Serão exercitados, igualmente, todos os movimentos quotidianos:
subir e descer escadas próprias para exercício, dispondo de diversos tipos
de degraus; andar sobre uma reconstituição do caminho da escola, com
poças de lama, pedregulho, bordas de calçada, zonas de travessia rápida,
degraus de bonde; andar com embrulhos nas mãos e carga nas costas (pas-
ta escolar, sacola, cesto, pote, galão para líquidos); enrolar e desenrolar
um tapete, bater tapetes, sacudir almofadas etc. Estes exercícios, e muitos
outros ainda, podem ser executados sob forma de competição, de corrida
de estafeta, devidamente cronometrados e com um objetivo preestabele-
cido e são muito importantes para o deficiente, não devendo ser subesti-
mados. Contribuem, pelo menos parcialmente, para desenvolver o senti-
mento de independência — sentimento muito marcado nas crianças defi-
cientes — e não só agradam aos pequenos, mas também aos maiores. Para
não deslizar exageradamente em direção às formas aplicadas dos exer-
cícios corporias, e ter sempre presente o senso da ginástica autêntica, deve-
mos intercalar regularmente uma aula de exercícios corporais precisos.
Portanto, praticar a ginástica, no sentido estrito da palavra: aula de mar-
cha, exercícios respiratórios, autocontrole, a serem executados de prefe-
rência, diante de um espelho.
O deslocamento de um lugar para outro, executado de modos di-
ferentes, é muito importante numa aula. Pranchas quadradas, aproxima-
damente do tamanho do corpo, dispondo de quatro rodas móveis fixadas
na parte inferior, oferecem amplas possibilidades. Pode-se utilizá-las dei-
tando-se sobre elas de bruços, colocar-se de joelhos e mesmo de pé, ou sen-
tado com as pernas cruzadas; podem ser impulsionadas com bengalas, com
as mãos, com os pés; podem ser úteis nos exercícios com aros de ginástica,
na corrida circular (passo de gigante), nos exercícios com corda suspensa
para o movimento circular, nos exercícios com barras paralelas, na barra,
para avançar, suspendendo-se. Dispondo destes instrumentos, pode-se
organizar corridas de rolimã, ou um campeonato de slalom, ou derbys, uti-
lizando também carrinhos com rédeas ou estas novas cadeiras para doen-
tes — tão leves! Ficaremos abismados com as "performances" alcançadas
pelas crianças através destes métodos. Até mesmo o simples fato de em-
purrar pessoalmente estes veículos, acrescentando diversos pesos, já consti-
tui um excelente trabalho para os músculos. Pode-se também organizar os
exercícios de maneira a executar evoluções em conjunto, utilizando car-
rinhos, pranchas com rodas, triciclos ou mesmo bicicletas com rodinhas
laterais. Se houvesse a possibilidade de se conseguir pedalinhos, estes se
prestariam muito bem a tais evoluções.
Se pudéssemos dispor de um local de exercícios no qual pudésse-
mos pintar, no chão, estradas, cruzamentos, praças, tudo com sinais de
trânsito, nos quais se pudesse transitar realmente com carros, bicicletas,
e outros veículos, inclusive pedestres, seria uma excelente realização que
permitiria às crianças aprenderem as regras de trânsito e as atenções devi-
das ao próximo.
Os cubos para ginástica, bem conhecidos, também oferecem gran-
des possibilidades. Pode-se deslocá-los com as mãos, os pés, as costas, a
cabeça; pode-se também girá-los, rolá-los, colocar-lhes carga e descarre-
gá-los; pode-se subir neles e até construir um castelo; defendê-lo e tomá-lo
de assalto. Raramente é necessário obrigar uma criança a praticar este
jogo. Ao contrário, com frequência é preciso frear-lhe os excessos, pois a
criança ainda não sabe avaliar o limite de suas possibilidades, ou os esque-
ce, no entusiasmo da ação. Os sintomas de sobrecarga que o adulto res-
sente antes do esgotamento não são perceptíveis para a criança e nada
significam para ela.
Os jogos de destreza com bolas, discos, aros, bolas de gude ou sa-
cos de areia; um campeonato, jogando a bola por cima da linha, no cesto,
na rede, por meio de pequenas alterações das regras (eventualmente pra-
ticados sentados) tudo isto dá à criança a impressão de estar jogando como
os grandes — para ganhar, e oferece a possibilidade de colocar cada jogador
em seu justo lugar. Os jogos de campo convêm aos portadores de def iciên-