
çãoo deveria ser apenas para verificar se existe biblioteca, se existem os re-
gistros porque, muitas vezes, o registro existe e a realidade é bem outra. Acho que,
inclusive, seria o momento de se fazer reuniões com os professores, porque é o mo-
mento em que as pessoas das escolas estão mais receptivas porque é a única ins-
peção que é avidamente esperada por elas porque, de fato, a elas interessa que seja
feito esse trabalho de inspeção, que poderia ter outras conotações e ser, também, um
momento de aperfeiçoamento do funcionamento da escola. Necessariamente, para
que isso acontecesse, a Delegacia teria que, no nosso entendimento, pelo menos in-
dicar o presidente da comissão, seo fosse como solicitou nossa colega do Rio
Grande do Sul, a própria Delegacia que indicasse a Comissão. Seo que, pelo me-
nos - af considero de fato uma condição da qualo podemos abriro - é que o
técnico da Delegacia fosse o presidente da Comissão Verificadora, porque é quem
conhece a realidade, é quem tem condições de mais tempo para promover esse tipo
de reunião, é quem realiza um trabalho mais amplo com as escolas que estão sendo
verificadas naquele momento. Gostaria, ainda, de insistir e reiterar, talvez pela décima
vez, o repensar dessa questão dos professores, convidados para a inspeção, serem
de outros Estados, e murtas vezes de Estados bastante distantes e, às vezes, de di-
versos Estados para a mesma verificação, o que dificulta tremendamente o trabalho e
termina com esses casos lamentáveis e desagradáveis de se fazer a visita num fim
de semana, no domingo à noite, apenas para compor. Sei de todas as dificuldades po-
líticas mas acho que nós, como técnicos e como educadores,o podemos traçar
nossas ações baseadas nas excessões, nos exemplos maus e nos pontos negati-
vos. Há pressões, há interferência política mas se nós, como DEMEC e como SESu,
fizermos da melhor forma possível, a resposabilidade do que vem depoiso será
nossa. O nosso papel deve ser feito. Além do mais, se o professor do mesmo Estado
pode ser pressionado, o de fora também pode ser, as pressões existirão e devemos
fazer o trabalho o melhor possível. Uma outra questão que gostaria de colocar,o é
bem uma pergunta nem um pleito, é uma preocupação que estamos tendo já há um
tempo e pediríamos que se tornasse, também, preocupação da SESu e especial-
mente da CODESu - é a defasagem que existe entre a legislação educacional e o
contexto político-social, quer dizer, principalmente no caso de regimento. Parece-nos
que todas as orientações e todas as normatizações foram feitas para um momento
político inteiramente diferente do atual. O autoritarismo está presente, com toda a sua
força, em todos os regimentos e issoo inspira muito a condição de se fazer uma
supervisão com uma percepção queo seja aquela de fiscalização. Lamentavel-
mente - acho que uma forma de crescermos, de nos avaliarmos mutuamente é dizer-
mos das nossas expectativas em relação à SESu, e da SESu em relação as - às
vezes,o encontramos respaldo para dar um cunho mais educacional a esses des-
lizes que se cometem nas escolas que podem, às vezes, ter amparo legal mas estão
inteiramente fora do contexto político-social que se vive no momento. Então, a expul-
o de alunos na escola particular, por exemplo, é muito freqúente com toda a cober-
tura dos regimentos. Por quê? Porque naquele momento que fizeram os regimentos,
no momento em que foram analisados - se é que eleso de fato analisados, o fato é
que eleso aprovados -o se pensa nem um pouco no aluno como um agente ati-
vo, como um ser que deve ser de fato o objetivo maior de uma escola. O regimento da
escola sempre dá poder absoluto à direção da escola e me parece queo temos
feito nada para tratar essa coisa e dar um pouco mais de sensibilidade, se é que
isto possa ser dito, dar um pouco mais de visão educacional à legislação eo
temos encontrado ajuda nem respaldo da SESu, e isto é uma crítica constru-
tiva. Acho queo teria sentidos virmos aqui para nos elogiarmos mutuamente.
Acho que a SESu deve dizer o que espera des eo fazemos es também di-
zermos as nossas expectativas. Então, gostaríamos que se pensasse nessas ques-
tões, que pensássemos um pouco mais educacionalmente e menos legalmente, se é
que a nossa percepção de supervisão é, de fato, menos legalista ou deve ser de fato
menos legalista e, ainda, como complementação dessa colocação, faço um apelo de
que as consultas feitas à SESu, mais especificamente à CODESu, retornem de fato,
negativa ou positivamente, mas retornem às Delegacias. Muitas vezes fazemos al-
gumas considerações sobre o mérito da questão, a SESu pode discordar; evidente-
menteo tem que concordar conosco, mas respondendo diretamente para a institui-
ção, esta fica conhecendo o parecer da SESu e as nossas colocações antes de nós.
Isso dificulta, inclusive, o nosso relacionamento, porque uma coisa é você tratar um
assunto com a instituição, pessoalmente, discutindo os pontos de vista e outra, é ela
receber um papel friamente por um caminho que talvezo fosse o melhor. Era só is-
so que eu tinha a dizer. Obrigada.
Mário Finkel (DEMEC/RS) - Queria retornar ao assunto das Comissões. Sei queo
depende diretamente da COR e da SESu, mas faria um apelo para que, a partir des-
ses dois órgãos, pudesse ser levado para quem de direito. O Conselho Federal de
Educação, quando constitui as comissões de acompanhamento para a criação de
universidades, pela via de reconhecimento ou pela via de autorização, sistemática-
menteo tem incluído os elementos da supervisão, queo elementos que acompa-
nham as isoladas permanentemente. Então, compõe uma comissão de alto nível, ob-
viamente, mas que às vezes até distante da realidade da própria instituição, que des-
conhece o que acontece dentro da instituição. Já em outra ocasião reivindiquei a um
Conselheiro do CFE maso houve resposta. Então, sugiro que se gestionasse junto
ao Conselho que o ideal seria que um elemento da equipe de supervisão compusesse
a Comissão de Verificação, essa comissão de acompanhamento. Seo for possível
fazer parte, pelo menos que esse elemento acompanhe a Comissão. É um pedido que
eu faço à COR e à SESu, se pudessem gestionar junto ao Conselho Federal para que
se efetivasse.
Mary Girdwood (DEMEC/RJ) - Minha pergunta tem a ver com o que a Prof
9
Azam-
buja falou ontem e que consiste no seguinte: vamos pensar na aplicação da lei mas
vamos, também, refletir questionando sobre a lei e a sua função social, a quem bene-
ficia, como e por que o faz. Então, considerando isto e considerando o que acabou de
falar o Prof. Luiz Otávio, secundado pelo representante da CODESu, eu gostaria de
ponderar aqui e perguntar que relação existe entre a CODESu e o CFE no sentido de
uma ação retroalimentadora, porque o Conselho faz, e muito bem, suas portarias, seus
pareceres mas, muitas vezes, essas determinações, essas portarias se tomam ob-
soletas tanto quanto o sistema educacional é um sistema dinâmico e busca se coa-
dunar com a realidade social, económica e mesmo educacional. A pergunta que faço
é esta: até que ponto existe uma relação entre a CODESu e o Conselho Federal de
Educação no sentido de retroalimentar o sistema legislativo que o Conselho elabora?
Ricardo - Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que talvez a Professorao tenha
conseguido ver bem o relacionamento que existe entre a Coordenadoria e os demais
órgãos, porque ela falou em relacionamento entre a CODESu e o Conselho Federal
de Educação. Nós, na verdade,o temos um relacionamento direto com o Conselho
Federal de Educação porques somos um órgão, apenas uma Coordenadoria da
SESu. Então, o Conselho Federal de Educação, quando mantém qualquer entendi-
mento, qualquer relacionamento conosco,s atuamos sempre de forma indireta por-
que, na verdade, esse relacionamento 9e dá a nível de gabinete, de Secretário. A Co-
ordenadoria empresta mais o seu apoio logístico, técnico-legal às próprias decisões
do Secretário.
Nilse Mello (DEMEC/PR) - A minha pergunta se relaciona com a da DEMEC/PE e
também com a do RJ com relação especificamente a regimentos. Existem falhas
muito grandes nas quais o aluno é sempre penalizado. Uma questão que eu levanto
aqui, que ocorreu e está ocorrendo numa Faculdade em Curitiba, é a questão de revi-
o de provas. A legislação éo antiga que eu só encontrei o Parecer de 1969, que
o se coaduna com a realidade presente. A Faculdade tem uma disciplina em que
reprova sistematicamente os alunos cuja disciplina é pré-requisito para o ano seguin-
te. Então, esses alunos reprovados já estão formando uma segunda turma e sabendo
que a cátedra é soberana os alunosom a quem recorrer porque o próprio pare-
cer devolve à direção da escola toda a orientação e toda a responsabilidade. Como
poderia ser resolvido este problema desses alunos, de revisão de provas?
Ricardo - O que eu gostaria de dizer, me reportando ainda às colocações da Profª
Creuza Aragão e da senhora, é que a CODESuo legisla, a CODESu apenas toma
conhecimento da norma. Eu acho que essas colocações que as senhoras acabaram
de fazer, na verdade, em relação até mesmo ao fato de a norma estar ultrapassada
em determinados casos, es concordamos, discutimos isto porque, como até já falei
anteriormente,so nos limitamos a aplicar norma, a ver a norma em si,s ques-
tionamos muito as coisas, mas a CODESuo é o órgão legislativo do Ministério da
Educação e as coisas quem que ser mudadas - es achamos também quem
que ser mudadas - passam, logicamente, pela reformulação da legislação queo
cabe à CODESu, nem mesmo à SESu. Na verdade cabe ao Conselho Federal de
Educação.
Creuza Aragão (Delegada DEMEC/PE) - Acho que talvezo tenhamos entendido
de fato a função da CODESu/SESu. Eu pelo menos, pela concepção que tenho da
SESu, que, talvez possa ser diferente da que vocêsm da que é, entendo que a SESu
deveria ser, de fato, um órgão que nos ajudasse a fazer supervisão e, como tal,
necessariamente, teria que servir também de intermediária, de provocadora da inter-
pretação, modificação, alteração da legislação junto ao Conselho Federal da Educa-
ção, até porque hoje o Conselho Federal de Educação é o órgão com que mais inte-
ragimos quando, no meu entendimento, deveria ser a SESu. Acho que precisamos
urgentemente do apoio da SESu para que possamos realmente mudar esta forma de
fazer supervisão. Precisamos do Conselho Federal, mas entendemos - é a concep-
ção que temos que podeo ser a verdadeira - que a SESu, seja através da CODESu,
do gabinete - e aqui está o representante, o Subsecretário, acho que é o nosso
eterno Subsecretário de Ensino Superior, que é o Luiz Otávio, que é aquele que tem
estado sempre conosco em todos os momentos - nos ajude no sentido de nos forta-
lecer na provocação junto ao Conselho Federal de Educação, junto a quem for, para
modificarmos essa legislação que aí está até para interpretarmos e para trabalharmos
com ela numa visão de supervisão diferente da que fazemos até hoje e diferente da
que proclamamos. Proclamamos uma e fazemos outra. Todos somos cúmplices des-
se processo.
Luis Otávio de Souza Carmo (Subsecretário da SESu) - Gostaria de fazer algu-
mas observações. Eu me acho sempre, nessas circunstâncias, de uma forma extre-
mamente angustiada. Tenho uma postura existencial, aurida num dos Sermões mais
bonitos do Padre António Vieira, que foi motivo de um curso que dei no semestre pas-
sado. Os pecados mais graves, diz ele, no seu Sermão do Advento, pregado na Ca-
pela Real, em 1650, em Lisboa,o os pecados da omissão e os pecados da conse-
quência. Sinto-me extremamente pecador por omissão e por consequência. Acho que
toda autoridade educacional neste País deve se sentir igualmente pecadora por omis-
o ou por consequência, de uma certa forma ou de outra. Estamos extremamente
insatisfeitos, extremamente angustiados, todos nós, em todos os níveis do sistema
educacional, queo existe - existe no papel, existe de direito,o existe de fato - e,
na realidade, o que cada um des no seu nível de competência, de obrigação e de
função tem efetivamente feito para sanar esta omissão e para evitar as consequên-
cias extremamente graves dos atos ou da omissão dos atos ques temos pratica-
do? O que é a CODESu dentro da SESu? O Prof. Ricardo foi muito feliz, com toda a
delicadeza que o caracteriza. Na ralidade, a CODESu sofre hoje, dentro da SESu,
passa hoie por uma posição de "capitis diminutio" para uma posiçãoo compatível
com sua importância dentro do sistema. Mas, na realidade, se essao existe, a
CODESu também tem diminuída a sua função e hoje ela procura se despir de toda a for-
ma, daqueles aspectos extremamente negativos da CELENE, que a antecedeu, da-
quele aspecto cartorial policialesco e de outras coisas mais graves eo tem efeti-
vamente condições de implementar aquilo que ela se propõe fazer, com tudo aquilo
que acha que pode fazer e se vê hoje, na hora de perder Salles, na hora de perder Át-
tila, na hora de perder Silvio De Marco, perder o arquivo vivo da própria Instituição. A
nova geração de Ricardo, de Alicio e de outros que estão lá se vê diante de uma
perspectiva terrível deo poder sistematizar, informatizar eo poder dar resposta e
perder todo esse acervo de ideias, de legislação e de fatos que estão. Na realidade,
a CODESu é uma Coordenadoria de uma Subsecretaria de Política da Educação Su-
perior,o é a minha Subsecretaria, Subsecretaria essa que durante dois anos ficou
até sem seu titular. Isto é muito grave. Durante dois anos a Subsecretaria de Política
da Educação Superior da Secretaria da Educação do Ministério da Educação ficou
sem o seu titular. E eu tive oportunidade, assim por um acidente de trabalho, de res-
ponder por essa Subsecretaria, durante algum tempo, prazo em que somente as mi-
nhas angústias aumentaram. Certamente este é o fato que determinou o meu envol-
vimentoo grande com a questão da supervisão, da fiscalização afeta a essa Sub-
secretaria. É extremamente débil a nossa ligação, é extremamente difícil a nossa
açáo, seja na CODESu, seja na SESu como um todo. Fica aqui um compromisso as-
sumido, respondendo à angústia do Rio Grande do Sul, à angústia de Pernambuco.
à angústia do Paraná, de efetivamente implementarmos algumas daquelas medidas
que já estão mais do que sabidas, mais do que conscientes da parte da Secretaria da
Educação Superior, um compromisso no sentido de agilizarmos peto menos alguns
procedimentos.o vamos adotar aquela posição que, até certo ponto, é cómoda e
que critico em algumas instituições; acabei de fazê-to com relação a algumas univer-
sidades e também com relação à Secretaria.o vamos esperar que tudo passe a
funcionar bem para então tomarmos algumas decisões em função da implementação
desse sistema. Se formos fazer isso, tavez os nossos netos tenham as consequên-
cias. Então vamos adotar já e agora. Sou profundamente crítico, também, nessa de-
mora de constituição de comissões, nessa utilização de professores e de técnicos do
Pará ou, ao contrário, de professores do Mato Grosso do Sul para verificar uma es-
cola em Belém do Pará; acontecem e aconteceram problemas sérios com relação a
isso, ou utilizar de Minas para ir à Rondônia, e utilizar do Rio Grande do Sul para dar
assessoria a Correntes, no sul do Piauí.o entendo isso eo aceito isso. Vamos
procurar, então, sanar isso. Vamos deixar de lado as desconfianças, vamos deixar de
lado aquela necessidade que cada um des tem, e temos, seja na CODESu, seja
na SESu, seja no Conselho Federal de Educação, como estamos sendo profunda-
mente atacados por todos os lados, cada um procura se defender por uma ação que
visa, na ralidade, a justificar o nosso trabalho. Isso acontece no Conselho Federal de
Educação, que está sob pesada crítica, isso acontece na SESu como um todo, que
está sob pesada critica, isso acontece na CODESu, que também se submete a uma
pesada critica da parte de todos os integrantes desse pseudo sistema educacional
brasileiro. Então, vamos fazer o seguinte: vamos esquecer esse aspecto, pelo menos
naquilo que compete a nós, da SESu e CODESu, e vamos esquecer essa defesa
corporativa que cada um des faz de seu órgão. Também faço um apelo às
DEMECs para que procedam de igual forma e vamos tomar uma decisão. Voltando à
Brasília, vou tentar obter, de forma bastante objetiva, uma agilização maior e uma
transferência de responsabilidade maior às DEMECs no sentido da constituição des-
sas comissões. Se, por um acaso, esse trabalho vier a ser objeto de crítica funda-
mentada, eu terei pelo menos a consciência tranquila eo terei com relação às mi-
nhas costas ou às costas da Secretaria da Educação o pecado de omissão, nem o
pecado da consequência, que será delegado então a essa Delegacia, que terá peca-
do por omissão, por consequência e por outras atitudes. Acho que precisamos tomar
essa atitude. Fica o compromisso assumido aqui, de alguém queo é Subsecretáno
da área, mas a Subsecretaria está ficando mais uma vez vaga com o afastamento
do Subsecretário, Prof. Ruy Camargo Vieira, que pediu o afastamento, agora nessa
semana, e, portanto, fica o compromisso de alguém que participa das agrures e parti-
cipa das angústias da área para implementarmos alguma coisa de concreto nesse
sentido. É um compromisso que assumo com os senhores.o sei o que vai resultar
dele mas, efetivamente, pelo menos resulta o compromisso do envolvimento para ob-
ter modificações concretas no sentido de transferências de responsabilidades.o
estamos podendo, também, assumir, como bem disse com toda a sua delicadeza o
Prof. Ricardo, aquelas responsabilidades queo nossas. Portanto, vamos transferir
aquelas responsabilidades ou pelo menos, a competência - a responsabilidade difi-
cilmente se transfere, mas a competência se transfere, se delega - e vamos arcar
o poro ter feito mas por ter delegado. Acho que é menos gravoso pecar por de-
legar do que pecar poro fazer. Portanto, fica o compromisso nesse sentido de en-
volvimento pessoal de tentar obter mais, até pela tranquilidade pessoal que vai me li-
vrar de uma série de angústias. Passo a palavra à Profa. Dulce, a fim de que ela faça as
observações com relação ao nosso trabalho da parte da tarde.
(Transcrito de gravação)
O tema do nosso encontro é avaliação e a COR, conhecendo o interesse
das Delegacias e dos técnicos sobre o problema de legislação, reuniu uma equipe
pequena, em Brasília, que procurou detectar aqueles pontos de maior divergência, de
maior dificuldade, de dificuldade de interpretação para colocar esses temas, então, à
discussão deste Seminário. Já no grupo inicial que começou a fazer esse levanta-
mento de legislação, apareceram as nossas divergências. As opiniões, as condutas
eram bastante diferentes.
Esses temas foram relacionados numa tentativa de exaurir a maior parte dos
pontos conflitantes. A preocupação desse grupoo foi de abranger todos os aspec-
tos que seriam de dificuldade na nossa atuaçãó nas DEMECs, mas foi de encontrar al-
guns pontos mais discutíveis e alguns pontos que trouxessem a nossa criatividade, a
nossa imaginação na orientação e nas alternativas dos problemas que pudéssemos
encontrar. Esses temas foram relacionados e foram subdivididos para os grupos.
Vamos trabalhar à tarde com cinco grupos. Esses gruposo receber
questões diferentes. No todo teremos, então, uma visão maior de todos os problemas
que entendemos oportunos para essa discussão.
Eu diria que o objetivo da COR está ligado ao tema "avaliação" e a um tra-
tamento mais uniforme, nas Delegacias, dos mesmos temas. Eu, pessoalmente, en-
tendo que também poderíamos encontrar nessa discussão um exercício pessoal, um
exercício de avaliação, um exercício de sensibilização, de auto-conhecimento das
próprias limitações, tanto no plano pessoal como no plano da Delegacia, da atuação
daquele problema por aquela Delegacia.
Teremos 5 grupos bastante heterogéneos;o aproximadamente 10 ele-
mentos por grupo, com representação de todos os Estados, de forma que possamos
trocar as nossas experiências pessoais e ao mesmo tempo a abordagem que as De-
legacias estão adotando naqueles temas.
Técnica em Assuntos Educacionais da Delegacia do MEC emo Paulo.
ORIENTAÇÃO PARA O
TRABALHO DE GRUPO
* Maria Dulce Dias Bastos
O rol de questões é muito grande. Havia uma programação inicial para dois
períodos de trabalho e agora estamos apenas com o período da tarde. Depois do tra-
balho de grupo viremos para uma conversa geral, no plenário. Eu pediria que cada
grupo, ao iniciar os trabalhos, definisse o seu coordenador e o seu relator, para que
às 5 horas da tarde possamos conhecer as posições de cada grupo e ter uma visão
geral dos temas que foram relacionados e levantados.
Acho queo deve haver uma preocupação de nossa parte em esgotar o
ternário que a esta altura está realmente extenso. Mas, deve haver um exercício da
discussão que deve prevalecer. A discussão conclusiva será às 17 horas neste au-
ditório.
(Transcrito de gravação)
GRUPO I
1 - O aluno que trancou matrícula, para retornar aos estudos depende da
existência de vaga?
R: O trancamento de matrfcula já implica em reserva de vaga. Algumas IES
cobram uma taxa de manutenção de vaga. O Regimento aprovado pelo CFE com co-
brança de manutenção de vaga é permitido com amparo do Parecer 44/79.
2 - Um aluno que observa o sábado como dia santificado poderá ter as fal-
tas abonadas?
R: Parecer 495/69 -o há abono de falta a aluno, qualquer que tenha sido
a razão doo comparecimento.
3 - Uma instituição tem competência para disciplinar em seu regimento a
forma como se dará a indicação dos Representantes Estudantis nos seus Colegia-
dos?
R: O Art. 5º da Portaria Ministerial 1 104/79 diz que, na formados Estatutos e
Regimentos das IES, caberá ao órgão de representação indicar os seus represen-
tantes junto aos colegiados académicos respectivos. À consulta feita pela DEMEC do
Amazonas, o CFE esclareceu que cabe aos alunos definir as normas, mesmo que
conste em Regimento. Algumas DEMECs já denunciaram ao CFE e à SESu oo
cumprimento de representação estudantil em órgãos colegiados académicos de al-
gumas escolas.
4 - Um estudante, havendo se diplomado em Administração em determina-
da IES, nela reingressou para fazer o curso de Economia. Considerando haver várias
disciplinas comuns aos dois cursos, solicitou a concessão de créditos nessas discipli-
nas, os quais lhe foram negados.
Existe base legal para essa decisão?
R: Segundo o Parecer 327/87, a matéria compete aos órgãos que no esta-
belecimento de ensino, na forma regimental,o competentes para julgar a equivalèn-
CONCLUSÕES DOS GRUPOS
DE TRABALHO SOBRE
LEGISLAÇÃO DO ENSINO
SUPERIOR
cia - Conselho Departamental.o existe base legal para negar o aproveitamento,
uma vez que as disciplinaso comuns aos dois cursos. O Parecer 147/83 levanta a
questão da densidade das disciplinas comuns a mais de um curso, esclarecendo que
a questãoo interfere com a legalidade do ato.
5 - Quais os requisitos exigidos para que um egresso de seminário teológico
possa ingressar numa FFCL?
R: 1º comprovar o 2º grau;
2º curso de Seminário de, no mínimo, dois anos;
3º apresentar diploma do Seminário;
4º que no Seminário se estude pelo menos duas disciplinas especificas
do curso de licenciatura que se pretenda frequentar - Parecer 1 009/80;
5º fazer o exame preliminar das matérias comuns aos cursos. Se apro-
vado, matricular-se em qualquer curso de Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
6 - De acordo com o Parecer 747/87, o prazo de integralização de um cur-
so é o que está no Regimento da IES e, seo fixado em Regimento, aquele previsto
na legislação.
A IES tem competência para alterar esse prazo sem ouvir o CFE? Caso a
resposta seja afirmativa, em que circunstâncias?
R: O prazo de integralização de curso só poderá ser alterado ouvido o CFE
- exceto em casos previstos em lei.
0 Regimento deve prever os prazos máximo e mínimo para a integralização
de cursos de acordo com os pareceres específicos como o Parecer CFE 522/72
(Doe. 139 pág. 62). A Resolução CFE 05/87 deu abertura à questão de integralização
curricular do curso com o julgamento de casos especiais.
Relatora: Maria Elisa Dittmar (DEMEC/MS)
GRUPO II
1 - O aluno reprovado por frequência numa diciplina pode ser admitido em
curso especial (de férias) para fazer a recuperação?
R: A Lei 5 540/68 estabelece, no seu Art. 28, § 2-, "Entre os períodos letivos
regulares, conforme disponham os Estatutos e Regimentos, serão executados Pro-
gramas de Ensino e Pesquisa que assegurem o funcionamento contínuo das Institui-
ções de Ensino Superior". Assim, poderão ser programadas disciplinas dos currículos
de graduação com a finalidade de recuperar, antecipar ou complementar créditos. Po-
rém, a destinação dos períodos especiais, oferecidos de forma ampla e irrestrita a todos
os interessados,o se afigura merecedora de acolhimento, poiso se pode qualifi-
car esses períodos como forma permanentemente de abreviação de um semestre na
integralização curricular e programá-los em semestres alternados e nas férias de ve-
rão.
Parecer 504/84 - CFE
2 - Um aluno de uma IESPI, depois de cursar dois semestres, desligou-se
da instituição por haver sido classificado numa universidade federal, em outro curso.
Um ano mais tarde,o podendo conciliar o horário da universidade com o seu traba-
lho, volta à IESPI e pede rematrícula.
Pode a instituição aceitá-lo?
R: Parecer 224/84
"A matrícula e sua renovaçãoo feitas por prazo determinado - por ano ou
período letivo, findo o qual, seo houver nova manifestação do aluno, poderá a ma-
trícula ser cancelada automaticamente, liberando a escola a dispor da vaga.Tratando-se
de norma punitiva é necessário que esteja prevista no Regimento. Casoo exista
uma norma expressa, o aluno poderá retornar aos estudos no período seguinte. Se a
escola quiser que o retomo dependa de vaga, que o diga em seu regimento".
3 - Um rapaz, aluno de um curso técnico, do qual concluíra o 3
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ano, haven-
do se classificado no concurso vestibular, matriculou-se em fevereiro de 1982, num
curso superior. Posteriormente, seu irmão menor, nas mesmas condições de escola-
ridade e igualmente classificado no concurso vestibular, teve a matrícula recusada.
Por que?
R: O Parecer 299/87 fecha a questão dao conclusão do 2º grau no curso
técnico, sem o estágio supervisionado para os concluintes a partir de 1982, justifican-
do ser este parte integrante do currículo. Emo Paulo existe uma legislação do
Conselho Estadual de Educação que dá tratamento diferente para os alunos oriundos
de Curso Técnicos. O CFE, diante desta disposição legal, autorizou a DEMEC/SP a
validar os ingressos amparados por essa legislação.
4 - Pode uma matrícula inicial ser instruída apenas com o histórico escolar
do 2º grau?
R: Não. A Lei 5 540/68 determina como documentos necessários para a
matrícula a prova de conclusão do curso de 2º grau ou equivalente e classificação
em concurso vestibular. Aí nos fica claro que o certificado ou o Diplomao os do-
cumentos hábeis para comprovar a conclusão do 2° grau.
O histórico escolaro é documento hábil para substituir o certificado, po-
m é, sem dúvida, documento utilíssimo para informar o processo didático da Institui-
ção, quando o certificado ou o Diplomao o trazem impresso.
5 - Uma IES, com duas entradas anuais,o preencheu todas as vagas
oferecidas no primeiro concurso vestibular.
Sob que condições poderá oferecê-las num segundo concurso?
R: "Poderá ser realizado novo concurso vestibular para preenchimento das
vagas remanescentes, no mesmo período ou períodos letivos, desde queo decor-
ram essas vagas remanescentes de número insuficiente de candidatos".
a)o poderá ser realizado segundo concurso vestibular para determinado
período letivo se o número de candidatos inscritos no primeiro vestibular for inferior ao
total de vagas anunciadas no Edital de Inscrições.
b)o poderão ser acrescidas às vagas previstas no Regimento dos Esta-
belecimentos de Ensino, para matrícula em cada perbdo letivo, as vagas remanes-
centes do concurso vestibular feito para o período letivo anterior.
(Decreto 79 298, de 24/02/77 e Parecer 1 351/79).
Coordenadora: Luiza Dalva Barbosa (DEMEC/RJ)
Relatora: Fátima Rodrigues (DEMEC/PA)
1 - Quais os requisitos exigidos de uma disciplina oferecida em período es-
pecial para que seja válida para a integralização do curso?
GRUPO III
R: Num curso especial de férias devem ser considerados os seguintes as-
pectos:
. objetivo do curso (interesse dos alunos e da IES);
. carga horária;
. cumprimento do programa;
. frequência.
2 - Pode colar grau um aluno que completou todos os créditos exigidos para
a integralização do seu curso, exceto os referentes à Educaço Física?
R: Não, salvo os alunos quem isenção da prática de Educação Física
prevista na legislação pertinente.
3 - Um estudante, que é também aluno do NPOR, perdeu 12 dias de aulas
devido a manobras militares e requereu na IES o abono das faltas.
Qual a decisão a ser tomada nesse caso?
R: As faltas ocorridas durante o período letivo devem ser justificadas pela
autoridade militar, cabendo à IES considerar a justificativa e proceder como se o alu-
no tivesse frequentado regularmente.
Base legal: Decreto-Lei 715/69.
4 - Um estudante, um ano após haver abandonado os estudos, muda-se pa-
ra outra cidade e lá pretente reinciar o seu curso. Para isso obtém uma declaração de
vaga e volta à IES que havia abandonado, solicitando a guia de transferência, que lhe
é negada.
Essa negativa tem apoio na legislação?
Caso a resposta seja positiva, de que forma o interessado poderá retomar
seus estudos?
R: Sim,o havia como conceder guia de transferência, haja vista ter o alu-
no interrompido o vínculo da matrícula com a IES; no entanto, deve ser concedida ao
mesmo a certidão dos estudos realizados para que possa prosseguir seus estudos
na outra IES que lhe declarou a vaga.
Base legal: Resolução CFE 12/84.
5 - Em que condições um graduado pode, com dispensa de vestibular, re-
tornar aos estudos para fazer um novo curso?
R: A priori é necessária a existência da vaga. 1. Após a matrícula dos clas-
sificados pelo concurso vestibular; 2. que o curso concluído pelo interessado seja re-
conhecido e que o diploma esteja registrado (ver também a Resolução CFE 05/78).
6 - A evasão de alunos do primeiro semestre é fenómeno comum em muitos
cursos superiores. Para prevenir-se contra isso uma IES adotou o princípio de admitir,
no primeiro período dos seus cursos, matrículas em número 10% acima das vagas
autorizadas.
Qual a base legal para esse procedimento?
R:o existe base legal para o procedimento adotado.
Coordenadora: Nise Magalhães (DEMEC/RJ)
Relatora: Maria Odete Nunes (DEMEC/PA)
GRUPO IV
1 - Um estudante, ao chegar ao último semestre do seu curso, descobriu
que dependia, para completá-lo, de uma disciplina do quarto semestre, em que fora
reprovado por faltas.
Informado de que a mesmao iria ser oferecida, procurou uma IES próxi-
ma, com o mesmo curso, onde se inscreveu na disciplina em questão, oferecida em
época especial (férias), sendo aprovado.
Podem ser aproveitados os créditos assim obtidos?
R: Consultando o Parecer CFE 440/75, o voto da Relatora diz: "não se deve
permitir que se curse simultaneamente disciplina do mesmo curso, em instituições pa-
ralelas congéneres, para os efeitos em uma só".
Para o grupo, o caso em questão poderá ser estudado à luz do regimento,
considerando-se também outros aspectos.
a) a disciplina perdidao deveria ser pré-requisito, vez que se encontrava o
aluno no último semestre do curso;
b) o aluno perdeu por faltas só uma disciplina.
Quais as razões?
c) o aluno cursou a referida disciplina na outra instituição, em período de-
rias (não simultaneamente).
Obs. Esta questão gerou polémica,o se chegando a um consenso do
grupo, apesar das colocações acima.
2 - Em que condições uma aluna de curso diurno pode ser dispensada da
prática de Educação Ffsica?
R: a) ser maior de trinta anos;
b) ter prole;
c) a aluna amparada pelo Decreto-Lei 1 044/69 - Lei 6 053/77.
3 - Apresentando os competentes atestados médicos, que comprovaram
estar impossibilidado de comparecer às aulas e até de ser removido de Teresôpolis,
onde se encontrava sob cuidados médicos, um estudante requereu os benefícios do
DL 1 044, havendo o Diretor da IES, no Rio de Janeiro, indeferido o pedido.
Existe base legal para esse indeferimento? Qual(is)?
R: Sim. O próprio Decreto-Lei 1 044/69, nos seus artigos 2º e, atribui
condições que levam a direção a indeferir pedido desta espécie.
- O Regimento da Instituição.
4 - Qual a orientação que a equipe de supervisão deve dar ao Secretário de
uma IES que indaga como proceder no caso de uma pessoa que, havendo abandonado
o curso há um ano, dirige-se à escola para solicitar guia de transferência?
R: Orientar a Instituição no sentido de expedir certidão de estudos - Parecer
224/84.
5 - Em que condições um estudante pode ingressar em dois cursos distin-
tos e frequentá-los regularmente?
R: Quando houver dois vestibulares e horários compatíveis.
6 - Uma IES, com duas entradas anuais,o preencheu as vagas ofereci-
das no primeiro concurso vestibular.
Como deverá proceder para aproveitar essas vagas para o concurso de
meio de ano?
R: A IES deverá solicitar autorização ao CFE.
Parecer 1 351/79.
Coordenador Jurandy Poly Maurício (DEMEC/MG)
Relatora: Amélia Ribeiro da Silva (DEMEC/BA)
GRUPO V
1 - Aluno do 5
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semestre de um curso, cujo currículo está em extinção, dei-
xou de cumprir uma disciplina que, pelo novo currículo adotado,o mais será ofere-
cida.
Para fins de integralização ( carga ) pode a IES autorizar esse aluno a cum-
prir uma outra disciplina, a critério do Departamento competente?
R: Sim, pode, porque o alunoo tem direito adquirido sobre o currículo anti-
go da IES, em fase de extinção.
Base legal: Parecer nº 306/83. (Doe. nº 271, pág. 126)
2 - Pode o Conselho Departamental alterar a sequência das disciplinas de
uma grade curricular sem a prévia autorização do CFE?
R: Sim, pode,
A alteração da sequência das disciplinas de uma grade curricular é da com-
petência do Conselho Departamental.
No caso de ocorrer esta alteração, o Conselho Departamental deverá zelar
para que o alunoo seja prejudicado.
A base legal é o Parecer nº 264/86 que diz:
"Sim, (pode) desde que obedecido o princípio de pré-requisito".
3 - Um oficial do Exército, aluno de uma IES, perdeu dez dias de aula devi-
do a manobras e requereu o abono das suas faltas.
Qual a decisão a ser tomada nesse caso?
R: Eleo tem direito. A questão consideradao se enquadra nos casos
previstos pelo Decreto-Lei nº 715/69.
4 - Um estudante, logo após concluir o curso de Administração, pleiteou na
mesma IES a matrícula em outro curso, mediante o aproveitamento de vaga rema-
nescente do concurso vestibular. Considerando que o interessado é seu ex-aluno,
a IES deferiu o pedido, ainda que o requerenteo tivesse o seu diploma registrado.
Foi correta essa decisão da IES? Por quê?
R: A decisão foi incorreta, uma vez que alunoo tem o seu diploma regis-
trado.
Falta este requisito, conforme explicita o Parecer nº 424/86, do CFE.
No caso das universidades oficiais - que registram os diplomas dos seus
alunos - é questão de decisão interna, porque elas possuem autonomia universitária.
Na verdade, elaso sofrerão sanção se decidirem pela matrícula, emborao de-
vessem autorizá-la, neste caso.
5 - Pode uma IES negar rematrfeula ao aluno queo está em dia com o
pagamento dos encargos educacionais?
R: Base legal: Parecer nº 258/83.
Sim, pode ser negada, pois aos alunos inadimplentes cabem sanções de or-
dem pecuniária (ex: impedimento de rematrícula) eo sanções de natureza acadê-
mico-pedagógicas (ex: proibição de assistir aulas, fazer provas, etc.)
6 - Uma IES, verificando que no 3º período do seu curso de Direito havia al-
gumas vagas, motivadas por trancamento, nelas admitiu graduados que, por seu his-
tórico anterior, recebiam créditos nas disciplinas dos dois semestres iniciais. A equipe
de supervisão impugnou essas matrículas, argumentando que as mesmas estavam
reservadas para os alunos que as haviam trancado.
Foi correta essa impugnação? Por quê?
R: A impugnação é correta, observando-se os aspectos legais vigentes
(matrícula de portadores de diplomas apenas em vagas remanescentes do Concurso
Vestibular).
Neste caso, entretanto, foi incorreta a argumentação apresentada pelos
TAEs, embora correta e decisão.
Relator: César Quintão Fróes (DEMEC/RJ)
PARTE 4
A AVALIAÇÃO
INSTITUCIONAL E
A AÇÃO SUPERVISORA
É um prazer estar aqui. Novamente, devo dizer, porque há pouco tempo es-
tive nesta mesma casa, conversando com os técnicos sobre esse mesmo assunto. O
tema de hoje é mais ou menos similar àquele sobre o qual já tratei anteriormente: as
ideias básicas que orientam o programa do Ministério de fomento à avaliação no sis-
tema de ensino superior.
Eu trouxe um texto sobre isso, preparado especialmente para esta reunião,
e introduzindo, talvez pela primeira vez, a ideia do que seria a avaliação numa institui-
ção isolada particular. Até agora tratamos a avaliação do ponto de vista do sistema
federal, e principalmente do ponto de vista do sistema universitário. Esta é uma pri-
meira abordagem ao caso da avaliação nas instituições isoladas particulares. O texto
será distribufdo, e provavelmente eu irei incursionar algumas vezes sobre alguns ar-
gumentos que estão nele colocados. Mas essa minha apresentação será fora dele,
mais sobre o programa do que propriamente sobre a avaliação em si.
A origem desse Programa os senhores conhecem bem. Em 1985, o Ministé-
rio decidiu instalar uma Comissão Nacional para a Retormulação do Ensino Superior,
Comissão essa constituída por mais de 20 pessoas, cada uma delas representando
uma determinada área de ensino ou de pesquisa, um determinado segmento da co-
munidade universitária. Tentou-se montar uma Comissão que representasse bem o
pensamento da universidade e do sistema de ensino superior brasileiro. Essa Comis-
o fez, então pela primeira vez e de uma forma bastante enfática, referência à avalia-
ção, como uma necessidade premente e prioritária, para que, a partir dela, se pudes-
se tomar algumas decisões importantes com relação ao crescimento do sistema, a
sua organização e funcionamento, principalmente aos padrões de desempenho e de
qualidade observados dentro dele.
Essa proposta recebeu críticas, algumas delas bastante contundentes. A
comunidade reagiu diante da proposta e diante do documento de uma maneira bas-
* Coordenador do Programa de Fomento à Avaliação no Ensino Superior da Secretaria da Educação
Superior.
O PROGRAMA DE FOMENTO
À AVALIAÇÃO NO ENSINO
SUPERIOR
Cláudio Cordeiro Neiva *
tante emocionada. Inclusive, os senhores sabem que uma das propostas contra ar-
gumentadas em relação àquela que fazia a Comissão foi a de que quem primeiro pre-
cisava ser avaliado era o próprio Ministério da Educação eo as universidades ou
os estabelecimentos de ensino superior.
Logo em seguida, tentando implementar algumas das proposições contidas
no relatório dessa Comissão, o Ministério criou um grupo Executivo, conhecido por
GERES, que trabalhou também por um bom período de tempo, tentando selecionar
aquilo que era considerado prioritário no relatório da Comissão e dar concretude a
determinadas recomendações. Ele ensaiou uma reforma que alcançasse de imediato
o sistema universitário federal e, mais uma vez, reforçou a ideia da avaliação neces-
sária. O relatório do GERES foio criticado quanto o relatório da Comissão, provo-
cou bastante celeuma, muitas reações contrárias e o projeto de lei elaborado por ele
acabou sendo retirado do Congresso Nacional e arquivado. É nesse momento que
s fomos chamados a participar do Programa.
A ideia inicial do Dr. Paulo Elpídio, então Secretário da Educação Superior do
Ministério, foi a de ques pudéssemos contribuir no sentido de apaziguar os ânimos,
de estudar melhor o problema, estabalecer alguns conceitos que tivessem aceitação
generalizada pela comunidade e, com base nessa mudança de quadro, tentar, então,
formular uma proposta de ação na área de avaliação. Nessa ocasião já vinha sendo
executado o projeto que se tornou conhecido no âmbito do MEC como Projeto PARU
- Programa de Avaliação da Reforma Universitária - e que tinha o apoio do IUPERJ,
através de um convénio celebrado entre o Ministério e essa Instituição. Basicamente,
o que se esperava era que o IUPERJ nos ajudasse a elucidar algumas questões im-
portantes e que eram então objeto de crítica: conceitos básicos, metodologias de
abordagem à questão da avaliação, bibliografia de referência para auxiliar aqueles que
se interessassem pelo programa de avaliação ou discutir qualquer questão dentro
desse programa e, principalmente, infraestrutura de apoio técnico às instituições que,
porventura, resolvessem investir nessa área - apoio esse basicamente montado em
cima de algumas atividades de assessoramento, debate, de montagem de instru-
mentos de avaliação, de apoio à avaliação, planos de coleta de dados, técnicas de
entrevista, levantamento de informações e, principalmente, construção de determina-
dos indicadores. O IUPERJ nos ajudou bastante. Nessa época estava à frente do
Instituto o Prof. Simon Schwartzmann que, num único artigo que os senhores conhe-
cem, publicado em duas partes do Jornal Dois Pontos da SESu, definiu os contornos
gerais desse Programa.
As coube, de certa forma, estabelecer a estratégia de implementação
dessa metodologia. É sobre essa estratégia ques gostaríamos de falar aqui.
A primeira questão ques tentamos distinguir no trato dessa questão foi o
que seria a competência e o campo de atuação do MEC na área do ensino superior, o
que estaria nele contido como espaço e objeto da avaliação, e o campo de atuação
das próprias instituições ou de outros organismos interessados em matéria relaciona-
da com o ensino superior.
Convencionou-se que a área de avaliação sobre a qual o MEC atuaria dire-
tamente jamais diria respeito a qualquer questão de economia interna das universida-
des ou dos estabelecimentos de ensino superior, ficando limitada ao sistema, como
um todo, o seu desenho, a sua configuração, a estrutura desse sistema, os seus
componentes e subconjuntos, e, principalmente, aos padrões globais de rendimento
ou de desempenho desse sistema - em que medida ele estaria atendendo à demanda
social, às necessidades do mercado de trabalho, evoluindo nesse ou naquele sentido,
nesse ou naquele setor, nesse ou naquele regime de organização das instituições.
A ideia é de que o MEC aperfeiçoasse tanto quanto possível os seus siste-
mas de informação, as suas pesquisas, os censos e as amostragens, de tal maneira
que ele pudesse conhecer melhor esse sistema. Como consequência desse tipo de
trabalho a ideia era a de que o Ministério viesse a trabalhar no sentido de validar de-
terminados parâmetros, parâmetros de desempenho ou de qualidade, já aí aproveitan-
do os resultados das avaliações conduzidas pelas próprias instituições ou por outros
organismos interessados na questão universitária, ou na questão do ensino superior
isolado, ou na questão do ensino de ciências exatas, ou de ciências humanas, enfim,
buscando uma visão macroscópica do sistema e dos seus diversos segmentos.
A segunda decisão foi de que caberia às próprias instituições de ensino e a
outras instituições interessadas na questão do ensino ou da pesquisa as atividades
de avaliação que invadissem o terreno da economia interna das instituições, seja em
termos de desempenho, seja em termos de qualidade.
Essa foi a primeira grande distinção aues procuramos fazer, de certa
forma obedecendo a duas referências lógicas bastante importantess: de um lado, reser-
vando ao Ministério aquilo que é função do Ministério; de outro, preservando o caráter
pluralista do sistema de ensino no Brasil - que admite a versão universitária e a ver-
o isolada, que admite o sistema público e o particular, a presença da União, dos
Estados e dos Municípios em matéria de educação.
Achávamos que esse é um princípio que tem que ser mantido. Achamos que
isso é próprio de um sistema democrático e das sociedades abertas e queo havia
razão então para que um organismo governamental viesse a questionar questões re-
lacionadas com a vocação de cada instituição, com a realidade onde cada instituição
está localizada, com os seus propósitos e objetivos, dadas determinadas condições
de criação, propósitos dos grupos que a criaram, a filosofia desses grupos - se
ntôlico, se leigo, por exemplo -, se se volta mais para a tecnologia, mais
para a formação profissional, mais para a investigação e criação de novos conheci-
mentos. Enfim, assegurando que essa multiplicidade, essa diversidade dentro do sis-
tema fosse mantida. E uma das maneiras de se manter isso seria preservar um cam-
po para o Ministério queb invadisse ouo viesse a forçar, ao longo do tempo,
qualquer tipo de mimetismo - vale dizer, se o Ministério entende que um curso é bom
por essa ou aquela razão então o sistema passa a oferecê-lo daquela maneira que se
entende como bom. Isso deve ser evitado, inclusive, como instrumento de defesa
do próprio regime dentro do quals pretendemos viver.
Para implementar, de um lado, essa linha de análise macroscópica que ca-
beria ao Ministério e, de outro lado, a implementação de atividades de avaliação a-
vel das próprias instituições e programas,s passamos a trabalhar basicamente nas
seguintes áreas: dentro do Ministérios estamos envolvidos num esforço bastante
grande de criar, de recriar ou redesenhar todas as atividades relacionadas com coleta,
armazenamento e análise de dados estatísticos sobre o sistema de ensino superior.
s estamos em articulação bastante próxima com o Serviço de Estatística e com a
SEINF - que trata da parte do suporte informático para o processamento de dados -,
e, de outro lado, estamos apoiando as universidades e instituições de ensino superior
na montagem de seus próprios sistemas de informação. Uma das exposições que se-
o feitas hoje, pela Escola Superior de Agricultura de Lavras, trata exatamente de um
projeto dessa natureza.
De outro lado, estamos viabilizando alguns mecanismos de apoio à expan-
o do volume de publicações sobre matéria de ensino superior, resultante ouo de
avaliações conduzidas pelas instituições. Está sendo criada neste segundo semestre
uma revista latinoamericana de avaliação do ensino superior, com o apoio da OEA e
de algumas universidades da Venezuela, do Equador, do Peru, da Colômbia, da Bolívia
- e brasileiras, evidentemente. Com isso esperamos dispor de um mecanismo que
permita análises comparativas entre diferentes sistemas e entre diferentes instituições
e programas.
Temos dado apoio a todos os pedidos de recursos das instituições de ensi-
no superior relacionados com publicações de catálogos ou de quaisquer outros do-
cumentos informativos - relatórios anuais, por exemplo - das próprias instituições de
ensino superior. Estamos discutindo com algumas universidades a possibilidade de
criar algum tipo de boletim informativo sobre questões relacionadas a parâmetros de
desempenho e a referências de qualidade dentro do sistema de ensino.
Por outro lado, estamos apoiando a realização de projetos de avaliação nas
instituições de ensino superior.o temos nenhuma burocracia referente a esses
projetos: eleso apresentados quando a instituição entender que deva apresentá-
los, no formato que a instituição entenda que deva apresentá-los;o há prazos, da-
tas marcadas para isso. Esses projetos passam por um processo de análise, que
observa basicamente os seguintes critérios: primeiro, o projeto precisa ter um caráter
de institucionalidade, ou seja,so aprovamos projetos individuais ou mesmo pro-
jetos de equipes queo estejam vinculados a uma proposta de avaliação da institui-
ção de ensino; o projeto precisa deixar claro que aquilo faz parte de uma vontade da
instituição, ainda que seja um projeto pontual, um projeto focalizado. Isso é funda-
mental.
O segundo aspecto é o da objetividade.s estamos descartando, na medi-
da do possível, os chamados projetos de avaliação institucional global das universi-
dades. Achamos que a avaliação institucional é o resultado de uma acumulação de
conhecimentos sobre problemas dentro de cada instituição ou diferentes aspectos da
vida de cada intituição. Frequentemente temos recusado esse tipo de projeto que diz
"nós precisamos fazer urna avaliação institucional para verificar se os objetivos da
nossa instituição estão de acordo com o pensamento universitário ocidental ou então
com a proposta de criação do conhecimento universal". Realmente, preferimos aquele
projeto que vai na "mosca". Queremos avaliar como funciona a matrícula por discipli-
na, como é que se comporta o nosso aluno formado no mercado de trabalho, como é que se
comporta o professor dentro da sala de aula, como é que se distribui poder dentro da ins-
tituição. É o que nos interessa. Essa objetividade é muito importante para nós.
, evidentemente, o aspecto técnico do projeto. Achamos queo cabe
mais que um projeto "capenga" seja submetido à análise técnica de um órgão como o
Ministério. Aquelas partes fundamentais do projeto, uma boa formulação de objetivos,
uma boa justificativa para esclarecer o que se pretende com aquilo, um cronograma
de execução, um plano de aplicação de recursos bem feito, enfim, a demonstração da
capacidade técnica que vai se envolver. Isso é importante.
Existe um critério do qual nunca abrimos mão. Todos os outros critérios po-
dem ser discutidos, mas há um critério queo devemos abandonar: trata-se do
comprometimento da Instituição de divulgar os resultados do projeto tanto no que diz
respeito à sua execução, quanto no que diz respeito aos resultados que essa execu-
ção venha a mostrar - principalmente naquilo que diz respeito à metodologia utilizada,
a crítica da metodologia, à crítica dos parâmetros ou dos indicadores que foram cons-
truídos, e, principalmente, aos resultados em termos de absorção ou não, pela institui-
ção, daquilo que o projeto tenha mostrado como passível de mudança.
Existe aí uma outra questão importante que deve ser colocada.s enten-
demos que a avaliação institucional, a avaliação no plano da instituição de ensino ou
de seus programas de ensino ou de pesquisa é matéria de interesse da própria insti-
tuição. É ela que deve responder à sociedade (seja pública ou privada, seja universitá-
ria ou isolada) pelo que faz, pela função que desenvolve, pelos objetivos que tem e pela
maneira como trabalha no sentido de fazer com que esses objetivos sejam alcançados.
Em última análise,so estamos apoiando financeiramente os projetos de
avaliação, nem financiando as atividades de avaliação das instituições de ensino su-
perior. O ques financiamos é um determinado sub-produto que aquele projeto pode
produzir - o teste de uma metodologia, a criação ou validação de um parâmetro de
referência qualquer, seja de desempenho, seja de qualidade, os critérios de análise.
s financiamos o apuramento de uma técnica de abordagem do problema ou a críti-
ca de uma abordagem a determinados problemas da instituição. É isso que nos inte-
ressa. E é sobre isso e para isso ques aportamos recursos.
Mas, insistimos sempre, a avaliação é problema da instituição de ensino e
o do Ministério. É responsabilidade do dirigente estar permanentemente atento a tu-
do aquilo que ocorre na sua instituição; é responsabilidade social da instituição estar
permanentemente buscando se ajustar a necessidades ou expectativas da sua comu-
nidade, daquela comunidade a que ela serve, seja ela a nível local, regional ou nacio-
nal - ou até mesmo universal, se se trata, por exemplo, da pesquisa, da investigação
científica, do desenvolvimento tecnológico e coisas dessa natureza.
De maneira ques entramos quase assim como uma espécie de "compra-
dores" de metodologias, de técnicas, de "Know how", de instrumentação da própria
avaliação. É um fomento de duas vias: de um lado atendemos à universidade naquilo
que a universidade ou a instituição precisa; de outro lado, cobramos um determinado
subproduto da avaliação, considerado de interesse de todo o sistema.
Essa questão da criatividade na montagem do projeto paras é muito im-
portante. A instituição precisa distinguir no seu projeto ou no seu pedido de recursos
aquilo que é a avaliação em si, a atividade de avaliação em si e o atendimento aos
seus próprios interesses, daquilo que é desenvolvimento de uma metodologia, vali-
dação de um parâmetro, critica de uma determinada medida ou de uma determinada
abordagem, e assim por diante.
No apoio que damos a projetosso cosideramos em nehuma hipótese
recursos para capital, compra de equipamentos, compra de mobiliário. Pode parecer
estranho dizer isso, mas frequentemente chegam projetos pedindo recursos para a
compra de mesas, cadeiras, máquinas de escrever - mas issoo está em nossas
cogitações, em nenhuma hipótese.
Basicamente, suportamos todo o trabalho de assistência, orientação e con-
sultoria técnica de que a instituição precise para elaborar o projeto. Apoiamos também
a realização de qualquer tipo de reunião técnica para discutir o projeto ou a avaliação
em si, o andamento do projeto, a consultoria necessária para a avaliação de resulta-
dos; finalmente, apoiamos todo o trabalho de divulgação desses resultados.
Quando falamos em divulgação de resultados é bom que fique claro queo
estamos exigindo que a intituição se desnude diante da comunidade ou da sociedade.
Há um exemplo já clássico no campo da avaliação, que é a famosa lista dos "impro-
dutivos" da USP. Jamais pediríamos a uma instituição que publicasse a lista de seus
professores que faltam ou queo desempenham bem as suas atividades, ou que
o produzem, ou os administradores queo pouco sérios na condução dos as-
suntos da instituição de ensino. Nada disso. O resultado que pedimos que se publique
diz respeito à abordagem que foi feita, à metodologia que foi utilizada, às técnicas que
foram aplicadas e aos seus resultados, àquilo que se apurou numa visão macroscó-
pica, ainda que dentro da própria instituição. A Universidade de Brasília, por exemplo,
está publicando agora um primeiro relatório, um relatório parcial do projeto de avalia-
ção conduzido pela Comissão de Avaliação Institucional, criada na Universidade. O
que ela está publicando tem a ver com o andamento do processo, sem nominar o que
tenha sido objeto de julgamento de valor. Para efeito de público externo elao está
acusando ou colocando para o público os seus departamentos, os seus professores,
os seus programas de ensino. Evidentemente, a nível interno, as pessoas sabem
quaiso os méritos ou deméritos apurados.
Todas essa ideias foram desenvolvidas ao longo de meses e meses de tra-
balho, de reuniões, de encontros (dois encontros internacionais, o primeiro realizado
em setembro do ano passado, em Brasília, outro foi realizado neste ano, em Salva-
dor, além de vários encontros regionais e dezenas de reuniões técnicas, talvez cen-
tenas de reuniões e encontros realizados pelas próprias instituições de ensino supe-
rior ou por grupos de instituições de ensino superior). Isso tomou um ano e meio de
discussão, de reflexão, de crítica.s fomos criticados, criticamos muitas vezes e
fomos aprendendo ao longo deste período.
Mas o que maiss aprendemos foi que há uma distinção muito importante
entre avaliação institucional e avaliação de mérito pessoal. A avaliação que o Ministé-
rio está propondoo tem nada a ver com a avaliação de mérito pessoal.
A avaliação de mérito pessoal já tem mecanismos próprios de avaliação. No
caso de todas as universidades federais e de outras grandes universidadeso fede-
rais já existe, por exemplo no campo da avaliação de desempenho, um processo
chamado de eleição, de escolha por eleição. Entendemos que quando se submete um
nome de uma pessoa para a ocupação de um determinado cargo dentro de uma ins-
tituição isso representa, no fundo, uma sujeição a um processo de avaliação de mérito
naquilo que diz respeito a desempenho.
Naquilo que diz respeito a aspectos particulares à carreira docente, as gran-
des universidades e muitas instituições de ensino isoladas já dispõem de processos
próprios, através dos quais se sanciona, por exemplo, a progressão na carreira, a
chegada a determinados degraus dentro da carreira docente, considerando o tempo oe
serviço, os trabalhos publicados, a participação em programas e projetos dentro da
instituição.
A avaliação de mérito pessoal, evidentemente, precisa ser melhorada nas
próprias universidades federais e o processo precisa passar por um estágio de ama-
durecimento. Em instituições particulares existem outros critérios que atendem à es-
pecificidade da instituição particular. A mantenedora escolhe quem vai dirigir a esco'a.
É possível que ela utilize determinados critérios e frequentemente utiliza critérios para
decidir quem vai ser o diretor da escola. Algumas, talvez,o o façam mas isso está
em processo de discussão dentro do sistema. Mesmo dentro das particulares existem já
instituições que adotam critérios muito bem fundamentados para provimento de car-
gos de direção do mesmo modo que algumas instituiçõesm critérios já desenvolvi-
dos e aceitos pela comunidade docente para a progressão na carreira, para a contra-
tação de professores, e assim por diante.
A avaliação a respeito da qual fala o Ministério diz respeito a coisas, a pro-
cessos, a atividades, a referências que dêem uma noção de qualidade ou de desem-
penho queo o das pessoas.s estamos propondo uma avaliação que diz respeito
à instituição, enquanto grupamento organizado de pessoas e atividades com determi-
nados objetivos. Essa distinção nos parece importante porque frequentemente o pro-
fessor, principalmente, reage à avaliação como se estivéssemos falando ae alguma
coisa que a ele diga respeito enquanto indivíduo, enquanto pessoa, enquanto profis-
sional numa determinada área de atividade. A avaliação de que falamoso está refe-
rida a pessoas, ainda que entendamos que o Ministério deva apoiar estudos e iniciati-
vas que sirvam como suporte para a adoção de critérios adequados para a escolha de
postos de trabalho e de cargos na carreira administrativa. Achamos que isto é impor-
tante, mas faz parte da vida de cada instituição e, nesse caso,o cabe ao Ministério
ou ao Governo dizer como a instituição deva proceder. Algumas regras gerais podem
ser necessárias mas a sua aplicação é problema da instituição. Aquilo que o Ministério
fala sobre a avaliação diz respeito à avaliação de desempenho e à avaliação de quali-
dade do plano institucional.
Finalmente, algumas considerações sobre a distinção ques fazemos en-
tre a ação supervisora e a avaliação. É isso o ouc interessa mais diretamente a esse
plenário.
Já dissemos, há poucos instantes, que entendemos a avaliação como matéria
de interesse da própria instituição - e como tal ela deve ser estimulada, fomentada e
conduzida dentro de uma visão democrática de processo. A ação supervisora, por
outro lado, corresponde a uma ação do Estado, de controle sobre o que a lei determi-
na seja controlado e de fomento à avaliação.s entendemos que as Delegacias do
Ministério, pela proximidade que elasm com determinadas realidades locais, devem
estar permanentemente armadas com os acervos de informação e de conhecimento
necessários para que a ação supervisorao se esgote como uma atividade mera-
mente burocrática, fiscalizadora ou de caráter punitivo ou preventivo de qualquer natu-
reza; que a ação supervisora deve ser veículo de orientação, de alerta para determi-
nados problemas sobre os quais a instituição de ensino, moto-próprio, decidirá ouo
se conduz e como conduzirá.
Essa posição está de acordo com um dos primeiros argumentos aqui utiliza-
dos. Parece-nos extremamente perigoso que o Estado, através de seus organismos,
venha a estabelecer o que seja qualidade ou o que seja desempenho. Num país como
o nosso, de dimensões continentais, com muitas diferenças regionais e profundas
desigualdades sociais (sabendo-se ainda que desigualdadeso ocorrem apenas a
nível das regiões, mas igualmente no interior delas), seria extremamente perigoso que
s passássemos a ditar certas regras com relação aquilo que é bom e àquilo que é
ruim, ao que é desejável e ao queo o é.
E como é ques pretendemos superar tipo de dificuldade? De um lado,
criando condições para que o maior número de informações e de conhecimento sobre
o funcionamento de instituições e de programas chegue ao nível da sociedade, como
um todo, em particular daqueles segmentos sociais imediatamente interessados na
questão do ensino superior. De outro, validando dentre tantos possíveis indicadores
que venham a ser construídos, ou referências utilizadas como instrumento de apoio à
formulação de julgamento de valor, aquelas que sejam essenciais ao sistema, tanto
sob o ponto de vista de demanda social, como sob o ponto de vista de demanda de
mercado de trabalho.
Achamos que, na medida em que mais e mais instituições e programas ve-
nham a se avaliar, ou a deixar que sejam avaliados, vamos ter condições de verificar
que determinaoos tipos de informaçãoo comuns, ouo mais desejáveis, ou apre-
sentam melhores condições para avaliação de resultados ou, então, estão mais de
acordo com as expectativas de desenvolvimento económico e social do que outros.
Esses poucos indicadores é que deverão balizar as instituições e os programas em
direção a determinadas mudanças.o desejamos que a instituição se veja, num
determinado momento, na obrigação de ser tal ou qual, de ter uma determinada rela-
ção professor/aluno dentro de tal valor, de ter uma determinada velocidade de fluxo
dentro de tal espaço de tempo ou coisas dessa natureza.s queremos que esses
valores sejam conhecidos, que sejam aceitos pela comunidade, principalmente pela
sociedade brasileira. Mas queremos que as instituições decidam se devem perseguir
esses valores, se devem ouo procurar chegar até eles.s queremos manter um
sistema diferenciado.
O fundamental em toda essa questão é que a sociedade saiba quaiso es-
ses valores, e que o aluno saiba que opção deve fazer por um ou por outro programa
de ensino. O importante é que quando ele faça sua escolha saiba que está fazendo
uma escolha consciente. A mesma coisa com relação ao professor que procura em-
prego ou ao professor que procura mudar de posição dentro do sistema. É preciso
que ele saiba que está passando dessa para aquela posição, por essa ou aquela ra-
o que lhe é conveniente. Ele está preocupado com pesquisa, está preocupado com
desenvolvimento científico? Ele precisa saber quaiso as instituições quem con-
dições de lhe oferecer tal perspectiva ou a satisfação de expectativa que ele tem.
Seria ingénuo imaginar que um sistema de mais de 800 instituições possa
ser igual, possa se comportar da mesma maneira. É ingénuo desejar que um enge-
nheiro formado emo Paulo tenha o mesmo perfil que um engenheiro formado no
Ceará ou no Acre. É claro que a ação supervisora estará zelando para que padrões
mínimos fixados pela legislação brasileira sejam atendidos. As matérias básicas, cer-
tos conhecimentos elementares e tudo aquilo que for necessário para garantir o livre
trânsito dos cidadãos dentro do País, seja em termos de regiões, seja em termos de
emprego, de áreas de conhecimento, tudo isso deve ser assegurado pela ação su-
pervisora. Mas há determinados aspectos da vida da instituição que só ela pode defi-
nir, independentemente de qualquer outra coisa, ses queremos ser uma sociedade
pluralista e democrática.
Há um aspecto importante nessa questão dessa busca da qualidade dentro
da diversidade e isto tem que ser preservado tanto pelo Programa de Avaliação
quanto pela ação supervisora que o Ministério desenvolve sobre as instituições de
ensino. Há uma tese ques defendemos desde 1981, quando retornamos ao Minis-
tério e começamos a trabalhar na área da modernização administrativa e que diz res-
peito ao papel das DEMECs.s entendemos que a DEMEC é, no Estado, a inteli-
gência daquele Estado em matéria de educação, inteligência com letra maiúscula. Ela
deve conhecer e ser a depositária do saber sobre educação naquele Estado onde ela
tem jurisdição. Evidente que ela tem que fazer avaliações. Da mesma forma que o Mi-
nistério estará olhando o sistema do ponto de vista nacional, achamos que a DEMEC
pode e deve desempenhar o mesmo papel, do ponto de vista estadual, como outros
organismos o farão do ponto de vista regional ou setorial. Isso significa que ela tam-
m tem que acumular, organizar e sistematizar dados, informações, conhecimento
de pesquisa, relatórios de pesquisa sobre a situaçãoo só do ensino, mas do ensino
em relação a tudo aquilo que se passa no Estado. Os técnicos que jazem a supervi-
om que dominar esse conhecimento. No entanto, vejam bem a diferença - que
pode ser sutil -: achamos queo cabe à DEMEC fazer ela, moto próprio, a avalia-
ção da instituição; da mesma maneira co TK> estamos afirmando queo cabe ao Mi-
nistério fazer este tipo de avaliação.
Uma última questão importante: o Programa tem atendido a qualquar institui-
ção de ensino superior, independente de ser universitária ou isolada, de ser pública ou
particular. E mais ainda, o Programa tem procurado trabalharo apenas com as ins-
tituições de ensino, mas com outras organizações que tenham interesse mediato ou
imediato na questão do ensino superior.s temos projetos com o Conselho Federal
de Economia, estamos trabalhando intimamente com as Comissões de Especialistas
do Ministério, estamos procurando alargar esse cenário de instituições, organizações
e programas voltados para a avaliação. Achamos queo só a universidade deve se
avaliar. Achamos que outras instituições devem avaliar a universidade.
Entendemos que sindicatos, associações profissionais, associações de
classe, associações de dirigentes (como o CRUB e a ABM) devem fazer avaliações;
que a imprensa deve estar presente permanentemente no processo de avaliação do
ensino superior, que grupos de pesquisa independentes e institutoso universitários
devem estar presentes; fundações de pesquisa devem estar envolvidas nesse pro-
cesso. De tal maneira que aos poucos possamos construir uma malha, uma rede de
informaçõeso complexa quanto é complexo o processo de educação de nível supe-
rior. Achamos que a universidade, a instituição de ensino superior deve ser investiga-
dao apenas do ponto de vista do governo, mas igualmente do ponto de vista da
empresa, dos pais de alunos, dos empregadores de uma maneira geral, dos próprios
alunos, dos professores que lá estão, dos funcionários que lá trabalham. Enfim, ela
deve ser olhada sob todos os pontos de vista possíveis, pois a instituição de ensino
superior é uma das poucas instituições quem uma responsabilidade de tal ordem
que elao pode estar sujeita a um único tipo de avaliação, nem à sua própria, nem a
que faz o Estado, nem a que faz esse ou aquele organismo. Todos devem avaliar a
universidade e o ensino superior. Todos devem estar atentos ao que se passa no in-
terior desse sistema, inclusive o MEC, inclusive o Estado, maso só ele e talvez
nem predominantemente ele.
Essas as ideias gerais que queríamos trazer para este debate.s vamos
ter oportunidade de discutir um pouco mais adiante essas ideias, de debater, de trocar
novas informações e eu os convocaria a esse debate de uma maneira bastante enfá-
tica.s sabemos pouco sobre avaliação. Nós, no Ministério, também estamos pro-
curando aprender sobre a avaliação e todo e qualquer debate é extremamente pro-
veitoso para todos nós. Agradeço a atenção e voltaremos a falar em seguida, nos de-
bates.
(Texto transcrito de gravação, revisado pelo conferencista).
1. CONTEXTO E CONCEITO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
Avaliação é um termo utilizado para designar o processo através do qual se
pode destacar, para fins de planejamento e tomada de decisões, certas propriedades
de entidades ou conjuntos de entidades organizadas, processos mais ou menos
complexos, atividades de rotina ou tarefas específicas e mesmo produtos ou resulta-
dos, efeitos e consequências, sempre que dependentes da açSo de administradores,
com o objetivo de verificação da legitimidade de determinados ou esperados padrões
de desempenho ou de qualidade, seja no âmbito interno do fenómeno considerado ou
a partir de comparações entre o que nele se observa e o que se passa em outros
campos de observação tomados como referência.
Processos avaliativos fazem parte, então, dos encargos de gestão, ou estão
a eles articulados, vinculados de forma vigorosa ou antecedendo necessariamente
a todo ou qualquer evento decisório. Nesse sentido, fazem parte do cotidiano das pes-
soas que, no exercício de funções de comando,o obrigadas a escolher entre diver-
sas alternativas relativas ao comportamento ou valor daqueles padrões.
Diferentes planos de decisão requerem, por sua vez, diferentes abordagens
de avaliação. Assim, processos avaliativos podem manifestar-se em situações mi-
croscópicas ou pontuais, nas quais o discernimento do administrador é suficiente para
que se mantenha sob controle os padrões desejados ou esperados; outras situações,
no entanto, exigem esquemas mais elaborados de reflexão, interpretação e negocia-
ção, ordenamento de prioridade e processamento da decisão - tanto mais complexos
quanto menor for o grau de certeza quanto às repercussões possíveis ou quanto
maior o número de variáveis em jogo.
* Coordenador do Programa de Fomento à Avaliação no Ensino Superior da Secretaria da Educação
Superior-SESu
A AVALIAÇÃO NO SISTEMA
DE ENSINO SUPERIOR:
O CASO DA AÇÃO
SUPERVISORA NO
MINISTÉRIO
Cláudio Cordeiro Neiva'
Quando nos referimos à avaliação como instrumento de apoio ao planeja-
mento e tomada de decisões estamos falando, portanto, de processos sofisticados de
análise de dados e de interpretação de informações - que servem, por sua vez, de
suporte a intrincados esquemas de gestão, na maior parte das vezes relacionados
o com o presente, mas com relações do tipo passado/futuro das organizações,
seus objetivos e finalidades, procedimentos de produção, ordenamentos institucionais
e programáticos, atividades e, principalmente, padrões de desempenho (eficiência inter-
na) e de qualidade (eficácia externa).
2. RECEPTIVIDADE E RESISTÊNCIA À AVALIAÇÃO
Comportamentos receptivos à avaliação podem ser facilmente localizados
nas organizações empresariais de natureza económica, cuja sobrevivência só pode
ser assegurada a partir da manutenção de um alto grau de precisão na definição de
seus objetivos e funções de produção de bens ou serviços, e nas quais cada decisão
tem importância fundamental para demarcação de suas margens de segurança ope-
racional e suas linhas de sucesso institucional - todas elas geralmente estabelecidas
com relação a indicadores de lucratividade imediata ou mediata.
As resistências à avaliação ocorrem, por outro lado, sempre que a proposta
institucional está mal formulada ou ô dirigida para o campo de ação de administrado-
res ou pessoas que operam dentro de cenários de grande incerteza, seja pela dificul-
dade de apuração de resultados imediatos e concretos, seja, enfim, pela generalidade
com queo estabelecidos objetivos e metas institucionais.
No caso das instituições de ensino superior, agrava-se o fenómeno: objeti-
vos institucionais são, regra geral, difusos - prestando-se a diferentes interpretações
por parte de membros distintos da mesma comunidade e atê mesmo de pessoas ou
grupos de pessoas de fora dela; são, frequentemente, de alcance a muito longo prazo
e estão sujeitos à crítica ao longo de toda a trajetôria entre a sua formulação e a ava-
liação a que estarão submetidos; e muitas vezes respondem a certas propostas
ideológicas ou pedagógicas, maso a outras; e assim por diante.
Essa condiçãoo só gera temores e ansiedades quanto às avaliações a que
podem vir a ser submetidos administradores e professores, instituições e programas
de ensino e pesquisa, como também torna diffcil a aplicação de seus resultados - vez
que frequentemente relacionadoso a produtos, mas a propostas e comportamentos
intelectuais e ideológicos.
De fato, as instituições de ensino e de pesquisa movem-se dentro de uma
intrincada hierarquia de comando e de um contexto de juízos de valor baseados na
competência intelectual de indivíduos, na experiência ou propostas de grupos, escolas
de pensamento, linhas de atuação académica e compromissos de caráter polltico-
ideológico - questões difíceis de serem colocadas em dicussão e impossíveis de se-
rem parametrizadas ou comparadas senão a partir de outros julgamentos de valor, de
natureza absolutamente subjetiva.
Ao contrário do que se passa nas organizações empresariais económicas, o
acompanhamento, avaliação e controle das atividades de ensino e pesquisa refletem
um complexo de propostas baseadas nas ideias que pessoas e grupos fazem de
suas próprias atividades, relacionadas a projetos intelectuais que só se realizarão no
futuro, avalizados ouo a partir de mudanças ocorridas no interior da sociedade ou de
um determinado setor tecnológico - e que resultarão, por sua vez, da convergência
de múltiplos fatores, muitos dos quais absolutamente indetermináveis com segurança,
muitas vezes fora de controle do processo educativo a que estiveram sujeitos os
seus agentes ou das ideias que originalmente as tenham orientado.
Essa distinção é importante, de vez que os padrões de desempenho e de
qualidade se relacionam, nas instituições de ensino e de pesquisa,o apenas a me-
didas de expressão quantitativa, mas sobretudo a conceitos concorrenciais de com-
petência no exercício de determinadas atividades e dos projetos intelectuais a que
eles estão vinculados.
Assim, o desencadeamento de processos avaliativos nesse tipo de institui-
ções frequentemente passa por uma fase critica de resistência à sua institucionaliza-
ção como procedimento ligado a processo de planejamento e de gestão - idealizados
como instrumento de controle técnico-administrativo, quandoo de controle polfti-
co-ideológico.
3. DISTINGUINDO AVALIAÇÃO INSTITUICIONAL DE AVALIAÇÃO DE MÉRITO
Processo avaliativos podem ser desencadeados tendo em vistao as enti-
dades, seus processos e atividades, tarefas ou produtos, padrões de desempenho
interno e externo, mas as pessoas que nelas se envolvem - sua competência no ca-
so das matérias que lhes estão afetas ou sua capacidade de gerir ou de transformar o
objeto de suas atividades. Nesse caso, o que está em jogo é o mérito de cada um no
desempenho de suas funções ou nos comportamentos que adotam com relação aos
objetivos institucionais ou às propostas grupais em vigor.
Nesse último caso, os procedimentos aplicáveis estão fraqúentemente rela-
cionados com questões localizadas em dois outros campos especfficos: o primeiro,
do da avaliação para efeito de progressão nas carreiras docentes ou administrativas;
o segundo, do da avaliação para fins de preenchimento de postos dentro da estrutura
de poder do estabelecimento (composição de órgãos colegiados, escolha de cargos de
chefia, etc). Todas as instituições de ensino e pesquisa convivem com critérios pró-
prios que se aplicam a cada caso e que consideram, para fins de decisão, informa-
ções e outros elementos de julgamento de valor muito especiais.
Os processos de colecionamento de dados sobre a produção científica, a
acumulação de títulos, bem como outros indicadores de prestígio académicoo típi-
cos dos esquemas de avaliação consideraoos para fins de deliberação quanto ao
mérito pessoal do profissional de ensino, enquanto tal; o tempo de serviço, o envolvi-
mento em atividades e projetos, a capacidade de captação de recursos próprios para
desenvolvimento de seu trabalho, a frequência com que o professor é requisitado para
tarefas de assessoramento e consultoriao indicadores muitas vezes tomados co-
mo referência, independentemente mesmo de seu registro burocrático e formal.
Dentro de esquemas similares, mas obedecendo a uma lógica distinta, en-
contram-se grupos de informações e de julgamentos sobre elas sustentados que
orientam decisões com relação ao provimento de postos de comando dentro da hie-
rarquia de poder existente na instituição - frequentemente subordinadas a processos
de consulta ampla, seja através de esquemas formais de entrevista, seja através de
coleta de votos mais ou menos abrangente.
' Nos dois casos, a apuração de qualidades pessoais resolve-se a nível da
própria comunidade, segundo uma cronologia de eventos conhecida e reconhecida
por todos os seus membros, cuja credibilidade é avalizada ou por uma legislação es-
pecífica, ou pela tradição ou mesmo, em certos casos, pelo acatamento de determi-
nados procedimentos segundo seja o tipo de instituição, seu regime jurídico, e coisas
que tais.
No caso da avaliação "institucional" - assim chamada, entre outras coisas,
para diferenciá-la de imediato da avaliação "de mérito pessoal" - os procedimentos
orientam-seo para as pessoas, senão para as "coisas": a organização, como um
todo, seus objetivos, os processos que nelam curso tendo em fim os objetivos, as
atividades através da quais os processoso conduzidos e determinadas funções
administrativas ou académicas se realizam, os "produtos" ou "resutados" queo ou
deixam de ser obtidos, as relações que se estabelecem entre a instituição e o seu
meio, os padrões de desempenho e de qualidade com que tudo isso se processa da-
das certas "necessidades" ou "expectativas" e assim por diante.
É dentro desse campo de interesse que se deve considerar a proposta de
avaliação sobre a qual o Ministério vem investindo - orientada para a apuração de
padrões de desempenho e de qualidade relacionados com a vida da instituição, como
um todo - enquanto organização arquitetada como agente responsável pelo cumpri-
mento de uma função social relevante e de alto interesse público e significado político
para o desenvolvimento - aos processos técnicos e administrativos quem curso no
seu interior, às condições de trabalho determinadoras de um ou outro tipo de forma-
ção e tudo o mais que a qualifique dentro de um contexto de múltiplos e diferenciados
interesses.
4. DIFERENCIANDO AS ENTIDADES OBJETO DE INTERESSE DA AVALIÇÃO
Mantidos os mesmos objetivos para a avaliação que se quer ver instalada
como instrumento rotineiro de apoio a processos de planejamento e de gestão, há que
se considerar que o desenvolvimento de processos avaliativos guardará nuances
próprias quer se trate de instituições públicas ou particulares, universitárias ou isola-
das, de ensino e pesquisa ou apenas de formação profissional.
As instituições universitárias, por gozarem de autonomia, deverão desenvol-
ver as atividades de avaliação segundo decisões próprias, ainda que tendentes à
formação, ao longo do tempo, de um mínimo de harmonia em termos de métodos utili-
zados. critérios aplicados e tormatação das informações resultantes. Em que pese o
apoio e o esforço que o Ministério vem dedicando a essa matéria, fica claro que o en-
tendimento ali prevalecente é o de que tal convergência deve ser encarada como ab-
solutamente natural, de interesse imediato das próprias instituições universitárias -
vez que a ausência dessa harmonia acabaria por invalidar as próprias avaliações
conduzidas dentro dos limites da chamada autonomia.
No caso das instituições universitárias públicas releva observar que se im-
bricam, nelas, duas condições muito especiais: a de entidades dotadas de autonomia,
de um lado, e a de entidade mantidas quase que exclusivamente com o aporte de re-
cursos públicos. A sujeição dessas entidades a procedimentos avaliativos externos
será fatal, preservando-se, no entanto, no que couber, os limites da autonomia que
lhes é própria. Isso significa que alguns aspectos de desempenho e de qualidade de-
verão ser identificados e selecionados, aplicando-se a eles procedimentos avaliativos
específicos - de tal sorte que se possa aferir em que medida os recursos públicos
que lheso destinadoso aplicados e produzem um determinado retorno social.
Nesse campo, haverá que se descobrir esquema de acompanhamento e
avaliação que, sem invadir terrenos onde o conceito de autonomia possa ser ferido,
garanta à sociedade avaliar em que medida os recursos aplicados no ensino superior
público correspondem ou deixam de corresponder às suas necessidades e expectati-
vas.
De certa forma as instituições isoladas públicas estarão sujeitas a trata-
mento mais ou menos equivalente. Além das restrições que lheso impostas pelo
fato deo gozarem de autonomia, estarão sujeitas ao acompanhamento na aplica-
ção dos recursos que lheso destinados e, também, à verificação dos padrões de
desempenho e de qualidade dentro dos quais operam com aqueles recursos.
Finalmente, no caso das instituições isoladas particulares, ou que, ainda que
criadas pelo poder público, sobrevivem à conta de recursos próprios, o acompanha-
mento e a avaliação adquirem características bastante peculiares. Trata-se de um
campo de interesse sujeito a regras muito específicas, sobre o qual se prende a aten-
ção daqueles que atualmente atuam no campo da supervisão a cargo das Delegacias
do Ministério da Educação.
5. O CASO DA AÇÃO SUPERVISORA DO MINISTÉRIO
A legislação brasileira admite que o ensino seja livre à iniciativa particular,
desde que obedecidos alguns regramentos básicos e gerais. Essa legislação traça as
diretrizes e bases da educação nacional, avançando, em alguns casos, até o estabe-
lecimento de normas gerais de organização e funcionamento das instituições de ensi-
no ou dos seus programas de ensino, pesquisa e extensão.
o avança - e nem poderia avançar - sobre matéria relativa a padrões de
desempenho ou indicadores de qualidade, a menos, é claro, daquelas referências ge-
néricas que podem ser inferidas a partir de determinadas exigências interpostas em
termos de mínimos relativos a infraestrutura física, bibliotecas, corpo docente, dias le-
tivos, currículos mínimos, e assim por diante.
Isso significa que os aspectos de desempenho e de qualidade deverão ser
buscados no interior das próprias instituições e programas ou em relações que ve-
nham a ser estabelecidas entre o que nelas se observa e o que é observado fora de-
las e tomado como referência de excelência.
É exatamente aqui que se pode fazer a distinção entre o que seja a avalia-
ção proposta pelo Ministério e a ação supervisora que faz parte de sua rotina de
acompanhamento sobre o cumprimento da legisção em vigor.
Vejamos mais de perto o caso da ação supervisora: ela se desenvolve so-
bre o ensino superior particular isolado como precaução - e, em alguns casos, como
mecanismo de intervenção saneadora - visando precipuamente ao cumprimento da
legislação de ensino. Funciona como uma espécie de salvaguarda do Estado diante
das concessões que o mesmo faz à iniciativa particular. Casos há em que essa ação
supervisora avança além disso, cobrindo o campo da orientação sobre a legislação, a
jurisprudência formada, a natureza das resoluções adotadas pelos órgãos centrais
normativos ou executivos, e assim por diante.
Mas ela ô essencialmente supervisora e burocrática - o queo invalida a
ideia de que, em determinados casos, possa funcionar como "momento" ou "instân-
cia" de avaliação. Nesses casos, no entanto, haverá que se distinguir entre o que
seja processo de avaliação e "momento" de avaliação - sobre d que falaremos em
seguida.
No que respeita à avaliação, é preciso fazer, primeiro, uma distinção funda-
mental, já que eles se desenvolvem em diferentes planos, cada um deles com carac-
terísticas peculiares, ainda que complementares e auxiliares umas das outras.
O primeiro plano trata dos procedimentos avaliativos de interesse imediato
daquilo que a Comissão Nacional para Reformulação do Ensino Superior chamou de
"controle social" - que se realiza na medida em que tanto governo quanto sociedade
disponham de informações e conhecimentos apurados sobre como se desenvolve o
sistema e o processo de ensino e, de forma mais pontual, como se comportam dife-
rentes referências de desempenho e de qualidade adotadas como adequadas ao pro-
jeto de sociedade dentro do qual nos empenhamos todos.
O segundo plano trata dos procedimentos de interesse imediato das institui-
ções e dos programas de ensino, cada um deles orientado, em princípio, para a busca
de condições de equilíbrio dentro do sistema, como um todo, ou dentro de um dos
seus segmentos específicos. Nesse plano, é de se esperar que relações concorren-
ciais legítimas assegurem constante busca de ganhos tanto em termos de desempe-
nho (uma questão de sobrevivência dentro de qualquer sistema, em especial daquele
mantido pela iniciativa particular) e de qualidade (uma questão de afirmação de com-
petência dentro de cenários de alta competividade, como é ou deveria ser o caso das
opções quanto à escolha das profissões).
Nesse segundo plano de atividades, o papel do Ministério tem sido o de es-
timulador da adoção, pela instituições de ensino, de procedimentos avaliativos capa-
zes de proporcionar uma razoável acumulação de conhecimento sobre si mesmas,
sobre tudo o que interessar possa ao seu desenvolvimento "dentro do sistema", isto
é, segundo as referências de excelência existentes ou a serem criadas.
Essa propostao deve ser considerada como uma fuga a quaisquer das
responsabilidades institucionais ou governamentais, senão uma diretriz coerente com
a vocação democrática e pluralista que tem marcado a trajetória do pensamento políti-
co brasileiro. A admissão de variados tipos de instituições na estruturação do sistema
de ensino no Brasil de certa forma reflete, afinal, o desejo de que estejam sempre dis-
poníveis variadas formas de atendimento às necessidades, expectativas e objetivos
de todos os brasileiros. E manter esse encaminhamento faz parte da proposta de ava-
liação que vem sendo formulada e empreendida pelo Ministério.
6. IMPLEMENTANDO A AÇÃO SUPERVISORA E A AVALIAÇÃO
Ainda que processos distintos, a ação supervisora e a avaliação oferecem
amplas oportunidades de trabalho para todos os que estejam em um ou outro desses
campos.
Frequentemente a avaliação deverá deter-se sobre aspectos normativos da
vida da instituição ou programa de trabalho, buscando encontrar em determinados or-
denamentos as razões para esse ou aquele tipo de desempenho ou de qualidade. Da
mesma forma, a ação supervisora se bem conduzida, poderá fazer da atividade precípua
da supervisão "momento" de reflexão capaz de sugerir uma determinada avaliação.
Para que isso se tome exequível será preciso tomar disponível, no entanto,
uma verdadeira rede de informações, de conhecimentos e de parâmetros de desempe-
nho ou referências de qualidade, de tal forma que julgamentos de valor possam ser
feitos por todos os interessados e sobre todos os diferentes aspectos relativos ao en-
sino superior - eo apenas pelo aparelho do Estado ou por seus agentes especiali-
zados, senão por toda a sociedade.
Essa rede deverá atender a múltiplos objetivos e finalidades. Em primeiro lu-
gar, garantindo a necessária liberdade que devem ter as instituições de ensino para
fixação de seus próprios objetivos e programas de trabalho, seus padrões de desem-
penho e as referências de qualidades a que se propõem a alcançar, sua clientela, e
assim por diante; garantindo, também, que elas possam decidir sobre como operar
dentro desse conjunto de parâmetros e referências, segundo os dados da realidade
dentro da qual estiverem elas inseridas. Em outras palavras, a existência dessa rede
deverá permitir que as instituições de ensino possam se contextualizar em determina-
dos momentos de sua trajetória histórica e, ainda, que possam assim se manter ao
longo de sua vida.
Em segundo lugar, a existência de tal rede deverá assegurar condições para
que cada instituição busque, dento de um conjunto de parâmetros de desempenho e
de referências de qualidade, aquelas que efetivamente deseja perseguir ou alcançar -
sem que, necessariamente, deva estar sujeita a procedimentos externos de acompa-
nhamento e de avaliação que nada tenham a ver com a sua proposta de trabalho e
projeto pedagógico - a menos, é claro, daquelas de natureza geral, inscritas na legis-
lação de diretrizes e bases da educação nacional.
Finalmente, tal rede deverá criar condições para que o aparelho estatal se
dedique às tarefas de acompanhamento e avalição sobre amostras específicas do
sistema, estabelecidas de tal forma que se possa melhor estudar determinados as-
pectos de sua organização e funcionamento, bem como validar certos parâmetros de
desempenho e referências de qualidade.
Desenvolvida dessa forma, a avaliação poderá transformar-se em instru-
mento de extrema versatilidade, seja para as próprias instituições, seja para o poder
público - nesse caso assegurando melhores condições para o estabelecimento de
objetivos da politica governamental, para a fixação de prioridades e, principalmente,
para o estabelecimento de critérios de alocação de recursos de credibilidade reco-
nhecida e aceita.
As Delegacais do Ministério da Educaçãom um papel importante a jogar
nesse cenário -o fazendo a avaliação (que, já o dissemos, deve ser empreendida
no interior de cada instituição e programa de ensino), mas acumulando conhecimento
resultante de avaliações e fazendo dele instrumento de desencadeamento da ação
supervisora que lhe cabe conduzir.
A diferença entre o "fazer a avaliação" e o "usar o produto da avaliação"
como instrumento de trabalho pode parecer sutil, mas é fundamental que seja enten-
dida e praticada: o "fazer a avaliação" implica, necessariamente, em uma intervenção,
primeiro, e, em seguida, em um julgamento de valor de desempenho ou de qualidade -
ambos indevidos se queremos, de fato, conviver com uma prática de convivência
democrática e pluralista tal a que já fizemos referência anteriormente. Porque, obede-
cida a legislação em vigor, tais julgamentos deverão ser feitos pela própria sociedade,
quando muito por segmentos sociais ou setores e grupos específicos que tenham al-
go a ver com aquele estabelecimento ou programa, parâmetro de desempenho ou de
qualidade, ou qualquer outro atributo que sirva à formação de um julgamento de valor
ou à formulação de uma nova diretriz política.
No entanto, "usar o produto da avaliação" como instrumento de apoio à ação
supervisora é algo novo, capaz de transformar a ação de supervisão em um "mo-
mento" excepcionalmente importante tanto para a supervisão em si quanto para a ins-
tituição ou programa que a ela é submetido. De algum modo, isso representará um en-
riquecimento de elevado significado para todo o sistema.
E em que a Delegacia deveria obrar, no sentido de viabilizar tal uso? Em
primeiro lugar, criando as condições para que tal acumulação de conhecimento se fa-
ça. Armazenamento de dados e informações sobre o sistema que lhe está afeto,
instalação de competência técnica para tratamento e análise desses dados e informa-
ções, desenvolvimento de programas tocais de pesquisa e de interpretação de de-
terminados fenómenos observados deveriam fazer parte do seu cotidiano.
Em segundo lugar, promovendo constante reinterpretação do conhecimeto
acumulado, à luz da realidade local e de cada programa de ensino. Esse tipo de ativi-
dade é essencial para que a ação supervisora crie "momentos" de avaliação.
Finalmente, ajustando a ação supervisora, através de seus responsáveis, a
esse novo conhecimento e fazendo com que o trabalho burocrático se transforme em
útil instrumento de desenvolvimento das instituições a ele submetidas.
7. AJUSTANDO OS RELÓGIOS
A atividade de avaliação, conduzida de forma sistemática, está em processo
de desenvolvimento. O Ministérioo dispõe de qualquer regra pré-estabelecida
que já tenha sido avalizada pela comunidade de ensino superior e pela sociedade
brasileira, como um todo.
Essa ressalvao pode ser esquecida agora, sob pena de que boas inten-
ções acabem por se revelar prejudiciais e para que o processo que se planeja venha
a instalar-se sem traumas ou conflitos indesejáveis.
Por fim, é sempre bom repetir, a diretriz maior que orienta a ação do Minis-
tério nesse campo é sintetizada na palavra cautela. Ela é a chave de qualquer suces-
so futuro que desejemos alcançar.
1- QUEM É O GALILEU?
É um conjunto de procedimentos computacionais escrito em dBASE III plus,
para auxiliar a administração superior da IES a conduzir o processo de decisão, so-
bretudo no campo do planejamento integrado. O usuário final trabalha com relatórios
gerados em video/impressora através de arquivos do tipo (.) EXE correspondente ao
.PRG, graças ao processo de "clippagem" neste realizado.
A convivência deste sistema é pacifica com aquele pertencente ao usuário.
Este pode ser o sistema manual ou em computadores de porte acima dos do micro.
Ele foi concebido de tal maneira que os dados de entradao os disponíveis na insti-
tuição eo necessitam de qualquer tipo de tratamento para alimentar o galileu. Os
dados de entradao coletacos pelo órgão de apoio, associado à administração aca-
démica, e somente em raras situações os chefes de departamento ou coordenadores
de curso serão consultados.
Ele tem os seguintes módulos:
- Galileu 1: Coleta de dados indipensáveis para o planejamento do "próximo período
letivo". Obtém-se os primeiros relatórios. É o suporte do galileu 2;
- Galileu 2: Cadastra a força de trabalho efetiva docente, determina indicadores do
histórico escolar dos alunos organizando o conjunto de indicadores for-
madores do sistema integrado de informações académicas;
- Galileu 3: Apoia as atividades de aprendizagem do docente oferecendo indicadores
gerenciais sobre o seu plano de ensino (eficiência do instrumento e dos
itens) e para seu conjunto de atividades de aprendizagem, como também
possibilita realizar pesquisas de opinião para identificar indicadores ge-
renciais de atitudes;
- Galileu 4: Apoia a Pró-Reitoria de Planejamento nas ações de:
1. distribuição de recursos financeiros em função dos indicadores ge-
' Professor Adjunto do Departamento de Ciências Exatas da Escola Superior de Agricultura de Lavras
INDICADORES GERENCIAIS
PARA A AVALIAÇÃO SOBRE
0"PROJETO GALILEU"
Agostinho Roberto de Abreu *
renciais do sistema integrado de informações;
2. distribuição de monitores para os Centros Universitários ou Departa-
mentos, em função dos indicadores definidos pelos órgãos compe-
tentes;
3. elaboração da hierarquização das atividades do plano de ação da IES;
4. distribuição de recursos para a compra ae livros para a biblioteca,
considerando as áreas de conhecimento;
- Galileu 5: Elabora relatórios para os órgãos ministeriais. Por exemplo: SEEC,
CEDAT, SESI), CRUB e outros;
- Galileu 6: Indicadores sobre custos;
- Galileu 7: Licitação através do micro.
Os módulo 1 e 2 já estão integrados em termos funcionais e operacionais.
Os módulos 3 e 4 ainda passam por um processo de critica académica por faltarem
algumas ferramentas de análise estatística, já identificadas.
O módulo 5 tem todos os arquivos do tipo (.)DBF organizados, faltando a
elaboração de programas "garimpeiros" para a devida seleção e competente elabora-
ção dos relatórios.
O módulo 6 está na fase embrionária e depende dos resultados a serem
escolhidos pela experiência do grupo de trabalho nomeado por Portaria Ministerial. O
início de execução da versão 1.0 está previsto para o primeiro período letivo de 89.
O módulo 7 já está em fase operacional no Hospital Universitário da UFMG.
2. COMO NASCEU ?
As raízes deste trabalhom seu tempo de formação quando o Prof. Adilson
Domingues Aniceto estabeleceu "indicadores" sobre o comportamento de alunos de
Matemática, quando docente no Centro Integrado de Ensino Médic-CIEM - da UnB, por
volta de 1964. Os primeiros passos estão consagrados no aplicativo denominado,
neste projeto, de APOIO ÀS ATIVIDADES DO PROCESSO DE ENSINO APREN-
DIZAGEM (módulo 3).
No ano de 1980, o Professor conseguiu realizar uma experiência, com uma
única aplicação, no Departamento de Microbiologia, desta vez escrito em COBOL,
uma vez que o analista, na época,o operava com linguagem científica.
Em 1984, ele desenvolveu alguns indicadores, contidos no histórico escolar
do aluno.
Em 1985, o Prof. Aniceto, juntamente com o Prof. Maurício Wanderley, Chefe
do Departamento de Administração da UFMS, planejaram construir um sistema de in-
dicadores para a distribuição de recursos oriundos de "OCC". Nessa mesma época
realizaram um SEMINÁRIO INSTITUCIONAL para o corpo administrativo da UFMG
com uma participação em tomo de 125 pessoas: Reitor, Pró-Reitores, Chefes de De-
partamentos, Coordenadores de Curso e Diretores de Centros Universitários.
Nessa oportunidade, a equipe da SESU, através dos Professores Derblay
Galvão, Paulo Elpídio de Menezes, Rui Camargo, Núbia Macedo, Haroldo Sampaio e
Wallace, deu grande incentivo e plantou as primeiras sementes. A Profa. Núbia ensi-
nou como organizar o conjunto de indicadores gerenciais e forneceu assessoria com-
petente, quando necessária. Os professores Haroldo e Wallace sistematizaram o mo-
delo de distribuição de recursos.
Com o primeiro auxílio recebido da SESU, comprou-se um CP-500 com
2MB de memória RAM auxiliar. Conseguiu-se, então, gerar os primeiros indicadores
em duas instituições federais: Beiém do Pará e Curitiba. Nessa última realizou-se o
primeiro SEMINÁRIO SOBRE INDICADORES GERENCIAIS. Foi nessa oportunida-
de que Cardoso (UFPR) desenvolveu, por iniciativa própria, um programa em FOR-
TRAN para a ESCOLA DE SEGUNDO GRAU FEDERAL e a mais significativa des-
coberta de todo o projeto até agora, ou seja: a existência de uma alta correlação posi-
tiva entre os indicadores dos históricos escolares de segundo grau com os do terceiro
grau.
O Prof. Paulo Elpfdio, então Secretário de Educação do Ceará, solicitou a
assessoria da PROPLAN - UFMG a fim de que se realizasse a transferência de tec-
nologia para a Universidade Estadual do Ceará. Desse esforço resultou o primeiro
convénio de assessoria nesta área de trabalho. Na UECE realizou-se o segundo SE-
MINÁRIO SOBRE INDICADORES GERENCIAIS, graças ao trabalho e esforço pes-
soal do Pró-Reitor de Planejamento, Prof. João Perboire, e sua equipe.
O Prof. Rui Vieira encorajou, orientou e permitiu que se testasse o Projeto
Galileu nas Faculdades da Organização Santo Amarense de Ensino e Cultura. Dada
a natureza da IES foram necessárias profundas mudanças no projeto original, já reali-
zadas, pois a versão 1.0 premiava a matrícula por disciplina. Hoje, a versão 3.12 rea-
liza processamento em instituições de segundo grau e superior. Neste último, da gra-
duação até a pós-graduação,o importando se seriado ou não.
3 - QUANTOS SOMOS?
Hoje, graças ao apoio da SESU-MEC, das Instituições e ao trabalho da
equipe, estão fazendo parte do sistema:
- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
- Universidade Federal do Paraná
- Organização Santo Amarense de Ensino e Cultura
- Universidade Estadual do Ceará
- Universidade Estadual do Maranhão
- Escola Superior de Agricultura de Lavras - ESAL (IES-FEDERAL)
- Universidade Federal de Goiás (")
- Universidade Federal de Pelotas (*)
- Universidade de Passo Fundo (')
- Universidade Federal de Manaus (*)
(*) Universidades que já assinaram convénio na segunda fase.
4- FILOSOFIA ADOTADA PARA O PROJETO
O Projeto Galileu torna a ação administrativo-acadêmica, até a data de hoje,
transparente, comparável e, sobretudo, permite aos órgãos competentes testaram hi-
póteses sobre o desempenho gerencial da IES.
4.1 Pressupostos
a) A sociedade pode ser classificada pelo conjunto de mensagens formado-
ras do seu património cultural e, sobretudo, do conjunto de facilidades que dispõe para
processar as informações contidas naquele conjunto.
Este pressuposto requer que a comunicação existente entre dois pontos do
sistema admita que:
- as deduçõeso produtos do raciocínio dedutivo;
- a dedução seja excludente, exaustiva e comparável;
- apresente alta correlação positiva com a realidade;
- tenha um bom processo educacional como pano de fundo;
- tenha características comportamentais;
- os bancos de dados sejam relacionais e as informações contidas nestes
bancos possam ser tratadas por processos eletrônicos;
- o sistema integrado de informações académicas deve permitir democrati-
zar as ações de planejamento integrado, sob o ângulo da eficiência e efi-
cácia,o somente.
b) O sistema integrado de informações académicas está estruturado de mo-
do que seja possível mensurar objetivamente:
- o funcionamento institucional interno sob a ótica da eficiência gerencial;
- o relacionamento com a comunidade externa;
- o grau de satisfação do produto gerado pela IES em relação às necessi-
dades do meio ambiente no qual a instituição está inserida;
- o juízo de valor deve ser obtido através do exercício constante realizado
pela comunidade académica através dos seminários institucionais e nun-
ca por órgãos administrativos da IES;
- o conjunto de indicadores, colhidos num espaço de tempo, deve permitir
estabelecer o ciclo de vida institucional.
c) A IES deve ser gerenciada de modo que se permita testar a hipótese de
que:
- maior comunicação entre os diversos níveis administrativos com o apoio
do Projeto Galileu significa estabelecer níveis de eficiência e eficácia do
desempenho gerencial adequados, segundo critérios de julgamento cla-
ramente estabelecidos.
4.2. A Cooperação Técnica
O nível de execução do Projeto Galileu verificado só foi possível graças à
discussão sistemática ocorrida com os co-participantes do projeto. Até a data de hoje
destaca-se:
- Universidade Federal do Paraná;
- Organização Santo Amarense de Ensino e Cultura;
- Universidades Estaduais do Ceará e do Maranhão;
- Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL).
As ações interinstitucionaism as seguintes características:
- cooperação técnica entre intituições;
- auxílio de recursos em termos de equipamento e de "Softwares" aplicati-
vos a fundo perdido. A UFMS, recebendo auxílio financeiro da SESU, ad-
quire os equipamentos e "Softwares" e atoca-os, sob fornia de comodato
(um microcomputador PC, impressora compatíveis com PC-IBM e uma
cópia "clippada" dos módulos do galileu).
O equipamento consta de microcomputador e impressora marca "Prológica"
do tipo "Solution-16" e "P720-xt", respectivamente. Estes produtos apresentam a
performance necessária e suficiente aos propósitos do projeto e a relação custo/be-
nefício é muito pequena. Por outro lado, a cobertura oferecida peia empresa a nível
nacional oferece tranquilidade quanto ao funcionamento daqueles equipamentos. Até a
data de hojeo mínimas as manifestações de defeitos.
Os "Softwares"o oferecidos na forma compilada permitindo acesso às
fontes sob supervisão direta da equipe.
No caso doo cumprimento das cláusulas contratuais as IES devolverão
os equipamentos e as cópias cedidas.
5. SISTEMA COMPUTACIONAL
5.1. A Organização
Centrou-se o projeto sobre as seguintes estacas de sustentação:
1. O sistema computacional distribuído aos departamentos e às coor-
denações de cursos, pois:
a) a chefia de de parta me n to é responsável pela gerência do conjunto de
professores e de disciplinas;
b) a coordenação de curso é responsável pela gerência de um conjunto
de históricos escolares e seus respectivos alunos.
Esses órgãoso assistidos pelos órgãos administrativos associados
às atribuições de secretaria académica.
Desta forma, devolve-se aos órgãos colegiados as verdadeiras funções,
libertando-se da "tirania administrativa" dos órgãos administrativos denomina-
dos de "controle académico". Os órgãos administrativosm a competência de
apoio e de assessoramento, exclusivamente.
2. A estrutura curricular como ponto de partida para a construção do
sistema integrado de informações académicas. O esquema abaixo define a or-
ganização dos módulos computacionais.
5.2. Conceitos primitivos e algoritmos
O processo de contagem para a geração dos indicadores gerenciais asso-
ciados aos departamentos fundamenta-se em conceitos primitivos e algoritmos, a sa-
ber
5.2.1. Conceitos Primitivos
5.2.1.1. Hora aula
É a unidade de medida escolar para realizar o trabalho do aluno na tarefa de
aquisição de habilidades em cada disciplina, sem se preocupar com o seu nível de de-
sempenhe escolar.
5.2.1.2. Atendimento docente
É a conjugação do tempo e de energia abcados pelo departamento em cada
disciplina a um conjunto de alunos, hora e local explicitado no horário durante a dura-
ção de uma hora aula.
5.2.1.3. Encargo de ensino
É a unidade para estabelecer o esforço do docente e do departamento. Um
encargo de ensino é o produto de um aluno regularmente matriculado pelo atendi-
mento docente de uma disciplina com 1 hora-aula semanal.
5.2.1.4. Encargo equivalente
É o produto de número de matrícula equivalente pela carga horária da disci-
plina.
5.2.2. Algoritmos
5.2.2.1. Aulas equivalentes
É a média de horas-auJa do docente ao longo do período letivo. A sua opera-
cionalização está descrita pela expressão algébnea seguinte:
AUL.EQU = (NUM.SEM SEM.LET) /15, ONDE:
NUM.SEM --> número horas-aula semanais da disciplina
e
SEM.LET> número de semanas letivas de eietivo exercício do
docente.
5.2.2.2. Matrículas equivalentes
É a media de matrículas atendidas pelo docente ao longo do perfoto letivo. A
expressão algébrica está assim definida:
MAT.EQU = (NUM.MAT. * AUL.DOC * SEM.LET) / (NUM.SEM 15), ONDE:
NUM.MAT— número efetivo de matrículas;
SEM.LET—> número de semanas letivas de efetivo exercício;
AUL.DOC—> número de aulas equivalentes do docente;
NUM. SEM—> número de horas-aula semanais da disciplina.
5.2.3. Fluxos de informação
5.2.3.1. Banco de dados do sistema integrado de informa-
ções académicas.
Em anexo estão alguns dos possíveis relatórios gerados pelo sistema. Os
dadoso de uma universidade hipotética.
Cabe destacar que o Projeto Galileu oferece uma medida experimental, isto
é, uma medida científica e como tal é falível (sujeita a erros). No projeto apenas ofere-
cemos uma medida que traduz a realidade apresentada pelos documentos institucio-
nais.
A avaliação (emissão de juízo de valor) só será realizada por pessoas es-
tranhas ao projeto com requisitos de competência e com mérito para tal fim.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO - PROPLAN
CURSO: 10 - MATEMÁTICA
ALUNO: 000008 - LÍGIA FERREIRA NETO
PERÍODO
LETIVO.
86/1
86/2
87/1
MÉDIA.:
INDO1
1.24
1.12
1.65
1.33
IND02
1.00
1.00
1.00
1.00
NDICA
INDO3
0.31
0.59
1.00
1.00
DOR
IND04
7.76
8.05
8.13
7.98
IND05
7.76
7.90
7.99
7.99
IND06
7.44
7.77
8.05
7.99
SALDO
DEVEDOR.
47
28
0
0
TEMPO
NEC. PERM.
2
1
0
0
3
3
3
3
PER DATA COD. AULAS
LET BASE DISC. NOME T P NAT NOTAT
86/1 85/1 FGE001 ESTUDOS SOCIAIS I 3 2 AL 10.00 APR
86/1 85/1 MAT001 MATEMÁTICA I 6 3 AL 7.50 APR
86/1 85/1 RHU001 PORTUGUÊS I 4 3 AL 6.50 APR
INDO1 IND02 IND03 IND04 IND05 IND06 TEO PRA TEO PRA
1.24 1.00 0.31 7.76 7.76 7.44 13 8 13 8
8672 85/1 FGE002 ESTUDOS SOCIAIS II 2 2 AL 9.50 APR
86/2 85/1 MAT002 MATEMÁTICA II 2 3 AL 8.50 APR
86/2 85/1 MAT003 COMPUTAÇÃO MATEMÁTICA 2 3 BM 6.00 APR
86/2 85/1 RHU002 LITERATURA 2 3 EL 8.50 APR
IND01 IND02 IND03 IND04 IND05 IND06 TEO PRA TEO PRA
1.12 1.00 0.59 8.05 7.90 7.77 21 19 8 11
87/1 85/1 FGE003 FILOSOFIA 5 2 BM 8.50 APR
87/1 85/1 FGE004 MÉTODOS DE PESQUISA 5 2 EL 7.00 APR
87/1 85/1 RHU003 POLÍTICA HUMANA 5 2 EL 7.50 APR
87/1 85/1 RHU004 CONHECIMENTOS GERAIS 5 2 CL 9.50 APR
IND01 IND02 INDO3 IND04 IND05 INDO6 TEO PRA TEO PRA
1.65 1.00 1.00 8.13 7.96 8.05 41 27 20 8
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE MATEMÁTICA
CURSO: MATEMÁTICA - LICENCIATURA PLENA
ALUNO: 000008 - LÍGIA FERREIRA NETO
PAG.: 1
DATA :27/07/88
INDICADORES GERENCIAIS ACADÉMICOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE MATEMÁTICA
CURSO: MATEMÁTICA - LICENCIATURA PLENA
ALUNO: 000008 - LÍGIA FERREIRA NETO
Pág.: 2
Data: 27/07/88
QUADRO RESUMO
Código Descrição das naturezas das disciplinas Teóricas Práticas Total
AL CURRÍCULO MÍNIMO / FORMAÇÃO BÁSICA 255 195 450
BM COMPL OBRIGATÓRIA / FORM. ESPECÍFICA 105 75 180
CL COMPLEM. OPTATIVA / FORMAÇÃO BÁSICA 75 30 105
EL ENRIQ. CURRICULAR / FORMAÇÃO BÁSICA 180 105 285
Totais 615 405 1020
Indicadores Média Variabilidade Intervalos de confiança / 5%
1. Capacidade de:
1.1 Matrícula 1.38 0.06 1.27 1.49
1.2 Aproveitamento 0.82 0.02 0.79 0.86
1.3 Integralizaçâo 0.61 0.04 0.53 0.69
1.4 Desempenho no perfodo 6.81 0.12 6.57 7.05
1.5 Desempenho até o perfodo 6.80 0.13 6.55 7.05
2. Saldo devedor 26.59 2.64 21.40 31.77
3. Tempo de permanência 1.88 0.17 1.54 2.22
4. Tempo necessário 4.33 0.10 4.14 4.53
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Indicadores gerenciais do curso: MATEMÁTICA
Data Base: 87 /1
REG. DOC | DOCENTE ] QTDPL TEDEQV PRAEQV AULEOV APROV (ENG TEO) (ENG PRA) (ENG TOT)
FIS001 - ULISSES PINTO 1 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0.000 0,000
FIS002 MÁRIO VARGAS 1 0,000 0.000 0,000 0,000 0,000 0,000 0.000
FIS003 FERNÃO JOCA 2 0,000 0,000 0.000 0.000 0,000 0,000 0,000
FIS004 - NAIR FORMIGA 0 0.000 0.000 0,000 0,000 0.000 0.000 0.000
FIS005 - FERNANDO 0 °.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000
PERALTA
TOTAIS POR
DEPARTAMENTO 0,80 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Num. Doe: 5 Média dpi:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE FÍSICA Data: 03/08/88
DEPARTAMENTO: FÍSICA Pag.: 1
INDICADORES GERENCIAIS ACADÉMICOS Data Base (Ano/Perfodo): 88/1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DA HUMANIDADE
INDICADORES GERENCIAIS POR CENTRO
Data: 03/08/88
Pag.: 1
COD DEP [ DEPARTAMENTO ] HU- GT- TE- PRAE- AUL- APROV ENG. ENG, ENG.
DOC DPL DEQV QV EQV TEO PRA TOT
30 Relaços Humanas 8 1,3 12,00 7,000 19.000 0,208 12,0 7,0 19.0
31 Movimento de Gerações 3 0,0 0,000 0.000 0.000 0.000 0,0 0,0 0,0
32 Linguagem Humana 3 0.0 0,000 0,000 0.000 0,000 0,0 0,0 0,0
"TOTAL GERAL DO CENTRO 14 0.4 12.000 7.000 19.000 0,069 12.0 7.0 19.0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
INDICADORES GERENCIAIS DA UNIDADE DE ENSINO
Data: 03/08/88
Pag.: 1
Data Base: 88/1
CÓDIGO [CENTRO] NU- QT- TE- PRAE- AULE- APROV ENG. ENG. ENG.
DOC DPL DEQV QV QV TEO PRA TOT
01 Centro de Estudos de Matemática 11 1,1 16,000 19,000 35,000 0,308 19,0 21,0 40,0
02 Centro de Estudos de Física 11 0,3 0,000 0,000 0,000 0,000 0,0 0,0 0.0
03 C. de Estudos da Humanidade 14 0.4 12,000 7.000 19,000 0.069 12,0 7,0 10,0
04 Centro de Filosofia Mística 13 0.5 20.000 11.000 31.000 0.136 47.0 22.0 69.0
' TOTAL GERAL DA UNIDADE 49 0.6 48.000 37.000 85,000 0,128 78.0 50.0 128.0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Data: 03/08/88
RELAÇÃO DE DISCIPLINAS MATRICULADAS
ALUNO: 000012 - ISABEL RODRIGUES SILVA
CENTRO DE ESTUDOS DE MATEMÁTICA
CURSO: MATEMÁTICA
HAB.: HAB. EM MATEMÁTICA LINEAR
Database:
Máximo Horas/Aula p/ Sem.: 18
Médio Horas/Aula p/ Sem.: 12
Mínimo Horas/Aula p/ Sem.: 7
Horário
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
Segunda
ALG001 T1
ÁLGEBRA 1
SALA-D/4
ALG001 T1
ÁLGEBRA 1
SALA-D/4
CNA001- T1
HISTMATE
SALA-D/4
CNA001 - T1
HISTMATE
SALA-D/4
~
Terça
ALG003 - Tl
ALGINEAR
SALA-D/4
ALG003 T1
ALGINEAR
SALA-D/4
ALG003 - T1
ALGINEAR
SALA-D/4
-
Quarta
ALG001 - T1
ÁLGEBRA 1
SALA-D/4
ALG001 P1
ÁLGEBRA 1
SALA-D/2
ALG001- P1
ÁLGEBRA 1
SALA/D/2
-
Quinta
CNA001 - PI
HISTMATE
SALA-D/2
CMA001 P1
HISTMATE
SALA-D/2
ALG003 - P1
ALGINEAR
SALA-D/2
ALG003- P1
ALGINEAR
SALA-D/2
ALG001- P1
ALGINEAR
SALA-D/2
Sexta
-
-
-
-
Sábado
-
-
-
-
TOTAL DA CARGA HORÁRIA SEMANAL: 15
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇO
CENTRO DE FILOSOFIA MÍSTICA
DEPARTAMENTO: FISIOLOGIA GERAL
DOCENTE: FGE003 - LAURA COTTA
Data: 03/08/88
Período: 88/1
Atend.
A1
A2
Segunda
FGE001 - T
ESOCIAIS
SALA-F/2
FGE001 - T
ESOCIAIS 1
SALA-F/2
Terça
FGE003-P
FILOSOFIA
SALA-H/1
FGE003 - P
FILOSOFIA
SALA-H/1
Quarta
-
-
Quinta
-
-
Sexta
-
-
Sábado
-
-
B2
B3
B4
B5
FGE003 - T
FILOSOFIA
SALA- F/3
FGE003 - T
FILOSOFIA
SALA-F/3
-
-
FGE003 - T
ESOCIAIS 1
SALA-F/2
-
-
FGE003 - T
FILOSOFIA
SALA-F/3
FGE00T - T
FILOSOFIA
SALA-F/3
FGE001 - P
ESOCIAIS 1
SALA-F/1
FGE001 - P
ESOCIAIS 1
SALA-F/1
-
-
-
FGE003 - T
FILOSOFIA
SALA-F/3
-
-
-
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE FÍSICA
Curso: FÍSICA Hab.: Semestre: 02 Turma: 1 Ano/Per.: 88/1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE MATEMÁTICA
AMBIENTE: SALA-B/1 DESCRIÇÃO: LABORATÓRIO Período: 88/1
Atend.
A1
A2
A3
A4
Segunda
RHU002 - T
LITERATURA
SALA-F/4
RHU002 - T
LITERATURA
SALA-F/4
Terça
FGE003 - T
COMPFÍSICA
SALA-F/4
FIS003 - T
COMPFÍSICA
SALA-F/4
FIS002 - T
ESOCIAISII
SALA-F/4
FGE002 - T
ESOCIAISII
SALA-F/4
Quarta
FIS002 - T
FÍSICA II
SALA-F/4
FIS002 - T
FÍSICA II
SALA-F/4
Quinta
FIS002 - P
FÍSICA II
SALA- F/1
FIS002 - P
FÍSICA II
SALA-G/1
FIS002 - P
FÍSICA II
SALA-G/1
Sexta
FGE002 - P
ESOCIAISII
SALA-G/1
FGE002 - P
ESOCIAISII
SALA-G/1
Sábado
FIS003 - P
COMPFÍSICA
SALA-G/1
FIS003 - P
CMPFÍSICA
SALA-G/1
FIS003 - P
COMPFÍSICA
SALA-G/1
B2
B3
B4
-
- - -
RHU002 - P
UTERATURA
SALA-G/1
RHU002 - P
UTERATURA
SALA-G/1
RHU002 - P
UTERATURA
SALA-G/1
-
Atend.
B2
B3
B4
Segunda
-
-
-
Terça
RHU00T - P
PORTUGUÊS I
RHU001 - P
PORTUGUÊS I
RHU001 - P
PORTUGUÊS I
Quarta
FGE001 - P
ESOCIAISI
FGE001 - P
ESOCIAIS I
-
Quinta
-
-
-
Sexta
-
*
-
Sábado
-
-
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE DUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE FÍSICA
DEPARTAMENTO: FÍSICA
RELATÓRIO PARA CRÍTICA DOS INDICADORES
Data: 03/08/88
Pág.: 1
DIA SEM HORA AMBIENTE T/P TUN | DOCENTE ] SEM AUL NUM |ENG. [ENG.
ODC MAT TEO] PRA]
DISCIPLINA: FIS001 - FfSICA 1
SEGUNDA 13:00 SALA-F/2 T FIS002 Mário Vargas 16 0.000 0 0.000
SEGUNDA 14:00 SALA-F/2 T FIS0O2 - Mário Varvas 15 0.000 0 0.000
TERÇA 09:00 SALA-F/1 P FIS002 - Mário Varoas 15 0.000 0 0,000
TERÇA 10:00 SALA-F/1 P F1S002 - Mário Vargas 15 0.000 0 0.000
QUARTA 13:00 SALA-F/2 T FIS002 - Mário Vargas 16 0.000 0 0.000
QUARTA 14:00 SALA-F/2 T FIS002 - Mário Vargas 16 0.000 0 0.000
QUINTA 07:00SALA-F/1 P FIS002 - Mário Vargas 16 0.000 0.000
SEXTA 13:,. 0 SALA-F/2 T FIS002 - Mário Vargas 15 0.000 0 0.000
SEXTA 14:00 SALA-F/2 T F1S002 - Mário Vargas 15 0.000 0 0.000
Num. MaL Too.: 0 Crd. Teo.: 6 Eng. Teo.: 0 Total Disciplina -> 0.000 0,000 0,000
Num. MaL Pra.: 0 Crd. Pra.: 3 Eng. Pra.: 0 Soma: 0 SOMA 0.000
DISCIPLINA: F1S002 - FÍSICA II
QUARTA 07:00 SALA-F/4 T FIS003 Fernflo Joca 15 0.000 0 0.000
QUARTA 08:00 SALA-F/4 T FIS003 - Fernão Joca 15 0.000 0 0.000
QUINTA 07:00 SALA G/1 P FIS003 Fernão Joca 15 0.000 0 0.000
QUINTA 08:00 SALA-G/1 P FISO03 - Fernáo Joca 15 0.000 0 0,000
QUINTA 09:00 SALA-G/1 P FIS003 - Fernão Joca 15 0.000 0 0.000
Num. MaL Teo.: o Crd. Teo.: 2 Eng. Teo.: 0 Total Disciplina -* 0.000 0,000 0,000
Num. MaL Pra.: o Crd. Pra.: 3 Eng. Pra.: 0 Soma: 0 SOMA 0.000
DISCIPLINA: F1S003 - COMPUTAÇÃO FÍSICA
TERÇA 07:00 SALA-F/4 T FIS001 Ulisses Pinto 15 0.000 0 0,000
TERÇA 08:00 SALA-F/4 T FIS001 - Ulisses Pinto 15 0.000 0 0.000
SÁBADO 07:00 SALA-G/1 P FIS001 Ulisses Pinto 15 0.000 0 0,000
SÁBADO 08:00 SALA-G/1 P FIS001 - Ulisses Pinto 15 0.000 0 0,000
SÁBADO 09:00 SALA-G/1 P FIS001 - Ulisses Pinto 15 0.000 0 0,000
Num. MaL Teo.: 0 Crd. Teo.: 2 Eng. Teo.: 0 Total Disciplina* 0.000 0.000 0,000
Num. MaL Pra.: 0 Crd. Pra.: 3 Eng. Pra.: 0 Soma: 0 SOMA 0,000
* TOTAL GERAL DO DEPARTAMENTO' * 0.000 0.000 0.000
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE FILOSOFIA MÍSTICA
DEPARTAMENTO: 40 - FISIOLOGIA GERAL
Data: 03/08/88
Pag.: 1
PLANILHA PARA RELACIONAR ATENDIMENTO DOCENTE
COM PROFESSOR
I HABILITAÇÃO ) SEM. TURMA AMBIENTE [ DIA ] INI FIM T/P | PROFESSOR ] (SEMANAS] VAGAS
DISCIPLINA: FGE001 - ESTUDOS SOCIAIS 1
CURSO: 10-MATEMÁTICA
10-LICENCIATURA PLENA 01 1 SALA-A/2 SEGUNDA 09:00 10:00T
SALA-A/2 SEGUNDA 10:00 11:00 T
SALA-A/2 SEGUNDA 13:O0 14:00 T
SALA-B/I QUARTA 14:00 15:00 P
SALA-B/1 QUARTA 13:00 14:00 P
11 - HAB. EM MATEM. LINEAR 1 SALA-M/3 SEGUNDA 14:00 15:00 T
SALA-M/2 SEfilJNDA 15:00 1fi:00T
SALA-M/3 OUINTA 1?:O0 13:Í.O P
SALA-M/3 QUINTA 13:00 14:00 P
SALA-M/3 SÁBADO 13:00 14:00 T
CURSO: 20 - FÍSICA
00- 01 1 SALA-F/2 SEGUNDA 07:00 08:00 T
SAL A-F/? SFRIINDA nfl:O0 0fl:00 T
SAI A-F/2 TFRÇA 14:00 15:00 T
SALA-F/1 QUARTA 15:00 16:00 P
SALA-F/1 QUARTA 16:00 17:00 P
DISCIPLINA: FGE002 - ESTUDOS SOCIAIS II
CURSO: 10 - MATEMÁTICA
10 -LICENCIATURA PLENA 2 1 SALA-C/4 SEGUNDA 13:00 14:00 T
SALA-C/4 SEGUNDA 14:00 15:00 T
SALA-C/2 QUINTA 07:00 08:00 P
SALA-C/2 QUINTA 08:00 09:00 P
11 - HAB. EM MATEM. UNEAR 1 SALA-P/4 TERÇA 14:00 15:00 T
SALA-P/4 TERÇA 15:00 16:00 T
RAI.A-M/1 OUINTA 12:00 13:00 P
SALA-M/1 OUINTA 13:00 14:00 P
CURSO: 20 - FÍSICA
00- 02 1 SALA-F/4 TERÇA 09:00 10:00 T
SALA-F/4 TERÇA 10:00 11:00 T
SALA-G/1 SEXTA 07:00 08:00 P
SALA-G/1 SEXTA 08:00 09:00 P
DISCIPLINA: FGE0O3 - FILOSOFIA
CURSO: 10-MATEMÁTICA
10-LICENCIATURA PLENA 03 1
SALA-D/4 SEGUNDA 07:00 08:00 T
SALA-D/4 SEGUNDA 08:00 09:00 T
SALA-D/4 QUARTA 09:00 10:00 T
UNIVERSIDADE FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS DE MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO: ÁLGEBRA
INDICADORES GERENCIAIS ACADÉMICOS
POR ATENDIMENTO DOCENTF
DATA BASE (ANO/PERÍODO): 88 /1
DOCENTE: ALG001 -JUSTO VERÍSSIMO
Data: 03/08/88
Pág.: 1
DIA SEM HORA AMBIENTE T/P TUR SEM. LET AUL DOC NUM MAT |ENG.TEOJ [ENG.PRA]
DISCIPUNA: ALG003 - ÁLGEBRA LINEAR
TERÇA 12:00 SALA-D/4 T 1 15 1,000 1 1,000
TERÇA 13.00 SALA-D/4 I 1 15 1,000 1 1.000
TERÇA 14:00 SALA-D/4 T 1 15 1,000 1 1,000
QUINTA 14:00 SALA-D/2 P 1 15 1,000 1 1,000
QUINTA 15:00 SALA-D/2 P 1 15 1,000 1 1,000
QUINTA 16:00 SALA-D/2 P 1 15 1.000 1 1,000
Total Disciplina 8,000 3.UU0 3,000
TOTAL DO DOCENTE: 6,000 3,000 3,000
NUM. DPL: 1 CARGA HOR. MN. SEMANAL: 10
PESQUISAS:
APROVADAS | ]
PUBLICADAS EM REVISTAS:
REGIONAL | 1 NACIONAL | ] INTERNACIONAL [ ]
EXTENSÃO:
EDUCACIONAL [ 1 ASSISTENCIAL | ] EXTENSIONISTA [ J
CONSULTORIA [ J CULTURAL l ]
ADMINISTRAÇÃO | )
OUTRAS ATIVIDADES | J
UFMS - PROPLAN - DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Campo Grande - MS
Matriz das variáveis explicativas
CHD ALU:CRE CHT CHP CHA ÁREA
CCBS 8752.00 21898.00 451.00 418.00 3200.00 4830.00
CCET 3808.00 12223.00 648.00 87.00 1240.00 2988.00
CCHS 2668.00 11385.00 495.00 73.00 760.00 1533.00
CEUA 1112.00 4338.00 339.00 43.00 1240.00 975.00
CEUC 2540.00 15467.00 662.00 92.00 1720.00 1405.00
CEUD 2772.00 13093.00 479.00 50.00 2160.00 2544.00
CEUL 1776.00 7397.00 357.00 75.00 1720.00 11ia00
Matriz dos pesos das variáveis explicativas
3120.00 3131.00 3132.00
CHD 8.00 4.00 9.00
ALU:CRE 6.00 4.00 6.00
CHT 1.00 2.00 1.00
CHP 3.00 2.00 1.00
CHA 5.00 2.00 7.00
ÁREA 2.00 2.00 3.00
UFMS - PROPLAN - DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Campo Grande - MS
Série histórica
3120.00 690.00 0.69
3131.00 40.00 0.04
3132.00 270.00 0.27
Série Atual
3120.00 1380.00 0.69
3131.00 80.00 0.04
3132.00 540.00 027
UFMS - PROPLAN - DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Campo Grande - MS
Distribuição orçamentária: série histórica
3120.00 3131.00 3132.00 TOTAL
CCBS 447.14 24.65 166.39 638.19
CCET 196.30 11.99 78.20 286.49
CCHS 144.98 8.87 55.83 209.67
CEUA 87.03 5.12 35.81 127.96
CEUC 185.86 11.14 72.64 269.64
CEUD 188.74 10.91 78.95 278.61
CEUL 129.96 7.32 52.17 189.45
1380.00 80.00 540.00 2000.00
3120.00 3131.00 3132.00 TOTAL
CCBS 447.14 24.65 166.39 638.19
CCET 196.30 11.99 78.20 286.49
CCHS 144.98 8.87 55.83 209.67
CEUA 87.03 5.12 35.81 127.96
CEUC 185.86 11.14 72.64 269.64
CEUD 188.74 10.91 78.95 278.61
CEUL 129.96 7.32 52.17 189.45
1380.00 80.00 540.00 2000.00
3120.00 3131.00 3132.00 TOTAL
CCBS 447.14 24.65 166.39 638.19
CCET 196.30 11.99 78.20 286.49
CCHS 144.98 8.87 55.83 209.67
CEUA 87.03 5.12 35.81 127.96
CEUC 185.86 11.14 72.64 269.64
CEUD 188.74 10.91 78.95 278.61
CEUL 129.96 7.32 52.17 189.45
1380.00 80.00 540.00 2000.00
UFMS - PROPLAN - DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Campo Grande - MS
Distribuição orçamentária: série atual
UFMS - PROPLAN - DISTRIBUIÇÃO ORÇAMENTÁRIA
Campo Grande - MS
Distribuição orçamentária: série ponderada
INSTRUMENTAÇÃO DA
AVALIAÇÃO
Edmundo Campos Coelho*
É um prazer estar aqui com vocês. Vou tentar ser o mais breve possfvei
porque, pela programação, estariam começando os debates agora, de modo que eu
o vou ocupar muito o tempo de vocês.
Como já se tornou habitual toda a vez que participo de um seminário dessa
natureza, tenho que fazer primeiro um "mea culpa" a respeito de uma embaraçosa
propensão ao entender nunca os temas que meo propostos. É incrível! Infeliz-
mente, me deram um tema - "instrumentação da avaliação" - e eu entendi de maneira
absolutamente diferente. E tenho que confessar, também, uma esquisita inclinação a
sempre fugir do tema que me dão, quando eu entendo. De modo que vocêso su-
portar os dois problemas: o equivoco com relação ao tema que me foi dado e essa in-
clinação que eu tenho deo falar nunca sobre os temas que me propõem.
Achei que queriam que eu dissesse alguma coisa sobre metodologia de ava-
liação: técnicas de avaliação, estatística, indicadores, todo o instrumental convencio-
nal que se usa com relação à avaliação de ensino superior, à avaliação de desempe-
nho e assim sucessivamente.o era nada disso. O que o Cláudio me disse que que-
ria que eu fizesse é o seguinte: falasse com vocês um pouco a respeito do trabalho
que o Instituto Universitário de Pesquisas tem feito com o Ministério na área da ava-
liação do ensino superior. Vou tentar dizer alguma coisa sobre o nosso Instituto.
O IUPERJ - Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - é uma
pequena instituição de ensino e de pesquisa que compõe uma unidade do Conjunto
Cândido Mendes, aqui do Rio de Janeiro. É uma instituição do Conjunto Cândido
Mendes, mas tem uma autonomia administrativa e financeira. Temos, no IUPERJ,
cursos de mestrado e doutorado em Sociologia e Ciência Política.o temos gradua-
ção. O IUPERJ tem um "staff' aproximado de 20 professores, quase todos com dou-
torado, com PhD, a maioria nos Estados Unidos. Temos atualmente uma média de
aproximadamente 40 estudantes no nosso mestrado e doutorado: tivemos agora uma
" Professor-Adjunto do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro - IUPERJ.
pequena modificação no nosso programa: até há pouco tempo o astudante podia fazer
mestrado, tirava o curso de mestrado e se quisesse prosseguir no doutorado, muito
bem. Hojes temos um programa de pós-graduação. Normalmente temos um pro-
cesso seletivo muito rigoroso, muitíssimo rigoroso, e o estudante normalmente passa
por todo o cicb: ele entra para o mestrado e acaba no doutorado. O IUPERJ é uma
das três instituições nacionais com doutorado nas duas áreas, tanto Sociologia como
Ciência Política. As duas outras instituiçõeso a USP e a UnB. É considerado ain-
da hoje uma instituição de excelência, é uma das instituições que tem sistematica-
mente sido avaliada pela CAPES com o conceito "A". Temos uma grande produção.
É uma das instituições com taxa de produtividade das mais elevadas na nossa área,
Sociologia e Ciência Política; a produção académica per capita é muito alta. Exige-se
da maioria dos professores que eles publiquem muito, preferencialmente também que
eles publiquem em revistas especializadas no exterior. O IUPERJ firmou um bom
conceito na área de pesquisa, há vários anos. A Instituição, hoje, deve ter pouco mais
de 21 anos. Temos pesquisa em várias áreas, dependendo da especialidade de nos-
sos professores: pesquisa na área de planejamento urbano, na área de violência e
criminalidade, pesquisa na área de pequenas e médias empresas; enfim, a gama de
pesquisas em que o IUPERJ trabalha é bastante ampla. Então, acumulamos uma ra-
zoável experiência de pesquisa.
Tenho a impressão que, por todas as razões, o Ministério, no ano passado,
julgou que poderia ter algum auxílio do IUPERJ, auxílio técnico nesta área de avaliação
do ensino superior, de qualidade do ensino e de desempenho institucional. Firmamos
com o Ministério, no ano passado, um convénio, relativamente curto, mas bastante
proveitoso, que resultou em algumas coisas muito interessantes. Por exemplo, o Cláu-
dio já mencionou o trabalho do Prof. Simon Schwartzmann, que infelizmenteo está
mais conosco; mas neste documento o Simon coloca em termos bastante simples,
bastante claros, mas de maneira bastante completa, o que é a avaliação de qualidade
no ensino superior, a que visa a avaliação, quaiso as dimensões da avaliação,
quaiso as noções do conceito de qualidade do ensino superior, quaiso as meto-
dologias disponíveis, de que formas diversas pode ser feita a avaliação e assim su-
cessivamente.
A par desse trabalho do Simon, fizemos conjuntamente com o Prof. Sérgio
Costa Ribeiro mais algumas coisas. Temos um bom sistema de computação; esta-
mos ampliando nosso sistema de micro computadores no qual treinamos em pesquisa
os próprios estudantes da pós-graduação. Começamos, no ano passado, a montar
um banco de dados. Começamos com instituições federais de ensino superior. Sim-
plesmente recodificamos as informações que já estavam em fita cedida pelo Ministério
da Educação, uma série temporal de três anos. Recodificamos toda a fita e temos
agora um pequeno arquivo com essas informações sobre todas as instituições de en-
sino superior, desagregadas até o nível de departamento. Colocamos, também, em
nosso arquivo de dados os resultados parciais da pesquisa PARU sobre a avaliação
da reforma universitária. Estamos tentando, também, colocar nos nossos micros a-
rie histórica de 20 anos (de 60 a 80) de dados agregados sobre a educação superior no
Brasil. Todos os dados: matrícula, taxas de conclusão, número de professores, enfim
uma série de variáveis ao longo de 20 anos.
A par disso, na nossa relação com o Ministério no ano passado, nosso tra-
balho foi, basicamente, de assessoria técnica com participação em palestras, reu-
niões em Brasília com as Comissões de Especialistas, e atendimento, no próprio
IUPERJ, à Rua da Matriz, em Botafogo, a uma série de instituições de ensino superior
que tinham problemas técnicos na. área de avaliação. Ajudávamos instituições a fazer
uma análise dos projetos em andamento de avaliação de ensino superior ou avaliação
institucional, a elaborar questionários; assistimos essas instituições na parte técnica -
como se elabora um questionário, uma análise crítica de questionário - e para algu-
mas delas chegamos a elaborar parte dos questionários, fizemos avaliação técnica de
alguns projetos, avançamos alguma coisa até na parte de análise de dados. Enfim, fi-
zemos todo esse trabalho no IUPERJ. Foi muito gratificante maso tivemos tempo
para assistir um nível desejável de instituições. De qualquer maneira foi uma expe-
riência valiosa. Tenho a impressão que tanto para o IUPERJ como para as institui-
ções que nos procuraram foi uma coisa muito boa. Tenho a impressão que também
para o Ministério a assessoria técnica do IUPERJ funcionou razoavelmente. É inte-
ressante porque atingimos instituições e departamentos em várias áreas: Odontolo-
gia, na área de Farmácia, na de Engenharia; diversificamos o leque de intituições e de
áreas que necessitavam de alguma forma de assessoria técnica. O IUPERJ colocou
uma pequena equipe, alguns professores interessados na matéria, para assessorar e
lançamoso da nossa capacidade instalada, micros e pesquisadores.
Estamos tentando este ano renovar o convénio com o Ministério de uma
maneira mais ambiciosa. O que pretendemos fazer, ainda este ano, junto com o Minis-
tério, é continuar a implantação de um banco de dados, tentar colocar em nossos mi-
cros informações atualizadas sobre todas as instituições de ensino superior, federais
por enquanto; vamos avançar para as particulares. Vamos começar a trabalhar pesa-
damente com técnicas estatísticas, vamos tentar elaborar parâmetros e indicadores
para a avaliação da qualidade do ensino superior e do desempenho institucional, isso
em base experimental. Vamos tentar construir indicadores e testar sua validade atra-
s de alguns.experimentos ou alguma simulação. A ideia inicial é a de ques pos-
samos fazer isto com séries históricas; ou seja, tentaremos analisar esses indicado-
res e a validade deles com séries históricas, para avaliar também a estabilidade des-
ses indicadores ao longo do tempo. Pretendemos montar a mais completa bibliografia
possível sobre avaliação -o está disponível, ninguém dispõe de uma bibliografia
comentada - a mais exaustiva possível, sobre o que já se faz em vários países, in-
clusive no Brasil, sobre avaliação. Pretendemos sistematicamente publicar várias
coisas nessa área: os nossos próprios trabalhos, a nossa própria experiência, expe-
riências que venham surgindo. Pretendemos publicar isto, fazer seminários, cursos,
enfim, temos um leque bastante amplo de propostas para avançar na parte de asses-
soria técnica tanto ao Ministério, em particular, quanto às Instituições que o Ministério
nos encaminhe e que estejam necessitando de alguma forma de assessoria técnica.
Muitaso precisam, muitas já avançaram no processo (o Agostinho nos mostrou um
excelente projeto - o Galileu - de avaliação institucional), mas há muitas instituições
que estão caminhando ainda no processo. A avaliação emborao seja uma coisa
complicada, tambémo é uma coisa que se faça sem um certo treinamento,o é
uma coisa que se faça de improviso se é que se quer obter bons resultados.
É incrível que eu tenha conseguido falar alguma coisa a respeito do que o
Cláudio me pediu; muito pouco, mas consegui evitar aquilo que mencionei para vocês,
a tendência embaraçosa de nunca falar sobre o que me pedem, maso vou fugir da
segunda.
Quando o Agostinho apresentou o Projeto Galileu me lembrei que eu tinha
ouvido algo a respeito na nossa última reunião em Fortaleza. Um projeto desses foi
apresentado, muito semelhante ao do Agostinho, um projeto técnico da maior qualida-
de, muito bem elaborado e que certamente dará resultados excelentes, e alguém lá na
reunião em Fortaleza comentou: "Está vendo como é que a universidade vai, o que é
que estão querendo fazer com a avaliação? Isto é um pacote tecnológico, um pacote
tecnocrático! Vai ver que comprou isto da IBM, de alguma multinacional... E essa coi-
sa é um absurdo! Istoo tem nada a ver com a universidade brasileira!". Eu fiquei
impressionado com a observação porque até aquela época eu conhecia dois tipos de
projetos de avaliação: projetos bons e pacotes ruins. Euo conhecia esse novo tipo
chamado de "pacote tecnocrático". Eu conhecia projetos bons e pacotes ruins; ruins
tem à bessa no mercado. Bons, foi um dos primeiros que vi. Então fiquei muito im-
pressionado: o que é que está ocorrendo que, de repente, projetos bem elaborados de
avaliação de desempenho institucionalo simplesmente castrados? Qualquer inicia-
tiva de se fazer algo realmente técnico, com competência, é castrado: é "alienado" ou
é "tecnocrático", ou "vai ver que você comprou esse pacote em alguma multinacional,
tem alguma coisa af por trás". É essa a teoria conspiratória que cerca toda a universi-
dade brasileira e toda a iniciativa competente de se fazer alguma coisa na universida-
de; porque tem uma teoria conspiratória atrás disso. É evidente que tem. Eu vou dizer
mais daqui a pouco sobre esta teoria conspiratória, mas, de qulquer maneira, eu fiquei
impressionado com essa manifestação em Fortaleza e com essas observações a
respeito do projeto. É um projeto que eu vi sendo feito em vários países. Nos Estados
Unidos trabalha-se competentemente com avaliação e se faz avaliação há anos nes-
ses termos - e há muita discussão em cima desse tipo de modelo de avaliação; é pa-
ra ser discutido mesmo.
o existe modelo de avaliação universalmente aceito.o existe técnica
de avaliação e metodologia de avaliação universalmente aceitas; é matéria polémica,
sempre se discute mas é isso mesmo, temos que discutir, é para isso que estamos
aqui. Vamos discutir todas as iniciativas de avaliação que mereçam uma discussão
séria, maso esse tipo de avaliação: é "tecnocrática", é sei lá o que, é comprado de
multinacional,o tem nada a ver com a universidade. Comoo tem nada a ver com
a universidade? Tem tudo a ver com a nossa universidade, sim. Tem tudo a ver.
O que eu detectei em Fortaleza, como eu continuo detectanto em todas es-
sas reuniões as quais tenho comparecido, é uma enorme resistência à avaliação.
Estou convencido que o queo se quer é avaliar o que quer que seja. E há bons ar-
gumentos, fortes argumentos para queo se faça avaliação e uma das nossas ta-
refas é desmontar sistematicamente todos esses argumentos. A nossa tarefa é des-
montar sistematicamente, analiticamente todos esses argumentos contra a avaliação,
argumentos que supõem e pretendem fazer avaliar, mas que acabam com toda a ini-
ciativa decente e competente de fazer avaliar.
Um dos argumentos contra a avaliação é o seguinte: o trabalho intelectual é
uma coisao complicada, o trabalho intelectual, o trabalho docente é uma coisao
complexa queo pode ser avaliado; quer dizer, o nosso trabalho é algo transcen-
dental.o parece ques fazemos um trabalho comum, que qualquer pessoa pode
fazer, que qualquer pessoa com um treinamento normal faz: dar aula, fazer pesquisa,
atender estudantes. Qualquer pessoa medianamente treinada pode fazer este trabalho.
o há nada de excepcional nele. É um trabalho que produz alguma coisa, como
qualquer outro trabalho;o há nada de transcendental no trabalho intelectual e no
trabalho docente. É preciso impedir de alguma forma a mistificação do trabalho aca-
démico. O trabalho académico é um trabalho como qualquer outro e, como qualquer
outro trabalho, susceptível de avaliação simples. Ademais, 99,99% dos professores
oo génios,o estão fazendo nenhum trabalho genial que escape à nossa com-
petência de avaliação. O nosso trabalho, o trabalho dos nossos professores univer-
sitários é um trabalho bem mediano, bem corriqueiro.o estamos tratando com-
nios nem com genialidades. Euo diria que sejamos capazes de avaliar trabalho de
génios, maso se trata disso. Mas se você parte do pressuposto que o trabalho in-
telectual é uma coisa muito complexa, que poucos entendem, que é um trabalho que
precisa de um preparo todo especial (eo é nada disso), então você parte do pres-
suposto que a avaliação também tem que ser uma coisa muito complicada, que você
precisa, antes de fazer a avaliação, de exaustivas discussões a respeito da filosofia
do trabalho, as bases fenomenológicas do trabalho académico, as bases epistemoló-
gicas deo sei o que mais... Há toda uma série de pré-requisitos para a avaliação
que resultam no seguinte: há dez anos falamos em avaliação, há dez anos discutimos
avaliação e ninguém fez avaliação ainda. Estamos discutindo os pressupostos da
avaliação até hoje. Estamos discutindo qual é a natureza do trabalho académico até
hoje. Há dez anos estamos nesta "batida", a discutir o que que é o trabalho académi-
co, quaiso as complicações da avaliação... quão complexa é a técnica avaliativa...
quão complicada é a metodologia de avaliação... eo fizemos nada! Dez anos de
papo furado, dez anos de mistificação, dez anos de embuste! Porque isso é um em-
buste!.
O que a sociedade brasileira quero avaliações honestas, simples e aces-
síveis a qualquer cidadão, algo que o estudante ou o futuro estudante universitário
possa ler e dizer "prefiro esta universidade àquela, porque eu tenho o material de
avaliação que me diz que esta é melhor do que essa, tem melhores professores, tem
melhores equipamenos, tem melhores instalações, tem professores mais competen-
tes, mais qualificados". É disso que precisamos. É isso que estamos precisando fa-
zer urgentemente.
E o que é que se ouve? Quemo aceitar o primeiro pressuposto (que o
trabalho académico é muito complexo), quemo aceitar o segundo pressuposto (que
a avaliação consequentemente tem que ser muito complexa), quemo aceitar estes
dois pressupostos está desqualificado para o debate, porque tem compromissos es-
cusos nesta coisa. Voltamos à teoria conspiratória. Por quê? Porque uma avaliação
desse tipo realmente vai desnudar a universidade brasileira, vai mostrar realmente o
que é a universidade brasileira, o que está produzindo ouo está produzindo essa
universidade, qual é a carga horária efetiva que os professores universitários estão
dando na sua sala de aula. Vai mostrar isto eo vai desmoralizar ninguém, porque a
universidade e o professor já estão desmoralizados. Quem desmoralizou a universi-
dade brasileira foi a própria universidade. Quem desmoralizou o trabalho académico
foi o próprio professor. Quem destruiu a credibilidade da sociedade brasileira na uni-
versidade foi a universidade, foi o professor universitário. Já está feito. Issoo preci-
sa de ser feito mais.o precisamos mais de teoria conspiratória porque essa coisa
já foi feita pela própria universidade que está desacreditada. Estamos num pafs em
que uma greve dos professores universitários, uma greve de quatro, cinco meseso
dá em nada,o mexe mais com a sociedade. Ninguém protesta, ninguém acha ruim,
ninguém liga mais para essa universidade! Uma greve pára a universidade por 4 me-
ses e a sociedade brasileira nem está! Ninguém quer mais saber disso. A universi-
dade se acabou, se desmoralizou.
Em Fortaleza mostrei dados de uma pesquisa que fiz recentemente (vai sair
em outubro, em livro) onde mostro que a média de carga docente efetiva em alguns
dos melhores programas do Rio de Janeiro é de 6 horas semanais e que a percenta-
gem média de professores em exercício queoo aula é de 20 a 30%; quer dizer.
media horária de 6 horas semanais e o percentual médio de professores queo fa-
zem nada é de 20 a 30%. Por que é queo fazem nada? Aula eleso estão dando
porque eu tive o cuidado de fazer a pesquisa da seguinte forma: euo fui perguntar
ao professor: "escuta, quantas horas você dá"? Euo fiz nada disso, euo confio
mais nesse dado. Eu peguei os horários de curso deles. Está: professor tal, disci-
plina tal, aula começa a tal hora, termina a tal hora, dia tal. Eu peguei as infomações
para cada professor, de cada programa e comecei a calcular aquele negócio, e de re-
pente o professor está programado para dar um curso, pelo menos está em exercício,
o está de férias,o está doente,o está de licença, está dentro da universidade
eo deu aula - 20 a 30%o deram aula. Quando vocês pegam esse dado e com-
param com dados semelhantes de universidades norteamericanas ou inglesas é de
morrer de vergonha! A gente fica envergonhado.o dá para comparar uma carga
horária docente de um professor brasileiro com a de um professor americano. E se é
para falar no salário, o professor brasileiro ganhava mal. Até essa desculpa acho que
desapareceu. Conheço instituições particulares onde os professoresooo bem
remunerados quanto os das universidades federais e que produzem mais.
Se você me disser que o professor produz pouco porque ganha mal isso pa-
ra mimo significa muito. O que me interessa é o seguinte: ou a comunidade aca-
démica é uma comunidade moral ouo é uma comunidade moral. Ou você avalia o
professor universitário por critérios queo se aplicam a outras categorias profissio-
nais ou vocêo aplica e somos como qualquer outra: fugimos aos nossos compro-
missos...o vamos ao trabalho...o comparecemos... Está bem, eu admito. Se to-
doss admitimos queo somos diferentes de ninguém, queo constituímos uma
comunidade moral com responsabilidades especiais; se a sociedade nos concede privi-
légios queo concede a nenhuma outra categoria profissional e se concordarmos
em abriro dos privilégios académicos; enfim, se concordarmos em queo somos
uma comunidade moral a quem a sociedade, em princípio, investiu de autoridade mo-
ral para falar sobre uma série de coisas importantes e vitais, inclusive autoridade e
competência moral para produzir conhecimento válido; se alguém me disser: "nóso
somos essa comunidade moral" - então euo tenho mais nada a dizer. Mas en-
quanto persistirmos em reivindicar a natureza de comunidade moral com direito a pri-
vilégios queoo concedidos a nenhuma outra categoria profissional, aí não, aí
o há nada que justifique esse estado de coisas.
De modo queo há argumento contra isso: ou você é professor universitá-
rio, ou você tem compromissos éticos e morais com a sua instituição e com o seu
trabalho, ou você é outra coisa qualquer eo reivindica nenhum direito e nenhum
privilégio. Autonomia universitária, liberdade académica - isso é privilégio nosso, ex-
clusivamente nosso. Issoo pertence a nenhuma outra categoria profissional. Só
s temos esses privilégios. Quatro meses de férias por ano? Quatro meses de-
rias? Só o professor universitário, ninguém mais. Esse e outros privilégios.
Somos ouo somos uma comunidade moral? Seo somos, tudo bem.
Mas se somos uma comunidade moral, se temos compromissos éticos com a nossa
profissão e com nossas instituições com a universidade, então esse negócio está mal
feito. De qualquer maneira é preciso de alguma forma desmontar toda essa mistifica-
ção ao redor do problema da avaliação. Nosso trabalho é simples, é um trabalho que
qualquer pessoa pode aprender a fazer.o exige nenhum nível excepcional de inte-
ligência,o exige nada disso. É um trabalho corriqueiro, é um trabalho rotineiro. Eu
acho meu trabalho rotineiro. Dou aulas no curso de pós-graduação, faço pesquisas,
escrevo livros e acho isto tudo muito corriqueiro. Acho que qualquer pessoa pode
aprender a fazer isto.o há nada de excepcional. Meu trabalho pode ser perfeita-
mente avaliado, o dos meus colegas também e o desempenho da minha instituição
também.o há nada de excepcional nisso.
E tem, finalmente, o útimo argumento para queo se faça a avaliação: "se
o houver unanimidade a respeito de técnicas e processos e métodos de avaliação,
nada feito... Ou todo o mundo concorda ou está danado"... Eu já ouvi esse argumento
por todos os cantos onde fui. "É preciso discutir... é preciso democratizar o procedi
mento... e democratizar e votar... é preciso instituir primeiro uma democracia plebis-
citária nas universidades em que todo o mundo (cada cabeça um voto) vote a respeito...
Concorda com a avaliação? Concorda com essa técnica? Concorda com...?"o vai
dar!o vai fazer avaliação assim.
A avaliação sempre foi, em qualquer parte do mundo, um tópico de muita
discussão, controvertido; ela tem aspectos políticos sérios. Ela coloca muito a pessoa
em questão e também as instituições, ela desnuda as pessoas, também. Tem uma
dimensão política da avaliação que nenhuma técnica mais elaborada pode eliminar. A
avaliação é uma matéria política.o vai haver jamais unanimidade a respeito do que
é avaliação, do que deve ser avaliado e como deve ser avaliado. O melhor é a pluralida-
de de experiências. Uma das coisas boas que eu tenho visto, também, ao lado das coi-
sas ruins, é que experiênciasm começado a surgir, o que dá a pluralidade da avalia-
ção. A auto-avaliação muito bem, eu acho ótimo. Quanto mais auto-avaliação houver,
melhor. Eu acho que a própria instituição deve tentar se auto-conhecer para redirecionar
seu trabalho. Eu acho bom a auto-avaliação. Maso acho que a avaliação deva pa-
rar na auto-avaliação. Acho que precisamos ter parâmetros comparativos, porque a
avaliação nada mais é do que isso também. Queremos saber, no final das contas,
quaiso as instituições boas, quaiso as instituições ruins nesse País, quais as
instituições produtivas e quais as queo produzem, quaiso as instituições com-
petentes e quais as instituiçõs incompetentes. A avaliação tem que resolver isto, tem
que mostrar isso também.
Eu estava lendo sobre isso num número da revista Estudos e Debates, do
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, e o que percorre todo o debate é
um enorme e, no meu parecer, injustificado medo de punição; quer dizer, a avaliação
de repente virou algo que vai punir quemo tem bom desempenho, quemo produz.
Não,o é para punir ninguém. Euo acho que a avaliação foi feita para punir; foi
feita para mostrar quem tem competência. Isto é um direito da sociedade: saber que a
instituição X é incompetente eo merece os recursos que esta recebendo, ou então
melhore o seu desempenho para receber os mesmos recursos. Esse é um direito da
sociedade, o de saber em que ponto estão suas universidades. Acho que, por outro
lado, recusar recursos às instituições que se recusam a melhorar o seu desempenho
é também uma coisa muito correta; acho que é um direito que a sociedade brasileira
tem de recusar os seus recursos a instituições que permanecem incompetentes,
permanecem improdutivas, permanecem longe dos objetivos e das funções que elas
têm, que elas devem cumprir.
Fui um pouco enfático nessa apresentação porque acho que, exatamente,
está faltando um pouco de ênfase nessas coisas; as pessoas estão um pouco frias
com relação à avaliação, que envolve muitas coisas. Envolve também uma discussão
séria, honesta, franca de onde está hoje a universidade brasileira. A avaliação envol-
ve basicamente isto, uma reavaliação séria, franca da universidade brasileira, o que
significa, também, da parte de cada um dos professores da universidade, de cada
funcionário da universidade, uma avaliação franca e séria do seu desempenho e da
sua função social.
(Texto transcrito de gravação, revisado pelo conferencista).
Maria Odete (DEMEC/PA) -s queríamos pedir um esclarecimento ao Prof. Agos-
tinho, da Escola Superior de Agricultura de Lavras. O senhor citou que alguns indica-
dores do Projeto Galileu estavam sendo oferecidos para Belém e para Curitiba.s
gostaríamos de saber quaiso esses indicadores que foram oferecidos e qual é a
instituição que está trabalhando com eles, em Belém.
Agostinho Roberto de Abreu (ESAL) - Esse sistema está em implantação. Estamos
trabalhando com ele há quase um ano e as instituições que o estão adotando estão
também nessa fase ajudando a desenvolvê-lo. O sistema está sendo desenvolvido
em Lavras, nas Universidades Estaduais do Maranhão e do Ceará, na Universidade
Federal do Paraná - estes já estão em fase mais adiantada - e no Mato Grosso do
Sul, em um Instituto, parece. Já recebemos pedidos de quatro instituições. Em Belém
foi testado, como eu disse. Vou localizar o nome da Instituição.
Maria Odete (DEMEC/PA) - Acho que o senhor poderia tentar localizar o nome e de-
pois me repassar, parao impedir que outra pessoa fale logo.
Cláudia Mello (DEMEC/RS) - A pergunta é para o Prof. Edmundo. É uma pergunta e
uma preocupação. Acho que o que ele colocou na sua fala deu para perceber clara-
mente que a grande preocupação da avaliação está muito ligada a uma classificação
que se poderia fazer da qualidade das universidades, isto tendo em vista a sociedade
poder escolher qual a melhor escola para seus filhos. A realidade na qual trabalha-
mos, a realidade das instituições isoladas particulares de ensino superior, é bem dife-
rente. Essa realidade se configura com instituições, geralmente no interior dos Esta-
dos, instituições queo a única possibilidade de ingresso ao ensino superior dos
seus vários alunos de 2
9
grau e nessa realidade fica muito difícil escolher qual será a
melhor instituição que eu vou colocar o meu filho. A segunda questão seria: o que que
se está pensando efetivamente para avaliar essa realidade e procurar essa transfor-
mação. Especialmente nas instituições isoladas há uma necessidade urgente da sua
melhoria. A outra pergunta que gostaria de fazer é para o Prof. Cláudio que, de
DEBATE
certa forma está coordenando este projeto dentro do Ministério da Educação. O que
estou vendo, nesse primeiro momento, é uma tentativa de levantar uma série ce
ações parciais, isoladas, de alguma forma esfaceladas. Em que momento poderia ha-
ver um agrupamento dessas ações, dessas iniciativas que fosse capaz de dar res-
posta a uma série de instituições que, talvez por incompetência e desconhecimento
próprios,om condições,om recursos humanos e materiais para realizar
experiências, para fazer experimentações desse tipo? Então, em que momento isto aí
seria de alguma forma catalogado ou agrupado e o que poderia ser oferecido para es-
sas instituições como uma possível linha de trabalho?
Edmundo Campos Coelho (IUPERJ) - Acho que você tem toda a razão. É muito di-
fícil num tempoo curto fazer especificações a respeito da avaliação. Há vários tipos
de avaliação. Depende do que você quer fazer com ela. Um tipo de avaliação (não é o
único e, talvez,o seja nem o que vale a pena ser feito no Brasil;o estou sugerin-
do que se faça isto, mas pode ser feito eventualmente) - resulta num "ranking", num
ordenamento de instituições, num ordenamento de universidades quanto ao seu grau
de qualificação em várias áreas. Se faz nos Estados Unidos com a maior frequência.
Você pode pegar, por exemplo, a Chronic of High Education, qualquer dessas revis-
tas que anualmente tem um relatório qualquer. O mais famoso, que vocês devem co-
nhecer, é o Relatóro Cárter, que começou essa série. Você tem: quaiso as me-
lhores universidades, por exemplo, no ensino de Medicina? Na área de Engenharia?
Isso é muito bom. É um instrumento fundamental para a sociedade fazer as suas op-
ções.o estou dizendo que isso seja feito no Brasil indiscriminadamente embora eu
ache que, pelo menos, na área das universidades federais possa ser feito e deveria
ser feito. O que ocon no Brasil, numa série de instituições (não necessariamente na
sua ou na de qualquer um de vocês), é que temos duas coisas: temos instituições de
ensino superior e instituições universitárias.o duas coisas diferentes. O sistema de
ensino superior, por exemplo, nos Estados Unidos envolveo só universidades
mas Colleges, queoo universidades; quer dizer, os requisitos para que uma
instituição adquira o status de universidadeo muito rigorosos. Tem que ter univer-
salidade do conhecimento, tem que ter cursos numa série de áreas, um mínimo de re-
cursos com relação às instituições, com relação à qualificação do corpo docente, e
assim sucessivamente. No Brasil, não. No Brasil realmente você tem universidades
queo deveriam ter o status de universidades;o deveriam ter eom condi-
ções de serem universidades. Como você tem coisas, chamadas no Brasil de faculda-
des, quem status universitário;m o status maso escolas de 3
?
grau profissio-
nalizantes, masoo universidades e nem podem aspirar a se tomar universida-
des. De modo que no Brasil temos essa confusão de coisas - uma série de escolas,
de estabelecimentos isolados quem o status universitário maso oferecem ensino
universitário. Em qualquer outro país seriam institutos tecnológicos, colleges, seriam
qualquer coisa menos instituições universitárias. De modo que eu entendo, realmente,
que a diversidade de instituições de ensino superior no Brasil complica o problema da
avaliação. Certamente a avaliação deveria ser feita; primeiro, a classificação da insti-
tuição e depois a avaliação, parao se cometer esse tipo de absurdo que é compa-
rar uma instituição do interior, menor, mais modesta, com a Universidade Federal do
Rio de Janeiro.o dá para fazer isto. É evidente que não.
Agostinho - Aquela questão de Belém. Em 1985, quando o MEC repassou o primeiro
recurso, foi comprado um computador CP500 e nessa época conseguiu-se gerar os
primeiros computadores gerenciais em duas instituições federais.o sei se lá só
tem a universidade federal ou se tem outra. Pois é, então pode até ser a universidade
federal.
Cláudio Neiva (SESu) - Com relação à pergunta da Profa. Cláudia: na realidade,s
ainda temos um certo receio - e aqui eu caio um pouco na crítica que faz o Edmundo
- com relação a uma ação mais incisiva, mais direta, mais decisiva no campo da ava-
liação. Um certo receio de incorrer em erros sempre que tentamos fazer avaliações
ou desenvolvemos projetos de avaliação e ao mesmo tempo sentimos insegurança
com relação a metodologias, a critérios e a determinados parâmetros que frequente-
menteo utilizados para se fazer referências ao ensino superior no Brasil, principal-
mente ao ensino universitário. Então, o que estamos fazendo agora é deflagrar ações
isoladas. Estamos aceitando projetos de instituições, apoiando atividades já mais ou
menos sacramentadas nas instituições de ensino e exigindo a publicação de resulta-
dos. Por quê? Porque entendemos que essa publicação de resultados, essa circula-
ção da informação no sistema, e a crítica que ela vai provocar, vai nos permitir, ao lon-
go do tempo, adquirir confiança com relação aos métodos ou com relação a determi-
nados indicadores. Achamos que o papel do Ministério é muito importante exatamente
nesse plano - fazer com que, na medida em que resultados venham ao conhecimento
público, sejam analisados, submetidos à crítica, reanalisados e, como disse anterior-
mente o Edmundo, testados e validados. Então, daí sim, selecionar o que já foi valida-
do e transformar isso numa referência lógica sobre a qual as próprias instituições
possam refletir, verificando quão longe ou quão perto dessa referência se está, se se
está caminhando para ela, se se está dela se afastando, coisas dessa natureza. Essa
é a situação para a qual o processo deverá evoluir.o temos ideia do tempo, mas
esperamos que seja o mais perto possível. Para esse mais perto, tenho utilizado
sempre o exemplo da pós-graduação: hoje, a avaliação que a CAPES faz da pós-gra-
duação tem credibilidade; ela é criticada sob muitos aspectos, maso deixa de ter
validade. Os resultados da avaliação da CAPESo utilizados por agências muito
importantes no Brasil e no exterior, mas se levou doze anos para se chegar a esse
ponto. Esse processo de avaliação começou a ser feito em 1976. Só em 1979 o Prof.
Cláudio Moura Castro autorizou a divulgação do primeiro resultado das avaliações
que já vinham sendo feitas há três anos; e só hoje, doze anos depois, encontramos
uma certa segurança com relação à avaliação feita por ela que precisa ser melhorada,
que está sendo melhorada paulatinamente, que vem sendo criticada e cuja crítica tem
sido absorvida aos poucos pela CAPES; mas isso levou doze anos.s estamos
começando a falar de avaliação na graduação. Temos que dar um tempo para o Mi-
nistério e para as próprias instituições para chegarmos a um ponto em que qualquer
referência adotada como sendo válida para o sistema adquira credibilidade, tenha
credibilidade aceita e possa ser utilizada como referência de excelência, referência de
qualidade, referência de bom desempenho. Esperamos chegar. Além disso, quero
aproveitar uma ponte nessa questão do "ranking": o Prof. Edmundo, no primeiro mo-
mento, falou num "ranking" de universidades e no segundo momento ele falou naquilo
que se faz nos Estados Unidos, em que as universidadeso avaliadas e frequente-
mente se publica resultados dessa avaliação, dizendo essa universidade é boa nesta
área, outra universidade é boa naquela outra, dando o exemplo da Medicina e da Ad-
ministração. Eu tenho a mais absoluta convicção de queo existe universidade boa
da mesma maneira queo existe universidade ruim. Existem programas bons e
existem programas ruins. Existem departamentos queo bons hoje e queooo
bons amanhã. Eu cito sempre o exemplo do Departamento de Economia de uma das
nossas universidades que é um caso típico de Departamento que já foi considerado
um dos melhores das universidades brasieiras. A sua produção, as coisas de que lá
se falavam e as coisas que lá se faziam eram consideradas de nível internacional.,
de repente, um professor deixou o Departamento e levou com ele, nos seis meses
seguintes, quatro ou cinco outros professores. Quem ouve falar desse Departamento
hoje? Ouve-se falar de um dos professores que ficaram, o que é outra coisa. Esse
Departamento caiu numa certa letargia, numa apatia académica muito grande. Mudou
o Departamento maso mudou a Universidade. Fazer "ranking" é uma coisa muito
perigosa, a menos que se defina muito bem a respeito do que se está falando. Todos
s nos referimos à universidade americana, e é sempre fatal: quando perguntamos a
qualquer pessoa quaiso as cinco melhores universidades americanas, todos res-
pondem Harward Yale, Stanford, Berkeley e MIT. A resposta é imediata. No Brasil
se se fala de boas universidades também há respostas imediatas. Quem é que deixa
a USP for? do primeiro lugar? Quem é que deixa a UNICAMP fora dos primeiros 3 ou
4 lugares? tEssa avaliação, a sociedade já faz e vai fazer sempre. O que acontece, o
que estamos querendo é que tenhamos maior segurança para falar sobre coisas co-
mo o Edmundo falava - quem é que oferece o melhor curso de Administração, quem
é que tem o melhor programa de pesquisa em Engenharia, quem é que domina melhor
o conhecimento em micro-economia e assim por diante. E isto depende de uma pes-
quisa, depende de uma acumulação de conhecimentos muito grande; inclusive porque
elao pode ser estática, sempre tem que estar relacionada ao hoje ou a alguma refe-
rência de tempo. Tal departamento ou tal curso foi ótimo na década de 50. Em Admi-
nistração, aqui só se falava de Fundação Getúlio Vargas até há 10 anos, 15 anos
atrás.o havia nenhuma outra referência a cursos de Administração queo fosse
a Fundação Getúlio Vargas. Hoje já existe um número enorme de outros bons cursos.
A mesma coisa quando você examina a avaliação sob o ponto de vista regional.o
se pode comparar os cursos de uma Faculdade do interior com os da USP, por
exemplo, da UNICAMP ou de qualquer outra grande universidade brasileira. Mas eles
m uma importância fundamental nessa ou naquela cidade, neste momento. Então o
aspecto relacional da avaliação, toda essa complexidade, é que nos assusta um pou-
co de tentar chegar muito rapidamente a determinadas respostas como aquelas a que
s somos submetidos frequentemente no Ministério. Quando é que o MEC vai publi-
car a relação das universidades boas e das universidades ruins?
Edmundo - Posso fazer um aparte? É só para dar uma lembrança. Comoso
fazemos isto e temos medo de fazer, quem faz é a Playboy. A referência nossa é a
Playboy. E mais, no curso de graduação agora quem está fazendo é a Editora Abril,
que publica um manual.
Cláudio - Quero eu chegar daqui a alguns anos em queo só a Playboy, nem a Edi-
tora Abril mas muita gente esteja publicando as suas avaliações. Aquilo que o Prof.
Edmundo fala: o nosso candidato ao vestibular precisao é saber qual é a avaliação
ques fazemos, ques Governo fazemos ou a instituição tal faz, mas todas as
avaliações, tantas avaliações quantas necessárias para que ele possa fazer um jul-
gamento. Um aspecto que se levantou foi quanto ao atendimento ao interior. O homem
do interior só tem aquela faculdade. Está errado. Está absolutamente errado, se que-
remos opções conscientes. Um estudo universitárioo é uma questão que esteja lo-
calizada pura e simplesmente nos estreitos limites de um município ou de uma região.
Nosso aluno precisa tomar decisões sobre qual o curso que ele quer fazer;o sobre
o diploma que ele quer, mas sobre aquele nível de competência que ele deseja para
exercer a sua cidadania no ponto mais alto em que ele pode chegar. Ele é do interior,
muito bem! A escolha por um curso lá tem que ser uma opção dele mas se eleo
puder,o quiser ter aquela informação que essa ou aquela Instituição, de Paracatu
por exemplo, pode lhe dar, ele tem que procurar o Rio Grande do Sul e tem que procu-
rar até mesmo uma decisão entre uma pública e uma particular.s precisamos aca-
bar, inclusive, com essa mistificação do público e do particular, do pago e do gratuito.
O nosso aluno precisa chegar, daqui a alguns anos, a escolher a sua faculdade em
função da competência que ela é capaz de lhe garantir.
Agostinho - Voltando ao que o Edmundo falou - na banca de revista ao lado da mi-
nha Instituição, a edição da revista Playboy que publica o "ranking" da graduação e
da pós-graduação esgota rapidinho. E tem um efeito positivo dentro da Instituição. Os
cursos de pós-graduação, principalmente os queo mal classificados, porqueo
estão no primeiro lugar, já estão fazendo trabalho e esperando a Playboy do ano que
vem. Isso aí já tem um efeito positivo, por incrível que pareça.
João Medeiros Filho - (da UFRN à disposição da DEMEC/RJ) - Primeiramente,
queria dar uma informação ao Prof. Edmundo.s acabamos de entrar com a carta-
consulta à FINEP a respeito de uma pesquisa que pretendemos fazer, inclusive com
a ajuda dos Técnicos em Assuntos Educacionais da DEMEC/Rio de Janeiro, que é
uma comparação da produção científica, académica e cultural dos docentes das ins-
tituições públicas e das instituições privadas. Desde, c IUPERJ está convidado a
participar e intimado a fornecer os dados que porventura possuir. A segunda parte da
nossa intervenção é de caráter epistemológico.o sei se vai causar ao ilustre Pro-
fessor do IUPERJ alguma idiossincrazia. Por contingência da vida, sou doutor em
Sociologia mas professor de Filosofia. Acho, Professor, que talvez a nossa política de
avaliação ou de supervisão, em determinados momentos, vem reforçar a realidade já
existente ous circulamos em torno dessa mesma realidade. Até que ponto, com
o instrumental, com os critérios fornecidos, com a política estabelecida, os nossos
técnicos aqui presentes, os nossos docentes podem realizar uma avaliação que seja
realmente geradora de novos horizontes, uma avaliação ou então uma ação supervi-
sora totalmente diferente?
Edmundo - Eu vou passar o resto do tempo me explicando, pedindo desculpas. Eu
tenho aqui no papel uma série de perguntas. "Em que instituição federal de ensino su-
perior o professor goza de quatro meses de férias"? Olha, eu fui professor da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais durante 6 ou 7 anos. Eu tinha férias em julho; dezem-
bro, eu só trabalhava nos primeiros dias; janeiroo tinha aula; fevereiro também
não, e já estou contando aí três meses. Acho que dá 4 meses de férias. Eu tenho a
impressão que dá 4.
Participante (incompreensível)
Edmundo - Não. É evidente queo entendo isso. Estou dizendo o seguinte: em ju-
lho pára a universidade.
Participante (incompreensível)
Edmundo - Calma.o estou dizendo que os professoresoo à universidade
em julho eo atendem aos estudantes durante as férias. Estou dizendo o seguinte:
período letivo não, sempre entendi como férias isto. Euo posso, de forma alguma,
dizer que eu era um dos professores que menos trabalhava. Nunca'achei que traba-
lhei pouco em toda a minha vida mas, certamente, em julho eu nunca trabalhei, nunca
fiz nada em julho. Em janeiro eu também nunca fiz nada. Isso em universidade federal;
nas particulares, euo sei.
Participante (incompreensível)
Edmundo - É novidade para mim. Quantos meses de férias você têm? Um mês?
Participante _ férias, interrompidas várias vezes por atendimento dos problemas
de Departamento
Participante (incompreensível)
Edmundo -o quero comparar o IUPERJ com instituição nenhuma. No início da
minha explicação eu disse o seguinte:o temos estudante de graduação; devemos
ter no máximo 40 estudantes de pós-graduação, temos 20 professores; nossa relação
professor - aluno é baixíssima. Somos uma instituição privilegiada. O IUPERJo
está nessa discussão. O IUPERJ é uma instituição à parte, privilegiada, os professo-
reso privilegiados. Ocorre que o estudo que fizo foi no IUPERJ, foi na Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro. Essa pesquisa foi publicada, foi feita para a CAPES.
Estão todos os dados dessa pesquisa ao alcance de quem quiser ler o relatório. Está
no Ministério.o é dado baseado no IUPERJ, é dado baseado na Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro. A média semanal que eu encontrei foi 6 ou 7 horas-aula.o
estou dizendo que a função do professor é unicamente dar aula. Nunca disse isto, ja-
mais disse isso. Eu quero dizer o seguinte: se o professor que você encontra, por
exemplo, em alguns programas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está na
lista de professores em exercício, e se de 20 a 30% dos professores por semestre
o estão dando aula, eu me pergunto: eles estão fazendo o quê? A primeira resposta
é que estão fazendo pesquisa nos programas de pós-graduação. Então vamos ver a
produtividade desses professores queo estão dando aula e queo professores
de dedicação exclusiva. Ocorre que no Brasil - os dadoso da CAPES - 87% da
produção científica dos programas de pós-graduação é produzida por 10% dos pro-
gramas, ou seja, apenas 10% dos programas de pós-graduação no Brasilo res-
ponsáveis por 87% da produção científica nacional. O que é que está fazendo o res-
to? Ou seja,s temos um problema: pelo lado da carga horária os professores se
ressentem de muita aula...o dá tempo de fazer pesquisa... Está bem. Eu constatei
que em alguns programas de nível excelente da Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro a carga docente semanalo é alta. Poderia ser, então, que no Brasil quemo
está dando aula está fazendo pesquisa. Mas tambémo está, porque 87% da pro-
dução científica no Brasil é feita em 10% apenas dos programas de pós-graduação. O
que estão fazendo os 90% restantes dos programas? Euo sei. É um mistério. Está
bem, isso na pós-graduação. Na graduação, por outro lado, a produção académica é
baixa porque os professoreso muita aula e a carga horária é terrível? Fui ver a-
dia de alguns cursos de graduação na UFRJ e a média está por volta de 8 horas se-
manais. Euo tinha recursos para pegar todos os programas da URFJ,o era pos-
sível; selecionei alguns deles.o vou dizer o nome; está no relatório. Mas nos pro-
gramas de graduação que eu examinei, a média da carga docente é de 8 horas sema-
nais e a produção é baixíssima. Issoo significa queo tenha professores com
carga altíssima; normalmenteo professores quem graduação apenas ou que
estão fazendo mestrado. É claro que tem uma elite nessa universidade que trabalha
pouco e tem muita gente pegando a carga pesada. Todo o mundo sabe disso. Eu tra-
balho com agregados,o posso ficar discriminando casos. Qual é o professor que
dá aula de mais? Qual é o que dá aula de menos?
Participante (incompreensível)
Edmundo - Euo estou falando de sala de aula. Eu estou dizendo, simplesmente,
que a queixa dos pesquisadores de que elesm pouco tempo para pesquisaro é
verdade.o é verdade em mais de uma universidade. Se vocês pegarem o jornal de
ante-ontem, por exemplo, acho que o Jornal do Brasil ou o Globo, tem uma reporta-
gem muito interessante sobre a UFRJ.o fui eu que fiz a reportagem, não.
Participante (incompreensível)
Edmundo -o é destrutivo. Você me desculpa. O que eu queria dizer é que istoo
é destrutivo. Se toda a vez que se fizer uma critica enfática à universidade alguém dis-
ser que é uma crítica destrutiva, eu discordo. Discordo veementemente dessa atitude
de achar que toda a crítica veemente é uma crítica destrutiva.o é destrutiva, pelo
contrário. O que é preciso com essas críticas é definir um padrão aceitável de educa-
ção superior pública e de desempenho académico. Eu estou aqui com um papel que
diz: "bom, o professor de universidade privada recebe por hora/aula"... Eu nem me
referi às instituições privadas. Eu sei como é que é isto nas intituições privadas. Eu
sei realmente como é que é isto. Isto é uma das anomalias do ensino superior brasilei-
ro, pagar o professor por hora/aula. Isso é uma anomalia mas todo o mundo sabe.
Participante - (incompreensível)
Cláudio - Esta discussão me parece muito elucidativa para levantar uma questão que
me parece ser chave e que demonstra um grande equívoco sobre o quals estamos
trabalhando quando se fala de avaliação. Essas referências que foram feitas aqui, e
outras ques temos ouvido com relação aos ensino superior no Brasil, mostram que
certas pessoasm certas visões sobre o ensino superior no Brasil. O Prof. Edmundo
realizou uma pesquisa, vai publicar o trabalho resultante es vamos poder analisar e
criticar o trabalho feito por ele. Mas, frequentemente, outras pessoas fazem outro tipo
de julgamento de valor com relação à universidade. Os senhores conhecem bem a
história de um ex-reitor de universidade brasileira, de uma universidade pública, que
há dez ou quinze anos critica a relação professor/aluno no Brasil comparando essa
relação professor-aluno com aquela relação observada em países da América do
Norte e da Europa. Jamais uma universidade brasileira ou uma instituição brasileira,
inclusive o próprio Ministério, saiu para argumentar ou contra-argumentar em cima
desse número. Quando ele diz que na universidade brasileira públicas temos 7
alunos por professor e na universidade americanao 20 por professor, jamais esse
número foi questionado. Continua-se a falar há dez ou quinze anos sobre essa rela-
ção sem nenhuma demonstração cabal do seu acerto ou do seu erro fosse feita. A
mesma coisa se diz com variados aspectos do ensino superior brasileiro. É frequente
se dizer que o ensino oferecido pelas instituições particulares isoladas é de péssima
qualidade. É frequente se ouvir dizer que as instituições particulares isoladas utilizam-
se de uma mão-de-obra barata para oferecer um ensino de péssima qualidade. Nin-
guém faz a contra-arqumentação. Ou para demonstrar que efetivamente isto é verda-
de ou para demonstrar que istoo é verdade. A avaliação ques estamos propondo
é um caminho para acabar com esses mitos, confirmando-os ou, ao contrário,o os
confirmando. O queo se pode continuar neste País é essa discussão em torno de
certas imagens que a gente faz do ensino superior brasileiro. Eu digo o seguinte: o
ensino superior brasileiro é excelente, dado o nível de desenvolvimento deste País. O
que é que o senhores querem? Uma Harvard instalada aqui dentro do País? Uma
Yale no Nordeste? Uma Stanford no interior de Goiás? Não,s somos o Brasil!s
temos um ensino superior jovem. Em matéria de universidade, a nossa experiência é
de 50 anos, com a USP. Todo o restante da universidade brasileira, dos estabeleci-
mentos universitários,m menos que 50 anos. A maior parte deles tem 30 anos. Tem
professores ociosos? Tem, mas aprendemoss a lidar com professores? Sabemos
s administrar academicamenle uma universidade que foi preparada, nasceu dentro
de um regime seriado, e de repente, há vinte anos atrás, alguém chegou e disse:
"Não,o é mais seriado; é por crédito!". Muda-se toda a sistemática!s temos es-
sa experiência? Será que o número excessivo de professores na universidadeo
cumpre outro tipo de função? Que é excessivo, sabemos que é, porque os contamos.
Mas será queo existe uma outra função que esse número cumpre e que é impor-
tante para o País? As universidades federaism muitos professores, mas será que
so estamos formando o estoque de professores de que precisamos,o só para
as federais mas também para outras particulares, para as outras particulares que vi-
rão, para as outras federais que virão? No entanto, discutimos tudo isso na base do
"eu acho", do "eu penso". Precisamos ter medidas sobre tudo isto.o para punir nem
para premiar ninguém, mas para entender o que é que está acontecendo. Isto é im-
portante. Quando falamos de avaliaçãoso estamos falando do "caminho do pa-
raíso nem do inferno" para ninguém, nem para nenhuma instituição, mas como um
instrumento para aumentar o nosso conhecimento sobre a nossa problemática de en-
sino superior no País. Acho que este debate foi extremamente importante na medida
em que esclarece que, na realidade,s estamos todos aqui lutando pela boa quali-
dade e pelo bom desempenho das nossas universidades mas sem saber, exatamen-
te, a que nos referimos quando falamos em qualidade, a que nos referimos quando
falamos de desempenho. Quanto é um bom custo de um aluno num país como o Bra-
sil? O que é um bom custo de um aluno emo Paulo, no Ceará ou no Acre?o
sabemos, porque nunca medimos. Quem é que já mediu o custo de um aluno? Quem
é que já mediu o desempenho de um professor?s nunca medimos; achamos que
as coisas devem ser assim ou assado, frequentemente baseando-nos na nossa ex-
periência e na nossa visão idealfstica do que seria o sistema de ensino superior - fre-
quentemente, um idealismo que se baseia na nossa experiência de outros países, de
outras universidades.s temos uma realidade para trabalhar com ela: é a realidade
brasileira e dentro da realidade brasileiras temos uma no Rio Grande do Sul e outra
no Amazonas, completamente diferentes. Precisamos aceitar de imediato o fato de
queo podemos fazer comparação em termos absolutos entre aquilo que se faça no
Rio Grande do Sul e aquilo que se faça no Amazonas. O grande papel que uma Dele-
gacia e os técnicos de uma Delegacia podem fazer é levar exatamente essa ideia de
busca de conhecimento, de auto-conhecimento, dilapidada, lavada, escoimada de to-
do e qualquer preconceito, de que esse conhecimento é auto punitivo ou até mesmo ao
contrário, premiativo. A proposta de avaliaçãoo tem nada a ver com isto. Elao
vem para premiar ninguém, tambémo vem para punir ninguém. Cada um que ache
o seu caminho. Agora, que o ache baseado em medidas, baseado na sua realidade.
Desculpe a intervenção mas me parecia que ela era importante porque é disto que a
gente precisa.
Maria Elisa Dittmar (DEMEC/MS) - Em Mato Grosso do Sul,s temos um proto-
colo de cooperação técnica mútuo entre DEMEC, Universidade Federal e Instituições
de Ensino Particulares Isoladas, em toda a área académica de ensino, pesquisa e ex-
tensão. Houve, na Faculdade Católica de Mato Grosso do Sul, um trabalho de avalia-
ção institucional e que nós, da DEMEC, integradas com a Universidade Federal, fize-
mos, ajudamos, - houve uma integração mútua nesse processo de avaliação mas
s só tomamos conhecimento de liberação de verba da SESu a esse projeto de ava-
liação, das Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso, através da prestação de
contas da liberação desse dinheiro. A DEMECo é informada. Se ela é a articulado-
ra dentro do Estado das açôes do Ministério dentro da Unidade Federada, acredita-
mos que deva ser informada dessas liberações. Essa liberação de um sub-projeto
desse projeto da FUCMAT só nos foi encaminhada quando da prestação de contas.
Então, ses articulamos, ses nos integramos para esse trabalho é necessário
que tenhamos um acompanhamento de começo, meio e fim. Essa integração só se
deu tendo em vista o trabalho de cooperação no qual liberamos um técnico para
acompanhar esse trabalho dentro dessa instituição particular. Então, é a solicitação à
SESu da possibilidade dessa comunicação dentro do processo global de avaliação da
instituição para que possamos acompanhar mais de perto a ação de avaliação das
instituições particulares. Essa é a primeira colocação ao Prof. Cláudio. Prof. Agosti-
nho, o que esse processo facilitou para a administração académica de Lavras, com
relação ao controle de vagas, com relação a professor hora/aula e disponibilidade de
carga horária docente? Parece que o resultado como informação da parte orçamentá-
ria e financeira é proveitoso. Tudo isso deve ser vinculado à política da Instituição. Is-
so tem servido para ficar tudo mais prático? Eu conheço o processo dentro da Uni-
versidade Federal de Mato Grosso do Sul, da qual eu sou técnica. Eu gostaria de sa-
ber o resultado. Tudo fica mais prático com esses indicadores, esses parâmetros e
esses paradigmas?
Agostinho - Em relação a esse aproveitamento que a senhora disse, tenho a infor-
mar que na minha instituição estamos na fase de implantação. Acreditamos que o
sistema vá facilitar as tomadas de decisões, principalmente da parte administrativa.
o tem jeito de informar pois ainda estamos fazendo estudos. A característica do
projeto é aproveitar o que existe nas instituições e a partir daí tentar adaptá-lo à situa-
ção da instituição e tentar, da melhor maneira possível, gerar os mesmos indicadores
gerenciais que poderiam ser gerados em outras instituições.o temos condições de
informar se vai facilitar; acreditamos que, seoo estaríamos realmente traba-
lhando com ele.
Cláudio - Eu queria dar uma informação muito rápida com relação a esssa questão
do projeto de Lavras. O Ministério tem um acordo de cooperação com a Universidade
de Mato Grosso do Sul através do qual ele assegura o seguinte:s cobrimos todas
as despesas da ida da equipe da Universidade até a instituição, seja ela pública ou
particular, universitária ou isolada, que deseja conhecer o sistema. Feita a apresenta-
ção do sistema na universidade e mantido o interesse daquela instituição em receber
esse know how, esse programa, todo método operacional, é feita uma segunda roda-
da com todo o pessoal docente, chefia do Departamento, direção do instituto, pró-rei-
torias, ou diretorias, qualquer tipo de unidade dentro daquela instituição. Se a ideia for
encampada pelos membros daquela comunidade, daquela instituição, inicia-se a fase
de transferência es cobrimos, nesse caso, as despesas de viagens dos técnicos
daquela instituição até Mato Grosso do Sul onde eleso fazer o primeiro teste com
dados reais da instituição de origem. Se essa instituição dispuser do equipamento
eletrônico necessário, tudo bem. Seo dispuser, o Ministério, através desse convé-
nio, faz a aquisição de um micro-computador e coloca naquela instituição em como-
dato. Se a instituição fizer bom proveito do sistema transferido, ou seja, se ela conse-
guir absorvê-lo e conseguir mantê-lo no ar durante um certo tempo, transfere-se o
equipamento para a instituição em caráter definitivo. Caso contrário, o pegamos de
volta. Qualquer contato, qualquer manifestação de interesse de instituição deve ser
feito ou diretamente com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ou direta-
mente com qualquer outra das universidades que já estão implantando o sistema,
porque uma das condições é que essa segunda passe a ser um agente multiplicador
do processo, ou, então, com o Ministério da Educação.
Jurandy Maurício - (da Universidade Federal de Uberlândia, à disposição da DE-
MEC/MG) - Quero dizer que o discurso do Cláudio veio tirar da minha boca o pro-
testo que eu (ária ao colega Edmundo. Mas faço uma pergunta ao colega Edmundo.
Qual foi o universo que o colega se baseou para fazer a sua pesquisa? Gostaria de
saber, também, se ela foi embasada no tripé extensão-pesquisa-ensino.
Edmundo - Coincidentemente, no caso da Universidade Federal de Minas Gerais,
que é uma das instituições que eu examino nesse meu trabalho, eu me baseei no re-
latório anual da Universidade, nos dados declarados pelos próprios professores. No
caso de Minas Gerais em particular, é um relatório (era; infelizmente o relatório hoje já
o estáo bom) que traz discriminadamente, a partir de declaração dos próprios
professores, em fichas apropriadas, a carga horária gasta em ensino, pesquisa, ad-
ministração e outras atividades. Trabalhei com o universo,o com amostra; é inte-
ressante, porque é provável que tenha havido erro da universidade na coleta dos da-
dos, isso é muito provável; mas é provável que haja outras coisas na declaração dos
professores. De qualquer maneira, quando você soma as colunas pelas categorias de
atividade ou se você soma o tempo despendido em todas as categorias, o resultado
em Minas Gerais é surpreendente porque no global das atividades (de ensino, pes-
quisa, extensão e administração) a média semanal, a carga semanal do professor da
Universidade Federal de Minas Gerais é de 8 horas. Para o total das atividades - 8
horas. Em Brasília, um pouco mais. Peguei o relatório da Universidade de Brasília,
com o universo das declarações dos próprios professores e dá 14 horas em média
para professores equivalentes a 40 horas. Material oficial da universidade, declaração
dos próprios professores. No Rio de Janeiro foi pesquisa direta.
Jurandy (DEMEC/MG) - Lá em Minass temos medo de clichés. O trabalho da
DEMEC/MG justamente se fundamenta nisso.o podemos imprimir um cliché para
toda a universidade brasileira. Vai me desculpar. Quero deixar de público, como
membro da comunidade da Universidade Federal de Uberlândia, o meu protesto por-
que aquilo é uma universidade eo um condomínio de faculdades.
Fátima (DEMEC/PA) - Acho que o meu posicionamento é um pouco diferente e é pa-
ra o Prof. Cláudio. Na hora em que estávamos ouvindo a todos vocês começamos
a fazer anotações. O Prof. Cláudio disse o seguinte: "nóso sabemos a qualidade
porqueso medimos", mas nós, Prof. Cláudio,o sabemos realmente a qualida-
de porque aindao a medimos, mas sabemos queo estamos bem. Sendo brasilei-
ros,s estamos nos acotovelando com essa realidade que está, sabemos iue
precisamos pisar no chão e aceitá-la para podermos pensar que a avaliação seria o
caminho para a transformação, para a mudança. Seo enfrentarmos isto euo sei
de que forma poderemos fazer alguma coisa. Doeu muito imaginar que, porque somos
brasileiros, temos que aceitar esse bendito jeitinho brasileiro. É com muita humildade
que estou lhe colocando isso, até por sua competência. O ques enfrentamos é
exatamente esse resultado que o senhor colocou, e acho que muito bem colocado, do
estoque que está saindo das universidades. Muito bem colocado o seu termo - esto-
que. E estamos enfrentando isto. Sabe por quê? Porque as nossas instituções, em
geral,m carência de profissionais que atendam, pelo menos, àquelas exigências
primeiras de alguma especialização na área que eleso atuar. Normalmenteo só
graduados es sabemos, até por experiência própria, que só com graduação en-
frentamos muitas dificuldades para ser um professor a nível de 3
9
grau. Mas estamos
enfrentando tudo isso e justamente o que anotamos foi o seguinte: se a avaliação,
Prof. Edmundo, for mostrar a incompetência como fazer se a situação é generaliza-
da? Que parâmetros utilizar?o estou pedindo receita - é só reflexão, para que
possamos realmente trabalhar partindo daí - essa é a nossa situação,o podemos
fechar as instituições mas é aí que está todo o estoque que está saindo e estamos
enfrentando exatamente esse problema. Então, como partir para avaliar se isso pro-
var incompetência?
Cláudio - Num dos primeiros textos que eu escrevi sobre avaliação, eu disse que
ela era uma faca de dois gumes e que se ela devia, de um lado, mostrar, levantar,
identificar e explicar aquilo queo era bom, por outro lado ela tinha a obrigação de
destacar aquilo que era bom, porque existe muita coisa boa no ensino superior brasi-
leiro. Sabemos que temos problemas, mas temos que enfrentá-los, temos que conhe-
cê-los. Mas existe muita coisa boa também. Existem bons professores. Existem pro-
fessores dedicados. Existem bons técnicos. Existem bons alunos. Muitoso acredi-
tam nisso, mas existe aluno bom dentro da universidade, como existem bons depar-
tamentos, bons laboratórios, bons serviços de extensão, de interiorização. Existe coi-
sa ruim. Mas a avaliação deve mostrar os dois lados. E dizia também que ela aponta-
va para dois caminhos: se de um lado ela investia diretamente para dentro da univer-
sidade, como uma reflexão sobre a própria instituição e seus programas de ensino,
ela devia mostrar, também, a razão pela qual os programas eram assim ou assado e
as instituições dessa ou daquela forma, ou seja, ela devia colocar também sob crítica
a política governamental e a postura social, a postura da sociedade brasileira com re-
lação à educação. A universidadeo é assim porque ela quer ser assim. Elao
tem problemas porque ela quer os problemas. Ela tem problemas e ela é assim por-
que, de certa forma, ou o governo age de uma maneira atomizada, às vezes incom-
petente e insuficiente, ou porque a sociedade assiste a isso sem gritar. Eu sempre di-
go uma coisa: o governo, em qualquer lugar do mundo, decide em função das pres-
sões que recebe. Se as pressõeso por mais usinas nucleares, e por mais estradas
e menos escolas, menos salários para os professores e menos condições de pesqui-
sa, ele decide assim. Isso é um círculo. A sociedade é que determina aquilo que o go-
verno deve fazer. Tem limites, é claro. Tem jeitinhos,o é só aqui não, em qualquer
país do mundo. Nos Estados Unidos é assim, na União Soviética também é assim. O
processo decisório é algo muito complicado, mas define um vetor. Cada sociedade
tem o seu vetor. Se o vetor é, por exemplo, juros altos ou caderneta de poupança
rendendo mais dinheiro, ou aplicações financeiras de altíssimo juro, é assim que ca-
minha a sociedade.so temos dado à educação, de maneira geral, um peso
muito importante dentro da estrutura de valores da sociedade brasileira. A avaliação
tem que apontar isto. A avaliação é, pelos menos, um caminho para que outras ava-
liações e outros conhecimentos, investigações e pesquisas mostrem isso ques
estamos dizendo por achar que deve ser assim. Ela é um instrumento através do qual
se pode mudar. Agora, a mudança precisa estar calçada, alicerçada num conheci-
mento absolutamente seguro do que é a realidade daquele fenómeno analisado. A
Universidade Federal de Uberlândia, por exemplo, que eu conheço, é uma universida-
de bonitinha, ajustadinha; quem a conhece sabe que é assim. Agora, isto é bom? Isto
o foi questionado ainda. Eu mesmo que sou de, me pergunto: será que isto é
bom? Será que este é o tipo da universidade ques precisamos ou será que este é
apenas um dos tipos de universidades que precisamos; será queo precisamos
também de uma outra universidade onde as coisaso sejamo ajustadinhas? Será
que esta outra tambémo cumpre uma função importante? Essas questõesm que
ser colocadas de uma meneira séria. Ainda, o campo de atividades dos senhores é a
instituição particular isolada. Em termos quantitativos, em termos de número de estabe-
lecimentos, representam hoje 90% do total de instituições de ensino superior existen-
tes no país. Isto é uma realidade.o adianta dizer que ela é assim ou assado, por-
que ela representa em termos quantitativos 90% do total. Em termos de matrícula, ela
é reponsável hoje por 50% da matrícula. Metade dos nossos jovens estudam nos es-
tabelecimentos de ensino superior particulares isolados. Vamos jogar fora isso? De-
vemos continuar simplesmente anatemizando esses alunos, esses estudantes, esses
jovens, ou devemos procurar caminhos para eles e para elas, as instituições onde
eles estão? Uma possibilidade seria esta. A legislação brasileira generaliza tudo. Uni-
versidade ou estabelecimento isolado é uma questão de regime jurídico, mas em ma-
téria de ensino elaso iguais. Exige-se do ensino na universidade a mesma coisa
que se exige do ensino na escola particular. Será queo é hora de diferenciar estas
coisas? Faculdades Tecnológicas? Escolas de Formação Profissional? Existem
muitas diferenças que estão à nossa vista, mas a legislação continua insistindo num
mesmo tratamento para umas e outras. É outra coisa que precisamos pesquisar e de-
cidir sobre isto.
(Transcrito de gravação)
PARTE 5
A AVALIAÇÃO NA
INSTITUIÇÃO E A
AÇÃO SUPERVISORA
Eu gostaria de cumprimentar a todos, à mesa em especial, e, antes de iniciar
este trabalho, fazer referência ao seu processo de elaboração. Eu diria que este tra-
balhoo é fruto apenas da reflexão e do estudo individual; ele nasceu de um con-
fronto de opiniões e de um processo bastante sofrido que foi vivido por nós, tidos como
especialistas ou técnicos. Gostaria de lembrar a vocês toda a contestação que se fez
no campo da educação à ação dos especialistas tidos, em determinados momentos,
como os vilões da educação. Mas essa contestação teve um aspecto altamente be-
néfico. Ela nos levou a questionar a solidez de nossos referenciais teóricos, mas
também a debilidade de nossas práticas e, consequentemente, levou-nos a pensar a
respeito da coerência entre o nosso discurso e a nossa ação.
Essa contribuição que trago aqui para vocês se esboçou a partir da colabo-
ração de dois grupos de interlocutores. Em primeiro lugar, o pessoal da área de su-
pervisão do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da
Universidade, do qual eu faço parte, porques vivemos um momento muito grande
de discussão, de estudo, na revitalização das habilitações, agora a nível de especiali-
zação lá na nossa universiaade. Foi um processo muito demorado, muito contestado,
muito "brigado", se é que assim se poderia dizer, que demorou uns cinco anos, dos
quais euo participei todo o tempo porque eu sou professora nova na Universidade.
Também para o processo de elaboração deste trabalho eu contei com um
grupo de interlocutores que me é muito caro, que foram os técnicos da DEMEC do
Rio Grande do Sul com os quais eu tive, primeiro, o prazer de participar como profes-
sora em um curso de especialização, que já foi várias vezes referido, e também em
algumas ocasiões eles dialogaram comigo, no sentido de definir mais claramente o
conteúdo daquilo que seria aqui trazido. Aquelao contestada falta de integração en-
tre a Universidade e as DEMECs necessariamenteo é verdadeira quando se tem
vontade de que essa integração aconteça.
* Professora Assistente da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO
Maria Isabel Edelweiss Bujes *
O trabalho nesta tarde vai ser divivido da seguinte maneira: vou fazer uma
breve introdução e eu preparei um texto especialmente para este encontro que vou
entregar aos grupos de trabalho. Este texto deverá ser lido e discutido nos grupos,
sendo levantadas questões a respeito das ideias que nele estão presentes para o de-
bate de fechamento da sessão da tarde.
s vamos hoje tentar buscar a relação entre a ação supervisora e a avalia-
ção institucional, queo a temática deste encontro.
Ao receber o convite para participar deste seminário, o meu primeiro movi-
mento foi tentar precisar o que eu penso a respeito desses dois temas: a avaliação no
seu aspecto institucional e a ação supervisora nas instituições de ensino superior
particulares isoladas. Também tentei pensar as possíveis relações entre esses dois
processos enquanto focos para um exame teórico. Mas também os vínculos que se
estabelecem na prática entre esses dois processos. Pensaro só as possibilidades
que se encontram na supervisão e na avaliação institucional, mas também os limites e
os impactos que podem ocorrer na prática quando se pensa no compromisso da ação
supervisora com o processo de avaliação nas lESPIs.
Gostaria de poder, desde togo, iniciar um exame privilegiando a relação entre
supervisão e avaliação como um todo,o vê-las de foma desintegrada mas vê-las
num todo. Sei, no entanto, queso vamos poder manter essa integração ao longo
de todo o tempo mas depois vamos ver os dois processos em separado buscando
enfatizar, ao final, os seus vínculos, as suas relações, os seus compromissos-
tuos, mas também os seus conflitos e as suas ambiguidades.
Eu diria que a supervisão e a avaliaçãoo ambos mecanismos ideológicos,
porque eles estão a serviço de uma concepção de homem e de mundo. Esses dois
processoso ocorrem no vazio, elesoo neutros, eleso frutos neste mo-
mento de tudo o que está acontecendo, do contexto social brasileiro, um contexto de
crise económica, política, pedagógica, cultural mas que, em suma, no dizer do Prof.
Benno Sander, é uma crise ética.
Tanto a supervisão quanto a avaliação respondem na sua base a um modelo
social. Se faz a supervisão e se faz a avaliação de acordo com um modelo social que
o é nada mais do que uma construção cultural. E tanto a supervisão como a avalia-
çãom as suas práticas condicionadas pelas suas histórias. A históna da supervi-
o marca a prática que hoje se faz em supervisão, a história da avaliação, do mes-
mo modo.
Hoje se faz uma grande contestação às práticas de supervisão e de avalia-
ção, dizendo que elaso acrílicas e queo questionam o modelo da própria so-
ciedade. Se está mais preocupado com o "como fazer" do que "para quê" servem es-
sas práticas.
Neste Seminário tem ficado evidente que se está tentando esboçar com
mais clareza uma perspectiva para a supervisão às lESPIs. Se ouviram à exaustão
as críticas à atividade voltada apenas para detectar irregularidades. Uma crítica na
mesma direção se esboça de que a supervisãoo se restrinja à atividade de verifi-
cação cartorial. E tem se tentado delinear um novo formato para a supervisão. Tem se
dito que ela é de acompanhamento, de assistência constante, uma atividade que tem
um compromisso com a melhoria da qualidade do ensino, tem unrcaráter de meca-
nismo pedagógico, deve ser calcada numa postura de diálogo, ondeo se admite
a imposição da autoridade pela autoridade, que esteja alicerçada na competência.
Estas ideias orientam uma nova forma de fazer a supervisão maso está muito cia-
ro,o se explicitou a que finalidades a mesma serviria. Acredito que os supervisores
teriam que se questionar com maior profundidade a respeito da sociedade desejada,
da escola desejada e da própria supervisão, pensando no ques temos, no ques
desejamos e no que seria possível fazer.
Passemos agora ao exame da avaliação.
A avaliação sempre teve uma mesma finalidade. O objetivo da avaliação, por
mais que se diga o contrário, sempre foi o mesmo: de estimar o mérito ou o valor de
um processo, de um produto, de uma atividade. O que tem variado ao longo ao tempo
o as funções da avaliação, o ques fazemos da informação que temos a partir
desse julgamento de valor. Então, na realidade, julgar, estimar mérito, estimar a quali-
dade de alguma coisa é sempre aquilo que se faz na avaliação, como atividade hu-
mana que está presente nos nossos atos mais corriqueiros.
Na realidade o que se critica é a utilização da avaliação enquanto mecanis-
mo ideológico.
"O processo de avaliação não diz respeito apenas ao ensino e nem pede ser
reduzido apenas a técnica. Fazendo parte da permanente reflexão sobre a atividade
humana, a avaliação constitui-se num processo intencional, auxiliado por diversas
Ciências e que se aplica a qualquer prática.
... pode se constituir num exercício autoritário do poder de julgar, ou, ao con-
trário, num processo e num projeto em que avaliador e avaliado buscam e sofrem uma
mudança qualitativa".
Gadotti
Temos aqui explicitadas, através dessa palavra do Gadotti, claramente, as
direçôes que a avaliação pode tomar. Ela pode ser um processo que se restringe ao
julgamento ou pode, na realidade, trabalhar a partir do julgamento numa direção de
transformação daquilo que foi avaliado. Só neste sentido que a gente pode pensar a
avaliação.
Então vamos explicitar isso. O Prof. Cipriano Luchesi, nos seus trabalhos
de avaliação, diz o seguinte: "a avaliação é um julgamento de valor sobre manifesta-
ções relevantes da realidade tendo em vista a tomada de decisões". A avaliação é um
processo de julgar e refletir. Refletir sobre o quê? Refletir sobre um modelo. A partir
deste modelos estabelecemos critérios. Sobre o que se debruça a nossa reflexão?
A nossa reflexão se debruça sobre um objeto, que é a manifestação relevante da rea-
lidade. Esse objeto nos emite sinais, sinais que serão julgados a partir daqueles crité-
rios previamente estabelecidos peto modelo do que é desejável. Então, sempre este
julgamento implica um posicionamentoo diferente, uma tomada de posição sobre o
objeto. Esta posição deo indiferença tem que ser pensada sempre em relação ao
que fazer a partir desse julgamento. Como foi colocado hoje pela manhã,s temos
um "ranking" das universidades e daí? Esse "ranking" serve para que e serve a
quem? Temos que pensar que sempre estes processos avaliativos estão a serviço
de alguma coisa. No fundo, o problema da avaliação está no julgamento de valor,,
mas ele está muito mais no poder que emana desse julgamento.o quer dizer que
ele tambémo possa estar pejado de significado no momento do julgamento mas
também tem-se que questionar as finalidades com as quais se exerce esse poder de
julgar.
Eu diria, então, que a avaliação pode se dar em três níveis, a partir disso que
se vem vendo aqui. Pergunta-se a respeito do rendimento do processo. Temos então
a questão de produtividade - daria alguns exemplos com relação ao trabalho que de-
sempenhamos em relação às lESPIs. Podemos nos perguntar: quantos alunos a
IESPI forma por ano em cada habilitação? Há evasão? Qual a taxa? Quais os moti-
vos? Qual o custo por aluno? Qual a relação de número de alunos por professor? Es-
tamos exercendo aí o primeiro nível de avaliação. Apenas pensando o rendimento do
processo.
Num segundo nível de avaliação,s veríamos o rendimento do processo
tendo em vista a adequação do modelo de saída, ao modelo social. De que maneira o
processo que rendeu desse jeito responde aqueles requisitos presentes no modelo
social. Temos, então, o segundo nível de avaliação.
Mass teríamos um terceiro nível que seria o julgamento do próprio mode-
lo. Normalmente,s exercemos a avaliação em termos de pensar a produtividade ou
a produtividade tendo em vista um modelo previamente definido mas nunca questio-
namos este modelo. Então, a minha proposição em termos de avaliaçãoo descarta
a necessidade de se avaliar quantitativamente o rendimento mas pensa, também, que
s temos que nos perguntar de que maneira este rendimento está sendo visto e utili-
zado.
Eu diria, então, ses pensássemos em relação ao processo que se dá nas
lESPIs nesse segundo nível de adequação do modelo de saida ao modelo socials
perguntaríamos: que cursos a IESPI oferece? Que critérios presidiram essa escolha?
Que profissionais o mercado de trabalho da comunidade requer? Qual o horário de
funcionamento do curso? - no sentido de perceber se se ajusta, se adequa às ne-
cessidades da comunidade. Qual o perfil social dos ingressantes? Que tipos de re-
cursos essa instituição possui em termos de recursos humanos, instalações, equi-
pamentos? Em que setor da economia se pensa que os egressoso trabalhar pos-
teriormente?
E no terceiro nível, que seria o nível de julgar o modelo, de pensar, de avaliar
o modelo, nos perguntaríamos: qual o interesse do Estado na existência das lESPIs?
Qual a verdadeira função do ensino superior isolado? Por que a reforma universitária
o conseguiu atingir seus objetivos de frear a corrida à universidade e qual é o papel
que as lESPIs cumprem em relação a este objetivo? Quais as chances de profissio-
nalização dos egressos das lESPIs? Qual a finalidade da formação de 3º grau nas
pequenas comunidades? Quais as razões que levam os indivíduos a buscarem um
curso de 3
9
grau? E assim por diante. Essas questõeso apenas algumas que me
ocorreram, no momento em que estava esboçando meu pensamento, para nos dar-
mos conta que avaliar supõe momentos crescentes de aprofundamento, de questio-
namento e de reflexão acerca da realidade eo apenas, como se tem algumas ve-
zes veiculado, a questão do rendimento e a questão da produtividade, pensada em
termos de eficiência e eficácia.
Eu diria, então, que a avaliação pode ser uma constatação sem critica acer-
ca dos resultados, pode ser uma comparação entre objetivos e resultados, mas pode
ser um instrumento político de transformação do objeto ou da realidade sob análise.
Quando o objeto da avaliação é a instituiçãos podemos constatar resultados em
diversos processos na mesma, tanto no que diz respeito à sua estrutura académica,
como ao seu funcionamento administrativo e aos seus objetivos na área científica.
Podemos comparar resultados com aqueles considerados desejáveis. Primeiro, pre-
cisamos estabelecer parâmetros e depois nos perguntar a que distâncias estamos
desses parâmetros. Mas podemos também questionar e refletir acerca de quem so-
mos. O que pretendemos ser? De que modo estamos conseguindo ser o que deseja-
mos? Como é que projetamos a nossa instituição para o futuro? Acho que af está a
grande dificuldade em termos de avaliação quando se pensa no terceiro nfvel de jul-
gamento, que é o julgamento do próprio modelo.
Feitas estas considerações preliminares a respeito de avaliação, eu gostaria
de dizer-lhes como penso a supervisão relacionada com as instituições de ensino su-
perior particulares isoladas.
A supervisão surge, sem dúvida, a partir do momento em que se estabele-
cem as relações do homem com o trabalho. No momento em que existe a compra e a
venda da atividade humana, tendo em vista as desigualdades das condições sociais,
se instituem processos de supervisão. Mas a supervisão adquire relevo a partir do
capitalismo industrial, no século XVIII, no momento em que, para a expansão do ca-
pital e portanto para a obtenção do lucro, se necessitam, fundamentalmente, de pro-
cessos de controle.
Então, as funções da supervisão estão muito ligadas ao controle de qualida-
de do processo produtivo. Neste momento, quando se pensa em controle da qualida-
de do processo produtivo, vê-se a supervisão como uma questão técnica. Quando
pensamos que a supervisão também serve à mediação dos antagonismos, vemos a
supervisão como uma função pclftica. Consequentes a essa necessidade de controle
da qualidade do processo produtivos temos derivados alguns processos
queo o da divisão do trabalho, da perda da visão da totalidade pelo produtor daquilo
que ele produz, mas também, com efeitos mais nocivos, da perda do saber que de-
corre deste processo de divisão de trabalho. Temoso só a alienação do trabalho
por parte daquele que faz a tarefa, mas também a repressão do potencial intelectual
dos indivíduos que executam essas tarefas parcelarizadas.
Quando se fala na medição dos antagonismos, portanto na função política da
supervisão, neste contexto de divisão do trabaho do mundo capitalista, vemos que
inicialmente a supervisão tem uma função de buscar o consenso, a harmonia no tra-
balho. E esta função se exerce na direção de que se mantenha a ordem social vigen-
te. A nossa prática de supervisão está muito marcada pela questão técnica, da ne-
cessidade de controle da qualidade, e por esta função política da necessidade de me-
diação dos antagonismos.
Mas vamos ver a supervisão numa perspectiva que se desenhe diferente
desta. Na base da discussão acerca da supervisão, que é exercida pelos órgãos do
sistema e no sistema, está uma questão fundamental. Qual a relação do Estado com
as instituições que abriga? O controle que a supervisão faz se exerce em nome de
quem? Em nome do Estado e das suas exigências ou em nome da necessidade e da
qualidade de vida humana associada?
Neste quadro podemos pensar a supervisão e a avaliação associadas a
questões a respeito de quem emana o controle, que por sua vez revelam em sua
base uma visão de homem e de sociedade, portanto de um modelo social.
Temos então, duas perspectivas para a relação supervisão/avaliação:
Tentando juntar o que disse até aqui, a supervisão vista como inspeção,
com ênfase no burocrático, que dá força ao aspecto de legislação, planejamento ra-
cional e normativo, se associaria a uma perspectiva de avaliação que vê aqueles dois
primeiros aspectos, o aspecto da produtividade (eficiência/eficácia) e o aspecto de
correspondência entre os resultados e o modelo pretendido.
A supervisão numa visão que relaciona a ação que se desenvolve, educa-
ção e contexto social, compreende a sociedade em seu aspecto dinâmico e contradi-
tório, percebe a educação como historicamente situada e exerce a crítica da situação
presente nas realidades em que trabalha. Então vamos ver que podemos ter uma ou-
tra perspectiva de supervisão,o relacionada a esta ênfase inicial, a supervisão co-
mo um processo que se situa numa determinada realidade e que está altamente in-
fluenciada por esta realidade. E, portanto, ela compreende esta realidade e procura
exercer uma crítica à situação presente nesta realidade em que trabalha.
Deste modo, esta supervisão favorece a conscientização eo tem medo
do conflito. Ela utiliza o conflito no sentido de que ele é a "matéria prima" para poder
se fazer as coisas avançarem. Nesse sentido, vè-se a supervisão como uma mediação
ção que engloba necessidades ou exigências de várias naturezas. Eu diria que ela
engloba uma exigência estratégica. Como é que ela vai utilizar esse conhecimento
que tem da realidade no sentido de compreender as contradições desta realidade e
auxiliar os outros na compreensão destas contradições? Ela tem também um aspecto
metodológico, este metodológico entendidoo na sua função instrumental e mecâni-
ca, mas num agir com conhecimento de causa, tendo em vista fins bem claros e de-
terminados. E tem também uma exigência ética, que é a necessidade de escolher
uma opção frente a situações carregadas de ambiguidade. É um compromisso com a
liberdade e com a equidade, numa perspectiva de uma visão emancipatória da sua
função.
1
Só compreendo a supervisão vista como mediação e esta mediação atuan-
do neste espaço de contradição, tentando entender este espaço no qual ela se,
tentando ajudar as pessoas a entenderem este espaço, tentando utilizar as contradi-
ções que nele ocorrem, a ambiguidade ali presente e no sentido de ques teremos
aqui outra supervisão, presa àquele terceiro nível de avaliação, a supervisão vista
como um momento, que dá sentido, dá força, dá ênfase à avaliação enquanto ques-
tionamento do momento social.
(Texto transcrito de gravação, revisado pela Conferencista)
1. Estas ideias fundamentaram-se nas contribuições de Benno Sander em Administração da Crise
Educacional: Elemento para uma Reflexão Critica - conferência proferida no encerramento do IV
Seminário de Administradores da Educação do RGS. P. Alegre, 26 a 28 de julho de 1983.
O momento atual na sociedade brasileira pode ser caracterizado como de
crise generalizada. Nunca se teceram tantas críticas à falência das instituições, à falta
de confiança que o público e o privado inspiram à sociedade. O grau de credibilida-
de das instituições jamais foio questionado. Isto pode ter um duplo significado: para
os "arautos do caos" pode representar um caminho sem volta até a "derrocada total";
no entanto, a crise pode ser entendida como uma etapa necessária e intensamente
significativa no processo de tomada de consciência acerca de uma determinada reali-
dade e, ao mesmo tempo, momento privilegiado para sua reconstrução.
Compreendida a crise da escola e do ensino, nos mais diferentes graus,
como um reflexo daquela que se instalou no contexto mais amplo, cabe analisar como
vemos suas possibilidades de superação.
Sou daquelas que percebe este exame como extremamente fecundo, com
potencial para gerar uma ampla discussão que permite um entendimento mais apro-
fundado a respeito da responsabilidade social da escola, frente ao momento e às de-
mandas da sociedade.
Em razão da natureza deste encontro vou fixar-me no exame de algumas
questões relativas ao ensino de 3
9
grau e, mais especialmente, àquele que se dá nas
lESPIs.
É de conhecimento generalizado que o processo de expansão destas institui-
ções a partir de meados da década de 60 oferece sobradas razões para críticas. Sua
instalação apressada, suas intenções mercantilistas, seu atrelamento a interesses
sectários, sua instabilidade financeira, sua precariedade material^na maioria das ins-
tituições, são, isoladamente, ou em conjunto, algumas das mazelas que fazem parte
do arsenal de restrições que lheo feitas.
' Professora Assistenle da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
1. Para situar a questão
SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO
INSTITUCIONAL:
UMA ASSOCIAÇÃO QUE
SE SUSTENTA?
Maria Isabel Edelweiss Bujes *
O fato é que elas configuram a realidade com a qual os técnicos presentes
neste seminário convivem em sua prática profissional e cabe-nos, nessa discussão,
buscar respostas para a questão: Como pode a supervisão das DEMECs participar
juntamente com as lESPIs de um processo de reflexão acerca do desempenho insti-
tucional que venha efetivamente a constituir-se num marco para o aperfeiçoamento
deste desempenho?
2. Da necessidade de avançar no exame da questão
É indubitável que as lESPIs que se instalaram em uma comunidade e af
permanecem respondem, de alguma maneira, a necessidades presentes no grupo
social a quem servem. O ceticismo com queo vistas, os questionamentos ao papel
que desempenham, no entanto, revelam queo passam desapercebidas aos seus
usuários suas deficiências e que se instaura paulatinamente a compreensão de que
alunos e suas famílias, mas também outros grupos representativos, tem o direito de
cobrar informações e resultados acerca de seu funcionamento. Assim, percebe-se
que se torna necessário indagar:
- de que modo pode a comunidade adquirir confiança na sua Faculdade?
- como pode a IESPI contribuir de forma eficiente para a criação e transmis-
o de conhecimentos, mediante uma prática científica e pedagógica de qualidade e
ajustada ao processo de desenvolvimento democrático?
- como se pode aferir se ela está formando cidadãos responsáveis e profis-
sionais competentes?
1
Tais questões configuram a necessidade da sociedade exercer de forma
inequívoca o controle sobre as instituições que abriga.
E este controle se faz, fora de dúvida, em nome da qualidade. Esta qualidade
está presente no desempenho da instituição? De que modo isto se revela?
2
Estas
indagações nos encaminham para a questão da avaliação da lESPIs. É legitima a
preocupação das comunidades com a qualidade do desempenho académico das es-
colas de ensino superior que nelas se instalaram? A resposta só pode ser afirmativa.
É a avaliação que garante o controle democrático do ensino superior e sua perma-
nente transformação para atender as demandas da sociedade, no dizer de Eunice Du-
rhan.
3
Reconhecera necessidade deste julgamento de qualidade dos processos
académicos como uma contrapartida que as instituições de ensino superior devem à
sociedade implica definir então a quem cabe avaliá-las.
Os estudos mais recentes
4
posicionam-se de forma quase unânime por res-
ponsabilizar às próprias IES pelo desenvolvimento de um processo de avaliação ins-
titucional na busca de estimar o mérito acerca dos processos que ali ocorrem, tanto
do ponto de vista didático como científico e administrativo, tanto na sua dimensão polf-
1 As questões, com a adaptação que a situação requer, estáo presentes originalmente em "A Univer-
sidade Transitória", do Prof. Paulo Eupídlo de Menezes Neto.
2 Discussões a respeito do tema "qualidade do ensino superior" podem ser encontradas em: Simon
Schwartzmamn - Funções e Metodologias de Avaliação do Ensino Superior. In: Avaliação da Uni-
versidade: propostas e perspectivas. Brasília, 1988, publicado pelo CRUB. pp. 2l-45e JoséGol-
demberg - Avaliação da Universidade: a dimensão política das iniciativas, op. cit pp. 57 a 63
3 Eunice Ribeiro Durhan - Avaliação, poder e democracia. Publicado em: Dois Pontos, Brasília, Se-
cretaria da Educação Superior, (38): 11 -4, out 1987, Edição Especial.
4 Vide especialmente artigos publicados na Coletânea: Avaliação da Universidade: propostas e pers-
pectivas, do CRUB.
tica quanto técnica. Percebe-se a importância dada à singularidade de cada institui-
ção, à necessidade de que cada uma delas seja avaliada situcionalmente com crité-
rios formulados em função de suas peculiaridades. Isto se explica por muitas razões:
a diversidade das instituições, sua maior ou menor complexidade estrutural, a varie-
dade dos contextos em que se inserem e, sem dúvida, a dificuldade em adotar um sistema
de avaliação único para todas as instituições, pelo menos no presente momento.
É necessário arguir que destacar a avaliação como um processo que deve
ser concebido e levado a efeito pelas próprias instituições tem no presente momento
intenções mais políticas do que técnicas.
5
Como se verá mais adiante, no atual está-
gio de discussão acerca da avaliação no ensino superior é a auto-avaliação que ofe-
rece mais potencial para aceitação no interior das instituições.
É preciso, no entanto, lembrar que os mesmos autores apontam que a ava-
liação externa - hetero-avaliação - pode constituir-se, num momento posterior, como
desejável, estabelecendo uma saudável comparação entre diferentes instituições, re-
forçando laços entre o ensino de 3- grau e a sociedade e, finalmente, maso de
torma menos importante, permitindo a distribuição de recursos de forma mais justa -
com base nos critérios de mérito e competência - e menos infensa a interesses e ao
"jogo polftico das reivindicações competitivas".
6
Embora o reconhecimento destes processos como complementares e de-
sejáveis
7
o escapa a dificuldades de aceitação que a eles se verifica. O principal
foco de controvérsia está relacionado ao modo como a avaliação será realizada, bem
como à utilização que será dada aos seus resultados.
3. A avaliação: o peso da tradição
As resistências que se verificam à avaliação institucional no ensino de 3
9
grau decorrem de fatos claramente identificáveis e de uma pesada tradição que enfa-
tiza seu aspecto punitivo e fiscalizador.
É bastante recente o episódio em que listas de professores da USP, tidos
como "improdutivos", foram amplamente divulgadas pela imprensa, numa visão dis-
torcida do que seja a produtividade na vida académica e o próprio significado da ava-
liação.
Tomou-se como representantativa do todo - uma parte ínfima deste todo - a
produção, em termos de publicações, de seus docentes, generalizando-se para o
conjunto da vida acadêmico-institucional este caráter de improdutividade.
Esta ótica de avaliação que vê o fenómeno de forma fragmentada, com ên-
fase nos produtos e que privilegia seu sentido como mensuração, fruto da tradição
positivista, tem contribuído para distorcer o significado deste processo como uma prá-
tica educativa, com potencial para constituir-se em elemento propulsor para a trans-
formação.
5 Este argumento enconlra-se presente nas conclusões do grupo de trabalho B - Avaliação de Insti-
tuições de Ensino Superior, no Seminário Nacional sobre Avaliação do Ensino Superior. Na Cole-
tânea publicada pelo CRUB: Avaliação da Universidade: propostas e perspectivas.
6 A expressão (oi cunhada por Eunice Durhan - Avaliação, Poder e Democracia - op. cil - p. 78
7 Acerca da relação entre auto e hetero avaliação é interessante argumentar que aprimeiro processo
seo for acompanhado do segundo pode levar a instituição a cair na tentação fácil de comisera-
ção ou do auto-elogio. Assim como a hetero avaliação, isolada, leva o grupo, na instituição, a tor-
nar-se coeso e a escamotear as dificuldades que nela ocorrem em função de um "perigo maior"
que é a ingerência externa na vida da instituição. A inclusão deste argumento foi-me sugerida pela
Profa. Maria Beatriz Moreira Luce, da UFRGS, presidente da ANPAE.
A avaliação tem se fixado no exame dos aspectos legais e formais, no aces-
sório eo no essencial. Desdenha-se seu caráter de reflexão crítica permanente,
num esforço para desencadear projetos de desenvolvimento académico compatíveis
com as condições concretas das IES.
Mas as restrições à aceitação da avaliação nas IESo se fazem apenas
em razão desta compreensão equivocada ou como fruto de pressões exógenas;
existem forças nas próprias instituições que se contrapõem ao esforço para desvelar
suas condições de funcionamento.
É preciso admitir que a avaliação implica sempre num jogo de poder. O que
ocorre em grande parte das instituições é uma circulação restrita da informação, pri-
vilegiando determinados grupos (geralmente os dos "amigos do rei"), em detrimento
de outros. Deste modo, o processo passa a ser temido em razão de seu controle
centralizado e da possibilidade de utilização das informações de forma contrária aos
interesses da maioria.
Outro elemento de restrição ao processo é aquele que Eunice Durhan
8
explica como a dinâmica da solidariedade/conflito, representada pelo movimento dos
docentes (mas também de outros profissionais), preocupados em relevar as falhas
dos colegas, quando necessário, ou, ao contrário, na tentação de usar a avaliação
como uma arma contra os adversários.
Avaliar significa, no contexto institucional, tornar o mais transparentes pos-
sível seus processos de funcionamento interno e suas relações com o ambiente ex-
terno, centrando-se no propósito de ver a instituição como um todo.
Mesmo pensando-se em uma ampla participação dos interessados, neste
processo, e de um controle democrático sobre o mesmo, corre-se sempre o risco de
que o órgão que coordena as ações neste sentido concentre grande parcela de poder.
Isto pode oferecer o perigo de que as pessoas sentindo-se ameaçadas passem a sa-
botá-lo ou a recusar-se a dele participar e, ao mesmo tempo, compromete o próprio
processo pelas distorções que decorrem frequentemente desta concentração de po-
der.
Assim torna-se de importância capital o crédito que este órgão deve gozar
na comunidade académica. É preciso que se deixe de associar avaliação a premia-
ção e castigo. Istoo impede que a prática de avaliação inspire um certo temor. Este
é, em certa medida, um indicador saudável da importância do processo. Se a avalia-
çãoo servir para "desinstalar" os indivíduos, pode-se sugerir queo é "suficien-
temente penetrante. Seo acenar para nenhuma perspectiva de mudança para me-
lhor, é um gasto inútil".
9
O que se pode depreender do que foi anteriormente exposto é que "só um
processo que respeite e garanta o direito dos participantes de conhecer os dados da
investigação e, sobretudo, expressar sua opinião e controlar a utilização de suas pró-
prias informações pode provocar a confiança necessária para que se tenha acesso
ao conhecimento da situação real que condiciona a vida da instituição".
10
4. As duas faces da moeda (ou da dificuldade de conciliar desejo e realidade)
8 Eunice R. Durhan. (op. cit)
9 Este argumento de P. L Dressel ô citado por Ivo C. Juliato em artigo publicado em: Dois Pontos,
Brasília, Secretaria de Educação Si perior, (38): 14-7, out 1987. Ed. Especial.
10 A Pérez Gomes - Modelos contemporâneos de la evaluación. In: GIMENO SACRISTÁN, PÉREZ
GOMEZ, A. - La Ensefianza: su teoria y su práctica - Madrid, Akal, 1985
Feitas estas considerações a respeito da avaliação nas instituições e tendo
como referência este processo nas lESPIs e a supervisão das DEMECs, torna-se
necessário que nos perguntemos, então, quais as relações que se estabelecem entre
a ação supervisora e a avaliação institucional no contexto em questão.
A supervisão exercida pelas DEMECs ressente-se ainda hoje do seu pas-
sado de inspeção. Em que pesem os redirecionamentos que o Ministério da Educa-
ção pretendeu imprimir a essa atividade (Portaria 67/77 doMEC/DAU, Portaria Mi-
nisterial 87 e Portaria SESu 14), modificando-lhe, inicialmente, a forma para depois
buscar alterar-lhe a substância, pode-se perceber que a prática da supervisão se vê
ainda hoje marcada pela ambiguidade: do desejo de ser pedagógica sem conseguir
deixar de ser burocrática. Representativo deste caráter de dupla mensagem é o de-
poimento de um técnico: "Apesar de nos verem como educadores, de perceberem o
aspecto pedagógico de nossa participação, as pessoas na instituiçãoo podem es-
quecer o órgão que está por detrás de nossa ação". No dizer de documento elabora-
do pelos técnicos da DEMEC/RS: "A supervisão é proclamada como promotora da
qualidade mas praticada como atividade técnico-burocrática".
11
É preciso lembrar que existem ainda outras dificuldades relacionadas com a
ação supervisora: um dos aspectos levantados como restrição pelos técnicos é o de
que,o sendo professores de 3
9
grau, especializados em determinada área do co-
nhecimento, eles se vêem limitados em sua ação, necessitando buscar a colaboração
dos especialistas das universidades, especialmente nos momentos de renovação de
reconhecimento das lESPIs.
12
Maso poderíamos deixar de questionar neste quadro o aspecto político da
questão: qual a importância da supervisão para o MEC? Em que termos as ações
educativas representativas desta funçãoo priorizadas e valorizadas na política in-
terna dos órgãos responsáveis pela sua execução?
Qual a política do MEC para o ensino de 3º grau e de que modo se estabele-
ce o compromisso da supervisão com a mesma?
Frente aos questionamentos levantados e que sugerem a necessidade de
discutir em maior profundidade a prática de supervisão exercida pelas DEMECs é
preciso que se examine a situação das instituições frente ao processo de avaliação,
superando a relação idealizada do papel tanto do MEC como das instituições.
Foi dito em outro local neste documento que avaliar supõe uma preocupação
com a qualidade.
Albert Hirschman, citado por Schwartzmann
13
, apresenta duas condições,
que podem aparecer combinadas ou não, para que as instituições melhorem o seu
desempenho:
- a situação de competitividade entre elas;
- a existência de condições de participação na vida das intituições, permitin-
do aos setores interessados trabalharem pela melhoria desejada.
A análise das situações específicas das lESPIs demonstra que, em muitos
casos, a competição é inexistente, tomando-se absolutamente desprezível pelo mono-
pólio que as mesmas exercem no "mercado educacional". Descartada a primeira
condição é preciso que nos perguntemos acerca da segunda: existem nas institui-
11 O documento denomina-se: A supervisão das instituições de ensino superior particulares isola-
das: proposta de trabalho - elaborado pela Divisão de Supervisão e Apoio Técnico - Seção de
Supervisão - abril de 1987.
12 DEMEC/RS - op.
13 Simon Schwartzmann, op. cit.
ções as condições de participação que conferem vez e voz aos setores interessados
(de fora e de dentro da mesma), para a discussão ampla acerca de seu destino e
das condições acadêmico-institucionais para realizá-lo?
Responder positivamente seria extrema ingenuidade frente às condições de
existência destas instituições. Negar, por raro que fosse, um mínimo de pressão para
a participação, representaria, por outro lado, apostar num consenso que a realidade
concreta acaba por desmentir.
Seo existem as condições para, certamente existem as pressõs, as-
vidas, os questionamentos e, certamente o conflito que poderá se constituir no ele-
mento objetivo para que se desencadeie um debate acerca da "opção institucional
frente ao meio e à história".
14
É neste ponto que vejo como muito próximas duas ideias: a de projeto peda-
gógico e a de avaliação como reflexão constante acerca da prática. Na perspectiva
em que acredito, a avaliaçãoo se dá no vazio, ela brota de opções politico-pedagó-
gicas. Assim a avaliação implica na configuração de um paradigma, de um projeto
amplo de natureza institucional.
15
Pensar a avaliação sem um projeto pedagógico que
revele a identidade e a vocação da IES poderá representar a utilização de um instru-
mento politicamente prejudicial ao invés de pedagogicamente necessário.
16
Retornando à proposição de Hirschmann, vejo que o horizonte possível
para encaminhar a questão tanto da avaliação quanto oo projeto pedagógico a nível
institucional é apostar no desejo de participação dos indivíduos. Utilizar o espaço que
se abre, associar-se às pessoas com capacidade de apreender a realidade de forma
mais crítica, imprimindo, assim, a esta intervenção, no curso dos acontecimentos,
uma perspectiva política.
É nesta direção que Gramsci nos ensina: "(...) a existência de condições
objetivas - ou possibilidade, ou liberdade - aindao é suficiente: é necessário co-
nhecê-las e saber utilizá-las. Querer utilizá-las. O homem, neste sentido, é vontade
concreta, isto é, aplicação efetiva do querer abstrato ou do impulso vital aos meios
concretos que realizam esta vontade".
17
As considerações precedentes, que apontam para a necessidade de dis-
cussão do projeto pedagógico da supervisão, mas também das lESPIs,o excluem,
a meu ver, as possibilidades que se desenham para a participação dos técnicos das
DEMECs nas iniciativas de avaliação que venham a se desencadear nas instituições.
Vejo, porém, um entrave sério a esta pretensão que é a manutenção do status buro-
crático relacionado com a função do técnico ou supervisor (não só em relação a este
processo específico de avaliação institucional, mas a todos os outros que se relacio-
nam ao objetivo de exercer a perspectiva educativa de seu trabalho).
Para Castoriadis, o técnico transformado em funcionário (agindo a favor do
sistema burocrático) é impedido progressivamente "de dar livre curso às suas facul-
dades de invenção e de trabalho".
18
o ê possível esquecer que os supervisores ou técnicos possuem um sa-
ber especializado que os habilita a exercerem determinadas funções no quadro atual
14 Joel Pimentel de Ulhôa - A propósito da avaliação de educação superior, p. 55, publicado na
Coletânea: Avaliação da Universidade: propostas e perspectivas, Brasília. 1988.
15 Paulo Elpídio de Menezes Neto. op. dl
16 Joel P'mentel de Ulhôa. op cit.
17 António Gramsci - Concepção dialótica da História. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1978.
p. 47.
18 Comelius Castoriadis. Socialismo ou barbárie.o Paulo. Brasiliense, 1983. p. 103.
de divisão do trabalho na sociedade. Tais funções, no momento, existem no sentido
de organizar o trabalho daqueles tidos como "menos capazes" de fazê-lo, assentan-
do-se, no caso da supervisão nas lESPIs, num pressuposto que minimiza a capaci-
dade produtiva dos professores e outros educadores na instituição. A ação do especia-
lista se faz, então, em nome de um controle, de uma disciplina e de uma coerção queo
força à noção de hierarquização de posições e serve à estrutura de poder burocrático.
É preciso desmistificar este entendimento da supervisão comprometida com
o quadro de marasmo, de estagnação em que vive a educação brasileira.
Faz-se necessário recuperar o sentido do "técnico ". O saber e a competên-
cia de que se reveste a prática profissional destes indivíduoso por si só limitados.
O técnico possui um domínio restrito de conhecimento especializado. O que parece
oferecer razão à desconfiança que se instalou entre "técnicos e produtores"o é a
natureza deste conhecimento ou a necessidade dele, mas o modo como ele é utiliza-
do pelos primeiros para controlar os demais. As razões deste conflitooo abso-
lutamente técnicas, no dizer de Castoriadis, mas claramente sociais e políticas.
19
Assim, a recuperação da ação supervisora passa, a meu ver, pela retomada
do pedagógico exercido com claras intenções políticas. A relação entre os superviso-
res e os outros educadores nas lESPIs só se tornará legítima no momento em que se
revestir de conteúdo educativo. No dizer de Celestino Alves da Silva Jr., isso implica-
rá que o supervisor, como intelectual organizador e orgânico, possibilite aos seus
companheiros a consciência de sua função de educadores.
20
Deste modo, a participação dos técnicos das DEMECs nas instituições de
ensino de 3
e
grau supõe a sensibilização dos educadores para a discussão de seu projeto
político-pedagógico - o que inclui, necessariamente, pensar nos mecanismos para
acompanhá-lo, dar-lhe dinamismo e pensá-lo sempre prospectivamente. Será, assim,
que poder-se-á imprimir à avaliação sua qualidade política definida por Demo como "a
arte da comunidade de se auto-gerir, (...), a capacidade de inventar seu espaço pró-
prio, forjando sua auto-definição, sua auto-determinação, sua auto-promoção, dentro
dos condicionamentos objetivos."
21
GRUPO I
Com relação ao texto, é lógico queo o esgotamos.
A afirmação de que a supervisão deve ser feita juntamente com as lESPIs é
uma afirmação frequente e, no entanto,o se examinam as condições reais e bási-
cas, partindo do pressuposto da existência de objetivos comuns (na verdade esses
objetivosoo comuns pois as IESPISo empresas e a ação supervisora repre-
senta o interesse social).
Existem afirmações dadas como verdades e queo temos garantia da ver-
dadeira comprovação - Ex: é inquestionável que pais e alunos desejam avaliar e re-
formular as lESPIs e exerçam esse direito.
A auto-avaliação se constitui como uma forma de mascarar o conhecimento
da realidade porque sabemos que existem parâmetros e indicadores que beneficiam
essa avaliação e que a avaliação externa combinada com a interna pode equilibrar a
questão da auto-avaliação.
- AVALIAÇÃO -
Ponto de destaque - existência de condições para a participação dos gru-
pos interessados. Assim, é preciso que haja respeito e garantia para que todos ex-
pressem suas opiniões e conheçam os resultados, questionando-se, assim, o modelo
autoritário das lESPIs; enquantoo houver mecanismos de transformaçãoo ha-
verá supervisão e nern mesmo avaliação.
Finalmente, destacamos a posição do técnico na avaliação das lESPIs.
19 Comehus Uastonadis. op. cit
20 Celestino Alves da Silva Jr. Supervisão da educação: do autoritarismo Ingénuo à vontade coletiva.
o Paulo. Loyola, 1984.
21 Pedro Demo. Avaliação qualitativa.o Paulo. Cortez: Autores Associados, 1987. P. 28
CONCLUSÕES DOS GRUPOS
DE TRABALHO SOBRE
SUPERVISÃO E AVALIAÇÃO
Em primeiro lugar, qual a política do MEC para o ensino de 3
9
grau e de que
modo se estabelece o compromisso da supervisão com a mesma?
Em segundo lugar, a afirmação de que provocamos pânico na escola num
pressuposto que minimizamos burocraticamente a capacidade produtiva dos profes-
soreso corresponde à realidade poiso atuamos nesse nível.
No entanto, pensamos que seria atribuição de avaliação e supervisão anali-
sar pedagogicamente a aplicação dos recursos liberados pelo MEC às lESPIs.
Coordenadora: Sônia Deorce (DEMEC/ES)
Relatora: Maria Elisa Dittmar (DEMEC/MS)
GRUPO II
O grupo percebe a necessidade do redimensionamento da prática da super-
visão e reconhece que há uma tendência para o campo legal; por mais que a legisla-
ção seja complexa, ela oferece um referencial até certo ponto pronto e com maior
possibilidade de domínio por parte do supervisor.
Já no campo do referencial teórico-educacional, existe uma dificuldade
maior, causada pela heterogeneidade da formação profissional do supervisor e uma
atualizaçâo permanente dos supervisores levaria a uma transformação.
Coordenadora: Nair Speranza (DEMEC/RJ)
Relatora: Suzana Martins (DEMEC/MG)
GRUPO III
0 grupo realizou a leitura do texto, mas apenas iniciou a discussão e espera
aprofundá-la no plenário e no decorrer das sessões de grupo.
CONCLUSÕES:
1 - No texto há uma proposta clara de Supervisão/Avaliação.
2 - A proposta se fundamenta no entendimento da EDUCAÇÃO/SUPERVI-
SÃO/AVALIAÇÃO constituindo o movimento da Sociedade. É visto como ação políti-
ca, como um processo de reflexão coletiva. Desse modo, enquanto processo de re-
flexão coletiva, é também avaliativa e a avaliação se constitui em conteúdo da prática
supervisora.
3 - Com essa compreensão, que também é a que o grupo defendeu, coloca-
se a necessidade da superação da visão prática de supervisão fragmentadora, con-
troladora, legalista e burocrática, assim como a superação do enfoque dominante da
avaliação legalista, punitiva e meritocrática, por uma supervisão voltada essencial-
mente para o pedagógico e uma avaliação participativa.
4 - No entanto, reconhece o grupo que, para chegar a essa prática, deverá
ocorrer um trabalho em duas direções ao mesmo tempo: uma, em relação aos níveis
institucionais do MEC e outra, em direção ao aperfeiçoamento dos técnicos.
5 - Em relação aos níveis institucionais, ressaltou-se o CFE, vez que as
evidências da exigência de uma supervisão/avaliação legal/formal está na nature-
za/forma/critérios de autorização e reconhecimento dos cursos.
6 - Ainda se reconhece que existem experiências, mesmo esparsas, volta-
das para a supervisão/avaliação participativa, carecendo, porém, de divulgação, dis-
cussão e apoio.
Coordenadora: Maria Dulce Dias Bastos (DEMEC/SP)
Relatora: Maria Eliete Santiago (DEMEC/PE)
GRUPO IV
0 grupo considerou o texto bastante rico em ideias, as quais precisariam ser
discutidas em profundidade.
Dentro da limitação do tempo, o grupo discutiu as seguintes ideias e chegou
a algumas reflexões preliminares:
1 - discutiu-se inicialmente o perfil do agente dessa ação supervisora, mas a
discussãoo chegou a evoluir para um consenso, por se considerar primeiro ne-
cessário analisar mais profundamente os questionamentos e ideias do texto;
2-o grupo considerou que o processo de avaliação tem de ser endógeno
inicialmente, por isso o supervisor precisa conquistar primeiro aqueles a quem deseja
envolver politicamente nas propostas. A maneira de realizar a abordagem é funda-
mental e o respaldo político é necessário;
3 - discutiu-se sobre os questionamentos colocados à página 2 do texto e
sua relação com a palestra do Prof. Cláudio Neiva, proferida pela manhã, no sentido
de incentivar a auto-avaliação que as IES fariam inicialmente como reflexão crítica
permanente. O nosso papel como agentes incentivadores do desencadeamento des-
se processo, se participativo à nível de instituição,o foi discutido;
4 - houve colocações da necessidade do trabalho de supervisão estar inte-
grado com a problemática do ensino de 1
9
e 2? graus. Nesta linha de pensamento,
outra ideia a ser discutida, aqui no plenário, seria o restabelecimento dos colégios de
aplicação nas faculdades que formam licenciados, descaracterizando-os do caráter
elitista que se impregnaram em algumas universidades;
5 - conclusão de que a avaliação acompanha todo o processo, desde a ela-
boração do projeto pedagógico, seu desenvolvimento e sua avaliação final para repla-
nejamento, gerando a crítica permanente, contínua, conforme o texto muito propria-
mente coloca.
Coordenadora: Edithe Martinha Perin (DEMEC/SC)
Relatora: Neusa Norma da Silveira (DEMEC/RS)
GRUPO V
- Como nos situarmos num contexto em que suas características estrutu-
raiso antagónicas à possibilidade de superação pela via da supervisão proposta,
aliado ao fato deo fazermos parte do mesmo?
- Houve um deslocamento da pressão social: da demanda por aumento de
vagas à demanda da melhoria da qualidade do ensino. O papel do técnico é o de "co-
brar" a qualidade em nome da sociedade ou, ao contrário, acomodar as situações
conforme os objetivoso explícitos do governo ou grupo político que está no poder?
- Como é possível a auto-avaliação em IES isoladas quando o pressuposto
para que aconteça é ampla participação e democracia no seu processo, realidades
queoo próprias da maioria destas escolas?
- Que aliados os supervisoresm na luta contra os "donos de IES" para le-
var ao desgaste suas disposições?
- Seo existe a consciência do "como" fazer, estamos avalizando a in-
competência de certas instituições, problema mais agravado pela "fachada" de que o
MEC está preocupado e investindo nesta questão?
- Qual a viabilidade do técnico atuar politicamente no centro das contradi-
ções, tendo em vista os objetivoso explícitos do poder a quem deve também pres-
tar contas?
- Qual a dimensão real da nossa função tendo em vista a nossa formação e
experiência académica?
- Quaiso os nossos limites? Qual é a nossa competência técnica para
atuar na IES?
Relatora: Cláudia Mello (DEMEC/RS)
s sabemos que na trajetória da avaliação a maneira como a mesma tem
sido encarada tem variado ao longo do tempo. Hoje se faz uma critica muito severa
ao modo como ela veio sendo concebida e realizada a partir dos pressupostos da filo-
sofia e da ciência positivista.
Baseando-me em elementos que o professor Simon Schwartzmann apre-
senta em artigo
1
publicado no Boletim Dois Pontos, da SESu, n
9
s 37 e 38, discutirei,
inicialmente, algumas das características das duas formas como o processo avaliati-
vo tem sido proposto. Em seguida, farei uma análise dos paradigmas correntes de
avaliação, a partir dos elementos que lheo significado e direção.
Comparando metodologias de avaliação, o professor Schwartzmann classi-
fic£-as como quantitativas e qualitativas. Os métodos quantitativos propõem e permi-
tem a comparação sistemática de qualidades transformadas em escalas e mensu-
rações. Assim,o objetivos de mensuração tanto aspectos objetivos quanto subjeti-
vos. Entre os primeiros poderiam ser incluídos todos os que se ajustam ou permitem a
quantificação direta - como número de alunos, vagas oferecidas, vagas preenchidas,
etc. Os aspectos subjetivos requerem a construção de escalas que permitam uma
mensuração posterior, supondo uma preocupação maior com instrumentos e uma
maior elaboração e refinamento técnico. Como exemplo de elementos subjetivos que
podem ser objetos de mensuração o autor refere o grau de satisfação/insatisfação
dos alunos em relação aos cursos. Este tipo de método nos garante que os dados,
uma vez coletados e organizados, facilitem o trabalho de comparação sistemática e
de análises das relações causa/efeitos. A metodologia quantitativa, no entanto, limita
muitas vezes o escopo da avaliação. Nem todos os dados que queremos coletaro
passíveis de quantificação e, assim,o chegamos a conhecê-los ou a deles nos
apropriar por um impeditivo metodológico.
Esta característica limitadora do método é uma das maiores críticas que a
* Professora Assistente da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
1
Simon Schwartzmann. Funções e metodologias de avaliação do ensino superior.
ANÁLISE DOS PARADIGMAS
DA AVALIAÇÃO
Maria Isabel Edelweiss Bujes *
ele se faz já que, em grande parte dos casos, o uso exclusivo da mensuração tem
impedido que se possa ampliar realmente o nosso conhecimento da realidade sob
estudo.o se pode inferir a qualidade de um determinado objeto que está sendo
avaliado, quando utilizamos apenas indicadores quantitativos.
Os métodos qualitativos, por outro lado, definem-se pela sua característica
de análise e descrição de um determinado objeto e pela formulação de recomenda-
ções. Sua maior disseminação, neste momento, é resultado de toda uma tradição de
quantificação queo produziu resultados notórios de transformação de nossas reali-
dades educacionais. Segundo o autor já referido, a resistência às metodologias quan-
titativas na área da educação se faz como resultado de experiências negativas pela
o produção de resultados ou a falta de conclusões de maior significação dos estu-
dos avaliativos (de caráter quantitativo) levados a efeito na área.
É possível lidar, quando se trata de uma avaliação de caráter qualitativo,
com uma grande riqueza de informações, o que é impossível quando as mesmas de-
vem ajustar-se a escalas ou formulários previamente elaborados. Mas Schwartzmann
adverte para o perigo de que os dados assim coletados possam se perder "na ausên-
cia de critérios e padrões externos de referência (risco de refletirem apenas pré-con-
cepções iniciais dos avaliadores)".
2
Dando sequência a esta exposição, trouxe para vocês, em duas lâminas
que vou projetar, uma comparação entre os dois paradigmas de avaliação que hoje se
apresentam como dominantes
3
. Eles correspondem, de forma mais ou menos genéri-
ca, à classificação e caracterização anterior feita por Schwartzmann. No entanto, ve-
remos que as metodologias apresentadas anteriormenteo se ajustam simetrica-
mente aos paradigmas dominantes. É preciso atentar para o perigo ou tentação de
negar a mensuração como parte necessária e desejável em alguns processos de
avaliação.
LÂMINA 1
Avaliação: o paradigma positivista
. Preocupação: grau de alcance dos objetivos previamente estabelecidos
. Ênfase nos produtos
. Visão da educação como processo tecnológico
. Permanência e estabilidade do currículo
. Busca e crença na objetividade
. Procedimento: método hipotético-dedutivo
. Estrito controle das variáveis intervenientes
. Falta de preocupação com a relevância e significação dos dados
. Tendência a ignorar: diferenças individuais, o singular, os efeitos a longo
prazo, o incerto
. Utilização dos dados: apoio à planificação prévia e externa do processo de
ensino
. Tendência: enfoque burocrático da ação de avaliar
LÂMINA 2
'aliação: o paradigma alternativo
2 Simon Schwartzmann - op. ciL pág. 8
3 Vide J. Gimeno-Sacristán. Modelos contemporâneos de evaluación - in la ensefianza; su teoria y
práctica. Madrid, AKAL, 1985
. Avaliaro se restringe a comparar resultados com objetivos
. Ênfase: dos produtos - aos processos
. Empreendimentos humanos intencionais: sujeitos a limitações e erros
. Posição do avaliadoro é neutra
. Objetividade na ciência e na avaliação sempre relativa
. Avaliação deve responder a questões de justificação
. Escola e professores ensinam mais do que aquilo a que se propõem
. Avaliaçãoo pode ater-se ao manifesto. Significação dos efeitos secun-
dários ou a longo prazo
. Exigências metodológicaso podem restringir o campo dos produtos da
aprendizagem
. Tentativa de capturar o singular, o particular de uma situação
. Incorporação da orientação e pressupostos da metodologia etnográfica
.o rechaça dados quantitativos
.o se adequa a "designs" previamente estruturados
O Paradigma Positivista
Este paradigma demonstra a preocupação dos avaliadores com o alcance
de objetivos previamente estabelecidos. Possuímos pressupostos a respeito de como
se comporta determinada realidade. Tendo em vista os resultados que, supomos, se
produzirão nesta realidade, selecionamos os indicadores que definirão o alcance ou
o dos objetivos pretendidos. A avaliação será então a comparação sistemática en-
tre resultados e objetivos estabelecidos com bastante rigor. Neste caso, se estamos
falando de resultados interessam-nos mais os produtos que os processos. A ênfase
deste paradigma está evidentemente na característica de produto. Desejamos saber
como o produto responde, em termos de rendimento, ao parâmetro previamente esta-
belecido.
Assim, à perspectiva positivista de avaliação, ajusta-se uma visão de edu-
cação e ensino como processos tecnológicos. Reduz-se ambos ao seu aspecto ins-
trumental e mecânico, caracterizando-os como neutros, numa visão ingénua da vida
social. Associa-se a este paradigma a orientação de que o ensino é processo que po-
de ser decomposto em suas mínimas operações e, a partir de uma análise, controlado
para produzir resultados desejáveis de aprendizagem nos alunos, que podem ser de-
tectados pelos comportamentos observáveis dos mesmos.
Para que se possa fazer uma avaliação dessa natureza, precisamos de uma
certa estabilidade no currículo, isto é, a proposta curricular, com suas ofertas de disci-
plinas e determinadas experiências, necessita ser mantida para que seus resultados
possam ser avaliados e comparados a outros em diferentes momentos. Prevê-se que
o exame desses elementos sistematicamente estudados permita a generalização.
Como se pode depreender, o paradigma positivista assenta-se num pressu-
posto de que a realidade é relativamente estável e de que as mudanças podem ser
induzidas e controladas em sua maior extensão.
Outro aspecto que caracteriza esse paradigma é o da crença e busca de
objetividade, servindo a instrumentação da avaliação a este propósito. Acredita-se
que é possível alcançar esta característica se dispusermos de instrumentos cuidado-
samente elaborados e os submetermos a rigorosos testes de controle e análise esta-
tística. Isso tem levado a que o aspecto metodológico da avaliação sobrepuje todos
os demais.
Os processos de avaliação, nesse paradigma,m uma orientação hípotéti-
co-dedutiva. Trabalha-se numa perspectiva que supõe a verificação experimental de
hipóteses, a quantificação dos dados e o tratamento estatístico dos mesmos, dentro
de um modelo da ciência experimental. E é nesse sentido também que se procede ao
controle estrito das variáveis intervenientes. A preocupação em alcançar objetivos
previamente estabelecidos indica a necessidade de que no processo de ensino se-
jam controlados os fatores que nele intervêm, impedindo a influência de alguns, mani-
pulando outros para queo se escape dos efeitos previamente considerados como
desejáveis. Nesta tarefa de controle temos a tendência a ignorar os aspectos singula-
res de cada situação, desconhecendo os efeitos secundários pela preocupação es-
trita em alcançar resultados previstos. Assim, escapa-nos, muitas vezes, o mais sig-
nificativo pelo desprezo do singular, ao incerto, aos efeitoso desejados ou a longo
prazo.
Nesta perspectiva vemos a avaliação como apoio à planificação prévia e
externa do processo ensino-aprendizagem. Temos a crença na possibilidade de defi-
nir e controlar todas as etapas deste processo servindo a avaliação a este propósito.
A desconsideração por dados provenientes de outras fontes queo aquelas toma-
das como desejáveis pelos planejadores educacionais, a crença na neutralidade tec-
nológica levam a uma tendência burocrática na ação de avaliar. O processo de coleta,
interpretação da informação e disseminação dos resultados limita-se a um grupo de-
terminado,o permitindo seu controle democrático eo visando os interesses e
necessidades do grupo que participa do programa.
O Paradigma Alternativo
A partir dos anos 60, nas realidades americana e inglesa principalmente, há
uma crítica intensa ao paradigma positivista de avaliação que é baseado no modelo
das ciências naturais. Nos meios educacionais começa-se a fazer restrições a esta
forma de avaliar e à concepção a qual se filia. Surgem algumas experiências nas rea-
lidades acima referidas que, ao questionar o modo corrente de conceber os proces-
sos avaliativos, passam a refletir uma nova perspectiva, numa revisão radical de seus
pressupostos filosóficos e científicos.
O que caracteriza este novo paradigma que vem aos poucos ampliando o
escopo da avaliação e impondo-se nos contextos educacionais ainda que em muitos
deles apenas ao nível da discussão?
A primeira ideia é a de que avaliaro se restringe a comparar resultados
com objetivos. A ação humana éo ampla, o comportamento dos indivíduoso
complexo queo podemos ter a pretensão de, a priori, determinarmos o amplo leque
de possíveis resultados numa ação intencional como a de ensinar. Por outro lado, ao
reduzirmos a uns poucos indicadores quantitativos resultados de sofisticados pro-
cessos internos de aprendizagem muito provavelmente acabamos dando ênfase a
aspectos secundários, nem sempre detectando o que é significativo no processo.
Associada à discussão anterior está a do deslocamento da ênfase da ava-
liação.
No paradigma, ora em discussão, passa-se a enfatizar os processos eo
apenas os produtos, procurando reverter a tendência até então dominante de restrin-
gir a avaliação ao seu aspecto de medida de rendimento. Assim, este processo passa
a possibilitar que se considerem os propósitos e os interesses do grupo envolvido na
experiência avaliativa.
Outro aspecto a ser considerado é o de que os empreendimentos humanos
estão sujeitos a limitações, erros, desvios,o podendo ser previamente definidos em
todos os seus passos, etapas, resultados.
Nesta perspectiva o avaliadoro é neutro. Sem desconhecer a carga de
informações, de intenções e preferências que traz para o processo, ao dele participar,
deve estar ciente de que tanto a avaliação quanto a ciência alcançam uma objetivida-
de relativa.
Este paradigma alternativo caracteriza-se por uma redução do dogmatismo
metodológico, por uma tendência ao controle democrático - exercido por aqueles que
dele participam - e por responder a questões de justificação. Interessa em relação-a
este último aspecto saber de que forma e com que propósito será utilizado o conhe-
cimento resultante do processo.
Nesta concepção considera-se que a avaliaçãoo pode ater-se ao mani-
festo. Existem efeitos secundários ou a longo prazo sobre os quaiso temos clare-
za. Muitas vezes os comportamentos que observamoso "indicadores simbólicos
de procesos muito complexos queo podem ser deduzidos a partir dessas mani-
festações externas"
4
. Da mesma forma,o podemos pretender que a influência
exercida pelo processo de ensino aja sempre na mesma direção e com resultados
simultâneos, semelhantes, imediatos para todos os alunos. Na relação entre o profes-
sor e os alunos bem como nas interações que seo no ambiente escolar ocorre
uma série de aprendizagens, nem sempre claramente intencionadas pelo professor, e
que correspondem às intenções do modelo social - é o que se convencionou chamar
de currículo oculto.
As exigências metodológicas do modelo positivista restringiram o campo dos
produtos da aprendizagem. Neste paradigmao se pretende limitar a compreensão
do fenómeno sob avaliação restringindo-c em áreas ou domínios. A exigência de
quantificar os objetos, na tentativa de mensurá-lo, da tendência positivista, vê-se
substituída pela busca de uma compreensão abrangente do objeto.
Ao tentar capturar o singular, o particular de uma situação, temos como ob-
jetivo percebê-la e avaliá-la em sua totalidade. Neste sentido precisamos utilizar um
outro tipo de instrumentação para a avaliação. O processo se aproxima e utiliza a
orientação e os pressupostos de metodologia etnográfica. Para tanto, os instrumentos
mais utilizados são: questionários, entrevistas, observações, exame de documentos,
etc.
Este paradigmao nega a importância dos dados quantitativos maso se
restringe aos mesmos. Utiliza-os no intuito de compreender de forma mais abrangente
o fenómeno sob análise.
o podemos, por tudo o que foi anteriormente analisado, estruturar todos
os passos do processo neste tipo de avaliação. O mesmoo se presta a "designs"
previamente estruturados. A realidade acaba por impor determinadas direções ou in-
terferências ao processo, o que requer seu exame permanente no sentido de ade-
quá-lo aos reclamos das situações, sem desconhecer, no entanto, seus propósitos
e intenções.
4 Cf. J. Gimeno-Sacristán. Op. cil pág. 412.
LÂMINA 3
Da generalização estatística ao idiossincrático
Da operacionalização das variáveis à consideração da totalidade
Do controle artificial das variáveis à observação aberta e flexível
Do permanente/estável à sensibilidade para a mudança
Com esta lâmina encerramos nosso exame dos paradigmas de avaliação,
procurando estabelecer um paralelo entre eles.
No 1º paradigma o que interessa é a possibilidade de generalização. No ou-
tro extremo, o que se pretende é ver a realidade no seu aspecto idiossincrático, no
seu aspecto único, no sentido de compreendê-la para que o processo de transforma-
ção ocorra.
Temos na versão positivista o isolamento e a operacionalização das variá-
veis, controlando as influências através de processos artificiais. Caminhamos, no pa-
radigma alternativo, em direção a um processo de observações aberta e flexível.
Interessa ao paradigma positivista a compreensão da realidade como har-
mónica e estática, valorizando-se os aspectos de permanência e estabilidade. No pa-
radigma oposto, vemos a realidade em sua permanente construção, seu permanente
movimento, sua permanente contraditoriedade.
Pelo que se pode perceber, a avaliação de cunho positivista relaciona-se
com uma concepção funcionalista de sociedade, ajustando-se a uma teoria compor-
tamentalista de aprendizagem e a um modelo mecanicista de produção do conheci-
mento. Já a perspectiva que se desenha no paradigma alternativo é a de compromis-
so com a democratização do processo de avaliação, podendo-se perceber sua rela-
ção com um projeto polftico-pedagógico comprometido com um maior controle demo-
crático da educação e da aprendizagem. Serve, sem dúvida, à construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Vou voltar a trazer para vocês aquela ideia de ontem, que é a ideia presente
num livro do Pedro Demo, chamado "Avaliação Qualitativa", em que, na Introdução, o
Prof. Moacyr Gadotti diz o seguinte: "O processo de avaliaçãoo diz respeito ape-
nas ao ensino e nem pode ser reduzido apenas a técnicas. Fazendo parte da perma-
nente reflexão sobre a atividade humana, a avaliação constitui-se num processo in-
tencional, auxiliado por diversas ciências e que se aplica a qualquer prática. Pode-se
constituir num exercício autoritário do poder de julgar ou, ao contrario, num processo e
num projeto em que avaliador e avaliado buscam e sofrem uma mudança qualitativa".
Acho que fica bastante claro, a partir do exame dos dois paradigmas, que
s temos dois opostos em termos de avaliação. Um paradigma que está preocupado
com aspectos de uma realidade que se vê estática, que se vê harmónica, que se vê
em equilíbrio, e temos, no outro extremo, uma outra visão de mundo, uma outra visão
de realidade. E para istos podemos pensar que a avaliação pode servir para con-
servar esta realidade, que é pretensamente estável e pretensamente equilibrada, mas
também podemos pensar noutro tipo de avaliação que pretenda capturar essa outra
realidade, que se vê em tensão, que se vê em desequilíbrio, que se vê em contradi-
ção, que se vê em desarmonia, no sentido de transformá-la.
O Prof. Pedro Demo, no mesmo livro que eu citei, V valiação Qualitativa",
diz o seguinte:
LÂMINA 4
'O que está em jogo na avaliação qualitativa é principalmente a qualidade po-
lítica, ou seja, a arte da comunidade de se autogerir, a cnatividade cultural que de-
monstra em sua história e espera para o futuro, a capacidade de inventar seu espaço
próprio, forjando sua autodefinição, sua autodeterminação, sua autopromoção dentro
de condicionamentos objetivos".
Pedro Demo
Então, se pensarmos naquela proposta que está implícita no texto de ontem,
que seria a de que a avaliação institucional se constituísse numa proposta de partici-
pação, vamos ver que iremos nos inclinar mais para o segundo dos paradigmas. Na
nossa ação enquanto supervisores, naquelas realidades em que trabalhamos, temos
que imprimir a este processo esta qualidade política, esta-qualidade que tem como ho-
rizonte estas possibilidades que o Demo aponta, da comunidade se auto-definir, se
auto-determinar, se auto-promover.
Eu havia previsto para hoje, no período da tarde, fazer o fechamento trazen-
do duas experiências com as quais eu convivi de maneirao muito próxima mas que
o as realidades nas quais eu trabalho, queo as caminhadas que tanto a Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul como a PUC do Rio Grande do Sul estão fazen-
do em direção à avaliação. Euo diria queo experiências de avaliação. Gostaria
de tentar mostrar como é que estas duas universidades estão trabalhando na monta-
gem de seu processo em direção à avaliação.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em sua Pró-Reitoria de Gra-
duação, tem um Departamento de Estudos e Pesquisas de Ensino de Graduação -
DEPEG. Este Departamento possui um Programa de Melhoria do Ensino de Gradua-
ção. Este Programa organizou um Seminário sobre o Ensino de Graduação. Vamos
ver qual foi a caminhada que se fez lá na Universidade Federal em relação a este
processo.
Para que se realizasse esse Seminário, que ocorreu em novembro de 1987,
foram desenvolvidas algumas atividades preparatórias. O DEPEG enviou às diferen-
tes Unidades uma solicitação de que cada unidade fizesse uma reflexão sobre o en-
sino de graduação, que identificasse problemas, necessidades e expectativas e apre-
sentasse sugestões de temas para estudo. Este foi o primeiro movimento - foi a ten-
tativa de trazer as unidades para esta proposta. As diferentes unidades manifestaram-
se (algumas deixaram de fazê-lo, naturalmente) a respeito de quais os problemas, ne-
cessidades, expectativas que tinham em relação ao ensino de graduação e apresen-
taram sugestões de temas para estudo.
Vou apresentar para vocês quais foram os temas que o pessoal que organi-
zou esse primeiro seminário identificou e passou a discutir. Foram 9 temas discutidos
a partir dessa solicitação às Unidades. O primeiro tema era o seguinte: "Identidade da
universidade dos cursos de graduação - o que temos é o que desejamos?".
O segundo tema é um tema bastante interessante: "Universidade e Comuni-
dade. As paredes da UFRGSo porosas?" Como é que se estabelece a relação da
Universidade com a sua comunidade e da comunidade com a sua Universidade?
O terceiro tema: "Mudanças necessárias na estrutura da UFRGS. Como fa-
zê-las?" Acho que esta é uma tentativa interessante, na esperança de Dropor solu-
ções criativas para mudanças necessárias e desejáveis mas até agorao efetivadas.
Quarto: "Infraestrutura - do conhecido ao desejado. Como transformar pro-
blemas em recursos?"
O quinto tema: "Avaliação - conhecer para quê?" Vamos avaliar, vamos co-
nhecer. Qual o destino, no entanto, que se dará aos resultados? É a temática que
vem se repetindo neste Encontro. Avaliar supõe o quê, tendo em vista que o acompa-
nhamento ao processo e aos seus produtos supõe algum tipo de decisão ou interven-
ção?
"Currículo - adianta mudar? Ele é o maior responsável pela qualidade do en-
sino que temos?" Aqui fica bem expressa a nossa preocupação de fazer uma mudan-
ça curricular quando existe uma série - outros elementos queo os responsáveis
pelas dificuldades eo apenas o currículo.
'Todo o professor sabe o que ensina, por que ensina e para quem ensina?"
Foi outra temática discutida.
"O aluno universitário - da acomodação à impaciência criativa". Supondo-se
que se possa transitar na direção da impaciência criativa, quais seriam os meios para
instaurá-la ou recuperá-la?
E o nono tema: "Por uma política de disciplinamento dos problemas acadé-
micos".
A partir do levantamento inicial na Universidade foi possível detectar interes-
se por esses nove temas.
Levantados os temas de interesse da comunidade académica, foram consti-
tuídos nove grupos de discussão; esses grupos centravam-se cada um no seu tema
sintetizando as suas discussões e organizando as suas propostas para levar ao se-
minário que seria realizado mais tarde. Acompanhando este processo, nos tivemos,
para os grupos e para uma parte da comunidade académica, alguns encontros com
estes três educadores: o Prof. Marco Masetto, o Prof. Paulo Freire e o Prof. Walter
Garcia, que foram à Universidade e fizeram uma discussão a respeito da temática da
melhoria do ensino.
Tivemos, depois, na etapa 3, um pré-seminário - debates com representan-
tes da comunidade sobre o ensino de graduação e o planejamento do seminário, que
ficou ao encargo de alguns representantes dos grupos e do Departamento. Depois fo-
ram realizadas as atividades propriamente ditas de seminário: um painel que se cha-
mou de "Alternativas para um ensino de mais qualidade"; uma mesa redonda "A qua-
lidade do ensino de graduação na UFRGS", aí já referido à própria Universidade; a
apresentação dos trabalhos de grupo, daquele trabalho preparado pelos diferentes
grupos dentro das temáticas previamente definidas; apresentação de trabalhos indivi-
duais ou pessoas que se inscreveram para apresentação nesse Seminário - houve
89 apresentações de trabalho. A participação foi em torno de 790 pessoas. Ele foi
realizado no Campus Médico, no Campus Central e no Campus do Vale. Tivemos,
também, as conclusões e os encaminhamentos ao final do Seminário.
Como atividade de avaliação foram elaborados os relatórios das atividades
da comissão de cada campus, organizado um texto preliminar para o relatório final e
elaborado um documento síntese.
Gostaria de ler para vocês o início desse documento síntese, que diz o se-
guinte: "Os participantes do Primeiro Seminário sobre Ensino de Graduação na
UFRGS reconhecem a necessidade de tornar explícita uma filosofia de educação pa-
ra a Universidade através de um marco referencial que se faça presente na política de
ensino, na valorização dos recursos humanos e nos currículos e propõem: 1
9
a for-
mulação de um projeto de desenvolvimento académico que sirva como parâmetro pa-
ra avaliação de desempenho na UFRGS, com vistas a uma busca permanente de
qualidade e que contemple as seguintes orientações".
Trouxe este material porque o Seminário referidoo é propriamente uma
experiência de avaliação, mas ele é um momento em que a Universidade se volta pa-
ra si mesma e percebe duas coisas: primeiro, que precisa ter o seu projeto pedagógi-
co, que necessita explicitar a sua filosofia de educação e ter o ser marco referencial.
Ela precisa balizar as suas ações dentro do que é percebido na comunidade univer-
sitária como a sua identidade, a razão de ser de sua existência. E a partir dessa ex-
plicitação surge como necessária uma proposta de avaliação.s precisamos refletir
e criar o nosso marco referencial, o nosso projeto pedagógico como parâmetros para
que se faça uma avaliação do desempenho da Universidade.
Esta sequência de etapas foi começada no início de 1987 e o primeiro semi-
nário foi realizado em novembro do mesmo ano. Os grupos estão se preparando e o
segundo seminário deve estar ocorrendo agora.
A participação no projeto foi espontânea. Essas 790 pessoas participaram a
partir de sua vontade, de seu interesse, de seu engajamento. Quem esteve presente
o fez por uma opção em acompanhar este tipo de trabalho, acreditando que seria pro-
dutivo e teria efeitos importantes para a Universidade.
Vou ler, para dar um exemplo a vocês, alguns dos temas que foram traba-
lhados nesse Seminário: "Uma proposta de restruturação da UFRGS" - foi apresen-
tada pelos Diretores do Direito e da Engenharia.
Tivemos "Dois projetos para a melhoria do ensino", apresentados por uma
professora de Genética; "A universidade e o investimento em sistema de aprendiza-
gem à distância", por uma professora da Educação; "O ensino de Cálculo no curso de
Economia", por um professor de Matemática. Houve apresentações de professores
da Arquitetura, Medicina, Engenharia, Direito; tivemos alunos apresentando trabalhos;
bem como produções da Biblioteca Central, das Ciências Administrativas, da Bioquí-
mica, das Ciências Sociais, do CPD, da Educação, da Biblioteconomia - pratica-
mente de todas as unidades.
Trouxe também para vocês uma experiência que está sendo desenvolvida
pela PUC do Rio Grande do Sul. A PUC do Rio Grande do Sul tem, na sua Pró-Reito-
ria de Graduação, um setor que se chama Setor Didático-Pedagógico.
O Setor Didático-Pedagógico, que eu passarei a chamar de SEDIPE, por in-
cumbência da Pró-Reitoria de Graduação, também está trabalhando em projetos de
avaliação da melhoria da qualidade do ensino - a ideia de melhoria da qualidade do
ensino, enquanto um compromisso da comunidade académica. O objetivo desse tra-
balho é desencadear um processo de avaliação da qualidade do ensino dos cursos da
PUC a partir de indicadores propostos e selecionados pela comunidade universitária.
Vocêso ver que temos duas experiências bem diferenciadas. Enquanto na outra
s partimos de uma perspectiva de tentar abranger a totalidade dos problemas, quer
dizer levantar uma série de focos e depois nos debruçarmos sobre os escolhidos,s
temos aqui já uma definição prévia de uma direção na qual vai se fazer a avaliação -
a avaliação da qualidade do ensino, a partir de indicadores propostos e selecionados
pela comunidade universitária.
Temos como propósitos a determinação do potencial da Instituição, o diag-
nóstico de problemas e a informação para a tomada de decisões.o condições para
o êxito, na visão do pessoal do Setor, a necessidade de implantação gradual, de ade-
o voluntária - a mesma ideia que está presente lá no projeto da Universidade Fede-
ral - de transparência. Este projeto será elaborado em conjunto com as unidades, os
dadoso ser trabalhados conjuntamente pelas unidades e pelo pessoal do Setor.
Tem-se como preocupação que o mesmo se caracterize por isenção de premiação ou
punição e critérios legítimos, critérios que emanem do grupo que está interessado
nesta proposta.
Um dos aspectos cjue se prevê seria a incorporação do processo de avalia-
ção à rotina da instituição. E aquela ideia de que a avaliação, a partir dessa situa-
ção, se torne rotineira na vida da PUC. Outro objetivo que se pretende, a partir desse
projeto de avaliação, é a explicitação do projeto pedagógico da Universidade. Vocês
o ver que a ideia, tanto numa como noutra, é de que a avaliação serve para a expli-
citação de rumos. Vai se avaliar com o propósito de que todo o processo tenha como
resultado, tenha como inlluència, um comprometimento da unidade em realmente ata-
car aqueles pontos detectados como pontos frágeis. Outro aspecto que se espera
como resultado é que se façam as mudanças e as transformações necessárias e
também o desenvolvimento do ensino e da pesquisa.
O trabalho está previsto para ser desenvolvido em três etapas. Primeiro, a
etapa de sensibilização. Nessa fase o foco centraliza-se na avaliação da aprendiza-
gem na perspectiva de professores e alunos da Universidade. No ano passado, no
segundo semestre, foi realizada uma pesquisa em todas as unidades da universioade
- uma pesquisa que abrangeu uma amostra reduzida. Foi feita com nove alunos de
cada unidade e três professores, buscando-se identificar quais os pontos frágeis da
avaliação, quais as formas de avaliação da aprendizagem que eles sentiam como
mais significativas para eles. Este levantamento foi feito através de três questões
abertas para professores e alunos. O material foi trabalhado, os dados foram coleta-
dos e analisados e houve uma divulgação dos resultados, primeiro numa sessão com
Reitoria e diretores de unidades e, depois, às unidades.o houve nada nestes re-
sultados que fugisse daquilo que genericamente se sabe: que a avaliação que se rea-
liza na PUC dá extremo poder ao professor, de que a avaliação é sempre uma avalia-
ção de produto, de que o aluno sente que a avaliação tem muito pouco a ver com o
ensino que é realizado e assim por diante. Houve a confirmação de que a avaliação
que se realizava dentro da universidadeo diferia daquela que se tem criticado por
.so éramos diferentes;o se realizava uma avaliação de melhor qualidade.
A partir desse conhecimento, se pensou em fazer um projeto que tentasse
perceber como é que professores, alunos, chefes de departamentos, diretores de uni-
dades viam a questão da qualidade do ensino. O que seria para esses diferentes
segmentos um ensino de qualidade? Esta constitui-se na segunda fase. Qual é o en-
tendimento da questão da qualidade? Eu acho que af está uma coisa fundamental
porques temos referido a qualidade à questão metodológica - bom ensino é aquele
em que o professor domina o conhecimento, sabe trabalhá-lo, isto é, sabe como fazer
o trabalho didático em relação a este saber que detém. Na realidade, a gente pensa
na qualidade do ensino num escopo muito mais amplo. Qualidade do ensinoo se
restringe apenas a isto e o compromisso da universidade com a qualidade do ens«nn
o está apenas em prover as condições para que em sala de aula o professor faça
um bom trabalho com seus alunos em termos da pura e mera transmissão de um de-
terminado saber. Qualidade do ensino é algo muito mais complexo. Então se está
pretendendo acompanhar, via essa experiência, qual é o entendimento da PUC -
professores, alunos, chefes de departamentos, diretores de unidades - em termos do
que seja qualidade do ensino.s só podemos pensar na melhoria da qualidade de
alguma coisa quando sabemos o que é essa coisa. Este trabaho vai ter essa mesma
característica que já se colocou anteriormente - as unidades que desejarem tomarão
parte do projeto. Foi apresentada a todas as Unidades a proposta de levantamento
dos indicadores; este levantamento de indicadores vai ser feito junto a elas, os dados
o ser trabalhados por seus integrantes. A unidade que se propuser a fazer o traba-
lho vai realizar a coleta de dados com todos os segmentos envolvidos no processo
académico; este material vai ser analisado e devolvido à unidade, no sentido de ser
discutido com o pessoal, e depois que se tiver esta etapa feita em várias Unidades
o se levantar os indicadores de qualidade de ensino de graduação na PUC do Rio
Grande do Sul.
Na terceira fase, a partir do levantamento dos indicadores pretende-se fazer
a avaliação da qualidade do ensino segundo os indicadores levantados na própria
comunidade em toda a Universidade.
O que eu queria trazer para vocês neste momento é isto.
Depois do intervalo faremos um debate para o encaminhamento do trabalho
de grupo.
(Texto transcrito de gravação, revisado pela Conferencista)
Participante - Acho que existe um problema muito sério, que tendemos a ignorar e a
deixar de lado, quando pensamos na nossa atividade de supervisor e ela grita muito
mais fortemente quando essa atividade está sendo encarada do ponto de vista da
avaliação. Então, pensando primeiro em supervisão, e a expressão até apareceu
no texto que nos foi entregue ontem no trabalho de grupo, é nos dito repetidamente o
seguinte: nós, como supervisores pertencentes aos guadros do MEC, devemos
abandonar uma visão fiscalizatória, punitiva, etc, em beneffcio de uma perspectiva de
colaboração. Isto a respeito da supervisão em geral e na avaliação isso tomará de-
terminados aspectos particulares. Acontece que, para mim, é extremamente proble-
mático. Penso que,o só para mim mas para uma grande quantidade de pessoas
quem lucidez acerca disso, o trabalho em colaboração tem uma premissa que é a
premissa das finalidades comuns, que é a premissa dos objetivos convergentes e
quando se discute a supervisão e a avaliação se tende a esquecer que os objetivos
das instituições de ensino com as quais trabalhamoso podem, por definição, ser
idênticos aos nossos objetivos. Vamos pensar o seguinte: nós, o que é que somos?
Somos agentes do Ministério da Educação. Portanto, somos agentes do Poder Públi-
co e, como agentes do Poder Público, somos representantes do interesse social.
Portanto, encaramos, em função dessa nossa qualidade de agentes do Poder Públi-
co, a educação do ponto de vista da sua função social, do ponto de vista da sua qua-
lidade. Qualidade é outro problema, também, que precisa ser examinado. Mas, nesse
nível inicial, estamos preocupados com a qualidade dessa atividade, com esse servi-
ço do qual a sociedade depende de maneira fundamental. Acontece que as institui-
ções com as quaiss trabalhamosoo instituições de ensino existente soltas
no ar, abstratamente. Elaso empresas, se organizam em função de uma rentabili-
dade.o estou fazendo aqui apologia contra o ensino privado;'não tenho esse obje-
tivo; insisto num aspecto que tem que ser consciente e refletido para queo tenha-
mos um discurso vazio, falando em colaboração, em qualidade e esquecendo que a
premissa do nosso trabalho é esta, os nossos objetivos de funcionários do Ministério
DEBATE
da Educação, defensores dos interesses sociais,o outros. Os objetivos dessas
instituições organizadas como empresaso outros que levam a problemas serfssi^
mos que qualquer avaliação tem que pensar em primeiro lugar, por exemplo: será que
essas instituições, com as quais trabalhamos, de fatoo instituições de ensino su-
perior? Será queo instituições de caráter académico? Ou será queo passam de
imensos colégios montados de maneira precária, empregando uma mão-de-obra ex-
plorada e desqualificada em regime de trabalho queo se permite que se fale sequer
em qualidade? É essa questão que gostaria de colocar a respeito tanto da supervisão
quanto da avaliação.
Participante - Endosso o parecer da nossa colega. Gostaria de deixar aqui para o
plenário alguma coisa para se pensar nos trabalhos de grupo. Primeiro: a avaliação
nasceu com o próprio universo. As realidades sócio-econômicas se avaliam sistema-
ticamente. Todo o aspecto qualitativo está impregnado microscopicamente de fatores
quantitativos. Eu vinha batendo um papo com uma colega, num taxi, es pudemos
ver a diferença que tem entre um lamborguini e um volkswagen, entre uma obra feita
por um artesão em seis horas e outra feita em um ano, que a qualidade tem fatores
quantitativos. O tempo é um fator quantitativo.o podemos abriro desse fator.
Isto é só uma ideia. Gostaria de perguntar à Professora se falou em desejado. Gosta-
ria de saber quem deseja e se o subjetivismo de quem deseja é levado em considera-
ção, porque qualidade é uma coisa muito subjetiva. Gostaria de saber se esse dese-
jado leva em consideração o desejo da sociedade ou de alguns setores dela, do mer-
cado de trabalho ou de alguns setores de ponta desse mercado, do sistema sócio-po-
lítico-econômico no qual estamos inseridos. Outra coisa: sobre a posição da universi-
dade. Ela é satélite do sistema social ou é centro do sistema social? Matematica-
mente ela seria uma função da sociedade ou a sociedade é a função da universidade?
Outra coisa também queo concordo: acho que paradigmas rígidosoo solu-
ções para nada. Quero esclarecer dentro da minha função de economista e com a
experiência que tive de Ministério de Planejamento. Quero dizer a vocês: avaliação
o é coisa nova. Também tenho a minha visão pedagógica e, infelizmente, o peda-
gogo vê muito pouco para os lados. Ele enxerga muito num sentido, infelizmente. A
empresa sempre avaliou e os psicólogos que o digam, principalmente aqueles que
trabalham em empresa. A avaliação é um processo permanente na empresa porque
depende de mercado. Estamos inseridos num contexto sócio-polftico-econômico e
o podemos sair dele,o temos jeito de sair dele. Filosofar, vocêso me descul-
par, é bobagem. Temos que olhar realidade e pé no chão. A realidade é esta.
Participante - Queria fazer uma observação ao que a Sônia disse. Concordo quase
inteiramente com tudo o que ela falou mas houve uma certa universalização.o sei
ses podemos dizer que todas as instituições particulares de ensino superioro
realmente só empresas. Conheço umas poucas quem o desejo ardente e mostram
todo o interesse na melhoria da formação de seus profissionais.o poucas, muito
poucas, mas existem. Se se organizam como empresas é porque, no momento,o
m outra condição de se organizarem. Vivem, evidentemente, das anuidades. Mas,
acho que todo o discurso universalizante acaba caindo num campo ideológico, tipo
aquilo que a Maria Helena Chauí muitas vezes tem nos apontado. Concordo muito com o»
pensamento da Sônia. A avaliaçãoo pode ser um elemento de substituição da su-
pervisão. A supervisão vai utilizar, como um dos elementos, a avaliação maso vai
ser substituída pela avaliação.
Participante - Euo estava pensando em casos concretos, inclusive porque se
pensasse em casos concretoso poderia afirmar de maneira que foi dita genérica.
Sou professora de uma instituição particular, que é a PUC do Rio de Janeiro, que
considero da maior dignidade, que tem uma qualidade académica fora do comum em
confronto com qualquer universidade brasileira. Porém, apenas estava falando no pla-
no teórico. Estava me referindo a um modelo, a uma situação com que nos defronta-
mos e essa situação tem que levar em conta este dado de realidade, porque a reali-
dade é uma realidade de mercado. Independentemente de gostar ouo dela, temos
que levar em conta os dados da realidade para podermos nos situar em relação a
esta realidade, sem sermos mistificados por ela.
Neusa Silveira (DEMEC/RS) - Sem querer seguir na direção da discussão que está
sendo feita, gostaria de colocar à meditação do grupo que, em primeiro lugar, o tema
do Seminário é avaliação. Então, temos que começar pensando na nossa auto-ava-
liação,s - equipe de supervisão,s - grupo de técnicos de supervisão e, a
partir dos dois modelos apresentados, acho que tt.,ius que fazer um exame de cons-
ciência. Temos que refletir e ter a plena consciência do que aueremos. E aí passa por
várias coisas. Uma delas é a nossa formação pessoal. Só poderemos sair do para-
digma tradicional para entrarmos no paradigma mais avançado na medida em que ti-
vermos condições e nos dermos essas condições e é por isto que insisto no aspecto
de atualização, de especialização. Outro aspecto que tem chamado muito a atenção
durante o Seminário é com relação às diferenças regionais. O nosso Brasil é rico, é
diferente; as problemáticaso diferentes. Se encaminharmos a discussão numa di-
reção existem outras regiões que ficarão totalmente à margem dessa discussão por-
que os problemaso piores eo outros. Acho que temos que nos concentrar em
discutir primeiro nós, técnicos, em que medida estamos maduros para estimular as
nossas intituições a fazer esta avaliação e aí aproveitoo só o que foi colocado hoje
mas o que foi colocado pelo Prof. Neiva, que me marcou muito. Ele disse: "A avaliação
o é competência da DEMEC, a avaliação é institucional". Eleo completou e eu
completaria: a competência é da instituição mas estamos no processo também. Em
que medida, em que profundidade estaremos na instituição, estaremos estimulando
- isso af é que acho que é a maior discussão. Nós, no Rio Grande do Sul, discutimos
exatamente a nossa posição frente a essa avaliação. É nossa competência caminhar
junto? É nossa competência observar? Precisamos definir bem esse papel nosso
porque, a nível nacional, há uma consciência das universidades eo há das isoladas
de que elas devem se avaliar. As universidades já foram despertadas até pelo próprio
MEC, até de uma certa forma,o diria autoritária, mas impositiva, decisiva. Mas, se
as universidades conseguiram chegar nisso, as nossas isoladas precisam muito
mais. Nós, que trabalhamos numa realidade do interior do Rio Grande do Sul. verifi-
camos que as nossas faculdades estão num processo de autofagia, estão sem de-
manda, estão se destruindo endogenamente, como diz o nosso colega Jurandy.
Realmente, penso que nós, técnicos, temos uma responsabilidade diante da qualida-
de,o de promover a qualidade mas de zelar pela qualidade na medida em que so-
mos o olho do MEC dentro da instituição e percebemos quando as coisaso estão
bem. É por aí a nossa reflexão; nos avaliarmos em como poderíamos ajudar a institui-
ção a se avaliar e em que medida a nossa interferência vai refletir.
Cláudia Mello (DEMEC/RS) - Talvez eu coloque algumas coisas que algumas pes-
soas que me antecederam já falaram. De qualquer forma, acho importante frisar isto
porque, de certa forma, está se vendo uma certa confusão no encaminhamento das
nossas questões. Começamos a discutir algumas coisas, depois passamos para ou-
tras e, de certa forma, estamos um pouco perdidos. Gostaria de retomar alguma coisa
a respeito do que se propõe quando se avalia. O que se ouviu aqui é que avaliamos
alguma coisa porque queremos alcançar determinada coisa, porque temos em vista
algum resultado,o enquanto um resultado positivista, mas, enfim,s temos uma
finalidade a atingir. Tendo uma finalidade a atingir, temos que percorrer um certo ca-
minho para alcançar este fim. Neste caminho, vários fatoreso influir; um deles é a
realidade própria de cada região aqui representada, bem como a realidade de cada
IES em que se trabalha. Um segundo aspecto, nesse caminho, é a formação e o inte-
resse de cada supervisor naquele objetivo em que ele trabalha. Portanto, temos uma
realidade externa ao supervisor e uma realidade interna ao supervisor mas, de qual-
quer forma, busca-se um mesmo fim. Este fim, às vezes,o temos bem claro qual-
seja. O que vem a ser a qualidade do ensino? O que é que queremos das nossas ins-
tituições isoladas? Queremos que elas se transformem em mfni universidades ou que-
remos vê-las transformadas em escolas formadoras de pessoal especializado, mas
o dentro daquela preocupação com pesquisa e com ensino de altíssimo nfvel? A
minha preocução maior é a seguinte: precisamos definir os fins que estamos desejan-
do em termos de educação numa IES isolada. No momento em que definirmos esses
fins, esse para quê, sabe-se qual é o melhor caminho. Se no Rio a realidade interna e
externa aos supervisores é uma, se na Paraíba é outra e se no Rio Grande do Sul é
outra, isso será um problema de avaliação interna desses grupos, através de muita
discussão, inclusive através de discussões nacionais para troca de experiências. De
qualquer forma, quem vai encontrar o caminho serão os próprios supervisores.
Participante - Gostaria que vocês me permitissem ler um trecho do trabalho da Pro-
fa. Maria Isabel. Quero me refletir à brilhante conferencista de ontem à tarde e de hoje
de manhã. Realmente, foi um excelente trabalho o da Professora. Diz ela o seguinte:
"O momento atual na sociedade brasileira pode ser caracterizado como de crise ge-
neralizada. Nunca se teceram tantas críticas à falência das instituições, à falta de
confiança que o público e o privado inspiram à sociedade. O grau de credibilidade das
instituições jamais foio questionado. Isto pode ter um duplo significado: para os "a-
rautos do caos" pode representar um caminho sem volta até a "derrocada total"; no
entanto, a crise pode ser entendida como uma etapa necessária e intensamente signi-
ficativa no processo de tomada de consciência acerca de uma determinada realidade
e, ao mesmo tempo, momento privilegiado para sua reconstrução". Na verdade, o
sistema educacional no Brasil começa a emergir de uma crise de obscurantismo que
durou duas décadas e este "vir à tona" quero crer que resulta mais de um processo
de depuração natural do que mesmo de uma ação saneadora do MEC. Ouvimos, du-
rante esta semana, brilhantes conferencistas mas quase todos se colocaram em po-
sições um pouco extremadas. Uns, como a brilhante representante de Minas Gerais,
com muito otimismo, achando que o que passou passou: vamos à frente,o vale a
pena falar em aguas passadas. Outros, bastante pessimistas; entendendo queo se
deve esperar nem mesmo as terapêuticas que vem sendo aplicadas. Colocaria num
meio termo: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Isso resulta da minha experiência
pessoal no Ministério. Vou referir a algumas das minhas experiências e se aiguns dos
meus colegas já ouviram esse relato, que tenham um pouco de paciência. Em 1982,
fui designada para participar de uma Comissão de Inquérito promovida para apurar
graves irregularidades numa Escola de Enaeriaria das mais famosas, aqui do Rio de
Janeiro, e que tinha como presidente da
e
a mc.iienedora um cidadão que enriquece-
ra nababescamente em seis anos. A denúncia partia do Professor Fernando Gay da
Fonseca, especialista em Engenharia, e que afirmava que o nível de ensino daquela
escola era muito baixo e que o mercantilismo era extremamente elevado. Eu estava
no trabalho dessa Comissão quando, um dia, entrando aqui neste prédio, fui abordada
por dois repórteres do Jornal do Brasil, que me perguntaram: "A senhora trabalha na
Comissão de Inquérito da escola tal?" Eu disse sim e fui caminhando em direção ao
elevador. Eles me perguntaram: "O que a senhora acha dessa escola e de algumas
outras do mesmo tipo?" Parei um pouco e disse: "Na verdade, acho que elas expe-
dem diplomas falsos". Eles perguntaram: "Falsos?" Eu disse: "Sim, falsidade intrínse-
ca e insanável, mais grave do que a outra porque se reveste de tal aparência de lici-
tude que obtém o registro do próprio poder estatal". No dia seguinte, o Jornal do Bra-
sil, que vinha dando grande cobertura aos fatos ocorridos nessa escola, publicou na
íntegra o que eu havia dito aos repórteres. E o trabalho da Comissão foi concluído,
etc, esqueci,o sei se foi engavetado e o que ocorreu. Era Ministro, na época, o
Eduardo Portela, depois veio a ser substituído pelo Ministro Ludwig. Um dia, recebi na
minha casa uma intimação para comparecer ao Congresso Nacional para depor na
CPI instaurada pelo MDB. Sabia que, por lei,o poderia me esquivar e fui. Éramos
muitos os depoentes. Lembro-me que havia entre eles o Presidente da Confederação
dos Estabelecimentos de Ensino, o Presidente da Associação dos Professores, o Di-
retor da Carteira de Crédito Educacional da Caixa Económica, o Presidente do Con-
selho Federal, Prof. Lafayete Ponde, a Conselheira Maria Antónia Mac Dowell, dos
Encargos Educacionais, o representante do Ministro Delfim Neto, o próprio Ministro
Ludwig e esta modesta colega de vocês. Realmente reiterei tudo o que pensava a pro-
pósito do péssimo, baixíssimo nível dessa escola e de algumas outras. No final do
meu depoimento a Comissão pediu que fizesse sugestões. Prometi que as faria
por escrito e, ums depois, encaminhei à Comissão um trabalho sobre fundações,
concluindo por um projeto de lei para operação do Art. 26 do Código Civil, que trata
das fundações, exatamente para que houvesse acréscimo de um parágrafo que per-
mitisse que elaso continuassem intocáveis comoo e permitisse ao MEC alguma
ingerência sobre as mantenedoras. Acho, na verdade, que uma escola é boa ou má
segundoo bons ou maus seus professores. Tenho absoluta convicção sobre isso.
Vou mencionar uma outra experiência pessoal. Trabalhava no meu escritório de ad-
vocacia um advogado que há quatro anos desempenhava mais um papel de entrega-
dor de papéis, de acompanhante de processos no Fórum, do que rigorosamente de
advogado, porque eleo conseguia arrazoar qualquer processo de alguma comple-
xidade. Chegou ao ponto de termos que dispensá-lo. Recentemente encontrei num
Fórum esse rapaz e ele me disse: "Sabe, agora sou professor de Direito Administrati-
vo, de Direito Tributário e de Direito Processual Penal". E realmente é. Há um poema
que diz "que quem faz o caminho é o caminhante". Na verdade, os alunos é que de-
veriam traçar o caminho. Maso é absolutamente isto que ocorre porque o que su-
cede é um conluio tácito entre a instituição e o aluno. Nos meus encontros com os di-
retórios académicos tenho procurado quase que insuflá-los a que exijam a substitui-
ção dos maus professores, dos professores faltosos, dos professores incompetentes.
Recentemente, na apresentação do relatório do 1
9
semestre de 1988, foi nos dado um
questionário para ser respondido pelos membros do diretório académico. Procuramos
ouvi-los quase em regime confessional. Depois da entrevista demos os próprios
questionários para que eles respondessem e a nossa surpresa foi ver que esses ra-
pazes e moças, que presumivelmente seriam os melhores dentro da sua classe,o
sabem absolutamente escrever. Diante disso tudo, acho que urge uma modificação
na legislação, uma modificação substancial como pretende o Ministro Hugo Napoleão,
uma modificação abrangente atingindo o 1º e o 2º graus. Se istoo ocorrer, de nada
valerão esses nossos encontros. Serão vazias as nossas preleções. Jamais atingi-
remos o que desejamos.
Maria Isabel Edelweiss Bujes (UFRGS) -s tivemos, até o momento, uma série
de intervenções e pude perceber, através do que foi trazido ao grupo e reencami-
nhando a questão da supervisão e a questão da avaliação, que temos algumas pro-
postas que eu gostaria de retornar ao plenário. A partir das intervenções foi possível
detectar que o grupo está preocupado com algumas questões, quais sejam: primeiro,
a auto-avaliação dos técnicos das DEMECs, quer dizer da própria atividade de su-
pervisão das DEMECs e um dos técnicos que aqui fez a sua intervenção disse o se-
guinte: "Estamos maduros para ajudar as nossas instituições a estabelecerem esse
processo de avaliação?" Como é ques podemos fazer a nossa aproximação teóri-
ca, em primeiro lugar - apareceu aqui a questão do preparo dos indivíduos para faze-
rem esse processo mas também a maneira como, ao se prepararem, eles podem in-
tervir na realidade,o no sentido autoritário - mas intervir na realidade no sentido de
influenciá-la para que processos avaliativos possam ser implantados. Foi trazida
também a ideia de ques temos realidades diferenciadas e à cada realidade
precisa-se pensar um processo de avaliação. A avaliaçãoo é uma avaliação feita
pelas DEMECs mas feita pelas instituições, dependendo das condições internas
dessas instituições e, também do meio que as circunda, dos seus próprios objetivos.
Outro aspecto, que foi trazido com bastante ênfase, foi a nossa necessidade de
termos bem claro, a partir de uma discussão - acho que nenhum des tem ao fim
uma clarezao grande a respeito disso - do que seja a qualidade do ensino.s
vamos trabalhar em prol de que qualidade do ensino? O que se define como qualidade
do ensino? Como se caracteriza? O que se define como qualidade do ensino? Como
se caracteriza? Quaiso os pressupostos para a qualidade? Quaiso as
condições para que essa qualidade ocorra? De que maneira esta qualidade é
monolítica ou é cambiante, ela tem que ver com a situação real, com o concreto de
cada instituição? Existe uma qualidade que possa ser validada a partir de indicadores
universais ou a qualidade tem a ver com cada realidade, com cada instituição?
Gostaria de retomar a discussão nessa direção, na direção da qualidade do ensino,
na direção do processo de auto-avaliação da própria ação supervisora, na própria
ação que os técnicos das DEMECs exercem nas suas realidades mas, também, de
como encaminhar esse processo em direção à avaliação nas instituições. Gostaria de
reencaminhar a discussão nessa direção.
Participante - Falamos aqui em qualidade. Existe uma qualidade. Lembro-me que,
quando me dirijo às instituições, num subúrbio, vejo aqueles rapazes do proletariado
intelectual, de que fala Vanilda Paiva, se inscrevendo, aspirando alguma coisa.
Lembro-me que nossa ação, aproveitando a deixa do Dr. Wander, é política. É política
no sentido de respondermos às aspirações da comunidade. Quando avaliamos
temos que ter presente que faculdade é faculdade, instituição é instituição. Ao ava-
liarmos temos que ter presente isto e temos que lembrar que nossa ação é política.
Participante - Acredito que estamos com questões importantes de ordem
metodológica. Acho que a primeira questão de hoje seria aquela questão de que
quando se ensina Matemática a José devemos conhecer mais a Matemática ou mais
conhecer o José. Se ficarmos no instrumento, daremos ênfase ao ensino de uma
técnica de instrumentação. Se acharmos que a ênfase é na parte de Ciências
Humanas, do conhecimento do sujeito, da realidade daremos ênfase ao pedagógico,
ao José. Acho que a prmeira questão seria qual o princfpio, qual o instrumento, se a
Ciência é princípio, se a técnica é instrumento ou se técnica seria meio e fim. Dentro
disso acho ques podemos resgatar, tentando pegar uma visão mais abrangente da
DEMEC e da supervisão, que estão juntas. Acho que, no primeiro dia,ficamos um
pouco preocupados com o problema da legislação. Fazemos, na DEMEC, por
injunções da própria indefinição da supervisão, uma tarefa que trata uma parte no
geral, que seria uma função executiva, uma parte no particular, ainda na legislação,
que é uma função legislativa de ajudar casos particulares e uma função legislativa de
criar a própria legislação, que é uma função ainda do CFE. Ora, se ficarmos com as
três funções, vamos ficar atolados de legislação, com essa hipertrofia de funções,que
nos limita a uma visão de campo mais abrangente. Acredito que temos que pensar se
faremos um trabalho no geral, quer dizer, vamos ser generalistas, ou vamos nos es-
pecializar, vamos ser especialistas em legislação, especialistas em avaliação ou es-
pecialistas em outra área qualquer que a dinâmica da vida vai nos pedir. Parece um
ponto importante. A DEMEC vai fazer as leis, através do CFE, vai ajudar casos parti-
culares, através de processos, de decisões, de pareceres, a nível de judiciário, dentro
ainda do âmbito do MEC, enquanto instituição? A DEMEC vai trabalhar uma legisla-
ção no geral das instituições, como uma função executiva, ou a DEMEC vai simplifi-
car isto eo vai fazer as três funções - legislativa, executiva e judiciária, que a faria
ficar no cipoal legislativo? Acho que este ponto é fundamental e foi muito discutido no
trabalho de grupo, onde tivemos uma ênfase na parte legislativa.o que elao seja
essencial eo deva ser feita com refinamento e com critério. Ê preciso saber se a
DEMEC trabalha exclusivamente com legislação ou se a DEMEC tem uma dimensão
mais generalista. Que aliados teremos se formos ficar no âmbito oficial e que
aliados teremos se formos trabalhar mais com a sociedade? Temos que ver como
poderíamos harmonizar uma intervenção nas instituições, junto aos seus dirigentes,
aos seus departamentos, aos seus alunos, aos elementos que abrangem pesquisa,
estágio e extensão ou se então ficaríamos limitados puramente a um trabalho de
ensino. Se ficarmos dentro dos objetivos estratégicos do Estado, ficaremos
trabalhando a DEMEC enquanto instituição pública dentro de um circuito interno
público, mais ou menos fixados no próprio mundo nosso, corporativo, público,
exclusivo. Nós, então, pensamos que daria para harmonizar um trabalho depois de
bem avaliadas as possibilidades e trabalhar com órgãos de classe, trabalhar com
associações, inclusive divulgando na imprensa como produtividade alguns resultados,
algumas falhas, alguns sucessos do nosso trabalho e usando a sociedade como um
canal de comunicação, essa porosidade que a DEMEC poderia ter junto à sociedade,
quais os recursos, quais os limites, se isso é viável e se for viável qual a nossa
decisão para que isso seja feito de maneira bem consistente, continuada e objetiva.
Então me parece que esse é um ponto importante e hoje estamos retomando o
problema da Ciência de novo. Voltamos ao problema do público e do particular, ao
problema do poder e ao problema do saber. Quando falamos em supervisão falamos
na técnica mas a supervisão é uma ciência. Acho que as DEMECs devem estar
muito atentas ao trabalho com a universidade para que o referencial teórico, a base, a
metodologia científica seja buscada na universidade porque a supervisão é uma téc-
nica, a avaliação é uma técnica. Um planejamento de trabalho é um instrumento de
trabalho, é uma técnica. Queremos saber quais os critérios, qual a visão descritiva da
realidade, qual a visão validada da realidade que a Ciência nos deu, qual o universo
que atuamos, o universo físico, social, económico. Então temos que buscar, atrás de
uma metodologia de supervisão, um embasamento teórico, um referencial teórico, o
que a Ciência pode fazer pela supervisão. Acredito que estamos entrando hoje de
maneira muito objetiva nessa discussão. Temos uma legislação enquanto instrumen-
to, temos uma relação do estado ou da sociedade. Que tipo de aliado potencial mais
forte, apesar de sermos um órgão público, vamos ter se queremos uma mudança,
uma inovação ou alguma coisa mais profunda? E agora, a parte Ciência porque mui-
tas vezes começamos pelo planejamento; o planejamento é a segunda parte da via-
gem, a primeira parte é a Ciência. A Ciência é que informa, direciona o planejamento.
Quando falarmos em supervisão se nos lembrarmos disto de pronto é fundamental em
cada estado. Qual a base científica? O que é que fundamenta esse instrumento ava-
liação, esse instrumento planejamento, esse instrumento controle, esse instrumento
metodológico? Acho que isto nos leva realmente a questionar e se imaginarmos ciên-
cia enquanto ciência humana é fundamental então. Que contribuições a Sociologia e a
Antropologia estão nos dando para que esse nosso trabalho tenha essa consistência
de ciência humana de realidade concreta?
Participante - Queria apenas fazer uma retomada ao que a colega Sônia colocou a
nível de objetivo. Acho que, embora os objetivos do MEC sejam uns e os objetivos
das instituições sejam outros, a nível de avaliação, já que a DEMEC tem o seu saber,
as instituições tambémm o seu saber. No processo de avaliação pode haver essa
troca de saberes e ela vai ser muito importante, vai enriquecer todo o nosso trabalho.
Na realidade, no momento em que estamos fazendo esta avaliação também estamos
fazendo uma pesquisa e a instituição também está se avaliando es estamos ava-
liando. Acho que isso é uma troca. Na realidade, estamos fazendo um trabalho parti-
cipativo, enriquecedor para o processo de avaliação. É só isso que queria retomar
porque realmenteo concordei. Gostaria que ficasse mais claro para mim.
Maria Isabel - Gostaria de encaminhar os trabalhos de grupo.s tivemos uma série
de manifestações a respeito daquilo que foi trabalhado hoje numa tentativa dos técni-
cos aqui presentes de estabelecerem uma relação destes aspectos do ponto de vista
teórico com a sua própria ação, enquanto supervisores nas suas realidades. Foram-
rias questões aqui levantadas com relação à questão da contextualização da supervi-
são, da sua ambiguidade entre o poder e o saber, a questão da dualidade do nosso
sistema educacional em termos de uma visão do ensino superior visto como uma coi-
sa unitária, quando, na realidade, ele é dual, e houve também uma discussão a respeito
das possibilidades, dos limites da ação supervisora em trabalhar efetivamente a
questão da avaliação com as instituições.
(Transcrito de gravação)
PROPOSTAS DOS GRUPOS DE
TRABALHO PARA A
SUPERVISÃO VOLTADA PARA
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO
DE UMA IESPI
A equipe de supervisão deve, antes de tudo, passar por um processo de ca-
pacitação de técnicos, pois a supervisão, vista deste ponto, requer um aperfeiçoa-
mento melhor das condições de conhecimento pedagógico dos técnicos, para que os
mesmos se sintam num mesmo nível ou pelo menos em condições de, junto com os
docentes das lESPIs, falar a mesma linguagem.
Os técnicos devem se instrumentalizar para essa proposta de avaliação e
tentar reverter o posicionamento das instituições que já está solidificado em suas es-
truturas e objetivos.
O processo de avaliação das lESPIs deve, antes de tudo, abrir um grande
debate para questionar, com os responsáveis pelas lESPIs, seus objetivos e entre os
supervisores, os procedimentos de como enfrentar essa nova mudança de objetivo.
Com isto, vimos o processo de renovação de reconhecimento (tão esquecido pelo
MEC) voltado para a qualidade eoo quantitativo, como foi a última metodologia
proposta.
Coordenadora: Selma Monteiro André (DEMEC/RJ)
Relatora: Sônia Maria Rios Deorce (DEMEC/ES)
GRUPO II
A atuação do TAE nas Instituições hoje
Está situado na legislação acreditando na segurança e "competência" que
esta lhe presta. "Desenvolve" seu trabalho como subsidiador desta legislação na Ins-
tituição. Poderia, ao contrário, trabalhar junto ao interessado quanto à orientação na
consulta desta legislação.
GRUPO I
A DEMEC está atuando com uma equipe heterogénea de profissionais eo
com uma equipe polivalente. Esta equipe pretende trabalhar numa linha de ação pe-
dagógica.
Como as instituições estão recebendo o trabalho dos TAEs hoje
. As Instituições acreditam estar atendendo às exigências do MEC, quanto
ao cumprimento da legislação.
A supervisão pretendida pelos TAEs
' - A supervisão, vista como processo de aperfeiçoamento, necessita de:
. aperfeiçoamento urgente dos TAEs, a fim de facilitar sua atuação junto às
lESPIs;
. assessoramento de especialistas na área / envolvimento da Universidade;
. definição do que queremos fazer ou mudar, se é que tem algo para mudar;
. conhecimento do Regimento das Instituições, sua estrutura organizacional,
seu projeto pedagógico;
. montagem de estratégias de ação junto ao trabalho desenvolvido nas Insti-
tuições com perspectivas de melhoria;
. condução do processo de supervisão de forma que a escola possa refletir
seu projeto pedagógico, e ela mesma seja capaz de redirecionar suas ações e até
mesmo seus objetivos, através de seus procedimentos de avaliação;
. trabalho com a abrangência da comunidade escolar, na sensibilização
quanto ao trabalho que está sendo desenvolvido; suas necessidades, seus acertos,
até chegarmos aos interesses do objetivo maior.
Coordenadora: Luiza Dalva Chaves Barbosa (DEMEC/RJ)
Relatora: Maria de Fátima Miranda Rodrigues (DEMEC/PA)
GRUPO !ll
O grupo iniciou sua reflexão a partir de duas ideias do plenário: - a questão
das diversidades regionais e a supervisão acontecendo em momentos ou níveis.
1.1 - Tomar a supervisão das lESPIs como política do ensino de 3
9
grau a
nível nacional, sem permanecer no regional e, ao mesmo tempo, sem desconhecer as
suas especificidades.
Ilustrações do tratamento nacional
. garantia de canais de informação;
. revisão dos critérios para autorização e reconhecimento dos cursos;
. reformulação dos critérios e formas de acesso para o ensino no 3
9
grau,
etc.
1.2 - Tomar a supervisão com globalidade e relação eo como etapas.
2. Reencaminhar a supervisão requer um compromisso e garantia do
MEC/SESu/COR com o aperfeiçoamento dos técnicos numa abordagem de totalida-
de,o particularizando a supervisão.
3. A organização dos TAEs em entidades representativas constituindo-se
em força política é urgente como reforço às reivindicações e à prática desejada.
4. Finalmente, o grupo ressaltou, com estranheza, a existência de um Pro-
grama Nacional de Supervisão, em elaboração, deixando à margem os agentes dessa
supervisão, os TAEs, quando se programa e se reivindica uma supervisão participati-
va. O grupoo só denuncia como reivindica a sua participaçãoo só como exe-
cutores do Programa.
Relatora: Eliete Santiago (DEMEC/PE)
GRUPO IV
Existem realidades diferentes, mas situações comuns, o que permite ao gru-
po chegar a uma proposta, a partir das seguintes considerações:
1
9
o existe uma qualidade absoluta e nossa ação supervisora, sendo
igualmente uma ação politica, precisa estar sensível às realidades onde estão nossas
IES;
2r a preparação dos técnicos é indispensável, para que tenham condições
de trabalhar a IES, no sentido de que ela própria promova a qualidade de seu ensino,
pois, quando a comunidade quer, é possível atingir o objetivo de Portaria 14/83.
Portanto, o previsto na Portaria é realizado pela IES, cabendo ao supervisor
o incentivo, para que a IES garanta essa qualidade referida.
A proposta
Buscar a integração entre os dois paradigmas - Positivista ou Alternativo:
. atuar como consultor da legislação;
. atuar corro supervisor da área pedagógica, incentivando basicamente a
IES a promover a melhoria da qualidade do seu ensino;
. realizar a abordagem com ênfase maior ou menor na legisiação ou nos as-
pectos pedagógicos, dependendo da realidade de cada IES;
. a avaliação é competência da IES e o supervisor incentivará sua prática.
Relatora: Neusa Norma da Silveira (DEMEC/RS)
GRUPO V
1 - Ocorreu principalmente uma reflexão sobre a complexidade existente na
função. Dificuldades:
. basicamente com duas dimensões: a primeira, de ordem conceituai, onde
está presente a necessidade de se encontrar uma identidade funcional frente ao cam-
po de atuação;
. a segunda, a dificuldade de desempenhar o papel de agente do poder públi-
co, onde se busca atender o papel social da função, num campo de trabalho onde
preponderam objetivos de outras ordens e queo antagónicos aos nossos objetivos.
2-0 segundo ponto considerado foi a complexidade que representa a ava-
liação em qualquer de suas modalidades. Exige uma preparação técnica adequada
para desencadeamento da tarefa.
3 - Questionou-se a viabilidade de uma auto-avaliação no contexto das IES
particulares, dadas as peculiaridades essenciais inerentes ao processo, queo de
participação e de relacionamento democrático-institucional.
4 - Definiu-se, como ação preliminar, o esclarecimento dos técnicos quanto
a essas questões e também quanto à necessidade de fortalecimento da competência
funcional dos mesmos, através da instituição de cursos de especialização nas
DEMECs.
5 - Paralelo a isso, o desenvolvimento de uma ação de aproximação com
órgãos que possam exercer "pressão" nestas instituições, tais como: órgãos de clas-
se, conselhos profissionais, sindicatos e universidades.
Relatora: Leila Mascarenhas de Olivera (DEMEC/RJ)
CONSIDERAÇÕES SOBRE A
AVALIAÇÃO NA
INSTITUIÇÃO E A AÇÃO
SUPERVISORA
Maria Isabel Edelweiss Bujes
Eu gostaria de dizer para vocês qual foi a minha percepção a partir das co-
locações dos grupos todos. Lá pelas tantas, a Eliete, na comunicação do grupo 3, diz
o seguinte: "o grupo se pergunta ses somos ouo somos força". Eu acho que
tem algo que permeou todas as comunicações e que foi a ideia: quem é ques so-
mos? Eu penso que o grupo está em busca de uma identidade. Está pretendendo
precisar com bastante clareza quem é, chegar a um entendimento mais aprofundado
desta questão de "quem é ques somos".
Tem uma outra ideia que esteve bastante presente, para chegar a esse en-
tendimento de quem é ques somos, temos que pensaro só nas nossas realida-
des, nas realidades que temos, queo regionais, mas também na realidade nacio-
nal. Precisamos ter sempre essas duas referências eo esquecer que, apesar de
sermos diferentes,s temos muitas coisas em comum. Um outro aspecto que apa-
rece, também, bastante claro é que tendo essas referências e buscando a nossa
identidades precisamos nos dar conta de como é que podemos construir essa
identidade através da nossa capacitação. Então, esses foram temas recorrentes: a
questão de até que pontos compartilhamos de uma determinada instância do po-
der, até que pontos somos ouo somos força, a ideia de que temos muito pouco
dessa força, quem é que somos nesse contexto em que estamos e como é ques
podemos caminhar, como é que podemos transitar na direção de ser um pouco mais.
Isso aí eu penso que ficou bastante presente. Acho que esta é uma caminhada que os
supervisores vem mantendo ao longo dos seus encontros, pelo que ficou referido
aqui, e acho que a fala da Marilu vai nos ajudar a caminhar mais nesse sentido.
A Marilu tem alguns pressupostos teóricos, tem condições de aprofunda-
mento da temática e eu acho que ela vai nos ajudar nesse sentido, de podermos ex-
* Professora Assistente da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Cirande do Sul e
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
plicitar melhor as relações da atividade que fazemos com essa sociedade que está af
Muito obrigada.
(Transcrito de gravação, revisado pela Conferencista)
A SUPERVISÃO COMO UM PROCESSO
DE AVALIAÇÃO PERMANENTE NAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR:
A BUSCA DE UMA PRÁTICA
CONSCIENTE, CRÍTICA E SOLIDARIA
COMO FORMA DE CONSTRUÇÃO DA
TEORIA.
Marilú Fontoura de Medeiros *
Gostaria de destacar os sentimentos de ambiguidade e as expressões de
contradição (não contrariedade), com as quais me defronto neste encontro.
Por um lado, é a satisfação de estar aqui, novamente, reunida com vocês,
representantes da área de supervisão das Delegacias do MEC. É a satisfação por
sentir como temos caminhado, todoss - COR, DEMEC e as Universidades e,
principalmente algumas lESPIs - no sentido da busca de uma educação mais brasi-
leira, sem deixar de ser universal; mais igual, sem descuidar das diferenças; menos
legalista, sem desconsiderá-la no contexto do ontem, do hoje e do amanhã; mais
conjunta, sem perder de vista as especialidades e especifidades de cada um; mais
solidária, sem esquecer as necessidades individuais; mais participativa, crítica a rei-
vindicatória, sem descurar do que lhe compete por dever e por direito; mais humana e
democrática, onde está implícito o plural, o conviver com opostos, num espírito de
respeito mútuo.
Por outro lado, é a perplexidade e a contradição que sinto e que enfrento ao
constatar que há avanços, há platôs, há retrocessos.o discussões, que pensava
já vencidas desde antes de 1984 e que retornam, num questionamento que faz voltar
a imagem de ações ultrapassadas, pelo menos, no tempo. Há argumentações que
m de retornar, já que hoje as condiçõeso outras e há necessidade de retomar al-
gumas questões para reposicioná-las e poder avançar., da mesma forma, outros
apelos e perguntas que aindao foram colocados. Sinto isto com relação, por exem-
plo, ao estudo do currículo, ao estudo da relação entre este currículo e o projeto peda-
gógico, o aluno e a instituição que queremos e pela qual lutamos.o vi, ainda, no
seu todo como grupo, o enfrentar a questão da sociedade que desejamos, (se mais
dialética ou positivista, se assim pudermos, simploriamente, dividir), e qual a ação que
empreendemos para alcançar tais objetivos.
* ProfessorTitular do Departamento de Estudos Especializados, DEE, da Faculdade de Educação,
Curso de Pós-Graduação em Educação e Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica da UFRGS.
Doutor em Ciências Humanas. Bolsista-pesquisador do CNPq.
Entretanto, sinto que estes recuos são, na minha percepção, necessários ao
processo de democratização. Eles estão representando um segmento que se mani-
festa.o aparentes recuos, pois se desejamos e lutamos por uma sociedade mais
democrática todos dela devem fazer parte. Este segmento pode estar respondendo a
uma necessidade de retomar questões, começar a levantá-las no grupo, manifestar sua
discordância ou concordância com a estrutura que hoje aí está. São, de qualquer ma-
neira, expressões de renovação.o circunstâncias pelas quais temos que passar,
emitir nossa opinião se propugnamos pela democratização. Seria mais fácil ditar nor-
mas, baixar portarias, determinar procedimentos.que poderiamo ser cumpridos, por
resistência ou omissão ou conformismo. Neste ponto, o exercício da democracia é
mais oneroso, mas mais estimulante pelo que provoca de crescimento conjunto.
É com este espírito contraditório, porém de esperança, que estou aqui.
QUESTÕES EMERGENTES NO BOJO DA PRÁTICA SOCIAL
OU AS CONTRADIÇÕES PRÓPRIAS DA SUPERVISÃO
Por outro lado, ainda, confesso que ao tomar conhecimento do 'ema, e sem-
pre que trato deste tema, me vejo defrontada com algumas questões, quem como
norte o desafio deo questionar a supervisão como área que dispõe de uma teoria e
uma prática, sem, também, dicotomizar, nesta supervisão, uma instituição pública ou
uma instituição particular, com seus estereótipos de bom e de mal, onde:
a) o problema de trabalhar com supervisão, entendendo que, muitas vezes
ela é visualizada como a "super visão", lhe sendo atribuída o papel de onipotência e
de vigia, queo é na sua prática, porqueo exercida ou só "consentida";
b) o perigo de lidar com a supervisão, sem entendê-la dentro de um contexto
mais amplo e global, envolvendo a realidade do país e a realidade de cada instituição;
c) a dificuldade de lidar com a supervisão, sem dimensioná-la flexível e di-
nâmica, na teoria e, principalmente, na prática, de acordo com um plano global de
qualidade e de eficiência, mas, basicamente, de acordo com o projeto de cada institui-
ção;
d) o aceitar e compreender que há um projeto pedagógico a ser estudado em
cada instituição, que deve ser compreendido e respeitado;
e) a aceitação de que lutamos por um princípio de educação, calcado numa
linha mais humana, social e equalizadora, sem perder de vista as diferenças, buscan-
do sempre uma educação mais justa e democrática;
0 a condição para o exercício da supervisão estar calcada num princípio de
uma prática mais solidária, para que todos possam crescer juntos;
g) a crença de que uma prática mais solidária só se funda na superação do
autoritarismo e no trabalho conjunto, "na" instituição e "junto com" a instituição;
h) a afirmação de que no trabalho conjunto com a instituição perde-se a di-
mensão da avaliação punitiva, emergindo uma avaliação centrada no respeito mútuo,
na busca conjunta de soluções, cabendo a coerção somente para casos ou situações
drásticas;
i) assume-se a ideia de uma supervisão solidária, emergindo a noção de
uma avaliação participativa e co-responsável, trazendo presente um paradigma que
enfatiza as instituições e profissionais como sujeitos de uma ação eo como objetos
de uma verificação externa e, pretensamente objetiva e eficaz, porém inócua;
j) a supervisão e a avaliação supervisorao assumidas na instituição numa
açãoo causal, mas permanente, num processo que visualiza o crescendo, sem
desconsiderar os desvios, os recuos, as paradas;
k) emerge a premissa de que a construção de um paradigma social de su-
pervisão só se faz numa prática conjunta (eo num ativismo, pois esteo tem uma
teoria que lhe dê sustento), considerando, também, que ela exige, no mínimo, um par-
ceiro - a instituição - como companheiro do diálogo. Sem esta prática, a ação se tor-
na estéril e vazia, tratando de um monólogo, num lugar onde só pode coexistir o diálo-
go. Por outro lado, uma prática reflexiva implica num suporte ou construir de uma teo-
ria;
I) surge a questão de considerar na totalidade a supervisão como área, os
supervisores e as instituições, tendo presente que o supervisor e a instituição repre-
sentam sujeitos eo objetos de uma ação;
m) se faz presente a luta por uma supervisão de qualidade, de eficiência,
calcada na busca da construção do saber, na produção e socialização deste saber;
n) fica presente o impasse de deixarmos a história acontecer, delao parti-
cipando, ao esperar as melhores condições, ou de entrarmos na luta buscando "fazer
acontecer";
o) surge, então, como alternativa uma via deo dupla - instituição e
DEMEC - num continuado e constante aprender.
Como fazer a junção teoria e prática, conjunturas e estruturas, facilidades e
dificuldades, e para que as fazemos,o alguns dos desafios que temos tentado en-
frentar na prática social.
POSSIBILIDADES PARA O ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES:
O DESENVOLVIMENTO DA SUPERVISÃO NO SENTIDO DE UMA PRÁTICA
CONSCIENTE,
CRÍTICA E SOLIDÁRIA
Dos questionamentos e suposições que estabelecemos até o momento
que se centram, como já disse, no exercfcio da supervisão, na sua abordagem ideo-
lógica - que é académica e política, na sua ação fundada na prática social, destacam-
se 3 (três) grandes blocos ou eixos orientadores para esta prática, tais como:
Bloco I - A postura que adotamos ou os paradigmas e interesses humanos que
nos orientam.
Bloco II - A consideração da instituião ou a emergência e o respeito ao projeto pe-
dagógico buscado pors e pela instituição.
Bloco III - A construção desta alternativa ou a relação ação-reflexão, a prática e o
interesse individual e coletivo.
O exercício da supervisão, por sua vez, passa pela questão da estrutura da
sociedade na qual vivemos, caracterização pelo conformismo, pelao compaixão,
pela desigualdade humana estipulada pelos que pensam e pelos que executam. Pas-
sa pelo equacionamento das questões teórico-práticas que orientam (ou devem
orientar) a ação do supervisor. Passa, também, pelo enfrentamento das questões de
valorização, de salários, de condições de trabalho. Passa, finalmente, pela exigência
de condições de uma prática que dimensione e facilite o exercício desta supervisão
critica e solidária, centrada num projeto global de sociedade, sem o qualo há su-
pervisão.
Da mesma forma, a questão da supervisão implica em inverter a própria
questão.o se trata somente de aguardar ou lutar pela transformação estrutural da
sociedade; trata-se, também, de indagar como podemos transformar as mesmos e
as instituições. Esta proposta está centrada na crença (hoje certeza) de que no pro-
cesso de transformação, seja pela ação ou pela resistência, há um espaço a ser ocu-
pado pelas instituições, pela supervisão e, consequentemente, por seus profissionais,
em direção à transformação (Medeiros, 1988). É nesta linha de argumentações que
tenho me debruçado.
Neste sentido, assume um caráter comprometido com esta tranformação as
ações envolvidas nos blocos já citados.
BLOCO I - A POSTURA QUE ADOTAMOS OU OS PARADIGMAS E INTERES-
SES HUMANOS QUE NOS ORIENTAM
o podemos analisar alguns fatores, como parte do enfrentarnento do ho-
mem para com a construção de sua história, enquanto pessoa e profissional, sem as-
sumir que a teoria, como tal, se constitui em um fazer, numa tentativa quase sempre
incerta de realizar o projeto de uma elucidação do mundo e esta elucidação passa
pelos movimentos que propõem a conjugação entre conhecimento e ação politica
(Castorfadis, 1982; 1985; Gschwenter, 1988).
A elucidação do mundo, volto a tnsar, evidencia a forma como cada um de
s e a coletividade pensamos e praticamos este mundo. Como fazemos a prática
social? Como construímos e "passamos" o conhecimento?
Cabe, nestes termos, perguntar se tem sido a construção do conhecimento
uma produção solidária, envolvendo o "trabalhar com" eo o "trabalhar para" ou o
"trabalhar por"? Como se dá a construção do saber, no sentido de considerar a igual-
dade de saberes e fazeres, pressupondo uma cultura queo dicotomiza entre cultu-
ra erudita e cultura popular? Como se dá a socialização do conhecimento e do saber,
numa dimensão de um trabalho entre pares, onde o ir-e-vir configura oo autorita-
rismo (embora esteja presente a autoridade)? Assumimos, com isto, que todosm di-
reito à competência, como parcela de saberes e fazeres, descaracterizando a divisão
social do trabalho, onde há os "que sabem, falam e mandam" e os que (supostamen-
te) "não sabem,o falam eo mandam".
É no intrincado destas redes de relações sociais que construímos ou elege-
mos o nosso projeto de sociedade. Desejamos ou lutamos por uma sociedade pre-
determinada, fixa, ordenada por quem pode e faz, baseada na competência de pou-
cos, racional, calcada num positivismo ortodoxo? Ou pensamos numa sociedade
mais humanizada, mais sadia, preocupada com os indivíduos e seus relacionamentos
individuais ou grupais? Ou pensamos, ainda, em uma sociedade, consciente de suas
contradições, mas coerente na busca de uma igualdade real (eo só a formal)?
Já foi dito (Castoríadis, 1983, p. 13) da necessidade de equacionar o que se-
rá esta busca pelo social e pelo indivíduo e o coletivo, onde aparece "a ideia política e
a questão politica da autonomia do indivíduo e da coletividade, que sóo possíveis e
sóm sentido se relacionadas uma à outra. O indivíduo, tal comos o conhecemos
a partir de certos exemplos e tal comos queremos para todos; o indivíduo-autôno-
mo, que - sabendo-se mergulhado na ordem/desordem a sensata do mundo - se
quer e se faz responsável pelo que é, pelo que diz e pelo que faz, nasce ao mesmo
tempo e pelo mesmo movimento do qual emerge a cidade, a polis; como coletividade
autónoma, isto é, queo recebe suas leis de uma instância que lhe será exterior e
superior, mas que ela mesma, por si mesma, as estabelece".
E, neste caso, a relação indivíduo - coletivo e sociedade pode se configurar
desta maneira: uma sociedade autónoma exige indivíduos autónomos e livres, impli-
cando, necessariamente, na participação ativa e igualitária em todo o poder social que
decide sobre os problemas comuns (Castoríadis, 1983).
Se, na mesma perspectiva, porém com terminologias diferenciadas, conside-
ramos os paradigmas de Habermas (1982) sobre as ideologias e práticas orientado-
ras dos interesses e das ações humanas, poderemos ter, também, uma sociedade
mais voltada para interesses técnicos, considerando a funcionalidade, a eficácia ex-
terna, a pré-determinação, a tecnificação do homem (como parte do processo de pro-
dução); ou teremos uma sociedade mais voltada para um humanismo, centrado numa
ação do tipo circular-consensual, onde predomina o indivíduo (suas capacidades) e a
busca do consenso, mesmo sem descurar o conflito e o social, e mesmo a luta por
uma igualdade que considere o indivíduo e seu ser neste mundo; ou, ainda, podería-
mos optar por uma sociedade cujo interesse fosse a busca de uma socialização da
produção e do consumo dos bens culturais, numa procura de uma igualdadeo in-
diferenciada, e dentro de uma perspectiva dos conflitos e contradições da totalidade
da sociedade, denominado como o paradigma-praxiológico, ou emancipatório, calcado
numa ação-reflexão, numa prática reflexiva, com vistas à transformação.
Se assumimos, então, a luta por uma sociedade mais humana e igualitária,
o há porque diferenciarmos as nossas ações entre os que, supostamente, sabem o
que fazer na educação e punem os queo cumprem as determinações, assim como
os queo sabem, mas determinam ou cumprem.
Necessário é que juntos construamos uma prática onde todosm e devem
se manifestar sobre o seu próprio destino.o há razão para dividir entre os que de-
terminam e/ou verificam e os que cumprem. Há todo um direito individal e coletivo a
ser respeitado.
Nesse sentido, cada vez mais, emerge a ideia de que as normas ou a deci-
o sobre o que fazero parte de algo a ser construído juntos - supervisão e insti-
tuições para que possa ocorrer uma ação mais solidária e conjunta,o facilitando
que "quanto mais os fins a que serve (...) forem estranhos às necessidades e aos
desejos daqueles que devem realizá-los, mais as decisões que dizem respeito a es-
tes fins e as formas de disciplina lhe serão exteriores, mais haverá a necessidade de
coerção para fazê-los respeitar" (Castoríadis, 1983, p. 216).
No entanto, podemos questionar como respeitar as necessidades e interes-
ses dos outros, quando as diversas instânciaso respeitam o nosso próprio trabalho
e os nossos interesses? Só uma resposta, na minha perspectiva, tem possibilidade e
ela dirige para uma ação voltada aos interesses de uma maioria. Esta ação, portanto,
orienta-se para uma postura de transformação eo de manutenção do "status quo",
que desejamos imprimir à prática pedagógica e social, seja na supervisão em seu
corpo específico de conhecimento, seja na ação com as instituições.
o será pela coerção que conseguiremos alguma mudança significativa e
transformadora em nossa realidade. E os movimentos históricos que conhecemos e
vivemos nos mostram o mesmo. Por outro lado,o será pela simples adoção da
prática do assembleismo, como já disse Fernando W. Cardoso, que chegaremos a
esta transformação, dos benefícios de uma maioria. Importa isto sim, ao longo do tra-
balho conjunto auxiliarmos na construção da instrumentalização de cada um e de to-
dos, no sentido de poderem lutar pelos seus benefícios e pelos benefícios da maioria.
A conscientização é um passo que está presente neste caminhar; outro é o respeito
continuado devido a eles. Neste caso,o se faz a transformação pela coerção, as-
sim comoo se faz pelo exercício que pode ser de uma falsa democracia, onde o
assembleismo (quando interessa) funciona. Decisões compartilhadas e construídas
de forma conjunta indicam a existência de uma ação que deixa de ser externa e de
cima para baixo, mas que é construída pelo grupo em suas diversas formas e modali-
dades. De novo, importa o respeito ao outro como sujeito e como parte da produção
de uma cultura.
BLOCO II - A CONSIDERAÇÃO DA INSTITUIÇÃO OU A EMERGÊNCIA E O
RESPEITO AO PROJETO PEDAGÓGICO-POLÍTICO BUSCADO
PORS E PELA INSTITUIÇÃO
Estabelecida a premissa de lutar pela transformação da sociedade e, na
área específica, transformar a supervisão num instrumento de "revolução" na estrutu-
ra e dinâmica académica e administrativa das instituições, importa manter presente a
direção da mudança que se visualiza para a sociedade em seu contexto social.
Entretanto, a prática desta ação pressupõe uma relação entre o tipo de so-
ciedade desejado, aliada ao tipo de supervisão que pressupomos (mais técnico-buro-
crático, mais humano e praxiológico-emancipatório), tudo isto vinculado ao tipo de so-
ciedade e de educação desejado pelas instituições.
É deste interjogo de forças, de luta, de conflitos, de mediação entre o dese-
jado por nós, enquanto DEMECs e Universidades, e o desejado pelas lESPIs que po-
de emergir, intermediado pelo respeito mútuo a que já nos referimos, uma proposta de
pensar como fazer a transformação.
Este fazer a transformação, na minha percepção, se acreditamos e reque-
remos o respeito as mesmos, está presente, também, a ideia de respeitar o outro,
aqui representado pela IESPI. Este respeito se faz, na prática, pelo respeito aos pro-
jetos da instituição. Em que contexto eia se situa? Para que serve? Como cumpre
seus objetivos?
Para configurar de forma mais orgânica a noção de projeto pedagógico se
faz necessário explicitar o que ele contém em seu bojo. O projeto pedagógico repre-
senta a determinação, explícita ou implícita, do tipo de homem que a instituição deseja
formar, estabelecendo as estratégias e modalidades desta prática pedagógica.
Numa tentativa de auxiliar a entender o processo de estabelecimento deste
projeto pedagógico, indicamos algumas referências contidas no referido projeto. Neste
sentido,o há projeto pedagógico sem:
a) o entendimento, claro ou oculto, do projeto (concepção) de homem e de
mundo orientador das teorias e das práticas, pois a forma de entender o mundo (se
mais positivista, humana e dialética) indica como vamos tratar qualquer questão e a
própria ação do dia-a-dia;
b) a compreensão do que significa a dimensão de cultura, pois uma con-
cepção que dicotomiza entre cultura erudita e cultura popularo acredita na cultura
como qualquer ação do homem sobre a natureza, trazendo em sua prática a noção de
dicotomia e desigualdade entre os homens;
c) a explicitação do que significa a noção de "construção do conhecimento".
Assim, por suposição, defender a noção de que a construção do conhecimento com-
pete aos indivíduos e grupos capazes, por pertencerem a uma elite ou por deterem o
poder, indica uma opção por uma postura de vida centrada, mais uma vez, na de-
sigualdade;
d) a indicação do significado de escola, explicitando se escola representa o
espaço organizado para a transmissão do saber sistematizado feito pelas gerações
mais velhas, indica uma postura orientada para a absorção pela escola dos indivíduos
tidos como mais capazes, porque chegou até a escola. Por outro lado, esta mesma
escola, nesta concepção, exclui sistematicamente os alunos que, poro terem
oportunidade e possibilidade sócio-econôrnicas,o conseguem "absorver" a drta
cultura erudita, desconhecendo o seu próprio valor como sujeito;
e) a classificação do que significa currículo (José Luis Domingues, UFG) -
onde se pressupõe a escolha por uma paradigma circular-consensual, humanístico e
dinâmico-praxiológico, na direção da transformação emancipatória da sociedade. En-
tretanto, a escolha de um paradigma circular do tipo técnico-linear designa um tipo de
escola enfatizador das normas, da obediência às regras, de busca do consenso, da
ordem estabelecida. O currículo é entendido aqui como a ação organizada da insti-
tuição, que vai da ideologia à sua explicitação na simples listagem de conteúdo e na
sua instrumentação;
f) a explicitação da relação individual e coletiva. Corno já dissemos, ela in-
dica a força que um determinado paradigma atribui ao indivíduo, individualizando-o até
de forma fragmentária, como individualidades esgarçadas. Por outro lado, uma con-
cepção mais orgânica e dialética pressupõe, na percepção que tenho das atuais li-
nhas de pensamento, o respeito ao indivíduo, desde que contextualizado no valor do
coletivo;
g) a definição das estratégias a serem empregadas na prática destes para-
digmas. Assim, uma ação mais autoritária, de "cima para baixo", indica o paradigma
técnico-burocrático; pelo contrário, uma ação mais participativa, co-gestionada, pres-
supõe a opção por um paradigma emancipatório (sem ser laissez-faire, ou, mesmo,
marxista);
h) esclarecer o paradigma que orienta a avaliação tanto deste projeto peda-
gógico, quanto do fazer deste projeto, e da própria concepção usada de avaliação. A ava-
liação, se entendida do ponto de vista mais positivista, naquilo que há de mais estereoti-
pado, traz em sua prática uma concepção mais racional, formal, externa e pré-deter-
minada. Por outro lado, tanto uma ação orientada para uma dimensão humanista,
quanto para uma prática emancipatória pressupõe uma ação co-participada, numa in-
tercomplementariedade entre avaliações internas e externas. Destaca-se nesta última
opção, como avanço da visão humanista, uma orientação mais coletiva e menos indi-
vidualista (em alguns casos, sem deixar de lado individualidade, as especificidades,
as diferenças);
i) entender, finalmente, as intrincadas relações de poder entre as diversas
instâncias que determinam os tipos de ações mais autónomos ou antecipados.
Esteso alguns pressupostos a serem considerados na construção, defi-
nição, reordenação contínua de projeto pedagógico e da inserção das DEMECs neste
processo permanente.
BLOCO III - A CONSTRUÇÃO DESTA ALTERNATIVA OU A RELAÇÃO AÇ AO-
REFLEXÁO, A PRÁTICA E O INTERESSE INDIVIDUAL E COLETI-
VO
A construção desta alternativa faz parte de um processo permanente e pro-
gressivo, pressupondo uma ação queo é fragmentária,o é neutra,o é sim-
ples,o é mágica, fazendo parte de uma luta continuada e persistente.
Ora, uma ação voltada para a construção de uma alternativa mais crítica e
consciente exige uma ação concretizada, ao mesmo tempo que contextualiza e con-
cretiza esta ação calcada na reflexão, no repensar do feito. Esta reflexão em torno
deste concreto faz emergir o que denominamos como praxis, no sentido de refletir so-
bre a ação, visando a transformação, com vistas à emancipação.
Entretanto, podemos questionar como se pode construir esta alternativa?
Esta alternativa propõe a prática como o substrato maior para que a trans-
formação se efetive e se possa ser produtiva do ponto de vista do social, do coletivo.
O esquema, que segue, busca indicar algumas reflexões e direções para
orientar esta prática:
o é só através da teoria ou da teo-
rização
o é só através da prática
sem a prática sem a teoria
já que determina uma ação normati-
zadora, essencialmente formal,
transformando-se em exercício inte-
lectual, sem apoio do concreto
já que se transforma em ativismo,
pois sem apoio da teoria, da con-
cepção global de sociedade, do
projeto pedagógico, perde a relação
teoria e prática (reflexiva e crítica)
é na prática contextualizada e centrada na ação-reflexão (práxis) indicando a ação da
supervisão como mediadora das concepções da IESPI e da própria DEMEC, visando
a construção ou explicitação do projeto pedagógico.
CONSTRUINDO UMA PRÁTICA, PRESSUPONDO UMA RELAÇÃO MAIS OR-
GÂNICA ENTRE PROJETO SOCIAL E PEDAGÓGICO-SUPERVISÃO-AVALIA-
ÇÀO
Uma nova prática, que se constitua numa real prática, conjugando "ação e
reflexão", exige de todoss uma avaliação de nosso discurso e de nosa prática, da
relação entre este discurso e esta prática, da concepção que temos de homem e de
mundo. Exige, acima de tudo, que assumamos uma postura pedagógica, política e
social, por representar e concretizar o discurso que defendemos. Esta concretização
poderia ser esquematizada na forma que segue:
REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA DA AÇÃO SUPERVISORA
AVALIAÇÃO
PARADIGMA OU
MODELO DE HO-
MEM E DE MUNDO
SUPERVISÃO
FINALIDADES
PROJETO PEDAGÓGICO
(o fazer do currículo)
FINALIDADES
formalista e burocrática
(trabalhada, separada e
sobre a instituição)
técnica e
formalista
produtividade
de mercado
(eficiência e
eficácia)
projeto consensual
Técnico-buro-
crática
. manutenção
. racionalidade
. conformidade
. mudanças ex-
ternas
Humanista
. mudança
. orientação indi-
vidual, mesmo que
com vistas no
grupo
. orientação para o
desenvolvimento
individual
. mesmo que contestador,
critico e com vistas no
social
. flexível e psicológica; num
contexto mais amplo mas,
ainda, com base no
indivíduo (embora grupos
humanistas defendam o
compromisso social do
indivíduo).
preocupada com os
indivíduos que
compõem a instituição
(técnica e psicológica
e, para alguns,
também social)
produtividade cen-
trada no individual (há
posturas defendendo
este indivíduo com um
compromisso coletivo)
contextualizada, ligada à
totalidade, ao bem estar do
coletivo (flexível mas
orientada e trabalhada
com a instituição)
emancipatória, voltada
para os interesses da
maioria, do coletivo
(sem perder de vista o
indivíduo)
produtividade voltada
para o bem coletivo
orientação para o
desenvolvimento e crítica
da
totalidade,
do contexto
social e das partes que o
compõem
. aceita conflitos
e crítica
. orientação individual e
coletiva ou orientação
coletiva
Praxiológica-
emancipatória
A escolha destas posturas traz em seu bojo o compromisso com uma
destas orientações ou paradigmas que, por sua vez, traduzem uma prática mais
legalista e burocrática ou, pelo contrário, engajada na luta pela emancipação, numa
ação participativa. Isto terá que ser feito, tendo as condições para tal, já que a
"espera" da condição nos coloca a opção pelo primeiro paradigma. Assim, uma vez
tendo optado, cabe lutar para a concretização, fortalecimento ou criação das
condições desejadas, ao "lado" ou "junto" ou "com" a instituição, tendo bem claro que
a ruptura e o avançoo se fazem de uma forma fácil ou sem conflitos. Ou
"morremos", ou mantemos o sistema tal como está, ou avançamos, dando o salto
qualitativo em nossa prática pedagógica.
A escplha decorrente daí é algo que nos obriga a alianças com as IESPIS na
busca deste salto de qualidade, numa postura de mediação dos supervisores, num
papel de facilitador, de orientador, de estimulador mas, principalmente, de
companheiro e de parte do grupo. Representa uma ação que pode ser tímida de início,
mas algo que, acima de tudo tenha o caráter de permanência, de um processo
continuado, em direção ao espectro da sociedade emancipatória. A escolha deste
processo, em parte, é nossa!
(Texto revisado pela Conferencista)
CASTORÍADIS, Cornelius. A Instituição Imaginária da sociedade. Rio de Janeiro,
Paz e Terra, 1982.
Socialismo ou barbárie.o Paulo, Brasiliense, 1983
A experiência do movimento operário.o Paulo, Brasiliense, 1985
(Pensador grego, na área de Ciência Política, que atua na França).
GSCHWENTER, Eliane Lautert e outros. A educação brasileira em questão: reflexões
para uma política educacional. Encontro de Pesquisadores em Políticas
Educacionais: UFRGS, FACED, 30/03/88. (mimeo). Professores da UFRGS,
Porto Alegre.
MADEIROS, Marilú Fontoura. Como lutar pela transformação da formação do educador.
Painel sobre a Formação do Educador em Questão, I. Encontro de Educadores.
SMEC, Salvador, 9/5/88.
HABERMAS, JOrgen. Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro, Zahar, 1982.
(Pensador alemão, pertencente à escola crítica de Frankfurt).
BIBLIOGRAFIA
DEBATE
Dulce Bastos (DEMEC/SP) - No início da sua fala você fez referência a uma opinião
pessoal talvez, ou euo entendi bem, que vocêo acredita numa supervisão nacio-
nal. Pergunto se issoo entraria em choque com a colocação do grupo 3 no sentido
dessa perspectiva ser, inclusive, um avanço para nós. Um segundo ponto que gosta-
ria que você discutisse um pouco mais é exatamente esse aspecto que já apareceu
no nosso discurso, que para mim é salutar - é o nosso papel MEC e o nosso papel de
uma supervisão participativa. Para mim é positivo exatamente no momento em que
assumo essa angústia porque, ao assumi-la,s estamos assumindo também a pos-
sibilidade da supervisão de participação, de conjunto. Gostaria que você abordasse
os dois ângulos, por favor.
Marilú Fontoura de Medeiros (Profa. da UFRGS) - Quanto à primeira pergunta,o
sei se eu disse com essas palavras mas euo acredito na supervisão enquanto um
projeto nacional, quer dizer, alguma coisa que vai ser determinada de uma forma or-
denada, pré-fixada, pré-determinada por alguém para que vocês executem, bem dife-
rente de um processo nacional de supervisão. Na medida em ques estamos pro-
pondo uma ação que seria solidária com a instituição, uma ação que seria solidária
primeiro entre vocês mesmos,s teríamos e teremos que ter a coerência de um dis-
curso de que esta supervisão, também, tem que fazer parte de uma escolha de vo-
cês. Podeo ser o melhor caminho. Ela vai ter que ser discutida, ela vai ter que ser
conquistada. Euo acredito nos grandes planos que se nos apresentam como
prontos. Eu considero que eleso muito bonitos para a gente colocar no papel, mas
eleso funcionam na sua concreticidade. Penso ques temos que começar a as-
sumir esse país que está, que é contraditório, que é desigual.o temos que tra-
tá-lo como igual (sem com isso estar fazendo - vamos dar o melhor para aqueles que
jám mais, que geralmente representa a região Sudeste e o Sul, e menos ainda para
o Nordeste).
Maria Eliete Santiago (DEMEC/PE) - Falávamos em termos de diretrizes para uma
política de 3
9
grau. Agora, o tratamento será diferenciado, tanto nas regiões, quanto
nos Estados, quanto nas Instituições. Tenho a impressão que isso deveremos, se
necessário, aprofundar e aprofundar com cuidado deo perdermos essa visão do
geral, quer dizer - que politica de ensino de 3
9
grau o Brasil precisa na sua totalidade?
Esta política receberá tratamento diferenciado em que regiões, em que estados? As-
sim que eu entendo na sua fala, em termos de tratamento sem perder a politica como
totalidade para o Brasil.
Marilú - Mais uma vez eu me curvo à experiência de vocês, mas realmente sinto e
acredito ques podemos pensar talvez as grandes linhas e que elas possam orien-
tar a ação, algo que seja conquistado pors como grupo.o vejo isso, ses es-
peramos que isso seja configurado por um ente externo. Isso também é algo ques
temos que tentar conquistar, revertendo a forma de fazer politica neste país. Agora, o
que foi colocado pela Eliete e que eu penso ser fundamental - o que realmentes
tentamos trazer com a ideia de concepção de homem? Concretizando isso - qual é o
tipo de educação ques precisamos para esse país? Isso sim terá que ser unifica-
do.s precisamos da educação que está aí hoje, quando ela dicotomiza entre o tipo
de indivíduo? Quando orienta basicamente para o mercado de trabalho? Quando faz
com que os quem menos condiçãoo estudar nas escolas particulares? Quando
faz com que haja toda uma diferenciação entre as pessoas? Quando tenta orientar
melhor aqueles que já possuem mais? Ous vamos lutar por um outro tipo de situa-
ção? Então isso tem que estar claro em nível nacional. E a forma de operacionalizar,
aí sims temos que ter o ponto de vista do regional,o o regional no sentido de re-
gião geográfica, o daquele contexto, o daquela realidade que está ali. Finalmente, na
medida em ques assumimos, ques desvelamos aquilo que está nos preocupan-
do e o que desejamos, ele é um passo para a supervisão que nos propomos ou peto
menos ele é um passo que pode fazer emergir outros elementos para que se possa
chegar a dar um salto de qualidade, para que se possa partir, havendo a ruptura, para
uma outra realidade. Então, na medida em que vocês se questionam, mas aí se ques-
tionam com substância - quaiso as competências e os limites, tendo um concreto
(o tipo de homem e de sociedade) para julgar essas competências e esses limites,
que ela foi diferenciada dos primeiros encontros para esse de hoje. Vejamos, retros-
pectivamente, vocês hoje trabalhavam, mesmo ao lidar com legislação, vamos dizer
assim - elao estava num contexto mais global, mas havia uma preocupação com
esse contexto. Eleo conseguiu ser explicitado mas ele já está na preocupação de
vocês, ele já está presente no pensar de vocês. Então, isso representa um passo e é
aquilo que eu digo -so podemos tentar uma transformação, seso assu-
mirmos os antagonismos, seso assumirmos o que se poderia chamar como
ambiguidades, contradições, paradas mesmo.s temos que ver como aquilo é feito,
porque ele está sendo feito naquela hora, qual é o contexto que está orientando a
emergência daquela questão. No trazer a tona essa questão - qual é a competência
do TAE? O que é ques somos, somos MEC ouo somos MEC? Qual é o limite
da minha ação? Isso aí só pode auxiliar a que realmente eu compreenda melhor a mi-
nha ação, se eu tiver substância nisso. Se ela for vazia - a minha ação pela minha
ação -o vou dizer vazia - se elao tiver outro tipo de preocupação ela tende a se
tornar menor. Penso que no todo desses encontros vocêsm trazido isto,m tido
uma preocupação muito mais recheada de conteúdo, plena de toda uma postura que
cada um de vocês está assumindo de forma diferente, mas que está assumindo em
relação à sociedade, ao homem, à educação.
Participante - Gostaria que você dissesse alguma coisa mais' sobre aquela sua ex-
pressão: "Sim, Eliete,s temos força ou vocêsm força". Sinto, eu estive algum
tempo fora, que o MEC está se encolhendo como instituição.s aqui nos encolhe-
mos incrivelmente. Sinto que, de alguma forma - posso estar completamente errada,
mas aindao senti que estou errada - essa competência que abomino de ser puniti-
va na instituição e de alguma forma ser fiscalizadora da instituição foi combatida pelas
próprias instituições superiores. A nossa perda dessa competência representou uma
perda de poder, um poder que podiao ser bom mas que era um poder. E me per-
gunto até que ponto as coisas realmente importantes na supervisãoo estão se
passando à margem dos supervisores. Disse isso no grupo maso me contentei
com a exposição do grupo e estou aqui reivindicando minhas ideias. Essa própria
avaliação gerencial está se dando completamente à margem do técnico e envolvendo
pessoas e instrumentais queom relacionamento conosco. Essa própria coloca-
ção da avaliação conjunta com professores universitários me parece que é mais uma
vez uma diminuição da nossa competência. Então, pergunto: que força é essa?
Marilú - Gostei. Eu só gostaria de dizer que a força é alguma coisa ques con-
quistamos e se encarada só como função, como técnica, me perdoem, eu penso que
realmente se perdeu muito espaço.s ficamos numa dimensão exclusivamente fis-
calizadora, exclusivamente punitiva -o vou dizer que estaso deixar de existir,
elasm que existir - ses temos aquela concepção do ques vamos produzir, do
que é que está sendo exigido como social, como transformação, realmente como
objetivo de uma instituição, elaso ter que em algum momento ser assim, mas
serão situações, na minha percepção, queo serão as comuns. Mass perdemos
muitas vezes, até hoje porques transformamos a exceção (fiscalização, etc.) na
rotina e a exceção numa generalidade. Então, o que seria uma exceção se
transformou paras num caminho diário. E seso revertemos esse caminho
s perdemos espaço dentro da instituição, dentro des mesmos como
profissionais e como cidadãos; deixamos perder pela própria estrutura montada no
pafs. E, pensemos,s colaboramos com isso;o vamos culpar também só o
governo.s colaboramos com isso.s contribuímos para que as coisas
ocorressem dessa maneira. E a força, na minha percepção, só vai existir na medida
em que vocês, nós, nos organizemos como grupo. Como indivíduos temos pouca
voz, mas o grupo tem mais força; ele é mais organizado, mais competente, sabe agir.
Eu vi uma convenção no Rio Grande do Sul, toda organizada, mas ela perdeu porque
houve mais competência da oposição. Então só vejo isso calcado numa organização,
mas uma organização competente e que saiba o que quer, para que quer e quaiso
os caminhos que ela vai seguir, quais os que ela vai ceder, quando ela vai ceder, o
que é que ela vai ceder para conquistar o quê, porque muitas vezess temos que
ceder para depois conquistar alguma coisa.s vamos entrar com tal pauta mas
sabemos ques só vamos conseguir 10%. Mas vamos entrar com essa pauta inteira
e ali o espaço de negociação é esse. Se a genteo aprender isso, e isso é exercício
democrático -s estamos como crianças repetindo sem exercer o nosso direito.
Mary Girdwood (DEMEC/RJ) - A pergunta que lhe faço, Marilu, é a seguinte: você
colocou a questão da supervisão como uma proposta de um projeto pedagógico que
tem que ser construídao só pelo supervisor mas também pelac lESPIs. Pergunto:
este projeto pedagógico deve estar baseado e fundamentado na política educacional
do país, em termos de suas metas mais amplas, ou esse projeto deve se abster de
colocar essa política como uma de suas metas e simplesmente ser condicionado por
uma ação técnica, também pedagógica, mas dentro dos limites da supervisão como
uma ação muito especifica? Essa é a primeira pergunta - a fundamentação da açáo
supervisora em seus termos mais amplos. A segunda pergunta é com relação à
questão da autoridade. E aí me posiciono dentro de um sentido também muito
concreto porque autoridade é um conceito que tem a ver com papéis e funções, e aqui
explico papéis no seu sentido social e funções no seu sentido social. É inquestionável
e inegável a posição de autoridade do MEC, da DEMEC e de todos os seus
representantes, como pertencentes a um sistema global chamado sistema
educacional. Então, nós, enquanto pertencentes à DEMEC e enquanto supervisores,
temos uma autoridade. Essa autoridadeo pode ser exercida no seu sentido
autoritário. Mais uma vez me reporto à sua posição de quando você colocou a
questão emancipadora, do consensoo autoritário, mas o consenso de cooptação
dos papéis. Então nesse reconhecimento da autoridade coloco queo só a
autoridade do supervisor deve ser conhecida mas deve ser reconhecida e aí nesse
reconhecimento das lESPIs o reconhecimento do seu projeto pedagógico, também
como você colocou, vai até a autoridade do aluno. Eu lembro aqui um ponto muito
importante - a autoridade do aluno como pivô de todo esse seminário porque, seo
tivesse o aluno,o teríamos o professor,o teríamos a escola e, por conseguinte,
o teríamos a questão da supervisão eo teríamos, também, o sistema
educacional, porque todoss já estaríamos sabendo tudo.
Marilú - Acredito que o projeto pedagógico tem que estar centrado numa ação e numa
polftica; ele tem que corresponder aos anseios de que coletividade? - isto é alguma
coisa que temos que definir e temos que ver aonde está presente, a que coletividade
s estamos servindo.o sei se o problema da autoridade seria um outro momento
para se discutir isso. Realmente, toda autoridade só se exerce se ela tiver
competência "para".o é competência no sentido eminentemente técnico eo é o
técnico aquele que faz por fazer, mas o técnico no sentido de saber aquilo que faz,
como faz ter consciência da ciência no país, para que que é feita, para quem e porque
é feita. Essa competência tem que emergir a essa competência. Aliada a isso emerge
uma competência técnica instrumental e uma competência técnica política. Isso tem
que aparecer para que se possa pensar em autoridade, no meu entendimento. Senão,
teremos quem faz, maso sabe e talvez só atue ideologicamente, sem reflexão.o
é este tipo de autoridade que desejamos.o o é, também, aquela autoridade que
sabe, mas está ligada a valores exclusivos de uma minoria.
(Transcrito de gravação)
O DESEMPENHO DAS
COMISSÕES DE VERIFICAÇÃO
SOB O PONTO DE VISTA DO
CFE. ORIENTAÇÃO AOS
SUPERVISORES. RENOVAÇÃO
DE RECONHECIMENTO DE
CURSOS
Eurides Brito da Silva *
Em primeiro lugar quero cumprimentar à COR pelo trabalho que vem
desenvolvendo, visando a melhoria dos serviços que, como Ministério, temos a
obrigação de prestar ao sistema educacional brasileiro como um todo, ou seja, o
serviço de supervisão. Apesar de, pessoalmente,o ter podido ainda participar de
um encontro dessa natureza - e conviteo tem faltado - o Conselho Federal o tem
feito através de diversos Conselheiros e temos notícias muito interessantes do que
tem acontecido.
O tema que Lygia me pediu para desenvolver na manhã de hoje - As Co-
missões de Verificação sob a Ótica do Conselho Federal de Educação - é complexo
por diversas razões, sendo uma delas a da reunião dos dados sobre o trabalho essas
Comissões. Primeiro, busquei obter a informação com os Conselheiros. Como é que
eles vêem os relatórios das Comissões Verificadoras? Eu mesma, com a minha ex-
periência de Conselheira, em passado recente, tenho a minha própria visão, mas jul-
guei que deveria extrair a opinião, também, dos Técnicos em Assuntos Educacionais
que trabalham na Coordenação de Assuntos Educacionais do Conselho. E aí é que foi
o problema porque os Técnicos em Assuntos Educacionais diziam assim:
"Professora,s vamos dizer coisas que podem melindrar a terceiros. Mas
melindrar como e por quê? Foi difícil fazer com que eles me dessem três ou quatro
pontos que achavam que deveríamos incluir na discussão de hoje.
Tudo isso me fez refletir sobre um outro aspecto que nos preocupa que é o da
avaliação. Interessante como, no Brasil, somos bons em discurso sobre a avaliação,
mas quando chega a hora de fazermos alguma coisa prática sobre a avaliação,
fracassamos pelos motivos os mais diferentes. Uns, de um lado, temerosos de
desgaste com outros setores e, de outro, porque poucos se debruçam com esforço
* Secretária Executiva do Conselho Federal de Educação.
maior sobre o problema para verificar o que deve ser abordado num tema dessa
natureza.
Senti um pouco de inibição do nosso grupo da CAE para me fornecer
algumas sugestões também porque os relatórios, antes de chegarem às mãos dos
Conselheiros,o examinados profundamente pelos técnicos, que preparam a
síntese. O Conselheiro atua como um decisor com base no informe da CAE. O
informe da CAE, por sua vez, é feito levando em consideração o relatório da
Comissão Verificadora. Então,o dava para entender muito aquela preocupaçãoo
grande dos nossos companheiros em mostrar, em analisar alguns dados que
consideram muitas vezes passíveis de melhoria por parte dos relatórios que nos
chegam.
Um outro ponto interessante para que pudéssemos esquematizar o que
falaríamos, nesses poucos minutos na manhã de hoje, é o seguinte: vejo que a COR
sempre tem dado ênfase ao assunto de supervisão dentro de um moderno enfoque.
Então, um relatório de Comissão Verificadora, que seria o meu tema,o faz sentido
algum nem deveríamos gastar tempo falando sobre ele se issoo fosse recebido,
o fosse entendido num aspecto maior, portanto, dentro de um campo de
abrangência do que seja uma supervisão.
Vejo, olhando um pouco para trás, como avançamos, em termos de
Ministério da Educação, a partir do conceito de inspeção, quando éramos realmente
inspetores. Digo "éramos" talvez numa maneira generosa de dizer porque nunca
pertenci aos quadros do MEC, nem na função de inspetor, nem na função de Técnico
em Assuntos Educacionais. Sou ligada à Universidade mas tive o prazer de ter uma
grande escola entre os inspetores do Ministério quando assumi, em 1970, a Diretoria
do Ensino Secundário. Àquela altura, tínhamos, ainda, um notável grupo de escolas
secundárias ligadas ao sistema federal de ensino, desligadas, depois, a partir da Lei
5.692, de 1971.
Tive o prazer de administrar, por alguns meses, as Inspetorias Seccionais
do Brasil e creio que do convívio com aquele grupo do Ministério da Educação devo
boa parcela no campo informal da minha formação. Aprendi com os inspetores da-
quela época muitas coisas e já naquele tempo tínhamos inspetores muito interessa-
dos na mudança do conceito de inspeção como arbítrio, como vigilância para um con-
ceito de cooperação técnica, de orientação pedagógica que acho que é o que hoje
estamos praticamente atingindo.o atingimos em sua plenitude e é bom que assim o
seja.
Em nenhuma das funções que desempenhamos, nada se atinge na plenitu-
de, porque tudo isso é um processo sempre em vias de transformação, de ajusta-
mento, de melhoria, porque também a sociedade vive em constante mudança. Creio
que se fizéssemos uma comparação com o trabalho desenvolvido hoje pelos Técni-
cos em Assuntos Educacionais com o que ontem ocorria, veríamos que houve um
avanço muito grande.
O ensino superior brasileiro tem a dever muito a esse corpo de servidores
que tudo tem feito para que possamos contar com elementos asseguradores de uma
contínua melhoria da qualidade do ensino que se oferece no Brasil.
O que vamos falar em termos de comissão verificadora procura refletir, em
termos de um espectro maior, o que seria esse amplo trabalho de supervisão que vo-
s já discutiram durante esses dias.
p
orque se autoriza e se reconhece cursos? O trabalho da comissão verifi-
cadora só tem sentido porque existe essa atribuição legal de se autorizar e de se re-
conhecer cursos. Ora, num sistema educacional estruturado alguém precisa ter essa
competência.
Um dia desses eu conversava com um grupo de pessoas e uma delas aca-
bava de vir de uma reunião onde a ênfase tinha sido a extinção do Conselho Federal
de Educação. Havia uma pessoa totalmente contra a extinção, outra favorável,
achando que o debate tinha sido muito proveitoso, e outra achando que tinha sido drás-
tico. Interferi com o seguinte:o tenho nenhum temor - posição tenho -o gosto
de participar desse tipo de discussão, porque parte de uma premissa errada. Discute-
se e questiona-se o órgão mas o que se deve discutir, questionar e melhorar é
a função. A função de autorizar, de reconhecer, de acompanhar é inerente ao siste-
ma educacional deste ou daquele país, realizado por este ou aquele órgão. Se se ex-
tingue um, esse tipo de competência passará a ser exercido por outro.
Se se discute a existência ou a necessidade da função - esta é uma coisa
completamente diferente - a discussão mudará de rumo, mas me parece que hoje se
discute muito em termos da função de órgão e, talvez, no fundo, quando se tenta
aprofundar mais essa discussão, o que se vê é uma grande disputa por poder. La-
mentavelmente, por trás disso está uma grande disputa por poder que é, também,
muito frequente em qualquer mecanismo de sociedade organizada.
Por ocasião da reforma administrativa do Ministério da Educação, em 1970,
concretizada em 1971, eu dirigia uma Diretoria que seria a mais atingida porque deixa-
riam de existir as Inspetorias Seccionais. Lembro-me bem que alguém disse: "Mas vo-
cê está votando favoravelmente a essa reforma administrativa? Já parou para pensar
que você vai perder as Inspetorias Seccionais? As Inspetorias significam ter poder no
Brasil todo - em qualquer lugar para onde você fizer uma chamada telefónica você te-
rá alguém diretamente subordinado a você". É uma doce ilusão sobre o que seja
realmente o exercício do poder. O poder é confundido com um mando, onde alguém
diz e tem os comandados espalhados por toda a região geográfica do Brasil, rece-
bendo ordens e cumprindo-as. Mas, continuei na posição que realmente tinha, que é
uma posição de descentralização.o poderia defender o Ministério tendo órgãos nos
estados brasileiros para satisfazer a vaidade pessoal de cada dirigente, tendo a sua
própria Inspetoria, a sua própria Delegacia, a sua própria instituição, dependendo do
nome que se desse ao organismo. Mas essa era a grande discussão em 1970. Então,
onde está um pouco do poder decisório, esse poder é sempre questionado sob os
mais diversos fundamentos.
Dizíamos que autorização e reconhecimento existem em função do sistema
formal de ensino, quer seja no Brasil, quer seja na Alemanha, quer seja na França,
quer seja nos Estados Unidos. Em qualquer sistema educacional estruturado tem que
haver uma formalização da instituição educacional existente para diferenciá-la, até
mesmo, daquela possibilidade que tem o cidadão de se estabelecer livremente com
os chamados treinamentos, com os chamados cursos livres queom nenhum
efeito para fins profissionais.
No momento, pela legislação brasileira, essa função de autorizar está afeta
ao Conselho Federal de Educação. A legislação existente prevê as fases de autoriza-
ção e de reconhecimento. Se vocês examinarem com cautela a parte da Educação da
proposta constitucional que está aí - e que praticamente já é o texto definitivo da
Constituição -o verificar que do texto desapareceu a expressão "reconhecimento".
Digo "desapareceu" porque na proposta inicial ela existia O texto constitucional só
fala que as instituições particulares de ensinoo passíveis de autorização.o se
fala mais na função reconhecimento. Muitas pessoas ficaram preocupadas no mo-
mento em que a expressão "reconhecimento" desapareceu, principalmente porque
conhecemos os grupos que trabalharam para que a expressão desaparecesse. Sei
quemo e os identifico bem, porque os conheço muito. Falo de uma forma muito
confortável sobre essas questões porque tenho uma vida profissional muito clara.
o sofro de alergia quando falam em iniciativa privada na educação. Sofro
de alergia quando falam em ensino de má qualidade, seja de instituição pública, seja
de instituição privada. Aí sim, sofro de uma alergia tremenda que, às vezes, pode até
levar a consequências maiores. Mas, do bom ensinoo sofro de alergia. Devo con-
fessar que o desaparecimento da expressão "reconhecimento" do texto da Constitui-
ção surgiu realmente de grupos queo honram o ensino particular no Brasil, porque
há grupos que o honram, oferecendo um ensino de boa qualidade. Quem tem medo da
supervisão? Quem cumpre a sua missão, quem zela petos objetivos da instituição,
quem acata as normas estabelecidas para o sistema educacionalo pode ter medo
da supervisão. É evidente que determinados grupos, queo se enquadram neste
perfil que estabelecemos,m medo da supervisão. Quanto mais se retire a presença
do Técnico em Assuntos Educacionais de dentro da instituição, quanto mais se redu-
za a presença de um especialista dentro da instituição, melhor. Por quê? No entendi-
mento de alguns, a sua independência fica assegurada com a ausência do técnico
dentro da instituição.
Pensei se valeria a pena brigar muito e entrar também com os grupos cha-
mados "lobistas" na Constituinte para ver se trabalhava para, num último momento,
restaurar a expressão "reconhecimento". Depois, raciocinei o seguinte:o era a coi-
sa mais importante porque acho que se pode regulamentar o que é autorização com
etapas sucessivas. Se se quis dar um golpe por um lado, pode-se receber a resposta
por outro lado. Quer dizer - momentos de autorização, de uma autorização provisória
porque uma autorização é uma concessão. Então, quandoo se cumpre bem o de-
siderato dessa concessão tem que haver uma regulamentação que permita a anula-
ção dessa concessão. Já estamos desenvolvendo estudos preliminares sobre as
formas de estabelecer as etapas gradativas da autorização, que, depois, no momento
oportuno, discutiremos com as Delegacias. Talvez o texto da Constituição, estando
pronto neste segundo semestre, pudesse ser o tema para o encontro do próximo ano
ou pudesse ser inclufdo como um dos temas, ao menos.
Os que tiraram a expressão "reconhecimento"o exatamente grupos liga-
doso às instituições queom nada a temer.o aqueles que envergonham o
contexto das instituições superiores particulares que fazem um bom trabalho de edu-
cação no Brasil. Como disse, a minha alergia é por aqueles que funcionam de maneira
precária, quer estejam na iniciativa pública, quer estejam na iniciativa privada. Acho até
mesmo que, no próprio ensino público, o Governo, para poder ter até mais autoridade
e mais condições de protestar contra o está ruim, deveria também ter o esquema da
avaliação da autorização e do reconhecimento de seus próprios cursos.o estarei
faltando nada com a verdade se disser o seguinte: tenho visto, estarrecida, a abertura
de determinadas universidades públicas e determinados cursos superiores nessas
mesmas instituições que, tenho a certeza absoluta, nenhum técnico educacional daria
o seu parecer favorável. Surgem, todavia, por Decreto. Acho que, para termos
autoridade, para podermos olhar para o nosso interlocutor bem nos seus olhos, o bom
exemplo deve partir de dentro de casa. Na verdade, acomodaçõeso feitas tanto de
um lado como de outro.
O trabalho dessas comissões de autorização e de reconhecimento, que é
evento passageiro, na verdadeo deveria ser evento. Deveria ser o epílogo,
principalmente do reconhecimento. Deveria ser o resultado de um trabalho bem
organizado, bem estruturado da supervisão.
Dentro dessa linha, os meus companheiros do CFE me ajudaram a levantar
alguns dados sobre problemas de comissões. Eles disseram assim: "Muitas vezes a
Comissão Verificadora se atém ao conteúdo do relatório da instituição,o levando
em conta outros aspectos da visita". Para exemplificar, eles disseram que há
relatórios de comissões verificadoras que praticamente se restringem a transcrever
"ipsis litteris" o relatório organizado pela própria instituição. Ora, se essa atitude fosse
a desejável, estaria dispensada a comissão por que só haveria a necessidade de
se fortalecer o cartorial. A instituição apresenta seu trabalho e encaminha o seu
relatório ao Ministério da Educação no prazo estabelecido. Mas issoo é o objetivo.
Tambémo entendo, e creio que vocês tambémo podem aceitar, que só a ida de
uma comissão verificadora ao local tenha a capacidade de detectar pontos positivos e
pontos negativos de uma instituição. A sua passagem por lá é efémera. Além do mais,
muitas vezes, elementos com alta qualificação, com currfculo invejável constituem as
comissões mas, por serem muito ocupados,o permanecem na instituição durante
um período adequado. Temos tido conhecimento de comissões que fazem a
verificação na instituição para emitir relatório exatamente no fim de semana, quando a
instituição está fechada. Então, outra vez, além do tempo ser curto é afetado por uma
outra condição queo condiz com o objetivo da comissão de verificação: entrar na
instituição com o prédio frio, com o prédio morto, com o prédio sem alma, porque a
alma de um estabelecimento de ensino é a presença de seus estudantes e com
estes, a presença de seus professores. Visitar uma instituição, elaborar um relatório
sobre o desempenho de uma escola sem que a tenham visitado com a alma, portanto,
com seus alunos, com seus professores, parece ser um trabalho inócuo. Considero
esse um problema da maior gravidade.
Um outro aspecto que nossos companheiros detectaram e que coincide,
também, com minhas observações durante os 12 anos em que fui Conselheira e que
emiti pareceres sobre as intituições superiores de ensino, diz respeito ao fato de que
raramente os relatórios das Comissões Verificadoras se reportam àquilo que, do meu
ponto de vista, é o essencial: ao trabalho da supervisão ao longo do tempo na
instituição. Via de regra, a maioria dos relatórios de Comissão Verificadorao faz
nenhuma menção ao trabalho -o à presença do técnico porque hoje a presença do
técnico é obrigatória - da supervisão e o processo da supervisão é que deveria servir
de embassamento para essa culminância que é o relatório da avaliação. Tenho a
impressão que o técnico que faz a supervisão de uma instituição muitas vezes deve
até sorrir em cima de alguns relatórios de comissões verificadoras por queo
condizem com aquilo que ele, com aquilo que ele sente, com aquilo que, de fato,
ele acompanha. Esse item deveria ser, de fato, obrigatório; o contato com o
supervisor da instituição, uma análise e uma reflexão em cima desse trabalho de
supervisão, que é desenvolvido na instituição, e, a partir daí, as questões seriam
levantadas, examinadas para resultar na emissão de um relatório conclusivo de
comissão verificadora. Enquantos produzirmos relatórios de comissões
verificadoras só informais, só burocráticos, só de papel, só de conferir se realmente
as coisas estão certas, estará havendo um desvirtuamento do objetivo de verificar,
queo é o de inspecionar, mas é o de consagrar ou de discordar entre o modelo
teórico que a instituição diz ter e o modelo real que se encontrou na situação
examinada. Passa a ser mais um exame burocrático de papéis.
Uma outra situação levantada diz respeito à postura dos verificadores.
Recebemos, nesses dois últimos anos, no Conselho, em torno de 5 queixas, que
estão sendo examinadas para verificar a fidedignidade da informação, de que, às
vezes, um membro da Comissão Verificadora, por postulação, por ideologia contrária
ao ensino privado, já chega perante à instituição que vai supervisionar com uma
postura totalmente negativa. Estamos mandando analisar casos muito recentes. Um
deles é o de uma Comissão, cujos membros pediram à instituição um avião particular
para ir à cidade do interior do Estado, uma vez que teriam que viajar mais 70 km do
ponto em que o avião de carreira chegava. A instituição atendeu à solicitação da
Comissão e um pequeno avião foi fretado. Quando eles emitiram o relatório, disseram:
"tudo bem só que o nosso relatório vai ser negativo porques somos contra a
expansão do ensino particular".
Vejam,o fui chamada aqui para fazer uma abordagem de um modelo
teórico de supervisão, fui chamada para conversar sobre os relatórios das comissões
verificadoras sob a ótica do Conselho Federal de Educação. Num outro caso, mais
recente, o próprio técnico da DEMEC era contrário à expansão do ensino superior.
Externou sua opinião, na instituição, e ainda, segundo consta, confessou que,
também sendo professor de universidade em curso da mesma natureza, observara
que a Universidadeo possuia todos os recursos que a instituição dispunha, mas ele
manteria firme a sua ideologia, a sua posição contra a expansão do ensino superior
pela iniciativa privada e então faria um relatório contra.
Temos um caso pior porque esse eu tenho os documentos. O técnico fez o
relatório da Comissão Verificadora, encaminhou-o para negar o que a instituição
pleiteava relatando a inexistência de certos documentos na instituição e que,
posteriormente, foram comprovados queo só existiam como tinham sido rubricados
pelo próprio Técnico em Assuntos Educacionais - tudo fazendo parte, segundo
parece, de uma ampla campanha de denegrir determinadas instituições. Isso é bom
que venha à tona para ques observemos um outro princípio, que é o princípio ético.
Se eu me sentir constrangida a fazer, por convicção, uma coisa, a primeira posição
minha como uma pessoa proba, uma pessoa honesta, como uma pessoa sincera,
como uma cidadã, tem que ser a de se recusar a fazer aquele tipo de tarefa.
Para o Técnico em Assuntos Educacioais há uma gama de funções que
pode desempenhar dentro do Ministério da Educação sem transgredir a sua
consciência, sem transgredir a sua convicção. O queo pode é ingressar num tipo
de atividade e dizer: "tudo bem, maso posso fazer dessa forma porque sou
contra". Existe aí um princípio de desonestidade, como tem acontecido também com a
formação de alguns elementos das próprias comissões verificadoras, mas esteso
casos de exceção. Como exceção precisamos cuidar para queo proliferem porque
o contrário é o que prevalece - é uma tendência para relatório cartorial. A atitude éo
perniciosa quanto a outra atitude.
O relatório da comissão deve ser um trabalho isento.
Um dos erros básicos para o qual, infelizmente, o Ministérioo tem
solução, é o caso de as comissões serem financiadas pela própria instituição. Aspiro
que chegue o dia em que possamos ter no Ministério da Educação o orçamento
devido para que a comissão seja encaminhada sem que se necessite da intituição
para financiá-la. Por outro lado, se uma comissão é isentao há maior problema em
que a IES também pague esse serviço, podendo ouvir depois, se for o caso: "Muito
bem, obrigada pelo bom tratamento só que como instituição, a sua deixa muito a
desejar e deixa muito a desejar pelo que vimos e pelo que tem atestado o serviço de
supervisão da instituição através dos tempos". Essa é uma observação.
Outra observação que eles fizeram é que muitas vezes as sugestões
básicas para o roteiro de relatório de comissão verificadora - elaboradas pelo próprio
Conselho Federal de Educação, discutidas em reuniões e encaminhadas mesmo
como um documentoo oficial mas como um documento de colaboração -om
sido observadas por agumas comissões. Chegam, por um lado, relatórioso
sucintos que resultam em três, quatro diligências para completar dados porque os
relatórios por si mesmoso contém o básico necessário. Ou então, ao contrário,
relatórioso extensos que mais parecem páginas literárias. Dentro daqueles
enormes parágrafos, daquele emaranhado de citações se procura o que é essencial
para se poder emitir um parecer conclusivo. Ou, às vezes, relatórios mais superficiais
queo permitem uma avaliação mais qualitativa dos processos enviados.
Gostaria de saber, inclusive, se todas as comissões conhecem aqueles
roteiros de conteúdo de relatórios de verificação que nunca foram emitidos pelo
Conselho como uma tabula rasa mas como uma sugestão que, pelo menos, deveria
ser observada no que diz respeito à melhoria desses relatórios. Tenho a impressão
que todas as Delegacias conhecem esses roteiros.
Quando é que se emite um parecer no Conselho Federal de Educação?
Nunca se emite um parecer de autorização nem de reconhecimento sem que do
processo conste um relatório de comissão verificadora. Esse é um passo anterior
mas é um passo indispensável à emissão de um parecer. Por sua vez, essas
comissões verificadoraso organizadas à completa revelia do Conselho Federal de
Educação, o que é muito bom.o reclamo absolutamente. Aliás, defendi ardorosa-
mente a delegação de competência.
Por muito tempo as comissões verificadoras foram organizadas no próprio
Conselho Federal de Educação. Quando defendemos a descentralização, demos
essa delegação,o foi pensando em descentralizar da W/3 Norte para a Esplanada
dos Ministérios, porqueo faria nenhum sentido essa descentralização. Quando
trabalhamos nessa descentralização foi para que as comissões verificadoras fossem
descentralizadas e delegadas - aí a redundância - às Delegacias porques
querfamos maior agilização.
O nosso intento era de maior agilização que hojeo existe. Então, alegar
que dentro da Delegacia o problema fica mais doméstico, porque fica no âmbito do
próprio Distrito Geoeducacional, acho eu que é duvidar da essência, da natureza e da
qualidade do trabalho que Delegados e supervisores exercem nos Estados. Ses
queremos relatórios mais reais e menos burocráticos, menos cartoriaiso vejo qual
a solução melhor que a composição das comissões pelas próprias Delegacias que,
por sua vez, envolverão especialistas e professores do próprio Distrito
Geoeducacional, queo mais familiarizados com a realidade de cada região. Mas,
lamentavelmente, forças entraram e a descentralização acabou sendo feita da W/3
Norte para a Esplanada dos Ministérios. Esse, em momento nenhum, foi o objetivo da
descentralização.s temos visto que as Comissõeso foram agilizadas com a
passagem para a SESu -o é que a SESuo aja com diligência como deva agir; é
que o problema é maior. Fizemos urna relação de assuntos a serem conversados
com o Secretário da SESu, que está muito desejoso em melhorar todos esses
problemas de supervisão. Também defendo a necessidade de uma renovação e
uma atualização frequente dos fichários dos professores que participam das
comissões para queo fiquem consagrados determinados grupos - quando um é
indicado aponta o seu companheiro. Quando se procede dessa maneira parte-se do
pressuposto de que, para uma comissão de autorização e de reconhecimento, viajar a
serviçoo é um encargo pesado. Entendo como um trabaho pesadíssimo, que o
jeton absolutamenteo compensa. É um aborrecimento. Só o espírito de ajuda, o
espírito cívico, se o trabalho for realmente realizado como deve ser, é que justifica a
presença de uma pessoa numa comissão. Mas um técnico de alto nível, seo tiver
interesses espúrios, só por um objetivo patriótico, mesmo, sai de seu lugar para ir
para uma comissão verificadora porqueo compensa, aborrece e cansa. Entáo, há
necessidade de uma renovação periódica também dos integrantes. Continuo a
advogar a tese de que a atitude do Conselho Federal de Educação, ao descentralizar,
ao delegar competência para que as comissões verificadoraso fossem
organizadas por nós, fez muito bem eo deve voltar atrás. Mas, por outro lado,
continuo defendendo que foi um erro só a mudança de prédio em Brasíla. Deve-se
completar essa descentralização passando-se para as Delegacias a competência
para nomear as comissões verificadoras. Essa é a minha posição, que a cada dia se
fortalece.
Dentro desse contexto, gostaria de dizer que estamos trabalhando com a
Delegacia do MEC no Rio de Janeiro. Cada vez se confirma a ideia que eu tinha sobre
os técnicos educacionais do MEC porque tem sido muito gratificante trabalhar com òs
da Delegacia do Rio de Janeiro. Por decisão do Conselho Federal de Educação,
estamos desenvolvendo com esta Delegacia um projeto-piloto para dar início ao
trabalho de renovação de reconhecimento de cursos. Tenho vindo com determinada
frequência à Delegacia do MEC no Rio de Janeiro. Nosso trabalho está muito
adiantado. Estamos estudando os esquemas e as estratégias que adotaremos com
esta Delegacia para iniciar um projeto-piloto de renovação de reconhecimento de cursos,
queo pode ser um trabalho igual ao desenvolvido hoje pelas comissões de reco-
nhecimento porque seria um trabalho inútil. Estamos vindo com o Prof. Ruy Camargo
Vieira, da SESu, e o Prof. Armando Mendes,ex-Conselheiros, e com o Conselheiro
João Paulo do Valle Mendes, Presidente da CESu.mas o grande grupo é formado por
supervisores, por Técnicos em Assuntos Educacionais desta Delegacia. Estamos
trabalhando na adaptação à realidade desta região com base na vivência dos Técni-
cos em Assuntos Educacionais.
s podemos ter bons esquemas, boas ideias teóricas mas, seo levarem
em consideração toda uma. bagagem que traz esse técnico, elasom valor.
Esperamos deflagar, ainda neste segundo semestre, um trabalho com algumas
unidades-piloto, de reconhecimento de cursos.o vai ser a instituição que vai nos
pedir.s estamos tentando fazer um trabalho numa abordagem mais abrangente.
Vamos seguir algumas linhas interessantes.o pode ser um trabalho generalizado
no momento porque, então,o seria um projeto-piloto. Vamos, também, ver a
realidade dos instrumentos que construímos, esses instrumentos, por sua vez
construídos, já levaram em consideração toda uma bagagem contida nos relatórios de
visitas de supervisão, pelos supervisores da DEMEC. Estamos ultimando esses
instrumentos. Provavelmente na reunião da próxima 6ª feiras já ultimaremos tais
instrumentos para que em setembro haja um pronunciamento do CFE sobre essa au-
torização do projeto-piloto. Nos de setembro,s daremos início a esse trabalho
de renovação de reconhecimento, queo deve ser interpretado em nenhuma das li-
nhas seguintes: primeiro,o deve ser para que nenhuma instituição veja como per-
seguição. "Minha instituição foi a escolhida, por queo a do fulano?". Estamos com
critérios que depois saberemos explicá-los e justificá-los. A primeira pergunta que se
faz é: a renovação de reconhecimento jáo chega tardia?o é uma medida que já
vem tardia? Já vem tardia, porque é uma obrigação, que está prevista no esquema le-
gislativo. Se alguém devesse ser punido seríamoss do Ministério da Educação que
temos, ao longo dos anos, deixado de cumprir essa função que nos é atribuída, que
nos é devida. Temos deixado de cumprf-la. Então,o deve ser vista como persegui-
ção mas deve ser vista como um cumprimento de obrigação. Por outro lado,o deve
ser como exibição ao ponto de as pessoas chegarem a dizerem: "Olha, o meu curso
estáo bom.o lá". Vamos funcionar como médicos - ver onde há doenças. Se a
doença é curável, vamos envidar todos os esforços para aplicação do medicamento
adequado para curar a doença. Se o doente se rebelar eo quiser tomar o medica-
mento, a resposta será: "Você está optando entre o viver e o morrer".o temos inte-
resse nem desinteresse de que notícias importantes estejam saindo nas revistas do
MEC, nos boletins, nos telex diários.o queremos sensacionalismos ao trabalho.
Queremos apenas cumprir nossa atribuição.
Por que um projeto piloto? Porque seria oneroso dar início a um esquema
diferente de acompanhar uma instituição educacional fazendo uma generalização por
todo o Brasil. Issoo seria aconselhável e é tecnicamente rejeitada uma posição
dessa natureza. Então, primeiro vamos começar nesta Delegacia.
Paras do Ministério da Educação - estamos envolvidos a SESu e o Con-
selho - paras Ministério - órgão regional, e para as instituições de ensino que
nos receberão, será uma oportunidade de crescermos juntos porque deveremos estar
irmanados no mesmo objetivo que é o de promover a melhoria do ensino ministrado
nessas instiuições. É claro que perguntas, elementos básicoso ser necessários,
o ser olhados, analisados e acompanhados. Por exemplo, uma comparação entre o
hoje e o ontem vai ser fundamental. Como era esse curso quando foi reconhecido?
Mesmo que tivesse um padrão considerado muito bom no seu parecer de reconheci-
mento. Foi muito bom para a época mas será que estagnou? Em educação quem fica
estagnado está defasado. Qual foi a melhoria da biblioteca dessa instituição desde o
seu reconhecimento até hoje? Será que morreu?o se compra mais nada,o se
melhora mais nada? Como é que estão os laboratórios do dia do reconhecimento para
? Maso é no dia da visita da comissão. Isso é que deve fazer uma grande diferença
entre esse trabalho da renovação de reconhecimento e o trabalho rotineiro, o trabalho
emitido nos relatórios de autorização e de reconhecimento. Enfim, várias coisas deve-
o ser observadas durante um período maior, com visitas de acompanhamento mais
frequentes, com professores, até mesmo para facilitar o acompanhamento da instiui-
ção, pertencentes àquele distrito geoeducacional, para que se possa atestar, quando
se der um parecer de renovação de reconhecimento, que foi uma instituição acompa-
nhada e que se pode, sem nenhum medo, sem nenhum receio, sem nenhumaculpa,
dizer que é uma instituição que merece uma renovação de reconhecimento. É claro
que um trabalho dessa natureza deve também envolver todas as pessoas que per-
tençam àquele núcleo institucional - professores, alunos, funcionários, comunidade
em geral, técnicos que acompanham o trabalho da instituição ao longo do tempo.
Acho que esse será um grande passo para o fortalecimento, principalmente, do tra-
balho que a supervisão realiza nas intituições de ensino, esse trabalho abnegado, es-
se trabalho silencioso e às vezes desrespeitado. Sabemos que, muitas vezes, insti-
tuições dizem para o técnico: "Se vocêo resolver, pode deixar que eu resolvo lá
em cima". Então, haverá um fortalecimento do trabalho da supervisão que é, em últi-
ma instância, o grande objetivo da renovação de reconhecimento. É fortalecido, tam-
bém, o trabalho do supervisor, credenciá-lo, cada vez mais, como um técnico que me-
rece do seu trabalho o respeito de todas as instituições, fortalecer o elo entre o traba-
lho que ele realiza e o trabalho conclusivo que emitimos em Brasília mas que deve ser
calcado nesse trabalho que ele realiza.
É dentro desse campo que tentaremos lançar esse trabalho que posterior-
mente vai se estender a todas as regiões do Brasil.o me assusto com o "lobby" de
alguns grupos, volto a repetir, pois os educadores da iniciativa privada que fazem um
bom trabalho em educaçãoo estão preocupados com esse tipo de coisa. Estamos
estudando os primeiros elementos para um documento que definirá o que será uma
autorização de curso dentro de um contexto da nova Constituição. Por certo teremos
uma autorização por etapas que assegurará o acompanhamento permanente. Por ou-
tro lado, quero também dizer, para fazer juz a muitos educadores sérios que traba-
lham na iniciativa privada, que quando tenho dito que o esquema de autorização será
modificado tenho recebido aplausos porque eles sabem onde está o joio plantado no
meio do trigo. O que devemos fazer é realmente cooperar para extrair esse joio do tri-
gal.o essas as informações gerais que queria trazer a vocês sobre o tema que me
foi solicitado mas, principalmente, queria ouvir e questionar porque o nosso dia a dia é
de eterna aprendizagem. Das observações, das colocações que aqui forem feitas
também terei condições de levar opiniões e sugestões para discutir com os nossos
técnicos e, até mesmo, fazer colocações junto aos Conselheiros no plenário do Con-
selho Federal de Educação.
(Texto transcrito de gravação, revisado pela Conferencista)
Nilze Camargo Mello (DEMEC/PR) - Professora, tenho grande prazer em conhe-
cê-la. Lembro tantas coisas bonitas e práticas que a senhora tem feito em prol da
educação, principalmente do ensino superior, cujos pareceres tenho me valido sem-
pre para resolver os meus problemas. Fiquei impressionada - é um fato que eu des-
conhecia - ao saber que os relatórios, antes de chegarem às mãos dos Conselheiros,
passam por uma coordenação - a CAE. Tinha a impressão de que o relatório iria dire-
tamente ao Conselheiro. Pergunto: essas pessoas que formam o CAEo técnicas
também? Qual é a formação quem para que os relatórioso cheguem aos Con-
selheiros com uma predisposição para um julgamento?
Eurides Brito da Silva (Secretaria Executiva do CFE) - A CAE é constituída por
Técnicos em Assuntos Educacionais do Ministério da Educação. Temos muitos téc-
nicos quem vindo de Delegacias e que, por motivos os mais diversos, precisam se
transferir para Brasília e outros queo concursados para lotação em Brasília.o
todos como se fossem um corpo de supervisores das Delegacias. Seu temor poderia
ser dissipado, talvez, com um esclarecimento adicional. A CAE trabalha com o relató-
rio da comissão veificadora sem deixar de fazer remissão ao processo, mas o mate-
rial completo vai ao relator. O relator, também, tem acesso ao relatório completo da
comissão verificadora e aos informes da instituição. O processo passa pela CAE e,
quando há alguma pendência jurídica, é encaminhado, também, à CAJ, queo os
dois suportes do Conselho Federal de Educação - a Coordenação de Assuntos Edu-
cacionais e a Coordenação de Assuntos Jurídicos. Mas a CAE, pela natureza do pro-
cesso de autorização e de reconhecimento, é a que tem um peso maior no trabalho
com o processo antes de ele ir para as mãos do relator.
Nilze Camargo Mello (DEMEC/PR)- Outro aspecto que a senhora focalizou, e que
s havíamos percebido, é essa prevenção dos professores das universidades fede-
rais contra as instituições privadas, quandoo fazer verificação. Isso ocorreu duas
vezes no Paraná - uma comissão de professores do Nordeste e outra do Sul disse-
DEBATE
ram textualmente ao Diretor que tinham ido com intuito já predeterminado deo se-
rem favoráveis à autorização. Mas, surpreendidos pelo que encontraram em Curitiba,
dentro de uma Faculdade de Educação, se viam obrigados a mudar de ideia, pois en-
contraram na IES tudo o que era necessário sob o ponto de vista técnico para o de-
senvolvimento do curso. Entretanto, parao opinarem favoravelmente à autorização,
de imediato, colocaram o processo em diligência, pedindo o número de títulos de li-
vros. Todavia, outra comissão que foi verificar outro curso, queo tinha nem uma
cabine de audiometria,o tinha um laboratório de anatomia,o colocou o processo
em diligência. Percebe-se, assim, uma disparidade de parâmetros para julgamento.
Eurides - A Professora só corrobora com aquilo que eu havia falado. Acho que o
problema brasileiro é um problema de crise humana, de crise moral, de crise de valo-
res.o devo receber uma missão com posição já firmada sobre o resultado que de-
vo encontrar. Vocêo pode receber uma missão para a qual vocêo concorda
com a ideia na base, ao ser que seu objetivo seja o de perturbar porque, se seu
objetivo for o de ser um técnico, for o de ser um elemento isento, vocêo pode parti-
cipar de uma coisa que vocêo acredita. Lamentavelmente, nem todas as pessoas
fazem esse tipo de autocrítica. Mas, se as comissões fossem formadas a nfvel das
Delegacias, o problema seria amenizado porque, facilmente, quando houvesse um
impasse, quando houvesse uma discordância - e a Professora coloca bem aí o caso
de duas instituições - ela teria como resolvê-lo muito antes de emitir um relatório para
Brasília, pedindo uma diligêr ia para uma instituição e isentando a outra. Esse pro-
blema já seria de início resolvido a nível de Delegacia. Então, é mais um reforço à mi-
nha tese de que as comissões deveriam ser formadas a nível das Delegacias.
Nilze Camargo Mello (DEMEC/PR) - Estou sofrendo um problema crucial. Se a se-
nhorao puder responder, neste momento, fica para outro. É a questão dos cursos
livres. Por queo se aplica o Decreto que diz que o MEC, a qualquer momento, pode
fechar esses cursos? Por queo o faz?
Eurides - Há que fazer diferença entre a ação normativa exercida pelo Conselho
Federal de Educação e a ação executiva de outros órgãos do Ministério da Educação.
Só posso responder pela ação normativa e creio que, no que diz respeito à parte nor-
mativa sobre cursos livres, o Conselho Federal de Educação já foi à exaustão. Provi-
dências outras precisam ser executadas pelos órgãos executivos do Ministério da
Educação e sobre eleso posso realmente responder. Mas os órgãos executores
da Educação devem conhecer todos os pronunciamentos do Conselho Federal sobre
cursos livres.
Participante - Tentarei ser breve, Professora. Antes de tudo gostaria de fazer uma
moção de saudade.No dia de hojes comemoramos o primeiro aniversário de fale-
cimento do grande poeta Carlos Drumond de Andrade, aliás, esquecido pela imprensa
local e nacional como uma memória cultural, educacional, científica brasileira. Num
congresso como este, numa casa como esta, num auditórioque temo seu nome, nesses
afrescos inspirados também com a sua ajuda quando Secretário do Ministério da
Educação, gostaria de fazer uma moção de saudade ao grande poeta mineiro, tam-
m carioca, património do Brasil e da Humanidade. Deixando o lado nostálgico -
faz parte do nosso ser, da nossa vida, - em primeiro lugar fico bastante feliz com a
sua intervenção e louvo o desejo de renovar aquele fichário de membros de comissão
onde constatávamos verdadeiros compadrios, comos chamamos em Sociologia, do
qual até eu mesmo fui vítima lá no Nordeste quando, em determinados momentos, porque
fulano era participante de determinada comissão chamava beltrano para participar
dessa mesma comissão. Gostaria de saber se existe atualmente um relacionamento
entre as comissões de verificação, a Secretaria de Planejamento, a Assessoria de
Política Educacional e Cultural do Ministério da Educação no momento da autorização
e do reconhecimento dos cursos.
Eurides - Os que me conhecem sabem queo enfeito as coisas. Você, um com-
panheiro de Ministério, sabe que o Ministério, em momento algum, nem ontem nem
hoje, tem trabalhado sob um enfoque sistémico. O Conselho Federal de Educação
tem trabalhado ainda em cima do seu célebre parecer sobre necessidade social.
Quase toda a doutrina desse parecer se deve a um dos mais brilhantes Conselheiros
que o CFE já teve, que é o Conselheiro Armando Mendes. Você me pergunta sobre
determinadas Secretarias do MEC ques sabemos que existem e ques precisa-
mos conhecer documentos que tragam o rótulo dessas Secretarias. Gosto de ser
sempre fidedigna nas minhas informações.o houve,o há perfeito entrosamento
entre mecanismos do Ministério da Educação. Cada um trabalha procurando desen-
volver a sua função, a sua competência maso realmente dentro de um contexto de
entrosamento.o seria eu que viria aqui para dizer a você: "está tudo às mil mara-
vilhas". Existe realmente um grande problema. Então, como atua o Conselho? Com
os critérios estabelecidos pelo seu parecer de necessidade social que, por sua vez,
o critérios que podemos contestar, que precisam ser modificados. Acho que o con-
ceito de necessidade social tem que ser questionado.o é um conceito pacífico,o
é uma posição pacífica mas está valendo. Então, é sobre ele que se debruçam as
Coordenações e as próprias Câmaras do Conselho para emitirem seus pareceres.
Mari Girdwood (DEMEC/RJ) - Antes de tudo, quero me congiatular com este Semi-
nário que está caminhando e concluindo como deveria concluir, dentro de um nível
de otimização imponderável com a proposta de Eurides de tornar a Delegacia um
centro piloto para a renovação de reconhecimento das unidades isoladas de ensino
superior. A minha pergunta segue a de meu antecessor e tendo assim como ideia a
questão do sistema educacionaf e o modo sistémico de sua operação lhe pergunto se
o Conselho Federalo pretende aplicar, para o seu conhecimento da rede de ensino
superior isolada, os dados quantitativos, considerando-os como indicadores geren-
ciais de operação dessas unidades, sistema este que nos foi apresentado pelo Prof.
Agostinho, da ESAL. Acho que dados quantitativoso dizem muito. Mas eleso o
primeiro passo da consciência e do conhecimento do "modus operandi" dessas inti-
tuições e se um levantamento desse tipo for feito, de maneira ampla e conjugada em
termos de Delegacias, ou em termos de áreas geográficas, acho que o Conselho fica-
ria com um bom fundamento para avaliaro só o trabalho supervisor como o das
comissões verificadoras.
Eurides - A Mario faz uma pergunta. Praticamente ela faz uma declaração com a
qual tenho que concordar. O Conselho precisa se dedicar mais a uma outra faceta que
é a da renovação periódica dos próprios estudos que devem dar embasamento ou se
valer de outros estudos para dar embasamento a decisões, a ampliações de campo.
Gostaria de aproveitar o ensejo para fazer duas colocações. Um desses estudos que
estamos desenvolvendo, que vai ter uma implicação em todo o sistema educacional
brasileiro, é como enquadrar, no contexto do sistema educacional brasileiro, uma ino-
vação do texto constitucional. Vocês devem ter reparado que no texto constitucional
nasce agora uma nova figura nesta já conturbada interpretação do que é sistema de
ensino. Nasce agora o sistema municipal. Agora, pela Constituição, teremos o siste-
ma federal, o sistema estadual - estes já tínhamos - e surge agora o sistema munici-
pai. Então já estamos nos debruçando sobre isto para fazer, pelo menos, um estudo
preliminar sobre as implicações, sobre as configurações, sobre a interligação desses
três diferentes sistemas no contexto brasileiro. É um estudo que deverá, pelo menos,
suscitar debates. Será uma produção pioneira para suscitar debates que poderão de-
pois servir a quem for trabalhar na atualização da Lei de Diretrizes e Bases. Por outro
lado, vez por outra,o só perguntas como as ações fora nos levam a confundir a
ação do Conselho Federal de Educação, que é uma ação exclusivamente normativa,
com a ação executiva e, talvez, por faltar essa interface, poro haver um
aprimoramento entre as diferentes instituições, acontecem coisas muito
interessantes. Vou dar um exemplo. Na semana passada recebi, no meu gabinete em
Brasília, uma professora de Minas Gerais. Ela queria saber qual era a legislação do
Conselho que amparava os cursos de fim de semana, porque a Faculdade dela é de
fim de semana. Ela foi ingénua.o fez pergunta capciosa. Deixei na minha mesa de
trabalho uma minuta de telegrama pedindo à Delegacia de Minas que me desse
subsídios para responder à Professora. Por quê? Porque tudo o ques podíamos
fazer, em termos normativos, para eliminar a possibilidade de cursos de fim de
semana, fizemos.o temos ação fiscalizadora. A ação fiscalizadora é da Delegacia.
Vou devolver a pergunta da professora porque, como a nível de Conselho Federal de
Educaçãoo tenho nenhum embasamento legal, quero saber se a Delegacia tem
algum instrumento normativo. Gostaria de dizer uma coisa e peço o depoimento de
o Paulc Foi a minha ida ào Paulo, a convite do nosso Delegado Boni, que
provocou as medidas do Conselho Federal de Educação da exigência de que os
regimentos de todas as escolas queo tivessem os dias de frequência mínima
obrigatória, queo tivessem o grau mínimo de aprovação, fossem alterados. Foi
depois de uma conversa com a Delegacia deo Paulo que se emitiu aquele parecer
sobre frequência, atendendo a solicitação dos seus supervisores. Assim, ficaram de
posse do instrumento necessário para que pudessem fazer, junto às Instituições de
Ensino, o trabalho que impediria de fato a existência de cursos de fim de semana.
Então, o nosso papel normativo foi cumprido. Pelo papel da supervisãoo posso
responder até mesmo porque o serviço de supervisão do MECo é subordinado ao
Conselho Federal de Educação. O nosso instrumento foi reativado e saiu, mas deDois
disso penso queo existem, mais cursos de fim de semana em Minas, em
municípios limítrofes entreo Paulo e Minas Gerais, em Mato Grosso. Assim, fiquei
surpresa quando, na semana passada, recebi a professora para levantar a legislação
que permite a existência dos referidos cursos. O CFEo é um órgão de inspeção
nem de fiscalização. Temos que trabalhar num sistema perfeitamente integrado.
Quero dizer o seguinte: se chegar um comunicado ao CFE, nomeando a IES faltosa,
posso então, afirmar que o CFE pode abrir inquérito para apurar a denúncia,
chegando-se até ao fechamento da IES, se for o caso. Realmente, seo chegar a
denúncia ao CFE, nada pode ser feito porque o Conselho é órgão normativo.
Suzana Martins (DEMEC/MG) - Em Minas Gerais temos escolas de supervisão es-
tadual e de supervisão federal. Então, acredito que essa escola, talvez, seja uma das
escolas queo estão sob a nossa supervisão e se você achar que pode, queo
vai ferir a ética, nos indique o nome da escola, para que possamos esclarecer de uma
vez.
Eurides - Penso que a escola está sob a responsabilidade da supervisão federal.
Suzana Martins (DEMEC/MG) - Então a coisa está ficando mais séria. De fato, te-
mos ido às IES e temos feito a supervisão. Então, gostaria de saber mais ainda, sobre
o fato.
Mário Finkel (DEMEC/RS) - Em primeiro lugar, queria cumprimentar a Profa. Eurides
pela brilhante atuação como Conselheira do Conselho Federal de Educação. Em se-
gundo lugar, pela gentileza com que ela atende às Delegacias, particularmente a do
Rio Grande do Sul, quando solicitada na função de Secretária. Eu mesmo já telefonei
diversas vezes e fui gentilmente atendido. E, em terceiro lugar, pela posição clara,
aberta que ela tomou, pela imprensa, em favor dos servidores do MEC, seo me
engano quando do episódio da isonomia.o tenho perguntas - tenho algumas colo-
cações a fazer, até respostas, com todo o respeito que a senhora me merece. Quanto
aos relatórios das comissões que ficam muito ligados ao relatório da própria institui-
ção seguimos, nas comissões, o roteiro estabelecido pelo próprio Conselho Federal de
Educação que se aproxima muito do relatório da IES.s temos uma expressão,
"somos os olhos do Conselho Federal de Educação", porque o Conselho recebe um
relatório em Brasflia,o sabe exatarhente, o que é a instituição es da Delegacia,
principalmente da supervisão, que acompanhamos a instituição, fazemos essa
verificação baseados no relatório da IES, constatando-se se o que está ali expresso é a
verdade. Se o sentido do relatório, às vezes, ficar muito ligado ao relatório da IES é
porque trabalhamos com o relatório para dizer para o Conselho se, de fato, o que está
escrito ali é verdadeiro. Talvez seja essa a impressão de que se atém muito ao
relatório. Quanto àquelas visitas das comissões em fim de semana queo levam em
conta a supervisão e a comissão pedir avião particular, eu me coloco na sua posição,
de dizer que a comissão deve ser designada pela Delegacia.s já tínhamos
reivindicado isso, de certa maneira já tínhamos essa competência e a SESu nos tirou.
Então,o queríamos nos indispor com a SESu, já que ela entendeu que deveria ser
de sua competência - originariamente seria - mas reivindicávamos que, pelo menos,
os professores fossem da própria região. Esse era o nosso entendimento, também.
Outra coisa queo é por melindre: a SESu tem colocado na constituição das
comissões "sob a presidência do primeiro", que, geralmente, é o professor. Até é
justo que o professor seja o presidente, ele é o especialista. Ocorre que tem havido
um problema com essa colocação porque em tempos passados, quandoo havia
presidência, o técnico era quem agilizava a comissão. Ele fazia as tratativas,
telefonava aos professores, coordenava com a instituição qual a melhor época para
encontrá-la em pleno funcionamento. Hoje, como a presidência é da competência de
um professor, ficou restrita a ele a agilização do processo. O técnico se mantém
numa expectativa parao tomar a iniciativa pois a comissão tem um presidente.
Acho que é isto que causa o problema. Acredito que voltando a competência às
Delegacias e sendo designados professores da própria região, ficará mais fácil para a
Delegacia fazer os contatos. Aí já vai um pedido: a senhora faiou que nessas
comissões a supervisão deveria ser levada em conta porque tem a memória da
instituição.s reivindicamos que no acompanhamento da criação de universidades,
se possível, também seja incorporado um técnico da Delegacia porque ele vem fazendo
o acompanhamento da supervisão e tem toda a posição da instituição, que poderá
enriquecer o trabalho de acompanhamento. Quanto àquele caso que a senhora citou
que o técnico usou de má fé no relatório, mencionando documento queo seriam
válidos, eu lhe perguntaria se o técnico foi ouvido. Temos na nossa experiência que,
de repente, um diretor de instituição se sente melindrado por alguma razão, telefona
para o Delegado e diz: "Olha, o teu técnico veio aqui e me criou esse e aquele
problema". Finalmente, eu me congratulo com o Conselho quanto à renovação de
reconhecimento porque entendemos que a uma norma penal corresponde uma
sanção e no caso,o querendo dizer que seria uma sanção mas de certa maneira a
instituição sempre terá que caprichar, que melhorar cada vez mais seus cursos
porque saberá que, possivelmente, no futuro aparecerão deficiências e poderá ser
cassado seu reconhecimento.
Eurides - Levei em consideração as primeiras observações do Professor. Aliás,
praticamente é a posição que defendo. Quanto à entrada do técnico na Comissão da
Universidade gostaria de dizer que estou lutando para que isto aconteça. Espero que
num espaço bem menor do que se espera tenha se conseguido, também, que o CFE
aceite a ideia da presença do técnico porque, senão, seria uma contratação de tudo
aquilo que estamos dizendo sobre a importância da sua presença dentro da
instituição. Defendo completamente a sua ideia e espero que, em breve, possamos ter
a inserção do técnico nessa comissão. Comos estamos num ambiente de
companheiros do Ministério, vou fazer uma outra observação. Sobre a última parte
so podemos ter espírito de corpo ao ponto de que "esprit du corp" nos leve a
uma cegueira. Então, por exemplo, quando se coloca uma questão que envolve um
erro, uma falha, uma atuação de alguém do nosso gruposo podemos, por
emoção, fazer aclamação porque todos nós, de um lado e de outro, somos humanos,
todos cometemos equfvocos. Às vezes há pessoas, também, entre nós, exacerbadas
como há entre professores de universidades quem chega com "parti pri", como a
própria supervisora do Paraná informou. As nossas obervações e as nossas análises
o terão valor se refletirem um aspecto passional, emotivo.o melhoraremos nada
nem conduziremos a esquemas que provoquem a melhoria qualitativa enquanto
partirmos de uma premissa de que só fazemos tudo certo,o erramos eo temos
atitudes erradas nunca; eles tem algumas atitudes certas e outras atitudes erradas.
Então, diria ao professor que eu, ao trazer a informação, pude manusear documentos
do processo e pude verificá-los. Euo teria a leviandade de fazer uma colocação sem
antes ter feito a constatação de que quem assinou dizendo queo existia é a mesma
pessoa que assinou que existia e que estava no arquivo da instituição.o teria essa
atitude.o podemos, nas posições que ocupamos, agir sob emoção. Temos que
agir sempre com razão. Somos isentos, somos aplicadores de justiça.o podemos
ser aplicadores da justiça desde que o erro só esteja do lado de. Às vezeso
detectados erros de um lado e erros do outro. O procedimento é termos unidade para
reconhecermos quando erramos, qualquer que seja o lado que venha a errar. Essa é a
minha posição.
Participante - Gostaria de questionar a senhora sobre os processos de autorização
que seo quando da criação da faculdade. A senhorao nos disse como que eles
estão sendo vistos pelo Conselho Federal de Educação. Gostaria de saber como
poderíamos proceder para verificar essa "alma" da instituição que a senhora falou,
visto que a instituição logicamente estará vazia por ser o primeiro curso a funcionar.
Edith Perin (DEMEC/SC) - Temos um sistema bastante diferente em Santa Catarina
porque temos só uma instituição particular. Temos o sistema fundacional no Estado
inteiro queo as instituições criadas por leis municipais e nestas instituições
o exercemos a supervisão e só as visitamos na ocasião dos processos de
reconhecimento de cursos. Quando a Profa. Eurides falou que dificilmente aparece
menção nos relatórios das comissões verificadoras com referência à supervisão
anterior exercida pelos técnicos, fiz um retrospecto porque já participei de inúmeras
comissões de verificação e realmente constatei que poucas vezes mencionamos
essa supervisão nesses relatórios, mas é porque a competência é do Conselho
Estadual queo tem um grupo de supervisão. Isso nos dificulta muito porque,
quando chegamos a uma instituição para fazer o trabalho, er.contramos todo o mundo
de cabeça feita. Os alunos, os professores estão todos esperando aquele momento
de reconhecimento e fazemos reunião com os alunos e professores e encontramos
tudo às mil maravilhas. É tudo só uma questão de momento. A minha pergunta é a
seguinte:o seria interessante que nessas comissões participasse também um
membro do Conselho Estadual?
Eurides - Foi bem lembrada pela Professora o problema da autorização.s disse-
mos algumas coisas que se aplicam às comissões de autorização e de reconheci-
mento. Outras, pela natureza da questão, só se aplicam às comissões de reconheci-
mento. Na verdade, acho que na autorização a comissão é uma comissão de crédito,
de confiança, porqueo se viu ainda nada. A grande comissão responsável, de fato,
pela permanência de um curso, pela validade de um diploma é a comissão de reco-
nhecimento. A comissão de autorização é importante, porque sem o trabalho dela,
sem o seu relatório as coisaso existem. Ela é importante mas a comissão de reco-
nhecimento é que vai fazer o relatório baseado na proposta do projetado e do execu-
tado. A comissão de autorizaçãoo tem, ainda, elementos para se manifestar sobre
o executado, porque o executado é ainda uma proposta, é uma promessa. Comoo
constituídas vocês sabem, seguem o mesmo critério adotado para as comissões de
reconhecimento. Através da SESu/MECo constituídas as comissões.o há
grande inovação. Elaso extremamente importantes mas mais importante ainda é
constatar entre o proclamado e o realizado, o que é feito por ocasião da comissão de
reconhecimento. O caso de Santa Catarina é um caso atípico no contexto brasileiro.
O ensino superior no Estado se expandiu através de um muito inteligente sistema funda-
cional, constituído de fundações mantidas em parte pelo Estado, em parte pelo muni-
cípio e em parte pelas comunidades. É um sistema extremamente interessante mas
as Instituiçõeso vinculadas ao sistema estadual.o deveremos dizer nunca a um
sistema estadual quem ele deve colocar nas comissões. Diríamos que, no momento
em que as Delegacias começarem a organizar suas próprias comissões, então,
Santa Catarina poderá atender este seu desejo, esta sua observação que, em tese, é
válida. Mas o problema de expansão do ensino superior em Santa Catarina realmente
é bem diferente do que ocorre em todo o Brasil.
Suzana Martins (DEMEC/MG) - Queria voltar um pouco ao assunto,o querendo
justificar a nossa ação ou querendo dizer queo erramos. Erramos, é claro. A es-
cola pode, inclusive, estar precisando de uma legislação para justificar para o próprio
técnico o funcionamento dela. Temos visitado as escolas com regularidade e consta-
tamos como eles mesmo dizem: "as escolasoo de fim de semana;s temos
alunos de fim de semana". Então, os alunos é queoo à aula todo o tempo, eles
sóo no fim de semana. A escolao é de fim de semana; é o aluno que é de fim de
semana. Tem muita escola que fala assim mesmo porque, às vezes, o técnico chega
lá e diz "Ah, mas tem pouco aluno". "Ah, mas hoje ele faltou, hoje aconteceu isto". Ele
o vai à escola todo o dia. Naquele dia a escola tem sempre uma justificativa. Mas,
gostaria, também, de colocar uma situação ques vivenciamos recentemente. Te-
mos procurado de certa forma zelar, inclusive comunicar quando o fato acontece,
mas temos dois casos recentes nos quais o técnico fica sem saber até onde ele leva
isso "a ferro e fogo". Foi constatado que uma instituição funcionava em três dias da
semana e queo cumpria carga horária. Levamos esse caso adiante, comunicamos
ao Conselho e foi instituída uma comissão de sindicância. A comissão já foi indicada
desde o ano passado e até hoje, por vários motivos,o compareceu à Instituição.
Essa Instituição, no princípio do semestre, teve um novo curso autorizado, sem que
soubéssemos porquê. Temos, também uma escola que pediu dois cursos nesse ano.
Estávamos acompanhando a escola; ela estava cheia de irregularidades. De dois
anos para cá está procurando melhorar porque estamos fazendo a supervisão. Mas,
pensamos queo era, ainda, hora de ela ter novos cursos e que, primeiro, deveria
melhorar, deveria colocar os seus cursos num bom nível. No entanto, ela recorreu e o
Conselho pediu que se fizesse nova verificação, como se dissesse que a primeira
o estava muito certa. Isso foi feito justamente com base na supervisão que vinha
sendo feita, naquele acompanhamento do dia a dia. Então, às vezes fatos assim
também interferem para que o próprio técnico se interrogue: adianta tanto assim a
supervisão, a sua constatação ou a sua indicação? Acho que os nossos erros estão
acontecendo de um lado e do outro. Estamos precisando partir para uma ação
integrada e para discussão dessas coisas. Então é uma reivindicação nossa que nos
aproximemos mais e que discutamos melhor os problemas das nossas escolas.
Eurides - Eu queria dizer à minha querida amiga e companheira de trabalho de MEC
que eu entendi. Veja como os meus colegas da CAE tinham razão quandoo que-
riam colocar determinadas observações em seu relatório. É sempre muito perigoso
você vir para uma apresentação com alguma coisa prática quando a pessoa toma
como uma crítica ao trabalho institucional. Esperei até que de alguma DEMEC viesse
uma observação no sentido de como exercer uma eficiente supervisão numa unidade
federada sem sequer, na maioria das vezes, se dispor de verba para o supervisor via-
jar para o interior do Estado. Pensei que essa fosse uma colocação porque seria feita
porque como há falha de lado a lado - acho que essa tem sido a minha postura desde
o início, de dizer que há falha de lado a lado -o houve acusação. Essa é uma ob-
servação. Se nos reunirmos para estudar como é ques podemos melhorar e se al-
guémo tem a liberdade de dizer que um dos graves problemas, que toda a impren-
sa passou meses e meses noticiando, é o dos cursos de fim de semana, por que ain-
da nos chegam ecos que existem, porque isso causa desconforto em alguém, então
fica difícil fazer-se determinadas abordagens. Em nenhum momento pretendi dar a
ideia de que fazemos tudo certo. Há muita coisa a corrigir. Aliás, comecei a fazer uma
abordagem extremamente delicada, que me dá muito bombardeio em Brasília, quando
defendo ardosamente a tese de queo houve descentralização na organização das
comissões verificadoras porque elas só mudaram de prédio, em Brasília. Elaso
passaram a ser exercidas pelas Delegacias. Toda a minha linha de trabalho tem sido
no fortalecimento da Delegacia porque é ela representação do Ministério no contexto
do Estado. Estou solicitando que a Delegacia do MEC em Minas Gerais se posicione,
veja se realmente há algo errado porque pode ser uma professora inimiga da
instituição e que queira dizer que nela ainda perduram os chamados cursos de fim de
semana. Agora eu vou combater um sofisma. Claro que dizer queo existe curso de
fim de semana mas sim escola de fim de semana é um sofisma porque no momento
em que uma escola organiza um horário, que permite ao aluno faltar a semana toda de
aula, só aparecendo na faculdade no fim de semana e se diplomar, ela é uma
faculdade de fim de semana embora existam um ou dois alunos que compareçam à
instituição todos os dias. Então, quero dizer à Professora, porque é do meu estilo, de
minha índole, que se ela levou a minha colocação como alguma coisa que
desabonasse o trabalho da Delegacia que me desculpe, porque esseo foi o meu
intuito. O meu intuito foi o de apontar um caso num contexto do assunto que
conversávamos e que estou consciente de que fiz para a melhoria de todos e que vai
dar a vocês material para olhar mais a instituição, para ver se é uma acusação
indevida de professor ou se realmente o caso existe. Maso houve, em momento
nenhum, desejo de minimizar o trabalho da Delegacia. Seo podemos falar dizendo
onde as coisas existem, fica meio difícil fazer uma abordagem prática, que foi o que
me pediram. Era fácil para mim ficar aqui com um laudatório sobre como deve ser o
trabalho de comissão verificadora. Mas auxiliaria o trabalho das Delegacias? Então,
peço desculpas se esse foi o entendimento.
Aurélio Wander Chaves Bastos (Delegado da DEMEC/RJ) - Quero dizer que fico
profundamente satisfeito de ver que estamos tendo oportunidade,num plenário do qual
participam dirigentes do Ministério da Educação, dirigentes do Conselho Federal de
Educação, técnicos, dirigentes das instituições de ensino superior privado do Rio de
Janeiro e dirigentes, inclusive de escolas publicas, de participar de um debateo
sério com tanta franqueza. Acho que é realmente um indicador de um Brasil
democrático, de um Brasil transparente e realmente vai criar condições para que, num
plenário aberto, possamos realmente construir o país ques queremos, o pafs que
todoss esperamos.
José Luiz (Faculdade Simonsen) - Sou um dos professores da Faculdade Simon-
sen, uma instituição privada. Quero parabenizar a Professora pela palestra, parabeni-
zar a DEMEC pelo trabalho que está sendo feito neste Seminário, ratificar as palavras
do Prof. Wander pelo bonito trabalho que está sendo feito pela supervisão e fazer uma
consulta à Professora. Em 1985, entramos com um pedido de autorização para um
curso de Tecnólogo em Processamento de Dados. Aprovada a carta-consulta, foi ini-
ciado um processo. Aprovado o processo, um comissão verificadora, comissão essa
constitufda de dois professores de fora do Estado, e da Profa. Vânia, representando a
DEMEC. Em 1987, ela recebeu um parecer de aprovação pelo Conselho Federal de
Educação e, até hoje,o tivemos a assinatura do Presidente da República. Queria
saber da Professora o ques devemos fazer, se devemos consultar a DEMEC, ou
se devemos consultar o Conselho. Qual a atitude que deve tomar a Instituição?
Eurides - Estou aqui representando o Conselho Federal de Educação. A nossa ação
termina quando o processo sai do Conselho Federal de Educação para o Gabinete do
Ministro. Acho que o órgão competente para dar a informação é o Gabinete do Minis-
tro, que encaminha a minuta do Decreto para a Casa Civil, para assinatura do Pre-
sidente. Nesse sentido, as gestões para obter informação deveriam ser feitas junto
ao próprio Gabinete ou à Delegacia que, como representante do MEC no Estado, de-
ve procurar apurar junto à Brasília o que está acontecendo. No caso sou incompetente
para dar uma resposta sobre o que é que está acontecendo. Nossa ação termina no
momento em que o processo sai de lá para o Ministério central.
Neusa Norma da Silveira (DEMEC/RS) - Gostaria de fazer um comentário breve e
rápido para a Dra. Eurides. Lamentando profundamente que um grupo de colegas do
seminárioo pôde assistir sua palestra, porque estava exatamente fazendo um
elenco de propostas a serem votadas imediatamente após o encerramento da ses-
são, gostaria de colocar três considerações: 1- parece-me que o roteiro que nós, os
técnicos, temos para orientar as nossas equipes de autorização e reconhecimento
merece um profundo reestudo à luz daquilo que se discutiu desde segunda-feira neste
seminário. Ele precisa ser adequado à ação supervisora que estamos elaborando e
realizando e que estamos tentando implantar. Temos que privilegiar, nesse roteiro, o
pedagógico e a qualidade do ensino eo apenas aquilo que está constando ali. O
roteiro é antigo, acho que o Conselho Federal já deve ter se preocupado com isso e
nós, os técnicos, também. Esse é o primeiro ponto. O 2º ponto seria colocar à Pro-
fessora Eurides que estamos sentindo falta de maior prazo para permanecermos junto
à instituição; a duração de dois dias e meio, que é o padrão, é muito pouca para um
trabalho de tamanha responsabilidade, qual seja avaliar uma instituição. Avaliação é
um assunto sério. Nosso Seminário nos mostrou isso durante todo o tempo. Gostaria
de pedir encarecidamente, em nome do Rio Grande do Sul, que represento, que seja
dada agilidade a um processo que há um ano e meio tramita dentro do Conselho, que
tem um parecer da SESu pedindo uma comissão de inquérito. É uma faculdade nos-
sa, de Música, é uma faculdade que nos é muito cara, é uma faculdade que está ago-
nizando eo queremos que morra. Então, precisamos de apoio porque no nosso
trabalho de supervisão no Rio Grande do Sul, e acredito que em nível de Brasil, quan-
do encontramos uma instituição que merece o nosso apoio e o nosso auxílio, temos
que ajudá-la. Essa nossa instituição está agonizando há um ano e meio e gostaríamos
de apoiá-la; é a Faculdade de Música Palestrina.
Marlene Salgado (Diretora-Geral das Faculdades Integradas deo Gonçalo) -
Gostaria de cumprimentar a Profa. Eurides e a direção dos trabalhos pela exposição
de hoje e fazer algumas observações que acho importantes no trabalho de supervisão
e de relacionamento. Diante do que foi colocado aqui, existem para mim algumas dúvi-
das. Primeiro, se coloca que a escolae tudo arrumadinho para a chegada da co-
missão. Quero dizer aos supervisores desta DEMEC que, realmente, a escola tem
que fazer uma revisão geral quando vem uma comissão de reconhecimento. Se ela
está sendo acompanhada num processo, se ela está fazendo um trabalho acompa-
nhado pela DEMEC, ela tem que fazer uma revisão. Sabemos que existe uma des-
centralização na administração - tem os chefes de departamento, a direção geral, os
diretores de curso. Cabe ao diretor-geral, no momento que vamos fazer uma aprecia-
ção final, verificar se tudo foi cumprido dentro daquilo que foi estabelecido, além das
reuniões mensais ou semanais que se tenha a nível de colegiados. Então,o ve-
jo porque uma admiração pelo fato de se deixar tudo arrumadinho. Istoo é
nenhuma observação a nível da DEMEC do Rio de Janeiro que tem demonstrado ser
um elo de ligação entre o MEC e a instituição educacional. A DEMEC do Rio de
Janeiro tem tentado, através do seu corpo de supervisores, colaborar com as escolas
de uma maneira muito elegante, inclusive debatendo conosco aspectos
administrativos, aspectos legais e muitas vezes até se posicionando de uma maneira
diferente daquela que vinha se posicionando antes, na interpretação dos pareceres.
Inclusive, um dos fatos que nos honra muito, é que os nossos técnicos da DEMEC
passam conosco três, quatro ou, às vezes, até cinco horas em debate e análise de
trabalho.o estão preocupados em saber se você está cumprindo rigorosamente
isto ou aquilo. Eles estão preocupados com a qualidade do trabalho e com a
discussão de sua avaliação. Essa é a posição da minha escola em relação ao corpo
da DEMEC do Rio de Janeiro. Já tive, na Instituição, 22 supervisores numa semana,
discutindo sobre áreas de conhecimento. Fiquei desesperada pelo jogo de áreas, mas
quero dizer que realmente a DEMEC está fazendo uma trabalho que nos satisfaz a
nível de produção. Gostaria de dizer, também, Profa. Eurides, que a mudança de
currículos deveria ser feita na DEMEC. Acho que, quando queremos fazer uma
modificação curricular a nível de uma necessidade surgida por solicitação do alunado,
do professorado, da própria comunidade da região, temos que encaminhá-la ao
Conselho Federal, que, tendo sob sua responsabilidade várias outras atribuições, às
vezes demora para atender a solicitação da instituição. Isso cria, então, determinadas
dificuldades que o alunadoo entende. Julga ser um descaso da instituição eo a
dinâmica do processo.
Eurides - Vou fazer as duas colocações a respeito da colega que falou anteriormente
e da que falou a seguir. Acho, também, que o roteiro das comissões está precisando
ser revisto. Nesse trabalho que estamos fazendo com a DEMEC do Rio vocêso ter
agradáveis surpresas sobre um bom roteiro de acompanhamento de uma instituição,
apesar deo ser ainda um roteiro perfeito. Vocês acham que o roteiro é defasado,
s também achamos que ele é muito crítico. Queria deixar uma sugestão:
poderíamos formar uma comissão, com representantes de cada Delegacia que
tivessem bastante experiência no assunto, para trabalhar numa nova proposta de
roteiro de comissão para ser implantado no próximo ano. Se vocês acolherem a
sugestão, incorporaríamos isto e o Conselho Federal de Educação convidaria esses
técnicos, um por Delegacia, para irem à Brasília e trabalharem conosco. Acham que a
sugestão é interessante? Antes de ir à Brasília, cada técnico deveria realizar uma
pequena reunião na sua Delegacia sobre as sugestões a respeito desse roteiro
básico. Quando chegasse lá cada técnico estaria levando mais ou menos o
pensamento do seu grupo da sua Delegacia eo apenas o problema da sua própria
Delegacia. Gostaria de dizer à possa simpática gaúcha, que falou há pouco, que terei
prazer em olhar o processo. É claro que de memóriao posso dar informações
sobre o mesmo. Gostaria só que lembrassem que, em média, cada Conselheiro tem
70,80 processos para relatar, fora os processos queo e voltam e a reunião do
Conselho é de uma semana por mês. Então, o tempo passa muito rápido. Para a
instituição pode parecer que está demorando. Quanto ao outro problema, gostaria de
dizer que também compartilho da ideia de que quando temos vícios - e os vícioso
graves - esses devem ser encaminhados e a Delegacia competente receberá o
encaminhamento do problema porque acho que essas coisas precisam ser bem
claras.o há nenhum melindre nesse tipo de alteração ou de informação que
estamos dando aqui. A minha posição é aquela de que erros há de um lado e de outro.
Ninguém veio aqui para um esquema de perfeição. O contexto de um julgamento final,
de um conselho, é um contexto de um tribunal superior ou de outro tribunal. Como diz
muito a turma da área do Direito "em cada cabeça, uma sentença". A nós, técnicos,
cabe a informação e a afirmação do que estamos convictos mas ninguém, como
o dá também o técnico que informa o processo para um ministro de um Supremo, a
sua sentença. Nem sempre a sentença é aquela ques achamos que deveria ser;
o quer dizer que o técnico sempre diga "esse foi o melhor parecer" mas a sentença
final, que é o parecer conclusivo, é de autoria de um Conselheiro, encampado por um
órgão colegiado e que pode - é um direito que lhe assiste - muitas vezeso atender
informações contidas no processo. Ele levanta outros dados e faz o seu próprio
ajuizamento. O importante é que quem informa o processo, no sentido técnico da
palavra informar, tenha sempre a consciência tranquila que fez o seu melhor nessa
informação. Quando sai da nossa esfera para a esfera do ajuizador aío temos mais
condições de opinar em cima disto. Então, vocês me apresentariam sugestões, talvez
a própria COR - Lygia está aqui presente - fosse portadora desses elementos. Fica
feito, então, o convite para que, ainda neste segundo semestre, possamos fazer a
revisão dessas normas com a participação direta dos técnicos da Delegacia, que
deveriam primeiro estudar o problema a nível das Delegacias. Quanto a outra
questão, acho que crédito - daí a essência da própria criação do sistema de crédito
- é para permitir ao aluno cursar determinada carreira dentro do seu próprio ritmo.
Entretanto, colocar o crédito só num determinado dia da semana,o é preciso nem
saber se é legal,o é pedagógico colocá-lo só no sábado. Importante, também, no
ajuizamento da questão é verificar se na integralizacão total do curso esse aluno, que
fizer só um crédito no fim de semana,o vai extrapolar o seu período de
integralizacão. Acho que é um problema que praticamente anula, por isso, acho que
o dá mas, se o estudante tomar crédito na 2ª e na, porqueo os dias que ele
tem folga no trabalho e, seo perturbar a integralizacão do curso, está dentro da
filosofia de crédito;o tem nenhum problema.
Participante - Como se justifica a autorização e o reconhecimento de cursos quando
o relatório isento aponta uma série de fatos negativos contrários à efetivação da me-
dida autorizativa? Como V. Sa. vê a IES que,o logo autorizada, recorre à DEMEC na
tentativa de alterar a sua proposta original? Por exempb: substituição total do seu
corpo docente aprovado pelo CFE ou junção de turmas e turnos? Por que apenas um
grupo de TAEs está participando do projeto piloto de renovação de reconhecimento?
Há TAEs que gostariam de conhecer o projeto e há outros que gostariam de dar a sua
contribuição.
Eliete Santiago (DEMEC/PE) - Trago mais uma solicitação do que uma pergunta.
Ontem foi instituído um grupo para pensar algumas questões, a pedido da coordena-
ção do Seminário.s assumimos como tarefao formar um grupo paralelo mas um
grupo que deveria trazer essas recomendações para o conjunto do seminário. Esta-
mos preocupados com a questão do horário. É importantíssima a presença do CFE
hoje aqui, o que deveria ter ocorrido durante toda a semana, como foi o convite, pare-
ce, da coordenação do seminário. Infelizmente, tivemos a subtração do CFE aqui
durante a semana, daí termos acumulado as questões para uma manhã queo é
mais uma manhã. Estamos vendo que existem questões que poderão ser
aprofundadas tanto nas equipes supervisoras, quanto depois, num intercâmbio com o
próprio CFE, que deverá se aproximar muito mais da SESu, da COR e, certamente,
des Delegacias. O que estou trazendo como solicitação é uma garantia da
apresentação e discussão do trabalho do grupo que terminou ontem muito tarde,
iniciou hoje às 8 horas da manhã.o poderemos sair daqui sem que o grupo, o
conjunto de seminaristas como um todo, conheça, aprove ouo ou entãoo terá
sentido o nosso trabalho. A nossa preocupação se justifica porque, quando marcamos
passagem, tomamos como base o nosso calendário, o nosso cronograma que tem
excedido o horário previsto. Teremos, no máximo, até às 12 horas e 30 minutos,
porque já tem gente saindo daqui a partir das 12 horas e seremos prejudicados.
Neste seminários temos que ter uma visão do que é que este grupo, na sua
totalidade, no seu conjunto, está apresentando como proposta e como continuidade. É
uma solicitação à mesa para o reencaminhamento dos trabalhos, se assim a plenária
consentir.
Aurélio Wander Bastos (Delegado DEMEC/RJ) - Quero adiantar à Técnica que o
trabalho está no exato controle do horário. Estamos trabalhando exatamente dentro da
programação. O documento que está sendo preparado para discussão terá oportuni-
dade de ser discutido, mesmo porque fazemos questão de que seja discutido.
Participante - Gostaria de fazer um pedido para a Professora Eurides, como Secre-
tária Executiva do CFE: quando os processos de autorização e de reconhecimento
entram em diligênciaso recebemos e nem tomamos conhecimenio do porquê
de o processo estar em diligência. Gostaríamos que nos fosse enviada uma cópia ou
qualquer notícia do porquê da diligência.
Ricardo Taboada (Assessor SESu) - Gostaríamos, apenas, de fazer um
esclarecimento em nome da SESu, mais especificamente em nome da CODESu,
órgão onde exerço as minhas atividades, em relação à questão da constituição das
comissões verificadoras. A Professora Eurides Brito colocou um fato que realmente
ocorre, e que até foi reforçado por alguém do plenário, quando referiu-se a esse
"compadrio" existente entre os membros que constituem essas comissões
verificadoras. Realmente eleo é intencional ou melhor é intencional no sentido de
muitas vezes facilitar a hospedagem. Todoss sabemos, e até foi muito bem
colocado pela Professora, que existem dificuldades financeiras, que a diária destinada
a esses verificadores é irrisória,o, muitas vezes, para cobrir a despesa do hotel.
Então, todas essas dificuldadeso pensadas no momento da designação de uma
comissão. Um outro aspecto que foi mencionado é em relação à visita que se faz e
quanto à mudança que deve ocorrer, a descentralização. A Professora citou que a
descentralização é muito mais um fato que se verificou entre prédios lá em Brasília. É
nossa intenção, também, especialmentes que somos técnicos, que haja a
descentralização. Essa sugestãoo éo recente. Há cerca de dois anos já havia a
preocupação, principalmente do quadro técnico, de que fosse feita a
descentralização, que se atribuísse às Delegacias a nomeação das comissões
verificadoras. Acredito que também o quadro dirigente, o quadro que tem atribuição
política tenha a preocupação com essa descentralização. No meu entender, nesse
aspecto, há muito mais um problema de solução de continuidade do Ministério da
Educação porque algumas pessoas com quem temos tido oportunidade de contactar,
pessoas que fazem parte da direção, especialmente da SESu, tambémm se
mostrado sensíveis a esse problema, tambémm desejado mudanças, tambémm
querido atender às mais variadas instituições, em especial às Delegacias. Contudo,
muitas vezes, quando essas pessoas chegam ao Ministério, começam a tomar
ciência das dificuldades dos problemas e, para a partir daí realmente agirem, essas
pessoaso embora. E vem outras pessoas que demorarão algum tempo para tomar
ciência de todos-esses anseios que os senhores estão colocando. Vimos antes de
ontem o Professor Luiz Otávio, que é nosso Subsecretário, se dispor, inclusive, a
estudar a possibilidade de atendimento dessas reivindicações por parte das
Delegacias e por isso os senhores constituíram um grupo, estão fazendo estudos para
oferecer subsídios e sugestões.
Eurides - Há uma pergunta que veio escrita, que já foi lida, que euo gostaria de
deixar sem resposta - "como se justifica a autorização e o reconhecimento de cursos
quando o relatório isento" - a palavra "isento" vem sublinhada, mas eu diria vamos
falar "o relatório", porque imagino que esta deva ser a regra geral. Todo o conteúdo da
minha fala na manhã de hoje foi que os relatórioso bons, de um modo geral.
Falamos apenas com dados em algumas observações sobre algumas falhas para
aperfeiçoamento. Então, vamos tirar os qualificativos do relatório. Continuando a
leitura da pergunta: "O relatório aponta uma série de fatos negativos contrários à
efetivação da medida autorizativa e assim mesmo é autorizado". Acho que parte
da resposta pode ser dada pelo fato de que vocêso tomam conhecimento das di-
ligências queo baixadas e, às vezes, até ser emitido o parecer conclusivoo
feitas até três diligências. Mas, com o nosso compromisso de restabelecer o que
a nossa Professora aqui pede, de que também sejam encaminhadas às DEMECs as
diligências - e eu já anotei aqui para que isso possa ser feito daqui para a frente -
talvez parte esteja respondido. E a outra parte vocês também já devem ter observado,
eu disse antes: o juiz final é o emissor do relatório.o, formalmente ou
implicitamente, um compromisso de que um relator só diga o que outros disseram.
Informamos de acordo com o que achamos que deva ser informado mas o
ajuizamento é de um relator final e sobre issoo posso realmente influenciar. Quanto
ao projeto piloto,s escolhemos a DEMEC do Rio dr Janeiro pela natureza da
instituição, mas o grupo que está vindo aqui trabalhar comigo é de "economia interna"
da instituição e eu nunca perguntei porquê, nem sei quantos são. A perguntao deve
ser dingida a mim. Fiquei surpresa que ainda tínhamos companheiros queo sabiam
que o processo vai diretamente à Comissão mas acho que fizemos uma proposição
num outro encontro que tivemos com Delegados de que todo os as Delegacias
mandassem um técnico ã Brasília, durante a sessão do Conselho Federal de
Educação, para que se estabelecesse esse melhor relacionamento. Todos os
companheiros quem ido eu os tenho encaminhado, normalmente, para fazer o
seguinte percurso: ficam com os Técnicos em Assuntos Educacionais da CAE,
observando o seu trabalho e depois tenho ouvido dos companheiros dos Estados
coisas muito interessantes - "Ah, foi ótimò porque lá eu vi os processos de interesse do
meu estado, vi algumas coisas queo estavam bem". Da CAE, passam pela CAJ,
aproveitam para levantar todos os problemas de interesse das instituições ligadas à
Delegacia a qual pertencem, conversam com Conselheiros. Há depoimentos muito
interessantes dos técnicos quem ido. Ás vezes, quando eu cobro dos Delegados
a ausência dos técnicos das Delegacias, eles me revelam o porquê; é uma coisa que
sei que acontece: "não tive dinheiro para mandar o técnico neste mês". Agora vem a
resposta a quem sentiu a ausência do Conselho Federal de Educação durante a
semana. A minha Portaria foi baixada para que estivesse aqui desde o primeiro dia do
Encontro. A Portaria foi refeita anteontem para que eu estivesse só ontem à tarde e
hoje porqueo tínhamos cobertura orçamentária para assegurar a minha presença no
Rio de Janeiro desde o primeiro dia do Encontro. Esta é a situação.
(Transcrito de gravação)
PARTE 6
ENCERRAMENTO
PALAVRAS DA PROFESSORA
LYGIA SOUTO DE
AZAMBUJA*
Gostaria, neste momento, de, em meu nome, no do Coordenador da COR,
Professor Francisco Balthar Peixoto, e no das Professoras Maria Heloísa Moojen
Mangoni e Vera Ledo Rocha, expressar o nosso agradecimento ao titular da
DEMEC/RJ, Professor Aurélio Wander Bastos, pela valiosa colaboração prestada por
sua Delegacia durante todo o desenvolvimento do Seminário.
Desejo, ainda, agradecer o empenho e a dedicação das Professoras Ha Ce-
cília Kemp e Maria dou Carvalho, queo mediram esforços no sentido de viabili-
zar as condições para a efetivação dos trabalhos.
À Professora Nair Tulha Evangelista, Chefe da Seção de Supervisão, e às
Professoras Luiza Dalva Barbosa, Nair Esperanza, Selma André, Sônia Lacerda, Al-
dana Carvalho, Nilce Miranda, Nise Magalhães, Diana Couto, Eni Orgenstein e Leila
Mascarenhas, que apoiaram os grupos de trabalho dos técnicos e aos demais funcio-
nários da DEMEC que estiveram conosco, o nosso sincero agradecimento por sua
participação comprometida na realização deste evento.
Agradecemos, também, aos Técnicos em Assuntos Educacionais Ricardo
Taboada Neto, da SESu, Maria Dulce Dias Bastos, da DEMEC/SP, e Mário Finkel,
da DEMEC/RS, nossos consultores na área de legislação, cuja atuação competente
merece ser destacada.
Queremos agradecer, de forma especial, à Professora Eurides Brito, Se-
cretaria Executiva do CFE, nossa conferencista de hoje, e a todos os demais confe-
rencistas que aqui compareceram trazendo sua valiosa contribuição.
Às Professoras Marilú Fontoura de Medeiros e Maria Isabel Edelweiss Bu-
jes, da UFRGS, aqui presentes, o nosso reconhecimento por terem permanecido co-
* Responsável pela Área de Apoio à Supervisão do Ensino Superior Particular Isolado e ao Registro
de Prolessor e Especialista em Educação da Coordenadoria de órgãos Regionais e Colegia-
dos/SG/MEC e Professora Assistente do Departamento de Ensino e Currículo da FACED/UFRGS.
nosco durante todo o Seminário e pela profundidade dos trabalhos apresentados, cu-
jas ideias, estou certa, permitiram aos supervisores o repensar de sua ação.
(Texto transcrito de gravação, revisado pela Conferencista)
PALAVRAS DO PROF.
AURÉLIO WANDER CHAVES
BASTOS*
Quero, em nome desta Delegacia do Ministério da Educação, agradecer à
Coordenadoria de Órgãos Regionais e Colegiados do Ministério da Educação que
depositou nesta Delegacia a confiança de que estes trabalhos seriam realizados.
Procuramos devolver com nosso estorço e com nossa dedicação para uma boa e
plena realização deste seminário, que, tenho absoluta certeza, terminará, no seu
segundo momento, com o mais absoluto e perfeito êxito. Quero agradecer, também, a
todos os dirigentes da Delegacia do Ministério da Educação que procuraram, de forma
harmónica, contribuir para que esse seminário chegasse ao fim e tivesse o seu
sucesso garantido, como certeza eu tenho que isso ocorre. Quero, da mesma forma,
agradecer a todos os técnicos e supervisores dos diferentes estados brasileiros que
afluíram a este Palácio Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Educação
no Rio de Janeiro, para contribuir para o brilhantismo e para a qualidade deste evento.
Da mesma maneira euo poderia deixar de agradecer aos dirigentes de Instituições
de Ensino Superior Privado que aqui estiveram, nas primeiras sessões e ainda agora
nesta primeira fase de encerramento, prestigiando e contribuindo para o
desenvolvimento do nosso trabalho. Eu tambémo poderia deixar de manifestar o
meu agradecimento aos meus colegas Delegados do Ministério da Educação que
aqui, juntamente comigo,m procurado, por todas as formas e por todos os meios,
encontrar condições de desenvolver com qualidade,o apenas o sistema de
supervisão mas colaborar para a melhor qualidade do ensino superior privado isolado
nos seus diferentes estados. De forma que tenho absoluta certeza que estamos
chegando a este seminário com sucesso e com conclusões que serão
acentuadamente positivas como as que serão retiradaso logo agora no momento
em que sucede a essa primeira parte da sessão. Quero encaminhar também,
formalmente, à Profa. Lygia Azambuja o nosso Catálogo das Instituições de Ensino
Superior e espero que ela o encaminhe aos órgãos do Ministério da Educação. Como
é costume nesta cidade do Rio de Janeiro, nos momentos formais e finais,
* Delegado do MEC no Estado do Rio de Janeiro
encerramos o nosso trabalho sob os acordes e a movimentação do Hino da Cidade
Maravilhosa.
(Texto transcrito de gravação
PARTE 7
RECOMENDAÇÕES
APROVADAS EM PLENÁRIO
PELOS SUPERVISORES DAS
DELEGACIAS DO MEC
RECOMENDAÇÕES
APROVADAS EM PLENÁRIO
PELOS SUPERVISORES DAS
DELEGACIAS DO MEC
Considerando a possibilidade de implementar a supervisão como um pro-
cesso de reflexão coletiva voltada para o pedagógico;
Considerando a possibilidade dos técnicos em atividade de supervisão con-
tribuírem para a melhoria da qualidade do ensino;
Considerando as implicações e as condições necessárias para que o traba-
lho se efetive;
os técnicos reunidos no Seminário Nacional sobre Avaliação e Ação Super-
visora no Ensino Superior Particular Isolado, realizado no Rio de Janeiro, de 08 a 12
de agosto de 1988, recomendam:
1 -que a SESUe o CFE se integrem aos espírito da Portaria SESu 14/83, faci-
litando a ação supervisora através do diálogo permanente, da troca de informações e
da participação na elaboração das políticas educacionais;
2 - que a SESu se posicione face ao emaranhado de pareceres casuísticos
que acabam se incorporando à jurisprudência da CLN do CFE;
3 - que o CFE e a SESu valorizem as Delegacias como ponta da estrutura
educacional, tomando-as como local de escuta para a elaboração de seus pareceres
e programas;
4 - que a SESu modifique a sua atitude, enquanto responsável pela nova
supervisão, e desloque o enfoque eminentemente legal para uma abordagem voltada
ao incentivo da qualidade do ensino;
5 - que a SESu utilize como municiadores, seja para reformulação de suas
práticas, seja na sua relação com o CFE, as recomendações emanadas dos Encon-
tros, Seminários, especialmente o de 1986, relatórios e informações dos técnicos das
DEMECs;
6 - que os órgãos centrais do MEC contemplem a participação das DEMECs
em eventos sobre a Educação Brasileira;
7 - a necessidade dos órgãos centrais do MEC priorizarem o aperfeiçoa-
mento dos TAEs como política de pessoal e obrigação do Estado, através de pro-
grama de incentivo à participação em cursos de pós-graduação em seus diferentes
níveis;
8 - que a SESu assegure a participação dos técnicos, através das DEMECs
e da COR, na formulação do Programa Integrado de Supervisão Educacional
(PISE), que, lamentavelmente, até o momento, deixou à margem os agentes da su-
pervisão;
9 - que os Delegados revigorem seu papel de facilitadores nesta política de
supervisão, uma vez que seu posicionamento tanto poderá fazer avançar ou recuar o
trabalho desenvolvido pelos técnicos.
Por fim, os TAEs reconhecem o valor do seu trabalho, a sua contribuição
social no projeto educacional brasileiro e, por conhecê-los, sabem que a sua concreti-
zação está diretamente ligada às suas condições de vida, trabalho e, fundamental-
mente, de salários.
Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1988
PARTE 8
ANEXOS
ANEXO I
RESULTADOS DA FICHA DE
AVALIAÇÃO DO SEMINÁRIO
A avaliação do Seminário foi feita através do preenchimento de uma ficha,
pela qual se procurou detectar a opinião dos participantes sobre o desenvolvimento
dos trabalhos.
As opiniões levantadas foram apresentadas na sua íntegra. No caso de res-
postas coincidentes, em essência, colocou-se a frequência ao lado de cada uma de-
las.
Dos 122 supervisores presentes ao evento, 43 preencheram a ficha
(35,24%).
RESULTADOS DA FICHA DE AVALIAÇÃO DO SEMINÁRIO
01. Os trabalhos desenvolvidos forneceram subsídios de forma a contribuir para
o aperfeiçoamento da supervisão em sua Delegacia?
F
42
-
1
43
%
98
-
2
100
sim
o
sem resposta
Em caso positivo, cite os trabalhos desenvolvidos (palestras, pronun-
ciamentos, relatos de experiências, trabalhos de grupo) que mais poderão con-
tribuir para o aperfeiçoamento da supervisão em sua Delegacia.
"Aumentou-se o questionamento e a busca de soluções nas visões distintas
de supervisão nas palestras de Cláudio Neiva e de Luiz Ctâvio de Souza Carmo.
Foi útil conhecer as experiências do Rio de Janeiro (que vivendo) e de Mi-
nas Gerais.
Foram magistrais os trabalhos de Maria Isabel Edelweiss Bujes e Marilu
Fontoura de Medeiros - os paradigmas de Maria Isabel foram claros e válidos. As
sínteses de Marilú sobre o que percebeu das preocupações históricas da supervisão
foram ôtimas.
Gostei dos debates - queria que tivesse havido mais tempo para eles.
Os estudos em grupo fcram excelentes, mas tivemos pouco tempo.
O debate, a reflexão conjunta, o encontro com o pessoal das outras Delega-
cias, o enorme empenho dos organizadores do Seminário, tudo isso nos faz sentir
que nosso trabalho conta, que muito se espera de nós, e que haverá eco para as
nossas sugestões, ideias e propostas. Acredito, portanto que tudo contribuiu muito.
Um ponto alto foi o trabalho de Agostinho Roberto de Abreu, sobre avaliação
gerencial (a palestra poderia ter sido mais longa e mais exemplificada). É uma linha
moderna de avaliação que é nova para muitos TAEs".
"Destacamos as palestras de Maria Isabel e Marilú pelo aprofundamento de
algumas questões teóricas ligadas à supervisão e à avaliação. Fundamentais, tam-
bém, foram os pronunciamentos de Luiz Otávio e Cláudio, pois revelam como a su-
pervisão e a avaliação estão sendo consideradas na esfera ministerial".
"Pelo aprofundamento do tema tratado, buscando método científico e emba-
samento filosófico para o que foi observado no aqui e agora do desenvolvimento dos
trabalhos de base (grupos), pelas colocações, esclarecimentos e orientações para os
diversos problemas, excelente o trabalho de Marilú (sério, honesto, bem elaborado,
reflexivo, orientador de finalidades). Todos os demais conferencistas também contri-
buíram positivamente".
"O conhecimento dos programas e Drojetos que estão sendo desenvolvidos,
como o PISE, citado por Luiz Otávio: o trabalho de avaliação das IES apresentado por
Cláuaiu; o projeto Galileu, apresentado pelo Agostinho; a avaliação e o nosso papel,
merecendo aprofundamento dos conceitos e propostas dos grupos".
"De modo geral, todos os trabalhos desenvolvidos neste Seminário contribuí-
ram plenamente para o aperfeiçoamento da supervisão nas Delegacias".
'Todos, porém os mais significativos foram os apresentados por Maria Isa-
bel, Marilu, Cláudio, Luiz Otávio e Eurides Brito".
"Foram importantes os trabalhos de Luiz Otávio, Aurélio Wander Chaves
Bastos, Ha Cecília Falcão Kemp, Cláudio e Maria Isabel, cuja participação foi exce-
lente. Parabéns a Ricardo Taboada Neto pela sua competência e disponibilidade; o
mesmo para Lygia Souto de Azambuja".
"Os trabalhos apresentados por Maria Isabel, inclusive os relatos de expe-
cia; o trabalho da Marilú, destacando-se a análise feita aos trabalhos de supervi-
são das Delegacias; a fala de Eurides, que nos deu esperança de melhorias no que
diz respeito aos processos de renovação de reconhecimento".
"As palestras, os pronunciamentos, os relatos de experiências têm tudo para
contribuir para o aperfeiçoamento da supervisão".
"O relato das ações iniciadas em algumas universidades visando a avalia-
ção.
"O intercâmbio de experiências e os debates".
Todos os trabalhos".
"Os relatos de experiências".
"Os trabalhos em grupo" (5).
"O trabalho em grupo sobre legislação" (2).
"As palestras sobre Avaliação Institucional".
"O tema Avaliação na IES e a Ação Supervisora".
"O texto sobre Avaliação Institucional".
"Todo o seminário, de certa forma nos traz subsídios; o problema, no entan-
to, continua: indefinição do que é Supervisão".
Foram citadas, ainda, por diversos participantes as palestras de Marilú, Ma-
ria Isabel, Cláudio, Eurides, Luiz Otávio, Ha, Ricardo e Edmundo.
02. Destaque os aspectos positivos mais relevantes do Seminário
-"a escolha do tema AVALIAÇÃO"(11);
- "a qualidade e a competência dos conferencistas, palestrantes e debate-
dores"(6);
- "os pronunciamentos dos conferencistas no momento dos debates" (02)
- "a aula magistral de alto nível de Maria Isabel e a fala teórico-prâtica (ex-
traordinária) de Marilú congregaram quase todos os assuntos apresentados e grande
parte das questões levantadas em plenário. Citaria, ainda, a organização, o material, o
volume de informações trazidas ao plenário por todos os palestristas ou comunicado-
res";
- "a apresentação de Maria Isabel foi bastante importante e esclarecedora
no sentido de uma conscientização dirigida para transformação comportamental a
partir do tema Avaliação";
- "o acompanhamento do trabalho de supervisão das DEMECs feito por Ma-
rilú";
- "a avaliação feita pela Pofa. Marilú";
- "encontrei auxílio para o meu trabalho na exposição de Agostinho e muita
receptividade no discurso prático de Luiz Otávio. Suas colocações falam sobre pro-
blemas que estamos vivenciando";
- "as palestras de Maria Isabel (8); de Marilu (6); de Eurides (3); a presença
e as declarações de Eurides; a palestra de Cláudio";
- "a atuação e a exposição brilhante e enriquecedora de Maria Isabel e a
colaboração também muito valiosa feita através de questionamentos das colegas
mais experientes: Neusa (RS), Eliete (PE), Aldana (RJ), Cláudia (RS) e outras;"
- "a reflexão sobre a necessidade da melhoria do ensino e do próprio siste-
ma";
- "a quebra de rotina para discussões de alto nível";
- "a clareza dos relatos";
- "os debates" (3);
- "acredito que os trabalhos de grupo também tenham sido positivos; infe-
lizmente, os técnicos da DEMEC/RJ não tiveram acesso a esses grupos, não tendo
oportunidade de ter uma visão de conjunto";
- "visão geral da supervisão no Brasil e em cada Estado, permitindo fazer
uma avaliação do nosso trabalho e concluir que ele è desenvolvido, na sua maioria,
dentro da mesma sistemática e que as dificuldades são semelhantes";
- "desenvolvimento da questão referente a um trabalho participativo da su-
pervisão";
- "melhor visão da ação supervisora e levantamento de situações que pre-
cisam ser revistas ou reformuladas";
- "a oportunidade de ampliar nossa visão em relação à supervisão como
processo avaliativo";
- "participação efetiva dos técncos com maior vivência em supervisão atra-
vés de intervenções muito oportunas e questionamentos elucidativos" (2);
- "compromisso dos TAEs, evidenciado pela sua participação efetiva nas
dicussões";
- "a assiduidade e o interese demonstrado pelos participantes";
- "as contribuições dos participantes do plenário após as exposições (o es-
tímulo à sua participação) dinamizaram o seminário";
- "a expontaneidade e o interesse dos participantes por ocasião dos deba-
tes";
- "a presença maciça dos participantes que demonstraram evidente interes-
se nos temas abordados";
- "a preocupação dos supervisores no que se refere à sua formação, a fim
de estarem em condições de poderem atuar eficientemente junto às Instituições de
Ensino Superior Particulares Isoladas";
- "o congraçamento entre os TAEs, momento em que a troca de vivências e
dificuldades nos faz ter uma visão geral dos problemas do ensino. Também os expo-
sitores vivificam e aclaram esta visão. Partindo do conhecimento dos problemas nos
capacitamos a procurar caminhos";
-"intercâmbio entre as Delegacias" (6);
- "os relatos de experiências";
- "a programação em si";
- "a dinâmica imprimida aos trabalhos com a divisão do tempo para as di-
cussões em grupo e para as sessões plenárias" (4);
- "a firmeza nas decisões";
- "o clima de liberdade e consciência crítica do seminário e dos participan-
tes";
- "oportunidade de debater democraticamente";
- "boa organização do seminário" (2);
—"o trabalho de infraestrutura e os textos distribuídos";
-"a acolhida da DEMEC/RJ, principalmente da Profa. Ha Kemp";
- "o cuidado e o carinho da DEMEC/RJ";
- " local e a recepção do pessoal da DEMEC/RJ" (2);
- "apoio da COR na execução do seminário" (2);
- "a eficiência e o empenho da COR";
03. Cite os aspectos negativos que mais prejudicaram os trabalhos.
- "ausência de algumas autoridades convidadas";
- "ausência de Conselheiro durante o Seminário para dar suporte às deci-
sões sobre legislação";
- "comparecimento de representante do CFE somente no último dia";
- "a participação de IES e de Mantenedoras quando se pensou que o semi-
nário era para os técnicos da DEMEC";
- "a não participação de todos os TAEs da DEMEC/RJ nos trabalhos de
grupo";
- "discriminação dos técnicos da DEMEC/RJ que não participaram dos tra-
balhos de grupo. A partir desse fato acho importante uma reflexão mais profunda so-
bre qual é realmente o papel dos técnicos";
- " não posso dizer que prejudicou o trabalho, mas asseguro que a discrimi-
nação dos TAEs da DEMEC/RJ, não participando dos trabalhos de grupo, arrefeceu o
interesse tanto sob o aspecto conteúdo quanto sob a participação nos debates, visto
que, psicologicamente, foram "castrados" no que concerne à interação e à capacida-
de de expressão. Na minha percepção pessoal, quando se trata de um assunto tão
importante como avaliação, seja endógena ou exógena, a interação é condição precí-
pua para a participação efetiva";
- "interíerência de alguns colegas com assuntos repetitivos, pessoais";
- "o personalismo de alguns participantes, o seu individualismo";
- "certas colocações infelizes, agressivas";
- "as pregações emocionais com críticas exacerbadas à totalidade de atos e
fatos, negando todas as qualidades e ações positivas dos órgãos superiores no seu
esforço de superar as dificuldades que eles também têm";
- "a posição negativa de alguns participantes que continuam não entenden-
do ou não querem entender - o que é um trabalho de supervisão, demonstrando o
retrocesso que alguns estão vivendo em suas Delegacias";
- "tratamento dado ao tema legislação, que não se adequou ao objetivo geral
do seminário qual seja abordar a questão avaliação numa perspectiva de supervisão
pedagógica";
- "maneira como foi conduzida a parte de legislação";
- "o tema indicadores gerènciais por sua inadequação à clientela e aos obje-
tivos do seminário";
- "a não abordagem da Resolução 20/77";
- "os trabalhos deveriam ser menos expositivos e menos formais. Acho im-
próprio discutir problemas afetos à politica do MEC e outros que extrapolam nossas
atribuições e que não iremos resolver";
- "a maneira como foram dirigidos os trabalhos de grupo";
- "os presidentes de sessões não terem assumido a posição firme de mode-
radores e de limitadores do tempo para os participantes não se manifestarem" (3);
- "a mudança de auditório";
- "o local do trabalho de grupo -barulhento" - (3);
- "restrições impostas pelo Ministério da Cultura, retirando a aparelhagem de
som durante o Seminário";
- "não me agrada que haja pequenos grupos fechados ao grande número de
participantes - teria preferido uma organização mais democrática";
- "a não observância do horário no início das sessõs" (9);
- "perdeu-se tempo com algumas colocações que fugiram do assunto" (3);
- "a distribuição do tempo em alguns temas";
- "falta de tempo para aprofundar as questões devido à má organização da
agenda diária da programação";
- "falta de limitação do tempo";
- "falta de controle do tempo por alguns colegas, impedindo que outros se
pronunciassem".
04. Na sua opinião quais os temas que poderiam ser desenvolvidos nos próxi-
mos seminários?
- A Educação e a nova Constituição (6).
- Planejamento da educação.
- Questões ligadas à politica e ao desenvolvimento do ensino superior (mo-
delos de ensino superior, objetivos nacionais da educação superior, ensino público x
ensino privado, universidade x federação de escolas x isoladas) visando sua contri-
buição na elaboração das leis ordinárias sobre o ensino superior.
- Organização e funcionamento do processo de ensino.
-
Prioridades no campo da educação superior.
- Qualidade do ensino - contribuição dos supervisores para a qualidade do
ensino (2).
-
Supervisão geral (2).
- Supervisão por áreas de conhecimento.
- A supervisão como um processo pedagógico (2).
- O papel da supervisão frente a Constituição.
- Supervisão participativa.
- Competências do supervisor (6).
- Programa de supervisão da SESu.
- Ação supervisora e avaliação (8).
- Aprofundar os temas apresentados neste Seminário pois foram muito im-
portantes e bem escolhidos (2).
- A supervisão como processo de avaliação permanente (3).
- Indicadores gerenciais para a avaliação.
- Instrumentação para a avaliação.
- Técnicas de avaliação - processos avaliativos.
-Avaliação de projetos pedagógicos (2).
- Desenvolvimento de processos de ensino.
- Currículos e Programas (4).
- Oferecimento de instrumentos que permitam ao técnico avaliar os currícu-
los.
- Integração MEC-DEMECs-CFE.
- O CFE e a supervisão.
- Autorização de cursos.
- Reestudo das comissões de reconhecimento (2)
- Aprofundamento da legislação - transferência.
- Legislação a serviço da supervisão.
- Legislação conflitante.
- Integração da DEMEC como o ensino de 1º,2º e 3º graus.
- "Desenvolver o tema abordado pelo colega César Froes que lembra: De-
vemos generalizar o nosso trabalho de supervisão? Ou devemos nos especializar
em avaliação ou em legislação ou talvez em trabalho cartorial... Até que ponto a su-
pervisão será mais eficiente, mais válida".
- "Desenvolvimento de temas básicos: como entender de finanças de uma
IES: pesquisas sobre custos escolares; educação comparada quanto a estruturas
educacionais: trutos da educação para o desenvolvimento económico e social, infor-
mações que devem compor um catálogo de IES para alunos; diretórios académicos,
autorização de docentes".
- "Sugiro conferencistas: Luiz António Cunha, Dermeval Saviani e Ana Ma-
ria Saul".
- "Centralização no "modus operandi" do TAE na IES - primeiros passos,
tendo em vista a dificuldade que sentimos nesse sentido".
05. Que outras sugestões você poderia dar para os próximos seminários?
- que sejam realizados outros seminários com objetivos iguais ao deste;
- que haja maior frequência deste tipo de seminário, pois são encontros
desse teor que cristalizam, efetivam e/ou transformam posturas e valores;
- que os seminários de supervisão sejam realizados ao menos uma vez por
ano;
- que sejam regionais;
- que haja um número igual de participantes por Delegacia e que todos inte-
grem os trabalhos de grupo;
- que haja a possibilidade de participação de um maior número de TAEs;
- que um representante do CFE participe em todos os dias do seminário (3);
- que os Delegados participem ao menos das conclusões dos trabalhos pa-
ra ficarem mais sensibilizados (3);
- que representantes dos órgãos envolvidos com a supervisão estejam pre-
sentes durante todo o encontro;
- que haja sempre a presença de Luiz Otávio representando a SESu para
uma maor integração com a supervisão;
- que os conferencistas sejam mais ligados às lESPIs e não às universida-
des federais;
- que as universidades participem do plenário;
- que continuem trazendo conferencistas como os que apresentaram pales-
tras (Marilú, Maria Isabel e Eurides);
- que haja continuidade dos relatos de experiências das DEMECs, acompa-
nnados pela Responsável pela Área de Apoio à Supervisão, Lygia Azambuja;
- que sejam dadas oportunidades a outras DEMECs de mostrarem seus
trabalhos e suas conquistas (2);
- que sejam dadas menos informações e que haja um maior aprofundamento
dos temas (2);
- que haja mais objetividade;
- que os temas permitam o comparecimento de diretores de IESPIS;
- que os assuntos sejam estudados e aprofundados numa etapa preliminar
para que durante o seminário as discussões e debates sejam mais consistentes e
produtivos (2);
- como me preocupa muito o disposto na Portaria SESu 14/83 com relação
ao objetivo da supervisão "promover e garantir a qualidade do ensino superior", sugiro
que se repense a grande responsabilidade, para os TAEs, desse dispositivo. a
equipe académico-pedagógica das lESPIs tem competência intrínseca, técnica e formal
para tal;
que haja urgentemente pequenos encontros entre SESu, COR e CFE com
a participação de algumas Delegacias para discutir as questões tantas vezes coloca-
das nos seminários nacionais, sob pena de cair no vazio toda a energia despendida
para a realização do seminário nacional;
- que a programação seja menos condensada a fim de que os assuntos
possam ser melhor trabalhados;
- que seja utilizada a técnica de painel,
- que haja maior integração entre a equipe coordenadora do seminário e os
participantes;
- que o próximo encontro seja realizado em local com maior comodidade,
onde se realize tudo sem necessidade de sair do local (Itamaracá-PE ou Instituto de
Recursos Humanos João Pinheiro-MG);
- que o próximo seminário seja no Nordeste.
06. Que ações você sugere devam ser desenvolvidas pelos órgãos abaixo cita-
dos para facilitar, apoiar e aperfeiçoar o trabalho de supervisão em sua Dele-
gacia?
COORDENADORIA DE ÓRGÃOS REGIONAIS E COLEGIADOS
- ampliação do seu trabalho de articulação entre DEMECs/SESu e CFE (4);
- promoção de reuniões com a SESu e o CFE para a eliminação de contra-
dições na linha de trabalho;
- atuação como elemento de ligação entre as DEMECs e as outras Secre-
tarias do MEC (2);
- auxílio às DEMECs na solução de problemas junto à SESu e ao CFE;
- continuação do apoio às Delegacias junto aos órgãos Centrais (2);
- integração cada vez mais estreita com as Delegacias, o que trará, efeti-
vamente, benefícios;
- assistência aos programas de supervisão das DEMECs'
- ênfase, junto aos Delegados, sobre a importância do trabalho de supervi-
são;
- participação em todas as ações das DEMECs para total integração;
- maior apoio aos trabalhos das Delegacias;
- avaliação dos trabalhos das DEMECs;
- promoção de encontros entre DEMECs para troca de experiências (3);
- promoção de cursos de aperfeiçoamento para os TAEs de todas as Dele-
gacias (2);
- promoção de treinamentos e aperfeiçoamentos para os supervisores (2);
- promoção de outros encontros como o que ora se realiza, regionais e na-
cionais;
- empenho no sentido de que todos os TAEs sejam qualificados na sua
função (especialização e aperíeiçamento);
- maior divulgação de seus trabalhos para os TAEs tomarem conhecimen-
to
(2);
- permanente contato com as DEMECs fornecendo informações de forma
ágil para que nosso trabalho seja realmente eficaz e eficiente (5);
- apoio para que os TAEs participem em eventos como este.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
- envolvimento da SESu como um todo no trabalho de supervisão, abrindo
canais de participação aos supervisores;
- apoio efetivo à supervisão para que os técnicos tenham mais segurança
no desempenho de sua função;
- delegação de competência às DEMECs para a elaboração das Portarias
de Autorização e Reconhecimento de Cursos (2);
- coordenação efetiva da supervisão ou subdelegação;
- integração maior com a COR e com o CFE;
- apoio maior às DEMECs, principalmente agilizando as respostas às con-
sultas e a aprovação de projetos (2);
- implementação de uma forma decisiva (orçamentária talvez) no sentido de
atendimento da Portaria 14, no que tange à colaboração das universidades na super-
visão às lESPIs;
- apoio financeiro às realizações das DEMECs;
- participação sistemática em encontros de TAEs nas DEMECs;
- que o Prof. Luiz Otávio prmaneça lá, contribuindo para o aprofundamento
dos laços entre as DEMECs e a SESu;
- entrosamento com as DEMECs com vistas à divulgação de seus órgãos
e o papel de cada um (3);
envolvimento maior com os técnicos das Delegacias (5);
- acompanhamento das realizações das DEMECs;
- a SESu deveria ouvir mais as Delegacias;
- a SESu há algum tempo faz um trabalho integrado com as universidades.
Por que as Delegacias não são envolvidas nesse trabalho?;
- mais autonomia às DEMECs para a decisão de assuntos inerentes à su-
pervisão;
- contatos constantes com as Delegacias no sentido de informá-las sobre o
trabalho relacionado com a melhoria da qualidade do ensino;
- envio de mais informações às DEMECs sobre o ensino superior;
- apoio e prestigio às DEMECs;
- entrosamento maior com o CFE para poder responder com mais seguran-
ça às solicitações e indagações das Delegacias;
- a SESu deveria manter os IAES informados sobre a política global do
MEC: receber e encaminhar as críticas dos TAEs a essa politica;
- dedicação de maior atenção ao ensino privado;
- aproximação maior com as DEMECs para conhecer o trabalho que está
sendo desenvolvido com o apoio e o respeito da COR;
- formação de comissão sobre legislação do ensino superior, composta por
TAEs de cada DEMEC ou região, que discutiriam suas dúvidas com a SESu; persis-
tindo dúvidas seriam feitas consultas ao CFE;
- desenvolvimento de uma ação mais técnica do que política na formação
de comissões verificadoras;
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
- maior articulação com as Delegacias (7);
- maior integração com a COR e com a SESu;
- crédito aos relatórios técnicos das Delegacias buscando subsídios neles
para a elaboração de pareceres (7);
- realização de trabalhos com as DEMECs e reforço ao trabalho da super-
visão;
- consolidação da legislação;
- estabelecimento de um sistema de avaliação da legislação, visando sua
reformulação, com a participação dos TAEs - análise da legislação obsoleta;
- orientação à Delegacias sobre a substituição de professores (2);
- divulgação do projeto piloto para renovação de reconhecimento que está
sendo elaborado com a DEMEC/RJ (2);
- agilização nas respostas às consultas das DEMECs (3);
- incluir os TAEs das Delegacias nas comissões de acompanhamento para
transformação de lESPIs em Universidades;
- maior rigor na autorização de cursos (2);
- maior rigor na aprovação de Regimentos (2);
- examinar com mais cuidado os Regimentos que, em geral, são herméti-
cos e autoritários;
- não emissão de pareceres conflitantes;
- revisão da política adotada em relação às lESPIs. Elogiamos os esforços
da Profa. Eurides nesse sentido.
OBSERVAÇÕES
"Quero registrar que o aprofundamento da supervisão como processo de
avaliação permanente é necessário".
"Os seminários são importantes, mas o nosso corpo técnico precisa de
aperfeiçoamento para que atinja o nível que tanto se almeja. Os órgãos centrais do
MEC têm que levar a sério o que dizem e dar condições à equipes técnicas para de-
senvolverem trabalhos tantas vezes sugeridos".
"Que a COR, a SESu e o CFE se integrem para que as ações desenvolvi-
das pelas DEMECs tenham força".
"Que os técnicos sejam envolvidos no estudo de instrumentos que vão in-
terferir em suas atividades".
necessário a criação de condições e facilidades para que seja instituído o
requisito da realização de curso de especialização para que os TAEs possam aluar
na função".
"Como falar em avaliação participativa se não como preocupação da
maioria das Faculdades Isoladas a real melhoria do ensino, reduzindo o número de
alunos por turmas, respeitando o corpo docente através de salários dignos, estimu-
lando a participação dos discentes, fortalecendo e respeitando os Departamentos, in-
vestindo os lucros na própria Faculdade? Parece-me que falamos de outro país nes-
ses encontros!".
"Cumprimentamos à COR pela iniciativa, pela organização e pelo desenvol-
vimento do seminário que pode, efetivamente, ser considerado muito bom. Parabéns à
COR e à DEMEC-RJ".
de fundamental importância que os organizadores dos futuros encontros
assegurem recursos para a permanência do CFE em todos os momentos do encon-
tro".
"Foi muito válida a realização deste Seminário. Os trabalhos desenvolvido ti-
veram um cunho de real aperfeiçoamento da supervisão. Parabéns a todos os organi-
zadores e os meus sinceros agradecimentos".
"Achamos eficiente a participação da COR na coordenação do Seminário.
Parabéns!".
"Um aplauso e o nosso crédito à COR pelas iniciativas contínuas em direção
à supervisão do ensino superior".
importante que se parabenize o trabalho da Comissão de Coordenação do
Seminário, por se tratar de um trabalho sério e enriquecedor".
"Para a COR: cada seminário promovido, maior enriquecimento às DE-
MECs. Parabéns à equipe!".
"A COR e a DEMEC/RJ estão de parabéns pela organização do Encontro".
ANEXO 2
RELAÇÃO DOS
PARTICIPANTES
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE AVALIAÇÃO E AÇÃO SUPERVISORA
NO ENSINO SUPERIOR PARTICULAR ISOLADO
Rio de janeiro, 8 a 12 de agosto de 1988
PARTICIPAÇÃO
SECRETARIA GERAL:
Francisco Balthar Peixoto
Lygia Souto de Azambuja
Maria Heloisa Moojen Mangoni
Vera Ledo Rocha
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO:
Eurides Brito da Silva
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR:
Luiz Otávio de Souza Carmo
Cláudio Cordeiro Neiva
Ricardo Lopes Taboada Neto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL:
Marilu Fontoura de Medeiros
Maria Isabel Edelweiss Bujes
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE LAVRAS:
Agostinho Roberto de Abreu
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DE PESQUISAS DO RIO DE JANEIRO:
Edmundo Campos Coelho
DELEGACIAS DO MEC
DEMEC
ESPÍRITO SANTO
PARÁ
PERNAMBUCO
RIO DE JANEIRO
RONDÔNIA
O PAULO
AMAZONAS
BAHIA
CEARÁ
ESPÍRITO SANTO
GOIÁS
MATO GROSSO
MATO GROSSO DO SUL
MINAS GERAIS
PARÁ
PARAÍBA
PARANÁ
PERNAMBUCO
PIAUÍ
RIO GRANDE DO NORTE
RIO GRANDE DO SUL
RIO DE JANEIRO
DELEGADOS
César Ricardo Maia de Vasconcelos
Ruth Maria Castro da Costa
Creuza Maria Gomes Aragão
Aurélio Wander Chaves Bastos
Antonieta Costa
Nelson Boni
SUPERVISORES
Ana Maria Palheta Gonzalez
Elisa Bemvinda Barbosa Tinoco
Amélia R. Soares Silva
Eliardo Silveira Santos
Vilma de Brito Rios
Anna Maria Souza Macedo
Sônia Maria Rios Deorce
Helena Fushime Casadio
Juraci Alves Granjeiro
Adiney Sacchetim Pimenta
António Beloto Sobrinho
Cecília Fukiko Kamei Kimura
Martha Hitomi do Nascimento
Maria Auxiliadora Rondon
Maria Elisa Dittmar
Eli Pena Mundim
Jurandy Poty Maurício
Suzana Oliveira Martins
Maria de Fátima Miranda Rodrigues
Maria Odete Melo Nunes
Idris Leônidas de Almeida Meira
Maria Giannina Villar Faraco
Nilze Camargo Mello
Luiza Pereira da Silva
Maria Eliete Santiago
Maria Eudes Silva Almeida
Maria de Nazareth Ribeiro Franco
Alice de Andrade e Silva
Lúcia Helena Rosado da Escóssia
Cláudia Luiza Castro Gomes de Mello
Mário Finkel
Neusa Norma da Silveira
Adelaide Souza Coimbra
Alberto Pinto Dantas Guimarães
Aldana Medeiros de Carvalho
Ana Ferreira Parente
António da Silva Figueiredo Neto
António de Carvalho
Arty Damas dos Santos Xavier da Silva
Célia da Silva Veloso
César Quintão Fróes
Clara Lacerda P. Lourenço Ferreira
Daniel Gomes Lopes
Diana Couto Pinto
Dulce Irene Oliveira Ban
Edson D'Amato
Eleonora Beatriz de Azevedo Barroso
Elza Campos Pereira
Eny Schamis Orgheinstein
Evaldo do Nascimento Branco
Geraldo Neves Medeiros
Geisha de Oliveira Ataide
Gilberto De Agostini
Gildete Santos Lisboa
Helena Maria Torres Basto
Hélio Fróes Cruz
Heráclius Amâncio Pereira
Herbert Alencar de Souza
lia Cecília Falcão Kemp
Jorge Miguel Ordacgi
José Lobo Junqueira
Judith Moreira da Silva
Julma Alves Moreira
Leila Mascarenhas de Oliveira
Liberalina Costa Schettino
Lúcia Saraiva Johnstone da Silva
Luiz Torres de Assis Mascarenhas
Luiza Dalva Chaves Barbosa
Malvina Chivelder
Mara Lúcia Moura Reys
Maria Altiva de Freitas Maciel
Maria Aurora Alves Costa
Maria Bernadete Coura Prince
Maria da Glória Brito
Maria de Lourdes Vieira
Maria dou Carvalho
Maria Ecy Caldas dos Santos
Maria Eny Carvalho Rodrigues
Maria Isabel Tavares Cavalcanti
Maria Izilina de Oliveira Gomes da Silva
Mariaa Boschi
Maria Neisse de Figueiredo Tavares
Marília Pires Ferreira Nascimento Silva
Marlene Maria da Cunha
Marta Helga Kampmann
Mary Constance Girdwood
Nair Ferreira Tulha Evangelista
Nair Speranza
Naly de Lima Camisão
Neusa Pereira da Silva
Nilce Mesquita Martins
Nilce Miranda
Nise Maria Lessa Beraldo Magalhães
Oraide Menezes de Carvalho
Pedro Paulo Schuback da Costa
Pedro Pereira
Regina Célia Espfndola Rodrigues Pinho
Regina Lúcia Martins Santiago
Regina Lúcia Múzell Faria
Rosa Rimola Lucidi
Sara Ghisserman
Selma Monteiro André
Sérgio Guerra Duarte
Sônia Maria Lacerda
Stella Guimarães Athanazio
Teresa Maria de Sá Campos Ferraiolo
Terezinha Maria de Farias Rego
Vânia de Araújo
Vera Viveiros Pinheiro Pinto
Yara Albuquerque
Yolanda Carneiro
Zuleima de Oliveira Faria
Maria de Fátima Mendes de Souza Chadad
Maria Lúcia Guimarães
Regina Lúcia Serra Gama
Ana Maria Pereira
Edithe Martinha Perin
Helcy Fonseca Cezar
Lúcia Helena Machado Cerdeira
Maria Dulce Dias Bastos
Nelma Fátima Ribeiro Franco
Malba Vilas-Boas Monte
RONDÔNIA
RORAIMA
SANTA CATARINA
O PAULO
SEGIPE
COORDENAÇÃO EXECUTIVA NA DEMEC/RJ:
Nair Evangelista
COORDENAÇÃO DE APOIO AOS GRUPOS:
GRUPO I Selma Monteiro André e Sônia Maria Lacerda
GRUPO II
GRUPO III
GRUPO IV
GRUPO V
Luiza Dalva Chaves Barbosa e Nair
Esperanza
Nise Magalhães e Diana Couto
Aldana Maria de Carvalho e Nilce Mi-
randa
Eni S. Orgenstein e Leila Mascarenhas
de Oliveira
SUPERVISÃO DA SECRETARIA EXECUTIVA:
Carlos Medeiros
TRANSPORTE:
Carlos Medeiros
ALOJAMENTO:
Maria Glorinha
RESERVAS DE PASSAGENS:
Alba Montenegro
XEROX E DATILOGRAFIA, MATERIAL E SERVIÇOS:
Maria da Glória.
UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO:
Oswaldo Aurélio (VAVÁ)
SOM/GRAVAÇÃO E DIVULGAÇÃO:
Paulo Jorge Buarque
GRAVAÇÃO:
Ary André Lopes Ferreira (RÁDIO MEC)
Paulo Roberto Costa Sayào (RÁDIO MEC)
ANEXO 3
RELAÇÃO DOS GRUPOS
DE TRABALHO
DEMEC
AMAZONAS
ESPÍRITO SANTO
GOIÁS
MATO GROSSO DO SUL
PARAÍBA
RIO DE JANEIRO
RONDÔNIA
SANTA CATARINA
O PAULO
CEARÁ
MINAS GERAIS
MATO GROSSO
PARÁ
RIO DE JANEIRO
PIAUÍ
RIO GRANDE DO NORTE
* RIO GRANDE DO SUL
O PAULO
GRUPO 1
PARTICIPANTE
Ana Maria Palheta Gonzalez
Sônia Maria Rio Deorce
Helena Fushime Casadio
Maria Elisa Dittmar
Idris Leônidas de Almeida Meira
Selma Monteiro André
Sônia Maria Lacerda
Maria de Fátima Mendes de Souza Chadad
Ana Maria Pereira
Nelma Fátima Ribeiro Franco
GRUPO 2
Eliardo Silveira Santos
Suzana Oliveira Martins
António Beloto Sobrinho
Maria de Fátima Miranda Rodrigues
Luiza Dalva Chaves Barbosa
Nair Speranza
Maria de Nazareth Ribeiro Franco
Alice de Andrade e Silva
Mário Finkel
Helcy Fonseca César
' participação nos trabalhos de grupo sobre Avaliação
GRUPO 3
Ana Maria Souza Macedo
Adiney Pimenta
Maria Odete Melo Nunes
Nilze Camargo Mello
Maria Eliete Santiago
Lúcia Saraiva
Nise Maria Lessa Beraldo Magalhães
Lúcia Helena Rosado da Escóssia
Maria Lúcia Guimarães
Regina Lúcia Serra Gama
Maria Dulce Dias Bastos
GRUPO 4
Amélia Soares Silva
Maria Auxiliadora Rondon
Jurandy Maurício
Maria Luiza Pereira da Silva
Neusa Norma da Silveira
Aldana Medeiros de Carvalho
Nilce Miranda
Edithe Martinha Perin
Lúcia Helena Machado Cerdeira
Malba Vilas-Boas Monte
GRUPO 5
Elisa Bemvinda Barbosa Tinoco
Vilma de Brito Rios
Juraci Alves Granjeiro
Martha Hitomi do Nascimento
Cecília Kimura
Eli Pena Mundim
Maria Eudes Silva Almeida
César Fróes
Eni Schamis Orgenstein
Leila Mascarenhas de Oliveira
Cláudia Luiza Castro Gomes de Mello
ESPÍRITO SANTO
MATO GROSSO
PARÁ
PARANÁ
PERNAMBUCO
RIO DE JANEIRO
RIO GRANDE DO NORTE
RONDÔNIA
RORAIMA
*O PAULO
BAHIA
MATO GROSSO DO SUL
MINAS GERAIS
PERNAMBUCO
RIO GRANDE DO SUL
RIO DE JANEIRO
SANTA CATARINA
O PAULO
SERGIPE
AMAZONAS
CEARÁ
GOIÁS
MATO GROSSO
MINAS GERAIS
PIAUÍ
RIO DE JANEIRO
RIO GRANDE DO SUL
* Participação nos trabalhos de grupo sobre Avaliação
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