Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Presidente da República Federativa do Brasil
João Figueiredo
Ministro da Educação e Cultura
Esther de Figueiredo Ferraz
ads:
AVALIAÇÃO BIOMÉTRICA
EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FlSICA E DESPORTOS
- SECRETARIO GERAL DO MEC
Sérgio Mário Pasqualí
- SECRETARIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
Péricles Cavalcanti
- SUBSECRETARIO DE DESPORTOS (SUDES)
Antonio Celestino Silveira Brocchi
AVALIAÇÃO
BIOMETRICA
EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
ROMEU RODRIGUES DE SOUZA
Professor Assistente Doutor
Departamento de Anatomia
Universidade deo Paulo
JOSÉ ARI C. OLIVEIRA
APRESENTAÇÃO
AVALIAÇÃO BIOMÉTRJCA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, antes de ser
uma obra dedicada ao campo da Medicina, é uma orientação didática na área da
Educação Física, propiciando ao estudante a assimilação de maneira clara e obje-
tiva.
Não obstante ser uma obra didática, ela permite a treinadores e prepa-
radores físicos, através da mensuração, uma segura mostragem evolutiva do atleta
nos sentidos qualitativo e quantitativo do treinamento.
Este trabalho demonstra pois, a preocupação de seus autores em aten-
der a especialistas e estudiosos do assunto.
PROF. HÉLIO JOSÉ MAFFIA
Diretor da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí
Preparador físico do Esporte Clube Corinthians Paulista
Ex-preparador físico do Paulista Futebol Clube de Jundiaí
Ex-preparador físico do São Paulo Futebol Clube
Ex-preparador físico da Sociedade Esportiva Palmeiras
Ex-preparador físico do Guarani Futebol Clube
Ex-preparador físico da Seleção Brasileira
CAPITULO I
GENERALIDADES SOBRE MEDIÇÃO E
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO FÍSICA: OBJETIVOS
A Educação Física, como ciência, é educação global: educação do físico,
da mente e educação social.
A educação do físico subentende desenvolver no indivíduo aptidão física,
ou seja, estabilidade emocional, saúde, desempenho eficiente em atividades motoras
e um corpo esteticamente bem constituído.
O desenvolvimento da aptidão física vai possibilitar ao indivíduo exercer
melhor suas tarefas diárias e sentir-se melhor ao final de cada dia.
Ao lado da aptidão física, a Educação Física visa também desenvolver no
jovem a capacidade para a recreação, ou seja, participar com gosto de atividades
recreativas, e a aptidão social, isto é, a capacidade de dar-se bem com os outros.
Entretanto, a Educação Física só poderá atingir seus objetivos em relação a
um indivíduo, se ela puder fazer um programa específico de acordo com suas
necessidades, especialmente, se for uma criança.
A aplicação de tal programa exige conhecimento prévio das condições físicas,
fisiológicas e psicológicas atuais da pessoa a quem ele é dirigido. Este conhecimento,
o professor de Educação Física pode obter através de técnicas de avaliação e medi-
ção.
De posse das informações obtidas, elas podem ser utilizadas, para que o pro-
grama a ser elaborado seja o mais efetivo possível ás necessidades individuais.
Em outras palavras, necessitamos medir antes, aquilo que pretendemos desen-
volver para, a seguir, aplicar um trabalho de desenvolvimento; por outro lado,
para sabermos se estamos conseguindo resultados satisfatórios, temos que medir
continuamente os parâmetros que queremos desenvolver.
Em resumo, é preciso saber inicialmente em que situação se encontra nosso
aluno, para depois aplicar-lhe um programa adequado à sua situação. Mais tarde,
voltamos a analisar suas condições para podermos avaliar os resultados. Todas
estas fases requerem medições.
NECESSIDADE DE SE MEDIR EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Entre outras razões que podem explicar a necessidade de medidas, serão
citadas apenas as seguintes: divisão em turmas homogéneas, determinar o estado
de aptidão atual de um aluno, acompanhar o progresso de um trabalho.
A Biometria Geral estuda aspectos métricos ligados aos seres vivos em geral,
tanto animais quanto vegetais.
A Biometria Especial estuda aspectos mensuráveis particulares do seres vivos.
Aqui está incluída a Biometria humana que estuda o Homem sob os pontos de
vista: morfológico, fisiológico e psicológico.
A Biometria Estática estuda os aspectos mensuráveis do indivíduo em um
determinado instante sem se preocupar se estes variam ouo no tempo. A me-
dida da altura de um indivíduo em um dado momento representa um exemplo.
A determinação da frequência respiratória, em um determinado instante, é outro
exemplo.
A Biometria Dinâmica estuda as relações entre vários aspectos biométricos e
um trabalho físico em função do tempo. Um exemplo típico é o estudo da variação
da frequência cardíaca com doses de um determinado exercício. Os resultadoso
mostrar se o exercício está sendo muito ou pouco intenso, permitindo assim,
acertar a dose ideal.
Outro exemplo seria a variação do peso, de um ou mais indivíduos quando
submetidos a uma determinada dieta. Depois de um certo tempo, poderemos veri-
ficar se o peso está diminuindo ouo com essa dieta.
IMPORTÂNCIA DA BIOMETRIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A ciência evolui quando os fenómenos estudados podem ser medidos. Ao
realizar um trabalho físico, aspectos importantes como a altura, peso, batimentos
cardíacos só terão valor se puderem ser medidos, para que possamos analisar,
comparar, construir tabelas, etc.
Claude Bernard afirmava mesmo que só pode haver ciência quando se pode
medir os fenómenos.
Em Educação Física, os exercícios aplicados só produzem efeitos benéficos
quando bem dosados em qualidade e em quantidade. Precisamos pois conhecer bem
o indivíduo a quem dirigimos o trabalho físico. Neste conhecimento estão incluídos
os aspectos mensuráveis do indivíduo.
DIVISÕES DA BIOMETRIA
A chave seguinte resume as divisões da Biometria:
De acordo com os objetivos
do trabalho biométrico
De acordo com o modo de abordar os
fenómenos em relação ao tempo e espaço
Aqui estão dois exemplos da aplicação de conhecimentos biométricos em
esporte:
a. ao aplicar um trabalho físico, procuramos formar turmas homogéneas e
para isso necessitamos classificar os indivíduos usando parâmetros como
a altura e o peso;
b. para acompanhar os progressos de um grupo submetido a um trabalho
físico, pode-se utilizar a medida de certos parâmetros como o pulso e a
frequência respiratória por exemplo.
Como se sabe, os fenômenos biológicos caracterizam-se por sua grande varia-
bilidade. A Biometria, ao estudar os indivíduos seja do ponto de vista morfológico,
fisiológico ou psicológico procura verificar a existência de semelhanças entre eles
dando ideia dos fenômenos comuns a determinados grupos.
A formação de grupos com características semelhantes é importante pois.
como vimos, a homogeneização de grupos facilita a aplicação de um trabalho
físico.
OBJETIVOS DO TRABALHO BIOMÉTRICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Estes aspectos foram já esboçados em item anterior, mas devido a sua impor-
tância, serão aqui estudados com mais pormenores. Os objetivos principais do
trabalho biométrico em Educação Físicao os seguintes:
a. Determinar a condição física do indivíduo;
Deste modo, pode-se dosar os exercícios físicos que serão aplicados.
o feitas várias medidas e exame médico no indivíduo. Com isto, tem-se
uma ideia do seu estado físico atual.
b. Determinar o valor físico do indivíduo;
Através da aplicação de provas específicas, podemos classificar os indiví-
duos em normais, selecionados e poupados.
Os normais obtém nessas provas resultados previsíveis, os selecionados, re-
sultados melhores que os previsíveis e os poupadoso atingem estes
valores esperados.
No caso de escolares, utiliza-se ainda o item inapto ou dispensado àqueles
alunos queoo capazes de realizar nenhuma atividade física.
c. Detectar assimetrias de forma;
O professor de Educação Física poderá, no exame de seus alunos, detectar
algumas assimetria de forma, o que é de grande importância pois assim ele
poderá encaminhar o aluno para tratamento adequado.
Algumas assimetrias podem inclusive ser corrigidas através da aplicação
correta de exercícios adequados.
d. Detectar deficiências físicas;
Através de exames periódicos do indivíduo pode-se detectar certa falta
de adaptação do organismo frente a determinados exercícios, que exigem
novos esforços. Pode-se descobrir assim, deficiências que geralmente se
traduzem por cansaço ou fadiga. Estas deficiências serão então tratadas
convenientemente antes que produzam lesões mais graves e irreversíveis no
organismo.
e. Determinar o tipo constitucional (biótipo ou somatotipo).
O conhecimento do tipo constitucional de um indivíduo permite orientá-
lo para determinadas atividades físicas mais indicadas para aquele tipo de
indivíduo.
o amplamente conhecidos os três tipos constitucionais da Escola Bio-
tipoiógica Italiana (Viola e Pende): normolíneos, brevilíneos e lingilíneos.
Os brevilíneos e os longilíneoso os tipos extremos e o normolíneo é o
tipo médio. Os primeiros tem maior desenvolvimento no sentido longitu-
dinal enquanto os brevilíneos desenvolvem-se mais no sentido transversal.
Classificar um determinado indivíduo em um destes grupos é muito
importante em Educação Física, quando se pretende administrar exercí-
cios ou orientar e selecionar para práticas desportivas.
Este assunto será mais bem estudado posteriormente. Aqui veremos apenas
alguns aspectos.
Cada um destes tipos constitucionais possui em graus diferentes os elemen-
tos da sigla VARF (velocidade, agilidade, resistência e força). Assim, os
brevilíneos, devido a sua maior massa corporal,m maior resistência e
força; nos longilíneos, ao contrário, predominam a velocidade e a agilida-
de, devido ao maior desenvolvimento dos membros que apresentam estes
indivíduos.
Nos normolíneos há equilíbrio destas quatro qualidades.
Assim sendo, os brevilíneos devem ser orientados para esportes que reque-
rem força e resistência, tais como: arremesso do martelo e levantamento de
peso; os longilíneos adaptam-se melhor com esportes que exigem veloci-
dade e agilidade, como corridas de velocidade e saltos.
Bem orientados, os indivíduos terão um melhor rendimento, com menor
gasto de energia. Daí a importância do trabalho biométrico bem realizado
f. Dosagem dos exercícios e avaliação dos resultados.
Através de exames biométricos poderemos acompanhar a dosagem dos
exercícios, adaptando-os às necesidades de cada indivíduo ou grupo.
Além disso, pode-se ter ideia do rendimento e dos resultados que se está
obtendo com a aplicação daqueles determinados exercícios em função
da finalidade que se tem em vista.
CIÊNCIAS AFINS À BIOMETRIA
Algumas ciências estão muito relacionadas com a Biometria, pois também
o ramos da Biologia: Anatomia, Fisiologia, Psicologia e Bioquímica.
Particularmente importantes para a Biometriao a Matemática e a Estatís-
ticas; a variabilidade dos fenómenos biológicos torna os indivíduos diferentes
uns dos outros. Daí a necessidade de se utilizar ciências Matemáticas, como a
Estatística, para se realizar estudos biométricos.
Depois de coietadas, as medidas devem ser analisadas e interpretadas. Isto
requer conhecimentos básicos de Estatística que serão apresentados mais
adiante.
CAPITULO II
AGRUPAMENTO DOS DADOS: FICHA BIOMÉTRICA
Como já sabemos,o várias as mensuraçôes possíveis no corpo humano, e
assim sendo temos que escolher certas medidas de acordo com os objetivos que
temos em vista. Esta escolha depende então da finalidade que se tem na realização
do trabalho físico.
Depois de escolhidas, as medidas a serem obtidaso agrupadas em uma ficha
denominada ficha biométrica que será preenchida quando da realização do exame
do aluno.
CONCEITO DE FICHA BIOMÉTRICA
A ficha biométrica é portanto um documento que contém informações
morfológicas, fisiológicas e psicológicas sobre um determinado indivíduo e que
permite fazer um julgamento sobre suas condições de saúde e suas aptidões atuais.
Alguns denominam a ficha biométrica de médico-biométrica porque vários
dados devem ser colhidos exclusivamente pelo médico.
Uma ficha biométrica poderia conter inúmeros dados, mas, como já vimos,
devem ser selecionadas algumas medidas convenientes ao trabalho que vamos rea-
lizar.
Itens fundamentais de uma ficha biométrica
Entre os itens fundamentais de uma ficha biométrica, serão apresentados os
seguintes: identificação, antecedentes, exame clínico geral e especial e exame
biométrico.
a. Identificação: aquio colocados o nome, idade e outros dados pessoais.
b. Antecedentes: refere-se aos antecedentes pessoais e familiares.
c. Exame clínico geral e especial: consiste no exame dos vários sistemas
orgânicos (respiratório, digestivo e outros). Deve ser orientado de acordo
com a idade e modalidade desportiva do indivíduo. Aqui incluem-se
também exames de laboratório e outros que se fizerem necessários.
d. Exame biométrico: as medidas a serem tomadaso depender da finalidade
que se tem em vista. Geralmenteo colhidos obrigatoriamente, o peso e a
altura. Entretanto, as medidas a serem colhidas enquadram-se nos três
níveis: morfológico, fisiológico e psicológico.
Análise dos dados obtidos
Através da análise dos dados da ficha biométrica, poderemos tirar conclu-
soes a respeito do aluno e queo os mesmos objetivos do trabalho biométrico:
a. Determinar a condição física Com base nos resultados do exame
feito o indivíduo será considerado, apto, poupado ou inapto. O indi-
víduo apto tem condições tais que pode praticar qualquer tipo de
esporte, aqui podemos relembrar o que já foi dito sobre este assunto:
os aptos serão considerados normais ou selecionados segundo os re-
sultados obtidos em provas específicas sejam os esperados ou superem
estes resultados.
0 indivíduo poupado, apresenta alguma deficiência que o limita para
atividades desportivas. Esta deficiência pode ser transitória ou perma-
nente.
O inapto ou dispensado é o indivíduo queo pode exercer atividades
físicas, de nenhuma forma.
b. Detectar assimetrias de forma Quando em presença de uma assimetria
de forma o professor de Educação Física deverá orientar o aluno conve-
nientemente. Em alguns casos, pode ser prescrita a ginástica corretiva.
c. Determinar o somatótipo A determinação do somatótipo ou tipo
constitucional vai permitir compreender e orientar melhor cada aluno.
d. Dosar exercícios - Através da análise e interpretação dos dados obtidos
na ficha, podemos adequar os exercícios em duração e intensidade ás
necessidades individuais.
e. Avaliar resultados - Aplicado um trabalho físico, é necessário verificar
como o organismo está reagindo e que resultados estamos obtendo, de
acordo com a finalidade que se tem em vista.
f. Selecionar para a competição Através da análise dos dados constantes
da ficha biométrica, podemos saber quais as possibilidades de cada
aluno em diversos esportes com fins competitivos.
Dados do exame biométrico
As medidas e dados constantes da ficha biométrica, como já sabemos,o de
ordem morfológica, fisiológica e psicológica. É preciso saber quaiso estes dados
para que possamos analisá-los.
Os dados morfológicos constituem uma série de informações que pertencem
em última análise a uma ciência mais ampla, a antropologia física. Este é o estudo
do desenvolvimento físico do homem e utiliza como métodos de estudo, a antro-
posposcopia e a antropometria. A primeira estuda aspectoso mensuráveis do
homem, como a cor da pele, dos olhos e dos cabelos. A antropometria é o estudo
dos aspectos mensuráveis do homem.
Entre os aspectoso mensuráveis do indivíduo, destacam-se alguns relacio-
nados ao conceito de raça.
O estudo dos tipos raciais tem importância pois eles estão ligados aos tipos
morfológicos ou somatotipos dos indivíduos, e a raça determina, em parte, o
tipo morfológico.
Assim, podemos compreender raça como um grupo de indivíduos com
características semelhantes, transmitidas hereditariamente e que se repetem no
grupo de modo a imprimir-lhe um aspecto diferente de outros grupos.
Como a raça determina o tipo morfológico, o seu estudo tem importância
pois os tipos morfológicos estâo relacionados com o desempenho atlético.
Uma série de aspectos externos e medidas caracterizam cada grupo racial.
Alguns destes aspectos são: a cor da pele, cor dos olhos, dos cabelos e a forma
dos cabelos.
a) Cor da pele Pode ser determinada pela simples observação, classificando-
a neste caso em branca, negra, amarela, parda e vermelha.
Pode-se determinar também a cor da pele comparando-a com quadros re-
presentativos dos diversos matizes (escala cromática). Deve-se, em qual-
quer caso, examinar uma parte que habitualmente é coberta pela roupa.
b) Cor dos olhos Pela simples observação, podemos classificar a cor dos
olhos em castanho, preta, verde e azul.
Pode-se também comparar com modelos de olhos de vidro, com cores
diferentes.
c) Cor dos cabelos - Através da observação podemos classificar os cabelos
em castanhos, pretos, louros e avermelhados.
Existe também uma escala cromática constituída por fios coloridos.
d) Forma dos cabelos Quanto à forma os cabeloso classificados em
lissótricos, ulótricos e cimatótricos.
Lissótricoso cabelos lisos; ulótricoso cabelos encarapinhados, pró-
prios da raça negra. Os cimatótricoso os cabelos ondulados.
As medidas morfológicas a serem colhidas serão grupadas sob o título geral
de medidas biométricas somáticas ou morfológicas.
As medidas fisiológicas referem-se aos sistemas orgânicos em geral, e mais
especificamente ao funcionamento dos sistemas respiratório, circulatório e mus-
cular.o também englobados neste item as medições relativas ao crescimento,
ao estado nutritivo e à maturação sexual.
Os dados de ordem psicológica constantes da ficha biométrica referem-se
apenas a uma "impressão" a respeito do estado do indivíduo, pois medidas em
Psicologia, fazem parte de uma ciência mais ampla, a Psicometria.
SELEÇÃO DAS MEDIDAS.
TÉCNICA GERAL DAS MEDIDAS
A escolha das medidas a serem utilizadas depende dos objetivos que se tem
em vista, que, como vimos, podem ser resumidos nos seguintes: determinar a situa-
ção física atual, detectar deficiências, elaborar um programa de trabalho de acordo
com os resultados e acompanhar a evolução do trabalho.
Vamos estudar pois quaiso as medidas que podem ser obtidas, de acordo
com a finalidade a atingir.
CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS BIOMÉTRICAS
Várias medidas podem ser obtidas durante o trabalho biométrico. Pode-se
ainda complementar as medidas através dos denominados índices. índiceso
relações numéricas centesimais entre as medidas. Olivier (1960) considerou 34
medidas e 40 índices. Serão abordados aqui apenas as principais medidas e índices.
As medidas biométricas podem ser classificadas em dois grandes grupos, de
acordo com o tipo de avaliação que se quer fazer:
a) medidas que permitem avaliar as dimensões e proporções externas do
corpo e seus segmentos (medidas biométricas somáticas);
b) medidas que visam avaliar o estado funcional de alguns sistemas orgânicos
(medidas biométricas funcionais).
Medidas biométricas somáticas
o medidas que permitem avaliar as dimensões e proporções externas do
corpo. Estas medidas caracterizam-se por serem de fácil execução e poro neces-
sitarem a participação ativa do examinando.
As medidas biométricas somáticas podem ser subdivididas, de acordo com a
finalidade a atingir, em:
a. medidas que visam avaliar as proporções do corpo;
b. medidas que permitem avaliar o estado de nutrição, e
c. medidas destinadas a apreciar o estado de maturação sexual.
CAPITULO III
Medidas que visam avaliar as dimensões e proporções
externas do corpo e seus segmentos.
São: altura, altura tronco-cefálica, envergadura, comprimento dos membros,
comprimento do tronco e perímetro cefálico.
Medidas que permitem avaliar o estado de nutrição:
o as seguintes: peso, espessura da dobra cutânea, perímetro torácico, pe-
rímetro dos membros e diâmetro do tórax.
Medidas destinadas a apreciar a maturação sexual
São: diâmetros bi-acromial, bi-umeral, bi-crista ilíaca e bi-troncantérico e o
grau de desenvolvimento dos genitais.
Medidas biométricas funcionais
Estas medidaso as que permitem avaliar funções orgânicas específicas,
como a força muscular e a capacidade cardio-circulatória. As medidas funcionais
exigem instrumentos especiais eo de mais difícil execução.
Resumo das medidas biométricas mais importantes em Educação Física.
Medidas
biométricas
somáticas
Medidas que visam
avaliar as proporções
do corpo
Medidas que permitem
avaliar o estado de
nutrição
Medidas destinadas a
apreciar a maturação
sexual
Capacidade vital
Capacidade cárdio-circulatória
Força muscular
Medidas
biométricas
funcionais
Altura
Altura tronco-cefálica
Envergadura
Comprimento dos membros
Comprimento do tronco
Perímetro cefálico
Peso
Espessura da dobra cutânea
Perímetro torácico
Perímetros dos membros
Diâmetro do tórax
Diâmetro bi-acromial
Diâmetro bi-crista ilíaca
Diâmetro bi-umeral
Diâmetro bi-tocantérico
Desenvolvimento dos genitais
TÉCNICA GERAL DAS MEDIDAS BIOMÉTRICAS
Cuidados que se deve tomar ao colher as medidas biométricas
Para se evitar ao máximo a influência dos fatores de erro ao se obter as
medidas biométricas, deve-se atender a uma série de requisitos dentre os quais
destacam-se os seguintes:
a. Instrumentos aferidos e calibrados.
b. 0 indivíduo deve estar o mais despido possível durante a realização das
medidas.
c. Os instrumentoso devem pressionar a pele mas apenas tocá-la.
d. Antes de iniciar as medidas, reunir os indivíduos em grupos homogéneos,
de mesmo sexo e idade.
e. As medidas devem ser tomadas em locais bem iluminados.
Principais instrumentos de medida usados na obtenção das
medidas biométricas somáticas
Os principais instrumentos utilizados na realização destas mensuraçõeso os
seguintes: antropômetro de Rudolf Martin; compasso de barras; compasso de corre-
diça; compasso de toque ou de pontas rombas e a fita métrica.
Antropômetro de Rudolf Martin
É utilizado para tomar medidas no sentido vertical (Fig. 3.1). Consta de uma
haste de metal graduada de zero a 2000 milímetros, sobre a qual desliza um cursor,
onde se coloca uma régua terminada em ponta e disposta perpendicularmente à
haste graduada.
Compasso de barras
Destina-se á tomada de medidas tais como: diâmetros transversos, do tronco
e comprimentos dos membros. Consta também de uma haste metálica graduada,
de zero a 950 milímetros e um cursor com uma régua que pode se deslocar; apresen-
ta ainda uma outra régua, fixa, na extremidade da haste graduada (Fig. 3.2).
Compasso de corrediça
É utilizado para tomar medidas pequenas como as da face. Consta de uma
régua de 25 centímetros, com uma haste fixa na extremidade zero da escala e um
cursor que pode deslizar ao longo da régua (Fig. 3.3).
Figura 3.3 Compasso de Corrediça
Compasso de toque ou de pontas rombas
Este compasso é utilizado para tomar diâmetros do tronco e medidas da
cabeça. Consta de duas hastes metálicas que se articularm em uma das extremida-
des. As hasteso retas nas metades próximas ao ponto onde se articulam e curvas
nas metades restantes, que terminam em pontas rombas. Uma das hastes tem uma
régua graduada a ela fixada e que permite fazer a leitura da medida encontrada.
A maior distância que se pode medir é de 30 cm (Fig. 3.4).
Fita métrica
Destina-se à medida dos perímetros. É representada por uma fita de metal ou
linho, graduada.
Outros instrumentos serão descritos nos itens correpondentes ao estudo que
será feito mais adiante, de cada uma das medidas biométricas.
Outros elementos necessários para se colher as medidas biométricas,
além de instrumentos adequados
Além de instrumentos adequados é necessário ainda conhecer certos pontos
de reparo existentes no corpo e que servem como pontos de referência para se obter
as medidas. Estes pontoso denominados pontos antropométricos e serão também
descritos juntamente com cada uma das medidas biométricas.
Figura 3.4 - Compasso de Pontas Rombas
Os principais instrumentos utilizados no trabalho biométrico e algumas medi-
das que podem ser obtidas com estes instrumentos estão resumidos na tabela se-
guinte:
Instrumento
Medidas
(altura, altura tronco-cefálica)
tronco e comprimento dos
membros
das da cabeça
CAPITULO IV
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS:
NOÇÕES DE ESTATÍSTICA
INTRODUÇÃO
Para estabelecer relações e leis entre os fenómenos, é necessário que eles
possam ser medidos. A própria repetição de experiências só é possível se for contro-
lada através da medição dos dados.
Trabalhando por exemplo com um grupo de alunos, poderíamos perguntar:
a. Como se encontra este grupo em relação a uma determinada medida?
Neste caso, veremos que certas medidas, tais como a média, podem ser
representativas do grupo; por outro lado, a variabilidade dos valores pode
ser medida, como veremos, através do desvio padrão.
b. Qual a situação de um determinado aluno, dentro do grupo?
c. Como agrupar de maneira mais homogénea? Veremos que muitos tipos de
medidas distribuem-se segundo uma curva denominada curva normal, a
qual mostra as frequências com que aparecem os vários tipos.
As respostas a estas e outras questões semelhantes pertencem ao domínio
de uma ciência denominada Estatística.
A Estatística é a ciência que procura tirar conclusões a partir de observações
de dados numéricos. Devido às suas relações com a Biometria, é necessário algum
conhecimento desta ciência.
Parâmetro Universo População Amostra
Parâmetro é um número que caracteriza um conjunto de medidas. Por exem-
plo: um atleta faz um percurso várias vezes, cada vez em um tempo diferente. A
média destes tempos é um parâmetro. Todos os tempos podem ser substituídos
por um único que é o tempo médio.
Se um grupo de alunos faz um percurso, podemos calcular o tempo médio
do grupo que também é um parâmetro. Ao conjunto de alunos chamamos univer-
so e se dividirmos o universo (grupo todo) em subgrupos, teremos as populações,
queo subconjuntos.
A população é pois um grupo de alunos ou objetos que possuem caracterís-
ticas semelhantes dentro do mesmo universo.
Ao realizar um trabalho estatístico, geralmente utilizamos um conjunto de
elementos eo a população toda. Este conjunto é a amostra.
Variáveis contínuas e discretas
A medida da altura de um grupo de escolares é um tipo de variável. Neste
caso, as medidas podem ter qualquer valor e sempre pode haver uma medida
que se interponha entre duas outras. Por exemplo, entre 1,10m e 1,12m podemos
ter um valor de 1,11m. Trata-se de uma variável contínua.
A variável é discreta quando os valores se comportam de modo que se suce-
dem em saltos. Assim, por exemplo, o número de alunos por grupo ná"o pode ter
valores parciais: 2,5 por grupo ou 1,3 por grupo.
Grupamento de dados
Ao realizar um trabalho biométrico, utilizando a Estatística, precisamos
frequentemente separar os indivíduos segundo certas características. Podemos
por exemplo separar os alunos por categorias. Neste caso, a divisão deve obedecer
a um único critério, por exemplo, divisão segundo o sexo, idade, tipo constitucio-
nal, etc.
Os alunos podem também ser divididos segundo uma classificação hierár-
quica. Por exemplo: em pequenos, médios e grandes. Neste caso, os gruposo
separados de acordo com uma certa ordem.
APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Os dados obtidos em um experimento podem ser apenas enumerados sem
preocupação de ordem. Suponhamos que determinamos o peso de 5 alunos e que os
resultados tenham sido os seguintes: 30, 35, 32, 28 e 30.
Estes valores assim apresentadoso difíceis de serem interpretados. Uma
melhor maneira é ordená-los em sequência ascendente ou descendente e verificar
se há valores que se repetem e quantas vezes se repetem. Construímos assim, a
distribuição de frequências dos dados, que consiste em colocá-los em uma coluna
ordenada e com as frequências com que cada valor ocorre.
Tabela 4.1 - Distribuição de frequência de 5 observações (escores).
Escores
28
29
30
31
32
33
34
35
Frequência
1
0
2
0
1
0
0
1
Observando a tabela 4.1 conclui-se imediatamente que os pesos máximo e
mínimo obtidoso respectivamente 35 e 28; o peso mais frequente foi 30 (2
vezes) e que houve valores de peso queo aparecerem, sendo sua frequência
zero.
Os dados obtidos podem ainda ser agrupados em classes. No caso de peso,
o professor podem querer agrupar os 5 alunos em 3 classes: peso alto, médio e
baixo, por exemplo. A diferença entre os valores máximo e mínimo nos dá a
amplitude de distribuição (A):
A = 35 - 28 = 7
Como se decidiu por três classes, o intervalo de classe (I) será:
I (intervalo) = 7/3 = 2,33
Como o número obtido é fracionário, o intervalo passa a ser o número inteiro
mais próximo (no caso =2). Então os valores serão agrupados em intervalos de am-
plitude igual a 2 (tabela 4.2).
Tabela 4.2 Distribuição de frequências de dados agrupados
Classes
28
a
30
31 a 33
34
a
36
Frequência
3
1
1
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS
Às vezes é mais interessante apresentar os resultados obtidos, por meio de
um gráfico.
O gráfico é construído utilizando-se dois eixos perpendiculares entre si,
um vertical (eixo das ordenadas, representado geralmente pela letra Y) e um ho-
rizontal (eixo das abcissas, representando geralmente pela letra X). O ponto onde
ocorre a intersecção dos dois eixos é o ponto zero. A partir deste, os valores aumen-
tam à medida que dele se afastam, seja ao longo da ordenada, seja ao longo da
abcissa.
No eixo das abcissas coloca-se os valores da variável independente, ou seja a
variável dividida em classes de invidivíduos ou objetos; o eixo das ordenadas, re-
presenta a variável dependente, com as frequências com que cada medida aparece.
Um dos tipos mais comuns de gráficos é o histograma. As classeso coloca-
das ao longo da abcissa e na ordenada situam-se as frequências com que aparecem
os valores. As frequências de cada classe serão representadas por uma barra, com
linhas laterais levantadas a partir dos limites de cada classe, a partir das abcissas.
Um histograma construído a partir da tabela 4.2, seria a figura 4.1.
Figura 4.1 Histograma da distribuição de frequência do peso de 5 alunos.
DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS
A figura 4.2 é o gráfico representativo de duas distribuições de frequências.
Examinando os gráficos, vê-se logo que as duas distribuições diferem quanto
â posição (tendência central) maso semelhantes na forma (variabilidade).
Diferem quanto à posição, pois a méida dos valores da distribuição II é
maior que a média da distribuição I ou seja, em II, os valores concentram-se em
torno de 11, ao passo que em I, eles estão concentrados em torno de 5.
Figura 4.2 - Gráfico de duas distribuições de frequências
Podemos ter o caso inverso ou seja, distribuições de frequências com a mesma
tendência central, mas diferentes na forma (na variabilidade). A figura 4.3 é o
gráfico destas distribuições.
Figura 4.3 - Distribuição de frequências com mesma tendência central
Quando a distribuição de frequência tem um ponto de frequência mais
elevada, é denominada de unimodal. Se houver dois destes pontos, ela será bimo-
dal. A figura 4.4 é um gráfico representativo deste tipo de distribuição.
Figura 4.5 - Distribuição bimodal
Curva normal
As curvas das distribuições de frequências podem ter as mais variadas formas.
Existe entretanto um tipo de curva que por sua importância deve ser estudada com
maior destaque: ela tem a forma de um sino, é simétrica e contínua (figura 4.5).
É a chamada curva normal ou curva de Gauss que representa a distribuição normal.
Em Biologia, muitas variáveis contínuas apresentam esse tipo de distribui-
ção. A altura é um tipo de variável com distribuição normal.
No eixo das abcissas (X) a variável pode ir de menos infinito a mais infini-
to: a curva nunca chega a tocar na base.
Importância da curva normal em Biometria
Em Biometria, a importância da curva normal é grande pois todas as vezes
que se fala em classificar alguma coisa, uma das primeiras preocupações é se lo-
calizar o "normal", para depois posicionar aquilo que dele se distancia. Normal
foi colocado entre aspas por ter um sentido preciso em Biometria, que é o re-
lacionado com o mais comum enquanto as formas que dele se distanciamo
expressões menos comuns, ou melhor que mantém relações, em suas medidas,
com diferenças mais acentuadas.
Trabalhando com as diferenças individuais observamos que estas obedecem
ao tipo de distribuição em que a maior parte dos indivíduos mantém as medidas
próximas de uma média e que a partir deste ponto há uma distribuição decrescen-
te para ambos os lados, que graficamente, obedece à distribuição semelhante á
de Gauss (curva normal).
Figura 4.5 - Curva normal
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL
As medidas de tendência central mais utilizadas em Estatísticao a moda,
a mediana e a média aritmética.
Moda (M)
É o valor que aparece com maior frequência, em uma série de medidas. Exem-
plo: na série seguinte de valores, a moda é o valor 8 pois é o que mais vezes aparece.
6-8-8-16-8-10-8-6-10-8-18-8-6-12
Neste caso, a série é unimodal porque tem uma única moda. Mas ela pode ser
bimodal, multimodal ou ainda amodal, quandoo possui moda.
Exemplos:
Série bimodal (possui 2 modas):
6-10-10-10-10-18-20-20-20-20-15
As modas são: 10 e 20.
Série multimodal (possui várias modas):
4-6-5-8-6-5-8-5-6-8-3-9
As modas são: 5, 6 e 8.
Série amodal (não há moda, pois todos os valores aparecem com igual fre-
quência):
6-10- 16-8-4-2ou:
4_4_5_5_2_2_7_7_3_3.
As curvas representativas das distribuições de frequências das séries estão na
figura 4.6.
Mediana (Me)
Em uma série de rnedidas, colocadas em ordem crescentes a mediana é o valor
precedido e seguido pelo mesmo número de valores. Exemplos:
Séries Mediana
a-2-3-5-7-18 5
b-1-5-8-15-21 6,5
c-1 -3-5-5-20-24 5
Quando o número de valores é impar, o cálculo da mediana pode ser feito
usando a fórmula:
N + 1 (N =número de valores).
2
Figura 4.6 Vários tipos de distribuição de frequências
Assim, na série a:
A mediana é o 39 valor (5).
Quando o número de valores é par usa-se a fórmula
sendo P1,
(N =número
o número que ocupa a posição obtida por:
Na realidade, as três medidas que estudamos (moda, mediana e média)o
o exclusivas mas se complementam. A média "equilibra" uma série de medidas.
Em uma série de medidas da altura dos alunos, passamos a considerar cada aluno
como se tivesse aquela medida (média).
A medida, tal como a mediana, é também um valor que nem sempre consta
da série de medidas.
A mediana, por sua vez, facilita localizar um determinado aluno no grupo:
sua altura estará acima ou abaixo daquele valor e portanto ele estará em um ou
outro grupo, ou seja entre os 50% mais altos ou entre os 50% mais baixos.
A muda nos informa qual é a altura mais frequente no grupo. É um valor
que existe realmente na série e por sinal é o que mais aparece.
Se, em uma série de medidas da altura, por exemplo, a média, a mediana
e a moda forem muito diferentes entre si, significa que houve muitas alturas di-
ferentes na série, ou seja, os valores estão "esparramados". Quando as três me-
didas forem próximas ou semelhantes, é que houve menor variação.
É também chamada de média, simplesmente. Consiste na soma dos valores
dividido pelo número de valores. Assim, no conjunto de medidas:
Média aritmética (X)
No caso da série b, observa-se que a mediana (6,5) é um número queo
consta dos valores obtidos na série. Mas por convenção, esta é a mediana.
O significado da mediana é que ela é um valor que divide o conjunto em dois
grupos: um acima e outro abaixo daquele valor.
Por exemplo, fazendo uma série de medidas da altura em grupo de crianças,
se a mediana for, por exemplo 1,40 m significa que existe metade das crianças com
altura acima e metade com altura abaixo deste valor.
de casos). Assim na série b:
(3ª posição);
3 + 1 =4 (4ª posição). Portanto,
(Mediana =6,5)
Na série a temos o mesmo número de casos. Portanto:
(Mediana = 5).
Na figura 4.7 temos as curvas representativas de três tipos de distribuição de
frequências; uma simétrica e duas assimétricas, onde se indicam as posições das
três medidas que estudamos (média, moda, mediana).
MEDIDAS DE DISPERSÃO
Geralmente os conjuntos de medidas apresentam certa dispersão ou variabili-
dade. Já estudamos uma característica desses tipos de distribuição de frequência,
queo as medidas de tendência central (moda, média e mediana).
Duas distribuições podem ter a mesma média, mediana ou a mesma moda mas
as medidas dos valores variam de modo diferente. Por exemplo, dois grupos de
alunos podem ter a mesma média de altura, mas os valores individuais em cada
grupo podem ser muito diferentes.
Embora tenham a mesma média, esta medida nada informa quanto à homo-
geneidade dos dois grupos: um pode ter indivíduos todos mais ou menos da mesma
altura, ao passo que o outro grupo pode ter alguns indivíduos muito baixos e a
maioria, mais altos.
É necessário pois introduzir medidas de dispersão que informem o grau de
variabilidade dos valores em cada grupo. Uma das medidas de dispersão ou varia-
bilidade mais utilizada na prática é o desvio padrão.
Figura 4.7 - Distribuições de frequências: simétrica e duas assimétricas
Desvio padrão
O seguinte problema permitirá introduzir o conceito de desvio padrão.
Suponhamos que queiramos determinar o peso médio dos indivíduos perten_
centes, a uma determinada comunidade. Começamos, determinando o peso de, por
exemplo, 10 indivíduos tomados ao acaso. Os pesos, em Kg,o os seguintes:
70
80
60
50
70
60
65
80
75
85
A média aritmética desses 10 dados é 69,5 kg. Os valores que se afastam desta
médiao chamados desvios. Os desvios em relação a esta média são:
0,5
10,5
- 9,5
19.5
0.5
-9.5
-4.5
10,5
5,5
15,5
Os desvioso calculados diminuindo-se da média, cada valor observado.
A raiz quadrada da soma dos desvios ao quadrado, dividido por N 1,
sendo N, o número de observações (10, no caso) nos dá o desvio padrão (s). Assim:
Portanto, podemos dizer que a estimativa do peso médio do grupo é 69,5 kg e
que o desvio padrão dos valores observados é 10,9 kg. Quanto maior for o desvio
padrão, maior será a variabilidade dos valores.
O desvio padrão indica pois o grau de variação dos valores da amostra. A fór-
mula para se calcular o desvio padrão é pois:
sendo X, cada valor observado; X, a média dos valores e N, o número de valores.
Em Biotipologia, porém, o desvio padrão é calculado a partir da moda eo
da média aritmética. Este assunto será abordado mais adiante.
Aplicação da curva normal
As medidas corporais utilizadas em Educação Física geralmente tem uma dis-
tribuição que segue a curva normal.
Através de ca'lculos matemáticos pode-se obter as áreas que estão sob a curva
quando ela é dividida em segmentos, através de linhas verticais (f ig. 4.8).
A linha do meio representa a média. As outras três linhas de cada lado rela-
cionam-se a unidades de desvio padrão. O lado direito a partir da média é positivo
ou seja indica os escores mais altos da distribuição. 0 lado esquerdo é negativo:
aqui estão os valores mais baixos da distribuição. A curva normal é dividida em
seis desvios-padrão sendo três de cada lado da média.
Assim, na curva normal, um desvio padrão acima da média contém cerca
de 34,00 por cento dos escores; isto significa que a área situada entre um desvio
padrão de cada lado, em torno da média, vale aproximadamente 68 por cento. A
área compreendida entre 1 e 2 desvios-padrão vale aproximadamente 14 por cento.
Estes conhecimentoso importantes para determinar, por exemplo, o núme-
ro de alunos que obtiveram um determinado escore, em uma distribuição normal.
Suponhamos que 200 alunos foram submetidos a um determinado tipo de
exercício e tenham obtido escores com distribuição normal, sendo a média 100
e o desvio-padrão igual a 20.
Figura 4.8 - Área sob a curva normal
Como a média é 100, sabe-se que 100 alunos obtiveram 100 ou mais e 100
alunos obtiveram 100 ou menos. Quantos alunos tiveram um escore de 140?
Sendo o desvio-padrâb igual a 20, o valor 140 encontra-se 2 desvios-padrão acima
da média. A área compreendida entre 2 desvios padrão acima e abaixo da média
corresponde a 95% e então sobram 5% dos casos, sendo 2,5% acima e 2,5% abaixo
de dois desvios-padrão. Em outras palavras, apenas 2,5% dos alunos obtiveram es-
cores superiores a 140 na prova realizada (fig. 4.9).
Figura 4.9 - Área sob a curva normal
CORRELAÇÃO
Às vezes em Educação Física é importante saber como varia uma determinada
medida ou fenómeno em relação a outra, isto é, se existe ouo correlação entre
essas duas variáveis, e se existe, saber se essa correlação é positiva ou negativa. Será
positiva quando aumentando uma variável, a outra também aumenta, ou diminuin-
do uma, a outra também diminui. A correlação é negativa quando ao aumentar uma
variável, a outra diminui ou vice-versa.
Existe, por exemplo, correlação entre o Q.l. dos alunos e as notas obtidas, ou
seja, quanto mais elevado o Q.l. mais altaso as notas obtidas pelos alunos. Mas
o existe correlação, por exemplo, entre a altura e as notas obtidas nas provas.
Através de fórmulas específicas, pode-se determinar a correlação entre duas
variáveis, calculando o chamado coeficiente de correlação. Este assuntoo será
porém aqui abordado. Mais pormenores podem ser obtidos em tratados de Estatís-
tica.
TESTES DE SIGNIFICÂNCIA
Suponhamos uma situação em que submetemos dois grupos diferentes de
alunos a um mesmo trabalho físico e gostaríamos de compará-los, para saber em
qual grupo, o aproveitamento foi melhor. Depois de obtidos os valores, as médias
de cada grupo deveriam ser comparadas, uma com a outra. Se houvesse uma dife-
rença entre estas medias, que medem o desempenho de cada grupo, esta diferen-
ça teria de ser testada para verificar se ela é verdadeira ou se houve qualquer tipo
de interferência que determinou a diferença.
Existem vários tipos de testes estatísticos que permitem determinar se essa
diferença entre médias é real ou não. Um dos testes mais fáceis e mais utilizados
na prática é o chamado teste "t".
Utilizando os valores das médias e desvios-padrão, calcula-se o valor de "t",
através de fórmulas próprias, o qual é depois comparado com valores constantes de
tabelas e que noso o resultado ou seja, se as médias dos dois grupos diferem
realmente ou não.
Este assunto poderá ser melhor compreendido, consultando-se livros de
Estatística.
CAPITULO V
AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES E PROPORÇÕES
EXTERNAS DO CORPO E SEUS SEGMENTOS
INTRODUÇÃO
O corpo humano como dos vertebrados em geral, apresenta um princípio
de construção chamado antimeria: o corpo é constituído por duas metades, os
antímeros direito e esquerdo, separados pelo plano sagital mediano (Fig. 5.1).
Figura 5.1 ~ Plano sagital mediano
Os antímeroso simétricos apenas aparentemente, ou sejao existe uma
simetria perfeita: os antímerosoo exatamente iguais, nem externamente,
nem internamente. Existe pois externamente, uma simetria aparente mas uma
assimetria real. Exemplos destas assimetrias serão vistos em seguida.
Assimetrias externas
Os dois lados da faceoo simétricos: a linha que une as fendas palpe-
brais, bem como a linha que une as comissuras dos lábioso oblíquas eo pa-
ralelas (Fig. 5.2).
O pavilhão da orelha é maior e está em nível mais alto do lado esquerdo.
O antímero direito do tronco é mais desenvolvido que o esquerdo, quando
examinado por trás, ocorrendo o inverso quando se o examina anteriormente.
Os membros superiores, na maior parte dos indivíduoso assimétricos.
Nos indivíduos dextros, o membro superior direito é mais desenvolvido que
o esquerdo: o comprimento, perímetro, volume e força dos músculoso maiores
do lado direito.
Cerca de um terço dos indivíduos apresentam assimetrias nos membros
inferiores.
Quando o membro superior de um lado é mais desenvolvido, o inferior
mais desenvolvido será o do lado oposto.
A coluna vertebral quando examinada de frente mostra curvaturas normais.
Geralmente, quando o membro superior direito é mais desenvolvido que o esquer-
do, a região torácica da coluna apresenta uma curvatura de convexidade também
para a direita, enquanto que a coluna lombar exibe uma curvatura de convexidade
para a esquerda, para compensar (Fig.5.3). Estas curvaturaso conhecidas como es-
colioses.
Figura 5.3 Escolioses da coluna vertebral. Esquema da coluna em vista posterior.
As curvaturas estão exageradas propositalmente.
Além destas assimetrias morfológicas observam-se também assimetrias fun-
cionais: a maioria dos indivíduos usa com maior habilidade o membro superior
direito em trabalhos com as mãos.
Existe também maior acuidade no uso da visão e audição de um lado que do
outro.
Há casos em que a musculatura de uma parte do corpo apresenta hipotonia ou
hipertrofia, conferindo aspecto anti-estético ao seu portador. Nestes casos,o indi-
cados exercícios especiais para sua correçáb.
Após esta breve introdução, estudaremos algumas das principais medidas que
avaliam as proporções do corpo.
MEDIDAS QUE PERMITEM AVALIAR AS DIMENSÕES E
PROPORÇÕES EXTERNAS DO CORPO HUMANO
Como já vimos, estas medidaso denominadas medidas biométricas somáti-
cas. Serão apresentadas na seguinte ordem: altura, altura tronco-cefálica, envergadu-
ra, medidas da cabeça, do tronco e dos membros.
ALTURA
Conceito de altura
Altura ou estatura é a distância em linha reta entre dois planos, um tangente
à planta doss e outro tangente ao ponto mais alto da cabeça, estando o indiví-
duo em, na "posição fundamental" (Fig. 5.4).
Fig. 5.4 - Altura
Fatores de variação da altura
A altura varia fisiologicamente de acordo com os seguintes fatores: posição do
corpo e hora do dia, fase da vida, e com o passar dos séculos.
Cada um destes aspectos será analisado a seguir.
a) Posição do corpo e hora do dia A medida da altura na posição em pé
pode deferir em até 3 cm da medida na posição deitada. A ação da gravi-
dade, o peso do corpo e o achatamento dos discos intervertebraiso os
responsáveis por este fenómeno. No decorrer das 24 horas do dia, a altura
varia em 2,5 cm em média (Fig. 5.5). Em consequência, deve-se usar o
termo altura para definir a medida longitudinal, obtida na posição em.
Quando se mede o indivíduo na posição deitada, fala-se em distância ou
comprimento. Esta posição é utilizada para medir crianças até 3 anos.
Figura 5.5 Variações da altura durante 24 horas
(segundo Backman)
b) Variação da altura com a fase do crescimento, segundo o sexo e a idade -
O quadro seguinte mostra a variação da altura nos primeiros anos de vida.
Após os três anos, a criança cresce em média 6 cm por ano. Observa-se que
os meninos crescem sempre mais que as meninas, na mesma raça. Na puberdade
porém, as meninas crescem mais que os meninos e na idade adulta estes recuperam
e ultrapassam aquelas, em altura. Na idade adulta, a média de altura é de 130 a 199
cm. A mulher tem geralmente 10 cm, em média, menos que o homem, de mesma
idade.
c) Variação da altura com a fase da vida - Durante a vida, a altura passa por
uma fase em que há uma elevação dos valores e que vai do nascimento até
os 25 anos aproximadamente. A seguir, os valores se mantém até os 50
anos, quando começam a diminuir devido a procesos que afetam os discos
intervertebrais.
d) Variação da altura com a passar dos séculos Segundo alguns autores, a
altura média do ser humano tem aumentado ao longo dos séculos. Outros
porém, também baseados em dados experimentais, afirmam queo tem
havido aumento da altura.
Classificação dos indivíduos segundo a altura
Existem várias classificações, mas uma das mais conhecidas é a que considera
os indivíduos como pertencentes a um dos três grupos:
Fatores que determinam a altura
Entre os fatores internos, destacam-se o genético, o neuro-endócrino e as
doenças; os fatores externos mais importantes são: nutrição, clima, condições
sócio-econômicas e temperatura.
Fase Masculino Feminino
Recém-nascido 50 cm 49 cm
12 meses 75 cm 74 cm
24 meses 85 cm 84 cm
36 meses 95 cm 84 cm
Masculino Feminino
Pequena altura 130-160 cm 121-149 cm
Média altura 161-169 cm 150-158 cm
Grande altura 170-199 cm 159-187 cm
Importância da medida da altura
O estudo da altura é muito importante porque esta medida se relaciona com
quase todas as medidas somáticas, além de ser importante para estudos biotipoló-
gicose raciais.
Atletas de grande alturao mais indicados para esportes como corrida de
meio fundo, natação, salto em altura e á distância e ciclismo; esportes como corrida
de velocidade e boxeo apropriados para indivíduos de altura média, enquanto
corridas de fundo, luta livre e arremesso de peso, por exemplo,o indicados para
indivíduos de pequena altura.
Instrumento utilizado para medir a altura
O instrumento que se utiliza para medir a altura é o antropômetro.
A técnica de medida da altura é simples: a haste vertical do instrumento é
colocada junto ao dorso do aluno enquanto a haste horizontal toca a cabeça. Os
calcanhares devem estar unidos. A cabeça fica em posição tal que o aluno olha
para frente (Fig. 5.4).
ALTURA TRONCO-CEFÁLICA
Conceito
É a distância entre um plano tangente ao ponto mais alto da cabeça e um
plano que passa pelos ísquios, estando o indivíduo sentado.
Fatores de variação da altura tronco-cefálica
Esta medida varia com a posição do corpo e hora do dia, tal como a altura
e devido aos mesmos motivos.
A altura tronco-cefálica é maior no sexo feminino que no masculino, maior
nos amarelos que nos brancos e maior nestes que nos pretos. Entretanto, estas
diferençaso pequenas.
Marcondes e cols. (1970) estudaram a evolução da altura tronco-cefálica
em relação à altura, em crianças brasileiras de 0 a 12 anos (Tabela 1).
Segundo Godin, a altura aumenta antes da puberdade, devido principalmente
ao crescimento dos membros inferiores e durante e depois dessa fase, devido ao
crescimento maior da altura tronco-cefálica.
O anos 50.10 34,18 68.22 49,15 33,61 68,38
3 meses 60,06 39,08 65,06 59,03 38,36 64,98
6 meses 66,43 43,03 64,77 65,10 41,88 64,33
9 meses 70,94 45,60 64,27 69,15 44,20 63,91
12 meses 74.45 47,07 63,22 73,26 46,26 63,14
18 meses 80.66 49,81 61,75 79.37 49,15 61,92
2 anos 85.14 51,95 61,01 84,11 51,04 60,68
3 anos 93,58 55,27 59,06 91,94 54.26 59.01
4 anos 100,13 57,33 57,25 99,14 56,93 57.42
5 anos 106,40 60,16 56.54 105.95 59.57 56.22
6 anos 112.77 62.87 55,75 112,22 62,35 55,56
7 anos 118.52 65.24 55.04 117.17 64,23 54,80
8 anos 122,86 67.01 54.54 122,55 66,50 54,26
9 anos 128,37 69.15 53.86 127,35 68,45 53.74
10 anos 132,82 71,02 53,47 131,70 70,24 53,33
11 anos 137.19 72,59 52,91 135,59 71,96 53,07
12 anos 139.81 73,60 52,62 138,06 73,13 52.96
Tabela 1 Evolução da altura tronco-cefálica, em relação à altura
(Marcondes e cols., 1970)
Idade Altura
Altura
tronco-
cefálica
Porcentagem
da
altura
Altura
Altura
tronco-
cefálica
Porcentagem
da
altura
Meninos Meninas
Utilidade da medida da altura tronco-cefálica
Esta medida permite calcular os denominados indice esquélico de Monouvrier
e indice córmico; o primeiro é dado pela relação centesimal entre o comprimento
dos membros inferiores e a altura tronco-cefálica:
Indice esquélico
de Monouvrier
Este índice permite apreciar, indiretamente, o desenvolvimento dos membros
inferiores.
O índice córmico (termo criado por Vallois) se obtém relacionando a altura
tronco-cefálica e a altura (fórmula criada por Giuffrida-Ruggieri):
De acordo com este índice, pode-se classificar os indivíduos em:
Braquicórmicos menos que 51 (tronco pouco desenvolvido)
Metriocórmicos 51 a 53 (tronco médio)
Macrocórmicos mais que 53 (tronco muito desenvolvido)
0 índice córmico permite avaliar o desenvolvimento do tronco. Ele é um
pouco mais elevado no sexo feminino que no masculino.
Em seleçãb desportiva, os braquicórmicoso mais indicados para esportes
de velocidade (corridas e saltos), ao passo que os macrocórmicos possuem mais
resistência e mais força.
Instrumento utilizado para se medir a altura tronco-cefálica
Para se medir a altura tronco-cefálica, utiliza-se o antropômetro, estando o
indivíduo sentado (Fig. 5.6).
Figura 5.6 - Altura tronco-cefálica
ENVERGADURA
Conceito de envergadura
É a distância em projeção entre as extremidades dos dedos médios, estando o
indivíduo em, com os membros superiores estendidos horizontalmente, ao lado
do corpo (Fig. 5.7).
Figura 5.7 Envergadura
Variação da envergadura com a idade, o sexo e a raça
A altura é maior que a envergadura desde o nascimento até os 10 anos. Daí
até a fase adulta, a diferença vai diminuindo, até que no adulto, a envergadura
ultrapassa a altura em 5 a 10 cm, no homem e 5 cm na mulher. Na raça negra
a envergadura é maior que na amarela.
Importância da medida da envergadura
Em seleçâb desportiva, os atletas que possuem grande envergaduram
melhor desempenho em esportes como:ténis, remo, arremesso e box.
Técnica de medida da envergadura
Utilíza-se, para medir a envergadura, um quadro mural ou prancha, graduada
horizontalmente. A pessoa fica em, encostada na prancha e com os membros
superiores estendidos horizontalmente, ao lado do corpo.
Tendo estudado os principais aspectos sobre as medidas biométricas: altura,
altura-tronco-cefálica e envergadura, passaremos a seguir a analisar alguns pontos
importantes sobre medidas dos segmentos corporais, ou seja, da cabeça, do toráx,
abdome, pelve e dos membros.
MEDIDAS DA CABEÇA
principais medidas e índices da cabeça
Podemos resumir as principais medidas e índices da cabeça, como se segue:
Principais medidas
da cabeça
índices da
cabeça
Entretanto, antes de iniciarmos o estudo destas medidas e índices, temos
que definir alguns pontos antropométricos da cabeça, ou seja, pontos que servem
de reparo para se obter as medidas deste segmento.
Figura 5.8 Pontos cefalométricos
Figura 5.9 - Pontos cefalométricos
Principais pontos antropométricos da cabeça
Para estudar as medidas da cabeça, é necessário conhecer antes alguns pontos
antropométricos desse segmento, que neste casoo denominados pontos cefalo-
métricos. Os principais são: glabela, násio, gnácio, opistocrânio, êurio e zígio
(Figs. 5.8 e 5.9).
Definição destes pontos cefalométricos
Glabela É o ponto situado entre as sobrancelhas.
Násio Situa-se na parte central da sutura entre os ossos frontal e nasais.
Gnácio É o ponto mais saliente do bordo inferior da mandíbula.
Opistocrânio É o ponto mais saliente na parte posterior da cabeça.
Êurio É o ponto mais saliente na parte lateral da cabeça.
Zígio Corresponde ao ponto mais saliente do arco zigomático.
A glabela, o násio, o gnácio e o opistocrânioo ímpares e o êurio e o zígio
o pontos pares.
Tendo compreendido os principais pontos cefalométricos, podemos estudar
algumas medidas da cabeça.
A cabeça é dividida em crânio e face. Várias medidas podem ser feitas nestas
duas partes. Entretanto, estudaremos apenas as mais importantes, que já foram
citadas.
Comprimento da cabeça
É a distância entre a glabela e o opistocrânio. Corresponde ao diâmetro ânte-
ro-posterior da cabeça (Fig. 5.10).
Figura 5.10 Comprimento da cabeça
Largura da cabeça
É a distância entre o êurio de um lado e o outro do lado oposto. Corresponde
ao diâmetro transverso da cabeça (Fig. 5.11).
Altura da face
É a distância que vai do násio ao gnácio.
Largura da face
Corresponde ao diâmetro bi-zigomático, ou seja, à distância entre o zfgio de
cada lado.
Figura 5.11 Largura da cabeça
Principais índices da cabeça
Os índices da cabeça são: o cefálico e o facial.
índice cefálico
A relação entre os diâmetros da cabeça constitui o índice cefálico:
Classificação dos indivíduos de acordo com o índice cefálico
De acordo com este índice, podemos classificar os indivíduos em:
Dolicocéfalos (de cabeças estreitas ou longas): índice cefálico menor que
76,0.
Mesocéfalos (de cabeças intermediárias): índice de 76,0 a 80,9.
Braquicéfalos (de cabeças arredondadas): índice maior que 81,0.
índice facial
A relação entre as medidas da face fornece o índice facial:
Instrumento utilizado para se obter as medidas da cabeça até agora estudadas
As medidas da cabeça até agora estudadas (comprimento e largura da cabeça
e altura e largura da face)o obtidas utilizando os compassos de pontas rombas
ou de corrediça.
Perímetro cefálico
É a medida da circunferência da cabeça utilizando o plano que passa pela
glabela e pelo opistocrânio. Ao nascer, o perímetro cefálico mede, em média,
35 cm; aos 12 meses, 47 cm; aos 24 meses, 49 cm e aos 36 meses, mede 50 cm.
Em crianças brasileiras, foram obtidos os seguintes valores (cm) para o perí-
metro cefálico (Marcondes e cols.):
Masculino Feminino Idade
35.0 34,26 Recém nascido
45,84 44,80 1 ano
47,93 46,98 2 anos
48.9 47,87 3 anos
Instrumento utilizado para se medir os perímetros
Os perímetroso medidos com a fita métrica.
Importância das medidas da cabeça
Os diâmetros e índices da cabeçao mais usados em estudos de antropolo-
gia racial, ou seja, estudos ligados ao desenvolvimento do homem desde seu apare-
cimento, com relação aos grupos raciais.
O perímetro cefálico é importante até os três anos de idade, pois permite
avaliar o desenvolvimento do volume da cabeça e detectar possíveis anomalias.
Quando o valor do perímetro cefálico é muito elevado, há uma macroce-
falia e se é muito baixo, uma microcefalia.
Em relação à face, pode haver o chamado prognatismo, que é a projeção da
face para frente. Ele pode ser total, quando tanto a maxila como a mandíbula se
projetam para frente. O prognatismo parcial superior e o inferior ocorrem quando
somente a maxila ou somente a mandíbula, respectivamente, se projeta para frente.
MEDIDAS DO TRONCO
Introdução
Neste estudoo consideradas as medidas do toráx, abdome e pelve. O estudo
do tronco é muito importante pois seu exame nos informa sobre vários aspectos em
relação ao indivíduo.
Um tronco bem desenvolvido já indica um bom desenvolvimento orgânico.
Quando há doenças em órgãos contidos no tórax ou abdome pode haver deformi-
dades correspondentes.
As doenças que afetam os segmentos do tronco podem se assentar em sua
parede, em órgãos contidos em suas cavidades ou na coluna vertebral.
Além disso, o tronco é uma parte do corpo que nos permite acompanhar os
progressos obtidos com um esquema de treinamento físico. Assim sendo, no exame
do tronco observamos o seu desenvolvimento e suas simetrias, através do estudo de
seus comprimentos, diâmetros e perímetros.
Principais medidas
e índices do tronco
Antes de iniciarmos o estudo destas medidas, temos que conhecer os princi-
pais pontos antropométricos do tronco, ou seja, pontos de reparo, utilizados para
se obter as medidas.
Principais pontos antropométricos do tronco
Os principais pontos antropométricos do troncoo (Figs.: 5.12, 5.13 e 5.14):
jugular, xifoideano, umbilical e pubiano (ímpares); acromial, mamilar, ílio-cristal,
ílio-espinhal anterior e troncanterion (pares).
Altura anterior do tronco
Diâmetro bi-acromial
Diâmetro transverso do tórax
Diâmetro sagital do tórax
índice torácico de Godin
Diâmetro bi-crista ilíaca
Diâmetro bi-trocantérico
Perímetro torácico
Coeficiente torácico
Perímetro do abdome
Altura do tórax
Altura total do abdome
Principais medidas do tronco
As principais medidas e índices do tronco estão resumidos na chave seguinte:
Figura 5.12 - Pontos antropométricos do tronco
Figura 5.13 Pontos antropométricos do tronco
Figura 5.14 - Pontos antropometria» do tronco
Localização dos pontos antropométricos do tronco
Os pontos antropométricos do tronco estão situados:
jugular: no centro da incisura jugular do esterno;
xifoideano: no centro da base do processo xifóide do esterno;
umbilical: no centro da cicatriz umbilical;
pubiano: no centro da parte superior da sínfise púbica;
acromial: ponto mais saliente lateralmente, do acrômio da escápula;
mamilar: no centro do mamilo;
ílio-cristal: no local onde a crista ilíaca mais se projeta lateralmente;
ílio espinhal: no local onde a espinha ilíaca ântero-superior mais se projeta
anteriormente;
trocanterion: no ponto onde o trocanter maior do fémur mais se afasta
lateralmente.
Altura anterior do tronco
É a distância em projecão (em linha reta) entre o bordo superior do esterno
(ponto jugular) e o bordo superior da sínfise púbica (ponto pubiano). Mede-se com
o antropômetro estando o indivíduo em. Pode ser decomposta em altura anterior
do tórax e altura total do abdome.
Altura anterior do tórax e sua importância
É a distância em linha reta entre a borda superior do esterno (ponto jugular) e
a borda superior do apêndice xifóide (ponto xifoideano) (Fig. 5.15).
Segundo os estudos de Viola, esta medida permite apreciar o desenvolvimento
do tórax em relação ao abdome.
Figura 5.15 Altura do tórax
Altura total do abdome
É a distância que vai do ponto xifoideano à sínfise púbica (ponto pubiano).
Tanto a altura do tórax como a do abdome, mede-se com o antropômetro ou
compasso de barras e na posição ereta (Fig. 5.16).
Estas medidas quando realizadas na posição deitada sao chamadas compri-
mentos ou distâncias.
Figura 5.16 Altura do abdome
Diâmetro bi-acromial e seus valores médios
É a distância entre os bordos laterais dos acrômios das escápulas, ou pontos
acromiais (Figs. 5.13 e 5.17).
Seus valores médios sâo: 37 a 44 cm no homem e 34 a 38 cm na mulher.
Figura 5.17 Diâmetro bi-acromial
Diâmetros transverso e sagital do tórax e seus valores médios
Para a maioria dos autores, estes diâmetros devem ser medidos entre dois
pontos situados em um plano transversal ao eixo do tórax, passando pela base
do apêndice xifóide, na fase intermediária entre a inspiração e a expiração (Figs.
5.18 e 5.19).
O valor médio do diâmetro transverso no homem é 30 cm e do sagital é 20
cm. Na mulher, eles valem cerca de 2 cm menos.
Diferenças entre estes diâmetros menores que 5 cm ou maiores que 12 cm,
traduzem tórax cilíndrico ou deformado.
índice torácico de Godin
A relação entre os diâmetros torácicos fornece o índice torácico de Godin,
que permite apreciar a forma do tórax:
índice torácico de Godin
Figura 5.18 - Diâmetro transverso
do tórax
Figura 5.19 - Diâmetro sagital do tórax
Diâmetro bi-crista ilíaca e seus valores médios
É a distância em linha reta entre os pontos mais laterais das cristas ilíacas
(ponto ilío-cristal) (Fig. 5.20). Vale, em média, 28 cm no homem e 27 cm na
mulher.
Diâmetro bi-troncantérico e seu valor médio
É a distância máxima, em linha reta, entre os pontos mais laterais dos tro-
canteres maiores dos fémures (trochanterion) (Fig. 5.21).
Vale 32 cm, em média.
Relação entre os diâmetros bi-trocantérico e bi-crista ilíaca
Os diâmetros bi-trocantérico e bi-crista ilíaca estão intimamente ligados.
O bi-trocantérico vale, em média, 3,5 cm mais que o bi-crista ilíaca.
Os estudos de Vague (1953) mostram que, no homem, o diâmetro bi-acromial
e os da pelve (bi-crista ilíaca e bi-trocantérico) desenvolvem-se proporcionalmente,
enquanto na mulher, a partir da puberdade ocorre um aumento progressivamente
maior dos diâmetros da pelve em relação ao bi-acromial.
Figura 5.20 Diâmetro bi-crista
Figura 5.21 Diâmetro bi-trocantérico
A relação entre estes diâmetros permitiria avaliar o grau de feminilidade e
masculinidade do indivíduo. Tanner (1951) propõe, para esse fim, a seguinte fór-
mula:
3 x diâmetro bi-acromial diâmetro bi-crista
Os valores médios para os sexos masculinos e feminino são, respectivamente,
93 ± 5 e 78 ± 5.
Valores acima ou abaixo destes indicariam maior ou menor virilidade ou fe-
minilidade.
Importância dos diâmetros do tronco e instrumentos utilizados para medi-los
Os diâmetros, de modo geral,o importantes para avaliar o desenvolvimen-
to horizontal do corpo no sentido transversal ou ântero-posterior eo obtidos
com os compassos de toque ou de pontas rombas.
Perímetro torácico
É a medida da circunferência do tórax. Pode ser obtido em vários níveis do
tórax. Os mais utilizadoso o perímetro mamilar (ao nível dos mamilos, no
homem) e o perímetro xifoideano (ao nível da articulação xifo-esternal). Este
último geralmente é 3 cm menor que o mamilar (Fig. 5.22).
Figura 5.22 - Perímetro torácico mamilar
Técnica para medir os perímetros torácicos
Os perímetros torácicoso obtidos ao fim de uma expiração normal. Pode-se
também determinar um valor médio realizando duas medidas: uma no fim da ins-
piração e outra no fim da expiração.
Elasticidade torácica
A diferença entre as medidas dos perímetros torácicos depois de uma inspi-
ração profunda e uma expiração forçada fornece a chamada elasticidade torácica.
Coeficiente torácico. Classificação dos indivíduos de acordo com este parâmetro
A medida do perímetro torácico indica o grau de desenvolvimento do tronco.
Brugsh classifica o tórax em estreito, médio e largo, relacionando o perímetro
torácico com a altura, através do coeficiente torácico:
Tórax estreito Coeficiente torácico menor que 51
Tórax médio Coeficiente torácico entre 51 e 56
Tórax largo Coeficiente torácico maior que 56
Alguns fatores que influenciam no valor do perímetro torácico
0 perímetro torácico é geralmente maior no sexo masculino e nos indiví-
duos que praticam esporte, especialmente nos fundistas, arremessadores de peso
e halterofilistas.
Certas doenças diminuem o perímetro torácico enquanto outras como a
asma e o enfisema o aumentam.
Perímetro do abdome. Instrumento utilizado para se obtê-lo
Perímetro do abdome é a medida da circunferência do abdome obtida em um
ponto situado à meia distância entre o rebordo costal e a crista ilíaca.
A medida dos perímetros do tronco é feita com fita métrica.
Utilidade da medida dos perímetros do tronco
O perímetro torácico informa sobre o desenvolvimento do tronco em largura
e sobre o estado nutritivo do indivíduo. Existe geralmente relação diretamente
proporcional entre perímetro torácico e peso.
Os perímetros abdominais indicam o grau de adiposidade que o indivíduo
possui. No adulto, a diferença entre os perímetros torácico e abdominal deve
estar situada em torno de 14 cm. Se esta diferença for maior que 14 cm, indica
estado de magresa e se for menor que esse valor, indica obesidade.
Semi perímetros
Como já vimos, o perímetro é a linha de contorno de uma figura.
Semiperímetro é a metade dessa linha, quando traçada sobre um plano
transversal a um segmento do corpo.
0 objetivo é comparar uma metade do corpo com a outra para deduzir
informações sobre simetrias e assimetrias.
Assim, na cabeça e no tronco as metades direita e esquerdao tidas como
simétricas, externamente. Ao determinar os semiperímetros desses segmentos
corporais, queremos verificar a presença ou ausência de simetria.
o se aplica semiperimetria nos membros, pois no caso destes segmentos,
o importante é verificar a simetria entre um membro e outro eo no mesmo
lado.
Em Educação Física, utilizamos a semiperimetria mais para o tronco e neste,
interessa o estudo dos semiperímetros do tórax, ondeo mais frequentes os pro-
blemas de simetria.
A semiperimetria do tórax visao só detectar assimetrias como também
permite acompanhar a evolução de tratamento dessas mesmas assimetrias com o
uso de ginástica corretiva.
Mede-se os semiperímetros de um lado e de outro do tórax e compara-se
as medidas.
Para medir os semiperímetros utiliza-se o chamado centímetro simétrico de
Rosenthal que nada mais é que uma fita métrica, caracterizada por ter o zero da
escala no centro da fita eo em uma das extremidades (fig. 5.22). A fita é gradua-
da em milímetros a partir do zero, nos dois sentidos das extremidades.
No caso da medida dos semiperímetros do tórax, por exemplo, coloca-se o
zero sobre os processos espinhosos da coluna e tracionamos as extremidades da
fita até junto à linha média na face anterior do esterno, onde fazemos as leituras.
Se as medidas forem iguais dos dois lados, há simetria.
Figura 5.22-a Centímetro simétrico de Rosenthal
Ângulo de Louis ou ângulo do esterno
É o ângulo entre o corpo e o manúbrio do esterno. É bastante obtuso e seu
vértice está voltado anteriormente (fig. 5.23). É facilmente palpado como uma
saliência no osso esterno. Sua importância reside no fato de estar situado ao
nível da união da segunda cartilagem costal com o esterno. Assim, quando que-
remos localizar e saber que costela estamos palpando, por exemplo, é só situar a
segunda, por meio do ângulo de Louis e a seguir percorrer as demais até atingir
a que nos interessa.
Figura 5.23 - Ângulo de Louis, em vista lateral do osso esterno
Angulo de Charpy ou ângulo subcostal
É o ângulo formado pelas cartilagens da décima, nona, oitava e sétima cos-
telas que se unem ao esterno, junto ao processo xifóide (fig. 5.13).
Este ângulo tem importância em Biotipologia para classificar os indivíduos
em somatótipos.
MEDIDAS DOS MEMBROS
INTRODUÇÃO
Os membroso apêndices destinados à locomoção e preensão. Os membros
superioreso também chamados torácicos e os inferiores, abdominais.
Os membros superiores na verdade servemo somente para a preensão e o
tato mas também para manter o equilíbrio do corpo durante a locomoção.
Os membros inferiores sustentam o peso do corpo, tanto em posição está-
tica, quanto durante a locomoção. Daí serem mais desenvolvidos que os superio-
res.
Nos membroso estudados os comprimentos e os perímetros. Antes porém
temos que conhecer seus pontos antropométricos.
Pontos antropométricos dos membros
No membro superior, destacam-se os seguintes pontos antropométricos (fig.
5.24).
Acromial Já descrito no estudo do tronco
Dactilium - É o ponto mais distai do dedo médio
Dobra do punho Situado na parte central da prega que se forma quan-
do o punho é flexionado. Às vezes o número de pregas que se formam é
par. Neste caso, o ponto situa-se entre as duas pregas centrais.
Radial Situado na extremidade proximal do rádio
Stylion - Situa-se no ápice do processo estilóidedo rádio
Figura 5.24 Pontos antropométricos do membro superior
No membro inferior, destacarn-se os seguintes pontos antropométricos (fig.
5.25).
Mio-espinhal anterior- Já descrito no estudo do tronco
Pubiano Já descrito no estudo do tronco
Tibial Ponto mais medial da linha interarticular do joelho
Maleolar Situa-se no maléolo medial
Figura 5.25 Pontos antropométricos
do membro inferior
Principais medidas e índices dos membros
A chave seguinte resume as principais medidas e índices dos membros:
Medidas e
índices dos
membros
Comprimento do membro superior
índice do comprimento do membro superior
Comprimento do braço
índice do comprimento do braço
Comprimento do antebraço
índice do comprimento do antebraço
Comprimento do membro inferior
índice do comprimento do membro inferior
Comprimento da coxa
índice do comprimento da coxa
Comprimento da perna
índice do comprimento da perna
Perímetros do braço, antebraço eo
Perímetros da coxa, perna e pé
índice ósseo.
Comprimento do membro superior
É a distância entre o ponto acromial e o dactilium, em linha reta, estando o
indivíduo em, na posição fundamental (fig. 5.26). O membro superior direito
é mais comprido que o esquerdo em mais ou menos 1cm.
Figura 5.26 - Cumprimento do
membro superior
índice do comprimento do membro superior
Relacionando esta medida com a altura, obtém-se o índice do comprimento
do membro superior que é dado pela fórmula:
Classificação dos indivíduos através do índice do comprimento do membro superior
Através deste índice, classificam-se os indivíduos em:
Membro superior curto até 44,9
Membro superior médio de 45 a 46,9
Membro superior longo maior que 47
Na raça negra, predomina o membro superior longo, enquanto nas raças
branca e amarela, o membro superior curto.
No sexo feminino, em geral, o comprimento do membro superior é 1cm
menor que no masculino.
Comprimento do braço
O comprimento do braço ó a distância em projeção entre os pontos acromial
e radial (fig. 5.27)
O índice do comprimento do braço é obtido, utilizando a fórmula:
De acordo com este índice, classificam-se os indivíduos em:
Braço curto até 18,9
Braço médio de 19 a 19,9
Braço longo maior que 19,9
Figura 5.27 - Comprimento do braço
Comprimento do membro inferior
É a distância em linha reta, que vai do bordo superior da cabeça do fémur,
até um plano que passa pela planta do. Esta medidab pode ser obtida direta-
mente pois o bordo superior da cabeça do fémuro é acessível. Por esse motivo,
utilizam-se pontos de reparo que fornecem a medida aproximada do comprimento
do membro inferior.
Estes pontos de reparo são: a espinha ilíaca ântero-superior e o bordo supe-
rior da sínfise púbica.
O primeiro ponto está situado em média 4 cm acima da linha interarticular
ílio-femoral no homem e 3,5 cm, na mulher, enquanto que o bordo superior da
sínfise púbica encontra-se, em média, 3,5 cm abaixo daquela linha (fig. 5.29)
Figura 5.29 Pontos de reparo para medir o comprimento do membro inferior
Pode-se então obter o comprimento do membro inferior indiretamente,
medindo a distância de um destes pontos ao plano do solo e fazendo-se os descon-
tos necessários (fig. 5.30)
Do mesmo modo que para o membro superior, pode-se obter o índice do
comprimento do membro inferior; para isso, utiliza-se a fórmula:
índice do comprimento
do membro inferior
Através deste índice, classificamos os indivíduos em:
Membro inferior curto até 54,9
Membro inferior médio de 55,0 a 56,9
Membro inferior longo acima de 57
Comprimento da coxa
É a distância em projecão entre os pontos ílio-espinhal anterior e o tibial
(fig. 5.31).
O índice de comprimento da coxa é obtido pela fórmula:
De acordo com este índice, classificam-se os indivíduos em:
Coxa curta até 28,9
Coxa média de 29,0 a 29,9
Coxa longa acima de 29,9
Figura 5.30 - Comprimento
do membro inferior
Figura 5.31 - Comprimento
da coxa
Comprimento da perna
É a distância em linha reta entre os pontos tibial e maleolar (fig. 5.32).
Obtém-se o índice do comprimento da perna, através da fórmula:
índice do comprimento
da perna
Classificamos os indivíduos de acordo com este índice, em:
Perna curta até 21,9
Perna média de 22,0 a 23,9
Perna longa acima de 23,9
Figura 5.32 Comprimento
da perna
Comprimento do pé
É a distância entre o ponto mais posterior do calcanhar e a extremidade
distai do primeiro ou segundo dedo (o que for mais longo).
Obtemos o índice do comprimento do pé através da fórmula:
Os comprimentos dos membros e seus segmentoso importantes para se
estudar suas simetrias.
Os comprimentos dos membroso obtidos com o uso do antropômetro, e de
preferência no lado esquerdo.
Perímetros dos membros
Podem ser obtidos medindo-se nas partes moles ou nas partes ósseas, segundo
a finalidade. Nas partes moles, mede-se no braço, antebraço, mão, coxa, perna e
pé (Fig. 5.33). Os perímetros ósseos sao medidos ao nível do cotovelo, do punho,
do joelho e do tornozelo.
Figura 5.33 - Perimetro do braço
índice ósseo e classificação dos indivíduos através deste índice
Este índice é dado pela fórmula:
Através deste índice, os indivíduoso classificados em:
Ossatura fraca menor que 43
Ossatura média entre 43,5 e 46
Ossatura forte maior que 46
Utilidade da medida dos perímetros dos membros
A medida dos perímetros dos membros permite apreciar seu desenvolvimento
como um todo bem como o desenvolvimento ósseo dos membros. Dá uma ideia
também do estado de nutrição e do desenvolvimento muscular.
Os perímetros dos membroso obtidos com a fita métrica. Devem ser colhi-
dos tanto de um lado como do outro, havendo geralmente, pequena diferença
entre ambos os lados (0,5 a 1,5 cm). Os músculos ficam relaxados.
Para medida das partes moles, o perímetro do braço mede-se ao nível da
extremidade distai do músculo deltóide: no antebraço, mede-se ao nível do seu
terço proximal, onde as massas musculares apresentam maior volume e na mão,
na sua parte mais larga, com os dedos unidos exceto o polegar.
Na coxa, mede-se ao nível da raiz deste segmento, em um plano que passa
junto à prega glútea; o perímetro da perna é medido ao nível da sua porção mais
volumosa; e no, mede-se na sua parte mais larga.
Godin verificou que sempre que o perímetro é maior em um lado, no membro
superior, no membro inferior ele será maior do outro lado e vice-versa. Esta é a lei
das assimetrias compensadoras, de Godin.
Os perímetros ósseoso medidos ao nível das articulações, como já vimos.
Ângulos articulares dos membros
O ângulo articular é o ângulo formado pelos ossos, na articulação.
A amplitude de movimento de uma articulação pode estar diminuída por
vários motivos, entre os quais, uma imobilidade prolongada, por exemplo.
Em tratamento de fraturas, por exemplo, as articulações ficam imobilizadas
por certo tempo. Retirado o gesso, às vezes a amplitude de movimento das articula-
ções pode estar diminuída, o que requer tratamento. Este pode ser acompanhado,
através da medida da amplitude de movimento. Os aparelhos utilizados para se
medir ângulos articulareso os goniómetros (fig. 5.34)
Figura 5.35 Medida dos ângulos
articulares do ombro (a) e do
cotovelo (b)
Figura 5.34 Tipos de goniómetro
O goniómetro é basicamente um transferidor em cujo centro està"o unidos
dois braços ou alavancas. Geralmente apenas um dos braços é móvel. O transferidor
é graduado de um em um grau (f ig. 5.35).
A figura 5.36 é o registro gráfico das modificações da amplitude de movi-
mento da articulação interfalângica proximal durante um período de quatro sema-
nas, antes e depois de aplicado tratamento com fisioterapia.
Figura 5.36 Gráfico da amplitude da articulação
interfalángica proximal em 4 semanas
de registro
CAPITULO VI
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRITIVO:
MEDIDA DA ESPESSURA DE PREGAS CUTÂNEAS E PESO
INTRODUÇÃO
A saúde e o desenvolvimento do indivíduoo muito importantes, especial-
mente na época do crescimento. Um dos principais fatores que prejudicam o pro-
cesso normal de crescimento é a deficiência nutritiva.
O professor de educação física pode e tem condições de detectar casos de
má nutrição e encaminhá-los para o médico.
Conceito de nutrição
Nutrição pode ser considerado como o processo pelo qual as células do
corpo usam o alimento ingerido para construir, manter ou reparar os tecidos,
regular a atividade corporal e permitir o trabalho do corpo.
Quando há uma boa nutrição, todos os processos envolvidos na cadeia estão
em equilíbrio: há oferta suficiente de alimento, a digestão ocorre perfeitamente
bem e as células do corpo estão usando de modo satisfatório esses alimentos.
A nutrição é pobre quando algum elemento desta cadeiao está funcio-
nando a contento: a criança pode estar ingerindo alimento em quantidade insufi-
ciente ou o alimento pode ser deficiente em determinadas substâncias (vitaminas,
proteínas, etc). É possível também que a quantidade e a qualidade sejam suficien-
tes mas os tecidos do corpoo conseguem absorver ou aproveitar os elementos
por alguma deficiência orgânica ou metabólica. É claro que qualquer um destes
processos vai influenciar na altura, peso, força muscular e outros aspectos da
criança.
A criança mal nutrida tem fadiga crónica, força muscular diminuída, dentes
cariados, e habilidades motoras retardadas, para considerar apenas alguns aspectos.
É dever do professor de Educação Física saber avaliar o estado nutritivo de uma
criança e encaminhá-la para o setor médico responsável para que um tratamento
possa ser providenciado.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRITIVO
O estado nutritivo pode ser avaliado simplesmente pela observação da crian-
ça, ou seja, subjetivãmente.
Peso e alutra em torno da média, músculos firmes, pele corada, olhos claros
boa postura e bom apetiteo alguns dos sinais de boa nutrição. Ao contrário,
corpo pouco desenvolvido, magro, músculos frágeis, pele flácida, pouco animado,
com cansaço facial e irritação fácil,o indícios de má nutrição.
Entretanto, para eliminar erros que sempre ocorrem em avaliações subjetivas,
foram criados meios objetivos de julgar o estado nutritivo.
Tabelas de estatura-peso idade e tabelas de largura-peso
Estas tabelas foram construídas a partir da avaliação de um grande número
de indivíduos.
0 uso das tabelas idade-estrutura-peso apresenta desvantagens:o leva em
conta a constituição corporal; é construída a partir de uma média, a qual, nem
sempre é representativa para aquele caso específico.
As tabelas de largura-peso (Pryor, 1940), sugerem que se pode avaliar o estado
nutritivo utilizandoo só o peso e a estatura mas também outras medidas como os
diâmetros bi-crista ilíaca e o transverso do tórax.
Assim, foram construídas tabelas relacionando idade, estatura, sexo, peso e
as medidas acima relacionadas.
Deste modo, para saber se o peso de uma determinada criança está dentro dos
padrões normais, basta compará-lo com os valores indicados nas tabelas, levando
em conta as várias medidas efetuadas.
Alguns autores propõe a determinação da porcentagem de gordura corporal
através de cálculos usando fórmulas em que entram a densidade, a massa e o volume
do corpo. Estes dadoso obtidos por métodos especiais.
Entretanto, o meio mais fácil e prático de se avaliar o estado nutritivo
é medindo o tecido adiposo através da medida das pregas cutâneas, pois o tecido
adiposo subcutâneo, como se sabe, constitui aproximadamente metade de todo o
estoque adiposo do corpo.
MEDIDA DA ESPESSURA DE PREGAS CUTÂNEAS
Importância da medida da espessura de pregas cutâneas.
Esta medida permite avaliar o grau de adiposidade do indivíduo, e portanto
seu estado nutritivo.
Técnica de medida da espessura de pregas cutâneas
Para medir a espessura da prega cutânea, utiliza-se um compasso especial que
exerce pressão fixa sobre a pele, permitindo assim, uma medida sempre precisa.
Um dos mais conhecidos é o compasso de Lauge (fig. 6.1).
Figura 6.1 - Compasso de Lange, para medida
das pregas cutâneas
Os locais do corpo escolhidos para se efetuar as medidaso o dorso do
braço, a região infra-escapular, região anterior da coxa, tórax e abdome (fig.6.2).
Toma-se entre os dedos polegar e indicador uma dobra de tecido subcutâneo
e mede-se sua espessura com o compasso. Em adulto, a medida vale cerca de 1cm,
em média.
Pode-se também medir a espessura do tecido subcutâneo, através de chapas
radiográficas.
Além da medida da espessura de pregas cutâneas, uma das medidas mais utili-
zadas para avaliar o estado de nutrição é o peso, cujo estudo será feito a seguir.
PESO
Definição de peso
O peso é resultante das forças exercidas pela gravidade sobre o corpo. Geral-
mente é interpretado, para efeitos práticos, como sendo igual à massa.
Figura 6.2 Locais mais usados para
medir a espessura da prega cutânea
a dorso do braço
b Região infra-escapular
c Regiáo lateral do abdome
d - Coxa
e Região anterior do abdome
Elementos constituintes do peso
A tabela seguinte mostra os elementos constituintes do peso e suas percenta-
gens:
Tecido subcutâneo,
gordura e água 17%
Músculos 50%
Esqueleto, vísceras,
sistema nervoso e pele 33%
Como se observa, a maior parte do peso é representada pelos músculos. Esta
parte se modifica por exercícios físicos, condições de saúde e hábitos de vida.
A parte do peso representada pelo tecido subcutâneo, gordura e água também
é muito variável, sob várias condições. Finalmente, há uma parte fixa que corres-
ponde às vísceras, esqueleto, sistema nervoso e pele.
Fatores de variação do peso
Diversos fatores influenciam no valor do peso; os mais importantes sío:
hora do dia, o crescimento e a prática desportiva.
a) Variação do peso com a hora do dia - Pela manhã, o peso é menor devi-
do ao fato do estômago, intestinos e bexiga estarem vazios, ao passo que à noite,
o peso é maior. Esta diferença entre o peso pela manhã e à noite pode atingir até
2 quilogramas.
b) Variação do peso com o crescimento Durante a fase de crescimento, o
peso aumenta cerca de 2 quilogramas por ano de idade, depois dos 2 anos.
c) Variação do peso com a prática de esportes Esta é fator de redução de
peso, devido à perda de líquidos, através da respiração e sudorese. Nestes casos,.
deve-se acompanhar a redução de peso, através de verificações periódicas.
Cálculo do peso ideal, segundo Broca
Segundo Broca, o peso ideal seria dado pela fórmula:
P = A (cm) - 100,
sendo: A = altura em centímetros.
Broca considera como valores normais os que se colocam para mais 10 ou
menos 10 do peso ideal calculado.
Fatores que determinam o peso
Podemos considerar fatores internos e externos. Entre os primeiros, desta-
cam-se:a hereditariedade, constituição neuro-endócrina e patologias.
Entre os fatores externos, os mais importanteso a alimentação e a ativida-
de física.
Utilidade da medida de peso
O peso tem grande importância como medida biométrica por sua fácil obten-
ção e por indicar o estado de nutrição e de saúde do indivíduo.
Em seleção desportiva, o peso é uma medida utilizada para orientar o indiví-
duo para um determinado tipo de esporte. Pessoas de peso elevadoo indicadas
para esportes que requerem resistência e força, enquanto os de peso baixo podem
praticar esportes como corridas de fundo.
Técnica da medida de peso
Dois tipos principais de balançao utilizados para medir o peso, sendo o
resultado dado em quilogramas: a de alavanca e a de mola. A balança de alavanca
é preferida à de mola pois com o passar do tempo, esta tem sua precisão diminuída.
CAPITULO VII
MEDIDA DA CAPACIDADE VITAL E CARDIOCIRCULATÓRIA .
FORÇA MUSCULAR
CONCEITO DE MEDIDAS BIOMÉTRICAS FUNCIONAIS
Medidas biométricas funcionaiso medidas que permitem avaliar o estado
fisiológico de alguns sistemas do corpo. Estudaremos as seguintes: capacidade
cardio-circulatória, capacidade vital e forca muscular.
MEDIDA DA CAPACIDADE CÁRDIO-CIRCULATÓRIA
Veremos apenas uma noção sumária sobre a medida da capacidade cárdio-
circulatória.
A medida da capacidade cárdio-circulatória é feita submetendo-se o indiví-
duo às chamadas provas de esforço.
Existem vários tipos de provas de esforço, mas todas baseiam-se em que o
sistema muscular, ao realizar um trabalho intenso e rápido, o coração deve res-
ponder prontamente. Se o coração e os pulmões estão funcionando à contento,
suprem perfeitamente de oxigénio os músculos durante o esforço. Além disso,
cessando o trabalho, o pulso e a pressão sanguínea devem voltar rapidamente aos
níveis de repouso, no indivíduo normal.
Vejamos inicialmente algumas características fisiológicas do sistema cardio-
vascular.
Volume minuto. Volume sistólico.
O volume minuto é a quantidade de sangue bombeada por minuto e o volume
sistólico é o volume ejetado em cada batida do coração.
O volume sistólico em repouso, de um atleta, geralmente é maior que o de
um indivíduoo treinado, porque o coração do atleta é mais forte, devido ao
treinamento que fortaleceo só a musculatura esquelética, como também a
cardíaca.
Frequência do pulso
Um indivíduo jovem tem em média, em repouso, uma frequência do pulso
de 64 batimentos por minuto, estando entre 38 e 110, os limites. Entretanto, os
valores da frequência do pulso variam com muitos fatores, tais como: idade, alimen-
tação, hora do dia, e atividade física. Em um atleta treinado, a frequência do pulso
pode ser 20 ou 30 batimentos mais baixa que uma pessoao treinada. Pode ser
que na pessoa treinada o volume ejetado a cada batimento seja maior que numa
o treinada.
Quando um indivíduo é submetido a um trabalho, a frequência do pulso vai
aumentando à medida que a intensidade do esforço é maior. Terminado o trabalho,
a frequência do pulso volta ao estado inicial e o tempo que leva para que isto ocorra
depende do esforço realizado, bem como do estado físico da pessoa. Quanto mais
preparado fisicamente, menor tempo leva para voltar a atingir a frequência de
repouso.
Respiração
O sistema circulatório está funcionalmente ligado ao respiratório, pois é nos
pulmões que ocorrem as trocas gasosas e o oxigénio é absorvido e eliminado os
carbónico. A eficiência dos músculos vai depender do oxigénio que chega até eles.
No indivíduo treinado, aumenta a expansão do tórax e a profundidade res-
piratória. Além disso, no treinado há uma melhor ventilação, com mais economia.
Assim, durante um esforço físico, há um melhor aproveitamento de oxigénio,
sem um aumentoo grande da respiração. Por último, sabe-se que os músculos
respiratórios, na pessoa treinada, se desenvolvem mais e quando há um esforço,
o ocorre tanto desconforto ao respirar mais fortemente, como ocorre noso
treinados.
Pressão sangú ínea
Quando necessária, a tomada da pressão sanguínea deve ser feita com o in-
divíduo sentado confortavelmente ou deitado .A pressão é medida no braço.
A pressão sanguínea é a pressão exercida pelo sangue sobre as paredes dos
vasos. A pressão máxima é a pressão do sangue durante a sístole ventricular esquer-
da e a pressão mínima, é obtida quando ela diminui ao máximo entre os batimentos.
Para se medir a pressão sistólica (máxima), insufla-se o ar no manguito colo-
cado em posição no braço e ouvindo com o estetoscópio. Depois solta-se lenta-
mente o ar; quando se ouvir o som do batimento cardíaco nitidamente, esta é a
pressão máxima, lida no manómetro.
À medida que a pressão vai dímuindo, porque o ar vai saindo, chega um
momento em queo se ouve mais o batimento. Esta é registrada como pressão
diastólica (mínima).
Avaliação do sistema cardiovascular
Nesta avaliação, geralmente utiliza-se medir variáveis como a pressão san-
guínea e a frequência do pulso sob diferentes condições. Vários cuidados devem
ser tomados pois muitos fatores podem afetar os resultados.
É necessário pois submeter o coração do indivíduo a uma prova de esforço
para se ter uma avaliação de seu desempenho funcional. Só assim poderemos opinar
sobre sua aptidão à atividade física.
0 uso dos testes que medem a capacidade cardiocirculatória em Educação
Física é limitado. Mas eles podem ajudar a detectar indivíduos com aptidão física
muito baixa. Estes indivíduos deverão ser encaminhados para o médico competen-
te.
A seguir serão analisados alguns testes que medem a capacidade cardiocircula-
tória.
Prova de Flack
Esta prova é feita utilizando um tubo de vidro, com mercúrio; de um lado
há uma conexão com um bocal, onde o indivíduo assopra, procurando fazer com
que o mercúrio atinja um desnível de 40 mm, e suportando até os limites de suas
possibilidades.
Durante a prova, examina-se o pulso do indivíduo. As modificações do pulso
(ritmo cardíaco) e o tempo que o indivíduo consegue atingir permitem avaliar
o desempenho cardíaco.
Prova do banco (Step test)
Durante um período de 5 minutos, o indivíduo sobe em um banco de 50,8
cm de altura a cada 2 segundos. Mede-se o pulso 1 minuto, 2 minutos e 3 minutos
após o término da prova. Aplica-se, a seguir, os valores obtidos em uma fórmula
conveniente, obtendo-se resultados que indicam a aptidão física do indivíduo. A
prova é cansativa e deve ser feita somente em indivíduos previamente examinados
pelo médico.
Teste de Lian
O indivíduo faz 30 flexões em 1 minuto. Imediatamente mede-se o pulso.
Quando este volta aos valores iniciais de antes do teste em menos de 2 minutos,
o resultado é considerado bom.
Prova de Pachon-Martinet
Consiste na execução de 20 flexões em 40 segundos. Mede-se a frequência
do pulso e a pressão arterial antes e depois da prova, de minuto em minuto, até
que volte aos valores iniciais. Normalmente, isto ocorre aos 2 ou 3 minutos após
o término do teste.
MEDIDA DA CAPACIDADE VITAL
Conceito de capacidade vital
É a quantidade máxima de ar que uma pessoa pode expulsar após uma ins-
piração máxima.
Figura 11*1 -A Espirômetro
em corte esquemático
Depende basicamente dos músculos envolvidos na respiração (inspiração e
expiração) e do volume máximo dos territórios dos pulmões.
O volume corrente é o volume de ar inspirado e expirado durante a respira-
ção. Em outras palavras, é o volume de ar que entra nos pulmões na inspiração.
Realizando uma inspiração forçada, temos a reserva inspiratória e ao realizar uma
expiração forçada, tem-se a reserva expiratória. A capacidade vital é a soma dos
volumes corrente, de reserva inspiratória e de reserva expiratória.
Aparelho utilizado para se medir a capacidade vital
É o espirômetro. Insufla-se ar no aparelho, que desloca um sistema graduado,
o qual permite medir a quantidade de ar insuflado. A prova é denominada espiro-
metria (figs. 11.1, 11.2).
Utilidade da medida da capacidade vital
Através da espirometria pode-se detectar insuficiências respiratórias e acom-
panhar progressos em reeducação respiratória.
Nas doenças pulmonares, por exemplo, há alteração do traçado normal de
uma espirometria. A figura 11.2 mostra um traçado de uma prova de capacidade
vital de um indivíduo com enfisema. O indivíduo começa a expirar no ponto 2; no
ponto 2 (primeiro segundo de prova) ele deveria expirar, se fosse normal, 70 a
80% da sua capacidade vital mas na realidade o gráfico mostra que ele expele
somente 40% desta capacidade.
Figura 11-1-B -
Componenetes
da capacidade vital
Figura 11.1 .C Espirometria
A capacidade vital pode ser melhorada com técnica respiratória adequada,
quando o indivíduo respira com má técnica.
Nà"o se pode, entretanto, considerar como incapaz um indivíduo que tenha
uma capacidade vital pequena, bem comoo se pode dizer que um atleta com
capacidade vital elevada terá ótimos resultados físicos.
Fatores que influenciam no valor da capacidade vital
Os principais são: sexo, idade, altura e desenvolvimento físico, tipo consti-
tucional e exercícios físicos.
Comportamento da capacidade vital nos sexos
A capacidade vital nos homens é cerca de 800 ml maior que a das mulheres,
para uma mesma idade e altura.
Variação da capacidade vital com a idade
Durante o crescimento do indivíduo, a capacidade vital aumenta. No adulto
que pratica exercícios adequados, a capacidade vital aumenta até 40 anos. Nos que
levam vida sedentária, ao contrário, diminui.
Variação da capacidade vital com a altura
Quanto mais desenvolvido for o indivíduo, maior será sua capacidade vital.
A capacidade vital depende das dimensões da caixa torácica. Nos indivíduos bem
desenvolvidos e de grande altura têm-se também um maior desenvolvimento da
caixa torácica.
Figura 11.2 Capacidade vital de
um indivíduo com enfisema
Relacionamento entre capacidade vital e tipo constitucional
A capacidade vital nos brevilíneos é menor que a dos longilíneos, poism
o tórax mais curto e suas costelasm menor mobilidade que a dos longilíneos.
Por este motivo, há diferenças nas raças.
Exercícios físicos e a capacidade vital
A ginástica e os exercícios só melhoram a capacidade vital nos indivíduos
que apresentam técnica respiratória errada.
Técnica de medida da capacidade vital
Deve-se observar os seguintes aspectos, ao se medir a capacidade vital:
a) Posição: deve ser medida com a pessoa em.
b) Realização da prova: com o estômago vazio, roupas folgadas e deve ser
bem explicado ao examinando o modo de se realizar a prova.
MEDIDA DA FORÇA MUSCULAR
A medida da força muscular é uma das mais importantes para se avaliar a
aptidão física do indivíduo. Além disso, todo atleta sabe que a força muscular
quando desenvolvida melhora a aparência e o físico, permite melhor desempenho
em provas específicas e ajuda a evitar certas deficiências ortopédicas.
A aquisição de um corpo bem modelado é aspiração natural de jovens mas-
culinos e femininos.
O desenvolvimento da força muscular melhora a velocidade do indivíduo.
dá maior potência para saídas mais rápidas e permite melhor desempenho em
quase todos os esportes.
A medida da força muscular pode ser um bom indicador da aptidão física
geral pois é uma medida bastante obejtiva, e é influenciada por vários fatores
entre quais processos patológicos.
Conceito da medida da força muscular
Consiste na medida da força máxima de determinados grupos musculares. A
medida chama-sedinamometria.
Aparelho utilizado em dinamometria
É o dinamômetro. Baseia-se no fato que a força muscular aplicada ao aparelho
deforma uma mola, deslocando um ponteiro que corre em uma escala graduada
(fig. 11.3)
Grupos musculares que podem ser explorados através da dinamometria
o os seguintes:
a. Músculos flexores dos dedos (força de preensáb) (fig. 11.3)
b. Músculos do braço e da região escapular (força de traçâb horizontal).
c. Músculos do dorso (força de traçâo vertical) (fig. 11.4).
Valores médios no homem adulto
Força de preensão dao 40 a 60 kgf
Força de traçâb horizontal 30 a 40 kgf
Força de traçâo vertical 130 a 150 kgf
A mulher possui valores entre 50 a 60% dos masculinos.
Fatores que influenciam na medida da força muscular
b os seguintes: sexo, idade e exercícios físicos.
Sexo e medida da força muscular
No adulto, os músculoso mais desenvolvidos no homem que na mulher. Até
a puberdade, porém, as diferençaso pequenas, neste aspecto.
Na puberdade e após esse período, há uma maior atividade física nos meninos
e entram em açâo também os hormônios masculinos, aumentando o rendimento
muscular.
Idade e a medida da força muscular
A força muscular aumenta a partir da puberdade, atingindo valores máximos
enter 25 e 35 anos.
Figura 11.3 Medida da força de
preensão
Figura 11.4 - Medida da força
detraçfo
Influência dos exercícios físicos na medida da força muscular
Aumentam a força muscular. Através de treinamento, pode-se fazer com que
os músculos de um indivíduo atinjam a força máxima de queo capazes, em 10
meses.
Importância da dinamometria
A dinamometria permite:
a. Comparar forças musculares de indivíduos diferentes, e
b. Acompanhar variações da força muscular durante treinamento.
CAPITULO VIII
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO
Neste capítulo estudaremos os conceitos de crescimento e maturação; as
fases do crescimento, as características de cada fase e os conceitos de idade cro-
nológica e idade fisiológica.
CONCEITOS DE CRESCIMENTO E MATURAÇÃO
Diferença entre crescimento e maturação
Durante o desenvolvimento do ser humano, pode-se distinguir dois processos
diferentes entre si, embora intimamente interligados: crescimento propriamente
dito e maturação.
Crescimento propriamente dito é representado pelas mudanças progressivas
das várias medidas do corpo, com o passar da idade. É pois um processo quantita-
tivo. Está intimamente ligado à nutrição.
A maturação compreende as mudanças na estrutura e composição do corpo,
que ocorrem, durante o desenvolvimento. É pois um processo quantitativo.o
exemplos: as dentições, os processos de ossificação e as mudanças que ocorrem na
puberdade.
Métodos de estudo do crescimento
Existem dois métodos biométricos para se analisar o crescimento:o transver-
sal e o longitudinal.
O método transversal consiste em tomar medidas em crianças de diferentes
idades e daí estabelecer valores médios para cada idade. Há o inconveniente de
o se levar em conta as diferenças individuais no ritmo de crescimento.
No método longitudinal, acompanha-se um grupo de crianças durante seu
crescimento, observando e anotando as caracterísitcas que surgem. O inconvenien-
te é a dificuldade de seguir o mesmo grupo de crianças durante um tempo mais ou
menos longo.
ASPECTOS GERAIS DO CRESCIMENTO
Velocidade de crescimento
A velocidade do crescimento é maior no início da via pós-natal, diminuindo
até os quatro ou cinco anos (Tanner, 1964).
O aumento da altura do indivíduo se deve ao aumento do comprimento dos
membros inferiores, antes da puberdade e ao aumento da altura tronco-cefálica,
durante e após essa fase (Godin, 1935).
Crescimento dos órgãos
Os órgãos do corpo crescem, em sua maioria, rapidamente durante os pri-
meiros anos de vida e lentamente na puberdade.
Os órgãos genitais, ao contrário, crescem pouco até a puberdade, quando
então, desenvolvem-se rapidamente.
FASES DO CRESCIMENTO
Embora o crescimento seja um processo contínuo, costuma-se dividi-lo em
fases caracterizadas por alguns fenómenos mais evidentes em cada fase. Entretan-
to, há variação no número e nomenclatura das fases do crescimento, segundo os
autores, como mostra a tabela seguinte:
Autor
Fases
Idades
Penna Crescimento intra-uterino Fertilização até o nascimento
(1962) Primeira Infância Nascimento aos 2 anos
Segunda Infância Dos 3 aos 10 anos
Adolescência Dos 10 aos 20 anos
Meninos Meninas
Claparède Primeira Infância Nascimento aos 7 anos Até 6—7 anos
(1940) Segunda Infância 7 aos 12 anos 7 aos 10 anos
Adolescência 12 aos 15 anos 10 aos 13 anos
Puberdade 15 aos 16 anos 13 aos 14 anos
Vandervael Pequena Infância Nascimento aos 2 anos e meio
Média Infância 2 anos e meio aos 6 anos
Grande Infância 7 aos 12 anos
Adolescência 11 aos 16—18 anos
Juventude 16—18 anos aos 21—23 anos
A seguir serão descritos os fenómenos principais que caracterizam cada fase
do crescimento tomando por base, as fases de Vandervael.
Fenómenos que caracterizam a pequena infância
Compreendendo o período que vai do nascimento aos dois anos e meio, o
fenómeno característico desta fase é o aumento da altura (quase 50%) e do peso.
A cabeça é grande, o tórax é cilíndrico e a coluna vertebral apresenta apenas uma
curvatura, de convexidade posterior. Os membroso curtos.
Características da média infância
Estende-se dos dois anos e meio aos 6 anos. Nesta fase, as medidas da cabeça
e do tronco continuam a predominar sobre as dos membros, proporcionalmente.
Aspectos que caracterizam a grande infância
Vai dos 7 aos 10-11 anos. O tronco adquire, nesta fase, a forma oval, deixan-
do pois de ser cilíndrico. A altura aumenta devido, principalmente, ao maior cres-
cimento dos membros inferiores. O pescoço se alonga e fica delgado. O tórax
tende cada vez mais a acentuar a forma ovalada.
Fenómenos que caracterizam a adolescência
Esta fase, que corresponde ao surto pubertário, começa e termina antes nas
meninas. Por esse motivo, as meninas crescem mais que os meninos no início desta
fase mas, depois,o alcançadas e ultrapassadas. O aumento da altura deve-se mais
ao crescimento do tronco que dos membros inferiores.
A força muscular aumenta especialmente no sexo masculino devido a hormô-
nios próprios, o que aumenta suas possibilidades atléticas.
Acentuam-se as diferenças de forma: nos meninos alargam-se as espáduas e
nas meninas, os diâmetros da pelve.
A capacidade vital aumenta nos meninos.
Na área genital, ocorre, nos meninos, aumento dos testículos, aparecimento
dos pelos pubianos e axilares, crescimento do pênis, secreção de hormônios sexuais
pelas células testiculares e aparecimento de barba. A voz passa a ser mais grave.
Nas meninas, crescem as mamas, aparecem os pelos pubianos e ocorre a
menarca (primeira menstruação).
Existe grande variação quanto à data de início destes fenómenos, o mesmo
ocorrendo com o seu término.
Aspectos que caracterizam a fase da juventude
Estende-se desde os 16—18 anos até o início da idade adulta. A altura cresce
cada vez mais lentamente. Assinala o início da idade adulta.
IDADE CRONOLÓGICA E IDADE FISIOLÓGICA
Conceitos da idade cronológica a idade fisiológica
A observação mostra que duas crianças do mesmo sexo e mesma idade cro-
nológica (igual número de anos vividos) podem apresentar grandes diferenças mor-
fológicas em relação ao estágio de desenvolvimento.
Assim, entre três meninos de 14 anos, por exemplo, podemos encontrar um
que é menor, com sistema muscular pouco desenvolvido, assemelhando-se a um
menino de menor idade; outro tem bom desenvolvimento físico, músculos bem
desenvolvidos, órgãos genitais como os de um adulto; o outro menino pode estar
em uma fase intermediária entre os dois anteriormente citados. Portanto, os três
meninos tem a mesma idade mas encontram-se em diferentes estágios de desenvol-
vimento, morfológico, fisiológico e mental.
Por esse motivo, Tanner (1964) considera o que se denomina idade fisioló-
gica, a qual se baseia nos seguintes critérios: idade óssea, idade de erupção dos
dentes, algumas medidas biométricas e as características sexuais secundárias.
Desenvolvimento dos ossos
Os vários centros de ossificação dos ossos do esqueleto aparecem em idades
constantes e podem servir pois como critério para se determinar o grau de desen-
volvimento em que se encontra o indivíduo. Estes centros podem ser detectados
através de radiografias. Existem tabelas que mostram a idade de aparecimento de
cada centro de ossificação de cada osso.
A idade óssea nas meninas é geralmente mais avançada que a dos meninos,
desde a vida fetal. Na puberdade, há um adiantamento de 2 anos mais ou menos.
Idade de erupção dos dentes
O aparecimento dos chamados dentes de leite se faz de modo constante, entre
6 meses e dois anos e meio. Conta-se os dentes que já fizeram erupção e compara-se
com tabelas, o que dará ideia do grau de desenvolvimento.
Medidas biométricas
Algumas medidas como o peso e a altura podem ser utilizadas como critério
para determinar a idade fisiológica. Toma-se as medidas queo depois comparadas
com as constantes da tabelas.
Características sexuais secundárias
O grau de desenvolvimento dos órgãos genitais, a época do aparecimento de
pelos, barba, mamas e menarca que surgem na puberdade podem também ser usados
como meios de determinar a idade do indivíduo, dentro de certos limites de varia-
ção, pois estes fenómenos, com frequência, aparecem em épocas constantes, nesta
fase.
CRESCIMENTO DO CORPO COMO UM TODO
Peso
O peso do recém-nascido é milhares e milhares de vezes maior que o ovo mas
o peso do adulto é apenas 20 vezes o do recém-nascido. As fases em que o peso
aumenta maiso na vida fetal e na adolescência.
Ao nascer a criança pesa em média 3,5kg. Nos primeiros dias após o nascimen-
to, a criança perde 5 a 6%do peso inicial devido a uma ingestão menor de líquidos.
Em mais ou menos 8 dias porém, recupera esse peso.
No final do 19 ano de vida o peso triplica e no segundo ano quadruplica.
Durante a infância e meninice, as meninas pesam menos que os meninos mas
na puberdade pesam mais. Depois de 3 anos na adolescência os rapazes voltam a
pesar mais.
Altura
A altura aumenta cerca de 3 vezes e meia desde o nascimento até a idade
adulta.
O comprimento da criança duplica aos 4 anos. Durante a meninice, a criança
cresce pouco. Na puberdade há um surto de crescimento rápido que começa e ter-
mina antes nas meninas.
A moça para de crescer geralmente aos 18 anos e o rapaz, aos 20 anos.
CRESCIMENTO DAS PARTES DO CORPO
Cabeça
Ao nascer, o perímetro cefálico médio é 35 cm. Aos três anos passa para
50 cm. Até a idade adulta cresce apenas mais 5 cm.
O crescimento do crânio é importante pois está relacionado ao crescimento
do encéfalo.
Durante o seu crescimento a cabeça sempre cresce mais em altura que em
largura.
No nascimento, a cabeça representa 1/4 do corpo e no adulto, 1/12.
Tronco
O tronco contribui com cerca de 50% do comprimento do corpo em qual-
quer fase da vida.
A altura tronco-cefálica representa cerca de 70% da altura total ao nascer e
cerca de 55% no adulto (f ig. 12.1).
Durante a infância, o perímetro torácico é igual ao cefálico. Aos dois anos
o perímetro torácico aumenta.
Na infância, os diâmetros sagital e transverso do tóraxo aproximadamente
iguais mas no adulto o transverso é três vezes o sagital.
Figura 12.1 Proporções do corpo, supondo iguais os membros inferiores
Membros
O membro superior participa com 9% do peso total no nascimento e assim
permanece no adulto. 0 membro inferior, no nascimento, representa 15% do peso
total e no adulto, esse valor sobe para 30%.
Aos dois anos de idade os membros superiores tem o mesmo comprimento
que os inferiores. No adulto o inferior fica 1/6 mais comprido que o superior.
O aumento maior do comprimento dos membros inferiores e menor do
tronco leva o ponto médio do corpo para baixo. O mesmo ocorre com o centro de
gravidade que no recém-nascido está ao nível do diafragma e no adulto passa para
o promontório do osso sacro. O ponto médio do corpo é o ponto, acima e abaixo
do qual, os comprimentosb iguais. No recém-nascido situa-se ao nível do umbigo
e no adulto está na crista púbica.
Pele e tela subcutânea
Os pelos aparecem no início da adolescência. No rapaz aparecem em ordem,
nas seguintes regiões: púbica, axila, face, peito e membros.
Nas mulheres os pelos púbicos aparecem pouco antes da menarca e na axila,
cerca de 6 meses após.
A tela subcutânea aumenta, maso nas mesmas proporções nas várias fases
de desenvolvimento. Por esse motivoo pode ser considerada como um critério
absoluto para avaliar o estado de nutrição, em todas as fases. Nos primeiros 9
meses, a gordura subcutânea aumenta bruscamente mas no segundo ano de vida,
começa a diminuir e aos 5 anos, atinge a metade do valor que possuía no primeiro
ano. Começa a aumentar novamente na adolescência, sendo que no sexo feminino,
há acúmulos isolados nos quadris e nas mamas.
Esqueleto
O aparecimento dos centros de ossificação segue uma ordem cronológica
bem definida desde o nascimento até a vida adulta.
Através de radiografias pode-se dizer a idade óssea do indivíduo. A idade
óssea é o estado em que se encontra o esqueleto em qualquer momento da vida.
Portanto, a idade óssea é ótimo critério para indicar a fase de desenvolvimento.
Existem tabelas próprias, mas há variações raciais, sexuais, e influências de nutrição.
Músculos
Aumentam grandemente de peso na infância. Na adolescência essa participa-
ção é ainda maior. Os músculos crescem em tamanho e ná"o pelo aumento do
número de fibras.
Na adolescência, a força muscular duplica.
Sistema Nervoso Central
O peso do encéfalo duplica no primeiro ano e triplica no terceiro. O peso
total do encéfalo pode ser atingido aos 10 anos de idade.
A medula espinhal cresce menos que a coluna vertebral de tal maneira que no
adulto sua extremidade encontra-se ao nível da 2ª ou 3ª vértebra lombar.
Coração
Ao nascer, o coração pesa cerca de 20 g. Este valor triplica no 3º ano. No
adulto o peso do coração é cerca de 12 vezes maior que ao nascer.
Sistema genital
Os órgãos genitais apresentam um padrão de crescimento que se afasta das
outras vísceras.
O testículo do adulto pesa 40 vezes mais do que o do recém-nascido. Ele
cresce especialmente durante a adolescência.
O ovário tem seu peso aumentado de 30 vezes no adulto, em relação ao da
recém-nascida.
O útero cresce realmente durante a adolescência.
Órgãos endócrinos
As glândulas supra-renais diminuem seu peso durante a infância. Durante a
puberdade crescem lentamente até a idade adulta, quando pesam o dobro do seu
valor ao nascer.
A glândula tiróide do adulto tem um peso cerca de 12 vezes maior que do
recém-nascido e a hipófise aumenta seu peso em cerca de 5 vezes até a idade adulta.
PADRÕES NORMAIS DE CRESCIMENTO
Estudando-se o crescimento de crianças do mesmo sexo, raça e meio ambien-
te, podemos construir tabelas e curvas-padrâb (figs. 12.2, 12.3).
Como cada criança tem um modo próprio de crescer, ocorre grande variabili-
dade nos padrões normais. Pode-se usar, para construir essas curvas-padrão, o méto-
do longitudinal, que examina as mesmas crianças em vários períodos ou o método
transversal que examina crianças diferentes numa mesma época.
Quando os valores de uma criança se afastam muito dos das curvas-padràb, é
necessário buscar as causas deste fenómeno.
Algumas medidaso mais frequentemente utilizadas para se verificar o cres-
cimento e desenvolvimento;o elas:
1 - Peso e altura
2 - Altura tronco-cefálica
3 - Perímetro da cabeça
4 - Perímetro torácico
5 - Diâmetro bi-crista ilíaca.
Figura 12.2 - Curvas-padrffo de peio nos sexos masculino e feminino
(Baseado em Boyd, 1952)
Figura 12.3 - Curvas-padrão de altura em meninos e meninas
(Baseado em Boyd. 1952)
FATORES RESPONSÁVEIS PELA VARIABILIDADE NO
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Os fatores principais responsáveis pela variação no crescimento e desenvolvi-
mento sâb: hereditariedade, sexo, raça, hormônios, nutrição, clima, atividade.
Cada órgão tem um modo próprio de se desenvolver e crescer; ele se diferen-
cia num determinado momento e cresce com uma certa velocidade e que depende
de fatores intrínsecos a esse órgão. Cada tecido ou órgão tem um período em que a
diferenciação e crescimentoo mais acelerados havendo então uma alternância
destes períodos para cada órgão. Este período é chamado período crítico, porque
nesta fase, o órgão domina e parece inibir o desenvolvimento de outras estruturas.
Se o órgãoo aproveitar o período que lhe é destinado para se diferenciar, então
eleo mais conseguirá se desenvolver ou então o fará defeituosamente.
Se num determinado momento do desenvolvimento agentes nocivos atuarem
sobre o corpo, os órgãos e tecidos que maiso sofrer essas influências e ficar com
defeitoso os que estão se diferenciando nesse momento.
CAPITULO IX
BIOTIPOLOGIA: ASPECTOS GERAIS
o existem dois indivíduos exatamente iguais, ou seja, cada indivíduo
apresenta uma série de características morfológicas, fisiológicas e psicológicas,
que o distingue dos demais.
Estas variações na construção corpórea dos indivíduos decorrem da diferen-
ça de constituição individual. Como veremos mais adiante, estas diferençaso
importantes edevem ser levadas em consideração em Educação Física.
A constituição individual está ligada a uma ciência, a Biotipologia, cujos
aspectos gerais serão descritos a seguir.
CONCEITO DE BIOTIPOLOGIA
0 termo Biotipologia foi utilizado pela primeira vez por Nicola Pende,
em 1922, para designar a ciência que teria por objeto, o estudo das "manifes-
tações vitais de ordem anatómica, humoral, funcional, psicológica, da síntese
das quais resulta o conhecimento do tipo estrutural-dinãmico especial de cada
indivíduo". Berardinelli define biotipologia como a "ciência das constituições,
temperamentos e caracteres".
A Biotipologia tem por objetivo o estudo do indivíduo como um ser par-
ticular e concreto, através do qual se pode conhecer e entender muitas das caracte-
rísticas do ser humano e suas diferenças.o, como já dissemos, dois indiví-
duos, por mais parecidos, que sejam iguais. Duarte-Santos afirma: "a biotipologia
pretende estudaro a abstração e mero universal, que é o ser humano, mas sim a
realidade concreta que é o indivíduo, certa de ser a variabilidade individual enorme
e de que só de seu estudo resultará a possibilidade de desfazer muitos conceitos
errados da biologia humana, rasgando-lhe mais amplas perspectivas, com esta
biologia diferencial e comparativa".
Berardinelli faz ainda uma comparação entre a Biot pologia ea Antropolo-
gia: "Se a Antropologia analisa é para depois sintetisar, ao passo que para a Bio-
tipologia o que interessa é a análise, é a própria unidade do seu estudo; e se às
vezes constrói uma síntese,o é como fim, mas sim como instrumento de es-
tudo". Os fatos gerais interessam ao filósofo, ao político, ao administrador, ao
economista, ao historiador. Mas ao educador, ao orientador profissional, ao dire-
tor de esporte, ao clínico importa, sobretudo, o caso particular, concreto, "este
caso", este indivíduo.
Muito comum e errónea é a idéia que se tem de que Biotipologia pretende
tipificar os indivíduos para classificá-los; tal idéia provém do nome dessa ciência
e das classificações existentes dentro da matéria. Entretanto, apesar das classifica-
ções, o importante é o indivíduo uno e concreto. Lembra Duarte-Santos: "classifi-
car em um grupo é bom; ir ao sub-grupo, á variedade, é melhor; atingir o caso
concreto, passar o indivíduo é ótimo".
FATORES DE DIFERENCIAÇÃO DOS TIPOS HUMANOS
Os tipos humanos diferenciam-se devido a desigualdades no ritmo de cres-
cimento dos órgãos. Os fatores responsáveis por essa diferença no ritmo de cres-
cimento são: a hereditariedade, as glândulas endócrinas, o sistema nervoso e os
fatores secundários ambientais. A seguir serão analisados sucintamente cada um
destes fatores.
As múltiplas possibilidades de combinações entre os gens nas primeiras
fases do desenvolvimentob a maior causa de variabilidade na construção indivi-
dual.
Quanto às glândulas endócrinas podem ser divididas em dois grupos de acor-
do com seu modo de ação. Um primeiro grupo age sobre a diferenciação das formas
dos órgãos, sem influir porém no aumento da massa corporal. Incluem-se neste
grupo a tireóide e as gônadas. Um segundo grupo de glândulas age aumentando
a massa corporal sem interferir na diferenciação das formas. Compreende a hipó-
fise, o timo e o córtex supra-renal.
Entretanto, as glândulas endócrinas também dependem da ação genética e
por esse motivo podemos considerá-las como mediadoras entre o genótipo e o
fenótipo. Em outras palavras, elas contribuem para que um determinado genó-
tipo possa realizar um fenótipo.
Por outro lado, as glândulas também sofrem a ação do meio externo, ou
seja, podem ser influenciadas por fatores como alimentação e clima, o que as
torna um fator capaz de transformar forças do meio externo em forças internas
do corpo.
Experiênciasm demonstrado que a presença de partes do sistema nervoso
o necessárias para que outras partes do corpo se desenvolvam.
Os fatores ambientais constituem em conjunto o que se denomina de "peris-
tase". Entre eles, consideram-se: região geográfica, condições sócio-econômicas,
doenças e número de gestações.
TERMINOLOGIA BIOTIPOLÓGICA
Como toda ciência, a biotipologia tem sua terminologia própria. A seguir,
serão definidos os seguintes termos, queo os mais utilizados nesta ciência: consti-
tuição, genótipo, parátipo e fenótipo; temperamento, caráter, personalidade e
biótipo.
O termo constituição, básico para toda a biotipologia, tem vários conceitos.
Aceitaremos como definição de constituição a de Silveira, citada por Coelho: "O
conceito de constituição resulta de uma abstração que reúne o substrato anatômico-
encefálico e somático em geral, e, ao mesmo tempo, o aspecto funcional que aparece
como expressão daquele conjunto nos vários tipor de comportamento".
Para Viola, constituição é "a especial combinação correlacionada das varian-
tes dos caracteres físicos próprios da espécie no estado fisiológico"; portanto,
além dos elementos morfológicos, Viola acrescenta também os fisiológicos.
Genótipo (Johansen), idiótipo (Lenz, Siemens) ou caracteres potenciais
(Pende) é o conjunto de caracteres que o indivíduo adquiriu hereditariamente,
fixados através das gerações.
Parátipo (Lens, Siemens) ou caracteres atuais (Pende) é a totalidade dos
caracteres acrescentados ao genótipo pelas complexas ações do meio ambiente.
Fenótipo é o resultado da interação entre genótipo e parátipo.
Para alguns autores, temperamento seria a expressão humoral do biótipo,
enquanto outros, ampliam seu significado abrangendo também a parte psíquica
e tendo assim significado volitivo-afetivo. Outros ainda dão-lhe significado somen-
te psíquico.
Viola dia que "temperamento é a especial combinação de caracteres dominan-
tes da individualidade psíquica ou pessoa, derivados dos caracteres físico-funcio-
nais e que determinam um modo especial e espontâneo de reação psíquica ao
ambiente".
Kretschmer considera temperamento o conjunto de qualidades afetivas que
caracterizam uma individualidade tanto no que diz respeito á forma como sofre
as "afecções" e à maneira como reage.
A expressão temperamento, segundo Coelho, deriva de têmpera, significan-
do assim a mistura dos diferentes traços de personalidade. Biótipo e tempera-
mento em conjunto, estão implícitos na constituição individual. Portanto, tempe-
ramento corresponde ao aspecto dinâmico da constituição, maso se confunde
com ela. Depende mais das condições ambientais e é mais passível de modifica-
ções do que a constituição. 0 componente morfológico se resume como biótipo
e os componentes funcional, psíquico e fisiológico, como temperamento.
Caráter é considerado como traduzindo fenómenos de ordem psíquica, mas
é empregado com amplitude variada. Admitia-se caráter como o conjunto de
todas as características psicológicas do biótipo, abrangendo sentimentos, tendên-
cias e vontade, e também compreensão, raciocínio e memória, isto é, abrangendo
a parte afetivo-volitiva e as faculdades intelectuais do indivíduo. Confunde-se
dessa forma com o conceito de personalidade.
Caráter, para Duarte-Santos, é a parte volitivo-afetiva, excluindo-se a parte
intelectual. Consideramos caráter como a expressão mais dinâmica do estado
psicológico do indivíduo através do qual apresenta reações no meio ambiente,
segundo o estímulo recebido.
Segundo Coelho, "a manifestação da atividade explícita, as ações, decorrem
do estímulo afetivo, de modo que o indivíduo traduzirá no comportamento in-
terpessoal as disposições afetivas, reconhecidas como modalidade de caráter".
0 termo personalidade é muitas vezes usado como sinónimo de tempera-
mento ou caráter, mas tem significado mais abrangente, pois engloba as caraterís-
ticas afetivas, conativas (volitivas) e intelectuais do indivíduo, através das quais
ele se contactua com o meio ambiente, de maneira a se conduzir socialmente.
Para Silveira, tal termo apresenta como definição precisa "o conjunto de funções
subjetivas agrupadas fundamentalmente em três setores: afetividade, conação e
inteligência. Estas funções psíquicas resultam da atividade cerebral,o peculiares
à espécie humana e regem harmonicamente e de modo contínuo as disposições do
indivíduo e as suas relações com os ambientes físico e social".
Uma definição precisa de biótipo é fornecida por Coelho: "a expressão
somática da regência metabólica para com o mundo interno objetivo, como carga
genética e como manifestação do instinto nutritivo, consiste no biótipo".
PRINCÍPIOS GERAIS DE BIOTIPOLOGIA
Alguns dos princípios gerais da biotipologiao importantes e por esse mo-
tivo serão citados a seguir:
a. Todos os indivíduoso diferentes;o há duas pessoas iguais.
b. O mesmo indivíduo é diferente de si mesmo em momentos diferentes.
c. Essa diferença individualo é caótica, mas obedece a determinadas leis.
d. Apesar das diferenças entre os indivíduos há semelhanças que permitem
grupá-los em "tipos".
e. O indivíduo é uma unidade existindo uma indissolúvel correlação entre
suas diversas partes e funções.
f. O conhecimento do indivíduo "normal" deve preceder e servir de base
ao estudo do indivíduo patológico.
g. Na génese da doença, as reações individuaism importância igual ou
superior às causas externas.
CAPITULO X
TEORIAS BIOTIPOLÓGICAS
Existem diferentes classificações biótipo lógicas, umas, baseadas apenas no
aspecto externo do indivíduo, enquanto outras, apoiam-se em medidas biométri-
cas, interpretadas estatiscamente.
A tentativa de agrupar os indivíduos segundo certas características existe
desde as mais antigas civilizações. Encontramos indícios de tal fato já nas antigas
sociedade orientais e ulteriormente entre os gregos, que levaram esta ideia a outros
povos.
Hipócrates utilizava os ensinamentos de Empédocles em Medicina, acredi-
tando que o ser humano seria formado por quatro elementos: linfa, sangue, bile e
atrabile.
A vida resultaria da combinação desses quatro elementos sendo que um
deles predomina no indivíduo, dando-lhe uma característica pela qual seria agru-
pado ou tipificado.
Mais tarde (século II DC), Galeno admitiu que quatro humores entrariam na
constituição do homem: sangue (quente e úmido), opondo-se â atrabile (fria e
seca); pituita (fria e úmida) em contraposição com a bile (quente e seca). A predo-
minância de um destes humores determinava o temperamento: sanguíneo, melan-
cólico, pituitoso e bilioso. Tal predominância se reconhecia pelo contacto com o
corpo do indivíduo.
Os progressos que se realizaram posteriormente na Anatomia humana deram
à noção de temperamento um significado diverso, originando uma orientação mor-
fológica, da qual foram precursores Halé, "pintor em Roma antes de ser médico
em Paris", e Hussen, seu discípulo.Estes classificavam os indivíduos em cranianos,
torácicos e abdominais, segundo a predominância de uma destas três partes relati-
vamente às outras. O método é criticável por basear-se unicamente na inspeção
sem nenhum elemento mais concreto e objetivo.
Goethe criou o termo morfologia para significar o estudo da forma,o só
considerada sinteticamente e no sentido estático (GestaIt), como também no
estado dinâmico e cinemático (Bildung). "O que acaba de ser formado, escrevia
ele, se transforma imediatamente e para termos uma ideia viva e verdadeira da
Natureza, devemos considerá-la sempre móvel e cambiante."
A partir do final do século XIX, surgiram várias teorias biotipológicas, dentre
as quais destacamos as de: De Giovanni, Benecke, Sigaud, Kraus, Brugsh, Stockard e
Bean, Jaensch, ShekJon e Stevens, Viola e Pende.
ESCOLA ITALIANA
De Giovanni (1891), aceitava como fundamental a ideia que o indivíduo desde
a fecundação teria seu destino evolutivo marcado, sendo, pois resultado da heredita-
riedade, mas influenciável pelo meio externo.
Este autor propôs-se a estudar os indivíduos baseando-se em sua morfolo-
fia externa, oom critério antropométrico, mas sem esquecer a investigação funcio-
nal e clínica, desprezando só a parte psíquica. Admitia estreitas correlações orgâ-
nicas entre a forma e a função, a Anatomia e a Fisiologia, entre o externo e o in-
terno e até internamente entre os aparelhos e órgãos e as próprias partes consti-
tutivas destes.
De Giovanni levava em consideração o desenvolvimento harmónico de cada
parte e do todo individual, desde as primeiras fases embrionárias até a completa
maturidade, podendo a individualidade totalo atingir ou ultrapasar a maturi-
dade plena, normal, média. Daí surgiu o conceito de hiper e hipo-evolutismo e
a possibilidade de desequilíbrios, desproporções e variantes individuais, capazes
de servirem para classificar os homens em grupos a que chamou "combinações".
Estas, em seu significado profundo, seriam etapas diferentes da ontogênese, re-
fletindo até a evolução filogenética da espécie. A cada combinação corresponde-
ria determinado funcionamento orgânico e especiais tendências mórbidas.
Na primeira combinação, havia, segundo o conceito do autor, um hipo-
evolutismo com tórax e abdome deficientes, mas sobretudo este, o que acarretaria
excedência relativa do tórax; membros alargados, fraca musculatura esquelética,
coração pequeno e sistema arterial deficiente em relação ao venoso e linfático.
Funcionalmente, há debilidade geral, eretismo do sistema nervoso, tensão arterial
baixa, venosa ainda mais, deficiência respiratória por musculatura fraca, insufi-
ciência hepática e do aparelho digestivo. Hiperemia respiratória, com frequente
catarro, sobretudo dos vértices pulmonares, predisposição para afecções pulmona-
res, mesmo tuberculose pulmonar e, em idade mais avançada, doenças intestinais.
A segunda combinação é a mais idêntica à ideal, mas com maior desenvolvi-
mento somático (maior massa corpórea), tórax largo, musculatura e sistema cardio-
vascular bem desenvolvidos. Harmónicos, com leve excedência de tórax sobre o
abdome, pulmões grandes em relação ao coração, que é de volume normal ou
maior (fig. 10.1).
Os indivíduos da terceira "combinação"m apreciável desenvolvimento
do tronco, mas sobretudo do abdome, membros curtos, coração proporcionado
ou mais desenvolvido na metade direita e sistema venoso e linfático muito desen-
volvidos. Bom grau de nutrição, aspecto viçoso, tendência à obesidade, com pre-
disposição para doenças do sistema linfático, pele, intestinos e afecções dos órgãos
intra-abdominais como fígado, rins, baço e das veias, como hemorróidas. Represen-
ta uma forma hipo-evolutiva, característica das crianças.
Rara como em geral é a perfeição, na qual se incluiriam as pessoas dotadas
de ótima constituição,s e resistentes, de morbilidade escassa, a combinação
ideal (fig. 10.2) teria os seguintes caracteres antropométricos: estatura igual à
grande abertura dos braços; circunferência torácica igual a metade da estatura;
altura do esterno igual a 1/5 da circunferência do tórax, sendo 1/5 da base do
apêndice xifoide ao umbigo e 1/5 do umbigo ao púbis; diâmetro bi-ilíaco igual a
4/3 de altura do abdomem.
Jacinto Viola (1905), discípulo de De Giovanni é sem dúvida o mais impor-
Figura 10.1 As "combinações" de De Giovanni: a—1ªcombinação
b—2ª combinação; c 3 .
a
combinação
Figura 10.2 - Tipo ideal de
De Giovanni
tante nome dentre os biotipologistas italianos. Estabeleceu as bases científicas
da doutrina constitucionalista, utilizando-se de método preciso, delimitado por
leis e traduzindo os elementos de estudo de diferentes origens em um número
puro, condição indispensável para se ter as correlações entre eles de maneira direta
e simples; cria o grau centesimal.
Aceita como base formadora do indivíduo, a hereditariedade influenciada
pelo meio ambiente, onde este genoma se desenvolve produzindo, como elemento
final, o indivíduo em sua expressão unitária. Estabelece como elementos fundamen-
tais para a avaliação tipológica, o ambiente físico, o sexo, a idade e a saúde, e,
como causas acidentais dessa modelação, as diferenças raciais, a classe social, os
hábitos de vida, a higiene, a alimentação e a idade no período adulto (entre os 20
eos 50 anos).
Admite como elemento mais bem adaptado ao ambiente aquele que mais
vezes se faz presente - a moda através do que define todos os seus tipos bio-
tiopológicos. Toda a comparação no método biotipológico de Viola se baseia na
determinação da moda (normotipo) e das variações possíveis de se apresentarem
para excedência ou deficiência das relações em comparação à medida modal.
Apesar de teoricamente ser elemento de muita facilidade de se entender e classifi-
car, veremos que a multiplicidade de relaçõeso nos permite a classificação em
apenas três tipos: normolíneo. brevilíneo e longilíneo, como o esperado, mas se
fez necessário a criação de um quarto tipo o misto para abrangermos os indi-
víduos que apresentam tal relação entre as medidas, queo podem ser incluídos
em nenhum dos tipos padrões.
O homem modal se torna indispensável para a classificação de Viola, o qual
foi definido através da lei dos erros: "as variantes individuais, num grupo étnico,
distribuem-se de maneira que existe um desvio uniforme dos vários indivíduos
para os dois lados do valor médio central da curva de distribuição". Tal fenómeno
é representado, graficamente, por uma cruva binominal (lei de Quetelet—Gauss).
As variações se fazem em sentido antitético e se tornam mais escassas à me-
dida que se vai distanciando do ponto médio da curva (vai ocorrendo uma maior
amplitude de variação).
Este autor admite pois como elemento fundamental a correlação entre o
exterior e o interior, a Anatomia e a Fisiologia, o morfológico e o fisiológico.
Viola utiliza um sistema de medidas que chamou de fechado, o qual é com-
posto por dez medidas indispensáveis para a classificação biotipológica do indi-
víduo, enquanto que as demaiso as componentes do sistema aberto, que possi-
bilitam maior por menor ização do indivíduo, chegando á unidade.
Seus pontos antropométricoso preferentemente ósseos para que haja
precisão nas medidas. Tais pontos são:
a. ponto jugular correspondente ao ângulo formado pela superfície
anterior do nanúbrio esternal e pela superfície superior da incisura jugular,
na linha mediana;
b. ponto xifóideo correspondente à síntese do esterno com o apêndice
xifóide, na linha mediana;
c. ponto epigástrico, correspondente ao ponto de cruzamento da linha
mediana abdominal, com uma linha horizontal, passando pela borda
inferior da 10ª costela (ponto em que esta cruza a linha axilar anterior);
d. ponto púbico correspondente à borda anterior e superior da sínfise púbica,
na linha mediana;
e. ponto acromial correspondente à borda externa do acrômio direito;
f. linha articular do punho direito na face dorsal, bem identificável ao se
fazer movimentos de flexão e de extensão do punho;
g. ponto maléolo-tibial correspondente ao ponto de maior saliência do
maléolo medial direito;
Viola procura retirar de seu método elementos queo influenciados dire-
tamente e em grau muito elevado pelo ambiente como o meteorismo, a gordura
e a hipertrofia muscular, proveniente de exercícios exagerados. Por outro lado,
admitindo um número reduzido de medidas, confere melhor sistemática e menor
possibilidade de erros do método.o aceita também somação de medidas feitas
em dois segmentos consecutivos e que tenham a mesma função fisiológica corres-
pondente, lembrando ainda a necessidade da medida basal, a moda.
Este autor admite também a correspondência das medidas, ou melhor, dos
segmentos determinados pelas medidas com funções fisiológicas precisas, tais
como: segmento torácico com a hematose e distribuição de alimentos pelo orga-
nismo; segmento abdominal (digestão); o segmento abdominal inferior com a
escolha e absorção dos alimentos; o tronco, portanto, segundo Viola, é relacio-
nado com a vida vegetativa e os membros com a vida de relação.
De acordo com Viola, no homem médio, a relação entre a vida vegetativa
e a de relação se equivalem de forma harmónica e nele encontraríamos a expressão
mais adequada de todas as funções fisiológicas. Tal fato encontra fundamento
quando se faz o estudo da resistência em militares e desportistas.
A proporção de distribuição encontrada pelo autor foi de 40% para os mistos
e 20% para cada um dos tipos, normolíneo, brevilíneo e longilíneo (Fig, 10.3),
sendo este um dos pontos mais criticados de sua classificação por abranger número
muito elevado de indivíduos queo classificados por exclusão.
Discípulo de Viola, Pende (1939) aceitava o sistema fechado do mestre,
em bloco, como elemento indispensável para a caracterização biotipológica, porém
com seu conceito de biotipologia máxima individualização, recorre a inúmeras
medidas complementares; mesmo na classificação mais simples dos quatro tipo
preconizados por Viola, admite haver dois poios em cada um deles, o estênico e
o astênico.
Biótipo, para Pende, é sinónimo de homem total que se encontra no ápice
de uma pirâmide triangular, que tem por base o património hereditário e por
faces a morfológica, a psíquica e a neuroquímica. Sua classificação é baseada
no estudo endocrinologia) do indivíduo (Fig. 10.4).
Da interação entre estas faces calcadas na base, teríamos o biótipo ou o
homem total de onde sairá o conhecimento do indivíduo, a conclusão sobre a re-
L
N
B
Figura 10.3 - Tipos longilíneo (L),
brevilíneo (B) e
normolíneo (N)
de frente e de perfil
sistência vital geral, as características morfo-neuro-musculares, as aptidões manuais,
intelectuais, escolares, profissionais, o valor económico, social, reprodutor, do
indivíduo no vastíssimo alcance médico, social e geral, destes estudos.
Pende estabelece relações no âmbito da face morfológica determinando
índices como o de nutrição, robustez, desenvolvimento sexual, etc. . . Baseado
neste índices, faz a determinação do caráter astênico ou estênico, que é o fun-
damental.
Estuda todas as faces da pirâmide de maneira bastante minuciosa, retirando
conclusões, classificações e combinações as mais variadas, das quais serão citadas
a seguir, apenas as mais comuns. Dentre os brevilíneos, descreve Pende as seguin-
tes variedades: hipotireoideia, hipopituirárica ou hipopituitárico-hipotireoideia,
hipersuprarrenal, hipogenital; entre os longilíneos temos: hipertiroideia, hiper-
tireoideia-hiperpituitárica, hipogenital, hipossuprarrenal. Pode-se dizer que os
brevilíneosm temperamento hipotireóideo, com orientação parassimpaticos-
tênica e metabolismo de tendência anabólica, havendo neles astenia; mas, se existe
hiper-funcionamento concomitante da suprarrenal ou das glândulas genitais, ocorre,
em consequência, estenia e assim as duas primeiras variedades citadaso astêni-
cas e as duas últimas estênicas.
Figura 10.4 - Biótipo, segundo Pende
Na realidade, dentro do tipo brevilíneo e do tipo longilíneo há diferenças
morfológicas grandes, que servem para caracterizar essas variedades e às quais
corespondem temperamento próprio, caráter próprio e até por vezes tipo inte-
lectual característico.
É muito interessante a coincidência destes quatro biótipos (longilíneos
astênicos e estênicos e brevilíneos astênicos e estênicos), com os quatro tempe-
ramentos dos antigos. Assim, no brevilíneo astênico se vê o temperamento fleugmá-
tico, no brevilíneo estênico, o sanguíneo, no longilíneo estênico, o colérico e no
longilíneo astênico, o melancólico.
Ainda dentro da escola italiana, Mário Barbara (1929), utiliza-se dos mesmos
parâmetros que seu mestre Viola, porém estabelece um critéiro de classificação
que permite a localização de todos os indivíduos sem cair nos mistos de Viola.
Para tanto, reconhece que sob uma mesma rubrica estabelecida através do
mestre Viola há relações muito diferentes no sentido da excedéncia, deficiência
ou normalidade, traduzindo caracteres morfológicos e funcionais diferentes.
Deste modo se estabelecem oito variantes e quatro formas de passagem de
uma a outra variedade, dentro das quais se pode catalogar qualquer indivíduo.
Seu método baseia-se na primeira relação estabelecida por Viola Tronco/
membro para classificar sob a rubrica de Brevilíneo, Longilíneo ou Normolíneo;
porém através da comparação de cada elemento com o valor modal determina se
há excedéncia, deficiência ou normalidade do dado avaliado (Fig. 10.5).
Assim, constituem seus tipos:
a. Tipo médio ou normoesplâcnico de Viola:
Tronco O = Membro O
O tronco e os membroso iguais em seus valores absolutos e relativos;
fisiologicamente apresentam desenvolvimentos harmónico da vida vegetativa e
de relação.
b. Longitipo com antagonismo ou microesplâncnico de Viola
(1ª Combinação)
Tronco < Membros +
Os membros excedentes predominam sobre o tronco deficiente, o qual
é acompanhado de um antagonismo entre o desenvolvimento da vida vegetativa
absolutamente deficiente, e o da vida de relação excedente.
c. Braquitipo com antagonismo ou megaloesplâncnico de Viola
(3ª Combinação)
Tronco + > Membros -
Suas características morfológicas e fisiológicaso contrárias ao anterior.
d. Macrosômico harmónico ou Paracentral superior de Viola
(2ª Combinação)
Figura 10.5 - Tipos de Barbara-Berardinelli
Grupo brevilíneo:
a-normocórmico; b normomélico
c-microbrevilíneo;
d-brevilíneo; e-macrobrevilíneo.
Grupo normolíneo;
f-macronormolíneo; g- normolíneo;
h-micronormolíneo.
Grupo longilíneo;
i-macrolongilíneo; j-longilíneo; l-microlongilíneo;
m-normocórmico; n- normomélico,
0 tronco e os membroso proporcionados porém de valores superiores
ao normal; vida vegetativa e de relação proporcionadas, porém excedem ao normal.
e. Microsômico harmónico ou Paracentral inferior de Viola
(4ª Combinação)
Tronco — = Membros -
0 tronco e os membroso proporcionados, porém inferiores ao normal,
ocorrendo algo semelhante com os dois setores da vida orgânica.
Até aqui o critério de Barbara é semelhante ao de Viola, porém logo temos
as quatro variedades que tornam possível a classificação dos restantes em quase
sua totalidade:
Variedade A, longitipo excedente:
Tronco + < Membros +
Ambos os valores excedem à média eo desproporcionados entre si; corres-
ponderia a desenvolvimento desarmônico dos sistemas orgânicos com predomí-
nio do sistema de relação.
Variedade B, braquitipo excedente:
Tronco + > Membros H
Valores do tronco e dos membros superiores ao normal, predomínio do
tronco; desenvolvimento maior da vida vegetativa sobre a da relação e ambos supe-
riores ao normal.
Variedade C, braquitipo deficiente:
Tronco > Membros
Suas característicaso contrárias ao anterior.
Os indivíduos queoo classificados em nenhuma dessas formas citadas,
correspondem à "forma de passagem", cujas características sintéticaso as se-
guintes:
Variedade D. longitipo deficiente:
Tronco < Membros
Valores abaixo da média; tronco maior que membros; desenvolvimento
deficiente dos sistemas orgânicos, com predomínio do sistema de relação.
A variedade A (tronco O < membros +) possui tronco dentro do valor
modal, porém menor que membros, os quais excedem o valor modal.
A variedade B (tronco + > membros 0 possui tronco acima do valor nodal
e maior que os membros que se apresentam dentro do valor modal.
A variedade C (tronco O > membros -) o tronco encontra-se dentro do
valor modal e é maior que os membros que se encontram abaixo do valor modal.
A variedade D (tronco < membros O) tem membros dentro do valor
modal e predominando ao tronco, cujo valor é inferior ao modal.
O quadro 10.1 resume estes tipos.
QUADRO 10.1 -CLASSIFICAÇÃO DE BARBARA-BERARDINELLI
ESCOLA FRANCESA
A princípio, os autores desta escola basearam-se na análise da superfície
corporal e só mais recentementem utilizando método diferente de estudo.
Claude Sigaud, (1894) o primeiro vulto de destaque da escola francesa ela-
borou uma classificação dos indivíduos baseada na integração do conjunto de
sistemas que constituem a economia humana e o meio específico no qual apre-
senta a sua continuidade. Da predominância de um desses sistemas, seriam defini-
dos os quatro tipos: respiratório, com predominância do tórax e do andar médio da
face; digestivo, com a cabeça em forma de pirâmide devido ao grande desenvol-
vimento do maxilar, e predomínio do abdome; muscular, cujo tronco é igual-
mente repartido entre tórax e abdome, com os andares da face iguais; e cerebral,
com predominância do crânio, tendo a cabeça em forma de pião (Fig. 10.6).
Figura 10.6 - Os quatro tipos de Sigaud:
R=respiratório; D = digestivo; M = muscular e C = cerebral
Thooris além de considerar a forma do corpo como o fazia Sigaud, dá
importância também à superfície corporal classificando os indivíduos em: su-
perfície redonda ou chata, uniforme ou ondulada, bosselada ou cúbica e ainda
considera uma forma comprida e uma forma larga. É também quem inicia o es-
tudo das capacidade físicas de velocidade, agilidade, resistência e força, propon-
do um índice que até hoje é válido, o VARF.
Mac Auliffe (1932), também dá importância à superfície corporal e faz a
mesma classificação que Thooris para esse fator, porém no aspecto de forma acres-
centa a hidrófila inchada redonda e uma seca hidrófoba. Ambos os autoresm o
mérito de ter dado à tonicidade e atonicidade das formas corpóreas o valor que
elas merecem fora do tipo de predominância.
O estudo da participação dos três folhetos embrionários na determinação
dos tipos é o que caracteriza o trabalho de Martiny; as características de seus
tipos se superpõem às dos quatro biótipos de Pende.
O endoblástico ao brevilíneo astênico
O mesoblástico ao brevilíneo estênico
O extoblástico ao longilíneo astênico
O cordoblástico ao longilíneo estênico.
Martiny procura, em seu trabalho, correlacionar o tipo morfológico com o
fisiológico e o psíquico.
Entre os autores modernos temos Olivier que classifica os tipos utilizando-
se de medidas biométricas que em conjunto, constituem o denominado morfo-
grama (altura, altura troncocefálica, peso, diâmetro biacromial e diâmetro bicrista-
ilíaca). Usando tais medidas chega a quatro tipos: o mediolíneo; o longilíneo; o
transversal (brevilíneo) superior ou muscular; e o transversal (brevilíneo) inferior
ou visceral.
A Escola Biotipológica Parisiense é constituída de vários autores que pro-
curam estudar o indivíduo partindo,o de categorias pré-estabelecidas, mas de
uma dúvida sistemática.o se propõem a nenhuma classificação nova, mas ao
estudo de grande número de variáveis, que posteriormenteo trabalhadas esta-
tiscamente para se determinar o cálculo dos coeficientes de correlação e mesmo
recorrendo a análise fatorial.
ESCOLA ALEMÃ
Nota-se nos autores alemães do início do desenvolvimento das ideias bioti-
pológicas uma preocupação em relacionar os tipos com as condições viscerais como
o fez Benecke (1878) e também com as perturbações psíquicas como o fez Kret-
schmer (1921).
Benecke, utilizando um critério mais organicista e localisacionista que o geral,
faz uso, para sua classificação, de relações quantitativas de peso e volume de vísce-
ras de cadáveres. Fazia uma antropometria mais interna do que externa e estudava o
desenvolvimento em massa comparando as vísceras entre si e com a estatura e o
peso corporal. Classificou dessa foram dois tipos: o primeiro, constituído por
indivíduos delgados, débeis, anêmicos, pouco resistentes à fadiga e às infecções,
com as principais vísceras pequenas (microesplancnia); o segundo tipo englobaria os
indivíduos de grande massa total, fortes, atarracados, com bom estado de nutrição,
resistentes às causas morbígenas e órgãos volumosos.
Tais tipos coincidem com a primeira e a terceira combinação de De Giovanni.
Estudando psicopatas, Kretschmer, relaciona o tipo morfológico com a
tendência de se desencadear a psicose maníaco-depressiva ou para a demência
precoce.
Leva em conta ação das glândulas de secreção interna que agem sobre duas
coisas: a forma e o caráter.
Às duas tendências principais denominou de Ciclotímica e Esquizotímica, as
quais abrangem,o somente os casos normais mas também os que se encontram no
limiar da anormalidade ou que se encontram em estados psicóticos.
Aos esquizotímicos correspondem três formas exteriores: a dos leptosò-
micos, a dos atléticos e a dos displásicos (fig. 10.7).
Aos ciclotímicos corresponde uma única forma.o pícnico.
As características do leptosòmico são: desenvolvimento dominante no sentido
longitudinal, tronco cilíndrico, caixa torácica estreita e comprida, ombros estreitos,
pescoço e extremidades finais; ossos, músculos e pele, finos, fracos e delgados; a
cabeça é pequena, mais ou menos dolicocéfala, o nariz longo e o queixo é retraído.
O atlético caracteriza-se por um aspecto de robustez inconfundível. Seu
esqueleto e músculoso sólidos, bem desenvolvidos. Os ombroso largos, o tórax
amplo, o dorso se estreira para baixo, o abdomem é rijo e fino, a cabeça forte, o
pescoço musculoso, dando ao todo uma impressão de imponência e força física,
aliadas a uma beleza de formas que tem por base uma perfeita harmonia.
Diferentemente do atlético, o displásico apresenta formas bizarras, feiura,
desarmonia do conjunto, distanciamento notável do normal, em tipos tais como os
agigantados, os anões, os eunucóides, os obesos por influência endócrina, etc.
O pícnico corresponde ao tipo digestivo de Sigaud. É gorducho, de abdome
desenvolvido, músculos flácidos, fisionomia larga, gorda, ombros estreitos, con-
trastando com o desenvolvimento pelviano, cabelos raros, com acentuada tendência
à calvície.
Entre outros autores, encontramos Kraus (1897) que elabora sua classificação
baseando-se no estudo da capacidade funcional do indivíduo (siziologia) e Brugsch
(1918), que aceita a orientação de Pende, porém com uma metodologia diferente,
pois seu sistema antopométrico é calcado nas comparações das medidas entre si.
Este autor estabelece índices variados queoo referentes a um homem médio
padrão, mas sim relacionados com a estatura. Seu índice mais importante é o que
relaciona o tórax com a estatura, dando origem a três tipos: normal (índice entre 51
a 56), de tórax estreito (menor que 51) e de tórax largo (maior que 56). Pelo valor
absoluto da estatura, classifica-os em médios, altos e baixos. A maior crítica feita a
essa classificação é que o autoro considera a parte psíquica no seu método.
Figura 10.7 Os tipos de
Kretschmer
L
A
P
L leptossòmico
A —atlético
P pícnico
Merece atenção especial a teoria dos irmãos Henrique e Walter Jaensch.
A base da teoria tipológica destes autores radica na oposição entre os deno-
minados tipos integrados ou animados (besselter) para fora eos tipos desintegrados
ou desanimados para fora, mas animados para dentro (isto é, com grande "vida
interior"). Os primeiroso relativamente infantis e os segundo plenamente evo-
luídos ou adultos. A forma básica da integração para fora, quando se encontra
acompanhada dos correspondentes sinais somáticos, nô-la dá o denominado tipo
basedowoide ou tipo B; sua oposta (desintegração aparente) é o denominado tipo
tetanóide ou tipo T.
Eis aqui, a título de expicação, o quadro-resumo desta oposição tipológica:
Tipo animado (integrado) para fora
(e também para dentro)
Todas as funções (manifestações vitais)
trabalham somato psiquicamente como
uma totalidade fechada (integração)
Com predomínio afetivo
Dissolvido ou incorporado ao ambien-
te. Compassivo, lábil, com violentas ou
vivas variações do humor. Mais propen-
so à ingenuidade e à alegria infantil.
Adaptável e acomodável.
Natureza meiga e flexível
Dirigido para a Arte e o gozo
estético-sensual.
Fantasistas
Curso representativo muito vivo e
com frequência mutável.
Tempo
Artistas do viver e hábeis práticos.
Tipo desanimado (desintegrado) para fora
(quase sempre animado para dentro)
Todas as funções se encontram, até certo
ponto, independentes entre si (desintegração).
Com predomínio voluntário
Fechado ao ambiente. Com bom controle da
expressão emocional; irritável ou indiferen
te, às vezes simultaneamente. Quase sempre
sério, firme ou obstinado.
Natureza dura e rígida
Homens de conflitos e obrigações.
Idealistas e ascetas.
Teóricos
Curso representativo lento e com frequência
adesivo e viscoso.
Firmeza
Soldados de ação e cérebro.
o é difícil verificar que o tipo integrado é o sintônico de Kretschmer ou o
extrovertido de Jung, viscerotônico de Sheldon, bervilíneo ou macrosplâncnico
de Viola ou "dinárico" de Gunther e o tipo desintegrado é o leptossômico (esqui-
zotímico) de Kretschmer, introvertido de Jung, cerebrotônico de Sheldon e alpino
de Gunther.
À margem desses tipos, embora mais próximo do tipo T, que do tipo B,
descreveu W. Jaensch, o tipo lítico ou tipo S; este exibe uma desintegração pato-
lógica, coincidindo com integrações limitadas a determinados territórios de sua
individualidade e se faz presente, especialmente, em indivíduos que possuem uma
particular sensibilidade às toxinas tuberculosas.
ESCOLA AMERICANA
Nos Estados Unidos, Stockard (1923) e Bean (1924) criaram classificações
estreitamente relacionadas com o desenvolvimento endócrino; da tireóide
(Stockard), dando origem a dois tipos relacionados com o hiper e o hipo funcio-
namento desta glândula, os tipos linear e lateral respectivamente; Bean, baseando-
se na evolução, apresenta os tipos hiper-evoluídos (hiperontomorfo ou epitelio-
pático) e o hipo-evoluído (mesontomorfo ou mesodermopático), sendo que este
autor considera ainda um terceiro tipo, o hipoontomorfo, que seria constituído
por tronco comprido, extremidades curtas, orelhas pequenas redondas e grossas,
nariz largo e curto de grande depressão na raiz e narinas francamente orientadas
para a frente.
Dentre os escolas modernas de Biotipologia, temos que destacar a de Sheldon
(1940) e Stevens.
Estes dois psicólogos da Universidade de Harward, partindo de concepções
tipológicas sustentam que, ao predomínio de cada uma das folhas blastodérmicas
no indivíduo, corresponde um tipo temperamental ao mesmo tempo que um tipo
morfológico: o predomínio do endoderma se reflete por um aumento da área
visceral e pela existência de uma atitude afetiva "branda, complacente e epicu-
riana", que se denomina viscerotônica; ao predomínio do mesoderma corresponde,
em troca, uma atitude "dinâmica, de auto-afirmação e poder", a qual denominam
somatotônica (embora melhor seria denominá-la miotônica). Ao predomínio
do ectoderma corresponde, finalmente, uma atitude de "reserva, tensão interior
e retenção expressiva", própria do temperamento que o AA. denominam de cere-
brotônico. Pacientemente, selecionaram vinte manifestações para caracterizar
cada uma dessas atitudes (as quaiso seria difícil identificar às três emoções
básicas) e propõem definir cada indivíduo mediante uma fórmula numérica-tempe-
ramental, que dê uma ideia do valor de cada uma delas. Na obra original de Shel-
don-Stevens, os autoreso ampla definição de cada uma das 60 manifestações que
constituem a escala. Para sermos breves, vamos esclarecer apenas o termo "in-
temperança", o qual é usado aqui como sinónimo de centrotônico", isto é, de
fixação temperamental para as tendências sensuais, básicas da vida, de sorte que
o indivíduo dá a impressão de um "metal mole, queo tem têmpera em si".
Quanto ao termo "clivagem horizontal", indica, segundo os AA. a projeção e
fixação da individualidade em um plano superficial, de extroversão, com dissocia-
ção nítida do subconsciente e manifesta objetividade. Em troca, a "clivagem ver-
tical" indica a propensão para penetrar em profundidade a tendência à introver-
o e à retroversão (dependência do passado).
Como apreciar e valorizar essas manifestações das três modalidades? Obser-
vando o indivíduo durante o período de um ano, em todas as possíveis situações
e humores, e, ademais, submetendo-o ao menos de 20 "entrevistas" analíticas,
nas quais serão colhidos dados referentes à sua história familiar e individual e seu
desenvolvimento psíquico nas esferas económica, social, sexual, estática, educati-
va (cultural) e física. Usa-se uma escala de pontos de 1 a 7 para cada manifesta-
ção observada, escrevendo estas notas com lápis apagável, para incluir possíveis
retificações ulteriores.
Uma vez obtidos os valores de cada uma das 60 manifestações, calcula-se
o denominado índice Temperamental, obtendo-se as medidas dos valores de cada
série de 20 manifestações (viscerotônicas, somatônicas e cerebrotônicas), de sorte
que o temperamento de cada indivíduo virá definido por 3 valores, cada um dos
quais oscilará entre 1 e 7.
De acordo com este critério, um indivíduo que obtém índice temperamen-
tal de 7-1-1, é descrito como viscerotônico extremo e aquele que tem um índice
de 1-7-1, é descrito como somatotônico extremo e o que alcança o índice 1-1-7,
é descrito como cerebrotônico extremo.
Tais tipos extremoso raros e o frequente é obter valores intermediários,
tais como 4-4-6; 5-6-3, etc. . ., que possibilitam classificar o indivíduo com relação
à sua estrutura afetivo-reacional.
Para se obter o tipo morfológico neste método os AA., mediante o uso de
17 medidas antropométricas, tomadas sobre uma série especial de imagens foto-
gráficas e quadriculadas do indivíduo despido, determinam seu somatotipo e,
de acordo com a tabela do resultado de tais medidas, lhe conferem também três
notas, que marcam sua posição nas escalas denominadas de endomorfia, meso-
morfia e ectomorfia. O 7-1-1 corresponde à extrema endomorfia (predomínio
das vísceras digestivas: gordos abdominais). O 1-7-1 corresponde á extrema me-
somorfia (predomínio do esqueleto, músculos e tecido conjuntivo: atletas ou
homens fortes e ligeiros); o 1-1-7, representa a extrema ectomorfia (máxima área
superficial possível - desnudez perante o mundo fragilidade linear, tórax e
abdome planos, extremidades fracas, etc . . .).
Naturalmente, quandoo intervém fatores que provocam, secundariamente,
uma discordância intra-individual (somato-psíquica), devem corresponder-se os
índices de endomorfia e viscerotonia, de mesomorfia e somatotonia e de ectomor-
fia e cerebrotonia. Mas na vida quotidiana,o poucos, relativamente, os casos em
que existeo perfeita concordância. O comum é que existam desvios entre o
somatotipo e o temperamento. (Fig. 10.8)
ESCOLA BRASILEIRA
Na Bahia, Prado Valadares, utilizando-se da altura, o grau de abertura do
ângulo de Charpy e a forma da cabeça constitui o chamado tríplice morfológico
de Prado Valadares. Inicia a classificação analisando o ângulo de Charpy de onde
resultam três tipos (45, 90 e 135 graus); depois analisa a altura atingindo um total
de 9 classes e finalmente o aspecto da face: triangular, losângica, trapezóide e
pentagonal perfazendo um total de 45 tipos.
Figura 10.8 Tipos de Sheldon
a endomorfo
b mesomorfo
c médio
d ectomorfo
Martim Gomes, se utiliza de critério natural e simples; seu grupo de estudos
foram as mulheres, queo classificadas em três grandes grupos: um grupo de
mulheres normais, outro de mulheres franca e visivelmente anormais, a que deno-
minou de displásicas e um terceiro grupo, o das intermediárias.
No Rio de Janeiro, Rocha Vaz e seus discípulos deram grande desenvolvi-
mento á Biotipologia entre nós. Entre seus discípulos merece destaque Berardi-
nelli, que adotando o método da escola italiana fornece as denominações últimas
para essa escola e é aceita pelo próprio Barbara (fig. 10.5 e quadro 10.1).
O quadro que segue fornece a classificação biotipológica dos indivíduos,
de acordo com vários autores.
QUADRO II - TIPOS CONSTITUCIONAIS
SEGUNDO VÁRIOS AUTORES
Autores Tipos Morfológicos
Hipócrates (460 A.C.) apoplecticus phtisicus
Beneke (1878) 2a. combinação 1a. combinação
De Giovanni (1891) 3a. combinação 2a. combinação 1a. combinação
Sigaud (1894) digestivo muscular respiratório cerebral
Manouvrier (1902) braquiscélíco mesoscélico marcroscélico
Viola (1905) megalospláncnico normosplãncnico microsplàncnico
Giuffrida-Ruggeri (1910) braquiscélíco mesoscélico macroscélico
Brugsh (1918) tórax largo tórax médio tórax estreito
Kretschmer (1921) pícnico atlético leptossõmico
Stockard (1923) latoral linear
Bean (1924) hipo-ontomorfo meso-ontomorfo hiperontomorfo
Sheldon (1940) endomorfo mesomorfo ectomorfo
CAPITULO XI
BIOTIPOLOGIA INFANTIL
O ser humano é o resultado de uma interação complexa entre o genótipo e o
meio ambiente, que, em sua integralidade de expressão, torna-se difícil de entender.
Mesmo em atos aparentemente simples como o andar, cabe uma análise que pode
ser morfológica, fisiológica ou mesmo psicológica, sendo que só a interação desses
conhecimentos se aproxima da realidade.
Marcondes e Pikunas entre outros tantos autores abordam o problema do
crescimento e desenvolvimento como a interação entre a herança e o meio. Para
Marcondes a herança está presente em todo o processo de crescimento e desen-
volvimento através do genótipo. Pikunas acredita ser a hereditariedade o fator-
chave do desenvolvimento humano, a qual se caracteriza por ser um processo
no decurso do qual emergem os traços genéticos e que abrange todas as influên-
cias biologicamente transmitidas dos pais às células do sexo. Para Ford há suspei-
tas de queo haja uma base física para a hereditariedade, porém Stent se con-
trapõem a essa ideia afirmando ser o DNA a estrutura do gen que abriga sua in-
formação genética.
A hereditariedade é constituída de todos os traços encontrados nos antece-
dentes, colaterais e descendentes que conseguiram ganhar expressão no meio
que se desenvolveram. O genótipo é a confluência dessas informaçõc que se or-
ganizam para se iniciar a ação gênica indispensável ao crescimento e desenvolvi-
mento do organismo.
Para Pikunas o desenvolvimento é uma sequência ordenada de fenótipos que
é a resultante da ação do meio e do genótipo. Marcondes afirma que o conceito de
desenvolvimento é relacionado com a aquisição de capacidade e crescimento com
o aumento de massa pela hipertrofia e divisão celular (hiperplasia).
Em relação ao meio ambiente Silveira o divide em interno citoplasmático
e externo ambiente social. A princípio o crescimento e desenvolvimento se fazem
em dialética exclusivamente com o meio interno onde estão dissolvidos os elemen-
tos plásticos necessários para que se concretize a informação genética.
Malina comentando sobre a nutrição aventa ser esta o fator natural mais
importante para o desenvolvimento plástico do indivíduo. Para Marcondes, "quan-
do os fatores ambientais atuam na vida intra-uterina, torna-se muito difícil distin-
guir as manifestações genéticas das decorrentes da agressão do ambiente ao feto,
que aliás,o de diferentes índoles: anóxica, imunológica, infecciosa, postural,
mecânica, etc".
Essa dialética existente entre o genótipo e o meio caracteriza, segundo Comte
citado por Coelho, o processo de vida, pelo duplo movimento contínuo de assimila-
ção e desassimilação do meio ambiente pelo genótipo.
Arndt Schultz, citado por Marcondes diz que "estímulos fracos aceleram
as funções e estímulos poderosos reprimem-na". O estímulo fraco deve ser de tal
forma que seja assimilado.
É portanto na determinação da intensidade do estímulo físico que se en-
contra o problema da influência benéfica ou prejudicial da atividade física como
elemento que propiciará melhor harmonia e desenvolvimento do organismo e
de suas funções.
Malina preocupando-se de estudar a açâb da atividade física no crescimen-
to e desenvolvimento abre a pergunta de quanto deve ser esse mínimo e faz sentir
a necessidade de estudos nessa área.
A dificuldade do estudoo se prende somente ao ser longitudinal, mas
na variabilidade de um organismo para outro e no mesmo organismo de um ins-
tante para outro. Pikunas lembra que "o ser humano cresce e amadurece à medi-
da que as dimensões básicas do organismo e da personalidade se desenvolvem,
cada qual em seu próprio tempo e ritmo. Impelido pelo código genético no seu
interior e pela nutrição e estimulação sensorial no exterior, o indivíduo se desloca
ladeira acima para níveis mais altos da operação comportamental."
Assim, a tendência simplista de se responder a pergunta da beneficidade
ouo de um estímulo sobre o organismo deve ser analisado nos diferentes ângulos:
morfológico, fisiológico e psicológico, dentro da realidade do momento para o
organismo.
Dizia Plutarco, citado por Rossi, "Comoo é possível que um agricultor
o conheça o terreno no qual deve semear, tampouco é concebível um educador
que ignore as capacidades fisiológicas e as potências psíquicas, do terreno orgâni-
co da criança,o particular e diferente em cada fase de crescimento, eo di-
ferente também em cada educando."
A primeira determinação dos períodos de crescimento segundo Rossi data
de 1700 e foi realizado por Pagliani: O autor italiano dividia em 5 períodos com-
preendidos por: infância 1º ano de vida até completar a primeira dentição;
puerilismo dos dois aos 6—7 anos; adolescência dos 7 anos até os primeiros
fenómenos da faculdade reprodutiva; puberdade correspondente ao período
de desenvolvimento da diferenciação sexual e juventude que vai da puberdade
até a consolidação do esqueleto.
No capítulo anterior, estudamos os aspectos gerais do crescimento. A seguir,
serão vistos outros pormenores, de cada fase do desenvolvimento.
Entres Marcondes divide os períodos de crescimento e desenvolvimento
pelo critério etário. Rossi divide os períodos e os caracteriza quanto aos aspectos
somáticos, temperamento, aparelhos digestivo, urinário, respiratório, circula-
tório e nervoso, metabolismo, bioquímica hemática e psiquismo procurando es-
tudar as mudanças encontradas.
Resumindo a classificação de Rossi para os objetivos do presente estudo
levaremos em consideração o aspecto somático, o metabolismo, o amadureci-
mento do sistema nervoso e o psiquismo. Dessa forma acreditamos fornecer ele-
mentos para melhor compreensão do organismo e estágio de desenvolvimento
deste.
Chamamos então de Neonato ao recém-nascido nos 15 primeiros dias de
vida. Predominam nessa fase todos os hormônios vagotropos favorecedores do me-
tabolismo anabólico com a consequente deficiência dos hormônios simpáticotro-
pos catabólicos.
O aspecto somático é o seguinte: A linha que divide a estatura do neonato
passa sobre o umbigo, seu tronco é grande, tórax relativamente maior que os
membros superiores, curto e de base alargada; índice torácico de 90, pouco menos
desenvolvido que o abdomem; o perímetro torácico ultrapassa 7—8 cm da metade
da estatura; a altura da cabeça é 1/4 a 1/5 da estatura total, os membros superio-
reso maiores que os inferiores e a envergadura é maior que a estatura; pescoço
curto; seu peso é 1 /4 a 1 /5 da estatura em centímetros.
O metabolismo se caracteriza por oxidações intensas, as necessidades caló-
ricaso de 15o kcal/kg peso; a ter mo regulação é imperfeita, o metabolismo basal
é muito alto e a ação específica dos alimentos é quase nula.
No sistema nervoso vemos que seu volume e pesoo 1/4 do definitivo; é
grande a imperfeição da função cerebral; fibras nervosas pobres em mielina, refle-
xos cutâneos ausentes, função da medula espinal bem desenvolvida, reflexos ten-
dinosos muito vivos, hipertonia muscular fisiológica e sinal de Babinsky.
Ao nascer, o psiquismo é quase exclusivamente a prevalência da vida fisioló-
gica e a resposta aos estímulos envolve o corpo todo.
O estágio seguinte, o lactente, vai do final do neonato até o final do 1º ano.
Dominam os hormônios da córtex supra renal, do timo e do pâncreas. O parassim-
páticotonismo e o predomínio do estado hipertímico linfático associado ao hiper-
rinsulinismo, tem por finalidade essencial assegurar o predomínio do anabolismo
sobre o catabolismo, é dizer, o predomínio dos processos assimilativos sobre a de-
sassimilação, assegurando com esta utilidade nutritiva as necessidades calóricas do
19 ano de vida, o que assegura também o aumento do peso corporal. A fórmula
neuro-endócrina com predomínio dos vagotropos, segundo Rossi, justifica, a
constituição morfológica e dinâmica temperamental do 1º ano de vida.
Para Pende, citado por Rossi, de um modo particular a associação hiperti-
roidismo-hiperparatiroidismo da 2ª metade da lactência, explica o possível desen-
volvimento do raquitismo e do modo particular, o estado especial de nervosismo
que acompanha a muitas crianças, a erupção dos 19 dentes e a tendência a certas
diarreias, graças à insuficiência pancreática.
A lactência é, na classificação de Godin, a primeira época de desenvolvimen-
to. A altura no final do 19 ano é por volta de 70 cm, a circunferência craneana e
torácica crescem 2,5 cm da cada três meses e meio. Resumidamente podemos
dizer que se caracteriza morfologicamente da seguinte forma: macroesplancnico ce-
fálico, braquitipo, braquiesquélico e macrossômico. O temperamento é hipotiroideo
para Concetti, hipopituitário para Pende, o aspecto metabólico é caracterizado
pela facilidade de assimilação de hidratos de carbono e dificuldade de assimilar
proteínas, predominando o anabolismo sobre o catabolismo.
Seu desenvolvimento psíquico já lhe permite uma maior participação no
meio compreendendo ordens simples, usando frases, corre e pede para satisfazer
suas necessidades.
Os brinquedos mais adequados, segundo Marcondeso as sacolas e ca-
minhões para puxar, cubos de encaixe, animais, bonecas inquebráveis, panelinhas
para as atividades imitativas do meio social em que se desenvolve.
Na área física o autor supra citado preconiza duas sessões diárias de 5 repeti-
ções em cada um dos seguintes exercícios que deverão ser realizados também com
o auxilio dos pais: circundação dos membros superiores, flexão e extensão dos in-
feriores, enovelamento, movimentos laterais do quadril, exercícios para os músculos
dorsais e sacrolombares que podem ser executados a partir dos 2 meses; exercícios
de sentar e equilíbrio para sentar-se devem ser executados após o 4ºs e de ficar
em pé e equilíbrio para ficar em pé após os 6 meses que podem se prolongar até os
2 anos.
Os exercícios ajudam a desenvolver o tonismo muscular necessário para a
postura ereta e marcha, porémo se deve pular nenhuma das fases do desenvolvi-
mento, como o engatinhar.
O período de 2 a 3,5 anos caracteriza o terceiro período de crescimento
de Pende ou Turgor Primus, segundo período de Godin.
0 peso corporal que havia dimunuído em seu crescimento na segunda meta-
de do 1º ano, apresenta no 2º semestre do 2º ano um notável aceleramento. Há
aumento das proporções braquítípicas em ambos os sexos devido ao perímetro
torácico. O crescimento prevalece em peso e amplitude.
O aspecto metabólico basal é máximo no 29 ano, a proteinemia é muito
variável, o que dificulta a resposta plástica aos exercícios.
No aspecto psíquico consegue manter equilíbrio em 1 pé, faz uma ponte
com 3 cubos, responde a perguntas simples e usa orações;e sapatos e usa bem
a colher. Segundo Pende a evolução das percepções se faz da seguinte forma; aos
18 meses reconhece as figuras frontalmente, aos 2 anos reconhece perspectiva e dos
3 aos 4 anos em todos os planos.
Os jogos dos 2 aos 5 anoso motores, simples e de imaginação. Marcondes
falando da época pré-escolar lembra "a influência benéfica dos exercícios físicos
se faz sentir claramente; o progresso psíquico da criança é, em grande parte, função
da atividade física que lhe permite a memória, a atenção, a associação de ideias,
o falar mais fluente, bem como a marcha e a atitude postural". "Os exercícios
visam aumentar a independência muscular e aperfeiçoar a coordenação motora".
A terceira época de Godin, "proceritas prima" ou pequena puberdade de
Pende se caracteriza pelo crescimento longitudinal e se extende no período do
5º ao 7ºano de vida.
No aspecto somático encontramos um aumento rápido da estatura, relativo
estreitamento do tórax e escasso aumento ponderal caracterizando maior longiti-
pia fisiológica,- nos homens predominam os diâmetros craneanos transversais e nas
mulheres os longitudinais. Há o crescimento do pescoço, a silhueta se define, a
2
a
dentição se inicia.
Suas capacidades físicas de velocidade e agilidade ficam exacerbadas.
A necessidade metabólica em calorias é 83 Kcal/Kg/dia para os meninos e
80 Kcal/Kg/dia para as meninas aos 7 anos.
No aspecto psíquico a criança adquire a noçâb de tempo decorrido e assim
adquiriu todas as noções tanto auto como halopsíquicas; Silveira e Rossi salien-
tam que o 79 ano é a idade da mentira e que também, nessa fase, começa o desen-
volvimento da crítica.
O "turgor segundo" de Pende se caracteriza pelo acelerado crescimento pon-
deral dos 9 aos 11 anos, aproximadamente. Coincide com a queda dos dentes de
leite., em ambos os sexos, um notável aumento da força muscular.
Para Marcondes há um maior desenvolvimento da função respiratória; o de-
senvolvimento muscular é pouco expressivo, enquanto o psiconeuromotor é
muito.
Há a reafirmação da constelação hormônica anabólica. Também se observam
neste período a maioria dos casos de ambivalência sexual por hipertimismo.
No aspecto endócrino metabólico podemos ter: uma maior atividade hiper-
corticossuprarenal-hiperinsulínica-hipertímica com acúmulo de gordura e obesidade
infantil ou do grupo tiroides-hipofisea-adrenal com constelação catabólica produ-
zindo magreza submórbida ou mórbida.
No aspecto psíquico, estamos no período pré-realista de Pende que se caracte-
riza pelo domínio da sugestionabilidade e tendência a crer, obedecer e imitar.
Idade em que se formam os costumes morais e mentais pela ação dos colegas,
educadores e pais.
Domínio da extroversão e falta de introspecção. Deve-se evitar uma educação
demasiado sistemática que choque com o real caráter criador. Neste período deseh-
volve-se a consciência das relações interpessoais. Surge a necessidade da crítica e da
prova. Existe uma evolução na capacidade de trabalho.
Quanto aos exercícios físicos nessa época do desenvolvimento preconiza
Marcondes uma maior complexidade destes procurando desenvolver responsabili-
dade e disciplina. Salienta também que "os exercícios de força seriam usados
excepcionalmente, pois os ossos aindao maleáveis e os pontos de inserção dos
músculoso estão consolidados", a hipertorfia muscular se opõe ao crescimento
ósseo.
A pré-puberdade, V época de Godin, "proceritas segunda" caracteriza-se
por nova crise de crescimento longitudinal. Tanto Marcondes quanto Godin
admitem ocorrer por volta do 12º 13º ano para os rapazes e 11º - 12º ano
para as meninas.
Há aumento intenso do peso, o diâmetro transverso do tórax desenvolve-se,
os membros superiores sofrem intenso crescimento, assim como os inferiores.
O temperamento é dominado pelo vagotonismo. No aspecto metabólico
encontramos hiperfunção da constituição anabólica, hipertimismo, hiperpituita-
rismo, hipertiroidismo, hipergenitalismo.
É uma fase transitória em que o indivíduo ganha peso graças ao tecido adi-
poso e pouco devido ao tecido muscular, motivo pelo qual ganha pouca força.
Os exercícios físicos preconizados por Marcondes para essa época divergem con-
forme o sexo. Para as mulheres exercícios que desenvolvam a graça e o ritmo e
para os homens, os que possibliitam movimentos amplos, flexíveis e que desen-
volvam a resistência. Preconiza também para esta época a iniciação esportiva do
indivíduo.
A puberdade, VI época de Godin e sétimo período de crescimento de Pende
"turgor tertius" - na mulher começa com a menarca e no homem com a primeira
poluçãb noturna.
Há diminuição do crescimento longitudinal e começa o crescimento em am-
plitude sobretudo ao nível do tronco, acompanhado de aumento da espessura dos
membros, hipertrofia e robustecimento das massas musculares.
Na mulher completa-se o desenvolvimento pélvico com o aumento do diâ-
metro bicristailíaco, desenvolvimento das mamas e distribuição característica do
tecido adiposo.
No homem, ocorre a mudança da voz, o cérebro adquire seu volume defini-
tivo e o timo deve estar involuido. O sistema piloso adquire o máximo de desen-
volvimento, o mesmo acontecendo com os dentes e unhas.
A pele aumenta em consistência, adquirindo maior elasticidade e hiper-
pigmentação sobretudo nas zonas genitais.
O acontecimento mais importante da crise puberal é a amadurecimento
sexual. Nos homens além de mudanças na tonalidade da voz, há aumento dos tes-
tículos e produção dos espermatozóides, aumento do penis, da pilosidade pubiana
e axilar e esboça-se a barba e o bigode.
Na mulher o sinal visível é a menarca e o invisível é a ovulação: os pelos pu-
bianos e axilares aparecem e ocorre o desenvolvimento das mamas e dos genitais
externos.
Do ponto de vista psicológico a puberdade determina profundas modificações
tendendo todas a exagerar as características originais, boas ou más, dos caracteres
individuais.
Para Marcondes a ginástica e o desporto, neste período, constituem a base dos
exercícios físicos, que terão atingido o seu grau máximo de complexidade. Os exer-
cícios de forçao largamente utilizados bem como os de aprimoramento da forma-
ção corporal.
Quando respeitados os diferentes períodos de desenvolvimento do indivíduo,
o exercício físico torna-se um elemento catalizador, um estímulo positivo, para o
desenvolvimento harmónico das potencialidades contidas no genótipo e no meio
ambiente em que ele se encontra.
Como diz Marafión, um dos aspectos mais nítidos da personalidade é, sem
dúvida, o sexual. Em poucas coisas nos diferenciamos como nos traços de nossa
sexualidade respectiva.
A mulher se distingue do homem por uma série de caracteres morfofísio-
psicológicos, alguns evidentes à primeira vista, e outros postos em evidência pela
observação mais minuciosa ou pela precisão dos instrumentos de antropometria
física e funcional.
o nos utilizaremos nesta exposição da divisão proposta por Hunter em
1870 (caracteres sexuais primários e secundários), já clássica, mas que com os
conhecimentos endocrinológicos atuais se tornou muito estreita, nem mesmo da
modificação de Marafión (caracteres genitais e sexuais) porque incide no mesmo
incoveniente de dar um caráter radicalmente diferencial a órgãos que tem equiva-
lentes nos dois sexos.
Quanto às características gerais a mulher no seu conjunto apresenta dimen-
sões menores, superfície da pele mais lisa; a asperidade onde se inserem os mús-
culos nos ossoso menos salientes. A resistência, a força e o desenvolvimento das
inserções musculares maioreso características de predominância masculina.
Caracteres Sexuais Morfológicos
Nas mulheres em relação aos homens encontramos além de órgãos tipica-
mente femininos como os ovários, trompas, vagina e vulva, a cabeça mais longa;
cérebro maior relativamente à massa corporal. Pescoço mais curto, mais cilíndri-
co, mais regular, com laringe mais delicada, cordas vocais mais débeis e curtas;
base do pescoço mais larga e arredondada. Todo o sistema ósteo-músculo-liga-
mentoso mais delicado. Lordose lombo-sacra mais pronunciada; coluna lombar
relativamente mais longa e coluna dorsal mais curta.
A altura da mulher adulta é 10 a 12 cm menores que o homem em igual-
dade de condições. A velocidade de crescimento decresce do nascimento até os
quatro ou cinco anos, para ocorrer uma aceleração no início do surto pubertário,
que é antecipado na mulher visto este ocorrer antes nelas, e produzindo por pe-
queno período maior estatura nas meninas do que nos meninos.
A força, que antes do surto pubertário é igual para os dois sexos, mostra-se
um fator de precoce diferenciação sexual, segundo Tanner (1962), visto que nos
meninos a partir dos 11 anos já encontramos uma superioridade no teste da dina-
mometria. Tal aumento se torna generalizado após o surto pubertário para toda
a musculatura constituindo elemento de diferenciação entre os sexos.
Pende procurando estudar as diferenças sexuais constitui três índices e classi-
ficação consequente. Esses índices são:
CAPITULO XII
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL
Relação entre os diâmetros bi-acromial e bi-trocantérico - Nota-se
na mulher bem desenvolvida uma predominância deste sobre o dos
membros; quando há diminuição das características femininas,
começa-se a notar o inverso, aproximando-se das do homem, em
que há predominância do segundo sobre o primeiro.
Pende (1955),Gualco e Sarperi dizem haver uma estreita relação entre a pre-
dominância do diâmetro bi-troncanteriano e a fecundidade feminina; no homem,
quanto mais preponderante o bi-acromial, mais se acentuam seus caracteres viris.
Como já estudamos, o índice:
Diâmetro bi-trocanteriano X 100
diâmetro bi-acromial
apresenta como média 90,4 para as mulheres e 85,4 para os homens. Tanner propõe
uma fórmula simples para evidenciar a diferenciação sexual:
I = 3. diâmetro biacromial diâmetro bicrista ilíaca
O valor médio desse índice fica em torno de 93 para os homens e 78 para as
mulheres. O grau de virilidade ou feminilidade será tanto mais acentuado quanto
maior ou menor for o índice com relação aos seus valores médios.
Comprimento relativo da coxa e da perna Nota-se um maior
desenvolvimento longitudinal da coxa que da perna, a medida que
a mulher vai desenvolvendo caracteres femininos. Na mulher hi-
poovariana há predominância da perna. As primeiraso fecundas:
as segundaso estéreis, ou quase.
A medida da coxa se obtém, segundo Gualco, medindo os pontos supra-púbi-
co e o ponto tibial interno na interlinha fêmoro-tibíal.
As médias para os dois sexos são: 83,5 para as mulheres e 91,1 para os ho-
mens.
comprimento da coxa X 100
comprimento da perna
- Relação entre os diâmetros longitudinal, bilateral e vertical do crâ-
nio.
Na mulher normal há predominância da largura e da altura sobre o compri-
mento da cabeça. A mulher braquicéfala seria mais fecunda que a dolicocéfala. No
homem haveria inversão destas características: os braquicéfaloso hipogenitais,
ao passo que os solicocéfalos, hipergenitais.
Baseado nesses índices e outras caracteríticas auxiliares. Pende classifica as
mulheres em:
O tipo evoluído pré-pubere se caracteriza por apresentar bacia pouco desen-
volvida assim como as mamas, lembrando o desenvolvimento pré-púbere, de aspecto
quase infantil. Há predominância do timo redução da função ovariana, aumento
da hipófise.
O tipo de feminilidade pós-púbere é o tipo de mulher adulta bem desenvol-
vida, em que há predominância da porção inferior do tronco, com bacia ampla
embora haja uma perfeita harmonia de formas.
O tipo de feminilidade maternal apresenta predominância do segmento in-
ferior, preponderância da bacia sobre a cintura escapular e a porção superior do
tronco é bem acentuada, embora haja mamas bem desenvolvidas. Caracteriza-se
por hiperfunções ovariana, tiroidiana e suprarrenal.
O tipo intersexual atenuado é o que apresenta discreta tendência para a
masculinidade. Issoo impede que possam ser belas e algumas vezes, fecundas.
A distribuição de gordura é muito diferente no homem e na mulher. A
gordura na mulher se acumula de preferência na região mamária, na parte inferior
do ventre, na pube, nos flancos, nas coxas, preponderando, pois, na metade inferior
do corpo. Na época preclimatérica e climatérica, a gordura da mulher invade a
parte superior do tronco, a cintura escapular, os braços, o pescoço, o que caracte-
za o tipo matronal, que permite, sob uma nova forma, prolongar às vezes por
muitos anos, os atrativos físicos da mulher. (Figs. 12.1, 12.2. 12.3)
Os pelos pubianos tem na mulher a mesma disposição que nos adoslescentes
de ambos os sexos, isto é, termina numa linha horizontal, invadindo raramente,
na parte inferior, o períneo. No homem, durante a puberdade, a disposição dos
pelos é também feminóide: mas nos anos sucessivos eles se transformam tipica-
mente, espessando-se mais do que na mulher, prolongando-se para cima, isto é,
em direção ao umbigo, ao longo da linha mediana do abdome, e estendendo-se
para o perineo e margem do ânus.
Berardinelli, cita o sinal de Stein como um dos caracteres sexuais mais cons-
tantes no homem e que constitui da forma da implantação dos cabelos na região
frontal. Nos homens ocorrem as "entradas".
Na mulher há espessamento progressivo e acentuado do panículo adiposo
sobre a face interna da coxa desde sua raiz até o bordo interno do joelho, sendo
tal espessamento mínimo no homem; tal localização faz com que, na posição
ereta,s juntos, as coxas das mulheres permaneçam em contato ao passo que as
dos homens apresentam-se geralmente afastadas por um espaço mais ou menos
largo.
a) Tipo de feminilidade pré-púbere
b) Tipo de feminilidade pós-púbere ou pré-maternal
c) Tipo de feminilidade maternal
d) Tipo intersexual atenuado.
Figura 12.1 Perfis masculino e feminino
em vistas anterior e
posterior para comparação
Baseados nessa característica Felice e Vassal propõem um índice que utili-
za o perímetro da coxa e o peso, sendo que na mulher é 20,72% maior na mulheres.
Figura 12.2- Perfil
do tronco masculino
Caracteres sexuais fisiológicos.
Fisiologicamente a mulher apresenta, em relação ao homem os seguintes
caracteres principais: temperatura um pouco mais elevada e ao mesmo tempo mais
lábil; menor energia muscular; coração mais célere; maior número de movimentos
respiratórios; menor capacidade vital; menor atividade das trocas gasosas e energé-
ticas em geral; quantidade de urina, bem como sua densidade e taxa de ureia meno-
res; maior precocidade sexual e também parada mais precoce da atividade sexual;
endocrinologicamente, segundo Pende, a mulher é mais hipertiroidea ou hipertimo-
tiroidea, relativamente hipohipofisária, hiposuprarrenálica, hipoparatiroidea.
Figura 12.3 - Perfil
do tronco feminino
A voz, o andar, a atitude das mãos e a aptidão especial para certos trabalhos,
caracterizam também a mulher.
A voz nitidamente feminina, diz Maranon, é a de soprano nas suas diversas
gradações; as vozes nitidamente masculinao as de baixo e de barítono.
Como consequência da estrutura menos sólida do seu aparelho ósteo-músculo-
ligamentar, a mulher é dotada de menor aptidão motora e à resistência passiva.
O andar característico da mulher é devido sobretudo à maior largura da bacia,
que obriga as coxas a covergirem mais que no homem, resultando como compensa-
ção um certo grau de geno valgo; disso resulta que a mulher para andar deve impri-
mir uma certa rotação às coxas, e um movimento em báscula mais ou menos acen-
tuado à bacia; o andar do homem se caracteriza por um movimento pendular das
coxas e muito reduzida mobilidade pélvica.
Diferença fisiológica importante, mesmo sob o ponto de vista estritamente
prático, é a que se refere ao orgasmo, que é rápido no homem e mais demorado na
mulher, principalmente nas mulheres mais jovens e sem experiência sexual.
Caracteres sexuais psicológicos.
Para Maranon, as mulheres se caracterizam psicologicamente por apresenta-
rem uma afetividade mais aguda que a do homem; e uma menor aptidão do que a
destes para a atividade abstrata e criadora. Maior emotividade, maior irascibilidade,
tendência aos fenómenos dependentes do menor controle dos centros nervosos
superiores sobre os inferiores, como o que se poderia chamar a labilidade da mími-
ca emotiva (riso e choro fáceis); inteligência mais viva e ágil, de desenvolvimento
mais precoce, mais prática, mais intuitiva do que lógica; linguagem mais célere
sendo por isso mais desenvolvidos os músculos da língua como aliás oo também
os adutores da coxa. (Pende).
Pesquisas de Lombroso e sua escola mostram menos sensibilidade dolorosa
na mulher. O mesmo pesquisador afirma que as mulheres apresentam todas as
formas de sensibilidade mais obtusas do que nos homens.
Também para a dor moral as mulhereso mais fortes. "A mulher tem mais
apreensão pela desgraça, mas, quando ela vem, suporta-a melhor" (Balzac).
CAPITULO XIII
IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO BIOTIPOLÓGICA EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
A avaliação biotipológica do indivíduo, quando feita criteriosamente, oferece
material suficiente para se organizar um conceito objetivo e sólido dos seus atribu-
tos físicos e psíquicos. Podemos assim, melhor avaliá-lo e orientá-lo sobre exercícios
mais indicados e os que seriam prejudiciais à sua constituição.
Assim sendo, a Biotipologia constitui base verdadeiramente científica, que
deve guiar as atitudes do professor de Educação Física e do Técnico desportivo,
pois foi demonstrado que o atletismoo controlado cientificamente pode levar á
desarmonia dos biótipos corporais e psíquicos, como consequência do excesso de
desenvolvimento muscular e da força dos músculos em determinados segmentos do
corpo, em detrimento da harmonia da forma e funções, que necessariamente devem
imperar em todo desportista.
O estudo biotipológico dos alunos possibilita aconselhar a higiene somática e
terapêutica; isto equivale a dizer praticar medicina preventiva, aconselhar em edu-
cação física, aconselhar sobre higiene mental, que mescla a vida moral e social do
indivíduo em formação, aconselhar no rendimento e orientação profissional, fato-
res queo só relacionam a biotipologia escolar com a medicina do trabalho, senão
que fundamentam a base científica da projeção do indivíduo na sociedade.
Segundo a escola de Pende, há cinco aplicações que a ficha biotipológica es-
colar tem estabelecido na ordem social:
a. 0 conhecimento da formação harmónica do tipo geral do corpo.
b. O conhecimento e o controle das aptidões musculares e psicomotoras.
c. 0 dilucidar controlando a normalidade ou anormalidade do desenvol-
vimento sexual.
d. Conhecer e controlar também as aptidões psico-sensoriais e intelectuais.
e. O controle da formação do caráter e do tipo mental.
Será mais fácil para o técnico desportista escolher os indivíduos que poderão
render mais e se comportar melhor em esportes coletivos ou os que terão melhor
desempenho em provas individuais e dentre estas, mais especificamente, os que
terão maior rendimento em uma determinada especialidade.
De posse dos dados biotipológicos, coletados no início do ano, de um grupo
de alunos e comparando estes dados com os de uma nova tomada, pode-se avaliar
a validade do trabalho realizado pelo Prof. de Educação Física.
Por outro lado, como sabemos, cada indivíduo apresenta certas habilidades
motoras mais ou menos desenvolvidas e que devem ser consideradas no momento
de se indicar um determinado tipo de esporte para esse indivíduo. Estas habilidades
ou capacidades podem ser resumidas na sigla V.A.R.F. e que serão estudadas a
seguir.
A palavra "V.A.R.F." é formada pelas iniciais de quatro qualidades direta-
mente ligadas ao aparelho motor e que são:
V velocidade
A - destreza, agilidade
R resistência
F força
Por resistência devemos entender o tempo máximo de duração do movimen-
to, de modo que este é um fator decisivo no estudo da fadiga. O biótipo veloz
(taquiprágico taquipsíquico hipertireóideo simpaticotônico) equivale ao tipo
de cavalo de corrida; é o que mais rapidamente vai queimando suas reservas ener-
géticas; é. em consequência, o biótipo de menor resistência. Tudo ocorre ao contrá-
rio com o cavalo bretão (bradiprágico bradipsfquico hiperpituitárico para-
simpaticoestênico); fácil, pois, é apreciar que este animalo é somente forte, mas
também resistente.
A agilidade, ao dizer de Pende, é destreza, é arte, é tática do movimento, é a
inteligência posta a serviço do músculo; ela equivale ao instinto automático do
sujeito saber coordenar e precisar seus movimentos, sendo em consequência, em
grande parte, fruto da própria experiência.
É conhecida a perspicácia de certos atletas, que em jogos olímpicos sabem
suprir a falta de resistência ou força muscular com um maior emprego da agilidade.
É esta uma propriedade característica do longilíneo veloz.
Thooris afirma que nenhum homem é capaz de reunir as quatro qualidades do
"VARF" no mesmo grau. Assim é que geralmente a velocidade ocorre paralelamen-
te com a agilidade, enquanto a resistência associa-se com a força; velocidade e agili-
dade traduzem quase sempre um temperamento neuro-vegetativo, com tendência à
simpaticostenia, e a resistência e a força, emparelhadas,o reveladoras de uma ten-
dência constitucional para a parasimpaticostenia.
Pende, comentando o índice "VARF", diz: "temos que admitir que a veloci-
dade e a força muscular apresentam-se nos diferentes biótipos humanos de forma
antitética, vale dizer que, se prevalece a velocidade,o pode prevalecer a força.
Determinado o biótipo, poderíamos indicar esportes competitivos para os
estênicos e recreativos para os astênicos. Exercícios que necessitem de agilidade
para os longilíneos e os que requerem resistência para os brevilíneos. Esportes
coletivos para os de espírito altruístico e individual para os de tendências mais
egoístas. Pode-se mesmo procurar um plano de treinamento para minorar as qua-
lidades negativas do indivíduo e exacerbar suas qualidades, analisando-o de maneira
ampla e completa; essa é a função do Educador Físico.
A relação entre biótipo e desempenho esportivo pode ser resumida como
segue:
a. Longilíneos Tem como característica geral a velocidade.o bons
atletas para corridas (de longa distância estatura pequena, peso baixo, muscula-
tura delgada e frágil; de média distância mais altos com as proporções mais para
a longitipia e os velocistas - tipicamente longilíneos e de musculatura variável);
saltadores, arremessadores de dardo, acrobacia, equitação, esgrima, basquete,
voleibol.
b. Normolíneos - Tem como característica geral o equilíbrio das formas.
Ginástica de aparelhos, futebol, pentatlo ou decatlo, natação (tendência para a
longitipia); remadores (estatura alta); poliatleta.
c. Brevilíneos - Tem como característica a força.b bons atletas para
lutas (luta romana, judo, etc. . .), levantamento de peso e halteres; nadadores
(devido ao bom desenvolvimento da caixa torácica).
Brandão faz uma correlação de alguns esportes com o índice VARF, que
transcrevemos:
Um estudo feito com atletas participantes de jogos olímpicos, mostra o
seguinte:
a. A ectomorfia é condição necessária para as corridas de fundo e meio fundo
e para saltos, igualando ou mesmo superando a mesomorf ia.
b. O excesso de endomorfia tem efeito negativo em qualquer desporto, pois
torna o indivíduo pesado, lento e pouco resistente.
c. A ectomorfia exagerada, significando debilidade, fragilidade e fatigabilida-
de, também constitui "handcap" em todas as especialidades atléticas.
d. Só os indivíduos de mesomorfia considerável, quase sempre acima de 4,
tem possibilidades de brilhar como atletas. Em desportos que necessitam de mais
força, o grau de mesomorfia é superior a 5.
e. Nas provas de velocidade, terrestres ou aquáticas, os praticantes de alto
padrãoo sempre mesomorfos, de intensidade igual ou superior a 5.
Como vemos, há diferentes aspectos a serem considerados de acordo com os
vários autores, que tratam do assunto; parece-nos porém mais aconselhável seguir
a orientação de Silveira;
19 Classificar a face morfológica, utilizando-sea metodologia proposta por
Viola e a classificação de Berardinelli;
29 Classificar a face do temperamento pela escala de Sheldon,
39 - Classificar a parte psíquica pelo método de Rorschach.
Assim, teremos possibilidade de entender melhor o nosso educando e melhor
avaliá-lo para orientar convenientemente sua atividade física, social e intelectual,
Corredores de velocidade (100, 200m) V.a.r.f.
Corredores de meio fundo (800, 1.500m) V.A.R.F.
Corredores de velocidade prolongada (400 m) V.A.R.F.
Corredores de fundo (3,5 e 10 mil m) V.a.R.f.
Saltos e barreiras V.A.R.F.
Arremessos v. A. r. F.
Futebol e basquete V. A. R. f.
Levantamento de peso v. a. r. F.
Lutadores v. A. R. F.
Boxeadores V. A. R. F.
Esgrima v. A. R. F.
atuando em nível curativo e profilático, desenvolvendo suas qualidades e respeitan-
do suas limitações.
Após essa análise, podemos organizar grupos homogéneos segundo a idade,
sexo, altura e peso, como também, segundo o ponto de vista de seus temperamentos
e capacidades intelectuais.
Assumindo essas diretrizes, há a possibilidade de que ocorra uma verdadeira
reforma educacional, como diz Rossi.
FICHA BIOTIPOLÓGICA DE NICOLA PENDE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Como resultado do estudo aqui apresentado, deduzimos a necessidade do
conhecimento integral da personalidade física e psíquica, o que se pode obter
através da ficha biotipológica.
Assim, pode-se fazer a seleção, graduação e classificaçãoo somente da cul-
tura mental, mas também da cultura física; por conseguinte, podemos dizer que a
ficha biotipológica da educação físicao pode ser outra que a ficha biotipológica
da educação mental, isto é, ambas devem necessariamente complementar-se, como
na verdade se completam, os caracteres somáticos e psíquicos individuais. No
Congresso Internacional de Educação Física de Chamonix (Suiça) em 1934, Pende
apresentou uma ficha biotipológica para aplicação em esportes, que foi aceita na
ocasião por uninimidade. A ficha consta da avaliação dos seguintes tópicos: antro-
pometria, morfologia constitucional e fisiológica e psicometria. Como vemos,
diferencia-se somente pelo nome, mas identifica-se com a pirâmide biotipológica
deste autor.
Passamos a transcrever o modelo das duas fichas adotadas neste encontro
e que se denominam: "controle mínimo" e "avaliação propriamente dita".
A ficha do controle mínimo contém os seguintes dados:
Idade no momento do exame. Altura. Peso.
Perímetro torácico na inspiração e na expiração. Amplitude torácica.
Perímetro torácico médio.
Provas funcionais antes e depois do esforço tempo para retornar ao normal.
a. Provas cárdio-vasculares: estudo do pulso e da pressão arterial.
b. Provas respiratórias: espirometria, exame das vias aéreas superiores.
Exame dos pulmões.
Exame de urina.
Observação do médico
A ficha de avaliação compreende duas partes fundamentais:
1a. O controle e a avaliação biotipológica.
2a. Os resultados das "perfomances". Nos indivíduos adultos, as "perfor-
mances" se avaliam segundo o cânone olímpico.
O Congresso de Chamonix ocupou-se somente da primeira parte, que com-
preende:
a. Antecedentes patológicos.
b. O exame antropométrico e morfológico.
c. Os exames funcionais.
d. Os exames psicométricos.
Cada um destes itens será explicado a seguir.
a. Antecedentes patológicos.
Esta parte concerne somente ao médico e ao probando.
b. Exame antropométrico e morfológico.
Exame antropométrico. Aborda os seguintes itens: altura, perímetro
torácico, diâmetro biacromial, envergadura, perímetro abdominal médio, perí-
metros dos braços direito e esquerdo, perímetros das coxas direita e esquerda,
comprimento do membro inferior e peso corporal.
2º Exame morfológico-constitucional. No exame deitado: determinação dos
pontos: manubrial, xifoideano, epigástrico, púbico, maleolar, acromial e da inter-
linha do punho. No exame em: determinação dos diâmetros torácicos (transver-
sal e ântero-posterior); hipocondríacos (transversal e ántero-posterior) e dos mem-
bros superiores e inferiores.
Com estas medidas, deduzimos os comprimentos xifo-epigástrico, epigastro-
púbico e dos membros superiores e inferiores.
Dedução dos índices: torácicos, abdominal total, do tronco e membros.
Fórmula corporal. Tipo morfológico.
c. Exames funcionais.
Dinamometria horizontal e vertical. Capacidade vital. Frequência respiratória
em repouso (de pé). Pressão máxima, mínima e mediana.
Provas de trabalho: podem ser feitas as seguintes: uma corrida "in situ" duran-
te dois minutos, com elevação dos joelhos até um plano horizontal, a razão de dois
saltos por segundo. Depois desta prova horizontal, faz-se um novo exame respirató-
rio e cárdío-vascular. Tempo de retorno à normalidade.
Exame radiológico do tórax e do aparelho cardiovascular.
Eletrocardiografia.
Pesquisa da albuminúria depois do trabalho
'Teste" da fadiga de Donnaggio.
d. Exame psicométrico (segundo Pende).
Compreende duas partes: a primeira, útil para todo exame biotipológico e
orientação desportiva, abrange:
1º Exame das funções sensório-motoras.
2º Exame das funções intelectuais.
Exame das funções afetivas.
A segunda parte, estuda pontos especiais relacionados com a especialização
desportiva.
1a. parte: Estudo da orientação desportiva. Consta de:
1. Exame das funções sensório-motoras.
Acuidade sensorial.
Finura de apreciação das formas, espessuras, pesos, movimentos e atitudes.
Investigação da regularização dos movimentos, por provas de "tapping"
pontaria, estabilidade.
Estudo da capacidade de repetição de esforços iguais.
Provas de esforço. Estudo das velocidades reacionais. Estudo de predomí-
nio do direito ou esquerdo dos membros superiores e inferiores e dos olhos (pre-
ferência para fazer a mira).
2. Exame das funções intelectuais.
Determinação do "perfil psicológico", que se obtém com uma ficha de
exame do tipo adotado para a orientação profissional.
Em todos os casos se realiza: IP ) uma prova de atenção e 29) provas de nível
intelectual.
3. Exame das funções afetivas. Caráter.
a. Susceptibilidade às perturbações emocionais; b. Idem aos afetos; c. Resis-
tência à distração; d. Idem à monotonia e ao sono; e. Tenacidade; f. Poder de deci-
o rápida; g. honestidade; e, h. sugestibilidade (aparelho de Binet).
2ª parte: Determinações especiais relacionadas com especializações desporti-
vas.
1. Velocidade de reação (esgrima)
2. Estabilidade (tiro)
3. Visão estereoscópica (ténis)
4. Integridade das funções vestibulares-autitivas (natação, submersão)
5. Apreciação de distâncias (jogos de lançamento; golf, polo, ténis, ping-
pong, etc)
6. Suscetibilidade à dor (boxe)
A ficha proposta por Pende tem os seguintes fundamentos e aplicação ao
caso:
19 - Avaliação morfológica do biótipo.
Expressa em medidas elementares, segundo o sistema de Viola, modificado.
Compreende o peso corporal e a estatura e 41 medidas assim distribuídas:
cabeça: seis
pescoço: três
tórax: nove
abdome: seis
membro superior: nove
membro inferior: oito
Figuram aqui as dez medidas fundamentais e suas relações recíprocas; a
classificação do biótipo morfológico se manifesta em graus centesimais.
Para classificar os longilíneos, brevilíneos e normolíneos, tem sido criado os
índices largo-longo, que são: 1. largo-comprido cefálico; 2. largo-longo facial; 3.
largo-longo torácico; 4. largo-longo abdominal superior; 5. largo-longo abdominal
inferior; 6. largo-longo da mão, e, 7. largo-longo do.
Em continuação, se registram os quocientes de crescimento do peso e do
perímetro torácico e as relações: Estatura-peso e Estatura-perímetro torácico.
Os índices do desenvolvimento sexual se ajustam à diretivas de Pende e Gual-
co; os do desenvolvimento cardíaco, aos de Pende e Berreta; os do hemolinfopoiéti-
co, aos de Gualco e Berreta.
O apêndice etnológico permite resumir conclusões sobre o tipo de raça indi-
vidual.
2º Avaliação funcional do biótipo.
Compreende o exame da capacidade muscular dos diversos segmentos corpo-
rais; dinamometria dos principais territórios musculares complexos, controle de
certos movimentos, das modificações hemáticas da fadiga; metabolismo basal,
em jejum e depois em exercício de controle; exame de urina antes e depois de um
exercício de controle; exame de urina antes e depois de um exercício conhecido;
exame das diferentes sensibilidades; exame do aparelho do equilíbrio; exame da
excitabilidade neuro-muscular e dos reflexos; investigação de uma predominância
neuro-vegetativa simpática ou para-simpática ou pneumogástrica; diagnóstico do
temperamento endócrino. Síntese do biótipo.
3º Avaliação do caráter individual (face moral).
Estudam-se os instintos fundamentais: conservação, reprodução, ataque-de-
fesa, gregário, etc . . .; a emotividade global, os sentimentos egoístas e altruístas;
a vontade e o auto-controle; a conduta de adaptação ao ambiente. Com este estudo,
define-se o tipo de caráter, a qualidade moral dominante e a tendência afetiva orien-
tadora da conduta.
4º Avaliação do grau e forma da inteligência.
Estas observações tratam de avaliar as seguintes qualidades: grau de inteligên-
cia global, grau de atenção, grau de memória e da capacidade de observação. Desen-
volvimento do pensamento fantástico-místico, do abstrato e lógico e do sentido
crítico. Influência da esfera emotiva sobre os pensamentos e destes sobre aquela.
Atitude introspectiva-extrospectivado espírito... Predominância do sentido analítico
ou do sintético. Tempo de elaboração dos processos ideativos. Resistência ao tra-
balho intelectual. Adaptação aos diversos trabalhos mentais. Atitude e predisposi-
ção do sujeito a um trabalho especial. Utilidade do trabalho efetivo (excelente,
bom, medíocre, insuficiente). Registram-se os resultados do treinamento ginástico
e desportivo e seus efeitos na morfologia, no dinamismo e psiquismo individual.
Entres Negrão & Molinkiss, trabalhando com crianças do Sesi,
estabelecem padrões de referência para determinadas provas de avaliação física
como: velocidade, resistência, força, que se encontram no prelo e que irá constituir
importante referencial prático e simples na avaliação dos alunos em suas capacida-
des físicas.
Ainda no solo pátrio o laboratório deo Caetano tem procurado determinar
testes para a realidade brasileira e que já constitui publicação disponível nas livra-
rias.
Mesmo com os esforços que muitos grupos vem realizando na área de
avaliação da criança há necessidade de pesquisas multidisciplinares que venham
correlacionar os diferentes níveis de manifestação do comportamento humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01- BENNET-BEAN, R. Human Types. The Quart. Rev. Biol., 1: 360-392,
1926.
02- BERARDINELLI, W. Tratado de biotipologia. Livraria Francisco Alves,
Rio de Janeiro, 1942.
03- BRUGSCH, T. Tratado de Patologia Média. Trad. da 3
a
Ed. alemã. Rio de
Janeiro, Guanabara, 1938.
04- CLAPARÈDE, E. Psicologia da criança e padagogia experimental. Editora
Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1940.
05- COELHO, L. Epilepsia e personalidade. Coleção Ensaios n° 14. 2
a
ed.,
Editora Ática,o Paulo, 1980.
06- COELHO, L Fundamentos epistemológicos de uma psicologia positiva;
o Paulo: Ática. 1982.
07- EKBLOM, B. Effect of physical training in adolescent boys. J. Appl. Physiol.
27 (3): 350-355, 1969.
08 - FORD, E. B. Genética o adaptação;o Paulo, EPU - Ed. da USP, 1980.
09- GODIN, P. Recherches antropometriques sur la croissance des diverses
partiesdu corps. Ed. Amédée, Legrand, Paris, 1935.
10- GOMES DE, S. A. Biometria em Educação Física. McGraw-Hill do
Brasil,o Paulo, 1975.
11- HEGG, R. V. e LUONGO, J. Elementos de Biometria Humana. Nobel.
o Paulo, 1971.
12- HEGG, R. V. Aspectos médico-biométricos em medicina escolar. Jornal de
Pediatria,o Paulo, 32: 399-405, 1967.
13- ISMIL et Col. The effect of a four-mounth physical fitness program on a
young and old group matched for physical fitness, E. J. Appl. Physiol.
40: 137-144, 1979.
14- MALINA, R. M. Exercise on influence upon growth. Clin. Pediatrics, 8:
16-26, 1969.
15- MARCONDES, E. et ai. Estudo antropométrico de crianças brasileiras de
zero a doze anos de idade. Anais Nestlé, 84, 1970 (200 p).
16- MARCONDES, E. Pediatria Básica. 6
a
ed.o Paulo, Sarvier, 1978.
17- MIRA Y LOPES, E. Manual de Psiquiatria. Editora Scientífica. 1944.
18- OLIVIER, G. Morphologie et types humains. Ed. Vigot Frères, Paris, 1961.
19- PENDE, N. Traitéde Medicine byotipologique. Ed. G. Doin, Paris, 1955.
20 - PENNA, A. J. O. Crescimento infantil: uma fórmula para o peso em função
da idade, de 1 a 30 meses. Rev. Ass. Med. Brás. 8: 163-170, 1962.
21 PIKUNAS, J. Desenvolvimento Humano: uma ciência emergente,o Paulo.
McGraw-Hill do Brasil, 1979.
22- ROSSI, A. R. Tratado teórico-prático de Biotipologia y ortogenesis. Ed.
Ideas, Buenos Aires, 1944.
23 SHELDON, W. H. Les varietés de la constitucion physique de 1'homme. Ed.
Presses Universitaires de France, Paris, 1950.
24- SIGAUD, C. La forme humaine. Paris, 1914.
25- SILVEIRA, A. Psicologia Fisiológica. Revista Maternidade e Infância, 25:
205-252, 1966.
26 SILVEIRA, A. Aplicação da genética humana à higiene mental. Revisão
de 300 matrículas do Centro de Saúde de Santana. Arq. de Neuropsiquia-
tria. 14:117-135, 1956.
27 - SILVEIRA, A. Cerebral systems in the pathogenesis of endogenous phycho-
ses. Arq. Neuro-Psiquiatria 20: 263-278, 1962.
28- SOUZA, O. M. Anatomia topográfica. Editora Gráfica Rossolillo,o
Paulo. 1970.
29- SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de Educação Física. Ed. Guana-
bara, Rio de Janeiro, 1982.
30- TANNER, J. M. Education et croissance. EditionsDelachoux et Niestlé.
Suisse, 1964.
31 - TANNER, J. M. Growth at adolescence. Ed. Blackwell, Oxford, 1962. .
32- VANDERVAEL, F. Biométrie humaine. Editions Desver, Liège, 1964.
33 VIOLA, G. La constituzione individuale. L. Cappelli, Bologna, vols.
1-2. 1932/1933.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo