curar recursos, não apenas para as necessidades da catequese, mas
também para a autonomia missionária a que tendiam, buscando os meios de
criar, educar e formar na própria terra os futuros missionários, obra que .não
poderia fazer-se sem avultados recursos (
,0
). Gibirié, Ibirajuba e Jaguari,
esta última no Rio Mojú, foram três das fazendas religiosas que mais se
destacaram, todas dotadas de engenho e com extensas plantações de cana
e cacau.
As ruínas da antiga Fazenda Murutucu, fundada pelos padres
Carmelitas, situadas em terras hoje pertencentes ao Instituto de Pesquisas
Agropecuárias do Norte (IPEAN), e os vestígios de moendas de engenho,
fornalhas, canais de irrigação e drenagem, bem como de instalações para o
aproveitamento da força hidráulica das marés, são provas evidentes de que
essa fazenda, há mais de dois séculos, já desenvolvia uma lavoura
canavieira próspera (
11
).
Em 1726, FRANCISCO DE MELO PALHETA introduziu sementes de
café no Pará, trazidas da Guiana Francesa, cuja cultura disseminou-se de tal
modo que, quinze anos depois, a Comarca de S. Luiz, em mensagem
encaminhada à Corte, pedia que fosse proibida a entrada de café
estrangeiro no reino, para favorecer essa cultura no Maranhão (
5
).
Dificilmente seria possível prever a importância que o café viria a ter
não só para a fixação de colonos na região, nos períodos subsequentes,
como mais tarde para o próprio País. A verdade é que em 1748 já existiam
no Pará mais de 17.000 cafeeiros e em 1767 "o jesuíta JOÃO DANIEL,
missionário no Amazonas, afirmava que as culturas nesta região se iam
estendendo, elevando a muitas mil arrobas a exportação do café para a
Europa" (
5
).
A capitania de São José do Rio Negro, fundada em 1755, cujos "limites
com os espanhóis iriam até onde fossem as raias dos domínios destes"
tornou-se por sua vez o centro de onde partiriam as investidas para a
ocupação do interior da Amazônia, através da implantação de novos núcleos
no Rio Negro, Médio Amazonas, Solimões e no Rio Javari, onde se
procurava incrementar a cultura de gêneros alimentícios e de lavouras
comerciais tais como o café, o cacau e o tabaco. Esses núcleos mais tarde
transformar-se-iam nas Vilas de Barcelos, Tovar, Moura, Serpa, Silves,
Borba, Ega, São Paulo de Olivença e São José do Javari (
2
).
Segundo ARTUR CEZAR FERREIRA REIS, o censo realizado em toda
a Capitania do Rio Negro, no ano de 1790, acusou 12.964 habitantes e as
culturas comerciais dentro da jurisdição da mesma capitania alcançavam os
seguintes níveis de desenvolvimento (
10
).
Café ..................................................... 220.920 pés
Cacau .................................................... 90.350 "
Tabaco .................................................. 47.700 "