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Presidente da República Federativa do Brasil
José Sarney
Ministério da Educação
Carlos Sant'Anna
Secretário-Geral do MEC
Ubirajara Brito
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Coordenadores Científicos:
- Lamartine Pereira da Costa
- Paulo Pegado.
- José Carlos Grando
Consultores:
- Carmem Luiza A. da Costa
- Regina Maria P. Brasil Corrêa
- Antonio Carlos Bramante
Organizador:
- Geraldo Quintas
Apoio:
Banco do Estado de São Paulo - BANESPA
Centro Aerobico do Brasil - RJ.
Programa Esporte e Saúde
Ministério da Educação/Secretaria de Educação Física e Desportos
Ministério da Saúde/Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde.
Janeiro 1990
O Banespa sabe que sua produtividade,
enquanto instituição financeira, está
intrinsecamente relacionada com
a saúde física e mental de seus
funcionários.
Assim, o patrocínio de iniciativas como
esta demonstra não só coerência com
a filosofia da empresa, mas também
a preocupação em incentivar
e divulgar tais empreendimentos.
Será de grande valor o empenho
daqueles que vierem a fazer uso desta
publicação no sentido de viabilizar,
em suas áreas de atuação, os preceitos
aqui abordados.
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
ESPORTE E LAZER
NA EMPRESA.
Publicação destinada a Confederações,
Sindicatos, Dirigentes de Empresas e Profissionais
das Áreas de Saúde, Educação Física, Recreação,
Esportes, Recursos Humanos e Serviço Social,
visando ao cumprimento dos Artigos 6? e 217?
da CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
Manoel José Gomes Tubino
SUBSECRETÁRIA DE ESPORTE PARA TODOS
Geraldo Gonçalves Soares Quintas
PROGRAMA ESPORTE E SAÚDE. MEC/MS.
Coordenação Nacional
Antonia Dalla Pria Bankoff
FICHA CATALOGRAFICA
Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Física e Des
portos.
823e Esporte e Lazer na Empresa/Secretaria de Educação Física e
Desportos. - Brasília: MEC/SEED, 1990.
221 p.
1. Lazer-Empresa 2. Esporte-Empresa I. Titulo.
CDU 379.8
A busca de caminhos para a
questão social do esporte e lazer
nas empresas brasileiras
A literatura tem no clássico "O direito ao ócio" de Pfeifer uma
das obras mais recomendadas que abordam a questão do tempo livre de trabalho.
A aceitação desta obra ganhou ênfase justamente pelo fato da mesma constituir-se
numa visão do tempo livre divorciada de suas referências com a produção. Por outro lado,
embora já ocorra um reconhecimento internacional sobre a imprescindibilidade de um tratamento
humanístico nas relações de trabalho, a sociedade brasileira continua a
buscar efetividade nas discussões dos assuntos desta área.
Outro aspecto, de nítido conteúdo na problemática identificada, é sem dúvida,
a implicação das questões do esporte e do lazer nas empresas. Entretanto, no caso brasileiro,
as poucas obras e trabalhos técnicos e científicos apresentados e divulgados
no país sobre o tema, ainda não permitiram que surgissem concepções próprias,
que fornecessem linhas de atuação nas empresas nacionais.
Em síntese, pode-se até afirmar que a delimitação da problemática do
esporte e do lazer nas empresas brasileiras, não ultrapassando as percepções sôbre experiências
de outros países, criou uma dependência indesejável nas relações de trabalho, e,
conseqüentemente, não desenvolveu o conhecimento neste relevante campo social.
Desse modo, conclui-se por uma visível necessidade de convocar
a participação dos diversos segmentos envolvidos no interesse desta discussão,
principalmente os sindicatos, para que do intercâmbio de experiência, e dos estudos
de caso, acrescidos das pesquisas desenvolvidas e das tentativas de formulação de
fundamentos norteadores, seja possível extrair-se caminhos próprios para a questão do esporte
e do lazer nas empresas brasileiras.
MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO
Presidente do CND
e
Secretário de Educação Física e Desportos
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................................................... 07
CAPÍTULO 1
Fundamentos do Lazer e Esporte na Empresa......................................................................................... 11
. Histórico e Caracterizações ...................................................................................................................... 11
. Experiência Internacional........................................................................................................................... 27
. Experiência Brasileira................................................................................................................................ 33
. Papel dos Sindicatos................................................................................................................................. 41
CAPÍTULO 2
Estudos e Pesquisas no Brasil.................................................................................................................. 45
. Tipologia das Atividades de Esporte e Lazer em Empresas Brasileiras...................................................... 47
. A Recreação para Trabalhadores: A Necessidade da Formulação de um Diagnóstico de Interesses........... 53
. Lazer nas Empresas - Tendências de um novo DRH............................................................................... 69
. Saúde e Atividade Física na Empresa....................................................................................................... 75
. IBM Brasil - Primeiro Programa de Condicionamento Físico de 1989-RJ-85................................................ 85
. Lazer e Esportes entre os Usuários do SESI de Santa Catarina ................................................................ 91
. Atividades Esportivo-Recreativas e Produtividade numa Indústria.............................................................. 99
. Educação Física no Mundo do Trabalho: Ginástica de Pausa, em busca de uma metodologia.................... 105
. Ginástica Laboral Compensatória: Relato da Experiência de Novo Hamburgo........................................... 119
. Ginástica Laboral Compensatória............................................................................................................. 123
. Posições e Técnicas de Trabalho.............................................................................................................. 127
. Sensibilização de Esporte e Lazer no Âmbito da Empresa......................................................................... 143
CAPÍTULO 3
Estudos de Casos...................................................................................................................................... 147
Avon Cosméticos-SP; Banco do Brasil; Banco do Estado de São Paulo - BANESPA-SP; Banco Itaú-
SP/PR; Banco Lar Brasileiro (CHASE)-RJ; Bicicletas Caloi; Chapecó S.A. Indústria e Comércio-SC; Com
panhia Paulista de Força e Luz-SP; ELETROPAULO-SP; EMAQ - Engenharia e Máquinas-RJ; EMBRATEL
- Empresa Brasileira de Telecomunicações-RJ; Estaleiros Caneco-RJ; Feltrin Irmãos Indústria Têxtil-SP;
FININVEST-Rio; Fundação Promon de Previdência Social; FURNAS - Centrais Elétricas; General Motors
do Brasil-SP; Ishikawajima do Brasil Estaleiros & A (ISHIBRÁS)-RJ; Grupo Pão de Açúcar-SP; Guanauto
Veículos-RJ; Pirelli S.A. Cia. Industrial-SP; Sadia-PR/SC; SESC - Ginástica na Empresa-SP; Supermerca
dos Sendas-RJ; Supermercados G. Barbosa-SE; TELERJ - Telecomunicações do Rio de Janeiro-RJ; Usi
na Açucareira Ester S.A.-SP; Usina de Açúcar Santa Catarina-SC; Usina da Pedra Irmãos Biagi-Açúcar e
Álcool-SP; Viação Cidade do Aço-RJ........................................................................................................... 149
O propósito do presente livro é o de apoiar o
cumprimento do dispositivo constitucional, e de le-
gislação complementar, que atribui ao trabalhador
brasileiro o direito ao lazer.
Como dispõe a Constituição Federal de 1988
em seu Artigo 7
9
, o trabalhador tem direitos "que vi-
sem à melhoria de sua condição social", cujos es-
senciais são os citados no Artigo 6-: educação,
saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência so-
cial, proteção à maternidade e à infância e assistên-
cia aos desamparados. Já o Artigo 217
o
- declara que
"é dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não-formais, como direito de cada um",
determinando no seu parágrafo terceiro:
"O Poder Público incentivará o lazer, como
forma de promoção social".
Nestes termos, legitima-se um encaminhamen-
to fundamental para o inciso XIII do Artigo 7
9
, que
reduziu a duração semanal da jornada de trabalho
de 48 para 44 horas, como também para o inciso
XXII que prevê:
"redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e seguran-
ça;"
Complementarmente, a Lei 7.752 de 14 de abril
de 1989 concedeu incentivos fiscais às pessoas
jurídicas que, entre outras atividades na área do es-
porte amador, promovessem "o desenvolvimento de
programas desportivos nas próprias empresas em
benefício de seus empregados e respectivos fami-
liares". Ora, tal vantagem para as empresas apre-
senta-se como uma medida de promoção social, e
uma concessão do Poder Público em favor do aten-
dimento dos preceitos constitucionais relativos ao
lazer e neste âmbito, ao esporte.
Há, então, com este recente desdobramento da
Constituição de 1988, um reforço a iniciativas já ins-
titucionalizadas no Brasil, como desde 1946 (Decre-
to-lei n
9
9.853 de 13-9-1946) ocorre com o Serviço
Social da Indústria (SESI) e o Serviço Social do
Comércio (SESC), entidades receptoras de 1,5% da
folha salarial das empresas e que já atuam nos
propósitos do Artigo 6
9
da Constituição. Outras ini-
ciativas de sentido idêntico têm pertencido às pró-
Introdução
Geraldo Quintas
prias empresas que, antecedendo o SESI e o
SESC, já promoviam o lazer e o esporte. Esta tem
sido alternativa de empresas avançadas socialmen-
te cujo número é hoje desconhecido, por ausência
de levantamentos, mas de exemplos sobejamente
conhecidos no Brasil.
Também a postulação constitucional, espe-
cialmente no que diz o inciso XXII do Artigo 7
9
, con-
firma a legislação pertinente à segurança no traba-
lho e outra mais abrangente referida à saúde ocu-
pacional, implicações já atendidas por empresas
modelares, frequentemente reconhecidas em seus
méritos.
Neste contexto define-se o apoio pretendido
pelo presente documento, que objetiva informar às
empresas de um modo geral, o que tem sido feito
por algumas delas em condições excepcionais. Pe-
los exemplos e modelos sugere-se que haja uma
melhor avaliação da viabilidade do lazer e esporte
internamente na empresa para funcionários e de-
pendentes, isto é, do propósito finalistico de todos
os atos legais anteriormente considerados.
Mais do que custos e benefícios esperados pe-
los empregadores, há o direito do empregado a ser
exercido quanto ao lazer e o esporte, e para isso os
textos que se seguem foram ordenados a fim de
apoiar as reivindicações dos sindicatos quanto à
fundamentação. Simplesmente constatou-se a ine-
xistência de informações técnicas sobre o assunto
de forma sistematizada no Brasil, como a que ora
se propõe, dificultando implantação e negociação
onde e quando necessárias.
Deste modo, os grupos-alvo visados pela pu-
blicação deste livro são dirigentes de empresas e
de sindicatos, ou de suas associações de classe,
juntamente com profissionais de saúde, educação
física, recreação, assistência social, recursos hu-
manos, etc. Estes destinatários são os agentes que
podem dar ampla efetividade ao Artigo 6
o
, uma vez
que o lazer e o esporte no local de trabalho envol-
vem questões técnicas e científicas, além de sócio-
econômicas e de política sindical derivadas dire-
tamente dos direitos constitucionais.
Neste particular, explica-se a participação da
Secretaria de Educação Física e Desportos (SEED)
do Ministério da Educação, na liderança do projeto
deste livro, o qual contou com o apoio do Banco do
Estado de São Paulo - BANESPA e do Centro
Aerobico do Brasil, entidades de renome no pano-
rama brasileiro do lazer e esporte na empresa. De
grande importância constituiu o incentivo do Ministé-
rio da Saúde através de sua Secretaria de Progra-
mas Especiais de Saúde, órgão em que a SEED se
encontra conveniado em favor de um programa de
Esporte e Saúde, de comum interesse aos dois Mi-
nistérios.
Quanto ao conteúdo, este livro apresenta três
capítulos complementares: um teórico, introdutório
ao tema conforme a experiência nacional e interna-
cional; um de estudos e pesquisas e outro final de
estudos de casos, ambos referidos ao Brasil. O
primeiro capítulo, nestes termos, foi elaborado de
modo a remeter o leitor para aspectos mais particu-
lares dos capítulos subsequentes, que demanda-
vam maior aprofundamento. Conste-se, por ne-
cessário, que o terceiro Capítulo preserva a simpli-
cidade dos relatos das fontes consultadas, nem
sempre profissionalmente especializadas.
Os casos do Capítulo 3 são, inclusive, resulta-
do de levantamento realizado pela SEED/MEC em
meados de 1989, por contato direto com empresas
anteriormente informantes em encontros profissio-
nais, em que se apresentaram com suas reali-
zações na área do lazer e esporte. Já os estudos e
pesquisas do Capítulo 2 foram solicitados a espe-
cialistas mais atuantes na área, como também reú-
nem dois antigos trabalhos pioneiros de ginástica de
pausa, publicados em partes por diversas fontes de
informação (Kolling entre 1979 e 1981, e Schimitz
entre 1981 e 1983).
Para a produção do Capítulo 1, a SEED-MEC
convidou o Professor Lamartine Pereira da Costa,
Doutor em Filosofia e profissional atuante na área
temática desta obra em suas diversas especiali-
zações há duas décadas, no Brasil e no exterior.
No Capítulo 2, contou-se com experimentados es-
pecialistas também doutores como Antonio Carlos
Bramante (Recreação e Estudos de Lazer), Luiz
Octávio de Lima Camargo (Sociologia) e Alfredo
Gomes de Faria Jr. (Educação Fisica), todos titula-
dos no exterior. A parte médica do mesmo capítulo
teve a colaboração dos médicos especialistas. Pau-
lo Pegado, do Centro Aerobico do Brasil, e Douglas
Bauk (secundados por Lénine Madeira de Souza e
Jacques Ardite) da IBM do Brasil. Adicionalmente
colaboraram os professores José Carlos Grando e
Mário Hassman (com associados), trazendo em
suas pesquisas e experiência de Santa Catarina,
Estado de tradição mais importante no País quanto
ao lazer e esporte na empresa. Finalmente, relacio-
na-se a professora Marlene Blois (Mestre em tecno-
logia Educacional), que realizou com seus colabo-
radores o primeiro levantamento extensivo no tema
deste livro, praticado no Estado do Rio de Janeiro
em 1983.
Os aportes empíricos vindos das empresas,
tanto quanto a produção dos especialistas, mais re-
cente e técnica, demonstram extensa variedade de
situações, incluindo desde o Banco do Brasil, pos-
suidor de um dos mais importantes complexos de
lazer e esporte numa única empresa em todo o
mundo (mais de 1500 clubes de empregados em
1989), até a organização de atividades na garagem
da Cidade do Aço, empresa de ônibus de Volta Re-
donda-RJ; desde programas de alto padrão de
atendimento médico até simples e informais ativida-
des promovidas pelos próprios empregados. Em to-
dos estes casos, entretanto, evidencia-se uma pos-
sibilidade comum: a integração de interesses entre
a empresa e empregados, ou a compatibilidade en-
tre práticos e teóricos. Neste contexto, finalmente,
insere-se a pretensão maior deste livro: universali-
zar como direito, a particularidade comprovada co-
mo viável e vantajosa para todos.
Fundamentos do Lazer e
Esporte na Empresa
«y
Histórico e Caracterizações Experiência
Internacional Experiência Brasileira Papel
dos Sindicatos
Capítulo 1
Fundamentos do Lazer e Esporte na Empresa
Histórico e Caracterizações
A primeira manifestação de atividades esporti-
vas no âmbito interno de empresas no Brasil é refe-
rida à Fábrica de Tecidos Bangu, sediada no Rio de
Janeiro, em 1901. Neste ano, os trabalhadores des-
sa indústria têxtil de capital e gestão inglesa já se
congregavam em torno de um campo de futebol,
então um esporte de elite mas em vias de receber a
adesão popular. Como testemunho do acontecimen-
to sobrevive a foto que registra a novidade de se
combinar, num mesmo terreno, instalações indus-
triais com esportivas (vide reprodução).
Registros sobre fatos idênticos só reapareciam
na versão de surto, durante os anos 30, quando
empreendimentos como o Banco do Brasil (desde
1928), Light & Power (1930) ou Caloi (1933), ofere-
ciam opções de lazer e esporte a seus empregados
através de clubes subvencionados (vide casos
adiante no Capítulo 3), principalmente em São Paulo
e no Rio de Janeiro. Embora não seja possível, to-
davia, determinar as proporções deste impulso, al-
gumas indicações se preservaram sugestivamente,
como o "Noticiário", de Atlética, da fábrica Souza
Cruz do Rio de Janeiro, que circulava com infor-
Lamartine Pereira da Costa
mações sobre o movimento esportivo "classista" no
Brasil da Era Vargas.
Aliás, o termo "classista" que definia as ativi-
dades de clubes vinculados a empresas, foi consa-
grado no primeiro ato legal que normatizou a prática
esportiva no País, o Decreto-lei n
o
3.199 de 14 de
abril de 1941. O estilo da época, o esporte do traba-
lhador constituía um setor corporativo juntamente
com outros referidos aos praticantes autônomos
(clubes, federações, ligas e confederações), aos
estudantes e aos militares. Antes, o próprio governo
ditatorial já tinha pretendido organizar o lazer e o
esporte internamente para seus funcionários, como
se verifica no Decreto-lei n
o
1.713 de 1939, que dis-
punha sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos
Civis da União, ao criar "Centros de Educação Físi-
ca e Cultural para recreio, aperfeiçoamento moral e
intelectual dos funcionários e de suas familias, fora
das horas de trabalho".
Portanto, o esporte classista nasceu legalmen-
te no Brasil em condições de igualdade com as de-
mais possibilidades de prática, o que por si só gera
uma significação especial, sobretudo sob a pro-
teção de um governo que tutelou os Sindicatos no
seu Ministério do Trabalho, todavia nele criando um
Foto Fâbnca Bangu - FU em 1901.
setor de "Recreação Operária". Estes estímulos le-
vam à compreensão dos motivos que a indústria
têxtil tecnologicamente atualizada, que se instalou
com diversas fábricas no município de Nova Fribur-
go, no Estado do Rio de Janeiro, nos anos 30, tenha
construído quadras e campos esportivos no terreno
de cada empresa, antecipando pretensões até hoje
consideradas avançadas.
O segundo surto aconteceu logo após a Se-
gunda Guerra Mundial, sucedendo à deposição do
Governo Vargas e à criação do Serviço Social da
Indústria (SESI) e do Serviço Social do Comércio
(SESC). Estabelecidos pelo Decreto-lei 9.853 de
1946, essas instituições Sócio-culturais e esporti-
vo-recreativas de atendimento aos trabalhadores e
suas famílias centralizaram as atividades de lazer e
esporte, dando uma maior visibilidade ao impulso
que vinha da década anterior. Depositárias de re-
cursos advindos de contribuição compulsória dos
empregadores, no valor de 1,5% calculados sobre a
folha de pagamento de cada empresa, o SESI e o
SESC subsistem até o presente, com extensas re-
des de atendimento cobrindo todo o país.
Já em 1947, oito meses depois de sua fun-
dação, o SESI reunia no Estádio do Pacaembu, na
cidade de São Paulo, cerca de 2500 funcionários de
150 empresas paulistas que possuíam clubes es-
portivos, para realização dos Primeiros "Jogos
Operários do SESI", repetidos a seguir sempre a 1
o
de maio. Em 1989, o mesmo evento contava com
102.000 participantes de 212 empresas e, além das
três modalidades iniciais de 1947 (futebol, basque-
tebol e voleibol), 19 outras estavam em disputa atin-
gindo 21 municípios, inclusive o da capital (Castro
Leste, 1989).
Recebendo recursos no mesmo ritmo do cres-
cimento da indústria e do comércio, o SESI e o
SESC ampliaram-se estavelmente desde os anos
40. Em 1969, segundo Pereira da Costa (1971) no
Noticiário da
Atlética
"Diagnóstico da Educação Fisica e Desportos no
Brasil", a primeira entidade organizava 41394 com-
petições em âmbito nacional com 254.254 prati-
cantes enquanto a segunda reunia 17.513 compe-
tições com 58.379 praticantes no mesmo ano, am-
bas as entidades concentravam no Estado de São
Paulo cerca de metade de suas atividades. Com o
SESI hoje atingindo 6 milhões de beneficiários (A-
BESP, 1989) na sua base estadual principal, e se
as mesmas proporções relativas estão em vigor
desde os anos 60, então as duas entidades devem
estar atendendo aproximadamente 15 milhões de
pessoas, isto é, cerca de 10% da população brasi-
leira.
Tais estimativas destacam o gigantismo alcan-
çado pelas duas principais organizações de lazer e
esporte de trabalhadores e dependentes, como
também contrastam com o terceiro surto que acon-
tece desde os anos 70 independente de suas
existências. Como se verifica no estudo tipológico
de Pereira da Costa, adiante no Capítulo 2 do pre-
sente livro, um novo incremento foi identificado re-
centemente, representado por oportunidades inter-
nas e não externas, como as pretendidas pelo Es-
tado brasileiro a partir de 1946.
Por comparação internacional, podemos carac-
terizar os três momentos ocorridos no Brasil, além
dos casos pioneiros isolados, segundo pressupo-
sições de suas tendências dominantes:
(1
o
) Anos 30-40: Surto corporativo-assistencia-
lista;
(2
o
) Anos 40-80: Surto assistencialista;
(3
9
) Anos 70-80: Surto de reordenamento das
relações internas na empre-
sa.
Efetivamente, o impulso dos anos 30 acompa-
nha movimentos idênticos ocorridos na Europa (De-
leting, 1982) e nos Estados Unidos (Howe, 1983),
produzidos respectivamente pela politização do es-
porte do trabalhador, especialmente na França, Itália
e Alemanha, como outrossim pela mudança ex-
pressiva do comportamento das empresas com re-
lação aos seus funcionários, em plena depressão
econômica do período. O fio condutor da compre-
ensão da versão européia é a cooptação partidária
de sindicatos e outras entidades autônomas de em-
pregados, enquanto na versão americana releva-se
a introdução do desenvolvimento das relações hu-
manas no trabalho, visando o aumento da produtivi-
dade. É possível que o caso brasileiro contenha al-
go de comum com as duas versões e constitua
mais uma repercussão do que um fenômeno endó-
geno.
Nota-se que o terceiro momento brasileiro,
guardadas as devidas proporções, acontece sime-
tricamente ao dos Estados Unidos, ao se acompa-
nhar o estudo de Cristine Howe de 1983. E mais:
este surto apresenta similaridade com o europeu e o
japonês, defasados de poucos anos em relação às
Capa de uma edição do "Noticiario da
Atlética".
décadas de 60-70, mas todos centrados na con-
cepção de desenvolvimento de recursos humanos
internamente na empresa. A peculiaridade da si-
tuação brasileira é variedade de situações como se
pode verificar pelos casos encontrados adiante. De
fato, o lazer e o esporte na empresa brasileira de
capital nacional ou estrangeiro encontram seme-
lhanças com as diferentes alternativas e origens
encontradas no plano internacional, embora rara-
mente na mesma escala e abrangência.
Contrastando as semelhanças, contudo, há
uma grande distinção: a presença da intervenção
patrocinada pelo Estado e executada por entidades
assistenciais constituídas pelo SESI e SESC, o que
configuraria um modelo eclético em que convivem
diversas alternativas que não se manifestaram ex-
cludentes entre si, após meio século de existência.
Sendo multifacetada, a situação brasileira pode ser
interpretada como se fez na pesquisa de Antonio
Carlos Bramante - também incluída no Capítulo 2
deste livro - que sugere a presença do controle so-
cial diante de interferências heterônimas no lazer do
trabalhador.
Esta hipótese da cooptação dos trabalhadores
é histórica nos Estados Unidos, como descreve
David Chase (1983), e continua atual na Alemanha
Federal ao se examinar o caso da Bayer, seguindo
o relato recente de Ulfert Schroder. Enquanto tal, a
possibilidade de predominar interesses manipulati-
vos não deve estar ausente de qualquer análise so-
bre as relações de trabalho na empresa, uma vez
que a natureza intrínseca desta troca de interesses
pede negociação e não subordinação de qualquer
uma das partes. Há ainda que considerar aspectos
Declaração de Blumenau sobre Administração,
Esporte e Lazer na Indústria
Os 52 participantes do I Seminário de Asso-
ciações Esportivas, realizado em 24-25 de Setem-
bro de 1988, reunindo 23 empresas da região de
Blumenau, visando à conscientização da comuni-
dade em que vivem e trabalham, bem como à sen-
sibilização do empresariado local, declaram ao final
de sua jornada de estudos e debates que:
1
9
- a Tradição de Blumenau quanto ao cha-
mado esporte-empresa refere-se a associação de
empregados, refletindo um traço característico e vá-
lido da cultura local;
2
9
- Em termos comparativos com outras cir-
cunstâncias brasileiras, a prática esportiva interna
nas empresas mostra-se bastante avançada com
respeito às grandes empresas. Há necessidade,
porém, de iniciar um processo de redefinição sobre
as bases já criadas, a fim de convergir para as no-
vas relações de trabalho previstas pela Constituição
Federal de 1988;
3
9
- Outra deficiência evidente concerne ao
desconhecimento das vantagens oferecidas pelo
esporte e lazer tanto aos empregados como às em-
presas, entendidas em primeiro lugar pela proteção
da saúde psicossomática do trabalhador e sua se-
gurança no local de trabalho e, no mesmo nível de
importância, pelo relevante aumento de produtivida-
de na indústria;
4
9
- Impõe-se, portanto, uma interpretação
mais profissional e empresarial moderna do espor-
te-empresa na região de Blumenau, procurando
passar de uma situação paternalista para outra de
desenvolvimento de recursos humanos com si-
multâneo aumento de eficiência e lucros;
5
9
- Este desafio de mudança implica em re-
duzir a ênfase sobre construções e instalações, de-
vendo-se aumentar a importância da participação
dos empregados nas atividades esportivas e cultu-
rais. Observa-se que a riqueza da região situa-se
na sua mão-de-obra, associada ao espírito de inicia-
tiva de seu empresariado, e não só ao patrimônio
imobilizado das empresas;
6
9
- Por meio deste reposicionamento do con-
ceito de esporte - empresa na região de Blumenau,
pretende-se criar viabilidade de prática interna para
médias e pequenas empresas da região, ainda dis-
tantes dos benefícios e vantagens ora analisados;
7
o
-0 descompasso entre o ideal da prática
esportiva nacional e a realidade de Blumenau solici-
ta estudos e pesquisas na região no sentido de criar
dados que orientam a decisão das empresas, das
associações de empregados e entidades afins;
8
9
- Por sua vez, entendeu-se no Seminário
que o desenvolvimento técnico dos profissionais
atuantes no esporte-empresa dependerá da capaci-
dade respectiva em intercambiar experiências e fa-
zer circular informações teóricas;
9
o
- O sistema de relacionamento divisado para
os objetivos de intercâmbio foi o da organização de
uma rede de profissionais da região de Blumenau
que se reunirá uma vez por mês, com calendário
anual e rodízio de coordenadores em cada três me-
ses, eleitos entre os participantes das reuniões. /
Desfile das Olimpíadas do 1
s
de Maio na Hering, de Blumenau, com acompanhamento de banda típica local.
peculiares tais corno as tradições de certas empre-
sas ou, naturalmente, o sentido de iniciativa pessoal
ou grupai de funcionários. Além destes pontos de
maior sensibilidade aparecem algumas caracteri-
zações de convergência comum nas análises, co-
mo preliminares à intensa diversidade de casos. Este
arranjo é materializado nas seções e capítulos
seguintes que se desdobram a partir de um dado ta-
tuai, a "Declaração de Blumenau", redigida em 1988
em face ao direito ao lazer atribuído aos trabalha-
dores brasileiros pela Constituição Federal outorga-
da no mesmo ano.
O caso de Blumenau - e de todo o Vale de Ita-
jaí, em Santa Catarina - merece ênfase enquanto
traz em si a tradição de clubes esportivos vincula-
dos a empresas desde o século passado, revelando
um traço da cultura local. Mas a pressão de novas
técnicas gerenciais tendo como base o desenvolvi-
mento de recursos humanos e os novos direitos
constitucionais levam a reconsiderar este quadro e
buscar novos termos de prática, organização e ne-
gociação (Vide destaque). Neste contexto, que e-
volui das tradições para a inovação, inserem-se as
seções que se seguem.
Abordagens Empíricas
A experiência brasileira sobre o lazer e o es-
porte na empresa carece de documentação e, prin-
cipalmente, de investigações e estudos. Estas difi-
culdades obrigaram aos profissionais atuantes na
área a se reunirem desde 1981 em encontros de
trocas de informações, sendo o primeiro patrocina-
do pelo Banco do Estado de São Paulo - BANES-
PA, com 104 participantes.
A partir desses eventos têm sido progressiva-
mente levantados o histórico e as caracterizações
brasileiras, com o suporte de informações estran-
geiras. Assim, o conhecimento do lazer e esporte
na empresa no Brasil tem sido produto de aborda-
gens empíricas e comparativas. Em 1983, produ-
ziu-se um avanço ao se realizar um levantamento
extensivo na área do Estado do Rio de Janeiro, com
o apoio financeiro e operacional do Centro de Inte-
gração Empresa Escola, entidade privada sem fina-
lidades lucrativas, interessada em alocar estagiários
de Educação Física na indústria e no comércio (Vi-
de texto da investigação no Capítulo 2). Nesta opor-
tunidade foram identificadas as seguintes caracteri-
zações de 144 empresas respondentes, em 621
empresas consultadas (191 pequenas, 178 médias
e 252 grandes):
- 52 promovem atividades esportivas;
- 79 possuem espaço/instalações para espor-
te;
- 11 exercem influência no município sede;
- 10 buscam projeção através do esporte;
- 4 apresentam acentuada rotatividade de
pessoal;
- 36 tarefas pesadas realizadas pelos empre-
gados;
- 11 tarefas de atenção concentrada pelos
empregados.
Este perfil respondia a perguntas desenvolvi-
das a partir do encontro de 1981 no Banespa, quan-
do se verificou que as atividades internas - inde-
pendentes do SESI e do SESC -, em lazer e espor-
te, já eram comuns entre multinacionais (Ishibrás,
Hoest, Avon, etc), estatais de grande porte (Banes-
pa, Furnas, Telerj, etc), indústria pesada (Ebin, Si-
derurgia Nacional, Odebrecht, etc), de tecnologia
avançada (Promon, IBM, Embratel, etc) ou em em-
presas de influência em seus municípios sede (Lu-
po, Codistil-Zanini, Hering etc).
Os dados levantados no Rio de Janeiro nas
suas cinco áreas de municípios delimitados, por ca-
racterísticas semelhantes, mostraram, em con-
dições preliminares, o interesse e a prática efetiva
das atividades pesquisadas. Além dos dados objeti-
vos, constatou-se que 415 empresas do total de
621 estariam interessadas em receber informações
a respeito do assunto e negociar a admissão de
monitores, estagiários de Educação Física. A acei
tação aparentemente positiva das empresas do
grupo investigado foi comparada com resultados ob
tidos em pesquisa estrangeira em condições próxi
mas às regiões avançadas de São Paulo e Rio de
Janeiro. i
As caracterizações que se seguem destacam
o ensaio comparativo realizado com dados levanta-
dos em Victoria, província da Austrália, junto a 1000
empresas selecionadas por amostragem randômica
nos meses de abril e maio de 1982; as respostas
recebidas totalizaram 572 empresas que resumida-
mente informaram:
- as empresas que ofertavam atividades inter-
nas eram as que possuíam mais de 200 em-
pregados (grande porte), não prevalecendo
qualquer ramo em particular;
- as atividades apresentaram-se em grande
variedade de alternativas tanto formais como
recreativas;
- 76% das empresas informantes ainda colo-
cavam suas preferências sobre atividades
espaço ou instalações para a prática espor-
tiva interna.
O que se pode extrair dos dois casos é a con-
vergência sobre as empresas de grande porte na
medida em que no Rio de Janeiro, 39 das 52 em-
presas diretamente envolvidas foram classificada
como grandes, além de 9 médias e 4 pequenas.
Quanto à oferta de oportunidades de esporte ou à
posse de instalações de prática, a região brasileira
suplantava sua referência comparativa australiana.
De comum resultou ainda o potencial de aplicação
de programas por futura opção das empresas, cla-
ramente elevado nas duas regiões, segundo análise
de Pereira da Costa, apresentado em outro encon-
tro de especialistas patrocinado pelo Banco Bra-
desco, em 1984, com 61 participantes.
Neste último evento, em suplementação apre-
sentou-se um quadro geral das atividades de lazer e
esporte, também segundo organização de Pereira
da Costa (1984), à vista das experiências coletadas
desde 1981. Neste relato já se admitia um arco de
alternativas como ofertas internas de lazer e espor-
te, vinculadas a objetivos fora do alcance dos meios
usuais do SESI e do SESC. Embora não exaustivo,
BANESPA: Melhoria da Imagem da empresa junto a seus funcionários.
sócio-culturais, ao passo que 21% já tinham
aderido ao esporte;
- apenas 5% das empresas que responderam
à consulta ofereciam programas de aperfei-
çoamento de forma física; esta alternativa
mostrou-se praticamente inexistente em em-
presas de menos de 200 empregados; em
contrapartida, a proporção desta preferência
subiu para 19% nas empresas de 200-499
empregados e atingiu 31% nas de mais de
500 empregados;
- 2% das empresas informantes possuíam
BANESPA: Proteção psicossomática dos empregados.
o quadro adicionava às tradicionais competições
externas e ao respectivo apoio aos trabalhadores e
dependentes, os seguintes propósitos:
(1
9
) - Melhoria da imagem da empresa junto a seus
empregados; integração das famílias dos
empregados à empresa; integrão da empresa à
comunidade local; representação externa da
empresa - meios: clube de funcionários; equipes
representativas da empresa e promoções de
lazer e de esportes realizados internamente ou
externamente para clientes ou fornecedores. (2
9
) -
Proteção psicossomática dos empregados - meio:
órgão ou função de saúde ocupacional instalados
na empresa. (3
o
) - Melhoria das relações de
trabalho; ampliação de benefícios sociais;
ocupação do tempo livre pelos empregados (fora
do horário de trabalho) durante a permanência na
empresa - meio; órgão ou função de
desenvolvimento de recursos humanos. (4
o
) -
Aperfeiçoamento da segurança no trabalho - meio:
exercícios de pausa ou de aquecimento -
manutenção (durante horário de trabalho). (5
o
) -
Aumento da produtividade por melhores
condições de saúde, por redução do absenteísmo
e da rotatividade do pessoal - meios: saúde
ocupacional; exercícios de pausa e de
manutenção; desenvolvimento de recursos
humanos; promoções de lazer e esporte para fun-
cionários e famílias. Por outro lado, este quadro
obtido pela via empírica, ao se referir ao sentido
interno das ofertas de lazer e esporte, sugeria
vínculos com a Recomendação para os Serviços de
Saúde Ocupacional, aprovada em 1959 pela
Organização Internacional
CODISTIL Aperfeiçoamento da segurança no trabalho.
do Trabalho (OIT), que define o serviço de saúde
ocupacional como um serviço médico instalado em
um estabelecimento de trabalho, ou em suas proxi-
midades, com os seguintes objetivos:
1. Proteger os trabalhadores contra qualquer
risco à saúde, que possa decorrer do seu
trabalho ou das condições em que este é
realizado.
2. Contribuir para o ajustamento físico e mental
do trabalhador, obtido especialmente pela
adaptação do trabalho aos trabalhadores e
pela colocação destes em atividades profis-
sionais para as quais tenham aptidões.
3. Contribuir para o estabelecimento e a manu-
tenção do mais alto grau possível de bem-
estar físico e mental dos trabalhadores.
Contudo, do ponto de vista institucional, estes
objetivos não têm sido formalmente alcançados no
Brasil, como se pode apreciar pela informação em
destaque, transcrita de Ferreira Candeias (1985),
configurando então uma desarticulação entre obri-
gações legais, propósitos e meios das empresas no
concernente à administração de seus recursos hu-
manos.
CALOI: Melhoria das relações de trabalho (parque esportivo e infantil junto à fábrica).
Saúde Ocupacional no Brasil
Em 1917 ocorreu a primeira grande greve pau-
lista. Pleiteava-se a limitação de 11 horas para o
trabalho noturno de menores e a abolição de casti-
gos corporais. Assim tinha início um movimento que
nascera a partir dos próprios trabalhadores em prol
de melhores condições de trabalho. Em 1919 surgiu
a legislação de proteção ao trabalhador com a pro-
mulgação da primeira Lei de Acidentes do Trabalho,
seguida pela Lei das Férias (1926), pelo Código dos
Menores (1926), pela legislação de proteção do tra-
balho de mulheres (1932), pelo estabelecimento de
oito horas diárias (1932), entre outras.
Com a Revolução de 1930 começa a despon-
tar o interesse pela saúde e segurança do trabalho
com a criação do Ministério do Trabalho. Nesse
mesmo ano surgem várias leis de proteção aos tra-
balhadores, reunidas, em 1943, no texto "Consoli-
dação das Leis do Trabalho". Neste, dedicava-se o
capítulo V à Higiene e Segurança do Trabalho, es-
tabelecendo uma série de exigências destinadas a
proteger a saúde ocupacional dos trabalhadores.
Mesmo com a criação do novo Ministério e
com a preocupação cada vez maior pela saúde do
trabalhador não se fez, entretanto, nenhuma exi-
gência quanto à presença, nas fábricas, de médicos
e/ou de outros profissionais ligados à área da Saú-
de Ocupacional.
Quando do aparecimento da Recomendação n
o
112 da Organização Internacional (OIT), em 1959,
os poucos especialistas em Saúde Ocupacional,
particularmente médicos, esperavam que o Brasil,
como país-membro da Organização Internacional, a
adotasse. Várias tentativas foram feitas junto ao
Poder Legislativo e ao Poder Executivo no sentido
de se criar lei que pusesse em prática aquela Re-
comendação.
Numerosos projetos foram redigidos, porém
havia pouca esperança de que o Brasil aceitasse a
recomendação internacional.
Em 1972, surpreendendo os interessados em
Saúde Ocupacional, dentro do Plano Nacional de
Valorização do Trabalhador, estabelecido pelo Go-
verno Federal, foi baixada Portaria do Ministério do
Trabalho tornando obrigatória a existência, em esta-
belecimentos industriais com mais de 100 emprega-
dos, de um Serviço Especializado de Segurança e
Medicina do Trabalho, onde deveriam trabalhar Mé-
dicos do Trabalho, Enfermeiros do Trabalho, Auxilia-
res de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Se-
gurança do Trabalho e Supervisores de Segurança
do Trabalho, em número proporcional ao número de
empregados da empresa e considerando o grau de
risco oferecido pelas atividades ligadas ao trabalho.
O principal óbice para a aplicação imediata da
nova legislação foi o fato de se exigir que os profis-
sionais fossem especializados em Saúde Ocupa-
cional. Por serem estes poucos no Brasil, estabele-
cia a lei que a obrigatoriedade legal do funcionamen-
to dos novos serviços se daria a partir de 1974,
concedendo-se dois anos de prazo para que se or-
ganizassem cursos de especialização para os pro-
fissionais exigidos.
Coube à atual Fundação Jorge Duprat Figuei-
redo criar e coordenar os cursos de especialização.
Os dois primeiros deles, para Médicos do Trabalho
e para Engenheiros d o Trabalho, tiveram lugar, em
1973, na Faculdade de Saúde Pública, Universidade
de São Paulo. Desde então, outros cursos para
formação dos profissionais exigidos pela lei passa-
ram a ser desenvolvidos em todo o Pafs.
Com o desenvolvimento dos Serviços Especia-
lizados, verificou-se que as exigências do Capítulo
V da Consolidação das Leis do Trabalho, criados
em 1943, encontravam-se ultrapassadas. Por isso,
em dezembro de 1977, remodelou-se o Capítulo V.
Em junho de 1978, baixou-se a Portaria n- 3.237,
estabelecendo-se normas de Higiene, Segurança e
Medicina do Trabalho de acordo com os avanços
verificados depois de 1943, nesse campo, em âmbi-
to internacional.
Em nosso meio, a responsabilidade pelas ativi-
dades de Saúde Ocupacional divide-se entre Go-
verno, empresas e empregados, como consta na
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Em de-
corrência disto tem-se observado algumas tendên-
cias como: a) a de criar infra-estrutura para que as
atividades de prevenção sejam desenvolvidas so-
bre bases técnico-científicas e b) responsabilizar a
empresa por atividades básicas de Saúde Ocupa-
cional. Porém, nas medidas que têm sido gradati-
vamente implantadas e desenvolvidas, a ênfase tem
recaído, de preferência, sobre a problemática rela-
cionada à prevenção e controle de acidentes e de
doenças profissionais.
Pouco ou nada se tem feito entretanto, em ter-
mos da preservação da integridade física e mental e
da promoção da saúde do trabalhador, como consta
na Portaria n- 3.214/1978, NR-4 Serviços Especia-
lizados em Segurança e Medicina do Trabalho, di-
mensão esta em que a prevenção primária e a Edu-
cação em Saúde assumem papéis preponderantes
no âmbito da Saúde Pública. Corresponde isto, en-
tretanto, a um dos objetivos propostos pela Organi-
zação Internacional do Trabalho.
Cumpre aqui destacar que, no Brasil, apenas
1,0% do prêmio de seguro que os empregadores
pagam para o INPS são utilizados em medidas pre-
ventivas, enquanto que 99,0° o se dirigem a medidas
curativas. Isto reflete a predominância dos pressu-
postos mais ortodoxos da Medicina Curativa, cujo
foco recai sobre o indivíduo doente e não sobre o
individuo saudável com vistas, neste caso, a garan-
tir niveis cada vez mais elevados de bem-estar físi-
co, mental e social. Trata-se assim de um modelo
de atendimento médico que visa prevenção se-
cundária e tratamento e não prevenção primária e
promoção de saúde.
Fonte: Ferreira Candeias, Nelly Martius - "Saúde
Ocupacional no Brasil: Um Compromisso In-
completo" Fundação Emílio Odebrecht, 1985,
Salvador.
A Expansão do Conhecimento
O trajeto entre o que as empresas realizam
efetivamente e o ideal de atendimento aos seus fun-
cionários, considerando-se o esporte e lazer, cons-
tituem apenas indicações a partir das trocas de in-
formações de 1981 e anos seguintes, à vista da
inexistência de levantamentos estatísticos. Cabe
realçar ainda nesta deficiência que as empresas
que comparecem a encontros com representantes
para discutir a temática recreativa e esportiva já
constitui um grupo selecionado e movido pelo inte-
resse de intercambio. É mais apropriado, então, fa-
lar-se de tendências das empresas brasileiras par-
tindo de grupos peculiares do que assumir indícios
como fatos.
O caso da Saúde Ocupacional é típico em face
à aceitação informal do atendimento aos emprega-
dos no local de trabalho como um aperfeiçoamento
de recursos humanos (RH) por meio do lazer e do
esporte, em simultânea constatação da dificuldade
de se implantar formalmente as recomendações da
OIT e da correspondente legislação brasileira. Res-
guardadas proporções e natureza do problema em
cada país, aparentemente a opção de RH prevale-
cendo sobre a Saúde Ocupacional é uma constante
internacional, embora os propósitos de ambos se-
jam convergentes por meios profissionais distintos.
Particularmente reveladores dessa ambivalên-
cia empresarial são as revisões sobre o tema de
prática de exercícios físicos nas empresas norte-
americanas, realizados em 1983 por Gerald S. Fain
e em 1989 por Janis A. Work, em coincidencia com
os primeiros reconhecimentos brasileiros e a publi-
cação do presente livro. Para Fain, relatando em
plena fase de expansão/de atividades esportivas e
recreativas internas, não estavam claras as razões
da adesão das companhias de seu país a progra-
mas de saúde, forma física e recreação, literalmente
declarando:
"A despeito da fácil identificação destas práti-
cas, a similaridade entre programas de diver-
sas empresas é difícil identificar. Enquanto uma
firma enfatiza exercício e prevenção primária,
outra prática apenas tênis ou golfe. Assim,
poucas áreas do conhecimento obtido podem
ser generalizadas".
Work, por sua vez, seis anos após confirmava
a desarticulação entre as práticas internas das em-
presas e seus propósitos, revelando que 80% das
empresas norte-americanas não possuíam compro-
vações de validação científica ou econômica sobre
o esporte e lazer promovidos junto aos seus em-
pregados e nem mesmo sobre o impacto de re-
dução de custos de atendimento de saúde. Com-
pulsando investigações correntes sobre tais tipos
de formação conclui a citada pesquisa: "Os resulta-
dos mostram que o valor dos programas levados a
efeito no local de trabalho é mais voltado para o
estímulo da prática de exercícios do que para a in-
dução de mudanças favoráveis à saúde".
De modo consensual, as duas avaliações rea-
lizadas em 1983 e 1989, entenderam que o esporte
e lazer na empresa eram mais um fenômeno cultural
do que propriamente gerencial, validando-se, contu-
do, em seus aspectos particulares de produtividade,
segurança, relações internas, etc, ao serem pes-
quisadas isoladamente. Nestes termos, Work con-
firma a possibilidade do conhecimento sobre o tema
adotar posturas mais globalizantes - ou holísticas -
para se ajustar às práticas em vigor tanto quanto à
teoria e às normas técnicas dela derivada. Espe-
cialmente a categoria de bem-estar estaria se des-
tacando como capaz de referenciar o todo desejá-
vel, já que as projeções levantadas em entrevistas
ressaltavam que o "bem-estar será o benefício de
saúde do futuro", com relação às empresas avan-
çadas cujos "programas terão sempre como base o
exercício físico, mas o foco central será a pessoa
como um todo".
Já antes, em 1983, Christine Howe chegava a
conclusões semelhantes a Janis Work, identificando
o bem-estar ("Wellness") como capaz de promover
a coesão individual e de grupo na empresa, interpre-
tante esta tendência como uma mudança da "ética
do trabalho para a ética do lazer" nas condições
sociais dos Estados Unidos. Antecedendo tais pre-
visões lastreadas em comprovações empíricas, po-
sicionava-se Lennart Levi em 1978, partindo de uma
perspectiva internacional e considerando socieda-
des ricas e pobres, quando admitiu teoricamente a
necessidade da abordagem holística nas relações
do ambiente de trabalho com a saúde. À vista das
definições da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e das recomendações da OIT, este pesqui-
sador do Instituto Karolinska de Estocolmo relacio-
nou o "estado físico, mental e de bem-estar" da
saúde idealizada em substituição à "ausência de
doença ou enfermidade", com as teses principais da
OIT resumidamente então estabelecidas:
(1
9
) - o trabalho deve respeitar a vida do tra-
balhador e sua saúde como um problema de
segurança e sanidade no local de trabalho; (2
o
) -
este direito implica em prover tempo livre para
descanso e lazer, sendo esta uma questão de
adaptação das horas de permanência no trabalho
e da vida fora do trabalho; (3
9
) - o trabalhador
serve à sociedade em que vive e se auto-realiza
pelo desenvolvimento de suas capacidades indivi-
duais, sendo este um problema de conteúdo e de
organização do trabalho. Levi reconhecia ainda que
estas perspectivas estavam longe de pleno
atendimento no mundo desenvolvido - inclusive no
seu país, a Suécia - e muito menos nos países em
desenvolvimento. Isto implicava em desenhar uma
estratégia de ações para mudança considerando:
(a) - observar as partes do problema de con-
teúdo e organização do trabalho bus-
cando significado em um todo coerente;
(b) - interpretar a autonomia e a independên-
cia do trabalhador como uma responsa-
bilidade em localizar sua participação no
trabalho entre os extremos indesejáveis
de se fazer o que quiser e de se tornar
um instrumento passivo;
(c) - estabelecer como objetivo a transfor-
mação do local de trabalho em ambiente
de contato social e de colaboração;
(d) - reinterpretar o processo produtivo como
um meio de satisfação de necessidades
individuais dos trabalhadores, além dos
aspectos puramente materiais;
(e) - desprofissionalizar a divisão de respon-
sabilidades no trato da humanização do
local do trabalho;
(f) - privilegiar a implementação imediata de
soluções seguida de avaliação contínua;
(g) - desenvolver novos conhecimentos dan-
do prioridade à realização de estudos e
pesquisas. É importante fazer constar que em
suporte às sugestões de Lennart Levi há a
experiência do labo-
ratório de Pesquisa Clínica do Stress, do Instituto
Karolinska, por ele dirigido e de prestigio internacio-
nal. De resto, tais posições reforçam, numa primeira
aproximação, o direito ao lazer atribuído ao traba-
lhador brasileiro pela Constituição de 1988, entre
outras necessidades básicas. Pressupondo ser es-
te direito um objetivo a ser alcançado, adotaram-se
no presente texto e na ordenação das demais cola-
borações deste livro, as concepções e recomen-
dações de Levi como roteiro de tratamento da teoria
e da prática quanto ao lazer e o esporte na empresa
brasileira.
Assim disposto, cabe retornar ao problema da
cooptação dos empregados pela empresa via ativi-
dades recreativas e esportivas já em perspectiva
holística, isto é, buscando-se um significado amplo
e contextual a partir de um dado particular. Esta re-
tomada justifica-se por ser a instrumentalização do
trabalhador pela empresa um problema ético, e
freqüentemente ideológico, podendo invalidar ou re-
forçar na prática o direito ao lazer adquirido consti-
tucionalmente pelo trabalhador brasileiro. Além dis-
so, o mesmo direito introduz a interferência dos sin-
dicatos no exercício de seu papel reivindicador, tor-
nando, assim, o conhecimento uma base para ne-
gociações.
De fato, um reconhecimento ampliado sobre o
lazer e o esporte na sociedade chegaria à ambigüi-
dade de ambos serem considerados meios de
emancipação ou repressão, dependendo da nature-
za da abordagem analítica ou de cada caso em sua
dinamica particular. Esta interpretação é corrente
desde os anos 30 e tem sido motivo simultâneo da
defesa e do ataque ao lazer e ao esporte no ambito
da sociologia, como se verifica na clássica revisão
do assunto desenvolvida nos anos 70 por G. Lüs-
chen e K. Weiss. Aparentemente, esta ambigüidade
colocada na empresa apresenta contrastes mais
fortes, dados os históricos conflitos entre capital e
trabalho, ou entre governo e trabalhadores dos paí-
ses de socialismo de elevado grau de estatização.
No Brasil, por outro lado, a tese da cooptação do
trabalhador ou do controle social é de adoção co-
mum entre intelectuais como possível reflexo dos
conflitos sociais e da injustiça social características
do País. (Ver referências Pereira da Costa relativas
a 1989).
A condição de negociação com os sindicatos,
entretanto, pode regular a oferta do lazer e do es-
porte na empresa, reposicionando o significado de
manipulação no sentido de um equilíbrio de interes-
ses entre os trabalhadores e empregadores. Adian-
te, em seção específica quanto ao papel dos sindi-
catos, as condições previsíveis desta negociação
são examinadas com mais pormenores. De qual-
quer modo, é possível admitir que o critério de ob-
servação da questão, seguindo a ótica de Levi, é o
de interpretar o lazer e o esporte como atividades
igualmente vantajosas para ambas as partes, em-
presa e seus funcionários. Esta conclusão finaliza o
estudo de Paulo Pegado, no Capítulo 2, no contexto
da saúde ocupacional, quando se examinam casos
em face a preceitos médicos e suas aplicações na
realidade brasileira.
Outra retomada necessária atendendo-se à
perspectiva holística, concerne à desarticulação en-
tre concepções, propósitos e prática efetiva de ati-
vidades que no Brasil - a julgar pelos casos do
Capítulo 3 e a tipologia levantada no Capítulo 2 - re-
velaria-se com maior evidência do que na experiên-
cia internacional. Em nosso país, instalou-se no
âmbito das empresas a concepção de "integração
de funcionários" para explicar ou justificar as ativi-
dades de lazer e esporte, que em muitos países re-
lacionam-se à saúde, à forma física e ao bem-estar
em circunstâncias assistemáticas. Contudo, a
versão brasileira é mais vaga e mais distante, care-
cendo do todo coerente de que fala Lennart Levi,
seja examinada pelo ângulo do desejável pela OIT,
seja pelo lado da concepção de saúde da OMS.
Claro está que a distorção, no caso, é do co-
nhecimento e não da cultura desenvolvida pelas
empresas brasileiras que refletem uma tradição de
mais de meio século de lazer e esporte com seus
empregados (Vale do Itajaí e outros casos pioneiros
à parte). Cabe, então, aos estudiosos do tema de-
senvolverem uma teoria que atenda a tipicidade na-
cional e a direcione para circunstâncias mais apro-
priadas para empregados e empregadores. Pres-
supõe-se, ainda, que esta reorientação leve ao
cumprimento do dispositivo constitucional e demais
preceitos da legislação nacional e das recomen-
dações internacionais. Em última análise, a teori-
zação no atual estágio do lazer e esporte na empre-
sa, solicita no Brasil uma postura de intermediação,
ou como antes proposto: uma evolução das tra-
dições para as inovações.
Se atentarmos para o fato constatado nitida-
mente adiante, de que o lazer e esporte na empresa
brasileira são produtos originários do clube de fun-
cionários e da prática de futebol com equipes repre-
sentativas, que aparecem associados ou autôno-
mos inicialmente, ter-se-á uma base para redefinir e
orientar a variedade de opções que se seguiram e
atingem os dias atuais. Observe-se que o clube da
empresa, congregando funcionários e familiares, re-
presenta o vínculo com objetivo de bem-estar, ao
passo que o futebol constituiu o primeiro estágio pa-
ra se pretender a forma física. Em oposição a estas
vantagens rudimentares não há uma tradição que
possa lastrear o objetivo de saúde.
Uma contribuição aos reajustes que se pos-
sam sugerir no plano da discussão teórica, advém
de alguns casos avançados incluídos no Capítulo 3.
A maioria destes exemplos ganharam visibilidade
por aperfeiçoamento de aspectos particulares do la-
zer e do esporte, mas alguns aproximam-se do mo-
delo tripartite de bem-estar, saúde e forma física.
Saúde Ocupacional, Lazer e Exercícios Físicos
A industrialização e a urbanização ocorridas
de forma intensa neste século provocaram novas
pressões ambientais e alterações no modo de
vida, distanciando o homem da natureza.
Como efeitos do desenvolvimento obtido desta
forma, a qualidade de vida foi severamente afe-
tada, levando a uma maior incidência de doenças
crónico-degenerativas, as quais são denomina-
das de doenças da civilização.
O homem tem no trabalho um componente
importante de sua existência. A ocupação do
trabalhador nos diz, não somente aquilo que ele
faz durante a metade das horas que está acor-
dado, como também leva conclusão com alguma
precisão quanto às roupas que veste, à casa
que habita, ao tipo de alimento que ingere e aos
amigos com os quais convive. Assim, o tipo de
trabalho e seus componentes, entre os quais o
ambiente físico e psicológico; o modo de pro-
dução, e ainda, a renda obtida de sua execução
são determinantes básicas do bem-estar dos in-
divíduos.
Hoje estamos assistindo uma mudança im-
portante no modo de produção, pois do trabalha-
dor se exige cada vez mais capacidade intelec-
tual e decisão diante de equipamentos informati-
zados e automatizados com menor atividade
muscular. Este processo de evolução rápida
está levando o homem que trabalha, em qualquer
nível que se situe nas empresas, ao sedentaris-
mo e ao aumento das tensões psíquicas no seu
dia-a-dia.
Certamente, há 50 anos atrás não se imagi-
nava que teríamos com a industrialização e ur-
banização um aumento de casos de câncer,
distúrbios mentais, afecções cardiovasculares,
alterações das gorduras sanguíneas, problemas
com drogas e álcool, doenças nutricionais e os-
teoarticulares com a conseqüente diminuição da
qualidade de vida e morte precoce. Há uma série
de fatores envolvidos na causalidade destas
doenças, porém o sedentarismo pelo trabalho
mais leve e as tensões emocionais determinadas
pelo modo de produção, representam duas cau-
sas comuns a todas elas.
Na atualidade o homem é levado a ocupar-
se de atividades, dentro e fora do ambiente ocu-
pacional, que estão longe de serem aquelas que
melhor se adaptariam à sua constituição biológi-
ca. Durante a evolução do homem, seus siste-
mas e órgãos foram adaptados para desenvolve-
rem as funções necessárias à sua subexistên-
cia.
A urbanização e industrialização oferecem
situações totalmente antagônicas à natureza
humana plasmada durante sua evolução biopsi-
cossocial. A vida nas cidades leva o homem pa-
ra ambientes artificialmente criados, em que as
condições de temperaturas e iluminação não
acompanham os ciclos naturais, além de apre-
sentarem agentes agressivos introduzidos pela
tecnologia. Sua alimentação é constante e monó-
tona e sua atividade muscular, na maioria das
vezes, é substituída por máquinas. Particular-
mente em países como o Brasil essas mudanças
foram mais bruscas, pois houve necessidade da
queima de etapas para acompanhar os países do
primeiro mundo. Assim convivemos com doen-
ças típicas de países subdesenvolvidos, como
as doenças infecciosas e parasitárias, e as
doenças de países desenvolvidos, lais como as
crónico-degenerativas, ditas da civilização.
A busca de uma solução para o retomo às
condições favoráveis para o homem, que o le-
vem a maior sobrevida e bem-estar no mundo de
hoje, certamente podem ser alcançadas.
A atividade física através do lazer e do es-
porte é uma das respostas que se pode oferecer
ao homem que trabalha, esteja ele situado a ní-
veis de direção, gerência, mestria ou execução,
pois todos são atingidos pelas doenças da civili-
zação.
Há muito tempo se conhecem os benefícios
da atividade física como fator de maior bem-es-
tar. O desenvolvimento da capacidade física leva
o individuo a ficar mais apto à realização de suas
atividades laborativas e sociais, a menor pro-
pensão às doenças psicossomáticas, e a uma
capacidade intelectual sensivelmente aumenta-
da.
O desenvolvimento físico através de exercí-
cios como forma de educação e autocontrole é
bastante desenvolvido em várias culturas no
mundo.
O benefício da alividade desportiva e do la-
zer deve ser retomado como meio para capacitar
o homem contemporâneo a enfrentar as
agressões determinadas pelas mudanças tec-
nológicas a cada dia mais velozes.
O ganho social com estas atividades estará
evidenciado com a diminuição das doenças cró-
nico-degenerativas e com o aumento da sobrevi-
da, além da maior integração e conscientização
dos trabalhadores e dos empregadores para a
saúde, que é algo que só se conquista pela per-
manente busca de melhores condições de traba-
Iho, transporte, habitação, renda e oportunidades
de esporte e lazer. Condições estas que não po-
dem estar separadas, mas sim integradas a pro-
gramas que tornem o trabalho fonte permanente
de bem-estar, razão única da existência das em-
presas como instituições voltadas ao atendimen-
to das necessidades da comunidade.
Quando observamos os benefícios da ativi-
dade física programada e adequadamente de-
senvolvida, notamos que a melhoria da qualidade
de vida é sentida, tanto pelos trabalhadores co-
mo pelos empresários.
Países subdesenvolvidos nem sempre con-
seguem fazer programas continuados de prática
desportiva e lazer em função dos recursos es-
cassos. No Brasil o Ministério da Saúde está im-
plantando a prática das atividades fisicas como
meio de prevenção das doenças crónico-dege-
nerativas. Com o efetivo apoio dos sindicatos pa-
tronais e de trabalhadores, a curto prazo os be-
nefícios serão sentidos, principalmente pela me-
lhoria das condições psicofisicas dos trabalhado-
res e a conseqüente diminuição do absenteísmo
doença.
A união entre Governo, empresariado e tra-
balhadores trará, uma vez implantado o progra-
ma, melhores dias para a classe trabalhadora do
nosso país, através das práticas rotineiras do
exercício físico e de lazer como meio de melho-
rar a qualidade de vida dos praticantes.
Declaração da Associação Nacional de Medicina do
Trabalho, produzida em 1989 para inclusão no
presente livro.
Propaganda INDER
Cartaz cubano sôbre ginástica do pausa na empresa (1987).
Entre estes, o BANESPA destaca-se por cobrir as
três áreas com programas específicos, orientados
por um órgão central de saúde ocupacional, um mo-
delo que pode se tornar exemplar para as demais
empresas, ao ganhar sustentação e transmitir sua
experiência.
O mesmo exemplo do BANESPA deu funda-
mentação empírica ao antes citado quadro de
propósitos e meios produzido por Pereira da Costa
em 1984, acompanhando relatos de Sérgio Zancopé
(comunicação pessoal, 1984), gestor dos progra-
mas de integração do Banco do Estado de São
Paulo à época do encontro já mencionado promovi-
do pelo Bradesco.
tanto, tal como mostra a tradição brasileira (vide ti-
pologia no Capítulo 2), as atividades em lide não se
desenvolvem como um projeto mas sim como um
trabalho em progresso, partindo de um núcleo gera-
dor inicial. Sendo um modelo aberto, todavia, a ino-
vação pode ser composta na tradição, outra síntese
da evolução global do lazer e esporte na empresa
brasileira, que não transparece rejeição de qualquer
alternativa. Se assim de fato acontece, então o de-
safio último é a incorporação da Saúde Ocupacional
como aperfeiçoamento de iniciativas de lazer e es-
porte - como indica o caso do BANESPA (vide
Capítulo 3) - e não o inverso pretendido pela via
normativa. A ponderação desta possibilidade ganha
Comparando-se um caso de excelência como
o do BANESPA, com outros casos nacionais exibi-
dos adiante, percebe-se que há pontos de seme-
lhança, sendo o mais evidente o efeito de contágio,
ou seja: introduzida uma das 5 alternativas do qua-
dro de 1984, surge uma tendência a incorporar ou-
tras, possivelmente por afinidades. Na década de
80, o BANESPA experimentou tal efeito partindo do
objetivo de integração de empregados e familiares e
alcançando todas as demais conotações na mesma
década. Mesmo o patrocínio de equipes esportivas
como instrumento de marketing foi adotado pelo
BANESPA como repercussão de suas atividade in-
ternas e não por influência externa do mercado de
publicidade, como usualmente acontece.
A constatação do efeito de contágio em empre-
sas brasileiras, por outro lado, reforça a recomen-
dação de Levi de se implementar de modo imediato
o lazer e esporte na empresa, e depois progressi-
vamente avaliar efeitos e adotar reformulações. Por-
maior consistência ao se examinar uma declaração
de propósitos da Associação Brasileira de Medicina
Ocupacional produzida para inclusão neste livro e
que segue em destaque.
As Bases Quantitativas
Qualificados o lazer e o esporte na empresa
numa composição holística que chega à Saúde
Ocupacional e que se traduz por conceitos, classifi-
cações e toxionomias, há uma base para as quanti-
ficações desejáveis. A significação destas últimas,
no geral, tem sido obtida por observações empíricas
ou experimentos isolados, à moda da pesquisa
científica não contextualizada cultural ou socialmen-
te.
A par dessas limitações há ainda o viés da es-
pecificidade de cada ambiente de empresa que não
autoriza extrapolações ou generalizações a partir de
um determinado resultado obtido em investigação.
Como antes ressalvado, o processo produtivo, sua
gestão e desenvolvimento são relativos na perspec-
tiva de caso a caso isto é, um dado obtido de produ-
tividade, por exemplo, é válido enquanto se refere a
um ambiente caracterizado (espacial, temporal, cul-
tural, social, motivacional etc.). É apropriado, então,
falar-se de indicações ou de bases quantitativas
na produtividade, acidentes, rotatividade de pessoal
e falta ao trabalho (absenteísmo), critérios objetivos
das relações de trabalho que sofrem o impacto do
lazer e esporte, e, naturalmente, da Saúde Ocupa-
cional.
Essas indicações quantitativas são tradicionais
e peculiares na literatura técnica sobre lazer na em-
presa e, principalmente, sobre esportes, os quais se
apresentam mais acessíveis à quantificação. Os
exercícios físicos conhecidos como "ginástica de
pausa" constituem uma categoria especial e ofere-
cem maior vantagem aos estudos quantitativos do
que qualquer outra categoria (vide investigações e
relatos de Schmitz, Kolling e Gomes de Faria Junior
no Capítulo 2, referenciados a circunstâncias brasi-
leiras). Entre 1984 e 1985, a Fundação MUDES,
sediada no Rio de Janeiro, publicou uma série de fi-
chas técnicas transcrevendo tais indicações retira-
das de pesquisas realizadas no exterior. Dessas
fontes em conjunto (Ref. MUDES, 1989) produzi-
mos uma síntese que relaciona os critérios de re-
lações de trabalho com as cifras que mais se repe-
tem nestes estudos:
- Produtividade: aumento de 2 - 5%
- Acidentes: redução de 20 - 25%
- Rotatividade: redução de 10 - 15%
- Absenteísmo: redução de 15 - 20%
A validade destes dados varia não somente en-
tre tipos de indústria e serviços mas também entre
países, sendo evidente a vantagem de resultados
nos países do leste europeu, como no exemplo de
Kasatkin (1988). Este autor relatando sobre os efei-
tos de oportunidades de lazer e práticas de esporte
no complexo siderúrgico de Krasnoyarsk, na União
Soviética, demonstra uma redução de cerca de 20%
no absenteísmo, atribuída a melhores condições de
saúde e de motivação por parte dos trabalhadores.
A suposição que nos países socialistas incentiva-se
a prática de exercices como meio de desenvolvi-
mento social e de relações no trabalho, pode ser
apreciada pelo cartaz cubano que ora reproduzi-
mos.
A variação entre resultados, contudo, mostra-
se caracteristicamente positiva nos experimentos,
geralmente relacionada a mudança de comporta-
mento no sentido de melhores hábitos de saúde e
convivência social. Os resumos de casos a seguir
revelam este significado favorável do lazer e do es-
porte, associados ou não, como também oferecem
uma perspectiva da metodologia empregada nas in-
vestigações:
• Suécia
A empresa GOODYEAR GUMMI FABRIKS
AG de Norrkopmg, conduziu um levantamen-
to junto aos operários que praticavam espor-
tes regularmente, em proveito de programas
oferecidos pela fábrica. Além de fatores posi-
tivos de bem-estar e de melhor saúde, os
trabalhadores esportistas apresentaram uma
taxa de absenteísmo de 8%, contra 11 % dos
não-esportistas.
Adicionalmente, observou-se que 88% dos
praticantes de esportes tentavam interessar
seus companheiros para acompanhá-los nas
atividades oferecidas pela firma. FONTE:
sisterna MUDES, ficha 84 044 044, set.
1984.
Alemanha Federal
Os empregados da empresa de produtos
químicos BAYER foram mobilizados de fa-
ma voluntária para uma pesquisa realizada
num prédio de 31 andares. Participaram 51
funcionários acima de 35 anos, todos vincu-
lados no trabalho de escritório. Durante 3
meses, 26 pessoas tinham de subir pelo
menos 25 andares todos os dias (125 anda-
res, por semana), enquanto os restantes 25
serviam-se de elevadores. Encerrado o
período estipulado, a capacidade física do 1-
grupo (escadas) melhorou 26% em média,
conforme medições das reações cardíacas e
circulatórias; o 2
o
grupo (elevadores) mante-
ve-se estacionário através do mesmo con-
junto de mensurações. Fonte: sistema
MUDES, ficha 84 044 044, set 1984.
Estados Unidos
Em cooperação com a "Heart Disease and
Stroke Control Program of the Public Health
Service", a Administração Nacional da Ae-
ronáutica e do Espaço (NASA) organizou um
programa de exercícios, três sessões por
semana durante um ano, para 259 funcioná-
rios masculinos entre 35 e 55 anos de idade.
Em seguida, foi aplicado um questionário e
submeteram-se os funcionários a exames
médicos, segundo as conclusões seguintes:
metade apresentou melhor produtividade e
melhor atitude com relação ao trabalho; 12%
dos praticantes que participaram eventual-
mente no programa, reportaram efeitos simi-
lares; 89% dos regulares tiveram sua forma
física melhorada, 40% tiveram sono mais re-
cuperador; 60% perderam peso; quase me-
tade deu maior atenção à alimentação e mui-
tos abandonaram o fumo, no final do expe-
diente.
Fonte: Sistema MUDES, ficha 84 044 044,
set 1984.
• Suíça
Um conjunto de 1.033 mulheres trabalhando
em 39 empresas diferentes foram consulta-
das quanto a suas atitudes em relação ao
esporte. No grupo etário de 20 - 42 anos,
27% eram membros de clubes esportivos,
ao passo que para a faixa 42 - 65 anos o
percentual caía para 13%. No presente caso,
entendeu-se .clube" como associação no
local de moradia ou entidade pertencente a
firma empregadora. Nos dois grupos citados,
no mais jovem, 26% dos declarantes esta-
vam vinculados somente ao esporte não-
formal (modalidades mais recreativas do que
competitivas). Este aspecto, naturalmente,
mostrou-se mais importante para o grupo
mais idoso, com 54%. Por outro lado, ape-
nas 25% do conjunto total pesquisado assis-
tiram programas esportivos televisados nos
fins de semana. Mais da metade apenas
ocasionalmente atendia a estes espetáculos.
Complementarmente, 95% das opiniões
eram concordes com a prática esportiva por
mulheres (43% das mais jovens e 32% das
mais idosas a favor de esportes de elite para
o sexo feminino).
Fonte: sistema MUDES, ficha 84 044 044,
set 1984.
A questão que emerge naturalmente destes
casos concerne ao ganho adicional pelo aumento
de produtividade, quer pela sua quantificação direta
no resultado final da produção, quer pela indireta ob-
tida pela redução nos acidentes, queda na rotativi-
dade ou diminuição no absenteísmo. Isoladamente
observadas essas medições não levam à visão
holística das relações no tocai de trabalho, mas re-
lacionadas ao todo dão transparência aos ganhos
da empresa e dos empregados: os primeiros pelo
aumento da produção e os segundos pela proteção
psicossomática. Há, então, vantagens mútuas que
podem ser anuladas por desconhecimento ou in-
compreensão, como também solicitam medição le-
gal - caso da Constituição brasileira de 1988 -, sin-
dical e profissional (especialistas em lazer, edu-
cação física, médicos, assistentes sociais ele).
Reabilitando as seções anteriores, o foco desta
mediação torna-se mais claro com as quantifi-
cações de produtividade, acidentes, absenteísmo e
rotatividade de pessoal, porém a sua base é a saú-
de do trabalhador. Uma demonstração cabal desta
composição situa-se no problema de seqüelas pro-
duzidas na coluna vertebral por condições de traba-
lho adversas ou pela posição sentada de adoção
excessiva em certos locais de trabalho. Os dados
internacionais são inequívocos: cerca de metade da
massa trabalhadora sofre de males da coluna (Pre-
sident's Council on Physical Fitness an Sports,
1984) e nos principais países industrializados 9% da
mão-de-obra empregada encontra-se parada por
dores lombares (Marco Antonio G. Silva, comuni-
cação pessoal, 1987). No Brasil, a lombalgia so-
mente é superada petos distúrbios neuróticos entre
as causas de benefícios concedidos pelo INPS
(Luiz dos Santos, comunicação pessoal, 1989).
Assim, a queda de produtividade nesses paí-
ses tem um fator predominante e este é o mesmo
que passa para a seguridade social o custo de sua
falta de prevenção e controle. Em última análise, há
uma transferência de custo de empresa para a so-
ciedade como um todo, se a primeira não previne -
e com isso indeniza suas despesas por simples
trocas financeiras internas - e a segunda não con-
trola. Tal é o argumento que parece ser definitivo
para a compreensão de ganhos mútuos da empresa
e dos empregados, em oposição ao reducionismo
de se anular o lazer e o esporte por se tratar de au-
mento de produtividade para a empresa sem a par-
ticipação salarial de sua mão-de-obra. Daí também
se definem a fundamentação da Constituição brasi-
leira de 1988, em seu artigo 6
o
, as recomendações
da OIT, e a legislação complementar. Um exemplo
do lidar com esta questão - um caso resumido da
Lockheed, nos Estados Unidos - é aqui reproduzi-
do em destaque, bem como se encontra no Capítulo
2 um estudo de Douglas Bank da IBM do Brasil so-
bre posições e técnicas de trabalho centradas na
coluna vertebral.
Assim como o problema da coluna vertebral es-
tabelece um vínculo do trabalhador com a socieda-
de em que ele vive, sob o ponto de vista de custos
sociais, o reverso é verdadeiro quando se fala em
mortalidade por doenças cardiovasculares. No Bra-
sil dos anos 30, cerca de 10% das mortes relacio-
navam-se a problemas coronarianos, enquanto 45%
prendiam-se a doenças infectocontagiosas; em
1980 o quadro invertera-se, com as doenças car-
diovasculares atingindo 35% - passando a consti-
tuir a principal causa da mortalidade - e as infecto-
contagiosas baixavam para 12% (Ministério da
Saúde, 1986). Se a sociedade controla seus fatores
de risco em face às doenças de origem cardiovas-
cular, entre os quais incluem o sedentarismo, o es-
tresse, o fumo etc, atua-se preventivamente e, neste
caso, encontra-se mais uma justificativa para que
haja oferta de lazer e esporte na empresa. Esta,
com efeito, estaria contribuindo com sua parcela de
diminuição de custos sociais, ao investir em ativida-
des de retorno praticamenle garantido.
A interpretação da empresa dentro de uma óti-
ca de responsabilidade social tem escassa pene-
tração no Brasil, mas se trata de uma tese presti-
giada nos países avançados. Na Alemanha Federal,
segundo Karsten Schroder (1989), denomina-se es-
ta tendência de "humanização do mundo do traba-
lho", título de um dos principais programas do go-
verno nos anos 90. Neste mesmo país, tem sido
constante a redução da jornada do trabalho em ho-
ras, o que contrasta com o Brasil, que somente em
Prevenção de Lombalgias x Absenteísmo
A constatação de que 17,3 dias de trabalho
do total utilizável em 1983 foram perdidos por
problemas de lesões na coluna dos funcionários,
levou a indústria aeroespacial LOCKHEED dos
Estados Unidos, a organizar um programa de
atendimento e prevenção especializado para os
23 mil empregados do complexo sediado em
SUNNYVALE, Califórnia.
O programa é dirigido peto Dr. Gunnar Se-
velius, com o auxílio da fistoterapeuta Sue Pate-
naude, e possui as seguintes características:
a) O atendimento enfatiza o fato de que
pessoas com forma física adequada são
menos sujeitas a seqüelas na coluna do
que as sendentárias.
b) De um modo geral, os empregados que
procuram o programa são orientados pa-
ra atividades no Centro de Form a Fisica
da empresa ou em instalações equiva-
lentes fora da fábrica.
c) Também se fornece uma brochura, con-
tendo características da coluna vertebral
e efeitos da idade, fumo e diversas po-
sições do corpo. Além disso, são sugeri-
das técnicas de levantamento de pesos
para minimizar dores nas costas, segun-
do uma tabela de carga de exercícios
necessária para compensar trabalho pe-
sado.
d) A prioridade no atendimento situa-se so-
bre casos agudos de dores nas costas,
os quais são submetidos a terapias, tais
como: toques e pressões manuais, tra-
ção, aplicação de calor ou frio, ultrasom,
massagem e estímulo muscular. Comple-
mentando, orienta-se o paciente para a
mobilidade com exercícios apropriados.
e) Após a fisioterapia, os pacientes prioritá-
rios são mobilizados para a autocon-
fiança e para a própria iniciativa nos cui-
dados com as costas, numa perspectiva
de prevenção. Portanto, o objetivo do
atendimento é sempre de longo prazo,
educando-se o funcionário para posições
corretas do corpo e para exercícios
compensatórios.
Desde setembro de 1983, o programa está
funcionando e, já no primeiro semestre de 1984,
a média de atendimento diário era de 15 fun-
cionários. Anteriormente, os casos de dores nas
costas eram tratados fora da fábrica, o que impli-
cava prejuízos de tempo e dinheiro para a em-
presa. Assim sendo, a previsão dos dirigentes
do programa é de futura instalação de equipa-
mentos para exercícios específicos para a colu-
na, num espaço apropriado dentro do complexo
industrial.
FONTE: "Back to Basics: Keeping Limber and
Relaxed", P. Gerier, corporate Fitness
& Recreation, May 1984, pp. 22-30.
1988 passara de 48 para 44 horas (Art. 7
o
- da
Constituição Federal) pelo menos em termos
legais. E nesta possibilidade de menos trabalho e
mais lazer situa-se um ponto de partida para o
reposicionamento da empresa em seu universo
social.
Ao se reduzir a duração do trabalho na jornada
diária, cria-se defasagem nos turnos, o que se refle-
te em circulação e permanência mais duradoura dos
empregados no interior da empresa. Neste tempo
adicional de disponibilidade dos empregados inse-
rem-se oportunidades de lazer e de esporte, além
de treinamento remunerado ou atividades voluntá-
rias de desenvolvimento pessoal (aprendizado mu-
sical, biblioteca, teatro etc). Com a diminuição pro-
movida pela Constituição na jornada de trabalho no
Brasil, é conveniente que se inicie idêntico processo
de ajustamentos internos aos da Alemanha, país
que no final dos anos 80 alcançara 38 horas sema-
nais e se preparava para 36 nos anos 90.
Em qualquer caso, contudo, predominam as
oportunidades de lazer e esporte antes da jornada
diária, durante o horário do almoço e após os turnos
de trabalho. No Brasil, inusitadamente já se encon-
trariam condições para atividades nos interstícios
dos turnos, se assim for possível oferecer oportuni-
dades: segundo a FIESP - Federação das Indús-
trias do Estado de São Paulo, o trabalhador paulista
passa até 12 horas semanais circulando na empre-
sa além da jornada, principalmente por dificuldades
no transporte (Francini, 1984). Portanto, o que hoje
é distorção pode ser uma das vias para humanizar
o local de trabalho. E, nesta possibilidade, mais uma
vez surge o sindicato como um meio de mediação
apropriado.
Havendo, finalmente, negociação, a base teóri-
ca ora estabelecida aparenta ser suficiente para en-
caminhar as questões, exceto com referência a
custos. Como se constatará nos textos adiante, as
empresas brasileiras e seus empregados geralmen-
te reconhecem as vantagens do lazer e esporte
exercidos no âmbito interno, mas são raras as de-
monstrações de despesas. Consultando-se as re-
visões de literatura do Ulfert Schroder (1983) na
Alemanha Federal, e de Villeneuve (1983) nos
EE.UU., nota-se que a intransparencia de custos é
habitual naqueles paises tal como Brasil, revelando,
talvez, indecisão gerencial quanto às relações de
custo-beneficio.
Se verdadeira, a indecisão nas condições bra-
sileiras perde seus fundamentos em presença de
indicadores globais, geralmente alarmantes, como
se apresentaram os quantitativos sobre as seqüelas
na coluna vertebral ou sobre as horas ociosas dos
trabalhadores no recinto das empresas. A estes
basta justapor os dados sobre acidentes no traba-
lho, que no caso brasileiro são os de maior vulto na
comparação internacional (em 1981, por exemplo,
houve 1,5 milhão de acidentes na indústria, com
uma perda de 800 milhões de horas de trabalho),
para pressupor a viabilidade da subvenção do lazer
e lazer para empregados no espaço laboral.
Experiência Internacional
Um resumo da experiência internacional vali-
da-se neste estágio da fundamentação do lazer e
esporte na empresa, na medida que gera compre-
ensão das peculiaridades nacionais por compa-
rações:
América Latina
O Brasil, pela existência do SESI e do SESC
principalmente, possui a mais relevante tra-
dição e o maior porte entre seus vizinhos
continentais nas atividades de lazer e esporte
para trabalhadores, seja em centros de
convivência ou no âmbito interno das em-
presas. Segue-se a Argentina e o México
como países que montam iniciativas deste
tipo, respectivamente em complexos de em-
presas estatais e em órgãos de seguridade
social, sem grandes destaques (Juarez,
1981).
Empresas atendidas en sus propias instalaciones
Empresas atendidas en el Centro Recreativo
Participantes
Participantes
Participantes
Agricola Malqui 134 Vana 120 Deloithe 105
Allan 500 Químicos Burden 102 Hally Burthon 260
U. Jorge Tadeo Lozano 200 Banco de Caldas 200 Pricoma S.A. 200
Cynamid de Colombia 700 Fondo Nacional Del Ahorro 528 Minhacienda 8.000
Banco Caletero 728 Colseguros 423 3M de Colombia 550
Coimpresores 43 Banco Real 315 Ciplast 250
Himat 500 Shulemberger 100 Hilanderías Universal 750
Alfofique 70 Acerías Paz Del Rio 77 Incolbestos 1.200
Fiame 150 Club de Ingenieros 100 Banco Real 60
Colseguros 600 Alcatel 141 Promedíeos 41
Metalúrgicos 124 Gecolsa 150 Isabel Franco 26
Coopdesarrollo 161 Unigas 200 F.M.L 203
Davivienda 700 Previsora 307 Industrias Gilca 70
Olivetty 135 Banco Ganadero 900
Suécia: ginástica de pausa
Ultimamente, a Colombia passou a participar
neste quadro por meio de sua "Caja de Compensa-
ción Familiar - CAFAM", uma instituição de propósi-
tos semelhantes ao SESI e ao SESC que adotou
centros recreativos próprios e atendimento descen-
tralizado nas empresas como formas de seus ser-
viços aos trabalhadores. A ilustração que se refere
à CAFAM mostra um elenco de empresas que par-
ticiparam de eventos esportivos e recreativos no fi-
nal do ano de 1988, com 35 mil participantes. Ob-
serve-se que o caso colombiano por ser mais re-
cente, aproveita-se da experiência internacional,
prestando um atendimento misto: diretamente na
empresa ou fora dela em complexos especiais para
funcionários e familiares (Calderón, comunicação
pessoal, 1989).
Alemanha Oriental
O caso da indústria siderúrgica VEB BAN-
DSTAHL oferece uma idéia genérica de co-
mo ocorre o esporte e o lazer nas empresas
da Alemanha de Leste. Em princípio, a ativi-
dade esportiva na VEB BANDSTAHL, situa-
da na cidade de Eisenhüttensradt (49 mil ha-
bitantes), foi iniciada pelos próprios trabalha-
dores. Quando da construção do complexo
industrial, em 1968, o operário Karl-Heins
Rau mobilizou seus companheiros para
competições de futebol entre departamento e
seções, eventos estes desdobrados em ou-
tras modalidades esportivas com o passar
dos acontecimentos. De modo geral, o es-
porte cresceu juntamente com a indústria. Já
em 1983, havia 21 equipes de futebol no
campeonato da VEB BANDSTAHL. Outras
competições preferidas têm sido voleibol,
corrida, tênis de mesa e xadrez. O
dispositivo escolhido por Rau e seus co-
legas para desenvolvimento do esporte na
sua siderúrgica toi o de uma "associação
esportiva de empresa" denominação em lín-
gua alemã para clubes esportivos de indús-
trias. Do lado da VEB BANDSTAHL foi or-
ganizada uma "comissão de tempo livre" que
se reúne uma vez por mês com a direção do
clube e com a representação sindical na
empresa. Também comparecem às reuniões
os responsáveis pela condução das ativida-
des, resultando, então, deste encontro, as di-
retivas da melhoria da oferta esportiva no
complexo siderúrgico.
A experiência da prática esportiva na fábrica
tem mostrado boa adequação às tarefas dos
operários, inclusive com relação à existência
de quatro turnos de trabalho, uma cir-
cunstância normalmente perturbadora em
qualquer tipo de programação. Outro ajuste
conseguido é o relativo aos trabalhadores de
ambos os sexos que praticam atividades em
conjunto, como por exemplo futebol e tênis
de mesa. Também familiares dos operários
funcionam na organização das competições
e, freqüentemente, participam das ativida-
des. Há, ainda, um curso de monitores es-
portivos funcionando normalmente na VEB
BANDSTAHL que dá sustentação à progra-
mação (Werner Berg, comunicação pessoal,
1987)
Suécia
Entre as várias organizações que promovem
o lazer e o esporte para empregados na
Suécia, a de maior porte é a Associação
Sueca de Esporte na Empresa (Svenska
Korporationsidrottsforbundet) que tem por
objetivo "promover a prática de esportes e
recreação física no interesse da saúde pú-
blica, com ênfase na participação de jovens,
famílias e aposentados". A Associação
abrange 11 sindicatos nacionais e 12.565
clubes de empresas, com 3 milhões de as-
sociados e dependentes, sob direção e
atendimento de 80 mil gerentes, monitores e
funcionários.
A subvenção maior deste sistema é prove-
niente do Governo, complementado por go-
vernos locais e pelos associados. Como um
todo, a Associação depende para funcionar
continuamente do treinamento de capaci-
tação do quadro diretivo, que agrega cerca
de 10 mil pessoas/ano. Na ilustração em
destaque apresenta-se uma série de exercí-
cios de pausa no trabalho de escritórios,
conforme folheto divulgado pela KORPEN
(designativo síntese da Associação) em lin-
gua inglesa (Peter Nord, comunicação pes-
soal, 1986).
Suíça
A Federação Suíça de Esporte de Empresa
(FSSA) engloba 770 clubes com 80 mil
membros e possui 10 subsidiárias regionais
que coordenam a realização de torneios e
campeonatos, como também os contatos
com as federações esportivas autônomas.
Em 1989 a Federação contava 48 anos de
atividades ininterruptos, atendendo onze
modalidades esportivas formais (futebol,
handball etc.) e não-formais ("boccia", "jeu
de quilles" e "balle à la corbeille"). Um caso
típico de associado da FSSA é a Bobst SA,
da cidade de Prilly, que oferece a seus
empregados tanto a oportunidade de
competirem em torneios da região como na
prática de 14 atividades esportivas e cultu-
rais (fotografia, turismo pedestre, "pétangue"
etc). Estas últimas acontecem em insta-
lações próprias da empresa ou nas da pre-
feitura local (divisão de custos em partes
proporcionais ao uso). Cada empregado pa-
ga, se assim o desejar, dez francos suíços
por ano, que lhe dá direito ao acesso às ati-
vidades e instalações. (Jorg Stanble, comu-
nicação pessoal, 1989).
Bélgica
A Liga Flaurenga de Esporte de Empresa
(VLB) foi fundada em 1976 com o objetivo de
incentivar a prática esportiva sob forma de
atividades recreativas e culturais para traba-
lhadores. No início da década de 80 a VLB já
compreendia 735 clubes de empresa com
150 mil membros.
Os clubes de trabalhadores geralmente pos-
suem animadores profissionais contratados
pela empresa para a organização de compe-
tições e eventos sócio-culturais, inclusive
com a participação familiar. No final de cada
ano, a VLB organiza um festival multiesporti-
vo denominado KOPPORIADE. Em 1982, a
VLB foi a responsável pela organização dos
Jogos Europeus de Esporte na Empresa,
reunindo 10 países e 2 mil atletas (VLB, An-
twerpen, folhetos institucionais, 1985).
União Soviética
Na década de 70 havia cerca de 100 mil clu-
bes de indústria e de serviços na URSS que
perseguiam os seguintes objetivos:
- organizar, no mínimo, 12 modalidades,
das quais 5 são compulsórias (atle-
tismo, natação, ginástica, ciclismo e
levantamento de peso);
- oferecer atividades, pelo menos para
50% dos funcionários;
- treinar monitores voluntários, na pro-
porção de 1 para 12 praticantes, com
simultânea organização de um conse-
lho de árbitros.
- buscar um nível adequado de qualifi-
cação, de modo a participarem nas
competições regionais, com 12 a 15%
do quadro de funcionários;
- organizar um setor esportivo de aten-
dimento aos filhos dos funcionários;
- prover sessões de ginástica compen-
satória para 70% do funcionalismo;
- prover instalações e associações para
recreação ativa durante fins de se-
mana e feriados;
- patrocinar atividades das escolas da
vizinhança usando as instalações es-
portivas da empresa;
- organizar o orçamento do clube com a
participação de 35% dos custos pelo
sindicato, adicionando-se 0,15% do to-
tal da folha salarial, como contribuição
da empresa e o restante a ser coberto
pelo funcionalismo.
Além dessa extensa rede de entidades autô-
nomas de empregados com apoio de subvenções,
os governos locais iniciaram a expansão de "cen-
tros de saúde e recreação", nos anos 80, onde são
encontradas facilidades de férias, feriados, fins de
semana e, sobretudo, de atividades após o término
da jornada diária de trabalho (Relatório do ICSS-
PE-UNESCO, 1984-1987).
Alemanha Federal
Mais de 70% das empresas alemãs ociden-
tais oferecem pelo menos uma possibilidade
de prática esportiva em seu próprio recinto,
com a adesão de 25% dos empregados. Es-
ta cifra tem mostrado ascensão desde 1967,
quando o país tinha 8 milhões de membros fi-
liados à Confederação Alemã de Esportes
(DSB), contando com 20 milhões em 1987
(um terço da população). Este avanço
confirma a relação entre as tendências
globais da sociedade quanto ao lazer e o
esporte, e a expansão das mesmas
oportunidades nas empresas, refletindo a
crescente "humanização do local de traba-
lho". Note-se que, em 1975, somente 10%
das empresas possuíam instalações pró-
prias (1% com piscinas) e apenas 10% dos
empregados eram praticantes regulares.
Mas, naquele ano, já havia uma propensão
identificada por pesquisas, envolvendo 80%
dos empregados quanto à adoção de ativi-
dades de lazer e esportes. O caso mais
famoso entre os citados empreendimentos é
o da Bayer, sediada em Leverkusen, nas
margens do Reno. Neste local situa-se o
maior complexo esportivo e recreativo do
conjunto de empresas alemãs, que atende
tanto a atletas de elite quanto ao empregado
comum (ver texto em destaque). Há, ainda,
neste local, disponibilidade de profissionais
para orientação e atendimento médico ("Los
Alemanes Y el Deporte", J. Schmidt,
Internatbnes, Bonn, 1988, pp. 3-11).
Estados Unidos
Em 1989, cerca de metade das empresas
americanas com 750 ou mais empregados
oferecia programas de melhoria de forma fí-
sica e saúde, acompanhada de 22% de
companhias com 50 ou mais empregados
(Work, 1989). Contudo, desde o final dos
anos 70, a sociedade dos EE.UU. já experi-
mentava a globalização dos exercícios físi-
cos e de atividades de lazer, quando 60%
dos homens e 46% das mulheres participa-
vam diariamente de alguma atividade espor-
tiva ou recreativa (Sport For All Clearing
House, Brussels, ficha n
?
8304. 1122. 0151
de 1982).
Na atualidade, as ocorrências de atividades
internas nas empresas seguem o curso
normal das iniciativas descentralizadas, au-
Bayer: o exemplo
Desde 1917, a Bayer de Leverkusen orga-
niza atividades recreativas e desportivas para
seus funcionários. Hoje os participantes do con-
glomerado químico têm à disposição quadras,
praças de treinamento, ginásios. Naturalmente,
também os professores e treinadores. E os apa-
relhos. E a assistência medica.
Com isso, é fácil atrair atletas excepcionais.
Muitos vêm por sua própria iniciativa, porque não
encontrariam condições melhores em outro lu-
gar. Quanto aos hesitantes, a Bayer os atrai com
uma isca que, nos últimos tempos, vem-se reve-
lando cada vez mais efetiva: bons e sólidos em-
pregos, formação para garantir o futuro, garantia
de emprego após a conclusão dos estudos.
É evidente que a empresa não faz tudo isso
só por motivos sociais ou amor ao próximo.
Seus lucros são evidentes: em primeiro lugar,
oferece aos seus 45 mil empregados a excelente
oportunidade de usar o seu tempo de lazer para
a prática de esporte: em segundo lugar, aqueles
dentre os 45 mil que não façam propriamente
grandes carreiras na empresa, encontram opor-
tunidade, nos clubes, de vivenciar sucessos
pessoais, seja como desportistas ativos, seja
como funcionários honorários; em terceiro lugar,
a imagem da empresa se fortalece, quando belas
damas como Heide Rosendahl e Brigitte Holzap-
fel, atletas troncudos como o boxeador René
Welter e tão ousados como o goleiro de handebol
Kater ostentam a cruz da Bayer nas telas de te-
levisão de todo o mundo; e, quarto, atletas bem-
sucedidos e equipes vitoriosas da Bayer contri-
buem para estreitar os vínculos entre os fun-
cionários e a empresa, e o funcionário modesto
da Bayer pode, assim, conviver num âmbito so-
cial em que pode dizer: "Nós, da Bayer".
(Fonte: RBEFD, abril 1983, Brasíla, 1983).
togeridas, multiplicadas por contágio e diver-
sificadas, refletindo o mercado e a sociedade
em que estão inseridas. Encontram-se, as-
sim, clubes ao estilo das empresas eu-
ropéias, instalações ofertadas simplesmente
aos funcionários ou programas de aperfei-
çoamento de forma física. Algumas compa-
nhias adotaram posicionamentos de marke-
ting de seus produtos com relação ao lazer e
esporte, traduzindo a tendência da passa-
gem da empresa para um maior papel social.
Entre as possibilidades de troca de infor-
mações entre empresas, há diversas publi-
cações como a "Corporate Fitness & Re-
creation" (foto) que se vincula a propósitos
de oferta de instalações e equipamentos
como também a programas. Outra forma de
intercâmbio é a realização de "Corporate
Cups", torneios sub-regionais e regionais de
competições esportivas, reunindo empresas
voluntárias (Corporate Fitness Report, vol. 1,
n
9
3, 1981) que se contatam por uma revista
especializada. Em 1988, realizou-se uma
competição, em estilo de Olimpíadas, aberta
às empresas americanas pela primeira vez
em evento nacional e internacional, seguindo
o impulso dos "Corporate Cups" (vide pro-
grama em destaque).
EE.UU.: Integração pela informação e competições
WORLD CORPORATE GAMES • October 22 November 5,1988 • San Francisco • Official Program
Um caso típico de marketing de empresa como
serviço público na área de lazer e esporte refere-se
a Campbell Soup, a maior empresa de alimentos en-
latados do país. Em associação com o Governo
Federal americano e o instituto do Dr. Keneth Coo-
per, dedicado à pesquisa de exercícios físicos e
prevenção de saúde, a Campbell tem financiado um
programa de textos de aptidão física para crianças.
Nesta iniciativa, meninas e meninas realizam textos
por conta própria segundo um roteiro, rementendo
os resultados para uma central de processamento
de dados que os devolvem com um programa indi-
vidualizado de exercícios (Richard Keelor, comuni-
cação pessoal, 1986), conforme exposições em
destaque. • Japão
A indústria japonesa é habitualmente apon-
tada como um dos exempos mais importan-
tes do incentivo à prática de exercícios no
recinto de trabalho e ao atendimento dos in-
teresses de lazer dos empregados e familia-
res.
De fato, desde 1961 tais atividades têm sido
reconhecidas no Japão como meios de de-
senvolvimento de RH, como se verifica na
Lei de Promoção do Esporte, no seu artigo
n
o
9 que fala sobre o trabalhador. Neste ato,
o esporte é previsto como caminho para
"melhorar a eficiência da produção tanto co-
mo o bem-estar geral dos trabalhadores", um
propósito ainda atual no final dos anos 80. O
processo de organização do lazer e esporte
na empresa japonesa, conludo, tem seu
ponto de partida formal em 1951, quando foi
criada a Federação Nacional de Esporte dos
Trabalhadores. A base desta entidade foi o
Tokyo Shibaura Eletric Co. na cidade de
Kawasaki. Desde então, o setor tem se de-
senvolvido por via de reuniões e conferên-
cias entre as empresas líderes na prática
esportiva e recreativa ("Physical Education
and Sports in Japan", Ministry of Education,
Tokyo, 1964. p. 102).
Experiência Brasileira
A experiência nacional guarda semelhança
com a diversidade de casos selecionados na seção
anterior, desde as iniciativas dos trabalhadores sem
o envolvimento da direção da empresa, até as si-
tuações que solicitam meios de informação e contato
para se obter alguma carência. Mesmo o modelo de
entidades federadas ao gosto dos europeus -
geralmente receptores de auxílios governamentais -
acontece no Brasil, se assim entendermos o papel
do SESI e do SESC.
O que distingue a nossa experiência com as da
Europa, EE.UU. e Japão, é a escala reduzida nas
opções de lazer e esporte no âmbito interno da em-
presa, tanto quanto nas trocas com o ambiente so-
cial externo, este ainda não influenciado adequada-
mente quanto aos benefícios do lazer e do esporte.
Há, entretanto, uma tradição de idênticas raízes às
encontradas no exterior nos exemplos mais avan-
çados, que tem assimilado inovações. Estas têm
sido desenvolvidas desde 1981, usando-se a troca
de informações como meio principal, segundo a
promoção de encontros com especialistas e inte-
ressados.
Desde o encontro pioneiro organizado pelo
BANESPA, em São Paulo, inspirado no exemplo ja-
ponês de três décadas anteriores, sucederam-se
eventos similares num ritmo de um ou dois por ano,
com patrocinadores diferentes, como se pode apre-
ciar petos exemplos das peças de comunicação
que seguem em destaque. Assim, houve acesso a
casos que se manifestaram de forma simples e
sem compromissos formais com teorizações. Des-
tas informações preliminares, contudo, extraíram-se
classificações de ocorrências que, posteriormente,
fundamentaram tipologias e levantamentos, alguns
incluídos no Capítulo seguinte. A listagem que se
transcreve adiante exemplifica tais procedimentos,
que ora são entendidos de acordo com as reco-
mendações de Lennart Levi, isto é, como novos co-
nhecimentos geradores de estudos e pesquisas fu-
turas:
DATAMEC/RJ - atividades em início; jogos re-
creativos na hora do almoço e depois do expedien-
te; dificuldades na organização interna esportiva. O
representante, eleito petos funcionários, comparece
ao encontro a fim de trocar experiências.
ZIVI & HERCULES/RS - possui clube que
atende a 6.000 funcionários; há diversas promoções
esportivas e recreativas com os associados mais
jovens participando majoritariamente; há necessida-
de de expandir a participação, mas faltam métodos
e equipamentos. Motivo do comparecimento: troca
de experiências.
VULCABRÁS/SP - possui instalações e equi-
pes representativas; a direção tem acompanhado
as atividades esportivas e considera os resultados
positivos; objetivo: integração dos funcionários. Mo-
tivo do comparecimento: comparação com outras
empresas.
REFRESCOS IPIRANGA/SP - atividades es-
portivas realizadas nos intervalos de trabalho; há
um clube de funcionários e instalações para jogos e
competições. Motivo do comparecimento: necessita
orientação.
MEIAS LUPPO/SP - há um clube de lazer e
esportes, com atividades que visam à integração
dos funcionários. Motivo do comparecimento: troca
de experiências.
EMBRATEL/RJ - possui 10 mil funcionários
com maioria no RJ e SP; há uma Assessoria de
Comunicação Social que organiza atividades espor-
tivas e de lazer, há dificuldades em arranjar locais
para a prática; a empresa tem equipes representati-
vas mas são grupos isolados de funcionários.
VIDROS SANTA MARINA/SP - futebol é o
maior atrativo; possui um salão de 400 m
2
para jo-
gos; há dificuldades na expansão. Motivo do com-
parecimento: troca de experiências.
CESP/SP - possui uma fundação que adminis-
tra benefícios, inclusive esportes, atendendo a 28
mil funcionários e 80 mil dependentes; locais de prá-
tica constituem o maior problema; no interior de SP
há 18 grêmios esportivos mantidos pela fundação.
Motivo do comparecimento: troca de idéias.
BENDIX/SP - há um clube vinculado às Re-
lações Industriais; possui uma praça de esportes e
realiza campeonatos internos. Motivo do compare-
cimento: troca de experiências.
FEDERAL SEGUROS/SP - há jogos de salão;
a empresa tem tido dificuldades na organização es-
portiva interna. Motivo do comparecimento: troca de
experiências.
CIBA GEIGY/SP - há uma associação espor-
tiva e de lazer com pista de corridas, malha, jogos,
etc.; o esporte está vinculado à Assistência Social
da empresa. Motivo do comparecimento: troca de
experiências.
BRINQUEDOS BANDEIRANTES/SP - há um
campo de futebol, duas quadras de futebol de salão
e duas de bocha; as atividades são reduzidas. Mo-
tivo do comparecimento: aprender.
NAROLNI/SP - há dois clubes: um anexo à
fábrica e outro campestre; os funcionários partici-
pam da manutenção juntamente com a Empresa; os
familiares participam; há profissional de Ed. Física e
as atividades são noturnas além de fins de semana;
a diretoria está envolvida.
VOLKSWAGEN/SP - há um clube para espor-
tes e lazer com freqüência diária de 2 mil funcioná-
rios e familiares, subindo para 10 mil nos fins de
semana; as olimpíadas internas têm 6 mil participan-
tes; os torneios alcançam até 100 equipes de parti-
cipantes; instalações: ginásio com quadras poliva-
lentes, 3 campos de futebol, salão de ginástica, pis-
cina, etc.
COPEL/PR - não possui instalações próprias
mas mantém equipes representativas com bons re-
sultados externos. Motivo do comparecimento: re-
colher informações para expansão de atividades.
MELIOR/SP - há apenas uma equipe de fute-
bol e o esporte está em início na empresa. Motivo
do comparecimento: busca de orientação.
HOECHST/SP - possui instalações para jogos
e atividades culturais; quanto ao esporte utiliza cen-
tros do SESI ou alugados; há um programa anual de
promoções incluindo uma Olimpíada que congrega
todos os funcionários. Comparece a encontros a fim
de trocar experiências, como também incorpora
seus fornecedores nas promoções internas.
VEROLME/RJ - atividades em início; possui
um ginásio que atende programa cultural, social e
esportivo sob condução de um Grêmio Desportivo;
apresenta dificuldade no contato com outras empre-
sas; o Grêmio tem 2500 associados.
BRAHMA/PR - experimentou ginástica de
pausa no interior da planta industrial de Curitiba sob
direção da Universidade Federal do Paraná em
1982; tem dificuldade em manter constância em
suas iniciativas.
MATSULFUR/MG - organiza uma olimpíada
em Montes Claros que une a empresa à comunida-
de local com 4 mil participantes; o esporte para esta
fábrica de cimento é considerado uma atividade
comunitária; possui profissionais de Educação Físi-
ca. Deseja receber informações de outras empre-
sas.
KURASHIKI/PR - possui instalações amplas
para o esporte de seus empregados e uma colônia
de férias na Praia de Matinhos; o Grêmio tem 470
associados e permite acesso de dependentes; 32%
dos empregados participam de programação anual
que oferece cerca de três promoções mensais de
competições.
Encontros de Intercâmbio de Conhecimentos 1984 e
1985
SEMINARIO
ESPORTE
EMPRESA
Uma visão atualizada da prática esportiva
como política de desenvolvimento de pessoal
e como instrumento de marketing.
vai saber como implementar este tipo de
programa vai trocar informações com
empresas atuantes na área esportiva e vai
conhecer beneficios, resultados e
expectativas futuras de quem jà tem "cases"
de sucesso para contar
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O numero de vagas è limitado.
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Dia 26 de junho
Das 9.00 as 18.00 Horas
Locar. Auditorio do Banespa
Rua João Bncola. 32 4
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andar SãoPaulo SP
Participações.
Dt Fernando Milliet de Oliveira Presidente do Banespa
Professor Manoel Gomes Tubino - Presidente do Conselho Nacional de Desponos
Professor Lamartine P Costa Titular da Cadeira de Marketing Esportivo da Universidade Gama Filho
Ginástica de Pausa em Voluntários na BRAHMA de Curitiba/PR.
Cancha de Bolão na HERiNG/SC. em Blumenau.
AMAZONAS/SP - a Associação Classista
(ADC) da empresa foi criada em 1958 e inclui todos
os funcionários do complexo calçadista no municí-
pio de Franca; há campos e quadras para práticas
esportivas e instalações de lazer na empresa; tem
colônia de férias para famílias dos empregados; há
um jornal interno para mobilização de praticantes.
MINASA/SP - possui quadra polivalente para
três esportes e área com bancos e árvores para
descanso e leitura após refeições; tem programa
cultural com atividades e excursões de fins de se-
mana; 85% dos funcionários participam.
FILÓ/RJ - possui quadras e campo (inclusive
tênis) na área da fábrica em Nova Friburgo; mobiliza
empregados por meio de programação anual de
eventos esportivos e sociais e por um jornal interno;
vincula o esporte à segurança industrial.
ACESITA/MG - tem programa semestral de
lazer esportivo e lazer cultural através da Asso-
ciação de Lazer dos Funcionaros da Acesita; tem
duas áreas de colônia de férias; 80% dos funcioná-
rios participam.
Com o crescente interesse que o
esporte vem despertando em lodo pais.
cresce, também, o nùmero de empresas
que adotam a prática desportiva como
marketing alternativo e como eficaz
instrumento de integração e melhoria
das relações de trabalho.
No seminário Esporte-Empresa você
informações com:
Assessoria do Marketing do Banespa
(ASSEMi Setos de Eventos Tel
(011) 259-6622 Ramais 1134 e
1926
IBM/SP - possui área de 20 mil m
2
para re-
creação e esporte dos funcionários na fábrica de
Sumaré, onde circulam 5 mil trabalhadores; há ini-
ciativas autônomas de grupos para práticas especí-
ficas (corrida, tênis, natação etc.) além das ofereci-
das nas instalações, como também programas de
saúde para executivos.
SANBRA/SP - realiza programa nacional e lo-
cal nas diversas instalações industriais da empresa;
incentiva atividades culturais e algumas esportivas;
interpreta as promoções como meios de desenvol-
vimento de RH.
1981 com relação ao universo das empresas brasi-
leiras que atuam na área do lazer e esporte em
suas instalações. Assim, em termos gerais, as ati-
vidades são geradas a partir de:
Clube de empregados
Fundação de Seguridade
Centro de permanência ou prática
Órgão especializado (geralmente RH)
Órgão próprio de lazer e esporte
Por seu turno, as instalações para atividades
de esporte e lazer são próprias, alugadas, adapta-
das ou cedidas, enquanto que os custos correm por
conta da empresa, em graus variados de partici-
pação dos empregados, por contribuição de outras
entidades (SESI, SESC etc.) ou por dedução no im-
posto de renda. Essas condições essenciais se
materializam em atividades formais (predominante-
mente herdadas da tradição dos anos 30) e não-
formais (sentido mais recreativo do que competitivo)
com respeito ao esporte em condições seguintes:
HERING/SC - apoia urna Associação Atlética
Cultural Têxtil Hering que congrega funcionários pa-
ra futebol, voleibol (masculino e feminino) e bolão,
esporte de grande participação na empresa; 5 mil
funcionários inscrevem-se nas competições da
Festa de 1
o
de maio; essas atividades estão rela-
cionadas com a ClPA (Segurança Industrial) e o
Setor de Higiene e Medicina do Trabalho.
VEPASA/PR - em 1989 participou do progra-
ma da Prefeitura de Curitiba de ginástica compen-
satória para empregados, com professores de Edu-
cação Física.
SID MICROELETRÔNICA/MG - oferece gi-
nástica de pausa a empregados tendo a adesão de
400 em um total de 860; as atividades duram 10 mi-
nutos, duas horas após o almoço; a monitoria é do
SESI de Contagem.
MAGNESITA/MG - instituiu um plano de inte-
gração, já com 5 anos em 1989, para valorizar o
empregado e melhorar o ambiente de trabalho; entre
outras iniciativas há uma "ginástica preparatória"
(antes da jornada de trabalho) para os 2 mil traba-
lhadores da produção; a série de exercícios muda a
cada 90 dias e 95% dos operários participam volun-
tariamente.
Por meio dos casos resumidos ou mais porme-
norizados, como os que são encontrados no Capítu-
lo 3, caracterizações foram estabelecidas desde
FORMAL: • Maior representatividade exter-
na da empresa
Orientada para a disciplina e re-
gularidade
Maior custo per capita no aten-
dimento.
Abrangência menor na popu-
lação de empregados.
Regulada por legislação (Espor-
te e Educação Física).
Resultados | diretos mensurá-
veis.
NÃO-FORMAL: • Maior atendimento com menor
custo.
Ênfase no voluntariado e na par-
ticipação.
Inclui familiares dos emprega-
dos.
Admite adaptações nas insta-
lações e áreas da empresa.
Permite participação da comu-
nidade local, fornecedores ou
contratantes.
Compartilha instalações e pro-
gramas com atividades de lazer,
reduzindo custos.
Resultados indiretos mensurá-
veis.
Evidentemente, os objetivos aqui considerados
são a forma física para a opção formal e o bem-es-
tar para o não-formal - embora não sejam ainda
perceptíveis pelas empresas, normalmente envolvi-
das com a "integração dos funcionários" - ambas
contextualizadas na saúde. Na prática, contudo, no
final da década de 80 a maior parte das empresas
CIBA-GEIGY: 40 mil m2 adaptados ao lazer e ao esporte, nos
terrenos circundantes à fábrica
Reprodução do "Jornal CIBA-GEIGY", março de
1981, p. 8.
adotavam um modelo misto de atividades formais e
não-formais, em que se inseriam oportunidades de
lazer sem problemas importantes de atribuições ou
objetivos.
Desta base mais geral, caracterizações pecu-
liares têm surgimento diante dos casos, iniciando-se
a observação da qualidade no atendimento, um
fator presumidamente negligenciado no Brasil con-
forme comparações? internacionais. Veja-se, por
exemplo, a situação das instalações físicas que po-
dem atingir a sofisticação da Associação Desporti-
va Classista (ADC) da General Motors, que possui
4.500m
2
de piscinas, quadras, ginásio, pista etc. em
87 mil m
2
, em volta da fábrica de São José dos
Campos-SP, ou da ALUSUD, empresa catarinense
de -transformação de alumínio, que dispõe de
4.200m
2
e 13.500m
2
respectivamente na sua planta
industrial. Tais avanços, ainda raros no Brasil, con-
trastam com casos limites que se submetem a:
1
o
) Adaptação sem obras: Esta opção consiste
no aproveitamento das condições locais, muitas
vezes por reciclagem. Exemplos brasileiros citá-
veis: Viação Cidade do Aço (Volta Redonda-RJ)
com remanejamento dos ônibus em certos horários,
abrindo espaço para a prática dentro da garagem e
do pátio; Fininvest (Rio de Janeiro-RJ) com uso de
salas de reuniões e de cursos de treinamento inter-
no em rodízio com sessões de ginástica dos fun-
cionários; Promon Engenharia (Rio de Janeiro-RJ)
com cobertura de espaço na garagem do prédio de
escritórios da empresa para ginástica de funcioná-
rios nos horários de almoço.
2
o
) Adaptação com obras: Reconversão de
uso de espaços já existentes, com modificações
permanentes e especialização. O caso mais antigo
conhecido é o da SUN LIFE ASSURANCE CO. do
Canadá, que reorganizou seus escritórios em Mon-
treal, abrindo um ginásio interno em 1919. Neste
mesmo país, a James Richardson (empreendimen-
tos de corretagem) adaptou o terraço de seu prédio
- sede em Winnipeg para prática de corridas (jog-
ging). No Brasil, um caso semelhante é o do terraço
do prédio do Banco Itaú-Centro Técnico Operacio-
nal, em São Paulo-SP.
Entre os extremos de elevado investimento em
instalações e as condições de penúria advindas de
adaptações de baixo custo, localiza-se a variação
da qualidade no atendimento, sem contar com ou-
tras variáveis importantes ainda de escassas inves-
tigações no Brasil, tais como: monitoria, gestão,
programação adequada, compatibilização com a li-
derança nas negociações para que se efetivem os
direitos do trabalhador. Por que isto não teria ocorri-
do até o momento? Em primeiro lugar porque a ini-
ciativa do lazer e esporte tem pertencido na empre-
sa aos dirigentes esclarecidos e eficientes, tanto
quanto aos próprios trabalhadores lidando com seus
interesses. Noutro plano de significado, pelo fato
das prioridades sindicais terem se concentrado na
disputa salarial, um problema hipertrofiado pelo am-
biente - sócio-econômico brasileiro - e devidas re-
percussões políticas e ideológicas - desde o início
do sécuto.
Em tese, as condições previsíveis de nego-
ciação estariam presentes no limiar da década de
90. Afinal, desde meados dos anos 80 há sindicatos
brasileiros que reivindicam a redução da jornada de
trabalho, por diversos motivos e entre eles o direito
ao lazer (vide destaque sobre o Sindicato dos Me-
talúrgicos de Santo André). Um papel social mais
atuante seria outra causa presente na conjuntura,
como se constata no relato de Carlos Roberto Do-
mingues, Gerente Adjunto da Divisão de Saúde Or-
ganizacional do BANESPA (comunicação pessoal,
1989): dos 258 itens negociados pelo Sindicato dos
Bancários do Estado de São Paulo com o BANES-
PA, 46 referiam-se a reivindicações de saúde e se-
gurança no local de trabalho (dos quais 39 foram
aprovados). Note-se que nesta negociação de se-
tembro de 1989, a primeira rodada proposta pelo
Sindicato dos Bancários tratava do ambiente e re-
lações do trabalho, com a pauta salarial deslocada
para segundo plano, numa revisão de significado
histórico.
Destes pontos de partida é possível prever
uma evolução dos sindicatos quanto ao empenho
em se fazer cumprir os direitos constitucionais dos
trabalhadores. Nesta fase, então, os estudos res-
pectivos de Luiz Octávio de Lima Camargo e de Al-
fredo Gomes de Faria Jr, componentes do Capítulo
2, terão validade na medida que enfocam os exercí-
cios físicos (Faria Jr) e o lazer (Camargo) como ati-
vidades conflitivas na empresa, além dos conheci-
dos resultados positivos que freqüentemente de-
monstram. Aliás, a via crítica é a mais hábil no plano
da produção do conhecimento, já que por ela emer-
gem as vantagens e desvantagens do lazer e es-
porte na empresa, bases imprescindíveis em qual-
quer negociação.
Uma confirmação desta assertiva encontra-se
na informação técnica estrangeira. Como indica
Stanble (1981), as atividades esportivas promovi-
das por empresas na União Soviética - principal-
mente outras atividades e benefícios da empresa
etc. De qualquer modo, a comparação entre casos
permite pressupor que as empresas sediadas fora
das grandes concentrações urbanas têm mais van-
tagens nas adaptações. Este é caso do complexo
químico da CIBA-GEIGY, em Taboão da Serra-SP,
que adaptou o terreno em volta da fábrica para o la-
zer e o esporte para seus empregados e famílias,
com reduzido investimento e alta rentabilidade na
freqüência de participantes (vide destaque).
Na esfera da qualidade no entendimento, outro
caso limite discernível é o de programas de comba-
te ao estresse, desenvolvidos por especialistas ou
clínicas especializadas que oferecem cobertura
médica a empresas, por parte geralmente de execu-
corno reporta a Organização Central de Sindicatos
daquele país (TKL, 1981), a experiência de imple-
mentação de lazer e esporte para trabalhadores te-
ve maior sucesso quando se conquistou o direito
dos empregados decidirem quanto ao destino dos
recursos da empresa referidos aos benefícios so-
ciais: "Por esta razão deve ser dado aos trabalha-
dores o direito de dispor dos meios direcionados pa-
ra as atividades sociais no orçamento da empresa,
como também maior responsabilidade na condução
de exercícios físicos". De resto, a TKL considera o
esporte como um suporte à interpretação do sindi-
cato como um movimento, sendo ele também um
organizador de atividades esportivas e de lazer para
a família do trabalhador.
Na mesma linha de conta se comporta o HIS-
TADRUT, a Federação Geral do Trabalho em Israel.
Enquanto movimento, esta central sindical criou o
"Hapoel", uma entidade que orienta as atividades
esportivo-recreativas de massa no país, gerando
contatos da população com os trabalhadores, em
atividades de interesse comum. Em 1989, o Hapoel
encontrava-se orientando o movimento "Esporte pa-
ra Todos" em sua versão israelense (Han Gonen,
comunicação pessoal). Mas o maior destaque, no
caso, é o papel de "melhoria de qualidade de vida"
dos trabalhadores por meio de esporte e do lazer
(Ofek, 1981).
A ênfase nessas considerações sobre os
exemplos da Finlândia e de Israel é o papel decisivo
na iniciativa dos sindicatos nas relações de trabalho
sob a ótica do compromisso social. O conflito, as-
sim sendo, inicia-se no social e chega ao salarial,
se existem razões para sua existência. Há, então,
espaço para a crítica social em qualquer sindicato,
e dela faz-se emergir vantagens e desvantagens
das negociações. Compreende-se "social", nestas
circunstâncias, a partir da humanização do local de
trabalho e alcançando a sociedade como um todo, o
que equaliza o sindicato à empresa se está em pau-
ta um papel social, na especificidade de ambos.
Por comparação, torna-se claro pela via crítica
mais um motivo da ausência dos sindicatos brasilei-
ros nas proposições do lazer e esporte: a hesitação
entre a reivindicação básica do salário e o seu papel
social, freqüentemente interpretado como atividade
político-partidária. Esta oscilação, a rigor, surgiu no
Estado Novo (anos 30) e até hoje se mantém em
discussão, fugindo ao escopo da presente análise
um posicionamento a respeito (vide destaque para
maiores esclarecimentos). De qualquer modo. a
tendência de se abordar a questão do lazer e espor-
te por meio dos sindicatos parece constituir uma
etapa no desenvolvimento natural destas entidades,
o que deverá se reproduzir no Brasil proximamente.
Esta previsão respalda-se além do notável re-
forço representado pela imposição constitucional,
na já existente interpretação maior de benefício so-
QUADRO 2
Interesse pessoal em participar de
associações segundo a natureza delas
(respostas múltiplas)
Tipos de Associações
De Lazer 85 33
De Solidariedade 28 11
Profissionais 4 2
Políticas 6 2
Outras 1 -
Total
B
124,00
476
48,00
1218
QUADRO 1
Distribuição da população por tipo de associação segundo categoria sócio-econômica
(respostas múltiplas)
Associações A B C D E S/R Total
Profissionais _ 1 2 2 - - 5
Políticas - - 1 - - 1
De Solidariedade 1 3 6 5 - 15
De Lazer 3 8 13 6 1 31
Sem Resposta - - - - 1
Não Participam 1 5 19 25 5 1 55
Total 5 17 41 38 6 1 108
Bases 51 179 458 448 76 6 1218
Têm
Interesse
População
tivos e funcionários de primeiro nível. Os exercícios
físicos praticados, nesta alternativa, são acompa-
nhados por rotinas da medicina do esforço, o que
confere ao controle padrões de nível elevado. Assim
procede o Centro de Fisioterapia Aplicada - Physio
Sport, de Campinas-SP, que mantém um programa
em que circulam 300 praticantes vindos de empre-
sas da região; (dado de 1989), e o Centro Aerobico
do Brasil, do Rio de Janeiro. Nesta última entidade,
cerca de 10 mil funcionários já tinham se submetido
a testes ou freqüentado o programa de exercícios
até 1989, envolvendo empresas do porte do Banco
Itaú, Banco do Brasil, Banco Nacional, Petrobras,
Grupo Ultra, etc. As vinculações deste tipo de aten-
dimento com a Saúde Ocupacional e as condições
sociais brasileiras são discutidas por Paulo Pegado
no Capítulo 2. Adicionalmente, no mesmo capítulo,
encontra-se um estudo de acompanhamento similar
aos antes cogitados, conforme programa da IBM do
Rio de Janeiro também em 1989.
Papel dos Sindicatos
Atendo-se à visão mais abrangente da questão
do lazer e do esporte na empresa brasileira, o sindi-
cato aparece como uma ausência de igual magnitu-
de à da Saúde Ocupacional. Conclusivamente, re-
sidiria nestas duas carências a condição sine que
non do efetivo cumprimento do Artigo 6
o
da Consti-
tuição de 1988. De um lado, por necessidades téc-
nicas e científicas, de outro por imposições políticas
e humanistas, feições relacionadas a um todo coe-
rente e desprofissionalizado, como previu Lennart
Levi.
De fato, o sindicato é a instituição que deve
ocupar a mediação no sentido de humanizar o local
de trabalho, e que deve assumir com relação a
exercícios de pausa e de reabilitação - sempre se
justificaram cientificamente, porém as dificuldades
de implantação se manifestaram de modo crônico,
originando revisões constantes. Já na Finlândia,
Direito ao lazer pela via sindical
Brigando para viver melhor
No amplo auditório do Sindicato dos Me-
talúrgicos de Santo André, ao invés dos discur-
sos habituais, um homenzinho de bigodes, andar
desajeitado e um "tic-tic nervoso" prende a
atenção de uma compenetrada platéia. É o genial
Carlitos, em seu "Tempos Modernos", um dos
mais poderosos libelos contra o ritmo alucinante
do trabalho. Esta é uma das armas que o Sindi-
cato vem usando com um alvo bem preciso: o
filme faz parte da campanha "Para viver melhor",
recém-lançada pelos metalúrgicos de Santo An-
dré, interessados em reduzir a jornada de traba-
lho de 48 para 40 horas semanais e desestimular
as horas extras. "Pela primeira vez, decidimos ti-
rar a reivindicação da jornada de 40 horas do
papel para jogá-la nas fábricas", explica Miguel
Rupp, presidente do Sindicato. Para isso, foi
criado um "Comando de Mobilização pelas 40
Horas", encarregado de coordenar a campanha,
que constará da distribuição de 25 mil cartazes,
adesivos, passeatas, assembléias e piquetes em
portas de fábrica.
6 MIL EMPREGOS - Duramente atingidos
pela recessão, que ceifou 20 mil dos 60 mil pos-
tos de trabalho existentes em 1980, os metalúr-
gicos de Santo André pretendem, numa estimati-
va modesta, criar pelo menos 6 mil novas vagas
a curto prazo. "Se a campanha pegar, seriam
criados perto de 3,4 milhões de novos empregos
em todo o país", afirma Rupp, invocando o
exemplo da Alemanha no pós-guerra: em 1950, o
país tinha 1,6 milhão de desempregados, cerca
de 11% da força de trabalho; com a redução da
jornada de 48 para 40 horas em 1965 (hoje é de
38 horas semanais), a taxa caiu para apenas
0,7%. "Além disso, queremos mostrar aos traba-
lhadores que 'Viver Melhor' é acabar com a fadi-
ga crônica, a falta de apetite, a frigidez sexual e
ter direito ao lazer. E isso se consegue com uma
jornada menor e menos estafante", resume
Rupp.
Revista "EXAME", São Paulo, 3 de outubro de
1984.
ciai quanto ao lazer e esporte nas empresas nacio-
nais (vide investigação sobre tipologia no Capítulo
2), como também na possível inclinação dos sindi-
catos privilegiarem o lazer como meio de mobili-
zação de seus associados. Nesta última particulari-
dade, vale considerar a pesquisa de Mário Damineli
(1983) na cidade de Americana, em São Paulo,
quando se fortaleceu num pequeno universo, a hipó-
tese do lazer constituir uma preferência predomi-
nante no Brasil. Para isso, segue-se no quadro 1
uma indicação da dominância do associativismo
apoiado no lazer, enquanto o quadro 2 sugere a po-
larização do interesse pessoal em torno de asso-
ciações que tenham envolvimento com mesma ati-
vidade.
Um indício concreto da nova postura sindical
ora antecipada, concerne ao Sindicato dos Eletri-
citános de São Paulo que se encontra associado à
Eletropaulo desde 1987, em tomo da oferta de va-
gas em Colônias de Férias pertencentes àquela
empresa de energia elétrica; o Sindicato, no caso,
inscreve seus associados eletricitários nas oportu-
nidades da Eletropaulo, indenizando parte dos eus-
Sindicatos: Reivindicações desviadas
Futuro dos sindicatos está em jogo
SÃO PAULO - A contradição entre a dou-
trina e a prática de uma parte dos sindicalistas é
notável quando o imposto sindical entra em dis-
cussão. "Sempre fui contra o imposto sindical",
diz Rubens Fandino, presidente da Federação
dos Urbanitários de São Paulo. "Mas não aceito
seu fim do modo como está sendo feito, justa-
mente no mês de março, quando arrecadamos
todas as nossas receitas, pois não temos como
repor isso".
Nesse caso, questiona-se a época em que
se extingue o imposto. Pode se indagar também
onde isso poderá ser feito. Sindicatos grandes,
como os dos metalúrgicos de São Paulo e de
São Bernardo do Campo, provavelmente não
terão maiores dificuldades, se ficarem sem sua
parcela do imposto sindical, observa Valmir Dan-
tas, historiador com diversos cursos no exterior
sobre sindicalismo e que hoje é assessor de
Educação Sindical da CGT. Para pequenos,
porém, pode ser a morte. Valmir, que viaja muito
pelo país, em missões da CGT, conta que este-
ve há alguns dias em Além Paraiba, na divisa de
Minas Gerais com o Rio, onde o sindicato local
(dos empregados na indústria de papel) conse-
gue arrecadar o equivalente a NCzS 250 men-
sais do imposto sindical para manter sua sede:
uma sala de 6m por 8m, uma mesa e três venti-
ladores que ajudam a enfrentar o calor. "Além
Paraíba não é São Bernardo", diz. "É difícil ima-
ginar uma fórmula mágica para todos".
Nem a CUT - cujo discurso costuma ser
mais enfático que o da CGT nessa questão -
consegue escapar desse dilema: a grande maio-
ria das 1.300 entidades que participaram de seu
3
9
Congresso em setembro não poderiam com-
parecer ao 4
2
sem o imposto sindical, pois deixa-
riam de existir.
E espantoso que uma criação de meio sécu-
lo atrás consiga produzir efeitos tão grandes no
meio sindical. Desde 1939, o Brasil já viu a re-
democratização de 1946, o golpe militar de 1964,
o fim do regime militar, a Nova República e a no-
va Constituição, mas essa discussão persiste.
Nem mesmo do ponto constitucional a
questão está inteiramente resolvida. O advogado
Sebastião de Paula Coelho, consultor jurídico de
diversos sindicatos e federações e secretário
paulista de Relações do Trabalho no governo de
Paulo Maluf, conseguiu introduzir no texto consti-
tucional sobre as contribuições que os trabalha-
dores podem aprovar para sustentar seu sindica-
to a expressão "independentemente da contri-
buição prevista em lei". Ele se refere especifica-
mente ao Artigo 582 da Consolidação das Leis
do Trabalho, justamente o que cria o imposto
sindical. "Ele não pode ser tocado. É legal, ne-
cessário, imprescindível", sustenta.
O sociólogo Leôncio Martins Rodrigues, pro-
fessor titular de Ciência Política da Unicamp e da
USP e pesquisador do Centro de Estudos de
Cultura Contemporânea (Cedec) não acredita
que, na ditadura do Estado Novo o governo de
Getúlio Vargas tivesse pretendido aumentar seu
controle sobre os sindicatos. "Na verdade, nes-
se momento, o governo já tinha o total domínio
das organizações sindicais". A intenção, diz, foi
reforçar o lado assistencial. "Quando as verbas
do imposto começaram a afluir para os cofres
sindicais, as atividades propriamente assisten-
ciais deram um salto enorme. Não se trata exa-
tamente de uma forma de controle, mas de des-
viar os sindicatos de uma situação reivindicatória
básica".
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 de março de
1989.
tos (confirme-se em "ADC-Notfcias -" Eletropaulo,
novembro 1987, p.2).
As poucas iniciativas brasileiras, aqui releva-
das, parecem repetir, então, o despertar dos sindi-
catos alemães-ocidentais, em 1973, diante das ex-
cepcionais possibilidades levantadas pelo lazer e
esporte na empresa. Naquele ano, o maior sindicato
do país - o Deutsche Gewekschaftsbund - DGB -
com sete milhões de -associados, decidiu assinar
um acordo de intenções com a Confederação
Alemã de Esportes, em que se previa uma orien-
tação geral para o tema. Este documento de sensi-
bilização ainda tem validade naquele país e aqui é
transcrito resumidamente, visando a uma reflexão
final sobre as perspectivas futuras brasileiras:
O esporte oferece uma excelente contri-
buição à segurança social e à humanização
dos tocáis de trabalho.
• Os trabalhadores devem ser encorajados a
participar ativamente no esporte, com o obje-
tivo de melhoria das condições de saúde.
Comitês devem ser organizados para estudo
dos problemas práticos do esporte na em-
presa.
• Debates devem ser incentivados para colo-
car nas devidas proporções a idéia prevale-
cente de que o esporte objetiva simplesmen-
te o aumento da produtividade.
Os problemas do lazer e esporte na empre-
sa não devem ser discutidos apenas com di-
rigentes, mas também com os empregados.
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entrevista concedida ao "ADC-Notfcias" da
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Estudos e Pesquisas
no Brasil
Tipologia das Atividades de Esporte e Lazer em Empresas Brasileiras
A Recreação para Trabalhadores: A Necessidade da Formulação de um Diagnóstico de Interesses
Lazer nas Empresas - Tendências de um novo DRH
Saúde e Atividade Física na Empresa
IBM Brasil - Primeiro Programa de Condicionamento Físico de 1989-RJ-85
Lazer e Esportes entre os Usuários do SESI de Santa Catarina
Atividades Esportivo-Recreativas e Produtividade numa Indústria
Educação Física no Mundo do Trabalho: Ginástica de Pausa, em busca de uma metodologia
Ginástica Laboral Compensatória: Relato da Experiência de Novo Hamburgo
Ginástica Laboral Compensatória
Posições e Técnicas de Trabalho
Sensibilização de Esporte e Lazer no Âmbito da Empresa
Capítulo 2
Tipologia das Atividades de Esporte e Lazer
em Empresas Brasileiras
No período 1983-1987 foram remetidos 100
questionários a empresas que se apresentavam em
encontros como envolvidos em atividades de espor-
te e lazer para seus empregados, praticadas em
âmbito interno. Este instrumental colocava questões
em aberto, permitindo aos respondentes descreve-
rem a evolução do setor visado pela investigação,
conforme as peculiaridades de cada caso.
O objetivo do levantamento incidiu sobre a ne-
cessidade de se estabelecer uma tipologia básica
das atividades esportivas e recreativas de modo a
orientar pesquisas mais pormenorizadas, como
também se obter uma compreensão dos fatos gera-
dores e de sustentação dessas alternativas de de-
senvolvimento de recursos humanos. Inexistindo in-
formações quantitativas sobre a penetração do la-
zer e do esporte nos empreendimentos industriais,
comerciais e de Serviços no Brasil, optou-se por
uma aproximação preliminar e meramente descritiva
de tipos segundo evolução no tempo, permitindo o
estabelecimento de um ponto de partida para futuros
estudos.
Os temas incluídos no questionário foram os se-
guintes:
a) fato objetivo que marca o início das atividades
de esporte e lazer e demais acontecimentos
da memória da empresa, que deram susten-
tação às atividades e que se destacam no
estágio atual;
b) interpretação surgida na empresa quanto às
razões de implantação do esporte e lazer,
com as devidas mudanças entre o início des-
tas atividades e a fase atual;
c) alternativas adotadas pela empresa para
questão do esporte e lazer no ponto de parti-
da, na fase intermediária e no estágio atual;
d) pessoa encarregada de programar e organi-
zar os eventos nos três períodos estabeleci-
dos para observar a evolução do esporte e
lazer;
e) instalações mobilizadas pela empresa para
as atividades segundo a memória do esporte
e lazer praticados internamente;
0 horários adotados para a prática;
Lamartine P. Costa
g) cobertura dos custos para a implementação
das atividades;
h) modalidade adotada para a prática esportiva,
segundo seu entendimento normativo (repre-
sentação da empresa) ou recreativo (desen-
volvimento de empregados e famílias);
i meios internos de mobilização de empregados.
As respostas recebidas ao longo de três anos e
finalmente tabulados em 1988, confirmaram a im-
possibilidade de inferir distinções entre o Ramo e
porte das empresas (pequena, média e grande) co-
mo também outras relações mais complexas envol-
vendo empregados ou a natureza do empreendi-
mento. Mesmo com estas dificuldades metodológi-
cas, 21 empresas participaram da investigação
(cerca de 20% do total de questionários remetidos)
a saber: Petrobras, Comabra, Brasilit, Banespa,
Feltrin, Biagi, Jacto, Light, Sambra, Yashica, Emaq,
Bom-Preço, Promom, Embratel, Ebin, Oderbrecht,
Avon, Bandeirantes, Kurashiki, Furnas e Ciba-
Geigy.
Por sua vez, a tabulação foi constituída de qua-
dros caracterizados (colunas) pelas próprias res-
postas, segundo análise exaustiva das descrições
e das repetições estabelecidas no tempo (início, fa-
se intermediária e estágio atual) que definiram
freqüências numéricas (linhas dos quadros). Espe-
cificamente, o quadro 1 revela, nesta composição
de qualidade regulada pela quantidade, que o fato
gerador da prática esportiva e de lazer, neste grupo
selecionado, de empresas foi a existência de equi-
pes de futebol (de campo e posteriormente de
salão) e de clubes.
Note-se que os respondentes variaram a origem
das atividades desde 1948, com a fundação do clu-
be do Frigorífico COMABRA, até 1979, ano em que
a Construtora Bandeirantes, a Yashica e a Ciba-
Geigy davam partida em seus programas. Assim,
nestes 30 anos os fatores de geração continuaram
aproximadamente os mesmos, indicando que as
empresas apresentam um enfoque progressivo na
evolução do esporte e lazer, iniciando-se por uma
atividade que se desdobra em outras (futebol) ou
um órgão que amplia suas funções (clube).
QUADRO 1 - Marco Inicial e Sustentação Atividades
OCORRÊNCIA INÍCIO FASE ESTÁGIO
INTERMEDIÁRIA ATUAL
Construção de Instalação
1
_
Organização de Competições Internas
2 7
6
Criação de Clube
7 4
3
Oferta de Jogos Recreativos
1 2
5
Futebol de Campo
9 1
Futebol de Salão
5 _
_
Ginástica
1 1
3
Voleibol
1 1
Participação em Competições Externas
1 5
3
Colônia de Férias
1
_
Órgão Especializado
- 1
3
Introdução outros esportes
- 3
4
Contratação de Profissional
- 1
1
Organização de Promoções
- -
4
Observa-se, ainda, que os respondentes pude-
ram optar por diversas alternativas de ocorrências,
o que faz ultrapassar eventualmente o total de 21
possibilidades em cada período examinado. Mas,
mesmo diante de imprecisões do levantamento, é
possível admitir que a prática ampliada foi o fato que
deu sustentação ao esporte e lazer após a origem
destas atividades nas empresas respondentes.
Nesta hipótese evidencia-se que o futebol (de cam-
po e salão) reduziu seu perfil de influência enquanto
os clubes permaneceram estáveis. Discretamente,
no estágio atual aparecem os órgãos especializa-
dos e organização de promoções como meios
emergentes de sustentação.
Já o quadro 2 mostra que o grupo respondente
sempre interpretou o esporte e o lazer como uma
QUADRO 2 - Interpretações do Esporte/Lazer na Empresa
CONCEPÇÕES INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Integração dos Empregados
14 16 17
Benefício Social
10 7 10
Representação Esportiva
6 7 12
Compensação e Segurança no Trabalho
1 2 4
Des. Sócio-cultural
1 1 2
Relações de Trabalho
- 2 -
Melhoria Forma Física
- 1 1
QUADRO 3 - Responsabilidade de Direção
ALTERNATIVAS INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Clube
8 4 3
Órgão Especializado
1 9 10
Empregados Voluntários
9 4 2
Diretoria da Empresa
1 - -
Funcionário Adaptado
3 3 2
Estagiários
- 2 -
Profissionais Especialistas
- 4 7
forma de integração dos empregados às lidas da
empresa, ou, num menor empenho, como benefício
social. O sentido de representação esportiva
também aparenta ser uma caracterização sempre
presente em grau de envolvimento menor. Contradi-
toriamente com o que no exterior tem ocorrido ulti-
mamente, os motivos afetos à compensação do
"Stress" do trabalho, à segurança e à melhoria da for-
ma física ainda não firam fixados por gestores e
praticantes. De modo idêntico, as atividades sócio-
culturais aparentaram constituir resíduos do esporte,
quando deveriam estar à frente em um desen-
volvimento atualizado.
Um perfil diferente dos anteriores é obtido pelo
quadro 5 que se refere as instalações. Neste caso,
não há alterações significativas na evolução do uso
de instalações quanto às alternativas de "próprias"
e "alugadas". Mas, em oposição, são crescentes as
tendências de "adaptadas" e "cedidas", configuran-
do a flexibilidade das empresas diante da expansão
de atividades no âmbito interno ou diante de estímu-
los externos.
Quanto aos horários que se valem os empregados
force o usufruto das ofertas de esporte e lazer, o
quadro 6 mostra que as opções e liberações acon-
tecem fora de expediente de trabalho ou nos fins de
QUADRO 4 - Programação e Organização
FUNÇÕES INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Funcionário Colaborador
Profissional Funcionário
Adaptado Estagiário
16
3
1
16
9 2
2
14
13
3
Compatível com seus antecedentes, o quadro 3
confirma que as empresas profissionalizam a oferta
de esporte e lazer de forma progressiva, partindo de
um sentido de voluntariado interno, com emprega-
dos adaptados às funções de programação e orga-
nização. Nestas circunstâncias, o clube dá lugar ao
órgão especializado e os especialistas assumem as
funções dos voluntários, na direção das atividades.
Do mesmo modo sugere o quadro 4, que põe em
relevo a programação e a organização das ativida-
des: o funcionário colaborador mostra-se uma
função estável ao passo que cresce a atuação do
profissional.
QUADRO 5 - Instalações
semana e, ultimamente, nos feriados. Contudo, é
crescente o uso do horário de almoço o que confir-
maria a expansão antes identificada. A insignificante
freqüência do uso de partes da jornada de trabalho
revelaria que o empregador ainda não se conscien-
tizou do valor da pausa compensatória.
Em contradição à observação anterior, as em-
presas sempre assumiram a maior parte dos custos
das atividades de esporte e lazer, o que finalmente
caracteriza uma interpretação mais de benefício so-
cial do que de desenvolvimento pessoal, como pro-
ponhem as tradições destes gêneros de atividade.
No entanto, há discretos surgimentos de outras
TIPO INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Próprias
Adaptadas
Cedidas
Alugadas
10
3 2
7
9 9
3
7
11
10
6
8
QUADRO 6 - Horários de Prática
POSSIBILIDADE INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Fora do Expediente
Fins de Semana
Intervalo de Almoço
Feriados Durante a
Jornada
14
13
4
3
16
13
5
5
1
16
17
10
8
1
possibilidades de cobertura de custos como as
promoções (venda de material, uso das atividades
como meio mercadológico, incentivos fiscais etc.) e
o uso das fundações de seguridade na gestão do
esporte e do lazer.
QUADRO 7 - Cobertura dos Custos
Finalmente, ao conjunto de indicações derivadas
deste levantamento acrescenta-se mais uma su-
gestão da profissionalização por que passam as
atividades de esporte e lazer na empresa: a ex-
pansão do uso de meios mais sofisticados de mobi-
RESPONSÁVEIS INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Empresa
16 18
21
Clube
4 3
3
Fundação de Seguridade
- -
3
Funcionários
3 3
4
SESI
1 1
1
Promoções, Vendas, Incentivos
1 2
4
Por seu turno, a observação do gênero de práti-
ca esportiva adotado pelas empresas do grupo res-
pondente, traz à luz uma evolução no sentido re-
creativo voluntário na participação dos empregados,
o que incluiria, no caso, os dependentes. A feição
"formal" representaria a origem do esporte na em-
presa brasileira vinculada ao futebol e outras moda-
lidades de competição com praticantes atletas, não
trabalhadores comuns.
QUADRO 8 - Gênero de Atividades Esportivas
lização dos funcionários, como jornais, folhetos,
cartazes etc. O quadro 9, neste propósito, mostra
que cresceu a "mídia interna" e se reduziu a utili-
zação do "boca-a-boca". Por outro lado, confirman-
do a ampliação das promoções internas, estão pro-
gredindo os meios de mobilização representadas
por reuniões (festas, comemorações, seminários
etc.) e por apelos de divulgação dirigidos aos de-
pendentes.
CARACTERIZAÇÃO INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Formal Não-Formal
Festival Esportivo
Promoção Esportiva
Escolinhas
15
2 1
2
17
7 1
5 1
21
15
16
7
5
Note-se, neste contexto, que o sentido de repre-
sentatividade não foi substituído pelas alternativas
mais abertas, "não-formais", mas apenas foi refor-
çado pela expansão de praticantes internos sem
preocupações competitivas. Em adição, estão sur-
gindo novas formas de compreensão do esporte ora
se associando à recreação e outras opções de la-
zer, como se verifica no crescimento de festivais,
promoções e escolinhas.
Em conclusão, embora com as limitações já des-
tacadas, o presente levantamento permite realçar:
1
o
) O esporte e o lazer na empresa brasileira
aparentemente é resultado de duas tra-
dições: a prática do futebol representativo da
empresa e o clube de empregados.
2
o
) As atividades sócio-culturais usualmente se
definem em torno das práticas esportivas.
QUADRO 9 - Meios de Mobilização
MEIO INÍCIO
FASE
INTERMEDIÁRIA
ESTÁGIO
ATUAL
Mídia Interna
Boca-a-Boca
Reuniões de Funcionários
Dependentes
1
12
1
2
4
5
4
4
7
3
7
7
3
9
) A recente expansão dos anos 70 e 80 é evi-
denciada pela diversificação esportiva a par-
tir do futebol, ampliação da participação - in-
clusive dependentes dos empregados - e
utilização plena das possibilidades existen-
tes de instalações e de horários.
4
o
) Há um embrião comunitário por parte dos
empregados, que explica a sobrevivência do
voluntariado nas atividades internas diante
de uma profissionalização crescente na
gestão do esporte e lazer na empresa.
5
o
) O benefício social prepondera sobre o de-
senvolvimento pessoal na compreensão do
esporte e lazer na empresa, deixando in-
completa a proposta de saúde ocupacional.
6
o
) É praticamente desconhecido o valor das
atividades de pausa durante a jornada de
trabalho, enquanto que as demais possibili-
dades de esporte e lazer são usualmente
justificadas como de "integração", um termo
genérico de variadas interpretações opera-
cionais.
A Recreação para Trabalhadores:
a Necessidade da Formulação
i
de un Diagnóstico de Interesses
A presente pesquisa teve por objetivo traçar
um perfil demográfico e psicográfico de 220 fun-
cionários de uma empresa do setor terciário nos Es-
tados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, com indicadores voltados, priorita-
riamente, para os seus hábitos de recreação e la-
zer. Os dados foram coletados através de um ques-
tionário e, analisados e cruzados nas variáveis de
localidade (São Paulo/outras cidades), sexo (mas-
culino e feminino), idade (cinco faixas etárias), esta-
do civil (casados, solteiros e outros) e grau de es-
colaridade (seis niveis). O resultado dessa análise
permitiu definir parâmetros para o planejamento de
trabalho na área de recreação e lazer junto à admi-
nistração de recursos humanos que viesse atender
os interesses dos funcionários e as prioridades da
empresa.
INTRODUÇÃO
É evidente o aumento crescente que vem ocor-
rendo nas diversas instituições sociais na provisão
de recursos de todas as ordens visando suprir as
necessidades do ser humano na sua dimensão de
recreação e lazer. No que se refere à instituição
"trabalho", tal fenômeno não se diferencia.
Desde o início do século, observa-se no Brasil
a luta pela redução da carga horária de trabalho lide-
rada principalmente pelos diversos sindicatos,
transformando a jornada de trabalho de 48 horas
semanais para as atuais 44 horas semanais con-
quistadas na nova Constituição. No bojo dessas
reivindicações, entre diversas justificativas, sempre
esteve presente a necessidade do trabalhador
compensar sua labuta diária com atividades para a
chamada "recuperação psicossocial".
A conquista de um maior tempo disponível para
outras atividades além do trabalho ocorreu parale-
lamente a inúmeros outros fatores de ordem social e
tecnológica, abrindo novas perspectivas ao traba-
lhador na área de recreação e lazer.
A criação do SESI e SESC, em 1946, pelas en-
tidades patronais após a queda da ditadura do Es-
tado Novo abriu um novo espaço de participação
Antonio Carlos Bramante
social do trabalhador. A princípio calcado por uma
ação assistencial e paternalista, na medida em que
os anos se passaram, a recreação e lazer torna-
ram-se metas prioritárias dessas instituições (1).
Com isso, existe hoje uma vasta rede de recursos fí-
sicos, humanos, programáticos e financeiros dedi-
cados a esse setor de atendimento ao trabalhador e
seus familiares.
O governo, tanto em nivel federal, estadual co-
mo municipal, vem, direta e/ou indiretamente, alo-
cando grande soma de recursos nessa área que
também reflete no bem-estar dos trabalhadores. Um
exemplo claro dessa assertiva está na criação dos
Centros Sociais Urbanos, equipamentos de lazer
idealizados especialmente aos trabalhadores. Não
obstante o insucesso de tal programa como um to-
do, não se pode negar que em muitas comunidades
trabalhadores e familiares usufruem de seus benefí-
cios.
Outra entidade de destaque nessa área, princi-
palmente na preparação de líderes para atuarem
dentro das empresas com a recreação e lazer, tem
sido a Associação Cristã de Moços. Historicamen-
te, a ACM tem desempenhado um papel de realce
na área da recreação e lazer para os trabalhadores
em todo mundo.
Mais recentemente, por influência de experiên-
cias estrangeiras e pela própria evolução das teo-
rias que regem a organização das empresas mo-
dernas, a recreação e lazer do trabalhador no Brasil
vêm ganhando cada vez mais atenção, principal-
mente dos especialistas em administração de re-
cursos humanos.
Fora do Brasil, desde a primeira iniciativa da
criação de uma biblioteca comunitária para traba-
lhadores de Peacedale em 1854 nos Estados Uni-
dos da América do Norte, até os nossos dias, o
avanço da recreação e lazer no meio empresarial é
incalculável. Segundo fontes mais recentes, a me-
tade das companhias americanas com mais de 750
empregados possui um programa próprio de lazer,
sendo que 22% daquelas com 50 ou mais emprega-
dos também o possuem (3). Pelo menos 35 das 50
primeiras companhias listadas pela renomada
edição "FORTUNE 500" possuem instalações pró-
prias para os seus programas de atividades físicas
e recreativas.
No Brasil mais recente, cresce a cada dia as
experiências nesse setor, sendo esta investigação
um testemunho deste fato. Inicialmente encabeça-
das pelas filiais das grandes multinacionais, hoje
não é incomum o empresário brasileiro investir nes-
sa área, não como beneplácito ou um rasgo de be-
nemerencia, mas como pura necessidade para
atender os pressupostos básicos de uma partici-
pação cada vez maior do trabalhador na empresa
como alternativa de sobrevivência de um modelo
capitalista menos ortodoxo.
A recreação e lazer dentro da empresa no Bra-
sil têm também refletido as diversas etapas do signi-
ficado de toda politica de benefícios em favor do tra-
balhador, isto é, da fase puramente assistencialista
para aquela de controle social, atingindo, finalmente,
uma postura de pleno desenvolvimento dos empre-
gados.
No setor específico da recreação e lazer, es-
sas fases são facilmente observáveis, desde a for-
mação da "equipe" que representa a empresa, pas-
sando pela formação de grêmios até a real partici-
pação do trabalhador comum, através de um pro-
cesso participativo consciente no planejamento,
execução e avaliação das atividades.
Na medida em que se abre o espaço para essa
participação, um dos passos mais importantes des-
se processo é diagnosticar os anseios desse gru-
pamento especificó como um todo, para então iden-
tificar alternativas que venham atender as suas ne-
cessidades.
Neste caso, o objeto de estudo foi uma empre-
sa administradora de consórcios - Rodobens Ad-
ministração e Promoções Ltda. - a maior do País no
setor de caminhões Mercedes-Benz, parte de um
conglomerado de mais de 20 outras empresas que
operam em todo País.
OBJETIVO
Traçar um perfil dos interesses dos funcionários
da empresa em relação à recreação e lazer e variá-
veis que possam intervir nessa problemática, para
uma proposta futura de ações ao nível de planeja-
mento e execução de um programa mais abrangen-
te de administração de recursos humanos.
METODOLOGIA
A pesquisa envolveu 220 funcionários dessa
administradora de consórcios, de uma região do
País denominada "Centro-Sul", incluindo os seguin-
tes Estados: São Paulo (sede regional), Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul (filiais).
Utilizou-se como instrumento básico para a pes-
quisa um questionário desenvolvido segundo as
normas propostas por Dillman (4) contendo
questões fechadas na sua maioria. O instrumento
cobriu dados demográficos e psicográficos voltados
especificamente para identificar os hábitos de re-
creação e lazer (Anexo). Foram realizados três tes-
tes pilotos visando aprimorar o entendimento do
conteúdo e facilitar a forma do instrumento, tendo
sido organizado de maneira a ter seus dados ade-
quados para análise inicial quantitativa via computa-
dor.
A elaboração do instrumento, seu envio, periodo
de preenchimento, recebimento das respostas, co-
dificação, tratamento e análise foram realizados no
decorrer de quatro meses de trabalho.
RESULTADOS
A base amostrai esteve composta por 220 sujei-
tos, representando 70% da população de emprega-
dos. As variáveis de controle foram sexo, idade, es-
tado civil, grau de escolaridade e localidade do tra-
balho, cuja distribuição é apresentada no QUADRO
1.
Apesar da dimensão "tempo" na atual concei-
tuação do lazer estar um tanto ultrapassada, ela não
deixa de oferecer elementos quantitativos que po-
dem ser analisados como possíveis indicadores de
possibilidades no engajamento de experiências de-
nominadas "recreativas". A visão de muitos estu-
diosos no periodo pós-guerra, em particular aqueles
que se detiveram ao estudo do trabalho e do lazer,
previam uma redução contínua da jornada de traba-
lho nas décadas seguintes, afirmando-se mesmo
que caminharíamos para uma carga horária sema-
nal inferior a 30 horas (5). Autores com escritos
mais recentes têm constatado que não só essa di-
minuição quantitativa estacionou nos patamares
aquém do esperado como também os aspectos
qualitativos desse possível "tempo-livre" sofreram
influências de todas as sortes quando se reporta o
seu aproveitamento em termos de lazer (6).
Nosso estudo não contrariou essa assertiva.
Não obstante a nova Constituição prevê uma jor-
nada de trabalho semanal máxima de 44 horas, o
QUADRO 2 ilustra muito bem que, praticamente em
todas as subdivisões das variáveis consideradas,
a grande maioria trabalha um número de horas se-
manais superior ao estabelecido por lei (70% do
grupo como um todo trabalha mais de 44 horas se-
manais).
Para o trabalhador, as férias conquistadas, gra-
dativamente, em maior número de dias, constituem
- pelo menos em tese - em um momento propício
para a prática de atividades de lazer. A pesquisa
demonstrou, no entanto, que 1/3 daqueles que ti-
nham direito às férias não as usufruem e apenas
1/4 tira o período integral. Conforme o QUADRO 3,
a opção pela viagem prevalece, ficando próxima da
"visita a amigos e parentes".
Outro período consagrado ao descanso nas so-
cidades industrializadas é o final de semana pro-
longado. A chamada "semana inglesa" de 5 dias
ainda não se tornou uma prática generalizada em
nosso meio, pelo menos nesse grupo. O QUADRO
4 revela claramente esses dados na medida em que
apenas 1 /3 deixa de trabalhar nos finais de semana.
Com relação às variáveis consideradas, vale res-
saltar algumas difirenças significativas, principal-
mente no que diz respeito ao segmento feminino
(quase o dobro do masculino não trabalha nos finais
de semana) e os moradores de São Paulo em re-
lação às outras cidades (52% e 13%, respectiva-
mente).
Quando perguntados, durante a semana, qual
seria o melhor periodo para participar das atividades
recreativas, apesar de 36% terem afirmado não ter
esse tempo livre, houve diferenças distintas entre
as variáveis consideradas. As mulheres afirmaram
ter menos tempo disponível para atividades recrea-
tivas que os homens (44% e 30%, respectivamen-
te), enquanto que os casados disseram ter mais
tempo que os solteiros (46% e 29%, respectivamen-
te). Apesar do bloco de tempo disponível estar con-
centrado no período noturno (55%), é nítida a dife-
rença entre as duas localidades consideradas: os
funcionários lotados em São Paulo têm menos tem-
po livre que os de outras cidades (43% e 27%, res-
pectivamente). A outra diferença significativa está
nos padrões de horários: enquanto que em São
Paulo os funcionários preferem o bloco imediata-
mente após o expediente (44%), as demais cidades
têm preferência pelo período após as 20 horas
(47%).
Essa constatação se justifica dado o tempo
demorado de deslocamento entre a residência e o
local de trabalho na cidade de São Paulo, dificultado
pelo sistema de transporte urbano muito aquém das
reais necessidades em relação às cidades meno-
res, onde o trabalhador pode deslocar-se até a sua
casa para um rápido convívio no lar, para, em se-
guida, optar pelo engajamento em atividades recrea-
tivas. Esse dado é de grande importância no plane-
jamento de atividades recreativas, adequando os
horários com as disponibilidades dos participantes.
Desde Szalai (7), precursor da metodologia
"orçamento-tempo" para verificar como as pessoas
utilizam o seu tempo, através da anotação das ativi-
dades realizadas, muitos estudiosos do lazer têm
empregado esse meio para determinar a quantidade
de tempo que as pessoas reportam voltadas para
esse tipo de experiencia. Muito embora essa meto-
dologia sofreu pesadas críticas quanto aos critérios
de objetividade, validade e fidedignidade, o "orça-
mento-tempo" não deixa de ser um instrumento ini-
cial para diagnosticar tendências da ocupação do
tempo sob a ótica do participante.
Neste estudo incluímos essa metodologia ba-
seando-se em três dias distintos da semana (último
sábado, domingo e "ontem" - desde que não fosse
nenhum dos dois primeiros), em relação ao tempo
utilizado no trabalho profissional, transporte, traba-
lho doméstico, cuidados pessoais, atividades re-
creativas, atividades religiosas, sono, escola, trans-
porte à escola e "outros".
No sábado, 1/4 do grupo disse trabalhar de 2 a
6 horas, enquanto que, no domingo, 70% reportaram
não realizar esse tipo de atividade.
O tempo gasto em transporte ao trabalho, muito
superior em São Paulo do que em outras localida-
des (em São Paulo 70% levam de 30' a 2 horas en-
quanto que 40% levam menos de 30' em outras ci-
dades), confirma os diversos levantamentos que
nas grandes cidades esse componente de tempo na
vida do trabalhador limita-o em relação às atividades
que poderiam ser mais criativas.
A amostra como um todo utiliza uma porção
significativa do seu final de semana em trabalho
doméstico, particularmente o segmento feminino. No
sábado, 30% utilizaram de 2 a 6 horas (47% x 15%),
enquanto que, no domingo, 45% do grupo afirmaram
ter trabalhado em casa até 4 horas (desta feita com
uma pequena redução da diferença entre os sexos:
50% x 36%). Apesar de ser mais reduzida a utili-
zação desse tempo durante a semana, 1/3 do grupo
trabalhou em casa até 2 horas, mantendo a diferen-
ça entre os sexos ainda mais reduzida (36% e
26%).
Os cuidados pessoais nesta pesquisa ocupa-
ram mais tempo durante a semana do que ao final
de semana. Enquanto que 81% do grupo gastaram
até 2 horas no primeiro caso, no sábado, esse per-
centual desce para 42%, utilizando menos de uma
hora e volta a subir no domingo para 72%, utilizando
até 2 horas. O estudo configurou que o sexo femini-
no gasta mais tempo que o masculino no final de
semana nessa atividade, sem haver diferença signi-
ficativa no meio da semana. Esses dados podem in-
ferir que a atividade profissional seja a responsável
pela maior preocupação com os cuidados pessoais
para ambos os sexos no decorrer da semana.
Com referência às atividades religiosas, sendo
o maior país católico do mundo e místico por natu-
reza, esse item surpreendeu indicando que somente
1/4 do grupo gasta menos de uma hora nessa ativi-
dade em qualquer um dos três dias.
Finalmente, o dado de maior interesse desta
pesquisa que era em relação ao tempo gasto na re-
creação: no sábado, 1 /3 do grupo disse não ter rea-
lizado essa atividade, 35% gastaram até 2 horas e
1/4 de 2 a 6 horas. Esse padrão reduziu-se no do-
mingo, permanecendo o mesmo terço sem tê-la rea-
lizado, com 25% gasto até 2 horas e 12% indicando
de 4 a 6 horas. Metade desse último grupo estava
na faixa etária entre 18 a 24 anos de idade. Con-
cluindo, no dia de semana, 2/3 afirmaram não ter
realizado essa atividade e somente 15% utilizaram
até uma hora do seu dia com recreação. Esse dado
é significativo dentro de uma política de recreação
empresarial que deseje estimular a aquisição de um
novo hábito de cunho permanente. Esses dados
demonstram o pouco interesse ou oportunidade de
acesso à grande maioria do grupo pesquisado às
atividades recreativas.
O QUADRO 5 mostra, por sexo, as cinco ativi-
dades recreativas de maior participação dos res-
pondentes nos últimos 12 meses, bem como aquela
situada em último colocado. Mostra também a ativi-
dade recreativa de maior participação, discriminada
em todas as subdivisões das variáveis eleitas no
estudo. Fica evidente a constatação de outros estu-
dos nos diversos países, tanto desenvolvidos como
em via de desenvolvimento que a televisão é, sem
dúvida alguma, a grande atração recreativa para to-
das as pessoas pesquisadas.
Quanto ao estilo de participação, em uma lista
de mais de 30 atividades recreativas realizadas nos
últimos 30 dias, a leitura foi a escolhida quando
considerada a participação individual, a TV/vídeo
em família e grupos, e o futebol, enquanto grupos
organizados. No cômputo geral, a televisão/vídeo foi
a atividade recreativa de escolha número um
também nos últimos 30 dias.
Da mesma forma que a dimensão "tempo" está
de, certa forma, ultrapassada para indicar as
tendências relativas aos hábitos de lazer, a di-
mensão "atividade" sofre algumas ressalvas. Não
obstante esse fato, utilizamos a taxonomía proposta
por Dumazedier que classifica os interesses cultu-
rais do lazer (8). O QUADRO 6 mostra os interes-
ses prioritários no lazer dentro de cada variável
dentro das suas subdivisões.
Aí fica implícita uma certa incoerência entre a
realidade e o desejo expresso na prioridade aponta-
da, isto é, enquanto que praticamente todos elege-
ram a televisão/vídeo como a atividade de maior
destaque (predominantemente passiva em termos
de ação física), coube aos interesses ffsico-despor-
tivos a prioridade número um de quase todos os
segmentos do grupo respondente. Esse resultado
vem, de certa forma, confirmar o que alguns autores
(9) indicam como sendo uma das maiores dificulda-
des em identificar os hábitos de lazer. Muitas pes-
soas não sabem aquilo que mais gostariam de fazer
em termos de lazer e muitos dos que sabem não di-
zem a verdade, dando prioridade para as atividades
socialmente bem aceitas (neste caso, o fato de
nossa sociedade valorizar um individuo fisicamente
ativo).
Dois elementos demonstrados nos QUADROS
7 e 8 podem auxiliar o planejamento futuro de uma
política de recreação empresarial: (1) é significativo
o número de funcionários que participariam de uma
programação de atividades recreativas no horário
extratrabalho (desta vez as opções de atividades
coincidem com as prioridades apontadas anterior-
mente, isto é, interesses físico-desportivos); (2)
contrariando a crença de alguns que afirmam que o
trabalhador não gastaria seu dinheiro, já disputadís-
simo, com aquilo que consideramos de "primeira
prioridade", é significativo o número daqueles que
estariam dispostos a pagar parte dos custos de sua
participação, desde que fosse oferecida uma pro-
gramação que viesse de encontro às suas necessi-
dades e anseios.
Essa disposição de compartilhar custos
também se justifica pelo reduzido número de afilia-
dos a algum clube recreativo: 71 % não pertencem a
qualquer entidade do gênero, indicando a necessi-
dade da empresa em contribuir nessa dimensão so-
cial e familiar do trabalhador. Dos 29% que afirma-
ram serem membros de algum clube recreativo,
aproximadamente a metade freqüeh a o SESC.
Apesar do instrumento de pesquisa ter forneci-
do informações adicionais, para conluir esta seção,
vale destacar outro papel social da empresa na real
promoção do trabalhador: criação de mecanismos
facilitadores de acesso à educação formal.
Os dados relativos a essa dimensão do traba-
lhador revelaram-se preocupantes já que 78% do
grupo residente em São Paulo e 71% em outras ci-
dades não estavam matriculados em nenhum curso
formal ou abandonaram um dos três níveis (1
o
, 2
9
e
3
o
graus) sem completá-lo. Desse total, constatou-
se a existência de 41 funcionários que não comple-
taram o grau, o que daria, seguramente, para
manter uma classe de curso supletivo nesse nível,
visando facilitar o seu ingresso no ensino superior.
Sessenta por cento desse grupo gostariam de dar
continuidade aos seus estudos, sendo "a falta de
dinheiro" a principal causa de impedimento (30%).
Com a relação à saúde do ser humano, o taba-
gismo é considerado o elemento único número um
cuja opção de evitá-lo está sob o nosso domínio.
Dos 36% de fumantes de todo o grupo, os dados
revelam elementos importantes para nortear uma
campanha de saúde no interior da empresa: a maio-
ria está localizada em São Paulo (2/3), onde 60%
consomem de 11 a 20 cigarros por dia, enquanto
que nas outras cidades 50% fumam até 10 cigarros
por dia. Os homens fumam mais que as mulheres
(2/3 e 1/3 respectivamente), os solteiros mais que
os casados (70% e 19%, respectivamente), estando
quase que 90% na faixa etária entre 18 e 35 anos
de idade, com uma correlação inversa entre o vício
e o nível de educação, isto é, na medida em que
aumenta o nível de educação, constatou-se uma re-
dução no consumo de cigarros.
O questionário foi encerrado com três questões
abertas: "O que você mais gosta na Rodobens", "O
que você menos gosta na Rodobens" é um espaço
aberto para considerações de ordem geral. As res-
postas tabuladas para as duas primeiras questões
revelaram dados de grande importância na propos" a
de um plano mais amplo de administração de recur-
sos humanos. Apesar de apenas 18% se manifesta-
rem na última questão, as sugestões ligadas direta
e/ou indiretamente à recreação e lazer representa-
ram 35% do total, indicando urna expectativa positi-
va dos funcionários com referência a essa área de
benefício.
CONCLUSÃO
i
O presente trabalho teve por objetivo identificar o
perfil demográfico e psicográfico dos funcionários
de urna empresa de administração de consórcios
em relação aos seus hábitos de recreação e lazer,
bem como outras variáveis que poderiam contribuir
no planejamento global dessas atividades.
Ficou evidente que esse diagnóstico forneceu
dados importantes que, por certo, facilitarão a pro-
posta de um planejamento mais concreto que venha
atender aos anseios e necessidades dos funcioná-
rios. Por outro lado, ficou igualmente claro que um
trabalho mais abrangente de implantação de políti-
cas de recreação e lazer nas empresas deve estar
inserido dentro de uma proposta ampla dos precei-
tos que norteam a moderna administração de recur-
sos humanos. Esses preceitos incluem princípios,
estratégias e técnicas que contribuam na atração,
manutenção, motivação, treinamento, desenvolvi-
mento e sinergia das variáveis que envolvem o tra-
balhador tanto dentro como fora da empresa (10).
A partir desses dados foi recomendado um pro-
grama compreensivo de administração de recursos
humanos envolvendo todos os seus subsistemas
(II). No que se refere à área específica da recreação
e lazer, foram recomendadas, inicialmente, ações
que já estão sendo implementadas a partir da sede
regional em São Paulo, tais como:
1. Maximização do uso do refeitório para
sessões de ginástica, vídeo e educação su-
pletiva;
2. Reforma da pequena área externa ao refeitó-
rio para convívio social após as refeições;
3. Adaptação de um espaço para sala de jogos
de mesa;
4. Criação de um boletim informativo da em-
presa;
5. Comemoração de datas significativas com
eventos especiais, partindo-se de co-
missões de funcionários para o seu plane-
jamento, execução e avaliação;
6. Apoio às iniciativas espontâneas dos fun-
cionários, facilitando a comunicação, apoio
material, aluguel de quadras, etc;
7. Biblioteca do funcionário, com a aquisição de
acervo baseada em pesquisas de interesse;
8. Convênio com entidades culturais, subsi-
diando parte dos custos para a participação
em eventos tais como shows musicais, tea-
tro, apresentação em geral, etc;
9. Implantação do "Wellness Club", voltado pa-
ra a saúde preventiva dos funcionários, com
informações sobre os fatores de risco;
10. Início do entrosamento de funcionários per-
tencentes à mesma regional e inter-regionais,
através de atividades recreativas, tendo como
base o turismo social, através de excursões.
Nota: Parte deste trabalho foi apresentada no 2
9
Congresso Internacional e 4
9
Congresso Nacional
de Tempo Livre e Recreação realizado em
Bucaramanga, Colômbia, de 28/2 a 4/3 de 1989.
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State University, 1984-88. USA.
(10) Toledo, Flávio de (1987). O que São Recursos
Humanos? {6- Ed.). Editora Brasiliense
S.A. São Paulo.
(11) Chiavenato, Idalberto (1988). Recursos Huma-
nos (Edição Compacta). Editora Atlas S.A.
São Paulo.
Consórcio Integrado
Rodobens
ENQUETE DE INTERESSES
APRESENTÃO
O questionário anexo faz parte do Projeto RH'88 que, como você já
deve ter conhecimento, visa criar um clima de envolvimento e entrosamento entre os funcionários dentro da
empresa Rodobens.
Uma das maneiras para melhor programar as ações desse projeto será através do conhecimento de
seus interesses de maneira geral. Só assim poderemos planejar uma proposta que venha de encontro ao seu
desejo. Por essa razão, é de fundamental importância a sua colaboração no preenchimento dos dados deste
questionário. Queremos lembrá-lo(a) que as informações colhidas aqui são confidenciais, não implicando qual-
quer identificação do(a) funcionário(a). Contamos com o seu apoio!
Grato.
0. INDIQUE COM UM "X" A UNIDADE À QUAL VOCÊ ESTÁ LIGADO FUNCIONALMENTE:
1. Filial Porto Alegre ( )
2. Filial Florianópolis ( )
3. Filial Curitiba ( )
4. Filial Londrina ( )
5. Regional São Paulo ( )
FAÇA UM X OU UM CÍRCULO PARA INDICAR AS SUAS ALTERNATIVAS
1. Quantas horas você trabalha por semana? (Inclua os trabalhos que você executa em casa e/ou outra ativi
dade profissional que venha a exercer)
(1 ) menos de 35 horas (4) de 45 a 49 horas
(2) de 35 a 39 horas (5) de 50 a 59 horas
(3) de 40 a 44 horas (6) mais de 60 horas
2. Se você já trabalhou mais de um ano (na Rodobens ou em outra empresa), quantos dias de férias ao ano
você normalmente tem?
(1 ) 30 dias (3) menos de 20 dias
(2) vinte dias (4) nunca tirou férias
3. Faça um círculo em volta do mês que você normalmente tira suas férias?
12 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ (13)
Não é sempre no mesmo mês
4. Onde você passou suas últimas férias
( )São Pauto
( ) Outra cidade. E specificar .....................................................................................................................
5. Como você normalmente passa suas férias? (Assinale uma ou mais alternativas)
(1) Viajando (3) Em casa
(2) Visitando parentes e amigos (4) Arrumo outro trabalho
6. Você trabalha nos finais de semana?
(1)Sim (2) não (3) às vezes
6A Se você não trabalha nos fins de semana, assinale abaixo o que normalmente faz. Se for mais de uma al-
ternativa, enumere por ordem de preferência. (Anote dentro dos parênteses).
1( ) Viajo
t
,
2 ( ) Visito parentes e amigos
3 ( )Fico em casa
4 ( ) Pratico atividades ao ar livre (Pic-nic, acampamento, parques, etc.)
Outras atividades:
( )..........................................................................................................................................................
( )..........................................................................................................................................................
( )..........................................................................................................................................................
7. A que horas, durante os dias de semana, você normalmente tem tempo livre para participar de atividades
recreativas?
(1) Antes das 8 horas da manhã
(2) Hora do almoço
(3) Das 18:00 às 20:00 horas
(4) Após as 20:00 horas
(5) Não tenho tempo livre
8. Quantas horas você passou fazendo as atividades abaixo relacionadas no último fim de semana e no dia
de ontem (dia de semana)?
8A Trabalho (inclusive bicos/extras) sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) (1) (1)
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 4 horas (3) (3) (3)
Mais de 4 horas até 6 horas (4) (4) (4)
Mais de 6 horas até 8 horas (5) (5) (5)
Mais de 8 horas (6) (6) (6)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8B Transporte ao trabalho sábado domingo ontem
(¡da e volta)
Menos de 30 minutos (1) (1) (1)
De 30 minutos até 1 hora (2) (2) (2)
Mais de 1 hora até 2 horas (3) (3) (3)
Mais de 2 horas até 3 horas (4) (4) (4)
Mais de 3 horas até 4 horas (5) (5) (5)
Mais de 4 horas (6) (6) (6)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8C Trabalho doméstico sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) (1) (1)
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 4 horas (3) (3) (3)
Mais de 4 horas até 6 horas (4) (4) (4)
Mais de 6 horas (5) (5) (5)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8D Cuidados pessoais sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) ft) (D
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 3 horas (3) (3) (3)
Mais de 3 horas até 4 horas (4) (4) (4)
Mais de 4 horas (5) (5) (5)
8E Atividades recreativas sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) 0) 0)
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 4 horas (3) (3) (3)
Mais de 4 horas até 6 horas (4) (4) (4)
Mais de 6 horas até 8 horas (5) (5) (5)
Mais de 8 horas (6) (6) (6)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8F Atividades religiosas sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) (1) (D
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 3 horas (3) (3) (3)
Mais de 3 horas (4) (4) (4)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8G Dormir sábado domingo ontem
Menos de 4 horas (1) (1) (D
Mais de 4 horas até 6 horas (2) (2) (2)
Mais de 6 horas até 8 horas (3) (3) (3)
Mais de 8 horas até 10 horas (4) (4) (4)
Mais de 10 horas (7) (7) (7)
8H Escola sábado domingo ontem
Até 1 hora (1) d) (D
Mais de 1 hora até 2 horas (2) (2) (2)
Mais de 2 horas até 3 horas (3) (3) (3)
Mais de 3 horas até 4 horas (4) (4) (4)
Mais de 4 horas (5) (5) (5)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8I Transporte à escola (ida e volta) sábado domingo ontem
Até 30 minutos (1) (1) (1)
Mais de 30 minutos até 1 hora (2) (2) (2)
Mais de 1 hora até 2 horas (3) (3) (3)
Mais de 2 horas até 3 horas (4) (4) (4)
Mais de 3 horas (5) (5) (5)
Não realizou esta atividade (7) (7) (7)
8J Listar outra atividade de destaque que não tenha sido mencionada no questionário e assinale o tempo gasto
com ela.
sábado domingo ontem
Até 1 hora
Mais de 1 hora até 2 horas (1) (1) (1)
Mais de 2 horas até 4 horas (2) (2) (2)
Mais de 4 horas até 6 horas (3) (3) (3)
Mais de 6 horas até 8 horas (4) (4) (4)
Mais de 8 horas (5) (5) (5)
, (6) (6) (6)
9. Você pertence a algum clube recreativo?
(1) não
(2) sim
Em caso positivo, mencione o(s) nome(s) abaixo:
10. Abaixo você encontrará uma lista de atividades
recreativas. Indique com um círculo se você par-
ticipou ou não dessas atividades nos últimos 12
meses.
10A Você praticou alguma(s) dessas atividades nos
últimos 30 dias
o
Em caso positivo, especifique
com quem as praticou.
Futebol 1 2 2 2 3
Voleibol 1 2 2 2 3
Basquetebol 1 2 I 2 2 3
Handebol 1 2 2 2 3
Natação 1 2 I 2 I 2 3
Caminhada 1 2 2 2 3
Cooper 1 2 I 2 2 3
Atletismo 1 2 2 2 3
Ginástica 1 2 2 2 3
Tênis 1 2 2
2
3
Ciclismo 1 2 2 I 2 3
Artes Marciais 1 2 2 I 2 3
Acampamento 1 2 I 2 2 3
Excursão 1 2 2 2 3
Caça/Pesca 1 2 2 2 3
Leitura 1 2 2 2 3
Colecionismo
(Selo, Moeda, etc.) 1 2 2 2 3
Jogos de Mesa
(Xadrez, Dama, etc.) 1 2 2 2 3
Teatro 1 2 2 2 3
Dança/Baile 1 2 I 2 1 2 3
Tocar Instrumentos
Musicais 1 2 2 2 3
Ouvir música 1 2 I 2 2 3
ÚLTIMOS 12 MESES
ÚLTIMOS 30 DIAS
11. Classifique, por ordem de prioridade (1
o
ao 5
9
), seus interesses de lazer prediletos:
( ) Interesses físico-desportivos (exercícios físicos em geral)
( ) Interesses sociais (festas, bailes, pic-nic, acampamentos, viagens, etc.) ( )
Interesses artísticos (teatro, música, pintura, cinema, etc.) ( ) Interesses
manuais (culinária, artesanato, reparos no lar, costura, etc.) ( ) Interesses
intelectuais (leitura, colecionismo, jogos de mesa, etc.)
12. Caso a Rodobens ofereça a oportunidade de participação em alguma atividade recreativa, em horário ex-
tratrabalho, você estaria interessado
7
(1) sim (2) não
12A Em caso positivo, liste até três opções de sua preferência:
1
o
.........................................................................................................................................................................................................
2
o
.............................................................................................................................................................
3
o
.............................................................................................................................................................
13. Você estaria disposto a pagar parte dos custos de sua participação em alguma atividade recreativa, do
seu interesse, organizada pela Rodobens?
(1)sim (2) não
14. Você gosta de algum jogo de mesa? (Ex.: dama, xadrez, pebolim, etc.)
(1)sim (2) não
15. Em caso positivo, assinale até três de sua preferência:
(1) Dama (6) Gamão
(2) Xadrez (7) Snooker/Bilhar
(3) Dominó (8) Cartas
(4) Pebolim (9) Outros: (Especificar)
(5) Ping-pong
16. Você conheceu o n
o
0 e n
9
1 do nosso informativo RODOVERDI?
(1)sim (2) não
16A Em caso positivo, como você classi icaria o seu conteúdo e o seu formato?
(1) Excelente
(2) Born
(3) Razoável
(4) Fraco
(5) Péssimo
17. Você tem alguma sugestão para melhorá-lo?
(1)sim (2) não
17A Em caso positivo, qual (quais)?
18. qual a sua opinião sobre o "PROJETO RH 88"?
(1) Não conheço
(2) Conheço; porém, ainda não senti os seus efeitos
(3) Conheço e comecei a sentir os seus resultados positivos
(4) Não acredito no projeto
19. Você tem alguma sugestão adicional para o "PROJETO RH 88"?
(1)sim (2) não
19A Em caso positivo, cite-a(s) abaixo:
20. Sexo do respondente:
(1) feminino (2) masculino
21. Idade:
(1) Menos de 18 anos (4) De 36 a 45 anos
(2) De 18 a 24 anos (5) De 46 a 55 anos
(3) De 25 a 35 anos (6) Mais de 56 anos
22. qual é o seu grau de escolaridade?
(1) 1
o
grau incompleto
(2) 1
o
grau completo
(3) 2
o
grau incompleto
(4) 2
o
grau completo
(5) Superior incompleto
(6) Superior completo
23. Você estuda atualmente?
(1)sim (2) não
24. Caso positivo:
(1) 1
o
grau (2) 2
o
grau (3) superior
(Pule para a pergunta 28)
25. Caso negativo:
Você completou os seus estudos?
(1)não (2) sim (Neste caso "sim", pule para a pergunta 28)
25A Qual o último grau de escolaridade cursado?
Grau de
escolaridade
. Séries
1
o
grau 1 2 3 4 5 6
2
o
grau 1 2 3
3
9
grau 1 2 3 4 5 6
26. O que o levou a interromper os seus estudos?
27. Você gostaria de dar continuidade a seus estudos?
(1)sim (2) não
28. Estado civil:
(1) Solteiro (2) Casado (3) Desquitado/Divorciado
29. Se casado, qua a profissão do cônjuge?
(1) Do lar
(2) Comerciário
(3) Industriano
(4) Bancário
(5) Magistério
(6) Outras
30. Qual é o grau de escolaridade do cônjuge?
(1) 1
o
grau incompleto
(2) 1
o
grau completo
(3) 2
o
grau incompleto
(4) 2
o
grau completo
(5) superior incompleto
(6) superior completo
31. Quantos dependentes legais você possui?
(1) Nenhum
(2) Um
(3) Dois
(4) Três
(5) Quatro
(6) Mais de quatro
32. Há quanto tempo você trabalha na Rodobens?
(1) Menos de três meses
(2) De 3 meses até 6 meses
(3) Mais de 6 meses até 1 ano
(4) Mais de 1 ano até 2 anos
(5) Mais de 2 anos até 4 anos
(6) Mais de 4 anos até 6 anos
(7) Mais de 6 anos até 10 anos
(8) Mais de 10 anos
33. Você é fumante?
(1)sim (2) não
33A Em caso positivo, quantos cigarros você fuma por dia?
(1) até dez cigarros por dia
(2) de 11 a 20 cigarros por dia
(3) de 21 a 30 cigarros por dia
(4) de 31 a 40 cigarros por dia
(5) mais de 40 cigarros por dia
34. Nos horários extratrabalho (após expediente, feriados e fins de semana), você costuma encontrar-se com
outros funcionários da Rodobens?
(1)sim (2) não
35. O que você mais gosta na Rodobens?
36. O que você menos gosta na Rodobens?
37. Caso você queira abordar qualquer outro assunto, até então não ventilado, utilize as linhas a seguir:
BASE AMOSTRAL (N = 220)
QUADRO 2 Quantas
horas você trabalha por semana?
QUADRO 3 Se você
já trabalhou mais de um ano (na
Rodobens ou em outra empresa),
quantos dias de férias normalmente tira?
Como você normalmente passa as suas férias?
(assinale uma ou mais alternativas)
QUADRO 5
Atividades que participou nos últimos 12 meses
1
9
2
9
3
9
4
9
5
9
Menor participação
Feminino TV: 84% Ouvir Leitura Caminhar Culinária Artes Marciais: 0
Música 81% 77% 68% 67%
Masculino TV: 81% Ouvir Futebol Leitura Cinema Handebol: 5% Música
65% 57% 56% 72%
18- TV: 100%
18-24 TV: 89%
25-35 TV: 80%
36-45 Leitura, ouvir música, reparos no lar: 72% (TV: 67%)
46-55 Ouvir Música: 100% (TV: 71%)
Solteiro TV: 82% Casado TV: 88% Outros Culinária: 73% (TV:
66%)
1
o
G. (I) Ouvir Música: 74% (TV: 42%)
1
o
G.(C) TV: 72%
2
o
G. (I) Ouvir Música: 95% (TV: 92%)
2
o
G. (C) TV: 82%
Superior (1) Cinema: 94% (TV: 91%)
Superior (C) Ouvir Música, TV e Reparos no lar 100%
Outras Cidades 1
9
lugar: TV = 78% - Último lugar: pintura = 4%
São Paulo 1
9
lugar TV = 86% - Último lugar artes marciais = 4%
QUADRO 6
Classifique, por ordem de prioridade (l
o
ao 5
o
), seus interesses de lazer prediletos:
Desportivo Sociais Intelectuais Manuais Artísticos
Fem. 3 1 5 2 4
Mas. 1 2 4 5 3
Soft 1 2 5 4 3
Cas. 1 3 2 5 4
Outros 2 5 4 1 3
S. Pauta 1 2 5 4 3
Outras 1 2 5 3 4
-18
_
1
_ _ _
18-24 1
- - - -
25-35 1
- -
-
36-45
- - -
1
-
46-55
- - -
1
-
1
o
G. (I) 1
_ _ _
1
o
G.(C)
-
1
- - -
2
o
Q.(I)
1,5 1,5
- - -
29 G. (C) 1
- - - -
3
o
G. (I) 1
- • - - -
3
o
G. (C) 1.5 1,5
- -
QUADRO 7 Caso a Rodobens ofereça a
oportunidade de participação em alguma atividade recreativa, em horário extratrabalho,
você estaria interessado?
Feminino Masculino São Pauto Outras Cidades
100(45%) 120(55%) 125(57%) 195(43%)
Sim 79% 78% 74% 84%
Nao 21% 20% 26% 14%
Sem resposta - 2% - 2%
1
5
Opção Voleibol Futebol Ginástica Futebol
49% 54% 54% 33%
2
o
Opção Ginástica Voleibol Voleibol
Esporte
em Geral
46% 37% 33% 24%
3- Opção Excursão Jogos de Mesa Excursão Voleibol
42% 15% 32% 22%
QUADRO 8
Você estaria disposto a pagar parte dos custos de sua participação em alguma atividade recreativa, do
seu interesse, organizada pela Rodobens?
Total Feminino Masculino
On ras
Cidades
São
Paulo
Sim 62% 61% 63% 74% 54%
Não
Sem Resposta
Total
26%
11%
100%
25%
14%
45%
28%
9%
55%
15%
11%
43%
35%
11%
57%
Lazer nas Empresas -
Tendências de um Novo DRH
Luiz Octávio de Lima Camargo
Todas as empresas com mais de 50 emprega-
dos fazem algum tipo de investimento em atividades
de lazer para seus empregados. Nas empresas pe-
quenas, esse investimento é mínimo e às vezes
apenas de tempo de trabalho: reduz-se a parali-
zação do expediente por algumas horas em alguns
momentos do ano. Nesse caso, o fenômeno parece
insignificante demais para respaldar qualquer análi-
se de tendência das empresas modernas. Em ou-
tras empresas, contudo, esse investimento é em
tempo de trabalho, com a designação de empre-
gados para atender em tempo parcial ou integral a
essa área, em espaço, com a alocação de recursos
físicos (desde a destinação de pequenas salas até
a implantação de grandes clubes) e também em re-
cursos financeiros. Uma observação ainda que
apressada mostra que não são raros os clubes e
associações de empregados que manipulam orça-
mentos superiores a USS 100 mil anuais.
A década de 80 assistiu a um impressionante
incremento do investimento das empresas em lazer
para seus empregados. Essa disposição foi res-
ponsável pelo florescimento de um setor de servi-
ços de recreação, interessado em explorar essa
nova demanda por esporte, turismo e outras ativi-
dades de lazer. O crescimento não foi maior pelos
motivos que arrolo mais abaixo. Meu ponto de ob-
servação é uma experiência de quase 20 anos na
área, especialmente em contatos semanais, ao ton-
go de dois anos, com um grupo de aproximadamen-
te 20 profissionais que atuavam na área junto a em-
presas públicas e privadas.
O objetivo deste artigo é mostrar que o lazer
nas empresas não é uma moda passageira nem tri-
butário da boa liquidez atual das grandes empresas
do País. Ao contrário, veio para ficar e o principal
obstáculo para sua expansão é a falta de respostas
a questões básicas: por que lazer? como? para
que? Minha hipótese, baseada em estudos antigos
(Georges Friedman, Bernard Galambaud, Sainsau-
lieu) e recentes (Willian Grossin, Joffre Dumazedier,
Richard e Margaret Braungard) bem como em in-
vestigações do ex-Centro de Estudos do Lazer do
SESC, é que os setores das empresas, agrupados
dentro do moderno DRH (desenvolvimento de re-
cursos humanos) não terão outra alternativa que a
de assumir a parcela de responsabilidade que lhes
cabe sobre o tempo livre dos empregados. Mais: o
lazer nas empresas é hoje um dos principais indica-
dores da empresa ajustada ao néo-capitalismo ou
capitalismo humanizado (Galbraith), sensível às as-
pirações dos seus empregados e às novas exigên-
cias de seu meio-ambiente operacional (clientes,
comunidade próxima). Para demonstrar esse ponto
de vista, abordarei em primeiro lugar as transfor-
mações do trabalho, no plano dos valores, sobretu-
do nas novas gerações que hoje chegam ao mer-
cado. Em seguida, passo ainda que rapidamente
sobre os fatores que hoje favorecem e desfavore-
cem o incremento da área, para terminar com uma
análise das perspectivas a curto e médio prazo.
Realização no trabalho?
Os indivíduos começam a trabalhar quando
atingem o ápice de suas forças: nas classes mail
pobres, esse início pode ser precoce. Nas classes
médias e ricas, esse início se dá por volta dos 21
anos, após a conclusão da graduação universitána.
De qualquer forma, é para o trabalho basicamente
que são canalizadas as energias recém-maturadas.
A idade do trabalho se encerra quando essas mes-
mas energias já estão em avançado processo de
desgaste, quando não completamente esgotadas.
No ciclo diário, repete-se o fato: o trabalho inicia
após o sono reparador e apenas 9 ou 10 horas de-
pois, o indivíduo pode dedicar-se aos outros tempos
existenciais (familiar, religioso, de lazer) quando as
forças já estão exauridas.
Esse trabalho é ao menos interessante? Se
tomarmos o exemplo dos artistas, cientistas, ar-
tesãos e de parte dos executivos e empresários,
até poderíamos dizer que sim. Mas estes represen-
tam uma parcela mais do que ínfima da população
economicamente ativa: no máximo 1%. Entre os
que são obrigados a ajustar suas aptidões e aspi-
rações às exigências de um mercado de trabalho
cada vez mais feroz e competitivo, não mais de
20% conseguem transformar o trabalho em tempo
de realização máxima do seu contidiano. Aí estão
certamente parte dos operários especializados e
executivos de empresas modernas, com maior ou
menor poder de decisão e prestígio internos às or-
ganizações, os "workahoolics" (os alcoólatras do
trabalho) e aqueles que por uma história pessoal
não conseguiram desenvolver habilidades e inte-
resse fora do trabalho. Os restantes 80% dos traba-
lhadores ajustam-se como podem em meio a tarefas
repetitivas, banais, pouco ou nada criativas, por
conta da necessidade de sobrevivência e apegam-
se a conquistas no plano não técnico, sobretudo a
convivência com o grupo de amigos no trabalho.
Observação importante: ainda que o sonho de
todos nós seja a evolução técnica do trabalho em
direção a modelos mais participativos e criativos, a
verdade é que este sonho ainda está muito distante.
O movimento descrito na terceira onda de Alvin Tof-
fler deve beneficiar apenas uma pequena parcela de
profissionais que poderão dar-se ao luxo de traba-
lhar em casa com seu "kit" informático. Para a
grande maioria, as esperanças de melhoria a curto
prazo ainda que devam ser constantemente alimen-
tadas não devem nos iludir. Os voluntaristas devem
1er o conjunto da obra de Georges Friedman, que
analisou sucessivamente as modernas empresas
de gestão coletivizada em Stalingrado (URSS), as
experiencias de co-gestão na Iugoslávia, as primei-
ras experiências de extinção da linha de montagem,
na Suécia, e até mesmo empresas brasileiras, onde
ele sonhou com a viabilidade de uma linha de pro-
dução ao ritmo lúdico dos trópicos. Desesperança-
do, ao final da vida, tendo vislumbrado com clareza
o poder dos determinismos da produção industrial e
a impossibilidade de se aliviar o peso do trabalho
para a maioria da população trabalhadora, aderiu a
um discurso a meio caminho da filosofia e da utopia,
apelando para uma conversão interna da civilização
em busca do "ser" e não do "ter".
Em resumo: a maioria da população empregada
dedica a fatia existencial mais nobre do seu tempo a
um trabalho pouco gratificante. O trabalhador seria
um escravo ou um idiota? Nem uma coisa nem ou-
tra. Na verdade, estes dois últimos séculos têm sido
marcados por uma super-valorização do trabalho.
As religiões (malgrado uma certa resistência da
Igreja Católica) e ideologias (tanto Marx como Adam
Smith concordaram na eleição do trabalho como
necessidade e obrigação suprema do indivíduo)
dominantes nos últimos duzentos anos, concorre-
ram para uma atitude de conformismo e resignação
em face às condições técnicas do trabalho.
Mas as coisas estão mudando. Já na década
de 60, Marcuse chamava a atenção para o que ele
chamou de inversão histórica, ou seja, o momento
em que as lutas dos assalariados pela redução da
jornada de trabalho conseguiram tornar o orçamento
de tempo livre maior do que o de tempo de trabalho.
Isto nos Estados Unidos. Na Europa, este fenôme-
no ocorreu na década de 80. Entre nós, também,
este fenômeno está próximo de acontecer. Quando
a jornada anual de trabalho do operário brasileiro,
que no início do século era de 4.000 horas cair para
a faixa de 1.600 horas (no momento situa-se em
torno de 2.000 horas) o fenômeno terá se consuma-
do, também aqui no Brasil.
Contudo, mais importante do que o fato em si é
o contexto em que o mesmo se desenvolve. Se-
gundo alguns teóricos, como Joffre Dumazedier,
Michel Maffesoli, o que está em curso neste fim de
século é uma profunda mudança de valores no con-
tidiano da civilização. O mito de Prometeu está sen-
do substituído pelo mito de Dionísio. Valores como
trabalho, futuro, estão sendo pouco a pouco substi-
tuídos pelos valores do prazer e do presente.
São muitas as evidências desta mudança de
valores na sociedade mais visível entre os jovens.
Há muitas pesquisas que apontam nessa direção,
dentro da bibliografia que listo ao final. Destaco uma
que não é a mais expressiva mas que tem a vanta-
gem de incluir o Brasil entre os países pesquisados,
realizada pelo Instituto Gallup, em 1979, sobre as
novas aspirações dos jovens em face do trabalho e
da escola. Foi curioso observar que nos países oci-
dentais, de modo geral, incluindo o Brasil, a maioria
dos jovens já não coloca o trabalho como fonte má-
xima de realização existencial. Isto seria impensá-
vel, dez ou quinze anos antes, quando a carreira (e
não o trabalho) e o casamento eram as instâncias
máximas onde os jovens punham seu idela de reali-
zação.
No mesmo ano, pesquisa realizada na França
com trabalhadores de menos de 25 anos mostrou
que 40% da população ouvida discorda da obrigato-
riedade legal do trabalho, com o reconhecimento do
direito individual de trabalhar ou não, podendo su-
plementar neste caso seu sustento com a assistên-
cia social ou com a solidariedade do grupo próximo.
Diante das alternativas trabalhar duro e ter uma boa
situação profissional ou levar a vida como for possí-
vel, 68% deles optaram pela segunda alternativa.
Não quero dizer que estas observações devam
ser colocadas sobre a mesa. Mas imagino mai co-
mo os estrategistas do trabalho podem tratar com
indiferença um dado que, todavia, lhes é tão próxi-
mo e familiar no contidiano. Certamente, os baixos
salários e as más condições de trabalho também
pesam, mas não vejo como alguém negue que, na
origem dos problemas cotidianos de escritórios e
oficinas (absenteísmo, turn-over, rixas), existe so-
bretudo o conflito aludido entre o trabalho necessá-
rio, embora de pouco potencial de realização huma-
na e a efervescência do lazer no mundo exterior.
Minha conclusão aqui é que, a par da luta sem-
pre necessária para a evolução dos métodos e sis-
temas de trabalho, as empresas devem ter cons-
ciência de que, diante da impossibilidade de huma-
nização imediata do trabalho de todos, cabe-lhes a
obrigação de contribuir ao menos para que o tempo
livre já prejudicado pelo esforço despendido no tra-
balho prévio seja ao menos vivido de forma mais
digna e rica.
Este é o conceito/ nem filantrópico nem pater-
nalista mas realista, de preocupação com resulta-
dos, do que eu chamo de responsabilidade social da
empresa moderna em face do lazer dos emprega-
dos.
O dificil caminho
O que tem favorecido e o que tem obstaculiza-
do a expansão dos investimentos das empresas em
benefício do lazer dos empregados?
Há muitos trunfos no ativo. De outra forma, te-
ria sido impossível o caminho já percorrido.
O primeiro trunfo tem sido a própria pressão
dos empregados, com base em exemplos de outras
empresas. A tática às vezes é imaginosa, quase de
guerrilha. Mesmo empresas, cujos administradores
são mais marcados por uma ética puritana de apego
ao trabalho, não têm como resistir ao bolo de ani-
versário para o chefe e, com base no bom clima es-
tabelecido, resistir a pressões para outros eventos
semelhantes.
Em muitas empresas, contudo, a própria inicia-
tiva do poder interno queima essa etapa de "comer
o mingau pelas bordas", estimulando a criação de
associação de funcionários e destinando verbas es-
pecíficas. Afinal, as atividades de lazer já tem o
prestígio de instrumento rápido e barato para se
atenuar conflitos internos, para promover a inte-
ração entre os empregados. Facilidades para o la-
zer já constam hoje do receituário de empresas que
saem do centro das cidades em busca do terreno
mais barato das periferias e do rol de benefícios das
empresas nos editais de recrutamento. Ouvem-se
também com freqüência depoimentos de profissio-
nais de que o lazer contribuiu para a redução da ta-
xa de "turn-over" das empresas, para se promover
um melhor contato com a comunidade circundante.
Embora as circunstâncias favorecedoras jo-
guem com a mesma intensidade dos obstáculos,
prefiro me deter mais nestes.
O primeiro obstáculo é a assimilação desta no-
va preocupação pelas empresas e sua configu-
ração no organograma. Os gerentes de recursos
humanos vivem de tal forma assoberbados no dia a
dia com problemas tão diversos, que é facilmente
explicável e justificável o caráter quase secundário
de suas preocupações com a área. Ademais, as
gerências de recursos humanos ainda têm pouca
história no País. Até a década de 60, as empresas
tinham apenas setor de folha de pagamento. E num
prazo relativamente curto, conseguiram-se definir
políticas de treinamento, de benefícios etc. O lazer
sem dúvida está no caminho. Ademais, as áreas de
recursos humanos queixam-se de serem as depo-
sitárias de todos os "abacaxis" das organizações.
Basta surgir uma atividade cuja especificidade é
dúbia e seu destino é certo: as mesas dos gerentes
de RH.
Problemas não faltam nas suas mesas e, con-
venhamos, o lazer está longe de ser uma atividade
sem problemas. Promove a integração, é verdade,
mas às vezes, produz novos conflitos. E o gerente
de RH se vê confrontado a uma dura realidade co-
nhecida petos profissionais do lazer: a de que o su-
cesso de uma atividade se mede pela inexistência
de embaraços durante a sua realização e de que,
para se evitá-los, deve-se trabalhar como um bene-
ditino, em detalhes de pouca visibilidade e, em con-
seqüência, com baixo potencial de reconhecimento
dos frutos.
Entendo assim porque o gerente de RH de uma
empresa me escuta como a um poeta privilegiado
enquanto a ele sobram as picuinhas do dia a dia das
empresas e entendo, também, porque o ritmo de
afirmação desta preocupação nas empresas é len-
to.
Na assimilação do lazer como área de preocu-
pação das empresas, o seu destino está pois sub-
metido às injunções do dia a dia. O baixo potencial
de problemas futuros acaba sendo a regra de sua
viabilização e as soluções acabam sendo as mais
domésticas: numa empresa, o lazer chega a consti-
tuirle como setor e até dispor de profissionais "full-
time", em outras opta-se pela constituição de
associação de empregados, de clubes ou de asso-
ciação desportiva-classista (ADC), quando não se
apelam para alternativas menos formais.
Embora a constituição de associação ou clube
seja, em si, uma medida saudável, a verdade é que
se introduz com a mesma um novo dado nas re-
lações funcionais.
As associações são vistas pelos sindicatos
como estrutura cooptada pela direção da empresa
com o objetivo de promover ou de desmobilizar a
militância. Afinal, os sindicatos sempre foram
também promotores do lazer e é fácil entender sua
perplexidade e relutância em aceitar o novo estado
de coisas.
Outro obstáculo é a confusão de objetivos en-
tre uma política de lazer e de relações públicas in-
ternas. Os mentores das empresas gostam de
grandes eventos, que ressoam a prestígio e poder.
É natural que as empresas gostem desses eventos
e gastem às vezes forturnas com a sua implemen-
tação. Mas é importante salientar que eles são lógi-
cos apenas dentro de uma política de relações pú-
blicas internas. Política de lazer é muito diferente.
Seus resultados se produzem muito mais no nível
de atividades com pequenos grupos dentro da mul-
tiplicidade de interesses grupais numa mesma em-
presa. Considero mais coerente, por motivos a se-
rem expostos mais adiante, a realização de peque-
nas atividades, em grande número, com pequenos
públicos, o que, eventualmente, podem até constar
de um grande evento dentro da política de RRPP.
O futuro do lazer na empresa
Para onde vão os sonhos da menina que, por
sua bela voz, pensou um dia que poderia transfor-
mar-se numa artista e hoje datilografa textos às ve-
zes incompreensíveis? Ou do rapaz, que queria ser
jogador de futebol, mas tudo o que a vida lhe permi-
tiu foi um curso do SENAI e o emprego numa linha
de montagem industrial?
Esses sonhos e os sonhos de quase todos nós
conspiram contra o trabalho. E o lazer, que deveria
ter uma função de realização complementar, passa
a ter uma função de felicidade em oposição à aspe-
reza do trabalho.
Promover o lazer nas empresas é, assim, uma
forma de resgatar sonhos e com eles, de identida-
des perdidas em nome da necessidade de sobre-
vivência. Criar eventos onde a secretária possa
cantar e onde o operário possa mostrar seus dotes
futebolísticos é abrir um espaço para que eles pos-
sam exibir a riqueza de suas personalidades confi-
nadas, no dia a dia, ao exercício de um único papel
e nem sempre aquele que lhes permite o melhor de-
sempenho.
Se o problema é inevitável, já que, como vimos,
está longe ainda o dia em que a sociedade poderá
sobreviver remunerando todos os candidatos a can-
tores e jogadores de futebol, é por outro lado o caso
de se alertar para que alguma coisa seja feita desde
agora.
Não quero entrar em sugestões práticas de o
que fazer. As receitas seduzem mas simplificam
demais uma situação que é bastante complicada. O
que eu vou dizer, contudo, nada tem de abstrato.
Meu ponto de vista é de que uma política de la-
zer deve proporcionar, antes de mais nada, uma
queda paulatina das barreiras entre a cultura profis-
sional das empresas e a cultura vivida pelo mundo
exterior. Ou seja, já que é inevitável que o trabalho
ficará com o filé do tempo existencial, que ao menos
as empresas criem condições mais favoráveis para
que o tempo livre restante seja vivido de forma mais
condigna.
Padronização, uniformização são valores es-
senciais ao trabalho. Sem eles, não há produção
nem produtividade. No lazer, é o inverso, como,
aliás na vida cotidiana. Diversificação de interesses,
oferta variada de atividades, multiplicidade de gru-
pos, estes são os valores da programação de lazer.
Esta pauta de valores poderá sugerir, para al-
guns, um custo fantástico de investimento. Isto po-
de até acontecer, se a empresa o quiser, mas uma
das propriedades das atividades de lazer é que, se
de um lado as pessoas somente participam se e
quando quiserem, por outro lado estão dispostas até
a arcar com parte dos custos se as atividades cor-
responderem a suas expectativas mais fortes.
A organização de um coral em empresas pode
ter como único custo inicial o pagamento de quatro
horas semanais de um maestro, o que não é onero-
so nem mesmo se esse profissional for remunerado
pela tabela dos consultores de RH (infelizmente não
é o caso). Criar um conjunto ou uma orquestra de
naipes variados pode representar a compra de ape-
nas um ou alguns instrumentos, além das horas do
maestro.
Um torneio esportivo pode ter custos de arbi-
tragem profissinal, se os participantes assim o de-
sejarem, rateados entre as equipes. Qualquer desti-
nação de verbas deve ser parcimoniosa, não seja
porque todos os gastos devem sê-lo numa empre-
sa, mas porque no lazer todo paternalismo é pouco
educativo e pouco rentável. Porque pouco educati-
vo? Porque numa atividade cuja participação se
quer voluntária e motivada pelo prazer individual
supõe-se que o indivíduo esteja apto ou disposto a
investir nela o mínimo que suas possibilidades per-
mitam. Por que pouco rentável? Um investimento
pouco criterioso e generoso demais cria barreiras à
prática, sugerindo interesses obscuros por parte da
empresa.
E qual o estatuto interno ideal para a promoção
do lazer na empresa? Como estamos esboçando
um estudo de tendências a médio prazo, podemos
estabelecer o seguinte raciocínio. Na sociedade de
serviços do terceiro milênio, com a informatização
das tarefas mais simples e repetitivas, a atividade
humana dentro da empresa passa a necessitar de
uma sofisticação maior nas áreas que envolvem
contato, conhecimento de necessidades e aspi-
rações e ações decorrentes. Certamente, um dos
serviços que serão privilegiados será o tempo livre
extra-trabalho dos empregados. Acredito que as
evidências nessa direção aqui apontadas são sufi-
cientes.
Alguém poderá duvidar que as empresas, em
algum momento do seu futuro, consideram efetiva-
mente a hipótese de investir seriamente no lazer
dos empregados.
A dúvida é pertinente. Empresários não jogam
dinheiro fora. Mas, há vinte anos, dizia-se o mesmo
sobre treinamentos: que era um modernismo tolo,
de empresa que tinha dinheiro para desperdiçar,
que a obrigação da formação de mão-de-obra era
do Estado. Hoje vemos que as grandes empresas
dispõem de um roi de cursos e outras formas de
treinamento capazes de fazer inveja em volume e
qualidade a qualquer universidade livre conhecida.
E não consta que os administradores dessas em-
presas estejam desperdiçando recursos. Se o fa-
zem, sabem muito bem, é porque não há outra al-
ternativa. Se não o fizerem, a concorrência engole,
a produção cai, a produtividade desaba.
Acho que não é utópico imaginar o dia em que
o conceito de desenvolvimento de recursos huma-
nos terá se alargado bem além de tudo o que já
conseguiu até hoje: de mera executora de paga-
mento de contra-cheques, o DRH pouco a pouco
incorporou a política de cargos e salários, treina-
mentos, benefícios (já aqui extrapolando a barreira
da porta da fábrica, envolvendo também os familia-
res dos empregados)e às vezes relações com sin-
dicatos. Certamente um dos próximos passos, será,
também, a incorporação desta nova preocupação, a
da qualidade do tempo livre do trabalhador.
Luiz Octávio de Lima Camargo, jornalista, sociólo-
go, doutor em Ciências da Educação na Universida-
de Sorbonne - Paris V e consultor em turismo e la-
zer.
REFERÊNCIAS
BÁSICAS DO TEXTO
DUMAZEDIER, Joffre - Revolution culturelle du
temps libre, Paris, Meridiens Klincksieck,
1988.
FRIEDMAN, Georges - O trabalho em migalhas,
São Paulo, Perspectiva, 1972.
GROSSiN, Willian - Des résignés aux gagnants,
Paris, Puf, 1983.
BRAUNGARD, Richard and Margareth - Youth
problems in the 1980's, Internatbnal Socio-
logy, dez./86, Londres.
GALAMBAUD, Bernard - Les jeunes travailleurs
d'aujourd'hui, Paris, Privât, 1977. Jacques
DELORS - La révolution du temps choisi,
Paris, Albin Michel, 1980. CAMARGO, Luiz
Octávio - O que é lazer - São
Paulo, Brasiliense, 1986.
Saúde e Atividade Física na Empresa
Paulo Pegado
I - INTRODUÇÃO
A prática de exercícios físicos, no âmbito da
empresa por seus empregados, é uma questão, em
princípio, relacionada à promoção de saúde, esta
entendida não apenas como ausência da doença,
mas como estado completo de bem-estar físico,
mental e social.
Numa perspectiva geral do quadro da saúde,
houve uma inversão na mortalidade nos últimos
cem anos, passando o predomínio de doenças in-
fecto-contagiosas para as doenças cárdio-vascula-
res. O homem neste intervalo, nos países hoje
avançados, tornou-se urbano, mais competitivo e
mais sedentário, explicando as razões da atual mor-
talidade, centrados em fatores estressantes.
Este é o caso típico do Brasil, embora não te-
nha ocorrido o mesmo avanço social dos chamados
países desenvolvidos, o que se constata tanto em
dados globais relacionados à população do País,
como a grupos menores, especialmente empresas.
Este é o caso, inclusive, de empreendimentos pri-
vados e estatais que desenvolvem programas de
atendimento médico preventivo por exames periódi-
cos e que não conseguiram mudar o quadro de mor-
talidade por doenças cardiovasculares. Um exem-
plo característico é o da Fundação de Seguridade
da Petrobras - PETROS, o qual se pode apreciar
pelo quadro 1
Este levantamento mostra que, entre os anos
de 1970-1985, as doenças cardiovasculares foram
a principal causa de morte na empresa citada, com
índices de 34,67%, maiores que a média do Brasil
que, naquele período, era de 26,8%.
Como se entende que uma empresa destacada
como modelar pela FUNDACENTRO - que promo-
ve cursos de medicina ocupaconal - e possui um
serviço médico do melhor padrão, ao final de um
acompanhamento de 15 anos não tenha obtido mu-
dança no quadro de mortalidade? A primeira hipóte-
Quadro 1: Mortalidade Proporcional por grupos de Idade e Causas de Morte
SISTEMA PETROBRAS - 1970/1985
Mortalidade Proporcional
Grupos de Idade
Causas de Morte total
<20 20-49 >50
Doenças Infecciosas e
Parasitárias
2,17 7,69 1,72 2,90
Tumores 13,43
-
11.90 16.32
Doenças do Aparelho
Circulatório
34,67 7.69 26.18 49,95
Doenças do Aparelho
Respiratório
4,22
-
3,13 6.21
Acidentes 32.40 84.62 44,91 9.71
Demais Causas 13,11
-
11.50 14.91
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
se é a de que o sistema adotado não conseguiu in-
terferir na prevenção de doenças cardiovasculares,
segundo nossa experiência no trato do probfema.
Isto ocorre principalmente porque a prevenção
opera somente durante o exame periódico. Além
desse diagnóstico precoce, não há interferência nos
fatores de risco, impedindo uma evolução positiva
no quadro inicial coronariano.
O que se verifica geralmente nas empresas é a
prática de "check-up", sem a adoção de programas
capazes de mudar o estilo de vida dessas pessoas.
Ora, na medida em que isto acontece, não há mu-
dança no quadro de risco do funcionário.
Como conseqüência, ele poderá enfartar ou vir
a sofrer de doença cardiovascular.
Não porque o atendimento é deficiente: por
mais convincente que seja o médico, com uma hora
de entrevista é difícil admitir que alguém vá mudar
os seus hábitos de vida.
Na época em que trabalhávamos na Fundação
das Pioneiras Sociais em 1977, este problema veio
muito claramente à tona quando avaliou-se o resul-
tado dos "check-ups". Quando indagamos quantas
pessoas tínhamos efetivamente mudado os hábitos
de vida, comparando o "check-up" atual com o an-
terior, verificamos que o número de indivíduos que
atingiram o nível de prevenção de doenças corona-
rianas tinha sido insignificante.
Por ocasião de nossa visita aos Estados Uni-
dos, no início dos anos 80, encontramos em fase
inicial um programa chamado "Fitness". Era um
apelo à aptidão física incentivado pelo Governo, e a
argumentação para o seu desenvolvimento apoia-
va-se em provas documentadas, em estudos de
pesquisa, tais como os de Brinner em Israel, em
que que se acompanhava a mortalidade de traba-
lhadores. Neste caso, era comprovado que a morta-
lidade daqueles que trabalhavam no campo era me-
nor que a mortalidade dos que se dedicavam às ati-
vidades burocráticas.
Um outro famoso estudo realizado em Londres
comparava a mortalidade entre os funcionários do
correio que trabalhavam na rua - os carteiros - e
os funcionários burocratas. Novamente, constata-
va-se que a mortalidade por doenças cardiovascu
lares era menor no grupo de funcionários com ativi-
dade física.
Através dessas pesquisas, os dirigentes ame-
ricanos do "Fitness" sugeriam que as pessoas fisi-
camente mais ativas passavam naturalmente a
conviver com hábitos mais saudáveis e tendiam in-
diretamente a controlar os chamados fatores de ris-
co para as doenças coronarias.
Il-FATORES DE RISCO
Para entender melhor a questão, vale mostrar
como um indivíduo chega a sofrer de doença co-
ronària, como é a sua evolução. A doença é de ori-
gem multifatorial, em que são conhecidos os fatores
de risco: excesso de colesterol, excesso de trigli-
cerídbs, diabetes, excesso de peso, hábito de fu-
mar, estresse emocional, a hipertensão arterial e
antecedentes familiares, ou seja, a carga genética
que está mais relacionada com os fatores de risco
do que propriamente com os gens determinantes de
doença coronariana.
O risco que um indivíduo tem de adquirir esta
doença, no futuro, depende do número de fatores
que ele está exposto ao longo da sua vida. O que
esses fatores fazem é promover o processo da ar-
tériosclérose mais precocemente.
A artériosclérose é uma doença evolutiva que
se caracteriza pela deposição de gordura no interior
das artérias, deposição em forma de placas que vão
obstruindo progressivamente as artérias. Os fatores
aceleram o processo de deposição de gordura de-
senvolvendo a artériosclérose. Quando o processo
acomete as artérias que irrigam o coração, configu-
ra-se a doença coronariana.
No Brasil, é comum a verificação do desco-
nhecimento por parte da população quanto à gravi-
dade dos fatores de risco. Como exemplo, citamos
um estudo desenvolvido na Fundação das Pioneiras
Sociais em 1976, em que unidades volantes nas
praças públicas mediam a pressão arterial das pes-
soas (passantes). Naquela experiência, foram iden-
tificados 1890 hipertensos, dos quais 1291 não sa-
biam ser portadores de hipertensão arterial, 284 hi-
pertensos que sabiam ser portadores, mas não es-
tavam tratando; 149 hipertensos que sabiam e esta-
vam se tratando, sem conseguir controlar a pressão
a níveis adequados; 166 que sabiam e tratavam e
estavam com a pressão normal. Se somarmos os
que não sabiam, os que sabiam e não tratavam, os
que sabiam mas não tratavam adequadamente,
chegaremos a 91% desse grupo à mercê da evo-
lução natural.
Segundo um estudo do Instituto do Coração de
Washington, 50% dos casos de morte súbita, 70%
dos casos de doença coronariana - sutura do aneu-
risma cerebral e insuficiencia cardíaca - e 90% dos
casos de insuficiência renal e acidente vascular ce-
rebral está presente a hipertensão arterial.
Aqui no Brasil, temos desenvolvido estudos
junto a empresários, participando de um programa
chamado Saúde do Executivo. Neste programa, os
participantes nos dão informações através de um
inquérito epidemológico acerca de seus hábitos.
Identificamos nesta investigação os seguintes fato-
res de risco numa população de faixa etária média
de 42 anos, com uma amostragem em torno de
2.000 sujeitos:
Fatores de Risco em Percentuais
Fatores de Risco Porcentagem
- antecedentes familiares 65%
- hábito de fumar 42%
- hipertensão arterial 22%
- dieta inadequada, rica em gordura -
este índice tem variado muito de re-
gião para região / 41-74%
- vida sedentária ,' 80-88%
- consumo habitual de bebida alcóoli-
ca, equivalente a mais de uma dose
por dia, guardando as proporções
entre destilados e fermentados 23-25%
- estresse emocional importante, de-
pendendo do nivel, sendo maior a ní-
vel gerencial 50-65%
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Além deste quadro particular, devemos ter em
conta o prejuízo causado pelo estresse emocional,
que atinge mais da metade da população. Os índi-
ces no quadro seguinte comprovam que a dimi-
nuição da eficiência no trabalho está relacionada ao
nivel de estresse que o indivíduo se encontra. Isto
tem também ocasionado um maior número de aci-
dentes de trabalho, principalmente em condições
operacionais, intensas.
Voltando aos clássicos exemplos dos Estados
Unidos, por volta de 1960, reconhecia-se uma esta-
bilização da mortalidade por doença cardiovascu-
lar. Contudo, a partir de 1970 houve uma reversão
naquela tendência; nos dados de 1988, a redução
era mais de 25%. (Ver gráfico do QUADRO 2)
ESTRESSE EMOCIONAL
Referência
- diminuição da eficiência no trabalho
- dificuldade de se concentrar
- dificuldade de lembrar de fatos relacionados ao trabalho
- dificuldade de tomar decisão
- fugir da responsabilidade
- desejar com certa freqüência trocar de emprego ou turno
Não-Estressados Estressados
7
,
7
%
49
%
3,8% 56,5%
12% 38%
1,5% 25,9%
4,6% 21,3%
7,7% 39,8%
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Diante dessa notável reversão, é significativo
comparar a avaliação americana com a brasileira e,
para isso, justapomos o quadro de evolução da
mortalidade nos Estados Unidos com o da capital
de São Paulo. A grosso modo, observamos que,
enquanto nos EE.UU., entre 1970 e 1977, já se re-
gistrava uma redução de 19,7%, em São Paulo a
mortalidade no perfodo de 70-77 havia crescido
mais de 36%. (Verifique quadro 3)
Quadro 3: Mortes Por Doenças Cardiovasculares
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Ainda em linhas gerais, tem sido geralmente
aceito que houve uma mudança no comportamento
da população americana quanto aos hábitos de vi-
da, possível resultado de campanhas recentes com
a do "Fitness" antes considerada. Para confirmar
tais inferências, consulte-se o quadro 4. Embora no
Brasil tenham surgido iniciativas de divulgação e
mobilização para a prática de exercícios físicos, não
há comprovação de sua eficácia, como se admite
pelo caso particular de São Paulo.
Quadro 4: Resultado das Campanhas Educativas
1 - Diminuição do consumo de sal
2 - Diminuição do consumo de gorduras satu-
radas
3 - Diminuição do consumo de ovos
4 - Diminuição do consumo de bebidas alcoó-
licas
5 - Maior consumo dos refrigerantes dietéticos
6 - Aumento no consumo de verduras
7 - Aumento no consumo de legumes
8 - Aumento do consumo de frutas
9 - Aumento do consumo de carnes magras
10 - Diminuição do consumo de cigarros
11 - Aumento do números de adeptos à prática
regular de EXERCÍCIOS
12 - Proliferação de programas de controle do
stress
13 - maior controle da hipertensão arterial
1968 - 24% da população americana praticava
exercícios 100.000 pessoas praticando
o "jogging". 1980 - 52% da população
americana praticava
exercícios 27.000.000 de praticantes do
"jogging". 1986 - 61% da população
praticando exercícios
Redução de Mortalidade por doenças
cardiovasculares em 25%
aumento na expectativa de vida - 2
anos.
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Ill - ATIVIDADE FISICA X CAPACIDADE
AERÒBICA
A prática de exercícios físicos abrange diver-
sas qualidades físicas (força, velocidade, flexibilida-
de, etc) mas a causa principal relacionada ao su-
cesso da reversão americana incide sobre a re-
sistência, ou melhor, ao aumento da capacidade
aeròbica, como indica o quadro 4.
O que é então a capacidade aeròbica? A capa-
cidade aeròbica nada mais é que a capacidade do
organismo ou fazedr chegar o oxigênio da atmosfe-
ra ao interior das células. Para se analisar a im-
portância da capacidade aeròbica, é preciso que se
saiba que a partir de uma determinada idade, por
volta dos 30-35 anos, inicia-se uma queda significa-
tiva dessa capacidade nas pessoas. É exatamente
por essa razão que a partir de certa idade há uma
tendência ao aumento de peso, pois a gordura que
deveria ser queimada como combustível fica arma-
zenada. A medida que diminui a capacidade aeròbi-
ca, aumenta a probalidade de se armazenar gordu-
ra. Assim, a gordura tende a ficar em maior quanti-
dade circulando no sangue e se criam condições
para o desenvolvimento precoce da artériosclérose.
O desempenho humano sofre com a redução
da capacidade aeròbica. Se diminui a capacidade
de oferecer comburente, diminui a capacidade de
produzir energia, consequentemente diminui a ca-
pacidade de produzir trabalho. Nesta simples re-
lação, reside o ponto de partida para o entendimento
de como a atividade física é capaz de interferir na
produtividade do indivíduo.
Nesse contexto, importa considerar os resulta-
dos de uma pesquisa do Centro Aerobico do Brasil,
em que se correlacionam os níveis de determinados
fatores de risco e o nível da capacidade aeròbica.
(Ver quadro 5)
Quadro 5: Capacidade Aeròbica X % d
CATEGORIAS (média - 19,8%)
I % de gordura/no. casos
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Nesse quadro, observamos o valor da capaci-
dade aeròbica versus o percentual de gordura. Nas
classes muito baixa (MBX), baixa (BXO), regula
(REG), boa (BOA), excelente (EXL) e superior
(SUP). Observa-se que a média de percentual de
gordura nas pessoas de classe muito baixa é 23%
contra 15% das pessoas de capacidade superior.
Esta diferença é estatisticamente significativa, sen-
do nítida a relação inversa entre capacidade aeròbi-
ca e percentual de gordura.
Nota-se a mesma correlação entre nível de ca-
pacidade aeròbica e nível de triglicerídeos no san-
gue. Os triglicerídeos são gorduras que se acumu-
lam no sangue em decorrência de uma alimentação
rica em carboidratos simples, como massas, pão
doce, refrigerantes e bebidas alcoólicas. Ver quadro
6.
Quadro 6: Capacidade Aeróbica x Triglicerídios
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
Percebe-se no quadro que a média dos triglicerí-
deos entre as pessoas de classe muito baixa (MBX)
é de 162 mg contra 70 mg entre as pessoas de ca-
pacidade superior (SUP). Novamente, é notávei a
diferença entre o nivel de triglicerídeos entre as di-
versas classes de capacidade aeróbica.
Em relação ao risco coronário mostrado no
quadro a seguir, onde a diferença entre o nível de
colesterol HDL - colesterol protetor - a constatação
é inversa ou seja, quanto mais HDL protetor, maior
é a capacidade aeròbica. Nos quadros anteriores
havia uma diminuição da média. Agora, surge um
aumento tendo 45 mg da média entre as pessoas de
capacidade muito baixa (MBX), contra 62mg entre
as pessoas de capacidade superior iSUP). (Ver
quadro 7).
Quadro 7: Capacidade Aeròbica x HDL-Colesterol
66 -
Mg
64 -
già, maior rapidez de raciocínio, melhor memória,
melhor equilíbrio emocional e melhor humor. Estes,
associados aos benefícios físicos, resultam em au-
toconfiança, em sentimento de auto-estima e sen-
sação de bem-estar. São esses fatores que se li-
gam diretamente à qualidade de vida das pessoas
e, indiretamente, à produtividade no trabalho.
IV - PROGRAMA DE APTIDÃO FÍSICA DE
SAÚDE NA EMPRESA
A experiência do Centro Aerobico do Brasil
com executivos, gerentes e funcionários tem se ba-
seado em um exame epidemológico para detectar
possíveis fatores de risco. Em seguida realizam-se
palestras de onentação e, 'inalmente, propõe-se um
programa de aptidão física. (Ver quadro 8).
Mesmo sendo relevante o impacto do aumento
da capacidade aeròbica, não são desprezíveis as
demais qualidades físicas desenvolvidas por
exercícios. E o que acontece com a saúde osteo-
mioarticular, ao se levar em conta que os ossos têm
o processo de ossificação mineralizante, dependen-
te da compressão e da tração desses ossos. A vida
sedentária tende a favorecer o aparecimento preco-
ce da osteoporose. A atividade física inverte essa
tendência, já que o movimento das articulações é vi-
tal para a manutenção da saúde. Exercícios ade-
quados reduzem o risco de dores nas costas, que
são a principal causa de afastamenio do trabalho.
Na maioria dos países, o que, em última análise re-
laciona-se com a produtividade e o bem-estar indi-
vidual.
Em resumo, sugerimos uma composição de
atividades físicas variadas com aumento da capaci-
dade aeròbica, já que estamos falando em benefí-
cios que atingem ao todo do organismo.
Um cérebro mais bem oxigenado, proce ssando
melhor quantidade de oxigênio, produz mais ener-
Os Programas desde 1974, têm se desenvol-
vido dentro de critérios idênticos aos de trabalho de
pesquisa. Criamos uma estrutura formal para poder
controlar os resultados obtidos na parte inicial do
programa, consistindo em testes para avaliar quali-
dades físicas - capacidade aeròbica, flexibilidade,
resistência muscular localizada - e em exames de
sangue para dosar os níveis de gordura.
A partir dos testes, é elaborada a palestra de
orientação. O objetivo da palestra é mostrar às pes-
soas de que maneira deve ser utilizado o resultado
do teste ergométrico para individualizar o seu pro-
grama. A característica marcante da orientação é
que respeitamos a individualidade, ou seja, cada um
executa os exercícios físicos dentro do seu ritmo,
de acordo com a sua capacidade previamente tes-
tada na bateria de testes físicos.
Os sujeitos participam do programa com fichas
para anotar a freqüência cardíaca, a pressão alle-
nai, o quanto cada sujeito fez de atividade aeròbica
e não-aeróbica e, 6 meses depois, o mesmo grupo
submete-se novamente à avaliação.
O programa contêm 4 fases. Na fase inicial in-
QUADRO 8: Modelo de Programa de Aptidão Física
MODELO DE SESSÃO DE TREINAMENTO • PROGRAMA DE MANUTENÇÃO (3 A 6 VEZES/SEMANA)
Fonte: Centro Aerobico do Brasil
cluem-se exercícios de alongamento, em seguida
atividades aeróbicas, como caminhar, correr, trotar,
pedalar, nadar e dançar. Durante essa fase, um es-
pecialista mede a freqüência cardíaca, para que os
participantes executem a atividade, cada um dentro
do seu ritmo. Depois da fase aeròbica, segue-se a
fase de exercícios localizados, onde se trabalham
os grandes grupos musculares e, por último, as ati-
vidades de relaxamento e percepção corporal, com
um trabalho de reeducação postural do indivíduo. O
programa acontece 5 vezes por semana e a fre-
qüência mínima para se obter os benefícios é de 3
vezes por semana.
As sessões são ministradas por professores
especializados, tendo acesso todos os funcionaros,
gerentes e executivos. Existem programas extra-
classe, como caminhadas aos domingos por trilhas
e montanhas.
V - ESTUDO DE CASOS
Apresentamos, a seguir, três estudos resumi-
dos; um desenvolvido nos Estados Unidos e os ou-
tros dois no Brasil. As evidências dessa investi-
gação demonstram a viabilidade de programas de
aptidão física, tanto para o indivíduo em sua vida
particular, como para a empresa que investe num
programa desse tipo.
Caso 1 :
O resultado do estudo a seguir foi realizado no
Banco do Brasil em 1982, quando trabalhamos com
uma população de 500 pessoas e separamos uma
amostra de 168 bancários, com faixa etária com-
preendida entre 35-45 anos. (Ver Quadro 9)
Este é o quadro comparativo com os resulta-
dos dos testes antes do início do programa e 6 me-
ses após. Encontramos no grupo 4% das pessoas
com excesso de colesterol (COL) no sangue, no
exame inicial; 6 meses depois tinha reduzido para
1%. A hipertensão arterial (HA), verificada em
17%, dos indivíduos, 6 meses depois tinha sido re-
duzida para 5%. O nível de triglicerídeos elevado
(TGL) no sangue, 25% tinha hipertrigliceridemia no
1
9
exame, só 3% no segundo exame. A hipertensão
arterial reativa (HAR), ou seja, a pressão normal em
repouso, mas que no esforço manifesta como se
fosse hipertenso, foi constatada em 26% das pes-
soas no 1
9
exame e 8% no segundo exame. O es-
tresse emocional (STR), em 30% do grupo no 1
9
exame e só 6% no 2
9
exame. O hábito de fumar
(FUM), presente em 31% das pessoas, no 1
9
exa-
me, baixando para 12% no 2- exame. No grupo,
88% dos indivíduos tinham mais de 20% de percen-
tual de gordura (GD) antes de iniciar o programa; 6
meses após, só 18% continuava com mais de 20%
de Dercentual de gordura.
Caso 2;
O presente estudo foi realizado na Universida-
de de Harvard, nos Estados Unidos, e mostra o
quanto a atividade física é capaz de interferir na
Fonte; Centro Aerobico do Brasil
mortalidade relacionada à hipertensão arterial. Ve-
jamos o estereograma abaixo (Quadro n
9
10).
Na extremidade esquerda, temos os sujeitos
sedentários com um gasto de menos de 500 calo-
rias por semana, sujeitos que mantinham atividade
física mediana, entre 500 e 1999 calorias por sema-
na e indivíduos que mantinham atividade física regu-
larmente, consumindo mais de 2.000 calorias por
semana.
Na outra extremidade, temos sujeitos com
pressão abaixo da média (hipotensos), pressão ar-
terial dentro da média (normotensos), e pressão
acima da média (hipertensos).
O número de sujeitos de maior mortalidade no
período de 16 anos foi o do grupo de hipertensos
sedentários. O grupo de menor mortalidade, no ca-
so 50, foi o grupo de ativos fisicamente com a
pressão abaixo da média.
Destaca-se ainda, na ilustração, que o número
de mortes foi igual entre os sujeitos com pressão
abaixo do normal e sedentários (79) e os portadores
de hipertensão arterial, ativos fisicamente (79). Isso
mostra que a atividade física teria anulado o poten-
cial de risco da hipertensão arterial quando analisa-
da isoladamente.
Caso 3:
Este estudo foi desenvolvido no Banco Itaú,
onde observamos que 88,2% desses funcionários
eram sedentários (Ver Quadro 12). Procurando fa-
zer um quadro comparativo entre os sedentários e
os ativos, constatamos que entre os sedentários
64,1% tinha algum tipo de queixa (Quadro 11), en-
quanto no grupo ativo, 60% GO pessoal não tinha
qualquer queixa (Quadro 12). A diferença é signifi-
cativa, pois que há uma influência de ordem pessoal
e outra com relação às atitudes no trabalho.
Analisados os tipos de queixas verificou-se
Quadro 11: Perfil das Queixas
130
Fonte: Centro Aerobico do Brasi!
que a principal, com 25,3% do grupo, era cansaço
fácil (Quadro 11). A segunda queixa era dor na co-
luna, com 18,8%, e a terceira era dor de cabeça,
com 13,5% (Quadro 11), todas sugerindo de-
pendência do nível de aptidão física do indivíduo.
Comparando os sedentários com os transfor-
mados em ativos, tivemos os seguintes resultados.
(Quadro 12): excesso de peso aconteceu em 24,7%
dos sedentários e 5% nos ativos fisicamen te; hábito
de fumar, 43,3% entre os sedentários e 15% entre
Quadro 12: Relação Sedentários/Ativos
os praticantes do exercício físico. O estresse, de
51,3% nos sedentários para 35% nos ativos. O ris-
co coronariano médio, medido através do inquérito
epidemológico, observado nos ativos foi de 8%, nos
sedentários, de 12%, mostrando claramente a re-
lação entre atividade física e a saúde cardiovascu-
lar no quadro selecionado.
Tal quadro tornou inquestionável a necessida-
de de aplicação de um programa de exercícios físi-
cos e de respectivo acompanhamento médico na
empresa em observação.
VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, a promoção de saúde na em-
presa não se limita apenas ao atendimento médico,
se o enfoque estritamente científico. As consta-
tações aqui apresentadas são as de mais simples
expressão, porém suficientes para definir o sentido
preventivo como mudança no estilo de vida, quer
nas relações sociais, como nas relações de traba-
lho. Esta prevenção, fundamentada por dados do
exterior ou nacionais, é obtida por meio de progra-
mas de exercícios físicos combinados com acom-
panhamento médico.
Respaldando essas assertivas, há cerca de 10
mil acompanhamentos realizados por nós desde
1974, representando 60 mil testes, o que nos valeu
o aval do Dr. Keneth Cooper, emérito especialista
da prevenção de saúde pelo exercício na sociedade
e na empresa.
Neste último âmbito, não consideramos impor-
tante ir além das evidências antes descritas, dado
que cada caso é único em suas características. Por
isso, o Centro Aerobico do Brasil tem desenvolvido
soluções específicas para sua clientela de empre-
sas apoiando-se num sistema computadorizado que
permite adaptações nas rotinas de testes e exercí-
cios para qualquer tamanho do grupo a ser atendi-
do.
Como justificativa, nos orientamos pelo retorno
estimado nos EE.UU. para a operação de atendi-
mento similar, que multiplica por nove o investimen-
to inicial. Trata-se, enfim, de um bom negócio para
ambas as partes: para a empresa e para o empre-
gado e sua família.
IBM BRASIL
Primeiro Programa de Condicionamento
Físico de 1989 - RJ
DOUGLAS A. BAUK (GER. DEPT. SAÚDE OCUPACIONAL)
LENINE MADEIRA DE SOUZA
JACQUES ARDITE
O Programa de Condicionamento Físico foi ini-
ciado em 14 de março de 1989 e teve uma duração
aproximada de 4 meses. Foram obedecidos alguns
critérios de seleção de funcionários. Estimou-se,
inicialmente, um universo de 50 participantes, dos
quais 25 eram indivíduos com um Risco Cardiovas-
cular acima de 32 pontos (Programa Interno do
DSO) e os outros 25 escolhidos através de um
sorteio interno, após ampla divulgação no EMDIA e
no Mural. O início do Programa consistiu de uma
avaliação clínica-laboratorial e um teste ergométrico.
Na realidade, iniciamos com 51 participantes, dos
quais 7 eram do sexo feminino e 44 do sexo mascu-
lino. Dos 25 participantes com risco cardiovascular
aumentado (acima de 32 pontos) foram seleciona-
dos 12, dos quais 06 eram hipertensos, 11 eram
obesos, 01 com passado de infarto agudo do mio-
càrdio ocorrido nos últimos 02 anos, 05 apresenta-
vam hiperuricemia e todos os 12 tinham dislipide-
mia. Esse grupo, além do acompanhamento médico
mensal, recebeu orientação dietética individual ade-
quada.
Após a avaliação inicial, tivemos 02 casos do
sexo masculino com exame ergométrico indicando
sinais sugestivos de isquemia miocàrdica, como,
naturalmente, esse fato obrigava a uma avaliação
mais acurada para que fossem liberados a prática
de exercícios, foi proposto um estudo com Tálio 201
pela própria facilidade e segurança oferecida pelo
exame. Trata-se de um método não invasivo usado
em Cardiologia com boa sensibilidade e especifici-
dade. Após e realização dos mesmos, pudemos
observar que tratavam-se de resultados falsos po-
sitivos.
Observamos no decorrer do programa o alto
grau de sedentarismo dessa população (80%) e
testificamos que a grande maioria não havia sequer,
numa determinada fase da vida, praticado nenhum
esporte voltado para a melhoria de sua aptidão físi-
ca.
Chegamos ao final do programa com 26 funcio-
nários. Esse absenteísmo encontrado nesses pro-
gramas aplicados à empresa é elevado. A própria
Literatura fala de até 40%. As causas disso, a nos-
so ver, estão ligadas a problemas de ordem cultural
principalmente. Outras causas se devem, natural-
mente, a mudanças de comportamento provocadas
pelo próprio programa. Alguns dados de natureza
objetiva e subjetiva puderam ser observados: me-
lhoria do sono, diminuição do stress, desapareci-
mento de queixas álgicas no aparelho ósteo-articu-
lar, mudança de padrões alimentares etc.
A relação entre esse tipo de programa, a me-
lhoria do absenteísmo ao trabalho, a melhoria da
qualidade de vida, o bem-estar físico e mental etc,
não pode, no nosso caso especial, ser aterida cien-
tificamente.
Quanto aos objetivos alcançados pelo progra-
ma no que tange a diminuição dos chamados fato-
res de risco cardiovascular, os gráficos abaixo
mostram uma diminuição nos valores médios das
dosagens de ácido úrico, um aumento na fração
HDL do colesterol e uma diminuição dos triglicerí-
deos. Os aumentos médios do colesterol e das ou-
tras frações se deveram a possíveis falhas no cum-
primento da dieta. O peso médio da população so-
freu uma pequena queda. A performance cardio-
vascular média teve melhoria significativa, com o
aumento do V02 no Teste de Cooper e no Teste Er-
gométrico Final, diminuição da Pressão Arterial Má-
xima, diminuição significativa no Pulso de Repouso
e de Esforço e uma discreta elevação na Pressão
Arterial Mínima, por conta talvez de alguns previa-
mente hipertensos(11).
Não é possível tirar grandes conclusões em
cima dos dados obtidos, em razão do pequeno uni-
verso de participantes(51) e do pequeno número de
pessoas que chegou ao fim do programa (26). O
grande mérito da equipe multidisciplinar foi permitir a
todos os participantes a possibilidade de aferir a sua
condição prévia de saúde; mostrar os fatores de
risco para doença cardiovascular; iniciar um pro-
grama de condicionamento físico individualizado,
dando a oportunidade a todos de continuá-lo por sua
própria conta; favorecer o maior entrosamento entre
as pessoas, independente do cargo ou função
exercidos, etc.
DEPARTAMENTO DE SAÚDE OCUPACIONAL
AVALIAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR
550U+ = RISCO EXTREMO. RECOMENDA VEL TRATAMENTO MÉDICO URGENTE.
PRECAUÇÕES E/OU LIMITAÇÕES:.
AVALIAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR
STRESS
O quadro abaixo compõe -se de um par de caracteristicas de comportamento contrastantes, separadas por sete espaços numerados.
Cada um de nós cabe em algum dos espaços entre os dois extremos. Assinale o espaço que você julgar mais representativo de seu
modo de ser,j
Não se incomoda de deixar coisas temporíria-mente
inacabadas.
Calmo e sem pressa por causa de compremissos.
Não-competitivo.
Ouve bem; deixa os outros acabarem de falar.
Nunca tem pressa, mesmo quando pressionado.
Capaz de esperar calmamente. Pachorrento.
Pega uma coisa de cada vez.
Lento e ponderado ao falar.
Preocupado em satisfazer a si mesmo, não aos
outros.
Faz as coisas devagar.
Paciente, fleumático.
Expressa sentimentos abertamente.
Tem grande número de interesses.
Satisfeito com o emprego:
Nunca se fixa prazos.
Senso limitado de responsabilidade.
Nunca avalia as coisas numericamente.
Displicente no trabalho.
Não muito meticuloso.-
Tem que acabar as coisas depois que começa.
Nunca se atrasa para compromissos.
Altamente competitivo.
Antecipa os outros na conversa (acena, interrompe,
acaba as frases pelos outros).
Sempre com pressa.
Inquieto qusndo espera.
Sempre "a toda velocidade".
Tenta fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo;
pensa no que fazer a seguir.
Vigoroso e convincente ao falar (gesticula muito).
Quer o reconhecimento dos outros por serviço bem
feito.
Faz tudo depressa (comer, andar etc).
Impetuoso.
Guarda para si os sentimentos.
Poucos interesses fora do serviço.
Ambicioso. Quer progredir depressa no emprego.
Fixa prazo para si mesmo com freqüência,
Sempre se sente responsável.
Muitas vezes avalia desempenho em termos nu-
méricos (quanto, quantos).
Leva o trabalho muito a sério (leva trabalho para
casa, trabalha em fins de semana).
Muito meticuloso (cuidadoso com pormenores).
Some os valores constantes dos espaços assinalados;
ESCORE TOTAL = 120 a 140: TIPO A-\
100 a 119: TIPO A
2
80 a 99: TIPO A
3
60 a 79: TIPO AB
30 a 59: TIPO B
2
até 29: TIPO B^
19 PROGRAMA DE CONDICIONAMENTO FÍSIC01989
RISCO % INICIAL % FINAL VARIAÇÃO
RBAM 0 3 + 3
RAM 16 19 + 3
RGM 26 26 0
RM 13 19 + 6
RP 23 26 + 3
RMP 19 3 + 16
RE 3 3 0
Lazer e Esportes entre os
Usuários do SESI de Santa Catarina
Mário Hassmann, Y an de Souza Carreirâo e Gilmar Carlos Milezzi.
A presente investigação foi desenvolvida pelo Departamento Regional de
Santa Catarina do SESI, em 1987, tendo como base dados sobre lazer e esporte
coletados entre usuários da instituição em vários Municípios do Estado.
Originalmente o trabalho propunha-se a levantar interesses, disponibilidade de
tempo e participação dos industriários, porém a análise centrou-se, na sua etapa final,
nas preferências e práticas, visando objetivamente subsidiar a tomada de decisões do
SESI da região quanto à temática da pesquisa.
1. Introdução
Inicialmente deve-se destacar a importância do
desenvolvimento de atividades de lazer no quadro
de uma sociedade cada vez mais urbanizada e in-
dustrializada com problemas e tensões decorrentes
destes dois processos) e onde os valores centrais
são a acumulação e o consumo exacerbados de
bens materiais.
Dumazedier define o lazer como "um conjunto
de ocupações às quais o individuo pode entregar-se
de livre vontade, seja para repousar, seja para di-
vertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para de-
senvolver sua informação ou formação desinteres-
sada, sua participação social voluntária ou sua livre
capacidade criadora, após livrar-se ou desembara-
çar-se das obrigações profissionais, familiares e
sociais". (Dumazedier, apud Marcellino: 1983: 25).
Ressalta, portanto, como traços definidores do
lazer, o caráter desinteressado e o fato de ser resul-
tado da livre escolha, embora condicionada socio-
economicamente. Marcellino citando Dumazedier, e
dando uma idéia da abrangência do fenômeno "la-
zer", afirma que as atividades de lazer visam aten-
der interesses físicos; práticos (ou manuais); artísti-
cos; intelectuais e sociais.
Por outro lado, sabe-se que há, em relação às
atividades de lazer, "um conjunto de variáveis, ten-
do como pano de fundo as limitações econômicas,
formando um todo inibidor, quer em termos de quan-
tidade e, principalmente, da qualidade da partici-
pação. A classe, o nível da instrução, a faixa etária
e o sexo, entre outros fatores, limitam o verdadeiro
lazer a uma minoria da população". (Marcellino:
1983:55).
Em relação à qualidade do lazer, Marcellino
afirma que "o ideal seria que cada pessoa desen-
volvesse sua ação... abrangendo os cinco grupos
de interesse (citados acima)... Na realidade, no en-
tanto, o que se verifica é que as pessoas geralmen-
te restringem suas atividades de lazer a um campo
especificó de interesses... e não por verdadeira
opção, mas por não terem contato com outros con-
teúdos" (Marcellino: 1983:44).
Neste sentido, o lazer deve ser também objeto
de educação, "o que implica na consideração de di-
fundir seu significado, esclarecer a importância, in-
centivar a participação e. transmitir informações que
tornem possível seu desenvolvimento ou contri-
buam para aperfeiçoá-lo" (idem, pp. 70/71).
Como a pesquisa cujos resultados estão con-
substanciados neste relatório tem um caráter práti-
co, no sentido de fornecer subsídios para a tomada
de decisões institucionais, algumas palavras sobre
a relação entre o planejamento e os resultados da
pesquisa são pertinentes.
O levantamento das preferências dos usuários
é de fundamental importância dentro de uma ótica
de planejamento que não pretenda tomar decisões
desvinculadas da realidade sobre a qual trabalha; é,
além disso, uma forma de levar em consideração os
valores sócio-culturais da população a que se diri-
gem as políticas sociais.
É fundamental ainda, no sentido de que o pla-
nejador possa otimizar recursos não os desperdi-
çando em ações que não encontrarão respaldo da
população. Ao planejador, no entanto, diante do
quadro de preferências revelado pela pesquisa, se
apresentam pelo menos dois tipos diversos de
perspectivas no processo de tomada de decisão:
a) Reconhecer as modalidades de lazer pelas
quais os usuários revelaram maior interesse,
e executar ações, dentro dos limites da Enti-
dade, no sentido de atender estas preferên-
cias, desprezando as demais (já que o usuá-
rio não demonstrou maior interesse por es-
tas);
b) Não se limitar a ações voltadas apenas para
as atividades pelas quais os usuários têm
maior preferência, adotando também, na
medida do possível, uma ação educativa, no
sentido apontado mais acima, em relação a
outras modalidades de menor preferência no
quadro atual.
Esta última parece ser a perspectiva mais ade-
quada para o processo de planejamento numa área
em que o restrito acesso a determinadas modalida-
des - devido às limitações já apontadas - não per-
mite à maioria dos usuários um conhecimento míni-
mo a partir do qual eles possam demonstrar pre-
ferência por elas.
TABELA 1: Número de Entrevistas por Município
Obs.: (1 ) Municípios na área do CAT da Grande Florianópolis
(2) Municípios na área do CAT de Criciúma
(3) Municípios na área do CAT de Canoinhas
(4) Municípios na área do CAT de Lages
O técnico-planejador parte de determinados va-
lores e detém conhecimentos específicos, a que a
maioria da população não tem acesso. O processo
de planejamento deve, portanto, tentar uma síntese
entre a perspectiva prévia do planejador e a realida-
de refletida pelas preferências da população, de
forma a, levando em conta esta realidade, propor as
ações mais adequadas ao desenvolvimento físico,
psíquico e sócio-cultural dos usuários.
2. Metodologia
A pesquisa sobre esportes e lazer entre os
usuários tem como base dados coletados através
de formulários aplicados no 2
e
semestre de 1985,
abrangendo 3.695 industriários, de 109 empresas,
em 24 municípios catarinenses. Estes municípios
correspondem às áreas de atuação de 19 Centros
de Atividades.
A tabela 1 (um) relaciona o número de entrevis-
tas realizadas, por municípios:
Algumas observações de ordem metodológica
sobre a pesquisa devem ser destacadas:
1
?
) Os formulários foram aplicados entre os
usuários do SESI diretamente nas empre-
sas onde trabalham.
2
a
) Além do atraso já mencionado na Apresen-
tação, certos problemas de ordem meto-
dológica levaram a que se abandonasse a
análise de alguns dados coletados: certas
inconsistências na formulação de algumas
questões; na aplicação dos questionários
e/ou na digitação dos dados.
3-) As empresas onde se aplicaram os formulá-
rios foram escolhidas tendo em vista princi-
palmente a facilidade de obtenção dos da-
dos, de forma a viabilizar a coleta de dados
em tempo razoável, já que em algumas em-
presas houve dificuldades na aplicação dos
formulários.
Assim, a preocupação com a obtenção de
uma amostra representativa da população -
em termos do número de entrevistados por
município; ou por categorias de empresas
(pequena, grande, média); etc... - foi se-
cundária.
Obteve-se, então, uma amostra que supe-
restima a representação dos municípios
mais industrializados e das grandes e mé-
dias empresas. Significa dizer que as con-
clusões e hipóteses lançados aqui serão
mais pertinentes para este universo. Em
relação à variável sexo dos entrevistados,
no entanto, a amostra resultou repre-
sentativa da população. Dos entrevistados,
76% foram do sexo masculino e 24% do
sexo feminino.
Os dados dos Censos Demográfico (Mão-
de-Obra) e Industrial de 1980, em relação à
mão-de-obra ocupada na indústria, diferem
um pouco entre si, mas variam pouco acima
e abaixo destes percentuais.
4
a
) A tabela de resultados apresenta o número
de entrevistados que afirmaram ter "pre-
ferência", ter "habilidade" ou "praticar" de-
terminada modalidade. Ressalte-se que ca-
da entrevistado pode demonstrar preferên-
cia, habilidade ou praticar várias modalida-
des.
Em todas as modalidades, com exceção
das abaixo relacionadas, a "preferência"
deve ser interpretada como uma manifes-
tação do usuário no sentido de que pratica-
ria a modalidade, se tivesse os meios e ha-
bilidade. A "prática" refere-se a uma prática
efetiva por parte do usuário, independente
da regularidade.
Em relação às modalidades "cinema" e
"cursos/palestras" a "preferência" e a "prá-
tica" referem-se à ação de "assistir" (como
"espectador") e não de "fazer cinema" ou
ministrar palestras.
Nas modalidades "teatro"; "música" e "can-
to" é possível que os entrevistados tenham
respondido a partir de uma dupla interpre-
tação: uma referir-se-ia ao ato de "assistir"
um espetáculo, e outra no sentido de "prati-
car" (participar de um grupo de teatro; can-
tar ou tocar um instrumento). Na
modalidade "dança", além da ambigüidade
acima, pode ter havido outra duplicidade de
interpretação, entre dançar em bailes
(superpondo-se à modalidade "bailes") e
dançar em academias, cursos, etc. Em
relação a estas quatro últimas modalidades,
portanto, as inferências devem ser vistas
com maior cautela. Nas demais a
possibilidade de haver respostas induzidas
por interpretações errôneas da parte dos
entrevistados, é a normal em qualquer pes-
quisa, não alterando significativamente os
resultados.
Em certas modalidades ("festas"; "bar/res-
taurante"; "cinema"; "excursão"; "cur-
sos/palestras") a coluna "habilidade" foi su-
primida por ser destituída de sentido.
5-) De modo a orientar a análise dos dados
iremos classificar as modalidades em seis
categorias:
a) Atividades de natureza gímnico-desporti-
vas: futebol, basquete; voleibol; ciclismo;
atletismo; artes marciais; bolão; bocha;
tênis de mesa; natação; musculação;
ginástica olímpica; tênis de campo; con-
dicionamento físico e outros esportes.
b) Jogos de salão: xadrez/dama; bilhar; ca-
nastra; dominó.
c) Atividades de lazer cultural: música; can-
to; fotografia; pintura; dança; teatro; ci-
nema; cursos/palestras; leituras.
d) Atividades de lazer social: bailes; festas
(bairro, casa, igreja); bar/restaurante.
e) Atividades manuais: costura; bordado;
couro; argila; jardinagem.
f) Atividades de lazer ao ar livre: excursão;
pescaria; acampamento.
Em relação às atividades manuais, "tendo
em vista as possibilidades utilitárias dessas
atividades, podendo estar ligadas às ne-
cessidades econômicas do praticante...,
Dumazedier as classifica como semi-lazer,
dependendo da atitude dos sujeitos envolvi-
dos." (Marcellino: 1983:43).
3. Análise dos Dados
A análise contempla principalmente os dados
agregados de todos os CATs. Os dados específi-
cos de cada CAT não foram tratados senão superfi-
cialmente, ficando ao encargo do respectivo Centro
de Atividades uma análise minuciosa dos dados, a
partir da tabela dos resultados. Ao final do relatório
estão anexados os resultados globais do Estado e
por CAT.
Serão analisados separadamaente as pre-
ferências dos usuários; suas práticas efetivas; a
relação entre preferências e práticas e as habi-
lidades, para no item final sistematizar as principais
conclusões.
a) Preferências:
Entre os homens destacam-se, em ordem de-
crescente de preferência, as seguintes modalida-
des, no conjunto dos entrevistados em todo o Esta-
do:
1) futebol de campo: 60% dos entrevistados re-
velou preferência.
2) futebol de salão: 55%
3) pescaria: 43%
4) futebol suíço: 42%
5) bailes: 34%
6) dominó: 34%
7) cinema: 32%
8) canastra: 30%
9) bocha: 28%
10) acampamento: 28%
Destacam-se, portanto, as atividades esporti-
vas, devido ao futebol, que é, sem sombra de dúvi-
da o esporte preferido em suas 3 modalidades. Ex-
cluindo o futebol, porém, apenas a bocha poderia
ser considerada como atividade esportiva entre as
10 modalidades de maior preferência (o voleibol
ocupa a 11 - posição). As atividades de lazer ao ar
livre (pescaria e acampamento) e os jogos de salão
(dominó e canastra) têm lugar importante entre as
preferências masculinas. A participação em bailes
(seguida de "festas de igreja", 13
3
em preferência) é
a mais destacada entre as modalidades de lazer
social, e o cinema (seguido das "leituras" - 14- co
locada) entre as de lazer cultural.
Uma primeira análise dos CATs separadamente
nos indica o seguinte: o futebol de campo aparece
entre as 5 modalidades de maior preferência em
todos os 19 CATs; o futebol de salão aparece em
18 CATs; a pescaria em 13; o futebol-suíço em
11 e bailes e cinema em 7 CATs.
Entre as mulheres destacam-se, por ordem de
preferência, no Estado:
1 ) Voleibol: 52% das entrevistadas reve-
lou preferência
2) Dança: 44%
3) Cinema: 42%
4) Bailes: 40%
5) Leituras: 39%
6) Música: 38%
7) Excursão: 37%
8) Acampamento: 32%
9) Costura: 27%
10) Festa de casa: 25%
As modalidades de maior preferência, portanto,
são as de lazer cultural (dança; cinema; leitura e
música), seguidas das atividades de lazer social
(bailes e festas de casa) e de lazer ao ar livre (ex-
cursão e acampamento). Entre os esportes desta-
ca-se o voleibol - modalidade de maior preferência
entre todas as outras - e, secundariamente, a na-
tação (11
§
na escala). Das atividades manuais, des-
taca-se a costura.
A análise de cada CAT separadamente aponta
que o voleibol e a dança aparecem entre as 5 moda-
lidades de maior preferência em 13 CATs; bailes e
cinema, em 12 CATs e excursão e leituras em 10
CATs.
Considerando conjuntamente homens e mulhe-
res, no total do Estado temos as seguintes pre-
ferências, em ordem decrescente: futebol de campo
(48% dos entrevistados têm preferência); futebol de
salão (44%); pescaria (37%); bailes (36%); cinema
(35%); futebol suíço (32%); voleibol (32%); dominó
(31%); acampamento (29%) e leituras (28%).
Com exceção do futebol, que se deve quase
exclusivamente ao peso dos homens na amostra
(acompanhando a predominância masculina na po-
pulação usuária), nas demais modalidades, so-
mam-se contingentes razoáveis de preferências
masculinas e femininas. Note-se que 3 modalidades
(cinema; bailes e acampamento) estão entre as 10
de maior preferência tanto entre os homens quanto
entre as mulheres.
Comparando os percentuais de preferências
masculinas e femininas, podemos distinguir grossei-
ramente (com certa margem de arbítrio nos crité-
rios):
1
9
) modalidades preferidas igualmente por
homens e mulheres (em termos percen-
tuais aproximados); basquete; ciclismo;
atletismo; artes marciais; xadrez/dama;
bolão; tênis de mesa; condicionamento físi-
co; couro; acampamento; festas (bairro; ca-
sa; igreja) e bar/restaurante.
29) modalidades com maior preferência
masculina do que feminina: futebol (cam-
po, salão, suíço); bocha, musculação; bi-
lhar; canastra; dominó e pescaria.
3-) modalidades com maior preferência fe-
minina do que masculina: voleibol; na-
tação; ginástica olímpica; tênis de campo;
música; canto; fotografia; pintura; dança;
costura; bordado, argila; teatro; excursão;
jardinagem; bailes; cinema; cursos e palestras;
leituras. Assim, os homens demonstram maior
preferência do que as mulheres em 9 modalidades,
ocorrendo o inverso em 19 modalidades. Os jogos
de salão são mais preferidos pelos homens. As mo-
dalidades de lazer cultural e as atividades manuais
são de maior preferência feminina. As atividades de
lazer social são preferidas igualmente por homens e
mulheres, em geral. As preferências em relação às
atividades espoitivas e de lazer ao ar livre distri-
buem-se de forma variada; algumas são preferen-
cialmente masculinas, outras femininas e outras
ainda, de igual preferência entre homens e mulhe-
res.
b) Prática:
Entre os homens, as modalidades mais pratica-
das no conjunto do Estado, são as relacionadas
abaixo: (as porcentagens referem-se à proporção
de entrevistados que praticam a modalidade).
1) futebol de campo: 46%
2) futebol de salão: 43%
3) pescaria: 35%
4) futebol suíço: 33%
5) dominó: 29%
6) bailes: 28%
7) canastra: 26%
8) festa de igreja: 21%
9) bocha: 21%
10) acampamento: 20%
Há uma superposição quase total com as moda-
lidades de maior preferência.
A análise de cada CAT aponta: o futebol de
campo aparece entre as 5 modalidades mais prati-
cadas em todos os 19 CATs; o futebol de salão em
18 CATs; a pescaria em 14; o futebol suíço em 10; a
canastra e os bailes em 7 CATs.
Entre as mulheres, as modalidades mais prati-
cadas no conjunto do Estado são:
1) bailes: 24%
2) leituras: 23%
3) voleibol: 23%
4) cinema: 20%
5) excursão: 18%
6) festa de igreja: 17%
7) festa de casa: 16%
8) canastra: 16%
9) dança: 16% 10)
dominó: 16%
Destacam-se, portanto, as atividades de lazer
social e cultural, além dos jogos de salão.
A análise de cada CAT individualmente aponta
os bailes aparecem entre as 5 modalidades mais
praticadas em 16 CATs; a leitura aparece em 14
CATs; voleibol, dança e cinema em 9 CATs e ex-
cursão em 7 CATs. A prática efetiva é mais diversi-
ficada entre as mulheres do que entre os homens.
Considerando conjuntamente homens e mulhe-
res, são as seguintes modalidades mais praticadas:
futebol de campo (36%); futebol de salão (34%);
94
Esporte e Lazer na Empresa
pescaria (28%); bailes (27%); dominó (26%); futebol
suíço (25%); canastra (23%); festas de igreja (20%)
cinema (20%) e leituras (20%).
Da mesma forma como foi feito em relação às
preferências, pode-se distinguir as modalidades da
seguinte forma:
1
9
) modalidades em que homens e mulheres
praticam igualmente (em termos percentuais
aproximados): ciclismo; atletismo; bolão;
ginástica^ olímpica; tênis de campo;
condicionamento físico; música; canto; foto-
grafia; couro; argila; teatro; excursão; bailes;
festas de igreja e de casa; bar/restaurante;
cinema; cursos/palestras. 2
o
) modalidades
mais praticadas pelos homens do que pelas
mulheres: futebol (campo, salão e suíço);
basquete; artes marciais; xadrez/dama; bocha;
tênis de mesa; natação; musculação; bilhar;
canastra; dominó; pescaria; acampamento;
festa de bairro.
3
o
) modalidades mais praticadas pelas mulhe-
res do que pelos homens: voleibol; pintura;
dança; costura; bordado; jardinagem e leitura.
Vemos que os homens praticam mais, efetiva-
mente, do que as mulheres em 16 modalidades; o
inverso ocorre em apenas 7 modalidades. Em qua-
se metade (19) das modalidades homens e mulhe-
res praticam igualmente. Em relação à prática con-
creta, portanto, os homens praticam mais esportes;
pgos de salão e atividades de lazer ao ar livre do
que as mulheres. Estas praticam mais do que os
homens apenas atividades manuais. Em relação às
atividades de lazer social e cultural, homens e mu-
lheres praticam igualmente. No conjunto, os homens
praticam mais do que as mulheres algum tipo de ati-
vidade esportiva ou de lazer. Isso será analisado
no próximo item.
c) Relação entre prática e preferência:
Análise feita no item anterior relaciona o número
de usuários que praticam efetivamente alguma
modalidade de esporte ou lazer, com o número to-
tal de entrevistados.
Aqui a relação será estabelecida entre o número
dos que praticam e o número dos que afirmaram
ter preferência, eliminando-se da análise o contin-
gente dos que não praticam por não ter interesse
(preferência). O centro da análise passa a ser a ex-
plicação do contingente dos que, mesmo afirmando
ter preferência por uma modalidade, nao a praticam.
Uma primeira constatação é a de que entre as
mulheres esta relação é menor do que entre os ho-
mens. Na média, 43% das mulheres que demons-
traram preferência por determinada modalidade pra-
ticam-na. Entre os homens esta proporção é de
68%. Este fenômeno é generalizado: com exceção
de 4 modalidades (couro; costura; bordado e "ou-
tros esportes"), em todas as demais a proporção
dos que praticam sobre os que demonstraram pre-
ferência é maior entre os homens. Significa dizer
que, havendo igual preferência entre homens e
mulheres por determinada modalidade, haverá
uma tendência maior dos homens praticá-la efe-
tivamente.
Esta afirmação é reforçada pelo seguinte fato: as
mulheres apontam maior preferência do que os
homens em um número (19) maior de modalidades
do que os homens em relação às mulheres (9); em
termos de prática, porém, os homens praticam mais
do que as mulheres em 16 modalidades, enquanto
em apenas 7 modalidades ocorre o inverso.
Ou seja, de um lado, as mulheres demonstram
maior disposição do que os homens por partici-
par de várias atividades esportivas e de lazer. De
outro, porém, elas participam menos, efetivamente,
do que os homens. As causas desta discrepância
são certamente variadas, mas algumas hipóteses
explicativas podem ser levantadas:
a) menor disponibilidade de tempo das mulheres
para estas atividades, na medida em que, em
seus "horários livres" (fora do trabalho profis-
sionai) estão mais envolvidas em tarefas
domésticas do que os homens;
b) pesam sobre as mulheres restrições de ordem
cultural: preconceitos quanto à participação
em determinadas modalidades; proibição por
parte dos maridos de participar; etc...
c) as modalidades de maior preferência feminina
do que masculina exigem, em média, insta-
lações e/ou implementos menos acessíveis
do que as de maior preferência masculina.
Em relação a esta questão, Marcellino indica que
"a divisão do trabalho doméstico, numa sociedade
tipicamente patriarcal, é verificada como exceção.
Além das jornadas de trabalho profissional, as mu-
lheres cumprem novos expedientes, assumindo, via
de regra, a totalidade das tarefas do lar. A situação
é particularmente grave após o casamento, devido
às obrigações sociais e familiares dele decorrentes,
mas já se manifesta desde a infância, principalmen-
te entre as camadas pobres da população, onde a
menina tem um número maior de obrigações
domésticas (Marcellino, 1983:51).
As tabelas abaixo destacam, para os homens e
para as mulheres as modalidades com as maiores
taxas de relação entre prática e preferência.
Tabela 2: Maiores taxas de relação prática/
preferência - Masculino
Modalidades Taxa(%)
Canastra 87
Festa de casa 86
Dominó 85
Festa de bairro 85
Festa de igreja 84
Bailes 82
Pescaria 81
Bar/restaurante 80
Tabela 3: Maiores taxas de relação prática/
preferência - Feminino
Modalidade Taxa (%)
Canastra 71
Festa de igreja 70
Dominó 68
Festa de casa 65
Festa de bairro 63
Bailes 60
Leituras 59
Cursos/Palestra 59
As tabelas indicam as modalidades em que há
proporções maiores de usuários que praticam, con-
siderados apenas, no total, aqueles que demonstra-
ram preferência.
Percebe-se uma grande superposição entre da-
dos para os homens e os dados para as mulheres.
Assim, as 6 primeiras modalidades arroladas em
cada tabela são as mesmas (canastra; festa de ca-
sa; dominó; festa de bairro; festa de igreja e bailes),
predominando o lazer social e os jogos de salão.
Em relação aos jogos de salão, certamente a fa-
cilidade de praticar os jogos (canastra e dominó) é
um fator explicativo forte para a existência de uma
alta proporção de praticantes, sobre o total dos que
afirmam preferir estas modalidades. Isto porque são
pgos que não necessitam ser praticados em insta-
lações específicas, muitas vezes inacessíveis aos
usuários e não necessitam de intermediação (arbi-
tragem), além de os implementos serem de baixo
custo.
No que diz respeito às modalidades de lazer so-
cial, em que a freqüência a festas, bailes, bares ou
restaurantes implica em um custo, na maior parte
das vezes não muito baixo, as razões para as altas
proporções de praticantes (dentre os entrevistados
que demonstraram preferência) parecem ser mais
de ordem sócio-cultural - necessidade de convívio
social; possibilidade de realizar o lazer em família,
etc... - do que econômicas.
Tabela 4: Modalidades de maior diferença entre o
n- dos que preferem e o dos que prati-
cam (masculino)
Modalidade Diferea
Preferência
Prática
Música 17
Fut. de Campo 14
Fut. de Salão 12
Cinema 12
Natação 11
Excursão 10
Voleibol 10
Futebol Suíço 09
Atletismo 08
Pescaria 08
Acampamento 08
As tabelas abaixo indicam as modalidades em
que é maior a diferença entre o número dos que
demonstraram preferência e o número dos que pra-
ticam uma determinada modalidade. Essa diferença
é expressa nas tabelas em percentuais relativos ao
total de entrevistados.
Tabela 5: Modalidades de maior diferença entre o
n
9
dos que preferem e o dos que prati-
cam (feminino)
Diferença
Modalidade Preferência
Prática
Música 30
Voleibol 29
Dança 28
Cinema 22
Natação 20
Excursão 19
Pintura 18
Acampamento 18
Fotografia 16
Bailes 16
Leituras 16
É nestas modalidades que se pode prever um al-
to desenvolvimento de participação, no caso de se
efetuar ações que facilitem o acesso à prática, pois
é nelas que há uma proporção maior da população
usuária disposta a praticar mas que efetivamente
não pratica.
Alguns pontos devem ser destacados: 1
9
) Entre
os homens as modalidades futebol (campo,
salão e suíço); cinema; pescaria; e
acampamento, além de estarem entre as 10 de
maior preferência, estão entre as de maior
número de usuários que apesar de preferirem
não praticam a modalidade. Entre as mulheres
isso acontece com: música; voleibol; dança;
cinema; excursão; acampamento; bailes e
leitura. 2
e
) Além destas atividades, destacam-
se, entre os homens: música; natação;
voleibol; excursão e atletismo, que apesar de
não estarem entre as de maior preferência, têm
uma grande proporção de usuários
potencialmente dispostos a praticar, mas que
não praticam. Entre as mulheres isso ocorre
com: natação; pintura e fotografia
(secundariamente ainda com: tênis de mesa;
canto; bordado, ginástica olímpica; teatro;
ciclismo e pescaria - todas com pelos menos
10% da população nesta situação). 3
s
) Nestas
tabelas fica clara a existência de proporções
maiores de usuárias do que de usuários, que
estariam dispostos a praticar mas o o fazem.
4
9
)As modalidades música; cinema; natação;
voleibol e excursão são as que apresentam
maiores proporções entre homens e
mulheres simultaneamente.
d) Habilidade:
As modalidades em que os homens afirmaram
ter mais habilidade foram: futebol de campo (38%
dos entrevistados); de salão (34%); suíço (25%);
pescaria (24%); dominó (20%); canastra (19%); bo-
cha (16%); bailes (16%) e voleibol (14%). Desta-
cam-se, portanto, as atividades esportivas (na reali-
dade o futebol) e os jogos de salão.
Entre as mulheres ressaltam: o voleibol (26%); a
dança (18%); os bailes (16%); costura (15%); do-
minó (14%); canastra (14%); leitura (13%) e borda-
do (11%). Predominam as atividades manuais e os
jogos de salão. As ressalvas realizadas no item 2
quanto à interpretação dos dados relativos à moda-
lidade "dança" são pertinentes aqui.
Os dados apontam que entre os homens é maior
a proporção, sobre o total dos entrevistados, dos
que possuem habilidade em alguma modalidade, do
que entre as mulheres. Isto certamente está rela-
cionado com a existência de uma maior proporção
de homens, do que de mulheres, que praticam al-
guma atividade de lazer, já que a habilidade embora
não dependa só da prática, não se desenvolve sem
ela.
A explicação para a maior proporção de homens
com alguma habilidade vincula-se à explicação para
a maior proporção de homens que praticam alguma
modalidade. Alguns dos fatores explicativos dessa
última relação já foram levantados no item anterior e
vinculam-se à divisáo de papéis sexuais vigentes
na sociedade.
A relação entre o número dos que afirmaram ter
habilidade e o dos que praticam determinada moda-
lidade é mais alta entre as mulheres do que entre os
homens. Enquanto a proporção média de homens
com habilidade em relação ao total dos que praticam
é de 75%, entre as mulheres essa proporção atinge
100%.
Trata-se de médias, no entanto. Na realidade, em
mais de 50% das modalidades o número de mulhe-
res com habilidade é maior do que o total das que
praticam, o que significa que sobra um bom contin-
gente de usuárias com habilidade fora do circuito
das práticas esportivas e de lazer. Isso ocorre par-
ticularmente nas modalidades: basquete; argila; ci-
clismo; ginástica olímpica e pintura.
4. Considerações Finais
Tendo em vista que os resultados da pesquisa
poderão subsidiar a tomada de decisões, algumas
considerações são necessárias, no sentido de es-
tabelecer uma mediação entre a análise dos dados
e a formulação de propostas.
1
9
) A pesquisa apresenta, além de suas limi-
tações próprias (descritas na Metodologia),
limites característicos de amostras de opi-
nião, que retiram das inferências realizadas
um caráter de precisão. O que se detecta
são apenas tendências que têm, entretanto,
um grau de validade suficiente para subsidiar
a tomada de certas decisões.
29) Aspectos relativos a custos das diversas
modalidades, não foram considerados, por
extrapolarem o âmbito dessa pesquisa.
3
9
) Os dados analisados neste relatório de pes-
quisa referem-se ao conjunto dos entrevista-
dos em 24 municípios do Estado. Qualquer
decisão a ser tomada por um CAT deveria
ser precedida, portanto, por uma análise
complementar dos dados referentes especifi-
camente ao(s) município(s) de sua área de
abrangência.
Assim, por exemplo, em determinados
municípios ou bairros de colonização eu-
ropéia (alemã e italiana principalmente), mo-
dalidades como boláo, bocha, truco e tiro ao
alvo se destacam, embora isso possa não ter
sido detectado pela pesquisa devido à amos-
tra não ter a abrangência e a representativi-
dade ideais.
Além disso, ocorre muitas vezes de, numa
cidade se destacar, pelo menos ao nível dos
meios de comunicação de massa, a prática
de determinada modalidade, sem que ela re-
presente realmente a "preferência popular".
A influência das motivações puramente co-
merciais é o fundamental nesse sentido. As-
sim, modalidades que não se destacavam na
preferência popular passam a ser privilegia-
das em função da difusão empreendida pelas
grandes empresas a partir de equipes for-
madas visando suas campanhas promocio-
nais.
4
9
) Deve-se considerar, na tomada de decisões,
em relação a qualquer modalidade, entre ou-
tros dados:
a) o que se poderia chamar de "demanda to-
tal atual", representada pela proporção
dos que demonstram preferência pela
modalidade;
b) o que se poderia chamar de "demanda não
atendida", representada pela proporção
dos que, mesmo tendo preferência pela
modalidade, não a praticam;
c) o que se poderia chamar de "demanda po-
tencial", representada pela proporção dos
que podem ser estimulados a participar
de modalidades de que nao têm prática e,
por isso, não manifestam preferência por
elas. Esse número não é, certamente, fa-
cilmente estimável, mas está relacionado
com os dois indicadores acima. Ao falar-
mos de "demanda potencial" não se trata
obviamente de pensar em "vender um pro-
duto", mas de estimular a prática de de-
terminadas modalidades valorizadas pelo
planejador.
5
9
) Deve-se ressaltar também que há uma coin-
cidência razoável entre as práticas aponta-
das pela pesquisa e a prática efetiva no SE-
SI, onde se destacam as modalidades de fu-
tebol de salão, voleibol, futebol de campo, fu-
tebol suíço, jogos de salão e bocha. Nota-se,
porém, um crescimento da participação rela-
tiva nas modalidades de futebol de salão e
voleibol no último ano. Este aumento deve-se
provavelmente à maior disponibilidade de ins-
talações, recentemente concluídas.
Esse fato coloca uma importante questão
a ser considerada: a da complexa relação en-
tre as preferências/práticas dos usuários e a
disponibilidade de instalações esportivas e de
lazer.
De um lado, a existência de um grande
número de instalações de determinada moda-
lidade é, em geral, resultado de uma grande
demanda pré-existente por essa modalidade.
De outro lado, porém, a relação inversa
também é relevante: a existência de insta-
lações esportivas e de lazer desperta o inte-
resse e facilita a prática por parte da popu-
lação.
Neste sentido, pode-se esperar que as
modificações ocorridas na infra-estrutura, em
termos de instalações esportivas, nos mu-
nicípios pesquisados, no período decorrido entre
a realização da coleta de dados até hoje, tenham
gerado certas alterações nas preferências e
principalmente nas práticas dos usrios. 6
s
) As
modalidades de maior preferência por parte
dos usuários certamente possuem grande
potencial de desenvolvimento imediato, no
caso de se estabelecerem medidas que
facilitem o acesso dos usuários à sua prática.
Assim, destacam-se entre os homens: o
futebol (campo, salão e suíço): a pesca-
ria; os bailes; o dominó: o cinema; a canas-
tra; a bocha e o acampamento.
Entre as mulheres: o voleibol; a dança; o
cinema; os bailes; a leitura; a música; ex-
cursão; o acampamento; a costura e festas de
casa. 7
e
) Além destas modalidades, existem
outras que apesar de não estarem entre as de
maior preferência, têm também um grande
potencial de desenvolvimento imediato, por
contarem com um contingente importante de
usuários que apesar de manifestarem
preferência por
elas não as praticam. Destacam-se entre os
homens: música; natação; voleibol; ex-
cursão e atletismo. Entre as mulheres: na-
tação; pintura; fotografia; tênis de mesa
e canto.
8
o
) Em relação a outras modalidades, de menor
preferência por parte dos usuários, o poten-
cial de desenvolvimento imediato ou mais a
longo prazo, a partir de uma ação de estimu-
lação, depende de vários fatores, entre os
quais os apontados nas várias conside-
rações (acima).
9-) A promoção de atividades de lazer para as
usuárias deve levar em consideração, de um
lado, a existência de uma grande disposição
para a participação e, de outro, a realidade de
que as mulheres participam efetivamente
menos das atividades de lazer, do que os
homens. Uma perspectiva educativa, visando
estimular sua participação poderia ajudar na
redução de obstáculos à essa participação.
BIBLIOGRAFIA
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Chance para Todos. Rio de Janeiro, Ed. Ao
Livro Técnico S/A, 1984.
DIEGUES, Gilda K. (org.) Esporte e Poder. Petró-
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MARCELLINO, Nelson C. Lazer e Humanização.
Campinas, ed. Papirus, 1983. SESC/SESI -
Anais do 1
o
Encontro Nacional Sobre
o Lazer, Rio de Janeiro, 1977.
Atividades Esportivo-Recreativas
e Produtividade numa Indústria
José Carlos Grando
1. INTRODUÇÃO
Quando uma empresa ou local de trabalho é
demasiadamente mecanizado, a atividade do ho-
mem, a atividade física do trabalhador é muito redu-
zida e, desta forma há uma diminuição de suas
funções musculares e fisiológicas, em virtude do
próprio trabalho, pois a tarefa não proporciona, não
obriga o homem ao esforço, a máquina o faz por ele.
Numa situação contrária onde o homem tem
que ser a verdadeira máquina para vencer as re-
sistências do seu trabalho físico, pois, o trabalho
manual é grande, verifica-se que há uma tendência
da produção diminuir em virtude da instalação da
fadiga muscular e orgânica.
Ora, instalada a fadiga no trabalhador, a resul-
tante desse fenômeno fisiológico é a diminuição de
sua capacidade de produção. Quanto melhor for a
disposição do trabalhador, mais se retarda o apare-
cimento da fadiga, bem como a sua atividade ini-
cia-se em padrões mais elevados.
Por outro lado, se a atividade física do traba-
lhador estiver muito abaixo de seu limite de capaci-
dade para um determinado estímulo, quer durante o
trabalho, quer durante as suas horas de lazer, ocor-
rerá gradativamente uma diminuição de sua capaci-
dade funcional. Entende-se, assim, que a dimi-
nuição das qualidades anátomo-fisiológicas e psi-
comotoras do trabalhador têm influência no rendi-
mento profissional.
Considerando-se o fato de que a implantação
de atividades esportivo-recreativas nas empresas é
assunto que merece a devida atenção, pois nos
dias atuais, a divisão do trabalho em série nas
grandes empresas e, as insatisfações geradas
dessas situações, demandam para o equilíbrio do
cidadão, atividades que lhe proporcionem um grau
de satisfação pela ação globalizada do processo de
educar as pessoas para a utilização correta do seu
tempo livre. Além de contribuírem para a elevação
da produtividade do trabalhador, essas atividades
reforçam o nível de aptidão física dos indivíduos.
Tendo como hipótese que os trabalhadores que
praticam atividades esportivo-recreativas orientadas
apresentam maior índice de produtividade do que os
que as praticam livremente. E, as colocações aci-
ma, mostrando a importância das atividades físicas
como fator de rendimento e de eliminação da fadiga
mental e muscular, pretende-se com a presente
pesquisa, verificar a influência de atividades espor-
tivo-recreativas orientadas nos índices de produtivi-
dade de uma organização industríal.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho desenvolveu-se com funcionários
de uma empresa na cidade de Blumenau-SC, no
período de maio e julho de 1986.
Na época em que se realizou o estudo, a em-
presa contava com 2.200 funcionários.
De uma população de 896 trabalhadores da fá-
brica, foram selecionados sistemática e aleatoria-
mente 58 sujeitos, sendo 24 do sexo feminino e 34
do sexo masculino, todos ativos, isto é, desempe-
nhando suas funções normais de trabalho diário.
A média de idade dos grupos foi de 23,5 anos,
sendo que a faixa etária abrangeu os limites de 20 a
41 anos; todos esses sujeitos gozavam de boa
saúde na época da seleção da amostra, constatado
no exame médico realizado pelo serviço médico da
empresa.
Nesse estudo utilizou-se o método experimen-
tal que contou com dois grupos, um de controle
(GC) e um experimental (GE). Foi feito um primeiro
levantamento do índice de produtividade (IP) de to-
dos os sujeitos do estudo, aplicado um tratamento
específico ao grupo experimental, e um segundo le-
vantamento dos IP dos sujeitos dos dois grupos.
A seleção da amostra foi realizada em três eta-
pas:
1. A primeira etapa consistiu em selecionar
quatro setores da fábrica nos quais se pode
ter um controle exato do IP de cada traba-
lhador, retirado de uma listagem do "Sistema
de Eficiência Padrão" do computador da em-
presa, que são: fiação - representando
32,3%; tecelagem - 25,5%; adesivos, 5,9% e
a confecção, 36,1% do total dos quatro seto-
res, que na época consistia de 896 empre-
gados.
2. Na segunda etapa de seleção aplicou-se um
questionário onde se pretendeu selecionar
os sujeitos que praticavam qualquer tipo de
atividade física ou desportiva e os que não
praticavam nenhum tipo de atividade.
Desta população de 896 trabalhadores, foram
considerados 290 questionários correspondentes
aos que praticam alguma atividade, para comporem
o grupo controle. Dos demais foram selecionados
aleatoriamente, outros 290 questionários, corres-
pondentes aos que não praticavam qualquer ativi-
dade, para comporem o grupo experimental, com
igual possibilidade de representação.
3. Na etapa final, através do critério de amos
tragem sistemática aleatória, foram selecio
nados 29 questionários de praticantes (GC)
e 29 questionários dos não-praticantes (GE).
O grupo controle foi formado com 19 sujeitos
do sexo masculino e 10 do sexo feminino; o
grupo experimental foi formado com 15 sujei
tos do sexo masculino e 14 do sexo femini
no.
Delimitou-se a amostragem de dez em
dez, ou seja, retirou-se o questionário 1,11,
21,31... 271, 281, 290, um a menos que o
previsto para alcançar o número de 30 sujei-
tos da amostra, para cada grupo.
Este procedimento de seleção proporcionou uma
efetiva generalização do esforço empreendido,
pois conseguiu-se extrair o real resultado do
trabalho, o que demonstra uma clara e
incontestável generalização dos trabalhadores que
fizeram parte do estudo. O estudo não teve controle
sobre as atividades físicas e desportivas
praticadas pelos sujeitos fora da situação
experimental, bem como a motivação dos sujeitos,
os problemas de ordem emocionai durante o
trabalho, o tipo de ambiente e a sobrecarga de
trabalho (horas extras).
3. RESULTADOS
O levantamento de dados começou na primeira
quinzena do mês de maio, quando foram seleciona-
dos os quatro setores da empresa dos quais seriam
selecionados os sujeitos para comporem a amostra
do estudo, contando com o assessoramento do
Chefe do Setor responsável pelos índices de produ-
tividade (IP) de cada empregado da fábrica.
Na segunda quinzena do mês de maio aplicou-
se o questionário, auxiliado pelo Chefe do Setor de
Recrutamento e Treinamento de Pessoal, para
levantar os dados pessoais e o tipo de alividade fí-
sica ou desportiva que cada sujeito praticava na
época. De posse dos questionários, foram selecio-
nados através deles os sujeitos para comporem os
grupos experimental e de controle.
A primeira coleta de dados foi feita mediante a
retirada da listagem do computador, dos índices de
produtividade (IP) de cada sujeito selecionado e, re-
gistrados em fichas especialmente elaboradas. O
computador, através do "Sistema de Eficiência Pa-
drão", fornecia com exatidão os IP de cada sujeito.
Durante os meses de junho e julho, foi aplicado
o tratamento específico de atividades físico-recrea-
tivas ao grupo experimental. Foram ministradas 26
sessões durante os 44 dias úteis.
Este tratamento foi ministrado por um professor
de Educação Fisica, tendo por local, a sede da As-
sociação Desportiva da empresa, após o horário de
trabalho, das 18:00 às 19:00 horas, nas segundas,
quartas e sextas-feiras.
Foi considerada como boa freqüência do traba-
lhador, a presença mínima de duas vezes por se-
mana. Essa freqüência foi observada e catalogada
através de controle de freqüência realizado no início
das sessões, em fichas próprias, elaborada para
esse fim. Foi considerada a duração de 60 minutos
para as modalidades de voleibol e futebol de salão
e, de 40 minutos para as sessões de ginástica; o
Tabela 1: índice de produtividade do pré e
'pós-teste' do grupo experimental.
mínimo exigido para a avaliação do desempenho do
trabalhador.
Após o tratamento do grupo experimental, que
durou dois meses, recorreu-se novamente à lista-
gem do computador da empresa, para coletar os ín-
dices de produtividade de ambos os grupos (expe-
rimental e de controle) (2- levantamento).
pela situação característica do estudo e das
particularidades de caifa setor de produção, que
não permitem igual nivel de desempenho, e tendo-
se formado sistemática e aleatoriamente os grupos
experimental e de controle, não é interessante a
aplicação de qualquer tratamento estatístico que
compare o IP entre eles, visto que no grupo controle
há maior número de indivíduos de um setor onde
o nível de produtividade é mais baixo pelas carac-
teristicas que no grupo experimental. Assim sendo,
optou-se pela análise pura e simples das médias
obtidas pelos IP fornecidos em percentuais.
Os resultados são apresentados nas Tabelas
1,2, 3 e 4.
Tabela 2: índice de produtividade do pré' e
'pós-teste" do grupo controle.
N % Rend. Maq. % Rend. Maq.
Rendimento
Médio
01 55,2 55,4 55,30
02 54,1 54,0 54,05
03 88,7 88,5 88,60
04 81,3 81,5 81,40
05 75,6 75,6 75,60
06 54,1 54,2 54,15
07 71,8 71,9 71,85
08 80,9 80,7 80,80
09 90,7 90,5 90,60
10 90,4 09,4 90,40
11 89,7 89,8 89,75
12 86,3 86,5 88,40
13 97,6 97,7 97,65
14 93,5 93,6 93,55
15 97,7 97,7 97,70
16 66,6 66,9 66,75
17 87,7 87,7 87,70
18 86,7 86,6 86,65
19 96,2 96,7 96,45
20 93,0 93,3 93,15
21 96,8 96,8 96,80
22 95,8 95,5 95,65
23 99,0 99,9 99,45
24 69,9 70,1 70,00
25 71,5 71,8 71,65
26 98,4 98,4 98,40
27 69,9 69,8 69,85
28 75,2 75,3 75,25
29 83,4 83,3 84,35
2 2397,7 2400,1 2398,90
+ 82,680 82,762 82,720
Tabela 4: Parâmetros representativos dos grupos
experimental e de controle
GRUPO N
1
o
LEV.
2
o
- LEV. x/x dif.x
a
dif.x b
GE
GC
Dif.x
29
29
87,252
82,680
4,572
88.166
82,762
5,404
87.796
82.720
5,076
0.91
4
0.08
2
0.370
0,042
0,328
Onde:
1
9
LEV. = 1
9
levantamento dos índices de
produtividade
2
9
LEV. = 2
o
levantamento dos índices de
produtividade
x / x = Média das médias de cada sujeito,
obtida entre os dados do 1
o
e do
2- levantamento dos índices de
produtividade.
dit. x a = Diferença entre as médias do 1
9
e
do 2
9
levantamento dos índices de
produtividade
dif. x b = Diferença entre a média do 2
o
le-
vantamento dos índices de produ-
tividade e a média das médias de
cada sujeito do I
o
e 2
o
levanta-
mento dos índices de produtivida-
de.
Dif. x = Diferença da média do 1
o
levan-
tamento dos índices de produtivi-
dade entre os grupos experimen-
tal e de controle. Diferença da
média do 2
o
levantamento dos ín-
dices de produtividade entre os
dois grupos. Diferença entre as
médias das médias dos levanta-
mentos dos índices de produtivi-
dade entre os dois grupos.
Tabela 3: Valores Médios dos índices de Produti-
vidade de GE e GC.
Os resultados acima expostos são válidos.
Pois, os valores encontrados, que a primeira vista
em termos numéricos representam pouco, mas se
transformados em número de peças/mês que cada
trabalhador produziu a mais durame o estudo, po-
demos afirmar que os índices de produtividade (IP)
do grupo experimental foi superior ao esperado.
Existe, porém, a posição contrária de alguns
empresários com relação aos benefícios da prática
destas atividades tanto para a empresa como para
seus funcionários. O que impede a participação efe-
tiva do trabalhador em atividades que satisfaçam
suas necessidades de bem-estar, tão restritas nos
dias de hoje, devido aos problemas sociais e
econômicos da sociedade moderna.
5. CONCLUSÃO
A influência exercida pelo tipo de atividade físi-
ca e de lazer praticadas pelo trabalhador sobre sua
produtividade, refletem-se diretamente na vida da
empresa como um todo.
Na empresa, o lazer dos trabalhadores é vital
para sua produtividade, porque a partir de um certo
nível das forças produtivas, o desenvolvimento in-
dustrial consegue produzir maior volume de rique-
zas deixando maior número de horas livres para
seus funcionários.
Pelos resultados obtidos, acredita-se que a
prática de atividades físicas ou desportivas orienta-
das por profissionais especializados dentro da em-
presa, proporciona ao trabalhador um melhor apro-
veitamento de suas horas livres, trazendo com esta
prática periódica além da satisfação pessoal, um
aumento de sua produtividade.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO
Considerando-se as particularidades dos seto-
res abordados da empresa, onde os níveis de de-
sempenho são bastante diferenciados em função
das atividades desenvolvidas, verifica-se, na ob-
servação das médias registradas nas Tabelas 1, 2
e 3, que o grupo de controle apresenta um valor
mais baixo que o grupo experimental, no primeiro
levantamento dos índices de produtividade. No se-
gundo levantamento a média do grupo experimental
é maior em relação ao primeiro levantamento, e no
grupo de controle esta diferença é quase nula.
Observando-se a Tabela 4, verifica-se que a di-
ferença obtida entre o primeiro levantamento e o se-
gundo levantamento do grupo experimental (0,914)
é maior que a do grupo de controle (0,082).
Considerando-se o primeiro levantamento, veri-
fica-se uma diferença de 4,572% entre os dois gru-
pos a favor do grupo experimental; e no segundo le-
vantamento, uma diferença de 5,404%, também pa-
ra o grupo experimental. A diferença entre estes
dois percentuais é de 0,832, logo, menor que a dife-
rença entre o primeiro e segundo levantamento, nas
médias dos índices de produtividade do grupo expe-
rimental.
Este resultado permite dizer que a influência de
atividades esportivo-recreativas orientadas é positi-
va sobre a produtividade do trabalhador, pois está
sendo levada em consideração a desvantagem do
grupo de controle em função de suas atividades de
trabalho.
No presente trabalho ficou constatado através
dos Chefes de cada setor da fábrica onde havia su-
jeitos participantes do grupo experimental da pre-
sente pesquisa, verificaram que, no dia seguinte ao
das sessões de atividades esportivo-recreativas
orientadas, os trabalhadores estavam mais dispos-
tos no seu ambiente de trabalho.
Alguns sujeitos (GE) chegaram a comentar que
a prática destas atividades orientadas trouxeram-
lhes, além do desenvolvimento de suas potenciali-
dades físicas, uma satisfação pessoal no que se re-
fere a recuperação psicossomática, tão proclamada
nas obras de Dumazedier (1974).
A adaptação das atividades esportivo-recreati-
vas orientadas às necessidades do trabalhador, é
fundamental, pois, além de contribuir para o aumen
to da produtividade, desenvolverá qualidades exigi
das pela natureza de sua profissão, aprimorando-
Ihe os gestos profissionais, como também educan
do posturas corretas no desenvolvimento de seu
trabalho.
t
Considerando os resultados obtidos neste es-
tudo, conclui-se que as atividades esportivo-recrea-
tivas orientadas, exercem uma influência significati-
va no desempenho do trabalhador e, conseqüente-
mente, no aumento de sua produtividade.
O estudo que ora é concluído não fecha a
questão em torno do assunto, pelo contrário, abre
novos caminhos e perspectivas, buscando desta
forma mostrar a importância das atividades físicas
nos programas de lazer da empresa, a fim de que,
através de uma prática regular, possam ser alcan-
çadas as vantagens e benefícios proporcionados
pela atividade física, no que diz respeito a:
- aumento da força e faculdades de produzir
mais com menos fadiga;
- aprendizado dos fundamentos de diversos
esportes e desenvolvimento de habilidades
motoras;
- ativação do sistema cardiovascular, das es-
truturas neuromusculares e, do funcionamen-
to das glândulas de secreção internas;
- liberação das tensões emocionais da vida
moderna, que levam centenas de pessoas a
se afastarem de suas atividades profissio-
nais, trazendo assim prejuízos à sua vida
pessoal.
BIBLIOGRAFIA
BARROS, D. R. As Influências de Fatores sociais
na prática de atividades desportivas. ARTUS,
Rio de Janeiro, 2(60):30-3, 1979.
CAVALCANTI, K. B. Esporte para todos: um dis-
curso ideológico. São Paulo, Ibrasa, 1984.
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o
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FRIEDMANN, G. Le travail en miettes, Paris, Galli-
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REQUIXA, R. As dimensões do lazer. São Paulo,
SESI, 1973.
Educação Física no Mundo do Trabalho:
'
Ginástica de Pausa,
em busca de uma metodologia
Alfredo G. de Faria Junior
Embora mais simples e menos agitada, a vida
no início deste século exigia bastante esforço físico
do indivíduo. Hoje em dia, ainda que a vida seja fisi-
camente mais fácil, pode-se observar um maior es-
gotamento das pessoas. Assim, por exemplo, "num
único dia, nossos nervos são bombardeados com
mais estimulantes do que poderiam ser espremidos
durante uma vida inteira há um século atrás"
(CLARK, 1962. p. 7).
Por outro lado, considerando-se que o ser hu-
mano passa a metade de sua vida ativa trabalhando
em condições que não lhe permitem desenvolver-
se, nem psicologicamente, nem fisicamente, é lícito
reconhecer os efeitos nefastos que daí advém.
Analisando-se o trabalho moderno, observa-se
que na maior parte das vezes ele está preocupado
unicamente em obter uma maior produtividade, sem
considerar as necessidades, as possibilidades e as
limitações do ser humano.
"O estágio atual em que a ciência e a tecnologia
se apresentam tem contribuído de maneira eficaz
para o desenvolvimento da produtividade nas mais
diferentes áreas, mormente na indústria"
(CANTARINO FILHO & PINHEIRO, 1974. p. 38).
Encontram-se hoje duas conseqüências principais
das transformações do trabalho em busca da
produtividade: a fadiga e o subdesenvolvimento das
funções orgânicas no trabalhador. O estudo da pro-
blemática da fadiga tem sido alvo de inúmeros tra-
balhos de pesquisadores desde há muitos anos.
Vasconcelos (1934) aponta Kronecker como "talvez
o primeiro que empreendeu estes trabalhos" (p. 9) e
Mosso como aquele que deu a esses estudos "im-
pulso notável e uma consagração definitiva" (p. 9).
Apesar de todos estes anos, o exame da litera-
tura revela a dificuldade em conceituar fadiga.
"Chegou já a dizer-se que não há definição
para fadiga. É certo que este fenômeno, da
experiência diária e tão comum, apresenta
uma tal complexidade e variedade de as-
pectos e um tal caráter de universalidade
que muito mal se acomoda ao rigor de urna
definição científica. Esta exige, com efeito,
uma exata delimitação da compreensão de um
conceito" (CRIQUI, 1965, p. 7). O campo de estudo
da fadiga é extremamente vasto, uma vez que ela
comporta numerosas manifestações psicológicas,
fisicas, biológicas, muitas vezes interligadas.
Conseqüentemente, é necessário evitar
interpretações incidindo sobre aspectos particulares
da fadiga, de modo a não pecar por omissão.
Fadiga pode ser conceituada como:
"um estado de homeostase alterado em
conseqüência do trabalho e do ambiente de
trabalho, gerando tanto sintomas subjetivos
como objetivos" (CHRISTENSEN, In: AS-
TRANS & RODAHL, 1980. p. 432).
Os sintomas subjetivos da fadiga vão desde
uma ligeira sensação de cansaço até a total
exaustão.
"As sensações subjetivas de fadiga costumam
ocorrer ao término da jornada de trabalho de oito
horas quando a carga média de trabalho
ultrapassa os 30% a 40% da potência aeròbica
máxima do indivíduo e certamente quando a
carga ultrapassa 50% da potência aeròbica
máxima" (id). A atenção, a coordenação e as
fuões sensório-motoras contribuem para a
instalação de um quadro de fadiga que pode ser
agravado pelo barulho, pela temperatura elevada,
pela falta de aeração, por eventuais interações
sociais tensas e por problemas de insegurança
quanto a manutenção do emprego.
Sartin (1960) mostra que nas empresas PHILIPS
(Holanda), FIAT (Itália) e na indústria têxtil francesa,
de 30% a 40% dos empregados na primeira, 48% na
segunda e 43% na terceira, apresentam a
síndrome subjetiva comum de fadiga nervosa.
Além da fadiga generalizada, não se pode deixar de
considerar a problemática da fadiga muscular
localizada.
"Quando uma fábrica é demasiadamente
mecanizada, a atividade do homem, a ati-
vidade física do operário é muito reduzida
e, desta forma, há uma diminuição de suas
funções musculares e fisiológicas em vir-
tude do próprio trabalho, pois a tarefa não
proporciona, não obriga esforço do homem,
já que a máquina faz por ele" (CANTARI-
NO FILHO & PINHEIRO, op. cit. p. 40).
A maior parte dos postos de trabalho exige a
permanência do trabalhador numa atitude estática,
seja em posição sentada, seja de pé. Ao mesmo
tempo, o individuo costuma realizar determinadas
tarefas que exigem trabalho dinâmico de certos gru-
pamentos musculares.
Assim, é muito freqüente que os trabalhadores
se queixem de dores e caimbras. Estas queixas
chegam, segundo alguns autores, a 50% do pessoal
de determinadas empresas. "Na Suécia, dois mi-
lhões de jornadas de trabalho são perdidas anual-
mente por causa de dores lombares", atribuídas,
segundo Kraus e Raab, "a uma insuficiência de mo-
vimentos durante a execução do trabalho" (LA-
PORTE, 1970. p. 16).
Por outro lado, o trabalho moderno apresenta,
como se viu anteriormente, um subdesenvolvimento
de funções orgânicas devido a pouca ou a nenhuma
solicitação de certos órgãos. Assim, as doenças
cardíacas e circulatórias, males de nossa época,
não se constatam somente entre aqueles que detêm
os postos de direção nas empresas, mas a todos
os que exercem trabalho pouco ativo.
No dizer de Santos (1974),
"atingimos a idade sentada, com a con-
seqüente degeneração postural e tonicida-
de muscular, propiciando abaixamento do
nível funcional cardiovascular, respiratório,
digestivo, levando a uma degeneração
mais rápida, a um envelhecimento precoce,
e isto quando a média de longevidade au-
menta. Paradoxalmente, a civilização nos
oferece mais anos de vida, em piores con-
dições, desde cedo". (In: CANTARINO FI-
LHO & PINHEIRO, op. cit.).
Companhias de seguro têm fornecido dados
que mostram que 40% dos casos de mortalidade
eram devido a problemas cardíacos. Este percen-
tual cai para aproximadamente 22%, quando se tra-
tava de trabalhadores em profissões ricas em mo-
vimentos. No Brasil, um levantamento feito no BA-
NESPA, revelou que 47% dos óbitos entre funcioná-
rios deviam-se a problemas cardiopulmonares.
Sendo o trabalho moderno sedentário, raramen-
te exigindo do indivíduo deslocamentos de seu pos-
to de trabalho, observam-se também alterações no
seu metabolismo. As duas conseqüências mais
comuns apontadas na literatura são a obesidade,
devida à falta de exercícios e a prisão de ventre,
devida a uma inércia dos intestinos, aos quais falta
a impulsão necessária para uma digestão normal.
Um terceiro exemplo de subdesenvolvimento
de funções orgânicas é o das deficiências muscula-
res, que podem causar deterioração da atitude geral
de deformações localizadas como escolioses, lor-
doses, etc.
Os trabalhos realizados no contexto norte-ame-
ricano pela American Alliance for Health. Physical
Education, Recreation and Dance. (AAHPERD) re-
velam que a população adulta desse país é atingida
por três tipos de problemas de saúde: obesidade, as
doenças coronarianas e dores na região lombar (A-
AHPERD, 1980. p. 1).
Em conclusão, o trabalho moderno apresenta
uma tendência em substituir o esforço físico do tra-
balhador pela automação e pela racionalização, ob-
jetivando o aumento da produção, através de um
ganho em eficácia. Com isto foi possível reduzir a
jornada de trabalho, ainda que às custas de uma
maior intensidade do mesmo, acarretando o aumen-
to do estresse e da tensão nervosa. Em países
subdesenvolvidos do Terceiro Mundo, como o Bra-
sil, o estresse e a tensão nervosa do trabalhador
são agravados pela luta pela manutenção do em-
prego, pelo fantasma de um desemprego sem segu-
ro, pelas tensas relações empregado/empregador,
pelos salários aviltantes, por uma inflação sempre
com altos patamares, pela precariedade do ambien-
te de trabalho e pela instabibdade da situação só-
cio-econômica do país.
Assim, se começa a notar no trabalhador do
século XX o dispêndio de energia nervosa ultrapas-
sando o desgaste da energia física. Conhecendo as
vantagens que traz para a sociedade o fato de seus
membros praticarem atividades físicas e sabendo
igualmente da necessidade do homem atual voltar à
prática destas atividades, sistemas são organiza-
dos, em quase todos os países, segundo objetivos
próprios, bem definidos.
Completando a análise do trabalho moderno pa-
rece importante fazer alguma referência às con-
dições de trabalho a partir da Revolução Industrial.
No início desta, as modernas fábricas estavam ins-
taladas na maior parte dos casos em locais impro-
visados, geralmente galpões, onde condições inós-
pitas de calor, umidade, iluminação e aeração eram
uma constante. Por outro lado, as primeiras máqui-
nas ofereciam toda sorte de riscos ao trabalhador.
As críticas e os clamores exigindo um mínimo de
condições humanas de trabalho levaram a algumas
conquistas nos países desenvolvidos.
No Brasil, após a Primeira Guerra Mundial ob-
servou-se o início do lento processo de industriali-
zação, com o contexto sócio-político-econômico
mudando, após quatro séculos de sociedade agrá-
ria, para uma sociedade industrial urbana. Nos anos
30, com nossa revolução industrial em curso, não
aproveitamos a experiência de outros países e, em
menor escala é bem verdade, atravessamos os
mesmos percalços. Lamentavelmente a situação
agravou-se com a adoção, após 1964, do modelo
capitalista de desenvolvimento dependente-as-
sociado, o que fez com que o Brasil (Tabela 1)
chegasse a ser considerado, na década de 70, "o
campeão de acidentes de trabalho" (MARTHA, s. d.
P.D.
Pereira (1987) revela que, com o advento do
Plano Cruzado posto em prática pelo governo da
Nova República, o número de acidentes de trabalho
voltou a aumentar.
"Ao mesmo tempo em que viveu uma épo-
ca de ouro, com as indústrias trabalhando
TABELA 1
NÚMERO DE ACIDENTES DE TRABALHO OCORRIDOS EM 1974, EM RELAÇÃO
AO NÚMERO DE SEGURADOS (*)
ANO
TRABALHADORES
SEGURADOS
ACIDENTES
OCORRIDOS
PERCENTUAL
1974
11.537.024 1.796.761 15,57%
(*) Fonte: INPS.
Certamente algumas medidas foram tomadas
no campo da Segurança e Medicina do Trabalho, e
as estatísticas oficiais chegaram a apontar uma re-
dução no número anual de acidentes de trabalho
(TABELA 2).
Evidentemente estas estatísticas não são con-
fiáveis uma vez que o Governo Federal mudou, em
1975 e em 1976, o sistema de registro de acidentes,
manobra que lhe permitiu "livrar-se solertemente da
faixa de campeão mundial em acidentes de trabalho
conferida ao Brasil pela Organização Internacional
do Trabalho" (JORNAL DO BRASIL, 1987. p. 26).
Até 1975, o registro de acidentes era de competên-
cia única do INPS quando em outubro, empresas de
capital privado foram autorizadas a prestar atendi-
mento a funcionários. No ano seguinte a Lei n
o
6.367/76 transferiu para os empregadores a res-
ponsabilidade pelo pagamento dos 15 primeiros dias
após o acidente. Começaram então as empresas a
escamotear os acidentes mais leves. Com esses
dois artifícios, o governo conseguiu apresentar es-
tatísticas mais favoráveis.
TABELA 2
NÚMERO DE ACIDENTES OCORRIDOS NO
PERÍODO 1974-1979 (*)
ANOS
ACIDENTES
OCORRIDOS
DIFERENÇA
1974 1.796.761
_
1975 1.916.187 + 119.426
1976 1.743.825 - 172.362
1977 1.614.750 - 129.075
1978 1.564.380 - 50.370
1979 1.561.765 - 2.615
O FONTE: INPS.
a todo vapor para atender à irrefreável febre de
consumo, o país recuperou, em 1986, o triste tftub
de campeão mundial em acidentes de trabalho e
doenças profissionais. Calcula-se que cerca de
800 mil trabalhadores tiveram suas mãos
mutiladas no exercício de suas funções, durante
todo o ano. Diariamente 29 deles perderam a vida e
outros 151 tornaram-se inválidos pelo resto de seus
dias" (p. 26). Entretanto, sustenta Humel (1987) em
sua dissertação de mestrado, as doenças
profissionais e acidentes de trabalho não são
representativos nas estatísticas relacionadas com
os óbitos na população economicamente ativa em
São Paulo. As mortes por homicídios e em
acidentes de trânsito lideram as estatísticas, com
as doenças isquémicas do coração em terceiro
lugar.
EDUCAÇÃO FÍSICA NO MUNDO DO
TRABALHO
Obras clássicas como a de Laporte (1970)
consideram a Educação Física, durante a formação
do profissional como pertencente ao Mundo do Tra-
balho. Considerando-se que no contexto brasileiro a
formação do trabalhador se processa de duas for-
mas básicas:
a) nos cursos profissionalizantes a nível de
Ensino de 29 Grau, nos cursos de formação
profissional, como os mantidos por entida-
des como o SENAI e o SESC e em estabe-
lecimentos de Ensino Superior, e
b) em serviço, quando o aprendiz assume um
posto de trabalho e é treinado por alguém
mais experiente.
Aspectos teóricos e práticos da Educação Fí-
sica a serem desenvolvidos nos cursos profissiona-
lizantes e de formação profissional têm sido negli-
genciados, atualmente, por pesquisadores e exper-
tos. As fontes bilbiográficas disponíveis quase se
restringem aos trabalhos de Marinho (1952).
Esta Educação Física, evidentemente,! em um
caráter generalizado objetivando a formação do
adolescente, mas deve ser complementada para,
excepcionalmente desenvolver certas qualidades fi-
sicas, que a natureza da profissão escolhida exige
e ainda para proporcionar ao organismo uma com-
pensação de modo que as sinergias solicitadas du-
rante o trabalho, possam obter um relaxamento
adequado e outras, cuja solicitação tenha sido me-
nor, sejam convenientemente exercitadas de maneira
a evitar problemas daí conseqüentes. Assim, ge-
nericamente, sem pretensão de aprofundar o assun-
to, do ponto de vista de uma busca metodológica, o
programa teria dois componentes que seriam distri-
buídos pelas diferentes partes da aula: (a) compo-
nente geral, destinada à formação do adolescente;
(b) componente específica, tomando em conside-
ração a natureza e as especificidades da profissão
a ser abraçada. O Quadro I mostra, através de al-
guns exemplos, como a escolha dos elementos pa-
ra integrar a componente metodológica especifica
pode ser feita.
campo pode ser considerado como um atentado à
liberdade individual.
É possivel admitir, entretanto, que as empresas
podem colaborar com as autoridades - federais, es-
taduais e municipais - e com organizações sindi-
cais e sociais, no sentido de encorajar o lazer ativo
e ajudar a compensar uma vida profissional pobre
em movimentos.
No Brasil, e em especial no Rio de Janeiro, al-
gumas experiências têm sido levadas a cabo nos
últimos anos.
As empresas do grupo ISHIBRÁS desenvolve-
ram um "Programa de Lazer, envolvendo atividades
esportivas e sócio-culturais [...] beneficiando uma
comunidade que congrega atualmente cerca de 20
mil indivíduos" (PEREIRA & SCHLEDER, 1980. p.
6). Para isso foi criada uma fundação - Fundação
ISHIBRÁS - que tem estimulado a criação de Grê-
mios Departamentais - clubes sociais e esportivos
congregando empregados de um mesmo departa-
mento. No que concerne à prática desportiva, os
grêmios funcionam como os clubes e a Fundação
como uma federação. Os tipos mais comuns de ati-
vidades gimnico-desportivas desenvolvidas são: jo-
gos de Handebol, Basquetebol, Beisebol, Voleibol
Quanto ao momento, a Educação Física no
Mundo do Trabalho pode desenvolver-se basica-
mente:
a) durante o tempo livre do trabalhador, e
b) durante a jornada de trabalho.
Educação Física durante o Tempo Livre do
Trabalhador.
Considera-se como premissa básica que uma
empresa não se deve ocupar do tempo livre do tra-
balhador, uma vez que qualquer paternalismo neste
e Futebol de Salão; torneios e Campeonatos; Olim-
píada interna; colônia de férias e ginástica feminina.
Outros projetos têm sido desenvolvidos por
professores de Educação Física que os apresentam
a empresas dos mais variados ramos. É o caso por
exemplo de projeto apresentado à VARIG, de modo
a estimular entre os aeroviários - principalmente
pessoal de bordo, pilotos e comissários - a prática
da ginástica e do Voleibol. Este projeto tem forneci-
do importantes informações que servem tanto na
busca de uma metodologìa, quanto de uma organi-
zação que satisfaça as peculiaridades dessa clien-
tela. Outros exemplos são os da PROMON EN-
GENHARIA S/A que já no final dos anos 70 promo-
via Olimpíadas Internas, entre Rio e São Paulo, in-
cluindo 8 modalidades; da FININVEST, que oferece
ginástica e exercícios com pesos e do BANESPA.
Em nosso país, geralmente, essas experiên-
cias têm se restringido, principalmente, às empre-
sas privadas. Alguns exemplos podem ser encon-
trados em Empresas Estatais e poucas são desen-
volvidas por órgãos públicos federais. Um dos raros
exemplos foi o "Programa de Extensão voltado para
os funcionários da Universidade Federal Fluminen-
se - UFF - por nós desenvolvido através da então
Coordenação de Educação Fisica, constando de
ginástica para homens e para mulheres e de um
torneio anual de Futebol entre equipes dos diferen-
tes órgãos da Universidade" (FARIA JUNIOR,
1976), desenvolvido entre 1975 e 1977. A TELERJ
e a Companhia Siderúrgica Nacional são outros
exemplos que se podem citar.
Educação Fisica durante a jornada de traba-
lho
A Educação Física na Empresa, durante as ho-
ras de trabalho, envolve dois tipos básicos de ativi-
dade:
a) ginástica precedendo a ida para os postos
de trabalho, e
b) ginástica de pausa ou ginástica laboral com-
pensatória.
a) ginástica precedendo a ida para os postos
de trabalho.
A ginástica que precede a ida para os postos
de trabalho objetiva promover a melhoria da saúde e
do bem estar do trabalhador. Por outro lado, de
acordo com as exigências do tipo de trabalho, essa
ginástica faz parte do conjunto de medidas preven-
tivas contra os acidentes de trabalho.
No Brasil, algumas experiências têm sido de-
senvolvidas como por exemplo pela Fundição Tupy
e pela ISHIBRÁS.
'Todos os dias, logo pela manhã, um ritual
no mínimo exótico aos olhos da maioria
dos trabalhadores brasileiros se repete nas
instalações da Ishikawagima do Brasil (I-
shibrás). Aos primeiros acordes do Con-
certo n
ç
1 para piano e orquestra de Tchai-
kovsky, os 4300 funcionários (3500 nos
estaleiros, em Ponta da Caju, e 800 na fá-
brica de equipamentos pesados, em Cam-
po Grande, ambas no Rio) começam a se
concentrar em frente a suas seções. Mas
não iniciam logo o trabalho. [...] Está come-
çando mais um rápida, porém alentada,
sessão de ginástica que, embora voluntá-
ria, há quinze anos envolve todos os fun-
cionários, desde os operários ao vice-pre-sidente-
executivo da empresa, Nobuo Ogurí"
(EXAME, 1984. p. 58). Os resultados parecem
alentadores. A ISHIBRÁS aponta
"[...] um acentuado decréscimo no número
de casos de contusões causados pelo es-
forço físico sem preparação. O número de
atendimentos nos ambulatórios registrado
devido a lombalgias causadas por movi-
mentos bruscos ou deslocamento de obje-
tos com os músculos ainda frios, decres-
ceu, provando que o aquecimento muscu-
lar antes do início das atividades pode eli-
minar, em grande parte, esse problema"
(ISHIBRÁS, 1981. p. 3).
Por outro lado, nesta experiência, a ginástica
serve também a outros objetivos que não se coadu-
nam com os atuais princípios que norteiam esta ati-
vidade. Assim, a Ginástica Matinal serve para man-
ter o trabalhador sob controle. A equipe técnica da
ISHIBRÁS relata que
"a característica do trabalho desenvolvido na
Empresa requer um certo controle no que diz
respeito à disciplina e à ordem, uma vez que
os riscos de acidentes são muitos e as tarefas
executadas congregam um contingente
considerável de indivíduos. Para manter-se
sob controle essa massa, necessário se torna
incutir-lhe um sentido maior de disciplina e
organização. A reunião desses empregados,
no início do expediente de trabalho, serve para
mostrar-lhes a importância desse aspecto"
(ISHIBRÁS, 1981, p. 3). A Ginástica Matinal
também
"[...] promove a reunião dos grupos em torno de
seu responsável, que se aproveita da ocasião para
distribuir-lhe as tarefas do dia e evita que eles se
dirijam para as oficinas sem instruções precisas
quanto ao serviço programado" (id.). Como se vê,
os objetivos do Programa de Ginástica Matinal
"atenuar a incidência de acidentes de trabalho...,
disciplina, ordem, reunião dos grupos para a
distribuição de tarefas" (id.) mostram como a
ginástica pode ser colocada a serviço do capitalis-
mo, em detrimento da manutenção da saúde e do
bem estar do trabalhador. Assim, o aumento da pro-
dutividade é buscado através do controle dos traba-
lhadores, da ordem e da disciplina. A Operação Ze-
ro Defeito envolvendo entre outras atividades a
ginástica e as ações do 35 Grêmios, busca... "a
perfeição, que, em termos econômicos, significa o
melhor produto pelo menor preço" (BARROS, 1984.
p. 18). Orgulhosamente o vice-presidente executivo
da empresa afirma que tudo isto contribui para que
"em 25 anos de Brasil, a empresa não tenha sofrido
uma greve" (id.).
A análise da metodologia empregada apresenta-se,
nos aspectos não declarados, coerente com os
objetivos do Programa. Em contrapartida, os as-
pectos declarados merecem algumas observações.
O texto diz que se adota o Método Natural Austríaco
em substituição "aos métodos suecos e franceses,
muito empregados por organizações militares e
colégios, instituições que necessitam imprimir à
ginástica um sentido de organização maior, mais rí-
gido e mais disciplinador" (ISHIBRÁS, op. cit. p. 2).
Apresenta a seguir a finalidade desse Método como
sendo
"dar condicionamento físico. O rendimento
é maior e os resultados mais imediatos e
compensadores. A disciplina e a ordem
são apresentados com sutileza e os
exercícios evoluem gradativamente" (ibid.
p.3).
A observação das fotos publicadas tanto na
Comunidade Esportiva quanto no Jornal do Brasil
mostra trabalho nitidamente analítico, com formação
rigida (fileiras e colunas) executando os exercícios
demonstrados por um guia.
Ishlbrâs: ginástica matinal
Tal trabalho contraria os princípios desse antigo
Método Natural Austríaco que preconiza exatamente
o contrário, como se lê em Faria Junior (1969), um
trabalho global, sintético, sem formações rígidas,
estimulando a autodisciplina e empregando exercí-
cios naturais e utilitários. Assim, julga-se que o gru-
po que orienta a Ginástica Matinal poderia buscar
uma metodologia própria, desvinculada da preocu-
pação com antigos métodos da Educação Física
escolar e, adaptada ao contexto cultural brasileiro.
Hoje em dia o profissional de Educação Física
já dispõe de um sistema clearing house (câmara de
troca de informações) que permite acompanhar os
avanços da Educação Física na empresa - Sistems
MUDES - Esporte/Empresa.
Ginástica de Pausa ou Ginástica Laboral
Compensatória
A organização do trabalho envolve, em muitos
casos, tarefas repetitivas, segmentarias, realizadas
em cadências aceleradas.
A monotonia, o sedentarismo, a ausência de al-
ternância de movimentos e a predominância de soli-
citações unilaterais são algumas das características
que marcam esse trabalho.
Evidentemente surge daí a necessidade de
proporcionar atividades compensatórias. A prática
destas atividades, entretanto, não deve ficar restrita
ao tempo livre do trabalhador mas também deve ser
incluída nas horas de trabalho. A ginástica durante
a jornada de trabalho tem sido apontada como o
meio que melhor se adapta àquele esforço compen-
satório, graças ao seu largo espectro de movimen-
tos analíticos e aos efeitos gerais tonificantes.
Os registros mais antigos revelam esta preo-
cupação antes mesmo que a ginástica de pausa ti-
vesse se tornado um método estudado cientifica-
mente.
Vautrin, em 1919, relatava que
"experiencias realizadas com operários de
fábrica demonstraram que a pausa provo-
cava efeitos mais benéficos quando os
operários podiam... dançar" (citado por
LAPORTE, op. cit. p. 27).
A ginástica de pausa tem como objetivo funda-
mental o aprimoramento da saúde do trabalhador.
Especificamente ela objetiva:
- compensar os efeitos negativos da organi-
zação do trabalho (fadiga geral e/ou localizada; at-
mosfera social comprometida; sedentarismo, etc);
- contribuir para a preparação e adaptação aos
postos de trabalho (melhorando as coordenações
geral e específica; aprimorando a percepção ci-
nestésica e colaborando para a instalação de uma
atitude e de um método de trabalho higiênico);
- despertar o interesse por um estilo de vida
sadio e ativo fora da jornada de trabalho, exercendo
assim um efeito benéfico sobre a saúde, sobre o
absenteísmo e sobre o nível de incidência de aci-
dentes de trabalho.
Sabe-se que tanto no mundo capitalista quanto
no mundo socialista o problema da produtividade é
sempre alvo de acirradas discussões. Observa-se
também que o aumento da produtividade é obtido,
muitas vezes, em detrimento da saúde do trabalha-
dor. Assim, o que está em jogo não é a produtivida-
de mas sim a saúde e o bem estar do trabalhador.
Parece por isto inadequado apontar o aumento
da produtividade como um dos objetivos da ginásti-
ca laboral compensatória. É bem verdade também
que, melhores condições física e psicológica, alia-
das a um clima agradável de trabalho, poderão
apresentar como conseqüência o aumento da pro-
dutividade, compensando o tempo de interrupção
devido às pausas. Entretanto isto é apenas um
fenômeno complementar e não um objetivo primor-
dial a ser colimado.
Outro aspecto importante da questão é o da de-
terminação do momento a ginástica de pausa ocu-
paria na organização do trabalho. Numa jornada de
trabalho poder-se-ia considerar dois momentos dis-
tintos: (a) o do trabalho efetivo (quando o trabalha-
dor está ocupado na realização das tarefas que lhe
foram atribuidas), e (b) o do repouso (quando o tra-
balhador interrompe a execução das tarefas que
deve realizar).
O tempo de repouso pode apresentar quatro
vertentes:
a) tempo de esppra entre etapas ou operações
do próprio.trabalho; "
b) pausa devido a pane em máquinas e equi-
pamentos;
c) tempo de repouso previsto na organização
do trabalho (lanche; almoço; pausa para ginástica,
etc);
d) tempo de repouso ocasional, não previsto,
por necessidades pessoais.
Como se vê, a ginástica laboral compensatória
situa-se no tempo de repouso previsto na ornada
de trabalho. Em conseqüência, a existência de um
programa de ginástica de pausa não pode acarretar
nem perda salarial, nem aumento da permanência
do trabalhador na empresa, de modo a compensar o
tempo que o desenrolar das sessões de ginástica
de pausa ocupa. Em síntese, a ginástica de pausa
situa-se na jornada de trabalho remunerada.
Desde 1901, com os trabalhos de Kraepelin,
têm-se estudado os aspectos fisiológicos do traba-
lho. Alguns estudos abrangem as 24 horas do dia,
outros limitam-se à jornada de trabalho.
Um dos temas mais freqüentemente abordados
tem sido o do trabalho em turnos. Partindo do pres-
suposto de que algumas funções fisiológicas bási-
cas do homem como animal diurno, associadas
com suas capacidades de performance estão sujei-
tas às alterações rítmicas circadianas o que sugeri-
ria que ele não teria condições ideais para o traba-
lho noturno.
Astrand e Rodahl (1980) sustentam que:
"o homem apresenta nítidas alterações rítmicas de
algumas funções fisiológicas como freqüência
cardíaca, captação de oxigênio, temperatura
retai e excreção urinaria de potássio e de
catecolaminas em 24 horas, com valores
decrescendo até seu mínimo durante a noite e
subindo durante o dia, alcançando seu máximo na
parte da tarde. Este é o fenômeno conhecido
como ritmo circadiano" (p. 433). Entretanto, apesar
das pesquisas que vêm sendo produzidas,
conhece-se pouco sobre o problema. Assim, por
exemplo,
"o absenteísmo conseqüente a doenças
parece ser menor entre os operários que
trabalham em turnos do que em trabalhos
diurnos. Foi sugerido que os efeitos fisioló-
gicos e biológicos provavelmente se rela-
cionam mais com os ritmos circadianos do
que com o esquema de trabalho. Ainda não
se conseguiu determinar até que ponto es-
ses ritmos circadianos estão relacionados
com a saúde, com a performance e com a
sensação de bem estar" bid. p. 434).
Outros estudos sobre trabalhadores engajados
em turnos alternados e em jornadas noturnas contí-
nuas mostram que o trabalho em turnos representa
realmente um peso fisiológico sobre o organismo.
Eles revelam ainda que existem diferenças indivi-
duais significantes na reação ao trabalho em turnos,
confirmando a evidência empírica de que nem todos
os indivíduos são igualmente adequados para este
tipo de trabalho. Entretanto, mais do que os efeitos
fisiológicos são as conseqüêrc ias sociais e domés-
ticas do trabalho noturno que representam maiores
problemas.
Por outro lado, os resultados de pesquisas vol-
tadas para os efeitos do trabalho por turnos sobre
produtividade são conflitantes, da mesma forma que
os relacionados com os acidentes.
Muitas pesquisas procuram ainda correlacionar
fadiga e capacidade de trabalho. Bjerner, Holm e
Swensson estudaram os erros cometidos por
175000 trabalhadores da indústria de gás na Sué-
cia. O trabalho mostra duas curvas inversas. En-
quanto que a da fadiga em dois momentos (às 3h e
às 15h) atinge seus mais altos níveis a da capaci-
dade de trabalho alcança seus níveis mais baixos.
Nos estudos para a implantação da ginástica
de pausa tem-se considerado a jornada de trabalho
como sendo de 8 (oito) horas. Nesta jornada de tra-
balho inúmeros fatores interferem e os dois mais
importantes são:
a) a fadiga, inversamente proporcional à capa-
cidade de trabalho;
b) o efeito do exercício, proporcionando efei-
tos positivos sobre a capacidade de trabalho.
Em conseqüência dos resultados dos estudos
efetuados introduziu-se a pausa na jornada de tra-
balho buscando estabelecer um equilíbrio entre os
fatores geradores de fadiga e o efeito do exercício.
As pausas incluídas regularmente diminuem a in-
tensidade da fadiga. A pausa para o almoço, ao
meio-dia, produz até mesmo efeitos sobre o rendi-
mento em que este se vê mais elevado do que no
caso da interrupção deixar de ocorrer.
Outro princípio importante que constitui um dos
fundamentos da ginástica de pausa é o do repouso
ativo.
Este princípio foi estabelecido pelo fisiologista
russo Setschenow e adaptado depois por seu aluno
Pavlov.
O princípio do repouso ativo explica o efeito fa-
vorável que é obtido introduzindo uma variação no
trabalho.
A ginástica de pausa, em todas as suas mani-
festações, pode proporcionar atividade no repouso,
proporcionando uma mudança que acarrete uma
melhor recuperação.
Ginástica de pausa na fábrica Brahma de Curitiba, Estado do Paraná.
Como se destacou anteriormente, o objetivo
primordial da ginástica de pausa é a melhoria da
saúde e do bem estar do trabalhador.
Diversas pesquisas têm sido efetuadas bus-
cando identificar os efeitos da ginástica de pausa
(ou ginástica laboral compensatória) sobre o indiví-
duo. Estas pesquisas, para fins meramente didáti-
cos, podem ser divididas em:
a) estudos sobre as influências da ginástica de
pausa sobre o estado físico e psicológico do traba-
lhador, e
b) estudos sobre as influências subjetivas da
ginástica de pausa.
No primeiro grupo de estudos a maior parte das
pesquisas preocupam-se em investigar a fadiga, as
condições físicas e psicológicas e as variações
destes fatores durante a jornada de trabalho.
Os resultados têm mostrado influências positi-
vas da ginástica de pausa sobre: o tempo de
reação, a coordenação, a sensibilidade e a atenção.
Assim, por exemplo, pesquisas sobre o tempo
de reação visuo-motora realizadas na Bélgica,
Bulgária e URSS mostram que este melhora em
42% a 65% das pessoas que se submetem a pro-
grama de ginástica de pausa.
Outro aspecto importante investigado é o da
visão humana. Os pesquisadores têm procurado
estudar a influência da ginástica de pausa sobre a
fadiga que se instala nos olhos, nos nervos e nos
centros cerebrais correspondentes. Os trabalhos
têm comparado grupos que têm apenas uma pausa
sem trabalho físico compensatório com outros sub-
metidos a programas de ginástica de pausa.
Assim, por exemplo, Geissler (citado por LA-
PORTE, 1970. p. 40) aplicando o teste de Scheiner
de acomodação visual comprovou, com um grupo
de mulheres executando trabalho de precisão, que
os resultados obtidos com a ginástica laboral com-
pensatória foram mais positivos do que com o em-
prego simples da pausa.
Mieczkowski e Rotemberg (citados por LA-
PORTE, op. cit.), estudando acuidade visual de
operatrizes, mostraram que esta melhorava signifi-
cativamente no grupo que fazia ginástica de pausa
em comparação com o grupo que permanecia pas-
sivo na pausa.
Laporte (1962) e Wutsherk (1966) estudaram o
fenômeno da fadiga dos olhos no aspecto da
freqüência crítica de fusão, quando o olho passa a
ver excitações intermitentes como uma luz contí-
nua. Os resultados demonstraram que a fadiga dos
olhos era significativamente menor após uma
sessão de ginástica de pausa do que após um re-
pouso meramente passivo.
Outros aspectos que as pesquisas têm enfo-
cado são a atenção e a concentração. Um exemplo
de investigação sobre a atenção é o de Nifontova
(citado por LAPORTE, op. cit. p. 42) que estudando
a aplicação de testes de atenção constatou que o
número de erros era menos elevado entre os me-
canógrafos que haviam se submetido ao programa
de ginástica laboral compensatória do que os que ti-
veram apenas o repouso passivo na jornada de tra-
balho.
Um quarto aspecto alvo de investigações foi a
função cardiovascular e respiratória.
Foi constatado um aumento que variou de 25%
a 37% da capacidade vital (dependendo dos exercí-
cios solicitarem mais os membros superiores ou os
membros inferiores), havendo mesmo o trabalho
apontando aumento de 141 ce da capacidade vital
(3109 ce antes e 3250 ce após a ginástica de pau-
sa). Outro trabalho aponta uma tendência à dimi-
nuição de 6 pulsações por minuto após a ginástica
no grupo experimental ficando o grupo controle sem
apresentar alterações.
Com a prática regular da ginástica de pausa
durante um período prolongado, observou-se a re-
dução progressiva do aumento da freqüência
cardíaca durante as sessões ao mesmo tempo que
esta passou a diminuir mais rapidamente após a
pausa. Estes efeitos são importantes se conside-
rarmos que a ginástica laboral compensatória apre-
senta fraca intensidade como caracteristica.
Finalmente, alguns pesquisadores investigaram
aspectos relacionados com a força muscular (ainda
que o desenvolvimento desta valência física não se-
ja um dos objetivos da ginástica de pausa) e com a
resistência muscular localizada. Vários trabalhos
comprovaram o aumento da força manual máxima
entre 6,7 e 11,1% após a sessão de ginástica. Por
seu turno, a resistência muscular localizada apare-
ceu aumentada até 16% após a ginástica enquanto
que diminuiu até 19% no grupo que somente teve
pausa passiva.
Todos estes trabalhos voltados para a ¡nfluên-
cia da ginástica de pausa sobre o estado geral do
trabalhador comprovam que ela é sempre benéfica,
ajudando a colocar o individuo em situação em que
suas potencialidades físicas e psíquicas podem ser
utilizadas ao máximo graças sobretudo à diminuição
ou até mesmo ao desaparecimento da fadiga. Indire-
tamente, esta melhor condição geral do trabalhador,
produzirá também efejtos sobre seu trabalho.
No segundo grupo de estudos, a maior parte
das pesquisas preocupam-se em investigar as im-
pressões e os sentimentos das pessoas envolvidas
na ginástica de pausa, sejam elas diretores de em-
presas ou os próprios trabalhadores, sejam elas di-
rigentes de setores de Educação Fisica ou os pró-
prios professores. Os estudos são quase todos
sondagens de opiniões baseadas na aplicação de
escalas, de questionários ou na realização de en-
trevistas.
Na Europa, muitos trabalhos de pesquisa apre-
sentam resultados semelhantes. Assim, por exem-
plo, Laporte (op. cit.) cita trabalho realizado na Ho-
landa por Duweleen, nos Correios, quando 72% dos
entrevistados opinaram que a ginástica de pausa
estimulava o trabalho e favorecia o cumprimento
das obrigações.
Na Suécia, Gieseke utilizando questionários
após um ano de desenvolvimento de um programa
de ginástica de pausa na Companhia de Seguros
Folksam mostrou que dos investigados 87% acham
que a ginástica é um estimulante de ordem psicoló-
gica, 76% acham que o trabalho se realiza mais fa-
cilmente após a ginástica e 60,7% acreditam que a
fadiga diminui.
Na Bélgica, Laporte demonstrou que 83% dos
empregados do Office des Cheques Postaux, em
Bruxelas (figura 13) sentem um bem estar generali-
zado após a ginástica, 78% sentem-se menos fati-
gados e 63% declaram que o trabalho se faz mais
facilmente.
Na França, vários trabalhos de pesquisa foram
realizados em empresas.
Ottavy (1973) relata-nos que a eficácia e a va-
lidade da ginástica de pausa aparecem nas "decla-
rações subjetivas dos praticantes nas enquetes
realizadas nas empresas" (p. 42).
Laporte (op. cit.) referencia ainda várias enque-
tes realizadas na França em empresas de seguro
como Aigle et Soleil e na Esso Standard e na Buli
Electric todas mantendo programas de ginástica la-
boral compensatória.
Destes trabalhos reproduzimos algumas frases
espontaneamente ditas pelos entrevistados:
- Nós esperamos com impaciência, todos os
dias, o início da ginástica de pausa.
- Depois que comecei a fazer ginástica de
pausa eu me sinto em forma e não mais tenho difi-
culdade em terminar meu trabalho.
- Depois que a ginástica de pausa foi introdu-
zida a atmosfera de trabalho é mais agradável, o
pessoal está menos tenso e há menos queixas
(chefe entrevistado).
- O ambiente de minha seção transformou-se
completamente, cada um mais motivado e eu assim
devo fazer menos admoestações (chefe entrevista
do)" (LAPORTE, op. cit. p. 49).
No Brasil, a Federação de Estabelecimentos de
Ensino Superior (FEEVALE) realizou experiência na
região do Vale dos Sinos, maior pólo industrial da
Grande Porto Alegre, em cinco empresas, implan-
tando a ginástica laboral compensatória.
Os depoimentos relatados por Schimitz (1981)
e por Kolling (1980) praticamente confirmam o que
diz a literatura estrangeira a propósito das influên-
cias subjetivas da ginástica de pausa: "a boa forma
física e a disposição para o trabalho" (SCHIMITZ,
1981, p. 3) apontadas unanimemente por todos os
entrevistados, participantes do programa.
" - Gosto muito de Ginástica. Temos ótimos
resultados.
- Estou gostando muito da física; melhorei do
meu pescoço, lamento ser pouco tempo.
- Passaram minhas dores de cabeça e nas
costas.
-ejá estou ficando elegante.
- Existe realmente uma parada na tensão do
serviço diário" (SCHIMITZ, 1981, p.3).
A seguir são transcritos os depoimentos dos di-
rigentes e dos chefes das empresas envolvidas no
projeto.
"- A fábrica mudou. Hoje è mais uma família do
que uma fábrica.
- Sem dúvida eles se sentem melhor e a expe-
riência tem sido extremamente gratificante.
- O importante é continuarmos com a iniciativa
que, além dos resultados operacionais para a em-
presa, formou um sentido de grupo muito bonito
aqui"' (SCHIMITZ, 1981. p. 3).
"- A ginástica laboral compensatória é, sem
dúvida o que há de melhor. Por enquanto, atenden-
do a duas secções, todo o pessoal está gostando
da ginástica.
Apesar de ser uma coisa nova, inclusive ha-
vendo muitas brincadeiras no início, todo o pessoal
daqui está apreciando a ginástica. Os que seguida-
mente se queixavam de dores de cabeça depois de
determinadas horas de trabalho, já não se queixam
mais.
O ambiente das secções atingidas pela ginásti-
ca melhorou. Os resultados até aqui têm sido tão
positivos, que vamos ampliar a experiência para
que ela atinja também outras secções da nossa fá-
brica" (KOLLING. 1980. p. 21).
Outra linha de pesquisa que se pode identificar
é a que busca estudar os efeitos da Ginástica de
Pausa, não mais sobre o individuo mas sobre a
produção.
Como se viu anteriormente a melhoria do ren-
dimento no trabalho e o aumento da produção não
constituem objetivos pretendidos pela ginástica de
pausa, mas são fenômenos residuais que freqüen-
temente ocorrem. Evidentemente, pode-se supor
que, numa empresa onde os trabalhadores vêem
melhoradas a sua saúde e seu bem-estar, até
precedida por observação do gosto musical dos
As pesquisas que se vinculam a esta linha pro-
curam responder as dúvidas de muitos dirigentes de
empresas, tanto no mundo socialista quanto no
mundo capitalista, no que concerne a uma eventual
diminuição da produção, fruto de uma ou duas pau-
sas para a ginástica durante a jornada de trabalho
(vide exemplos de exercícios de pausa nas fotos 1,
2, 3 e 4, segundo imagens obtidas com datilógrafos
na Universidade do Estado do Rio de Janeiro -
UERJ).
No mundo socialista, onde se encontra a ex-
pressão produtiva, observa-se que a ginástica de
pausa faz parte integrante do trabalho e da pro-
dução.
Pesquisas efetuadas na Bulgária e na URSS
mostram que ao comparar a produção uma hora an-
tes e uma hora após a ginástica, constataram que
na última hora cresce o rendimento, o que vem a
compensar o tempo de pausa. Outro aspecto ob-
servado é que a influência da ginástica de pausa se
faz mais marcante na produção quando está ligada
ao trabalho de operários não qualificados.
No mundo capitalista "diversos estudos e ex-
periências têm confirmado que os exercícios físicos
durante os períodos de repouso - a ginástica de
pausa - aumentam o rendimento do trabalho..."
(CANTARINO FILHO & PINHEIRO, 1974. p. 41).
No Brasil, a experiência da FEEVALE mostra
que "... os dez minutos de parada na fábrica não
acarreta diminuição da. produção que, se não au-
menta é mantida: São temos prejuízo algum".
(SCHIMITZ, op. cit. p. 3).
GINÁSTICA DE PAUSA - EM
BUSCA DE UMA METODOLOGIA
Nesta parte do trabalho, buscou-se levantar al-
guns parâmetros que serviriam na busca de uma
metodologia.
O primeiro parâmetro estudado foi o da respon-
sabilidade pela organização. O exame da literatura
revelou que a iniciativa tanto pode partir da direção
da empresa quanto do próprio pessoal. A responsa-
bilidade pela organização pode recair sobre: (a) o
setor de segurança do trabalho; (b) o serviço de
medicina do trabalho; (c) o setor de assistência so-
cial; ou (d) um serviço especial de Educação Fisica.
Em qualquer dos casos tem-se um licenciado em
Educação Fisica como responsável.
O segundo parâmetro estudado refere-se ao
estudo analítico do trabalho da profissão em
questão, dentro da empresa. Estuda-se a organi-
zação geral do trabalho, buscando levantar infor-
mações sobre horário, fatores ambientais, relações
interpessoais, aspectos pessoais (idade, tarefas,
hábitos, ocupação das horas de lazer, problemas
profissionais, etc...). Estas informações podem ser
obtidas junto aos chefes, trabalhadores, médicos,
representantes sindicais e assistentes sociais. En-
trevistas, questionários e observações são alguns
dos processos que integram o arsenal instrumental
utilizado para coletar essas informações.
Laporte (op. cit.) aponta cinco fatores que de-
vem ser tomados em consideração na análise de
um posto de trabalho:
a) os fatores psfquicos e sensoriais;
b) os fatores físicos;
c) as habilidades e atitudes;
d) o nível de responsabilidade
e) as condições de trabalho (p. 59).
O terceiro parâmetro refere-se à informação e à
divulgação. A ginástica de pausa é ainda desco-
nhecida por muitos empresários, dirigentes sindicais
e trabalhadores. A informação junto a estes seg-
mentos, explicando seus objetivos, meios e benefí-
cios torna-se necessária, se desejamos que a im-
plantação do programa tenha êxito. É necessário
buscar vencer as desconfianças e as reações nor-
mais a qualquer iniciativa inovadora.
A primeira abordagem deve ser feita junto à di-
reção da empresa, para que ela compreenda os
efeitos do programa sobre o ambiente de trabalho,
na melhoria das relações empregado-empregador e
na produção e desenvolvimento do trabalho. A se-
gunda abordagem visa os chefes imediatos, sem a
adesão dos quais é impossível desenvolver o pro-
grama. Com eles se deve discutir os objetivos, os
meios e os efeitos da ginástica sobre a fadiga e a
saúde do trabalhador. A terceira abordagem funda-
mental é junto aos representantes sindicais, isto nos
grupos profissionais em que o sindicato é forte e
atuante, o que ocorre raramente no Brasil, com ra-
ras exceções. Finalmente são os próprios trabalha-
dores que devem ser abordados para receberem as
informações necessárias. A experiência mostra que
é mais eficaz o contato com pequenos grupos, obri-
gando os interlocutores a vencer a apatia e o ano-
nimato. Neste contato a demonstração de uma aula
(ao vivo ou em VT) e a distribuição de material de
apoio, ilustrado ou não, são meios eficazes para a
abordagem.
Neste momento, o problema da participação li-
vre ou obrigatória aparece freqüentemente. Como
se viu, a ginástica de pausa busca criar um clima
agradável, descontraído. Torná-la obrigatória pode
comprometer este propósito.
Na experiência nacional, tem-se observado
brincadeiras nas primeiras aulas que podem ser in-
terpretadas como meios encontrados para vencer a
inibição pessoal e o preconceito cultural do brasilei-
ro em relação à ginástica. Evidentemente, existe
sempre o risco de alguns dos não participantes fa-
zerem chacota com os que estão engajados no
programa, criando para estes uma situação cons-
trangedora. Uma medida que se tem comumente
adotado é a de obrigar a retirada dos não participan-
tes do local, de modo a não constranger os demais.
O quarto parâmetro a considerar envolve de-
cisões quanto a elaboração do programa em função
da infra-estrutura, das condições de trabalho e do
vestuário comumente usado (local, sistema de som,
distribuição do programa em função das secções,
temperatura, aeração, roupas comuns ou uniformes
de trabalho, etc).
O quinto parâmetro relaciona-se com decisões
quanto: a duração e direção da aula; acompanha-
mento rítmico; leque de exercícios (escolha, posolo-
gia, ordenação, etc).
Uma experiência de Ginástica de Pausa
Um exemplo de aula apresenta-se a seguir,
conforme idealização de alunos do Instituto de Edu-
cação Fisica e Desportos da Universidade do Rio
de Janeiro. Mobilizou-se portanto um grupo de da-
tilógrafos do mesmo Instituto e foi produzida uma
descrição dos passos seguidos na busca de uma
metodologia.
A organização do trabalho começou com o trei-
namento dos licenciandos, de entre os quais um se-
ria escolhido para orientar a aula, que durou doze
horas.
Dada a natureza da experiência, não se utiliza-
ram animadores. Em alguns casos, os professores
de Educação Fisica treinam animadores e demons-
tradores. Na França, por exemplo, são organizados
"estágios com a duração de cinco dias" (OTTAVY,
1973) para preparar animadores de ginástica de
pausa.
Utilizou-se o sistema de som existente na se-
cretaria do Instituto. Os licenciados, junto com a
chefe de secretaria, supervisionados pelo professor
da disciplina organizaram uma série de exercícios
para integrar a aula.
Foram consideradas como restrições: o fator
tempo - convencionou-se que a duração da aula
não ultrapassaria dez minutos; e o fator espaço. Uti-
lizou-se o local de trabalho sem nenhuma modifi-
cação; o vestuário habitual foi mantido sem nenhu-
ma alteração e a temperatura ambiente condicionou
a intensidade dos exercícios.
Na escolha inicial do leque de exercícios, foram
incluídos exercícios de ativação geral, corretivos de
postura, de relaxamento muscular, de fortalecimento
muscular, de mobilização, de alongamento e respi-
ratórios.
A intensidade e a quantidade de exercícios fo-
ram norteadas pelos fatores: sexo, idade, experiên-
cia anterior em ginástica e atividades fisicas e grau
de condições físicas do grupo.
A escolha do acompanhamento musical foi
precedida por observação do gosto musical dos
funcionários, buscando-se a identificação da emis-
sora radiofônica preferida (Rádio Cidade, no caso),
cuja programação era veiculada pelo sistema de
som ambiente. A programação dessa emissora foi
utilizada sem que houvesse preocupação em corre-
lacionar ritmo com exercícios e música, dada a
inexperiência do grupo com esse tipo de trabalho.
A seguir, apresentam-se os exercícios utiliza-
dos na primeira aula, planejada pelos licenciandos:
Andrea Paula Rodrigues Morais, Carlos Sérgio da
Costa Couto, Denise Fonseca do Amaral, Francisco
Javier G. Montez, Gilberto Citryn (cronofotografia
estroboscópica), João Bosco C. Sampaio, Luiz Feli-
pe C. Ribeiro, Roberto de Moraes Mendes (cronofo-
tografia estroboscópica e orientador da sessão para
gravação em VT) e Mareia Gaspar Moreira.
Ginástica de Pausa para
Datilógrafos (IEFD/UERJ)
13 AULA
MÚSICA (programação da Rádio Cidade)
1. Espreguiçar-se
Sentado na própria cadeira em que trabalha,
esticar as pernas e os braços acima da cabeça es-
preguiçando-se. Voltar à posição normal. Repetir o
movimento duas vezes. O movimento é feito lenta-
mente, respeitado o ritmo de cada um (figura 1 ).
2. Flexão anterior do tronco
Sentado, flexionar o tronco para frente, deixan-
do os braços caírem naturalmente ao lado do corpo.
Voltar à posição normal. Repetir o movimento duas
vezes. O movimento é feito lentamente respeitando
o ritmo individual (figura 2).
3. Pescoço (de pé)
a) inclinar a cabeça lentamente para a esquer-
da; voltar à posição inicial. Repetir o movimento pa-
ra o lado direito. Repetir a seqüência duas vezes
(figura 3a).
b) flexionar a cabeça para frente, lentamente;
voltar à posição inicial. Esticar a cabeça para trás.
Repetir duas vezes os movimentos (figura 3b).
c) efetuar circundação da cabeça para o lado
esquerdo. Repetir para o lado direito. Repetir a
seqüência duas vezes (figura 3 c).
4. Circundação dos ombros (figura 4).
Repetir cinco vezes.
5. Flexão e extensão dos antebraços
Flexionar os antebraços sobre os braços, até
tocar os ombros. Extensão dos antebraços até a
posição de braços estendidos ao lado do corpo (fi-
gura 5 a). Durante os movimentos, abrir e fechar os
dedos das mãos (figura 5 b). Repetir os movimentos
quatro vêzes.
6. Flexionar a cabeça para frente, flexionar, pro-
gressivamente, o tronco, por segmentos, para a
frente; começar pela parte superior das costas, fle-
xionar ligeiramente os joelhos seguido de flexão
completa. Elevar progressivamente a coluna verte-
bral, deixando os braços descontraídos (figura 6).
Repetir quatro vezes os movimentos.
7. Inclinação lateral do tronco
Inclinar lateralmente o tronco com braços ao
lado do corpo, descontraídos (figura 7). Repetir o
exercício quatro vezes para cada lado.
8. Elevação alternada dos joelhos
Elevar alternadamente os joelhos. Os braços
são mantidos descontraídos ao lado do corpo (figura
8). Repetir o exercício quatro vezes com cada per-
na.
9. Elevação alternada das pernas
Elevar alternadamente as pernas esticadas.
Manter os braços estendidos ao lado do corpo (figu-
ra 9). Repetir o exercício quatro vezes com cada
perna.
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/ Ginástica Laboral Compensatória:
Relato da Experiência de Novo Hamburgo
Não é hoje que o esporte é ligado à idéia de
saúde, e esta, ao bem-estar e produtividade do ho-
mem , A movimentação do corpo, planejada por pro-
fissionais e visando ao equilíbrio biopsicológico, es-
timula a melhoria do estado pessoal e aumento de
resistência física. No trabalho, condições inseguras
e atos inseguros são apontados por especialistas
na prevenção de acidentes laborais, como as prin-
cipais causas de suas ocorrências. Dentro do as-
pecto de condições inseguras entram em questão
vários itens, dentre os quais o próprio equipamento
da empresa, barulho excessivo na repartição, má
iluminação do local e, principalmente, a fadiga. Sa-
be-se que as operações repetitivas e o cansaço pe-
la postura muitas vezes estática produzem esta
reação fisiológica, que acaba por configurar um
quadro comum em todas as empresas e que é cau-
sador de grande número de acidentes no trabalho e
da baixa produtividade da empresa.
Partindo destas premissas, a FEEVALE - Fe-
deração de Estabelecimentos de Ensino Superior
em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e a
ASPEUR - Associação Pró-Ensino Superior em
Novo Hamburgo, sua entidade mantenedora, inicia-
ram estudos, já em 1973, visando levar para as fá-
bricas a ginástica para os funcionários, com o intuito
de combater as seqüelas de ambientes de trabalho
adversos. Iniciativa pioneira no País, a Ginástica
Laboral Compensatória, como foi chamada a expe-
riência pela FEEVALE, foi planejada para ser exe-
cutada em empresas do Vale do Rio dos Sinos,
maior pólo industrial da Grande Porto Alegre. Após
a implantação sob forma experimental em cinco
empresas da região, no ano de 1979, através de um
convênio com o SESI, que prontamente encampou
a idéia, somente duas continuaram no programa de
modo estável.
ETAPAS
O trabalho desenvolvido pelos profissionais da
FEEVALE, baseado totalmente em pesquisas cientí-
ficas, previu várias etapas. A primeira, de sonda-
gem junto às empresas, procurou o contato com o
João Carlos Schmitz
empresário para esclarecimentos quanto ao pro-
grama, e motivação tanto deste como dos trabalha-
dores com vistas à participação no projeto. É impor-
tante salientar, que a FEEVALE implantou a Ginás-
tica Laboral Compensatória, junto aos seus próprios
funcionários, nesta etapa preliminar, para constatar
sua funcionalidade e aprimorar o processo, além de
treinar equipes de monitores (que mais tarde agiriam
nas empresas), no próprio local, corrigindo possí-
veis falhas. Seguiu-se uma pesquisa junto às em-
presas definidas como participantes do projeto: a
METALGRIN - Indústria de Plásticos e Metais
Ltda., de Novo Hamburgo; BIEHL S/A - Meta-
lúrgica e Indústria de Artefatos de Borracha BINS
Ltda., de São Leopoldo; VACCHI S/A - Indústria e
Comércio de Couro e Lanificio KURASHIKI DO
BRASIL, empresa de Sapucaia do Sui.
Nesta pesquisa os técnicos verificaram, nas
diversas seções de cada empresa, o tipo de tarefa
que cada grupo de operário desempenhava, através
de filmagens dos mesmos em ação e no local de
trabalho. A partir desta análise, foram então diag-
nosticados os grupos musculares mais ativos, o ti-
po de contração muscular predominante e os gru-
pos musculares antagonistas para compensação.
Foi igualmente definido o horário ideal de pausa para
a ginástica, prevista para duração de 10 minutos
(sete para exercícios e três para relaxamento), dia-
riamente, no próprio local de trabalho, junto às má-
quinas e escrivaninhas. Segundo os estudos reali-
zados, as sessões de ginástica deveriam ocorrer
entre 15h e 15h30min, por corresponderem ao
período onde a fadiga e os acidentes no trabalho
mais se acentuavam.
Seguiu-se a seleção e planejamento das ativi-
dades a serem desenvolvidas nas diversas seções,
de acordo com o esforço feito durante o dia, a se-
leção e treinamento dos monitores (acadêmicos li-
cenciados da Escola de Educação Física da FEE-
VALE - ESEF/FÊEVALE) e, por fim, a aplicação
dos exercícios na empresa. Estiveram envolvidos,
na ocasião com o projeto, 292 operários e funcioná-
rios. A implantação do mesmo nas empresas acon-
teceu no dia 20 de março de 1979.
VOLUNTARIADO
Formaram o grupo técnico de elaboração e im-
plantação do projeto, os professores: Aloysio Kol-
ling, Alfeu Luiz de Souza Guedes, médico Raul Bar-
nech Rodrigues, médico Luiz Ziegler de Jesus, pro-
fessoras Luiza Leane Vitorio e Maria Antonieta
Schmitz Backes. O mesmo contou ainda com a co-
laboração do diretor da ESEF/FEEVALE, professor
Benno Becker Junior e do professor da Escola,
Marco Antonio Engel.
Segundo eles, a Ginástica Laboral Compen-
satória não discrimina exercícios em função de se-
xo ou idade, uma vez que se destinam a descontrair
os músculos mais trabalhados durante o serviço.
Salientam também que a execução por parte dos
operários é optativa, ou seja, o próprio funcionário
deve constatar os resultados da prática dos exercí-
cios e querer fazê-los. E, realmente, todos os em-
pregados que dela já participaram apontam a boa
forma física e a disposição para o trabalho como os
principais resultados da Ginástica Laboral Com-
penstória.
O depoimento dos funcionários das cinco em-
presas onde o projeto foi aplicado, já em fase de
avaliação atestaram os efeitos esperados. Com
poucas palavras, e procurando expressar-se da
melhor forma, os trabalhadores escreveram falando
entusiasmados da experiência, o que transcreve-
mos aqui em alguns depoimentos: "Gosto muito da
ginástica. Temos ótimos resultados". "Estou gos-
tando muito da física; melhorei do meu pescoço, la-
mento ser pouco tempo". "Passaram minhas dores
de cabeça e nas costas". "... e já estou até ficando
elegante". "Existe realmente uma parada na tensão
do serviço diário". Palavras simples, mas que ale-
graram a diretoria do educandário pelo reconheci-
mento ao trabalho desenvolvido.
PERSPECTIVAS
Posteriormente, as empresas METALGRIN, de
Novo Hamburgo, e BINS, de São Leopoldo, conti-
nuam com a prática da Ginástica Laboral Compen-
satória. O problema de custo foi a principal questão
colocada pelos demais empresários como impedi-
mento a não prosseguirem com a ginástica, pois,
encerrado o projeto, os monitores passaram a ser
contratados pelas empresas. Também ocorreu o
desinteresse por parte dos próprios funcionários,
em alguns casos. Oscar Balduíno Petry, da BIEHL
S/A. Metalúrgica, onde tal aconteceu, afirma que
"infelizmente o operariado não tem noção do que is-
to representa".
O custo não foi entrave, nem tampouco o de-
sinteresse por parte dos empregados, na METAL-
GRIN. Quem chegava à empresa às 15h, poderia
presenciar, nas seções de peças (matrizaria e es-
tamparia) e escritório, os funcionários, de macacões
ou roupas de serviço, em meio às máquinas e es-
crivaninhas, fazendo os exercícios ao comando das
monitoras Rosaura Maria Belloni e Maria Inésia
Koch.
O interesse do diretor da empresa pelo projeto,
Luis Grin, veio em função da experiência própria,
segundo conta: "Há dois anos e meio faço ginástica
e passei a me sentir tão bem que, quando surgiu a
oportunidade dada pela FEEVALE, achei que meus
funcionários deveriam experimentá-la. Os efeitos fo-
ram quase que imediatos, com uma série de vanta-
Ginástica Laboral no Pólo
A ginástica laboral tem como intuito desen-
volver o hábito da prática da atividade física nas
diferentes classes sociais pois, academias e
clubes podem ser de difícil acesso para muitos.
Na medida em que grande parte da população
ativa encontra-se por tongo periodo de tempo
engajada em atividades dentro de empresas, a
presente pesquisa teve como objetivo avaliar o
conhecimento e interesse dos empresários e
funcionários do pólo industrial de Sumaré, SP, a
respeito da prática da atividade física programa-
da, utilizando o método da ginástica laboral. Fo-
ram enviados 49 questionários contendo pergun-
tas fechadas, aos empresários, dos quais, ape-
nas 12 retornaram. A análise dos dados sugere
Industrial de Sumaré, SP.
Autor(es): Reinaldo Naia Cavazani e Gisèle
Maria Schwartz Miotto
que a desinformação sobre esta atividade é uma
constante, devido à falta de maior divulgação
deste assunto, ficando sua prática restrita a al-
gumas empresas multinacionais de grande porte.
No entanto, houve interesse por parte de em-
presários e funcionários de algumas empresas
de médio porte, em conhecer este método, o que
leva a concluir que este tema deve merecer
maior destaque dentro das próprias entidades de
ensino superior de Educação Física, a fim de que
este profissional possa ser o elemento multipli-
cador dos princípios gerais da atividade física.
Il Seminário Paulista de Educação Física -
UNESP-Abril de 1989
gens. De lá para cá, em alguns setores, o índice de
acidentes praticamente "zerou". No setor de estam-
paria, por exemplo, há mais de dois anos não ocorre
nenhum acidente; na matrizaria, onde o índice era
de 25 a 30 ocorrências por mês hoje é de uma ou
duas", diz ele.
A aplicação da ginástica, segundo Grm, gerou
inclusive resultados positivos no relacionamento en-
tre os próprios funcionários, e entre eles e a parte
diretiva da empresa. "A fábrica mudou. Hoje é mais
uma familia do que uma fábnca", diz ele entusias-
mado. "Sem dúvida eles sentem-se melhor e a ex-
periência tem sido extremamente gratificante. Pre-
tendemos inclusive ser campeões do próximo tor-
neio do SESI".
A questão de custos, segundo Grin, é totalmen-
te compensada em função dos resultados obtidos.
Os dez minutos de parada na fábrica, conforme diz,
não acarreta diminuição da produção que, se não
aumenta, é mantida; "não temos prejuízo algum",
afirma.
A principal preocupação de Grin, doravante é a
de propiciar a Ginástica Laboral Compensatória a
todos os seus funcionários, o que não ocorre atual-
mente, em função do horário de trabalho de algumas
seções. No setor de injetores, que é mantido em
atividade 24 horas por dia, os funcionários não têm
à sua disposição uma monitora para aplicação dos
exercícios. Entre 20h30min e 3h da madrugada, se-
gundo Grin, têm ocorrido os acidentes mais graves
na empresa, onde a fadiga dos empregados é por
demais acentuada. Mas ele espera resolver a
questão brevemente. Para tanto, pretende que um
dos próprios operários daquele horário seja treinado
pelas monitoras, para posteriormente passar a de-
senvolver os exercícios com seus colegas e, as-
sim, propiciar a todos o descanso necessário. "O
importante", diz Grm, "é continuarmos com a inicia-
tiva que, além dos resultados operacionais para a
empresa, formou um sentido de grupo muito bonito
aqui".
Ginástica Laboral Compensatória
Aloysio Kolling
Para se obter a diminuição da fadiga periférica
e central, queda do número de acidentes de trabalho
e aumento da produtividade, deve-se implantar pau-
sas regulares para repouso ativo durante a jornada
de trabalho. A atividade deve atingir as sinergias
musculares antagônicas às que se encontram em
ação durante o trabalho, para proporcionar a com-
pensação e o conseqüente equilíbrio funcional. Isto
é a Ginástica Laboral Compensatória.
Sobre a Ginástica Laboral Compensatória, uma
primeira notícia encontra-se numa pequena brochu-
ra editada na Polônia em 1925, onde é chamada de
ginástica de pausa e destinada a operários. Depois,
sabe-se que Veldkamp fez experiências com ginás-
tica de pausa na Holanda alguns anos após 1925.
Na Rússia, Ryzhkova fala de 150 mil empresas
envolvendo 5 milhões de operários que praticam
ginástica de pausa adaptada a cada ocupação par-
ticular e, Sanoian propõe aos operários de indústria
pausas para educação física com exercícios dife-
rentes baseados na reação motora. Ercegan, do
Instituto Federal de Cultura Física da Bulgária, cita
experiências realizadas em seu país. Mihovilovic,
da Alemanha Oriental, reporta-se também à ginásti-
ca para operários junto às fábricas. Além disto,
houveram experiências em Leipzig, realizadas pelo
Serviço de Investigação da Escola de Cultura Física
da Alemanha, dirigidas por Geissler.
No Brasil, o esforço pioneiro residiu numa pro-
posta de exercícios baseada em análise biomecáni-
ca, para relaxar os músculos agónicos pela con-
tração dos antagônicos, face exigência funcional
unilateral. Esta proposta foi estabelecida pela Esco-
la de Educação Fisica da FEEVALE, no ano de
1973, quando se elaborou o projeto Educação Físi-
ca Compensatória e Recreação. Neste projeto se
lê:
"Quanto à finalidade:
estabelecer as linhas gerais que deverão
nortear a criação de Centros de Educação
Física junto aos núcleos fabris, para pro-
porcionar educação física de compensação e
recreão". Em 1975, dia 3 de outubro, o autor
proferiu pa-
lestra para 53 médicos que freqüentavam o Curso
de Medicina do Trabalho, em Novo Hamburgo, afir-
mando:
"quando uma fábrica é demasiadamente
mecanizada, a atividade física do operário ou é
muito reduzida sinteticamente, ou muito reduzida
analiticamente. Se ocorre o primeiro caso, não há
estímulos gerais para que o operário chegue à
fase de exaltação, ocorrendo gradativamente uma
diminuição de sua capacidade funcional total. Se
ocorre o segundo caso, há estímulos específicos
para algumas funções, mas não estímulos
específicos para outras funções, o que provoca
desequilíbrio funcional, implicando em sintomas
ines-pecíficos e aparecimento de zonas corpóreas
dolorosas". No ano de 1978 a FEEVALE, em
convênio com o SESI, elaborou e executou o projeto
Ginástica Laboral Compensatória. O projeto teve
início em 23 de novembro de 1978 e término em
20 de junho de 1979.
Dividiu-se em etapas:
1
o
etapa: pesquisa (23.11.78-11.01.79)
a) verificação do modus operandi do traba-
lhador;
b) análise biomecánica para diagnóstico
dos grupos musculares mais ativos, o ti-
po de contração predominante e o grupo
muscular antagonista para compen-
sação;
c) definição do horário da pausa compen-
satória em função do gráfico de rendi-
mento do trabalho durante a jornada.
2
a
etapa: planejamento (12.01.79-08.03.79)
a) seleção e indicação dos exercícios face
à análise biomecánica;
b) seleção dos monitores que iriam minis-
trar a ginástica nas empresas;
c) preparação do treinamento para ser apli-
cado aos monitores.
3- etapa: execução (09.03.79-20.06.79) a)
treinamento dos monitores;
b) implantação do projeto em cinco empresas,
sendo uma de Novo Hamburgo, duas de São
Leopoldo e duas de Sapucaia do Sul, todas do
Vale do Rio dos Sinos, perfazendo um total de
292 operários. 4- etapa: avaliação
De acordo com o Projeto, todas as suas fases
foram avaliadas continuamente. Esta avaliação foi
realizada através de observações diretas do traba-
lho desenvolvido pelos monitores nas empresas,
entrevistas junto a operários, funcionários e em-
presários, fichas de dados estatísticos das empre-
sas, reuniões e relatórios dos monitores.
O embasamento teórico fundamental foi dado
pelo postulado de Sherrington que expressa que,
quando um músculo qualquer se contrai, seu an-
tagônico se relaxa. O estudo foi de caráter experi-
mental e usou o modelo de design denominado por
Van Dalen e J. Meyer, assim como por Campbell e
/
Ginástica Compensatória
Quem assistiu a "Tempos Modernos", com
Charlie Chaplin, o Carlitos, dificilmente esquecerá a
cena em que ele sai da fábrica onde trabalha e, co-
mo um verdadeiro autômato, persegue uma mulher
para apertar-lhe os botões do vestido, como fazia
com porcas e parafusos milhares de vezes ao dia
na linha de produção onde trabalhava. Hoje, muitos
anos depois, exageros à parte, numa fábrica de
cervejas de Curitiba, os gestos e tiques nervosos
do personagem do filme são apenas um exemplo do
que pode ser corrigido e evitado: está em plena
execução na Brahma a ginástica da compensação,
algo que há vários anos é moda entre os operários
da Europa.
Quase meia hora antes do intervalo do almoço,
os operários são liberados e, ao invés de procura-
rem sua "pelada" na rua ou uma rodada de baralho,
encaminham-se para um local amplo, próximo da
seção onde trabalham, para simplesmente exercita-
rem-se com uma alegre - mas nem por isso fácil -
sessão de ginástica.
Operários fazendo ginástica, em pleno horário
de trabalho? Isso, certamente, pareceu muito estra-
nho aos gerentes da fábrica da Brahma, em Curiti-
ba, quando foram procurados por um grupo de alu-
nos da Escola de Educação Física da Universidade
Federal do Paraná, que tentou "vender" a idéia de
aplicar o que seria - em princípio nada mais do que
isso - um trabalho para a cadeira de "Recreação II"
do sexto período letivo.
Em princípio, seria apenas isso e, com a cola-
boração da indústria, aquele grupo de oito alunos
escalados para o trabalho começou a aplicar a idéia
de "esporte para todos", a educação física não for-
mal, junto aos operários da fábrica.
Trata-se do que, em termos técnicos, se cha-
mam "ginástica laboral compensatória", uma ativi-
dade física para trabalhadores de indústrias que já é
uma realidade em várias empresas japonesas,
alemãs, americanas e soviéticas. E não foi difícil
na Brahma de Curitiba
convencer os operários, pois todos ficaram saben-
do que o tipo de exercício a ser aplicado só traria
benefícios.
Assim, às segundas, quartas e sextas-feiras,
os quase 80 trabalhadores dos setores de oficinas
elétricas e mecânica e da adega empenham-se du-
ramente em exercícios que, para a maioria, eram in-
teiramente desconhecidos.
Todos sem exceção, vêm participando há
duas semanas daqueles 15 minutos diários de
exerce ios. Para eles, um conjunto de atividades
que, aos poucos, os faz se sentirem melhor, com
mais ânimo para trabalhar.
Na linguagem dos alunos de educação física,
essa "ginástica laboral compensatória" é o seguinte:
do port o de vista psicológico, uma atividade repeti-
tiva e igual por muito tempo -c orno um trabalho in-
dustrial - cessa a chegada de estímulos ao cérebro
pelo cansaço das vias receptoras. A conseqüência
é a falta de atenção - caminho direto para o aciden-
te de trabalho e a baixa produtividade. Dando esse
intervalo de descanso, as vias sensitivas recepto-
ras e o cérebro voltam ao estado normal, sendo que
os nervos e músculos entram em relaxamento e
descanso, voltando a transmitir estímulos externos,
tão importantes para a fixação da atenção na pró-
pria atividade.
Em termos simples, essa ginástica permite,
principalmente, que o operário compense, com o
exercício, a insuficiência de movimentos imposta
por sua atividade, o que auxilia, também, na evasão
- ainda que temporária - das preocupações e
tensões naturais do trabalho.
Para os operários, nada disso importa, pelo
menos em definições, que eles nem se preocupam
em tentar repetir. Na sexta-feira, às 15 para as 11
da manhã, era evidente a satisfação daquele grupo
de 80 homens, dividido em dois, pelo início de mais
um dia de atividades, duas semanas antes apenas
o começo de uma experiência, um trabalho de esco
la. /
Stanley, de grupo de controle selecionado aleato-
riamente com pós-teste somente. A abordagem teó-
rica da pesquisa alicerçou-se nas informações
históricas, condições ambientais internas das em-
presas industriais e postulados da fisiologia e psico-
logia do trabalho.
Todas as experiências realizadas até agora
com a Ginástica Laboral Compensatória basea-
ram-se em princípios/fisiológicos. Encontram-se,
basicamente, três princípios distintos: nos EE UU, a
ginástica está alicerçada sobre o princípio cardio-
vascular; na União Soviética, sobre o princípio da
reação motora e, no Brasil, sobre o princípio da in-
versão recíproca dos músculos agônicos paos
músculos antagônicos. As informações sobre as
condições ambientais internas das empresas indus-
triais, referem-se principalmente à postura ocupa-
cional, à poluição sonora e à predisposição para a
tensão, ansiedade, depressão, tédio e dissociação
social.
Os postulados da fisiologia e da psicologia do
trabalho abordam a fadiga periférica e a fadiga cen-
tral e duas de suas resultantes: os acidentes de tra-
balho e a produtividade.
O experimento propriamente dito desenvol-
veu-se da seguinte forma:
1
9
) selecionaram-se duas empresas (para evi-
tar o efeito de Hawthorne) entre as dispos-
tas a colaborarem com o experimento;
2r) dentro de cada empresa selecionada, fo-
ram escolhidos os departamentos e deter-
minada sua população;
3
9
) selecionaram-se dois departamentos, um
em cada empresa, de atividades semelhan-
tes;
4
9
) aleatoriamente, foram determinadas as
amostras, uma em cada departamento, com
nove operários em cada amostra; 5
o
) selecionaram-
se de forma aleatória os grupos experimental e de
controle; 6
9
) ministrou-se a ginástica laboral
compensatória aos operários do grupo experimen-
tal durante 30 dias úteis, de segunda a sexta-feira,
durante 10 min., entre 15h20min. e 15h30min., e
coletou-se a produção diária e o número de
acidentes de trabalho de cada operário, durante o
mesmo tempo, tanto do grupo experimental como
do grupo de controle; 7
o
) ao final do tratamento,
isto é, após a aplicação da ginástica laboral
compensatória, coletou-se urina, tanto dos
operários de um como de outro grupo e, pelos
exames laboratoriais de creatinina, ácido
vanilmandélico e catecolaminas, determinou-se a
fadiga central, e pelos exames laboratoriais de
sódio, potássio, uréia na urina e pH da urina, a
fadiga periférica. Depois do tratamento estatístico,
os resultados mostraram que a aplicação da
ginástica laboral compensatória diminui
significativamente o índice de fadiga peririca do
grupo experimental em comparação com o grupo
de controle. Por outro lado, a produtividade do
grupo experimental foi superior a 21,8% do que a
produtividade do grupo de controle, no mesmo
período, percentagem significativa esta-
tisticamente. O índice de fadiga central não atingiu
diferenças significativas.
Finalmente, os acidentes de trabalho não ocor-
reram durante o experimento, por isto impediram a
análise da eficácia da ginástica laboral compensató-
ria sobre os mesmos.
Posições e Técnicas de Trabalho
Douglas A. Bauk
IBM Brasil
A coluna vertebral é a parte do esqueleto que
constitui o pilar central do tronco. Além de sua
função de sustentação, transferindo o peso do cor-
po para os membros inferiores, desempenha
também o importante papel de proteção do eixo ner-
voso - a medula espinhal -, desde a base do crânio
até sua extremidade inferior.
A coluna é constituída por 24 vértebras livres,
empilhadas sobre o sacro e inter-relacionadas de
modo elástico e dinâmico.
O sacro é formado por 5 vértebras soldadas
entre si e aos ossos do quadril (ilíacos), e ligado a 3
ou 4 pequenas vértebras em sua porção inferior: o
cóccix.
Vista de frente, a coluna apresenta aspecto re-
tilíneo, mas, de perfil, revela 3 curvaturas:
a) Cervical - de concavidade posterior;
b) Dorsal - de concavidade anterior;
c) Lombar - de concavidade posterior.
As vértebras estão ligadas entre si pelo disco
intervertebral e por outras articulações que assegu-
ram a união dos elementos, permitindo sua mobili-
dade.
As articulações vertebrais são constituídas por
uma cartilagem que reveste as superfícies ósseas
em contato, envoltas por uma cápsula e por liga-
mentos.
O disco intervertebral é uma estrutura formada
por várias camadas concéntricas de tecido fibroso
(o anel fibroso) envolvendo um núcleo gelatinoso
central (o núcleo pulposo).
Tanto os discos como as demais articulações
da coluna são sensíveis a pressões e movimentos
exagerados ou abruptos.
Quando submetido a pressões excessivas, o
anel fibroso do disco intervertebral pode ser tesado
e causar dor.
Da medula espinhal partem nervos que pas-
sam por espaços entre as vértebras. Se o anel fi-
broso for lesado, poderá pressionar o nervo e cau-
sar dor, que pode irradiar-se por seu trajeto. A
pressão sobre o nervo ciático, por exemplo, cau-
sará dor irradiada para a perna (ciática).
Ligados a coluna, encontram-se vários múscu-
los que, além de auxiliarem a sustentação, têm a
função de mover as muitas articulações existentes.
Quando você está em posição ereta, o trabalho
desses músculos é mínimo, mas quando você es
levemente curvado para diante ou para um lado, há
uma carga de trabalho unilateral cansativa.
Em lesões mais graves, pode ocorrer um des-
lizamento do núcleo pulposo através da ruptura do
anelfibroso, constituindo a chamada hérnia de disco,
acompanhada de dores mais intensas e mais dura-
douras. Hérnias de disco são mais comuns na re-
gião lombar.
Dores nos braços ou no tórax podem ser cau-
sadas por irritação de nervos que partem da coluna
cervical ou dorsal, em virtude de alguma articulação
forçada em posição exagerada, como, por exemplo,
no caso de posturas de trabalho inadequadas, como
as ilustradas nas figuras. Entretanto, hérnias de
disco ao nível cervical são muito incomuns.
Uma posição de trabalho unilateral, por tempo
prolongado, leva a uma contínua tensão dos múscu-
los, ou seja, a um trabalho muscular estático, que
causa distúrbios circulatórios e aumenta a produção
de ácido láctico. O aumento do conteúdo de ácido
láctico nos tecidos é doloroso e aumenta a tensão
dos músculos, que, por sua vez, dificulta a circu-
lação local e acarreta maior formação de ácido lác-
tico, estabelecendo-se assim um ciclo vicioso. Isso
não ocorre quando se faz um trabalho em que va-
riações da tensão muscular possam existir.
/
OS MEMBROS INFERIORES
Os grupos musculares mais fortes de nosso
corpo são encontrados nos membros inferiores, por
isso é que devem ser utilizados, reduzindo-se a
carga à musculatura das costas. Daí a utilidade de
termos os músculos das pernas bem treinados.
O joelho é a articulação do membro inferior
mais sujeita a cargas ou pressões. Também nela,
as superfícies de contato dos ossos, que possuem
muitas células de sensibilidade dolorosa, são reves-
tidas por cartilagem. Essa cartilagem é mais espes-
sa no meio e mais delgada nos lados, o que torna a
articulação mais vulnerável em posições laterais.
Se a parte mais fina da cartilagem for submeti-
da a pressões elevadas, poderá ocorrer dor. A po-
sição agachada é um bom exemplo de pressão ele-
vada. A um ângulo de 60°, a pressão sobre a articu-
lação do joelho é várias vezes o peso do corpo,
sendo o agachamento uma posição desfavorável
para a cartilagem do joelho.
À frente do joelho está a tula, um osso englo-
bado pelo tendão dos músculos da face anterior da
coxa e revestido de cartilagem na sua face interna.
Essa cartilagem é freqüentemente irregular e, aos
movimentos, pode produzir uma crepitação, o que é
normal. Quanto mais você dobrar o joelho, mais a
rótula será comprimida contra as estruturas adja-
centes e, se essa pressão sobre a cartilagem inter-
na for contínua (por exemplo, quando agachado por
longo tempo) poderá causar dor.
A articulação do joelho é protegida por uma
cápsula e vários ligamentos, estruturas essas
sensíveis ao estiramento.
Dor acompanhada de certa rigidez do joelho
pode ser causada por estiramento excessivo, como
ocorre quando se trabalha agachado por longo tem-
po.
Entre os ossos, músculos e tendões, há pe-
quenos sacos gelatinosos chamados "bursas", que
diminuem o atrito quando se movimenta a articu-
lação.
No joelho, existem certas bursas que podem
ser lesadas ou sofrer irritação aguda quando expos-
tas a esforços consideráveis por longo tempo, como
ocorre ao ficarmos ajoelhados.
A situação mais comum é aquela em que as
bursas situadas adiante e atrás da rótula ficam irri-
tadas e causam dor quando Dressionadas.
Cada movimento dos braços acarreta grande
tensão nos músculos dos ombros e do pescoço.
Dores no braço, freqüentemente, derivam de mús-
culos e anexos, como é o caso do "cotovelo de te-
nista", causado por excessivo esforço em trabalho
monótono, como pode ocorrer em trabalhos de mon-
tagem. Sintomas similares podem ser encontrados
na articulação do ombro, causando dores no pes-
coço.
As mãos são os instrumentos mais importantes
de que dispomos para executar diferentes tipos de
trabalhos. Elas devem ser capazes de efetuar tanto
manipulações pesadas como trabalhos de precisão.
A posição do punho é muito importante para
que os dedos funcionem apropriadamente. Uma le-
ve flexão dorsal do punho confere maior força de
preensão aos dedos.
OS MEMBROS SUPERIORES
o braço está preso à omoplata por uma articu-
lação comum. Por sua vez, a omoplata está presa
ao tórax e ao pescoço, principalmente por músculos
e ligamentos.
Quando se executa um trabalho de precisão, é
necessário uma perfeita interação entte os múscu-
los e os sentidos do tato e da visão.
Havendo distorção ou diminuição da visão,
você levantará o objeto de trabalho, trazendo-o mais
próximo a seus olhos, o que demanda um trabalho
estático dos ombros.
Você também poderá curvar-se para diante, a
fim de ver mais de perto- o seu objeto de trabalho,
mas neste caso são suas costas que recebem
maior solicitação.
Essas posturas, demandando maior trabalho
dos músculos, levam-nos à fadiga e, conseqüente-
mente, a precisão e a capacidade para realizar a ta-
refa declinam.
O TRABALHO EM PÉ
Às vêzes, é necessário trabalhar em pé. Nes-
sas condições, é muito importante que o centro de
gravidade de nosso corpo caia dentro da área da
superfície de apoio, demarcada pelos nossos pés.
Em pé e eretos, os músculos trabalham com
mínimo de esforço. Basta nos inclinarmos levemen-
te para a frente ou para os lados e os músculos
passam a realizar um cansativo trabalho unilateral.
Transferindo o peso do corpo de uma perna para
outra, alternadamente, repartiremos o trabalho mus-
cular, evitando a sobrecarga estática unilateral.
Além disso, os músculos das panturrilhas (barriga
da perna), trabalhando alternadamente, melhorarão
a circulação das pernas, prevenindo inchaço dos
tornozelos.
A superfície de apoio sobre a qual ficamos não
deve ser muito rígida e devemos usar sapatos for-
tes e confortáveis.
Quando trabalhando em pé, o objeto deve ser
colocado ao nível dos cotovelos. Se a tarefa impli-
car em precisão, ele deve ser colocado em um nível
mais alto, de forma que não seja necessário nos in-
clinarmos para diante para vê-lo melhor (a distância
visual apropriada é de 30 a 40 cm). Nao se deve
deixar de observar aqui a importância de uma boa
iluminação.
Superfície de apoio
Apoiando um pé sobre uma saliência, trave ou
suporte da bancada, você estará aliviando a tensão
em sua coluna. Você pode ainda apoiar as costas
ou a fronte em algum suporte para reduzir o esforço
e, de vez em quando, mudar de posição, curvan-
do-se ou flexionando as costas.
Você deve alternar entre ficar sentado, em pé e
uma posição algo entre as duas.
O TRABALHO SENTADO
Em comparação ao trabalho em pé, o trabalho
sentado alivia as pernas e os órgãos circulatórios.
Entretanto, a pressão nas costas aumenta devido
ao deslocamento do centro de gravidade.
Centro de gravidade
' f Centro de gravidade
Se você ficar sentado sem qualquer suporte
para as costas, a pressão sobre a parte inferior da
coluna aumentará cerca de 50% em relação à exer-
cida durante sua postura em pé. Da mesma forma,
uma posição de trabalho sentada, com pouco su-
porte para os pés, aumentará a carga sobre suas
costas.
Em vista disso, é importante ajustar a altura do
assento, de forma que os pés possam descansar
sobre a superfície de apoio e o ângulo de flexão dos
joelhos fique em cerca de 90 °.
O encosto da cadeira também deve ser ajusta-
do em altura e profundidade, pois ele fornece apoio
para a parte inferior das costas.
A mesa de trabalho deve ficar a uma altura que
permita ao cotovelo manter um ângulo ao redor de
90°. Quando não é possível ajustar a altura da me-
sa, um apoio para os pés pode ser necessário.
Às vezes é útil aliviar os ombros e o pescoço,
empregando um apoio palmar ou um apoio para os
braços.
É importante mudar de posição quando traba-
lhando sentado e ficar em pé de vez em quando.
Sentada, ora mantenha a posição ereta, ora re-
cosiere, mas observe o apoio lombar na sua ca-
deira.
E bom para você levantar-se para apanhar al-
guns documentos no arquivo ao invés de esticar-se
e torcer-se para fazer isso de sua cadeira.
O TRABALHO AGACHADO E
AJOELHADO
Quando executando certos trabalhos, como,
por exemplo, manutenção ou montagem, pode ser
necessário trabalhar agachado ou de joelhos.
Ficar de cócoras por tempo prolongado, sem
apoio, acarreta sobrecarga às partes mais delgadas
da cartilagem do joelho. A rótula é comprimida con-
tra as estruturas subjacentes, ao mesmo tempo que
os ligamentos e a cápsula articular são estirados.
Se, em vez de agachado, você trabalhar de
joelhos sobre uma superfície rígida, as bursas da
frente do joelho receberão uma grande pressão, po-
dendo ficar irritadas e doloridas.
Quando de cócoras, a pressão no joelho pode
ser reduzida pelo uso de um banquinho.
Quando trabalhando ajoelhado, você poderá
distribuir a pressão da face frontal da articulação pa-
ra uma maior superfície utilizando-se de uma almo-
fada.
Técnicas de
Levantamento
de Pesos e...
Um Pouquinho de Física
Ao levantarmos um peso, a força aplicada nas
costas depende de 3 fatores:
1. De quando se inclina a parte superior do
corpo para diante;
2. Do peso da carga;
3. De quão longe do corpo está localizada a
carga.
Portanto, é muito importante, ao fazermos um
levantamento, segurar a carga tão perto do corpo
quando possível e manter a região lombar com sua
curvatura aplanada. Isso é conseguido contraindo-
se não só os músculos abdominais como também
os músculos das nádegas, os glúteos.
Para melhor compreensão da importância do
levantamento correto de pesos, comparemos nosso
corpo a uma alavanca, de modo bastante simplista.
Lembremos que, para se estabelecer o equilí-
brio de forças em uma alavanca, deve haver uma
igualdade entre o produto do valor das forças agindo
nas extremidades de seus braços, pela respectiva
distância ao ponto de apoio (momento). Assim, na
alavanca AB:
Tente alternar entre posições de trabalho aga-
chada e de joelhos. A posição ajoelhada pode ser
variada por semi-ajoelhamento.
Suponhamos agora um homem de 80 kg levan-
tando um maço de listagens de computador de 10
kg de peso.
A parte superior do corpo do indivíduo, corres-
pondendo a cerca de 65% de seu peso corporal,
será de 50 kg. Assim sendo, a força total R, aplica-
da ao braço anterior de uma alavanca imaginária,
com ponto de apoio na 5- vértebra lombar, será: o
peso da parte superior do corpo (R, multiplicado
pela distância de seu ponto de aplicação à 5
o
vérte-
bra lombar (a), mais o peso das listagens de com-
putador (Rj,v multiplicado pela sua distância ao
mesmo ponto de apoio (b), ou seja:
R = (R,.a) + (R
2
.b)
Para o equilíbrio da alavanca, essa força de-
verá ser compensada por outra, P, exercida pelos
músculos das costas, incidindo a 5 cm (c) do ponto
de apoio, ou seja:
P.c = R
e, portanto:
(P.c) = (R,.a) + (R
2
.b)
p
=
(50kg.0,25m) + (10kg.0,60m)
=
370 kg*
0,05
m
Como pudemos verificar, a carga imposta à
nossa coluna é aumentada à medida que o objeto a
ser levantado situar-se mais distante de nosso cor-
po.
Portanto, não se esqueça, ao levantar um pe-
so:
1. Mantenha as costas retas.
Para calcularmos a força exercida sobre a 5
a
vértebra lombar, respectivamente nas posturas de
levantamento ilustradas a seguir, basta dividirmos R
porc.
Assim, teremos:
2. Dobre os joelhos, inclinando-se levemente
para diante.
3. Segure a carga tão próxima do corpo quan-
do puder (entre os pés, se possível).
4. Contraia os músculos abdominais e os glú-
teos, "encaixando" o quadril, e mantenha a
coluna reta.
O equilíbrio será dado pela seguinte equação:
Já neste caso temos:
5. Levante-se estirando os joelhos e colocan-
do a força nos músculos das pernas.
Exercícios
na posição
sentada
1. Inclinar o corpo de um lado para outro.
2. Girar os ombros e os braços em círculos,
para diante e para trás.
Além disso:
* Evite levantar pesos excessivos.
* Ao levantar um peso, evite movimentos
bruscos, principalmente de torsão ou curva-
tura da coluna.
*Previna-se contra problemas da coluna evi-
tando engordar, fazendo exercícios físicos
adequados e adotando posturas corporais
corretas.
3. Com as mãos na nuca, recostar no espaldar
da cadeira e esticar-se para cima e para
trás.
Ao efetuar trabalho exaustivo para os
olhos, procure:
4. Mover os olhos, em diferentes direções, va-
garosamente. Para cima, para baixo, para
os lados etc. Repetir algumas vezes.
6. Relaxe. Descanse seus pés pesadamente
no solo e seus braços nos braços de sua
poltrona. Você deve sentir que suas costas
recebem apoio suficiente. Deixe cair os om-
bros. Inspire algumas vezes, calma e pro-
fundamente.
5. Olhar para o seu dedo, em frente ao seu na-
riz, a uma distância de cerca de 20cm. Al-
ternar olhando para um objeto a 3 ou 4 me-
tros de distância. Repetir algumas vezes.
Exercícios
em pé
3. Girar os braços para trás.
Dicas para quem
tem problemas
de coluna
Deite-se de costas com suas pernas dobradas,
seus pés plantados no solo e seus braços estirados
e afastados do corpo. Balance as pernas, alterna-
damente, de um lado para o outro.
REPOUSO
Em caso de dores intensas, repouso e relaxa-
mento são importantes para uma rápida recupe-
ração.
Posição de repouso:
Deite-se de costas com suas pernas estica-
das. Estique as pemas alternadamente, como se
estivesse empurrando algo com os pés.
Segure firmemente seus joelhos com ambas as
mãos, mantendo-os juntos. Balance-se para diante
e para trás nessa posição.
Relaxe as costas, pendurando-se sempre com
seus pés apoiados no solo.
EXERCÍCIOS DE AQUECIMENTO
Repita cada exercício cerca de 10 vezes.
Na posição acima, levante as nádegas do solo
levemente e apoie-as novamente. Relaxe.
FLEXIBILIDADE
Repita, lentamente, cada exercício 5 vezes.
Estique sua perna para cima com as mãos sob
o joelho por 6 segundos. Então, force o estiramento.
Assuma a postura de um corredor no momento
da largada.
Force a perna esticada contra o solo por 6 se-
gundos. Relaxe e incline-se para a frente, aumen-
tando a flexão da perna já dobrada.
TREINAMENTO DE FORÇA
Repita cada exercício, lentamente, 5 vezes.
Deite-se de bruços sobre uma mesa. Levante
suas pernas alternadamente, com os joelhos dobra-
dos. Mantenha essa posição por 6 segundos.
Fique na posição ilustrada, com as costas
apoiadas na parede e os pés a 30 cm da mesma.
Force suas costas contra a parede, dobrando e es-
ticando os joelhos levemente.
Eleve sua cabeça e o tórax para a frente e para
cima, até que seus ombros deixem de tocar o solo.
Mantenha essa posição por 10 segundos. Descan-
se.
Apoie a fronte no solo. Levante um braço de
cada vez. Levante ambos os braços. Mantenha es-
sa posição por 10 segundos.
BIBLIOGRAFIA
Levante sua cabeça e ombro levemente para a
direita e para a esquerda, alternadamente. Mante-
nha essa posição por 10 segundos. Descanse.
Deite-se de lado com as pernas esticadas e le-
vemente inclinadas para trás. Erga ambas as per-
nas e mantenha essa posição por 5 a 10 segundos.
1. Work Positions and Work
Techniques - Advice and
Instructions. IBM Svenska AB,
Stockholm, Sweden.
2. Knoplich, J., Viva Bem com a
Coluna que Voce,Tem, ed. própria.
SãoPaulo, 1977.
3. Knoplich, J., Orientação Geral das
Algias de Coluna, P.N. Atualização
Médica Fontoura-Wyet, n
o
1,1980.
4. Couto, H. A., Lombalgias no
Trabalho, Cadernos Ergo, n
o
1,
junho, 1982.
5. Ishmael, W. K. e Shorbe, H. B.,
Care of the Back - Industrial
Edition, J. B. Lippincott Company.
Sensibilização do Empresariado
do Ri0 de Janeiro para Atividades de Esporte
e Lazer no Ámbito da Empresa
Em 1983, o Centro de Integração Empresa Es-
cola (CIEE) levou a efeito um levantamento no Es-
tado do Rio de Janeiro com o objetivo de caracteri-
zar as empresas quanto ao potencial de desenvol-
vimento de atividades fisicas e de lazer envolvendo
funcionários e dependentes. Para tanto, os agentes
do CIEE sediados em pólos do RJ (Barra Mansa,
Niterói, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e Campos) fo-
ram treinados e posteriormente solicitados a visita-
rem empresas conforme seus critérios usuais de
visita, levando demandas de informação adicionais.
Nestes termos, 621 empresas foram visitadas
nas 5 regiões, extraíndo-se daí 144 que voluntaria-
mente se definiram quanto aos seguintes parâme-
tros:
a) oferta de atividades de esporte e lazer na
época do levantamento;
b) possibilidades de espaço físico e insta-
lações para tais atividades;
c) interesse em organizar atividades;
d) influência da empresa sobre a região;
e) interesse em usar as atividades como meio
de divulgação de empresa;
f) interesse em evitar a rotatividade dos empre
gados por meio de benefícios de lazer e es
porte.
Os dados recolhidos por entrevista direta foram
organizados sob forma de gráficos encontrados
adiante, e sua ponderação revela as seguintes con-
Marlene M. Blois,
Sonia Maria Pelay Mesquita
Lamartine P. Costa
clusões de ordem geral e de validade meramente
indicativa:
1
o
) O setor da indústria pesada é aquele que
exige atenção concentrada dos emprega-
dos em suas tarefas, são os de maior inte-
resse no esporte e lazer e que possuem
instalações e programas adequados a es-
tas atividades, principalmente quando a
empresa é de grande porte.
2
e
) Por setor da economia, a indústria vincula-
se mais às atividades tema do levanta-
mento, seguida dos serviços e, com maior
distanciamento do comércio.
3
9
) Entre as indústrias, as que se situam no
ramo da química, alimentos e material de
transporte são as mais atuantes e que
possuem maior capacidade instalada em
esporte e lazer.
4
o
) As empresas de grande porte que exercem
influência sobre os municípios em que se
acham situados ou que desejam projetar
sua imagem institucional aderem com
maior empenho ao esporte e lazer para
empregados.
5
9
) No setor comércio os casos de adesão ao
esporte e lazer referem-se às empresas
que desejam reduzir a rotatividade exces-
siva dos empregados (turn over) ou visam
à projeção de imagem.
GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES, POR ENCONTRO
GRÁFICO REPRESENTATIVO DAS EMPRESAS PARTICIPANTES, POR RAMO DE ATIVIDADE,
QUE JÁ ATUAM COM ESPORTE. INDÚSTRIA.
Estudo de
Casos
Avon Cosméticos-SP; Banco do Brasil; Banco do Estado de São Paulo - BANESPA-SP; Banco Itaú-
SP/PR; Banco Lar Brasileiro (CHASE)-RJ; Bicicletas Caloi; Chapecó S.A. Indústria e Comércio-SC;
Companhia Paulista de Força e Luz-SP; ELETROPAULO-SP; EMAQ - Engenharia e Máquinas-RJ;
EMBRATEL - Empresa Brasileira de Telecomunicações-RJ; Estaleiros Caneco-RJ; Feltrin Irmáos
Indústria Têxtil-SP; FININVEST-Rio; Fundação Promon de Previdência Social; FURNAS - Centrais
Elétricas; General Motors do Brasil-SP; Ishikawajima do Brasil Estaleiros & A (ISHIBRÁS)-RJ; Grupo Pão
de Açúcar-SP; Guanauto Veícubs-RJ; Pirelli S.A. Cia. Industrial-SP; Sadia-PR/SC; SESC -Ginástica na
Empresa-SP; Supermercados Sendas-RJ; Supermercados G. Barbosa-SE; TELE RJ -Telecomunicações
do Rio de Janeiro-RJ; Usina Açucareira Ester S.A.-SP; Usina de Açúcar Santa Catarina-SC; Usina da
Pedra Irmãos Biagi-Açúcar e Álcool-SP; Viação Cidade do Aço-RJ
Capítulo 3
Avon Cosméticos - SP
Informante: WAGNER PEGALLA
Supervisor de Serviços ao Pessoal
A AVON iniciou suas atividades esportivas in-
ternas em março de 1963.
Na ocasião, foi criado um Grêmio Recreativo
para organizar as atividades físicas que se adap-
tassem à programação de eventos sociais e cultu-
rais. Assim, eram oferecidos futebol, voleibol, bas-
quete, jogos de salão, conjugados a bailes e con-
cursos.
Em 1970, passaram a ser realizados campeo-
natos em horário de almoço. Iniciou-se a prática do
atletismo, além do tênis, ginástica, boliche, malha,
bocha, tênis de mesa e dominó.
À medida que as ofertas de atividades foram se
ampliando, a Empresa foi transformando o modo de
administrar o esporte internamente. O Grêmio Re-
creativo, até 1980, atendeu às necessidades. Foi
criado, posteriormente, um Setor de Recreação e
Cultura, com os seguintes recursos humanos: ge-
rente, supervisor, assistente social e encarregado
de Esportes.
Hoje o Departamento de Recursos Humanos
dirige os eventos e conta com mais um diretor, uma
professora de ginástica feminina e colaboradores de
outros Departamentos.
A AVON tem o objetivo, com as atividades es-
portivas, de mobilizar diferentes setores da Organi-
zação, propiciando a integração dos funcionários
através do lazer, bem como a participação em tor-
neios e campeonatos.
As instalações iniciais restringiram-se, apenas,
às áreas internas, adaptadas para jogos, e aluguel
de quadras e campos. Hoje nos terrenos da Indús-
tria, em São Paulo, conta-se com infra-estrutura pa-
ra a prática esportiva.
Outra evolução foi poder contar a partir de
1974, com a contratação de professor de Educação
Fisica. Atualmente existe um grupo desses profis-
sionais permanentemente atuando e outros contra-
tados por eventos.
Desde 1980, a AVON participa ativamente dos
Jogos Desportivos Operários do SESI, disputando
as 16 modalidades da competição, conseguindo ex-
celentes resultados na classificação geral.
Externamente, a escolha de promoções con-
centrou-se no público feminino, dadas as razões de
vinculação natural com os produtos da Empresa. O
sucesso do empreendimento da AVON, nos EUA
em 1978, nesse campo, motivou-a a organizar o
Circuito Internacional de Corridas AVON, em diver-
sos paises, a partir de 1980 até 1985.
No Brasil, a Corrida AVON, realizada em diver-
sas capitais, mobilizou cerca de 30.000 mulheres,
com destacados resultados em termos de divul-
gação.
Piscinas
REGIÕES E UNIDADES
DA FEDERAÇÃO
Ouadras
Polivantes
Ouadras de
Tânis
Ginásios Parques
Infantis
Adulto Infantil
Campos de
Futebol
Vestiários Saunas
Churras-
carias
Casas do
Zeladores
Sedes
Sociais
NORTE
43
3
9 13
27 36
20 31 2 11 24
24
Rondônia 7
-
1 4 4 4 3 6 1 2 3 5
Acre 2
--
2
-
2 2 1
- - -
2 1
Amazonas 9
-
1
-
10 10 7 5
-
2 5 5
Roraima 2
- - -
2 2
-
2
- -
1 1
Pará 21 2 3 8 18 17 7 17 1 7 12 12
Amapá 2 1 2 1 1 1 2 1
- -
1
-
NORDESTE 243
4
35
118 216 203 88 142
I0 45
127 126
Maranhão 19
-
3 9 16 15 7 11
- -
10 8
Piauí 21 1 3 17 17 16 9 10
-
5 10 7
Ceara
33
-
4 12 31 29 9 22 1 3 20 20
R. G. do Norte 1B
-
3 9 12 11 5 10 1 5 11 8
Paraíba 23
-
2 9 23 22 5 12 1 4 9 6
Pernambuco 29 2 8 12 32 28 12 23 3 9 19 19
Alagoas 11
-
4 9 11 10 2 6 2 6 7 8
Sergipe 12
-
2 7 12 12 4 8
-
4 6 10
Bahia 77 1 6 34 62 60 35 40 2 9 35 40
SUDESTE 245 36
23
182 296 293 231 227 90
99
260 187
Minas Gerais
104
9 6 75 125 122 95 93 36 49 110 72
Esp. Santo 17 3 1 12 18 18 13 12 7 5 12 8
Rio de Janeiro 14 4 7 7 27 24 13 15 10 8 19 16
SAo Paulo 110 20 9 86 126 129 110 107 37 37 119 91
SUL 169
30 53
159 158 159 183 152
32
105 186 173
Paraná 69 9 7 57 70 69 74 62 14 37 67 49
Sta. Catarina 31 7 17 33 30 29 32 31 9 24 35 33
R. G. do Sul 69 14 29 69 58 61 77 59 9 44 84 91
CENTRO-OESTE 101
6 22 68
96 92 67 97
11 28 80 60
Dist. Federal 2 6 4 1 2 1 2 6 1
- -
1
Goiás
55
2 11 39 53 52 34 59 8 1S 46 38
Mato Grosso 17
-
2 7 16 16 10 10
-
2 11 10
Mato G. do Sul 27
-
5 21 25 23 21 22 2 11 23 11
BRASO. 801 81 142 540 803 783 589 649 145 288 677 570
Banco do Brasil
Informante: DIREC/BANCO DO BRASIL - Brasilia
modalidades de esporte, em cujas disputas predominava o
espírito olímpico, uma vez que se destacava mais o
congraçamento e a camaradagem do que as disputas em
si.
Inspirado naquela experiência e procurando estendê-la
às Associações das demais Unidades da Federação,
decidiu-se o Banco pela criação da FEDERÃO
NACIONAL DE AABB. Fundada em 1977, a FENAB tem
por objetivos precipuos a suplementação da ação do Banco
"junto às AABB na tarefa de coordenar as atividades,
segundo os ditames da organização esportiva, isto é,
filiação por modalidade, promoção, inscrição por
categorias, etc. Além disso, essa Federação atua como
fonte de consulta para orientação de assuntos administra-
tivos, culturais, desportivos e financeiros do interesse de
suas filiadas, exceto quanto aos aspectos de normativos,
cujo acompanhamento é privativo do Banco.
Na atualidade, a FENAB procura identificar horários
ociosos das AABB, com vistas ao seu aproveitamento pela
comunidade em que se acha instalado cada clube, de forma
a promover entrosamento mais significativo entre os
funcionários e pessoas menos favorecidas da mesma região.
É de se registrar o elevado incremento de relações
entre as Associações Atléticas que a atuão da FENAB
ensejou, mormente quanto às atividades esportivas.
Ponderadas as dimensões do País, a criatividade dos
dirigentes da Federação levou-os a dividir preliminarmente
os Estados em microrregiões, nelas realizando a JORNADA
ESPORTIVA MICRORREGIONAL DE AABB (JE-MAB); os
seus vencedores classificam-se para a JORNADA
ESPORTIVA ESTADUAL DE AABB (JESAB); depois,
dividindo o País em 7 regiões, para receberem os
classificados nas JESAB, realiza-se a JORNADA
ESPORTIVA REGIONAL DE AABB (JERAB); e,
finalmente, com os vencedores
QUADRO 2
Número de Participantes de cada Jornada Esportiva:
JESAB JERAB JENAB JEMAB ANOS
N
o
AABB N
9
ATLET. N
9
AABB N
o
ATLET. N
o
AABB N
o
ATLET. N
9
AABB N
o
ATLET.
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
686
529
276
532
693
558
579
14.779
11.306
5.063
10.622
16.609
]9.804
10.172
130
199
238
334
395
363
245
2.491
3.785
4.092
4.844
6.338
5.115
4.978
31
47
64
89
125
159
69
65
1.040
807
1.589
1.471
1.849
2.499
1.292
1.252
17
26
23
49
61
73
18
20
468
259
582
635
731
823
8335
398
TOTAL 3.853 78.355 1.904 31.643 649 11.799 287 4.231
supõe-se que a rede de AABB seja uma das maio-
res do mundo, considerando-se uma só empresa.
Assim entendida, o quadro 1 oferece uma sinopse
das instalações desta rede, permitindo avaliar esca-
la e penetração (dados atualizados até 25/09/86).
Por sua vez, o relacionamento institucional do Ban-
co com as AABB pode ser observado pelos objeti-
vos que se seguem, extraídos do Estatuto-Padrão,
vínculo entre a entidade maior e seus desdobramen-
tos associativos de funcionários:
- promover a confraternização do funcionalis-
mo do Banco do Brasil S.A., de seus familia-
res e dos demais associados;
- prestar colaboração ao Banco do Brasil S.A.,
especialmente nos programas de aperfei-
çoamento do pessoal;
- realizar ou patrocinar reuniões sociais, cultu-
rais, artísticas e comunitárias;
- desenvolver a educação física em todas as
modalidades e estimular a prática de despor-
tos amadores;
- participar das atividades patrocinadas pela
FENAB (Federação Nacional de AABB).
FEDERAÇÃO NACIONAL DE AABB - FENAB
Da ampliação do número de Associações Atlé-
ticas, decorreu a necessidade de criação de um
órgão objetivando a coordenação das atividades
dos grêmios, de forma a favorecer o intercâmbio
nas áreas sócio-cultural-esportiva. Até então, esse
intercâmbio, principalmente na área esportiva - que
tem mostrado apelo mais preponderante -, materia-
lizava-se de modo um tanto aleatório exceto nos
Estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande
do Sul. Nesses locais, os dirigentes, aproveitando
as facilidades de comunicação e locomoção, pro-
moviam, já há algum tempo, uma espécie de cam-
peonato estadual, envolvendo as mais diversas
da fase anterior, dá-se curso à última etapa denomi-
nada JORNADA ESPORTIVA NACIONAL (JE-
NAB). Uma ponderação sobre as proporções des-
tes eventos é encontrada no quadro 2.
Outra área abrandiga pela FENAB é a de ativi-
dades culturais realizadas sob torma de concursos,
festivais e mostras. Na década de 80, estes even-
tos incluíam: concurs/de contos (média de 200 tra-
balhos concorrentes), de crônicas (220), poesias
(500), reportagem (15), canções populares (190),
fotografia (450), além de salão de pintura (180) e in-
centivos a Camping e Escotismo.
Por estes resultados em diversificação e parti-
cipação, a FENAB estimulou-se a intercambiar
competições e exibições com apíses vizinhos, as-
sociando-se para tal à Federación Sulamericana de
Clubes de Bancos Oficiales" desde 1979. Com este
desafio, as AABB passaram a federalizar atletas, ou
seja, a tornar elegível em cada modalidade de com-
petição esportiva seus melhores praticantes. Em
1987, esses atletas de competição de alta perfor-
mance totalizavam 2491 em modalidades, nas cate-
gorias masculina e feminina.
À sua vez, os praticantes não federalizados ar-
rolados nas AABB somavam os seguintes totais por
modalidades: futebol de salão (10729), futebol so-
carte (6216), voleibol masculino (6443), tênis de
mesa (4165), futebol de campo (2038), natação
(2560), voleibol feminino (1228), sinuca (885), tênis
de campo (1921), xadrez (470), bocha (347), bas-
quetebol (849), judô (920), atletismo (478), bolão
(80), truco (64), peteca (33), dominó (32), handebol
(70), botão (17), patinação (160), pólo aquático (12),
pebolim (8), general (6) ciclismo (6), e "bicicross"
(5).
Banco do Estado de São Paulo -
BANESPA - SP
O CENTRO DE CONVIVÊNCIA E INTEGRA-
ÇÃO (CCI) surgiu em 1977 a partir da iniciativa ou-
sada e de vanguarda de um grupo visionário, que
pensava estabelecer programas de lazer como es-
tratégia de melhoria do clima ambiental atrelados à
Convivência e Integração Social.
A idéia nasceu de uma festa de Confraterniza-
ção dos funcionários da Agência Central (12-12-
1976), na qual foram realizadas várias atividades
esportivas, recreativas e culturais através do
Grêmio Esportivo da Agência.
A idéia avançou e esse grupo, que tinha ca-
racterística interdisciplinar, ou seja de Administra-
ção, Recursos Humanos e Esporte e que estava na
oportunidade também na Diretoria do Esporte Clube
Banespa, somando a outros profissionais de Edu-
cação Física do próprio Banco, começaram a elabo-
rar os primeiros projetos de Esporte e Lazer na Or-
ganização em reuniões realizadas no Esporte Clube
Banespa.
Um dos eventos experimentais foi a realização
de um Festival de Jogos Infanto-Juvenis realizado
no E.C. Banespa nas férias escolares de julho de
1977, voltado à participação de filhos de funcioná-
rios, e que teve a coordenação daquele grupo de
professores.
Acreditando na Proposta de Esporte Lazer, a
Diretoria de Pessoal legitimou o grupo de Professo-
res de Educação Fisica, transferindo esses funcio-
nários, lotados em Agências, para a Divisão Técni-
ca do Departamento do Pessoal, criando, então o
C.C.I, alocando-o no Núcleo de Administração de
Serviços do Banco do Estado de São Paulo (NAS-
BE) em Pirituba.
A primeira realização aconteceu com a im-
plantação de uma área de lazer, com jogos de da-
mas, dominó, xadrez, pingue-pongue, pebolim, e
etc. Simultaneamente, criou-se uma sala de Condi-
cionamento Físico Compensatório, levando-se em
conta o trabalho sedentário dos funcionários princi-
palmente dos Departamentos localizados no NASB:
Departamento de Organização e Sistemas
(DEORG); e Departamento de Processamento de
Dados (DEPRO);
Em seguida, instalou-se no local um campo de
areia e uma quadra poliesportiva.
A princípio, com o objetivo de atender peque-
nos segmentos, a equipe do CCI constituiu um pro-
jeto denominado ("Festa de Integração", que con-
sistia em uma coletânea de atividades recreativas,
visando atingir pessoas de todas as faixas etárias,
num dia de programa nas dependências do Esporte
Clube Banespa. A primeira a participar deste projeto
foi a Gerência Regional Bras (a Gerência Regional
agrupa um número de Agência em determinada re-
gião).
Novas "festas de Integração" se sucederam
com outros segmentos da Empresa, sempre por so-
licitação dos funcionários.
SEDIMENTAÇÃO DA ÁREA
Em razão da característica da Empresa, com
Agências distribuídas por todo o País, a Diretoria de
Pessoal sentiu a necessidade de uma maior apro-
ximação, integração e convivência social de seu
funcionalismo. Por meio do CCI, criou-se então o
maior evento da Área, sendo denominado "INTE-
GRAÇÃO ESPORTIVA E CULTURAL BANESPA",
que inicialmente chegou à Capital e aos Municípios
da Grande São Paulo e interior do Estado.
O evento consistia de atividades esportivas e
culturais, com regras e tempos adaptados, conside-
rando-se a característica do bancário. As competi-
ções desenvolviam-se no início apenas entre os
segmentos da Empresa. A partir de 1986 possibili-
tou-se também a participação de familiares dos fun-
cionários, ampliando-se o conceito de integração.
Outro fator que contribuiu para a legitimação do
CCI na Empresa foi a participação em competições
classistas, de equipes oriundas da própria integra-
ção, que vieram fortalecer sua identidade organiza-
cional. Como exemplo de competição classista,
tem-se a Olimpíada Bancária e Jogos do Trabalha-
dor.
Com a evolução dos programas de esporte,
cultura e lazer, eles se estenderam a uma proposta
de Recursos Humanos atrelada a negócios por
meio de marketing esportivo.
DESENVOLVIMENTO DA ÁREA
Inicialmente objetivando a convivência e inte-
gração dos funcionários e familiares da Empresa,
além da preocupação com os programas de Condi-
cionamento Físico Compensatório em razão da ca-
racterística do trabalho bancário, o CCI, através da
demanda de solicitações oriundas do próprio fun-
cionalismo desenvolveu novos projetos de Esporte
e Lazer, que eram denominados Projetos de Convi-
vência e Integração.
Movimento de
A
rtes
Os banespianos podem ir se preparando carão para a final, que será realizada em fins de
para usar toda a sua criatividade. Neste semana programados para a Integração (24 de ju-
ano, a 12- Integração Esportiva-Cultural nho a 5 de agosto). O Festival na categoria de-
trará uma novidade especial na parte sicas de sucessoé válido para a Integração.
artística. Modalidades já conhecidas nas integra- "O objetivo é transformar a Integração em um
ções anteriores terão um sabor extra com a criação salão de arte nacional anualmente. Por este motivo,
do Movimento de Artes Banespa, que, além de re- pretendemos fortalecer os festivais com prêmios
velar talentos, também distribuirá prêmios. Esse é o e incentivos à produção de espetáculos", afirma
grande incentivo programado pelo Dprhu e CCI para Clayton. Cláudio Goldman, o outro coordenador
o evento de 89. cultural do CCI, adianta que existe um projeto ainda
A Integração e o Movimento serão realizados mais amplo. "Vamos procurar dinamizar ainda mais
conjuntamente. pela Integração, os primeiros colo- as Integrações Comunidade. Tentaremos introduzir
cados de cada modalidade ganharão pontos para uma escala para que grupos artísticos de Regionais
sua Regional e troféus, enquanto pelo Movimento se apresentem quando se realizarem as Integra-
receberão prêmios, que serão definidos e poste- ções Banespa Comunidade. Dessa forma, teremos
riormente divulgados nas edições de O Banespiano. uma agitação cultural durante todo o ano", explica
As categorias músicas, pintura e literatura Cudio.
(conto, crônica e poesia) são as relacionadas para
premiação. Dança e teatro terão caráter de mostra, Os candidatos às modalidades de pintura, lite-
mas receberão incentivos para suas produções. O ratura, dança, teatro, foto e vídeo têm prazo até o
concurso de foto, a vel do Movimento, será reali- dia 24 de junho, dia de abertura da Integração, para
zado em setembro. "Queremos que este espaço fazer as inscrições. Em todas as categorias, as
seja uma usina geradora de produtos culturais que inscrições devem ser feitas por intermédio do Coor-
passao a circular em todos os níveis da Empre- denador da Regional. As telas de pintura, as crôni-
sa", analisa Clayton de Oliveira, um dos coordena- cas, poesias e os contos precisam ser entregues
dores da área cultural do Centro de Convivência impreterivelmente até o dia 24 de junho. As obras de
e Integração. pintura ficarão expostas durante todo o período da
Na categoria música já foi estabelecido o regu- Integração. Qualquer informação pode ser obtida
lamento (veja quadro). As regras das demais serão pelo telefone 35-9191.
também publicadas nas próximas edições. Os con- "A Integração é um evento que realmente re
correntes ao Festival Nacional Integração de Musi- presenta a cultura na Empresa. Existe, inclusive,
ca Inédita têm até o dia 2 de junho para se inscrever uma discussão para se chegar ao elemento básico
junto ao Coordenador de suas Regionais. Um júri e se definir o que é cultural. Queremos dar amplitu-
escolherá 75 músicas para a semifinal, que aconte- de às atividades da Integração com incentivos cada
rá nos dias 16, 17 e 18 de junho. Trinta se classiti- vez maiores", define Clayton. /
Integração Esportiva
e Cultural BANESPA
O Congresso Técnico realizado na Colo- Nesta integração, o CCI espera mobilizar cerca
nia de Férias do Guarujá, de 16 a 19 de de 15 mil pessoas, dando ênfase ao esporte partici-
maio passado, reuniu a equipe do CCI pagão, ou seja, não formal. Com esse espírito, atle-
(Centro de Convivência e Integração) e tas e não-atletas disputarão, durante quase dois
cerca de 125 coordenadores de várias meses, 51 modalidades. Cerca de 70% dos coorde-
regiões, que debateram a organização da 12
a
Inte- nadores foram renovados e, na organização desse
gração Esportiva e Cultural Banespa, que começa encontro, eles têm um papel fundamental, que vai
no próximo dia 24 de junho e vai até 5 de agosto. desde a mobilizão de sua regional, dos meios de
Estiveram presentes na abertura do congresso transporte para suas equipes, até a remessa das
Adaucto José Duringan, assessor da Dirhu, repre- inscrições, esclarecimentos de dúvidas, entre ou-
sentando o diretor Augusto Luis Rodrigues, Maria tras tarefas.
Aparecida Basile, gerente da DSO, Carlos Roberto Neste ano a Integração tem várias novidades.
Domingues, supervisor-geral do CCI, e o presidente O evento passou de cinco para sete finais de se
do Esporte Clube Banespa, Hermes Bertoncin, que mana, o que permitiu que as chaves fossem seg-
manifestou a honra do E.C.B. em ceder seu espaço mentadas, diminuindo sensivelmente a participação
para o congraçamento dos banespíanos. diária de cada atleta por modalidade. Essa adequa-
Na oportunidade, Adaucto salientou a impor- ção fará com que a parte cultural seja melhor de-
tância do evento e o crescente número de partici- senvolvida.
pantes, destacando que o CCI, agora integrado à
DSO, "hoje é um setor estratégico dentro do Banco. Nessa área, foram incluídos os concursos de
Essas áreas, num trabalho conjunto, estimulam o conto, crônica, poesia e pintura em tela. As ativida-
esporte e o lazer como espaço de convivência, e des culturais deixarão de se limitar a essas datas. A
fazem da saúde e das relações interpessoais dentro partir de agosto, o CCI estará elaborando um calen
da empresa uma preocupação permanente", ava- dário de eventos por intermédio das integrações re-
liou. gionais, cujos detalhes serão divulgados oportuna-
Para o médico Luis Antonio K. Bittencourt, da mente.
DSO, "saúde é um processo dinâmico, é aquele Outra novidade é quanto à entrada de pessoas
estado em que se é capaz de dominar o próprio de- no Clube durante os jogos. Todos os participantes e
senvolvimento e traçar um rumo de vida". Ele res- convidados deverão usar crachás, distribuídos pre-
saltou também a necessidade de se redescobrir o viamente pelos coordenadores. O regulamento so-
lazer como atividade lúdica que, aliada à capacida- freu pequenas alterações, que contemplam os filhos
de de fantasiar, mais freqüente na infância, é motivo especiais de funciorios, que poderão participar
de grande prazer e fator de equilíbrio emocional. normalmente, representando a Apabex. /
PROJETOS DE CONVIVÊNCIA E INTE-
GRAÇÃO
- Integração Esportiva e Cultural Banespa Evento
anual, já em sua décima segunda edição, que
busca recreação e lazer, através de disputas no
esporte e na área cultural. Tem como objetivo a
integração e convivência social dos Banespia-
nos a nível nacional.
- Integração Esportiva e Cultural Regional / De-
partamentos
Programas de recreação e lazer, criando um es-
paço de convivência social entre funcionários e
familiares de um mesmo segmento da Empresa
(Gerências Regionais, Departamentos e Con-
glomerado).
- Integração Banespa Comunidade Programas
de recreação e lazer que estabelecem a
aproximação e dinamização das relações entre
os funcionários do Banco e as comunidades. Os
projetos, normalmente, se realizam em uma
praça da localidade, que se transforma em centro
de atividades.
- Jogos e Atividades Recreativas de Integração
Programas de recreação e lazer, com festivais
de jogos de salão, que promovem a aproximação
e dinamização do relacionamento social entre os
funcionários de Unidades da Empresa (Agências,
Setores, e etc).
- Torneios, Festivais e Concursos de Integração
Programas de competições esportivas e cultu-
rais, procurando a integração dos funcionários e
a criação de um espaço de expressividade de
habilidade que extrapolem a função profissional.
- Condicionamento Físico Compensatório
Programas de ginástica e movimento para preve-
nir problemas cardiovasculares e posturais, con-
seqüentes das características do trabalho bancá-
rio. O objetivo é o de reestabelecer o equilíbrio e
manter o bem-estar a nível biopsicossocial.
- Integração de Pais e Filhos
Programas de recreação e lazer com atividades
diversificadas. Visa proporcionar aos filhos de
funcionários a interação com o local de trabalho
dos pais, através do lazer como meio de Educa-
ção Integral.
- Sarau Utero-Musical
Programas de cultura artística, com exposições
de contos, crônicas, poesias, apresentações
musicais, procurando estabelecer o encontro de
artistas de vários segmentos de arte do Banco.
Tem como meta a integração social dos funcioná-
rios e a criação de um espaço de expressividade
de habilidades artísticas que extrapolem a função
profissinal.
- Corais Banespa
Programas de criação, incentivo, desenvolvi-
mento e manutenção de corais com funcionários
nas várias dependências do Banco. Visam a in-
tegração sócio-cultural e a criação de um espaço
de expressividade de habilidade artístico-cultural
que extrapolem a dimensão profissional.
- Folclore Banespa
Programas de desenvolvimento e incentivo à
criação e manutenção de grupos e artistas folcló-
ricos de funcionários nas várias formas de ex-
pressão da arte popular. Criar um espaço de ex-
pressividade de habilidades artístico-culturais que
extrapolem a função profissional.
- Turismo Social
Programas de desenvolvimento cultural, por meio
de intercâmbios entre funcionários e familiares
(Capital, Interior e Outros Estados). Estimular o
turismo, convivência social e a integração da
família Banespiana.
- Apoio às Convenções
Programas de recreação e lazer, com atividades
diversificadas, adequadas às características dos
grupos de convencionais. Tem como meta ocu-
par o tempo livre nas convenções, em apoio aos
diversos segmentos da Empresa (Diretoria, Con-
glomerado, Gerências Regionais e Departamen-
tos).
- Apoio Logístico
Programas de distribuição de materiais esporti-
vos que visam estimular a prática de atividades
esportivas e recreativas nos segmentos da Em-
presa (Agências, Departamentos, etc.) através
de suas lideranças recreacionais.
- Apoio às Atividades da APABEX
Programas de recreação e lazer, com atividades
diversificadas, adequadas para crianças espe-
ciais, como apoio às atividades da Associação
de Pais Banespianos de Excepcionais.
- Apoio às Atividades de Diplomação Programas
sociais-recreativos, estabelecendo um
congraçamento entre funcionários recém-
promovidos. Visa valorizar a ascensão do novo
papel do profissional dentro da organização.
- Apoio às Atividades de Confraternização
Programas de recreação e lazer, com atividades
diversificadas, em apoio a segmentos do Banco
(Agências, Gerências Regionais, Departamentos
e Conglomerado) nas festas de confraternização,
com treinamento de lideranças recreacionais do
próprio segmento.
- Apoio às Atividades da AFABESP Programas de
recreação e lazer, com atividades diversificadas,
adequadas para as pessoas de terceira idade,
como apoio às atividades da Associação dos
Funcionários Aposentados do Banespa.
- Eventos Especiais
Programas de recreação e lazer, dinamizando as
relações sociais entre a família Banespiana e
também as comunidades externas, que even-
tualmente poderão ser inseridas no calendário
anual de atividades.
DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
Com a crescente evolução do CCI na Organi-
zação, considerando o caráter interdisciplinar, hou-
ve a necessidade do recrutamento de profissionais
de outras disciplinas.
A transformação da Diretoria de Pessoal em
Diretoria de Recursos Humanos, em 1987, propor-
cionou um crescimento do CCI, que foi atrelado a
uma política de Saúde. Assim, criou-se em setem-
bro de 1988, a Divisão de Saúde Organizacional.
Com a Divisão, a Diretoria de Recursos Huma-
nos se dispôs a tomar conhecimento e a enfrentar
os fatos que modificavam a vida dos funcionários e
da Empresa, acolhendo programas, projetos, es-
truturas organizacionais para desenvolvimento da
harmonia e do prazer dos seus empregados de
pertencerem a uma organização moderna e dinâmi-
Lazer e Esporte com o Marketing
Na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, inte- a 1
a
Festa de Integração na cidade do dia 19 a
rior de São Paulo, o Banespa ocupava o sexto 29 de novembro do ano passado. Essa festa
lugar na captação dos depósitos à vista. contou com todos os ingredientes necesrios
"Uma classificação incômoda em razão do para que uma promoção local tivesse sucesso.
porte da agência", diz José Emiliano Novaes, da Da eleição da "miss" da cidade até um festival
assessoria de marketing do banco. O Banespa, esportivo-cultural.
segundo o vice-prefeito da cidade, José Benedito
Klaus, tinha uma imagem muito ruim perante a "A festa acabou maximizando os recursos e
comunidade. Foi justamente para modificar essa mobilizando a comunidade em torno do banco",
imagem e conquistar alguns pontos na classiti- diz Emiliano. E os resultados estão sendo com-
cação que o banco resolveu partir para o marke- putados neste ano. De outubro de 1983 a janeiro
ting local. "Aliás", complementa Emiliano, "numa de 1984, os meios de pagamento da cidade
época de dificuldades econômicas, a mídia alter- cresceram 16,1%, enquanto o Banespa contabi-
nativa surge como um excelente canal de ven- lizou um aumento de 42,5% em seus depósitos à
das." Assim, o Banespa, com uma verba inicial vista. A iniciativa, por isso, podeestender-se a
calculada em 11 milhões de cruzeiros, promoveu outras cidades.
y
ca, favorecendo de maneira integral o crescimento
pleno, pessoal e profissional dos Banespianos.
Tal proposição levou em conta a premissa de
que, convivendo com o processo de trabalho, há um
elemento vivo, portador de emoções, desejos, ex-
pectativas, aspirações, frustrações, ambições e
passível de adoecer.
Assim, optou-se pela abordagem da saúde de
forma holística e dinâmica, entendendo-se a doença
como conseqüência de desequilíbrio e de desarmo-
nia, resultantes freqüentemente da falta de integra-
ção entre os vários níveis do organismo, gerando
sintomas de natureza física, psicológica e social.
Para a consecução desse objetivo, faz-se ne-
cessária uma abordagem multidimensional, envol-
vendo vários níveis do sistema corpo-mente, só
viáveis pelo trabalho de uma equipe multidisciplinar.
Os membros dessa equipe são especializados
em vários campos (Psicólogos, Assistentes So-
ciais, Médicos, Enfermeiros, Engenheiros, Sociólo-
gos, Professores de Educação Física e Pedagogos)
compartilhando da mesma concepção de saúde, o
que lhes permite comunicar-se eficientemente e in-
tegrar esforços de maneira sistemática.
Uma moderna política de recursos humanos,
um grande desafio que o tempo se encarregará de
legitimar.
Informante: DIRHU - Diretoria de Recursos Humanos;
DPRHU - Departamento de Planejamento
de Recursos Humanos; DSO - Divisão de
Saúde Organizacional; CCI - Centro de
Convivência e Integração.
Os banespianos, principalmente aqueles lotados
na área central de São Paulo, acabam de
ganhar um importante aliado no combate ao
stress e às disfunções físicas, biológicas e
psicológicas decorrentes das tensões do dia-a-
dia de suas tarefas e da eventual falta de
práticas esportivas de recreação. Com início de
atividades previsto para o próximo dia 3 de abril,
foi inaugurado no último dia 13 pela Dirhu, atra-
vés da DSO e do CCI, o Centro de Condiciona-
mento Físico, no 25
o
andar do Edifício Altino
Arantes. Ali, os funcionários do Conglomerado
poderão realizar, duas vezes por semana, exer-
cícios de compensação, aeróbicos, ginástica lo-
calizada ou de relaxamento, com acompanha-
mento médico, para prevenir ou sanar problemas
de saúde.
Augusto Luis Rodrigues, diretor da Dirhu,
fez o discurso inaugural na solenidade que con-
tou com a presença do presidente Boris Tabacof,
diretores do Banco e empresas do Conglomera-
do. Os professores que coordenarão as ativida-
des do centro demonstraram, com uma seqüên-
cia de exercícios, aquilo que pode ser desenvol-
vido em cada aula.
"A criação deste centro está vinculada à po-
litica de recursos humanos no Banespa, definida
pelo lema 'saúde como qualidade de vida", diz
Maria Aparecida Basile, gerente da DSO. "Seus
objetivos principais são a manutenção, a promo-
ção e a proteção da saúde. Por meio da cultura
física, procuramos evitar problemas de saúde
dos funcionários e corrigir os problemas já exis-
tentes".
A prioridade de utilização do Centro será
dos grupos de maior risco entre os funcionários,
os anginosos, hipertensos, sedentários, os obe-
sos e os portadores de problemas cardiovascu-
lares (os cardiópatas), ou que apresentem redu-
ção de sua capacidade respiratória pelo abuso
de cigarros ou como fumantes passivos. Maria
Aparecida adverte, no entanto, que nem todos os
Centro de
Condicionamento Físico
(1200 usuários em 1989)
problemas poderão ser tratados no próprio Cen-
tro. "Isto irá depender do tipo e da gravidade da
patologia apresentada", diz ela, "e também da
idade do funcinário, do volume de peso a perder
e das suas condições físicas gerais".
O Banespa dispõe de um centro semelhante
no Nasbe, que a partir da organização do Centro
de Condicionamento Físico do Edifício Altino
Arantes, passará por uma ampla reestruturação.
"A programação das atividades no Nasbe
será reavaliada, juntamente com seu espaço fí-
sico, equipamentos e acompanhamento médico,
para melhor atender à política de recursos hu-
manos", diz Edson da Costa Vitor, o "Edinho",
professor e coordenador técnico-administrativo
do novo centro.
No Altino Arantes, estão instalados, em um
amplo salão, todos os equipamentos necessá-
rios aos exercícios. O Centro tem ainda chuvei-
ros, vestiários com armários para 56 pessoas e
um ambulatório para atendimento médico de ur-
gência. Além de Edinho, duas recepcionistas e
mais cinco professores compõem a equipe, as-
sessorada por dois médicos.
"A propriedade dos programas não será a
competição, mas o equilíbrio biopsicossocial do
individuo, através do exercício", diz Edinho.
Serão realizadas dez aulas por dia, com
uma hora de duração cada uma, das 7 da manhã
às 8 da noite, em turmas mistas de 40 partici-
pantes. As inscrições estarão abertas a partir de
20 de março (veja o regulamento no quadro) para
aulas às 3
a
e 5
a
, ou 4
a
e 6- feiras. Os inscritos
serão submetidos a exame médico e testes er-
gométricos, para orientação e acompanhamento
dos programas.
Devido ao número limitado de vagas, a par-
ticipação, por equanto, està restrita aos funcioná-
ris lotados na região central da cidade, mas, futu-
ramente, é possível que o acesso seja aberto a
funcionários de outras áreas. Uma lista de es-
pera será elaborada para os funcionários que
não conseguirem vagas nas primeiras turnias. /
Organograma do Departamento de Planejamento de RH (1988)
Banco Itaú - SP/PR
As atividades de lazer e esporte no Banco Itaú
foram organizadas a partir de 1977 pela criação da
Fundação Itauclube. Este dispositivo foi produzindo
suas realizações progressivamente sob coordena-
ção do Setor Esportivo que ainda naquele ano orga-
nizava sua primeira olimpíada de funcionários.
A partir de 1982, criou-se a Copa Itauclube de
Atletismo, idealizada como preparação das Olimpía-
das internas. As competições, neste caso, são or-
ganizadas por Diretorias da Empresa (vide Partici-
pação das Representações) e destes eventos, reti-
ram-se os nomes que constituem o "Ranking Es-
portivo Itaú", que reúne os melhores resultados em
atletismo, tênis de campo, tênis de mesa, judô, xa-
drez, damas e natação.
O Itauclube gerou não somente eventos espor-
tivos e culturais, mas também se desdobrou em se-
des no interior do Estado de São Paulo e em alguns
outros Estados brasileiros. Estas sedes são deno-
minadas Núcleos e um exemplo a citar é o Ribeirão
Preto cujo centro de lazer possui uma área de 10
mil m
2
com piscina, campo de futebol gramado, po-
mar e locais verdes que abrigam as promoções lo-
cais. Este Núcleo atinge ainda as cidades de Bar-
retas, Franca, Guará, Ituverana e Pitangueiras.
Em Curitiba, Paraná, o Núcleo local possui um
teatro e um jornal mensal, além das atividades es-
portivas e culturais. Próximo da cidade de São
Paulo, capital, onde residem 75% dos funcionários
do conglomerado Itaú, foi estabelecida uma Colônia
de Férias - a de Itanhaém - com uma área de
65.000 m
2
, que dispõe de chalés para cerca de 600
hóspedes e recursos para esporte e lazer.
Olimpíadas do Itauclube
Participação
das Representações
/
Banco Lar Brasileiro (CHASE) - RJ
Informante: Eríy Otto Lehmann
O Banco Lar Brasileiro (Grupo Chase Manhat-
tan) envolveu-se com esporte para funcionários há
mais de 50 anos. Na época, os próprios funcioná-
rios deram início às atividades esportivas, fundando
o Clube Atlético Lar Brasileiro, hoje denominado As-
sociação Desportiva Classista Chase, entidade co-
nhecida na Empresa como ADCC.
A ADCC funciona como clube sócio-cultural-
esportivo organizando festas e atividades entre fun-
cionários e para os funcionários, não havendo qual-
quer interferência do Banco na programação. Os
esportes mais praticados são o futebol, voleibol,
pesca e xadrez, enquanto as atividades sócio-cultu-
rais mais freqüentes são o cine-foto e excursões.
Nos últimos anos (década de 80) surgiram es-
pontaneamente praticantes de "cooper" (corrida de
rua) que acabaram sendo prestigiados pela ADCC,
que passou a lhes dar apoio, como também pelo
Departamento de Recursos Humanos do Banco,
que se mostrou interessado em acompanhar o de-
senvolvimento do grupo (Sentido de integração,
ocupação do lazer, relações do trabalho etc).
Bicicletas Caloi
A quase totalidade da produção brasileira de
bicicletas - estimada em tomo de 2,5 milhões de
unidades/ano - é dividida pela CALOI (empresa na-
cional) e pela MONARK (empresa multinacional),
ambas sediadas na cidade de São Paulo. Posicio-
nando-se no mercado nacional e na sua exportação
com produtos de linha esportiva, além dos destina-
dos ao objetivo de transporte pessoal, a CALOI tem
incentivado a prática do ciclismo através de equipe
patrocinada. Por ajustamento interno ao marketing
de seus produtos, a empresa voltou-se para o lazer
e o esporte como meio de desenvolvimento de Re-
cursos Humanos.
Assim sendo, desde 1977 funciona o Caloi Es-
porte Clube, que no início aproveitou as instalações
(futebol de campo, quadra descoberta e quiosque
para jogos) e a tradição do futebol praticado na em-
presa a partir de 1955. Nesta nova fase, ampliaram-
se as instalações esportivas e de lazer na área da
fábrica principal e foram admitidos empregados no
clube como opção voluntária. Às trinta e quatro
equipes de futebol de campo e salão já existentes
foram criadas outras de basquetebol (masculino) e
voleibol (mase, fern, e mistas).
Em 1989, cerca de 70% dos empregados parti-
cipavam com seus familiares das atividades ofere-
cidas pelo Esporte Clube nos fins de semana, nos
intervalos de passagem dos turnos diurno e noturno
ou fins de jornada de trabalho. Os custos de manu-
tenção das instalações e do programa de atividades
pertencem aos encargos financeiros da empresa,
na rubrica de desenvolvimento do pessoal. Como
objetivo deste empreendimento interno para seus
empregados, a empresa entende como de "união
entre os funcionários e de maior integração na rela-
ção capital e trabalho".
Aliás, esta tradição de bom relacionamento
vem de 1933, conforme se declara no folheto de
mobilização de empregados para o lazer e o esporte
(vide reprodução), em complementação a outros
canais de comunicação: faixas, circulares, quadros
murais e empregados voluntários que trafegam en-
tre os departamentos da empresa. As atividades,
por outro lado, são geridas por dois professores de
Educação Física (orientação do treinamento espor-
tivo) e pela diretoria do clube composta por 21 pes-
soas, incluindo dirigentes e empregados (manuten-
ção das instalações e limpeza).
Ainda em 1989 as instalações a serviço dos
funcionários e famílias contavam:
1 playground;
1 campo de futebol (iluminado);
1 campo de futebol society (cercado e ilumi-
nado);
2 quadras poliesportivas;
1 ginásio poliesportivo coberto;
1 salão de jogos p/ práticas de snooker, pe-
bolim, tênis de mesa, damas, dominó, truco,
vídeo e TV;
1 sala de condicionamento físico para ginás-
tica aeròbica, musculação e capoeira;
1 cancha de bocha/malha;
1 lanchonete;
6 vestiários, munidos de chuveiros e banhei-
ros;
2 banheiros, além dos banheiros dos vestiá-
rios;
1 setor administrativo;
1 almoxarifado;
1 serralheria;
1 sala para acondicionamento de materiais,
reservas, instrumentos musicais, etc...
Neste complexo, as últimas inovações foram
da ginástica aeròbica, musculação e capoeira que
funcionam em tempo integral com diversos turnos
de ofertas. Quanto às atividades sócio-culturais o
clube oferece festas e bailes com programação co-
brindo todo o ano e com opções dos empregados,
levantar por pesquisa de opinião (Lambada, Forró,
Sexta- Feira Super, Noite dos Anos 60 etc).
Também em 1989, a empresa alcançava a pri-
meira colocação nos Jogos Desportivos Operários
do SESI na modalidade de futebol de campo (ver
foto da equipe vencedora), em que concorrem cerca
de duas centenas de empresas. Nestes jogos o
Caloi Esporte Clube representa a empresa em 12
modalidades com participação integral de funcioná-
rios em todos elas, tanto na categoria masculina
como feminina. Externamente, o clube filia seus
atletas a várias federações esportivas, participando
em provas nacionais e internacionais, principal-
mente no ciclismo e no atletismo.
Você freqüenta o seu Clube?
Incentiva seus funcionários a fre-
qüentá-lo?
Está sempre a par das atividades e dos
eventos que ele oferece?
Tem consciência dos
benefícios que pode trazer para seus departamento ou
seção, e conseqüentemente, para sua empresa, esta
participação conjunta?
Antes que você responda a estas perguntas, nós
vamos falar um pouco do seu Clube.
O Caloi Esporte Clube
Foi fundado em 1933 pela Equipe de
Ciclismo, com o nome de Brasil Esporte
Clube.
A partir de 1955 passou a chamar-se
Caloi Esporte Clube e além de apoiar o
ciclismo sempre incentivou atividades de esporte, lazer
e cultura.
O Caloi Esporte Clube é sediado na própria Caloi -
Avenida Guarapiranga, 1440, telefone (PABX) 524-
2022, ramal 340.
Seu horário de funcionamento é : de 3
S
a 5
2
feira,
das 9h00 às 21h30, 6
a
feira, das 10h30 às 22h00,
sábado, das 9h00 às 18h00 e domingo, das 9h00às
13h00.
As instalações
O Caloi Esporte Clube oferece uma
gama de alternativas nas áreas de esporte,
cultura e lazer.
Hoje contamos com um campo de
futebol iluminado, ginásio poliesportivo,
quadra externa de tênis, voleibol, basquete e futebol de
salão.
Sem falar no salão de jogos, cancha de bocha e
malha, salão de festas, pista cross, vestiários, parqui-
nho e lanchonete.
As atividades
São várias as opções que você tem em
ser sócio do Clube.
Ginástica mista às 3-s c 5
a
s, capoeira
às 2
a
s, e 4-s, futebol todas as 3-s, voleibol
aos domingos de manhã, ciclismo (como
não poderia deixar de ser), damas, dominó, pebolim,
xadrez, sinuca e mini-sinuca, truco, e muitas outras.
Além dos eventos como passeios culturais, cursos,
torneios internos e externos, amistosos, comemorações
do Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia da
Secretária.
O Caloi Esporte Clube também faz promoções de
peças de teatro e shows, onde você compra seus
ingressos a preços bem reduzidos.
Como participar do seu Clube
Todo funcionário Caloi tem o direito
de se associar, basta preencher e assinar a
Proposta para Admissão de Associado.
A mensalidade é
baratíssima, e passa a ser descontada
automaticamente do ordenado.
Você freqüenta o Caloi Esporte Clube com a
mesma carteirinha de funcionário Caloi, e a usa tam-
bém para requisitar material esportivo.
Para requisitar instalações e marcar jogos, é só
ligar para o ramal 340 e falar com o Sr. José Homs.
E para informações em geral, no mesmo ramal,
com o Professor José Rubens.
Chapecó S.A. Industria e Comércio - SC
Informante: Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira
Gerente de Comunicação Social.
A Empresa começou a incentivar, de forma
mais constante, a prática desportiva e de lazer em
1980, quando foi fundada a Associação Desportiva
Classista Chapecó, com esse objetivo. As ativida-
des foram orientadas no âmbito interno, para a prá-
tica de diversas modalidades esportivas, e externa
para a manutenção de equipes de voleibol.
Internamente, a Empresa pretendeu, com esse
incentivo, fomentar o espírito de integração entre os
funcionários e proporcionar práticas saudáveis de
lazer. Externamente, buscou promover uma maior
integração com seus mercados, e também opções
de entretenimento ao público em geral, via promo-
ção e participação em jogos e eventos esportivos
abertos à comunidade, além de projetar o esporte
como um instrumento de marketing.
As atividades promovidas inicialmente, e ainda
mantidas em 1989, compreendem as categorias de
voleibol, bocha, bolão, futebol suíço e futebol de
campo, oferecidas a seus empregados. Ainda inter-
namente, atua a Associação Desportiva Classista
Chapecó, em Chapecó, e em outras unidades do
conglomerado, como Xaxim-SC e Francisco Bel-
trão-PR. Para coordenar os esportes patrocinados
e promovidos externamente (voleibol, automobilis-
mo, judô, atletismo e bocha) existe o Frigorífico
Chapecó Esporte Clube.
Participam na área, também, uma Gerência de
Esportes e o Setor de Comunicação Social.
Os resultados principais sentidos são a maior
satisfação no trabalho, melhor integração e adequa-
do relacionamento a nível comunitário.
Companhia Paulista de Força e Luz - SP
Fonte: CPFL - (Campinas-SP)
Na atividade, os principais desafios da CPFL
são atualização tecnológica e o desenvolvimento de
seus recursos humanos. Assim, os quase 7 mil
funcionários da Empresa e os seus quadros direti-
vos acreditam que as atividades de lazer e esporti-
vas são prioritárias. Deste modo, foi então, em
1979, fundado o nosso clube que é uma associação
criada por iniciativa dos funcionários, hoje aberta
aos eletricitários em geral e a empregados de outras
empresas afiliadas ou contratadas.
Complementando as atividades do Nosso Clu-
be (dois mil associados), a diretoria da CPFL deci-
diu construir um ginásio de 1.200m
2
para 700 as-
sistentes. Além desta facilidade física, a Empresa
cobre os custos de funcionamento de 5 pousadas,
compreendidas como locais de prática esportiva,
passeios e permanência em regiões turísticas
(Campos do Jordão, Buriri, Ibitinga, Japumirim e Ilha
Solteira). O dispositivo que administra estes meios
de apoio é a Fundação CESP/CPFL. CESP é o
acionista majoritário da CPFL, na condição de
Companhia Energética de São Paulo, que viabiliza
transferência de recursos com participação dos
funcionários.
Uma avaliação do significado do esporte, como
meio de mobilização interna e da imagem externa da
empresa, foi realizada em 1983, através da Copa 70
Anos, que movimentou 700 atletas de 52 empresas,
na maior competição poliesportiva industrial do in-
terior de SP. Este evento, organizado em conjunto
com o SESI, compreendeu 15 modalidades esporti-
vas em 2 meses e meio de jogos, assim como seis
meses de preparativos em nome do 70
9
aniversário
da CPFL. As cinco sedes regionais da CPFL -
Campinas, Bauru, Araraquara, Ribeirão Preto e São
José do Rio Preto - serviram de base à Copa 70
Anos.
A valorização do esporte pela CPFL refletiu-se
nos resultados finais da Copa 70 Anos, uma vez
que a CPFL/Campinas sagrou-se campeã do
evento, seguida pela CPFL/Rio Preto, vice-campeã,
e pelas IBM/Sumaré e Pirelli/Campinas na terceira
colocação, empresa de reconhecido apoio ao es-
porte interno de seus empregados. Nas demais co-
locações, situaram-se, também, grandes empresas
do interior de São Paulo, como Cobraseixos (4
9
lu-
gar), Bosch, Gessy Lever, Clark, Beloit Rauma,
Dabi-Atlante, Refrescos Ipiranga, Zanini, RFF, Fe-
pasa, Melusa, Nestlé, Sucocitrico Cutrale, Sedas
Shoei-Bratac, etc.
ELETROPAULO - SP
Informante: José Antonio M. Fernandes com ADC - Noticias de 1986 a
1989
A ELETROPAULO é a empresa que sucedeu a
Light & Power, multinacional canadense que se ins-
talou no Brasil em 1899. Após a nacionalização, a
ELETROPAULO tornou-se um empreendimento es-
tatal vinculado ao Governo Federal e, posteriormen-
te, ao Governo de São Paulo.
Em 1989, a empresa de energia elétrica era a
maior distribuidora da América Latina, atendendo a
4,5 milhões de ligações, numa área de 74 municí-
pios paulistas, onde vivem 14% da população brasi-
leira (aproximadamente 19 milhões de habitantes) e
engloba o maior parque industrial do continente (ge-
rador de um terço do Produto Interno Bruto do país).
Também em 1989 a ELETROPAULO totalizava
22 mil funcionários, os quais se congregavam numa
Associação Desportiva e Cultural ELETROPAULO
ou ADC ELETROPAULO, um clube criado em
1978, e que onze anos após contava com dezesse-
te mil associados e cerca de setenta e cinco mil de-
pendentes. Este clube originava-se diretamente da
Associação Atlética Light & Power, fundada em
março de 1930. (vide figura 1: emblemas de ontem e
hoje).
Desde o início, a A.A. Light & Power concen-
trou seus maiores empenhos no esporte, possuindo
instalações de futebol de campo, basquetebol, tênis,
remo e natação, na sua sede do bairro de Sacomã,
na capital paulista. Nos anos 30, a Associação Atlé-
tica participava dos campeonatos da Federação
Paulista de Atletismo e dos torneios de basquetebol
da cidade de São Paulo. Além disso, eram ofereci-
das oportunidades de lazer na sede social, tais co-
mo parque infantil, boliche, pingue-pongue e bilhar.
Em termos de eventos sócio-culturais, a A.A.
Light & Power organizava cursos de inglês, música
e piano, como também peças teatrais, escotismo,
concertos, festas juninas e carnavalescas e saraus,
em duas subsedes na área metropolitana de São
Paulo. Em 1934, o clube atingiu a marca de dois mil
associados. A partir de 1944, o núcleo associativo
iniciou um desdobramento em pequenos grêmios
pelos diversos segmentos da empresa, que se pro-
cessou até 1978, quando optou-se por um órgão
central, convivendo com os já existentes.
O salto definitivo do sistema de esporte e lazer
ocorreu entre 1985 e 1989, quando a área total de
atendimento passou de 400 para 600 mil metros
quadrados, e os 12 mil associados receberam um
adicional de 5 mil inscrições, atingindo a quase tota-
lidade dos 300 locais de trabalho da Empresa.
No total de associados, contam-se os aposen-
tados da ELETROPAULO, que gozam de prerroga-
tivas iguais aos membros empregados ativos embo-
ra possuam uma entidade representativa própria
(Associação dos Eletricitários Aposentados de São
Paulo).
A peculiaridade da ADC ELETROPAULO
quanto à função lazer e esporte refere-se ao apro-
veitamento de áreas de responsabilidade da Em-
presa (terrenos circunvizinhos a represas, reservas
florestais, recursos hídricos, etc), como instalações
de lazer, inclusive esportes e alojamento de repou-
so (férias, fins de semana e outros). Assim proce-
dendo, a Empresa preserva a ecologia local e cria
uma alternativa aos clubes dos empregados filiados
à ADC, vinculados por comodato e também em
acordo com o Sindicato de Eletricitários (vide des-
taque sobre a Colônia de Férias de Praia Grande,
em que se descreve o modo de funcionamento com
relação à participação dos empregados).
O clube de funcionários da ELETROPAULO
possui, ainda, patrimônio próprio e tem comprado
áreas que complementam suas ofertas. Um exem-
plo a citar neste contexto é o da ADC Regional
Oeste que, além dos comodatos de Sorocaba
(1.200m
2
) e de Itu (5 mil m
2
), adquiriu um terreno em
Salto - a 103 km da capital paulista - de 4.500m
2
.
Como nos demais casos, este segmento da
ADC central possui quadras polivalentes ou áreas
especializadas para a prática esportiva e outras ins-
talações para festas e atividades sócio-culturais.
Contudo, a diversidade das áreas da empresa im-
plica adaptações apropriadas. É o que aconteceu
com o Clube de Pesca da Represa Billings, no Mu-
nicípio de São Bernardo do Campo, em que foram
instaladas pequenas benfeitorias para a prática de
pesca esportiva complementando o sistema de pre-
servação ecológica local.
Com relação aos locais de trabalho em centros
urbanos, representados por prédios de escritórios e
de instalações industriais, a ADC tem organizado
espaços de lazer. Na Seção Santana, na cidade de
São Paulo, há uma mesa de pingue-pongue e equi-
pamentos para sinuca, pebolin e carteado, com o
objetivo de crescimento do nível de integração dos
funcionários. A respeito desta oferta, declarou o Su-
perintendente da Regional Norte, Eiichi Kuguimiya:
"Há tempos atrás, era quase impossível o lazer nas
dependências da empresa. Hoje, com as várias ex-
periências, a Companhia adquiriu confiança para
estimular a recreação local. Mesmo porque, isso
não é concessão, é uma necessidade do ser huma-
no". Numa perspectiva mais ampla referenciada ao
caso anterior diz o presidente, Alberto Shimabukuro:
"A conquista da área de lazer é prova cabal de que
nós vivemos um momento democrático. A ADC
está mais presente nas áreas da Norte, porque os
funcionários da Regional demonstram um grau de
união notável".
Um outro exemplo de mobilização em torno da
ADC concerne à compra de um terreno de 4 mil me-
tros no Município de Pindamonhangaba por coti-
zação entre 40 empregados em 1982. Após a incor-
poração, a propriedade foi transformada em Clube
Campestre e doada à ADC. Em outro caso, na ci-
dade de Jambeiro, a empresa passou por comodato
uma área de 13.600 m
2
ao clube que, por seu turno,
recuperou prédios históricos ali existentes.
Programação da ADC
Há várias programações na ADC, dependendo
das sedes regionais ou da sede central. Nesta últi-
ma, acontecem os eventos de participação geral
como a Olimpíada ADC ELETROPAULO que, em
1988, teve 8 mil participantes, disputada nos anos
pares. Nos ímpares, são realizados os Jogos Inter-
departamentais que, em 1989, congregou 2.500 pra-
ticantes, com 19 modalidades esportivas. Outros
eventos de participação de todos os segmentos da
Empresa são: Copa Energia de Futebol de Campo,
Taça Jornada das Estrelas de Voleibol, Copa Wil-
liam Crocker de Tênis, Copa Queridos Coroas de
Futebol de Campo Veteranos e Copa Campeões de
Futebol de Salão. Entre outras empresas, a ADC
central promove a representação da ELETROPAU-
LO nos Jogos Desportivos Operários do SESI
(desde 1947) e nos Jogos Metropolitanos do Traba-
lhador (Governo do Estado de São Paulo).
A programação sócio-cultural a partir da sede
central, por sua vez, em 1989 incluiu os seguintes
eventos:
- 10
o
Baile de Aniversário da ADC ELETRO-
PAULO;
- Ill Festival de Música Popular Brasileira;
- Festival de 1
o
de Maio;
- 1
a
Feira de Artes;
- Cultura e Ciências;
FERIADOS INSCRIÇÕES SORTEIO
'CONFIRMAÇÃO
ATÉ
24/3 - Paixão 09 a 20/02/89 27/02/89 13/03/89
17/04-Tiradentes 20/02 a 10/03/89 17/03/89 07/04/89
22/05 - Corpus Christi 27/03 a 14/04/89 21/04/89 12/05/89
Julho 02 a 26/05/89 02/06/89 23/06/89
09/10 - N. Sra. Aparecida 07 a 25/08/89 01/09/89 29/09/89
30/10-Finados 04 a 22/09/89 29/09/89 20/10/89
Dezembro 02 a 27/10/89 03/11/89 24/11/89
Janeiro 02 a 27/10/89 03/11/89 15/12/89
Fevereiro 02 a 27/10/89 03/11/89 12/01/90
Praia Grande
A Colônia de Férias dos Eletricitários na ou feriados prolongados, as reservas devem ser
Praia Grande continua de portas abertas para feitas com trinta dias de antecedência, pelo tele-
todos os cios da ADC ELETROPAULO ou do fone 278-6922, ramal 3, ou pessoalmente, na rua
Sindicato dos Eletricitários, inclusive funcionários Thomaz Gonzaga, n
o
50, andar térreo, Bloco B,
aposentados. A Colônia possui 46 apartamentos, Liberdade. Todos os assuntos referentes à esta-
restaurante, lanchonete, sala de jogos, sala de dia devem ser tratados no escritório da Colônia,
vídeo e "play-ground". Para entretenimento dos no bairro da Liberdade, Capital. Em virtude da
hóspedes, foi criado um projeto recreativo, em grande procura, os interessados em vagas du-
prática desde novembro do ano passado, cujas rante períodos de temporada e feriados proton-
atividades incluem ginástica na praia, jogos de gados devem submeter-se a um sorteio que é
salão, futebol, vídeo, bingos e bailes. feito em público. Para tanto, devem ser obedeci-
As diárias incluem café da manhã, almoço, das as datas de inscrição, conforme progra-
jantar e pernoite. Para épocas fora de temporada mação abaixo:
- Festival do Dia das Mães;
- 4
o
Concurso de Pipas Longe dos Fios;
- Excursões;
- Curso de Violão;
- Campanha do Samaritano;
- Concurso de Poesia.
Nos últimos anos, a ADC incorporou em suas
realizações o patrocínio de atletas com o objetivo de
difundir o nome da Empresa e motivar a prática es-
portiva por parte de associados, segundo decla-
ração de José Antonio M. Fernandes, Vice-Presi-
dente de Esportes Competição. Nesta área de alto
nível, a empresa apoia as modalidades de atletismo,
futebol de salão, xadrez e voleibol, por meio de atle-
tas subvencionados ou equipes patrocinadas. Em
atletismo e voleibol, a ADC dividiu despesas com as
Prefeituras de Guarulhos e São Bernardo do Cam-
po.
O resultado destes empenhos em 1989 foi a
conquista do 42
o
Jogos Desportivos Operários do
SESI, em que competiram 212 empresas da capital
de São Paulo, coincidindo com o 90
o
aniversário da
Empresa. Materializando de outro modo a culminân-
cia do esporte e lazer na ELETROPAULO como
meio de desenvolvimento de recursos humanos,
destaca-se o jornal mensal ADC-Notícias com 25
mil exemplares de circulação. Esta publicação re-
passa aos funcionários a programação e as reali-
zações da ADC nas áreas de sua responsabilidade,
procurando motivar a participação.
Produtividade e Lazer
Com este título, a ADC tem procurado aperfei-
çoar o acompanhamento dos benefícios para a Em-
presa e para os empregados em face à prática es-
portiva e às atividades de lazer. Segundo o ADC -
Notícias de agosto de 1987, o eletricitário da ELE-
TROPAULO é o que mais trabalha e produz em to-
do o País. Fundamentando tal declaração, há dados
significativos: em 1986, a relação funcionário/con-
sumidor alcançou 205, ou seja, a cada empregado
correspondiam 205 consumidores. Em 1982, este
índice era de 190 e, em 1984, chegava a 200, com a
estimativa de 210 para 1987. Por comparação cita-
va-se o índice de 195,4 registrado pela Catagua-
zes-Leopoldina, empresa de Minas Gerais, marca
maior do âmbito privado no mesmo ramo empresa-
rial.
Embora sem comprovações diretas e de maior
rigor técnico, a ADC considerava a coincidência
deste incremento com o impulso do lazer e esporte
experimentado pela Empresa desde 1986. Uma ba-
se para futuras observações de custo-beneficio era
a cifra de NCzS 76,00 (preços de junho de 1989) in-
vestida pela ADC para cada funcionário, com dois
terços deste montante correndo por conta da Em-
presa. Partindo-se deste dado, planejava-se, em
1989, a realização da primeira investigação científi-
ca da produtividade à vista dos custos de lazer e
esporte, configurando-se o seguinte roteiro:
- Determinar um Departamento;
- Colher dados estatísticos junto ao Departa-
mento de saúde, quanto ao maior índice de
doenças existentes naquele local;
- Número de funcionários do Departamento;
- Dia de afastamentos durante 6 meses;
- Baseado nos dados aplicar um programa de
Educação Física, durante 6 meses.
- Levantamento de dados e análises dos re-
sultados;
- Duração do Programa depois de aprovado
um ano.
Administração e Avaliação
Além das intenções de se avaliar objetivamente
os resultados da ação da ADC na ELETROPAULO,
cumpre destacar o sistema eleitoral que orienta os
trabalhos do clube. Em 86 locais diferentes da Em-
presa, 285 funcionários organizaram eleições em
1987 para a escolha de 64 dirigentes da ADC, como
ocorre a cada triênio.
As funções elegíveis são as da sede central
(presidente e vices da administração), as das regio-
nais (16 vices e diretores por região e cidades prin-
cipais) e outros de natureza funcional (esporte e la-
zer, obras, projetos, etc.) A figura 2 mostra o interrè-
lacionamento dessas funções através de um orga-
nograma. No todo, os 14 diretores que permanecem
na sede central, com jornadas diárias, orientam 150
funcionários e 25 profissionais de Educação Fisica.
De resto, vale acompanhar no destaque as de-
clarações de Paulo de Tarso Carvalhaes, Diretor da
ELETROPAULO, que avalia o papel da ADC e
examina suas relações internas, conforme trans-
crição da entrevista do ADC - Notícias de setembro
de 1986.
Avaliação do Diretor
Comercial da Eletropaulo
Na história da empresa, essa foi a admi-
nistração que mais investiu a nível de lazer
para o funcionário. São fatos concretos que
demonstram isso. Gostaríamos de saber mais
sobre a orientação administrativa que garante
resultados tão expressivos.
A Diretoria tem a compreensão de que o
empregado é um indivíduo com necessidades
que não são somente aquelas de condições de
trabalho e de salário. Ele tem outras necessida-
des, ligadas à vida social. Partindo desse pres-
suposto, existe a diretriz de proporcionar ao em-
pregado tudo aquilo que está ao alcance da em-
presa. Então, nessa linha, a política de lazer é
uma necessidade. Na medida em que os profis-
sionais tiverem condições de se integrarem so-
cialmente entre si, não só ao nível do trabalho,
mas de entretenimento, então o resultado é a
amizade, a compreensão e o entendimento. Isso
leva a um ganho para a comunidade, para os ci-
dadãos, para a sociedade como um todo e até
para a empresa. Portanto, o patrimônio que efeti-
vamente pode ser colocado para uso dos em-
pregados, em termos de lazer, deve ser coloca-
do. Assim, entendemos. Todos devem reconhe-
cer a atuação destacada do nosso vice-presi-
dente, Sergio Motta, que tem apoiado o lazer in-
tegralmente, tomando várias iniciativas no senti-
do de fomentar e desenvolver o lazer na Eletro-
paulo. Para desenvolver o lazer foi desenhada
uma política, um relacionamento com as entida-
des já existentes, assim como foi criada uma co-
ordenação centralizada que tem se ocupado e
respondido pela formulação das diretrizes gerais,
ou seja, organização de grandes eventos, como
a Olimpíada, as competições, e distribuição de
recursos financeiros que a empresa está promo-
vendo. E essa distribuição tem sido equitativa,
estou sabendo. Aí está o papel da coordenação
da direção da ADC junto às suas regionais. Com
isso temos a oportunidade de verificar o efetivo
surgimento do lazer na empresa, de forma reco-
nhecida.
Em fase já adiantada, está ocorrendo o
processo de unificação de todos os clubes.
Como você vê esse fato?
Eu vejo de maneira muito favorável. Aliás,
temos trabalhado nesse sentido desde que res-
pondemos pela Diretoria Comercial. A orientação
que passamos de forma clara aos superinten-
dentes desta área é a de apoiar os vários clubes
que já existem e buscar uma cooperação com a
ADC central no sentido de superar conflitos que
efetivamente existiam no passado. Isso realmen-
te não existe mais. Entendemos que esses dois
anos da recente história da ADC já comprovou
que a unificação só traz benefícios. Desde que
sempre seja mantida essa política de uma certa
autonomia. Portanto é necessário que haja essa
regionalização, essa autonomia, para que os
problemas regionais sejam formulados pela pró-
pria ADC Regional. Ao mesmo tempo, ao nível
daqueles empreendimentos maiores, como no
caso da Praia do Sol, que vai beneficiar todos os
funcionários da Eletropaulo, uma ADC Regional
não teria condições de empreender. Entende-
mos, inclusive, que a ADC atingiu um grau de
desenvoltura que a toma um dos maiores clubes
do Brasil. Hoje, com cerca de 12 mil associados,
que reunidos às famílias chegam a 60 mil, além
dos 400 mil metros quadrados de área de lazer,
fazem da ADC um dos maiores clubes do país.
Isso sem mania de grandeza.
Além das áreas que estão sendo libera-
das, há necessidade daquele lazer mais ime-
diato, realizado nés intervalos, ou após o ex-
pediente. Gostaríamos de saber como você vê
a necessidade de se abrir espaços nos imó-
veis da empresa para o desenvolvimento do
lazer local, com jogos de salão, pebolim. sno-
oker, pingue-pongue, inclusive promovendo
maior confraternização entre os funcionários?
Eu sou bastante favorável. Eu acho que
muitos dos nossos colegas não têm condições
de freqüentar as sedes da ADC. O lazer local
permite que os funcionários se encontrem em
atividades que não são exclusivamente relacio-
nadas ao trabalho. Eu sou francamente favorável
e tenho trabalhado para que surjam esses locais,
sejam nas Agências, ou áreas de descanso.
Nós estamos numa política de padroni-
zação das Agências da Eletropaulo. Há con-
dições de lazer local nessa Agência?
As Agências foram concebidas visando fun-
damentalmente uma mudança da imagem da
empresa junto ao público consumidor. O lay-out,
totalmente novo possui concepção em que a
Agência tenha área exclusiva de atendimento ao
público, área mais de atendimento externo, área
de atividade de trabalho interno e uma área mais
reservada, que em geral fica na parte de cima,
nos mezaninos ou em pátios externos. É onde
existem grandes mesas, usadas no trabalho de
distribuição de contas, mas que são usadas
também para jogos. Na grande maioria das
Agências que já foram reformadas existem locais
onde as pessoas podem realmente se encontrar,
para ler uma revista, ou para ter uma atividade
recreativa. Agora, isso depende não só da dis-
ponibilidade do lay-out, mas da própria postura
do chefe de Agência, a quem estou recomen-
dando que propicie isso. Sim, pois muitos de
nossos colegas nao têm oportunidade de es
sempre participando das atividades de lazer da
ADC e há necessidade de um encontro com os
colegas através desses Núcleos, que vocês
classificam como lazer beai.
Em relação às composições de chefias a
gente vê que houve uma mudança a nivel de
empresa. Nós saímos de uma multinacional,
passamos a uma estatal federal, hoje somos
uma estatal estadual e isso tudo em muito
pouco tempo. A mentalidade mudou muito.
Hoje nota-se uma Diretoria de empresa, da
qual você faz parte, muito mais arejada. Toda-
via, a gente não vê em algumas chefias a pre-
disposição em prol do lazer do funcionário.
Como é que você vê hoje o relacionamento, a
postura dessas chefias? Você acredita que
vai mudar, ou o que pode ser feito nesse sen-
tido?
Realmente você apontou muito bem. As
mudanças se deram num período curto de tem-
po. Nós passamos na nossa história por um cer-
to autoritarismo, uma certa rigidez, vamos dizer
assim. Estamos evoluindo para uma fase em que
nós temos uma chefia onde o poder é muito mais
resultado de uma liderança, que se afirma na
medida em que os chefes estão identificados
com o interesse da população e dos emprega-
dos. Uma liderança que leva à produção, ou que
leva a desafios, que realmente proporcionem de-
senvolvimento profissional. E que levam princi-
palmente à resolução dos problemas da comuni-
dade. Temos isso contra aquele antigo estilo de
chefia, de liderança, obtido pelo grau de obediên-
cia conseguido junto aos empregados, em detri-
mento da criatividade, da competência, que não
tinha condições de aparecer porque ela podia ser
interpretada até como uma contestação. O estilo
de administração pública está mudando. Deve-
mos reconhecer que está surgindo a nova em-
presa pública. O próprio aparecimento da ADC
nessas condições é um dado concreto que de-
monstra essa mudança. Estamos vendo nesse
governo o nascimento da nova empresa pública
e nós somos os seus fiéis depositários.
FIGURA 2 ADC ELETROPAULO
ORGANOGRAMA GERAI - PRESIDÊNCIA, VICE-PRESIDÊNCIA E DIRETORIAS
/
EMAQ-
Engenharia e Máquinas - RJ
Informante: Antônio Geraldo Gomes Pires
Os estaleiros EMAQ, situados na Ilha do Go-
vernador - RJ, possuem 400 operários e funcioná-
rios e atuam há 30 anos na construção naval.
A mão-de-obra desta indústria é altamente es-
pecializada, a maioria com nível de instrução equi-
valente ao 2
o
grau. Em 1974, uma Associação dos
Empregados foi fundada e trouxe para a Empresa a
idéia do lazer, que desde então, foi interpretado co-
mo um benefício social.
Após algumas dificuldades iniciais, em 1976, a
Associação começou a participar de competições
externas como o Campeonato de Futebol Carioca e
os I Jogos da Construção Naval (IJOGONAVE). A
partir dai, tornou-se necessário o treinamento das
equipes de atletismo, voleibol, futebol, xadrez, nata-
ção, tênis de mesa e basquetebol.
Foram contratados, então, estagiários de Edu-
cação Física e posteriormente, em 1979, um profis-
sional especializado.
Ao longo de sua atuação, a Associação reali-
zou um estudo que indicou, entre outras recomen-
dações, os seguintes objetivos: (a) implementar ati-
vidades de lazer junto ao quadro social; (b)desen-
volver a prática esportiva; (c) realizar a interação
social empresa/empregado; (d) fomentar o relacio-
namento entre as famílias dos associados; (e) de-
senvolver a solidariedade entre os associados; (f)
proporcionar apoio social aos associados e seus
familiares.
Do ponto de vista operacional, as atividades
esportivas renovadas enfrentaram o problema do
turno fixo do horário noturno, que não tinha oportu-
nidades similares às do turno diurno. A solução foi
criar duas comissões: COSEN (Comissão Social
do Noturno) e COFUN (Comissão do Futebol do
Noturno), que passaram a ser elementos de ligação
entre os associados daquele turno e a diretoria/ge-
rência da Associação. Para isso, adotou-se a parti-
cipação dos funcionários no planejamento e realiza-
ção das atividades, e não somente na prática es-
portiva. Nos dois casos de implantação, a eleição
dos membros da comissão, atribuições e compro-
missos foram estipulados pelos próprios funcioná-
rios, com a direção da Associação apenas organi-
zando o apoio.
Os funcionários do horário diurno foram mobili-
zados progressivamente, num processo de estimu-
lação, consultas e esclarecimentos sobre os bene-
fícios de um trabalho organizado de lazer.
Assim, foi iniciado um planejamento anual ba-
seado em 3 eventos principais: Festival de Pagode;
Encontro da Criança; Festa de Congraçamento
Anual, com o futebol de campo funcionando como
catalizador das demais práticas. Posteriormente, as
atividades modificaram-se de acordo com as opor-
tunidades e solicitações.
Atualmente, a Associação de Funcionários da
EMAQ conta com uma sede própria interna para as
atividades e outra alugada. Dada a intensa partici-
pação, a Associação já está de posse de um terre-
no de 12.000m
2
para ampliações. Neste contexto, o
profissional responsável pelo setor aponta as se-
guintes orientações - chave para o lazer numa uni-
dade industrial: (a) ser democrático; (b) respeitar a
clientela e suas características; (c) responder sem-
pre aos anseios da clientela; (d) ter um bom sistema
de divulgação e (e) envolver os funcionários no pro-
cesso de elaboração e implementação de ativida-
des.
EMBRATEL -
Empresa Brasileira de Telecomunicações - RJ
Informante: Caio Paulo Penteado de Araújo
Chefe do Departamento de Relações do Trabalho
Desde a época de sua fundação, a EMBRA-
TEL vem desenvolvendo atividades sócio-culturais,
recreativas e esportivas para seus empregados.
De início, apenas estimulando e/ou facilitando
essas práticas, de forma assistemática. A partir de
1976, com a criação do então Departamento de De-
senvolvimento de Pessoal, essas atividades foram
institucionalizadas na Empresa, com a criação da
Seção de Promoções Sócio-culturais daquele De-
partamento.
Atualmente, elas são desenvolvidas pela Divi-
são de Integração Empregado/Empresa, do De-
partmento de Relações do Trabalho, da Diretoria de
Administração e dirigidas aos empregados, seus
dependentes e familiares, aposentados e pensio-
nistas.
Essas atividades são entendidas como pro-
motoras do desenvolvimento biopsicossocial dos
seus empregados, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida na Empresa, integração inter e in-
tra-grupos, estímulos à participação e manutenção
do espírito de corpo empresarial.
No momento, são diversas as atividades de la-
zer oferecidas pela Empresa: caminhadas, corridas
rústicas, tênis de mesa, tênis de quadra, natação,
basquete, vôlei masculino e feminino, MP Bar, pes-
caria, xadrez, futebol de salão e de campo, ginásti-
ca, gamão, entre outras, sendo de caráter opcional
a participação dos empregados nos jogos empresa-
riais, torneios do SESI e jogos de integração com
empresas.
Anualmente, são realizadas colônias de férias
para os filhos dos empregados e as Olimpíadas In-
ternas, estas realizadas em setembro, mês de ani-
versário da Empresa. No lazer, há ainda um grupo
de corredores, CORREM - Corredores da EM-
BRATEL -, que participa entusiasticamente de toda
a programação do calendário oficial de corridas de
rua.
Imbuída de nova filosofia de atuação, a DRT-1,
agente facilitador do processo de integração Em-
presa/Empregado, vem promovendo a autonomia
dos grupos de empregados interessados em ativi-
dades de lazer, dando-lhes liberdade para definirem
e trabalharem a forma mais adequada e atuante da
participação. O envolvimento dos empregados nos
projetos se faz desde a realização de pesquisas até
a apuração de custos e escolha de locais adequa-
dos para o desenvolvimento das atividades reivindi-
cadas, de modo a atender satisfatoriamente suas
expectativas.
Este novo procedimento vem gerando a intera-
ção entre os empregados e o seu comprometimento
com o alcance das metas e objetivos programados.
Excelentes resultados vêm sendo obtidos a ní-
vel de interesse, participação e motivação dos em-
pregados nas atividades escolhidas e desenvolvi-
das por eles.
A Divisão de Relação do Trabalho retomou a
idéia da produtividade empresarial aliada à satisfa-
ção do empregdo. Facilita o possível, sem regras,
permitindo inteira liberdade de ação e criando uma
atitude própria de realizar o lazer.
Estaleiros Caneco - RJ
Informante:
José Hugo Nunes Fernandes Seção de
Benefícios e Comunicação.
As indústrias Reunidas Caneco S.A. estão si-
tuadas entre as quatro maiores empresas da indús-
tria naval brasileira, reunindo cerca de 3.800 funcio-
nários nos estaleiros da Ponta do Caju (Baía da
Guanabara-RJ). Seguindo uma tendência típica
deste setor industrial brasileiro, as atividades espor-
tivas foram iniciadas no Caneco em 1980 por pe-
quenas iniciativas esporádicas ligadas às promo-
ções do SESI.
A prática esportiva e de lazer no âmbito interno
da empresa foi criada em 1982, a partir da contrata-
ção dos estagiários Sérgio da Conceição Luiz e Ri-
cardo da Silva Rego, para organizarem o Setor de
Educação Física. As atividades foram dirigidas para
todos os empregados, mediante prévia inscrição.
Os sistemáticos pedidos dos empregados por
atividades físicas e esportivas sensibilizaram a di-
retoria da empresa que, através da Superintendên-
cia de Administração e de Apoio, criaram subsídios
para as instalações deste novo setor.
Inicialmente, foram desenvolvidos: atividades
nas áreas internas de lazer (jogos de salão, tais
como: baralho, dominó, dama, etc): torneios de fu-
tebol soçaite e voleibol; passeios e excursões com
familiares: ginástica noturna, etc.
A empresa, com o propósito de estimular e am-
pliar as atividades sócio-recreativa-esportivas, cen-
tralizou, através do Grêmio dos Empregados do
Estaleiro Caneco, fundado em 19.7.84, a realização
de forma indireta desses objetivos que já faziam
parte do seu programa empresarial.
Dentre os eventos atualmente em andamento,
os mais importantes são os seguintes:
- musculação para os empregados, após o
expediente;
- Projeto Música ao meio-dia;
- bailes para os associados e familiares em
diversos clubes do Rio de Janeiro;
- excursões para os familiares:
- torneios de futebol e
- convênio com o Clube de Regatas Vasco da
Gama para a inscrição de filhos de empre-
gados na faixa etária de 10 a 15 anos, na
Escolinha de Futebol de Campo.
Para que o empregado veja nesse projeto a im-
portância da sua co-participação ele é associado ao
Grêmio, pagando uma mensalidade simbólica de 1%
(um por cento) do S.M.R. (Salário Mínimo Regional)
que, em junho/89 correspondia a NCzS 0,46 (qua-
renta e seis centavos). Isso o toma de certa forma
responsável pelo seu sucesso e penetração no
meio operário, e principalmente junto às suas famí-
lias. O acerto dessa medida já se faz sentir quando
constatamos que os objetivos integracionais são
bastante evidentes, inclusive quanto ao aspecto só-
cio-familiar.
Finalmente, ressalta-se que, nestes 07 (sete)
anos de programação, o trabalho não apresentou
nenhum aspecto negativo quanto ao esporte e lazer
na Empresa.
A FELTRIN foi fundada em 1946, no Estado de
São Paulo, nas cercanias da cidade Ribeirão Preto.
Em 1965, o futebol de salão começou a ser
praticado pelos funcionários, que se dividiam em 15
equipes internas. O futebol de campo - modalidade
esportiva de maior prestígio entre os funcionários -
somente em 1977 conseguiu se instalar como op-
ção de integração interna da FELTRIN.
Em 1979, com o desenvolvimento da Empresa
e conseqüente aumento do número de empregados,
os dirigentes resolveram mobilizar os funcionários
para uma vida em comum, além das relações de
trabalho. Optaram, então, pelo esporte.
A descoberta dos benefícios da atividade física
e de lazer foi progressiva. Recentemente, o vôlei
(feminino e masculino) penetrou com tal sucesso na
Empresa, que motivou a contratação do primeiro
professor de Educação Física. A adesão feminina
ao esporte teve representatividade considerável na
FELTRIN, relacionada ao vôlei.
Uma equipe de funcionários voluntários, com
apoio inclusive financeiro da Diretoria, trabalha na
organização dos eventos e das torcidas, seguindo a
tradição da indústria. Resultou, como conseqüência
dessa postura intema, a construção de um ginásio
no terreno da fábrica.
O ginásio permite, em seus 1.500m', abrigar
um público de cerca de 1.000 pessoas, além dos
praticantes. Comporta também uma piscina semi-
olímpica, quadras de tênis, campo de futebol, pista
de atletismo.
E no bosque, próximo ao complexo esportivo,
pretende-se construir mais churrasqueiras, propor-
cionando aos funcionários e seus familiares, um
centro de lazer.
A Empresa faz a mobilização através de carta-
zes e tem se mostrado interessada em ampliar as
ofertas de atividades físicas.
Informante: Renato Moraes Rego
Em 1983, a FININVEST organizou um atendi-
mento interno de ginástica e exercícios com pesos,
por solicitação de um grupo de funcionários. Foram
contratados dois professores de Educação Física,
que elaboraram um diagnóstico através de questio-
nário, buscando identificação de problemas de saú-
de, passado esportivo e aspirações.
Dois grupos, então, foram formados. Para o
grupo feminino, adotou-se uma programação de
condicionamento físico geral e treinamento com pe-
sos. O grupo masculino também adotou este tipo de
trabalho só que com mais intensidade e freqüência.
Os testes de resistência muscular localizada e afe-
rição de batimentos cardíacos indicaram uma gran-
de heterogeneidade nos grupos e deram indicações
para orientação individualizada.
Dois meses após, o número de participantes
dobrou e o acompanhamento feito dos praticantes
iniciais mostrou sensível melhoria na condição físi-
ca. Por isso, as atividades foram diversificadas,
como, por exemplo, corridas no Aterro do Flamen-
go-RJ. Como conseqüência, vários funcionários
buscaram atividades esportivas fora da Empresa e
um novo sentido de integração passou a ser obser-
vado internamente.
Do ponto de vista negativo, foram registrados:
(a) queda de freqüência dos praticantes no período
de férias (janeiro, fevereiro e março), orientando a
direção da firma para um remanejamento de salas,
com prejuízo das atividades; (b) a mudança de local
impediu a continuidade no uso de pesos; (c) as no-
vas instalações foram usadas, alternativamente,
com outra atividade interna (treinamento de novos
funcionários), produzindo interrupções.
Feltrin Irmãos Indústria Têxtil - SP
Informante: Flávio Gayola
Fundação Promon de Previdência Social
i
Informante: CLÁUDIO L PENTEADO
Fundação Promon de Previdência Social.
Esporte Não-Formal na Empresa
A Promon Engenharia S.A. é uma empresa de
projetos. Começou a oferecer atividades esportivas
a seus funcionários em 1966, através do "Promon
Clube", que inseria soluções de lazer entre amigos,
nas jornadas de trabalho ou nos dias de folga. O fu-
tebol constituira o núcleo central das atividades, se-
guindo uma tendência nacional do esporte na Em-
presa.
Em 1974, os escritórios da Empresa em São
Paulo decidiram apoiar o Clube, contratando um
professor de Educação Fisica. Essa foi a forma de
profissionalizar o lazer esportivo cultural, incorpo-
rando-o à estrutura organizacional da entidade.
Nessa época, já havia uma melhoria das insta-
lações, incluindo-se uma sala de lazer com jogos de
salão. E o Jornal "Promon Comunidade" surgia para
divulgar os empreendimentos da Empresa e mobili-
zar os funcionários para as atividades.
De modo progressivo, foi se fortalecendo a
compreensão dos objetivos das atividades físicas
como compensação ao trabalho ou como lazer.
No final da década de 70, já eram organizadas
Olimpíadas Internas nos escritórios de São Paulo e
Rio de Janeiro, onde se incluíam 8 modalidades es-
portivas.
A Promon possui, em seu quadro de pessoal,
um grande contingente de profissionais com nível
superior, desempenhando atividades sedentárias. A
demanda, reprimida quanto à prática de exercícios
físicos pelos funcionários, revelou-se diante das
ofertas e consolidou-se o setor esportivo.
Com a criação da Fundação Promon de Pre-
vidência Social, em 1976, o antigo "Clube" trans-
formou-se em administração própria, a partir de
1980, voltada para o esporte e cultura. Assim, as
decisões e atividades esportivas consolidaram-se
definitivamente, com a incorporação de profissionais
de Educação Física especializados em adminis-
tração esportiva. As ofertas foram sendo ampliadas
de acordo com o interesse dos funcionários, che-
gando-se a praticar ginástica na própria empresa,
em locais adaptados, nos escritórios de São Paulo
e Rio de Janeiro. Dessa forma, o desejo dos prati-
cantes de não se deslocar do local de trabalho foi
atendido, ajustando-se horário/local/atividade física.
Em 1988, aceitando sugestões do Grupo de
Trabalho de Qualidade de Vida, a Fundação Promon
implantou nos escritórios de São Paulo, Rio de Ja-
neiro e Campinas, a Unidade de Cultura, Esporte e
Lazer, visando gerir e promover atividades, seguin-
do prioridades indicadas pela comunidade, através
de conselheiros regionais, e dirigidas pelos Coorde-
nadores das Unidades.
No caso da Promon, um ponto que carac eriza
a prática de atividades fisicas é a flexibilidade no
uso de espaços físicos e nos horários, procurando
atender ao binômio proximidade-disponibilidade, e
oferecendo um leque de opções em atividades, vi-
sando atingir a maioria dos funcionários. Em todos
os escritórios, em que são realizadas atividades
esportivas, os horários de maior incidência têm sido
o intervalo de almoço e após o expediente, obede-
cendo à escala móvel de horários utilizada pela em-
presa, quando são desenvolvidas atividades como
ginástica, natação, coral, etc, outras atividades são
desenvolvidas nos finais de semana (torneios es-
portivos, excursões, etc).
Desde a fase pioneira, os objetivos de serem
incentivadas atividades físicas formais e não-for-
mais, são a integração da comunidade promoniana
e a melhoria da qualidade de vida, evoluindo para a
participação progressiva das famílias nos eventos.
Atividades físico-desportivas e culturais
Local/participantes
Local» Ginástica Nataçao
Muscu-
lação
Teatro Coral
Tai-chi-
chuan
Voleibol Basquete Tenis
Futebol
de Salão
Partici-
pantes
Funcioná-
rios local
Abr./89
%
SSo Paulo 110 54
- - - -
60
-
40 120 384 775 49
Rio de Janeiro 32 38 25 30
- -
20 15
-
25 185 855 21
Campinas 58
- -
20 14 15 30 16
-
24 177 727 24
Salvador
- - - - - -
30 15
-
24 69 152 45
Recife 15
- - - - - - - -
12 27 51 52
Florianópolis
- - - - - - - - -
15 15 23 65
Curitiba
- - - - - - - - -
12 12 46 26
Foz do Iguaçu
- - - - - - - - -
10 10 13 76
Outros
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0 56 0
Total 215 92 25 50 14 15 140 46 40 242 879 2 698 33
Fonte: Jonal da
Fundação Promon, n
o
71 malo de 1989
Professores de educação física: programação mais dinâmica em São
Paulo, Rio e Campinas
Uma das iniciativas da FPPS que marcou o
ano de 1988 foi a criação da Unidade de Cultura,
Esporte e Lazer. Sediada na administração da
Fundação Promon em São Paulo e coordenada
por Guilherme Luiz Gazeti, sua atuação se es-
tende também aos escritórios regionais. Parte do
sucesso das várias atividades que vêm sendo
estimuladas deve-se aos professores de Edu-
cação Fisica. Por enquanto, os participantes da
FPPS contam com três desses profissionais:
Gilson Leonardi Lima, responsável pelo setor na
capital paulista, Ernesto Marquez Filho, em
Campinas, e Renato Pereira de Figueiredo, no
Rio de Janeiro.
Desenvolvendo atividades permanentes e
especiais, os professores de Educação Fisica
procuram atender, com programas diferenciados,
as expectativas mais variadas dos funcionários
da empresa - seja de um contínuo ou de um di-
retor superintendente. "Em pouco tempo a Uni-
dade de Cultura, Esporte e Lazer tornou-se
dinâmica e tudo indica que crescerá mais ainda",
comenta Renato Pereira de Figueiredo. Igual-
mente satisfeitos com o projeto estão os dois ou-
tros professores. "A Unidade criou corpo, hoje é
uma realidade viva e atuante. pela consistência
das atividades e envolvimento do público, é certo
que veio para ficar", aano de 1988 foi a criação
da Unidade de Cultura, Esporte e Lazer. Sediada
na administração da Fundação Promon em São
Paulo e coordenada por Guilherme Luiz Gazeti,
sua atuação se estende também aos escritórios
regionais. Parte do sucesso das várias ativida-
des que vêm sendo estimuladas deve-se aos
professores de Educação Fisica. Por enquanto,
os participantes da FPPS contam com três des-
ses profissionais: Gilson Leonardi Lima, res-
ponsável pelo setor na capital paulista, Ernesto
Marquez Filho, em Campinas, e Renato Pereira
de Figueiredo, no Rio de Janeiro.
Desenvolvendo atividades permanentes e
especiais, os professores de Educação Física
procuram atender, com programas diferenciados,
as expectativas mais variadas dos funcionários
da empresa - seja de um contínuo ou de um di-
retor superintendente. "Em pouco tempo a Uni-
dade de Cultura, Esporte e Lazer tornou-se
dinâmica e tudo indica que crescerá mais ainda",
comenta Renato Pereira de Figueiredo. Igual-
mente satisfeitos com o projeto estão os dois ou-
tros professores. "A Unidade criou corpo, hoje é
uma realidade viva e atuante. pela consistência
das atividades e envolvimento do público, é certo
que veio para ficar", avalia Ernesto Marquez Fi-
lho.
Em São Paulo
Através do professor Gilson Leonardi Lima,
as atividades esportivas ganharam novo impulso
em São Paulo. Desde junho os torneios de fute-
bol de salão, voleibol e tênis vêm se inscrevendo
no calendário permanente da Unidade. Interesse
semelhante vêm causando os cursos de ginásti-
ca aeròbica (no Frisoni Squash Center) e na-
tação (na Escola Marola).
Sempre em locais próximos ao escritório da
Promon e em horários compatíveis com o perío-
do de trabalho, todas as aulas programadas pela
Unidade de Cultura, Esporte e Lazer são gratui-
tas. Além de atividades voltadas para as crian-
ças, como o day-camp (excursões para um sítio
fora da cidade, com toda infra-estrutura de lazer,
segurança e alimentação), Gilson também orga-
niza jogos de tênis em locais especialmente alu-
gados. "Aproveitando o horário móvel que a em-
presa oferece, existe público disposto a se exer-
citar no horário de almoço", diz o professor,
sempre bem informado sobre as melhores qua-
dras esportivas disponíveis na região.
Para o próximo ano, já existem planos em
andamento. Um deles é criar uma sala de re-
creação no 15
o
andar do Edifício São Luiz. Com
funcionamento previsto para janeiro, lá haverá
um sistema de video-cassete, para sessões pe-
riódicas de vídeo, mesas para jogos de xadrez,
dama, dominó, baralho. O local também servirá
para cursos de fotografia: um dos projetos mais
imediatos de Gilson é realizar palestras com pro-
fissionais especializados. Uma delas já merece
ser agendada: é a do professor José Knoplich,
prestigiado reumatologista que falará sobre os
cuidados com a coluna vertebral durante o traba-
lho.
Campinas: agenda agitada
Antes a cargo de um grêmio que funcionava
de acordo com a disponibilidade de voluntários,
as atividades esportivas em Campinas foram
muito estimuladas com a chegada do professor
Ernesto Marquez pilho, há cinco meses atrás. E
com um acréscirflo de vantagens: além dos es-
portes, também o lazer cultural passou a ser cul-
tivado.
Detectando interesses através de pesqui-
sas, como nos demais escritórios, Ernesto de-
senvolve um atendimento setorizado, de maneira
a atingir a maior gama possível de funcionários.
Além dos habituais torneios de voleibol e futebol
de salão, uma de suas propostas inclui, por
exemplo, atividades de musicoterapia. Voltado
para diretores, gerentes, superintendentes, o ob-
jetivo desse programa é minorar o stress, co-
mum entre esses profissionais.
Muito variadas as atividades de esporte, cul-
tura e lazer de Campinas já conseguiram formar
um coral com dezesseis cantores. Em academia
especialmente alugada, há ainda cursos de tai-
chi-chuan, ginástica, teatro. Um concurso de fo-
tografia, passeios ecológicos (com excursão à
serra do Japi), curso de mergulho (encerrado em
Ilha Bela) e acesso a espetáculos com ingressos
mais baratos conferem a Campinas a mais agi-
tada agenda em torno da Unidade de Cultura,
Esporte e Lazer. "Nesse curto período já atingi-
mos oitenta por cento dos funcionários da PHT,
atesta Ernesto.
Rio de Janeiro
Além dos programas permanentes, mais
voltados para os esportes (aprendizado e trei-
namento de natação, basquete, musculação, fu-
tebol de salão), as atividades especiais vêm ob-
tendo muita procura no Rio de Janeiro, principal-
mente entre participantes com filhos. Assim, os
programas voltados para crianças têm sido um
dos pontos fortes na atuação do professor Rena-
to Pereira de Figueiredo (uma amostra: as recen-
tes visitas ao Planetário e à TV Manchete).
"Minha intenção é proporcionar bem-estar
social aos funcionários", observa Renato, que
também está abrindo um leque de opções dentro
do projeto esportivo-cultural carioca. Empenha-
do, no momento, em implantar um coral e um
grupo de música, pretende, com o tempo, obter
outros convênios como o da Kodak, que permite
descontos na compra de filmes e revelação de
fotos. Renato lembra a todos os participantes da
FPPS-Rio: durante o mês de dezembro todos
estão convidados a participar do concurso para
criação de ilustração que identifique a Unidade
de Cultura, Esporte e Lazer, setor que está real-
mente marcando presença nas cidades onde
funciona.
FURNAS - Centrais Elétricas
Informante:
Paulo Rodrigues Andriotti
Fundação Real Grandeza.
Em 1976, foi criada a Divisão de Ação Comu-
nitária - DACM-R, órgão da Fundação Real Gran-
deza, entidade de assistência aos funcionários de
Furnas. A nova Divisão encarregava-se à época de
atender todas as áreas da Empresa quanto às ativi-
dades culturais, esportiva e de lazer para emprega-
dos e dependentes. Este atendimento foi organizado
num Programa de Bem-Estar Social cujos objetivos
foram então estabelecidos:
- confraternização entre seus empregados e
dependentes;
- Inter-relacionamento entre diversas áreas da
Empresa, através de várias atividades;
- aumento de produtividade;
- diminuição de acidentes de trabalho;
- melhoria de nível intelectual e físico através
de atividades culturais e esportivas;
- valorização de seus recursos humanos.
O início das atividades da DACM-R concen-
trou-se na organização de colônias de férias no final
de cada ano, seguindo a tradição brasileira de es-
portes não-formais e jogos para crianças e adoles-
centes oferecidos fora do âmbito escolar. Deste
ponto de partida, técnicos de várias modalidades
esportivas foram sendo contratados paralelamente
à instalação de equipes representativas da Empre-
sa, já agora mobilizando funcionários. De modo
idêntico e em ritmo progressivo, professores de
Educação Física foram admitidos para atuação nas
principais usinas do Sistema Furnas, onde inexis-
tiam oportunidades de recreação e esportes; neste
caso, cada segmento do sistema desenvolveu seu
programa sob orientação do escritório central.
Na década de 80, alcançou-se a fase mais
adiantada da DACM-R, quando se oferecia a cada
dois anos aos empregados, a Olimpíada Interna
com mais de doze modalidades esportivas. Em
1989, devido à contenção de despesas, foi desmo-
bilizado o quadro de Técnicos Esportivos, perma-
necendo apenas algumas atividades. Hoje são ofe-
recidas oportunidades de prática de ginástica, de
participação em torneios ou de teatro amador. Para
redução de custos, as Colônias de Férias transfor-
maram-se em Jogos Infantis Inter-Áreas, como
também os torneios passaram a ter como base o
aluguel de quadras fora da Empresa.
Desde o início da DACM-R, os eventos eram
programados e levados a efeito por meio de co-
missões de empregados e sob forma de voluntaria-
do. Também valorizavam-se as iniciativas da Di-
visáo através de intercâmbio com SESI, NUCLE-
BRÁS e outras empresas relacionadas diretamente
com FURNAS. Tais condições fizeram mudar o
propósito da DACM-R que hoje denomina-se ABS.P
- Assessoria de Bem-Estar e Comunicação Social.
General Motors do Brasil - SP
A idéia de implantar a prática do tênis de mesa
nas horas de lazer dos funcionários da GM trouxe
resultados significativos, em curto espaço de tem-
po. Hoje a empresa mantém oitenta mesas em fun-
cionamento na fábrica de São José, todas muito
disputadas.
Na realidade, não se trata apenas da prática do
esporte. Quando Pedro Nogueira, superintendente
da fábrica, trouxe essa idéia do Japão, ele já estava
pensando em conciliar o útil ao agradável. Agradá-
vel, porque o lazer é muito importante, principalmen-
te para quem trabalha na indústria, onde se vive
sempre sob tensão, por causa dos cuidados que
precisam ser observados. Útil porque esse esporte
que é considerado um dos que mais movem com os
sentidos do ser humano, deixa sempre a mente
aguçada e o funcionário desperto para suas ativida-
des normais.
Segundo Gilberto Kosaka, um dos grandes in-
centivadores dessa prática de lazer na GM "quando
o funcionário se alimenta, precisa de um pouco de
atividade, para fazer a digestão". E na GM "como
em toda empresa, continua Kosaka, é comum o
funcionário comer e tirar uma soneca ou ficar na in-
dolência". Segundo opiniões de médicos, essa si-
tuação de indolência irá se refletir nos resultados
imediatos da atividade do funcionário no trabalho. Isto
é, ao retornar ao serviço vai demorar um pouco
mais de tempo para "acordar" e começar a produzir
com segurança e objetividade. No caso do fun-
cionário que praticou tênis de mesa é diferente. Du-
rante o tempo todo ele esteve ativando sua acuida-
de mental, seus reflexos.
Robotizar a fábrica, para
aumentar o lazer
A princípio, diz Pedro Nogueira "quando come-
çamos a robotizar a fábrica, muita gente ficou apre-
ensiva. Na realidade, a idéia é deixar que os robôs
cuidem das tarefas programadas e até perigosas,
para que sobre mais tempo para o lazer". Nesse
aspecto, todos concordam com Pedro Nogueira,
porque a agilização da mente e a descontração físi-
ca resultam numa motivação muito grande para que
os funcionários produzam a contento, com segu-
rança, pois estão despertos, ativos, dominando ple-
namente seus reflexos.
A idéia caiu como uma luva, tanto para a em-
presa, quanto para os funcionários. Hoje, a maior
parte deles está se preocupando com isso.
Por outro lado, Toledo, da Segurança, exibiu
vários relatórios mostrando funcionários que haviam
sido afastados do trabalho em virtude de acidentes
na disputa de tênis de mesa nas horas de lazer. Fo-
ram torções, estiramentos musculares e outros pro-
blemas físicos. Kosaka acha que "isto ocorreu por
duas razões bem claras. Primeiro, diz ele, isto pro-
va que os funcionários estavam realmente preci-
sando de exercício e, segundo, a vontade e a ne-
cessidade de praticar esportes e de lazer eram tão
grandes que todos estavam indo com muita sede ao
pote". O objetivo é promover campeonatos internos,
nas horas de lazer e desenvolver um processo de
orientação sobre a técnica do tênis de mesa, um
esporte que começou exatamente sobre as mesas
de refeição, após os comes-e-bebes, para fazer a
digestão da nobreza.
O tênis de mesa é uma atividade recomendada
até mesmo pelos médicos para pessoas de todas
as idades, mas principalmente para os idosos, por-
que esse esporte exige a participação de quase to-
dos os músculos do corpo, solicitando o empenho
de muito reflexo mental.
Para Alaor Gaspar Pinto Azevedo, 33, médico
e presidente da Confederação que congrega os
mesatenistas brasileiros, a iniciativa da GMB de-
verá ser seguida por outras empresas. Alaor não
acredita que possam surgir "campeões" dentro da
indústria, de imediato, mas acha que muitos filhos
de funcionários irão se interessar e logo todos ire-
mos ter algumas surpresas. "Principalmente nas
escolas, que ficam fechadas nos fins-de-semana,
diz Alaor, deveríamos ter uma mesa para tirar as
crianças das ruas." Já se pensa em colocar pelo
menos uma mesa em cada escola, com essa finali-
dade, já que na indústria os primeiros frutos estão
sendo colhidos.
Segundo as opiniões mais abalizadas, o tênis
de mesa deverá ser um dos esportes mais presti-
giados dos próximos anos.
A tese é bem simples. Embora o futebol ainda
seja o esporte das multidões, liderando as preferên-
cias, não deixa de ser uma atração que exige gran-
des espaços, para os campos e para as acomo-
dações.
No caso de tênis de mesa a coisa muda de fi-
gura, porque você pode manter uma mesa (dobrá-
vel) em casa, aglutinando todos os membros da
familia, com conforto.
Outra vantagem é
a integração
Além de deixar o pessoal ativado para o
exercício das suas funções e criar um clima de
descontração, no relacionamento entre companhei-
ros de equipe é que os grandes resultados se acen-
tuam. Muitos companheiros de trabalho que quase
não têm tempo para se comunicar, acabam encon-
trando no tênis de mesa ou em outras áreas de la-
zer uma boa oportunidade para travar um conheci-
mento e uma relação pessoal mais efetivos.
De qualquer forma, o importante é lembrar que
o objetivo principal é dar cumprimento à meta que
nos norteia: a busca pela melhoria da qualidade de
vida. Qualidade integrada. Gente, família, comuni-
dade, produto.
Fonte: "Vida GM Brasil", agosto de 1989, pp. 4 - 5 (Transcrição)
Ishikawajima do Brasil Estaleiros &.A
(ISHIBRÂS) - RJ
Flávio Rocha - Assessor de Relações Industriais da ISHI3RAS
A ISHIBRÂS compõe-se de um estaleiro, si-
tuado no bairro do Cajú, e de uma fábrica de equi-
pamentos pesados, em Campo Grande, ambos no
município do Rio de Janeiro.
A empresa oferece a seus empregados e de-
pendentes um amplo Programa de Lazer, envolven-
do atividades esportivas e sócio-culturais, benefi-
ciando uma comunidade que congrega cerca de 20
mil indivíduos. Conta com uma equipe de técnicos
em Educação Fisica e Serviço Social e com a parti-
cipação efetiva dos empregados, organizam-se
eventos que buscam atender as necessidades de
todas as faixas etárias, promovendo lazer com obje-
tivos sociais, educativos e de integração dessa co-
munidade.
Dentro das atividades físicas, esportivas e re-
creativas da Fundação ISHIBRÂS, o Programa de
Ginástica Matinal é, evidentemente, um dos projetos
mais ousados com relação à ginástica na empresa.
Este programa, ligado ao Setor de Segurança e
Medicina do Trabalho, é dirigido a todos os fun-
cionários da Empresa, sem distinção de idade ou
cargo.
Como o objetivo principal do Programa é possi-
bilitar um aquecimento muscular capaz de atenuar a
incidência de acidentes de trabalho causados por
esforço físico sem preparação, os exercícios são
dosados de modo que se obtenha esse aquecimen-
to e a oxigenação necessária à melhoria do estado
físico geral, sem a sobrecarga natural que exigiria
um trabalho com finalidades desportivas.
A ginástica é realizada, diariamente, às 7h30m,
com a participação de 4.300 funcionários, sendo
3.500 do estaleiro e 800 da fábrica de Campo Gran-
de. Ao som do Concerto n- 1 para piano e orquestra
de Tchaikowsky, transmitido pelo serviço de alto-fa-
lantes, os empregados são dispostos em grupos, ao
ar livre, de acordo com a Seção a que pertencem,
tendo um guia à frente. Uma vez alinhados, são da-
das as ordens para execução das atividades físi-
cas, também através dos alto-falantes, acompanha-
das de música. A ginástica tem ao todo a duração
de 8 minutos e apresenta, em especial, exercícios
da coluna e respiratórios.
Dos principais tipos de ginástica que se se-
guem são retirados os exercícios da série de oito
minutos:
ginástica corretiva: que visa a restabelecer o
equilíbrio do antagonismo muscular;
ginástica de compensação: para impedir que
se instalem vícios de postura em face da po-
sição em que o indivícuo é obrigado a per-
manecer durante a sua atividade;
ginástica de conservação ou manutenção:
para assegurar o equilíbrio morfofisiológico
alcançado pelo indivíduo, permitindo que a
sua forma e as suas funções permaneçam
estáveis.
I - Objetivo
De acordo com a orientação recebida da Seção
de Pessoal do Departamento de Relações Indus-
triais (RIND/SEPESS), os objetivos do Programa
de Ginástica Matinal classificam-se em três catego-
rias:
a. Objetivo Físico
Dados estatísticos da extinta RIND/SERMED
comprovam que, após o início dos exercícios mati-
nais na ISHIBRÂS, verificou-se um acentuado de-
créscimo no número de casos de contusões cau-
sados pelo esforço físico sem preparação. O núme-
ro de atendimentos nos ambulatórios registrado de-
vido a lombalgias causadas por movimentos brus-
cos ou deslocamento de objetos com os músculos
ainda frios decresceu, provando que o aquecimento
muscular antes do início das atividades pode elimi-
nar, em grande parte, esse problema. Nesses ca-
sos, enquadra-se a ginástica matinal no conjunto de
medidas preventivas contra acidentes de trabalho.
b. Objetivos Organizacionais
A característica do trabalho desenvolvido na
Empresa requer um certo controle no que diz res-
peito à disciplina e à ordem, uma vez que os riscos
de acidentes são muitos e as tarefas executadas
congregam um contingente considerável de indiví-
duos. Para manter sob segurança esses grupos,
necessário se torna incutir-lhes um sentido de dis-
ciplina e organização. A reunião desses emprega-
dos, no início do expediente de trabalho, serve para
mostrar-lhes a importância desse aspecto.
c. Objetivos Funcionais
Complementando o objetivo anterior, a ginásti-
ca promove a reunião dos grupos em torno de seu
responsável, que se aproveita da ocasião para dis-
tribuir-lhes as tarefas do dia e evita que eles se diri-
jam para as oficinas sem instruções precisas quan-
to ao serviço programado.
Poder-se-ia, ainda, destacar um objetivo geral,
qual seja o de promover o aprimoramento físico do
empregado, dando-lhe maior disposição para o tra-
balho e melhorando seu estado geral. Maior capaci-
dade respiratória, vitalidade muscular e mental,
descontração, coordenação motora, flexibilidade
muscular seriam, assim, outros benefícios advindos
da prática regular da ginástica matinal, refletindo-se
diretamente no aumento da produtividade.
E, de certa forma, seria mantida uma linha de
ação seguida pela Fundação ISHIBRÁS, em suas
atividades esportivas, uniformizando-lhes o proce-
dimento nessa área de atividade.
pacidade, sem sobrecarga. Com isso, torna-se-á a
ginástica mais criativa e agradável.
Outro fator importante que determinou a esco-
lha deste método foi a heterogeneidade do grupo.
Não se pode igualar um jovem de 20 anos a um
homem de 40, como não se pode exigir de um em-
pregado da área administrativa o mesmo que de um
operário bracai. A idade, o sexo e a atividade normal
diária não podem ser desprezadas. Deve-se ter em
mente a necessidade da ginástica para todos, mas
com intensidades diversas. No momento em que há
liberdade para que o empregado determine seu pró-
prio ritmo e avalie sua própria condição, não exis-
tirão problemas como sobrecarregar uns e exigir
menos de outros. E a própria característica recrea-
tiva do exercício, pela motivação que promove, leva
cada um dos participantes a atingir o seu próprio
grau de intensidade.
Ainda mais proveitoso é reunir grupos de em-
pregados com a intenção de homogeneiza-tos ao
máximo. Não sendo isso possível, procura-se dar
um sentido mais global ao Programa, uma vez que
seu objetivo principal é a prevenção de acidentes e
a melhoria das condições fisicas gerais do indiví-
duo, o que será alcançado plenamente.
Ill - Os Exercícios
Il - Os Métodos
O método utilizado é uma adaptação do Método
Natural Austríaco, à vista da tipologia citada ante-
riormente, pois seria impossível elaborar um pro-
grama para uma Empresa seguindo-se à risca seus
procedimentos metodológicos. E essa adaptação se
fez necessária porque, basicamente, esse método
pretende a liberdade total, a quebra das posturas
uniformes, a movimentação, a execução de exercí-
cios dinâmicos, a participação voluntária, a movi-
mentação através da recreação.
Esse método substitui, por exemplo, um
exercício clássico onde o atleta exercita-se estati-
camente, sem deixar sua posição ou formatura -
por uma corrida atrás de um gato, de uma borboleta.
Enquanto no exercício clássico apenas uma parte
do corpo é exigida a cada movimento, na corrida,
todos os músculos estão em atividade, com a van-
tagem de que o exercício é mais divertido e promo-
ve a maior integração do grupo.
Logicamente, seria utópico e irracional orientar
um trabalho para uma empresa nesse esquema.
Mas há possibilidade de, mantendo-se as carac-
terísticas de formatura clássica, elaborar uma série
de exercícios mais livres, na qual o empregado
executará os movimentos de acordo com a sua ca-
O Programa de Ginástica Matinal prevê a exe-
cução de exercícios por um período de 8 (oito) mi-
nutos, aproximadamente.
Esses exercícios são realizados como ante-
riormente, utilizando-se o Serviço de Comunicação
por Alto-Falantes para a transmissão das orien-
tações e do fundo musical, enquanto um guia orien-
ta um grupo de empregados, mostrando-lhes o
exercício anunciado.
Os guias são indicados pela RIND/SEPESS,
orientados pelos técnicos do Setor de Atividades
Sócio-culturais, e recebem manuais contendo as
instruções necessárias.
Em princípio, alterou-se a série de exercícios e
o fundo musical que lhes dá o ritmo, pois atingiu-se
o ponto de saturação da série anterior.
A partir daí, estabeleceu-se um período de ob-
servação de seis meses, antes da introdução de
novos exercícios. Posteriormente, e havendo pos-
sibilidades materiais, as mudanças efetuam-se após
períodos de três meses.
Complementando este trabalho, são apresen-
tados "Slides" das principais posições da nova sé-
rie de exercícios, assim como filmes - em tempo
normal e câmara lenta.
Descrição dos Exercícios
Convenção: Todos os exercícios iniciam o movimento pela esquerda.
Em 1972, o médico Norman Leite de Souza já
apresentava, em Congresso, resultados positivos
da experiência, na redução dos índices de um tipo
específico de acidentes, ligado a casos de dis-
tensões musculares e entorses de recuperação len-
ta, que obrigavam constantemente, o trabalhador a
prolongado repouso e conseqüente afastamento do
posto de trabalho.
No decorrer da experiência, têm-se observado
resultados favoráveis à prática da ginástica, com
acentuada diminuição de idas de operários ao Setor
Médico, em decorrência de lombalgia ou distensões
do músculo posterior da coxa, problemas freqüen-
tes em quem costuma trabalhar agachado.
O valor da ginástica na prevenção de acidentes
ficou mais evidente no Japão, face à grande in-
cidência de lombalgia de esforço constatada na sua
indústria pesada, segundo observação da área mé-
dica da Ishikawajima daquele país.
Segundo a similar brasileira, os ganhos com a
ginástica têm sido de duas espécies: pessoais, na
melhoria das condições físicas do trabalhador e
empresariais, com reflexo no aumento dos índices
de produtividade, embora ainda não mensuráveis,
em razão do aquecimento muscular prévio.
Além do benefício da ginástica, propriamente di-
ta, consegue-se com ela um novo espírito de disci-
plina e ordem. Os surpervisores, ao final de cada
sessão, têm oportunidade de fazer breve preleção
sobre a prevenção de acidentes e os riscos nos
devidos setores do trabalho.
Em 1975, reunindo representantes de todos os
Departamentos da Empresa, foi organizada a I
Olimpíada ISHIBRÁS. Mais de 500 atletas participa-
ram da competição, em sete modalidades desporti-
vas, dentre elas a natação, o atletismo, o basquete-
bol, o tênis de mesa e o voleibol, masculino e femi-
nino.
Em decorrência disso, no ano seguinte, a Dire-
toria de Esportes da SUDERJ sugeriu a criação dos
Jogos da Construção Naval, com a participação de
seis estaleiros do Estado do Rio de Janeiro.
O êxito dessa iniciativa gerou os Jogos das Te-
lecomunicações, congregando diversas empresas
do setor e, também Jogos Empresariais, abertos a
todas as empresas do Estado.
Nos intervalos entre as duas Olimpíadas, a
Fundação ISHIBRÁS promove campeonatos inter-
nos em diversas modalidades através dos Grêmios
Departamentais, espécie de clubes formados por
empregados de um mesmo Departamento, que são
incentivados pela Fundação a ampliarem suas ativi-
dades, recebendo todo o apoio técnico e material
para isso.
Os Grêmios Departamentais não se limitam ao
esporte. São responsáveis pela organização de ex-
cursões, encontros sociais e participam da organi-
zação do Programa de Lazer, sugerindo atividades,
como por exemplo, o Festival de Música Popular.
Me ios para o Desenvolvimento:
Para desenvolver todo seu programa desporti-
vo, a Fundação ISHIBRÁS criou o Centro Esportivo
ISHIBRÁS.
Localizado em Campo Grande-RJ, o CEI
dispõe, atualmente, de um excelente campo de fu-
tebol, com arquibancadas para abrigar mil especta-
dores; duas quadras polivalentes, que permitem a
realização de jogos de futebol de salão, basquete,
voleibol e handebol; conta ainda com um campo de
beisebol, para atender aos empregados vindos do
Japão, onde o jogo é bastante popular, e que já co-
mece a despertar o interesse de muitos brasileiros.
Na Olimpíada ISHIBRÁS, de 1979, iniciaram-se os
torneios de Beisebol ("soft-bail" ou "beisebol-so-
ciety"), cujo primeiro reuniu 10 equipes e foi consi-
derado como um torneio experimental, não contando
pontos para a contagem geral.
Dentro da área do Centro Esportivo existe, ain-
da, o "playground", uma churrasqueira com bar
anexo e ampla área de lazer, utilizadas freqüente-
mente para festas de confraternização dos Grêmios
Departamentais. A intenção foi criar um clube cam-
pestre com instalações capazes de oferecer ao
empregado e sua família fins de semana esportivos
e sociais.
A Organização dos Eventos
A preocupação básica da Fundação "é desco-
brir aquilo de que nosso filiado necessita" para, den-
tro de suas possibilidades, adequar seu Programa
de Lazer, principalmente no campo esportivo. Além
disso, outras atividades são programadas visando
proporcionar a consecução total de seus objetivos.
A grande maioria dos empregados encontra-se
numa faixa entre 20 e 25 anos, daí a preferência
mais acentuada pelos esportes de modo geral. As
demais faixas etárias, no entanto, também são
atendidas.
Para organizar qualquer evento de maior signi-
ficação, a Fundação ISHIBRÁS convoca reuniões
preliminares com os representantes dos Grêmios
Departamentais. Assim, uma festa junina é realiza-
da com a colaboração desse grupo de empregados,
que são portadores das sugestões diretamente de
seus colegas. Um campeonato esportivo obedece
ao mesmo critério. Fica mais fácil obter diretamente
essas informações para o desenvolvimento de um
projeto. A experiência mostrou ser este o melhor
método, uma vez que os problemas são eliminados
e as contribuições sempre acrescentam algo impor-
tante.
A Fundação ISHIBRÁS, conhecendo as ne-
cessidades e os anseios da comunidade, parte para
dar forma aos projetos, e como os representantes
de Grêmios trazem a opinião de uma grande parce-
la, as atividades programadas atendem a todos, di-
reta ou indiretamente.
No caso de torneios esportivos, para que a par-
ticipação não fique restrita aos atletas, criam-se
concursos paralelos, com premiação para a bateria
mais animada, a melhor torcida, o torcedor mais vi-
brante e até atividades sociais, tais como bailes e
churrascos, que buscam manter sempre o grupo
unido e coeso. Esse convívio extraprofissional é
considerado importante para manter os laços de
amizade e confraternização.
Eventos Principais
A programação de lazer da Fundação é bastan-
te intensa e busca oferecer a todos oportunidades
de participação. Dentre os projetos mais significati-
vos destacam-se: as Colônias de Férias, que pro-
porcionam iniciação esportiva e recreação para
crianças com idade entre 4 a 12 anos, realizadas
anualmente, no período das férias escolares, durante
um mês inteiro, e os Campeonatos Infantis de Fu-
tebol que, come as colônias, reúnem filhos de em-
pregados e mais as crianças da comunidade vizi-
nha, convidadas especialmente para participar dos
jogos. Os torneios esportivos organizados pelos
Grêmios Departamentais também merecem atenção
da Fundação.
Além disso, em suas unidades fabris de Campo
Grande (Fábrica de Equipamentos Pesados) e do
Caju (Estaleiro Inhaúma) e no Edificio-Sede, exis-
tem as salas de recreação, onde os empregados
podem distrair-se jogando damas, xadrez, futebol
"totó" e sinuca, ou assistindo à televisão. Essas sa-
las funcionam em todos os intervalos: pela manhã,
antes do início do expediente, no horário do almoço:
e ao final do dia. Muitos Grêmios Departamentais já
possuem suas próprias salas de recreação com
equipamentos adquiridos com seus próprios recur-
sos provenientes, na maioria dos casos, das contri-
buições dos associados.
Outro grande destaque é Clube Feminino ISHI-
BRÁS, cuja idéia primeira surgiu durante a reali-
zação da I Colônia de Férias. Congrega as espo-
sas, mães e irmãs de empregados e funciona como
um Grêmio Departamental. O CFI é responsável pe-
la realização de diversos cursos de Artes Domésti-
cas, e sua colaboração com todos os eventos pro-
movidos pela Fundação é marcante. Voltado princi-
palmente para o desenvolvimento da mulher, o CFI
tem sessões de ginástica para suas associadas,
com aulas ministradas por técnicos da Fundação.
Dentro da Fundação, o esporte foi o elo para a
reunião do pessoal em torno de outras atividades de
grande alcance social mostrando que, a partir da
necessidade de se organizarem para a formação de
suas equipes, os departamentos assimilaram a filo-
sofia de trabalho implantada e, hoje, sua partici-
pação nos eventos esportivos, sócio-culturais ou
educativos é total.
No ano de 1989, o programa da
Fundação ISHIBRÁS, incluía:
BENEFÍCIOS
- CINEMA NA EMPRESA
Objetiva oferecer opção de lazer durante o horá-
rio do almoço.
- Período: projeção de quatro filmes por mês, sen-
do dois filmes no Estaleiro e dois na
Fábrica.
- PALCC SOBRE RCDAS
Objetiva difundir atividades artísticas, propiciar a
descontração e criar opção de lazer durante o
horário do almoço. Período: um vez por mês no
Estaleiro e Fábrica.
- CONCURSO DE FOTOGRAFIAS
Objetiva estimular a participação e a criatividade
dos filiados e incentivar a arte de fotografar.
Período: janeiro a fevereiro.
- ESPAÇO CULTURAL
Objetiva difundir a arte em geral, e criar con-
dições para os filiados e familiares exporem tra-
balhos artísticos. Período: durante todo o ano.
- ESTUDO DOS RESULTADOS DO CENSO
DOS EMPREGADOS AFASTADOS DO TRA
BALHO FOR MOTIVO DE DOENÇA
Objetiva computar e estudar o resultado do cen
so, para que possam propor programas que ve
nham contribuir na reintegração social e melhorar
as condições de vida do afastado.
Período: durante o 1
o
semestre.
- PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO DOS RE
CURSOS DA COMUNIDADE
Objetiva a atualização dos recursos tais como:
LBA, SESI, BEMFAM etc... para que possamos
divulgar os recurso orientar e encaminhar casos
sociais.
Periodo: durante o 1
o
semestre.
- TORNEIOS ABERTOS
Objetiva criar opções de lazer durante o horário
do almoço, a integração entre os grêmios, bem
come o envolvimento de toda a comunidade em-
presarial.
Período: fevereiro a abril no Estaleiro;
fevereiro a junho na Fábrica.
- AMPLIAÇÃO DA REDE DE CONVENIADOS
Objetiva ampliar os convênios com profissionais
credenciados (médicos, dentistas, psicólogos
etc), bem como com casas comerciais. Período:
durante o 1
o
semestre.
- PROGRAMA DE FÉRIAS
Objetiva desenvolver, durante o período de férias
escolares, atividades recreativas para os depen-
dentes de filiados da Fundação, com idade entre
6 e 12 anos e atividades para seus responsáveis.
Período: semana de 20 a 25 de fevereiro.
- VISITA À FÁBRICA
Objetiva promover o intercâmbio entre a família e
a empresa, através de visitas periódicas às uni-
dades fabris. Período: de março a junho.
- TORNEIO DA CHEFIA
Objetiva propiciar, através do esporte, momentos
de lazer que venham promover a integração entre
os grupos de chefia. Período: de março a abril.
- CAMPEONATOS EM GERAL
Objetiva a integração entre grêmios, bem como
atender a pedidos dos filiados.
Campeonato de Voleibol (EST.) - de março a
abril
Campeonato de Futebol (FAB.) - de março a
maio
Campeonato de Futebol de Salão (EST.) - de
maio a junho
- PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA AOS EMPRE
GADOS (ALCOOLISMO)
Objetiva melhorar o moral e a produtividade da
empresa. Atingiremos a segunda fase do pro-
grama com palestras para os S1 e S2. Peodo:
de março a abril.
- PREVENTIVO DO CÂNCER
Objetiva preservar a saúde física da mulher,
orientar sobre a importância da prevenção do
câncer e tratar possíveis casos detectados.
Período: de março a maio.
- EXCURSÃO
Objetiva incentivar o turismo como forma de lazer
e aproveitar a oportunidade para mabr confrater-
nização entre os participantes. Período: março
- CAMPANHA OPERÁRIO BRASIL 89
Objetiva valorizar a ressaltar os empregados que
se destacam funcionalmente.
Período: abertura da campanha - maio.
- CORRIDA STICA
Objetiva comemorar o Dia do Trabalhador atra-
vés de uma corrida, congregando grande parte
da comunidade local. Período: maio.
- TREINAMENTO DOS GRÊMIOS
Objetiva, através do treinamento das lideranças
dos grêmios, orientar o trabalho com grupos.
Período: junho.
- CONCURSO INFANTIL DE DESENHO
Objetiva estimular a participação e a criatividade
da comunidade infantil e incentivar a participação
dos familiares nos programas da Fundação.
Período: junho.
PROGRAMA
29 SEMESTRE 89
ITENS
- ASSISTÊNCIA SOCIAL
- Preventivo do Câncer
- Cesta Básica de Alimentos
- Il Campanha de Prevenção à AIDS
- CULTURA
- Espaço Cultural
- Treinamento de Dirigentes de Grêmios
- Concurso de Desenho Infantil
- LAZER
- Cinema na Empresa
- Palco sobre Rodas
- Excursão
- Excursões Domingueiras
- ESPORTES
- Torneios abertos
- Campeonato de Futebol de Campo e Salão
- Torneio entre Supervisores
- Torneio de Chefia - 2
o
turno
- INTEGRAÇÃO COM A FAMÍLIA
- Profer
- Ginástica Feminina
- Visita à Fábrica
- Festa Caipira
- Festa da Criança
- Festa de Natal
- Escolinha Infanto-juvenil
- CAMPANHA OPERÁRIO BRASIL
- HOMENAGEM AOS VETERANOS
- ASSISTÊNCIA SOCIAL
Preventivo do Câncer - Objetiva preservar a
saúde física da mulher, orientar sobre a impor-
tância da prevenção do câncer e tratar possíveis
casos detectados. Período: até julho.
Cesta Básica de Alimentos - Objetiva criar
condições para compra de gêneros alimentícios.
Período: julho a dezembro.
Il Campanha de prevenção à AIDS - Objetiva
orientar toda a Comunidade sobre os meios de
contágio e prevenção da AIDS. Período:
outubro.
- CULTURA
Espaço Cultural - objetiva difundir a arte em ge-
ral e criar condições para os filiados e familiares
exporem trabalhos artísticos. Período: durante
todo o ano.
Treinamento de Dirigentes de Grêmios - Obje-
tiva orientar o trabalho em grupo. Período:
conclusão em setembro.
Concurso de Desenho Infantil - Objetiva esti-
mular a participação e criatividade da comunida-
de infantil e incentivar a participação das famílias
nos programas da FUNDAÇÃO. Período:
Estaleiro - 15 de julho Fábrica - 08 de julho.
- LAZER
Cinema na Empresa - Objetiva oferecer opção
de lazer durante o horário do almoço. Peodo:
projeção de um filme por mes no Estaleiro e na
Fábrica.
Palco sobre Rodas - Objetiva difundir atividades
artísticas, propiciar a descontração e criar opção
de lazer durante o horário do almoço. Período:
uma vez por mês no Estaleiro e Fábrica.
Excursão - Objetiva incentivar o turismo como
forma de lazer e aproveitar a oportunidade para
maior confraternização entre os participantes.
Período: 23 a 25 de junho
22 a 24 de setembro.
Excursões Domingueiras - Objetiva incentivar
os passeios de domingo a pontos pitorescos de
algumas cidades.i" Periodo: 27 de agosto 29 de
outubro
- ESPORTES Torneios abertos - Objetiva criar
opções de lazer durante o horário do almoço, a
integração entre Grêmios, bem como o
envolvimento de toda a comunidade.
Período: Fábrica: de junho a agosto - Tênis de
Mesa
de set. a out. - Sinuca Estaleiro: de
junho a julho - Tênis de Mesa
de agost. a set. - Dama
de out. a nov. - Sueca
Campeonatos de Futebol de Campo e Salão -
Objetiva a integração entre grêmios, bem como
atender a pedidos dos filiados.
Período: até agosto - Camp, de Futebol de
Salão (Est)
- Camp, de Futebol de
Campo (Est/Fáb.).
Torneio entre Supervisores - Objetiva propiciar
através do esporte, momentos de lazer que ve-
nham promover a integração entre o grupo.
Período: outubro a novembro.
Torneio da Chefia - (2
o
turno) - Objetiva propi-
ciar, através do esporte, momentos de lazer que
venham promover a integração entre os grupos
de chefia. Período: agosto a setembro.
- INTEGRAÇÃO COM A FAMÍLIA
Programa de Férias - PROFER - Objetiva de-
senvolver, durante o período de férias escolares,
atividades recreativas para os dependentes de fi-
liados da FUNDAÇÃO com idade entre 6 e 12
anos e atividades para seus responsáveis.
Período: semana de 24 a 29 de julho.
Ginástica feminina - Objetiva atender, a pedido
das esposas dos filiados, a melhoria da condição
física.
Período: julho a dezembro.
Visita à Fábrica - Objetiva promover a inte-
gração entre a família e a empresa através de vi-
sitas periódicas às unidades fabris. Período:
julho a novembro.
Festa da Criança - Objetiva homenagear os fi-
lhos dos filiados, por ocasião do Dia da Criança.
Período: 14 de outubro.
Festa Caipira - Objetiva reforçar o congraça-
mento da Comunidade empresa com a família
dos filiados a FUNDAÇÃO coordena as Festas
Caipiras do Estaleiro e Fábrica, organizadas pe-
los Grêmios.
Festa de Natal - Objetiva a confraternização en-
tre os filiados; suas famílias e as empresas man-
tenedoras da FUNDAÇÃO, por ocasião do Natal.
Período: 23 de dezembro.
Escolinha Infanto-juvenil - Objetiva despertar
o interesse pelo desporto, desenvolvendo a ap-
tidão dos alunos e integrando-os à Comunidade
ISHIBRÁS. Período: julho a dezembro.
- CAMPANHA OPERÁRIO BRASIL
Objetiva valorizar e ressaltar os empregados que
se destacam funcionalmente. Período: até
julho.
- HOMENAGEM AOS VETERANOS
Objetiva homenagear os filiados da ISHIBRÁS
que completaram 10, 20, 25 e 30 anos de servi-
ços prestados. Período: 01 de dezembro.
Grupo Pão de Açúcar - SP
Informante: Alvaro Souza Lima
O GRUPO PÃO DE AÇÚCAR constitui-se
num conglomerado de empresas, com forte atuação
no ramo de supermercado (Pão de Açúcar, Peg-
Pag, Jumbo, Minibox, Superbox), loja de departa-
mentos (Lojas Sandiz) e de Veículos (Pão de Açú-
car Veículos, Carcenter).
Em 1984, o Grupo iniciou o patrocínio de equi-
pes e de atletas brasileiros já consagrados, e
também a promoção junto a seus funcionários e de-
pendentes de torneios em diferentes modalidades
esportivas.
As seleções brasileiras de basquete - mascu-
lina e feminina - têm contado com o apoio do Gru-
po, por acordo firmado com a CBB (Confederação
Brasileira de Basquete). O acordo prevê a cobertura
de todos os jogos programados na fase pré-olímpi-
ca, no Brasil e no exterior. Inclui, também, a reali-
zação de "clínicas" de basquete em todo o País e a
publicação de um livro sobre o esporte, dirigido a
técnicos e professores.
O acordo CBB/Pão de Açúcar constitui-se num
dos maiores programas de sustentação já concedi-
dos por uma empresa privada a uma entidade es-
portiva, e seus resultados motivaram a geração do
desdobramento do patrocínio em várias modalida-
des (atletismo, hipismo, voleibol etc).
Internamente, com seus empregados, o Grupo
tem acompanhado as promoções externas através
de concursos, gincanas e eventos, atendendo os in-
teresses recreativos e esportivos. Há para isso
promoções que atingem toda a rede de Supermer-
cados - especialmente no Estado de São Paulo -
ou que se localizam em determinada unidade.
O evento de maior participação tem sido o tor-
neio Integração que reúne funcionários e dependen-
tes, transcorrendo por sete meses do ano e ofere-
cendo 14 modalidades esportivas, geralmente com-
petidas em fins de semana.
Guanauto Veículos - RJ
Informante: Ami I ton Rodrigues Soares Presidente
da Associação dos EMPREGADOS DA GUANAUTO
Em maio de 1979, foi fundada a Associação
dos Empregados da Guanauto, que tem entre suas
finalidades: (a) desenvolver o espírito de solidarie-
dade entre os associados, visando seu bem-estar
social; (b) promover e estimular o desenvolvimento
intelectual, cultural e artístico dos associados e
suas famílias; (c) proporcionar, incentivar a prática
do desporto; (d) realizar atividades recreativas e
sociais, organizando excursões e projeções cine-
matográficas.
Com uma pequena contribuição dos funcioná-
rios, foi possível adquirir equipamentos que permi-
tem a prática de esportes e proporcionam lazer dos
próprios funcionários. Assim, eles podem optar pelo
futebol de campo, de salão ou de bolão, sinuca, pin-
gue-pongue e bailes.
Como a Guanauto não dispõe de espaço físico
próprio para atividades físicas e sociais, a Asso-
ciação aluga dependências de clubes para o de-
senvolvimento da sua programação. Ônibus são
fretados para transportar empregados e familiares
ao clube. No local são desenvolvidas atividades re-
creativas, destacando-se torneio de futebol entre
seções da empresa.
Em relação à Empresa, vale ressaltar que a in-
tegração dos recursos humanos melhorou muito em
termos de aproximação de funcionários de diversos
setores. A produtividade melhorou e as faltas dimi-
nuíram.
As atividades são oferecidas pela AEG (AS-
SOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS DA GUANAU-
TO), com o patrocínio total da Empresa.
Aponta-se como aspecto negativo o fato de não
existir um local próprio para a prática dos esportes.
Com o espaço disponível na Empresa, foi organiza-
do campeonato de sueca, buraco, bolão e sinuca.
As partidas de futebol de campo e salão foram reali-
zadas fora da Guanauto, com recursos da Asso-
ciação.
Pirelli S.A. Cia. Industrial - SP
Informante: Prof. José Carlos Brunoro Diretor de Esportes
O Clube Atlético Pirelli foi fundado em 13 de
maio de 1947, 18 anos após a entrada da Empresa
no Brasil, para atender, entre outros o objetivo de
satisfazer o desejo dos funcionários que ansiavam
pela formação de um time de futebol.
O boxe, o ciclismo, e o basquete feminino se-
riam as próximas modalidades adotadas pelo Clube,
mas a associação dos funcionários ganhou grande
impulso na década passada, quando da criação do
Centro Olímpico Empresarial.
Com a constituição deste novo organismo, foi
possível a absorção de outras modalidades, a partir
de convênio estabelecido com a Prefeitura Munici-
pal de Santo André.
Hoje, a Pirelli possui cerca de cinco mil empre-
gados em Santo André, todos eles, assim como
seus familiares, associados do Clube.
Internamente, os funcionários disputam cam-
peonatos, como o de futebol de veteranos, com tra-
balhadores que apresentam idade acima de 34
anos. Ginástica - masculina e feminina é outra
opção que o Clube Atlético Pirelli oferece. Dois
campos de futebol de areia e ginásios cobertos para
a prática de esportes encontram-se, também, à dis-
posição dos funcionários.
No esporte de alto nível, a Pirelli possui equipes
nas seguintes modalidades: atletismo, basquete
(masculino e feminino), boxe, ciclismo, futebol
(classista), judô (masculino e feminino) natação
(masculina e feminina) e vôlei (masculino e femini-
no). Isso em todas as categorias, desde a escolinha
até o time principal, o que significa a manutenção de
mais de 700 atletas federados em 1989.
Na área de recreação e lazer, o Clube desen-
volve torneios nas mais diversas modalidades, co-
mo: futebol (dente de leite, adulto e veteranos), xa-
drez, futebol de salão, vôlei, basquete, sinuca, do-
minó, e tênis de mesa, entre outras. O Clube
também promove, através de seu Departamento
Social, excursões e acampamentos de férias, além
de manter um coral dos mais conceituados.
Sadia - PR-SC
__
Informante: Raul Ingonfritzen
A SADIA - Frigobrás é uma das maiores em-
presas brasileiras no setor de carnes e aves, es-
tendendo-se numa rede de grande porte incluindo
pequenos fornecedores e frigoríficos e abrangendo
os estados do sul do País.
A SADIA realiza atividades esportivas entre
seus funcionários, através de Associações Esporti-
vas e Recreativas (AER), situadas nos municípios,
onde o número de funcionários justifica a implan-
tação de meios de lazer.
As AER são subvencionadas pela Empresa e o
aspecto de vinculação à comunidade na qual estão
inseridas é considerado de grande importância, à
vista das íntimas relações que a SADIA possui com
seus fornecedores locais.
Foram criadas, em Concórdia-SC, clubinhos,
fundados a partir de Seções da Fábrica, como re-
sultado de uma associação entre a AER e a Co-
missão Municipal de Esportes.
Estas miniassociações se filiam ao clube e re-
cebem assistência de profissionais de Educação
Física da Prefeitura. Em troca, as atividades são
abertas à comunidade.
No Paraná, em Toledo, a AER possui seus
próprios professores de Educação Física, que
atuam simultaneamente em projetos comunitários.
Um destes projetos merece um destaque, por ter o
objetivo de retirar os jovens entre 6 e 14 anos de
idade da ociosidade nas ruas, fornecendo noções
gerais de higiene e orientação em esportes.
SESC - Ginástica na Empresa - SP
Informc.nte: SESC-SP
Na metade dos anos 80, o SESC de São Paulo
colocou em experiência um programa de implan-
tação de ginástica compensatória na empresa, co-
mo alternativa aos seus atendimentos tradicionais,
realizados em instalações próprias. Assim surgiu a
Proposta de Ginástica Diferencial ou compensató-
ria, também conhecida como "de Pausa", "Laboral",
etc.
Neste programa experimental, destacaram-se
os seguintes objetivos:
- oferecer oportunidade de participação em
atividades físicas aos funcionários dentro da
própria empresa;
- sugerir uma nova opção para a ocupação do
tempo livre das pessoas, através de modali-
dades esportivas simples e eficientes, como
antídoto recomendado aos riscos do dia-a-
dia;
- promover a utilização da área e equipamento
disponível dentro da própria empresa;
- intervir em todos os aspectos da promoção
ou prevenção da saúde física, em especial
do funcionário adulto, considerando inclusive
o seu total e tipo de trabalho;
- contribuir para o estabelecimento e a manu-
tenção do mais alto grau possível de bem-
estar físico e mental dos funcionários.
Várias são as modalidades de ginástica prati-
cadas nos dias atuais: ginástica formativa, de ma-
nutenção, desportiva, expressiva, de rendimento.
Em se tratando especificamente da programação de
ginástica na empresa, considerou-se mais pertinen-
te a abordagem de uma modalidade de ginástica re-
lativamente recente: a ginástica diferencial ou com-
pensatória, cujos propósitos são os de normalizar
capacidades e funções corporais como, por exem-
plo, ginástica respiratória para indivíduos que vivem
em meios poluídos, ginástica especial para pessoas
que adquiriram posturas incorretas no exercício da
profissão, etc.
A ginástica na empresa é uma atividade física
de compensação, também chamada de ginástica de
pausa, que visa a prevenção, a promoção da saúde
psicossomática do trabalhador, a melhoria do rela-
cionamento interpessoal no trabalho, além do au-
mento de produtividade.
As aulas de ginástica na empresa podem ter
caráter preventivo e devem obedecer a um critério
preestabelecido: exercícios de aquecimento, car-
diovasculares, de postura e técnicas de relaxamen-
to. Elas tanto podem ser ministradas no próprio local
de trabalho, utilizando-se os recursos disponíveis
(salas, cadeiras, mesas, etc.) e algum material es-
pecializado, quando em locais equipados especial-
mente para sua própria prática.
Os beneficiários deverão passar por um exame
médico e avaliação física, antes de iniciar o progra-
ma de ginástica, principalmente se este for desen-
volvido após o expediente.
A pausa de compensação deverá ocorrer pelo
menos duas vezes ao dia: uma pela manhã e outra
à tarde, com cerca de 10 a 15 minutos cada um. A
ginástica antes ou após o expediente deverá ser de
45 a 60 minutos, duas a três vezes por semana, de
acordo com as possibilidades oferecidas pelas em-
presas. Os grupos deverão ser formados por um
número mínimo de 10 e no máximo de 20 elemen-
tos.
Deverão ser distribuídos folhetos explicativos,
orientações sobre atividades complementares, que
poderão ser executadas em casa ou nas horas li-
vres.
A ginástica na empresa deve basear-se fun-
damentalmente no objetivo de compensar as po-
sições e atividades da profissão exercida.
Assim sendo, deve ser utilizada principalmente
para pessoas que trabalhem durante a maior parte
de sua jornada em posições sedentárias e com ta-
refas repetitivas, como por exemplo o balconista, a
datilografa, os caixas, etc, pois essas pessoas
provavelmente terão tensões nervosas, dores nas
costas, formigamento nas pernas, problemas com
os cotovelos, coluna, etc.
É oportuno registrar ainda que a maior parte
dos acidentes de trabalho ocorrem no início ou no
final da jornada, exatamente pela desatenção das
pessoas. Nesse momento, deve-se fazer uma pa-
rada e executar alguns exercícios para descon-
tração, alongamento, movimentação das articu-
lações e respiração.
O Papel da Empresa
O SESC na experiência discutia com a empre-
sa a importância e a conveniência do projeto.
Após a aquiescência do diretor responsável pe-
los recursos humanos, a empresa implantava o
programa através da ClPA, grêmios ou asso-
ciações em colaboração como setor de treinamento,
ou poderia se encarregar da divulgação e da arre-
gimentação dos funcionários.
Implantando o programa, a empresa contrata-
va, de acordo com as suas necessidades, um ou
mais professores de Educação Física, treinados pe-
lo SESC, para continuidade do trabalho e além dis-
so, promovia outras atividades na área físico-espor-
tiva.
Desenvolvimento de uma Sessão de Ginástica
na Empresa
1--parte
Trabalho aerobico - corrida - 12 minutos: es-
tacionaria, na própria sala, no pátio, estacionamen-
to, quadra de esportes, métodos "cooper".
0 trabalho aerobico visa: aquecimento geral,
resistência cardiorespiratória, resistência vascular,
aumento do volume sangüíneo, aumento do volume
sistòlico, aumento do volume respiratório, redução
da freqüência cardíaca no repouso, aumento do
número de capilares, funcionais nos músculos.
2- - parte
Aquecimento localizado
Preparo do grupo muscular para um trabalho
localizado mais intenso.
Resistência muscular localizada
Trabalho dos pequenos e grandes grupos
musculares através de:
1 - maior número de séries dos exercícios;
2 - maior número de repetições;
3 - menores pausas entre os exercícios;
4 - menores pausas entre as sessões.
Procedimentos
1 - análise das atividades profissionais dos
elementos componentes do grupo;
2 - escolha dos grupos musculares que serão
trabalhados;
3 - especificação da carga de trabalho;
4 - programação do número de repetições
dos exercícios;
5 - estabelecimento do número de séries;
6 - determinação das pausas entre os exercí-
cios e as séries;
7 - indicação do ritmo de execução.
Utilizar-se-á pouco trabalho isométrico e bas-
tante trabalho isotonico.
Trabalho isotônico: com utilização de compa-
nheiros, aproveitamento de aparelhos de ginástica
com o uso de bolas de medicine, borracha, bastões,
cordas individuais e elásticas, outros aparatos.
3
o
- parte
Trabalho postural: prevenção e correção de ati-
tudes posturais.
Atitudes: lordótica, cifótica, escoliótica, cifo-
lordótica, cifo-escoliótica.
4- - parte
Trabalho de coordenação: intramuscular, inter-
muscular, fina.
Trabalho de flexibilidade e alongamento muscu-
lar.
5- - parte
Visa: aliviar tensões, combater "stress", reduzir
a pressão sangüínea, recuperação física e mental.
Supermercados Sendas - RJ
Informante: Sebastião Rebelo Ferreira Encarregado
do Centro de Integração Sendas - Sendolándia
A prática esportiva interna para os funcionários
foi abordada pela SENDAS - uma das maiores re-
des de supermercados do país - por meio da Sen-
dolándia, denominação adotada por concurso inter-
no para o Centro de Integração Sendas, criado em
1978 e subordinado ao Setor de Assistência e Be-
nefícios da Empresa.
A atual configuração da Sendolândia oferece
uma idéia da oferta de atividades: área de 47.000
m
2
, toda iluminada e sonorizada, com campo de fu-
tebol (medidas oficiais) com arquibancada para 6 mil
assistentes, dois campos soçaite de futebol, duas
quadras polivalentes, piscina semi-olímpica, piscina
recreativa, piscina infantil, sauna e vestiários, duas
lanchonetes e estacionamento para usuários. Em
termos de manutenção, a Sendolândia tem um qua-
dro fixo de 26 funcionários, (jardineiros, operadores
de máquinas, salva-vidas, médicos etc.) além dos
eventuais. Toda esta infra-estrutura é custeada pela
Empresa, cuja despesa, é interpretada como inves-
timento, com retorno não mensurável objetivamente,
mas observado pelos baixos índices de absenteís-
mo, acidentes, reclamações trabalhistas e rotativi-
dade dos empregados, possivelmente os menores
do setor de supermercados.
A freqüência à Sendolándia é aberta aos fun-
cionários e seus dependentes, sendo que os preços
das lanchonetes são os de custo. De 3- a 6- feiras
Visão Geral da Sendolândia.
a maior freqüência é registrada no período de 16:00
às 22:00 horas. Nos fins de semana, há uma circu-
lação de 2000 usuários nas instalações.
Na ocasião da inauguração da Sendolândia, as
atividades eram de forma livre, individual ou coleti-
va, de acordo com a escolha do funcionário, dentro
das áreas ofertadas. Posteriormente foi implantado
o sistema de competição através das Olimpíadas
Internas, tendo como atividades chave o futebol de
campo, futebol de salão, futebol "society", voleibol,
natação, pingue-pongue, dama, sueca, etc. e os
eventos sociais tipo Festa de Natal, Festa da Crian-
ça, Festa das Mães, etc.
Como eventos sociais competitivos, foram rea-
lizados Concursos de Rainha da Sendolândia e
Concurso do Bebê Sendas, entre outros. Foram mi-
nistradas também aulas dirigidas com profissionai
da área de Educação Física: natação, ginástica e
dança.
Os eventos mais importantes da programação
da Sendolândia são as Olimpíadas Internas e a Fes-
ta de Natal.
A Festa de Natal constitui a culminância da
programação anual.
No mês de janeiro, são organizadas Colônias
de Férias com o apoio do SESC de São João de
Meriti (município onde se situa a Sendolândia, pró-
xima à Rodovia Presidente Dutra).
A estratégia das SENDAS com relação às ofer-
tas da Sendolândia é a de integrar os empregados à
Empresa através de atividades de lazer, quebrando
o círculo vicioso da mão-de-obra, hoje quase que
somente com o trabalho. Por isso, as SENDAS
concentram seus esforços na Sendolândia, não par-
ticipando de eventos externos.
Atividades recreativas para crianças na Sendolândia.
Supermercados G. Barbosa - SE
Informante: Secretaria de Educação e Cultura - SE
Em Sergipe e na Bahia, funciona a Rede de
Supermercados G. Barbosa com 25 lojas e um cen-
tro administrativo e de distribuição instalado em
Aracaju. As atividades foram iniciadas em 1955,
com o primeiro supermercado inaugurado em 1965
como pioneiro no Estado.
A G. Barbosa adotou recentemente o esporte
como meio publicitário e de integração dos funcioná-
rios. No centro administrativo, há quadras e áreas
livres para a prática esportiva. Os orientadores das
atividades são profissionais de Educação Física,
mobilizados através de acordo com o Núcleo de
Recreação e Lazer da Secretaria de Educação e
Cultura do Estado - Coordenadoria de Educação
Física.
Este acordo também prevê um trabalho conjun-
to do núcleo com a rede G. Barbosa para realizar
promoções esportivas recreativas junto à clientela
das lojas.
Alguns exemplos de promoções G. Barbosa -
Núcleo Recreação e Lazer:
- Festival de Jogos G. Barbosa
- Passeio Ciclistico do Trabalhador
- G. Barbosa no Bugio
- Te Agradeço Mamãe Querida
- Corrida de Milhão
- Gincana
- G. Barbosa e o Esporte para Todos no Ro-
sa Elze
- Gincana Ciclistica da Primavera
- Dia dos Supermercados
- Dia do Órfão.
TELERJ -
Telecomunicações do Rio de Janeiro
Informantes: Victor Mário Barcellos Borges Firmino
Sousa Carneiro Jorge Medeiros
Bezerra.
As atividades esportivas e recreativas foram
implantadas na TELERJ em 1979, por iniciativa do
seu presidente, Dr. Nelson Souto Jorge, que acredi-
tava ser o esporte a melhor forma de integrar e so-
ciabilizar os funcionários de uma empresa.
Essas atividades hoje são desenvolvidas
através do Programa Esportivo e um clube congre-
ga funcionários, dependentes e pessoas da comu-
nidade que, mediante pagamento de mensalidade,
usufruem dos seus benefícios.
O referido programa visa a valorização do em-
pregado, e sua integração cada vez maior com a
Empresa e companheiros de trabalho; permite, ain-
da, um melhor desenvolvimento físico e se divide
basicamente nos seguintes projetos:
1 - Projeto Jogos da TELERJ
Atendendo as diretrizes da Telebrás relativas à
prática esportiva nas Empresas do STB, a TELERJ
vem promovendo, desde 1979, os seus jogos inter-
nos.
A cada ano aumenta o interesse na partici-
pação dos empregados, que pode ser caracterizado
pelo aumento progressivo do número de participan-
tes e do apoio cada vez mais efetivo das chefias,
não só por ocasião da realização dos jogos, mas
também durante o período necessário à formação e
treinamento de suas respectivas equipes.
Os jogos permitem a fluencia natural dos atle-
tas que integram as equipes representativas da TE-
LERJ para as competições externas, em particular
para a Olimpiada Telebrás e para os jogos do SESI,
dos quais a TELERJ foi a campeã do Rio de Janeiro
em 1984.
2 - Projeto Equipes Representativas da TE-
LERJ
A TELERJ vem se tomando dentro do esporte
empresarial uma Empresa respeitada devido à sua
organização, disciplina e resultados alcançados.
Este projeto, que procura proporcionar melho-
res condições de treinamento e competitividade aos
empregados que integram as equipes da TELERJ,
faz com que a Empresa participe com sucesso dos
Jogos do SESI, Olimpíadas da Telebrás, Rústicas,
Oficiais e de todas as demais competições exter-
nas.
As equipes representativas têm por finalidade
projetar a Empresa através do esporte.
3 - Projeto Mérito à Condição Física
Trata-se de um projeto que vem sendo realiza-
do desde 1984, que visa principalmente ao aprimo-
ramento da condição física dos empregados através
de corridas de rua, de forma a mantê-los sempre em
boas condições físicas e mentais.
Serve também para selecionar as equipes
masculinas e femininas de corrida rústica que re-
presentam a Empresa.
Os atletas são divididos em duas categorias:
- sênior - atletas que cuja técnica e preparo
físico permitem correr abaixo de 3 min. e 30s/Km e
4min. e 17s/Km, respectivamente aos participantes
masculinos e femininos.
- nior - os iniciantes ou aqueles em estágio
de evolução técnica e física, não atingindo como
conseqüência natural, aos índices acima apresen-
tados.
As corridas obedecem ao calendário baseado
nos das entidades, entre outras promotoras e orga-
nizadoras de corridas rústicas.
O nosso circuito é composto de 13 (treze) cor-
ridas para pontuação em cada uma das categorias
de participantes.
Os atletas recebem pontuação, conforme sua
ordem de chegada na prova, da seguinte forma:
- sênior - de 10 a 1 ponto, respectivamente do
1
o
ao 10
o
colocado.
- júnior - de 25 a 1 ponto, respectivamente do
1
o
ao 25
o
colocado.
O projeto tem por finalidade melhorar o condi-
cionamento muscular e aperfeiçoar a capacidade
cardiorrespiratória: promover o alívio do "stress" e
permitir uma maior integração de funcionários.
4 - Projeto Escolinha de Futebol
Em março de 1982, foi criado o Projeto Escoli-
nha de Futebol, com a finalidade de manter um bom
relacionamento entre a TELERJ e os moradores
das comunidades carentes próximas de suas insta-
lações, em Dois de Maio.
Integrava, também, as crianças dessas comu-
nidades ao clube, de forma a eliminar qualquer foco
de hostilidade dos moradores das favelas para com
os empregados ou patrimônio da Empresa.
A idéia foi aceita pelo Presidente da Asso-
ciação de Moradores. Partiu-se, então, para a con-
tratação de um professor e de um psicólogo, a fim
de dar início ao projeto.
Após as inscrições, os alunos foram submeti-
dos a exames médicos e físicos e divididos em
duas turmas com o mínimo de 25 e o máximo de 30
alunos, recebendo aulas todas as terças e quintas-
feiras.
Durante o curso, os alunos participam de pa-
lestras, assistem filmes educativos e recebem lan-
ches.
O curso tem duração de 8 meses, divididos em
duas partes. A primeira parte durante os meses de
março a junho e a segunda parte, de agosto a no-
vembro. O mês de julho é destinado a férias.
5 - Projeto Olimpíada dos Filhos de Emprega-
dos
A ASET vem realizando regularmente torneios
relâmpagos para os filhos de empregados, na cate-
goria júnior até 11 anos e na categoria sênior, de 12
a 15 anos, nas suas instalações no bairro do Enge-
nho Novo.
O interesse demonstrado estimulou a criação
ao Projeto Olimpíada dos Filhos de Empregados.
As modalidades disputadas nesta Olimpíada
são: futebol de salão júnior e sênior masculino; vo-
leibol sênior feminino; atletismo masculino e femini-
no, sênior e júnior; natação júnior e sênior, masculi-
no e feminino.
O projeto tem por finalidade aproximar a família
do empregado da empresa onde ele trabalha, penni-
tir uma maior integração das famílias, colaborar para
o desenvolvimento desportivo dos filhos de empre-
gados.
6 - Projeto Escolinha de Iniciação Esportiva
A SET vem oferecendo, desde sua inaugu-
ração, escolinhas de voleibol, futebol, musculação,
ginástica e natação.
As aulas são ministradas por professores de
Educação Física e são realizadas nas dependên-
cias do clube nas seguintes localidades:
- Friburgo, Rio de Janeiro, Petrópolis, Volta
Redonda, Niterói, Nova Iguaçu, Campos, Barra do
Piraí e Cabo Frio.
Nas estações telefônicas, são ofertadas aulas
de ginástica para os funcionários após o expedien-
te.
Acucareira Ester S.A. - SP
Informante: ESTER - USINA SA.
O início das práticas esportivas na Empresa se
deu em 1984, tendo como público-alvo os funcioná-
rios.
O principal motivo da organização dessas ati-
vidades foi o desejo de proporcionar maior inte-
gração entre os diferentes setores da Empresa.
Assim, foi criado o Torneio Integração entre os
funcionários, tendo no início a prática de Futebol de
Campo, sendo que, em 1989, no desenvolvimento
do VI Torneio foram realizados também campeona-
tos de futebol de salão, truco, basquete, vôlei, ma-
lha, bocha, tênis de mesa, atletismo e futebol de
campo.
As atividades são administradas pela Gerência
de Recursos Humanos - que conta com a colabo-
ração de uma comissão organizadora, composta
por funcionários que representam as equipes parti-
cipantes e através da qual tem-se conseguido atin-
gir o objetivo geral da integração, agora melhor en-
tendido pela cooperação espontânea conseguida
entre funcionários e a Empresa.
Usina de Açúcar Santa Catarina - SC
Informante: Antônio Carlos Poletini
Escola Superior de Educação Física de Joinville
Uma das entidades que tem se destacado na
experimentação do esporte não-formal no âmbito ru-
ral é a Escola Superior de Educação Física de Join-
ville, em Santa Catarina. Uma iniciativa desta enti-
dade na agroindústria foi realizada na Usina de
Açúcar Santa Catarina, focalizada a 30 Km da sede
do município. Neste caso, as 450 famílias da Usina,
num total de 1.500 pessoas, foram mobilizadas para
atividades por meio dos alunos da Escola e de al-
guns professores dirigentes do projeto.
Duas diretivas principais foram adotadas na
experimentação: (a) o uso de tecnologia popular e
(b) diversidade nas atividades oferecidas aos parti-
cipantes, de modo a observar preferências.
Em ambos os casos, o respeito à cultura local
era a tônica a ser seguida e uma prova disto foi a
manutenção do folclore da região, junto às ativida-
des esportivas e de lazer.
Foram então organizadas junto aos emprega-
dos da usina:
- corrida de saco
- corrida de pneu
- voleibol
- pular cordas
- revezamento
- macroginástica
- ginástica olímpica
- bocha
- teatro
- atividades livres
- danças
- violeiro.
Em termos de resultados, não se observaram
diferenças significativas nas preferências dos prati-
cantes, inclusive com relação à macroginástica e à
ginástica olímpica, modalidades supostamente so-
fisticadas, distanciadas do conhecimento e incli-
nações da população rural. Quanto à adoção da
tecnologia popular, ou apropriada, a reação foi de
ampla aceitação, havendo casos de criatividade e
de cooperação entre grupos, confirmando o aspecto
cultural e comunitário deste tipo de proposta.
Usina da Pedra Irmãos Biagi -Açúcar e
Àlcool - SP
Informante: Luiz Borin Filho
Há crescentes indicações que as empresas
agroindustriais estão se conscientizando da neces-
sidade de apoiar as atividades de lazer de seus
funcionários.
Um significativo exemplo é o da Usina da Pe-
dra, no município de Serrana-SP, que promove,
desde 1982, eventos integrando três aspectos con-
siderados pela Empresa como básicos para seu
pessoal: esporte, recreação e lazer.
Entre as atividades, citam-se: torneios de fute-
bol de salão, festivais de voleibol, basquetebol, han-
dbol, futebol de campo, natação, atletismo, ciclismo,
bocha, malha, pesca, jogos de mesa, maratonas,
olimpíadas e gincanas, caminhadas; todas com a
participação dos funcionários, suas familias e
também da comunidade.
A direção da Usina da Pedra estabeleceu obje-
tivos para as atividades, que combinam finalidades
educacionais, sociais e culturais. Entre outros, des-
tacam-se: educar através do físico; desenvolver o
indivíduo na organização social, favorecendo sua
adaptabilidade; preparar a criança para suas horas
de lazer; adquirir maior equilíbrio emocional e saúde
mental e física; conhecer diferentes esportes; de-
senvolver condicionamento físico básico e qualida-
des essenciais (força, resistência, coordenação,
etc). Como se pode verificar, a opção da Usina da
Pedra quanto aos eventos apresenta-se no sentido
de integração com a comunidade local, além dos
objetivos internos de desenvolvimento dos recursos
humanos.
Viação Cidade do Aço - RJ
Informante: Jorge Pinheiro
A prática do esporte no âmbito da empresa me-
rece destaque no caso da Viação Cidade do Aço,
em Barra Mansa-RJ, por ter sua implantação partido
de iniciativa de um empregado.
Nestas condições, o motorista Jorge Pinheiro,
detectou a falta de recreação para funcionários nos
períodos de mudança de turnos e outros horários li-
vres e se propôs a preencher este vazio com ativi-
dades esportivas. Procurou, inicialmente, conscien-
tizar a direção da Empresa sobre a importância da
proposta. Assim, a direção liberou o pátio externo -
dedicado normalmente a guarda de veículos -, que
foi preparado para a prática de jogos e esportes re-
creativos depois das 16:00 hs, diariamente.
Também foi considerada necessária uma
conscientização dos funcionários em relação aos
benefícios das atividades fisicas recreativas.
O galpão da garagem passou a servir às ativi-
dades dos funcionários e familiares. Latas vazias de
cerveja para boliche, bolão de meia para a pelada, e
uma série de objetos oriundos de sucata doméstica,
foram aproveitadas para jogos.
Em termos de participantes, o trabalho reuniu
por etapas os setores de tráfego (trabalho direto
com os motoristas), a manutenção (mecânicos) e,
finalmente, o pessoal de escritório.
A Associação dos Funcionários surgiu à medi-
da que o trabalho foi se desenvolvendo.
Este clube começou dinamizando atividades for-
mais, como torneios de futebol e acabou gerando o
problema de só um pequeno grupo participar, en-
quanto a maioria ficava sem opção. Foi, então, cria-
do um salão de jogos no refeitório, e dado início a
organizações de festas e passeios com os familia-
res, tendo esta atividade grande aceitação.
Jorge Pinheiro passou a ser convidado para
palestras em várias cidades, através do Centro de
Integração Escola-Empresa (RJ) e da Federação de
Indústrias do Rio de Janeiro.
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