Download PDF
ads:
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO COMERCIAL ESCOLA
TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
FUNDAMENTO PSICOLÓGICO DA APRENDIZAGEM
Prof. Daisy Collet de Araújo Lima
I - Conceito de aprendizagem (1)
1. Aprendizagem - e a constituição ou a fixação de conteúdos
de experiencias, tendo em vista a sua posterior reprodução.
(Otto Lippmann)
2. Aprendizagem - é o processo de formação de habito e de
aquisição de conhecimentos.
(W. Ho Pyle)
3. Aprendizagem - e a modificação adaptativa do comportamen-
to, resultante de experiencias repetidas.
(Henri Pieron)
4. Aprendizagem - e a aquisição de uma nova forma de condu-
ta ou a modificação de uma forma-de conduta anterior.
(A.M. Aguayo)
5. Aprender e modificar respostas adquiridas ou formar ou-
tras novas.
(Frank N. Frieman)
6. Apredizagem - consiste em modificar a reação e organic
mo por através experiencia.
(Stephen H. Colvin)
7. Apredizagem - e a aquisição de novos enlaces ou a mu -
dança de outros antigos.
(W.H. Kilpatrick)
8. Toda aprendizagem de verdade sempre se traduz em mudan-
ça de atitude do indivíduo, ou na aquisição de uma habilidade especial ou de alguma
forma de destreza ou na manipulação de mate -riais ou instrumentos.
(Henri C. Morrison)
ads:
9. Aprendizagem - e a capacidade de tirar proveito da expe.
riencia.
(Mary Collins)
10. Aprendizagem - e a formação de conexões do tipo S - R ,
em que S significa "situação estimuladora" e R significa"reação / resposta".
(E.L. Thorndike)
11. Aprendizagem - como a medimos, é a variação do rendimen-
to em função da pratica.
(J.A. Mac Groch)
12. Aprendizagem - e uma variação na habilidade de rendimen-
to que se estrutura sobre operações definidas, individualmente
es-
pecíficas.
(Kurt Koffka)
13. Aprendizagem - e o processo de ajustamento ou adaptação
progressiva do indivíduo a uma situação problemática, na qual os
obstáculos que por ventura surgirem, poderão ser vencidos pela u-
tilização direta de formas de comportamento preexistentes, natu-
rais ou também ja adquiridos. Os resultados desta adaptação se
evidenciam, quando o ajustamento, em situações similares a essa
situação anterior, apresentar maior eficiencia, ou seja, economia
de esforços e tempo, com sensível reforçamento da direção total
da atividade que se tenha em vista.
(A. W. Melton)
14. Aprendizagem - e o aumento da força e da eficacia de u-ma
resposta que se obtém por através de repetições desta mesma /
resposta ou por através de repetições das situações estimuladoras
apropriadas para provocar esta mesma resposta.
(James Duse)
15. Processo dinâmico de progressiva reorganização e ajusta
mento de personalidade em função de motivos.
(M. Violeta Villas Boas)
16. Aprendizagem - e a aquisição de esquemas novos, resul-
tantes do ato de acomodar os antigos aos objetos assimilados.
(Luiz Alberto dos Santos Brasil)
II - Teorias psicológicas sobre a natureza da aprendizagem
A natureza da aprendizagem é objeto de controversia en-
tre os psicólogos. Podemos classificar as teorias da aprendiza-
gem em dois grandes grupos: teorias associacionistas e teorias /
não associacionistas. As primeiras explicam a dinâmica de apren-
dizagem como uma associação de processos mentais ou como um encade
amento de reações nervosas, subdividindo-se em duas correntes:
a)- TEORIAS SUBJETIVAS, que consideram a aprendizagem como uma
as-sociaçao interna de sensações e imagens; é o caso por
exem-plo da teoria da apercepção de Johann Herbart (1776-l84l)
é da teoria estruturalista de Edward Bradford (inglês - 1867
-1927).
b)- TEORIAS OBJETIVAS, que consideram a aprendizagem, como uma as-
sociação não de estados mentais, mas de processos nervosos /
corticais, de reclexos, de reações orgânicas; é o caso por e_
xemplos da teoria funcionalista de William James (l842 1910)
e John Dewey (1859 x 1952); da teoria hedonica de
Thorndike (1874 - 1949) ; da teoria reflexeológica de Pavlov
(1849 - 1936) e Bechterev (1857 - 1927) i da teoria behavioris-ta
de Watson (1878 - 1958) e da dinâmica de Woodworth (... 1869
- 1962).
As teorias não associacionistas explicam a aprendizagem
como uma integração de reações espontâneas, como uma aquisição in-
tencional de experiências unitárias ou globais, ou como assimila
ção inteligente e adaptadora da verdade. Enquadramos no primeiro
caso a teoria Hormica de William Mac Dougal ( ), no segun
do a teoria "Gestalt" de Wolfang Kohler (1887 - ), Kurt
Koffka (1886-1941) e Marx Wertheimer ( ) e no terceiro/
caso a teoria da assimilação, de Jean Piaget (1896) (2)
De uma maneira geral podemos simplificar ou reduzir os
modos de aprendizagem em: aprendizagem pelo processo de condicio-
namento clássico (Pavlov e Watson); aprendizagem pelo processo /
de condicionamento instrumental (Skinner e Thorndike); a
aprendi-zagem pelo processo de discernimento (hler) e
aprendizagem pelo processo assimilativo (Piaget).
1. Aprendizagem por condicionamento Clássico - reflexo
con-dicionado de Pavlov - um estímulo neutro (campainha) e
associado/ com um estímulo primário, "Não condicionado"
(alimento) que produz uma resposta "não condicionada"
(salivação). Após repetir, al-gumas vezes os dois esmulos,
simultaneamente, a resposta (saliva-ção) fica ligada ou
condicionada à campaínha-estímulo anteriormen-te neutro, que se
tornou condicionado.
2. Condicionamento instrumental - são aquelas experiencias
em que o animal aprende um certo comportamento POR MEIO DO QUAL
consegue livrar-se de "uma situação dolorosa (choque) puxando uma
alavanca que desliga a corrente elétrica, 3.
Princípios do condicionamentos
A - Reforçamento - a resposta condicionada se fortalece pelo
e stímulo (alimento). B - Extinção - se o estímulo
condicionado e apresentado muitas vezes sem reforço, pode se
extinguir. C - Generalizão - os estímulos semelhantes
provocam a resposta condicionada. D - Discriminação - a medida
que o numero de repetições aumen-tava, somente o estímulo
principal provoca o reflexo. 4. Importância do
condicionamento como forma de aprendizagem.
Outras experiencias:
MARQUIS - 1930 - Desde o nascimento o experimentador /
fez soar uma imediatamente antes de alimentar
o bebe, durante um período de 3 a 6 dias. Ob-
servou que a atividade geral e o choro cessa-
vam, e que ocorriam movimentos de abrir a boca
e chupar, desde que a campainha tocasse. U-ma
voz que o cortex, segundo o que se sabe a-o
momento, so começa a funcionar algum tempo
depois do nascimento, isto indica a pos-
sibilidade de condicionamento subcortical.
MENZIES - 1937 - Colocando-se uma das mãos dentro de á-
gua fria, a outra também esfria devido à vaso
constrição dos vasos periféricos, o exper-
mentador associou este fenômeno com varios ou-
tros estímulos: palavras, buzinas, luz, mu-
danças de postura. Observou que esses estímu-
los acabavam por produzir a vaso-constrição /
(até mesmo quando a palavra estimulo era ape-
nas imaginada, e nao chegava a ser pronuncia-
da).
têm demonstrado que no homem acontece o mesmo que acontecia com
os caes de Pavlov.
O reflexo condicionado explica grande parte de nossa a-
prendizagem, da formação dos nossos hábitos e das nossas reações
emocionais.
Dentro da concepção da aprendizagem por Condicionamen -
to, Watson se fundamenta duas leis;
a)- lei da repetição (a repetição estabelece e reforça/
a conexão). b)- lei da recenticidade (quanto mais
recente o exercício mais forte a conexão).
5. Condicionamento instrumental e aprendizagem por ensaio/
e erro.
CONDICIÓN/CIENTO INSTRUMENTAL - Toda vez que uma reação
ou resposta serve de "instrumento" para se obter a sa-
tisfação de um desejo ou necessidade, essa forma de
con-duta e aprendida ou fixada,
A - Por exemplo: - Suponhamos que uma criança tenha medo
de visitas e se esconda atras de um movei quando al-
guma pessoa estranha chega a sua casa. Por esse /
processo, consegue escapar do contato que a âmedron-
ta, Enquanto se sente "escondida" sente-se segura-
o comportamento instrumental tem o efeito de evitar
o sentimento de medo. Se ela nao tivesse tentado /
esse modo de conduta, sentir-se-ia amedrontada du -
te todo o tempo da visita.
B - NO CONDICIÓNAMENTO SIMPLES, a aprendizagem ocorre /
por associação devida ao fato de um estímulo nao
condicionado (exemplo: alimento para o cao famin-
to) ser apresentado ao mesmo tempo que o estímulo /
condicionado (exemplos som da campainha). No
condi-dionamento instrumental ha mais elementos de
compre-ensao. O indivíduo associa uma forma de
conduta a uma satisfação (ou a fuga de uma situação
desagradá-vel) e passa a reproduzir esse modo de
conduta como meio de prolongar uma satisfação, A
reação passa a ser vista, pelo indivíduo, como meio
"natural" ou "lógico" de alcançar uma gratificação.
C - NA VIDA DIARIA - grande parte do repertorio de com-
portamento, na infância, e adquirido por "condicio-
namento instrumental" - Exemplos a "birra" ou "ma-
nha" (so conduz o adulto a mudar de ponto de vis-
ta, e deixar a criança fazer o que deseja, tem esse
efeito, se tornam modos permanentes de conduta). O
exibir-se ou "fazer gracinhas" -geralmente sao. /
meios de obter aprovação ou atenção dos adultos.
Quando a criança se sente esquecida (exemplos por-
que ha visitas) experimenta o mesmo processo para
chamar atenção sobre si. Da mesma forma, os compor,
tamentos indesejáveis (travessuras, gestos ou pala-
vras pouco recomendáveis) podem ser utilizadas como
meio de atrair a atenção sobre si,
APRENDIZAGEM POR ENSAIO E ERRO
A - Princípios:
- Refere-se também à formação de hábitos por associação
de E - R.
- A "R" deve ser encontrada - nao e dada pronta como no
caso de condicionamento clássico,
- A associação E - R e feita através da recompensa que
premia o ato adequado.
- O objetivo em vista e a equivalente RECOMPENSA em
mui-tas coisas que aprendemos; colocar a bola no
cesto , em basket-ball, tocar um instrumento,
B - Características:
- A pessoa que aprende está motivada por uma necessida-
de,
- Realiza vários atos procurando satisfazer aquela ne -
cessidade - a capacidade para produzir estes diferen-
tes atos e fundamental a aprendizagem (o. condiciona -
mento não acentua este ponto),
- Tende a REPETIR aquele tipo de comportamento quê foi
recompensado, isto e, que reduziu a necessidade,
- A resposta adequada deve ser encontrada pela propria
pessoa, cujas tentativas fazem parte do processo /
de aprendizagem - ao fim de uma aprendizagem, os movi,
mentos excedentes sao eliminados", ( 3 )
"Essa aprendizagem:
- processa-se de modo mais ou menos consciente.
- e analítica: processa-se por graus (ensaios).
- depende de experiencias progressivas,
. Um exemplo interessante deste tipo de aprendizagem e o
ciclismo, Quando o indivíduo aprende a andar de bicicleta ele /
vái experimentando diversas reações musculares ate encontrar aque-
la que proporciona o equilíbrio. Ê através das repetidas tentati-
vas e dos erros que o indivíduo vai aprender o comportamento ade-
quado," (4)
"Thorndike apresenta dentro de sua concepção de aprendi.
zagem, as primeiras leis sistematizadas da aprendizagem, tros das
quais sao fundamentais:
- LEI DO EXERCÍCIO (da repetição, do uso e desuso, da
cecenticidade), O exercício fortalece a conexão en
tre o estímulo e a resposta, a falta; de uso enfraque
ce-a,
- LEI DA PRONTIDÃO (da presteza, da preparação) - produ-
zimos mais, aprendemos mais eficientemente, quando /
realizamos um ato para o qual estamos preparados : con-
trariamente, e menor o rendimento das situações de a-
prendizagem para os quais nao estamos receptivos, És-
se conceito de prontidão é amplo, envolve nao so o
problema da motivação, mas também o grau de maturidade
e as condições ocasionais do estado do Indivíduo /
(saúde) e do ambiente (silencio, condições do grupo).
- LEI PO EFEITO (da satisfação, da tonalidade afetiva)-
o organismo tende a repetir e, portanto, a aprender /
as reações agradáveis, e tende a nao repetir e, por-
tanto, a nao aprender as reações desagradáveis.
6. Aprendizagem por insight:
A - "INSIGHT" - consiste num "processo de direção da a-
tividade com um fim" (solução de um problema, resta
belecimento de equilíbrio), a compreensão verdadeira
de situação e do objetivo a atingir é fundamen-tal
para o indivíduo. Esta compreensão se faz graças ao
"insight" que pode ser conceituado como: "dis-
criminação das relações entre os componentes da si-
tuação e deles com o "todo". A essência da
aprendi-zagem reside propriamente na descoberta de
relações no todo percebido". (5).
B - CARACTERÍSTICAS DO "INSIGHT" COMO COMPREENSÃO DE
RE-LAÇOES - "o "insight" depende do arranjo da
situa -ção - experiencias anteriores so não são
suficien -tes - somente quando os elementos
essenciais da solução estão presentes o "insight"
pode ocorrer:
- quando a solução do problema é encontrada por
"insight" poderá ser repetida imediatamente - a-
qui uma diferença:
solução gradativa - e a regra em tentativa e er-
ros.
solução imediata - e a regra em aprendizagem por
"insight".
- a solução obtida por "insight" pode ser aplicada/
para novas situações - nao se trata de aprender /
um movimento, mas perceber a relação entre MEIO e
FIM, ainda que os instrumentos numa situação nova
sejam diferentes (outras formas) eles substitui-
rão os primeiros, conquanto sirvam para atingir /
O OBJETIVO em vista". (3)
C - CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM, SEGUNDO A GESTALT:
- "continuidade ; a aprendizagem e um processo con-
tínuo que se fundamenta na experiencia passada e
se transferirá à experiencia futura. Quando, em
face de uma situação nova, o educando reage com
uma configuração, este padrão novo de comportamen-
to derivou de sua experiência anterior. Nao foi,
propriamente, um ato novo, mas a reorganização da
configuração total.. Esta continuidade e possibi-
litada pela memoria.
- direção - a aprendizagem e um processo dirigido / no
sentido de encontrar a solução para o problema
com que o indivíduo so defronta. Toda a sua ati-
vidade visará a êste fim.
- tendencia ao fechamento - toda aprendizagem con -
em perceber objetivos e atingi-los, corres-
pondendo, assim, a uma reorganização das condi -
ções intrínsicas no sentido de encontrar uma solu-
ção para o problema, ou seja, um ajustamento à no-
va situação. Com a consecução deste objetivo fe-
cha-se a "estrutura", completa-se a "configura -
ção". (5)
7. Aprendizagem por assimilação:
Para compreendermos a teoria de Jean Piaget temos que
levar em conta sua etimologia propria.
ESQUEMA - e a idéia que todos nos temos em relação as
coisas do mundo e através dessa idéia (estrutura - esque-
ma) e que compreendemos, interpretamos, a nosso modo ,
essas coisas e procuramos adaptar a realidade a esta i-
deia.
ASSIMILAÇÃO - atividade mental no sentido da integração
da realidade.
ACOMODAÇÃO - no sentido de apreender a realidade nao
conhecida, através da transformação de nosso esquema de
modo tal que o mesmo se assemelhe a esta realidade ou
no sentido de deforma-la para adaptá-la ao nosso esque-
ma.
Conseguindo acomodar o desconhecido ampliamos o nosso /
esquema assimilando coisas novas e portanto aprendendo.
Dentro desta concepção o processo de aprendizagem envol-
ve quatro aspectos;
"ASPECTO PERCEPTIVO - simultaneo com associações, onde/
os elementos percebidos se ligam a outros anteriormente conheci -
dos. Em seguida vem a assimilação dos novos conhecimentos dos
es-quemas de ação, que possuímos relativos aos objetos
conhecidos, as-sociados aos que estamos conhecendo. A
assimilação é feita a custa de acomodações dos referidos
esquemas"• (6)
III - Motivação da aprendizagem
1. Conceito:
Dizemos que um indivíduo está motivado quando ele pos-
sui um estímulo para a ação . 2. Motivos e incentivos:
Conceito: Motivo - segundo Harriman - é tudo que inici-
a, sustenta e dirige uma atividade - e a condição intrinseca que
determina uma atividade.
Incentivo - segundo A.G. Bill - e qualquer objeto ou
condição ambiental que provoca o comportamento do indivíduo com o
fim de consegui-lo ou evitá-lo. É toda condição extrínseca que
estimula os motivos.
3.
Necessidades:
a)- Fundamentais - são as necessidades inatas ou por
muitos chamadas biológicas.
b)- Secundárias - adquiridas. 4. Analise de alguns
psicólogos sobre as necessidades fundamentais : A - Charlotte
Buhler (no livro "El problema de la infância/
Y la mestra). Tendências fundamentais biológicas
Correspondentes psicológi-
cos
a)- Expansão (crescimento e repro- b)- domínio.
duçao;
e)- satisfação, prazer.
b)- Equilíbrio.
B - Hans Lippmann (livro "Psicologia Educacional") .
Necessidades fundamentais ou tendências básicas. a)-
AFIRMAÇÃO - e a de afirmar, manter e desenvolver a sua
propria personalidade em todos os planos da e-
xistencia. - No nível psico-físico, o homem tende a
proteger, a manter e a desenvolver o seu bem estar
biológico. Mas o homem tende também a manter e a
desenvolver a sua "individualidade social". Êle quer
"ser al-
guem", que e tomado em consideração pelos outros ,
seus semelhantes, isto e, ele nao quer desaparecer/
ou morrer no plano social.
O homem nao pode suportar a idéia de se sentir des-
provido de valor ou de consideração. E o que vale no
plano social, também deve ser afirmado no pro -prio
plano espiritual. b)- CONTATO COM OS OUTROS
- no nivel biológico - trocar bioquímicas - instin-
to sexual.
- no nivel social - necessidade psíquica de contato-
intercâmbio - comunicação - de apoio - de simpa-
tia (vida de relação).
- no plano espiritual - caráter mais universal de
integração - atribuição de algum significado a
nossa existencia (problema filosófico e
intelectu-ai), necessidade religiosa.
C - Segundo Erich Fromm ("Análise do homem").
a)- necessidades animais
ou fisiológicas
b)- necessidades hu-manas
ou psico-sociais
necessidade de uma estrutura de
o-rientação e vinculação - razão
versus irracionalidade.
D -
Segundo Maslow - Abraham (195b)
a)- Fisiológica
b)- Segurança
e)- Amor
d)- Consideração
e)- Auto realização
5. Interesse
A - Conceito:
-
Etimológico - interesse - estar entre
-
Claparède - e uma relação de conveniencia entre o su-
jeito e o objeto visado num dado momento.
B - Evolução:
Segundo Claparède (l873 - 1940)
1ª fase: ESTÁGIO DE AQUISIÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO:
a)- Período dos interesses perceptivos (1º ano
de vida);
b)- Periodo dos interesses glóssicos ou da
lin-guagem (2 a 3 anos);
e)- Período dos interesses gerais, despertar /
do pensamento, idade perguntadora (3 a 7
a-nos) ;
d)- Período dos interesses especiais e objeti-
vos (7 a 12 anos).
2ª fase: ESTÁGIO DE ORGANIZAÇÃO DE ELABORAÇÃO DE VALO-
RES:
e)- Período sentimental : interesses éticos e
sociais, interesses especializados 5 inte-
resses relativos ao sexo (do 12 a 18 anos)
3ª fase: ESTÁGIO DE PRODUÇÃO:
f)- Periodo de trabalho. 6.
Jogo e Trabalho:
a)- Diferença entre jogo e trabalho.
-
A finalidade em vista caracteriza o trabalho.
-
O
jogo se caracteriza pelo prazer de atividade.
b)- Relação entre o jogo e o trabalha (curva de Clapa-
rede ).
de adolescentes aos quais se impõem trabalho para ajudar em casa,
(mas nao por grande necessidade). Não existe interesse algum,nem
mesmo finalidade intrínseca, a nao ser, satisfazer uma melhora na
situação caseira.
TRABALHO FORÇADO - aí temos a situação de escravos (quando o indi-
víduo não tem possibilidade de escolha).
IV - Transferencia de aprendizagem
É o ponto básico para a análise da eficiencia da apren-
dizagem. Aprende-se para viver em melhores condições, para estar,
se mais apto para as exigencias da vida. Portanto este e um pon-to
fundamental para os professores. Nossos alunos estão realmente
aptos?
Varios psicólogos, filósofos, educadores se preocupam /
com o problema tendo em vista seu caráter essencial para a orga-
nização escolar.
A posição do professor em face desse problema vai deter-
minar seu programa, seu método de trabalho.
1.
Acreditou-se por muito tempo na transferencia absoluta,
isto e, que bastava treinar-se uma faculdade psíquica e esta era
prontamente aplicada em outras situações.
Essa concepção, era defendida pelo filosofo ingles
John Locke (1632 - 170l), que acreditava ser a mente um agregado/
de várias faculdades ou poderes: atenção, memoria, imaginação ,
raciocínio, etc., os quais embora constituindo um todo podiam ser
exercitados à parte. O exercício desses poderes se trans feria, po-
rem, para o "todo". Essa concepção"da "Psicologia das Faculda-
des" resultou na "doutrina da disciplina formal", no setor educa
cional.
2.
Atualmente aceita-se a relatividade da transferencia. E
nessa relatividade estudasse a transferencia negativa, isto e ,
quando uma aprendizagem dificulta outra; neste caso dizemos que
houve interferencia.
3. As principais teorias sobre a transferencia da aprendizagem:
a)- "Teoria dos elementos idênticos ou dos componentes idênticos"
(Thorndike e Woodworth). A substituição da expressão
elementos por componentes, visou/ evitar a interpretação
limitada a que ela se prestava. De acordo com esta teoria, o
fundamento da transferencia reside/ na identidade do conteúdo,
de processo e de atitude, so se transferindo o aprendido de
uma dada situação ou tarefa para
outra quando haja essa identidade. Por outro lado, quanto
maior o numero de elementos idênticos maior a transferência.
A crítica feita a essa teoria por muitos psicólogos é a de
que ela seria praticamente uma negação da transierencia, prin-
cipalmente, no que diz respeito a identidade de substância
ou conteúdo. Em resumo, como diz John Ryan, a transferência/
ficaria reduzida a uma mera repetição, numa nova situação, do
que fora anteriormente aprendido.
b)- Teoria da generalização da experiencia (Judd)
O conceito fundamental nessa teoria es o que importa na apren-
dizagem não e o assunto e sim o método, no O QUE mas o como. É
levando o aluno a observar, a raciocinar e a generalizar, que o
professor assegura a transferência do que foi aprendido e a apli-
cação da regra geral ao caso particular.
5 Para Judd, a transferência se fundamenta na generalização, so
se transferindo que e passível de ser generalizado. Aliás, as ex-
periências mostram que a generalização sistemática da experiência
favorece sua utilização posterior.
É bem conhecida a experiência feita por esse autor com dois
grupos de estudantes que receberam como tarefa lançar dardos numa
mira dentro d'água. Antes de começarem o treinamento, um dos gru-
pos assistiu, à uma aula, sobre refração e sua relação com a tare-
fa a executar. ' Após um certo tempo em que ambos os grupos treina
ram com resultados iguais, a profundidade da água foi modificada.
Isto exigiu um ajustamento dos dois grupos as novas condições, sen-
do que os componentes do grupo que havia tido a aula sobre refra-
ção, se adaptaram mais depressa, por terem aplicado a situação no-
va o conhecimento teórico geral aprendido.
Desenvolvendo seu ponto de vista, Judd friza que o fracasso /
do ensino decorre, freqüentemente, do fato de que ele consiste em
mero treinamento de itens isolados. O que e vital; pelo contra -
rio, é que o educando seja levado a compreender as vantagens da/
generalização e se habitue a faze-la, porque generalizar e rela -
cionar experiências de tal modo que todas as aquisições "redunda-
rão em proveito do indivíduo em varias esferas do pensamento e a-
ção".
e) - Teoria dos ideais de procedimento - (W.C. Baglev)
Considerada como uma variante da "teoria da generalização",
va-loriza nesta o aspecto APRECIAÇÃO. Por outras palavras,
segundo/ Bagley, não basta aprender a generalizar, é preciso não
so reco-nhecer o VALOR da generalização, como sentir necessidade
fazê-la.
Ter-se-á formado, então, uma atitude, de tal modo emocionalizada/
que, como diz John J, Ryan, passa ao plano de ideal, assegurando/
assim a transferência.
d)- Teoria Gostaltista
O fundamento da transferência reside no "insight", isto
e, na compreensão verdadeira da situação encarada na sua totali-
dade. Partem os "gestaltistas" do conceito fundamental a toda a
sua teoria de que cada situação estimuladora percebida e " mais
que mera soma de suas partes:- estas sao relacionadas graças ao
"insight" ou DISCERNIMENTO. Por meio de experiências prova que ,
mesmo os animais, quando aprendem a reagir de um certo modo a uma
dada situação, nao transferem essa resposta em função da identida-
de de elementos e sim pela descoberta de uma relação entre eles.
Ryan cita uma experiência que consistiu em condicionar animais e
uma criança a escolher entre duas caixas coloridas a mais brilhan-
te, para assim atingir seu alimento, A posição das caixas foi mu-
dada varias vezes para reforçar o condicionamento à cor, Feito
is-to, a 1ª cor, menos brilhante, foi substituída por uma 3ª,
mais brilhante ainda que a 2
a
. Os animais e a criança,
inclusive,em vez de continuarem a escolher a 2
a
cor, como estavam
treinados (e o que fariam se o mecanismo da transferência se
baseasse na identidade de elementos, porque nao nada mais
idêntico a uma cor que ela mesma), em vez de fazê-lo, passaram a
escolher a 3
a
côr mais brilhante, evidentemente pela relação
MAIOR BRILHO, relativa mente a segunda,
A transformação se fundamenta, pois, na compreensão des-
tas relações, o que envolve, evidentemente, a idéia da
generaliza-ção. Por outro lado, quanto mais profunda a
compreensão de tais relações, maior significação assume a
experiência para o indiví-duo e maiores as possibilidades de
transferência", (5)
V - Aprendizagem experiencial e aprendizagem cultural
O ser humano inicia sua existência com um equipamento /
hereditário reduzido, o qual atende simplesmente às necessidades/
primarias, a medida que a maturação e o crescimento vão-se pro -
cessando, há necessidade de novas formas de conduta para atender/
as necessidades crescentes. Esse comportamento adquirido e o que
chamamos aprendizagem vital ou experiencial,
Alem dessa aprendizagem citada, o ser humano, para
aten-der as exigências culturais do seu meio, lança mão de uma
aprendi-zagem sistemática que o leva a adquirir conhecimentos e
habilida-
des. A aprendizagem culturalé uma exigencia imposta pelo acumulo
de conhecimentos e técnicas do grupo social no qual vive o
indiví-duo, Essa aprendizagem requer um trabalho constante,
metódico, na aquisição e retenção de condições que tornarão o
indivíduo mais apto para as exigencias da vida.
Essas aprendizagens podem ter uma predominancia psicomo-
tris ou um caráter mais intelectual.
Nesta apostilha foram transcritos trechos de trabalhos/
dos professores:
HANNS L. LIPPMANN (1)
MARIA LUIZA FERREIRA (PABAEE) - (3)
SILVEIRA PONTUAL - (4)
M. VIOLETA VILLAS BOAS - (5)
LUIZ ALBERTO DOS SANTOS BRASIL - (6)
DE APOSTILHA E.N.C.D. - 3
a
SÉRIE - (2)
BIBLIOGRAFIA
AGUAYO, A.M. - "Pedagogia Científica
ALMEIDA,.J. - "Noções de Psicologia Aplicada à Educação".
GATES, A.J. - "Psicologia para Estudantes de Educação", trad, e n
notas de Noemy da Silveira Rudolfer. GARRET, Henry E. -
"Grandes Experimentos de Psicologia". KRECH, David e
EMTCHFIELD, Richard - "Elementos de Psicologia" - 2º volume. PEAGET, Jean -
"Psicologia da Inteligencia".
RUDOLFER, Noemy da Silveira - "Introdução à Psicologia Educacio -
nal".
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TRE
INATENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO CNICO COMERCIAL
ESCOLA TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
PERSONALIDADE
Prof. DAISY CLLET A. LIMA
I
1 - Conceito:
Ignace Lepp, em seu livro LUZES E TREVAS DE ALMA (pág, 31)a
presenta ura exemplo que auxilia na conpreensão da etimologia do têrmo
PERSONALIDADE.
O exemplo é o seguinte: "Os filhos de um ilustre professor/
fizeram de seu pai uma imagem de um homem silencioso, tímido,
excessi-vãmente eclipsado. Com efeito, assim é visto em casa, onde e
sua mulher quem domina. Um dia, os filhos entram na sala de aula da
faculdade: tem dificuldade, em reconhecer seu pai no homem que ali
está falando? Seguro de si, autoritário, brilhante, mordaz: eis o
profes-sor M.. Pelo fato de que a sociedade tem para si uma idéia
do que de-ve ser um bom professor, este lhe toma, quase que
institivamente o papel. Mas podemos afirmar com certeza que seu ego
verdadeiro melhor aparece à mesa, em companhia de sua mulher e
seus filhos? Ha fortes probabilidades de que mesmo aí ele leva a
mascara, uma máscara diferente.
O têrmo PERSONALIDADE se origina da palavra grega PERSONA,
que designava a mascara usada por atores para ressaltar os traços mar-
cantes, qualidades ou defeitos de cada personagem que estivesse repre
sentando. Algumas definições de personalidade, assim como algumas /
personalidades ficam so na aparência externa, portanto so nos persona
gens que o indivíduo representa nos varios papeis sociais de sua exis-
tência.
Mas personalidade nao e isso, ou melhor, nao e só isso.
A conceituação mais açeita de personalidade é dada Allport
(1937): "Personalidade e organização dinâmica, intra-individual dos
sistemas psicofísicos, que determinam a sua adaptação específica
ao
ambiente" .
Ha tamboril a definição de Papa Pio XII apresentada em 1958 ,
em um Congresso de Psicologia Aplicado, realizado em Roma. Definição/
aceita o digna de louvor pelos psicólogos presentes: "Personalidade/
e a unidade psico-somática do indivíduo humano, enquanto determinada/
e governada pela alma,
Ha uma grande quantidade do definições de Personalidade,
Allport coligiu nada menos de 50 tipos de definições de personalidade.
2 - Componentes
Atendendo ao aspecto pratico do nosso curso focalizarei, nos
componentes da personalidade, somente o temperamento e o caráter.
A - Temperamento;
Conceito (Gordon allport) - o temperamento representa /
os caracteres da vida afetiva do homem. As tendencias,
as predisposições inatas são decorrências, em grande
parte, da estrutura do sistema nervoso e das glândulas/
endocrinas e respondem pelo temperamento do indivíduo.
A velocidade e a intensidado das manifestações /
psíquicas sao condionadas por fatôres biológicos
consti-tucionais hereditarios.
De tudo isso há fundamento da suposição do haver
correspondencia sobre determinados tipos físicos e de-
terminados' temperamentos.
Ha tentativas várias no sentido de classificação
dos indivíduos em tipos de temperamento.
A mais conhecida ou melhor a mais vulgar é a de
Carl Gustav Iung (1875 - 196l) - (1909) que divide os
indivíduos em; extrovertido ou introvertido conforme a
capacidade dos mesmos em estabelecer relações com o mun-
do exterior.
Ha também a do Krotschmer (1923) e de Sheldon -
Stevens (atualmente a mais aceita (1942).
B - Caráter
Conceito "(Henry Wallon) - maneira habitual e constante
de reagir o indivíduo em face dos problemas da vida". -
"(Erich Fromm) - e a forma particular de relacionamento
- conecituando-o da seguinte maneira: a forma (rela-
tivamente permanente) por que a energia humana e
canali-zada no processo de assimilação o socialização".
Considera como função do caráter:
- a ação coerente o "razoável" do indivíduo.
- a base de ajustamento do indivíduo à sociedade.
O caráter é fruto das experiencias vitais sobro/
o temperamento. Daí a importancia de conhecermos as ca-
racterísticas do temperamento de uma pessoa. A concep-
ção de Gaston Berger, apoiada na Classificação tipologi-
ca de Heymans Wiersma o estudada criteriosamente por Lo
Sonne, define o "caráter" como: "o núcleo de disposi-
ções essenciais recebidas da hereditariedade congeni
tas, que constituem a subostrutura somato-psicologica /
do indivíduo. Percebemos com o exposto que essa/dofi-
niçao coincide com o que chamamos de temperamento.
A discordancia de termos, nao impede o aproveita
mento do seus ensinamentos. Considera o autor tros fa-
tôres fundamentais na constituição do indivíduo:
emotividade: resulta da constituição do sistema
nervoso, o qual possibilita emoções
mais intensas o de fácil desenca-
deamento,
atividade: disposição de quem age facilmente.
secundariedade: e a repercussão das impressões,
E-A-S - Apaixonados
II - EVOLUÇÃO
Ha também uma serie de posições em face ao assunto. Selecio-
namos as posições dos psicólogos Erich Fromm e Erick Erikson.
1 - Concepção de Erich Fromm;
O homem é o mais dependente de todos os animais no início de
sua vida. Esta fragidilidade e compensada de muito, por ser o único
animal possuidor de razão e imaginação. O que permite ao homem nao
viver NO MUNDO, mas viver COM O MUNDO, isto é modificando o mesmo e
se modificando.
Esta dependencia inicial o fundamental para o homem, nao só
em relação a sua sobrevivencia física, mas como também à sua formação
psicológica.
Através do amparo, do amor de sua mãe, da qual depende inte-
gralmente, a criança começa sua adaptação a vida. O novo ambiente/ é
para ela desconhecido e exige da mesma uma adaptação favorável.
Para ser favorável esta adaptação o indivíduo tom que se
sen-tir seguro no mundo, isto é, ele tem que adquirir confiança. Isto
so é conseguido através do AMOR MATERNO.
a medida que o indivíduo cresce, tende esta dependencia a ir
diminuindo ate atingir a independencia..
A independencia o a meta final. É conseguida com esforço ,
pois, os vínculos primarios oferecem segurança e um sentimento básico
de unicidade com o mundo exterior a cada um. Á medida que a criança
emorge daquele mundo, ela dá conta de estar só, de ser uma entidade /
separada de todas as outras. O mundo em comparação com a existencia/
individual do cada um é esmagadoramente forte e bem poderoso, e mui-
tas vezes ameaçador e perigoso. A separação do indivíduo do mundo ,
cria uma sensação de impotencia e angustia, mas o processo e irrever-
sível e o indivíduo tem que marchar para frente, pois isto lhe impõe
sua propria evolução.
"Surgem impulsos para se renunciar à propria individualida-
de, para superar o sentimento de isolamento o de impotencia, submer-
gindo completamente no mundo exterior. Estes impulsos, contudo, e
os novos vínculos que deles brotam, não são idénticos aos vínculos /
primários que forarn rompidos durante a propria marcha de crescimento.
Assim como uma criança jamais pode retornar fisicamente ao ventre ma-
terno, tampouco pode inverter psiquicamente o processo de
individuali-zação; as tentativas para assim proceder formam
forçosamente o caráter de submissão em que a contradição básica,
entre a autoridade e a
criança quo ela ia se submeter nunca é eliminada. Conscientemente a
criança pode sentir-se segura e satisfeita, porém inconscientemente /
compreende que o preço que esta pagando é a renuncia à sua força e a
integridade do seu eu: a submissão agrava a insegurança da criança e,
ao mesmo tempo, cria hostilidade e rebeldia, que é mais aterrorizadora
polo fato de ser voltada contra as próprias pessoas de quem a crian-ça
continua a ser ou tornou-se depedente.
O homem pelo que lhe impõe a sua evolução a sua formação in-
dividual, nao mais se satisfaz com o estado de dependência, surge en-
tão o dilema: depedência (que traz segurança, as aniquila o homem )
ou independencia (que satisfaz sua ânsia de expansão, mas que exige /
dole uma atitude consciente, consequentemente, responsável
A conquista do estado de individualização leva o homem a sen-
tir a limitação, a impotencia o a ignorância dos homens. Sendo as-
sim so a união com os outros homens trará uma certa segurança, conse-
qüente de consagração de forças em que cada um dá aquilo que tem e u-
nidos procuram superar suas deficiencias.
Essa união so pode ser feita quando na mesma predomina o a-
mor, cada um mantém sua individualidade, mas dá-se aos outros numa u-
nião produtiva.
2 - Concepção de Erick Erikson:
APOSTILHA ANEXA.
III - AUTO CONCEITO
A - Conceito (1)
O "auto-conceito", ao cabo de sua evolução, o uma compósito/
de pensamentos e sentimentos que constituem a consciência que cada pes-
soa tem do sua existencia individual, sua percepção do que possui, sua
concepção do que e, ela propria, seus sentimentos sobre suas caracte-
rísticas, qualidades, e propriedades pessoais. O "auto-concoito" é
"a soma total do tudo o que uma pessoa chama de seu" (James, 1902).
O "auto-conceito" inclui, entre outros, um componente percep-
tual: o que a pessoa percebe sobre si mesma - a imagem que tem de sua
propria aparência, a idéia que tem das impressões que provoca nos ou-
tros. Inclui também um componente conceptual: a concepção que a pes-
soa forma sobre seus próprios traços característicos, suas capacida-
dos, seus recursos, defeitos, vantagens o limitações, sua concepção
so-bre sua propria origem o experiencia, seus planos para o futuro, o
que deseja ou acha que virá a ser. Há um terceiro atitudinal: que
in-
clui os sentimentos quo a pessoa tem com relação a sua origem social/
o familiar, atitudes sôbre sua posição presente e perspectivas de fu-
turo , sua tendencia a ver-se com orgulho ou acanhamento, suas concep-
ções sobre seu próprio valor ou desvalor, suas atitudes (que podem sor
conflitivas) do auto-aceitaçao ou auto-rejeição. Quando a pessoa a-
tinge a maioridade, essas atitudes so relacionam também com as cren-
cas, convicções ideais, valores, esperanças e realizações que constu-
mamos designar como "filosofia de vida".
"auto-conceito" pode ser chamado "o ambiente subjetivo" em
que a pessoa se move, Para cada um, ele e um "centro de experiencia/
e significado" (Howie, 1945) e constitui o "mundo interior" da pes-
soa, em contraste com o "mundo exterior" que consiste de outras pes-
soas e coisas.
Poderíamos recorrer a outras palavras para descrever e expli-
car "O auto-conceito" o que nos ajudaria, talvez, melhor explorá-lo.
Alguns outros pontos de vista, neste sentido, são apresentados por /
Murphy (1947), que o descreve como "o indivíduo tal como ele próprio/ se
conhece" : ou como o "custodio da consciência" (Sulluvan, 1947) ; ou
como "o núcleo no qual e em trono do qual as experiencias se integram
para formar um todo único e originais o individuo (Wenkart,1950) O
"auto-conceito" e um fenómeno subjetivo mas, do ponto de vista da
propria pessoa, e ao mesmo tempo uma realidade objetiva e subjetiva:
pode ser visto como sujeito ou como objeto.
B - Ideal do Eu e Imagem idealizada:
Ideal do Eu e o eu ideal perseguido pela pessoa, consciente/
de que ainda nao o conseguiu atingir e provavelmente nao conseguirá /
realizá-lo perfeitamente.
Esse Ideal do eu, e impulsionador, leva o indivíduo a um
cons-tante aperfeiçoamento. Assim o ideal religioso do Cristão e
perfeita semelhança com o cristo.
. Imagem idealizadada- representação estática de um objetivo a
atingir.
Exaltação do
eu - sentimento de perfeição, que leva-o indiví-duo a
se identificar com a imagem. Limita o
indivíduo, que passa a exigir para si o reco-
nhecimento de atributos, que pertencem à ima-
gem.
Atrofiamento - sentimento de imperfeição, que leva o indiví-
do eu
duo à angustia por nao poder se identificar /
com á imagem idealizada. Limita o individuo,
que passa a emitir e receber menosprezo.
Auto-imagem - e importante que o indivíduo conheça suas li-
real mitaçoos e possibilidades, sinta segurança e
procure realizar-se em seu ideal.
IV - A EVOLUÇÃO INTELECTUAL
A inteligencia segundo Jean Piaget (Z)
Nos seus livros destinados à Investigação dos problemas psi-
cológicos dos conhecimento e da ideação infantil o Professor Jean /
Piaget de Genebra distingue entre uma função BIOLÓGICA, uma função
LÓ-GICA e uma função SOCIOLÓGICA da Inteligencia.
Em sua obra sôbre "O nascimento da Inteligencia na criança "
(2ª Edição-1947), Piaget considera a inteligencia como uma manifesta
ção das funções biológicas do ADAPTAÇÃO e de organização. A ADAPTA -
ÇÃO, sob todas as suas formas, representa o estabelecimento de um e-
quilíbiro progressivo entre a operação de ASSIMILAÇÃO dos objetos pe-
la mente e o esforço de ACOMODAÇÃO dos esquemas pessoais às realida-
des exteriores. Procurando demonstrar como a inteligencia se liber-
ta, progressivamente, dos processos reflexos, dos hábitos elementares
das simples associações adquiridas, Piaget aponta, no desenvolvimento
intelectual, a existência de 6 (seis) níveis genéticos diferentes.
No 6º (sexto) nível não há apenas descobertas, mas do lado
dela começa a surgir a invenção, por meio do jogo do- combinações men-
tais, "implicando" esquemas representativos, É no nivel as repre-
sentações se destacam, pouco a pouco, para assumir o valor independen,
te de sinais ou de " imagons simbólicas" e a inteligencia se prepara ,
entrando nos quadros da linguagem, para se transformar, com o auxílio
do grupo social, em inteligencia refletida". Piaget afirma, que a e-
xistencia de uma coletividade social é necessária para a realização /
de um certo equilíbrio das atividades montais, permitindo um jogo de
estruturações, para as quais tende o desenvolvimento natural do indi-
víduo. As regras da lógica impoem-se, então, com uma certa força, co-
mo uma "moral do PENSAMENTO"; esta lógica, entretanto,já preoxiste ,
como potencialidade, em cada indivíduo. Portanto o suficiente que se
constitua um agrupamento de indivíduos, a fim de que, imediatamente /
em seguida, a sua interação assegure o desenvolvimento das potenciali-
dados que eles possuem cm comum.
Estruturas representativas;
Na evolução da estrutura representativa distinguidos quatro/
fases:
1 - Pensamento simbólico proconccitual;
"Quando nao estão bem claras na nossa monte as caracteris-
ticas de classe que desejamos conceituar, tomamos um ele
mento desta como padrão absoluto para julgar as demais:
assim, caracteres que não sao necessários para pertencer
a classe - sao arrolados como tal, acontecendo também o
inverso, isto e, caracteres são tomados como insuficien-
tes quando não o são. Exemplos: (1º caso) atribuir a
"atriz" certa dose de leviandada| (2º caso) pensar que
todo menino perguntador ó inteligente
Isto, que acontece freqüentemente aos adultos,é
característico do pensamento simbólico pro-conceituai ,
quando a criança (2 a 4 anos), começando a substituir /
coisas por palavras, o. faz corretamente quanto aos ele-
mentos individuais, tropeçando porem, cm serias dificul-
dades quanto aos conceitos, pois a noção de classe ain -
da, não se constituiu na sua mente". (3)
"São as noções ligadas pela criança aos primei-
ros signos verbais, dos quais adquire o uso. O caráter/
próprio desses esquemas o permanecer a meio caminho en-
tre a generalidade do conceito e a individualidade dos
e-lementos que o compõem, sem atingir nem um nem outro".
(4)
O raciocinio da criança nesta faixa do idade e
transdutivo (Stern, citado por Piaget), isto ó, depois /
do formular uma proposição singular aplica-a a outra pro-
posição também singular.
2 - Pensamento intuitivo (4 - 7 anos) (4)
"A intuição incide sôbre as configurações do conjunto, e
não mais sôbre as figuras simples, meio-individuais,meio
gencricas, conduz a um rudimento de lógica, mas sob a
forma de regulações representativas e não de operações.
Há deste,ponto de vista particular "contrações e descen-
traçoes"
3 - Pensamento Operatorio (4)
Caracteriza-se pela possibilidade do pensamento executar
uma série de operações que consistem em: classificar ,
distribuir em sérios (ou grupos), enumerar, medir, loca-
lizar ou deslocar no espaço ou no tempo.
Essas operações podem sor executadas porque o
pensamento nesta fase adquire as características, isto
/ é, ne tornam reversíveis, susceptíveis de composição
e associativas.
REVERSIBILIDADE - é o princípio responsável
pela noção de conservação. "Qualquer transformação é re-
versível. Assim e que as duas classes ou duas relações,
quando unidas, podem de novo dissociar-se, e no
pensamen-to matemático cada operação direta, do um
grupo, implica numa operação inversa (subtração por
adição, divisão por multiplicação, etc).
COMPOSIÇÃO - "Dois elementos quaisquer, do um a
grupamento, podem ser susceptíveis de composição, engen-
drando assim um novo elemento do mesmo agrupamento. Duas
classes distintas podem sor reunidas numa classe de con-
junto, que as engloba, duas relações AB o B-C podem sor
reunidas numa relação A C que as contem, etc."
ASSOCIATIVIDADE - "A composição das operações o
"associativa" (no sentido lógico do têrmo), isto é, o
pensamento permanece sempre livre do fazer rodeios, e um
resultado obtido por dois caminhos diferentes, permanece
nos dois casos o mesmo".
É importante notar que esses diferentes agrupa-
mentos, logico-aritméticos ou espacio-temporais, longo
es-tao de constituir ainda uma lógica formal aplicável
a todas as noções e a todos os raciocinio. Ha aqui um
ponto essencial a considerar, tanto para a teoria da in-
teligencia, como para as aplicações pedagógicas, so se
quer adaptar o ensino aos resultados da psicologia do de-
senvolvimento, por oposição ao ligicismo da tradição es-
colar. Com efeito, as mesmas crianças que alcançam as o-
peraçoes, que acabamos de expor, sao ordinariamente inca-
pazes de realiza-las se deixam de manipular os objetos /
ou se sao convidadas a raciocinar por simples proposi-
ções verbais. As operações, de que aqui tratamos, sao ,
pois "operações concretas" e nao ainda formais; sempre/
ligadas à ação, esta fica estruturada, logicamente por
essa operação, assim compreendidas as palavras que acom-
panham, mas do nenhum modo implicam na possibilidade do
construir um discurso lógico, independente da ação.
Isto acontece a partir dos seto - oito anos ate
mais ou monos 12. anos.
A partir dos 12 anos o pensamento tem as mes-
mas características (R.A.C.) do pensamento operatorio /
concreto, mas nao se identifica com o mesmo. O
pensamen-to operatorio concreto encontra-se preso à
ação atual ("agrupamento" grupos do ações
mentalizadas). O pensa-mento formal,desliga-se da
realidade, ou pelo menos, da ação em curso. Apresenta
hipóteses independentes da rea-lidade (esquemas
antecipadores) possibilitando a elaboro-ção do teorias
hipótetico-dedutivas.
B - Evolucao emocional
B importante salientarmos que as reações emocionais se divi-
dem em; reação trofotrópica - reação emocional estabilizadora.
reação ergotrópica - reação emocional alteradora.
A criança ao nascer nao exterioriza nenhuma emoção a nao sor
um estado do agitação geral ou excitaçao (Bridges - 1932).
O processo de diferenciação das respostas emocionais vai do-
ponder de maturação e da aprendizagem.
É importante assinalar que nos tres primeiros meses, as ex-
periencias da criança se limitam ao Saspccto afetivo das mesmas. Como
a criança nao apresenta, sob o ponto de vista psicológico e nem sob
o ponto de vista físico, o aparelho sensorial e nem o aparelho percep-
tivo em funcionamento tal, quo lhe possibilite o relacionamento atra-
vés dos mesmos, so pode sor orientada pelo afetivo. "A ternura da
mãe oferece à criança uma gama riquíssima de experiencias vitais: sua
atitude determina a qualidade da própria experiencia" (Spitz).
A criança que e um ser indiferenciado ao nascer, gradativa -
monte vai formando seu eu. A culminância da experimentação desse ou,
na infancia, e mais ou menos aos três anos, chamada a primeira crise
de autonomia ou a idade do "nao".
Essa ansia do expansão o desejo do libortar-se leva a crian-
ça a agressividade e a insegurança afetiva (ciúme).
Sentindo o seu eu a criança torna-se possessiva, egocêntrica
e em conseqüência exibicionista,
Aos 7 anos tendo de participar de "grupos maiores a criança /
sente nao mais ser o centro das atenções, mas a necessidade de parti-
cipação em igualdade de condições com outras crianças, Isso lhe traz
sentimento de inferioridade que e superado com relativa facilidade.
Ha nesse período de idade um eclipse parcial de afetividade,
A consciência do eu provoca uma nova crise, e agora mais du-
radoura, na ânsia de expansão e de libertação,
Chegamos assim na adolescência,
A adolescência não ê uma simples passagem transitoria da in-
fância para a idade adulta, mas uma fase peculiar do desenvolvimento/
humano com características particulares e uma mentalidade própria.
Preocupamo-nos com a adolescência, não so pelo nosso contato
quotidiano, mas também por considerarmos como sendo os anos de deci-
sao, de confirmação do estilo de vida do indivíduo,
Os caracteres da organização psíquica do adolescente apresen-
tam tres pontos essenciais, segundo Spranger, Sao eles:
D- O descobrimento do eu.
2)- O desenvolvimento de um plano de vida,
3)- A integração social.
1. - O descobrimento do eu:
Não queremos dizer com o título acima que a criança não
tenha.o seu EU, apenas, o vive inocentemente sem se preocupar com o
mesmo.
O adolescente toma conhecimento do seu eu como sendo um
mundo seu, isolado para sempre de tudo o mais, das coisas e das pes-
soas, o a sua vivencia pessoal,
Êste eu com o qual o adolescente se preocupa não está
ainda definido, polo contrario, lhe o desconhecido, cheio de flutua.-
ções que forçam cada vez mais o adolescente a ocupar-se do sí mesmo.
O adolescente encontra em sí mesmo os traços mais con-
tramitarles uma alegria turbulenta sucede uma onda de melancolia, Uma
descarga de insolencia, uma timidez invencível, Do mesmo modo, alter,
nam-se o egoismo e a abnegação,a nobreza do ânimo o o instito crimi-
nal, à sociabilidade o a tendencia ao isolamento, a fé na autoridade/
e um radicalismo revolucionario, um impulso aventureiro e uma
tranqüi-Ia reflexão.
A natureza cria aqui uma especie de base de seleção da
futura pessoa. A forma única da personalizado que o o mais importan-
to, pois visa a constituir a atitude do adulto, so realiza no mais in-
timo do individuo,
O jovem quo so encontra no meio destes estados interio-
res nao se compreende a sí mesmo. E busca com todas as suas forças
a compreensão.
No meio do todas estas mudanças do sentimentos e das a-
titudos da alma destacam-se certas tendencias básicas que sao típi-cas
de todo adolescente,
Dependem todas do que chamamos o descobrimento do eu,
São elas:
a)- AUTO-REFLEXÃO - em todas as formas possíveis, desde o mero se-
pultar-sc nos próprios sentimentos sem objetivo definido ate
o aprofundamento filosófico, Podem surgir daí perguntas co-
mo: Por que vivo? Por que existem todas as coisas? Aonde
estava quando ainda não havia nascido? Para que existo eu ?
Onde está o meu valor?
A porplexidado desta luta metafísica, que não o
necessá-riamente ótica, pode, quando ligada a outros
problemas, condu-zir ora casos extremos ao suicídio.
Essa necessidade do compreender-se exterioriza-so atra-
vés do: diários, correspondencias não para comunicar-so com
outrem, mas para mirar-se naquilo que escreve. As poesias
-ricas contribuem para provocar a descarga de sentimentos.
As amizades servem a esta idade como auto compreensão. Mas,
naturalmente, so voem a sí mesmos através do sua fantasia,
que os faz muito interessantes e muito importantes.
O fato do sentirem-se a si mesmos como uma nova pessoa,
encontra no adolescente uma expressão característica
transformações do próprio nome. Helena se converte em Hellen;
Luiza em Liza; Maria cm Mara, etc. A jovem está continuamen-to
no espelho como para descobrir-se,
Existe também um constante antagonismo em fugir do si
mesmo o encontrar-so a si mesmo. Assim o instinto aventurei-
ro o uma expressão de interna inquietude, busca o barulho a-
te ensurdecer, corro atrás do novas impressões exteriores o
aspira também o repouso. E a concentração. E o dosonvolvi-
mento o libertação de si mesmo,
b)- SUSCEPTIBILIDADE - que indica um exagorado sentimento da pró-
pria dignidade, sumamente necessitado todavia do indulgencia.
A alma quo floresce pela primeira vez para si mesma, solicita
tanto mais respeito dos demais, especialmente dos adultos,por
encontrar-se inteiramente insegura de si mesma. Mas se nao /
fica satisfeita a necessidade de consideração o de apreciação
que sente, o adolescente procura libertar-se das valorizações
dos adultos, formando uma esfera independente para sí.
O desejo de respeito inclui uma necessidade intonsa do
sor dirigido e amado.
e)- IMPULSO PE INDEPENDÊNCIA - demonstra,a necessidade do provar
e de afirmar este sor novo que surge.
Todo o seu trabalho individual, seja ele qual for, é
importante, por ser algo próprio, um domínio cm que nenhuma /
outra pessoa tenha voz.
2 - O Desenvolvimento do um plano do vida:
O adolescente percebo a continuidade de sua existencia, o
mesmo acontece com a criança, cuja vida é apenas uma sucessão de mo
mentos, isto leva o adolescente a desejar um ideal, uma maneira de
vi-ver onde ele encontre a sí mesmo como uma individualidade
marcante.
Busca incessantemente um modelo onde possa se mirar, este mo-
delo e o ideal que deseja para a sua pessoa. Modelo este envolto de
fantasia, onde ele busca encontrar a perfeição, que leva o adolescen-
te, as vezes, a grandes decepções.
A busca incessante de um ideal de vida o faz romper com as
tradições de família e escola e ir em busca de algo novo, algo
perfei-to para a sua recente personalidade descoberta. Encontra os
defeitos de seu ambiente e busca novos horizontes, daí sua constante
hostilida-de para com os familiares o uma busca de emoções fora do
círculo quo o rodeia, para que por si mesmo venha a formar seu modo
de vida.
Sendo assim, como diz a Professora Maria do Socorro Jordão
Emerenciano, no sou trabalho "O Comportamento afetivo dos adolescen-
tes", - "A juventude nao quer apenas adquirir conhecimentos, mar quer
uma representação do mundo, uma concepção de vida. E mais ainda, uma
coerência entre aquilo que se lhe fala e aquilo que se faz".
3 - A Integridade social
O adolescente deseja participar, colaborar e portanto inte-
grar-se na vida social. Mas o seu desejo, como tudo nele, e acrescen-
tar algo, mudar alguma coisa, fazer qualquer ação que seja nova, que/
seja dele, para que ele se sinta seguro.
á como quando nós chegamos num ambiente onde ja se encontram
vários elementos e desejamos participar do mesmo. Sentimos necessida
de de fazer algo novo e diferente, de sermos bem sucedidos para que /
os antigos sintam o nosso valor e em conseqüência nos nos sentiremos/
mais seguros neste grupo,
O problema do adolescente agrava-se porque ele nao sabe o que
fazer, como fazê-lo e se sera capaz de fazer alguma coisa, mas sente
que precisa fazer. Daí sua inquietude, sua angustia, sua ansiedade.
E so os adultos nao souberem ou nao tiverem habilidade para a
provei tar o entusiasmo, a boa vontade deste novo elemento, eles perde,
rao o que este novo elemento pode dar, se bom orientado, assim como /
também êste elemento podo so perder por nao encontrar o sou devido
lu-gar.
De uma maneira geral podemos dizer que o adolescente apresen-
ta as seguintes características emocionais;
D- exacerbação da vida afetiva - emocional com conseqüente /
instabilidade.
2)- interpretação subjetiva das situações (egocentrismo in-
trospectivo-exploraçao e descoberta das caracteristicas /
psicológicas subjetivas com auto-avaliação desproporciona
da das próprias qualidades e defeitos);
3)- exteriorização agressiva das emoções;
4)- atitude de fuga as situações conflitivas.
Ao pensarmos no ser humano nao podemos concebe-lo sob um pon-
to de vista estático o sim dinámico, falaremos num sentido de situa -
ções verdadeiramente ideais.
"Adulto o: (5)
a)- aquele que e capaz de ver os objetos, pessoas e fa-
tos (realidade), em termos do que realmente sao,
dos-pidos de toda investidura simbólica infantil;
b)- aquele que nao está sob compulsão do fazer ou nao/
fazer, mas ó livre de agir do acordo com a realida-
de de qualquer situação;
e)- aquele que o capaz de ajustar-se a uma situação i-
nalterada con um mínimo de conflitos.
Adulto e aquele que consegue obter sucesso em:
a)- funcionar como unidade independente, com gratifica-
ção de seus desejos em termos da cultura em que vi-
ve;
b)- estabelecer interação biológica e racional satisfa-
tória com os outros;
e)- encontrar auto-oxpressão, auto-extensao o auto-obje-
tivaçao no sou meio social.
Características do maturidade emocional
1) - Controlo e exteriorização pacifica das emoções;
2)- Interpretação objetiva das situações;
3) - Capacidade do enfrentar e resolver as situações confliti-
vas com um mínimo de ansiedade e descontrolo.
BIBLIOGRAFIA
GORDON, Allfort - "Desenvolvimento da Personalidade" - Editora
Cairos-
copio.
VINCENT, Rose e
MUCCHIELLI, Roger - "Como conhecer e educar nossos filhos " - Editora
Importadora do Livros, S.A.
BERGER, Gaston - "Tratado Prático do Análise do Caráter" - Editora
Livraria Agir.
GERNIELLI, Zumini - "Introdução à Psicologia - Livro Ibero-Americano,
Ltda.
CARVALHO, Ireno Mello - "Introdução à Psicologia das Relações Humanas"
Gráfica Editora Aurora, Ltda.
LIPPMANN, Has Ludwig - "Psicologia Educacional" (2) - 1ª parte - Intro
dução
LIPP, Ignase - "Luzes e Trevas da Alma" - Edições Paulinas
"Higiene da Alma" - Cairoscopio.
PIAGET, Jean - "Psicologia da Inteligencia" (4) - Fundo Universal de
Cultura.
FROMM, Erich - "Análise do Homem" - Zahar Editores.
SPITZ, Rene - "Desenvolvimento Emocional do recem-nascido" - Livraria
Pioneira Editora - 1960
JOAQUIM, Guy - "As grandes linhas da Psicologia da Criança".
BONOW, Iva Waisberg
o colaboradores - "Psicologia Educacional " - Gabinete de Psicologia-
J. Ozon + Editor.
Trabalhos Consultados
"O quo o aprender e como estudar" (3)
Prof. Luiz Alberto dos Santos Brasil.
"O auto-conecito o as relações sociais" (1)
Arthur Jersild
Tradução do Centro de Psicologia do PABAEE
"The infantil personalitu" (5)
Ruesch, J. mencionado pelo Prof. Silveira
Pontual cm sou trabalhos "Personalidade do Adulto".
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
A PERSONALIDADE SADIA DA CRIANÇA
Departamento de Psicologia da PABAEE
Março - PS/1962
Condensado , traduzido e adaptado dá
"Educational Psychology - Arthur P.
Coladarei - The Dryden Press New York,
1955. Por: Drª FRANCES P. Miller
Prof. MARIA Luiza Ferreira
Prof. JORGE E,B.C,Moraes.
1. - INTRODUÇÃO
Muitas tentativas tem sido feitas para se descrever os atri-
butos de uma personalidade sadia.
Sucintamente, tem-se descrito como sendo a capacidade de a-
mar e de trabalhar. Sugere-se, todavia, que o indivíduo com uma per-
sonalidade sadia é aquele que domina, de maneira ativa, o ambiente em
que vive, demonstrando uma unidade de personalidade, sendo capaz de
perceber o mundo e a si proprio de uma maneira correta.
É claro que nenhum desses criterios se aplica à criança,
Em cada estágio do desenvolvimento, existe um problema cen-
tral que deve ser resolvido, para que o indivíduo seja capaz de en-
frentar, com êxito, a etapa seguinte. Entretanto, os problemas nun-
ca sao resolvidos, em sua totalidade, em uma etapa apenas, a medida
que o organismo sofre mudanças, devidas ao seu próprio desenvolvimen-
to e a sua experiencia crescente, os problemas mudam de feição, Mas
se o indivíduo os enfrenta com sucesso numa fase, as bases para o ê-
xito na etapa seguinte estarão bem assentadas.
Em certo sentido, o desenvolvimento da personalidade segue
os princípios básicos da biologia. Um dos mais notáveis o a obedien-
cia a um plano básico, assente desde o princípio. O desenvolvimento,
segundo se tem observado em biologia, e o desdobrar-se de potenciais/
estabelecidos desde a fase germinal, Um segundo, igualmente importan-
te, é a ordem ou seqüência no aparecimento de componentes. Cada com-
ponente aparece no tempo devido e, durante a sua fase do emergência
predomina sobre os demais, polarizando as energias disponíveis do or-
ganismo em crescimento. Mais ainda: nenhum dos componentes se desen-
volve até o limite máximo, nessa fase de ascendencia temporaria. Ga-
nha um grande impulso, e contribui para mudanças marcantes no
organis-mo, mas integra-se num todo funcional.
No desenvolvimento da personalidade, o quadro geral e sensí-
velmente o mesmo. O plano básico, o conjunto de potencialidades que
o indivíduo irá desenvolver, depende essencialmente de sua dotação o-
riginal. Paulatinamente, surgem os problemas ou etapas a vencer que
nunca são resolvidos em sua totalidade, mas cuja solução deve ser sa-
tisfatoriamente encaminhada para que o indivíduo possa enfrentar a
etapa seguinte, com êxito. Cada componente da personalidade sadia -
que existe, de certa forma, desde o princípio ate o fim do desenvol-
vimonto - tom sua fase de predominancia transitória sôbre os demais O
encaminhamento de soluções nessa fase, tem extrema importancia; pois
condiciona o desenvolvimento harmonioso nas etapas seguintes.
Segundo ERIKSON, as fases identificadas, em ordem de apare-
cimento, se caracterizam por:
1.- Formação do senso de confiança.
2.- Formação do senso de autonomia.
3.- Formação do senso de iniciativa.
4. -- Formação do senso de realização.
5.- Formação do senso de identidades.
6.- Formação do senso de integridade.
1 - O SENSO PE CONFIANÇA
O primeiro componente da personalidade sadia que deve ser
desenvolvido o o sonso do confiança. "Confiança" indica uma relação/
estabelecida com alguém ou alguma coisa. Portanto, a confiança só po-
de surgir quando a criança já o capaz de tomar consciencia de pessoas
e objetos em torno dela. O senso de confiança, tal como os demais /
componentes que tentaremos descrever, não e algo que so desenvolve in-
dependente das demais manifestações do desenvolvimento infantil, mas,
antes, um sabor característico de todas as experiencias satisfatórias
da criança nossa fase.
Assim, por exemplo, as experiencias que acompanham a ali-
mentaçao são uma fonte básica de sonso de confiança. Por volta dos
quatro meses de idade, o bebê e capaz de parar de chorar quando está
com fome, se percebe sinais de que alguém vai alimentá-lo, por exem-
lugar a luta pelo proximo componente da personalidade sadia.
A criança agora ja so acha entre 12º e o 15º mes de vida.
Para os próximos dois anos de vida, sua energia so concen-
trara na afirmação de que ela é agora um ser humano com mento e
vonta-de próprias.
Uma serio do problemas específicos a essa idade servirão /
para nos lembrar as características da criança nessa época:
Como conseguir que ela desista do cortas coisas?
Por que nao fica na cama durante a noite?
Por que esta ficando tão independente?
Por que quer pegar cm tudo?
Por que deixa cair e atira objetos e coisas?
Por que morde os outros?
Por que nao me ouve?
O que está em jogo nas dificuldades que a criança so empe-
nha em superar nesses dois anos, e o senso de autonomia: o sentimen-
to de ser uma pessoa independente, ainda que necessitando da ajuda e
orientação de outrem em muitos aspectos importantes.
Esse estágio do desenvolvimento se torna decisivo para que
a criança adquira equilíbrio entre amor e odio, independencia e obe-
diencia, livre expressão pessoal e submissão à autoridade, ou, em ou
tras palavras, entre sentimentos opostos que geram conflitos, cuja
integração e necessária ao desenvolvimento individual.
O resultado favorável e o auto-contrôle sem perda da auto-
estima. No outro extremo, estão a duvida em relação a si próprio e
a vergonha.
Antes de ter lugar o desenvolvimento do senso de autonomia,
o de confiança deve estar razoavelmente bem estabelecido e deve con-
tinuar a empregar os sentimentos que a criança tem de sí e do seu /
mundo.
Somente assim ela respondo confiança ao novo desejo de a-
firmar-se com audacia, de tomar posse das coisas que deseja, de ven-
cer dificuldades para afirmar-se
Tal como no estágio anterior, existe uma base psicológica/
para esta conduta. Este e o período da maturação do sistema museu -
lar e das habilidades conseqüentes para a coordenação de um grande /
numero de ações complezas o opostas, como por exemplo, defecar e re-
ter, agarrar e jogar, andar, falar e manipular objetos de maneiras /
as mais complicadas.
Com o advento de tais habilidades, surge o premente interes-
se em usá-las, manipular, explorar, agarrar, deixar cair, reter e ex
pulsar.
Paralelamente, emerge a vontade de ser independente.
Sao caracteristicas as expressões como "ou faço", "deixa /
eu", com as quais a criança recusa qualquer ajuda, embora fracasse /
repetidamente devido à sua inabilidade e coordenação ainda imperfei-
ta.
Para que a criança possa desenvolver esse sonso de autono-
mia e indepodencia a quo chamamos de autonomia, o necessário que ela
experimente repetidamente seu direito de ser uma pessoa a quem se
permite fazer escolhas. Ela deve ter oportunidade de escolher, por
exemplo, se quer sentar-se ou ficar de pc, do aceitar ou rejeitar um
alimento que lhe ofereçam, de se aproximar de uma visita ou ficar
perto de sua mãe.
Ao mesmo tempo, deve aprender os limites de sua auto-deter
minação. Encontrará, inevitavelmente, as barreiras que nao se pode
ultrapassar, coisas fora do sou alcance e, acima de tudo isso, mui-
tas ordens dadas pela autoridade do adulto que devem ser cumpridas.
A experiencia da criança ainda e pouca para que saiba o
que pode e o que nao pode fazer e ela levará anos ate descobrir a
explicação para as limitações e aprovação dos mais velhos, a quem
ela acha dificil de entender.
Os adultos encarregados de guiar a criança nesse período a-
girao com prudencia se procurarem evitar envergonhá-la e causar-lhe/
dúvida quanto ao seu valor como pessoa. Deverão ser firmes e tole-
rantes com ela, para que possa tor alegria em sentir-se uma pessoa
independente e capaz de admitir independencia nos outros.
Assim como o senso de confiança da criança reflete a fé
tenaz e realista de sua mãe, o sonso do autonomia reflete o modo po-
lo qual os pais encaram a dignidade pessoal de seus filhos.
3. - O SENSO PE INICIATIVA
Tendo adquirido a segurança, durante corto tempo de que e
uma pessoa com direitos próprios, o que sentiu por mais de um ano a
criança de 4 ou 5 anos desoja saber que tipo de pessoa ela virá a
sor.
A criança e capaz de perceber (embora nao saiba, talves ,
explica-lo) que cada tipo de pessoa deve ter capacidade para fazer /
determinadas coisas. Assim o que ela observa com cuidado e atenção/
quais sao as maneiras interessantes do adulto e procura imitá-los.
Êste é o período de imaginação e empreendimento, um período
criativo, quando a fantasia substitui a realidade dos fatos e as coi-
sas mais insignificantes dão margem ao máximo de imaginação.
É um período de aprendizagem vigorosa o penetrante, A
criança ultrapassa suas próprias limitações-fisicas, projetando-se,em
imaginação, parasuas possibilidades futuras. Invade, violentamente,
o mundo dos outros, pelo barulho, pela movimentação física constan -
te, o uma constante curiosidade.
É fácil ver como o senso nascente de iniciativa pode sor
desenvorajado, Tantos dos projetos o desejos da criança sao incompa-
tíveis com as suas limitações, que muitas vezes ela se sente perse -
guide por constantes "Não". Além disso, muitas de suas tentativas/
fracassaram, ou mesmo quando bem sucedidas, sao reprovadas pelos a-
dultos a quem ama.
Para o desenvolvimento sadio da personalidade, o preciso /
encorajar a iniciativa e os empreendimentos da criança, reduzindo os
castigos ao mínimo necessário. Sc se adota a política contrária,
re-preensões severas cada vez que uma proibição so torna
noccssária,con-tribui-so para inibir excessivamente a criança. Ela
se torna inca -paz do dar vazão às suas capacidades interiores de
imaginação, senti-mento, realização o procura compensá-lo tornando-
se super-ativa, ir-ritadiça e incapaz de repousar,
Em nenhuma outra época da vida, o indivíduo está mais apto
para aprender com avidez e rapidez, tornando-se capaz de sor "como u
ma pessoa grande", em termos de desempenhar responsabilidades, Se,
durante esta fase, o indivíduo tem oportunidade para sentir-se inte
grado nas funções e papeis que irá desempenhar como adulto, então
estará apto a progredir para o proximo estágio,
Há uma lição, para o educador, no modo de tratar as difi-
cuidados e conflitos dessa fase. Tal como os demais (componentes, os
to nao so cristaliza de uma so vez, mas devo sor encorajado contínua.
mento,
4. O SENSO DA REALIZAÇÃO
Os tres estágios descritos ate agora não os mais importan-
tes, porque mais básicos, para o desenvolvimento da personalidade,
Uma voz adquiridos o sendo do confiança, o de autonomia e o do incia-
tiva, o indivíduo está equipado para enfrentar novas aquisições.
O estágio de "realização" e o período no qual a criança so
empenha em dominar tarefas reais, en vista de objetivos determina -
dos. A fantasia decresce, A criança quer aprender como fazer as
coisas, pormenorizadamente, e faze-las bem.
Este é, em geral, um período de calma e de crescimento em
ritmo firme, especialmente se os problemas dos estágios anteriores/
tiveram sido vencidos satisfatoriamente.
Talvez nao seja um período de novidades e aquisições tão
espetaculares quanto as que caracterizam as fases anteriores. Entre
tanto, sua importancia para o desenvolvimento da personalidade e ca-
pital, porque, durante esta fase é que o indivíduo adquire, nao so
os conhecimentos e dextrezas que o habilitem a desempenhar bem as
tarefas de todo o dia, mas o sentido de responsabilidade indispensá-
vel à vida em sociedade. Outra aprendizagem importante diz respeito
à atitude diante de regulamentos, aprender a ser honestos, a obede-
cer a regras de jogo, prepara, para o ingresso em situações e grupos
sociais mais amplos.
O maior risco, durante êste periodo, e a presença de condi
ções que possam levar ao desenvolvimento de sentimentos do
inferiori-dado e ineficiência. Isto pode acontecer por muitos
motivos: ou porque a criança nao tenha dominado os conflitos do
periodo anterior e desenvolvido seu senso de iniciativa, ou porque o
lar nao a preparou para ingressar na escola de forma feliz, ou
porque a criança a-prende a encarar a escola átomo um lugar no qual
suas capacidades nao sao utilizadas, ou nao so faz apelo as suas
possibilidades latentes.
É importante, por isso, que as escolan sejam conduzidas ,
que os métodos e programas sejam tais que ajudem a dar, a cada
crian-ça, oportunidades para desenvolver satisfatoriamente seu
senso de / realização.
Os professores devem, alem disso, ter a preocupação de reo-
orientar o retificar, nas crianças atitudes o convicções que possam/
estar prejudicando o desenvolvimento do seu senso de realização e
que podem tor resultado de experiencias ocorridas no lar.
5. - O SENSO PE IDENTIDADE
Com a eclosão da adolesconcia, começa outro período de de-
senvolvimento da personalidade. Como e bem sabido a adolescencia. "
constitui um período de perturbação e angustia para muitos jovens.
Um periodo no qual so começa a questionar o que antes era certeza,
e / nao so confia nas conviçoes anteriormente assentadas.
O problema central desse período o o estabelecimento do
sonso de identidade.
A "identidade" que o adolescente procura estabelecer e a
sua propria: saber o que ele realmente é e o que vira a ser, qual se-
ra o seu papel na sociedade. Serei bem sucedido, ou um fracasso? Sou
uma criança, ou um adulto? Qual será rainha profissão? Como
ganharei/ minha vida?
Por causa de indagações deste tipo, o adolescente freqüente
mente se preocupa com o que os outros pensam nele, e compara esses /
julgamentos com a imagem que tem de si mesmo. Preocupa-se, ainda, es-
tar atualizado "na última moda", em todos os sentidos e procura ajus-
tar suas habilidades e aquisições anteriores ao estilo corrente no mo
mento.
Se o desenvolvimento, nas fases anteriores, foi sadio, o in
divíduo terá adquirido um sentido de auto-estima, e compreendido o
alcance das coisas que é capaz de fazer, para o grupo social em que
vive. Terá formado a convicção de estar caminhando para o futuro que
ele se sente capaz de compreender, e no qual terá um papel definido a
desempenhar. Suas dificuldades de adolescentes poderão perturbá-lo ,
ate certo ponto, e por algum tempo, mas a integração se realizará sem
conflitos extremos, e o rapaz ou mocinha, novamente, sera capaz de
sentir-se bem dentro do seu grupo, e de compreender que está progre-
dindo e amadurecendo.
Para os adolescentes que nao tiveram o mesmo passado feliz,
o progresso não será tão fácil. A desconfiança e a dúvida resultan-
tes de períodos anteriores serão reativados pelas mudanças fisiológi-
cas e sociais que advém com a adolescencia.
Por mais difícil que seja a sua formação, o senso de identi-
dade - que representa a compreensão gradual de que a vida de cada um
e uma continuidade que se desdobra e se modifica, mas que os valores/
e o sentido fundamental se mantém apesar das mudanças - e a única sal
va-guarda do indivíduo contra os intensos impulsos biológicos que a-
companham a maturidade física, e o excesso de presunção quanto às
suas próprias forças e capacidades. A perda da identidade, ou seja ,
a dúvida fundamental, quanto à continuidade e sentido da própria vi-
da, expõe o adolescente à reativação dos seus conflitos de infância e
o conduz a tempestades emocionais.
6. - O SENSO PE INTEGRIDADE
Chamamos senso de integridade ao componente final de uma
personalidade sadia. A integração da personalidade, em qualquer cul-
tura, se fas em termos de ideais dominantes - como honra, coragem,fé,
pureza, honestidade, auto-disciplina. O indivíduo torna-se capaz de
integrá-los em sua luta diária, e capaz do aceitar a si mesmo - o ci-
clo vital que ele próprio realiza, com suas diferentes fases e expe-
riencias, com as características econômicas e sociais quo lhe dão co-
lorido - e de aceitar as pessoas que se tornaram significativamente -
para ole, dentro do segmento de histórias que o a sua vida individu-
al.
O adulto a quem falta esse senso desejaria viver de novo,
Sente que, se tivesse tomado decisões diferentes, tudo teria sido me-
lhor e ele teria sido bem sucedido. Tem modo da morte e se revolta /
ao pensar que sua vida foi definitiva e não pode ser mudada. Sente /
desgosto e desespero, O desespero se cristaliza no sentimento de que
e impossível tentar novos caminhos para atingir a felicidade. A de-
sesperança e um meio de mascarar o desespêro, e a pessoa experimenta/
um desanimo crônico, um perpetuo descontentamento com o seu modo do
viver.
Tal como os conflitos e soluções discutidas nos períodos
an-teriores, a duvida e o desespero nao se resolvem de um so golpe,
nem a integridade so realiza de uma vez. A maioria das pessoas
flutua entre os dois extremos.
Muitas vezes, ja na idade adulta, a pessoa consegue desen-
volver uma personalidade sadia, apesar de insucessos anteriores, ao
longo da seqüência evolutiva. Novas fontes de confiança podem sur-
gir. Acontecimentos e circunstâncias felizes podem ajudar o indiví-
duo em sua luta pela autonomia. A imaginação o a iniciativa estimula
das por novas personalidades, podem sobrepujar sentimentos de inferio-
ridade e conduzir a realizações satisfatórias. Mesmo tarde na vida,
a pessoa pode chegar a descobrir de modo realista a sí mesma, o que
ela ó o o que deve fazer, e, através de um sentimento de intimidade /
em relação aos outros, encontrar alegria cm produzir e dar,
Para promover o desenvolvimento sadio da personalidade nas
crianças o jovens, e necessário que uma grande proporção de adultos
a-tinja uma integração pessoal de nível bastante elevado. Não apenas
/ os pais, mas todas as pessoas que lidam com as crianças precisam
da integração pessoal para serem capazes de ajudar cada criança e
desenvolver o sentimento do quo o mundo e digno de confiança.
A integridade ó relativamente facilitada quando a cultura /
dá apoio ao desenvolvimento individual, quando o sentido da vida e
claramente delineado através das tradições e ritos, quando os papeis
sociais são claramente definidos, Quando as mudanças sociais e
tecno-lógicas são rápidas e numerosas, e uma grande diversidade de
valores o padrões do vida se entrecruzam, cada indivíduo tem que
realizar mui-
to mais para alcançá-la. A maioria das culturas, no entanto, transmi-
te uma profusão do ideais e valores, Essa profusão o capaz de aten -
der às diferenças entre os indivíduos. É importante, portanto, que
tais valores e ideais sejam devidamente valorizados para orientarem o
desenvolvimento da personalidades sadias.
moor
NECESSIDADES BÁSICA OU FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA
(Sintese da teoria da A. Maslow)
Prof. Armindo
I - Introdução geral: a motivação humana
Partimos de um pressuposto, que julgamos claro e pacífico so ser
humano é dicotômico, dualista, SOMA e PSIQUE constituem uma unidade. Nao
é o dualismo das linhas paralelas, que se prolongam sem nunca se aproxima-
rem, mas a unidade na qual os dois elementos se intercruzam, se interes-
sem, se fundem para a formação de una so realidade substancial. Quem age
e' a unidade, embora os fenômenos tenham sua origem num dos elementos. Nun
ca haverá so um fenômeno orgânico ou so mental. Haverá uma ação humana,na
qual somático e psíquico se interfluenciam mutuamente.
Qualquer teoria da motivação do comportamento humano, para ser
aceitável sob o ponto de vista científico, deve:
1. Levar em consideração o ser humano como um todo; Abster-se de
isolar aspectos do comportamento humano, como se em determinadas ocasiões/
o sujeito fosse biológico, ou social ou emocional. Todo o sujeito, com
to-das as suas dimensões, está envolvido em cada ato que pratica.
2. Acentuar os objetivos últimos e mais básicos e não os parciais e
e superficiais. Explicações estereotipadas dum comportamento são superfi-
ciais e se aplicam a todos os indivíduos. Nunca poderemos esquecer as mo-
tivações profundas do inconsciente. Todo o comportamento explica-se bus-
cando a motivação básica, mais profunda, e não os meios que usa para atin-
gir os objetivos. Ex. o ato de fumar...
3. Os caminhos para se enerar a um mesmo objetivo são diversos e a
opção de um e influenciada pela cultura em que se insere o sujeito.
4. A dinâmica básica do comportamento humano, reside no sujeito e
não na situação. A situação dentro da qual o indivíduo age deve ser leva-
da em consideração, mas a situação cozinha raramente serve como explicação
total do comportamento. A situação faz o ladrão, quando o sujeito tem mo-
tivos para tornar-se ladrão.
5. Todo o comportamento e multi-motivado, isto e,pode servir de ca
nal para a expressão e satisfação de várias necessidades. O comer, por
exemplo, pode ser uma forma de matar a fome, de compensar frustrações e de
exibir status social etc.
6. Nunca esquecer que a motivação e apenas um dos determinantes da
conduta. O comportamento humano nao depende somente dos motivos, mas
de muitos outros fatôres, como influências culturais, estilos de vida,
organização social e outros.
II - Conceitos das "Necessidades Básicas"
11 Para se compreender a motivação do comportamento humano, dois con-
ceitos são importantes; CARÊNCIA E GRATIFICAÇÃO.
CARÊNCIA significa uma falta, a ausência de algum elemento sem o
qual não pode haver equilíbrio dentro de um organismo.
GRATIFICAÇÃO e o atendimento da carência, a obtenção do que fal-
ta, a satisfação da necessidade, a obtenção de um equilíbrio intra-orgâ-
nico, ainda que transitório. A conduta humana deve ser compreendida co-
mo uma forma de procurar a gratificação d as carências ou necessidades i-
nerentes à estrutura do ser humano, como ser com necessidades biológico-
psico-sociais. Toda a vez que age, êle o faz movido por necessidades ou
carências, num esforço para satisfazê-las.
2. As necessidades se organizam em níveis hierárquicos. As ne-
cessidades básicas (fisiológicas) são as primeiras a serem atendidas ,
pois, se relacionam com a sobrevivência do ser. De nível mais elevado são
as de caráter social e pessoal. A gratificação das necessidades básicas
libera o organismo do predomínio dessas necessidades, permitindo a
emergência de outras necessidades de nível mais elevado. Disto s e con-
clui que, enquanto perdurar uma necessidade básica fundamental não surgi-
rão outras necessidades mais elevadas...
3. Uma necessidade quando gratificada, deixa de ser um determinan
te ativo do comportamento, O ser humano se volta, então para outras ne-
cessidades que emergem. As necessidades satisfeitas podem permanecer co
mo força latente, podendo emergir novamente se deixarem de ser satisfei-
tas. Exemplo: a fome...
4. Conseqüência do não atendimento de uma necessidade. Algumas /
se manifestam de forma imediata: O organismo se mobiliza para a
satisfa-ção, polarizando todas as energias do ser. Torna-se o objeto
das preocu-paçoes, a razão de ser dos desejos. A conduta moral tende a
girar em torno da necessidade não gratificada.
Outras conseqüências assumem caráter mais permanente; marcam
o indivíduo, influenciando o comportamento futuro. A carência de afeto,
por exemplo, marca o ser para o futuro.
5. Existe íntima relação entre desenvolvimento normal do indivíduo
e o atendimento das necessidades básicas. As necessidades básicas dina-
mizam o comportamento do indivíduo e seu atendimento e uma condição para
o desenvolvimento normal.
6. Assim impestada a teoria das necessidades, deduz-se que o ser humano
e PERENEMENTE INDIGENTE? satisfeitas as necessidades mais bási-
cas,.liberam-se outras necessidades mais complexas - "usque ad infini-
tum".
Sabemos que, pela Lei cito-arquitetônica das funções as neces-
sidades fisiológicas são as primeiras a serem atendidas e, quando existe
qualquer lesão no córtex cerebral, impossibilitando, o seu atendimento, u
ma função superior e mobilizada para a gratificação,
III - Níveis de Necessidades
Maslow propõe cinco níveis, mutuamente dependentes e organiza-
das em bierarquia de predominancias
a)- Necessidades fisiológicas - São as mais prepotentes e pre-
dominam sôbre as demais. As outras necessidades ficam apagadas, como se
não existissem. Tem-se notado que os soldados prisioneiros de guerra ,
muito carenciados de alimento, passavam a pensar, sonhar, conversar, lu-
tar quase exclusivamente em função do alimento, abandonando atitudes e
interesses que cultivavam na sua vida civil em tempo de paz.
O educador e o orientador não poderão esquecer esta realidade ,
quando se defrontarem com alunos subnutridos, com precárias condições ha,
bitacionais e sanitárias. A escola tudo deverá fazer para suprir as de-
ficiências das famílias, propiciando às crianças um ambiente sadio, or-
ganizado , apto a gratificar suas necessidades fundamentais. Enquanto
perdurar uma necessidade básica, outras mais elevadas não poderão emer-
gir e seria cruel exigir das crianças interesses sociais, humanos ou es-
pirituais, quando vivem carenciadas nas suas necessidades básicas.
b)- Necessidades relacionadas com a segurança - Num quadro
nor-mal de desenvolvimento, o ser humano, sobretudo nos primeiros anos de
vida, sente necessidade de estar cercado por pessoas e coisas familiares
/ conhecidos, que lhe dão a sensação de que o mundo permanece o mesmo,
ape-sar dos abalos. Esta verdade aparece claramente, quando as crianças
se perdem ou se encontram entre pessoas estranhas. Tomam-se de terrores
o de pânico. Um mundo organizado, com horários mais ou menos estáveis,
re guiares, oferece condições mais propícias para um desenvolvimento
nor-
mal do que uma absoluta liberdade, que pode gerar neuroses do instabilida
de...
A criança prefere um mundo seguro, estável, previsível, com o
qual possa contar e no qual o imprevisível, o perigoso, não ocorram com.
freqüência e quando ocorrerem, tenha a presença tranquilizadora dos pais.
a medida que o homem cresce, diminuem os perigos, pois, as
coisas sao conhecidas, "misterios" desvendados e os perigos menos
ameaça-doros.
No adulto mediante a necessidade de segurança se traduz no es-
forço para garantir um futuro, (contra acidentes, fogo, etc.), na procu-
ra de empregos com estabilidade, no amealhamento de economias para as ho
ras incertas etc.
e)- Necessidades afetivas - Necessidades de estabelecer rela-ções
afetuosas com outras pessoas - pais, amigos, namorados, filhos,etc.
Trataremos demoradamente em outras unidades.
d)- Necessidades relacionadas com o Status Social - Uma vez
li-berto das necessidades de nível fisiológico, sentindo-se seguro e
ben-quisto, o ser humano tende a procurar prestígio nos grupos sociais
em / que vive. Deseja ver reconhecida a sua contribuição, merecer o
respeito dos que convivem com êle, saber que é necessário e nao apenas
tolerado.
à estima do grupo social é necessária para que o homem tenha
respeito e confiança em si mesmo e para sentir-se motivado a por suas ca-
pacidades a serviço do bem-estar de outrem e realizar-se socialmente.
A frustração dessa categoria de necessidades gera sentimentos/
de inferioridade, fraqueza, inutilidade, eclodindo em comportamentos
neu-roticos e ao esvaziamento do "eu".
e)- Necessidades relacionadas com a auto-realizacão - Toda a
pessoa sente a necessidade de realizar-se como ser humano, atualizando /
as suas pontencialidades, dentro das suas características e do seu equi-
pamento, original e de suas experiências culturais. Poderá ser a cria -
ção artística, a dedicação à ciência, ao esporte, à virtude, etc. A
emergência dessas necessidades depende da gratificação das categorias an-
teriores.
Sobre todas essas categorias de necessidades voltaremos a fa-
lar no decursos das nossas lições, quando trataremos das necessidades /
fundamentais da criança...
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA.
DIRETORIA DO ENSINO COMERCIAL
V
CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAM3NT0 PEDAGÓGICOS DE
ENSINO TÉCNICO COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA.
DE COMÉRCIO "LA SALLA"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1996
EDUCAÇÃO E RELAÇÕES INTERPESSOAIS
LIANTE MOREIRA LEITE
Faculdade de Filosofia de Araraquara.
O Problema Geral
O tema aqui proposto ha de parecer estranho, pois nem
a sociologia, nem a psicologia e nem a filosofia, da educação têm
considerado o domínio das relações interpessoais como um
proble-ma central. De fato,, a sociologia ocupou-se muito mais
dos / grandes que dos pequenos grupos; a psicologia sempre deu
maior/ atenção ao indivíduo, considerado isoladamente, que ao
indiví-duo participante de uma dupla ou de uma. tríade; a
filosofia da educação ora se volta para o individuo, ora para a
sociedade , quase nunca para o problema do indivíduo em
contacto direto com seus semelhantes. Em outras palavras, como
problema científico o tema. das relões interpessoais e muito
recente no pensamento sistematizado, embora tenha sido
analisado muitas vezes de maneira casual, e embora algumas das
relações interpessoais - como o amor, o odio, a amizade - sejam
aspectos fundamentais da / vida humana.
Apesar disso, ja e relativamente amplo o campo de es-
tudo das relações interpessoais. Freud e seus discípulos na
psicanálise (Fromm 1941, 1945; Sullivan, 1947; Horney, 1945) ,
psicólogos (Asch, 1952; Heider, 1958; Tagiuri e Petrullo, 1958)
e filósofos (Sartre, 1943; Heidegger, 1951; Acheller, 1928; Su-
ber, 1949 e 1956) têm-se ocupado, ora da formação do eu num
mun-do de relações inerpessoais, ora de compreensão de um
indivíduo
por outro, ora da percepção das qualidades dos outros, ora das
condições peculiares da vida, dos pequenos grupos (Cartwright e
Zander, 1953; Hare, Borgatta e Bales, 1955). Essa literatura /
especializada - cujos iniciadores na ciencia forarn talvez. Freud
Simmel e Lewin - representa urna das características mais notá-
veis da psicologia., da sociologia e da filosofia mais recentes,
Antes de nossa época, os problemas das relações interpessoais /
nao apenas eram tratados marginalmente, mas sobretudo, poderiam
ser englobados como analises sutis de reações muito e specífi-cas
de um grupo social restrito. Muitas dessas analises de mo-
ralistas, filósofos, poetas e romancistas, trazem contribuições
significativas para a compreensão das relações interpessoais. Ne-
nhuma delas, no entanto, apresenta, como as contribuições con-
temporâneas, tentativas de sistematização, e nenhuma delas pro-
cura explicar o indivíduo através de suas relações interpessoais
(como o fazem Freud e os neufrudianos). Além disso, esses /
estudos anteriores raramente se ocupam de relações de nível tão
simples como o fazem os contemporâneos: Heider, por exemplo,ten-
ta apresentar a PSICOLOGIA INGÊNUA traduzida para termos cienti-
fieos5 Freud costumava dizer que sua ciencia nao era muito mais
que conhecimento de pajens de crianças; Heidegger dá uma impor-
tância. decisiva a situações da vida cotidiana.
Para muitos, esse novo interesse pode refletir uma /
crescente dificuldade no domínio das relações interpessoais. BU-
ber, por exemplo, procura mostrar que a crise do homem
contempo-râneo tem, como uma de suas fontes mais importantes, a
"dissolu-ção progressiva das antigas formas orgânicas de
convivencia hu-mana dereta" (Buber, 1949,g. 8l). Para Buber,
os partidos / políticos, assim como os sindicatos, puderam
despertar paixões coletivas, mas nao puderam restaurar a
perdida segurança do indivíduo, Cada. vez que enfrenta a
realidade autentica de sua vi da, o homem contemporâneo sente,
imediatamente, a. sua solidão. Certamente, análises como as de
Bubcr apresentam um aspecto real, embora seus autores )entre os
quais, Fromm) tenham exagerado as diferenças entre as formas
atuais de organização e as tra-dicionais. Entretanto, a razão
mais importante para esse novo/ interesse parece decorrer de
outras fontes, Em primeiro lugar, a nossa ideologia modifica as
formas de relação existentes entre indivíduos é cada vez menos
possível julgar os outros como coisas (tal como ocorria no
caso extremo no escravo) ou apenas como representantes de um
papel (tal como ocorria, na caso tam-
bem extremo, do nobre ou do senhor), e passamos a Julgar os ou-
tros pelo que sao, isto e, como indivíduos também humanos. De
outro lado, nossa vida passa a depender, cada vez mais, de
rela-ções interpessoais, e se torna cada vez menos dependente
de uma relação direta com a natureza (tal como ocorria com o
agricul-tor tradicional, pois o agricultor atual também se
integra no sistema contemporâneo de produção e de relação com
os outros).
Agora, pode-se perguntar por que, apesar dessa litera
tura especializada, ainda nao se deu grande ênfase ao problema /
das relações interpessoais no domínio da educação. A razão /
mais importante para. isso deve ser procurada, provavelmente,nos
mesmos elementos que provocaram a necessidade de estudar as re-
lações interpessoais de maneira sistemática - isto é, em nosso
progressivo afastamento da natureza, Quando nossa atividade se
restringe as relações com outras pessoas, diminuem as oportuni-
dades de FAZER COISAS e LIDAR COM COISAS. Por isso alguns dos
mais notáveis filósofos da educação procuram meios de dar nova-
mente, essas oportunidades aos educandos. Será suficiente lem-
brar as teorias de John Dewey (1902) o Herbert Read (1958), pa-
ra compreender como a educação moderna procura reintegrar a
cri-ança na mundo da ação direta, e da atividade motora. É
absurdo, evidentemente, negar ou diminuir a significação dessas
teorias educacionais, pois, segundo tudo indica, apreenderam
algumas / das necessidades fundamentais da criança, as quais a
vida moder-na ja nao pode satisfazer diretamnete (isto é, fora
da escola).
A outra, razão para a pequena ênfase no estudo das re-
lações interpessoais deve ser procurada em nossa dificuldade pa
ra coordenar o conhecimento existente a respeito. O homem foi
feito para viver com seus semelhantes, e é realmente notável a
capacidade infantil para. apreender as relações humanas, mesmo /
as aparentemente sutis e menos explícitas. Até certo ponto, e
impossível ENSINAR realçoes interpessoais, pois a. criança se
va-le de conhecimentos espontaneamente adquiridos, ou de
intuições que os mais argutos psicólogos nao conseguiram
desvendar / ou sistematizar. Com um pouco de exagero, seria
possível dizer que ensunar relações interpessoais seria o mesmo
que ensinar al-guém a respirar. Na verdade, o mundo do tais
relações e o nos-so ambiente natural, quase tão natural quanto o
ar que respiramos. Por isso mesmo, na. grande maioria dos casos,
os especia -listas nao fizeram mais que explicitar alguns dos
princípios / que governam algumas das relações interpessoais.
Uma outra dificuldade para utilizar conhecimentos de
psicologia ou sociologia, decorre de imprecisão (ou de excessi-
va, generalidade) das afirmações de muitos dos teóricos
contempo-raneos. Um exemplo bem característico dessa imprecisão
pode ser encontrado em Horney o, de modo geral, cm todos os
neofreudia-nos. Veja-se esta afirmação de K. Horney: "Ha, em
nossa cultura, quatro meios principais pelos quais a pessoa
procura proteger-se contra a. ansiedade básicas afeição,
submissão, poder e retraimento" (1959, pág. 74). Embora se
possa dizer que esses/ processos sao efetivamente observados,
nao se deve esquecer que sao opostos, e passamos a descrever
dois comportamentos antagô-nicos como tendo o mesmo objetivo ou
o mesmo sentido. Para. o educador, e muito difícil utilizar
esses esquemas imprecisos,cu-ja decifraçao depende de critérios
dificilmente observáveis.
Apesar de tais dificuldades - decorrentes de nossa
sa-bedoria implícita a respeito de relações diretas entre
indiví-cuos, e da imprecisão de grande parte das teorias de
psicólogos e sociólogos contemporâneos - a educação nao pode
deixar de lado a tentativa de preparar o indivíduo para esse
aspecto de sua vida. Em primeiro lugar, no mundo em que
vivemos, a maldição / do homem ja nao e ganhar o pao com o
suor, mas com a simpatia / do seu rosto. O operário e aceito
pelos colegas e pelo contra-mestre nao apenas pela sua
capacidade de trabalho, mas, sobretu-do, pela sua habilidade na
aceitação e manutenção de relações / harmoniosas no grupo; o
político triunfa, não tanto pela sua in-teligência ou fidelidade
ideológica, como pela sua capacidade / de sorrir ou enfurecer-se
nos momentos adequados. Também na es-cola encontramos, de
maneira bem explícita, a significação do u-niverso das relações
interpessoais. O professor vence ou e der-rotado na profissão
nao apenas pelo seu saber maior ou menor , mas, principalmente,
pela sua capacidade de lidar com os alunos e ser aceito por
eles, a criança e feliz ou infeliz, na medida em que seja
aceita, pelos colegas e consiga entender-se com eles.
Embora existam aí inúmeros problemas, a ser analisados
e possível isolar dois, cuja importancia e amplitude superam as
dos outross
a) - a educação como processo de formação através de
relações interpessoais;
b) - a educação como processo de preparação para rela-
ções interpessoais;
Embora distintos, os dois problemas sao interrelacionados. No
primeiro, procuramos entender a importancia das relações inter-
pessoais, satisfatórias para a educação individual, no segundo,
procuramos explicitar as relações interpessoais a fim de que o
educando possa estar preparado para enfrenta-las satisfatória-
mente, Como se verá agora, a nossa formação como indivíduos
de-pende de relações interpessoais, e o educador precisa
conhecer a sua significação para o educando. De outro lado,
deve saber que grande parte de nossa vida decorre num universo
de relações interpessoais, e as grandes dificuldades de
ajustamento so explicam como resultado de um despreparo para
viver com os outros Antes do examinar os dois problemas acima
propostos , convira termos um quadro de referencia, que analiso
a significa ção das relações interpessoais para a formação e
manutenção do eu.
O EU E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Na psicologia clássica encontrava-se, freqüentemente,
a idéia de que conhecemos os outros através de nos mesmos. Su-
punha-se que ADIVINHAMOS ou INFERIMOS a consciência psicológica
dos outros porque temos uma consciência, e somos capazes de ob-
servá-la. diretamente - teoria criticada por Koffka (1935, págs.
655 e seguintes); por Köhler (l947, págs. 216 e seguintes); por
Ryle (1959). E não seria difícil recordar as longas disputas em
torno da psicologia, em que o problema fundamental foi, muitas
vezes, sabor se o animal tem ou nao consciência psicológica (
Guillarme, 1947, págs. 14 e seguintes). Poucas vezes, no
entan-to, na psicologia cssica se procurou saber como chegamos
a nos conhecer, a saber quem somos. Se fazemos essas
perguntas, nao será díficil verificar que, ao contrário do que
então se pensava, chegamos a saber quem somos através dos
outros. Ou, para u-sar a expressão de J. P. Sartre: "o outro guarda
um segredo: o segredo do que eu sou". É claro que essa imagem
pode iludir, so-bretudo se for entendida num sentido estático. E
seria pos-vel dizer exatamente o oposto, com a mesma
probabilidade de a-certo; "a existencia do outro e uma
dificuldade e um choque pa-ra o pensamento objetivo" (Merleau-
Ponty, 1945, pág 401). Mas a contradição desaparece, se
pensarmos em termos dinâmicos, ou na interão de um eu com o
outro ou com os outros. A imagem que temos de nos mesmos não
e, certamente, o retrato do que os outros veem em nós, mesmo
porque eles nao vêem a mesma pessoa. EN-
tretanto, sem as sucessivas imagens que os outros nos dão de nos
mesmos, não poderiaraos saber quem somos. Ou, para usar a expres-
sao muito feliz de Ichheiser, "os outros são os nossos espelhos".
Mas se temos algumas idéias muito ricas a respeito do /
processo global de formação do eu num sistema de relações inter-
pessoais, não temos descrições minuciosas desse mesmo processo /
ou de alguns de seus aspectos. Isso se deve nao apenas a
comple-xidade do processo, mas a sua extensção na vida de cada
um de :i nos. E mesmo um problema muito mais simples, como é o
da imagem física que temos de nos mesmos, tem sido pouco
explorado. Entretanto, não seria muito arriscado supor que
conservamos, por muito tempo, a auto-imagem física do fim da
adolescêndia, isto e,do momento em que estabilizamos o nosso EU
PSICOLÓGICO. Percebemos - assim mesmo muito imperfeitamente - o
nosso envelhecimento físico através do envelhecimento dos
outros, dos que têm a nossa i dade. De outro lado, esse
envelhecimento físico se revela ainda mais claramente no
tratamento que recebemos dos outros s somos promovidos de MOÇO a
SENHOR, de MOÇA a SENHORA. Percebemos nos/ outros os sinais de
deferencia que estávamos acostumados a de-monstrar, não a
receber.
Se não dispomos de observações minuciosas a respeito do
desenvolvimento do eu, temos algumas descrições literarias capa-
zes, pelo menos, de encaminhar uma discussão do problema, e indi
car as suas conseqüências educacionais. Dois exemplos, bem dis-
tantes no tempo e em intenções, permitem acompanhar a. intuição /
do artista ao analisar a significação dos outros para a formação
e manutenção do eu.
Em LUCÍOLA, de José de Alencar, encontramos um exemplo/
feliz e inesperado de acuidade psicológica. O romance se inicia
com o equívoco de Paulo, jovem provinciano recém-chegado a Corte
brasileira do século XIX. Ao ver passar uma jovem, diz, de forma
que ela o ouças "Que linda menina! ... Como deve ser pura a
alma que mora naquele rosto minoso!" Na realidade, de acordo /
com o que vem a saber depois, essa jovem (Lúcia) era apenas a
mais bela cortesa do Rio de Janeiro, célebre pelo seu despudor./
Paulo torna-se amante de Lucia, e todo o romance poderia ser vis-
to como a descrição da luta da cortesa para voltar a ser aquilo
que o herói dissera a seu respeito. Lúcia, na realidade era o
nome falso de uma jovem (Maria), arrastada a prostituição num mo-
mento de miséria em sua casa.
Dois aspectos parecem importantes nesse enredos em pri-
meiro lugar, a nova identificação permite a heroína, buscar o seu
eu verdadeiro. Em segundo lugar, o jovem inexperiente (cuja
per-cepçã© nao fora ainda, deformada pelo hábito ou pelo
estereótipo) e o indivíduo capaz de descobrir, sob a máscara de
cortesa, o eu da jovem traída por um homem sem escrúpulos. Sem
essa nova iden-tificação ("tu me santificaste com o teu primeiro
olhar", diz a. heroina.), Maria, provavelmente, nao encontraria,
forças para reaparecer em lugar de Lucia. De outro lado, se
Paulo aceitasse as versões dadas pelos outros, jamais
descobriria, o eu verdadeiro / da jovem.
Na história de Alencar, Maria se perde, não porque tives-
se impulsos indesejáveis, mas porque os outros são incapazes de
ver as suas boas qualidades; mesmo seu pai se recusa a aceitar /
sua inocencia. A partir de então, esse eu verdadeiro e sufocado
ate encontrar alguém capaz de compreende-lo, ou adivinhá-lo, sob
a máscara do outro eu. A lição que o romance nos dá poderia ser
resumida; a nossa auto identificação depende dos outros, pelo
menos tanto quanto de nós mesmos.
O segundo exemplo pode ser encontrado em O FALECIDO MA-
TIAS PASCAL de Pirandello. Matias pascal e um homem
profundamen-te infeliz, mal casado, obrigado a suportar uma
sogra e uma mulher intoleráveis. Quando morrem sua mãe e sua
filha, sai deses-perado de casa. Acaba ganhando uma. pequena
fortuna no jogo, e, ao voltar para sua aldeia, le nos jornais a
notícia de sua morte Vendo-se livre, e razoavelmente rico, Matias
Pascal resolve iniciar nova vida, sob o nome de Adriano Méis.
Enfrenta então a e-norme dificuldade de construir um novo eu
produto exclusivo de sua imaginação. Deve criar a sua história,
explicar a si mesmo. Para nao perder a. liberdade, Adrianois
decide viajar, e nunca demorar muito tempo em um lugar, a fim de
nao se tornar CONHECIDO. Depois de algum tempo, sua vida se torna
intolerável, e, du-rante um inverno solitário, chega a imaginar
a doçura de voltar para casa, mesmo enfrentando as pessoas que
odiava. Nao o faz lo-go, no entanto. Inicialmente, procura uma
forma de estabilizar/ sua nova personalidade, o tor uma vida
como a dos outros, com os outros. Ao faze-lo, o herói volta a
ingressar em toda a trama / das relações humanas. Quando sua
situação se torna insuportável Adriano resolve simular um
suicídio, e reaparecer como Matias / Pascal. Haveria, diferentes
interpretações para o drama de Adria-no Méis, e a de Pirandello
nao parece a mais convincente. De fato, no romance, o drama
fundamental do herói é a possibilidade/
de vir a ser descoberto, ou, melhor, de mostrar a incoerência de
seu eu, saído do nada, isto e, sem passado. O problema parece /
muito mais profundo e decorre, talvez, da improbabilidade de ser
afeito pelos outros como Adriano Méis; este resultara de sua ima-
ginação, e era uma personagem em que nem êle acreditava, E como
nao acredita em si mesmo, n£o pode fazer com que os outros crei-
am nele. Se bem o entendemos, o drama de Adriano resulta da im-
possibilidade de se encontrar nos outros, pois nao poderia, mos-
trar-se a eles (era apenas personagem de uma pessoa). Ao apaixo-
nar-se por Adriana, e ao perceber que era correspondido, o herói
sente que nao poderia engana-la. So poderia ser digno de seu a-
mor se tivesse coragem de contar-lhe sua historia - e esta impe-
diria sua vida em comum.
Seja como for,, Pirandello nao parece ter completado sua
percepção do problema nesse romance, e varias vezes voltou ao te-
ma da identidade perdida e das relações do eu com os: outros. Em
"Assim é, se lhe parece" e "Como me queres", Pirandello encontra
novos aspectos desse drama. Em todos os casos, o artista nos /
faz compreender que somos o que somos (ou, simplesmente, existi-
mos) porque os outros sao testemunhas de nosso eu. SE os outros
nos abandonam - ou tentamos abandona-los - ja nao temos critéri-
os para a autoídentificação, esse processo aparentemente simples
e espontaneo.
Nao é preciso chegar a esses casos extremos e perturbada
res para perceber como a nossa auto-imagem depende dos outros. /
Basta um pequeno período do solidão para o indivíduo tor difi-
culdade em identificar-se e tentar estabelecer pontos de comuni-
cação com os outros. E quem são esses outros? Os outros signi-
ficativos não se confundem "com a totalidade dos que existem fora
de mim, e na qual so destaca, o etc; os outros são aqueles dos
quais a pessoa nao. so distingue, entre os quais e também" (Heide-
gger, op. cit. pág. 137), E todos sabem como, nas viagens soli-
tarias, poucos passageiros, resisitem a tentação de contar sua
vida a. um estranho, desejando que este se torne uma prova, de sua
continuidade no tempo, de sua existencia completa. Na solidão,o
homem procura pontos do contacto com outras pessoas: alguém que
fale a mesma língua, que tenha os mesmos interesses, que partici-
pe dos mesmos entusiasmos,
A necessidade de ser compreendido e conhecido explica
que o pecador deseje confessar-se: a verdadeira humanidade do
pecado somente pode existir quando outro homem nos ouve e nos
condena.
Ao ser condenado, o pecador sente a sua participação no universo
dos homens. A observação nos mostra, também, que raramente
exis-te ventura solitaria, assim como nao existe desgraça na
solidão. O adolescente que procura um confidente para descrever
ou repetir as palavras da amada, e o infeliz que chora a
aproximação de cada um dos amigos, nao estão simulando, nem
exagerando sua. alegria ou sua. dor. Quando "desejamos sofrer na
solidão" estamos , na realidade, fugindo ao sofrimento; quando
"buscamos o consolo dos outros" desejamos, na realidade, sofrer
com eles, humanizar o nosso sofrimento (*) • Mesmo as: fantasias
menos confessáveis exigem a suposta participação dos outros; sem
estes, de nada valeria a gloria tantas vezes alcançada na
solidão do devaneio. / Mais ainda: a fantasia não é, pelo menos
nos casos normais, senão uma antecipação da interação humana,
ou o reviver de uma situação passada, na qual reconhecemos o
nosso erro ou as nossas insu-ficiencias. De qualquer forma, a
fantasia é uma experiencia antecipada, an qual procuramos prever
o nosso comportamento e o / comportamento dos outros, seja numa
situação inteiramente nova, seja numa repetição de um
acontecimento passado. E, diga-se de passagem, o que identifica,
o indivíduo anormal (psicótico) e sua incapacidade do entender as
reações dos outros, de manter uma in-teráção adequada.
Essa análise impressionista pode dar uma idéia da rique-
za de problemas e situações existentes nas situações de intera-
ção humana, mas não indica qual a. significação do processo educa-
tivo para o nosso desenvolvimento individual, dentro de um siste-
ma de relações interpessoais. A seguir, serão indicados apenas
alguns dos inúmeros problemas existentes nessa, formação.
A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DE FORMAÇÃO, ATRAVÉS DE RELA-
ÇÕES INTERPESSOAIS
O ESPALHO E A IMAGEM, Se pensamos nos exemplos apresenta-
dos, tanto de Alencar quanto de Pirandello, sera fácil verificar
a importancia, para o educador, do conhecimento da formação do
(*) - Em ANGUSTIA, Tchekov faz lucida descrição de um sentimento
do desespero na solidão. Um cocheiro, que dias antes per-
derá um filho, procura alguém disposto a ouvir sua histo-
ria. Como ninguém o ouve, acaba conversando com o cavalos
quando este, depois de algumas palavras, funga em sua mão,
o cocheiro conta-lhe tudo".
eu. O caso de Maria (Lucia), assim como o caso de Matias Pascal
(Adriano Méis), poderiam ser vistos como lutas para fugir de urna
identificação desagradável e encontrar pessoas capazes de apre-
sentar identificações, melhores. Em outras palavras, tanto Lúcia
quanto Matias Pascal procuravam pessoas que pudessem "ver" suas
boas qualidades. Em ambos os romances, é certo, apenas o acaso
fornece essa possibilidade de fuga; se Lucia nao encontrasse um
jovem provinciano, romântico e inexperiente, provavelmente nao
/ conseguiria deixar de ser a cortesa identificada pelos que a
conheciam; se Matias Pascal nao tivesse sido considerado
morto,não teria, possibilidade de fugir da identificação dada
por sua mulher e por sua sogra.
Na grande maioria dos casos - quando pensamos na situa-
ção da sala de aula - o educando nao tem possibilidades de se i-
dentificar corretamente. Em primeiro lugar um processo educati-
va feito para o grande numero, é mais ou menos provável que passe
despercebido pelos professores, a nao ser que se coloque nos
casos extremos (o que se salienta pela extraordinária capacidade
intelectual, ou o que se torna conhecido pelo seu total afasta-
mento das normas aceitas por escolas e professores); os outros
sao ignorados ou colocados "no grupo" como figuras indistintas e
imprecisas. Em outras palavras, poucos alunos conseguem ser
per-cébidos, ou poucos conseguem identificar-se através do
professor deste nao recebem, de volta, a própria imagem, a fim
de que possam saber QUEM e COMO são. Esse processo nao seria,
talvez, tão pernicioso, se os professores conseguissem manter
uma atitude de neutralidade diante dos alunos, sem manifestar
preferencias ou antipatías.. Mas todos os professores sabem que
manter tal neutralidade o processo difícil,, obtido a custo de
muito esforço e muito autocrítica. Quase todos se deixam
arrastar por preferencias ou antipatías - e essa relação
afetiva, geralmente inconsciente, marca os seus alunos.
Tanto a simpatia quanto a antipatia constituem processos
de interação. Quando temos "simpatia" por uma pessoa, tendemos/
a interpretar favoravelmente o seu comportamento, e a agir de a-
cordo com essa interpretação. Esse processo, por sua vez, pro-
voca comportamentos que tendem a acentuar a relação simpática, e
por isso as relações amistosas, uma. vez estabelecidas, tendem a
acentuar-se, e os amigos podem tornar-se cada vez mais amigos.
Pe-las mesmas razoes, a antipatia, se estabelecida numa situação
de interação constante, tende a acentuar-so cada vez mais, ate
que
as duas pessoas so afastem ou entrem cm conflito direto.
Como e fácil perceber, essas situações não sao irrever-
síveis, isto é, é perfeitamente possível passar-se da amizade p&
ra a antipatia e ate a inimizade, e vice-versa; de outro lado,pa
rece que simpatia e a antipatia nao resultam de elementos cegos/
ou gratuitos, mas de percepção de características efetivamente /
observadas nas pessoas, quando estas estão em interação. Se a /
simpatia, assim como a amizade e ate o amor, podem transformar -
-se em antipatia ou inimizade, isto se deve, provavelmente, ao /
fato de, numa das pessoas em interação, ou em ambas, se ter reve-
lado uma. qualidade ainda não percebida. Por essa mesma razão, e
tão difícil a transformação de antipatia (e, sobretudo, da ini-
mizade) em simpatia ou amizade Como evitamos entrar em contac-
to com as pessoas pelas quais tomos antipatia, elas não tem pos-
sibilidade de exibir qualidades que talvez chegássemos a admi-
rar, quando o fazem, nossa tendencia e dar uma interpretação que
elimina seu conteúdo favorável.
É ocioso perguntar se as pessoas se aproximam porque são
semelhantes, ou se, ao contrario, se tornam semelhantes por so /
terem aproximado. As duas coisas são verdadeiras, como ja o ob-
servou Homans (1950). Se, na aproximação, as pessoas percebem /
diferenças muito grandes, tendem a afastar-se; a percepção de
qualidades semelhantes, ou, pelo menos, mutuamente aprovadas,
ten-de a fazer com que a amizade se torne cada vez maior. Alem
dis-so, o fato de procurarmos satisfazer as expectativas das
pessoas pelas quais temos amizade, faz com quo acentuemos ou
manifestemos apenas as qualidades por elas aceitas ou admiradas
- e isto, por sua vez, contribui para uma semelhança cada vez
maior entre amigos. Esta é, aliás, a razão pela qual marido e
mulher,depois de muitos anos de convivencia, se tornam ate
fisicamente seme-lhantes. Na interação constante, o seu fogo
fisionômico acabou por adquirir contornos semelhantes.
Na antipatia, ou inimizade, ao contrario, tendemos a acen-tuar
e as vozes a exagerar as diferenças acaso existentes. Quando
dois inimigos praticam o mesmo ato, tendem a apresentar expli-
caçoes diferentes para a ação. Esta é a forma pela qual os ini-
migos conservam a sua auto-identificação. E, pelo menos nas
con-dões atuais de convivencia social, uma das formas mais
freqüen-tes de identificação se estabelece através da oposição
ao "outro" ; "não sou como ele", ou "sou melhor que ele".
Sem duvida, ainda uma vez a. malícia freudiana nos adver-
te e nos nostra que os extrenos se tocan: una antipatia
demasia-damente violenta, pode esconder a admiração por
qualidades perce-bidas, e ser o início de amizade e de amor: o
amor muito intenso pode esconder un germe de destruição e odio.
Do mesmo modo, freqüentenente, a pessoa que rejeita o pai, e
procura opor - se as suas qualidades, descobre en seu
comportamento una perturbadora semelhança com a figura
rejeitada. Alen disso, pode ocorrer também que condénenos nos
outros algumas qualidades muito / nossas, e que nos recúsamos a
perceber en nos. PROJETÁMOS nos outros, e as condenamos
violentamente, características muitas / vezes fundamentais em
nós. Nesse caso, não condénamos os outros, mas a nos mesmos;
por isso somos tão violentos e tão intransigentes.
Essas indicações parecem necessárias para a compreensão
da que ocorre entre professor e aluno, numa sala de aula, Como
ja se disse antes, a grande maioria o ignorada, e são percebi -
dos apenas os extremos; de um lado, aqueles que apresentam as
qualidades mais admiradas pelo professor, de outro os que apre-
sentam as qualidades nais rejeitadas, Também aqui estamos dian-
te de un processo de interação, e as suas conseqüências se
apro-xlnan das apontadas para os casos de simpatia e antipatia,
O a-luno "aprovado" pelo professor tende a acentuar as
caracterís-ticas que o fizeram admirado, e por isso se torna
cada vez nais admirado; o aluno rejeitado tende a apresentar as
qualidades opostas as exibidas pelo professor, pois e difícil
alguém identi-ficar-se com quem rejeita.
Do ponto-de-vista formal das relações
interpessoais,por-tanto, a relação professor-aluno não apresenta
novidade e pode/ ser, ate, uma relação fracamente estruturada e
de pequena signi-ficação, A sua importancia reside no fato de
o professor, dentro da sala de aula atuar como o transmissor dos
padrões de cul-tura, e sor o responsável pela avaliação de
algumas qualidades/ sociais muito importantes para o aluno. Em
alguns dos aspectos básicos da vida social, a autoavaliação é
fornecida pela escola mais importante ainda, pelo menos nas
cidades contemporâneas, a escola, e o ponto de passagem entre a
identificação da família o a identificação nais ampla do grupo
social externa,
Sob outros aspectos, a relação professor-aluno e
desper-sonalizada, pois o professor encarna - de maneira nais
ou menos fiel e adequada - os padrões ideais da sociedade, e
procura / transmiti-los. Desse ponto-de-vista, o seu
comportamento é ape-
nas a encarnação de un papel, social, e as suas ações procuram a-
próximar-so do padrão aceito. Isso explica que o professor ,
mesmo quando nao aprecio o estudo, sinta obrigação de transmi-tir
o gosto pela vida intelectual; mesmo quando mediocremente /
interessado pelas coisas nacionais, procure transmitir sentimen-
tos patrióticos aos seus alunos. De outro lado, o desempenho /
de un papel tende a produzir convicções sinceras e raramente so
observa una contradição entre a apresentação do papel e o que o
professor sente efetivamente.
No entanto, a relação professor-aluno nao se limita a
a-presentação dos papeis diferentes. Uma vez colocados na sala /
de aula, professor e alunos passam a constituir un grupo novo,
con una dinámica própria, e entre eles se desenvolvem, muitas
vezes, intensas relações interpessoais. É nestas que o processo
de percepção e avaliação de qualidades pessoais assume uma /
inportancia decisiva.
Cono ja so disso antes, a qualidade percebida, pelo fa
to de o ter sido, tende a ser acentuada, pelo nonos se se com-
provou a sua eficiencia. Ora, praticamente, todos os indivi-
duos têm todas as qualidades, embora em proporções e estruturas
diferentes. A tendencia intelectualista de nossas escolas ten-
de a acentuar o valor das qualidades do inteligencia, sobretudo
so se ligam, também, a qualidades de conformismo social. Em ou-
tras palavras, embora os alunos sejam diferentes, sao avaliados
pelo mesmo padrão, e são salientadas as qualidades, positivas /
ou negativas, com ralação a essa dimensão do comportamento.
Quanto aos alunos,, são óbvias as conseqüências de tal /
deformação na maneira de valorizar. Os que tem, ou, pelo menos
conseguem apresentar as qualidades supervalorizadas pela escola
tendem a acentuá-las, e podem efetivamente progredir nessa dire-
ção. A situação dos "outros" e muito peculiar. Como não podem
salientar-se nas direções valorizadas, procuram naturalmente ou-
tras formas de exibicionismo, através das quais deixem de ser /
ignorados: a indisciplina, a excessiva docilidade, a hostilida-
de, Uma vez percebidas pelo professor, e pelos colegas, tais /
qualidades passam a ter uma autocausação, e se acentuam por novas
percepções e manifestações. No caso do BOM, como no do MAU
aluno, forma-se um círculo vicioso, em que os bons sao cada vez
melhores., e os maus cada vez piores.
Dizendo de outro modo, a percepção de uma qualidade po-
do determinar o sou desenvolvimento num processo contínuo e, de-
pais de certo ponto, com poucas probabilidades de reversibilida-
de.
Evidentemente, o processo de percepção nao e arbitra-
rio, e o fato de muitos professores perceberem os mesmos alunos
como bons ou maus indica que nao se trata, de apreciação inteira.
mente deformada por fatores pessoais (embora, em casos específi-
cos, tais fatores possam ser predominantes). Apesar disso,, ná
professores que conseguem obter um rendimento muito maior, nao
apenas de um ou varios alunos, mas de todas ou quase todas as
suas classes. Aparentemente, tais professores conseguem perce-
ber e estimular as qualidades positivas de seus alunos, de tal
forma que acabam por provocar a. sua. acentuação. De outro lado,
existem professores que, embora especificamente competentes em
sua disciplina, são incapazes de obter produção
satisfatoria.Es-sa diferença poderia sor explicada como
resultante de uma SELE-Ç£O PERCEPTUAL específicas alguns tendem
a observar e salientar os aspectos positivos, enquanto outros
tendem a salientar os as pectos negativos das pessoas com que
estão em contato. Essa dis-posição para ver um ou outro aspecto
decorre, provavelmente, de diferenças profundas de
personalidade, e que na maioria dos casos passam despercebidas
a. pessoa que as manifesta. Embora seja quase sempre impossível
modificar a nossa, maneira de ver as coisas, e as pessoas, pelo
menos devemos sor capazes de compreen-der as limitações dessa,
maneira de perceber e avaliar.
A contribuição da investigação psicológica seria, neste
caso, dirigida para dois problemas: um verificar quais for-
mas mais produtivas de avaliação, isto é, quais as capazes de
obter maior rendimento: outro, estimular a reeducação dos pro-
fessores cuja conduta seja prejudicial ao desenvolvimento dos e-ducandos. Pelo
que se sabe ate agora, a. percepção positiva o Capaz de produzir melhores
resultados. De outro lado, sabemos também que a reeducação da maneira de
perceber (sobretudo a maneira. de perceber os outros) não é, em muitos casos,
tarefa, sim-ples ou exclusivamente intelectual. Quando, por exemplo, o edu-
cador utiliza a sua. relação com os alunos como forma de obter triunfos e
derrotar os outros, dificilmente conseguiremos modificar o seu comportamento
através de uma educação puramente intelectual. Nesse caso, a relação com os
alunos e uma forma de conseguir um precário equilíbrio interno - e sabemos
muito bem como o indivíduo se defende nesses casos.
Mas se deixamos de lado esses pontos extremos (e, de / certo modo,
patológicos) da relação professor-alunos, - infeliz-
mente muito nais freqüentes do que geralmente se supõe, - ainda
resta muita coisa a sor feita. Em primeiro lugar, como já sa
deixou implícito, seria preciso abandonar a idéia de que a
escola deve valorizar apenas as tarefas intelectuais, ou de que
estas constituem a razão única da existencia da escola. Se va-
lorizamos apenas através desse padrão, sera inevitável o apares-
cimento de desequilíbrios mais ou menos serios entre os alunos.
É perfeitamente possível buscar, em cada aluno, as suas qualida-
des desejáveis, em vez de acentuar sua inadequação para determi-
nadas tarefas. A percepção de tais qualidades positivas - as
vezes muito diferentes de aluno para aluno - constitui o grande
segredo e a grande dificuldade do ensino. Quando se consegue /
essa avaliação correta, impede-se o falseamento da auto-
aprecia-ção e a deformação das qualidades positivas.
Entretanto, o processo de percepção de qualidades nao e
arbitrário, e e preciso dizer que, em muitos casos, supor uma
qualidade boa nao provoca o seu aparecimento na pessoa percebi-
da (sobretodo quando se trata de capacidades intelectuais ou de
aptidões artísticas). Seria inocuo - e já se verá que também /
prejudicial - dizer que todos os alunos tem grandes capacidades
intelectuais. O professor precisa e buscar, em cada aluno, as
suas qualidades positivas, a fim de provocar o seu desenvolvi-
mento.
Se ocorre a acentuação das qualidades indesejáveis, é
freqüentemente impossível fugir a elas. Embora fosse um exage-
ro evidente explicar todos os casos de delinqüência através de
uma auto-identificação desfavorável, muitos poderiam sor assim
explicados; uma vez classificado como delinqüente, o indivíduo/
nao encontra, em si ou nos outros, elementos para buscar uma ou-
tra identificação.
Alem disso, a tentativa de valorizar as qualidades, que
o indivíduo nao possui, efetivamente, pode levar a desvios mais
ou monos serios na personalidade. Una vez convencido de que
possui as qualidades desejáveis,, estará colocado en situações /
de insuportável conflito sempre que nao as veja reconhecidas
pe-los outros (e essas situações, evidentenente, tendem a
repetirse). Por outro lado, no entanto, nao seria demais
lembrar que os estudos a respeito do nível de aspiração mostram
os maiores desvios como conseqüência do fracasso e nao do
triunfo. Embora tais resultados nao possam ser facilmente
transpostos para todas as situações, pode-se imaginar que o
fato de vencer (ou ser
considerada vencedor) dá ao indivíduo alguns elementos de segu-
rança. básica, e esta impede a sua imersão en situações de maio-res
desajustamentos. Portanto, entre dois desvios da realidade un
favorável e outro desfavorável ao indivíduo, o ideal seria dar
a interpretação favorável.
Deve-se lembrar, entretanto, que, se podemos fazer mui-
to para melhorar o processo de auto-avaliação e tornar mais
jus-tas as nossas maneiras de educar, nao pódenos, através da
escola, modificar as formas de valorizar, nem impedir fracassos
nu-ma sociedade competitiva. A ideologia de nossa sociedade
tende a estabelecer o indivíduo como responsável pelos seus
triunfos e seus fracassos, e a eliminar os fundamentos
sobrenaturais e hereditários de avaliação. Essa. maneira de
valorizar - quase / exclusiva das sociedades atuais, pois as
outras valorizavam de acordo con critérios muito diferentes - é
responsável, en parte por una. produtividade muito maior do
indivíduo. Ao mesmo tempo no entanto, e responsável também por
una tensção cada vez maior nas relações que o indivíduo mantem
com o próprio eu; é responsável, igualnente, por sentinentos de
frustração e hostilidade, que acompanham os inevitáveis
fracassos numa sociedade competitiva, assim como pelo
sentinento nao pouco freqüente de culpa , entre os que
vencerán.
Se a sociedade exige igualmente de todos, nao recompen-
sa a todos igualmente, ou sequer de acordo con os seus esforços
É perfeitamente possível seguir todos os padrões estabelecidos
para o trabalho, e nao obter as recompensas prometidas; e pas-
sível, por outro lado, obter as recompensas sen ter seguido se-
quer o minino exigível. Nao apenas existen qualidades
importan-tes para. o triunfo - cono a ambição e, as vezes, una
certa dose de egoísmo - que sao mascaradas pelo código de
conduta, como / também existe una ponderável parcela de acaso
que sequer mencio-namos aos educandos. Uma sociedade de livre
competição só pode justificar-se con pregação do premio ao
esforço e a capacidade; nessa sociedade, a menção do acaso faria
explodir os seus funda-nentos ideológicos e o seu sistema de
premios.
AO psicólogo - enquanto psicólogo - nao cabe discutir o-
sistema de valores, mas apenas verificar as suas conseqüências para
a formação da personalidade. E uma de suas conseqüências/ tem sido a
busca de uma explicação psicológica para o triunfo / ou o
fracasso. O adulto fracassado, assim como o adolescente /
inseguro, buscam o psicólogo - mais freqüentemente apenas ostes-
I
tes de personalidade - a fin de descobrir o que, en suas perso-
nalidades, explica os seus desacertos ou poderá leva-los ao tri-
unfo, Mais adiante, procurar-se-á indicar en que casos a reava-
liação do psicólogo pode ser inportante; aqui, é preciso lem-
brar apenas que, muitas vozes, as condições "reais" do indiví-
duo sao de tal orden que o trabalho do psicólogo, senão inútil,
e pelo menos insatisfatório. Em outras palavras, o problema /
nao ESTÁ no indivíduo, ou en suas características psicológicas,
nas na situação que precisa enfrentar.
Alguns indivíduos, no entanto, conseguem varar a barrei
ra da identificação, e falsear a sua personalidade, senão aos
próprios olhos, ao menos aos olhos dos outros, O caso do indi-
víduo falso e muito esclarecedor do ponto-de-vista da formação
da. auto-identidade, pois então vemos que a imagem, inicialmente
falsa, passa, a sor verdadeira quando os outros a devolvem (dei-
xa-se de lado, aqui, o fato do a FALSIDADE representar, sempre,
um esforço demasiadamente penoso para o individuo, pelo menos /
nos casos extremos; a sua constante intranqüilidade e muitas
ve-z,es sua angustia revelam um processo de conflito
interminável),
Dentro de certos limites, todos nós fazemos um pouco de
representação, mostrando aos outros nao o que SOMOS, nas o que
GOSTARÍAMOS de ser. Essa dinâmica, entre o que somos e o que
pretendemos ser, parece de grande importancia em nossa formação
pois permite o aparecimento de uma potencialidade superposta a
realidade, e estabelece objetivos futuros que procuramos alcan-
çar (V. Buber, 1956), Apenas em alguns o desnível o mais acen-
tuado, e deles so pode dizer que são FALSOS. O olhar
experimen-tado não os confunde, no entanto: scnpro exageran as
qualidades que desojan aparentar, e todo o seu comportamento e
una luta / constante para mostar - mais aos seus olhos que aos
dos outros, pois estes últimos quase sempre acreditam no que
em - que sao o que fingem ser. Enfim, o indivíduo falso soube
defender- se/ de una discriminação injusta, que valoriza apenas
determinadas qualidades, ou a estas reserva os premios e os
bens,
SEMOSTRAÇÃO e PUDOR. E, no entanto, como perceber as
boas qualidades dos educandos? Como perceber o que - sobretudo
no adolescente - e falso ou verdadeiro, fruto de uma inclinação
inevitável ou de momento de entusiasmo?
Ate certo ponto, essas questões nao tem sentido, A in-
constancia do adolescente, assim como suas oscilações, decorrem
precisamente, do fato de ainda nao ter estabilizado sua identi-
ficação, ainda nao saber quem e, ainda rao saber quem. e, ainda
nao ter percebido suas qualidades positivas e suas limitações.
O adolescente (assim como a criança, e mais do que esta) sente
suas possibilidades, e percebe a vida POR VIVER, O adulto, ao
contrario, ja estabilizou - pelo menos nos casos mais comuns as
suas expectativas, e delimitou suas ambições. Vale dizer, o a-
dulto ja encontrou o "seu lugar no mundo", enquanto o
adolescen-te ainda está a sua procura (Erikson, 1959, págs. 101
e seguintes).
Mas, de outro lado, essas perguntas sao perfeitamente a-
dequadas, pois o professor - assim como o educador, de modo ge-
ral - pode nao identificar imediatamente os "melhores" aspectos
do adolescente, nem sempre manifestos. Se e verdade que "somos
o que parecemos ser", talvez nao seja verdade que sejamos ape-
nas o que "conseguimos parecer", sobretudo quando adolescentes.
Em primeiro lugar, desde muito cedo aprendemos a "ter vergonha
e a esconder algumas de nossas tendencias mais profundas, Cla-
ro, muitas delas efetivamente precisam ser escondidas e ate es-
quecidas; nas o pudor nem sempre se refere a coisas ou caracte-
rísticas que devam ser sufocadas em nos. Muitas vezes, o ado-
lescente vive a situação descrita por Anne Frank em seu diário:
"Tenho um medo terrível do que os que me conhecem tal como sou
sempre descubram que tenho um outro lado, um lado melhor e nais
puro. Tenho ríodo de que riam de mim, pensem que sou ridícula e
sentimental, ou nao ne leven a serio. Estou acostumada a nao
ser levada a serio, nas apenas a Anne superficial, acostumada a
isso, pode suportá-los; a Anne mais profunda e muito frágil pa-
ra isso". E mais adiantes "'Sei exatamente como eu gostaria, de
ser, sei como sou realmente... por dentro. Mas, ai de mim, sou
assim apenas para mim mesma. (Anne Frank, 1952). O próprio fato
de o adolescente sentir necessidade de confidenciar a um diário
indica, que muitas de suas reações, freqüentemente. As "melho-
res", nao podem ser expostas aos outros e devem ser conservadas
como forma, de manter a autovalorização (a que o adolescente, sen-
te como verdadeira, e negada ou desconhecida pelos outros).
A situação e ainda mais complexa porque - alem de
escon-der os seus aspectos melhores e mais puros - o
adolescente tem tendencia ao exibicionismo, acentuando então os
seus aspectos / mais desagradáveis. A semostração ostensiva o
uma forma de pro-vocar a apreciação dos outros e é, também, uma
forma de desafio e afirmação da propria personalidade.
A imprecisção dos limites do pudor legítimo não é
privi-legio do adoloscente. Em primeiro lugar, parece haver uma
cama-da. de intimidade cuja devassa seria catastrófica para a
persona-lidade (v. Nuttin, 1950), De outro lado, as melhores e
mais / produtivas qualidades do indivíduo sao íntimas, pois
apenas as regiões "mais profundas" contem a nota de
originalidade e criação, capazes de distinguir o indivíduo na
superficialidade do "toda gente"' no convivio, formal. É muito
provável que a ativi-dade realmente produtora - em todos os
terrenos, e nao apenas no dominio intelectual - esteja
reservada, aos indivíduos capa-zes de colocar em ação essas
camadas nais profundas, e de integrá-las no seu
comportamento.
Alem disso - como todos sabem - os limites estre o su-
blime e o ridículo sao marcados apenas pela tênue fronteira da
adequação a realidade. Por isso, se o mais íntimo esta mais
proximo do sublime e do grandioso, está também mais proximo do
ridículo, Como se verifica, a observação de Anne Frank tem un
alcance muito grande, pois indica a. necessidade de esconder
os aspectos "melhores"' mais que são também os mais frágeis, e
que seriam facilmente destruídos pela crítica dos outros (e a
críti-ca, como observa Anne, é suportável novel superficial
- em que não atinge aspectos básicos - mas seria intolerável se
atin-gisse os aspectos mais profundos). Não em razão,
portanto, Helen M. Lynd (1958) viu no ato desenvergonhar-se uma
das manifes-tações mais claras da identidade,
A EDUCACÃO COMO PREPARAÇÃO PARA AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
A educação como processo de formação, através de rela-
ções interpessoais, não se separa da educação como forma de pre-
parar-se para as relações interpessoais. Ate certo ponto, e
possível dizer que o indivíduo bem educado através de relações/
interpessoais terá facilidade nos seus contatos diretos com pes-
soas. E é fácil compreender porque: se a imagem que temos de
nós mesmos é, em grande parte, daria pelos outros, a imagem que
temos dos outros depende, também da imagem que temos de nosso
eu. Em outras palavras, a educação para o "mundo humano" se dá
num processo de interação constante, em que nos vemos através /
dos outros, e em que vemos os outros, através de nós mesmos. Por
isso, o indivíduo criado en condições harmoniosas tende a esta-
belecer relações que conduzem a uma situação harmoniosa; ao
con-
trario, os educados em situações desequilibradas tendem a criá-
-las em suas relações com os outros. Esse processo é muito ní-
tido quando analisamos as relações entre cônjuges; os filhos de
lares desfeitos ou infelizes sao menos capazes de criar uma fa-
mília estável.
No nível profundo, esse precesso de interação foi divi-
dido, por Freud, em dois movimentos: o de INTROJEÇÃ0 e o de PRO-
JEÇÃO. No processo de introjeção, descrito sobretudo na infan-
cia., a pessoa interioriza a imagem dos pais - ou dos adultos /
que desempenham os seus papeis - e essa imagem passa a constitu-
ir uma parte de sua personalidade (seria, basicamente, o supero
ego de terminologia freudiana). Na processo de projeção, ao /
contrário^ o indivíduo LANÇA nos outros as características
inde-seveis que e incapaz de perceber em si mesmo. Ambos os
processos são muito conhecidos, e nao sera necessário discuti-
los mais minuciosamente aqui. É interessante, no entanto,
lembrar a importencia do processo de projeção nas relações
interpessoais. Quando atribuímos a alguém uma característica
nossa - e que somos incapazes de perceber em nos - podemos
provocar o seu aparecimento na. pessoas se julgo que ela tem
sentimentos hostis a minha tendência será agir de tal forma que
provocarei a sua hostilidade. Essa manifestação hostil, pela
pessoa, confirmará minha previsão, e isso num processo
interminável. No caso do professor, em suas relações com os
alunos, o conhecimento desse aspecto tem grande importância,
porque alguns professores tendem a provocar os comportamentos
que mais temem - e sabemos que os temem mais em si mesmos que
nos outros.
O nível mais profundo do processo de projeção, no entan-
to, não nos interessará aqui, pois a. sua correção depende de re-
cursos clínicos e não apenas de conhecimento intelectual.Do mes-mo
modo, o processo de introjeção, entendido como processo in-
consciente, tem, para o educador, um campo limitado de aplica -
ção, pois as relações básicas se estabelecem na fase pré-esco-
lar.
O nível de relações interpessoais que diz respeito ao /
educador, é o mais "superficial" ou consciente. Embora se pos-
sa pensar, com os psicanalistas, que a nossa orientação básica
se estabelece em nível inconsciente, existe um amplo domínio de
relações de nível consciente que é APRENDIDO, e dentro do qual
podemos ser educados para agir de uma ou de outra, forma. Mesmo
neste nível, evidentemente, lançamos mão de conceitos e esque-
mas interpretativos implícitos (que Ichheiser, Heider e Simmel,
entre outros, procuram decifrar), e seria, possível dizer que, /
até hoje, temos vivido sem conhecimento explícito desse domínio
Se, de um lado, essa objeção é ilegítima e poderia, ser feita a
todos os desenvolvimentos científicos, de outro encontra justi-
ficativa na riqueza de nosso conhecimento das relações
interpes-soais,, e na dificuldade de reduzi-las a um
conhecimento cienfico. Essa objeção, no entanto, deixa de ter
muito valor quando consideramos que a escola, bem ou mal,
procura ajustar a cr¿ ança a um universo de relações
interpessoais, embora o faça de maneira quase sempre
inadequada e sem uma formulação clara de seus objetivos.
Embora a psicologia e a sociologia não estejam prepara-
das para dar ao educador os elementos talvez mais importantes /
para a realização dessa tarefa o nosso conhecimento atual permi-
te apresentar algumas sugestões básicas, talvez merecedoras de
um pouco de atenção dos educadores. De maneira, bem ampla, pode-
se dizer que a preparação para viver com os outros deve ser di-
rigida a dois problemas: um, o autoconhecimentos o segundo, o
conhecimento do sentido do comportamento dos outros.
A IMPORTANCIA DO AUTOCONHECIMENTO - Êste aspecto e deci-
sivo, não apenas para o aluno, mas sobretudo, para o professor,
pois este determinará, em grande parte, o comportamento de seus
alunos. O professor, pela peculiar condição em que está coloca
do em nossas salas de aula, não tem, geralmente, a possibilida-
de de uma interação legítima, e acaba por perder-se num solilo-
quio interminável e incontrolável. Na. ausencia da interação e-
ficiente, os alunos não podem corrigir a auto-imagem falsa que
o professor construiu: desse desentendimento inicial surgem mui
tos outros, quase sempre irremediáveis, pois o professor não tem
uma estrutura cognitiva através dá qual possa reinterpretá-los.
Por exemplo, quando o professor não percebo suas manifestações
de preferência por alguns alunos, não pode compreender a revol-
ta dos outros, ou as vezes, as situações de ridículo em que se
coloca. Quando não conhece os seus tiques, carrega consigo uma
considerável dose de humorismo involuntario, e não pode compre-
ender as reações dos alunos a. sua pessoa ou as suas aulas*
Considerando-se ainda o caso do professor, outra conse-
qüência da ausencia de auto conhecimento é a excessiva
importan-cia que da as suas palavras. Como, geralmente, e o
único o falar dentro da classe, não pode compreender que as
outras opini-
oes sejam as vezes mais valiosas que as suas. Por isso, tantas
vezes falta ao professor a qualidade básica para a manutenção /
de contactos legítimos com os outros,: saber ouvir e buscar com-
preender as suas palavras.
Do ponto-de-vista pratico, algumas pequenas recomenda-
ções sôbre a autocrítica poderiam ser utilizadas pelos encarre-
gados da formação de professores primários, secundários e - so
podemos ter também essa pretensão - superiores. Em todos os
-veis de ensino, a falha mais grave, com relação a esse
aspecto, e a. incapacidade que o professor "adquire", depois de
algum tem po de algum tempo de trabalho, de perceber, com razoável
impar-cialidade, o seu comportamento diante dos alunos: nota os seus
erros de pronuncia, a sua. atitude mais ou menos pernóstica, os
gestos mais ou menos deselegantes ou excessivamente formais, a
altura de sua voz, a sua maneira de andar ou gesticular, etc.
Pa-de parecer menos digno lembrar aspectos tão comezinhos mas,,
no mundo de apreciação de uns pelos outros, todos vivemos em
função de coisas pequeninas, através das quais julgamos e
somos / julgados.
Tais aspectos "menores", no entanto, nao eliminam a ne-
cessidade de conhecer os aspectos mais amplos de nosso comporta-
mento. Quase sempre o professor esta cego para algumas das me-
lhores qualidades dos alunos se nao as identifica em si mesmo. Em
outros casos, tende a valorizar demasiadamente as qualidades que
nao tem ou gostaria de ter. Em todos esses casos, o desvio
violento de uma apreciação objetiva pode frustrar o desenvolvi-
mento dos mais capazes. Muitas vezes, o problema nao e afetivo
mas intelectual; vale dizer, o professor nao tem elementos para
julgar os alunos extraordinários, ou para permitir o seu desen-
volvimento na direção correta. Mesmo limitando a sua apreciação
aos valores intelectuais, a escola. e os professores tendem a
introduzir outra, limitação: a de aceitar apenas os esquemas / ja.
estabelecidos, dentro de padrões bem determinados. E nao pa- rece
ser fortuita a ligação entre uma capacidade criadora excen-cional
e a incapacidade para aceitar tais esquemas "acabados" e ja
esteréis. O processo de reorganização dos dados da experien-cia-
característica do individuo realmente criador - envolve, / por
isso mesmo, uma desordem nos esquemas aceitos. E, na verda-de,
quase nunca estamos preparados para aceitar tal coisa em nossos
alunos e tendemos, ao contrário, a exigir a sua aceitação dos
esquemas já utilizados anteriormente. Embora se possa
dizer que o indivíduo criador é muito raro, e que este problema
raramente aparecerá aos professores nao se deve esquecer, por
outro lado, que o aparecimento e o desenvolvimento de um só
cri-ador - em qualquer domínio de realização - justifica
centenas / de. medíocres. Ainda aqui, se o professor reconhece
as suas limitações e se torna capaz de reconhecer o aluno
excepcional, / prestara um enorme serviço nao apenas ao aluno,
mas a todos os que se beneficiem com suas realizações.
A SIGNIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO DOS OUTROS. Primeiramen-
te, parece nao haver lugar, nem na escola primaria, nem na se-
cundária, para o conhecimento das relações diretas entre
indivi-duos, estas se estabelecem fora do âmbito programático
do ensi-no, e muitas vezes contra este. Vale dizer, as
relações entre os alunos - tal como existem e podem ser
observadas - nao sao discutidas em nível consciente, a nao ser
no momento em que é necessário lançar mão de pregações morais
para louvar ou condenar determinada ação. Raras vezes o
professor interfere nas re-laôes entre alunos, e quase nunca
tem possibilidade de "reestruturar" a classe em função de
alguns princípios explicitamente / formulados. Assim, a
existência de um "bode expiatório" quase nunca, e levada em
conta, e algumas vezes o professor acentua a sua. existencia,
participando da "perseguição" movida a um aluno menor ou mais
fraco ou que, por alguma razão mal definida, passa a ser vitima
dos sentimentos de agressividade dos seus colegas. O
conhecimento, por parte do professor, das conseqüências mais ou
menos permanentes - tanto para os PERSEGUIDORES como pa-ra. os
PERSEGUIDOS - de tal situação, seria, sem duvida, um fator
capaz de modificar esse tipo de relação dentro da classe. No
caso, o conhecimento da dinâmica dos grupos poderia prestar /
grande ajuda aos professores, permitindo-lhes organizar outra/
estrutura dentro da classe ou nos grupos de jogos e brinquedos.
Em primeiro lugar, o professor poderia verificar que o recurso
ao "bode expiatorio" resulta, em grande numero de casos, de uma
organização autoritária do grupo; as frustrações resultantes da
existencia de uma autoridade discricionária sao "canalizadas"
pa-ra uma vítima (Lippit e White, 1943). Mas, de outro lado, a
par-ticipação do professor na manutenção de um bode expiatório
den-tro da classe pode resultar de sua incapacidade para
exercer / uma. liderança autentica, ou de seu temor de perder o
domínio de seus alunos, se nao estabelecer com estes um objetivo
comum e / bem nítido. Ora, o ataque ao mais fraco ou
"diferente"pode ter
essa função unificadora; ao mesmo tempo, a canalização da
agres-sividade para um membro mais fraco do grupo pode impedir
que ela se volte contra o líder.
Seja como for, êste é um caso em que se observa como o
professor, geralmente, nao esta preparado para realizar a educa-
ção dos seus alunos no domínio das relações interpessoais. Na
grande maioria dos casos, essa educação se dá apenas em nível /
formal e estereotipado, sem que o educando possa conhecer, real-
mente, o sentido do comportamento daqueles com que esta em con-
tacto. E, embora o adolescente e a. criança vivam intensaraentG
todo o universo das relações interpessoais (e estas constituem,
na grande maioria dos casos, o aspecto mais importante de suas
vidas), a escola ignora inteiramente essa situação. E aí está,
sem duvida, uma das razoes peias quais o ensino formal nao pro-
duz, necessariamente, um indivíduo mais ajustado ou "mais bem
educado" socialmente; as condições desse ajustamento não foram
sequer discutidas pela escola, e o jovem, mesmo dos cursos supe-
riores, deve resolver os seus problemas sem qualquer ajuda da e-
ducação formal que recebe.
Esse desnível entre a educação formal e as necessidades
atuais do educando se explica, certamente, como uma das heran-
ças de nossas escolas, voltadas exclusivamente para os proble-
mas intelectuais, pois os outros seriam solucionados pela famí-
lia eu por diversos agentes de socialização. Mas tal esquema /
de divisão de funções - entre a família e a escola - ja nao po-
de sor mantido, sobretudo em países que, como o Brasil,
apresentam atualmente grande mobilidade social, tanto de
classe para classe como de região para região. Nesses casos, a
educação da família não satisfaz as expectativas do grupo em
que o educando está vivendo ou irá viver; de outro lado, a
aceitação de padrões "diferentes" pode provocar sérios conflitos
para a criança e o adolescente.
Está claro que a preparação para o mundo das relações /
interpessoais não é uma tarefa simples, e sua execução integral
exigiria um conhecimento que ainda não esta a nossa disposição
na sociologia e na psicologia. Em primeiro lugar, sabemos que
diferentes classes; sociais tendem a apresentar padrões diferen-
tes de educação na primeira infancia (Davis e Havighurst, 1948)
mas não sabemos, com razoável precisão, quais as conseqüências
de tais diferenças para a formação da personalidade. Não sabe-
mos, também, até que ponto essas diferenças impedem ou dificul-
tudo perdoar", e certo que a compreensão amplia a nossa toleran-
cia e impede uma revolta injusta e quase sempre inútil.
1. ASCH, S. E., 1925. SOCIAL PSYCHOLOGY, Englewood Cliffs: Pren-tice -
Hall.
2. BUBER,, M. 1949. QUE ES EL. HOMBRE? Trad. Eugenio Imaz. México .
Fundo de Cultura econômica.
3. - 1956. THE WRITINGS OF MARTIN BUBER. Selected, edited and .
introduced by Will Herberg. Now York; Meridian Books,
4. CARTWRIGHT, D., and ZAN DER, A.(eds.). 1953. GROUP DYNAMI-
CS; Evanston, III: Row Peterson. 5. DEWEY, J. 1902. CHILD AND THE
CURRICULUM. Chicago Universi-
ty Press.
6. ERICKSON, E.. 1959. Itentity and the Life Cycle, PSYCHOLOGI- CAL
ISSUES, vol I. Nº 1. Monograph 1.
7. FRANK, A. 1952. THE DIARY OF A YOUG GIRL. Translated by B. M.
Mooyaart, Now York: Pocket Books.
8. FROMM, E. 1941. SCAPE FROM FREEDOM. New York: Rinehart & /
Co.
9. - 1947. MAN FOR HIMSELF. Now York: Rinehart & Co.
10. GUILLAUME, P. 1947 & PSYCHOLOGY ANIMALE. Paris: Colin.
11. HAREI, A. P., BORGATTA,.E. F. and BALES, R.F. (eds.) 1955.
SMALL GROUPS; New-York: Knopf. 22. HEIDEGGER, M. 1951. EL SER
Y EL TIEMPO. Trad. José Gaos. /
. Mexico: Fondo de Cultura Econômica. 15. HEIDER, F. 1958. THE
PSYCHOLOGY OF INTERPERSONAL RELATTION.
New York: Wiley 14. HOMANS, G. C. 195a. THE HUMAN GROUP. New
York: Harcourt, /
Brace. . ...
15. HORNEY, K. 1945. OUR INNER CONFLICTS. New York: Norton. 16. -
1959. A PERSONALIDADE. NEUROTICA DE NOSSO TEMPO, São Paulo:
Civilização Brasileira. (Trad. Octavio Alves Velho): 17. ICHHEISER, G. 1949.
Misufaderstandings in human relations. /
AMERICAN FOURNAL OF SOCIOLOGY, 55, 2, Part. 2. 18. KOFFKA, K.
1935. PRINCIPLES OF GESTALT PSYCHOLOGY. London:
Routledge.& Kegan Paul. 19. KOHLER, W.1947. GESTALT PSYCHOLOGY.
New York: Liveright. 20. LYND, H. M. 1958. ON SHAME AND THE SEARCH:
POR IDENTITY. Lon-don: Routledge & Kegan Paul.
21. LIPPITT, R, and WHITE, R. K, 1943, The "Social Clmate" of
Children's Groups, in Barker, R, Kounin, J..S, and Wright ,
H. F. (eds,) CHILD BEHAVIOR AND DEVELOPMENT, New York. Mc-
Graw-Hill,
22. MERLEAU-PONTY,.M, 1945. PHENOMENOLOGIE DE LA PERCEPTION. Pa-
ris: Gallimard,. 23. NUTTIN, J, 1950, Intimacy and shame in the dynamic structu-
re of personality. In M, I, Reymert (ed,) FEELINGS AND EMO- TIONS. New
York: McGraw-Hill, 24. READ, H. 1958. EDUCATION THROUGH ART, London:
Faber
25. RIESMAN, D. 1950. THE LONELY CROWD. New Haven: Yale Univer-
sity Press.
26. RYLE, G, 1949. THE CONCEPT OF MIND, New York: Barnes &. Noble.
27. SARTRE, J. P. 1943. L'ETRE ET LE NÍANT, Paris; Gallimard,.
28. SCHELLSR, M. 1928, NATURE ET FORMES DE LA SYMPATHIE, Trad,
. M, Lefebvre, Pariss Gallimard,
29. SIMMEL, G, .1927, SOCIOLOGIA. Trad, J, Pérez Bances,Madrid: . Revista
de Occidente,
30. - 1950, THE SOCIOLOGY OF GEORGE SIMMEL, Trad, e org, de / . Kurt
H, Wolff..Giencoe, III.: The Free Press,
31. SULLIVAN, H, S, 1947. CONCEPTIONS OF MODERN". PSYCHIATRY, /
. Washington; William. Alanson White. Foundation,
32, TAGIURI, R, and PETRULLO, L, (eds.) 1958, PERSON PERCEPTI-
ON AND INTERPERSONAL BEHAVIOR, Stanford, Cal,: Stanford U-
niversity Press, . 33. WHYTE,. W, F, 1943, STREET CORNER SOCIETY,
Chicago: Chicago University Press,
(Extraído da revista EDUCAÇÃO E CI-
ENCIAS SOCIAIS - Ano VI - vol, 9 -nº 16 .
JAN-ABRIL DE 1961, publica da pelo
CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS
EDUCACIONAIS - Rio de Janei-ro (GB)
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSIWO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
DIDÁTICA GERAL
Prof. Maria Lucia Cheier Dib
Primeiro Problema
E
is-nos chegados ao primeiro problema: "... a Didática/
e simplesmente arte de ensinar ou direção da aprendizagem?
O criterio que devera presidir a escolha da definição /
será o da análise do Binomio - Professor e Aluno - porque ambos /
são concomitantes de um fenômeno que é a Educação.
Também esta, não á uma amálgama de atividades díspares/
- mas um corpo vivo, cujas partes, aluno, professor, objetivos, ma-
térias e métodos, etc., constituem um todo com um fim essencial / .
de formar o homem, o homem completo, o homem integral, o homem in-
teligente, o homem bom, o homem "cidadão do mundo", com as suas
faculdades gerais e suas faculdades especiais.
Ninguém ignora como e decisiva a influencia orientadora
do professor, cm todas as atitudes e comportamento do homem de a-
manhã, ainda embrionário no aluno.
Da boa formação, como da boa instrução, dependerá toda
solidez do edifício humano de amanhã, pois NÃO SE IMPROVISA UM
MESTRE, como não se improvisa um medico, um militar, um sacerdo-
te.
Far-se-a sentir também a necessidade de VOCAÇÃO a essa
nobre arte de ensinar, estimular, orientar e guiar com habilidade,
A tudo isso sera necessário uma grande dose de persisten-
te AMOR, pois magisterio e antes de tudo um sacerdocio onde o edu-
cador levará a cada dia, a cada hora, a cada minuto, o seu máximo)
e o seu ótimo imbuídos de uma autentica CARIDADE.
Pois como diz o grande apóstolo: "ainda que eu falasse,
a língua dos homens e dos anjos - se não tiver Caridade, sou como:
bronze que soa, ou como címbalo que retine.
Mesmo que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse to-
dos os misterios e possuísse toda a ciencia.
E ainda que eu tivesse toda a fe a ponto de transportar
montanhas,enao tiver caridade, nada sou...
A Caridade e paciente, e boa.
Tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta. A Caridade /
jamais acabará..." (I Cor. 12.13).
••• principalmente na arte de educar, ela não pode aca-
bar, pois o aluno muito confia e muito espera daquele que tomou a
posição de educador.
Êle "atua como elemento incentivador, orientador e con-
trolador da aprendizagem, adaptando o seu ensino as reais capaci-
dades e limitações dos alunos, esclarecendo-os e auxiliando-os /
nas suas dificuldades".
Êle "não ensina, ajuda o aluno a aprender".
Êle e o educador, que vai "dar à alma e ao corpo, toda
beleza que"sao susceptíveis" (Platão).
Êle vai "preparar para a vida completa" (Spercer).
Êle será "o espírito que formará um espírito, um cora -
ção que formará um coração".
Êle desenvolverá no aluno, "toda sorte de perfeição que
a natureza'deste comporta".
Êle ajudara o aluno a desenvolver a inteligencia e a e-
ducar os sentimentos e a vontade. Êle e um educador.' E educador
"é aquele que, pelo exemplo, pela palavra e pela ação, procura e-
levar imatutos que dele se aproximam".
Nessa situação de educador - êle não vai ensinar - vai
ajudar o aluno a aprender.
Êle vai ser um pedagogo.
O que e um Pedagogo - e o que se entende por Pedagogia.
A palavra PEDAGOGIA - provem de duas palavras gregas?
PAIS - PAIDOS = Criança AGO = Conduzo, guio.
Logo, Pedagogia, etmologicamente significa condução da
criança. E desse modo, chamaram Pedagogo na Grecia, ao escravo /
culto ou liberto encarregado de cuidar das crianças e leva-las a
palestra.
Essa idéia etmológica de condução da criança, embora
sem sentido material que a princípio teve, jaz no fundo do conce¿
to atual de Pedagogia.
•-E o que se entende por Pedagogia atualmente?
Alguns autoras consideram-na como ciência.
O mais racional será considere-la não como ciência mas
um conjunto de ciências.
Diremos então :
"O fenômeno educativo e focalizado em todos os seus as-
pectos, por um conjunto de ciências que denominaremos, PEDAGOGIA"
"
É pois a Pedagogia uma ciência, que tem por objeto de
seu estudo, uma arte - A EDUCAÇÃO
- Professoras da Pedagogia
Estuda a Pedagogia uma infinidade de problemas interre-
lacionados.
Destaquemos os seguintes:
1.- O que e Educação?
2.- Como devemos educar?
3.- Como evoluiu através dos tempos a idéia de Educa -
ção? 4.- Para que
educamos? 5.- Quando
educar?
6.- Como reagem as criaturas em relação à educação?
7.- Como deve ser uma escola. 8.- Qual é a atitude
do mestre, etc. etc...
- O campo da Pedagogia é portanto:
1.- Muito extenso,
2.- Alta complexidade,
3.- De importancia primordial para a humanidade.
- As três partes da Pedagogia
Três partes podemos destacar para o conjunto das ciên-
cias pedagógicas:
1.- Parte filosófica.
2.- Parte científica,
3.- Parte técnica.
- Na parte filosófica da Pedagogia temos:
1.- Filosofia Educacional.
2.- História da Educação.
3.- Política Educacional.
- Na parte Científica da Pedagogia temos:
1.- Biologia Educacional,
2.- Psicologia Educacional.
3.- Sociologia Educacional.
4.- Estatística Educacional.
- Na parte Técnica da Pedagogia temos?
l.- Higiene escolar• 2.-
Legislação escolar. 3.-
Administração escolar. 4.-
Didática.
- Conceito de Didática
Apresenta-se a DIDÁTICA como uma das componentes da Pe-
dagogia - no campo da técnica educacional. Assim como a Geometri-a
e uma parte da Matemática, a Didática, e uma parte da Pedagogia.
- Qual será o objetivo da Didática?
"A Didática e uma disciplina de caráter prático e norma.
tivo que tem por objetivo especifico a técnica de dirigir eficaz-
mente a aprendizagem"o
M
A aprendizagem e uma atividade dirigida" ("o professor
não ensina, ajuda o aluno a aprender").
"Cabe a Didática ditar normas mais seguras para a dire-
ção da aprendizagem"o
- A Didática e uma Ciência?
Chama-se ciencia a um conjunto metódico de.conhecimen -
tos certos e sistemáticos obtidos por.meios idôneos".
Logo Didática e uma Ciencia. B uma ciencia de aplica -
ção.
Muitos autores, no entanto, consideram-na como uma Arte
e uma Técnica.
É Arte porque estabelece preceitos de ação prática.
á Técnica porque racionaliza preceitos de uma arte.
- Didática, sua definição
A palavra Didática, vem do grego (DIDAKTIKÊ = arte do
ensino)•
- Vamos definir a Didática quanto ao seu conteúdo:
"... e um conjunto sistemático de princípios, normas e
procedimentos específicos que todo professor deve conhecer e sa-
"ter aplicar para orientar com segurança seus alunos na aprendiza-
gem das materias programadas, tendo em vista seus objetivos educa-
tivo s«
§
- Divisão da Didática
A Didática, compreende duas partes: UMA GERAL, cuja ma-
tarle propria e a doutrina ou ciencia da aprendizagem, OUTRA ES-
PECIAL que e a ciência do mctodo'.- e a Metodologia ou teoria prá-*
tica dos métodos de aprendizagem.
- Pontos fundamentais da Didática.
Na Didática visa-se:
O EDUCANDO - Quem aprende?
O MESTRE - Com quem o aluno aprende?
OS OBJETIVOS - Para que o aluno aprende?
AS MATÉRIAS - O que o aluno aprende?
O MÉTODO - Como o aluno aprende?
Esses fatores estarão sempre presentes no ensino ei
- sao variáveis
- sa"o de alta complexidade
- sSo interrelacionados
- sao altamente ponderáveis
Cabe a Didática analisar esses fatires e apreciá-los
pois o fim da Didática e orientar o ensino de maneira:
SIMPLES
SEGURA
HARMONIOSA
- Problemas fundamentais da Didática
PLANEJAMENTO: como planejar a marcha dos trabalhos.
MOTIVAÇÃO: como incentivar os alunos para a concen-
tração de energia física, mental, manter a atenção dos
mesmos, dirigir os esfor-ços para que ele aprecie o
valor das ati-vidades.
- Como manejar a classe?
- Como fazer funcionar a aprendizagem dentro de um clima
de ordem e disciplina,
- Como organizar um trabalho prático evitando o super-
fluo e inexpressivo.
- Como conseguir uma autêntica aprendizagem.
- Como verificar e avaliar com exatidão e objetividade/
o rendimento escolar?
- Formação do Educador
Acima analisamos problemas fundamentais para conseguir/
uma autentica aprendizagem.
Nesse caso o professor significa muito para a
aprendiza-gem pois e ã ele que cabe dirigir a ação educativa do
aluno, porque êste embora seja o artífice da propria educação -
nao está em condições de distinguir o que lhe convém, nem tem por
si mesmo os meios que precisa para chegar a perfeição.
Com esse papel o professor atua determinantemente na ta-
refa educativa.
"As boas escolas sao fruto nao tanto da boa organiza-
ção, mas principalmente, de bons mestres" (Pio XI).
"O mestre e a escola, o mestre e o fator mais importan-
te da obra escolar, o coadjutor de Deus" (Manjon).
"Para conseguir a grandeza de um povo, antes de tudo
sao necessários bons mestres".
Alem de tudo o professor e uma autoridade delegada.
A Igreja lhe outorga uma ação apostólica.
A Família lhe confia seus filhos.
O Estado lhe dispensa a honra de que representa, na for-
maçao da infancia e juventude, a Patria e que tome a parte mais
delicada e excelente de sua propria função: O FOMENTO DO BEM CO-
MUM".
O mestre tem diante de si a massa indiscriminada dos a-
lunos - que possuem as suas diferenças individuais.
Em toda classe se distinguem os alunos bons e maus, os
alunos dóceis e obedientes, os arrogantes e insubmissos, os apli-
cados e apáticos, frios e indolentes, que reclamam tros caracte-
rísticas fundamentais:
VOCAÇÃO AMOR AUTORIDADE
- Vocação
Disse Kerschensteiner que "se existe alguma profissão /
que exija vocação profunda, e a do mestre e educador".
A missão de educador pede uma atuação abnegada. Os si-
nais de vocação saos a reta intenção, a aptidão e como
manifestação dessa ultima a inclinação e a afeição.
Terá vocação no Magisterio quem desejar exercer traba -
Iho educativo - nao por nele encontrar um meio de vida - mas por-
que e atraído por ele, pela excelência deste ministerio para po -
der trabalhar nas almas infantis ou dos jovens, a fim de conduzi-
los à perfeição,
- Amor
"A Pedagogia e na teoria muito exigente com o educador, so o Amor
da forças para satisfazer tantas exigencias".
Se nao amarmos muito o educando nada obteremos.
Amá-los com um amor que eles percebam. Um Amor afetivo e
efetivo,
á necessário amar ao discípulo amável-inteligente, bom, assim como
ao frio, defeituoso e até mesmo mau.
Dizemos que um professor tem autoridade, nao so pelo fa-to de estar
investido dela, nem unicamente por meios externos
A autoridade do mestre e imánente, é quando se nota que o mestre
possuo uma série de qualidades que o tornam superior aos demais, superioridade
que será respeitada pelos alunos e pela esfera social que o cerca,
- Qualidades do Professor
Podemos dividir as qualidades do professor em:
- Qualidades Físicas.
- Qualidades Intelectuais.
- Qualidades Didáticas.
- Qualidades Morais e Sociais.
- Qualidades Físicas
Embora isso seja relativo, melhores resultados em seu trabalho, obterá
aquele que tiver normalidade dos órgãos e dos / sentidos, alem da boa saúde.
De modo geral, uma presença agradável, uma voz enérgica e entoada,
um olhar sereno e resoluto, uma harmonia e destreza / nos movimentos são
qualidades constitutivas de um bom professor.
Se a natureza não nos prodigalizou com um físico atraca te, com
exercício e atenção pode-se corrigir muitos defeitos de a-presentação.
Pode-se e deve-se "adquirir aquela graça e harmonia, so-bretudo
aquele sorriso que ilumina e transfigura inclusive as fisionomias menos atraentes".
- Qualidades intelectuais
Poderia perder a autoridade o professor que preterisse/
o progresso.
Portanto, o professor precisa relegar o seu arcaísmo e
contemporizar-se sempre, pois as condições de vida evoluem assus-
tadoramente, arrastando nesse progresso vertiginoso os métodos e-
ducativos.
Ser professor de uma disciplina não implica entretanto,
a ignorância dos conhecimentos mínimos de cultura geral e muito /
menos do domínio do Vernáculo,
A língua nacional e o nosso instrumento de comunica-
ção. Todo e qualquer professor deverá domina-la bem.
- Qualidades Didáticas
O professor nao deve so saber o que vai ensinar, mas
SA-BER ENSINAR.
E para isso ele deve estudar os melhores métodos o sis-
temas de ensino, planejar seus trabalhos, ter conhecimentos da
psicologia do educando, saber manejar a classe, dosar a materia ,
possuir linguagem didática.
- Qualidades morais e sociais
"As palavras comovem e os exemplos arrastam".
Nada convence mais que o exemplo e a vida do educador.
Para educar, e preciso ser educado. "Ninguém dá aquilo
que não tem".
Ser educado subtende um comportamento normal, dentro da
lei, regulado por princípios morais e religiosos e as convenções/
sociais.
A profissão de professor impõe conduta exemplar, total.
Não se pode ser direito na Escola e avesso na Socieda-
de.
O exemplo alem de outras razoes e sobretudo no educa-
dor, tem força avassaladora que corresponde a lei ídeo-motora que
na criança e no jovem se encontram mais em vigor que no adulto.
Á infancia e a adolescencia, são as idades de maior /
plasticidade e poder de apreensão.
Por isso o educador tem que ser:
- Veraz e Simples
O educador e "o cooperador da verdade".
- Justo e Imparcial
O educador deve agir tendo em vista somente o bem dos
educandos.
- Deve ter domínio de si
O educador deve mostrar-so sempre equilibrado, au-tentico,
sereno.
- Paciente
á necessário para todos, muito mais para o educa-
dor, pois ele se consagra a formação de Jovens /
que se caracterizam pela irrefleção, instabilida-
de, inconsciencia.
- Firmeza e doçura
"Mão de ferro, em luva de veludo"
Firmeza indispensável nos principios - firmeza em guiar o
educando para a perfeição.
Firmeza em fazer cumprir o preceituado.
"É preciso agir com firmeza para formarmos homens fortfis e
firmes"
- Abnegação
"O educador deve ser "como a alma que tudo move e
impulsiona, mas que é invisível".
- Otimismo e bom-humor.
A infancia e adolescencia vão atras daqueles que
espargem alegria em torno de si.
A alegria favorece a memória.
De tudo isso concluimos que NÃO SE IMPROVISA UM PROFES-
SOR.
A improvisação gera uma educação manca e imperfeita,
on-de jamais se desenvolverá no educando, uma mentalidade sadia,
uma tempera forte - UMA PERSONALIDADE INTEIRIÇA.
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA,DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL
ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE" CURSO
PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966 COMO
FAZER O PLANEJAMENTO G LOBAL
Prof. Maria Lucia Cheier Dib.
Em essência, toda a vida educativa de uma escola/
resume-se no binomio "Professor x aluno". Tudo o mais vive em
função deste binomio fundamental. Direção, secretária, orienta-
ção educacional,"material didático, predio, instalações, pessoal
técnico e administrativo, tudo existe na escola para permitir que
se estabeleçam com eficiência e proveito as relações entre o pro-
fessor e os alunos, isto é, para permitir que um indivíduo
maduro exerça influência sôbre um ser imaturo.
Diz-se, comumente, que se processou uma revolução
coperniciana na educação. Com isso se quer afirmar que a escola/
atual, toda, gira em torno do aluno, enquanto a escola antiga gi-
rava em torno do professor. Melhor se diria se afirmássemos que
a escola toda gira em torno do binomio aluno x professor, uma vez
que toda a organização escolar visa a permitir que se estabeleçam
relações eficientes entre o educador e o educando.
Onde um professor e um aluno estabeleceram rela -
ções educativas, aí se inicia uma escola. É da fecundação desta
"célula inicial" que nasce a educação e, portanto, a organização/
escolar. Todos os serviços escolares, toda a estrutura adminis -
trativa, toda a legislação escolar, toda a burocracia resultam "a
posteriori" deste fenómeno primario, como os tecidos, os órgãos e
aparelhos, em ultima análise, servem à vida celular nos organis-
mos vivos.
Sendo o fenômeno educativo, fundamentalmente, a
influenciação de um indivíduo maduro sobre um ser em formação, to-
da a estrutura escolar visa a selecionar para isso os mais aptos/
e estabelecer condições para que estes desempenhem, o melhor pos-
sível, o seu papel influenciador. É distorção da essencialidade/
do fenômeno educativo a hipertrofia de qualquer serviço, regula -
mento ou estruturação escolares que não vise, diretamente, a este
fim.
Por mais perfeita que seja uma organização esco-
lar, por mais equipada que seja uma escola, por mais sabia que
seja a regulamentação da vida pedagógica, por melhores que sejam
os serviços auxiliares, não e verdadeira a escola se não são ap-
tos os professores e eficientes suas relações com os alunos. Ne-
nhum instrumento constelar no processo educativo substitui, efi-
cientemente, as relações fundamentais entre o professor e os alu-
nos.
Nas relações entre professor e alunos, acima de
todas as condições materiais, técnicas e culturais, prevalece, so-
beranamente a capacidade do professor em estabelecer empáfia com
os alunos. A falta desta condição fundamental determina a inani-
dade de todos os esforços e de todos os recursos materiais e téc-
nicos, porque fica solapada a essencialidade do fenômeno educati-
vo,
Acima de todas as condições tecnico-culturais, a-
cimada capacidade de sobrepor-se as condições materiais, não se
pode dispensar no professor perfeita maturidade fisiológica, in-
telectual e afetiva, uma vez que e da própria essência do proces-
so educativo que o professor sirva ao aluno de modelo e estímulo/
de maturação.
Em todas as relações entre professor e alunos, ja-
mais deve ser esquecida que se trata de relações entre um indiví
duo maduro e seres imaturos. Como seres imaturos, os alunos es-
tão numa fase de experimentação de tipos de condutas adaptadas às
circunstâncias, sendo muito provável que cometam contínuos e inu
meráveis "erros em suas relações com o mestre e com os companhei-
ros.
Como a maturação dos indivíduos se faz no sentido de
uma progressiva independentização, a princípio puramento fisio-
lógica, depois de caráter afetivo e, finalmente, de natureza inte-
lectual, nas relações entre professor e alunos deve caber
suficien-te margem de erro que os alunos sintam clima de
liberdade em seu esforço de crescimento. A falta desse clima
essencial, em vez de produzir a autonomia da personalidade, tende
a fixar às normas i-maturas de conduta.
Nas relações com os alunos, não deve o professor/
esquecer que seu esforço principal deve visar autonomia
progressi-va da personalidade do aluno, uma vez que este e o
sentido biológico da maturação individual, A subordinação afetiva
ou intelec-tual, em vez de uma virtude, carece, como parece a
muitos educado-
res, e, de fato, sintoma patente de imaturidade.
Toda a estrutura escolar, em geral, e a organiza-
ção da classe, em particular, devem permitir aos alunos oportuni-
dade de decisão e de trabalho autônomo, a fim de que ponham eles/
em exercícios permanente sua capacidade de iniciativa e delibera-
ção. So assim aprenderão a se autogovernar e a assumir a respon-
sabilidade por seus atos, como convém a futuros cidadãos de uma
democracia.
O excesso de proteção e de vigilancia so pode con-
tribuir para retirar do indivíduo o sentimento de responsabilida-
de direta por seus atos, uma vez que nao atribuir a si próprio o
êxito ou o fracasso de sua conduta. Em vez de contribuir para en-
rijecer o caráter, essa atitude retarda a maturação, privando o
in-divíduo do livre exercício de sua autodeterminação.
A infância e a adolescencia não são períodos de
"insuficiência" que devem ser superados o mais breve possível com
a ajuda do educador. Em cada estagio, o indivíduo está plenamente
desenvolvido para um determinado tipo de conduta correspondente a
seu grau de maturação, devendo a escola criar condições para que
o aluno viva cada período com perfeito sentimento de autonomia e
responsabilidade.
O educador nao deve esquecer que não e o agente di-
reto de educação, mas agente circunstancial. So o aluno mesmo e-
duca a si próprio. Sua vontade nao pode substituir a do aluno ,
uma vez que tada educação e uma auto-educaçao. Supor que regula-
mentos, disciplina imposta, obediência irracional são fatores de
educação e desconhecer a natureza intrínsica do fenômeno educati-
vo.
Retirar da organização escolar as oportunidades
/ de deliberação e de autodeterminação dos alunos com o intuito
de simplicar o trabalho de educar é simples e hipócrita atitude
de "escape" do educador para não ter que enfrentar os problemas
surgidos do uso da liberdade.
O excesso de disciplina e de regulamentação que
, exige sistema concomitante de vigilância e de punições e a
forma primaria de retinizar o processo educativo com aparente
simplifi-cação do trabalho do educador que engana a si próprio,
satisfazen-do-se com a falsa tranqüilidade superficial da vida
escolar. Não e forma própria de criar personalidades autônomas, no
pleno gozo de livre arbítrio, capazes de deliberar e assumir a
responsabilidade de seus próprios atos.
O professor nao deve esquecer que sua ação, no /
processo educativa, assemelha-se à do agente catalítico numa rea-
ção química, EMBORA SUA PRESENÇA SEJA INDISPENSÁVEL, É O PRÓPRIO
ALUNO QUE FAZ SEU CRESCIMENTO PSICOLÓGICO. O professor e o meio
circunstancial em que se processa o fenômeno educativo, como o
sol, a chuva e o adubo são a circunstância necessária para o
"crescimento" da planta.
O professor deve colocar-se dentro do processo e-
ducativo como "agente de estimulação", jamais como o substituto/
de esforço pessoal e direto do aluno. Sua presença representa "e-
conomia" de esforço, que simplifica os "rodeios" e os "tateios "
desordenados em busca de formas de conduta que estão sendo
apreen-didas pelo jovem.
Não so na aquisição de condutas sociais, como na
formação do pensamento autônomo, o aluno deve ser, permanentemente,
"desafiado" a adotar comportamento pessoal e livre, conquanto o
"desafio" nao representa para ele dificuldade intransponível,as-
pecto este que exige toda sabedoria do educador na escolha das
formas de ação que propõe aos educados.
O papel fundamental da escola e de apresentar ao
aluno "um campo de assimilação" sôbre o qual haja ele com ampla
liberdade, assim como se apresentássemos uma serie variada de
alimentos sem pretensão de influir no gosto pessoal dos convivas,
Em vez de tentar interferir no processo livre do crescimento, o
educador prepara o campo de ação circunstancial, na convicção de
que o aluno não assimilara senão o que estiver presente na vida
escolar, As "acomodações" pessoais que cada aluno fizer diante /
do campo apresentado representarão o contingente pessoal de forma
ção a conta de liberdade que deve presidir o crescimento do ho-
mem,
(LAURO DE OLIVEIRA LIMA - "A Escola/
Secundária Moderna" - Capítulo 2º).
O planejamento e uma exigencia que, dia a dia, se
impõe em todas as atividades humanas, O trabalho docente não pode
fugir a esta exigencia, principalmente se atentarmos nas cons-
quencias morais e sociais que êle implica,
O planejamento didático faz-se necessário por vá-
rias razoes de responsabilidade moral, econômica, adequação de /
trabalho e eficiência,
(EMÍDIO GIUSEPPE MÉRICI - "Introdu-
ção à Didática Geral"),
"A tarefa docente nao se inicia com a aula, mas /
com o planejamento. O professor que inicia seu trabalho sem pla-
nejamento equivale a um engenheiro que quisesse iniciar a constru-
ção de uma casa sem a planta da construção..."
(AFRO DO AMARAL FONTOURA - "Didática
Geral").
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇAO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
DIDÁTICA GERAL
Prof. Maria Lucia Cheier Dib.
Ciclo docente e discente
"Por mais complexa que seja a
organi-zação escolar, não deve ser esquecido que,
essencialmen-te, educação o íntima interação entre
Professor e aluno .
Tudo, pois, na escola deve favorecer a existência des-
se binomio fundamental cuja dinâmica produz o fenômeno
educativo."
Tipos de atividades do Professor e Aluno
a)- Docentes - que serão exercidas pelo professor;
b)- Discentes- que serão estimuladas nos alunos.
Dentro desse esquema de atividades, serão questões de
estudo:
I - Planejamento; II - Apresentação
da materia; III - Motivação; IV -
Linguagem didática do professor; V -
Manejo da classe.
I - PLANEJAMENTO
"Prever, já é agir". Quando vamos
executar uma obra qualquer implicitamente
vamos planejá-la, "Planejar e estabelecer os objetivos que se -
rao alcançados pela ação e ordenar os meios para consegui-los".
Através desse planejamento, vamos:
- apreciar a obra em todas as suas fases de execução;
- averiguar os recursos materiais de que dispomos para
a execução dessa obra;
- "medir nossas responsabilidades técnicas";
- cronometar o tempo que dispomos;
- verificar se esse plano e exeqüível,
A educação e uma obra de grande complexidade que obri-
o professor a executar um planejamento com o máximo de cuidado
e esmero, a fim de atingir os objetivos visados pela educação.
O planejamento vai assegurar ao professor a eficiencia
do ensino, privando-o da improvisação que tornaria o ensino pre-
cario,
Alem disso, pelo planejanento o professor teria uma
su-cessão normal de atividades didáticas, evitando assim um
ensino/ confuso o sem sistematização,
- Que vou ensinar?
- Como poderei ensinar?
- Em quanto tempo?
- Que farei para interessar os alunos?
- Que material didático poderei usar?
Esse o o roteiro que o professor esboça no afã de pro-
curar o melhor para os seus alunos, para que a aprendizagem
seja/ assimilada e o ensino assegurado,
a)- Caracteristicas de um bom planejamento
1.- UNIDADE - "O plano deve constituir um conjunto harmônico,sem
elementos díspares, sem enxertos absurdos, alheios a materia
estudada".
2.- CONTINUID.JDE - Nao devera oferecer transposições muito gran-
des, que quebram unidade e harmonia do ensino.
3.- FLEXIBILIDADE - pode oferecer modificações, sem prejuízo para
a unidade e continuidade,
4.- OBJETIVIDADE - Um plano sem objetivos nao será plano, Na
ela-boraçao de um plano devem figurar: a)- os objetivos
gerais que sao aqueles que concorrerão para
a formação integral da personalidade (formação de hábi-
tos - habilidades e atitudes),
b)- Objetivos específicos (de cada curso - de cada unidade -
de cada aula). Esses podem ser;
- indispensáveis (mínimos)
- possíveis
- desejáveis (máximos).
5.- PRECISÃO E CLAREZA - Um bom plano carece de indicações claras e
precisas.
b)- Tipos de Planos de Ensino
1.- PROGRAMA DE ENSINO - Escapa às funções do professor e cm nos-so país a
elaboração desses programas e organização privativa de órgãos oficiais da
educação publica.
2.- PLANO DE CURSO - "O mestre deve traçar previamente um plano/ que
abranja o conjunto dos principais trabalhos que pretenda realizar, um
itinerario que pretanda seguir, sem que seja in dispensável segui-lo ao pc da
letra, ao contrario, se encontrar motivos justificados, deve modificá-lo na
medida necessária para alcançar os seus propósitos educativos". Num plano
de curso devem constar:
- cabeçalho;
- objetivos educativos a serem alcançados;
- numero total de aulas;
- indicação de unidades ;
- método a ser adotado ;
- meios auxiliares;
- atividades docentes;
- seleção do material didático.
3.- PLANO DE AULA - Alguns professores se insurgem contra o pla-no
de aula e alegam múltiplas atividades que os impedem de
organizá-lo diariamente.
Serão improdutivos os esforços de um professor que não
tenha ao menos a consideração de esquematizar um plano mínimo
que preveja uma serie de situações normais numa sala de
aula.
Um plano oficial de aula deve conter:
- cabeçalho;
- duração ;
- objetivos;
- atividades docentes; motivação, apresentação;
- atividades discentes (trabalhos dos alunos) ;
- fixação e verificação da aprendizagem.
II - APRESENTAÇÃO DA MATÉRIA
Para a apresentação da materia, o professor pode usar
de vários recursos didáticos.
Por exemplo; Preleção simples. Exposição da materia.
"O professor apresenta o ensino sob
a forma de preleção, como se fosse uma conferencia, en-
volvendo o tema da aula. E sendo assim, preocupado em
expor a materia, o Professor nao interroga, nao repe-
te. Expõe, apenas, o assunto numa dissertação oral".
Interrogatorios reflexivos - que apelanm para a refle-
xão do aluno.
Técnica exegetica - Leitura e comentário de algum tex-
to.
III - MOTIVAÇÃO
"Os homens so agem na vida, sob o
impulso do interesse".
Esse interesse pode sor nobre, elevado, útil à socieda-
de mas pode ser mesquinho, egoista, baixo ou torpe. Sem o inte-
resse o indivíduo nao seria levado a agir.
A mesma coisa acontece com o aluno. O aluno so age
impulsionado pelo interesse.
Na vida, como na escola, e o interesse o motor único /
de todas as atividades.
No campo da aprendizagem, o esforço sem interesso tor-
na a atividade enfadonha.
O interesse, acarretas
- economia na aprendizagem,
- economia no trabalho docente,
- eficiencia e segurança no ensino.
Levado pelo interesse o aluno aprende mais e melhor. O
interesse e primordial peias seguintes razoes;
- a aprendizagem sistemática exige esforço e perse-
verança do aluno;
- a aprendizagem sistemática deve ser metódica e exi-
ge trabalho ;
- a aprendizagem sistemática deve contar com a boa /
vontade do educando.
Uma vez despertado no aluno o interesse pelo estudo,pe-
la materia, pelas aulas, pelos trabalhos escolares, dizemos que/
o aluno está motivado.
"Motivação e certo estado interior do aluno, que im-
planta em sua consciencia FORTES RAZÕES que o impelem:
1.- a agir;
2.- a estudar;
3.- a interessar-se pelas tarefas, e atividades de clas-
se; 4.- a colaborar com o
mestre.
Nao há aprendizagem sem motivação.
Fatôres da motivação
Sao vários os fatores que levam o aluno a ser motivado:
Consciência do dever - Desejo de sobressair - Desejo de
ser elogiado - Desejo de atingir certo objetivo (ingressar numa /
determinada carreira - ser aprovado em concurso).
Receio de ser repreendido, castigado, privado de certas
regalias.
Tipos de motivação
A - Motivação negativa - o aluno trabalha sob coação - constrangi
do.
Ela pode ser:
1.- FÍSICA - (Castigo corporal - privação de recreio - priva
ção de recreio - privação de merenda - trabalho forçado/
desagradável).
2.- PSICOLÓGICA - Repreensão, ameaça - severidade nas atitu-
des - desprezo - guerra de nervos.,
3.- MOTIVAÇÃO NEGATIVA MORAL - Nota má - reprovação -
humilha-ção em publico.
B - Motivaçao Positiva - Pode ser:
- intrínseca - resulta das tendencias ou inclinações pessoais
do aluno.
- extrínseca - preocupação da nota alta - necessidade de pas-
sar de ano - esperança de obter premios.
Quando o aluno age por si, diz-se que ele e auto-motiva-
do.
Observação - A motivação vai depender de varios fatores como se-
jam:
PERSONALIDADE DO PROFESSOR - vide qualidades físicas- intelec-
tuais, morais e didátiers do professor, apostilha anterior).
MÉTODO - Métodos interessantes. Os métodos rotineiros
confu-sos afastam e desmotivam o aluno mais aplicado.
MATÉRIA - Quando interessante é fator de motivação.
ATIVIDADES DE CLASSE E EXTRACLASSE - Jogos - excursões -
es-tudo dirigido - cinema - jornal escolar - gremios, sao
recur-sos motivadores.
OUTROS CONCEITOS SOBRE MOTIVAÇÃO
"O fator mais importante da motivação: o professor". "A
motivação é o fato de por um motivo em atividade!" "A
principal finalidade do castigo educativo é o aperfeiçoa-
mento moral do educando".
"Dar um prêmio é acompanhar com sentimento agradável a
reali-zação de uma obra".
"A motivação negativa - se bem que ate certo ponto seja efi-
caz, é contudo anti-psicologica e deseducativa, tornando os/
alunos tímidos - covardes - hipócritas ou violentos; atende
com certa eficácia aos objetivos imediatos da instrução, mas
é prejudicial aos interesses mais imediatos da educação, com-
prometendo a formação sadia e harmonica da personalidade do
aluno.
IV - LINGUAGEM DIDÁTICA DO PROFESSOR
"Para a apresentação da materia o professor tem que ter
uma linguagem didática.
Ela tem seu caráter próprio.
Ela difere da linguagem dos discursos acadêmicos, rebus-
cados, com frases empoladas.
da eloqüência sacra, com citações eruditas - modulações exageradas
na voz";
da demagogia do orador popular (exageros ridiculos - imagens ab-
surdas - comparações vulgares);
da linguagen popular, carregada de gírias - comparações dispara-
tadas - repetições".
O professor tem que usar una linguagem clara, precisa ,
fluente, gramaticalmente correta, bem articulada, sem esnobismos,
sem balbuciência, com voz agradável, timbre adequado, animada, as
vezes enfática, sem cacoetes martelantes: (não é? certo, enten-
deu, manda brasa, morou? Né? etc.)
V - MANEJO DE CLASSE
(Problemas de disciplinas)
Educar e também disciplinar, É dar aos alunos normas do
comportamento social.
"Os povos mais educados, sao os povos mais disciplinados".
"O primeiro sinal de decadencia de uma instituição é a in-
disciplina.
A base do estudo e a disciplina.
A disciplina preventiva, e a aconselhada por grandes peda-
gogos.
Nela, o educando o colocado de tal maneira, que o erro /
lhe parecerá difícil.
Nela, o educando percebe que o comportamento lhe traz van-
tagem, alívio ou segurança, e tende a adotá-la permanentemente.
" Assim, não é desprezível o aspecto utilitário da boa con-
duta (O crime nao compensa)".
"O educador con a disciplina preventiva, deve convencer/
o aluno de que a forma de comportamento proposto é a que lhe tra-
ra maior satisfação e menor dispendio de energia".
O professor poderá inculcar nos alunos, que "cada homem,
dispõe de recursos espirituais para seguir a reta consciência ,
salvo se sofrer de distúrbios patológicos".
"O mestre deverá cuidar em criar "valores" nos jovens".
"Nao se deve criar ninguém numa democracia, para obedecer.
Mas, para colaborar e respeitar os direitos alheios".
A disciplina repressiva - "tem por finalidade, aplicar san
ções a toda e qualquer infração voluntária".
Os meios usuais de censura - Premios e castigos.
"O castigo e a pena escolar mais grave e por isso deve a -
tender a certos requisitos:
- ser aplicado raramente,
- ser justo,
- ver conseqüências úteis,
- ser moderado,
- nao ser aviltante,
- ser proporcional a falta".
No Talmud lê-se: "A criança deve ser castigada com uma das
mãos e acariciada com as duas",
"O uso do castigo está em razão inversa, não da boa índole
do aluno, mas da excelencia da pessoa educadora e da boa vontade /
dos métodos educativos".
A INDISCIPLINA - Qualquer ação que se constitui em desres-
peito ao professor, à diretoria, aos funcionários; depredação ou
lesão do material do colegio ou colega; qualquer depredação gru-
pai fora do colegio; desobediência ostensiva às ordens e tradi-
ções do colégio; atitude inconveniente ou impropria; perturbação
ao trabalho escolar.
CAUSAS DA INDISCIPLINA
Biológica - Algum sentido lesado. Exemplo: audição
Psicológica - Desajustamentos.
Mesológica ou Familiar - Maus antecedentes, meio péssimo /
em que vive o aluno. I
Recursos - entrevistas (dialogadas), amizades, atuação de.
líderes.
Tipos de alunos indisciplinados;
- Agressivos, provadores, impulsivos, irrequietos.
- Delatores, boateiros, tímidos, nervosos.
- Implicates, intrigantes, exibicionistas.
- Distraídos, displicentes, faladores, hipócritas.
- Namoradores, envolventes, tarados, pervertidos.
Observação - O professor, sem método es incapaz de ensinar, cheio/
de cacoetes, injusto, vingativo, descuidado com a sua
aparência, sarcástico, mordaz - semeador de inimizades, exces-
sivamente bonzinho, taciturno, desconfiado, sem estabilidade emo-
cional, inconstante, pode provocar indisciplina. Para isso ele
tem que estar atento à etica profissional (vide anotações de aula)
MÉTODOS
Para maior efeito didático do nosso curso, baseado em tempo
escasso, vamos procurar uma classificação funcional de métodos,
sem preocuparmos com minucias filosóficas, psicológicas ou mesmo /
embaraçar-mos em "terminologia bem especificada.
Generalizando, concluimos, que podemos dividir os métodos/
segundo o interesse do aluno durante o ensino em:
I - ABSOLSTOS OU PASSIVOS - aqueles que vão apelar unicamente para
a passividade do aluno.
Neles, o aluno e um ouvinte passivo ou simplesmente um me-
morizador;
A reflexão do aluno fica estiolada. Como exemplo citamos/
os métodos arcaicos de lição marcada, o método de leitura (pelo /
professor ou por um aluno), o do ditado, o do exercício ou revisão
Esses tipos de métodos são denominados dogmáticos ou de conferên-
cias e neles o educando e apenas RECEPTIVO.
II - PROGRESISTAS ou ATIVOS - que vão vitalizar a atividade do edu-
cando, pois neles o educando colabora como professor no processo/
de investigação, de procura de conceitos. Eles possibilitam ao
educando a formação de um juízo crítico, bem estruturado.
Nesses métodos de aprendizagem, o trabalho e bem motivado/
porque é unido às atividades, aos interesses do aluno.
O aluno aprende com prazer, sem coação, e o resultado da
aprendizagem e proveitoso.
Esses métodos recebem também a denominação de heurísticos,
(do grego heuriskein = descobrir, achar).
O professor não pode privar o aluno das delícias de uma /
"Eureka".
O estudo dirigido, os métodos de laboratorio, caderno diri-
gido, etc. sao exemplos desses métodos que apelam para a atividade
e reflexão do aluno.
ESTUDO DIRIGIDO
Que é estudar - "Estudar é aplicar o pensamento a um assun-
to para adquirir conhecimentos, ou de modo geral, e a direção do
espírito no sentido da realização de um fim ou proposito".
Com isso conclui-se que estudar nao o memorizar.
O estudo dirigido e a fonte de toda aprendizagem.
"Pode se definir dizendo que e um plano para guiar e esti-
mular o aluno nos métodos de estudo e pensamento reflexivo.
Ao estudo dirigido interessa nao tanto o que o aluno
apren-de, mas sim o modo por que o faz e menos a materia ensinada
que o processo de aprendizagem".
"Nada mais útil e importante na escola que a direção e o-
rientação do processo didático que forma nos alunos hábitos de tra-
balho mental, atitudes favoráveis ao estudo, dá métodos de refle-
xão e senso critico".
Resumindos ensina aos alunos a aprender por si mesmos.
Fazes do estudo dirigido
"Nessa primeira fase os alunos serão informados:
1.- De que modo deverão ler (estudar a materia contida no/
trecho marcado ;
2.- Como deverão recorrer à bibliografia, como deverão pes-
quisar e manipular o material didático;
3.- Como e quando em caso de duvida deverão pedir auxílio/
ao colega;
4.- Como e quando deverão apresentar suas duvidas ao pro-
fessor.
5.- Do tempo que dispõem para o trabalho;
6.- Os cuidados que devem ter a fim de nao perturbarem os
colegas;
7.- Como deverão resolver as questões que figuram na prova
de verificação da aprendizagem".
A pratica aconselha o seguinte para a verificação do estu-
do dirigidos
D- Que o professor leve as perfuntas mimeografadas para /
serem distribuídas as questões aos alunos.
2)- Que a prova seja feita sob a forma de perguntas
objeti-vas, todas enquadradas no assunto estudado.
3)- Que o professor informe aos alunos sobre o período de
duração,
4)- Que tenha caráter individual.
5)- É de maior importância que o professor (durante a pro-
va) exerça o máximo controle a fim de evitar qualquer
fraude ou irregularidade.
6)- O professor fará a correção e julgamento das provas /
assinalando todos os erros e imperfeições.
Observação - Em certos casos o professor fornecerá aos alunos uma
folha (se possível mimeograíada) com as soluções de todos os
problemas e cada aluno, com a CHAVE DE CORREÇÃO, procura ra
corrigir o seu próprio trabalho.
Vantagens do estudo dirigido
"Torna a aprendizagem viva, agradável, alegre.
-É altamente motivador.
-Torna maior a união entre alunos e professores.
-Desperta o desejo de trabalhar mais e melhor.
-Transforma o aluno em estudante.
-Sugere por vezes debates interessantes entre os alunos.
-Atende a certas deficiencias pessoais deste ou daquele a-
luno. -Recebem os alunos, dentro da técnica do estudo
dirigido,
forte incentivo do professor. -Permite ao professor
conhecer melhor as deficiencias dos
seus alunos a fim de poder corrigi-las. -Pode sor
aplicado mesmo numa escola pobre e mal aparelha.
da. -Educa os alunos, torna-os obedientes e
disciplinados.
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO COMERCIAL ESCOLA
TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
DIDÁTICA GERAL
Prof. Maria Lucia Cheier Dib.
TESTES - Seu conceito, sua origem, suas finalidades, sua classifi-
cação.
"Denomina-se teste a uma prova rápida, simples, sintética,
e, em geral objetiva, apresentada sob uma certa técnica, que per-
mite a avaliação de valores, capacidades, atributos, etc, de um
indivíduo on de um grupo de indivíduos".
"Os testes surgiram em fins do século passado. O primei-
ro a empregar os t estes mentais foi o biólogo ingles Sir Francis
Galton (1822-1911). Esse fato teria ocorrido em 1894.
"A palavra TESTE para designar certas provas na investiga
ção psicológica - foi lançada pelo psicólogo americano James Mc
Keen Cattell.
"Os testes de escolaridade foram empregados pela primeira vez
em 1914 por J.M. Rice. Nao tinham porem as características / dos
testes atuais que somente foram estruturados e adaptados em 1920.
O primeiro teste de Matemática, de que se tem notícia,
foi tipo teste de lacuna feito em 1908.
A palavra TESTE vai encontrar sua origem no ingles TEST /
(prova, experiencia, ensaio).
Criou o ingles sua palavra TEST nas diversas acepções do
velho francês TEST = panela de barro, cado, cadinho, vaso para
en-saios.
Com o mesmo sentido tem o latim, testa, AE.
"Testa, era palavra de gíria militar, de cozinhas assim/ se
chamavam a panela de barro cm que os soldados aqueciam a comida e
provavam para ver se estava gostosa.
Na panela, estava o que havia de bom, de saboroso, de apro-
veitávcl, daí o nome de TESTA para a cabeça que era a "panela" on-
de estava o que havia de bom no homem".
A palavra TESTE já consagrada pelo uso dou origem ao verbo
"Testar" que e um neologismo de emprêgo freqüentes "Êle testou o
motor". "Essa peça ja foi testada".
Finalidades - São múltiplas as finalidades:
-Teste para averiguação de acuidade visual, auditiva, etc.
-Teste para avaliação da memoria.
-Teste para avaliação das qualidades de atenção, observa-
ção.
-Teste para conhecimento dos interesses dominantes.
-Teste para avaliação da inteligencia integral.
-Teste para conhecimento do psiquismo infantil.
-Teste para revelação de certos complexos.
-Teste para apreciação da Personalidade.
-A relação e imensa. Vamo-nos apenas ao que nos interes-
sas
Testes para avaliação da aprendizagem
"Os testes de escolaridade mais freqüentemente empregados
em didática sãos
-
De lacuna.
-
Teste simples - Perguntas e problemas.
-
Teste de escolha única.
-
Teste de melhor escolha.
-
Teste de múltipla escolha.
-
Teste de emparelhamento.
-
Teste de certo - errado.
-
Teste tracejado
-
Teste de corrigenda.
-
Teste de reclassificação".
Teste de lacuna - E o mais simples e o mais empregado.
"Nos casos
de testes de lacuna devemos atender às
seguintes normas":
1.- Nunca iniciar o teste com uma lacuna.
Exemplo :
.........
quilômetros por segundo e a veloci
dade da luz.
Forma certa: A velocidade da luz e de ...
........
quilo-
metros por segundo.
2.- Nunca incluir no mesmo teste duas ou mais lacunas.
Exemplo
%
A
........
da Itália e
.............
Testes de respostas simples:
1)- Qual o motivo da vinda da Família Real para o Brasil?
2)- Qual o tema central do livro de Maquiavel "O PRINCIPE"?
Observaçãos "Êste teste abrange diferentes modalidades de avalia.
ção, como:
CAUSA - DEFINIÇÃO - FINALIDADE - RECONHECIMENTO
RELACIONAMENTO - REPRESENTAÇÃO POR DESENHO, ESQUEMAS ou GRÁFI-
COS;
Todos exigem recordação completa, sem qualquer sugestão
pa-ra resposta.
Êste teste nao e um questionário, porquanto êste exige u-
ma ordem e relacionamento das perguntas, apresentando-se como um
grupo dos primeiros, sobre o mesmo assunto.
Testes de Raciocínio - Eles devem ser elaborados através/
das
1 - Proposição do problema, dada a causa. .
2 - Proposição do problema, dado o efeito.
Observação; Êste teste, como se destina a verificar o raciocínio/
do aluno, nao deve, apresentar a forma de "problema / modelo"
dado cm aula.
Testo de ordenação - Numere em ordem crescente, os fatos
abaixo, de acordo com a ordem cronológica em que se sucederam:
( ) - Proclamaçao da Republica.
( ) - 1ª Estrada de Ferro.
( ) - Revolução constitucional.
Observação - O numero de fatos a ordenar deve ser no mínimo de 4, e
nunca mais de 10.
- A ordenação pode ser feita em ordem alfabética.
- Estes testes so devem ser usados para fatos que se suce-
dem ou sucederam em ordem constante.
- Nao deve ser usado nos casos de ordem não fixa.
- Na correção so poderá ser valorizada a ordenação total
mente correta.
- Um erro é bastante para a nota zero - Por essa razão cs.
ses testes não devem abranger grande parte da matéria a verificar,
nem lhe ser atribuída grande porcentagem do valor da norma (no má-
ximo 10% do valor da parte objetiva da prova).
So assim se pode preparar, urna escala de O a 100, capaz /
de medir de fato o conhecimento dos alunos. Se ao lado disso as
questões forem também falidas.
Diz-se que uma questão e válida quando corresponde real-
mente ao nivel dos alunos, uma resposta pode, porem ser difícil e
nao ser valida.
Basta para isso, que, sendo respondida por poucos ( por-
contagem de dificuldade), esses poucos estejam exatamente fora do
grupo dos alunos melhores)"entre os medios por exemplo."
Everardo Backheuser.
CONDIÇÕES PARA UM BOM TESTE
- Ser bem claro.
- Ver um objetivo bem determinado. Abordar
exclusivamente/ a materia estudada.
- Ser interessante e variado,com perguntas vivas de mo -
do a aprender a atenção do examinando.
- Estar de acordo com o adiantamento do examinando - Nao
ser excessivamente difícil nem envolver banalidades.
- So exigir respostas rápidas - Nada de problemas ou cál
culos trabalhosos.
- Ser unívoco em todas as perguntas - So apresentar teste
objetivo
VANTAGENS POS TESTES
"Os bons testes asseguram as seguintes vantagenss
1 - Garantem maior numero de amostras do aproveitamento -
Permitem fazer a cobertura de todo o programa minis -
trado no curso.
2 - Eliminam a possibilidade de perguntas imprecisas e
do "mais ou menos" nos testes - Os alunos evidenciam/ o que
realmente sabem e o que nao sabem - Não há outro termo.
3 - Dispensam os alunos de se preocuparem com aspectos a-
lheios ou secundários da prova corno: letra legível, re-daçao, estilo,
obrigando-os a s e concentrarem nos dados essenciais da materia
em si.
4 - Garantem maior precisão e objetividade de Julgamento,
evitando arbitrariedades e complacencias do julgador.
5 - Garantem maior facilidade e rapidez de correção dis-
pensando o professor de ler e, às vezes, decifrar o
fraseado dos examinandos à cata de substancia.
6 - Quando elaborados com a devida térmica, sao bem rece-
bidos pelos alunos.
ORGANIZAÇÃO DOS
TESTES
OBJETIVOS
É difícil para um professor inexperiente organizar testes
objetivos, de modo satisfatório.
Para isso talvez, sejam úteis as seguintes sugestões:
- Determinar a finalidade da aplicação dos testes.
- Escolher o tipo ou tipos adequados à finalidade.
- Selecionar judiciosamente as questões de modo que sejam
objetivas e abranjam todos os pontos principais do as -
sunto a ser examinado."
- Avaliar o tempo necessário a execução.
- Preparar a chave de correção e estabelecer o criterio de
julgamento. Essa chave de correção e denominado de
"BAREMA"
- Calcular o numero de questões suficientes para medir a
habilidade ou conhecimento de acordo com a finalidade /
do teste.
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DIRETORIA DO ENSINO COMERCIAL
CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE
ENSINO TÉCNICO COMERCIAL
ESCOLA. TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Estudo realizado pela Professora RUTH ALVES
FRANKLIN ALMEDA
I - Problema
A escola educa, ou desenvolve um processo de aprendiza-
gem?
Para responder a esta pergunta, deveremos analisar a/
função da escola em vista da filosofia adotada, e o conceito de
educação em sua amplitude. Chamamos a atenção do leitor para
o fato de que será ela quem era formular a resposta, em
consequen-cia do que sera exposto. Devemos também observar que
o presente estudo tem por finalidade um simples levantamento
dos proble-mas e será completado com as aulas e bibliografia
indicada.
Em educação, como poderemos observar, os conceitos e
explicações tendem a evoluir com o desenvolvimento das ciências
e as mudanças sociais, não sendo, portanto, definitivas. Dai,
a aproximação da verdade, diante da nossa evolução histórica,
depender da dedicação e da profundidade que revestir o trabalho
/ do professor interessado no conhecimento do processo
educativo.
A - FUNCÃO DA ESCOLA
Sabemos que é responsabilidade exclusiva da família /
preparar seus filhos para a vida, sendo essa uma das finalida-
des primordiais da união conjugal. Entretanto, a medida em que
a humanidade evolui, a civilização se torna mais complexa, e as/
ciencias mais e mais diversificadas, a formação das novas gera-
ções pelos pais se torna impraticável. Daí a necessidade de
que os mesmos permitam, a pessoas especializadas, interferir na
ori-entação de sua prole. Esta interferencia, êste auxílio a
família, é proporcionado pela instituição ESCOLA.
Analisemos, pois, a ação da escola em tres de seus e-
lementos básicos: currículo, método e objetivos,
1, - O CURRÍCULO - Entedemos por currículo o instrumento de que
se serve o agente educador para. transformar o jovem num padrao
ideal de homem, ajustado a uma sociedade. Esse instrumento se
constitui na organização da herança social, de forma a facili-
tar sua assimilação por mentes imaturas; é, portanto, o conteú-
do a ser fornecido aos alunos,
Conforme a expressão acima, o currículo envolve dois
fatores importantesi o educando, elemento estável em sua natu-
reza (humana) e a sociedade, sujeita a profundas e freqüentes /
transformações em sua estrutura. Em relação ao aluno, podemos
mencionar a existencia, de correntes filosóficas que preconizam
uma evolução da propria natureza do homem; parece-mos entre tan-
to, que numa visão da evolução do homem, de seu progresso e da
multiplicidade de suas criações, as forças intrísecas que o ca-
racterizam como tal continuaram sempre as mesmas, Logo, para
proporcionar, através do currículo, o desenvolvimento do
educan-do como ser humano, certos aspectos de conteúdo
permanecerão / sempre os mesmos (Por exemplo, a linguagem).
Considerando a so-ciedade, temos de levar em conta que as
transformações por ela/ sofridas sao tão intensas quanto
rápidas e que a escola, como órgão de prepara ção da juventude,
nao pode deixar de se influen-ciar por estas alterações. Sem
duvida nao se poderá acompanha-las cegamente sob risco de
prejudicar o processo em sua essências o desenvolvimento do
homem,
Assim, podemos dizer que o currículo tem que objeti-
var uma formação tal, que prepare o indivíduo a fim de sobrevi-
ver ajustadamente frente a. evolução social; ainda mais, desen-
volvondo-lhe integralmente suas potencialidades, através do a-
tendimento de suas necessidades psicológicas e morais, Para a-
tingir este escopo, sentimos a necessidade de, por meio do cur-
rículo escolar, inculcar no jovem bons sentimentos, atitudes o
ideais positivos frente a. vida, que, todavia., nao serão ensina-
dos diretamente. Nao se pretende, nem se conseguiria os
resulta-
dos desejados, formar o caráter do estudante ou dotá-lo de sentimentos
patrióticos, usando para isso cursos específicos; o con-junto de atividades
pedagógicas curriculares, é que deverá produ-zir semelhantes resultados. Não
podemos deixar de mencionar o papel relevante que tem a figura humana: sua
conduta colabora / efetivamente para a obtenção desses superiores objetivos do
cur-rículo.
Encarando o problema do currículo com maior generalidade,
vemos que o homem, ser racional, possui duas habilidades característicass a
habilidade de pensar e a habilidade de ex-pressar-se, que deverão ser
plenamente desenvolvidas na escola.
a) - a habilidade de pensar
O pensamento humano se organiza, em contacto com os /
três mundos em que vive o homems o MUNDO MATERIAL, que se ca-
racteriza. pelo universo físico e com o qual o homem não pode /
deixar de envolver-se; o MUNDO ESPIRITUAL, caracterizado pela e-
xistoncia de uma substancia naturalmente diferente da matéria /
bruta e pela existencia do Deus, espírito perfeito; e o MUNDO
HUMANO, que e uma combinação de materia o espirito. O estar in-
timamente relacionado com estes mundos, obriga o homem a desen-
volver sua capacidade de pensar, pois e através das imagens e /
experiências que so formam as idéias, elementos da atividade.
As-sim, pelo estudo das disciplinas que representam as
diferentes experiencias, o aluno chegara a habilidade de
pensar. Do mundo material temos as Ciencias Físicas e
Biologicas, que estudam o universo físico; do mundo espiritual,
a Filosofia, que estuda,/ a. luz da razão natural, Deus, a alma
humana e suas relações com o mundo material; do mundo humano
temos as Ciencias Sociais ou Humanísticas, quer sejam, a
Historia, a Sociologia, a Economia, a Psicologia, etc.,
objetivamente, contudo o homem como indiví-duo e como ser social.
Em face disso, o currículo devo proporcionar o estudo destas
disciplinas, como experiencias orient-das do homem em formação,
envolvendo os tres mundos que serão objeto de sua atividade
mental.
b) a habilidade de expressão
So o homem possui a capacidade de comunicar-se formal, mente
com seus semelhantes e esta capacidade deve ser transformada em habilidade no
educando. Quando se menciona EXPRESSÃO é comum pensar-se logo em
linguagem falada ou escrita, embora não
sejam estas as suas únicas, formas. É evidente que a. comunica-ção
através do símbolo PALAVRA seja, talvez, a mais perfeita, a-inda, que,
por vezes, sintamos a ausencia de algumas para traduzir idéias ou
estados emocionais. A habilidade de expressão de-ve ser objetivo de
todas as atividades curriculares, em todas as suas formas e cm todas
as oportunidades, alem de constituir/ disciplina específica. Ocupam
lugar de destaque, neste objetivo, as artes em suas diversas
manifestações. A música, a pintu-ra e as artes plásticas constituem
formas que o homem usa para/ exprimir suas composições ideativas,
fruto da atividade criadora, ou sentimentos e impressões.
Distinguimos níveis na habilidade de expressão pela arte,
que a educação não pode deixar de considerar; a música, o-ferece
melhores, condições de estabelece-ços:
-nível de criação:
próprio das pessoas de grande capa-
cidade, de expressão, que conseguem comunicar uma emoção ou
idéia atra-vés de uma criação artística. É o nivel do autor. -
nível de execução: pessoas outras, embora nao conseguindo
criar, executam com perfei-ção a. idéia expressa por outros,/
reproduzem e sentem a criação: é o caso do solista. -
nível de
apreciação: é
característico do homem sem ha-
bilidades específicas para os /
dois níveis superiores, mas que
consegue captar, interpretar ou
mesmo sentir a manifestação ar-
tística.
É o caso da platéia. Os dois primeiros níveis
envolvem habilidades específicas e tendencias naturais, mas o último
pode ser conseguido / no desenralar das atividades curriculares em
todos os alunos.
Finalizando, se o currículo escolar, preocupando-se / com
o homem em seu desenvolvimento integral, atingir os pontos essenciais
e básicos para a vida humana, as mudanças sociais se-rao, talvez,
mais razoáveis nas gerações futuras e o homem pode-ra a elas se
ajustar mais facilmente.
2. - O MÉTODO - é o segundo problema de capital importancia na ação
escolar. Assim como o currículo deve basear-se na nature-
za. humana, a método deva acompanhar o currículo basoando-so,tam
bém, na psicologia característica da fase de evolução em que se
encontra o estudante; devemos registrar ainda que o método de-
pende de princípios, esto e, verdades fundamentais aceitas pelo
educador,
Não nos cabe, aqui, tratar dos vários tipos de méto-
dos educacionais existentes e a disposição dos professores, sa-
lientemos, apenas, a importancia de sua escolha em vista dos ob
jetivos gerais da escola, de cada disciplina em particular e da
concepção que tenha, o educador da natureza do homem. Assim,tra
taremos, simplesmente, da idéia de método através dos elementos
que compõem a sua efetivação.
O que entendemos por método em geral?
- É comum o simples a noção exata de método como ma-
neira. sistemática de agir, isto é, a estruturação dos meios em/
vista dos objetivos a atingir, portanto, ação planificada para/
um fim desejado.
Sendo, todavia, ponto de nosso interesse, o método a—
ducacional, devemos nos demorar em definir quais os aspectos da
educação e da aprendizagem que o método envolve.
Inicialmente, temos o professor, elemento que escolhe
e aplica o metodos suas qualidades e aptidões especificas serão
abordadas no estudo de Didática. Assinalemos agora os outros a
gentes educativos que determinam o uso do método; os recursos /
materiais da escola e do aluno, o ambiente de união o colabora-
ção entre todos os membros da escola e a comunidade onde ela se
insere. Todos eles colaboram com a atividade metódica do mes-
tre.
Continuando, o método visa desenvolver o aluno, faze-
lo chegar, por vários estágios, a idade adulta, ao amadurecimen
to intelectual e emocional. Por isso, devemos levar em conta /
alguns aspectos do educando, a sabers
a) - é um ser racional em desenvolvimento e muito des-
so desenvolvimento.será positivo ou negativo con
forme a nossa, ação.
b) - é possuidor de uma carga hereditária, pela qual
nao é responsável, que o caracteriza em sua indi
vidualidade, motivo pelo qual nao podemos pedir/
ou esperar dele reações padronizadas ,
e) - é um ser humano, dotado de razão, liberdade e
consciência..
O homem dotado de liberdade não poderá atingir sua /
plenitude a. base da formação de reflexos, os condicionamentos
e-liminam a ação da vontade que, por sua vez, regula o uso da
liberdade. Êle se manifesta como um ser consciente, e conscien-
cia pode ser explicada como uma atividade de ordem intelectual, isto
é, como capacidade de juízo ou relacionamento de idéias ,
definindo, para o homem, em determinadas circunstancias, qual
o certo o qual o errado.
O amplo desenvolvimento do homem como ser
racional,li-vre e consciente, levara o jovem a aproximar-se,
cada vez mais, dos padrões ideais de nossa sociedade.
É importante para o educador, levar em consideração a
existencia do auto-ideal, que so forma no adolescente e o impul
siona para a frente no sentido positivo do crescimento humano.
Esta nação de auto-idoal abrange dois aspectos:
a) - um que o aluno estrutura, com base em suas expe-
riencias, capacidades, aptidões e limitações e
que o leva ao conhecimento de si mesmo, ou seja,
daquilo que ele e;
b) - outro que caracteriza suas aspirações seus dese-
jos, seus propósitos, esto e, aquilo que ele do-
seja ser,
É tarefa da escola, através de todos os agentes educa
tivos, em especial, o professor, colaborar com o jovem na forma
ção de seu auto-ideal, proporcionando que o enfeixamonto de saus
ideais, propósitos e aspirações, seja digno de sua natureza e /
aceito pela sociedade a que peirtence.
O que desejamos com o método?
- A escola, e o educador procuram, pelo método, mudar
as reações do aluno, no sentido de que passem de emotivas-e in-
fantis, para racionais e adultas. Esta mudança se traduz? me-
lhor estruturação de sua personalidade, formação do seu caravtor
aquisição de bons hábitos, interesses e ideais, capacidade de a
ção social. Tudo isso significa a evolução do jovem no sentido
da consecução dos objetivos educacionais.
Sintetizando, conceituamos o método educacionais
"Entende-se por método, a maneira sistemática pela
qual o professor poe os agentes-, educativos a atuar sobre os se-
res humanos, a fim de produzir mudanças ou resultados deseja -
veis". 5. - OS OBJETIVOS EDUCACIONAIS - Ha em nossa época, e
sempre /
houve desdo antes de Cristo, preocupação dos educadores em esta-
belecer os corretos objetivos da açoa educativa, esto e, definir/
cm que realmente se deseja transformar as novas gerações. Desta
preocupação resulta que ouvimos falar constantemente na distin -
ção entre objetivos próximos e específicos e objetivos gerais e
últimos da educação. Quer nos parecer que, quando nos referimos
aos específicos e próximos, tratamos de resultados parciais,cuja
consecução implica em nos aproximarmos dos objetivos gerais e ui
timos. Mas,, pela multiplicidade de conceituação e definição dos
objetivos educacionais, percebemos, na bibliografia, grande con-
troversia. Para melhor apreciarmos a razão disso, devemos, ain-
da que superficialmente, analisar as várias posições filosóficas
em face do fenômeno educativo.
O fim em educação coincede, sempre, com a finalidade
ultima, do homem e resulta da concepção de vida e do universo adfi
tadas. Faz-se necessária, neste estudo, uma. tomada de consciênv
cia e posição filosófica, para que se aja em função destes ou da
queles objetivos.
Selecionamos quatro posições filosóficas em educação
procurando estabelecer diferenças essenciais entre as mesmas,sem
entrarmos em minuciosa análise. O que buscamos saber, e a consu
quencia dos seus princípios em relação ao fim da pessoa humana e
suas implicações na. educação. a) - O IDEALISMO
Teve origem nos escritos de Kant e foi defendido por
filósofos posteriores. Traduz-se por uma negação do mundo mate-
rial, afirmando que êste so existe em ato, enquanto for produzi-
do pela atividade cognoscente e enquanto sua existencia for puro
conhecimento. Engloba, assim, a idéia, juízo, a alma humana e
Deus num único princípios o mundo do nosso conhecimento seria de
representações ligadas pelo princípio de causalidade. Fichte u-
sa a idéia do EU como único princípio no homem, em oposição ao /
Hff.O EU que seria o mundo. Chega a conseqüência de que o EU nr.o
e uma realidade, mas uma atividade e que a ação moral e a.tuação
infinita do EU, identificada a metafísica. Êste e o chamado i-
dealismo etico.
Schclling, defende o idealismo estético, no qual o
princípio original não e o EU, mas sim a unidade indiferenciada/
da. Natureza e Espírito que se conhece através da Intuição inte-
lectual; o Universo e considerado como obra de arte, de beleza /
absoluta e eterna, manifestação de Deus.
No pensamento lógico, Hegel aponta, a tini dade do fini
to e infinito, donde temos o idealismo lógicos o que e real e ra,
cional e o que é racional e real.
Ja Schleiermacher preconizra a religião como sentimen
to da infinito e êste como apreensão e dependência de Deus.
Destas ligeiras noções,, podemos perceber que^ como/
so existe o mundo espiritual em negação ao mundo sensível, e nejs,
te absoluto se reúnem Deus, o homem, as idéias, os sentimentos,o
finito e o infinito, o fim do homem esta em si mesmo
x
êle se baja.
ta
?
. ele atinge o essencial, o absoluto, o infinito,
Como conseqüência da aplicação do idealismo, surgi-
ram os regimes nazista alemão e fascista italiano, nos quais se
procurou desenvolver o homem superior, uma sociedade sem e Deus
e um Estado totalitario, cuja finalidade era criar condições pa-
ra esse desenvolvimento humano e resguardar as produções do ho-
mem , Ralamente, sentimos a educação vigente nesses siêtemas co*
mo neio usado para atingir os fins propostos pela filosofia em
questão, objetivando o desenvolvimento individual e da na.ção na-
quele sentido.
O materialismos Esta doutrina, em suas varias for-
mas no decorrer da História, quais sejam, do evolucionismo de Ia
mark e Darwin ao experimentalismo de Wmrfc, representa a negação/
do idealismo, com seu postulado de que so podemos conhecer o que
é sensível. A materia e, pois,, a única, realidade, e o conheci -
mento se reduz a experiencia. Os exageros do idealismo levam ao
descrédito as análises metafísicas e o materialiesmo surgiu como
complemento natural aos estudos experimentais das ciências físi-
cas e naturais, então em desenvolvimento.
Como e do conhecimento do leitor, são numerosas as
hipóteses explicativas do materialismo sobre a origem e natureza
humanas, baseadas na. evolução, nos estudos aprofundados de sensa.
ção, percepção e sistema nervoso em.geral, sobre a energia, e /
constituição íntima da materia, etc. Entretanto, o que nos in-
teressa no momento e saber que qualquer dessas explicações cien-
tífi
cas levara, a conclusão de que o homem e apenas materia,
negando a parte espiritual do mesmo. Ganham particular relêVo
na filosofia materialista o problema da. hereditariedade e do
meio: de um lado o indivíduo e condicionado pela sua herança
genética/ a de outro pelas influencias do meio. Parece-nos que
isto impli ca em total irresponsabilidade do homem pelos seus
atos, em imca pecidade de estruturação da própria, vida e de auto-
aperfeiçoamen-ta, pois a aprendizagem seria apenas a formação de
reflexos con-
dicionados. Nesta corrente, o homem tem o seu fim determinado /
por condições materiais, terminando com a morte a. sua existencia
total. Sendo assim, o fim da educação deve ser um desenvolvimeja
to humano no sentido de produção e ajustamento social, através /
do estudo das- ciencias e da filosofia, dedicando-se esta, aquilo
que e verificável. O totalitarismo russo bem exemplifica a filo.
sofia em questãos materia, produção e ajustamento social condi-
cionado,
De certa maneira podemos enfeixar a filosofia idea-
lista com a naturalista, pois ambas concebem apenas um princípio
uma. substancia, no homem, negando a outra, elevam, também como /
conseqüência, a formação de sociedades totalitarias com a reali-
zação do homem em si mesmo, quer material ou espiritualmente.
B) - O NATURALISMO
Distinguimos dois legítimos representantes da. concejj
ção naturalista do homem na educação? Rousseau e Spencer.
Rousseau, cuja. influencia ultrapassou os limites de
sua época, defende a. tese da bondade natural do homem, ser isenta
de tendencias egoistas ous. Preconiza, era sua. pedagogia , uma
volta do homem ao estado primitivo, isto e, ao estado em que saiu
das mãos do Criador. Opoe^so a autoridade moral e social e ao
ensino positivo da. religiã.o, entendendo que a. educação deve
proporcionar um contato íntimo com o meio físico. Sua maior in-
fluencia positiva foi a. idéia da criança, como ser em desenvolvi-
mento e do necessário respeito ao.seu desenvolvimento físico e
psicológico no processo educativo. Ainda em decorrência, mani-
festou-se pelo afrouxamento da disciplina e da. imposição intele£
tual a criança. O fim de sua educação seria tornar o homem bom,
isto é, faze-lo voltar a sua natureza através do convívio com as
forças naturais. Merecera destaque em seu sistema educativo, os
processos de maturação do homem, que o habilitariam a compreen -
der e aprender em contato com a natureza e livre da sociedade /
corruptora.
Spencer tem sido considerado o representante por ex-
celencia. do naturalismo. Suas concepções sobre o homem, a natu-
reza e a vida. derivam de sua avaliação do conhecimento em função
das experiencias. O conteúdo das ciencias naturais possibilita/
os necessários cuidados com a saúde, a matemática, física e quí-
mica, crfcrcccm meios para manutenção; as ciencias sociais constituem utilidade
para o éxito "familiar; a literatura, musica o ejj tetica. servem para atividades de
lazer, sendo que a. religião e a vida interior não tem justificativa na. educaçaos o
homem é fruto das forças da natureza e seu fim dj?ve ser a. propria, na tureza .Daí
nao encontrarmos no naturalismo, lugar pa£a a parte espiritual / do homem; ao
mesmo tempo, parece-nos falha a nação do homem como essencialmente bom. A
vida e a experiencia nos mostram a. exis -tência, de tendências para o mal. Na
educação isto se reflete / numa valorização das ciencias físicas e naturais e do
método indutivo. Em relação a disciplina, a conseqüência das ações da criança
serviria de controle das ações futuras. Realmente,á-mos difícil imaginar no que
consistiria o processo de deucação, se/ esta fosse natural, expontânea, sem
disciplina e sem princípio / de autoridade. Mesmo assim, podemos ressaltar
algumas contribui ções positivas de naturalismo a educaçaos
a) - noção de adaptação dos métodos a evolução natu-
ral da criança;
b) - estimulo a.s pesquisas sobre a psicologia infan-
til;
c) - valorização da educação e atividades físicas em
favor do desenvolvimento mental.
C - O HUMANISMO
O têrmo humanismo tem sido usado para designar o mo-
vimento intelectual contra, o domínio da Teologia na Idade Média.
A doutrina tem adeptos atuais em Hutchins e Adler, bem como en-
tre os gregos antigos com Aristóteles e na Idade Media com Sao
Tomás de Aquino.
O humanismo expressa, a posição filosófica de explica
ção da natureza, do homem como ser recional, esto e, animal desea.
volvido, dotado de inteligencia, e vontade que o diferem dos ou -
tros animais em qualidade. 0 homem, composto de materia e espí-
rito, encontra, sua riqueza nesta dualidade; nesta luta constante
em ordenar* sua parte material e animal de acordo com os princí-
pios. espirituais, ela sera mais perfeito na medida em que o con-
seguir.
Para os humanistas, o fim do homem consiste na auto-
perfeição; a hereditariedade e o meio entram como elementos im-
portantes, mas o homem conta com sua razão- para: superar estas li
mitaçoes. 0 homem determina seua próprios atos e
f
pelo exercí-
cio da razão, da vontade e pela auto-disciplina.,, consegue suplan
tar os determinismos físicos e genéticos. A doutrina, estabelece
ainda, um ideal de vida para cuja realização conta o homem com
seus próprios recursos? a pessoa, humana»
0 objetivo da educação, nesta corrente, deve sor o
de fornecer condições de desenvolvimento e de treino para. o ple-
no exercício das atividades superiores do homem: a inteligencia,
que lhe mostra como agir e a vontade, que o impele, a tornar-se /
mais homem»
Os estudos fundamentais, para o humanismo, são as ma
terias de ciencias físicas e naturais, sociais e aquelas que ve*-
iaham ajudar o homem na su a vida interior, como a filosofia e,em
especial, a moral.
Humanistas modernos defendem a completação da teoria
pela. religião, dando um sentido superior ao fim do homem,uma bus.
ca. de perfeição na imitação de um ser superior para o qual tendo
D - 0 aUPERNATURÂLISMQ
Como o rporpio termo indi ca
x
esta doutrina, defenda a
idéia, de que o homem, alem de ser racional e além de ser animal^
possui uma qualidade sobrenaturais c filho de Deus, princípio e-
terno, autor do homem e do Universo. 0 homem necessita de empe-
nhar-se para o reencontro com Deus, uma vez que, pela sua natura
za prejudicada pelo pecado original e redimida por Cristo, necc.s
sita do auxílio divino para atingir seus fins. Nesta concepção,
os fins do homem são: perfeição cristã aqui na terra e vida com
Deus depois da morte. Assim, o objetivo da vida do homem é, lu-
tando contra o mal> atingir o nivel humano superior, domínio do
espírito sobre a matéria, tendo Cristo como eximplo» A Igreja e
Deus o auxiliam nesta tarefa. A obtenção da graça, através dos
sacramentos e mesmo da propria, vida, proporcionam ao homem meios
de preservar seu destino sobrenatural.
N"o aspecto da vida. terrena, o suporna.turalismo tom /
explicação idêntica a do humanismo, excetuando a.aceitação do p&
cado original como elemento da natureza do homem, Todavia,o su-
pe matura li smo vai além, colocando o fim do homem fora de si me¿
mo,, em Deus: a posse do Sumo Bem»
0 meio para. tingir ao fim, consiste . na auto- disci-
plina, na domínio do espírito polo ascetismo o na. Graça Divina»
Na educação, é mistoir dotar o aluno dos- conhecimen-tos sobro
sua. natureza, suas capacidades humanas, suas limita. -ções,,
como também das possibilidades de atingir seu destino so-
brenatural, através da Graça» Todas as ciencias podem levar ao/
desenvolvimento mental, ao treino da razão e a disciplina que la.
va.ao bom uso da vontade e conseqüente equilíbrio da. personalia^
de. Aliado a isto, o ensino racional da religião, levando a vi-
vendas da mesma sob orientação corcta e positiva»
A - QÜEST£Q PARA ESTUDO _ Analise do atual currículo do sua esexa
la, face aos princípios filosóficos»
a) - o currículo focalizado leva, teoricamente,, a /
consecução de quais objetivos?
b) - na pratica, coduz aos mesmos resultados?
c) - aponte e justifique tendencias naturalistas e
meterialistas na educação atual;
d) - quais suas críticas as posições humanistas e soi
pernaturalistas relacionadas a educaçaoi moderna
B - CONCEITO PE EDUCAÇÃO
A idéia de educação acompanha,, sempre, a filosofia /
de um povo e de uma época e^ por êste motivo, muitas foram as da
finiçoes emitidas por filósofos e educadores. Apenas para consj.
derarmos a. evolução do conceito, anotamos aqui algumas idéias sa
bre educação, de vários pensadores que se destacaram em diferen-
tes ocasiões»
ARISTÓTELES. - 0 verdadeiro escopo da educação é a
oh tençao da felicidade por meio da. virtu de
perfeita» PIATAQ - Educa.çao consiste em dar ao
corpo, e a alma
toda perfeição de que são capazes» DEWEY - Educação
e o processo de repetir experien -clás, dando-lhes
maior valor social, com o o. primoramento da experiond
a. individual, dotan do o indivívuo de melhores meios
de controle de suas próprias forças» GENTIIE - A
principal finalidade da educação e desen volver uma
visão interior cada vez mais pa netrante e
aprofundar a consciência .da / conscienciao
de expansão do ego e na adolescencia, a impulsividade sexual. Se,
entretanto, nenhuma dessas fases for convenientemente superada,
transformada pela educação, pouco ou nada. adiantarão os conheci-
mentos e as habilidades. Os impulsos humanos devem ser disci-
plinados (no sentido exato de disciplina), a fim de que se /
transformem em ideais plenamente aceitos pela sociedade; se is-
to não ocorrer, o fenômeno educativo terá falhado em parte.
Ser-ve como exemplo a. citação do advogado plenamente
desenvolvido / em habilidades e conhecimentos, que os use para
chantagens ou negociatas. Não podemos considerá-lo um homem
educado, pois / continua a agir na. base dos impulsos animais,,
sem ideais humanos.
Concluindo, lembramos que o homem e uma unidade e que
ma educação não podemos separar habilidades, conhecimento e i-
deais, como expressa a seguinte conceituação;
"Educação e o processo de crescimento e
desenvolvimen-to pelo qual o indivíduo assimila um corpo de
conhecimentos, de-marca seus ideais e aprimora sua habilidade,
no trato dos conhecimentos para a consecução daqueles
ideais".
C - FORMULE SUA RESPOSTA AO PROBLEMA I
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMEECIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
«
Prof. RUTH ALVES FRANKLIN ALMEIDA.
II - Problema
A concepção de vida do professor e a do aluno representam
linhas paralelas ou convergentes?
0 homem, único representante da sua espécie vive o proble
ma da individualidade, pois é único entre seus semelhantes. Real -
mente, todas as suas caracteristicas de individuaçao sao pecualires
a toda a raça humana, êle é, a um so tempo, exemplo do individual e
do múltiplo.
A situação humana é diferente da dos animais pois o ho-
mem e capaz de conhecer e sentir o mundo, o que não acontece com a-
queles; tem consciência da vida, da morte e de si mesmo, conhece /
suas possibilidades e limitações e o seu viver se caracteriza por/
naturais desequilibrio e instabilidade a serem adaptados ao mundo.
A capacidade humana de adaptação tem/sua razão de ser no
menor equipamento instintivo que lhe e próprio. 0 animal inferior,
por sua grande bagagem de reações fixas adapta-se naturalmente ao
mundo, mas o homem necessita empregar sua inteligência e vontade.
Deste modo o ser humano realiza sua função tendo consciência de
suas dificuldades, visualizando situações futuras, usando símbolos/
para indicar objetos e atos, e ainda mais, com sua imaginação ele a-
tinge alem das possibilidades de seus sentidos. Sendo a vida huma-
na dificil de ser vivida em plenitude, sente o homem a necessidade/
de se orientar, de se definir diante do universo, da própria
nature-za e de Deus. Suas capacidades o favorecem nesta
estruturação mental frente a vida. Se não consegue esta
organização de conhecimentos e experiências, o homem não poderá
nunca agir racional e lógica mente em vista de objetivo certo.
Na evolução da humanidade, muitas foram as explicações da
natureza do homem propostas e muitos objetivos de vida colocados ,
que significavam fruto de estudo e análise do grandes pensadores;
ao homem cabe procurar uma definição verdadeira e adotá-la como
princí pio diretor de sua existencia no caso do professor, esta
tomada de posição se faz duplamente necessária: pela natureza
racional do ho mem e pela ação-educativa que exerce, colaborando
na orientação da vida dos jovens.
A NiiTUIGZA DO HOMEi: - a análise deste problema é elemento
básico para a aceitação de uma filosofia de vida.
Em toda filosofia que se analisa, depara-se sempre com o
misterio da unidade e da pluralidade na essência do homem, do qual
resulta a pergunta: Como?
Existem várias tentativas de resposta. 0 Idealismo defen
de o homem como espírito negando a materia, o materialismo ao con -
trário nega o espiritual; outras teorias tentam estabelecer o equi
líbrio e as relações entre as duas substâncias. Permanece todavia/
um certo misterio, aliás como outros do universos: a essência da .e
letricidado ou da gravitação.
Considerando-se as idéias de Aristóteles pode-se ter uma
visão mais clara do problema; levando em conta as distinções filo-
sóficas dos termos: substância e acidente; materia e forma.
SUBST-SriCIA - c o que existo por si mesmo som dependencia/
de outra; acidente
?
pelo contrário, e o que necessita de outro pa-
ra existir, como é o caso da cor, configuração, dimensão, etc»
Em todos os sores há uma parte indeterminada e outra for-
mal que caracteriza o sor, isto e, materia o forma"
Por exemplos
Uma cadeira podo ser constituída da madeira /
(parte indeterminada) que o comum à porta, à mosa, etc; e do uma
formal propria que a faz distinta da porta ou da mesa.
No homem o corpo e matéria 'e a alma é a forma, pois e
esta última que o diferencia dos outros animais, e ainda, o homem
o substância e suas açoes acidente.
Não se pode esquecer entretanto que o homem é um todo,
composição própria de materia o espírito e na ausencia de um dos e-
lementos deixaria de ser homem, á como a água (H
2
0), por exemplo ,
que submetida a processo físico deixa de sc-lo para transformar- so
cm dois elementos distintos.
A psicologia, ciencia que visa o ostudo do homom como or-
ganismo somato-psiquico, considera tros grupos de fatos na ativida-
de humana:
-FATOS PO CORPO; mecanismo inconsciente estudados pela ox
perimentação c pela observação cm gorai.
-FATOS PO BSPÍRITOs realizações conscientes, estudadas pc,
Ia introspoeção, isto c,.observação interior com fcflo -
xão do próprio indivíduo.
-FATOS PO COMPORTAMENTO; conduta externa, estudada tanto/
pela simples observação nos outros, como pela analiso in
trospoctiva da propria conduta.
0 grande desenvolvimento da Psicologia dovo-so a dois fa-
tores importantess o grande interesso, quo há no homem, de conhe -
cer-sc; a possibilidade de, conhcccndo-se as motivações da conduta
humana, influir sobre o comportamento do indivíduo ou grupo, como /
no caso do processo educativo.
Com base na Psicologia e na Filosofia, pode-se abordar os
vários aspectos da ação humana, naturalmente dando-se às divisões /
fim exclusivamente didático, posto que, o organismo do homem age co,
mo um todo.
0 corpo humano apresenta um certo mecanismo, onde distin-
guimos o grupo do órgãos que exercem função receptoras são os ór -
gãos do sentido que levam aos centros nervosos a sensação; o grupo
oposto, qual soja o de função ofiteras músculos e glândulas atrj
vos dos quais o homem manifesta um comportamento e por último o
grupo cuja função o conectora? isto e, de intogração entre o perce-
ber o o agir.
Assim, através dos órgãos receptores a sensação de uma ai
finetada ó-nos levada ao centro nervoso (integrador) e o músculo /
reage contraindo-se. á através do grupo do integração que o orga -
nismo adapta uma resposta a um certo estímulo.
Sc atentarmos para os atos cotidianos e habituais do nos-,
sa vida diária, encontraremos muitos exemplos de atuação deste sis-j
tema que o chamado ato reflexo, ist¡o porque aparentemente não toma-,
mos consciência de sua realização.
Ocorre todavia que, em certas situações, o hábito (ato re.
flexo) não consegue promover a adaptação ideal da resposta.ao estí-
mulo o então um processo mental resolve a situação surgida. Por e-"
xemplos se habitualmente passamos por uma calçada onde existam pe-
dras ou lama, embora meditando sôbre um problema qualquer desviamo-]
nos das dificuldades; entretanto, so corta voz, sofremos uma queda'
ao passarmos novamente pelo local aumentaremos a atenção o, por uma
atividade intelectual relacionamos o local com a queda promovendo /
melhor adaptação.
Resumimos a estrutura c função do mecanismo integrador no
homem, isto o, aquele que realiza a adequação da resposta ao
estímu-lo:
ÓRGÃOS FUNÇÕES
RECEPTORES
CONECTORES
- Cerebro é -outros centros
EFETOÇES
- Músculos e glândulas ...
Recebimento do estímulo.
Transmissão sensorial
Adaptação Condução
motora
Resposta ao estímulo.
Como ja vimos há situações em quo se faz necessária uma
adaptação por mecanismo de ordom superior, intelectual que e contro,
le consciente do comportamento. Assim tomos:
1.- CONHECIMENTO; função da inteligencia, onde entram os
fatores de capacidade geral o específica. Em qualquer atividade /
mental, promovemos uma análise da situação (estímulo) o uma e strutu,
ração da resposta (adaptação), aplicando, alem da capacidade geral,
cortas capacidades específicas (como maior ou menor grau de abstra-
ção, de visualização no espaço etc.; variáveis cm quantidade e qua
lidade de individuo para individuo.
2.- ATIVIDADE; função pela qual o homem organiza suas re-
lações com o meio ambiente: desenvolve técnicas o habilidades,
for-ma sous hábitos o adestramentos. Lembre-se que antes de um
comportamento ser automatizado e ativo processo mental: a
inteligencia o a vontade determinam a ação a ser feita o como sor
feita.
3.- AFETIVIDADE: sempre, em nossas condutas manifestamos
uma reação do agrado ou desagro do frente às situações estímulo. To
da a nossa atividade quer reflexa, quorintelectual apresenta um ca-
ráter afetivo: prqzor, dor, ira, medo, gosto (estético), que nao
podo sor isolado do comportamento o constituem a afetividade.
A base dos tres campos do atividade psicológica c,sem du-
vida, a sensação levada a consciência pelo sistema nervoso c traba-
lhada pela mente, de forma a provocar no indivíduo uma reação em fa-
ce da situação total. Assim, se um cão nos ataca na. rua e temos a
sensação de dor estabelecemos mentalmente uma forma de defesa; se
en-tretanto somos atacados por um semelhante embora com menos dor,
tere-mospela agetividade a sensação de honra ofendida; má figura,
social/ etc. Daí concluimos que o organismo humano reage como um
todo integrado e harmonioso; o conjunto destas reações determina o
tipo de / comportamento especificamente humano, diferindo do do
animal.
Mencionamos superficialmente, para não fugir ao objetivo /
deste estudo, o funcionamento do organismo humano, no que diz respei
to ao comportamento, isto e, aquilo que podemos ver, experimentar e
deduzir. Parece-nos todavia que não se consegue explicar a passagem
das relações materiais para as relações psicológicas: quando e como
uma sensação deixa, de ser uma impressão nervosa e se torna vivência
ou ainda, como e onde seio elaboradas as atividades da consciência de
si mesmo que nos garante que atos de nossa infância pertencem a nos-
sa personalidade de hoje?
levados por estas interrogações, psicólogos, médicos e fí
sicos do mundo inteiro, iniciaram, desde o século passado, pesquisas
sôbre a chamada percepção extra-sensorial (fenômenos de telepatia, /
clarividencia etc), como principio fundamental na conclusão da. real
natureza humana. Tais estudos receberam a denominação de Parapsico-
logia.
Sugerimos aqui a leitura da obra de J. B. Rhine, o Alcance do
Espírito, relato de experiências parapsicológicas realizadas no /
mundo. Embora não se tenha chegado ainda a conclusões; objetivas e
concretas, estes estudos se encaminham a prova da existência de uma
energia fisica, que poderia ser o principio espiritual diretor das a-
tividades do homem, a alma, a forma, de Aristóteles.
Das rigorosas experiências feitas, conclui-se que os feno-
menos de percepção extra-sensorial não se relacionam com espaço e /
tempo, não podendo daí obedecer as leis físicas conhecidas hoje, ape-
sar do avançado nível da Fisica. Experimental e Teórica nos dias a-
tuais. De qualquer modo devemos ainda esperar que o homem, nas pró-
ximas décadas, dedique-se ao estudo da energia humana com o mesmo a-
fã com que se vem dedicando a pesqueza atômica.; talvez então se che-
gue a uma melhor visão e um exato conhecimento sôbre a natureza do
homem, do ponto de vista científico.
A hipótese materialista do homem, restringindo-se apenas /
ao observável e mensurável do homem, difere-o do animal comem somen-
te pela complexidade de seu organismo e e atualmente, com as pesqui-
zas acima citadas, seriamente abalada
ft
Por outro lado, as teorias /
espiritualistas, defendendo a existencia de um principio não materi-
al, dirigente e integrados das funções animais do homem, da-lhe uma
situação privilegiada no universo; acima, do animal e proximo de Deus
Todavia, o esplritualismo prova suas proposições através /
da razão humana (naturalmente eim algumas filosofias a base é a Reve-
lação Divina) da qual não sabem exatamente o funcionamento e o valor
Temos agora, bastante clara, ideiai da. dificuldade e da com
plexidade do importante problema em questão. Se as conclusões da Pa.
rapsicologia levarem a. existência da alma., voltaremos ao ponto ini-
cial da Psicologia Racional; o homem e composto de materia, regida
por um principio espiritual, imortal e único. Tal éa dedução da ra,
zão humana, sôbre a propria essência, do homem, isto e:
a) - A alma existe: principio de causalidade - operações /
não materiais não pocLem ser causadas por principios materiais»
b) - A alma e única: o ser humano tem consciêmeia de si /
mesmo num dado momento, como também da sucessão de experiencias que
constituem sua vida»
c) - A alma é simples: o homem consegue fazer reflexão so-
bre si mesmo.
d) - A alma e espiritual: - a materia é regida pelo deter-
minismo e o homem pela liberdade.
Em se tratando do educador, ha ainda Tirai or necessidade de
adoção do uma "punição frente a vida e a Deus 5 daí o conseqüente va-
lor do estudo e acompanhamento das pesquisas a fim de escolher com
melhor criteriC • Se o educador não tiver bem nítida idéia de r»nmr>
aCBBM s paja gBfl somos» não poderá atingir os objetivos formativos /
da educação, uma. véa que todas as suas atitudes irão seguramente in-
fluir na. formação do educando, e sua a.ção sera tanto mais eficaz, /
quanto mais convicto estiver o mesmo de sua orientação filosófica e
portanto moral.
A moral, conjunto de normas que visam a orientação do ho-
mem, em suas atividades livres, decorre de sua própria, natureza racla
nal. 0 ser humano reage instintivamente quando levado pelas neces-
sicades materiais, todavia age racionalmente quando orientado pela
inteligencia, (que escolhe o bom) e pela. vontade (que deseja o bem) •
A moral, tem portanto a finalidade de, pelas suas leis, auxiliar" o
ser ra.cional na. escolha do que e bom.
ES claro que sentimos não ser necessário apenas o conheci -
mento das leis morais, para que o homem saiba agir5 o importante e
um empenho interior de não so conhece-las mas» aplica-las devidamen-
te em sua conduta» Todavia, o primeiro passo e sempre o conhecimento
antes da aplicação, daí a necessidade do estudo da moral;
a) 3! mais fácil cumprir uma lei quando se lhe conhece , o
porque.
b) 0 estudo da moral complementa a moral natural, isto é,
completa uma primitiva capacidade de distinguir, através da inteli -
gência, o bem do mal, que é própria da criatura humana,
c) Cada pessoa que se inteira do conteúdo da moral, exer-
ce mais positivamente sua ação na sociedade, e tende a elevar os cos.
tumes da mesma.
CQNDIÇ053 PSICOLÓGICAS PARÁ A VIDA MORAL;
A moral é uma ciencia essencialmente humana, tendo em vista
as condições para existência da vida moral assim como apenas: o hQ
mem esta sujeito a l£i, deveres, responsabilidades etc.
1
Q
) Razão; - Observamos que a moral é uma ciencia humana /
pois so o homem possui atividade livre. Daí vemos que a razão é a /
base da moral, uma vez que so o homem conhece as leis, so ele sabe
para que lado orientar suas atividades (bem ou mal) como sabe também
as conseqüências da observancia ou não da lei. Difere do animal que
tem apenas atividade instintiva, agindo sempre de acordo com a natu-
reza, sem conhecimento de causa ou efeito.
2°) Livre Arbítrio; - Podemos constatar pessoalmente, que
somos livres para querer ou não estudar, para agir de uma forma ou
de outra, logo o homem e dotado de liberdade. Sem esta liberdade /
não haveria responsabilidade, nem mérito, demérito, ou vida moral.E&
ta idéia opoe-se frontalmente ú hipótese do determinismo, ou seja a
da existencia do destino. Se d homem tivesse traçada a sua vida por
alguém superior, não seria sujeito a louvor ou castigo.
3
Q
) Inclinação para o bem; - Uma vez que consideramos o hQ
mem como um ser racional e livre, somos levados a admitir que o mes-
mo tenha uma inclinação natural para o bem, do contrário sua vonta-
de não o conduziria para o lado bom (por exercício dos seus instin -
tos e sentimentos). Com efeito, verificamos que ao praticar um ato
livre, moral, tendemos sempre para o belo, o perfeito e o bem. 0 ho-
mem é dotado de uma consciência moral que julga os nossos atos como
bons ou maus, que desperta alegria de se fazer o bem e angústia ao
praticar o mal. AMLIS2 PO ATO MARAL;
Examinemos com atenção como e quando agimos livremente e,/
no caso como se manifesta a nossa consciência morais Bxemplo;
# I
"Ao morrer um amigo confia-me um deposito, com o encargo /
c) Devores do homem para consigo mesmo.
a) Devores do homem para com Deus:
1º) Dever de Religião:
Analogamente ao que ocorre com o artista o sua obra de ar-
te, o homem está ligado a Deus que o criou, que o determinou a sua
natureza, estamos por isso mesmo, ligados a Ele. Ora, esta ligação
é unilateral enquanto o homem não se volta, livre e. espontaneamente,
para o seu Criador, realizando uma reunião com Deus. Daí, a edeia. /
de religiSoo Verbo latino religare, que significa reunir. Conclui *.
mos que o primeiro dever moral que se impõe ao homem é a da voltar-
-se para. Deus, através da religião que sua inteligência lhe- apontar
como a melhor, através de estudos e sobretudo pela vorstade.
2
Q
) Cor? siderando a existência de Deus, e que, como Ente S^
perior, pode auxiliar-nos a conquistar a felicidade, colocamos como
dever moral do homem a confiança no auxílio divino para suas dificul
dade e orientação de vida. &ste dever relaciona-se intima, com o se»
guinte:•
32) Embora certo da ajuda de Deus, deve o homem empregar./
os meios lícitos ao seu alcance, a fim de conseguir seus objetivos.
0 homem deve colaborar com Deus na conquista da própria felicidade.
Conclusões: -
-Ao acima exposto observamos que religião nao § sentimenta-
lismo, nem misticismo ou similares. I- antes de tudo, um ato livre
do homem e como tal, que este emprega sua inteligência e vontade.
-0 homem que, aceitando uma religião, segue com respeito e
sabedoria, desempenha com muito mais facilidade, os seus deveres mo-
rais na família, na sociedade e no trabalho.
-Naturalmente, o homem que admite e pratica uma religião as,
sume uma. serie imensa de deveres, os quais nao serão aqui discutidos
dado o caráter diferente dos mesmos nas varias religiões»
-Podemos ainda assinalar, algumas atitudes do homem,que coa
trariam os seus deveres para com Deus.
1
Q
) Superstição - porque a mesma não se entrosa no coneei
to de religião como conduta livre e inteligente do ser humano.
2
Q
) Culto viciado ou defeituoso - Uma vez escolhida uma
religião, um nodo de se aproximar de Deus, o homem tem o dever de f&
ze-lo bem, nao desrespeitando nem desmerecendo tipos de culto, que &
final retratam as idéias cintrais da crença religiosa.
b) Deveres do homem para com o próximo:
Família. - 0,homem realizado.desde sua infância, se manifes.
ta oomo um ser svcía.1; 21 desde gyfegiga <iue ele sente tendência a se
comunicar. Atestam também esta sociabilidade, os grupos (gangs) com
postos de adolescentes, que criam normas e deveres a fim de que a a¿
sociação exista. Na idade adulta o homem necessita de uma sociedade
estável, incondicional, que lhe possibilite ter o seu grupo, organi-
zado por si mesmo. S quando ele constitui a família»
A família é a sociedade formada pelo pai, mãe e filhos e
que tem por fim a propagação do genero humano, a educação dos filhos
e a assistência mutua.
Constituição moral da famílias - Constitui-se pelo casameu
to, união voluntaria e constante do homem e da mulher. São tres os
caracteres essenciais do casamento, sem os quais não se atingem seus
fins:
1
Q
) J¿UlQXda&£2 - nao existe autoridade que possa impor o
casamento. 21 um ato livre do casal.
2
Q
) ITnld.ido2 - a união deve constituirse de um so homem e
uma so mulher em benefício da dignidade humana e da própria natureza
exclusivista, do amor conjugai. .
3
Q
) Inriigftnluhi ndarias - o casamento so se pode dissolver
com a morte de um dos cônjuges5 para segurança dos filhos, que neces.
sitam da constante influencia das personalidades do pai e da mãô. A~
qui se fundamenta o argumento moral mais forte contra o divórcio (PQJC
que?). Todos nós vivemos numa família, célula origem da sociedade./
Temos portanto, deveres a cumprir a fim de que a mesma realiz:e as su
as finalidades. Deveres do homem para com o Estado:
— 0 Estado e o poder legítimamente constituido, a fim de
promover o bem e a ordem social. 2» portanto dever de cada um, como/
membro de.uma sociedade, colaborar com o Estado, tendo em vista o
bem comum.
Esta colaboração se nos apresenta sob forma de deveres.
1
Q
) Obidiência as leis, que visam sempre proteger o cida-
i
dão ou garantir-lhe direitos, como por exemplo: serviço militar,exex
cício do voto, imposto etc.
2
Q
) Orientar e esclarecer elementos da nossa sociedade ,,qrie
sejam culturalmente menos favorecidos, para que tenham a exata, noção
de nosso dever para com a sociedade, o Estado. Deveres do homem
para consigo mesmo:
Do grande progresso que se percebe na evolução histórica /
da humanidade, ve-se que o homem vive em constante ansia, de aperfei-
çoamento e melhoria© S próprio do sor humano querer ultrapassar- se
no campo do conhecimento, do trabalho, dos ideais, enfim, em todas /
as áreas de sua vida. Esta necessidade ér-lhe imposta pela inteligeu
cia, de forma.tal que se torna um dever moral procurar sua elevação/
como criatura» Tanta do ponto de vista físico como psicológico cabe
ao homem impor-se um crescimento», procurando condições para desenvoj.
ver suas capacidades essenciais.
OC.
MINISTERIO DA EDUCACIO E CULTURA. DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1996
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Prof. Irmão PEDRO BROD
INTRODUÇÃO GERAL FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO
1. - Necessidade de uma Filosofia da Educação
1.1 - Caracteres da ação e pensamento educacionais modernos
Confusão o indecisão, FALTA DE PRINCÍPIOS ORIENTADORES
1.2 - Uma civilização em mudança: Condições e modos do vida
- Fluxo da população das arcas rurais para as urbanas
- Como decorrencia, problemas na indústria^ trabalho,
saude.pública, habitação, convívio e ajustamento sa ciais.
- Novos conceitos de governo, de política, de cidadania,
- Novos métodos comerciaiss
- produção em massa
- rápida circulação das riquezas
- propaganda comercial, escrita e falada
- expansão das facilidades de credito
- financiamento a furos módicos»
- A velocidade tornou-se elemento essencial a vida hii mana»
- Economia no trabalho e conservação do material»
- Problemas de desenprego, seguro social, aposentadoria por idade,
padrões de vida, salarios mínimos,ra VRÍS de preços
%
estão
exigindo soluções, a fim de /
que o homem possa usufruir o máximo do proteção,
liberdade e segurança.
- Difusão da Cultura,
1.3 - Efeitos das mudanças:
- Vantagens: Benefícios materiais.
- Desvantagens:
- afastamento de princípios éticos cristãos;
- egoísmo o desrespeito aos direitos; de terceiros;
- individualismo;
- desconhecimento de "dever" e "obrigação"'.
2. - Principios cirtãos relativos à Educação
2.1 Dotado de consciência, e livre arbítrio, o homem e res-
ponsável por sua conduta, cujas normas sao pré-
estabele-cidas pelos princípios eternos da lei moral.
Esta lei a imutável e independente do homem.
2.2 - 0 homem, pela sua verdadeira natureza, é ser social,/
tendo obrigações para com a. sociedade, sendo, em tro-
ca, por ela. afetado.
2.3 - A educação c ao mesmo tempo processo individual e so-
cial, deve abranger a formação, o desenvolvimento e a
orientação sistemáticos de todas as potencialidades /
legítimas do homem, de acordo com a sua verdadeira na-
tureza e hierarquia essencial dessas potencialida-
des.
5. - Filosofia e Educação
En seu significado
elementar, a filosofia da educação é a aplicação dos
princípios fundamentais de uma filo-sofia de vida à
tarefa da educação. Esses princípios norteiam a
teoria, e a prática educacionais, seus fins e objetivos,
seu conteúdo e métodos, a psicologia edu-cacional,.o
treinamento, a administração e a pesquisa no ensino.
Uma filosofia de educação oferece, portan-to, um
definido conjunto de princípios e escalas de valores
para cada divisão do campo educacional. Enfim,
fornece criterios para inteligente interpretação
de fins c neios educacionais. 3.1 -
Significado da Filosofias Amiga da verdade.
-
Pode ser encarada cono o estudo que orienta o in-
divíduo tanto na aquisição da concreta visao da vd
da, scus valores e significados, seus fins ultinos
a próximos, quanto sobre a. conduta humana., en ge-
ral.
-
A filosofia apresenta una visão da vida pela qual
o
homem percebe a interrelação dos fenómenos, isto
e, que o universo nao e un sistema incoerente, de-
sordenado e caótico.
-
A filosofia as vezes refere-se a. um conjunto de
princípios definidos, orientadores, que regulam a
conduta humana,.nos varios e especializados campos
do conhecimento.
3.2 - Relação entro Fjjp.cjona. S Eflucaçilfl -
T
odo sistemo, de
educação baseia-se numa filosofia de vida. Educação
sem Filosofia, e destituída de significação e incom-
pleta. Ha elos que as unems
-
ELO NATURAL? deriva da própria natureza das ecrisas
0 ascendente transmite, naturalmente,
ao descendente sua concepção da vida.
por meio da educação e esta educação
está associada aos padrões culturais
e a vida espiritual da sociedade.
-
ELO LÓGICOs o elemento central da educação reside
nos ideais que a caracterizam. Como a
filosofia determina ideais, e lógico/
que a educação promova sua realização
-
^IfO HISTÓRICO:, ¿videncia-se pelo grande número de
filósofos que meditaram e escreve-
ram sobre educação.
-
ELO SOCIAL; desde que filosofia e educação tem e¿
tado intimamente relacionadas na his-
tória, ha, evidentemente, estreita r£
lação entro elas. Sempre forarn materias
correlatas» - BLO CULTURAL» a cultura representa,
entre outros
elementos, tanto os ideais na vida,
quanto o grau de perfeição individji
ai, que são transmitidos pela educa.
ção. 0 ideal, porém, é determinado
pela filosofia.
- BLO HUMtiNQg a educação visa, tanto quanto possi-
vel, ao desenvolvimento do indivíduo
cuja. verdadeira natureza é explicada
pelo estudo da filosofia, que também
fornece os princípios fundamentais /
para esta educação»
- BLO RBL1GI0S0; na religião encontra-se a realiza,
ção da verdadeira filosofia de vi
da, que necessariamente abrange /
as verdades reveladas pro Deus ao
homem»
U. - Conclusão
Ca.da professor e, ainda mais, cada diretor escolar
e, independentemente çio nivel da sua escola, um li
der, quer queira- quer nao, e sua liderança é on /
positiva ou negativa. Portanto, para garantir o /
correto desempenho de seus deveres, todo professor
e todo diretor de escola deve possuir uma precisa
filosofia da educação, sustentada por uma filoso-
fia.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO COMERCIAL
ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ
As linhas mestras da Declaração do
Concilio Vaticano II sobre a Educação
Prof. Irmão PEDRO BROD
INTRODUÇÃO
De um modo geral, saltam à vista algumas perspectivas novas
neste documento, em relação aos textos pontifícios anteriores^ que
sempre foram redigidos dentro de uma linha clássica, e com um lingua
jar próprio.
Nota-se inicialmente o abandono de uma preocupação demasia-
damente jurídica, especialmente quando se trata dos direitos da Famí-
lia, do Estado e da Igreja em matéria de Educação. Da mesma forma,po-
de-se observar uma grande abertura para as novas situações da humani-
dade de hoje, o que ., já e um reflexo das ultimas Encíclicas papais /
(especialmente Mater et Magistra, Pacem in Terris e Ecclesiam Suam )
e do próprio ambiente reinante no Concilio Vaticano II.
Esquemàticamente, a Declaração apresenta as seguintes, linhas
mestras, que aqui vao expostas, tanto quanto possível com o próprio /
texto e restringindo os comentários a simples introduções aos
pensamen-
1.- VISAO GERAL DO MUNDO MODERNO E DO LUGAR QUE NELE CABE À EDUCAÇÃO 0
Concilio se preocupou em examinar com atenção a "importan-
cia capital da educação e sua influencia sempre maior sobre o desen-
volvimento contemporâneo". Esta análise chegou às seguintes constata-
ções:
a)- 0 homem moderno. "Tem uma consciência muito viva de
sua. dignidade própria e de suas funções no mundo atual.
Deseja tomar uma parte cada vez mais ativa na vida so-
cial, e especialmente na vida económica e política. O
acesso ao patrimônio cultural e espiritual moderno é
facilitado pelos progressos admiráveis da técnica e da
pesquisa científica, e pelos novos meios de comunicação
social, e tende a enriquecer-se pelas relações. mais
estreitas entre os diferentes grupos e pontos".
B)- A escola moderna. Nesse contexto histórico "multiplicam
se os esforços para promover a obra educacional". Os
órgãos internacionais pregam "os direitos primordiais /
do homem, em especial da criança e dos pais". Em vista
da explosão demográfica, "multiplicam-se as escolas, ao
mesmo tempo que aparecem novas instituições destinadas a
suprir as necessidades. Infelizmente, muitas cri-ancas
e jovens ainda estão privadas da necessária forma ção de
base". 0 citado desenvolvimento tanbem se pro-cessa em
profundidade, pois "graças a experiencias no-vas,
aperfeiçoam-se os métodos de educação e de ensino".
c)- A Igreja e a Escola. "A existencia do homem, inclusive/
sua vida terrestre, constitui uma das preocupações vi-
tais da Igreja, pelo que ela tem um papel decisivo a e-
xercer noprogregsoe desenvolvimento da educação", É o
motivo pelo qual o Concilio se julga em condições e no
dever de "formular alguns princípios fundamentais rela-
tivos a educação".
2.- EDUCAÇÃO E ESCOLA
a)- Direito Universal à Educação. Lembra-se um dos direi -
tos fundamentais do ser humano que "possui, independen-
temente de sua raça, idade ou condição, em vista da sua
dignidade de pessoa, um direito inalienável a uma educa-
ção correspondente ao seu fira próprio, a seu caráter par-
ticular, à distinção de sexos, conforme a cultura e as
tradições nacionais e ao mesmo tempo aberta às trocas /
fraternais com os outros povos para favorecer a verda-
doira unidade o a paz sobro a torra".
Para os signatários da Declaração, constitui
igual-mento direito das crianças e jovens "serem
formadas em vista da apreciação de valores morais com
uma consciência reta e uma orientação segura para
assumir estos valores por uma adesão pessoal".
b)- Noção de uma Educação autentica. Para satisfazer a esse
direito, a escola deve preencher um certo numero de
requisitos indispensáveis, entre os quais se situa"
pro-cura da formação da pessoa humana, tondo em vista
seu fim ultimo, o a procura do bem das sociedades de
que o jovem faz parte, e da qual, uma vez adulto, deverá
assu-mir os cargos".
c)- Objetivos de uma escola autentica. Toda escola moderna
estará "aberta a todos os progressos das ciencias psico-
lógica, pedagógica e didática", para atingir os objeti-
vos gerais de:
1- "ajudar as crianças o jovens a desenvolver harmonio-
samente suas aptidões físicas, morais, intelectuais,
a adquirir gradualmente um sentido mais vivo de sua
responsabilidade, seja para levar com correção a sua
vida pessoal, por um esfôrço constante, seja para /
conquistar a verdadeira liberdade, suplantando to -
dos os obstáculos, à força de coragem:
Z- "formação para a vida social, de tal modo que, muni-
dos dos meios necessários o úteis, sejam capazes de
se inserir de maneira ativa nos diversos grupos da
comunidade humana, do so abrir ao diálogo com os ou-
tros homens, e trazer voluntária e prazeirosamente /
sua contribuição à realização do bem comum";
3- "formação o educação sexual positiva e prudente, pro-
gressiva de acordo com sua idade".
3.- EDUCAÇÃO CRISTA
Os cristãos, pelo batismo "sao chamados, c o sao realmen-
to, filhos do Deus". Em vista disso, têm direito a uma educação do
cunho marcadamente cristão.
a)- Noção do educação crista. 0 cristão não visa apenas a
maturidade humana, mas "procura, pelo conhecimento pro-
gressivo do misterio cristão, chegar a uma consciência/
sempre maior do dom da fé, para chegar ao estado de ho-
mem perfeito que, na força da idade, realiza a plenitu
de de Cristo".
b)- Conseqüência da vocação crista. Nesta perspectiva, o
jovem cristão, "consciente de sua vocação, prestará tes-
temunho do sua esperança na transformação do mundo, pela
qual, os valores naturais, integrados na perspectiva
total da humanidade resgatada por Cristo, contribuem pa-
ra o bom do toda a sociedade".
4.- OS RESPONSÁVEIS PELA EDUCAÇÃO
Para que os objetivos da educação sejam naturalmente atingi-
dos, o Concilio lembra os agentes normais da educação:
a)- A Família, "Os pais, tendo dado a vida a seus filhos,
têm o grave dever do educa-los. A esse dever associa-se
o direito de serem os pais os primeiros o principais
educadores, função que dificilmente poderá ser suprida
por qualquer outro agente. Os pais cristãos criarão um
cli-ma do amor e respeito a Deus e aos homens, clima
favorá-vel à educação pessoal e social integral dos
filhos. A família e a primeira escola de virtudes
sociais. Ali os jovens farão a primeira experiencia de
uma sã sociedade humana, c por meio da família serão
gradualmente/ inseridos na comunidade da cidade dos
homens".
b)- A sociedade civil. Em Vista de sua função de velar pelo
bem comum, cabe-lhe o encargo de participar da tare-fa
educativa, nas funções "de promover a educação da ju-
ventude, protegendo os direitos dos pais e outros
educa-dores, ajudando-os, e criando escolas o
instituiçoos na medida em que o exige o bem da
sociedade". Este encargo baseia-se e deve ser limilado
ao "princípio de subsi-diáriâade, quando as iniciativas
dos pais e de outras sociedades particulares se revelam
insuficientes". Esta ideia é repetida c reforçada: "0
Estado devo abster-se de todo monopólio estatal do
ensino, por ser contrario aos direitos naturais da
pessoa humana, por prejudi-car a própria cultura, a
concórdia dos cidadãos, o o pluralismo hoje em vigor
em numerosas sociedades". A
Declaração podo tns* stontcaudite a todos os que governam
os povos ou dirigem a educação, para que respeitem o di,
reito sagrado que a juventude tem de seguir uma consci-
ência reta, e nortear-se por princípios morais cristãos"•
Os direitos do Estado sao respeitados e encareci-
dos, uma vez que lhe compoto "prover a que todos os ci-
dadãos tenham acesso a uma participação conveniente da
cultura o que sejam preparados inteligentemente para o
exercício do suas responsabilidades e de seus direitos
cívicos. Deve, pois, assegurar, o direito das crianças
a educação escolar apropriada, velas pela competência /
dos mostres e pela qualidade do ensino e dos estudos, e
cuidar da saúde dos alunos. 0 poder publico, a quem com
peto proteger e defender as liberdades dos cidadãos d,e
ve, respeitando a justiça distributiva, velar para re-
partir os subsídios públicos de tal sorte que os pais /
estejam em condições de escolher as escolas de seus fi-
lhos segundo a consciência, em plena liberdade". Ao
mesmo tempo, a Declaração "felicita as autoridades o as
sociedades civis que, dando-se conta do caráter plura -
lista da sociedade moderna e respeitando a justa liber-
dade religiosa, ajudam as famílias para que a educação/
de seus filhos possa ser assegurada cm todas as escolas,
conforme aos seus próprios princípios morais e religio-
sos" •
c)- A Igreja. Cabe-lhe o direito c a responsabilidade de
o-ducar, em vista o por causa de seus próprios títulos
: como sociedade humana, como sociedade religiosa,
como "Mae e Mestra do todos os povos" alem de
"oferecer sua colaboração a todos os homens em vista
de promover a perfeição integral da pesisoa humana, o
bom da socieda -de e a construção do um mund^ naij
numano".
5.- MBIQS DE QUE PISPOS A ESCOLA CRISTÃ
Entro os meios específicos do que a educação crista lança
mão para atingir suas finalidades, a Declaração salienta os seguin -
tes:
a)- A Catequese. Dentro de sua finalidade sobrenatural, a
Igreja fornece, pela catequese, os meios de "esclarecer
e fortificar a fe, alimentar uma vida dentro dos princí
pios cristãos, incitando ao mesmo tempo o cristão a a-
çao apostólica"•
b)- Outros meios. Alem dessa preocupação primordial, a c-
ducaçao crista, procura "penetrar com seu espirito os
outros meios que pertencem ao patrimonio da humanidade/
muito podem ajudar na cultura dos espíritos e na forma-
ção dos homens"s
1- "os meios do comunicação social"|
2- "as múltiplas associações de formação física e inte-
lectual" 3
3- "os movimentos do juventude" c
¿I- "principalmente as escolas".
U- IMPORTÂNCIA DA ESCOLA
Indiscutivelmente, c o principal instrumento da educação:
a)- Suas funções no mundo atual. Sem proocupaçoos de ordom
laudatoria, a Declaração sublinha o fato de que e escola
"cm virtude de sua missão, enquanto cultiva com um
cuidado atento as faculdades intelectuais desenvolve a
capacidade de julgar com retidão. Leva à cultura adqui
rida peias gerações anteriores. Promove o.sentido dos
valores. Prepara para a vida profissional. Favorece a
disposição para a compreensão mutua, constituindo uma
comunidade amiga entre os jovens diferentes pelo cará-
ter e pela condição social". Esta visão panorâmica da
escola moderna é ampliada quando se afirma que "a escola
constitui um centro para a atividade o o progresso / cm
que devem trabalhar conjuntamente as famílias, os
mostres, as varias associações destinadas a promover a
vida cultural, cívica, religiosa, c também a sociedade
civil, c a comunidade humana inteira".
b)- A missão do mostro* 0 Mestre, assumindo o encargo da e-
ducaçao nas escolas "tem uma bola vocação, ainda que po,
sada, por colaborar com os pais no cumprimento de sua
missão,,c por sor o representante de toda a comunidade/
humana". O peso do sua missão pode-se medir pelo que
so exige do verdadeiro mestre;
1- "dons particulares do espírito c do coração5
2- "uma cuidadosa preparação;
3- "uma pronta o contínua faculdade de adaptação o ren£
vaçao, pela procura de métodos apropriados de educa-
ção, ou sistemas de estudos".
7.- A ESCOLA CONFESSIONAL CRISTÃ
A escola confessional crista.justifica-se pela finalidade /
sobrenatural e cxtra-torrena da Igreja, A Declaração parte deste pon
t© de vista para uma análise dela.
1
a)- Função específica da escola crista. Alem dos fins cui-
turais e da formação humana dos jovens, "procura criar/
na comuni dade. esc Mar um ambiente evangélico de liberda
de o caridade. Ajudar os adolescentes a desenvolver /
sua personalidade dentro de princípios cristãos, para /
que se. tornem um fermento de salvação na comunidade hu-
mana" •
b)- Diálogo com o mundo moderno. A escola crista devo "sor,
vir ao diálogo entro a Igreja e a comunidado dos ho-
mens, para sou benefício mutuo, para a salvaguarda da /
liberdade de consciência o dos direitos-dos pais, tanto
quanto co progresso da propria cultura".
c)- Os mestres da escola crista. Deles deponde o êxito da
escola crista na busca de seus objetivos e propósitos.
Para isso, alem das qualidades próprias, apontadas aci-
ma, exige-se que tenham "uma eieneia.profana e religio-
sa atestada por diçlomas apropriados. Sejam dotados da
arte pedagógica, de acordo com os progressos de nossa
época. Que, pela união entre si, deem um testemunho do
caridade tanto por sua vida qianto por sou ensino". Ain.
da, devem "trabalhar um colaboração com os pais e que
saibam dar-se conta das diferenças de idade e sexo pe-
los estudos convenientes o necessários. Procurem susc¿
tar a ação dos próprios alunos. E que os acompanhem p£
Ia amizade c pelo conselho após os estudos".
8.- TIPOS PE BSCOLA CRISTû
Abrindo as perspectivas para o novo panorama mundial, a Do-
claraçao nao fica apenas na recomendação de se conservarem o aumenta-
rem as escolas primárias e secundárias que constituem ainda cm toda
a parte a base da educação". Igualmente, recomenda que as escolas /
cristas nao se tornen círculos fechados, mas que nelas se recebam to-
dos os alunos, de qualquer credo que sejam. Neste assunto a grande /
preocupação o a de atender às necessidades que as circunstancias a-
tuais estão a reclamar com mais insistencia:
a)- Instituições especializadas de "ensino profissional e
Técnico, instituições destinadas à instrução de adul -
tos, instituições de socorro social, escolas para ÒB
desprovidos da fortuna ou que estão desprovidos do afe-
to e do sustento da família, c as de preparação de mes-
tres tanto para a educação religiosa, quanto para outras
formas de educação"»
b)- Faculdades o Univcrdades. Delas depende em larga esca-
la o destino da sociedade civil e o da propria Igreja ,
motivo pelo qual deve-se visar a que "por um programa '/
orgânico, todas as disciplinas sejam cultivadas segundo
os seus princípios próprios, seu método próprio que te-
nham liberdade da pesquisa científica, de modo que so
tenha delas uma inteligencia sempre mais profunda e
que, examinando atentamente as questões e pesquisas no-
vas que nos propõe nosso tempo, so trabalhe por deseo -
brir melhor oomo a fo o a razão procuram a mesma verda-
de" • A Universidade deve fazer sentir uma "presença p¿
blica, estável c universal do pensamento cristão, para
atingir os objetivos de promover uma cultura superior •
para quo essa instituição faça de sous estudantes ho-
mens eminentes pelo saber, prontos a assumir as gran-
des responsabilidades na cidade o na sociedade humana o
a sor, no mundo atual, testemunhas da fo"• Deseja a
Declaração que se estenda sempre mais a rede do novas
Univcrdades, mas com a preocupação de que "brilhem me-
nos pelo número do que polo valor de sou ensino, que o
acesso a olas seja facilitada aos estudantes que inspi-
ram mais esperanças, mesmo que sejam de condição modes-
ta, e sobretudo aos que vem das jovens naçoos"»
9.- COORDENAÇÃO NO DOMÍNIO ESCOLAR
Esta se impõe c se fortifica a cada dia que passa. Procuro-
se então "urna coordenação sadia entre as escolas, promovendo entro o-
las a colaboração requerida para o bem geral da Humanidade".
10.- CONCLUSÃO
Encerrando este feixe de princípios pelos quais o Concilio/
pensa ajudar a resolver o problema escolar da atualidade, a Declara -
çao dirige-sc cm especial aos jovens c aos mestres?
a)- Jovens. Exorta-os insistentemente a "tomarem conscien -
cia da importância da função do educador e que se disponham a assumi-
la com generosidade, c spocialmentc nas regiões onde a penúria de mos-
tres poc em perigo a educação da juventude".
b)- Mestres. Ao mesmo tempo que louva os mestres de todas
as escolas, de todo gênero e todo nível, a Declaração exorta-os a
"porseverar na empresa e a esforçar-se de tal modo na formação de /
seus alunos no espírito cristão, na arte pedagógica o na competência/
científica, cjic nao somente contribuam na renovação interna da Igre -
ja, empreendida pelo Concilio, mas quo sirvam c estendam sua influen-
cia benéfica no mundo contemporâneo, especialmente no mundo intelectu
ai.
NOTA BIBLIOGRÁFICA
Os toxtos aqui transcritos forarn traduzidos da vcrsao fran-
cesa proposta pelo "BULLETIN DE L'INSTITUT DES FRÊRES DES ÉCOLES
CHRÊTIENNSS" - Roma.
"A grande tarefa que se impõe ao Brasil c à America Lati-
na, não pode caber dentro das exíguas possibilidades de ação dos edu-
cadores quo so ocupam das estruturas escolares. Educação c todo o
crescimento vital do homem, que se processa na intcgralidadc do sou
oxistir. Todos nos oducamos mutuamente, ou nos deseducamos. Apenas,
cada um tem responsabilidades específicas, do resultados mais ou me-
nos imediatos, no processo educativo. 0 importante c que, nosto mo-
mento, todos assumam essas responsabilidades na perspectiva da arran-
cada para o desenvolvimento, 0 que nao so pode mais admitir é a apa-
tia c a indiferença para com a situação infra-humana da grande maio.-
ria do povo. Nao simplesmente a miséria física, já de si dolorosa.
Mais triste c a anulação das energias humanas, capazes do permitir o
imadurecimento cultural.de cada pessoa e a integração do povos com
valores complementarcs". (D. CÂNDIDO PADIN, "Educar para um Mundo Mo-
vo", pg. 33. Editora VOZES, Pctrópolis (RJ).
moor
quista sua liberdade. A liberdade é, assim, uma conquista progressi-
va e colorosa.
0 educador encontra aqui um dos aspectos mais nobres de sua
missão: o de educar para a Liberdade.
CONCLUSÃO
No interior das tensões que acabamos de apontar, chegamos a
descobrir as coordenadas de uma antropologia. Definir a natureza /
do homem nÃo consiste apenas en destacar sua racionalidade, sua liber-
dade, numapalavra, em examinar a excencia da natureza humana em sou/
estado puro, estático. Antes, consisto em aproximar-se do mistério /
do homem existencial e procurar capitar a vibração de um complexo de
tensões.
O homem define-se, pois, por este dinamismo dialético de li-bordado
o condicionamentos, individuaçao e comunidade, de interiori-dade e
exterioridade, de espírito e matéria, de desenvolvimento e ma-
turidade, no interior do qual o ser humano é chamado a atingir a ple-
nitude da personalização.
Brasília, 15.2.66
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO COMERCIAL ESCOLA
TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
SUGESTÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DE LEGISLAÇÃO APLICADA
Prof. JOAQUIM TORRES ARAÚJO
I - A DISCIPLINA LEGISLAÇÃO APLICADA
A disciplina Legislação Aplicada decorre de desdobramento de
Prática Jurídica Geral e Comercial dos antigos currículos destinados
aos cursos técnicos de comercio. Hoje é incluída na 3
a
serie dos Cur-
sos Técnicos de Contabilidade, Administração, Comercio e Propaganda.
A organização do programa da disciplina incumbe aos
estabele-cimentos, atendidas, porém, as sugestões da Diretoria do
Ensino Comercial.
II - OBJETO E CONTEÚDO
A disciplina compreende a aplicarão pratica e especificada dos
conhecimentos teóricos e gerais apreendidos no estudo do Direito U-
sual.
Nas sugestões para o ensino desta, como nas recomendações pa-
ra o ensino daquela disciplina, limitamo-nos a indicar areas de estu -
do, que poderão ser reformuladas pelos colegas, de acordo com as
neces-sidades e as possibilidades.
ÁREAS DE ESTUDO PE LEGISLAÇÃO APLICADA
I - Aspectos de Direito Comercial
Comerciantes pressupostos legais para o exercício do comer-
cio.
Problemas de capacidade. A mulher casada.
«
Regulamentação profissional do comercio.
Matrícula.
Firma comercial e seu registro.
Registro de Comercio.
Obrigações profissionais do comerciante.
Livros comerciais: especies, formalidades, escrituração, guar-
da e exibição.
Proibidos de comerciar.
Estabelecimento comercial,
Marcas de indústria e comércio. Patentes de inveção.
Contratos e obrigações mercantis,
Títulos
de credito,
Sociedades comerciais. .
Falencias e concordatas,
II - Aspectos de Direito do Trabalho
Contrato de trabalhos caracterização.
Carteira profissional. Livro de Registros de Empregados,
Direitos e deveres do empregada o do empregador,
Salário,
0 trabalho da mulher,
0 trabalho do menor,
Estabilidade
Rescisão do contrato de trabalho..
Dissídios individuais e coletivos,
0 direito de greve..
Justiça do Trabalho..
Organização sindical
Sindicato; deveres e prerrogativas,
órgãos sindicais.
Federações o confederações sindicais.
Previdencia Social.
Soguros soeiais.
III - Aspectos de Direito Tributario
Tributos federais cm especie,.
Tributos estaduais cm espécie,.
Tributos municipais em e specie,
Contribuições parafiscais.
No tema das falencias c concordatas, o aluno sera orienta-
lo a conhecer a caracterização do estado de falido ou concordatario e
a tomar as providencias determinadas pela lei, em tais casos, a admi-
nistração da falencia e da concordata, a habilitação de créditos e a
reabilitação do falido.
0 aluno aprenderá como
elaborar um contrato de trabalho, a-notar a carteira profissional, o
livro de registro de empregados, Co -nhecera o rol dos direitos-e
devores do empregado e do empregador» S,e ra esclarecido quanto aos
elementos componentes do.salário. Perceberá as peculiaridades do
trabalho da mulher e do menor. Caracterizará a condição de estável c
seus efeitos. Examinará os problemas docorron -tes da rescisão
do.contrato d o trabalho por parte do empregador e por parto do
empregado. Estudará as questões pertinentes aos dissídios.Se> ra
elucidado sôbre o direito de greve o será informado sumariamente so
bre o processo trabalhista. Estudará ainda os temas trabalhistas qxc
eventualmente pareça útil ao professor explicar, inclusive qjianto à o£
ganizaçao sindical e a Providencia Social.
Advertir os
alunos do que o atual sistema tributário, adotado pela Constituição de
19Ü6, so poderá ser aplicado ate 31 de dezem -bro de 1966. A partir de
196*7
SGr
á gradual ou imediatamente substituí do pelo sistema
estabelecido na Emenda Constitucional nQ 18.
Do acordo com essa emenda, a distribuição de competencia pa-
a arrecadação dos tributos passou a ser a seguinte:
1- Competem à Uniãos
1. - 0 imposto sobre a importação de produtos estrangeiros.
2.-0 Imposto sobro a exportação, para o.estrangeiro, de
produtos nacionais ou nacionalizados.
3* - 0 imposto sôbre a propriedade territorial rural.
¿i. - 0 imposto sôbre a ronda o proventos de qualquer nature-
za.
5. - 0 imposto sôbre produtos industrializados.
6.-0 imposto sôbre operações de credito, cambio e seguro ,
e sôbre operações relativas a títulos e valores mobilia
rios.
A
SPECTOS DE DIREITO
D
O
T
RABALHO
A
SPECTOS DE DIREITO
T
RIBUTARIO
7» - O imposto sôbre serviços do transportes c comunicações,
salvo og do natureza estritamente municipal.
8, - O imposto sôbre produção, importação, circulação, distri
buiçao ou consumo de combustíveis c lubrificantes liqui
dos ou gasosos de qualquer origem ou natureza.
9. - O imposto sôbre produção, importação, distribuição ou
consumo de enorfeia elétrica.
10. - O imposto sôbre produção, circulação ou consumo de
mine rais do País.
11. - Impostos extraordinários e temporários, na iminência
ou caso do guerra externa.
12. - Taxas cuja cobrança couber no âmbito de suas atribui
-ções, em função do exercício regular do poder de poli
-cia, ou pela utilização, efetiva ou potencial, do
servi ços públicos específicos e divisíveis, prestados
ao con tribuinto ou postos à sua disposição.
13. - Contribuição de melhoria, cuja cobrança couber no
âmbito de suas atribuições, para fazer face ao custo
de o-bras públicas de que decorra valorização
imobiliária , tendo como limite total a despesa
realizada e como limi te individual o acréscimo de
valor quo da obra resultar para cada imóvel
beneficiado
b) - Competem aos Estados:
1. - O imposto sôbre a transmissão, a qualquer título, do
bons imóveis por natureza ou por acessao física, e de
direitos reais sôbre imóveis, exceto os direitos reais
de garantia, bem como sôbre a cessão de direitos relati
vos à aquisição de tais bens, que nao incidirá, porem,
sôbre a incorporação desses bens ao capital de pessoas
jurídicas que nao exerçam atividade preponderante de
venda ou locação da propriedade imobiliária ou a cessão
de direitos relativos à sua aquisição.
2. - O imposto sôbre operações relativas à circulação de
mercadorias, realizadas por comerciantes, industriais e
produtores, que nao incidirá sôbre a venda a varejo, djL
retamente ao consumidor, de gêneros de primeira necessi
dade.
3. - As taxas cuja cobrança couber no âmbito de suas
atribui ções.
1|. - A contribuição de melhoria cuja cobraiça couber no âm-
bito do suas atribuições.
c) - Competem aos Municipioss
moor
5a Unidade Didáticas
A.comunidade, 0 Estado. Formas do Estado. Regimes po
líticoso Funções do Estado c seus orgaos.
¿I
a
Unidade Didáticas
Noções gerais de Direito Constitucional. Estrutura do
Estado Brasileiro* Direitos e garantias individuais. Da or,
dem econômica e social. Os Atos Institucionais.
5a Unidade Didática;
Noções gerais de Direito.Civil. Pessoas. Bens. Fatos
e atos jurídicos. Ato ilícito. Prescrição e decadencia. Di,
reito de família. Direito das coisas. Direito das obriga -
ções. Direito das sucessões.
6a Unidade Didáticas
Noções gerais de Direito Comercial. Comerciantes e au
xiliares. Atos de comercio. Contratos mercantis. Socieda-
des -comerciais. Títulos de credito. Falências e concorda -
tas.
7a Unidade Didática;
Noções gerais de Direito do Trabalho. Normas de tutela
ao trabalho. Do contrato de trabalho. Da organização
sindícalo
8a Unidade Didática;
Noções gerais de Direito Administrativo. Serviço Publi
co e formas.de sua realização. A função pública e o servi -
dor público. Natureza jurídica das relações entre o servi -
dor e o ente publico. ,
9a Unidade Didática;
Noções gerais de Direito Tributário. Discriminação de
rendas. Competencia tributária da União, dos Estados.e dos
Municípios. Imposto, taxa e contribuição de melhoria. A o-
brigaçao tributar:* e seus elementos.
10a Unidade Didáticas
Noções gerais de Direito Penal. Conceitos de crime e
de pena. Os crimes em e specie.
4. cálculo do número provável do aulas.
Com 2 aulas semanais, a disciplina Direito Usual seria
ministrada, durante o ano letivo, em cerca de 50 aulas as -
sim distribuídas?
5.- Material didático a ser utilizados
a)- quadro-negro, giz, apagador, cadernos, lápis, caneta-
tinteiro, etc;
b)- livro adotado, textos de leis, comentários dos jor-
nais sôbre assuntos jurídicos de interesse do plano;
c)- exemplares autênticos de documentos legais: livros
co-merciais, títulos de credito, etc;
d)- quadros-murais, flanelógrafo, etc.
IV - PLANO PE UNIDADE DIDÁTICA
0 plano de determinada unidade didática deverá abranger a
area de estudo a ela atribuída no plano de curso. Recomenda-se que
o plano de cada uma somente seja elaborado quando em vias de se en-
cerrar a execução da anterior. Efetivamente, pode ocorrer e ocorre
com certa freqüência que, no desenvolvimento da unidade anterior, o
professor nao tenha podido extender-se a toda a área incluída no pla-
no. Assim, a parte da area não alcançada poderá ser incluída no pia
no subseqüente, se ao professor parecer recomendável. Ê oportuno
lembrar que a área de estudo de cada unidade será explorada na parte
que o professor julgar necessária para a consecução dos objetivos
previamente traçados.
Os elementos do plano de unidade didática serão os que foram
recomendados para o plano do curso.
moor
- Pesquisar na lei, com os alunos, os bons quo devem ser de-
clarados, Cataloga-los o classificá-los no quadro-negro ,
utilizando os conceitos do Código Civil, que os alunos co-
nhecem o podem localizar no toxto legal,
- Apresentar um caso concreto, de determinado contribuinte
que possui bens moveis o imóveis de varias especies, Clas-
sificar esses bens de acordo com as noções ja dominadas,
- Lançar, no formulario, cada um dos bens, enunciando suas
características identificadoras,
6.- Fixação da aprendizagem: Enunciar, oralmente, bens que de-
vem sor incluídos o bens que podem nao ser incluídos na de-
claração, a fim de que os alunos os distingam.
7.- Verificação da aprendizagem: Distribuir novos formulários, A
presentar outro caso concreto c determinar aos alunos que
preencham a decelaração. Recolher os trabalhos.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DIRETORIA DO ENSINO COMERCIAL
CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE
ENSINO TÉCNICO COMERCIAL
ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
SUGESTÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO PE DIREITO USUAL
Prof. Joaquim Torres Araújo
I - A Disciplina Direito Usual
A disciplina Direito Usual, era, anteriormente ministrada
nos Cursos Técnicos de Secretariado, de Administração e de Comércio e
Propaganda. Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na,
cional, foi incluída pela Portaria Ministerial nº 69, de 1962, no cur-
rículo dos Cursos Técnicos de Contabilidade (2ª série), Administração/
(2ª série), Secretariado (2ª e 3ª séries), Estatística (2ª série) e
Comércio e Propaganda (2ª série). A organização do programa da disci-
plina ficou a cargo de cada estabelecimento. Atender-se-a, porém, a
recomendação de que, na fase de transição para o regime legal de auto-
nomia dos estabelecimentos, se deva ater aos programas anteriormente /
vigentes e às sugestões de amplitude e desenvolvimento apresentados po
Ia Diretoria do Ensino Comercial.
Essas sugestões vem sendo oferecidas nos diversos cursos de
formação e treinamento pedagógicos que a Diretoria do Ensino Comercial
vem realizando pelo país.
Uma vez mais, agora em Brasília, neste curso realizado com
a colaboração da Escola Técnica de Comércio "La Salle", serão renova -
das as indicações a que se refere a Portaria Ministerial nº 69.
A disciplina Direito Usual abrange o conjunto das noções ge-
rais referentes ao ordenamento jurídico que norteia a vida da socieda-
de. Partindo-se da idéia da existencia de normas gerais e coercitivas
que regem a inter-relação dos homens na comunidade, chega-se a discri-
mina-las didaticamente em normas de direito subjetivo e de direito ob-
jetivo; de Direito Publico e de Direito Privado; de Direito Constitu
cional; de Direito Penal; de Direito Administrativo; de Direito Tr¿
butários, de Direito Civil; de Direito do Trabalho, etc,
0 Direito Usual e o conjunto das noções fundamentais do Direi-
o e dos ramos em que teonicamente e subdividido. Em seu estudo, o a-
uno dos cursos técnicos de comércio, apreenderá os aspectos essenci-
is do fenómeno jurídico, nao apenas para sua utilização pratica, no
exercício futuro de sua profissão, mas, e sobretudo, como elemento for
mador de sua personalidade e integrante de sua cultura profissional.
0 objetivo geral do
ensino da disciplina Direito Usual c a formação da personalidade do
educando pela aquisição das noções de que o homem, ser gregario por
natureza,nao sobrevive a nao ser em comu nidade. A convivencia entre
seres dessa natureza não pode, entretanto prescindir de normas que a
regulo. A liberdade absoluta geraria o caos, a prepotencia, a
prevalência da força bruta, na solução dos conflitos de interesses, a
conseqüente destruição da sociedade e o extermínio do homem. Daí, a
existencia de normas que rejam o convívio do homem com seus
semelhantes.
Especificamente, o ensino da disciplina visa à integração /
cultural dos estudantes dos cursos técnicos de comércio, inclusive co-
mo instrumento para o exercício.das profissões que vierem a abraçar a-
pos a conclusão de seus estudos.
III - Conteúdo da Disciplina
Partindo dos programas anteriores à Lei de Diretrizes o Ba-
ses da Educação Nacional e dos subsídios colhidos em autores da disci-
plina c em contribuições colhidas cm diversas outras fontes, inclusive
nos programas adotados pelos estabelecimentos de ensino comercial da
Secretaria de Educação o Cultura do Estado da Guanabara, não
sugeriremos programa de Direito Usual, mas area's de estudo. Parece-
nos mais e-lástico este critério, mesmo porque possibilitara aos
colegas utilizar ou não as areas sugeridas o dar-lhes a amplitude e o
desenvolvimento ,/ mais indicados de acordo com as circunstancias que
se lhes oferecerem,
Areas do Estudo do Direito Usual
I - 0 Direito como elemento de controle das relações entre os mem-
bros da comunidade humana, Direito Usuais conceito,
objetivos. Ramos do Direito.
I
I
-
O
bjetivo do Ensino de Direito Usual
- 3 -
II - Fontes do Direito, sobretudo a lei. Elaboração o hierarquia das
leis. Interpretação e integração da lei.
III - A comunidade. 0 Estado. Formas de Estado. Regimes políticos.
Funções do Estado c seus órgãos.
IV - Noções gerais de Direito Constitucional. Estrutura do Estado /
Brasileiro. Direitos c Garantias individuais. Da Ordem Economi
ca e Social. Os Atos Institucionais.
V - Noções gerais de Direito Civil. Pessoas. Bens. .Fatos c atos
jurídicos. Ato ilícito. Prescrição o decadência. Direito do
família. Direito das coisas. Direito das Obrigações. Direito
das sucessões.
VI - Noções gerais de.Direito Comercial. Comerciantes e auxiliares
Atos de comercio. .Contratos mercantis. Sociedades comerciais
Títulos de credito. Falencias c concordatas.
VII - Noções Gerais de Direito do Trabalho. Normas do tutela.ao traba
Iho. Do contrato do trabalho. Da organização sindical.
VIII - Noções Gerais de Direito Administrativo. Serviço Publico e for-
mas do sua realização. A função publica e o servidor público.Na.
tureza jurídica das relações entre o servidor o o ente público.
IX - Noções Gerais do Direito Tributário. Discriminação de rondas.
Competencia tributária da União, dos Estados o dos Municípios.
Imposto, taxa e contribuição de melhoria. A obrigação tributa -
ria e seus elementos.
X - Noções Gorais de Direito Penal. Conceitos do crime o de pona.Os
crimes em e specie.
moor
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO COMERCIAL ESCOLA
TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
SUGESTÕES DIDÁTICAS PARA O ENSINO PE DIREITO USUAL
Prof. Joaouim Torres Araújo
IV - Sugestões Metodológicas
Deve o professor ater-se à conceituação legal dos institutos
ao informar os alunos sôbre as noções a respeito de cada um deles. U-
tilizar-so-á das opiniões dos doutrinadores, quando o texto legal for
o-misso, obscuro ou controvertido,
PARTE INTRODUTÓRIA E DIREITO CONSTITUCIONAL (Unidades I, II, III e IV)
Os alunos deverão adquirir a noção de que o homem tendo à as-
sociaçao e de que a expressão maxima da realização d essa tendencia é a
sociedade organizada sob a egide da lei, o Estado. Estabelecida a o-
rigem do Estado, serão examinados seus elementos constitutivos; homem,
território o, conseqüetemonte, governo. Destacar a finalidade do Esta
do, o bem comum,que se realiza por meio da lei.
Demonstrar os sistemas o formas do Estado cm que, ora predo-
mina a liberdade da iniciativa individual, ora a iniciativa fica entre-
gue inteiramente ao.Estado, ora so dos'a a iniciativa particular com a,
intervenção estatal. Exemplificar com o sistema brasileiro. Chegar /
as formas de Estado e de Governo. Destacar as vantagens da federação/
o do regime democrático. Focalizar a forma de governo democrática, re,
presentativa, adotada no Brasil. Estabelecer as funções desempenhadas
pelo Estado e os órgãos que as exercem. Atribuições gerais do cada um
dos tros poderes do Estado brasileiro. Examinar as atribuições atuais
do Poder Executivo c do Poder Legislativo na elaboração d as leis, in-
clusive em face dos Atos Institucionais. Hicrarquizar as leis. De-
monstrar que o Direito pode sor pesquisado em outras fontes subsidia -
rias a lei. Efetuar o levantamento dos direitos e garantias indivi -
duais, mediante pesquisa do Art. 141 da Carta Magna, de outras disposjl
ções do texto de 1946 e dos Atos Institucionais.
DIREITO CIVIL - Destacar sobretudo a parte geral, analisando os elemen,
tos fundamentais das relações jurídicas - sujeito, ob-
jeto, causa. No exame do sujeito de direito, atentar para a precisa /
conceituação de pessoa jurídica.
Quanto ao objeto, destacar a prescindibilidade de conteúdo e-
conomico para a caracterização do bem jurídico. No concernente à cau-
sa, fixar o conceito de ato jurídico destacando os elementos indispen-
sáveis, a sua validade. Elucidar a distinção entre prescrição e deca -
dência.
Na parte especial, e studar sumariamente a organização da fa
mília, regime de bens no casamento, formas de dissolução da sociedade/
conjugai, filiação legitima e ilegítima e respectivos reflexos patrimo
niais, linhas e graus de parentesco. Passar à caracterização dos
bens e sua posição nas relações cora o homem, fixar os.conceitos de
pos-se e de propriedade, de direito pessoal e de direito real. No
estudo do direito das obrigações deter-se nas especies de contratos
mais ocor. rentes. Quanto ao direito de sucessões, distinguir a
sucessão legítima da testementária, esclarecer os alunos no que se
refere à ordem da vocação hereditária.
DIREITO COMERCIAL - Fixar o conceito de comerciante em face da lei. E
xaminar as especies de auxiliares do comercio. Ejs
tabelecer as características dos atos de comércio e dos contratos mer-
cantis. Estudar as diversas especies de sociedades comerciais. Dei-
xar firmado o conceito de responsabilidade e conhecida sua amplitude /
em relação aos socios de cada uma das especies de sociedades comerei -
ais. Dar a conhecer os diversos tipos de títulos de credito com suas/
características, utilizando modelos autênticos para manuseio dos alu -
nos. No estudo da concordata e da falbncia, caracterizar o estado de
concordatario e o de falido. Enunciar as figuras do síndico e do co-
missário c suas atribuições.
DIREITO PO TRABALHO - Estabelecer a natureza do contrato de trabalho.
Conceituar as figuras do empregador e do emprega
do. Dentre as normas tutelares do trabalho destacar as que so referem
à identificação profissional, à duração do trabalho, ao repouso e fé-
rias, elementos integrantes do salário, trabalho de bancários, da mu-
lher, do menor. Examinar os problemas de rescisão do contrato de tra-
balho, aviso prévio, indenização, estabilidade. Explicar o sentido de
sindicato, federação e confederação do sindicatos, vantagens da sindi-
calização.
DIREITO ADMINISTRATIVO - Mostrar que o Estado, para o exercício de /
suas funções, pratica atos típicos e se utili-
za de formas diversas e de órgãos da administração publica ou de con-
tratos com terceiros. Estudar as diversas especies de entes da admi -
nistração pública, inclusive autarquias, sociedades de economia mista,
empresas públicas, fundações. Realizar estudo sumário a respeito de
serviços concedidos, permitidos e autorizados.
Caracterizar a natureza jurídica do vínculo entre o servidor
público o a administraçãos regime contratual o regime estatutário.
DIREITO TRIBUTÁRIO - Explicar a necessidade de meios financeiros para/
a realização das funções da administração públi -
ca. Mostrar a preocupação constitucional de prover as diversas entida-
des de Direito Público de tais meios para a consecução do seus fins.
Estabelecer a discriminação constitucional das rendas e a competência
tributária dos entes públicos. Diferençar imposto, taxa e contribui -
ção do melhoria.- Estudar a natureza jurídica da obrigação tributária/
e seus elementos.
DIREITO PENAL - Fixar o conceito do fato punível e seus elementos ca-
racterísticos. Estabelecer o conceito de pena e expli-car a natureza
e a amplitude do poder punitivo do Estado. Enunciar o rol dos crimes
previstos na lei e distingui-los das figuras contraven-cionais.
moor
MINISTÉRIO DA EDUCÃO. E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CONTABILIDADE GERAL
Prof. J. D'ASSUNÇÃO BARROS
(Reservados os direitos de autoria)
1 - A Z I E N D A
Vencidas as etapas primitivas de sua organização social -
em que cada um fazia de tudo para sobreviver - o homem descobriu a
divisão do trabalho, instituiu a troca e estruturou-se em grupos,
vi-sando a tornar menos árdua e mais garantida a sua subsistencia,
como indivíduo e como espécie, A célula básica desses grupos e, do
ponto de vista social, a FAMÍLIA e, do ponto de vista econômico, a
unidade de produção ou AZIENDA. 0 homem é, pois, objeto e
instrumento da a-zienda; ela visa a atender às suas necessidades
individuais ou cole, tivas e dele serve-se para alcançar seus
objetivos.
CONCEITO
Diz-se que a azienda é o "agregado social que, geralmente/
em harmonia com os fins supremos da sociedade, através de uma coorde-
nação econômica atuante, visa à satisfação de necessidades humanas "
(D. á agregado social porque dela faz parte o homem, que atua
sobre os elementos materiais nela integrados; a harmonia com os
fins su-premos da sociedade é condição básica para sua
sobrevivência, pois a infringência às leis sociais levará o
conjunto so esfacelamento; a coordenação econômica é indispensável à
consecução dos fins da entidade em harmonia com objeto definido em
função da necessidades numa-
(1) - Definição proposta pelo Prof o Salvador Chevitarese (em apostila
para seus alunos da Fundação Getulio Vargas), caldada nos
conceitos expendidos pelos autores italianos Gino Zappa e Vin-
cenzo Masi.
nas, individuais ou coletivas, diretas ou indiretas, do plano mate -
rial ou do plano moral, que devem ser satisfeitas.
São elementos essenciais para existencia de uma aziendas
a)- clientela (um grupo social cujas necessidades possam /
ser satisfeitas);
b)- delimitação do Objeto (a definição das necessidades /
que devam ser satisfeitas e ate que ponto);
c)- sujeito (uma pessoa, ou conjunto de pessoas, que so
disponha a prover o complexo operante dos recursos ma-
teriais indispensáveis);
d)- matéria administrável (o conjunto de meios econômicos/
necessários à realização do objeto da azienda);
c)- organismo econômico (um conjunto de pessoas que tenham
a atribuição do agir sobre os meios econômicos).
ESTRUTURA
A azienda - também denominada por alguns autores, economia,
entidade econômica, organismo econômico, unidade econômica ou unida-
do do produção - c um complexo dinâmico que tem como núcleo um siste
ma do meios econômicos submetido à ação do um sistema de forças, re-
gido por uma ordem própria, condicionada por fatôres internos o ex-
ternos. 0 sistemare meios econômicos compõe o patrimonio; o de /
forças c constituído peias pessoas integradas nos órgãos. Estes /
dois sistemas so inter penetram, sendo o primeiro dependente do segun-
do, que lhe assegura a vitalidade fundamental para a continuidade do
conjunto.
Podemos, pois, grupar, os elementos constitutivos da azien-
da em três classess
a)- elementos pessoais;
b)- elementos materiais;
c)- elementos ordenadores.
ELEMENTOS PESSOAIS - constituem-se estes do sujeito e dos
órgãos.
0 SUJEITO ó a pessoa (física ou jurídica) quo podo dispor/
dos componentes da azienda o fixar os fiñs qio devem sor perseguidos
por esta. É ele que define os objetivos mediatos o imediatos, deter,
mina quem comporá c como se estruturarão os órgãos e estabelece como
e quando sera movimentada a massa patrimonial. Os poderes do sujei-
to emanam de duas esferas; a econômica e a jurídica; daí a sua /
classificação cm sujeito jurídico (o que podo fazer valer sua condi-
ção nos termos das leis vigentes no complexo sócio-econômico) o su-
jeito económico (o que pode dispor de fato dos componentes da azien-
da no âmbito interno desta, mas nao tem-esses poderes reconhecidos /
pela ordem jurídica do contexto social). Às vezes, o sujeito de di-
reito - o jurídico - nao o o de fato - o econômico (como acontece /
nos casos cm que, por lquer impedimento legal, o empresario se os-
conde atrás de um parente ou "testa-do-forro").
As pessoas que compõe os ÓRGÃOS exercem tres classes do
funções na dinâmica aziondals as normativas, as coordenadoras e as
operativas. Essas categorias determinam a hierarquização dos órgãos
cm tros níveis:
a)- órgãos deliberativos (ou volitivos):
b)- órgãos diretivos;
c)- órgãos executivos.
Os órgãos deliberativos decidem sôbre a orientação a vigo-
rar na azienda, a sua estruturação c a coordenação dos meios a empre
gar para conseguir o objetivo desta. Geralmente faz parte deste ór-
gãos o sujeito ou parte das pessoas que o integram.
Os órgãos diretivos, cumprindo e fazendo cumprir as normas
vigentes na azienda e no contexto social em que esta se encontra in-
serida, comandam c coordenam a ação dos órgãos executivos.
Os órgãos executivos praticam os atos necessários à movi -
montação do complexo aziondal.
Há casos (mais comumente nas pequenas c medias empresas)de
superposição do funções para as mesmas pessoas, fazendo estas parte,
simultaneamente, de duas categorias de órgãos (deliberativos c dire-
tivos, ou diretivos e executivos, etc), e, ate mesmo, de todas /
tros ( orno nas empresas individuais, cm que o sujeito exerce as fun-
çoos de órgão deliberativo, diretivo e, na maior parte das vezes, e-
xecutivo).
ELEMENTOS MATERIAIS - constituem estes os meios econômicos
integrantes do patrimônio, ativos e passivos, e serão objeto de um
capítulo específico ( ).
ELEMENTOS ORDENADORES - Formam elos o que so pode donomi-
nar a ordem aziondal o coexistem cm dois planos: o abstrato ou pura-
mente normativo e o concreto ou do aplicação. No primeiro plano si-
tuam-se as leis c normas; no segundo, as funções.
As LEIS E NORMAS regem internamente o funcionamento da a-
zienda e as relações desta com o contexto sócio-econômico em que so
encontra implantada. Dispõe sôbre os interossos (relações do ordem/
econômica entre as pessoas que sao abrangidas polo âmbito da aziendas
responsabilidade na realização do fundo inicial, participação na dis
tribuição do rédito, etc), a hierarquia (relações de ordem estrutu-
ral entre as pessoas que se integram no sujeito nos órgaos: nível do
responsabilidade operacional, de subordinação, etc.) e o exerci -cio
das funções (relações, diretas c indiretas, entre as pessoas c a
materia administravel: atribuições, critérios de estimativa e sua
aplicação, etc.). Sao condicionadas por fatôres inerentes a propria
estrutura (como o objeto da azienda, ns limitações físicas e jurídi-
cas do sujeito c dos orgaos, etc.) o ao espaço exterior a azienda /
(como os costumes, as riquezas naturais, a produção c o consumo, a
oferta e a procura, c as limitações da ordem jurídico-social).
As funçoos consistem nas ações praticadas pelos orgaos,tan
to em relação às pessoas que os integram, como à movimentação do pa-
trimônio o às relações da azienda com terceiros. Podem ser delibera
tivas, diretivas ou executivas, conforme se enquadrem nas atribui -
ções próprias a cada um dos tres níveis de órgãos,
CLASSIFICAÇÃO
Instituição o empresa - Do ponto do vista de direito publi-
co (a União Federal), os estados federados, os municípios c as autar-
quias) c pessoas de direito privado (as sociedades civis, as socieda-
des comerciais, as fundações, etc.).
Azienda dependente o azienda independente - Observada a /
composição dos órgãos deliberativa o diretivos, as aziendas podom /
sor classificadas como dependentes o independentes. As primeiras /
sao as que tem seus órgãos deliberativos c diretivos constituídos /
por diferentes pessoas, de modo que há uma subordinação destes às
determinações daqueles; as ultimas - também denominadas autônomas -
tem o sujeito c os órgãos delibrativos c diretivos constituídos pe-
las mesmas pessoas (geralmente uma so), que nao se voem forçadas a
submeter sous atos à aprovação ou ao exame de qualquer outra instan-
cia da esfera azicndal. As aziendas independentes sao, cm sua maio-
ria, empresas de pequeno porte (firmas individuais, sociedades comer-
ciais com numero pequeno de integrantes, etc).
Azienda aberta e azienda fechada - Dizem-se ABERTAS as a-
ziendas que admitem como integrantes de seu sujeito pessoas estranhas
ao grupo nele dominante (como as chamadas empresas de "capital demo-
cratizado", isto é, as sociedades anônimas cujas ações são postas a
disposição do público para subscrição, através de negociação nas bol-
sas de valores; as cooperativas gerais de consumo e de credito que
cumprem a legislação específica, admitindo como associados todos os
que assim desejem e queiram submter-se às disposições de seus
estatu-tos, etc) 5 fechadas, as que so admitem na composição de seu
sujeito pessoas que sejam patrocinadas pelos ja nele integrados,
ou que não ultrapassem as quotas estabelecidas para cada classe ou
catego-ria (como as empresas individuais, as sociedades civis de
numero cer, to de membros, as empresas controladas por certos
grupos, etc.).
Azienda divisa e azienda indiviáa - Analisada a sua estru-
turação em unidades destinadas a consecução de seus fins, as azien -
das se classificam em divisas e indivisas o As primeiras - também de
nominadas complexas por alguns autores - são as que distribuem o e -
xercício de suas funções por diferentes unidades que possuem as ca-
racterísticas de aziendas menores (filiais, agencias, etc.) 5 as ul-
timas - também chamadas simples - apresentam-se como um bloco unitá-
rio, podendo admitir a departamentalização, mas sem dar a cada um
destes setores características que levem a confundi-los com unidades
econômicas autônomas.
DINÂMICA
A azienda se caracteriza pela existencia de uma clientela
com necessidades a atender, um organismo administrativo capaz de
proporcionar esse atendimento, pela utilização de um complexo de
meios econômicos postos à sua disposição.
A consecução dos fins a que se propõe a azienda, e, pois ,
conseqüência da atuação de um sistema de forças (os órgãos) sobre a
massa administrável (o patrimonio), visando a um resultante (o provi-
mento das necessidades da clientela). A esfera em que se desenvolve
essa atividade é o que se chama administração econômica; seu exer-
citamento, a gestão»
2 - PATRIMÔNIO
O vocábulo patrimônio acha-se incorporado ao linguajar de
todos nos, embora seja empregado muitas vezes impropriamente, com
sentido um tanto vago, ora para traduzir a idéia de "coisa pertencen-te a alguém", ora
"conjunto de coisas". Freqüentemente lemos ou ou-
vimos referencias a "patrimonio moral", "patrimonio intelectual","pa
trimônio artístico" ou "patrimônio histórico"; há o caso, ate, de
entidades de natureza corporativa que mandam inscrever em lugar de
destaque de seus bons imóveis que eles constituem "um patrimonio" da
instituição.
Em Contabilidade, porem, a idéia de patrimônio acha-se li-
mitada por uma serie de atributos, servindo para designar o objeto /
desta ciencia.
EVOLUÇÃO PO CONCEITO
Inicialmente, considerou-se apenas ou predominantemente o
aspecto jurídico do patrimônio, sendo Este, cm conseqüência, defini-
do como uma universalidade do direitos vinculados a uma pessoa. Pos-
toriormento, analisado seu aspecto econômico, o patrimônio passou a
sor encarado como um con.junto de bens, que é objeto do administração
o do qual depende a vitalidade da azienda. Modernamente, limitadas/
as idéias básicas ao interesse c às proporções do campo de aplica-
ção da Contabilidade, esta integrou os dois conceitos no s eu - o /
do fundo de valores -, em que c admitida a coexistencia de relações/
jurídicas, econômicas o administrativas.
A unilatcralidade do apreciação, que leva a encontrar no
patrimônio apenas um complexo jurídico, distingue os direitos a fa-
vor do sujeito (direitos propriamente ditos) e contra êste (obriga -
ções), classificando-se ainda cm pessoais (direitos do credor sôbre
terceiros c direitos de credor do terceiros) o reais (direitos sôbre
coisas). Do mesmo modo, os que somente encontram bens no patrimônio
consideram os bons presentes (os que sao da azienda o se encontram /
no domínio desta c os de quo a azienda tem a propriedade mas se en-
contram era poder do terceiros), os bens futuros (os sôbre os quais
a azienda tem direitos mas se encontram na propriedade e na posse de
terceiros) e as perdas futuras do bens ( os bens do terceiros ou sô-
bre os quais estes tenham direitos c que se encontrem no domínio da
azienda).
Os conceitos de direito o de obrigação condicionam os de
credor e de devedor: o primeiro e o sujeito ativo do um direito; e
segundo, o responsável pelo cumprimento de ipa obrigação. 0 concei-
to econômico permitiu que fossem considerados c analisados os meios/
de consistência material e os do existencia imaterial o as causas
de-terminanetes das alterões ocorridas na substancia líquida do
patrimônio, permitindo o acompanhamento mais objetivo da gestão,
pele
pela análise, principalmente, da composição e das resultantes dos
custos e do rédito.
A observação do patrimonio do ponto de vista predominante-
mente jurídico deu origem à teoria personalista (concebida por Fran-
cesco Marchi e reestruturada por Giuseppe Cerboni), que so funda na
premissa de que a azienda gira em trono de um complexo de direitos /
que tem como eixo o administrador c como sujeito ora este, ora o pro
prictário, ora os agentes consignatarios e os correspondentes. A en
fase emprestada ao aspecto económico do patrimonio conduziu ao esta-
belecimento da teoria materialista (exposta pela primeira vez por Lu
dovico Giuseppe Grippa o melhor sistematizada por Fábio Besta), que/
se baseia na idoia de que a azienda opera cm torno de um fundo de
valores integrais e diferenciais.
A evolução da Contabilidade deslocou os estudos desta cien
cia dos seus meios de análise e relcvação - as contas, a escritura -
ção e o balanço - para o seu real objeto - o patrimonio submetido à
gestão - e o seu campo do aplicação - a azienda -, dando conteúdo pa-
ra as teorias patrimonialista (iniciada por Jean Dumarchoy c conti -
nuada por Vinccnzo-Masi) e aziendalista (desenvolvida por Leon Gom-
berg e Gino Zappa). Ambas as escolas, não obstante as pequenas di
vergencias de ordem conceituai, admitem o estudo amplo das entidades
econômicas o da gestão e aceitam o patrimonio como um conjunto do
meios econômicos avaliáveis em dinheiro c integrados numa azienda,dc
le fazendo parte, portanto, bens direitos (valores o créditos) e o-
brigaçoes. Os valores constituintes desse fundo podem ser observa -
dos pela aplicação (ativo) e pelas fontes (passivo), distinguindo-se
nestas as de que resulta o fundo inicial instituído c seus acresci -
mos (capitais próprios) c as de financiamentos de outras entidades /
(capitais do terceiros), decorrentes de empréstimos diretos ou com -
pras a prazo.
Alguns autores fazem distinção entre o patrimônio das empre-
sas o o das instituições: para as primeiras usam o têrmo capital; pa-
ra as segundas, patrimônio. Outros (principalmente os americanos) en
caram a substancia e não a composição patrimonial, empegando o têrmo
patrimônio com o significado do que a grande maioria denomina situa-
ção líquida. Os autores brasileiros c portugueses, cm sua quase una
nimidadc, estruturam sua doutrina na definição do patrimonio pela
composição c da situação líquida pola substancia.
ESTRUTURA
0 patrimonio o conceituado, modernamente, como um complexo
do meios económicos interdependentes o coordenados, integrados numa/
azienda o que concorrem para a consecução dos fins desta. Contabil-
mente falando, portanto, um conjunto de bens, valores, créditos o o—
brigaçoes somente constituirá um patrimonio quando forem observados/
os requisitos básicos des
a)- presença cm todos os elementos de conteúdo económico a-
valiável em moeda 5
b)- interdependencia e coordenação dos componentes;
c)- integração do conjunto numa azienda, mediante sua vin-
culação a uma entidade que se proponha, por meio dela,
alcançar determinado fim.
A ordenação e o grupamento dos componentes patrimoniais se,
gundo as suas funções cm relação ao conjunto c afinidade com os de-
mais elementos permite a separação de duas massas estruturais (o ati-
vo c o passivo) c uma substancial (a situação líquida). É dada, por,
tanto, a configuração qualitativa do patrimonio pela composição do
ativo e do passivo c a sua expressão quantitativa, pela situação lí-
quida.
A representação gráfica o sintática dessa estrutura o desse
valor e dada polo balanço patrimonial. Este o a forma esquemática
da identidade que define a situação líquida (A-P=S) (*), depois de
feita a transposição de um têrmo do primeiro) para o segundo mem-
bro : A = P + S (**)
(*) - Ativo - Passivo = Situação Líquida.
(**) - No Balanço, o sinal de identidade (=) e substituído por uma
barra vertical o os componentes sao apresentados discriminada
e nao englobadamonte: à esquerda da barra os integrais posi-
tivos e os diferenciais negativos; à direita, os integrais /
negativos e os diferenciais positivos.
******* ***
O ATIVO - O conjunto dos meios económicos aplicados e apli
cáveis ao desenvolvimento da atividade da azienda denomina-so ATIVO.
É ele, portanto, constituído pelos bens, valores e créditos.
Sao incluídos no ativo todos os bens pertencentes à entida-
de - estejam no seu domínio ou na posse de terceiros.
Os valores podem ser REAIS ou FIGURATIVOS. Os REAIS pos -
suem significado econômico mesmo que sejam desligados do patrimonio/
de que fazem parte para serem incorporados a outro (alguns são mate-
riais? ações, quinhões e quotas de capital de sociedades, títulos de
renda, domínio direto; outros, imateriaiss privilegios, patentes ,
marcas, direitos autorais, concessões e permissões). Os figurativos
ou simbólicos somente são valores enquanto integrados no patrimonio/
de que fazem parte e que lhes deu origem, perdendo o significado e-
conomico, total ou parcialmente, quando dele desvinculados (são to-
dos imateriaiss fundo de comércio, gastos de instalação, despesas /
diferidas, despesas antecipadas) (1)
Os créditos podem ser resultantes DE FUNCIONAMENTO ou DE
FINANCIAMENTO. Estão no primeiro caso quantos tem origem nas ativi-
dades desenvolvidas para alcançar os fins a que se propõe a azienda/
e que se enquadrem no objeto desta (créditos por notas fiscais, por
faturas e por duplicatas - nas empresas -, resíduos ativos - nas ins
tituiçoes - e depósitos bancários). Os créditos de financiamento de,
correm de desenvolvimento de atividades necessárias a sobrevivencia/
da entidade 5 mas estranhas ao seu objeto (notas promissórias a rece-
ber - nas empresas e instituições que nao tem por finalidade a
outor-ga de crédito -, adiantamentos a correspondentes e agentes,
etc.
Observado o patrimonio em seu aspecto material, o ativo po-
de ser TANGÍVEL c INTANGÍVEL. No primeiro caso estão os valores ma-
teriais ou derivados de operações sôbre estes (bens para uso, bens
para consumo, bens para venda, direitos de credor sôbre terceiros ,
dinheiro)5 no segundo, os valores imateriais ou simbólicos (fundo /
de comercio, marcas, patentes, direitos de autor, gastos de instala-
ção).
Tomando por base o grau de conversibilidade de seus compo-
(1)- Os valores imateriais - sejam reais ou figurativos - possuem,em
sua maioria, vida limitada; patentes, concessões e direitos
au-torais tem sua duração fixada por lei ; fundo de comercio
extin-gue-se com a cessão das atividades da empresa; gastos de
insta lação tem sua permanencia no ativo condicionada a fração
do pra zo do vigencia da entidade; despesas diferidas alcaam
uns 7 poucos exercícios sucessivos.
nontos, o ativo das empresas - também nestas denominado CAPITAL FUN-
CIONAL - compreende as IMOBILIZAÇ0ES e os VALORAS CIRCULANTES (1),
As primeiras constituem-se dos componentes ativos que, por motivo e_s
pecial, a empresa nao pode converter ordinariamente em outros; os
"últimos, dos que tom a função de transformar-se pelo exercício das a
tividades normais.
As IMOBILIZAÕÇES decorrem da aplicação de recursos próprios ou
de terceiros cm bens ou valores que são apartados do capital em
giro. Classificam-se, segundo suas causas detorminanotos, cm VOLUIT
TÁRIAS c COMPULSÓRIAS o, de acordo com sua função no complexo azien-
dal, cm TáCNICAS, DE EXERCÍCIO c ACESSÓRIAS, VOLUNTÁRIAS são as imo-
bilizaçoes que, ligadas ou não ao objeto da empresa, efetuam-se os -
pontâneamente por esta, sega para atender a aspectos tecnisos de em-
preendimento (máquinas, móveis e veículos para uso; patentes o mar-
cas, etc.), seja para aproveitamento de favores fiscais (aplicação /
cm apólices da dívida publica como alternativa para desobrigação to-
tal ou parcial de certos encargos tributarios (2), antecipação facul-
tativa de pagamento de impostos com vistas a redução compensadora, /
etc.), seja para simples aplicação de numerário excedente as neces-
sidades do giro empresarial (aquisição de estoques acima da capacida-
do de absorção pela clientela, inversões cm valores mobiliários, par-
ticipação cm fundos de financiamento, etc.). COMPULSORIAS são as
que, disposição de lei ou determinação de autoridade administra
tiva ou judiciária, a empresa fica obrigada a efetuar (aquisição de
verba fiscal por antecipação, aquisição do títulos da dívida pública
federal para constituição de fundo de indenizações trabalhistas, de-
pósitos efetuados pelos bancos no Banco do Brasil sob controlo da Su
(1) -A Lei das Sociedades por Ações (Decreto-lei nº 2.627, de .....
26.940) estabelece a seguinte classificação para o ativo das /
empresas abrangidas por suas disposições: ativo fixo, estável/
ou imobilizado; ativo realizável a curto c a longo prazos;
ati-vo disponível; contas de resultado pendente; contas de
compon-sação. Como so verá mais adiante (página ), nem todas
as imo-bilizaçoes são classificáveis no grupo do "ativo
imobilizado" / desse padrão.
(2) - Estão neste caso as opções oferecidas às empresas peias Leis
3.995/6l e 4.657/64, para redução do imposto de renda devido.
perintendeneia da Moeda e do Credito,.créditos "congelados" por deci-
sao administrativa ou judicial, etc.). São TÉCNICAS as imobilizações
em bens de longa duração e valores materiais e imateriais indispensa-
veis ao funcionamento da azienda ( imóveis para uso, equipamento /
de apoio para atividades-fim, instalações comerciais c industriais,
móveis e veículos para uso, marcas e patentes em exploração, etc.);
sao de exercício as representadas pelas parcelas, mínimas necessá-
rias ao desenvolvimento das atividades da azienda, do valores circu-
lantes por natureza, mas cuja realização plena somente ocorre com a
extinção desta (depósitos para garantia de fornecimentos, quando estes
constituem atividade normal da empresa; impostos recolhidos por
antecipação; estoques mínimos de bens de troca, de transformação e
de consumo; porção em cobrança de créditos sobre a clientela, varia
vel com o volume das transações efetuadas; parcela mínima de meios
de pagamento - dinheiro em cofre e depósitos bancários de retirada /
livre - exigida pela continuidade operativa da azienda, etc.); sao/
acessórias as aplicações de fundos que excedam às necessidades do
funcionamento aziendal (valores mobiliarios - nas instituições e nas
empresas que nao têm por objeto as participações financeiras -, imó-
veis para alugar - nas empresas que nao explorem a locação de bens-,
créditos a longo prazo decorrentes de financiamento a outras entida-
des, depósitos a prazo fixo, etc.).
Sao circulantes os componentes ativos que se convertem em
outros como conseqüência do funcionamento ordinario da azienda (bens
de transformação e de troca, títulos de credito ativos, depósitos cm
bancos, dinheiro em cofre). Nas empresas, o ativo circulante é tam-
bém chamado capital de exercícios nas instituições, ativo financei-
ro. A circulação desses elementos se faz, normalmente, segundo o
ci-cio dinheiro - bens de troca - dinheiro, ou dinheiro - bens do tro
-ca - crédito - dinheiro ou dinheiro - bens de transformação - bens
/ do troca - créditos - dinheiro. Excepcionalmente, entretanto, a
con versão poderá ser de um bem em outro, sem a utilização do
dinheiro / como intermediario ,(troca direta ou escambo).
O ativo circulante compreende o realizável e o disponível.
Realizável (1) é a parcela que tem por função trans formar-se e
por finalidade ultima converter-se em numerário, como decorrência
do funcionamento ordinario da azienda (bens de transformação -
materias-primas, produtos em fase de elaboração, produtos pendentes
de bene -ficiamento, etc., - bens de troca - mercadorias - e créditos
- dupli-catas, notas promissórias e letras de cambio ativas,
depósitos bancá-rios a prazo fixo ou de aviso prévio, etc,). Para
determinar se urna parcela é realizável a curto ou a longo prazo, é
necessário conhecer a natureza da azienda cujo patrimonio está sendo
analisado, pois a classificação do ativo realizável é feita de
acordo com o tempo que
(1) - Na padronização estabelecida pelo citado Decreto-lei 2.627 para
os balanços das sociedades por ações, a inclusão dos compo-
nentes patrimoniais nos grupos nem sempre obedece ao critério
funcional adotado neste livro. No grupo "realizável" (a longo
prazo) da padronização legal, são incluídas algumas imobiliza-
ções, como as compulsorias e as acessórias. Ê o caso, por e-
xemplo, dos imóveis que não são para uso, nos bancos (de acor-
do, aliás, com a patronizaçao estabelecida para estes pela Su-
perintendencia da Moeda e do Crédito), das obrigações do Tesou-
ro adquiridas nos termos do disposto na Lei 4.657, de 16.7.64,
para os casos de fundo de indenizações trabalhistas e de cober-
tura (em dobro) para isenção do imposto devido (as quais somen-
te poderão ser alienadas após decorridos cinco anos de subscri-
ção, ou em caso de sucessão, fusão, transformação ou liquida-
ção da pessoa Jurídica, etc.)
os elementos demoram para transformar-se em disponibilidades financei,
ras (1), e o mesmo período, breve para algumas entidades, e longo pa-
ra outras»
Disponível é tudo que pode ser utilizado imediatamente co-
mo meio de pagamento (vales postais, cheques recebidos, depósitos /
bancários de retirada livre, dinheiro en cofre) (2)
Nas instituições, o grau de realização dos componentes po-
sitivos do patrimônio determina a sua classificação em ATIVO FINAN -
CEIRO e ATIVO PERMANENTE. (3) 0 primeiro é integrado pelos elemen -
tos conversíveis em numerário ou consumíveis pelo desenvolvimento /
das atividades ordinárias da instituição (disponibilidades, créditos,
bens de transformação e bens de consumo)5 o segundo, pelos bens e
valores que tenham sua conversibilidade em moeda condicionada a autp.
rização especial de órgãos deliberativos.
(1) - 0 prazo concedido aos compradores é função do mercado, 0 rea-
lizável,nas empresas, e considerado A CURTO ou a LONGO PRAZO/
se e inferior ou superior à média dos prazos vingentes nas pra
cas que estas operem. Desse modo, nao tem cabimento a afirma-
tiva de que "tudo que ultrapassa cento e oitenta dias é longo/
prazo"5 será longo se o comum dos prazos no ramo e não ultra-
passar noventa dias e será curto, por exemplo, para as empre -
sas crediaristas que costumam vender para pagamento em dez /
pestaçoes mensais e, ato, em numero maior de parcelas.
(2) - Disponível não c aqui empregado no sentido de "o de que se po-
de dispor, abrir mão, dispensar". 0 têrmo tem, em Contabilida-
de, o significado de parte do ativo que pode sor utilizada ou
lançada no giro comercial. A confusão entre o significado con
tábil do têrmo c sua acepção vulgar deu origem a que J.DUMAR -
CHEY propusesse a substituição'"de CAPITAIS DISPONÍVEIS pela
ex-pressão CAPITAIS LÍQUIDOS o DISPONIBILIDADE POR LIQUIDADE.
Entretanto, se aceitássemos tal substituição o disséssemos
ativo líquido em lugar de ativo disponível, estaríamos
iniciando outra confusão, pois "ativo líquido" tem una
conotação contábil/ propria, já consagradas a de diferença
entro o ativo c o passi-vo, quando o primeiro c maior.
(3) - Classificação obrigatória para as entidades de direito público,
em face do que ostabeleee a Lei nº 4.320, de 17.3.64.
O PASSIVO - O conjunto das obrigações assumidas pola enti-
dade denomina-so passivo. Discrimina ele, portanto, as fontes de re
cursos, isto o, as outras instituições ou empresas que entregaram /
bens à azienda (c tais elementos ativos terão de ser devolvidos pos-
teriormente, ou indenizados os seus legítimos donos polas importan -
cias corrospondontes ao sou valor). Por esse motivo, nas empresas,o
passivo ó também chamado CAPITAL PE TERCEIROS.
Os débitos assumidos pela entidade podem ser resultantes /
DE FUNCIONAMENTO ordinário da azionda (duplicatas e letras de
passivas, direitos do credor de fornecedores, resíduos passivos, de-
pósitos recebidos em decorrência de transações que se enquadrem no
objeto da ompresa ou instituição) ou de financiamento que lhe o pro-
porcionado (notas promissórias a pagar, debentures em circulação e-
mitidas pela empresa, empréstimos obtidos, etc.).
Confrontados os vencimentos das dívidas dele constantes /
com a media dos prazos usuais para concessão do credito no mercado /
fornecedor do ramo em que as empresas operam, o passivo destas o
elassificaefio om EXIGÍVEL A CURTO c a LONGO PRAZO. No primeiro grupo
incluem-se os débitos cujos vencimentos são inferiores aquela media;
no oxigível a longo prazo, as dívidas de vencimentos que a transcen-
dem (1).
Nas instituições, o grau do exigibilidade dos componentes/
negativos do patrimonio determina a sua inclusão no passivo FINANCEI-
RO ou no PERMANENTE. 0 primeiro é integrado pelos débitos exigíveis
a instituição imediatamente ou om prazo curso (depósitos de livre re
tirada,- compromissos vencidos a resgatar, resíduos passivos, etc.); o
permanente, pelas dividas a longo prazo o pelas que nao o tenham
(2).
A situação líquida. A soma algébrica dos componentes pa -
trimoniais - tomados os ativos com sinal positivo e os passivos com
sinal negativo - denomina-se SITUAÇÃO LÍQUIDA. Por sor a diferença/
entre o ativo e o passivo, o ela classificada como elemento diferen-
cial ou derivado.
(1) - Veja a nota 1 da página
(2) - Estão neste último caso as denominadas dívidas perpétuas, que
possuem a característica de não serem normalmente resgatáveis,
mas de proporcionar renda ao credor.
Três casos podem ocorrer na comparação entre os valores do
ativo e do passivos
a)- ativo e passivo iguais em valors situação líquida nula
b)- ativo maior que passivos situação líquida positiva /
(chamada ativo líquido, patrimônio líquido, substancia
líquida e - no caso particular das empresas - capital/
próprio );
c)- ativo menor que passivos situação líquida negativa /
(passivo descoberto (1) ou deficit patrimonial).
A situação líquida, como conseqüência da movimentação con-
tinuada do patrimônio, não apresenta valor constante, variando sem-
pre êste. Daí a sua dicotomia, para fins de análise, em situação
li-quida inicial (o capital registrado pela instalação da empresa,
o patrimônio líquido inicial da instituição) e adquirida (os acresci
-mos - por lucros não distribuídos, reservas, etc. nas empresas, e
por superávit, nas instituições - e os decréscimos - por prejuízos /
nao amortizados, deficit de exercício, etc.).
Nas empresas, o capital próprio é conseqüente da incorpora
ção, ao capital inicial, dos componentes diferenciais positivos e ne
gativos havidos com o desenvolver de suas atividades. A convenien-
cia de apreciação da gestão pelos sucessivos exercícios leva, muitas
vezes, a manter diferidos, no balanço patrimonial, componentes redi-
tuáis positivos e negativos; é por esse motivo que, não raro, so é
possível a determinação do capital próprio pela dedução, do passivo/
não exigível, dos elementos redituáis negativos inscritos, no ativo
do balanço patrimonial, como resultado pendente. 0 mesmo ocorre nas
instituições, em relação ao patrimônio líquidos a verdadeira expres-
(1) - Alguns autores preferem passivo a descoberto
(.2) - Essa expressão foi oficializada pelos elaboradores do ja cita-
do Decreto-lei E.627/Í4.O (Segundo Erimá Carneiro, a responsabi-
lidade pela elaboração do padrão de balanço que cabe a Ivo
Tomás Gomes). Convém assinalar que somente o exigível é verda-
deiraraente passivo, sendo a expressão passivo não exigível jus-
tificada pelos adeptos das classificações jurídicas (como a
teoria personalista), polo fato de considerarem a situação lí-
quida positiva (inicial e adquirida) como uma obrigação da em-
presa perante o proprietário, já que êste tem de seu, no patri-
mônio da azionda, apenas o ativo líquido.
são deste e a soma algébrica dos resultados pendentes, positivos G
negativos, e do que aparece sob a rubrica saldo patrimonial.
DINÁMICA
0 patrimonio e um sistema aborto, cinético o, consequente-
mente, proteiforme. Esse complexo econômico mantera-so em continua a-
tividade, caracterizada pela troca de elementos com o espaço exte
rior à azienda (ou pela absorção de materia desse meio sem troca),pc.
la transformação, no ámbito aziondal, dos scus componentes, e pela
permanencia da igualdade entre a soma algébrica dessas massas variá-
veis e a expressão do líquido patrimonial,
A dinámica patrimonial é regulada, portanto, por tros leis
fundamentais; a da interdependencia, a da fluência e a da harmonia.
A lei da interdependencia (ou da comunicação com o meio ex-
terior) dispõe que:
"qualquer que seja a estrutura aziondal cm que esteja inte
grado. o patrimonio assimila e fornece valores ao comple-
xo sócio-econômico em que esta so encontra implantada".
Essas relações do patrimonio com o meio exterior, conse
quentes do exercício das funções aziendais, compreendem?
a)- a sua comunicação com outros patrimonios, através das
trocas de bens e da solvencia de créditos e débitos ;
b)- a sua participação instrumental no processo econômico,
atraves do utilização pelos órgãos da azienda para a
transformação dos recursos naturais em bens (extração/
de minerais, caça, posea, etc.) ;
c)- as p?cssoes que sofro da estrutura social e da ordem /
jurídica e que determinam alterações no valor de seus/
componentes (absolescância decorrente de novos usos e
novos costumes, encargos fiscais, etc.).
A segunda lei estebelece que
"a estrutura de um mesmo patrimonio, observada era dois ins-
tantos quaisquer, apresenta-se sempre diferente".
A transmutação contínua dos componentes patrimoniais e ine-
rente à sua própria condição de elementos materiais (1) condiciona -
dos pelos seguintes fatores, que agem conjunta ou separadamente: a)-
organismo administrativo da azienda; b)- estrutura social e
conjuntura econômica; c)- ação dos elementos naturais e o tempo,
A terceira - denominada lei de Dumarchoy ou do equilíbrio/
quantitativo do patrimonio - o o fundamento em que se apoio o arca-
bouço da moderna relevaçao contábil (2);
"Toda alteração de valor ocorrida em qualquer componente /
do patrimonio ou da situação líquida provoca outra altera
ção de módulo igual e em sentido contrario em outro ele-
mento, ou varias alterações em diferentes elementos, de
tal modo que a soma algébrica das mutações com a resultan-
te se anula".
As modificações determinadas nos componentes do patrimônio
pelos movimentos intra, inter e extra-asiendais nao alteram a
identi-
dade entre a soma algébrica dos valores ativos e passivos e o valor
da situação líquida, por que so podem ser enquadradas num dos /
tres casos seguintes:
(1)- 0 patrimonio, para melhor compreensão desta lei, pode ser compa-
rado as aguas de um rios vão incorporando minerais, vão perden-
do substancias nelas integradas, vão sendo evaporadas pela ação
do sol, vao sendo poluídas pela ação dos animais, vao sondo pu-
rificadas pelo contínuo fluir, vao polindo seixos, vao correndo
sempre. Em duas frações infinitesimals de temo sucessivas, um
rio nunca será o mesmo.
(2)- Deve-se a JEAN DUMARCHEY, professor da Universidade de Liao /
(França), o enunciado da lei do equilíbrio quantitativo do pa -
trimônio, o qual apresentamos de forma sintética. Essa lei,nao
enunciada de modo científico antes, vinha tendo seus efeitos u-
tilizados ha quase um milenio (através da observancia dos axio-
mas? "Nao há devedors sem credor" "A todo debito corresponde/
um (ou mais) crodito(s) de igual valor"). A observação da rela
ção constante entre a soma algébrica dos valores dos componen-
tes ativos e passivos e o valor da situação líquida, conseqüen-
te da propria conceituação de patrimônio, permitiu o estabeleci
mento das bases da contabilização por partidas dobradas.
a)- alteração cm componente patrimonial compensada por al-
teração de mesmo modulo e em sentido contrario em ou-
tro elemento da mesma natureza (troca de bem por bem ,
de bem por direito, de direito por direito, de divida/
por divida);
b)- alteração em componente patrimonial compensada por al-
teração de mesmo modulo e no mesmo sentido em elemento
de natureza contraria (aquisição de bem contra reconhe,
cimento de dívida, obtenção do direito mediante assun-
ção do dívida, resgate de divida por entrega de bem, res-
gate do dívida por meio do cessão de direito);
c)- alteração em componente patrimonial compensada por al-
teração na situação líquida (aqaisiçao gratuita de /
bom, prescrição de divida - aumentos -, perda do bom,
prescrição de direito - diminuições).
3. - GESTÃO
Um conjunto de meios econômicos abandonado a sua propria /
sorte nao constitui patrimônio ; nem um agregado social que deixe do
perseguir seus objetivos conserva as características do azienda. Ha,
portanto, que ser desenvolvida uma atividade ordenada o coordenada ca.
paz do provocar, controlar e diricir os fenômenos que ocorrem na es-
trutura azicndal , de modo a manter a integração do sistema de forças
(o organismo administrativo) c do sistema do meios econômicos (o pa-
trimônio), resultando dessa articulação alcançar os fins da azienda.
ÂMBITO
A gestão consiste na manipulação dos meios econômicos pe-
los orgaos, visando ao provimento das necessidades da clientela c à
continuidade da propria azienda. Compreendo o conjunto de ativida -
des desenvolvidas pelo organismo administrativo c que cobre os se-
guintes campos:
a)- fluxo econômico;
b)- atendimento às necessidades da clientela;
c)- manutenção do organismo administrativo.
A gestão das aziondas abarca o conjunto do atividades de-
senvolvidas pelos órgãos cm função de aspectos económico, financeiro
e patrimonial. 0 aspecto económico diz respeito ao rendimento das
operações desenvolvidas, objetivando à maximização do proveito ou da
produção c à minimização do dispendio ou do custo, de modo que re sul
ta, portanto, maior utilidade possível da atividade empreendida, con
siderados o atendimento à clientela e/ou a capitalização em benefí-
cio do sujcito. 0 aspecto financeiro permite observar o fluxo de
recursos. 0 aspecto patrimonial liga-se à conservação, cm contínuas
mudanças, do sistema de meios econômicos que vise a satisfação das
necessidades da clientela (pela prestação de serviços ou pela entre-
ga do bons) c à manutenção do organismo administrativo, cm termos do
segurança, do continuidade, de produtividade e de consonancia com os
objetivos gerais da azionda.
Natureza das atividades - Dois tipos de providencias são
tomados pelos orgaos na condução da dinâmica azicndals
a)- as que so prendem à consecução dos objetivos da azion-
da ;
b)- as que são indispensáveis a manutenção do complexo a-
zicndal, som estarem diretamente ligadas, entretanto ,
aos fins a que esto so propõe.
As primeiras classificam-se no grupo das ATIVIDADES-FIM ou
ESPECÍFICAS; as últimas, no das ATIVIDADES-MEIO ou DE ADMINISTRAÇÃO
GERAL.
Nas empresas, predomina o caráter econômico das atividados;
fim, podendo as atividades-meio ter sentido econômico ou não; nas
instituições, embora atividades-fim e meio possam ter função econômi
ca, o que predomina o o aspecto social do suprimento das carências /
da clientela, sem a intenção do capitalizar o proveito, mediante a
sua distribuição, do maneira direta ou indireta, cm benefício do su-
jeito. As instituições podem, voluntaria ou involuntariamente, capi-
talizar o proveito, som que percam sua característica de aziondas de
distribuição? neste caso, o benefício será colhido também pelo sujei
to - coletividade - indiretamente, ou pelo oforecimento do novos ou
mais completos serviços, ou pela redução de taxas ou quotas do manu-
tenção.
Unidades de observação - Os efeitos da atividade gestorial
desenvolvida podem ser observados por sua estruturação específica ou
por sua distribuição no tempo. Reunidos os que apresentam afinidade
quanto a sua natureza, sua coordenação o seu controlo, tem-se as £C_^
rencias; secionada a gestão em frações que sejam vinculadas a lap-
sos de tempo (períodos administrativos), chega-se aos exercícios.
A gerencie distingue-se por sor uma atividade setorial en-
carada no plano do concreto (gerencia de compras, gerencia de vendas,
gerencia de produção, gerencia de pessoal, gerencia de material, etc.)
ao passo que a gestão, alen de atividade global, pode ser analizada/
no plano do abstrato. O exercício o a unidade de observação dos o-
fcitos da gestão sobre o patrimonio e compreende o conjunto de opera-
ções desenvolvidas non período administrativo de medida certa (ano ,
semestre, trimestre, etc.), através do tempo, para cada azienda.
ESTRUTURA
Para que a gestão seja conduzida a seus objetivos mediatos
e imediatos, o necessário que seus executores tenham conhecimento /
das causas dos fenômenos da dinâmica aziendal, ja que somente esse
cabedal do informações permitirá controlar o dirigir os seus efei
tos o Essas causas, endógenas (decorrentes da estrutura o da ordem /
internas da azienda) ou oxogenas (derivados do conhecimento c das li
mitações impostas pelo contexto social), determinan a articulação do
sistema do forças com o sistema de meios econômicos em duas fases -
aplicação o recuperação -, visando a uma resultante (que podo ser
neutra, como nas instituições - equilibrio financeiro mediato ou i-
mediato - ou de rédito, como nas empresas - proveito capitalizado ou
a capitalizar).
Componentes - Dada a natureza do organismo econômico que/
e inerente a azienda, nenhuma atividade nela ou através dela se rea-
liza que não tenha repercussões patrimoniais, quo so podem traduzir/
on modificação da estrutura do sistema de meios econômicos, ou em am
pliação e redução da situação líquida, ou em atendimento puro c sim-
ples às necessidades da clientela. A medida da eficiencia da gestão
dá-se pela análise do teor qualitativo o quantitativo desse atendi -
mento (extensão e intensidade dos serviços prestados, como nas insti-
tuiçoes) e/ou do rendimento ou produtividade dos meios econômicos /
postos em giro (rédito o sua proporcionalidade com os capitais apli-
cados, como nas empresas).
Com o desenvolvimento do trabalho na azienda depende da /
transformação e da aplicação dos recursos económicos postos a sou /
dispor, a observação da proficiência da ação gestorial empresta /
maior ênfase ao confronto entre aplicações e investimentos (custos )
e a sua recuperação (ingressos), conduzindo à determinação e à
análi-se da diferença (rédito) capitalivel na azienda ou
atribuível ao sujeito.
O CUSTO pode ser conceituado cono a soma do quo se despen-
do, consuonc ou assimila para obter tun bem ou serviço, ou dcscnvol -
ver determinada atividade. Pode apresentar-sc de nodo simples, cono
quando paganos a detominadas pessoas ou entidades para que, forno -
condo naterial e nao-dc-obra, reúnan as partes que compõem un bon
o no-lo entreguem ou pestem à nossa entidade ou à nossa clientela o
serviço que vai atender às nossas ou às suas necessidades (o custo /
das mercadorias, por exemplo, para as empresas que se dedican à com-
pra o venda, c a sona do que por elas c pago a título do conpensar a
sua aquisição o do que so lhes agrega, cono transporte,
embalagem,be-neficiqmonto, controle e administração) o pode, também,
revestir- se do complexidade, resultando da justa posição ou
integração de diver-sos bons o serviços (o custo de um automóvel,
para una empresa de montagem, e a soma dos custos do chassi, da
carroceria, dos pneus , etc.; para uma agencia vendedora, ó a soma
do que se pagou à fabrica, da quota do que se gastou com a manuteçao
da agencia, do equipa-mento suplementar que a ele foi incorporado,
etc).
Os conponentes do custo podem serclassifiçados em diretos/
ou indiretos, cm fixos ou variáveis o cm atuais ou remotos. DIRETOS
sao os componentes que tem uma participação no custo definida com /
precisão (os honorarios, pagos a um cirurgião que atendeu a um bene-
ficiário do una entidade - o sánente a este - constituem componente/
direto do custo ou do serviço pastado); INDIRETOS, os que tem sua
quota no custo impossível de ser delimitada exatamente havendo
necessidade de estabelecer-se un critório racional, nas teorico,
para/ estina-la (a parte do salário da enfermeira que atende
altornadanen-te a vários pacientes nao pode ser calculada con
precisão para apropriar-se ao custo da operação cirúrgica,
permitindo, quando muito , estabelecer um critério que seja função
do tempo da intervenção, da proporcionalidade con o trabalho do
medico, etc). FIXOS sao os con ponentes que aunentam nem diminuem
con o volume da produção, om-bora sejam maiores nas aziendas de
grandes dimensões e menores nas / medias e pequenas (o gasto com luz
elétrica para iluminar os corredo-res do hospital o o mesmo, quer
nele se realise uma como duzentas o-peraçoes; um hospital grande
terá esses gastos en maioros propor-ções que un pequeno); VARIAVEIS,
os que oscilam em função do volume produzido (a iluminação da sala de
operações, por cxcnplo, acarreta/ naiores gastos se, a intervenção
dura duas horas que se o praticada / on cinco minutos). ATUAIS sao
os componentes que se incorporan de una so vez ao custo (cono os
honorários do cirurgião já citado); RE-M0T5S, os que nao apresentan
simultaneidade entre o desembolso e a
sua incorporação ao custo (como a depreciação - ou desgaste - dos
instrumentos cirurgicos utilizados na intervenção).
0 INGRESSO e a recuperação do custo, pela azienda. Pode /
resultar de uma entrada financeira imediata (recebimento em moeda /
corrente ou cheque) ou mediata (anterior ou posterior ao custos no
primeiro caso estão as encomendas pagas por antecipação; no segun-
do, os pagamentos em títulos conversíveis futuramente em numerario),
Desse modo, somente constituem ingressos os recebimentos (em valores
que podem ser utilizados como meio de pagamento e créditos) que deri
vam de operações ligadas ao objeto da azienda e que se destinam ao
reembolso das aplicações nesse sentido (a entrada de dinheiro, decor-
rente de um empréstimo que se toma, por exemplo, não constitui in-
gresso),
Os ingressos podem ser classificados em atuais ou remotos,
brutos ou líquidos, principais ou complementares, próprios ou impro-
prios, Atuais são os ingressos que se traduzem pelo aumento de dis-
ponibilidades imediato à efetivação das operações de que resultarem/
(o recebimento de honorarios em seguida a prestação de serviços cons
titui ingresso atual: a venda a dinheiro, também); REMOTOS, os em
que não hã essa correspondencia cronológica, podendo ser antecipados
(a entrada de numerário é anterior à cessão do bem ou serviços alu-
guéis recebidos ao iniciar-se o mes de competência, sinal para garan-
tia de fornecimentos futuros, etc.) ou posteriores (a entrada de nu
merario ocorre algum tempo depois da efetivação da operação: alu-
gueis recebidos após o termo do mes de competência, cobrança de ser-
viços prestados mediante faturamento de vencimento posterior à sua
efetivação, etc,). BRUTOS são os ingressos que englobam a retribui-
ção pelos bens cedidos ou pelos serviços prestados e acréscimos de-
correntes de pactos acessórios (o recebimento da prestação de uma
venda por crediário, por exomplos o ingresso bruto compreendo a par-
te que corresponde à amortização do valor da venda e uma quota de
juros, pelo financiamento concedido pelo vendedor); LÍQUIDOS, os
que se apresentam expurgados dos acessórios (a parte relativa à amor.
tização da venda por crediário, por exemplo). PRINCIPAIS, são os
in-gressos que se ligam aos fins precipuos da azienda ( a receita
oriun-da das contribuições dos associados, num clube desportivo, por
exemplo) ; COMPLEMENTARES, os decorrentes do desenvolvimento do
atividades paralelas às consideradas convergentes para os fins da
azienda / (a ronda de títulos da dívida publica de subscrição
compulsoria, os juros auferidos de créditos de funcionamento,
etc), PRÓPRIOS são os ingressos que correspondem a entrada efetiva,
atual ou futura, do
disponibilidade (bruto das vendas, juros creditados polos bancos a /
favor da azienda, etc); IMPROPRIOS, os que nao se traduzem por /
qualquer entrada do numerario, mas que constituem parcelas dedutivas
de pagamentos (os descontos obtidos en débitos de funcionamento, por
exemplo).
Nas instituições (especialmente na fazenda publica - os in
grossos compõem o que so convencionou denominar RECEITA; entradas /
de dinheiro que podem traduzir-se por aumento da situação liquida /
(receitas correntes) ou simples conversão do valores (receita de ca-
pital).
0 RÉDITO c a variação imprimida pela gestão à situação li-
quida. Resulta da diferença entre os ingressos o os respectivos cus-
tos. São, pois, componentes positivos do rédito os ingressos; e ne-
gativos, os custos.
Nas empresas, o princípio que norteia a gestão quanto ao
rédito o o da superação dos custos pelos ingressos, havendo, portan-
to, saldo dos componentes positivos sôbre os negativos; nas insti-
tuiçoos, esse princípio c substituído pelo do equilíbrio entro com-
ponentes positivos o negativos. 0 rédito líquido positivo, nas em-
presas, 0 denominado LUCRO o o negativo, PREJUÍZO; nas instituições,
o encesso dos ingressos sobre os custos não decorro necessariamente/
de uma ação ligada aos fins da gestão o se denomina SUPERÁVIT, cha -
mando-se DEFICIT a situação oposta.
Regimes de fluxo - A massa administrável pelos órgãos da a
zienda provem, inicialmente, do um fundo de recursos econômicos e
financeiros postos à disposição desta polo sujeito e posteriormente/
modificado pela ocorrência de fenômenos provados ou espontâneos. De-
pendendo da forma jurídica do sujeito, da natureza da azienda o da
sua finalidade, o fluxo de meios econômicos podo subordinar-se a /
dois regimes:
a)- o que so baseia no princípio do que a soma de recursos a obter
devo sor igual à da expressão economico-financeira das necessidades
da clientela c da manutenção da azienda; b)- o que se estrutura na
premissa de que a azienda deve formar um fundo crescente, para
garantia de sua continuidade no tempo. 0 primeiro o denominado
REGIME DE REPETIÇÃO c se caracteriza pelo fluxo intermitente de
recursos, decorrente da aplicação / destes na cobertura dos encargos
do atendimento à clientela e da sub sistencia do organismo
administrativo da azienda. A tônica deste ro-
gime e o equilibrio entre a obtenção de recursos e a aplicação des-
tes no período administrativo (a soma que é solicitada da cliente -
la, como retribuição pelos serviços prestados, e do sujeito, como
complemento para manutenção da entidade, deve igualar o montante do
dispendio efetuado para atender às atividades-fim e as atividades -
meio); desse modo, em cada período, é nula a diferença entre as
entradas e as saídas financeiras. Como é natural que - pela sua /
propria natureza ou pela ampliação das necessidades do grupo social
que é a razão de ser da azienda - com o decorrer do tempo, cresça a
carga de serviços a prestar, no caso de hão haver retribuição por
estes, a contribuição do sujeito para formação do fundo aplicável /
variará na razão direta do crescimento dos custos e dos investimen-
tos necessários (é o que ocorre, por exemplo, com as sociedades re-
creativast a medida que vao sendo ampliadas suas atividades sociais
e as despesas administrativas vão crescendo, a mensalidade cobrada/
dos associados vai aumentando).
0 outro e o regime de capitalização e se distingue pela pou-
pança de recursos fluentes do fundo inicial e sua complementação e
da retribuição obtida pelos serviços prestados (essa poupança pode
ser em beneficio do atendimento futuro a clientela, ou da expansão/
da azienda, ou de vantagens atribuídas ao sujeito, ou da combinação
de duas ou tros dessas destinaçoes). Desse modo, as entradas finan
ceiras (realização do fundo inicial, contribuições adicionais, re-
tribuições por serviços prestados, etc.) tem de ser superiores aos
custos e aos investimentos que se liguem diretamente ao objeto da a-
zienda (salarios, bens de consumo, bens de transformação; bons de
uso, bens de produção, etc), aplicando-se o. excesso cm reinvesti -
mentos (bens de renda, bens de produção, etc.) que irão permitir a
expansão desta, às vezes em benefício do sujeito, às vozes como par_
te de uma programação que prevê crescimento progressivo das necessi
dades da clientela (é o caso, por cxpmplo, de uma entidade
assisten-cial que tem uma clientela do gente moça c que cobra uma
parcela / maior que o quociente da divisão dos encargos pelo numero
do componentes do sujeito, porque seus administradores sabem que, no
futu-ro, as necessidades da clientela serão maiores o que os
componentes do sujeito podem suportar, no presente, um pequeno
acréscimo em sua contribuição, mas não poderão atender, no futuro,
ao aumento propor, cional ao crescimento dos encargos; a renda que
propicia a aplicação da diferença entre as entradas e as saídas
financeiras atuais / constitui nova entrada, que so adiciona as
diferenças, formando o total necessário a cobertura das saídas
mediatas).
As empresas funcionam, sempre, sob regime de capitalização sem
certos casos, esta c feita cm benefício exclusivo do sujeito5 cm
outros, visando à expansão da azienda proporcionalmente à da clien-
tela, ou porque esta cresce, ou porque aumentam as necessidades a
atender. As instituições podem funcionar sob regime de repartição/
ou de capitalização; neste último caso, as poupanças e o rendimen-
to destas sao acumulados para que possam sor cobertas as necessida-
des futuras da clientela, quando esta suporta, no presente, a
cobran-ça de uma retribuição maior que o custo dos serviços que lhe
sao / prestados, ou quando os componentes do sujeito possuam um
elevado / poder contributivo.
DINÂMICA
0 desenvolvimento da gestão se apoia numa serie de fenome-
nos provocados com o objetivo de alcançar os fins a que se propõe
a azienda. Esses fenômenos tem seus efeitos condicionados peias ja
conhecidas leis da interdependencia, da fluência c da harmonia, e,
para que a gestão se desenrole a contento, devem sor conduzidos e
controlados, no sentido da plenitude da força de trabalho da azien-
da, para que o produto de sua atuação sôbre os elementos materiais/
soja o maior possível, quantificado por medida econômica ou volumé-
trica e em termos de qualidade.
A fluencia do patrimonio está íntimamente ligada à atividade/
gestorial, embora se deixe afetar por fenômenos espontâneos e, por-
tanto, nao derivados da ação dos órgaos. No que se refere aos
feno-menos gestoriais, o fluxo econômico e a integração do dois
outros / fluxos coexistentes e, algumas vezes, concorrentes: o de
recursos/ e o do transformação de valores. 0 primeiro compreendo a
obtenção/ e a aplicação de recursos ecomicos e financeiros; c o
segundo,ni-tidamonte intra-aziendal, a produção o o consumo.
Esse fluxo econômico, para uma atividade gestorial eficiente,
deve sor regido por tres princípios básicos?
- consonância do fluxo com os objetivos da aziendal
- máximo rendimento ; e
- mínimo desperdício.
Consonancia do fluxo com os objetivos: a correlação das apli-
cações com as necessidades da clientela a atender c essencial para
o bom rendimento da gestão, pois permite melhor coordenação dos com
ponentes do fluxo de recursos e do de transformação de valores.
Maximo rendimentos os meios económicos postos a disposição da
azienda devem produzir o maior proveito possível, tanto no que se
refere ao valor, quanto à qualidade o à quantidade do produto. No
caso das instituições, o máximo rendimento deve traduzir-se por me-
lhor qualidade dos serviços prestados e seu custo reduzido ao míni-
mo; no das empresas, por maior proveito para as aplicações feitas,
cm rédito, qualidade c quantidade da produção,
Mínimo desperdícios as atividades-meio devem cingir-se à par-
cela menor possível, indispensável ao funcionamento do organismo a-
zicndal. Essas atividades sao consideradas, do ponto de vista da
gestão, como um "mal necessário", como um onus quo nao podo sor ovi-
tado; em função do produto da azienda, sao consideradas um desgas-
te dos meios económicos postos cm movimento pelo organismo adminis-
trativo. Um volume excessivo de gastos em atividades-mcio consti-
tui sobrecarga para o produto, onerando dirota ou indiretamente a
clientelas no caso das empresas, a clientela c onerada diretamen-
te, pois custo mais elevado conduz a cobrança de retribuição maior
pelos bens ou serviços; nas instituições, pode ocorrer essa oncra-
çao de forma direta (tal como nas empresas, pela cobrança do uma ro
tribuição maior) ou indireta (atingindo o sujeito ou toda uma cole-
tividade e nao específicamente a clientela beneficiada, mas.acaban-
do por alcançá-la através de um mecanismo do transferencia).
Gostao das instituições - Nas aziendas de distribuição, o en-
caminhamento das atividades gestoriais se faz com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos humanos o materiais, para que sejam al-
cançados com maior eficiencia os fins a que se propuseram essas en-
tidades. Na maioria dos casos, praticamente nao há fundo iniciais
as atividades começam com as contribuições entregues pelo grupo in-
teressado (geralmente o sujeito da azienda) e prosseguem com a
apli-cação desses recursos e dos quo os sucedem, em serviços. A
gestão nao se orienta para a capitalização como fim (embora possa
utilizá-la, algumas vezes, como instrumento), mas no do extrair
das fontes de recursos o estritamente indispensável a sustentação
dos custos o das aplicações essenciais.
A tônica da gestão das instituições é, portanto, a transieren
cia dos recursos obtidos, direta ou indiretamente (ou, em outras pa-
lavras, pela atribuição de benefícios em dinheiro, em serviços ou
em bens), à clientela. Essa transferencia pode ser imediata à arre-
cadaçao dos recursos ou remota; pode ser maciça ou em parcelas. To
mado um período longo na existência da instituição, será observado/
o equilíbrio entre a soma dos recursos nele obtidos e das aplicações
nele feitas, A acumulação de bens, nas aziendas de distribuição e,
às vezes, necessária, não tendo, entretanto, o sentido de acumula -
ção de riqueza, mas o de prover a entidade de meios materiais indias
pensáveis à realização de seus objetivos (uma instituição pode acu-
mular imóveis para auferir alugueis, se essa renda é fundamental pa
ra completar recursos necessários ao prosseguimento de suas
ativida-des precipuas; pode ampliar suas imobilizaçoes, se estas
servem de apoio para o desenvolvimento de seus serviços, etc).
A seqüência dos componentes da gestão, nas instituições, so-
fre uma inversão em relação as das empresas, pois os ingressos
ante-cipam-se aos custos. Daí a importância que, particularmente
para e-las, assume o orçamento, pois e êste o instrumento de
prospecção / dos custos e que vai servir de base para o
estabelecimento dos quan-titativos para os ingressos, Estes, nas
aziendas de distribuição , são substituídos pelas RECEITAS; os
custos, pelas DESPESAS.
As RECEITAS são classificadas em efetivas ou por mutações pa-
trimoniais. EFETIVAS são as que determinam modificações na situa -
ção líquida (rendass alugueis, juros, descontos auferidos, etc.) 5
POR MUTAÇÕES PATRIMONIAIS, são as que resultam de conversão de com-
ponentes ativos ou passivos (vendas de bens, recebimentos do credit
tos, operações passivas de que resultem entradas de numerário, etc.)
As DESPESAS classificam-se em efetivas ou por mutações patri-
moniais e de custeio ou transferencias. EFETIVAS são as que deter-
minam modificações na situarão líquida (aluguéis pagos, contribui -
ções, juros pagos ou debitados, descontos concedidos, etc.); POR
MUTAÇÕES PATRIMONIAIS, as que resultam en incorporação de elementos
ativos ou resgate de passivos (aquisições do bens de uso ou instru-
mentais, no primeiro caso; solvência do operações passivas, no se-
gundo). DESPESAS DE CUSTEIO são as em que, em relação aos pagamen-
tos efetuados, correspondo uma contraprostação cm bens ou serviços
(salários, alugueis, aquisições de bens de consumo e de uso, etc.);
TRANSFERÊNCIAS são as em que não há essa contraprostação (juros,
au-
xílios,
doações, subvenções, etc).
A gestão das instituições busca o equilíbrio financeiro, isto
e, a igualdade entro a massa das receitas o a das desposas. O dese-
quilíbrio conduz ao superávit (receita global maior que a soma da
despesa) ou ao deficit (total da receita menor que o da despesa).
Gestão das empresas - Nas aziendas do produção, visam-se, pa-
ralelamente ao atendimento às necessidades da clientela, à capitali-
zação ora beneficio do sujeito, polo menor aproveitamento dos recur-
sos humanos o materiais. A atividade principal desenvolvida o a
transformação do fundo inicial cm bens, os quais voltam a transfor-
mar-se cm dinheiro, oste novamente em bens, os bens novamente cm di-
nheiro, c assim indefinidamente, sucedendo-se continuamente as mu—
taçoes patrimoniais. 0 resultado econômico da gestão depende da di-
feronça entre os ingressos c respectivos custos c da velocidade com
que se realizara os componentes do patrimonio.
0 fluxo econômico, nas empresas, se desenvolve cm quatro fa -
sess investimento, equilíbrio, refluxo e expansão. Na fase da in-
vestimento há imobilizaçao de grande parto dos recursos, a empresa/
procurar firmar-se junto à sua clientela c os custos nao sao cober-
tos pelos ingressos, pois seus componentes fixos so tornam muito c-
levados. Na faso de equilíbrio, a imobilizaçao reduz-sc, os custos
tornam-se menores, pela absorção de seus componentes fixos por
uma produção maior, o os ingressos os igualam. Na fase de refluxo.,
inicia-se a capitalização, polo aproveitamento do rédito progressi-
vo para cobrir o deficit da fase de investimentos as imobilizaçoes
visam ao preparo do crescimento da empresa, os ingressos superam-os
custos e o lucro vai aumentando ate atingir o ponto do saturação.
Na fase de expansão, a empresa procura ampliar sua linha de atendi-
mento à clientela, aproveitando os custos menores, o conceito e a
experiencia adquiridos.
A mota do exercício, na gestão das empresas, o a superação /
dos componentes negativos do rédito pelos positivos, isto c, o lu-
cros este pode sor reinvestido na propria azienda ou atribuído ao
sujeito, A administração que falhar conduzirá à situação opostas o
prejuízo, que pode sor suportado pelo sujeito ou diminuir o poten-
cial dos-meios econômicos submetidos à gestão (redução do capital /
próprio).
0 calculo dos ingressos, nas empresas, deve atender a possibi-
lidade do rédito o a reposição dos componentes dos custos. A obser-
vância deste princípio o fundamental para a sobrevivencia da azien-
da como organismo atuante (quanto a entidade so encontra implantada
cm um contexto social submetido a regime de economia inflacionaria,
por exemplo, ha uma aparente recuperação de custos com sobra quando
so obtém pelo produto importancia nominal maior que a despendida;
no entanto, pelos preços atualizados dos componentes do custo
desse / bem ou serviço, podo sor que não so consiga repo-lo nas
mesmas quan-tidados c qualidades). Uma política de ingressos com
pequena margem sobre os custos - mormente em períodos de inflação -
conduzira/ inevitavelmente a empresa à paralização de suas
atividades, conse-qÜcnto da descapitalização contínua c
progressiva.
VARIAÇÕES EXTRA-GSSTORIAIS
Paralelamente à ocorrência dos fenômenos gestoriais, o muitas
vezes como decorrência destes, a massa patrimonial administrada o
modificada por fenômenos espontâneos, os quais, embora nao provoca-
dos pelos órgãos responsáveis pela gestão, não podem ser ignorados/
por estes, tais as mutações que acarretam, Essas variações resumem
se em dois grupos: as superveniencias c as insubsistencias.
SUPERVENIENCIAS são variações decorrentes do aumento e da rea-
quisição do significado econômico dos componentes patrimoniais. As
superveniencias do ativo (revigoramento de direitos prescritos, va-
lorizações de bens, recuperações de bens dados como inservívois,ctc)
constituem variações ativas, pois aumentam a situação líquida; as
superveniencias do passivo (revigoramento de obrigações prescritas;
crescimento do valor de dívidas com a fazenda pública, cm decorrên-
cia de lei que determine sua correção monetária; crescimento do va-
lor do dívidas expressas em moeda estrangeira, como conseqüência de
variações cambiais), variações passivas, pois diminuem a situação /
líquida.
INSUBSISTENCIAS são variações que determinam perda de expres-
são econômica aos componentes patrimoniais. As insubsistencias de
ativo (depreciações extraordinárias, inutilizações o baixas de /
bens, prescrições do direito e desvalorização do bens c créditos)
constituem variações passivas, pois diminuem a situação liquida; as
insubsistencias de passivo (prescrições de dívidas, decréscimos do
valor das dívidas cm moeda estrangeira decorrentes de oscilações de
cambio, etc.), variações ativas, pois aumentam a situação liquida.
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA
SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CONTABILIDADE INDUSTRIAL
Prof. SALVADOR CHEVITÁRESE
O USO POS FLUXOGRAMAS NA APRENDIZAGEM DA
CONTABILIDADE APLICADA
O ensino da Contabilidade Aplicada,
por mais que so esforcem os professores, encontra sempre dificulda-
des dificilmente removíveis. A azienda, como agregada social que é
apresenta-se sob aspecto dinámico, vivo, condicionado ao
comportamen-to da sociedade a que se vincula e sob o efeito de
pressões imprevisíveis, mas que necessitam ser controladas.
Como ciencia do controle aziental, a Contabilidade so con-
segue dosincumbir-se de sua tarefa, à medida que logra compreender
as condições quo o meio sosial impõe ao funcionamento da azienda e
a intensidade das pressões sôbre ela exercidas. Ora, a relevação ba
seia-se em fenômenos materiais ocorridos ou ocorríveis no patrimo-
nio; mas a reprodução em classe desses fenômenos, de modo a dar-
lhos sentido objetivo, de modo a transmitir ao estudante uma visão
global que, ao mesmo tempo que lhe revela a sua possível condição a-
tual, ofereça-lhe meios para adaptação em face do contigencias futu-
ras, nem sempre tom sido conseguido pelos nossos professores. Desse
modo os alunos sao treinados mais em "como se procedeu" do quo em
"como se procede" ou "como se procederá".
Esta falha no ensino - que de resto nao so limite ao cam-
po da Contabilidade -, reclama medicina urgente e eficaz.
Pouco se tem escrito sôbre o assunto, nao obstante na
apli-cação pratica da Contabilidade haverem ja os contabilistas
resolvido o problema materializando operações através de diagramas
em que os fenômenos se encadeiam em sua seqüência natural, os
registros e os impessos são hierarquizados o a relevação flui
natural através de fluxogramas claros o suscintos.
A nós professores cabe-nos utilizar a mesma técnica, quo a-
lem de trazer, ao aprendiz a visão sistematizada das operações,
ofere-ce-lhe um meio de comunicação com cue se deparara
insistentemente/ em sua futura atividade profissional,
0 uso de diagramas no ensino da mecânica das contas foi
com grande felicidade, estudado pelo Professor Julio d'Assunção Bar-
ros e apresentado pelo Autor, em fins de 1958, em reunião do magiste-
rio da Contabilidade realizada no Estado da Guanabara, trabalho esse,
mais tarde, publicado em Cadernos CAEC nº 5 - ja hoje em segunda edi-
ção sob o títulos
"o uso DOS DIGRAFOGRAMAS NO ENSINO DA CONTABILIDADE".
Em nosso trabalho intitulado »ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA PARA
0 ENSINO DA CONTABILIDADE INDUSTRIAI/
1
- Cadernos CAEC nº 6 - fizemos
alusão aos diagramas como inestiváveis auxiliares do ensino, como
meios que permitem a introdução do aprendiz no segredo da dinâmica /
patrimonial e de sua rolevaçao.
Os contabilistas profissionais, no desejo de conseguirem /
comunicações fiéis, sucintas o de rápida assimilação, vem apelando /
para êste recurso insistentemente utilizando-o sob a forma de órgano
gramas, harmonogramas, cinetogramas, digrafogramas e fluxogramas em
suas atividades, um tanto maior empenho quanto mais acentuado é o
vulto do patrimonio aziendal em estudo ou mais complexas forem as o-
peraçoes desenvolvidas.
Os gráficos possibilitam a concentração em campos de redu-
zidas dimensões de estados ou condições operacionais que para serem
descritos, exigiriam, a par de grande esforço verbal, apreciável ca-
pacidade de assimilação por parte das pessoas a que se destinam.
A utilização do sistema de ensino LBG (classes-empresas)ou
se converte em simples treinamento de escriturarios ou deverá ser
lastroado por fluxogramas que permitam ao aluno a visualização inte-
gral dos fenômenos da gestão, tal como ocorro dentro das empresas /
cujo PLANO CONTABIL, para ser executado com firmeza, requer fixação/
clara, de retinas.
Os fluxogramas das operações VIVEM as rotinas e propiciam
/ ao aprendiz a sensação de sor parte da azienda, de haver lidado,
materialmente, com o fenômeno.
Com conseqüência dessa sensação, a escola torna-o mais /
apto a resolver situações novas, compreender fenômenos diversos da-
queles que serviram de fundamento à sua aprendizagem.
0 objetivo da utilização dos fluxogramas de rotinas na es-
cola, o fazer com que o aluno comprconda, de forma simples c preci-
sa, o mecanismo do controle contábil, o artificio de que so lança
mao a fim do colotar e processar os dados indispensáveis a esse con-
trole, e preencher o vasio em que so encontra em virtude da distan-
cia entre as práticas escolares o a empresa media real.
A descrição verbal das operações em classe o indispensável
mas so o professor se contenta apenas com a descrição, por mais fe-
liz que soja na empreitada nao conseguirá, talvez, que seus alunos
retenham nem mesmo 20% do que seria desejado. 0 fluxograma porem /
"materializado" o procedimento, oferecerá ao aluno bem maior oportu-
nidade de aprendizagem.
Os fluxogramas apresentados em classe devem referir-se a
empresa-piloto a que se prendo a monografia e, por isso, coordenados
do modo a, no conjunto, formar um todo harmônico. Para se conseguir
alcançar tal resultado o professor fugirá dos improvisos; estudá-los,
à prociamento do modo a conseguir apresenta-los a medida que vai des-
crevendo a operação. Alem do quadro-negro, pode sor utilizado, com
grande proveito, o flanelógrafo. Seria também muito aconselhável a
apresentação de um cartaz, de confecção mais aprimorada, logo após a
exposição, principalmente so o professor, avesso ao desenho, nao con-
seguir traçar no quadro-negro um gráfico de aspecto agradável.
A seguir serão apresentados, como exemplos, alguns fluxo -
gramas já oferecidos em aula c que, dentro das circunstancias que a-
conselharam a sua apresentação, lograram despertar o interesse espe-
rado. Os números colocados ao lado das linhas, indicam a ordem ob-
servada no desenvolvimento da operação; entretanto, nao raro, fases
ha que se desenvolvem concomitantemerite com outras, embora apareçam/
no gráfico comojsuccssivas.
moor
MINISTERIO DA EDUCACIO E CULTURA * DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMERCIO "LA
SALIE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CONTABILIDADE BANCARIA
Prof. SALVADOR CHEVITÁRESE
PASSAGEM PE FUNDOS
Através do presente trabalho, pretende-se oferecer ao pro-
fessor de Contabilidade Bancária, pormenores acerca do funcionamento
do serviço de "Passagem de Fundos" em um Banco de pequeno porte»
No que se refere aos alunos, os detalhes tem mero valor
informativo»
PASSAGENS PB FUNDOS
1.- GENERALIDADES
1.1 - Entende-se por PASSAGEM DE FUNDOS OU TRANSFERÊNCIA /
DE FUNDOS, a operação pela qual o Banco se encarrega de colocar fun-
dos de um cliente (1) à sua própria disposição, em outra praça ou /
(2) à disposição de outrem, geralmente em outra praça.
1.2 - Essas operações, que sao serviços postos a disposição
de clientes, podem dar origem a despesas (taxas postais, telegráfi-
cas, etc.) normalmente reembolsadas pelo usuario do serviço e, nao
raro, a uma comissão destinada a cobrir parte do custo do pessoal e
do material utilizado em tais serviços.
1.3 - A passagem de fundos oferece diversas modalidades das
quais o nosso Banco utilizará (1) as transferencias por cheque e /
(2) as transferencias por ordem de pagamento. Ha que considerar ain-
da transferencias (3) em que o Banco intervém sem qualquer vínculo /
com o executante, de vez que sua interferencia é apenas no sentido /
de colocar à disposição do executante determinada importancia, nos
fcermos da solicitação do cliente, ou, ainda (4) no sentido de adquirir,
junto ao executante, cheques ou ordens de pagamento sôbre praças
estranhas, isto e, praças em que nao possua o Banco departamento ou
correspondente.
1.4 - Deverá ser observada a seguinte nomenclatura no que
se refero às modalidades de transferencias:
a)- ORDENS PE PAGAMENTO - quando se tratar de transieren -
cia de uma dependencia para outra ou para Corresponden,
te, mediante a emissão de uma autorização por carta,te-
lefone ou telegrama, por parte da transferidora;
b)- CHEQUES - quando se tratar de transferencia mediante a
emissão de cheques sôbre outra dependencia ou sôbre
Correspondante;
c)- EFEITOS A PAGAR - quando se tratar de transferencias /
ou valores postos à disposição:
I - Originários na própria dependencia, isto e, va-
lores, por ordem de clientes, postos à disposição de
outrem. II - Originários de outra dependencia, isto
e, ordens do pagamento em choques sacados contra a
dependencia. Ill - Originários de Correspondentes,
isto o de or-
dens de pagamento
g
irados sobre a dependencia.
NOTA: Os cheques emitidos por dependencias (II)
e as ordens emitidas por dependencias ou
Correspondentes (II o III), no destino /
são EFEITOS A PAGAR.
1.5
- Na efetivação de transferencias cada dependencia de-
verá observar procedimentos específicos que se referem a sua posi
ção na transferencia, quer como TRANSMISSORA, isto e, como dependen
cia que recebe diretamente do tomador a incumbencia de transferir o
fundo, emitindo a Ordem de Pagamento ou o Cheque; quer como EXECUT0-
RA, isto é, como dependencia que recebe a notificação da TRANSMISSO
RA ou do Correspondente, autorizando a efetuar o pagamento do cheque
ou da ordem de pagamento ao respectivo beneficiario.
2.- PASSAGEM DE FUNDOS QUANTO ÀS ORIGENS E DESTINOS
A passagem de fundos podo, pois ser verificada entre duas/
dependencias ou entre urna dependencia e um correspondente ou, ainda,
entre urna dependencia e estabelecimento estranho ao Banco. Nos dois
primeiros casos a dependencia poderá ser TRANSMISSORA ou EXECUTORA ;
no último caso será sempre TRANSMISSORA. São fatos normalmente ob-
serváveis: .
2.1-0 cliente solicita a transferencia, por ordem ou por
cheque, indicando o beneficiário (que poderá sor ele próprio e a pra-
ça sobre a qual será girada, paga no ato o valor a transferir e res-
pectivas despesas e no caso do choque, leva-o consigo.
2.2-0 cliente solicita cheque, à sua ordem ou à ordem
de outrem, paga no ato o valor a transferir e - no caso de cheque
encarrega, ao mesmo tempo, a dependencia, da sua remessa ao benefi-
dário.
2.3 - 0 cliente solicita choque ou ordem de pagamento, au-
torizando a dependência a debitar-lhe em conta o respectivo valor e
despesas.
2.4 - 0 cliente solicita ordem de pagamento a favor de ou-
trem, contra entrega de documento especificado ou contra recibo espe-
ciai para seu uso.
2.5- 0 cliente solicita ordem de pagamento, como acima,
au-torizando debitar-lhe em conta o respectivo valor e despesas.
2.6
- A dependencia recebe ordem, de outra dependencia ou
de correspondente, ainda, de cliente, de colocar à disposição de ou
trem, na propria praça, determinada importância (caso em que a de
pendencia se considera EXECUTORA da transferencia).
3.- CONTROLS PAS TRANSFERENCIAS
3.1 - As transferencias serão identificadas por número de
ordem crescente, aplicado sem distinção em qualquer modalidade.
3.2 - 0 numero de ordem constara de um prefixo que permita
identificar a natureza da transferencia e o ano de sua emissão. A
identificação da natureza sera feita mediante a utilização de letras
e a identificação do ano de emissão mediante a utilização dos dois
últimos algarismos (dezena) correspondentes ao ano civil.
3.3 - 0 número de ordem identificador de cada transieren -
cia, será reiniciado em cada novo ano civil (janeiro);
3.4
- Entre o prefixo o o número quando escritos seguida -
mente, haverá uma separação por meio de uma barra transversal (/)•
3.5 - A natureza de cada transferencia será caracterizada/
pelas seguintes letras:
OP - para Ordens do Pagamento.
CH - para Cheques.
EP - Para efeitos a pagar.
3.6 - Como exemplo da utilização do prefixo o número de or-
dem, oferecemos
A 423
a
transferencia (trate-se de O.P., CH ou E.P.), de
1963, terá a seguinte identificação: "CH 63/423 se for
um cheque ou "OP. 63/423" se
for uma ordem de para
mento; "EP 63/423" se efeito a pagar.
3.7 - Nas dependências EXECUTORAS as transferencias se de-
nominam EFEITOS A PAGAR e receberão número do ordem comum a todas as
transferencias. Os efeitos, pois, originarios do outras dependen-
cias, ao entrarem ha EXECUTORA, receberão o número de ordem próprio,
referente a transferencia a cargo dessa dependencia.
3.8 - Os valores registrados em "Efeitos a Pagar" que não
forem liquidados dentro de 60 dias de sua entrada, deverão ser pos-
tos à disposição da TRANSFERIDORA ou do CORRESPONDENTE ou do CLIENTE
que lhe deu origem, mediante pedido de instruções nos mesmos.
4
- IMPRESSOS
Serão utilizados os seguintes impressos:
4.l - Mod. 9 - Ficha de lançamento de Diário, destinada a
substituir qualquer ficha de lançamento para o qual não exista im-
presso próprio. Particularmente para a centralização dos lançamen-
tos de despesas, inclusive as anotadas no Mod. 14.
4.2 - Mod. 14 - Mapa global de receita de comissões e de
reembolso de despesas, utilizado para a centralização do movimento /
no fim do dia,
4.3 - Mod. 47 - Memorandum que será utilizado para comuni-
caçoes quando nao houver impresso próprio para tal fim.
4.4 - Mod. 82 - Guia de deposito do fundo a ser transferi-
dle às despesas a ele referentes, nas operações efetuadas por Cai-
xa.
4.5 - Mod. 83 - Aviso ao sacado (correspondente) quanto à
emissão de cheque contra ele (I) e ficha de contabilização da emissão
(II).
4.6 - Mod. 84. - Aviso de débito ao solicitante da transfe-
rencia, no caso de solicitação extra-caixa.
4.7 - Mod. 122 - Sistema de fichas destinado a transferen-
cias de OP sobre correspondentes, em quatro vias, das quais a
primei-ra constitui o aviso ao sacado e as demais constituem (1) o
lançamen-to da. emissão; (2) o conrtrole das ordens pendentes e
lançamento de execução; 9 (3) o controle cronológico das ordens
emitidas.
4.8 - Mod. 123 - Ficha destinada à liquidação de OP na de-
pendencia EXECUTORA, apresentada em uma so via (mas que poderá ser
utilizada em tantas vias quantas o caso exigir). Servirá de recibo/
que o beneficiario dará à dependencia ao receber o valor da ordem.
4.9 - Mod. 124 - Sistema de fichas, em 5 vias, destinado / as
transferencias a disposição, isto e, transferencias por ordem de
clientes ou de correspondentes, sobre a praça, para liquidação con-
tra recibo.
4.10 - Mod. 212 - Sistema de fichas destinado a transieren
cias por cheques sacados contra nossos próprios departamentos, em
seis vias, destinando-se as 3 primeiras ao departamento sacado e as
tres ultimas ao departamento sacador, utilizadas o preenchidas con -
forme indicação referente ao modelo.
4.11 - Mod. 213 - Sistema de fichas destinado a transfere
cias por OP, entre departamentos, em 7 vias, a dependencia EXECUTO -
RA e as 3 restantes à dependência TRANSMISSORA. 0 preenchimento e u-
tilizaçao sera efetuado de acordo com as indicações na Instrução re-
ferente ao modelo.
5 - MARCHA PAS OPERAÇÕES
XA;
5.1 - Transferencias por cheques, com intervenção de CAI-
a)- Tanto para tomada de cheque como de ordem de pagamento
sobre outra praça, o tomador utilizará o modelo 82. Na
descrição da marcha das operações, como o Mod. 82 apre-
senta-se em duas seções separadas por picote, para fa-
cilidade de identificação, denominaremos a seção a es-
querda "via ou guia de deposito, ou primeira parte" e a
seção à direita "segunda parte ou recibo". Do mesmo modo
serão representadas pelas siglas DPT ou DPD e vocábulo
DEPARTAMENTO (S) ou DEPENDÊNCIA (S) e COR ,
CORRESPONDENTE.
b)- Os cheques serão sempre passados na máquina autentica-
dora.
c)- 0 cliente dirige-se à atendência, que o instrui sôbre ,
a tomada do cheque, particularmente, sôbre as despesas
e, se assim desejar o tomador, preenche parti ele o for
mulário Mod. 82, pedindo-lhe a,confirmação dos dizeres
e a aposição de sua assinatura.
d)- A atendência, antes de providenciar o andamento da so- .
licitação, deve verificar (1) a perfeita legibilidade/;
do texto escrito (2), a possibilidade de nos encarre-
garmos da transferencia - praça, capacidade de saque ,
. etc.
e)- Caso a solicitação tenha sido preenchida pelo tomador,
a atendência completa as anotações: (1) pormenorizan -
do, na guia, as despesas ocorrentes (2) anotando o
seu montante, resumidamente, no retângulo próprio do /
recibo e, ao mesmo tempo (3), dará ciencia ao tomador/
do valor dessas despesas e (4) encaminhará o impresso/ à
datilografia;
f)* A datilografia transcreve, no Mod. 83 (cheque sôbre,
COR) ou no Mod. 212 (sobre DPT) o nome do beneficiário
e o valor do cheque, remetendo, incontinenti o Mod. 82
para o recebedor. Cabe notar que os cheques contra /
DPT refeberão número de ordem de acordo com o disposto '
em 3.3 da presente instrução.
e)- Com a segunda assinatura os documentos votai a chefia
que (1) envia à expedição o aviso de débito (cheque) e
a autorizaçao de pagamento; (2) anota as despesas no
nº l4; O) remete o lançamento de conta-corrente a es-
sa seção; (4) remete à Contabilidade a ficha de cru-
zamento (quando s/departamento) e (5) faz colecionar /
as fichas de controle.
5.3 - Transferencia na propria dependencias Trata-se de
transferencia em que a DPD funciona como Executora, devendo observar,
se a seguinte marchai
a)- a carta solicitando a transferência é encaminhada à
seção de contas-correntes para as indicações (1) da e-
xistência de saldo e (2) do código do cliente;
b)- informada, a carta é encaminhada à datilografia para a
taxação e preenchimento dos n] 81; (aviso de debito ao
solicitante) e nº 124 (aviso ao beneficiário) 5
e)- os documentos são enviados à chefia que (1) assina o
a-viso; (2) remete-os à expedição; (3) remete o lança
-mento de C/C a essa seção; (4) faz colecionar as fi -
chas de controle.
5.4 - Liquidação de Transferencia:
a)* as ordens de pagamento sôbre correspondentes são
liqui-dadas contra aviso do executor, mediante a
utilização/ normal dos impressos preparados quando de
sua emissão;
b)- as transferencias nas próprias dependências ou aquelas
em que a dependência é mora executora permanecera regis-
tradas em Efeitos a Pagar e são liquidadas contra reci-
bo e entrega de documentos (se o exigir o tomador) ou
contra credito na conta do beneficiário. 0 nº 124-IV
funcionara como ficha de lançamento de Caixa (e poderá,
ao mesmo tempo, servir de recibo); no caso de crédito
em conta do beneficiário, utiliza-se o nº 9 e aviso de
crédito (modelo nº 1, comum).
6 - CONTABILIZAÇÃO
6.1 - Natomada da transferências
a)* A guia do transferencia (nº 82) corresponde ao lança -"mento inicial, nas
tomadas por Caixa, pelo valor total recebidos
D - 10.10 - CAIXA C - 30.10 - EMISSÃO DE SAQUES. b)- Nas solicitações
extka-rcaixa, o Mod. 84-II, oferece lan-çamento análogo ao mod. 82:
D ------ ------- CONTA PRÓPRIA
C - 30.10 - EMISSÃO DE SAQUES.
c)- Os valores registrados na guia, ou no Mod. 84.-II, refe-rentes a "despesas"
serão recapitulados no Mod. 14. No fim do dia, pelo Mod. III, utilizando-
se o Mod. 9, efetuam-se os seguintes lançamentos:
1 - Pelo valor da emissão:
30.10 - EMISSÃO DE SAQUES
25.40- RECEITA DE COMISSÕES
2 - Pelo valor das despesas reembolsadas:
30.10 - EMISSÃO DE SAQUES 25.83 -
REEMBOLSO DE DESPESAS.
6.2 - Ha emissão de cheques sôbre CORR., o Mod. 83-II cons.
titui o lançamonto da emissão, oncorrando a c/30.10 - Emissão de Sa
ques:
30.10 - EMISSÃO DE CHEQUES 11.65 -
CORRESPONDENTES NO PAÍS.
6.3 - Na emissão de cheques sobre dependencias, o Mod. ...
213-IV tem a mesma função do Mod. 83-II, correspondendo ao lançamen
to:
D - 30-rlO - EMISSÃO DE SAQUES
C - II.65 - CORRESPONDENTES NO PAÍS.
6.4 - Na emissão de ordens de pagamento sôbre corresponden-tes, o lançamento
o obtido através do Mod. 122-11, que corresponden-te ao lançamento, pelo valor da ordem
emitida:
D - 30.10 - EMISSÃO DE SAQUES
C - 22.30 - ORDENS DE PAGAMENTO. Ao receber do CORR. notícia de que a
ordem foi cumprida completa-se o Mod. 122-III (datando-o e indicando a data do aviso
do lançamento), o qual funcionará, então, como ficha de Diário:
D - 22.30 - ORDENS DE PAGAMENTO
C - 11.65 - CORRESPONDENTES NO PAÍS.
6.5
- Na omissão de ordens de pagamento sobro dependencias,
e oferecido pelo Mod. 213-V, que apresenta a seguinte partida, pelo
valor d a ordem:
D - 30.10 - EMISSX20 DE SAQUES
C - 11.61 - MATRIZ E DEPARTAMENTOS
6.6
- Nas execuções de ordens de pagamento de qualquer orí,
gem, e de cheques emitidos por dependencias:
1)- À sua entrada, através dos Mod. 212-11 e Mod. 213-III,
aparece o lançamentos
D - 11.61 - MATRIZ E DEPARTAMENTOS C -
21.51 - EFEITOS A PAGAR
2)- Nessa ocasião o E.P. recebera o numero de ordem carac-
terístico do departamento executor;
3)-
Por ocasião da liquidação da transferencia oriunda de
departamentos, ou, de ordens do pagamento de
correspon-dentes, quer utilizando-se o Mod. 8, o Mod.
9 ou outro impresso, faz-se:
D - 21.51 - EFEITOS A PAGAR
C - —
----
CONTA PRÓPRIA (Cx., c/c. ...)
6.7
- No caso, porém, de cheques sacados por corresponden
tes, a liquidação é diretas
D - 11.65 - CORRESPONDENTES NO PAÍS C
- 10.10 - C
A
IXA.
6.8
- Nas execuções de transferencias efetuadas na própria
DPD, isto e, ao receber de clientes o encargo de pagar ou colocar â
disposição de
determinado valors
1)- através do Mod. 124-II, obtem-se o lançamento, pelo va
lor transferidos
D
--- ----
CONTA PRÓPRIA.
C - 21.51 - EFEITOS A PAGAR.
2)- 0 Mod. 124-IV oferece o lançamento de liquidação, se
por caixas
21.51 - EFEITOS A PAGAR
10.10 - CAIXA
35)- Se o valor da transferencia vier a ser creditado /
na conta do beneficiario, prepara-se o lançamento:
D 21.51 - EFEITOS A PAG
A
R
C
-------
CONTA PRÓPRIA,
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CONTABILIDADE BANCÁRIA
Prof. SALVADOR CHEVITARESE.
A SEÇÃO PE COBRANÇAS
O presente trabalho, destinado ao professor de Contabilida-
de Bancaria, visa a despertar a sua atenção para a necessidade de
conhecer comoos serviços de relevaçao e controle se encaminham den-
tro de uma azienda bancária de pequenas dimensões.
Destinado especificamente ao professor, baseia-se na des-
crição de rotinas reais, com omissão apenas de identidade dos impress
sos, por nao ser possível, materialmente, oferecer também os respec-
tivos modelos.
Parece desnecessário esclarecer que o conhecimento pormene-
rizado, no que toca ao aluno do curso técnico, tem valor meramente /
informativo, seria absurdo exigir dele tal riqueza de detalhes. A-
lim disso, as rotinas, controles e processos de relevaçao expostos /
sao validos, a rigor, apenas para a aziendabancária que se teve em
vista ao estabelece-los.
C O B R A N Ç A S
1. - FINALIDADE DA SEÇÃO
1.1 - Trata-se de uma seção que, primordialmente, se determina a
prestação de serviços, interpondo-se entre o possuidor de
títulos comerciais e os responsáveis por seu pagamento de
modo a proporcionar a ambos maior facilidade de liquidação
1.2 - Como prestadora de serviços pesa sobre a seção a responsa
bilidade de transformar o custo de sua manutenção em efi-
ciente meio de propaganda que através da qualidade do ser
viço prestado canalize para o Banco maior rendimento em
termos de clientela.
1.3 - Em conseqüência do contato direto e constante com grandes
empresas a seção oferece a oportunidade impar de estudo do
comportamento dessas empresas e, através desse estudo,
pos-sibilita o enriquecimento do cadastro do Banco.
2. - LIGAÇÕES
As ligações mais estreitas, são mantidas com as seguintes
seções: (1) Contas-Correntes, (2) Caixa, (3) Expedição e (4) Cadas -
tro.
E.l - Com a seção do Contas-Correntes:
As ligações so processam na ocasião da entrada da cobran-ça, ao
serem debitadas, antecipadamente, as despesas de ce-branca
(comissão, selos, etc.) e por ocasião da liquidação ao ser
creditado ao codonte o valor dessa liquidação. I-gualmonte,
quando o responsável pelo título o cliente .de dependencia o
seu valor vem a ser-lhe debitado em conta. 2.2 - Com a Caixa:
Esta ligação o óbvia e:n todos os casos de liquidação efe
tuada de contado.
2.3 - Com a seção de Expedição:
A ligação se processa cm face da remessa de avisos
referen-tes ao título, remessa do título a outras praças a
outras/ dependencias.
2.4 - Com a seção de Cadastro:
A ligação deve-se ao fato de ser esta; seção a fonte de in-
formações, referentes ao comportamento dos intervenientes
no título.
Além das ligações acima, que se podem considerar ordiná -
rias e habituais, poderão surgir outras, em caracter extra.
ordinário, como com o Contencioso, com a seção de descon -
tos, etc.
3. - PESSOAL
Levando em consideração o desenvolvimento da seção, seu
funcionamento será confiado a ura chefe, auxiliado por um sub-chefe e
funcionarios. Nas dependencias de pequeno porte, a seção se apresen-
tara unida a outra ou outras seções, particularmente a seção de des-
contos, conservando, porém, sua estrutura material sempre independen-
te. A chefia da seção, em casos de movimento diminuto, poderá também
ser assumida pelo chefe da contabilidade.
- DIVISÃO DA SEÇÃO
DIAGRAMA
COBRANÇAS
PRAÇA CONTROLE CONTÁBIL INTERIOR
CP.
REG. CEDENTES EM CAUÇÃO
CI.
REG. CEDENTES C/ALHEIA
A.P.
AP + AI
A.I.
0 diagrama apresentado acima oferece um esquema da divisão das
cobranças, em vista ao aumento de columo em cada modalidade. Nota-se
que, embora reunidas as diversas modalidades em um único centro opera
dor, denominado seção de cobranças, internamente considera-se cada mo
dalidade em uma sub-seção, visando ao controle de cada cobrança e a
sua distribuição quanto ao destino dentro da dependencia.
4.l - Quanto à natureza as cobratiças podem ser:
PE CONTA ALHEIA - quando se trata de títulos transferidos/
ao Banco simplesmente para cobrança, caso em que o primei-
ro elemento de seu prefixo será "A", simbolizando "ALHEIA"
ou "COBRANÇAS DE CONTA ALHEIA".
CAUCIONADAS - quando so trata de títulos transferidos ao
Banco, para cobrabça vinculada a um empréstimo, caso em
que o primeiro elemento do seu prefixo será "C" simbolizan-
do "CAUCIONADA" OU "COBRANÇAS CAUCIONADAS".
PRÓPRIAS - quando se trata do títulos do próprio Banco (TÍ
tulos a Receber, Títulos Descontados), remetidos ao inte -
rior (Correspondente ou dependencias) para aí serem cobra
dos, caso em que seu prefixo natural sera acrescido da le-
tra "I" para simbolizar "INTERIOR" ou "SÔBRE 0 INTERIOR".
4.2 - Quanto ao destino as cobranças podem ser giradas sobres
PRAÇA - isto o, quando o seu pagamento deve ser efetuado /
na propria dependencia, caso em que o segundo elemento do/
prefixo será um "P", simbolizando "PRAÇA" ou "SÔBRE A PRA
ÇA".
INTERIOR - isto e, quando sou pagamento deve ser efetuado
Junto a correspondentes, caso em que o segundo elemento do
prefixo será "I", simbolizando "INTERIOR" ou "SÔBRE O INTE
RIOR".
DEPENDENCIAS - isto é, quando o sou pagamento devo sor efe
tuado junto a urna dependencia, caso em que o segundo ole -
mento do prefixo sera, como o anterior, "I", com o mesmo /
simbolismo.
Desse modo os títulos que passam pela seção, apresentarão/
os seguintes prefixos:
AP - COBRANÇAS DE CONTA ALHEIA NA PRAÇA.
CP - COBRANÇAS CAUCIONADAS NA PRAÇA.
AI - COBRANÇAS CONTA ALHEIA NO INTERIOR
CI - COBRANÇAS CAUCIONADAS NO INTERIOR.
TDI - COBRANÇAS DE TÍTULOS DESCONTADOS NO INTERIOR.
TRI -"COBRANÇAS DE TÍTULOS A RECEBER NO INTERIOR.
5. - SERVIÇOS DA SECAO
Na seção, considerando as diversas modalidades do cobran-
ça, mantom-se os seguintes serviços que, de modo geral, se repetem pa
ra cada modalidades
5.1 - SERVIÇO PE RECEPÇÃO quo compreende a serie de precauções
a serem tomadas por ocasião da entrada dos títulos, quer
quanto à conferencia da relação de cobranças, quer quanto
à conferência dos títulos:
a)- a conferencia da relação de cobranças consiste em ve-
rificar-se
(1) - A conformidade entre os títulos apresentados e
a respectiva relação (ou bordereau de cobrança)
(2) - A conformidade entre os dizeres da relação e a
modalidade de cobranças que convém ao cedente /
(caucionada ou simples).
(3) - A exatidão da soma da relação,
b)- A conferencia dos títulos consiste em verificar-ses
(1) - A exigibilidade da cobrança quanto à praça saca
da.
(2) - A exatidão do preenchimento de cada título.
(3) - A existência do endosso e sua data relativamen-
te à do vencimento do título. OS ENDOSSOS DEVEM
SER SEIEFRE FEITOS AO BANCO ; NAO SE ADMITEM EN-
DOSSOS EM BRANCO. .
(4) - A selagem aplicada.
(5) - A existência de rocomendações espeoiais.
5.2 - SERVIÇO PE ENTRADA - A entrada de título na seção corres-
ponde a uma série de atos e providências que devem ser
observadas com o mais estrito rigor, e que podem ser as -
sim enunciados;
(1)- Calculo das despesas antecipadas - comissões, selos
de liquidação, portes, etc.
(2) - Identificação dos títulos, pela aposição de carimbo
próprio do Banco com o numero e prefixo caracterís-
ticos em cada um título.
(3) " Anotação na carta de remessa que acompanha os títu-
los (relação ou bordereau) dos números e prefixo i-
dentificadores a eles atribuídos e do montante das
despesas a serem cobradas ao cedente.
(4)- Preparo do aviso das despesas a que se referem os
dois itens precedentes e preparo dos respectivos /
lançamentos. No aviso expedido ao cedente devem /
ser indicados elementos que o possibilite identifi-
car os títulos de sua remessa,
(5) - Preparo das fichas de ocorrências (ficha de venci -
mento, de avisos, de cedente, de sacado, do mandate
rio, etc, conforme cada caso).
(6) - Preparo do "Mapa de entradas de cobrança"•
5.5 - SERVIÇO DE CONTROLE - Compreende-se por Serviços de Con -
trole a serie de precauções que visam a dificultar erros/
e a permitir segura identificação dos diversos elementos/
que integram cada cobrança de modo a possibilitar rápido/
e eficiente atendimento às partes interessadas na mesma •
Para isto existem na seção os seguintes controles;
(1) - CONTROLE ANALÍTICO PE CEDENTES - constituído pelas
fichas denominadas "CONTROLE PE CEPENTES" que inte-
gram o sistema do ocorrências. A cada ficha analí-
tica de cedente permanece unida a ficha do sacado e
ainda, tratando-se do cobranças sobre a praça, tam-
bém a ela se anexa o respectivo título após o seu
aceite.
(2) - REGISTRO PE CEDENTES - trata-se do controle global
de cada cedente e e efetuado por meio de uma folha
ou conta aberta a cada cedente, na qual se escritu-
ram as entradas e as saídas dos títulos de sua ces-
são c que apresenta, após cada operação, o respecti-
vo saldo. 0 gráfico da conta oferece as seguintes/
colunas:
a)- Pata.
b)- Histórico.
c)- Entradas»
d)- Saídas.
o)- Saldos. Cadet modalidade de cobrabça
terá seu registro/ próprio. As colunas acima
descritas se referem às cobranças simples ou de
conta alheia; para as cobranças caucionadas
geralmente se utilizam mais colunas para permitir o
controle das cobranças irregü lares, isto c, títulos
caucionados que por estarem/ vencidos, já não
oferecem mais garantia para saques. 0 gráfico no
caso poderá apresentar as seguintes colunas:
a)- Pata.
b)- Histórico.
c)- REGULARES:
c.l - Entradas.
c.2 - Saídas
c.3 - Saldo.
d)- IRREGULARES: •
d.l - Entradas. d.2. -
Saídas. d.3 - Saldo.
e)- Total em cobrança*
(3) - CONTROLE DE VENCIMENTOS - como o controlo analítico
do ccdentes, o constituído por ficha propria into -
granto do sistema de fichas de ocorrências. As fi-
chas de controle do vencimentos serão dispostas na
ordem rigorosa de vencimento c serão ainda utiliza-
das para os seguintes fins:
a)- Copiadas no livro próprio (DIÁRIO DE ENTRADA / DE
COBRANÇAS) ou, na sua falta, no COPIADOR DE CARTAS, na
ordem de sua emissão, constituirão , através daquele
livro, o diario da seção, b)- Durante a permanencia do
título em carteira irá recebendo as anotações referentes
ao mesmo (acei-to em..., alegações do sacado, autorização
. do cedente, comunicações de mandatarios, etc.). c)- Após
o resgate ou devolução do título, com a de_ vida o ultima
anotação, será remetido ao CADASTRO para os devidos
fins. (4) - CONTROLE ANALÍTICO PE MANDATÁRIOS - constituído
como o anterior, por ficha propria integrante do mesmo
sistema. As fichas deveo sor dispostas em ordem do
mandatário c, na liquidação do título passara a funcionar
como ficha do diário,de acordo com a partida constante da
própria ficha. (5) - REGISTRO PE MANDATÁRIOS - trata-se de
controle global de nossas cedencias o cada mandatario,
considerando-se mandatário distinto cada estabelecimento /
ou dependencia bancária a que so de a incumbência / de
providenciar a cobrança de título a nos confia -do,
Havendo cessão, para cobrança do títulos a um mesmo
Banco, mas a ser processada em diversas praças, a cada
praça destinatária será considerada man datário distinto,
surgindo assim os mandatários s "Banco "X", Praça "A";
Banco "X" , Praça "B" ; Banco "X", Pra "C" , Banco "Y" ,
Praça "D", Banco "Y" , Praça "E", etc. As contas abertas
a cada mandata-rio apresentam disposição gráfica
semelhante à uma conta-corrente, comum, com as seguintes
colunass
a)- Data. b)-
Histórico. c)-
Remessas. d)-
Baixas. o)-
Saldo.
(6) - CONTROLE DE LIQUIDAÇÕES - Operação que consisto em
verificar, através dos créditos efetuados a conta..
"30.000-LIQUIDAÇOES" durante o dia (por caixa ou
por diário) so o seu montante o igual a soma das
respectivas fichas de cedentes.
(7) - BALANCETES - sao as verificações periódicas (pelo /
monos mensais) que se levam a efeito a fim de se
cer-tificar de que os trabalhos do escrituração so
en-contram, polo menos aparentemente cm ordem. Os
balancetes a serem levantados sao os seguintes? a)-
Balancete dos Cedentes - assim denominado o ba-
lancete que tem por baso o Registro de Ceden -tes.
0 somatório dos saldos apresentados pelas contas
dos cedentes, em cada modalidade de cobrança,
deverá corresponder ao total do razão / para aquela
modalidade. As cedencias cm cobran-cas simples,
pois, deverão apresentar, no ba -lance, um total
igual a soma dos saldos do razão das contas
"COBRANÇAS DE CONTA ALHEIA NA / PRAÇA" e "COBRANÇAS
DE CONTA ALHEIA NO INTE-RIOR"; e as cedencias em
caução deverão apre-sentar, no balancete, um total
igual à soma dos saldos do razão das contas
"COBRANÇAS CAUCIONADAS NA PRAÇA" e "COBRANÇAS
CAUCIONADAS NO INTERIOR" . b)- Balancete de
Mandatários - consistente no somatório dos saldos
apresentados no Registro de Mandatários, para
cada um deles. 0 total apura do devera ser igual a
soma das contas do razão/ que registram cobranças de
quaisquer modalidades (AI, CI, TDI, TRI) sôbre o
interior. c)- Balancete particular de cedentes - que
consiste na constatação do que o saldo apresentado
pela/ ficha do Registro de Cedentes, para cada
ceden-tc, está do acordo com a soma das fichas de
con trole do referido cedente.
d)- Balancete particular do mandatários - que con-siste
na verificação do que a soma das fichas / de controle de
cada mandatário está apresentando total igual ao saldo
da respectiva conta no Registro de Mandatários. (8) -
INVENTÁRIO GERAL - 0 inventário geral pode o devo /
ser efetuado sob dois aspectos :
a)- Somando-se todas as fichas do vencimento o sou
total deverá ser igual à soma das contas de co-
branças ( "EFEITOS DA COBRANÇA mais "MANDATÁ-
RIOS POR COBRANÇA
).
b)- Somando-se as fichas de controle analítico de
cedencias o total encontrado deverá correspon -
der à soma das contas do razão de cada modalida-
des "CONTA ALHEIA" (praça c interior) e CAUCIO
NADA (praça e interior).
5.4 - SERVIÇO PE ADMINISTRAÇÃO - 0 serviço de administração diz
respeito às diversas providencias internas referentes a
vida dos títulos em cobrança. Essas providencias se resu-
mem cms
(1) - ACEITES - Esse serviço consiste na remessa do títu-
los para aceite, controle desses títulos c informa-
ções ao sacador ou cedente sobre as ocorrências re-
ferentes a essa operação, isto c, se o título foi
a-coito normalmente, se houve recusa e qual o
motivo. Uma das maneiras do so controlar os títulos
em poder de sacados para coleta do aceites e
conservar a ficha destinada ao "AVISO DE ACEITE"
ao cedente / classificada cm pasta especial.
Verificado o aceite dá-se aviso ao cedente, a-
nota-so a ocorrência na ficha de vencimento respec-
tiva c coloca-se o titulo junto a ficha de controlo
de cedente; na recusa do aceite, anota-se a ocorrera
cia na ficha do vencimento, dá-se ciencia do ocorri-
do ao cedente pedindo, ao mesmo tempo, instruções a
respeito.
(2) - AVISO PE VENCIMENTOS - Os títulos que dão entrada /
som aceite são descritos em um sistema de fichas de
ocorrências que possui um impresso especial destina
do a acompanhar o título ao sacado para o preenchi-
mento daquela formalidades tal ficha pode consti-
tuir, antecipadamente o aviso de vencimento; os ti
tulos porem que ao entrarem no Banco já se encon-
tram aceitos sao transcritos cm um sistema de fichas de
ocorrências das quais uma c precisamente urn memorandum
que o Banco remetera ao sacado, cerca de 10 ou 15 dias
antes do vencimento do título, para des-pcrtar-lho a
atenção. (3) - AVISOS E ANOTAÇÕES DE OCORRÊNCIAS -
Durante a vida/ de um título ocorrem fatos de que o
cedente precisa de tomar conhecimento c, muitas vezes,
sôbre eles / deliberar. Alem disso muitos desses dizem
respeito ao comportamento dos intervenientes no título e
sao de grande utilidade para o enriquecimento do ca-
dastro do Banco. Por essa razão tais fatos devem / ser
anotados em ficha especial (estamos indicando , para esse
propósito a ficha de controle de vencimen tos), que,
após, a liquidação do título ou sua baixa por qualquer
motivo, será remetida ao cadastro.
5.5 - SERVIÇO PE LIQUIDAÇÃO - Considera-se Serviço de Liquida -
ção à serie de providencias que visem ao resgate do títu-
lo cm cobrança c ao controle desse resgate. Consta de
duas fases;
(1) - PREPARO DA LIQUIDAÇÃO - Trata-se da fase inicial em
ques
a)- retiram-se do arquivo próprio as fichas analíti
cas do cedente, do sacado (e, tratando-se do
cobrança sobre a praça, do título). b)- Anotam-se
nossas fichas despesas subsidiárias / (juros de mora,
por exemplo) ou abatimentos autorizados, pondo em
evidencia o montante da liquidação. c)- Remessa do
título -(quando for o caso) e da ficha do sacado ao
recebedor, para a quitação. Ca so o recebedor
funcione com máquina autenticado-ra, no verso do
título um carimbo especial com/ os dizeres (ou
equivalentes);
"RECEBEMOS 0 VALOR ABAIXO, INSCRITO MECANICAMEN
TE".
d)- Nas cobranças sobre a praça, liquidadas porem /
por diário, a ficha do cedente e o Pítulo sao
remetidos ao diarista, trazendo o título, no /
verso, o carimbo.
"VALOR DEBITADO EN C/CORRENTE DE"
e a ficha do sacado, na face, o seguinte carimbos
"DIÁRIO" e)- em qualquer caso permanecerá, com o
funcionario encarregado do controle das liquidações, as
fichas dos sacadores que serão preferivelmente ,
conservadas em duas ordens distintas, denominadas
"CAIXA" e "DIÁRIO" de acordo com a modalida-de de
liquidação observadao (2) - CONTROLE DA LIQUIDAÇÃO - 0
controle da liquidação / consiste na conjugação dos
elementos fornecidos pelo recebedor - montante dos
recebimentos efetuados/ a crédito da conta
"LIQUIDAÇÕES", pelo diarista da seção - total dos
créditos por êle feitos à mesma / conta, quer em virtude
de débitos do valor do título em conta de clientes, quer
devido ao fato de se tratar de cobranças fora da praça,
esse controle / sera efetuado da seguinte forma;
a)- 0 recebedor conserva em seu poder as fichas de
sacados a ele remetidas com os títulos, e que / se
convertem em fichas de entrada de caixa, e , no fim do
expediente, informa à são sobre o montante das
cobranças efetuadas (AP e CP)o b)- 0 diarista da seção,
por seu turno, ao efetuar/ a liquidação dos títulos a
ele dirigidos, anota o seu montante para, no fim do
expediente, oferece-lo ao encarregado do controle (AP e
CP debitados a clientes e AI, CI, TDI e TRI levados/ a
débito dos mandatários em conta propria). c)- As fichas
de cedantes, que permanecem no contro le da seção serão
somadas e o seu montante deve. ra ser igual ao
resultado apresentado pelo roce bedor mais o apresentado
pelo diarista, 5.6 - SERVIÇOS PE TRANSFERÊNCIA - ovemos
considerar dois tipos de transferencias, isto o,
transferencia de fato e transferencia figurativa. Ao
primeiro tipo pertencem as transferencias que dão
realmente ori -gem a lançamentos que afetam a
contabilidade central do Banco e ao segundo pertencem
as transferencias que se fazem dentro da propria conta
do ceden-te sem modificar a modalidade de cobrança.
(1) - TRANSFERENCIAS DE FATO - Tem lugar, normalmente quart
do se converto uma cobrança de conta alheia em co-
brança caucionada, Trata-se de operação que requer
redobrada atenção por dar origem a enganos e omis-
sões, justamente por ser uma operação interna, a
mais das vezes preterida na sua execução integral.
Sao precau indispensáveis? a)- Retirada das
fichas de controle dos respectivos
arquivos. b)- Atribuir novo número de ordem
referente à nova
modalidade de cobrança. c)- Repetir esse número cm
todas as fichas de ocorrências. d)- Preparar o
lançamento de transferencias, que p de ser diretos
"COBRANÇA DE CONTA ALHEIA" - A "COBRANÇA CAUCIO
NADA" ,
ou indireto, consistente na baixa da cobrança /
do conta alheia c.lançamento de entrada da co-
brança caucionada.
c)- Repor as fichas de ocorrências em seus novos
lu-gares.
f)- Dar baixa no REGISTRO DE CEDENTES, de cobranças
simples e entrada no REGISTRO DE CEDENTES, do
cobranças caucionadas.
(2) - TRANSFERÊNCIAS FIGURATIVAS - Tem lugar quando uma /
cobrança caucionada vencida e nao honrada pelos sa-
cados nao mais está apta a "garantir" o empréstimo/
a que ela so vincula. Na prática diz-se que o
tu-lo foi transferido para "COBRANÇA SIMPLES" ou
para/ a "CONTA 2". Na realidade, porem, o título
conti-nua caucionado. Apenas se anota no REGISTRO
DE CEDENTES e na ficha analítica a ocorrência e
emite-se o seu valor ao calcular o limite do saque
do mutuário. As medidas tomadas são:
a)- No registro do Cedentcs dá-se baixa do valor na
coluna "REGULARES" e entrada, logo a seguir, na
coluna "IRREGULARES". b)- Na ficha de controle do
cedente coloca-so o carimbos
*IRREGULAR*
6. - INSTRUMENTAL
6.1 - MAQUINARIA
(1) - Maquinas do escrever, elétricas o manuais.
(2) - Maquinas de somar.
(3) - Máquinas de numerar.
(4) - Carimbos ou máquinas autenticadoras.
6.2 - VEIS
(1) - Escrivaninha.
(2) - Mesas para máquinas.
(3) - Cadeiras.
(4) - Arquivos.
(5) - Grampeadores.
6.3 - REGISTROS E IMPRESSOS
(1) - Registro de cedentes.
(2) - Registro de mandatarios.
(3) - Relações de cobranças.
(4) - Fichas de ocorrências.
(5) - Notas do liquidação.
(6) - Mapas de liquidação e baixa.
(7) - Mapas de entradas.
7. - CONTROLES
Os controles mantidos pela seção, ja indicados em 5,3 sao
do tros ordens; controles analíticos, controles globais o contro-
les finais.
(1) - Os controles analíticos sao conseqüência da utiliza-
ção de sistemas de impressos, a que denominamos de
"ocorrências" •
(2) - Os controles globais, no caso, sao representados /
por contas abertas aos cedentes formando, no seu /
conjunto, o Registro de Cedentes e por contas aber-
tas aos mandatarios (títulos fora da praça),
forman-do, no sou conjunto, o Registro dos
Mandatarios.
(3) - Os controles finais sao representados polos balance
tes c outras formas de verificação utilizadas. 7.1 -
CONTROLES ANALÍTICOS - Os controles analíticos destinam -se a
dar maior eficiencia c rapidez aos trabalhos da seção;
entretanto, nao se pode esquecer que os dois objeti-
vos sao igualmente importantes o devem sor perseguidos /
som quo um venha a prejudicar o outro. A seção mantera /
tros sistemas de controles analíticos:
(1) - Controle do Codontes - 0 controle analítico de ce-
dentes o constituído por conjuntos de fichas de o-
correncias que trazem no canto superior direito a
inscrição "CONTROLE DE CEDENTES" (a impressão atual
consigna "REG.CEDENTES" o será corrigida) e na sua
estrutura obedecerá às seguintes disposições; a)-
permanecerão junto às fichas de cedentes, as
respectivas fichas de sacados e, se cobranças / sobre
a pra, também ostulos a que . clás so referem,
desde que devidamente aceitos. b)- Os cedentes serão,
por blocos, classificados em ordem alfabética ou na
ordem crescente de seus/ códigos, devendo a opção por
uma das alternativas sor definitiva, ate que a CONGE
- resolva / sôbre uma delas. c)- Cada ficha de codente
corresponde a um so título e as fichas referentes ao
mesmo cedente cons tituirao um mesmo bloco,
conservadas, porem, na ordem o crescente de nossos
números. d)- As fichas de cada cedente serão
classificadas / na seguinte ordem prioritária,
enquanto cada mo-dalidade nao so converte em seção
distinta; CP, CI, AP o AI. Dentro de cada modalidade
se o-bodecida a ordem crescente do nossos números.
c)- A ficha de cedente, por ocasião da liquidação / do
título, receberá, juntamente com a respectiva ficha
do sacado, o montanto do despesas extraordinárias ou
deduções autorizadas e, apre-sentando o valor da,
liquidação, servirá para / controle das liquidações
do dia c para preparo/ da Nota de Cobranças; a ficha
do sacado conver-ter-se-á cm ficha de entrada de
caixa, no caso/ de liquidação por Caixa; ou ficha do
Diário, no caso de cobranças sobre o interior; ou,
ainda, em comprovante do lançamento de debito em
conta corrente no caso de liquidação sobre a praça,
ve-nha o valor a sor debitado a cliente do Banco.
(2) - Controlo do Vencimentos - Trata-se de uma das vias
integrantes do sistema de ocorrências e será conser-
vada unida ao aviso de vencimento, outra peça do
mesmo sistema. Essa ficha visa alcançar os seguin-
tes objetivos:
a)- Controlar os vencimentos, pelo que são conserva das na
ordem cronológica de vencimento. Havendo, para o mesmo título,
mais de um vencimento, o arquivamento atenderá ao primeiro
vencimento, transferindo-se a sua classificão para os
subsequentes. b)- Controle do ocorrências - recebera, no
verso, o resumo dis ocorrências c das providencias tomadas
quanto ao título. c)~ Memorando de vencimento - permitirá a
expedição ao sacado, entre 10 ou 15 dias antes, o aviso / do
vencimento do título. d)- Cadastro - com as anotões sobre
as ocorren -cias, constituirá repositório de grande valor /
cadastral5 será, após a liquidação ou baixa do título,
enviada, por isso, à seção de cadastro. (3) - Controle de
Mandatários, - Será classificada por mandatário, como já
ficou dito, o estabelecimento / para o qual foi enviado o
título para cobrança e / nao a empresa, em geral, na ordem
alfabética; dentro dessa ordem observar-sc-á,
preferencialmente s TDI, CI. TRI o AI, o dentro do cada
modalidade, a ordem crescente de nossos números. 7.2 -
CONTROLES GLOBAIS - Os controlos globais serão constituídos
pelos REGISTROS DE CEDENTES o REGISTROS DE MANDATE -RIOS, já
descritos.
(1) - Registro de Cedentes- 0 atual registro (Mod. 2.2.6 )
será oportunamente adaptado GO estatuído nesta ins-
trução. Destina-se o registro a controlar por ce-
dente, o movimento das cobranças do sua cedencia ao
Banco, A cada cedente, cm cada modalidade de co -
branca, será dedicada uma ficha global e cada siste-
ma será identificado pela denominação genérica da
modalidade. Haverá assim, Registro do Cobranças /
Simples, Registro de Cedentes de Cobranças Caucio-
nadas.
(2) - Registro do Mandatarios - Trata-se de registro se-
melhante ao conta-corrente comum em que so dedica /
folha ou ficha distinta para cada mandatário, nela
se escriturando o movimento das remessas e baixas ,
7.3 -
do modo a indicar sempre o saldo em seu poder. Repetimos
, mais uma vez, que por mandatario se entende o
estabelecimento a que se confiou a cobrança e não a
empresa que ele integra. CONTROLES FINAIS - Os controles
finais podem resumir-se / em controle de liquidações,
balancetes e inventários. 1)- Controle das Liquidações -
Consiste na operação diá-ria resultante da conjugação das
fichas "CONTROLE DE CEDENTES", "CONTROLE DE SACADOS" e
"CONTROLE DE MAN-DATÁRIOS" , referentes aos títulos
resgatados durante/ o dia.
0 controle consiste em constatar que a soma das
fichas "CONTROLE DE CEDENTES", pelo valor recebido ou
debitado em conseqüência do resgate, apresenta o mesmo
montante que o somatório dos valores, a esse res -peito
(a) ENTRADOS SM CAIXA, (b) DEBITADOS EM CONTA -CORRENTE e
(c) LEVADOS A DÉBITO DOS MANDATÁRIOS em CONTA PROPRIA.
Esse controle consta de duas fases / das quais a que
acabamos de indicar e a primeira e a segunda consiste na
distribuição da liquidação pelas/ contas próprias e
baixa das cobranças. 2)- Balancetes - Pelo menos
mensalmente deverão ser levan-tados balancetes;
a)- posição global de cedentes - Somando-se os saldos
das contas abertas a cada cedente no registro res-
pectivo, ter-se-á um total igual ao apresentado /
pelas contas do razão que controlam as cobranças/
daquela natureza. b)- Posição individual de cada
cedente - somando-se / as fichas de controlo de cada
cedente, ter-se- á um total igual ao oferecido pelo
Registro de Cedentes, na conta que lhe foi aberta.
c)- Posição global de mandatários - somando-se os sal-
dos oferecidos pelo registro de mandatários, ter-se-á
um total igual ao registrado na conta do razão
"MANDATÁRIOS POR COBRANÇA". d)- Posição individual
de cada mandatário - somando -se as fichas de
controle de cada mandatário, ter-se-á um total igual
ao saldo registrado na conta/ aberta ao mandatario no
respectivo registro.
(3) - Inventários - 0 inventário físico o imprescindível/ e
deverá sor levantado pelo menos uma vez por semes-
tre. Para sor realizada sua operação o necessário/
que se considere: a)- os títulos que se encontram
efetivamente em car-
teira; b)- os títulos que se encontram cm poder
dos saca -
dos para aceite; c)- as
modalidades de cobranças.
0 inventário consiste em se certificar
em cada modalidade (caucionadas ou conta alhei-a), a
existencia do título em carteira ou em poder do
sacado e na soma dos respectivos valores. 0 total
das cobranças caucionadas deverá bater com a /
conta do razão "Cobranças Caucionadas na Praça" e
0
total das cobranças simples devera bater com a
conta do Razão;
"COBRANÇA DE CONTA ALHEIA NA PRAÇA" .
3. - ROTINAS
Na estudo das rotinas
serão consideradas tros etapas: en
tradas, controlos o liquidações.
As diversas modalidades de cobran
ças serão indicadas por meio das
siglas que as caracterizam.
8.1 - ENTRADAS
(1)
- ^otina do tntradas do "CP" e "AP"
,
(desenvolvimento/
dos serviços indicados cm 5.1
e
5.2): a)- Ao serem
entregues os títulos, acompanhados da respectiva
relação, o recepcionista procedera a uma
conferencia perfunetoria que consiste na contagem
dos.títulos cm especie o contagem dos
relacionados.
(2)
- Conferencia mais rigorosa terá lugar a seguir, leva
da a efeito em duas etapass na primeira etapa con-
fere-se a justeza da relação, isto c, verifica-se /
so os títulos entregues sao os relacionados$ o na
scgundaotapa verifica-se a bancabilidade dos títu -
los, conforme o estabelecido em 5.1.
(3)
- Terminada a conferencia dá-se início ao processamen-
to da entrada, descrito no 5.2:
1
- calculo das comissões ;
2
- calculo dos selos postais;
3 - cálculo da verba especial a aplicar; 4
- cálculo
do outras dosposas ocorrentes;
5
- aposição do carimbo identificador do título o
respectivo numero (sigla referente a modalidade da
cobrança o numero do ordem respectivo);
6
- preparo do aviso de recepção o das despesas ante
cipadas;
7
- preparo das fichas do ocorrências?
8
- preparo do mapa de entradas;
9
- distribuição das fichas de ocorrência.
(2) - Rotina do entrada do CI e AI
Obedecem a marcha. semelhante à indi-
cada para os títulos sobre a praça quanto à entrada e quanto
,à conferencia ; o ítem "c", porem, recebeo seguinte
tratamentos
1 - cálculo das comissões;
Z
- cálculo dos selos postais;
3 - cálculo da verba especial a aplicar;
4
- calculo de outras despesas ocorrentes;
5
- aposição do carimbo identificador do título e /
respectivo numero (sigla referente à modalidade da
cobrança e número de ordem respectivo);
6
- preparo do aviso de recepção o das despesas an-
tecipadas;
7
- preparo das fichas de ocorrências;
8
- preparo da remessa;
9
- preparo do mapa das entradas e das remessas; 10 -
distribuição das fichas de ocorrências.
(3)- Os Títulos a Receber (letras a receber de c/Própria) girados
sobre o interior, por tratar-se de títulos / ja conferidos e
registrados, na seção apenas serão / considerados os itens;
a)- preparo das fichas do ocorrências; b)-
preparo da da remessa;
c)- preparo do mapa do entrada e de remessa; d)-
distribuição de fichas.
8.2 - OS CONTROLES - Os controles que so tom em vista compreendem serviços
de controle proriamente ditos c serviços de administração. Tem
lugar cm seguida ao processamento da entrada o consistem nos
seguintes itens:
(1) - Nos Serviços do Controls:
a)- Controle Analítico do Cedentes - colocação no /
Controle Analítico de Cedentes, das fichas de o-
correncias de cada cedente e respectivo sacado/
observando-se a seguinte distribuição? 1 - ordem
alfabética ou do nº código de ceden -tos, enquanto
a Congo nao se manifestar definitivamente por um
deles; 2 - os títulos referentes a cada cedente,
uma vez aceitos, mantidos anexos às respectivas
fichas de cedente. b)- Controle do Vencimento -
vencimento, anexada a ficha do aviso de vencimento
- quanto for o caso -, na ordem do vencimento e,
dentro do mesmo vencimento, na ordem de nossos
números, observa da, nas agencias cm que todo o
serviço estiver/ concentrado em uma so seção, a
seguinte prioridades 1)- fichas de vencimento de
títulos de c/pro -
pria s/interior ; 2)- idem, do
vencimento de CP; 3)- idem, de
vencimento de AP; 4)- idem, de
vencimento do CI; 5)- idem, de
vencimento de AI. (2)- Nos Servicos do
Administração
a)- Lançamentos nas fichas de controlo global de po-
siçoes;
1)- Posição do cedentes, tendo como base, para
as entradas, a ficha do entrada (integrante
do sistema de contabilização das despesas /
antecipadas 5 e quanto às saídas tendo como
baso a ficha do baixa (ordinariamente inte-
grante do sistema que constitui a nota de
liquidação);
2)- Posição de mandatários, com base nas fichas de
lançamentos das remessas e de liquidação ou baixa.
b)- Pornecimonto o controlo de posições - em bases
1)- nas fichas analíticas de cedentes, coteja -
das com o montante da ficha global 5
2)- nas fichas analíticas do mandatários, cote-
jadas com o montante da respectiva ficha /
global.
c)- Levantamento de balancetes gerais, consistente/
no somatório das fichas de controle global de /
cada conta e seu cotejo com a conta respectiva/
do razao.
d)- Anotação de ocorrências na ficha analítica de
controle de vencimento e expedição do respecti-
vo aviso.
e)- Comunicações a intervenientes através de memo-
randos e impressos especiais.
8.3 - LIQUIDAÇÃO
As liquidações se efetuam ou por caixa - ou pagamen-
to do título cm nosso guiche - por diário, quando o va-
lor do título ou o valor da liquidação o debitado em de-
terminada conta. (1) - Liquidações por Caixa - Sao
liquidações por Caixa a-
quelas efetuadas mediante o pagamento no próprio /
guiche da dependencia em que o título so encontra /
em cobrança.
ATENÇÃO - Obsorvem-se os seguintes cuidados nas liquidações;
a)- retirada da ficha de controle do cedente juntamente
com a de controle do sacado c o respectivo título ;
b)- anotarão nessas fichas, a máquina, decalcando-se a
primeira sobre a segunda, através de carbono, o va-
lor de juros do mora, de selos ou de abatimento refe-
rentes ao título, de modo a por em evidencia o valor
a ser recebido;
c)- fazer as mesmas anotações no título, utilizando o ca-
rimbo próprio;
d)- nas dependencias em que o recebimento for controlado/
por maquina especial, apor no titulo o carimbo que in
dica essa modalidade do recebimento;
e)- encaminhar ao recebedor o título e a ficha de contro-
le do sacado - que passará a funcionar como ficha do
caixa - conservando para controle e distribuição da
liquidação, a ficha referente ao cedente;
f)- manter, durante o expediente, as fichas de cedentes /
referente aos títulos liquidados, classificadas:
1- por modalidade do conta (caução - CP e CI -, co-
brança simples - AP o AI);
2- por ordem de cedente ;
3 - por ordem de n/números. g) - constatar, no fim do
expediente, que o montante re-cobido pela Caixa conforma-
se ao oferecido pela soma das fichas de cedentes cm poder
da seção o referentes aos títulos a ela encaminhados
durante o expediente. (2)- Liquidaços por Diario - As
liquidações de títulos / sobre o interior são feitas por
Diário, conforme se verifica do sistema de fichas
destinadas às respectivas ocorrências; entretanto, alem
dessa pode sur gir também liquidação de títulos girados
sobre a praça, cujo pagamento venha} a ser feito mediante
de. bito cm conta-corronte de clientes do Banco, Tra -
tando-se de títulos sôbre a praça, cuja liquidação/ deva
sor feita por debito cm conta-corronte, observa-se a
seguinte rotina:
a)- retirar a ficha do cedente juntamento com a do
sacado c o respectivo título a ser liquidado / (na
falta do título repara-so o recibo corres -
pondente 5 b)- anotar nas fichas de controle do
cedente c do controle do sacado, à máquina,
dccalcando-sc a primeira sôbre a segunde, através
de carbono, o valor do juros de mora, de selos ou
de abatimen, tos referentes ao título, de modo a
por cm evidencia o valor a ser recebido 5 c)-
fazer as mesmas anotações no título utilizando/
carimbo próprio 5, d)- anotar nas fichas de
controle do sacado e do cedente, utilizando-se
prefcrivclmente do carim bo próprio;
LIQUID;DO P/DI/JUO
o anexar a ficha do saca do
à ficha de lançamento de débito mod, 9; c)- manter,
durante o expediente, as fichas de ce-dentes
referentes aos títulos liquidados, classificadas?
1 - por modalidade de conta (caução, cobranças
simples);
2- por ordem do cedentes;
3- por ordem do nossos números.
f)- constatar, no fim do expediente, que o montante
recebido debitado em contei conforma-se ao
ofore-cido pela soma das fichas de cedentes do
títu -los enviados ao diarista da seção;
g)- quanto aos títulos s/outras praças, o procedi -mento
c análogo, dispensando-sc, porem, o lança. mento no modelo
9, de vez que no sistema de fichas para controle de
ocorrências aquela destinada ao controle analítico do
sacado esta substituida pela de controle analítico do
mandata -rio que servirá de ficha de contabilização mo -
diante a simples anotação, no retângulo próprio, do
título da conta a sor-debitada, isto é, CORR NO PAÍS ou
MATRIZ e DEPT. (3) - Distribuição das Liquidações
a)- à medida que se processam as liquidações as fi-
chas de cedentes vao sondo classificadas confor,
me indicação acima. Conscrvando-sc separadamen
te as fichas que so referem às liquidações por
caixa daquelas que se referem às liquidações /
por diario pode ter-se um controlo mais fácil;
b)- antes do so prepararem as notas do liquidação ,
somam-se as fichas conformo indicado cm 8.3* is,
to é, verifica-sc se o total acusado pelo rece-
bedor o pelo diarista coincide com o total das
fichas a eles enviadas;
c)- para cada cedente prepera-sc a respectiva nota
do liquidação, sendo conveniente que a distri -
buiçao tambóm se faça em duas etapas, isto é,
primeiro a distribuição das liquidações por dia
rio o em segundo lugar a distribuição das liqui
daçoos por caixa;
d)- o preparo da NOTA DE LIQUIDAÇÕES fcrece ao mc.s
mo tempo; o aviso de credito, a ficha de credi,
to cm C/Corrente e a ficha de controle de se-
ção, As duas primeiras sao expedidas ao sou
destino o a última permanece na seção c será u-
tilizada para: 1 - preparo do KAP¿ DE
LIQUIDAÇÕES, Mod. 32;
moor
2- preparo do MAPA DE BAIXA DE COBRANÇAS - Mod,
c)- as fiches de controle de vencimento sorao remi-
radas do classificador, receberão a anotação re
fcrente à baixa o remetidas ao cadastro;
f)- as terceiras vias das notas de cobrança serão
utilizadas para baixa no registro do Cedentcs c
arquivadas na ordem alfabética dos ccdcntcs c,
dentro dessa ordem, dispostas.na ordem cronoló-
gica das emissões respectivas.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
DIRETORIA DO ENSINO COMERCIAL
CENTRO DE FORMAÇÃO £ TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE
ENSINO TÉCNICO COMERCIAL
ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO PE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CIÊNCIAS SOCIAIS
Proc. CARLOS FERNANDO MATHIAS DE SOU
ZA.
A evolução da Geografia. A Geogra -
fia Modernas seus grandes princípios.
0 condeito de.Geografia Regional. A
Geopolítica.
A - EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA
A Geografia e um conhecimento tão velho quanto a existen-
cia dos povos, visto que era natural qie o homem, desde os primor -
dios desenvolvimento do seu conhecimento, se preocupasse em expli -
car o meio físico em que vivia, isto és o solo, a atmosfera, a ai -
ternancia dos dias e das noites, o sistema plenatário, etc. Portan
to vamos encontrar na história da Geografia explicações e conclu -
sões a que chegaram os homens, na antigüidade, e que hoje sabemos /
ser ingenuas, erradas ou absurdas, entretanto, todas essas hipóte -
ses ou conclusões não devem ser assim consideradas por nós, mas ,
ao contrario, vistas sob o angulo de qie foram esforços dos primei-
ros para as explicações e conhecimento dos fenómenos geográficos ,
destacando-se ainda a total ausência do instrumental que muito nais
tardo foram descobertos ou inventados para a observação dos fenôme-
nos.
Na antigüidade clássica já afirmava STRABSO que "a Geogra
fia e assunto dos filósofos,.mas e feita em proveito do homem prá-
tico para o homem de Estado". Eratóstenes de Cirene concluía que /
"o caráter do homem e a forma de governo estariam subordinados à
vizinhança ou afastamento do soi". No Egito, onde se desenvolveu u
ma das mais antigas civilizações do mundo, Sesóstris chegou a cadajj
trar as terras do país do Nilo, o que, segundo Vivien de Saint Mar.
tin, deveria êle possuir uma carta dos domínios da terra dos fara-
ós. Ora se uma carta havia será fácil levantarmos a hipótese de
que pelo monos já tinham um conhecimento ou noção de algum sistema/
de coordenadas•
Conhecimento coevo do hornera era todas as épocas, entremen -
tes, não tea sido a geografia, coetánea a ele, queremos dizer: pas-
sou por todas as épocas com o homem porém não acompanhou o desenvol-
vimento científico da humanidade, so vindo a se emancipar, ou seja
a ser galardoada como ciência a um século atrás, graças ao gênio de
von Humboldt. Por toda a fase pré-humboldtiana da geografia foi ela
considerada como "a ciencia que trata da descrição da terra". Como
vemos tratava-se mais de uma definição em que os aspectos etmolégi-
cos mais se realçavam aos que propriamente científicos.
B - A GEOGRAFIA MODERNA: SEUS GRANDES PRINCÍPIOS.
I - 0 grande renovador
A grande renovação dada a geografia, marco decisivo para
sua emancipação e afirmação como ciencia, foi fora de duvida formula
da e elaborada por Alexandre von Humboldt, Tal foi o gênio de Hum-
boldt que, nao raro, seu nome é citado ao lado de Aristóteles e de
Newton recebendo ainda o cognome de "o verdadeiro descobridor da A-
mérica do Sul". 0 grande erudito e investigador nasceu em Berlim em
1769 vindo a falecer em 6 do maio de 1859 a sua vida abrange, portan
to, 90 anos. Sua vida foi a do verdadeiro cientista, traduzida na
constancia das investigações dos enigmas e segredos do mundo. á
bem sedutora a idéia de se imaginar o que Humboldt teria conseguido/
se tivesse à sua disposição os conhecimentos e engenhos técnicos de
nossa época. Humboldt não se limitou aos domínios da geografia, mas
perserutou os mais variados ramos do conhecimento humano, dos quais
se tornou verdadeiro mestre, a sabers geologia, mineralogía, oceano
grafia, climatologia, etnografia, zoologia o botânica. 0 grande po-
lígrafo iria brindar a ciência geográfica com dois de seus tros gran
des pilares nos quais repousa modernamente. Cabe-nos realçar o pa-
pel exercido por Karl Ritter (1779-1859), contemporâneo e quase dis-
cípulo de Humboldt, a quem a humanidade deve a divulgação da obra
do grande mestre.
II - Os grandes princípios da geografia moderna
Três são os pilares nos quais repousa a ciência geográfi-
ca hodiernamente. Dois deles, como ja foi retromeneionado, surgem à
tona com as conclusões dos estudos do von Humboldt, a sabers
1-0 princípio da causalidade
Z - 0 princípio da Geografia Geral.
0 primeiro princípio trata da composição dos fenômenos, ob-
servando neles a relação causa-efeito, ja o segundo considera globai
mente o fenômeno enfocado sob os mais variados angulos de que trata a
geografia c suas ciências auxiliares. 0 século XIX foi o século de
ebulição do trato das coisas de geografia, Uma verdadeira revolu-
ção, quase diríamos, "coperniciana" se estabelece. E o exatamente a
esses períodos c que c dado fazer-se as revisões, inovações, formula
ções c por fim progresso. Não tardaria a surgir a nova coluna ba-
silar de geografia: o sou terceiro grande princípio, qual seja o da
EXTENSÃO. Esse princípio foi formulado por um luminar da Universida
de de Leipzig, Friedrich Ratzcl, considerado por um ponderável grupo
de estudiosos como "o pai da geografia humana". 0 princípio da ex-
tensão significa a avaliação dos fatos estendidos na superfície ter-
restre qual seja, a verificação analítica e imensurável de suas con-
seqüências imediatas, Com Ratzel surgem os prolegômenos da atual /
geopolitica e também a formulação teoretica do determinismo geográfi-
co.
III - Um breve escôrco como tentativa para uma definição
A geografia continua a ser "a ciência que trata da descri-
ção da torra", mas sofre esta definição uma conseqüência semântica /
que reside no fato do que descrição aí, após a "grande revolução" /
deixa de sor a simples narrativa descompromissada, para ser metamor-
foseada em descrição consciente, ordenada, preocupada, explicativa e
sob os efeitos metodológicos que devem caracterizar a toda a ciência.
Consoante De Martorne "como puramente descritiva a geografia e
inexis-tente" e é Meyerson quem nos adverte que "a inteligência
humana não so satisfaz com a simples descrição de um fenômeno, por
melhor que / seja ele". Deffontaines considera a geografia como a
"ciência que explica as paisagens da terra" havendo ainda uma
ponderável corrente para quem a geografia seria a ciência das
relações. A crítica que se poderia fazer a essas ultimas definições
o a de que todas padecem de uma visão global do ciencia geográfica,
vale dizer, definem a geo-grafia por uma ótica limitada, portanto
parece-nos que a melhor defi nição, ainda que imperfeita, o a de que
e "a ciencia da descrição / dos fatos geográficos" ressaltando-se o
fato de que descrição deve/ sor tomado no sentido real do atual
momento histórico da geografia.
IV - Kant e a Geografia
Tal como Comte teve Kant a preocupação com uma classifica-
ção de ciencias. Enquanto que a classificação do "pai do positivis-
mo" so baseava nos graus do generalidades c complexidades a do autor
da "crítica da razão pura" toma como base os próprios fenômenos de/
que tratam os respectivos ramos do conhecimento científico. Destarte
o filosofo do trancedentalismo racionalista grupou a ciencia cm
tros grande ramos:
I - CIÊNCIAS ESPACIAIS OU SISTEMÁTICAS - aquelas que anali-
sam um tipo do fenômenos, v.g.: a química e a biologia.
II - CIÊNCIAS CRONOLÓGICAS - são as que analisam os fenôme-
nos segundo a sua evolução no tempo. A História é o
sou protótipo;
III - CIÊNCIAS COROLÓGICAS - sao as que encaram os fatos sob
os aspectos de sua organização no espaço c respectivas
variações, A geografia c a representante típica des -
so grupo.
V - Conelusoos
A Geografia, enquanto política e humana ou antropogeogra-
fia pelo sou próprio objeto de estudo ó sem dúvida uma ciencia so-
cial. Modernamente tem-se destacado os estudos da geopolítica, con-
siderada mesmo, ja por alguns estudiosos, como ciencia autónoma da
geografia. Como sabemos um razoável conceito do geopolítica e o
se-gulnte: Estudo do vida dos povos com relação aos fatores
geografi-cos (GEO + POLÍTICA, pelo alemão GEOPOLITIK).
A SOCIOLOGIA
Sociologia ó uma palavra híbrida greco-latina. Vem, pois,
do latim socius, ii, mais logos, do grego. Etmològicamente, quer di-
zer ESTUDO DO SOCIAL. A maioria dos seus estudiosos tem-na concei-
tuado como o estudo dos fatos sociais; para outros, o estudo dos
grupos sociais; ou o estudo da interação social. Na realidade a so-
ciologia tem como objeto o estudo dos fatos sociais que, como sabe-
mos, so sao percebidos dentro do grupo social. Veremos então o que
vem a ser Grupo Social e Fato Social, com suas possíveis classifica-
ções, bem como o que seja interação, modalidade social e outros con-
ceitos básicos para o estudo da sociologia. Antes porem vejamos um
breve histórico desta interessante ciencia.
Costuma-se dividir a Sociologia, a exemplo do que se faz /
com a Filosofia, em tres clássicos períodos, a saber;
1 - Período Pré-Comteano
Z - Período Comteano
3 - Período Pos-Comteano.
A - PERÍODO PRÉ-COMTEANO e todo aquele compreendido desde os primei-
ros estudos similares aos objetivos dessa novel ciencia ate sua es-
quematização por Augusto Comte nos fins do século XVIII. Assim,
in-cluem-se nesse período todos os estudos sociais de Aristóteles,
de Platão, de Camapanela, de Santo Agostinho, de Thomas Morus, de
Sao Tomas de Aquino, de Descartes, Bacon, Hume, Montesquieu, Saint
Simon, Fourier e tantos outros. De plano esclareça-se que os
autores/ aí sao considerados apenas no que tange a afirmações no
campo ora / chamado sociológico, e dizer-se nao se deve confundir com
as suas po-siçoes doutrinárias e filosóficas, pois e fundamental que
se saiba / que a Sociologia não se confunde com a Filosofia Social.
B - PERÍODO COMTEANO. 0 período Comteano e exatamente o que vai pre-
dominar as idéias de Augusto Comte, o primeiro sistematizador da
ciencia, bem como dos seus contemporâneos, ainda que com idéias e
posições divergentes da sua.
Comte preocupou-se sobremaneira com o estudo dos fenômenos
sociais, desde muito jovem, aos 24 anos, para sermos mais precisos.
Viveu num ambiente de incertezas, e pos-revolucionario, onde o Racio-
nalismo fraquejava após dominar toda a intelectualidade européia ,
por insubisistente para explicar certos fatos. Podemos resumir todo
o pensamento sociológico de Comte à seguinte expressão;
Reação ao direito natural racionalista e formação de uma
teoria neo-evolucionista, a teoria do progresso social, da qual file/
tinha como sendo seus precursores Turgot e Condorcet.
á neste mesmo período que vão aparecer outros trabalhos e
outras teorias filosóficas e sociológicas, dentre as quais temos a
destacar as de Spencer, Marx, Schopenhauer, etc.
C - Como sendo PERIODO PÓS-COMTEANO considera-se todo o pensamento /
sociológico após a morte do A. Comte até os nossos dias.
Como vomos é um criterio do divisão meramente didático to-
mando-so como centro a figura do quem propôs o termo SOCIOLOGIA.
As grandes figuras do periodo pós-comtoano são sem dúvida,
Emile Durkheim, que trouxe novas luzes à Sociologia com o seu livro
"Regras do Método Sociológico", Gabriel Taido, com suas leis imita-
ção, William Graham Sumner com o sou livro "Folkways" , que revolu-
cionou todo o estudo da Sociologia, e tantos outros, tais como Joro-
kin, Spranfeor, Maunier, Bougie, Cooley, Dewey, Cuvillier, Allpont
Binet, Gunvitch, Donald Pearson, e no Brasil, Delgado de Carvalho ,
Arthur Ramos, Fernando Azevedo, Gilberto Freire, etc.
2 - CONCEITOS BÁSICOS DE SOCIOLOGIA
A - Os fatos sociais
Conceituemos, preliminarmente, o que se entende por fato
social.
Para Durkheim são fatos específicos, psíquicos, pois são /
modos ou maneiras de agir, pensar e sentir, pelos quais se manifesta
a mentalidade do grupo, com suas leis próprias, existindo fora das
consciências individuais e exercendo sobre o grupo uma coerção exte-
rior. Resumindo, poderíamos dizer que para Durkheim fatos sociais /
são "as maneiras de agir, pensar e sentir do grupo social.
Ja Delgado de Carvalho conceitua fato social como sendo "a
realidade objetiva que resulta da interação mental dos indivíduos e
dos grupos, sendo sempre exterior ao indivíduo".
Para J. Maritain, "fatos sociais são todos aqueles que
reu-nem vários indivíduos para um fim comum". Rene Hubert os
diferencia como sondo as instituições que caracterizam uma
sociedade, consido-rando-se como instituições os modos de agir,
pensar o sentir insti-tuidos pelo grupo.
B - Caracteristicas dos Fatos Sociais
0 fato social o GERAL, vale dizer, manifesta-se em todo
o grupo ou na quase totalidade do grupo; É EXTERIOR às conscien-
cias individuais, porque lhe o anterior e posterior, ou, em outras
palavras, preexiste e subexiste ao indivíduo; É INDEPENDENTE, por-
que independo da vontade individual, o como quarta característica
te-mos o fato do ser COERCITIVO, por que so impõe ao grupo,
obrigatória-mente.
Embora todos os fatos sociais apresentem características /
em comum, apresentam uma diversidade funcional, dai a razão das vá-
rias classificações que so lhe tem proposto. Vejamos algumas delas:
I - CLASSIFICAÇÃO DE COMTE
a)- Fenômenos estáticos - instituições (família, Igreja, Estado,
etc.). Comte os chamava também do fatos cristalizados. b)-
Fenomenos dinámicos - movimentos sociais (competição, confli-
to),
Critica; Comte nao foi muito feliz na sua exemplificaçao /
de fenômenos estáticos, pois a realidade nos mostra, 6 o
mundo contemporâneo o um exemplo vivo, de que nem a
família, nem a Igreja, nem o Estado sao estáticos. Alias,
já o próprio Émile Durkheim, pai da Escola Sociológica Fran
cesa, criticava Augusto Comte nesse sentido, pois que sus -
tentava que "a evolução está cm tudo".
II - CLASSIFICAÇÃO DE DE GREEF
A classificação de Pe Greef se baseia na complexidade cres-
cente e na generalidade decrescente dos fatos sociais:
a)- Fatos econômicos - os que dizem respeito às necessidades ma
toriais do grupo social e à posse dos objetos;
b)- Fatos genésicos - (familiares) os que dizem respeito à
famí-lia;
c)- Fatos estéticos - os que se referem as manifestações artís-
ticas do grupo ;
d)- Fatos morais - sao os que se referem aos "preceitos de con-
duta considerados polo grupo como assecuratorios do
aperfei-çoamento das relações sociais".
III - OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
Outras classificações também importantes, sao as de Bougie,
do Maunier e de Pearson, que deixaremos de mencionar, pois que há
tantas classificações de fatos sociais, quantos sejam as ESCOLAS de
pensamento sociológico.
B - O Grupo Social
a)- Conceito
Diversos tamboril sao os conceitos propostos para grupo so-
cial, entretanto, sintetizaremos dizendo que grupo social e a reu-
niao de indivíduos em interação mental.
b)- Classificação dos grupos sociais
Dentre as varias classificações enunciaremos duas para
ilus-tração, a saber; a de F. TONNIES e a de DONALD PEARSON.
1.- TONNIES, distinguía apenas dois grupos sociais: A SOCIEDA-
DE c a COMUNIDADE, enunciando as características de cada u
ma delas. Segundo o autor a sociedade e aberta, enquanto/
a comunidade e fechada; na sociedade existe opinião publi-
ca5 na comunidade, opinião oficial; na sociedade há lide-
rança, na comunidade chefia o acrescenta outras caracteris-
tas ao sou elenco distintivo de menor importancia. A crí-
tica que se pode fazer a Ferdinand Tonnies o do que ele
via o problema por um horizonte muito limitado, ainda por-
que nao sao unânimes os sociólogos quanto à propria concei-
tuação quer de sociedade, quer do comunidade. Nao ó, en-
tretanto, fora do propósito lembrar-se que um dos bons con
ceitos de sociedade foi o proposto por Durkheim, para quem
a sociedade era a "Síntese das consciências individuais" ,
ou seja, nao o nem a media, nem a soma dos seus membros ,
mas a propria síntese.
.- CHARLES COOLEY classificou os grupos sociais em "Primários
e Secundarios, a esta classificação Pearson acrescentou os
Grupos INTERMEDIÁRIOS.
Grupos primários (face to face) sao os quo se carac-
torizam pela maior proximidade dos "SOCII", exemplos a fa-
mília, a escola, etc.
Grupos Secundários : nesses nao há o face a face,por
exemplo, a cidade, o estado, o país.
Ja os Grupos Intermediarios, como o nome indica, e
quase que um liame entre os dois, exemplos um clube, uma
associação, etc.
C - INTERAÇÃO HUMANA
Interação, vem do latim INTER + ACTIO (ação entre) c pode
ser conceituada praticamente como sendo a ação reciproca entro os
indivíduos dentro do grupo social, sendo que há autores que a enten-
dem como uma autentica pressão,
Vários são os mecanismos da interação, sendo que teórica -
mento classificam-se cm associativos e dissociativos. Como exemplo/
dos primeiros temos a assimilação, o do segundo o conflito.
Dentre os processos da interação podemos destacar a Adapto.
ção, a Acomodação o a Assimilação, que podem ser consideradas também
como etapas de um processo único
D - MOBILIDADE SOCIAL S ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Mobilidade social é a alteração do "status" dos indivíduos
dentro do. grupo social. Ela pode ser vertical ou horizontal. Diz -
se vertical quando é de baixo para cima ou vice-versa, exemplos um
homem da classe media que fique rico. Diz-se que c horizontal quan-
do não altera o sou plano de nivelamento, exemplos um comerciante /
que muda o seu ramo de atividades, ou um funcionário do poder execu-
tivo que passe para o legislativo.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
É a divisão da sociedade por estratos, ou seja em classes/
ou castas.
Por aqui ficaremos nessas noções gerais de sociologia.
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNIC
A
DE COMÉRCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CIÊNCIAS SOCIAIS ERRATA DA APOSTILA
Nº 1
PÁGINA 1
- "... a ciencia em dois...", em vez de "... a ciencia de dois"
-
"... Diversas sao as definições..." , em vez de "... varias /
tem sido..."
-
"... processo».." e nao "... proceso...".
PÁGINA 2
-
Devem ser colocadas aspas na expressão "o o relato científi
co do passado cultural humano".
PÁGINA 5
-"Sigilografía ou efragística e filatelia" o nao "...
Sigilogra-fia ou efragística ou filatelia...".
-
Após a palavra gramática vem uma vírgula.
PÁGINA 4
-
Colocar dois pontos após as palavras religiosa, históricas e
autobiográficas.
PÁGINA 6
-
latim e nao Latim.
-
Acrescentar a expressão "a aproximadamente" antes de 600.000
anos.
-
A + ZOON (sem animal). Jo caso a semántica ó no sentido do
SEM UIDA, neste período....
..",
e nao como está na apostila.
PÁGINA 8
-
antropólogo e nao antropologista.
-
Colocar parenteses na explicação etimológica de Eolítico, fi-
cando assim:
(De EÓS = aurora + LITHOS = pedra, donde autora da podra).
PAGINA 9
- "obter instrumentos melhor elaborados o mais cortantes" e nao
mais elaborados.
- "flecha" e nao "flexa".
PAGINA 10
- "polimento" o nao "polmento"
- "pedra" o nao pdra".
- Cortar a expressão "na Italia"
- Dolmens e nao dólmenones.
PAGINA 11
- "adoradores de "HORUS" e nao RENUS
- "donde o nome da ilha" e nao "onde o nome da ilha".
PAGINA 12
-"Rawlinson foi o principal "docifrador" e nao "descobrir".
PAGINA 13
- "COPTA" E nao CEPTA.
moor
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DIRETORIA DO
ENSINO COMERCIAL CENTRO DE FORMAÇÃO E
TREINAMENTO PEDAGÓGICOS DE ENSINO TÉCNICO
COMERCIAL ESCOLA TÉCNICA DE COMERCIO "LA SALLE"
CURSO DE TREINAMENTO PARA PROFESSORES - 1966
CIENCIAS SOCIAIS
Prof. CARLOS FERNANDO MATHIAS DE
SOUZA,
BREVE INTRODUÇÃO ÀS CIENCIAS SOCIAIS
"O homem é um animal político..."
(Aristóteles)
Varias tem sido as ciencias quo se têm preocupado com o es-
tudo do homem. Aliás, a rigor, nao há ciencia que nao se dirija
dire-tamente ao homem, produto que e também essencialmente social.
Vale / dizer, toda ciencia nao passa senão de um aspecto sócio-
cultural, En-tretanto, para efeitos meramente didáticos e encarando-
se o mediatis-mo ou imediatismo de cada urna, conformo o caso,
convencionou-se classificar a ciencia de dois tipos principais:
a)- Ciencia do mundo da natureza: a física, a química, zo-
ologia, a botánica, etc,
b)- Ciencias do mundo da cultura: historia, direito,
filoso-fia, antropologia, sociologia, economia, etc,
A HISTÓRIA
A história pertence ao grupo das ciencias do mundo da cultu-
ra,
Definição: Varias tem sido as definições propostas para a
História, entretanto sabemos bem das dificuldades para defini-la, pos
to que as definições, nao raro, a vem sob determinados ângulos. As
melhores conceituações, sao afjuolas que a ligam ao seu objeto e nos
dão o sentido do proceso (tempo). Portanto, um bom conceito para a
História e o seguinte: "A História e a dimensão temporal de um mundo
vivido polo Homem". Outro, também operacional, é o relato científico
do passado cultural humano. Como sabemos nao ha Historia som que
se processe em determinada época, bem como nao ha Historia sem perso-
nagem humana, obvia-se também que e sempre necessário a noção de es-
paço (geografia). São, portanto, esses conceitos os que nao se po-
dem abstrair no estudo da História.
CIÊNCIAS AUXILIARES DA HISTÓRIA
As ciencias o técnicas auxiliares da Historia sao aquelas /
que lhe fornecem elementos para que se analisem em todas as suas ex -
tensões os fatos históricos,
Vejamos algumas delas, sem a preocupação do se estabelecer/
paralelos distintivos entre ciencia e técnica, posto que não se faz /
proeminente ao objeto de nosso estudo,
1. - Antropologia - Do grego "ANTROPOS" (homem) + LOGOS (estudos) +
IA (sufixo) = Estudo do homem, etimológicamente /
falando.
A Antropologia so divido em física e cultural, A
Antropologia física (raciologia) estuda as carac-
terísticas físicas da e specie humana. A Antropolo
gia cultural estuda as técnicas criadas pelo. ho-
mem, por exemplo: a técnica do adorar a Deus, Mo-
dernamente, tem-se adotado o conceito do ETNIA,
que é o grupo cultural e biológicamente homogêneo,
2. - Cronologia - Do grego KRONOS (tempo) + LOGOS (estudo) + IA
(su-
fixo). Estabelece a relação cronológica, qual se-
ja aquela que relaciona no tempo os fatos
históri-cos,
3. - Geografia - Do grego GEO (terra),+ GRAFOS (descrição) + IA /
(sufixo). É de imprescindível ajuda, posto que a
Geografia fixa no espaço os fatos que a história/
projeta no tempo,
4. - Arquoologia - Do grego ARKAIÓS (velho, antigo) + LOGOS (estudo,
conhecimento, tratado) + IA (sufixo) = Estuda as
antigüidades materiais do cada civilização
(idumen-tárias adornos, monumentos, escavações,
instrumen-tos, etc).
5. - Epigrafía - Estuda as inscrições antigas em monumentos, túmu-
los, etc,
I - Escritas sobre assuntos oficiais; documentos ins-
criçoes de conteúdo jurídico, atas judiciais, de
conselhos, de Cortes, de condílios, estatutos lo-
cais, livros de rendas eclesiásticas, registro pe-
nais, livros de gastos, notas estatísticas, atas /
de tipo administrativo, as atas procedentes de
relações internacionais, informes de embaixadores,
atas de assuntos militares, etc.
II - Escritas de índole religiosa, escritos litúrgicos,
de sermões, tratados, livros de fundações, catas /
de indulgencia, etc.
e)- Que se referem à vida do espírito.
I - Descrições históricas, inscrições de conteúdo his-
tórico, arvores genealógicas, crônicas, anais,
bio-grafias, obras históricas em geral.
II - Fontes autobiográficas; memórias, diarios e car -
tas.
III - Os meios especiais da publicísticas libelos, pági-
nas soltas, prognósticos, jornais, etc.
IV - Escritos artísticos - literarios,
V - Escritos científicos, etc.
3. - Frates transmitidas pela representação plástica:
a)- De conteúdo geográficos mapas, planos geográficos, qua-
dros e paisagens.
b)- De conteúdo antropológico - retratos.
e)- Que afetam a vida práticas utensílios, idumentárias, ar
mas, moedas, escudos, etc.
d)- Representações plásticas de festas, sessões em tribu-
nais, cultos, caricaturas, etc.
Resumidamente podemos considerar tres fontes principais da
historias a tradição oral ou seja os relatos transmitidos oral -
mente de geração em geração, as fontes plásticas e os testemunhos
escritos. Os documentos escritos constituem a mais importante /
fonte da historia, pois, eles, permitem um diálogo com o passa -
do. Através deles o historiador podo sabor das idéias predomi-
nantes em determinada época, das paixões, dos nomes, dos suces-
sos, sentimentos etc. Por essas razoes e que costuma simplifi-
e)- Período agrícola com ele apareceu as primeiras civili-
zaçoes (do Latim CIVITA - CIVITATIS , que
quer dizer cidade).
d)- Periodo industrial: e o mais avançado estagio da civili-
zação humana,
Êste critério padece da seguinte crítica: nem todos os povos seguiram esta
linha evolutiva, muitos ate conservam em sua realidade social os varios estágios. O
Brasil por exemplo o um país indus-trial, agrícola e muitas das suas nações e tribus
indigenas encontram
se nas duas primeiras fases do desenvolvimento humano.
.
4. - Criterio bélico Segundo os
materiais usados para a defesa:
a)- Idade da madeira.
b)- Idade da pedra.
e)- Idade do cobre.
d)- Idade do Bronze.
e)- Idade do ferro.
f)- Idade do aço.
5. - Critério segundo a forma matriz empregada pelo homem:
a)- Idade do homem como beata de carga.
b)- Idade do animal como meio do transporte. e)- Idade da
maquina a vapor. d)- Idade da eletricidade. e)- Idade do
petróleo. f)- Idade atômica.
6. - Criterio didatico-cronológico
Neste criterio ha que se considerar três periodos:
1 - As eras geológicas: vão desde a solidificação da crosta terrestre até
o aparecimento do homem sôbre a face da terra (600.000 anos).
Podem ser assim divididos s
I - A era arcáica ou Azóida : do grego ARCAIOS = anti-gos e do
grego A + ZOON (sem vida). No caso a se-mantica es neste
período nao ha qualquer forma /
de vida. Deve ter durado aproximadamente..........................
50.000.000 de anos.
cípio, usou a pedra, tal como se apresentava, lavrada pela propria na
tureza, ou seja, a pedra sem ser lascada ou polida. Isto pode ser
ve-rificado pelo estudo minucioso dos tempos antigos em que tais
pedras/ sao encontradas com outros restos humanos. Vejamos então os
períodos da chamada Idade da Pedras
Idade paleolítica (pedra lascada)
Ha neste período um acentuado progresso técnico qual seja ,
na técnica de trabalhar a pedra por percussão. Mais tarde o homem pa-
leolítico aperfeiçoou mais ainda a técnica de trabalhar a pedra. In-
troduziu a técnica de pressão, o que lhe permitiu obter instrumentos/
mais elaborados e mais cortantes. Alem da pedra, o homem paleotíti-
co passou a usar o osso, para arpoes, punhais, etc.
Descobrimento do fogo
Aprendeu o homem a fazer o fogo, a princípio através da /
fricção de pedra.. Teve o emprêgo na defesa contra animais, contra o
frio e na higiene.
O arco e a flexa
As necessidades da caça levaram o homem a uma grande inven-
ção de arma ofensiva; o arco e a flexa. Esse invento e importantís-
simo, pois atravessou séculos, so sendo suplantado pelas armas de fogo
(século XV). É também pré-historico a invenção de armas arrojadiças/
propulsoras, como por exemplos a Zarabatana.
A vida paleolítica
A vida paleolítica esta divida em paleolítico inferior, mé-
dio e superior.
Breve advertencias costuma-se apresentar os indígenas, aus-
tralianos, por seu baixo estágio cultural, como paradigma de vida pa-
leolítica. Isto é falso, Posto que os austalianos herdaram sua cultu-
ra de outras gerações, enquanto que o homem paleolítico teve de
inven-tar todas as suas técnicas primitivas. 0 paleolítico foi, antes
de tudo, um caçador.
Técnica alimentar
I - caça e pesca.
II - Colheita de frutos,
III - Ovos e mel, ' i
Essas atividades nao permitiam ao homem paleolítico a sua fi-
xação em determinadas regiões, e isto apresenta como conseqüência ime-
diata o nomadismo.
Atividades artísticas
Nos muros (paredes), e tetos das cavernas foram encontrados
desenhos de pintores pré-historicos. Por isso mesmo a gruta. Altami-
ra (Espanha) foi chamada de "Capela Sixtina da pre-história".
Temas; desenhos de renas e veados, de bisontes, o buscador /
de mel, cenas de caça, etc. Podemos concluir que o desenhista o o
pintor pre-historico eram excelentes animalistas, pois, fixavam com
grande realismo o movimento dos animais.
Atividade religiosa
Cerimonia mágica. As pinturas das cavernas eram feitas como
obras de magia propiciatoria para os caçadores, Um arqueólogo es-
tudando a gruta de Altamira (onde há um desenho de um homem flechado ,
homem que deve ser o chefe, pelos adornos), afirmou haver aí uma
prova de homicídio mágico, Teria sido o mais antigo crime paleolítico
da Espanha. A magia imitativa funda-se na crença de que pintando-se
um/ animal flechado, seria inevitável a sua morte na caçada,
A cultura Neolítica
(10.000 anos A.C.)
Principais transformações em relação ao paleolíticos
a)- Técnica do paleolítico: polmento da pdra,
b)- Cultivo da pedra,
e)- Agricultura (povos agricultores).
d)- Domesticação de animais (surgem os povos pastores),
Êste período durou menos que o da pedra lascada. Surgem as primeiras
residencias, as palafitas (do italiano palafiti), na Italia surge
também o sentimento de viver em conjunto (sineguismo) Os túmuloss
indicação de Culto dos Mortos, Os monumentos neolíticos
caracterizam-se por dois tipos: I - Dolmenones (túmulos). II -
Menhires (verdadeiras avenidas de pedras),
Inventos do Neolítico
a)- Cerámica ou Alfareria - do grego KÊRAMOS = argila e do
árabe ALFALHAR = barro. Exemplo: a panela.
b)- Tecelagem - Invenção da roca para fiar.
e)- Técnica agrícola - invenção do arado.
d)- Técnicas pastoris - invenção da roda.
e)- Animais de tração:- bois e cavalos.
Conseqüência da agricultura
a)- a vida sedentárias
b)- núcleos de densidade demográfica; pesca, caça são dis-
persivas. A agricultura concentra os homens em determi
nada áreas área de cultivo.
Idade Eneolítica
É um período compreendido entre Balas e Negada,
É um período de transição. Confirma-se êste período pelas/
escavações ao Norte do Egito. Neste período os egípcios eram
adorado-res de Henus, o deus do sol. Estavam no período ASTROLÁBICO,
chamado ASTROLATRIA.
Período Tinita; período de transição de cobro para o bron-
ze, A unificação do Egito Ocorreu no fim do periodo Tinita.
0 período Tinita (de TINIS, cidade egípcia), já é a idade /
do cobre om transição para a do bronze.
Idade dos metais
O nome cobre vem de KYPROS, aliás, onde o nome da ilha de Chipre,
onde êste metal abundava, A península do Sinai, próxima ao
Egito,
era também muito rica em cobre. 0 cobre foi o primeiro metal/
usado pelo homem. Seu uso devem-se às seguintes razoes: a)- pela
fácil maleabilidade. b)- por ser encontrado puro na natureza.
e)- posteriormente, o cobre quando mesclado com outros me-
tais, foi extraído por meio do fogo, surgindo assim a
Metalurgia.
Idade do Bronze
A excessiva maleabilidade do cobre impedia a feitura do
instrumentos mais resistentes. Procuraram assim uma liga de cobre o
es-tanho, que na proporção de 10%, fez surgir o bronze. 0 bronze
surge/ no Egito e na Mesopotamia, no quarto milenario antes de
Cristo.
Idade do ferro
Nao há um salto entre as idades do bronze ea do ferro. Antes
do aparacimento da escrita o ferro apareceu, mas nao ainda o sou
predomínio, que so ocorreria mais tarde. No Egito vamos encontra-lo/
no 2º milenario A.C. Foi alí introduzido pelos exércitos invasosres.
0 aparecimento da escrita
0 principal invento contemporâneo da idade dos metais foi
a escrita. Surgiu entre os egípcios e os mesopotamios. A princípio/
a escrita foi picográfica, ou sejam por piotogramos, escrita através
de figuraS| Evolui para os ideogramas (escrita ideográfica), repre -
sentada por símbolos de idéias, depois passou a sor feita através dos
fonogramas que roprosontavan símbolos de fonemas. Finalmente surgiu/
o alfabeto. Para alguns tratadistas o alfabeto e invenção Cannanoia,
mas a maior corrente aceita-o como invenção fenicia.
As escritas mais antigas
As escritas mais antigas sao, fora de dúvida a dos egípcios
e a da Mesopotamia.
A escrita da Mesopotâmia - Era uma escrita cuneiforme (for-
ma de cunha( ideográfica e complexa o os mesopotamios escreviam sobre
tijolos de argila ou de barro o deles se conheciam verdadeiras
biblio-tecas por exemplo: a de Assurbanipal, com mais de 10 mil
tijolos-li-vros. Rawlinson foi o principal descobrir da escrita
cunciformica me-sopotamica.
A escrita do Egito: Os hieróglifos (de HIEROS = sagrado +
GRAFOS= escrita, donde hieroglifos-escrita sagrada). Constituem a
principal escrita egipcia,
Havia ainda a hierática, mais abreviada e simples (utiliza-
da peias pessoas cultas) o a demótica (de demos, povo) ou popular /
(surgida no medio imperio) o que para alguns historiadores é a mesmo/
quo a CEPTA, quo ora o linguajar plebeu. Foi Champolion que
decifrou as hieroglifos após aprofundados estudos comprativos na
podra do Roseta. Observe-se que so confundem os tipos de escrita com
os tipos / do fala egipcios.
DIVISÃO DA HISTÓRIA PROPRIAMENTE DITA
A historia, didaticamente está dividida em quatro idades :
- Idade Antiga.
- Idade Media.
- Idade Moderna.
- Idade Contemporânea.
Idade Antiga
Vem do aparecimento da escrita ate a Divisão do Imperio Ro-
mano , por Toodósio-Magno, entre seus filhos Arcádio e Honório, em Im-
perio Romano do Ocidente e do Oriente 5 o primeiro com sede em Roma
e o segundo com sede em Bizâncio, mais tarde, Constantinopla o hoje
Istambul (Capital da Turquia Européia) ( 395 A.C.) ou ate a queda de
Roma ante os Hérulos do Odoacro (476). Ha quem sugira a fundação do
Bizâncio (330).
A idade Antiga está assim subdividida:
a)- Oriental ou nao clássica: Extremo Oriente, Oriente Me-
dio e Oriento Próximo ou Ásia Honor. b)- Ocidental ou
Clássica Grecia e Roma.
Idade Media
Vem de um dos limites estabelecidos para o fim da idade an-
tiga, de preferencia a queda do Imperio Romano no ano 476 da era crista
ate a tomada de Constantinopla (1453) polos turnos otomanos, che -
fiados por Maomé II, ou o descobrimento da America (1492), Em 1453,
assinala-se também o fim da Guerra dos Com Anos, o em 1492 deu-se. a
expulsão dos Mouros da panínsula Ibérica (Em Granada, na Espanha).
Idade Moderna
Tem o seu advento com o fim da Idade Media, preferencialmen-
to com a tomada do Constantinopla e vai ató a Revolução Francesa (...
1789) ou a queda de Napoleão Bonaparte (Nepoleão I) o seu exílio para
Santa Helena (1815). Nela se deu o descobrimento do Brasil. Ressalto so tamboril a
importancia do Congresso do Viena (1815).
Idade Contemporânea,
Vem do crepúsculo da Idade Moderna, ate nossos dias.
moor
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo